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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA MESTRADO EM HISTÓRIA MARIA CÉLIA SANTIAGO CCLANDESTINIDADE E MMOBILIZAÇÃO NAS LLINHAS DE MMONTAGEM:: A CONSTRUÇÃO DA GREVE DOS METALÚRGICOS DE 1985, EM MANAUS. Manaus 2010 0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA MESTRADO EM HISTÓRIA MARIA CÉLIA SANTIAGO CCLANDESTINIDADE E MMOBILIZAÇÃO NAS LLINHAS DE MMONTAGEM:: A CONSTRUÇÃO DA GREVE DOS METALÚRGICOS DE 1985, EM MANAUS. Orientador: Prof. Dr. Luís Balkar Sá Peixoto Pinheiro Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Programa de Pós- Graduação em História da Universidade Federal do Amazonas, como requisito para a obtenção do título de Mestre em História. Manaus 2010 1 FICHA CATALOGRÁFICA Santiago, Maria Célia Clandestinidade e Mobilização nas Linhas de Montagem: A construção da greve dos metalúrgicos de 1985, em Manaus / Maria Célia Santiago. [s.n.], 2010, 293p. Orientador: Luís Balkar Sá Peixoto Pinheiro Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal do Amazonas, Instituto de Ciências Humanas e Letras, Programa de Pós- Graduação em História 1. História Social. 2. História do Trabalho. 3. Movimentos Sociais. 4. História Operária. 5. História da Imprensa. 6. História do Amazonas I. Pinheiro, Luís Balkar Sá Peixoto II. Universidade Federal do Amazonas III. Título. 2 TERMO DE APROVAÇÃO _______________________________________ Prof. Dr. Luís Balkar Sá Peixoto Pinheiro (Orientador – UFAM) ___________________________________ Prof. Dr. Marcos César Borges da Silveira (Membro – UFAM) ____________________________________ Profª Drª Kátia Cilene do Couto (Membro – UFAM) 3 Amadeu Guedes, Domício Gamenha, Flávia Carneiro, Gorete Barbosa, Hamilton Madeira, Isabel Guimarães, João Batista, Lindemberg Pereira, Luzarina Varela, Nonato Neves, Ricardo Moraes e Silvestre Paiva são mais que personagens da história que será contada nas próximas páginas. São companheiros nesta tarefa de registrar as vivências de um grupo de jovens operários que com ousadia, determinação e coragem “revolucionaram” a história dos trabalhadores amazonenses. A eles e a todos os trabalhadores – das mais diversas categorias profissionais – que optaram em algum momento de suas vidas pelo coletivo, em detrimento dos seus interesses pessoais, dedico este trabalho. 4 AGRADECIMENTOS Por mais longa que seja a caminhada ela sempre tem início com um primeiro passo. E no caso deste projeto o primeiro passo foi a observação feita pela professora Cristiane Barreto de que uma simples proposta de pesquisa para uma disciplina poderia vir a se tornar um projeto de pesquisa de mestrado. Sem esta observação com certeza este projeto não existiria. Por isso meus agradecimentos iniciais são dirigidos a quem primeiro me estimulou a continuar nas trilhas de Clio. Na sequência muitos outros incentivadores se somaram à Cristiane, entre eles os professores Benedito Maciel, Elisângela Maciel, Ana Lúcia Vieira, Arcângelo Ferreira, da fase da graduação, citados na ordem em que tomaram conhecimento do projeto. Todos foram importantes e me auxiliaram com suas observações e apoio. No mestrado – esta aventura compartilhada com vários colegas e professores – agradeço especialmente aos professores Luís Balkar (meu orientador) e Maria Luíza Ugarte Pinheiro. Apaixonados, tanto quanto eu, pela história operária, foram importantes incentivadores deste projeto. Mesmo sem nominá-los, não posso deixar de agradecer a tantos outros professores e colegas que deram a sua contribuição com pequenos e/ou breves comentários ou mesmo questionamentos, que me fizeram repensar os caminhos que estava trilhando. Devo palavras de agradecimentos aos trabalhadores das diversas instituições onde consegui as fontes que utilizo neste trabalho: os funcionários do Sindicato dos Metalúrgicos, da Câmara Municipal de Manaus, da Assembléia Legislativa e da Secretaria de Estado da Cultura, responsável pelo acervo dos jornais. Agradeço também à professora Francisca Deuza, responsável pelo Centro de Memória da Justiça do Trabalho da 11ª Região e à CAPES, pela concessão de bolsa de estudo, em novembro de 2009, que permitiu retardar meu retorno ao mercado trabalho e concluir esta dissertação. Sem a bolsa provavelmente a jornada ainda estaria inconclusa. Finalmente agradeço aos familiares e amigos que ao longo desta caminhada contribuíram com palavras de incentivo e apoio. Elas foram importantes para que eu seguisse em frente. 5 RESUMO Este trabalho analisa a greve dos metalúrgicos ocorrida em agosto de 1985, em Manaus, Amazonas. Seu objetivo foi conhecer e compreender a forma de mobilização e organização dos operários amazonenses, protagonistas da mais importante greve registrada na cidade. Utilizamos como metodologia a história oral, que nos permitiu compreender o processo da formação da Oposição Sindical Metalúrgica, a conquista do sindicato e a organização dos trabalhadores dentro e fora das fábricas, que garantiu a grande adesão dos trabalhadores à paralisação. A partir do registro da memória de algumas das lideranças da paralisação, da cobertura dada pela imprensa local, através das matérias divulgadas pelos jornais A Crítica, Jornal do Commércio e A Notícia e outros documentos encontrados em acervos pessoais, do Sindicato dos Metalúrgicos e de outras instituições públicas, também foi possível perceber o papel central exercido pela Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e Pastoral Operária, na formação política das lideranças do movimento, além da contribuição significativa da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE) durante a organização da greve. Palavras- Chave: Movimento Operário, Greve, Sindicato. ABSTRACT This work examines the metallurgical strike that occurred in August 1985 in Manaus, Amazonas. Its goal was to know and understand how mobilization and organization of amazon workers, protagonists of the most important strike registered in the city. We use a oral history methodology, which enabled us to understand the process of formation of Oposição Sindical Metalúrgica, the conquest of the Union and the organization of workers inside and outside of the factories, which ensured the large membership of workers to the outage. From the registry in memory of some of the leaders of the outage, coverage by the local press, through the materials disseminated by newspapers A Crítica, Jornal do Commércio and A Notícia and other documents found in personal holdings of Union of Metallurgical and other public institutions, could also understand the central role played by the Catholic Church through Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) and Pastoral Operária, training policy of the leaders of the movement, in addition to the significant contribution of the Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE) during the organization of the strike. Keywords: Movement of Workers, Strike, Union. 6 SUMÁRIO CONSIDERAÇÕES INICIAIS 08 CAPÍTULO 1– O CONTEXTO DOS ANOS 80, NO BRASIL E NO AMAZONAS 29 1.1– A Mobilização dos Trabalhadores Brasileiros até a Década de 1980 30 1.2 – O ABC Paulista e a Longa e Crítica Década de 1980 49 1.3 – A História de Luta dos Trabalhadores Manauaras 60 1.4 – Os Protagonistas da Grande Greve 71 1.5 – A Grande Caminhada 82 CAPÍTULO 2 – A GREVE 94 2.1 – A Paralisação Como Projeto 95 2.2 – A Construção das Lideranças 102 2.3 – Na Clandestinidade, a Tomada de Consciência 127 2.4 – O Dia a Dia da Greve 156 2.5 – A Reação da Classe Política 171 2.6 – Entre Vitórias e Derrotas, o Aprendizado 189 CAPÍTULO 3 – TRÊS JORNAIS, TRÊS OLHARES SOBRE A GREVE 205 3.1 – A Imprensa Manauara 206 3.2 – A Vitória Eleitoral da Puxirum 217 3.3 – A Greve Piloto 226 3.4 – Negociação e Impasse 237 3.5 – Sete Dias de Manchetes nos Jornais 250 CONSIDERAÇÕES FINAIS 271 FONTES 277 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 281 ANEXOS 286 7 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 8 CONSIDERAÇÕES INICIAIS A greve dos metalúrgicos1, deflagrada em assembléia geral realizada no dia 31 de julho de 1985, no pátio do Colégio Domingos Sávio, com a presença de aproximadamente 10 mil trabalhadores, é sem dúvida um marco nas relações de trabalho entre os operários e as grandes empresas instaladas em Manaus. Entendemos que ela deve estar inserida dentro de um contexto maior de “rebeldia” do operariado brasileiro na década de 1980, que teve início com paralisações no ABC paulista e se espalhou por todo o país2. O movimento manauara foi além da mobilização de uma categoria específica. Contou com o apoio, inclusive financeiro, de outras entidades sindicais e religiosas e de certa forma mobilizou parte da sociedade local, com o envolvimento de vários segmentos. Apesar da sua importância e decorridas duas décadas, a greve dos metalúrgicos parece ter sido esquecida. Raramente se vê referência ao movimento, inclusive nas falas dos dirigentes sindicais atuais. Nas retrospectivas divulgadas anualmente pelos jornais por ocasião do aniversário do modelo Zona Franca de Manaus também há um absoluto silêncio sobre as mobilizações dos trabalhadores. A história “oficial”, patrocinada em boa parte pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e/ou pelo Governo do Estado do Amazonas, destaca apenas os idealizadores do projeto e os números, sempre recordes, da produção e do faturamento das empresas. Embora “esquecida” pela história oficial, a greve de agosto de 1985 permanece viva na memória dos trabalhadores que dela participaram e na minha, que a acompanhei na condição de repórter do Jornal do Commercio, como jornalista recém formada e recém chegada à Manaus. Ideologicamente