1 Arrasando Horrores!
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MONICA SOARES SIQUEIRA ARRASANDO HORRORES! UMA ETNOGRAFIA DAS MEMÓRIAS, FORMAS DE SOCIABILIDADE E ITINERÁRIOS URBANOS DE TRAVESTIS DAS ANTIGAS Florianópolis Dezembro de 2009 1 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. MONICA SOARES SIQUEIRA ARRASANDO HORRORES! UMA ETNOGRAFIA DAS MEMÓRIAS, FORMAS DE SOCIABILIDADE E ITINERÁRIOS URBANOS DE TRAVESTIS DAS ANTIGAS Tese apresentada ao Curso de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), como requisito para a obtenção do grau de Doutora em Antropologia Social; área de concentração: Antropologia Urbana. Orientadora: Profª. Drª. Ana Luiza Carvalho da Rocha Co-orientadora: Profª. Drª Sônia W.Maluf Florianópolis Dezembro de 2009 2 3 Ficha Bibliográfica SIQUEIRA, MONICA SOARES. ARRASANDO HORRORES! UMA ETNOGRAFIA DAS MEMÓRIAS, FORMAS DE SOCIABILIDADE E ITINERÁRIOS URBANOS DE TRAVESTIS DAS ANTIGAS. 2009. 530 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Curso de Pós-graduação em Antropologia Social. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florianópolis. Este trabalho segue as orientações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/NBR 14724). 4 AGRADECIMENTOS Indiscutivelmente esta tese é resultado de muitos encontros, reencontros e também, como não poderia deixar de ser, de alguns desencontros que transformam um trabalho, por vezes tão solitário, em algo especialmente coletivo. Começo agradecendo a todas as Divas, minhas incríveis parceiras nesta longa e difícil, mas também muito prazerosa, caminhada, não apenas pelo fato de terem, realmente, tornado possível este trabalho, mas também por terem me ajudado a ver os muitos tons que a vida pode ter. Em especial agradeço à Laura, Raquel, Camille, Fujika, Marlene, Isa, Paula, Sarita, Jane, Eloá, Zuzu, Ruddy e Ângela. Divas, sempre Divas que estão muito além “dos tempos” e das minhas palavras. Vocês são realmente um escândalo! Seguramente este trabalho não teria concretude se não fosse pela paciência e pelo apoio incansável da minha orientadora, a professora Drª. Ana Luiza Carvalho da Rocha. Muito além das críticas, sugestões, avaliações fundamentais para a escrita da tese estão os “puxões de orelhas”, as palavras de estímulos, o olhar de quem acredita, e o conforto quando já nos achamos perdidos em meio às angústias e infindáveis inseguranças, sem falar nas muitas acolhidas em sua casa. Aqui um especial agradecimento aos companheiros constantes em nossas reuniões: Joça, Filó e Carmela. A professora. Drª. Sônia W. Maluf, co-orientadora desta tese, pelas valiosas contribuições a partir de uma leitura crítica e atenta deste trabalho, e pelo apoio que me foi concedido durante todos estes anos como aluna do PPGAS. As professoras Alicia Castells (UFSC), Andréa Moraes Alves (UFRJ), Cornelia Eckert (UFRGS), Miriam Hartung (UFSC), integrantes titulares da banca de defesa, pelas contribuições a este trabalho. Agradeço às instituições financiadoras CNPQ e CAPES, pelo financiamento em diferentes momentos do curso de doutorado, e esta última, especificamente, pelo financiamento da bolsa-sanduíche em Portugal por um período de quatro meses. À secretaria da Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSC e aos seus funcionários, em especial a Adriana e a Karla. Aos professores do PPGAS que me acompanham desde o mestrado e que contribuíram para a minha formação acadêmica. Ao professor Dr. Miguel Vale de Almeida, meu co-orientador da bolsa-sanduíche no ISCTE/CEAS em Lisboa/Portugal. Sua simpatia, nossas 5 reuniões e suas orientações, em sua sala nas dependências do ISCTE, e nossos encontros furtivos pelos corredores jamais serão esquecidos. Ao professor Paulo Raposo, na época coordenador do CEAS, e as secretárias Isabel e Manuela pela atenção e auxílios que me foram concedidos. À Larissa Pelúcio e Anna Paula Vencato pelas trocas de experiências acadêmicas, mas também pelo carinho e amizade. À família Ok por terem me recebido em sua casa sempre com carinho e muita alegria. Às minhas queridas amigas e companheiras nos “sabores” e “dissabores” da vida e da escrita de uma tese de doutorado. Falo especialmente de Ângela Maria de Souza, Micheline Ramos de Oliveira e Rose Mary Gerber. À Regina Gerber pelas palavras de apoio e a disponibilidade para as correções sempre nos instantes finais. À minha irmã do coração Patrícia Amaral Siqueira pelo inestimável apoio e carinho nos últimos meses de campo. À minha querida amiga portuguesa Maria Manuel Quintela e a sua linda e afetuosa família, pela acolhida sempre tão carinhosa. Ao meu companheiro, Matias Godio, por estar sempre ao meu lado, ter sido meu porto-seguro e por todos os auxílios durante a escrita da tese. Aos meus amados pais pelo mais trivial e por acreditarem sempre, mesmo sem muito compreender. 6 Esta tese é uma homenagem à Laura de Vison, com certeza um encontro inesquecível. 7 8 RESUMO Esta tese de doutorado propôs-se a realizar um estudo etnográfico das narrativas biográficas e formas de sociabilidade de sujeitos que se identificam como “travestis das antigas”. Ao procurar empreender, em termos de Eckert & Rocha (2005), uma etnografia das lacunas da duração pretendeu–se compreender os processos pelos quais estes sujeitos foram construindo, ao longo de suas trajetórias sociais, e por intermédio de seus itinerários urbanos, suas formas de sociabilidade relacionadas às suas vivências na cidade do Rio de Janeiro. Pensar as formas de sociabilidade específicas das interlocutoras desta pesquisa me conduziu à análise de suas interações sociais e, conseqüentemente, das formas de apropriação do espaço urbano, bem como de suas relações, percepções e concepções da cidade entendida, principalmente, como cenário de atuação desses atores sociais. Acredito que ao compartilhar de suas caminhadas ao longo de suas vidas através de suas memórias e seus cotidianos somos levados aos dramas, às intrigas e aos dilemas que compõem a interface entre o que estou chamando aqui, inspirada em De Certeau (2008), cidade conceito e cidade ordinária. Se em suas narrativas sobre as experiências na e da cidade são enunciados preconceitos e discriminações constrangedoras de seus processos de construção de subjetividade, de formulações de projetos e de apropriações e usos da cidade em que nasceram e/ou escolheram para viver, também são relatadas suas astúcias e táticas no intuito de impor seus estilos de uso nos diferentes espaços urbanos e de serem, assim, senhoras de seus passos na cidade do Rio de Janeiro. Palavras-chave: Travestis; Memória; Itinerários urbanos; Sociabilidade; Cidade. 9 10 ABSTRACT This thesis sets out to conduct an ethnographic study of biographic narratives and sociability forms of subjects identified as “transvestites of the ancient kind”. While trying to undertake, in terms of Eckert and Rocha (2005), an ethnography of the gaps of duration, it intends to understand the processes by which these subjects were building, all along their social trajectories and through their urban itineraries, their forms of sociability related to their existences in the city of Rio de Janeiro. Thinking the specific forms of sociability of the interviewed led me to analyze their social interactions and consequently the forms of appropriation of the urban space, as well as their relations, perceptions and conceptions of the gay city, principally, like stage of performance of these social actors. I believe that sharing their walking along his lives through his memories and his daily activities we’re taken to the dramas, intrigues and dilemmas that compose the interface between what, inspired in De Certeau (2008), I refer to as concept city and ordinary city. If, in their narratives of the experiences in and of the city, prejudices and embarrassing discriminations of his processes of subjectivity-building, of projects-formulation and of appropriations and uses of the city in which they were born and/or chose to live are expressed, their cunnings and tactics as they try to impose their styles of use in different urban spaces and of becoming ladies of their steps in the city of the Rio de Janeiro are also told. Key-Words: Transvestites; Memory; Urban Itineraries; Sociability; City. 11 12 SUMÁRIO Introdução 17 PARTE I: MENINA REPARE! CAPITULO I: BICHA QUE DEU CERTO!? 37 1. Trajetórias da pesquisa 37 1.1 As sementes de um tema e objeto de pesquisa 37 1.2 Um trajeto de pesquisa e seus percalços – da graduação ao mestrado 40 1.3 Um trajeto de pesquisa e seus percalços – do mestrado ao doutorado 45 1.4 O retorno da antropóloga: os reencontros e encontros na configuração do universo de pesquisa 51 1.5 REDE SOCIAL MESTRADO 75 1.6 REDE SOCIAL DOUTORADO 76 1.6.1 Rede Social Doutorado (2ª fase trabalho de campo) 77 1.6.2 Rede Social Doutorado (3 fase trabalho de campo) 78 CAPITULO II: SOBRE AS FERRAMENTAS DE TRABALHO: AS ESCOLHAS E DECISÕES NO PLANO METODOLÓGICO 79 2 Narrativas biográficas 79 2.1 Entrevistas não-diretivas 81 2.2 O trabalho de campo na cidade – etnografia de rua, itinerários urbanos e observação participante 83 2.3 O uso das imagens e a pesquisa antropológica 91 2.3.1 O uso da imagem e a pesquisa com narrativas biográficas 96 2.3.2 O uso da imagem e a pesquisa com trajetórias sociais 100 2.3.3 O uso da pesquisa de imagens e a história visual do mundo trans no RJ 102 2.4 Observação participante e as formas de sociabilidades 107 2.5 Estudo de redes sociais 112 2.6 Identidades em jogo e afetos na cena social 114 CAPITULO III: CIDADE CONCEITO/CIDADE ORDINÁRIA: URDIDURAS E TRAMAS 123 3.1 A Cidade em questão – na rítmica dos relatos 124 3.2 Sobre traçados