Umbanda: História, Cultura E Resistência
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL TATIANA JARDIM UMBANDA: HISTÓRIA, CULTURA E RESISTÊNCIA RIO DE JANEIRO 2017 2 TATIANA JARDIM UMBANDA: HISTÓRIA, CULTURA E RESISTÊNCIA Trabalho de conclusão de curso apresentado à Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro como re- quisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Profª. Drª. Vanessa Bezerra Coorientadora: Profª. Rafaela Ribeiro RIO DE JANEIRO 2017 3 Jardim, Tatiana. Umbanda: História, cultura e resistência / Tatiana Jardim – Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Serviço Social) – Rio de Janeiro: Uni- versidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2017. 112 p. Bibliografia: p. 111 1. Umbanda. 2. Religião. 3. História. 4. Cultura. 5. Resistência. 4 TATIANA JARDIM Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, como re- quisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. Aprovado em 21 de julho de 2017. BANCA EXAMINADORA ________________________________________________ Profª. Drª. Vanessa Bezerra (ORIENTADORA) Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro ________________________________________________ Profª. Rafaela Ribeiro (COORIENTADORA) Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro ________________________________________________ Prof. Jefferson Lee Ruiz Universidade do Estado do Rio de Janeiro 5 Dedico esse trabalho à minha família carnal e espiritual e aos umbandistas da academia uni- versitária. 6 AGRADECIMENTOS Minha trajetória universitária foi árdua e longa, com muitos desafios e obstáculos, porém no final dessa jornada vemos que tudo valeu a pena, pois tive a oportunidade de viver tudo o que a universidade teve para oferecer, tanto experiências positivas quanto negativas, e me trouxe um crescimento imenso enquanto pessoa e futura profissional. Então não poderia deixar de agradecer às figuras responsáveis por esse crescimento. Uns, contraditoriamente, responsáveis tanto por meus momentos de fragilidade emocional e psicológica, quanto por momentos de apoio e suporte. Outros responsáveis apenas por alegria e apoio, me dando força para continuar. Primeiramente, independente de caras e bocas, preciso agradecer meus Orixás e meus guias espirituais, que me deram um apoio impossível de descrever e nunca poderei retribuir tamanho carinho e compreensão. Em segundo lugar, agradecer a minha família por todo o suporte estrutural, emocional e finan- ceiro para que esse momento fosse possível. Me desculpem por todos os estresses e surtos, pelas ausências e sumiços e por qualquer outra falha da minha parte. Mãe, pai, Simone, vó e meus irmãos, obrigada por me amarem e sempre acreditarem em mim! Amo muito vocês! Agradeço a minha família espiritual, Rapha, Giulia, Fê e até aquelas que saíram, Raul e Mylla, pelo apoio e compreensão, pela força e alegria, pelo carinho e amizade, fizeram toda a diferença no meu suporte emocional. Amo vocês! Preciso agradecer também a primeira turma dessa escola, que foi fundamental para que a minha experiência fosse tão maravilhosa: Ique, Livia, Barbara, Janicy, Karine e Daniel. Em especial, meu amigo mais que querido, Ique, meu toddynho, que me ajudou tanto, me deu equilíbrio e força durante toda essa graduação. Dani, uma antiga amiga cuja reaproximação nessa reta final foi muito importante nesse processo. E todas as outras turmas que me receberam e me apoiaram quando fiquei órfã de turma, em especial, aqueles que foram meus amigos. Agradeço a Vanessa e Rafaela por abraçarem a temática deste trabalho comigo, que foram as professoras que menos tiveram contato com a minha trajetória universitária e mostraram que é necessário mais que apenas profissionalismo para realizar um bom trabalho enquanto educador, é necessário vontade, humanidade e empatia, pois quando faltam resultam em falhas de ambos os lados. 7 Faltando apenas cinco meses para entregar o trabalho, busquei a Rafaela, que me ajudou incri- velmente a dar um formato acadêmico às minhas ideias e me mostrou que realmente esse pro- jeto era possível. Com a indisponibilidade dela em me orientar, busquei todos os professores que tinha uma boa relação e nenhum aceitou me orientar. Faltando agora apenas quatro meses, novamente, a Rafaela conversou com os professores e a Vanessa se ofereceu a me orientar. Nossa primeira orientação foi longa, mas me deixou bem estimulada, me dando o apoio e a disposição necessária para cumprir a missão (quase) impossível de escrever um Trabalho de Conclusão de Curso em três meses. Assim, totalizando apenas quatro orientações, duas com cada professora, construí esse trabalho. Agradeço também a todos os professores dessa escola, que com toda a sua contradição, foram responsáveis pela minha depressão e também por muitos momentos felizes, por diversos mo- mentos de fraqueza e também por muito crescimento político. Janaina, primeira professora da escola, que me acompanhou durante toda a graduação e me ajudou em muitos momentos. Lo- bélia, por sua paciência, compreensão e boa vontade. E todos os outros que de alguma forma contribuíram com a minha trajetória. E um agradecimento especial aos ilustres professores que esta escola perdeu: Paula, excelente professora que me ensinou mais do que a ética profissional, mas também uma moral necessária no ambiente de trabalho e militância, a dignidade e o amor próprio. E Jefferson, que foi mais que um professor, foi um mentor e um amigo, me ensinou quase tudo que sei sobre a profissão. Durante esses sete anos de universidade, muitas vezes achei que não ia aguentar e cogitei seri- amente em desistir. Foram vocês que me deram força, me trouxeram até aqui e me ajudaram a me tornar a pessoa que eu sou hoje. Então, meu muito obrigada! 8 UMBANDA, QUEM ÉS? Por Elcy Barbosa - Quem sou? É difícil determinar. Sou a fuga para alguns, a coragem para outros. Sou o tambor que ecoa nos terreiros, trazendo o som das selvas e das senzalas. Sou o cântico que chama ao convívio seres de outros planos. Sou a senzala do Preto-velho, a ocara do Bugre, a cerimônia do Pajé, a encruzilhada do Exú, o jardim da Ibejada, o ioga do Hindu e o orun dos Orixás. Sou o café amargo e o cachimbo do Preto-velho, o charuto do Caboclo e do Exu; o cigarro da Pomba-gira e o doce do Ibejê. Sou a gargalhada da Rosa caveira, o requebro da Maria Padilha, a seriedade do Seu Marabô. Sou o sorriso e a meiguice de Maria Conga e de Pai José; a traquinagem de Mariazinha, Riso- tinho, Joãozinho e a sabedoria do Caboclo Tupinambá. Sou o fluido que se desprende das mãos do médium levando a saúde e a paz. Sou o isolamento dos orientais, onde o mantra se mistura ao perfume suave do incenso. Sou o Templo dos sinceros e o teatro dos atores. Sou livre. Não tenho Papas. Sou determinada e forte. Minhas forças? Elas estão no homem que sofre e que clama por piedade, por amor, por caridade. Minhas forças estão nas entidades espirituais que me utilizam para seu crescimento. Estão nos elementos. Na água, na terra, no fogo e no ar; na pemba, na cuia, no mandala do ponto riscado. Estão finalmente na tua crença, na tua fé, que é o elemento mais importante na minha alquimia. Minhas forças estão em ti, no teu interior, lá no fundo, na última partícula da tua mente, onde te ligas ao Criador. Quem sou? Sou a humildade, mas cresço quando combatida. Sou a prece, a magia, o ensinamento milenar, sou cultura. Sou o mistério, o segredo, sou o amor e a esperança. Sou a cura. Sou de ti. Sou de Deus. Sou Umbanda. Só isso. Sou Umbanda. 9 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre a Umbanda a partir de uma perspectiva histórica e sociológica, com o intuito de ressaltar seu caráter multi- cultural. A relevância desse trabalho se refere à possibilidade de abrir um espaço de debate para as temáticas que envolvem a cultura brasileira e a cultura das chamadas “minorias”, em especial a Umbanda, como uma expressão da cultura popular, ainda tão discriminadas, no debate aca- dêmico e na sociedade geral. Abordamos os conceitos e concepções fundamentais para a com- preensão dessa nova religião enquanto manifestação da cultura popular, como trabalho, teleo- logia, subjetividade e cultura como constituintes do ser social. Depois apresentamos um breve histórico do Brasil para contextualizar o seu caráter de país colonizado, que resulta no encontro de diferentes culturas étnicas. Por fim, apresentamos o caráter da Umbanda como uma religião genuinamente brasileira e a sua contribuição da Umbanda para a cultura popular brasileira e, especialmente, carioca. Palavras-chave: Umbanda, religião, história, cultura, resistência. 10 ABSTRACT The present work aims to carry out a bibliographical review about a Umbanda from a historical and sociological perspective, in order to emphasize its multicultural character. The relativity of this work refers to the possibility of opening a space for debate on themes that involve Brazilian culture and the culture of so-called "minorities", especially Umbanda, as an expression of po- pular culture, still so discriminated without academic debate. Mico and in the general society. We approach concepts and fundamental concepts for a rehearsed understanding of this new religion, such as work, teleology, subjectivity and culture as constituents of the social being. Then we present a brief history of Brazil to contextualize its character as a colonized country, which results in no encounter of different ethnic cultures. Finally, we