A Construção Da História Nacional Pelo Pintor Firmino Monteiro Entre 1879 E 1884
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Universidade Federal de Juiz de Fora Programa de Pós-Graduação em História Mestrado em História GIOVANA LOOS MOREIRA A Construção da História Nacional pelo pintor Firmino Monteiro entre 1879 e 1884. Juiz de Fora 2016 GIOVANA LOOS MOREIRA A Construção da História Nacional pelo pintor Firmino Monteiro entre 1879 e 1884. DISSERTAÇÃO apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para obtenção do título de MESTRE EM HISTÓRIA. Orientadora: Professora Doutora Maraliz de Castro Viera Christo. Juiz de Fora 201 GIOVANA LOOS MOREIRA A Construção da História Nacional pelo pintor Antônio Firmino Monteiro entre 1879 e 1884. DISSERTAÇÃO apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para obtenção do título de MESTRE EM HISTÓRIA. Juiz de Fora, __/__/2016 Banca Examinadora ______________________________________________ Prof. Dra. Maraliz de Castro Vieira Christo (UFJF) – Orientadora ______________________________________________ Prof. Dr. Martinho Alves da Costa Junior (UFJF) ______________________________________________ Prof. Dra. Camila Carneiro Dazzi (CEFET) Resumo O estudo se deterá na compreensão da narrativa de História do Brasil produzida por Antônio Firmino Monteiro. Pintor do século XIX que se destacou, sobretudo, nas Exposições Gerais de Bellas Artes de 1879 e 1884. Recortaremos três telas, “Um episódio da Retirada da Laguna”, “O Vidigal” e “Capitão João Homem”, a fim de visualizarmos aspectos de contexto histórico e trajetória que formularam sua concepção crítica sobre a História do Brasil. Palavras-Chave: Arte Oitocentista - Exposição Geral de Bellas Artes - Antônio Firmino Monteiro- Abstract The study purpose is to provide an understanding of Brazil history writing as produced by Antônio Firmino Monteiro. Monteiro was a 19th century painter that stood out, above all, in the 1879 and 1884 General Exhibition of Fine Arts (Exposições Gerais de Bellas Artes). Three paintings are highlighted in order to expose aspects of historical context, as well the path that formulated his critical review about the history of Brazil. Keyword: Nineteenth-century art - General Exhibition of Fine Arts - Antônio Firmino Monteiro Sumário A Construção da História Nacional pelo pintor Firmino Monteiro entre 1879 e 1884. Introdução.......................................................................................................P.7 Capítulo 1 – A Exposição Geral de Bellas Artes e a trajetória de Antônio Firmino Monteiro. 1.1 AIBA, IHGB e a Pintura Histórica...................................................P. 10 1.2. Os anos de 1870 e o debate sobre a Pintura de história................P.13 1.3Trajetória de Antônio Firmino Monteiro............................................P.22 Capítulo 2 – A relação de Antônio Firmino Monteiro com as transformações artísticas ao final do século XIX. 2.1 Revisão historiográfica acerca da arte oitocentistas......................P.57 2.2 A Modernidade...............................................................................P.60 2.3 Vínculo de Monteiro com o movimento...........................................P.72 2.4 A Fundação da Cidade do Rio de Janeiro.......................................P.74 Capítulo 3 – Aproximações as telas “Um episódio da Retirada da Laguna”, “O Vidigal” e “O Capitão João Homem”. 3.1Um episódio da Retirada da Laguna..........................................P.92 3.2 O Vidigal..................................................................................P.108 3.3 O Capitão João Homem..........................................................P.128 Conclusão..................................................................................................P. 143 Introdução No primeiro capítulo, apresentaremos breve sistematização de dados biográficos de Monteiro, tendo em vista a ausência de informações sobre o pintor. Realizamos um intenso levantamento através de periódicos para conhecer melhor quem fora o personagem, quais caminhos percorrera, que meio artístico se envolveu, quais redes de relações foram construídas, enfim, visamos trazer luz a vida de Monteiro. A reflexão adota dois espaços de observação. O primeiro será a Exposição Geral de Bellas Artes de 1879, pois fora o ano que Monteiro estreio a carreira artística, sendo o evento relevante para expor as concepções de Pintura de História que estavam se transformando. Neste capítulo, realizaremos preâmbulo de “A Fundação da Cidade do Rio de Janeiro” que aborda um marco da História Nacional colonial e fora considerada a iconografia de maior reconhecimento artístico. Ao adentrarmos a tela, ensejamos perceber como Monteiro se introduziu na Pintura de História e como sua postura crítica foi recebida. O segundo local será a EGBA de 1884, onde ocorreu sua maior participação, com a exposição de mais de 20 telas, permitindo uma melhor visualização da postura de Monteiro perante a agitação artística, já constatada nas obras de outros pintores contemporâneos. Prosseguiremos a pesquisa com o recorte de três telas: “Um episódio da Retirada da Laguna”, “O Vidigal” e “Capitão João Homem”. A iconografia “Um episódio da Retirada da Laguna” tece crítica a Guerra do Paraguai, dando enfoque não ao herói, mas sim ao sujeito anônimo com as mazelas provocadas pelo conflito. Nas produções “O Vidigal” e “Capitão João Homem” temos a abordagem acerca da repressão a ociosidade ocorrida no período Joanino e Colonial. Nelas Monteiro se opõe ao uso da violência como forma de controle social, ou seja, adota como tema a representação de impasses sociais de sua época. As três pinturas se vinculam pela veemente crítica social, na qual sujeitos anônimos tornam-se protagonistas e seus problemas passam a figurar em espaços onde até então não tinham acesso, alterando assim as concepções acerca da História Nacional. Capítulo 1 A Exposição Geral de Bellas Artes e a atuação de Antônio Firmino Monteiro. O primeiro capítulo adota como ponto de partida a observação da primeira participação no cenário artístico de Antônio Firmino Monteiro, na agitada Exposição Geral de Bellas Artes de 1879. A Exposição era um evento organizado pela Academia Imperial de Belas Arte desde 1840, com a periodicidade irregular, tendo aumentado a distância entre uma e outra ao final do século. A exposição de 1879 foi a mais visitada e causou grande polêmica acerca de duas telas expostas; A “Batalha do Avaí”, de Pedro Américo, e “Batalha dos Guararapes”, de Victor Meirelles. Ao apresentar, o evento para análise, desejamos formar o arcabouço para compreensão da exposição que se dará em seguida, em 1884. O retorno à Exposição de 1879 é necessário para visualizar a formatação da Pintura de História que estava sendo paulatinamente revisada, e cuja expressão será melhor percebida em 1884. O segundo ponto almeja sistematizar as escassas informações biográficas de Firmino Monteiro. Procuramos levantar sua rede de relações de maneira a confirmar a identificação com o movimento de renovação da arte oitocentista. 9 1.1. AIBA, IHGB e a Pintura Histórica A compreensão da cultura visual oitocentista tem como espaço central a Academia Imperial de Bellas Artes, no entanto, antes de nos determos à Academia, é interessante demarcar o papel do Instituto Histórico e Geográfico brasileiro no contexto do século dezenove. Há uma íntima relação entre ambas, tendo muitos artistas utilizado os estudos do Instituto para a realização de obras, sobretudo no gênero Pintura de História, visto que necessitavam se basear em suportes textuais de maneira a conceder maior veracidade às representações. De acordo com Walter Luiz1, para realizar o empreendimento, o artista deveria ser capaz de dominar, controlar e transformar as experiências passadas em memória, suprimindo as inúmeras barreiras sociais, forjando uma única nação. Apesar da estreita vinculação entre o texto e imagem, não devemos apagar a autonomia artística na abordagem, não havendo relação de imposição perante ambas as instituições. Como Christo2 salienta, é necessário cuidado para não formular uma visão apressada desse processo, determinando a priore papeis onde o Imperador manda, o Instituto escreve e a Academia Ilustra. O IHGB foi criado doze anos após a fundação da AIBA, em 1838, e as duas instituições enfrentaram grandes dificuldades, sendo antecedidas por outras experiências como; “Academia dos Esquecidos” “Academia dos Renascidos” e “Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios”3. O IHGB surgiu por iniciativa privada do Marechal Raimundo José da Cunha Matos e do cônego Januário da Cunha Barbosa com intermédio da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional. Ambas as entidades tinham a finalidade de incentivar o progresso e desenvolvimento brasileiro.4 O nome do instituto não deixa dúvida que o objetivo era o estudo da História e Geografia brasileira, sendo o responsável pela escrita da História do 1 PEREIRA. Walter Luiz. Óleo sobre tela, olhos para a História. Memória e pintura histórica nas Exposições Gerais de Belas artes do Brasil Império (1872 e 1879).Rio de Janeiro: Faperj, 2003, p. 24. 2 CHRISTO, Maraliz de Castro Vieira. A Pintura de História no Brasil do século XIX. 3 GUIMARÃES, Manoel Luiz Salgado. Historiografia e Nação no Brasil: 1838-1857. Tradução de Paulo Knauuss e Iná de Mendonça. Edições Anpuh- Rio de Janeiro: EdUERJ, 2011. P.58 4 GUIMARÃES, Manoel Luis Salgado. Nação e Civilização nos Trópicos: O instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o Projeto de uma História Nacional. Revista Estudos Históricos. V