“DILMA ROUSSEFF, UMA MULHER FORA DO LUGAR” As Narrativas Da Mídia Sobre a Primeira Presidenta Do Brasil Por
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universidade federal da bahia instituto de humanidades, artes e ciências programa multidisciplinar de pós-graduação em cultura e sociedade “DILMA ROUSSEFF, UMA MULHER FORA DO LUGAR” As narrativas da mídia sobre a primeira Presidenta do Brasil por FERNANDA ARGOLO DANTAS ORIENTADOR(A): PROF(A). DR(A). LINDA RUBIM SALVADOR, 2019 universidade federal da bahia instituto de humanidades, artes e ciências programa multidisciplinar de pós-graduação em cultura e sociedade “DILMA ROUSSEFF, UMA MULHER FORA DO LUGAR” As narrativas da mídia sobre a primeira Presidenta do Brasil por FERNANDA ARGOLO DANTAS ORIENTADOR(A): PROF(A). DR(A). LINDA RUBIM Tese apresentada ao Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências como parte dos requisitos para obtenção do grau de Doutora em Cultura e Sociedade. A minha prima Suzana de Santana (in memoriam) AGRADECIMENTOS A minha orientadora, Linda Rubim, por todo o aprendizado ao longo dos anos, da graduação ao doutorado. Pela parceria, dedicação incan- sável ao projeto e zelo pela busca constante do melhor resultado. A Susan Franceschet, pela orientação, atenção e cuidado durante o meu período no doutorado sanduíche no Latin American Research Center (LARC) da University of Calgary, Canadá. Ao diretor do LARC, professor Pablo Policzer, pela recepção e apoio; a Monique Greenwood, pela acolhida e dedicação; aos colegas de pesquisa do Centro, Rita Giacalone e Victoria Simmons; e à professora Mariana Mota, especial interlocutora, a quem agradeço pela oportunidade de atuar na assistência da dis- ciplina Latin American Politics, pelo acolhimento e pela amizade. A Albino Rubim, pelas sugestões na etapa de qualificação e pela permanência enquanto avaliador na banca examinadora de defesa de tese. Às professoras Clara Araújo, Nancy Vieira e Rita Aragão, por aceitarem compor a Banca Examinadora de Defesa de Tese e con- tribuírem para o resultado final do trabalho. A Renata Rocha, pelo incentivo e troca de ideias. Aos professores do Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em Cultura e Sociedade (Pós-Cultura), pela grande dedicação. Aos pesquisadores do grupo de pesquisa Miradas, do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura da Universidade Federdal da Bahia (CULT-UFBA), pelos debates e indicações bibliográficas. A Adriana Jacob, parceira nessa jornada acadêmica. A minha família. Angela Argolo Dantas, minha mãe, que pas- sava as tardes ensinando aos filhos as tarefas escolares, com paciência e zelo. Antônio Carlos Dantas, meu pai, por seu acervo literário e incentivo à leitura desde a primeira infância. A meu irmão Bruno Dantas, pelo apoio irrestrito. Aos tios José Carlos Dantas (in memoriam) e Francisco Dantas, pelo incentivo à minha formação escolar. À minha avó Helena Argolo, pela dedicação. Aos amigos. Damile Menezes, Camila Muritiba, Renata Rocha, Maíra Muritiba, Gabriela Leal, Juliena Nunes, Michelle Vilarinho, Aline Moura, Salim Khouri e Paulo Pauto, pela aco- lhida e incentivo nos momentos de cansaço e insegurança durante o percurso. A Mariana Romero, Juliana Azevedo, Alba Paiva, Clarissa Lara, Schirley Alves, Thasla Rodrigues e Fernanda Rocha, por estarem presentes e pela torcida constante. Às amigas Roberta Mota e Nidhi Panwar, pela acolhida. Natália Addas, Renata Rosada, Lízia Reis, Elisa Bastos, Bruna Correia, Fernanda Tedesque e Helena Mian, pelo incentivo na reta final deste projeto. Aos amigos Eduardo Gomes e Lucas Reis, pelo apoio e torcida. Aos colegas e amigos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), pelo apoio e compreensão nos momentos em que a pes- quisa exigiu mais atenção. Por fim, a todas as mulheres que se dedicam ou se dedicaram à construção de um mundo mais equânime e justo para meninas e meninos. “Meus senhores, meus senhores! Eis-me aqui pronta para a vida! Meus senhores, ninguém me olha, ninguém nota que eu existo. Mas, meus senhores, eu existo, eu juro que existo! Muito, até” (LISPECTOR, 2018, p. 95) “Às mulheres brasileiras, que me cobriram de flores e de carinho, peço que acreditem que vocês podem. As futuras gerações de brasileiras saberão que, na pri- meira vez que uma mulher assumiu a Presidência do Brasil, a machismo e a misoginia mostraram suas feias faces. Abrimos um caminho de mão única em direção à igualdade de gênero. Nada nos fará recuar.” (ROUSSEFF, 2016) RESUMO Com a eleição da sua primeira presidenta, a mineira Dilma Vana Rousseff, em 2010, o Brasil associa-se ao Chile e a Argentina, que já haviam elegido, respectivamente, Michelle Bachelet, em 2006, e Cristina Fernández de Kirchner, em 2007, para construírem novos cenários políticos na América Latina. A expectativa gerada por essa conquista, exemplo factível de empoderamento da mulher, era que houvesse de fato uma mudança nos papéis defi- nidos para os gêneros e que houvesse maior crescimento da repre- sentatividade feminina na política, por exemplo. No entanto, as presidentas, após a novidade da primeira eleição, vivenciam um segundo mandato com intenso desgaste de imagem e queda nos índices de popularidade. No Brasil, de modo mais traumá- tico, a experiência da primeira mulher presidente do país acabou em 2016, cumprindo menos da metade do mandato iniciado em 2014, em um tumultuado processo de impeachment. As narra- tivas de domínio público que tentam explicar a crise do governo de Dilma Rousseff versam, em sua maioria, sobre o déficit econô- mico, escândalos de corrupção e problemas da articulação polí- tica. A questão de gênero é silenciada, restrita a poucos comen- tários ou notas de rodapé. Nesse sentido, esta pesquisa recupera a categoria gênero como premissa para uma análise sobre a pri- meira gestão de mulher na presidência da República do Brasil. O objetivo desta tese é investigar de que modo a categoria gênero permeia as narrativas da mídia sobre a crise do governo de Dilma Rousseff, observando, a partir de matriz teórica feminista, as marcas de gênero utilizadas na cobertura da imprensa brasileira. O corpus da pesquisa, constituído das capas e suas respectivas reportagens das quatro maiores revistas semanais de política do país, Veja, Isto É, Época e Carta Capital, no período de janeiro de 2015 a agosto de 2016 é analisado a partir do conceito de enqua- dramento e dos pressupostos da análise crítica da mídia, de base multidisciplinar. A pesquisa aponta a homogeneização da cober- tura realizada pela mídia sobre as mulheres políticas desqualifi- cando a atuação pública delas e com destaque às suas relações na esfera privada. De forma enfática, o estudo verifica como a cobertura da imprensa representou Dilma Rousseff como uma “mulher fora de lugar”, uma liderança figurativa e solitária, des- tituída das qualidades consideradas essenciais para o exercício da presidência. Palavras-chave: Gênero. Presidenta Dilma Rousseff. Mulheres Políticas. Mídia. Cultura. ABSTRACT With the election of its first female President, Dilma Vana Rousseff, in 2010, Brazil joined Chile and Argentina (which had already elected Michelle Bachelet in 2006, and Cristina Fernández de Kirchner, in 2007) in constructing new political scenarios in Latin America. The expectation generated following this achie- vement, a realistic example of women’s empowerment, was that there would indeed be a shift in defined gender roles and greater growth of female representation in politics, for example. However, after the novelty of the first election, the Presidents experienced second terms involving intense deterioration of their images and falls in popularity ratings. In Brazil, more traumatically, the expe- rience of the first female president ended in 2016, fulfilling less than half of the term that had begun in 2014, in a tumultuous pro- cess of impeachment. The public domain narratives that attempt to explain the Rousseff government crisis mostly concern eco- nomic deficits, corruption scandals and problems of political articulation. The gender issue is suppressed, restricted to a few comments or footnotes. Thus, this study recovers the gender cate- gory as a premise to analyze the stewardship of the first female at the Presidency of the Brazilian Republic. The aim of this thesis is to investigate how the gender category has permeated the media narratives regarding the crisis of Dilma Rousseff’s gover- nment, noting the gender bias used in the Brazilian press cove- rage, drawing on the feminist theoretical matrix. The research corpus, including covers and respective reports from the coun- try’s four largest weekly political magazines (Veja, Isto É, Época and Carta Capital), is addressed using the concept of framing and the assumptions of critical media analysis, through a mul- tidisciplinary approach. The paper suggests a homogenization of media coverage of women in politics, dismissing their public role and with reference to their relationships in the private sphere. In detailed fashion, this study reveals how press coverage repre- sented Dilma Rousseff as a “woman out of place”, a figurative and lonely leader, devoid of the qualities to perform as President. Key-words: Gender. Presidenta Dilma Rousseff. Women in politics. Media. Culture. LISTA DE TABELAS Tabela 1 Personagens mais citadas nas revistas brasileiras 946 Tabela 2 Temas mais abordados pelas revistas 144 Tabela 3 Número de capas e reportagens 147 Tabela 4 Incidência da presidenta em imagens e textos 148 Tabela 5 “Criador e criatura” 163 Tabela 6 Mulheres políticas nas revistas 167 Tabela 7 Valorização da liderança masculina 175 Tabela 8 Inabilidade política 185 Tabela 9 Solidão 195 Tabela 10 Emoções 207 Tabela