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ISSN 1516-9162 REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA DE PORTO ALEGRE n. 39, jul./dez. 2010 TEMPO ATO MEMÓRIA ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA DE PORTO ALEGRE Porto Alegre REVISTA DA ASSOCIAÇÃO ISSN 1516-9162 PSICANALÍTICA DE PORTO ALEGRE EXPEDIENTE Publicação Interna n. 39, jul./dez. 2010 Título deste número: TEMPO ATO MEMÓRIA Editores: Maria Ângela Bulhões e Sandra Djambolakdjian Torossian Comissão Editorial: Beatriz Kauri dos Reis, Deborah Pinho, Glaucia Escalier Braga, Maria Ângela Bulhões, Otávio Augusto W. Nunes, Sandra Djambolakdjan Torossian, Valéria Machado Rilho. Colaboradores deste número: Marta Pedó, Maria Lúcia Stein e Liz Nunes Ramos Editoração: Jaqueline M. Nascente Consultoria linguística: Dino del Pino Capa: Clóvis Borba Linha Editorial: A Revista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre é uma publicação semestral da APPOA que tem por objetivo a inserção, circulação e debate de produções na área da psicanálise. Contém estudos teóricos, contribuições clínicas, revisões críticas, crônicas e entrevistas reunidas em edições temáticas e agrupadas em quatro seções distintas: textos, história, entrevista e variações. Além da venda avulsa, a Revista é distribuída a assinantes e membros da APPOA e em permuta e/ou doação a instituições científicas de áreas afins, assim como bibliotecas universitárias do País. ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICADE PORTO ALEGRE Rua Faria Santos, 258 Bairro: Petrópolis 90670-150 – Porto Alegre / RS Fone: (51) 3333.2140 – Fax: (51) 3333.7922 E-mail: [email protected] - Home-page: www.appoa.com.br R454 Revista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre / Associação Psicanalítica de Porto Alegre. - Vol. 1, n. 1 (1990). - Porto Alegre: APPOA, 1990, - Absorveu: Boletim da Associação Psicanalítica de Porto Alegre. Semestral ISSN 1516-9162 1. Psicanálise - Periódicos. I. Associação Psicanalítica de Porto Alegre CDU 159.964.2(05) CDD 616.891.7 Bibliotecária Responsável Luciane Alves Santini CRB 10/1837 Indexada na base de dados Index PSI – Indexador dos Periódicos Brasileiros na área de Psicologia (http://www.bvs-psi.org.br/) Versão eletrônica disponível no site www.appoa.com.br Impressa em setembro 2011. Tiragem 500 exemplares. TEMPO ATO MEMÓRIA SUMÁRIO EDITORIAL ............................ 07 ENTREVISTA Experiência e narrativas ............... 103 TEXTOS Experience and narratives O ato de Lacan .............................. 09 Jeanne Marie Gagnebin The act of Lacan Liz Nunes Ramos RECORDAR, REPETIR, ELABORAR A lógica do ato na Vinte anos depois .............................. 113 experiência da análise .................. 20 Twenty years after The logic of the act in the analisys’ experience Contardo Calligaris Isidoro Vegh VARIAÇÕES Faça ...................................................... 30 Cada um tem o analista Do it que merece ......................................... 124 Jacques Leberge Each one has the analyst that deserves Ricardo Goldenberg Vida privada e objeto a-Ato: Lacan e Tolstói .................................. 39 A função criadora da fala ........... 132 Private life and object a-Act: Lacan and Tolstói The creative function of speech Edson Luiz André de Sousa Heloisa Marcon A relíquia: o ato diz algo ................ 49 Tabou: notas sobre um The relic: the act says something suicídio documentado ................ 139 Maria Auxiliadora Pastor Sudbrack Tabau: notes on a documented suicide Robson Pereira Topologia e tempo .......................... 62 Topology and time Ligia Gomes Víctora (Des) ato ............................................ 70 (Un) tie Adão Luiz Lopes da Costa Psicanálise e história: explora-se um litoral ...................... 82 Psychoanalysis and history: exploring a littoral Eliana Mello Algumas observações sobre a clínica da infância ....................... 90 Some observations on the clinic’s childhood Roselene Gurski EDITORIAL reud interessou-se pela memória desde os primórdios da psicanálise. Dizia Fque as histéricas sofriam de reminiscências, lembranças que, recalcadas, retornavam sob a forma de sintomas conversivos. Nesses casos, a cura seria rememorar. Com suas pacientes, percorreu os labirintos das lembranças, obstinado que estava em encontrar a cena que denominava de traumática: aquela que, por efeito do recalque, não teria sido integrada às recordações, muito embora continuasse numa atividade silenciosa expressa nas formações do inconsciente. Porém, Freud não tardou a perceber que a cena traumática constituía uma formação secundária, a qual, seguindo a via associativa de traços mnêmicos, era construída ulteriormente no tempo do recordar (2º tempo), como tendo sido vivida anteriormente (1º tempo), no tempo da infância. Não era o acontecimento em si mesmo que tinha ação traumática; esta somente se realizava por sua revivescência quando, na adolescência, se remetia ao sentido sexual. Era nesse momento que o acontecimento vivido no primeiro tempo assumia o caráter de uma experiência sofrida passivamente, pois pertencia ao momento em que advinha, do adulto, o significado sexual da cena, e supostamente o desejo. E é por essa razão que ao “traumático” sempre estará associada a condição de objeto sexual do desejo do Outro. Com isso, a cena traumática passa a ser concebida como a construção necessária de um ponto de origem a partir do qual o Eu pode desejar e contar sua história. Desse modo, a materialidade factual cede lugar à realidade psíquica, quando a direção é desvelar a verdade do sujeito que o sintoma carrega consigo. Assim como na construção das lembranças, o tempo que opera nas formações 7 EDITORIAL do inconsciente não é linear; é o tempo a posteriori, chamado por Freud de Nachträglich: o que surge no segundo momento funda o anterior como primeiro e originário. Aprendemos com Freud e Lacan a percorrer as representações e os significantes que compõem a história de uma vida, na aposta de que, em suas idas e vindas, emerja o significante da captura no desejo do Outro, ponto de alienação fundamental que o Eu tratará de ratificar com o sintoma. O simples fato de assumir a palavra para contar sua história implica a tomada de posição do sujeito na “escolha” dos significantes que o representam. Lacan é categórico: guiar-se pelo saber e técnica psicanalíticos equivale a promover uma prática ortopédica, orientada pela identificação ao analista; e uma prática perversa, baseada na obstrução, pelo objeto a, da falta que funda o desejo. A transferência e o desejo do analista são os únicos indicadores confiáveis para operar o corte na identificação do S ao objeto a que o aliena, objeto do qual o analista apenas faz semblante; única forma de ter acesso ao fantasma que aparta o sujeito de seu desejo. Esse corte, operado pela interpretação e pelo ato psicanalíticos, relançará o S a um novo começo, a um novo desejo, a uma nova versão da origem. Contudo, o significante que funda o S ainda advém do campo do Outro, como na cena traumática freudiana; quanto a isso, não há escolha, ou, se houver, ela é forçada. O que o analisante poderá fazer, na cura, é enlaçar esse significante primordial a outro significante presente na bateria de que dispõe e, com isso, alterar a significação. Ao mesmo tempo em que o S des cobre algo novo, se demonstra a validade do que já sabia, operação lógica que, inevitavelmente, irá requerer do Eu uma nova organização do sintoma e da história, a partir dos quais desejar e se contar. Tempo, ato e memória renovam-se na concepção lacaniana, para que o inconsciente seja escutado. Lacan os apresenta imbricados segundo a lógica do significante, fazendo, com isso, “tremer todas as tripas do ocultismo”, da burocratização e do senso comum. 8 Rev. Assoc. Psicanal. Porto Alegre, Porto Alegre, n. 39, p. 9-19, jul./dez. 2010 TEXTOS O ATO DE LACAN1 Liz Nunes Ramos2 Resumo: O presente texto aborda a ruptura de Jacques Lacan com a Sociedade Francesa de Psicanálise e com a Associação Psicanalítica Internacional, em 1963, como um ato de Lacan no interior do movimento psicanalítico, incidindo quanto aos pressupostos da formação do psicanalista. O ato de Lacan está em concordância com o conceito por ele proposto no seminário O ato psicanalítico e aponta suas consequências na prática clínica e na teoria psicanalítica. Palavras-chave: ato psicanalítico, transferência, formação do psicanalista, história do movimento psicanalítico. THE ACT OF LACAN Abstract: The present text approaches the rupture among Lacan and the French Psychoanalytical Society and the International Psychoanalytical Association, in 1963, as an act of Lacan inside the analytical movement, touching the principles of the psychoanalytical training. The act of Lacan is according to his proposed concept in the seminar The psychoanalytic act and points to its consequences on the clinical practice and psychoanalytical theory. Keywords: psychoanalytical act, transference, psychoanalytical training, history of the psychoanalytical movement. 1 Trabalho apresentado nas Jornadas Clínicas da APPOA: Dizer e fazer em análise, realizadas em Porto Alegre, novembro de 2010. 2 Psicanalista; Membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre (APPOA). E-mail: liz- [email protected] 9 Liz Nunes Ramos A verdade essencial é o desconhecido que me habita e a cada amanhecer me dá um soco. Carlos Drummond de Andrade. a década de 60, na qual foi proferido o seminário O ato psicanalítico ([1967/ N1968] s/d), houve grandes turbulências transferenciais nas instituições psicanalíticas existentes, que marcaram o movimento psicanalítico de forma definitiva, frente às quais Lacan foi chamado a tomar posição. Em 1961, o Congresso de Edimburgo