Folha De S.Paulo Lula Manda Desembargar Obras Paradas
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Ministério dos Transportes Guria Informação & Sistemas Folha de S.Paulo 20/03/2004 Brasil/ AGENDA POSITIVA Lula manda desembargar obras paradas Decisão foi tomada em reunião do presidente com ministros no Planalto à qual não foram Palocci e Dirceu EDUARDO SCOLESE DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Em reunião de quatro horas ontem no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disparou ordens a ministros para desembargar obras paralisadas e ao mesmo tempo tentar afastar o governo da crise causada pelo caso Waldomiro Diniz. A maior crise política do governo, que começou em 13 de fevereiro passado com a divulgação de uma fita que derrubou Waldomiro, atingiu dois dos principais ministros de Lula -José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci Filho (Fazenda). Nenhum deles, porém, foi ao encontro de ontem. Ambos estavam em São Paulo. Dirceu está enfraquecido, mas busca liderar uma "agenda de emergência" para o governo. No vídeo de 2002 que provocou a demissão, a pedido, do ex-braço direito do ministro da Casa Civil Waldomiro Diniz, ele aparece pedindo propina a um empresário. Já Palocci vê um antigo assessor, Rogério Buratti, no centro de outro caso. Waldomiro teria sugerido a uma empresa que o contratasse em troca da renovação de um contrato com a Caixa Econômica Federal. A ordem de agilidade e rapidez de Lula aos ministros é também uma resposta às recentes cobranças públicas de alguns integrantes de sua equipe. Nesta semana, por exemplo, Roberto Rodrigues (Agricultura) apontou a paralisia do governo, e Tarso Genro (Educação) pediu mais verbas. Ontem foram ao Planalto os ministros Ciro Gomes (Integração Nacional), Marina Silva (Meio Ambiente), Olívio Dutra (Cidades), Alfredo Nascimento (Transportes), representantes do Ministério de Minas e Energia e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra. Após a reunião, Ciro Gomes disse que o presidente, no contato de ontem, "descobriu um bloco de obras paralisadas", como, segundo ele, 18 usinas hidrelétricas, 15 ramais de gasodutos e cerca de 10 mil km de rodovias, além de questões ferroviárias e portuárias. Para desvincular o governo da crise, que a cada semana ganha novos capítulos, Lula estaria disposto a sair a campo para acelerar o desembargo das obras, inclusive negociando entraves com Judiciário, Ministério Público e governos estaduais. "Se [a obra] tem problema, o presidente determinou uma ação dos ministros. Se o problema está com o Judiciário, haverá negociação. O presidente disparou ordens a todos nós." Segundo Ciro, o presidente quer, a partir de agora, que todas as licitações e créditos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) somente sejam aprovadas e liberados com uma prévia comprovação de sustentabilidade. "O presidente não vai mais tolerar obra iniciada que seja interrompida." Ciro disse que, das 33 usinas hidrelétricas que o atual governo encontrou paralisadas em janeiro de 2003, 15 já estão com suas obras em andamento. "Transgressões a leis e agressões ao ambiente são alguns dos motivos [da SHCN 107 - Bloco “C” - Sala 207 - CEP: 70.743-530 - Brasília - DF 1 Telefone: (061) 340-9298 - Fax: (061) 340-8408 - www.guria.com.br - e-mail: [email protected] Ministério dos Transportes Guria Informação & Sistemas paralisação]". Outra definição é a de que o Ministério do Meio Ambiente poderá contratar novos quadros para o Ibama, que hoje conta com 71 técnicos. Dizendo-se cansado e sem condições de lembrar de detalhes da reunião, finalizada minutos antes da entrevista, Ciro disse que só revelaria número tratados com Lula "se tivesse um computador em mãos". Disse ainda que não citaria exemplos: "Eu os conheço, mas não quero falar". SHCN 107 - Bloco “C” - Sala 207 - CEP: 70.743-530 - Brasília - DF 2 Telefone: (061) 340-9298 - Fax: (061) 340-8408 - www.guria.com.br - e-mail: [email protected] Ministério dos Transportes Guria Informação & Sistemas Jornal de Brasília 20/03/2004 Brasil Agenda de emergência O ministro da Casa Civil, José Dirceu, está disposto a substituir a agenda positiva por uma "de emergência" com as principais reivindicações dos demais ministros a fim de apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana. Seria uma tentativa de Dirceu tirar o governo da paralisia gerada pelo caso Waldomiro, que surgiu em 13 de fevereiro. A intenção de Dirceu é mapear as prioridades do governo para discutir com Lula e os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Guido Mantega (Planejamento) a liberação de recursos. Dirceu começou a preparar a "agenda de emergência" - expressão que ele próprio tem usado nos despachos com os ministros- na terça-feira. Desde então, já teve encontros com José Viegas (Defesa), Alfredo Nascimento (Transportes), Amir Lando (Previdência), Roberto Rodrigues (Agricultura), Marina Silva (Meio Ambiente) e Ricardo Berzoini (Trabalho). Dirceu manteve ainda conversas reservadas com alguns ministros. Com Palocci, por exemplo, Dirceu buscou estabelecer uma trégua, deixando claro que pararia de incentivar ataques à política econômica e que se voltaria para o gerenciamento do governo. SHCN 107 - Bloco “C” - Sala 207 - CEP: 70.743-530 - Brasília - DF 3 Telefone: (061) 340-9298 - Fax: (061) 340-8408 - www.guria.com.br - e-mail: [email protected] Ministério dos Transportes Guria Informação & Sistemas Jornal de Brasília 20/03/2004 Economia Lula quer retomar obras paradas Presidente cobra de ministros soluções para resolver pendências O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu a promessa feita esta semana durante visita ao Nordeste e reuniu ontem, no Palácio do Planalto, os ministros da área de infra-estrutura para cobrar ações diante das obras públicas que estão paralisadas em todo o País. Segundo o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, o próprio presidente selecionou uma lista de obras paradas e determinou ações que revertam esse quadro. "O que ele não tolera é a obra começar e ser interrompida", disse Ciro. O ministro não quis adiantar números nem mesmo quais os projetos prioritários a serem retomados. Ciro Gomes disse, apenas, que as obras selecionadas pelo presidente estão paradas por problemas com a Justiça provocados, segundo o ministro, durante os governos anteriores, no momento em que as obras foram iniciadas. Outro conjunto de obras, segundo Gomes, está parado devido a problemas de licenciamento ambiental. A intenção do presidente Lula, enfatizada durante a reunião, é reforçar a estrutura do Ibama com novos técnicos que possam viabilizar a análise de obras paralisadas. Lula também foi explícito ao determinar, conforme relato de Ciro Gomes, que nenhuma obra seja iniciada sem a respectiva licença ambiental. "O presidente quer que todas as licitações, todos os créditos do BNDES, todos os fundos constitucionais que são administrados pelos ministérios exijam sustentabilidade ambiental", explicou. O ministro revelou que o presidente Lula já conseguiu reverter a paralisação de 15 obras nacionais desde que assumiu o governo. Segundo cálculos de Ciro Gomes, as obras que estão interrompidas somam 10 mil quilômetros de estradas, reúnem 18 hidrelétricas e mais de 15 gasodutos, entre outras. Além de Ciro Gomes, participaram da reunião - que durou mais de três horas no Palácio do Planalto - os ministros Marina Silva (Meio Ambiente), Alfredo Nascimento (Transportes), Olívio Dutra (Cidades), Maurício Tolmasquim (interino de Minas e Energia), além dos presidentes do BNDES, Carlos Lessa, da Petrobras, José Eduardo Dutra, e representantes do Ibama. SHCN 107 - Bloco “C” - Sala 207 - CEP: 70.743-530 - Brasília - DF 4 Telefone: (061) 340-9298 - Fax: (061) 340-8408 - www.guria.com.br - e-mail: [email protected] Ministério dos Transportes Guria Informação & Sistemas Revista IstoÉ 24/03/2004 Brasil O dilema de Palocci Ministro da Fazenda busca sair da agenda negativa vendendo a possibilidade de crescimento econômico já Sônia Filgueiras e Weiller Diniz O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, chegou a Londres na quinta-feira 18 com a cabeça no bombardeio que o atingia do outro lado do Atlântico. Protegido pela distância entre o Lago Paranoá e o Rio Tâmisa, Palocci usou toda a sua habilidade para responder à saraivada de mísseis que tentam acertar o alvo na política econômica e até na sua imagem, a partir das denúncias envolvendo um ex-assessor da Prefeitura de Ribeirão Preto. Na capital inglesa, Palocci também agiu para ganhar o apoio dos ingleses às propostas de mudanças no FMI, durante encontro com o seu colega Gordon Brown. O ministro brasileiro saiu sorridente da conversa, afirmando que o companheiro britânico foi "muito positivo" e demonstrou interesse nas idéias trazidas por Palocci. O ministro carregou na bagagem um pesado dilema: precisa fazer o avião da economia decolar o mais rápido possível para evitar que acusações possam enfraquecê-lo, como aconteceu com o capitão do time, José Dirceu (Casa Civil). Mas mesmo sob tiroteio cerrado, Palocci manteve o seu habitual bom humor. Ao quebrar o silêncio, na capital inglesa, ele defendeu a sua política econômica, respondeu aos ataques e fez da própria situação uma piada: "Ao contrário do ministro da Fazenda do Brasil, que está à direita do presidente, o Gordon Brown está à esquerda do primeiro- ministro (Tony Blair)." Palocci se referia ao cerco aliado promovido pela esquerda petista, que o acusa de ter pendido para o neoliberalismo. Recentemente, seus críticos ganharam apoios insólitos: o presidente do aliado PL, Valdemar Costa Neto (SP), chegou a pedir a demissão de Palocci e a mudança nos rumos econômicos em pleno Planalto, antes da posse do ministro dos Transportes, o ex-prefeito de Manaus Alfredo Nascimento (PL). "O presidente tem que trocar Palocci por alguém que tenha competência no cargo. Palocci tem competência para ser prefeito de Ribeirão Preto, não para ser ministro de um país como o nosso", trovejou. No fundo dessa crise, mais uma briga pelo poder que atiça os aliados às vésperas da eleição. Valdemar estava contrariado por não ter nomeado diretores da CEF e do Banco do Brasil, vinculados à Fazenda.