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Folha de S.Paulo 20/03/2004 Brasil/ AGENDA POSITIVA Lula manda desembargar obras paradas Decisão foi tomada em reunião do presidente com ministros no Planalto à qual não foram Palocci e Dirceu

EDUARDO SCOLESE DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em reunião de quatro horas ontem no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disparou ordens a ministros para desembargar obras paralisadas e ao mesmo tempo tentar afastar o governo da crise causada pelo caso Waldomiro Diniz. A maior crise política do governo, que começou em 13 de fevereiro passado com a divulgação de uma fita que derrubou Waldomiro, atingiu dois dos principais ministros de Lula -José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci Filho (Fazenda). Nenhum deles, porém, foi ao encontro de ontem. Ambos estavam em São Paulo. Dirceu está enfraquecido, mas busca liderar uma "agenda de emergência" para o governo. No vídeo de 2002 que provocou a demissão, a pedido, do ex-braço direito do ministro da Casa Civil Waldomiro Diniz, ele aparece pedindo propina a um empresário. Já Palocci vê um antigo assessor, Rogério Buratti, no centro de outro caso. Waldomiro teria sugerido a uma empresa que o contratasse em troca da renovação de um contrato com a Caixa Econômica Federal. A ordem de agilidade e rapidez de Lula aos ministros é também uma resposta às recentes cobranças públicas de alguns integrantes de sua equipe. Nesta semana, por exemplo, Roberto Rodrigues (Agricultura) apontou a paralisia do governo, e Tarso Genro (Educação) pediu mais verbas. Ontem foram ao Planalto os ministros Ciro Gomes (Integração Nacional), Marina Silva (Meio Ambiente), Olívio Dutra (Cidades), Alfredo Nascimento (Transportes), representantes do Ministério de Minas e Energia e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra. Após a reunião, Ciro Gomes disse que o presidente, no contato de ontem, "descobriu um bloco de obras paralisadas", como, segundo ele, 18 usinas hidrelétricas, 15 ramais de gasodutos e cerca de 10 mil km de rodovias, além de questões ferroviárias e portuárias. Para desvincular o governo da crise, que a cada semana ganha novos capítulos, Lula estaria disposto a sair a campo para acelerar o desembargo das obras, inclusive negociando entraves com Judiciário, Ministério Público e governos estaduais. "Se [a obra] tem problema, o presidente determinou uma ação dos ministros. Se o problema está com o Judiciário, haverá negociação. O presidente disparou ordens a todos nós." Segundo Ciro, o presidente quer, a partir de agora, que todas as licitações e créditos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) somente sejam aprovadas e liberados com uma prévia comprovação de sustentabilidade. "O presidente não vai mais tolerar obra iniciada que seja interrompida." Ciro disse que, das 33 usinas hidrelétricas que o atual governo encontrou paralisadas em janeiro de 2003, 15 já estão com suas obras em andamento. "Transgressões a leis e agressões ao ambiente são alguns dos motivos [da

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Ministério dos Transportes Guria Informação & Sistemas paralisação]". Outra definição é a de que o Ministério do Meio Ambiente poderá contratar novos quadros para o Ibama, que hoje conta com 71 técnicos. Dizendo-se cansado e sem condições de lembrar de detalhes da reunião, finalizada minutos antes da entrevista, Ciro disse que só revelaria número tratados com Lula "se tivesse um computador em mãos". Disse ainda que não citaria exemplos: "Eu os conheço, mas não quero falar".

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Jornal de Brasília 20/03/2004 Brasil Agenda de emergência

O ministro da Casa Civil, José Dirceu, está disposto a substituir a agenda positiva por uma "de emergência" com as principais reivindicações dos demais ministros a fim de apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana. Seria uma tentativa de Dirceu tirar o governo da paralisia gerada pelo caso Waldomiro, que surgiu em 13 de fevereiro. A intenção de Dirceu é mapear as prioridades do governo para discutir com Lula e os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e (Planejamento) a liberação de recursos. Dirceu começou a preparar a "agenda de emergência" - expressão que ele próprio tem usado nos despachos com os ministros- na terça-feira. Desde então, já teve encontros com José Viegas (Defesa), Alfredo Nascimento (Transportes), Amir Lando (Previdência), Roberto Rodrigues (Agricultura), Marina Silva (Meio Ambiente) e (Trabalho). Dirceu manteve ainda conversas reservadas com alguns ministros. Com Palocci, por exemplo, Dirceu buscou estabelecer uma trégua, deixando claro que pararia de incentivar ataques à política econômica e que se voltaria para o gerenciamento do governo.

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Jornal de Brasília 20/03/2004 Economia Lula quer retomar obras paradas Presidente cobra de ministros soluções para resolver pendências

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu a promessa feita esta semana durante visita ao Nordeste e reuniu ontem, no Palácio do Planalto, os ministros da área de infra-estrutura para cobrar ações diante das obras públicas que estão paralisadas em todo o País. Segundo o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, o próprio presidente selecionou uma lista de obras paradas e determinou ações que revertam esse quadro. "O que ele não tolera é a obra começar e ser interrompida", disse Ciro. O ministro não quis adiantar números nem mesmo quais os projetos prioritários a serem retomados. Ciro Gomes disse, apenas, que as obras selecionadas pelo presidente estão paradas por problemas com a Justiça provocados, segundo o ministro, durante os governos anteriores, no momento em que as obras foram iniciadas. Outro conjunto de obras, segundo Gomes, está parado devido a problemas de licenciamento ambiental. A intenção do presidente Lula, enfatizada durante a reunião, é reforçar a estrutura do Ibama com novos técnicos que possam viabilizar a análise de obras paralisadas. Lula também foi explícito ao determinar, conforme relato de Ciro Gomes, que nenhuma obra seja iniciada sem a respectiva licença ambiental. "O presidente quer que todas as licitações, todos os créditos do BNDES, todos os fundos constitucionais que são administrados pelos ministérios exijam sustentabilidade ambiental", explicou. O ministro revelou que o presidente Lula já conseguiu reverter a paralisação de 15 obras nacionais desde que assumiu o governo. Segundo cálculos de Ciro Gomes, as obras que estão interrompidas somam 10 mil quilômetros de estradas, reúnem 18 hidrelétricas e mais de 15 gasodutos, entre outras. Além de Ciro Gomes, participaram da reunião - que durou mais de três horas no Palácio do Planalto - os ministros Marina Silva (Meio Ambiente), Alfredo Nascimento (Transportes), Olívio Dutra (Cidades), Maurício Tolmasquim (interino de Minas e Energia), além dos presidentes do BNDES, Carlos Lessa, da Petrobras, José Eduardo Dutra, e representantes do Ibama.

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Revista IstoÉ 24/03/2004 Brasil O dilema de Palocci Ministro da Fazenda busca sair da agenda negativa vendendo a possibilidade de crescimento econômico já

Sônia Filgueiras e Weiller Diniz

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, chegou a Londres na quinta-feira 18 com a cabeça no bombardeio que o atingia do outro lado do Atlântico. Protegido pela distância entre o Lago Paranoá e o Rio Tâmisa, Palocci usou toda a sua habilidade para responder à saraivada de mísseis que tentam acertar o alvo na política econômica e até na sua imagem, a partir das denúncias envolvendo um ex-assessor da Prefeitura de Ribeirão Preto. Na capital inglesa, Palocci também agiu para ganhar o apoio dos ingleses às propostas de mudanças no FMI, durante encontro com o seu colega Gordon Brown. O ministro brasileiro saiu sorridente da conversa, afirmando que o companheiro britânico foi "muito positivo" e demonstrou interesse nas idéias trazidas por Palocci. O ministro carregou na bagagem um pesado dilema: precisa fazer o avião da economia decolar o mais rápido possível para evitar que acusações possam enfraquecê-lo, como aconteceu com o capitão do time, José Dirceu (Casa Civil). Mas mesmo sob tiroteio cerrado, Palocci manteve o seu habitual bom humor. Ao quebrar o silêncio, na capital inglesa, ele defendeu a sua política econômica, respondeu aos ataques e fez da própria situação uma piada: "Ao contrário do ministro da Fazenda do Brasil, que está à direita do presidente, o Gordon Brown está à esquerda do primeiro- ministro (Tony Blair)." Palocci se referia ao cerco aliado promovido pela esquerda petista, que o acusa de ter pendido para o neoliberalismo. Recentemente, seus críticos ganharam apoios insólitos: o presidente do aliado PL, Valdemar Costa Neto (SP), chegou a pedir a demissão de Palocci e a mudança nos rumos econômicos em pleno Planalto, antes da posse do ministro dos Transportes, o ex-prefeito de Manaus Alfredo Nascimento (PL). "O presidente tem que trocar Palocci por alguém que tenha competência no cargo. Palocci tem competência para ser prefeito de Ribeirão Preto, não para ser ministro de um país como o nosso", trovejou. No fundo dessa crise, mais uma briga pelo poder que atiça os aliados às vésperas da eleição. Valdemar estava contrariado por não ter nomeado diretores da CEF e do Banco do Brasil, vinculados à Fazenda. Para arrefecer a ira de sua base, o governo prometeu abrir o orçamento para as estradas, anunciou projetos para o Nordeste e sinalizou para a retomada da redução gradual dos juros, dando um corte de 0,25% na taxa básica de juros do Banco Central. A agenda positiva foi chamuscada pelo projétil amigo do PL e pelas denúncias envolvendo um novo personagem petista na série de acusações que paralisam o governo há mais de um mês. Entrou em cena agora o ex-secretário de Governo de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto (1993-1996), Rogério Buratti. Ele é investigado pela Polícia Federal por ter sido - segundo acusações de diretores da Gtech (administradora das loterias da Caixa Econômica Federal) - indicado pelo ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz para uma consultoria milionária em troca da renovação do contrato entre a empresa e a CEF no governo Lula. Buratti é um homem da turma do PT há anos. Em 1987, assessorou o então deputado estadual José Dirceu na Assembléia Legislativa. Em 1991, Buratti passou a trabalhar, na liderança do PT, com outro deputado estadual, com o qual fundou o partido em Osasco, João Paulo Cunha,

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Ministério dos Transportes Guria Informação & Sistemas hoje presidente da Câmara dos Deputados. Buratti subiu mais degraus na pirâmide petista ao trabalhar com Palocci na Prefeitura de Ribeirão. Foi demitido pelo então prefeito em 1994, ao ser flagrado negociando com um empreiteiro vantagens em uma licitação municipal. Mas não perdeu o amparo dos petistas. Em 1995, migrou para o gabinete de João Paulo em Brasília. Mas a relação de Buratti com o PT não se restringe ao emprego. Até 1998, foi sócio do atual chefe de gabinete de Palocci, Juscelino Dourado, em uma empresa de informática. Em maio de 2002, Buratti, como diretor de uma empresa, posava ao lado de Palocci na Prefeitura de Ribeirão. Fogo amigo - Com aliados como o PL e o próprio PT - que divulgou nota pedindo mudanças na política econômica no último dia 5 -, o governo não precisa de oposição. O núcleo do poder sugeriu que o novo ministro do PL nem tomasse posse e que o partido fosse despachado. Lula recusou. Convocou o novo ministro e exigiu uma retratação pública. "O que está havendo? Não estou entendendo a posição do partido", cobrou Lula. "É coisa da cabeça do Valdemar. Posso garantir que não estava combinado. Não deixei de ser prefeito para fazer isso. Vou falar com ele e ver se é alguma mágoa, se o governo não está cumprindo algum acordo", tentou corrigir o ministro novato. O PL desautorizou Valdemar. "Extrapolei, mas o PT esculhamba o Palocci e eu sou crucificado?", justificou-se. O Palácio achou pouco. Os ministros José Dirceu, e Luiz Dulci chamaram Valdemar ao Palácio na quarta-feira 17 para uma tensa reunião, junto com o vice Alencar, o líder do PL, Sandro Mabel (GO), e o ministro Nascimento. O governo exigiu um desmentido. Valdemar bateu o pé, mas confessou a origem de sua fúria. "Não desminto. Vocês não podem pedir isso porque não cumprem os acordos", disse, referindo-se aos cargos. O governo ficou de atender aos pedidos. O cachimbo da paz também aliviou a tensão no Congresso. O PL tem sido o partido que mais aporrinha Lula depois do PT. Está no freezer do Palácio o saco de maldades dos liberais contra o governo. O senador Magno Malta (ES) é o autor da CPI dos Bingos, que tem as baterias voltadas para Waldomiro. Já o suplente do vice Alencar, Aelton Freitas (MG), quer uma CPI da CEF/Gtech. Os estrilos do PL não ameaçam a governabilidade, mas podem contaminar. "Isso afrouxa a base. O PT assina CPI, o PL pede demissão de ministros e CPIs. Já comuniquei ao governo que também tenho limites", desabafou o líder do PMDB, Renan Calheiros. Uma das saídas, sugerida pelo PMDB, seria um governo de união nacional a partir de mais uma mexida ministerial, mas o próprio partido avalia que a idéia não prospera. O PMDB martela na tese de que faltam quadros ao PT e insiste em estar no centro das decisões. Ou seja, quer um naco a mais de poder. Dirceu rompeu o silêncio pós-Waldomiro. Garantiu que "não haverá mudanças contra Palocci", confessou incompetência, por não ter notado as falcatruas de seu ex- assessor e escancarou o tema que, até aqui, se discutia nas conversas reservadas: "Alguns namoram o perigo tentando desestabilizar o governo, outros namoram o sonho de nos derrotar em 2004". O recado foi para os aliados e para oposição, que pisa fundo nos escândalos envolvendo o governo. O presidente Lula bateu na mesma tecla: "Deve ter muita gente torcendo: 'Esse Lula não pode dar certo.' É como ex-marido que não quer que a mulher seja feliz no outro casamento." Com a infidelidade o Planalto está escaldado. "Há na base aliada um claro movimento de desestabilização do ministro Palocci. É uma absoluta irresponsabilidade daqueles que, se aproveitando de uma crise política, apenas buscam fortalecer-se no governo", reagiu o senador tucano Tasso Jereissati (CE), que, na oposição, ajuda o governo. Críticas em ano eleitoral tendem a aumentar e Palocci só sai do tiroteio quando a economia crescer - é o seu dilema. O ministro tranquilizou os investidores em Londres, afirmando que as crises políticas não afetarão a condução da economia e que o crescimento pode superar os 3,5% do PIB previstos pelo BC. O otimismo tem o objetivo: ganhar fôlego na crise. Mas

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Ministério dos Transportes Guria Informação & Sistemas até Palocci sabe que a confusão política só acabará quando a economia voltar a crescer.

Pegadas suspeitas Visitas: Waldomiro era figura conhecida na CEF: foi lá na véspera de fechar contrato com a Gtech

Ministério Público Federal está reunindo cada vez mais indícios de que Waldomiro Diniz, ex-assessor do ministro José Dirceu, participou diretamente da elaboração do contrato milionário que deixou a Caixa Econômica Federal amarrada por mais 254 meses aos serviços da multinacional Gtech no processamento das loterias federais. No meio de sete caixas de papelada, os procuradores que investigam o caso descobriram uma preciosidade: no registro de ingressos e saídas de visitantes na sede da CEF em Brasília consta a entrada de Waldomiro no dia 25 de março de 2003, quando já ocupava o posto de subchefe de assuntos parlamentares da Casa Civil. O que mais intriga é a data: véspera da reunião entre os diretores da CEF e os representantes da multinacional na qual foi alinhavada a versão final do contrato. Não é só. Dois depoimentos de funcionários que trabalhavam no setor de segurança da Caixa dão conta de que Waldomiro era figura conhecida nos corredores da instituição. Além de usar portaria principal, tendo seu nome registrado nas folhas de controle da entrada, o ex-assessor também teria ingressado pela garagem, sem se identificar, com uma autorização especial de acesso. Este tipo de conforto é dado, por exemplo, a autoridades agendadas e a fornecedores, que descarregam seus produtos no subsolo. Agora, o Ministério Público vasculha documentos para descobrir para onde ia o subchefe quando perambulava na matriz da CEF. O objetivo é checar a versão apresentada pelo presidente da Caixa, Jorge Matoso, que afirma não conhecer Waldomiro.

Sônia Filgueiras

Nas águas calmas do Torto Peixe grande e suas histórias: "Bate uma foto pra não dizerem que é papo de pescador"

Entre o mar agitado da política e as ondas arriscadas da economia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prefere as águas calmas do sereno lago da Granja do Torto, residência de fim de semana da Presidência da República, onde ele passa seus poucos momentos de folga. Ali, o presidente consegue usufruir de seus maiores prazeres: o futebol, que já lhe rendeu contusões, o forró e a pesca. Ignorado pelos antecessores de Lula no Planalto, o lago do Torto caiu nas graças de um velho pescador. Desde os sete anos, Lula, recém-emigrado do inóspito sertão pernambucano para o litoral verdejante de Santos, gastava suas horas de lazer com os irmãos, pescando em Vicente de Carvalho, uma das praias vizinhas ao Guarujá. Ao se mudar para Brasília, Lula conseguiu resgatar o prazer bucólico de pescar, hobby que, como presidente de honra do PT e ex-sindicalista, desfrutava na chácara que possui às margens da represa Billings, em São Bernardo do Campo, onde passava todo santo fim de semana. Era lá também que Lula se deliciava com os seus já famosos churrascos na companhia dos amigos mais próximos e da família: o presidente também adora carne vermelha. Aliás, dois hobbies que ele estendeu à sua vida presidencial em Brasília: quando quer aparar arestas na seara da política e da

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Ministério dos Transportes Guria Informação & Sistemas economia, Lula promove churrascos e partidas de futebol. No lago do Torto, o pescador Lula já comemora uma população de 260 peixes de várias espécies nobres, como dourado, pacu, pirapitanga, pirara, pintado, jaú e cajara. Quando vão ao Torto, Lula e dona Marisa tratam de jogar pessoalmente no lago a ração balanceada para os animais, após a caminhada que ele e a mulher fazem de manhã cedo. Na hora do lazer, como fazia quando criança, o presidente prefere a linha em vez da vara de pescar, como no sábado 13, quando pescou um dourado com dois quilos. Como bom esportista, vestindo uma camiseta azul, bermuda branca com o escudo do Internacional de Porto Alegre e calçando chinelo de dedo, o corintiano Lula comemorou a fisgada, mas livrou o dourado da isca e depois o devolveu ao lago. Nem sempre o pescador é Lulinha, paz e amor. Na semana anterior, ele fisgou duas tilápias, uma com 4,6 kg e outra com 4 kg. Profissional, Lula chamou o fotógrafo da Presidência, Ricardo Stuckert, e pediu a prova do crime: "Bate uma foto aí pra não dizerem que isto é papo de pescador." Documentada a proeza, a dupla foi arquivada num freezer, esperando o próximo fim de semana de futebol e forró para completar a alegria do presidente.

Luiz Cláudio Cunha

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Correio Braziliense 20/03/2004 Política/ ORÇAMENTO Disputa milionária Fundação ligada à UnB e quatro empresas de informática travam batalha por mercado de R$ 50 milhões, o custo anual para gerenciar o sistema do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit)

Rudolfo Lago e Fabricio Rocha Da equipe do Correio

Uma milionária fatia de mercado orçada hoje em R$ 50 milhões. Uma autarquia perseguida por constantes denúncias de corrupção e irregularidades. Quatro empresas de informática. Uma fundação ligada a uma universidade pública. Eis os cenários e os personagens de uma guerra surda que vem sendo travada desde o último dia 13 de fevereiro em alguns gabinetes e salas refrigeradas de Brasília. Nesse dia, o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit) fechou um acordo de cooperação técnica com a Fundação Universitária de Brasília (Fubra) para que ela fizesse gratuitamente um diagnóstico completo de seu sistema de informática. De acordo com o diretor de Administração e Finanças do Dnit, Carlos Alberto Cotta, o atual sistema é ''uma caixa preta'', que já foi, inclusive, contestada pelo Tribunal de Contas da União. A um custo anual que hoje chega a R$ 49,9 milhões, quatro empresas - CTIS, IOS, Siscon e Montreal - gerenciam o sistema de informática do Dnit. De acordo com Cotta, o departamento não tem nem acesso, nem controle sobre o trabalho das empresas. Nem os equipamentos e programas pertencem ao Dnit. O computador principal da autarquia pertence à Montreal. ''Somos completamente dependentes dessas empresas. Ficamos, hoje, numa situação em que nem podemos licitar de novo os serviços, senão tudo pararia.'' Para completar, essas empresas foram utilizadas para suprir a falta de pessoal do Dnit, mesmo em outras áreas que não a de informática. Uma das secretárias de Cotta, por exemplo, é funcionária da IOS, e circula pelo Dnit com o crachá da sua empresa. O Dnit substituiu, no final do governo Fernando Henrique Cardoso, o antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). O DNER tinha 3.408 funcionários. O Dnit foi criado com 1.765 pessoas em seu quadro funcional. O restante foi terceirizado. Cotta afirma que a idéia de procurar a Fubra surgiu da necessidade de tentar se livrar da dependência dessas empresas. A Fubra é uma fundação de direito privado, criada por professores da Universidade de Brasília (UnB). Costuma valer-se de um artigo da Lei de Licitações que dispensa a necessidade de concorrência para a contratação de fundações ligadas a universidades para prestar serviços e emprestar pessoal a diversas entidades e órgãos públicos. Olho na fatia No dia 13 de fevereiro, foi firmado convênio em que a Fubra e o Dnit dizem ''estabelecer as formas e condições'' para reunirem ''esforços, recursos e competências para a realização conjunta de atividades, estudos, adequação, implantação de projetos de gestão, desenvolvimento de sistemas, gerenciamento e execução de projetos''. Diz o extrato do convênio, publicado no Diário Oficial da União, que ele é firmado ''sem ônus para o Dnit''.

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Sem ônus, de fato, a Fubra realizou um diagnóstico sobre o sistema de informática do Dnit. Pintou um cenário totalmente negro (leia quadro). Em seguida, porém, o relatório mostra que a Fubra não é relógio. Não trabalha exatamente de graça. Ao expôr a solução, a fundação apresenta-se como sendo ela própria a saída para o atual caos iminente no Dnit. E, aí, a gratuidade sobe para R$ 42,8 milhões, com a venda dos equipamentos para a autarquia. No segundo ano, o custo do serviço cairia para R$ 37 milhões, e, a partir daí, para R$ 17 milhões. De acordo com fontes do mercado de informática em Brasília, a proposta não terminaria na terceirização dos serviços para a Fubra. Haveria, na verdade, uma quarteirização. Por trás da Fubra, estaria a empresa Sondaimarés, que na verdade já teria participado, inclusive, da elaboração do relatório e da proposta da Fubra. Os planos da fundação, no entanto, deverão ser frustrados por Cotta. ''Nesses tempos de Waldomiro Diniz, fechar um contrato de R$ 42 milhões sem licitação seria um escândalo, um tiro no pé'', afirma o diretor-financeiro do Dnit. Cotta garante que a solução final que pretende para o sistema de informática da autarquia é fazer uma nova licitação. ''Nesse caso, talvez a Fubra participe, porque já tomou conhecimento de como o sistema funciona. Mas ela terá de participar da concorrência'', diz ele. Resposta Por meio da assessoria de imprensa da Universidade de Brasília, a Fubra informa que aguarda a resposta do Dnit sobre a proposta que foi feita. Afirma, porém, com relação à empresa Sondaimarés, que ''a proposta não apresenta associação com qualquer instituição para a prestação do serviço''. O diretor regional da Sondaimarés, Celso Quida, no entanto, respondeu, após alguns segundos em silêncio: ''Sugiro que vocês procurem a Fubra sobre isso''. Das quatro empresas que atualmente gerenciam a informática do Dnit, a Montreal e a Siscon não responderam ao Correio. A CTIS diz que não recebeu qualquer informação oficial do Dnit sobre o relatório. Marcelo Braconi, diretor executivo de soluções em tecnologia de informática da empresa, acha que, se há suspeitas ou insatisfação, o Dnit deve chamar as empresas e fazer os reajustes necessários. ''Se quiser fazer outra licitação, ótimo, é o mais recomendável''. João Carlos Quijano, diretor executivo da IOS Informática, também considera uma nova licitação como o caminho mais correto, mas acha que os contratos atuais, que vencem no dia 30, devem ser renovados. A solução somos nós A Fubra prepara de graça relatório sobre o sistema de informática do Dnit, pinta um quadro caótico e, no mesmo relatório, apresenta-se como a saída para o problema, a um custo de R$ 42,8 milhões no primeiro ano DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL O Dnit não tem qualquer tipo de gerenciamento do sistema. Ele é um feudo das oito empresas de informática que trabalham para a autarquia; Não há indicadores de desempenho para os trabalhos das empresas e seus funcionários; A estrutura montada no Dnit é inadequada para o Banco de Dados; Os equipamentos e os programas não pertencem ao Dnit; O parque tecnológico é desatualizado; Não há nenhuma metodologia para a gestão do sistema RISCOS (descritos no relatório com letras maiúsculas vermelhas) Parada completa do ambiente a qualquer momento, com tempo de retorno não dimensionado SOLUÇÃO PROPOSTA (a primeira etapa já aconteceu)

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1 - Acordo de cooperação Dnit-Fubra (já assinado no dia 13 de fevereiro de 2004); 2 - Mapeamento e consolidação das informações do ambiente; 3 - Fornecimento do novo equipamento; 4 - Migração dos dados para o novo equipamento da Fubra; 5 - Transferência do conhecimento para o Dnit; 6 - Operação no novo sistema Fubra CRONOGRAMA - No dia 21 de janeiro de 2005, o sistema estaria sendo operado integralmente pela Fubra CUSTO PROPOSTO R$ 42.812.953,02 Fonte: Relatório do Acordo de Cooperação Técnica - Fundação Universitária de Brasília e Dnit

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