LINHAS AÉREAS DE ANGOLA * AIRLINES !ores aos leitores aos leitores aos leitores aos leitores aos leitorc

«Subversivos» Por colaborar com uma publtcaçào "de clara conotaçao subversiva ... Mário Augusto Jakobskmd. nosso envtado espacial a Montevideu, foi expulso do Uruguai A not,c,a correu o mundo e a nossa revista recebeu numerosas manifestações de solídariedade. as quais agradecemos. Esta arb,trána decisão não impedirá Que continuemos a informar os leitores sobre a esforçada luta dos uruguaios pela democrac,a, mas ,ornou impossível dar a versão das autoridades que tão descortesmente se negaram a receber o nosso companhe,ro. O regime uruguaio. que tanto se quencpor as suas razoes e denegnu ainda mais essa ,rnagem, que as suas promessas de transiçao podertam melhorar. Cerca de vinte f)âgínas são dedicadas nes:;: numero as penunas economicas que pesa.., sobre o povo bras,le,ro, consideradas msuperave,s dentro de um esquema cap1ta1ts1a A/Jas. a case no Brasil era terna ae cepa desta edição forçosamente alterado pe a mvasao racista ao sul de Angola Esteban Valent1 to, a e relata a ptimeira fase da agressão do regime boe,... enqu;r:o dois outros artigos focam a tentativa sul-africana de cflação de urn nEstado-tempão•· em temtóno angolano e analisam a condenação unantme a Pretorta expressa pelos países membros da OUA Angola é ainda assunto nestas paginas a propósito dos /t Jogos da Atr,ca Central a Que o nosso colaborador Carlos Pinhão ass,sttu De Tr1pol1, Neiva More,ra rroul

N.º 37 / Setembro / Outubro de 1981 cedomos terceiro mundo 1 thirdld cadernosge> t~ Rol~h1 Men\lll wor n." 37 ~1embro-Ou1ubro de 1911

fd-Gcnl ,,i.. \lottn lid,r(lffS " :iidol Editor• DINIClor: Altalr L. Campo, l'ot,l,;> p.._~lllUU • Rn:n, 8""" Proprledawlil<' C"ol~ R d< J--RJ Tti ::Ot.2<116 Boo, Ceme, BefiH City BOI. 1VIA T~s R L Ca- RnWo cdàoniinja •A ) f•l 242 1~1 J&"91,0 CABO VERDE lnshlUIO Cabo.Vtf1)1ano do LIVIO, C~dDC 0-1• CEI' :O.O: 1 ll,o dor Ja=ao ,Rll Rua 5 de JulhO Praia CANADA rn1,o Wo,10 Boo\9 anel T 3::o6.l-O U,t,,:af'XQ 1tc-s: ,.. !=to C-.cial do EW1!1> Ctal'.s. 748 Bar SI Oottno Toromo- Ttte 8ob M,lla1 8ook "'-.ç"QI C.--rtlL-. e: Plobli."ti!ade do R d< Jondro a.• JJ 2Cll. .J06 :91 Room, ,eo Bloo St West TorontO COLÔMBIA EeltciOnff ,_ e Fiprimlo e.o e ~lFI. • J0.176 ru {001.J: Sura.'Tlfoca LIOa Cene,a 30 N • 23·13, Bogotj COSTA e.e...... ~ lmr SllJt>PP 5anll89') EQUADOR Etlidonesocía O*, CórOova 601 y o~ a.•:19, P 3J'lnJ ~o Gu:ayaciuU - RA YD de PlltJlicaclloMs, Av Co­ C'DL -ea-1 D l.mtin SARL lOtnCla 2 48 OI 205 Ouito Ed Jararnlllo MNga Te1 ~ • t~'""'~ 517590 Rog Sond!p Pe• 1258 EL. SALVl,DOR Ubterla A"l'U \IÉ.XIC'O AMOUCA a.,·nuL Ten;or Mundo Prtmefa Callo Ponlen!8 1030 San Satvadot­ Labffanqac CP <9) la:da AMâlC: 00 ,oRTI e CARIRli EI Ovl)Ote Cala Alce ?OR San Salvado< ESTADOS UNI• M~ Edl:or DOS GulldN•w1Agency 1118W Atm~aQeAY11 Chlceoo ~-li Roórrto Raao l!llnois-Nn WO'YO PO>UI 20 $r. Moor,ey Bool=- Dl.SCO: <"cmo d<~> galse. 18 Rue oes Ecoles, 7S005 P-. GR÷BRETANHÃ' C16-n>Scm(B- "'-"-'ldadcll>c*"'6o U!Jn Ameneen 8ooo< Sr,op 21l llllng10n Park S- London. Paulo C-..bn,~ Filllo 1,~io l'oulol A-am Sw>ffl). 1,;,,5 GUINE-BISSAU Oepa,tarnanto de Ecliçio-OilusAo 00 Livro C"au.a ~ 60 0!6 - Ctl' O, 03} Lima 1~ Pen, - Tckton, ,u.11i a D,ac:o. ConMttlO NaelOnal ela Cullula HOLANDA Atnena, .un Boekna!ldel, Spul 14•18 Amtteroem HONDURAS U. ""'M,ri;a'iaLa, • ~cmln~• bf-U<11ve,a.tw .....,_. Trirliclad Aey ..., U,,._lldadAu· e--S..,:nttl ESTADOS o:-..mos CA~ADA l6noma de Hona.nl, TilgllCIOalpa ITAUA Plfll Nuovl. Copdaqtx; ll/ROPA e PAl.'>f.S DE USOUA PlAZU de MorncltóriO 59180 Roma - FMrll>alll Via OI Francbco\w.. 11'01.fSA ,o Tf.RCORO MUSDO S.bu,no 41 Roma-Alma~.. Piaua P PIOII. 4·A Roma T~eRnblo F..dJior - S1M1gnola Via MoMerra10, 35/6 Aoma - uecua, Ble.nehl ,.. Carb - ~(ja!m.ri,:s u..c-iii.. 011adof .. O.~. HumbOII N • 47 M.XIOO 1 D F - Pwlllitldadc Cedrlc~ 01!:rlbulclora Sar,ola de ~ s A Mtlf y Patado Iam ...,,..nn A.,....S,, PCCII 20 572 Mlu:o, Of' N • 130 M-6•1CO 12. D F - LlbrerlU IM.dco Cunural Mier y PaNdO N ª 128, M6ltlCO 12, D F - Ma1,opor,11111a de Publí• caciOnee. U0tUlo do Uvro a do Dleeo. Ava HO Chi Mini) 103 ~ NICAAÂGUA: lgn6clo Btionatl Torras. Ropa,10 Jardln" de Santa Clara cana o.e., Pérez Cassu N • 190. Oulnt• Soladt>d, Mwgua Ntcat6gll8 PANAMÁ Lltlltrta Cultu,al Paname/\a. S A, Ava EapOlla 18, Panami PERU OlslrlbuldOi>oVmlc-CánaU Gonuiez. Rio Ptldrn - Panaam;anto Cffllco P O Bo• a.cco.to,i,;,lla C'b1k-Co16mbl1 Co,uR.ca Cuba 01nanu,,ca ll 2ll918, 851~ ,nr Slabon, RIO Peoru, PR 00929 REPU· Salndor Fqu,dor F.apo,:lso faodc>1 u-. Elíópa fillll,,,J1a BLICA DOMINICANA Cenllo do Ea1udlo1 CIO la EOucac:IOn fraça Gtmida Ovwio er Ram,rez 4 t Santo Domingo - DESVIGNE bdu 1-.. lrio lraq:,c - Jui;t>llávb ,...... ,. hpio S A Ava Bolivar 3S4 Santo DomtngO REPUBLICA FEDE· i,: ...u U-0 Mia,co M~ N1<•lpa ~,atria P.- RAL DA ALEMANHA: Gunthet Hoplonmullof, Jeongw 155, P.. p>I-Prnl Portupl PnnoR,co IJu/:ftUI Rrpibl.,.Doao,a,ona 2102 Hemburgo S TOMG E PRINCIPE Minbln OI lnfor• -~alw, SaoTnnwcJ>nnc,pc S•t Srll_. I• Sut,,. S•lç• maç6oaCul1uraPOl)Ular SU!:CIA: W1nn1gren-W1111maAB. Sw....,,. SAA!a Ulua Tailmlla Tnndadc T""-'° Urqul Ullllo S• 10A25 Stoc~holm VENEZUELA PublleaciOnas Eapar\o­ Sabloc lH, S A Ava M6,,co l-• Pia Bnon, Casaco

2 ~ terceiro mundo 37 Neste número

1 110s leitorei. 4 correio S Edlíorlal

Matéria de capa: Angola agredida

10 A invru.ao sul-africana. Estebufl Valt!111i 14 O apartheid procura um • El.tado-rnmpão~, Alice Nicolau 17 Afric11 contra Pretória

A/rica

21 : Bond contra Mobutu, G<1briel Omaw;:.o 24 Líbia: A aliança mundial contra a agressão, Neiva Moreira Brasil

31 No fundo do poço, Fra11cuco Viana 40 -Meninoi., cu vi' , Fram:faco Julião 41 O poder da rua 47 A altemauvo radical, Tlte01011io dos Sa111os America La1111a

Sl El Salvador. Governo popular, a única opção. Robertn ,\rgueta S4 Guatemala. Reaguo e a conexão guatcmnheca, Arquei,-, lforaleJ 56 Uruguai A reportagem que não me deixaram c~crevcr. Mcir,o Augusw Jacobskmd Ásia

60 lrao: Entre o fanatismo e II realidade, Said Madani 62 Kampuchea: O retomo do:. bonzos, Maria Fialho Comunicação

64 Preparando novas batalhas, Phil Harrü Norte-Sul

67 Migalllas para Ol> mais pobres 71 A OPEP e a galinha dos ovos de ouro, Pablo Pit1ce111i11i

15 Panorama Trico111inemal

84 Telex Cultura 85 O teatro de criaçuo colectiva, Júlia \facid 87 Uma cimeira intelectual 89 Dias Gomes, uma nova lmguagem na televisão brasileira, Altair Campo., De1porro 94 JI Jogos du África Central: Para ,1lém das medalhas. Cor/os Pi11/1ti<1

N.º 37 / Setembro / Outubro de 1981 Torrljos Interesses egolstas

(. ..) dlrlJo-me através da vossa revista A Namlbla )A serio Independente, An­ para &l\1){8$58! as m\nhas condo\énclas gola nilo seria constantemente agrodlda e pelo morte do general Omar Tornjos· o mancha vergonhOsa do apartheld teria caros camaradas da Guan:fa Nacional hà multo desaparecido do continente, se do Panamã com entemee1mento. ouY1 a não fossem os egolstas lnter95ses dos dolorosa noticia do falecimento do cama­ palses ocidentais. Estes últlmos consti­ rada general Tomios chefe da Guarda tuem o trunfo mâxlmo do regime de Pretó• Nacional do Pnnarná AssoeiO-me ao rta pare manter a opressão do povo sul­ pesar que enlutou o PanamA o a América ·alrlcano e namlblo. para prolongar o CO<· Latina, e evocando o seu notével contn­ teJo de morte e des1rulçào na África Aus­ buto para o esforço da construção de um tral Ê poiS necessário nunca esquecer Estado panamenhO \ndependenta e para o que são as relações económicas mantidas progresso do seu Povo. eptesento-vos as com os racistas por Washington, Londres, mInl\8s sinceras condolências. Bona. Paris, etc. que sustentam Bothll e seus cúmplices Clemonre Nestor da Gama, Viana, Angola Luls Soares Fidalgo, Lisboa

Intercâmbio

Oh meu Kunene Vou clamar para mordiscado todo mundo: C1Uclflcado -Somos homens. e o mundo chorando. Não aomo1 slmloat Januário Domingos Camilo Av. Com. Valódia, 119·A·2.º Aridez Mas nós vamos lutar Luanda - Rep. Pop. de Angola e bombardeamentos e nio somente, Ez11qu/e/ Ventura, mlbtar das FAPLA eamlflelnH tamb6m vamo, vencer C. P. 18559 e vtolaç6" Luanda - Rep. Pop. de Angola e o universo revoltoso E então Kunene Wander/ey G de A/me/da lnelnera-H•.. nlo aerá mala palco Posta Restante A C. de guerraa m.allgnaa. Belém - PA. CEP 66000- BrasU Kunene Fonseca Segunda M/.ú.do/Mtntec morto de mll maneiras E então Kunene e. P 4 - Chltato e de mll manei,_. vingado. não verá mais, nunca, Lunda-Norte - Rap. Pop da Angola aviadores semearem Neto Cllndldo Kunene bombas em suas terra. c. P 1a b4ir1>are e sarcaatlcamente Cabinda - Rep Po. de Angola amordaçado pelos Kunene Mamudo Slssé cães de fila de Reag1n não veni aeu gado C P. 1 - Bairro 4 pelos nngulnário1 queimado feroxmente Bafalé - Guiné-Bissau carraaeot do caplbll. suas casa, abaladas Carlos A. e. Correia 881.18 filho, ,em escolas e. P 3009 Tenho dó seu p0vo m1rtlrtxado. Luanda - Rap. Pop de Angola óh meu Kuneoe... Tito Chlngulnhaca Porque acima de tudo Será a negação do ruim a/c de Alberto Chirieno sofro e grito e II aceitação do pr61pero. e P 15 Sorra-Dundo aos microfones da Hi.tórta Lunda-Norte - Rep. Pop. de Angola eo vento e àa plantas • O momento decisivo cheg1mll José M. M. Marlzane às estr.las e à Lua... e então gritaremos no aelo c. P 338 Quem testemunham ta.manha da humanlade que: Namputa - Rep. Pop. de Moçambique desvaltaçáo humana. - A vonblde de um p0vo Pascoal Matt/nflo Sebastião Todos v6em bem é lnaball\vel. C P. 3635 nltldo quem ameaça Luanda - Rep. Pop. de Angola a humanidade Inteira!? E ... por Isso Domingos Txacuira A. Chlngulto Kunene vencerá. a/e da André Muhungue Todo• tabem que c. P 15 - Dlamang os que morrem não Sorra-Dundo - Rep Pop. de Angola são a6 animais Eugflnlo Auri§//o não são pedras que se e1.magam e . P 241s nem tão pouco pensem - Rep Pop. de Angola que apedrejam cajus Vandertel Ramos de Morses ou fazem guerra lnaectlclda Cristóvão Luls Nero (16 anos) R Barão da Torre 47/402 àa moscas... C.P. 63- Uceu Sagrado Esperança Ipanema - Aio de Janeiro : 1 Nãol Malaníe, Rep. Pop. Angola CEB 22411 - Brasil

4 cad<>mos terceiro mundo editorial editorial editorial editorial editorial editorial editor

Crise nas Nações Unidas

Organização das Nações Unidas enfrenta a veis por esses cortes é apenas urna parte da ver­ maior cnse económica desde a sua funda­ dade. E certo que a administração norte-americana ção em 1945. Um pequeno grupo de palses fez reduções no seu próprio orçamento nacional, A mas decidiu um aumento substancial dos gastos ricos liderados pelos Estados Unidos, alegando que a recessão lhes exige poupança, reduziram as militares suas contribuições para o orçamento da ONU. Isso Os palses escandinavos e a Holanda encon­ está a ocasionar a eliminação ou cortes de progra­ tram-se na mesma conjuntura que os Estados Uni­ mas que eram do interesse e do desejo explicito da dos. E. mesmo assim, respeitaram todas as obri­ comunidade internacional, e que consistiam em gações contraídas com a comunidade internacio­ projectos de assistência aos países do Terceiro nal, incluindo a ajuda de 0.7% dos seus Produtos Mundo. Essa decisão de algumas potências faz Internos Brutos (PIB) para a cooperação com o parte da sua oposiçao à po11tlca que está sendo Terceiro Mundo. Este era o Indica de ajuda combi­ adoptada pelas Nações Unidas, onde até agora nado por todos os palses industrializados, mas só nunca tinha acontecido um confronto de tal ordem. foi cumprido pela Holanda e pelos países escandi­ Isto já é extremamente grave, mas contém uma navos. Por outro lado, a França era uma das potências perspectiva ainda mais sombria: que as contradi­ que durante o governo de Valery Giscard D"Estaing ções entre diversos blocos de nações atinjam ní• se manteve abaixo dessa meta. Agora o governo veis ainda maiores e a Organização se defronte socialista de François Mitterrand propôs-se com uma crise global que a torne inoperante. alcançá-la. o que implica a duplicação dos recursos O que sucede contradiz a razão de ser da ONU: que dedicará à cooperação, apesar da crise que, constituir um foro de âmbito universal onde se certamente, não exclui a França. harmonizem as diferenças entre os países mem­ Vê-se, portanto, que essas resoluções não têm a bros e se instituam programas e organismos que sua origem real nos problemas económicos, que enriqueçam a cooperação internacional. são, na verdade, desculpas para a imposição de A justificação alegada pelos governos responsá- uma política definida.

N.º 37 /Setembro/ Outubro de 1981 ~ terceiro mundo 5 editorial editorial editorial editorial editorial editorial editori1tc

A causa remota desta situação está na universa- l pobres, por meio do chamado Grupo dos 77, discu­ hzaçao efectiva do sistema das Nações Unidas. tissem e coordenassem os objectivos comuns Quando ela foi ctiada, os EUA - e. em geral. os A coincidência num plano genérico - a relvlndi­ mteresses conservadores do Ocidente - controla- cação de uma Nova Ordem Econômica lnternaclo­ vam-na e não imaginavam que no luturo pudessem nal -. assim como em numerosos assuntos especi­ perder esse dominio. Raciocinavam, de forma es- ficos, entre os Nao-Allnhados e os palses soc1alis­ quematica, que a nvalídade capitalismo- tas significou para o Ocidente a perda da maioria -comunismo acabaria por ser favorável ao pri- numérica e o fim do controlo sobre o sistema da metro, pois o seu superior poderio econômico e a ONU Como é óbvio, as reaçoes dentro dos palses dinâmica expansionista do capitalismo atrairiam desenvolvidos ocidentais não foram uniformes. Os para a sua órbita um maior numero de nações de sectores mais conservadores e mais ligados a uma um mundo que então começava o processo de lógica capitalista ortodoxa negaram-se a aceitar o descolonização diálogo com o Sul nos termos estabelecidos pelos De certa maneira esta previsão foi cumprida. Não-Alínhados. Para estes «duros", uma Nova Mas o facto de numerosos palses passarem do Ordem Económica Internacional seria inaceitável. colonialismo para o neocoloniahsmo e. consequen- pois 13fectaria os postulados do liberalismo eco­ temente permanece em com o mesmo sistema nómil:o. que está na base do desenvolvimento ca­ económ1co, não impediu o desenvolvimento das pitalista, e os termos desiguais do intercâmbio in­ natura1s contradições entre o Ocidente mdustriali- temacional. Outros sectores. envolvendo um zado e o Terceiro Mundo amplo leque de moderados e progressistas. aceita- Entretanto os movimentos de libertação alcan- ram o principio do diálogo e da busca de soluções çaram diversos triunfos. superando o neocolonia- para amenizar as desigualdades e as injustiças no tismo. Isso. junto com a consolidação e o desen- planeta. Os «duros» ficaram em minoria e os con­ volv1mento dos países socialistas. provocou uma sequentes choques e obstruções que protagoniza­ modificação das relações de força à escala Inter- ram dificultaram a marcha do sistema nacional. Mas. no que se refere a essas relações no Assim, como esta é a causa remota da crise âmbito da ONU elas tomaram-se muito mais pro- actuat. o seu detonador foí a eleição nos EUA da nunc1adas. devido a um facto alheio ao bipolatismo fórmula republicana, liderada por Ronald Reagan do pós-guerra, que foi gerado autonomamente Esta fórmula representa a vatiante mais dura e pelo Terceiro Mundo· o Movimento dos Países mais rígida da ata conservadora e é, por essência, Não-Alinhados. antagónica à cooperação multilateral, justamente uma das premissas onde repousa o sistema da O Movimento identificou os elementos comuns ONU_ do subdesenvolvimento e da independência e A linha assumida por Reagan associa a coopera­ deles extraiu um programa de acção que sintetizou ção com a consolidação dos vínculos da depen­ as interesses e aspirações de todas as nações do dência em relação ao sistema formado pelas em­ Sul no campo internacional, apesar das diferentes presas transnacionais. O que postula é uma ajuda ideologias dos seus governos. - créditos e apoio a projectos basicamente de A articulação do Movimento e o paralelo cresci- desenvolvimento-feita por canais bilaterais, isto é, mento da consciencialização dos povos dependen- do próprio governo a cada um dos países recepto­ tes sobre os seus problemas provocaram a multi- res. Ao mesmo tempo. defende a diminuição do plicação de toros para estabelecer as suas reivindi- papel do Estado e a intensificação da actuação das cações no plano económico As divisões e as con- 1 empresas transnacionais nos programas de de­ tradições políticas dos Não-Alinhados não impedi- senvolvimento do Terceiro Mundo. A proposta de ram que em todos os sectores da ONU os países Reagan é, portanto, uma clara e descarada aceita- editorial editorial editorial editorial editorial editorial editori•

6 eadomOS terceiro mundo cUtorlal editorial edltorlal editorial editorial edi~orial editorial

ção da própria hegemonia e um ordenamento eco­ até agora 25% dos fundos da ONU vinham dos nómico baseado nas empresas transnacionais. EUA Em consequência, a Secretaria Geral das que são precisamente os motores das desigualda­ Nações Unidas teve que apresentar um orçamento des entre o Norte e o Sul para o período 1982/83 de «crescimento zero», ou Dizer que esta posição é minoritária no selo da seia, em termos reais é igual ao montante do pe­ comunidade internacional é um eufemismo. Com ríodo anterior, o que provoca o congelamento dos esta posição ullraconservadora, os Estados Uni­ fundos e o adiamento de diversos programas. E dos, secundados em numerosas ocasiões pela quanto a organismos e programas da ONU que Grã-Bretanha, isolaram-se dentro da ONU, onde dependem de contribuições voluntârias, alguns muitos dos seus aliados ocidentais não comparti­ sofreram sensíveis diminuições. lham a sua intransigência. O projecto de Reagan consiste. portanto, em Na verdade, os conceitos expressados pela em­ diminuir o papel da ONU, enquanto, por via bilate­ baixadora norte-americana Jeane Kikpatrick na rial, espera aumentar a influência da superpotência ONU, segundo os qua,s os países do Terceiro na cena Internacional. Em torno deste assunto Mundo estão habituados à pobreza e que é uma podemos fazer duas observações A primeira. que ilusão acreditar que a assistência externa, seja esta atitude significa outro golpe para as econo­ pequena ou volumosa, pode criar desenvolvi­ mias dos países subdesenvolvidos. Eles estão a mento. são de um extremismo tal que obrigam os suportar o pesado fardo de uma recessão de que aliados de Washington a distanciarem-se dele não são responsáveis recebem receitas menores neste aspecto pelas suas matérias-primas. aumentam o seu en­ A relutância norte-americana em aceitar a actual dividamento até níveis alarmantes, têm dificulda­ situação não é nova. Washington retirou-se da des para obterem créditos e investimentos e. além Organização Internacional do Trabalho em 1977 disso, vêem limitada, agora, a assistência interna­ (reintegrou-se no ano seguinte) e fez duras cam­ cional. panhas contra a UNESCO por ela se ter pronun­ A segunda refere-se às Nações Unidas e ao ciado a favor de uma Nova Ordem Informativa contexto internacional. A ONU nunca esteve à al­ Internacional O governo actual representa um en­ tura das expectativas que lhe deram vida. pois durecimento extremo O exemplo mais espectacu­ nunca existiu a vontade política dos governos que lar desta atitude aconteceu em Maio passado, tiveram a possibilidade de gbiá-la, de participar quando na Assembleia Mundial da Saúde, promo­ nela de um modo que tomasse posslvel cumprir os vida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), seus objectivos. No entanto. ela continua a ser o se discutiu um código de conduta para as empresas único foro para debater os problemas universais, fabricantes de substitutos do leite materno. O único desde a segurança até à cooperação. O que está a voto contra foi o norte-americano, perante 118 acontecer é uma ameaça directa aos seus progra­ votos a favor da aplicação do código O governo mas relativos ao desenvolvimento, saúde, agricul­ dos EUA pagou o preço de um isolamento total para tura. ínfãncia e meio ambiente, abrindo uma crise se manter fiel aos seus princlpios ultraconservado­ que, caso continue, poderá ter resultados imprevi­ res. síveis. A administração Reagan, que apenas repre­ Trata-se de outro factor de incerteza e de con­ senta a vontade de um governo, parece dizer à frontação num mundo dominado pelo armamento comunidade internacionaL ou a ONU segue a desenfreado e pelo retomo à guerra fria. E uma nossa orientação ou a largaremos à sua sorte amostra mais da intolerância e da incompreensão Nesse sentido está inserida a decisão do corte das daqueles que controlam a riqueza, a força e o suas contribuições à Organização. Os efeitos que Poder. e que estão decididos a manter intactas. a ocasionará esta medida serão importantes, pois qualquer custo, as suas posições. litorial editorial editorial editorial editorial editorial editorial

N ° 37 / Setembro / Outubro de 198i eadomos terceiro mundo 7

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Estirnufados corno «sinal verde» de Wa~hington as tropas de Pretória desenca?eararn no dia 23 de Agosto urna invasão às prov1nc1as do sul de An· gola sern precedentes desde 1975.

Qbjectivos: deva,star tudo 9ue fheS seja po_ssivel do potencial econorn1co e rnli1tar da RPA, criar urn «Estado-tarnpão» para aí i_nstalar _os bandos da UNITA que perrnita ~o reg1rne rac1.5ta protelar ao rnáxirno a ;ndependenc1a da Narn1b1a.

' ' ;~ Outubro de 1981 , , ,'> , "" cedemos terceiro mundo A invasão sul-africana

Um plano p_olitico-mifitar tenta mudar a correlação de forças na Austral e a tendência anti-aparthe1d

fatt:han Vaknti Enviado especla• de cadernos a Angola

U \:',;DQ °' blindados eu, tnl1U1' Ul' mfant.mo moton­ Q 'Zud:i, do regime rac1,1a de Prctona 111n1diram. cm 23 de Ago,to, o lemtorio da Republica Popular de Angola. n:i mai, ,a:.ta opera\°àO mdnar de~de a ind<•pen• denc1a deste pah. em 197.5, tc,·e 1ntc10 uma no,a etapa de confront:i­ çio na Afn.:a Au~tral. com impor­ tante, repercus,õe, no quadro m1er­ nac1,>nul. A 1n11a,ão - que ,e mantém no momento cm que fechamos esta edi­ Çàl' - 101 rrepar:ida ao lllngo de 11:ínos me-;e,. tanto no plano militar, como no campo da pol11ica externa com dn en.os mo, 1mento~ diplomJÍ- Coluna de biiodados sul-africanos na agru sto ao sul de Angola 1tcos do regime do aparheitf. do minhtro dos ,egócios E-.trangei­ pamcntos da Organizaçao Popular Quarenta e cinco mil homen, ro, sul-africilllo aos Es1ados Unidos do Sudoeste Africano (S W APO) ~ foram concentrado~ na fronteira e as reuniões que manteve com o das unidades d.a, FAPL/\ aí e~tacio­ entre a Namíbia e Angola. esquadri­ ~rctário de fatado Alexundcr Haig nudas em m,s,ão de defesa do terri· lhas de caça,-bombardeiro-.. foram tóno nacional angolano transferida~ para a, ba,e, militares e com representantes do Pcntágono - e me .. mo civb - sul-afnc,mas não teriam servido apen:i, pam «a Onze mil homens, equipado\ com troca de opiniões sobre a política sediadas na :,.;amíbía: o~ VOOl> de tanques pesados de 50 tonel .1d.c. reconhecimento, os ataques e as in­ externa de Prctória, como o afir­ Cen111rion (de patente inglesa). vc1- cursões de •Comandos• em territó• maram os comunicadoi.: algo muito culos blindados Pm,lwrd AML 90 rio angolano alcançaram parlicular mais grave estava a ser preparado. (de origem fnince:;a), Ferrei e Sar intensidade nas semanas que ante­ os actuàis acontecimentos racen (ingleses) e Rmel (israeli1as), cederam a invasão. comprovam-no canhões de 155 mm e de 88 mm de Às tropas rcgulare~ da África do fabncaçao norte-amcricanu. pene­ Sul vieram juntar-he para a operação trarnm em dua'.> colunas, com eixo~ as forças do • Batalhão 32, . com­ Uma resi.,;téncia Inesperada de ataque cm direcçao n Catequero e poMo por mercenários branco!'. e Xangongo (importante nó de co africanos, e os bandos da UNITA. A :,3 de Agosto. toda a força des­ municações e onde i.c ergue n po nte adestrados e armados pela Africa do trutiva da poderosa máquina militar \Obre o rio Cuncm: que ~cparo a Sul. sul-africana se abateu sobre as popu­ região da vizinha província dn No plano diplomático, as viagens lações do Cunene. sob,e os acam- Huíla).

1 o c:ademo.. terceiro mundo No~ pnmeiro~ Jia~ du u~rcssúo a aviação sul-afrkana realiiou mais de 1rin111 incur~õc~ e homh11rdca­ aie111os com Mirag1• F-1 (de fabrico francês). lmpa/a \J K2 (it,1hano~) e 811r,111et•r (ingleses) enquanto a, co­ lunas blindado, recebHlm apoio U\C uco de helicóptero:. Alo11e11e li. A pruneirn ,unarga comprovaçüo porem que o .1llo-com11ndo ,ui-afri­ cano expenmentou dcu-~c quando a inva~f10 proparad,1 como • um pas­ ,eio• e programada como fulmi­ nante incluía a ocupação de po,,çoc,-chave na província do Cu­ nene e a de:.truição do, acampamen to, da SWAPO cm pouco~ hora, se tran,formou numa cornplei,.a opc­ raçao m1litnr devido a resistência opoMa pelas FAPLA que cm algum, ponto:., como na capital da provín• cia. Ngiv3, resistiram durante ~eis dius aos ataque, do, blindadoi. e aos intenso\ bombardeamento~ A supcnondade aérea numa re­ gião cons11tuida fundamentalmcn1e por savana de rala vegetaçao. criando séria., dificuldade, ao aprovisionamento da~ FAPLA e po­ viam disscmm,1do milhares de que :1g0rJ apena, lhes faltava cobrir pulações c1v1~. Jogou sem dúvida. nuns-. an11pcssoul e anil-carro. os campos com sal para acabarem a um papel importante cm toda, as Só nos qu,,tro primeiro~ dias de sua obra devastudor.i. opcraçõc<; bélicas luta. An11-ola denunciou mai~ de 103 Mas a, operações militares nào ~e Uma semana apó, o inicio da in - violações Jo seu espaço aéreo, seja rei.luz.iram apen,1s a área do Cunene vasão ns tropas sul-africanas tinham atm, é~ de , oo, de reconhecimento Já de si de e:tlraordimina importân• causado cerca de 700 morto!> enire scJa de bombardeamentos de locali­ cia, e a ocupação das po,-ições• civis e militares e um ~mnde número dades como Xangongo. Cahama. -chave dessa provincia. mas esten­ de feridos. e ocupavam pratica­ C'uvcla. 1chamutete. Kivctc, Porto dem-se tambl!m à pro\inc1a de mente todo o terrnóno dn prov1ncia Alexandre e Tchimhemba Kunndo Kubango. ameaçando in­ do Cunene (90 mil quílómctn>~ Ai, dcstruiçõe~ foram imensas. clusive Mav1nga e a capital Menon­ quadrado<; e uma população de mais )\anilmgo e Cahama foram nscat.las guc . de 200 mil pes<;oas). do mapa e outra., populações correm Pelo simples relato dos aconteci­ o perigo de :.er igualmente arrasa mentos. ou pela quantidade e po­ das tencial das forças que Pretóna pôs Terra queimada Os ..:feitos das bombas de 500 em movimento, torna-se evidente quilos, dos rocJ..e1t•s e dos canhõe, não se tratar de uma simpJe,. -operu­ No momento cm que encerramos de 30 mm da aviação sul-afncanu çiio punitiva contra a SWAPO e eMa edição a ocupação desta região foram completados pelas caria:. contra Angola. mas serem os objec­ pelas tropas sul-africanas persistia, explosivas dos sapadores. aplic.mdo uvos mu110 mais vastos, compk\0s apc~ar dos duros combates travados, ngorosomente uma pohtka de terra e pcng.oso:. e não obstante os comunicados pro queimado. pagand11,t1cOh de Prc16ri.1 que fala­ Um dirigente

N.º 37 /Setembro/ Outubro de 1981 CUló&rno, terceiro mundo 11 Eduardo Joi, Sant<',, ,.knun.:iou \':h Jl(\htica\ e pcr,,on,11idntles de quer crcdib11idudc, tanto 1ntern1 numa men,agem em 1aJa ao. todo o mun u :;u.i .,,entur.i em ll:rritórjo Com II cobcnura, agora, do, das. cMi-te o peng,1 real Je e,teu:.ào angolano dcsnfianJ,,, umn vez tnlth, caças homburdc1ro,, dos blindado1 do c,,nfli1,,. com lmpre\ i~l\Ci:, .;c1n n opinião pllhlica intem11cíonal O e d11, tropas sul africanas, Pretória ,equenda,: o Con":lho Jc \hna,tros 4uc olmg., nmur-.llmente a colocar a pretende de novo in~tular na região de \ngola. na :,uo reunião de -1 Jc queMâo de s;\bêr ,e um Jll'CÇO polí uma hn,c ~nnancntc da UNITA ~et,;mbro. dcdlll'\,u \juC ,e ha, iam tíc,i t.10 eh~,.1do. l·om:sp0ndc npc E:.te pseudo-movimento nneiona. ,erilil:ac:.1 :i, ,-i,n,ti~õe-. para rccor "·" ao ,1,hamento da inJcpendCncia lista. declnmdamcnte pró-~ul. rcr ao .irttgo 5 1 da C:tna ,la o, L . da :-,,;1m1ba.1 e à dcstmiçuo dos C.im -afncano. jogou a, su.1:. cariado~ em que taculta .\ inter. cni,":iO .te p.u,c, pos du S\\ APO Angola nllo ,ó ne sua oposiçuo ao aliado, na dck,a de um E,t,1do O piamo político que Prctôrin pôs go\'emo de Angola - primeiro sob ugrediJ,, cm marcha Cl'ITI as divasõe:; mililari- a presidénc1a Jc Ago,tinho Neto e Ate ao momenhl. npen.l'• tn,p.1, 1.1da, é de um ,·u<;to alcance. depo1~ com Jo)é Edunrdo dos San1c1< e,ctu,n.amente :mgolam1, tc-111 par­ PlllJXltrigo,a a,cnturn ,ul-11fncana foi de 8:'4 mal quilómetro~ quadrados, as -~e como peça de um novo esb0Ço um.. amplitude ,em precedente, ,ua, nquí<.sama:. reservas de urániO, colonial engendrado por Prelória A:, e,perada, declaruçõe, de diamante:.e de outro~ minerais não é 1'.1sto ~e inserem as tentativas da ~uficientc para explicar a dimensão apoio a ,\ngol:1 e de reJlud10 pela admanislração Rcagan cm anular • mtenenção ,ui-africana por pane do plano sul-africano Emenda Clark. no Senado norte dos paases afncanos. :,ociah<,1.u, e O que a Africa do Sul ~e propõe é -amencano. (") progresMst~ do mundo. veio modificar radicalmenre a relação de juntar-se a \ oz Je praticament..: forças em toda a Africa Austral. e. todoi. o~ :--:ão-Alinhados e das na­ por reflexo, em todo o continente, O que está em jogo ções da Europa Ocidental. o isola­ atacando Angola. ~m dúvida o paí~ mento daplomlltico e político de Pre­ que o-:upa as primeira, e mais frOn­ Mas não é ~ó o objectivo de insta. tória atingiu o seu nível mais alto ta1, posições na defesa da indepen. lar um governo fantoche da UNJT A No concelho de Segurança só o denc1a da l\amfbia. mas que repre­ em temtóno angolano. protegido veto do, fütado~ Unidos e a ab~ten­ senta também um modelo própno, evidentemente pelo exército de P~ ção da Grã-Bretanha impediram original. mas profundamente revo­ 1õria. que explica no ~eu todo uma condenação unânime da África Iuc ionário das transformações pós• plano sul-africano A inda que is)0 J1 do Sul. &tais enérgica e esmagadora -coloniais Pretória intenta ainda as­ só por si demonstre o perigo da si· foi a :,stuação na Assemhleia Geral ,estar um golpe duríM,1mo a todo~ os tuação. da ONU convocada para discutir a países da Linha da Frente. ao~ mo. Na África do Sul. o, scc1ort1 questão da independência da Na­ vimentosdc libenaçãoe, em geral. a mais radicais e racistas do quad~ míbia. onde por 117 votos a favor. toda a África independente Para políuco boer pretendem modifiCart 22 contra e seis abstenções foi ex. isso procura instalar em território actual correlação de força~ na rt pulsa a delegação sul-africana. angolano força., dos bandos fan10. gaao. culminada com a indepeo. ches da UNITA de forma estável dénc1a do Zimbabwe em 1980 que Bases para a UNITA Nos óltimos anos as FAPLA der. tem vindo progressivamente a isolar rotaram toda~ a.,; sucessivas tentati­ o regime racista. E. no entanto. apesar de ioda esta vas de instalar bases permanente~ da O:, sul-africanoi. estão conscien avalancha política e diplomática de UNITA em território angolano. reti­ tes. como reconheceu o gener~ repúdio, a que se vieram juntar for. rando a Jona..-. Savimbi toda e Qual- Lloyd. comandante dus tropas de

12 cac1emoe terceiro mundo óCUpaçllo du Nnmíbiu. que um even. centenas dé milhares de negras Que 4ue confere ao conflito uma extrema tuul plebiscito nesh: pais contrOJudo recebem salários de miséría e vivem gravidade e importância. pelo ONU levnrin a SWAPO a obter cm condições sub-humanas. Quando se lêem as notícias sobre um npoio de pelo menos 60 por Paru poder atingir objectivOs tão os combates no sul de Angola, con. cento dos sufrágios Mas estão ambiciosos, a África do Sul conta vém pensar que neste conmco, nas conscientes, sobretudo, de que este naturalmente com o apoio dos Bsta. suas consequências, estão em jogo 6 o octo final do dramu do indepen. dos Unidos. pois o clima de tensões não só a independência da Namíbia, dência de África. e provocações internacionais gera. a paz e a tranquilidade para as mar­ Em JOgo está tombém o Último e das continuamente pela administra. tirizadas populações do Cunene, o nlllib dmmt\tico cio da cadeia, com o ç,io Rcagan favorece os seus planos dire11O à independência de todos os qual três milhões e meio de brancos belicistas e agressivos. Os Estados países da região, bem como os direi­ dominam nu África do Sul uma po­ Unidos, como o demonstrou o veto tos inahenáveis de 18 milhões e pulação de 18 milhões de negr0s. no Conselho de Segurança da ONU, meio de africanos oprimidos pelo Está cm causa não só o seu domínio apesar de correr o risco de se isolar aparthe1d. mas também a paz e a racial. o seu odioso regime do de toda a África e de boa parte do segurança internacionais. O apartht'id, mas tnmbém o sistema Terceiro Mundo, apoia ostensiva­ económico e o modelo de de~en. mente a Áfnca do Sul. Apoio que volvimento da África do Sul. ultrapai.su cm mu1co a simples co. c•J Disposirfroaprovadoem 1975, no benura tliplom:1lica na ONU, ex. c-alur dus escándalos de Wa1ergaJI!, que As ,uu~ tmens!b minas de ouro, proibia a CIA de destn,·a/1•1:r aCtivido­ de carv1!o, de bauxite. de cobre pressanJo-~e uunb

«Camaradas, .. com o coraçao na mão"-prossegue o repór• ter - vimos o lmpata virar verticalmente a quase atingimos 90 graus. Entretanto. as baterias antiaéreas já tmham começado a fazer fogo em duas direcções o lmpala» procurando atingir igualmente um Mirage, de que nós não nos tínhamos apercebido. Depois de várias tentativas para bombardear a O .. Jornal de Angola» publtcou uma cronica nossa posição, pois as baterias faziam uma forte do seu enviado especial ao sul do pais, na barragem em .. uro cruzadoª, os dois aviões dis­ qual se descreve o derrube pelas forças armadas persaram. para IC?90 voltarem cada um do seu angolanas. de um caça-bombardeiro sul-africano lado, tentando enganar os artilheiros, e descarre­ do tipo lmpala MK2 garem a sua mortífera carga». •Reunidos em conversa debaixo de uma ár­ Escreve o repórter: ,,Ouvimos os canhões abri­ vore - conta o repórter - vimos de repente o rem fogo quase em coniunto no pequeno espaço reluzir brilhante de um avião que na extremidade aéreo onde os dois aviões inimigos tinham aca­ das asas transportava dois reservatórios de bado de realizar um ·cruzamento a quatro asas'. combusttvet bastante V1slve1s, que pareciam dois Um deles começa a largar fogo. E o tmpala MK2, grandes misseis que contínua se aproximando do chão. A fumaça envolve jé esse avião, e o vemos continuar seu Era um tmpala MK2 da força aérea sul­ vôo descendente sem registar a minima tentativa ·africana, que, proveniente do lado direito de de correcçâo. Alguns segundos depois, o aVião onde estávamos. viajava na nossa direcção. desaparece por detrás das árvores que nos ocul­ Numa questão de segundos, o avião baixa de tam a visão do local da queda. no seu vôu de altitude O soldado que se encontrava perto grita. pique para a morte. Um estrondo, um forte es­ Todos ao chão, vai atirar Ouvimos uma explosão trondo, acompanha a grande coluna de fumaça muito peno de nós e logo a seguir. o disparo de cinzenta que começa a elevar-se para o céu. J1 dez roquetes. um dos quais alvejou uma pequena ·camaradas. atingimos o lmpaLa' - grita o sol­ árvore situada a dez metros do local em que nos dado que aperta a sua metralhadora. Um grande O.J encontrávamos deitados». sorriso seJ!Slampa na cara negra de poeira,,. ·11 • dt ------cadomos 13 N.º 37 /Setembro/ Outubro de 1981 terceiro mundo O apartheid procura um <

Uma ideia já velha. de pelo menos seis anos, tem vindo agora a ser febrilmente preparada entre a Administração Reagan e o governo de Pretória

-\tice Nicolau

peThii.tente ocupação da da UNlTA continuavam no Sul da­ borados. no quadro do •plano aw província angolana do Cu­ quele país, concretizando o plano rictmo para a Namíbia•, tinham e A nene pelas tropas racistas de v1Sado por Prctória. nhecido. finalmente, a sua m Pretória indica que o principal ob­ A criação desse fatado-tampão s~ria tentativa de concretização. jec1ivo visado pelos inva\orcs sul­ tem vindo e ser febrilmente prepa­ -africanos, ao desencadearem a rada entre a Administração Reagan e •operação Proteu• contra a Repú­ o governo de Pretória e tem sido Um plano velho blica Popular de Aniola, foi exac­ an1plamenti.: denunciada durante os tamente o de criarem um fatado­ úlumos mese!> pela Imprensa pro­ O plano de criar um fatudi -1ampão na zona. que. de acordo gressista mundial. Quando os diri­ -lampiio na .i;ona meridional de Af com o plano da ONU para a Namí• gentes angolanos. desmentindo a gola é uma ideia velha de, pelo nv bia, se deslinaria a ficar desmilitari­ alegada retirada de Pretória, acu!.:I· nos. heis anos. É de crer que 1cnl zada. ll.so mei.mo foi reconhecido ram oi. racistas de tentarem criar sido um dos objectivo:; discutido~ pela misi.âo da OUA que se dei.locou esse -E~tado-tampão• vieram ape­ famigerado ,encontro do SaJ cnll a Angola e concluiu que oi. bandos nas confirmar que os proiectos ela- o então presidente da República po.

14 cedemo6 terceiro mundo tugues.1 general Spinolu e o diri­ gente 1.uirense, MobulU Se o foi ou ní10. e coii.u que nao pode suber-hC com 1odn a ccrtezu. Mas o que ~e sabe de certeza e que os tentativas de umn 1ndependênci11 ncocoloniul para Angola, con,ubstunciudus no reconhecimento• dos bandos da UNl'l'I\ e da FNLA como •movi• mentos• coll)Cados em pé de iguol­ dnde com o \.1PLA. prcvwm odes­ man telamento do território da nctual RPA eu ~uu divisão cm três Estado~: um. ao Norte, entregue à FNLA: outro. ao centro. •Cedido• 110 MPLA: e, um terceiro. ao Sul. o(c rcc1do a Pretória via UNITA. Se rnis plano, se tive~scm concretizado, todo o quadro político da Africa Au,tral ~eriu hOJC de natureza bem diferente. O proce:.so de independência do Zimbabwc leMe-ia retardado. e a consolidnçiio do revolução moçambicana teria ficado sujeito a pressões, por ventura intoleráveis Além dt~so. ai. • inícrntivas ocidentais- para a independênciu dtt Namíbia ou não se teriam produzido ou ter-se-iam ficado por uma mera fonnalidade neocolonialista.

A táctlca ocidental

Para todos os fütados cúmplices de Pretória na exploração desen­ ' freada da~ riquezas da Namlb1a, ficou claro que os dez ou quinze i: anos de que necessuam para sugar o máximo dos recursos do território - eram um lapso de tempo demasiado longo, face à!> novas condições sur­ gidas na Áfricu Austral com a der­ k- rota infligida em Março tle 1976 uos agressores do Jovem fatndo ango- Material de guerra sul-africano lano. abandonado no campo de batalha (em cima). ~ Daí que os ocidentais tcnhum dc­ Morta a devastação, o pesado ónus da agressão: it cidido fazer rebentar os dois abces- 11 so~ mab perigo:.o:. da região: o do segundo u tlmatlvas das autoridades angolanas a Invasão Zimbabwe e o da Numíbia. Sabe-~e (J racista causou )6 mais de mll mortos, na sua maioria civis

N.º 37 / Setembro/ Outubro de 1981 cadMlOS terceiro mundo 15 como toda::. .b lentat1vas ncocolo­ que defendem n intlependêncrn du llinkuse), segu1du pelu Adm1mMrt nt:ii:, em tomo do Zimbabwe falha­ am1b1.1. enqu.mto. ao mc:.mo çiio Rcugan paro u sua nctuaçt1o d1 ram Mru. isso não impediu que tempo. proccdrn a uma -m.iquillu­ plommica em todos os rec11ntos & cinco potências ocidem:li~ - Eu·\, ge da :;un prc,ença no território, globo Segundo essa te,e. nenhur RFA, Grã-Bretanha., Fr..mça e Ca­ mediante falsa,, elciçõe~, recl.1mu­ mihmetro deste planeta escapa • nadá 10 chamado •grupo de con­ dns, ah.is por toda a comunidade sempiterno conílíto entre o bem 1 tacto•) 1enham tentado a ::.ua sorte 1ntemnc1onal Ocidente) e o mal (o Le~te) Por par.1 g.inhar o max,mo tempo po:.,1- tanto, enquanto houver tropas cubi ,el na Namíbia Per-e~umdo cm Doutrina Reninn ... nus no RPA. haverá tropa:. sul-11fn­ bora os me::.mos obJe<:lh os c-.trnte­ seis anos de recuo canus nu Namíbia. Enquanto hou,c:, g1co;. que Pretóna. o~ cmco do (k,. um mov1111ento pró-Leste (o MPLA dente adopu1ram uma ta~ uca dite­ Estavam ,is co,,-.as neste pé em Luanda, não há acordo possivi rente de rc:.ohcr o proMema. quando Ronald Reu~an ganhou a~ sobre a Namíbia. Para que 1111 acordo Tomara--.e claro que a Atnca inde­ el.:1ções nos ELA Aqui e cuno:.o mtcrvenha. será necessário o coo pendente c,ta,a cada \CZ mcnl,, noi.,r umn c1rcun,1ancia muito per­ 1rapc.so UNITA, . dispo-.ta a embarcar cm indepcn­ turb.1dora: o pnnctpal con,clheiro Por outr.l!> palavras. a Admini, Jência, fictícia, e em cumplicidade~ de Rcagan. o ,r Richard Allen. um tração Reagan e Pretória fizeram rc c->m o ::. E ... taJo, progte::,:,í,ta.,. e in­ mah<,tàs portuguesài. que a certa ul­ O:, ociJcntuh do grupo de contacto Jka, a. ~m margem par:i Ju,l\las, tura Jo p~e:.so de! de,colonização, que. a cxccpção da França de Mt quem er:im os verdadeiro::, :iliaJ01o pen)aram numa decluraçao unila­ terrand. tem parecido ceder à~ tcni. Jo, mo, imento:, de libertação teral de independência• parJ An­ ções de -alterar• aquilo que já es:. Surgiu a::.sim uma primeira \Cr.,ão gola, com UNITA e Savimbi mter­ de há muito assente, não encarar do plano dos cinco . que. nas ::,Ull!, po)tos. Se a informação e um tanto com maus olhos este arrastamcn ,.1guidades na violação frontal marginal, ela pode revelar ate que e sua do problema que lhes permitirá con de rcsoluçõe;. anteriores do Con,e­ ponto \ ão a., cumplicidades dos tinuur a explorar até ao osso as n lho de Seguran~a da O~ U. era uma -e,trategos• que pontificam ac­ quezru, da Namíbia, amda que sai :iuténuca oierta em bandeja• da tualmente em Wa~hington. bam que esse território está perditl :-;amlbia a Pretória. ~la, a bre,e A vitória de Ronuld Reagan e as par-.i sempre 1.recho se reconheceu que o plano posições que a nova Admimstração não pa:;saria naquela 1orma. Ai. imediatamente tomou. ao declarar A criação da zona-lampão no s. emenda,, que lhe foram po,tenor­ ~m amb1gu1dadcs, que esUlva db­ de Angola foi programada de modi mente introduzidas levaram alguns posta a conceder um papel pnoritá­ a ser um facto consumado quando. Estados africanos a prel>sionar a rio à Africa do Sul no contexto do Nações Unidas voltassem II debal~ SWAPO-movimen10 de libertação continente, explicam 8$ posições de o plnno para a Namíbia. As vanw do povo da Namíbia -a aceitar um Pretória na conferência de Genebra gens que.dai decorrem para Pretón plano, cujos alçapõe5 eram. mesmo em Janeiro deste ano. e a intem,ifi­ i;ão evidentes. no terreno milita: assim. evidentes. Ficou. pois. esta­ cação do seu esforço bélico contra constituem um meio de asfixiar belecido pela comtlnidade interna­ os países vizinhos S W APO e de exercer continua ch3.1: cional e aceito pela SWAPO que a A!> tentativas de revogar a emenda tagem e pressão sobre Angola. ~ re:.olução 435 do Conselho de Segu­ Clark. a recepção feita a oficia.is plano diplomático. porem. os cálc-. rança da ONU seria o quadro dentro militares sul-africanos. o ressusci- los de Pretória não parecem su~c; do qual se tomaria possível concre­ 1ar• de , fornecem o 1ive1s de éxito. Não é crível que e,~ tizar finalmente a histórica decisão quadro preparatório dos planos .-fac10 consumado·· possa fazer vc, tomada pela AG das Nações Unidas norte-americanos para a África gar :i posição firme que a ONU te; em 1966, ao detenmnar a ces:.ação Austral. planos esses concretizados vindo a adoptar sobre o problellll do mandato sul-africano !>Obre o em Pretória aquando da visita de Mas o que é inegável é que a prc território. Chester Crocker. subsecretário de :.ença dos bandos da UNITA, se n. A África do Sul dissociou-se pu­ Estado para os Assuntos Africanos. vai tirar Savimbi do caixote do !il blicamente do plano - esses afas­ A resolução 435 era poi,ta de parte. du história, contribui. sem dúvidi tamento não deixava, aliás, de con­ e. em troca dela, mtervinham dois para dificultar a solução do pro vir à!. potências ocidentais. que, fi­ factores essenciaii. para a solução do blema namibiano, criando mais u nalmente, demonstravam aos olhos problema namibiano: a salvaguarda factor de instabilidade e contll da comunidade internacional a sua dos interesses brancos no território e aberto naquela sacrificada zona i1: não cwnplicidade com Pretória - a inclusão do elemento UNITA» na mundo, cujas tarefas prioritárias~­ decidindo-:.e a pro~seguir a sua realidade política angolana. as do desenvolvimento económico velha láctica de ataques militares Este • plano americano- é dir.:cta da libertação sob 1odos os ru.pecto: contra os pail>Cl> africanos vizinho!> con~quência da teoria da «ligação,

16 cad<:<.- terceiro mundo Unidade da África contra Pretória

A aventureira acção bélica das forças sul-africanas no sul de Angola encontrou também pela frente a unânime condenação da Africa

pronta e v1goro,a reacção da tou-se um imediato movimento de Organiznção da Unidade solidariedade para com Luanda, en­ Africana (OUA) à invasão quanto uma outra antiga colónia por­ A da República Popular de tuguesa, essa tlo continente ameri­ Angola pelas tropas raci~ta~ de Prc­ cano. o Brasil, em consonância com tória é um indício seguro das pro­ a politica africana que vem segwndo fundllll transfonnaçõe!. que nos úl­ hli varios anos. se dil.pós a conceder timos anos se têm produz_ido no imediato auxílio material (-sob di­ contmente africano. Se compnrar­ versas fonnns•) a Angola. A Repú­ mos as atitudes de agora com as blica Popular de Moçambique, a hesitações e ambiguidades de 1975 Argélia, a Líbia, a Tanzania e a em relação ao processo de indepen­ con:.ciência e na unidade dos povos Nigéria apressaram-se a oferecer dência de Angola, facilmente ava­ africanoi., por um ladu, e na coope­ au,ilio militar à República Popular liamos o longo caminho percorrido ração afro-árabe. por outro lado. de Angola. neste tão breve lapso de tempo A questão do auxílio militar foi pelo~ povo~ africano~ no seu con­ Apoios de diversos azimutes tombem abordada na reunião dos junto e pela Organização que os re­ país~ da Linha da Frente, que de­ presenta Uma intensa actividade diplomá­ correu em Lagos, com a participa­ . ~ evidente que esta evolução tem tica envolveu diverso:. fatados afri­ ção do presidente nigeriano. e sobre vindo a ~ercada dia mais nítida. Ma~ canos e órnbc,, logo que ~e conhe­ CUJOS resultados nada de concreto se talvez u invasão racista de fins de ceu a amplitude da :igressão contra soube ~gosto contra a RPA tenha produ­ Angola. Da parte dus antigas coló• Muito s1gmficativas foram as po­ zido repercussões históricas na nias portuguesas em África rcgis- siçoes tomadas por personalidades

N.º 37 /Setembro/ Outubro de 1981 c.c1omos terceiro mundo 17 mumhal i:lobal. u produçao ugricol tem vmdo u bnh.1r. cnqu,mto o en div1du111c1110 externo cm 1979 a11n.i giu a cifra de 70 mil milhocs dl. dólari;l> 1con1ra 7 mil milhões e1 1965). O bloqueamento do desenvolvi mcnto é essencial paro ns pn'i1íca1 neo-colunialistas. inlcressadus en. muntcr us 11ntigas colónias africa­ nus no papel uc clientes dependcn tcs. Est11~ rculidades impõcnMe t consc1t:nciu dos povos ufric:mll! caua vez mais claramente e na, surpreende que um dirigente mode­ rudo, como o nigeriano Shagan tcnlrn 1nauguruc.lo a histórica conft rcncia cconumicu da OUA cm Lag em Abril de 1980 com cMas pala uas En1rnmos ngora numa novi: etapa da luta de libertação da ÁfricQ a batalha pela sua índependêncu O apolo a Angola foi unAnlme na OUA. A condanaçto sem sofismas da agressão económica•. racista velo tanto de dirigentes moderados. como o queniano Arap Mol (na foto à esquerda). como de dirigentes que se situam na vanguarda revolucionária da : que!>liio central Atrlca, como Samora Mactu1I J oficiai, Ja O1,.;A, nomeadamente do território do continente e 25~ da A pilhagem sistemática da Na­ pelo ,eu pre,1den1e. o queniano ,ua populaçao conMituem u van­ míbia, a suo tentad11 integraçào n, Daniel Arap ~!oi. o qual e:1.onou os guarda revolucionaria do conti­ od10:.o sbterna Jo -apanheid é um ixno, afncano, a uuulum:m mili­ nenie, composta por Estados que utcntado contra os 1ntere:,~e!> ma tarmente a Republica Popular de ,cgu1ram a onentaçao socíaliMa, profundos de iodo o conuncntc afn Angola. com,1der.111do que a agn:,­ Esta opçao - com todas a, !>Uas cano. A suu conunuada ocupuç .. ,ão contra um E,tado aín..:,sno é ,·1ciss11udes possíveis nalguns casos pelos racisl,IS sul-africanos é ur uma agre,i.ão contr.1 a Africa como concreto:,, com iodas a~ ~ua~ ambi­ foco de ten:.ão pennaneme. q11t um todo e que e:.ta tem •O direito guidade~. nou1ros - cxplica-\e obriga os Estados africanos a dr~ de i.c defender a l>i própri.i contra tal fundamentalmente pelas trágica.\ penderem largas ~ornas de divisa• agrc.;!>ão -. experiência, colhidas -da primeira poderosas energias nos gastos e nas E ceno que esta ~olidariedade in­ fosc da independência tarefas com a defesa, em prejuí Je,menti\ el por pala\'ras não foi • A Ãfnca começa mal • ei;creveu das necessidades urgentes do dcscn con, reuiada ainda. ate porque a um teórico francês, Rcné Dumont. volv,mcnto República Popular de Angola não E \inte anos volvido~ ,obre as indc­ Liquidados na qu"J!>c lotaJídadeo lançou qualquer apelo nes-.c :.cn- pendéncias 90s Anoi, 60, a Africa regimes que constituinm uma ofcn<. 11do. ~1~ quando \'emo, fatadoi. continua mal. prevendo-se que, ~e à dignidade dos povos africanos 1n· africano:.. amda ontem propenl,OS a as téndências não se alterarem, no dependentes, sub:.Lituído~ em cenl!­ um diálogo com a Africa do Sul, e ano '.'000. com uma população ava­ fatados moderados antigos dingen· oucroi. fatado!>, como o Egip10, fiéb liada em 800 milhõc:s de habitantes, tc!S. que, cm muitos casos. se verga· ,en,entuário!> do 1mperiahsmo 60~ do!> africanos serão analfabetos ram aos interesses de cla!>sc. man none-americano noutras esferas de e 50% da população activa não terá chando um passado de luta de inde· confluo, não ~emo:. deixar de re­ emprego. pendência, ampliado o espaço pro­ conhecer que u África caminha ace­ O subdesenvolvimento cm que gressista cm África. estão criadas 11· leradamente para uma tomada de continua mergulhado este conti­ condiJõc, paro o arranque efecth~ consciência da sua unidade perante· nente potencialmente riquíssimo da segunda eiapa de que falou o mesmo 10im1go: o coloniali~mo. traduz-se por cifras impressionan­ presidente nigeriano tes, das quais destacaremos apen3!> Há, por vezes, recuos nestes pro­ O panorama africano algumas: 20 dos 31 países mais po cesso~ Mas a unidade africana. tác bres do mundo são africanos, o con­ claramente evidenciada depois d. A evolução dos povos afncanoi. titiente (com 10~ da população invasão da República Popular d! nesre scn11do cem uma r.iiz histórica mundial) fornece apenas 1% da pro­ Angola, parece ter chegado a urr­ fundamental: neste momento 30'k dução industrial e 2.7% do produ10 ponto de não retrocesso

18 caden10$ terceiro mundo José Eduardo dos Santos:

Impossível

impedir independência

da Namíbia

•É neces,ário que II Africa. como pondo uma un1ca delegação os ele­ dental e. por outro. o campo \OCia­ con1inen1c, ,e erga contra o regime mentos dos ditos par1idos internos. h~ta. Nós não concordamo, com dn África do Sul .. , afirmou em Tri-­ Não foram aJcançados sucessos eMa tese. A questão do independên- ­ poli, no dia I de Outubro. o prc,i-­ nessa reuni ao porque .i África do Sul cia da Namíbia 1cm que ser vista no dcn1c Jo,é Eduardo do\ Sanio que dedamu que ns condições não c,ta­ quadro da de,colonização do con1i­ fmou j:í nao bastarem as 1n1cnçocs e v,1m reunidas para " assinatura de ncn1e africano. Portanto, a ·amíb1a ser ncce\sário agom ,acção, acção um acordo de cessar fogo. e dos último~ redutos do colonia­ oo plano militar. acção no plano f:nt.rc:1an10 aumentou a ugrcssi­ hsmo. \ ocupação ilegal por pane pohuco e d1ploma1ico•. \idade contra o povo namibiano por da A fnca do Sul deste território. Semanas an1es, o chefe de falado um lado. con1m o povo angolano e contrariando as dccisocs dlb '\ações da RPA no decurso de uma confcr­ o, ou1ros países da África Au,trul Unidas e do OUA. resume-se de nccia de Imprensa concedida a jor­ independen1c.,. na vã 1enta11-.a de facto numa colonização do povo nah,1as Jngolano, e c,trange1ro\ eliminar por completo as torça.~ nam1b1ano . lmhn uma vc1. mais definido a posi-­ guerrilheira\ da SWAPO. ,Nós não falharemo, aos nossos podo,cu pais na quc,tuo da indc-­ •Nós pensamos e declaramos que deveres. Ê certo que c~ta guerra que pcndência da Namíbia no, seguinte, e,\a pol111c:i do Go.,,erno da r.icis1a nos e movida pela Africa do Sul lermos: Africa do Sul es1á condenada ao obriga-no, a de:.v1ar uma grande • Nó, remo, referido várias vezes fracasso. Nad.1 é possível de impedir parce dos nossos recur.;os mo1eriais, que Angola continua pronia a Juntar que o povo da Namíbia ,e tome linonce1ros e humanos. para defen­ osc,forços a todib us força.,. a rodos independente, não só porque condu1. der a nossa integridade territorial. a os paíse~ para encontrar uma solu-­ uma lula JUSl,1, mos porque defende nossa \Oberania e a noi-sa indepen­ ção negociada. intemacionnlmcn1e sobretudo, um dircno fundamenial e déncia. Apcsardisi.o. nós não falha­ acc11c para o problema da Nam1bia. inalienável. que é o da au1odetcnn1- remos aos nosM>s de, eres. oo nosso :"116s desenvolvemos e,forços bas-­ nação e indepcndénc1a dever de pais membro da OUA e de tan1c grandes em 1979 e 80, graça, a •Como pais da Linha da Frente pais membro da Organização dos esse~ esforço\ e 1am~m ao trabalho nós lemos conJugado os nosso, es-­ Nações Unidas. Pensamos sim que Jes~nvolv1do no quadro da, Naçocs forços com o, outros falados porque por es13 rciúo mesmo. devemos be­ Un1ilas e dos países d.t Linha da con,ideramos que o problem.1 da neficiar do apoio material. finan­ Frente. fo1 possível colocar frente a Namíbia e cssencialrnentc um pro­ ceiro e outro para que possamos frcn1e, dum lado a SWAPO a blema africano Nao é como se 1cm continuar a defender com dignidade un1ca organi1,1çao poh11ca que con-· pretendido d1,er a1rnves de algumas o povo nngolano. bnndando igual­ dul ~ luto para alCllnçar a indcpcn­ agencias no1tc1osas, que o problemu mente a nossa ~ohdanedade ac11va denc1a reaJ do povo da Namíbia - e da Namíb111 1em que ,er vis10 num nos nosso:. irmãos africanos 'que dou1ro lado os representantes do con1c:uo das con1rod1çõcs entre os conduzem a luta de libenação na Governo da Africa do Sul. com- · blocos, isto é dum Indo o bloco oci- "lamíbia.•

N ° 37 /Setembro/ Outubro de 1981 ~ terceiro mundo 19

Zaire

Bond acusa Mobutu

A crise económica, a corrupção e a medíocre administração do pais podem levar a uma mudança de poder

Gabriel Omotozo TRIBl LA DO por uma pro­ riam acabado com Mobutu se nao funda cn-.c: ernnóm1ca o tivessem acorrido em seu auxílio as A Governo do pre-.idcnte Se:.e forças acrotmnsponados da França. Sd.:o Mobutu encon1J1H.e perante o da Bélgica e de ~''farrocos. Quando o aparecimento de frente!'. advcrsánas primeiro levantamento teve lugar que ameaçam a sua estabilidade. Mobutu s~peitou de que algo tinha Em Abril pa~-.ado. o seu pri­ que ver com Bond. ao tempo seu me1ro.minbtro Nguza Karl 1 B1md, m1nistm dos Negócios ~trangciro., pediu asilo na capi1al belga onde e ~u p~ taria as rcla,,ocs d1plomaucas com curiosa parábola. Bond. o qual ~e ofereceu. seguida­ Bruxelas. Com es,J diligi:nda Mo­ O:. 1)b:.crvadon:, .:onsidcram mente. para salvar a -.ua pátria, butu con-.eguiu limitar as decloro Bond como o zairen:.e que gou de apresentando-se rnmo candidato çoe-. do i.eu ex-pnmciro-min1Mro a maior confiança entre os circulo~ presidencial às cle1çóe!. de 1984 ou Imprensa. ma, nao o imped1r.i d1: dom mantes do Ocidente. os quo1s ante-. ~ a-. circunslâm:1ill> o ex1g1s­ mexer-se e agir na sombrom venom com bons olhos a sub~utu1- ~m •. ção de Mobutu por Bond. Quase ao mesmo tempo. a lgreJa A confiança do Ocidente ..• Depois das ofen~ivas levada~ a cmiua uma cana pastoral que conti­ cabo pela Frente de Libenação Con­ nha uma pormcnonzada denúncm As relações ent re cs1ei. do1-. ho­ golesa contra a ditadura cm 1978 e do regime do general Mobutu e exi­ mem, conheceram Já v11:1ss1tudes es­ 1979, havia-se tomado evidente que gia mudanças polmcas e estruturais pcctaculorcs Bond fez uma caneiro Mobutu e:.tava ~ntudo sobre um ,ver caixa) lulmmantc scib o regime do general. vulcão e que a ccononua estava em O guia da rcvolu,; o - a,-.im que <,e Jso;enhorcou do poder em ruinas. Os c1rculos ocidentais se mutula o pres1dl·nte 'ilibe que 1965 Bond pertence. no C'ntanll), a dcrum--.e conta de que o Zaire e. em Bond não ~ um 1nim1go dt desde­ etnia lunda. oriunda da província dl' especial. a nqu1~Mma pnwinc1a de nhar Com o objec1tvo de Shaba, que desempenhou o pnnc1 Shaba (ex-Congo). poderiam em­ neutraliZà -lo. convidou a Bélgica. paJ papel no:. lc\.antan,cntos que te preender o 1.:arnmho da liben.ição e.

,º 37 /Setembro/ Outubro de 1981 cradémos terceiro mundo 21 rom,equentemente. a revasüo da po­ hlica mineira em vigor. se não fo~~ posto termo à situnçáo Poucos pai­ ses têm para as potência:. tndU:,uia­ O saque organizado lizadas uma imponância tão grande como o Zaire. grande pnldul\1r de O presidente da Conferência Episcopal monsenhor mint•rnis criu.:os e estratl."gi~"()l;. Kaseba, leu na catedral de Nossa Senhora do Zaire. em . uma carta pastoral que constitui um requisitório ------contra o regime do general Mobutu Provindo de uma enti· ...e do FMI dada tao cautelosa como é a Igreja. esta sentença Institu­ cional é um documento de grande valor para se apreciar a Fl,i i~so que pcnniuu a \1\)butu situação que abala o pais. Dada a tradição de prudência conseguir o empenho tou apresentar uma trente unida face às forças da desintegra­ pelo e,u1io. à espera da sua oponu­ ção». mdade. - aSâo divulgados casos de sequestros, de detenções o~ representames dos íntcres5es arbitrárias. de ajustes de contas e até de torturas, para não ocidentais devem ter aceitado. falar de roubos e de outras degradações. imediatamente. esta situação. Se «Formulam-se queixas runçlamentadas contra os tribu­ não recebesse ajuda com urgência. o nais. Terá o dinheiro Imposto o seu domínio em todas as partes? Não esqueçamos outras pressões às quais os julzes país teria entrado na falência total e e os demais magistrados são por vezes submetidos. Aque­ o perigo da desagn.-gação 1eria vol­ les que sabem pagá-la obtém a impunidade». tado a fiv..er-!iC sentir. Em t.al caso.

teria soado a hora de Mobut!J. mas 1

22 cadernos terceiro mundo Em 1980, a taxa de crescimento económico foi negativa. Em 1981 , a prevlúo é de quo ela será nula em semelhante eventualidade a sua tais nuo crêem que a actual adminis­ sistema zau-cnsc visto propor-se ~uccssüo podena e~apar ao con­ tração consiga uma recuperação como a alternativa a Mobutu que trolo daqueles in1crcsscs Foi assim pmdull\a O panorama é sombrio convém aos ocidentai,;. que os dois dingentes ocidcnrnis No ano passado. a taxa de cresc1- Talve1 que Bond n~p1rc a que as mostraram boa caro ao n111u tempo c. mcntn economico foi ncganva (um poléncias obtenham garantiai. que cm 24 de Junho úllimo. o FMI ace­ ou dois JXlr cento a menos) e lhe pcrrmtam concorrer às eleições deu cm ampliar a sua ujuda. conce­ calcula-se que em 1981 • na melhor de 1984. Esta variante é difícil de dendo ao regime de Kinshasa um das h1po1cscs. o crescimento scr.í cónceb.!r Já que. no:. seus dezasseis cmpn!stimo de mil milhões de dóla• nulo. Devido à situa~ão agrícola. anos de dirndor. o general-pre­ res que se tomar.í efectivo ao longo calcula-se que esle ano terão de ser sidente liquidou. sistematicamente. de tn:s anos. importados alimentos no valor de lodos os seu!> rivais. É mais provável Essa medida implica uma depen­ cerca de 500 milhões de dólures. A que Bond especule com a possibili­ dência ainda maior para o Estado dívida ext.:ma. calculada cm cerca dade de que. perante o deterioração 1.aircnse. bem como um mcentivo a de 6 mil milhões de dólares. 1omn-se de Mobutu. os aliados que ainda que as empresas transnacionais rea­ esmagadorn em relação às exporta· possui dentro do país afastem o dita­ lizem novos inveslimentos no pai!.. çõcs. que representaram. em 1978 dor e o coloqu<'m no siuo devido. O FMI justificou a sua decisilo 925 milhões de dólares. Fntretanto declarando que o Governo (em vir- os preços de alguns produtos maii Ou 1alvcl que. por detrás do exílio 1ude da política posta cm prática por importantes que o Znirc exporto - de Bonde da sua proclamação. haja Bond) estava a cumprir o seu com­ sobrcrndo o cobre e o coballo - promessa:. secreta:. subJaccntcs e um promisso de começar a pagar as suas mantém-se muito baixos. plano de acção CUJO primeiro passo dividas Tr.itava-sc. no entanto. É por isso que e ~te apoio do FMl e exigia a fuga do primeiro-ministro. obviamente. da Justificação do pre­ dos cm:ulos ocidentais a Mobutu O tempo esclarecerá ru. dúvidru; que ceito político das potências que ma­ 1cm de i,er cocar.ido como urr ensombram estes acontecimentos nejam o FMI. u fim de salvar o ompun> indispensável e não como enigmancos. Entretanto. o outrora regime laircnsc. uma garantia de apoio a longo pr.izo inah,mivel generul Mobutu con- e :.cm condições 1emplo algumas nuvens negras no Um amparo ind ispensável Nc:.se sentido. o aparecm1ento de horizonte. Bond como a:.piranle fonnal à prc­ Todavia. os l.':conomistas oc1den- sidcnciu introduz um foctor novo no o

N.º 37 / Setembro / Outubro de 1981 Clldomos terceiro mundo 23 Líbia

A aliança mundial contra a agressão

Mais de 250 governos e organizações pollticas reunem-se em Tripoli pressionados pelo avanço da estratégia belicista de Reagan. Da Coreia ao Libano. do sul de Angola ao Golfo de Syrtra, as agressões multiplicam-se, desafiando a unidade e a resistfmcia dos povos

Neiva Moreira

Sdías que antecederam a, comemorações do ,\ t'W.i wrek não causaram surpresa. Desde Maio que oi: 1 ° de Setembro - 1:!.0 ani\·c~áno da Revo­ seu, serviços de informações unham conhec1men1otk lução Líbia foram movimentados e por plano e preparado contra-medidas. De qualquer modo. vez_e, LCO!>OS '\ão apcn~ porque a violação das aguas era um tema que contribuia para radicalizar a~ po11 e céu, llbios por barco, e a, iõe,, da frota do!, Estados çõc,. unidos lr.i.nsfom1ou C)~as comemorações num mo­ ºmento de reafirmaçiio nacional líbia e árabe, e também O qual.Iro internacional revelava também um aira­ num acomec,mento de repercussão mundial Outros vamento das tensões. A decisão tomada por Reagan dr facto,, igualmente, contnbwram para aumentar a fabricar a bomba de neutrões provocou na Europa en temperatura política dessa área decisiva do Mediterrâ• bacia meditcrrünica - me~mo entre algun~ aliados do neo; o mais gra,e deles foi. sem dúvida, as revelações Estados Unidos - uma reac~·ão de indignação e per da imprensa nonc-amencana sobre o comp/01 da CIA plc:udade. Uma bomba que mata ai. pessoa~ e dem para assassinar o coronel Kadhafi. intacta.'> as coisai. - casas, fóbrica~. pontes, etc - Nos meios oficiai, líbios as revelaçõe., da reviqa não pode ser considerada uma conquista tecnológm

Misseis na panteia mllltar do dia 1 de Setembro, na Praça Verde, em Tripoli

24 Inumero1 dirigentes potltlcoa • •tiveram em Trlpoll para aulatlr b comemoraçOea do 12.. • anlverdrlo da Revolução llbla. Da eaquerda para a direita: Goukunl Ouddal, YasHr Arafat (encoberto peto pretldent• chadlano), Kadhaty, Didier Ratalraka • Daniel Ortega, da Nlcerigua da ane• da guerra, mas um anefacto genocida de a ofensiva de 45 mil soldados sul-africanos conu-a extrema crueldade. Angola não teria sido desencadeada, caso Pretória Na Europa levantou-se uma onde de protci,to contra duvidasse do apoio de Reagan. O veto none-amen­ a fabricação da bomba de neutrões e pairo uma cres­ cano à unanime condenação mundial a essa agressão cente preocupuçào pelu insulação aí de mbseb tipo comprovou a cumplicidade do governo de Washington Pershillg. capazes de atingir a União Soviéucu, mas, com os rucistas sul-africano.s. também. de provocar rcpresáliai. sobre os pnbcs euro­ Fácil é concluir que a bomba de neutrões, a agressão peu$. à Libiu. us provocações contra a Coreia do Norte, a Govcmoi. e orgllniL,tçóe~ políucns e populares têm ofem,iva no sul do Líbano e a invasão de territóno pressionado O!> fatados Umdo:, para que acc:ite a pro­ angolano não podem ser con~íderados isoladamente, posta de fórmulas - nomeadamente atravcs da reu­ mas como desdobramento\ de uma es1rntégia mundial nião entre a~ diversa., potências nucleares - que elaborada no:. Estados Unidos detenham a comdn aos armamento:., pois teme-,e que essa gigantesca acumulação de armas conduza. m:us A Conferência de Tripoli tarde ou mais cedo, a uma guerr:1 de proporçõe., inimagináveis A Conferência de Solidariedade com o povo líbio - realizada durante os primeiros dias de Setembro em Provocaç~ nos quatro cantos do mundo Tnpoli - não se limitou a comlenar o ataque do Golfo de Syrta, antes alargou o seu âmbito para uma análise O que ocorreu nos úlumo~ meses em lugares dis­ global dessa indh,farçãvel ofensiva estratégica. atra­ tanciados por m1lhnres de quilómetros revela que os vc:s du qual o Pentágono tenta intimidar o:, que resistem preparativos m1htarcs do~ Estados Unidos não ~ao pura reforçar as suas posições políticas e militares à casuais nem isolados: pelo contrário. são elementos de escala mundial. -Não se pode já considerar a acção uma política belicii.ta que recoloca o mundo perante o imperialista como um mito. As suas provocações são perigo de uma conflagração generalizada. Enquanto reais• , declararia na reunião Didier Ratsiraka, presi­ uma esquadra norte-americana realizava provocações dente de ~ladagascar deliberadas no Golfo de Syna - território líbio inter­ O mais importante da Conferencia foi. sem dúvida, nacionalmente reconhecido - aviões da mesma na­ a sua representatividade e a profundidade com que os cionalidade violavam a fronteira entre a~ duas Coreias acontecimento:. foram analisados. Mais de 250 repre­ para efec1uar missões de espionagem sobre o território sentações de governos. punidos. organmtções popula­ nane-coreano . re~ e revolucionárias. mais de mil delegadoi. proceden­ Os ucontecimentos no Líbano e em Angola nao se tes de quase 90 países estivcrum reunidos durante situam fora deste contexto Dependendo política, eco­ quatro dias, ouvindo a.~ declarações que eram proferi­ nómica e militarmente dos Eswdos Unidos. hrael das no imenso recinto do Congresso do Povo, em Jama1~ se aventuraria numa ofensiva como a que reali­ Tripoli. ou discutindo, trocando experiências. conso­ zou no Líbano e contra Beirute se não contasse com o lidando a unidade internacional contm a agressão. aval prévio da Casa Branca. Do mesmo modo, utmbérn Muitos dos delegados encontraram dificuldades

N.º 37 / Setembro / Outubro de 1981 cadomos terceiro mundo 25 para chegar :1 cap1lal libiu. outro:. livt:rnm que ,upcr.ir apoio uos hbmi; na su:1 rcsl~tênciu à agrei,súo, tnin,. pres:;ões. Daniel Onega Saavedru. dmgente sand1· cendeu essci. limite, pura representar um esforço dt ms1a e membro do go,emo da Nicnrngun. dbsc que foi unidade e de orgun1zaçÜ(\ nu lu1u pclu au todetcrmina. advemdo -não mencioMu di~-ctamentc Washington çiio dos povos mas de1,ou pa1entc que a inu:iattva tinha partido do O caloroso upoio a Anioln e i.\ Palestina esteve no governo dos Estados Unidos - que não de, eria v1ajar centro dos debates A conferencia reciumou uma soli­ para .i Llb1a. Esqueceram-,e afirmou dur:intc a sua dunednde mor,11. política e mu1criul paro com u R,. in1cr.enção - que o nos,o poH, e anti-impcrialbta e publica Popular de Angola no combnte que lrnva peb que Somo la dcrxou de e"-1sllr•. liberd.tdc. pela pal e justi\',t nu •\fricu Austral e no ,\ a~~cmbleia foi 1m10entcmcntc poh1tca ~· Jc ne­ mundo, Nenhuma pessoa no mundo poderá sentir­ nhuma fom1a marcada pelo m1lit1.1nt-mo ou h<.-lil."1smo, -se livre enquanto um só palestino continue e:-. iloclo 011 como tentam fazer crer m, .inJlbcs das 1mm,n,1c1onab oprimido •. declarou por sua vez Roger Garuudy, eo­ da Comunu:ação \;.io iot um encontro de orgun1n­ nhccido ~n~udor trancés. que ,isMm eApnmia o ponto çõcs guerrilheir.i., Ha, tJ repre~ntaçiio de movimen­ de ns1.1 ger:11 da confcrcncaa, acrescentando ainda ~cr tos :i.nnados • ..:oms> .1 frente de L1bertaçao !\tour,1. das •Um dever sagrado lut:1r pelo d1rci10 dos palestinos Filipinas. ou a Frente Democráltca de 1:.1 Sahador e a frente: unitária J.1s 011'.anizaçõe~ armada~ guatemalte­ ~o caminho certo ca~ \ta, e,ta,am t.imbem presentes delegações de pan1Jo, nac1onalb1as 1slàm1co:. e até consen aclare~. Os líbios colocaram ~e ne~1e contexto No seu dh­ C"Omo o do Suiliio • .:issim c:omo ,ârio:. movimentos curso de abcnura da Conferência. o coronel Muammil! populare:, do Golfo Arabe. O denominador l-Omum era Kndhafi acentuou que o seu povo con:.iderava esscn, o espinto de hbert:ição política e econom1ca e a cons­ cial o apoio internacional que eMuva a receber, jii que c1ênciu de que ei.sa meta não pode ser alcançada l>enão is~o lhe dava a segurança de estar no caminho certo atrn,e, de umu confronraçüo arianizada contra o im­ Definiu a linha política da revolução líbia como um periafümo esforço de viver num clima de paz. de segurança. de Foi o caracrer plurali~ta dessa conferência que lhe esrabilidnde, para consagrar todos os seus esforços à deu maior 1mportánda e lhe reforçou a represenr.ati\'i­ conquista do progresso através da via pacifica. Ma1 dade. Mai:.: embora tenha sido uma demonstr.içiio de ndveniu: • O povo líbio deseja exercer uma soberania

A Líbia em transformação

O povo libio comemorou o 12.º aniversário cinco mil milhões de dólares ampliou consl- da sua revolução nacional num clima de pre- deravelmente o parque industrial. 66 durante ocupação pelas consecutivas ameaças e a semana comemorativa do aniversário da agressões externas. mas também de euforia revolução foram inauguradas 75 obras de pelas conquistas alcançadas. grande repercussão, entre elas os portos de Para além das transformações instltucio- Massara e Zwara. Mais de 45 fábricas estão nais. com evidentes avanços no campo da em fase de acabamento e outras 48 em início participação do povo no poder, são igual- de construção. A produção petroquímica au- mente notórios os progressos nos demais mentou de forma notável. assim como a de campos da vida nacional. cimentos, que passou de 233 mil toneladas «A Líbia é um canteiro de obras», dizia-nos para 2 milhões e novecentas mll por ano. o deputado brasileiro José Frejat, que visitou Noutras áreas da actlvidade económica os Tripoli por altura da conferência internacional progressos foram também importantes. A que aí teve lugar. «Não há dúvida que se trata produção de sapatos passou de 38 mil pares 1, ' de um país rico- acentuaria aqtJele político-. em 1975, para 4 milhões em 1980, enquanto tem muito petróleo, mas também outros pai- a produção de leite durante o mesmo periodo ses o têm e os governantes estão cada vez se viu multiplicada por quase 4, atingindo mais ricos e os seus respectivos povos cada hoje a cifra de 29,9 milhões de litros/ano. vez mais pobres. Na Llbia o dinheiro do petró- Os llbios estão convencidos que a agres- feo sai dos poços e vai directo para benefício são norte-americana se destina, fundamen- do povo.» talmente, a destruir a sua experiência revo- o plano quinquenal 1975-1980 foi reali- lucionária. que, na opinião de Washington, .__zado______com êxito. Um investimento superior a constituiria já um «mau exemplo» na região . 1,

26 cadernOa terceiro mundo toiul sobre todas u:. suus potenciahdades e riq uezas, para instuurur livremente um verdadeiro si~tema de­ mocrático fundado sobre o poder popular d1recto. )uno seu di~cun.o de enccrrumento. o comandante Abde l Sulom Jnllud. o segundo homem na h1erurquia líhta, analbou amplamente a situação intcrnucional e os deveres de todos os povos e organi.i:nçõel, .,mantes dn paz. na luUt contrn a guerra e o respeito pelos direitos das n11çôes Jull ucl acusou o governo de Washmgton de uma condutu abjCcrn• ao tmmar um co111plm par::i matar o coronel Kadhafr ~esquecem-se acrescen­ tou - que c11da líbio é hoje um Kadhafi •. Referm ainda que a L1bia e contnt o terrorismo e não o apoia, mas ndiantou, porém. que de nenhuma maneira a Líbia pode aceitar a . doutrina Reagun • de que toda a luta nucional em prol da libertaçáo :.e equipara ao tcrro­ rhmo. A Lfbrn não· renunciará assim ao ~eu dever revolucionlino de apoiar a luta de libertação dos povos com medo de que Rcagan a ucu~e Je eMar a upoiar o terrorismo• . assinalaria o comandante Jnllud.

Um centro de luta

A ideia de solidariedade foi ainda mais amplamente abor­ dada no discurso Je Kadhafi no dia Ide Setembro. durante as comemoraçoes do aniver­ sário da revolução. Afirmou nessa ocasião que. fiel à posi­ ção líbia de -,defender a liber­ Os mlasela de tipo lnterconllnental dade onde quer que seja e cm exibidos na parada mllltar em Trlpoll poderiam alcançar as bases da NATO retribuição à sohdariednde m­ na ltálla, Gricla ou Turquia. Porám, nu temacional que está a receber palavras de Kadhafl n6o transparecia o povo líbio•. acenará. se lhe um tom bellclsta mas sim uma for solicitado, que a Jamahi­ advertáncla aoa alladoa dos Estados Unldoa de que as agressões à Ubla que ryia se converta num centro partissem dos aeus territórios de resistência internacional poderiam originar represállas. O mapa contra o colonialismo. o im- assinala o alcance desses misseis perialismo, u reacção vil sob todas as rom,as,, . Demonstração de força líbia É. evidente que essa é uma decisão de 11nponãnc1a mundial, mas que se destina 1gun.lmentc a provocar Não foi essa. porém. u declaração de Kadhafi que uma grande controvérsia. Qunb os seus alcances e ncs:.es dias decisivos provocou maior impacto mter­ limites? nacional, sobretudo na Europa. mas a sua alusão à A oportunidade de que essa imensa assembleia de capacidade militar dal, forças armadas líbias de pode­ povos possa funcionar e que iniciativas políticas isola­ rem dirigir operações de represália contra ns bases da das possam ser conJuntamente analísadas e rec1proca­ NATO no sul da Europa. Já de si o desfile militar do mente apoiada.sé, já em si. um facto muito importante. dia I de Setembro pode muito bem ser considerado a Deve-se tomar em conta que só uma pequena parte maior demonstrnção de força já realizada em toda dos participantes c,tá envolvida em procc~so~ arma­ aquela região do Mediterrâneo e mesmo no mundo dos e que a nuuorio, ao contrário. busca vias pacíficas árabe. Mais de 20 mil soldados de infantaria. pára­ e form~ de luta política para a conquista da sua -quedista:.. futlleiro:., tropas especiais. batalhões de independência, da sua autodeterrninaçuo e do direito mulheres precederam um desfile da nrtilharia e de ao progresso dos seus povos. Foi igualmente desta­ blindado~. enquanto o céu era riscado por esquadrilhas cado o clima de unidade intcrárabe da reunião. com,i­ de modernos aviõei.. O que surpreendeu tudo e todos e derada, por isso, um factorde estímulo à união de todo agu~·a a curiosidade dos observadores, sobretudo os o movimento progres~bta mundial ocidentais. 27 N.º 37 /Setembro/ Outubro de 1981 C8domOa terceiro mundo ~lu1ta, crum a, pe,,ua, na, 1nbuna, que ,e in1erro. 1/-3\ um ,e aquele, JOvcn, ,oldado, e ,t\ iadore), ,a1d01 J1.h tenda, Ju c.lc,eno, bcdulnos ou l1lho~ de bcdulno'­ seriam capálc:, Jc u,,,r Cllln ef1cacw um matcnal t.io moderno "fo lundo. ha\ 1.i um rc,1duo de racismo an11-lirabe nl",,n, duvida, \fas o facto concrc10 é qll( uh e,rnv.1m. manobr.indo aquele, tanques 1men,01 Jo, mnb \ .iriados modelos, e condu1indo ml\\eis do 11po in1en:on11nen1al, ,cm que um ,ó dele,, um ~ ,olJaJo daquelu enorme força cm desfile fo"c de outrn na.:ion:ili1J.1dc que não arabc ~.1 gr,1mle n111nifc,i.1çuo popular que encerrou ill Clllllernoraçõe~ do 1 ° de Setembro, Kadhut1 pode 1e1 dad\, a cha,c para a compreen,ão do dc,cu1Jo 0 ru upre,cntaçao do am1amen10 Ad,en1u oi. pai-e, nbcl­ nnhm, do Med11errüneo que tingem ,er amigm d01 árabe, ma, que pcnn11c111 que o, seu, terrítóno, ,cJam O com,ndante Jallud defendeu o direito u11h1ndo, como ba,cs de agre,,ão - llalia. E,panllJ liblo de l.p()l1r • luta Creia, Turquia - de que o braço armado do, 11h10 os de llbe~to do, poder-a alcançar O que ,eno ju,uficado pelo lacto de povoa ser de. sa~ b,he, que )OCm os navio, e aviões nonc­ -amencano:. para provocar os líbio, e atacar o ~g temtóno. A rcpcrcus,ao da advert!ncia cm toda 1 O, líb10,, ,-cmprc cio~, do, :.eus a\'anço~ tecnoló• bacia do Mediterrâneo dcmon~trou que ela teve efic,­ gico, e miluarc,, não tomaram de la vez - a não -.cr c1a, Afinal. o~ .,1cilianos ou os turcos nada tSm contra cobnnJo com groNi~ lona,, algum ann:imen10 mni, o~ líbio~ e. por hso mesmo o que menos lhes mterc~,. :.ofi,ucado, capazc, de rc,1,11r à_, câmara., fotográfica, e cr uma plataforma norte-americana para º" ~U3S do, ,atéhte, nortc-amem:ano,. - medida, e,pcc1a1s pro,ocaçõe no Med1terraneo pant C\ 1tar que o seu podero,o armam.:nto fo,,e vl\to. Os acon1ec11ncnto~ de Tripoli, como o~ da Coreia, Pch.> contrário, quem qub pôde ÍOlllgrnfu.r e recen ear do I ibano ou de Angola revelam que a ternpcra1u11 :.oldaJo por soldado, tanque por tanque Era como ,e m1cm:ic1onal continua a ~ubir, e e,ügcm também qut qu1 e "' dizer ao, none•amcncano, ou ao seu ah ado cada homem e cada mulher no mundo exerça a su1 Anuar E Siidat. • \ enh:un que terão re,po,t.a• mtluênc1a, grande ou pequena, para detere.,~a onda tk

Comunicado de Tripoli Apoio a Angola

A conferência internacional de Tripoli. con­ são a expressão do desprezo que o regime do siderando a actual e gravíssima escalada be· apartheid tem pela opinião púbhca mundial e lic1sta a que se juntam múltiplas agressões, pela comunidade internacional e constituem invasões e tentativas de ocupação perpetra· uma séria ameaça de guerra generalizada na das na região sul da República Popular de África Austral pondo em risco a paz mundial, Angola por tropas do regime racista da África 2) Renovar a sua solidariedade para com i do Sul com a cumplicidade da administração os povos de Angola e da Namíbia, vitimas da norte--amencana decide: agressão e invasão pelo regime do apartheid; 1) Expressar a sua indignação e condena­ renovar, ainda, a sua admiração e reafirmar o ção a esta agressão de tipo nazi. assim como seu apoio ao heróico povo de Angola, dese­ às permanentes agressões de que é vítima o joso de paz, assim como à sua vanguarda Estado independente e soberano da Hepu­ revolucionária: o MPLA·Partido do Trabalho blica Popular de Angola Considera que estas pela sua firme posição internacionalista da acções constituem uma flagrante violação do África Austral. pela sua luta Junto do povo da direito internacional. como também das reso­ Namíbia no seu justo combate pela indepen· luções e da Carta das Nações Unidas Elas dência nacional;

28 ~ terceiro mundo O porta-avlõell norte-1m1r1cano • Nlmltz•, uma poderoH força bélica flutuante, peça Importante n• provocaç.io montada pelo Pent6gono Junto às costa.a llblas

insanidade, esse vento de belicismo irresponsável que, modelos políticos de organização do Estado que não os de novo. volta a ~oprar da Casa Branca. O lidcr da da revolução líbia - comprova que os povos tomam OLP, Yasser Arafat. faria na altura umu dramauca consciência de que a sua paz está em perigo e que só e~posição sobre o~ rbcos da guerra, convidando o ntravé\ de uma mobilização generalizada, baseada na mundo a unir-se contra o holocausto atómico organização e mililància será possível 1mped1r uma A pl"Cl>ença de tanto\ governo~ e organizações nei.sa nova guerra Uma estratégia, enfim, de re~istência conferência alguma~ que defendem inclul,ive o urros popular organizada. O

3) Insistir no sentido de que sejam tomadas veis e arrogantes as pretensões de Pretória medidas imediatas e enérgicas por parte da referentes a um hipotético «direito de perse­ comunidade internacional para pôr fim, sem guição» no interior do território angolano con­ demoras, à tentativa de ocupação do território, tra os combatentes da SWAPO; violando a soberania Inalienável da República 5) Destacar que na luta contra a actual Popular de Angola, agressão que se perpetra ofensiva do imperialismo - caracterizada por em cumplicidade com as forças ocidentais que uma corrida aos armamentos e pela agressão fazem parte do chamado Grupo de Contacto çontra os povos, tanto em Angola como na (Estados Unidos. Grã-Bretanha, França Re­ Africa Austral, Llbia, Llbano, no Médio Oriente pública Federal da Alemanha e Can~dá), e na região do Golfo Árabe no sudeste asiático transformando-se num verdadeiro genocidio e na América Latina - a cooperação cres­ em relação às populações indefesas do sul cente, a solidariedade mútua e a unidade das deste pais soberano, membro da ONU, da forças patrióticas, democráticas, anti-imperia­ QUA e do Movimento dos Palses Não­ listas e pacifistas em todo o mundo são de ·Allnhados; grande importância e significado; . ~) Reafirmar o seu total apoio à SWAPO, 6) Fazer um urgente apelo a todas as forças unrco e legitimo representante do povo da nacionais, democráticas e anti-imperialistas Namlbia na sua luta por uma independência representadas na conferência internacional de nac~onal verdadeira; solicitar a imediata apll­ Tripoli para assegurar a sua solidariedade mo­ . caçao da Resolução n. 0 435/78 das Nações ral, politica e material para com a República Unidas como base internacional para a inde­ Popular de Angola no combat~ comum peta pe~dência do pais, ilegalmente ocupado peto liberdade, a justiça e a paz na Africa Austral e regime do apartheid; repudiar como lnaceilá- em todo mundo.

N.º 37 / Setembro / Outubro de 1981 codo•nos terceiro mundo 29 DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO snEDE * Desenvohe o ,ua .,c11v1dadc de acordo com J, moderna., técnica, ,le planeumento, de organ,iaçao e de ge,tuo 01,põe de um quudro de tec:n1cos qualificado, e treinados no estudo e concre11zuç.io de ProJccto, no~ Pa1scs em Desenvoh•imcnto.

* Actun tendo cm conta, com o realismo, o de,en,·olv1mcnto da, relações económica, com o~ novo, paí\es africano~ ,uus caractcrí\llCns c~pecíl,ca:, e as d1rec1nu, do ,eu planeamento económico ESTUDOS e PROJECTOS * Reah,ta c,tudo~ e 1mplementu proJCCto, nus iln:as de. AGRICULTURA PECUARIA SILVICULTURA PESCAS INDÚSTRIA CONSTRUÇAO TURISMO * Executa trnhalhos de organ1zaçílo. planeamento e gesrão de empresa, e de serviços pubhcos

arcas de actlvldade: ; Cabo Verde; Gutné-Btssau: S Tomé e Príncipe; R.P Angola e A P Moçambique

SDEDE Soc~adc nacional de empreendimentos , dest'nvolvimtnto ttonômlco. "ri a.-. fontes pereira dt melo, 35-19.0 B 1000 lisboa ttb. S49043/S49739/S48177 ltl~~: 13530 SNfDE P

30 caoomoa terceiro mundo No fundo do poço

Desemprego, inflação e fome, na pior crise económica da história do país

Francisco Viana lBRASIL

período de abertura polirica. O clima A classe trabalhadora em cena economia brasileira. a oitava na época do milagre era outro: destro­ do Ocidente. atrave!\sa a pior çado o movimemo oper.ino, o cres­ O dado novo da crise é que;. com a Acrise da sua hi,tóna Os dados cimento económico impulsionado a abertura políuca. apesar de todas ai. são estarrecedorcs: um milhao de de qualquer preço. gerou uma da., ta1tas suas limitações. a classe· trabalhadora sempregados, innação anual ~uperior de cre,cimento mai, elevadas do escã gradualmente a entrar cm cena. a IOOporcento, 40 milhões de subnu­ mundo e conseguiu apc)IO unânime Este e. sem dúvida. um facto que tndos, 13 milhões de menores aban dos emprcsáno\, du cla~se méchu e preocupa a burguesia nac ional e o donados. desped1mento ... em massa ,e dos 1dcólogos do novo regime. capital transnacional a ela associado. muhiphcando 1ndJscriminudamente Ex1b1am-sc com orgulho as e,tatisll-· Neste, 17 ano, de autoniarismo. a na.s pequena,, méd18l, e grandes em­ ca, para o mundo e anuncia\iam,-.c caracccrhticacentral do regime bra.\l· presa.\, crescimento industrial zero e pam o, jornais :h c1tras do\ 110,·os le1ro1ems1doadc se mostrar liberal no uma divida el\terna que já atinge a investimentos estrangeiros. quocidia campo económico e profundamente a.,1ronom1ca cifra de 60 bihões de namence relac1onaJo, pelos mmiscros autoritáno no campo poht1co Se o dólares -m1usde6triliõe.-.decruzc1- económicos como prova de êxito e de autontarismo for sub 111u1do no ros • tendendo a aumentar progrcs­ credib1hdade campo políuco. como tem stdo. pelo ~ivamcnte O que cst:i a acontecer"? A folênciado modelo inverteu radi-­ liberalismo. a, directrize, adopcadas Há 0110 ano,, no auge do chamado caJmente a sicUllção: ele 1)3!,SOU .i ,cr pelo governo na economia -.erjo, sem milagre económico. quem se atre­ alvo de criticas de codo,. Empre,ã­ du, 1d3 po,t;is à pro, a, part1cular­ vesse a traçar um perfil tuo caóuco da rios . .icla,se média e 'l'Oz.e:,de codo,os mcnte num momento de cri,e. quando economia bra,ilcirn. no mínimo. cai­ partidos. inclusive do próprio go­ a., principa1, forças sociais que na cm del>gmça. Delfim ~eto. con­ verno. chegar.im a um consenso apoiam o governo o cmpresnnado e a destável do regime, eMava muito di,­ quanto., -.uuação cconóm1ca; adJccti­ cla.s..c média - -.e declaram frontal­ tante do papel que repre..cnw hoje. de vem como de~e1arcm - desaqueci­ mente contrária., à sua pohuca eco­ ministro da Fa1enda acossado peln mento, de,uceleraçilo ou qualquer nómica. Quem decifrar cs~ equação inílação, de,emprego e défic1ll. oucro eufemismo - mas. é impossí• tem a chave do futuro . públicos. Era o mago das finan~. o vel ~onder o facco de que o Brru.il todo-podero~ de um regime que aca atrave:..-.a uma :.IIUJÇaO recessiva ou. Re!~rmas de base bara de sufocar u luta annada e repri no minamo. caminha u passos largos mir violentamente a cta,sc operária nessa d1recçiío Entre os poncos de Quem observa a ~ituação brasileiro Sem oposição politica , podia vender concorrência deslta'- 'l'Oz.ei.. panicu­ neste princípio de década, não pode ao mundo a imagem tão propagada de lannente entre os emprc~rios. ha um fugir a tentação de procurardes vendar ilha de t.ranqullidade• , onde abun que merece de!.caque a imPQ,,sib1h­ as ra11ei. da cme A primeira consta­ davam ma1énas-primas e mão-de dade de convivência s1muhâneu com taçao. a mah ~uperficial, é de que o -obra barata a, re,tnçôcs ao creduo e a libcralw1- problema não é no"º· nem entrou em Não havia a., greves que caracten­ çao dos Juros A ,11uaçao chegou a tal cena por um pa.,sc de mágica das zaram os últimos anos, nem a orgam pomo que e ma1s seguro e cómodo oposiçõe!>. Pelo contrano. a cnse zaçáo crescente que tem marcado o especular no mercado financeiro ou vem- ,e desenhando no cenáno brasi­ movimento ,indicai bra\llc1ro nc ... te ,mobiliário uo que produzir. leiro desde os primeiros anos do go-

N.º 37 / Setembro / Outubro de 1981 ~ terceiro mundo 31 veml) Gei,;cl e ·o não explodiu ames cap11.1lb111. Ocon ta o ,cguinte: o g<> porque o grupo dirigente pode csgri vemo controlnvu o inves11mcn10 e mira seu favor o enili\'idnmente e,­ tinhaobJccti\lo social. Havia. é6bv10 temo e algumas grandes obrns pubh ucmprcsacapuabta. musocoman& ca.., que penrulir.im à economia Ct)nll­ em do F\tado. Assun. o i.alário m nuar a girar. produzindo e gar.intmdo nnno ern frequentemente reajusi.1J.1 ruve1:- nunimos de emprego. se bem o g(wemo financiava u conl>truçiio dt que para a ~'l':lllde mas,a o unlcO ca~us com Juros negutivos. o habitot beneficio fo,_se limit.,do .1pena., i!,, çi10 cru barata. embora modeMt ingres!'-0 no mercado formal üe tTabJ­ l'odos podiam ler cusus. Com JK lho. carteira .l!'stnada. d1re1to .io --atâ• situuçao começou u nltcrur-sc: ck ril, nummo. prev1dl1nc1a ,,lCial e itoriu o pms às lntnsnuc,onais e esw FGTS \ Fundo de Garnnua por Tempo vieram com a sua tecnologia e 1101'11 de &n iço que :-ubl;ciruiu .i c,t 1hill­ métodos de investimento O n:suh..do dade do trabalhador). fomm us crise), apesur do grand: :-.um plano m:ú, profunJo, ~n.i desenvolvimento necc.,sario , ohar ao acuado rerumo E foram também as crises que mat­ pnHQ64. quando o pai,. p,:la pri­ carum o governo JK. agravada\ pelO! meira, cz na:.u:i h1,1on.1 , se preparava pesados inveslimenco~com aconstru­ par.i realizar re1orma., que. cfocú, a­ ~·ãode Brasília, que vieram contribu~ mente. mudariam os rumo:. da w,..·,e­ decisirnmente para a eleição de Ján~ dade bra:.ilcira . Eram a.~ chamadas Quadros (seb milhões de votos, . refonn~ de b;be. solução de carácter major votação do história da Repu­ na(10nal e social. que :.e apre$enta· blica), um populista de direita qut \Iam como altemativ:1 para enfrentara wube alvejar com precisão os ponro­ cri~e e,:onomica 81?1'8\i ada de~de o frágeb do Plano de Metas de JK. A go, emo Juscelino Kubibcbeck e que ~tuaçiio no início dor. anos 60 só não ,e aprofundar:! no go, emo Janio era mais grave porque Juscelino nilo Quadro:. e. depob. no Go,emo João uceitou a., imposições das transnaciO' Goul:m. na1se rompeu com o Fundo Moncran~ A reformas de bibe continuam lntemocional que queria impor uma actuais e constituem hoje a altemauva recessão no país. nacional parn a crise - afuma o A-,, exigências do FM I eram as se­ cconomNa Cibihs Viana. chefe da guintes. um Plano de Estabilização it!,sessoriaeconómica de João Goulan Monet.árin. cuJru. cláusulas princ1pall e profe!>,orde Economia da Universi­ eram a fixação de preços não muito dade Federal do Rio Grande do Sul . altos paro o café. na época o pnncip.il As reforma!> de bai;eeram a agrária. • produlo de exportação brnsuelJ'll e o IJJ'bana. un,versitána. bancária. fiscal lançamento. nocâmbiolivre.detoda, e o controlo da ~da de lucros. N~te Clblll1 Viana: as reformas de base con­ ,is impia nacional. na medida em Dizia ele: • Pretcndia-,e pamfüar o que se vinha insinuando desde o go­ que fossem aplicadas, pois balísaria pais - cuja extensão territorial t vemoJK. Tratava-seda reformulação oi; rumos políticos do país no sentido imensa tom1.111do proibitivo o ui.o do sistema de comércio externo. do de uma economia con1rolada pelo Es­ da gasolina. do papel para a lmpren!>l, combate ao abuso do poder econó• Utdo. onde a iniciauva privada teria o do trigo e do~ fertilizante!.•. JK ati l mico. através da chamada lei anti­ seu lugar. ma\ sem nenhuma per.,­ concordava com a hberalização da., -trust, e. num plano intimamente li­ pectiva de executar a experiência importações, Ola!, não admitia o gado à luta contra a inflação, a refor­ centralizadora que se seguiu ao golpe ciimbio especial paro aquele, quauo mulação de todo o sistema de comer­ militar. Cíb1lis Viana encara as re­ itens. Afirmava: - «As consequên­ c1alíz.ação de géneros alirncntfcios Já forma.~de base como a alternativa que cias seriam deso!tLrosas. A lmprensJ naquela época, os economistas com,· ~ colocava em 1964 para enfrentar a deixaria de ser livre. porque se con­ wavam o potencial inflacionário da contradição exisrcnte na época - e verteria em privilégios de grupo& eco­ rede de intermediários que com~ava que pe~1sLC - entre o ei.tágio das nómicos: o povo. já :.ubalimen1ado, a florescer no sector de alimentos. forças produlivas e o seu distancia­ veria o pão desaparccerdu ~ua me,a:c As reformas foram um dos factores mento das estruturas ~ociah. a no!tsa ronceiro ,1gricultura ma~ ron­ decisivos para o golpe de 1964. A sua De 1930 ao governo JusceJino. o ceiro se tomaria. por falta do feruli· aplicação iria ferir grandes interesses Brasil não era um pab marcadamenle uirt1cs que dcsenvolvcsscm o nos,o

32 cac1emos terceiro mundo cnmpo. representado por dois terços do volume demográfico brasileiro•

CapltBlismo ,selva~em•

A intervenção que JK quis evitar continuou a ~crmotivo de hostilidade do FM I após n!>ua:,aída. E agravou-se quando, após a renuncia de Jânio, o vice-presiden te João Goulart subiu ao poder com plano:. para encontrar uma solução nacional para a crise que pri­ ,•ileg1nsse o interesse popular, con­ trariando, obviamente, os interesses da burguesia nacionll.l e transnacional que não viam com simpatia o movi­ mento ~indicai. nem a tendência go­ Yemnmental de reajustar os salários, principalmente o mínimo, com índi• ces proporcionais à inflacção.

Não ío1 por uma simples coinci­ dência que o golpe de Estado se con­ cretizou no exacto momento em que o governo decidiu abrir, concreta­ mente, o caminho em direcção às A reunl6o da refonn~. E não foi também por i.im­ CONCLAT, em ples coincidência que, derrubado o S60 Paulo: a or­ ganl;(aç6o doa governo constilucional, as primeiras trabalhadora, medidas no campo económico gol­ como reaposta • pearam implacavelmente as conquis­ repreuio póa-64 taS sociais dos trabalhadores. Foram governo perdeu totalmente o controle de vida nestes úlumos seis mese~ não soluções ortodo,'{as, típicas do capita­ do ~istema de abastec1men10. Se­ tem poupado nem a cla..-.se média. lismo •Selvagem-: congelamento sa­ gundo, o sis1ern11 financeiro é depen­ obrigada a renunciar a inúmeros bens larial, com a consequente redução do dente do mercado externo e para ga­ de consumo, como novos automóveis poder aquisitivo das classes trabalha­ rantir os seus elevados lucros cobra em cada ano. bebida.~ impor1adas; doras; extinção da estabilidade de ta."

34 cadernos terceiro mundo pnrtc da Africn e dt> Brnsil no cnso da franca expansao no sector de minc­ "São as transnacionais - ob~rva A111éricn I atina. rab Cfbilis Viana - que controlam os lntemamcntc. estn condiçiío :.6 O aprofundamento dcsM: processo preços e determinam a produção das trouxe bc:netlcios pnra o capital finnn­ criou sérias dificuldades para a pe­ empresas bto quando não tentam ce1ro. o grande capital nacional e, queno e média empresa, principal­ boicotar as pequenas e médias empre­ evidentemente, o capital trammacio­ mente para as que vivem em função de sa:;, instalando as suas próprias filiais. nuJ que dirn ns normas dos principais sectores controlados pelo grandecap,­ com incentivo financeiro do governo, ~ectores do industria, com forte pcne­ tal tran~nacional, a exemplo do sector a exemplo do que aconteceu recente­ tn1ção nos serviçoi;, nn ngncultura e automobilístico: mente com o indústria de molas 'She-

O império das transnacionais

As transacionais controlam os principais sec- Iram que a evolução da divida foi a seguinte, nos tores da economia brasileira: últimos 11 anos:

INDÚSTRIA MODERNA 1. automobllistica 98,8% Em mil milhões de dólares: 2. autopeças 63,7% 63,8% 3. bebidas-tabaco 1970 5.2 1974 17,1 1978 43,5 77,9% 4. electrónica 1971 6,6 1975 21, 1 1979 49,4 5 farmacêutica 100, % 9,5 1976 25,9 1980 55,0 75,4% 1972 6. higiéne-llmpeza 1973 12,5 1977 32.0 1981 60.0 7. máquinas-equipamentos 59,4% 8. material de transporte 58,8% 9. plástico-borracha 74,1% INDÚSTRIAS TRADICIONAIS SECTORES SOB CONTROLO DE EMPRESAS NACIONAIS PRIVADAS Sob controlo das transnacionais 1. têxtil 10,6,0 1. construção pesada 81,8% 2. metalúrgica 71,8% Sob controlo de empresas nacionais privadas 3. editorial-gráfica 100, % 1. confecções 95.6% 4. minerais não metálicos 56,7% 2. -móveis 97,2% 5. papel e celulose 79.2% OUTROS SECTORES SECTORES SOB CONTROLO DE EMPRESAS ESTATAIS Sob controlo das transnacionais 1. comércio grossista 50,1 º'o 1. mineração 63,3% 2. distribuição de petróeo 61,2°0 2. química-petroquímica 76,1 °o 3. siderúrgica 62.8% Controlo de empresas nacionais privadas 1. agropecuária 95,3~o DÍVIDA EXTERNA 2. comércio retalhista 87,8% Quando o governo constitucional do presidente 3. publicidade 75,2% João Goulart foi derrubado por um golpe militar 4. revenda de veículos 96, 1 % em 1964, a dívida externa brasileira era de 3 mil 5. supermercados 95,5% milhões de dólares. Hoje, passados 17 anos, o seu valor eleva-se a 60 mil milhões e o pais não Controlo de empresas estatais tem perspectivas de saldar os seus débitos antes 1. serviço de electricidade 70,9% do fim do século, isto se o funcionamento da 2. serviço de transporte 50,3% economia for muito bom, o que é impossível den­ tro do actual modelo. Fonte: Revista Exame. «Melhores e Maiores». Dados do próprio Ministério da Fazenda mos- 1977

N.º 37 / Setembro / Outubro de 1981 cadernos terceiro mundo 35 den· (*), prejudicada pore~se ttpo de ~ci - m1lh(ie de haouantes. fnt-~e mcntoséde,truitln. E tende a diminua pressão armves de super-mercados; hu duas n pn.lduçul1 de fcijuo, bat.1ta, cebot,, décadlll, todo e comCl'C'iO girovn cm etc .. É um fenómeno ugmvado aindi O problema da pequena e media função dos pequenos ctunertios hoJe mais pelo facto da estrutura de prc~ emp~a e angustiante. O seu :igra, a­ 1 condenudos a desaparecer Se nos nao ter nada com Sito Pedro - chuvas . nem com as vocações da. memo tem sido fonte pennunente de cidades cst.t conccntruçao tendeu a tensões mllac1onária..,. Um exemplo tcnu~. mas sim com a estru tura ilc aniquilar o ~-queno e mcd10 empre­ típico e o ca.-.o do sector do aba$teci­ preços do mercado e:-oemo O ~ui). endimento urbano. no cnmpo o pro­ mento produto de toda, éSS11s distorções~, cesSt) rereciu-se com ns mesmas cn­ importaçli<) de nlímcntos. \ eJ11.mosoqueestáu acontecer: nos mc1en,t1cm, e consequénc.ia:;; em Segundo Lessa. essa questão - 111 ano, "!Q houn: uma grande c,,)ncencr..i­ amb1>- Ol> casos o consumidor e que dos problemas mais graves do Bnuil ção do capnal romerc1al agrícola. 3CUN)U por perder octuulmcnte só poderá ~er enf~ seguido de um bom dc,.cmpenho do O que se p,1~,ou? E>.plíca Carlos toda ~e o governo criar stocks regula, capital agrário e o de,en,olvimento Lessa: dores, atmve.., dc uma empresa ~ de granües ronglomer.iJos nacic,nai~ blica, que e.e possa articular com u1111 no ~tor de abru.tec1mento. Em lín~ - '\ pequena e média propriedade rede de pequenos cMabelecimemos, rural reduziu a produçito de nlimcmos da dé.:ada de cm..:iuenta não ha, ta rede neutmlizando a ucção do grunde cup­ i11 1uImra Em alguns c.1sos, e~~c fe­ de :.upcnn~ado, no p;u, em 1970. o tal comcl'C'inl Destafonna,o~queao nómeno conduziu a uma mudança e o médio proprietáno teriam condi, Pão de .-\çucar por e,emplo. que radical nos hábitos alimentares Há ~O ções de adquanros produtos cm igUJ!. nasceu de uma pastel u'ia no elegante ano,, a mandiocn e a fubá (farinha de dadc de condições com os super­ Janhm Paulista. em São Paulo, cres­ milho ou de anoz) faziam pane da -mercados e o poder ~peculntivo doi ceu tanto que se ell.pan'1iu para Lis­ dieta tradicional do norde,tino; agora monopólios tenderia a diminuir. coa boa. Barcelona e Angolu. No Brasil. foi substuuida pela farinha de trigo O a consequente quedu dos preços. esui intimamente ligado ao ~i-..tema ~ertão pernambucano produz espar­ Uma política - especifia financeiro. com amplas conce,-,ões guete! E assim sucessivamente. O Lessa desse g~nero mudaria a pró• capital indu~uial usou o seu poder pria concepção de aliança.\ dentro da no~ centro,- de poder interno e na rede para impedir a e:aes '.\-lendonça•, em Sahador. que industrial pa,sou a ,er tipicamc:nte com n., forças progressista:; no se ntido monopoliza o ab.isteómento e impõe cap11.alista,jáque uma fábricacomo a da democrati7.ação Defender esta 111- preços a uma cidade com mai~ de um Sadia• (alimentos) ou a «Souza temouvn é trabalhar para que umi milhão de hab1tanle!.. Em 1950, era Cruz (cigarros) não pode depender legião de histéricos não vá para 1 de um tipo de produção que possa ,er apenas um armazém; agora joga sozi­ extrema-d1re1ta. destruída - esclarece nha no mercado e não terá concom:n­ Aprofundnndo ainda mais o ~ - E.-.te é um lado do problema - raciocínio. afinna Lessa: tes táo cedo. se o quadro polftico não observa Lessa - A OUlra face é a - Qunnto à estrutura de preço1 mudar. pois comprou todos os terre- . propriedade rural voltada parn os que pasi.a pelo sistema cambial e 1 nos da cidade onde poderiam ser ill.)ta­ centros consumjdores urbanos. comercializaçfio privada ([n~titutodo lados super-mercados de grupos con­ "lesta. o capital comercial Joga com a Açucare do Álcool, ln~tiruto Brn,1 correntes. sua desestabilização pois. assim. leiro do Café. Instituto Baiano do pode filtrar a margem de lucro do Cacau. etc ..) é preciso que seja in­ A era dos supermercados produtor e aumentar os i.eus rendi­ vertida a tendência do fatado. isto e. mentos à custa do consumidor. Ex­ deixar a posição de regulador da co­ emplo: a cebola. Se a produção é alta. Este processo de expansão dos su­ merc ialização. É preci:.o também quf o intennediáno reduz os preços e haja uma refonna cambial que estabc· permercados desenvolveu-se com lança o produtor contra a produção: no leça o monopólio do cámbio na área maior ou menor intensidade, em todo caso ~guinte, a produção cai e aí o oficial. Nada disso é difTcil de põrcm o país. No Rio, 50 por cenro do capital especula o preço com o con­ prática; as dificuldades são todas de abastecimento da cidade. com mais de sumidor Ou seja. no excesso ou na natureza política escassez, os lucros serão altos. Como há instabilidade, a tendência é dimi­ Propriedade SO(;lel nuir a articulação com o capital co­ (º) A unplantação de uma fábrica mercial e aumentar a articulação com uansnacional no ramo ma pra1icarnen1e A questão da penetração das troru· pro~ocar a falência da empresa brasileira, o capital mdu.~trial 11acionaís no Brasil é um problenu o que gerou um prolCSto público do cmpre- - O resultado - prossegue Lessa delicado. Como nestes 17 ano, a in­ 5ário nacionaJ. - é que a pequena produção de ali- ternacionalização só tem avançado.

36 caoemos terceiro mundo Com uma quebra de 63% do sal6rlo mlnlmo, as classes trabalhadoras foram as principais vitimas de um modelo económico eetrutur1lmente desumano

~ reflexo~ negmivos dessa polí11cn trobrás. limitando as suas operações r.lrío, par.i que eles se orgamzem e têm-se tomado cada dia mais ameaça• no campo da pesquisa e pcrfumção. admm 1s1rem as em presas? Esse sector dores para o chnmado \CCtor estntal, Tudo bn.~ado nos preço:. vis que :,e social da economia precisa de surgll". um dos pilares da economia brasi­ pagavam pelo petróleo. Quando os E sei que vai dar certo O governo não leira Este processo, na opinião de árobes resolveram cobmr um preço precisa sequer de assumir o passivo Cibilis Viana. prechasercontido, não renlislá pelo petróleo. o principttl pro­ das empresas como quer fazer com os s6 através do fortalecimento da in­ duto de expor1ação dos seus países. o empresários no caso das empresas dústria nacional, como também pela governo passou a transferir para ele estatais que pretende privatizar. Os criação do sector social da economia. uma culpa que era dos seus 1ecnocra­ próprios t.r"Jbalhadores, todos os gue Diz Cíbilis: las. Agora, fala-se cm privatização recebem salário. vão investir os lu­ da:, empresas estatais . Pnvntizar o cros. fazer obrclli sociais. É essa a - Nestes ano\, a economia tem quê? Empresas falidas que o governo solução que ~e devia adoptar. sido vítima de imprevidências e erros. recuperou com o dinheiro da nação e que agora, depois de tomadas rentá­ Essa sena uma fom,a de romper Ocaso do petróleo é uma prova disso: veb, ,erão devolvidas aos empre:,á­ com a dependêncm do comando das de~lruiu-seocuminhode ferro. deu-~e nos! Isto não é po~sível I Porque não transnacionais e levar o pais a urna toda a prioridade as estradas, entregar. então, es1ru. empresas ao:, posição de autonomia no cenário in-· dcsvinuuram-se a, actividades da Pe- Lrubnlhadorcs. do executivo ao ope- ternacionul. É aí que os pontos de vista

N º 37 /Setembro/ Outubro de 1981 cadotnoe terceiro mundo 37 convere:em: como Lessn, C!bilis soluçf10. ingucm vai acredimr que :i -~e A questão e o sôu custo social: considera que paro :;e percorrer este ,Mercedes Benz• do Brusil ou a que se supere cs1u fuse o custo SOCL novo caminho o que está cm Jogo e Ford• possam ter autonomia em rc­ será elevadíssimo. com milhões 4, mais um:i ,cz :i questiio do poder. lnç:io às suas ~edes alemi\ e norte­ péssous morrendo. milhões de cnll! •americuna: quem mundo nu empresa ças subnutridas que se toma.riio nd~ Económica e tecnoklgtcamcnte, o é n sede. E se tn cr de despedir todo a tos defeituosoi. porque não se alimci pais ttm condições p:im ser indepen­ gente. de.:.pede Assim. nós e que tarnm com:ctamcnte nn inffincia dente lnegnvclmente, o Bra,il remos de re ·oher os nossos problc­ um sacrifício muito grande de tcx.1~,1 de ·envolveu-se e poderia 1er um cu­ mm, cln.,~s sociais. à excepçao dru; tnc minho autónomo. É certo que hoje nucionui~ que, como da vez nntcnu Para Cíbilb, ,1 propriedade social i;omos a 0111na economia do :-.1undo ute tc:riío lucros. Ocidental. mo.sdeque adianta 1sso'!O da ~onomw f:u parte de um caminho Brasil também é uicrunpe.ío do bras1le1ro para cnfrcntar n crbc. t:m oposi\•jo à solução de capituhsmo mundo em futebol. m~ i so n~10 A democraUzação •:,ehagem que o gtm:mo e~tii 11 acre~nt:i um copo de k11e para ~ cn,mps. nem :iumenta mai:. um prnto rentüJ"colocarem prollca, no:, moldes de 1964-C>8 A questiio toda é responder a ci~ de sopa p:u-a o rrnbalhador Quer di­ pergunta que o próprio Cíbili!, toi ier o povo br:t.,ilciro não ganha nada E~1ec.munho nuo hodúvidnque, mula: - Há condições para isw" E( comommH da ~uaeconomia. Déntro mah <'edo ou mais turde, v:ii resolvera mesmo responde· Tudo vui depcr de ,e conte,to. chee:o à conclusão de crise porque o pais eMU a crescer, :1s der do processo de democruli,açi; que dentro do qundro :icrual não h:i fronteira:. agrícolas es1íio a e~pand1r- Dt:s~c processo dcpénde. no m

Desemprego: reflexos do modelo

O desemprego atinge no Brasíl proporções milhões - 57% - recebiam no máximo até dei! alarmantes Só nas grandes cidades a salários minimos. Quer dizer: mesmo que o salá­ mão-de-obra desocupada é superior a um milhão rio mínimo fosse equivalente a dois minlmos ac de pessoas numero que tende a aumentar gra­ tuais, a força de trabalho subempregada sem dualmente, caso persista a actual política reces­ imensa. na medida em que, mesmo duplicado. i siva do governo. mínimo não seria uma remuneração suficien~ Ao desemprego somam-se também os baixos para atender as necessidades de lazer, habila­ níveis salariais. Aliás, este é um dos aspectos ção, transporte, saúde e alimentação do traba­ mais importantes a destacar no cenário brasi­ lhador leiro, segundo o IBASE (Instituto Brasileiro de A questão do desemprego, do subempregoE Pesquisas Sociais e Económicas). Num dossier da baixa remuneração não é novidade no BraSI que elaborou sobre o desemprego, o Instituto O dado novo é que com a crise económica qUt chama a atenção para o problema da queda do vem-se agravando desde 1975, este facto foi-si rendimento, salientando que «num país desen­ tomando mais ostensivo, atingindo, indistinla· volvido a relação entre o salário mínimo e a remu­ mente, todas as camadas da população, inclusiv; neração de um executivo de alto nível está na as classes médias, antes grandes beneficiárias ordem de 1 para 7. No Brasil, a relação entre o do modelo. Já em 1977. cerca de 15% da forçade salário mínimo e o salário de um gerente de trabalho estava subempregada, isto é, estava, processamento de dados era, em Fevereiro de trabalhar menos de 40 horas semanais, embala 81, de 1 para 70. pudesse ou quisesse fazê-lo em regime de temp: - Estas desigualdades - diz o documento do integral. Se incluíssemos as pessoas emprega IBASE - são constatadas em todos os níveis: das que recebiam abaixo do salário mínimo v regional, sectorial, funcional e pessoal. No caso gente ou apenas habitação, alimentação, trans­ da distribuição pessoal do rendimento, por ex­ porte e vestuário à guisa de remuneração, 1 emplo, em 1976 os 50% mais pobres da popula­ estimativa de subemprego poderia atingir mal! ção detinham apenas 13,5 % do rendimento, en­ de 30 o/o da força de trabalho. quanto que os 1 % mais ricos detinham 17,5%. O baixo custo da mão-de-obra foi sempre ur­ Dos 44 milhões de pessoas empregadas em dos motivos preferidos da propaganda oficia 1979. ainda de acordo com o !BASE, cerca de 25 para atrair investimentos transnacionais para o

38 cadernos terceiro mundo mento. a soluc;uo dos três ouu'Os gran­ diflcil Bé-a porque ueconomiu brusi­ empre\ários eu cla.,,c média e~tavam de~ problemus que se 1,om11rn udomi­ lciru move-se no terreno da ficção . compromcudoi. com o golpe e rc­ m1çno do ecomoniu J><:las tron~nncio Por decreto. a dívida externa pode ser i.ignarum ,e a dar a sua cora de sacri­ nob:othcul, o financeirocoagrícola. numentudu ou reduzida O mesmo flc10 Nuopinhiode Carlos Lcssn. a questão ocom: com n r11ceitu da União. Assim. Há também um outro dado novo: a pollticn é colocada em jogo em qual­ a ficç:10 chega u um ponto cm que ~e claslie 1rabalh,1dora começa a vohar a quer intervenção pelo volume de inte­ perde o bu~e produtivo das relaçõ~ cena política, organiza-,ee reivindíca resses que us rcfomias envolvem. económicas uma participação. Não há ainda or­ Cita um c~emplo: Nu avaliação de Cibilh. o que en­ ganização l>Uficientc para equilibrar u correlação de forças. mas o rcs,urg1- Uma refom111 linanceiru e uma re­ trnva o proce:.so no rumo das trans­ fonnaçoes ,ocin1s profundas é o:ipoio men10 do movimento popular - fonnn liscul teriam que ter a implaca­ como admire o próprio Cibílis -está bifülodc que tem a tributução norte­ internacional que o governo ainda possui u sua pol11ica. a -;er dcci~ivo para impedir que o -americana. Tecnicamente, não é di­ governo e ai. transnacionais ponham fk1l desmontur o custeio du cnnu.<., cm Diz ele: "Não tosse csloc apoio e cm prática o remédio que com,1deram que se cransfonnou a economia bras1 o governo não teria resis11do porque mais eficaz para superar a crise: a leim. B~tu imroduzir o princípio do agora al, soluções aplicadus a crise rccess;io agravada, e, com o desem­ risco. E isto nudu tem de rcvolucioná­ económica de 64-68 já não conta com prego cm mà.\~a. a fnlénciil da., pe~ no. Pelo conmírio· é o que há de mais o upo10 social du classe média, nem quenas e médias empresa,. congela­ conservador, são i:onceitos do século com grunJc parte do l!mpr.:sariado mento salarial e a repressão Jo mo\'i XIX :-.k~mo u,sun. poli11camcn1e é "luquch1 epoca, era d1len:ntc. O, mcntu popular. -

pais. Embora a propaganda tenha surtido efeito, das pelo Estado. realizam grandes investimen­ o governo não conseguiu, mesmo assim, resolver tos, acumulando lucros e desenvolvendo activi­ sequer o problema do ingresso no mercado for­ dades de tal magnitude que colocam o Brasil mal de trabalho para as grandes massas da ci­ como grande potência mundial. A outra conclu­ dade e do campo. E mesmo que o crescimento são afirma que a massa de assalariados apenas demográfico continuasse a perder o seu ímpeto, sobrevive em condições de miséria. pobreza, de­ como ocorreu nos últimos anos, a economia bra­ semprego migrações forçadas e privações de sileira precisaria gerar quase 1 ,5 milhões de em­ toda ordem que mesmo os dados oficiais não pregos anuais durante a próxima década, apenas conseguem esconder. para atender à procura gerada pelo aumento As esperanças de mudança deste quadro vegetativo da população, sem reduzir as taxas estão intimamente ligadas ao ressurgimento do actuais de desemprego e subemprego. movimento sindical. O próprio !BASE admite que. Teoricamente, sustenta o IBASE, o Brasil po­ apesar da debilidade do movimento sindical, deria ter uma economia baseada no pleno em­ submetido à tutela do Estado e a pressões eco­ prego. Mas só teoricamente. Explica o IBASE: nómicas e politicas de todo o tipo - Lei de Greve, •os interesses reais do tipo de desenvolvimento Lei de Segurança Nacional. etc... -. «existem que orienta as relações entre o capital e o traba­ Indicações concretas que este quadro se·ã modi­ lho não têm o pleno emprego como objectivo ficado drasticamente num futuro próximo, em concreto. A lógica não se aplica no sentido do consequência do despertar dos sectores sindi­ pleno emprego, mas da maximização dos lucros cais mais combativos que lideraram as greves de ~da realização intensiva do capital. Esta raciona­ 1978 a 1980, particularmente em São Paulo». lidade dita económica tem sido chamada de mo­ Cita como expressivo o facto do governo, com o dernização, à qual se atribui a qualidade dos apoio de sectores empresariais, estudar a refor­ fenómenos naturais, inevitáveis e inerentes ao mulação da Consolidação das Leis do Trabalho­ conceíto de desenvolvimento• CLT -, que não garante, no sistema actual, ne­ Na sua pesquisa sobre desemprego, o IBASE nhuma segurança ao trabalhador e dá plenos chega a duas conclusões, a partir da análise dos poderes de demissão e admissão aos patrões, d_ados sobre desemprego e subemprego no Bra­ transformando-se assim num forte instrumento sil, mais as informações sobre salários, rotativi­ de pressão contra os empregados. Principal­ dade e horas trabalhadas. mente num momento de crise como o actual, A primeira. as grandes empresas transnacio­ onde. mesmo as empresas estatais, têm vindo a nais e nacionais privadas, subsidiadas e apoia- desempregar em massa.

N.º 37 / Setembro / Outubro de 1981 Cadernos terceiro mundo 39 Francisco Julião: «Meninos, eu vi!»

Antes de dehnr o Recife. para conhecer o dtL'i i,empre insncilheis das fábricas. Mas enquanto t?'1lio, longo e fecundo. eu la. umn \ICZ por a cano tombava gt>rda de sacarose, os camponeses outro, ao cemitério de Santo Amaro ossistir u este que II cortavam durnnte 15 t1 20 anos, trabalhando espectaculo mocubro: o enterro na"ª'º comum de desde ilS 4 horas dn madr ugada, caíam exaustos e dezt'nas de cuda\leres bumnnos (humuno.,'!), reco­ fümintos, com o couro ogurrado aos ossos, como os ibidos pelo!> carros dn Snntu Cnsa dos ho!>pltni . prisioneiros dos campos de concentração de Hitler. Eram os camponeses que 1omhan1m como o cana. Fosse como fo se, essa gente ,•lvera (vivera?) nque. ceifuda pela:. foices âgeh paro nlimenrnr lh moen- les 30 anos cantados em poema famoso por João Cnbrnl de Melo Neto. Vierum as Ligas com o seu grito de espanto e das suas entranhas nasce o Sindicato. O cortador de cana jaí não é tão miserá· ,el, apesar de conímado em senzalas que afloram como cogumelos ao redor das cidades nordestinas. É uma mercadoria barata porque sobra, o bóia, -rrla. Tem uma reforma, se chega aos 65 anos. Quem chega? Multo poucos. A grande maioria é tragada pela íome, a tuberculose, a malária. Mas já não falta uma flor na sua tumba. Pelo meno . Agora, de \IOlta do exílio, vejo outro espectáculo mais terrível. É o das crianças de zero a um ano, a dois, a três e a mais, que desfilam pelo necrotério em caixinhas desconjuntadas, descansando nos braços esquálidos de mães e pais .sem lágrimas nem esperança. Porquê? Porque sem autópsia 11íio hé atestado de óbito e sem este ninguém pode ser enterrado. Um homem rude e silencioso, de bisturi entre os dedos, vai abr indo cadáveres mirrados, começando da virilha para a garganta, enquanto com a outra extrai os intestinos que o médico olhe entre bocejos de indüerença, já que está habituado a este espectáculo que revolta e «gente bem• quando o vê em rotos coloridas tiradas no Biafra ou Bangladesh. Sabeis, compatriotas, o que há dentro desses intestinos exibidos à luz crua do anfiteatro? Vento. vento e mais onda. É o sinal de que a crienÇI morreu de fome. Não há uma gota de fezes naque· las tripinhas mirradas. Então já não podemos falar nos 25 milhões de crianças com carências alimenta­ res, nem dos 10 milhões com problemas mentais. t que onde há carência, há alguma coisa errada. No necrotério público do Recife e de todas ns outras capitais do Nordeste, o ítlho da gente pobre só exibe vento, vento, vento, na autópsia. O atestado fala de carência quando devia falar de fome. Eu digo como o poeta dos Timblras: «Meninos, eu vi!• Duvidais? Ide ao Nordeste. Ide pelo Brasil, um Nordeste sem limites, que já perdeu a crença no milagre do Com dois anos e meio de Ida~, pesando 4,IS0 kc, esta mtolna Delfim, mas continua agarrado ao do Padre Ci· rin ouma rnbt.rá•el palafita no balrro Ali.lo da Guarda, o• cero. pertreria dr Sio Luís. Deveria pesar c:trca de 11 ka. Ca11511: rome. Como ficar indiferente a isto e não exigir uma (Fotografia do médico Sebastlio Saraiva, dt São Luís, Mara­ nhão) imediata transformação desta trágico realidade?

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O povo do Rio de Janeiro está a organizar-se para governar a cidade. A sua vitória depende da abertura democrátíca

BRASIL

poder da rua está nascendo. nos, como por exemplo, a defesa Rio. O seu custo já ultrapassa mais São as associações de bairro dos moradores atingidos pelas obras de 2 biliões de dólares (cerca de 200 Oque nos últimos quatro anos do metropolitano, que rasgou o Rio biliões de cruzeiros), e a obra que se se têm multiplicado no Rio de Ja­ em 37 quilómetros, paralisando o arrasta há 11 anos está longe de ficar neiro, influenciando directa ou indi­ comércio e transtornando a vida em concluída. rtctamente cerca de três milhões de bairros com mais de dois milhões de Outro exemplo: a auto-estrada pessoas, a metade da população da habitantes, no seu conjunto. Lagoa-Barra (ambas são zonas de cidade Ne~te número não C!>tá in­ O passo seguinte foi estender a aho poder aquisitivo) construída cluída parte da população influên­ sua influência a problemas conside­ contra a vontade da população para ciada por outro movimento Slluado rados básicos paro a melhoria do favorecer a indústria imobiliária que no Grande Rio, onde se desenvolve nível de vida do população carioca: a fez altos investimentos na Borra da um poderoso trabalho da Associa­ ai,sistêncin médico. bastante precá­ Tij\Jca e ainda não conseguiu vender ção de Amigos de Nova Iguaçu - ria, o transporte, cujos preços con­ a grande maioria dos apartamentos; AMABE - apoiado pela Igreja. somem mais de 30 por cento do entre ou1ros problemas, devido à Nova Iguaçu, com 1,5 milhão de salário do trabalhador: a habitação, falta de transporte e djfjculdades de habitantes, tomou-se intcmnc,o­ cuja elevação dos alugueres ameaça acesso dos automóveis. De outro nalmente conhecida como o lugar de despejo a população de todos os lado, es1â a questão económica, a mílJS violento do mundo, campo de conjun1os financiados pelo Banco necessidade de enfrentar colechva­ acção do temido , Esquadrão da Nacional da Habitação (BNH) no men1e a pressão inflacionária. Mone•, e, também, pelas condições Rio; e a alimentação. cujos preços, Explica o presidente da Federa­ de mi~ria e abandono em que vive o manipulado~ pelas grandes cadei(ls ção d~ Associações de Bairro do povo, que não dispõe sequer de l>Cr­ de supem1ercados. tomum-se cada Rio de Janeiro (Famerj) -, Jõ Re­ viços de saúde pública, nem de sa­ vez mais inaces~ívei~ ao trabalha­ sende: neamento básico. dor, e inclusive. a classe média foi - Os problemas económicos são As associações começaram a nas­ obrigada a reduzir pr.íticamente a sentidos muito directamente dentro cer após os primeros sinaii. de des­ zero todos os gastos com bens não do movimento popular. É diferente compreensão política, a pll{t1r de essenciais. do caso dos economistas que vêem a reuniões de pequenos grupos-de mo­ situação numa perspectiva global. O radores. Problemas na carne resultado é que a população. no seu Reílectiam. ames de mais nada, o dia a dia de convivência nas associa­ dcseJo popular de exercer a sua in­ A rápida e:\pansão do movimento ções. vai descobrindo que os seus íluência no planeamento da cidade, de as!>ociações de bairro pode ter problemas estiio intimamente liga­ monopolizado durante todos esses uma dupla explicação: de um lado, dos à situação política do pais, à anos de autoritarismo pelos tecno­ está o questão política propriamente forma como a economia está sendo cratas, que só não conseguiram des­ dha, consequência do desejo da po-· dirigida. figurar completamente a cidade com pulação no sentido de decidir sobre a Assim, o morador. seja da peri­ o~ rieus planos visionários. feitos em sua própria vida. escapando à tutela feria ou da Zona Sul, onde os salá­ gabinetes, devido à falta de verbas. dos burocratas e dos tecnocratas que rios são altos e o nível de vida é E~ associações nasceram voltadas fozem e desfazem planos e têm di­ bom, vai tendo a sua aprendizagem na sua primeira fase quase que ex­ lapidado grande volume de verbas, prática. Começa a descobrir que o clusivamente parn problemas urba- como foi o caso do metropolitano do seu aluguer está muito caro, mas que

N.º 37 / Setembro / Outubro de 1981 cedemõs terceiro mundo 41 a culp3 é d3 pohtica go,emamental principal J Companhia ~lun1c1pal tle !ada por quilómetro, u popul que não detém o monstro da mth­ Transponc:. Colec11110:, (CTC) H,1 pobre, que moro nu perifcriu, p ção. Ele ,·a, ao ~upermen:ado. des­ cinco ano:., n empre~a e,tava n ser cada vct mais curo pelo transpor cobre que os preços Cl,tão altos e. dimen,1~\nada p:t.ra as,um,r gra enquanto o morudor da Zona gradualmente. , .u pen:ebendo que Jualmente o i:ontrolo da m:uona das que vive ma,-. próximo do Centro eu:.tem do,~ prejuuu:ndo:. nil hi:.lÓ· linha:, tle truni-pones colccuvos • a onde fica u nuuor concentração ria ele proprio. que paga cams1mo fim de gnr.umr a mtegruçno com o empregos da cidade - paga i.. pelo alimento. e o pequeno produ­ metro. o ,i!>ICma de blrCa, e u n:de p.1..,,agem bem mais barata. tor. que recebe preço, bal\h,1mo:, fcrrO\ i.ana OcotTCu Ju,tamente o pela )Un men:ador1.1. Por c,cmplo. m, erso· ..1 empresa foi desmcm na zonu de produção. um quilo de brada. perdeu o controlo de alguma, SodallLUçào do, pr~j u1 zo!> cenoura era "end1do em Ago,10 por da:. ,ua, hnha\ m:us n:nt.\\c.-1, e, 10 cruzeiro, e re,endido. logo u aioru. começ,1 a demitir tum:,onti­ No sector da hub11ação, a situilSl ,egwr. por 60 ou 70 cruzeiro, rio:.. náo muda E as a ,oc1ações c,b Quem lucra com i"o~ Para o, pro,imo, três ano,, a Fa­ lutar em dua'> frente~: a pnrnt - E,1e problema - :itirma Jõ melJ. que reune cerc.1 de 60 ,1'socia­ mais 1mcd1ata. é para 1mped1rquc Resende - tem le, ado J popula~ão çôe:, de bairro, tem plano, paro de­ reuju:.te, dos chumudos conJun a retlectir muito O go,e no não ,cn,·ohcr o seu tr-.ibalho em três hnb11ac1ona1, seJam fenos a nl\ e,ercc nenhum controlo ,obre o me­ tn:ntc, • saude. trunsponc e hab11a­ elevados. como m:onteccu ,tgora cani)mo da «onomi11 . .A1 entra uma ção 72,8 por cento. Fora do .ilcancc contrad1.;áll muno gr.111de: a, em­ A educaçao tumbém c .:i,n,ide­ mutuario,. o uumcn10 teve con;e prc:.as dam:im .. onrrJ a c,ce,,,, a r;;da 1mponan1e. ma~. por enquanto, quénc1as -.ocia" das mais ncgau1 parnc,p:iç o do btaJo n.1 ccono­ hcará n:leg:id:l u uma ,cguntla e1apa amca~a de de-.peJO em todos 0) e. m1a. m3s na reahduae e)ta mten.en­ porque a Fcderaçao con,itler.i que o juntos habitacionais do Rio. A Ft ção não existe Sectores bá~1co, nivel tle organização das a:.socia• merj tem discutido o assunto coe como ahmentaçoo habi ao e ções ainda é pequeno para garantir BNH. ma-. nãocon-.eguiudemo1'C! tran,pone ,ão o, que propon::1onam uma mob1lizaçáo efectiva. capaci­ banco para ace11ar a sua ,ugeswo maiores lucros. em detrimento da tada para cnfreniar o problema. fixar aumentos proporcionais a~ população. Saúde pública. habitação e tran,­ pacidadc de pagamento dos co pone nen:cen1o pnoridatle por uma pradore, A ongem de:,UI di,torçao e,t.ã no moll\o. 11x..1m ma1:. a populaçúo no abandono a que foi relegado durante 1.1uotidiano e qualquer melhoria nes A ,e~unda frente de luin é · ª" última.., década~ o tran,pone fer­ tes tre secton:, repercune,,e ime alcançar um obJectivo ma" amplo ro, iário "uburbano que. ~JC. po­ Jiatamente na qualidade de 111da. cxclu ao das companhias pri1 .. deria ,erv1r dot!> milhõe:. de pe:.soa, Além d")(), são :.ec1ores ondeº" do siMema financeiro de habitaç .. e não apenas 700 mil - a ,ua capa­ problemas só :.e têm multiplicado: A-. associações de bairro quetti cidade actual Alem d1s)(), o go­ todos tré) sofrem grande ingerência que o 8:-lH pa-.,e a ser um banco ,;emo e,t1mulou a, hnha:, de tram,­ da miciativa privuda e transforma­ pnme,ra linha, financiando d1m ponc-. colectho:. que correm parale­ ram-i,e em ponto, chave, para a prá- 1amente os imóvel\, -.em a angcréi lamente à., linha!> da rede ferroviária 1ica de um capitah-.mo ,cm risco, cio de m1ermcJ1anos que aplacam e nunca se preocupou em eM:rcer um c1ll'llc1eri,1ica marc,nte do modelo recur-os do FGTS, onde dá m.. controlo do:. preço~. atravé) da fixa­ económico brasileiro O problema lucro. ,cm qualquer preocupaçi ção de uma tarifa !>OCial. Falou-i;e de do 1ranspone é hem típico: do, seis -.ociul tarifa única. mas não há nenhuma milhõe:. Je hab11antes do Rio. ape­ Ou ,cja. os recur,os ~ão aphcalb definição, nem propo!>tas que pos­ nas cerca de 900 mil podem d,-.por para financiar casa!> para a clól.11 sam evidenciar qualquer benefício - porque é esta a capacidade - de médrn e alia. às veze:. anificitl­ para a população. um transpone estatal mais bara10 o mcnte como ocorreu há p01K - Não é apena, a população que metr0. a:, barca-. Rio-Niterói (na tempo: centena., de apartamcn• sofre com a falta do controlo estatal margem opo-.ta da Bafa da Guana­ e-.tão prontos mas vazios por falta de Os motoris1ru. e cobradores também bara, no Rio de Janeiro) e os com­ compmdores. cm detrimento ti são multo explorado~: tr.lbalham em boio:, suburbanos O restanle da po­ habituçao popular con!>tru1da gerl>j condições muito precánas, ~o pulação é obrigJda a andar de auto­ mente com material de qualidlal obrigados .. faz.cr um numero ex­ carro, ..ector controlado pela 101c1a- mfcnor com pouco C!.paço e seM ce:.sivo de hor~ extras e, normaJ­ 1iva privada, onde todos os aumen­ conforto dos grandes prédios a menle, têm os seus direitos laborab tos de combuMível, salário dopes­ cla~-.c mfdia e aha, financ1adosco desrespe11ados - afirma Jó Re­ soal e manutençao, ~ão ,mediata­ dinheiro dos trabalhadorc\ e onde !>ende. mente transferidos para a popula­ requ1n1e e a marca caracterisuc. No Rio, a estr.itégia para rc!.trin­ ção com vastos salões, pi\Cinas, op.il gir a presença do Es1.ado no sector O resultado não podia ser mais rnmento-, amplo\, m1crfone, m; dos transporte!> tem tido como alvo desastro,o. Como a tarifa é calcu- more~. elevadorc~ e outrth luxo!

42 cademOS terceiro mundo -O contacto quo11diano com tab problemas faz com que se pergunte: o que está a acontecer no Brasil'? Que tipo de capitalismo é este? Qual o risco que corre o capitalista? Qual / é o risco de um grande empre:,ário se o mesmo não aplica o seu própno capital para com,tru1r? Quem faz toda!> estas interroga­ ~ é Jó Resende. E explica. - Uma das carncteríslicas do A Federaçlo d111 cap1llllismo é esta. o lucro deve ser Assoclaç6es de proporcional ao risco. No Bra~il, Favelas - Rio de ocorre o inverso· é o capitalismo Janeiro moblll:i:a-sa em tomo do sem risco. O governo conccntrl'I os problama da lucros mas socializa os prejuizoi.. habltaçlo. J6 Tudo é feito com o dinheiro da pou­ Ruande (à direita), presidente da pança popular. mru; o Lrabalhador Federaçlo das n~o tem nenhum controlo i.obrc o Asaocl11ç6es de seu dinheiro. E é esse din heiro que Moradores da capita! financia os prej ufao:, Por exemplo, brasileira 43 N.º 37 / Setembro/ Outubro de 1981 cec1emoe terceiro mundo o capnalistn solicita um empréstimo da cidude, nem muims dus ~uu~ rct desde n construçúo de hub1tnçõc$ I dando como garantia o apactamento. vmdicnções estnnnm ,\ liCr resolvi­ nssistencio médico-sanitária. Na hora de pagar. pnga com o apar­ da:, embora de fonnu pnrcial ou com Já em 1977, quando o movlmem tamento que a Cab.a Económica, muito lentidão. eru 11inda embrion6rio. uma das fa mrus tarde, voltn a devolver-lhe veln~ mais povoadas consegu11 atra,cs de novo financiamento É Boleote frustrar os planos da Prefeitura q111 um circulo \itcíoso doentio quenn vender oi. terrenos da dila Jô Resende salienta que no sector Nestes qua1ro unos as associações úrea. umo dns mais valorizndns d, da satide pubhca se utihz.. mecu­ cresceram muito. Dai. :w n~sociu­ Rio Houve nté uma tcntaltvn d! nísmo ,emclhante ao sistema de çoe:, p1one1ras que cn.1rum u Famcrj de:;nlojur J 1 fomíhns , sob o pre1m1 habitação; os eus organismos süo <: comcçnram a orgnnunr o movi­ de perigo de desmoronnmenco. 01 gmnJes posto:, de tnagem que tran:-­ mento de bauros. e:\Í<.tem hoje muis moradores descobriram que cr, ferem clientes para a 1mdauva pri­ Je 120, com penetmção na cid,1de, menllrn. organizaram-se e impedi­ ,ada, pagando todo~o~ medicamen­ na periferia e no interior do fütndo ram o despejo. to:,. diari~. mcdit."O,, qunndo o mai~ do Rio de Janell'O. pnnc,palmcntc Em diversos bairros da cidade a, prático seria a intel'\.enção direct.1, nai. zona!. mtus pobres e carentes. nssociaçõe~ vúo conquistando esp. utilizando o s1,1enm cstaUIJ pro· A C:\pansúo do movimento, ape­ ços e vencendo obstáculos: medid11 priamente dito. parJ controlar II especulação 1mob1, Enquanto se acumulam delic1ên­ :,ar da, dificuldades. foi acompa­ nhada por ê\ito~ sucei,sivos, refor­ liária, novw, área:, de recre10, co, c1.1.> na pre, 1dc:ocia social, ,erbas opera1ivas de alimentos. com com­ que poderiam :.er aplicadas para me­ çado~ p,!lo movimento de favelados que :;e desenvolve paralelamente e pra directa aos produtores do intr, lhorar o sistema são desviad.ls para nor do Estado. proJectos taa:, como o programa nu­ congrega cerca de um milhão e meio clear - dispensável na actuaJ con­ de habitantes, isto é, um terço da população carioca. O movimento E as iniciativas não se linútam. Juntura em que vive o pais isso As associaçõe! Enfrentar e resolver problemas de dos ravelado~ é singular: neste mo­ mento, o seu obJectivo é atru.ir a transfom1aram-~e em verdadeiros tal magnitude não ~ tarefo fácil. centros de exercício da democrac11 Princip:tlmente para um poder nas­ atenção da sociedade para os pro­ blemas básicos das comunidades, directa particularmente pelo seu tl­ cente que ainda não se organizou o rácter pluralista, onde iodo& 1!cr suficiente, que ainda lnl\'a as suas como saneamento. instalação de água. luz, segurança e educação voz, e todos os ru;suntos são ampl•· primeu·as lutas e enfrenta dificulda­ mente discutidos, sem interferéncu des de toda a ordem. É verdade que o Al~m disso. lutam pela posse das de grupos. nem manobras política1 pequeno espaço políuco que a aber­ terras ocupadai., pnncipalmente nas Ê claro que essn prálica não de­ tura perrrutíu deu às associações um favelas da 2.ona SuJ. onde a especu­ corre com facilidade. As 1en1a111ai campo importante de manobra. Não lação imobiliána é uma ameaça fre­ de man1puJação das associações poi fosse isso, o BN"H não se di!>poria a quente para a população que vive parte do governo do estado 1cm-St discutir a que:.tão dos aumentos das nos morros Um pormenor: nes1es muJ1iplicado de há dois anos pan mensalidades dos conjuntos habica­ tllumos anos. os favelados conse­ cá, pretendendo impôr esta1u10~ an­ cionws, a Prcfe11ura não convidaria guiram anicular-se com sindicatos tidemocráticos e condicionando a Famerj para disculir o destino dos de engenheiros. arquitectos e médi­ qualquer iniciativa do governo ao terrenos do metropolitano, vitais cos para a execução de um trabalho apoio desta ou daquela candida1un para a melhoria da qualidade de vida de assistência directa, envolvendo oficial.

rua. Foi um sucesso e serviu para estlmularo aparecimento de outras Iniciativas do mesmo A alma do título tipo. O nome da ALMA {Associação dos Mora· dores da Lauro MOller e Adjacentes), sintetiza bem o espírito do trabalho. ALMA não tem um «O poder da rua» não é um título original. sentido religioso nem transcendental. Palo Ele pertence a Pedro Porfírlo, jornalista, tea­ contrário, é algo multo concreto, já revelado trólogo e militante Incansável de Ideias con­ por um velho slogan: «A união faz a força•. troversas, mas de profundo sentido social. A Essa redescoberta está no livro de Porflrlo, descoberta do título deu-se na sua experiên­ editado este ano. E os seus três últimos pa· cia comunitária na rua Lauro Müller no bairro rágrafos dão uma boa Ideia do que ele entende de Botafogo, no Rio de Janeiro: na autogestão por Isso: do edifício em que morava e depois de toda a «É Importante considerar que um poder

44 cedemos terceiro mundo Controlo dos preço• e dl•tribulçlo menos ln1utta do Rendimento, relvlndlcaçõee do llovlmtoto Contra • C1re1t11

Paru citar um c,1so concreto, de­ Além das 1en1111 iva, de manipula­ térios apresentados lcrminaJa associação chegou a ,cr ção, a, as,oc1ações enfrentam ainda Nada ma,s irreal: os projectoi, não d11solvida e foi rcconst11uida nos o boicote oficial. Recentemente, o podem ser Vl\tO<; pelas ru.soc,açõcs molde~ antigos. E uma das ~soc1a­ prcfe110 da cidade, num debate. porque, quando 1s-;o acontecer, o da, afim1a: negou-\e a írnnqueur o acesso das poder da, 1mob1hanas de.sapare­ - A a11sociação tem que i,er uma ai.soc1açõcs ao~ projcctos. assun cerá. as verbas deixarao de ser de1,­ COl'a aberta, democrática, onde tos de técnicos são para técnicos perd1çadas em obr.is desnecessárias todos participem. ~ão pode erv1r Os moradores. no má'\imo. podiam e estará efectivamente aberto o ca­ grupo, nem partidos pohticos. opinar, ma., a decisão final caberia minho para que o poder da rua go­ Toda:. as pesso.1s -.énas ei.tão cons­ sempre a Prefeitur:1. sem que a po verne a cidade cientes disso. É nisso que está u pulnção u vesse acesso u documcn­ É por isso que o governo do es­ OO\,a força. toi. q ue permitissem conhecer os cri- tado ena obstáculos. Informações, local é extremamente emplrlco. Sabemos plexo de Interesses económicos que age Im­ • disso e sabemos também que uma rua não punemente contra a população. tem mais força em matéria de hábitos e cos­ Se cada comunidade assumir a sua força e tumes do que a cidade e o pais onde se loca­ explorar o seu próprio espaço organizando­ llta. Mas sabemos também que se aprende a -se para a autodefesa, não haverá ninguém fazer, fazendo. Não pretendemos ser uma capaz de Impedir as conquistas da população comunldad,-modelo, mesmo porque no de melhores condições de vida. nosso Interior ainda hé muitos Indiferentes. Este é o sentido da ALMA. Esta é a sua Não queremos ensinar nada a ninguém. E se palavra. A sua experiência e a sua mística quiséssemos, poucos estão a querer ouvir. certamente se fundirão no conjunto do movi­ Mas estamos convencidos de que cada acon­ mento de comunidades. E dele tirará lições tecimento entre nós terá repercussões sobre para a formação de um autêntico poder da a vida urbana, vida dominada por um com- rua.•

Nº 37 / Setembro / Outubro de 1981 cedomoe terceiro mundo 45 mesmo .1s mais elcmcntare~. sào ne­ rccep\·fm cr:1 culp;1 e,clus1Yt1 dó, ~6 n.10 pnmu porque o governo ícck, • gadas: dccisõe!> são tomadas sem mi:dkos e nao dó si,tcn111 como um mi a financio. consuh:is e e,pericncias de as d1s­ todo. onde u~ condiçóe.s de suude Nu vida do carioc11. tl poder du ni. cus~ões têm sempre o objectivo de ,ão prec,1rins de, ido :i precaricJnde não signitlca apenas a per$pec111 legitimar (ou tentnr legitimar) uma das condiçõe de vida de umu maior participação na~§ posição oficial JÓ definida. Foi o lha dos destino~ da cidade, viuma \1füla e cedo para uma uv.iliaçüo caso do u,o dos terreno do metro­ c:.peculaçúo ímobiliána dcs prec1~n da int1uência das u:-.sociu­ politano. onde os moradores pude­ freada. As associações estão a ram dar opiniões, m~ a Prcfcirur.1 çóe~ de bairro no campo pohtico e tribuir tumoom para quebrar o l\11 dec1d1u sozinha mlmin1,trotl\o do Rio de Janeiro lamento e a solidão. problema, gn Por enquanto. o que se pode uvnlia.r ve.., numa cidade grande. e têm IOf com prccbão t! o ,cu potencinl. mo­ Ahás. quand() os debates se i01- nado us pessous mais rcccp11v:11 rndores de algun~ bairros da c1dllde. c1aram. o projec10. que os morndo­ mais aberta~ E~le ano, pratti nb condenar:un. Ja e'!a,a pronto uvernm condições de rupidn mobili­ mente todas as festas da c1dodc t parn eh1b(,rnr projec10:.. u para garaniir a htk:r1.1ção dos limne~ iação com Junho. foram promovidads pelasa; paruc1pa,ao de engenheiros e arqui, de altura da~ con:-truçõe~ Os mora­ soc1ações; festas. exibição de li' tectos do, ba1rrtl!>, u fim de apn:i.en­ do~ querem os len-en. mas o go­ e diana da cidade. numa iniciut1vad. \'emo do estado Já decidiu , ai c.l~ condições de vida local Claro ;1ssocinções que a, suas propot.ta~ não foram vendê-los à inic1at1, a pm uda em­ - Agora - diz uma das assoe~ bora tenham sido de,apropnados atenc.lida:.. das de um movimento em reCOMb: j para fins de utilidade publica. tu1ção localizado na Zona Sul - Quando houver democracia e as falamos com o.s vizinhos, convtr regra., do Jogo mudarem. sem dú­ samos, visitamo-nos. Se precisam nda que e~se poder nascente sera de um médico, telefonamos para 'fada con~gulu impedir que o decisivo Admini\trallvamente. vai vizinho-médico. ames isso ~ projecto d~ lb,oc1ações ganhai.se perm111r uma grande economia ao acontecia Num destes dias UJl'I forma e ~ expand1s,e 1\os próxi• governo do e~t.1do e à Prefeitura, já moça que veio de São Paulo dh, mos mh anos. a proposta da Famerj que a pan1cipaçao dos moradores numa reunião que estava feliz pork é esLJmulur a proliferação de as~o­ permitira que se cb..:guc a definições encontrado a assoc1oçüo, tinha,,. ciaçôe!> de bairro em lodo o estado. mai5 criativas e económicas para a livrodo da solidão. que a prejuilJ. principalmente nos município~ onde cidade. cava. no convívio comunitáno é maior o número de problemai. Além di)'iO. vai garantir que a Está também a ser discutida a distribuição das verba., seja equita­ E J!>SO não é pnvilég10 da Zoll ade:.ão de todas as associações à tiva e proporcional às necessidades Sul De um bairro da periferia (one; Farnel). cuja rcpre:,entath idade tem das comunidades, acabando com o os moradores foram à, ruas p.: crescido em grande esc~Ja graças à acwal paternah!,mo que favorece a apoiar uma greve de professore~).;: sua presença frenr• ..ios movimen­ Zona Sul da cidade. enquanto a à à llhn do Governador (onde 25 01 tos que dizem respeno direc10 ao~ Zona ''forte é i.:squec1da assinaturas eMão a ser recolhid.. interesses da população. O exemplo Para a Famerj. a questão do poder para pedir ao governo federal o rt mais recente foi a última greve dos da rua passa, inevitavelmente. pela gre~~o das barcas. mab económic médicos, quando con:,eguiram aler­ questão democrática É a democra­ e rápidas, ligando a Ilho ao Cenll!' tar a população para a neces!,idade cia que vai permitir ao povo gover­ da cidade), es~a rotina de integroçã. de não comparecer nos hospitai~, nar a sua cidade. aliás um direito repete-se. Oiferenços políticas. salvo por mo1ivo grave, a fim de adquirido através do pagamenco de económicas e sociais estão a ser poi­ impedir que os médicos fos~em ex­ imposto!>. tos de lado, com um objcctivo: fort> postos à repressão Os hospitai1, Essa falta de voz preocupa, indis­ lecer a luta pelo bem comum t permaneciam sem movimento 24 tintamente. os moradores do Rio, assim o poder da rua cresce. num• horas após o encerramento da greve. sejam da Zona Norte ou da Zona experiência 101nlmente inédita n Uma dupla vitória dos médicos e da Sul. ambm, vítimas, guardada" as historia bra:.ileiru que só pode M'I população. devidas proporções, do~ imposto, compurada actualmente, em 1e111Ki. Foi no campo médico que a Fa­ elevados e da precaridade dos servi­ de influência popular, ao mon rnel) con~eguiu maiore~ éxims. Já ços oficiais. Só este ano, o governo menco de h.1sc da Igreja. A vitónadc existem comissõe~ de médjcos e do estado elevou os impostos em poder da rua só depende agora d. moradore~ trabalhando nos ho!>pi­ 300 por cento. aumentando a reco­ democracia; se a democracia vingar tais que atendem grande número de lha em 200 por cento, No entanto. u c1dudc pns~ará a ser dos seus legl· pessoas e as condições de recepção iodas a.\ obras c,taduais foram para­ umos dono1., os cidadãos. E não doi têm melhorado. Com isso foi des­ lisadas ou ~ensivelmente atra!>adas; tecnocratas e e~peculndore:., com, feito o antigo mito de que a má o metropolitano, a principal delas. tem ocorrido hií 17 anos. O

46 caoemos terceiro mundo A alternativa radical

O país entra num período de depressão económica que se prevê agudo e extenso

Thcotónio dos Santos BRASIL

debate sobre a actual crise De facto, o debate económico tado inevitável do período de auge brasileira tem-se revelado hoje no Brai,il limita-se à seguinte económico de 1968-1973, da irres­ extremamente pobre. tanto questão: é possível ou não superar a ponsabilidade e ganância que o ca­ oocampo teórico como no político. inflação sem recessão7 Ora, ao ad­ racterizou, e das políticas de desa­ l1to é em parte consequência da de­ mitir e:.te confronto, assume-se uma quecimento lemo promovidas entre ficiente tormação teórica dos eco­ premissa totalmente íalsa: a ideia de 1924 e 1980. cujo resultado (procu­ ºoomistas que não estudam nb fa­ que a recessão é consequência dai, rado ou não) foi o de prolongar arti­ culdades nenhuma matéria sobre o políticas económicas e não do com­ ficialmente as alta~ taxas de cresci­ ciclo económico que lhes pennita portamento necessariamente cíclico mento e alimentar. em cons~uên: compreender como se move na rea­ da economia capiwlista dependente eia, uma inflação cada vez mais in­ lidade uma economia capitalista, em que vive o Bra.,il. Por isso, o controlável. allm de não terem dedicado quase debate económico e a polémica po­ nepois do golpe de Estado de nenhum esforço de pesquisa para lítica concentram-se na figuta de um 1964. aplicaram-se d'ísuntasi políti• aprender o movimento cíclico tal homem que, por maiores que seJam cas económicru, . . Primeiramente. como ele se apresenta nos países de a.\ suas responsabilidade.,, nao po­ houve uma política ortodoxa de es­ capitalismo dependente ( 1). Por deria gerar por sua vontade a mai~ tabilização monetária, entre 1964 e outro Indo, na cena política nacional profunda recessão da h1Mória do 1967, durante a qual se restabelece­ degladiam-se a respeito da polílica pais. Enquanto o debute ficar entre ram ru, condições de inve-5timento ao económica diíerentes facções da os reces~ionistas e os não­ elevar a taxa de lucro média da eco­ burguesia e da pequena burguesia -recess1onistas. a questão du infla­ nomia. através de: 1) redução do CUJOS programas não ~e diferenciam ção e da crise económica es1arão a nível !-alaria! em cerca de 46~: :!) sub~tanci11lmen1e no que respeita ao i.er escamoteadas à opinião pública quebro das empresas médias e pe­ combate das crisei. económicas bra~ileira. quena~ de baixa produtividade; 3) A actual crise económica com os intervenção do fatado nas áreas de seu:, ai.pectos conjugados de aJta baixo lucro (compra da L1ght. fl) O autor estudou a ques1ào da crise taxa de inflação, recessão, crise so­ grande empresa do sector eléctrico e e do ciclo económico no Brasil cm urti­ cial e perplexidade política é o resul- dos transportes. e outras) para ele- ios de 1954-68 e no livro -Socialismo o Fasti}mo; el nuevo carácter de la depen­ dcoc1a y ta ahcmauva latinoamericana . publicado originalmente em l 959 e rc­ edi1ado em vários p11hcs com octu11liza­ çio. Dcpob retomou o tema num nível mai~ tcónco nos hvros: La Cri.1is Nor­ ltamericana -.Ami-r1ca umna de 1971 e lniptti/1/i.rmo ,, Drp,mdMria, de 1978 Por fim, abordou o tema mais concrcrn­ menic no :inigo sobre a crise económica Emissão do papel que foi incluído no livro· Sra.ri/, la EW>· moeda: 6 lmpotalvel luc/011 Hi.frorica )' la Cri.ris dei Mi/agro auperar a Inflação Económiro,. sem recessão? 47 N.º 37 /Setembro/ Outubro de 1981 cac1or1- terceiro mundo var a uua média de lucro dos i.ccto­ novos mercados finttnce1ro.s. como conçnr os 120% cm 1980-81. res privados; 4) favorecimento do o ope,1 markN, e nova\ fontes de Ounmtc este periodo IISl>istsm­ capnnl monopolisui, particular­ especulação imobilinna com ,1 e,-. no debute irresponsâvel entre tt1 mente o internacional, atraindo punsão territorial cm d1recçüo no nomistas de vários grupos 41uc, · enormes in,·estimentos depois de c:en1ro---0estc e à Amaz.ónia: 3) um fundo. se dividiram em dois: deu. um período de pouco interes~e e,­ aumento do mvcsumento estrnn­ lado estavam aqueles represenlant temo, durante os ano:. de 1962 a gc1ro de canícter especulativo para mais sérios e mcno:. demagógico; 1967 captar recursos do sistema hnnn­ classe dominante que apelavnm pi.· ceiro nnc1onaJ supérdimensionaüo e umn contenção do investimento e Grande potência um crescimento anarquico dos in­ procuro (únicas medidas cupaus mi.sennel vestimento~ directos subsidiado:. e purnlisar n inflação :.em toe.ir favon.•cidos pela:, mais diversos cstruturu económica capnnlísta ~ Em cgu1da. começaram a ·er formas que rcsultamm numa suida pendente), e que resultuna inevit despertadas as forças in, estid<'ras cada \"Cl ma1s g1gan1e.sca de lucros. velmcnte numa diminuição estimulada:, pela ta.'\,1 de lucro cre,­ pagamentos de rayu/11~_ç e sen 1ços crscimento e. talvez, até numa 11 ccnie. A partir de 1968 cntru-~e ini­ tccmco:. para o exterior. Ao mesmo ces::-iio aberta. Do ouiro ludo, csrat cialmente numa fa,e de utihzaçiio da tempo aumentavam os créditos no um grupo de reformistas utóp1< capacidade instalado, que tinha sido extcnor para n mstulaçáo de nova~ e/ou irresponsáveis políticos qi. subtilizada durante a depre~sao an­ emprcs:ll> e para obra~ de iníra• defendiam a tese de possibilidadr terior. -estrutur--.i superdimensionadu~. o manter altas taxas de investimento Logo depois. numa no, a onda de que aumentou enormemente a lbta de procur-.i, contendo a inflação~ mve~timentos vindo~ em pane do de importações e criou um défice reaJizar nenhuma transformação~ C:\terior. em pilJ'le do capital nacio­ comercial permanente no inter­ trutural da economia. Consequtt nal já reestruturado num nível mo­ câmbio com o exterior. temente, achavam possível tSt­ nopolista e. em outra parte do ector O resultado dessa política foi um nunca demonstmrem seriamea. público, agora saneado nns suas défice crescente da balança de pa­ como) prosseguir com o capitafür contas de, ido à política de despedi­ gamentos e a necessidade de cobn· dependente e aumentar as inversóci mentos de funcionários publico~ -lo com novos empréstimos. eis a em dinheiro mantendo assim, ali para a contenção de gastos e au­ origem da maior dh•ida externa do taxas de investimento e desinílm mento da tributação fiscal. já apli­ mundo, de um crcsc1men10 econó• nar a economia: Umu ei.pécie " 1 cada anteriormente. Esta onda de mico desordenado e da reorientação milagre do Divino Espírito Snnto invei;umentos numa situação mun­ da economia brasileira para o sector dial que já começ~va a agrdvar-se. a exportador. e que levou a novos es­ crise de longo prazo iniciada em tágios do neocolon:alismo. 1966-67 (e não cm 1973, como As raízes da lnOação equívocamente a situam a maior Debate irresponsável parte dos economistas que nada en­ Chegou, porém, a hora da ,rr tendem de ciclo ecom!mico), atraiu Quando começaram a sentir, em dade: o sr Delfim Neto, quedem para o ª™'l um enorme movimento 1974, os efeitos dessa aventura eco­ bara os srs Mário Henrique Símoc de capitais especulativos ao lado e nómica, agravada - e apenas isto sen e Karlos Richbieter ao promelll sobreposto aos capitais produuvos. - pela elevação do preço do petró• paralisar a inflação sem reccssãar Criou-se assim um auge económico leo, os estrategos do regime de ex­ sem mudanças na estrutura ecoi» caractenzado sobretudo pela irres­ cepção não realizaram os cortes de mica. teve que render-se as evidér ponsabilidade, a anarquia e a mega­ orçamento e dos investimentos mi­ eia~ e iniciar umu política de contCl!­ lomania associada aos obJectivos rabolantes e procuraram sim novos ção de créditos, corte de gasto; ' fascistas e paranóicos de criação de empréstimos no exterior, apelando restrição de consumo. a qual inicie,. um "Brasil Grande Potência•, ba­ para a emissão aberta e para o défice tardiamente. já no bojo de uma iD­ seado paradoxalmente num povo de orçamental. A consequência inevi­ flação quase incontível. O resu~ 1 analfabetos e miseráveis. tável dessa política foi o aumento tado, que apenas começou ngora,t1 1 Os resultados deste auge relati­ agravado da taxa inflacionária. Ao entrada do país num período de dl 1 vamente artificial foram: 1) um au­ mesmo tempo, as tax:as de cresci­ pressão económica que deverá sei 1 menco dos investimentos privados e mento. sustentadas artificialmente, muito agudo e extenso. O preço~ 1 estatais sem cobertura e superdi­ continuaram a cair, pois eram ne­ crescimento artificial alcançad; l mensionados. baseados em projec­ cessários cada vez mais recursos fi. entre 1974 e l 980 será pago em trb ' ções das taxas de crescimento alcan­ nance1ros por capacidade produtiva ou quatro anos, divididos numa fa.1t E çadas naquele período, as quais, instalada. A especulação no âmbito de depressão. logo umarecessão. 5" 1 evidentemente, não se cumpriram: nacional e internacional elevou-se a depois de uma fase de estagnaç~ e 2) uma aceleração da especulação novo!> níveis e o país foi envolvido poderá haver uma recuperação cuJ. r financeira e imobiliária com o sur­ numa espiral inflacionária que che­ força e extensão depender.i das mu- e gimento do mercado de acções e gou à beira da hiperinflação, ao ai- danças estruturais que ocorrerem tl e

48 cadernos terceiro mundo ~ Al n11&bllldade da plrtlmlde soclal brullal ra, reflexo da profunda crlaa económica, vlats por Ramo do Jomal satlrlco Pasqulm pais durllJlle os anos de crescimento Dilemas radicais pelo auge económicp de 1967-73, negativo ou débil. voltando n apresentar-se sob a forma Quai., seriam e.-.tas medidas de Queiram ou não os economista~ de uma queda de crescimento de mudança estrutural que Leriam que reaccionários e os refonnista\ pe­ 1974 a 1979. e agudamente a partir 1er realiz.adas no país para pennitir queno burgueses. a crise actuaJ do de 1980-81. um novo período de crescimento pau, leva cada dia mai:, à recoloca­ O capítalismo não tem caminhos a e

N.º 37 /Setembro / Outubro de 1981 cadernos terceiro mundo 49 na estrada do futuro cd&Wo

50 c.iemoe terceiro mundo EI Salvador

Governo popular, a única opção Guillermo Ungo, presidente da Frente Democrática Revolucionária afirma que as ele,çoes anunciadas pelo regime militar não sao viáveis Roberto Argueta OM a cle1,111, do SõCiah,1a çao none-amcricana nn seu país. A Françoa, ~t111crrand. cm adm1na,traç:m republicana tcm [·rança . o rnovimen10 popu· usadu a tad1ca da supu\la tntervcn­ e ção dos países soca aliatas - varias lardr l-.1 Salvador ganhou um imix1r­ UU!( Jh,ido. (.)uem fu esta afirma· Vl!ZC!s denunciada pelos Estados çto a cadernos é o presidence da Unidos - em El Salvador para JUS· Frtnle Ocmocratica Revoluciona· tificar a ua própria intervenção na, Gu1llcrmo Ungo. de 50 anos. como sustentáculo do impopular •hogado gO\cmn militar. A po,u;ao da !·rança nao é. na Hã. pn:...:ntemcnte. mais de 'iO reahdadl·. ,ufic1cntc par.1 mudar o asse,son:, nonc-amcrilanos of1- curso du gucm, - que depende. cialmenh: reconhc..:1dos cm El Sal iundamcntalmcnte. d11 atitude do, vadnr Rcpre~ntam cerca de dc, fawo, Unido, - mas é dt• grandt por cento das pe,soa~ que exercem o IIl1J)Onlnc1a para dcsrcrtar a aten,lio Gulllermo Ungo verdadeiro comando militar no pai~. Qualnativamcme. o ,igmfic:ido do rt~to d,, mund11 paro o drama du de ambc.,s o, pal\cs cm luta par.i desse contingente nonc-americanoc povo de 1-'I Salvador. errad1can·m as inju,11ça\ sociais e os ainda mai~ expres!,ivo: o seu armn­ Sendo o menor país da América privilégios. Existem provas clara, m.:nto é Ôl' mah moderno e a sua "Sul 11 Sah .idor é o mais dens.1- dc.s,a posição: Damelle \1iucrrund. prep:iruçúo militar ahamcnte espc­ n1 po\oadn e segur-.tmcntc um a e..,pcNt do pre,idcnte. e quem di­ cialilada. A tendên~ Hl é aumentar n ~ n1.1i:. pobre, do cunlinentl.': 5 rige o Cumíte d~ Snlidancdade rom numcm dc asM?:;sorcs mílitarc~ o mllh1ic, de pessoas vivem numa e,­ o povo de [.J Salvador. Para nós. o 21 medida que os falados Unidos for lltlla faiirn dl.' tcrr-.i di: mil qu1ló• imponantc e que:. li pa,, que foi a neccm m.u, armamento a<' regime mttros, 1indc gra\,am a m1séna. o paLria Jn, d1rc1io, hum11nc" retome a ,ahador1:nho. malfaheu,mo e 11s docnÇ'.h cndên11- sua Wlllga bandeira 1~"º teria retlc­ Diz Ungo: ca,; A minoria uhmdireiu,ta e irns noutros ~todos europeus. De Ha o perigo latente: do confluo rcamonária que controla o país pos• fado. u Republica Federal Alema de F.I Salvadl,r s.: estenda a todo a su1 fonunas que nvaliuun com a afirmou 1.i que o contlito ,alvadore­ Amcnca Central Ê um n!.Co que burguc 1a dos p:u..e, dcc;cnvoh tdo,. nhn nao rc,ulta da, disputa!, Lc,te­ aumenta de dia para dia. A prma ~la~ o que pode represcntar a -Oc,te. Começamos agora a ~r en­ dis~o c~la no facto do povo do, fa. tl~iç.ao de Mittcrrund para o movi­ tendidos de maneira diferente . rnen1n popular de El Salvador'! tado~ Unidos se opor cada vez mais l'ngn c,plica à guerra 11,1 no,so Pª". O novo governo tla franç:i tem O intencncionhmo fata t'b\Cn:açao du hder :-ahado­ •nunciado a., mudança., que preocu nortc-umcrkano renhn e: b.iscada cm factos. cm pam o~ htadns Unidos. Nu suu Março uhuno. ex1stwm i.i. no:. h campanha M1tllrr-.tnd rcfrnu-,l' a 1ado~ Unidos. quase ~00 comité!. de FJ Salvador e ã N1caragua d..- ma­ Urna da, prccxupaçoe, de Gu1l­ ~ohd,mcdadc ct1m 1, povo c;al\'ado­ lll'1ra muuo fa\c1r:Í\el para 11, povo~ lcm11> Ungo e a l.'.resn·ntl' intcrven- rcnlw. 0.,1, me-.es mais tarde. prc-

Nº 37 / Setembro/ Outubro de 1981 cedl,mos terceiro mundo 51 cbamentc no dia 3 de Maio. Dt acoofo com o qut· tnmsp1rou teríamos chegado no poder. A c1ap,1 concemraram-sc quase 100 mil ~s­ doenromro Rcngun-Violu. o uconfo mais dif1cil do luta Já começou.• S<>as em frente da Casa Branca e do seria conveniente paro os Estados Sobre us eleições anunciadas l)(llo Pentagono. cm \\'a!>hmgton. para Unidoi. por doi · mouvos: há eon­ regime salvadorenho. o hder popu, et,ndcnar a intervençn(l na Amcrica lianç,1 ,Jt,s nonc-nnu:ricanos quanto lar afim,a: Central à capacidade do:. ,1rg..:ntinos par-.i A verdadeira disposição da O numero de m:inife talltcs foi acabar ~'tU'i-1\l de pro­ denweroda::. do mundo e p..:runte u sua qu~-da. c::m 15 de Outubro de te~to. numa tcntati,n e, 1d..-nte dt' op1m.io publica Jn:, proprios Esta­ 1979. 1 dÍ\ ulgar dado~ que puJc~em pare­ do~ Un1d01,. cu1ns assessores militu• Ungo recorda que. cm Agosto d, ~~r fun1m,eis ao gt,,i:mo. como rel. cm FI Salvador ,o têm coleccin· 1979. a Democrucia Cristã assum1b hab1tualmcntc C\lstumn fazer naJ,1 fmcass11s atc .,gora uma posição contr.iria ao pl1:u<1 Mesmo .\S-'lm 1"i mil :-ena um nu­ Um dado imponnnte recente­ quando o g()vemo fez um apelo no mern ck•,ado. Scgundo ob-.cn·.i.do­ mente. a As~mblcm Con~tituíntc scnudo de reaforar eleições. Fmbora re~ imparciai!-. a mamfcStaçàt, em dai. Honduru emtt1u um decreto que o clima fosse favorável ao diálogo. a defc~ de EI Salvador fi"1 a maior já legi11ma a p~gem de tropas C!'.· Democracia CriMli argumentou que, rc.-aJizada no fatndoi, Unido~ desde trangdras pelo seu território. assim dadas as condições naquele mo­ os actos que c(lndenaram a guerru do como permite ao exercito daquele mento. as eleições não constiru,am \'ietnalll<'. pais pedir aJuda ao:. exércitos de uma ahemattva para solucionar 01 Com a inumc~â futado~ Unidos como o m<.'d1da que o tempo vai pa.~ando A unlca solução ~ iavel regime militar democrata-cristão ~m akançar a , itôria frente:- a um sabem que estas elc1çõcs não cons11- pmo amuldo. aumenta a sua awda Para Ungo. o pm,~-cto do Go­ tucm soluçúo alguma Pretender ao governo imposto e cresce a sua verno DcmPCrát1co Revolucionârio realizá-las é propor qut• se dê o dé­ presença militar no pais. Se os Esia­ e o umco com verdadeiras poss1bil1- cimo passo sem que se tenha dado o; dos Unido:. não modificarem a sua dades de criar um governo estavel. nove anteriores. É ncccssario que atuudc pohuca. ver-'se-ão. em Com o aprno popular. terá condi­ ha1a antes democracia. que se de­ breve. envolvido~ numa intervenção ções para superar a esLagnação em pure o exército. se reestruturem o~ clara e cm combates dircctos. Até ao que se encontra o pais. fomentada corpos de segurança. se desmobili momento. não c~istem combatente~ pela ditadura militar e a ganância zcm os grupos para-militares. como estrangcím:. entre as forças popula­ das oligarquias. No Governo De­ a Organilllção Democrática Naci(l­ res de FI Salvador. Os ünicos que mocratico Revolucionânn não é nafo.ta (Orden); se dcsactivem e possuem elementos estrangeiros nas exclu1do nenhum sector que tenha punam os esquadrões da rnone viu, suas fileira são as Forças Armadas. assumido uma atitude antiditatorial culados aos militares fa:.cistas. se~ mas esias são intervencíonistaS. e antioligárquica. e plurafü,ta. in­ liberdade às ccntenai, de presos pt>­ O líder salvadorenho afirmou cluindo entre os seus aliados a pe­ líticos. se acabe com ai. leis de ex- 1 que. segundo versões dignas de toda quena e média empresa nac,ona­ cepção (Estado de Sítm. Lei Mar­ a confiança. o general Viola. ames lista. cial. decretos que neguam ou supri· de ru,sumir o poder na Argentina. A viabilidade deste governo é. mem os direitos coni,titucionais e a teria firmado o seguinte acordo com -.egundo Guillermo Ungo. maior cidadania). ~e,n abolida a censuro a o governo Reagan: militares do séu do que nunca . Ungo não fixa pra­ imprensa e abena a univer..idade. país subMítu1riam. pouco a pouco. zos para que o GDR assuma o poder ícchadu há um ano pelo exército. os asscswre~ none-americanos. e explica que a oposiçao não esta a mantendo inactivos cerca de 50 mil de!>de que não houvesse. por parte pensar cm criar um governo de C1'i­ estudantes e desempregados mai~ de dos falados Unidos. rcferéncias à lio cinco mil professores. que!.lâo doi, direitos humanos na­ Se não fosse a intervenção nor- As eleições - continua Gotl· quele país do Cone Sul. te-americana - afirma Ungu 1t\ lermo Ungo nao ~o pos~fvei\

52 - terceiro mundo num país onde fomm p~sos. rccen- 1~mcme. lídcn.-~ oposiciot1is1us que nao têm. utc h1,jc. proccs~o instnu· rado: é impoi;sívcl haver eleições num pais onde 118 m1litan1cs opo­ ~ic1onistas :.ao ucusados publica­ aimlc de tnmlores. com runcaças de puni,;(ies. O povo rejeita. desde 1á. e!>!'!IS cle1çocs. Mesmo cm condi· çóC$ menos difke1s. o povo tê-ln.,-iu rejeitado. O regime tem limitado. cada vc1. mais. saídas deste tipo. Os n:sponsaveis pelas f mudes eleitorais de 1972 e 1'177. os coronfo José Guillcrmo Garcín, Nicolt\S Car­ ronza. Eugtnio Vides Casanova. Jaune Abdul Gu11érrc1. e outros que cxen:em actualmentc o poder. não perrmurão ao povo nenhum avanço pela via eleitoral. E Ungo esclarece: Instituições insuspeitadas de sunpatizarem com a oposição. bem como personnJidadcs ligadas ao go­ verno e à Igreja C11tólica tém posto em dúvida o processo eleitor.ti. Contam-se entre eles: a Federação de Associaçilcs de Advogados; o presidente do próprio Conselho Central de Flciçocs. Jorge Busta· mante; o arcebbpo de San Salvador. monsenhor Artur Rivera y Damas; o m:redita tJue estamos dispostos a ne­ licos da América Latina) há dois embaixador de El Salvador em gociar por debilidade Sucede e,-ae­ anos. tem tido imponãncia trans­ W~hington. Ernesto Rivíb Gallon tamcntc o contrario: só oferece a cendente . Por ter assumido uma - para só mencionar as per.;onali­ negociação quem é forte. Trata-se atitude autenticamente solidária o d.idcs mais importantes. Todos têm de uma lição histórica. A adminis­ partido mexicano foi ratificado para coincidido na alirmação de que não tração Rcagan engana-se. de igual pcrmanec.ir mais dois anos no cxi~lcm condiçõel> para solucionar modo. quando vê nas elciçõel, uma cargo. o~ prohlemru. do pais pela via eleito­ fóm1ula mágica da democracia para Temos udo. atr agora. um ex­ ral solucionar conílitos Ct\mo o nosso. cc:.so de combatentes. E t·onfinmol>. Segundo o dirigente da FDR, ai. por isso. na no~sa capacidade para O que adiantaram três elciçôes na solucionar os nossos problemas. No org_anizaçóes democrático-revolu­ Bolivia cm tres anoi. consecutivos'? tionãríw, e político-militares decidi­ entanto. mesmo sem necessidade de ram não falar mais cm negociacões. Finalme,ue. Ungo salientou o rccoirer a H1luntários estrangeiros. Oregime salvadorenho e o governo apoio que n Frente Democrá1ica Re­ a nossa causa tem recebido a solida­ norte-americano insistem em não as volucionária tem vindo a receber de riedade intemac,onal. Recente­ aceitar. inúmeras panes do mundo. [)cl,la­ menh!. ru. Brigadas Bolivarianas. Argumenta Ungo: cou o apoio da Conferência Pern1a­ dirigida!> pelo médico panamiano •Temos deixado claro que não nentc de Panido!. Políticos da Ame­ Hugo Spndafora. okrecemm-se nos opomos a uma snida pacílica e rica Lalina. Disse que o PRI (Partido para lutar ao lado dos nossos-t'Omba­ que acolheremos qualquer solici1a­ Revolucionário lnslltucional. do tcnte~. É uma pmva de que o nosso ção nesse sentido. através da media­ México). organizac,:ão que ocupa a povo conta com u solidariedade dos ção intemarnmal. Como no caso do presidência da C'OPPPAL (Confe­ mais divcn;os povos. de cujo ap

cedemos 53 N,º 37 / Setembro/ Outubro de 1981 terceiro mundo ,1lrou,ar um pou1:o us rédeas do Pu Guatemala ~ler, que ll c:1.crc11010mnraem 19S4 Dcpon, da derrotu de Somot Ciru~ Vancc, Viron Vaky e Wilhlll' Bowdlcr colocuram Lucas Gnl'CIJ numa difícil situação uo pedir-lhe c(lmo fizeram u Curlo:, Humbc"' Romero cm EI Sulvüdor. que nbri1sc Reagan e um pouco o reg11ne que nos últi11101 vinte e cinco anos foi caructcrizado pelo terror m:,titucionalizudo pelo! militares a conexão guatemalteca i\o contrário de EI Salvador. ondt cooscguirum mudanças ao dcrrub.i: Romero em 15 de Outubro de 1979 nu Guatemala as veleidades de Cnr­ ter forom repelidas, esfriando-\e il Apesar da aJuda norte-americana e da repressão, relações uo máximo Em Agosrodo Lucas Garcia teme a revolta popular ano passado, Lucus Garcia acul(lt Carter de estar a intervir nos a.s~UJ!. Arqueie& l\.lomles 10s internos da Guatemala . Para o~ militares guatemaltecos, LNCA M! saberá ao ceno de Caner e o seu grupo de assessom quanto foi a ajuda finnnceirn parn a América Central não l!l\1!'1 ilegal que o~ milionanos seniio agentes do comunismo 11f­ guaremaltecosN deram a Ronald Rea­ temacional • , como se constata n.s gan durante a sua campanha presi­ suas reJterados declarações dencial. ~1as são ev11Jen1es ~ con­ A. lógica de Lucas e dos seus .u­ ,equênciru. de~1a ajuda para o povo sessorcs era simples: pennitir o mi· da Guatemala e da região cen1ro­ nimo jogo político no país signifi­ -americana. caria correr o nsco de que 11 0~1- Um dossier publicado por •\llan ção. cada vez mar~ organiud.l Nair, do Conselho para A~sunlo\ omeaça~se não ,6 o governo comob Hcmisfénco:. (COHA), nos Estados próprio Poder, assente nns ~p1!!­ Unidos. traz provas irrefutáveis de gardas do exército que os grupos de milionários fasc1~- 1as guatemaltecos, conhecidos como amigos do país . , e altos A estrátegia regional funcionafios do governo do general Romeo Lucas Garcia não somente Para Reagan. a Gua1emala pn~Mlll ajudaram Reagan como declararam a :ser um efemento e~trntégico da su1 diversas veus que o ex-ac1or de polícica de esmagar a rebehao popo cinema era • a sua única esperança•. lar em EI Salvador e ameaçar a Nica­ Lucas Garcia Reagan e seus a:.sessor~ mais rágua sandinista próximos, iocluíodo Roger Fon­ lados Unidos, a notícia foi festejada Informações extra-oficiais mo' taine, receberam nos Estado:. Uni­ com fogos de anificio. em todos os lram que os envios de armas qut dos delegações do~ ~ amigos do quartéis do exército guatemalteco. E haviam <.ido congelados antes. mai1 país• e também os auxílios econó• não era para menos Começava uma de um ano, foram reactivados pari micos para a campanha. Em Se­ nova época para a mais feroz. dita­ modernizar aquele que já era o e~· tembro de 1980. Reagan enviou à dura centro-americana com um ército centro-americano melhor Guateo:iala os ex-generais e conse­ sócio disposto aretribuiros favores. equipado. lheirós do governo John K Singlaub Com o poder monolítico do~ altos e Daniel úranbam com uma mensa­ comandos, alcançado com a neéei· gem para Lucas e seus amigos. Da irritação ao alvoroço sã.ria cumplicidade de milharel> d! •Aguentem-se até chegarmos ao assassinatos, o cxérci10 guatcmaJ. poder, então daremos ajuda. Não se Se algo caracterizou o último ano teco está destinado a ter um papel rendam, permaneçam e lutem até do governo Caner na relação entre relevante na crise regional. As dt· que eu seja eleito. , os dois paíse1>. foi a irritação dos núncias de El Salvador em 10modJ No dia em que anunciaram a vitó• militares e dos civis fa~cistas ricos presença de tropas guatemahec~ Dll ria republicana nas eleições dos Es- diante da tese de que era necessário :;cu território em apoio da Junla que

54 caoomos terceiro mundo llOVtmn o pt11s. forum provadas ~10, proprios Jornalistus es1rnngc1- ro~ que cobrem a guerra civil Éóbv it> que n11 medida cm que os iuerrilheiro~ du Frente Farubundo \larh de Libertaçao Nucional man­ icnham e uumentem a suu capuci­ JaJe ofen~iva, o exército da Gu0te­ mala tende .1 envolver-se ainda mais ncslll guerra. talvcL em m111or nível que o tumbém comprometido e\ér­ ci10 de Hondurus.

Os números dn morte

Mas para poderem cumpnr os compromissos com Rcagnn, o~ míli- 1.lles guatemaltecos teriam que re­ ,olvur primeiro outros problemas, blçeado:. numa prcm1\sa exphcadn ao norte-americano Allan Nair por um dos milionário:. ligados ao re­ gime: • Para ajudar os vizinhos remos pnmc1ro que hmpur a casa• Na realidade. somence o silêncio cúmplice das agências transnacio­ na1~ de notícias explicam que ~e saiba tão pouco do Guatemala, país onde o extermínio físico constitui a chave Jurídica do Poder Quando. em 30 de Janeiro de 1980, o general Romero I ucru, or­ denou o ussassinm com lnnçu• -

N.º 37 / Setembro / Outubro de 1981 cadernos terceiro mundo 55 O PGT (comunbta) e n rnab nn­ liga desms organizações. A ORP·\ e Uruguai a mni~ recente. su'l!tu ha pouco mais um ano Todas têm em comum u linha politico-militar do guerr:i po­ pular revoluc1on.íria e $ quatro comc1dcrn em as:.um1r o marUrp~n­ Expulso do pais pelo único motivo de ser colaborador dendo os militares e preocupandO-th da nossa revista, o enviado especial dos muito: surgiram os primeiro .. dc,tn «cadernos do terceiro mundo.,. relata cumcnto,. eucmi.Jhciro" inte1:rudo~ a sua experiência de 48 horas por índios ~das Jiforcnte~ etnia., d(l em Montevideu rnís o~ ,ndio, constituem uma :.igniti­ Mário Augusto Jacobskind cati,a 'Tlaioria da popula ão c o ~mu da sua e,ploroljãO é nindn maior que ESEMBARQUET no aero­ que falómo~ de futebol. o outro o do l'el>to dos c,plorado~ do pais. porto de Carrasco no pnn­ grande tema do momento. já que o ~lergulhado~ no aruilfobetismo, ,, D cipio da tarde de 27 de Uruguai acabava de perder no ~• \'endo n.i s..:rra, e n:is ,eha~. pe~e­ Agosto. com a intenção de cobnr guidos e as-.ahado, nas ~uas terra.,. próprio campo com o Peru e via com o, descendentes da cuhura rna,a u­ para os cadernos do terceiro m,mdo isso ameaçadas as possibilidades dt \eram que empunhar 31'11la, na luta e para o diário brasileiro Tribuna da classificar-se para o Mundial do pela sua própria sobre, hência. Imprensa o processo de • transição próximo ano. Apena~ uma coisa 01 C.om esta bao;e social. vmculac.la a para a democracia que dcvena meus interlocutores pareciam dcse um aguerrido mo, imento operário e abrir--,e com o juramento do general Jar com tanto ardor como poder dii a organizações campones.c.. estu­ Gregório Áharez como presidente. pu1ar a Taça do Mundo em Espanha· dantis e profü~ionais. a direcção no c.lfo I de Se1embro Ma.~ as auto­ vohar a eleger o presic.lente e dcpu· conjunta criada pelo~ guerrilheiros ridade~ uruguaias não me deixaram lados por voto d1rec10 e i.ecreto AJ. tem a sua maior expf'C!>sáo na Frente assistir a is~o gun\ ai.M>mbraram-se quando co­ Democrática Contra a Repressão. que aglutina quil)e toda a oposição Instalado no Hotel Espanhol. na mcn1ei que no Brasil nunca ha,·ía real à ditadura. rua Coronel Latorre (que O!> uru­ mos deixado de ter eleições direc1as As acções Je guerrilha foram in-· guaioi. continuam a chamar pelo (ainda que nem ~empre livres) para o crementadas nos últimos i;eis meses nome pré-oi1atotial de •Conven• Congresso Mas como triste consolo e a sua área de acção abrange lodos ção»). caminhei pelo centro de conlei que a mtnha geração jamais os depanarnentos do país. Face a Montevideu. O •clima de transição• ha,•ia votado para a escolha do:; seus este crescimento, Luca, Garcia de final de Inverno era muito frio governadores e que o desejo da armou-se até aos dentes. recebendo para um corpo habituado ao Rio de maioria dos bm,\ileiros é poder de­ assessoria militar do Chile, Argen-­ Janeiro e em poucos minu1os en­ cidir nas umas o nome do próximo tina e Israel além de volumosa ajuda financeira do sócio Reagan -. . contrava-me num restaurante ten­ presidente como lhe chama um jornal oficioso tando en1abular diálogo com os fre­ A conversa tenninou demon~­ guatemalteco. gucsei.. Superado o receio inicial. o trando a aspirnção unânime dos uru­ Apesar do banho de sangue na tema político e sobre1udo a sub~ti­ guaios em encerrar quan10 antes um longa operação de •limpar a casa•, a tuição do octogenário Aparício capítulo negro da sua his1ória ditadura guatemalteca não está se­ \4énclez pelo Goyo Alvarez tor­ Quan10 aos propósi1os democrau­ gura: • Mesmo que tudo esteja rran­ nou-se o centro das conversações. zantes do general Álvare1. as opi quilo, há algo que vai mal , , afirmou Com um certo orgulho, lodos - niões eram parecidas· •Teremos que recentemente o general Lucas na sua umas dez pessoas - afirmavam esperar para ver . linguagem peculiar. Referia-se a uma notícia publicada por um diário haver votado pelo Não• em 30 de Essa noite adormeci convencido em De1.embro passado que dizia que 'lovembro do ano pa.~sado. quando de que uns poucos dias em Montcvi· um povoado do norte do país fora os milllares submeteram a plebisei­ déu bastariam para reunir um exce· ocupado durante várias horas . por tos um projecto de constiruição que lente material jomalíMico. O •hO· uma coluna de mau, de 100 guerri­ legalizaria a sua presença no poder. mem da rua• está poli1izado, bem lheiros, todos eles índios.. . o Não seria ~incero se não dbsesse informado e. se consegguir criar um

56 cadernos terceiro mundo chmn de confiança, essas convcrsru; transmissão a cores, com um dis­ infom1uis podem ser um excelcn1e curso de Aparício Méndez que Opi­ 1ennómetrv políhco-. nar criticou duramente. Ao sair da sala de Tarigo. vi-o \ Opinar é arriscado \ entrar, acompanhado por dois agen­ ''i) tes, numa camioneta azul. quem ?ara poder recolher também a sabe se a mesma que na manhã se­ opm1ão oficial {um pedido ins1s­ ( guinte me levaria à sede da Direcção ien1e dns chefias da Tríbunu e dos ' Nacional de Informação e Inteli­ r11dert10,\ do terceiro mundo). a gência. pnmcirn visito da manhü seguinte ro, à Oirecçuo Nacional de Relações Públicas (Dinarp), que funciona no Engula segundo andar do edifício da em­ presa aérea es1atal Plunu. ldenu­ Esse episódio alertou-me para a flquei-mc e solicitei cn1rev1~ta\ com enorme djstãncia que ainda separa a o presiden1c designado, com o mi­ realidade quotidiana das promessas nistro do Interior. general Yamandú oficirus de redemocratização, que Trinidad, e com o general Abdón preveem a instalação no Palácio Es­ Ràlmúndez, pr~idente da Comis­ tévez de um presidente eleito a I de !àode Assuntos Politicos das Forças Março de 1985. Compreendi melhor Annadas (Coma.\po), que conduziu porque. embora o tema político já o chamado •diálogo político,, con tenha lugar nas rodas dos boliches homens públicos dos punidos tradi (cafés. bares e cantinas na gíria de c1onais Uma funcionária, de ape­ Montevidéu), os uruguaios sorriam lido Correa Luna, advertiu-me que ironicamente quando eu lhes falava seria -muito difícil• obter um en­ de •abertura•. conll'O exclu~ivo com o general Al­ Porque confiar hoje na promessa vmz. mas que es1e provavelmente dos mesmos militares que exorbita­ d.uia uma confcrêncrn de imprensa .. O novo presidente deslgnedo, general ram no combate à guerrilha urbana e Quanto às outras, talvez tivesse uma Gregório Alv,rez que depoi~ de derrota-la, tomaram o ~1pos1a na próxima segunda-feira. poder? Porque razão uma •transa­ Foram bem mais fáceis os contac- entrevista Dois agentes policiais ção• tão longo (três anos e meio de tos com os sectores cjvis . Polit1cos. esperavam-no. teria que lf imedia­ duração prevista do governo Átva­ 1jomalht;u,, técnicos e :inistas das tamente ú Direcção da Policia para rez), depois de ono anos de arbitra­ mais diversas ideologia~. todos es- preMar dcclaraçõe~ riedade total que. segundo me disse­ tavam dispostos a falar. Num país Amanhã ou segunda continua­ ram uruguruos de diversas tendên­ onde, supostamente. não acontece remos a nossa conversa . despe­ cins, foram quu.e uma eternida­ nada, , descobri um espectro tão diu-se Creio que nao go5tararn da de-? grande de activídades que seria im­ capa do numero de ontem e.lo jornal Há quem diga que • agora os tem­ possivel cobrir todas nos sete dias Como jomalii;ta você já 1cm uma pos são outros• E apesar de todo o que duraria a minha e~tadia. notícia . disse a bnncar sistema jurídico e o aparelho re­ Mas. nessa mesma tarde, deu-se o A capa em questão (não pude pressivo permanecerem os mesmos. pnmeiro incidente revelador dos comprovar se este foi o motivo real há pequenos indicios que parecem estrei1os limites da abertura . uru­ da convocação policial) apresentava confirmar esta observação. Poucos guaia Mal acabar de iniciar uma uma cancatura de Aparício Méndez, meses atrás. essa entrevista dada por colrevista com o advogado e joma­ com o título • Uma despedida com um político da oposição a um jorna­ l~1a ennque Tarigo. director do todas a\ core.:.• Pedia-se oos leito­ lista estrangeiro teria terminado de 1emanãrio de oposição Opinar e fi. res que colorissem a cara do velho uma muneiru mais abrupta. com en­ gura · presidenciável• do Parudo dirigente, já que o semanário é im­ trevistado e entrevistador conduzi­ Colorado para 1984, segundo al­ presso apenas cm preto e branco. do:. à força para os calabouços. Já guns comen1áríos. quando o 1eJe­ Poucos dias antes - 25 de Ago.:.to, circulam três semanários de oposi­ lonc interno tocou. Tango descul­ independência do Uruguai - a 1e­ ção e uma revista sindical. esgo­ pou-se por não poder continuar a levisão iniciara oficialmente u tando as edições em poucas horas,

N.º 37 / Setembro / Outubro de 1981 cadomos terceiro mundo 57 tal é a avidez de um publico noto· opo:-u;ão e do go\crno sobre esse~ n:io teri:1 levado uma crcdcnc1 riamente insatü.feito com a cober· tema-.. le, antc1-mc ced<' no i-.lhndo M.1~ a atitude de Spaldoni deixai tura oficiosa ou e,agerodamente :lU· Come!ru, a ~ !ater a hurlla tJunndo bem cluro que ,1:1 havia uma dcc11.. tocensurada da imprensa diaria. baterum à rorrn insistentemente tomndu. con1ru a qu,11 scriu mú1 Os dirigentes políticos hoje uu10- Doí~ indiv1duos truJ1111do ;'\civil.que argumentar ,e 1dentificar:1m como policias. em­ riz,1do~ a falar colocam-~. quase Elé niio parecia interess,1do e• purraram a pona que eu havia en­ prosseguir o diólogo. Enquanto e unanimemente. numa atttude de e,­ 1 treaberto Um di:les, quc somen1c pern\a o próximo passo comc:ceh a. moderno pectath enquanto um conheci comu •Pepe•, apre~sou me estudar a pequena hibhoteca· ,;, ci.quema Je relações publk:1!> co­ 3 vi:,ttr. ,\ urrumar .1:-. minha., c01sa~ Revoluçao 1ra1da ·, de Leon Tr61ski meça a a1.•tuar em tomo da imagem e .1 ir com eles à D1recçuo acional • Crítica do eurocomunismo,, de do pre,iJente. me,mo ante, dc:,.te de lnfonnm;ãoe lnteligi:ncia Você Emest Mnndel. «Estado de i.itio, a,sumtr tormJJmente o cargo. lJm ,em 111wdrnt:imente expuho do Uru de Alben Camus e vârlos ou1ro1 facto novo e a proJe1.-ção que a 1m­ gut1Í•. Pédi autorização parn comu­ hvros de autores dcsconhccidoi nicar com a rc:prescntaçiio diploma­ pren,.1 dá à esposa do general Alvu­ sobre temas como • lnfiltrm,no c1 ncu bras1le1ra. à qual. por trâmite l'C" '-ia op1mao de algun,- obsen a­ querdistn nu 1grc1a católica edita­ ro11nc1ro. Jà hovi11 comunicado a do, pela orgumz.ação cutólica ulllli­ dore, \h arez ei.taria a h:nt.u cnnr mmha prc~cnça no pais. ma) ncgll d1reit1St3 Tradição, Família e Pro­ uma liderança pe,soal. • no e,1110 de mm-me e,,e dircitl> priedade. Perón na Argentina•. e de-.ta ma­ Quinze minutos mah tarde já es­ Junto aos livros, vános troféu~c neira apro\'cllar a falta de lidere~. ta,a di:mte de um oficrnl que ,e placas de bronze tcstcmunba\'arn 1 agra, a

58 C8dlltnOa terceiro mundo _ rer,1 uma Con,11tuiçau por 111'! atrasadoaoaeroporto OmotonMado f1t10 que tenho o dirl'IIO de saber tux, de que me levou liOlidarimu-se c,;ic1amentc o que vou as,innr. comigo quando lhe contei as minha~ - Aqu, n,m há nenhuma (on,IÍ· aventuras. Fitemo, uma paragem 1u1,;,10 A"rne como dcmonstrnçfío no caminho para informüT a embai­ de que está rnteirodo da sua c1tpul· xada do que tinha ocorrido. •Em W) nome do povo uruguaio. perdoe esta - Ariumcnte1 que nao assan,ma vergonha• de~ped1u-i;c o motorista !(ma presença de um repre~cntantc quando me deixou em Carrasco, do governo bra!.tleiro que a meu ver cobrando uma corrida simbólica. jl c~ta\'11 u demorar muito (duas •Obrigado respondi ma.~ o povo bonJs ante, hav1nm dito que ele, uruguaio não neces~ita pedir des­ mc\mO~ se cncam:guriam de co. culpas e \im continuar a lutar pela 1 tear com a mrnha emba,,.11da). liberdade• . Ptpe estalou os dedos . Um agente ~,u da sala e voltou um nunuto Reconheci um agente da Direcção depois acompanhadu de outros Nacional de Informação e lntelt­ gência controlando a mrnha chegada rtll(o, todos ele, com mais de um e, depois , 1g1ando-me do balcão do mttro e oitenta. lnlormaram-me que b.1r quando aproveitei a e~pcra para ,não haveria problemas• se assi­ ni,se. poderia voltar trunquilamcnte tomar um c.ilé. Percebi um ar de g<'zo no seu olhar e decidi fa,er uma ao Bra,il pequena vingança desmascarando o ,Ca.50 contrario :e coisa..., vao !>e chu,: • Por favor, comunique aos romplicar muito,.. Um dos seu, superiores» - disse-lhe à dis­ iteém-chegados conlmnou c,sa tám:1a. elevando a voz para que se &firmação com um ,onoro ,oco na ouvis-.e em todo o rcMaurante - rnc,a. •que o jomafüta expulso esta a em­ •Se não ussma agora - prossC·· barcar. E diga-lhe, também que guc Pepe - será imediatamente mais rápido do que se imagina \.Olta­ conduzido .i uma cela aqui cm rci ao Uruguai, Juntamente com a baixo ... e os tr.lmi1c, burocràucos democracia•. para a sua C\pulsão podem demorar Centro d• Montevideu, Praça Artlgaa de dois a quatro mcscv O agente deu meia volta e 101-,;e. .'Ião unha mu1t1.h alternativa ... Voltarei com 11 democracia Das outra.~ mc,a.., começaram II di­ lnmti que, ao menos, devia constar rag 1r-mc sorrisos e gesto~ de aprova­ C.b minhas declarações que eu não Poucos minutos dcpoi~ -acompa· ção. Uma imagem que me acompa· considerava como •antecedente ne­ nha,·am-mc• à :ig.;nc1a para man-ar nhou na ,1ogcm de regre,so. ali­ gativo- colaborar com os cadtmos a minha p.1ssagem no pnme1ro ,oo viando a manha frustração por não do ttrceiro mundo. que sabsc com desuno ao Brasil. ter podido escrever a reportagem - ·E~tá bem. está bem. o 1mpor­ Deixaram-me só. alertando-me: ,ohre a, n!>piraçõc, política, do:. Wlle é que as5ine• . que não chega,,e •nem um minuto• uruguaio~. O

leira». O Partido dos Trabalhadores (PT), na Condenação sua Convenção Regional do Rio de Janeiro, aprovou uma moçao em.que condena a expul­ • A expulsão de Mário Augusto Jakobsklnd sao do jornallsta. Por sua vez, o Sindicato de provocou Indignação, nao só no Brasil como Jornalistas Profissionais do Município do Rio em todos os países do continente», -foram as de Janeiro e a Associação Brasileira de Im­ palavras pronunciadas na Câmara dos Depu· prensa (ABI) enviaram uma nota de protesto lados do Brasll pelo parlamentar {Rio de Ja­ ao embaixador uruguaio no Brasil, Roberto neiro) Edlson Khalr ao apresentar o protesto González Casais. A nivel Internacional, tam­ do Partido do Movimento Democrático Brasi­ bém aderiram ao protesto a Federação leiro {PMDB) contra esse ccacto de violência Latino-Americana de Jornalistas (FELAP) e a Injustificável». O deputado Alceu Coitares, do noticia da expulsao de Jakobsklnd foi publi­ Partido Democrático Trabalhista {PDT), aderiu cada por dezenas de jornais de todo o mundo, ao protesto manifestando que «pela serie­ em contraposição às promessas do novo go­ dade e pelo alto nlvel, 'cadernos do terceiro verno uruguaio a respeito da «transição para a mundo' é um prlvlléglo para a Imprensa brasl- democracia» naquele pais.

N° 37 /Setembro/ Outubro de 1981 CIIÓ8fflOII terceiro mundo 59 Irão Entre o fanatismo e a realidade

O proJecto islâmico visava a libertação do pais e não o vazio e a desorganização actual

Said Madani

O controlo do PRI

Mas. na realidade, apesar da de­ terioração geral, o imã Ruhollah Khome1ni mantém uma populan­ dade incontestável. Assim, seria normal que uma ampla maioria \'O· lasse em Rajai, por ser o seu candi­ dato e dos religiosos e civis que st identificam com o imã Além disso. os observadores internacionais, que haviam previsto a vitória de RaJai e que, em geral. são críticos rigoroSOI do regime islâmico, não referiram irregularidades nas eleições. Entre· tanto. é possível que tenha sido aho o índice de abMençõ~. mas as auto­ ridades não divulgaram dados a C\~ respeito ANATTSMO religioso, re­ ram ao presidente eleito - até então Como resultado mais evidente pressão violenta, decadên­ primeiro-minilitro - Mohamed Ali da\ eleiçõei. pode-se mencionar a F cia económica. isolamento Rajai, mais de 90% do~ votos. união do Partido Republicano Islã· internacional - estes são os aspec­ mico (PRI). Com Bani Sadr na pre­ tos que caracterizam a situação no Aung1u-se. ru.s1m, o objectivo pro­ sidência do país. criou-se uma situa· Irão, onde o poder religioso enfrenta clamado pelos chefes do in1egra­ ção paradoxal: ele Linha-se conver· organizações guerrilheiras e mino­ lismo islâmico, que afirmaram que rido no Hder da oposição ao integra· rias nacionais, enquanto prossegue a Rajai superaria o índice eleitoral tismo ishimico, que linha a maiona guerra com o Iraque conquistado pelo seu antecessor, no governo, no Parlamento e no A eleição presidencial, realizada Abolhassan Bani-Sadr, eleito com poder judiciário. Agora, todos oi em 24 de Julho, consolidou a frente 75,7% dos votos em Janeiro de sectores do Estado estão sob o con· islãmico-chiita e p-roporcionou uma 1980. Do seu exilio em Paris, Bani troto uniforme do PRl, a cuja ala unidade de comando que deveria Sadr protestou: disse que era uma moderada Bani Sadr pertencia. eliminar alguns dos obstáculo3 en­ fraude, que a maioria.do povo conti­ A morte do presidente Ali Rajai contrados pelo regime no período nua do seu lado e que RaJai só tinha num atentado não afecuirá essa hc· anterior. As cifras oficiaii; atribuí- conqu1s1ado três milhões de votos. gemonia do in1egrnlismo. Segundo

60 C8detno9 terceiro mundo -,das ns opiniõel., o novo mnn<'lntá­ de esquerda do que os partidos. Dados alarmantes noeleilo u 2 de Outubro f um polí• Eles, desde o começo do processo n.o lcnl que ncnturtí a divisão de revolucionário iraniano, desconfia­ As estatísticas demonstram um fun~-ões (a Consituição abribui ao ram dos integralistas. negando en­ panorama alarmante. Em poucos presidente funções predominante­ tregar as armas com as quais lutaram meses as reservas de divisas inter­ Jll(nu: protocolares) e sera um fiel contra o xá Reza Pahlevi. Os muyo­ nacionais baixaram de 6 para 4 bi­ 11ecutor dns pnluvras-de-orden{ di­ dines sofreram duros golpes e per­ liões de dólares. O Irão, que até fins Qda, pelos hicrnrcas religiosos e dem todos os militante~ capturados de 1978 era o segundo exportador , pelo imú: o hojatolesmnn• Ali em acção: são fuziladoi, . mundial de petróleo, só extraí hoje ~bamcnt-i, ele próprio um alto d1g- Mas a sua reacção contra o regime 1 .4 milhão de barris: aproximada­ 11l4no religioso e que recentemente também é violenta: a destruição da mente um terço da sua produção. O ~nha sido eleito secretário-geral do sede do PRI foi um contragolpe sector industrial está a trabalhar com PRI inesperado e de grande alcance. Po­ menos de 50% da sua capacidade No entanto. esta fusão e confusão rém, acredita-se que, no fundamen­ estabelecida. O campo está arrui­ 111ue política e rehgião - e a conse­ tal, a rede clandestina dos muyadi­ nado. A inflação aproxima-se de ~utnte intolerâncta :,Ó atinge a nes eMá intacta. Caso contrário. eles 30% ao ano As estimativas indicam f'JPUlação que professa o culto não teriam condições para organizar que há 2,6 mílhõcs de desemprega­ chiita, afastando os demais irania­ a fuga de Bani-8adr num avião mili­ dos. O indicador global que melhor .,s. Apesar doi. cbiitns serem tar, acompanhado pelo líder dos reflecte a :.ituação actual é o relativo 'llllOria, existem também importan­ muyadines, Massoud Rajavi, tam­ ao produto nacional bruto; baixou ~ minorias. No plano social, os ~m afastado dos nscos dos comba­ em 30% desde o início de 1979, !(((Ores urbano~ médios e altos re­ les internos. quando triunfou a revolução islâ• pwn o fanatismo religioso E, na­ Outro grande perigo para u revo­ mica. ,JOnalmente, as minorias deste mo­ lução islâmica estii na freme eco­ i!ICO ele grupos étnicos constituem nómica. O PRI procura uma recon­ Pode-se argumentar que os pro­ !K'lencialmente o fenómeno mais versão da estrurura produtiva her­ cessol> de reconversão económica e pengoso para o poder e jâ se ex­ dada do período do x:i e que consis­ institucional levam sempre vários inmc nos movimentos guerrilheiros tia numa inúustrialii.ação financiada anos e que a liquidação dos velhos cutdos e baluche, (eMe com menor pela receita petrollfera, mus sem aparelhos ocasiona uma diminuição oc:1dência) que tendem a crescer. base sólida e, portanto, ilusória a produtiva. que é corrigida à medida No campo polluco houve uma longo prazo. A programação alter­ que se in1roduzem novos sis1emas. ,idicalizaçúo extrema Os proble­ nativa prevê a liquidação das indus­ Hó também u guerra com o Iraque mas sociais internos, a continuidade trias artificiais. a recuperação do responsável por muitos aspec1oi. ne­ dl guerra e os graves e frequentes campo. desprezado e decadente; gativos. Mas. na verdade, esses são l!entados políticos irntar.im as .iu­ uma políuca de conservação dos re­ os dados da realidade iraniana. ~dades. A respostn veio com ri­ cur:,os petrolíferos: e a estruturação A nação está a precisar de assis­ urgente, !Or os considerado~ culpados de de um Estado assistencial, beneft­ tência técnica e financeira xuvidades ilegais• ou de actos cíando os camponeses e os subprole­ mas são grande:. ru, dificuldades para taroristas • são fuúlados apó:. jul­ u'lrios urbano:., o:. principa1:, supor­ obtê-las. devido ao seu isolamento !llllCntos sumários. te~ do regime ínternac~nal Hoje, Teerão não tem São inúmeras as execuções. O Entretanto, a tensão gerada pela vínculos diplomâtícos di~tos com p.is vive um clima de 1error Nessas intolerãncia religiosa faz com que os os Estados Unidos. Grã-Bretanha, rondiçóes, tanto os partido:. polít1- profissionais e técnicos, ligados uoi. França nem Canadá, além de uni ~~dc inspiração moderada como os estrato:. médios modernizados e. em relacionamento determinado com a ,rogressis1as têm as suas activ1da­ parte, -europeizados- , sejam vistos Alemanha Federal. Ou seja: o lrão b restringidas a uma participação com receio peloi. integralista:.. e está praticamente afastado das po­ i!n,ma. eles, por i.ua vez, sentem resistência tências ocidentais das quais o re­ ao regime. Isso dificulta a coopera­ gime do d 1ornou-se profunda­ Aeconomia ção técnica. repercu1indo-se negati­ mente dependente. O projecto i:.lâm,co visava a anu­ ta esquerda armad.a vamente na adminbtruçáo e nu pro­ dução: diminuem o~ quadros quaU­ lação dessa dependência e não a sua ~esse contexto, o regime teme ficados nos postos chaves e muitos :.ubstiluição por um vazio e uma mais os muvodints (combatentes) profissionais preferiram deixar o desorganização que põe em perigo d4povo e o~ guerrilheiros islâmicos país. os des1inos da nação.

Nº 37 /Setembro/ Outubro de 1981 e.oemos terceiro mundo 61 çoes de balns Mas ao menol, t,1t Kampuchea pagode rcst~l1u. co1~a que nao ,, pode diur de muitos outros, aç 1unlmen1e em ruínas. Os :.eguidores de Pol Pot deMrui O regresso dos bonzos ramo tecto origtnal parn substituí-lo por um de e~tilo chinês. Mus opa­

gode ali está com cercn de 30 fit! 1, A tolerância do governo permite que cn1regavnm as l,uns oferendas ao que o povo se reencontre com as suas tradições religiosas bonio É o oituvo dia da lun e p<11 c~ta r:wâo o~ fiéis levavam as ofenill \fana Fialho ao templo. Nos outros dias, os bon­ zo:. com a cesta na mão, mendi­ gando, percorrem :is estreal'ali ru.-, do povoado

No~ bons tempos. o pagode d( Prckta1en. tinha vínta bonz.os, um número consíderJvcJ para um po­ voado tao pequeno. Actualmcntc não restam mais de quatro: o resto morreu ou desapareceu A casa dos monges, informaram-nos, foi con,. pletwnente destruída. tal como a es cola do lugar. Nenhuma das duai pôde escapar à fúria destruidora dos k.hmer vennelhos de Pol Pot Quando estes foram expulsos cm 1979, conl>tru1u-se um local para 1 escola à sombra do pagode onde ames viviam os bonzo~.

O budismo é a principal religião tradicional no Kampuchen, e antci de 1975 era seguida por cerca de 85 por cenio do população. Durante o período de 1975-1979, sob o rcgunt de Pol Pot e dos khmer vermelhos, tudo que dizia respeito à religião íot destruído sís1ema1icamcme. Bonzos e monges, que naquele momento somavam 82 000, isto é. um pot cento da população, viram-se obri· gados a se unir a milhões de kbmen concentrados nas •comunru;, pri· mitivas, para trabalhar a 1erra Os pagodes foram transformados em A estrada que vai de Pbnom e da chuva várias crianças· é uma depó&itos para os produtos agrícolll) Penb a Kompong, o nosso escola, A nossa direiia. atrás das ou em prisões, onde eram tonurndo1 N guia pára repentinamente o árvo~, a aldeia de Prektaten. e execu1ado~ os opositore~ do re carro. Ao longe, à nossa esquerda. gime. Muito& deles. construído~ uo um pagode no meio do campo. Ao O templo budhta é grande. Che­ longo de gerações com a aJuda do1 seu lado, um tecto de palha apoiado gando mais peno notamo:. a fa­ aldeões. foram simplesmente de,­ em pilares de madeira proteje do sol chada, bastante destruída e perfura- truído:..

62 C8ISefnos terceiro mundo L[l>erd11dc reli1?ios11 A atitude da nova adminiltlração é mais de tolerância do que de estí• Quando, em 1979. us tropa~ vict­ mulo. Há muitos meses foi promul­ !\.llllitas entrurum no Kampuchea e gado um decreto que fixa, de agora Jerrubnram o regime de Pol Pot, os em diante, a idade mínima de 50 timpuchcanos começaram a regres­ anos para quem quiser transfonnar-· lll' ils suas terras de origem, numa -se em monge, atitude que foi justi­ marchn lenta e angustiante paru as ficada pela necessidade de mobilizar w~ casal>, famílias, amigoi.. todas as forças produtivas para a O, habitante~ de Prektaten que reconstrução do país. <0brevivernm reencontram-se e Enquan10 isso, com o tempo e as ttoniram-se cm grupos de solidarie­ novas colheitas, a população atra­ .!.ld,:. Chegnrnm quall'O bonzos que vessa csra primeira fase de sobrevi­ romcçanim de imediato a recons- vência retomando os velhos costu­ 11111r o pagode pura reabri-lo aos Os bonzo• regressem a Preklltan e mes religiosos. fifo E esta cena repete-se noutro:. reabrem o pagode aos fl61s : a tradição é mantida lug~res Surgem assim de novo nol, A tradição diz que os camponesei. r,i\oados ou ao longo da.\ cstntdas A nova admmis1raç:io kampu­ devem entrar no pagode de camisa ,, bon1.0s mendigando o alimento chcana de Heng Samnn afirmou a branca e calça negra e pouco a pouco lecadadia, como munda a tradição. ~ua vontade de garantir a liberdade os vemos chegar respeitando o hã­ Uma vez tcnninada a colhe1U1 da rehg1osa, um elemenro tão 1mpor­ bito tradicional. Os que não pos­ e1~ão seca, os camponeses tame da cultura khmer Segundo o suem as roupas tradicionais pieparam-se para a cerimónia das Conselho da Revolução Popular, em vestem-se com a roupa de uso diá­ riores. Vimos nos pagodes flores 1980 foram resraurado~ 3 mil pago­ rio, todos com as suas superstições e 111ificiais feitas de notas de banco des para fins rchg10s0s. 500 bonzos a esperança de que o fantasma de Pol ferccidas pelos fiéis para ajudar a regressaram à vida clcricnl e foram Pot, que ainda paira sobre o bosque, ffilnstrução . ordenados 1.500 noviços. cesse um dia com a sua ameaça. D

Distribuindo jornais, revistas e li­ vros, bem como material didáctico e escolar, a EDIL contribui para a formação cultural do povo de An­ gola. A EDIL é a distribuidora ex­ clusiva dos «Cadernos do Terceiro Mundo» para todo o território ango­ lano.

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N' 37 / Setembro / Outubro de 1981 cadernos terceiro mundo 63 ,------~ ------Preparando novas batalhas Em nome da «liberdade de Imprensa» os monopólios da comunicação combatem a reivindicação do Terceiro Mundo por uma maior democracia e igualdade no campo da informação Pnil H:irris ------,.------...J

ORA\1 esc3belccida .• ma.i. Um do~ nrt1go pedia o rcconheci­ meios de comunicação. O con1eudo um3 ,e,1;. nova~ frcn1es de men10 da re!>ponsub1hd11de do fa. da declaração reflectia u certeza do F comba1e na -guerra• da in- tado pelo~ conctuos rucisllls ou be­ rerce1ro Mundo de que a uutonomi1 [onnação dt'tlagrnda no~ últ11nos lic1!>t,1s ilivulgados c"entuahnentc nacional dos seus meios ue comuni­ anos em tomo da rei, indicação do peloi. meios de comumcaçao de caçao sena o elcmen10 básico que o Terceiro Mundo por uma '\ov.1 ma~su sob n sua Junsd1çno Es~e levana a conseguir uma posiçao dt Ordem lnfonnat1,·a lntemncional proJecto de declaração foi redigido igualdade no sis1ema intcmacionil Em Taillorcs. na França. em reunião para ser apresentado à Conferência de comunicações. realiza.da em Maio deste ano com a Gera.! da UNESCO, realizada em A questão da •responsabilidadt presença predominante de profis­ Nairobi, no Outono de 1976. Trata­ do Estado• não era uma apologia da sionais dos meios de comunicação va-se. porém. de apenas um dos censura, mllb apenas um elemen10 ocidentais te alguns con,·idados do componente~ da campanha do Ter­ nu busca de:,sa autonomia nacional Terceiro \tundocuidadosamente se­ ceiro Mundo para desmantelar as Contudo, a:, nações capitali$t.as oci­ leccionados). defimu-!-e niuda­ barreiras que enfrentava, a n1vel in­ dentais vium nisso o ponto de par­ mente uma po~içâo de hnha • dura• temucional. no campo do informa­ tida para uma 1otul repressão à im­ materializada na apro,·ação de uma ção. Os países subd~envolv1dos ti prensa declaração que critica veemente­ nham constatado que mesmo apói. a O ataque desencadeado peb meme as acuvidades da U~ESCO independência polí1ica o íluxo de maioria dos governos e da impren~, no campo da mfonnação notíci.a~. tanto par.i dentro como ocidentais foi violento c mu1tlli . Esse ataque não é. porém. novi­ para fora dos seus países, conti­ vezes venenoso. As nações do Ter· dade As suas raízes datam de 1976. nuava controlado e dominado por ceiro Mundo foram apelidadas de . quando sec1ores da imprensa oci­ alguma organização da imprensa do mero:. • fantoches• da Un iiio Sovié· den1al reagiram energicamente mundo desenvolvido, cujo!> mterel>­ tica e a UNESCO, acusada de in- • contra o que consideravam como ses tomavam visivelmente rumos di­ centivar o controlo govemamcnl!I tentativas das forças antiocidentais ferentes (e muita.\ vezes contrários) da Tmprensa e divulgar informaçoo de controlar a liberdade de im­ dos do Terceiro Mundo. paníletárias. O problema par.1 o prensa. A p3rt1r desse momento. Ocidente está emJã não poder contar porta-voze:. da grande imprensa com a sua nnuga supremacia de votos nos organismos antemncionllll ocidental atacaram com violência os AUlques venenosos esforços dos países do Terceiro como as Nações Unidas e suas or· ganizações associadas. (Ver edito· Mundo em estabelecer maior igual­ Foi esse domínio do fluxo i.nter­ dade e democracia na ordem inter­ nacional da informação por p3rte de rial neste mímero) O rápido au­ nacional de informação. Em particu­ poderosas organizações que deu mento da participaçao do Terceiro lar, inves11ram contra a UNESCO, força à campanha para reeMruturar a Mundo nessas organ1zaçõei. mter­ no seu papel de principal fórum do ordem existente. Eru de prever. por­ nacion31!. significa que já não 1e debate sobre a informação interna­ tanto, uma reacção imediata e, às pode automaticamente prever que cional e as questões ligadas à co­ vezes, violenta por parte dos inte­ sejam tomadas decisões favorávei; municação. resses ocidentais que muito tinham a ao Ociden1e. Ao contrário, depois de décad3) As nações ocidentais opunham-se ganhar com a manu1enção do s1a111s principalmente ao projecto de decla­ quo. de subserviência e dependência. ll) nações do Terceiro Mundo estão i ração sobre os meios de comunica­ A gota de água para o Ocidente foi começar a encontrar uma postura ção apoiado pelo Terceiro Mundo. o projecto de declaração sobre o~

64 C*lern09 terceiro mundo ~mum n ní\'~I mlernacional e o seu -i-iecuvo declarado é fn1er com que l~a vanrngem redunde em bcnefT ., dos cus próprios povos. 1m, acontece tanto no campo das :omunicaçõcs como no debate m­ ll!l3Cionnl mais nmplo a respeito relaçõe~ entre pabes rico!. e paí• ts. pobres (por exemplo. n,1 UNC­ AD e nos diálogos Norte-Sul). No r:into, a importância crucrnl das municações, não apenas no sen­ "o económico (como uma opera­ b, comercial em si mesma), mas rmbém no aspecto 1deol6gico :orno um veículo de transmissão de 1!orcs) fez e:om que o as~unto giM o primeiro plano do debate macional O aspecto ideológico é um ?J!ll0-thave para a compreensão do ~lema. as comunicações actuam im10 divulgadoras de determinados llorcs. Não é uma coincidência o J:to da expansão internacional da 1ronomía norte-americana, por ex­ !nplo, ~er simultânea ao impulso ilquirido a nível internacional pelas :t"!!lunicações dos Estados Unidos. ria ~b a forma de diversão (como Em troca, reconhecendo o funda­ De fact0. durante algum tempo. ';rogramas de TV e filmes). seja ~ob mento de algumas quci~as do Ter­ após a reunião de Paris, a relativa píorma de informação (Associated ceiro Mundo, o Ocidente ofereceu falta de cobertura da imprensa oci­ !'rm, UPI, Time. Newsweek) um pacote de •assistência• na forma dental sobre o debate levaria a pen­ de ajuda financeira aos meios de sar que o assunto já tinha sido supe­ Contra o monopólio comunicação do Terceiro Mundo e rado. Como s~ explica então que, ampliação do programa de formação como uma Fénix. toda a questão da A importância estratégica das de JOmaJistas. informação. do controlo. e liber­ municações é bem compreendida Essa estratégia destinava-se a as­ dade de imprensa. do papel da it~ países poderosos e daí n sua segurar a influência ocidental nos UNESCO e dos meios de comunica­ ldignação. Não era apenas o mo­ meios de comunicação do mundo ção alternativos do Terceiro Mundo, ~lio das comunicaçõei. que es- subdesenvolvido. tenha ressurgido das cinzas e to­ 1•1'18 ser ameaçado, mas também a Na realidade, sob o dbfarce de mado uma dimensão ainda maior? .ia dominação intemac1onal eco­ •ajudar a melhorar a sua capaci­ ;nica e 1>91ítica. dade de informação. os países capi­ Campanha interllJlcional As naç~ oc1dcnta1s lançaram• talistas reforçaram o sistema e:tis­ .e.então, ao ataque E em Nairobi. tente de influência e controlo. Nos últimos meses. foi lançada 11 um misto de ameaças e pres­ Quando a Conferenciu Geral da uma campanha bem planificada para lie1, esmagaram o que a seu ver Unesco voltou a discutir a questão desacredilnr as contínuas tentativas tn«umdesastre iminen1e. A confe­ em 1978, foi aprovada por consenso do Terceiro Mundo de criar uma :ocia decidiu adiar a decisão sobre uma versão bllStante diluída do pro­ Nova Ordem Internacional de ln­ lll!Ínuta da declaração até à pró• jecto inicial. Os observadores mais formação (NOU) Mais uma vez.. 'l'!la Conferência GernJ da ingénuos pensaram que. com o con­ como em 1976, as principais orga­ l"IESCO, em 1978, em Paris, onde senso alcançado. o problema havia niiações do imprensa ocidental IC!la apresentada uma nova versão . sido solucionado. estão n fazer circular comentários

'37 /Setembro/ Outubro de 1981 cac1emoa terceiro mundo 65 vencno:;os contra todos os esforços Ocidente. invocando o trodicionnl e nn omcaçn da retirada do ajuda fl. füvorive1s à criação do NOU, assi­ sncross:mto principio dn liberdade nunceira u essas oqrnnizaçóes, caio nalando como principais inimigos a de imprensa viu no PIOC uma ten­ ultnipassem os limites defendido1 U 'ESCO, o Pool da., Agências de tativa de re~ulnr as comunicuçoes pelos nonc-americnno~. Nouc1as dos Países :-São-Alinhados internacionais. Em Tatllorcs, e:.sc tipo de chan. e a agencia infom1ativa IPS-Tereei­ Na cuada reunião de Taillon::s foi tngem tomou- e claro quando ai. ro Mundo 1/nrer Pre,,s S"cr,•tt·~ - montado o cennrío para outm grande guns representantes dali organiza ThirJ W ,r/.1), confiontaçjo çõe~ norte-amencnnas de infonna­ Do1 pnncipab (mas nem por isso Nesse encontro. realiu1do upcnru. c:ão propuseram que o Ocidente ~ unicos) fu,ton:s podem ..cr 1dentiti­ trê~ semanns antes da rcunilio cm rctiru~sc colecuv11mente d~ cados e tahez C'.\pliquem o regre~~º que locnam d1:.cundos os detnlhcs UNESCO E nos últimos meses, um às annas O primeiro. tem a sua finais do PIDC - uma co10c1dencrn crescente número de organtLaçõc, origem na Conferencia Geral da que nao toi l)l)r acru.o rci.ultou de 1mprensu do~ El,tados Unido\ c UNESCO de 1976. O ~C!!undo in,­ uma declaração dt: antagoni:.mo da Europa têm procurado convencer piru-i.c nn n:actt\'ada agrc~s1, idade con1m a UNESCO e a outras 1entati os seus governos a pressionarem intemac1onal dos fat.ido~ Unido~ vas de cnação du NOU . De facto, Organização. apó a eleiç:io de Ronald Re:igan. como disse um dos panicipantcs Como se foi.se um incidente ap;i, norte-americuno:,, o obJCCllvo de­ rentemente ü,olado, mas que na rea A Comissão Muc Bride clarado da reunião era o de coorde­ tidade faz pane da mesma campa, nar um •contra-ataque às poderosas nha. as conexõei. dal> organizaçõe1 Em 1976. 3 Conferência Geral da actividade~ do Terceiro Mundo e dru. Naçõei. Unidas com u agência UNESCO em Nairobi decidiu criar dos comunistas em defesa de umu /PS -Tltirtl World. foram atacada, uma comil.são mtemacionaJ para es­ nova ordem internacional de infor­ num edi1onal do Washington Starde tudar a questão da infonnação e Ja., mação. 29 de Junho último, distnbuído pela comunicações, conhecida como O objec1ivo da declarnçijo era dar Assoncutd Prt'SS a nível mundial O .comissão Mac Bndc-. cm home­ a maior publicidade possível (e an-1go sugeria não ser convemcnte nagem ao seu prei.iden1e, Sean Mac realmente recebeu uma destacada que as organizações das NaÇOt, Bride. Prémio Nobel d:i Paz.. Os atenção dos meios de comunicação Unidas dêem apoio financeiro a ouU'O:, membro:. foram escolhidos no~ Estados Unidos) ao desconten­ IPS-Tltirld Worlcl para divulgar entre profissionais dos me10~ de tamento do Ocidente com os esfor­ através da agencia, artigos sobrt o comunicação e de outra!> acti,·ida-, ços da UNESCO no campo da co­ desenvolvimento, pois, segundo o de&. com a finahdade de :;e obter municação. Washmgto,1 Star. •a/PS é uma m~l~ uma ampla representatividade ge­ E. embora reconhecendo -cenas tuição privada que muitos jomalil­ ográfica. falhas no actuaJ ,;istema global de tas consideram parcíal e contra o Depois de quase quatro anos de comuo1caçâo• , a NOU foi meada, Ocidente . trabalho, o relatório final da Comis­ praticamente por unanimidade. O primeiro round da luta entre~ são (intitulado Muitas vous, um como uma tentativa !>OV1ético­ imprensa ocidental e a Nova Ordem só mundo•) foi apresentado na Con­ -terceiromundista de •legitimar o lnforma11va foi encerrado, afinal. ferência Geral da UNESCO de controlo governamental da infor­ em Pans cm Junho deste ano Na 1980, em Belgrado. Apesar das mação e abalar o respeito da liber­ reunião convócada para pôr o PIDC conU'Ovérsias, o relatóáo foi aceite dade de imprensa ocideotaJ. em funcionamento, os dois lado, , porém rapidamente esquecido opostos concordaram com o lanÇI· A Comissão havia proposto a Chantagem . mento do programa, estabelecendo cáaçâo de um organismo interna­ as suas linhas gerais de opernção cional para coordenar o desenvol­ A reunião de Taili ores e o seu LOm Contudo, a maioria dos pai)t1 vimento das comunicações. Desde nitidamente político ei.r.ão em es­ ocidentais mostrou relutância em então, esse organismo tomou fonna treita ligação com o segundo factor atender o~ pedido~ de contribuição e, com o nome de Programa Inter­ mencionado: a agressividade de financeira para o programa e ~ nacional para o Desenvolvimento Reagao. Como sustenta o editorial bic,tante clarru. as indicações de que, das Comunicações (PIDC), foi for­ da nossa revista, a política de Rea­ caso as coisa~ não ocorram ao gosio malmente constiuído. A sua cria­ gan em relação às principais organi­ de Reagan e dos ~us aliados, ser.ío ção, no entanto, repre~enta uma das zações intergovernamentais inter­ feito~ todos os' esforços para c,•ilar razões para os novos ataques do nacionais parece marcada por uma que a NOII se tome uma realidade Ocidente à NOIL A • linba dura. do espécie de chantagem, que consiste e.

66 cademo9 terceiro mundo 1Tnorte-sul 1 Umas migalhas para os mais pobres

As perspectivas traçadas na Conferência das Nações Unidas sobre os Países Menos Avançados (PMA) não foram animadoras: os pobres Ol)ntinuarão a ser cada vez mais pobres?

STA muito longe de ser su­ ficiente paro cobrir as ne­ Ecess1uadcs e, ao mesmo tmpo. é um compromisso que re­ irtsenta tudo o que poderia espe­ !lr-se na ac1ual siruação mundial•. fita a resignada apreciação que sin­ itrim a opinião de numerosos dele­ ~os e observadores ante os resul­ :ido~ da Conferencia da:. Nações Unidas sobre os Países Menos \vançados (PMA) que teve lugar ~ Paris, durante duas semaniis, e .11e concluiu a 14 de Setembro úl­ mo com a aprovação de um •novo ,rogrnmn subsrnncial de acção paro Ili anos oitenta• (NPSA). A denominação de Países Menos ,vaoçados (ou menos dcsenvolvi­ .k>,J é um eufemismo típico das Na­ iões Unidas pelo qual são designa­ ~ as nações atrasadas e pobres do i!tneta São tnnta e um países que llbergam cerca de :no milhões de pe~soas (1 ) . Para identificar os membros do !!ferido grupo, os especiafüu1s en­ .:oniraram os seguintes factores cm .omum: um rendimento per r:ap1ra "lédio de menos de 200 dólares 111uais (valores de 1979), uma taxa t analfabeusmo superior a 80%. ima esperança de vida rondando os 15anos e onde apenas 20% da popu­ JÇào tem acesso a sistemas de ~údc, e em que oitenta por cento da população habita uma.~ rurais. Paí• lt$ que se caracLenzam. ainda. por 11exponações cobnrcm apenas mb­ !adc das imporlaçõcs, apresentarem Foram estes dados - que esbo­ jccto preferencial dn ajuda da co­ 11n nível de industrialiuição de ape­ çam com muita crueza um quadro munidade intcmacional. (Cabe no >.u 10 por cento do Produto Nacio­ sub-humano -que levaram a que se entanto assinabr que a população aal, etc., etc ... considerasse estes países como ob- mundial afectada gravemente pela 61 ~º 37 /Setembro/ Outubro de 1981 C1111H1tn0S terceiro mundo fome ascende a 800 milhõe~ de pc.~­ volvimento (UNCT AD V), renli­ como -:ecrc111no-gerul d11 confc~n­ de 20~ total soas, cerca do do pia· zada em Manila cm Junho de 1979. can agora !>e efcctuou. Durnnic nem). que 1 solicitou um programu de acção fosc de prepnrnção do encontro ~ imediata que minorn:;se as d1fic:ul­ Paris. Corea elaborou uma sénc de As reMndicaçõe.s d:1dci; dos Pafscs Menos Avançados propostas que anclu111m a~ reivindi­ dos países pobres (PMA). No fim desse nno. Kun cações apresentados pelo Grupodo1 A Quinta Conferencia J::is l\ãções W.!ldheim dc~ignou o secretãrio­ 77 - ou seja de 121 países subde. Umdas paru o Comercio e: o ~sen- •geml dn UNCT AD, Gamani Corea, scnvolv,do~ - em relação às fonnas

Os mais pobres

Países População em 1979 Produto Interno Taxa de (milhões) Bruto por habitante crescimento (dólares 1978) económico anual (dólares 1978) (média 1960/79) Afeganistão 15.5 241 0,7 Alto Volta 6,7 447 1.9 Bangladesh 86,6 1 18 1,4 3.5 224 0,8 o.a 632 -3,6 4,4 146 1,6 Butao 1,4 103 Cabo Verde 0.3 150 -1,6 Chade 4.4 188 1.4 Comores 0,3 248 1,0 Etiópia 30,4 143 0,6 Gâmbia 0,6 244 1, 1 Guiné 4,9 262 -0,3 Guiné-Bissau 0,6 201 0,7 Haiti 4,9 278 0,5 Laos 3,6 83 0,1 Lesoto 1.3 145 0,1 5,8 175 2,9 Maldivas 0,2 150 Mali 6,5 131 -1,2 Nepal 13,7 119 0.3 Níger 5,2 220 1,8 Rep. Centro Africana 2,0 248 -0,9 Ruanda 4,7 188 1,5 Samoa 0,2 520 Somália 3,5 130 0,3 Sudão 17,9 320 Tanzania 18,6 263 2,9º· 1 Uganda 13,2 280 -0,8 Yemen Democrático 1,8 f 316 -3.0 .~ Conjunto dos Países Menos a Avançados (PMA) 268,5 201 0,7 ~ Conjunto dos países ~ subdesenvolvidos 2164,6 661 2,9 p Paises socialistas da Europa Oriental 375,7 3681 5,4 d Países capitalistas desenvolvidos 780,5. 7922 3,4 p, E DADOS DA UNCTAD p

t; 68 c:ademo9 terceiro mundo « cooperuç!io que Jeveriurn ser o novo esplrito de inspiração socia­ 1mtad,h ao~ PMA Tratou l>C de lista que governa a potência fran­ lll11 documento muito preciso que, cesa •depois da época da domina­ cm ~rnte~e. delineou os seguintes ção colonial, depois da e&perança ~1e,11vos· dos anos sessenta, depois do im­ - duplicar. antes de 1990, o pacto da crise económica mundial. rtnJlmento de 1,;Jdu um dos paísei. eis-nos perante o umbral de um novo mteu:~sados e. no mesmo tempo, milénio. Seis mil milhões de pes­ l)>Cgurar que us camadas mab po soas habitarão a terra no ano 2000. 1rt, de sa:. populações ,eJ11m pie Deixaremos nós 4 mil milhões dela:, umente bcneftc1udas JX)r esi.a.-, me­ ameaçadas con~tantemcntc pela lbonai.. cons11Jerar •rJ20avel e pos­ pobrew? Deixaremo:. que mil mi­ u1el duplicur o valor real das dife. lhões de pessoas sejam acossadas rtnte~ contribuições da aJuda global pela fome e pelo desespero? Este o equaJruplicú-la~ antes de 1990. Em problema fundamental com que nos termos de quunttdude, a aJudu aos vemos confrontadoi., P\IA deveriu uumentar do, 3300 Por seu lado, oi. países escandi­ mlhóes de dólares de 1977 (que a navo:. e a Holanda, que formam o prtÇth de 1980 duplicam essa wma) grupo sensível ll!. reivindicações do pn cerca de 14 000 milhões de O prNldente franct9 Frençol• Ml«.r­ Terceiro \.1undo e os que dedicam dólares em 1990, rand dlecurH na ª"ª'° Inaugural da mais alta!> percentagens do, seus Confertncla da ONU eobre oa PaltN - o empenho pedido aos países Meno• Avançadoe (PMA) Produtos Nacionab à ajuda para o ~ustrializado) foi o de dedjcarem, desenvolvimento, aceitaram cm li 1985, 0,15% dos seus Produtos postas pelo Sul e realizou um m­ termos gentis o programa apresen­ l/aciona1s Brutoi. (PNB) para a tcoso labor dentro do grupo dos paí­ tado pela UNCTAD. Na vertente 1uJa pública ao dei.envolvimento ses industrializados, especialmente opoMa, Estados Unidos e Grã-Bre­ elevando-a att ao fim do corTCnte entre os membro~ da Comunidade tanha negavam-se a aceitar o menor *cénio para 20% (2): Económica Europeia (CEE) parn os compromisso concreto. para além - 30% da ajuda global ao Ter­ aproximar das solicitações da dos fatados Unidos rechaçarem ate ttiro Mundo deverio ser canalizado UNCTAD o próprio conceito de ajudo para o ;ara o, Paí!>Cs Menos A\anç No ~eu d1,curso inaugural, o pre­ desenvolvimento Foi. pois, através - ~licitou-se a eltten,ao de pre• sidente Frunçob Mitto.:rrand definiu de comple:1:as e dificc1i. negociações ítrfoc1as comerciais e outras facih­ J.ldcs aos PMA por parte das nações IT&nçadas Um dos pontos referiu 1t concretamente à concessão do Scabtt (sistema de cstabihução dos picços de alguns produtos básicos icordado entre a Comunidade Eco- 116mica Europeia e o:. pat\Cs .c,:,0. ciaJol> de Africa e da:. Cara1bas) aos P~1A que não fuzem pane do refe­ ndo sbtema frança: uma nova postura

Colocadas as propostas. 1:pet1ram-se as d1visõe e os anta­ JOl'l)mos que se tém vindo a regtStar ~ ulumos ano1, cada vcl que se lentam à mesma mesal()s rcpresen witcs do None e do Sul do planeta pu;i dii.cutir assuntoi. económicos -com algumiL, significativas nov1 d.Ides, que cxplicwn o pouco que foi pos~1vel obter nesta confertncia Em primeiro lugar. cabe registar a IOva postura da frança, que, pela Doa 31 paltN considerados menos avançados do mundo, 21 tto alrlcanoa, n• tua p11me1ra vez, aderiu às metas pro- maioria looallzadot na zona do Sehtl

Nº 37 / Setembro / Outubro de 1981 C*lelnOe terceiro mundo 69 que ,e chegou a um comp1omi,so Como foi referido, continunrá a anual de energ1u po1 hnbit.inte no1 n<" ~guinte, tcmio,: ,cr muito ditertntc o grau Jc ,1Juda P\I \ contra 63Z9 quilo, por habj. conceJiJo pelo, J1fercnte, mem­ tJnte no, p.1he~ industriuliudos, Foi afai.tada a meta Jc qu 1Jruph­ hro:-. do munJl, de,envoh ido O car a ajuda p,.11·.1 o Je:.eO\\)himento ·ao obstante o, PMA terem impor. é de ,1 ante, de 1990 po1, o:. pnl'e, indu, tacw mai:. marcuntc o m.uor tudo. na generulidude dos Cil\OI, trializados n:io qu1,cr:1m aceuar uma potencia mundial ,cr n naçao que, pouquhsimo petróleo, esse, quun11. obriga~·ã1m <-omparnti\ :imcnte, meno, .1juJa tut1,o, pesam de tal modo na., ,ua dedica à parte m:11, pobre do planeta balanças comerciuh e de pagameo- como se 1lud1u a C\'n~e,s;i\l de 0 'ºª (3) 11 da DJUda :llh Po"6 \lcn,h ,\, ança• to, que levam que em muito, delei pa1,e, Jc~cnvolv1Jl,, com­ do, Tamoém nal1 foi garan11d3 u o, 111.11, de 75'-t Jo, custoi. d.i, ,uM )) prome1eram,,c II mclhur,tr .,, prcfe duphcu.;ão da aJuJa em 1enll\,s rc;m importa~ões ,ejum absorvidos prc. :e rên~1a, comer<·1,1h gencr.,huda, llt (e e~te tum ponto importante, poi, ci,.imente pelo petróleo a, quanudaJc, nomin:11, podem paru o, proJut\h Jo, P\I,\, a ute­ nunr a, protc<çoe, taníária, e não n~oes e..tib que niio terão qual­ aume11rar ao ntm1l Ja intl.1çào '-'!m quer ,.11da i.c não receberem li! t::inhínas e a foc1htar os :J\'orJo, por ,oma, ' que "~º s1gm11qu\· um 1m:renwn10 produto, 1111pon.1ntes que lhe, permitam endi, t! rea l ne n ,e prc.:1,:m1m lh prlll.(h rc:itar a, ,uas cconon11as, ru1ao pela • parJ concrettzar o, obJC..11\ o,­ qual foi sohc11ado fi>.ar a \Omu de 62 ' Dcixou-,c ao cnl no do, Jadon:, de O proJC\:'to de e"lcn~o do Srabe.x mil m1lhõc, de dólare\ pura o quin, 3lh P\1,\ ,erá ,ubmetido ante, de :tJuda a po,,1bihJaJe de optar por quén10 1981 /85 Só 1Mim " pode- • Ull\J Ja~ ,eguintes ,ar1an16· chegar 198, ao cAame de um grupo Je es­ ria empreender um crcscimenro a conceder o, O, 15 Jo,; seus Pro­ tudo ,\ CEE , ~ com bons olhos este económico rapido e solucionar ai, duto-. :-;a ion:u, Bru10:. no •próxi• pruJccto e ná" e de prever que a \Ua guni. dos seus problemas mai~ prc aplicação enlontrc obstáculo,. O mo, ano,• ou duphcar a ,om:s Jc,-ti­ mentes Aquela soma equivale a 1 n Ja à aJuJa no me,mo e 1mprec1,o p.11s mais b.:nehc1aJo \Cria o Ban­ aproximadamente 1O'li do que o penodo Jc tempo. gladc~h cm rel.1çjo à juta, seu prin­ mundo gastou cm armai. \Ó no ano cipal produto de ellportação. de 1980. Como observou um dele­ fnnto no csmpo militar como no gado à reunião, ba.\tana que se dts­ Continwuio o, pobre, da energia ns rccomend11çõc, foram mai:, pobre:.? unas,e 1.8% dos gastos de anna­ de carácter genérico. mento para se remediar a fome no É difícil quanuiicar o que poderá Este'> os .icontccimento, mais ,a­ mundo. Sucede porém o contráno, e ,1gnificu e,ta n:,oluçlio Tanto hentes relac1onuJo~ com a confe­ cada vez se ga.,tn m.iis dinheiro na ma,, que o mator dador potencial - rénc1a de Parn, Para apah,ar cm que corrida armamentista, na qual os Es· os Est!!do .. Umdo, - ainda que ,~o­ grau os acordo com:spondcm à,<; tados Unido,, potência que propor­ lado entre as nações rica:. e critica­ nece~,idades dos P\1A. haverá que cionalmente meno~ ajuda, ocupa a das pelo~ delegado, Jo Terceiro cotejá-lo, com a realidade econó• dianteira. '\tundo pela ua pertinaz oposição. mica dessas nsçõcs. ,e rccu,ou a adoplar qualquer em­ O, P\.IA n!lo têm culpa do e,tado penho A det?radaçáo cm que \C encontram. E,rc é const· O, paí~es que anunciaram aumen­ dos termos de troca quénc1a d1rccta do coloniah~mo e d\l to, foram a França, a Alemanha Fe­ ncocoloniali,mo, cuJu cxploraçao deral, a Irlanda, o Jnpão, a háha e a Os P~1A sobrevivem com ba,e os obrigou à monocultura orienrnda Bélgica A~ naçõe, ~andina,·a, e a em produtos agrícol~ e minerais para a exponação, que liquidou as Holanda, que contribuem Já com va­ cujas cotaçoes se tem vindo a de­ uas economia) au1osufic1cntes lores acima Jo~ O, I Slk dos seus res­ preciar continuamente ao longo dos Uma análise neutra, efectuuda pelo pectivos PNB, expressaram que últimos anos. faia a causa principal progr.1ma das Nações Unidas para o manterão os ~us esforços orienta­ do retrocesso económico que o desenvolvimento afirma o seguince do~ no ~entido de íncrementar o grupo experimentou (ver can::a). en­ •Não há \CClor cm que a, ,equela> montante da aJuda. contrando-se hoje situações gravf~­ da era colonial seJam mais v1)ívtis Tudo indica, pois. que haverá ,imas que ameaçam a própria vida que na agricultura Ant~ da era co­ mais dínhe1ro disponível para os das populações lonial, por exemplo. a Áfnca sall)· países menos avançados, ainda que Durante os último:. três anos folin por completo us sua, neccmi· nllo se saiba quanto. nem mesmo se registaram-,e quedas no valor real dadci. na frente agncola Dur.inte o chegurá a haver um aumento em das exportaçoes dos PMA, enquanto período colonial ío1-lbe 1mpoqo um termos re:ii~ Há quem pen~e que, iam aumenrando o, preços da, ,uas ,1stema que dava primaz.ia às cuhu· quanto a este último 35pecto, não se 1mportaçõc~. com o con,cquente' ra~ de exportaçao em de~fuvor da~ darão variações apreciáveis, mas só cMrangulamcnro do seu sector ex­ que a~~eguravum a alimenwçao da nos próximos meses se terá um pa­ rerno. população local Duranre o, ""'~' norama mais claro desta fulcral Foi calculado um cqu.i, alente a 53 dias, pra11camente, c~te si,tema não questão. quilo de carvão o consumo mfdio '>C al1erou•.

70 ~ terceiro mundo A, potências colon1n1s de antign­ ~olt têm o~ seu~ herdcirol> nos

111 pie~a., trnnsnadonais que nlur­ ,1.111 a e;1.ploraçao daquele ~istcmu e ~rofundarn O!. termos de um inter­ ,ilnbio desigual entre noções in­ ~trinlizudas e nações subdesen­ A OPEP e a galinha nilvida.~ . Os c11usndore~ desta situação são QSque deveriom acordar uma com­ dos ovos de ouro ,cn.saçuo que pennita uo~ p111se:. '!111> pobre~ o acesso a uma vida l1gn:i. A Conferência de Paris mos­ Existe uma nítida divisão na Organização, aou. uma vez mais, em que medida onde a Arábia Saudita faz o jogo dos Estados Unidos 1> nações capitalistas industrializn­ .!i, assumem as ~uas responsabili­ Pablo Piacenlini ibdcs . D

Ili Os pabcs efnc11Do, a~st)lcnlej (oram· o Na wa úluma reunião. os S,nln, Bouwana, 8unind1, Cabo Verde, Rc­ países da OPEP perderam a pcbhca Centro Africana, Comores. E1i6p1a. Gàmb11, Ou1nt. Gutnê•B1>>1u, Alio Volt3, N oportunid11de de recuperar a l.l;olo, Malawi, Mali, Ni~r. Uganda. Tan­ unidade. Em consequência deste LlftÍI, Ruanda, Somilia, Sudlo e Chade Os lllJlico A(eganisclo. Bangladesh. Bullo, fracasso. alguns dos efeitos neg:lli· IJos, ~uldivat, Ncp.tl. Samoa Ocidcnllll, vos que os exportadores de petróleo \'s concretos cm tal dlrccçlo abundância de petróleo - uma lago ronm. a Noruega (0,lO'I), S~cla (0,29..,), que tem cerca de doi:, milhões e l!oltnda (0,24CII,) e Dinamarc:a (0.23't). Tod11 clu ultrapanaram a mc1a miçad• 11t11 meio de barris diários, à deriva no l'lris de O. 1S'l, u rc.1an1cs naç6e> qucd•· praça - leva a uma tendência parn a r111Mc ababo dcsl>C nlvcl Orl·Brcta~ba 10.14._,), Alcmllllbll Federal l'O,'lf"lf). Japlo queda dos preços, impõe a ne-essi­ i0,06'l) O• ~lados Unidos .só dlo 0,02'1 dade de reduzir os níveis de produ· rnqu.uuo qiae a Fnnça. que dava apenas 0.08'1, .e compromctcu agora a chegar aos ção e dificulta os volumes acruuis. D,ISCII-, bito é, menos divisa:. para o~ expor­ Por ~" lado os palsei. d~ OPEP dc,unam. tadores e a incerteza do futuro. pelo ,o 1eu conjunto, trb velC!I mau que o con­ O xeque Yamanl ~o du nações ap11alisw lnduslrialiadas. menos de um futuro próximo 1tmprc em lermos de percentagem do PNB. Todos estes factores devenam ac­ que t neslc C!a)O o de 0, 18'J., Al~m disso. o de Bah. em Dez.cmbrodc 1980. Ali, 1aaJo da OPEP auum,u o cu~,o tola! da subJ· tuar como razões nntur:m, de enten­ Unilo Argélia, Líbia e Nigéria) admitiu-se Sovib1ca e o• seus alladoi a sexagésima reunião ordinária de llo de opinilo que u nações )0Cial1>1~ olo uma cotação máxima de 41 dólares. lia retponqvcl5 pel.u flhl~ colonlab e Maio, também efecLUada em Gene­ Estas margens permitiram medir aeocoloniais, e que a,.esupulaçócs do NPSA a bra. , ..pc,10 da lnmfc~ncla io1emac10nal de te· as forças das diferentes posições cano, >C dingcm (undamcntalmcntc para os existentes na OPEP. A Ar:íbia Sau­ pai~ capi1aluias ,ubdA:,cnvolv,dos. Na rc•· Golpe baixo lodadc, o gro•só da •Jud• dos países sO<'lalistas dita. representante d:i ala branda• e da Europa d1rigc,se a ou1ro 1lpo de ajuda, que contemporizadora com os interesses pnv1lcgja o, pal$C, 10C1alis1u i ubdc!oenYOlvl­ Assim, regressou-se. fonnal­ dot. Que no CISO c1o, PMA se lrllS do Afega­ do~ Estados Unidos, ofereceu o seu mentc. à situação surgida na reunião Dl\llo, 1 aot e Ycmen do Sul. cac1amo, terceiro mundo 71 N.º 37 / Setembro / Outubro de 1981 pe Ieo uo preço mm1mo. enqu:into ros:is consulrns e fez se umu reunião a maioria escolhia os preços mt\,1- Em todo caso, não es1ao 1 prepurutória de três ministros com o clara~. para os observudo~. as ra. mos. propósito de encont.rnr umu fónnul11 1.ões sauditas Mas. além disso. a Arábia Sau­ de negociações . Pouco ndianrarum dita aumentou a :.ua produção. for­ esses esforços A desorganização no mercado necendo quase a metade do petróleo Como dur.inte ns sessõe:, o Arábin projeccada a partir desse desencon, da OPEP l!0.3 milhões de barris, Saudil.1 concordou com um aumento cro dos exponadores toma dillcíl num total de 21 .5 milhõ.: ) lndu- de 2 dólurc • mns ficou 1mdutível prever quais serão :is suas conse. 2.1u, desta maneira. o de ·klCamento no) 3~ dól:ires por barril, enquanto u qul!nc1a., Por um lado. é corremca dos compmdores para o seu petró­ oucrn posição rtpn:sentada pela Ve­ afirmação de que. no fim do pró- , leo. em detrimento do,- demai,­ nez.uel11 não acc11nvu menos de 36 >.amo ano. ulguns pruses industriali­ membro!, da organiza ào (no C:t!-O dólare~. procurou-se um compro­ zados começariam a Mlír da reccs~ão 1 dos petroleos mais ,·alaosos. oi. i.eul, misso de equillbno nos 35 dólares e, ponnnto, ampliariam u procun , competidores dirccto, ,,;io o, simi!J­ tno caso do~ petróleo~ moas , alio Por outro lado, vários países li e~ re,, do Mar do Norte) sos. Yumani p,:d1,1 um nbotímenco pera de uma solução, haviam ,usten. 1 Paro º" outros ~•-es as con,,e­ para 37 dólares). A mwona concor­ lado preços altos, enquanto viam~ , quéncill). foram i.e,er.i,, "lo mer­ Jou ma.s faltava o sim de Riad seus rendimentos caírem rap1da- , cado ln,re em po~i\el adquirir pe­ Consciente do. necessidade de fazer mente. VeJn-se o cuso da Nigéria , tróleo por menos de 36 dotares . nesi.e momento uma pressão vigo­ que, em meados de 1980, produ21a Dessa maneiro, muitos 1mport3do­ rosu, o presidente do Iraque, Saddnn 2,2 milhões de barris. em Maio 1,3 , res denunciaram todos os contratos Hussein, pegou no telefone e instou milhões, e no início da conferência, poss1 .. eis a esse preçoe"dei"ensívei& como para compensar o seu isola­ longo prow - e ai, diferenças dio à sua influência. Nas vésperas da mento, esta decisão pode também co1ações entre os diver~oi. upos de conferência foram realizadas nume- ser devida a motivos económicos petróleo que os sauditas, possuído·

72 cademoe terceiro mundo ~ de um 1ipo corrente (o 11rahian matar a galinha dos ovos de ouro. ~ht). qu1,erum wr Jaminuidas Segundo Yamani, os problemas não seriam resolvidos reduzindo-se a oferta de petróleo (e assilh JUSlifica (oncepções diferentes a sua omissão na matéria) mas si­ tuando o preço no nível exac10 em Em 1omo do comércio de petró• que não esdmule os seus competido­ . chcgou-~e basic11men1e, u duas res . i•s1çóes que revelam concepçoes A proposta saudita completa-i.e 10fu11damente d1fercn1es. A fór• com a • indexação•, isto é, com um ;11ln du maioria dos pa1scs consiste mecanismo de reajustamentos pe­ elevar ao mã.,imo o cuMo do riódicos dos preços de acordo com a ttróleo. cien1es de que é um bem inflação, ligada às oscilações das .k>-renovável e u fonte de energia principais moedas ociden1aís, a fim de perpernar o valor real do barril no 1t mais vun1agens apresen1a 110s nsumidores. Pensam que a pro- equivalente a 32 (e, posteriormente, 1111 poderá sofrer oscilnçõcs e que a 34) dólares de 1981. ~rá. inclusive. continuar a de­ É evidente que as alias cotações :e cer devido à redução do coo­ esumularn os investimentos em fon­ .mo e à introdução de outras alter­ tes alternativas, e faz tempo que isto Jtiv~. mas sabem que ele será - eslá a acontecer. Na realidade, elas :iquanto C). isur - a fonte energ~­ só a,ueciparam os planos de desen­ ta mais disputada no mercado. volvimento de ouiias fon1es energé­ ticas (ou de jazidas petrolíferas de Os preços elevados representam extracç.io cara que antes não se jus­ ,a os produ1ores dois Lipos de tificava). prevendo a extinção do 'llveniência. 1) a po~ib1hdade de petróleo. 1estir os excedentei. derivados das Ma:, is~o. como vimos. não con­ r,das no seu própno progrcs~o. de traria os int~rcsses da OPEP. pois fº a cumprir o ciclo de dcscn­ facilita as polí11cas conservacionis­ vimento nacional antes de se es- ~ - Por isso, a maioria dos governos '.ll'Cm as reserv~; 2) focil11ur uma membros da Organização ofinnou, lítica de conservação Jo recurso. até à exaustão, às potências ociden- cada aumen10 permi1e vender a 1:ús. que deveriam cessnr a delapi­ ,rsma quantidade e ganhar mais do dação cto petróleo e que não devem .t antes; 3) il1cremen1ar fomes ai traçar as suas políticas a longo prazo !!nativas no mercado. pois isto faz Petróleo: qual II perspectiva? com base nos volumes das recentes mque sofram menos pressões ex- exportações. 1!Dai, para aumentar constante- A tese da nobreza Na realidade, o governo que zelar 1e a ofena, como aconteceu pelo in1eresse nacional investirá o terruptamen1e noi. últimos do1:. Apesar dessas evidências, há máximo nas indú1;1rias de derivados ~- apenas um pa1i. - ou melhor. uma e no pe1roquímica. que multiplicam Esses princípio~ servem para nobreza- que raciocina de maneira os lucros do petróleo, pois a venda s os pafsei.-membros. mas são oposta. O intérprete dessa tese é desse produto sem refinamento é a cáve1s em maior escala h na­ precisamente o ministro Yamam, operação - dentro do negócio pe­ ~~ cujai. reservas calculadai. não que afirma ser um erro situar os rrolífero - que dá menos dividen­ muito grandes e que começarão preços além de uma cota que, em dos A substituição progressiva do l!!gotar-se nos próximos anos, por l981. es1ipulara em 32 dóla~. petróleo como combustível básico la do fim deste século. como noi; Quando esta cpta é superada. ajuda a e:.peciaJiznr e a maximizar o O) da Argélia. do lriio e da Venc­ afirma, tornam-se rentáveis os in­ ~eu rendimento económico. ia, que 1ém, ponanto, muno vesumento:. em fontes de energia O qu~ Yamam as~egurJ não tem co tempo para um c1c.lo que não que competem com o petróleo. Isto cabimento, pois e pretender que a riio cumprir se u queda nos pre­ parece ser o que Yamani ensina aos oterta não \eja um do:. componen­ -.e prolongar seus parceiros da OPEP Seria como te:. que conta na fixação do custo de

'37 / Setembro / Outubro de 1981 c:adcmos terceiro mundo 73 uma men:::1dona. Trata-~e d seus homeni. de negócio têm. pob, qualquer dus monarquias, mas 1am. causas para se entender o programa uma pane ~·ons,derj, el dos interes­ ~m na hipótese de que uma insu,. impo!,to pelá CJ!,3 real. Encontro se:. vinculada :10 funcionumento da re1çüo interna po:.sa alterá-la. Is~ mos du(I!.: prime-ira, a Arab1a Sau­ economia ocidental s1gnificu: se. por exemplo, um d11a e. M multo tempo, o pnmeuo A segunJa cuus.t e que. para u grupo Je ofício.is derruba a mon:ir, e:1:ponador mundial, tem imen'-as pre:,ervuçiio do:, mterc~se, da no­ qu1a ab~olutista da Arab1n Sauditae reserva., e uma população limiluJa. breza e do:. 1_m1nde!, empn!sano:; esiabelcce um sistema democratico Al> queda:. Je prc,;o~ nao a atingem (não do povo '>audit-1) eles precisam e popular que, entre outras coisa~. possa impor uma política petrolífe11 nacionalista, a:, forças armadas dos fatados Unidos. autoproclamadas r guardiã:, da liberdade e da demo­ cracia no mundo, poderiam actuar para reconduzir no trono a casa wa• habua e salvar, dessa maneira, o

que consideram os seu~ inieres~ 1 estr111égicos Essa é a doutnna ofi. cial dos Estados Unidos. mamfe•· tada oo mundo pelo ex-presidente Carter no discul'lio sobre o esrndo da união Reagan não mudou em nada eltta fórmula, como também de· mons1rou ir ainda mais longe que o seu antecessor.

E.ssru. garantiru. norte-american11.1 incluem uma conLrapartida. O> príncipes ~audita., (da mesma fonni que ontem, eles e o Xá, e com ma11 , razão agora que o Xá Já l>C fo» devem jogar a canada de Washing· too dentro da OPEP. E os Es1ados Unidos. que são imponadore~ dt petróleo. não querem que os preços Na Ubla a receita do acompanhem uma linha de aumento petróleo 6 apllcada no duenvolvlmento de acordo com os nacionalist:is da agr6rlo (foto em Organização. E os sauditas. att cima) e em aectorn ~nsldenidoa onde podem. fazem esse jogo É prforltárloa. Na bem verdade que Riad não admire Ar6bla Saudita, grande parte do que os seus verdadeiros motho1 excedente de capital ~ejam esses Mas é igualmente ver· 6 Investido noa EUA. dadc que ninguém acrediw na fábula Na foto em baixo: Fatd e Halg da galinha dos ovo~ de ouro. C' ~ÉNTA Oito anos após a guerra de Outubro Sadat morto por militares O presidente Anwar Sadat fileiras do exército constltuiam do Eglpto foi assassinado aos olhos do regime, ameaças no dia 6 de Outubro, quando suficientemente fortes para que presidia às cerimónias comemo­ este dpostasse com enérgicas rativas do oitavo aniversário da medidas repressivas. guerra de libertação árabe de Preocupados com os aconte­ 1973. cimentos no Egipto, que poderão traduzir-se, no caso de uma mu­ Militares que se integravam na dança de regirn~. por uma drás­ parada militar dispararam contra tica alteração cre todos os dados a tribuna presidencial, ferindo estratégicos no Médio Oriente. mortalmente o presidente e ma­ os EUA e a NATO tomaram me­ tando mais três egípcios e dois didas militares: Washington or­ estrangeiros. No atentado fica­ denou que a Força de Interven­ ram feridos três militares norte­ ção Rápida aumentasse o seu -americanos, dois diplomatas estado de prontidão, enquanto a estrangeiros, e um ministro irlan­ Com a morte de 5adat, toda a estrat6gla alonlata-norte-amerlcana para o M4dlo NATO colocava ,em estado de dês. Mais trinta e oito pessoas Oriente fica em perigo prevenção as stias forças navais !oram atingidas. A data escolhida para o aten­ no Mediterráneo. Um dos feridos foi o ministro tado é em si mesma muito signifi­ No mundo ocidental, em Israel da Defesa, Gazhala, e os três cativa: os «oficiais livres» - or­ e em Pequim a morte de Sadat foi egípcios mortos foram o general ganização decalcada pela sua encarada com pesar e apreen­ Hassan Aliam, grande homónima rlasserista, que foi são. À excepção de Oman e do camareiro-mor, Anba Samuel, criada em 1979 no Egipto - qui­ Sudão, os restantes países ára­ bispo copta pertencente à co­ seram desse modo assinalar que bes, a OLP e o Irão reagiram, missão episcopal encarregada cumpriam a sentença do tribunal entre o declarado regozijo e o de substituir o Papa Chenuda Ili, árabe que condenou Sadat à reconhecimento de que a morte destituído no mês passado por de Sadat indica que não há solu­ 1 morte por este ter traido a causa Sadat, e o chefe do organismo da nação árabe, aliando-se a Is­ ção para o Médio Oriente sem a central das contas. rael e aos EUA. Com a assina­ participação palestina. A líbia O atentado foi cometido por tura dos acordos de Camp David, advertiu que não tolerará qual­ illll major. um alferes e quatro Sadat enfraqueceu perigosa­ quer intervenção estrangeira no soldados, alguns dos quais se mente a frente árabe. depois da Egipto. encontram presos, enquanto ou­ vitória política, diplomática e até No Egipto, foi declarado o es­ kos foram mortos na ocasião. A militar que os árabes obtiveram tado de emergência por um ano, 1 •Frente Oposicionista de Liber­ contra Israel na guerra de Outu­ e, nos termos constitucionais, lação do Eg1pto Árabe-, liderada bro de 1973. marcaram-se eleições presi­ pelo antigo chefe do estado­ Os meses que antecederam denciais que se realizarão dentro , -maior das Forças Armadas, ge­ este atentado foram caracteriza­ de 60 dias. O parlamento Indigi­ ' neral Chazll o «herói da travessia dos por um endurecimento do tou o vice-presidente, Hosni Mu­ barak, para candidato à presi­ 1 do canal» reivindicou a respon- regime, que. desse modo, procu­ 1 sabilldade do atentado, através rava fazer face à contestação dência. As funções da chefia de de um telefonema feito para a cada vez mais forte que a polltica Estado serão, também nos ter­ agência UPI em Beirute Falando de alianças do presidente Sadat, mos constitucionais, assumidas pela Rádio Argel poucas horas e a integração do Egipto no es­ interinamente pelo presidente do depois da morte de Sadat. o ge- quema estratégico sionista­ parlamento 1 neral Chazlí declarou que «a -imperialista. suscitavam. A for­ Mubarak reafirmou. entre­ execução do presidente Sadat mação de uma frente de oposi­ tanto, a fidelidade às alianças do por elementos do exército era ção no exterior, de frentes civis regime de Sadat, e11tendendo-se IJl!la necessidade para atacar de de resistência no interior. e de assim que prosseguirá a via dos frente o regime da traição•. células dos «oficiais livres» nas acordos de Camp David.

N.º 37 / Setembro / Outubro de 1981 _,.mos terceiro mundo 75 f~NTAE

Charles Uchensteln, embaixador substituto dos Estados Unidos na ONU, qualificou-a, em contrapar- 11 lida. de .. interferência Inapropriada e Indefensável nos V assuntos internos de Porto Rico e dos Estados um. Um voto dos,., relecllndo assim a irritação de Washington. C1 A resolução aprovada pela Comissão em 20 de Agosto recomenda à Assembleia Geral da ONU a contra inclusão do problema de Porto Rico como Ponto es- J peclal da agenda para a 37. • Sessào da Assembleia a 11t realizar-se em 1982 ~ O texto aprovado recomenda que a Assembleia i: os Geral pressione os Estados Unidos para que aprove as medidas necessárias afim de permitir a plena trans- ! lerêncla de todos os pcderes para o povo do território J!: Estados porto-riquenho, da mesma maneira como faz com a 'ri África do Sul para acabar com a sua ocupação colonial ~ e ilegltlma da Namlbia. ~ Unidos A votação teve um resultado de onze votos a "E favor, dois contra e onze abstenções. A China não \\ part1c1pcu na votação. Os votos positivos vieram dos D Juan Marta Bras secretáno-geral do Partido autores da propcsta: Afeganistão, Cuba, Iraque e Síria ~ Socialista de Porto Rico. elogiou os resultados - a que se juntaram a Bulgária, Congo, Checoslová- - da votação sobre a independência da ilha no selo da qula, Etiópia, Irão. União Soviética e Tanzania A e Comissão de Descolonização da ONU como •a pri­ Austrália e a Dinamarca votaram contra, enquanto as ~ meira grande derrota diplomãttca• sofrida pelo go­ abstenções procederam do Chile, FldJI, lndla, Indo- • verno norte-americano de Ronald Reagan. nés1a, Costa do Martim, Venezuela e Jugoslávia

O Os condicionamento:. inte~tos pela Guatemala não inílu1ram~o -~ Belize ánímo festivo do.povo de Belize para comemorar a !>ua independhc1a da Grã-Bretanha. fonnalízada no dia 21 de Setembro. Foram rcnliudos independente ac1os culturc11s e desponivo:. durante onze dia:. de festa. As autoridades guatemaltecas reafirmaram que não reconhecerão n independência de Belize, consideraram o neto britânico de unilatéral e romperam ru. relações consulares que ainda manunham com os ingle:.es. Como medidas de represália foram eitpubos da Guatemala cerca de 50 estudantes de Belize que faziam cuf">OS de medicina e veterinária na Universidade Autónoma de San Cario:. No entanto, pona-vozci. do palb descanaram a possibilidade de uma invai.ão armada, como exigiram os sectores políticos da extrema direita guatemalteca. A presença de uma força militar britânica com aproximadamente 1600 homens e uma e:.quadrilha de caças de descolagem vertical • Harrier mantém a i.ítuação calma. As tropas pennaneceráo no pais por lempo indefinido, resguardando a segurança das fron1eiras e da ordem interna. Assessores ingleses in~truirão os efectivos que integram a futura força de defesa de Belize Conriosco União lnterparlamentar , condena Israel ~~ l'J O Conselho da União lnterparlamentar A CVelocidade Mundlal, reunido em Havana, aprovou uma 110Ção que condena Israel pelas repetidas viola­ O Corlforto ções das resoluções da ONU , pelos ataques sio­ -istas ao sul do Llbano e à central nuclear ira­ c:A Hospitalidade quiana. assim como pela continua ocupação dos ierritórlos árabes A resolução contou com o apoio de 40 paises: 9 votaram contra (entre ou­ ros, Estados Unidos, Israel, Grã-Bretanha e Mova Zelândia) e 8 abstiveram-se. «Uma paz usta e duradoura na região deve basear-se na ralirada incondiclonal de Israel de todos os terri­ brios ocupados, inclusive de Jesusalém, e no -econhecimento do direito inalienável do povo palestino à autodeterminação e ao estabeleci- 11ento do seu próprio Estado, sob o comando da Organização de Libertação da Palestina (OLP)», estabelece mais adiante a resolução de Havana. Oreconhecimento por parte da União lnterparla­ mentar da OPL como legitima representante do Povo palestino assim como o apolo a um Estado palestino independente são duas definições ex­ '18mamente importantes, podendo ter reflexos klturos na dlplomacla do Médio Oriente. Na mesma reunião, o Conselho rendeu home­ nagem ao ex-deputado uruguaio Gerardo Cuesta, recentemente falecido na prisão, no seu pais de origem. A União lnterparlamentar havia solicitado a sua liberdade, pois corria perigo de ~a. A sua saúde era precária, tendo sido sub­ metido a todo tipo de sevicias durante anos de prisão. As autoridades uruguaias não tomaram nenhuma providência A União lnterparlamentar amentou que o pedido não tenha sido atendido no momento oportuno e responsabilizou as auto­ ndades uruguaias pela «violação dos direitos humanos e pela morte do ex-parlamentar». Existem actualmente cinco parlamentares pre­ sos no Uruguai cujas libertações já toram sollci­ ladas pela União lnterparlamentar. José luís l.lassera, Jaime Pérez, Wladimir Turiansky, Al­ berto Altessor e Rosário Pietrarroia. O estado de saúde de Altessor é grave e a sua vida depende de uma nova operação cradlaca (a primeira ocor­ A3PO~AOT reu em 1974) que deveria ser realizada em Bue­ ~ oos Aire s. As autoridades não autorizaram a sua -- saída do país, impedindo, assim. a continuação do tratamento. 77 Nº 37 / Setembro / Outubro de 1981 oadenm terceiro mundo Espiões em várias línguas

D Pelo menos quatro impor- lham na colecta e interpretação ção rápida trnham necessidade tantes centros de estudos de informações Entre as línguas de pelo menos 874 linguistas africanos dos Estados Unidos consideradas pnoritárias pelos Estas forças de intervenção rá· recusaram recentemente parti­ responsaveis da espionagem p1da são uma unidade criada há cipar num programa com verbas militar norte-amencana estão o pouco tempo e que constituem de meio milhão de dólares, afrlkans, o swahlll, o português uma especle de «policia mun­ criado pela Agência Militar de ln­ e o shona Além disso a DIA dial» dos Estados Unidos. Elas formações (DIA) para a formação pretende contratar tradutores e podem ser deslocadas rapida· de especialistas em línguas afri­ intérpretes em árabe, espanhol e mente para qualquer parte do canas. Os centros de estudos no idioma somali globo terrestre para intervir em das universidades de Indiana As criticas levantadas pelos países estrangeiros. Michigan. Boston e Howard afir­ centros de estudos africanos nos O pro1ecto elaborado pela DIA mam que o projecto envolve ac­ Estados Unidos foram confirma­ roi encarado também pelos atri· ti\,idades de espionagem em va­ das pelo próprio porta-voz do canistas norte-americanos como nos pa1ses negros Departamento de Defesa dos um indicio claro de que os Esta· Segundo os dirigentes da DIA EUA, Craig Wilson, que em de­ dos Unidos estão preparando a agência pretende aumentar até poimento no Congresso norte­ planos para possíveis acções 50°0 o número de especialistas -americano reconheceu que as militares intervencionistas na em hnguas africanas que traba- urndades militares de interven- Africa Austral.

Dois novos jornais moçambicanos

C' No dia 25 de Setembro, data do 17.0 aniver- sário da fundação da FRELIMO, surgiu no Maputo a primeira edição do jornal • Diário de Moçambique•, o qual se publica em substituição do «Notícias da Beira• Por outro lado. será sus­ pensa a edição dominical do outro diário mo­ çambicano («Notícias»), sendo substituída por um jornal especial. que se publicará todos os Domingos e que se denominará simplesmente «Domingo». Estas alterações surgem no ãmbito • de uma reestruturação dos meios de Comunica­ ção do país: já começou a circular um novo noti­ ciário cinematográfico e espera-se que. no fim D.IIRIO deste ano, a estação experimental de TV comece .DEA«)Ç*A~ a realizar uma emissão semanal. Numa confe­ que na época colonial defendeu os interesses do rência de Imprensa no Maputo, dada por ocasião povo moçambicano e que foi encerrado pela cen· da tomada de posse dos directores dos novos sura colonialista nos começos da década de 70. jornais. foi explicado que o «Noticias da Beira» Os dois novos jornais dedicarão grande espaço desaparecia por duas razões: porque era um a questões recreativas e culturais e procurarão jornal do mesmo tipo do outro já existente e por desenvolver uma relação participada com os ter conotações colonialistas, pois em tempos seus leitores. Para que os jornais correspondam havia sido porta-voz de um fascista, Jorge Jar­ àquilo que os seus leitores esperam deles, dim. O novo jornal chamar-se-á •Diário de Mo­ promoveu-se um inquérito de opinião, antes do çambique» para recordar um dos poucos jornais lançamento das duas publicações.

78 ca<1emos terceiro mundo Sahara: Uma solução de compromisso xaçao pura e simples do teritório, mediante uma •mascarada• elei­ toral para a qual o soberano mar­ roquino pedia a caução da OUA Posteriormente em Rabat Hassan li deu uma conferência de Imprensa na qual deixou bem claro que o seu objectivo era o de conseguir um ·• referendo de con­ firmação•. mediante grosseiras restrições à hsta dos eleitores. e a permanência das suas tropas de ocupação. Como não podia deixar de ser face a este quadro era o próprio Hassan li que se dispunha a organizar o refe­ rendo Vários Estados africanos, no­ meadamente a Argélia e a Maun­ tãnia. bem como a Frente Polisa­ rio, haviam Insistido em várias exigências fundamentais: a pré­ via retirada das tropas marroqui­ nas, um recenseamento actual - zado da população eleitora e a O Na sua reunião de 25 de mm1strat1vas alt existentes supervisão internacional do refe­ Agosto em Nairob1 (Quénia) A Comissão de Execução fi­ rendo. O único destes pontos os chefes de Estado do Quénia, cará encarregada de estabelecer que não foi contemplado pela Serra Leoa, Tanzânia, Sudão, a lista dos eleitores saharauís «cimeira» da Comissão de Ex­ Mali e Guiné decidiram solicitar a tendo em conta o recensea­ ecuçao foi o da retirada prévia Marrocos e à Frente Pohsário mento espanhol de 1974, as lis­ das tropas marroquinas. que encetassem negociações tas elaboradas pelo alto comis­ Seguiu-se aqut uma solução in­ com vista a instauraçao de um sariado dos refugiados e o cres­ termédia. que já foi, aliás, utili­ cessar-fogo. após o que se pro­ cimento demográfico As tropas zada no Zimbabue. cessará um referendo de autode­ presentes no território ficarao De salientar que a Comissão terminação geral e regular. atra­ aquarteladas nas suas bases respeitou os prazos fixados pela vés do qual o povo saharaui op­ respectivas. OUA e que as suas conclusões tará ou pela independência ou Estas decisões tomadas pelos são de molde a suscitar as mais pela integração em Marrocos chefes de Estado dos países que legitimas esperanças de encon­ O referendo será organizado integram a Comissão de Execu­ trar uma rapida e justa solução pela Comissão de Execução ção constituem uma grave der­ para este conflito. Assim o en­ para o efeito escolhida na «ci­ rota para as manobras do rei de tendeu a Frente Polisario, CUJO meira .. da OUA, com o auxilio de Marrocos Recorde-se que Has­ dingente. Mohamed Abdelazlz, duas organizaçoes lnternac10- san li na última •cimeira» da se apressou a fazer saber a dis­ na1s (a OUA e a ONU) às quais OUA, decidiu apresentar um pro­ posição do seu movimento para será solicitado que forneçam jecto de referendo para pôr termo encetar imediatamente negocia­ uma força de manutençao de paz ao conflito que se arrasta no Sa­ ções com Marrocos e a saudar o e que garantam uma administra­ hara Ocidental. Contudo o plano facto de, uma vez mais, ter sido ção provisória do território. Esta que apresentou era demasiado reafirmado o direito inaltenàvel administraçao actuará em cola­ vago e deixava aberta a possibi­ do povo saharaui à independên­ boração com as estruturas ad- lidade de se traduzir numa ane- cia.

N.º 37 /Setembro/ Outubro de 1981 C8dofnoe terceiro mundo 79 Zimbabwe: Um «boom» económico

O Enquanto a grande ma,ona dos paises atingidos em di­ versos graus pela crise mundial registam lentos crescimentos, estagnações ou quebras eco­ nómicas o Z1mbabwe surge como uma excepção, segundo os dados divulgados recente­ mente pelo governo de Robert de semelhante ao daquele ano, o facto do pais ter avançado Mugabe Durante o ano de 1980 divide-se entre mais pessoas. neste último ano a passos de gi­ o Produto Nacional Bruto (PNB) Neste mesmo período o rendi­ gante. com a perspectiva de con­ cresceu em 13.9 por cento. mento per capita tinha caido em tinuar a desenvolver-se a um Trata-se de uma taxa de expan­ 25 por cento. Porém, mesmo ritmo elevado. O sector que mais são altiss,ma o triplo do lndlce com a recuperação do ano pas­ se expandiu foi o comercial, au­ definido como obJecbvo pelo go­ sado. constatou-se que o rendi­ mentando as vendas em 35 por verno no ano passado mento per capita encontra-se cento, enquanto o valor da pro­ São várias as razões deste fe­ 17 .5 por cento mais baixo do que dução industrial subiu em 29 por nomeno Durante o longo e cruel ode 1974. cento O consumo privado cres­ processo de luta contra o regime ceu em quase 30 por cento e os de minoria branca a economia Estes dados não desmerecem investimentos em 25 por cento. sofreu uma quebra importante. Houve fuga de capitais de técni­ cos e de empresários de origem europeia. A agricultura e a in­ Africanização dústria foram afectadas. inci­ dindo ainda o efeito das sanções dos serviços públicos comerciais. Tudo isso fez com que. entre 1974 e 1979. oPNBda e Sem quaisquer convulsões 43 africanos e 42 brancos são então Rodésia caísse em 12 5 nem interrupções dos servt­ subscretários, e 49 africanos e por cento. ços públicos, o Z1mbabwe está a 38 brancos são subscretários ad­ O fim da guerra o inicio da conseguir •africanizar.. a sua juntos. Esta transição to, possível etapa da convivência democrá­ Administração. Aquando da in­ porque os negros ocupavam os tica e a supressão das sanções ·dependência. a minoria branca cargos deixados vagos pelos originaram um processo inverso. (250 mil pessoas) fornecia sete brancos que se reformaram ou Regressaram alguns capitais e - mil funcionários públicos. en­ que abandonaram o pais por não não se sabe ainda em que quan­ quanto a maioria negra (sete mi­ se conformarem com a nova rea­ tídade - técnicos e empresários. lhões) ocupava apenas três mil lidade do poder. Além disso, du· A paz e a normalização das acti­ lugares na Administração. Por rante os 14 anos de guerra, mui­ vidades produtivas. além das ou1ro lado, todos os altos cargos tos jovens zimbabwenses emi­ boas colheitas. proporcionaram eram ocupados exclusivamente graram, o que lhes possibilitou a um intenso e veloz ciclo de rea­ pela minoria branca. Neste mo­ formação e o treino profissionais nimação da economia no seu mento, as estatísticas disponl­ adequados. Agora estão a re­ conjunto. veis Indicam que 58% dos fun­ gressar em massa ao seu pais E O que os indicadores mostram cionários públicos são negros, deste modo, sem quaisquer re­ não é um milagre e sim o efeito contra 26% de brancos. Treze presálias contra os brancos nem económico de uma situação negros e 17 brancos ocupam interrupção dos serviços, se está pós-guerra. Mas. desde 1974 até cargos de secretários permanen­ a processar a ritmo acelerado a hoje, a população cresceu rapi­ tes, (directores gerais de orga­ «africanização"' dos serviços damente: o PNB actual, apesar nismos públicos ou ministérios), públicos do Zimbabwe.

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Desta empresa, uma das maio­ res do continente, 90% das ex­ portaçlJes v6o para a Nigéria, Congo, Madagáscar, Gablo e, em breve, para a L t'bia.

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Um momento de clarificação?

D De 8 a 14 de Novembro -verdiana11 , sendo dado como próximo decorrerá em Bis­ certo a conservaçao pelo partido sau o I Congresso Extraordinário da anterior sigla do Partido Afncano da Indepen­ No respeitante ao anteproJecto dência da Guiné e Cabo Verde de teses, também aprovado na PAIGC) O termo do congresso referida sessão extraordinária do terá lugar precisamente um ano CNG, a doutrina nele consubs­ após o movimento militar que tanciado não introduz alterações levou à destituiçõ e prisão do sens1ve1s à linha política que no l)(esidente luis Cabral e de nu­ plano teórico vinha sendo se­ :nerosos dirigentes do Partido e guida pelo PAIGC e consagrada que guindou à chefia do Estado durante o Ili Congresso do par­ ~ulneense o até então tido, em 1977, o único que teve primeiro-ministro, comandante lugar no perlodo pós­ :le Brigada João Bernardo V1e1ra ·independência. Nesse antepro­ Nino) Movimento militar que Jecto continua-se a defender a /iria a provocar a cisão do ramo necessidade da Instauração de bo-verdiano do partido e a pos- uma democracia naclonal re­ rior criação do Partido Africano voluclonérla, ao mesmo tempo Independência de Cabo que se define no presente, o Par­ erde (PAIVC) culminando todo tido como um ,,movimento de 11· a evolução progressiva de bertação nacional no poder». istanciação entre os dois ramos Especial ênfase é dado ao espl­ PAIGC e. que aparentemente rito de "conciliaçao nacional» e10 a encerrar em definitivo o que anima os actuais dirigentes ocesso de unidade entre a guineenses, fruto de uma de­ uiné-Bissau e a República de terminada análise da estrutura abo Verde. de classes da sociedade patente O anteprojecto do programa e no anteprojecto de teses e que os s Estatutos do partido, apro­ leva a concluir -que nenhuma ado em finais de Agosto pelo camada social tem, por si só, selho Nacional da Guiné condições para exercer a lide­ CNG) do PAIGC e posterior­ rança no processo sóclo• nte apresentado às bases ·económlco do pais.. Se os nao encontrar ra discussão, nao apresenta Trezentos e um delegados na sua liVTaria ~erações de fundo, se compa­ participarão nos trabalhos do peça-os directamente a dos com os anteriormente em Congresso, que poderão vir a AFRICA EDITORA or, «mas tão só a adaptaçao representar um momento de ela· Av. Principal, Mlraflo,.1. conteúdo à situação de exis­ rificação do processso vivido Lo'- 117, Loja 1 - ALGéS ia de um PAIGC nacional pela Guiné-Bissau desde o mo­ 1495 Llllboa ido à c1sao da ala cabo- vimento do 14 de Novembro.

N• 37 / Setembro / Outubro de 1981 C11C11t1noa terceiro mundo 83 telex telex telex telex tele

Desemprego - A direcção geral de Estatisticas e do funcionário chileno foi qualificada como uma Censos do Uruguai divulgou recentemente ter aproximação militar. polltica e cultural entre ambos havido um leve aumento do desemprego em os governos. Montevideu Elevou-se a percentagem de chefes de família desocupados assim como de menores Estudantes - O papel das organizações de 14 anos. A população economicamente activa Juvenis na luta de libertação nacional em África foi d1minu1u de 55 85°0 para 53,30"'0 Todos os dados tema de um encontro de estudantes de vários são comparattvos entre o primeiro e o segundo palses africanos, realizado na Universidade de trimestres de 1981. Dar-Es-Salam (Tanzania). Na sessão Inaugural, o secretário executivo da Comissão de Transportes - .. A Unha Maritima Arabe, uma Libertação da OUA. Hashim Mbita, afirmou que o empresa mista, entrará brevemente em actividade problema mais importante e actual do continente para servir todos os portos do mundo árabe, é a libertação da Namíbia, acrescentando que a afirmou o secretário-geral da Associação dos juventude dos países presentes no encontro Armadores daqueles palses, Suleiman Dawood. O constituía a «linha da frente» da luta contra o mundo árabe enfrenta graves problemas aparthe1d. motivados pela situação inadequada dos serviços marítimos. ~os exportadores dos Estados norte-africanos são forçados a deixar as suas Moeda - A aspiração de criar uma moeda mercadorias em consignação nos portos europeus, comum sub-reg!onal para a Comunidade ainda que seJal'TI destinadas aos nossos Económica da Africa Ocidental (ECOWAS) mercados~ Suleiman solicitou aos Estados árabes começou a concretizar-se, depois da reunião que aumentem os subsídios nacionais para as havida em Lagos (Nigéria) entre os ministros das transportadoras marítimas a fim de facllítar o Finanças dos países membros da associação comércio entre eles. Nessa reunião os ministros aprovaram um estudo feito pela Conferência da ONU sobre Comércio e Assistência - A Organização de Assistência de Desenvolvimento (UNCTAD) sobre os modos Emergência da ONU (UNDRO) está a organizar como chegar à unidade monetária. Contudo, os uma equipa para atender a solicitação de ajuda ministros foram de parecer que, por mais para dezenas de milhares de angolanos importante que a criação da moeda comum seja, deslocados das suas residências pela invasão acima de tudo o que interessa é a cooperação sul-africana e pelas secas. A solicitação de ajuda monetána. foi feita através de uma carta do governo de Luanda ao Secretário-Geral da ONU, Kurt Waldheim. Cooperação - Os dois maiores produtores de petróleo da América Latina-Venezuela e México Fusão - Fo, revelado no Méx,co um acordo para a - prolongaram por mais um ano o programa de fusão do Partido Comunista Mexicano (PCM) com cooperação energética para a América Central e quatro organizações socialistas, a fim de formar um Caralbas, que consiste em fornecer o produto a novo partido Depois de conversações que nove países da região com condições duraram vários meses. o PCM, o Partido do Povo preferenciais de pagamento. Desde que o Mexicano (PPM), o Partido Socialista programa foi posto em prática foram entregues Revolucionário (PSR), o Movimento de Acção e 200 mil barris diários a Barbados, Costa Rica, EI Unidade Socialista (MAUS) e o Partido Socialista Salvador, Guatemala, Honduras, Jamaica, dos Trabalhadores (PST) anunciaram o acordo Nicarágua. Panamá e República Dominicana o num comunicado «ao povo do México». que significa um suprimento de 70% das necessidades desses paises. O acordo Aproximação - O sub-secretário dos Negócios estabelece ainda que os créditos podem ser Estrangeiros do Chile. coronel Fernando Arancibia, estendidos por vinte anos, com uma taxa de juros enviado do governo a diversos países da América de dois por cento ao ano, caso o produto se Central. manteve recentemente conversações com destine a programas de desenvolvimento as mais altas autoridades de EI Salvador, A visita prioritários

84 cadér,_ terceiro mundo O teatro blico intervém na obra opinando, propondo até II sua conversão não mais num espectador passivo e sim num verdadeiro co-protagonista. de criação colectiva Depois da criação do Grupo de Teatro Esrambray outros trabalhos abrem caminho. A proposta é sedu­ O trabalho conjunto pode ser um caminho para tora: insta.lar-se numa região; con­ recriar o teatro como uma das forma de comun;cação viver, infonnar-se sobre os proble­ e reflexão mais importante aos mas, preferências, capacidades de principais problemas po/Wco-socioeconómicos conjunto; dlscuti-lo1o com as pessoas e cul~urais do continente latino-americano. Nesse sentido do lugar; informá-los sobre a possi­ se or,entam grupos cada vez mais numerosos bilidade de transferir ei,ses seus até onde as circunstâncias o permitem. ' problemas para o ,teatro-: levar adiante o esforço para concretizar uma propoMacenicameme v.íhda:e, Júlia Maciel finalmente, apresentar a obra• em que parucipe todo aquele que esteJa S conquistadores chegaram política do contmente. Esse lento cm condições de fazê-lo pela i.ua a América Latina com o seu caminho do teatro até ao povo só capacidade ou pela sua necesbidade. O teatro às costas e a partir poderá realizar-se na medida em que desse momento os nossos cenários esse mesmo povo não seja sujeito O trabalho colecth·o passaram a ser utilizados pela pro­ passivo da cena política e :.1m prota­ sai de Cuba paganda do dominador. Cenários. gonista activo de uma sociedade cm corais, palcos modesto:. e, finaJ­ que a integração não o exclua de Depois do E/ Escambra,• são or­ mente, salus sumptuo~ah serviram privilegio algum Onde não lhe ganizados outros grupos na ilha paro impor uma cultura CUJOS mode­ sejam negados cenos direitos, nem como o Teatro la Yam o da pro­ lo~ estético~ e tema~ d,amót icos per­ condenado a duras privações. víncia de Las v11lai; e o Teatro de lenciam a outro mundo. Na América Latina a época popu­ Pcmicipução Popular. M~ não é A propoMa teaLral que chega à., llsla penmtiu a existência de va510s apenas em Cuba que se tenta esta co16nia5 espanholas é universal ma!> movimentos teatrais que tentnram abenur.t. Actores, dramaturgos, di­ e)lt-.tnha. Com o passar do~-~culos superar a secuJar passividade, pro­ rectore» do continente comprometi­ a mensagem Leutral de comunicação pondo o protagonismo das maíori~. dos com os processos de emancipa­ que exclui aqueles que não partici­ Aí eslá o exemplo do teatro do Rio ção nos seus países reconhecem a pam da grnnde festa do poder. e, da Prata, no princípio do século, iniciativa e transferem-na para den­ portanto, da cultura. quando as vanguardas lutavam para tro dru. possibilidades locais. Já o facto de se ter que pagar uma sancionar o voto universal e dar voz C11atro1ub/a:;, no Peru, floresce entrada para presenciar como espec- aos marginalizados. Nesse contexto durante a gestão do presidente Ve­ 1ador passivo o desenrolar de uma floresce o sui11ete, uma nova cos­ lasco Alvorado. O grupo tenta nesse história que se desenvolve num ce. movisão tealral. cujo conteúdo esta momento de abenura contribuir com nário alto e disumte, toma a mensa­ bru,eado nos limites do continente. a sua experiência e a sua proposta gem estranha. Não tentamos, na Depois desse antecedente, somente teatral para desenvolver uma cons­ realidadr, minimizar ou reduzir a na Cubo revolucionária há condi­ ciência colectiva revolucionária. importância do teatro na sua con­ ções concretas para o desenvolvi­ Em Porto Rico, o momento mais cepção, digamos, -clássica . Este mento desse novo tentro. interessante do teatro de criação co­ teatro • dos nutros• pode ser assimi­ A actunl experiência teatral cu­ lectivn é alcançado pelo grupo lado a partir da ~ua aceitação como bana é uma prova de que - desapa­ Balritu11cia-Bahia11egra. No Pa­ tal. a partir de que a sua condição de recendo a estrutura de exploração namá, o Grupo Teatro dt! Los Tra.t· estranha não seja imposta e sim so­ comercial do teatro, o uso da nrte li11111a111es propõe aos seus compa­ licitada. como objccto de consumo - pode­ triotas a colaboração para t.rabalhar -se chegar a uma novo proposta que temas que terminam por converter­ O Teatro Popular elimine resíduos e heranças das es­ -se em verdadeiras e valiosas obras truturas de dominação. de reportório . como EI surgi­ No entanto, o teutro para o povo A panir da obra lll virrilw • de miento de una harriada bruja• ou !-ó se tomará accs~ível quando Elb10 Diaz, surge urna nova fomrn .. EI anexo de la Escuela• mudar profundamente u situação de precipitaçiio teatral, onde o pú· A temuticn utilizada pelo teatro de N° 37 / Setembro / Outubro de 1981 caóemoa terceiro mundo 85 criação colectiva da Colômbia ~ a dos camponeses e serve para anah­ sar a própria história a partir da perspectiva do conquistado. A Co­ lômbia situa-se no panorama do teatro popular de criação colectivo do continente como uma das forças mais sólidru.. TrubaJha- e intensa­ mente e com hiro Para dar uma iJe,a do esforço e dos seus resultados basta mencionar o Tearro E.\puim,mral de Ca/i (TEC), que significa um momento importante do teatro colombiano, reconhecido em todo o mundo. La Denuncm conveneu-se quase num c:lá:.s1co da criação colectiva. Algum, outro:. grupo· du,tram o fenómeno n:i Colômbia: o Teatro E:tperimental la M11n11.1. o Gru[>() Teatral E/ Lot·al, o Grupo Teatral La Candelaria. bém no teatro. Diversos grupos que, auge do peronismo, após o golpe Nas fronteiras do México na verdade, têm uma origem comum na busca pela criação colectiva, per­ milicar, foram aJvo de perseguiçóel. mone e exílio. Para dai um exem. correm a cidade e propõem fonnas Na fronteira do M~xtco com os plo, há o caso de Polo Cones, desa­ Estados Unidos também se desen­ de trabalho conjunto. Duas e:- cerca de 300 peri,o­ foi o armamentismo em grande es­ dizer que ~e deram tomadas de posi­ nalidades participantes cnconlrn­ cala desencadeado por Reagan e o ções conrra o armamenrismo, a de­ vam-se nomes como 01> de G ,briel consequente risco de umo confron­ pendência e as ditaduras. ao mesmo Garcia Mnrquez, Ernesto Cardenal. tação bélica mundial. tempo que eram defendidas a liber­ Nicolas Guillen, Juan Bosch, Mario De salientar que a ass1s1ência dade, a democracia e a libertação. Benedetli, Miguel útero Silva. Os­ abrangia uma exrensa gama 1deol6- Entre os assistentes manifestou­ waldo Guayasamin, Pablo Gonzalez gica. cm que só os secrores conser­ -se uma nítida consciência sobre a Casanova, Luís Cardoza y Aragon. vadores e reaccionários não se viram necessidade de declarar estas verda­ Eduardo Galeano. George Lamming representados. Havia marxistas. des nas circunstâncias actuais, e Volodia T~itelboim socialistas e liberais. social­ quando o~ princípios que são a sua ·democrntas e cristãos. Entre esres razão de ser são violentamente ata­ O •Primeiro Encontro de Intelec­ ultimos. foi resc:vado um lugar de cados pela sede do imperialismo, tuais e ArtlSlas para a soberania do~ relevo ao sacerdote e _poeta Bmesto donde prov!m ameaças contra os povoi, de nuestra América» for11 Cardenal, miniMro da Cultura da países libertados. como Cuba, Nica­ convocado pela Casa das Américas Nicarágua. que veio a pronunciar o rágua e Granada. e propunha-se constituir uma to­ discurso de encerramento. Uma das decisões aprovada foi a mada de posição dos intelectuaii, da Sem receio de exagerar, da criação de um comité permanente região no momento nctual. Daí o poder-se-ã afirmar que o encontro encarregado de dar continuação às resultado final ter sido consubstan­ teve a maior relevância. Jã que nele rarefas iniciadas com este primeiro ciado num documento polftico que se•encontravam representadas. atra­ encontro de intelectuais e artistas expressa de maneira eloquente a vés dos seus homens da cultura, as latino-americanos. Integram esse concradiçào evidente entre a política grandes maiorias latino-americanas comité: Mário Benedetti, Juan global e regional do presidente Ro­ e caribenhas, Bosch, Pablo Gonzalez Casanova, nald Reagan e as aspirações dos Não se tratava de discutir mode­ Chico Buarque de Holanda, Ernesto povos latino-americanos los ou ideologias. mas de encontrar Cardenal, Gabriel Gorda Marquez. Durante o encontto foram de­ pontos de convergência entre os in­ George Lamming, Roberto Matla, nunciadas as ditaduras. as reminis­ telec1uais e artistas. Quer as inter­ Miguel Otero Silva e Mariano Do­ cências coloniais. identificados os venções, como os debares e os do- minguez. D

N.º 37 /Setembro/ Outubro de 1981 cadomoe terceiro mundo 87 continente, e denunciamos com lndlgnaçao Uma tomada que os autores do terrorismo mais atroz que se comete no mundo pretendem acusar de terro­ de posição rismo os patriotas que lutam pela felicidade dos seus povos e pela sua Identidade e cul­ tura como é o caso de EI Salvador e Guate­ Os participantes no Primeiro Encontro mala, cujos melhores filhos se propuseram, à dos Intelectuais para a soberania dos povos custa dos mais duros sacrifícios. conquistar da América, convocado pela Casa das Améri­ para sempre os direitos de serem eles mes­ cas e celebrado em Havana de 4 a 7 de Se­ mos tembro de 1981 . reafirmam o carácter 1ndis­ Não são deslgnios de uma maquinação pensavel da nossa unidade e reconhecem o internacional, como se pretende fazer crer, sentido das suas responsabilidades nestes mas as condições Internas de obscuridade e momentos difíceis. A fim de prosseguir esta misérias a que os submeteu durante anos a acção consideram necessário cnar um comité opressão Imperialista, que constitui a explica­ permanente Integrado por personalidades ção para o incontido alento de libertação que representativas da nossa cultura hÓje percorre toda a América A caluniosa Hoje, quando o governo dos Estados Uni­ acusação de terroristas feita a estes povos dos ameaça nao só de implantar no continente lem entre outros propósitos o de sancionar a a política anacrónica do ~rrote, mas prepara mtervençao dos Estados Unidos e preparar os também as suas armas para uma nova guerra espiritos, mediante o aparato da propaganda de devastação mundial. nós intelectuais ame­ mais diabólica da história humana. para uma ricanos sentimo-nos obngados a extremar o agressão aberta contra Cuba, Nicarágua e compromisso com os nossos povos, e em Granada e, inclus1vé, contra o México, cuja especial com os que enfrentam com mais he­ política externa Independente merece o nosso rolsmo que recursos a imemorial opressão. reconhecimento. (. ) Faz tempo que a América deixou de ser comarca aberta dos desaforos dos impérios O poder da inteligência metropolitanos Os povos estão agora a con­ quistar o seu direito à palavra. e a nós cabe­ ( .. ) A decisão da fabricação da bomba de -nos a possibilidade maior de articulá-los e neutrões, anunciada significativamente num defendê-los. O inimigo também o sabe e por dia em que se comemorava um novo aniver­ isso pós todo o poder da sua imaginação re­ sário de Hlroshima, recrudesceu o pessi­ pressiva ao serviço de uma desalmada opera­ mismo de muitos sectores da opinião pública ção de genocídio cultural. Este é o sentido da internacional, não só respeitante às perspecti­ campanha sistemática de tergiversações com vas de paz, mas quanto ao próprio destino da que os monopólios imperialistas, com o con­ humanidade inteira. Os intelectuais, os escri­ curso das oligarquias locais e os seus próprios tores, os artistas da América frente a este meios de imposição informativa, procura des­ grave risco de holocausto, assumem a plena virtuar a identidade cultural dos nossos países consciência da opção pela vida. Não a aban­ para facilitar o seu domínio. donaremos à sorte, mas lutaremos com todas Face a esta conjuntura, defendemos a as nossas convicções, com todas as nossas verdade. a Justiça e a beleza, não de um modo forças, com as melhores reservas do espirito abstracto. mas com a decisão e lucidez com para que a paz se imponha como única vitória que o exige e merece a personalidade original passivei contra a morte. das nossas nações. Só o pleno exercício da Nem a bomba de neutrões nem qualquer sua soberania, que lhes permitiria usufruir das outro artefacto se autodetona. Sãc os homens suas próprias riquezas humanas e potenciali­ quem decide a sua missão de morte. Mas dades culturais, dará uma base sólida e uma esses homens. ainda que disponham de uma válida razão de ser à nossa vida. possibilidade totalitária de destruição, podem Com este espírito criador, saudamos a ser controlados pelo clamor dos povos. É pois iminente soberania de Belize e, compromete­ altura de a palavra e de a imagem extrema­ mo-nos a que os interesses populares que a rem-se na sua capacidade de persuasão, no tomaram possível não sejam desvirtuados por seu poder de recrutamento das forças criado­ outros alheios ao seu destino. Também com ras. na sua lucidez para convencer e conven­ este espírito, repudiamos do modo mais enér­ cermo-nos que o extermínio do ser humano é gico o apoio que a administração dos Estados evitável e que pode e deve ser evitado com o Unidos presta aos regimes mais bárbaros do poder invencível da inteligência.

88 ~ terceiro mundo Dias Gomes uma nova linguagem na Televisão brasileira

IAS Gomes vive nn vida real um personagem milhões de aparelhos receptores em todo o país. quase tão singular como a maioria dos perso­ Neste quadro, a Rede Globo mantém praticamente D nagens que ele criou para o teatro, a rádio, a um monopólio: pertencem-lhe ou a ela estão ftliad_as televisão, e o cinema: escritor com posições de es­ 64 das 94 emissoras de televisão. querda publicamente assumidas, escreve as princi­ Quando fala do seu trabalho, Dias Gomes faz pah telenovelru; e séries da poderosa Rede Globo, a questão de referir sempre que níio abdica da s ua maior cadeia de televisão do Brasil, sem se preocupar visão de mundo. Gosta também de falar no plural, o com aquilo que o sistema pensa e e!ipern dele. Detalhe que é uma forma de generafü.ar toda a angústia da caracteristico: o seu trabalho, habitualmente crítico s ua geração, cujas várias tendências ideológicas se e com deflniçao política clara, consegue geralmente reuniam num ponto de convergência: o questiona­ aplausos. mento da realidade brasileira. Dela fazem partes Pa ra Dias Gomes, a situação actual é uma con­ figuras como Ariano Suassuna, Jorge Andrade, quista, fruto de mais de dez anos de trabalho. Além Oduvaldo Viana Filho, Plínio Marcos e Augusto disso, é a possibilidade de concretizar um velho Boal, todos vitimas do regime miJitar que instaurou a sonho: escrever para o grande püblico, rompendo as censura, proibiu peças e perseguiu intelectuais. limitações do público de teatro, quase sempre limi­ Nesta entrevista, Dias Gomes fala da sua vida que tado às elites. No conjunto, o público da televisão no é, também, o retrato do drama de uma geração de Bra,il atinge ce rca de 60 milhões de espectadores, teatrólogos que queriam um teatro popular, político distribuídos por 94 estações emissoras e ce rca de 14 e, sobretudo, r evolucionário.

Qualllo tempo ficou lá? Onde na.sceu? ras. inclusive a militar Um mê, A metade do tempo pas­ Salvador. na Bahia. A nperih1ci<1 miliwr j(li boa? sei na cadeia. A sua formação imelectual foi i11- Aos três anos fiquei órfão de pai !lldisciplina? f111ê11 ciada por Jorge Amado' Meu irmão mais velho era quem Não me adaptei à dhciplina mili­ Não. Jorge Amado é de uma gera­ sustentava a familia. Fonnou-se em tar. Pedi dispensa e vim para o Rio ção anterior à minha. Eu vim para o Medicina e, como precisava traba­ num navio da Guarda Costeira Rio muito cedo Tinha 13 ano~ J6 lhar imediatamente, foi pura médico E a,? estou com 58 . do exército. Foi ele quem me in­ fluenciou para que eu fizcs!>e o ex­ Tentei estudar Enaenharia e Di­ A infância murr<1 -Ro.1· Jemprt . .lme Prestei concurso na antiga Es­ reuo. No curso de engenharia, fi­ Alem disso, o peso cultural da Ba­ cola Militar de Realengo, no Rio quei um ano. no de Direito, cheguei hia é muito forre. Não Je111e ,sso? ao terceiro ano De~isti de ambo:-.. Toda a minha obra tem 10fluência E p Na altura da prova de ál­ A ~·ocação era mesmo o teatro ... nossas raízes pesam mai:. do que a gebra eu não conseguiu lembrar Na faculdade. cuj,í sentia isso. O formação intelectual, que chega nada e fui reprovado. Como tinha teatro começa\'u a chamar-me a so­ mais tarde. ido b1..'l n em todas a:, outras proval>, o licitar-me de forma v1olen1a. Eu já Antes de chegar ao reurro, 1e111011 então mi nistro da Guerra. general cscrev111 as minhas primeiras peças e oi11rur profissõe!> Como chegou a Eurico Gaspar Outra. de tri~te me­ começava a encena-las. uma defi11i~·ão ? mória. permitiu que me matricu Qual foi a .wa primeira peça· Quando terminei o que hoje se lasse. Entrei no terceiro ano do Es­ Foi «O pé de cabra . Ela foi ence­ chama de segundo grau (curso se­ cola Preparut6ria de Cadetes de nad:i quando eu tinha 19 anos. pelo cundáno) tentei dua~ ou três carrei- Porto Alegre. Procópio Ferreira.· O Oduvaldo 89 N.º 37 /Setembro/ Outubro de 1981 cadomos terceiro mundo Q11nmos 111í/J1<>t·.1 c/1• pc•s.vocu? Ho;c ~llo milhões, 60 nulhOe'> De qunlquer forma. é uma uudiênciu popular e não upenn." a pla1ein de elite que eu 1inhu no teatro multo J contrngo~to. Nn televisão, o público "·" da das~e A il classe Z e pode ~er quahfict,do como rigoros1101en1e repre,;entauvo hra o povo Eu náo podrn desprezar uma experienciu dc~,.i~. princ1pulmcnte por ser um dromuiurgo e um intelectuul com a minh,1 formaçao Eu vinho de uma gcraçao que l>Cmpre prop de peças no teatro. Em que com uma militância partidária Foi ele o responsável pela minha ida 1968. •A Invasão-, que já tinha sido vinculada para o rádio-teatro . Eu escrevia ou encenada cm 1962. também foi adaptava peças de uma boro de du­ proibida O meu fil~e. O pagador ração. de promei,<,a!>•. ficou sete anos Fidelidade a si mesmo Como i que chegou à Rede Glo­ proibido. Houve tam~m a proibi­ bo? ção de • A revolução dos beato!>•, na Exwe comradi(áo 1'11/re o facto A história começa quando fiquei Bahia . Foi ai que vi que tinha duns de pensar como pen.rn , t/f:tr como sem poder trabalhar. opções: adaptava-me ao modelo que ugt• pt>llficame111t· e 1raba/h(lr na o regime impunha ou teria de ,o Globo. um dtJJ suporres do regimt Problemas com a censura brevivcr noutros mares. Opiei pela qut· derwhou o grll'emo t•m 64? segunda hiótese. A televisão fiz.e­ A, contradiçõe!> são do regime ra-me um convite e eu resolvi acei­ Não minha\. Se uma cadeia de 1ele­ Sei que a sua obra teatral ficou tar. visão poderosa como é a Globo me alguns anos interrompida ... Foi emâo que emrou no Rede convida e me oferece espaço de tra­ Ao todo foram sele anos. Entre Globo' balho, eu ão tenho o direito de recu­ 1969 e J 977 Nesse período, cu s6 Exacto Eu aceitei o trabalho. em sar Tenho que ocupar esse espaço podia escrever para a televisão. A primeiro lugar, por queMõei. de desde que. evidentemente, ~eja pre­ ditadura não deixava que fizesse ordem económica, ma, era 1am~m servada a minlla liberdade de cria­ outra coisaDepois do Al-SC")a re­ uma opção de ~obrcvivência artÍ!>· ção. Como isso acontece até hoje. pressão aumentou. Foi ela que me tica. Além disso, a televisão era um vai tudo hem. Escrevo aquilo que deu a certeza da impossibilidade de desafio, 1inha um público imeni.o quero escrever e não ll que querem viver como escritor de teatro. As Seria incoerente comigo mesmo se que eu escreva. minhas peças começaram a ser recusasse. na medida em que era a E a autncen.mra 1 proíbidas. plateia popular com que sonhlíva­ Pode ser até que ocorra, num pro­ Um exemplo? mos cesso sublimado, inconsciente·

90 cedemos terceiro mundo mente. Eu n110 reconheço a existên­ Pensei bem e vi que o exílio. o peças encenadas no estrangeiro. Em cio dn uutocttn~urn no 011:u irubaJho exterior. seriam piores que a prisão. 1966, consegui encenar •Ü santo Como«' que ccmlt'811t' serjil'I fl si Estou muito preso à minha terra. à inquérito•. Em 1968, encenei ·•Dr. prc>prw na tt'l1•,•is,io? minhu gente. à minha família Acho Getúlio•. Nu televi~iio. apcnns mudei de que não errei. Não porque não ti­ linguagem. Núo mudei a minha te­ A cultura é subversiva mática. não mudei a mmhu ideolo vesse i;ido preso. como fui amea­ gia. n:io mudei a minha vi&ão de çado. Mas porque a realidade mos­ mundo. Não me trul Hó 10 ou 11 trou que a minha avaliação era cor­ Não acha difícil Jazer teatro so­ anos que venho 1enrnndo cnar umn recta. Do:. dois companheiros que da/ num pais em que o teatro é linguagem purn a telev1sào. Pesqui estavam comigo, um não aguentou e m11ito i•oltado para a elite, como é o ~ando C\SO linguagem A ques1ão é fugiu da embaixada semanas mais caso do Brasil? colocar u mesmo temática dentro de tarde; o outro foi para o exterior, Há um pormenor aí. Quando fa­ uma linguugem nova, num veículo comeu o piio que o diabo amassou e lamos de elites. não podemos es­ novo. nrrepcndeu-~c amargamente de niio quecer que uma grande parte dessas O q,u faliu quumlo 11corrl'u o elites é de gente jovem, estudantes, golpe·' ter de~cido no meio do caminho. para quem sempre vale a pena dizer Em 1964 eu ditigin a Rádio Na­ 0.1 a1w.1 .1eguime~ ao golpe foram c1onnl, no Rio Por causa da minha m11it<> d11ros pum JI? alguma coisa. Mas a nossa grande m1htánciu política e pelo função que Passei maus pedaçoi, em 64, 65 e frustração é 1er essa plateia, esse e,;ercrn, uveque me e1dlardentro do 66. público ..electo. Nos anos 60. meu próprio pais. Fui demitido e Como i que con.1eg11i11 sobrei•frcr? quando fazíamos um teatro de re~pondi a sele inquéritos poli­ Um pouco do 1ea1ro, um pouco de ideias, de problemálica política, tí• ciais-militares, os famosos TPMs nhamos um público que sabia tudo Chel{OU a ser preso alg1mw \'tz? aquilo que nós queslionávamos. Era Na época, foi expedida uma um público que, de antemão. já es­ ordem de prisão contra mim. mas "Todas as minhas peças tava de acordo com as nossas ideias, não chegou a ser cumprida porque rêm os seus defeitos. A caiu na~ mãos de um parente. O um público que ia ao teatro ouvir o Bra,il tem de~ta\ coisa~. Aliá~. melhor é sempre a última, que já sabia. nunca ter Mdo preso sempre me deu quundo julgarnos que E para ouvir o que gostavam de muita vergonha Lembro-me do~ corrigimos os erros '.)llVir ... ano:, de 46 e 47, época em que par· com.etidos nas anteriores .. Ou de cfü.er... Nós queríamof> ticipci no:. primeiros congresso!> do falar para um público ao qual pudés­ PCB . A linha naquele tempo era semos transmitir coisas que ele não 1remendamen1e el>querd1sta Os soubesse sobre a sociedade brasi­ companheiros subiam à tribuna e leira, coisas que o consciencialii.as­ falavam d~ sua~ prisõe!.. Uns ti­ nham sido 15 veze~ presos outro:. sem. Um público de operários. um !O Sentia-me humilhado; nunca público de favelados ( 1). um pú­ unha sido preso Senlin vergonha blico de camponeses. E esse público Hoje não, acho que conseguiractuar era inaling1vel, todal> as tentativas \Cni nunca ler sido preso ~1gnificou foram frustradas O que queríamos um bom lJ'abalho político. só é possível num regime ~ocialisu, Eu danclew111dade 1 num regime onde o governo tenha Em 1964. como todo a gente. pas­ interesse real em difundir n cultura. sei uma temporoda de ~molho• De­ No caso do Brasil, a culturn é sem­ pois voltei à vida normal e lutei para pre marginal e o teatro mais margi­ continuar no pais. apesar das amea­ nal ainda. Não podemos esperar ças de prisão. No dia do golpe. saí• nada de um país, de um regime mos da Rádio Nacional, 15 minuto~ como o nosso onde o teatro é olhado an1es da emissora ser tomada pelos como fonte de subversão, como golpistas. Naquele 1• 0 de Abril, muito~ companheiros optaram pelo fonte de contestação. e nada mais. exílio e foram pedir asilo na:. embai­ Essa v,.~ão tle fome de s1tb,·ersão é xadas. Eu cheguei a entrar num hoje tambtm wílida para a im­ carro com mais dois outros compa­ prt•11sa , que realmente informa ... nheiro~. mas sai a meio do caminho lslo acontece aqui com a cultura de um modo geral. A!o pessoas inte- O que foi que acrmteceu? 91 N.º 37 /Setembro/ Outubro de 1981 cedemoa terceiro mundo Carlos Lacerda, que moas tnrcle foi governador, fei. um escúndalo na impl'l!nsa e eu entrei nn lista negra. Um ixmncnor: vrnJCi com o meu próprio dtnhciro, pngando a viagem com um empréstimo. Quando ussi~lt ilO filme , Tc~ta-de-fcrro•. T/1e Fm,11, de Wood) Allen. vi na tela umn ~11unçuo que 11nha ,ido , l\'tda por mim. ,e bem que numa situação invcm,n Porqu

92 eademos terceiro mundo niio é como ti sMe di: hoje. onde seria a minha última peça. •Campe• mente pela sua falta de objectívi­ apresento , Sucupira- como uma c~­ ões do mundo,. dade. E falando do Brasil, o críLico pécie de mii:-rocosmo do Brasil A E d<1s Tl!lt--1to11elas feiw.1 Jl"r" a não chega a representar a opinião de tcle-novel:1 é maii. como um ro­ 111lf!vísüo, qual 11 politica. ção de linguagem. I.Jffla proposta de Seria legítimo Poderia ser o re­ Q11e1/ ,lvs c/c,is ê mflis Jactl tle uma nova linguagem na televisão. presentante de uma vanguarda. Mas ucrew•r1 Tudo isso era muito fascinante. mas isso não acontece. Muitas vezes a A novela é mais cansaliva Um não muito bem realizado intelectualidade prestigia um espec­ capítulo por dia. vinte laudas dac11- Q1111l u sua opi11íiio sol,re a crítica táculo que a crítica arrasou, e pode lografadas. Um verdadeiro trabalho em gemi? Cog,o 1•t• afigura do cri­ perfeitamente acontecer o contrário. bmçul. Na série. estou a escrever rico remral:' Como vê o .mrgimemo de 11ovos qua~c um episódio por semana, ti'€~ Esrodos em África, onde também se Toda a crítica é subjectiva, não por mes, em media Sáo 31. 3:! pá­ fala o português? Como semí11 a existe critica objectiva. A opinião ginas Mus a s.cirie consome mais liberTc1çã<> desu.\ países do jugo co­ de um crítico é a opinião de uma ideia:.. cada ep1sôd10 é uma nova. lomul porruguês? pessoa. com lodos o!, seus !>Ubjcc11- Tenho que encontrar c;empre um Com muita alegria, mas até agora vbmos Leio a opinião de um crítico tema que sirva para escrever uma à distância. Ainda não tive o prazer e considero-a como a opinião de peça e nem todos servem. É por essa de conhecer pessoalmente.Angola. qualquer espectador Recuso-me a razao que as séries da Globo têm três Moçamb1q ue ou Cabo Verde. Egos­ ace11ar o crítico como juíz. exacta- ou quatro autores taria também de conhecer São Tomé A excepçi10 e você .. e Guiné-Bissau. É qualquer coisa de É muito difícil fazer o trabalho muito fascinante saber que países ~ozinho. mas não encontrei amda que foram colonizados da maneira um autor que afine com o meu es­ .. o que quedamos. só é que foram. oprimido:; da maneira tilo. Todos o~ dias chegam à~ mi­ possível num regime que foram, sem que lhes fosse dei­ nhus mãos peças que infelizmeme socialista num regime xado o mínimo de estrutura para nao posso aproveitar 4 isso. faç:im o que está sendo feito. E onde o governo tenha como se mua de povos irmãos, interesse real em difundir olhamos isso com muito calor. As O autor e os seus críticos a culwra» opiniões trazidas pelo Chico Buar­ que são apaixonadas, e eu gostaria de ter uma opinião formada pesso­ Quul das suas peças teu1raü almente. Mas imagino como deve co11sidera rer a melhor 111<'11.\0ttem ser difícil edificar uma sociedade poliricu:> socialista com a herança dei>,ado E difícil dizer r. uma pergunta pelo colonialismo português. As que deve ser feita aos críticos. aos pessoas querem sempre resultados que assistiram às minhas peça,. imediatos. E t/ttal a 11101s grC1tijicanre, pes­ soalmeme' ( *) Ac10 Inslitucional n. 0 5. insll'Umento jurídico imposro no pais em 13/12/68 A que me deu mais alegria foi O pelo general Costa e Silva que pratica­ pagador de promessas•, a mais en­ men1e revogou a Constituição de 1967. cenada. a mais editada, a mais pre­ Vigente enquan10 fosse julgado neces­ miada. Mas oi.lo considero que O sário pelo poder, e.stipulava que o chefe do governo podin cassar mandatos. sus­ pagador• tenha ~ido a melhor peça pender direitos políticos e legislar em que tenha escrito Todas as minha~ sub)tllu1çâo do congresso após decre- peças têm os seus defeitos A me­ 1ar-lhe o encerramento. lhor é sempre a última. quando JUi­ gamos que corrigimo~ Oti erros co­ ( I) moradores 1ú• bairros-da-law ou metidos nus anteriore~. E no caso. musst'ques.

N.º 37 / Setembro / Outubro de 1981 cadernos terceiro mundo 93 11 Jogos da África Central Para além das medalhas Nesta importante realização desportiva faltou distribuir a medalha de ouro que premiasse a capacidade organizativa demonstrada pela República Popular de Angola C:u-los Pinhão rJ

O princ1p10. era a duv1d:i A promoção dest~ jogo:. regio­ veu ainda. em qualquer dos outros \tais. ha, ia ate a no,;.io nai" re:.ulta de uma recomendaçiio grupo~. a promover um certame A de uma cena imsp..1n;.abili· feita nes~e senlJdo pelo CSSA (Con­ desse tipo Ousou o Gabão. cm dade. ao assumir-se uma utl ~pon­ :.elho Superior do De:.pono Afn­ 1976, realizar os 1 Jogoi. da África sabilidacre. p!!sse o aparente para. canó). ma:, :i verdode é que só ne~te Central. mas a inicmtiva teve bem do,o grupo da Africa Central esse apelo menos projecção do que esta ed1çiio - a respon,abdidade aceite pelo foi ou, ido e praticado - e. no todo, angolana. pois contou com menor Go\'emo da Republica Popular de são -.ete oi. grande,- grupo" regionais número de países concorrentes e de Angola. ao chamar a si o organiza­ em que se encontra dividido o dei.­ modalidades em jogo Por exemplo, ção doi. II Jogo:. da Africa Centr.d. pono africano. para 1omar mais a própria Angola não concorreu, interessando onze paise!> em dez funcional essa prnuca, em face das porque. nessa ahura, nem sequer modahdades diferente:. ( t ): enormes distãncm:. e da!> dificulda­ estava ainda filiada no CSSA. E - a irresponsabilidade de con­ des de u-an~pones (2) tudo parecia mdicar que a experién­ trair essa obngação. niuuraJmente Por outras palavra.,. a Africa cia não lena continuidade, poi1 dispendio~a e aparentemente dis.­ Central já vai nos seus li Jogos, cinco anos decorrerom sem novo; pens,hel, tratando-se de um pa,~ JÓ· cnquànco nenhum outro país se arre- Jogos, revelnndo-se, de ceno modo, vem. naturalmente sem eitpenência utópica a desejada periodicidade de alguma de organizações deste upo e, U'ês anos para mais, lutando com carêt'lc1as (') O autoré r&dactordojomaldesporovo O Chade chegou a aceitar português •A Bola•. várias e de monta. realizá-los em 1979, mas a guerra

94 cedemos terceiro mundo civil gorou esses louv!\veis propó:,i- dade con1ra a República Popular de 1os, at6 que, enfim. Angola se pro­ Angola. põe organizur os Jogos. no primeiro Acresce que os Jogos coincidiram ano em que concorre, apesar de toda com a invasão do Sul de Aniola pelo a inexperiência e de iodas as carên­ exércno racis1a da África do Sul - cias. ou. melhor diiendo, a invasão é que coincidiu com os Jogos e tulvez não lenha sido por mero acaso, pois uma ANGOLA81 A Invasão sul-africana renúncia de Angola à realização dos nada impediu Jogo:.. porven1ura assim feita à úl­ mesma sensação. não de alarme, tima horu e dado o impacto que cMes mas de alerta e de firme determina­ lrre~ponsabilidade ... na respon­ grandes acontecimentos desportivos ção de lutar, não se ressentindo os ,ab1hdade? sempre suscitam, mormente entre a Jogos minimamen1e das acrividades Agora, é fácil responder que não, juventude dolio países interessados. bélicas no sul do pais. Apenas o porque a nau foi levada a bom porto daria eloquen1es i,inaii. de alarme e feslival de encerramento teve menor e o~ Jogos cons1ituiram um assina­ de demi~siio e conlribu1ria não brilho, em relação ao fesúval de Ilível bito, em todos os capítulos, pouco para a desejada desestabiliza­ abertura, e a agressão sul-africana mas. na al1ura da decisão e até ção e desmoralização. teve a ver com o caso. Assim, foi o mesmo na altura do arranque. eram Se Pretória fez essa pontaria, presiden1e José Eduardo dos Santos naturais as dúvidas, as reservas e errou o alvo, porque os Jogos fi­ quem declarou solenemente os mesmo as críticas da parte de quan­ zeram-se de cabo a el{o, não apenas Jogos inaugurados. mas, no final, tos, menos familiarizados com as em Luanda, realmente muito longe não voltaria ao estádio, porque, en­ reais potencialidades do povo ango­ do teatro das operações. mas tam­ tretanto, muito a situação se agra­ lano, poderiam, até de boa fé, recear bém no Huambo. oitocentos quiló• vara no Cunene. Do mesmo modo, um malogro, também em todos os metros ao sul da capital, onde a aquele monumental desfile de ban­ capltulos - sem esquecer os de má organização fez deslocar boa parte deiras dai. cerimónias iniciais teve. fé que, confundindo as realidades do:. jornalistas presentes no país, no final. uma reedição bem mais com os seus desejo:., 1inham como por motivo dos Jogos, a maioria dos discreta, sobretudo em número, ceno esse malogro e tudo fariam paises da África francófona, e 1am­ porque os figurantes eram milhan:s para que ele se verificasse, de aí bém redactore:. das agências in1er­ e, a essa hora do encerramento dos relirando então largos dividendos nacionais • France Press• e • Reu­ Jogos, já eles estava, de arma na para as suas campanbas de hostili- ter• . Por toda a parte :.e recolheu a mão. a cumprir o seu dever de en-

N.º 37 /Setembro/ Outubro de 1981 wemos terceiro mundo 95 frentar a agressão racista no campo de batalha. Alias, logo no primeiro dia. em pleno est1ídio. muito bem se e,pli­ cou Rui Mingas, secretario de Es­ tado dos Desponos. ao afim1arque o esforço enonne de organizar os Jogos consutula • 11 part~· que 110s cabe ,w dt.'se111·ofr1111e11w do ,!es­ parto africa110 . . mn.s .1cre~cen­ tando: • di::.emos 11ào ,10 miro tÍll 11eu- 1ra/i

Um enorme hlto organiuatho

Era muno d,-..en.ificodo o leque político e ideológico dos pabe., con­ correntes aos Jogos. para alem da sua filtatão francófona (a grande maiona) ou lusófona (Angola e São Tomé e Pnncipe) e ainda ~e a sistiu. de imc10. Jã ditadas peln.s nval1da­ des de:-poru, as ou pelo mau-perder de um, quantos, .:i algumru. provoca­ de um mais roc10nal enquadramento ç~ de vários 11po:.. ma:. a força da e não por calculismo compe1i11vo. organização a todo:. e acat:>ou de pois. tanto num lado como noutro, o impor, de tal modo que. no desporto angolano se situa a um final. ass1s11r-se-ia a uma inversão ntvel modeMo, que é lógico e inevi­ completa: o~ detractorei. iniciais en­ tável, por enquanto. Praticamente. tendiam agora. conforme percebe­ tem três anos o desporto angolano, mos JUDIO dos jornalistas presentes. as primeira~ competições regulares que Angola deveria manter-~ como datam de 1979. ano em que se cons­ sede do grupo respecúvo, porque só tituíram as primeiras Federações. assim se garantiria a continuidade Este é outro aspecto que marca po­ dos Jogos com o nível e até com a siuvamen1e a iniciativa angolana de pompa agora verificados. promover os Jogos, pois a d0!iamb1- Como é óbvio, manter-se-á o ção quanto a r~ultados desportivos princípio da rotatividade e o Zaire autenuca a intenção de promover a aceitou a organização ,dos Jogos em confraternização e a unidade entre 1984, mas pode acontecer que, os povos africanos, através desse nessa altura. a República Popular de veículo ideal para o efeito que é a Angola não pertença já ao grupo da prática desponiva, com o seu má­ África Central pois tem-se como gico poder de atrair e ligar a juven­ provável uma revisão da constítui• tude de vários países (3). ção das várias zonas (2} e mais curial Não~ pode. no entanto, pensar parece a inserção dos angolanos na que apenas razões assim altruístas África Aust.ral, tal como são enten­ levaram a Republica Popular de An­ didos. afinal. em todos os sectores. gola a abalançar-se .i um cmpreen­ menos o dei.ponivo di mento de Utn10 vulto. Houve tam­ Julgamos saber que Angola acei­ Bernardo Manuel, bém. na1urulmen1e, mteresses pró• atleta angolano, uma taria de boa mente essa transferên­ conflrmaçao de valor prios de vária ordem, iodo~ devida­ cia, atendendo apenas a essas razões nas provas de fundo mente ponderados e, no fim. todos

96 cadernos terceiro mundo cumprido~. pontualmente, no me­ Os li Jogos da África Central, para al6m de terem dida em que, atrnvé:. dos Jogos, se conetltutdo um enorme êxito criaram condições quer para o salto organizativo, toram um verdadeiro eapacl6culo de qualitativo do despono de alta com­ beleza e de cor. Na foto da petição quer pura o massificação dlretlJI, o 1ecreU1rlo de desponiva que se deseja e que sem­ Eetado doa Deaportoa angolano, Rui Mingas, faz a pre encontra o melhor estímulo nas entrega de uma medalha de proezas dos campeões ouro a um atleta vltorloao Políticamente. os Jogos constituí• ram para a RPA uma bela e especta­ cular manifestnção de per:.onali­ zairota, ou burundi). porque todas dade, da capacidade. de força - Bases para o futuro talvez impensável paro um país as despesas se transformaram em ai.sim de mein-dúzm de nnoi. e que bens durave1s. de aprovettamento passou por tremendas vicii.situde~ No plano desportivo, os dividen­ posterior assegurado e que consti­ até consolidar a sua independência e do~ n tirar da ou~ada inicmt1vu tam­ tuem a base para o grande edifício que, mesmo agora, continua cm luta bém ~e tomam óbvios, porque o~ do desporto angolano. com o invasor sul-africano e os fan­ investimentos nuo i;e fizeram de Os responsáveis driblaram sem­ toche:. angolanoi. que se lhe usso­ forma leviano, não houve uma obra pre m, perguntas sobre o montant.: ciam de fachnda pnru congolês ver (ou das despesas para pôr de pe e a

N º 37 / Setembro / Outubro de 1981 cac1- terceiro mundo 97 funcionar a máquina dos Jogos, com Em contrnpnrtidn, nuquelru. dh,. Zona 1 - Ara6fla. Ub1a. Marrocos e o argumento de que só depois dos ciplina1o onde, pelos vistos. nem o~ Tun(s10 (4) Jogos seria possível o conhecimento própnoi. angolanos se tmham aper­ Zom, , , G4mb1a. Guind . de todos os gostos, mas é evidente -Conakry, Guin6-Bimu. Mali, Cnbo- cebido bem das ~uas possibilidades, -Vcrde e Mouritlni11 (7) que dos Jogos se tirnm lucros de acabaram por nlcançnr lhuos ~ur­ Zona 3 - Ciana, Costa do Mnrflm, todo impo s1veis de conmbilizar. preendentes, nomeadamente no L1b6na e Serro Lcou (4) como é o caso concreto da utilização ntleu~mo (quatro mednlhos de oiro). Zona 4 - Benin, Alto Volt11, Níger, de uma e:"tcelente p1Ma de tartan que N!g6ri11 e (5) DQ pugilismo (duns de ouo) e no Zona 5 - Gabão, Burundi, Cam&­ que se fez para o::. Jogos, mas fica :ili judo (uma de oiro) E não se trutou ~~. República . Centro-Africona, no Es1dd10 da Cidadela. JO :-ernço de thitos acidenca1s, a traduzir um C,ingo, Guin6 Equutorial. Ruanda, dujuventude luandense. No mesmo empolgumento de_ circunstâncin, Chade, Zaire, Angola e SIio Tom6 e sentido, todo os trabalhos de bene­ Principe lll) como o demonstram a quantidade Zona 6 ~ Qu6oia, Etl6p111, Uganda, ficiação. de ampliação e de adap1t1- ele, ada de medulho.s de prata (de­ Eg1pto, Som,lia, Sudiio, Tanzania e ção le,ados a cabo, quer no p~ue z.m,e1s) e de bronze vinte e t~s Oj1bu11 (8) Zona 7 - , llhas Maurícia\, desportivo da Cidadela quer nas também conqu1::.tadas e J revelar demais insullnçoes desporti,n~. em Lesoto, Madagascar, Malawí. Suazi­ ai.sim Já uma cena quanudude de l6nd1a, Scychellcs, Botsw111u1, Moçam• Luanda e no Huambo são e~trutaras elemento~ de qualidade, numa al­ bique e Comores (10) que ficam e que vão tomar mai::. útil tur.i em que o trabalho cm profundi­ (3) ·Angola esforça-se por cnar as e mai:, efic:12 o proficuo trabalho dade ci,tA ainda praticamente no seu cond1çóes ideais para ati.ngk o fonnaçio d~envolvido por técruco. e::.uun­ integral da suo Juventude e, certamente, início. a Educação Fí)ica desempenho li um geiros de nomeada que põem ao Nem seria necessário este com­ lugar unponame. Dos nossos Jovens ~erviço do desporto angolano não plemento das medalhas para que os queremos fazer cidadãos capazes deres­ apenas a sua capacidade profis::.io­ Jogos fica::.sem assinalados como ponder plenamente a todas as solicita­ nal, mas l8Illbém um espírito de mi­ ções que se tomem necessários e, tendo o um triunfo importante da jovem re­ Desporto tanto a ver com a saúde da litância. de devoção no trabalho. de pública angolana, mas não deixam populoção. 6 evidente que justifica bem plena entrega a uma tarefa da qual já de corn,tituir também um índice se­ a prioridade que se lhe concede. se viram os primeiros fruto::., preci­ guro da projecção que o desporto da Há ainda u.m outro aspecto muito ~ samente nestes ll Jogo~ da Africa importante. É que o De~porto tem um RPA pode alcançar, a médio prazo, papel tamb6m de mont11 no tocante à Central pelo estímulo poderoso que repre­ mobilização de mll>sa\, conUibumdo sentam, no duplo aspecto da divul­ as~,m paro manlcr o espírito de unidade Na verdade. se é certo que a gação da prática desportiva tornada do povo nngolano, atrav6s dos d1 versas competições que interessam todas ti grande vitória da RPA foi a própria um verdadeiro direito do povo, e no organização dos Jogos, que duraram provincins aparecimento de um número cada Sendo usim no plano nacional, tam- duas semanas e movimentaram mais vez maior de campeões capazes de 1>6m o 6 no plano mtcmacional, propor· de um milhar de alletas, aconteceu fazer .,ubir a gloriosa bandeira da cionando um conhccuncnto mnis esLrCito também que os atletas angolanos dos diferente:. paises do nosso contincn1c República Popular de Angola no conquistariam classificações muito e. com ele. um reforço da unidade afri­ masll"O de honra dos grandes certa­ cana• (palavras de Rui Mingas, cm en­ cunosas e reveladoras do grande mes desportivos internacionais. trevista concedida oo jornal •A Bola• de progresso de que são susceplfve1s, 3 de Setembro de 1981) quando se puder tirar pleno rendi­ (4) Quadro final da atribu1çio das mc­ mento das novas estruturas postas dalhlll> dos li Jogos d11 África Central: agora à sua disposição. ( 1) Os Jogo~ Viriam a realizar-se cnll'C ~ f !! 1:1 :; Tirando a decepção do futebol, nove países. por des1Stência, à última e que é o desporto mais popular e no hora, da Guin6 Equatorial e da Repú- o it IQ ~ quaJ se depositavam ilimitadas espe­ blica Ccnlro-Africana, por alegada5 di- C11marões 28 10 14 52 ficuldadcs económicas. Os número de ranças (três empates, uma derrota e Congo 9 21 li 41 modalidades fixar-se-ia cm oito, por não Gabão o quano lugar}, os representantes da 8 6 li 2.S haver o número mínimo regulamentar de Angola ...... 7 16 23 46 RPA ganhariam quarenta e seis me­ países inscritos, em natação e 16ni1., mo- Zaire .. ····· ... 6 6 s 17 dalhas e, neste totaJ, foram apenas dalídades que estavam também inicial- Burundí 2 6 3 li mente previstas. Em Luanda. no decur:l-0 ·········· suplantadoi. pelos atletas dos Cama­ Ruanda ...... 2 o 2 4 do5 Jogos, realizar-M:-ia um curioso fes. Chade 2 o 3 rões, um país que fez a sua indepen­ lival de natação a título de propaganda e São Tom6 o o 1 dência há uma vintena de aool> e tem para o qual foram convidadas ~ delega- consagrado ao Desporto uma aten­ çóe~ de todos os países concorrentes. Nos I Jogos, d1~pulados cm Libreville C2) Consutuiçiio dos 'ICte grupos em ção muito especiaJ (4). (Gabão) também a República dos Cama- que i.e divide a ~o do CSSA. roe~ foi o grande vencedor '

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