<<

MARIA APARECIDA FERNANDES

EVOLUÇÃO CARIOGENÔMICA EM PEIXES RECIFAIS DAS FAMÍLIAS (ACANTHURIFORMES) E (HOLOCENTRIFORMES)

Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Sistemática e Evolução

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências

para obtenção do título de Doutor em Sistemática e Evolução.

Orientador: Dr. Wagner Franco Molina

NATAL - RN 2019

Maria Aparecida Fernandes

Evolução cariogenômica em peixes recifais das famílias Acanthuridae (Acanthuriformes) e Holocentridae (Holocentriformes)

Aprovada em: 30 de Agosto de 2019.

Comissão Examinadora:

Dr. Wagner Franco Molina – UFRN (Orientador/Presidente)

Dra. Kátia Castanho Scortecci – UFRN

Dr. Paulo Augusto de Lima Filho – IFRN

Dr. Clóvis Coutinho da Motta Neto – UFRN

Dr. Gideão Wagner Werneck Félix da Costa – UFRN

Dedico

À minha filha Alice. Aos meus pais Vilmar (In memoriam) e Inácia. A Leandro.

A vocês todo meu amor e gratidão.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer especialmente aos meus pais, por todo amor, dedicação e esforços empenhados para minha educação, bem como pelos valorosos ensinamentos que moldaram meu caráter. Às minhas irmãs (Josivânia e Josenilda) e irmãos (Adriano, Mariano e João Paulo) pela maravilhosa convivência familiar, carinho, amizade, e principalmente, pela compreensão frente minha ausência durante os momentos difíceis. Ao meu companheiro Leandro, pelo carinho, amizade e parceria de maneira incansável. À Fátima e Luan pela dedicação e assistência nos cuidados com Alice nos momentos de minha ausência. Ao professor Dr. Wagner Franco Molina, pelo apoio, orientação e confiança depositados durante a realização deste trabalho. Aos doutores Gideão W. W. F. da Costa e Clóvis C. da Motta-Neto pelas significativas contribuições durante o exame de qualificação. Aos companheiros de laboratório: Gideão, Karlla, Paulo, Inailson, Josi, Divana, Allyson, Clóvis, Rodrigo, Amanda, Éricka, Matheus, Dalvan, Simião, Glaicon, Marcelo, Louise, Vanessa e Calado. Obrigada a todos pelas indispensáveis contribuições nos procedimentos laboratoriais e de coletas, e por terem proporcionado, através do companheirismo e bom humor, uma jornada mais rica, leve e prazeirosa. À CAPES pela concessão da bolsa de estudos. À UFRN e ao Programa de Pós-Graduação em Sistemática e Evolução por permitir a conclusão desta estapa de meu processo educacional. Ao CNPq pelo suporte financeiro (Processo No. 556793/2009-9), INCT “Ciências do Mar,”, FAPESB (no. APP0064/2011) e ICMBio/SISBIO (licenças 19135- 1, 131360-1, e 27027-2) pela autorização de coleta de espécimes.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Espécies do gênero empregadas nas análises citogenéticas e suas respectivas áreas de distribuição. Barra = 2cm...... 35 Figura 2. Espécies da família Holocentridae empregadas nas análises citogenéticas e suas respectivas áreas de distribuição. Barra = 2cm...... 36 Figura 3. Cariótipos das espécies , , Acanthurus bahianus e Acanthurus chirurgus, sob coloração convencional com Giemsa e bandamento C. Em destaque os pares portadores de sítios Ag-RONs. Barra = 5µm...... 50 Figura 4. Mapeamento cromossômico genes ribossomais 18S (caixas com linhas sólidas, em vermelho), 5S (caixas com linhas pontilhadas em verde) e de DNAhis H3 (vermelho) e H2B-H2A (verde) nas populações do Atlântico Sul e Caribe (AS/CA) das espécies Acanthurus bahianus, Acanthurus chirurgus e Acanthurus triostegus, do Índico. Barra = 5 µm...... 51 Figura 5. Mapeamento cromossômico de DNAr 18S (caixas com linhas sólidas, em vermelho), DNAr 5S (caixas com linhas pontilhadas em verde) e DNAhis H3 (vermelho) e H2B-H2A (verde) nas populações de Acanthurus coeruleus das regiões do Caribe e do Atlântico Sul. Barra = 5 µm...... 52 Figura 6. Idiograma indicando a organização de diferentes classes de DNAs repetitivos (DNAr e DNAhis) em espécies e populações de Acanthurus. Em destaque nas caixas, conjuntos de cromossomos compartilhados entre as espécies. Par cromossômico portador de sítio DNAr 18S com variação interpopulacional (caixa pontilhada). CA=Caribe; AS=Atlântico Sul; OI = Oceano Índico...... 55 Figura 7. Distribuição geográfica (linhas) das espécies Acanthurus coeruleus (azul), Acanthurus bahianus (verde), Acanthurus chirurgus (vermelho) e Acanthurus triostegus (rosa). Símbolos indicam os processos de modificações cariotípicas em Acanthurus associados a padrões filogenéticos temporais de diversificação (modificada de SORENSON et al., 2013)...... 56 Figura 8. Cariótipos das espécies Myripristis jacobus, Sargocentron rubrum e adscensionis, com coloração com Giemsa e bandamento C. Em destaque os pares portadores de sítios Ag-RONs. Barra = 5µm...... 71

+ - Figura 9. Hibridização in situ com sondas de DNAr 18S (vermelho; sinais CMA3 /DAPI na parte superior da caixa) e 5S (verde) e Rex3 em Myripristis jacobus, Sargocentron rubrum e Holocentrus adscensionis. Barra = 5µm...... 72

Figura 10. Hibridização in situ fluorescente de sequências (GA)15, e do elemento transponível Tol2 em Holocentrus adscensionis (populações da costa brasileira e Ilha de Trindade) e Myripristis jacobus (populações costa brasileira e ASPSP) e Sargocentron rubrum (Índico). Barra = 5 μm ...... 73

Figura 11. Idiogramas representativos dos cromossomos das três espécies de Holocentridae evidenciando a distribuição de diferentes classes de DNAs repetitivos...... 77

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Amostras das espécies de Acanthuridae e Holocentridae utilizadas nas análises citogenômicas...... 37 Tabela 2. Sondas e primers utilizados nas análises por hibridização in situ...... 40 Tabela 3. Amostras das espécies de Acanthurus utilizadas nas análises citogenéticas...... 46 Tabela 4. Amostras das espécies de Holocentridae utilizadas nas análises citogenéticas...... 68

LISTA DE ABREVIATURAS a – Acrocêntrico AFN – Arquipélago de Fernando de Noronha

AgNO3 – Nitrato de prata Ag-RONs – Regiões organizadoras de nucléolo evidenciadas pela impregnação com nitrato de prata ASPSP – Arquipélago de São Pedro e São Paulo AT – Adenina e Timina

Ba(OH)28H2O – Hidróxido de bário

CMA3 – Cromomicina A3 DAPI – 4’,6-diamidino-2-fenilindol DNAr – Ácido desoxirribonucleico ribossômico – Fluorescence in situ hybridization GC – Guanina e Citosina HCl – Ácido clorídrico KCl – Cloreto de potássio m – Metacêntrico M.a. – Milhões de anos NF – Número Fundamental

PCR – Reação em cadeia polimerase RN – Rio Grande do Norte rpm – Rotações por minuto RNAr/rRNA – Ácido ribonucleico ribossômico sm – Submetacêntrico SSC- Solução salina de citrato de sódio st – Subtelocêntrico

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...... 17 1.1 Aspectos da biologia e ecologia da família Acanthuridae ...... 17 1.1.2 Relações filogenéticas e taxonômicas da família Acanthuridae ...... 18 1.1.2.1 O gênero Acanthurus ...... 19 1.2 Aspectos da biologia e ecologia da família Holocentridae ...... 21 1.2.1 Taxonomia e filogenia de Holocentridae ...... 21 1.3 Barreiras biogeográficas marinhas e biodiversidade associada ...... 24 1.3.1 Biogeografia dos grupos Acanthuridae e Holocentridae ...... 28 1.4 Padrões cromossômicos em Acanthuridae e Holocentridae...... 30 1.4.1 Citogenética como ferramenta para estudos evolutivos de peixes marinhos ...... 31 2 OBJETIVOS ...... 34 2.1 Objetivos Geral ...... 34 2.2 Objetivos Específicos ...... 34 3 MATERIAL E MÉTODOS ...... 35 3.1 Material ...... 35 3. 2 Métodos ...... 38 3.2.1 Obtenção de cromossomos mitóticos ...... 38 3.2.2 Análises cromossômicas e montagem do cariótipo...... 38 3.2.3 Detecção de regiões organizadoras de nucléolos ...... 39 3.2.4 Detecção de heterocromatina constitutiva ...... 39 3.2.5 Dupla coloração com fluorocromos base-específicos ...... 39 3.2.6 Hibridização in situ fluorescente (FISH) ...... 40 3.2.6.1 Obtenção de sondas para hibridização ...... 40 3.2.6.2 Hibridização in situ fluorescente ...... 40 5. CAPÍTULOS ...... 42 5.1 Capítulo I ...... 42 Diversificação do DNAhis H2B-H2A, H3 e DNAr em Acanthurus (Acanthuridae): padrões biogeográficos e evidências de limitada variação cariotípica interpopulacional no Atlântico ...... 42 Resumo ...... 42

Abstract ...... 43 Introdução ...... 44 Material e Métodos ...... 46 Obtenção de sondas para hibridização ...... 47 Hibridização in situ fluorescente (FISH) ...... 47 Resultados ...... 48 Discussão ...... 52 Aspectos filogenéticos, biogeográficos e carioevolutivos do gênero Acanthurus ...... 55 Agradecimentos ...... 58 Referências Bibliográficas ...... 59 5.2 Capítulo II ...... 65 Dinâmica evolutiva de DNAs repetitivos na família Holocentridae (Holocentriformes) ...... 65 Resumo ...... 65 Abstract ...... 66 Introdução ...... 67 Materiais e Métodos ...... 68 Resultados ...... 70 Discussão ...... 74

Organização dos elementos Rex3, Tol2 e repetições microssatélites (GA)15 . 75 Homeostase citogenética populacional em H. adscensionis e M. jacobus no Atlântico Ocidental ...... 78 Conclusões ...... 80 Agradecimentos ...... 80 Referências Bibliográficas ...... 81 6 CONCLUSÕES GERAIS ...... 89 4 REFERÊNCIAS GERAIS ...... 90

RESUMO

As famílias Acanthuridae e Holocentridae constituem grupos de peixes marinhos com alta representatividade em recifes de corais, onde desempenham importantes funções ecológicas no equilíbrio ambiental. Aspectos biológicos, filogeográficos e taxonômicos destas famílias são amplamente conhecidos, contudo, seus aspectos citogenéticos são incipientes. Com vistas a ampliar o conhecimento acerca da evolução cariotípica e possíveis variações citogenéticas interpopulacionais foram analisadas quatro espécies de Acanthuridae (A. coeruleus, A. bahianus e A. chirurgus – Atlântico Ocidental; e Acanthurus triostegus - Índico) e três espécies de Holocentridae (Myripristis jacobus, Holocentrus adscensionis – Atlântico Ocidental; e Sargocentron rubrum – Índico). As análises utilizaram técnicas citogenéticas convencionais, coloração com fluorocromos base-específicos e mapeamento de sequências repetitivas DNAr 18S, DNAr 5S, histonas H3 e H2B-H2A, microssatélites

(GA)15, transposons Tol2 e retrotransposon Rex3, através da hibridação fluorescente in situ. Entre os Acanthuridae, A. triostegus apresentou um padrão cariotípico considerado basal para Percomorpha (2n=48; NF=48), enquanto as espécies do Atlântico Ocidental exibiram uma divergência cariotípica sequencial associada à divergência filogenética. Variação interpopulacional de sítios DNAr 18S foi identificada entre populações de A. coeruleus do Atlântico Ocidental e do Caribe. O mapeamento de sítios DNAr 18S, DNAr 5S, DNAhis H2B-H2A e H3 mostraram padrões microestruturais no gênero Acanthurus. As espécies de holocentrídeos M. jacobus e S. rubrum apresentaram 2n=48 cromossomos acrocêntricos, enquanto H. adscensionis, 2n=50 (2m+6sm+16st+26a). Neste grupo os sítios DNAr 18S e 5S constituem marcadores citotaxonômicos discriminantes, onde elementos Rex e repetições microssatélites (GA)15 se mostraram co-localizados. Apesar das amplas distâncias geográficas não foram evidenciadas variações interpopulacionais em M. jacobus e H. adscensionis. Os resultados obtidos, indicaram uma evolução horotélica e mais diversificada nas espécies de Acanthurus do Atlântico, com diversificação mais recente, em relação a A. triostegus, pertencente ao Indo-Pacífico, centro de origem deste grupo. Enquanto a presença de cariótipos 2n=48a em espécies de (Sargocentron) e Myripristinae (Myripristis), destaca o compartilhamento de uma condição conservada em Percomorpha e sugere uma condição ancestral para a Holocentriformes. Ambos os grupos revelam divergências

filogenéticas, mas também a manutenção de homeologias cromossômicas, e eventuais indícios de variação populacional (A. coeruleus), destacando a importância das análises citogenômicas correlacionadas aos padrões biogeográficos na compreensão das mudanças cariotípicas em grupos marinhos.

Palavras-chave: Evolução cariotípica, Citogenética populacional, DNAr, FISH, Rex3, Tol2, Histonas.

ABSTRACT

The families Acanthuridae and Holocentridae are groups of marine fish with high representation in coral reefs, where they play important ecological functions in environmental balance. Biological, phylogeographic and taxonomic aspects of these families are widely known, however, their cytogenetic aspects are incipient. In order to increase the knowledge about karyotypic evolution and possible interpopulation cytogenetic variations, four of Acanthuridae (A. coeruleus, A. bahianus and A. chirurgus - Western Atlantic; and Acanthurus triostegus - Indian) and three Holocentridae species were analyzed. (Myripristis jacobus, Holocentrus adscensionis - West Atlantic; and Sargocentron rubrum – ). The analyzes used conventional cytogenetic techniques, base-specific fluorochrome staining and repetitive sequence mapping of 18S rDNA, 5S rDNA, histones H3 and H2B-H2A, microsatellites (GA)15, Tol2 transposons and Rex3 retrotransposon through fluorescent in situ hybridization. Between Acanthuridae, A. triostegus showed a karyotypic pattern considered basal for Percomorpha (2n = 48; NF = 48), while West Atlantic species exhibited a sequential karyotypic divergence associated with phylogenetic divergence. Interpopulation variation of 18S rDNA sites was identified between A. coeruleus populations of the Western Atlantic and Caribbean. The mapping of 18S rDNA, 5S rDNA, DNAhis H2B-H2A and H3 sites showed microstructural patterns in the Acanthurus . Holocentric species M. jacobus and S. rubrum presented 2n = 48 acrocentric chromosomes, while H. adscensionis, 2n = 50 (2m + 6sm + 16st + 26a). In this group the 18S and 5S rDNA sites constitute discriminating cytotaxonomic markers, where Rex elements and microsatellite repeats

(GA)15 were co-located. Despite the wide geographical distances, no interpopulation variations were observed in M. jacobus and H. adscensionis. The results indicated a more diverse horotelic evolution in Atlantic Acanthurus species, with latest diversification, in relation to A. triostegus, belonging to the Indo-Pacific, center of origin of this group. While the presence of 2n = 48a karyotypes in Holocentrinae (Sargocentron) and Myripristinae (Myripristis) species, highlights the sharing of a conserved condition in Percomorpha and suggests an ancestral condition for the Holocentriformes. Both groups reveal phylogenetic divergences, but also the maintenance of chromosomal homeologies, and possible signs of population variation

(A. coeruleus), highlighting the importance of cytogenomic analyzes correlated with biogeographic patterns in understanding karyotypic changes in marine groups.

Keywords: Karyotypic evolution, Population cytogenetics, rDNA, FISH, Rex3, Tol2, Histones. 17

1 INTRODUÇÃO

Os recifes de corais são ecossistemas marinhos com expressiva biodiversidade e importância ecológica. Sua complexidade física condiciona os aspectos biológicos dos organismos que nele vivem (FRANCINI-FILHO et al., 2018), destacadamente os peixes, cuja diversificada fauna contribui para sua evolução e equilíbrio físico e biológico da comunidade associada (BELLWOOD & WAINWRIGHT, 2002; FLOETER et al., 2008). Em geral os peixes recifais são relativamente sedentários durante a fase adulta, onde a dispersão dentro da área de distribuição fica, geralmente, a cargo do potencial dispersivo dos ovos, larvas, da ação das correntes oceânicas (LEIS, 1991; VICTOR, 1991; LEIS & MCCORMICK, 2002), além de estar associada à peculiaridades biológicas de assentamento, disponibilidade e continuidade de habitats e barreiras biogeográficas (ROCHA et al., 2002; BOWEN et al., 2006). Estas características aliadas à intricada relação de dependência com os ambientes de corais, os habilitam como adequados modelos genéticos para estudos biogeográficos e evolutivos (ROCHA, 2003; CHOAT et al., 2006; ROCHA et al., 2007; ROCHA & BOWEN, 2008). Entre os muitos grupos de peixes recifais estão as famílias Acanthuridae (peixes-cirurgiões) e Holocentridae (peixes-soldados ou peixes-esquilos), dois grupos particularmente representativos destes ambientes devido a sua extensa distribuição, diversidade de espécies, abundância e padrões morfológicos (FLOETER et al., 2008; DORNBURG et al., 2014). Estes grupos têm ensejado variado número de investigações quanto aos seus padrões genéticos (BOWEN et al., 2006, OTWOMA et al., 2018), mas estudos ainda incipientes sobre seus aspectos citogenômicos.

1.1 Aspectos da biologia e ecologia da família Acanthuridae

A família Acanthuridae, cujas espécies são conhecidas como peixes-cirurgiões, representa um carismático grupo de peixes encontrados em ambientes de recifes. São exclusivamente marinhos e de distribuição circuntropical (NELSON et al., 2016). Os peixes-cirurgiões sofrem mudanças ontogenéticas que se refletem tanto em alterações na preferência por tipos de habitats (ROCHA et al., 2002), quanto no tipo de dieta. De fato, enquanto suas larvas são planctônicas e alimentação baseada 18

em zooplâncton, em geral, os juvenis e adultos são demersais e herbívoros (CHOAT et al., 2004). Em sua trajetória de desenvolvimento apresentam ampla variação interespecífica quanto à coloração do corpo, bem como na interação social com outras famílias de peixes de recifais (ALWANY et al., 2005). Neste sentido, os representantes deste grupo apresentam relevante papel ecológico e evolutivo nas comunidades de recifes tropicais, agindo como agente físico na escavação do substrato (bioerosão) e sua sedimentação intensiva (KRONE et al., 2011), bem como agente biológico influenciando na composição, abundância e padrão de distribuição de algas (herbivoria) e comunidades associadas (CHOAT et al., 2004; KRONE et al., 2011 ). Apresentam como estratégia reprodutiva a formação de grandes agregações de desova, que podem ocorrer durante todo o ano em algumas espécies (THRESHER, 1984). Produzem ovos pelágicos que eclodem após cerca de um dia, seguindo um período pelágico larval longo (51 até 75 dias), que lhes conferem elevada capacidade de dispersão (LEIS, 1991) e podem influenciar nos seus padrões genéticos (ROCHA et al., 2002).

1.1.2 Relações filogenéticas e taxonômicas da família Acanthuridae

Apenas recentemente a família Acanthuridae foi realocada da Ordem e erigida como Ordem Acanthuriformes, após reavaliação do diversificado e complexo grupo Percomorpha, através de acuradas análises moleculares (NEAR et al., 2012; BETANCUR-R. et al., 2013). Acanthuridae constitui um grupo monofilético, relativamente antigo, com cerca de 54 milhões anos (Eoceno Médio), cuja origem provável ocorreu no Indo-Pacífico (RANDALL, 2011; SORENSON et al., 2013). Suas relações filogenéticas são bem definidas, tanto por avaliações morfológicas (TYLER et al., 1989; WINTERBOTTOM, 1993; GUIASU & WINTERBOTTOM, 1993), quanto moleculares (KLANTEN et al., 2004; SORENSON et al., 2013). Morfologicamente possui como autapomorfia compartilhada a presença de um espinho móvel lateral, semelhante a um bisturi, localizado em ambos os lados do pedúnculo caudal, do qual deriva o nome da família (akantha = espinho), utilizado em comportamentos de defesa inter e intraespecíficos (RANDALL, 2001). 19

A ordem Acanthuriforme subdivide-se nas subordens Sciaenoidei (15 famílias) e Acanthuroidei (3 famílias), na qual nesta última se insere a família Acanthuridae, formada por 86 espécies (ESCHMEYER et al., 2019), distribuídas nas subfamílias Nasinae (gênero Naso) e (gêneros , Prionurus, , Acanthurus e ) (NELSON et al., 2016). A subfamília Nasinae (peixes unicórnios), restrito ao Indo-Pacífico, é caracterizada por uma protuberância na região frontal da cabeça em algumas espécies. Em geral apresenta 2 espinhos anais, 3 raios pélvicos moles e, no lugar do espinho móvel, 1 a 2 placas dérmicas fixas no pedúnculo caudal (NELSON et al., 2016). A subfamília Acanthurinae, possui a maioria das espécies distribuídas no Indo- Pacífico, com apenas representantes do gênero Acanthurus no Oceano Atlântico (RANDALL, 2001). Quanto aos padrões corporais, apresenta 3 espinhos anais e 1 ou mais espinhos móveis no pedúnculo caudal. Esta subfamília se divide nas tribos Prionurini (gênero Prionurus), tribo Zebrasomini (Paracanthurus e Zebrasoma) e tribo Acanthurini (Acanthurus e Ctenochaetus) (RANDALL & CLEMENTS, 2001; HUBERT et al., 2010). Os gêneros de Acanthuridae têm uma divergência antiga, com pelo menos três intensos episódios de diversificação. O primeiro ocorreu no final do Paleoceno/início do Eoceno, seguido por uma radiação dramática no Médio Eoceno (50 M.a.) e um último evento durante o Mioceno (30 M.a.), que representa a radiacão da maioria dos acanthurídeos atuais (SORENSON et al., 2013).

1.1.2.1 O gênero Acanthurus

Acanthurus é um grupo parafilético, com divergência no Mioceno Inferior (21 M.a.), cujos dois principais subclados diversificaram-se a cerca de 19 M.a. (SORENSON et al., 2013). É representado por 40 espécies, das quais 36 são endêmicas do Indo-Pacífico, centro de origem e dispersão do grupo (RANDALL et al., 2011). Dentre as cinco espécies que ocorrem no Atlântico, Acanthurus coeruleus Bloch & SCHNEIDER, 1801, Acanthurus chirurgus (Bloch, 1787), Acanthurus bahianus Castelnau, 1855 (Atlântico Ocidental), Steindachner, 1876 (Atlântico Oriental) e Acanthurus tractus Poey, 1860 (Caribe), as três primeiras espécies são extremamente abundantes e encontradas em condição de simpatria 20

desde o Caribe, ao litoral sul do Brasil e ilhas associadas (BERNAL & ROCHA, 2011; HORTA & GONÇALVES, 2013). Acanthurus coeruleus, ou cirurgião-azul, representa o grupo mais basal dentre as espécies do Atlântico, cuja origem é estimada em 19 M.a. (SORENSON et al., 2013). Quando juvenil, a coloração do seu corpo é amarela, passando gradativamente ao azul violáceo, com linhas estreitas e escuras no flanco, na fase adulta; durante o período reprodutivo, os machos podem adquirir um padrão bicolor, mais escuro na porção anterior e mais claro na porção posterior do corpo (ARAÚJOet al., 2004). Com um comportamento territorialista (BELL-KRAMER, 2000), onde explora hábitats em profundidades de até 60 metros (ROCHA et al., 2002), a espécie é herbívora, com estômago de parede finas adaptados à degradação de celulose (LOBEL, 1981). Além da COSTA do Atlântico Ocidental ocorre também na ilha de Santa Helena, na região meso-Atlântica (BROWN et al., 2019). Acanthurus chirurgus, conhecida como barbeiro-preto, tem sua origem estimada em 5 M.a. (SORENSON et al., 2013). É a espécie mais generalista dentre os acanthurídeos do Atlântico, onde apresenta preferência por recifes rasos, embora suporte variados graus de salinidade e turbidez da água (ROCHA et al., 2002). Seu corpo é acinzentado, com 10 barras verticais escuras e pedúnculo caudal mais claro que o restante do corpo (ARAÚJO et al., 2004). Quando adultos apresentam hábito alimentar semi-detritívoro, com estômago de paredes espessas que auxilia ativamente na trituração de algas (FRANCINI-FILHO et al., 2010). Acanthurus bahianus, ou indiscriminadamente “cirurgião”, é considerada espécie-irmã de A. tractus, cuja divergência de A. chirurgus data de aproximadamente 5 M.a. (SORENSON et al., 2013). Esta espécie é morfologicamente similar a A. chirurgus, embora seus padrões corporais possam ser distintos pela ausência de barras verticais nos flancos e presença de nadadeira caudal lunada (ARAÚJO et al., 2004). Sua distribuição engloba a área do grande Caribe, costa brasileira e ilhas associadas (Arquipélago de Fernando de Noronha, Atol das Rocas e Ilha de Trindade), e no Atlântico Sul e Central (Ilhas de Ascensão e Santa Helena) (BERNAL & ROCHA, 2011). Possui hábito alimentar semi-detritívoro (FRANCINI-FILHO et al., 2010) e habitam recifes rasos de até 25 metros, mostrando-se ecologicamente restrita (ROCHA et al., 2002). 21

Entre os representantes do gênero Acanthurus no Indo-Pacífico, Acanthurus triostegus (Linnaeus, 1758), ou cirurgião de cinco listras, apresenta uma ampla distribuição nos recifes desta região oceânica (OTWOMA et al., 2018). Constitui uma das espécies mais basais dentro do gênero, com origem estimada em cerca de 21 M.a., período coincidente à divergência do gênero (SORENSON et al., 2013). A coloração de juvenis e adultos é muito característica, consistindo de barras verticais pretas em um corpo esbranquiçado (FRÉDÉRICH et al., 2012). Quando adultos são caracterizados como herbívoros, formando grandes agregações de indivíduos que forrageiam predominantemente algas filamentosas (RANDALL, 1961).

1.2 Aspectos da biologia e ecologia da família Holocentridae

As espécies da família Holocentridae são conhecidas popularmente como mariquitas ou peixes-soldado, constituindo uma das mais representativas das comunidades de peixes recifais (DORNBURG et al., 2014). Apresentam distribuição cincunglobal em habitats marinhos tropicais e temperados (NELSON et al., 2016). Geralmente ocupam poças de maré, recifes de coral e fundos rochosos em águas rasas que se estendem até 100 metros de profundidade, com algumas espécies chegando a alcançar mais de 200 metros de profundidade (DORNBURG et al., 2012). Carnívoros noturnos (ROCHA & ROSA 2001) atuam como eficientes predadores de crustáceos bentônicos e peixes juvenis (BEETS, 1997). Os juvenis formam cardumes, enquanto os adultos se mostram mais isolados em territórios bem estabelecidos (CARVALHO-FILHO, 1999).

1.2.1 Taxonomia e filogenia de Holocentridae

Holocentridae constitui um grupo monofilético antigo, com irradiação ocorrida há cerca de 93 M.a. (BELLWOOD, 1996). Reavaliações filogenéticas atuais em Percomorpha têm realocado a família Holocentridae, como ordem, Holocentriformes (NEAR et al., 2012; BETANCUR-R. et al., 2013). O monofiletismo do grupo é bem estabelecido por dados moleculares (DORNBURG et al., 2012) e pela presença de conspícuas apomorfias morfológicas, representadas pelo osso orbitoesfenoide e a presença de cinco raios nas nadadeiras pélvicas (BONECKER et al., 2014). 22

O grupo teve sua origem no Indo-Pacífico (BELLWOOD, 1996), divergindo há 50 M.a. em dois ramos filéticos, representados pelas subfamílias, Holocentrinae e Myripristinae (BONECKER et al., 2014). A família Holocentridae é composta por 90 espécies, distribuídas em 8 gêneros, Myripristis, Corniger, Ostichthys, Plectrypops e Pristilepis (Myripristinae) e Holocentrus, Neoniphon e Sargocentron (Holocentrinae) (DORNBURG et al., 2012). As relações taxonômicas e evolutivas dentro da família Holocentridae vêm sendo melhor conhecidas. A filogenia mais recente estabeleceu o monofiletismo de Holocentrinae e Myripristinae; o parafiletismo dos gêneros Neoniphon e Sargocentron e estabeleceu Holocentrus (endêmico do Atlântico) como grupo irmão de Sargocentron e Neoniphon (DORNBURG et al., 2012) A partir da origem das linhagens de Holocentridae nas regiões do Índico Ocidental e Indo-Pacífico, sugere-se que a colonização do Atlântico se deu preferencialmente através do Mar de Tétis, ao invés do oceano Índico Ocidental (DORNBURG et al., 2014), como ocorrido em muitos outros grupos de peixes (FLOETER et al., 2008). A exceção de Myripristis jacobus, que representa o único exemplo de dispersão via Índico (DORNBURG et al., 2014). Após fechamento da bacia do Mar de Tétis, durante o Mioceno, os holocentrídeos passaram por um isolamento global com linhagens no Índico Ocidental, bacias do Indo-Pacífico e do Atlântico e Pacífico Oriental, padrão semelhante aos padrões contemporâneos de distribuição geográfica do grupo (DORNBURG et al., 2014). Entre as duas subfamílias estabelecidas, Holocentrinae se caracteriza por apresentar um grande espinho no pré-opérculo (algumas espécies possuem toxina está associada a esse espinho); espinho anal longo geralmente de comprimento maior ou igual ao espinho dorsal mais longo; nadadeira anal com 7 a 10 raios moles e bexiga natatória tubular alongada por todo o comprimento do corpo (NELSON et al., 2016). Myripristinae, por outro lado, não apresenta espinho pré-opercular (exceto Corniger spinosus) (WOODS & SONODA, 1973); apresenta espinho anal longo, mas geralmente mais curto que o maior espinho dorsal; nadadeira anal com 10 a 16 raios moles e bexiga natatória com uma constrição em sua região anterior criando duas câmaras distintas que se ligam ao crânio (NELSON et al., 2016). As duas subfamílias também diferem quanto à morfologia de suas larvas. Em Holocentrinae estas possuem um espinho rostral simples na nadadeira pélvica, 23

enquanto em Myripristinae apresentam espinho rostral bifurcado (LUCZKOVICH & KEUSENKOTHEN, 2007). A diversidade de espécies de Holocentridae é heterogênea entre as regiões biogeográficas. Os oceanos Índico e Pacífico abrigam 91% (82 spp.) das espécies da família, enquanto as demais (8 spp) ocorrem no Atlântico (DORNBURG et al., 2014). Algumas espécies apresentam características biogeográficas e biológicas que capacitam como modelos biológicos para estudos citogenéticos. No Atlântico, as espécies Holocentrus adscensionis (Osbeck, 1765) e Myripristis jacobus Cuvier, 1829, ocorrem em praticamente todas as regiões do Atlântico Ocidental (Caribe ao litoral brasileiro), bem como em regiões Meso-Atlânticas e regiões insulares adjacentes (Atol das Rocas, Arquipélagos de Fernando de Noronha (AFN) e São Pedro e São Paulo (ASPSP), e ilhas de Santa Helena, Ascensão e Trindade) (BRIGGS, 1995; BOWEN et al., 2006; DORNBURG et al., 2012), apresentando um excelente modelo para análises de diversificação populacional. Myripristis jacobus (Myripristinae) é o único representante do gênero no Atlântico (RANDALL & GREENFIELD, 1996). A espécie apresenta um corpo alto, comprimido lateralmente, com coloração vermelha e região ventral prateada com uma barra vertical marrom, que corre ao longo da abertura das brânquias e segue até a nadadeira peitoral. A nadadeira dorsal possui espinhos e marcas vermelhas e brancas, com os lobos das nadadeiras caudal, dorsal e anal macios e pontudos, e espinhos pré-operculares não proeminentes (ROBINS & RAY, 1986). Apresenta extenso período pelágico larval (PPL) que pode variar de 40-58 dias e dieta pelágica, constituída por zooplâncton (TYLER et al., 1993; ROBERTSON et al., 2004). Holocentrus adscensionis (Holocentrinae), endêmica do Atlântico, possui corpo fusiforme vermelho, com partes espinhosas e macias da nadadeira dorsal na cor vermelha ou translúcida, e espinho pré-occiptal desenvolvido (ROBINS & RAY, 1986). Carnívora, sua alimentação é bêntica, composta principalmente por crustáceos (ROBERTSON et al., 2004). Essa espécie possui um estágio juvenil adicional, que lhes confere um PPL de 43-71 dias, relativamente maior que M. jacobus (TYLER et al., 1993; BOWEN et al., 2006). Sargocentron rubrum (Forsskål, 1775) (Holocentrinae), com ocorrência no Indo-Pacífico, é menos associada a habitats de recifes de coral que outros holocentrídeos ocupando áreas mais profundas que vão de 1 a 84 m (GOLANI & BEN- 24

TUVIA 1985; ALLEN & ERDMANN, 2012). Caracteristicamente, possui alta capacidade migratória e de adaptação a novos habitats (FARRAG et al., 2018). Sua vasta distribuição abrange a costa leste africana, Mediterrâneo, Mar Vermelho, Índia, e ilhas Andaman, leste de Vanuatu e Nova Caledônia, alcançando a costa do Japão e Austrália (GREENFIELD et al., 2017). Esta espécie apresenta um corpo com comprimento máximo de 32 cm, com listras sutis variando do vermelho, branco ao prateado, nadadeira dorsal espinhosa vermelho-escura com uma grande mancha quadrangular esbranquiçada no meio de cada membrana e espinho pré-opercular (RANDALL, 1998). Sua alimentação é bento/pelágica constituída principalmente por caranguejos bentônicos, camarões e pequenos peixes (GÖTHEL, 1992).

1.3 Barreiras biogeográficas marinhas e biodiversidade associada

Diferentemente do ambiente continental em que eventos vicariantes são em grande parte preponderantes na especiação dos organismos aquáticos, no ambiente marinho as barreiras geográficas podem eventualmente funcionar como filtros biogeográficos (TOONEN et al., 2016). Desta forma, os padrões de diversificação e especiação neste ambiente resultam da complexa interação entre aspectos intrínsecos à espécie, como comportamento e ecologia, bem como fatores climáticos, oceanográficos e tectônicos (ROCHA & BOWEN, 2008; FLOETER et al., 2008). A presença de barreiras biogeográficas em algumas regiões é determinante na configuração das províncias biogeográficas (ROCHA et al., 2005; FLOETER et al., 2008; Luiz et al., 2011), que representam regiões estabelecidas quanto as taxas de endemismos (BRIGGS, 1995). A Província Brasileira está compreendida entre os deltas dos rios Orinoco e Amazonas e o Estado de Santa Catarina (STRAMMA, 1989), englobando além dos recifes costeiros, o atol das Rocas, os arquipélagos de São Pedro e São Paulo e Fernando de Noronha e o de Trindade e Martin Vaz, mais ao sul (BRIGGS, 1995). Entre os ambientes insulares Atlânticos, o Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP), situado na região Meso-Atlântica e próximo a linha do Equador, representa uma das áreas de recifes mais remotas do Atlântico (FERREIRA et al., 2004). Está localizado a cerca de 1100 km, da costa nordeste do Brasil e a 1.824 km 25

da costa africana, sendo igualmente influenciado pela Corrente Sul Equatorial (leste- oeste) e a Contracorrente Sul-Equatorial que atuam no AFN e da Corrente Equatorial Submersa (CES) (CARVALHO, 2000; FERREIRA et al., 2004). Em termos faunísticos, o ASPSP apresenta baixa diversidade e alto endemismo, quando comparado com as demais regiões insulares do Atlântico, com maior semelhança com o conjunto de espécies da Província do Atlântico Ocidental, embora também compartilhe espécies com a Província do Atlântico Oriental (FEITOZA et al., 2003; FLOETER et al., 2008; CARVALHO-FILHO et al., 2016). A uma distância de cerca de 350 km da costa nordeste do Brasil situa-se o Arquipélago de Fernando de Noronha (AFN). Essas ilhas, em conjunto com o Atol das Rocas, representam partes emersas da cadeia submarina de Fernando de Noronha (ALMEIDA, 2006), sofre interferência da Corrente Sul Equatorial (leste-oeste) e a Contracorrente Sul-Equatorial na direção oposta, e, devido à sua proximidade com a COSTA, sofre ainda a influência da Corrente do Brasil (TRAVASSOS & HAZIN, 1999). Mais ao sul do litoral brasileiro (região Sudeste), a 1.140 km da linha de costa, situa-se o Arquipélago de Trindade e Martin Vaz, que mesmo com um conjunto espécies endêmicas, apresenta marcante similaridade com as assembleias de peixes dos habitats costeiros (FLOETER et al., 2008; KRAJEWSKI & FLOETER, 2011). Essa conectividade é possivelmente devida a sua localização sobre a cadeia submarina Vitória -Trindade, que conecta estas ilhas ao continente (GASPARINI & FLOETER, 2001). De maneira geral, a diversidade de peixes recifais em toda Provincia Brasileira apresenta certa homogeneidade e sua distribuição resulta de fatores históricos, como alterações nos níveis do mar (períodos de glaciação) (LEÃO et al., 1988; BRIGGS, 1995) e ação da barreira do Amazonas e outras barreiras biogeográficas (FLOETER et al., 2008). A Provincia do Caribe compreende recifes que se alongam desde as Bermudas e Flórida, até a região costeira do nordeste da América do Sul (Barreira Orinoco- Amazonas), e do Golfo do México até as ilhas de Dominica e Barbados (no sentido leste-oeste) (BRIGGS, 1995). Partilha um maior conjunto de espécies com o Atlântico Sul do que com outras regiões biogeográficas e apresenta maior riqueza de espécies e altas taxas de endemismo (FLOETER et al., 2008). 26

Comparações faunísticas entre os oceanos Atlântico, Índico e Pacífico, revelam que a região do Indo-Pacífico é significativamente mais diversificada e com maiores taxas de endemismo de peixes de corais (PAULAY, 1997; BELLWOOD & WAINWRIGHT, 2002; FLOETER et al., 2008). Contudo, em termos de biodiversidade, o mar do Caribe (Atlântico) e o Triângulo dos Corais, também conhecido como Arquipélago Indo-Australiano ou Triângulo Indo-Malaio (Indo-Pacífico) se destacam como centros de especiação e dispersão de novas espécies (LOHMAN et al., 2011; BOWEN et al., 2013). As discrepâncias na diversidade de espécies de peixes nas regiões marinhas são resultantes da ação conjunta das alterações climáticas e das mudanças geológicas específicas de cada oceano (JOHNSON et al., 2007; LOHMAN et al., 2011; LEIGH et al., 2014; O’DEA et al., 2016). De fato, o Arquipélago Indo-Australiano (AIA), que conecta os Oceanos Índico e Pacífico, é resultante de uma complexa história geológica marcada pela intensa movimentação de placas tectônicas ocorridas principalmente entre o Paleoceno (65 M.a.) e o Mioceno tardio (10 M.a.). Eventos como vulcanismo, formação de ilhas, elevação e submersão de pontes de terra, mudanças nos padrões de correntes marinhas, redução dos níveis dos mares (devido as eras glaciais), moldaram a biodiversidade e as altas taxas de endêmismo existentes atualmente no AIA (LOHMAN et al., 2011; BOWEN et al., 2013). O Atlântico, que abriga regiões com faunas diversificadas e empobrecidas, está subdividido em um conjunto de províncias biogeográficas constituídas pelo Grande Caribe, Brasileira, Meso-Atlântica e do Atlântico Ocidental (BRIGGS, 1995). Estas regiões têm como limites geográficos a ponte de terra sobre o Mar Vermelho (continente Europeu), Istmo do Panamá (América Central), atuando de forma efetiva, enquanto a corrente de Benguela (Atlântico Sul), a Cordilheira Meso-Atlântica, e Barreira do Amazonas (América do Sul) se apresentam como barreiras permeáveis para parte da fauna de peixes, propiciando eventos de especiação alopátrica e parapátrica (FLOETER et al., 2008). Historicamente, o fechamento do Antigo Mar de Tétis, ocorrido entre 11-18 M.a., teve papel importante na evolução dos padrões modernos de biodiversidade marinha tropical (FLOETER et al. 2008; COWMAN & BELLWOOD, 2011), sobretudo entre as faunas, a partir daí isoladas, do Indo-Pacífico e Atlântico (BELLWOOD & WAINWRIGHT, 2002). Outra ação modeladora da fauna Atlântica ocorre no 27

hemisfério sul, através do sistema de Benguela (2 M.a.), que consiste em uma corrente de água fria que flui do sul da África do Sul em direção ao norte do Atlântico, promove isolamento contemporâneo e historicamente, nos períodos interglaciais, das faunas do Indo-Pacífico e Atântico Ocidental (MARLOW et al., 2000). A própria extensão do Atlântico, com cerca de 3.500 km, também atua isolando populações, pela incapacidade de transpor grandes distâncias oceânicas. Esses espaços interoceânicos limita as províncias do Caribe e Brasil (oeste), da região Meso-Atlântica (centro) e Atlântico Oriental (leste) (BRIGGS, 1995). No Meso- Atlântico as extensas lacunas oceânicas, isolam regiões insulares como o Arquipélago de São Pedro e São Paulo e as ilhas de Ascensão e Santa Helena (FLOETER et al. 2008). Adicionalmente a barreira do Amazonas, uma formidável pluma de água doce com sedimentos que se estendem por 2.300 km ao longo da costa nordeste da América do Sul (MOURA et al., 2016), formada pelo fluxo dos rios Amazonas (Brasil) e Orinoco (Venezuela), estabelece os limites de distribuição de espécies marinhas entre as províncias biogeográficas Brasileira e do Grande Caribe (FLOETER & GASPARINI, 2000; ROCHA, 2003; ROBERTSON et al. 2006). Essa barreira é datada de aproximadamente 10 M.a. (HOORN et al., 1995). Seu surgimento ocorreu a partir da conexão dos rios Amazonas e o Orinoco (Paleo- Orinoco-Amazonas), no Oligoceno tardio e Mioceno, em decorrência do soerguimento dos Andes, gerando a alteração na orientação do fluxo das águas do rio Orinoco para o Caribe e do rio Amazonas para o Atlântico (MORA et al., 2011). Sua ação sobre a fauna de peixes é complexa, tendo em vista que adicionalmente na área de influência dos rios Amazonas e Orinoco existe um grande sistema de recifes de corais que se estende até 220m de profundidade, cobrindo uma área de aproximadamente 56.000 km2 (FRANCINI-FILHO et al., 2018). Esta região atua como ecótono entre as duas províncias, promovendo uma clara sobreposição faunística e possível corredor ecológico (FLOETER et al., 2008; ROCHA et al., 2008; CASTELLANOS-GELL et al., 2012). Diante disso, a barreira do Amazonas continua sendo área de interesse biológico, tendo em vista ações diferenciais e ainda pouco compreendidas entre as faunas Caribenhas e do Brasil.

28

1.3.1 Biogeografia dos grupos Acanthuridae e Holocentridae

Padrões filogeográficos entre populações das espécies de Acanthurus do Caribe e do Atlântico Sul, têm revelado uma marcada estruturação genética populacional em A. bahianus, uma pequena estruturação em A. coeruleus, enquanto que as populações de A. chirurgus destas regiões exibem homogeneidade genética (ROCHA et al., 2002). Esses diferentes níveis de divergência genética têm sido associados aos efeitos impostos pelo deságue de água doce dos rios Amazonas- Orinoco e especificidades ecológicos por habitats nos indivíduos adultos destas espécies (ROCHA et al., 2002; CASTELLANOS-GELL et al., 2012). Linhagens do Atlântico Sul e do Caribe inicialmente consideradas como A. bahianus, revelaram-se divergentes, com as formas caribenha sendo identificadas com a espécie A. tractus (BERNAL & ROCHA, 2011). Entretanto, mais recentemente foram identificados indivíduos de A. bahianus do Atlântico Sul na região do Caribe, indicando alguma capacidade em transpor a barreira do Amazonas (CASTELLANOS- GELL et al., 2012). Tal condição pode estar relacionada condições de dispersão esporádica de larvas devido a flutuações ambientais que alteram na efetividade da barreira (LESSIOS & ROBERTSON, 2006; FLOETER et al., 2008). Padrões dispersivos em peixes recifais podem estar relacionados a duração do Período Pelágico Larval (PPL) (LEIS, 1991; VICTOR, 1991). Contudo, esta não é a condição definitiva para a manutenção do fluxo gênico interpopulacional ou distribuição das espécies, uma vez que características biológicas e ecológicas, específicas para cada espécie, e agentes físicos, como correntes marinhas e barreiras geográficas podem interferir muito fortemente sobre a estruturação populacional (ROCHA et al., 2002; CARLIN et al., 2003; ROCHA et al., 2005; BOWEN et al., 2006). O PPL proporciona um potencial dispersivo latente, que é modulado por fatores ecológicos e físicos (OTWOMA et al., 2018), e em alguns grupos marinhos demonstra uma correlação inversa com a taxas de fixação de mudanças cromossômicas (MOLINA & GALETTI, 2004). Neste sentido, as espécies de Acanthurus apresentam PPL planctônicos relativamente longos, variando de 42 a 68 dias em A. bahianus, entre 45 a 71 dias, em A. chirurgus, de 46 a 57 dias em A. coeruleus (ROCHA et al., 2002), e aproximadamente 60 dias para A. triostegus (RANDALL, 1961). 29

Aspectos filogeográficos das espécies de Acanthuridae do Indo-Pacífico vem sendo mais extensamente investigados, revelando partições ambientais. A espécie A. triostegus, com ampla distribuição geográfica, apresenta diferentes graus de estruturação populacional entre as regiões biogeográficas dos Oceanos Índico, Pacífico e arquipélago Havaiano, no Pacífico Central (PLANES & FAUVELOT, 2002; MIRAMS et al., 2011; LIGGINS et al., 2016; OTWOMA et al., 2018). Similarmente à Acanthuridae, as espécies de Holocentridae do Atlântico Ocidental apresentam períodos pelágicos larval (PPL) longos, que variam entre 40-58 dias, em M. jacobus e de 43-71 dias, em H. adscensionis (TYLER et al., 1989). Esta última espécie pode apresentar um estágio adicional juvenil bentônico, que promove um incremento de 13 dias em sua fase pelágica (TYLER et al., 1993). Contudo, apesar de possuir um potencial de dispersão maior, H. adscensionis exibe relativa estruturação populacional, entre as regiões oeste, central e leste do Atlântico e entre as regiões do Caribe e do Brasil, ao contrário de M. jacobus que apresenta alta conectividade entre suas populações (BOWEN et al., 2006). O potencial dispersivo atrelado à PPL elevados dos Holocentridae, aparentemente são mediados por aspectos biológicos, como tamanho e comportamento das larvas e estratégias de alimentação que atuam nos padrões de estruturação genética neste grupo (LEIS, 1991; BELLWOOD & FISHER, 2001). Como outros grupos de peixes recifais, os representantes das famílias Acanthuridae e Holocentridae apresentam níveis heterogêneos de conectividade populacional (ROCHA et al., 2002; BOWEN et al., 2006), indicando ainda a necessidade de maiores esforços, sobretudo em espécies do Atlântico, para uma melhor compreensão dos parâmetros interferentes nos seus padrões filogeográficos. Diante das escassas informações sobre o papel das barreiras geográficas do Atlântico na divergência genética das populações de peixes marinhos, comparações populacionais envolvendo grupos como Acanthuridae e Holocentridae, distribuídos em extensos espaços geográficos, se mostram extremamente relevantes como adequados modelos evolutivos. Além disso, análises citogenômicas comparativas com representantes de seus centros de origem no Indo-Pacífico, podem auxiliar na identificação de características conservadas e ritmo de mudanças cariotípicas.

30

1.4 Padrões cromossômicos em Acanthuridae e Holocentridae

Apesar da grande diversidade de espécies, os dados cromossômicos das espécies e gêneros de Acanthuridae do Indo-Pacífico são escassos e principalmente baseados em técnicas citogenéticas convencionais, como em A. triostegus (2n=48 a) (ARAI & INOUE, 1976; ARAI, 2011). Sob essas condições tem-se um padrão ainda incipiente e fragmentário das tendências cariotípicas de representantes basais da família. Por outro lado, análises citogenéticas das espécies de Acanthuridae do Atlântico têm possibilitado compreender os processos de divergência cromossômica entre essas espécies (AFFONSO et al., 2014; FERNANDES et al., 2015). De fato, as espécies do gênero Acanthurus presentes ao longo da COSTA brasileira, A. coeruleus (2n=48, 2sm+4st+42a), A. bahianus (2n=36, 12m+2sm+4st+18a) e A. chirurgus (2n=34, 12m+2sm+4st+16a) apresentaram etapas sequenciais de divergência cariótipica decorrente de variados rearranjos cromossômicos, compatíveis com o processo de especiação dessas espécies, com ocorrência entre 19 a 5 milhões de anos (AFFONSO et al., 2014). O reduzido conjunto de espécies do gênero Acanthurus no Atlântico, com uma vasta distribuição geográfica, que inclui áreas divididas por barreiras biogeográficas ou espaços oceânicos, constitui um modelo adequado para estudos citogenéticos interregionais e do grau de divergência cariotípica em espécies marinhas. A família Holocentridae conta com um conjunto de poucos dados citogenéticos. Dentre as 90 espécies conhecidas, apenas 3 espécies (ARAI, 2011) dispõem de alguma informação cariotípica, que em geral advém de análises citogenéticas convencionais. Duas das espécies com dados citogenéticos conhecidos, Holocentrus adscensionis (2n=50, 2m+6sm+16st+26a) e Myripristis jacobus (2n=48a) (BACURAU & MOLINA, 2004), ocorrem no Atlântico, enquanto Sargocentron rubrum (2n=48a) (ARAI & NAGAIWA, 1976), tem vasta ocorrência no Indo-Pacífico. Comparações citogenéticas populacionais de espécies das famílias Acanthuridae e Holocentridae no Atlântico, distribuídas em vastas regiões oceânicas que se estendem do Caribe ao Atlântico Sul (incluindo ambientes insulares e região Meso-Atlântica) são inexistentes. Esses dados aliados a análises da distribuição e dinâmica de sequências de DNAs repetitivos nos cromossomos das espécies são 31

particularmente úteis na compreensão dos seus aspectos carioevolutivos e do papel das barreiras biogeográficas na diversificação cromossômica de populações marinhas.

1.4.1 Citogenética como ferramenta para estudos evolutivos de peixes marinhos

Análises citogenéticas representam uma valiosa ferramenta para caracterização da diversidade e sistemática, uma vez que propicia a identificação de diferenciações populacionais, consolida proposições taxonômicas e auxilia na prospecção de espécies crípticas (MOLINA, et al., 2002; CIOFFI et al., 2009; LIMA- FILHO et al., 2012; AMORIM et al., 2016), além de gerar subsídios para a compreensão da evolução e organização genômica (CIOFFI & BERTOLLO, 2012) Em contraste com os procariotos, organismos eucarióticos possuem uma elevada quantidade de DNAs repetitivos, sequências de tamanhos variados repetidos milhares de vezes no genoma que desempenham importante papel na diferenciação genômica e processos evolutivos (CIOFFI & BERTOLLO, 2012; LÓPEZ-FLORES & GARRIDO-RAMOS, 2012; BISCOTTI et al., 2015; COSTA et al., 2015). O mapeamento destas sequências específicas e variáveis, com participação na evolução cromossômica, auxilia no entendimento de aspectos genéticos e evolutivos das espécies (CIOFFI & BERTOLLO, 2012). Análises de sequências de DNA repetitivos vêm sendo crescentemente utilizadas na citogenética de peixes, auxiliando na compreensão da evolução e organização genômica (FERREIRA et al., 2010), em abordagens biogeográficas e populacionais (VICARI et al., 2005; CIOFFI et al., 2009), detecção homeologias cromossômicas (COSTA et al., 2013, 2016), na identificação da origem e diversificação de cromossomos sexuais e cromossomos B (CIOFFI et al., 2010, 2011), inferências filogenéticas (TEIXEIRA et al., 2009), e na caracterização da biodiversidade (VICARI et al., 2010). DNAs repetitivos são divididos em sequências codificadoras, como genes ribossomais e histônicos, e não codificadoras, cujo conjunto de sequências podem estar dispersas no genoma, como por exemplo os elementos transponíveis (transposons e retrotransposons), ou, se dispostas em tandem como os DNAs satélites, minissatélites e microssatélites (NAGODA et al., 2005). 32

As famílias multigênicas das histonas e DNAr são constituídas de sequências de DNA repetidas em tandem e organizadas em clusters. As histonas, desempenham papel fundamental na organização estrutural da cromatina, além de atuar na regulação da expressão gênica em eucariotos (DESJARLAIS & TUMMINO, 2016; TYAGI et al., 2016). Por estarem organizadas em clusters, suas sequências apresentam padrões insuspeitos de diversificação nos cromossomos, constituindo um registro das mudanças ocorridas no genoma dos peixes (NAGODA et al., 2005; HASHIMOTO et al., 2011; LIMA-FILHO et al., 2012; COSTA et al., 2014; 2016; BORGES et al., 2019). O segundo tipo de DNAs repetitivos são os não codificadores dispersos no genoma, como os elementos transponíveis (TEs) (transposons e retrotransposons) (NAGODA et al., 2005). Os TEs têm a capacidade de alterar sua posição dentro de um genoma, e assim, podem interromper a sequência codificadora de um gene e inibir sua expressão (VOLFF, 1999). Além de aumentar a variabilidade genética (KIDWELL & LISCH, 1997; CAPY et al., 1998), fazem parte da estrutura dos cromossomos, especificamente dos centrômeros e telômeros, com influências na regulação epigenética, incluindo modificação da cromatina e inativação dos cromossomos sexuais (PEASTON et al., 2004, HAN & BOEKE, 2005; SLOTKIN & MARTIENSSEN, 2007). Em peixes, elementos da família Rex, encontrados nos genomas dos teleósteos (VOLFF et al., 1999; 2000; 2001), têm sido mapeados nos cromossomos de diversos grupos de peixes, entre os quais Characiformes (CIOFFI et al., 2010; SCHNEIDER et al., 2013; SILVA et al., 2013; SPLENDORE et al., 2013), Cichliformes (TEIXEIRA et al., 2009; VALENTE et al., 2011; DE FREITAS MOURÃO et al., 2017), Perciformes (OZOUF-COSTAZ et al., 2004; COSTA et al., 2013), Siluriformes (PANSONATO-ALVES et al., 2013; SUPIWONG et al., 2014; FAVARATO et al., 2017), entre outros. Os TEs desencadeam consequências diretas no processo evolutivo através da interferência na ação dos genes, na indução de rearranjos cromossômicos e como fonte de material codificante e não codificante, que permite o aumento na variabilidade genética (FESCHOTTE & PRITHAM, 2007; BÖEHNE et al., 2008). Esses elementos podem levar a eventos de especiação, uma vez que as mutações e rearranjos cromossômicos desencadeados por eles, podem ser fixados em diferentes 33

populações resultando em isolamento reprodutivo (HURST & SCHILTHUIZEN, 1998; HURST & WERREN, 2001; SYMONOVÁ et al., 2013). Microssatélites constituem DNAs repetitivos não codificadores dispostos em pequenas cópias (1 a 5 pb) dispostas em tandem, geralmente localizados em regiões heterocromáticas terminais e centroméricas dos cromossomos (TIMBERLAKE et al., 1978) embora também possam ocorrer em regiões eucromáticas (TÓTH et al., 2000). Essas sequências são altamente polimórficas e têm participação na organização da cromatina, replicação do DNA, recombinação e expressão gênica (LIU et al., 1999; LI et al., 2002). Como marcadores citogenéticos vem sendo aplicado em diversas abordagens, entre as quais a caracterização de regiões heterocromáticas específicas (CIOFFI et al., 2012). O mapeamento físico das diversas classes de DNAs repetitivos em peixes, por meio da Hibridização in situ fluorescente (FISH), permite avaliar variações microestruturais dos cromossomos, bem como da dinâmica e evolução de sequências repetitivas, transcricionais ou não transcricionais, com contribuições efetivas sobre as relações evolutivas entre espécies (SHAPIRO & VON STEMBERG, 2005; BIÉMONT & VIEIRA, 2006; CIOFFI et al., 2010; MOTTA-NETO et al., 2011; COSTA et al., 2016; GETLEKHA et al., 2016).

34

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivos Geral

A presente investigação objetiva analisar através da caracterização cariotípica e mapeamento de sequências de DNA repetitivos, os aspectos cariogenômicos de populações e espécies da família Acanthuridae e Holocentridae, presentes nos oceanos Atlântico e Índico, estabelecendo sua tendências evolutivas e níveis de variabilidade populacional associados às barreiras biogeográficas oceânicas.

2.2 Objetivos Específicos

• Estabelecer análises comparativas dos padrões de distribuição de sequências de DNAs repetitivos (DNAr 18S, DNAr 5S, histonas H2B-H2A e H3) em espécies da família Acanthuridae (Atlântico e Índico), voltadas a estabelecer seu papel nos rearranjos cromossômicos das espécies. Além de comparar aspectos citogenômicos de populações de espécies do gênero Acanthurus, divididas pela barreira do Amazonas-Orinoco e identificar possíveis marcadores populacionais.

• Promover uma análise dos padrões de distribuição de sequências de DNAs

repetitivos (DNAr 18S, DNAr 5S, Rex3, Tol2 e microssatélites (GA)15) em espécies das subfamílias Holocentrinae (Atlântico e Índico) e Myripristinae (Atlântico) e em suas populações no Atlântico, inferindo sobre o papel das sequências repetitivas na evolução cariotípica do grupo.

35

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Material

Exemplares das espécies das famílias Acanthuridae e Holocentridae (Figuras 1 e 2, respectivamente), utilizados nas análises citogenéticas, foram coletados no litoral brasileiro (Atlântico Ocidental), em ilhas oceânicas Meso-atlânticas ou situadas em regiões adjacentes, bem como no Mar de Andaman (Índico), e exclusivamente para as espécies de Acanthuridae, também em região do Caribe.

Figura 1. Espécies do gênero Acanthurus empregadas nas análises citogenéticas e suas respectivas áreas de distribuição. Barra = 2cm. 36

Figura 2. Espécies da família Holocentridae empregadas nas análises citogenéticas e suas respectivas áreas de distribuição. Barra = 2cm.

Os protocolos de campo e manuseio laboratório utilizados neste estudo, incluindo a amostragem de espécimes, foram aprovados pelo Comitê de Ética no uso de animais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Proc. # 44-15). Os exemplares coletados foram acondicionados em sacos plásticos contendo água do mar e transportados ao Laboratório de Genética de Recursos Marinhos (LGRM), na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), ou às estações científicas das regiões insulares nos Arquipélagos de Fernando de Noronha e de São Pedro e São Paulo e Ilha de Trindade, sendo mantidos em aquários até o processamento das amostras. Dados sobre as amostras utilizadas estão apresentados na Tabela 1.

37

Tabela 1. Dados das espécies de Acanthuridae e Holocentridae utilizadas nas análises citogenômicas.

Família/espécie N Localidade Região oceânica Coordenadas geográficas

Acanthuridae

Bahia Atlântico Ocidental 13°52’ S, 38°56’ O 31 Rio Grande do Norte Atlântico Ocidental 5°46’ S, 35°12’ O Acanthurus coeruleus 01 Fernando de Noronha Atlântico Ocidental 3º51’ S, 32º25’ O 08 Key Largo / EUA Caribe 25°09’40”N,80°45’83”O Bahia Atlântico Ocidental 13°52’S, 38°56’O 11 Rio Grande do Norte Atlântico Ocidental 5°46’S, 35°12'O Acanthurus chirurgus 04 Fernando de Noronha Atlântico Ocidental 3º51’S, 32º25’O 01 Key Largo / EUA Caribe 25°09’40”N, 80°45’O Bahia Atlântico Ocidental 13°52'S, 38°56’O 15 Rio Grande do Norte Atlântico Ocidental 5°46'S, 35°12'O Acanthurus bahianus 05 Ilha de Trindade Meso-Atlântico 20°31'29"S, 29°19'29"O 25°09’40”N, 80°45’O 02 Key Largo / EUA Caribe Acanthurus 01 Mar de Andaman Índico 10°N 96°E triostegus

Holocentridae

Bahia Atlântico Ocidental 13°52' S, 38°56' O 14 Rio Grande do Norte Atlântico Ocidental 5°46' S, 35°12' O

Atlântico Ocidental 3º51' S, 32º25' O 05 Fernando de Noronha Holocentrus 02 Ilha de Trindade adscensionis Meso-Atlântico 20°31'29"S,29°19'29"O

Arquipélago de São 01 Meso-Atlântico 00°55′02″ N, 29°20′44″O Pedro e São Paulo

Bahia Atlântico Ocidental 13°52' S, 38°56' O 15 Rio Grande do Norte Atlântico Ocidental 5°46' S, 35°12' O Myripristis jacobus Arquipélago de São 11 Meso-Atlântico 00°55′02″ N, 29°20′44″O Pedro e São Paulo Sargocentron 02 Mar de Andaman Índico 10°N 96°E rubrum

As amostras coletadas na região de Key Largo, Flórida (EUA), foram realizadas por coletores profissionais licenciados (Saltwater Product License SPL/RS #89332, Florida Marine Diver Device License MLD#663, Florida Special Activities Licence SA#314, Florida Retail Licence WD#4105, County Ocupational Licence #53110- 22128). 38

3. 2 Métodos

3.2.1 Obtenção de cromossomos mitóticos

Os espécimes foram submetidos à estimulação mitótica in vivo, por 24 horas, utilizando injeção intraperitoneal e intramuscular de complexo de antígenos atenuados (MOLINA, 2001; MOLINA et al., 2010). Para obtenção de cromossomos mitóticos, fragmentos do rim anterior foram removidos e dissociados em 9 ml meio de cultura RPMI 1640, através de aspirações com seringas de vidro de 10ml até obter uma mistura homogênea, de acordo com a técnica in vitro, preconizada por GOLD et al. (1990). Em seguida foram adicionados 125µl de colchicina 0,025%, deixando agir por 30 minutos em temperatura ambiente. Após a colchicinização o material foi centrifugado por 10 minutos à 1000 rpm. Após descarte do sobrenadante, foi adicionado 10ml de solução hipotônica de KCl à 0,075M, onde a suspensão celular foi homogeneizada e mantida por 30 minutos à temperatura ambiente. A suspensão celular foi pré-fixada com 0,5 ml de solução de metanol e ácido acético (3:1) recém- preparado, homogeneizada e centrifugada por 10 minutos. O processo de fixação do material em fixador (na proporção 1:3, ácido acético e álcool metílico) foi repetido por 3 vezes, e por fim, as suspensões celulares foram estocadas em tubos Eppendorf de 1,5 ml à -20oC.

3.2.2 Análises cromossômicas e montagem do cariótipo

As suspensões celulares foram gotejadas sobre uma lâmina recoberta por um filme de água destilada aquecido à 60°C e coradas com solução de Giemsa 5%, diluída em tampão fosfato pH 6,8. As análises foram realizadas em microscópio óptico Olympus™ BX41 sob aumento de 1.000X e as melhores metáfases fotografadas através de sistema digital de captura Olympus™ DP73 utilizando o software DPController 1.2.1.108 (Olympus™ Optical Co. Ltd.). Cerca de trinta metáfases foram analisadas para cada espécime. Para a preparação dos cariótipos os cromossomos foram classificados quanto à posição dos centrômeros, em metacêntricos (m), com a razão entre os braços cromossômicos (RB) variando de 1,00 a 1,70; submetacêntricos (sm), RB=1,71–3,00; subtelocêntricos (st), RB=3,01–7,00; e acrocêntricos (a), RB>7,01. (Levan et al., 1964). 39

3.2.3 Detecção de regiões organizadoras de nucléolos

A detecção de regiões organizadoras de nucléolos foi obtida pela técnica de impregnação por prata preconizada por HOWELL & BLACK (1980). Sobre uma lâmina previamente preparada com suspensão celular foram adicionadas 175µl de solução gelatinosa (1g de gelatina incolor, dissolvida em 50ml água e 0,5ml ácido fórmico) e 6 gotas de AgNO3 à 50%. A solução foi homogeneizada sobre a lâmina e recoberta com lamínula, sendo então incubada em estufa a 60°C, até obtenção da cor amarelo escuro. A lamínula foi descartada com jatos de água destilada, e eventualmente para destacar as marcações argênteas, as preparações, foram coradas por cerca de 20 segundos com solução de Giemsa à 5%.

3.2.4 Detecção de heterocromatina constitutiva

A análise das regiões heterocromáticas foi realizada através do bandamento C, segundo SUMNER (1972). Foram utilizadas lâminas com material envelhecido em estufa à 37°C por no mínimo 3 dias, após esse período a lâmina foi imersa em HCl 0,2N por 14 minutos em temperatura ambiente, sendo lavada com água destilada e seca. Posteriormente a lâmina foi mergulhada em uma solução de Ba(OH)28H2O à 5%, à 42°C por cerca de 1 minuto e 35 segundos, sendo rapidamente lavada em HCl 0,1N e posteriormente água destilada. Após secar ao ar, a lâmina foi imersa em solução salina 2XSSC à 60°C por 40 minutos. Para análise o material foi corado com Giemsa 5% por 8 minutos.

3.2.5 Dupla coloração com fluorocromos base-específicos

A coloração com os fluorocromos base-específicos Cromomicina (CMA3) e 4′,6- diamidino-2-phenylindol (DAPI) foi realizada de acordo com SCHWEIZER (1976). As lâminas com material celular foram coradas com 30µl de CMA3 (0,5 mg/ml), cobertas com lamínula e mantida em câmara úmida, no escuro, por 60 minutos, após lavagem em àgua destilada foram coradas com 30µl de DAPI (2mg/ml), coberta com lamínula e mantida em câmara úmida, no escuro, por 30 minutos. Posteriormente as lâminas foram lavadas com água destilada e montadas com tampão glicerol-Mcllvaine pH 7,0 (1:1), recobertas com lamínulas e seladas com esmalte incolor. As lâminas foram 40

então guardadas à 4oC em câmara escura e analisadas após períodos superiores a 3 dias com fotomicroscópio de epifluorescência Olympus™ BX51 com filtros apropriados, em aumento de 1.000x. As preparações foram capturadas pelo sistema digital Olympus™ DP73 com uso do software cellSens (Olympus™ Optical Co. Ltda.).

3.2.6 Hibridização in situ fluorescente (FISH)

3.2.6.1 Obtenção de sondas para hibridização

As sondas de DNAr 5S (200 pb) e 18S (1400 pb) e genes das histonas, utilizadas nas análises em Acanthuridae, foram obtidas por PCR a partir do DNA nuclear de A. coeruleus. Em Holocentridae as sondas DNAr (18S e 5S), Tol2 e Rex3 foram obtidas a partir do DNA nuclear de M. jacobus. As sondas e os respectivos primers utilizados nos procedimentos de hibridização estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Sondas e primers utilizados nas análises por hibridização in situ. Sondas Primers Referências

A 5′ - TAC GCC CGA TCT CGT CCG ATC-3′ DNAr 5S PENDÁS et al. (1994) B 5′ - CAG GCT GGT ATG GCC GTA AGC-3’ NS1 5′ - GTA GTC ATA TGC TTG TCT C-3 ′ DNAr 18S WHITE et al. (1990) NS8 5′ - TCC GCA GGT TCA CCT ACG GA-3 ′ AD 5’- CCC -CCC GAG ATG TGA TGG TAG A-3′ H2B-H2A ALBIG et al. (2003) AR5′ - AGT ACA GCC TGG ATG TTT GGT AA-3′

H3 D 5′ - ATG GCT CGT ACC AAG CAG ACV GC-3′ ALBIG et al. (2003) R 5′ - ATA TCC TTR GGC ATR ATA GTG AC-3′ F 5′ - CGG TGA TAA AGG GCA GCC GTC - 3′ VOLFF et al. (1999) Rex 3 R 5′ - TGG CAG ACN GTG GTG GTG -3’ VOLFF et al. (2000) 4 F 5’ - ATA GCT GAA GCT GCT CTG ATC – 3’ KAWAKAMI & SHIMA Tol2 4 R 5’ – CTC AAT ATG CTT CCT TAG G – 3’ (1999)

Microssatélites d(GA)15 KUBAT et al. (2008)

3.2.6.2 Hibridização in situ fluorescente

A hibridização in situ por fluorescência (FISH) foi realizada de acordo com PINKEL et al. (1986). As lâminas contendo as preparações foram lavadas com tampão 41

PBS 1x por 5 minutos à temperatura ambiente, sob agitação e, posteriormente, desidratadas em série alcoólicas (70%, 80%,100%). Em seguida, incubadas em RNAse (0,4%/SSC 2x) por 1h, em câmara úmida à 37°C. Após este período foram tratadas com soluções salinas e tratadas com pepsina (0,005% em 10mM HCl) à 37°C por 10 minutos, e fixadas com formaldeído à 1% por 10 minutos. Após este período o material foi desidratado em série álcoólicas (70%/85%/100%) por 5 minutos em cada banho. As lâminas com cromossomos metafásicos foram incubadas em 70% formamida/2xSSC à 72°C, durante 5 minutos, para a desnaturação cromossômica, seguidas de um novo processo de desidratação. A solução de hibridização (50% de formamida, 2xSSC e 10% de sulfato de dextrano) e a sonda desnaturada (5 μl), com volume final de 60 μl, foram depositados nas lâminas e hibridização realizada durante 16 horas à 37°C em câmara úmida. Lavagens pós-hibridização foram realizadas com formamida 15%/0,2x SSC à 42°C, por 10 min, seguido por três lavagens em 0,1xSSC à 60°C por 5 min e em Tween 20 (0,05%/2x SSC) por 5 minutos, sob agitação, à temperatura ambiente. Foi feito um tratamento com 100ml de NFDM 5% (non fat dry milk – leite em pó desnatado) em SSC 4x, por 15 minutos à temperatura ambiente, em seguida foram feitas duas novas lavagens em Tween 20 (5 minutos/lavagem). Os sinais de hibridização das sondas: DNAr 18S e DNAhis H3, Rex3, Tol2, Microssatélite d(CA)15 foram detectados utilizando antidigoxigenina conjugada com rodamina (Vector, Burlingame); e para DNAr 5S, H2B-H2A utilizando streptavidina conjugada com FITC (Vector, Burlingame, CA, USA). Os cromossomos foram contrastados com Vectashield/DAPI (1,5 μg/ml) (Vector, Burlingame, CA, USA), e posteriormente, visualizados no microscópio.

42

5. CAPÍTULOS

5.1 Capítulo I

Diversificação do DNAhis H2B-H2A, H3 e DNAr em Acanthurus (Acanthuridae): padrões biogeográficos e evidências de limitada variação cariotípica interpopulacional no Atlântico

Resumo Peixes-cirurgiões do gênero Acanthurus exibem profunda interação ecológica com os recifes de corais. Apesar de seus aspectos biológicos serem bem conhecidos, informações citogenéticas para o grupo são extremamente incipientes. Dados sobre a diversificação cariotípica em espécies no Atlântico mostraram diferenciação progressiva associada aos processos de divergência evolutiva das espécies. Diante do contexto biogeográfico destas espécies, largamente distribuídas em regiões costeiras do Caribe ao Brasil e em ambientes insulares isolados do Atlântico Sul, abordagens populacionais mais refinadas e comparações com espécies de seu centro de origem no Indo-Pacífico podem ser elucidativas sobre a diferenciação cariotípica no gênero. Assim, aqui foram realizadas análises citogenéticas convencionais e mapeamento cromossômico de sequências de DNAr 18S e 5S e de histonas H3 e H2B-H2A em populações de A. coeruleus, A. chirurgus e A. bahianus de regiões costeiras do Atlântico Ocidental e Caribe e duas regiões insulares isoladas do Atlântico Sul, e adicionalmente de A. triostegus, do Mar de Andaman, no Índico. O conjunto dos resultados oferece um perfil de baixa variação citogenética interpopulacional, entre as vastas áreas (continentais e insulares) de distribuição das espécies, ao mesmo tempo que em alguns casos (A. coeruleus), divergências geográficas dos sítios 18S DNAr podem sugerir a ocorrência de efeitos de isolamento da barreira do Amazonas. Embora o espectro filogenético das espécies analisadas para o gênero ainda necessite ser largamente ampliado, sinapomorfias relativas à organização do DNA repetitivo e nos padrões cariotípicos sugerem uma moderada diversificação cariotípica neste gênero, comparativamente a outros grupos recifais do Atlântico.

Palavras-chave: Citogenética de peixes; Peixes-cirurgiões; Barreira do Amazonas; citogenética de populações; DNA repetitivo; DNAhis. 43

Abstract

Surgeonfish of the genus Acanthurus exhibit deep ecological interaction with coral reefs. Although its biological aspects are well known, cytogenetic information for the group is extremely incipient. Data on karyotypic diversification in Atlantic species showed progressive differentiation associated with species evolutionary divergence processes. Given the biogeographic context of these species, widely distributed in coastal regions of the Caribbean to Brazil and in isolated South Atlantic island environments, more refined population approaches and comparisons with species from their Indo-Pacific center of origin may be elucidative about karyotype differentiation in the genus. Thus, conventional cytogenetic analyzes and chromosomal mapping of 18S and 5S rDNA sequences and histones H3 and H2B- H2A in populations of A. coeruleus, A. chirurgus and A. bahianus from western Atlantic and Caribbean coastal regions and two isolated island regions of the South Atlantic, and in addition to A. triostegus from the Andaman Sea in the Indian Ocean. The set of results provides a profile of low interpopulation cytogenetic variation between the vast (continental and island) species distribution areas, while in some cases (A. coeruleus), geographical divergences of 18S rDNA sites may suggest the occurrence of Amazon barrier isolation effects. Although the phylogenetic spectrum of the species analyzed for the genus still needs to be broadly broadened, synapomorphies regarding repetitive DNA organization and karyotypic patterns suggest a moderate karyotypic diversification in this genus compared to other Atlantic reef groups.

Keywords: Cytogenetics of fish; surgeonfishes; Barrier of the Amazon; cytogenetics of populations; Repetitive DNA; DNAhis.

44

Introdução

Acanthuridae representa um carismático grupo de peixes profusamente distribuído em ambientes recifais de todo o mundo (NELSON et al., 2016). Os padrões citogenéticos conhecidos para a família são muito incipientes, decorrente da análise de apenas 7% das espécies (ARAI, 2011; AFFONSO et al., 2014; FERNANDES et al., 2015). No Atlântico Ocidental ocorrem apenas 4 espécies do gênero Acanthurus, enquanto a maior parte das espécies está distribuída por regiões do Índico e Pacífico (ROCHA et al., 2002; RANDALL, 2011). Três das espécies do Atlântico, A. coeruleus, A. bahianus e A. chirurgus apresentam divergências cariotípicas numéricas e estruturais atreladas ao seu processo de especiação (AFFONSO et al., 2014), enquanto a única outra espécie do Indo-Pacífico analisada, A. triostegus, com 2n=48 cromossomos acrocêntricos (ARAI & INOUE, 1976), apresenta uma condição aparentemente basal para Acanthuriformes. No Atlântico as espécies de Acanthurus são simpátricas, com extensa distribuição, que vai de regiões do Caribe ao sul do Brasil, incluindo regiões insulares do Arquipélago de Fernando de Noronha e Ilha de Trindade (ROCHA et al., 2002). As muitas multipartições ambientais e espaços oceânicos a que estão submetidas, tornam as espécies Atlânticas desse gênero um excelente modelo para analisar possíveis variações citogenômicas populacionais existentes. No Atlântico Ocidental, entre os fatores físicos envolvidos na delimitação da fauna de peixes se destaca a barreira biogeográfica representada pela pluma dos rios Amazonas-Orinoco (ROCHA et al., 2002; FLOETER et al., 2008; BERNAL & ROCHA, 2011). Sua ação estabelece os limites de distribuição das províncias biogeográficas brasileira e do grande Caribe (MOURA et al., 2016) e possui efeito sobre o fluxo gênico de várias espécies (ROCHA, 2003). A extensa pluma de água doce e sedimentos dos rios Amazonas (Brasil) e Orinoco (Venezuela) se estende por 2.300 km ao longo da COSTA nordeste da América do Sul, gerando estratificação física e ecológica e representa a principal responsável pela especiação da fauna de recifes entre essas regiões (ROCHA 2003; ROBERTSON et al. 2006; FLOETER et al., 2008). Sua ação perpassa a área de 45

distribuição das espécies de Acanthurus do Atlântico, onde desempenha um papel heterogêneo sobre a conectividade genética das espécies (ROCHA et al., 2002). Em análises populacionais o uso exclusivo de técnicas citogenéticas clássicas pode ser pouco efetivo em diversas espécies de Percomorpha (MOLINA, 2007), cujos padrões cariotípicos se mostram pouco variáveis (MOTTA-NETO et al., 2011a; 2011b). Desta forma, um maior número de marcadores, sobretudo decorrente do mapeamento de sequências de DNA repetitivo nos cromossomos, pode ser mais efetivo, uma vez que propicia a detecção de marcadores citotaxonômicos, rearranjos crípticos e dinâmica evolutiva dessas sequências (CIOFFI et al., 2012). Seu uso em grupos com relações evolutivas bem estabelecidas (MOTTA-NETO et al., 2012; COSTA et al., 2014; AMORIM et al., 2016) e em análise interpopulacionais no ambiente marinho (LIMA-FILHO et al., 2012; MOTTA-NETO et al., 2012; MOLINA et al., 2012; AMORIM et al., 2017), tem sido crescentemente ampliado. As famílias multigênicas se caracterizam por sequências de DNA repetidas em tandem e organizadas em clusters no genoma, como as histonas (H1, H2B-H2A, H3 e H4), com papel fundamental na organização estrutural da cromatina e regulação da expressão gênica em eucariotos (CHIODA et al., 2002), e DNA ribossomal (18S e 5S), com papel vital na síntese proteica (GORNUNG, 2013), têm se destacado entre as sequências genômicas mais utilizadas em análises evolutivas e populacionais em espécies do Atlântico (MOTTA-NETO et al., 2011a; 2011b; LIMA-FILHO et al., 2012; COSTA et al., 2013; 2014; 2016; AMORIM et al., 2017; SOARES et al., 2017; BORGES et al., 2019). Desta forma, análises citogenéticas em grupos de espécies proximamente relacionadas de Acanthurus de uma mesma região oceânica, além de comparações com espécies mais basais, originárias do centro de dispersão da família no Indo- Pacífico e entre populações de diferentes áreas do Atlântico, podem auxiliar no acompanhamento da evolução cariotípica no gênero. Além disso, essas análises também podem estabelecer o papel dos enormes espaços oceânicos, do isolamento de ambientes insulares e de barreiras biogeográficas, destacadamente a do Amazonas-Orinoco na promoção de variações cariotípicas nas espécies. Assim, aqui foram desenvolvidas análises citogenômicas em populações vastamente distribuídas das espécies A. coeruleus, A. chirurgus e A. bahianus, do Atlântico e análises adicionais em A. triostegus, do Índico, através de abordagens 46

convencionais e mapeamento cromossômico de sequências de DNAr 18S e 5S e de DNAhis H2B-H2A e H3.

Material e Métodos

As espécies Acanthurus coeruleus, A. bahianus, A. chirurgus (Atlântico) e A. triostegus, peixe-cirurgião-de-cinco-listras (Índico) foram utilizadas nas análises citogenéticas. Informações sobre os espécimes e as populações analisadas estão detalhadas na Tabela 3. Tabela 3. Dados das espécies de Acanthurus utilizadas nas análises citogenéticas.

Regiões oceânicas Meso- Grande Oceano Atlântico Ocidental Espécies Atlântico Caribe Índico Fernando Costa do Mar de de Ilha de Trindade Key Largo N Brasil Andaman Noronha

A. coeruleus 31 01 - 08 - 40

A. bahianus 15 - 05 02 - 22

A. chirurgus 11 04 - 01 - 16

A. triostegus - - - - 01 01

Após as coletas os espécimes foram submetidos à estimulação mitótica in vivo, por 24 horas, utilizando um complexo de antígenos atenuados (MOLINA, 2001; MOLINA et al., 2010). Para obtenção de cromossomos mitóticos in vitro foi seguido o protocolo desenvolvido por GOLD et al. (1990). As regiões organizadoras de nucléolos (RONs) e regiões heterocromáticas foram analisadas de acordo com HOWELL & BLACK (1980) e SUMNER (1972), respectivamente. Com vistas a confirmação taxonômica das espécies A. bahianus, A. chirurgus e A. coeruleus, provenientes de Key Largo, Caribe, foram realizadas análises genéticas utilizando sequências parciais dos genes mitocondriais 16S e citocromo oxidase I (COI). Para tanto, fragmentos de nadadeiras ou fígado (5 mm2) foram removidos, preservados em etanol 95% e estocados à 4°C. O DNA total de cada espécime foi extraído (SAMBROOK et al., 1989) e amplificado por reação em cadeia da polimerase (PCR), com primers para os genes 16S e COI. 47

As reações de PCR foram preparadas para um volume final de 25 μl, consistindo de 1 μl de DNA total, 0.5U Taq polimerase, 0.4 μl de 50 mM MgCl2, 1 μl de 10 x buffer, 0.5 μl 10 mM dNTP, 0.3 μl de 10 μM de cada primer (L1987 e H2609) (PALUMBI et al., 1991) e água ultrapura até completar o volume final da reação. As reações de amplificação ocorreram com um ciclo inicial de desnaturação à 95°C (5 min), seguido por 30 ciclos à 94°C (30 s), 49°C (30 s), 72°C (55 s) e uma extensão final a 72°C, por 5 minutos. Os produtos da PCR foram purificados com a enzima ExoSAP-IT e sequenciados pela ACTGene Análises Moleculares Ltda. As sequências parciais do gene 16S e COI de dois indivíduos de cada uma das espécies coletadas em Key Largo foram comparadas com as depositadas no GenBank.

Obtenção de sondas para hibridização

As sondas de DNAr 5S (200 pb) e 18S (1400 pb) foram obtidas por PCR a partir do DNA nuclear de A. coeruleus, utilizando os primers A 5′-TAC GCC CGA TCT CGT CCG ATC-3′ e B 5′-CAG GCT GGT ATG GCC GTA AGC-3’ (PENDÁS et al. 1994) e NS1 5′-GTA GTC ATA TGC TTG TCT C-3 ′ e NS8 5′-TCC GCA GGT TCA CCT ACG GA-3 ′ (WHITE et al., 1990), respectivamente. A sonda DNAr 5S foi marcada com biotina-14-dATP e DNAr 18S com digoxigenina-11-dUTP, ambas por nick translation, seguindo recomendações do fabricante (Roche, Mannheim, Alemanha). Amplificações das sequências H2B-H2A utilizaram os primers H2BAD 5’ CCC -CCC GAG ATG TGA TGG TAG A-3′ e H2BAR 5′-AGT ACA GCC TGG ATG TTT GGT AA- 3′, para H2B-H2A e os primers H3D 5′ -ATG GCT CGT ACC AAG CAG ACV GC-3′ e H3R 5′-ATA TCC TTR GGC ATR ATR GTG AC-3′, para H3. Ambos os conjuntos foram desenhados a partir de sequências dos genes de Mytilus edulis (ALBIG et al., 2003) e amplificado de acordo com GIRIBERT & DISTEL (2003). As sondas de histonas foram marcadas com biotina-14-dATP, para H2B-H2A e digoxigenina-11-dUTP para H3, usando nick translation, de acordo com as recomendações do fabricante (Roche).

Hibridização in situ fluorescente (FISH)

Hibridização in situ fluorescentes foram realizadas de acordo com PINKEL et al. (1986). Cromossomos mitóticos foram tratados com RNAse (20μg/ml em 2XSSC) à 37°C por 1 h e com pepsina (0,005% em 10mM HCl) à 37°C por 10 min, fixada com 48

formaldeído à 1% por 10 min e depois desidratada em série de álcool (70%/85%/100%) por 5 min cada. As lâminas com cromossomos metafásicos foram incubadas em 70% formamida/2XSSC a 72°C, durante 5 min. A solução de hibridização (50% de formamida, 2XSSC e 10% de sulfato de dextrano) e a sonda desnaturada (5ng/μl), com volume final de 30 μl, foram depositados nas lâminas e hibridização realizada durante 16 h à 37°C. Lavagens pós-hibridização foram realizadas com 15% formamida/0,2xSSC à 42°C, por 20 min, seguido por lavagens em 0,1×SSC à 60°C por 15 min e em 0,5%/4×SSC Tween 20 para 5 min à temperatura ambiente. Os sinais de hibridização das sondas foram detectados utilizando antidigoxigenina conjugada com rodamina (Vector Burlingame) para sondas DNAr 18S, DNAhis H3 e com streptavidina conjugada com FITC (Vector, Burlingame, CA, USA) para 5S DNAr. Os cromossomos foram contracorados com Vectashield/DAPI (1,5 μg/ml) (Vector, Burlingame, CA, USA). As micrografias foram obtidas usando um fotomicroscópio de epifluorescência Olympus™TM BX51 (Olympus™, Tóquio, Japão) com filtros apropriados equipados com o sistema de captura digital Olympus™ DP73 usando o software CellSens (Olympus™). Os tipos cromossômicos foram classificados de acordo com a posição do centrômero (LEVAN et al., 1964) e organizados em ordem decrescente de tamanho. Idiogramas representativos da distribuição das sequências hibridizadas foram preparados através do software Photoshop CS6.

Resultados

A espécie Acanthurus triostegus apresentou um número diploide composto por 48 cromossomos acrocêntricos (NF=48), com sítios Ag-RONs localizados no braço curto do par 24 (Figura 3, em destaque). Acanthurus coeruleus (2n=48; 2sm+4st+42a; NF=54), A. bahianus (2n=36; 12m+2sm+4st+18a; NF=54) e A. chirurgus (2n=34; 12m+2sm+4st+16a; NF=52) (Figura 3) apresentaram padrões cariotípicos similares aos reportados previamente para essas espécies (AFFONSO et al., 2014). As populações das espécies A. coeruleus e A. chirurgus do AFN e Caribe e de A. bahianus da Ilha de Trindade e Caribe, apresentaram cariótipos similares entre suas populações (Figura 3). 49

Figura 3. Cariótipos das espécies Acanthurus triostegus, Acanthurus coeruleus, Acanthurus bahianus e Acanthurus chirurgus, sob coloração convencional com Giemsa e bandamento C. Em destaque os pares portadores de sítios Ag-RONs. Barra = 5µm. 50

Os sítios de DNAr 18S em A. bahianus e A. chirurgus, estavam localizados exclusivamente no braço curto do subtelocêntrico maior (par 8) (Figura 4, em destaque) e não exibindo qualquer variação interpopulacional. Em A. triostegus, essas sequências foram evidenciadas no par 24 (Figura 4, em destaque). Por outro lado, a quantidade de sítios DNAr 18S diferiu entre as populações de A. coeruleus do Caribe e do Atlântico Sul. Ocorrendo em, um único sítio, no braço curto do par 2 (Figura 5, em destaque), enquanto que os indivíduos do Atlântico Sul possuíam 2 sítios, localizados em mesma posição no par 2 além de um sítio extra presente no braço curto do par 13 (Figura 5, em destaque). Sítios de DNAr 5S foram mapeados no braço curto do maior par acrocêntrico das três espécies do Atlântico e se apresentaram invariáveis entre as populações de Acanthurus do Caribe e do Atlântico Sul (costa brasileira e ilhas oceânicas) (Figuras 4 e 5, em destaque). Em A. triostegus se localiza no braço curto do par 16, que apresenta morfologia e tamanho semelhante às espécies do Atlântico (Figura 4, em destaque). 51

Figura 4. Mapeamento cromossômico genes ribossomais 18S (caixas com linhas sólidas, em vermelho), 5S (caixas com linhas pontilhadas em verde) e de DNAhis H3 (vermelho) e H2B-H2A (verde) nas populações do Atlântico Sul e Caribe (AS/CA) das espécies Acanthurus bahianus, Acanthurus chirurgus e Acanthurus triostegus, do Índico. Barra = 5 µm.

Sítios DNAhis H3 apresentaram variações de frequência entre as espécies. Em A. chirurgus, estes sítios estão localizados nos braços curtos dos pares 9, 10 (co- localizados com DNAr 5S) e 12, em A. bahianus também ocorriam nos braços curtos dos pares 9, 10 (co-localizado com DNAr 5S) e adicionalmente no braço curto do par 16 (Figura 4), enquanto que em Acanthurus triostegus estes sítios estavam localizados no braço curto dos pares 18 e 22 (Figura 4). Acanthurus coeruleus exibiu 52

o maior número de sítios (8 loci), que se localizavam nos braços curtos dos pares 3, 4 (co-localizado com DNAr 5S), 16, 21 e 24, nas regiões terminais dos braços longos nos pares 7 e em arranjo bitelomérico no par 19 (Figura 5).

Figura 5. Mapeamento cromossômico de DNAr 18S (caixas com linhas sólidas, em vermelho), DNAr 5S (caixas com linhas pontilhadas em verde) e DNAhis H3 (vermelho) e H2B-H2A (verde) nas populações de Acanthurus coeruleus das regiões do Caribe e do Atlântico Sul. Barra = 5 µm.

Os sítios H2B-H2A, como os sítios H3, também exibiram variação de frequência entre as espécies de Acanthurus, localizando exclusivamente nos braços curtos dos cromossomos. Em A. chirurgus ocorreu no par 11; em A. bahianus nos pares 14 e 15, em A. triostegus, no par 17 (Figura 4); e em A. coeruleus nos pares 7 (sintênico com DNAhis H3), 10 e 13 (Figura 5).

Discussão

As espécies do gênero Acanthurus no Atlântico Ocidental exibem uma diversificação cariotípica escalonada, derivada de conspícuos e sequenciais rearranjos cromossômicos entre as espécies (AFFONSO et al., 2014). De fato um 53

conjunto de três cromossomos bibraquiais, presente nas três espécies, indica que esse conjunto de rearranjos, formado a partir de inversões pericêntricas, constitui uma característica basal para as espécies desta região oceânica e aponta A. coeruleus, com maior número de acrocêntricos e portanto mais próximo ao cariótipo ancestral para Percomorpha (MOTTA-NETO et al., 2019), como ancestral entre as três espécies. Esta suposição é apoiada tanto com grau de similaridade com o cariótipo de A. triostegus (2n=48a), espécie basal proveniente do centro de dispersão do gênero, como também pelas hipóteses filogenéticas baseadas em dados moleculares (BERNAL & ROCHA, 2011; SORENSON et al., 2012). A posterior divergência entre A. coeruleus (2n=48) e A. bahianus (2n=36), é congruente com a origem de um conjunto de 6 pares de cromossomos metacêntricos grandes, derivados de fusões robertsonianas, nesta última espécie, que é compartilhado com A. chirurgus. Como condição autapomórfica, A. chirurgus, com diversificação mais recente, apresenta uma redução do número diploide (2n=34), possivelmente derivado de um evento de fusão in tandem (AFFONSO et al., 2014). Apesar da evolução cariotípica das espécies de Acanthurus do Atlântico ter sido pautada por uma sucessiva diversificação numérica e estrutural dos cromossomos, as modificações microestruturais foram menos notáveis, indicadas pelo mapeamento de genes ribossomais (FERNANDES et al., 2015). Sequências repetitivas são componentes importantes para diferenciação genômica e processos evolutivos (LÓPEZ-FLORES & GARRIDO-RAMOS, 2012; COSTA et al., 2013; BISCOTTI et al., 2015; COSTA et al., 2015). Eventualmente, essas sequências podem ser eficientes marcadores populacionais (LIMA-FILHO et al., 2012) ou citotaxonômicos (AMORIM et al., 2016). Embora, uma baixa diversificação em suas frequências e organização possam ocorrer em grupos com marcado conservadorismo cromossômico (MOLINA, 2007; MOTTA-NETO et al., 2011a, CALADO et al., 2013). A família multigênica das histonas, desempenha papel fundamental na organização estrutural da cromatina nos eucarióticos, bem como na regulação da expressão gênica (CHIODA et al., 2002). Sequências dos genes de histona exibem considerável variabilidade no seu arranjo e número de cópias nos cromossomos de vários grupos de peixes (NAGODA et al., 2005; HASHIMOTO et al., 2011; LIMA- 54

FILHO et al., 2012; COSTA et al., 2014; 2016; BORGES et al., 2019), inclusive Acanthuridae. O mapeamento de sequências H2B/H2A e H3 ampliou o nível de comparação entre as regiões cromossômicas das espécies e indicando um padrão mais variável do que se supunha na dinâmica dessas sequências em A. coeruleus, A. bahianus e A. chirurgus, em relação à forma basal A. triostegus. Entre as espécies de Acanthurus do Atlântico, os sítios H2B-H2A e H3 mostraram dispersão em vários pares de cromossomos, bem como o compartilhamento de um mesmo grupo de ligação (par 7) em A. coeruleus. DNAhis H3 apresentaram uma maior frequência nos cromossomos das espécies do que os sítios H2B-H2A. Esse padrão tem sido observado em outros grupos marinhos, como Rachycentron canadum (Rachycentridae) (COSTA et al., 2014), Ocyurus chrysurus (Lutjanidae) (COSTA et al., 2016), e em Centropomus mexicanus e C. undecimalis (Centropomidae) (BORGES et al., 2019). Evolutivamente, o número de sítios H2B-H2A e H3 decai em relação aos passos de divergência das espécies do Atlântico. Em A. coeruleus (3 e 8 sítios, respectivamente), A. bahianus (2 e 3 sítios) e A. chirurgus (1 e 3 sítios), enquanto A. triostegus, linhagem considerada mais basal entre as espécies analisadas (SORENSON et al., 2013), apresenta a menor frequência desses sítios (1 e 2 sítios). A organização do DNAhis nos cariótipos dessas espécies sugere um processo de purificação dessas sequências, com redução do número de sítios entre os passos de diversificação do clado Atlântico. Exceto por alguns poucos sítios H3, presentes em posição telomérica em A. coeruleus, o DNAhis está presente em regiões heterocromáticas. Esta organização possibilita a co-localização com conjuntos complexos de DNAs repetitivos (HASHIMOTO et al., 2011; LIMA-FILHO et al., 2012; COSTA et al., 2014; 2016; presente estudo), entre os quais elementos de transposição, podem favorecer sua dispersão no cariótipo e diversificação cromossômica (ROEHRDANZ et al., 2010; COSTA et al., 2013; 2014; 2016). 55

Figura 6. Idiograma indicando a organização de diferentes classes de DNAs repetitivos (DNAr e DNAhis) em espécies e populações de Acanthurus. Em destaque nas caixas, conjuntos de cromossomos compartilhados entre as espécies. Par cromossômico portador de sítio DNAr 18S com variação interpopulacional (caixa pontilhada) (b). CA=Caribe; AS=Atlântico Sul; OI = Oceano Índico.

Aspectos filogenéticos, biogeográficos e carioevolutivos do gênero Acanthurus

Os padrões de diferenciação cariotípica das quatro espécies de Acanthurus, permitiram traçar uma conexão entre a organização cromossômica, eventos biogeográficos e relações filogenéticas das espécies. A ocorrência de cariótipo com 2n=48 cromossomos acrocêntricos, em A. triostegus, que teve sua irradiação no início do Mioceno (~ 21 M.a.), período em que o próprio gênero Acanthurus divergia (SORENSON et al., 2013), e compartilhada com espécies de outros gêneros de Acanthuridae do Pacífico, como Prionurus scalprum (ARAI & INOUE, 1976), Ctenochaetus striatus (OJIMA & YAMAMOTO, 1990), indica que esta é uma condição plesiomórfica para Acanthuriformes. Sob uma perspectiva filogenética, o padrão cariotípico e o mapeamento de sequências de famílias multigênicas confirma a condição basal de A. triostegus. Esta 56

espécie apresenta um cariótipo inteiramente formado por cromossomos acrocêntricos, sítios Ag-RONs/DNAr 18S simples e heterocromatina restrita às regiões centroméricas, características consideradas basais para Percomorpha (GALETTI et al., 2000). As divergências evolutivas desta espécie em relação a macroestrutura cariotípica e distribuição e frequência de sítios DNAr e histonas, com as espécies Atlânticas, remonta temporalmente a cerca de 21 M.a., período de divergência entre os dois clados (SORENSON et al., 2013).

Figura 7. Distribuição geográfica (linhas) das espécies Acanthurus coeruleus (azul), Acanthurus bahianus (verde), Acanthurus chirurgus (vermelho) e Acanthurus triostegus (rosa). Símbolos indicam os processos de modificações cariotípicas em Acanthurus associados a padrões filogenéticos temporais de diversificação (modificada de SORENSON et al., 2013).

A diversificação cariotípica em peixes marinhos tem sido associada tanto a aspectos comportamentais e potencial dispersivo (MOLINA & GALETTI, 2004; GALETTI et al., 2006), como também a biogeografia histórica das espécies. Neste sentido, devido à extensa distribuição ocorrida em períodos diversos de muitos grupos de peixes marinhos, análises interoceânicas se mostram necessárias para a 57

compreensão dos padrões cromossômicos, que podem ser interpretados com base nos processos vicariantes e de dispersão dos grupos. A comparação citogenômica das espécies do Atlântico, com A. triostegus, evolutivamente mais basal e com ocorrência no centro de dispersão da família (Indo- Pacífico), sugere que um significativo conjunto de grupos sintênicos foi mantido durante os largos períodos de divergência evolutiva das espécies (AFFONSO et al., 2014; FERNANDES et al., 2015). De fato, divergências citogenéticas entre as espécies do Atlântico, se mostraram diretamente associadas aos períodos de divergência (SORENSON et al., 2013). Assim, em geral as espécies do Atlântico compartilham um maior número de sinapomorfias, quanto a estrutura cariotípica e distribuições de classes de DNA repetitivo, do que em relação a A. triostegus. Fatores biológicos como elevado potencial de dispersivo e natureza cosmopolita (FISHER & HOGAN, 2007; MIRAMS et al., 2011; LIGGINS et al., 2016; OTWOMA et al., 2018), que permitem uma intenso fluxo gênico no ambiente marinho (ROCHA et al., 2003), podem estar associados à manutenção do cariótipo conservado presente em A. triostegus. Em contraste, as espécies A. coeruleus, A. chirurgus e A. bahianus, que colonizaram posteriormente o Atlântico e apresentam extensa distribuição, podem ter sido submetidas a condições históricas (deslocamento de nicho, fragmentações populacionais; alopatria) que favoreceram a fixação de mudanças cromossômicas mais conspícuas (PLANES et al., 1996; GALETTI et al., 2006). Embora ainda não inteiramente esclarecidos, os processos de divergência entre A. coeruleus com o clado formado por A. bahianus e A. chirurgus, estimada entre 19 M.a., e entre essas duas últimas espécies ocorrida há 10 M.a. (Figura 7), coincidem com mudanças globais na dinâmica dos oceanos (eventos tectônicos) que afetaram os níveis de riqueza e endemismo de gêneros e famílias de peixes recifais (FLOETER et al., 2008). No Atlântico, o isolamento de habitats costeiros durante os períodos de glaciação promotores de recorrentes variações do nível do mar influenciou padrões de estruturação genética (GALETTI et al., 2006), e poderiam, em tempos mais recentes contribuir para uma maior taxa de evolução cromossômica em peixes recifais. De modo geral, Acanthurídeos apresentam baixíssima estratificação populacional, até mesmo envolvendo grandes distâncias como a existente entre o 58

continente brasileiro e Ilha de Santa Helena (3.540 Km) (ROCHA et al., 2002). O alto potencial de dispersão dos acanthurídeos (LESSIOS & ROBERTSON, 2006; MIRAMS et al., 2011; OTWOMA et al., 2018), associados às habilidades de deslocamento e colonização dos representantes desta família (OTWOMA et al., 2018), poderiam promover condições para a manutenção de homogeneidade genética entre população e uma menor dinâmica evolutiva dos cariótipos. Os aspectos cariogenômicos entre as populações insulares (AFN e ilha de Trindade), com os da Costa Brasileira e do Caribe, apesar das grandes distâncias e níveis de isolamento envolvidos, não evidenciaram variações populacionais. Como exceção, as populações do Caribe e do Atlântico Sul de A. coeruleus divergiram quanto ao número de sítios DNAr 18S. Esta descoberta, pode estar atrelada a evidências filogeográficas que indicam estratificação populacional em A. bahianus e A. coeruleus, envolvendo áreas do Caribe e do Atlântico Sul, separadas pela barreira do rio Amazonas (ROCHA et. al., 2002). Variabilidade e diversificação cariotípica entre populações e espécies irmãs do Atlântico Sul e Caribe em espécies das famílias Acanthuridae (presente trabalho), Lutjanidae (ROCHA & MOLINA, 2008; NIRCHIO et al., 2008; COSTA et al., 2016), Haemulidae (MOTTA-NETO et al., 2011b) e Grammatidae (MOLINA et al., 2012) tem revelado insuspeitos graus de divergência citogenética ocasionados pela ação da barreira dos rios Amazonas/Orinoco. Os processos de divergência evolutiva e de variabilidade citogenética interpopulacional do gênero Acanthurus, sob perspectivas citogenômicas, filogenéticas, biogeográficas destaca a importância de contextos mais amplos para a compreensão da evolução cariotípica em peixes marinhos.

Agradecimentos Os autores agradecem ao CNPq pelo suporte financeiro (Proc. #442664/2015- 0) e à CAPES pela bolsa de pesquisa concedida a MAF.

59

Referências Bibliográficas

AFFONSO, P.R.A.M., FERNANDES, M. A., ALMEIDA, J.S., MOLINA, W.F. Sequential steps of chromosomal differentiation in Atlantic surgeonfishes: evolutionary inferences. The Scientific World Journal. 1-7p. 2014.

ALBIG, W., ALBIG, W., WARTHORST, U., DRABENT, B., PRATS, E., et al. Mytilus edulis core histone genes are organized in two clusters devoid of linker histone genes. Journal of Molecular Evolution. 56:597–606. 2003.

AMORIM, K.D.J., CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C., SOARES, R.X., et al. Interregional cytogenetic comparisons in Halichoeres and Thalassoma wrasses (Labridae) of coastal and insular regions of the southwestern Atlantic. Genetics and Molecular Research, 16(2). 2017.

AMORIM, K.D.J., CIOFFI, M.B., SOARES, R.X., COSTA, G.W.W., et al. Co-located 18S/5S rDNA arrays: an ancient and unusual chromosomal trait in Julidini species (Labridae, Perciformes). Comparative Cytogenetic,10(4):555–570. 2016.

ARAI, R. & INOUE, M. Chromosomes of seven species of Pomacentridae and two species of Acanthuridae from Japan. Bulletin of the National Science Museum, A2, 73-78. 1976.

ARAI, R. Fish Karyotypes: A Check List. Springer, Tokyo, 340 pp. 2011.

BERNAL, M. A. & ROCHA, L. Acanthurus tractus, Poey, 1860, a valid western tlantic species of surgeonfish (Teleostei, Acanthuridae), distinct from Acanthurus bahianus Castelnau, 1855. Zootaxa, 2905:63–68. 2011.

BISCOTTI, M.A., OLMO, E. & HESLOP-HARRISON, J.S. Repetitive DNA in eukaryotic genomes. Chromosome Research. 23, 415–420. 2015.

BORGES, A. T., CIOFFI, M.B. BERTOLLO, L.A.C., SOARES, R.X., et al. Paracentric Inversions differentiate the conservative karyotypes in two Centropomus species (Teleostei: Centropomidae). Cytogenetic Genome Research. 2019.

CALADO, L. L., BERTOLLO, L. A. C., COSTA, G. W. W. F. & MOLINA, W.F. Cytogenetic studies of Atlantic mojarras (Perciformes: Gerreidae): chromosomal mapping of 5S and 18S ribosomal genes using double FISH. Aquaculture Research, 44:829-835. 2013.

CASTELLANOS-GELL, J., BARCIA, A R, MONTEAGUDO, P.C., METCALFE, C., et al. The surgeonfish, Acanthurus bahianus, has crossed the Amazon–Orinoco outflow barrier. Marine Biology, 159:1561-1565. 2012.

CHIODA, M., ESKELAND, R., & THOMPSON, E.M. Histone gene complement, variant expression, and mRNA processing in a urochordate Oikopleura dioica that 60

undergoes extensive polyploidization. Molecular Biology and Evolution. 19:2247-2260. 2002.

CIOFFI, M.B. MOLINA, W. F., ARTONI, R.F., BERTOLLO, L.A.C. Chromosomes as tools for discovering biodiversity. The case of Erythrinidae fish family. In: Edited by: PADMA, Tirunilai. (Org.). Recent Trends in Cytogenetic Studies - Methodologies and Applications. 1 ed. Rijeka: InTech, 2012, p. 125-146. 2012.

COSTA, G.W.W.F., CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C., MOLINA, W.F. transposable elements in fish chromosomes: a study in the marine cobia species. Cytogenetic and Genome Research. 141(2-3):126–132. 2013.

COSTA, G.W.W.F., CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C., MOLINA, W.F. Unusual dispersion of histone repeats on the whole chromosomal complement and their colocalization with ribosomal genes in Rachycentron canadum (Rachycentridae, Perciformes). Cytogenetic Genome Research, 144(1):62- 7. 2014.

COSTA, G.W.W.F., CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C., MOLINA, W.F. Structurally complex organization of repetitive DNAs in the genome of cobia (Rachycentron canadum). Zebrafish. 12(3):215-20. 2015.

COSTA, G.W.W.F., CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C., MOLINA, W.F. The evolutionary dynamics of ribosomal genes, histone H3, and transposable Rex elements in the genome of atlantic snappers, Journal Heredity, 107(2):173– 180. 2016.

DORNBURG, A., FORRESTEL, E., MOORE, J., IGLESIAS, T., et al. An assessment of sampling biases across studies of diel activity patterns in marine ray-finned (). Bulletin of Marine Science, 93(2), 611–639. 2017.

FERNANDES, M.A. AFONSO, P.R.A.M., COSTA, G.W.W.F., CIOFFI, M.B., et al. Atlantic surgeonfishes bear only minor microstructural changes in highly derived karyotypes. Zoologischer Anzeiger. 254:62-66. 2015.

FISHER, R. & HOGAN, J. D. Morphological predictors of swimming speed: a case study of pre-settlement juvenile coral reef fishes. Journal of Experimental Biology, 210, 2436 - 2443. 2007.

FLOETER, S. R. Atlantic reef fish biogeography and evolution. Journal of Biogeography, 35:22-47. 2008.

FRANCINI-FILHO, R.B., SIEGLE, N.E., HOCEVAR, E., LOWYCK, J., et al. Perspectives on the great amazon reef: extension, biodiversity, and threats. Frontiers in Marine Science. 5: 142. 2018.

GALETTI, P.M. JR, AGUILAR, C.T., & MOLINA, W.F. An overview of marine fish cytogenetics. Hydrobiologia, 420: 55–62. 2000.

61

GALETTI, J.R., MOLINA, W.F., AFFONSO, P.R.A.M. & AGUILAR, C.T. Assessing genetic diversity of brazilian reef fishes by chromosomal and DNA markers. Genetica, 126:161–177. 2006.

GIRIBERT, G. & DISTEL. D. Bivalve phylogeny and molecular data. In: LYDEARD,C., LINDBERG, D.R., editors. Molecular systematics and phylogeography of molluscks. Washington (DC): Smithsonian Books. 45–90 p. 2003.

GOLD, J.R., LI, Y.C., SHIPLEY, N.S., & POWERS, P.K. Improved methods for working with fish chromosomes with a review of metaphase chromosome banding. Journal of Fish Biology, 37: 563–575. 1990.

HASHIMOTO, D.T., FERGUSON-SMITH, M.A., RENS, W., FORESTI, F., et al. Chromosome mapping of H1 histone and 5S rRNA genes clusters in three species of Astyanax (Teleostei, Characiformes). Cyogenetic and Genome Research, 134: 64-71. 2011.

HOWELL, W. M., & BLACK, D. A. Controlled Silver-staining of nucleolus organizer regions with a protective colloidal a 1-step method. Experientia, 36: 1014- 1015. 1980.

LESSIOS, H.A., & ROBERTSON, D. R. Crossing the impassable: genetic connections in 20 reef fishes across the eastern Pacific barrier. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences. 7(273):2201-8. 2006.

LEVAN, A, FREDGA, K., SANDBERG, A. Nomenclature for centromeric position on chromosomes. Hereditas, 52: 201–220. 1964.

LIGGINS, L., TREML, E. A., POSSINGHAM, H. P. & RIGINOS, C. Seascape features, rather than dispersal traits, predict spatial genetic patterns in co-distributed reef fishes. Journal of Biogeography, 43, 256-267. 2016.

LIMA-FILHO, P.A., CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C., MOLINA, W.F. Chromosomal and morphological divergences in Atlantic populations of the frillfin goby Bathygobius soporator (Gobiidae, Perciformes). Journal of Experimental Marine Biology and Ecology. 434: 63–70. 2012.

LÓPEZ-FLORES, I., & GARRIDO-RAMOS, M.A. The repetitive DNA content of eukaryotic genomes. In: GARRIDO-RAMOS MA, editor. Genome Dynamics. Basel: Karger; 1-28p. 2012.

MIRAMS, A. G. K., TREML, E. A., SHIELDS, J. L., LIGGINS, L., et al. Vicariance and dispersal across an intermittent barrier: population genetic structure of marine across the Torres Strait land bridge. Coral Reefs, 30:937-949. 2011.

MOLINA, W.F. An alternative method for mitotic stimulation in fish cytogenetics. Chromosome Science, 5:49-152. 2001.

62

MOLINA, W. F. & GALETTI Jr., P. M. Karyotypic changes associated to the dispersive potential on Pomacentridae (Pisces, Perciformes). Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, 309, 109-119. 2004.

MOLINA, W.F. Chromosome changes and stasis in marine fish groups. In: PISANO, E. et al. editors. Fish Cytogenetic. Boca Raton (FL): CRC Press. p. 69–110. 2007.

MOLINA, W.F., ALVES, D.E.O., ARAÚJO, W.C., MARTINEZ, P.A., et al. Performance of human immunostimulating agents in the improvement of fish cytogenetic preparations. Genetic Molecular Research. 9: 1807–1814. 2010.

MOLINA, W.F., COSTA, G.W.W.F., CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C. Chromosomal differentiation and speciation in sister-species of Grammatidae (Perciformes) from the Western Atlantic. Helgoland Marine Research, 66:363–370. 2012.

MOTTA-NETO, C.C., CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C.,MOLINA, W.F. Molecular cytogenetic analysis of Haemulidae fish (Perciformes): evidence of evolutionary conservation. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology. 401, 97-100. 2011a.

MOTTA-NETO, C.C., CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C.,MOLINA, W.F. Extensive chromosomal homologies and evidence of karyotypic stasis in Atlantic grunts of the genus Haemulon (Perciformes). Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, 401, 75-79. 2011b

MOTTA-NETO, C.C., LIMA-FILHO, P.A., ARAÚJO, W.C., BERTOLLO, L.A.C., et al. Differentiated evolutionary pathways in Haemulidae (Perciformes): karyotype stasis versus morphological differentiation. Reviews in Fish Biology and Fisheries, 22:457–465. 2012.

MOTTA-NETO, C.C., CIOFFI, M. B., COSTA, G.W.W.F., AMORIM, K. D.J., et al. Overview on karyotype stasis in atlantic grunts (Eupercaria, Haemulidae) and the evolutionary extensions for other marine fish groups. Frontiers in Marine Science, 61-12, 2019.

MOURA, R. L., AMADO-FILHO, G. M., MORAES, F. C., BRASILEIRO, P. S., et al. An extensive reef system at the amazon rivermouth. Science Advances, 2:e1501252. 2016.

NAGODA, N., FUKUDA, A., NAKASHIMA, Y. Molecular characterization and evolution of the repeating units of histone genes in Drosophila americana: coexistence in a genome. Insect Molecular Biology, 14: 713-717. 2005.

NIRCHIO, M., RONDON, R., OLIVEIRA, C., FERREIRA, I.A., et al. Cytogenetic studies in three species of Lutjanus (Perciformes: Lutjanidae: Lutjaninae) from the Isla Margarita, Venezuela. Neotropical Ichthyology, 6:101–108. 2008.

OJIMA, Y. & YAMAMOTO, K. Cellular DNA contents of fifishes determined by flow cytometry. La Kromosomo, II, 57: 1871–1888. 1990. 63

OTWOMA, M., DIEMEL, V., REUTER, R., KOCHZIUS, M., et al. Genetic population structure of the convict surgeonfish Acanthurus triostegus: a phylogeographic reassessment across its range. Doi: 10.1111/jfb.13686. 2018.

PALUMBI, S.R. Nucleic acids II: the polymerase chain reaction, in: HILLIS DM, MORITZ C, MABLE BK (eds): Molecular Systematics, pp 205–247 Sinauer and Associates Inc., Sunderland. 1991.

PINKEL, D., STRAUME, T. & GRAY, J. Cytogenetic analysis using quantitative, high sensitivity, fluorescence hybridization. Proceedings of the National Academy of Sciences, 83(9):2934-2928. 1986.

PLANES, S., BONHOMME, F. & GALZIN, R. A genetic metapopulation model for reef fishes in oceanic islands: the case of the surgeonfish, Acanthurus triostegus. Journal of Evolutionary Biology, 9, 103–117. 1996.

ROBERTSON, D.R., KARG, F., MOURA, R.L., VICTOR, B.C., et al. Mechanisms of speciation and faunal enrichment in Atlantic parrotfishes. Molecular Phylogenetics and Evolution, 40, 795–807. 2006.

ROCHA, L.A. (2003). Patterns of distribution and processes of speciation in Brazilian reef fishes. Journal of Biogeography, 30, 1161–1171.

ROCHA, E.C. & MOLINA, W.F. (2008). Cytogenetic analysis in western Atlantic snappers (Perciformes, Lutjanidae). Genetic Molecular Biolology, 31/2:461- 467.

ROEHRDANZ, R. Histone and ribosomal RNA repetitive gene clusters of the boll weevil are kinkad in a tandem array. Insect Molecular Biology,19(4):463- 471. 2010.

SAMBROOK, J., FRITSCHI, E.F. & MANIATIS, T. Molecular cloning: a laboratory manual, Cold Spring Harbor Laboratory Press, New York. 1989.

SOARES, R. X., CIOFFI, M. B., BERTOLLO, L. A. C., BORGES, A. T., et al. Chromosomal evolution in large pelagic oceanic apex predators, the barracudas (Sphyraenidae, Percomorpha). Genetics and Molecular Research, 16(2). 2017.

SORENSON, L., SANTINI, F. CARNEVALE, G. & ALFARO, M.E. “A multilocus timetree of surgeonfishes (Acanthuridae, Percomorpha), with revised family ,” Molecular Phylogenetics and Evolution, 68(1):150–160. 2013.

SUMNER, A.T. A simple technique for demonstrating centromeric heterochromatin. Experimental Cell Research. 75: 304–306. 1972.

WHITE, T.J., BRUNS, T., LEE, S., TAYLOR, J. Amplification and direct sequencing of fungal ribosomal RNA genes for phylogenetics. In: INNIS, MA, GELFAND DH, 64

SHINSKY JJ, WHITE TJ, editors. PCR protocols: a guide to methods and applications. p. 315–322. Academic Press San Diego (CA). 1990.

65

5.2 Capítulo II

Dinâmica evolutiva de DNAs repetitivos na família Holocentridae (Holocentriformes)

Resumo

A família Holocentridae (Holocentriformes) são membros onipresentes e abundantes da fauna de peixes de recifes de coral nos mares tropicais. Apesar de seus aspectos biológicos, filogeográficos e filogenéticos serem bem conhecidos, este grupo ainda apresenta escassos dados citogenéticos. Com a finalidade de conhecer os padrões e os aspectos envolvidos na carioevolução da família foram analisadas as espécies Myripristis jacobus e Holocentrus adscensionis, bem como suas populações no Atlântico, e Sargocentron rubrum, do Índico, através de técnicas citogenéticas convencionais (coloração com Giemsa, bandamento C, Ag-RONs), coloração com fluorocromos base específicos e hibridização fluorescente in situ utilizando sondas para DNAr 18S, DNAr 5S, elementos transponíveis Tol2 e Rex3 e sequências (GA)15. As espécies S. rubrum e M. jacobus apresentaram cariótipos com 2n=48 cromosomos acrocêntricos, enquanto H. adscensionis, exibiu 2n=50 (2m+6sm+16st+26a, NF=74). Os sítios DNAr 18S/Ag-RONs localizam-se em um único par em S. rubrum e M. jacobus, e dois pares em H. adscensionis. Os elementos Tol2 se mostrou difuso ao longo dos cromossomos, enquanto os elementos Rex3 e as repetições (GA)15 ocupavam clusters centroméricos significantemente mais conspícuos nas espécies Atlânticas. O compartilhamento de um cariótipo com 2n=48a, entre S. rubrum (Holocentrinae) e M. jacobus (Myripristinae), preliminarmente sugere ser esse um padrão basal para Holocentridae. O grau de divergência cariotípica em H. adscensionis, demonstra uma taxa de evolução mais dinâmica. Análises populacionais em H. adscensionis e M. jacobus de regiões insulares e costeiras do Atlântico não evidenciaram variações geográficas. O conjunto de fatores biológicos e contingências históricas que atuaram neste grupo de espécies auxilia na compreensão da sua evolução cariotípica, contudo, investigações envolvendo um maior número de espécies são necessárias para melhor estimativa da evolução cariotípica em Holocentridae.

Palavras-chave: Citogenética de peixes; evolução cariotípica; peixes-esquilo; DNA repetitivo; Rex3; Tol2; DNAr.

66

Abstract The family Holocentridae (Holocentriformes) are omnipresent and abundant members of coral reef fish fauna in tropical seas. Although its biological, phylogeographic and phylogenetic aspects are well known, this group still presents scarce cytogenetic data. In order to know the patterns and aspects involved in the family carioevolution, the species Myripristis jacobus and Holocentrus adscensionis were analyzed, as well as their populations in the Atlantic, and Sargocentron rubrum, from the Indian Ocean, using conventional cytogenetic techniques (Giemsa staining, banding C and Ag- RONs), staining with specific base fluorochromes and fluorescent in situ hybridization using 18S rDNA, 5S rDNA probes, Tol2 and Rex3 transposable elements, and sequences (GA)15. The species S. rubrum and M. jacobus showed karyotypes with 2n = 48 acrocentric chromosomes, while H. adscensionis exhibited 2n = 50 (2m + 6sm + 16st + 26a, NF = 74). The 18S / Ag-RONs rDNA sites are located in a single pair in S. rubrum and M. jacobus, and two pairs in H. adscensionis. The Tol2 elements were diffuse throughout the chromosomes, while the Rex3 elements and repeats (GA)15 occupied significantly more conspicuous centromeric clusters in the Atlantic species. Sharing a 2n = 48a karyotype between S. rubrum (Holocentrinae) and M. jacobus (Myripristinae) preliminarily suggests a basal pattern for Holocentridae. The degree of karyotypic divergence in H. adscensionis demonstrates a more dynamic evolution rate. Population analyzes on H. adscensionis and M. jacobus from Atlantic island and coastal regions did not show geographic variations. The set of biological factors and historical contingencies that acted in this group of species helps in understanding their karyotypic evolution, however, investigations involving a larger number of species are necessary to better estimate the karyotype evolution in Holocentridae.

Keywords: Fish cytogenetics; karyotypic evolution; squirrel fish; Repetitive DNA; Rex3; Tol2; rDNA.

67

Introdução

A família Holocentridae representa um grupo monofilético, com irradiação que remonta a 93 M.a. (TYLER et al., 1993; BELLWOOD, 1996). Seus representantes distribuem-se em todos os mares tropicais e temperados (NELSON et al., 2016), onde são componentes ecológicos importantes das comunidades recifais (DORNBURG et al., 2012). No Atlântico ocidental duas espécies de holocentrídeos se destacam por sua alta incidência nos recifes de corais, Myripristis jacobus (Cuvier, 1829), conhecida como “peixes-esquilos” ou “peixes-soldados”, e Holocentrus adscensionis (Osbeck, 1765), chamados popularmente de “mariquitas”. A vasta distribuição destas espécies pelos diferentes ambientes do Atlântico lhes confere status de excelentes modelos para estudos de estruturação populacional (BOWEN et al., 2006). Apesar de úteis em estimar a variação cariotípica envolvida em grandes espaços oceânicos, informações citogenéticas sobre o grupo são restritas (BACURAU & MOLINA, 2004). Neste sentido, o mapeamento de sequências de DNAs repetitivos, que por sua vez podem apresentar alta variabilidade de composição, número de cópias, função, distribuição e organização no genoma (CHARLESWORTH et al., 1994), tem sido de grande utilidade em estudos sobre evolução, sistemática e taxonomia em peixes (VICARI et al., 2010). Os DNAs repetitivos são subdivididos em sequências codificantes (histonas e genes ribossomais), e sequências não-codificantes, repetidas in tandem (DNAs satélites, os mini e microssatélites) ou dispersas pelo genoma como os elementos tranponíveis (transposons e retrotransposons) (NAGODA et al., 2005; KUHN et al., 2012). Muitas das sequências repetitivas no genoma têm evolução associada à dinâmica promovida por elementos transponíveis (TE, transposable elements) (COSTA et al., 2013). Os TEs, sejam eles transposons ou retrotransposons, estão relacionados a uma maior variabilidade genética nos genomas (CAPY, 2004) e são parte constituinte da estrutura dos cromossomos, especificamente da heterocromatina (regiões pericentroméricas e nas posições terminais), atuando ainda em diferentes aspectos da regulação epigenética, incluindo modificação da cromatina (HAN & BOEKE, 2005; SLOTKIN & MARTIENSSEN, 2007). 68

Dentre os retrotransposons, a família Rex (Rex1, Rex3 e Rex6) tem sido amplamente mapeada em cromossomos de peixes teleósteos (CARDUCCI et al., 2018). Estruturalmente, seu papel em eventos mutacionais pode favorecer a ocorrência de rearranjos cromossômicos, variação em sítios DNAr (OZOUF-COSTAZ et al., 2004; CIOFFI et al., 2010; VALENTE et al., 2011), além de variações genômicas associadas à processos de especiação (SYMONOVÁ et al., 2013). Com vistas a estimar a diversificação citogenômica e variações populacionais, baseadas na prospecção de um robusto conjunto de classes de DNA repetitivo nos cromossomos, foram realizadas análises citogenéticas nas espécies H. adscensionis e M. jacobus (Atlântico Sul) e Sargocentron rubrum (Índico), através de métodos citogenéticos convencionais (coloração de Giemsa, bandamento C e detecção Ag- RONs), coloração com fluorocromos base específicos e hibridização in situ fluorescente (FISH) com sondas DNAr 18S e 5S, repetições microssatelites (GA)15, e elementos Tol2 e Rex3.

Materiais e Métodos Análises citogenéticas foram realizadas em amostras populacionais de Holocentrus adscensionis e Myripristes jacobus, provenientes das regiões costeiras dos Estados do Rio Grande do Norte (5°46'S, 35°12'O) e da Bahia (13°52'S, 38°56'O) e de regiões insulares compostas pela Ilha de Trindade (20°31'29"S, 29°19'29"O), Arquipélago de Fernando de Noronha (AFN) (3°50′25″S, 32°24′41″O) e Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP) (00°55′02″N, 29°20′44″O, no Atlântico, e Sargocentron rubrum, do Mar de Andaman, no oceano Índico. Detalhes sobre as amostras das espécies são detalhadas na Tabela 4.

Tabela 4. Dados das espécies de Holocentridae utilizadas nas análises citogenéticas.

Regiões Oceânicas Oceano Atlântico Ocidental Meso-Atlântico Espécies Índico COSTA do Fernando de Ilha de Mar de ASPSP N Brasil Noronha Trindade Andaman Holocentrus 14 05 02 01 - 22 adscensionis Myripristis 15 - - 11 - 26 jacobus Sargocentron - - - - 02 02 rubrum 69

Os exemplares foram submetidos à estimulação mitótica através da injeção intramuscular e intraperitoneal de complexos de antígenos atenuados (MOLINA, 2001; MOLINA et al., 2010). Após 24 horas, os animais foram anestesiados com óleo de cravo (1ml/15L de água salgada) e eutanasiados para remoção do rim anterior. Cromossomos mitóticos foram obtidos a partir de fragmentos do rim anterior foram dissociados em meio de cultura RPMI 1640, de acordo com a técnica in vitro de curto termo preconizada por GOLD et al. (1990). As regiões organizadoras de nucléolos ativos (RONs) foram detectadas pela impregnação com solução de nitrato de prata (HOWELL & BLACK, 1980). As regiões heterocromáticas foram identificadas através da técnica de bandamento C, segundo Sumner (1972). Os cromossomos foram adicionalmente corados com os fluorocromos base-específicos Cromomicina (CMA3) e 4'-6-diamino-2-fenilindol (DAPI) (SCHWEIZER, 1980). As hibridizações fluorescentes in situ foram realizadas de acordo com PINKEL et al. (1986), utilizando sondas de DNAr 18S, 5S, microssatélites (GA)15, Tol2 e Rex3. As sondas de DNAr 5S (200 pb) e DNAr 18S (1400 pb) foram obtidas de amostras de DNA de Rachycentron canadum via PCR usando os primers A 5'-TAC GCC CGA TCT CGT CCG ATC-3'/ B 5' GAG AGC GCT GGT ATG GCC AGC-3' (PENDÁS et al., 1994) e NS1 5'-GTA GTA ATA TGC TTG TCT C-3' / NS8 5'-TCC GCA GGT TCA CCT ACG GA-3' (WHITE et al., 1990), respectivamente. As sondas Rex3 foram obtidas via PCR a partir da amplificação de DNA de M. jacobus usando os primers Rex 3 F 5′-CGG TGA YAA AGG GCA GCC GTC - 3 ′ e Rex 3 R 5′- TGG CAG ACN GTG GTG GT-3 G, foi usado para amplificar a codificação domínios 1, 2, 2A, A e B do gene RT, ambos designados dos genes de Xiphophorus (VOLFF et al., 1999; VOLFF et al., 2000) e amplificadas de acordo com VALENTE et al. (2011). As sondas para Tol2 foram obtidas através do DNA genômico de M. jacobus usando os primers 4 F 5’ - ATA GCT GAA GCT GCT CTG ATC – 3’ e 4 R 5’ – CTC AAT ATG CTT CCT TAG G – 3’ (KAWAKAMI & SHIMA, 1999) e as sondas dos oligonucleotídeos enriquecidos com sequências de microssatélites (GA)15 obtidas de acordo com KUBAT et al. (2008). Todas as sondas foram marcadas por nick translation (Roche, Mannheim, Alemanha). As sondas DNAr 5S foram marcadas com biotina-14-dATP (Invitrogen) e detectadas com avidina-FITC (Sigma), enquanto as sondas DNAr 18S e Rex3, Tol2 e 70

(GA)15 foram marcadas com digoxigenina-11-dUTP (Roche) e detectadas com anti- digoxigenina-rodamina (Roche). As micrografias foram obtidas usando um fotomicroscópio de epifluorescência Olympus™ BX51 (Olympus™, Tóquio, Japão) com filtros apropriados equipados com o sistema de captura digital Olympus™ DP73 usando o software cellSens (Olympus™). Os tipos cromossômicos foram identificados de acordo com a posição do centrômero (LEVAN et al. 1964) e organizados em ordem decrescente de tamanho. A preparação dos cariótipos, e idiograma foram realizadas usando o software Photoshop CS6.

Resultados

Holocentrus adscensionis (Holocentrinae) apresentou um cariótipo com 2n=50, composto por 2m+6sm+16st+26a (NF=74). Este padrão cariotípico se mostrou invariável entre populações do Arquipélagos de São Pedro São Paulo e de Fernando de Noronha, ilha de Trindade, e regiões costeiras da província brasileira (Figura 8). Sargocentron rubrum, originária do Índico, também pertencente a subfamília Holocentrinae exibiu 2n=48 cromossomos acrocêntricos (NF=48), mesmo padrão encontrado nas populações de M. jacobus (Myripristinae) do Arquipélago de de São Pedro São Paulo e da costa brasileira (Figura 8). Em S. rubrum os sítios Ag-RONs/DNAr 18S estão localizados na região terminal do braço curto do par 24, enquanto em M. jacobus eles ocupam os braços longos do par 1 (Figura 8, em destaque). Holocentrum adscensionis exibiu RONs múltiplas localizadas nos braços curtos do par 2 (sm) e par 12 (st), coincidindo com dados prévios para a espécie (BACURAU & MOLINA, 2004). Regiões ricas GC+ foram exclusivamente co-localizadas com os sítios Ag-RONS em todas as espécies. Blocos heterocromáticos estavam dispostos preferencialmente nas regiões pericentroméricas dos cromossomos das espécies, com marcações adicionais no par 11, em H. adscensionis e nas regiões terminais dos braços longos dos pares 6, 11 e 18, em S. rubrum (Figura 8). 71

Figura 8. Cariótipos das espécies Myripristis jacobus, Sargocentron rubrum e Holocentrus adscensionis, com coloração com Giemsa e bandamento C. Em destaque os pares portadores de sítios Ag-RONs. Barra = 5µm. Sítios DNAr 18S mostraram-se co-localizados com as RONs nas espécies e invariáveis quanto à distribuição e frequência entre as populações de H. adscensionis e M. jacobus analisadas (Figura 9). Os sítios DNAr 5S são simples, localizados nos braços curtos do par 24, em H. adscensionis, par 10, em M. jacobus e do par 22, em S. rubrum. Os elementos Rex3 mostraram um acúmulo sobre regiões heterocromáticas nos centrômeros, apresentando clusters menos conspícuos em S. rubrum. 72

+ - Figura 9. Hibridização in situ com sondas de DNAr 18S (vermelho; sinais CMA3 /DAPI na parte superior da caixa) e 5S (verde) e Rex3 em Myripristis jacobus, Sargocentron rubrum e Holocentrus adscensionis. Barra = 5µm. O elemento transponível Tol2 apresentou-se localizado em regiões heterocromáticas de M. jacobus e disperso ao longo dos braços dos cromossomos em H. adscensionis e S. rubrum. O padrão de distribuição destas sequências foi similar entre as populações de H. adscensionis (costa brasileira e ilha de Trindade) e M. jacobus (costa brasileira e ASPSP) (Figura 10).

As sequências microssatélites (GA)15 apresentaram um padrão de hibridização com acentuada concentração nas regiões heterocromáticas centroméricas e nas regiões terminais dos braços cromossômicos (Figura 10). 73

Figura 10. Hibridização in situ fluorescente de sequências (GA)15, e do elemento transponível Tol2 em Holocentrus adscensionis (populações costa brasileira e Ilha de Trindade) e Myripristis jacobus (populações costa brasileira e ASPSP) e Sargocentron rubrum (Índico). Barra = 5μm

74

Discussão

As espécies M. jacobus, único representante da subfamília Myripristinae, no Atlântico e S. rubrum (Holocentrinae) compartilharam uma mesma macroestrutura cariotípica (2n=48 acrocêntricos), que diante do largo tempo de divergência Myripristinae e Holocentrinae (50 Ma.) (DORNBURG et al., 2012), sugere constituir uma condição conservada e plesiomórfica para a Holocentridae. Os gêneros Myripristis (Myripristinae) e Sargocentron (Holocentrinae) tiveram uma origem comum na região do Indo-Pacífico (DORNBURG et al., 2014). O gênero Myripristis originou-se na região do Arquipélago Indo Australiano (IAA), com a posterior colonização do Atlântico por M. jacobus, via oceano Índico Ocidental (FLOETER et al., 2008; DORNBURG et al., 2012, 2014). O período de origem de H. adscensionis é desconhecido, contudo, sabe-se que o gênero é endêmico do Atlântico e que as linhagens de Holocentrinae do Atlântico e do Indo-Pacífico foram isoladas pelo fechamento do mar de Tethys entre 11-18 M.a., durante o Mioceno (BELLWOOD & WAINWRIGHT, 2002). Holocentrus adscensionis apresenta um cariótipo numérica e estruturalmente divergente (2n=50, NF=74), assim como uma organização do DNAr peculiar. De fato, sítios Ag-RONs/DNAr 18S múltiplos nesta espécie indicam intensas reorganizações cromossômicas, decorrentes de inversões pericêntricas, consideradas como principal mecanismo de diversificação cromossômica em diversos grupos de peixes marinhos (GALETTI et al., 2000; MOLINA & GALETTI, 2004; RODRIGUEZ et al., 2007; ARAUJO et al., 2010; SOARES et al., 2017) e a ocorrência de um evento de fissão cêntrica na modelagem do cariótipo da espécie. O mapeamento de sequências repetitivas do genoma possibilita identificar e acompanhar mudanças genômicas durante o processo evolutivo (OZOUF-COSTAZ et al., 2004; VALENTE et al., 2011; YANO et al., 2014). Famílias multigênicas como DNAr 45S e 5S fornecem marcadores citotaxonômicos que tem se mostrado resolutivos em abordagens evolutivas em peixes marinhos (PISANO & GHIGLIOTTI, 2009; CALADO et al., 2013, 2014; AMORIM et al., 2016; SOARES et al., 2017), mas ainda não foi investigada em espécies de Holocentridae. A presença de sítios de DNAr 18S simples em M. jacobus e S. rubrum, representantes das duas famílias de Holocentridae, além de uma baixa quantidade de heterocromatina, constituem características consideradas plesiomórficas para 75

Percomorpha (GALETTI et al., 2000; MOLINA, 2007; MOTTA-NETO et al., 2011; CALADO et al., 2013). Desta forma os sítios DNAr múltiplos presentes em H. adscensionis são indicativos que além de modificações na macroestrutura cariotípica estas foram acompanhadas por considerável reorganização interna dos cromossomos. Os sítios DNAr 5S estão localizados em um único par cromossômico em todas as espécies, em arranjos não-sintênicos com os sítios DNAr 18S, condição recorrente em Percomorpha marinhos (PAIM et al., 2014; GETLEKHA et al., 2016; COSTA et al., 2016; BORGES et al., 2019), e que confirma a evolução independente desses loci (MARTINS & WASKO, 2004). Diante da dinâmica evolutiva do DNAr nos cromossomos de peixes (GORNUNG, 2013) e das diferenças de tamanho apresentadas pelos pares portadores nas espécies não é possível inferir sobre o grau de homeologia entre eles.

Organização dos elementos Rex3, Tol2 e repetições microssatélites (GA)15

Elementos transponíveis constituem agentes mobilizadores de mudanças cromossômicas em teleósteos (SCHAACK et al., 2010; CABRAL-DE-MELLO et al., 2011, SCACCHETTI et al., 2012, DE SENE et al., 2015). Esses elementos representam uma das classes de DNA repetitivos em maior número no genoma dos eucariotos e a mais amplamente estudadas (LÓPEZ-FLORES et al., 2012; BISCOTTI et al., 2015; CANAPA et al., 2015). Devido a sua mobilidade na molécula de DNA, através de processos de excisão e insersão, podem ser indutores de rearranjos cromossômicos (VOLFF et al., 1999). Sendo, por isso, utilizados como marcadores moleculares para rastrear a história evolutiva de clados particulares (VOLFF et al., 2003). Seus mecanismos de transposição podem ser via RNA (retrotransposons) ou DNA (transposons) (MALIK et al., 1999; VOLFF et al., 1999). Dentre os retrotransposons, os elementos Rex têm sido amplamente mapeados nos genomas de teleósteos (CARDUCCI et al., 2018), evidenciando sua localização tanto em regiões heterocromáticas (DA SILVA et al., 2002; GROSS et al., 2009), como dispersos nos cromossomos incluindo regiões eucromáticas (OZOUF-COSTAZ et al., 2004; TEIXEIRA et al., 2009; CIOFFI et al., 2010; FERREIRA et al., 2011; COSTA et al., 2013; SUPIWONG et al., 2014). 76

Elementos Rex3 se apresentaram preferencialmente agrupados sobre as regiões heterocromáticas nos cromossomos das espécies de Holocentridae. Em H. adscensionis, que passou por profundas mudanças cariotípicas mais marcantes, os elementos Rex3 não são particularmente abundantes. Embora não se descarte sua participação nas mudanças cariotípicas ocorridas na espécie, o processo de divergência cariotípica pode ter ocorrido de forma não necessariamente rápida, tendo em vista que esta espécie apresenta uma ancestralidade comum com S. rubrum estimada entre 11 e 18 M.a. (DORNBURG et al., 2012). O padrão de co-localização entre blocos de Rex3 em regiões ricas em heterocromatina, ocorre em algumas espécies de Perciformes (OZOUF-COSTAZ et al., 2004) e Cichlidae (GROSS et al., 2009; TEIXEIRA et al., 2009; FERREIRA et al., 2011; VALENTE, 2011). Essa distribuição sugere seu envolvimento na estrutura e organização da heterocromatina, que devido a menor densidade gênica e recombinação (SZAUTER, 1984), desempenha um papel crucial no controle do número de cópias de TEs (CHARLESWORTH & LANGLEY, 1989). Elementos Tol2, transposon da família hAT, possui diferentes formas de distribuição, ele por exemplo, está distribuído no peixe Oryzias latipes em diferentes regiões genômicas e apresentando uma alta homogeneidade em suas sequências (KOGA & HORI, 1999), ou espalhados em regiões eucromáticas com blocos concentrados em regiões de DNAr 18S como encontrado em Rachycentron canadum (COSTA et al., 2013). Nas espécies de Holocentridae, os elementos Tol2 se apresentam dispersos ao longo das regiões eucromáticas e heterocromáticas dos cromossomos, não revelando variações populacionais nas espécies H. adscensionis e M. jacobus. Componentes do DNA repetitivos, os microssatélites representam sequências polimórficas de DNA formadas por repetições curtas compostas por cinco ou seis bases intercaladas, dispostas in tandem nos genomas eucariotos (TAUTZ, 1989; ZANE et al., 2002). Devido a alta variabilidade têm sido amplamente utilizados em mapeamento genético (SHIMODA et al., 1999; COIMBRA et al., 2003) e como marcadores genéticos em estudos populacionais (HATANAKA et al., 2006; PRIMMER et al., 2006; SAENJUNDAENG et al., 2018). Nas espécies aqui analisadas as repetições de microssatélites revelaram um acúmulo preferencial nas regiões heterocromáticas, localizadas em centrômeros e 77

regiões terminais dos cromossomos. Embora possam ocorrer de modo disperso em regiões eucromáticas (GETLEKHA et al., 2016), sua localização nas porções heterocromáticas pode ser predominante em alguns grupos (CIOFFI & BERTOLLO, 2012), padrão que tem sido observado em variados clados, como Cypriniformes (SHIMODA et al., 1999; SAENJUNDAENG et al., 2018), Siluriformes (VANZELA & COLAÇO, 2002), Characiformes (HATANAKA et al., 2006).

A co-localização de Rex3/Tol2/(GA)15 em regiões heterocromáticas das espécies de Holocentridae, corrobora que as regiões heterocromáticas podem constituir importantes reservatórios de TEs (Da SILVA et al., 2002; FISCHER et al., 2004), como identificado em Tetraodon nigroviridis e em alguns ciclídeos (FISCHER et al., 2004, FERREIRA et al., 2011; SCHNEIDER et al., 2015) e Rachycentron canadum (COSTA et al., 2014).

Figura 11. Idiogramas representativos dos cromossomos das três espécies de Holocentridae evidenciando a distribuição de diversas classes de DNAs repetitivos.

As espécies Holocentridae também apresentam co-localização de sequências de DNAr/TEs/microssatélites em alguns cromossomos. Esse arranjo tem sido identificado em peixes (COSTA et al., 2013; PANSONATO-ALVES et al., 2013; SCHNEIDER et al., 2013; SAENJUNDAENG et al., 2018). Sendo sugerido que o locus DNAr pode servir como um nicho para a conservação a longo prazo dos elementos 78

transponíveis (YE & EICKBUSH, 2006; ZHANG et al., 2008). Além disso, a associação entre DNAr/TEs frequentemente contribui no aumento e variabilidade dos sítios DNAr (CIOFFI et al., 2010; GROSS et al., 2010; NAKAJIMA et al., 2012; SCHNEIDER et al., 2013). Embora a participação dos TES (Rex3 e Tol2) pareça pouco provável nas espécies de Holocentridae, a co-localização de DNAr/Microssatélite (GA)15 e a presença de sítios de microssatélites em cromossomos derivados de rearranjos cromossômicos, fornecem indícios de que estes elementos possam ter tido um papel na dinâmica evolutiva dos genes ribossomais e na diversidade cariotípica ocorridas em H. adscensionis.

Homeostase citogenética populacional em H. adscensionis e M. jacobus no Atlântico Ocidental

Myripristis jacobus e H. adscensionis se distribuem nas províncias biogeográficas do Atlântico Ocidental, ilhas meso-Atlânticas, Costa Brasileira e ilhas associadas e região do Grande Caribe (BRIGGS, 1995). Em geral essas espécies exibem extensa homogeneidade genética no Atlântico, muito embora algum grau de estruturação populacional possa ocorrer entre algumas populações de H. adscensionis da costa do Brasil e de ilhas meso-Atlânticas (BOWEN et al., 2006). Diferenciações cromossômicas interpopulacionais no Atlântico, têm sido demonstradas entre populações isoladas pela barreira do Amazonas/Orinoco (MOTTA-NETO et al., 2011b; FERNANDES et al., em preparação). Em contraste, análises citogenéticas comparativas entre populações de H. adscensionis abrangendo regiões costeiras do Nordeste do Brasil e Arquipélagos de Fernando de Noronha (367 km da Costa NE do Brasil) e São Pedro e São Paulo (1.100 km da costa NE do Brasil) e da ilha de Trindade (1200 km da costa SE do Brasil), demosntraram uma homogeneidade cariotípica entre essas extensas áreas oceânicas. Similaridades cariotípicas também ocorrem entre as populações de M. jacobus, da costa NE do Brasil e a população isolada das ilhas Meso-Atlânticas do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, que também não exibiram variabilidade cariotípica relacionada a aspectos estruturais, numéricos e de posicionamento e frequência dos sítios DNAr 18S e 5S. Essa homeostase dentro dos holocentrídeos do Atlântico se mantém inclusive quando analisadas o mapeamento do transposon Tol2 e de 79

sequências altamente polimórficas como repetições de microssatélites (GA)15. Um dos fatores contemporâneos relacionados a homogeneidade genética é o fluxo gênico mantido através de adultos migradores ou por larvas pelágicas. Embora a duranção do Período Pelágico Larval (PPL) não sejam um preditor exclusivo para níveis de estruturação genética, têm-se demonstrado esta associação em diversas espécies (DOHERTY et al., 1995; PLANES et al., 1998). Em Myripristis jacobus e Holocentrus adscensionis, os PPLs são relativamente longos com 40-58 dias e 43-56 dias, que pode ser estendido nesta última espécie a 71 dias, devido a um estágio pelágico adicional (TYLER et al., 1993). Esta condição em associação com características biológicas e comportamentais das espécie, a falta de barreiras geográficas efetivas, podem auxiliar na manutenção de um alto fluxo gênico entre suas populações (BOWEN et al., 2006; ALLEN & ERDMANN, 2009; FARRAG et al., 2018), e contribuir para o tamponamento de padrões cromossômicos divergentes. De modo geral, esses dados corroboram o panorama citogenético conservativo, seja na macro ou microestrutura cariotípica, identificado em populações de diversas outros grupos de peixes em vastas áreas do Atlântico Sul (MOLINA & GALETTI, 2004; MOLINA, 2007; MOTTA-NETO et al., 2011a; CUNHA et al., 2014; MOLINA et al., 2018; neste estudo).

80

Conclusões

A partir do estudo comparativo da macroestrutura cromossômica e da microestrutura através da distribuição dos genes ribossomais, de TEs (Rex3 e Tol2) e microssatélites (GA)15, foi possível demostrar a ocorrência em Holocentridae de um padrão comum basal formado por 2n=48 cromossomos acrocêntricos, compartilhado por M. jacobus e S. rubrum, e um padrão derivado com 2n=50 (2m+6sm+16st+26a) apresentado por H. adscensionis. DNAs ribossomais 18S e 5S se mostraram marcadores citotaxonômicos eficientes para espécies desta família, fixados ao longo da sua divergência evolutiva. Elementos Rex3 e repetições de microssatélites (GA)15 apresentam um padrão similar de hibridização. A ausência de diferenças citogenéticas interpopulacionais entre populações Atlânticas de Holocentridae indicam homeostase cariotípica dentro da família, sendo apoiada pelos padrões filogeográficos pouco estruturados presentes nas espécies desta região. Os dados citogenéticos apresentados aqui, que se mostraram eficientes para a ampliação do entendimento sobre a carioevolução dos holocentrídeos, bem como sobre variação geográfica em sua área de distribuição e devem ser complementados com análises adicionais que abarquem um número maior de espécies do grupo.

Agradecimentos Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio financeiro, à CAPES pela bolsa de doutorado à MAF, e ao ICMBio/SISBio pela autorização na coleta de espécimes (Licença #19135-8). Agradecemos ao Dr. José Garcia Júnior pela identificação taxonômica dos espécimes.

81

Referências Bibliográficas

ALLEN, G.R. & ERDMANN, M.V. Reef fishes of the bird’s head Peninsula, West Papua, . Check List 5(3): 587– 628. 2009.

AMORIM, K.D.J., CIOFFI, M.B., SOARES, R.X., COSTA, G.W.W., et al. Co-located 18S/5S rDNA arrays: an ancient and unusual chromosomal trait in Julidini species (Labridae, Perciformes). Comparative Cytogenetic,10(4):555–570. 2016.

ARAÚJO, F.S., CARVALHO, C.R. & CLARINDO, W.R. Genome size, base composition and karyotype of Carica papaya L. NUCLEUS, 53:25-31. 2010.

BACURAU, T. & MOLINA, W. F. Karyotypic diversification in two Atlantic species of Holocentridae (Pisces, ). Caryologia. 57(3): 300-304. 2004.

BELLWOOD, D. R., & WAINWRIGHT, P. C. The History and Biogeography of Fishes on Coral Reefs. Coral Reef, 2,5–32. 2002.

BELLWOOD, D.R. The Eocene fishes of Monte Bolca: the earliest coral reef fish assemblage. Coral Reefs, 15, 11–19. 1996.

BISCOTTI, M.A.; OLMO, E.; HESLOP-HARRISON, J.S. Repetitive DNA in eukaryotic genomes. Chromosome Research. 23, 415–420. 2015.

BORGES, A.T., CIOFFI, M.B. BERTOLLO, L.A.C., SOARES, R.X, et al. Paracentric inversions differentiate the conservative karyotypes in two Centropomus species (Teleostei: Centropomidae). Cytogenetic Genome Research. 2019.

BOWEN, B.W., BASS, A.L. MUSS, A. CARLIN, J., et al. Phylogeography of two atlantic squirrelfishes (Family Holocentridae): exploring links between pelagic larval duration and population connectivity. Marine Biology, 149:899-913. 2006.

BRIGGS, J.C. Global biogeography. Elsevier, Amsterdam. 452p. 1995.

CABRAL-DE-MELLO, D.C., MOURA, R.C. & MARTINS, C. Cytogenetic mapping of rRNAs and histone H3 genes in 14 species of Dichotomius (Coleoptera, Scarabaeidae, Scarabaeinae) beetles. Cytogenetic Genome Research 134:127–135. 2011.

CALADO, L.L., BERTOLLO, L.A.C., CIOFFI, M.B., COSTA, G.W.F.F., et al. Evolutionary dynamics of rDNA genes on chromosomes of the Eucinostomus fishes: cytotaxonomic and karyoevolutive implications. Genetic Molecular Research. 13: 9951-9959. 2014.

CALADO, L.L., BERTOLLO, L.A.C., CIOFFI, M.B., COSTA, G.W.F.F., et al. Cytogenetic studies of Atlantic mojarras (Perciformes - Gerreidae): chromosomal mapping of 5S and 18S ribosomal genes using double FISH. Aquaculture Research, 44(5): 829–835. 2013. 82

CANAPA, A., BARUCCA, M., BISCOTTI, M.A., FORCONI, M., et al. Transposons, Genome Size, and Evolutionary Insights in Animals. Cytogenetic and genome research, 147(4), pp.217–239. 2015.

CAPY, P. Structure et évolution des éléments transposables. Journal de La Société de Biologie, 198(4), 393–398. 2004.

CARDUCCI, M.B., CANAPA, A. & BISCOTTI, M.A. Rex Retroelements and Teleost Genomes. International Journal of Molecular Sciences, 19(11): 3653. 2018.

CHARLESWORTH, B. & LANGLEY, C.H. The population genetics of Drosophila transposable elements. Annual Review of Genetics, 23:251-87. 1989.

CHARLESWORTH, B., SENLEGOWSKI, P., & STEPHAN, W. The evolutionary dynamics of repetitive DNA in eukaryotes. Nature, 371: 215-220. 1994.

CIOFFI, M.B., MARTINS, C., BERTOLLO, L.A.C. Chromosome spreading of associated transposable elements and ribosomal DNA in the fish Erythrinus erythrinus. Implications for genome change and karyoevolution in fish. BMC Evolutionary Biology, 10:271-280. 2010.

COIMBRA, M.R.M., A genetic linkage map of the japanese flounder, Paralichthys olivaceus. Aquaculture, 220:203-218. 2003.

COSTA, G.W.W.F., CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C., MOLINA, W.F. Transposable elements in fish chromosomes: a study in the marine cobia species. Cytogenetic and Genome Research. 141(2-3):126–132. 2013.

COSTA, G.W.W.F., CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C., MOLINA, W.F. The Evolutionary dynamics of ribosomal genes, histone H3, and transposable Rex elements in the genome of atlantic snappers, Journal Heredity,107(2- 1):173–180. 2016.

CUNHA, I.M.C., SOUZA, A.S., DIAS, J.R, E.A., AMORIM, K.D.J., et al. Genetic multipartitions based on D-Loop sequences and chromosomal patterns in brown Chromis (Pomacentridae), in the western Atlantic. Journal of Biomedicine and Biotechnology. ID 254698. 2014.

DA SILVA, C., HADJI, H., OZOUF-COSTAZ, C., NICAUD, S., et al. Remarkable compartmentalization of transposable elements and pseudogenes in the heterochromatin of the Tetraodon nigroviridis genome. Proceedings of the National Academy of Sciences USA. 99(21):1636-41. 2002.

DESJARLAIS R. & TUMMINO P.J. Role of Histone-Modifying Enzymes and Their Complexes in Regulation of Chromatin Biology. Biochemistry. 55:1584– 1599. 2016.

83

DOHERTY, P.J., PLANES, S., MATHER, P. Gene flow and larval duration in seven species of fish from the Great Barrier Reef. Ecology, 76:2373–2391. 1995.

DORNBURG, A. A., MOORE, J. BEAULIEU, J.M., EYTAN, E., et al. Molecular phylogenetics of squirrelfishes and soldierfishes (Teleostei: Beryciformes: Holocentridae): Reconciling more than 100 years of taxonomic confusion. Molecular Phylogenetics and Evolution, 65: 727–738. 2012.

DORNBURG, A., MOORE, J. BEAULIEU, J.M., EYTAN, E., et al. The impact of shifts in marine biodiversity hotspots on patterns of range evolution: evidence from the Holocentridae (squirrelfishes and soldierfishes). Evolution: International Journal of Organic Evolution. 69(1): 146-161. 2014.

FARRAG, M.M.S., ABOUELFADL, K.Y., ALABSSAWY, A.N., TOUTOU, M.M.M., et al. Fishery biology of lessepsian immigrant squirrelfishes Sargocentron rubrum (Forsskål, 1775), Eastern Mediterranean Sea, Egypt. Egyptian Journal of Aquatic Research, 44: 307–313. 2018.

FERREIRA, D.C., OLIVEIRA, C., FORESTI, F. Chromosome mapping of retrotransposable elements Rex1 and Rex3 in three fish species in the subfamily Hypoptopomatinae (Teleostei, Siluriformes, Loricariidae). Cytogenetic and Genome Research, 133: 64-70. 2011.

FISCHER, C., BOUNEAU, L., COUTENCEAU, J.P., WEISSENBACH, J., et al. Global heterochromatic colocalization of transposable elements with minisatellites in the compact genome of the pufferfish Tetraodon nigroviridis. Gene. 336(2):175-83. 2004.

FLOETER, S. R. Atlantic reef fish biogeography and evolution. Journal of Biogeography, 35: 22 - 47. 2008.

GALETTI, P.M. JR, AGUILAR, C.T., & MOLINA, W.F. An overview of marine fish cytogenetics. Hydrobiologia, 420: 55–62. 2000.

GETLEKHA, N., MOLINA, W.F., CIOFFI, M.B. YANO, C. F., et al. Repetitive DNAs highlight the role of chromosomal fusions in the karyotype evolution of Dascyllus species (Pomacentridae, Perciformes). Genetica, 144:203–211. 2016.

GOLD, J.R., LI, Y.C., SHIPLEY, N.S., & POWERS, P.K. Improved methods for working with fish chromosomes with a review of metaphase chromosome banding. Journal of Fish Biology,37: 563–575. 1990.

GORNUNG, E. Twenty years of physical mapping of major ribosomal RNA genes across the teleosts: A review of research. Cytogenetic Genome Research, 141:90–102. 2013.

GROSS, M.C., SCHNEIDER, C.H., VALENTE, G.T., PORTO, J.I.R., et al. Comparative cytogenetic analysis of the genus Symphysodon (Discus Fishes, 84

Cichlidae): Chromosomal characteristics of retrotransposons and minor ribosomal DNA. Cytogenetic Genome Research, 127, 43–53. 2009.

HAN, J.S. & BOEKE, J.D. LINE-1 retrotransposons: modulators of quantity and quality of mammalian gene expression? Bioessays, 27: 775Y784. 2005.

HATANAKA, T., HENRIQUE-SILVA, F. & GALETTI, JR. P.M. Population substructuring in a migratory freshwater fish Prochilodus argenteus (Characiformes, Prochilodontidae) from the São Francisco River. Genetica, 126:153-159. 2006.

HOWELL, W. M., & BLACK, D. A. Controlled Silver-staining of nucleolus organizer regions with a protective colloidal a 1-step method. Experientia, 36: 1014- 1015. 1980.

KAWAKAMI, K., & SHIMA, A. Identification of the Tol2 transposase of the medaka fish Oryzias latipes that catalyzes excision of a nonautonomous Tol2 element in zebrafish Danio rerio. Gene, 240: 239–244. 1999.

KOGA, A., & HORI, H. Homogeneity in the structure of the medaka fish transposable elemento Tol2. Genetics Research Cambridge. 73:7–14. 1999.

KUBAT, Z.K.Z., HOBZA, R., VYSKOT, B., KEJNOVSKY, E. Microsatellite accumulation on the Y chromosome in Silene latifolia. Genome, 51, 350-356. 2008.

KUHN, G.C., KÜTTLER, H., MOREIRA-FILHO, O., HESLOP-HARRISON, J.S. The 1.688 repetitive DNA of Drosophila: concerted evolution at different genomic scales and association with genes. Molecular Biology and Evolution, 29(1): 7--11. 2012.

LEVAN, A., FREDGA, K. & SANDBERG, A.A. Nomenclature for centromeric positionon chromosomes. Hereditas. 52:201–220. 1964.

LÓPEZ-FLORES, I., & GARRIDO-RAMOS, M.A. The repetitive DNA content of eukaryotic genomes. In: GARRIDO-RAMOS MA, editor. Genome Dynamics Basel: Karger;1-28. 2012.

MALIK, H.S., BURKE, W.D. & EICKBUSH, T.H. The age and evolution of non-LTR retrotransposable elements. Molecular Biologic and Evolution. 6:793–805. 1999.

MARTINS, C.,& WASKO, A.P. Organization and evolution of 5S ribosomal DNA in the fish genome. In: Williams, C.R., editor. Focus on genome research. Hauppauge (NY): Nova Science Publishers. 335–363. 2004.

MOLINA, W.F. Chromosome changes and stasis in marine fish groups. In: Pisano,E., OZOUF-COSTAZ, C., FORESTI,F., KAPOOR, B.G. editors. Fish Cytogenetic. Boca Raton (FL): CRC Press. p. 69–110. 2007.

85

MOLINA, W. F. & GALETTI Jr., P. M. Karyotypic Changes Associated To The Dispersive Potential On Pomacentridae (Pisces, Perciformes). Journal Of Experimental Marine Biology And Ecology, 309, 109-119. 2004.

MOLINA, W.F. AMORIM, K.J., SOARES, R.X., COSTA, G.W.W., et al. Carioevolução e aspectos da filogeografia insular de peixes do Arquipélago de São Pedro e São Paulo: in: Arquipélago de São Pedro e São Paulo: 20 anos de pesquisas. Design Publicações. Ed. 1st. P 100-110. 2018.

MOTTA-NETO, C. C., CIOFFI, M. B., BERTOLLO, L. A. C., & MOLINA, W. F. Extensive chromosomal homologies and evidence of karyotypic stasis in Atlantic grunts of the genus Haemulon (Perciformes). Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, 401(1-2), 75–79. 2011a.

MOTTA-NETO, C.C., CIOFFI, M. B., BERTOLLO, L. A. C., & MOLINA, W. F. Molecular cytogenetic analysis of Haemulidae fish (Perciformes): Evidence of evolutionary conservation. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology. 401, 97-100. 2011b.

NAGODA, N., FUKUDA, A. & NAKASHIMA, Y. Molecular characterization and evolution of the repeating units of histone genes in Drosophila americana: coexistence in a genome. Insect Molecular Biology, 14: 713-717. 2005.

NAKAJIMA, R. T., CABRAL-DE-MELLO, D. C., VALENTE, G. T., VENERE, P. C., et al. Evolutionary dynamics of rRNA gene clusters in cichlid fish. BMC Evolutionary Biology, 12:198. 2012.

NELSON, J.S., GRANDE, T.C. & WILSON, M.V.H., Fishes of the World. New York, John Wiley & Sons Inc., 5 ed., 752 p. 2016.

OZOUF-COSTAZ, C., BRANDT, J., KORTING, C., PISANO, E., et al. Genome dynamics and chromosomal localization of the non-LTR retrotransposons Rex1 and Rex3 in Antarctic fish. Antarctic Science, 16, 51–57. 2004.

PAIM, F. G., BRANDÃO, J. H. S. G., SAMPAIO, I., AFFONSO, P. R. A. DE M.. et al. Genetic identification of bucktooth parrotfish Sparisoma radians (Valenciennes, 1840) (Labridae, Scarinae) by chromosomal and molecular markers. Genetics and Molecular Biology, 37(4), 646–651. 2014.

PANSONATO-ALVES, J.C.; SERRANO, E.A.; UTSUMOMIA, R.; SCACCHETTI, P.C.; Mapping five repetitive DNA classes in sympatric species of Hypostomus (Teleostei:Siluriformes: Loricariidae): Analysis of chromosomal variability. Reviews in Fish Biology and Fisheries, 4, 447–489. 2013.

PINKEL, D., STRAUME, T. & GRAY, J. Cytogenetic analysis using quantitative, high sensitivity, fluorescence hybridization. Proceedings of the National Academy of Sciences, 83(9): 2934-2928. 1986.

PISANO, E. & GHIGLIOTTI, L. Ribosomal genes in notothenioid fishes: focus on the chromosomal organisation. Marine Genomics, 2: 75-80. 2009. 86

PLANES, S., ROMANS, P. & LECOMTE-FINIGER, R. Genetic evidence of closed life cycles for some coral reef fishes within Taiaro Lagoon (Tuamotu Archipelago, French Polynesia). Coral Reefs, 17: 9–14. 1998.

PRIMMER, C.R., VESELOV, A.J., ZUBCHENKO, A., POUTUTKIN, A., et al. Isolation by distance within a river system: Genetic population structuring of Atlantic salmon, Salmo salar, in tributaries of the Varzuga River in northwest Russia. Molecular Ecology, 15:653-666. 2006.

RODRÍGUEZ, L., LIEHR, T., MRASEK, K., MANSILLA, E., et al. Small supernumerary chromosome marker generating complete and pure trisomy 18p, characterized by molecular cytogenetic techniques and review. American Journal of Medical Genetics, Part A, 143A(22), 2727–2732. 2007.

SAENJUNDAENG, P., CIOFFI, M.B., OLIVEIRA, E.A., TANOMTONG, A., et al. Chromosomes of asian cyprinid fishes: cytogenetic analysis of two representatives of small paleotetraploid tribe Probarbini. Molecular Cytogenetics, 11(1). 2018.

SCACCHETTI, P.C., et al. Molecular Characterization and Physical Mapping of Two Classes of 5S rDNA in the Genomes of Gymnotus sylvius and G. inaequilabiatus (Gymnotiformes, Gymnotidae). Cytogenetic and Genome Research, 136: 131-137. 2012.

SCHAACK, S., GILBERT, C. & FESCHOTTE, C. Promiscuous DNA: horizontal transfer of transposable elements and why it matters for eukaryotic evolution. Trends in Ecology and Evolution, 25, 537–546. 2010.

SCHNEIDER, C.H., GROSS, M.C., LEANDRA, T.M., DE TAVARES, É.S.G.M., et al. Chromosomal distribution of microsatellite repeats in Amazon cichlids genome (Pisces, Cichlidae). Comparative Cytogenetics 9(4): 595-605. 2015.

SCHNEIDER, C.H., GROSS, M.C.,TERENCIO, M.L., CARMO, E.J., et al. Evolutionary dynamics of retrotransposable elements Rex1, Rex3 and Rex6 in neotropical cichlid genomes. BMC Evolutionary Biology, 13, 152. 2013.

SCHWEIZER, D. Simultaneous fluorescent staining of R bands and specific heterochromatic regions (DA-DAPI bands) in human chromosomes. Cytogenetics and Cell Genetic, 27: 190–193. 1980.

SHIMODA, N. KNAPIK, E.W., ZINITI, J., SIM, C., et al. Zebrafish genetic map with 2000 microsatellites markers. Genomics, 58:219-232.1999.

SLOTKIN, R.K. & MARTIENSSEN, R. Transposable elements and the epigenetic regulation of the genome. Nature Reviews Genetics, 8: 272Y285. 2007.

SOARES, R. X., CIOFFI, M. B., BERTOLLO, L. A. C., BORGES, A. T., et al. Chromosomal evolution in large pelagic oceanic apex predators, the 87

barracudas (Sphyraenidae, Percomorpha). Genetics and Molecular Research, 16(2). 2017.

SPLENDORE, B., R., SILVA, L. & MALTEMPI, P.P. Chromosome mapping of retrotransposable elements Rex1 and Rex3 in Leporinus Spix, 1829 species Characiformes: Anostomidae and its relationships among heterochromatic segments and W sex chromosome. Mobile Genetic Elements. 3, e27460. 2013.

SUMNER, A.T. A simple technique for demonstrating centromeric heterochromatin. Experimental Cell Research. 75: 304–306. 1972.

SUPIWONG, W., LIEHR, T., CIOFFI, M.B., CHAVEERACH, A., et al. A. Chromosomal evolution in naked catfishes (Bagridae, Siluriformes): A comparative chromosome mapping study. Zoologischer Anzeiger, 253, 316–320. 2014.

SYMONOVÁ, R., MAJTÁNOVÁ, Z., SEMBER, A., STAAKS, et al. Genome differentiation in a species pair of coregonine fishes: an extremely rapid speciation driven by stress-activated retrotransposons mediating extensive ribosomal DNA multiplications. BMC Evolutionary Biology, 13(1), 42. 2013.

SZAUTER, P. An analysis of regional constraints on exchange in Drosophila melanogaster using recombination-defective meiotic mutants. Genetics, 106(1):45-71. 1984.

TAUTZ, D. Hypervariability of simple sequences as a general source for polymorphic DNA markers. Nucleic Acids Research, 17:6463-6471. 1984.

TEIXEIRA,W.G., FERREIRA, I.A., CABRAL-DE-MELLO, D.C., MAZZUCHELLI, J., et al. Organization of repeated DNA elements in the genome of the cichlid fish Cichla kelberi and its contributions to the knowledge of fish genomes. Cytogenetic Genome Research. 125, 224–234. 2009.

TYAGI M., IMAM N., VERMA K. & PATEL A.K. Chromatin remodelers: We are the drivers!! Nucleus, 7:388–404. 2016.

TYLER, J.C., JOHNSON, G.D., BROTHERS, E.B., TYLER, D.M., et al. Comparative early life histories of western Atlantic squirrelfishes (Holocentridae): age and settlement of rhynchichthys, meeki, and juvenile stages. Bulletin of Marine Science, 53:1126–1150. 1993.

VALENTE, G.T. MAZZUCHELLI, J.; FERREIRA, I.A.; POLETTO, A.B. Cytogenetic Mapping of the Retroelements Rex1, Rex3 and Rex6 among Cichlid Fish: New insights on the chromosomal distribution of transposable elements. Cytogenetic and Genome Research. 133, 34–42. 2011.

VANZELA, A. L. L. et al. Characterization of Diploid, Tetraploid and Hexaploid Helianthus Species by Chromosome Banding and FISH with 45S rDNA Probe. Genetica, 114(2), 105–111. 2002.

88

VICARI, M.R., NOGAROTO, V. & NOLETO, R.B., Satellite DNA and chromosomes in Neotropical fishes: applications and perspectives. Journal of Fish Biology, 76: 1094–1116. 2010.

VOLFF, J.N., KÖRTING, C. & SCHARTL, M. Multiple lineages of the non-LTR inserted rRNA genes of Drosophila melanogaster. Molecular Biology and Evolution. 26:8781-8790. 2006.

ZANE, L., BARGELLONI, L. & PATARNELLO, T. Strategies for microsatellite isolation: A review. Molecular Ecology, 11:1-16. 2002.

ZHANG, X., EICKBUSH, M.T. & EICKBUSH, T.H. Role of recombination in the longterm retention of transposable elements in rRNA gene loci. Genetics. 180:1617-1626. 2008.

89

6 CONCLUSÕES GERAIS

• A ocorrência de diferentes classes de DNAs repetitivos em cromossomos aparentemente homeólogos sugere que apesar das intensas mudanças macroestruturais nos cromossomos das espécies de Acanthurus do Atlântico, estes ainda conservam significativas porções sintênicas. • As análises populacionais indicam em geral um quadro de baixa variação inter- populacional, apesar de evidências de algum grau de diversificação entre as populações de A. coeruleus acima e abaixo da barreira Amazonas/Orinoco. • A ausência de diferenças citogenéticas interpopulacionais em espécies Atlânticas das famílias Holocentridae sugere que tais grupos apresentam homeostase cariotípica. • Os gêneros Sargocentron e Holocentrus (Holocentrinae) apresentaram cariótipos diferenciados, indicando uma notável diversificação entre espécies proximamente relacionadas. • Os DNAs ribossomais apresentam-se como marcadores citotaxonômicos eficientes para espécies da família Holocentridae. • O mapeamento do transposon (Tol2) e do retrotransposon (Rex3) revelou um padrão diferenciado de hibridização em Holocentridae. Com Tol2 altamente difundido pelo genoma e Rex3 co-localizado com regiões heterocromáticas e

com repetições de microssatélites (GA)15. • A variação cariotípica, estrutural, numérica e de sítios de DNAr 18S ocorrida

em H. adscensionis pode ser devida a ação de TEs e microssatélites (GA)15.

90

4 REFERÊNCIAS GERAIS

AFFONSO, P.R.A.M., FERNANDES, M. A., ALMEIDA, J.S., MOLINA, W.F. Sequential steps of chromosomal differentiation in Atlantic surgeonfishes: evolutionary inferences. The Scientific World Journal. 1-7p. 2014.

ALBIG, W., ALBIG, W., WARTHORST, U., DRABENT, B., PRATS, E., et al. Mytilus edulis core histone genes are organized in two clusters devoid of linker histone genes. Journal of Molecular Evolution. 56:597–606. 2003.

ALLEN, G.R. & ERDMANN, M.V. Reef fishes of the East Indies. Perth, Australia: Universitiy of Hawai'i Press, Volumes I-III. Tropical Reef Research. 43:23-34. 2012.

ALMEIDA, F.F.M. Ilhas oceânicas brasileiras e suas relações com a tectônica atlântica. Terra Didática, 2:3-18. 2006.

ALWANY, M. A. Species diversity and quantitative distribution of the surgeon fishes (Family: Acanthuridae) along Aqaba Gulf, Red Sea. Egypt. Journal of Aquatic Biology & Fisheries. 12 (2): 93 – 107. 2007.

AMORIM, K.D.J., CIOFFI, M.B., SOARES, R.X., COSTA, G.W.W., et al. Co-located 18S/5S rDNA arrays: an ancient and unusual chromosomal trait in Julidini species (Labridae, Perciformes). Comparative Cytogenetic,10(4):555–570. 2016.

ARAI, R. & Inoue, M. Chromosomes of seven species of Pomacentridae and two species of Acanthuridae from Japan. Bulletin of the National Science Museum, A2, 73-78. 1976.

ARAI, R. Fish Karyotypes: A Check List. Springer, Tokyo, 340 pp. 2011.

ARAUJO, M.E., TEIXEIRA, J.M.C. & OLIVEIRA, A.M.E. Peixes estuarinos marinhos do nordeste brasileiro. Guia Ilustrado. Editora Universitária, UFPE e EFC, Recife, 260 pp. 2004.

BACURAU, T. O.F. & MOLINA, W. F. Karyotypic diversification in two Atlantic species of Holocentridae (Pisces, Beryciformes). Caryologia. 57(3): 300-304. 2004.

BEETS, J. Effects of a predatory fish on the recruitment and abundance of Caribbean coral reef fishes. Marine Ecology Progress Series. 148: 11-21. 1997.

BELL, T. & KRAMER, D.L. Territoriality and habitat use by juvenile blue tangs, Acanthurus coeruleus. Environmental Biology of Fishes. 58: 401–409. 2000.

BELLWOOD, D.R. & R. FISHER. Relative swimming speeds in reef fish larvae. Marine Ecology Progress Series. 211:299-303. 2001.

91

BELLWOOD, D.R. The Eocene fishes of Monte Bolca: the earliest coral reef fish assemblage. Coral Reefs, 15(1): 11–19. 1996.

BELLWOOD, D.R., & WAINWRIGHT, P.C. The history and biogeography of fishes on coral reefs, In: Coral Reef Fishes: dnamics and diversity in a complex ecosystem (pp 5–32) Academic Press, Boston, MA, USA. 2002.

BERNAL, M. A. & ROCHA, L. “Acanthurus tractus, Poey, 1860, a valid western atlantic species of surgeonfish (Teleostei, Acanthuridae), distinct from Acanthurus bahianus Castelnau, 1855,” Zootaxa, 2905: 63–68. 2011.

BETANCUR-R. R., BROUGHTON, E. O. WILEY, K. CARPENTER, J. A., et al. The tree of life and a new classification of bony fishes. PLOS Currents Tree of Life. 1–41. 2013.

BIÉMONT, C., & VIEIRA, C. Genetics: Junk DNA as an evolutionary force. Nature, 443(7111): 521–524. 2006.

BISCOTTI, M. A., OLMO, E., & HESLOP-HARRISON, J. S. Repetitive DNA in eukaryotic genomes. Chromosome Research, 23(3), 415–420. 2015.

BÖHNE, A., BRUNET, F., GALIANA-ARNOUX, D., SCHULTHEIS, C., et al. Transposable elements as drivers of genomic and biological diversity in vertebrates. Chromosome Research. 16:203–215. 2008.

BONECKER, A.C.T. Catalogo dos estágios iniciais de desenvolvimento dos peixes da bacia de Campos [online]. Curitiba: Sociedade Brasileira de Zoologia, 295 p. Zoologia: guias e manuais de identificação series. ISBN 978-85-98203- 10-2. 2014.

BORGES, A. T., CIOFFI, M.B. BERTOLLO, L.A.C., SOARES, R.X., et al. Paracentric inversions differentiate the conservative karyotypes in two Centropomus species (Teleostei: Centropomidae). Cytogenetic Genome Research. DOI: 10.1159/000499748. 2019.

BOWEN, B. W., et al. Phylogeography of two Atlantic squirrelfishes (Family Holocentridae): exploring links between pelagic larval duration and population connectivity. Marine Biology. 149:899-913. 2006.

BOWEN, B. W., BASS, A. L., MUSS, A., CARLIN, J., et al. The origins of tropical marine biodiversity. Trends in Ecology & Evolution. 28:359-366. 2013.

BRIGGS, J.C. Global biogeography. Elsevier, Amsterdam. 452 pp. 1995.

BROWN, J., BEARD A., CLINGHAM, E., FRICKE , R., et al. The fishes of St Helena Island, central Atlantic Ocean-new records and an annotated check-list. Zootaxa. 4543(2):151-194. 2019.

CAPY, P., BAZIN, C., HIGUET, D., & LANGIN, T. Dynamics and evolution of transposable elements. Austin, Texas: Landes Bioscience. 197p. 1998. 92

CARDUCCI, F., BARUCCA, M., CANAPA, A., & BISCOTTI, M. Rex retroelements and teleost genomes: an overview. International Journal of Molecular Sciences, 19(11), 3653. 2018

CARLIN, J.L., ROBERTSON, D.R. & BOWEN, B.W. Ancient divergences and recent connections in two tropical Atlantic reef fishes: Epinephelus adscensionis and Rypticus saponaceous (Percoidei: Serranidae). Marine Biology, 143:1057- 1069. 2003.

CARVALHO, I.B. Alça microbiana planctônica de águas oceânicas do Nordeste do Brasil. Dissertação de Mestrado em Biologia . Recife. UFPE. 99p. 2000.

CARVALHO-FILHO, A. Peixes: Costa brasileira, 3ª ed. Editora Melro, São Paulo, 320p. 1999.

CARVALHO-FILHO, A., MACENA, B.C.L., & NUNES, D.M. A new species of Anthiadinae (Teleostei: Serranidae) from São Pedro and São Paulo Archipelago, Brazil, Equatorial Atlantic. Zootaxa. 4139:585-592. 2016.

CASTELLANOS-GELL, J. BARCIA, A. R, MONTEAGUDO, P.C., METCALFE, C., et al. The surgeonfish, Acanthurus bahianus, has crossed the Amazon–Orinoco outflow barrier. Marine Biology, 159:1561-1565. 2012.

CHIODA, M., ESKELAND, R., & THOMPSON, E. M. Histone gene complement, variant expression, and mrna processing in a urochordate Oikopleura dioica that undergoes extensive polyploidization. Molecular Biology and Evolution, 19(12):2247–2260. 2002.

CHOAT, H. Phylogeography and reef fishes: bringing ecology back into the argument. Journal of Biogeography. 33:967–968. 2006.

CHOAT, J. H.; ROBBINS, W. D. & CLEMENTS, K. D. The trophic status of herbivorous fishes on coral reefs - II Food processing modes and trophodynamics. Marine Biology, 145, 445-454. 2004.

CIOFFI, M. B. &BERTOLLO, L. A. C. Chromosomal distribution and evolution of repetitive DNAs in Fish. In: Garrido- Ramos MA (ed): Repetitive DNA. Genome dynamics Basel, Karger, 7:197–221. 2012.

CIOFFI, M.B., et al. The key role of repeated DNAs in sex chromosome evolution in two fish species with ZW sex chromosome system. Molecular Cytogenetics 5:28. 2012.

CIOFFI, M. B., MOLINA, W. F., MOREIRA-FILHO, O., & BERTOLLO, L. A. C. Chromosomal distribution of repetitive DNA sequences highlights the independent differentiation of multiple sex chromosomes in two closely related fish species. Cytogenetic and Genome Research, 134(4): 295–302. 2011.

93

CIOFFI, M.B., MARTINS, C., & BERTOLLO, L.A.C. Chromosome spreading of associated transposable elements and ribosomal DNA in the fish Erythrinus erythrinus. Implications for genome change and karyoevolution in fish. BMC Evolutionary Biology, 10:271-280. 2010.

CIOFFI, M.B., MARTINS, C. & BERTOLLO, L.A.C. Comparative chromosome mapping of repetitive sequences. Implications for genomic evolution in the fish, Hoplias malabaricus. BMC Genetics, vol. 10, pp. 1-8. 2009.

COATES, A.G. & OBANDO, J.A. The geologic evolution of the Central American isthmus, p. 21-56. In J.B.C. Jackson, A.F. Budd & A.G. Coates (eds.). Evolution and environment in tropical America. Chicago University, Chicago, EU. 1996.

COSTA, G.W.W.F., CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C., & MOLINA, W.F. Transposable Elements in Fish Chromosomes: A Study in the Marine Cobia Species. Cytogenetic and Genome Research. 141(3):126–132. 2013.

COSTA, G.W.W.F. CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C., & MOLINA, W.F. Unusual dispersion of histone repeats on the whole chromosomal complement and their colocalization with ribosomal genes in Rachycentron canadum (Rachycentridae, Perciformes). Cytogenet Genome Research. 144(1):62-7. 2014.

COSTA, G.W.W.F., CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C., & MOLINA, W.F. Structurally Complex Organization of Repetitive DNAs in the Genome of Cobia (Rachycentron canadum). Zebrafish. 12(3):215-20. 2015.

COSTA, G.W.W.F., CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C., & MOLINA, W.F. The Evolutionary Dynamics of Ribosomal Genes, Histone H3, and Transposable Rex Elements in the Genome of Atlantic Snappers, Journal Heredity,107(1):173–180. 2016.

COWMAN, P.F., & BELLWOOD, D.R. Coral reefs as drivers of cladogenesis: expanding coral reefs, cryptic extinction events, and the development of biodiversity hotspots. Journal of Evolutionary Biology. 24(12):2543-62. 2011.

DE FREITAS MOURÃO, A.A., DANIEL, S.N., HASHIMOTO, D.T. FERREIRA, C.D. et al. Organization and distribution of repetitive dna classe in the Cichla kelberi and Cichla piquiti genome. Cytologia. 82:193–197. 2017.

DORNBURG, A. A., MOORE, J. BEAULIEU, J.M., EYTAN, E. et al. Molecular phylogenetics of squirrelfishes and soldierfishes (Teleostei: Beryciformes: Holocentridae): Reconciling more than 100 years of taxonomic confusion. Molecular Phylogenetics and Evolution, 65: 727–738. 2012.

DORNBURG, A., MOORE, J. BEAULIEU, J.M., EYTAN, E. et al. The impact of shifts in marine biodiversity hotspots on patterns of range evolution: evidence from 94

the Holocentridae (squirrelfishes and soldierfishes). Evolution: International Journal of Organic Evolution. 69, 1: 146-161. 2014.

ESCHMEYER, W.N. Catalog of Fishes electronic version (updated 20/01/2019), Disponívelem:http://researcharchive.calacademy.org/research/ichthyology/ca talog/fishcatmain.asp. Acesso em 20 janeiro de 2019.

FARRAG, M.M.S., ABOUELFADL, K.Y., ALABSSAWY, A.N., TOUTOU, M.M.M., et al. Fishery biology of lessepsian immigrant squirrelfishes Sargocentron rubrum (Forsskål, 1775), Eastern Mediterranean Sea, Egypt. Egyptian Journal of Aquatic Research. 44: 307–313. 2018.

FAVARATO, R.M., RIBEIRO, L.B., FELDBERG, E. & MATOSO, D.A. Chromosomal mapping of transposable elements of the rex family in the bristlenose catfish, ancistrus (Siluriformes, Loricariidae), from the amazonian region. Journal of Heredity, 108, 254–261. 2017.

FEITOZA, B. M., ROCHA, L. A. LUIZ-JUNIOR, O. J. FLOETER, S. R., et al. Reef fishes of St. Pauls Rocks: new records and notes on biology and zoogeography. Journal of Ichthyology and Aquatic Biology.7:61-82. 2003.

FERNANDES, M.A., AFONSO, P.R.A.M., COSTA, G.W.W.F., CIOFFI, M.B., et al. Atlantic surgeonfishes bear only minor microstructural changes in highly derived karyotypes. Zoologischer Anzeiger. 254:62-66. 2015.

FERREIRA, C. E. L., FLOETER, S.R., GASPARINI, J. L., FERREIRA, B. P., et al. Trophic structure patterns of Brazilian reef fishes: a latitudinal comparison. Journal of Biogeography. 31,1093–1106. 2004.

FERREIRA, D.C., OLIVEIRA, C., & FORESTI, F. Chromosome mapping of retrotransposable elements Rex1 and Rex3 in three fish species in the subfamily Hypoptopomatinae (Teleostei, Siluriformes, Loricariidae). Cytogenetic and Genome Research, 133: 64- 70. 2010.

FESCHOTTE, C. & PRITHAM, E.J. DNA transposons and the evolution of eukaryotic genomes. Annual Review of Genetics, 41, 331-368. 2007.

FLOETER, S. R. Atlantic reef fish biogeography and evolution. Journal of Biogeography, vol. 35, pp. 22-47. 2008.

FLOETER, S.R. & GASPARINI, J.L. The southwestern Atlantic reef-fish fauna: composition and zoogeographic patterns. Journal of Fish Biology, 56, 1099– 1114. 2000.

FRANCINI-FILHO, R. B., FERREIRA, C.M., CAVALCANTI, E.O., DE MOURA, R., et al. Foraging activity of roving herbivorous reef fish (Acanthuridae and Scaridae) in eastern Brazil: Influence of resource availability and 35 interference competition. Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom. 90 (3): 481-492. 2010.

95

FRANCINI-FILHO, R.B., SIEGLE, E., HOCEVAR, J., LOWYCK, K., D'AVILA, N., et al. Perspectives on the Great Amazon Reef: Extension, Biodiversity, and Threats. Frontiers in Marine Science. 5: 142. 2018.

FRÉDÉRICH, B., COLLEYE, O., LEPOINT, G., & LECCHINI, D. Mismatch between shape changes and ecological shifts during the post-settlement growth of the surgeonfish, Acanthurus triostegus. Frontiers in zoology, 9(1), 8. 2012.

GASPARINI, J. L. & S. R. FLOETER. The shore fishes of Trindade Island, western South Atlantic. Journal of Natural History, 35: 1639-1656. 2001.

GETLEKHA, N., MOLINA, W.F., CIOFFI, M.B. YANO, C. F. Repetitive DNAs highlight the role of chromosomal fusions in the karyotype evolution of Dascyllus species (Pomacentridae, Perciformes). Genetica. 144:203–211. 2016.

GIRIBERT, G. & DISTEL. D. Bivalve phylogeny and molecular data. In: LYDEARD, C., LINDBERG, D.R., editors. Molecular systematics and phylogeography of molluscks. Washington (DC): Smithsonian Books. p. 45–90. 2003.

GOLANI, D. & BEN-TUVIA, A. The biology of the Indo-Pacific squirrelfish, Sargocentron rubrum (Forsskal), a Suez from the tip of the snout to the posterior end of the middle caudal rays. Canal migrant to the eastern Mediterranean. Journal of Fish Biology. 27: 249-258. 1985.

GOLD, J.R., LI, Y.C., SHIPLEY, N.S., POWERS, P.K. Improved methods for working with fish chromosomes with a review of metaphase chromosome banding. Journal of Fish Biology. 37: 563–575. 1990.

GORNUNG, E. Twenty years of physical mapping of major ribosomal RNA genes across the teleosts: A review of research. Cytogenetic Genome Research. 141:90–102. 2013.

GÖTHEL, H. Fauna marina del Mediterráneo. Ediciones Omega, S.A., Barcelona. 319 p. 1992.

GREENFIELD, D.W., J.E. RANDALL & P.N. PSOMADAKIS. A review of the soldierfish genus Ostichthys (Beryciformes: Holocentridae), with descriptions of two new species in Myanmar. Journal Ocean Science Foundation. 26:1-33. 2017.

GUIASU, C. R. & WINTERBOTTOM, R. Osteological evidence for the phylogeny of recent genera of surgeonfishes (Percomorpha, Acanthuridae). Copeia, 2: 300–312. 1993.

HAN, J. S. & BOEKE, J. D. LINE-1 retrotransposons: Modulators of quantity and quality of mammalian gene expression? BioEssays, 27(8):775–784. 2005.

HASHIMOTO, D.T., FERGUSON-SMITH, M.A., RENS, W, FORESTI F, et al. Chromosome mapping of H1 histone and 5S rRNA genes clusters in three species of Astyanax (Teleostei, Characiformes). Cyogenetic and Genome Research, 134: 64-71. 2011. 96

HILLS, D. M., & DIXON. M. T. Ribosomal DNA: molecular evolution and phylogenetic inference. Quarterly Review of Biology. 66: 411–454. 1991.

HOORN, C., GUERRERO, J., SARMIENTO, G. A., LORENTE, M. A. Andean tectonics as a cause for changing drainage patterns in Miocene northern South America. Geology, 23: 237. 1995.

HORTA B. C., & GONÇALVES, E.J. First occurrence of the Acanthurus monroviae (Perciformes: Acanthuridae) in European Atlantic waters. Marine Biodiversity Records, 6, 20. 2013.

HOWELL, W. M. & BLACK, D. A. Controlled Silver-staining of nucleolus organizer regions with a protective colloidal a 1-step method. Experientia, 36: 1014- 1015. 1980.

HUBERT, N., DELRIEU-TROTTIN, E., IRISSON, J.O., MEYER, C. et al. Identifying coral reef fish larvae through DNA barcoding: A test case with the families Acanthuridae and Holocentridae. Journal Molecular Phylogenetics and Evolution, 55 (3):1195–1203. 2010.

HURST G.D.D. & WERREN J. H. The role of selfish genetic elements in eukaryotic evolution. Nature Reviews Genetics, 2: 597–606. 2001.

HURST, G.D.D. & SCHILTHUIZEN, M. Selfish genetic elements and speciation. Heredity, 80(1): 2-8. 1998.

JOHNSON, K.G., TODD, J.A. & JACKSON, J.B.C. Coral reef development drives molluscan diversity increase at local and regional scales in the late Neogene and Quaternary of the southwestern Caribbean. Paleobiology, 33, 24-52. 2007.

KAWAKAMI, K., & SHIMA, A. Identification of the Tol2 transposase of the medaka fish Oryzias latipes that catalyzes excision of a nonautonomous Tol2 element in zebrafish Danio rerio. Gene, 240: 239–244. 1999.

KIDWELL, M.G., & LISCH, D. (2007). Transposable elements as sources of variation in animals and plants. Proc. Natl. Acad. Sci. 1997, 94, 7704–7711.

KLANTEN, S.O., HERWERDEN, L.V. HOWARD, J., CHOAT, J.H., et al. Patterns of lineage diversification in the genus Naso (Acanthuridae). Molecular Phylogenetics and Evolution, 32 :221–235. 2004.

KRAJEWSKI, J. P. & S. R. FLOETER. Reef fish community structure of the Fernando de Noronha Archipelago (Equatorial Western Atlantic): the influence of exposure and benthic composition. Environmental Biology of Fishes, 92: 25-40. 2011.

97

KRONE, R., PASTER, M., & SCHUHMACHER, H. Efect of the surgeonwsh Ctenochaetus striatus (Acanthuridae) on the processes of sediment transport and deposition on a coral reef in the Red Sea. Facies, 57:215–221. 2011.

KUBAT, Z.K.Z., HOBZA, R., VYSKOT, B. & KEJNOVSKY, E. Microsatellite accumulation on the Y chromosome in Silene latifolia. Genome, 51, 350-356. 2008.

LEÃO, Z. M. A., ARAÚJO, T. M. F. & NOLASCO, M. C., The coral reefs off the coast of eastern Brazil. International Coral Reef Symposium, 339-347pp. 1988.

LEIGH, C., BUSH, A., HARRISON, E.T., HO, S.S., et al. Ecological effects of extreme climatic events on riverine ecosystems: insights from Australia. Freshwater Biology, 60: 2620–2638. 2014.

LEIS, J. M. & MCCORMICK, M. I. The biology, behavior, and ecology of the pelagic larval stage of coral reef fishes. In: Coral Reef Fishes. Dynamics and Diversity on a Complex Ecosystem, 171–199 pp. New York, NY: Academic Press. 2002.

LEIS, J. M. The pelagic stage of reef fishes: larval biology of coral reef fishes. In: The Ecology of Fishes on Coral Reefs, 183–230 pp. San Diego, CA: Academic Press. 1991.

LESSIOS, H.A. The Great American Schism: Divergence of marine organisms after the rise of the Central American Isthmus. Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics. 36, 63–91. 2008.

LESSIOS, H.A., & ROBERTSON, D. R. Crossing the impassable: genetic connections in 20 reef fishes across the eastern Pacific barrier. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences. 7(273):2201-8. 2006.

LEVAN, A., FREDGA, K. & SANDBERG, A. Nomenclature for centromeric position on chromosomes. Hereditas 52: 201–220. 1964.

LI, Y.C., KOROL, A. B., FAHIMA, T., BEILES, A., et al. Microsatellites: genomic distribution, putative functions and mutational mechanisms: a review. Molecular Ecology, 11, 2453–2465. 2002.

LIGGINS, L., TREML, E. A., POSSINGHAM, H. P. & RIGINOS, C. Seascape features, rather than dispersal traits, predict spatial genetic patterns in co-distributed reef fishes. Journal of Biogeography, 43, 256-267. 2016.

LIMA-FILHO, P.A., CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C., & MOLINA, W.F. Chromosomal and morphological divergences in Atlantic populations of the frillfin goby Bathygobius soporator (Gobiidae, Perciformes). Journal of Experimental Marine Biology and Ecology. 434: 63–70. 2012.

98

LIU, Z., TAN, G., LI, P. & DUNHAM, R.A. Transcribed dinucleotide microsatellites and their associated genes from channel catfish Ictalurus punctatus. Biochemical and Biophysical Research Communication, 259, 190–194. 1999.

LOBEL, P.S. Trophic biology of herbivorous reef fishes: alimentary pH and digestive capabilities. Journal of Fish Biology 19: 365-397. 1981.

LOHMAN, D. J., BRUYN, T. PAGE, K. VON RINTELEN, R., et al. Biogeography of the Indo-Australian Archipelago. 205-226 pp. In: D. J. Futuyma, H. B. Shaffer, and. Simberlof, D. Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics, Vol 42. 2011.

LÓPEZ-FLORES, I. & GARRIDO-RAMOS, M.A. The repetitive DNA content of eukaryotic genomes. In: GARRIDO-RAMOS MA, editor. Genome Dynamics. Basel: Karger; p. 1-28. 2012.

LUCZKOVICH, J.J. & KEUSENKOTHEN, M. Behavior and sound production by long spine squirrelfish Holocentrus rufus during playback of predator and conspecific sounds. In: Pollock, N.W., Godfrey, J.M. (Eds.), Diving for Science.Proceedings of the American Academy of Underwater Sciences. 2007.

LUIZ, O.J., MADIN, J.S., ROBERTSON, D.R., ROCHA, L.A., et al. Ecological traits influencing range expansion across large oceanic dispersal barriers: insights from tropical Atlantic reef fishes. Proceedings of the Royal Society of London B, online early. 2011.

MALIK, H.S., BURKE, W.D. & EICKBUSH, T.H. The age and evolution of non-LTR retrotransposable elements. Molecular Biology and Evolution. 6:793–805. 1999.

MARLOW, J.R., LANGE, C.L., WEFER, G., AND ROSELL-MELE, A., Upwelling intensifi cation as part of the Pliocene-PLEIStocene climate transition: Science, 290: 2288–2291. 2000.

MARTINS, C., WASKO, A.P., OLIVEIRA, C., & WRIGHT, J.M. Nucleotide sequence of 5S rDNA and localization of the ribosomal RNA genes to metaphase chromosomes of the tilapiine cichlid fish, Oreochromis niloticus. Hereditas, 133: 39–46. 2000.

MIRAMS, A. G. K. TREML, E. A., SHIELDS, J. L., LIGGINS, L., et al. Vicariance and dispersal across an intermittent barrier: population genetic structure of marine animals across the Torres Strait land bridge. Coral Reefs, 30, 937-949. 2011.

MOLINA, W. F. & GALETTI Jr., P. M. Karyotypic Changes Associated To The Dispersive Potential On Pomacentridae (Pisces, Perciformes). Journal Of Experimental Marine Biology And Ecology, 309, 109-119. 2004.

99

MOLINA, W. F.; MAIA-LIMA, F. A. & AFFONSO, P. R. A. M. Divergence between karyotypical pattern and speciation events in Serranidae fish (Perciformes), Caryologia, 55: 4, 299–305. 2002.

MOLINA, W.F. An alternative method for mitotic stimulation in fish cytogenetics. Chromosome Science, 5:49-152. 2001.

MOLINA, W.F., ALVES, D.E.O., ARAÚJO, W.C., MARTINEZ, P.A., et al. Performance of human immunostimulating agents in the improvement of fish cytogenetic preparations. Genetic Molecular Research. 9: 1807–1814. 2010.

MORA, C. ABURTO-OROPEZA, O., AYALA, A., AYOTTE, P.M. Global human footprint on the linkage between bio-diversity and ecosystem functioning in reef fishes. PLoS Biol. l9: e100060. 2011.

MOTTA-NETO, C.C., CIOFFI, M.B., BERTOLLO, L.A.C. & MOLINA, W.F. Molecular cytogenetic analysis of Haemulidae fish (Perciformes): Evidence of evolutionary conservation. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology. 401, 97-100. 2011.

MOURA, R. L., AMADO-FILHO, G. M., MORAES, F. C., BRASILEIRO, P. S., et al. An extensive reef system at the Amazon River mouth. Science Advances. 2: e1501252. 2016.

NAGODA, N., FUKUDA, A., & NAKASHIMA, Y. Molecular characterization and evolution of the repeating units of histone genes in Drosophila americana: coexistence in a genome. Insect Molecular Biology, 14: 713-717. 2005.

NEAR, T. J., EYTAN, R. I., DORNBURG, A., KUHN, K.L., et al. Resolution of ray- finned fish phylogeny and timing of diversification. Proceedings of the National Academy of Sciences. 109(34):13698–13703. 2012.

NELSON, J.S., GRANDE, T.C. & WILSON, M. V. H. Fishes of the world. New York, John Wiley & Sons Inc., 5rd ed., 752 p. 2016.

O’DEA, A., LESSIOS, H.A., COATES, A.G., EYTAN, R. E., et al. Formation of the isthmus of panama. Science advances. VOL. 2, NO. 8, E1600883 DOI: 10.1126/SCIADV.1600883. 2016.

OTWOMA, M., DIEMEL, V., REUTER, R., KOCHZIUS, M., et al. Genetic population structure of the convict surgeonfish Acanthurus triostegus: a phylogeographic reassessment across its range. Journal of Fish Biology; 93(4):597-608. 2018.

OZOUF-COSTAZ, C., BRANDT, J.; KORTING, C.; PISANO, E., et al. Genome dynamics and chromosomal localization of the non-LTR retrotransposons Rex1 and Rex3 in Antarctic fish. Antarctic Science, 16: 51–57. 2004.

PANSONATO-ALVES, J.C., SERRANO, E.A.; UTSUMOMIA, R.; SCACCHETTI, P.C., et al. Mapping five repetitive DNA classes in sympatric species of Hypostomus 100

(Teleostei:Siluriformes: Loricariidae): Analysis of chromosomal variability. Reviews in Fish Biology and Fisheries, 4, 447–489. 2013.

PAULAY, G. Diversity and distribution of reef organisms. In: C. Birkeland (Ed.), Life and death of coral reefs (pp. 298–353). New York: Chapman & Hall. 1997.

PEASTON, A.E., EVSIKOV, A.V., GRABER, J.H., DE VRIES, W.N., et al. Retrotransposons regulate host genes in mouse oocytes and preimplantation embryos. Developmental Cell, 7:597-606. 2004.

PINKEL, D., STRAUME, T. & GRAY, J. Cytogenetic analysis using quantitative, high sensitivity, fluorescence hybridization. Proceedings of the National Academy of Sciences, 83(9): 2934-2928. 1986.

PLANES, S. & FAUVELOT, C. Isolation by distance and VICARIance drive genetic structure of a coral reef fish in the Pacific Ocean. Evolution, 56: 378-399. 2002.

RANDALL, D. Revision of the Indo-pacific squirrelfishes Beryciformes: Holocentridae: Holocentrinae) of the genus Sargocentron, with descriptions of four new species, Indo-pacific Fishes, 27: 1–105. 1998.

RANDALL, J. E. A Contribution to the Biology of the Convict Surgeonfish of the Hawaiian Islands, Acanthurus triostegus. Pacific Science, Xv: 215-272. 1961.

RANDALL, J. E., & Clements, K. D. Second revision of the surgeofish genus Ctenochaetus (Perciformes: Acanthuridae), with descriptions of two new species. Indo-Pacific Fishes (Honolulu) 32: 33pp. 2001.

RANDALL, J. E.; Greenfield, D. W. Revision of the Indo-Pacific holocentrid fishes of the genus Myripristis, with descriptions of three new species. Indo-Pacific Fishes. 25: 1-61. 1996.

RANDALL, J.E. (2001) Surgeon fishes of Hawaii and the World. Mutual Publishing and Bishop Museum Press, Hawai’i. 123 pp.

RANDALL, J.E.; DIBATTISTA, J.D. & WILCOX, C. Acanthurus nigros, Günther, avalid species of surgeonfish, distinct from the Hawaiian A. nigroris Valenciennes. Pacific Science, 65: 265–275. 2011.

ROBERTSON, D.R., GROVE, J.S., & MCCOSKER, J.E. Tropical transpacific shorefishes. Pacific Science, 58:507–565. 2004.

ROBERTSON, D.R., KARG, F., MOURA, R.L., VICTOR, B.C., et al. Mechanisms of speciation and faunal enrichment in Atlantic parrotfishes. Molecular Phylogenetics and Evolution, 40, 795–807. 2006.

ROBINS, C.R. & Ray, G.C. A field guide to Atlantic coast fishes of North America. Houghton Mifflin Company, Boston, U.S.A. 354 p. 1986.

101

ROCHA, L. A. & ROSA, I. L. Baseline assessment of reef fish assemblages of Parcel Manuel Luiz Marine State Park, Maranhão, north-east Brazil. Journal of Fish Biology, 58: 985-998. 2001.

ROCHA, L. A., BASS, A. L., ROBERTSON, D. R., & BOWEN, B. W. Adult habitat preferences, larval dispersal, and the comparative phylogeography of three Atlantic surgeonfishes (Teleostei: Acanthuridae). Molecular Ecology, 11: 243-252. 2002.

ROCHA, L. A. Patterns of distribution and processes of speciation in Brazilian reef fishes. Journal of Biogeography, 30, 1161–1171. 2003.

ROCHA, L. A. Mitochondrial DNA and Color Pattern Variation in Three Western Atlantic Halichoeres (Labridae), with the Revalidation of Two Species. Copeia, (4): 770–782. 2004.

ROCHA, L. A., ROBERTSON, D. R., ROMAN, J. & BOWEN, B. W. Ecological speciation in tropical reef fishes. Proceedings of the Royal Society of London Series B 272, 573–579. 2005.

ROCHA, L. A., CRAIG, M. T. & BOWEN, B. W. Phylogeography and the conservation of coral reef fishes. Coral Reefs, 26, 501–512. 2007.

ROCHA, L.A & BOWEN, B. W. Speciation in coral-reef fishes. Journal of Fish Biology: 72, 1101–1121. 2008.

SCHNEIDER, C.H., GROSS, M.C.; TERENCIO, M.L.; DO CARMO, E.J., et al. Evolutionary dynamics of retrotransposable elements Rex1, Rex3 and Rex6 in neotropical cichlid genomes. BMC Evolutionary Biology.13, 152. 2013.

SCHWEIZER, D. Simultaneous fluorescent staining of R bands and specific heterochromatic regions (DA-DAPI bands) in human chromosomes. Cytogenetics and Cell Genetics, 27: 190–193. 1980.

SHAPIRO, J. A. & VON STERNBERG, R. Why repetitive DNA is essential to genome function. Biological Reviews. 80:1–24. 2005.

SILVA, D.M.Z.A., PANSONATO-ALVES, J.C.; UTSUNOMIA, R.; DANIEL, S.N. et al. Chromosomal organization of repetitive DNA sequences in Astyanax bockmanni (Teleostei, Characiformes): Dispersive location, association and co-localization in the genome. Genetica, 141, 329–336. 2013.

SLOTKIN, R. K., & MARTIENSSEN, R. Transposable elements and the epigenetic regulation of the genome. Nature Reviews Genetics, 8(4): 272–285. 2007.

SORENSON, L., SANTINI, F. CARNEVALE, G. & ALFARO, M.E. A multilocus timetree of surgeonfishes (Acanthuridae, Percomorpha), with revised family taxonomy. Molecular Phylogenetics and Evolution, 68(1):150–160. 2013.

102

SPLENDORE, B., R.; SILVA, L., & MALTEMPI, P.P. Chromosome mapping of retrotransposable elements Rex1 and Rex3 in Leporinus Spix species (Characiformes: Anostomidae) and its relationships among heterochromatic segments and W sex chromosome. Mobile Genetic Elements. 3, e27460. 2013.

STRAMMA, R. The Brazil Current transport south of 23°S. Deep Sea Research. 36 (4): 639-646. 1989.

SUMNER, A.T. A simple technique for demonstrating centromeric heterochromatin. Experimental Cell Research. 75: 304–306. 1972.

SUMNER, A.T. Chromosomes: organization and function. Blackwell Publishing, Oxford. 287 p. 2003.

SUPIWONG, W., LIEHR, T., CIOFFI, M.B., CHAVEERACH, A., et al. Chromosomal evolution in naked catfishes (Bagridae, Siluriformes): A comparative chromosome mapping study. Zoologischer Anzeiger. 253, 316–320. 2014.

SYMONOVÁ, R., MAJTÁNOVÁ, Z., SEMBER, A., STAAKS, G. B., et al. Genome differentiation in a species pair of coregonine fishes: an extremely rapid speciation driven by stress-activated retrotransposons mediating extensive ribosomal DNA multiplications. BMC Evolutionary Biology, 13(1), 42. 2013.

TEIXEIRA, W.G., FERREIRA, I.A.; CABRAL-DE-MELLO, D.C.; MAZZUCHELLI, J., et al. Organization of repeated DNA elements in the genome of the cichlid fish Cichla kelberi and its contributions to the knowledge of fish genomes. Cytogenetic Genome Research. 125, 224–234. 2009.

THRESHER, R. E. Reproduction in reef fishes. Neptune City, TFH Publications, 399 p. 1984.

TIMBERLAKE, W.E. Low repetitive DNA contente in Aspergillus nidulans. Science, 202(4371):973-975. 1978.

TOONEN, W.H.J., MIDDELKOOP, H., TIURI, KONIJNENDIJK, Y. M., et al. The influence of hydroclimatic variability on flood frequency in the Lower Rhine. 41:9. 1266-1275. 2016.

TÓTH, G., GÁSPÁRI, Z. & JURKA, J. Microsatellites in different eukaryotic genomes: survey and analysis. Genome Research, 10, 967–981. 2000.

TRAVASSOS, P., & HAZIM, F. Thermohaline structure around seamounts and islands off North-Eastern Brazil. Archive of Fishery and Marine Research. 47(2/3): 211-222. 1999.

TYLER, J.C. JOHNSON, G.D.; BROTHERS, E.B.; TYLER, D.M., et al. Comparative early life histories of Western Atlantic Squirrelfishes (Holocentridae): age and settlement of rhynchichthys, meeki, and juvenile stages. Bulletin of Marine Science, 53(3): 1126-1150. 1989. 103

VALENTE, G.T., MAZZUCHELLI, J.; FERREIRA, I.A. & POLETTO, A.B. Cytogenetic Mapping of the Retroelements Rex1, Rex3 and Rex6 among Cichlid Fish: New insights on the chromosomal distribution of transposable elements. Cytogenetic Genome Research. 133, 34–42. 2011.

VICARI, M.R., NOGAROTO, V. & NOLETO, R.B. Satellite DNA and chromosomes in neotropical fishes: applications and perspectives. Journal of Fish Biology, 76: 1094–1116. 2010.

VICTOR, B.C. Settlement strategies and biogeography of reef fishes. The ecology of fishes on coral reefs (ed. by P.P. Sale), pp. 231-260. Academic Press, San Diego. 1991.

VOLFF, J.N.; KÖRTING, C., FROSCHAUER, A., SWEENEY, K. et al. NonLTR retrotransposons encoding a restriction enzyme-like endonuclease in vertebrates. Journal of Molecular Evolution, 52:351–360. 2001.

VOLFF, J.N., KORTING, C.; SWEENEY, K.; SCHARTL, M. The non-LTR retrotransposon Rex3 from the Fish Xiphophorus is widespread among teleosts. Molecular Biology Evolution. 16:1427–1438. 1999.

VOLFF, J.N., KÖRTING, C. & SCHARTL, M. Multiple lineages of the non-LTR retrotransposon Rex1 with varying success in invading fish genomes. Molecular Biology Evolution. 17:1673–1684. 2000.

WHITE, T.J., BRUNS, T., LEE, S., TAYLOR, J. Amplification and direct sequencing of fungal ribosomal RNA genes for phylogenetics. In: INNIS, M.A., GELFAND, D.H., SHINSKY, J.J., WHITE, T.J., editors. PCR protocols: a guide to methods and applications. San Diego (CA): Academic Press Inc. 315–322. 1990.

WINTERBOTTON, R. Myological evidence for the phylogeny of the recent genera of surgeonfishes (Percomorpha, Acanthuridae), with comments on the Acanthuroidei. Copeia, 1:21–39. 1993.

WOODS, L. P. & SONODA, P. M. "Order Berycomorphi (Beryciformes)". In: Fishes ofthe Western North Atlantic. Sears Foundation for Marine Research, Memoir, 1 (6): 263-396. 1973.