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SINOPSE CURTA

GIOVANNI IMPROTTA conta a história de um contraventor que deseja ascender socialmente e se legalizar. Seu desejo em se tornar , acaba lhe botando em enrascadas com a policia, o jogo do bicho e com sua família. Acaba traído, na mira da mídia e da polícia, sob uma injusta acusação de assassinato, difícil de ser resolvida por vias legais.

FICHA TÉCNICA

Brasil, 2013, 100 min

Elenco: José Wilker, Andrea Beltrão, Thelmo Fernandes, André Mattos, Gillray Coutinho, Julia Gorman, Yago Machado, Norival Rizzo, Roney Villela, Paulo Mathias Jr, Thogun Teixeira, Cristina Pereira, Gregório Duvivier , Alcemar Vieira, Eduardo Galvão Participações Especiais: Milton Gonçalves, , Hugo Carvana, Guida Vianna, Paulo Goulart , Jô Soares

INSPIRADO NO LIVRO PRENDAM GIOVANNI IMPROTTA DE AGUINALDO SILVA

Roteiro: Mariana Vielmond e Rafael Dragaud Roteiro final: Mariana Vielmond Pesquisa: Claudia Maximino Fotografia: Lauro Escorel, ABC Direção de Arte: Cláudio Amaral Peixoto Maquiagem: Marlene Moura Figurino: Beth Filipecki e Renaldo Machado Som Direto: Jorge Saldanha Desenho de Som: Francois Wolf

Trilha Sonora: Gui Amabis Mixagem: André Tadeu Montagem: Quito Ribeiro, edt Diretor Assistente: Tomás Portella Produtor Executivo: Fernando Zagallo Produtores Associados: Guel Arraes e Patrick Siaretta Co-produção: Sony Pictures, Globofilmes, RioFilme, MI, Teleimage Produzido por Renata de Almeida Magalhães e Carlos Diegues 3 Direção: José Wilker

GIOVANNI IMPROTTA é o primeiro longa-metragem dirigido por José Wilker. O personagem, criado pelo escritor Aguinaldo Silva, sai finalmente das páginas impressas e da tela da TV para ganhar a tela grande do cinema. Improtta surgiu como um bicheiro nos anos 70, no livro O Homem que Comprou o Rio. Em 2005 reapareceu em outro livro do autor, Prendam Giovanni Improtta. Mas foi na novela Senhora do Destino, exibida em 2004 na TV Globo, que fez sua aparição mais famosa e até hoje lembrada, com Wilker 4 interpretando o personagem, já transformado num empresário estabelecido no ramo da construção civil.

Entre 28 de junho de 2004 e 12 de março de 2005 Senhora do Destino conseguiu uma das maiores audiências da TV Globo e Wilker recebeu diversos prêmios de melhor ator, como Troféu Imprensa, Prêmio Contigo, Prêmio TV Press e Prêmio Qualidade Brasil RJ e SP.

Foi quando terminou de gravar a novela que o ator se deu conta que Giovanni era um personagem cuja vida era maior do que a que se mostrava na TV: “Era um tipo de personagem que na novela era horizontal e que merecia uma certa verticalidade”, explica Wilker. “Ao mesmo tempo, como o personagem na novela fez muito sucesso, muita gente quis se apropriar dele para cinema e teatro. Achei que era injusto comigo e resolvi pedir ao Aguinaldo os direitos para levá-lo ao cinema. Convidei o Cacá para dirigir. Tinha acabado de filmar com ele O Maior Amor do Mundo do Mundo. Depois de umas três semanas o Cacá me chamou para jantar e sugeriu que eu dirigisse. Dizia que eu conhecia muito mais o personagem e a história do que ele”.

Para Cacá a sugestão veio naturalmente. Desde que começou a trabalhar com Wilker percebeu que o ator – e agora diretor - é uma pessoa com grande conhecimento de cinema, não só como cinéfilo mas também tecnicamente: “É um dos raros atores que sabe o que está fazendo, que sabe onde está o olhar da câmera”, afirma. E depois de fazerem cinco filmes juntos, Wilker se tornou muito mais do que um ator: “É um amigo com quem converso sobre cinema, de quem ouço as opiniões, as sugestões. Não é somente uma relação profissional, mas uma relação de amizade, até com uma certa identidade cultural, os mesmos gostos e, se não os mesmos gostos, pelo menos os mesmos desgostos. Isso facilita muito a relação”, diz rindo.

Wilker confirma que improvisou seus diálogos no filme. Pediu que a roteirista, sua filha Mariana Vielmond, não se preocupasse com a linguagem dos personagens porque no calor do acontecimentos algumas coisas iriam acontecer: “Isso porque o personagem veio da televisão e aconteceu com ele algo que na TV é muito importante: o telespectador apropriar-se do personagem. Quando estava gravando a novela, ele ia de sua casa até o Projac (onde ficam os estúdios da TV Globo), com a janela do carro aberta,

ouvindo no trajeto os flanelinhas, vendedores de abacaxi, de biscoito, ou o que fosse, sugestões sobre o que dizer, diálogos inteiros e como dizer: “Achei que valia a pena usar este mesmo tipo de sistema durante o trabalho do filme. Com os outros atores houve muita liberdade para que eles lessem a personagem do jeito que lhes parecia melhor. Mas isso também foi um exercício que começou durante o processo de ensaio”.

5 O linguajar excêntrico de Giovanni Improtta, a maioria levada para a TV pelo próprio Wilker, caiu na boca do povo, como “felomenal” (fenomenal), “há malas que vêm de trem”, “a vaca vai voar”, “como diria o açougueiro...vamos por partes”, “vou me pirulitar” e tantas outras.

A intenção de Wilker foi contar também, na forma de comédia, a história do Rio de Janeiro, um Rio onde, aparentemente, todos são absolutamente livres para ascender na vida mas, na realidade, são prisioneiros de certos preconceitos que os condenam a permanecer sempre no mesmo grupo social. Como explica Wilker: “A gente é o favelado de ouro, o aristocrata de ouro, o intelectual de ouro, mas não transita de um grupo para outro. Herdamos, talvez do império, este comportamento, de certo modo aristocrático, que perdura até hoje. Queria contar na forma de comédia a tentativa de uma pessoa humilde, importante para sua comunidade e para o Rio de Janeiro, de conseguir um lugar ao sol difícil de alcançar”.

BATE PAPO DE JOSÉ WILKER E CACÁ DIEGUES

Cacá Diegues - José, desde que eu te conheço sei que você é um super cinéfilo. Por que nunca tinha dirigido um filme? José Wilker - Pânico. Eu achava que dirigir implicava em conhecimento de pessoas, em conhecimento técnico, de som, luz... Não sabia até que ponto o que eu conhecia era útil e se era o suficiente para dirigir. Muitas vezes aconteceu de estar num set de filmagens e ter a ideia de como deveria ser filmada uma sequencia. O 6 diretor sempre encontrava outra melhor do que a minha. Eu descobri que me faltava uma coisa que é essencial para o diretor: senso comum. Muitas vezes tinha que entrar por uma porta e minha tendência era fazer muitos gestos até abrir a porta pura e simplesmente. Era a ausência total de senso comum.

C. Que filmes fizeram a sua cabeça na juventude? De onde você partiu para gostar de cinema? Z. Três filmes fizeram a minha cabeça na juventude. O primeiro se chama “Arroz Amargo” e me deu um tesão monumental. As pernas dela (Silvana Mangano) eram absolutamente encantadoras. O segundo, que me assustou muito, chamava-se Os Cinco Mil Dedos do Dr.T, um musical maluco que sempre me fazia chorar quando cortavam a barba dos bailarinos. Eles tinham uma barba em comum. O terceiro foi o que me despertou para um sentimento que acho que é o que faz a gente querer fazer cinema, ou seja, a ânsia na eternidade: Amanhã será Tarde Demais, com Pier Angelli.

C. O que você acha do cinema brasileiro hoje? Como você se vê dentro do cinema brasileiro hoje? Z. Eu me vejo como mais um grão de areia no caos que foi instalado. O cinema nosso hoje é caótico, ainda que tenha evoluído bastante. Mas ainda é uma sucessão de filmes e não cinema. Acho que a gente viveu os últimos 100 anos na expectativa de criar um cinema e ainda hoje a gente faz filmes. Eu me sinto, mais do que qualquer coisa, parte desse grupo que faz filmes e que tenta desesperadamente contribuir para a existência e a criação do cinema.

C. Você não gosta dessa diversidade do cinema brasileiro de hoje? Você pode fazer comédia, filme na Amazônia, no Nordeste... Z. Eu gosto dessa diversidade sim. Mas essa é uma diversidade que hoje está na moda. Você fala a respeito dela e divulga. Mas ela já existiu. Na mesma época que a gente fazia Chanchada a gente fazia Cinema Novo, ainda que se tente dizer que um sucedeu ao outro. Na mesma época que a gente fazia pornochanchada, a gente fazia Dona Flor, Bye-Bye Brasil, O Bravo guerreiro, os filmes do Neville de Almeida, do Gláuber Rocha e assim por diante. Então, nós convivemos com a diversidade desde que a gente surgiu. Nós fizemos O Descobrimento do Brasil (Humberto Mauro 1937) junto com filmes que registravam a existência de grandes circos brasileiros, palhaçadas, etc. Esta diversidade é antiga.

C. Você não acha que Giovanni Improtta é uma coisa muito original dentro desse quadro do cinema brasileiro? Z. Acho que ele é original porque é absolutamente diferente, como você me disse uma vez. Não conseguimos qualificá-lo: se é uma comédia de costumes, um drama

ou, digamos, uma comédia de gangsters. Se ele está inspirado, por exemplo, na temática usada pelos irmãos Coen ou se está muito mais próximo de Humberto Mauro, ou ainda mais próximo de Teixeirinha e assim por diante. Ele é um filme que a gente não conseguiu ainda definir. Esta indefinição formal, não técnica - acho que tecnicamente ele é impecável - mas sem definição de conteúdo, de forma, é uma coisa absolutamente nova no cinema e acho que é a única e parca contribuição que posso dar. 7 C. Acho que o Giovanni Improtta tem uma coisa importante. O cinema moderno não é mais um cinema de gênero nem um cinema radicalizado para uma direção só. Eu sempre pensei que o cinema tem que fazer pensar, divertir e encantar. E o Giovanni Improtta tem estas três coisas. Por isso é que acho que ele é uma coisa muito nova no cinema brasileiro. Ele não escolhe um caminho. Vai pra todos. É uma comédia? É. Mas é também um filme sobre o Rio de Janeiro, sobre uma situação social, um filme sobre ascensão social. Ao mesmo tempo é um filme encantador, na medida em que tem belos planos, belas situações, situações engraçadas, situações de sentimentos. Isto é que eu acho que é cinema moderno. Outro dia estava comentando sobre filme e falei: “Vocês têm que ver Giovanni Improtta porque é um filme muito divertido e vocês vão gostar muito. E vão ter que ver porque só vai se falar deste filme e vocês vão ficar sem assunto.

PRODUTORA

LUZ MÁGICA Responsáveis por alguns dos mais importantes e bem sucedidos filmes do cinema brasileiro, o cineasta Cacá Diegues e a produtora Renata de Almeida Magalhães têm produzido filmes desde 1983, criando a Luz Mágica para realizar seus projetos. 8 Além dos filmes dirigidos por Cacá Diegues, produziu 5X Favela, agora por nós mesmos (Hors Concours em Cannes 2010), 5X Pacificação, foi co-produtora dos longas Bróder e Não Se Pode Viver Sem Amor, e está produzindo Favela Gay”, documentário sobre homossexualidade nas favelas cariocas. A produtora conta com grandes sucessos de público em sua carteira de filmes, como Deus é Brasileiro. E também O Maior Amor do Mundo, estrelado por José Wilker, que percorreu mais de trinta festivais pelo mundo, ganhando prêmios como Melhor Filme no Festival Internacional de Montreal (Canadá) e Melhor Filme pelo Juri Popular Jovem no Festival de Biarritz (França). Numa conversa, Renata e Cacá conversam sobre o projeto que se tornou meio um filho para José Wilker, já que o personagem foi reinventado por ele na novela Senhora do destino: “É um filho do Wilker e do Aguinaldo Silva”, lembra Cacá.

PAPO DE RENATA DE ALMEIDA MAGALHÃES E CARLOS DIEGUES

Cacá: Quando o Wilker nos apresentou o projeto, ele me chamou para dirigir, mas conversei com ele e sugeri que ele fosse o diretor, pois ninguém conhece este personagem melhor do que ele. O Wilker é um cinéfilo, uma pessoa que sabe tudo, e além disso, fez milhares de filmes. Todo cineasta tem seus atores preferidos. No caso de Cacá Diegues, o parceiro ideal e com o qual mais trabalhou é José Wilker. Ele foi ator em cinco filmes que dirigiu: Xica da Silva (1976), Bye bye Brasil (1980), Um trem para as estrelas (1987), Dias melhores virão (1990) e O maior amor do mundo (2006). Desde que começou a trabalhar com Wilker, Cacá percebeu que o ator – e agora diretor – é uma pessoa com grande conhecimento de cinema, não só como cinéfilo, mas também tecnicamente: “É um desses atores que sabe onde está o olhar da câmera” – diz. E foi no final da produção do filme O maior amor do mundo que Wilker apresentou o projeto para Renata e Cacá. Um primeiro roteiro foi feito e quando fizeram a primeira leitura, com um grupo de amigos que não estavam vinculados ao filme, foi uma gargalhada geral.

Renata: Giovanni Improtta é a história de um cara que quer ser reconhecido – na verdade virar celebridade – e sai fazendo uma série de maluquices. Até que perde o controle gerando muita confusão e sua ida para a cadeia, acusado de um assassinato que não cometeu. O ponto de partida para o roteiro veio da Mariana

Vielmond, muito talentosa, já fazendo outros trabalhos e filha do Wilker e da atriz Renée de Vielmond. Ela fez um trabalho incrível, de gente grande.

Cacá: Os atores foram escolhidos pelo Wilker. São pessoas com quem ele já contracenou no cinema, na televisão ou no teatro. Ele conhece todo mundo e tem tradição de diretor de atores no teatro. Escolheu os melhores: Andréa Beltrão, o trio de bicheiros formado por Hugo Carvana, Othon Bastos e Milton Gonçalves. É a turma dele. 9

Renata: Isso transparece no filme. O elenco está muito à vontade. A participação de Jô Soares, por exemplo, é especialíssima. Um trabalho que você faz para o amigo. Essa é a onda do filme.

Cacá: Isto é um filme de amigos, que transmite um estado de alegria, de descontração, difícil de ver no cinema. Mesmo em comédias, às vezes vemos uma forçação de barra. Neste filme as coisas engraçadas acontecem porque são engraçadas mesmo. É um filme muito carioca, sobretudo desse Rio de Janeiro luminoso, alegre e divertido.

Renata: Com um tipo de humor extremamente inteligente. Talvez o irresistível no Giovanni Improtta seja ele se sacanear o tempo todo. E as situações limites são vistas sob este olhar dele. É uma dádiva você rir de si mesmo. O personagem da Andrea Beltrão é um dos pilares da dramaturgia de Giovanni Improtta. É ela quem dá a estrutura para que aquelas situações possam acontecer e não pareçam soltas no ar.

Cacá: O Wilker chamou também atores jovens que fazem comédia, como o Thelmo Fernandes, André Mattos e Gregório Duvivier, uma estrela da nova comédia.

Renata: Tem coisas que neste filme ficaram marcadas pra gente. É o último que a gente faz usando negativo. É um fato. Provavelmente também é a última vez que precisaremos de cópias óticas para o lançamento.

Cacá: Tem outra coisa bacana no filme. O set do Wilker era leve, com alegria e diversão. Não tinha grito nem correria, mas descontração. Wilker nunca deu trabalho. Eu dei sugestões, mas não tem uma imagem do filme que tenha sido criada por mim. É tudo criado por ele.

Renata: Como curiosidade, Giovanni nasceu pelo fim. A primeira seqüência filmada é a última, na quadra da Grande Rio, com seus componentes. Aproveitamos os ensaios do Carnaval. Quanto a sua breve aparição no filme, Cacá vê como uma brincadeira. Nem queria fazer, mas cedeu ante a insistência do diretor: “Não sou ator e nem me considero ator. Aliás, sou péssimo ator. É apenas um cameo, como dizem os americanos”.

CO-PRODUTORAS

SONY PICTURES ENTERTAINMENT A Sony Pictures Entertainment (SPE) é uma subsidiária da Sony Corporation of America, uma subsidiária da japonesa Sony Corporation. As operações globais da SPE abrangem produção, aquisição e distribuição de filmes em cinema, home entertainment, televisão e mídias digitais; uma rede global de 10 canais; operação de estúdio, desenvolvimento de novos produtos audiovisuais, serviços e tecnologias. Tudo isto representa a distribuição de entretenimento em mais de 140 países. Com presença marcante no mercado nacional, a Sony Pictures distribuiu e/ou co-produziu no Brasil, 22 dos 25 filmes nacionais lançados na década de 90, momento da retomada. Em 2013, através do investimento em inúmeras produções, apostando em novos talentos e diferentes gêneros ao longo dos últimos anos, a Sony chega à marca de mais de 55 filmes nacionais distribuídos e/ou co-produzidos, entre eles: Deus é Brasileiro, O Auto da Compadecida, Carandiru, Cazuza, 2 Filhos de Francisco, Meu Nome Não é Johnny, Chico Xavier e Xingu.

GLOBO FILMES A Globo Filmes foi criada em 1998 e já produziu e/ou coproduziu mais de 125 filmes, levando para as salas de exibição mais de 145 milhões de pessoas. Com a missão de contribuir para o fortalecimento da indústria audiovisual nacional, apostando em obras de qualidade e valorizando a cultura brasileira, participou dos maiores sucessos de bilheteria da retomada. Tropa de Elite 2, com público de mais de 11 milhões de espectadores, bateu recorde de bilheteria e foi o filme mais visto na história do cinema brasileiro. Se Eu Fosse Você 2 conquistou mais de 6 milhões de pessoas enquanto o longa-metragem 2 Filhos de Francisco alcançou um público de 5 milhões, pouco mais que De Pernas pro Ar 2, Carandiru e Nosso Lar, produções que chegaram à casa dos 4 milhões. Outros sucessos como Se Eu Fosse Você, De Pernas pro Ar, Chico Xavier, Até que a Sorte nos Separe e Cidade de Deus – com quatro indicações ao Oscar - atingiram mais de 3 milhões de espectadores cada um. A Globo Filmes também tem por objetivo promover a sinergia entre o cinema e a televisão, sempre atenta ao reconhecido padrão Globo de qualidade. Sua filmografia contempla vários gêneros, como comédias, infantis, romances, dramas e aventuras. Suas atividades se baseiam nas parcerias com produtores independentes e distribuidores nacionais e internacionais, em uma associação de excelência para levar ao público o que há de melhor no cinema brasileiro.

RIOFILME A RioFilme é uma empresa de investimento em audiovisual que pertence à Prefeitura do Rio de Janeiro. Fundada em 1992, foi revitalizada em 2009 e passou a ter a missão de promover o desenvolvimento da indústria audiovisual carioca, levando em conta seus impactos econômicos e sociais na cidade. Com a revitalização, deixou de ser apenas distribuidora e tornou-se uma investidora em produção, distribuição, exibição, infraestrutura, difusão e

capacitação, atuando também em parceria com a iniciativa privada. Desde então, a Prefeitura investiu, por meio da RioFilme, cerca de R$ 100 milhões em 252 projetos. A empresa também elevou sua receita, de cerca de R$ 1,4 milhão em 2008, para cerca de R$ 24,5 milhões no período 2009/2012. A empresa tem diversificado os investimentos e ampliado o seu alcance. Multiplicou o número de projetos apoiados e de empresas beneficiadas, assim como o público impactado. A capacidade de investimento também foi elevada e os resultados tornaram-se mais significativos, beneficiando a indústria 11 audiovisual carioca e a população da cidade.

AGUINALDO SILVA criador de Giovanni Improtta

Foi assistindo uma reunião de bicheiros, na época do Carnaval, que Aguinaldo Silva vislumbrou a primeira imagem de Giovanni Improtta: “Todos eram tão espantosamente ficcionais que criei uma síntese para o personagem. Mas, embora tenha saído da minha observação, ele é totalmente ficcional”. Na redação do jornal O Globo, ainda nos anos 70, entre uma copidescada e outra, como diz rindo, nascia o livro O Homem que Comprou o Rio, onde Improtta fazia a primeira aparição. Em 2004, escrevendo Senhora do Destino, primeira novela situada na Baixada Fluminense, um tabu na época, Aguinaldo decidiu que a história teria um bicheiro. E Giovanni Improtta voltou, dessa vez com mais força, como parte do trio amoroso central. Quando Wilker pensou em filmá-lo Aguinaldo não pensou duas vezes: cedeu-lhe os direitos. Só não podia escrever o roteiro porque estava com outros trabalhos. Aguinaldo ainda não viu o filme dirigido por Wilker, mas leu o roteiro antes de começarem as filmagens e achou ótimo: “Vi uns clipes e, como diz Giovanni Improtta, achei “felomenal”. Não irei retomá-lo. Ele já foi livro, novela e agora filme. Chega. Ficou maior do que a vida”.

JOSÉ WILKER ator e diretor

A paixão de José Wilker pelo cinema é antiga. Com 19 anos trocou Recife pelo Rio de Janeiro para fazer um curso de cinema com Arne Sucksdorff, cineasta sueco especializado em documentários, que viveu mais de 30 anos no Brasil e foi muito importante para o Cinema Novo, principalmente do ponto de vista técnico. O curso, com duração de um ano, reuniu jovens vindos de outros Estados, como Wladimir Carvalho e Orlando Senna e os cariocas Cacá Diegues, Arnaldo Jabor, Eduardo Escorel e Leon Hirszman, entre outros. Terminado o tempo de estudo Wilker voltou a Recife disposto a fazer cinema. O golpe de 64 podou seu sonho. Voltou ao Rio e à realidade da época: a maioria de seus amigos de cinema estava presa ou exilada. Em 65 conseguiu uma ponta em Vida Provisória, de Maurício Gomes Leite, e preparou-se para o filme seguinte do mesmo diretor, O

Jovem Cão: “Mas ele perdeu o dinheiro num jogo de pôquer. Fiquei no teatro mesmo” conta um hoje resignado Wilker. Teatro ele já fazia desde 1962, quando estreou sob a direção de Nelson Xavier Julgamento em Novo Sol. Depois vieram peças de grande sucesso na época, como O Rei da Vela, Hoje é Dia de Rock, A China é Azul. Mas o cinema voltaria em 1971 para não mais abandoná-lo com Os Inconfidentes, de Joaquim Pedro de Andrade. Nunca mais deixou de fazer um filme por ano, às vezes dois ou três filmes num mesmo ano. Alguns de seus personagens permaneceram no imaginário 12 popular, como Vadinho (Dona Flor e Seus Dois Maridos), Lorde Cigano (Bye Bye Brasil) e Tenório Cavalcanti (O Homem da Capa Preta). Este último foi um de seus papéis mais difíceis, pois foi acompanhado do verdadeiro Tenório durante toda a filmagem. Agora, seu famoso Giovanni Improtta da novela Senhora do Destino desembarca no cinema sob sua direção e experiência. Venceu o pânico e foi para detrás das câmeras sabendo exatamente o que queria, a começar pela escolha do elenco: “Eu tinha um assistente sensacional, Tomás Portella, tinha o Raoni Seixas, o casting diretor, que traziam os atores. Mas todos os convites foram feitos por mim. Diria que qualquer equívoco neste filme é um equívoco meu e de mais ninguém. Então a gente conta com atores do porte de Milton Gonçalves, Jô Soares, Othon Bastos, Hugo Carvana, Andrea Beltrão, Thelmo Fernandes, mesmo que o personagem tenha uma só cena e diga apenas bom-dia. Até porque insistia com a Mariana [Vielmond], roteirista, que não queria um personagem que entrasse para não ser importante.” Importante também no filme são os diálogos do personagem-título, todos improvisados por ele, e dos atores, que tiveram liberdade absoluta para criar: “O que eu quero, o que eu gosto e o que me interessa no momento, como intérprete em cinema ou televisão, ou seja, como intérprete para multidões, esta é a expectativa, é que você os divirta e não os distraia”.

MARIANA VIELMOND roteirista

Mariana Vielmond já tinha um roteiro pronto, selecionado para publicação na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, quando surgiu o convite do pai, José Wilker, para escrever o roteiro de Giovanni Improtta. Não esconde que este trabalho foi sua escola prática: “A gente estuda, lê, sabe teoria, mas é a prática que faz a diferença”. Não chegou a conversar com Aguinaldo Silva para obter alguma orientação, mas diz que o autor sempre foi um apoiador 100%. Leu o roteiro pronto e deu opinião: “Ele abraçou o projeto, sempre o defendeu e confiou na gente. Este foi o barato. Entregou o personagem”, lembra Mariana O desejo de Giovanni Improtta de ser amado, de querer participar de todos os círculos sociais foi o ponto inicial do trabalho de Mariana e sua maior paixão: “Ele é um contraventor. Então já começa errado. Está fora do contexto mas quer fazer parte dele. E isso se manifesta em todos os passos que dá. O nosso processo, nossa brincadeira, nosso prazer, foi pegar esta característica que é universal, humana - todo mundo quer fazer parte - e transformá-la numa história

de duas horas. Passei muitas noite sem dormir. Gosto de trabalhar à noite, eu, o computador e o silêncio. Mas depois o personagem não deixa você dormir (risos), puxa o seu pé”. O pai ajudou com algumas sugestões indiretas: uma citação de [Jorge Luis] Borges ou de um livro que acabara de ler: “Nunca uma orientação fechada, definida. Sempre me deu muita liberdade. E quando entrego o roteiro sei que não sou mais a dona da história. Esse é o barato. O filho vai para o mundo, vai ser mudado, crescer, se transformar em outra coisa, num filme. Isto é o maravilhoso 13 que pode acontecer com um roteiro: ser apropriado por quem vai realizá-lo. Cada um vai trazer uma criação nova a partir daquele trilho. O roteiro é um trilho, o início e não o filme. Mas sem o trilho o trem não anda”. Depois desse primeiro trabalho com Wilker a roteirista já fez um filme dirigido por Tomás Portella, de terror psicológico com o título provisório de Isolados: “Nossas referências eram O Iluminado, O Sexto Sentido, A Ilha do Medo”. Roteirizou o seriado Cara Metade para o canal a cabo Multishow, dirigido por Julia Rezende e fez uma novela com Lauro César Muniz, Máscaras, na TV Record. Atualmente está escrevendo Dona Xêpa, também para a Record, com Gustavo Reis: “Agora não tem mais volta”, diz feliz.

ANDREA BELTRÃO É difícil para Andrea Beltrão esquecer o ano de 1984. Estreou no cinema (Bete Balanço), foi contratada pela TV Globo para atuar numa novela de Gilberto Braga () e fez o primeiro espetáculo adulto-profissional no teatro (O Beijo no Asfalto). No ano seguinte, como a mocinha Zelda Scott, no seriado Armação Ilimitada, ganhou literalmente um lugar ao sol. E virou uma estrela no mundo do espetáculo. Quase 30 anos depois já conta com mais de oitenta trabalhos entre TV, cinema e teatro. E, com a amiga e comadre , tem um teatro, o Poeira, numa casa tombada em Botafogo, no Rio de janeiro. Toda esta experiência não impediu que ficasse com as pernas bambas quando foi convidada por José Wilker para interpretar Marilene em Giovanni Improtta: “Ele é um ícone, uma referência. Na infância e adolescência sempre via aquele ator maravilhoso. E agora ia ser sua mulher no filme, ou seja, ter um convívio mais estreito com ele. Fiquei muito feliz”. Ela define seu personagem, Marilene, como uma mulher submissa, apaixonada, religiosa, explosiva, maltratada e traída, casada com Giovanni e mãe de seu filho: “Ela já teve uma vida boêmia, talvez tenha sido garota de programa. Não é bem explicado no filme, mas insinuado. É ingênua, mas nem tanto. Sofre, mas se rebela. É bem legal porque tem a complexidade para você criar um personagem quase de verdade, mas levando em consideração que o tom do filme é de farsa, eu diria. É como se fosse nós hoje, aqui conversando, com um saltinho a mais”. A complexidade de Marilene não permitiu momentos de relaxamento à Andrea. Ela estava com muito trabalho na época e no filme seu papel era grande e difícil, acompanhando sempre o protagonista (Wilker): “Tive que ter muito cuidado, muita delicadeza. Fiquei concentrada, disciplinada mesmo, para não me perder. A história é sugerida, não é exatamente contada. Então, em qualquer fração de segundos na tela você tem que passar uma informação que está embutida, nas entrelinhas. É preciso saber dosar o personagem que tinha que ter humanidade,

era engraçada, patética e, ao mesmo tempo, tinha este tom a mais que o filme pede”.

THELMO FERNANDES Não foi somente como Jetur, o vilão da minissérie José do Egito, exibida na TV Record, que o ator Thelmo Fernandes se destacou neste ano de 2013. No teatro está no elenco de A Arte da Comédia, do italiano Eduardo de Filippo, e é o 14 protagonista do curta-metragem 502, de Miguel de Oliveira, que irá participar do Short Film Corner do Festival de Cannes em maio próximo. Em seu currículo acumula mais de 50 trabalhos com diretores como Luiz Fernando Carvalho, Aderbal Freire Filho, Enrique Dias e, agora, José Wilker. Thelmo é o pastor Franklin em Giovanni Improtta. O pastor é um vereador evangélico, velho amigo de Improtta e para o qual consegue o título de cidadão honorário do Rio de Janeiro. O ator não conhece ninguém parecido, mas pesquisou no Google e foi cinco vezes a um culto para observar o modo de falar de um pastor. Encontrou de tudo, até os bem intencionados. Diz que seu personagem transita no meio termo: bem intencionado em algumas coisas mas sempre esperando para dar o pulo do gato. Depois de ensaiar com José Wilker e Tomás Portella, assistente de direção, diz que chegava tranquilo às filmagens. O diretor era claro no que desejava e o trabalho correu bem: “Foi Guilhermina Guinle quem me indicou ao Wilker. Adorei trabalhar com ele, uma referência que sabe tudo de tudo. De lambuja, ainda contracenei com Andrea Beltrão, de quem sou fã. E ouvia altas histórias contadas pelo Wilker, como as do Teatro Ipanema e seus fundadores Ivan de Albuquerque e Rubens Corrêa”.

ANDRÉ MATTOS Não há quem não conheça o ator André Mattos pelo menos de “nomes”: Seu Fininho (Escolinha do Professor Raimundo), Vanderlei Madruga (Senhora do Destino), Deputado Fortunato (Tropa de Elite 2), são alguns. Ele agora é o delegado Paulinho no filme Giovanni Improtta, cuja ambição maior é emplacar seu samba-enredo numa escola de samba. André explica que na novela Senhora do Destino ele interpretava o Madruga, o braço direito de Improtta (Wilker) nos crimes. No filme ele está do lado da lei: “É um policial do bem convicto de que é um gênio e só deseja que o Giovanni ouça seu samba-enredo. É um personagem meio satélite do Improtta, para quem presta serviços”. Desde que se cruzaram em Senhora do Destino, André esperava a promessa de Wilker se cumprir. “Um dia faço um papel pra você”. E fez, como atesta André, “um personagem maravilhoso. E ser dirigido por um ator é um grande diferencial. Pelo Wilker então! Ele troca, ouve e entende. E participei de um fato histórico, sua primeira direção para cinema. A primeira vez que os dois contracenaram foi na minissérie O Quinto dos Infernos: “Eu fazia o D. João VI e ele o marquês de Marialva. Num certo momento nossos personagens deveriam se abraçavam mas ficaram presos pelos cordões dos paletós. Fiquei nervoso à bessa mas o diretor Wolf Maia começou a rir, o Zé também, e eu relaxei”.

Em Giovanni Improtta, apesar das filmagens serem em clima divertido, André também passou por um momento peculiar, como ele se refere às cenas do cemitério: “Eram no cemitério, com uma bateria de uma escola de samba e o trio maravilhoso formado por Hugo Carvana, Milton Gonçalves e Othon Bastos. De vez em quanto parávamos tudo em respeito aos mortos. E o almoço era no cemitério. Foi estranho e feliz, pois só tinha gente de comédia, com quem trocava papos e piadas. Você se divertir num lugar que a princípio é de muito tristeza foi mesmo muito peculiar.” 15

COMEDIANTES É com emoção que José Wilker relembra um dos momentos mais divertidos das filmagens de Giovanni Improtta. Ao criar um trio de bicheiros que reuniu Othon Bastos, Hugo Carvana e Milton Gonçalves, diz que se viu diante do próprio cinema brasileiro: “Um grupo que é uma lenda da minha experiência de vida, uma lenda da minha história pessoal! É um grande prazer vê-los trabalhar entusiasmados, divertidos, felizes, inventando, cada um deles com seus 60 anos de experiência, conhecimento e talento. A palavra divertido talvez empobreça o sentimento que me chegava. Era um sentimento de encantamento maior que o de divertimento”. E porque acredita que qualquer personagem, por mais breve que seja sua aparição, precisa ser defendido por uma pessoa muito bem qualificada, cada um dos 62 papéis do filme ganhou um excelente ator. É o caso de Jô Soares. Seu personagem, Ivan, um dos diretores de um clube do qual Improtta quer ser sócio, apesar de aparecer rapidamente, é importante na história. Jô retribui: “Que bom ter um amigo com tanto talento. Obrigado, Zé”. Nesta seleção de comediantes consagrados, um rapaz de 26 anos e talento indiscutível veio se juntar ao grupo: Gregório Duvivier, como o repórter que não consegue emplacar uma entrevista com o bicheiro.

OTHON BASTOS “Trabalhar com Wilker, Milton Gonçalves e Carvana formando um quarteto é um desses momentos para guardar na lembrança. Era uma alegria tão grande que já íamos para o estúdio felizes. Era um deboche entre a gente, um vai puxando pela memória do outro e termina num rosário, cada um contando cada conta. Em vez de colecionar objetos eu prefiro colecionar esses momentos”.

HUGO CARVANA “Encontrar o Othon e o Milton Gonçalves foi um prazer enorme. Somos atores da mesma geração, com a mesma trajetória e paixão pelo cinema. Encontrei também o Wilker como diretor, ele que é ator de filmes meus. O prazer foi inenarrável”.

MILTON GONÇALVES “Foi um prazer muito grande rever o Carvana, bem de saúde, o Othon, bem de saúde. A gente formou um belo trio. Espero que engrandeça o filme”.

GREGÓRIO DUVIVER “Foi muito bom ser dirigido pelo José Wilker porque ele é ator e cuida muito bem do ator. Foi divertido também porque faço um idiota completo, o melhor tipo de idiota, porque se acha ótimo. Aliás, tenho feito muitos papéis de idiotas. Acho que porque tenho o physique du role do idiota”.

LAURO ESCOREL 16 diretor de fotografia

Foi depois de muitas conversas e sessões de cinema com José Wilker que o diretor de fotografia Lauro Escorel se sentiu pronto para começar o trabalho de Giovanni Improtta. O premiado e experiente fotógrafo de cinema já trabalhou com alguns de nossos maiores cineastas, como Hector Babenco, Leon Hirszman, Bruno Barreto, Fernando Meirelles e Eduardo Coutinho. Só com Cacá Diegues foram quatro longas. Em Giovanni Improtta seu desafio foi encontrar o tom adequado para a narrativa fotográfica que chama de “dark comedy”. Ele explica: “Uma comédia que ora é cúmplice, ora é critica do personagem em sua busca de ascensão social. Personagem de gosto profundamente duvidoso, cujo universo nos proporcionou uma paleta de cores fortes, dissonantes, com presença de muitos dourados. A fotografia se utilizou desses fortes contrastes e de lentes de altíssima definição para narrar a trajetória de Giovanni Improtta. Cabe lembrar que o filme foi captado em 35mm, talvez o meu último, o que lhe dá uma textura que já vai desaparecendo dos nossos filmes”. Escorel lembra que também se valeu de pequenas paródias visuais, como as de alguns filmes clássicos. Um dos exemplos são os filmes dos irmãos Coen, como Fargo e Queime depois de Ler. Ou as cenas da cúpula do bicho homenageando Francis Ford Coppola e seu diretor de fotografia Gordon Willis em ´O Poderoso Chefão: “De modo geral, buscamos sempre que possível, enquadramentos que preservassem uma certa ambiguidade narrativa”. Outra opção foi fugir dos cartões postais tradicionais e apresentar recortes de uma cidade em que todos reconhecerão o Rio de Janeiro: “O filme tem uma narrativa de luz que começa solar e em seguida mostra o lado da sombra. Ao longo da história Giovanni Improtta vai sendo envolvido por este lado mais sombrio para no final sair vitorioso no mundo colorido da escola de samba.Tudo isso com muita diversão”, declara.

CLAUDIO AMARAL PEIXOTO diretor de arte Lisbela e o Prisioneiro, Quem matou Pixote?, Cazuza, Noel – O Poeta da Vila, são alguns dos filmes que tiveram direção de arte de Claudio Amaral Peixoto. Em 2010 recebeu o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro pela direção de arte de Bezouro, de João Daniel Tikhomiroff . Diretor experiente, que começou na televisão e hoje é disputado por cineastas e publicitários, conversou muito com José Wilker quando foi convidado para diretor de arte de Giovanni Improtta: “Era uma comédia, mas chegamos à conclusão que não seria uma comédia rala, com aquela estética convencional de comédia, “geralmente pobre”. De comum acordo,

decidimos nos guiar por um filme de gangster, com sombras, claros e escuros. Busquei então fazer o cenário da maneira mais cinematográfica possível, quase barroco, para aliviar a mão. O cenário ajuda a contar a história”, explica. “Por isso inventei dois mundos: o real, cinza, e o mundo do Giovanni Improtta, com sua casa, suas roupas e seu carro, tudo do jeito dele. Seus cenários são exagerados, uma mistura de novo rico com Miami e Disney. É como se déssemos uma carnavalizada em O Poderoso Chefão, com muito colorido e exagero. Um exemplo é a cela na qual Improtta fica preso. Ele chega e é uma cela normal. Mas logo estará do jeito dele e 17 do mundo em que ele vive. Apesar de bandido, consegue flutuar acima de tudo”.

BETH FILIPECKI figurinista A figurinista Beth Filipecki trabalha com José Wilker há 20 anos, desde (1993), novela de Aguinaldo Silva, que marcou a estreia de Murilo Benício e Camila Pitanga na telinha e deu o prêmio APCA a José Wilker. As parcerias foram se acumulando desde então: as novelas O Fim do mundo (1996) e Senhora do destino (2004), citando apenas algumas. Da televisão a dupla passou para o teatro (Palácio do fim, Quando o tempo para), seriados (Capitu) e cinema (A Hora e a vez de Augusto Matraga). Natural que fosse convidada para ser a figurinista do primeiro filme dirigido por Wilker. Beth dividiu o trabalho com o marido, Renaldo Machado, com quem vem trabalhando nos últimos anos. Ela credita o diferencial do seu olhar ao trabalho de iluminadora que a levou para a TV Globo em 1976: “Tenho a prática de conhecer o ambiente, o sentimento da imagem”. Contou também com o olhar de cinéfilo de Wilker, que lembrou filmes como Cassino, Gatsby, O Poderoso Chefão e Onze homens e um segredo. Já a gravatinha borboleta de Giovanni Improtta já era usada em Senhora do destino. No filme são cerda de 60, arrumadinhas na gaveta do quarto do personagem: “As gravatinha são muito simbólicas para o imaginário masculino”, explica Beth. “É neste elemento que o homem coloca sua vaidade. Usamos gravatas inglesas, italianas, tecidos bacanas”. Outro cuidado foi com as roupas, de boa qualidade e grifadas: pantufas de Giorgio Armani e paletós de Ermenegildo Zegna: “Todas cerca de 25 centímetros acima da realidade, com um tonzinho a mais, mas sempre a partir de indumentárias clássicas”, diz. “Para Andrea, por exemplo, uma peruca e perfume Dolce & Gabbana, de perua, mas sempre mantendo a carioquice”. A figurinista lembra que ela e o marido contaram com a caracterização feita por Marlene Moura, craque que mora em Los Angeles e veio ao Rio só para este trabalho.