Mariana Baldo De Gnova
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Mariana Baldo de Gênova _________________________________________________________________________ AS TERRAS NOVAS DO SÍTIO: Uma nova leitura da obra O Picapau Amarelo (1939) _________________________________________________________________________ Dissertação apresentada ao curso de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas como requisito para a obtenção do título de Mestre em Letras na área de Teoria Literária. Orientadora: Profª. Drª. Marisa Philbert Lajolo Campinas, julho de 2006 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do IEL - Unicamp Gênova, Mariana Baldo de. G533t As terras novas do sítio: uma nova leitura da obra O Picapau Amarelo (1939) / Mariana Baldo de Gênova. -- Campinas, SP : [s.n.], 2006. Orientador : Marisa Philbert Lajolo. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem. 1. Lobato, Monteiro, 1882-1948 - Crítica e interpretação. 2. Lobato, Monteiro, 1882-1948. O Picapau Amarelo. 3. Literatura infanto-juvenil brasileira - História e crítica. 4. Fantasia. 5. Realidade. I. Lajolo, Marisa. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem. III. Título. Título em inglês: The Terras Novas of the farm: a new analysis of the work O Picapau Amarelo (1939). Palavras-chaves em inglês (Keywords): Lobato, Monteiro, 1882-1948 - Criticism and interpretation; Lobato, Monteiro, 1882-1948. O Picapau Amarelo; Brazilian children's literature - History and criticism; Fantasy; Reality. Área de concentração: Literatura Brasileira. Titulação: Mestre em Teoria e História Literária. Banca examinadora: Profa. Dra. Marisa Philbert Lajolo (orientadora), Prof. Dr. João Luís Cardoso Tápias Ceccantini, Prof. Dr. Carlos Eduardo Ornelas Berriel. Data da defesa: 26/07/2006. Programa de Pós-Graduação: Teoria e História Literária. 2 _____________________________________________ Profº. Drº. João Luís Cardoso Tápias Ceccantini (UNESP – Assis) _____________________________________________ Profº. Drº. Carlos Eduardo Ornelas Berriel (UNICAMP) ____________________________________________ Orientadora Profª. Drª. Marisa Philbert Lajolo 3 Aos meus pais e às minhas irmãs, pelo apoio e pelo amor 4 Agradecimentos Agradeço, em especial, À Marisa Lajolo pelo acolhimento, paciência, pelo conhecimento adquirido e pelo carinho; Ao João Luís C. T. Ceccantini, meu grande incentivador, pela amizade e pelos conselhos; Ao professor Carlos Eduardo O. Berriel pelas sugestões no exame de qualificação; Ao Grupo do projeto “Monteiro Lobato [1882 – 1948] e outros Modernismos Brasileiros” pelas conversas esclarecedoras e pelas risadas de cada encontro; Às agências de fomento CNPq e Fapesp pelo financiamento desta pesquisa; Ao CEDAE – Centro de Documentação Alexandre Eulálio e à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro por disponibilizar documentos importantes para a pesquisa; À Jaqueline, grande companheira, pela amizade, pelas inúmeras leituras feitas do trabalho, e principalmente pelas conversas na rodoviária. 5 “O sentido de uma obra não é o que o escritor tinha em mente em algum momento, tampouco é simplesmente uma propriedade do texto ou a experiência de um leitor. O sentido é uma noção inescapável porque não é algo simples ou simplesmente determinado. É simultaneamente uma experiência de um sujeito e uma propriedade de um texto .” (Jonathan Culler1) 1 CULLER, Jonathan. Teoria Literária: uma introdução. Tradução Sandra Vasconcelos, São Paulo: Beca Produções Culturais Ltda, 1999. 6 RESUMO Este trabalho é uma leitura da obra O Picapau Amarelo (1939), de Monteiro Lobato, baseada na mudança de personagens estrangeiros para o sítio de Dona Benta. Enquanto muitos estudos caracterizam O Picapau Amarelo como exemplo de narrativa baseada na fantasia, essa dissertação pretende apontar para a presença, na obra, de crítica social e da visão pessimista do autor diante da sociedade moderna e urbanizada. Este trabalho também insere O Picapau Amarelo em uma linha que inclui obras em que é possível reconhecer as diferentes opiniões de Lobato acerca da modernidade. Nesse sentido, sugere-se que as idéias de Lobato se apresentam em “fases” - de afirmação, dúvida e negação do progresso – que talvez se relacionem à vida (sucessos e fracassos) e a atividades de Lobato, acrescidas da situação social e econômica do país. 7 ABSTRACT This thesis is an analysis of the work O Picapau Amarelo (1939), of Monteiro Lobato, based on the moving of the foreign characters to Dona Benta’s farm. While many scholars caracterize O Picapau Amarelo as a narrative example based on the fantasy, this study intends to point out the presence, in the work, of social criticism and the author’s pessimistic view related to the modern and urbanized society. This thesis also inserts O Picapau Amarelo in a line that includes works in which is possible to recognize the different conceptions of Lobato concerning the modernity. This way it is suggested that the ideas of Lobato are shown in “phases” – of statement, doubt and denial of the progress – that maybe are associated with Lobato’s life (success and failures) and activities, added to the social and economical situation of the country. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.............................................................................................................09 1. O PICAPAU AMARELO.........................................................................................12 1.1. Narrativa “exceção” da década de 30?.....................................................................13 1.2. O Real e o Fantástico...............................................................................................22 1.3. Mapa do Mundo da Fantasia....................................................................................38 2. LEITURAS DO SÍTIO DO PICAPAU AMARELO...........................................43 2.1. O espaço do sítio......................................................................................................44 2.2. O Sítio do Picapau Amarelo – Brasil.......................................................................51 2.3. A República de Dona Benta: o sítio de Dona Benta e a república de Platão...........60 2.4 O Sítio é utópico?......................................................................................................70 3. MUDANÇA NO PICAPAU AMARELO..............................................................78 3.1. Territorialização do sítio..........................................................................................79 3.2. Urbanização do sítio - Visão do Progresso..............................................................84 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................95 ANEXO..........................................................................................................................98 4. BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................102 9 INTRODUÇÃO Este trabalho discute um aspecto da obra O Picapau Amarelo (1939) apontado pelos críticos e estudiosos de Monteiro Lobato: que ela destoa de obras infantis de Lobato da mesma década, já que estas abordam temas relacionados à crítica social, econômica e política do Brasil. A partir da análise da obra, sugerem-se leituras e interpretações que não se limitam a aspectos superficiais da narrativa, apresentando um novo olhar diante desta obra publicada em 1939. O trabalho se divide em três grandes temas: a discussão sobre a opinião da crítica quando se refere à obra O Picapau Amarelo; leituras, que envolvem análise e interpretação, da obra estudada que revelam semelhança com os livros da década de 30 e a visão de Lobato presente nesta narrativa. No capítulo 1 da dissertação, “O Picapau Amarelo”, pretende-se enfocar a obra objeto de estudo de modo a apresentar uma característica marcante das obras infantis de Monteiro Lobato – a mescla da fantasia com a realidade, cuja presença na obra O Picapau Amarelo sugere leituras e permite atribuir à narrativa significados. A pergunta que intitula o item 1.1.“Narrativa ‘exceção’ da década de 30?” trata primeiramente das incursões de Monteiro Lobato na vida política e social de seu país na década de 30, envolvimento que influenciou de forma explícita sua produção literária infantil. Algumas obras como História do Mundo para crianças (1933), Emília no País da Gramática (1934) e O Poço do Visconde (1937) apresentam de forma clara a intenção do escritor em propor aos seus leitores mirins que reflitam sobre assuntos polêmicos relacionados à religião, educação, economia e política. Já em O Picapau Amarelo, de 1939, essa intenção parece estar implícita na narrativa, apesar disso, a denominação “exceção” pode ser mantida. Pode-se dizer que a diferenciação da obra em relação às da década de 30 se dá pela maneira mais elaborada de construção da narrativa: de não deixar transparecer as representações e significados do sítio – que também revelam críticas e denúncias. Isto é conseguido através da fantasia, elemento que permite não tornar patente o que, em uma leitura cuidadosa, pode-se revelar. Detendo-se na característica marcante das narrativas infantis lobatianas, no item 1.2. “O Real e o Fantástico” aborda-se como a mescla desses elementos está mais uniforme em 10 O Picapau Amarelo, o que talvez, dificulte, no ato da leitura, direcionar o olhar para o engajamento de Lobato ao tratar questões da sociedade brasileira nesta obra. Ainda sobre a fantasia e a realidade, o último item do capítulo,