Monteiro Lobato E Os Estados Unidos: Espectador, Leitor, Tradutor

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Monteiro Lobato E Os Estados Unidos: Espectador, Leitor, Tradutor Monteiro Lobato e os Estados Unidos: espectador, leitor, tradutor Milena Ribeiro Martins resumo abstract Este texto apresenta e analisa aspectos da This text presents and analyzes aspects of cultura norte-americana representados the North American culture represented in em textos críticos, ficcionais e pessoais some of Monteiro Lobato’s critical, fictional de Monteiro Lobato. O escritor paulista and personal texts. The Brazilian writer discute o cinema, suas narrativas e discusses narratives and ideology of movies; ideologia; traduz e incorpora à sua obra translates and incorporates into his work temas da cultura escrita; participa da some themes of written culture; helps to ampliação da circulação de livros norte- increase the circulation of North American americanos no Brasil; e tece comentários books in Brazil; and also writes comments do ponto de vista de quem viu e viveu a from the point of view of someone who América do final dos anos 1920. experienced the America of the late 1920s. Palavras-chave: Monteiro Lobato; Keywords: Monteiro Lobato; America; América; tradução; intertextualidade. translation; intertextuality. á cerca de um século, quan- sado no desenvolvimento e no alcance dessa tec- do se planejava o centenário nologia, o escritor faz pensar nas consequências da da Independência do Brasil, imagem em movimento para a produção cultural Monteiro Lobato (1882-1948), escrita, como também nas transformações que o festejado autor do best seller cinema norte-americano provocava, desde cedo, Urupês (1918), começava a se nos seus espectadores brasileiros, imiscuindo-se aventurar também na literatura no imaginário afetivo e sexual dos jovens e adultos, infantil, ao mesmo tempo em tanto quanto nas brincadeiras das crianças: que consolidava, com passos ousados, seu empreendimento “As girls americanas, ricas de beleza e saúde, se- editorial. Como editor, Lobato nhoras duma arte pessoal que não revê o molde participava de forma ímpar da do conservatório francês – acrobatas, nadadoras renovação do nosso ainda tími- insignes, dançarinas, mestras na arte de dominar, do mercado editorial, dando materialidade gráfica cavalgar, amansar espadaúdos representantes do à produção de uma variedade de escritores, sobre- sexo forte, empolgam em absoluto a nossa gente tudo nacionais, muitos dos quais até então inéditos. masculina. Em casa, vindos da fita, diante das es- HAo mesmo tempo, o jornalismo, as artes plásticas posas empalamadas, todas nervos e medo às bara- e a saúde pública também estiveram no centro dos tas, eles sonham outra vida mais forte, mais bela, interesses desse profissional das letras. perfumada de lindas mulheres, num país de deva- Sua imagem entrou para a história de forma neio onde tudo corra na maciota cinematográfica. bastante associada a alguns aspectos de sua pro- As meninas, românticas ou realistas, essas vira- dução – sua literatura infantil, o universo rural de ram místicas, dum misticismo novo. Como as ou- seus contos, a querela com os modernistas. Isso se trora esposas de Jesus, todas hoje, mais ou menos, deve, dentre outros fatores, à força estética de sua esposaram os George Walsh, os Wallace Reid, produção literária e à importância dos seus temas os William Farnum, essa plêiade de suculentos na sociedade brasileira desde então. Mas outros heróis modernos, magnificamente belos, esplen- assuntos de que o escritor também tratou, e que didamente fortes. E suspiram de decepção pie- acabaram ficando à sombra dos já citados, mere- dosa quando, fora da tela, os Chiquinhos, Lulus cem ser relidos e reavaliados, com as inevitáveis lentes do distanciamento temporal. Numa época “apressada, automobilística, avia- tória [e] cinematográfica” (Lobato, 1948a, p. 223), MILENA RIBEIRO MARTINS é professora Lobato mostrava-se atento ao poder do cinema de Literatura Brasileira da Universidade para a ciência, a indústria e a sociedade. Interes- Federal do Paraná. Revista USP • São Paulo • n. 112 • p. 19-28 • janeiro/fevereiro/março 2017 21 dossiê americanistas e Pedrocas cor de cuia, sem peito, sem ombros, até mesmo Jeca Tatu poderia aprender com ela, sem músculos, sem masculinidade, aproximam-se sugere o escritor, aludindo com entusiasmo ao pú- para uma corte de namoro. [...] blico do cinema e à ideologia de suas narrativas: Até as crianças se fanatizam pelo shadowland. Os cinemas do interior reservam-lhes os bancos da “A última fita de William Hart dá a impressão dum frente, com entradas a 200 réis, e elas ali deliram, capítulo da ‘História de Carlos Magno e dos Doze torcendo como no futebol em favor do herói do dia Pares de França’, posto em linguagem e ambiente e aplaudindo-o com delírio no momento da vitória. modernos. [...] É pura cavalaria andante. É idea- Tom Mix, William Hart, Eddie Polo, Antonio Mo- lismo industrial dos melhores quilates. Ensina a reno e outros maravilhosos cowboys povoam hoje generosidade, a defesa do inocente, o castigo do os cérebros infantis, impregnando-os fortemente mau e a força invencível da boa causa. [...] E está num ideal novo. influenciando poderosamente a elaboração da Porque o cinema americano renova, ressurge a ca- mentalidade do nosso povo, o qual encontra afi- valaria andante, dá-lhe as formas atuais, lógicas nal uma escola. Jeca Tatu nela aprenderá a perdo- e modernas, conservando-lhe, porém, o espírito” ar com generosidade o erro dos fracos e a punir (Lobato, 1948b, pp. 20-1). com dureza o erro dos fortes. E aprenderá ainda a mover-se, a correr, a nadar, a ser homem com H A penetração do cinema mudo contrastava maiúsculo em todas as situações da vida. com as dificuldades enfrentadas pela indústria do O Brasil de amanhã não se elabora, pois, aqui. livro no país, fosse pelos preços de produção do Vem em películas de Los Angeles, enlatado como livro, fosse pelas elevadas taxas de analfabetismo. goiabada. E a dominação yankee vai se operando Enquanto o público potencial de leitores era re- de maneira agradável, sem que o assimilado o per- duzido a 20% ou 30% da população (a depender ceba” (Lobato, 1948b, pp. 21-3). do estado), o cinema alcançava também os analfa- betos e os imigrantes1. Embora atento ao alcance Não deve passar despercebido o tom menos dessa tecnologia e estimulado por suas potenciali- eufórico com que é feita a constatação final: o dades2, Lobato não deixou de notar que a mudança potencial de massificação dessa produção cultu- da linguagem narrativa ainda não trazia consigo ral traz, com o entretenimento, a possibilidade de uma transformação significativa no “espírito” des- aculturação e de dominação. O poder de sedução sa nova modalidade de produção cultural. Nesse do cinema não perturba a visão crítica do escritor, ícone da modernidade que era o cinema, Lobato aqui convertido em observador de um fenômeno apontava então a permanência de estruturas e va- cultural da maior importância para o século XX. lores tradicionais, encontrando raízes na cultura e nos valores medievais, como também nos renas- 2 centistas e românticos. O aspecto realmente novo identificado por ele residia no alcance dessa arte: O artigo “A Lua Córnea”, publicado pela pri- meira vez em 1920, está diretamente vinculado a um conjunto de aspectos centrais na obra e na 1 O conto “O Fisco” (Lobato, 1948a, pp. 52-66) faz uma crônica do processo de adaptação de famílias de imi- atuação profissional de Monteiro Lobato, dentre grantes italianos em bairros então periféricos de São os quais se destacam: de um lado, a reflexão sobre Paulo, destacando o contraste entre a pobreza e a falta de infraestrutura do Brás e a modernidade da Pauliceia. os efeitos dos processos de modernização social A diversão dessas famílias é garantida especialmente sobre grupos pobres ou minoritários e, de outro, o pelas comédias norte-americanas. esforço programático de estabelecimento de vín- 2 Com humor, ironia e boa dose de liberdade, o conto culos culturais entre a produção nacional e outras, “Marabá” (Lobato, 1948a, pp. 217-34) apresenta os efeitos da linguagem cinematográfica sobre leitores, espec- especialmente pan-americanas. tadores e escritores, prenunciando e potencializando Como editor, ao longo da década de 1920, Lo- transformações narrativas que estavam em ebulição na década de 1920 e cujos desdobramentos podem ser bato investiu no estabelecimento de vínculos com percebidos na produção literária desde então. a literatura hispano-americana; e ao mesmo tem- 22 Revista USP • São Paulo • n. 112 • p. 19-28 • janeiro/fevereiro/março 2017 po, atravessando também os anos 1930, investiu na Broca e outras narrativas de aventura e policiais, tradução de títulos da literatura norte-americana, gêneros usualmente menosprezados pela crítica. além de fazer dos Estados Unidos o tema e a am- Da extensa lista, destacamos: Caninos Brancos bientação de algumas de suas produções ficcio- (1933), O Lobo do Mar (1934), O Grito da Sel- nais3. Por meio desse duplo investimento, Lobato va (1935) e A Filha da Neve (1947), de Jack Lon- participou ativamente de um processo maior de don; Aventuras de Huck (1934), de Mark Twain; independência cultural do país especialmente com Pollyanna (1934), de Eleanor Porter; O Homem relação a Portugal e França. A palavra “indepen- Invisível (1934) e A Ilha das Almas Selvagens dência”, aqui, não pretende sugerir rompimento de (1935), de H. G. Wells; Moby Dick (1935), de Her- laços, mas construção de uma maior autonomia man Melville; Tarzan (1935), de Edgar Rice Bur- material e intelectual com relação a esses países, roughs; Scarface: O Tzar dos Gangsters (1935), por meio, por exemplo, da criação de condições de Armitage Trail; Por Quem os Sinos Dobram infraestruturais para a edição de livros no Brasil, (1942) e Adeus às Armas (1942), de Ernest Hemin- por meio da reavaliação das relações culturais gway; Diamante Negro, História de um Cavalo entre o Brasil e sua ex-metrópole, e por meio da (s/d), de Anna Sewell, dentre outros (cf. Lajolo, s/d; descoberta ou da construção de laços de identidade Bottmann, 2011). Lobato também traduziu outros com outros países do continente americano.
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