Catarina Rodrigues
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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR FACULDADE DE ARTES E LETRAS JORNALISMO PARTICIPATIVO: TECNOLOGIA,COMUNICAÇÃO E O PAPEL DO JORNALISTA Catarina Rodrigues Tese para obtenção do Grau de Doutor em Ciências da Comunicação (3ociclo de estudos) Orientador: Prof. Doutor João Canavilhas Co-orientadora: Prof.aDoutora Concha Edo Covilhã, Outubro de 2013 2 Conteúdo Introdução 17 I Enquadramento teórico 27 1 Web social: Participação e mobilidade 29 1.1 Sociedade, Web e Jornalismo.............. 29 1.2 A segunda era da World Wide Web.......... 36 1.3 Características dos espaços participativos....... 43 Blogs e microblogs ................... 43 Broadcast yourself ................... 49 Wikis ........................... 51 Redes sociais...................... 52 Espaços criados nos media profissionais........ 54 1.4 A comunicação móvel e sua influência nos espaços par- ticipativos........................ 59 2 A evolução do conceito de público 73 2.1 Fragmentação do espaço público............ 73 2.2 Públicos: diversidade e complexidade......... 84 2.3 Darwinismo digital................... 93 3 4 CONTEÚDO 3 Especificidades do jornalismo 97 3.1 Profissão: jornalista................... 105 3.2 Novas profissões e regras para a prática jornalística.. 116 3.3 Que valores para a noticiabilidade?........... 129 3.4 Fontes.......................... 135 3.5 A importância da mediação............... 144 3.6 Opening the gates .................... 151 3.7 Webjornalismo..................... 157 3.8 A promessa da interactividade............. 167 4 Para uma epistemologia do jornalismo participativo 177 4.1 Jornalismo público/cívico: antecendente do jornalismo participativo?...................... 177 4.2 Jornalismo participativo: clarificação do conceito... 189 4.3 A ascensão do prosumer ................ 199 OhmyNews: “Every Citizen is a Reporter” ....... 205 Soitu.es ......................... 208 Agoravox ........................ 209 Rue 89 .......................... 210 4.4 Jornalismo hiperlocal e participação.......... 212 Glocal e hiperlocal................... 214 Hiperlocal: sucessos e fracassos............ 217 II Investigação empírica 225 5 Metodologia da investigação 229 5.1 Corpus da análise de conteúdo............. 236 CONTEÚDO 5 6 Apresentação e discussão de resultados 249 6.1 Análise de conteúdo................... 249 Síntese conclusiva da análise de conteúdo....... 277 6.2 Inquéritos aos jornalistas................ 278 Síntese conclusiva dos inquéritos aos jornalistas.... 284 6.3 Entrevistas aos directores/editores dos jornais..... 285 Síntese conclusiva das entrevistas aos directores/editores dos jornais................... 296 Conclusão 301 Referências 309 Anexos 351 Anexo 1. Guião das entrevistas aos responsáveis do jornal. 351 Anexo 2. Entrevista a Octávio Ribeiro, director do Correio da Manhã ........................ 353 Anexo 3. Entrevista a João Marcelino e Pedro Tadeu, director e subdirector do Diário de Notícias ........... 357 Anexo 4. Entrevista a Manuel Molinos, editor executivo- adjunto do Jornal de Notícias online.......... 364 Anexo 5. Entrevista a Teresa Bizarro, editora online do jornal i ............................. 368 Anexo 6. Entrevista a Sergio Rodríguez Sánchez, responsável pela participação no jornal ElMundo.es ........ 372 Anexo 7. Entrevista a Lydia Aguirre, directora do ElPaís.com 376 Anexo 8. Entrevista a Toni Rubies, responsável pela secção “Participación” do jornal La Vanguardia ........ 383 Anexo 9. Entrevista a Gumersindo Lafuente, director do Soitu.es ............................. 387 Anexo 10. Inquérito sobre a participação dos cidadãos nos jornais online...................... 396 Anexo 11. Testes do Qui-Quadrado.............. 401 Anexo 12. Lector informador................. 402 Dedicatória Ao meu avô, que será sempre uma inspiração. 8 Jornalismo Participativo Agradecimentos Ao Professor Doutor João Canavilhas, orientador deste trabalho, por todo o apoio, conhecimento, incentivo, interesse e dedicação. À Professora Doutora Concha Edo, pela ajuda fundamental na realização de uma parte da pesquisa na Universidad Complutense de Madrid. Ao LabCom e ao seu director, Professor Doutor António Fidalgo, pela oportunidade de fazer parte da equipa desta unidade de investigação. Ao João Carlos Sousa, pela paciência e apoio com o SPSS. Ao Eduardo, por estar sempre ao meu lado. Aos meus pais, pelo apoio incondicional. Ao meu irmão, que apesar da distância esteve sempre perto. A todos os que em algum momento transmitiram uma palavra de confiança e força. 10 Jornalismo Participativo “O sistema jornalístico melhorará quando se tornar mais útil para as pessoas” Jay Rosen 12 Jornalismo Participativo Resumo A participação dos cidadãos no processo noticioso lança desafios ao jor- nalismo e leva a repensar conceitos determinantes como a mediação e o gatekeeping. Produzir e consumir informação, experiências que antes estavam bem definidas, confundem-se agora numa ambivalência que le- vou a designações como produser (Bruns, 2008) e prosumer (Jenkins, 2008). Os gatewatchers (Bruns, 2005) impõem-se aos tradicionais ga- tekeepers e a visibilidade dos temas pode ser determinada pelos utiliza- dores (Singer, 2013) num espaço público cada vez mais fragmentado. Um dos caminhos seguidos pelos jornais online passou por criar secções dedicadas à publicação de conteúdos gerados pelos utilizado- res, uma possibilidade que aparece identificada com o “jornalismo do cidadão” (Gillmor, 2005; Rosen, 2008; Thurman, 2008) ou “jornalismo participativo” (Bowman and Willis, 2003; Domingo et al, 2007; Singer et al, 2011), entre outros conceitos que identificam práticas semelhantes no contexto da web 2.0. Este trabalho passa por analisar as características do conteúdo pu- blicado pelos cidadãos nos espaços que os seguintes jornais online de Portugal e Espanha proporcionam: Correio da Manhã, Diário de Notí- cias, jornal i, Jornal de Notícias, El País, El Mundo e La Vanguardia. Verificar se existem elementos característicos da prática jornalística, ou seja, se os cidadãos fazem jornalismo nos espaços denominados “jor- nalismo cidadão”, é um dos nossos principais objectivos. Os resultados assinalam que os conteúdos observados não se identificam com os pro- cedimentos básicos do jornalismo, fundamentais para garantir a credi- bilidade da informação. A capacidade dos cidadãos para participar no processo noticioso po- deria revigorar a esfera pública (Haas, 2007; Papacharissi, 2009; Her- mida, 2011), mas essa ideia, bem como os desafios ao jornalismo tra- dicional apresentados por este tipo de práticas, estão ainda longe de cumprir as promessas iniciais. Palavras-chave: participação, jornalismo, cidadãos, web 2.0. 14 Jornalismo Participativo Abstract The participation of citizens in the news process challenges journalism and requires the rethinking of concepts such as mediation and gateke- eping. To produce and to consume information, experiences that were previously well defined, are now confused in an ambivalence that led to designations as produser (Bruns, 2008) and prosumer (Jenkins, 2008). The gatewatchers (Bruns, 2005) impose to the traditional gatekeepers and the visibility of the issues can be determined by users (Singer, 2013) in a public space increasingly fragmented. One of the paths followed by online newspapers was to create sec- tions devoted to the publication of user-generated content, a possibility that appears identified with the “citizen journalism” (Gillmor, 2005; Ro- sen, 2008; Thurman, 2008) or the “participatory journalism” (Bowman and Willis, 2003; Domingo et al, 2007; Singer et al, 2011), among other concepts that identify similar practices in the context of web 2.0. This work involves analyzing the characteristics of the content pu- blished by the citizens in the spaces that the following online newspa- pers from Portugal and Spain provide: Correio da Manhã, Diário de Notícias, jornal i, Jornal de Notícias, El País, El Mundo and La Van- guardia. Checking for characteristic elements of journalistic practice, ie, if citizens do journalism in spaces called “citizen journalism”, is one of our main objectives. The results show that the contents do not identify with the basic procedures of journalism needed to ensure the credibility of the infor- mation. The ability of citizens to participate in the news process could reinvigorate the public sphere (Haas, 2007; Papacharissi, 2009; Her- mida, 2011), but this idea, as well the challenges to traditional journa- lism presented by such practices, are still far from fulfill initial promi- ses. Keywords: Participation, journalism, citizens, web 2.0. 16 Jornalismo Participativo Introdução “Usted tiene madera de periodista”1. Este foi o título de um anúncio publicado no diário espanhol La Voz de Madrid, em 1935, por uma agência de notícias que procurava profissionais para “um serviço de re- portagens por toda a Espanha”. É interessante observar que o texto começa por dizer que “todos somos jornalistas”. Entre os requisitos so- licitados assinala-se a “facilidade de escrita, cultura e sagacidade para descobrir onde está o interesse”. Prometia-se um pagamento significa- tivo para este trabalho que até podia ser desenvolvido de forma “anó- nima”. Não deixam de ser curiosas as semelhanças com temas que hoje lançam desafios ao jornalismo profissional e que passam pelo papel de- senvolvido pelos próprios cidadãos, até porque, nos últimos anos, não raras vezes, foram eles que captaram e difundiram imagens e informa- ções sobre acontecimentos relevantes. O impacto das novas tecnologias sente-se na sociedade em geral e nos meios de