Instituto Superior de Engenharia do Porto Departamento de Engenharia Informática Ramo de Computadores e Sistemas Projecto 5º Ano

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social

Autor/Número Sérgio Francisco dos Santos Morais / 990348

Orientador Dr. Constantino Martins

Porto, Setembro de 2004

Agradecimentos

“Não há no mundo exagero mais belo que a gratidão” La Bruyère (escritor francês 1645-1695)

Aproveito este espaço para agradecer a todas as pessoas que directamente ou indirectamente contribuíram e me ajudaram na elaboração deste projecto, pelo seu apoio e incentivo, com um agradecimento especial:

ü Ao meu orientador Dr. Constantino Martins, pelo interesse, ajuda e apoio que me prestou. Pela disponibilidade que teve para esclarecimento de dúvidas que foram surgindo e para a revisão das diversas versões do projecto;

ü Ao Eng.º Paulo Ferreira pela ajuda que me deu na parte final do projecto;

ü Ao Eng.º Carlos Vaz de Carvalho pela autorização concedida para a entrega dos inquéritos aos alunos. Pela revisão do inquérito e pelas suas sugestões;

ü À Eng.ª Bertil Marques e ao Eng.º António Costa pela entrega e recolha dos inquéritos aos seus alunos;

ü Aos alunos que preencheram os inquéritos;

ü À minha família e amigos pela motivação e incentivo que me deram e pela paciência que tiveram para suportar dias e noites sem a minha atenção.

A todos o meu muito obrigado.

I

Resumo

Vivemos numa sociedade cada vez mais tecnológica, em que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) tem um papel importante e decisivo. As TIC fazem parte integrante do nosso quotidiano ao ponto de ser quase impossível viver sem elas. Muitas das nossas tarefas diárias dependem e continuarão a depender dessas tecnologias. Estão em todo o lado, nas nossas casas, nas escolas, nos locais de trabalho e de lazer, etc.. São várias as suas aplicações praticas, englobando diversas áreas de actividade, desde a educação à medicina, passando pela própria administração pública. O termo “Sociedade da Informação” (SI) faz cada vez mais parte do nosso vocabulário. A SI é uma reorganização da sociedade que põe, nessa mesma sociedade, a informação em primeiro lugar e que se apoia nas TIC para a difusão dessa informação [4]. É importante mudarmos a nossa mentalidade para acompanharmos esta nova evolução da sociedade que se está a viver e a sentir. Mas, se umas pessoas têm condições e adaptam-se facilmente a esta nova realidade, o mesmo já não se poderá dizer de outras que, por vários motivos tem mais dificuldades em acompanhar, originando uma maior desigualdade entre as pessoais e as classes sociais. Criam-se dois grupos de pessoas completamente distintos: os incluídos e os excluídos da era digital. Para tentar diminuir este grupo de risco (os excluídos digitais) e permitir que um maior número possível de pessoas tenham as mesmas possibilidades e condições de acesso às TIC, algumas medidas e iniciativas já foram postas em pratica, mas muitas ainda não passaram do “papel”. Medidas essas, que devem ser tomadas principalmente ao nível da formação nas escolas, para fomentar os estudantes para o contacto com as TIC. Não podemos ver as tecnologias apenas pelo seu lado positivo, porque também apresentam alguns problemas tecnológicos, filosóficos e sociais que impedem a inclusão digital e favorecem a exclusão social.

II

Relativamente ao estudo feito aos alunos do 1º ano do Departamento de Engenharia Informática (DEI) do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), verifica-se que, antes de entrarem nesta Instituição de Ensino Superior (IES), não eram excluídos digitais no que respeita a computadores, Internet e telemóveis. Os alunos têm boas possibilidades de acesso a estas tecnologias, quer em suas casas, quer noutros locais. O ISEP contribui muito para o aumento dos conhecimentos dos alunos, fundamentalmente em computadores e na Internet.

III

Índice de matérias

Agradecimentos...... I Resumo...... II Índice de matérias...... IV Lista de figuras...... VIII Lista de tabelas...... X Lista de abreviaturas...... XI Prefácio...... XII 1 - Introdução...... 1 1.1 - Objectivos ...... 1 1.2 - Enquadramento...... 1 1.3 - Motivação...... 2 1.4 – Organização do relatório...... 3 1.5 - Resumo...... 5 2 – Tecnologias da Informação e Comunicação...... 6 2.1 - Evolução histórica...... 6 2.2 – Definição ...... 8 2.3 – Análise ...... 11 2.4 – Internet...... 12 2.5 – Impacto na sociedade e nas organizações ...... 12 2.6 – Algumas aplicações praticas ...... 13 2.6.1 – Teletrabalho...... 13 2.6.2 – Comércio electrónico (e-commerce) ...... 14 2.6.3 – Videoconferência ...... 14 2.6.4 – Informática médica ...... 15 2.6.5 – Telemóvel...... 15 2.6.6 – Ensino à distância (e-learning)...... 16 2.7 – Resumo...... 16 3 – Os números das Tecnologias da Informação e Comunicação ...... 18

IV

3.1 – As TIC em Portugal...... 18 3.1.1 – Condições perante o trabalho...... 18 3.1.2 – Grupo etário...... 19 3.1.3 – Nível de escolaridade...... 20 3.1.4 – Local de utilização...... 22 3.1.5 – Nas escolas de ensino não superior...... 23 3.1.6 – Nos agregados domésticos, por região ...... 23 3.1.7 – Nos agregados domésticos em geral ...... 24 3.1.8 – Densidade telefónica ...... 25 3.2 – Índice de acesso digital no mundo...... 26 3.3 – O uso da Internet no mundo...... 27 3.4 – Resumo...... 29 4 – Sociedade da Informação...... 30 4.1 – Definição ...... 30 4.2 – Implicações...... 31 4.2.1 – Nos postos de trabalho...... 31 4.2.2 – Na sociedade em geral ...... 32 4.3 – A construção da SI em cada país ...... 33 4.4 – A importância da segurança dos dados na SI ...... 33 4.5 – Resumo...... 34 5 – Exclusão Social...... 35 5.1 – Definição ...... 36 5.2 – Exclusão digital...... 36 5.2.1 – Definição ...... 37 5.2.2 – Exclusão Social vs Exclusão Digital...... 37 5.2.3 – Problemas e consequências...... 39 5.2.4 – Causas...... 40 5.2.5 – Alguns números...... 41 5.3 – Inclusão digital ...... 43 5.3.1 – Preocupações de Portugal ...... 45 5.4 – Algumas questões...... 46 5.5 - Resumo...... 51

V

6 – Combate à exclusão digital...... 54 6.1 – Motivos para combater ...... 54 6.2 – Formas de combate ...... 55 6.2.1 – Maior disponibilidade nos pontos de acesso públicos...... 56 6.2.2 – Apostar na formação ...... 57 6.2.3 - Integração das TIC nas escolas de ensino obrigatório...... 62 6.2.4 – Doação de equipamentos...... 70 6.2.5 – Uso de sistemas operativos e outras aplicações gratuitas...... 70 6.2.6 - Governo electrónico (e-government)...... 72 6.2.7 - Uma maior acessibilidade às pessoas com necessidades especiais....73 6.2.8 – Baixo custo do hardware e software e no acesso à Internet ...... 81 6.2.9 – Promoção de conteúdos multilíngues e úteis ...... 81 6.2.10 – Uma maior interesse e participação das empresas...... 82 6.3 – Iniciativas nacionais ...... 83 6.3.1 – “Aveiro Digital”...... 83 6.3.2 – “Projecto Ágora”...... 84 6.3.3 – “Espaços Internet” ...... 84 6.3.4 – “Comunidades em movimento”...... 85 6.3.5 – “Comité para Democratização da Informática” (CDI)...... 85 6.3.6 – “Maia Digital” ...... 86 6.4 – Iniciativas internacionais...... 88 6.4.1 – Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação...... 88 6.4.2 – eEurope...... 90 6.5 – Resumo...... 93 7 – Pontos negativos das tecnologias...... 96 7.1 – Problemas das tecnologias...... 97 7.1.1 - Custos elevados das tecnologias...... 97 7.1.2 - Má usabilidade das aplicações...... 99 7.1.3 - Novo e ambíguo vocabulário tecnológico...... 100 7.1.4 - Excesso e fraca qualidade da informação na Internet...... 101 7.1.5 - Abuso das imagens e elementos gráficos como atracção visual ...... 101 7.1.6 - Preservação da informação limitada temporariamente...... 102

VI

7.1.7 - Saber mais acerca das tecnologias, e não só saber como se usa ....102 7.1.8 - Isolamento das pessoas do mundo real como uma das causas da exclusão social ...... 103 7.1.9 – Burlas informáticas, ameaças à segurança dos sistemas e à privacidade dos dados...... 104 7.2 – Resumo...... 105 8 - Metodologia...... 107 8.1 – Objectivos...... 107 8.2 - Recolha dos dados...... 108 8.3 – Resultados e análises ...... 108 8.3.1 – Interpretação dos resultados...... 109 8.4 – Resumo e conclusões finais...... 120 9 - Conclusão...... 121 9.1 – Considerações pessoais ...... 124 9.2 – Desenvolvimentos futuros...... 125 10 - Glossário...... 127 11 - Referências...... 136 Anexo...... 142

VII

Lista de figuras

FIGURA 1 – A RELAÇÃO ENTRE AS TI E AS TIC...... 10

FIGURA 2 – EXEMPLOS DE HARDWARE E SOFTWARE NECESSÁRIO PARA O SISTEMA DE

VIDEOCONFERÊNCIA...... 14

FIGURA 3 – GRÁFICO DA UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR E DA INTERNET POR GRUPO ETÁRIO....19

FIGURA 4 – GRÁFICO DA UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR E DA INTERNET POR NÍVEL DE

ESCOLARIDADE ...... 21

FIGURA 5 – GRÁFICO DA UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR E DA INTERNET POR LOCAL DE

UTILIZAÇÃO...... 22

FIGURA 6 – GRÁFICO DA UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR E DA INTERNET NOS AGREGADOS

FAMILIARES...... 24

FIGURA 7 – GRÁFICO DA DENSIDADE TELEFÓNICA...... 25

FIGURA 8 – CRESCIMENTO DO NÚMERO DE UTILIZADORES NA INTERNET POR PAÍSES...... 27

FIGURA 9 – EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE SERVIDORES NA INTERNET...... 28

FIGURA 10 – SERVIDORES INTERNET POR MIL HABITANTES...... 28

FIGURA 11 – O USO DO COMPUTADOR E DA INTERNET POR LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA NO

MUNDO EM 1999 E 2002...... 42

FIGURA 12 – A RELAÇÃO ENTRE INCLUÍDOS E EXCLUÍDOS DIGITAIS ...... 44

FIGURA 13 – DESEMPENHO DOS ALUNOS NUMA PROVA RELACIONANDO TER OU NÃO TER

COMPUTADOR...... 49

FIGURA 14 – DESEMPENHO DOS ALUNOS NUMA PROVA RELACIONANDO TER OU NÃO TER ACESSO

À INTERNET...... 49

FIGURA 15 – O USO DO COMPUTADOR E DA INTERNET NOS SECTORES DE ACTIVIDADE...... 50

FIGURA 16 – COMPUTADORES COM ACESSO À INTERNET NUM LOCAL DE ACESSO PÚBLICO...... 56

FIGURA 17 – AS TIC E OS IDOSOS ...... 58

FIGURA 18 – OS IDOSOS E O INTERESSE NAS TIC...... 60

FIGURA 19 – AS TIC E AS CRIANÇAS ...... 61

FIGURA 20 – OS COMPUTADORES NAS ESCOLAS ...... 62

VIII

FIGURA 21 – EVOLUÇÃO DO NÚMERO MÉDIO DE ACESSOS DIÁRIOS Á INTERNET NAS ESCOLAS..66

FIGURA 22 – EXEMPLO DE UM “ESPAÇO INTERNET” EM PENEDONO...... 85

FIGURA 23 – O PRESIDENTE DA ONU, KOFI ANNAN, NO DISCURSO DE ABERTURA DA CIMEIRA

MUNDIAL SOBRE A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO...... 88

FIGURA 24 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 1 DO INQUÉRITO...... 110

FIGURA 25 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 2 DO INQUÉRITO...... 111

FIGURA 26 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 3 DO INQUÉRITO...... 112

FIGURA 27 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 4 DO INQUÉRITO...... 113

FIGURA 28 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 5 DO INQUÉRITO...... 115

FIGURA 29 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 6 DO INQUÉRITO...... 116

FIGURA 30 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 7 DO INQUÉRITO...... 117

FIGURA 31 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 8 DO INQUÉRITO...... 118

FIGURA 32 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 9 DO INQUÉRITO...... 119

IX

Lista de tabelas

TABELA 1 – O USO DO COMPUTADOR E DA INTERNET PELAS CONDIÇÕES PERANTE O

TRABALHO ...... 18

TABELA 2 – O USO DO COMPUTADOR E DA INTERNET POR GRUPO ETÁRIO...... 19

TABELA 3 – O USO DO COMPUTADOR E DA INTERNET POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE...... 20

TABELA 4 – O USO DO COMPUTADOR E DA INTERNET POR LOCAL DE UTILIZAÇÃO. ..22

TABELA 5 – COMPUTADORES DISPONÍVEIS E COM ACESSO À INTERNET NAS ESCOLAS

DE ENSINO NÃO SUPERIOR, POR TIPO DE ESTABELECIMENTO...... 23

TABELA 6 – POSSE DE COMPUTADOR E LIGAÇÃO À INTERNET NOS AGREGADOS

DOMÉSTICOS, POR REGIÃO...... 23

TABELA 7 – POSSE DE COMPUTADOR E LIGAÇÃO À INTERNET DOS AGREGADOS

DOMÉSTICOS...... 24

TABELA 8 – DENSIDADE TELEFÓNICA (ACESSOS TELEFÓNICOS PRINCIPAIS E SERVIÇO

MÓVEL TERRESTRE)...... 25

TABELA 9 – ÍNDICE DO ACESSO DIGITAL EM 2002...... 26

TABELA 10 – TABELA EXEMPLO PARA EXPLICAÇÃO NA APRESENTAÇÃO DOS

RESULTADOS ...... 109

TABELA 11 – RESULTADOS ESTATÍSTICOS DA QUESTÃO 1 DO INQUÉRITO...... 109

TABELA 12 – RESULTADOS ESTATÍSTICOS DA QUESTÃO 2 DO INQUÉRITO...... 110

TABELA 13 – RESULTADOS ESTATÍSTICOS DA QUESTÃO 3 DO INQUÉRITO...... 112

TABELA 14 – RESULTADOS ESTATÍSTICOS DA QUESTÃO 4 DO INQUÉRITO...... 113

TABELA 15 – RESULTADOS ESTATÍSTICOS DA QUESTÃO 5 DO INQUÉRITO...... 114

TABELA 16 – RESULTADOS ESTAT ÍSTICOS DA QUESTÃO 6 DO INQUÉRITO...... 116

TABELA 17 – RESULTADOS ESTATÍSTICOS DA QUESTÃO 7 DO INQUÉRITO...... 117

TABELA 18 – RESULTADOS ESTATÍSTICOS DA QUESTÃO 8 DO INQUÉRITO...... 118

TABELA 19 – RESULTADOS ESTATÍSTICOS DA QUESTÃO 9 DO INQUÉRITO...... 119

X

Lista de abreviaturas

Ao longo deste projecto utilizaram-se diversas siglas que se descrevem na lista seguinte, juntamente com o seu significado:

TI Tecnologias da Informação TIC Tecnologias da Informação e Comunicação SI Sociedade da Informação INE Instituto Nacional de Estatística RCTS Rede Ciência Tecnologia e Sociedade RCCN Rede da Comunidade Científica Nacional UMTS Universal Mobile Telecommunication System GSM Global System for Mobile Communication ME Ministério da Educação IST Instituto Superior Técnico PCD Portal do Cidadão com Deficiência UIT União Internacional de Telecomunicações REFER Rede Ferroviária Nacional UMIC Unidade de Missão, Inovação e Conhecimento CPS Centro de Políticas Sociais FGV Fundação Getúlio Vargas CDI Comité para a Democratização da Informática UE União Europeia ONU Organização das Nações Unidas ISEP Instituto Superior de Engenharia do Porto IPP Instituto Politécnico do Porto DEI Departamento de Engenharia Informática FCCN Fundação para a Computação Científica Nacional IES Instituição de Ensino Superior

XI

Prefácio

O presente projecto foi realizado no 2º semestre do ano lectivo de 2003/2004, no âmbito da cadeira de Projecto do 5º ano da Licenciatura em Engenharia Informática do ISEP, escola do Instituto Politécnico do Porto (IPP). Apresenta as vantagens e a importância das TIC, analisa o problema da exclusão social, em particular a exclusão digital causado pela crescente propagação das TIC no dia a dia. Dá a conhecer as causas, algumas formas de combate à exclusão digital e o que tem sido feito para isso. Faz uma análise crítica dos “defeitos” das tecnologias. Apresenta também um caso pratico que, entre outros objectivos, pretende saber o nível de conhecimento e de uso das TIC, que os alunos do 1º ano do DEI apresentavam antes de entrarem no ISEP. Para a elaboração deste projecto foram usadas várias fontes de informação, incluindo a maior de todas, a Internet, além de alguns livros técnicos da área das TIC. É dado maior destaque e importância aos computadores e em particular a Internet, porque são as que mais tem interesse de analisar neste projecto. Tentou-se ao máximo apresentar a informação de uma forma clara e organizada para uma melhor exposição do tema, bem como para uma melhor interpretação dos leitores. Por norma, a escrita de palavras e expressões em inglês são assinalados no formato itálico, como por exemplo, software. Todos os textos adaptados são devidamente assinalados e referenciados no capítulo “Referências”. Além de alguns textos adaptados, muito frequentemente são dadas opiniões de forma a valorizar ainda mais este trabalho.

XII

Introdução

1 - Introdução

Este capítulo introdutório consiste basicamente na apresentação do projecto. Indica os seus objectivos, o enquadramento, as motivações pessoais e institucionais que levaram a realizar este projecto. Depois segue-se uma descrição da organização do projecto, incluindo o n.º de capítulos e a descrição de cada um, bem como algumas normas usadas. Por fim, é feito um resumo deste capítulo.

1.1 - Objectivos

Este projecto tem como objectivo analisar o problema da exclusão social, e em particular a exclusão digital causada pela crescente propagação das TIC. Pretende investigar as causas da exclusão digital, as suas formas de combate e quais as iniciativas que promovem a inclusão digital. Pretende também saber o nível de conhecimento e de uso das TIC que os alunos do 1º ano do departamento de Informática de uma IES1, apresentavam antes de entrarem nessa IES. Saber qual a contribuição que a IES deu para a inclusão digital dos alunos e perceber quais as tecnologias que esses alunos tem sempre ao seu dispor em sua casa ou noutro local, sempre que necessitem.

1.2 - Enquadramento

Estamos a atravessar uma nova era, a era do conhecimento e da informação, na qual as TIC tem um papel fundamental e decisivo. O funcionamento da SI depende dessas mesmas tecnologias e da crescente propagação das redes digitais de informação. A globalização permite que as pessoas estejam cada vez mais unidas, mais unificadas. Permite também que o longe se faça perto e que a informação chegue

1 A IES escolhida foi o ISEP, porque neste caso é a que tem mais interesse em analisar.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 1

Introdução depressa quando e onde nós queremos. Provoca um melhoramento notável da qualidade de vida das pessoas. As TIC ligam cada vez mais as pessoas à escala mundial, permitindo a criação e a troca de grandes quantidades de informação e um aumento do conhecimento colectivo [7]. Mas, infelizmente, por diversas razões nem todos tem as mesmas possibilidades de aceder, nem de usufruir das vantagens das TIC. Isso cria um grupo de risco que é considerado de excluído do mundo digital. O contraste é mais acentuado entre os chamados países industrializados e os do terceiro mundo. Mas, também dentro de um mesmo país pode haver contrastes acentuados. É fundamental criar condições de igualdade no acesso às TIC, para que todos possam tirar partido dos seus benefícios e ao mesmo tempo combater as causas que levam a novas formas de exclusão do conhecimento. São algumas as iniciativas e propostas do governo que já foram postas em pratica, mas mesmo assim ainda há um longo caminho a percorrer.

1.3 - Motivação

O que me levou a escolher este projecto foi o facto de ser um tema de estudo interessante, actual e desafiador. Também porque abrange uma das minhas áreas de interesse, as TIC. Também para a própria IES na qual pertenço como aluno (ISEP) e em particular para o DEI, este projecto é uma importante ferramenta de estudo e de análise, pois permite reflectir e compreender melhor a problemática da exclusão digital (causas, consequências para a sociedade, formas de combate e o que tem sido feito para reduzir este problema). Pelo o que eu sei, o DEI do ISEP ainda não fez nenhum estudo sobre este assunto, ou se fez, pelo menos não o expôs publicamente. Este pode muito bem ser o ponto de partida e uma fonte de incentivo para que, no futuro se faça um estudo ainda mais elaborado sobre este assunto, incluindo dados estatísticos de todos os alunos do ISEP através de um inquérito, tal como foi feito para este projecto (ver anexo). É importante que esses mesmos

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 2

Introdução resultados sejam expostos e analisados publicamente para o conhecimento de todos. Tendo o DEI como função dar formação em Informática, é importante saber se os seus novos alunos são ou não excluídos digitais e se estão minimamente preparados para frequentar o curso. A exclusão digital é um tema importante de análise e reflexão, apesar de ainda não ser tão divulgado entre nós como devia de ser.

1.4 – Organização do relatório

A estrutura deste projecto encontra-se dividida em onze capítulos, que a seguir se descrevem:

· O primeiro capítulo, de nome “Introdução” são apresentados os objectivos do projecto, o enquadramento, as motivações pessoais e institucionais e a sua organização; · O segundo capítulo, de nome “Tecnologias da Informação e Comunicação” faz uma abordagem às TIC. Descreve a sua evolução histórica, algumas das possíveis definições, importância, impacto e implicações nas organizações e na sociedade em geral. São também referidas algumas das aplicações praticas das TIC no dia a dia (teletrabalho, comércio electrónico, videoconferência, Informática médica, telemóvel e ensino à distância); · O terceiro capítulo, de nome “Os números das Tecnologias da Informação e Comunicação” é a continuação do anterior. É basicamente um capítulo estatístico, que apresenta a taxa de uso das TIC em Portugal, através de vários critérios (grupo etário, condições perante o trabalho, nível de escolaridade, etc.). Apresenta também o índice de acesso digital e o uso da Internet no Mundo; · O quarto capítulo, de nome “Sociedade da Informação” é o mais pequeno e foca essencialmente o conceito de SI e a sua relação com as TIC. São apresentadas algumas das suas definições e as implicações nos postos de trabalho e na sociedade em geral;

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 3

Introdução

· O quinto capítulo, de nome “Exclusão Social” é um dos principais, porque centra-se propriamente no tema do projecto. Foca o problema da exclusão social e em particular a exclusão digital. Apresenta algumas das possíveis definições de exclusão social e exclusão digital e a relação entre as ambas. São também referidas algumas das causas, problemas e consequência da exclusão digital, as suas formas de combate e o que tem sido feito para isso; · O sexto capítulo, de nome “Combate à exclusão digital” é a continuação do anterior, porque dá ênfase às formas de combate à exclusão digital, bem como a descrição de algumas iniciativas nacionais e internacionais que tem sido postas em pratica para minimizar este problema; · O sétimo capítulo, de nome “Pontos negativos das tecnologias” apresenta uma análise crítica dos “defeitos” das tecnologias. Descreve alguns problemas tecnológicos, filosóficos e sociais que impedem a inclusão digital e favorecem a exclusão social. · O oitavo capítulo, de nome “Metodologia” acompanha as abordagens teóricas feitas nos capítulos anteriores. Apresenta os resultados estatísticos e a análise de um inquérito realizado aos alunos do 1º ano do DEI do ISEP; · O nono capítulo, de nome “Conclusão”, apresenta uma conclusão geral de todo o projecto. Inclui também as considerações pessoais e os possíveis desenvolvimentos futuros; · O décimo capítulo, de nome “Glossário”, apresenta um pequeno glossário de alguns termos técnicos relacionados com as TIC, sendo muitos deles utilizados neste projecto; · Por fim, o décimo primeiro e ultimo capitulo, de nome “Referências”, lista as fontes das citações usadas neste projecto.

A acompanhar os capítulos, encontra-se em anexo o enunciado do inquérito feito aos alunos, que foi usado para a metodologia. No final de cada capítulo existe um subcapítulo que resume o respectivo capítulo.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 4

Introdução

1.5 - Resumo

Este projecto tem como objectivo analisar o problema da exclusão social, e em particular a exclusão digital causada pela crescente propagação das TIC. Pretende investigar as causas da exclusão digital, as suas formas de combate e quais as iniciativas que promovem a inclusão digital. Pretende também saber o nível de conhecimento e de uso das TIC que os alunos do 1º ano do departamento de Informática de uma IES, apresentavam antes de entrarem nessa IES. Saber qual a contribuição que a IES deu para a inclusão digital dos alunos e perceber quais as tecnologias que esses alunos tem sempre ao seu dispor em sua casa ou noutro local, sempre que necessitem. O que me levou a escolher este projecto foi o facto de ser um tema de estudo interessante, actual e desafiador. Também porque abrange uma das minhas áreas de interesse, as TIC. Também para a própria IES na qual pertenço como aluno (ISEP) e em particular para o DEI, este projecto é uma importante ferramenta de estudo e de análise. Tendo o DEI como função dar formação em Informática, é importante saber se os seus novos alunos são ou não excluídos digitais e se estão minimamente preparados para frequentar o curso. O projecto é constituído por onze capítulos e por um anexo que contem o enunciado do inquérito usado para o estudo pratico.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 5

Tecnologias da Informação e Comunicação

2 – Tecnologias da Informação e Comunicação

“Todo o esforço técnico e científico só tem sentido quando dirigido ao Homem e ao seu destino” Albert Einstein

Este capítulo tem como objectivo fazer um breve estudo sobre as TIC. Apresenta uma evolução histórica da tecnologia até aos nossos dias, algumas das possíveis definições de TIC, bem como a explicação de cada uma das palavras que constitui a sua sigla. É feita uma análise das TIC, incluindo a sua importância e as vantagens. Segue-se uma pequena descrição sobre a Internet e a sua importância como meio de difusão da informação e do conhecimento. É analisado o impacto que as TIC causam na sociedade e nas organizações, bem como uma breve descrição de algumas das suas aplicações praticas no dia a dia. Por fim, é feito um resumo do capítulo.

2.1 - Evolução histórica

Historicamente, um dos maiores impactos a nível da comunicação foi o aparecimento do telégrafo2 e, principalmente do telefone3, com a transmissão oral de informação, o que evitava a deslocação das pessoas e proporcionava uma maior flexibilidade na comunicação privada entre empresas (primeira revolução das comunicações, segunda vaga de inovações - ciclo K2 de Kondratiev4). Uma das grandes desvantagens existentes era a dificuldade em ultrapassar grandes distâncias, o que impossibilitava uma rápida difusão. Esta situação veio a ser perspectivada de uma forma completamente diferente com a invenção do

2 Inventado por Samuel Morse em 1838. 3 Inventado por Alexander G. Bell em 1876. 4 Economista russo que na década de 20 sugeriu ciclos económicos de maior período (da ordem das 5 décadas e meia).

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 6

Tecnologias da Informação e Comunicação telégrafo sem fios5 e das emissões rádio intercontinentais em 1915 (segunda revolução das comunicações, terceira vaga de inovações – ciclo K3). Em 1956 surgiu o telefax que possibilitou a transmissão de documentos através de um dispositivo de codificação/descodificação com output em papel. Com este equipamento surgiram novas possibilidades nas comunicações à distância. Trouxe muitas vantagens para as empresas, facilitando a transacção de documentação de caracter comercial entre clientes e fornecedores. Em 1958, os EUA lançavam o primeiro satélite activo para telecomunicações (Score), seguido pelo Telstar para comunicações entre os EUA, Europa e o Japão (terceira revolução das comunicações, quarta vaga de inovações – ciclo K4) [2]. A descoberta dos materiais semicondutores e a tecnologia dos sistemas digitais proporcionou que a partir dos anos 60 se dessem os primeiros passos numa nova era tecnológica que facilitou o aparecimento e aperfeiçoamento de novos meios de comunicação, tal como o computador, fax, modems e as redes. Um longo caminho foi percorrido depois da transformação do telefone no principal meio de comunicação, pessoa ou de negócios, nas décadas de 70 e 80. Hoje, a primeira geração de comunicações digitais electrónicas está bem implantada. Deu-se o desenvolvimento dos meios e das capacidades dos sistemas de informação e de telecomunicações [2]. Com recente avanço tecnológico das telecomunicações, da Informática e em particular com a chegada da Internet em meados dos anos 90, assistimos a um aumento nunca imaginado no volume de informações que circulam à escala mundial. Alguns autores afirmam tratar-se de uma “revolução informacional”, comparada à revolução industrial nos séculos XVIII e XIX. A Internet seria um veículo revolucionário, assim como o foi a locomotiva a vapor na revolução industrial [60]. Estas tecnologias começaram a aparecer quando o Homem descobriu que a informação podia ser digitalizada para conseguir que esta seja armazenada, duplicada e transmitida de uma forma fácil, barata e à escala global. Para isso, são necessárias tecnologias de computação (computadores) para ler, processar, armazenar e debitar informação; tecnologias da comunicação (telefones, satélites,

5 Inventado por G. Marconi em 1896.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 7

Tecnologias da Informação e Comunicação etc.) para retransmitir essa informação e pessoas que consigam transformar essa informação em conhecimento [27].

2.2 – Definição

Antes de definirmos as TIC, é melhor começar por explicar o significado de cada uma das 3 palavras que compõem a sigla, bem como a relação existente entre Tecnologias de Informação (TI) e as TIC:

Tecnologia A letra T refere-se a “Tecnologia” e tem origem nas seguintes palavras gregas: techné6 e logia7. Técnicas são meios e processos de actuar sobre objectos reais, com base em conhecimentos adequados geralmente fundamentados na ciência. Daí resulta que tecnologia é o conhecimento voltado para a prática (saber fazer), conhecimento esse, adquirido e organizado em relação a uma determinada área de intervenção do ser humano na realidade que o cerca [3]. Ou, por outras palavras, é a capacidade de solucionar problemas e de responder às necessidades [9]. Por conseguinte, enquanto as técnicas são os meios e os processos de actuar na realidade, as tecnologias são os conhecimentos em que esses meios e processos de actuação se baseiam.

Informação A letra I refere-se a “Informação”, que é uma das características mais marcantes da era em que vivemos. É também marcante a forma como ela é trabalhada, como circula e é difundida na imprensa, televisão, publicidade, meios informáticos, etc. [3]. Ao longo dos últimos anos foi sendo correctamente sustentada a ideia que a Informação é um dos principais recursos que uma organização possui para fazer

6 de onde originou a palavra “técnica” (saber fazer). 7 Conhecimento organizado e que deu origem à terminação de muitas áreas científicas como a Biologia, Geologia, Ecologia, etc.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 8

Tecnologias da Informação e Comunicação face às contínuas exigências do mercado e, em ultima análise, ao seu próprio sucesso [39]. De uma forma resumida, Informação é um conjunto de dados articulados entre si, com sentido ou significado [3].

Comunicação A letra C refere-se a “Comunicação” de dados por meios electrónicos, normalmente a uma distância considerável. É muitas vezes implementada por redes de equipamentos de envio e recepção de dados, com ou sem fios e ligações por satélite.

Tecnologias de Informação (e Comunicação) Tecnologias de Informação são como a expressão indica, tecnologias que têm a ver com o tratamento da informação. Consistem em processos de tratamento, controlo de informação, baseados fundamentalmente em meios electrónicos (computadores ou sistemas informáticos). É quase sinónimo de Informática. Mas, informação implica comunicação. De tal modo, esta relação entre informação e comunicação é importante que, actualmente, a tendência é utilizar- se a designação de TIC em vez de apenas TI, uma vez que o tratamento da informação cada vez mais se articula com os processos de transmissão ou comunicação dessa informação ou comunicação dessa informação de uns locais para outros, a pequenas ou grandes distâncias [3]. A combinação das tecnologias de informação com as tecnologias de comunicação torna possível o desempenho de certas actividades e da transmissão da informação em qualquer localização geográfica [2]. Para esses processos de transmissão normalmente usam-se redes de comunicação, compostas por canais através dos quais a informação viaja, podendo ser originada e dirigida a telefones, TV, satélites, sensores, alarmes, computadores de todos os géneros, caixas automáticas, etc. [2].

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Tecnologias da Informação e Comunicação

A figura seguinte resume a relação existente entre as TI e as TIC:

Tecnologia Informação

Tecnologias Processos de de transmissão Informação ou (TI) comunicação

Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)

FIGURA 1 – A RELAÇÃO ENTRE AS TI E AS TIC.

No entanto, apesar da explicação do acrónimo, não há nenhuma definição universalmente aceite de TIC, porque os conceitos, os métodos e as aplicações envolvidas evoluem rapidamente [10]. Várias são as definições que podem ser dadas por várias instituições. Por exemplo, numa vertente mais ligada à educação, a “QCA Schemes of Work for ICT” define como sendo o conjunto de todas as facilidades de computação e de comunicação que suporta o ensino, a aprendizagem e muitas actividade da educação [34]. Também pode-se definir como sendo dispositivos que permitem o armazenamento, tratamento e comunicação de informação digital. Onde houver informação, num sentido amplo, ou seja, dados obtidos da realidade ou criados pela mente humana, onde se puder proceder a um tratamento dessa informação por meios/mecanismos electrónicos e onde houver lugar à comunicação dessa informação assim manipulada, aí estarão as TIC [3]. As TIC abrangem qualquer produto que armazene, recupere, manipule, transmita ou recepcione informação electrónica de uma forma digital [10].

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2.3 – Análise

A era em que vivemos está marcada pelo surgimento e desenvolvimento das TIC e pela sua propagação em praticamente em todos os sectores da vida social, pelo menos nas sociedades tecnologicamente desenvolvidas [3]. Das grandes empresas às grandes superfícies comerciais, da indústria à investigação científica, da arquitectura à medicina, do ensino aos nossos documentos pessoais, as TIC tornaram-se parte integrante das nossas vidas e termos como Sociedade da Informação, Auto Estradas da Informação passaram a fazer parte do dia a dia, em casa e nos nossos locais de trabalho [39]. O computador tornou-se num comum instrumento de trabalho, útil e utilizado em muitos fins na vida institucional, profissional e pessoal [3]. Transformou o mundo do conhecimento pelo seu poder de auxiliar a humanidade em todos os seus projectos de pesquisa, de tratamento e armazenamento de dados e aumento vertiginoso da velocidade de troca de informações a qualquer distância [1]. O computador e outros meios informáticos poderão limitar ou até mesmo substituir o Homem nas tarefas de grande precisão e extremamente repetitivas8, assim como nas actividades potencialmente perigosas9, para que possa dedicar a actividades mais criativas. O computador não limita a capacidade de raciocínio, mas abre a possibilidade de aquisição de novos conhecimentos e de desenvolvimento pessoal [39]. As TIC representam o suporte de um dos bens mais preciosos para as organizações actuais, a informação [2]. Permitem o rompimento das barreiras geográficas e a livre circulação de informação e conhecimento. Aumentam a produtividade, qualidade e rentabilidade do trabalho [4]. O computador, Internet, TV digital interactiva, câmara de vídeo digital, máquina fotográfica digital e telemóveis são alguns dos exemplos mais conhecidos de TIC.

8 Por exemplo, numa linha de montagem. 9 Por exemplo, na manipulação de químicos altamente tóxicos.

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2.4 – Internet

É uma rede global que consiste em milhares de redes independentes de computadores, de empresas privadas, entidades, instituições [39]. É um bom exemplo de integração em formato digital, de imagem, texto, vídeo, gráfico e áudio através da criação de documentos multimédia acessíveis em qualquer parte do mundo. As capacidades multimédia interactivas, quando associadas às potencialidades da fibra óptica enquanto meio físico privilegiado de comunicação, a preços acessíveis, levará a um mundo de oportunidades [2]. Em muito devido à Internet, qualquer utilizador pode navegar por todo o mundo e contactar com milhões de pessoas de diversas nacionalidades [8].

2.5 – Impacto na sociedade e nas organizações

As TIC tem um grande impacto e um papel fundamental na sociedade actual, pois estão presentes em praticamente todas as actividades do dia a dia. Directa ou indirectamente podemos encontrar a utilização dos meios informáticos nas mais variadas actividades e situações. É cada vez mais difícil encontrar uma empresa/organização que não faça uso das tecnologias para o aumento da produtividade, qualidade e organização. A actividade empresarial tem vindo a ser fortemente influenciada nas ultimas décadas pela evolução das TIC [47]. São várias as incidências sociais da informatização de uma empresa/organização. As TIC não reduzem necessariamente o número de trabalhadores numa empresa, mas obriga à sua reorganização, à implementação de planos de formação adequados aos equipamentos e programas utilizados, contribuindo para melhorar a produtividade e a qualidade das actividades desempenhadas. Importante é compreender que o sucesso empresarial ou institucional não está em possuir as tecnologias sob a forma de equipamentos, mas sim na utilização que delas é feita na organização, o que exige uma clara aposta na flexibilização, na autonomia, na qualificação e na formação dos utilizadores.

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A utilização de meios informáticos no tratamento de informações pessoais pode, se realizado por pessoal não autorizado, permitir acesso ilegítimo a dados privados das pessoas. O cruzamento de informações na elaboração de bases de dados com objectivos comerciais, muitas das quais desenvolvidas sem controlo legal desejável, tornou-se uma actividade comum nos nossos dias, embora já exista, há vários anos, legislação que visa a protecção dos dados pessoais informatizados. As TIC e em particular o computador necessitam como qualquer outro equipamento de um período de aprendizagem e adaptação por parte de quem o vai utilizar, face às suas próprias necessidades específicas [39]. Além de uma mudança qualitativa das comunicações electrónicas, há também uma alteração quantitativa na velocidade de transmissão dos dados, que em conjunto, permite que determinados trabalhos possam ser realizados onde quisermos. Favorecerá a globalização da economia e da competitividade [2].

2.6 – Algumas aplicações praticas

As TIC tem muitas aplicações praticas no dia a dia. Neste subcapítulo focamos as seguintes:

2.6.1 – Teletrabalho

É um modo flexível de trabalho cobrindo várias áreas de actividade, em que os trabalhadores podem desempenhar as suas funções remotamente a partir de um qualquer local que não o do local de trabalho, numa parte do seu horário de trabalho. As TIC constituirão cada vez mais ferramentas indispensáveis no desempenho do trabalho remoto, eliminando as barreiras geográficas e permitindo a partilha de informação num ambiente electrónico disperso [0]. Levam a uma maior simplicidade e facilidade nos procedimentos de trabalho e uma maior facilidade de coordenação, contribuindo para a redução da complexidade organizacional [2].

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2.6.2 – Comércio electrónico (e-commerce)

É uma forma cómoda de se fazer compras sem ser necessário sair de casa, bastando para isso um computador com acesso à Internet. O comércio electrónico é o uso de tecnologia electrónica nas várias componentes da actividade comercial. Faz sentir os seus efeitos em processos empresariais tão diferentes como o estabelecimento de contacto entre o comprador e o vendedor, a publicidade, a promoção, o apoio ao cliente, a encomenda, o pagamento, a distribuição e a entrega. Tudo isto a custos reduzidos. Implica a alteração e simplificação de alguns processos de negócio [0].

2.6.3 – Videoconferência

Permite que pessoas localizadas em sítios distintos geograficamente, possam comunicar entre si em tempo real. As aplicações mais comuns são as reuniões de trabalho de uma mesma organização, o ensino à distância, a recolha de testemunhos em casos jurídicos e as comunicações via Internet entre utilizadores domésticos. Tem como vantagens o facto de não necessitar de deslocamento físico das pessoas, poupando tempo e dinheiro e permitir arquivar a reunião, possibilitando o seu revisionamento em qualquer altura [42].

FIGURA 2 – EXEMPLOS DE HARDWARE E SOFTWARE NECESSÁRIO PARA O SISTEMA DE VIDEOCONFERÊNCIA [42].

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2.6.4 – Informática médica

A Informática médica resulta da interligação das TIC com a medicina. É a aplicação dos computadores, comunicações, TI e sistemas de informação a todos os campos da medicina (cuidados médicos, educação médica e investigação médica). Por outras palavras, é uma disciplina que estuda os aspectos científicos da informação biomédica e as novas tecnologias de tratamento de informação, com o objectivo de auxiliar a prestação de cuidados de saúde [41].

2.6.5 – Telemóvel

O telemóvel provocou um grande impacto na vida quotidiana e temos de admitir que corresponde a uma profunda necessidade. O aparelho que há uns tempos atrás servia apenas para comunicação oral, hoje em dia está cada vez está interligado com a grande rede mundial, a Internet. Tem evoluído a uma grande velocidade e hoje é muito mais do que um simples meio de comunicação oral. Desde a segunda geração de comunicações móveis (GSM) até à terceira (UMTS) nota-se uma evolução espectacular na quantidade e qualidade dos serviços móveis, o que nos faz pensar que estamos cada vez mais dependentes deste aparelho. Os telemóveis actuais permitem entre outras coisas, aceder à Internet (email, páginas web etc.) e usufruir de uma série de serviços úteis. A recente terceira geração permite velocidades mais elevadas de transmissão de dados, conteúdos multimédia de qualidade, aumento da capacidade da rede que teoricamente permite aos operadores ultrapassar eventuais problemas de saturação. O acesso à Internet poderá ser feito a uma velocidade mais rápida que os modems normais, e sem limite. Ao estarmos a telefonar é possível ver no ecrã, em tempo real a outra pessoa com quem falamos, caso esta também possua um telemóvel UMTS [30].

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2.6.6 – Ensino à distância (e-learning)

Consiste na utilização da Internet na aquisição e/ou aperfeiçoamento de conhecimentos à distância. É a integração da tecnologia web em processos de ensino/aprendizagem [43]. Além da redução de custos [43], tem como vantagens o facto de o aluno poder participar na aula em qualquer parte do mundo e em qualquer altura, não sendo necessário deslocar-se fisicamente à sala de aula, o que muito vantajoso para os deficientes físicos. Com a utilização da comunicação assíncrona permite que os alunos possam escolher as melhores alturas para aceder à aula e mesmo assim participar por inteiro nas discussões da aula. Há um elevado nível de interacção dinâmica entre o professor e os alunos e entre os próprios alunos [44].

2.7 – Resumo

A humanidade assistiu a avanços tecnológicos das telecomunicações, da Informática e em particular à chegada da Internet em força, a meados dos anos 90. Gerou-se um aumento do volume de informações que circulam à escala mundial. Alguns autores afirmam tratar-se de uma “revolução informacional”, comparada à revolução industrial nos séculos XVIII e XIX [60]. Um dos marcos importantes ao nível da comunicação foram as invenções do telégrafo eléctrico e do telefone. Essas inovações caracterizaram o aparecimento de uma primeira revolução das comunicações. Para acabar com as limitações existentes foi inventado o telégrafo sem fios e as emissões rádio intercontinentais que caracterizou a segunda revolução das comunicações. Com a invenção do telefax em 1956 apareceram novas possibilidades nas comunicações à distância, que trouxe grandes vantagens para as empresas. O lançamento do primeiro satélite activo para comunicações (Score), seguido pelo Telstar caracterizou a terceira revolução das comunicações [2]. A partir dos anos 60, a cada vez mais rápida evolução tecnológica permitiu o aparecimento e aperfeiçoamento de novos meios de comunicação tal como o computador, o fax, os modems e as redes.

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Tecnologias da Informação e Comunicação

A sigla TIC é o acrónimo de 3 palavras chave: tecnologia, informação e comunicação. As TIC são uma junção das tecnologias de informação com processos de transmissão e comunicação [3]. Não há nenhuma definição universalmente aceite mas qualquer uma que se possa dar deve abranger qualquer produto que armazene, recupere, manipule, transmita ou recepcione informação electrónica de uma forma digital [10]. A Internet é um bom exemplo de integração em formato digital, de imagem, texto, vídeo, gráfico e áudio através da criação de documentos multimédia acessíveis em qualquer parte do mundo. Permite navegar por todo o mundo e contactar milhões de pessoas. As TIC tem diversas aplicações praticas. O teletrabalho é um modo flexível de trabalho cobrindo várias áreas de actividade, em que os trabalhadores podem desempenhar as suas funções remotamente a partir de um qualquer local que não o do local de trabalho, numa parte do seu horário de trabalho [0]. O comércio electrónico é o uso de tecnologia electrónica nas várias componentes da actividade comercial. Faz sentir os seus efeitos em processos empresariais tão diferentes como o estabelecimento de contacto entre o comprador e o vendedor, a publicidade, a promoção, o apoio ao cliente, a encomenda, o pagamento, a distribuição e a entrega [0]. A videoconferência é um sistema que permite a utilizadores situados em sítio distintos geograficamente, comunicar em tempo real [42]. A Informática médica é aplicação dos computadores, comunicações, TI e sistemas de informação a todos os campos da medicina (cuidados médicos, educação médica e investigação médica) [41]. O e-learning consiste na utilização da Internet na aquisição e/ou aperfeiçoamento de conhecimentos à distância. É a integração da tecnologia web em processos de ensino/aprendizagem [43].

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Os números das Tecnologias da Informação e Comunicação

3 – Os números das Tecnologias da Informação e Comunicação

“Quando algo se tornou omnipotente a ponto de se confundir com o ar que se respira, é extremamente perigoso ignorá-lo, desprezá-lo ou banalizá-lo, sem proceder à sua correcta avaliação” Gilbert Hottois

Este capítulo é a continuação do anterior. Como o próprio nome indica, é um capítulo basicamente estatístico. Apresenta e analisa os números relativos, principalmente ao uso do computador e da Internet em Portugal, mediante vários critérios (grupo etário, nível de escolaridade, condições perante o trabalho, local de utilização, etc.). Apresenta e analisa também o índice de acesso digital e o uso da Internet no mundo. Por fim, é feito o resumo do capítulo.

3.1 – As TIC em Portugal

Neste subcapítulo podemos ver alguns dados estatísticos relativos ao uso das TIC em Portugal, mediante vários critérios.

3.1.1 – Condições perante o trabalho

Computador (%) Internet (%) Total (activos) 27,8 17,3 Empregados 28 17,4 Desempregados 24,1 16,1 Total (inactivos) 20,4 15 Estudantes 79,6 59,8 Outros 3,4 2,1

Nota: Os dados referem-se à população com 15 ou mais anos. (Fonte: Indicadores Sociais 2002 do Instituto Nacional de Estatística «INE») Tabela 1 – O uso do computador e da Internet pelas condições perante o trabalho.

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Os números das Tecnologias da Informação e Comunicação

Como podemos ver na tabela acima, os activos usam mais o computador e a Internet do que os inactivos. Isso deve-se provavelmente a uma maior necessidade e dependência desse grupo de pessoas nestas tecnologias para que os objectivos das empresas sejam cumpridos. Dentro da classe dos inactivos, os estudantes são de muito longe, o grupo que mais usa o computador e a Internet. Isso provavelmente deve-se também a uma certa dependência por estas tecnologias, mas para outros fins, quer para investigação, estudo, realização de trabalhos escolares, etc. Embora ainda não em número suficiente, muitas escolas do país estão equipadas com computadores com acesso à Internet que permite aos alunos uma utilização mais facilitada.

3.1.2 – Grupo etário

Anos Computador (%) Internet (%) Total 25 16,4 15-24 55,4 38,6 25-34 38,3 26,6 35-44 26 16 45-54 17,9 10,2 >=55 4,2 2,2

Nota: Os dados referem-se à população com 15 ou mais anos. (Fonte: Indicadores Sociais 2002 do INE) Tabela 2 – O uso do computador e da Internet por grupo etário.

60 50 40 Computador

% 30 Internet 20 10 0 15-24 25-34 35-44 45-54 >55 Anos

FIGURA 3 – GRÁFICO DA UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR E DA INTERNET POR GRUPO ETÁRIO.

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Os números das Tecnologias da Informação e Comunicação

Relativamente ao grupo etário, a taxa de uso do computador e da Internet vai diminuindo com à medida que a idade avança. Essa diminuição vai desde os 55,4%/38,6% na faixa 15-24 anos até aos 4,2%/2,2% na faixa >= 55 anos, para o computador e Internet respectivamente. Isso pode dever-se pelo facto de a população jovem ser na generalidade mais formada, ter melhores condições para aprender, sentir-se mais preparada para lidar com as novas tecnologias e ser mais facilmente adaptável a mudanças. Não esquecendo que já nasceram “ambientados” e rodeados por estas tecnologias10. Por outro lado, no que respeita à população mais idosa, temos o reverso da medalha, ou seja, sendo este na generalidade um grupo mais frágil e menos apoiado, sentem muito mais dificuldades em se adaptar a mudanças e às linguagens tecnológicas. Sendo estas tecnologias recentes e não contemporâneas desta faixa etária é normal a dificuldade na adaptação e o medo ao enfrenta-las. Mas, prevê-se que, daqui a umas décadas, essa diferença não seja tão grande entre os jovens e os idosos, na medida em que as gerações mais jovens de hoje, no futuro não terão tantas dificuldades na adaptação a mudanças tecnológicas como sentem os idosos de hoje.

3.1.3 – Nível de escolaridade

Computador (%) Internet (%) Total 25 16,4 Até ao 3º ciclo 14 7,5 Ensino Secundário 70,1 51 Ensino Superior 79,8 64,2

Nota: Os dados referem-se à população com 15 ou mais anos. (Fonte: Indicadores Sociais 2002 do INE) Tabela 3 – O uso do computador e da Internet por nível de escolaridade.

10 Tappscott apelidou a nova geração de “N-geners” (geração digital) que, de acordo com o próprio é a primeira geração a crescer cercada pelos meios digitais.

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Os números das Tecnologias da Informação e Comunicação

90 80 70 60 50 Computador % 40 Internet 30 20 10 0 Até ao 3º ciclo Ensino Ensino Superior Secundário Nível de escolaridade

FIGURA 4 – GRÁFICO DA UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR E DA INTERNET POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE.

O nível de escolaridade e a taxa de uso do computador e Internet estão directamente relacionados, isto é, à medida que aumenta o nível de escolaridade também aumenta a taxa de uso dessas tecnologias. O facto de as maiores taxas de uso serem no ensino superior pode dever-se por um lado a um maior interesse, maturidade, dependência desses alunos por essas tecnologias, quer seja para estudo, investigação ou para a realização de trabalhos académicos. Por outro lado, na generalidade, as escolas de ensino superior estão mais e melhor equipadas de computadores e Internet do que as escolas de nível de escolaridade mais baixo. O uso dessas tecnologias nas faixas mais jovens é maioritariamente para fins lúdicos e de entretenimento e não para estudo e trabalho.

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Os números das Tecnologias da Informação e Comunicação

3.1.4 – Local de utilização

Computador (%) Internet (%) Em casa 70,8 60,5 No trabalho 51,2 43,6 Na escola 26,2 28 Outro local 11,3 12,5

Nota: Os dados referem-se à população com 15 ou mais anos. (Fonte: Indicadores Sociais 2002 do INE) Tabela 4 – O uso do computador e da Internet por local de utilização.

80 70 60 50 Computador

% 40 Internet 30 20 10 0 Em casa No trabalho Na escola Outro local Local de utilização

FIGURA 5 - GRÁFICO DA UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR E DA INTERNET POR LOCAL DE UTILIZAÇÃO.

O local mais frequente de utilização do computador e da Internet é de longe a própria casa do utilizador, ou seja 70,8% e 60,5% para computador e Internet respectivamente. É curioso o facto de tanto em casa como no local de trabalho, o computador ser mais usado do que a Internet enquanto que na escola e noutros locais acontece o inverso.

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Os números das Tecnologias da Informação e Comunicação

3.1.5 – Nas escolas de ensino não superior

Computadores disponíveis Acesso à Internet 2001/2002 2002/2003 2001/2002 2002/2003 Total 56622 70627 31969 43905 Público 43847 53520 23965 31973 Privado 12775 17107 8004 11932

Nota: Valores em unidades. (Fonte: Departamento de Avaliação Prospectiva e Planeamento do Ministério da Educação (ME)) Tabela 5 – Computadores disponíveis e com acesso à Internet, nas escolas do ensino não superior, por tipo de estabelecimento.

É notável o aumento do número de computadores e, destes os que tem acesso à Internet. Este aumento abrange tanto o sector público como o privado. É possível que este aumento continue a notar-se ao longo dos próximos anos, embora ainda a um ritmo lento. Do ano lectivo 2001/2002 para 2002/2003 houve um aumento de cerca de 25% do número de computadores nas escolas (56622 para 70627) mas, no que respeita à Internet houve um aumento de 37% no mesmo período de tempo (31969 para 43905). Em 2002/2003 dos 70627 computadores disponíveis, apenas 43905 tinham ligação à Internet, que corresponde a cerca de 62%.

3.1.6 – Nos agregados domésticos, por região

2001 2002 Computador (%) Internet (%) Computador (%) Internet (%) Portugal 24 13 28 16 Continente 25 13 29 16 Norte 21 10 25 13 Centro 24 11 28 14 Lisboa e V. Tejo 30 17 34 21 Alentejo 19 11 22 15 Algarve 16 12 22 16 R. A. Açores 20 14 24 17 R. A. Madeira 12 7 18 9

(Fonte: INE) Tabela 6 – Posse de computador e ligação à Internet dos agregados domésticos, por região (NUTS II).

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Os números das Tecnologias da Informação e Comunicação

3.1.7 – Nos agregados domésticos em geral

1995 1997 1999 2000 2001 2002 Computador 11 14 21 22 24 28 Ligação à Internet Não disponível Não disponível 5 9 13 16

Nota: Valores em % (Fonte: INE) Tabela 7 – Posse de computador e ligação à Internet dos agregados domésticos.

30 25 20 Computador

% 15 Ligação à Internet 10 5 0 1995 1997 1999 2000 2001 2002 Anos

FIGURA 6 – GRÁFICO DA UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR E DA INTERNET NOS AGREGADOS FAMILIARES.

É de salientar a evolução contínua ao longo dos anos quer da posse do computador, quer da Internet nos agregados domésticos. Quanto à posse do computador, entre 1995 a 2002 houve uma evolução de 11% para 28% respectivamente. No que respeita à Internet, entre 1999 e 2002 houve um aumento de 5% para 16%, respectivamente. Devido a uma maior dependência, diminuição do custo e manutenção dos equipamentos e serviços, é possível que nos próximos anos esta evolução continue e a um ritmo ainda mais acelerado do que o actual.

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Os números das Tecnologias da Informação e Comunicação

3.1.8 – Densidade telefónica

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Densidade telefónica 35,8 38 39,7 40,6 41,6 42,2 43,9 43,1 (Acessos telefónicos principais) Densidade telefónica 3,4 6,6 14,9 30,4 45,9 65,2 81,2 82,3 (Serviço móvel terrestre)

Nota: Para os cálculos da densidade telefónica foram utilizadas as estimativas da população do INE actualizadas com os dados do Recenseamento de 2001. Unidades em %. (Fonte: INE) Tabela 8 - Densidade telefónica (acessos telefónicos principais e serviço móvel terrestre).

90 80 70 60 50 Acessos telefónicos principais % 40 Serviço móvel terrestre 30 20 10 0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Anos

FIGURA 7 – GRÁFICO DA DENSIDADE TELEFÓNICA.

A densidade telefónica no que respeita aos acessos telefónicos principais pouco ou nada alterou ao longo dos anos, variando entre os 35,8% em 1995 e os 43,1% em 2002, notando-se um aumento muito ligeiro de ano para ano. Já o serviço móvel terrestre teve uma evolução galopante no mesmo período de tempo, variando entre os 3,4% e os 82,3%, ultrapassando definitivamente os acessos telefónicos principais em 1999.

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Os números das Tecnologias da Informação e Comunicação

3.2 – Índice de acesso digital no mundo

A União Internacional de Telecomunicações (UIT) elaborou uma lista de 178 países do mundo e o respectivo índice digital de 2002. Nessa lista, Portugal ocupa o 32º lugar, ou seja na “2ª divisão”. O índice de acesso digital engloba 8 variáveis, que abarcam 5 áreas (disponibilidade e infra-estruturas, recursos de acesso, nível de educação, qualidade nos serviços de TIC e utilização da Internet) [24].

Muito Alto Alto Médio Baixo Dinamarca 0.85 Irlanda 0.69 Belarus 0.49 Zimbabué 0.29 Islândia 0.83 Chipre 0.68 Líbano 0.48 Honduras 0.29 Suécia 0.82 Estónia 0.67 Tailândia 0.48 Síria 0.28 Coreia(Rep.) 0.82 Espanha 0.67 Turquia 0.48 Papua NG 0.26 Noruega 0.79 Malta 0.67 Macedónia 0.48 Vanuatu 0.24 Holanda 0.79 Rep. Checa 0.66 Panamá 0.47 Paquistão 0.24 Hong Kong 0.79 Grécia 0.66 Venezuela 0.47 Azerbeijão 0.24 Finlândia 0.79 Portugal 0.65 Belize 0.47 S. Tomé 0.23 Taiwan 0.79 EA Unidos 0.64 S. Vicente 0.46 Tajiquistão 0.21 Canadá 0.78 Macau 0.64 Bósnia 0.46 Guiné Eq. 0.20 EUA 0.78 Hungria 0.63 Suriname 0.46 Quénia 0.19 Suíça 0.77 Bahamas 0.62 África do Sul 0.45 Nicarágua 0.19 Singapura 0.76 Bahrein 0.60 Colômbia 0.45 Lesoto 0.19 Japão 0.75 Polónia 0.59 Jordânia 0.45 Nepal 0.19 Luxemburgo 0.75 Eslováquia 0.59 Sérvia Montenegro 0.45 Bangladesh 0.18 Áustria 0.75 Croácia 0.59 Arábia Saudita 0.44 Iémen 0.18 Alemanha 0.74 Chile 0.58 Peru 0.44 Togo 0.18 Austrália 0.74 Barbados 0.57 China 0.43 Ilhas Salomão 0.17 Bélgica 0.74 Malásia 0.57 Fiji 0.43 Cambodja 0.17 N. Zelândia 0.72 Lituânia 0.56 Botsuana 0.43 Uganda 0.17 Itália 0.72 Qatar 0.55 Irão 0.43 Myanmar 0.17 França 0.72 Brunei Darussalam 0.55 Ucrânia 0.43 Congo 0.17 Eslovénia 0.72 Letónia 0.54 Guiana 0.43 Camarões 0.16 Israel 0.70 Uruguai 0.54 Filipinas 0.43 Gana 0.16 Seicheles 0.54 Oman 0.43 Laos 0.15 Dominica 0.54 Maldivas 0.43 Malawi 0.15 Argentina 0.53 Líbia 0.43 Tanzânia 0.15 Trinidad 0.53 Rep. Dominicana 0.42 Haiti 0.15 Bulgária 0.53 Tunísia 0.41 Nigéria 0.15 Jamaica 0.53 Equador 0.41 Djibouti 0.15 (…) (…) (…) (…) (…) (…)

(Fonte: UIT [24]) Nota: Valores em %. Tabela 9 – Índice do acesso digital em 2002.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 26

Os números das Tecnologias da Informação e Comunicação

Nesta lista, Portugal encontra-se em último lugar da União Europeia (UE), atrás da Grécia, Irlanda ou Espanha. À excepção do Canadá, a maioria dos países que aparecem nos 10 primeiros lugares, pertencem à Europa e Ásia. O grupo com acesso digital muito alto pertence sobretudo a países da Europa Central e Ocidental, Golfo e América Latina. Surpreendente ou talvez não é o primeiro lugar ocupado pela Dinamarca e apenas o 11º pelo EUA. A UIT garante que este índice distingue-se de todos os restantes até agora publicados porque cruza dados como a educação e o poder de compra [24]. Mas, de acordo com um estudo publicado no “The Economist”, Portugal subiu um lugar, passando à frente da Grécia, no respeita apenas ao acesso à Internet [29].

3.3 – O uso da Internet no mundo

Para provar a vertiginosa revolução das TIC, está o aumento do uso da Internet e do número de servidores em todo o mundo. Em 1999, havia cerca de 276 milhões de utilizadores da Internet. Esse valor aumentou para 604 milhões em 2002 [51], a uma taxa média de 30% ao ano. Esta evolução não se deu somente nos EUA, onde nasceu a Internet, mas também outros países tiveram crescimentos significativos.

(Fonte: The Internet Monitor11)

FIGURA 8 – CRESCIMENTO DO NÚMERO DE UTILIZADORES NA INTERNET POR PAÍSES.

11 http://www.proactiveinternational.com

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 27

Os números das Tecnologias da Informação e Comunicação

Quanto ao número de servidores na Internet, nota-se igualmente um acentuado aumento de ano para ano, como se pode verificar na seguinte figura:

(Fonte: Internet Software Consortium12)

FIGURA 9 – EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE SERVIDORES NA INTERNET.

O número de servidores de Internet de todo o mundo em 1991 era praticamente insignificante. A partir de 1994, começou-se a notar um impressionante crescimento até 2002 [7]. Em Portugal, nota-se um aumento do número de domínios, que pode ser um indicador desse crescimento. A taxa média de crescimento anual do número de domínios ronda os 125%, que traduz o interesse das instituições portuguesas pelo uso da Internet [7].

FIGURA 10 – SERVIDORES INTERNET POR MIL HABITANTES [7].

12 http://www.isc.org

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 28

Os números das Tecnologias da Informação e Comunicação

3.4 – Resumo

Em Portugal em 2002, mais de um quarto da população portuguesa possuía computador (28%), número este que tende a aumentar. Ao mesmo tempo 16% das famílias portuguesas possuíam igualmente ligação à Internet. O crescimento das TIC em Portugal é um facto. O grupo etário que mais utiliza o computador e, por consequência, usufrui do serviço da Internet é o que se situa entre os 15-24 anos. Com alguma naturalidade se encara o facto de, com o aumento da idade, se verificar um acentuado decréscimo na utilização quer do computador quer da Internet – apenas 17,9% das pessoas com 45-54 anos utilizam o computador. O local onde preferencialmente os portugueses se servem do computador é em casa. Quanto ao ensino superior, os números são esmagadores. Somos cada vez mais dependentes dessa máquina – 80% tira partido do computador e 65% da Internet. Por outro lado, em 2002, a densidade telefónica de serviço móvel terrestre em Portugal era de 82,3% e o número de assinantes do serviço TV CABO tinha crescido 13% relativamente ao ano anterior. Quanto ao índice de acesso digital no Mundo de 2002, Portugal ocupava o 32º lugar, o ultimo da UE. Essa lista tem em conta algumas variáveis, tais como a disponibilidade e infra-estruturas, recursos de acesso, nível de educação, qualidade nos serviços de TIC e utilização da Internet. A comprovar a vertiginosa revolução das TIC, assistimos a um aumento do uso da Internet e o aumento do número de servidores de Internet em todo o mundo. Portugal também não foi excepção nesse progresso.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 29

Sociedade da Informação

4 – Sociedade da Informação

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e as sociedades.”

Este capítulo tem como objectivo fazer uma introdução a um novo conceito, o de Sociedade da Informação13 (SI). Serve como complemento aos dois capítulos anteriores para uma melhor compreensão dos que se seguem. Faz uma abordagem teórica ao conceito de SI, incluindo algumas das suas possíveis definições, a sua relação com as TIC, as implicações nos postos de trabalho e na sociedade em geral. Analisa também a importância da segurança dos dados como condição essencial para um bom desenvolvimento e funcionamento da SI. No fim, é feito um resumo do capítulo.

4.1 – Definição

Está a ocorrer uma mudança fundamental de uma sociedade industrializada para uma baseada na informação [48]. Da mesma forma que a sociedade industrial passou por transformações sociais e técnicas (processos de trabalho e relações pessoais), a SI está a passar pelo mesmo [1]. Esta revolução da informação afecta o modo como as pessoas vivem, aprendem, trabalham e como os governos interagem com a sociedade civil. A informação é uma ferramenta poderosa do desenvolvimento económico e social [48]. Segundo o “Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal14”, a SI refere-se a um modo de desenvolvimento social e económico em que a

13 Este termo teve origem nos trabalhos de Bell, Dordick e Dizard, em 1973/79, 1981 e 1982, respectivamente [4]. 14 Foi aprovado pelo Conselho de Ministros no dia 17 de Abril de 1997 e presente à Assembleia da República, em sessão plenária no dia 30 de Abril [0]. Trata-se de uma iniciativa do governo em relação à inclusão digital na SI. Apresenta programas que tem como objectivo integrar, coordenar e fomentar as acções para a utilização das TIC, de forma a contribuir para a inclusão social na nova sociedade.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 30

Sociedade da Informação aquisição, armazenamento, processamento, valorização, transmissão, distribuição e disseminação de informação conducente à criação de conhecimento e à satisfação das necessidades dos cidadãos e das empresas, desempenham um papel central na actividade económica, na criação de riqueza, na definição da qualidade de vida dos cidadãos e das suas práticas culturais [0]. Ou seja, a SI é uma sociedade onde a componente da informação e do conhecimento desempenha um papel nuclear em todos os tipos de actividade humana em consequência do desenvolvimento da tecnologia digital, e da Internet em particular, induzindo novas formas de organização [19] e uma significativa aceleração das mudanças, na economia e na sociedade [2]. Permite que as pessoas acedam e partilhem informação e conhecimento quase instantaneamente em qualquer parte do mundo [48]. A aposta na SI beneficia não apenas as grandes empresas, mas também o cidadão comum. É possível usufruir de serviços gratuitos, fazer compras e serviços bancários sem sair de casa, participar de discussões, relacionar-se com outras pessoas, etc. [20].

4.2 – Implicações

É natural que a SI provoque certas transformações a vários níveis. Neste subcapítulo são destacadas as implicações a nível dos postos de trabalho e na sociedade em geral.

4.2.1 – Nos postos de trabalho

A SI reflecte-se ao nível de novas actividades e postos de trabalho. Existirá cada vez maior número de pessoas envolvidas em profissões relacionadas com a informação e conhecimento, não só no que diz respeito ao surgimento de novos postos de trabalho, como até no surgimento de novas empresas e novos serviços intermediários, ligados directa ou indirectamente à informação [4]. As TIC não devem ser vistas como causadoras de desemprego. O trabalho na nova sociedade terá uma natureza essencialmente intelectual

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 31

Sociedade da Informação e criativa valorizando o papel do indivíduo, com a correspondente libertação das tarefas mecânicas e repetitivas, em favor da criatividade. Contudo, este papel poderá vir a ser desvalorizado pela submissão à tecnologia e, estando esta em constante evolução, implicará uma actualização contínua de conhecimentos e competências individuais [7]. O trabalho essencialmente criativo pode fazer surgir novas oportunidades para os elementos que até aqui estavam marginalizados, nomeadamente aqueles que são portadores de deficiências motoras [1]. Para que a sociedade do futuro evolua é necessário a especialização e a qualificação dos trabalhadores da SI.

4.2.2 – Na sociedade em geral

A construção da SI permite uma sociedade mais participada e unida, porque o conhecimento e as competências são cada vez mais considerados como activos mais importantes das pessoas e das organizações [1]. A SI permite aumentar a inteligência humana e alterar o modo como trabalhamos e vivemos. É possível aproveitar a SI para melhorar a qualidade de vida das pessoas, a eficiência das organizações sociais e a economia. O Estado tem um papel importante para preparar as pessoas para a SI e sensibiliza-las como sendo esta uma tarefa importante, de forma a garantir que a

SI é uma sociedade para todos [7]. Na SI, o carácter digital dos documentos disponíveis transformou o conhecimento num recurso dinâmico que pode ser armazenado e utilizado a qualquer momento [8].

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 32

Sociedade da Informação

4.3 – A construção da SI em cada país

Em cada país, a SI constroi-se em diferentes condições e projectos de desenvolvimento social, económico e político diferentes, segundo estratégias adequadas a cada contexto [21]. Mas, em todos deve haver metas de inclusão e igualdade social e económica [21]. Os valores humanos universais de igualdade, justiça, democracia, solidariedade, tolerância mútua, progresso económico, protecção do ambiente e respeito pela diversidade deverão ser os fundamentos da uma SI mundial e verdadeiramente integradora [48]. A promessa da SI é aumentar a nossa capacidade de comunicar e partilhar informação e conhecimento para aumentar a possibilidade de um mundo mais pacífico e próspero para todos os seus habitantes. No entanto, a maioria da população mundial só poderá beneficiar desta revolução da informação se lhe for dada a capacidade de participar plenamente na nova sociedade baseada no conhecimento [48].

4.4 – A importância da segurança dos dados na SI

Para o desenvolvimento da SI, as questões da segurança e da privacidade são fundamentais, dado que os cibercrimes15 constituem ameaças graves para as economias baseadas na informação [48]. Os nossos dados pessoais contidos em muitas bases de dados por todo o mundo podem circular de um lado para o outro sem nós darmos conta disso. É preciso ter a certeza que esses mesmos dados estão protegidos perante terceiros para a confiança das pessoas aumentar, para que não tenham medo de aceder por exemplo à sua conta bancária colocando a password, pensando que alguém a pode “apanhar”.

15 Tais como a intromissão em sistemas informáticos alheios, a disseminação de vírus informáticos e a utilização abusiva de informações pessoais.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 33

Sociedade da Informação

Com o aumento do comércio electrónico e das transacções em linha, proteger a privacidade e garantir uma infra-estrutura segura de TIC são factores importantes para uma SI estável [48].

4.5 – Resumo

Podemos definir SI como sendo uma sociedade onde a componente da informação e do conhecimento desempenha um papel nuclear em todos os tipos de actividade humana em consequência do desenvolvimento da tecnologia digital, e da Internet em particular, induzindo novas formas de organização da economia e da sociedade [19]. A SI provoca implicações a vários níveis. Reflecte-se também ao nível de novas actividades e postos de trabalho. Existirá um cada vez maior número de pessoas envolvidas em profissões relacionadas com a informação, não só no que diz respeito ao surgimento de novos postos de trabalho, como até no surgimento de novas empresas e novos serviços intermediários, ligados directa ou indirectamente à informação [4]. A construção da SI permite uma sociedade mais participada e unida, porque o conhecimento e as competências são cada vez mais considerados como os activos mais importantes das pessoas e das organizações [1]. Em cada país, a SI está se construindo de forma, condições e projectos de desenvolvimento social, económico e político diferentes, segundo estratégias adequadas a cada contexto [21]. Mas, em todos deve haver metas de inclusão e igualdade social e económica. Para o desenvolvimento da SI, a questão da segurança é um factor muito importante, porque os cibercrimes constituem ameaças graves para as economias baseadas na informação. A protecção da privacidade e a garantia de uma infra- estrutura segura de TIC são factores importantes para uma SI estável [48].

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 34

Exclusão Social

5 – Exclusão Social

“A exclusão digital não é ficar sem computador ou telefone celular. É continuarmos incapazes de pensar, de criar e de organizar novas formas, mais justas e dinâmicas, de produção e distribuição de riqueza simbólica e material” Gilson Schwartz

O mesmo homem que foi capaz de inventar o avião, de viajar à Lua, de revolucionar as telecomunicações, não conseguiu reverter alguns dos requisitos mínimos para a sobrevivência como a alimentação e a água potável para todos, a eliminação do analfabetismo, entre outros. Assim, diversos “mundos” coexistem numa única realidade e o facto de haver a introdução e a disseminação das TIC, especialmente a partir da década de 90, levanta as discussões sobre a necessidade de se combater a exclusão digital com o objectivo de minimizar a exclusão social [61]. Depois de nos capítulos anteriores termos visto o que são as TIC, de percebermos o conceito de SI, esta é a altura de entrarmos na temática lançada para este projecto, as TIC vs Exclusão Social e analisarmos em particular o problema da exclusão digital, resultante da desigualdade de acesso às TIC. Este capítulo começa por dar algumas das possíveis definições de exclusão social. Relativamente à exclusão digital, o capítulo apresenta algumas das suas definições, as possíveis relações com a exclusão social, os problemas e as consequências que provoca, algumas das suas possíveis causas e os números no mundo. Depois é focada a inclusão digital e as preocupações de Portugal a esse respeito. Segue-se um conjunto de perguntas e possíveis respostas acerca deste tema. Por fim, é feito um resumo do capítulo.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 35

Exclusão Social

5.1 – Definição

O termo exclusão pode levar a ideia do “estar fora”, assim como o termo inclusão, o antónimo de exclusão, a ideia de “estar dentro”. Esta visão dualista, simplificada do termo exclusão é muito mais complexa [59]. A exclusão social é um problema complexo que afecta uma grande parte da população mundial, limitando e diferenciando umas pessoas das outras. Entre os estudiosos deste tema, não existe nenhuma definição consensual [49], mas poderemos constatar que está relacionada em parte com a insatisfação, mal-estar do ser humano quando este se encontra numa situação em que não pode realizar aquilo que deseja para si próprio e para a sua família [45]. Implica privação, falta de recursos ou, de uma forma mais abrangente a não participação plena na sociedade, nos diferentes níveis em que esta se organiza: ambiental, cultural, económico, político, social, étnico, sexual, religioso [40]. É um conceito abrangente que engloba vários tipos de excluídos: os da saúde, dos lares, da educação, do emprego, entre outros.

5.2 – Exclusão digital

Como já vimos anteriormente, as TIC oferecem novas e interessantes oportunidades de acesso ao conhecimento [55]. Mas, a revolução da informação e a “explosão” das TIC criou um novo factor e mais uma forma de manifestação da exclusão social, aprofundando ainda mais as diferenças entre as classes sociais. Este novo factor de exclusão dividiu a sociedade em dois grupos. Um grupo é composto por aqueles que têm acesso às TIC e aproveitam ao máximo os seus benefícios, e o outro, por aqueles que não tendo esse acesso, nem conhecimentos, são vítimas da nova cultura da informação e das suas tecnologias. Assim, além das suas vantagens, o uso e a generalização das TIC, incluindo a popularidade dos computadores e o crescimento da Internet na sociedade obriga-nos a conviver com um outro tipo de exclusão, a digital.

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Exclusão Social

A Organização das Nações Unidas (ONU) considera-a como sendo uma das quatro mazelas da actualidade, como a fome, o desemprego e o analfabetismo [56].

5.2.1 – Definição

A exclusão digital16 é um fenómeno multidimensional que inclui diversas barreiras [55] que impedem que uma fracção da população tenha contacto com as TIC. Os elementos dessa população vivem numa ignorância digital e não estão preparados para lidar com as novas tecnologias, sendo denominados de excluídos digitais. Podemos considerar que são o “lado negro” da SI. Segundo Marcuss Gomes, a exclusão digital refere-se à distância entre indivíduos, empresas e regiões geográficas em diferentes níveis sócio-económicos em relação às oportunidades de acesso às TIC e ao uso da Internet para uma variedade de acções e actividades [57]. De entre outras definições possíveis, uma delas remete à distância entre os que estão fazendo uso das novas tecnologias e os que não estão [59]. Os excluídos digitais estão privados de ter acesso aos grandes fornecedores de conteúdo, de trocar informações e produzir conhecimentos. Existem várias palavras sinónimas de exclusão digital, tais como info- exclusão, cyber-exclusão, analfabetismo digital, divisão digital (digital divide), “apharteid” digital ou hiato digital.

5.2.2 – Exclusão Social vs Exclusão Digital

A exclusão digital é uma das facetas de um outro tipo de exclusão mais amplo, a exclusão social. Mas, apesar dessa associação, não se pode dizer que existe uma relação directa entre ambos, apesar de estarem muitas vezes relacionados. A exclusão digital pode ser ou não causada directamente pela exclusão social. Muitas das pessoas que tem emprego, boas possibilidades económicas e

16 O termo tem a sua origem nos EUA com a publicação de um artigo de Jonatham Webber e Amy Harmon no jornal Los Angeles Times, em 1995, de acordo com Larry Irvin [57].

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 37

Exclusão Social alto de nível de escolaridade, possuem forte resistência, desconhecimento e repulsa ao uso das TIC. Mas, por outro lado, a exclusão social pode provocar ou agravar ainda mais a exclusão digital, na medida que por exemplo os baixos rendimentos impedem que as pessoas comprem os equipamentos necessários. A exclusão digital não reduz e até pode agravar a exclusão social, na medida em que as principais actividades económicas, governamentais e boa parte da produção cultural da sociedade está na rede. Estar fora da rede é ficar fora dos principais fluxos de informação e desconhecer seus conhecimentos básicos é uma ignorância [40]. Mas, esta linha de raciocínio, entretanto, é questionável. O acesso à Internet e às informações não implica, necessariamente, maior nem melhor conhecimento. E mesmo que uma parte das informações se transformasse em conhecimento, isso não significaria, obrigatoriamente, um maior equilíbrio social, político e económico [61]. A exclusão social pode não ser causada pela exclusão digital, na medida em que existe diversas formas de exclusão, que nada tem a ver com a exclusão digital (por exemplo, a racial, religiosa, etc.). Para que o combate à exclusão digital seja possível, é importante resolver outras formas de exclusão social, como a educação, alimentação, emprego, etc. Não é lógico analisar a exclusão digital separada da realidade social, política e económica em que um país se insere, e não é o único desafio e nem o mais importante [61]. Como podemos falar em inclusão digital se as pessoas que não sabem ler nem escrever ?. A opinião de Bill Gates17, ilustra isso : “sempre que se fala sobre a exclusão digital, penso: tudo bem, vocês querem mandar computadores para a África, mas que tal comida e electricidade ? [61]. A exclusão digital é tratada de forma semelhante à exclusão social. Fala-se também num processo de alfabetização digital, semelhante ao processo de combate ao analfabetismo. Os discursos e análises relativas ao tema recaem, quase sempre, na pobreza e miséria. Procura-se explicar o fenómeno da exclusão digital baseado na falta de rendimentos e esquecem-se as componentes culturais e sociais [59].

17 Esta opinião encontra-se publicado a revista “PC World” em 22/02/2001. Também disponível em http://pcworld.terra.com.br/pcw/update/2555.html [61].

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Exclusão Social

5.2.3 – Problemas e consequências

As consequências da exclusão digital são mais sérias do que imaginamos e isso requer da sociedade um envolvimento maior no processo de formação. Aos excluídos digitais não restará sequer a função de operário, pois as tarefas repetitivas ficarão com as máquinas. As actividades intelectuais, estratégicas e sobretudo o trabalho de equipa serão reservados a quem integrar a realidade tecnológica. Quem for excluído estará fora das grandes mudanças, do conhecimento, da aprendizagem, das informações, do mundo dinâmico e fica sujeito a perder bons empregos. Há quem diga e com razão que quem não souber usar minimamente o computador é considerado analfabeto. O conceito de SI perderá o sentido, as vantagens e ficará limitado se permitirmos a criação de uma classe de excluídos digitais. Será início da desigualdade e da indiferença dos que serão colocados à margem de uma nova sociedade que, nascendo hoje, suportará o futuro da humanidade [8]. Infelizmente, a tendência da diferença entre os que tem acesso e os que não tem seja cada vez maior [61]. Um importante indicador do poder económico de um país é o seu grau de desenvolvimento científico e tecnológico. Isso também pode ser medido, pela facilidade com que a população acede às TIC. Quanto mais desenvolvido um país for maior é a facilidade com que as pessoas acedem às TIC. A taxa de exclusão digital dos países é medido em termos do número de telefones, computadores e utilizadores da Internet. Entre grupos de pessoas dentro do mesmo país, essa medição se faz em termos de raça, sexo, idade, localização e rendimento, etc. [59]. Além dos números é importante analisar as razões do não uso das TIC. Pode estar relacionado por alguma limitação lançada pelo governo. Por exemplo, na China, o governo regulamentou o acesso às notícias internacionais, inclusive com relação às trocas de mensagens entre as pessoas, impondo uma forte restrição editorial e, principalmente, limitando a liberdade de opinião e expressão dos cidadãos chineses também no ambiente digital [61].

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 39

Exclusão Social

5.2.4 – Causas

Inúmeras são as causas que contribuem directa ou indirectamente para o fenómeno da exclusão digital, das quais salientamos as seguintes:

· Financeiras

O uso das TIC torna-se dispendioso para muitas pessoas, porque implica custos periódicos de utilização, manutenção e de actualização. Além disso, a tecnologia evolui a um ritmo alucinante tornando os equipamentos obsoletos em pouco tempo, exigindo a sua substituição. Num país como o nosso, que infelizmente não é considerado rico nem industrializado é natural que seja difícil a muitas pessoas suportarem estes custos, principalmente os mais carenciados e idosos. O receio do aumento das despesas com as telecomunicações é um dos grandes obstáculos para um maior uso das TIC.

· Políticas

A existência de um governo que não motive, não tome medidas eficazes, claras e coerentes para a propagação das TIC, é certo que contribuirá fortemente para uma alta taxa de exclusão digital no seu país. O governo tem um papel importante e é um dos principais responsáveis, devendo adoptar soluções de forma a que as tecnologias cheguem a um maior número de pessoas possível. Neste contexto, por vezes pode ser importante a cooperação entre empresas, organizações e instituições de forma a que em conjunto os problemas possam ser resolvidos de uma forma mais fácil. A prioridade deve ser dada as pessoas socialmente e financeiramente desfavorecidas e aos deficientes. Sem a iniciativa, apoio e intervenção do governo é muito difícil a diminuição da percentagem de excluídos digitais para um consequente desenvolvimento do país. A formação é uma das soluções em que se deve apostar mais.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 40

Exclusão Social

· Sociais e pessoais

A mentalidade das pessoas pode ser considerada uma das causas do não uso das TIC. A ignorância, o medo, a falta de ambição, curiosidade e vontade de aprender por parte das pessoas faz com que estas tenham mais dificuldades em adaptarem-se a esta nova realidade. Neste contexto, a vontade é fundamental e não adianta o governo adoptar as melhores medidas e os melhores projectos do mundo se não existir um espírito de inovação da própria pessoa. Nunca se pense que é tarde para aprender, que o digam os muitos idosos que frequentam os diversos cursos promovidos por algumas câmaras municipais do país. O próprio meio social desfavorece se não existir uma cultura e um hábito tecnológico por parte das pessoas com quem se relaciona mais.

· No desenvolvimento económico e tecnológico do país

O grau de desenvolvimento económico e tecnológico de um país são factores importantes e determinantes para a propagação das TIC na população. Por vezes, prende-se com a conectividade e falta de infra-estruturas das telecomunicações. Quando não existe uma razoável é preciso construi-la e isso envolve tempo e dinheiro não suportável por muitos países. Este problema afecta principalmente os países subdesenvolvidos, que são precisamente os que não tem condições para isso. É importante implantar a tecnologia no país para que este se possa desenvolver e inovar. Pelo menos, no caso português, a falta de infra-estruturas tecnológicas evidencia-se mais nas regiões rurais, porque são por natureza zonas desertas, atrasadas, com predominância da população idosa.

5.2.5 – Alguns números

Aproximadamente 10% da população mundial tem acesso à Internet [64], ou seja, 90% não tem. Dos que tem acesso, cerca de 56% são provenientes dos EUA, Canadá e Europa.

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Exclusão Social

Vamos de seguida analisar os números do acesso aos computadores e à Internet em várias localizações geográficas do mundo:

FIGURA 11 – O USO DO COMPUTADOR E DA INTERNET POR LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA NO MUNDO EM 1999 E 2002 [51].

Dos cerca de 605 milhões de utilizadores da Internet em 2002, 193 pertenciam à Ásia/Pacífico, 170 ao Canadá/EUA e 169 à Europa em contraste com os apenas 6 milhões pertencentes à parte sul de África. Quase na mesma proporção se verifica no que respeita ao uso de computadores. Estes valores demonstram bem o contraste existente a nível de acesso digital nas várias regiões do planeta. Os países com mais acesso e consequentemente menos excluídos são precisamente aqueles que tem maior poder económico, mais desenvolvimento e com melhores infra-estruturas tecnológicas. O acesso às tecnologias é mais uma forma de reflectir as diferenças entre os ricos e os pobres, entre os países desenvolvidos e os não desenvolvidos.

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Exclusão Social

5.3 – Inclusão digital

Para diminuir a exclusão digital temos de promover a inclusão digital18, que tal como o próprio nome indica é o inverso da exclusão digital. Pode-se considerar a inclusão digital como um conjunto de tentativas e de esforços com o objectivo de tentar igualar todos no acesso às TIC e ao mesmo tempo fazer diminuir o risco da divisão da sociedade em dois grupos. Assumpcao, considera como sendo os esforços de fazer com que as populações das sociedades contemporâneas possam obter os conhecimentos necessários para utilizar com um mínimo de proveito, as capacidades dos recursos de TIC existentes e possam dispor de acesso físico regular aos equipamentos que possibilitam a existência destas tecnologias [14]. Bonilla vai mais além na sua definição, pois para ele a inclusão digital significa a participação efectiva, onde os indivíduos têm capacidade não só de usar e manusear o novo meio mas, também, de prover serviços, informações e conhecimentos, conviver e estabelecer relações que promovam a inserção das múltiplas culturas nas redes, em rede [15]. A inclusão digital não é missão exclusiva do governo porque as empresas, as escolas, as instituições têm de estar juntos nesta luta. Na política tecnológica conduzida pelo governo tem de prevalecer a ideia de que a democracia plena só é possível com oportunidades iguais para todos [11]. O acesso à informação e ao conhecimento deve ser assegurado sem qualquer tipo de discriminação social, porque a SI é uma sociedade para todos. Se todos temos direito a uma casa digna, acesso à saúde, aos transportes, à educação, também temos direito à inclusão digital. É importante que se prenda nos seguintes direitos fundamentais:

“Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de

18 Alguns dos conceitos usados como sinónimos são: alfabetização digital, info-inclusão ou info- alfabetização.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 43

Exclusão Social informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações”. Artigo 37.º - Liberdade de expressão e informação, ponto 1 da Constituição da República Portuguesa

A partir dos direitos civis, sociais e políticos, há a necessidade de considerar que a cidadania plena implica igualmente o direito ao acesso à informação e à comunicação. É que nas sociedades contemporâneas esta “4ª geração” de direitos é condição necessária para o exercício e o acesso aos restantes direitos de cidadania [58].

Papell Sociiedade Uniiversiidades

Favorecida Acesso Possui

Cllasse sociiall TIC Incluídos digitais

Desfavorecida

Excluídos digitais TIC Cllasse sociiall

Não possui Papell Sem acesso Uniiversiidades Sociiedade

FIGURA 12 – A RELAÇÃO ENTRE INCLUÍDOS E EXCLUÍDOS DIGITAIS [40].

Geralmente, os incluídos digitais tem um papel na sociedade, pertencem a uma classe social favorecida e tem acesso à universidade. Pelo contrário os excluídos digitais geralmente pertencem a uma classe social desfavorecida, não tem papel na sociedade e não tem acesso à universidade.

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Exclusão Social

5.3.1 – Preocupações de Portugal

Segundo, o “Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal”, algumas medidas foram ou ainda vão ser tomadas, para combater a injustiça: [0]

· Apetrechar os estabelecimentos escolares para a SI; · Equipar as bibliotecas a arquivos públicos com computadores multimédia; · Promover programas de informação ao cidadão; · Apoiar as associações culturais, centros de juventude e colectividades de cultura e recreio; · Fomentar iniciativas de autarquias locais para a democratização do acesso à SI; · Dar Prioridade a Programas de Integração na SI dos cidadãos com deficiências.

A mensagem do nosso Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio dirigida a todos os portugueses, mostra as preocupações de Portugal a este respeito [7]:

“Os desafios da chamada Sociedade da Informação existem para todos nós... Os cidadãos deverão utilizar os recursos da Sociedade da Informação para criar novos espaços de diálogo entre si... Tenho a certeza de que, em conjunto, saberemos transformar as novas possibilidades tecnológicas em poderosas vantagens”.

Jorge Sampaio (Presidente da República)

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Exclusão Social

5.4 – Algumas questões

Neste subcapítulo são apresentadas algumas questões e possíveis respostas relacionadas com os efeitos da exclusão digital na sociedade.

1 - As TIC representam uma ponte para o conhecimento ou um novo factor de exclusão ?

Nós já conhecemos os benefícios das TIC, o seu grau de implantação e utilização nas organizações e na sociedade. Mas, também sabemos que constituem mais um factor de exclusão. Em que é que ficamos ? Existem 2 diferentes visões do que as TIC invocam na sociedade. Ambas são contrastantes, mas verdadeiras [55]. Por um lado, podem constituir mais um factor de exclusão social mas, por outro, podem ajudar a superar alguns dos tradicionais factores de exclusão já existentes, promovendo novos métodos de ensino e pode especialmente beneficiar grupos sociais que estão distanciados do ensino tradicional. Os idosos são um bom exemplo da primeira visão. Concentram-se neles vários factores de exclusão: idade avançada, baixos rendimentos, incapacidade, nível de escolaridade baixo, etc. Para eles, as TIC tem actuado como mais como um factor de exclusão do que de inclusão. Os idosos tem pouco ou nenhum acesso às TIC. Pior ainda é o desinteresse que eles tem às tecnologias, vistas como “não sendo para eles”, favorecendo a sua auto-exclusão [55]. Por outro lado, há um interessante potencial das TIC para a inclusão, porque exercem influência em dois aspectos essências: motivação e processos de ensino [55]. Neste contexto, a multimédia é importante porque permite uma construção mental mais rica do que as clássicas linhas de texto favorecendo a aprendizagem. A junção de som, imagens, gráficos, texto, animações aliado à interactividade facilita a construção e a retenção do conhecimento e ajuda o professor na construção do conhecimento e na transmissão da informação aos alunos. Permite da mesma forma a auto-aprendizagem.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 46

Exclusão Social

As TIC estimulam os alunos a desenvolverem habilidades intelectuais, permite ganhar um maior interesse em aprender e a concentrarem-se mais, estimulam a busca de mais informações sobre um assunto [35]. Não esquecendo o e-learning, na sua capacidade de quebrar barreiras geográficas no ensino. Ou seja, se para uns as TIC representam uma ponte para o conhecimento, para outros representa mais um factor de exclusão na sociedade.

2 – A exclusão digital envolve apenas a parcela da sociedade mais pobre e com menos habilitações ?

Há sempre a ideia que sim, mas está errada, porque há médicos, professores, engenheiros, advogados e outros profissionais bem qualificados e bem remunerados que ainda não tem qualquer “intimidade” com as TIC. No âmbito do programa “Aveiro Cidade Digital” dedicado ao tema “Saúde e Tecnologias da Informação e Comunicação” realizado no ano 2000, José Cabeças, presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, disse que a actual geração de médicos ainda pertence ao grupo de excluídos digitais e sugeriu às faculdades de medicina que introduzam nos seus sistemas de aprendizagem as ferramentas informáticas de base para que os futuros clínicos não sintam as mesmas dificuldades. Entretanto, como forma de corrigir as deficiências, foram ministrados cursos de formação na Universidade de Aveiro (UA) que abrangeram um total de duas centenas de médicos e funcionários do Hospital e dos vários centros de saúde do concelho [13]. Os médicos não devem temer as novas tecnologias, e até pelo contrário deve saber explorá-las. O seu conhecimento da área da medicina deve ser complementado com o das TIC. Devem dominar minimamente esta área de conhecimento de tal forma que saibam gerir os registos electrónicos dos seus doentes, conhecer e saber usar as aplicações médicas que são colocadas ao seu dispor, permitindo desta forma prestar bons e actualizados serviços médicos. O médico deve estar constantemente actualizado das novidades

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Exclusão Social aplicacionais na área da saúde, senão sujeita-se a tornar-se um excluído digital. Da mesma forma, nunca se deve pensar que os professores, mesmo os da área de Informática nunca serão excluídos digitais. Como as TIC estão em constante evolução, os professores precisam de ter uma actualização quase permanente ao longo da sua vida profissional.

3 – Para promover a inclusão digital basta apenas dar o equipamento necessário às pessoas ?

A inclusão digital não é só dar telemóveis, colocar computadores com ligação à Internet e outros equipamentos tecnológicos à frente das pessoas. Isto não resolve o problema se as pessoas não sabem trabalhar com as tecnologias. É fundamental que as pessoas sejam ensinadas por professores qualificados a explorarem e tirarem partido das vantagens e o que de melhor essas tecnologias podem oferecer, permitindo que as pessoas tenham uma melhor participação na sociedade. Além de saber utilizar o computador e a Internet, é fundamental saber distinguir a informação útil da inútil, a falsa e prejudicial da verdadeira e acima de tudo treinar a capacidade crítica face aos conteúdos [58]. Logo, é importante uma “educação digital” de forma estarem capacitadas a usar as tecnologias para aplica-las de forma efectiva [54].

4 – No desempenho escolar, os alunos que têm acesso pleno aos computadores e à Internet estarão em vantagem em relação a outros que não tem ?

Em princípio sim, pelo menos tem condições para isso. Mas, ter condições não é sinónimo de sucesso. As TIC permitem aos alunos facilitar a realização de certos trabalhos, aumentar conhecimentos sobre determinadas áreas do saber. Os documentos digitais tais como: enciclopédias, livros, dicionários são uma mais valia para que o aluno permita aumentar os seus conhecimentos. Estas são ferramentas de apoio que se forem bem aproveitadas são úteis e produtivas até

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Exclusão Social mesmo para os professores. Mas, para adquirir os conhecimento não basta ter os meios, é também necessário saber como usa-los e como adquirir a informação a partir deles. A seguir é apresentado um estudo que mostra a influência do uso do computador e da Internet no desempenho de uma prova: O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) fez um estudo estatístico a escolas e turmas aleatoriamente (288 mil alunos, 12 mil turmas, 7 mil escolas, 22 mil professores e 7 mil directores de escolas estaduais, municipais e particulares de todos os estados e do Distrito Federal, no Brasil). O gráfico seguinte é referente aos alunos que estão na 4ª série do ensino fundamental em 2001 e o desempenho é relativo à prova de Matemática [25].

FIGURA 13 – DESEMPENHO DOS ALUNOS NUMA PROVA RELACIONANDO TER OU NÃO TER COMPUTADOR [25].

FIGURA 14 – DESEMPENHO DOS ALUNOS NUMA PROVA RELACIONANDO TER OU NÃO TER ACESSO À INTERNET [25].

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Exclusão Social

Como podemos ver no gráfico anterior, os alunos que tinham computador são os que obtiveram maior desempenho. Mas, pelo facto de terem mais do que um computador não faz aumentar o sucesso. Os que tinham acesso à Internet foram os mais bem sucedidos do que os que não tinham (177.98 contra os 185.75). Podemos concluir que o uso do computador e da Internet favorece positivamente o rendimento escolar.

5 – Quais os sectores de actividade mais excluídos digitalmente ?

Segundo dos dados estatísticos do Centro de Políticas Sociais (CPS) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), podemos ver a distribuição do uso do computador e da Internet nos vários sectores de actividade:

Nota: Valores em %.

FIGURA 15 – O USO DO COMPUTADOR E DA INTERNET NOS SECTORES DE ACTIVIDADE [25].

Analisando os dados podemos concluir que os sectores agrícola e de construção são os mais excluídos digitalmente. Por outro lado, os menos excluídos são os serviços. Este é um estudo brasileiro, mas podemos fazer uma analogia ao caso português, porque em princípio os valores não devem ser muito diferentes. O sector primário é o mais excluído porque é o que menos necessidade tem das tecnologias e onde predomina as pessoas com nível de formação mais baixo.

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Exclusão Social

Por outro lado, o sector terciário é o menos excluído, porque é onde existem mais profissões ligadas à informação e ao conhecimento em que a tecnologia é fundamental. Também porque predominam as pessoas com nível de formação mais elevado.

6 – As competências nas TIC afectam o recrutamento num emprego ?

Cada vez mais os postos de trabalho serão tecnológicos, mais ligados à informação e ao conhecimento. As TIC fizeram desaparecer muitos postos de trabalho mas, por outro lado fez aparecer outros novos. Em quase todos os anúncios de emprego são exigidos conhecimento básicos de Informática. Tanto o acesso às TIC como os conhecimentos que elas exigem tornam-se essenciais para a nossa capacidade de inserção profissional e para o nosso papel de cidadãos activos. Assim, as não competências nas TIC afecta negativamente o recrutamento na grande maioria dos empregos.

5.5 - Resumo

A exclusão social é um problema complexo que afecta uma grande parte da população mundial, limitando e diferenciando umas pessoas das outras. Não existe uma definição consensual [49], mas poderemos constatar que está relacionada em parte com a insatisfação, mal-estar do ser humano quando este se encontra numa situação em que não pode realizar aquilo que deseja para si próprio e para a sua família [45]. A exclusão social pode ter raízes económicas, políticas, étnicas, sexuais, religiosas, etc. [49]. Mas, a revolução da informação e a “explosão” das TIC criou um novo factor de exclusão social, aprofundando ainda mais as diferenças entre as classes sociais. Este novo factor de exclusão dividiu a sociedade em dois grupos. Um grupo é composto por aqueles que têm acesso às TIC e aproveitam ao máximo os seus benefícios, e o outro por aqueles que não tendo esse acesso, nem

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Exclusão Social conhecimentos, são vítimas da nova cultura da informação e das suas tecnologias. Assim, o uso e a generalização das TIC, obriga-nos a conviver com um outro tipo de exclusão, a digital. Várias podem ser as causas que contribuem para a exclusão digital. As causas financeiras são uma delas, na medida em que os custos de aquisição e de manutenção dos equipamentos e do acesso à Internet são elevados para muitas pessoas. Num país como o nosso é por vezes difícil suportar estes custos. Por outro lado, a existência de um governo que não motive, não tome medidas eficazes, claras e coerentes para a propagação das TIC, é certo que contribuirá fortemente para uma alta taxa de exclusão digital no seu país. O governo tem um papel importante e é um dos principais responsáveis, devendo adoptar soluções de forma a que as tecnologias cheguem a um maior número de pessoas possível. A própria mentalidade, a ignorância, o medo, a falta de ambição, curiosidade e vontade de aprender das pessoas faz com que tenham mais dificuldades em adaptarem-se a esta nova realidade tecnológica. O próprio meio social desfavorece se não existir uma cultura e um hábito tecnológico por parte das pessoas com quem se relaciona mais. O grau de desenvolvimento económico e tecnológico de um país são factores importantes e determinantes para a propagação das TIC na população. Por vezes, prende-se com a conectividade e falta de infra-estruturas das telecomunicações. Este problema afecta principalmente os países subdesenvolvidos. Por todo o mundo existem excluídos digitais. Os países com mais acesso ao computador e à Internet são aqueles que tem maior poder económico, maior desenvolvimento e melhores infra-estruturas tecnológicas. Para diminuir a exclusão digital temos de promover a inclusão digital, que como o próprio nome indica é o combate à exclusão digital. Assumpcao, considera como sendo os esforços de fazer com que as populações das sociedades contemporâneas possam obter os conhecimentos necessários para utilizar com um mínimo de proveito, as capacidades dos recursos de TIC existentes e possam dispor de acesso físico regular aos equipamentos que possibilitam a existência

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Exclusão Social destas tecnologias [14]. É importante que a inclusão digital se prenda nos direitos básicos fundamentais. As TIC podem servir como uma ponte para o conhecimento, mas também é um novo factor de exclusão social. A exclusão digital não envolve apenas a parcela mais pobre e com menos habilitações da sociedade, porque existem profissões bem qualificadas em que os seus profissionais são excluídos digitais, como por exemplo, médicos, professores, advogados, etc. Para promover a inclusão digital não basta dar os equipamentos para as pessoas. Deve ser complementado com formação de modo a tirarem o melhor proveito das tecnologias, porque não adianta dar um computador a um idoso se não souber trabalhar com ele. Os alunos que tem computador e acesso à Internet geralmente tem melhores desempenhos escolares do que os outros, porque é mais uma forma de obterem conhecimento e de aprenderem melhor. O sector de actividade mais excluído digitalmente é o primário, enquanto que o menos excluído é o terciário, porque o uso das TIC neste sector é mais necessário e mais utilizado.

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Combate à exclusão digital

6 – Combate à exclusão digital

“Mais importante do que as palavras e as promessas são as acções.”

Não basta olharmos para os números e lamentarmos as estatísticas porque isso não nos leva a lado nenhum. É importante por mãos à obra e fazer algo para tentar resolver o problema da exclusão digital e reverter as estatísticas negativas. São algumas as iniciativas de várias instituições/organizações, umas já postas em pratica, mas muitas ainda por diversas razões nem sequer saíram do papel. Este capítulo é a continuação do anterior. Depois de sabermos o que é a exclusão digital, este capítulo centraliza-se precisamente no seu combate e consequentemente no fortalecimento da SI. São descritas algumas formas de combate à exclusão digital, incluindo exemplos de projectos, software e equipamentos que foram produzidos para esse efeito. Segue-se um conjunto de iniciativas nacionais e internacionais que visam a inclusão digital. Por fim, é feito o resumo do capítulo.

6.1 – Motivos para combater

Podem ser apontados pelo menos cinco motivos para combater a exclusão digital [53]:

· Os conhecimento em Informática são fundamentais para obter melhores empregos; · A Internet ajuda na desburocratização de serviços públicos; · A Internet é a maior biblioteca do mundo. Em poucos minutos, é possível reunir informações suficientes para a realização de um bom trabalho escolar e dados importantes para a execução de tarefas profissionais; · O e-mail permite a transferência de uma quantidade enorme de

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Combate à exclusão digital

conhecimento de um ponto a outro do planeta. As conversas pela rede mundial de computadores são mais baratas que por meio de telefone; · As ferramentas de um computador permitem a organização da vida em diversos níveis. É possível elaborar desde um simples orçamento doméstico a um complexo demonstrativo financeiro de uma grande empresa.

Embora por vezes não se dê a devida importância, o combate à exclusão digital é fundamental para o desenvolvimento de um país e para a democratização do acesso à informação e ao conhecimento.

6.2 – Formas de combate

Várias são as formas de fazer com que as TIC cheguem a um maior número possível de pessoas, evitando o agravamento da taxa de exclusão digital e proporcionando o fortalecimento da SI. Tendo em vista esse objectivo, existem vários projectos e iniciativas propostos pelo governo e de algumas instituições/organizações. As acções de inclusão digital devem ter em conta as populações com necessidades especiais, idosos, com baixa escolaridade, com impedimentos ou limitações intelectuais, físicas, sensoriais, motoras [53]. Não esquecendo que existem públicos, níveis de acesso e níveis de conhecimento diferentes [53]. A exclusão digital é um problema complexo que apresenta desafios práticos e políticos. As soluções que funcionam nos países desenvolvidos não podem ser simplesmente transferidas para os países em desenvolvimento. Precisam de estar fundamentadas no entendimento das necessidades e condições locais [59]. A partilha de experiências, a elaboração de projectos em conjunto favorece a inclusão digital e consequentemente a social [54].

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Combate à exclusão digital

6.2.1 – Maior disponibilidade nos pontos de acesso públicos

As TIC devem ser postas à disposição das pessoas de uma forma gratuita ou muito facilitada nos pontos de acesso publico19. O facto de haver cada vez mais bibliotecas equipadas20 com computadores com acesso à Internet e as aplicações mais comuns21, possibilita a grande parte da população contactar e usufruir das TIC de uma forma gratuita. Qualquer pessoa pode ter acesso22, bastando para isso tornar-se sócio da biblioteca, que também é gratuito. Evita que as pessoas desfavorecidas e com dificuldades económicas fiquem “de fora” da SI. Os pontos de acesso às TIC devem estar localizados preferencialmente em locais onde reside grande parte dos excluídos, para que essas pessoas possam ir com maior facilidade e se possível junto de pontos de referência conhecidos na região.

FIGURA 16 – COMPUTADORES COM ACESSO À INTERNET NUM LOCAL DE ACESSO PÚBLICO.

Iniciativa conjunta da REFER e da UMIC

Uma iniciativa conjunta da Rede Ferroviária Nacional (REFER) e da Unidade de Missão, Inovação e Conhecimento (UMIC), promete pôr os utentes dos comboios a navegar pela Internet.

19 Como por exemplo as bibliotecas, agências de correios e de emprego, associações culturais, sindicatos e centros de informação para a juventude. 20 Na região do Grande Porto, são exemplos, a biblioteca municipal de V. N. Gaia, a municipal do Porto e a Almeida Garret, também no Porto. 21 Aplicações Office (ex. Word, Excel, Powerpoint, Access) e outras mais comuns (ex. Winzip). 22 Normalmente, esse acesso está limitado a 1 hora por dia.

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Combate à exclusão digital

A partir do final de Maio de 2004 foram instalados em 31 estações de caminhos de ferro quiosques multimédia com acesso a informações sobre a REFER ou sobre as cidades onde os quiosques serão instalados, e ainda informações de utilidade pública como farmácias de serviço, hospitais e transportes. Estes pontos terão também uma área lúdica onde será possível tirar fotografias e enviá-las por correio electrónico. Ao todo serão 64 pontos de banda larga para familiarizar as pessoas com as novas tecnologias. Esta é uma das iniciativas de um conjunto de acções preparadas para promover a SI e é comparticipada em 65% por fundos comunitários. Durante o primeiro ano o acesso à Internet será completamente gratuito [29].

6.2.2 – Apostar na formação

As competências nas TIC são fundamentais hoje em dia e a formação permite adquirir essas mesmas competências. Não adianta colocar computadores à disposição das pessoas de forma gratuita se não sabem trabalhar com eles. É importante que haja cada vez mais escolas de formação e cursos relacionados com as TIC, em especial de Informática, para que as pessoas possam adquirir os conhecimentos mínimos necessários. Em Portugal, existem diversas escolas e centros que ministram cursos, alguns deles gratuitos, destinados por vezes a públicos diversos (crianças, jovens, activos, desempregados, idosos, etc.). Mas, a quantidade de cursos não significa qualidade, porque o professor tem de ser uma pessoa com grande capacidade de relacionamento interpessoal e capaz de transmitir os conhecimentos de uma forma clara que permita aos alunos compreenderem, motivarem-se e tirarem o melhor proveito das TIC. Mesmo que uma pessoa não seja digitalmente excluída não deve prescindir periodicamente desse tipo de cursos para se actualizar, tendo em conta que a tecnologia evolui a um ritmo alucinante. Esta “reciclagem” dos conhecimentos é importante para que as pessoas mantenham-se sempre actualizadas, para

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Combate à exclusão digital corresponder correctamente às necessidades e exigências da sociedade. É preciso ter em conta que existem diversos públicos alvo com características e necessidades diferentes:

Idosos

Os idosos não devem ser esquecidos, porque são um grupo frágil. Como se costuma dizer, nunca é tarde para aprender e muitos dos idosos até se mostram mais interessados e com mais empenho do que muitos jovens.

FIGURA 17 – AS TIC E OS IDOSOS.

Sendo as TIC recentes, é natural que os idosos sejam o grupo etário que mais dificuldades tem em acompanhar e perceber esta mudança. Isto também deve-se ao facto de as diferentes tecnologias se generalizarem entre os utilizadores em períodos de tempo cada vez mais curtos. A diferença tecnológica entre os tempos das suas infâncias e o dos dias de hoje são bastante acentuadas e não acompanhadas convenientemente o que dificulta a sua adaptação. A faixa etária dos idosos é a que menos tem contacto com as TIC, muitas vezes porque não tem conhecimentos nem oportunidades de acesso. Também pela maior probabilidade de incapacidade e de terem uma deficiência. Mesmo assim, a tendência que se aponta é que haja cada vez mais pessoas idosas a terem contacto com as TIC. Muitos dos idosos que usam a Internet sentem-se mais “novos” e são muitas vezes incentivados pelos mais jovens. Actualmente, existem vários projectos camarários de incentivo aos idosos para o contacto com as TIC. Esses projectos por vezes consistem em cursos

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Combate à exclusão digital gratuitos de Informática, incluindo a Internet. Essas pessoas normalmente, sentem-se extremamente motivadas e interessadas em aprender a trabalhar com o computador. Isto prova que as TIC podem chegar a qualquer um, mesmo que à partida se pense ser impossível ou difícil. O medo, a ausência de conteúdos específicos, a escassez de recursos financeiros, a falta de conhecimentos ou a inadequação do equipamento são algumas causas que levam a maioria dos idosos a evitar as TIC. A psicóloga e gerontóloga Cecília Raso, acredita que, muitas vezes o que impede o idoso de ter acesso à tecnologia é a questão social e económica do país. Ter um computador em casa, fazer um curso, manter uma linha telefónica para a Internet é sinal de despesa. Por outro lado, se a maioria das pessoas da terceira idade já estão aposentadas, é precisamente através dos conhecimentos de Informática que muitas retornam à actividade profissional. Marciana Nunes Guedes, de 67 anos, ex-administradora de empresas, aposentada há doze anos, tornou-se digitadora de livros numa biblioteca, após fazer um curso de Informática. Marciana também cria e desenvolve cartões de aniversário e natalícios. Os computadores e em particular a Internet não servem só para trabalhar, proporcionam também cultura e entretenimento. Há cursos virtuais, compras, jogos, salas de debate, chats, bibliotecas virtuais e até namoro. Para a gerontóloga Cecília Raso, as pessoas da terceira idade costumam ter medo do novo e do desconhecido e muitas vezes precisam do incentivo da família para começar. “O espírito não envelhece. As pessoas acham que só os jovens têm projectos de vida. A informática estimula a socialização. Não substitui a presença humana, mas é um paliativo para a solidão”, diz. Estudos de David Lansdale23 mostram que o uso da Internet pode ajudar a superar depressão, a solidão e o desamparo, comuns nos idosos. Hildebrando Lamberti, de 65 anos, confirma: “Com ela brinco, faço amigos, tenho emoção” [5].

23 Especialista norte-americano em geriatria da Univeridade de Stanford.

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Combate à exclusão digital

É natural o receio no primeiro contacto com a tecnologia e normalmente os idosos tratam as máquinas como “bichos de sete cabeças”. Mas, é quase certo que a maior parte deles à medida que praticam começam a gostar e a entreterem-se com os computadores. Descobrem um novo mundo totalmente diferente daquilo que eles próprios imaginavam. Por vezes, os próprios professores que leccionam os cursos ficam admirados com tanto interesse, dedicação e entusiasmo que os idosos demonstram.

FIGURA 18 – OS IDOSOS E O INTERESSE NAS TIC.

“Uma das minhas filhas trabalhava numa empresa de informática, por isso, sempre conversávamos em casa sobre as novidades da informática. Eu entusiasmei-me para aprender e no início eu achava tudo muito estranho e tinha um grande bloqueio para aprender”

Rosa Schutz, aposentada

A Rosa joga bridge no computador com pessoas de vários lugares do mundo, faz pesquisas na Internet sobre doenças ou outros temas e lê artigos que lhe interessam. Ela também usa a Internet para comprar bilhetes para espectáculos ou peças de teatro e para trocar emails com os seus amigos. "O meu marido não quis mais aprender a usar o computador. Ele não se interessa. Ainda bem que eu tive coragem de continuar (...)", disse a Rosa. Ela começou a frequentar um curso de Informática para idosos, onde aprendeu os passos básicos para utilizar o computador. "Será que ainda consigo ?"

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Combate à exclusão digital

A insegurança de Rosa não é um facto isolado. Muitas pessoas mais velhas têm bloqueios para aprender. No fundo, têm medo de não conseguir aprender algo novo [6]. O computador pode compensar algumas das perdas que acompanham normalmente as idades avançadas e pode oferecer mais uma oportunidade para aprender [55]. É especialmente útil para os idosos que vivem em lares e que tem pouca mobilidade.

Crianças e jovens

Por razões naturais, a faixa etária jovem é a que apresenta maiores facilidades em inserir na nova SI e a que está mais preparada para ingressar no mundo do trabalho ou que até já faz parte dele. Uma das razões que os jovens tem mais facilidade em arranjar emprego, além obviamente da idade é o facto de a grande maioria já estar inserida na SI, possuírem uma cultura tecnológica considerável e estarem preparadas em lidar com as novas tecnologias. São praticamente contemporâneos desta revolução. Em particular para as crianças já existem diversos cursos de Informática e Internet de forma a que os mais novos possam inteirar-se desde muito cedo nas tecnologias, permitindo uma adaptação mais fácil ao longo da vida.

FIGURA 19 – AS TIC E AS CRIANÇAS.

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Activos (nas condições perante o trabalho)

Uma das razões que levam os activos a ter formação nas TIC, é muitas vezes devido à possibilidade e desejo de subida de posto na empresa onde trabalham. Quando essa possibilidade aparece, as pessoas consciencializam-se que a formação nas TIC é um cartão de visita e uma “obrigação” para a concretização desse desejo. Outras vezes, a razão é a necessidade de se fazer uma “reciclagem” dos conhecimentos.

6.2.3 - Integração das TIC nas escolas de ensino obrigatório

Sendo o sistema de ensino obrigatório na generalidade gratuito e frequentado por muitos alunos, é importante aproveita-lo para promover a inclusão digital, de forma a preparar esses alunos desde muito cedo como futuros cidadãos da SI. Permite que eles se consciencializem e se adaptem à nova realidade, impedindo o seu afastamento por motivos económicos. A criação de centros de Informática nas escolas pode ser uma das soluções, bem como a inclusão nos planos de estudos de disciplinas obrigatórias relacionadas com as TIC, ou mesmo sessões de formação. Deve haver um maior envolvimento não só dos professores mas também dos próprios pais dos alunos.

FIGURA 20 – OS COMPUTADORES NAS ESCOLAS.

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De seguida, são apresentados alguns programas que promovem o ensino secundário, bem como outros projectos e iniciativas propostas pelo governo. Graças a isso, Portugal, no que respeita ao número de utilizadores da Internet apresenta um crescimento exponencial em relação a 1994 [7].

Revisão curricular no ensino secundário

As TIC vão ser obrigatórias no ensino secundário, segunda a nova revisão curricular do ensino secundário. Esta alteração da reforma curricular entrará em vigor já no ano lectivo de 2004/2005 e dará grande importância à formação tecnológica. As alterações são muitas e vão de encontro à nova realidade do mercado de trabalho e da evolução que a sociedade portuguesa sofreu na última década. Por este motivo, seria impensável que as TIC não estivessem incluídas nesta revisão do ME, que contou com a colaboração e a participação de professores, investigadores, individualidades dos mais diversos sectores da sociedade portuguesa, associações profissionais, sociedades científicas e organizações sindicais e empresariais. Todos os cursos, tanto da área das ciências como de letras, terão obrigatoriamente uma disciplina de TIC, com a carga horária semanal de 2 unidades lectivas de 90 minutos, integrando a componente de formação geral. Esta disciplina conciliará os objectivos de sensibilização para a Informática e de formação em torno de ferramentas de produtividade como gestão de ficheiros, processamento de texto, folha de cálculo, apresentações, navegação na Internet, correio electrónico ou tratamento de imagem. Outra das disciplinas previstas é a de Aplicações Informáticas, que surge como um desenvolvimento da disciplina de formação básica (TIC), nomeadamente em bases de dados, gestão e manutenção de redes, desenho assistido por computador, webdesign, gestão de projectos ou multimédia. Outra boa notícia é a criação de um curso dedicado à Informática, cujas disciplinas são: Tecnologias da Informação; Bases de Programação; Aplicações Informáticas; Planeamento, Montagem e Manutenção de Rede e Equipamentos

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Combate à exclusão digital

Informáticos. Finalmente, determinados cursos terão disciplinas específicas. É o caso do curso de Construção Civil e Edificações, que terá as cadeiras de Computação Gráfica e Desenho de Construção, e o curso de Electrotécnica e Electrónica, que inclui as disciplinas de Sistemas Analógicos e Digitais e de Telecomunicações.

Projecto Minerva

A primeira tentativa de introdução sistemática das novas tecnologias nas escolas de ensino não superior deu-se com o Projecto “Meios Informáticos No Ensino: Racionalização, Valorização, Actualização” (MINERVA), um projecto do ME, e gerido pelo mesmo, que vigorou entre 1985 e 1994. O principal objectivo é a evolução acelerada das TI, a sua difusão crescente e o seu efeito transformador sobre a sociedade. Este trabalho foi desenvolvido numa articulação inovadora entre IES e escolas dos restantes níveis de ensino. Este desenvolvimento efectuou-se nas vertentes da formação de professores e de formadores de professores, na exploração e desenvolvimento de materiais (incluindo documentação e software educativo), investigação, apoio directo ao trabalho dos professores nas escolas, e na criação de condições logísticas para a instalação e utilização destes meios (nomeadamente através da criação de Centros de Apoio Local e Centros Escolares Minerva), com o objectivo último e amplo de renovar de uma forma inovadora o sistema educativo. Um dos domínios em que mais de metade dos Pólos do Projecto MINERVA se envolveu de forma especial desde 1989/90 foi o da Telemática Educativa, investindo nas componentes de investigação, acção, formação e desenvolvimento de actividades e projectos telemáticos, de forma a manter a ligação e a coesão entre escolas, reforçar a sua capacidade de apoio mútuo, facilitar o lançamento e desenvolvimento de outros projectos educativos e contribuir para a construção e disponibilização de recursos partilhados por todos. Depois de 1994, este projecto deu origem ao serviço telemático educativo “BBS-MINERVA”, sediado na secção de Ciências da Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e ao Grupo Nacional de

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Combate à exclusão digital

Telemática Educativa (EDUCOM), que integrou os docentes formadores ligados ao Projecto MINERVA, responsáveis pela dinamização e acompanhamento das actividades relacionadas com a utilização de meios telemáticos em contextos educativos. Pela sua longevidade e implantação a nível nacional (cerca de 25 pólos espalhados pelo país), o Projecto Minerva foi um marco importante na sensibilização de professores e alunos para as TIC. No entanto, convém referir que uma das principais causas do insucesso do Projecto Minerva nas escolas do ensino secundário, se deveu à falta de formação académica adequada na área de Informática, dos responsáveis pelo mesmo, nas diferentes escolas [7].

Programa Internet na Escola

Este programa do Ministério da Ciência e da Tecnologia (MCT), insere-se no conjunto de medidas do “Livro Verde para a Sociedade da Informação”. O programa comprometeu-se assegurar a instalação de um computador multimédia e a sua ligação à Internet na biblioteca ou mediateca das escolas, pretendendo deste modo contribuir para uma igualdade e melhoria do acesso à informação, seja em CD-ROM seja através da Internet, a disponibilização na rede de materiais produzidos pela escola e ainda como forma de permitir às escolas a partilha e cooperação com outras escolas, com a rede da comunidade científica e outras. Este programa concretizou-se, numa primeira fase, pela instalação na biblioteca ou mediateca de todas as escolas do ensino não superior, público e privado, do 5º ao 12º ano, de um computador com capacidades multimédia e sua ligação à Internet. Foram ainda abrangidas algumas escolas do 1º ciclo, bibliotecas e associações, num total de mais de 1600 escolas ligadas no início do ano lectivo de 97/98. Numa segunda fase (Setembro 1999) estendeu-se a mais de 1900 escolas, cerca de 250 bibliotecas e 15 museus.

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Combate à exclusão digital

Para esta ligação à Internet, a Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN24), organismo que tem fornecido acesso à Internet às IES, implementou 15 pontos de acesso à rede, distribuídos por todo o país e sediados em IES ou laboratórios de investigação do Estado. Esta extensão da já existente Rede da Comunidade Científica Nacional (RCCN), constitui a Rede Ciência Tecnologia e Sociedade (RCTS25). A infra-estrutura disponibilizada, permite o acesso RDIS (Rede Digital de Integração de Serviços) a 64/128 kbps a todas as escolas, sem encargos adicionais para as mesmas. Este acesso permite assim a alunos e professores um acesso gratuito, rápido e fiável à Internet. É importante referir que, o número médio de acessos diários à Internet nas escolas teve uma taxa de crescimento a rondar os 25% em 1998 e 1999 [7].

(Fonte: FCCN / Observatório das Ciências e das Tecnologias)

FIGURA 21 – EVOLUÇÃO DO NÚMERO MÉDIO DE ACESSOS DIÁRIOS À INTERNET NAS ESCOLAS.

Com o objectivo de acompanhar o programa Internet na Escola, foi criada a Unidade de Apoio à Rede Telemática Educativa (uARTE) tendo a seu cargo a tarefa de acompanhamento de todo o processo, funcionando como elemento de

24 http://www.fccn.pt 25 http://www.rcts.pt

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Combate à exclusão digital ligação entre escolas e os vários parceiros, nomeadamente as Associações Científicas, Educacionais e Profissionais, Centros de Formação de Professores e o ME. A promoção de actividades mobilizadoras do uso da Internet na escola e de produção de materiais constituem outras vertentes da actuação deste grupo de trabalho. Um servidor web, criado e mantido por esta equipa, constitui uma das formas de apoio do programa, que recorrerá ainda ao uso de outros serviços da Internet para comunicação com as escolas: correio electrónico, conferências electrónicas, conversa e arquivos de ficheiros. Por outro lado, as escolas dispõem dos seus próprios endereços de correio electrónico e espaço para as suas páginas de WWW, nos respectivos pontos de acesso à rede. Desta forma, podemos dizer que as escolas não se encontram “de facto” na Internet, uma vez que não possuem um servidor web próprio e sofrem de várias limitações, como por exemplo não estarem ligadas 24 horas por dia à Internet. O computador colocado nas escolas pelo programa Internet na Escola foi instalado na biblioteca, na medida em que este local deve constituir-se como um centro de recursos multimédia, funcionando em livre acesso e destinado à consulta e produção de documentos em diferentes suportes e ser, por isso, o espaço onde é possível a toda a comunidade escolar utilizá-lo directa e livremente. É importante que se diga que a instalação de um único computador para a Internet não impede a ligação em rede a este computador de outros que multipliquem o número de postos de acesso. Não significa que não possam vir a ser instalados outros computadores com acesso à Internet noutros espaços da escola. Contudo, correspondendo esta possibilidade apenas a uma ínfima percentagem de escolas portuguesas, é também na biblioteca que poderão ter que se desenvolver actividades de ensino que apelem ao uso da Internet. Neste caso, as decisões sobre a sua utilização devem ser tomadas de acordo com as estratégias de ensino e aprendizagem pensadas pelos professores e implicam uma articulação de meios, equipamentos e materiais a utilizar, os modos de agrupamento dos estudantes, a organização do espaço, as formas de comunicação e interacção e, em última análise, o repensar da própria articulação

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Combate à exclusão digital entre o espaço físico da biblioteca e o espaço físico da aula. É de salientar que uma medida menos conseguida para ser concretizada no ano de 2000, era a instalação de um computador multimédia por sala de aula nos ensinos básicos e secundário, pressupondo a ligação desses computadores a uma rede local com acesso às redes telemáticas nacionais e internacionais. Conscientes das potencialidades educativas da Internet, muitos professores e alunos começaram a explorar os seus serviços, utilizando-a para pesquisa de informação, para dar a conhecer a escola, as suas actividades e os trabalhos realizados pelos seus alunos e para desenvolver projectos comuns de telemática educativa, a nível regional, nacional ou internacional [7].

Criação dos cursos tecnológicos

A criação dos cursos Técnico-Profissionais, em particular o Curso Técnico- Profissional de Informática/Gestão, em 1986, e a sua posterior transformação no Curso Tecnológico de Informática, veio trazer uma nova “força” às escolas, em termos da introdução das TI. De facto, a necessidade de equipar as escolas com tecnologias adequadas ao cumprimento dos programas estabelecidos pelo ME banalizou o contacto com estas novas tecnologias, bem como o seu uso alargado, no seio das escolas. Em particular, algumas disciplinas obrigaram ao investimento em tecnologias pouco conhecidas nas escolas do ensino secundário: as redes de computadores. Como consequência dos cursos de Informática, no seio das escolas, começaram a aparecer os primeiros técnicos especializados em Informática, já que se tornou necessária a contratação de docentes com formação académica na área de Informática, de forma a assegurarem a leccionação das diferentes disciplinas dos planos curriculares desses cursos. Estava assim criado um foco dinamizador no seio das escolas, que permitiu dar uma resposta adequada à revolução tecnológica que se avizinhava: a introdução da Internet nas escolas [7].

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Combate à exclusão digital

Programa Nónio-Século XXI

O programa Nónio-Século XXI foi uma iniciativa do ME. Suportado pela experiência do projecto Minerva, tem como objectivo apoiar e adaptar o desenvolvimento das escolas às novas exigências colocadas pela SI: exigências de novas infra-estruturas, de novos conhecimentos e de novas práticas. Tendo em vista as transformações quotidianas na sociedade, o programa pretende a melhoria das condições em que funciona a escola e o sucesso do processo ensino-aprendizagem, o desenvolvimento do mercado nacional de criação de software para educação com finalidades pedagógicas e de gestão, a contribuição do sistema educativo para o desenvolvimento de uma sociedade de informação mais reflexiva e participada. Tem a duração de quatro anos lectivos, estando sujeito a uma avaliação anual e uma avaliação final. Apesar das dificuldades em aceder ao programa, devido aos condicionalismos impostos pelo regulamento de candidatura, são muitas as escolas que têm apresentado projectos bastante válidos. Ainda no âmbito do Programa Nónio Século XXI, foi disponibilizado o sistema Profmail, que tem o objectivo de facilitar as tarefas quotidianas dos professores (marcações de visitas de estudo, troca de informações entre professores do mesmo nível de ensino ou das mesmas áreas disciplinares, dinamização de projectos educativos inter-escolas), fomentando o trabalho colaborativo, recorrendo desta forma ao correio electrónico, possibilitando a constituição de redes específicas de conhecimento. As contas de correio electrónico são disponibilizadas gratuitamente aos professores que as desejarem. Com o aumento da utilização e aquisição de telemóveis, o acesso à Internet poderá sofrer um aumento significativo por parte dos alunos e professores, fazendo com que estes possam assumir um papel de destaque em relação às TIC existentes nas escolas. Projectos como o NetMóvel vêm contribuir para a utilização dos telemóveis no acesso à Internet [7].

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Combate à exclusão digital

Programa Cidades Digitais

Criado pelo MCT, lançado em 1998, este programa funciona como uma extensão do programa Internet na Escola. O programa Cidades Digitais, suportado pela RCTS, encontra-se a dinamizar iniciativas viradas para a produção e utilização de conteúdos de uso cultural e educativo, criação de clubes Internet, disponibilizar endereços na Internet, lançamento de programas de oferta de equipamentos informáticos às escolas e dinamização de uma rede de alto débito para fins educativos [7].

6.2.4 – Doação de equipamentos

Uma das barreiras que se coloca à inclusão digital é o preço dos equipamentos (computadores, modems, etc.). Perante este problema é necessário encontrar com imaginação soluções a custo zero ou muito reduzido. As empresas26 e outras organizações podem liderar ou participar em campanhas de doação de computadores e outros equipamentos para escolas, centros comunitários de Informática, pessoas desfavorecidas e carenciadas. Além disso, podem incentivar seus funcionários a também fazer o mesmo [54]. Grande parte dos computadores abandonados não têm qualquer valor comercial27, mas a sua funcionalidade mantêm-se intacta o que permite tirar partido deles se for utilizado o software adequado [12].

6.2.5 – Uso de sistemas operativos e outras aplicações gratuitas

As políticas da Microsoft em relação aos seus produtos (Windows, Office, etc.), além de serem um absurdo, contribuem para a exclusão digital. As

26 Geralmente com um ciclo de 2, 3 ou mais anos, as empresas trocam o seu parque de computadores [54]. 27 O modelo de comercialização dos computadores pessoais tem conduzido a enormes desperdícios de hardware em parte devido às conveniências do mercado. Os computadores têm que ser cada vez mais potentes porque as aplicações informáticas são mais pesadas (exigem mais capacidade de processamento e mais memória disponível) e vice-versa , esta lógica circundante mascara uma certa incompetência da industria de software que não optimiza os seus produtos na ânsia de lançar "rapidamente" para o mercado aplicações com mais funcionalidades e assim superar a concorrência [12].

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Combate à exclusão digital aplicações informáticas (ex. sistemas operativos) são muito caras e não são para o “bolso” de qualquer um. Graças ao Linux é possível utilizar máquinas menos poderosas, mais baratas e programas gratuitos. A utilização e a propagação de sistemas operativos e outras aplicações gratuitas, ou até mesmo o licenciamento gratuito de software favorece a uma diminuição da exclusão digital. É importante que estas aplicações sejam devidamente aproveitadas pela sociedade, quer nas instituições públicas, escolas, universidades e cidadãos em geral. Devem ser usados como forma de combater a exclusão digital nomeadamente nas instituições de ensino28, porque proporcionam um acesso livre e democrático às TIC. Uma das aplicações mais interessantes deste tipo de sistemas prende-se com a sua excelência técnica, pois são mais "magros" que a maioria do software comercial. Esta característica favorece a sua instalação em computadores antigos o que permite desenvolver soluções informáticas gratuitas. Uma boa parte da informação que circula em suportes digitais é produzida em formatos proprietários, que torna acessível apenas a quem utiliza software de um único fabricante. Isto é uma protecção ao mercado de software e faz com que os construtores de software além de serem donos das aplicações, sejam donos também da informação sem pagarem nada por isso. Generalizar a utilização de formatos de informação livre, sistemas operativos e aplicações gratuitas para combater a exclusão digital implica sensibilizar as organizações para a sua adopção, nomeadamente o sistema de ensino público, organismos e departamentos do estado. Outra das questões importantes é promover a publicação de conteúdos informativos por parte do estado português em formatos livres. A nossa administração pública utiliza preferencialmente formatos proprietários e fechados para produzir e publicar conteúdos. Obriga os cidadãos a utilizarem software comercial (caro) e hardware de ultima geração (também caro) para obterem as informações, que de outra forma são impossíveis de obter. É urgente promover

28 As grandes universidades técnicas em Portugal já utilizam em maior ou menor escala este tipo tecnologias, mas ainda estamos longe da sua generalização no meio académico, mesmo nas instituições onde se ensina e investiga tecnologias de informação.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 71

Combate à exclusão digital junto das instituições públicas para que os documentos electrónicos sejam publicados em formatos universais [12]. O uso do software livre também gera uma certa polémica nas políticas de inclusão digital. Alguns defendem que a inclusão digital seja feita exclusivamente com software livre. Mas, por outro lado existem casos de sucesso também com software proprietário. A escolha entre software livre ou software proprietário está mais relacionada com a definição de uma política de Informática do que de uma política de inclusão digital. O Windows tem mais de 90% do mercado de sistemas operativos. Este argumento é usado tanto pelos defensores de software livre, como os de software proprietário. Para quem prefere o Linux, o uso do Windows nos programas de inclusão digital reforçaria a posição monopolista da Microsoft. Mas, para quem prefere o Windows, o uso do Linux e de outras soluções de software livre, não prepararia as pessoas para o mercado, já que as empresas usam principalmente as soluções da Microsoft [54].

6.2.6 - Governo electrónico (e-government)

É o uso da tecnologia para aumentar o acesso e melhorar o fornecimento de serviços do governo para os cidadãos [26]. O governo electrónico possibilita entre outros serviços, a entrega da declaração de impostos, pagamento de contas via Internet, voto electrónico, orçamento participativo, solicitação informatizada de documentos, de auxílio- moradia, de seguro desemprego, etc. Na maior parte dos países, os princípios gerais que orientam o governo electrónico são a democratização do acesso à informação, a universalização na prestação dos serviços públicos, a protecção da privacidade individual e a redução das desigualdades sociais e regionais [26]. Mas, também acha-se que não é assim tão consensual considerar esta como uma das medidas para combater a exclusão digital. É uma questão discutível porque pode dar a ideia de ser mais uma vantagem das TIC do que uma medida para combater a exclusão digital. Não adianta colocar o governo

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Combate à exclusão digital electrónico à disposição das pessoas, se boa parte não sabe usar o computador e muito menos a Internet. Este serviço é bom e útil mas apenas para aqueles que estão incluídos na SI, pois são apenas estes que tiram proveito das vantagens. É difícil de imaginar que os idosos das aldeias isoladas de Tras-os-Montes possam enviar a declaração do IRS via Internet, mas o contrário se passa com a maior parte da população das regiões urbanas e costeiras onde essa actividade torna-se normal. A utilização das TIC na administração pública é importante para aproximar o governo dos cidadãos e vice-versa, mas apenas para aqueles que já estão inseridos na SI.

6.2.7 - Uma maior acessibilidade às pessoas com necessidades especiais

Também nas TIC, a tendência de produzir para a maioria e esquecer as pessoas com necessidades especiais29 ainda se mantêm. Este grupo de pessoas não deve ser esquecido e necessita de um cuidado especial. As novas tecnologias geram dificuldades quando a sua utilização é vedada a pessoas com necessidades especiais. Por exemplo, os conteúdos na Internet, as aplicações multimédia, as interfaces e as características dos equipamentos de comunicações móveis. O acesso deve ser compreendido não apenas como o acesso à rede de informações, mas também a eliminação de barreiras arquitectónicas, de comunicação e de acesso físico [53]. É importante a disponibilização de conteúdos informativos em formatos alternativos30, estimular projectos de adaptação de equipamentos informáticos, o desenvolvimento de software para uso por pessoas portadoras de necessidades especiais, estimular o desenvolvimento de projectos em tecnologia assistiva tais como adaptadores de teclados e rato, cadeiras ergonómicas, adaptação de estação de trabalho, etc., garantir nos equipamentos

29 Por exemplo, pessoas com deficiências várias e idosos. 30 Tal como fitas de áudio, braille, etc.

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Combate à exclusão digital a possibilidade de conexão de periféricos especiais, bem como recursos de som, vídeo e imagem [53]. As pessoas com deficiências31 várias apresentam, em geral dificuldades especiais no acesso à formação básica e profissional tendo poucas oportunidades de participar no mercado de trabalho e no convívio social. No que respeita ao mercado de trabalho, deve de haver a igualdade de oportunidades, através da adequação dos recursos físicos, tecnológicos e humanos [53]. Por exemplo, os que têm deficiências sensoriais ou motoras poderão ser vítimas de exclusão se as páginas web e o respectivo conteúdo forem inacessíveis aos browsers e outros dispositivos de interacção utilizados pelos deficientes. Deve-se tirar partido das interfaces gráficas, como webcams para benefício dos surdos-mudos, dar prioridade ao desenvolvimento de sintetizadores de voz (conversores de texto digital em discurso sintetizado) para benefício dos cegos, e desenvolver aplicações (como jogos e outros programas interactivos) com vista a estimular o desenvolvimento das capacidades intrínsecas dos indivíduos com deficiências mentais [33]. Com a ajuda das TIC, os deficientes podem ter uma participação mais activa na sociedade, como trabalhar via teletrabalho e aprender via e-learning. Embora para os deficientes já exista algumas opções de acessibilidade, os computadores ainda não são muito “amigáveis” para os idosos [55]. Um simples click no rato pode ser difícil para quem tem artrites ou perda de flexibilidade nos dedos. Pode ser difícil “enfrentar” o teclado, se nunca aprendeu a dactilografar ou se a vista é fraca [55]. De seguida são apresentados alguns exemplos de produtos e de serviços que foram criados para facilitar o acesso das TIC aos deficientes:

Leitor de páginas HTML

Antónia Vieira, especialista de Sistemas da IBM, é deficiente visual e participa de programas de voluntariado.

31 Em Portugal, existem cerca de 650 mil pessoas com deficiências várias, cerca de 7% da população total [17].

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Combate à exclusão digital

Ela usa um software, chamado IBM Home Page Reader, que lê as páginas da Internet. A empresa utiliza o software nos seus projectos de inclusão digital para deficientes visuais. Para diferenciar o texto normal dos de hipertexto, o programa usa duas vozes diferentes: uma feminina e outra masculina. O utilizador pode escolher a velocidade de leitura. O programa lê textos em sete idiomas, incluindo o português brasileiro. “Ele me dá muita independência, mas ainda não a 100%”, explica Antónia. O software apenas não é capaz de descrever imagens, apenas lê o seu título [54].

Serviço “Teletexto” da RTP

Nos últimos anos, Portugal tem dado alguns passos no sentido de melhorar a acessibilidade da SI. Em 1999, a RTP passou a disponibilizar legendagem para pessoas com deficiência auditiva através do serviço de teletexto e no mesmo ano, o governo aprovou legislação que obriga a Administração Pública a disponibilizar a informação na Internet sem barreiras para pessoas com necessidades especiais [23].

Tecnologias móveis ao serviço dos invisuais

Dois ex-alunos do Instituto Superior Técnico (IST) desenvolveram no INESC, um sistema de introdução de escrita nas tecnologias móveis para invisuais. O uso dos telemóveis é uma das áreas onde os deficientes visuais sentem mais dificuldades. Enviar e receber mensagens escritas é praticamente impossível, a não ser que exista software e interfaces que facilitem a tarefa. O professor Carlos Bastardo é invisual mas, com a ajuda deste sistema já consegue enviar e receber mensagens escritas de telemóveis. A interface funciona num computador de bolso e com a ajuda de um teclado Braille e de um sistema de alta voz Carlos Bastardo consegue saber o que está a escrever. O software baseia-se nos modelos de Markov, que permitem antecipar o caracter ou palavra pretendido pelo utilizador. Para estas pessoas é uma ajuda preciosa. Para Carlos Bastardo este

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Combate à exclusão digital sistema permite enviar mensagens escritas mas também organizar toda a agenda telefónica, uma operação que era impossível até agora. Pedro Branco e André Campos desenvolveram o sistema quando estavam a trabalhar no projecto final de curso no IST. Dois anos depois estão a tentar levar a interface para ao mercado. Os fabricantes de tecnologia foram os principais contactos para colocar o sistema no mercado mas, André Campos afirma que “estamos a tentar negociar um acordo com os operadores para disponibilizar este software acoplado a um aparelho PDA que tenha preços acessíveis e possa ser adquirido pela maioria das pessoas”. Mesmo com o sistema em fase de desenvolvimento os dois ex-alunos do Técnico já pensam em futuras aplicações. Uma delas é um sistema de navegação urbana por GPS. Enquanto esta nova etapa ainda não está em funcionamento, torna-se fundamental que a interface de introdução de escrita amadureça e fique disponível no mercado para que os cidadãos com necessidades especiais ao nível da visão possam usufruir destas inovações tecnológicas. Esperemos agora que este sistema fique disponível em português e não em brasileiro como funciona agora no protótipo [29].

Sistema informático para invisuais

O ME e a Vodafone apresentaram um novo sistema informático para pessoas invisuais. O software integra um programa de leitura de ecrã e um sintetizador de voz que traduz os dados em linguagem oral. Este sistema permite a crianças e professores com deficiência audiovisual trabalhar no computador sem dificuldade. Chama-se Hal e é a nova versão do sistema informático para cegos que usa uma voz real e em português. O programa conjuga um leitor de ecrã, com o sintetizador realspeak e permite trabalhar em ambiente Windows. A definição de voz é muito superior à dos habituais sistemas de leitura facilitando assim a utilização por invisuais menos experientes. A Fundação Vodafone promoveu e

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Combate à exclusão digital financiou o trabalho de investigação que ficou a cargo de algumas empresas portuguesas. O software vai ser distribuído pelo ME a cerca de 350 crianças cegas do ensino básico, secundário e superior e a 30 professores com as mesmas limitações visuais [29].

“Intercomunicando”

Um conjunto de aplicações para facilitar a comunicação entre deficientes ligados a uma mesma rede local está já a ser testado pela Associação Nacional de Famílias para a Integração da Pessoa Deficiente (AFID). Desenvolvido através de uma parceria entre esta associação, o IST e Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), o programa Intercomunicando destina-se a deficientes que não tenham a capacidade de utilizar linguagem verbal para a comunicação. O “Intercomunicando” utiliza assim a linguagem pictográfica para traduzir as palavras em imagens, podendo os utilizadores escolher as imagens a partir de uma tabela de forma a elaborar frases. Para os não têm possibilidade de usar o rato como interface de comunicação com o computador, é utilizado um sensor que substitui esse periférico. O projecto Intercomunicando tem já dois anos e foi financiado pelo CITE2000 do Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração de Pessoas com Deficiência. Neste âmbito foram desenvolvidos vários módulos de software que podem ser vistos no site na Internet [17].

“Ver lupa”

Lançado pelo Portal do Cidadão com Deficiência (PCD), esta aplicação tem como objectivo melhorar as condições de visualização por parte das pessoas com deficiência visual. Permite às pessoas com dificuldades visuais ter a possibilidade de ampliar os textos, imagens sem ter que fazer cópia de programas, podendo assim utilizar esta aplicação independentemente do computador que esta a utilizar. Para utilizar esta aplicação basta clicar no botão com o nome “Ver Lupa”,

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Combate à exclusão digital colocado no canto superior direito, no menu superior, e logo de seguida vai aparecer uma janelinha no meio da página, onde se pode ampliar o texto e o tamanho da janela. Infelizmente esta aplicação só trabalha com o 5.5 ou superior [17].

Windows e Office XP respondem a utilizadores com necessidades especiais

Considerando que no passado os utilizadores deficientes tinham de esperar quase dois anos por um software de tecnologia de assistência à utilização, ou por aparelhos que apoiassem um sistema operativo acabado de chegar ao mercado, o Windows XP destaca-se pela rapidez com que chegou a esta categoria de utilizadores. No desenvolvimento do Windows XP compatível com as necessidades do utilizadores deficientes várias empresas trabalharam com a Microsoft entre as quais a Compaq. Este trabalho permitiu a disponibilização de leitores, ampliadores de ecrã, teclados no ecrã, de equipamentos como o teclado para uma mão e dispositivos de ampliação para comunicação no momento em que o Windows XP chegou ao mercado. À semelhança do Windows XP, o Microsoft Office XP também disponibiliza soluções que respondem às necessidades de acessibilidade dos utilizadores, por exemplo, as aplicações do Office XP têm funcionalidades básicas de reconhecimento de discurso, o que permite que os utilizadores introduzam e editem dados, acedam a menus de controlo e executem comandos através de um microfone. Outras empresas tem produtos com os mesmos objectivos, como a Assistive Technology, IntelliTools, Kurzweil Educational Systems, Macromedia, Madentec, ScanSoft e ZYGO Industries. Com produtos compatíveis com o Windows XP destacam-se as empresas Ai Squared, Dolphin Computer Access, Freedom Scientific, GW Micro, Interactive Solutions, NXi Communications e Tash [17].

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Combate à exclusão digital

“Olhar o futuro”

Os deficientes visuais têm agora um novo instrumento de formação na área das novas tecnologias, que permite uma aprendizagem em Windows e Internet, através de um CD-Rom interactivo. “Olhar o Futuro” foi desenvolvido em parceria entre a Célula 2000, Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) e a Universidade do Minho, em 2003, tendo em vista facilitar aos cegos o acesso a toda a informação de uma forma simples e eficaz. A ideia partiu da Célula 2000, no âmbito do apoio do Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência (SNRIPD), e traduz- se na prática num CD-Rom interactivo de formação para actualização de Windows e Internet para invisuais. O método é simples. Basta introduzir o CD no computador e, automaticamente, a pessoa cega ou amblíope pode aprender a utilizar o computador na sua própria casa mediante as instruções de uma voz que explica, por exemplo, a utilizar o teclado, a navegar na Internet ou a imprimir um texto em braille. Inovador em Portugal, este projecto pretende simplificar o uso dos computadores para os invisuais, “dotando-os de um instrumento de formação que permita colmatar carências e se adeque às necessidades de, por exemplo, não utilizarem o rato ou verem o cursor”, explicou Manuela Cruz, directora da Célula 2000. “Muitas pessoas com este tipo de deficiência estão por vezes isoladas do mundo. Com esta formação podem participar em chats de conversação, podem estudar e obter uma série de oportunidades que antes não tinham”, sublinhou a responsável. Considerando que o acesso à informação é um dos principais problemas dos deficientes visuais, Manuela Cruz defende que este projecto abrirá mais uma porta no domínio da informática. Uma das mais valias do projecto “Olhar o Futuro” é a auto-formação dos invisuais sem que haja necessidade de saírem de casa.

“Uma pessoa cega tem muita dificuldade em ser inserida na formação

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Combate à exclusão digital normal. Num contexto de aulas com mais dez ou quinze pessoas não consegue aprender, porque não conseguimos usar o rato. Não acompanhamos a formação a esse ritmo”

Leonardo Silva, da ACAPO

Sublinhando que este CD-Rom é um contributo forte para o desenvolvimento das capacidades dos invisuais, o presidente da ACAPO destaca a importância no contacto com o mundo. “Com este CD-Rom pretende-se fazer com que pessoas que não têm facilidade em aprender novas tecnologias, porque vivem no interior ou não têm meios, incentivando-a a iniciar-se na área da informática”, lembrou. O acesso à Internet facilita, por exemplo, aos invisuais treinarem e aprenderem em off site através do “Ler para Ver”, fundamental para as pessoas cegas.

“É de extrema importância, porque o objectivo da ACAPO é permitir que a sociedade seja mais inclusiva para os deficientes visuais, numa sociedade que tende cada vez mais a ser de comunicação.”

Leonardo Silva

Com o acesso à Internet, os deficientes invisuais podem retirar diversas vantagens: trabalhar através do teletrabalho, gerir um negócio a partir de casa, participar em programas educativos on-line, enviar e receber correio electrónico ou participar em videoconferências. Tratando-se de um protótipo, este CD-Rom interactivo não será comercializado [17].

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Combate à exclusão digital

6.2.8 – Baixo custo do hardware e software e no acesso à Internet

Na medida em que permite que um maior número de pessoas tenham possibilidades económicas para comprar e manter os equipamentos e os serviços. As promoções e a concorrência nos preços praticado pelas empresas poderão ser algumas das forma de resolução deste problema, bem como uma maior facilidade no pagamento.

6.2.9 – Promoção de conteúdos multilíngues e úteis

A ausência de conteúdos multilíngues e úteis é um problema que limita sobretudo o acesso à Internet. O inglês é a língua do mundo mais falada e é o idioma oficial32 da Internet. Pelo facto de não ser compreendida por uma grande parte da população, coloca mais um obstáculo na utilização da Internet. Até mesmo alguns sites portugueses lamentavelmente estão escritos apenas em inglês. Deverá ser promovida a criação de conteúdos multilíngues em todos os formatos de TIC, e em particular na Internet, a fim de garantir a preservação da diversidade cultural, língua e tradições [48]. Desta forma permite que um maior número de pessoas possam aceder e compreender as informações que veiculam na Internet. O desejo de aquisição de informação é o que motiva as pessoas a utilizarem a Internet. Portanto, a ausência de informação relevante ou interessante é considerada mais uma barreira no acesso à Internet [59]. Logo, é importante manter conteúdos interessantes e úteis de modo a que as pessoas possam motivar-se e tirar melhor proveito no acesso. É certo que isso torna-se uma tarefa difícil devido a um público tão heterogéneo [59].

32 Cerca de 52% das páginas disponíveis estão em inglês, enquanto apenas 2,81% em português [61].

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Combate à exclusão digital

6.2.10 – Uma maior interesse e participação das empresas

Há várias formas de as empresas contribuírem para reduzir o problema da exclusão digital. Entre elas, a doação de computadores, o desenvolvimento de tecnologias de inclusão digital, a promoção da capacitação tecnológica de professores de escolas públicas, o financiamento de computadores e acesso à Internet em escolas públicas e o apoio a centros comunitários e escolas de Informática. Como a inclusão digital não se resume ao acesso físico à tecnologia, as empresas podem auxiliar também na criação de conteúdos relevantes para as comunidades onde actuam e na integração do uso desta tecnologia no dia a dia das pessoas. Isto pode ser feito com a criação de centros comunitários de Informática, que podem servir para as pessoas comunicarem-se de uma forma mais barata, como também no auxílio da adopção do uso do computador nas actividades económicas desenvolvidas na região, como o pequeno comércio, a pequena propriedade agrícola, o artesanato e a pequena indústria. As empresas do sector de tecnologia33, possuem um incentivo natural para contribuir para a inclusão digital, pois trata-se de colocar no mercado de trabalho pessoas preparadas para adoptar as suas soluções tecnológicas. Ao ampliar o uso da tecnologia, essas empresas podem democratizá-la e auxiliar o avanço da inclusão digital. Mesmo para as empresas que actuam noutros sectores económicos existem motivos fortes para contribuir para a inclusão digital de funcionários, fornecedores e clientes. Uma delas é a importância crescente da tecnologia como ferramenta de actuação em outras áreas sociais, como educação, saúde e segurança. Outra é o aumento da produtividade, pois quem for incluído digital pode usar de forma mais eficiente os recursos tecnológicos. É fundamental a participação das empresas também para motivar a acção do Estado. As empresas tem outra visão operacional e política e podem dar o exemplo. As experiências de sucesso de empresas na inclusão digital podem ser

33 Tais como operadoras de telecomunicações, fabricantes de computadores e equipamentos de informática e fornecedores de software.

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Combate à exclusão digital aproveitadas pelos governos em programas mais amplos. O conhecimento gerado pelas iniciativas corporativas serviria para criar acções mais eficientes do Estado. Os casos bem sucedidos das iniciativas privadas poderiam servir de base para iniciativas mais amplas do governo [54]. A política de uso dos recursos tecnológicos no local de trabalho pode ser uma ferramenta importante de inclusão digital. Para quem não tem computador, o local de trabalho apresenta-se muitas vezes como a única forma de acesso à Internet. Há vários benefícios para as empresas que investem na inclusão digital, tais como qualificação da mão-de-obra, um acesso mais eficiente da informação pelos funcionários, elevação da qualidade do capital humano e social, desenvolvimento da comunidade e aumento da auto-estima [54]. A empresa pode promover campanhas de doação de computadores, componentes e periféricos entre seus funcionários, fornecedores e clientes, que beneficiam programas de inclusão digital de várias instituições [54].

6.3 – Iniciativas nacionais

Neste subcapítulo, são apresentadas algumas iniciativas nacionais que se preocupam em combater a exclusão digital. A ideia principal é aproximar as pessoas das tecnologias, independentemente dos seus valores sociais e pessoais, promovendo assim a inclusão digital.

6.3.1 – “Aveiro Digital”

É um projecto português, que pertence ao programa “Cidades Digitais” criado pelo MCT. O objectivo do “Aveiro Digital34” é melhorar a qualidade da vida urbana, reforçar a competitividade económica e o emprego, apoiar a integração social dos cidadãos com necessidades particulares.

34 http://www.aveiro-digital.com

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Combate à exclusão digital

O programa pretende a construção de uma comunidade digital que contribuirá para o melhoramento da qualidade da vida e do bem-estar das pessoas. Procura reunir todos os cidadãos através do acesso público e universal à informação, e assim, estimular um verdadeiro diálogo social. Os responsáveis do Aveiro Digital realizaram um guia para toda a população de Aveiro (jovens, população activa, pessoal afecto a área da saúde, membros da administração publica, empresas comerciais e industriais) ao fornecer e incentivar o acesso público e universal à informação [31].

6.3.2 – “Projecto Ágora”

A acção promovida pela Intercooperação e Desenvolvimento35 (INDE), tem por objectivo capacitar comunidades marginalizadas da área metropolitana de Lisboa. O programa consiste entre outras coisas, em evitar a marginalização das populações mais pobres dotando-as de competências pessoais e profissionais para inserção no mercado de trabalho, ajudar a combater o isolamento das comunidades através da utilização da Internet permitindo a comunicação com o exterior e testar as TIC enquanto elemento mobilizador para as comunidades [31].

6.3.3 – “Espaços Internet”

É uma rede nacional com a participação em diversas câmaras municipais de todo o país. O projecto “Espaço Internet36” é um espaço público de acesso gratuito às novas tecnologias e serviços, permitindo que qualquer um possa usufruir das TIC. Estes espaços tem como objectivos permitir a todas as pessoas a utilização dos meios, de forma a massificar o uso das TIC e ajudar a dar os primeiros passos na Informática e em particular na Internet.

35 http://www.inde.pt 36 http://www.espacosinternet.pt

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Combate à exclusão digital

Estes programas são financiados pelo Programa Operacional para a Sociedade de Informação (POSI). Há um processo de atribuição, a toda a população interessada, de um Diploma de Competências Básicas em Tecnologias de Informação mediante várias acções de formação [32].

FIGURA 22 – EXEMPLO DE UM “ESPAÇO INTERNET” EM PENEDONO.

6.3.4 – “Comunidades em movimento”

O programa “Comunidades em Movimento37” é a continuação do programa “Pelas Minorias”, aprovado pelo MCT. Constitui uma acção de apoio à integração social de minorias étnicas residentes em Portugal. Envolve cerca de 40 associações de imigrantes que ficam coordenadas em rede. A formação em TIC é um dos meios para sensibilizar esses públicos para as vantagens do seu uso no reforço das pequenas e médias empresas e assim desenvolver a sua participação na construção da SI [31].

6.3.5 – “Comité para Democratização da Informática” (CDI)

O CDI38 é uma organização brasileira, não governamental e sem fins lucrativos que, desde 1995, desenvolve o trabalho pioneiro de promover a inclusão social utilizando as TIC como um instrumento para a construção e o exercício da cidadania [52][31].

37 http://www.baisite.com 38 http://www.cdi.org.br

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Combate à exclusão digital

O CDI39 promove programas educativos e profissionalizantes através das Escolas de Informática e Cidadania (EIC’s) [31]. As EIC’s são criadas através de uma parceria entre o CDI e organizações comunitárias, tais como associações de moradores, ONG’s e grupos religiosos [31]. Através dessas escolas, o CDI implementa programas educativos no Brasil e no exterior, com o objectivo de mobilizar os segmentos excluídos da sociedade para transformação de sua realidade. Trabalham em parceria com comunidades de baixos rendimentos e públicos com necessidades especiais, tais como deficientes físicos e visuais, jovens em situação de rua, presidiários, população indígena, entre outros. O domínio das novas tecnologias não só abre oportunidades de trabalho e de rendimento, como também possibilita o acesso a fontes de informação e espaços de sociabilidade [52]. O projecto “Escolas Informáticas” nas favelas tem por objectivo reintegrar os membros de comunidades pobres, principalmente as crianças e os jovens, reduzindo os níveis de exclusão social a que estão submetidos no Brasil e em todo o mundo. Em complemento com este trabalho de levar as TIC às populações mais desfavorecidas, o CDI promove a cidadania, alfabetização, ecologia, saúde, direitos humanos e a não violência [31].

6.3.6 – “Maia Digital”

O “Maia Digital40” é um projecto que está em curso e tem a duração de três anos, com um investimento de 8,4 milhões de euros. É destinado principalmente a todos os cidadãos do concelho da Maia. É uma aposta na inovação e no conhecimento que pode colocar a Maia num lugar de excelência na SI. O projecto envolve parcerias activas com instituições públicas e privadas e contribui para uma melhor qualidade de vida dos cidadãos e para uma maior competitividade das empresas no concelho, através de um acesso mais fácil e rápido ao conhecimento e aos serviços proporcionados pelas TIC [38]. As várias vertentes deste projecto são:

39 Foi uma das primeiras organizações não governamentais e sem fins lucrativos a “atacar” o problema da exclusão digital na América Latina [18]. 40 http://www.maiadigital.pt

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Combate à exclusão digital

Infra-estruturas

Infra-estruturas de comunicações e servidores

Infra-estruturas geo-referenciação de conteúdos Internet e móvel

Autarquia Digital

Modernização Processos Administrativos Mobilidade Gestão, Fiscalização e Manutenção Torre do Lidador PMOTs online Cartão do Munícipe

Inovação Empresarial

Directório Exaustivo das Empresas da Maia Centro de Demonstração em Economia Digital Centro de Assistência Técnica Gestão de cadeias temporárias de produção Informação e sensibilização Segurança no Trabalho

Educação

Campus Virtual Integrado Laboratórios de Informáticas nas Escolas do 1º Ciclo Centro de e-learning Educação Online Visualização de escolas e espaços desportivos

Conteúdos

Fórum da Maia Cidade Desportiva Quinta da Gruta (ambiente) Desenvolvimento Municipal Sustentado Sistema Integrado Gestão Monitorização Ambiental Saúde Online [38]

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6.4 – Iniciativas internacionais

Existem também um conjunto de iniciativas internacionais que visam uma maior implantação das TIC bem como um fortalecimento da SI. Vamos destacar duas dessas iniciativas, uma delas num âmbito mundial e outra a nível da UE:

6.4.1 – Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação

Com o patrocínio da ONU e organização da UIT41, realizou-se em Genebra (Suíça), entre 10 e 12 de Dezembro de 2003 a primeira parte da Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação42 [19]. O presidente da ONU, Kofi Annan no discurso de abertura afirmou que a tecnologia criou a era da informação, mas que a construção da sociedade do conhecimento depende de cada um de nós [46].

FIGURA 23 – O PRESIDENTE DA ONU, KOFI ANNAN, NO DISCURSO DE ABERTURA DA CIMEIRA MUNDIAL SOBRE A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO.

Durante os 3 dias, a reunião contou com a participação de mais de 10 mil pessoas de 176 países [54], incluindo mais de 6000 delegados, 60 líderes do governo (incluindo o de Portugal) e entidades intergovernamentais, organizações, sociedade civil, sector privado e jornalistas [19].

41 É a agência da ONU para as telecomunicações. 42 Podem ser consultadas algumas notas desta cimeira em http://www.onuportugal.pt/Notes_- layout_-_Portuguese.pdf, e mais informações sobre esta cimeira em http://www.itu.int/wsis

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Combate à exclusão digital

“A participação de tantos líderes na Cimeira é muito importante pois será a primeira oportunidade de transmitir a um fórum global e ao mais alto nível, os desafios que advêm da Sociedade da Informação. Muitos foram os benefícios do desenvolvimento massivo da informação e das tecnologias da comunicação, especialmente ao nível dos postos de trabalho e riqueza gerada, mas esta transformação cria também preocupações legítimas, entre as quais, a garantia do acesso à informação e às tecnologias da comunicação, preservando ao mesmo tempo os direitos humanos e a liberdade, segurança e privacidade.”

Yoshio Utsumi, Secretário-Geral da UIT [19].

Foram discutidos, entre outros assuntos, o problema da exclusão digital, as experiências de sucesso no seu combate e também como as TIC podem contribuir para a redução da desigualdade social [54]. Esta cimeira é uma oportunidade única para dar o contributo activo para a eliminação da exclusão digital [48]. Esta primeira parte da cimeira teve como objectivo a adopção da Declaração de Princípios para a Sociedade da Informação e a preparação de um plano de acção final [19] de modo a ser posto em pratica antes da segunda parte da cimeira. Estes documentos abrangem uma ampla gama de temas claramente definidos [48] e pretendem associar os benefícios da informação e das tecnologias da comunicação ao desenvolvimento económico e social numa perspectiva global [19]. São para serem executados pelos governos, instituições e todos os sectores da sociedade civil, de modo a enfrentar os novos desafios de uma SI que evolui continuamente, identificando especificamente formas para ajudar a reduzir as disparidades existentes entre os povos que têm acesso à rede mundial de informação e comunicação e aqueles que o não têm [48]. No último dia, foi divulgada uma declaração final43, que, entre outros pontos, aponta o desafio de se usar a tecnologia para promover as metas de desenvolvimentos previstas na Declaração do Milénio, da ONU: a erradicação da pobreza extrema e da fome, a conquista da educação primária universal, a

43 http://www.itu.int/wsis/documents/doc_single-en-1161.asp

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Combate à exclusão digital promoção da igualdade entre os sexos e da valorização da mulher, a redução da mortalidade infantil, o combate à sida, malária e outras doenças, a garantia da sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento de parcerias globais para se alcançar um mundo mais pacífico, justo e próspero. O relatório traz uma lista de princípios essenciais para uma SI que beneficie todos: • Melhoria do acesso à infra-estrutura de informática e comunicação, bem como à informação e ao conhecimento; • Elevação da capacidade de acesso; • Aumento da confiança e da segurança no uso da tecnologia; • Criação, em todos os níveis, de um ambiente que incentive a adopção da tecnologia; • Desenvolvimento e ampliação das aplicações da tecnologia; • Incentivo e respeito à diversidade cultural; • Reconhecimento do papel dos meios de comunicação; • Atenção às dimensões éticas da SI; • Incentivo à cooperação internacional e regional.

Ao lado de governos e do terceiro sector, as empresas têm um papel importante na transformação das TIC em ferramenta de inclusão social. Elas podem contribuir para o desenvolvimento de acções complementares à política pública, auxiliando as comunidades a se desenvolverem, a gerarem rendimento e a ganharem autonomia [54]. Os temas relacionados com o desenvolvimento serão fulcrais na segunda parte, a realizar em Tunis (Tunísia), de 16 e 18 de Novembro de 2005. Irá avaliar os progressos obtidos e aprovar qualquer outro Plano de Acção a seguir [48].

6.4.2 – eEurope

Em 2000, os responsáveis políticos da UE estavam conscientes que, para poder competir com os EUA e outras grandes potências da economia mundial, a economia europeia precisava de uma profunda modernização.

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Combate à exclusão digital

Reunido em Lisboa, em Março de 2000, o Conselho Europeu fixou um novo e muito ambicioso objectivo para a Europa até 2010: o de tornar a economia baseada no conhecimento mais dinâmica e competitiva do mundo, capaz de garantir um crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos e com maior coesão social. O Conselho Europeu adoptou igualmente uma estratégia concreta para atingir este objectivo. A “estratégia de Lisboa” abrange domínios como a investigação, a educação, a formação profissional, o acesso à Internet e as transacções em linha. Todos os anos, na Primavera, o Conselho Europeu reúne-se para ver os progressos alcançados na aplicação da “estratégia de Lisboa” [16]. A pedido do Conselho, a Comissão apresentou em Junho de 2002 [62], um novo plano de acção intitulado “eEurope 2005” para promover a utilização da Internet na UE. Até 2005, a Europa deverá dispor de modernos serviços públicos em linha, nomeadamente nos domínios da administração, da formação e da saúde. Todos os utilizadores deverão ter acesso, a preços competitivos, a uma infra-estrutura segura de banda larga. Por outras palavras, deverão poder enviar e receber dados, voz e imagem através de linhas de elevado débito ou de ligações via satélite, contando com uma infra-estrutura segura, que garanta a confidencialidade das suas mensagens. Para explorar plenamente o potencial electrónico da Europa e para fazer aceder as empresas e os cidadãos a redes de comunicação a nível mundial e a baixo custo, que ofereçam uma grande variedade de serviços, há ainda muito a fazer. Por exemplo, todas as escolas da UE deverão dispor de acesso à Internet e os professores deverão aprender a utiliza-la. Deverá haver legislação europeia para reger o comércio electrónico e matérias como os direitos de propriedade intelectual, os pagamentos electrónicos e a venda à distância de serviços financeiros. As pequenas e médias empresas (PME) são a coluna vertebral da economia europeia. Com demasiada frequência, a sua competitividade e dinamismo é dificultada por regulamentações restritivas, que podem ser diferentes de um país para outro. Uma parte da “estratégia de Lisboa” prevê uma carta das pequenas

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Combate à exclusão digital empresas e a disponibilização dos meios financeiros necessários para a criação de empresas no sector das tecnologias de ponta. Uma das prioridades da UE é aumentar o investimento na formação das pessoas, que são o seu capital mais precioso. A UE reconhece a importância da educação e da aprendizagem ao longo da vida, da necessidade de aprender várias línguas e de adquirir competências tecnológicas. A falta de pessoal qualificado afecta os serviços de telecomunicações e de Internet na Europa [16]. O objectivo geral do “eEurope 2005” é incentivar o desenvolvimento de serviços, aplicações e conteúdos e, simultaneamente, intensificar a implantação do acesso em banda larga à Internet, aliado ao objectivo de acesso para todos, a fim de lutar contra a exclusão social. Tem em conta os seguintes tópicos:

· Serviços públicos modernos em linha; · Governo electrónico; · Serviços de aprendizagem electrónica (e-learning); · Serviços de telemedicina (e-health); · Um ambiente dinâmico para os negócios electrónicos (e-business); · Uma infra-estrutura de informação segura; · A disponibilidade em massa de um acesso em banda larga a preços concorrenciais; · Uma avaliação comparativa e a divulgação das boas práticas [62].

Este novo plano de acção surge no seguimento de um outro, “eEurope 2002” aprovado em 2000, que se centrava sobretudo na extensão da conectividade Internet na Europa. O “eEurope 2005” visa traduzir essa conectividade por um acréscimo da produtividade económica e uma melhoria da qualidade e da acessibilidade dos serviços em proveito dos cidadãos europeus, apoiando-se numa infra-estrutura em banda larga segura (protegida) e disponível ao maior número de cidadãos possível [62]. O “eEurope 2002” produziu já grandes mudanças e fez aumentar o número de cidadãos e empresas ligados à Internet. Está a oferecer às pessoas a

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Combate à exclusão digital possibilidade de participarem na sociedade e está também a contribuir para que os trabalhadores adquiram as qualificações necessárias numa economia virada para o conhecimento. Está a introduzir os computadores e a Internet nas escolas em toda a UE e a pôr as administrações públicas em linha [63].

6.5 – Resumo

Várias são as razões para a importância de tomarmos medidas eficazes para baixar a taxa de exclusão digital. As acções de inclusão digital devem ter em conta as características das populações, nível económico, pessoal e social. As acções também dependem do nível de desenvolvimento dos países. São várias as formas de promoção da inclusão digital. A primeira delas é a disponibilidade das TIC nos pontos de acesso público. Permite que pessoas desfavorecidas e que não tem possibilidades de ter um computador, possam usufruir de uma forma gratuita. A formação nas TIC é fundamental para o desenvolvimento pessoal. O aumento do número de escolas e de cursos desta área facilita que as pessoas tenham mais competências para por exemplo, ingressar no mercado de trabalho. É preciso ter em conta que existem diversos públicos alvo com características e necessidades diferentes: crianças, jovens, idosos, activos, etc. Sendo o sistema de ensino obrigatório geralmente gratuito e frequentado por muitos alunos, é importante aproveita-lo para promover o uso do computador e da Internet. Pode ser feito através de disciplinas obrigatórios nos vários cursos ou por sessões de formação. O governo já fez alguns esforços nesse sentido, tal como o projecto Minerva, programa “Internet na Escola”, a criação de cursos tecnológicos de Informática, Programa “Nónio-Século XXI”, etc. As campanhas de doação de equipamentos permitem que os mais desfavorecidos possam adquir computadores gratuitamente. Os preços dos equipamentos são muito altos e constitui normalmente um entrave para muitas pessoas. As empresas podem liderar essas campanhas e ajudar, porque grande parte dos computadores abandonados por essas empresas não tem qualquer

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Combate à exclusão digital utilidade, nem valor comercial mas, são preciosos para os mais carenciados. O uso de sistemas operativos e outras aplicações gratuitas permite que gratuitamente as pessoas possam aceder às informações. Senão teriam de comprar software proprietário muito caro. O sistema operativo Linux é um exemplo de software livre e gratuito e o Windows um exemplo de software proprietário. As pessoas com necessidades especiais não devem ser esquecidas. Deve-se reforçar a disponibilização de conteúdos informativos em formatos alternativos, adaptação de equipamentos informáticos, desenvolvimento de software para uso por pessoas portadoras de necessidades especiais, desenvolvimento de projectos em tecnologia assistiva tais como adaptadores de teclados e rato, cadeiras ergonómicas, adaptação de estação de trabalho, etc., garantir nos equipamentos a possibilidade de conexão de periféricos especiais, bem como recursos de som, vídeo e imagem [53]. Deve ser promovida a existência de conteúdos multilíngues e úteis na Internet de forma a não afastar ainda mais as pessoas. A existência de informação desinteressante ou num idioma desconhecido não motiva as pessoas. Várias iniciativas nacionais são responsáveis por programas de inclusão digital. São exemplos, o programa “Aveiro Digital”, “Projecto Ágora”, “Espaços Internet”, “Comunidades em Movimento”, “Comité para a Democratização da Informática” e o “Maia Digital”. A nível internacional existe eEurope, e a Cimeira Mundial para a Sociedade da Informação. O “eEurope 2005” é um plano de acção apresentado pela Comissão Europeia para promover a utilização da Internet na UE. Até 2005, a Europa deverá dispor de modernos serviços públicos em linha, nomeadamente nos domínios da administração, da formação e da saúde. Todos os utilizadores deverão ter acesso, a preços competitivos, a uma infra-estrutura segura de banda larga. A Cimeira Mundial para a Sociedade da Informação foi organizada pela UIT, com o patrocínio da ONU. A primeira parte realizou-se em Dezembro de 2003 e teve como objectivo a adopção da Declaração de Princípios para a SI e a preparação de um plano de acção final [19] de modo a ser posto em pratica antes

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Combate à exclusão digital da segunda parte da cimeira. Abrangem uma ampla gama de temas claramente definidos [48] e pretendem associar os benefícios da informação e das tecnologias da comunicação ao desenvolvimento económico e social numa perspectiva global [19]. São para serem executados pelos governos, instituições e todos os sectores da sociedade civil [48]. No último dia, foi divulgada uma declaração final, que, entre outros pontos, aponta o desafio de se usar a tecnologia para promover as metas de desenvolvimentos previstas na Declaração do Milénio, da ONU.

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Pontos negativos das tecnologias

7 – Pontos negativos das tecnologias

Sempre que se fala ou se discute acerca das tecnologias ficamos quase sempre com a ideia de que elas só nos trazem vantagens e que é tudo positivo. Mas, infelizmente não é bem assim, porque existe também o lado “negro” da questão. Normalmente, damos apenas relevo aos aspectos físicos e económicos das tecnologias [67] e não aos seus reais efeitos. As tecnologias podem permitir uma melhor acessibilidade no acesso à informação mas, nem sempre os seus efeitos são benéficos. Da mesma forma que o Homem inventou e evoluiu as tecnologias a um ritmo alucinante, fez também com que não tivesse um controlo total sobre todas as suas consequências (positivas e negativas). O Homem altera a tecnologia mas também o seu comportamento é alterado e influenciado pela tecnologia. As tecnologias são construídas e melhoradas para que um maior número de pessoas as possa usar, mas, também possuem alguns “defeitos” de vários tipos que dificultam a concretização desse mesmo objectivo. O seu uso vem levantar uma série de questões e problemas, que vão desde os tecnológicos aos filosóficos [65] e sociais. Mais e melhores estradas contribuíram para o aumento do número de veículos a circular, mas também contribui para o aumento da poluição e do número de acidentes. Um melhor conhecimento desses mesmos problemas poderá ajudar a diminuir os seus efeitos negativos ou a probabilidade de eles virem a acontecer. Este capítulo permite dar uma visão crítica das tecnologias, analisando algumas características negativas que impedem a inclusão digital, e que por sua vez favorece a exclusão social. É dado maior destaque às tecnologias de computadores e Internet. Por fim, é feito um resumo do capítulo.

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Pontos negativos das tecnologias

7.1 – Problemas das tecnologias

De seguida é feita uma análise e critica de alguns “defeitos” e problemas das tecnologias que impedem a inclusão digital e favorecem a exclusão social.

7.1.1 - Custos elevados das tecnologias

Os custos podem ser considerados um dos principais factores para que muitas pessoas não tenham acesso às tecnologias. O uso das tecnologias implica custos altos de aquisição, manutenção e de actualização que não são economicamente suportáveis para muitas pessoas. Ainda por cima, sabendo que evoluem a um ritmo alucinante num curto espaço de tempo. O que hoje em dia é uma tecnologia do “ultimo grito”, daqui a alguns anos já é “peça de museu de antiguidades”. Além do custo do computador propriamente dito, há ainda a acrescentar possíveis custos com a aquisição de software44, consumíveis45, formação, reparações, upgrades periódicos de software46 e hardware47, periféricos acessórios48, ligações em rede, custos com a Internet, etc.

Evolução das várias versões do software

O tempo de vida de um computador é muito mais curto do que por exemplo um rádio ou mesmo uma televisão. A culpa não se deve ao hardware, até porque alguns componentes físicos de um computador, normalmente duram muito tempo (processador, memória, drive de disquetes, se bem estimados duram muitos anos). A culpa é das sucessivas actualizações de software que somos obrigados a fazer periodicamente, cada vez mais poderosas e pesadas e que exigem hardware cada vez mais actual.

44 Por exemplo, sistema operativo Windows, anti-vírus, aplicações de tratamento de imagem. 45 Por exemplo, tinteiros e toners que custam quase tanto como as impressoras. 46 Por exemplo, as sucessivas actualizações do Windows, Office e anti-vírus. 47 Por exemplo, colocar mais memória e/ou um processador melhor para responder aos requisitos de uma aplicação mais recente. 48 Por exemplo, impressora, scanner, webcam.

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Pontos negativos das tecnologias

Por vezes, as diferenças entre uma versão e a anterior são tão poucas e insignificantes que se torna um absurdo que haja uma nova versão. Ou é por um novo grafismo, uma ou outra nova funcionalidade, uma troca nas posições de algumas opções, mas que, já é o suficiente para trazer problemas de incompatibilidade com versões mais antigas da mesma aplicação. É esta a verdadeira realidade do comércio que favorece tanto os fabricantes de software como os de hardware (mais memória, um melhor processador, uma melhor placa gráfica porque um determinado programa assim o exige para funcionar convenientemente). Mas quem fica prejudicado no meio disto tudo é o utilizador comum porque tem de estar constantemente a fazer actualizações de modo a acompanhar a realidade. Um documento criado a partir de uma aplicação com um formato proprietário exige que as pessoas que pretendam ler essa informação tenham na sua posse pelo menos essa versão da aplicação, senão ficam sujeitas a não conseguirem ler o ficheiro. Por sua vez, essa versão pode obrigar a que seja necessário a fazer upgrades ao computador de modo a que correspondam aos requisitos tecnológicos exigidos para essa aplicação. Para nosso benefício, os anti-vírus obrigam a que sejam feitos upgrades (com períodos de meses). Hoje em dia, uma pessoa que tenha um computador antigo e que precise de uma versão da aplicação Office que seja contemporânea e de acordo com a capacidade do computador, não pode comprar legalmente porque certamente já não se encontra à venda, nem tão pouco pode fazer uma cópia de um exemplar ainda “resistente”. Isso obriga a que se tenha de comprar um computador mais recente para que possa adquirir e instalar uma versão Office também recente, e que se encontra à venda. Assim, a disponibilização de documentos electrónicos pode servir como ferramenta de exclusão dos utilizadores de computadores mais antigos [65].

Propriedade de um software com mais restrições

O problema anterior poderia ser resolvido com um simples empréstimo de

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Pontos negativos das tecnologias um exemplar do software por um amigo ou pela empresa. Mas, as liberdades que nós temos com os nossos livros não se podem extender a um software registado. Legalmente, não se pode dar nem tão pouco emprestar um exemplar de um software registado a alguém como acontece com um livro, mesmo que seja num curto espaço de tempo. Qualquer software mesmo da propriedade de uma empresa, legalmente não pode ser emprestado aos seus empregados para usarem em suas casas para proveito próprio. Um livro é um objecto físico, mas um software não é físico, é algo não visível que provoca certas limitações quanto à cedência ou transferência de propriedade.

Formatos livres vs formatos proprietários

O uso de programas proprietários49 é mais um factor de exclusão, porque além das licenças serem caras, esses programas não podem ser emprestados nem copiados legalmente para outras pessoas. Originam formatos proprietários que só podem ser lidos por quem comprar o respectivo programa proprietário e tendo em conta as diferentes versões. Mesmo alguns softwares livres, embora sejam gratuitos e possam ser emprestados e copiados legalmente, possuem algumas restrições nas suas várias versões, tal como acontece com o formato pdf. Por exemplo, um ficheiro pdf criado com o Acrobat Distiller 6.0 não pode ser aberto com o Acrobar Reader 4.0. A versão 3.0 é para o Windows 3.11. Isso obriga a que as pessoas tenham de ter quase sempre uma das ultimas versões do software para que os ficheiros possam ser criados e lidos sem problemas de compatibilidade.

7.1.2 - Má usabilidade das aplicações

Apesar de ultimamente as interfaces serem mais gráficas, mais atractivas visualmente e aparentemente melhores do que nos sistemas anteriores [65], elas não escondem alguns problemas de má usabilidade. Esses problemas resultam de erros de desenho e de estrutura das interfaces que causam confusões e

49 Por exemplo, o Windows, Office, etc.

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Pontos negativos das tecnologias dificuldades para os utilizadores, principalmente para os novatos ou com menos experiência. Por exemplo, no Word 2000, para ler um ficheiro do disco usa-se um botão com um desenho de uma pasta, para gravar usa-se um botão com o desenho de uma disquete [65]. Esse desenho de uma disquete serve tanto para gravar um documento para a disquete como para o disco rígido. Outro exemplo é o caso dos menus que se alteram automaticamente [66]. A má usabilidade torna-se mais um dos obstáculos para uma maior produtividade e dificulta a adaptação das pessoas para o uso do computador. A resolução destes problemas é difícil do lado do produtor de software porque de acordo com a teoria de que no desenvolvimento de uma interface com o utilizador, o que é melhor para o utilizador raramente é fácil para o programador [69]. O utilizador é desta forma obrigado a adaptar-se aos sucessivos erros de usabilidade existentes nas interfaces e com a pratica vai-se “ambientando” a essas falhas.

7.1.3 - Novo e ambíguo vocabulário tecnológico

As tecnologias obrigam-nos a ligar diariamente com novas palavras técnicas que se tornam confusas de perceber para a maioria das pessoas. Palavras como robôs, memória, email, download, auto-estradas da informação são alguns dos exemplos. Mesmo algumas palavras assumem num contexto tecnológico significado diferente do que normalmente estamos habituados. Um exemplo muito simples é o significado de “informação”. Se para um informático é qualquer sequência de símbolos (caracteres) com ou sem significado, para uma pessoa normal é uma sequência de símbolos (caracteres) com significado [65]. Também as palavras “memória e “conhecimento” sofreram uma mudança brutal de significado com a evolução tecnológica [66]. Actualmente, exige-se que as pessoas tenham uma literação em termos tecnológicos para que se integrarem mais facilmente na era tecnológica.

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Pontos negativos das tecnologias

7.1.4 - Excesso e fraca qualidade da informação na Internet

Normalmente, o que motiva as pessoas a utilizarem a Internet é o desejo de aquisição de informações úteis. A ausência de informação relevante ou interessante é considerada como mais uma das barreiras para a democratização no acesso à informação. A Internet está sempre em constante construção e qualquer entidade ou pessoa individual pode colocar conteúdo na rede. Em princípio não existe qualquer limite à variedade de conteúdos nem entidades oficiais que avaliem esses conteúdos como próprios ou não para estarem on-line. Consequentemente, muita da informação é de má qualidade. Muitas vezes, a questão não é saber se existe o que pretendemos, mas onde e com que qualidade. Os conteúdos disponibilizados vão desde economia, saúde, política, cinema até mesmo propaganda nazi. Mas, o problema da informação não se reduz à sua fraca qualidade. Um outro problema é o seu excesso. Através da Internet é possível encontrar imensa informação sobre quase todos os temas possíveis. Se isso por um lado é positivo, por outro lado é negativo porque para encontrar uma determinada informação útil é preciso ter muita paciência e perder muito tempo. Mas, pior ainda é o facto de não existir nenhum controlo sobre a origem e a veracidade dos dados, o que nos leva por vezes a encontrar informação errada ou incompleta.

7.1.5 - Abuso das imagens e elementos gráficos como atracção visual

Muitos dos sites da Internet baseiam-se em imagens e gráficos para atrair visualmente as pessoas, que em termos de conteúdo são pobres e deixam muito a desejar. A abundância de elementos gráficos (por vezes enganadores) constitui por si só uma nova linguagem com símbolos cujo conhecimento é difícil e confuso [65], além de atrasar a abertura da página. Esta “invasão” de imagens e elementos gráficos por vezes animados e com cores muito coloridas ajuda a dar uma boa impressão do site, por vezes sem as pessoas avaliarem se o conteúdo é realmente útil ou não.

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Pontos negativos das tecnologias

Um exemplo de um site que é contra esta política é o do Instituto de Meteorologia (http://www.meteo.pt). É um site simples baseado em texto, com muito poucas imagens, rápido de carregar e que nos dá a informação essencial que nós precisamos. Do ponto de vista da funcionalidade e da performance, muitos sites encontram-se desenhados de forma a não funcionarem sem as imagens, excluindo do seu público, invisuais, pessoas que utilizam apenas browsers modo texto [65]. Uma das formas de aumentar a velocidade de carregamento das páginas é aumentar a largura de banda. Mas fica mais barato colocar as páginas com menos imagens e mais texto do que aumentar a largura de banda.

7.1.6 - Preservação da informação limitada temporariamente

Não temos garantias que a informação digital preservada no mesmo suporte e formato possa ser lida passadas algumas décadas. É devido à desactualização tanto de hardware como de software. Não é possível, com o Word 2000 abrir um documento gravado com as primeiras versões (1.0 e 2.0). Toda a gente consegue ler um livro do século XVIII mas, ler uma disquete de 5 ¼ torna- se uma tarefa complicada senão mesmo impossível, porque há alguns anos que essas disquetes caíram em desuso [66]. Se a informação for mesmo imprescindível e se prevermos que a sua importância se mantêm durante as próximas décadas, não devemos guarda-la apenas em formato digital. O melhor é mesmo imprimir essa informação, (mesmo que ocupe centenas de páginas), usando um tipo de letra adequado à sua leitura óptica e ao reconhecimento informático [65].

7.1.7 - Saber mais acerca das tecnologias, e não só saber como se usa

Nas campanhas de promoção da inclusão digital dá-se apenas importância ao “saber usar” uma determinada tecnologia. É também fundamental saber como essas tecnologias funcionam. Além de saber como pesquisar informação na

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Pontos negativos das tecnologias

Internet deve-se saber também perceber como essa informação chega aos nossos olhos. A agravar encontra-se o facto de as tecnologias normalmente não funcionarem sozinhas e de serem cada vez mais complexas [65]. As novas tecnologias da informação funcionam tendo como suporte a electricidade e as redes de comunicações [65]. Para perceber e assegurar o bom funcionamento das novas tecnologias é necessário perceber e dominar as outras que lhe estão associadas. Muitas vezes, o pleno funcionamento de uma tecnologia é impedido não pelo mau funcionamento da tecnologia em si, mas pela incompreensão das tecnologias de suporte [66]. É importante saber o que fazer com o lixo tóxico criado pelos equipamentos informáticos velhos (monitores, impressoras, etc.).

7.1.8 - Isolamento das pessoas do mundo real como uma das causas da exclusão social

Muitas pessoas preferem o mundo virtual em vez do real. As pessoas que passam imenso tempo em frente a um ecrã de computador, a usar a Internet, tendem a esquecer as outras facetas da sua vida. Logo, o desempenho nessas situações deteora-se. Os canais de IRC50, a WWW51 e os MUDs52 são algumas das ferramentas da Internet onde se podem encontrar utilizadores viciados. Os MUDs são provavelmente a ferramenta mais perigosa [68]. Esta excessiva perca de tempo, faz com que as pessoas fiquem com menos contacto com outras pessoas e do convívio social. O isolamento do mundo real, além da exclusão social, é responsável pela origem ou agravamento de problemas sociais e psicológicos. Alguns utilizadores viciados perdem ou não adquirem capacidades sociais para interagir com as pessoas no mundo real [68].

50 IRC (Internet Relay Chat) - Sistema que permite a dois ou mais utilizadores da Internet conversar entre si através de palavras escritas. 51 WWW (World Wide Web) – Conjunto de documentos multimedia (texto, som, imagem e/ou vídeo) interligados entre si. 52 Os MUDs são jogos onde os utilizadores podem assumir papeis (como reis, mágicos e guerreiros) que nunca poderiam desempenhar na vida real. São muito exigentes em termos de tempo para conhecer os mundos virtuais onde se desenrolam, de forma a poder-se ser um bom jogador.

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Pontos negativos das tecnologias

Através da Internet, normalmente as pessoas procuram “conversar” com outras com os mesmos interesses, gostos e ideias de modo a reforçar e a confirmar ainda mais a nossa posição. Esta procura de pessoas parecidas connosco impede que haja alternativas das nossas ideias [66].

7.1.9 – Burlas informáticas, ameaças à segurança dos sistemas e à privacidade dos dados

Acções como a intromissão em sistemas informáticos alheios, a disseminação de vírus informáticos e a utilização abusiva de informações pessoais destabilizam os sistemas, causando imensos problemas no seu funcionamento. Agrava-se o facto de muitas destas acções poderem ser feitas sem que os autores sejam identificados. O anonimato pode criar problemas quando as acções são mal intencionadas e são um dos responsáveis das burlas informáticas. A existência destes tipos de crimes e falhas de segurança retira a confiança que as pessoas depositam nas tecnologias e faz com que tenham receio as usar. A falta de segurança e de privacidade pode causar problemas a nível de ansiedade. É certo que através da Internet, nós não podemos ser fisicamente agredidos. Mas, corremos o risco de sofrer situações53 que podem causar uma grande tensão [68]. Como já sabemos, a Internet é um meio de comunicação por excelência onde empresas, instituições e as pessoas trocam informações sobre as suas ideias, actividades, etc. Os nossos dados pessoais contidos em muitas bases de dados espalhados por todo o mundo podem circular de um lado para o outro sem nós darmos conta disso, aumentando o risco que esses dados possam vir a ser descobertos ilegalmente. É preciso ter a certeza que esses mesmos dados estão protegidos perante terceiros para que as pessoas não tenham medo de aceder por exemplo à sua conta bancária sob pena de alguém descobrir a password de acesso.

53 Por exemplo, insultos verbais e roubos.

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Pontos negativos das tecnologias

A facilidade e o baixo custo no cruzamento de informações no formato digital favorece a sua maior utilização para fins comerciais, mas ao mesmo tempo torna-se uma ameaça séria à nossa privacidade [68].

7.2 – Resumo

Normalmente, quando falamos ou ouvimos falar nas tecnologias são referidos apenas os pontos positivos e as suas vantagens. Ficamos com a ideia errada de que as tecnologias são sempre favoráveis para as pessoas e que só trazem benefícios. Mas, nem sempre é assim porque têm inerentes alguns aspectos tecnológicos, filosóficos e sociais que são “desconfortáveis” para a sociedade. Os custos com as tecnologias são um dos factores a ter em conta. A evolução das versões de software proprietário e a consequente necessidade de actualização do hardware nada ajuda a diminuir os custos. A má usabilidade das aplicações impedem que as pessoas se adaptem mais facilmente às tecnologias. Os erros de usabilidade causam confusão e são um dos obstáculos para uma maior produtividade. As tecnologias obrigam-nos a conviver diariamente com novas palavras técnicas que se tornam confusas de perceber para a maioria das pessoas. Mesmo algumas assumem num contexto tecnológico significado diferente do que normalmente estamos habituados. Actualmente, exige-se que as pessoas tenham uma literação em termos tecnológicos para se integrarem mais facilmente na era tecnológica. Além de saber usar é também importante saber como as tecnologias funcionam, tendo em conta que uma tecnologia normalmente não funciona sozinha. A facilidade de publicação de um site na Internet faz com que haja cada vez mais informações com fraca qualidade e ao mesmo tempo aumente a dificuldade em encontrar uma determinada informação específica. Muitos dos sites baseiam-se em imagens e gráficos para atrair visualmente as pessoas cujo conteúdo é pobre. Essa abundância de elementos gráficos transmite conhecimento cuja compreensão é difícil e confusa [65].

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Pontos negativos das tecnologias

O isolamento do mundo real causado pelo excessivo uso do computador, em particular da Internet é uma das causas para a exclusão social. Faz com que as pessoas fiquem com menos contacto com outras pessoas e é responsável pela origem ou agravamento de problemas sociais e psicológicos. As burlas informáticas, as ameaças à segurança dos sistemas e à privacidade dos dados retira a confiança que as pessoas depositam nas tecnologias e faz com que tenham receio as usar.

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Metodologia

8 - Metodologia

“Se para uns o mundo é claro, para outros é claro que não é”

Neste capítulo apresentam-se os conceitos relativos à metodologia usada neste projecto. Acompanha e complementa as abordagens teóricas feitas nos capítulos anteriores. São descritos os objectivos da metodologia, a forma como foi feita a recolha dos dados, a apresentação e a discussão dos resultados obtidos. Por fim, é feito um resumo do capítulo e uma conclusão geral dos resultados obtidos.

8.1 – Objectivos

Pretende-se realizar um estudo aos alunos do 1º ano do departamento de Informática de uma IES, em particular os do ISEP. Sobre esses alunos pretende-se os seguintes objectivos:

· Conhecer o nível de conhecimento e de uso das TIC54 que esses alunos tinham antes de entrarem na IES, de forma a avaliar o grau de exclusão digital. Permite também avaliar se eles entraram na IES com boas bases tecnológicas e minimamente preparados para frequentar o curso; · Saber qual a contribuição da IES para o aumento dos conhecimentos dos alunos, em relação às TIC, no final do 1º ano; · Perceber quais as tecnologias que os alunos tem sempre ao seu dispor em sua casa ou noutro local, sempre que necessitem.

54 O inquérito foi limitado apenas ao estudo de algumas tecnologias (computador, Internet, TV digital interactiva, máquina fotográfica digital, câmara de vídeo digital e telemóvel), porque em reuniões com o orientador e outras pessoas foi decidido que estas eram as que tinham mais interesse para a IES. Destas tecnologias foi mais focado o computador e a Internet.

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Metodologia

8.2 - Recolha dos dados

A recolha dos dados foi baseada num inquérito (ver em anexo) entregue aos alunos em papel. Foi realizada no dia 1 de Junho de 2004, a 48 alunos do 1º ano de ambos os regimes (diurno e nocturno) do curso de Engenharia Informática do ISEP. O inquérito é constituído por nove questões com respostas de escolha múltipla, baseadas em cruzes e cada uma com um objectivo próprio de análise. Nas questões 1,2,3 e 7 era apenas permitido assinalar uma resposta55 para cada coluna56. Nas restantes questões, era possível assinalar mais do que uma resposta para cada coluna. Foi previamente testado num grupo de dez pessoas para tentar encontrar eventuais problemas ou ambiguidades de interpretação nas questões.

8.3 – Resultados e análises

A ferramenta utilizada para a análise e tratamento dos dados foi o Microsoft Excel57. A sua escolha foi devido à sua facilidade de utilização, à pouca complexidade dos dados e também porque permite a conversão dos valores das frequências para gráficos, permitindo uma visualização dos resultados mais fácil e intuitiva. Para cada questão do inquérito, os resultados são apresentados tanto numa tabela de frequências absolutas e relativas, como num gráfico. Os valores não percentuais de cada célula das tabelas indicam o número de alunos que assinalaram como resposta a combinação linha/coluna correspondente. Os valores percentuais são obtidos relacionando o respectivo número de respostas assinaladas por cada célula com o número total de alunos inquiridos (48). Por exemplo, suponhamos a seguinte tabela resultante de um hipotético inquérito feito a 50 alunos:

55 Cada resposta (linha) corresponde a um nível ou opção diferente (ver em anexo). 56 Cada coluna corresponde a uma tecnologia diferente (ver em anexo). 57 http://www.microsoft.com/office/excel/default.asp

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 108

Metodologia

Computadores Internet % % Muito Bons 13 26 25 50 Bons 17 34 20 40 ......

Tabela 10 – Tabela exemplo para explicação na apresentação dos resultados.

Com estes dados pode-se concluir que desses 50 alunos, 13 responderam no nível “Muito Bons” no que respeita a computadores, ou seja, 26% do total de alunos. Por outro lado, 25 alunos responderam no nível “Muito Bons” no que respeita à Internet, ou seja, 50%. As duas colunas “Computadores” e “Internet” são de resposta independente, ou seja, a resposta de uma não influencia a resposta de outra.

8.3.1 – Interpretação dos resultados

Os resultados obtidos para cada questão foram os seguintes:

1 - Antes de entrar no ISEP qual o nível de conhecimento que tinha de cada uma das seguintes tecnologias ?

Máquina TV digital Câmara de Computadores Internet fotográfica Telemóveis Interactiva vídeo digital digital % % % % % % Muito Bons 11 23 13 27 1 2 1 2 4 8 15 31 Bons 17 35 16 33 5 10 10 21 14 29 17 35 Razoáveis 15 31 15 31 13 27 17 35 13 27 10 21 Poucos 5 10 4 8 20 42 14 29 12 25 6 13 Nenhuns 0 0 0 0 9 19 6 13 5 10 0 0

Tabela 11 – Resultados estatísticos da questão 1 do inquérito.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 109

Metodologia

45 40 35 30 Muito Bons Bons 25

% Razoáveis 20 Poucos 15 Nenhuns 10 5 0 Internet digital Máquina TV digital interactiva fotográfica Câmara de Telemóveis vídeo digital Computadores

FIGURA 24 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 1 DO INQUÉRITO.

Antes de entrarem no ISEP, grande parte dos alunos já tinham bons ou razoáveis conhecimentos de computadores e de Internet. Nenhum deles respondeu que não tinha nenhum conhecimento destas duas tecnologias. A tecnologia que apresentou piores resultados foi a TV digital interactiva, porque a grande maioria tinha poucos conhecimentos (42%) e apenas um aluno (2%) tinha muito bons conhecimentos. O telemóvel foi a que apresentou melhores resultados, ou seja, 31% e 35% dos alunos responderam que tinham muito bons e bons conhecimentos respectivamente.

2 - Antes de entrar no ISEP qual o nível de uso que tinha em cada uma das seguintes tecnologias ?

Máquina TV digital Câmara de Computadores Internet fotográfica Telemóveis interactiva vídeo digital digital % % % % % % Sabia usar bem 37 77 37 77 6 13 12 25 18 38 37 77 Sabia usar 11 23 11 23 24 50 27 56 23 48 10 21 razoavelmente Não sabia usar 0 0 0 0 18 38 9 19 7 15 1 2

Tabela 12 – Resultados estatísticos da questão 2 do inquérito.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 110

Metodologia

90 80 70 60 50 Sabia usar bem

% Sabia usar razoavelmente 40 Não sabia usar 30 20 10 0 Internet digital Máquina TV digital interactiva fotográfica Câmara de Telemóveis vídeo digital Computadores

FIGURA 25 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 2 DO INQUÉRITO.

A esmagadora maioria respondeu que sabia usar bem a Internet, o computador e o telemóvel, com 77% cada. Destas três tecnologias, apenas 2% disse que não sabia usar o telemóvel. Por outro lado, a TV digital interactiva é a que tem menor nível de uso, porque 58% disse que sabia usar razoavelmente e 38% que não sabia usar. Nas restantes tecnologias, a maioria respondeu que sabia usar razoavelmente. Os bons conhecimentos de computadores e de Internet, pode dever-se ao facto de talvez muitos destes alunos já terem tido no ensino secundário pelo menos uma disciplina de TI ou virem mesmo de um curso tecnológico de Informática.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 111

Metodologia

3 - Qual a contribuição que o ISEP lhe deu até hoje para o aumento dos seus conhecimentos nas seguintes tecnologias ?

Máquina TV digital Câmara de Computadores Internet fotográfica Telemóveis interactiva vídeo digital digital % % % % % % Contribui muito 34 71 26 54 0 0 1 2 1 2 1 2 Contribui pouco 11 23 10 21 13 27 12 25 11 23 11 23 Nenhuma 3 6 12 25 35 73 35 73 36 75 36 75 contribuição

Tabela 13 – Resultados estatísticos da questão 3 do inquérito.

80 70 60 50 Contribui muito

% 40 Contribui pouco 30 Nenhuma contribuição 20 10 0 Internet digital Máquina TV digital interactiva fotográfica Câmara de Telemóveis vídeo digital Computadores

FIGURA 26 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 3 DO INQUÉRITO.

A grande contribuição do ISEP incidiu no aumento de conhecimentos nos computadores e Internet. Cerca de 71% e 54% dos alunos acharam que o ISEP contribui muito para o aumento dos seus conhecimentos nessas duas tecnologias, respectivamente. Este resultado era de esperar pelo facto de se tratar de alunos de um curso de Informática. Para cada uma das restantes quatro tecnologias, cerca de 74% dos alunos achou que o ISEP não contribui em nada para o aumento dos conhecimentos. Talvez isso deve-se ao facto de se tratar de alunos apenas do 1º ano, pelo que a

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 112

Metodologia contribuição aumentará ao longo do curso, mesmo para as restantes tecnologias.

4 - Quais das seguintes tecnologias, tem sempre ao seu dispor em sua casa sempre que precise (mesmo que não goste ou não saiba usar) ?

Máquina TV digital Câmara de Computador Internet fotográfica Telemóvel Nenhum interactiva vídeo digital digital 47 42 6 11 20 47 0 % 98 88 13 23 42 98 0

Tabela 14 – Resultados estatísticos da questão 4 do inquérito.

100 90 80 70 60

% 50 40 30 20 10 0 Internet digital Nenhum Máquina TV digital interactiva Telemóvel fotográfica Câmara de vídeo digital Computador

FIGURA 27 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 4 DO INQUÉRITO.

O computador, a Internet e o telemóvel estão disponíveis em casa da larga maioria dos alunos. Destas tecnologias, o computador e o telemóvel estão ao dispor da quase a totalidade dos alunos (98%), enquanto que a Internet está um pouco atrás com 88%. Este baixo valor em relação ao computador poderá dever- se em parte ao seu custo de manutenção, ainda não possível de sustentar para alguns alunos e pela possibilidade de poderem aceder no ISEP. Os altos valores no computador e na Internet são devidos ao facto de se tratar de tecnologias indispensáveis para que um aluno da área da Informática possa atingir os seus objectivos.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 113

Metodologia

A TV digital interactiva é a que está menos disponível, com apenas 13%. Talvez por ser cara e não ser ainda muito divulgada.

5 - Se você não tem em sua casa alguma(s) das tecnologias anteriormente referidas, é porque:

Internet Máquina TV digital Câmara de Telemóveis Interactiva vídeo digital Computadores fotográfica digital % % % % % % não tem interesse em conhecer essa(s) 1 0 0 0 0 4 8 2 4 1 2 0 0 tecnologias 2 é cara a compra e/ou manutenção 0 0 1 2 28 58 30 63 20 42 0 0 3 não conhece bem 0 0 0 0 4 8 3 6 2 4 0 0 4 não gosta de a(s) usar 0 0 0 0 3 6 0 0 1 2 0 0 quando precisa tem sempre alguém que lhe 5 empresta 1 2 3 6 3 6 4 8 3 6 0 0 (ex. familiares, amigos, empresa, etc.) 6 quando precisa, tem acesso no ISEP 1 2 5 10 0 0 1 2 0 0 0 0 quando precisa, recorre a um local público 7 que faculta essa(s) tecnologias 1 2 3 6 1 2 0 0 0 0 0 0 (ex. biblioteca, cybercafé, etc.) 8 não precisa dela(s) 0 0 0 0 9 19 7 15 4 8 0 0 tem uma deficiência que lhe impede de a(s) 9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 usar 10 é lhe difícil usa-la(s) e manusea-la(s) 0 0 0 0 2 4 1 2 1 2 0 0 11 outra razão diferente das anteriores 0 0 0 0 3 6 2 4 1 2 0 0

Tabela 15 – Resultados estatísticos da questão 5 do inquérito.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 114

Metodologia

65

60

55

50

45

40 Computadores Internet 35 TV digital Interactiva % 30 Câmara de vídeo digital Máquina fotográfica digital 25 Telemóveis

20

15

10

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

FIGURA 28 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 5 DO INQUÉRITO.

A principal razão de os alunos não terem em casa a TV digital interactiva, câmara de vídeo digital e máquina fotográfica é o facto de serem tecnologias caras quer na compra, quer na manutenção. A segunda causa é a não necessidade delas. A maioria dos alunos que não tem acesso à Internet em casa, justificam-se pela possibilidade de poderem aceder no ISEP. Quanto ao computador, dos pouquíssimos que não tem em casa justificam- se pela possibilidade de terem alguém que lhes empresta, por poderem aceder no ISEP e também porque recorrem a um lugar público para facultar essa tecnologia.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 115

Metodologia

6 - Se não tiver ou mesmo que não tivesse algumas das seguintes tecnologias em sua casa, quais delas tinha acesso (por empréstimo, oferta, aluguer, acesso numa biblioteca, ISEP, etc.) sempre que precisasse ?

Máquina TV digital Câmara de Computador Internet Fotográfica Telemóvel Nenhum interactiva vídeo digital digital 32 34 9 17 18 16 4 % 67 71 19 35 38 33 8

Tabela 16 – Resultados estatísticos da questão 6 do inquérito.

80 70 60 50 40 % 30 20 10 0 Internet digital Nenhum Máquina TV digital interactiva Telemóvel fotográfica Câmara de vídeo digital Computador

FIGURA 29 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 6 DO INQUÉRITO.

Em geral, mesmo que os alunos não tivessem um computador e Internet em casa, eles tinham grandes possibilidades de ter acesso na mesma as estas tecnologias, ou seja, 67% e 71% respectivamente. Apenas 19% dizem que tinham acesso à TV digital interactiva, o que comprova mais uma vez, a sua pouca utilização e implantação. De salientar ainda os 8% que não tinham possibilidades de aceder a nenhuma das tecnologias em estudo.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 116

Metodologia

7 - Em média, qual a frequência de uso que você faz das seguintes tecnologias ?

Máquina TV digital Câmara de Computador Internet fotográfica Telemóvel interactiva vídeo digital digital % % % % % % 6 a 7 dias por semana 46 96 40 83 1 2 0 0 1 2 41 85 2 a 5 dias por semana 1 2 7 15 2 4 2 4 3 6 3 6 1 a 2 dias por semana 1 2 1 2 3 6 6 13 11 23 3 6 Nunca/Raramente 0 0 0 0 42 88 40 83 33 69 1 2

Tabela 17 – Resultados estatísticos da questão 7 do inquérito.

100 90 80 70 6 a 7 dias por semana 60 3 a 5 dias por semana 50 % 1 a 2 dias por semana 40 Nunca/Raramente 30 20 10 0 Internet digital Máquina Telemóvel TV digital interactiva fotográfica Câmara de vídeo digital Computador

FIGURA 30 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 7 DO INQUÉRITO.

Nota-se que 96% e 83% dos inquiridos usam respectivamente o computador e a Internet diariamente. É muitas vezes motivado pela necessidade de realizar trabalhos académicos e de investigação no âmbito do curso. Apenas 2% disse que usava estas duas tecnologias, 1 a 2 dias por semana. No que respeita à TV digital interactiva, máquina fotográfica e câmara digital, a grande maioria nunca ou raramente usa.

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Metodologia

8 – Actualmente, em que locais normalmente acede a cada uma das seguintes tecnologias ?

Computador Apenas a Cod. % % (sem usar a Internet) Internet 1 Na sua própria casa 43 90 36 75 2 No ISEP 28 58 36 75 3 Num local público (ex. biblioteca, cybercafé) 9 19 9 19 4 Em casa de outras pessoas 9 19 11 23 5 No local de trabalho 16 33 25 52 6 Noutro local diferente dos anteriores 1 2 5 10

Tabela 18 – Resultados estatísticos da questão 8 do inquérito.

100 90 80 70 60 Computador (sem usar a Internet)

% 50 Apenas a Internet 40 30 20 10 0 1 2 3 4 5 6 Cód.

FIGURA 31 – GRÁFICO DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 8 DO INQUÉRITO.

Os locais onde os alunos acedem mais ao computador e à Internet é na sua própria casa, ou seja, 90% e 75% respectivamente. De notar que, no acesso à Internet também 75% acedem a partir do ISEP. No ISEP, os alunos acedem mais à Internet do que propriamente a outras aplicações de trabalho no computador. De salientar o pouco uso em locais públicos, com apenas 19% dos inquiridos, em cada uma das duas tecnologias.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 118

Metodologia

9 - Como foi que obteve os conhecimentos que actualmente tem de Internet ?

Cod. % 1 Sozinho sem ajuda de revistas/livros/jornais 28 58 2 Sozinho com ajuda de revistas/livros/jornais 14 29 3 Num curso de formação 8 17 4 Por amigos, pais ou outros familiares 18 38 5 No ensino secundário 14 29 6 No ISEP 10 21 7 Noutra escola de ensino superior 4 8 8 Por um professor particular 1 2 9 Numa empresa que tenha ou que esteja a trabalhar 8 17 10 De outra forma diferente das anteriores 10 21

Tabela 19 – Resultados estatísticos da questão 9 do inquérito.

70

60

50

40 % 30

20

10

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Cod.

FIGURA 32 – GRÁFICO DAS FREQUENCIAS RELATIVAS DA QUESTÃO 9 DO INQUÉRITO.

A forma com que a maioria dos alunos obteve os conhecimentos de Internet foi sozinhos sem ajuda de revistas, livros ou jornais (58%), o que demonstra o interesse manifestado e a vontade de aprender por parte dos alunos. O ISEP contribui em apenas em 21% dos alunos para a obtenção dos conhecimentos actuais de Internet.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 119

Metodologia

8.4 – Resumo e conclusões finais

Pretende-se realizar um estudo aos alunos do 1º ano do departamento de Informática de uma IES, em particular os do ISEP. Tem como objectivo conhecer o nível de conhecimento e de uso das TIC que esses alunos tinham antes de entrarem na IES, saber qual a contribuição da IES para o aumento dos conhecimentos dos alunos, em relação às TIC, no final do 1º ano e perceber quais as tecnologias que os alunos tem sempre ao seu dispor em sua casa ou noutro local, sempre que necessitem. A recolha dos dados foi baseada num inquérito (ver em anexo) entregue aos alunos em papel. Foi realizada a 48 alunos do 1º ano do curso de Engenharia Informática do ISEP. A ferramenta utilizada para análise e tratamento dos dados foi o Microsoft Excel. Os resultados do inquérito permitiram obter a informação necessária aos objectivos propostos nesta metodologia. Relativamente a esses objectivos podemos concluir que: · Antes de entrarem no ISEP, os alunos não eram excluídos digitais no que respeita a computadores, Internet e telemóveis devido aos seus altos níveis de conhecimento e de uso; · Os alunos têm boas possibilidades de acesso aos computadores, Internet e telemóveis quer em suas casas, quer noutros locais. Mas, nas outras tecnologias já não se pode dizer o mesmo, principalmente a TV digital interactiva, na qual apresenta muito pouco uso, conhecimentos e possibilidades de acesso; · O ISEP contribui muito para o aumento dos conhecimentos dos alunos, fundamentalmente em computadores e na Internet. Nas restantes tecnologias, o ISEP não contribui praticamente nada.

Os resultados e as conclusões obtidas podem estar influenciados por se tratar de alunos de um DEI, que à partida estão mais familiarizados com as TIC, principalmente com os computadores e a Internet. Logo, não é lógico generalizar esses resultados e conclusões a todos os alunos do ISEP.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 120

Conclusão

9 - Conclusão

“Todos têm o direito de participar livremente na vida cultural de suas comunidades, para usufruir das artes e participar nos avanços científicos e dos seus benefícios.” Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, artigo 47º

Este projecto permitiu compreender a importância das TIC, analisar o problema da exclusão digital provocada pela desigualdade no acesso às TIC e perceber de que forma a massificação das TIC afecta a exclusão social e em particular a exclusão digital.

Relativamente às TIC (ver capítulo 2), podemos concluir que: · Sofreram nas ultimas décadas grandes transformações, a um ritmo muito acelerado, devido aos grandes avanços tecnológicos e de serem mais acessíveis a nível de preço; · Fazem e continuarão a fazer parte das nossas vidas devido aos seus benefícios e à grande dependência que temos com as TIC; · Tem um grande impacto na sociedade e nas organizações, porque além de estarem presentes em quase todas as actividades do dia a dia, contribuem para alterar as relações económicas e a forma como se organizam as nossas sociedades e as empresas; · Existem variadas aplicações praticas no dia a dia, desde os telemóveis ao teletrabalho, passando pelo comércio electrónico, Informática médica, e- learning, videoconferência, etc.; · Permitem unir as pessoas e facilitar as suas relações pessoais, sociais e económicas devido à facilidade, velocidade e capacidade de transmissão e tratamento das informações.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 121

Conclusão

Os valores estatísticos do uso das TIC (ver capítulo 3), indicam que: · Na generalidade, existe uma elevada taxa de excluídos digitais em todo o Mundo, tornando-se cada vez mais problemático porque impede a igualdade no acesso à informação e ao conhecimento que é cada vez mais importante para o desenvolvimento pessoal e social; · Os países menos desenvolvidos apresentam maiores taxas de exclusão digital porque são os que tem maior índice de pobreza e miséria e consequentemente mais dificuldades em obterem infra-estruturas tecnológicas que possibilitem a utilização das TIC; · Em Portugal, os valores da taxa de exclusão digital não são positivos, apesar de se notar uma ligeira melhoria nos últimos anos, no que respeita ao número de computadores e de acessos à Internet. Essa melhoria reflecte-se quer, no número de computadores nos domicílios quer nas escolas; · O número de servidores e de utilizadores da Internet aumentam cada vez mais de ano para ano.

Quanto à exclusão digital (ver capítulo 5), podemos concluir que: · É um grave problema, que afecta uma grande parte da população mundial, com valores muito elevados. Afecta principalmente os países subdesenvolvidos; · Impede o desenvolvimento pessoal e social, porque impede que as pessoas tenham acesso à informação e ao conhecimento; · Aumenta a diferença entre os ricos e os pobres, porque em geral, se os pobres não tem possibilidades de aceder às TIC, ficam cada vez mais arredados de adquirir informação, ao contrário do que acontece com os ricos; · É o lado “negro” da SI, porque impede o seu fortalecimento; · Apesar de estar muitas vezes associado à exclusão social, não há uma relação directa entre ambos, porque não existe uma verdadeira relação causa-efeito entre eles.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 122

Conclusão

No que respeita ao combate à exclusão digital (ver capítulo 6), verificou-se que: · Há algum esforço nesse sentido, a comprovar por algumas iniciativas, quer nacionais quer internacionais, apesar de ainda haver muito a fazer; · É fundamental que se pense mais sobre este assunto, e que, se adoptem medidas eficazes, senão ocorrerá um agravamento das desigualdades sociais. Deverá haver uma maior preocupação com as pessoas com necessidade especiais porque são as que tem mais dificuldades em incluírem-se digitalmente; · Não é uma tarefa apenas do governo, porque deverá haver um maior envolvimento de organizações, empresas e da sociedade em geral.

Com o caso pratico realizado (ver capítulo 7), demonstrou-se que: · Antes de entrarem no ISEP, os alunos não eram excluídos digitais no que respeita a computadores, Internet e telemóveis devido aos seus altos níveis de conhecimento e de uso; · Os alunos têm boas possibilidades de acesso a estas tecnologias, quer em suas casas, quer noutros locais; · Das outras tecnologias já não se pode dizer o mesmo, principalmente a TV digital interactiva, na qual apresenta muito pouco uso, conhecimentos e possibilidades de acesso. As causas prendem-se sobretudo com o seu alto custo; · O ISEP contribui muito para o aumento dos conhecimentos dos alunos, fundamentalmente em computadores e na Internet. Nas restantes tecnologias, o ISEP não contribui praticamente nada;

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 123

Conclusão

9.1 – Considerações pessoais

Depois de terminar este projecto, estou plenamente convicto de que foram atingidos os objectivos propostos inicialmente. A realização deste projecto permitiu-me aprender mais, assimilar novos conceitos e ideias, enriquecendo os meus conhecimentos. Foi um trabalho de investigação algo complexo porque trata-se de um tema algo subjectivo e sujeito a muitas discussões. Além disso, ainda não há muita informação disponível a esse respeito. Exigiu de mim muito trabalho, dedicação e empenho, mas, valeu a pena o esforço pelo resultado obtido. Tive muito gosto em realiza-lo, porque foi interessante e motivador. Espero que este projecto seja útil, interessante e de fácil interpretação aos leitores, e que, simultaneamente, sirva como alerta às pessoas de que há muita desigualdade no acesso à informação, que nem todos tem acesso à Internet e que é urgente tomar medidas para reverter esta situação.

Após o desenvolvimento deste projecto sou capaz de: · Compreender a importância, as vantagens e o impacto que as TIC tem na sociedade; · Conhecer mais em pormenor algumas aplicações praticas das TIC no dia a dia; · Ter uma noção mais clara do conceito de SI e o que representa para todos nós; · Compreender o problema da exclusão digital e as suas consequências; · Perceber a relação entre a exclusão social e a exclusão digital; · Saber quais as várias formas de combate à exclusão digital; · Reconhecer a importância dos esforços para ajudar as pessoas com menos condições para integra-las na SI. · Perceber a importância e a influência que as acções do governo tem para solucionar este problema;

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 124

Conclusão

· Ter conhecimento de algumas iniciativas nacionais e internacionais que promovem a inclusão digital; · Saber o nível de conhecimento e de uso das TIC, que os alunos do 1º ano do DEI tinham antes de entrarem no ISEP; · Saber qual a contribuição do ISEP para o aumento dos conhecimentos de algumas tecnologias aos alunos no final do 1º ano.

No entanto, as dificuldades que encontrei foram as seguintes: · Essencialmente, na procura de informação, porque este tema ainda não é muito divulgado. Após várias pesquisas em livrarias e bibliotecas não encontrei nenhum livro especifico ou relacionado com o tema da exclusão digital. Mesmo na Internet as muito poucas informações que encontrei eram muito básicas, semelhantes e repetitivas; · Gostaria de ter estendido o caso pratico aos alunos dos restantes departamentos do ISEP. Mas para isso, era necessário mais tempo e a colaboração de mais pessoas, visto que o ISEP é constituído por muitos departamentos e alunos; · No início, algumas dificuldades em escolher uma estrutura para o projecto. Mas, à medida que o tempo passava essas dificuldades foram dissipadas.

9.2 – Desenvolvimentos futuros

Seria interessante que, este projecto fosse o ponto de partida para mais análises e investigações sobre este tema, e que, despertasse o interesse de mais pessoas, incluindo docentes, investigadores e alunos. O caso pratico poder-se-ia alargar a mais alunos do ISEP, estendendo por exemplo aos outros departamentos. Permitiria retirar conclusões mais concretas, inclusive verificar se os resultados obtidos pelos alunos do DEI se podem generalizar para todos os alunos do ISEP, ou se este é um caso particular. Os resultados deveriam ser publicados para o conhecimento de todos. Mas, para essa extensão dos inquéritos a mais alunos era necessário o envolvimento de mais pessoas e de mais tempo disponível, daí a razão de neste caso só se ter

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 125

Conclusão restringido a alunos do DEI. O outro desenvolvimento que seria ainda mais interessante de realizar no futuro era o de extender o inquérito a outros departamentos de Informática de mais IES do país. Permitiria descobrir se em Portugal existe algum perfil tecnológico de alunos de Informática e servir para o governo tomar medidas se assim se justificasse de forma a evitar a exclusão digital. Este projecto poderia servir como fonte de informação ou modelo para uma tese de mestrado e ou de doutoramento, para quem tenha interesse em estudar este área.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 126

Glossário

10 - Glossário

Este capítulo apresenta um pequeno glossário de alguns termos técnicos relacionados maioritariamente com as TIC, sendo muitos deles utilizados neste projecto.

ADSL (Asymmetric Digital Subscriber Line) Tecnologia utilizada para transmitir informação digital, a velocidades entre os 256 Kbps e os 6 Mbps, sobre linhas telefónicas normais, facultando uma ligação permanente. A assimetria da linha refere que a utilização do canal de comunicação pende para um dos lados. Neste caso, o fluxo de dados é maior para o utilizador (download). O ADSL permite também a utilização analógica como a conversação habitual (voz) [50].

Alfabetização digital Processo de aquisição de habilidades básicas para o uso de computadores, redes e serviços de Internet.

Aplicação Programa de software desenhado para uma determinada função, como um processador de texto ou uma folha de calculo [1].

Banda larga Técnica para transmitir uma grande quantidade de dados, voz e vídeo a longas distâncias [1].

Bit Acrónimo de binary digit. Unidade básica de informação num sistema de numeração binária (composto apenas de zeros (0) e uns (1)) [1].

Browser Folheador, em português. São os programas que permitem navegar no WWW. É um cliente para extracção de informação de um servidor web ou gopher. Tipicamente, é um programa num computador pessoal que acederá, através de uma linha telefónica, a um servidor contendo informações de interesse.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 127

Glossário

Byte Conjunto de 8 bits utilizados para designar um caracter, letra ou número [1].

CD-ROM (Compact disc-read only memory) Tecnologia de armazenamento óptico, exclusivamente de leitura, utilizada pelos discos compactos [1].

Ciberespaço Um neologismo adaptado para a realidade, depois de utilizado em ficção, onde esse mesmo termo servia para descrever o mundo virtual, criado através da interligação de todas as redes de computadores [50].

Cliente Programa que pede serviços a outro computador chamado de servidor e que estabelece a interacção necessária com o utilizador [1].

Cliente - servidor Envio de informações pela rede envolvendo programas servidor para fornecer dados aos programas clientes instalados em computadores. O servidor realiza gestão de comunicações, fornecimento de serviços de bases de dados etc. e o cliente realiza funções de utilizador.

Comércio electrónico (e-commerce) É a compra e venda de bens e serviços através da Internet. Esses negócios estão normalmente disponíveis 24 horas por dia, embora na maior parte dos casos não se possa dizer o mesmo das entregas [50].

Conexão Ligação do seu computador a um computador remoto

Correio electrónico (email) Correio transmitido por meios electrónicos, normalmente, redes informáticas. Uma carta electrónica contém texto (como qualquer outra carta) e pode ter, eventualmente em anexo um ou mais ficheiros.

Datagrama Pacote individual de dados sem nenhuma informação que o relacione com qualquer outro que tenha sido enviado [1].

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 128

Glossário

Digital Alusivo ao tratamento de informação em base 2 (zeros e uns) [50].

DNS (Domain Name System) É o conjunto de regras e/ou programas que constituem um Servidor de Nomes da Internet. Um servidor de nomes faz a tradução de um nome alfanumérico (ex. microbyte.com) para um número IP (ex. 192.190.100.57). Além das conversões nome<->IP e IP<->nome, um DNS pode também conter informações sobre como encaminhar correio electrónico até que ele chegue à máquina final.

Domain Name O único nome que identifica um site da Internet. Os nomes de domínio têm sempre duas ou mais partes separadas por pontos. A parte esquerda é a mais específica, e a parte direita é a mais geral. Uma máquina pode ter mais do que um nome de domínio, mas um nome de domínio aponta sempre para apenas uma máquina.

Domínio Nome vinculado a um endereço na Internet que identifica uma organização.

Download Processo que permite carregar ficheiros através dum servidor. Ao fazer download do ficheiro escolhido, presente no servidor remoto, este é copiado para um disco local [50].

E-government (governo electrónico) Serviços do governo à população disponíveis em meios electrónicos, como a Internet [54].

E-learning Ensino à distância, usando as TIC [54].

Fórum de discussão Em inglês, newsgroup. Num fórum de discussão, ou seja, grupo de news, escreve-se publicamente sobre o tema indicado pelo nome do grupo.

Freeware Software de domínio público e que, por isso, pode utilizar-se livremente [1].

GSM (Global System for Mobile Communications) Um sistema de comunicação móvel utilizado, nomeadamente, em telemóveis. Este sistema utiliza uma variação do TDMA e é o mais utilizado actualmente, operando nos 900 ou 1800 Mhz [50].

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 129

Glossário

Hardware Componentes físicos de um computador bem como os seus periféricos [1].

Host Computador central, também chamado de servidor ou nó.

HTML (HyperText Markup Language) Linguagem usada para representação de informação em hipertexto usada na WWW.

HTTP (Hypertext Transport Protocol). É o protocolo que define como é que dois programas/servidores devem interagir, de maneira a transferirem entre si comandos ou informação relativos ao WWW.

Internet É uma imensa rede de redes que se estende por todo o planeta. Os meios de ligação dos computadores desta rede são variados, desde rádio, linhas telefónicas, ISDN, linhas digitais, satélite, fibras ópticas, etc.. internet Com um i minúsculo, designa uma rede de redes apenas, e não especificamente a Internet.

IP (Internet Protocol) O protocolo que especifica o formato de pacotes de dados e esquemas de endereçamento que existe na Internet e outras redes. Este protocolo pode ser combinado com TCP, responsável pela ligação virtual entre a fonte e o destino [50].

IP Number Número identificador de uma máquina na Internet. Cada uma tem um identificador único.

Largura de banda Medida da quantidade de informação que pode passar por um canal, geralmente expressa em bits por segundo [1].

Link No WWW, uma palavra destacada indica a existência de um link, que é uma espécie de apontador para outra fonte de informação. Escolhendo esse link, obtém-se a página de informação que ele designava e que pode, por sua vez, ter também vários links.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 130

Glossário

Login Identificação de um utilizador perante um computador. Fazer o login é o acto de dar a sua identificação de utilizador ao computador.

Logout Acto de desconectar a sua ligação a um determinado sistema ou computador.

Megabyte Um milhão de bytes ou um milhar de kilobytes.

Memória Armazenamento primário de um computador, como a RAM, distinto de um armazenamento secundário como o disco rígido [1].

Modem Aparelho que converte os sinais digitais em analógicos e vice-versa (modular, desmodular), e que permite a comunicação de dois computadores através de linha telefónica [1].

Motor de busca Aplicações/Base de dados que possibilitam a busca por assuntos. Há 2 tipos: os pesquisa através da catalogação (directórios) ou através da procura de todas as palavras existentes nas várias páginas web.

Multimédia Forma de apresentar a informação, através de um computador, utilizando vários meios, como texto, gráficos ou som [1]. net Em português, rede.

Net É uma abreviatura para designar a Internet.

Nó Computador ou qualquer outro dispositivo conectado a uma rede [1].

Online Por oposição a offline, online significa "estar em linha", estar ligado em determinado momento à

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 131

Glossário rede ou a um outro computador. Para alguém, na Internet, "estar online", é necessário que nesse momento essa pessoa esteja a usar a Internet.

Open source Software cujo código fonte está disponível. Permite a qualquer utilizador dominar completamente os conceitos que estão por detrás de uma aplicação informática aumentando assim os seus conhecimentos técnicos sobre determinadas matérias que a médio longo prazo se podem transformar num importante incentivo à produção de tecnologias de informação [12].

Pacote Unidade básica de informação numa rede [1].

Placa de som Adaptador que aumenta a capacidade de reprodução do som digital num computador [1].

Protocolo Definição do sistema de comunicação de um computador. Acordo entre diferentes sistemas para trabalhar em conjunto. Conjunto de normas que permitem padronizar um procedimento repetitivo [1].

Proxy Em português, procuração. Um servidor (programa) proxy (ou com capacidades de proxy) recebe pedidos de computadores ligados à sua rede e, caso necessário, efectua esses mesmos pedidos (de HTTP, Finger, etc.) ao exterior dessa rede (nomeadamente, a Internet), usando como identificação o seu próprio número IP e não o número IP do computador que requisitou o serviço. É útil quando não se dispõem de números IP registados numa rede interna ou por questões de segurança. pt Código ISO atribuído para identificação de Portugal.

Rede Interconexão de um ou mais computadores através de hardware e software. [1].

Servidor (server em inglês) Computador que proporciona recursos numa rede e que fornece a informação aos clientes [1]. Ou seja, é um programa que atende a pedidos de clientes remotos.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 132

Glossário

Set-up box Adaptador multimédia interactivo com capacidade de descodificação e descompressão [1].

Shareware Software cedido pelo seu criador com o objectivo de ser utilizado em regime de prova e pago caso o utilizador o considere útil [1].

Sistema operativo Programa de controlo que dirige as funções internas de um computador [1].

Site Um site da Internet é um dos nós/computadores existentes. Por exemplo, um site FTP é um computador algures que oferece o serviço de FTP (idêntico a FTP server).

Software Programas de sistemas ou aplicações escritos numa linguagem que é entendida pelo computador [1].

Software livre Programa de computador em que o utilizador é livre para usar, copiar, distribuir e modificar, sem a necessidade de pagar licença para qualquer empresa. O código fonte é aberto, podendo ser estudado e modificado [54].

Software proprietário Programa de computador cujos direitos autorais pertencem a uma empresa. O utilizador precisa pagar uma licença para usá-lo e não pode distribuí-lo ou modificá-lo [54].

TCP (Transmission Control Protocol). Um dos protocolos Internet do conjunto TCP/IP, que implementa o nível 4 do modelo OSI, através transporte de mensagens com ligação lógica.

TCP/IP Conjunto de protocolos da Internet, definindo como se processam as comunicações entre os vários computadores. Pode ser implementado virtualmente em qualquer tipo de computador, pois é independente do hardware. Geralmente, para além dos protocolos TCP e IP (porventura os 2 mais importantes), o nome TCP/IP designa também o conjunto dos restantes protocolos Internet: UDP, ICMP, etc.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 133

Glossário

Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) Tecnologias utilizadas para tratamento, organização e disseminação de informações.

Telemática Ciência que trata da manipulação e utilização de informação através do computador. Utiliza-se um conjunto de técnicas e de serviços de comunicação à distância que associam meios informáticos aos sistemas de telecomunicações.

Telemedicina Aplicação dos computadores e das telecomunicações à prática médica (remota e local), ao processo de ensino-aprendizagem e à investigação científica na área das ciências médicas.

Teletexto É a transmissão de texto à distância. Esta informação viaja junto com ondas rádio de alguns canais de TV, sendo comum determinados modelos de televisão incluírem módulos de descodificação de teletexto. O teletexto disponibiliza informação generalista, notícias, agenda de espectáculos, farmácias de serviço, etc.

Teletrabalho Actividade profissional realizada à distância física do local convencional de trabalho, ou seja, da empresa contratante.

Televisão digital A transmissão de sinais de televisão utilizando sistemas digitais em vez de analógicos. A TV digital interactiva permite a programação dos programas que se deseja ver ou gravar, a interacção com programas emitidos, etc. [50].

UMTS (Universal Mobile Telecommunications System) A terceira geração (3G) tecnológica de comunicações móveis que permite velocidades de transferência de até 2 Mbps. Além da voz e dados informáticos, o UMTS permite a transmissão de vídeo e áudio através de linhas terrestres (cabo ou wireless) e satélite [50].

URL (Uniform Resource Locator) Em português, localizador uniformizado de recursos. Método de especificação de um determinado recurso na Internet, seja ele obtido por FTP, News, Gopher, Mail, HTTP, etc.. Pretende uniformizar o maneira de designar a localização de um determinado tipo de informação na Internet. Ex. http://www.insa-lyon.fr, pedido por HTTP, da homepage (WWW) do INSA de Lyon.

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 134

Glossário

Videoconferência Sistema de comunicação que, através de uma rede de computadores, permite que vários participantes remotos possam ver-se e conversar em tempo real [1]. web Em português, teia. Abreviatura para designar a World Wide Web.

WWW (World Wide Web) Sistema de organização da informação da Internet através de ligações de hipertexto. Em sentido estrito é o conjunto de servidores que empregam o protocolo HTTP. Em sentido lato, são os recursos acessíveis através da FTP, HTTP, TELNET e WAIS [1].

WWW server Um computador que fornece serviços e possui informação acessível no WWW.

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Referências

11 - Referências

[0] Ministério da Ciência e da Tecnologia; “Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal”; 1997

[1] Terceiro, José; “Sociedade Digital – do homo sapiens ao homo digitalis”; Relógio D’Água; 1997

[2] Sousa, Maria; “Teletrabalho em Portugal – difusão e condicionantes”; FCA Editora; 1999

[3] Azul, Augusto; “Introdução às Tecnologias de Informação 1”; Porto Editora; 1998

[4] Sousa, Sérgio; “Recursos Humanos & Tecnologias de Informação”; FCA Editora; 1999

[5] “Revista electrónica brasileira «Idade Activa»”; http://www.techway.com.br/techway/revista_idoso/comportamento/comportamento_daniela.htm

[6] “Radio Suíça Internacional – Uma empresa da SRG SSR idée suisse”; http://www.swissinfo.org/spt/swissinfo.html?siteSect=2105&sid=4491082

[7] Amaral, Adelino; “Abordagem Colaborativa à Gestão do Conhecimento: Soluções Educativas Virtuais”; 2002

[8] Autor desconhecido; “Sociedade Digital”; Maio 1999; http://www.terravista.pt/guincho/3703/cap4.html

[9] Coelho, Hélder; “Tecnologias da Informação”; Publicações Dom Quixote; 1986

[10] “tutor2u – Supporting Teachers & Inspiring Students”; http://www.tutor2u.net/business/ict/intro_what_is_ict.htm

[11] Lima, Marcelo; “Vote contra a exclusão digital”; http://www.administracao.go.gov.br/exclusao_digital.htm

[12] http://www.vfxira-be.org/info-acesso.html

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 136

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[13] “Programa Aveiro Digital 2003 – 2006”; http://www.aveiro-digital.pt/default.asp?func=7&idnoticia=25

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[18] “Associação Brasileira de Ensino à Distância”; http://www.abed.org.br

[19] “Plano de acção para a Sociedade de Informação”; http://www.umic.pcm.gov.pt/UMIC/SociedadedaInformacao

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[21] Ministério da Ciência e da Tecnologia do Brasil; “Programa Bibliotecas do FUST”; 2001

[22] Zartarian, Vahé; Noel, Emile; “CiberMundos”, Ambar

[23] “Programa Nacional para a Participação dos Cidadãos com Necessidades Especiais na Sociedade da Informação”; UMIC; Presidência do Conselho de Ministros; 2003; http://www.umic.gov.pt/NR/rdonlyres/26E9F10C-A9FA-4258-B93B- BEC95EB48594/140/IV_Prog_Nac_Partic_CNE.pdf

[24] “OBERCOM – Observatório da Comunicação”; http://www.obercom.pt/2004/artigos_detalhe.asp?id_noticias=249

[25] “Mapa de Exclusão Digital”; Centro de Políticas Socais; 2003 http://www2.fgv.br/ibre/cps/mapa_exclusao/apresentacao/Texto_Principal_Parte1.pdf

[26] Ministério brasileiro do planeamento, orçamento e gestão; http://www.governoeletronico.gov.br

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[27] “O distrito da Guarda e a Sociedade da Informação”; 1998; http://www.domdigital.pt/guarda-digital/parte4.htm

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[29] Site oficial do programa da RTP, “2010” ; http://2010.flmid.com

[30] Monteiro, Anabela; “3G/UMTS”; 2003

[31] “INDE – Intercooperação e Desenvolvimento”; http://www.inde.pt/Projectos/Nacionais/Agora/ConfInfoExclusao.htm

[32] “Site oficial da Câmara Municipal de Pombal”; http://www.cm-pombal.pt/cultura7.html

[33] Ribeiro, José; “Info-Exclusão compreendê-la e combatê-la”; http://student.dei.uc.pt/~jribeiro/CTPinfoexclusao.htm

[34] “Becta ICT Advice”; http://www.ictadvice.org.uk/index.php?section=tl&cat=001001006&rid=1701

[35] Kampff, Adriana; Dias, Márcia; “Reflexões sobre a construção do conhecimento em ambientes de pesquisa e de Autoria multimédia”; http://www.cinted.ufrgs.br/renote/set2003/artigos/reflexoessobreacontrucao.pdf

[36] “AS TIC na educação e na formação de adultos – Desafios e oportunidades”; http://www.eu2001.se/education/eng/docs/rigaws2_pt.pdf

[37] Instituto para a Inovação na Formação; “Inofor em Notícia”, 2003; http://expressoemprego.clix.pt/Studio/companysites/inofor/imag/INOFOR_0703.PDF

[38] Projecto “Maia Digital”; http://www.maiadigital.pt

[39] Sousa, Sérgio; “Tecnologias de Informação”,4ª edição actualizada; FCA Editora

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 138

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[40] Silva, Chirley; Machado Murilo; “A era da exclusão informacional”; http://www.ced.ufsc.br/~ursula/3211/SemExc.ppt

[41] Gomes, Ana; “A Informática Médica”; 2002

[42] Oliveira, José; “Videoconferência por IP: Aplicações”; 2003

[43] Tavares, Maria, “Standards de E-learning”, 2003

[44] Macedo, Horácio; “Ferramentas de E-Learning”; 2002

[45] http://ciaris.ilo.org/portugue/frame/r1-3.htm

[46] http://www.w3.org/TR/REC-html40

[47] Matos, José Cardoso; “A Importância da Qualificação dos Recursos Humanos”; http://www.uniweb.pt/uniweb/WP_RHumanos.pdf

[48] http://www.onuportugal.pt/WSISFAQ-layout_-_Portuguese.pdf

[49] “A exclusão social dentro da sociedade brasileira”

[50] Matos, José; “Dicionário de Informática e Novas Tecnologias”; FCA Editora; 2003

[51] http://www.weforum.org/pdf/Gcr/GITR_2003_2004/Progress_Chapter.pdf

[52] “Comité para a democratização da Informática” (CDI); http://www.cdi.org.br

[53] “Oficina para a Inclusão Digital”; 2001 http://www.governoeletronico.gov.br/governoeletronico/publicacao /down_anexo.wsp?tmp.arquivo=E15_202inclusao_digital_relatorio_final.pdf

[54] Instituto Ethos; “O que as empresas podem fazer pela inclusão digital”; http://www.ethos.org.br/DesktopDefault.aspx?TabID=3684&Alias=Uniethos&Lang=pt-BR

[55] http://www.elearningeuropa.info

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 139

Referências

[56] Marcuzzo, Mónica; “A exclusão digital e a Internet”

[57] Gomes, Marcuss; “Inclusão Digital e Governo electrónico”

[58] Debates da Presidência da República; “Os Cidadãos e a Sociedade da Informação”; Imprensa Nacional – Casa da Moeda; 1999

[59] Martignago, Abraão; Marcel, Angelo; Junior, Seilor; Bortolon, Rodrigo; Pombeiro, Orlei; “Exclusão Digital”; http://www.spei.br/wokshop/Art-21.doc

[60] http://www2.uol.com.br/cultvox/novos_artigos/exclusaodigital.pdf

[61] Iizuka, Edson; “Um estudo exploratório sobre a exclusão digital e as organizações sem fins lucrativos da cidade de São Paulo”; 2003; http://www.rits.org.br/rets/download/centro_estudos_cap5_060804.zip

[62] http://europa.eu.int/scadplus/leg/pt/lvb/l24226.htm

[63] Comissão interministerial para a inovação e conhecimento – 1ª reunião; “eEurope2005: uma sociedade da informação para todos”; Unidade de Missão Inovação e Conhecimento; 2002

[64] Macadar, Marie; “Desmistificando a Inclusão Digital”; http://integracao.fgvsp.br/ano5/20/opiniao.htm

[65] Ferreira, Paulo; “Influência das Tecnologias na Acessibilidade”; 2000

[66] Ferreira, Paulo; “Os Malefícios da Tecnologia”; 2001

[67] Ferreira, Paulo; “Tecnology and Sustainability”; 2001

[68] Sousa, Ivo; “O lado negro da Internet”; 1999

[69] Pereira, João Paulo; “Interacção Homem-Máquina”; 1998

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AAnneexxoo

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Anexo

Inquérito

Este inquérito destina-se a fazer um estudo sobre o grau de exclusão digital dos alunos do 1º ano do ISEP relativamente às Tecnologias de Informação e Comunicação. Nota: O conteúdo das respostas deste inquérito terá um carácter confidencial, não sendo relevante para o estudo a identificação individual dos alunos. Agradeço a sua colaboração.

Importante: · Por favor, responda às perguntas sequencialmente e siga as instruções que lhe vão aparecer a itálico. · Responda com um X nos quadrados. · No caso de se enganar coloque um círculo à volta do quadrado correspondente. · Responda com sinceridade. Muito obrigado pela sua colaboração.

1 – Antes de entrar no ISEP qual o nível de conhecimento que tinha em cada uma das seguintes tecnologias ?

Máquina TV digital Câmara de Computadores Internet fotográfica Telemóveis Interactiva vídeo digital digital Muito Bons € € € € € € Bons € € € € € € Razoáveis € € € € € € Poucos € € € € € € Nenhuns € € € € € €

2 – Antes de entrar no ISEP qual o nível de uso que tinha em cada uma das seguintes tecnologias ?

Máquina TV digital Câmara de Computadores Internet fotográfica Telemóveis Interactiva vídeo digital digital Sabia usar bem € € € € € € Sabia usar razoavelmente € € € € € € Não sabia usar € € € € € €

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 142

3 – Qual a contribuição que o ISEP lhe deu até hoje para o aumento dos seus conhecimentos nas seguintes tecnologias ?

Máquina TV digital Câmara de Computadores Internet fotográfica Telemóveis interactiva vídeo digital digital Contribui muito € € € € € € Contribui pouco € € € € € € Nenhuma contribuição € € € € € €

4 – Qual(ais) das seguintes tecnologias, tem sempre ao seu dispor em sua casa sempre que você precise (mesmo que não goste ou que não saiba usar) ? (se necessário pode assinalar mais do que uma resposta)

Máquina TV digital Câmara de Computador Internet Fotográfica Telemóvel interactiva ví deo digital digital € € € € € €

(Se assinalou todas as respostas desta pergunta avance para a pergunta 6)

5 – Se você não tem em sua casa alguma(s) das tecnologias anteriormente referidas, é porque: (se necessário pode assinalar mais do que uma resposta em cada coluna)

Câmara Máquina TV digital de Computadores Internet fotográfica Telemóveis interactiva vídeo digital digital não tem interesse em conhecer essa(s) € € € € € € tecnologia(s) é cara a compra e/ou € € € € € € manutenção não conhece bem € € € € € € não gosta de a(s) usar € € € € € € quando precisa tem sempre alguém que lhe empresta € € € € € € (ex. familiares, amigos, empresa, etc.) quando precisa, tem acesso € € € € € € no ISEP quando precisa, recorre a um local público que faculta essa(s) € € € € € € tecnologia(s) (ex. biblioteca, cybercafé, etc.) não precisa dela(s) € € € € € € tem uma deficiência que lhe impede de a(s) usar € € € € € € é lhe difícil usa-la(s) e € € € € € € manusea-la(s) outra razão diferente das anteriores € € € € € €

Tecnologias da Informação e Comunicação vs Exclusão Social 143

6 – Se não tiver ou mesmo que não tivesse alguma(s) das seguintes tecnologias em sua casa, qual(ais) delas tinha acesso (por empréstimo, oferta, aluguer, acesso numa biblioteca, ISEP, etc.) sempre que precisasse ? (se necessário pode assinalar mais do que uma resposta)

Máquina TV digital Câmara de Computador Internet fotográfica Telemóvel Interactiva vídeo digital digital € € € € € €

7 – Em média, qual a frequência de uso que você faz das seguintes tecnologias ?

Câmara Máquina TV digital Dias por semana Computador Internet de vídeo fotográfica Telemóvel interactiva digital digital 6 a 7 € € € € € € 3 a 5 € € € € € € 1 a 2 € € € € € € Nunca/Raramente € € € € € €

8 – Actualmente em que local(ais) normalmente acede a cada uma das seguintes tecnologias ? (se necessário pode assinalar mais do que uma resposta em cada coluna)

Computador Apenas a Internet (sem usar a Internet) Na sua própria casa € € No ISEP € € Num local público (biblioteca, cybercafé, etc.) € € Em casa de outras pessoas € € No local de trabalho € € Noutro local diferente dos anteriores € €

9 - Como foi que obteve os conhecimentos que actualmente tem de Internet ? (se necessário pode assinalar mais do que uma resposta)

Sozinho sem ajuda de revistas/livros/jornais € Sozinho com ajuda de revistas/livros/jornais € Num curso de formação € Por amigos, pais ou outros familiares € No ensino secundário € No ISEP € Noutra escola de ensino superior € Por um professor particular € Numa empresa que tenha ou que esteja a trabalhar € De outra forma diferente das anteriores €

Muito obrigado pela sua colaboração.

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“TIC vs Exclusão Social”

Sérgio Francisco dos Santos Morais

Setembro 2004

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