6 Alternativo - [email protected] O Estado do Maranhão - São Luís, 7 de dezembro de 2014 - domingo

Roda Viva Maranhenses na Academia Brasileira de Letras Benedito Buzar [email protected]

Fotos/Arquivo ingresso do poeta na Montello, nascido em São Luís, eleito para a Ca- Academia Brasileira de Letras, na deira 29, para substituir o escritor Claudio de O última sexta-feira (5 de dezembro), Sousa, sendo recebido pelo conterrâneo, nos move à abordagem sobre a partici- Viriato Correia. Membro da Academia pação de maranhenses na Academia Maranhense de Letras, do Instituto Brasileira de Letras. Histórico e Geográfico Brasileiro e da A presença de escritores do Ma- Academia de Ciências de Lisboa, Jo- ranhão na Casa de Machado de sué notabilizou-se no cenário lite- Assis avulta não apenas pela ex- rário como romancista, jornalis- pressiva quantidade, mas, sobre- ta, novelista, cronista, memora- tudo, pela qualidade fulgurante lista e teatrólogo. Também ocu- dos nomes que dela passaram a pou cargos públicos importan- fazer parte desde a sua funda- tes e legou uma obra romanes- ção, em 20 de julho de 1897. ca invejável, que lhe valeu prê- À época da inauguração da mios valiosos no Brasil e no ex- Academia Brasileira de Letras, terior, dentre os quais ALuz da o Maranhão ainda carregava a Estrela Morta, Cais da Sagração, fama de Atenas Brasileira e des- Largo do Desterro, Noite sobre Al- frutava do prestígio de ter um cântara, Os degraus do paraíso e elenco de escritores famosos, que Os tambores de São Luís. brilhava no , então o Na década seguinte, o jornalis- maior e o mais importante centro ta, poeta, cronista e ficcionista Ody- de cultura do país. lo Costa, filho, nascido em São Luís, Não à toa, contribuiu com nada me- bateu às portas da Casa de Machado Ferreira Gullar Arthur Azevedo nos do que cinco valorosos intelectuais, de Assis. Eleito em1969, ocupou a Ca- que emprestaram à ABL uma projeção cul- deira 15, sucedendo Guilherme de Almei- tural que até hoje repercute dentro e fora do da. Era membro das Academias Maranhen- país: Arthur Azevedo, dramaturgo, contista, poe- se e Piauiense de Letras. Bibliografia: Livro de ta, jornalista e crítico teatral, fundador da Ca- poemas, A faca e o rio, Tempo de Lisboa e deira 29; Aluísio Azevedo, jornalista, dese- outros poemas, Os bichos no céu, A vida nhista, romancista, criador do natura- de Nossa Senhora. lismo na literatura nacional e autor dos Depois de Odylo, passamos quase chamados romances de costume, dentre os quais O Mulato, Casa de Pensão, O Cortiço e Filomena Bor- Depois de Odylo, ges. Fundou a Cadeira 4; Henri- que , jornalista, pro- passamos quase fessor, romancista, poeta, e ora- duas décadas dor. Conhecido como “prínci- pe dos prosadores”, foi o fun- sem marcar dador da Cadeira 2. Deixou uma vasta e rica bibliografia; presença na Graça Aranha, romancista de Academia primeira linha, com destaque para os livros Canaã, Mala- Brasileira de zarte e O meu próprio roman- ce. Fundou a Cadeira 38 e foi Letras. Esse vazio um dos articuladores do Movi- foi quebrado pelo mento Modernista; , diplomata, jornalista e escritor José Aluísio Azevedo poeta. Livros principais: Primeiros José Sarney sonhos, Sinfonias, Versos e Versões e Ale- Sarney, que se elege luia. Fundou a Cadeira 5. a 17 de julho de 1980, Além dos cinco fundadores, o Maranhão ainda forneceu à Academia Brasileira de Le- para a Cadeira 38, tras cinco expressivos homens de letras pa- ra patronos das Cadeiras 1, 15, 18, 21 e cujo último ocupante 36, respectivamente, os poetas Adeli- foi o paraibano no Fontoura, Gonçalves Dias e Teó- filo Dias, e os jornalistas João Fran- José Américo de cisco Lisboa e Joaquim Serra. Como se não bastasse, dois ma- Almeida ranhenses e brilhantes luminares da literatura brasileira são tam- duas décadas sem marcar pre- bém sócios-correspondentes da sença na Academia Brasileira de Casa de : o Letras. Esse vazio foi quebrado poeta e publicista Odorico Men- pelo escritor José Sarney, que se des e o filólogo, poeta e profes- elege a 17 de julho de 1980, pa- sor Sotero dos Reis. ra a Cadeira 38, cujo último ocu- Mas não são apenas os pante foi o paraibano José Amé- membros-fundadores, os patro- rico de Almeida. Josué Montello nos e os sócios-correspondentes, é quem recepciona Sarney, mem- acima citados, que figuram na no- bro também das Academias Ma- tável galeria da Academia Brasilei- ranhense e Brasiliense de Letras, ra de Letras. Ao longo dos anos, do Instituto Histórico e Geográfico continuamos a produzir homens de do Maranhão e da Academia de Ciên- Odylo Costa, filho cultura e de projeção nacional, que in- cias de Lisboa. Jornalista, cronista, poe- tegraram aquela reluzente instituição. ta, contista e romancista, é dono de rele- Coelho Neto Em 3 de outubro de 1919,um mara- vante bibliografia, em que pontificam os li- nhense de reconhecido mérito cultural foi vros Saraminda, O dono do mar, A duquesa eleito para os quadros da ABL: o jornalista, cro- vale uma missa, Brejal dos Guajás, Norte nista, poeta e crítico literário Humberto de Cam- das Águas e A canção inicial. pos, para ocupar a Cadeira 20, na sucessão de O mais recente maranhense a in- Emílio de Menezes. Nascido na cidade de gressar na ABL foi o poeta Ferreira Miritiba, deixou obras que o tornaram Gullar. Com ele, são onze os famoso, ressaltando-se As Memórias e membros efetivos aqui nascidos o Diário Secreto. que dela fazem parte. Não fora Dezenove anos depois, ou seja, a a sua injustificada resistência, 14 de julho de 1938, outro mara- já poderia estar a mais tempo nhense, nascido em Pirapemas, no cenáculo dos “imortais”. elege-se para aquele sodalício: Nasceu em São Luís, mas pro- Viriato Correia, para ocupar a jetou-se nacionalmente no Cadeira 32, sucedendo a Ra- Rio de Janeiro, onde pratica- miz Galvão. Jornalista, contis- mente produziu toda a sua ta, teatrólogo e autor de crô- obra poética, com destaque pa- nicas históricas e livros infan- ra os livros Um pouco acima do tis, Viriato escreveu Minaretes, chão, A luta corporal, Poema Su- Contos do Sertão, Histórias de jo, Por você, por mim, Antologia nossa história, Brasil dos meus Poética, Cultura posta em questão avós e Cazuza. e Vanguarda e subdesenvolvimento. A 4 de novembro de 1954, mais Gullar elegeu-se a 9 de outubro de Josué Montello um conterrâneo ingressa na Aca- 2014, para ocupar a Cadeira 37, na su- demia Brasileira de Letras: Josué cessão do poeta Ivan Junqueira.

Graça Aranha

Raimundo Correia

Viriato Corrêa Humberto de Campos