Rubiaceae Na Flora Aquática E Palustre Do Recôncavo Da Bahia, Brasil
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
S O G I T R A RUBIACEAE NA FLORA AQUÁTICA E PALUSTRE DO RECÔNCAVO DA BAHIA, BRASIL ADRIELE NONATO OLIVEIRA Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas, Rua Rui Barbosa, 710, Cruz das Almas, Bahia, Brasil, 44380000, [email protected] ELNATAN BEZERRA DE SOUZA Universidade Estadual Vale do Acaraú, Coordenação de Ciências Biológicas, Avenida da Universidade, 850, Sobral, Ceará, Brasil, CEP 62040370 LIDYANNE YURIKO SALEME AONA Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas, Rua Rui Barbosa, 710, Cruz das Almas, Bahia, Brasil, 44380000 70 Resumo: Esse trabalho consiste no tratamento taxonômico dos representantes de Rubiaceae na flora aquática e palustre do Recôncavo da Bahia. Os materiais analisados foram coletados no período de outubro/2009 a abril/2019 totalizando ca. 30 expedições, cujas exsicatas foram depositadas no acervo do Herbário do Recôncavo da Bahia (HURB). Foram encontradas 12 espécies pertencentes a nove gêneros. Borreria, com três espécies (B. ocymifolia, B. scabiosoides e B. verticillata) e Spermacoce, com duas espécies (S. eryngioides e S. prostrata), foram os gêneros mais representativos. Os demais gêneros apresentaram apenas uma espécie: Diodia saponariifolia, Gonzalagunia dicocca, Hexasepalum apiculatum, Mitracarpus baturitensis, Perama hirsuta, Richardia grandiflora e Sabicea grisea. Descrições, comentários, mapa de distribuição geográfica e chave para identificação das espécies são apresentados. Palavraschave: Macrófitas, Borreria, florística, diversidade. RUBIACEAE IN THE AQUATIC AND MARSH FLORA OF THE RECÔNCAVO DA BAHIA, BRAZIL Abstract: This research consists of the taxonomic treatment of aquatic and marsh flora of Rubiaceae in the Recôncavo basin. The specimens analyzed were collected from October/2009 to April/2019 totaling ca. 30 field trips, which were deposited in the Bahia Recôncavo Herbarium (HURB). Rubiaceae was represented by 12 species belonging to nine genera. The most representative genera were: Borreria, with three species (B. ocymifolia, B. scabiosoides and B. verticillata) and Spermacoce, with two species (S. eryngioides and S. prostrata). All the other genera presented only one species: Diodia saponariifolia, Gonzalagunia dicocca, Hexasepalum apiculatum, Mitracarpus baturitensis, Perama hirsuta, Richardia grandiflora and Sabicea grisea. Descriptions, comments, geographical distribution maps and an identification key to species are provided. Keywords: Macrophytes, Borreria, floristic, diversity. Rev. Biol. Neotrop. / J. Neotrop. Biol., Goiânia, v. 16, n. 2, p. 7083, jul.dez. 2019 INTRODUÇÃO brejosas, pois estes ambientes palustres são centros significativos de riqueza de Rubiaceae, necessitando assim, de maior número de es O Brasil possui a maior rede hidrográfica tudos florísticos e taxonômicos (Delprete & do planeta, por isso, os ecossistemas aquáticos Jardim, 2012). possuem uma grande representatividade entre A Bahia é o segundo estado brasileiro todos os ecossistemas do país (Bove et al., com a maior diversidade de Rubiaceae, com 2003). A região Nordeste apresenta inúmeras 77 gêneros e 368 espécies (BFG, 2018), o que lagoas formadas a partir de depressões de relevo é reflexo das variadas formações vegetais (Neves et al., 2006). Estas, por sua vez, têm existentes no território (Borges et al., 2017). como principal fonte de alimento o regime Apesar dessa grande representatividade, há chuvoso, resultando assim em uma flora bastante ainda poucos trabalhos florísticos e taxonô diferenciada de plantas aquáticas (Neves et al., micos com ênfase em Rubiaceae no estado 2006). (Sousa et al., 2013; Varjão et al., 2013; Para Amaral et al. (2008), plantas aquáti Borges et al., 2017; Fonseca, 2018). cas e palustres são as que possuem a capacidade Entretanto, trabalhos relacionados à flo de suportar a submersão permanente ou tempo ra aquática e palustre de Rubiaceae no estado rária ao menos de suas raízes, podendo assim da Bahia são ainda incipientes. Na região do habitar ambientes úmidos em determinadas épo Recôncavo da Bahia, há apenas um levanta cas do ano, sendo o sistema palustre representa mento florístico de plantas aquáticas e palus do pelos terrenos úmidos. tres que indicou a presença de 12 espécies de Nas últimas duas décadas, o número de Rubiaceae (Aona et al. 2015). Assim, apre estudos envolvendo plantas aquáticas no Brasil sentamos o tratamento taxonômico para re vem crescendo consideravelmente, devido ao presentantes de Rubiaceae da flora aquática e interesse pela biodiversidade desses econssiste palustre do Recôncavo da Bahia. ma (Thomaz & Bini, 2003; Pivari et al., 2018). Alguns levantamentos foram elaborados e publi cados como, por exemplo, checklist da região MATERIAL E MÉTODOS Nordeste (MouraJúnior et al., 2013, (Moura Júnior et al., 2015, Aona et al., 2015). A bacia do Recôncavo baiano engloba Rubiaceae apresenta ca. 620 gêneros e 20 municípios, correspondendo a uma área de 13.765 espécies (Davis et al., 2009; Govaerts et 11.200 km² (SEI, 2019). Faz parte do domínio 71 al., 2019). A família apresenta distribuição cos fitogeográfico da Mata Atlântica, limitado ao mopolita, maior diversidade nos trópicos e sub trópicos, sendo mais abundante em florestas oeste pelo domínio da Caatinga (SEI, 2019). úmidas e menos frequente em regiões tempera Apresenta grande variação climática, com áre das (Davis et al., 2009). as costeiras atingindo anualmente temperatu No Brasil, encontramse ca. 126 gêneros e ras médias de cerca de 23 °C, e o valor total 1397 espécies de Rubiaceae distribuídas em de precipitação superior a 1.500 mm (SEI, todas as formações vegetais (BFG, 2018). Entre 2019). tanto, a maior riqueza de táxons ocorre na Foram realizadas 30 expedições de co Floresta Amazônica e Floresta Atlântica (Melo & leta entre 2009 e 2019, como parte do projeto Barbosa, 2007; BFG, 2018), principalmente, no “Plantas aquáticas e palustres do recôncavo subbosque, onde a família está representada por da Bahia”, em ambientes aquáticos e palustres um elevado número de espécies (Souza et al., de diferentes municípios da região de estudo. 2014). Todo o material foi fotografado, assim como Rubiaceae possui representantes de hábi os ambientes. A herborização do material se tos variados (Barroso et al., 1991), apresentando guiu Mori et al. (1989) e as exsicatas foram, como características diagnósticas: folhas simples, posteriormente, depositadas no Herbário do opostas cruzadas ou menos frequentesmente, Recôncavo da Bahia (HURB). verticiladas, estípulas interpeciolares, raramente Foram realizadas também consultas aos intrapeciolares e ovário ínfero (súpero em Pa herbários ALCB e HUEFS e às plataformas gamea Aubl.) (Barroso et al., 1991; Souza & online SpeciesLink (CRIA, 2016) e Herbário Lorenzi, 2012; Delprete & Jardim, 2012). A gran Virtual (JBRJ, 2012) com a finalidade de en de variação na morfologia floral está associada à contrar registros adicionais. atração de diferentes polinizadores para as Para auxílio no estudo e caracterização espécies da família, sendo que a anemofilia não das espécies, foram realizadas consultas as ocorre no Neotrópico (Taylor et al., 2007). seguintes obras de referência: Bacigalupo Delprete & Jardim (2012) reforçam a (1968); Borges et al. (2017); Cabral et al. necessidade de estudos florísticos e taxonômicos (2011); Fader et al. (2016); Florentin et al. para o Brasil em locais onde a flora é pouco (2016); JungMendaçolli (2007); Nepomuceno estudada, como nas regiões Nordeste e Norte do et al. (2018); Pereira et al. (2006); Sousa et país. Na região Nordeste destacamse as áreas al. (2013); Souza et al. (2010, 2014; Tao & Rev. Biol. Neotrop. / J. Neotrop. Biol., Goiânia, v. 16, n. 2, p. 7083, jul.dez. 2019 Taylor (2011); Varjão et al. (2013) e Zappi et Schltdl.) K.Schum., está presente em três municí al. (2014, 2017). pios. Borreria scabiosoides Cham. & Schltdl., Os caracteres diagnósticos das espécies Hexasepalum apiculatum (Willd.) Delprete & foram observados e fotografados por meio de J.H.Kirkbr., e Sabicea grisea Cham. & Schltdl. um estereomicróscopio com câmera digital foram registrados em dois dos 20 municípios acoplada (ZEISS STEMI 2000). As medidas estudados. As demais espécies, Gonzalagunia di foram realizadas com o auxílio de régua, cocca Cham. & Schltdl., Mitracarpus baturitensis paquímetro e papel milimetrado. Os dados de Sucre., Perama hirsuta Aubl., Richardia gran fenologia foram compilados com base nas in diflora (Cham. & Schltdl.) Steud., Spermacoce formações registradas nas etiquetas das espé eryngioides (Cham. & Schltdl.) Kuntze e S. pros cies estudas e na literatura consultada. trata Aubl. possuem registro em apenas um dos Dados de distribuição das espécies fo 20 municípios estudados. Todas as espécies ocor ram obtidos com base nas citações das eti rem em áreas abertas, úmidas, temporariamente quetas das exsicatas. As coordenadas que não alagadas ou margeando ambientes lóticos e lênti haviam sido fornecidas foram obtidas usando cos. as coordenadas do município através do goo gle maps (https://www.google.com.br/maps) TRATAMENTO TAXONÔMICO oferecido gratuitamente pela internet. RUBIACEAE JUSS. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ervas, subarbustos ou lianas. Ramos cilín dricos ou tetrágonos, sulcados ou não. Estípulas Foram encontrados nove gêneros e 12 interpeciolares, livres ou conatas formando bai espécies de Rubiaceae em ambientes aquáti nha ao redor do caule, triangulares, ovadas, fim cos e palustres na região