MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS – UAECIA ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ - EAJ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS

TESTE DE CLASSIFICAÇÃO DE PLÂNTULAS NORMAIS FORTES PARA AS ESPÉCIES Enterolobium contortisiliquum, Pityrocarpa moniliformis e Poincianella pyramidalis

SARAH PATRÍCIA LIMA NUNES

Macaíba/RN Fevereiro de 2018

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SARAH PATRÍCIA LIMA NUNES

TESTE DE CLASSIFICAÇÃO DE PLÂNTULAS NORMAIS FORTES PARA AS ESPÉCIES Enterolobium contortisiliquum, Pityrocarpa moniliformis e Poincianella pyramidalis

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ciências Florestais (Área de Concentração em Ciências Florestais - Linha de Pesquisa: Sementes, Propagação e Fisiologia de Espécies Florestais).

Orientador: Prof. Dr. Mauro Vasconcelos Pacheco

Coorientadora: Drª Cibele dos Santos Ferrari

Macaíba/ RN Fevereiro de 2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Rodolfo Helinski - Escola Agrícola de Jundiaí - EAJ

Nunes, Sarah Patrícia Lima. Teste de classificação de Plântulas normais fortes para as espécies Enterolobium contortisiliquum, Pityrocarpa moniliformis e Poincianella pyramidalis / Sarah Patrícia Lima Nunes. - 2018. 62f.: il.

Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias. Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, Macaíba, 2018. Orientador:Prof. Dr. Mauro Vasconcelos Pacheco. Coorientador: Profa. Cibele dos Santos Ferrari.

1. Teste de vigor - Dissertação. 2. Qualidade fisiológica - Dissertação. 3. Sementes florestais - Dissertação. 4. Florestas secas - Dissertação. I. Pacheco, Mauro Vasconcelos. II. Ferrari, Cibele dos Santos. III. Título.

RN/UF/BSPRH CDU 631.53.02

Elaborado por Valéria Maria Lima da Silva - CRB-15/451

Dedico este trabalho a Deus, aos meus pais, pelo incentivo e apoio em todos os momentos, aos meus irmãos e aos meus avós paternos (in memorian).

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AGRADECIMENTOS Modestamente agradeço às instituições e às pessoas que me ajudaram na elaboração e execução deste trabalho, que me deram forças nesse período difícil e confiaram mesmo que por um instante, em minha capacidade. Agradeço especialmente: À Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), pelas oportunidades. À Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias (UAECIA) e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (PPGCFL), pela excelência na realização do programa. À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), pela bolsa de estudos concedida. À Floresta Nacional de Nísia Floresta (FLONA), pelo apoio e por fornecer alguns lotes de sementes utilizados nessa pesquisa. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, pelo aprendizado e ensinamentos transmitidos. Em especial ao meu comitê de orientação, professor Dr. Mauro Vasconcelos Pacheco e a Drª Cibele dos Santos Ferrari, que me orientaram e proporcionaram essa oportunidade, compartilhando seus conhecimentos com paciência e disponibilidade. Aos membros da banca examinadora, Katiane da Rosa Gomes da Silva e Márcio Dias Pereira, pelas sugestões. À equipe do Laboratório de Sementes Florestais (LSF): Ana Luiza, Francival, Guilherme, Josenilda, Maria Luiza e Wendy. Aos meus pais, Paulo Nunes e Elizete Lima, por todo apoio, amor e por acreditarem no meu sonho. Aos meus colegas de turma, em especial a Katarine Diesel, por sua amizade, apoio e ajuda nesse período.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ...... ii

LISTA DE FIGURAS ...... v

LISTA DE TABELAS ...... vii

LISTAS DE ABREVIATURAS ...... viii

RESUMO ...... 9

ABSTRACT ...... 10

1. INTRODUÇÃO ...... 11

1.1. Caatinga: bioma onde as espécies estudadas estão inseridas ...... 12 1.2. Espécies estudadas ...... 13 1.2.1. Enterolobium contortisiliquum ...... 13 1.2.2. Pityrocarpa moniliformis ...... 13 1.2.3. Poincianella pyramidalis ...... 14 1.3. Importância da semente ...... 14 1.4. Morfologia de plântulas e a análise de sementes ...... 15 1.4.1 Classificação do vigor de plântulas fortes ...... 17 2. OBJETIVOS ...... 20

2.1. Objetivo geral ...... 20 2.2. Objetivos específicos ...... 20 3. MATERIAL E MÉTODOS ...... 21 3.1. Descrição morfológica ...... 21 3.1.1 Enterolobium contortisiliquum e Pityrocarpa moniliformis ...... 21 3.1.2 Poincianella pyramidalis ...... 22 3.2. Caracterização fisiológica dos lotes ...... 22 3.3. Adequação do teste de plântulas normais fortes ...... 24 3.4. Delineamento estatístico ...... 24 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...... 24

4.1. Descrição morfológica ...... 24 4.1.1. Descrição morfológica de plântulas de Enterolobium contortisiliquum ...... 24

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4.1.2. Descrição morfológica de plântulas de Pityrocarpa moniliformis ...... 29 4.1.3 Descrição morfológica de Poincianella pyramidalis ...... 34 4.2. Caracterização fisiológica dos lotes de sementes de Enterolobium contortisiliquum, Pityrocarpa moniliformis e Poincianella pyramidalis...... 38 4.3. Correlação entre a classificação de vigor de plântulas e os testes de vigor para as espécies: Enterolobium contortisiliquum, Pityrocarpa moniliformis e Poincianella pyramidalis...... 42 6. CONCLUSÕES ...... 44

7. LITERATURA CITADA ...... 46

8. ANEXO I ...... 55

9. ANEXO II ...... 57

10. ANEXO II ...... 59

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Desenvolvimento radicular de espécie Enterolobium contortisiliquum, ilustrando a presença de coifa...... 255

Figura 2: Plântula normal forte de Enterolobium contortisiliquum, em que: R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo; EP: epicótilo e EO: eófilo...... 266

Figura 3: Plântulas normais fracas de Enterolobium contortisiliquum, em que: R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo; EO – eófilo: T: Tegumento preso aos cotilédones; A: Raízes pouco desenvolvidas e B: Tortuosidade do hipocótilo...... 277

Figura 4: Plântulas anormais de Enterolobium contortisiliquum com raízes atrofiadas e não desenvolvidas, que apresentam: A: raízes atrofiadas; B: Cotilédones danificados, C: Coloração amarelada dos cotilédones...... 288

Figura 5: Plântulas anormais (albinas) de Enterolobium contortisiliquum: R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo; e EO – eófilo...... 28

Figura 6: Plântula normal forte de Pityrocarpa moniliformis, em que: R: raiz primária; C: cotilédone; H: hipocótilo; EP: epicótilo e EO – eófilo...... 30

Figura 7: Cotilédone (A), hipocótilo (B), e epicótilos (C e D) das plântulas de P. moniliformis, em que: R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo; EP: epicótilo e EO: eófilo...... 30

Figura 8: Eófilo de plântulas de Pityrocarpa moniliformis...... 31

Figura 9: Plântulas normais fracas de Pityrocarpa moniliformis, em que: T: tegumento; R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo; EP: epicótilo; EO – eófilo; A: Raízes atrofiadas; B:Tegumento preso aos cotilédones e eófilos...... 32

Figura 10: Plântulas normais fracas, pouco desenvolvidas e com três cotilédones de Pityrocarpa moniliformis, em que: R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo; EP: epicótilo e EO: eófilo...... 33

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Figura 11: Plântulas anormais (albinas e com raízes atrofiadas) de Pityrocarpa moniliformis, em que: R: raízes atrofiadas; C: cotilédones; H: hipocótilo; EO: eófilo e A: plântula albina. . 33

Figura 12: Plântula anormal de Pityrocarpa moniliformis, com raiz atrofiada e sem desenvolvimento de eófilos, em que: R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo...... 34

Figura 13: Plântula normal forte de Poincianella pyramidalis, em que: R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo; EP: epicótilo; EO: eófilo e L: lenticelas no hipocótilo da plântula...... 35

Figura 14: Plântulas normais fracas de Poincianella pyramidalis com três cotilédones e epicótilo e hipocótilos tortuoso, em que: R: raiz primária; C: cotilédone; C2: Três cotilédones H: hipocótilo; EP: epicótilo e EO: eófilo...... 36

Figura 15: Plântula normal fraca de Poincianella pyramidalis, com pouco desenvolvimento radicular, em que: R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo; EP: epicótilo e EO: eófilo...... 36

Figura 16: Plântulas anormais de Poincianella pyramidalis. A: Raízes atrofiadas e pouco desenvolvidas, B: Eófilos não desenvolvidos; C: coloração amarelada...... 37

Figura 17: Plântula anormal de Poincianella pyramidalis, evidenciando o albinismo, em que T: tegumento; R: raiz primária e H: hipocótilo...... 37

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Estatística descritiva para critérios morfométricos das plântulas de Enterolobium contortisiliquum ...... 25

Tabela 2: Estatística descritiva para parâmetros morfométricos das plântulas de P. moniliformis ...... 29

Tabela 3: Teor de água (T. A.), germinação (G), emergência (E), porcentagem de plântulas normais fortes (PNF), índice de velocidade de germinação (IVG), índice de velocidade de emergência (IVE), massa seca de plântula (MSP) comprimento (CP) de sementes de Enterolobium contortisiliquum...... 39

Tabela 4: Teor de água (T. A.), germinação (G), emergência (E), porcentagem de plântulas normais fortes (PNF), índice de velocidade de germinação (IVG), índice de velocidade de emergência (IVE), massa seca de plântula (MSP) comprimento (CP) de sementes de Pityrocarpa moniliformis...... 40

Tabela 5: Teor de água (T. A.), germinação (G), emergência (E), porcentagem de plântulas normais fortes (PNF), índice de velocidade de germinação (IVG), índice de velocidade de emergência (IVE), massa seca de plântula (MSP) comprimento (CP) de sementes de Poincianella pyramidalis...... 41

Tabela 6: Correlação entre a porcentagem de plântulas normais fortes de E. contortisiliquum e as variáveis fisiológicas...... 42

Tabela 7: Correlação entre a porcentagem de plântulas normais fortes de P. moniliformis e as variáveis fisiológicas...... 43

Tabela 8: Correlação entre a porcentagem de plântulas normais fortes de P. pyramidalis e as variáveis fisiológicas...... 43

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LISTAS DE ABREVIATURAS CAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior;

CER: cripto-epígeo-armazenador;

CHR: cripto-hipógeo-armazenador;

CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico;

CP: Comprimento de plântula;

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;

INSA: Instituto Nacional do Semiárido;

IVE: Índice de velocidade de emergência;

IVG: Índice de velocidade de germinação;

LSF: Laboratório de Sementes Florestais;

MSP: Massa seca de plântulas;

PEF: fânero-epígeo-foliáceo;

PER: fânero-epígeo-armazenador;

PHR: fânero-hipógeo-armazenador;

PNF: Plântula Normal Forte;

RAS: Regras para análise de sementes;

Flona: Floresta Nacional de Nísia Floresta

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RESUMO

Os testes de vigor de sementes que complementam as informações obtidas pelo teste de germinação são classificados como físicos, fisiológicos, bioquímicos e de resistência ao estresse. Inserido nos testes fisiológicos, o teste de classificação de vigor de plântulas para a avaliação de lotes de sementes tem sido pouco utilizado, principalmente com espécies florestais nativas. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi adequar a metodologia do teste de plântulas normais fortes para três espécies florestais nativas da Caatinga (Enterolobium contortisiliquum, Pityrocarpa moniliformis e Poincianella pyramidalis). O estudo foi dividido em três etapas: caracterização morfológica das plântulas, realizada a partir de teste de germinação; caracterização fisiológica dos lotes de sementes, através dos testes de vigor e a classificação de vigor de plântulas, correlacionando-se os resultados obtidos nos testes fisiológicos com a porcentagem de plântulas normais “fortes” obtidas em cada lote de sementes. Os resultados demonstraram que houve diferenciação na qualidade fisiológica das sementes dos lotes de E. contortisiliquum, P. moniliformis e P. pyramidalis. Os parâmetros específicos adotados na caracterização morfológica de plântulas normais fortes são eficientes na classificação do vigor de sementes para as espécies em estudo.

Palavras-chave: teste de vigor, qualidade fisiológica, sementes florestais, florestas secas

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Test of classification of seedlings normal strong for species Enterolobium contortisiliquum, Pityrocarpa moniliformis and Poincianella pyramidalis ABSTRACT The seeds vigor tests that complement the information obtained by the germination test are used to evaluate the vigor in seeds, are classified as physical, physiological, biochemical and resistance to stress. Inserted in the physiological tests, the seedling vigor classification test for the evaluation of seed lots has been little used, mainly with native forest species. Thus, the objective of this work was to adapt the methodology of the test of strong normal seedlings for three forest species native to Caatinga (Enterolobium contortisiliquum, Pityrocarpa moniliformis and Poincianella pyramidalis). The study was divided in three stages: morphological characterization of the seedlings, carried out from germination test; physiological characterization of the seed lots by the vigor test and seedling vigor classification, correlating the results obtained in the physiological tests with the percentage of normal "strong" seedlings obtained in each seed lot. The results showed that there was a difference in the physiological quality of the seeds of the lots of E. contortisiliquum, P. moniliformis and P. pyramidalis. The specific parameters adopted in the morphological characterization of strong normal seedlings are efficient in the classification of seed vigor for the species under study. Key words: vigor test, physiological quality, forest seeds, dry forests

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1. INTRODUÇÃO

A tecnologia de sementes vem procurando aperfeiçoar os testes usados para aferir o potencial fisiológico das mesmas, objetivando resultados que mostrem o desempenho e potencial de lotes de sementes sob condições adversas de campo (DUTRA e VIEIRA, 2004). A utilização de sementes de boa qualidade é um elemento essencial para o desempenho satisfatório de um plantio. A qualidade fisiológica de sementes é estimada pelo teste de germinação, conduzido sob condições ótimas para a germinação das sementes, o qual fornece o potencial máximo de germinação (BRASIL, 2009). Contudo, em razão da menor sensibilidade para a diferenciação da qualidade fisiológica de lotes de sementes e a diferença dos resultados entre esse teste e a emergência das plântulas em campo, são necessários também os resultados obtidos com os testes de vigor (AMARO et al, 2015). O vigor é tido como soma das propriedades que determinam o nível de atividade e desempenho de um lote de sementes durante a germinação e emergência da plântula (AMARO et al, 2015). O vigor infere sobre o conjunto de características que determinam o potencial para a emergência rápida e uniforme de plântulas expostas as mais variadas situações do ambiente (MARCOS FILHO, 2005). Sendo assim, os testes de vigor têm como objetivo obter informações complementares para o teste de germinação, possibilitando a aquisição de dados consistentes em pesquisas e para comercialização (OHLSON et al., 2010). Portanto, o emprego de testes que viabilizam a classificação dos lotes em diferentes níveis de vigor representa um subsídio importante para tomada de decisões para a escolha de sementes utilizadas em reflorestamentos, recuperação de áreas que passaram por algum tipo de supressão florestal, ou até mesmo para empresas que comercializam sementes, direcionando-os para locais em que poderiam apresentar maior potencial de desempenho. Nesse contexto, o teste de vigor de plântulas fortes para a classificação de lotes de sementes pode ser utilizado para complementar informações sobre a qualidade fisiológica de sementes florestais, tendo em vista carência de informações nesse ramo, principalmente se tratando de espécies florestais nativas. As vantagens deste teste se baseiam no baixo custo para a execução, no fato de não necessitar de equipamentos especiais e de ser relativamente rápido, porém, demanda treinamento específico sobre a técnica, tendo em vista que é um teste subjetivo e requer atenção do avaliador. Para minimizar a subjetividade do teste é possível implementar parâmetros morfométricos obtidos a partir de características morfológicas específicas das plântulas.

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Existem várias espécies florestais com potencial ecológico e madeireiro no Bioma Caatinga, dentre essas as espécies Enterolobium contortisiliquum, Pityrocarpa moniliformis e Poincianella pyramidalis se destacam pela vasta utilização pela população local, porém, não existem estudos que façam relação da utilização do teste de classificação de plântulas normais fortes para essas espécies utilizando critérios específicos da morfologia de suas plântulas.

1.1. Caatinga: bioma onde as espécies estudadas estão inseridas

A Caatinga, que na linguagem indígena corresponde à expressão “mata branca”, é um dos maiores biomas brasileiros, abrange grande parte do território da região Nordeste do país, e nela ocorrem as florestas secas, cuja vegetação típica de regiões semiáridas perde a folhagem durante a estação seca e rebrota na estação chuvosa. De acordo com o Instituto Nacional do Semiárido (INSA) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o semiárido tem uma área que equivale a 980.133 km² (FURTADO, 2014). Abrange os Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e (MAIA, 2004). O bioma expõe ampla diversidade fitofisionômica, em função dos diferentes modelos de solo e má distribuição na precipitação no bioma, caracterizando-se como vegetação de floresta arbórea arbustiva (adaptada ao clima semiárido), com ocorrência de cactos e bromélias e ainda extrato herbáceo abundante durante a estação chuvosa (MMA, 2008). O clima da região é classificado como semiárido quente, com a pluviosidade média que varia de 250 e 800 mm anuais, porém, existem registros da precipitação anual ter alcançado 1000 mm. Há duas estações distintas anualmente na região: uma chuvosa (inverno) e outra seca (verão), sendo que tanto as plantas quanto os animais que vivem neste ambiente apresentam características que permitem a sua sobrevivência (MAIA, 2004). O tipo de vegetação do semiárido do Nordeste brasileiro também apresenta singularidades; a vegetação predominante basicamente é composta por espécies caducifólias, onde a restrição do período chuvoso concentrado em meses específicos (de três a cinco meses durante o ano) são fatores limitantes nesse ambiente, os quais afetam os eventos fenológicos das espécies. As altas temperaturas e luminosidade intensa também influenciam no estresse vegetal. Diante destas variações climáticas do bioma, torna-se difícil identificar espécies vegetais ainda em seus estágios juvenis, uma vez que os aspectos morfológicos dos primeiros estágios do crescimento de plantas têm sido pouco estudados em diversas famílias (FEITOZA et al., 2014).

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1.2. Espécies estudadas

1.2.1. Enterolobium contortisiliquum

A espécie Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong, pertencente à família ; possui ampla distribuição no Brasil, sendo também encontrada em outros países da América do Sul; é identificada popularmente como tamboril, timbaúba, orelha-de-macaco e orelha-de-negro (LORENZI, 2008). Ainda segundo este autor, sua madeira pode ser utilizada para fabricar barcos ou canoas de tronco inteiro, brinquedos, compensados e armações de móveis. É uma espécie indicada para o reflorestamento de áreas degradadas, de preservação permanente e em plantios mistos, por conta do rápido crescimento inicial, podendo chegar a mais de 4 m em dois anos (ARAÚJO e PAIVA, 2011). Seus frutos possuem saponina, substância importante para a produção de cosméticos e produtos naturais (LORENZI e MATOS, 2008; MEDEIROS, et al, 2016). É uma planta heliófita, decídua, com distribuição espacial dispersa, quase sempre sendo encontrada em áreas úmidas ou capoeiras com estágios mais adiantados da sucessão secundária (ARAÚJO e PAIVA, 2011). Existem estudos realizados por Barretto e Ferreira, (2011) referentes aos aspectos morfológicos dessa espécie, porém, ainda há carência em elucidar pontos importantes durante a germinação e o desenvolvimento pós-seminal.

1.2.2. Pityrocarpa moniliformis

A Pityrocarpa moniliformis (Benth.) Luckow & R. W. Jobson., também pertence a família Fabaceae, com ocorrência na Caatinga, Mata Atlântica e em áreas de transições entre esses dois biomas. Sua altura varia entre quatro e nove metros; possui utilidades para a produção de mel, recuperação de áreas degradadas, produção de energia (lenha e carvão), alimentação animal e construção civil (LIMA, 2012). A P. moniliformis se destaca entre as árvores nativas da Caatinga pelo seu potencial ecológico sendo conhecida popularmente por catanduva, catanduba, rama-de-bezerro e angico-de-bezerro. Possui característica pioneira, rústica, crescimento rápido, portanto, sendo indicada para plantios em reflorestamento (PEREIRA et al., 2016). A espécie não apresenta espinhos, possui copa arredonda e fuste tortuoso, com casca levemente rugosa, fina e de coloração esbranquiçada. As folhas são compostas, bipinadas, pinas de 1-4 pares, cada pina

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com variação de seis a doze pares de folíolos em formato oval e tamanho variando de 0,5 a 2 cm de comprimento (MAIA, 2004). Anualmente, P. moniliformis produz quantidade significativa de sementes (MAIA, 2004). Os frutos de P. moniliformis têm a forma de vagem plana, são deiscentes, podendo atingir até 13 cm de comprimento, com coloração marrom, textura coriácea, forma curvada e contraída; as sementes são de coloração branca e com formato oval (CORREIA et al., 2017). Apesar da importância ecológica da P. moniliformis, não é descrito na literatura de forma detalhada o desenvolvimento durante o processo germinativo e pós-seminal, havendo a necessidade do conhecimento das estruturas essenciais, com a finalidade de subsidiar pesquisas tanto no ambiente laboratorial como em campo.

1.2.3. Poincianella pyramidalis

A Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P. Queiroz, é bastante representativa do bioma Caatinga, sendo conhecida popularmente como catingueira ou caatinga-de-porco e rato (GIULITTI et al., 2004). Pertence à família Fabaceae, cuja distribuição abrange toda a região Nordeste e uma porção da região Norte do país; pode ser utilizada para fins de reflorestamento, forragem, medicinais, madeireiro (confecção de postes, construções próximo a áreas úmidas, lenha e carvão) e energético (LIMA, 2012). A espécie também apresenta possível potencial no uso veterinário, em reflorestamento, em agroflorestas e forragem para alimentação de animais (MAIA, 2004; SOUZA et al., 2016). A espécie possui hábito arbóreo, porte médio, com altura estimada entre quatro a seis metros, ausência de espinhos, copa ramificada e irregular; sua casca quando adulta é cinza claro, podendo variar para marrom com manchas esbranquiçadas (MAIA, 2004; SOUZA et al., 2016). Além disso, é considerada uma espécie rústica por adapta-se aos solos e climas de regiões mais secas, sendo considerada tolerante ao déficit hídrico. Existem pesquisas realizadas por Silva e Matos (1998) e Mendonça, et al (2016) que caracterizam a morfologia da P. pyramidalis na fase de plântula, porém tais estudos não utilizam a morfologia de plântulas como parâmetro para a classificação em níveis de vigor em lotes de sementes desta espécie.

1.3. Utilização de sementes florestais

Embora o interesse humano pelas sementes seja associado ao ponto de vista alimentício, a verdadeira funcionalidade biológica da semente é germinar e estabelecer um novo indivíduo (FERREIRA & BORGHETTI, 2004). Para Marcos Filho (2005), a semente

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tem dupla função, uma vez que é a fonte usada para a multiplicação de plantas e a estrutura colhida para a comercialização (grão para o consumo), além de ter papel importante como matéria-prima na produção de óleos, roupas, bebidas, substâncias medicinais, madeira, papel, bioplásticos, sabões, detergentes e combustíveis. Aproximadamente 80% das culturas economicamente significativas são implantadas utilizando sementes, desse modo, a emergência rápida, o desenvolvimento uniforme gerando bom rendimento e a qualidade do produto são fatores importantes para escolher lotes de sementes com qualidade superior (MARCOS FILHO, 2015). Quando se trata de espécies florestais, em muitos países são indicadas técnicas de reflorestamento a partir de sementes, porém, nesta atividade florestal um dos grandes entraves é a escassez de sementes de boa procedência, sendo um fator limitante para as atividades de reflorestamento e restauração de áreas que passaram por algum processo de supressão vegetal (DEDEFO et al., 2017). Desta forma, as sementes de espécies florestais simbolizam relevante importância para a produção de mudas, programas de recomposição florestal, recuperação de áreas degradadas, arborização urbana, reflorestamento, preservação de espécies nativas, entre outras atividades (VIEIRA et al., 2001). A principal forma de regeneração natural das espécies tropicais é realizada através da chuva de sementes, do banco de sementes do solo, do banco de plântulas e da formação de bosque (GARWOOD, 1989; CALDATO et al., 1996).

1.4. Morfologia de plântulas e a análise de sementes

O aspecto morfológico de plantas tem sido pouco estudado em diversas famílias, sobretudo, quando relacionado com a estrutura dos órgãos vegetativos de indivíduos adultos (FEITOZA et al., 2014). Da caracterização de sementes até o completo desenvolvimento de uma planta jovem, há informações que podem facilitar a identificação mais apropriada para espécies, principalmente àquelas pertencentes aos ecossistemas florestais (GURGEL et al., 2012). A caracterização morfológica de plântulas pode indicar fatores reguladores da dinâmica ecológica, além de auxiliar em estudos silviculturais e ecológicos, especialmente em regiões tropicais onde ocorre heterogeneidade na composição florística, além de que estes parâmetros ainda podem atuar como índices para determinar o estágio sucessional no qual se encontra a vegetação (MONTORO, 2008).

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A plântula é um organismo vegetal desenvolvido a partir de semente, que basicamente apresenta as seguintes estruturas: radícula; hipocótilo, cotilédone(s) e gema plumonar, que darão origem à raiz, caule e folhas (FERREIRA e BORGHETTI, 2004). O teste de germinação determina principalmente a viabilidade de sementes, no entanto, é conduzido sob condições ótimas e favoráveis para a espécie, sendo útil para avaliar sobre a capacidade germinativa, porém, não garante informações sobre o vigor, por não detectar o estágios de deterioração das sementes (BEWLEY e BLACK, 1994; GUEDES et al., 2009). São consideradas plântulas normais àquelas que apresentam potencial para prosseguir seu desenvolvimento, dando origem a plantas normais, quando manejadas em condições favoráveis (BRASIL, 2013). Ainda segundo este autor, as plântulas normais são separadas em três categorias de acordo com as regras para análise de sementes: a) plântulas intactas - com todas as suas estruturas essenciais desenvolvidas, completas, proporcionais e saudáveis; b) plântulas com pequenos defeitos - exibem poucas deformidades em suas estruturas, o crescimento é satisfatório e equilibrado; e c) plântulas com infecção secundária - são aquelas que estão deterioradas devido à presença de patógenos, mas que mesmo assim são classificadas como normais se for evidente que a semente não é a fonte da infecção e que seja possível visualizar as estruturas essenciais de uma plântula. As plântulas que não possuem potencial para manter seu desenvolvimento e dar origem a um indivíduo adulto normal, mesmo crescendo em um ambiente favorável, são classificadas como plântulas anormais e são separadas em quatro categorias: a) plântulas danificadas - apresentam alguma de suas estruturas essenciais ausentes ou muito danificadas e que não possibilitam o desenvolvimento proporcional; b) plântulas deformadas - plântulas com fraco desenvolvimento, com distúrbios fisiológicos, com estruturas deformadas ou desproporcionais; c) plântulas deterioradas - uma das suas estruturas essenciais está infectada ou muito deteriorada, que seja resultado de uma infecção primária (da própria semente) e que comprometa o seu desenvolvimento natural; e d) plântulas albinas - sem a capacidade de produzir clorofila (BRASIL, 2013). As plântulas são estudadas principalmente sobre as perspectivas ecológicas e morfológicas, as quais representam uma fase crítica no ciclo de vida das plantas. Fatores abióticos e bióticos variados podem influenciar o seu crescimento e desenvolvimento, interferindo na variação morfológica das plântulas (GARWOOD, 1996; LECK et al., 2008; BARBOSA 2015). Os estudos nessa fase de plântula podem elucidar ou documentar

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alterações de características morfológicas desde estádios iniciais até adultos (COMPTON, 1912; TOMLINSON, 1960; FOGLIANI et al., 2009; BARBOSA, 2015). Em ambientes semiáridos, a sobrevivência das plantas depende da combinação de características morfológicas, anatômicas e fisiológicas que se refletem na capacidade de absorver água, reduzir sua perda e suportar a desidratação. Consequentemente, as plantas existentes nas florestas tropicais secas, selecionam adaptações associadas com evitar, resistir ou tolerar o estresse hídrico durante a sazonalidade do período seco (BARROS e SOARES, 2013). Fatores ambientais (temperatura, radiação, oferta de água e umidade) desempenham papel importante na evolução adaptativa das plantas. Em regiões áridas e semiáridas, os vegetais apresentam características adaptativas, tais como: folhas mais finas, cutícula e paredes periclinais externas das células epidérmicas espessadas, presença de ceras, indumento denso, estômatos protegidos, calotas de esclerênquima, tecidos armazenadores de água, etc. BURROWS, 2001; FAHMY, 1997; FAHN; CUTLER, 1992; ROTONDI et al., 2003; (BARROS e SOARES, 2013). Tais modificações influenciam diretamente a morfologia dos indivíduos vegetais em um ecossistema. A união dos estudos morfológicos relacionados a sementes e plântulas auxilia na interpretação de testes laboratoriais, além de permitirem a identificação botânica de espécies, sendo importante para reconhecê-las em banco de sementes na fase de plântula ou em formações florestais (MELO et al., 2004; PIMENTA et al., 2013). Além de ser necessário para a avaliação fisiológica de lotes de sementes, o conhecimento de características morfológicas de plântulas é parâmetro importante para identificar níveis de estresses de condicionamento (temperatura, luminosidade e irrigação) e toxidade do substrato.

1.4.1 Classificação do vigor de plântulas fortes

A rapidez na avaliação da qualidade fisiológica das sementes contribui para a tomada de decisão nas etapas finais da produção, armazenamento e comercialização das mesmas. De forma a complementar as informações obtidas pelo teste de germinação, utilizam- se testes para avaliar o vigor em sementes, os quais podem detectar diferenças sutis no potencial fisiológico entres lotes, discriminando-os como de alto ou baixo vigor, estando esta característica associada, respectivamente, à maior ou menor tolerância às condições ambientais adversas.

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Os testes de vigor podem ser do tipo físico, que estudam as características morfológicas e físicas de sementes; testes fisiológicos, os quais procuram determinar a atividade fisiológica; testes bioquímicos, que buscam entender as atividades bioquímicas associadas ao vigor e, por último, o teste de resistência ao estresse, que avalia a exposição de sementes em condições desfavoráveis do ambiente (MARCOS FILHO, 2005). Dentre os testes fisiológicos, pode-se classificar o vigor de plântulas através de observações visuais, a respeito do desenvolvimento e integridade de suas estruturas essenciais, nas quais as plântulas intactas (estruturas essenciais bem desenvolvidas, completas, proporcionais e sadias) são consideradas plântulas normais fortes, mas as plântulas que apresentarem pequenos defeitos ou infestações secundárias são categorizadas como normais fracas. No entanto, quando é visível na plântula algum dano como deformidade, infecção primária ou plântula sem clorofila (albinas) aquela é considerada como anormal. O objetivo do teste de plântulas normais fortes é informar o potencial do lote avaliando o percentual de plântulas normais consideradas fortes (vigorosas) obtidas pela classificação das plântulas normais do teste de germinação (KRZYZANOSWKI et al., 1999). Para a interpretação deste teste, são necessárias informações detalhadas quanto à morfologia de plântulas normais e anormais, como aquelas descritas por Krzyzanoswki, et al., (1999) para grandes culturas. Todas as plântulas normais que se apresentam bem desenvolvidas e morfologicamente perfeitas, sem rachaduras ou lesões, são computadas como normais fortes (vigorosas). Plântulas que não se enquadram nos critérios estabelecidos para plântulas normais fortes são classificadas como normais fracas (pouco vigorosas); essas são as que apresentam algum problema em sua estrutura ou possuem lesões, mas que não caracterizam anormalidade à plântula (OLIVEIRA, 2009). Os lotes de sementes que produzirem maior porcentagem de plântulas normais fortes serão considerados mais vigorosos, ou seja, terão maiores possibilidades de emergir e produzir plantas normais em condições adversas de campo (OLIVEIRA, 2009). Existem estudos que caracterizam a morfologia de plântula de espécies florestais do bioma Caatinga, como aqueles realizados com Poincianella pyramidalis, Ziziphus joazeiro (SILVA e MATOS, 1998), Bauhinia forficata (SILVA et al., 2003), Erythrina velutina (SILVA et al., 2008) e Enterolobium schomburgkii (RAMOS e FERRAZ, 2008), cearensis (NOGUEIRA et al., 2010), Anadenanthera colubrina, Enterolobium contortisiliquum (BARRETTO e FERREIRA, 2011), Amburana cearensis (LOUREIRO et al., 2013), Diplopterys pubipetala e Barnebya harleyi (COUTINHO et al., 2017).

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Porém, estes ensaios não relacionam os estudos morfológicos e a caracterização de plântulas normais fortes aos testes de classificação da qualidade fisiológica de lotes de sementes. Além disso, as RAS descrevem de forma generalizada os parâmetros que caracterizam plântulas intactas (equivalente a plântulas normais fortes), não havendo na literatura registro que descrevam detalhadamente a morfologia de plântulas normais fortes, normais fracas ou anormais para espécies florestais. Uma vez que disponha de uma caracterização mais específica destas classificações de plântulas, será possível melhorar a eficiência do teste de vigor de plântulas fortes no nivelamento de lotes de sementes florestais.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral Adequar a metodologia do teste de plântulas normais fortes para as espécies Enterolobium contortisiliquum, Pityrocarpa moniliformis e Poincianella pyramidalis.

2.2. Objetivos específicos  Caracterizar morfologicamente plântulas normais e anormais de Enterolobium contortisiliquum, Pityrocarpa moniliformis e Poincianella pyramidalis;  Classificar plântulas conforme a posição dos cotilédones, o tipo de cotilédone e a persistência do tegumento;  Definir parâmetros morfométricos a serem utilizados no teste de classificação de vigor de plântulas das espécies em estudos;  Avaliar o vigor de diferentes lotes de sementes de Enterolobium contortisiliquum, Pityrocarpa moniliformis e Poincianella pyramidalis, de acordo com as características morfológicas de suas plântulas.

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3. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi dividida em três etapas: caracterização morfológica das espécies e elaboração de planilha avaliativa de parâmetros morfológicos de uma plântula normal forte; caracterização fisiológica dos lotes de sementes e, por fim, a adequação do teste de plântulas normais fortes para as espécies estudadas.

3.1. Descrição morfológica

3.1.1 Enterolobium contortisiliquum e Pityrocarpa moniliformis

Para o teste de germinação, foram utilizadas quatro repetições de 25 sementes cada, tanto no sistema de rolos de papel toalha (tipo Germitest®), como em bandejas com areia previamente lavada e esterilizada, com o intuito de acompanhar todas as fases do processo de germinação e do crescimento inicial da plântula. As sementes utilizadas nesta etapa foram amostradas de cinco lotes, provenientes de diferentes localidades e épocas de coletas. As sementes passaram por assepsia seguindo a metodologia indicada para sementes florestais, após, foram semeadas e condicionadas em germinador do tipo Biochemical Oxigen Demand (B.O.D.) à temperatura de 25 ºC e fotoperíodo de 12 h (BRASIL, 2013). O processo germinativo das sementes foi descrito através de observações diárias e registro de imagens, desde a protrusão da raiz até o surgimento dos primórdios foliares, observando-se o tempo médio necessário para a ocorrência de cada evento (protrusão da raiz primária, desenvolvimento da parte aérea e formação das primeiras folhas) (OLIVEIRA, 2014). As plântulas foram classificadas conforme o proposto por Miquel em 1987 (GURGEL et al., 2012), sendo diferenciadas quanto à posição dos cotilédones na germinação, o tipo de cotilédone da plântula que apresenta e a persistência do tegumento, sendo empregada para a classificação a seguinte nomenclatura: fânero-epígeo-foliáceo (PEF), fânero-epígeo- armazenador (PER), fânero-hipógeo-armazenador (PHR), cripto-hipógeo-armazenador (CHR) e cripto-epígeo-armazenador (CER). A coloração de cada estrutura foi descrita com referência na carta de coloração de Munsell (2012). Ao final do teste de germinação (14º dia para Enterolobium contortisiliquum e no 21º dia para Pityrocarpa moniliformis), foi descrita a morfologia de plântulas, cujas características observadas foram utilizadas para elaborar uma planilha avaliativa, possibilitando uma caracterização mais especifica de plântulas normais fortes dessas espécies (Anexos I e II, respectivamente).

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A caracterização completa das estruturas essenciais de uma plântula foi realizada da seguinte forma: descrição da parte radicular, do hipocótilo, dos cotilédones, do epicótilo e dos eófilos, observando-se para cada estrutura as dimensões (cm), o formato, a coloração, a posição da estrutura na plântula e a presença de pelos, estrias e lenticelas. Além disso, caracterizou-se o tipo de nervação foliar, filotaxia de eófilos e a proporção entre a parte aérea e o sistema radicular. As plântulas foram caracterizadas como normais, a partir da identificação de suas estruturas (SOUZA, 2009). As plântulas que não apresentaram conformidade para serem consideradas normais, apresentando as estruturas essenciais danificadas, deformadas, deterioradas, ou plântulas albinas, foram classificadas como anormais (BRASIL, 2013). Fotografias das estruturas das plântulas foram utilizadas para retratar sua morfologia.

3.1.2 Poincianella pyramidalis

Para a caracterização morfológica das plântulas foi utilizado como referência o estudo realizado por Silva e Matos (1998), no qual foi descrita a morfologia de plântulas normais fortes para a espécie. A partir dessa literatura, foi desenvolvida uma planilha avaliativa (Anexo III) para uso no teste de germinação.

3.2. Caracterização fisiológica dos lotes Na pesquisa, foram utilizados seis lotes de sementes de E. contortisiliquum e seis lotes de P. moniliformis, onde três lotes de cada espécie foram fornecidos pela Floresta Nacional de Nísia Floresta (FLONA) (6°05'20.1"S; 35°11'06.7"W) e os demais, coletados em áreas próximas da Área de Experimentação Florestal da Escola Agrícola de Jundiaí, Macaíba - RN (5°53'36.7"S; 35°21'46.6"W). Os setes lotes das sementes de P. pyramidalis foram coletados em setembro de 2014, na Fazenda Açude, Soledade - PB (7º 07’ 20,9’’ S; 36º 19’ 40’’ W). Foi determinado o teor de água inicial das sementes, por meio de duas subamostras de sementes de 4,5 g para cada lote, utilizando o método da estufa a 105 °C/24 horas (BRASIL, 2009). Para a avaliação da qualidade fisiológica dos lotes, foi instalado o teste de germinação utilizando-se 200 sementes, com quatro repetições de 50 sementes para cada lote das três espécies. As sementes passaram por assepsia seguindo a metodologia indicada para espécies florestais (BRASIL, 2013). Após, as sementes das espécies P. moniliformis e P. pyramidalis foram semeadas em caixas para germinação (tipo gerbox) com areia previamente lavada e esterilizada umedecida com 60% de sua capacidade de retenção de água. As sementes de E. contortisiliquum foram 22

semeadas em papel toalha (tipo Germitest®), umedecido com água destilada na proporção equivalente a 2,5 vezes o seu peso seco e disposto na forma de rolos (BRASIL, 2013). Em seguida, as caixas plásticas e os rolos foram condicionados em germinador do tipo Biochemical Oxigen Demand (B.O.D.) às temperaturas de 25 °C para E. contortisiliquum e P. moniliformis e 30 ºC para a P. pyramidalis, em fotoperíodo de 12 h. As sementes de cada lote foram caracterizadas quanto à sua qualidade fisiológica de acordo com as seguintes variáveis:  Germinação: no 14º (E. contortisiliquum), no 21º (P. moniliformis) e no 13º (P. pyramidalis) dia após a semeadura foram contabilizadas as sementes germinadas que originaram plântulas normais (BRASIL, 2013);  Índice de velocidade de germinação (IVG): conjuntamente ao teste de germinação, realizou-se a contabilização diária de sementes que originaram plântulas normais, calculado de acordo com a equação proposta por Maguire (1962): IVG = E1/N1 + E2/N2 + ... En/Nn.;  Comprimento (cm.plântula-1) e massa seca de plântulas (mg.plântula1): ao final do experimento foi mensurado o comprimento total da plântulas normais com o auxílio de uma régua graduada em milímetros. Após, foram levadas à estufa de ventilação forçada de ar a 80 ºC, sem os cotilédones, em sacos de papel do tipo Kraft por 24 horas (NAKAGAWA, 1999).  Teste de emergência (%E): para E. contortisiliquum o teste de emergência foi realizado em canteiro (solo enriquecido com composto orgânico) a pleno sol e em casa de vegetação com as espécies P. moniliformis e P. pyramidalis (semeadas em bandejas plásticas contendo areia previamente lavada e esterilizada, umedecida a 60% de sua capacidade de retenção de água), seguindo o delineamento de quatro repetições de 50 sementes para cada lote. As sementes usadas neste teste passaram por assepsia e os substratos foram umedecidos diariamente. Computou-se a porcentagem de plântulas normais emersas, no 14º, 21º e 13º dia para E. contortisiliquum, P. moniliformis e P. pyramidalis, respectivamente;  Índice de velocidade de emergência (IVE): realizou-se conjuntamente ao teste de emergência, por meio da contagem diária de plântulas normais emersas durante o teste; os cálculos foram executados conforme equação proposta por Maguire (1962).

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3.3. Adequação do teste de plântulas normais fortes

A classificação de vigor de plântulas foi realizada ao final do teste de geminação (ao 14º, 21º e 13º respectivamente para as espécies E. contortisiliquum, P. moniliformis e P. pyramidalis), seguindo a metodologia proposta por Krzyzanowski e Nakagawa (1999), obedecendo aos critérios sugeridos pelas Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009) e das Instruções Para Análise de Sementes de Espécies Florestais (BRASIL, 2013), acrescidos pelas especificidades descritas nas planilhas avaliativas de cada espécie (anexos I, II e III). Para cada lote, foram contabilizadas aquelas plântulas normais intactas, as quais atendiam a todos os critérios definidos na planilha avaliativa para cada espécie. Estas plântulas foram consideradas como “normais fortes” e os dados foram expressos em porcentagem. Estes resultados foram correlacionados com os demais testes de vigor, a fim de verificar a adequação e a eficiência do teste de plântulas normais fortes.

3.4. Delineamento estatístico

Os dados morfométricos das estruturas pertencentes às plântulas durante a caracterização morfológica de E. contortisiliquum e P. moniliformis foram submetidos à análise estatística descritiva, definindo o intervalo para cada dimensão em que a plântula é considerada “normal forte”. O delineamento para a caracterização fisiológica dos lotes foi inteiramente casualizado. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey (E. contortisiliquum e P. moniliformis) e Scott Knott (P. pyramidalis) ao nível de 1% de probabilidade (p < 0.01). Para a correlação entre as variáveis que determinam o vigor dos lotes e o teste de plântulas normais fortes, utilizou-se o coeficiente de correlação de Pearson. As análises foram realizadas com os softwares estatísticos Bioestat 5.3. e Assistat versão 7.7.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Descrição morfológica A seguir, são descritos os critérios morfológicos para classificação de plântulas normais fortes para as três espécies em estudo: Enterolobium contortisiliquum, Pityrocarpa moniliformis e Poincianella pyramidalis.

4.1.1. Descrição morfológica de plântulas de Enterolobium contortisiliquum Os parâmetros morfométricos avaliados para as plântulas “normais fortes” de E. contortisiliquum são apresentados na Tabela 1.

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Tabela 1. Estatística descritiva para parâmetros morfométricos das plântulas de Enterolobium contortisiliquum. (Comp.: comprimento; Diam.: Diâmetro)

Cotilédones Epicótilo Hipocótilo Raiz Eófilo Nº de Estatística descritiva Comp. Diam Comp. Comp. Comp. Comp. folíolos (cm) Tamanho da amostra 100 100 100 100 100 100 100 Mínimo 1,5 0,9 1,5 9 3,5 3,5 10 Máximo 2,3 1,2 2,4 12,8 10,6 5,5 12 Amplitude Total 0,8 0,3 0,9 3,8 7,1 2 2 Mediana 1,85 1,1 2,1 9,8 6,5 4,6 10 Média Aritmética 1,88 1,06 2,01 10,47 6,53 4,46 10,96 Variância 0,06 0,01 0,09 1,53 4,71 16,66 1,01 Desvio Padrão 0,24 0,11 0,29 1,24 21,71 12,91 1 Erro Padrão 0,02 0,01 0,03 0,12 0,22 0,13 0,1 Coeficiente de 13% 11% 15% 12% 33% 29% 9% Variação

As plântulas normais fortes da espécie apresentam como principais características: após 24 horas da semeadura, intumescimento das sementes; emissão da raiz primária ao quarto dia (96 horas) após a semeadura, com coloração cinza claro (5Y 8/1), rompendo o tegumento na base da semente, próximo ao hilo; a partir do sexto dia, foi possível observar a diferenciação morfológica entre a estrutura radicular e parte aérea; a raiz primária pivotante (3,5-10,5 cm) mostrou-se de coloração amarelo claro (2.5Y 8/4), sinuosa, flexuosa e com presença de pelos simples, poucos visíveis e esparsos, também foi observada a presença de

coifa (Figura 1); ao final da avaliação (14 dias), notam-se poucas raízes secundárias.

cm

1 Cm 1 1

Coifa

Figura 1: Desenvolvimento radicular de espécie Enterolobium contortisiliquum, ilustrando a presença de coifa. Embora não tenha sido descrita a presença de coifa para a espécie no trabalho realizado por Barretto e Ferreira (2011), as plântulas de E. contortisiliquum apresentam coifa

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em sua fase inicial de desenvolvimento. Essa estrutura foi observada no presente estudo através do método de registro de imagens diárias; a coifa envolve o ápice da raiz e protege o meristema do atrito com o substrato (GONÇALVES e LORENZI, 2007), como é possível observar na Figura 1. A partir do sexto dia, os cotilédones emergiram acima do nível do substrato. A partir do sétimo dia, ocorreu o desprendimento do tegumento, deixando os cotilédones carnosos livres, evidenciando uma germinação do tipo epígea (PER). Os cotilédones são de coloração verde acinzentado amarelo (7.5 GY 5/4), sem nervuras aparentes; quando rompem o tegumento, são opostos, unilaterais, isófilos; têm variação de tamanho entre 1,5-2,3 cm de

comprimento e de 0,9-1,2 cm de largura (Figura 2).

cm 1

Figura 2: Plântula normal forte de Enterolobium contortisiliquum, em que: R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo; EP: epicótilo e EO: eófilo.

O hipocótilo é alongado variando de 9,0 a 12,8 cm de comprimento, retilíneo, com coloração verde acinzentado amarelo claro (2.5 GY 6/4), cilíndrico e sem a presença de pelos (Figura 2).

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O epicótilo, visível a partir do 9º dia após a semeadura, menos desenvolvido que o hipocótilo, apresentou variação no comprimento de 1,5 – 2,4 cm, também com a coloração 2.5 verde acinzentado amarelo (GY 6/4) (Figura 2). Os eófilos são compostos, opostos, bipinados (3,5 a 5,5 cm de comprimento), com folíolos (10 a 12) variando 0,8-1,5 cm de comprimento e de 0,3-0,1 cm de largura; possuem coloração verde acinzentado amarelo escuro (10 GY 4/2), com formato oblongo e borda inteira e lisa e com nervação peninérvea (Figura 2). As plântulas normais fracas apresentam desenvolvimento mais lento de suas estruturas, assim como pequenas deformações nos cotilédones, coloração mais clara do que a encontrada nas plântulas normais fortes e algumas tortuosidades no hipocótilo e no epicótilo (Figura 3).

T EO

C

H

B

cm

16 16 1 cm 1

R

A Figura 3: Plântulas normais fracas de Enterolobium contortisiliquum, em que: R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo; EO: eófilo: T: Tegumento preso aos cotilédones; A: Raízes pouco desenvolvidas e B: Tortuosidade do hipocótilo.

As principais anormalidades identificadas nas plântulas de E. contortisiliquum foram as raízes atrofiadas, mau desenvolvimento da parte aérea e o albinismo (Figuras 4 e 5).

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B

C 1 cm 1

A Figura 4: Plântulas anormais de Enterolobium contortisiliquum com raízes atrofiadas e não desenvolvidas, que apresentam: A: raízes atrofiadas; B: Cotilédones danificados, C: Coloração amarelada dos cotilédones.

EO

C

H

cm

18 18 1 cm 1

R

Plântula anormal Figura 5: Plântulas anormais (albinas) de Enterolobium contortisiliquum: R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo; e EO: eófilo.

Com base na planilha avaliativa para a espécie E. contortisiliquum (anexo I) elaborada através da estatística descritiva dos dados morfométrico e das observações do

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desenvolvimento e coloração das estruturas das plântulas, os parâmetros que mais diferem uma plântula “normal forte” de uma plântula “normal fraca” para essa espécie foram o desenvolvimento da parte aérea, onde para as plântulas normais fortes o hipocótilo variou entre 9 e 12,8 cm, o epicótilo entre 1,5 e 2,4 cm e os eófilos entre 3,5 e 5,5 cm. A coloração da parte aérea das plântulas também é um bom critério para essa diferenciação entre plântulas normais fortes e normais fracas, sendo que estas últimas fracas apresentaram uma cor amarelada (Figura 3), resultado do déficit de pigmentação.

4.1.2. Descrição morfológica de plântulas de Pityrocarpa moniliformis Os dados morfométricos apresentados na Tabela 4 foram o subsídio para a elaboração da planilha avaliativa da espécie.

Tabela 2: Estatística descritiva para parâmetros morfométricos das plântulas de P. moniliformis (Comp.: comprimento; Diam.: Diâmetro). Cotilédone Epicótilo Hipocótilo Raiz Folíolo Estatística Comp. Diam. Comp. Diam. Comp. Comp. Diam. descritiva Cm Tamanho da amostra 100 100 100 100 100 100 100 Mínimo 0,7 0,8 0,5 3,9 4,0 0,5 0,4 Máximo 1,7 1,3 1,2 5,5 6,8 1,7 1,2 Amplitude Total 1,0 0,5 0,7 1,6 2,8 1,2 0,8 Mediana 1,3 0,9 0,8 4,8 5,5 0,8 0,8 Média Aritmética 1,2 1,1 0,9 4,7 5,4 0,8 0,8 Variância 0,10 0,06 0,05 0,27 0,68 0,08 0,07 Desvio Padrão 0,32 0,25 0,21 0,52 0,82 0,29 0,27 Erro Padrão 0,03 0,02 0,02 0,05 0,08 0,03 0,03 Coeficiente de 26,0% 22,5% 24.93% 10,9% 15,3% 34,3% 33,2% Variação

Após 24 horas da semeadura, as sementes encontravam-se totalmente intumescidas; a emissão de raiz primária ocorreu no segundo dias após a semeadura, com coloração variando do branco para o amarelo claro (2.5Y 8/4), rompendo o tegumento na base da semente, próximo ao hilo; a partir do quarto dia foi possível observar a diferenciação morfológica entre a estrutura radicular e parte aérea; a raiz primária (4 - 6,7 cm) mostrou-se sinuosa e com presença de pelos simples, pouco visíveis e esparsos, com coloração variando entre as cores branco ao marrom claro (2.5Y 8/1- 2.5Y 4/4) flexuosa e fina; ao final do teste (21 dias após a semeadura), notaram-se poucas raízes secundárias (Figura 6).

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Figura 6: Plântula normal forte de Pityrocarpa moniliformis, em que: R: raiz primária; C: cotilédone; H: hipocótilo; EP: epicótilo e EO – eófilo.

Os cotilédones emergem acima do nível do substrato e a partir do quarto dia ocorreu o desprendimento do tegumento, deixando livres os cotilédones foliáceos, caracterizando uma germinação do tipo fânero-epígeo-foliáceo (PEF). Os cotilédones são de coloração verde amarelado forte (10 Y 5/10), com nervuras mais claras; quando rompem o tegumento são opostos, unilaterais, isófilos e assemelham-se ao formato cordiforme, variam entre 0,7 - 1,7 cm de comprimento e de 0,8 - 1,3 cm de largura (Figura 7 A).

C EO

1 cm 1 EP

1 cm 1 H 1 cm 1 EP A R B cm 1 C C D

Figura 7: Cotilédone (A), hipocótilo (B), e epicótilos (C e D) das plântulas de P. moniliformis, em que: R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo; EP: epicótilo e EO: eófilo.

O hipocótilo é alongado (3,9 - 5,5 cm de comprimento) e retilíneo, porém pode apresentar leve tortuosidade próxima aos cotilédones, com coloração variando do branco ao

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verde claro (2.5 G 6/8), cilíndrico e com a presença de pequenos pelos brancos (apenas visíveis com o auxílio de lupa) (Figura 7 B). O epicótilo, visível a partir do sexto dia após a semeadura, apresentou variação no comprimento de 0,5 - 1,2 cm, sendo menos desenvolvido que o hipocótilo. Inicialmente, apresentou coloração verde amarelo claro (2.5 GY 7/8), formato cilíndrico, com presença de pequenos pelos brancos visíveis a olho nu; quando se iniciou a formação dos eófilos adquiriu coloração verde amarelado brilhante mais escuro (5 GY 6/8), com densa pilosidade esbranquiçada (Figura 7 C e D). A presença de tricomas nas partes aéreas de uma planta, conforme verificado nas plântulas de P. moniliformis no epicótilo e eófilos, está diretamente ligada a restringir perdas hídricas, afastar predadores ou secretar substâncias atrativas para polinizadores (GONÇALVES; LORENZI, 2007). É comprovado que, em plantas de ambientes áridos, os tricomas foliares são comumente observados e existem evidências de que o indumento denso representa uma adaptação à baixa disponibilidade de água e altas temperaturas (SANDQUIST; EHLERINGER, 1997; BARROS e SOARES, 2013). O eófilo é uma folha composta com dois folíolos pequenos opostos que variam entre 0,5 - 1,7 cm de comprimento e de 0,4 - 1,2 cm de largura, possuem coloração verde amarelo forte (5 GY 7/8), com formato ovado e com a borda do tipo repanda com presença de tricomas (semelhantes a pelos) em sua extensão, possuem nervação do tipo cladódroma (Figura 8).

Figura 8: Eófilo de plântulas de Pityrocarpa moniliformis.

Algumas espécies podem apresentar uma característica chamada de heterofilia, como ocorre com os eófilos das plântulas de Pityrocarpa moniliformis, os quais apresentam morfologia distinta, quando comparados com a morfologia da folha em um exemplar da

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espécie adulta. Nesta fase, a espécie apresenta folhas compostas, bipinadas (1 - 4 pares de pinas), cada pina variando de 6 - 12 de folíolos (MAIA, 2004). As plântulas consideradas normais fracas (Figuras 9 e 10) não se enquadraram em todos os quesitos descritos anteriormente para plântulas normais fortes, apresentando: raiz deformada e/ou em tamanho reduzido, presença de três cotilédones, ou estes com algum tipo de lesão, tortuosidade do hipocótilo ou epicótilo, coloração do epicótilo esbranquiçada e eófilos sem o completo desenvolvimento. Outra característica relevante foi o fato do tegumento não desprender completamente dos cotilédones, dificultando assim o desenvolvimento da plântula.

T EO

B

EP

C 8 cm 8

H 1 cm 1

R

A Figura 9: Plântulas normais fracas de Pityrocarpa moniliformis, em que: T: tegumento; R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo; EP: epicótilo; EO – eófilo; A: Raízes atrofiadas; B:Tegumento preso aos cotilédones e eófilos.

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C

EO

C

H

8 cm 8 1 cm 1

R

Figura 10: Plântulas normais fracas, pouco desenvolvidas e com três cotilédones de Pityrocarpa moniliformis, em que: R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo; EP: epicótilo e EO: eófilo.

Segundo as RAS, plântulas de espécies de dicotiledôneas que apresentem três cotilédones são consideradas plântulas normais fracas, desde que não tenham danos superiores a 50% (BRASIL, 2009). Quanto às plântulas albinas, as Instruções para Análises de Sementes de Espécies Florestais esclarecem que são identificadas como plântulas anormais (BRASIL, 2013), como identificado para as três espécies estudadas. Aquelas consideradas como plântulas anormais (Figuras 11 e 12), apresentaram raízes atrofiadas, não desenvolvimento da parte aérea e déficit de pigmentação, características estas que são essenciais para o desenvolvimento de plântulas expostas às condições de campo.

A C EO

H

5 cm 5 1 cm 1

R

Figura 11: Plântulas anormais (albinas e com raízes atrofiadas) de Pityrocarpa moniliformis, em que: R: raízes atrofiadas; C: cotilédones; H: hipocótilo; EO: eófilo e A: plântula albina.

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C

H

3 cm 3 1 cm 1

R

Figura 12: Plântula anormal de Pityrocarpa moniliformis, com raiz atrofiada e sem desenvolvimento de eófilos, em que: R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo.

Assim como para espécie anterior, foram descritos para a espécie P. moniliformis os principais critérios que diferem uma plântula “normal forte” de uma plântula “normal fraca” com base na planilha avaliativa (anexo II), na estatística descritiva dos dados morfométricos e dos registros de imagens. As principais diferenças entre as plântulas normais fortes e plântulas normais fracas estão ligadas ao comprimento radicular variando entre 4 – 6,8 cm para plântulas normais fortes, o comprimento do hipocótilo (3,9 - 5,5 cm) e sanidade dos cotilédones, o não desprendimento do tegumento dos cotilédones após a germinação, dificultando assim o desenvolvimento dos eófilos é uma das principais características encontradas nas plântulas normais fracas, assim com também a existência de três cotilédones.

4.1.3 Descrição morfológica de Poincianella pyramidalis Durante o teste de germinação, foi possível observar que a morfologia das plântulas de P. pyramidalis foi similar à observada por Silva e Matos (1998), o que a possibilitou ser utilizada com referencial para a elaboração da planilha avaliativa para os critérios morfológicos. Os parâmetros que possibilitam diferenciar plântulas normais fortes de fracas para a espécie estão relacionados com o desenvolvimento radicular (raiz principal variando entre 10 -14 cm de comprimento) para plântulas normais fortes, presença de três cotilédones e déficit na coloração das plântulas (plântulas amareladas) para plântulas normais fracas. A germinação é do tipo fânero-epígeo-foliáceo (PEF), raiz principal flexuosa fina entre 10 e 14 cm, com coloração variando do marrom escuro (5 YR 3/4) ao castanho claro iluminado (5 YR 7/1); hipocótilo com coloração amarelo esverdeada (10 Y 6/7), variando

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ente 3 e 4,2 cm de comprimento, presença de estrias e de pelos finos, escassos com coloração cinza claro (5 Y 8/1); cotilédones de formato cordiformes, subcarnosos, com coloração verde clara (10 Y 6/7); epicótilo com comprimento ente 3,0 e 4,2 cm, coloração verde escura (10 Y 6/4) e presença de pelos finos de coloração marrom; eófilos compostos, alternos, espiralados e trifoliados (Figura 13).

EO

EP

C cm 20

H 1 cm 1

L R

Plântula normal forte Figura 13: Plântula normal forte de Poincianella pyramidalis, em que: R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo; EP: epicótilo; EO: eófilo e L: lenticelas no hipocótilo da plântula.

O tipo de germinação é uma das características mais importantes para a diferenciação de espécies. A germinação epígea fanerocotiledonar (observada para as três espécies), caracterizada pelos cotilédones emergirem acima do nível do substrato, é o tipo de germinação mais comum para várias espécies de leguminosas (SILVA et al., 2008). O mesmo tipo foi descrito por outros autores em trabalhos semelhantes realizados com espécies pertencentes à família Fabaceae: Erythrina speciosa (OLIVEIRA, 2001), Senna multijuga (AMORIM et al., 2008) e Guibourtia hymenifolia (BATTILANI et al., 2011).

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As plântulas normais fracas (Figuras 14 e 15) apresentaram como principais características: raízes menores que 10 cm, hipocótilo levemente tortuoso ou com coloração amarelada, presença de três cotilédones, cotilédones com defeitos menores que 50% do seu tamanho e com manchas escuras, o epicótilo levemente tortuoso ou com coloração amarelada, e por fim, os eófilos amarelados.

EO

EP C

H 1 cm 1

C 2 R

Figura 14: Plântulas normais fracas de Poincianella pyramidalis com três cotilédones e epicótilo e hipocótilos tortuoso, em que: R: raiz primária; C: cotilédone; C2: Três cotilédones H: hipocótilo; EP: epicótilo e EO: eófilo.

EO

EP

C

H 1 cm 1

R

Figura 15: Plântula normal fraca dePlântula Poincianella normal pyramidalis fraca , com pouco desenvolvimento radicular, em que: R: raiz primária; C: cotilédones; H: hipocótilo; EP: epicótilo e EO: eófilo.

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As plântulas anormais (Figuras 16 e 17) foram diagnosticadas como as albinas, as que apresentaram raízes primárias atrofiadas e sem a presença de raízes secundárias ou com má formação da parte aérea (hipocótilo, epicótilo e eófilos).

C

B

1 cm 1

1 cm 1 1 cm 1

A

Figura 16: Plântulas anormais de Poincianella pyramidalis. A: Raízes atrofiadas e pouco desenvolvidas, B: Eófilos não desenvolvidos; C: coloração amarelada.

T

H 1 cm 1

R

Plântula anormal Figura 17: Plântula anormal de Poincianella pyramidalis, evidenciando o albinismo, em que T: tegumento; R: raiz primária e H: hipocótilo. As principais anormalidades detectadas por pesquisa realizada com Pterodon pubescens (Fabaceae) foram relacionadas com a má formação de raízes ou raízes estranguladas, má formação do hipocótilo e epicótilo, cotilédones atrofiados e plântulas que não desenvolveram a parte aérea (FERREIRA et al., 2001). Similar ao encontrado com as

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espécies estudadas nesta pesquisa, onde na maioria das plântulas anormais das espécies do ensaio foi observado o comprometimento severo da parte radicular. De forma geral os parâmetros que mais diferenciam plântulas normais “fortes” de plântulas normais “fracas” estão relacionados com a coloração, tamanho de raiz e desenvolvimento de eófilos. Algumas espécies da Caatinga apresentam taxonomia similar na fase inicial do desenvolvimento. O conhecimento morfológico das estruturas de uma plântula (forma do limbo, da margem, do ápice de folhas, posição dos eófilos, presença de substâncias como resina ou látex, relação comprimento/largura dos cotilédones, tamanho e número de pinas, presença ou não de indumento como tricomas e/ou glândulas, etc.) permite caracterizar famílias, gêneros e até mesmo espécies (DUKE, 1965; GURGEL et al., 2012; MENDONÇA et al., 2016; QUEIROZ, 2009). Desta forma, a descrição detalhada das plântulas auxiliará na identificação das espécies em estudo, além de fornecer subsídios para amplos trabalhos de campo e científicos, como na área de Ciência e Tecnologia de sementes.

4.2. Caracterização fisiológica dos lotes de sementes de Enterolobium contortisiliquum, Pityrocarpa moniliformis e Poincianella pyramidalis. Para o teor de água inicial (Tabela 3) dos lotes de sementes de Enterolobium contortisiliquum, houve variação entre os seis lotes, sendo que o lote 3 apresentou menor teor de água (5,6 %) e o lote 4, o teor mais elevado (7,4%). O teor de água dos lotes de sementes interfere diretamente em variados aspectos da qualidade fisiológica dos mesmos, sendo assim, sua determinação se faz fundamental em testes para investigar a qualidade de lotes de sementes (SARMENTO et al., 2015). A similaridade para os valores do teor de água entre os lotes de sementes é primordial quando se está comparando sua qualidade fisiológica, para que os testes não sofram alterações provocadas por diferenças na atividade metabólica. Recomenda-se que não haja diferenças superiores a 2% no teor de água das sementes das amostras avaliadas (MARCOS FILHO, 2005; STEINER, 2011), como observamos nos lotes da espécie. No que diz respeito a germinação das sementes de E. contortisiliquum, todos os lotes foram considerados viáveis, apresentando germinação superior a 50%. Observaram-se diferenças entre os lotes, sendo que o lote 5 destacou-se como o lote de alta viabilidade. Os demais lotes foram considerados como de viabilidade intermediária, sendo que a germinação destas sementes variou entre 50 e 78% (Tabela 3).

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Tabela 3: Teor de água (T.A.), germinação (G), emergência (E), porcentagem de plântulas normais fortes (PNF), índice de velocidade de germinação (IVG), índice de velocidade de emergência (IVE), massa seca de plântula (MSP) comprimento (CP) de sementes de Enterolobium contortisiliquum.

T. A. G E PNF MSP CP Lotes IVG IVE (mg.plântula-1) (cm.plântula-1) (%) 1 6,8 53 d 24 d 32 c 3,02 de 1,30 d 24,5 cd 11,5 a 2 6,9 60 cd 50 c 36 c 3,64 cd 2,65c 37,8 bc 11,9 a 3 5,6 78 b 71 ab 52, b 4,41 b 3,68 ab 51,3 b 11,8 a 4 6,9 68 bc 54 bc 35 c 3,83 bc 2,78 bc 48,7 b 11,9 a 5 7,4 98 a 84 a 59 a 5,79 a 4,51 a 68,0 a 12,5 a 6 7,3 50 d 47 c 22 d 2,91 e 2,53 c 12,8 d 7,9 b CV (%) - 7,5 16,8 6,5 7,2 16,2 15,3 6,2

Pelos resultados dos testes apresentados na Tabela 3, observaram-se diferenças significativas entre a qualidade fisiológica das sementes dos seis lotes. Pelos testes de IVG, emergência (E), IVE e PNF, as sementes dos lotes 3 e 5 foram as mais vigorosas, com alto desempenho fisiológico. Nas sementes dos lotes 1, 2 e 6, observou-se uma redução na emergência de plântulas em campo, indicando o efeito do vigor reduzido, com menor população de plântulas, desempenho este esperado uma vez que a viabilidade dos mesmos lotes também mostrou-se baixa. Desempenho semelhante também foi observado nos resultados de MSP, em que os lotes 3, 4 e 5 foram considerados de alto vigor e os lotes 1, 2 e 6, de qualidade fisiológica inferior. Para a espécie P. moniliformis o teor de água dos lotes variou entre 9,4 e 11, 8% (Tabela 4). Quando se compara níveis de vigor de lotes, é necessário que a diferença do teor de água dos mesmos seja a menor possível, para que os lotes de maior teor não tenham avaliação superestimada pela aceleração do processo germinativo. A partir dos testes realizados com P. moniliformis (Tabela 4), foi possível observar diferenças significativas entre os seis lotes de sementes a respeito de sua qualidade fisiológica. O teste de germinação propiciou a identificação de três níveis distintos, sendo que os lotes 5 foi o de melhor desempenho, os lotes 2 e 3 foram os desempenho inferior. Nos demais testes utilizados, observou-se a mesma tendência de ranqueamento dos lotes, com destaque, na maioria dos casos, para a superioridade do lote 5, o qual apresentou o maior potencial de germinação (57%), entretanto, os demais lotes apresentaram germinação abaixo de 49%. O teste de CP foi capaz de diferenciar os lotes em poucos níveis de vigor.

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Tabela 4: Teor de água (T.A.), germinação (G), emergência (E), porcentagem de plântulas normais fortes (PNF), índice de velocidade de germinação (IVG), índice de velocidade de emergência (IVE), massa seca de plântula (MSP) comprimento (CP) de sementes de Pityrocarpa moniliformis.

T. A. G E PNF MSP CP Lotes IVG IVE -1 -1 (%) (mg.plântula ) (cm.plântula ) 1 11,4 49 ab 38 a 41 b 5,79 a 2,56 ab 3,91 b 7,2 a 2 11,3 23 c 22 d 19 c 2,38 b 2,07 b 1,05 d 5,1 b 3 11,5 32 c 32 bc 28 c 3,64 b 2,72 c 1,91 cd 6,0 ab 4 9,6 49 ab 36 b 28 c 4,06 b 2,98 bc 2,39 c 6,6 a 5 9,4 57 a 44 a 52 a 5,65 a 4,48 a 4,99 a 5,9 ab 6 11,8 44 ab 26 c 42 b 4,47 b 3,55 bc 5,1 a 6,2 ab CV (%) - 11,8 11,5 12,4 9,1 12,8 13,1 10,1

Para espécies agronômicas uma taxa de germinação superior a 75%, pode ser considerada adequada para comercialização (Instrução Normativa n˚ 45, 2013), porém, para espécies florestais se esse valor não for alcançado não implica que não possa ocorrer a comercialização dos lotes de sementes, tendo em vista que estas espécies possuem especificidades diferentes das agronômicas, tais como: dormência, período de coleta, oferta no mercado e produção. A instrução normativa MAPA nº 17, de 26 de abril de 2017 que regulamentar a Produção, a Comercialização e a Utilização de Sementes e Mudas de Espécies Florestais ou de Interesse Ambiental ou Medicinal também não indica uma taxa de germinação específica para comercialização de sementes florestais. Para a P. moniliformis foi observado o mesmo padrão para os testes de E, IVE e MSP. Existem relatos na literatura de que nem sempre o teste de IVG consegue inferir sobre a diferença entre o vigor de lotes de sementes ou tratamentos aplicados, tendo em vista que é conduzido em condições ótimas para a espécie, podendo obter respostas semelhantes às encontradas no teste de germinação (ALVES et al., 2005). O teor de água inicial dos lotes de P. pyramidalis (Tabela 5) não apresentou variação superior a 1,1%, ficando dentro do padrão estabelecido para o teor de água em sementes. É possível observar (Tabela 5) que todos os lotes apresentam alta viabilidade, tendo em vista que a porcentagem de germinação variou de 71,5 a 93,5 %. Sendo assim, os lotes 1, 2, 3, 6 e 7 apresentaram germinação superior aos demais e não diferiram entre si.

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Tabela 5: Teor de água (T.A.), germinação (G), emergência (E), porcentagem de plântulas normais fortes (PNF), índice de velocidade de germinação (IVG), índice de velocidade de emergência (IVE), massa seca de plântula (MSP) comprimento (CP) de sementes de Poincianella pyramidalis.

T. A. G E PNF MSP CP Lotes IVG IVE -1 -1 (%) (mg.plântula ) (cm.plântula ) 1 7,3 94 a 82 a 59 a 9,05 a 7,17 a 38,2 a 19,5 a 2 7,3 88 a 74 a 63,5 a 6,83 b 5,70 b 37,5 a 18,4 a 3 7,7 86 a 71 a 65 a 6,60 b 5,21b 42,4 a 18,7 a 4 8,4 76 b 57 b 52 b 6,35 c 4,67 c 27,4 b 17,7 a 5 7,6 71 b 64 b 30 c 6,01 c 3,91 c 36,1 a 17,5 a 6 7,4 85 a 63 b 49 b 6,79 b 4,96 b 32,2 b 18,3 a 7 7,4 91 a 77 a 55 b 7,31 b 6,63 a 33,1 b 18,8 a CV% - 5,7 10,7 10,3 6 11,4 13,6 8,1

O teste de germinação é realizado para inferir sobre a viabilidade e qualidade fisiológica de lotes das sementes para muitas espécies, realiza-se o teste sob condições ótimas, o que pode não expressar com exatidão o desempenho das mesmas em situação de campo (LIMA et al., 2014). Desta forma, apesar da alta viabilidade, os lotes de P. pyramidalis avaliados neste estudo apresentaram diferenças sutis no seu potencial fisiológico reveladas pelos testes de vigor descritos a seguir. Pelos resultados dos testes de percentual de PNF, IVE e porcentagem de emergência em campo, as sementes dos lotes 1 e 7 foram as mais vigorosas. O CP não diferenciou os lotes em diferentes níveis (Tabela 5). As sementes de algumas espécies características do semiárido podem apresentar alta taxa de germinação, aproximadamente 90% (BARBOSA, 2003; ARRUDA et al., 2015), como foi observado para as espécies E. contortisiliquum e P. pyramidalis (Tabelas 3 e 5, respectivamente). Os resultados de geminação para P. pyramidalis encontrados neste estudo foram superiores aos encontrados por Lima et al (2014) em trabalho realizado com sementes da mesma espécie e procedência. A variação do vigor dos lotes de sementes para as espécies E. contortisiliquum e P. moniliformis e a baixa taxa de germinação para a espécie P. moniliformis podem ser atribuídas à procedência dos lotes, tendo em vista que são de locais e épocas diferentes de coletas. O comprimento de plântula (CP) não foi um teste eficiente na detecção de diferenças sutis no vigor dos lotes das espécies estudadas, observando-se que para P. pyramidalis, não houve diferentes níveis de vigor como os observados no teste de germinação (Tabela 7).

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Embora o CP seja um dos critérios utilizados para caracterizar uma plântula normal forte, nota-se como a combinação de os vários parâmetros específicos permitiu que o teste de PNF fosse um teste mais eficiente que o CP no nivelamento de lotes. Neste trabalho, para as três espécies estudadas, a porcentagem de plântulas normais fortes (PNF) foi um teste adequado para ranquear os lotes em diferentes níveis de vigor. Sendo assim, para o E. contortisiliquum os lotes 3 e 5 foram os mais vigorosos, para a P. moniliformis o lote 5 foi o de melhor qualidade fisiológica e para a P. pyramidalis o lote 1 foi o de melhor vigor. Observando a percentagem de germinação e de emergência, bem como o IVG e o IVE das sementes para as três espécies, nota-se que lotes com maior vigor também apresentaram os maiores valores para o percentual de plântulas normais fortes, possivelmente devido às melhores condições fisiológicas dos lotes. Isso também foi verificado por Oliveira (2016), adequando o teste de condutividade elétrica para Acacia mangium (Fabaceae).

4.3. Correlação entre a classificação de vigor de plântulas e os testes de vigor para as espécies: Enterolobium contortisiliquum, Pityrocarpa moniliformis e Poincianella pyramidalis. A partir da correlação dos resultados dos testes fisiológicos com a porcentagem de plântulas normais fortes para a espécie Enterolobium contortisiliquum (Tabela 6), foi possível observar que todas as correlações entre as variáveis foram positivas, os maiores valores são observados entre a correlação da porcentagem de PNF com os testes de IVG e MSP.

Tabela 6: Correlação entre a porcentagem de plântulas normais fortes de E. contortisiliquum e as variáveis fisiológicas.

Correlações R P Correlação Plântulas normais fortes (%) x IVG 0,909 < 0,0001 Positiva forte Plântulas normais fortes (%) x CP (cm.plântula-1) 0,642 < 0,0001 Positiva moderada Plântulas normais fortes (%) x MSP (mg.plântula-1) 0,869 < 0,0001 Positiva forte Plântulas normais fortes (%) x E (%) 0,750 < 0,0001 Positiva forte Plântulas normais fortes (%) x IVE (%) 0,740 < 0,0001 Positiva forte

Para a correlação, o valor de r pode variar de -1 a 1, para qualquer conjunto de dados. Dessa forma, quanto mais próximo r estiver de um mais forte será a correlação e quanto mais perto de zero, mais fraca ela será considerada (LEVIN, 2004).

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O valor de r entre 0,01 e 0,39 indica correlação positiva fraca, de 0,40 a 0,69 correlação positiva moderada, já a variação de 0,70 a 1 demonstra uma correlação positiva forte. (STEVENSON 1981; MIRANDA, 2008). Os mesmos critérios para classificação dos valores e níveis de correlações foram utilizados por Jesus (2017) para a espécie E. contortisiliquum avaliando o crescimento e nodulação da espécies cultivada em solos de diferentes sistemas de uso. Na correlação dos resultados dos testes fisiológicos com a porcentagem de plântulas normais fortes da espécie P. moniliformis (Tabela 7) foi possível observar que todas as correlações entre as variáveis foram positivas. Os maiores valores foram encontrados entre a as correlações do percentual de PNF com os testes de IVG, MSP e porcentagem de emergência em campo.

Tabela 7: Correlação entre a porcentagem de plântulas normais fortes de P. moniliformis e as variáveis fisiológicas.

Correlações R P Correlação Plântulas normais fortes (%) x IVG 0,8453 < 0,0001 Positiva forte Plântulas normais fortes (%) x CP 0,3694 < 0,0001 Positiva fraca Plântulas normais fortes (%) x MSP 0,8669 < 0,0001 Positiva forte Plântulas normais fortes (%) x E (%) 0,4541 < 0,0001 Positiva moderada Plântulas normais fortes (%) x IVE (%) 0,3589 < 0,0001 Positiva fraca

As correlações entre os testes fisiológicos e o percentual de plântulas normais fortes para a P. pyramidalis mostraram-se positivas (Tabela 8), sendo considerada uma correlação forte entre teste de MSP e o PNF.

Tabela 8: Correlação entre a porcentagem de plântulas normais fortes de P. pyramidalis e as variáveis fisiológicas.

Correlações R P Correlação Plântulas normais fortes (%) x IVG 0,3921 < 0,0001 Positiva fraca Plântulas normais fortes (%) x CP 0,6851 < 0,0001 Positiva moderada Plântulas normais fortes (%) x MSP 0,7819 < 0,0001 Positiva forte Plântulas normais fortes (%) x E (%) 0,6285 < 0,0001 Positiva moderada Plântulas normais fortes (%) x IVE (%) 0,5248 < 0,0001 Positiva moderada

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Ao relacionar a porcentagem de plântulas normais fortes (PNF) com os resultados dos testes de vigor obtidos neste trabalho (Tabelas 3, 6 e 8), foi possível verificar que houve correlação. Os lotes com melhor qualidade fisiológica apresentaram maiores valores para porcentagem de PNF, esta mesma relação foi constatada nas correlações, em que todas foram consideradas positivas. A correlação positiva entre o percentual de PNF com os teste de E e IVE é um bom parâmetro para subsidiar a utilização do teste de classificação do vigor de plântulas para as espécies. Tendo em vista que estes testes complementam e auxiliam na definição do potencial fisiológico dos lotes, pois estima o desempenho das sementes em condições variadas do ambiente (MENEZES et al., 2007; ROCHA, et al., 2015). Para as três espécies a correlações entre a porcentagem de PNF e a MSP foram positivas fortes. A literatura explica que o teste matéria seca de plântulas considera os lotes que produzirem plântulas com maior ganho de massa como os mais vigorosos, em função das sementes apresentarem maior capacidade de transformação dos tecidos e suprimento das reservas armazenadas, sendo considerado um teste eficiente na avaliação do vigor de lotes de sementes (AMARO, et al., 2015). Uma vez que, para se avaliar vigor de lotes é necessário executar um conjunto de testes, o teste de plântulas normais fortes pode ser incorporado às analises realizadas em ambiente laboratorial com o intuito de completar os demais testes realizados com espécies florestais. Além disso, o estabelecimento de parâmetros morfológicos específicos proporciona ao teste maior robustez. Deste modo, o teste de classificação de plântulas normais fortes pode ser utilizado para classificação da qualidade fisiológica de lotes de sementes e que a prévia caracterização morfológica de plântulas estabelece parâmetros que torna este método seguro na avaliação do vigor de um lote de sementes das espécies estudadas.

6. CONCLUSÕES Para as plântulas das espécies Enterolobium contortisiliquum e Poincianella pyramidalis os principais critérios que as classificam como normais fortes estão ligados a o desenvolvimento da parte aérea, para a espécie Pityrocarpa moniliformis esses critérios estão relacionados ao desenvolvimento radicular das plântulas. As principais anormalidades encontradas para as espécies Enterolobium contortisiliquum, Pityrocarpa moniliformis e Poincianella pyramidalis estão ligadas a má formação de raízes, déficit de pigmentação e desenvolvimento de eófilos.

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As três espécies apresentaram germinação do fânero-epígeo-foliáceo (PEF). O uso dos parâmetros morfométricos na identificação de uma plântula normal forte permite maior exatidão no momento da classificação das mesmas, identificando-se os lotes 3 e 5 de Enterolobium contortisiliquum como os mais vigorosos, para a Pityrocarpa moniliformis, o lote 5 foi o que mais se destacou e para a Poincianella pyramidalis, o lote 1 foi o de melhor qualidade fisiológica.

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54

8. ANEXO I

Planilha avaliativa de parâmetros morfológicos do Tamboril/ Lote: Repetição:

Características da plântula 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Comprimento total da plântula

Raiz ------

Raiz primária pivotante e com poucos pelos simples

Comprimento entre 5-10,5 cm

Coloração: amarelo claro

Hipocótilo ------

Cilíndrico, levemente curvo.

Comprimento de 9 – 12,8 cm

Coloração: verde acinzentado amarelado

Cilíndrico e sem pelos

Cotilédones ------

55

cotilédones carnosos

Pecíolos opostos e isófilos

1,5 - 2,3 cm de comprimento e de 0,9- 1,2cm de largura

Coloração: verde acinzentado amarelo

Epicótilo ------

Comprimento entre 1,5 – 2,4 cm

Coloração: verde acinzentado amarelado

Eófilos ------

Compostos, opostos e bipinados

3,5 a 5,5 cm de comprimento

Folíolos (10 a 12 pinas ) variando entre 0,8 e 1,5 cm de comprimento e de 0,1 a 0,3cm de largura.

Coloração: verde acinzentado amarelo escuro

Formato: oblongo

56

9. ANEXO II Planilha avaliativa de parâmetros morfológicos da catanduva/ Lote: Repetição:

Características da plântula 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Comprimento total da plântula

Raiz ------

Raiz axial flexuosa fina

Comprimento entre 4-6,7 cm

Coloração cinza esverdeado claro ao amarelo claro

Hipocótilo ------

Cilíndrico, levemente curvo.

Comprimento de 3,9-5,5 cm

Coloração do branco ao verde claro

Presença de pelos finos, escassos com coloração branca

Cotilédones ------

Cordiformes

57

Pecíolos opostos

Cotilédones foliáceos

0,7-1,7 cm de comprimento e de 0,8-1,3cm de largura

Coloração verde amarelado forte

Epicótilo ------

Comprimento entre 0,5 – 1,2 cm

Coloração verde amarelado brilhante

Presença densa pilosidade esbranquiçada

Eófilos ------

Duas folhas simples (opostas)

0,5-1,7 cm de comprimento e de 0,4-1,2cm de largura

Coloração verde amarelo forte

Ovado e com a borda do tipo repanda e presença de pelos em sua extensão

Nervação do tipo cladódroma

58

10. ANEXO II Planilha avaliativa de parâmetros morfológicos da catingueira/ Lote: Repetição:

Características da plântula 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Comprimento total da plântula

Raiz ------

Raiz axial flexuosa fina

Comprimento entre 10-14 cm

Coloração marrom-escura

Hipocótilo ------

Cilíndrico, levemente curvo.

Comprimento entre 3-4,2

Coloração esverdeada

Presença de pelos finos, escassos com coloração branca

Presença de estrias

Presença de lenticelas circulares de coloração ferrugínea

59

Cotilédones ------

Cordiformes

Pecíolos opostos

Subcarnosos

1,5 cm de comprimento por 1,1 cm (médio)

Coloração verde clara

Epicótilo ------

Comprimento entre 3,0-4,2 cm

Lenticelado

De formato cilíndrico e reto

Coloração verde escura

Presença de pelos finos de coloração marrom

Eófilos ------

Compostos

60

Alternos

Espiralados

Trifoliados

Pecíolo com 0,6-1,2 cm

Pecíolo de coloração verde clara

Pulvino de coloração verde escura

Estípulas avermelhadas, setáceas e com pelos

Folíolo com de 2 a 5 folíolulos

Foliólulos

Alternos

Coloração verde clara ou escura

Comprimento entre 0,5-0,9

Comprimento da nervação entre 0,4-0,6

Nervação peninérvea

** alguns folíolulos apresentam

61

coloração vermelho carmim

62