ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL E OS EFEITOS SOBRE a PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO: O Caso De Pedra Branca Do Amapari
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ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL E OS EFEITOS SOBRE A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO: o caso de Pedra Branca do Amapari Rodson William Barroso Juarez 1 1 INTRODUÇÃO A necessidade do homem em alcançar um nível de satisfação cada vez mais elevado o impulsionou a buscar novos utensílios, métodos, e organizações (HUBERMAN, 1986). Cada aspiração em sua determinada época, de acordo com as tecnologias do período, e o nível já alcançado de bem-estar social, produzindo novas realidades e transformando cenários até então conhecidos. Tal comportamento continua na sociedade contemporânea, com implicações diversas na construção de cenários e alterações nos mesmos. Com essa devida precaução que devemos considerar a realidade local na Amazônia, sob uma ótica racional, consideração que nos remete ao historicismo alemão, que analisa a dinâmica de cada momento para a proposição de uma explicação ou compreensão do fato histórico. Caio Prado Junior (2000) alia sua análise com a proposta epistemológica de Max Weber, analisada por Freund (2006), quando persegue a explicação do fenômeno social através da compreensão do fato. Essas proposições não dissociam a multipolaridade das intervenções na dinâmica social, que passam a produzir “pressões” para que essa ou aquela ação ocorra. Nesse contexto que o trabalho se justifica, no sentindo de perceber e levantar questionamentos e constatações sobre a produção espacial, como significado de um efeito, tendo como causa principal as relações horizontais e verticais estabelecidas para ocorrência do modo de produção. Tal efeito espacial incide diretamente na configuração dos centros urbanos relacionados à produção e o modelo no qual se insere, demandando 1 Economista pelo Centro de Ensino Superior do Amapá (CEAP) em 2006, aluno do Mestrado em Desenvolvimento Regional, da Universidade Federal do Amapá (Unifap). planejamento urbano para a mitigação dos efeitos negativos e potencialização dos efeitos positivos. Tais externalidades do modo de produção capitalista podem ser observadas de modos diferenciados, levando em consideração a as características mutantes de cada modo de produção, em seu determinado tempo, com seus respectivos efeitos. Sob um paradigma fordista, os efeitos podem ser mensurados de uma forma mais concreta, ao passo que a flexibilização do capital traz uma nova forma de buscar a identidade dos efeitos e das causas, com a produção de uma espacialidade e de uma rede (CASTELLS, 1999) de poder e contatos mais cheia de tramas, com seus nós e linhas mais diversos e mais extensos. O município de Pedra Branca do Amaparí foi criado pela Lei nº 0008, em 01 de maio de 1992 e está localizado ao sul do estado, na mesorregião sul, a 180 km da Capital Macapá. Faz limites com os municípios de Laranjal do Jari, Mazagão, Porto Grande, Serra do Navio, Oiapoque e Ferreira Gomes; o principal acesso rodoviário fica pela rodovia Perimetral Norte, a BR-210 e abordagem mais aprofundada, apresentando aspectos geográficos mais detalhados, será realizada em subitem específico. No período compreendido entre 2000 e 2014, houve grandes alterações na localidade problema de pesquisa, conforme transformações na modalidade de relacionamento do capital de produção e a dinâmica da política em Pedra Branca do Amapari, como alteração na escolha estratégica de que minério explorar. Com a paralisação da extração do minério de manganês, no fim da década de 1990 no município vizinho de Serra do Navio, o minério de ouro passou a significar o foco das intenções chegando a figurar como a operação de maior contagem para o Amapá, mas perdendo a relevância participativa para o minério de ferro em período determinado. Para satisfazer, tanto o tipo ideal proposto por Weber na obra de Freund (2006) quanto à segmentação sistêmica de Prado Junior (2000), pela aproximação filosófica de tais compreensões, será realizada uma análise econômica dos fatos e do cenário histórico que levaram possibilidade de construção do cenário para localidade eleita, restringindo tal análise econômica aos conceitos e análise das variações de indicadores, mesmo considerando seus desdobramentos transdisciplinares, mas, para efeito de produção de conhecimento científico, direcionando as análises para esse tipo ideal proposto nesta abordagem. 2 OBJETIVOS Com a finalidade de construir uma análise sistêmica para a produção da dinâmica da construção do espaço urbano de Pedra Branca do Amaparí, comparando-a com a produção da espacialidade urbana pelo Fordismo em município vizinho, Serra do Navio, em fase áurea da exploração mineral, partindo da concepção da flexibilização do capital expostas por David Harvey (1992) em seus tratados no texto Condição Pós- moderna, quando expõe sobre e ocorrência de mutação no modo de produção capitalista, passando de um modelo centralizador, o Fordismo, para um modelo mais flexível, principalmente em suas relações de produção. Faz-se necessária a conceituação de espaço pelo geógrafo Milton Santos (1996), para que seja utilizado um ponto de partida conceitual, como sendo “um conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações”, o que passa a significar uma categoria de análise para a repartição do estudo proposto. Considerando o espaço produzido um componente do espaço selecionado como objeto, ficando evidente a compreensão desses modelos e seus respectivos efeitos para a produção da espacialidade urbana na sede do município de Pedra Branca do Amapari. 3 METODOLOGIAS Para analisar a atividade de exploração mineral em Pedra Branca do Amaparí e entender a sua relação com o desenvolvimento econômico local e regional, a meta- análise, através da análise de estudos oficiais para o município, corresponde às expectativas do estudo. Considerando as variáveis: financeiras (operação com minérios, arrecadação pública, PIB municipal, e PIB per capta municipal); e sociais (índice de Desenvolvimento Humano - IDH), como variáveis de estudo da evolução da qualidade de vida da comunidade no município. Tal análise propõe, então um viés qualitativo e quantitativo (quali-quanti). Visitas de campo e aplicação de entrevistas completam o trabalho, esboçando um quadro de apreensões advindas de agentes participantes da dinâmica atual e da observação do espaço já produzido no município, buscando evidências da aplicação de dinâmicas sociais e de acumulação flexível na qual se enquadra o modelo de produção atual. Buscado satisfazer as expectativas sobre compreensão das dinâmicas sócias que compõem a rede local e sobre a qual os interesses verticais exercem pressões e impactam a construção espacial. Ainda, a questão conceitual e a produção de referencial teórico estão no sentido da construção de um caminho para o entendimento do que se passa em Pedra Branca do Amapri, podendo propor um quadro teórico e analítico para o município, mesmo que não signifique um “modelo explicativo” a ser absorvido por realidades diversas e localidades diferentes, mas passa a absorver conceitos teóricos que podem ser aproveitados para análises em outras localidades e composições de cenário. Serão consideradas, ainda, contribuições da banca do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Amapá (Unifap), mas algumas das apreensões parciais já constroem um perfil daquilo que se almeja. 4 RESULTADOS PRELIMINARES Em visita de campo realizada no mês de fevereiro de 2014, os entrevistados, representado segmentos do comércio de Pedra Branca do Amapari, movimentos sociais e ambientais, órgão do executivo municipal, do Ministério Público, e de empresa exploradora, dão conta da importância da mineração para a “boa” continuação da dinâmica atual desenvolvida no município, construído, de fato, uma representação espacial na urbanidade local, considerando a sede municipal. Os números oficiais apontam para uma retomada da participação da operação do minério de ouro nas operações minerais totais, alcançando os valores das operações com minério de ferro, que passam por problemas de infraestrutura para escoamento da extração já realizada, demonstrando, em parte, a fragilidade da mutação do modo de produção sob o conceito de acumulação flexível. A pesquisa se encontra em produção, tendo sido realizada uma, das três visitas programadas para a produção da dissertação de mestrado em Desenvolvimento Regional. 4.1 Comparações: Produto Interno Bruto de Pedra Branca do Amapari O Gráfico 01 mostra a evolução do Produto Interno Bruto (PIB), a preços correntes, entre o ano de 2003 e 2010, período com disponibilidade pelo IBGE. A linhas apontam para um crescimento gradativo e contínuo para o município de Pedra Branca do Amapari, ao passo que o indicar demonstra arrefecimento da economia de Serra do Navio, município vizinho ao selecionado para estudo. Oiapoque foi selecionado para significar município controle para indicar seu PIB, mesmo não sendo município com grande relevância na negociação de minérios, sempre figurando dentre os últimos no ranking estadual no quesito “faturamento com a venda de minério”. Mas por apresentar valores absolutos equivalentes para comparação em relação ao PIB, pode servir de parâmetro, mesmo iniciando e terminando a série com valores maiores que os valores dos municípios mineiros. Gráfico 1 Produto Interno Bruto – PIB – Municipal, a preços correntes (2003-2010) 250 000 200 000 150 000 100 000 50 000 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 x R$ 1.000,00 x Oiapoque 87 119 142 170 198 215 230 236 Pedra Branca do 24 32 41 54 79 93 104 116 Amapari Serra do Navio 23 23 62 106 125 145 153 129 Vitória do Jari 43 49 57 71 77 81 99 116 Fonte: IBGE 2 Org.: Rodson Juarez 2