Automonitoramento Paiter Surui Sobre O Uso De Mamíferos De Médio E Grande Porte Na Terra Indígena Sete De Setembro, Cacoal, Rondônia, Brasil
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Automonitoramento Paiter Surui sobre o uso de mamíferos de médio e grande porte na Terra Indígena Sete de Setembro, Cacoal, Rondônia, Brasil. 1 Aula prática: transecção linear e preenchimento de formulário eletrônico em Smartphone. Foto: Alexsander Santa Rosa Gomes. Automonitoramento Paiter Surui sobre o uso de mamíferos de médio e grande porte na Terra Indígena Sete de Setembro, Cacoal, Rondônia, Brasil. Texto Alexsander Santa Rosa Gomes Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí 1a edição Editora: ECAM Porto Velho, 2017 A KANINDÉ – Associação de Defesa Etnoambiental é EQUIPE DA PESQUISA uma OSCIP – Organização Da Sociedade Civil de Inter- esse Público, sem fins lucrativos, dedicada à luta em KANINDÉ ASSOCIAÇÃO DE DEFESA defesa dos direitos dos povos indígenas, à conservação ETNOAMBIENTAL da natureza e ao uso sustentável da biodiversidade. Israel Correa do Vale Júnior Ivaneide Bandeira Cardozo Criada em 1992, a Kanindé busca soluções inovadoras Ivanete Bandeira Cardozo que promovam o desenvolvimento econômico justo e Selma Borges ambientalmente sustentável. Thamyres Mesquita Ribeiro Rua D. Pedro II, 1892, Sala 07 ASSOCIAÇÃO METAREILÁ DO POVO PAITER SURUI Bairro Nossa Senhora das Graças. Almir Narayamoga Surui CEP 76804-116 – Porto Velho – RO Arildo Gapame Surui Fone/fax 55 69 3229-2826 Luan Surui www.kaninde.org.br Miriam Osmídio - IN MEMORIAN [email protected] Ubiratan Surui Txepo Surui A Kanindé participa dos seguintes conselhos: CONABIO - Comissão Nacional de Biodiversidade Pesquisadores indígenas: CEPIR - Conselho Estadual da Promoção da Igualdade Antônio Surui Racial Charles Surui CONSEPA - Conselho Estadual de Política Ambiental Denilson Surui CONDEMA - Conselho Municipal de Meio Ambiente de Daniel Surui Porto Velho Elí Surui Gilson Surui Conselho Deliberativo Mopidmore Surui Rubens Naraikoe Surui Mopilaar Surui Andreia Fortini Mopi Surui Israel Correa do Vale Júnior Narai-etig-Om Surui Neide Faccin Paulo Surui Uiquereon Surui Coordenação Geral Ivanete Bandeira Cardozo Texto Alexsander Santa Rosa Gomes Coordenação Administrativa-financeira Eurides Araujo Oliveira Fotografia Alexsander Santa Rosa Gomes e Israel Correa do Vale Conselho Fiscal Júnior Edjales Benicio Brito Elias Correia Alves Projeto gráfico e diagramação Elisabete Ribeiro Rodrigues Adriana Zanki Cordenonsi Capa Fusão de imagens de Israel Correa do Vale Júnior (árvore e macaco) e Gabriel Uchida (indígena Surui). FICHA CATALOGRÁFICA G633a GOMES, Alexsander Santa Rosa. Automonitoramento Paiter Surui sobre o uso de mamíferos de médio e grande porte na terra indígena Sete de Setembro,Cacoal, Rondônia,Brasil/Alexsander Santa Rosa Gomes. - Porto Velho, Rondônia, 2017. 22f.:il. ISBN: 978-85-99991-16-9 1. Automonitoramento. 2.Mamíferos 3. Amazônia.I.Gomes, Alexsander Santa Rosa. II.Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé.III. Título. CDD: 557 CDU:591.5 Bibliotecário Responsável: Gilnei Royer Matos CRB11/1017 6 RESUMO Entre Abril de 2012 e Junho de 2013 oito pesqui- kg de MMG, biomassa de apenas 5 espécies que sadores indígenas fizeram censos de mamíferos foram utilizadas como fonte de alimentação. não-voadores de médio e grande porte em duas Foram capturadas apenas cinco espécies – Ta- trilhas e monitoraram a caça em cinco aldeias da yassu pecari (queixada), Pecari tajacu (cateto), Terra indígena Sete de Setembro - TISS. O monito- Sapajus apella (macaco-prego), Dasypus novem- ramento de animais de caça é essencial para com- cinctus (tatu-galinha) e Dasypus kappleri (tatu-15 preender padrões e composição da comunidade quilos) - e 455 indivíduos foram capturados du- biológica (diversidade, distribuição e abundân- rante os 15 meses de pesquisa, pouco mais de cia), assim como as mudanças causadas pelo im- um indivíduo (de qualquer espécie) por caçador, pacto humano (caça e consumo). por mês, um rendimento por unidade de esforço relativamente baixo. O envolvimento de moradores locais no monito- ramento e na gestão de áreas protegidas é cres- Foram realizados 105 censos diurnos e percorri- cente, gerando resultados para a conservação dos 840 km na TISS nos dois transectos: 420 km na da biodiversidade local e contribuindo para o AREA RECUPERAÇÃO próximo a aldeia Lapetanha emponderamento das comunidades locais. Este (TL) e 420 km AREA PRODUÇÃO próximo a al- trabalho teve por objetivo compartilhar resulta- deia Apoena Meireles (TAP). Foram observados dos obtidos da análise dos dados coletados por 1.143 mamíferos terrestres não-voadores de 22 indígenas sobre a distribuição e abundância de espécies e seis ordens taxonômicas. A iniciativa mamíferos de médio a grande porte e sobre as valorizou o saber tradicional, aliado aos métodos caçadas realizadas no período de Abril de 2012 a científicos, buscando o envolvimento da comuni- Junho de 2013 na TISS. Nas cinco aldeias foram dade na obtenção de soluções para o manejo da aplicados 443 questionários, entrevistados 27 fauna de MMG da TISS e conservação da cultura caçadores que relataram a captura de 7.618,29 Paiter. 7 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - A área de ação do Projeto de Carbono Florestal Surui – PCFS. Fonte: IDESAM,2012. 11 Figura 2 - Mapa de localização da Terra Indígena Sete de Setembro e as 27 aldeias. Fonte: www.ecam.org.br 13 Figura 3 - Estrutura do Sistema de Governaça Paiter Surui. Fonte: Cardozo,2013. 14 Figura 4 - Localização da TISS cercada por áreas desmatadas em vermelho (arco do desmatamento). Fonte: IDESAM, 2011 16 Figura 5 - Queixada (Tayassu pecari). Foto: Alexsander S.R.Gomes. 17 Figura 6 - Flecha Paiter Surui adornada com pelos de queixada. Foto: Israel Vale. 17 Figura 7 - Cateto (Pecari tajacu) criado por comunidade Paiter Surui. Foto: Alexsander S.R.Gomes. 18 Figura 8 - Passos para gerar formulários eletrônicos na plataforma ODK. Fonte: Google.com 20 Figura 9 - Aula prática: manuseio de aparelhos com formulários (caça e transecção linear) instalados. Foto: I.Vale 21 Figura 10 - Aula prática: observação de animais em transecção linear. Foto: Israel Vale. 23 Figura 11 - Número de indíviduos capturados por espécie nas aldeias Lapetanha, Joaquim, Nabeko-Dabalakibá, Kabaney e Apoena Meireles entre abril de 2012 e junho de 2013 na TISS 25 Figura 12 - Total de biomassa “por espécie” coletada nas aldeias Lapetanha, Nabeko-Dabalakibá, Kabaney e Apoena Meireles 25 Figura 13 - Biomassa total de macaco-prego, tatu-galinha e tatu-de-quinze-quilos capturados nas aldeias Lapetanha, Joaquim, Nabeko-Dabalakibá, Kabaney e Apoena Meireles, TISS. 26 Figura 14 - Pesquisador indígena (Antônio Surui) preenchendo formulário de pesquisa em aula prática no Centro de Cultura e Formação da Kanindé. 28 Figura 15 - Mapa de etnoconservação ambiental do Povo Paiterey. Fonte: Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé. 32 Figura 16 - Equipe de pesquisa formada no primeiro curso de capacitação em técnicas de biomonitoramento em terras indígenas. Foto: Israel Vale. 34 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 –Biomassa (kg) de mamíferos de médio e grande porte capturados por 27 caçadores das aldeias ( Lapetanha, Joaquim,Nabeko-Dabalakibá, Kabaney e Apoena Meireles) da Terra Indígena Sete de Setembro, Cacoal, Rondônia, entre abril de 2012 e junho de 2013. 27 Tabela 2 – Ranking das 10 espécies de mamíferos de médio e grande porte mais avistadas em transectos lineares próximos a aldeia Lapetanha (TL) – área de recuperação (secundária) – e próximo a aldeia Apoena Meireles (TAP) – área de produção – durante o período de abril de 2012 a junho de 2013. 29 Tabela 3 - Número e taxa de avistamento das espécies de mamíferos de médio e grande porte registradas em cada transecto TL e TAP, no período de abril de 2012 a junho de 2013 30 8 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 10 1.1 O Projeto de Carbono Florestal Suruí - PCFS 11 1.2 Automonitoramento da fauna 11 2. OBJETIVOS 12 2.1 Objetivo geral 12 2.2 Objetivos específicos 12 3. MATERIAL E MÉTODOS 13 3.1 Área de Estudo 13 3.2 O Povo paiter Surui 14 3.3 Histórico de conflitos 15 3.4 Os Impactos das Ações ilegais da extração de madeira 15 3.5 Espécies prioritárias para conservação 16 4. PROCESSO DE CAPACITAÇÃO DE PESQUISADORES INDÍGENAS 19 5. RESULTADOS 24 5.1 Caçadas 24 5.2 Censos 28 6. DISCUSSÃO 31 7. CONCLUSÕES 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37 9 1. INTRODUÇÃO O monitoramento é o processo de coleta de crescente, gerando resultados para a conservação informações sobre as variáveis no tempo, para esti- da biodiversidade local e contribuindo para o em- mar estados de um sistema e as mudanças no tempo poderamento das comunidades locais (Danielsen (Yoccoz et al 2001). O monitoramento de animais de et.al.,2010).O monitoramento participativo busca con- caça é essencial para compreender padrões e com- ciliar conhecimentos, interesses e perfis dos distintos posição da comunidade biológica (diversidade, dis- atores locais (Moller et. al.,2004) e a integração entre o tribuição e abundância), assim como as mudanças cau- conhecimento local e a pesquisa científica pode guiar sadas pelo impacto humano (caça e consumo) (Peres & a tomada de decisões e criar politicas públicas mais Cunha, 2011). adaptadas a realidade regional. Na região amazônica brasileira são os Os seres humanos no Bioma Amazônia, an- mamíferos de médio e grande porte (MMG) o foco da tes da colonização europeia, nos milênios que suced- maioria dos programas de monitoramento (Munari et eram a sua chegada, parecem ter produzido impactos al., 2011), pois constituem os principais animais terres- reduzido na biodiversidade (Meggers,1987). Durante a tres de caça, importantes para a alimentação das co- maior parte desse tempo passado, os humanos consti- munidades indígenas e rurais. tuíam-se em pequenos bandos nômades de caçadores e coletores. Os mamíferos da Amazônia, incluem um grande número de endemismos (Fonseca et al., 1996, A caça foi registrada há mais de 10.000 anos 1999), e o conhecimento sobre isso vêm aumentan- nas florestas tropicais da América de Sul (Roosevelt do com a intensificação de trabalhos de campo na et. al.,1996). Na região Amazônica as populações con- região, (Van Roosmalen et al., 1998; Van Roosmalen et vivem e manejam a biodiversidade, quando usam seus al., 2002; Ferrari et al., 2010; Gualda-Barros et al., 2012).