Uma Descrição Da Morfologia E De Aspectos Morfossintáticos Da Língua Akwê-Xerente (Jê Central)
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UNB INSTITUTO DE LETRAS – IL DEPTO. DE LINGUÍSTICA, PORTUGUÊS E LÍNGUAS CLÁSSICAS – LIP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA – PPGL UMA DESCRIÇÃO DA MORFOLOGIA E DE ASPECTOS MORFOSSINTÁTICOS DA LÍNGUA AKWÊ-XERENTE (JÊ CENTRAL) Brasília 2016 RODRIGO GUIMARÃES PRUDENTE MARQUEZ COTRIM UMA DESCRIÇÃO DA MORFOLOGIA E DE ASPECTOS MORFOSSINTÁTICOS DA LÍNGUA AKWÊ-XERENTE (JÊ CENTRAL) Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Linguística do Programa de Pós-Graduação em Linguística do Instituto de Letras da Universidade de Brasília (PPGL-IL-UnB), como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Linguística. Orientadora: Dra. Ana Suelly Arruda Câmara Cabral Brasília 2016 RODRIGO GUIMARÃES PRUDENTE MARQUEZ COTRIM UMA DESCRIÇÃO DA MORFOLOGIA E DE ASPECTOS MORFOSSINTÁTICOS DA LÍNGUA AKWẼ- XERENTE (JÊ CENTRAL) Tese defendida e aprovada em _____/_____/_____, pela banca examinadora constituída pelos seguintes membros: ______________________________________________________________________ Professora Dra. Ana Suelly Arruda Câmara Cabral, PPGL-IL, UnB (Orientadora) ______________________________________________________________________ Professora Dra. Rozana Reigota Naves, PPGL-IL, UnB (Membro interno) ______________________________________________________________________ Professora Dra. Helena Guerra Vicente, PPGL-IL, UnB (Membro interno) ______________________________________________________________________ Professora Dra. Denise Silva, UNESP (Membro externo) ______________________________________________________________________ Professor Dr. Sanderson Soares Castro de Oliveira, UEA (Membro externo) ___________________________________________________________________ Professor Dr. Jorge Lopes, UFPA (Membro suplente) “(...) não se cifra somente em entender as várias palavras em sua significação usual, mas na compreensão plena de toda a vida da comunidade, tal como ela se espalha nas palavras ou as palavras a sugerem em surdina” (Sapir, 1961, p. 20) “Na nossa língua há muita coisa escondida” Armando Sõpre Xerente (Aldeia Kripre, 23/10/2015) Aos professores e professoras indígenas Xerente cujas vozes e conhecimentos foram e continuam sendo únicos para as minhas transformações, sobretudo de visão de e no mundo. Aos meus pais, Rosimeiry e Roberto, e ao meu irmão Rogério, que com amor, carinho e compreensão me apoiaram em minhas transformações e no galgar de conhecimentos, tendo sempre em vista a humildade, o entusiasmo e o empenho contínuo. AGRADECIMENTOS Este trabalho não teria sido possível sem o apoio absoluto de várias pessoas, a quem agradeço incondicionalmente: Aos meus pais, pelo incentivo e pelo apoio irrestrito sempre. Por me mostrarem que com esforço e com simplicidade se alcança mundos e caminhos floridos. Ao meu irmão, Rogerio, pelo amor incondicional e por ter segurado a minha barra quando da minha ausência frente a responsabilidades compartilhadas, à Carla, amiga querida e esposa, e ao Rômulo, um ser de luz amado. Ao Jorge, pelo companheirismo, pela paciência, pelas palavras de conforto e pelo compartilhamento de ideais de uma vida intensa, alegre e de sonhos realizados e realizáveis. Às tias, tios, primas e primos pela alegria e apoio em todos os aspectos da vida. À Maria Helena “Baixinha”, por cuidar tão bem das pessoas e por trazer vida e alegria ao cotidiano familiar. Aos amigos e às amigas, de perto e de longe: Paulo, Carlos, Ednelson, Rodrigo Manga, Marcelo, Leandro, Júlio, Paula, Sorais, Melina, Júlia, Belkis, Laura, Lisset, Bene, Fincenza pelo presente inestimável de suas amizades. À Patrícia Tuxi, pelo amor autruísta, por todo o suporte emocional e físico, por me fazer sorrir e por secar as minhas lágrimas, por compartilhar de um mundo acadêmico mais real e mais humano. Aos amigos e professores da Universidade Estadual de Goiás, Campus Pirenópolis, Patrícia, João e Sérgio, por me apoiarem de perto e de longe, por fazerem o caminho da tese um pouco mais suportável. Aos colegas e amigos do Laboratório de Línguas e Literaturas Indígenas da Universidade de Brasília (LaLLI-UnB), Ednéia, Suseile, Ana Maria, Iasmin, Gabriela, Makaulaka, Kaman, Joaquim Kaxinawá, Páltu, Wary, Jorge, Ariel, Lucivaldo, Maxwell, Matheus, por toda a ajuda, trocas de conhecimento e pelo compartilhamento de um Brasil indígena mais justo. AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Agradeço imensamente aos professores que tanto me ensinaram nesta caminhada: Aos professores e professoras indígenas Xerente. À professora Dra. Ana Suelly Arruda Câmara Cabral, pelo ensino sério, sistemático e pela orientação rígida e carinhosa. Ao professor Dr. Aryon D’alligna Rodrigues (in memoriam). À professora Dra. Rozana Reigota Naves pelas contribuições inestimáveis e abertura dialógica. À professora Dra. Helena Vicente Guerra, por gentilmente e prontamente haver se disponibilizado a participar da banca desta tese. À professora Dr. Denise Silva, pelas trocas de conhecimento regadas de gentileza. Ao professor Dr. Jorge Lopes, pelo companheirismo no LALLI e pela prontidão em ajudar sempre. Ao professor Dr. Sanderson Soares Castro de Oliveira, pelo incentivo e observações de extrema pertinência à tese; pela leitura cuidadosa. Ao professor Dr. Henrrique Huelva, pelas trocas infindáveis de conhecimento, sobretudo, metafórico. À professora Dra. Mônica Veloso Borges pela participação na banca de qualificação desta tese e pelos conselhos inestimáveis. À professora Dra. Maria do Socorro Pimentel da Silva por me abrir as portas do universo indígena no curso de Educação Intercultural de formação superior de professores indígenas, da Universidade Federal de Goiás, e por haver confiado no meu trabalho nas aulas de Inglês Intercultural, de Línguas Indígenas e de Produção de material didático. E, novamente, aos docentes indígenas da UFG pelos ensinamentos de vida e de resistência. Tênharêtê! RESUMO A presente tese trata da documentação, descrição e análise de aspectos morfológicos e morfossintáticos da língua Xerente, pertencente ao tronco Macro-Jê, da família Jê Central (RODRIGUES, 1986; 1999). Procura-se ampliar aqui o conhecimento gramatical e lexical de uma língua indígena brasileira, contribuindo para análises linguísticas tipológicas futuras, bem como agregando conhecimento aos trabalhos prévios, destacando elementos não considerados nesses trabalhos. Inicialmente, apresento informações sociohistóricas do povo Xerente a partir da análise de documentos históricos originais, contextualizando a relação dos Xerente com os portugueses na então Província de Goiás, bem como com outros povos indígenas. Em seguida, apresento algumas notas sobre a fonologia segmental da língua, apresentando seus fonemas, o surgimento de novos sons no falar bilíngue, a relação fonema-grafema da língua, bem como seus pares mínimos e análogos e as suas estruturas silábicas. O capítulo sobre morfologia descreve as características da formação de palavras Xerente, apresentando a descrição de seus morfemas e reunindo as bases para classificá-la como uma língua que tende ao tipo isolante, com ocorrência mínima de morfemas flexionais e de um número reduzido de morfemas derivacionais. No capítulo sobre sintaxe (morfossintaxe) são apresentados os tipos de predicados identificados, levando em consideração a classe morfológica do núcleo do predicado, os argumentos obrigatórios, a distribuição dos marcadores de pessoa, a expressão de aspecto e de modalidade, e a possibilidade de o predicado ser modificado por expressões adverbiais. O capítulo seguinte trata da distribuição dos paradigmas de pronomes pessoais do Xerente, dividindo-os em cinco séries. Em seguida, são apresentadas os tipos de orações da língua, com destaque para as orações independentes e as orações dependentes. Os capítulos que seguem descrevem os tipos de expressões de negação encontradas na língua, os seus comandos, as orações interrogativas e as expressões de tempo, aspecto, modo e modalidade. Finalmente, apresento algumas considerações sobre as metáforas e os termos de classe em Xerente. Palavras-chave: Morfologia; Morfossintaxe; Descrição gramatical; Xerente (Jê); Línguas indígenas brasileiras. ABSTRACT This thesis deals with the documentation, description and analysis of morphological and morphosyntactic aspects of the Xerente language, belonging to the Macro-Ge branch, and to the Central Ge family (RODRIGUES, 1986; 1999). It searchs to expand the grammatical and lexical knowledge of a Brazilian indigenous language, contributing to future typological linguistic analysis, and adding knowledge to previous studies, highlighting elements not considered in these works. I initially present socio-historical information on the Xerente people from the analysis of historical documents, contextualizing the relationship of the Xerente with the Portuguese in the so-called Province of Goiás, as well as with other indigenous peoples. Then I present some notes on the segmental phonology of the language, with its phonemes, the emergence of new sounds in the bilingual speech, the phoneme-grapheme relationship, as well as the minimum and similar sound pairs and the syllabic structure of the language. The chapter on morphology describes the characteristics of the word formation of Xerente, with the description of its morphemes and gathering the bases to classify it as an isolated language, with a minimal occurrence of inflectional morphemes and a small number of derivational morphemes. The chapter on syntax (morphosyntax) lists the types of identified predicates, taking into account the morphological class of the predicate core, mandatory arguments,