Rosa Magalhães Sob Uma Perspectiva Cenográfica
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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Centro de Letras e Artes Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas André Sanches Sampaio O universo carnavalesco de Rosa Magalhães sob uma perspectiva cenográfica Rio de Janeiro 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO CENTRO DE LETRAS E ARTES – CLA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS - PPGAC André Sanches Sampaio O universo carnavalesco de Rosa Magalhães sob uma perspectiva cenográfica Orientador: Prof. Dr. José Dias Rio de Janeiro Agosto de 2011 Agradecimentos A reunião de diferentes talentos, sentimentos e razões garantem a idealização, produção e concretização de espetáculos teatrais, de dança, ópera, ou dos desfiles das escolas de samba. Os aplausos do público destinam-se, geralmente, ao momento presente levado à cena. Não podemos esquecer, entretanto, do árduo trabalho de criação, planejamento e ensaios que resultam na composição final, fruto da união de diversos profissionais. Nossas conquistas, assim como um espetáculo, também são coletivas, pois ao longo do nosso percurso contamos e precisamos do auxílio de outros. É por isso que agradeço, neste momento, a todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para a realização desse trabalho. Em primeiro lugar, agradeço aos meus pais, por garantirem todas as ferramentas e materiais necessários para minha formação. À minha mãe, Carmen Sanches, pela certeza incondicional do meu sucesso, estímulo e por acreditar em meus sonhos, antes mesmo do que eu. Ao meu pai, José Sanches, por respeitar minhas escolhas, pelo eterno carinho, apoio e a segurança reconfortante de que estará sempre presente, mesmo morando distante. E ao meu pai emprestado, Fernando Pedro, por todo incentivo, interesse e admiração sincera pela minha profissão. Ao Bruno, que faz parte desse sonho e da minha vida, agradeço pelo companheirismo e paciência. Ao professor José Dias, mestre que me ensinou a dar os primeiros passos no universo da cenografia e cujos ensinamentos, indicações e convívio despertaram, em mim, o interesse ainda maior pelo estudo do teatro. Pela atenção, paciência e confiança, deixo aqui meu sincero agradecimento. Aos membros da minha Banca de Qualificação, professor Adilson Florentino e professora Lídia Kosovski, pelos comentários e contribuições que ampliaram e renovaram meu olhar cansado. À professora Helenise Guimarães, da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pelo empréstimo, indicações de livros e publicações, que tanto me auxiliaram a mergulhar no maravilhoso universo da história do carnaval carioca. E finalmente, à Rosa Magalhães, pela atenção, paciência e confiança em permitir que seu modo singular e criativo de pensar/fazer carnaval tenha se tornado o enredo deste processo investigativo. Assim, encerro (ou inicio) outro espetáculo da minha vida! Entro lentamente na escrita assim como já entrei na pintura. É um mundo emaranhado de cipós, sílabas, madressilvas, cores e palavras – limiar de entrada de ancestral caverna que é o útero do mundo e dele vou nascer. Clarice Lispector, 1998 RESUMO Investigar modos como uma profissional, artista do carnaval e do teatro, produz conhecimentos em suas práticas cotidianas, e de que forma estes conhecimentos dialogam com sua formação acadêmica, foi o objetivo maior desta pesquisa. Nesse sentido, a ação investigativa procurou reconstituir os singulares caminhos percorridos por Rosa Magalhães na construção de um estilo artístico próprio, compreendendo, também, como o universo carnavalesco, no qual estava inserida, influenciou em sua concepção artística. O desafio assumido foi o de exercitar uma escrita que dialogasse com narrativas, conversas e imagens, abrindo possibilidades para um texto potencializador da experiência cotidiana. A opção teórico- metodológica, pela investigação narrativa, possibilitou a exploração de modos de narrar próprios da linguagem cenográfica. A conversa realizada com a artista, onde fotografias e vídeos dos seus carnavais estiveram presentes, permitiu a recuperação de memórias, tecendo uma rede de informações com o objetivo de reviver sua trajetória. Rosa Magalhães, tomada por sua cultura e tradição, deixa transparecer continuamente intensas marcas pessoais ao associar, constantemente, suas paixões, desejos e necessidades aos trabalhos realizados, fruto da união de preferências éticas e estéticas, relacionadas a tempos e espaços. A conexão estabelecida pela artista entre a linguagem teatral e carnavalesca, o contato com o mundo ao seu redor e os contínuos intercâmbios de ideias, contribuíram para a construção de uma estética própria de fazer carnaval. Palavras-chave: Carnaval; Escola de Samba; Cenografia; Processo de criação artística; Teatro. ABSTRACT This paper aims at investigating how a professional who is both a theater set designer and a carnival school arts director, produces knowledge in her daily practices and how this knowledge dialogs with her academic background. In this sense, the developed research attempted to re-build the pathways Rosa Magalhães took towards the construction of a unique artistic style. It also aimed at analyzing how much carnival has influenced her artistic design. The greatest challenge taken during the research period was to practice a style of writing which would harmonize with narratives, talks and images that would create possibilities for this paper to ignite everyday experiences. Concerning theory and methodology, choosing an investigative narrative research has enabled the exploitation of typical ways of narrating in set designing context. Videos and photos of past productions were present during the interview sessions which thus allowed Rosa Magalhães to revive some memories and consequently helped in analyzing her career. Rosa Magalhães puts a great deal of her own culture and traditions into her work which therefore leaves personal imprints when she constantly associates her passions, desires and needs which are products of ethic and aesthetic preferences related to time and space. The connections between theater and carnival discourse, her personal experiences and the continuous exchange of ideas helped in the construction of a singular way of making carnival. Key words: Carnival, Samba School, Set Designing, Process of artistic creation; Theater. Sumário Pede Passagem..........................................................................................08 Comissão de Frente: prólogo Apresentando o tema....................................................................................12 Abre–Alas: horizontes teórico-metodológicos Narrativas, conversas e imagens......................................................................23 Enredo: passo a passo o samba cresceu Cenógrados “caem” no samba: uma (r)evolução espetacular...................................39 Carnavalescos subvertem a realidade e dão forma a ilusão....................................64 Evolução: conversa com Rosa - lembranças, influências e modos de criar Criação em rede............................................................................................81 Primeiro grande desafio no carnaval................................................................91 Apoteose de um estilo..................................................................................108 Mediações artísticas....................................................................................131 Conjunto: epílogo Considerações finais....................................................................................150 Referências Bibliográficas...............................................................154 Referências Iconográficas...............................................................159 Apêndice..............................................................................................166 Pede Passagem Vai passar Nessa avenida um samba popular Cada paralelepípedo Da velha cidade essa noite vai se arrepiar Ao lembrar Que aqui passaram sambas imortais Que aqui sangraram pelos nossos pés Que aqui sambaram nossos ancestrais (...) Vai Passar (Chico Buarque e Francis Hime) La vem o batuque, vamos sambar. Vai começar a festa! Esqueça a dor da vida, comemorando na avenida... Eram breves as palavras que constavam nos tripés ou estandartes de pede-passagem nos carnavais antigos. Geralmente as escolas de samba utilizavam este recurso para apresentar o enredo e saudar, no início do desfile, o público e a imprensa. Meu samba pede passagem Meu samba pede o ingresso Meu samba quer homenagem Porque meu samba é sucesso (...) O Samba Melhor do Brasil (Cláudio Jorge Letras) Neste momento sou eu que peço passagem, cumprimentado a todos com um sorriso involuntário, sobre o qual dispenso qualquer controle. Na vida cada um tem suas próprias folias, alegrias, tristezas, intempéries, derrotas, vitórias e a cíclica sensação de que o fim anda ao lado do seu recomeço. Mas certas etapas e acontecimentos merecem um carnaval à parte. A vocês, a minha folia, minha alegria. A vocês, a alegoria de uma vida renovada. A vocês, o meu passado sob nova perspectiva. A vocês, peço passagem e dedico minha saudação... Chegou a hora da escola de samba sair Deixar morrendo no asfalto uma dor que não quis Quem não soube o que é ter a alegria na vida Tem toda a avenida pra ser muito feliz Vai... Arrasta a felicidade pela rua Esquece a quarta-feira e continua Vivendo, chegando Traz... Unido o povo cantando com vontade Levando em seu estandarte uma verdade Seu coração... Vai... Balança a bandeira colorida Pede passagem pra viver a vida Pede Passagem