Sandra Aparecida De Paula Mantovani Orientadora
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Ç II RELATÓRIO DE DISCIPLINAS Sandra Aparecida de Paula Mantovani FLÁVIO IMPÉRIO: IDENTIDADE EXPRESSIVA NA DIREÇÃO DE LABIRINTO. UMA RECONSTITUIÇÃO VIRTUAL Orientadora: Profª Drª Silvana Garcia DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA AO DEPARTAMENTO DE ARTES CÊNICAS DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTE DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO São Paulo 2004 Dissertação defendida em...................de...................de 2004 COMISSÃO: ------------------------------------------------------, Presidente ------------------------------------------------------ ------------------------------------------------------ 2 “João de Barro ou da Silva, faz sua casa com a mão. Ninguém diz que é arquiteto; é João”. Flávio Império 3 Dedico a Myrian Muniz, que me revelou Flávio Império. Mestra eterna. 4 Agradecimento Especial A minha orientadora Profª Drª Silvana Garcia, por acreditar nesse trabalho. Ao Clóvis Vieira, sem a sua ajuda e amizade esse trabalho não seria possível. Ao meu filho Ricardo, por existir. Ao Nilton Silva, pelo amor, companheirismo e muita paciência. Ao Walmor Chagas, pela gentileza com que abriu a memória de Labirinto. A Amélia Hamburguer Império, por abrir os arquivos e pelos momentos raros em sua companhia. A Maria Thereza Vargas, pelas inúmeras contribuições. Ao Djalma Batista Limongi, um amigo que o mestrado trouxe, e pelo entusiasmo com que contribuiu para a realização desse trabalho. Ao Profº Marcelo Tassara, por todo apoio recebido. A minha mãe Antonia, por sempre acreditar nos meus sonhos. Ao Cacá D’ Andretta, por me mostrar os vários caminhos. 5 Agradecimentos Perdoem-me os que com certeza esquecerei de citar. A Cláudio Luchesi, Fauzi Arap, Gianni Ratto, José Nazário, Sérgio Mindlin e Sidney Valle, pela disponibilidade e generosidade nas entrevistas. A Reinaldo Amaro Mesquita, pelo prazer de compartilhar as idéias. A Ion de Freitas Filho, por me apresentar os hexagramas e sempre me incentivar a seguir adiante. A Ana Maria Magalhães, por todas as conversas. A Cláudio Lavoretti, pela amizade e transcrições das fitas VHS em arquivos digitais. A Eduardo Vieira, pela consideração e profissionalismo ao finalizar o DVD. A Clívia Ramiro, pela revisão deste trabalho. 6 RESUMO Realizada por Flávio Império em 1973, a direção de Labirinto é considerada diferenciada da direção de todas as montagens até então. Seu aspecto multimídia revelou a abrangência de várias áreas das artes visuais, além da cênica. Flávio imprimiu ao trabalho seu pensamento de arquiteto, ele trabalha a obra com maestria incomum, como se ela fosse formada por micro universos que compõem um excepcional conjunto em que o detalhe faz a diferença. Por meio da reconstituição virtual da cenografia de Labirinto, este trabalho mostra o resgate de uma parte desse espetáculo, buscando trazer ao nosso tempo a imagem não registrada na época. Mais do que a cenografia em si, esse trabalho tentou aproximar-se, ao menos por 5 minutos e 25 segundos de animação, do ambiente e do clima do espetáculo na ocasião, revivendo a beleza incomum da criação de Flávio Império. Labirinto foi uma montagem adiante de seu tempo, somente possível pela genialidade de um artista múltiplo que, com sua habilidade ímpar, expressa, ainda hoje, a modernidade incorporada à encenação. Essa reconstituição revela que Flávio Império não foi somente um grande cenógrafo, mas também um excepcional diretor. Seu trabalho em Labirinto é atemporal e essa reconstituição atesta que, se montado atualmente, este ainda seria um grande espetáculo visual multimídia. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO..........................................................................................09 PRIMEIRO CAPÍTULO Aspectos de Flávio Império como cenógrafo e diretor.......................24 SEGUNDO CAPÍTULO Flávio Império – Direção de Labirinto...................................................47 CONCLUSÃO...........................................................................................77 BIBLIOGRAFIA.........................................................................................83 ANEXO......................................................................................................89 8 INTRODUÇÃO “Atenta para as sutilezas que não se dão em palavras. Compreende o que não se deixa capturar pelo entendimento”. Rumi 9 Nos sete anos em que estudei na escola de teatro de Myrian Muniz, um personagem constante se fazia presente nas citações da diretora: Flávio Império. As referências ao artista eram tentativas de transmitir conceitos que eu desconhecia até então. Após três anos, percebi estar integrada a uma prática teatral bastante peculiar que eu associava às características de Myrian Muniz. Após seis anos de estudo, uma ocorrência mudaria totalmente minha visão sobre todas as atividades desenvolvidas até aquele momento. Foi quando visitei a exposição Flávio Império em cena, no SESC Pompéia, e sofri o impacto de seu trabalho. Naquele momento, compreendi que os procedimentos exigidos anteriormente por Myrian Muniz tinham raiz na obra de Flávio Império e que o exercício teatral da diretora buscava uma continuidade dos processos iniciados pelo artista. Também considerei que a magnitude do trabalho de Flávio Império justificaria a exposição em um espaço permanente, assim como um estudo mais profundo. Durante três dias, visitei a exposição procurando mergulhar naquele universo multifacetado, que apresentava formas e conteúdos inovadores. Passado ano e meio, eu já adquirira coragem e ousadia suficientes para tentar empreender um trabalho acadêmico sobre Flávio Império. A princípio, pensei em abordar a interferência de seu trabalho na direção dos espetáculos que cenografou. Sendo sua obra tão vasta, compreendi que não seria possível abrangê-la totalmente; assim, procurei formatar uma pesquisa que expusesse uma vertente do trabalho do artista. A escolha recaiu sobre a direção de Flávio Império em suas próprias montagens. Mesmo optando por este único aspecto, angustiava-me o fato de a apresentação do trabalho ser apenas escrita, contando, no máximo, com os depoimentos de amigos e colaboradores de Flávio. Sendo ele um artista que se expressava visualmente, entendi que o trabalho deveria incorporar outros elementos expressivos. Durante entrevista com a pesquisadora Maria Thereza Vargas para essa dissertação, tomei conhecimento da existência de uma fita cassete com a gravação do áudio do espetáculo Labirinto, uma apostila com 10 vários poemas, duas críticas do espetáculo e o programa da peça. Com o surgimento desta fita cassete, vislumbrei a possibilidade de incorporar à minha pesquisa o trabalho de reconstituição audiovisual da montagem, unindo partes da gravação a imagens virtuais tridimensionais. Para este trabalho, eu poderia valer-me de minha experiência de 20 anos na área audiovisual, mas, acima de tudo, esta me pareceu a forma mais coerente para a apresentação da pesquisa sobre a identidade expressiva de Flávio Império, um artista que já utilizava recursos audiovisuais em 1973. Sou graduada em Comunicação Visual pela FAAP. Ainda cursando o último ano, produzi meu primeiro mocap para um comercial da Ciba, veiculado na televisão e produzido pela produtora Prisma Cinema Especial, à qual de imediato solicitei um estágio. Logo após o primeiro mês, fui contratada como assistente de produção do cineasta Clóvis Vieira, com quem trabalhei por seis anos, período em que absorvi o máximo possível sobre a produção de efeitos especiais para cinema e televisão, produzindo desde vinhetas até efeitos mais complexos para longas-metragens. Esta oportunidade proporcionou-me experiência em produção de efeitos especiais para desde o storyboard até o produto final. As oportunidades que me foram dadas durante esse tempo na produtora foram a minha grande escola para a prática da comunicação visual nas mais diversas áreas. Após esse período, continuei sempre trabalhando com as artes visuais. Em 1992, procurei um curso de teatro com o único objetivo de acabar com minha inibição nas apresentações de piano em público, atividade que desenvolvia há cinco anos. O teatro despertou interesses por algumas áreas que eu desconhecia, como cenografia, figurinos, produção de espetáculos e várias outras atividades que tive a oportunidade de desenvolver no período em que estive com a diretora Myrian Muniz. Com este novo interesse, a música acabou relegada ao segundo plano. Essa jornada me conduziu ao desenvolvimento de um trabalho que atravessasse os limites do conteúdo e adquirisse importância também quanto à forma, de modo que foi graças às experiências acumuladas nas áreas de 11 comunicação visual e artes cênicas que pude formatar sua apresentação. Uma importante descoberta ocorreu durante a pesquisa: uma fita cassete guardada durante 30 anos com a gravação da peça, feita por um espectador, me foi entregue por Maria Thereza Vargas. Enriquecendo o trabalho, o material serviu como base para a reconstituição audiovisual do espetáculo. No primeiro capítulo, traçamos alguns aspectos da trajetória de Flávio Império como cenógrafo, inicialmente no Grupo de Arte Dramática da Comunidade de Trabalho Cristo Operário e, em seguida, de sua profissionalização, com a entrada no Teatro de Arena, onde pôde experimentar novas concepções cenográficas a partir de um novo espaço. Também são abordadas sua participação no Teatro Oficina; sua direção do espetáculo Os fuzis de Dona Tereza, de Brecht; sua passagem pelo Teatro do Sesi; e sua parceria com o diretor Fauzi Arap, cuja sincronia de idéias permitiu a criação de espetáculos como o musical Rosa dos ventos que, posteriormente, inspiraria