Universidade Federal Do Pampa Campus Santana Do Livramento Bacharelado Em Relações Internacionais
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS SANTANA DO LIVRAMENTO BACHARELADO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS MARIA FLORENCIA GUARCHE RIBEIRO A REVOLUÇÃO EM ROJAVA: JIN, JIYAN, AZADÎ (MULHERES, VIDA, LIBERDADE). MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DE CURSO Santana do Livramento 2015 2 MARIA FLORENCIA GUARCHE RIBEIRO A REVOLUÇÃO EM ROJAVA: JIN, JIYAN, AZADÎ (MULHERES, VIDA, LIBERADADE). Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Federal do Pampa– UNIPAMPA. Orientador: Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt. Co-orientador: Prof. Dr. Bruno Lima Rocha Beaklini Santana do Livramento 2015 3 Ficha catalográfica elaborada automaticamente com os dados fornecidos pelo(a) autor(a) através do Módulo de Biblioteca do Sistema GURI (Gestão Unificada de Recursos Institucionais). R484r Ribeiro, Maria Florencia Guarche A REVOLUÇÃO EM ROJAVA: JIN, JIYAN, AZADÎ (MULHERES, VIDA, LIBERADADE) / Maria Florencia Guarche Ribeiro. 147 p. Trabalho de Conclusão de Curso(Graduação) -- Universidade Federal do Pampa, RELAÇÕES INTERNACIONAIS, 2015. "Orientação: Victor Hugo Veppo Burgardt". 1. Rojava. 2. Revolução curda. 3. Curdistão. 4. Confederalismo democrático. 5. PKK. I. Título. 4 MARIA FLORENCIA GUARCHE RIBEIRO A REVOLUÇÃO EM ROJAVA: JIN, JIYAN, AZADÎ (MULHERES, VIDA, LIBERADADE). Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA. Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em: ___/___/___. Banca examinadora ______________________________________________________ Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt Orientador (UNIPAMPA) ______________________________________________________ Prof. Dr. Antônio José Guimarães Brito (UNIPAMPA) ______________________________________________________ Prof. Dr. Flávio Augusto Lira Nascimento (UNIPAMPA) 5 À resistência em Rojava. 6 AGRADECIMENTO Este trabalho jamais poderia ter sido executado sem a ajuda, compreensão e apoio de inúmeras pessoas. Tantas foram elas que não há palavras suficientes que demonstrem minha gratidão. Guardo em mim um profundo respeito e admiração a todas essas pessoas que me cativaram com sua luta e me inspiraram a acreditar neste projeto. Agradeço aos meus pais, meu irmão e ao meu companheiro, Alisson, por acreditarem em mim e por me incentivarem diariamente, independente das adversidades. Aos meus pais, especialmente, por nunca terem medido esforços para que eu possa realizar meus sonhos e me desenvolver como ser humano. A eles, todo meu amor e dedicação, para sempre. Sou extremamente grata aos meus colegas, pelo apoio, companhia e amizade durante esses quatro anos de curso. A vocês, meus amigos, lhes desejo as maiores alegrias e torço para que possamos nos encontrar inúmeras vezes em nossa jornada. Do mesmo modo, não posso deixar de agradecer, especialmente, aos meus mestres, professores e professoras que me encantaram e contribuíram para a minha formação como um ser humano melhor. Obrigada a todos e todas por terem me ensinado muito mais do que teorias, mas como ser (e como não ser) uma pessoa melhor. Aqui, quero agradecer ao meu orientador, Prof. Victor Hugo que com todo carinho e respeito, aceitou este desafio e me acolheu como orientanda. Obrigada! Um agradecimento especial aos Comitês de Solidariedade ao Curdistão que criam uma força-tarefa incentivando e contagiando pessoas mundo afora a conhecer a revolução. Obrigada as mulheres do Comitê de Porto Alegre e Montevideo pelo acolhimento, pelo apoio e por, sobretudo, contribuir para a expansão da solidariedade internacional. Meus mais sinceros sentimentos de gratidão a Melike Yasar, minha grande inspiração! A Carlos Pazmiño, por me manter focada e me oferecer uma voz calma e sensata nos momentos de desespero. Ao Prof. Bruno Lima Rocha, meu co-orientador, pelo apoio e por ser um grande referencial do Brasil no assunto e a Thoreau Redcrow, grande parceiro e professor em diversos momentos. Certamente muito do que aprendi veio de vocês. Um agradecimento especial ao Paulo, amigo de longa data, do qual tenho grande admiração e agradeço por ter me apresentado à Revolução. Sei que as palavras jamais serão suficientes para expressar minha gratidão e admiração por todas essas pessoas que confiaram em mim e contribuíram um pouco para a execução deste trabalho. Contudo, não posso deixar de demonstrar minha gratidão às protagonistas desta revolução. Agradeço do fundo do meu coração, a todas essas mulheres que dão sua vida 7 por aquilo que acredito ser a maior revolução dos últimos tempos. Minha completa e total admiração a vocês, mulheres, que tomaram as rédeas de suas vidas e conduzem este fantástico experimento em meio à guerra e a opressão. Desejo que todas nós, feministas do mundo, sejamos capazes de conhecê-las e unir forças para o fim do sistema patriarcal em cada canto deste planeta. 8 “Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar”. Bertold Brecht Berxwedan jiyane. (A resistência é a vida )- Lema curdo. 9 RESUMO O povo curdo é a maior nação sem Estado do mundo. Como apátridas, vivendo no sistema de Estado-nação, encontram-se numa complexa condição de vulnerabilidade social para além de sua localização geográfica, centrados em território de quatro Estados (Turquia, Irã, Iraque e Síria), enfrentam graves desafios políticos, socais e econômicos, o que ameaçam a sua sobrevivência. Limitados pelas estruturas dos Estados à sua volta, cercados pelas fronteiras e subjugados por décadas aos interesses dos grupos dominantes, os curdos viram na luta armada e, mais recentemente, no Confederalismo Democrático uma alternativa efetiva para dar voz a um novo modelo de sociedade, contrastando com o modelo chauvinista de construção nacional, típico do Oriente Médio. Tal sistema social, idealizado por Abdullah Öcalan, líder do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), reúne conceitos de Murray Bookchin (municipalismo libertário e ecologia social) e Immanuel Wallerstein, estruturando- se sobre três eixos: a democracia radical de base, libertação das mulheres (luta antipatriarcal) e ecologismo (anticapitalismo). Os últimos vinte anos foram decisivos na reestruturação da ideologia do PKK, principalmente se considerarmos o papel essencial desenvolvido pelas mulheres. Foram as mulheres curdas que trouxeram, em maior medida, a necessidade da construção de um sistema social que se opusesse ao patriarcado, dada a necessidade de estruturação de um projeto político e social que tenha como eixo central a libertação das mulheres, surge assim a jineology. Considera-se que o Estado é o problema, sendo o grande replicador da desigualdade, do sexismo e o pilar que sustenta a sociedade patriarcal. O processo revolucionário implementado em Rojava ganha força a partir da guerra civil síria aplicando o Confederalismo Democrático a despeito das estruturas vigentes. Tal revolução resultou na criação de três cantões, autogestionados e estruturados em autonomia democrática. São eles: Cizre (Al-Jazeera), Kobanê e Efrin, objetos de nossa pesquisa. A revolução em Rojava busca a libertação curda pelas vias da autonomia, a autogestão e a participação política e social de todos seus participantes. PALAVRAS-CHAVE: Confederalismo Democrático. Curdistão. Rojava. Jineology. Ecologismo. 10 RESUMEN El pueblo kurdo es la mayor nación sin Estado del mundo. Como apátridas, habitantes de un sistema de Estado-nación, se encuentran en una compleja condición de vulnerabilidad social más allá de su localización geográfica, centrados entre el territorio de cuatro Estados (Turquía, Irán, Irak y Siria), enfrentan graves desafíos políticos, sociales y económicos que amenazan su supervivencia. Limitados por las estructuras de los Estados a su alrededor, cercados por las fronteras y subyugados a los intereses de los grupos dominantes por décadas, los kurdos encuentran en la lucha armada y, recientemente, en el Confederalismo Democrático, una efectiva alternativa para dar voz a un nuevo modelo de sociedad, contrastando con el modelo chauvinismo de construcción nacional, típico de Medio Oriente. Este sistema, idealizado por Abdullah Öcalan, líder del Partido de los Trabajadores de Curdistán (PKK), reúne conceptos de Murray Bookchin (municipalismo libertario y ecología social) e Immanuel Wallerstein, estructurándolo en tres bases: democracia radical de base, liberación de las mujeres (lucha antipatriarcal) y ecologismo (anticapitalismo). Los últimos años fueron decisorios en el proceso de reestructuración ideológica del PKK, principalmente si considera-se el rol esencial cumplido por las mujeres. Fueron ellas, las mujeres kurdas, que aportaron, en mayor medida, la necesidad de construcción de un sistema social que fuera opuesto al sistema patriarcal, dada la necesidad de estructuración de un proyecto político y social que tenga como eje central la liberación de las mujeres. Surge así la ciencia de las mujeres, jineology. Se considera al Estado como un problema, siendo el gran reproductor de la desigualdad, del sexismo y el pilar que sustenta la sociedad patriarcal. El proceso revolucionario implementado en Rojava gana fuerza a partir de la guerra civil Siria, aplicando el Confederalismo Democrático