Filmes Da África E Da Diáspora

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Filmes Da África E Da Diáspora F I As tecnologias de armazenamento e reprodução L M de dados – DVD, site de download legal ou ilegal E de filmes na internet – vêm facilitando o acesso S rápido às filmografias dos cineastas africanos. Os cinemas da África são plurais não apenas de um ponto D Este fator tecnológico permite também que os de vista geográfico e cultural: eles o são ainda mais pelas A FILMES filmes provenientes da África e de suas diferentes diferentes maneiras como cada cineasta, com poéticas e Á diásporas atinjam um maior número de pessoas propostas narrativas particulares, dentro de uma démarche F no mundo, transcendam os limites da recepção R DA autoral ou não, problematiza questões ligadas à construção I cinéfila e se transformem, no contexto acadêmico, MAHOMED BAMBA C da nação num contexto de pós-guerra colonial, às identidades A por exemplo, em objetos de estudos. Doravante, é doutor em Cinema e Estética do Audiovisual parafraseando Bourdieu, podemos dizer que no fluidas, à subjetividade e vivência comunitária, à condição E pela Escola de Comunicação e Artes da ÁFRICA decorrer da circulação internacional dos filmes da mulher, às experiências diaspóricas e do exílio etc. Abordar D Universidade de São Paulo. É professor adjunto africanos, além dos críticos, dos espectadores de crítica e analiticamente os cinemas africanos significa, portanto, A na Faculdade de Comunicação e pesquisador no mostras e festivais, os diversos estudiosos do indagar as formas como cada filme pensa, refrata e transforma D E DA Programa de Pós-Graduação em Comunicação e cinema mundial nas universidades participam I estas realidades em blocos temáticos. Além destas questões de Á Culturas Contemporâneas da Universidade ativamente do processo de recepção Federal da Bahia. Tem participação em livros conteúdo, este livro coletivo buscou também compreender S P DIÁSPORA transnacional dos filmes africanos. Como esses coletivos sobre os cinemas africanos e publicou como os cineastas africanos, mesmo vivendo como nômades O sujeitos estão inseridos em campos e contextos artigos sobre a temática da recepção ou no exílio, articulam estrategicamente as imagens, a música, R diferentes, reinterpretam esses filmes em função cinematográfica e audiovisual. os sons, as falas e as cores de um determinado espaço A objetos de discursos de objetivos ou critérios particulares. No contexto sociocultural nas narrativas que constroem. particular deste livro coletivo, privilegiamos o modo de recepção dos cinemas africanos pela análise fílmica. Optamos por M uma perspectiva multidisciplinar. Sendo assim, A H os autores tiveram a liberdade de escolher O M determinados filmes e cineastas, em seguida E D MAHOMED BAMBA focaram – em suas respectivas análises – os B A M ALESSANDRA MELEIRO aspectos formais, estilísticos e temáticos que lhes B A Org. pareceram pertinentes. Como a nossa intenção , A L era destacar outra abordagem dos cinemas E S S africanos, isto é, a partir dos discursos teóricos A N D produzidos sobre as obras pela atividade de R ALESSANDRA MELEIRO A leitura/interpretação, às vezes, um mesmo filme M é pós-doutora em Film Studies pela University of E foi objeto de duas ou três análises. Disso ISBN 978-85-232-0999-5 L E I London/ School of Oriental and African Studies. R resultaram textos que podem ser lidos como O | É professora adjunta na Universidade Federal olhares cruzados sobre um mesmo objeto. Neste O r Fluminense e pesquisadora associada do Centro g exercício hermenêutico coletivo a própria noção 9 7 8 8 5 2 3 2 0 9 9 9 5 . Brasileiro de Análise e Planejamento. Guest Editor de “filme africano” passou a ser simultaneamente do Journal of African Cinemas, tendo publicado redefinida como um objeto cultural localizável na oito livros sobre as interfaces cinema, política geografia do cinema mundial, mas também como cultural, economia do cinema e do audiovisual uma realidade estética, discursiva e narrativa e mercado. multifacetada. FILMES DA ÁFRICA E DA DIÁSPORA objetos de discursos UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Reitora Dora Leal Rosa Vice-Reitor Luiz Rogério Bastos Leal EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Diretora Flávia Goulart Mota Garcia Rosa Conselho Editorial Alberto Brum Novaes Angelo Szaniecki Perret Serpa Caiuby Alves da Costa Charbel Ninõ El-Hani Cleise Furtado Mendes Dante Eustachio Lucchesi Ramacciotti Evelina de Carvalho Sá Hoisel José Teixeira Cavalcante Filho Maria Vidal de Negreiros Camargo FILMES DA ÁFRICA E DA DIÁSPORA objetos de discursos MAHOMED BAMBA ALESSANDRA MELEIRO Org. Salvador, EDUFBA, 2012 2012, Autores Direitos para esta edição cedidos à Edufba. Feito o Depósito Legal. Alana Gonçalves de Carvalho Martins Projeto gráfico, capa e editoração eletrônica Revisão Isadora Cal Oliveira Normalização Rodrigo Meirelles Sistema de Bibliotecas – UFBA Filmes da África e da diáspora : objetos de discursos / Mahomed Bamba, Alessandra Meleiro, organizadores. - Salvador : EDUFBA, 2012. 323 p. il. ISBN 978-85-232-0999-5 1. Cinema africano. 2. Diáspora. 3. Cinema africano - Aspectos sociais. 4. Cinema africano - Aspectos políticos. 5. Antropologia. I. Bamba, Mahomed. II. Meleiro, Alessandra. CDD - 791.43 Editora afiliada à 40170-115Edufba - Salvador - Bahia Rua Barão de Jeremoabo, s/n - Campus de Ondina Tel.: +55 71 3283-6164 | Fax: +55 71 3283-6160 www.edufba.ufba.br | [email protected] [...] os cineastas africanos, ao tomarem parte das estruturas multiculturais da Europa e dos Estados Unidos, entram no nicho de filmes antropológicos tanto na televisão quanto nos cinemas. As pessoas vão assistir aos filmes africanos como se eles retratassem a realidade da África, em vez de vê-los como filmes. Manthia Diawara Sumário Introdução 9 FILMES DA ÁFRICA E DA DIÁSPORA imagens, narrativas, músicas e discursos Narrativas pós-guerra civil Angolana e Moçambicana 19 A EXPERIÊNCIA ANGOLANA DE GUERRA E PAZ Na Cidade Vazia O Herói (2004), um olhar por meio da representação fílmica de Luanda em Antônio Márcio da (2004),Silva de Maria João Ganga, e em de Zezé Gamboa RECONSTRUINDO O CORPO POLÍTICO DE ANGOLA O Herói 43 Mark Sabine projeções globais e locais da identidade e protesto em 75 FernandoRETRATOS Arenas DE MOÇAMBIQUE PÓS-GUERRA CIVIL a filmografia de Licínio Azevedo A onipresença da música africana em “filmes de autor” africanos 101 A CAMINHO DE UM AMADURECIMENTO NA UTILIZAÇÃO DA BeatrizMÚSICA Leal NO Riesco CINEMA AFRICANO Sembene, Sissako e Sené Absa 129 NHA FALA JuscieleO FILME Conceição Almeida de Oliveira Mariamusical de Fátimaguineense Maia de Ribeiro múltiplos trânsitos Fronteiras, margens, alteridade e experiências diaspóricas 157 A COSMOPOÉTICA DA FRAGILIDADE AbderrahmaneMarcelo Rodrigues Sissako, Souza Ribeiro a sensibilidade cosmopolita e a imaginação do comum A189 FILMESmaranta DE Cesar REGRESSO o cinema africano e o desafio das fronteiras 209 ESQUIVASCatarina Amorim de Oliveira Andrade representações das margens no cinema beur Realismo social, cinefilia e experimentação Denise Costa 223 UTOPIA, DISTOPIA E REALISMO NO CINEMA DE FLORA GOMES BRICOLEUR 235 MOUSTAPHACristina dos Santos ALASSANE, Ferreira UM NO CINEMA DO NÍGER Imagens do corpo da mulher e figuras do “eu” feminino em quatro filmes E MISE-EN-SCÈNE HALFAOUINE 261 ECONSTRUÇÃO UN ÉTÉ À LA DEGOULETTE UMA NARRATIVA DE APRENDIZAGEM Mahomed Bamba DO CORPO FEMININO EM (DE FÉRID BOUGHEDIR) narrativas do dilaceramento em Contos Cruéis de Guerra, 289 CERZIDEIRA DE MEMÓRIAS Lívia Maria Natália de Souza de Ibea Atondi CARTA CAMPONESA Suzane Lima Costa 305 DE (1975) À CARTA A SAFI FAYE 317 SOBRE OS autores E organizadores Introdução FILMES DA ÁFRICA E DA DIÁSPORA imagens, narrativas, músicas e discursos - Os textos reunidos neste livro resultam de um exercício herme nêutico coletivo sobre um mesmo objeto: os filmes da África e de - suas diásporas. São textos analíticos tecidos a partir de perspectivas diversas: antropológica, literária, sociológica, estética e política. De - pois de ter despertado o interesse dos críticos ávidos de novidade, - as obras dos cineastas africanos acabaram se constituindo em valio sos objetos de estudo para os pesquisadores universitários. Em re senhas, teses, dissertações e outros trabalhos acadêmicos, os filmes - africanos são estudados como “textos” e pretextos a partir dos quais - se elaboram reflexões teóricas abrangentes sobre questões identitá -colonial e dos cultural studies rias, culturais e ideológicas que formam o bojo do pensamento pós - . - Os filmes africanos, apesar de serem produtos culturais com tra - ços idiossincráticos marcados, são também objetos estéticos e semi óticos. São textos que podem ser usados, lidos, estudados, reapro priados pelos diversos públicos cinematográficos com vista nos seus - particularismos culturais ou atentando para suas ousadias formais. A tarefa analítica de circunscrever a pluralidade de sentidos de qual quer objeto fílmico não1 dispensa, obviamente, o estudo dos fatores contextuais que incidem na sua organização discursiva interna. Os fatores extrafílmicos, aliás, justificam, muitas vezes, a seleção dos - - 1 Os estudos do cinema mundial numa perspectiva histórica, sociológica ou econômica (econo mia do cinema), por exemplo, ao destacarem a importância de alguns desses fatores, têm con tribuído muito para a compreensão das mudanças e da evolução das práticas cinematográficas em muitos países africanos. FILMES DA ÁFRICA E DA DIÁSPORA | 9 - filmes nos eventos cinematográficos. Acoplar o rótulo de “filme afri cano” a uma obra, por exemplo, pressupõe um gesto de atribuição - que situa a dita obra num determinado espaço geográfico e cultural. Mas não
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