2

Oeiras: ainda há quem queira ressuscitar oSATU Sistema de transporte acumulou prejuízos e não passageiros. Hoje está ao abandono. P Mobilidade Oeiras: fim da linha paraoSATU? PlBa2l Fim da linha para o SATU? O SATU é uma obra do regime autárquico de Isaltino Morais, que trouxe para Paço de Arcos, Oeiras, um sistema de transporte que viu em Sydney. Acumulou prejuízos em vez de passageiros (mais de 40 milhões de euros) e fechou. Está ao abandono há três anos, mas há quem queira ressuscitá-10, como o grupo que hoje sai à rua para o defender Por Inês Ameixa c Ruben Martins texto ejoão Catarino ilustração "^B u não desisti de SATU transporte pode não ser exactamente como U^^f^™I nenhum". A garantia era, isto porque o grupo de trabalho criado pela I * édo presidente da autarquia vai estudar "outras hipóteses", que Câmara de Oeiras, podem passar por "um eléctrico rápido". L^^ de actual ¦^^^ Isaltino Morais, que nu- A ideia do SATU surgiu depois o ¦ .ma entrevista recente presidente da Câmara Municipal de Oeiras ter I ã ao PÚBLICO anunciou viajado até Sydney, onde conheceu o Sydney cá i^^^^^^B que o sistema de trans- , a inspiração que por prometia melhorar mobilidade no interior do conce- porte que apadrinhou há mais de dez anos pode a residentes trabalha vir a ser reactivado. Certo é que o projecto de lho para e para quem nos A obra foi mobilidade "do futuro" em Oeiras está preso a parques tecnológicos aí localizados. Isaltino Morais um passado de prejuízos. O SATU - acrónimo pensada por para ligar Paço de Sistema Automático de Transporte Urbano de Arcos, na Linha de , ao Cacem, na Linha de . Com sistema obsoleto se- -, que era um dos seus eixos mais polémicos, o e, não colocado acabou abruptamente pouco mais de um qui- gundo a autarquia, a poder ser lómetro depois de ter começado. Hoje, é um novamente a funcionar sem obras de fundo, alternativa mono de betão e metal que serpenteia por entre o autarca prometeu uma solução casas e prédios. As marcas de vandalismo e de e temporária: uma espécie de "vaivém", as- abandono são indisfarçáveis naquela que foi "a segurado por autocarros, para estabelecer a menina dos olhos" de Isaltino. ligação até aos parques empresariais, como o Na mesma conversa com o PÚBLICO, o pre- Lagoas Park e o Tagus Park. A ideia de Isaltino sidente da câmara diz ter ficado "surpreendido Morais de criar um novo sistema de transporte da falta de alternativas porque não havia lá guarda", apontando o de- parte também para os do à anterior gestão da autarquia, liderada pelo trabalhadores daqueles parques empresariais, seu antigo "delfim", Paulo Vistas, "que não que não têm um sistema de transporte próprio salvaguardou devidamente aquele patrimó- para os seus funcionários se deslocarem, ape- nio". Agora, para que o SATU volte aos carris, sar dos milhares que diariamente viajam para é preciso um novo investimento que recupere esses pólos. o foi sendo destruído ou deixado ao aban- que Um transporte "pouco sustentável" dono: "Foi desligado o ar condicionado onde havia equipamentos informáticos importan- Para o professor do Instituto Superior Técnico tes, e ao longo da via houve roubo de material Fernando Nunes da Silva, a ligação entre as eléctrico". 0 veículo não circula desde 2015 e linhas de Sintra e Cascais é "justificada", mas a empresa que o fabricava também faliu. Ain- entende que "é fundamental o transporte che- da Isaltino Morais está a assim, garante que gar ao Cacem para ser viável", e que, através "estudar a hipótese de repor o SATU", depois de cabo como estava a ser construído, o SATU das suas promessas eleitorais que prometiam "não é exequível do ponto de vista técnico". a reposição "prioritária" do sistema. Mas o Lm fim abrupto O viaduto do SATU termina abruptamente depois do Shopping Oeiras Parque. Quando foi inaugurado, em 2004, havia a promessa de que poucos meses depois a obra arrancava até ao Lagoas Park, o que nunca aconteceu

três factores combina- Ao P2, este especialista, que tem com um ço muito elevado". Os vasto trabalho na área dos transportes, diz que dos, diz, resultaram no fracasso do projecto. Isaltino só avançou para este projecto "porque A propósito do sistema de mobilidade es- no final da década de 90 a Câmara de Sintra colhido, Rosário Macário diz que "há muitas saiu de uma eventual candidatura conjunta a tecnologias disponíveis, mas a viabilidade não fundos comunitários que estava a ser prepa- é uma coisa inerente à tecnologia, mas, sim, rada". Existiam planos comuns das autarquias ao contexto onde a tecnologia é aplicada". Co- de Cascais, Oeiras, Amadora e Sintra para criar mo o sistema do SATU nunca passou além dos novas redes de transportes que resolvessem os 1150 metros, criou-se "a ideia entre a população problemas de mobilidade nestes concelhos. de que era uma experiência-piloto". Ano após Mas a então autarca de Sintra, Edite Estrela ano, o sistema foi perdendo a (já pouca) procu- (PS), "não esteve de acordo e o plano ficou ra que rinha. "No início, houve um conjunto de sem efeito", um recuo que, para o especialista, curiosos que deixaram de ser curiosos quando é "ainda hoje difícil de perceber". perceberam que o SATU não se encaixava nas Em relação à obra que foi construída, Nunes suas rotinas", justifica a especialista em trans- da Silva garante que "demolir a infra-estrutura portes. Para Macário, "partir para a construção do SATU custaria uns milhões de euros". 0 en- sem estudos [como aconteceu quando Isaltino genheiro assegura ainda que "não é justificável decidiu iniciar o processo na Câmara de Oei- gastar milhões de euros a demolir uma infra- ras] não é normal". Assim como "também não -estrutura que pode ter outro aproveitamento", é normal não se fazer um concurso público e sugere que o próximo modelo de transporte para uma obra deste tipo", como aconteceu. escolhido siga em via exclusiva criada pelo via- Em 2015, o bilhete de ida e volta para via- duto já construído, "pelo menos até passar a jar de SATU da estação de Paço de Arcos ao auto-estrada (A 5)". Ainda assim, o especialista Centro Comercial Oeiras Parque custava 1,65 em transportes deseja que "Isaltino Morais não euros (mais 15 cêntimos do que na abertura, tome a decisão já amanhã", porque são ne- em 2004). O percurso fazia-se em menos de cessários estudos e "não se pode cair de novo cinco minutos, uma opção cara para o percur- no mesmo erro" do SATU. Diz ainda, em tom so construído. A necessidade de comprar um de brincadeira com a situação existente, que cartão recarregável, que não era compatível "quem demora hoje 45 minutos para ir do Ta- com nenhum outro meio de transporte, e a guspark ao nó da auto-estrada, se fosse a pé, inexistência de um passe mensal fizeram do chegava lá primeiro". SATU um "sistema-ilha", sem ligação com o Os parques empresariais em Oeiras e aquelas resto dos transportes do concelho. zonas urbanas "foram planeadas sem se pen- Para quem faz o percurso entre o Oeiras sar em transportes, o que é igual a dizer 'para Parque e a estação de Paço de Arcos (percurso virem para aqui têm de vir de carro'". Quem o até onde chegou a ser construída a estrutura), diz é Rosário Macário, especialista em transpor- não passa despercebido o viaduto em betão, tes e também professora no Instituto Superior com longas torres, como se de uma barreira

Técnico. Ao P2, a especialista em transportes se tratasse. "Evidentemente que causa polui- é peremptória: o SATU é "claramente inviável: ção visual", explica ao P um2 arquitecto -* percurso curto, procura baixíssima e um pre- paisagista, que prefere não ser identificado e ao preço que era pago quando o SATU ainda que chegou a ser passageiro do SATU. "Custa- estava activo é o factor mais apontado pe- me mais porque esse mal não é um mal me- los moradores. Joaquim está sentado num nor, porque não é um bem maior, ou seja, banco de jardim e nunca chegou a andar não presta um serviço efectivo, não tem uma no SATU. Hoje diz que "se estivesse a fun- mais-valia técnica como transporte". Para es- cionar experimentava, mas só se fosse mais te profissional - que faz parte da Associação barato". O morador da Rua Joaquim Quiri- Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas - a no revela que o transporte não fazia ruído escolha de um comboio não tripulado "é uma quando ainda estava activo, e sublinha que opção muito mais política do que técnica". "para as pessoas mais idosas até era bom!". Caso lhe fosse pedido um parecer sobre a Mas também há opiniões em sentido contrá- rio. é obra, o arquitecto paisagista diria que à parti- "0 SATU um monstro autêntico, um caos, da o SATU não seria um projecto viável, con- um disparate do ponto de vista paisagístico", siderando "que não era a opção mais interes- aponta outro morador, Manuel, que diz que sante", embora fosse necessário "ver quais as aquele transporte "era útil", mas reconhece alternativas em cima da mesa". Questionado que é "absurdo" pagar o preço que cobravam sobre o que fazer àquela estrutura, caso con- pelos bilhetes. "Fechou porque não se justifica- tinue abandonada e desactivada, o arquitecto va para um percurso tão pequeno e tão caro". paisagista não vê outra alternativa que não Questionado sobre se a solução seria destruir seja a demolição, apesar de ser receptivo a toda a estrutura, Manuel responde categorica- outras ideias. mente: "Deitar abaixo? Já pensou em quanto "Votei no Isaltino para é que isso custava?..." ele acabar o SATU" Hermínia e Roselhe caminham pela rua lado a lado, enquanto dizem que o SATU "era uma A Rua Joaquim Quirino, em Paço de Arcos, a obra muito boa se continuasse". Uma delas menos de dez minutos a pé do Centro Comer- afirma: "Eu votei no Isaltino para ele acabar o cial Oeiras Parque, é uma das várias artérias SATU". Sendo moradoras de uma rua ao lado, onde surgem as grandes torres que suportam a

a estrutura não as incomoda, e dizem que não estrutura do SATU. Os moradores com o quem ouviam ruído 2 quando o SATU ainda funciona- P falou não se sentem incomodados com elas. va. "Não tinha muita adesão porque era caro. Não lhes importa que aquela estrutura perma- Mas é uma alternativa para desafogar o trânsito neça ali, como seja fosse natural na paisagem. nas horas de ponta" que ali se acumula todos Inês e Carlota, duas jovens, descem a rua que os dias, dizem. vai do centro comercial em direcção à estação A construção do SATU também influen- de Paço de Arcos. Chegaram a utilizar o SATU ciou a venda de habitações na zona. De acor- e afirmam que hoje só voltariam a fazê-lo ca- do com um consultor imobiliário contactado so "os preços fossem mais acessíveis". "É um pelo P2, "o SATU prejudica um bocadinho, sistema muito giro e o Isaltino podia ser esper- mas não é por isso que as pessoas deixaram to e isto mais barato, isto andava...", pôr que de comprar casas" nas imediações. A mesma afirma Inês, um carrinho enquanto empurra fonte fala num condomínio que vendeu na de bebé rua abaixo. zona há poucos dias e revela que, por causa Uma do custo dos bilhetes face redução do SATU, houve dificuldades em vendê-10. "Com as mesmas características, vender-se- ia por mais 30 ou 40 mil euros se não tivesse [O SATU] é o SATU", revela. Apesar de a construção da obra ter influenciado a venda de habitações, claramente o consultor imobiliário diz que nesta altu- ra "as casas se valorizam em todo o lado". "Prioritário" ou "buraco sem fundo" inviável:

As últimas eleições autárquicas tiveram no regresso do "dinossauro autárquico" Isaltino percurso Morais um dos principais focos de atenção. So- mando quase um quarto de século à frente da curto, procura Câmara Municipal de Oeiras, o ex-presidente voltaria a ganhar as eleições no concelho em baixíssima e Outubro de 2017. Isaltino encontrava-se iso- lado na reposição do SATU como objectivo de mandato, tendo sido mesmo o único, dos um preço muito vários candidatos autárquicos a Oeiras, a de- fender que a "sua" obra era para continuar. elevado O anterior presidente, Paulo Vistas, que antes esteve ao lado de Isaltino, dizia então à agên- cia Lusa que reactivar o SATU era criar um Rosário

"buraco sem fundo". O P falou2 com alguns elementos da opo- Macário, sição no Município de Oeiras, dois deles ad- versários de Isaltino nas eleições, e que fica- ram como vereadores na autarquia: Joaquim especialista Raposo, candidato pelo PS, e Heloísa Apoló- nia, candidata da CDU. Para Joaquim Raposo, em transportes "o SATU era a menina dos olhos de Isaltino, mas o certo é que a menina não cresceu". O vereador defende que aquele é um "sistema falhado, que não faz sentido" e que "quan- do as coisas falham, não vale a pena insistir naquilo que falhou". Apesar disso, Joaquim Raposo entende que é importante encontrar uma "forma alternativa" que ligue a à . Ainda na campa- nha autárquica, a proposta do candidato so- cialista consistia num metrobus, como o que foi proposto pelo Governo para em substituição do . Na prática, tratar-se-ia de um sistema de autocarros que circulam numa via dedicada com prioridade de passagem em cruzamentos.

Moradores divididos Os moradores da Tapada do Mocho dividem-se entre os que pedem a continuação do projecto e os que querem que a obra seja demolida 43 milhões de euros 1,65 euros do da de de Previsão custo ligação Paço Custo do bilhete de ida e Arcos ao Park, valor semelhante Lagoas volta um aos prejuízos da SATUOeiras nos quase para percurso onze anos de funcionamento de 1150 metros

Sobre o SATU, Raposo defendia, e ain- má", e "não é por grande parte do dinheiro da obra vir de fundos comunitários da defende, um referendo local, sendo que poder que tornaria boa." considera apenas duas soluções: "É preci- se so envolver a população, perguntar o que Em Abril de 2015, o Governo liderado por Coelho deu ordens quer. Caso o SATU não funcione mais, é Pedro Passos para extin- todas acumula- preciso perguntar se, por um lado, as pes- guir as empresas públicas que soas estão dispostas a suportar os custos da vam prejuízos há três anos consecutivos. Era o demolição, ou então realizar um concurso caso da SATUOeiras, que geria o sistema. Foi de ideias para fazer um aproveitamento da- nessa altura que surgiu uma página de Face- quela estrutura". Raposo sublinha que, co- book de defesa de um transporte que fizesse mo está, o SATU é um "verdadeiro atentado a ligação entre Paço de Arcos e o Cacem, co- visual e uma desvalorização do património". mo estava inicialmente projectado. A página

Heloísa Apolónia, também vereadora sem Metro Oeiras Paço de Arcos - Cacém/Sintra já

pelouros eleita pela CDU, diz ao P que2 o SATU não defende directamente a reactivação do não passa de uma "teimosia de Isaltino". Pa- SATU, como contaram ao P as2 duas adminis- ra a deputada dos Verdes, "este projecto não tradoras do site, Teresa Dávila Soares e Maria serve os interesses de Oeiras" e "continuar José Capela. "0 que é inconcebível para nós é com ele era continuar a insistir nos prejuí- não haver em Oeiras uma rede viável de trans- zos". À semelhança de Joaquim Raposo, He- portes públicos. O que existe é o monopólio loísa Apolónia entende que, ainda assim, "é da Vimeca, que pratica preços exorbitantes". essencial ligar a Linha de Cascais à de Sintra", As antigas utilizadoras do SATU são assertivas mas que o SATU "é um modelo de mobilidade na hora de apontar o que falha, falando numa que não serve". Daniel Branco, membro da "política intencional dos Governos de desfavo- Assembleia Municipal de Oeiras, eleito tam- recimento" e que "todos os investimentos no bém pela CDU, adianta que as respostas dadas país são em estradas, auto-estradas e PPP." aos deputados municipais eram no sentido A "grande falta de informação" sobre o de "não ser possível reiniciar o processo do funcionamento do sistema é apontada pelas SATU porque a estrutura estava vandalizada". administradoras da página como o principal 0 engenheiro diz ainda que, caso o projecto motivo pelo qual o SATU, nos anos em que tivesse conhecido uma fase mais avançada, esteve activo, registou pouca adesão por parte "o percurso entre Paço de Arcos e o Cacem da população, recusando assim que o baixo duraria entre 35 e 40 minutos, sendo que lu- número de utilizadores se devesse directa- gares sentados no SATU eram oito". Por isso mente ao modo de transporte em si ou ao questiona: "Já viram o que era fazer todo esse preço dos bilhetes. "As pessoas nem sonha- percurso de pé?" Para Daniel Branco, aquele vam. Não foram informadas, nem sabiam dos transporte "era uma solução tecnicamente preços", dizem as duas representantes da pá- gina, questionando-se também: "É lógico que um bom negócio: "Se houve parceria público- só houvesse uma média de 500 passageiros privada em que defendeu o interesse foi por dia... Se o SATU não chegava mais longe, público, o SATU a única". Contactada pelo como é que podia ir buscar as pessoas?" P2, a Teixeira Duarte afirmou que a empresa Sobre relatos de ruído e poluição visual de "não tem qualquer comentário a fazer sobre alguns moradores, Teresa Dávila Soares afirma este tema". que "isso é tudo fumaça para tapar", alertan- A candidatura a fundos europeus chegou a do para os interesses que estão por detrás da ser várias vezes ponderada, a última delas ao decisão de pôr fim ao projecto do SATU. "O quadro europeu 2014-2020, mas nunca chegou empresário político está perfeitamente estabe- à fase de concretização. Ao Tribunal de Contas, lecido aqui, e existe um lobby muito forte das a Câmara de Oeiras dizia: "O desenvolvimento estradas e dos carros". Além disso, "ninguém do Sistema SATU encontra-se fortemente de- se dedicou ao SATU, foi ignorado e despreza- pendente da disponibilidade de financiamento do". Para as duas antigas passageiras, "uma comunitário para a sua execução". estrutura leve, barata, rápida e ecológica não Os custos de manutenção do SATU ronda- interessa a ninguém, porque quem ganharia vam os 40 mil euros mensais, o sistema con- com isso seriam os contribuintes". tava ainda com um seguro, necessário para o seu rondar Oeiras "não pagou um cêntimo" funcionamento, e que chegou a os 25 mil euros anuais. 0 SATU esteve activo Quando o SATU foi inaugurado, em 2004, pela durante pouco mais de dez anos e os números então presidente Teresa Zambujo (uma vez mostram que se registavam pouco mais de que Isaltino saiu da Câmara para integrar o 500 utentes por dia e que, com o passar dos Governo de Durão Barroso), havia promes- anos, eram cada vez menos os que optavam este meio de As três sas de que poucos meses depois se iniciaria por transporte. estações construídas estão com marcas de a segunda fase da construção que levaria o fechadas, vandalismo como vidros rachados e transporte até ao Lagoas Park. Nos mapas das graffi- conservando ainda no estações, era deixada a promessa de que a ti, equipamentos seu como de bilhetes. Nas nova fase estaria pronta "a partir de 2005". interior, as máquinas encontram-se ainda afixados As obras nunca foram para o terreno e a cons- portas, editais, datados de 4 de Maio de assinados trução do viaduto do SATU terminaria pouco 2015, pelo da câmara, Paulo Vistas, depois da estação que servia o Centro Comer- ex-presidente que data da do últi- cial Oeiras Parque. marcava como morte SATU o mo dia desse mês. A empresa SATUOeiras, que geria o sistema, resulta de uma parceria entre a autarquia e Este modelo de transporte é pouco comum a Teixeira Duarte (que detinha uma partici- na Europa. Curiosamente, o Sydney Monorail, automático Isaltino decidiu co- pação de 49%, sendo os restantes 51% da Câ- transporte que numa à fechou em 2013 mara de Oeiras). O sistema pertence agora piar viagem Austrália, e foi desmantelado - o não aconteceu com na totalidade ao município, que o comprou que fecho do 31 de Maio de 2015. Num à construtora por um valor simbólico de dois o SATU, a de o The escrevia euros (as infra-estruturas, equipamentos fixos artigo então, Daily Telegraph monorail de "era considerado e circulantes custaram um curo e os inventá- que o Sydney feio "um dos sistemas rios o mesmo valor). Inicialmente, a Teixeira e intrusivo", e que era Duarte tinha investido 23 milhões de euros de transporte público mais dispendiosos do mundo". para que a obra saísse do papel e, no fim, fi- de está cou com os prejuízos. 0 interesse inicial da Para este domingo, 3 Junho, agen- dado encontro de construtora era levar o projecto até ao Lagoas um organizado pela página Facebook Metro Oeiras de Arcos - Cacem/ Park, que detém, como forma de valorização Paço imobiliária. Sintra, no Jardim de Paço de Arcos, para rei- vindicar um transporte que ligue as Linhas Uma obra obsoleta de Cascais e Sintra, e que não seja "sobre rodas". Na convocatória do encontro parti- Isaltino Morais garantiu ao PÚBLICO, como lhada na mesma rede social pode ler-se que noutras ocasiões, que Oeiras "nunca pagou a intenção é lutar "pelo SATU ou outro mo-

um curo", tendo a Teixeira Duarte ficado com notrilho (sic)". "Em princípio, Isaltino estará fatia dos rondam mi- 2 a prejuízos, que os 42 presente", adiantam ao P as administrado- lhões de euros (o novo Museu dos Coches, em ras Teresa Dávila Soares e Maria José Capela. Lisboa, custou 40 milhões). "O correu que Esta é também uma forma de pressão numa mal foi o Governo não ter tido visão", disse o altura em que se desenvolvem estudos sobre o autarca. Para a câmara, defendeu Isaltino, foi futuro do SATU, mas uma coisa parece certa: caso a solução apresentada não passe pela uti- lização do viaduto já construído, surge ainda um problema maior por resolver: o que fazer com a grande estrutura de betão que, sem uti- lização e manutenção, poderá vir a tornar-se perigosa, com João Pedro Pincha [email protected]