Indianismo E Anti-Indianismo: Interpretações Distintas Sobre Um Tema Em Comum LUCAS SANTIAGO RODRIGUES DE NICOLA *

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Indianismo E Anti-Indianismo: Interpretações Distintas Sobre Um Tema Em Comum LUCAS SANTIAGO RODRIGUES DE NICOLA * Indianismo e anti-indianismo: interpretações distintas sobre um tema em comum LUCAS SANTIAGO RODRIGUES DE NICOLA * Raul d’Ávila Pompeia nasceu em 12 de abril de 1863, em Jacuacanga, município de Angra dos Reis, na fazenda canavieira de seus avós maternos. Sua família, por conta das atividades açucareiras, vivia com certo conforto. O pai, Antônio d’Ávila Pompeia, bacharel em direito, homem rígido e austero, proporcionou ao filho uma infância, apesar de assegurada em termos educacionais, excessivamente reclusa; foram poucos os conhecidos dos tempos de pequeno, o que fez do menino um ser recluso, bastante inclinado aos estudos e à leitura (OTÁVIO, 1978:196). Não sem motivo, portanto, que O Ateneu , romance de acentuado caráter autobiográfico, começa com a conhecida cena de Sérgio e seu pai à porta do colégio interno; em trajes burgueses, cartola e casaca, mãos às costas do menino – descrição conforme desenho do próprio Pompeia –, o patriarca encoraja o mais novo: “vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu . Coragem para a luta”. O poeta e crítico Lêdo Ivo, em ensaio sobre a obra, dá um sentido profundo a tal cena, tomando-a como elemento fundamental para entender o desenrolar da narrativa: abre-se o livro com as palavras conjuratórias que impõem a um menino, em termos de advertência e estímulo, uma projeção da visão do universo. E essa frase afortunada, que instiga ao desvelamento da realidade e alicia para uma reflexão sobre o jogo da existência, ilumina todo o romance com a sua luz matinal e feroz (IVO, 1963:11). Essa projeção de futuro é a única aparição da figura paterna no romance, quase um abandono, uma passagem súbita de responsabilidade; arranca o jovem do seio materno, onde havia conforto e cuidados, para lançar-lhe, ainda despreparado, no mundo que existe fora da casa, no microcosmo da sociedade que é este Ateneu . O sujeito aburguesado quer o filho pronto para a luta, para a prova que o aguarda não muito distante; cumpre, assim, seu dever: transmitir os valores necessários para o triunfo, para a conquista do lugar ao sol. No entanto, nessa vontade de fazer do menino um homem, revela-se a falsidade do projeto, surgem claros seus aspectos insustentáveis, que desmoronam a partir da experiência e implodem sob a “luz matinal e feroz”. O jovem, a partir desse momento, se vê por conta própria e incapaz de lutar sozinho, enredado em situações que lhe afiguram complexas e escapam ao controle. * Mestrando, sob orientação do professor doutor Stelio Alessandro Marras, do Programa de Culturas e Identidades Brasileiras do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo – IEB/USP. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected] 2 A vivência no colégio interno, trauma experimentado por Raul Pompeia quando, aos dez anos, fora matriculado pelo pai no Colégio Abílio – instituição que, segundo o crítico Brito Broca, “recebia alunos de todos os recantos do Brasil, passando por ser a última palavra em matéria de pedagogia na época” –, transforma-se num dínamo crítico. O futuro escritor passaria a entender, através da precocidade e do conhecimento de uma ríspida pedagogia, que é pela posição insubmissa, pelo questionamento lançado aos poderes estabelecidos que se fazem as mudanças – uma visão de mundo que o acompanharia por toda a vida e, por fim, o levaria à trágica morte. Como diz Brito Broca, em um belo ensaio sobre o escritor, publicado no ano 1955, “o temperamento suspicaz, ressabiado do homem, começava a moldar-se nessa primeira experiência que o menino colhia da humanidade e do mundo” (BROCA, 1981:202- 203). Em 1879, seguindo o roteiro escolar, Raul foi matriculado no Colégio Pedro II, destino comum a muitos jovens da elite do Império. Foi durante os estudos na renomada instituição, contudo, que o furor republicano se acentuou; em 1880, envolveu-se nos conflitos da Revolta do Vintém, mergulhou a fundo no turbilhão das manifestações e teceu um ríspido panfleto condenando o aumento das passagens de bonde na capital, assim como a repressão policial imposta pelo Estado imperial. Ficava delineada a sua personalidade de agitador e sensível a sua pena afiada, que se manifestava em textos ágeis, diretos e incendiários. A mensagem de Pompeia não deixava margem a dúvidas: a monarquia era maléfica para com a população, chegava a ser, ao roubar os vinténs do povo carioca, um regime criminoso. Obras de juventude, nesses panfletos desponta o republicano radical e intransigente, que clama pela mudança no regime político (POMPEIA, 1995:VII). No ano seguinte ao da Revolta do Vintém, rumou para São Paulo, a fim de realizar o curso de Direito na Faculdade do Largo São Francisco. A trajetória de Pompeia, a princípio semelhante à de muitos rebentos da elite imperial, vai assumir, entretanto, um aspecto distinto, escapar ao roteiro da normalidade. Na capital paulista, intensificaram-se suas relações culturais e políticas; conheceu escritores e figuras políticas de relevo, a exemplo de Luiz Gama, líder de campanhas contra a escravidão. Pompeia entrega-se às manifestações republicanas e abolicionistas com afinco, seja pela publicação de textos e caricaturas, ou, até mesmo, pelo engajamento efetivo, como fez ao participar de ações realizadas pelos Caifazes , 3 grupo abolicionista paulista que promovia o resgate e a fuga de escravos em fazendas do interior do estado (BROCA, 1981:212). O radicalismo dos tempos da Faculdade lhe valeu, por fim, a expulsão. Reprovado nos exames do 3º ano jurídico foi transferido, junto de mais noventa e quatro colegas, para a Faculdade de Direito do Recife. O período vivido na capital pernambucana, diferente da efervescência dos anos anteriores, foi de aprofundamento nos estudos e de formação intelectual, de solidão e introspecção. Começou a se delinear, segundo era o comentário de pessoas próximas, a marcante figura do esquisitão; sujeito que, apesar de divertido e conversador, é estranho e imprevisível. Uma imagem que o acompanhou por toda a vida. Este o Pompeia que, após completar bacharelado em Direito, voltou à capital do Império, onde, ao lado de figuras como Machado de Assis, Aluísio e Artur Azevedo, Coelho Neto, Olavo Bilac, dentre outros, participou ativamente da vida cultural da cidade. É importante ressaltar que não se pode tomar a atividade de escritor – pela qual Raul Pompeia ficou conhecido – em separado da de jornalista. Mais do que um importante literato, ele foi exímio cronista da vida política e social do Império, notadamente do Rio de Janeiro (PEREIRA, 2009:303). O contexto no qual entrou na vida adulta, final do século XIX, período em que se anunciavam grandes mudanças, é marcado por esta interpenetração entre os campos político e cultural; não havia literato que, a fim de reverberar suas ideias junto à população letrada, não estivesse envolvido com manifestações políticas; escritor que não tivesse interesse em publicar crônicas nos jornais. Como diz Brito Broca, “não experimentaram essa sedução quase todos os escritores brasileiros no século passado, sobretudo durante a Monarquia?” (BROCA, 1981:163) Os textos publicados nessa época, de acordo com Angela Alonso, tanto nos jornais quanto em edições baratas, na maioria dos casos, não eram obras que mostravam um pensamento político complexo e bem acabado; tratavam-se, sobretudo, de escritos baseados em um repertório amplo de ideias e feitos para repercutir. A partir da retórica afiada e de narrativas bem ajustadas, as ideias passavam por uma seleção, eram rearranjadas e se tornavam significativas no contexto da crise estrutural do Império (ALONSO, 2002:35-49). As consequências dessa crise do legado imperial – o trinômio escravidão , latifúndio e monocultura , mantido firme durante longos anos, cada vez mais perdia o seu significado (ALONSO, 2002:77) – atingiam elementos distintos, e faziam mais explícitos os 4 descontentamentos com o regime monárquico. As crônicas e folhetins publicados na imprensa da época, textos marcados pelo tom republicano, eram escritos para dar novo sentido à experiência social daqueles que se sentiam excluídos da política imperial. Pompeia atendeu essa demanda: foi um escritor múltiplo, transitou entre o folhetim e a escrita artística, entre a crônica e o poema em prosa. Sua obra, por assim dizer, se constitui na dialética entre o engajamento político e a criação literária, a agitação republicana e o recolhimento do trabalho da escrita; grande parte de seus textos, dessa maneira, encontraram espaço ideal de publicação em jornais do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, tornando-se elementos ativos da vida social. Em um contexto no qual a atuação política se confunde com a produção cultural, ou, mais precisamente, uma atividade compõe a outra , o engajamento de Raul Pompeia se tornou cada vez mais explosivo. Diante da crise estrutural do Império, avolumou a atuação como jornalista, em detrimento da de ficcionista; mesmo naquilo em que produziu enquanto literato, parte da crítica não deixa de ressaltar a perspicácia de analista político: dentre os escritores do Segundo Reinado, “é um dos que mais lucidamente documentam a estrutura econômico-social e política então vigente”. Um dos exemplos disso é o próprio Ateneu , que “com a sua pedagogia utilizada para fazer dinheiro e atrair estudantes ricos, é um símbolo de uma sociedade hierarquizada, alicerçada em privilégios” (IVO, 1963:16). Característica de seu republicanismo, essa perspicácia crítica, aliada ao seu ímpeto de debatedor e de analista social, para além de gerar textos vivazes, fez com que Raul Pompeia estivesse constantemente envolvido em polêmicas e confusões. A última delas, a que resultou no seu dramático suicídio, envolveu figuras de destaque do campo literário: Olavo Bilac e Luis Murat. Desde a eclosão da Revolta da Armada, em 1892, quando Pompeia defendeu a ação repressiva do governo de Floriano Peixoto, ao contrário de Bilac, que tomou a dianteira nos ataques ao presidente, a relação entre os dois literatos vinha estremecida. Chegaram, inclusive, a marcar um duelo, que só não ocorreu por conta do bom senso de mediadores e testemunhas, que já aceitaram como honrosa a coragem de ambos comparecerem ao local e hora marcada.
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