Universidade Federal Da Bahia Esquenta!, Regina Casé E

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Universidade Federal Da Bahia Esquenta!, Regina Casé E UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS PROFESSOR MILTON SANTOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUÇÃO EM CULTURA E SOCIEDADE ESQUENTA!, REGINA CASÉ E PERIFERIA: UMA REPRESENTAÇÃO RACIAL DA DIFERENÇA por JULIANA FREIRE DA SIVA Orientador: Prof. Dr. Maurício Matos Salvador 2019 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS PROFESSOR MILTON SANTOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUÇÃO EM CULTURA E SOCIEDADE ESQUENTA!, REGINA CASÉ E PERIFERIA: UMA REPRESENTAÇÃO RACIAL DA DIFERENÇA por JULIANA FREIRE DA SIVA Orientador: Prof. Dr. Maurício Matos Dissertação apresentada como requisito à obtenção do grau de mestre. Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos, da Universidade Federal da Bahia, na linha de pesquisa Cultura e Identidade. Salvador 2019 AGRADECIMENTOS Ao Programa de Pós-graduação em Cultura e Sociedade, nas figuras do Professor Roberto Severino e Maurício Matos, pela compreensão. À Professora Daniela Matos pelas ricas elucidações proferidas na ocasião do exame de qualificação e pelo envolvimento com o meu objeto de pesquisa. Ao meu companheiro, Anderson AC, pela parceria. À minha mãe, Maria Edvani, por ter dado as condições para que a finalização desse trabalho fosse possível. Por fim, à Petra Maria Freire Alves Cunha, o sol de nossas vidas. “Porque o que a gente tem de melhor pra fazer na vida é celebrar a diferença, é festejar a diferença!” Regina Casé RESUMO Esta dissertação tem como objetivo investigativo analisar os mecanismos de representatividade da favela na rede Globo, a partir de uma análise crítica do programa Esquenta!, apresentado por Regina Casé. O programa revela um processo de atribuição de significado e valor à diferença, a partir da representação da periferia sob a luz do regime habitual da subalternidade, caracterizado pela invisibilidade do sujeito subalterno. A crítica que se estabelece diz respeito aos modos pelos quais o discurso dominante organiza sua relação com a diferença e de como essa diferença possui caráter racial. Para isso, se lança mão dos preceitos que definem a existência e o conhecimento das coisas a partir do seu sentido, dentro do processo de significação que se estabelece naquela troca comunicativa. A forma como periferia faz sentido, de forma que não causa “estranhamento” ao telespectador, remete a um modo de representação estabelecida pelo movimento de celebração, fetichização, romantização e silenciamento das vozes subalternas característico do programa. Tal movimento teve algumas de suas marcas discutidas na análise, dentro da perspectiva que pensa o Esquenta!, enquanto regime de representatibilidade e como repetição do regime de subalternidade nos meios de comunicação. Palavras-chave: diferença, cultura; cultura popular; televisão; favela; periferia; outro; representação; subalternidade; sentido; significado. ABSTRACT This dissertation aims to investigate the mechanisms of representation of the favela in Globo network, from a critical analysis of the program Esquenta !, presented by Regina Casé. The program reveals a process of attributing meaning and value to difference, from the representation of the periphery in the light of the habitual regime of subordination, characterized by the invisibility of the subordinate subject. The criticism that is established concerns the ways in which dominant discourse organizes its relationship with difference and how this difference has a racial character. For this, the precepts that define the existence and the knowledge of things from their meaning are used, within the meaning process that is established in that communicative exchange. The way periphery makes sense, so that it does not cause “estrangement” to the viewer, refers to a mode of representation established by the movement of celebration, fetishization, romanticization and silence of the subaltern voices characteristic of the program. Such movement had some of its marks discussed in the analysis, within the perspective that Esquenta! Thinks, as a regime of representativeness and as a repetition of the regime of subordination in the media. Keywords: difference, culture; popular culture; television; shanty town; periphery; other; representation; subordination; sense; meaning. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 A favela na praia do Esquenta! ................................................................. 109 Figura 2 O clima do Esquenta! ................................................................................ 114 Figura 3 A alegria do trabalho duro ........................................................................ 115 Figura 4 “Esse baculejo eu também quero” ........................................................... 120 Figura 5 “Baculejo” que virou concurso de bunda ................................................. 121 Figura 6 O cabelo .................................................................................................... 127 Figura 7 Registro do corpo de DG encontrado na comunidade ............................. 145 Figura 8 Abertura do programa em homenagem à DG .......................................... 145 Figura 9 Artistas choram a morte de DG ............................................................... 146 Figura 10 O alívio de Regina e a oportunidade de chorar junto com Fátima ........... 149 Figura 11 Maria de Fátima da Silva ......................................................................... 152 Figura 12 Momento da descontração ....................................................................... 153 Figura 13 O Bonde da Madrugada ........................................................................... 154 Figura 14 O momento sensacional de Fernanda com o Bonde da Madrugada ........ 155 Figura 15 Hashtag A Vida É Sagrada ....................................................................... 156 Figura 16 A “agenda” do programa .......................................................................... 163 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 09 2. CULTURA – MEIOS DE COMUNICAÇÃO – TELEVISÃO 20 2.1 PROGRAMAS DE TELEVISÃO ENQUANTO PROCESSO COMUNICACIONAL 27 2.2 INVESTIGANDO A TELEVISÃO NO MARCO DOS ESTUDOS CULTURAIS 33 2.3 TELEVISÃO E CULTURA 39 2.3.1 O início da televisão no Brasil e algumas considerações sobre o modo de operar da TV Globo 45 2.4 A VISIBILIDADE DA SUBALTERNIDADE 51 2.4.1 Subalternidade e meios de comunicação de massa: a periferia no Núcleo Guel Arraes de produção 54 2.4.2 O Núcleo Guel Arraes e seus desbravamentos 61 3. FAVELA, REGINA CASÉ E A PERIFERIA NA REDE GLOBO 65 3.1 ONDE O RACISMO E A FAVELA SE CRUZAM: ESPAÇO FAVELA x SUJEITO FAVELA 79 3.2 “CARA DE POBRE”, NETA DE NORDESTINO: O PROTAGONISMO DE REGINACASÉ 84 3.2.1 A identidade construída por Regina Casé: nordestina e negra 90 3.3 A FAVELA NA TV 92 3.3.1 Central da Periferia 98 4. TERRITÓRIO ANALÍTICO: A REPRESENTAÇÃO DA SUBALTERNIDADE NO ESQUENTA! 106 4.1 A AMBIGUIDADE QUE MARCA O ESQUENTA! 111 4.2 OS SEIS ANOS DE ESQUENTA 136 4.2.1 Fim do Esquenta! 141 4.3 A REPRESENTAÇÃO E O SENTIDO DA MORTE DE DG 143 4.3.1 O tomar a palavra de Maria de Fátima e o “discurso do subalterno” 167 5. PERCURSO FINAL: O ESQUENTA! E A REPRESENTAÇÃO DA DIFERENÇA 172 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 180 Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Universitário de Bibliotecas (SIBI/UFBA), com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). Freire, Juliana Esquenta!, Regina Casé e Periferia: uma representação racial da diferença / Juliana Freire. -- Salvador, 2019. 185 f. : il Orientador: Maurício Matos. Dissertação (Mestrado - Programa de Pós-graduação em Cultura e Sociedade) -- Universidade Federal da Bahia, Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos, 2019. 1. Análise do programa Esquenta!", da Rede Globo, apresentado pela atriz Regina Casé.. 2. Representação racial da subalternidade e da diferença da favela.. I. Matos, Maurício. II. Título. 9 INTRODUÇÃO Meu problema sempre foi a televisão. Primeiramente, pela presença massiva na vida da maioria dos brasileiros, o que lhe garantiu tamanha articulação e influência no estabelecimento das condições do nosso tempo. Segundo, porque a presença é tão forte, que ainda ocupa a posição mais privilegiada como meio de comunicação difusor de informações e imaginários, de forma que tornou-se difícil para grande parte do público distinguir as realidades para fora da televisão; as realidades que existem para além do que é mostrado na televisão. A presente pesquisa infere percursos e buscas de entendimento que dizem respeito às relações entre comunicação, cultura e determinadas construções narrativas televisivas, tomando-as como partes de práticas sociais e culturais. Depois de infinitas tentativas de escrever em poucas linhas o cerne da questão, a proposta de pesquisa conseguiu se configurar como uma tentativa de detectar aspectos narrativos e discursivos acerca da periferia no programa Esquenta!; do que se permite, não só mostrar da periferia - no seu sentido de favela - mas também do que se permite ver e entender como sendo periferia, a partir das disposições envolvidas na produção de sentido realizadas também pelos “leitores” enquanto consumidores do discurso. Tal produção de sentido se articula à subalternidade que reverte a favela e que nos faz a reconhecer como sendo o que se vê e o que se escuta (o seu significado), processo em que se percebe uma repetição (produção) do regime de subalternização como simulacro em vários momentos do programa, último trabalho de Regina Casé na TV Globo, o qual compõe o corpus da nossa
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