Ferroviário - Os Caminhos de Ferro na Internet

Edição n.º 43 | Março de 2014

Linha de Guimarães

Ferrovia de valor acrescentado A Rota das Amendoeiras edição de 2014 25% de desconto para jovens até 25 anos Embarque na memorável viagem da Rota das Amendoeiras e deixe- se deslumbrar pelo vasto cenário florido de uma das regiões mais A CP oferece-lhe agora 25% de desconto para jovens até aos 25 verdejantes de Portugal. anos (inclusivé), apenas mediante apresentação de um documento Sendo o mais antigo programa turístico da CP, a Rota das comprovativo de idade. Amendoeiras permite-lhe viajar por percursos únicos, onde a história Esta promoção é válida nos serviços Regional, Interregional, e a tradição andam de mãos dadas com a beleza das paisagens. Intercidades e Alfa Pendular, em qualquer classe e a qualquer dia da Uma viagem de cortar a respiração. semana, independentemente da distância percorrida Percorrendo de comboio as Terras do Alto Douro e Trás-os- Montes, no percurso -Campanhã/Pocinho e volta, a Rota das Amendoeiras está complementada com três circuitos rodoviários à sua escolha.

Serviço Intercidades em Braga desde o dia 15 de Dezembro

A CP retomou o serviço Intercidades em Braga no dia 15 de Dezembro. Aos quatro Alfas diários na capital minhota, a CP adiciona um comboio Intercidades com ligação a Lisboa. Consulte o horário no site da CP.

Antes & Depois Trofa

© Pedro André © Pedro André

31 de Janeiro de 2010 21 de Setembro de 2013 Editorial

Trainspotter n.º 43 - Março 2014

Redacção

• Carlos Loução • João Cunha • João Joaquim • João Lourenço • Pedro André • Pedro Mêda Sumário • Ricardo Cruz • Ricardo Ferreira • Ricardo Monteiro • Ricardo Quinas • Tiago Ferreira Editorial 5 Comboio Correio Contribuições para: 6 [email protected] Balastro Endereço: 10º Aniversário da Modernização da L. de Guimarães 7 www.portugalferroviario.net Comboio Internacional Comboios de Mercadorias com 1.500 metros, na Europa 12 Cavalos de Ferro Infraestruturas Ferroviárias de Valor Acrescentado 15 Comboio Destaque Comboio Internacional de Siderúrgicos nº 48808/9 22 Modelismo – Exposições Encontro de Modelismo Ferroviário 24 Comboios à Escala Novidades à Escala 26 Estação Terminal 31

• O Intercidades nº 542 percorre lentamente o sinuoso traçado da Beira Baixa, Gavião, Julho de 2012 - Ricardo Quinas. • UME 3400 no apeadeiro de Pereirinhas em 7 de Fevereiro de 2014 - Pedro André.

Última Capa: O mítico 28, ícone e museu vivo da cidade de Lisboa, descendo de São Vicente para a baixa pombalina. João Cunha - Janeiro 2010

3 Spotting

Allan 0360 com o IR 807 (Lisboa S. A. – ) circulando junto aos campos de cultivo da zona de Leiria - Regueira de Pontes, 16 de Abril de 2013

Joao Joaquim

4 Editorial

Pedro Mêda Pedro Mêda

mau tempo volta a provocar estragos. Este blemas, grande parte deles já referidos em edições ano, a forte pluviosidade tem provocado a anteriores. O relatório permite apresentar a todos os Osaturação dos solos e a elevação do nível responsáveis governamentais a localização desses regular dos cursos de água, sendo estes obrigados a problemas e qual a sua gravidade, factor que condicio- transpor as suas margens, inundando campos e infra- nará de futuro a realização de discursos infelizes, como estruturas. Uma das situações mais críticas ocorreu na alguns registados num passado recente. estação do Bombarral na , onde uma Merece também uma nota, e de algum modo em ar- inundação generalizada obrigou ao corte da circulação. ticulação com o relatório produzido, a viagem organiza- Também além-fronteiras o clima, e designadamente a da pela REFER à , destinada aos meios agitação marítima, têm provocado estragos, sendo Da- comunicação social. Utilizando a automotora Allan VIP wlish no Reino Unido um dos locais mais referidos para recentemente adquirida à CP, a entidade responsável constatar a agressividade dos agentes atmosféricos. pela gestão da infraestrutura ferroviária nacional deu a Merece também destaque o crescente movimento conhecer o estado de conservação e os problemas di- cultural em torno da ferrovia. Da exposição patente no ários com que se confronta, para garantir a segurança Museu Berardo, passando pelas exposições permanen- das circulações nesta centenária linha, mas que reúne tes nos núcleos museológicos da fundação e eventos características que a tornam numa das mais belas do pontuais ou periódicos como o encontro de módulos à mundo. escala H0, até programas de televisão sobre a temá- Numa viagem ao passado recente, assinalamos os tica, são variadas as temáticas, valorizando e dando dez anos da modernização da Linha de Guimarães, re- cada vez sentido ao gosto “pelas coisas da ferrovia”. avivando na memória do leitor as saudosas UDD 9600, Um dos assuntos na ordem do dia está relacionado que durante décadas asseguraram as ligações ao Por- com a publicação do relatório do Grupo de Trabalho IE- to. Espaço também para projectar o futuro seguindo as VAS – Infraestruturas de Elevado Valor Acrescentado, tendências de outros países, como a França, onde se publicado no passado dia 27 de Janeiro. deu início aos ensaios de comboios de mercadorias com 1.500 metros. Este relatório, à parte dos pontos positivos e ne- gativos que serão expostos em artigo próprio neste No mundo à escala H0, damos a conhecer o recen- número, constitui-se como um instrumento ímpar não temente lançado veículo Sperry Rail. só ao nível dos resultados, mas sobretudo ao nível do São por isso muitos e diversos os assuntos que envolvimento dos actores e do timing conseguido para convidamos a ler em detalhe em mais uma edição da a apresentação de resultados. O documento foca-se Trainspotter. Saudações Siderodromófilas e votos de sobretudo numa visão de rentabilização das infraestru- uma boa leitura! turas (nomeadamente as rodoviárias, ferroviárias, ma- rítimo-portuárias e aeroportuárias) para o transporte de mercadorias. Serão dis- cutidos os aspectos relacionados com a ferrovia e no seu interface com a rodovia e os portos, explorando-se entre outros, os projectos ferroviários prioritários se- leccionados. Um breve destaque para a forma de apresentação, de fácil leitura, não obstante das quatrocentas e muitas páginas, contrapondo com a densidade dos anteriores planos estratégicos de transporte. No estrito âmbito ferroviário, é um ponto favorável a identificação e hie- rarquização de grande parte dos pro-

5 Comboio Correio

Ricardo Ferreira

CP Carga vende mais material

CP Carga colocou à venda no cata localizada em Abrantes, pelo reta custos para a empresa. Amês passado diversos vagões, valor de 262 mil euros. O valor base para a totalidade do num total de 136 unidades que se Nesta nova operação, a empre- material, incluindo os 304 rodados, encontram fora de serviço, e ainda sa recolocou à venda as 59 unida- cifra-se em 458 mil euros, no caso 304 rodados. Esta é a segunda ope- des que anteriormente não tiveram de este não vir a circular novamen- ração semelhante realizada num qualquer proposta, nomeadamente te sobre carris na Península Ibéri- curto espaço de tempo. Recorde-se 46 vagões Us da série 970 6 para ca, ou praticamente 1,3 milhões de que em Novembro do ano passado, transporte de balastro e 13 vagões euros para que volte ao serviço no a CP Carga colocara 114 vagões cisterna Zaes, e ainda pretende espaço Ibérico. Contudo, cada lote à venda, tendo apenas vendido 55 desfazer-se de mais 40 vagões fe- de material poderá ser vendido de unidades (vagões porta-automóveis chados Hikks e 37 vagões tremonha forma separada. O prazo para pro- Hccerrs e Ldks, e vagões Kbmps Tdgs, material considerado exce- postas termina a 7 de Março. para rolaria) a uma empresa de su- dentário e cujo parqueamento acar-

© Francisca Leite Mau Tempo Afectou Linha do Oeste

evido ao mau tempo, no passado dia 11 e D12 de Fevereiro a circulação de comboios foi interrompida na Linha do Oeste, entre Torres Vedras e Caldas da Rainha. A via sofreu inunda- ções na estação do Bombarral, fenómeno que tem sido frequente também já noutros anos. No mesmo troço, também um aluimento de terras viria a bloquear a circulação ferroviária. Durante o sucedido foi efectuado transbordo dos passa- geiros para o meio rodoviário.

6 Balastro

10º Aniversário da modernização da Linha de Guimarães

Pedro André

o passado dia 18 de NJaneiro, comemorou- se o 10º aniversário da reabertura da Linha de Guimarães após as obras de modernização entre Lousado e a cidade vimaranense, que permitiram revolucionar o panorama ferroviário nesta zona do país.

Linha de Guimarães tinha iní- projecto de renovação centrava-se hoje, continuando as populações a Acio na estação da Boavista no troço entre Lousado e Guimarães exigir a concretização do projecto. (PK 0,0) e estendia-se ao longo de e a parte inicial da Senhora da Hora O plano final a ser aplicado na oitenta quilómetros até Fafe, tendo até à Trofa foi entregue ao Metro do Linha de Guimarães impunha desde sido construída em bitola métrica, Porto, que haveria de usar grande logo a completa reconversão da bi- quer para vencer o terreno acidenta- parte do canal para instalação da tola métrica para bitola ibérica entre do, quer porque era a bitola utilizada infraestrutura relacionada com a via Lousado e Guimarães, uniformizan- em parte das linhas existentes no (aproveitando inclusivé alguns dos do desse modo toda a rede ferrovi- grande Porto. Em 1986 a linha vê ser edifícios das antigas estações, como ária existente. O plano iria propor- encerrado o troço entre Guimarães por exemplo Castelo da Maia). No cionar a utilização das composições e Fafe devido à fraca afluência de entanto, uma grande parte do troço que iriam ser adquiridas para efectu- passageiros, mantendo-se o resto ficou abandonado até aos dias de ar os serviços suburbanos do grande do traçado em pleno funcionamen- to. Esta linha tinha a particularidade Gabriel Lopes de correr paralela à via larga da Li- nha do Minho durante vários metros antes de chegar à estação da Trofa e em via algaliada (ou seja, com a via métrica colocada no meio da via larga) entre esta estação e Lousa- do. O método de exploração dema- siado arcaico para uma linha que se queria para o século XXI levou à decisão pela modernização.

A modernização da Linha de Gui- marães foi das primeiras grandes obras desde a criação da REFER em 1997, num orçamento que ultra- passou os 100 milhões de euros. O Linha de Guimarães perto de Caniços

7 Balastro

Gabriel Lopes

Antiga estação de Caniços, ainda com a via métrica

Porto. Sérgio Costa As obras tiveram início com a consignação da empreitada entre Lousado e Santo Tirso em Março de 1997 (na altura não se electrificou o troço, tendo tal acontecido apenas mais tarde), tendo esta empreitada sido finalizada em Outubro de 1998 numa extensão de seis quilómetros. A renovação deste troço destacou- -se desde logo pela construção de uma nova estação em Santo Tirso,

Santo Tirso com via ibérica e via estreita em 2001 o que implicou novos acessos ro- doviários até ao centro da cidade, tendo inclusivé sido construída uma Sérgio Costa ponte rodoviária sobre o rio Ave. Quando as obras até Santo Tir- so foram finalizadas, a CP colocou no serviço Regional as automoto- ras 0450, que já circulavam na Li- nha do Minho – no resto da linha até Guimarães continuavam a rei- nar as 9600, o que obrigava a um transbordo dos passageiros da via estreita para a via larga e vice-versa na estação tirsense. A situação era naturalmente inadmissivel, mas só a 26 de Dezembro de 2001 é que a empreitada seguinte entre Santo Estação de Vizela em 2001 Tirso e Lordelo foi entregue, tendo

8 Balastro

Gabriel Lopes

Antiga Ponte dos Caniços as obras uma extensão de cerca de to que se exigia muito melhor. cios das estações de Santo Tirso e treze quilómetros e alargando-se às A reconversão da bitola obrigou de Guimarães ficaram sem qualquer estações de Caniços, Vila das Aves a grandes trabalhos de remoção de uso ferroviário, embora tenham so- e Lordelo e ainda ao apeadeiro de terras e a necessárias expropria- brevivido à onda de demolições que Giesteira. Acabaram por ser conclu- ções de terrenos, quer para alargar arrasou as antigas estações de Ca- ídas no dia 31 de Outubro de 2003. o canal, quer para a construção e re- niços e Vila das Aves, e ainda de Finalmente, e já com o Cam- modelação de todas as estações e todos os apeadeiros que existiam peonato da Europa de Futebol de apeadeiros, acessos necessários e anteriormente. 2004 em vista, é finalizada a última parques de estacionamento. Só en- As novas estações e apeadeiros empreitada no dia 31 de Dezembro tre Caniços e Guimarães foram cria- passaram a contar com melhores de 2003, onde foram alvo de inter- dos 750 lugares de estacionamento acessos rodoviários e também com venção as estações de Vizela e Gui- divididos pelas dez paragens comer- melhores acessos dos passageiros marães, e os apeadeiros de Cuca, ciais existentes. Os edifícios das aos comboios, já que todas as pla- Pereirinhas, Covas e Nespereira. De estações de Santo Tirso, Caniços, taformas foram construídas de novo realçar ainda que a linha permane- Lordelo, Vila das Aves e Guimarães incluindo acessos desnivelados, ceu encerrada ao tráfego ferroviário foram construídos de raiz e apenas contando com novos abrigos de pas- num acordo alcançado com a CP a o de Vizela foi alvo de uma profun- sageiros, acesso para pessoas com partir do dia 7 de Janeiro de 2002 da remodelação. Os antigos edifí- mobilidade reduzida e informações entre Santo Tirso e Guimarães, e que assim se manteve durante os Pedro André dois anos em que a obra decorreu, tendo sido usados durante esse pe- ríodo de tempo autocarros no servi- ço alternativo.

A renovação da Linha de Gui- marães utilizou quase na totalidade o canal ferroviário existente, dificul- tando os trabalhos tendo em conta a localização e o percurso existen- te. Inserida em locais urbanizados, atravessada por dezenas de pas- sagens de nível e com um traçado sinuoso para bitola ibérica, as obras implicaram um grande esforço por Nova ponte dos Caniços parte dos responsáveis, num projec-

9 Balastro

Victor Marques

Antiga estação do Lousado, à esquerda e Linha de Guimarães ao centro sonoras e visuais sobre as circula- longo da linha entre Lousado e Gui- ção da linha, resultando numa ponte ções. As novas estações passaram marães, dezenas de passagens des- totalmente nova com uma extensão também a contar com alguns espa- niveladas, entre as quais passagens de 176 metros entre encontros. Con- ços comerciais, para além de um au- rodoviárias superiores e inferiores, ta com sete tramos de suporte, sen- mento exponencial de conforto para passagens para peões superiores e do o tabuleiro construído em betão os passageiros. inferiores, passagens agrícolas, ten- armado pré esforçado. A antiga pon- do ficado apenas duas passagens te ainda por lá continua, desta vez As passagens de nível existentes de nível automatizadas. Foram ainda ao uso de peões e bicicletas. no tempo da via métrica (mais de construídos três viadutos (dois entre De modo a aumentar ainda mais sessenta, numa média que rondava Santo Tirso e Loredo, um já perto da as condições de segurança, toda a uma passagem de nível a cada 500 estação de Guimarães) e um túnel linha foi alvo de colocação de veda- metros) foram suprimidas, excepção ferroviário em Vizela. ção ao longo do canal ferroviário. feita a algumas passagens particu- A nova ponte de Caniços (entre a Como o canal atravessa uma zona lares. Para a supressão das passa- estação de Caniços e Vila das Aves) densamente industrializada, algu- gens de nível foram construídas, ao foi a maior obra de toda a remodela- mas fábricas ficaram divididas pela passagem do comboio. De

Victor Marques modo a resolver o problema ficaram algumas passagens de nível privadas e constru- íram-se algumas ligações superiores entre os vários núcleos fabris de modo a facilitar o normal funciona- mento, ligações destinadas essencialmente à passagem de produtos.

A Linha de Guimarães conta actualmente com 30,5 quilómetros de extensão em via única electrificada. Tem um gabarito de CPB+, permi- te a circulação de comboios Antiga estação de Guimarães com a carga máxima (D4),

10 Balastro embora por lá não circule nenhum comboio de mercadorias. Aliás, a Victor Marques própria modernização da via foi vocacionada apenas para o tráfe- go de passageiros, não tendo sido construído qualquer ramal/desvio para mercadorias. O cantonamento é do tipo AJ com bloco orientável, o CONVEL do tipo Ebicab 700, e toda a linha está equipada com o Rádio Solo Comboio com transmissão de dados. As velocidades máximas são de apenas 90 km/h, o que ainda assim permitiu reduzir significativa- mente o tempo de ligação entre Gui- marães e a cidade do Porto, já que aquando da via estreita as velocida- UDD à passagem por Caniços des rondavam os 40 km/h. Esta nova realidade permitiu que aproximadamente 70 minutos. Relativamente ao layout das esta- a ligação directa a Lisboa se tornas- Infelizmente, a linha merecia ções que foram renovadas, a maioria se uma realidade e actualmente exis- um outro planeamento que não se ficou com duas linhas de circulação, tem dois comboios Intercidades (um verificou, ficando-se por apenas um como foi o caso de Santo Tirso com em cada sentido) em Guimarães. remendo ao que já era mau. Com 270 metros de vias, Caniços com Em relação aos comboios urbanos, velocidades muito limitadas e um 200 metros, Vila das Aves com 220 as melhorias foram ainda mais evi- traçado sinuoso, é um exemplo claro metros, Lordelo com 217 metros e dentes, já que a reabertura da linha do que não se devia fazer em termos Vizela com 158 metros. Apenas Gui- coincidiu com a chegada das novas de renovação ferroviária. marães, e sendo estação terminal, unidades 3400, que cumprem a via- conta com quatro linhas. gem entre Guimarães e o Porto em

Ricardo Ferreira

A imagem actual da Linha de Guimarães, com uma UME em Santo Tirso

11 Comboio Internacional

Comboios de mercadorias com 1.500 metros, na Europa

informação relevante para perceber que remontam a 2012 para ensaios João Cunha os impactos para a infraestrutura e do género. benefícios em geral para a opera- O debate gira em torno da pro- rança começou 2014 a tes- ção. Os ensaios não foram conclu- dutividade da operação, sendo que Ftar uma nova fórmula para sivos, e embora a subida das 22,5t o factor mais relevante para o trans- operação de comboios de mercado- para as 25t por eixo seja uma meta porte de mercadorias centra-se pre- rias na Europa. Num teste levado a recorrente nos países europeus, a cisamente na carga por comboio. A cabo entre Lyon e Nîmes, a SNCF definitiva execução continua adiada. solução por comboios mais longos colocou em circulação um comboio No que à extensão diz respeito, coloca imensos desafios. Desde com 1.500 metros de comprimento, é novamente a França que toma a logo, na infraestrutura. É necessário e com cerca de 3.500t de peso. dianteira, muito embora o sector do haver vias de resguardo capazes de transporte ferroviário de mercado- albergar comboios com esta dimen- Mais do que o sucesso relativo da rias seja um dos mais caóticos e in- são, e escasseiam mesmo em paí- primeira marcha, o fundamental é a solventes da União Europeia – falan- ses como França ou Alemanha. Mas reflexão que este facto abre. França do, claro, do operador público. Numa também ao nível da operação, onde tem sido um paradoxo absoluto no Europa onde o máximo comprimen- frequentemente os limites de resis- que à evolução da operação ferro- to vai pouco além dos 800 metros tência dos engates de tensor são co- viária diz respeito, e de forma muito (835 metros na Alemanha, 850 para locados à prova com comboios até premente se nos restringirmos ao circulações especiais em França), 750 metros de comprimento. Não é transporte de mercadorias. são novamente os gauleses que to- líquido que o aumento dessa métrica Há já mais de dez anos, França mam a dianteira na experimentação autorize, por si só, uma maior produ- foi a pioneira ao testar vagões de dos 1.500 metros (na prática, duas tividade do meio ferroviário. mercadorias com um peso por eixo vezes o tamanho máximo standard Tão fundamental como criar con- até 25 toneladas. Os ensaios servi- para a UIC – 750 metros), isto ape- dições ao nível da infraestrutura ram para recolher toda uma série de sar de anúncios da DB Schenker para aumentar a dimensão de um

Primeiro teste com uma locomotiva à frente e outra ao centro à passagem por Marathon. Fotografia de Alain Charrier.

12 Comboio Internacional comboio de mercadorias, é inter- vir nas especificações técnicas dos engates de vagões e locomotivas, de modo a autorizarem um aumen- to significativo da carga rebocada. Nesse sentido, há vários anos que vem sendo percorrido um caminho no sentido de aumentar a exigência. Na Alemanha, há muitos anos que circulam comboios de minério de ferro com cerca de 6.000 toneladas, recorrendo a engates reforçados. No entanto, a circulação do comboio desenvolve-se por um terreno prati- camente plano, que coloca pouco à prova a resistência dos materiais. Comboio Marathon. Fotografia de Yves Seligour. Na maioria dos grandes eixos da tos da falta de fiabilidade das redes não puderem ter a prioridade que é Europa Central, é admissível pen- europeias? E serão os eixos de perfil fundamental terem para atingirem a sar que o comprimento máximo do fácil e rampas ligeiras aqueles que fiabilidade de que depende a con- comboio pode de facto transportar o mais problemas colocam à rentabi- fiança da indústria nos transportado- meio ferroviário para outros patama- lidade do transporte ferroviário de res. Também não resolve enquanto res de produtividade e competitivida- mercadorias no velho continente? os engates e respectiva resistência de, pois maioritariamente tratam-se São muitas as questões que re- forem um gargalo mais apertado de eixos cujas rampas típicas não al- sultam deste ensaio. Mesmo sem que o do comprimento. Nem se re- cançam sequer as 10 milésimas. É, particularizar o caso francês, onde a solve se continuarem a haver eixos aliás, o caso do eixo percorrido por SNCF se afunda cada vez mais pe- saturados e muito procurados para este comboio experimental. rante uma concorrência cujos meios transporte de mercadorias com per- Além das reflexões comerciais de tracção são fornecidos pela pró- fis demasiado inclementes para o que a necessidade de reunir volu- pria SNCF, que só assim consegue transporte ferroviário. mes importantes acarretam, é do rentabilizar uma frota mais do que Tal como em muitas outras ques- lado do investimento que o foco excedentária. Por França até correu tões, o fundamental para aumentar está. Não só a adaptação de res- a anedota que para realizar um en- a produtividade do transporte ferro- guardos é fundamental, como a pró- saio assim, a SNCF teve de reunir viário é agir numa lógica de sistema, pria convivência com os comboios todos os vagões a transportar na- intervindo em várias variáveis ao de passageiros tem de ser tida em quele dia. mesmo tempo, que são interdepen- conta. A falta de fiabilidade das cir- Parece claro que haverá situa- dentes. Este ensaio mostra um pos- culações de mercadorias na Europa ções limitadas onde o simples au- sível caminho e despoleta sem dúvi- está, quase sempre, ligada a uma mento do comprimento dos com- da muitas reflexões, mas não abre exploração quotidiana que relega boios contribuirá para aumentar a um caminho que se possa percorrer estas circulações para canais não rentabilidade operacional. Pense- já no dia de amanhã. prioritários e para atrasos constan- mos nos comboios de mercadorias O transporte de mercadorias por tes. É de pensar que circulações de valiosas e leves, como os automó- via férrea compete sobretudo com 1.500 metros coloquem mais desa- veis. A margem operacional que as fiabilidade e unidades de carga por fios – tendencialmente, mesmo após companhias férreas poderão alcan- comboio. Maximizá-las conjunta- adaptações na infraestrutura, os çar nestes comboios poderão bene- mente é a solução final. Que se pontos para resguardo destes com- ficiar imensamente deste aumento, subdivide depois em muitas acções boios serão em menor número, e a e nem haverão grandes desafios complementares. Aumentar a longi- flexibilidade para gerir a capacida- ao nível da tracção ou dos engates, tude dos comboios é, sem sombra de das vias tendencialmente atirará com excepção de alguns itinerários de dúvidas, um factor a explorar no estes comboios mais vezes e mais mais montanhosos. futuro. tempo para resguardos com vista a Nos restantes casos, continua a ultrapassagens e cruzamentos. ser difícil pensar que a produtividade Nota: Será o ganho de produtividade do transporte ferroviário possa su- resultante da maior agregação de bir muito com acções isoladas. Au- Crónica também disponível em mercadoria num único comboio su- mentar os comboios não resolve en- www.webrails.tv ficiente para contrabalançar os efei- quanto os comboios de mercadorias

13 Spotting

Comboio da Central Lechera das Asturias, subindo o Puerto de Pajares a caminho das Asturias e procedente de Sevilha. Aqui, em Villamanin, Fevereiro 2014

João Cunha ...Espanha

14 Cavalos de Ferro Infraestruturas ferroviárias de valor acrescentado

João Cunha, Pedro Mêda

onhecemos no final do mês de Fevereiro o relatório preparado pelo Grupo de rabalhoT C para as Infraestruturas de Elevado Valor Acrescentado (www.ieva.pt), onde estão defini- das as prioridades de investimento em infraestruturas de transporte para os próximos anos, coincidindo com o quadro comunitário de apoio até 2020 e com quadros de financiamento europeus específicos – por exemplo, no quadro das redes transeuropeias.

exercício de hierarquiza- atenções. cadorias. O exemplo mais claro é a ção e priorização que foi colocação de uma terceira via entre Ofeito constitui desde logo Modernização da Alverca e Castanheira do Ribatejo, uma acção inédita – ao invés de en- que permitirá a existência de um comendar novos estudos para ob- Orçado em 400 milhões de euros, troço de via múltipla (mais de duas jectivos faraónicos, o poder político a finalização da modernização da li- vias) entre Braço de Prata e Azam- decidiu juntar o sector em torno de nha do Norte é o projecto prioritário buja, com capacidade reforçadíssi- projectos já estudados, e deixou que entre os ferroviários. Passados vinte ma para permitir de forma competiti- fossem os próprios actores do sec- anos sobre o início deste programa, va a operação de mais comboios de tor a pronunciarem-se sobre o que a Linha do Norte continua a ser uma mercadorias, com origem ou destino é prioritário para atingir os objectivos manta de retalhos – ao nível da gre- na zona de Lisboa. estratégicos que existem em Portu- lha de via, ao nível das velocidades O grupo avalia que o projecto pode gal, e na União Europeia. praticáveis e até de sistemas de si- ser financiado até 80% por fundos Esta inovação é de saudar, mes- nalização. O forte impacto na com- comunitários. mo que por vezes o estudo possa petitividade da ferrovia nacional, que apresentar-se superficial. A lógica depende quase na totalidade desta subjacente é a da simplificação para via, determina a prioridade. discussão pública de muitos pro- O objectivo fundamental é parar a jectos pendentes há largos anos. degradação da via, nomeadamente Em alguns casos, os projectos não nos troços cuja modernização nun- têm a maturidade exigível para uma ca chegou: Entroncamento – Vale de metodologia destas mas, felizmen- Santarém, Alverca – Castanheira do te, esses casos não estão entre os Ribatejo, Alfarelos – Pampilhosa e projectos retidos na selecção final. Ovar – Gaia. Importa referir que os pressupostos Além das intervenções na via, que assentam numa lógica de primazia pressupõe uma prática de pelo me- do transporte de mercadorias sobre nos 140 km/h ao longo de toda a li- o transporte de passageiros. Não nha do Norte, o projecto determina obstante, alguns dos projectos estão a criação de vias de resguardo com especificamente vocacionados para pelo menos 750 metros de extensão a mobilidade das populações. e a instalação de nova sinalização Entre os trinta programas de inves- nos troços cujo equipamento com timento aconselhados, e agora sujei- comando centralizado ainda tarda. tos a discussão pública, há oito pro- O principal objectivo é aumen- jectos ferroviários, que representam tar a fiabilidade das circulações e a Mais uma vez a modernização da Linha em conjunto mais de 2.500 milhões capacidade para absorção de mais do Norte faz parte do Plano Ferroviário de euros. É nestes que centraremos tráfego, nomeadamente o de mer- Nacional.

15 Cavalos de Ferro

É de supor que será também o num total de cerca de 120 km) momento para renovar pelo menos o investimento médio por quiló- as vias e resguardos principais de metro rondará os 3,3 milhões de estações como Entroncamento, Al- euros, valor que terá de incluir as farelos, Pampilhosa e Gaia, em qual- inevitáveis perturbações na cir- quer caso bastante degradadas quer culação. Obras realizadas recen- do ponto de vista de circulação, quer temente, como seja a Variante de do ponto de vista da experiência do Alcacer, permitem ter uma ideia passageiro. dos valores necessários para a São referidas ainda melhorias nos construção de uma plataforma acessos ao terminal da Bobadela e ferroviária apta para via dupla e ao Terminal do Vale do Tejo (Entron- todos os elementos (via, catená- camento), cuja substância se desco- ria, materiais de via e sinalização nhece. A possibilidade de potenciar e CONVEL) para via única. Dos a nova plataforma logística da Cas- dados da publicação sobre a re- tanheira do Ribatejo, que permane- ferida obra é possível constatar Ligação a Vilar Formoso. ce sem qualquer ligação ferroviária, que a intervenção, para estes devia ser também parte integrante trabalhos, rondou os 2,5 milhões al desta via – um dos critérios com deste projecto. por quilómetro. A via construída está mais peso na metodologia de selec- Num momento em que Lisboa e apta para 25 toneladas e velocida- ção que foi aplicada é precisamente Porto estão separadas por 2h30, a des de 200 e 220 km/h para com- o que mede o grau de degradação primazia por aumentar a fiabilidade boios convencionais e pendulares que se evita e/ou que se corrige em e a capacidade da via ao invés de respetivamente. infraestruturas existentes. apostar em maiores velocidades de Os troços identificados têm ne- O projecto de renovação assenta ponta ao longo dos 336 quilómetros cessidades diferentes. Gaia – Ovar na aplicação de travessas bi-bitola desta linha parece acertada, até por- e Castanheira do Ribatejo – Alverca em toda a extensão, na possibili- que a partir de agora a variável mais necessitam de uma intervenção pe- dade de circulação regular de com- influente para encurtar o percurso sada na via e substituição da sina- boios de mercadorias de 750 metros será precisamente a capacidade da lização, enquanto Entroncamento – e na eliminação de constrangimen- via, que alberga uma heterogeneida- Vale de Santarém tem necessidades tos da infraestrutura actual – seja ao de brutal de tráfegos, não permitindo maiores apenas ao nível da sinali- nível da degradação da via existen- de forma razoável operar comboios zação e Pampilhosa – Alfarelos ao te, seja pela suavização de algumas pendulares com tempos de percur- nível da infraestrutura de via. Face das maiores rampas do percurso. so muito inferiores. Relativamente a ao exposto, parece que os valores O projecto compreende ainda a este corredor, e em linha com o que envolvidos serão compatíveis com electrificação dos ramais do Por- foi referido, surge na página 39 do uma beneficiação ao nível da via, to de Aveiro e da Portucel (Cacia), relatório um dado de extremo inte- realizada com recurso a travessas assim como a construção do Ramal resse para análise do desempenho/ monobloco bi-bitola e carril soldado. de Viseu, cuja forma se desconhece potencial das ligações; o registo das ainda. Não é de crer que a renovação velocidades da circulação número Corredor Aveiro – Vilar Formoso 122, correspondente ao comboio da linha actual consiga atingir os Alfa Pendular com saída de Porto- Este é o projecto mais polémico mesmos resultados que um novo -Campanhã às 9h47 e chegada a entre os selecionados. Com um cus- itinerário poderia conseguir: fosse Lisboa-Santa Apolónia às 12h30 to de 900M€, o grupo de avaliação no aumento da tonelagem média (tempo total de percurso, 2 horas e colocou em confronto directo a al- rebocável por uma única locomoti- 43 minutos). ternativa da renovação da Beira Alta va eléctrica, fosse pela construção Poder-se-á discutir se o estabele- e da construção de uma nova linha de um novo eixo com potencial até cimento de um patamar de veloci- entre Aveiro e Vilar Formoso, não para passageiros, que colocaria num dades da ordem dos 140 km/h será admitindo por exemplo uma solu- mesmo eixo Madrid, Salamanca, Vi- pouco ambicioso. No entanto, aten- ção mista, a meio caminho entre as seu, Aveiro e Porto. dendo aos quilómetros que serão duas. Os pontos negros no que à com- objeto de intervenção (Gaia – Ovar, O grupo não considerou a opção petitividade do transporte ferroviário 31,4 km; Pampilhosa – Alfarelos, 33 por realizar um novo itinerário, e de mercadorias diz respeito, são os km; Entroncamento – Vale de Santa- inclinou-se antes para a moderniza- troços Pampilhosa – Carregal do rém, 40 km; Castanheira do Ribatejo ção da Beira Alta, decisão para que Sal, Fornos de Algodres – Guarda e – Alverca, 12,4 km; Bobadela, 3 km; muito contribuiu a degradação actu- Cerdeira – Vilar Formoso. Em qual-

16 Cavalos de Ferro quer dos casos, não se vislumbra como o assunto da suavização das mas, mais importante do que isso, como se poderá corrigir o traçado rampas, também o Ramal de Viseu Portugal e Galiza disporão finalmen- actual de modo a eliminar de forma deve lançar a discussão do porquê te de um eixo de elevada capacida- substancial as dificuldades ali exis- de não se concretizar, pelo menos, de para o tráfego de mercadorias, tentes. A correcção de algumas cur- uma ligação directa entre Aveiro e que está a crescer, embora continue vas pode ajudar não só a aumentar Mangualde, poupando pesados in- num patamar francamente embara- a velocidade de trajecto, como tam- vestimentos numa via envelhecida e çoso. bém a diminuir a rampa típica (efeito de traçado pouco interessante como Os ramais particulares instalados acumulado da inclinação mais o efei- é o da linha actual, entre Coimbra e ao longo da via serão também adap- to que as curvas têm na resistência Mangualde. tados e electrificados. ao avanço). A existência de uma variante entre A pertinência deste projecto é ine- Além disto, o projecto prevê uma Guarda e Vilar Formoso parece ser quívoca, sendo a maior dúvida a concordância na Pampilhosa para uma certeza, que condenará a pra- amplitude da correcção de traçado a que comboios vindos de Norte evi- zo o actual percurso pela sumptuosa levar a cabo entre Nine e Viana do tem as manobras nesta estação, ponte do Côa, cujo atravessamento Castelo. Existe potencial para fazer para inverterem a marcha. O nas- obriga a duríssimas rampas nos dois muito melhor do que existe hoje em cimento do triângulo na estação da lados do atravessamento. Prevê- dia, mas o orçamento previsto não Pampilhosa trará ganhos de produ- -se que do montante previsto, uma permite de todo sonhar com grandes tividade assinaláveis para os com- parte muito significativa (certamente intervenções de forma generalizada. boios de mercadorias. superior a 50%) será para trabalhos Uma visão global e sistematizada Para além das dúvidas naturais de movimentação de terras entre das condições existentes atualmen- quando se fala de redução de ram- outros, e não para os directamente te será determinante para que as pas, o Ramal de Viseu é uma grande relacionados com a realização da intervenções sejam por um lado ci- incógnita. Se se transformar numa plataforma, infraestrutura de via, ca- rúrgicas e em linha com os valores reprodução do antigo ramal de via tenária e sinalizações. disponíveis e, por outro lado compa- estreita, procurando uma ligação o tíveis com o valor acrescentado e o mais directa possível a Coimbra e Linha do Minho nível de prestações que se pretende Lisboa, será um imenso desperdí- para esta ligação. O troço referido cio. Será difícil que a ligação Aveiro Um dos projectos mais pacíficos, será aquele onde esta reflexão se – Viseu – Mangualde não veja a luz e que está já em vias de concretiza- torna extremamente pertinente. do dia num futuro próximo, e neste ção. Com 145 milhões de euros, a cenário o Ramal de Viseu não per- REFER irá levar a cabo a moderni- mitiria qualquer redução dos custos zação, automatização e electrifica- de edificação desse eixo. ção da linha entre Nine e Valença, de Também parece inevitável a inter- Por outro lado, construi-lo agora modo a dotar este eixo densamente venção na Linha de Cascais, tal é a apontado a Mangualde, de modo povoado de condições de circulação degradação e desactualização da in- a dar continuidade para Espanha, compatíveis com a era em que vive- fraestrutura. A electrificação está ve- colocará em causa no imediato a mos e, sobretudo, aumentando o po- tusta e será provavelmente substituí- competitividade do transporte de tencial desta ligação como corredor da pela electrificação a 25.000 volts, passageiros, e o transporte de carga atlântico de mercadorias. eliminando a singularidade eléctrica não parece ter um potencial muito Além da revisão dos patamares desta via. A renovação da sinaliza- elevado em Viseu. Permitiria no en- de velocidade e da tanto lançar a primeira fase da futura instalação de resguar- ligação directa a Aveiro – essa sim, dos com 750 metros que materializaria grande potencial de extensão, também até para o transporte de passagei- o troço entre Contu- ros. No entanto, esta, a ser mate- mil e Ermesinde será rializada, relega, no mínimo, para alvo de intervenção, níveis de interesse muito reduzidos e passará a dispor de a concordância norte da estação da quatro vias para um Pampilhosa referida anteriormente. escoamento eficaz do Qual será a opção? Não se sabe, elevado tráfego que mas em todo o caso a preferência ali circula. pela segunda parece fazer mais Porto e Vigo pode- sentido, visto o futuro que temos rão então estar a duas Évora - Caia, fundamental o dever de perspectivar. Mas, tal horas de percurso no transporte ferroviário de mercadorias.

17 Cavalos de Ferro

ra linha de Alta Velocidade possam ser realizadas ao mesmo tempo, evitando maiores gastos numa futu- ra execução do projecto. Apta a 200 km/h e desenrolando- -se em território favorável, a via úni- ca electrificada terá como principal função criar finalmente um corredor de transporte ferroviário de merca- dorias entre o Centro e Sul do país e Espanha, beneficiando infraestru- turas portuárias tão dinâmicas como Sines e Setúbal. Esta nova linha deve absorver menos de metade do orçamento to- tal, estando os restantes dedicados também à construção de uma outra ligação nova e, grosso modo, recu- perando o projecto que já havia sido lançado no tempo do Estado Novo – a nova , ligando Sines a Grândola Norte. Este é um projecto excitante, pois não só beneficiará imenso o trans- porte de mercadorias, ao evitar as imensas rampas da actual Linha de Sines, como lançará pelo menos po- tencial no terreno para uma futura reactivação do transporte de passa- geiros. Com efeito, a infraestrutura nova permitirá a prática de veloci- dades elevadas e poderá colocar Ramal do Porto de Setúbal e Ramal da Somincor, em que o GTIEVA apresenta a Setúbal a 30-40 minutos de Sines, electrificação como potenciador do transporte ferroviário. Fotos de PedroAndré. com mais 40 minutos para Lisboa, o que face ao dinamismo crescente ção e das estações é outra priorida- assim o débito potencial da infraes- de Sines poderá num futuro próximo de desta intervenção de 160 milhões trutura portuária. promover a localização de uma nova de euros. Parques de estaciona- É um daqueles projectos que com estação de passageiros na costa mento serão provavelmente criados ou sem grupo de avaliação, avança- alentejana. junto a algumas das estações. ria sempre sem grande discussão. A electrificação do ramal da Pe- O grande upgrade desta linha será trogal consta também da ordem de completado com o investimento em Corredor Sines – Caia trabalhos, tal como a renovação material circulante (fora do âmbi- Bombel – Poceirão, via altamente to deste projecto, e provavelmente O projecto mais importante a se- degradada e a necessitar de inter- alvo de atenção na concessão a pri- guir ao corredor Aveiro – Vilar For- venção urgente. Tal como a Linha vados), também ele vetusto, pouco moso tem 1.000 milhões de euros de Vendas Novas, que absorve as fiável e em fim de vida. de orçamento, e parece ter financia- verbas restantes alocadas para este mento assegurado, fazendo fé nos projecto, via também em degrada- ventos que sopram de Bruxelas. ção acelerada e que permite ligar o Este imenso projecto visa a cons- porto de Sines ao norte da Penínsu- O projecto de 20 milhões de eu- trução de um novo troço de via fér- la Ibérica. ros é tão somente a electrificação rea entre Évora e Elvas. O troço será Este pode ser um projecto estru- de ramais no porto de Setúbal e em construído em bitola ibérica, adaptá- turante para a Península Ibérica no Praias Sado. O porto de Setúbal vel a bitola europeia, e é de presumir seu todo, e com potencial para di- vai também ter melhores condições que pelo menos em parte do percur- namizar toda a rede ferroviária por- para expedir comboios, aumentando so as terraplanagens para uma futu- tuguesa, conseguindo trazer para

18 Cavalos de Ferro a ferrovia papéis de maior relevo e roviário. te a rentabilizar o parque material patamares de produtividade até hoje Sem correcções de traçado, a úni- circulante actualmente existente. O desconhecidos. ca novidade poderá ser a ligação ao potencial de valor acrescentado po- Embora o foco seja o transporte Aeroporto de Faro, essa sim com deria ser justificado se fosse previs- de mercadorias, o que motiva não algum potencial para incrementar a ta uma reformulação dos serviços de só a escolha de traçados como a receita do transporte ferroviário nes- interface, designadamente o trans- capacidade física a instalar, Badajoz ta zona do país. porte rodoviário, para não voltar a ficará a duas horas de Lisboa, jun- A automatização e centralização referir outros aspectos anteriormen- tando no mesmo eixo Elvas, Évora da gestão de tráfego, combinada te já referidos. e Pinhal Novo, e podendo Madrid com electrificação de todo o traçado, ser alcançada com mais duas horas. vai também aumentar a capacidade Linha do Oeste Não será exactamente uma ligação da via e diminuir tempos de viagem. competitiva vendo a alternativa aé- Numa perspectiva de longo curso, Este projecto terá sempre um mé- rea, mas poderá ser um princípio de o potencial existente em Olhão so- rito – equiparar condições de ope- uma nova ligação ferroviária entre as bretudo poderá recomendar a exten- ração da Linha do Oeste à Linha capitais Ibéricas. são de alguns dos serviços actuais do Norte, podendo assim a primeira até ao Sotavento algarvio. constituir-se como real alternativa à Tal como o projecto da Linha de segunda. Cascais, este é um projecto exclusi- No entanto, o mais importante não O investimento na Linha do Algar- vamente dedicado ao transporte de será feito e, certamente, impedirá a ve visa sobretudo diminuir custos de passageiros, com reduzido poten- afirmação do objectivo primordial. A operação, o que à partida pode ser cial para aumentar a competitivida- não execução de um novo traçado um erro – de pouco interessará di- de do meio ferroviário no transporte entre Torres Vedras e Lisboa impli- minuir custos de operação, pois um de mercadorias. Poderá ser um dos cará limitações de carga muito se- dos maiores problemas do Algarve é investimentos mais questionáveis, veras decorrentes das rampas exis- a falta de receita do transporte fer- uma vez que se destinará unicamen- tentes nas linhas de Cintura, Sintra

Linha do Oeste em Monte Real, uma infraestrutura sem potencial de crescimento investindo apenas na electrificação. Foto de Ricardo Ferreira.

19 Cavalos de Ferro e Oeste, pelo que não é de prever electrificação vai mesmo avançar da via existente, cuja pertinência era que o transporte de mercadorias be- até Marco de Canaveses. A electri- inequívoca e à qual faltavam apenas neficie nos moldes que poderiam ser ficação e automatização do restante beneficiações de pormenor (como a expectáveis. traçado ficará sem data e sem certe- electrificação e melhoramentos nas Para os passageiros, o benefício zas da pertinência real dessa inter- estações). é também duvidoso tendo em conta venção. Urge encontrar uma solução para que a viagem entre Caldas da Rai- as populações afectadas. Talvez nha e Lisboa continuará a demorar a simples reposição da via que ali tempo demais – o dobro da menos existia seja a alternativa mais lógica. ambiciosa alternativa rodoviária Entende-se que não seja consi- Mais metropolitanos deficitários, é existente. derado como prioritário o restabe- que não. Atingimos o limite da insen- É evidente que as condições ope- lecimento da ligação Guarda – Co- satez com o Metro Sul do Tejo. racionais decorrentes da automa- vilhã, mas continua a ser chocante tização de sinalização e gestão de que este projecto esteja adiado sem Linha da Cintura tráfego e da electrificação vão me- data. Apesar das difíceis condições lhorar de forma muito clara, mas é operacionais da Beira Baixa, o efeito As quatro vias vão ter de esperar difícil enquadrar uma revitalização de rede é sempre importante, e po- entre Chelas e Braço de Prata. Não do transporte ferroviário nesta linha deria efectivamente haver alguma é especialmente preocupante, até sem se corrigir o maior défice da ac- diversão de comboios de mercado- porque a alta velocidade a cruzar o tual Linha do Oeste. rias para esta via. Tejo é um sonho adiado (cancela- A Norte, a situação será diferen- Além do mais, a exuberante mo- do?). Deste projecto, o mais essen- te. Há tráfego de mercadorias que dernização Caria – Belmonte põe cial era a concretização dos desni- beneficiará da electrificação dos em causa o abandono desta secção, velamentos em Braço de Prata, cuja ramais particulares (Secil, Valouro, e não é explicável que esta situação inexistência continua a ser fonte de Soporcel e Celbi), e há finalmente a vá perdurar. O custo estimado de saturação e falta de fiabilidade da beneficiação do , 80M€ não parece desajustado da circulação ferroviária no centro de extinguindo de vez o cantonamento amplitude dos trabalhos – substituir Lisboa. telefónico num ramal tão utilizado e pontes, suavizar algumas rampas, e Mais cedo ou mais tarde, este será repondo as condições de circulação criar um triângulo à chegada à Guar- um projecto a efectivar-se, é um da- numa plataforma ferroviária extre- da. queles que é inevitável e para o qual mamente afectada pelas infiltrações se aguarda apenas o prazo para aquíferas e pela inclemência da den- execução. sidade do pesado transporte de mer- cadorias ali existente. Fica adiada a revitalização do Vou- Linha de Leixões O valor orçamentado parece ser ga. O projecto pressupunha o aban- apertado para a electrificação e im- dono da secção Oliveira de Azeméis Projecto de pormenor para ligação plementação de um novo sistema – Sernada do Vouga (que na realida- da Linha de Leixões à nova platafor- de sinalização nos cerca de 171 km de já está consumada actualmente), ma logística de Gatões e o aumento que separam a estação de Mira Sin- mas não era claro se o troço Norte da operacionalidade ferroviária no tra-Meleças da estação do Louriçal, poderia ou não ser reconvertido para Porto de Leixões. Não foi selecio- tendo em consideração as necessá- bitola ibérica e plenamente integrado nada, mas se o porto de Leixões rias operações de beneficiação dos na lógica de suburbanos do Grande continuar a evoluir no sentido que túneis e pontes existentes ao longo Porto. se perspectiva (há inclusivamente do percurso. Será pertinente execu- Já a renovação de Aveiro – Serna- investimentos grandes na vertente tar tudo isto sem executar o projecto da do Vouga pareceria sempre mais marítima que foram seleccionados mais decisivo para tornar o Oeste pacífica, e pequenas intervenções pelo grupo de avaliação), também numa verdadeira alternativa? É bas- na via métrica permitiriam o melho- este investimento se revistará da tante discutível. ramento de um serviço de proximi- inevitabilidade que constitui o futuro dade com potencial e com procura. para o transporte de mercadorias em Outros Projectos Portugal. Acresce o potencial cresci- Metro do Mondego mento do tráfego de passageiros no não seleccionados terminal de cruzeiros que será inau- Causou surpresa a muitos a não gurado durante este ano. Este factor Linha do Douro priorização deste investimento, mas será também ele condicionante, pela não passa da lógica a funcionar. O necessidade de retirar um grande Apesar de não ser prioritária, a erro original foi, infelizmente, o fecho volume de turistas (cerca de 3.000

20 Cavalos de Ferro por barco) de uma zona complicada do ponto de vista da circulação ro- doviária. Conclusões Naturalmente não seleccionada, Ramal de Neves Corvo a electrificação Casa Branca – Beja Sem a ambição que o corajoso só pode ser uma ideia de mau gosto, desenho de uma nova rede teria (a A electrificação dos trinta quilóme- num troço onde apenas há material ausência do novo corredor Aveiro – tros do ramal está adiada, o que não ligeiro de passageiros e meia dúzia Vilar Formoso é o exemplo maior), deixa de parecer natural, e foi aliás de comboios em cada dia. Um troço os projectos seleccionados, a con- um assunto já analisado numa edi- destes não pode ter o investimento cretizarem-se efectivamente, serão ção passada da Trainspotter. Exclu- que a electrificação acarreta. sem dúvida importantes para levar a sivamente dedicados a comboios de nossa rede para um novo patamar. mercadorias (três a quatro por dia), Gaia – Ovar Há alguns investimentos de por- o ramal continuará a ser território sa- menor que serão importantes no de- grado para a tracção diesel. Outro projecto inevitável, provavel- talhe mas sem impacto na imagem mente adiado devido ao custo (1.000 geral da nossa rede ferroviária, mas Braga – Valença M€), por agora proibitivo. Única solu- será sem dúvida em torno do eixo ção real para a falta de capacidade Sines – Badajoz e da Linha da Beira A nova linha Braga – Valença existente na Linha do Norte, pode Alta que será dado o maior incentivo não será realizada. O investimento fazer parte de uma futura duplicação ao transporte de mercadorias. (2.000 M€) excessivo é o motivo, deste eixo entre Lisboa e Porto (alta A prioridade está claramente ex- não se julgando os ganhos poten- velocidade?). plicitada nas opções tomadas, algu- ciais suficientes para justificar tal Será fundamental para aumentar mas ideias são boas. Falta confir- investimento. Não devem haver alte- a densidade do tráfego entre Norte mar fontes de financiamento, e ver rações a este estado nas próximas e Sul, e vai também permitir ganhos obra no terreno. É, tradicionalmente, duas décadas. consideráveis no tempo de percurso onde está o problema. entre Lisboa e Porto. A Trainspotter, como não podia Nó de Alcântara Será de equacionar este investi- deixar de ser, cá estará para acom- mento em conjunto com a reformu- panhar a RFN 2020! A maior estranheza e ausência en- lação da Linha do Vouga no troço tre os trinta projectos seleccionados Espinho – Oliveira de Azeméis. é a que envolve o nó de Alcântara. Quando tempos melhores chega- Notas: Infraestrutura chave para evitar a rem (e se chegarem), este será sem perda de passageiros na Linha de dúvida um dos investimentos prio- Imagens e esquemas: Grupo de Cascais em prol do automóvel priva- ritários para a rede ferroviária pós- Trabalho para as Infraestruturas de do, e infraestrutura chave para dimi- 2020. Elevado Valor Acrescentado (podem nuir os custos de contexto do Porto incluir-se mais) de Lisboa, os 200M€ necessários à obra assustam os decisores. Poder-se-á dizer que este projecto é também uma das inevitabilidades da nossa rede futura, mas num pro- jecto adiado há tão longos anos, não poderemos excluir a possibilidade de continuar adiado por mais algumas décadas, o que terá consequências sociais e económicas bastante sen- tidas na região de Lisboa.

Troço Gaia – Válega, a pedir uma intervenção urgente de modo a manter as velocidades, Espinho em Dezembro de 2013. Foto de Ricardo Ferreira.

21 Comboio Destaque

Mercadorias Ricardo Quinas

Comboio internacional de siderúrgicos nº 48808/9

Ricardo Quinas O primeiro comboio nº 48808, fotografado do inigualável viaduto da Torre das Vargens

comboio internacional nº 48808/9, a ligar mente uma das locomotivas da série 6000 da Takargo, Sevilha ao Entroncamento, é uma das mar- mas esporadicamente é possível ver alguma das loco- Ochas da Takargo responsáveis pelo tráfego motivas Euro 4000 da Comsa no seu lugar. A composi- de material siderúrgico entre Vigo e Sevilha, iniciado ção é constituída por 18 vagões plataforma Slmmps da em Julho de 2012. Este comboio é o resultado da vi- Tramesa, carregados com vistosos contentores verme- são integrada que este operador privado tem de toda a lhos e verdes. rede ferroviária ibérica, ligando dois pontos distintos em Pela sua hora, seria à partida um comboio excelente Espanha através das vias nacionais, que constituem o em termos de luz para fotografar ao longo do seu per- traçado mais curto e favorável para operar este serviço. curso em território nacional, quer fosse no Verão, quer O comboio nº 48808 parte de Badajoz com uma fosse no Inverno. No entanto, apesar das supressões composição vazia em direcção a Elvas pelas 14 horas, serem normalmente anunciadas com alguma antece- de onde só sai pelas 14h38, após alguns minutos de dência, são os atrasos que tornam este comboio muito paragem. A chegada ao Entroncamento acontece pelas imprevisível para ser capturado da melhor forma pelas 16h48, onde a composição aguarda até às 18h10, hora objectivas. em que se coloca novamente em marcha em direcção a Vigo, com a marcha nº 48812/3. Esta marcha circula apenas às quartas-feiras, mas é Partida: 14h00 frequentemente suprimida. Também a pontualidade não Chegada: 16h48 prima pela excelência, sendo habitual circular com lar- Tempo de percurso: 2h48 gas horas de atraso, em função do atraso que levou em Distância percorrida: 169,3 km (desde a fronteira) sentido oposto e do restante tráfego da , Tipo de marcha: T-100 ou mesmo circulando em marcha especial com outro ho- Tipo de locomotiva: TK 6000 rário. Regime de frequência: Quarta À frente do comboio nº 48808 encontra-se normal-

22 Comboio Destaque

João Morgado

A 6007 em pleno esforço para vencer a rampa para o Alto do Padrão, Vale da Bica, Julho de 2012

Sérgio Costa João Cunha

Um 48808 pontual atravessa lentamente a Um siderúrgico em marcha especial, ainda estação de Santa Eulália, Agosto de 2012 em Espanha, Montijo, Setembro de 2012

João Cunha

A 335.003 praticamente a chegar ao destino com os seus 18 vagões, Tancos, Julho de 2013

23 Modelismo – Exposições

Encontro de Modelismo Ferroviário Módulos Malta do Porto – Lousado

João Joaquim

Tiago Duarte

Secção Museoló- já clássicos Camellos na ver- gica de Lousado são CP e Renfe, os Ferrobu- Ado Museu Nacio- ses, uma automotora italiana nal Ferroviário acolheu uma pintada no esquema utiliza- vez mais um encontro de mo- do pela CP nos anos 50/60, delismo ferroviário organizado entre outros. Entre modelos pelo Grupo de Comboios do fabricados artesanalmente Norte e pelo grupo PLUG. por alguns dos participantes no encontro e os modelos O encontro decorreu no comerciais, o movimento na dia 22 de Fevereiro e foi su- maquete foi constante e foi to- bordinado ao tema “automo- talmente do agrado quer dos toras”. Como tal, o único ma- participantes, quer dos visi- terial circulante que rodou na tantes. maquete presente no museu foram automotoras. Este encontro contou ain- As automotoras que circu- da com a presença de uma laram durante o encontro fo- maquete em Lego de dimen- ram variadas, contando com a sões generosas, repleta de presença de material alemão, material circulante e infraes- espanhol e português, desde truturas diversas. Também tracção diesel a eléctrica e de nesta maquete o movimento várias épocas, não faltando os foi constante e variado.

24 Modelismo – Exposições

Vídeo de resumo do encontro por Tiago Duarte

25 Comboios à Escala

Novidades à Escala Fevereiro 2014

Vagão de Auscultação de Carril - Sperry Rail SRS 242 Rtrains

RTrains lançou no mercado Adurante o mês de Fevereiro uma reprodução do vagão de aus- cultação de carril que tem circulado em toda a rede ferroviária portu- guesa de via larga nos últimos dois anos. te a Sul sob contrato com a REFER da CP e uma carruagem Sorefame e fazendo um varrimento contínuo para o peso-freio. A Sperry foi a primeira empresa das linhas. Toda a informação obti- a efectuar de modo não destruti- da é depois processada e elaborado Em países onde este tipo de vo ensaios de via, onde através de um relatório que permite identificar evento ocorre anualmente existem ultra-sons detecta e georreferência as microfissuras encontradas, a sua associados programas informáticos degradações que existam no carril. localização, entre outros dados. O de gestão que, alimentados com Em Portugal, a Sperry conta com vagão auscultador circula integra- este tipo de informação, podem pre- um vagão de auscultação por ultra- do numa composição composta ver o nível de fadiga futuro do mate- -sons que percorre os carris de Nor- por uma locomotiva da série 1400 rial, podendo inclusivé disponibilizar

João Joaquim

26 Comboios à Escala uma ideia à gestão do investimento a fazer e como poupar dinheiro nessas reparações, fazendo-as ou não pre- ventivamente ou se por sua vez será mais rentável no limite da resistência ou durabilidade do material.

O vagão produzido pela RTrains é composto por 39 peças em resina de alta qualidade, tendo como base um molde efectuado a partir de um pro- João Morgado tótipo. De entre as inúmeras peças de detalhagem encontram-se algumas produzidas em metal fundido, tais como as escadas, as torneiras onde Pequena história de como surgiu a ideia de produzir o Sperry ligam as mangueiras de uma das lat- erais, bem como as barras de ligação A ideia de produzir o vagão da Sperry surgiu em Outubro quando vi fo- Trainspotter aos eixos laterais e seus respectivos tos deste equipamento na , “agarrado” a uma carruagem por- macacos (amortecedores). tuguesa. Desconhecia até então que se utilizava este tipo de equipamento de auscultação de micro-fissuras no nosso país, pois as coisas estranhas Este modelo não dispõe de elec- que se vêem circular nas nossas linhas pertencem basicamente à Somafel. trónica, sendo considerado um vagão Tal como nas estradas e aeroportos existem standards para efectuar normal. campanhas preventivas de detecção de ruína de pavimentos, também na ferrovia há essa necessidade e a Sperry, fundada em 1928 por Elmer Sper- A sua produção é artesanal e ry, foi a primeira empresa que utilizou tecnologia não destrutiva para iden- limitada a cinquenta unidades, sendo tificar e assinalar as microfissuras de desgaste no carril. cada vagão apresentado numa caixa Sendo esta uma das minhas áreas de interesse profissional, aliado a de luxo e devidamente identificados que a grande maioria dos aficionados e/ou modelistas destas lides desco- com o modelo e data de lançamento. nheciam este tipo de equipamento, pensamos que seria a nossa porta de Cada vagão conta, ainda, com um reentrada no mercado. certificado de edição limitada, numer- José Serrano, RTrains ado e personalizado com o nome do cliente.

João Joaquim

27 Comboios à Escala

João Joaquim João Joaquim

O que levou a RTrains a produzir uma edição limitada?

Estando fora do seu objectivo posicionar-se no segmento dos topos de gama, a nova RTrains tem como filosofia fazer chegar o modelismo ferroviário a mais aficionados e fazer com que mais pessoas possam e queiram iniciar-se nesta área do coleccionismo. Para isso impõe ao mercado preços mais justos ou mesmo abaixo do que seria expectável e razoável, tendo como contrapartida efectivar ganhos por volume e não por margem efectiva de lucro. A RTrains sabe exactamente o que o mercado português consegue ou não absorver, e neste caso específico do vagão Sperry é certamente compreensível que uma peça produzida artesanalmente seja mais cara que uma de produção em massa, mas mesmo assim muito abaixo do que habitualmente se verifica em outros concorrentes (conforme nos tem sido dito pelos clientes que já possuem o seu modelo). Por estas razões as produções de grande escala (se assim as podemos chamar ao que se produz para Por- tugal) têm de ser ou faseadas ou diversificadas, algo que a maioria dos fabricantes não consegue comportar, pois os custos não o compensariam.

José Serrano, RTrains

RTrains 1º protótipo apresentado no final de 2013

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João Morgado

Lojas onde é possível adquirir um vagão Sperry Rail da RTrains: Papelaria Espacial (Porto), AllScaleTrains (Barreiro), JG Modelismo Ferroviário (Amadora), La Ferrovie de Paris (Lisboa)

29 Spotting

A 1424 à frente do Comboio Histórico do Douro, na estação do Pinhão em 2013

Pedro André

30 Estação Terminal

Exposição Caminhos do Ferro e da Prata

Exposição Modelismo Santarém

ias 15 e 16 de Março a cidade de Santarém Dvai receber a II Exposição de Modelismo Ferroviário que irá estar patente nas instalações dos Bombeiros Voluntários de Santarém. Esta ex- posição conta com o apoio da APAC e do corpo de Bombeiros Voluntários de Santarém.

Exposição Museu Berardo

Museu Colecção Berardo, em Lisboa, tem até dia O4 de Maio patente uma exposição relacionada com os caminhos-de-ferro. A artista Carla Filipe é a grande responsável pela exposição que se divide em diversas áreas ferroviárias. É possivel observar vários objectos relacionados com o tema, existindo exemplares de fardamento, mobiliário e azulejos, entre outras coisas. Estão ainda presentes filmes que a CP prontamente cedeu, como os casos de ”Gente da Via” de 1938 realizado por Cottinelli Telmo ou ainda “Douro, Faina Fluvial” de 1931 e realizado por Manuel de Oliveira.

© Lusa http://noticias.sapo.pt/ http://pt.museuberardo.pt/

Exposição Valença, Comboio e ACCE está a A desenvolver uma a Cidade pequena mostra de modelismo com espa- alença vai receber entre o dia 21 de Março e ços de venda e troca Vo dia 4 de Abril uma exposição relacionada de material bem como com os caminhos de ferro, que coincide com o exposição de mais aniversário da ponte ferroviária internacional. de 500 modelos à escala, 14 módulos funcionais, entre Esta exposição vai decorrer no Arquivo Municipal outras pormenores com o intuito de angariar fundos para de Valença. o restauro do espaço L. A mostra terá lugar no dia 6 de Abril na estação do Lavradio.

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