Maria Scientia
Revista Científica Electrónica | Scientific e-Journal
Instituto de Estudos Políticos |Universidade Católica Portuguesa Institute of Political Studies | Portuguese Catholic University
Revista Científica Electrónica Sumário Maria Scientia
Um projecto da Linha de Investigação
Página 1 Nota Editorial em Assuntos Marítimos da Área Maria Fernandes Teixeira…ver aqui» Científica de Estudos Europeus do Um projecto co-financiado pela Instituto de Estudos Políticos da
Universidade Católica Portuguesa Pagina 2 Portugal, Russia and a conceivable Lusophone Block. A geopolitical opportunity Nuno Morgado…ver aqui»
Página 25 A nova agenda marítima comunitária para o crescimento e o emprego
Sandra Pereira…ver aqui»
Página 37 As cidades e o mar: um olhar sobre a relevância
estratégica das cidades litorâneas na Europa do Século XXI
Sérgio Alves Carvalho…ver aqui» Conselho Científico Pagina 48 Contributions of Marine Cluster for Regional Sustainability: Economic Prospective for Azores Prof. Doutora Maria da Glória Garcia Prof. Doutor João Carlos Espada Prof. Doutor Adriano Moreira Luz Martin Paramio et al…ver aqui» Almirante Nuno Vieira Matias Vice-almirante António Rebelo Duarte Vice-Almirante Vitor Lopo Cajarabille Prof. Doutor Álvaro Garrido Prof. Doutora Elisabete Azevedo-Harman Prof. Doutor Eduardo Lopes Rodrigues Prof. Doutora Sónia Ribeiro Mestre Maria Fernandes Teixeira
De acordo com as normas de publicação em vigor, todos os artigos foram sujeitos a blind peer-review.
Edição nº 6 | Julho 2013
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Nota Editorial
Bem-vindos a mais uma edição da Revista congregue todos os que queiram contribuir Científica Eletrónica Maria Scientia. para o enriquecimento do conhecimento em Assuntos Marítimos, nomeadamente, do Este, que é já o número seis da nossa Revista, espaço marítimo lusófono. espelha a multiplicidade de saberes que o mar exige a quem o queira estudar e compreender Fiel ao espírito e prática do Instituto que a tal como é – um espaço global, sem fronteiras, acolhe, a LIAM é, e quer manter-se, um onde ainda residem tantas perguntas sem espaço de liberdade, onde todos os que resposta. É por essa razão que nesta edição se estudam o mar, a partir qualquer prisma ou entrecruzam Economia e Geopolítica, Estudos ponto de vista, convicções e teses, tenham Europeus e Estratégia, teoria dos clusters e lugar, abrindo assim um campo de debate e políticas públicas, disciplinas e áreas do saber discussão que a todos proporcione maiores que nos permitem “observar” o mar através progressos nos trabalhos que realizam pela de lentes diferentes, mas complementares. aprendizagem conjunta, pela troca de experiências e pontos de vista. É esta, de resto, a matriz orientadora da Linha de Investigação em Assuntos do Mar (LIAM) Por tudo isto, no remate desta nota editorial, Maria Scientia do IEP-UCP. Entendemos que a fica uma palavra de agradecimento a todos multi, inter e transdisciplinaridade são, nos aqueles que, das mais diversas origens dias de hoje, fundamentais para o estudo dos académicas, têm procurado a nossa revista Assuntos do Mar, tal é a complexidade deste como espaço de publicação sobre as temáticas objeto, por natureza “revolto”. Não do mar. pretendemos “reinventar a roda”, apenas Agradecemos também, de forma convicta, aos seguir as boas práticas internacionais, em membros do Conselho Científico, que, com o alguns países em vigor há mais de 30 anos. seu elevado saber, rigor e exigência, têm Outra marca distintiva da LIAM está permitido manter a qualidade da nossa igualmente patente nesta edição. Os autores publicação em níveis que nos possibilitam dos artigos ora publicados são investigadores ombrear com os padrões das publicações da Linha, mas também, em alguns casos, científicas internacionais e ver reconhecido, afiliados de outras universidades, nacionais e inter pares, o interesse deste esforço conjunto. estrangeiras. Somos e queremos continuar a ser uma porta aberta para todos os que queiram estudar o mar. Somos e queremos Maria Fernandes Teixeira continuar a ser uma plataforma que Coordenadora-adjunta LIAM Maria Scientia
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Portugal, Russia and a conceivable Lusophone Block. A geopolitical opportunity (1)
Portugal, Rússia e um bloco lusófono concebível. Uma oportunidade geopolítica
Nuno Morgado
PhD Candidate – FSV-UK, M.A. in Strategic Studies, PgCert. in Geopolitics, Researcher Fellow at Research Line in Maritime Affairs, IEP-UCP
Abstract This paper lays out a geopolitical case study on the relations between Portugal, Russia and the Community of Portuguese Language Countries. Within this framework, the objectives are ambitious and extensive: to describe and to interpret geopolitics of Russia; to propose a geopolitical approach to Portugal taking into consideration its tradition and to suggest practical outcomes from it - an alliance with tellurocratic Russia; a general hint towards the transformation of CPLP into a Lusophone block; and finally to criticize actual Portuguese foreign policy. Concerning methodology, it will be used mixed methods from both qualitative and quantitative strategies of inquiry, in order to correspond to a pragmatic Worldview. The effort will be done from the acceptance of a theory a priori “Portugal as a Sea Power” to test its usefulness through an interaction with several formulated hypotheses. A particular new aspect brought by this text concerns to something designated as the “Diamond of the Lusophone Block”.
Key words: Geopolitics, Alliance, Heartland, Rimland, Sea Power
Resumo Este trabalho apresenta um estudo de caso geopolítico sobre as relações entre Portugal, a Rússia ea Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Neste contexto, os objetivos são ambiciosos e extensos: descrever e interpretar a geopolítica da Rússia, para propor uma abordagem geopolítica de Portugal tendo em consideração a sua tradição, e sugerir resultados práticos a partir dele uma aliança com a Rússia; uma proposta geral para a transformação da CPLP num bloco lusófono e, finalmente, criticar a presente política externa Portuguesa. Quanto à metodologia, serão utilizados métodos mistos de estratégias de investigação qualitativas e quantitativas, a fim de corresponder a uma visão pragmática do mundo. O esforço será feito a partir da aceitação de uma teoria a priori "Portugal como um Poder do Mar" para testar sua utilidade através de uma interação com várias hipóteses formuladas. Um aspecto novo especial trazido por este texto refere-se a algo designado como o "Diamante do bloco lusófono".
Key words: Geopolítica, Aliança, Heartland, Rimland, Poder Marítimo
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Oceanos – a relevância de Portugal no contexto da I. Introduction redefinição dos equilíbrios do sistema As it is clear in the title, this paper lays out a internacional” and all of the issues will be geopolitical case study on the relations analyzed under a geopolitical angle, thus, it between Portugal, Russia and the Community seems to be more than appropriated to retake of Portuguese Language Countries (CPLP). the definition of geopolitics used in another Within this framework, the objectives are paper (Morgado, 2012a) as the “. . . study of ambitious and extensive: to describe and to States in the context of global spatial interpret geopolitics of Russia both under its phenomena, in an attempt to understand both internal debate and external confrontation on the bases of State power and the nature of International Relations; to criticize the lack of States’ interaction with one another” geopolitical perspective from the Portuguese (Glassner, 1995: 322).. State and to stress the non-existence of a
Strategic Concept since 1974; to propose a geopolitical approach to Portugal taking into II. Several geopolitical notes consideration its tradition in that domain; to about Russia suggest practical outcomes from it in terms of foreign policy through an alliance with At the beginning of this paper, ties with a tellurocratic Russia; a general hint towards previous work (Morgado, 2012b) shall be the transformation of CPLP into a Lusophone established in the sense to recover its main block; and finally to criticize actual goal: “to allude to conceptions of Russia that Portuguese foreign policy. could be considered as basis to politics, regarding specifically Geopolitics and Foreign With the goal to carry out such objectives, the Policy”. Therefore, and in order to prepare the structure of the paper will be divided in three path towards the geopolitical approach tout parts: a first one will be devoted to court, a preceding analysis about Russian understand basic Russian geopolitical lines; a history and geography has to be second with the same aim but about Portugal; operationalized. and a third part will be used to explain why can be Russia considered a geopolitical In fact, History and Geography constitutes opportunity for Portugal – and opportunity in two essential elements of a strategic the sense given by the strategic angle of examination in terms of Intelligence – in the SWOT analysis – but also to reflect about a line of Mackinder’s work itself (Defarges, conceivable Lusophone block from CPLP. 2003: 47), but these two features do not entirely compose the group of all required Concerning methodology, mixed methods elements to be taken into consideration. In from both qualitative and quantitative another publication, in which a model to strategies of inquiry will be used, in order to analyze the strategic potential of Federal correspond to a pragmatic Worldview. The Republic of Germany was applied (Morgado, effort will be done from the acceptance of a 2011a), that reality remains clear, since it was theory a priori “Portugal as a Sea Power” to conducted a study based in nine key-factors - test its usefulness through an interaction with and not only in two aspects. several formulated hypotheses, identified along the text. However, in this case study, because of both constraints regarding organizational Since this work engages on the LIAM’s issues from Maria Scientia Journal, and also in research project: “Geopolítica e Prospectiva dos terms of correspondence with the previous
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conference paper presented in Moscow, I shall Proclamation of Tsardom of register this gap, in name of an honest 1547 Russia by Ivan IV the Terrible scientific production, which has to recognize its own lacunas. 1589 Creation of Moscow patriarchate
End of Rurik dynasty and “Time 1598 The path of Russian diplomatic and of Troubles” (Smuta) military history: strategic Invasion of Russia by Polish- 1605-1618 conceptions Lithuanian Commonwealth As a matter of fact, this paper does not intend Russian expansion reaches the to present an exhaustive description of 1639 Pacific Coast Russian history. Many authors have already successfully accomplished that task: Burbank 1682-1725 Peter the Great and Remnev (2008), Gilbert (2002), Greenleaf and Moeller-Sally (1998), Hosking (2003), Proclamation of the Russian 1721 Riasanovsky and Steinberg (2005), Suny Empire (2006), Von Grunwald (1979), among many 1741-1743 others. Invasions of Russia by Swedish 1788-1790 forces Nevertheless, with the aim to condense a Invasion of Russia by the French broad history such as the Russian one, and 1812 having the risk to be too simplistic and forget Empire important issues, one would propose the 1853-56 Crimean War following chronology of important events and periods: 1905 Bloody Sunday in St. Petersburg
Russian participation in World 1914-1917 Prince Oleg unites Novgorod War I 880-912 and Kiev – Kievan Rus’ from 11th and 12th centuries 1917 Bolshevik Revolution
Conversion of the “Russian” 1917-1922 Civil War 988 Prince Vladimir I to Christianity USSR participation in World 1941-1945 Mongol occupation – Golden War II – Invasion of USSR by 1237-42 Horde Nazi Germany
Proclamation of the Grand 1945-1991 Cold War 1283 Principality of Moscow 1991 Collapse of USSR 1453 Fall of Constantinople Proclamation of the Russian 1992 Liberation of “Russia” from Federation 1480 Mongols 1993 New Constitution Moscow assumes heritage from Vladimir Putin conquered the 1503 Eastern Roman Empire (from 2000 Presidency of Russia Constantinople)
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Thereby, one possesses a resumed overview West that Chaadaev was having in mind to be about Russian history. But what is that for? In attached with, was the West before the fact, from now on, one is able to deal with the Protestant reformation and before the French instrument of History for a better Revolution that is the same to allude that comprehension of the three main strategic Chaadaev was glorifying the ancient conceptions of Russia, with an intimal Christendom and the Ancien Régime. correlation with geopolitics. In the same way that these notions later Once again invoking the past conference opposed to Eurasianist conception, this same paper (Morgado, 2012b), in which these issues perspective of Russian Westernizers were systematized (and that should be the transformed to something that can, under the base to understand this present paper), it was perspective of Dugin, be designated as remarked that Russian historian Nikolay Atlanticists (Dugin, 2012b: 37-38) who, Karamzin (1766-1826) observed high peaks in obviously, confronts with the Neo- Russian history (internal unity and external Eurasianists. This problematic will be brought security) versus low points (political and again below. moral decline – that Chaadaev would criticize A second strategic conception of Russia in high level, as it will be treated below) all of would aggregate the Slavophiles. This group them included in a path of autocratic history presents itself into a more heterogeneous [Samoderzhavie], which by the way Karamzin form and includes different thinkers such as: supported, defending the so well-known Ivan Kireevsky (1806-1856), Aleksey notion of the uniqueness of Russia. In effect, Khomiakov (1804-1860), Konstantin Aksakov despite Karamzin died in 19th century, one (1817-1860), Ivan Aksakov (1823-1886) or could prolong the presence of autocracy in Nikolay Danilevsky (1822-1885). As common Russian political system till very recently. lines among them could be remarked: the Thus, a history of autocracy would be the key Westernizers destroy Russian system (they to understand the history of Russia, with all accused Peter the Great and Catherine the that that brings, including intense periods of Great to have injured Russian History), the chaos in the intermissions, in which the fight Tsar and autocratic rule are the best choice for to achieve power fulfilled countless ditches Russia, and they exalt the rich culture from with blood, namely blood from the Tsar Russian with its heritage from himself, like it was habit by the times of Constantinople, connected with the true faith Roman Emperors. defended by the Orthodox Church. In effect, However, it was with Petr Chaadaev (1793- the legacy by the Emperor Justinian and the 1856) that it would be possible to frame a first fusion between priesthood and imperial group, a first strategic conception of Russia. dignity – “two great gifts granted from God” For this author, Russia suffered from a lack of (Papkova, 2011) – founded some part of the History and observed that focus should be heritage that traveled from Constantinople to putted on Universal values and Universal Moscow. path, for which Russia had no contribution at Danilevsky is particularly remarkable. He all, namely because Russia had practically no supported that Russian peaceful character – Renaissance in the 15th and 16th centuries. He the purity and goodness of Russian soul advocated a rapprochement with the West [Narodnost] – is incompatible with European and with the Catholic Church in detriment of aggressive character. Into a stimulating the Orthodox Church. All the same, it is exercise, Danilevsky would try to articulate substantially relevant to underline that the
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an historic-cultural division of the can compare with the chronology condensed civilizations of Humankind in 10 types (2), above): what could lead directly to a comparison with Until 976 attempts to unite forest with the the thesis of Clash of Civilizations by steppe Huntington (1993). 976 till 1238 struggle between forest and Slavophilism, like it was affirmed, also fights steppe in name of the true faith. Konstantin Leontev (1831-1891) could be taken as an example of 1238 till 1452 victory of steppe over forest effort within orthodoxy, trying to 1452 till 1696 victory of forest over steppe approximate Russia and Greece [Pravoslavie], 1696 till present unification of forest and proponing at the same time a reaction against steppe the identification of Russia as European country, but also refusing to look at Russia as Concerning thinkers from Eurasianism, one a pure Slavic country only (Walicki, 1979). could point out two authors: Prince N. Further, he defended that European Trubetzkoy (1890-1938) and Petr Savitsky civilization is in terminal decline, something (1895-1968). that seems to be correct today. While Trubetzkoy, in the line of non-Western Nikolai Berdyaev (1874-1948) is another approach (3), criticized Peter the Great, author from the group of Slavophiles that Catherine the Great and 19th century’s Russian deserves a reference. His eschatological Intelligentsia, accusing them to organize “the perspective – towards the Kingdom of God – artificial Russia” (Trubetzkoy, 1991: 231), he constitutes one of his most notable ideas, but then putted a tonic on Tatar influence as he either would agree with Karamzin, absolutely crucial element to shape Russian interpreting the History of Russia as cycles of character. Trubetzkoy (1991: 162) did not absolute anarchy (e.g. Kievan Rus) and open any space for doubts regarding the autocracy (e.g. Ivan III). impact of Genghis Khan for Russia, in terms The third strategic conception of Russia is of cultural and (geo)political shape. materialized on the Eurasianism. Laruèlle Petr Savitsky agreed with these ideas. Besides, (2008) has an excellent work regarding the he created the notion of Russia as specific historical context of Eurasianism. She geographic world, in which the geographical described it as: a reaction to the Russian homogeneity of Russia (fauna, flora, etc.), and revolution; an intellectual product from a the racial mixture within the peoples of group of Russians émigrés; a non-Western Eurasia (Laurelle, 2008: 33-34) are among the ideology (despite her correct denunciation of main distinctive features. Western influence, namely through German philosophy (2008: 31), in Eurasianism); a At this point, it seems that one would have a movement thus from a context of crisis, in sufficient resume on the historical elements which the disappointment with Russia is real about Russia, to proceed. and where a sincere expectation about the future of Russia persists.
In terms of historical approach Eurasianism Russian geographical aspects presented (Laruèlle, n.d.: 5) a particular Russia is the largest country in the World perspective to deal with Russian history (one with an area of 17 098 242 sq km (4). Located in the north Euro-Asiatic plain, constitutes a
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flat and opened territory, with some dependence on grain, circumstance which exceptions (e.g. Ural mountains, Caucasus turned Ukraine, by the time of a province of mountains). In terms of physical geography, Soviet Union, so exploited in this domain. the Russian territory could be divided in by Therefore, Russia is the arctic “deserts”, the four belts (5): i) Tundra - (6) (7) (8) frozen forest, the steppe, large rivers that allow lands and swamps, broad rivers, mostly navigability. Russia is a diverse climate infertile, treeless area, difficult composed by the varieties from steppes in the communications, extremely cold winters, cold south, subarctic in Siberia, tundra climate in summers, low precipitation, very windy, the polar north, humid continental in much of some place where the human economic European Russia (14). And Russia is also the activity is basically oriented to survive; ii) wealthiest mineral reserve of the World, Taiga – (9) the most extensive area, including major deposits of oil, natural gas, intensively forested (coniferous and boreal coal, and other strategic minerals, reserves of forests) (45% of Russian territory is occupied rare earth elements, plus huge reserves of with forest (10)), diverse languages, customs, fresh water (e.g. Lake Baikal) (15). laws and religions, extremely slow in contacts, warmer temperatures than in tundra Concerning the Sea, the Russian coastline is (but very low, anyway), relatively poor soil to around 37 653 km (16) with a serious short- agriculture - very acidic land; iii) Steppe – term problem concerning access to free-ice classic nomadic lands, sparse vegetation, low waters. In long-term, in accordance with precipitation, relatively fertile soil, risk of previsions, the issue will be solved by the aridity and open terrain, lightly watered thus melting of the ice on the Arctic Ocean (at least a semi-arid climate. The Steppe requires a in part of the year), something that will have particular attention, since the Eurasian steppe serious geopolitical implications, among connects Hungarian territory with Central others, to ruin a pillar in Mackinder’s Asia and with an interruption also with Heartland theory, as one is about to refer. Manchuria (Mackinder, 1904: 430), through a corridor that has been normally used for migrations or invasions, namely Huns, Russia & the Heartland Theory: an Mongols and Turks (11). Therefore, such urgent goal in Foreign Policy permanent danger on the Steppe led At the beginning of the 20th century, historically to the collective property of the Mackinder (1904) came up with an fascinating land, on the other words, joint responsibility, thesis: the existence of a «Geographical Pivot community solidarity, but at the same time, of History», later designated as «Heartland», rigid rules and serfdom to maintain a certain which would be able, from the “inside” to social order. The last kind of geographical “outside” that means through a territorial landscape in Russia is the iv) Desert, the expansion from a core to its neighbor lands, to Caspian lowland desert (12). control an enormous terrestrial mass with From its western borders till the Ural very good conditions in terms of defense: Mountains – a chain with about 2100 km massive extension of territory, no direct access stretching from Artic Ocean to the North of from the Seas, and austere climates. This Kazakhstan – Russia has the majority of its region, at the time, was pointed out as a part industries, agriculture explorations and of the Russian Empire. population (13), despite the poor Russian territory in terms of agriculture that causes
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Mackinder proceeds, presenting the and also former Soviet Republics – in terms of characteristics of such «Pivot Area»: it is the natural resources (e.g. oil (17) and gas (18)) (in largest world plain, overgrown area with spite of the problem that till the moment large rivers able to be sailed, but with mouth resides on the difficulties to explore some of either in the ice of Arctic Ocean or in closed these resources). Besides, Mackinder was also seas (Caspian, Aral) and it is also a large area right pointing out that, for the triumph of Atlanticist forces, to use Dugin’s terminology (2011), a cordon sanitaire between Germany and Russia should be created and maintained (Dias, 2005: 114-115), something that German School of Geopolitics vigorously tried to avoid (Morgado, 2011b) and that is, certainly, taken into consideration by Russian geopolitics in general, and Neo-Eurasianism in particular.
In effect, from the geopolitical Russian perspective there are three main external Fig. 1 - “The World according to Mackinder” traditional tensions: on Southeast – China; on (Spykman, 1969: 36) West (near) – Europe; and on South – Byzantine Empire first, after it the Ottoman Empire and at the present, a threat by radical of pasture that allows mobility for nomads Islam. In addition, there is a powerful force (Mackinder, 1904: 429-430). Mackinder warns both from the West (far) and from the East of as well that if the «Pivot Area» could open the Russia: the United States of America. access towards the «Inner Crescent», then it could become a World Empire, on the other Establishing connections between Geography words, the Land Power would defeat the Sea and History, one will realize that Russia Power. suffered many invasions: the nomads coming from steppes, the Polish invasion in the 17th Mackinder dedicated himself to update his century, Swedish invasion in the 18th century theory(ies). In 1919 he alerted for the (Morgado, 2011c), Napoleonic invasion in the importance of Eastern Europe as gateway to 19th century, and Hitler’s invasion in the the Heartland (Dias, 2005: 108), and he also 20thcentury. But Russia was never properly formulated a «Theory of Midland Ocean» that conquered. Consequently, Russia has been could be linked with the geostrategic unconquerable (Margeride, 1990). foundation of NATO. Russia, as a part of the Heartland, is Concerning nowadays Mackinder’s relevance, undeniably geographically enormous and if, in one hand, he failed when he “predicted” difficult to conquest. Mackinder also that railways (Mackinder, 1904: 429-430) intonated this reality, but the evolution of the would surpass any other transportation environment has shown to geopoliticians that system in the domain of logistic – and he geography changes after all, and because of failed also because 90% of the World’s that, Mackinder’s theory strictu senso would commerce is organized through maritime have to be updated. The issue is nothing less transport (Morgado, 2012a: 44) – the fact is than the melting of the ice in the Arctic Ocean. that, on the other hand, Mackinder was right about the huge richness of Russian territory –
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As a matter of fact, Mackinder’s doctrine one way or another, on the permanent fights about the Heartland was based in the for power from International Relations. Thus, inaccessibility of the Arctic under the Lopes (n.d.) is vibrant on the idea that the condition of frozen water. Now, that is Portuguese geopolitical interaction with the scientifically proved that Artic will melt in a Atlantic was – and it will be – the guarantee way that transportation and exploration of of independence of the country. natural-resources will be possible in the next years (Antrim, 2010) (Borgerson, 2008) (Liu and Kronbak, 2010) (Trenin and Baev, 2010) it Universalism or European Union? is time to look to the Russian geopolitical On the contrary of the actual mainstream that reality with other eyes. sustains the geopolitical condition of Portugal Nevertheless, it is opportune to keep in mind as both European and “Atlantic” country that the future “utility” of the new Arctic (Pereira, 2012: 33), it is defended, by one side, Ocean would implicate some geographical that the traditional maritime vocation of our dangers, communications’ system country possesses geopolitical significance deficiencies, and it would request bulky above all, and by another side, one is also investments in technology, that perhaps persuaded that, regarding its geographical Russia is neither able, nor willing to do. definition, Portugal should be stated not as an Furthermore, such changes would take European country (Teixeira, 2005: 85), but decades to carry out. Euro-African, Euro-Asiatic and Euro- American. As a matter of fact, the geopolitical Hence, the definition of the problem and its consequences of this initial distinction will be proposed solution remain valid: what does colossal. In this part, the paper will mainly Russia need? What is an important goal in focus in Portugal as Euro-Asiatic reality, terms of Russian geopolitics? Certainly, it is while the other dimensions should be treated the access to warm seas. Indeed, that is the in further works. reason why Rimland is so vital for Russia. And it is exactly here, that Portugal finds its Before the perspective about Portuguese opportunity. Euro-Asiatic facet, however, several words should be dedicated to the Universalist
dimension of Portugal as a whole. III. Brief and introductory The idea of Portugal as political and cultural overview about Portuguese reality spread all over the World is a core of geopolitics the Portuguese identity (Monteiro and Pinto, 2005). Indeed, this Universalism is intensively Once, Ernâni Lopes (n.d.) theorized that, from connected with the geopolitical option for a the political perspective, a map serves: “1) to Sea Power that has been guiding the country’s understand, 2) to assume and 3) to act”. foreign policy till recently, more precisely, till Somehow, this conception meets with the 1974 when the regime of Estado Novo was supreme idea of Ratzel (1998) (2005) abolished. Therefore, the vocation towards concerning the relevance of geography into the Sea has been, once again, the traditional politics. Despite one should always stay away geopolitical option for Portugal and, in this from any sort of determinism, the fact is that context, the alliances with major Sea Powers geography supplies with certain advantages such as United Kingdom or USA have been that a State has to take, improve and explore, taking place. if that State does not intend to be absorbed, in
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Surely, the Estado Novo understood such Government submitted to the National geopolitical needs (Pinto, 2007). Portugal Assembly in 1951 (Miranda, 2003: 318, 320) a joined, among other international constitutional reform in which the former organizations, NATO in 1949 and EFTA in Portuguese colonies would be considered, 1960. Both would fit on the objective of a from that time on, Portuguese territory, as pluricontinental State and assure its security Portuguese as the part from the Euro-Asiatic and economic prosperity. In this sense, the mainland, where the King D. Afonso analysis of the evolution of the strategic Henriques founded a new State in 1143. It was concept of Portugal Ultramarino by Ferreira definitely the continuation of evolution of a (2000), the study of the geopolitical discourse specific civilization as it was stated by Freyre during Estado Novo by Sidaway and Power (1960), an extended pluricontinental Nation (2005) and the studies of the impact of (Cairo, 2006). Likewise, as it was mentioned, lusotropicalismo from Gilberto Freire by Portugal had already joined (because of Pimenta, Sarmento and Azevedo (2011) are geopolitical reasons – not ideological interesting and opportune to understand the affinities), NATO in 1949, assuring once again Portuguese geopolitics. Though, in the same its vocation as Sea Power, and essential geopolitical level, the usefulness of such element for the maintenance of its territorial analysis consists only into a method to engage integrity. Nevertheless, the USA as an ally the problem under a dynamics of aimed – together with antagonist USSR – the understanding and interpretation. disintegration of Portugal as a political unit, something that was achieved in 1974-75. But the fact is that Portuguese territoriality was dismantled in 1974-75 through the so So, this fundamental idea of Portugal as a called “decolonization process”. Thus, Portugal traditional Sea Power could explain its nowadays shall be understood exactly as it is: problems and decadence at the present, 92 090 sq km in Iberian Peninsula plus islands deriving consequently from the impact of a of Madeira and Açores (19). geopolitical decision taken by the Portuguese élite after 1974, towards a tellurocratic On the other hand, it is really absorbing to international organization: the European register that the mainstream of scholars Union (EU). As a matter of fact, and like it is would neither defend that French Guiana usual in terms of politics in general and located in Latin America (in which the foreign policy in particular, the People that population votes for the European within Democracy holds the Power, had no Parliament), Guadeloupe, Martinique, word to say in this strategic affair, taking into Mayotte or Réunion do not constitute the account that it was the Portuguese political territorial integrity of France (20), nor that the parties – with the exception of the communist 14 overseas British territories (which includes party – which took the goal of the entrance of Malvinas) do not constitute possessions of Portugal in the EU (Monteiro and Pinto, 2005: United Kingdom (21). 59) – without any referendum. In this way, one can interrogate why does, for At the present days, when deep changes in instance, Pinto refers (2009), with such International Relations are occuring, some of aggressive rhetoric, to the Portuguese them the most important since the end of territory spread in Africa and Asia after 1951 World War II, it is time for Portugal to think and before 1974 as a “colonial empire”? The about its place in the new balance of powers. problem is that, de facto, it was not a “colonial empire” at all, since the Portuguese
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It has some interest to read documents such a sense, minority that it will never allow us as “National Strategy for the Ocean” (22), but to be a great Nation again” (Saraiva, 2012). it could be advocated a priori that it is really The last words concerning EU will take into hard (or eventually impossible) to create a consideration an extremely worthy paper geopolitical framework towards the Sea, written by Ribeiro (2011). She eloquently while some State is geostrategically commited defends (Ribeiro, 2011: 2) that beyond the with a tellurocratic power such as the EU. EU’s cloak of ideals of cooperation, Thus, short achievements could be reached, geopolitics remains that means that the before to arrange a systematic Strategic interest of States, based in geopolitical Concept with the old Ocean on its basis. options, which are materialized in certain Apropos, one can sustain historically that the direction of foreign policy, do not evaporate majority of periods in which Portugal itself. interfered with European Politics, among the Therefore, this paper accepts such causes that conditioned such decision was perspectives and offers some plausible always the defense of the Empire (e.g. possibility within foreign policy, from an participation in World War I (23)). academic basis. But before one goes forward Additionally, Macedo (1981: 17) was quite for the geopolitical proposal, it is necessary to exact and objective when he stressed that “the underline in which sense Portugal can be portuguese participation in the affairs of apprehended as Euro-Asiatic reality. Central Europe could have only as result its division or its decline [of Portugal]”. Apparently Macedo was right. Portugal as Euro-Asiatic reality
In this way, some part of the Portuguese élite As these lines have tried to expose, first things pronounces today, namely in mass media, first: Portugal has a traditional Universalist that Portuguese EU’s membership has now to aspiration with deep roots in something be reconsidered. For example, and besides called Ser Português (in Luís de Camões, Padre Adriano Moreira who supports that the non- António Vieira, Fernando Pessoa, Agostinho existence of a Strategic Concept in Portugal da Silva such Weltanschauung assumes various since 1974 (Moreira, 2013) is in every sense proportions). harmful, Gen. Loureiro dos Santos admitted that the European Union represents “a lost Foucault, Derrida (Tomlinson, 1991) Said paradise” (Santos, 2013) adding that, if the (1994), and other cultural (neo-)marxists interest of Portugal will continue to be accused the existence of a “cultural smashed by the power of certain European imperialism”. Indeed, for instance, States, then Portugal should consider to neoliberalism could be measured as such. abandon the EU (Santos, 2013). Another very However, this Ser Português, this sort of relevant person from the Portuguese culture, «civilization» (as Freyre explained) here stated Hermano Saraiva, shortly before he died, was cannot be understood into a logic of pretty much clear in his interview: imperialism, of hierarchy (dominant- submissive), but through an interpretation of “No, no, no, no, no, I do not believe in a cumulative experience that it would meet that [in the so called «European destiny»]. some sense with the notion of “cultura- In Europe, our [Portuguese] place is a viveiro”, applied to another culture in a subordinated one, secondary and it will different work (Morgado, 2011b). Thus, this always be condemned into a position of, in kind of civilization does not have anything to
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deal with racial prejudices, neither it is its Euro-Asiatic segment was provided, the geographically concentrated in a specific paper can go forward on geopolitical options. local, nor it is constituted holistically by the
Portuguese language, despite language is extremely significant.
As a matter of fact, in this domain, it would IV. Russia as a geopolitical be opportune to stress the Asiatic dimension opportunity for Portugal that Portuguese geopolitics should take in consideration. Historical overview of the Russian- Portugal arrived to Asia for the first time in Portuguese relations 1498, with the journey of Vasco da Gama to In accordance to the Embassy of the Russian India. From that date till the present it would Federation in Lisboa (27), the first official be shaped an empirical experience between diplomatic interaction between Russia and Portuguese original culture and Peoples from Portugal was established in 1779, and the spots/countries in Asia such as: Calicut, attempts to perform it do not go beyond the Kannur, Sri Lanka, Goa, Daman, Diu, Dadra, beginning of 18th century, in accordance with Nagar Haveli, Macau, Malacca, Thailand, Milhazes (28). Definitely this fact could Makassar, Timor, and also China and Japan, constitute an empirical justification for that among so many others. It was not only a perspective that in terms of tellurocratic matter of economic relations and trade, approach, and particularly within the Euro- because: first of all the spread of the Asiatic landmass, the geographical distance Christianity through the teaching of Gospels assures protection, but simultaneously a lack and the message of Jesus Christ was the of interest. priority; and then came cultural and even In effect, from the standpoint of tellurocratic racial miscegenation with those peoples that geopolitics, those countries which are changed original Portuguese culture geographically far, should establish an intensively and at once and forever. alliance – for example the good relations Therefore, it would be a mistake to think that between France and the countries of Little everything is a matter of History, forgotten in Entente (Czechoslovakia, Romania and some distant past (Jayasuriya, 2000) Yugoslavia) in the inter-war period are a good (Fernandis, 2000). Not at all. Language, and practical example of such authenticity. already cited, is still today a sign of ties within On the other hand, because Geopolitics rich Portuguese culture. Portuguese-based ceased long time ago to structure itself on creole languages spread in the World also Land only – since it was the Portuguese have its presence in Asia: for instance Daman people who constituted the very first Indo-Portuguese, Kristi, Sri Lanka Indo- thalassocratic power in world-level – thus, Portuguese, Macaense and Kristang (24) (25). History has been progressively opening this A Poem written in Kristang (Prištic, 2010), science to the dimension of Air, Space and spoken by 80% of older residents in Malacca, now to Virtual space; because of that fact, Singapore and Kuala Lumpur, can be easily indeed it is perhaps time to Portugal to adapt understood by a Portuguese speaker (26). itself to the new geopolitical reality, that At this level, in which empirical data to test means that Russia is not far away anymore. this argument of Portuguese Universalism in
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Russia: geopolitical gateway for 21st strategy of balancing against the century’s Portugal bandwagoning. As it was explained above, Russia, So, in exchange of guarantees of pursuing understood as a power of Heartland, has to Portuguese national interests and face some geopolitical difficulties. Among safeguarded properly the national these, the access to warm seas is surely one of sovereignty and independence, Portugal is the most serious. It was also introduced in the able to grant Russia “access” to warm seas, problem Spykman’s concept of Rimland. In not obviously from Russian territory itself, this way, it is essential to analyze Figure 2. As but in the sense of circulation and other it can be easily described, the geographical advantages on the waters of the Ocean. Of position of Portugal – its Lage to use a course, everything has to be calculated concept from Ratzel – fits in the area of thoroughly like it was in the past [prudently] Rimland. That fact is fundamental, but it shall (31), but from an initial study the benefits not be considered alone. Perhaps more insinuate to be fruitful and worthy. Below, important than the position is the Raumsinn, one could be more concrete. to use another ratzelian notion, on the other Even though, as it was stated, Arctic is words, the meaning that such space and melting and Russia will have ice-free access to location have under a geopolitical the Ocean, it will take a long period for Russia interpretation. And as it was already to convert into a Rimland State. Once again, demonstrated, Portugal has been doing this Portugal finds here its opportunity. geopolitical (and geostrategic) interpretation But in concrete terms, what is this proposal (until 1974) towards the option for a Sea about? Well, one should take a look at figures Power. 3 and 4.
Fig. 3 - Map of countries’ EEZ in the World (32) (33) Fig. 2 - Spykman’s Rimland (29) Hence, Portugal meets at this very point, two main decisions. The fundamental one is to retake its traditional geopolitical option, and the second, which derives from the first, is to choose allies, analyze the international environment, operationalize, on two words: Strategic Planning tout court (30).
What is being proposed is, at the end, an Fig. 4 - Map of Portuguese EEZ: Portugal (Euro- alliance between a small power from Rimland Asiatic territory) plus Açores and Madeira (34) with the power from Heartland, under a
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Portugal has one of the largest EEZ of the Subsequently, the advantages are visible and World. But which advantages come from this tangible. For example, naval bases (as Lajes) geographical condition? One has to consult are fundamental in World politics, in the United Nations Convention on the Law of accordance with basic geopolitical the Sea to answer it. On the Part V, Article 56, knowledge: Mackinder (Dias, 2005: 109, 123), UN settle (35) the “Rights, jurisdiction and Mahan (Morgado, 2012a). duties of the coastal State in the exclusive With the US dislocation of its strategic main economic zone”: focus from Europe to Asia-Pacific and the cut 1. In the exclusive economic zone, the coastal on military budget from doctrine Panetta (36) State has: Portugal, founding member-state of NATO, finds itself into a fragile position. With no (a) sovereign rights for the purpose of total capacity whatsoever to defend itself exploring and exploiting, conserving from the international threats (and some of and managing the natural resources, them from the South, namely), in these whether living or non-living, of the circumstances – that means from an alliance waters superjacent to the seabed and with Russia – Portugal could achieve highly of the seabed and its subsoil, and with relevant gains, for instance: in the domain of regard to other activities for the security and mutual protection in case of economic exploitation and attack; economic relations - raw materials exploration of the zone, such as the (namely energy, e.g. oil and gas), commerce, production of energy from the water, investments. As a matter of fact, in terms of currents and winds; the energy supply, instead of buying (b) jurisdiction as provided for in the overpriced liquefied gas from Argelia and relevant provisions of this Nigeria (37) Portugal could arrange better Convention with regard to: conditions.
(i). the establishment and use of artificial islands, installations and structures; Lusophone Block (ii). marine scientific research; So, Portugal is a small power at World level. Recognizing this fact, another geopolitical (iii). the protection and preservation proposal could be done. In general terms, it of the marine environment; does not constitute a new proposal (iv). other rights and duties provided [Movimento International Lusófono (MIL) (38)], for in this Convention. but it brings some relevant novelty, especially 2. In exercising its rights and performing its on the systematization of the approach with duties under this Convention in the the “Diamond of Lusophone block in the exclusive economic zone, the coastal State Atlantic”. shall have due regard to the rights and In effect, an alliance with Russia is, at the duties of other States and shall act in a moment, required for the affirmation of manner compatible with the provisions of Portugal as a Sea Power (under a realistic this Convention. proportion), but the future core needed would 3. The rights set out in this article with be the profound transformation of respect to the seabed and subsoil shall be Community of Portuguese Language exercised in accordance with Part VI.” Countries (CPLP), composed by: Angola,
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Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste; into a political construction [Großraumformen] with profound geopolitical meaning. Despite with different aims from this paper, Pereira (2012) alerts for such necessity too. In fact, CPLP represents (39) 10 742 000 sq km of landmass, spread in 4 Fig. 5 - Diamond of Lusophone block in the Continents: Europa, America, Africa, Asia + Atlantic Antarctica through the Brazilian Program for the continent (40). In this way, one could expose the existence of more than 7 milions sq Brief comment about Portuguese km of maritime area (Pereira, 2012: 36), foreign policy nowadays located mainly in the Southern Hemisphere. As it was quoted from several thinkers, Pereira focuses mainly in the potential of authors, various members of the Portuguese Lusophone space in economic terms, but she élite, since 1974 Portugal does not have a also assures that such space includes Strategic Concept. As consequence, its foreign “cultural, touristic and leisure” dimensions policy has limited coherence and mediocre too (Pereira, 2012: 28, 30-31). practical effect.
As a matter of fact, CPLP itself (41) aims to Nowadays the scenario of disintegration of work on political and diplomatic levels, plus European Union is a reality (Ribeiro, 2011: 5), “education, health, science and technology, but it was needed more than evident defense, agriculture, public administration, economic and political troubles to the élite, communications, justice, public security, and then general public opinion, understand culture, sport and mass media”. The fact that and recognize that every human construction such agenda is quite ambitious constitutes an will meet eventually an end. Indeed, 9 years excellent initial framework. Nevertheless, the ago, while I was attending my undergraduate national sovereignties could create obstacles studies, when I was speaking with my regarding the goal to deep relations in all Colleagues and Professors from FCSH about a those domains, especially between Portugal certain issue, everyone was extremely and Brazil, answering at the same time to the scandalized – the issue was precisely the question from Bessa (2012: 99) – “why there is possibility of collapse of European Union and, no [Portuguese] strategy towards Brasil?” furthermore, the perspective that European However, it should be dedicated another Union as a (geo)political project stands work to study this problem. against the basic lines of Portuguese geopolitics. Now, 9 years later, the scenario of So, the crossroad for Portugal would be to EU’s disintegration is frequently mentioned affirm itself as a Sea Power, to establish an by a part of the élite of Portugal (Tavares, alliance with a telluric power and, besides the 2012), (Valente, 2013a) (Valente, 2013b) or, in so called triangle Portugal – Angola – Brasil less extent, the scenario of the Portuguese (42), to create a true geopolitical diamond withdraw from Eurozone is considered too – that, once again, I will expose in another Octávio Teixeira, Ferreira do Amaral, João work: Rodrigues, Pedro Braz Teixeira, Jorge Bateira, Nuno Teles (Sousa, 2013). About this, Schopenhauer would say “all truth passes
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through three stages. First, it is ridiculed. Second, country not so much known, but a fascinating it is violently opposed. Third, it is accepted as one. Besides, a special attention goes for a being self-evident”. possible role in terms of foreign policy.
Portugal should establish a true Strategic Therefore, the strategic-historical and Concept, before total chaos would come. geographical study opened the way to Nevertheless, the State itself does not grant Mackinder’s theory of Heartland. It was then any signs of Strategy, even less with exposed that geography is a stable element of geopolitical goals. In particular, the former power, but it is not completely unchangeable, Minister of Foreign Affairs, Mr. Paulo Portas, and it was pointed out a certain trouble in was accused, and not without reason, to be a Russian Heartland too – the access to warm “salesman” (Leonardo, 2013) or a common seas – that Portugal could, somehow, manage man who deals with “business from grocery to solute, in return of fulfillment of to grocery” (Medina Carreira, 2013), instead determined specific interests. Thus, this paper to act as a Statesman and produce a proper proposes clearly that Portugal should foreign policy, a foreign policy tout court. establish a strong alliance with Russia. Consequently, such political activity could not Afterwards, an introductory overview about be designated as “foreign policy” in its sense, Portuguese geopolitics was arranged, since foreign policy includes goals as: practically outside the mainstream. It was “security, economic prosperity, political stressed the Universalist dimension of influence, cultural influence, image creation” Portugal and mostly explained its Euro- (Bessa, 2012: 78-98). Therefore, foreign policy Asiatic reality (history, tradition, racial is much more than economic relations miscegenation, presence of influence of [diplomacia económica] that have been, Portuguese language till today), to affirm and wrongly, presented as the priority to to sustain the Portuguese traditional overcome the tremendous crisis that Portugal geopolitical option for a Sea Power, and is living in. demonstrated some skepticism concerning the compatibility of it with the Portuguese full membership in EU.
V. Conclusion In this sense, both the geographical position To deal with Geopolitics without taking into of Portugal and the “meaning” of that consideration History, it is not only an position, lead to a certain geopolitical intellectual mistake – it is indeed to condemn interpretation, in which it is defended an an analysis to a structural handicap too. In alliance with Russia and a deep this way, Russian history explained through transformation of CPLP into a Lusophone and under a strategic framework of a dialectic block, which shall also include the Diamond between antagonist conceptions about the of Lusophone block in the Atlantic. country had the aim to emphasize that only Nevertheless, present day Portuguese foreign (Neo-) Eurasianism has the goal of an policy is completely an outsider from such expansive (not necessarily expansionist) geopolitical nexus. The so-called “diplomacia foreign policy. On the other hand, the económica” rules, and eventually next description of Russian history and geography generations will testified under which price served also another aim: to try to create some was it done. interest among the Portuguese people (including the élites) towards Russia, a
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A last word would serve to stress that this (10) http://www.embrussia.ru/node/75 paper is merely introductory towards issues (11) http://chavezhistory.weebly.com/uploa that should be studied and explained ds/1/3/4/0/13404157/mongols_294- profoundly in a near future. 298.pdf
(12) http://www.eoearth.org/article/Caspian _lowland_desert
Notes (13) http://www.mapsofworld.com/russia/ thematic-maps/population-density- (1) This article is directly connected with a map.html paper successfully presented in the special session “OT-2. Russia’s image (14) https://www.cia.gov/library/publicatio and its impact on domestic and foreign ns/the-world-factbook/geos/rs.html policy” at the Sixth All-Russian Congress (15) http://www.embrussia.ru/node/75 of Political Science: “Russia in the Global (16) https://www.cia.gov/library/publicatio World: Institutions and Strategies of ns/the-world-factbook/geos/rs.html Political Interaction”, held on 22nd-24th November 2012, at Moscow State (17) http://www.mapsofworld.com/russia/ Institute of International Relations – thematic-maps/oil-producing-regions- MGIMO, Russian Federation. A.M.D.G. map.html
(2) Egyptian, Chinese, Assyrian-Babylonian- (18) http://www.mapsofworld.com/russia/ Phoenician or Ancient Semitic, Hindu, thematic-maps/natural-gas-pipelines- Iranian, Hebrew, Ancient Greek, Roman, map.html Neo-Semitic or Arabian, Romano- (19) https://www.cia.gov/library/publicatio Germanic or European. ns/the-world-factbook/geos/po.html (3) http://www.eurasia-rivista.org/da- (20) http://droitnature.free.fr/Shtml/Territoir gengis-khan-allideocrazia-la-visione- eFrancais.shtml eurasiatica-di-nicolaj-trubeckoj/18219/ (21) https://www.gov.uk/government/polici (4) https://www.cia.gov/library/publications es/protecting-and-developing-the- /the-world-factbook/geos/rs.html overseas-territories (5) http://www.mapsofworld.com/russia/ (22) http://www.dgpm.gov.pt/Documents/0 thematic-maps/terrestrial-ecoregions- 6_Fichas_C_Governa%C3%A7%C3%A3o map.html _Pensamento_VF.pdf (6) http://www.blueplanetbiomes.org/siber (23) http://dre.pt/pdfgratis/1930/07/15600.pdf ian_tundra.htm/ (24) http://www.colonialvoyage.com/eng/as (7) http://www.ucmp.berkeley.edu/glossar ia/language/portuguese.html y/gloss5/biome/tundra.html/ (25) http://cvc.instituto- (8) http://www.blueplanetbiomes.org/tund camoes.pt/hlp/geografia/crioulosdebasep ra.htm ort.html (9) http://www.wilds.mb.ca/taiga/tbsfaq.ht (26) http://malaca-portugal.blogspot.cz/ ml/http://www.ucmp.berkeley.edu/exhib its/biomes/forests.php#boreal "Keng teng fortuna ficah na Malaka | Quem tem fortuna fica em Malaca
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Nang kereh partih bai otru terá (39) http://www.cplp.org/ | Não quer partir para outra terra. (40) http://www.mar.mil.br/secirm/proantar Pra ki tudu jenti teng amizadi, .htm | Por aqui toda a gente tem amizade, (41) http://www.cplp.org/ Kandu partih logo ficah saudadi. (42) https://sites.google.com/a/ceabr.org/cea | Quando se partir logo fica a saudade. br---centro-de-estudos-africanos-e- Ó Malaka, tera di San Francisku, brasileiros-en/arquivo-de-video | Ó Malaca, terra de São Francisco,
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A nova agenda marítima comunitária para o crescimento e o emprego
The new maritime communitary agenda for growth and jobs
Sandra Pereira
Doutorada em Estudos Europeus (dominante económica) pelo Instituto de Estudos Políticos - IEP da Universidade Católica Portuguesa. Investigadora na Linha de Investigação em Assuntos Marítimos Maria Scientia do IEP-UCP.
Resumo A nova Agenda Marítima comunitária para o Crescimento e o Emprego, apresentada pela Declaração de Limassol, é o objeto de estudo deste artigo que começa por abordar os seus pressupostos. Seguidamente, destaca as potencialidades da «Economia Azul», os progressos realizados no domínio da Política Marítima Integrada da União Europeia (UE) e o «Crescimento Azul» enquanto estratégia de longo prazo que orientará uma segunda fase dessa política. A relevância da «Economia Azul» para a Europa está patente nos números atingidos: um valor acrescentado bruto anual estimado em cerca de 500 mil milhões de euros (prevê-se que aumente para 600 mil milhões de euros em 2020); no mesmo período, o número de pessoas empregadas abrangidas deverá aumentar de 5,4 milhões para 7 milhões. O «Crescimento Azul» representa, assim, o contributo da Política Marítima Integrada Europeia (PMIE) para a consecução dos objetivos da Estratégia Europa 2020, em matéria de crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.
Palavras-chave: Agenda Marítima; Crescimento; Emprego; Declaração de Limassol; Economia Azul; Política Marítima Integrada; Crescimento Azul; Estratégia Europa 2020
Abstract The new Maritime Communitary Agenda for Growth and Jobs, introduced by the Limassol Declaration, is the object of this article which begins by addressing its assumptions. Then, this article highlights the potential of the «Blue Economy», the progresses in the Integrated Maritime Policy of the European Union (EU) and the «Blue Growth» as a long-term strategy that will guide the second phase of this policy. The relevance of the «Blue Economy» for Europe is reflected in the numbers affected: an annual gross value added estimated at about 500 billion euros (expected to increase to 600 billion euros in 2020), in the same period, the number of employees covered is expected to increase from 5,4 million to 7 million. The «Blue Growth» thus represents the contribution of the european integrated maritime policy for the achievement of the objectives of the Europe 2020 strategy on smart, sustainable and inclusive growth.
Key words: Maritime Agenda; Growth; Employment/Jobs; Limassol Declaration; Blue Economy; Integrated Maritime Policy; Blue Growth; Europe 2020 Strategy.
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“The adoption of a Maritime Agenda for Os oceanos, os mares e as costas constituem Growth and Jobs could not come at a better um inegável potencial de desenvolvimento time.” tanto económico como em matéria de
José Manuel Durão Barroso, inovação, podendo e devendo fazer parte Presidente da Comissão Europeia. integrante das soluções para os desafios com Informal Ministerial meeting que se deparam a União Europeia (UE) e os on EU Integrated Maritime Policy seus Estados-Membros [2], para além de Limassol, 08.10.2012 ocuparem o seu devido lugar no seio da Estratégia de desenvolvimento Europa 2020, correspondente a um plano de dez anos da I. Introdução UE em prol de um crescimento inteligente, Este artigo tem como objeto de estudo a sustentável e inclusivo no sentido de atingir adoção da nova Agenda Marítima comunitária níveis elevados de emprego, produtividade e para o Crescimento e o Emprego, em linha com coesão social, compreendendo sete «iniciativas os objetivos traçados pela Estratégia Europa emblemáticas»: inovação, economia digital, 2020 com vista a um crescimento inteligente, emprego, política industrial, pobreza e sustentável e inclusivo. eficiência na utilização dos recursos e cuja concretização é assegurada pelo intuito da UE Para além dos pressupostos desta nova atingir cinco objectivos até 2020 nos seguintes agenda apresentada em outubro de 2012, pela domínios: emprego, educação, investigação e Declaração de Limassol, outros tópicos da inovação, inclusão social e redução da atualidade comunitária neste domínio são pobreza e alterações climáticas e energia [a]. abordados neste artigo tais como: as potencialidades da «Economia Azul» na Neste sentido, a UE precisava de uma agenda Europa em termos de valor acrescentado marítima para o crescimento e o emprego bruto anual e emprego, os progressos porque tem necessidade de aproveitar todas realizados no domínio da política marítima as oportunidades que conduzam ao integrada da União Europeia e o «Crescimento crescimento sustentável e à criação de Azul», enquanto estratégia a longo prazo que empregos, com o propósito de superar a atual orientará uma segunda fase dessa política, crise financeira e económica, não devendo para apoiar o crescimento no conjunto deste descurar o leque de oportunidades que o mar setor. proporciona, pelo que tem ao seu dispor instrumentos suscetíveis de conferir valor
acrescentado aos feitos dos Estados-Membros e desta indústria. II. Os pressupostos da nova Agenda Marítima Comunitária Por isso, Eduardo Lopes Rodrigues classifica para o Crescimento e o Emprego o “Poder Marítimo e a sua gestão eficiente” como – a Declaração de Limassol “uma categoria de soft power, com funcionalidades tangíveis e iniludíveis” [3, p. 1] em diversos Mais de 70% da superfície da Terra é coberta domínios estratégicos perante um cenário de por água em que o Mar é uma parte crise financeira, económica e social, integrante da identidade europeia em que 22 respondendo, desta forma, positivamente, à dos 27 Estados-Membros têm costa marítima questão que coloca “Has the Maritime Power e dois terços das fronteiras europeias são, any chance to be a positive factor in the promotion precisamente, estabelecidas pelo Mar [1]. of the reverse of this situation” [4, p. 35].
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Em 8 de outubro de 2012, foi adotada, na Conferência Interministerial de Chipre sobre a Quadro 1- Perspetiva evolutiva dos cinco setores política marítima integrada, organizada, em marítimos-alvo
Limassol (Chipre), pela Presidência Cipriota Setores do Conselho da UE, uma nova agenda marítimos- Perspetiva evolutiva europeia para o crescimento e a criação de alvo empregos nos setores marinho e marítimo. -O turismo costeiro e marítimo constitui o principal setor Nesta conferência marcaram presença os marítimo em termos de valor Turismo Ministros Europeus dos Assuntos Marítimos e acrescentado bruto e de emprego, marítimo, a Comissão Europeia, representada pelo prevendo-se um crescimento na costeiro e de ordem dos 2 a 3% até 2020; Presidente José Manuel Durão Barroso e pela cruzeiros Comissária para os Assuntos Marítimos e -O turismo de cruzeiros deverá criar 100 mil novos empregos Pescas, Maria Damanaki. entre 2010 e 2020. Esta agenda foi apresentada pela Declaração de Prevê-se que: -a capacidade instalada a nível Limassol [5] com vista à adoção de um quadro mundial duplique anualmente no dinâmico e coordenado dos assuntos Energias futuro próximo; marítimos rumo ao desenvolvimento da oceânicas / -o incremento da comercialização «Economia Azul» da UE, centrando-se em Energia azul das tecnologias de setores marítimos promissores com elevado aproveitamento da energia das ondas e das marés devido à potencial de criação de novos empregos e redução dos custos associados. crescimento, a saber: turismo marítimo, O volume de negócios anual costeiro e de cruzeiros, energias Mineração global deverá crescer: oceânicas/energia azul, mineração marinha / - de praticamente zero para 5 mil marinha/recursos minerais marinhos, Recursos milhões de euros nos próximos 10 minerais anos; aquicultura [6] e biotecnologia azul. marinhos - para 10 mil milhões de euros em A seleção destes cinco setores marítimos-alvo 2030. Poderá contribuir para um regime prendeu-se com o panorama geral da alimentar saudável, se for possível Aquicultura dimensão económica dos setores marinho e igualar a taxa de crescimento fora marítimo na Europa que foi traçado pela da UE. Comissão Europeia, bem como do emprego No prazo aproximado de 10 anos, nestes setores, tendo estado também em este setor deverá tornar-se um fornecedor de produtos para os análise, uma perspetiva realista, o rumo a Biotecnologia mercados de massa, por exemplo: azul imprimir aos mesmos nos próximos anos e a cosméticos, biocombustíveis, identificação dos domínios com maior produtos alimentares, potencial de inovação e criação de empregos. farmacêuticos e químicos. Fonte: Adaptado de COMISSÃO EUROPEIA – As conclusões da Comissão Europeia poderão Comunicado de Imprensa “Adotada nova agenda ser resumidas no Quadro 1, seguidamente marítima para o crescimento e o emprego”, apresentado: Bruxelas, 8 de outubro de 2012, p. 2.
A Declaração de Limassol – considerada como uma importante ferramenta, no sentido do cumprimento dos objetivos da Estratégia Europa 2020 – propõe, assim, uma agenda
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marinha e marítima. No seu seguimento, a simultaneamente, a saúde dos mares e Comissão Europeia lançará várias iniciativas oceanos. destinadas a explorar e desenvolver as A relevância da «Economia Azul» para a potencialidades de crescimento nos domínios, Europa está patente nos números atingidos: anteriormente, aludidos. Todas estas um valor acrescentado bruto anual estimado iniciativas incluirão consultas aos Estados- em cerca de 500 mil milhões de euros (prevê- Membros e aos principais interessados. A se que aumente para 600 mil milhões de euros primeira dessas comunicações deverá ser em 2020); no mesmo período, o número de publicada em 2013 e versará sobre o turismo pessoas empregadas abrangidas deverá marítimo e costeiro em que 2013 será aumentar de 5,4 milhões para 7 milhões. consagrado como o Ano Europeu do Turismo. Adicionalmente, 75% do comércio externo da As comunicações atinentes à energia marítima e Europa e 37% do comércio intraeuropeu é à aquicultura deverão, ser igualmente, efetuado por via marítima. “Os oceanos, mares publicadas, no decurso do ano 2013, enquanto e costas da Europa são, e continuarão a ser, a sobre a área da biotecnologia marítima 2014 é artéria vital da economia europeia.” [9, p. 2]. a previsão apontada. A Comissária Europeia, Maria Damanaki, A Europa tem uma inigualável tradição declarou: “Todas as componentes da economia marítima e neste «mar de oportunidades» urge europeia são essenciais para ultrapassar o período incrementar o empreendedorismo, a inovação difícil que atravessamos. A «economia azul» e criatividade, o dinamismo e “promover a proporciona oportunidades de crescimento criação de novos clusters, prosseguindo a económico sustentável tanto nos setores marinho e investigação científica, sistematizando a marítimo já estabelecidos como nos emergentes.” inventariação de recursos e conjugando-os [10, p. 2]. inteligentemente com as formas e agentes que os explorem” [7, p. 31]. Daí que a agenda Para isso, os Estados-Membros e as marítima seja uma carta de trunfo e o seu instituições comunitárias foram convidados a sucesso um passo crítico em direção à criar as condições adequadas para explorar as recuperação económica para a prosperidade potencialidades da «Economia Azul»: apoio à não só da Europa marítima mas sim da investigação e ao conhecimento do meio Europa como um todo [8]. marinho, formação no domínio marítimo, cooperação eficiente ao nível dos custos na
área da vigilância marítima, melhor ordenamento do espaço marítimo e II. As potencialidades da prosseguimento da aplicação da Diretiva- «Economia Azul» na Europa Quadro «Estratégia Marinha» [11], datada de Cinco anos após o lançamento da política 17 de junho de 2008, que fixava princípios marítima integrada europeia, os Estados- comuns a partir dos quais cada Estado- Membros da UE e a Comissão Europeia Membro deveria elaborar as suas próprias reafirmaram na Conferência de Limassol, em estratégias em colaboração com os restantes e outubro de 2012, que uma abordagem os países terceiros com vista a alcançar um dinâmica e coordenada dos assuntos bom estado ecológico nas águas marinhas de marítimos reforça o desenvolvimento da que é responsável para assegurar a proteção e «Economia Azul» da UE, assegurando, a reconstituição dos ecossistemas marinhos europeus, bem como assegurar a viabilidade
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ecológica das atividades económicas ligadas apresentar-se de forma diferente por volta do ao meio marinho [b]. ano 2020, já que precisa de ser sustentável e respeitadora das potenciais preocupações De acordo com afirmação da Comissária ambientais resultantes da natureza frágil do Maria Damanaki “A capacidade de colaborar com contexto marítimo. São necessários esforços vista à obtenção dos melhores resultados é um sinal para reduzir os impactos ambientais de maturidade; a política marítima constitui o negativos das atividades marítimas como veículo ideal para estimular a economia azul na sejam a emissão de poluentes e a descarga de Europa” [9, p. 1]. A declaração do Presidente substâncias nocivas. da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, veio reforçar este propósito: “Os Os setores da «Economia Azul» são mares e oceanos podem desempenhar um papel interdependentes, assentando em decisivo na recuperação da economia europeia. A competências comuns, partilhando infra- declaração de hoje contém uma mensagem clara: estruturas como os portos e as redes de temos de aproveitar as potencialidades da economia distribuição de energia elétrica e com recurso azul na Europa” [9, p. 1]. ao mar de forma sustentável [12]. A energia renovável a partir do mar pode contribuir A Figura 1 mostra a cadeia de valor da para atingir as metas de redução em 20% das «Economia Azul» em termos de valor emissões de gases do efeito de estufa e acrescentado bruto e emprego, podendo aumentar em 20% a produção europeia de
Fig. 1 - Emprego e dimensão económica das atividades marinhas e marítimas económicas
Fonte: EUROPEAN COMMISSION – Communication from the Commission to the European Parliament, the Council, the European Economic and Social Committee and the Committee of the Regions “Blue Growth – opportunities for marine and maritime sustainable growth”, COM(2012) 494 final, Brussels, 13.09.2012, p. 3.
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energia a partir das renováveis até 2020. a utilização dos mares e para as fronteiras Simultaneamente, o desenvolvimento de marítimas da UE); energia oceânica renovável acarreta uma gestão integrada (terra e mar) das zonas oportunidades para a indústria da construção costeiras (de modo a permitir a gestão do naval na regeneração de portos, áreas território marítimo, pois não obstante se periféricas e regiões mais extremas da UE. tratar de um domínio da competência dos Este é o tipo de desenvolvimento inteligente, Estados-Membros, é crucial a existência de sustentável e inclusivo que se pretende para a um compromisso a nível europeu); Europa [8]. uma fonte de dados e de informação completa e
acessível (no que se refere à atividade natural e às atividades humanas nos IV. Os progressos realizados no oceanos, no sentido de facilitar a tomada domínio da Política Marítima de decisões estratégicas na área da política Integrada da União Europeia marítima).
Para garantir a conservação dos recursos Desde a sua criação em 2007, sob a marinhos, a Comissão Europeia aposta na Presidência Portuguesa do Conselho da UE, criação de uma política marítima integrada – que a política marítima integrada procurou horizontal e intersetorial – que contemplará reforçar o desenvolvimento sustentável da todos os aspetos do relacionamento com os economia marítima europeia e a proteção do mares e oceanos e cujos objetivos prioritários meio marinho, facilitando a cooperação consistem em: maximizar a exploração intersetorial e transfronteiriça entre todos os sustentável dos mares e oceanos, sem colocar protagonistas neste setor [13] que permitisse em causa o crescimento da economia “o intercâmbio de boas práticas e uma cooperação marítima e das regiões costeiras; criar uma mais estreita entre Estados em áreas cruciais, como base de conhecimentos e de inovação; oferecer a que se relaciona com a protecção do ambiente uma melhor qualidade de vida nas regiões marinho, a segurança e vigilância das zonas costeiras e ultraperiféricas, em consonância marítimas da Europa e a investigação marinha e com o desenvolvimento económico e o marítima” [14, p. 13]. respeito pelo ambiente; e melhorar a visibilidade da Europa marítima e da imagem Após cinco anos, o contexto económico das atividades e profissões do setor [b]. alterou-se e com a Estratégia Europa 2020, a UE procurou “reativar a economia europeia de Por outro lado, a UE visa promover a sua forma a criar emprego, aumentar a competitividade posição de liderança nos assuntos marítimos e reforçar a coesão social” [13, p. 2]. internacionais, pelo que uma política integrada contribuirá para melhorar a gestão Esta política marítima integrada representa internacional deste tipo de assuntos, bem uma importante ferramenta na esteira do como a concretização das prioridades da UE cumprimento dos objetivos da Estratégia neste domínio com recurso a três Europa 2020 e a Presidência Cipriota do instrumentos relevantes no quadro da Conselho da UE estava disposta a contribuir e elaboração comum das políticas marítimas a cooperar com a Comissão Europeia neste [b], a saber: rumo [c]. Neste sentido, esta Presidência procurou dar um novo impulso ao pilar uma rede europeia de vigilância marítima marítimo da Estratégia Europa 2020, isto é, (para garantir condições de segurança para uma «redinamização», considerando como uma
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das suas grandes prioridades devido ao da UE (China, Rússia, Japão, Canadá e EUA) e elevado potencial de desenvolvimento o âmbito dos diálogos setoriais foi económico do mar e das suas atividades, progressivamente alargado, conduzindo a incluindo a necessidade de preservar o uma cooperação mais geral sobre estes ambiente marinho [15]. assuntos: “A UE apelou a uma maior ambição nas resoluções sobre os oceanos, sobre o Direito do Mar Com efeito, no quadro da integração e sobre a pesca sustentável, advogando a adesão europeia, tal como refere Eduardo Lopes generalizada a instrumentos de governação Rodrigues, apesar do poder político europeu marítima (…). A UE insistiu também na priorizar a gestão das crises económicas, necessidade de avançar nos domínios da proteção financeiras e sociais, a relevância económica dos oceanos e mares e da governação marítima, como fonte do poder marítimo merece ser aquando da Conferência das Nações Unidas sobre o enfatizada, como uma política marítima Desenvolvimento Sustentável realizada no Rio de integrada que se esforça para aproveitar o Janeiro, em junho de 2012” [13, p. 11]. potencial do mar para gerar um crescimento inteligente e sustentável para o século XXI [4] A visibilidade da identidade marítima da enquanto “platform of policies in sectors like Europa e do seu potencial económico, bem industry, fisheries, regional development, external como a sensibilização do público constitui um relations, transport, internal market, energy, dos principais desejos da política marítima employment, environment research and security” integrada, pelo que alguns exemplos da [4, p. 36]. promoção dessa visibilidade assentam: na inclusão das iniciativas marítimas nos Através de um relatório adotado em 11 de programas de trabalho estatístico do Eurostat; setembro de 2012 [13], a Comissão Europeia nas ferramentas interativas como o Fórum fez um balanço dos progressos realizados na Marítimo [d] ou o Atlas Europeu dos Mares [e] implementação da política marítima integrada que visaram facilitar o acesso a informações europeia, enumerando as medidas que tomou relacionadas com o mar, contribuindo para para apoiar o crescimento marítimo aumentar o conhecimento sobre a Europa sustentável. marítima; e no evento de sensibilização do Ao nível dos Estados-Membros são aplicadas público para o potencial da Europa marítima “cada vez mais abordagens coordenadas para através da celebração do Dia Europeu do Mar desenvolver a economia marítima, através de em 20 de Maio [13, pp. 11-12]. estratégias nacionais (é o caso de França, Portugal Tal como o Presidente da Comissão Europeia e Alemanha) ou de iniciativas específicas (como a discursou em 8 de outubro de 2012, no lei marítima do Reino Unido, a estratégia da Encontro Informal Ministerial em Limassol: Dinamarca para o mar ou a da Irlanda para a “In 2007, to boost Europe’s maritime economy, I ciência). Em 2011, a Alemanha adotou também um launched the Integrated Maritime Policy. In fact, plano de incentivo à sua economia marítima. already in 2004 I thought it would make sense to Vários Estados-Membros (Chipre, França, Países have one Commissioner fully dedicated to Baixos e Polónia) instituíram uma coordenação Maritime Policy and not only to Fisheries (…). I interministerial ou cargos ministeriais para o am also heartened to see that the ownership of the efeito” [13, p. 10]. maritime policy by Member States is such, that we No cenário mundial, os assuntos de foro are now moving on to its second phase: Blue marítimo tornaram-se cada vez mais Growth” [8, p. 2]. recorrentes nas discussões com os parceiros
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A Declaração de Limassol fez, por as palavras da Comissária Europeia, Maria conseguinte, eco à Declaração de Lisboa, Damanaki: “O crescimento azul implica a datada de 2007, que deu origem à política colaboração de todas as partes – das instituições e marítima integrada, sendo composta por dois dos Estados-Membros às regiões e às PME – para pilares: por um lado o «Crescimento Azul» para responder aos desafios atuais e assegurar a contribuir para o crescimento económico da utilização mais produtiva e sustentável dos UE e desideratos da Estratégia Europa 2020 e, recursos marítimos e costeiros” [10, p. 2]. por outro, a dimensão externa da política Este crescimento deverá ter em consideração o marítima integrada para a cooperação com os principal objetivo da Comunicação da Comissão países vizinhos da UE que partilham as Europeia, adotada em 13 de setembro de 2012, mesmas bacias marinhas [16].. sobre o «Crescimento Azul – oportunidades para o crescimento marinho e marítimo sustentável» [12] – fornecer aos decisores ao nível da UE V. O «Crescimento Azul» uma análise completa, robusta e coerente de enquanto estratégia a longo eventuais futuras opções estratégicas capazes prazo de sustentar um crescimento “intelligente, durable et inclusive des océans, des mers et des O «Crescimento Azul» orientará uma segunda côtes” [2, p. 5]. Nesta comunicação, a fase da política marítima integrada, Comissão Europeia mostra indicações para os representando uma estratégia a longo prazo próximos anos relativamente ao crescimento para apoiar o crescimento no conjunto do económico e ao emprego nos domínios setor marítimo com desideratos que se marinho e marítimo, de modo a que prendem com a identificação e a atribuição de contribuam para o crescimento económico uma resposta aos desafios (económicos, europeu. ambientais e sociais) que afetam todos os setores da economia marítima; a colocação em Este documento, discutido na Conferência destaque das sinergias potenciais entre realizada em Limassol em 8 de outubro de políticas setoriais; o estudo das interações 2012, representa o contributo da Política entre as diferentes atividades e o seu impacto Marítima Integrada para a consecução dos potencial no ambiente marinho e na objetivos de crescimento inteligente, biodiversidade; na identificação de áreas com sustentável e inclusivo da Estratégia Europa elevado potencial de crescimento a longo 2020. Teve por base um estudo realizado [1], a prazo a apoiá-las através da eliminação dos pedido da Comissão Europeia, que tece uma obstáculos administrativos que dificultam o apreciação da situação dos diversos setores de crescimento e da promoção do investimento atividade económica marítima (pesca e na investigação e desenvolvimento, bem como agricultura, indústria, construção naval, da aquisição de competências através da transportes, energia, atividades portuárias e educação e da formação [f]. outros serviços e atividades conexas), apresenta as características de inovação e os Incide em atividades existentes, emergentes e desenvolvimentos tecnológicos com potenciais como o transporte marítimo de influência nestes setores, identificando os curta distância; o turismo costeiro; a energia principais fatores externos que influenciam o eólica offshore; a dessalinização e a utilização seu potencial. Identifica ainda os setores de recursos marinhos na indústria económicos-chave para o crescimento futuro farmacêutica e dos cosméticos De acordo com sustentável dos oceanos, mares e das costas e
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avalia o impacto das intervenções políticas política marítima integrada, organizada pela suscetíveis de contribuir para desenvolver o Presidência Cipriota do Conselho da UE, uma potencial existente. nova Agenda Comunitária para o Crescimento e o Emprego nos setores marinho e marítimo. Esta Através deste estudo, a Comissão Europeia agenda foi apresentada pela Declaração de traçou um panorama geral das capacidades Limassol com vista à adoção de um quadro económicas e de emprego dos setores dinâmico e coordenado dos assuntos marinho e marítimo na Europa, tendo marítimos rumo ao desenvolvimento da também realizado, numa perspetiva realista, «Economia Azul» da UE. Neste sentido, esta uma previsão do rumo de para onde se Presidência procurou dar um novo impulso dirigem estes setores nos próximos anos e ao pilar marítimo da Estratégia Europa 2020, onde se encontra o seu potencial para a isto é, uma «redinamização» devido ao elevado inovação e a criação de emprego [10]. potencial de desenvolvimento económico do Deste modo, o «Crescimento Azul» perfila-se mar e das suas atividades, incluindo a como uma estratégia relevante para alcançar necessidade de preservar o ambiente os objetivos da Estratégia Europa 2020. A marinho. crescente importância que atribui à economia Para concretizar este potencial, é necessário relacionada com o mar completa-se com a remover os obstáculos ao crescimento e Estratégia do Atlântico, proposta pela aplicar soluções inteligentes para promover Comissão Europeia e lançada, oficialmente, novos setores. Através da promoção da em Lisboa em novembro de 2011 [17], e da investigação e inovação no setor marinho, do qual se espera, em virtude do envolvimento e apoio às Pequenas e Médias Empresas (PME) dos contributos dos governos e agentes inovadoras, da definição das qualificações interessados, que seja um plano capaz de necessárias e do incentivo aos produtos e explorar, de forma sustentável, as soluções inovadores, a Europa poderá libertar oportunidades que oferece esta área da esfera o potencial de crescimento da sua «Economia europeia que, até ao momento, não contou Azul», protegendo, simultaneamente, a com um plano estratégico integrado para o biodiversidade e o ambiente. seu desenvolvimento. A Comissão Europeia, na sua Comunicação A Estratégia do Atlântico, enquanto “subproduto sobre o «Crescimento Azul – oportunidades para da Política Marítima Europeia Integrada”, está o crescimento marinho e marítimo sustentável» “especificamente orientada para o conhecimento, apresenta indicações promissoras para o proteção e exploração das potencialidades do crescimento económico e perspetivas de Oceano Atlântico” [17, p. 4] – o segundo maior emprego no setor da economia marinha e oceano do Planeta, podendo ainda reforçar marítima, de forma a apoiar a recuperação da “as potencialidades de uma nova centralidade de economia europeia. Com efeito, estes setores Portugal, também, enquanto plataforma de ligação económicos proporcionam emprego a 5,4 a outros Países da CPLP” (Comunidade dos milhões de pessoas e contribuem para um Países de Língua Portuguesa) [3, p. 1]. valor acrescentado bruto total da ordem de 500 000 milhões de euros. Até 2020, estes valores deverão aumentar para 7 milhões de VI. Conclusões e Reflexões empregos e cerca de 600 000 milhões de euros, Em 8 de outubro de 2012, foi adotada, na respetivamente. Conferência Interministerial de Chipre sobre a
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Esta Comunicação inicia um processo que que proporcione inovação, crescimento e conferirá à «Economia Azul» um lugar de sustentabilidade aos cidadãos europeus. destaque na agenda dos Estados-Membros, Espera-se, assim, que este artigo, enquanto das regiões, empresas e da sociedade civil. um dos outcomes da investigação na área da Descreve a forma como as políticas desses «Economia do Mar», represente um contributo países e da UE apoiam já a «Economia Azul», positivo para a prossecução do estudo identificando os cinco domínios com maior vanguardista dos assuntos sobre o mar na UE. potencial de crescimento: i) Turismo marítimo, costeiro e de cruzeiros; ii) Energia azul; iii) Recursos minerais marinhos; iv) Aquicultura e v) Biotecnologia azul. Referências e Bibliografia Partindo desses cinco setores marítimos-alvo, a Comissão Europeia lançará várias iniciativas [1] BLUE GROWTH STUDY – Scenarios and todas elas incluirão consultas aos Estados- drivers for Sustainable Growth from the Membros e aos principais interessados) com Oceans, Seas and Coasts, Ecorys em vista a explorar e desenvolver o potencial de parceria com Deltares e Océanique crescimento nos domínios em causa e cada Developpement, augusto de 2012, um deles será objeto de uma análise de disponível em: impacto e de uma comunicação/estratégia https://webgate.ec.europa.eu/maritimeforu particular. m [consult. em 24.11.2012].
Em síntese, o «Crescimento Azul» é a [2] EUROPOLITIQUE - Le quotidien des contribuição da política marítima integrada affaires europpéennes, N.º 4483 «Politique da UE para alcançar os objetivos da Estratégia Maritime – La Commission veut Europa 2020 em matéria de crescimento développer le potentiel économique de la inteligente, sustentável e inclusivo. É também mer», Europe Information Service S.A. o resultado de iniciativas políticas anteriores: (EIS), Bruxelas, 11.09.2012, p. 5. a Política Marítima Integrada da Comissão [3] LOPES RODRIGUES, Eduardo Raúl Europeia (2007), a Diretiva-Quadro (2012), Nota Editorial, Maria Scientia – «Estratégia Marinha» (2008) e os programas Revista Científica Electrónica | Scientific e- comunitários de incentivo à investigação e Journal, N.º 3, Lisboa: Instituto de Estudos inovação marítima e marinha. Políticos (IEP) – Universidade Católica Urge, por isso, no futuro contemplar o Portuguesa (UCP), julho, pp. 1-2. potencial marítimo da Europa com confiança, [4] LOPES RODRIGUES, Eduardo Raúl como uma categoria de soft power, e uma (2011), «The Economic Relevance as Source agenda dinâmica visto que a UE tem uma of Maritime Power in the European experiência marítima única, liderança e Integration Framework», Maria Scientia – recursos. A sua costa é quatro vezes superior Revista Científica Electrónica | Scientific e- à dos Estados Unidos da América e duas Journal, N.º 1, Lisboa: IEP – UCP, vezes a da Rússia. Neste contexto, o novembro, pp. 35-36. «Crescimento Azul» orientará uma segunda [5] CYPRUS PRESIDENCY OF THE fase da política marítima integrada, que visa COUNCIL OF THE EUROPEAN UNION instaurar uma economia marítima saudável – Declaration of the European Ministers responsible for the Integrated Maritime
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Policy and the European Commission, on a Carlos Henriques (Associação Portuguesa Marine and Maritime Agenda for growth de Aquicultores – APA)]. and jobs the “Limassol Declaration”, Não obstante este potencial – aumento do Informal Ministerial Meeting in Nicosia, consumo de peixe apesar das suas 07.10.2012. importações não terem crescido – a sua [6] Na sequência da realização da tertúlia concretização é difícil, na medida em que a subordinada à temática “A Aquacultura e visão estratégica da UE assenta em a nova Política Comum de Pescas” proporcionar aos cidadãos europeus um ocorrida em Lisboa (na livraria Ler consumo de pescado estável, seguro, Devagar – LX Factory), no dia 29 de saudável e produzido de uma forma novembro de 2012, são de destacar sustentável [intervenção de Jorge Dias algumas ideias-chave das intervenções que (Universidade do Algarve)]. Perante as lá tiveram lugar relativamente ao setor da dificuldades relacionadas com o Aquicultura. investimento e o processo de licenciamento (por exemplo, os limitados prazos de Segundo dados de 2010, a produção europeia concessão e as obrigações legais a que os de pescado foi de 6 milhões de toneladas, investidores estão sujeitos após o das quais 1,3 milhões foi resultante da licenciamento), o futuro poderá passar aquicultura, representando um contributo pela inovação e diversificação, com a na ordem dos 20%. No caso português, das necessidade de recorrer a soluções de 230 mil toneladas de produção nacional de compromisso que protejam o ambiente pescado, 220 mil foram provenientes da sem comprometer o futuro das gerações pesca e oito mil da aquicultura, vindouras). correspondendo a um contributo de 3%
para a produção nacional de pescado, o que indicia ainda a existência de uma [7] REIS, Pedro (2012), «Um mar de margem significativa para crescimento, em oportunidades», Cluster do Mar – O Mar Portugal, neste setor cuja distribuição como um novo desígnio nacional, Lisboa, geográfica se centra sobretudo na região julho-agosto, pp. 31-32. do Algarve, seguida da zona Centro do [8] EUROPEAN COMMISSION – Speech by país [intervenção de Ana Rita Veiga President Barroso: “A strong maritime (Direção-Geral de Recursos Naturais, pillar for the Europe 2020 strategy”, Segurança e Serviços Marítimos – Informal Ministerial Meeting in Nicosia, DGRM)]. 08.10.2012. Este setor revela, assim, potencial de [9] COMISSÃO EUROPEIA – Comunicado de crescimento porque a proteína de peixe é Imprensa “Adotada nova agenda marítima importante, para além de ser necessário para o crescimento e o emprego”, Bruxelas, também satisfazer a procura por parte dos 8 de outubro de 2012; países emergentes. Na produção em Portugal, devido à temperatura da água, as [10] COMISSÃO EUROPEIA – Comunicado de espécies mais adequadas são a truta, os Imprensa “Crescimento Azul: Comissão bivalves (ameijoa e ostras) e peixes planos apresenta as perspetivas para o (pregado e linguado) [intervenção de crescimento sustentável dos setores marinho e marítimo”, Bruxelas, 13 de setembro de 2012.
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[11] Diretiva 2008/56/CE do Parlamento [17] TEIXEIRA, Maria Fernandes (2012), Europeu e do Conselho de 17 de junho de «Estratégia do Atlântico: desafios e 2008 que estabelece um quadro de ação oportunidades», Maria Scientia – Revista comunitária no domínio da política para o Científica Electrónica | Scientific e-Journal, meio marinho (Directiva-Quadro N.º 2, Lisboa: IEP – UCP, março, pp. 3-13. «Estratégia Marinha»).
[12] EUROPEAN COMMISSION – Webgrafia Communication from the Commission to the European Parliament, the Council, the [a] Europa 2020 – A estratégia europeia para o European Economic and Social Committee crescimento - Comissão Europeia and the Committee of the Regions “Blue http://ec.europa.eu/europe2020/index_pt.htm Growth – opportunities for marine and maritime sustainable growth”, COM(2012) 494 final, Brussels, 13.09.2012. [b] Europa > Sínteses de legislação da UE > [13] COMISSÃO EUROPEIA – Relatório da Assuntos Marítimos e Pesca Comissão ao Parlamento Europeu, ao http://europa.eu/legislation_summaries/mariti Conselho, ao Comité Económico e Social me_affairs_and_fisheries/index_pt.htm Europeu e ao Comité das Regiões
“Evolução da política marítima integrada da União Europeia”, COM(2012) 491 final, [c] Cyprus Presidency of the Council of the Bruxelas, 11.09.2012. European Union
[14] COMISSÃO DAS COMUNIDADES http://www.cy2012.eu/en/page/integrated- EUROPEIAS – Comunicação da Comissão maritime-policy ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao
Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões “Orientações para [d] European Commission > Maritime Affairs uma abordagem integrada da política > Maritime Forum marítima: rumo a melhores práticas de https://webgate.ec.europa.eu/maritimeforum/ governação marítima integrada e de
consulta das partes interessadas”, COM(2008) 395 final, Bruxelas, 26 de junho [e] Comissão Europeia > Assuntos Marítimos de 2008. > Atlas Europeu dos Mares
[15] EUROPOLITIQUE - Le quotidien des http://ec.europa.eu/maritimeaffairs/atlas/inde affaires europpéennes, Supplément au N.º x_pt.htm 4464 «Présidence chypriote – Politique
Maritime | Une nouvelle impulsion à la politique maritime intégrée», Europe [f] Comissão Europeia > Assuntos Marítimos Information Service S.A. (EIS), Bruxelas, http://ec.europa.eu/maritimeaffairs/index_pt. 13.07.2012, p. 20. htm
[16] BULLETIN QUOTIDIEN EUROPE 10704 – 06/10/2012 – Direção Geral dos Assuntos Comunitários – Lisboa. » voltar ao Sumário
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As cidades e o mar: um olhar sobre a relevância estratégica das cidades litorâneas na Europa do Séc. XXI
Cities and the sea: a look into the strategic relevance of coastal cities in 21st Century
Sérgio Alves Carvalho
Mestre/doutorando em Estudos Europeus; Investigador LIAM, Instituto de Estudos Políticos, Universidade Católica Portuguesa; Técnico Superior na Direção-Geral dos Assuntos Europeus
Resumo As cidades litorâneas ocupam um lugar de relevo na História da Europa, tendo sido protagonistas de alguns dos mais importantes processos que ditaram a evolução do continente europeu. No presente artigo, argumentamos que esta centralidade de longa duração, indelevelmente associada ao mar e à ligação entre os territórios urbanos litorâneos e a(s) economia(s) marítima(s), reemerge hoje num contexto em que a introdução de uma dimensão marítima no projeto europeu e a aposta na gestão e aproveitamento do valor económico dos mares europeus se alia, por um lado, aos desafios decorrentes da crescente litoralização e urbanização da população europeia e, por outro, à redefinição do espaço estratégico das cidades no contexto da globalização e seu reposicionamento nas esferas de governação europeia e mundial.
Key words: História da Europa; Cidades Litorâneas; Política Marítima Integrada; Crescimento Azul; Globalização
Abstract Coastal cities take a pivotal place in the History of Europe, as they have been at the centre of some of the more important processes that dictated the evolution of the European continent. This paper argues that this centrality – closely related with the sea and with the links between urban territories and maritime economies – is re-emerging today. This takes place because the introduction of a maritime dimension to the European project, alongside with the strategic aim of seizing the European seas’ economic potential, couples with two other major factors: the challenges arising with the growing littoralisation and urbanisation of the European population; and the redefinition of cities’ strategic space in the context of globalisation, as well as its repositioning in the European and global spheres of governance.
Key words: History of Europe; Coastal Cities; Integrated Maritime Policy; Blue Growth; Globalisation
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II. O mar e as cidades litorâneas I. Introdução no tempo longo da História O mar é parte inalienável da Europa. Lugar europeia de herança e construção, de trevas e Invocada na lenda do rapto da heroína que dá encantamento, de fronteira e de ligação a um o nome ao continente, a ligação da Europa ao horizonte ora tangível, ora imaginado, o mar mar inscreve-se na mitologia que traça as suas desempenhou um papel fundamental na origens para denunciar um elemento de evolução dos povos europeus, no desenho carácter que se exprime, simultaneamente, político do continente e, até, no próprio numa componente incontornável da sua percurso que conduziu à emergência de uma personalidade. Essa dimensão marítima da consciência da Europa como comunidade alma europeia encontra-se estribada, desde singular [1]. Agente constante e discriminante logo, e necessariamente, numa geografia que na linha espessa da História europeia, o mar – salienta a importância do mar, evidente no «plasma da Europa», na feliz expressão de clima e na topografia, e que influenciou Michel Mollat [2] – foi também, no decurso decisivamente a forma como os povos desse longo processo evolutivo, e mais do que europeus se foram distribuindo ao longo das em qualquer outra geografia, um espaço de várias geometrias do continente. A mediação afirmação de poder. exercida pelos caracteres desta configuração Fundamental para essa apropriação, a Europa física, em particular o traçado do litoral encontra na relação entre o mar e os seus europeu e a rica hidrografia do continente, territórios urbanos litorâneos um elemento de contribuíram para a fixação das gentes nas continuidade, indelével componente de um faixas costeiras, favorecendo o processo duradouro que se inscreve num desenvolvimento de portos e uma intensa tempo longo. Traço permanente da articulação com os espaços continentais, identidade das regiões litorâneas europeias, o criando relações de contacto e dependência mar emerge nos vários períodos da(s) que haveriam de perdurar e condicionar a História(s) das cidades como fator de emergência e desenvolvimento das cidades. desenvolvimento e afirmação, um elo de Estribado nesta herança geográfica, mas articulação com espaços distantes e inevitavelmente em função dela, o mar molda diversificados, colocando desafios cuja gestão o nascimento e evolução dos territórios foi evoluindo no horizonte do tempo. urbanos e estes, por sua vez, revelar-se-ão No momento em que os europeus, no plano essenciais na definição da forma como os nacional e supranacional, procuram esboçar europeus se relacionam com o mar, como o um caminho de regresso ao mar, redefinindo exploram e como nele alicerçam o seu os termos de uma relação milenar com o seu progresso e o seu poder. Nesta perspetiva, a prolongamento marítimo, neste artigo História da Europa assoma como um procuraremos expor algumas das razões que complexo orgânico cujo lento respirar pontua nos levam a argumentar que a reflexão sobre a cadência e o modo como a omnipresença do o papel que os oceanos e mares mar foi exercendo um impacto profundo desempenham e poderão desempenhar na sobre a configuração dos territórios e as ações perspetiva de afirmação da Europa no dealbar dos povos. do Século XXI não dispensa um estudo Os ritmos deste pulsar começam a ser cuidado sobre a importância que as cidades marcados a compasso do Mediterrâneo, com litorâneas detêm nesta equação.. intensidade a partir de fenícios e cartagineses,
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helenos e romanos, escorados nas generosas complexo setentrional, gerando um espesso penínsulas que mais tarde haveriam de lançar dínamo de interdependências que permitem a o domínio das repúblicas italianas sobre o troca – e acumulação – em grande escala de mar Interior no período medieval [3]. A bens, capitais e ideias [8]. Ao mesmo tempo ligação entre o mar e as sociedades que proporcionam uma estrutura logística mediterrânicas, fortemente urbanizadas na indispensável à manutenção das viagens maior parte da periferia marítima, ficaria para norte-sul, as cidades ganham dimensão, sempre sintetizada no quadro pictórico complexidade e diversidade, funcionando associado ao ritual cumprido anualmente na como espaços onde se forma um meio cidade de Veneza, «La Sensa», descrito com comercial internacional e, em função disso, se cores garridas por Roger Crowley [4]. A condensam e consolidam laços entre homens travessia do doge desde o seu palácio até que têm por denominador comum a prática proximidade da igreja de São Nicolau do marítima – uma «comunidade europeia de Lido, onde lançava à água uma aliança de gentes do mar» [9]. Por toda a Europa, as ouro, exprime a união entre a cidade e o mar e sociedades litorâneas organizam-se e a afirmação do poder marítimo da adaptam-se a um novo quadro de «Sereníssima», remetendo-nos oportunidades: Danzig, Antuérpia, Londres, simultaneamente para um período onde o Lisboa, Barcelona ou Génova são testemunhos continente azul de Fernand Braudel emerge da crescente relevância dos portos, da como «pulmão e alimento» da Europa [5], intensificação dos contactos entre as gentes, bem como embrião das primeiras sociedades do alastramento de uma rede avivada por que encontram no mar a sua âncora de fluxos de comércio, homens, culturas, onde desenvolvimento e projeção de poder [6]. sobrevêm práticas comuns em matéria de armamento, finanças e seguros [10]. A norte, a precoce expansão dos povos normandos dos Seculos VIII e IX, com o fito A saída para o Oceano que, a partir do Século de explorar a fortuna prometida pelo XV, se verifica a partir das cidades da orla horizonte marítimo ocidental e meridional, atlântica, acaba por ser a sequência natural de deu lugar ao progressivo tricotar de uma rede um processo de apercebimento da de laços comerciais que frísios, importância do elemento marítimo como dinamarqueses e hanseáticos souberam fonte de lucro e espaço de poder, forma de explorar, gerando circuitos de riqueza que estender uma ocupação marítima ou de convenceram os poderes políticos da aumentar no mar uma autoridade relevância associada ao domínio do mar. preexistente em terra. Ações individuais ou Neste período, sobretudo a partir de coletivas, iniciativas mercantis e políticas Trezentos, o mapa das cidades da Hansa, suas ampliam a posse do mar, que acaba feitorias e ligações, restitui-nos de modo naturalmente por alastrar a todos os oceanos. impressivo um mundo composto por várias Neste processo, o mar deixa de ser apenas sociedades litorâneas que se vai rota e passa a ser, também, território. intensificando e diversificando na forma Marcado pelo nascimento (nuns casos) e como se liga ao mar e nele se baseia para consolidação (noutros) da perceção do mar gerar e manter polos de prosperidade e de como ferramenta de poder, este período poder [7]. expõe nas cidades europeias os elementos que Do subsequente encontro entre os dois mares alicerçaram o valor que o mar adquire na europeus nasceu, ou consolidou-se em pleno, formação, prosperidade, independência e a ligação entre o complexo mediterrânico e o defesa dos Estados: nelas se escoam e
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armazenam as mercadorias comercializadas; facilitado às matérias-primas providenciadas nelas se situam os distritos marítimos, pelos mesmos territórios que haveriam arsenais e estaleiros navais; nelas operam também de ajudar a escoar a produção centros de negócios, companhias marítimas e europeia [15]. O mar, enquanto meio de serviços de seguros; nelas vivem as transporte e de trocas, surge assim como um populações, locais e estrangeiras, que dos fundamentos da economia capitalista e as contribuem para avivar a Europa marítima, cidades litorâneas, adquirindo uma maior no mar ou em terra. Cidades como Lisboa, especificidade que as transforma lentamente Amesterdão, Dieppe, Sevilha ou Londres em verdadeiros complexos industriais, acabam por surgir não só como vértices de funcionam como elos de uma cadeia cada vez ligação entre as coisas do mar e o continente, mais extensa e automatizada [16]. animando-se como centros de notícias, ideias Este percurso descritivo, agora concluído, e negócios associados ao novo mundo embora não consiga mais do que transmitir revelado pelo oceano, mas também como uma visão compactada – e, logo, imperfeita – pontos nevrálgicos de uma configuração que do vasto e intrincado horizonte temporal em passa a estribar o desenvolvimento económico que se inscreve a relação dos europeus com o da Europa e o domínio por si exercício nas mar, permite contudo colocar em perspetiva subsequentes centúrias [11]. Apelidado de os desafios que hoje a Europa procura gerir «economia-mundo europeia» por Immanuel no domínio marítimo, que resultam não só da Wallerstein [12], este é um desenho complexo evolução que o mundo registou ao longo do onde o mar desempenha um papel Século XX, mas também da própria estruturante e agregador e no qual, tal como o configuração política e económica que o almirante Mahan haveria de sintetizar [13], o continente europeu adquiriu ao cabo desse poder marítimo e a capacidade de dominar o período. mar ganham uma relevância extraordinária, emergindo como elementos de sustentação e aprofundamento de um modelo de III. A dimensão marítima do desenvolvimento económico e afirmação projeto de integração europeia: política. crónica de um lento despertar
Assim se desenvolve, nos séculos Fator de união e ferramenta de projeção de subsequentes, um vasto e multifacetado mapa poder dos povos da Europa ao longo de de territórios e espaços articulados pelo poder vários séculos, o mar encontra nas duas naval dos Estados europeus: o mar torna-se guerras civis europeias do Século XX e no alicerce dos impérios, pedra de toque do paulatino desmembramento dos edifícios desenvolvimento de um esforço militar e imperiais elementos que contribuem para comercial posto ao serviço da expansão. Ao relativizar a sua importância no decurso deste cabo deste período, e praticamente até ao período, tendência reforçada pela prioridade eclodir da primeira guerra mundial, o conferida pelos europeus à recuperação e domínio no mar é indissociável da reconciliação de um continente devastado predominância que os europeus exercem pelos conflitos da primeira metade da sobre o sistema económico mundial [14]. No centúria. Em função disso, o carácter contexto da revolução industrial e face à marítimo da Europa no final do século multiplicação das trocas globais, a primeira depressa adquire as feições de um património mundialização vê a Europa transformar-se na ameaçado [17], circunstância à qual não é fábrica do mundo, municiada pelo acesso totalmente alheia, também, a existência de
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uma transmutação nas relações económicas de uma diferente perceção europeia no que globais e a emergência das potências asiáticas, diz respeito aos riscos e oportunidades cuja relevância no domínio do mar depressa associados ao mar. Esta circunstância, que se começou a fazer sentir no campo das haveria de contribuir para uma evolução infraestruturas portuárias, da armação, da assinalável na forma como as instituições construção naval e – mais recentemente – da europeias e os Estados gizaram uma resposta capacidade militar [18]. face aos novos problemas do domínio marítimo e integraram o mar nas suas Incontornavelmente marcada pelo projeto de estratégias de afirmação [23], refletiu-se no integração europeia, a Europa da segunda plano europeu através da substituição de uma metade do Século XX, desenvolve com o mar abordagem defensiva e fragmentada por uma uma relação a espaços contraditória e abordagem que se pretendeu proativa e hesitante. Herança nem sempre assumida, o transversal, vertida sob a forma de uma mar assoma sobretudo como um espaço de Política Marítima Integrada [24]. fronteira, não tanto como um elemento de comunicação e coesão, circunstância Pressupondo a profunda interdependência de espelhada, desde logo, no facto de o Tratado «todas as questões relativas aos oceanos e de Roma de 1957, que institui a Comunidade mares» [25] e reconhecendo a importância de Económica Europeia, se abster de conferir uma gestão articulada dos assuntos uma dimensão marítima ao projeto europeu marítimos, a Política Marítima Integrada [19]. Esta realidade, que poderá justificar-se emerge assim como resposta aos desafios pelas características essencialmente associados ao mar no mundo global do Século continentais dos principais dinamizadores da XXI, bem como uma tentativa de fazer integração europeia e pelo facto de as daquele elemento uma base de potencial prioridades em termos de integração, naquele estratégico capaz de permitir traçar uma linha período, passarem pela criação de um bloco de afirmação económica da União Europeia económico e político coeso à escala num quadro mundial profundamente continental capaz de responder aos desafios marcado pela globalização competitiva [26]. da reconstrução europeia e à ameaça Pensada como «uma nova abordagem soviética, acabará por se refletir num relativo destinada a reforçar o desenvolvimento ótimo alheamento a respeito dos assuntos do mar e e sustentável de todas as atividades na ausência de pensamento estratégico sobre relacionadas com o mar» [27], a Política a dimensão marítima da construção europeia Marítima da UE contempla o [20]. Em resultado deste conjunto de desenvolvimento de instrumentos de alinhamentos, a abordagem aos assuntos regulamentação horizontais, bem como um marítimos nos primeiros 50 anos da conjunto de orientações e incentivos que integração europeia relevar-se-á visam promover o aprofundamento da eminentemente «setorial e introvertida» [21], cooperação em matéria de governação assente em domínios circunscritos (a Política marítima e o reforço da eficácia das diferentes Comum das Pescas e os transportes marítimos intervenções neste domínio [28]. são os exemplos mais relevantes), fragilidade Compreendendo políticas transversais que que haveria mais tarde de ser reconhecida visam dar resposta a questões que não são pelas próprias instituições europeias [22]. cobertas por uma política setorial específica, a Contudo, este caminho haveria de registar Política Marítima Integrada tem vindo a gerar uma importante inflexão no dealbar do Século um conjunto de subprodutos alinhados com a XXI, processo que acompanhou a emergência abordagem estratégica preconizada, entre os
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quais se encontram o ordenamento do espaço condicionar o enquadramento macro das marítimo, as estratégias para as bacias cidades litorâneas, bem como o peso e marítimas e, mais recentemente, o posicionamento estratégico que estas poderão «crescimento azul». alcançar na Europa do dealbar do Século XXI.
Apostando no mar e nas regiões litorâneas como dinamizadores económicos num IV. As cidades no mundo global do contexto em que a União Europeia procura revitalizar a sua economia e ganhar espaço de 1.º Quartel do Século XXI manobra em termos globais, a estratégia Como vimos anteriormente, a ligação entre os «crescimento azul», vista como o «braço territórios urbanos litorâneos e a forma como marítimo» da estratégia Europa 2020 [29], estes se intercetaram com o mar e a vida ambiciona colocar a economia azul no centro marítima são elementos que tiveram uma da agenda dos Estados-Membros, das regiões, importância assinalável ao longo da História empresas e sociedade civil. Com base no da Europa. Mais relevante ainda para a nossa argumento de que a economia do mar pode reflexão, essa foi uma associação que contribuir decisivamente para reforçar a condicionou a própria forma como se competitividade internacional da UE, processou a evolução política, económica e até aumentar a eficiência de recursos, gerar cultural do continente europeu. Contudo, postos de trabalho e novas fontes de desmantelados os traços constitutivos da crescimento, e salvaguardar a biodiversidade configuração que sustentou afirmação da do ambiente marinho [30], as instituições Europa no período moderno, até que ponto europeias procuram assim, pouco mais de 50 fará sentido dispensar às cidades um olhar anos depois do lançamento do projeto mais demorado quando refletimos sobre a europeu, prosseguir o trajeto de reconciliação relação da Europa com o mar no início da com a vocação marítima da Europa e, mais do nova centúria? que isso, nela forjar uma alavanca de Elementos centrais de mudança e evolução crescimento e diferenciação no contexto da das sociedades, as cidades concentram hoje globalização competitiva. mais de metade da população mundial, facto Construção tardia e ainda inacabada, a que dá expressão tangível à ideia política marítima europeia, (contraintuitiva, em certa medida) de que «a independentemente da maior ou menor morte da distância» – característica de uma aproximação entre os objetivos enunciados e era marcada pela globalização competitiva e os resultados que será capaz de obter no pelo impacto exercido pelas Novas futuro, constitui uma realidade que – pela Tecnologias da Informação e Comunicação – é mobilização e articulação que promove entre acompanhada por uma valorização da os diversos atores marítimos e pelo quadro proximidade entre pessoas e empresas, político-institucional que proporciona – deve competências e recursos [31]. Espaços ser tida como importante no domínio de naturalmente polarizadores de conhecimento, qualquer reflexão que se pretenda riqueza, tecnologia e infraestruturas que desenvolver de forma alargada sobre a viabilizam um complexo de relações relação entre a Europa e o mar nos dias de económicas vitais, as cidades resistem ao hoje. Embora não possamos sobre ela processo de neutralização da geografia [32] e dispensar mais do que breves considerandos, reemergem hoje como «protagonistas esta é uma configuração que, com todas as coletivos essenciais nas estratégias de suas virtudes e fraquezas, não deixa de
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modernização e de desenvolvimento» das evolução particularmente impressiva na sociedades [33]. Europa que, no período posterior à 2.ª Guerra Mundial, se vê fortemente influenciada pela Ademais, se parece evidente que emergência do projeto de integração europeia historicamente as estruturas urbanas se têm [36]. Num período caracterizado por vários caracterizado como centros agregadores de elementos de complexidade e potencial de modernização e vetores de imprevisibilidade, as cidades podem, em sustentação essenciais para a evolução das particular na Europa que se vai desenhando, sociedades, não é menos verdade que a representar um papel de crescente relevância evolução do Sistema de Relações enquanto fatores de estruturação do poder Internacionais e a consolidação e o político, núcleos capazes de se assumir como aprofundamento da globalização competitiva «ilhas de governação nas quais o futuro do vêm criando um conjunto de condicionantes mundo será construído» [37]. suscetíveis de contribuir para a transmutação da natureza das cidades como espaços Nestas circunstâncias, que comportam estratégicos e polos de governação. aspetos de transição e rutura, e que se alinham no sentido de conferir aos territórios Por um lado, num contexto em que a urbanos um destacado protagonismo globalização competitiva se escora num enquanto agentes coletivos de modernização processo de gradual abertura e desregulação e desenvolvimento e espaços centrais no das economias e setores que, coadjuvado pelo contexto da globalização competitiva, aperfeiçoamento da eficiência dos serviços de julgamos que o debate sobre as respostas que transportes internacionais, contribui para a permitirão fazer face aos desafios que a redefinição do peso da geografia, as cidades Europa enfrenta no domínio marítimo não operam cada vez mais como núcleos deverá alhear-se de uma ponderação sobre o agregadores de competências, tecnologias e papel que as cidades litorâneas têm a capitais que servem atividades económicas desempenhar nesse processo. Não menos que são exercidas num cenário global. Esta importante, essa reflexão não deverá deixar evolução, que fomenta uma mudança na de considerar os desafios específicos dos natureza do espaço estratégico de referência – territórios urbanos litorâneos e a forma como progressivamente mais complexo e global – aqueles poderão condicionar o horizonte de dos territórios urbanos, coincide com o crescimento e afirmação da dimensão desenvolvimento daquilo que Sassen apelida marítima da União Europeia. de capacidade das cidades atuarem como uma das novas formas organizacionais estruturantes dos fluxos económicos transnacionais [34]. V. As cidades e o mar na Europa de hoje Por outro lado, as transformações registadas no Sistema de Relações Internacionais na Pela conjugação de razões que temos vindo a segunda metade do Século XX, exacerbadas expor ao longo deste exercício, parece-nos pelo crescimento do volume e da rapidez das lógico argumentar que os territórios urbanos comunicações transnacionais, bem como pelo litorâneos têm a desempenhar um papel aumento das migrações e da relevante, senão mesmo crucial, na estratégia interdependência económica complexa, que a Europa mobilize no sentido de fazer do contribuem para «a erosão de alguns aspetos mar uma alavanca de poder que contribua da conceção clássica de Estado-Nação» [35], para a afirmação e diferenciação da União
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Europeia no Sistema de Relações Para além desta dimensão ambiental e de Internacionais. Em muitos aspetos, aliás, segurança, as cidades litorâneas entendemos que as cidades, pelos desafios desempenham um papel estratégico específicos que condensam, representam determinante na Europa de hoje em função da elementos incontornáveis de qualquer importância (e do potencial) que registam do abordagem europeia, presente ou futura, ponto de vista económico. Antes de mais, é nacional ou supranacional, que pretenda nas cidades que se encontram situados os responder aos riscos e oportunidades principais elos de ligação entre a economia colocados pelo mar no dealbar do Século XXI. europeia e a complexa rede económica global – os portos – e, também, é aqui que se reúnem Desde logo, num contexto de crescente os principais setores e atores da economia do urbanização e litoralização das populações mar. Esta circunstância, aliás, concorre para europeias – segundo dados do Eurostat, cerca que os territórios urbanos, mais do que mero de 41% dos europeus vivem nas regiões contexto onde se jogam aspetos importantes litorâneas [38], exatamente o mesmo número da relação dos europeus com o mar, mereçam que é avançado para a percentagem dos que ser olhados enquanto atores coletivos com vivem em áreas urbanas [39] – os territórios capacidade para contribuir decisivamente urbanos constituem os espaços onde ganha para a valorização da economia do mar e maior relevância (e, em certa medida, se enquanto agentes indispensáveis na geração define) a interface dos europeus com o mar. das condições necessárias para que esta se Por um lado, é nas cidades litorâneas, face à possa transformar em fator de escala de concentração populacional, que a desenvolvimento, prosperidade e poder na pressão sobre os espaços e ecossistemas Europa de amanhã. marinhos é mais significativa e onde esta pressão é suscetível de gerar um impacto mais Aproximando-se do número de um milhar à profundo sobre o meio físico e biológico escala da Europa, os portos constituem os marinho – e, logo, é também aqui que os pulmões responsáveis por oxigenar a instrumentos de ordenamento do espaço economia europeia e as populações do marinho e regiões costeiras, bem como a continente. Responsáveis por canalizar 90% proteção dos seus recursos, assume uma do comércio externo da UE e 40% do comércio importância extraordinária [40]. Por outro intracomunitário [43], os portos europeus lado, os territórios urbanos das regiões emergem como nódulos estratégicos vitais de litorâneas são aqueles que se encontram mais uma rede de interdependências de que expostos aos riscos e ameaças de natureza depende a prosperidade da Europa. Sendo ambiental e de segurança que se desenham no indissociáveis dos territórios urbanos que domínio marítimo e, por essa razão, é aqui integram, os portos definem e projetam as que a gestão sustentável do ambiente, em cidades ao mesmo tempo que delas particular dos oceanos, o combate às dependem para a sua valorização. alterações climáticas, bem como o Além disso, concentrando os principais atores investimento em estruturas de vigilância e europeus que integram a economia do mar, as segurança marítima, conquistam um maior cidades litorâneas acabam por ser espaços destaque [41] – Kilcullen refere mesmo que onde a organização em cluster no setor «the three main drivers [that] will shape the marítimo pode florescer e reforçar-se. conflict environment over the next few Expressão de um modelo concetual que vários decades are urbanization, littoralization and autores têm vindo a argumentar ser connectedness» [42]. particularmente bem-sucedido quando
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aplicado ao setor marítimo [44], os clusters reforçar em termos de competitividade e marítimos, estruturas que a própria Comissão atratividade no contexto da globalização. Europeia considera terem o potencial para funcionarem como motores de criação de valor e de prosperidade [45], encontram nos VI. Conclusões territórios urbanos, quer as condições Ao longo deste breve excurso, procurámos suscetíveis de influenciar o desenvolvimento expor algumas das razões que nos conduzem e o sucesso da organização em cluster [46], a argumentar que a reflexão sobre o papel que quer um contexto naturalmente gerador de os oceanos e mares desempenham e poderão sinergias entre atividades e atores marítimos desempenhar na perspetiva de afirmação da capazes de reforçar a integração e a Europa no dealbar do Século XXI não poderá competitividade da economia do mar. deixar de compreender um olhar que Reunindo os fatores – capitais, competências, interrogue a importância que as cidades tecnologias e conhecimento – que poderão ser litorâneas detêm nessa equação. determinantes na perspetiva do desenvolvimento de uma «economia azul», as Ao cabo do percurso encetado, e face aos cidades litorâneas europeias constituem elementos que fomos identificando ao longo elementos fundamentais na criação das do exercício, parece-nos possível sustentar circunstâncias que permitam uma dinâmica que as cidades litorâneas, hoje como ontem, de crescimento baseado na exploração do ao mesmo tempo que constituem espaços potencial proporcionado pelo mar e pelos privilegiados da relação dos europeus com o recursos marinhos – atuando não só mar, detêm a chave de alguns dos principais isoladamente, mas também, e sobretudo, em mecanismos que poderão contribuir para articulação com outros territórios urbanos alicerçar nessa relação um poder marítimo costeiros, gerando desse modo clusters inter que funcione como fator discriminante e ou macro-regionais ou mesmo promovendo alavanca da relevância da União Europeia no formas de colaboração que noutro contexto Sistema de Relações Internacionais. [47] foram apelidadas de «clusters virtuais» (a Repositórios vivos de uma cultura marítima este respeito, é interessante acompanhar a indispensável para conferir consistência a evolução de estruturas como a Conferência qualquer visão estratégica que pretenda das Cidades do Arco Atlântico, a União das promover o ressurgimento de uma Europa Cidades do Báltico ou a Conferência das marítima, os territórios urbanos assomam, Regiões Periféricas Marítimas). pois, neste início de século, a nosso ver, como espaços nucleares onde a interface dos Comportando duas dimensões que se europeus com o mar se irá definir de forma reforçam mutuamente, a relação das cidades mais profunda e determinante e, com o mar – ou a interface que aqui se simultaneamente, como agentes materializa de forma intensa e privilegiada – incontornáveis – polos dinamizadores proporciona, pois, não só o contexto onde se estrategicamente decisivos – dessa relação, poderá definir de forma mais decisiva o modo deles dependendo em grande medida a como os europeus irão responder aos desafios evolução e o impacto que este processo marítimos emergentes, como também o poderá observar. elemento diferenciador e mobilizador capaz de conferir aos territórios urbanos europeus Breve reflexão sobre uma realidade que uma alavanca estratégica suscetível de os compreende múltiplos elementos de complexidade e, logo, exige uma análise
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detalhada, o exercício agora concluído carece [12] WALLERSTEIN, Immanuel. O sistema de um aprofundamento desenvolvido no mundial moderno. Porto: Afrontamento; âmbito de uma investigação dedicada e 1990. sistematizada. Esse é o desafio que nos [13] MAHAN, Alfred Thayer. The Influence of propomos empreender, contando voltar ao Sea Power upon History, 1660-1783. New tema para dar conta dos avanços registados. York: Dover Publications; 1988.
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pp. 37-58. » voltar ao Sumário
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Contributions of Marine Cluster for Regional Sustainability: Economic Prospective for Azores
Luz Martin Paramioab aLIAM Maria Scientia, , IEP/UCP, Lisboa, Portugal; b Centre of Applied Economics Studies of the Atlantic. University of the Azores, Ponta Delgada, Portugal. Investigadora, Doutorada em Geografia pela Universidade dos Açores.
| [email protected] Teresa Borges Tiagob bCentre of Applied Economics Studies of the Atlantic. University of the Azores, Ponta Delgada, Portugal. Professora auxiliar, Doutorada em Ciências Económicas e Empresarias, pela Universidade dos Açores.
| [email protected] Flávio Tiagob bCentre of Applied Economics Studies of the Atlantic.University of the Azores, Rua da Mae de Deus, 9501-801 Ponta Delgada, Portugal. Professor auxiliar, Doutorado em Ciências Económicas e Empresarias, pela Universidade dos Açores
| [email protected] José Cabral Vieirab bCentre of Applied Economics Studies of the Atlantic. University of the Azores, Rua da Mae de Deus, 9501-801 Ponta Delgada, Portugal. Professor associado com agregação, Doutorado em Economia pela Universidade de Amsterdão.
Abstract This paper points out the benefits and opportunities of using the clustering methodology applied to the endogenous economic drivers, in particular, the marine domain. In regional development context, the cluster appears as a powerful tool for governance and policy implementation. Currently, economic transition forces the regions to develop a new sustainability paradigm. In the case of small regions, such as the Azores Archipelago, the development model relies on the governance opportunities of internal resources. Using a strategic management approach the paper performs a prospective analysis to identify the framework, factors and requirements needed to define the Azores Marine Cluster. The cluster congregates the main sea activities already performed in the region and add the potential sectors recognized. This structure derives from the evaluation of the overall potential of the Sea of the Azores as an endogenous economic force. The paper weighted the contributions of the Azores marine cluster to the regional economic system and the link to other economic drivers. The Azores Marine Cluster arises as a smart mechanism to implement recommendations and requirements, especially at the European and International governance agenda.
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Highlights
Prospective regional economic development considering local determinants and players. Regional cluster as driver for competitiveness and sustainability. Smart governance and cluster life cycle dynamics assessment for the Azores Region. Definition of the Azores Marine Cluster.
Key words: Marine cluster; Azores Region; Regional Sustainability; Smart Governance
Resumo
O presente artigo identifica e salienta um conjunto de benefícios e oportunidades derivados da aplicação da metodologia de clustering a vetores económicos endógenos, em particular, os do ambiente marinho. Num contexto de desenvolvimento regional, os clusters têm-se demonstrado importantes ferramentas para a governação e a implementação política. O atual contexto económico força as regiões a desenvolverem um novo paradigma de sustentabilidade. Assim, para o caso das pequenas regiões como os Açores, o modelo de desenvolvimento deve dar atenção às oportunidades decorrentes da governação dos seus recursos internos. Tendo por base uma abordagem de gestão estratégica, este trabalho efetua uma análise prospetiva que identifica o quadro, os fatores e os requisitos necessários para a definição de um Cluster do Mar para os Açores. O âmbito do cluster deve abranger não somente as principais atividades existentes no Mar dos Açores, bem como outros setores com potencial para a região e que se entrecruzam pelo uso e valor do Mar. A estrutura proposta visa contribuir para o desenvolvimento do Mar dos Açores, enquanto força económica endógena. Por outro lado, a presente investigação avalia as contribuições do cluster do mar para o sistema económico regional e nacional, bem como a sua ligação a outros vetores económicos. A proposta do Cluster do Mar dos Açores surge como um smart mechanism que permite o acompanhamento das dinâmicas derivadas da agenda europeia e internacional sobre os assuntos do mar, particularmente o crescimento económico e economia azul.
Destaques
Prospectiva económica regional. Clusters como vetores de competitividade e sustentabilidade regional. Governança inteligente e ciclo de vida dos clusters na dinâmica dos Açores. Dimensões do Cluster do Mar dos Açores.
Palavras-chave: Cluster do Mar, Açores, sustentabilidade regional, Governança inteligente e Economia Azul.
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order to generate competitive advantages I. Introduction [1].There are numerous theoretical and The Azores Region is an archipelago empirical works on clusters, which pointed composed by nine small islands located in the out that clusters can stimulate innovation and North-Atlantic, that encompasses a sub-area firms productivity [2]. The mix of clusters from Portuguese Exclusive Economic Zone of differs distinctly across regions. approximately 953,633 km2. Therefore, the proposed continental shelf extension under the UNCLOS process rises the opportunity to Clusters often involve a mix of manufacturing double this area. The importance of this and services, and combine industries in Region at the economic level and also from different parts of traditional industrial the geostrategic and political point of view classification systems. As Delgado et al. [3] seems, thus, evident. The Azores’ economy suggested, the spillovers arising from related sustainability will depend on the capacity of economic activity typically span multiple use of this maritime potential. The jurisdictions. The creation and promotion of prospective scenario of marine clustering will clusters has been seized upon as an important allow us to understand the relations and policy tool and particularly in coastal regions contributions to regional sustainability. that depend upon the maritime sector [4]. The geographical proximity in the Azores Globalization has changed the competitive archipelagic region has the bases to apply landscape, giving a new shape to the concept successfully the cluster paradigm. Wijnolst et of economic regions. This phenomenon is al. [5] underline how a model of governance compounded by the increasing and rapid based on the cluster concept allows greater diffusion of knowledge, taking advantage of interaction between different actors, not only the faster innovation processes. In this companies, in the case of the maritime cluster, context, the challenge is to look at economy in related to sea activities. It is assumed that the a regional perspective and strategically focus positive effects of the cluster on innovation on sustainable spheres of activity. As a and value creation are increasing as the co- consequence of this paradigm shift, regional operation and interdependency increases. strategic clusters have gained, over the past years, a decisive role in regional development Currently, in Azores, it is possible to identify, strategy. by a general approach, some elements and components of a potential Marine Cluster, as Yet clusters, or geographic concentrations of fisheries, which provide food and interconnected companies, are often viewed employment to a considerable number of as the result of regional policies that attempt coastal inhabitants disperse by the nine to stimulate different industries taking islands; sea activities that support tourism; advantage of local resources, since regional maritime spaces and activities that also economies performance is strongly influenced sustain tourism and local demand; and other by the strength of local clusters and the non-exploited resources with high economic vitality and plurality of innovation. value. It is now accepted that regional clusters are For decades, the marine activities suffered composed by a set of firms, geographically from a “traditional” and non-integrated concentrated, working in specific value chains management perspective. However, and taking advantage of synergistic efforts in
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important changes occurred in the last years, endogenous drivers be integrated in regional especially in the European Union’s economy model?; (iii) what are the impacts on framework, such as: (i) establishing of region competiveness of clusters formation?; common use of European marine resources; (iv) can a maritime cluster generate economic (ii) growing awareness of conservation of spillovers?; (v) what are the potentialities of a biodiversity and marine systems health; (iii) cluster as a marine governance tool?; (vi) is it increasing relevance of research in the marine possible to identify the components of the affairs; and (iv) recognition of the urgent need Azores Marine Cluster entity?; (vii) which is for marine resources management the current life cycle stage of the Azores improvement. These changes require a tight Marine Cluster elements?; and, finally, (viii) collaboration among different stakeholders how can smart governance take advantage of following the “smart governance” claim of the Azores Marine Cluster? European Strategies.
Azores Region presents important constrain in what concerns its development in II. Regional Clusters Framework territorial, economic and social dimensions. Establishing the Sea as a “mark of identity” Background and today’s context requires great enforcement at environmental, Most managers and policymakers know that a social and policy levels. The initial steps of a competitive revolution is under way, and few marine governance system are evidenced by contest its relevance to the enterprises and to advances at integrated coastal zone the regions where they are implemented. As management, marine spatial planning and Porter [6] referred, the main goal of economic marine protected areas policies. Nevertheless, policy is to enhance competitiveness, which is there is a need for greater stakeholders reproduced in productivity gains. The region engagement. This gap may be bridged by the utilizes its people, capital, and natural cluster as a tool of governance. The paper endowments to produce valuable goods and assumes a broad concept of cluster with the services. Therefore, the agglomerations of intention of redialing over the economic related economic activities are critical to outlook as a tool that follows the principles of economic geography [3, 7, 8]. With the marine governance and sustainability. In this objective of reinforcing regional specialization sense, the concept is marine cluster, beyond based on linked industries in a geographical maritime concept, since the environment and location the regional cluster approach the social dimensions will be integrated with emerged. an important role. There is a wide range of scientific papers Despite the numerous contributions found in addressing the theme of regional clusters [1, 3, the literature related to strategic regional 7, 9-12]. Throughout these studies there is a cluster, a wide range of questions arises when common point – the "rediscovery" of the work looking specifically to the marine cluster. This of economist Alfred Marshall [7]. Nearly 100 work aims to reflect on some of these years ago, Marshall wrote a document with questions applied to the Azores Region: (i) detailed description of the "industrial district" can disperse, forgotten and traditional and that was materialized on the current resources be articulated and promote model of technology-based regional clusters, sustainable economic growth?; (ii) how can such as the Silicon Valley [9, 13, 14]. This
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approach, however, is being challenged by In this sense, Trippl [19] argues that there are the adoption of transversal clustering models, four reasons that justify looking at clusters including companies from different activity from a regional perspective, which are: sectors along the same value chain. (i). Innovation activities have distinct The wide range of work and its long history geographic patterns. Several authors shows that the perception of regional clusters have demonstrated the existence of is cyclical. For instance, the concept spread innovation patterns [20-22]. The rapidly through policy circles during the Portuguese regions were targeted in the beginning of the nineties. Soon after, some work of Natário et al. [23], which policy makers and academics considered suggested the existence of four cluster policies out of fashion and this innovation patterns in Portugal. approach was discarded. More recently, in According to the authors, the Azores, as September 2009, the concept of regional an isolated region, has a lower rate of clusters finally came back to the lexicon of innovation. economic development policy, with the (ii). The diffusion of knowledge is applied in publication of the Obama’s administration a given geographical area, contaminating "Strategy for American Innovation” [15]. Until agents in the innovation process [24]. then, its greater exposure had occurred with the works of Michael Porter [6, 16, 17]. This (iii). Tacit knowledge and established author always supported the idea of economic cooperative relationships based on trust. clusters that existed at the country level that Despite the growing trend to coding and should be developed. Obama's approach quantification of knowledge, it appears clearly defines the need to wage on regional that innovation tends to rely greatly on clusters as a way to enhance regional tacit knowledge and therefore is hard to competitive advantages. quantify [25]. The sharing of tacit knowledge assumes the existence of a
network of contacts and bonds of trust. These two aspects are normally Clusters at Azores Regional facilitated by tight geographical perspective boundaries [26-28]. It is considered that a regional economic (iv). The regional skills and institutions level. cluster is a geographical “group” of Both skills and institutions can be interrelated companies which cooperate and incrementally boosters of the business compete among themselves. The connection activity and promote the establishment with other institutions provides of collaborative networks, as well as complementary products and services; these active developers of a regional include universities, banking institutions, innovation system [29, 30]. regional governments; industry, environmental and social associations and In this perspective, the dimensions were trade unions. All these actors interact defined as presented below, and considering synergistically along the value chain cluster the specificities for a maritime cluster [6, 16, 18]. mentioned by Wiljnost et al. [5].
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Table 1 - Cluster Performance Analysis for Regional quantitative indicators, based on a regional Economy regular data gathering. For instance, the innovation concept can be measured by Indicators Concepts patents registration, new products or services launched and financial return on innovation Innovation Innovation is the conversion investments made. However, this data is still of knowledge into a benefit, not being gathered at Azores Region. which may be for commercial use or for the public good; it There are international studies that, through reflects the search and the the application of fuzzy analysis breakthrough, methodology, seek to determine which experimentation, activities should be developed in delimited development, reproduction geographic areas, since they hold and adoption of new products, characteristics to enable endogenous processes and organizational development [31]. set ups. Knowledge Mixed flow of framed Following a similar approach to the one experience, values, contextual employed in the study of Manca and Curtin information, and expert [31], a fuzzy analysis was applied to Azores insight provides a framework territory trying to determine which regional for evaluating and clusters have greater potential at the Region incorporating new experiences [32]. As endogenous drivers, there is a set of and information. It originates reference production industries: the milk and and is applied in the minds of dairy products, meat and fisheries. the knower and can be adopted in organizational processes. 13% Collaborative A collaborative network is the
Networks group of firms, individuals 20% and other organizational Agriculture, Forestry and entities that work together Fishing
possessing the capabilities 67% Manufacturing, Electricity and Water supply and resources needed to Services achieve a specific outcome, in a business value chain. Fig. 1 - Main economic activities related to Smart Encompasses an inclusive, endogenous drivers of the Azores Region. Governance global and directed Source: SREA, 2010 governance of common goods and public policies. Governance is supported by The primary sector represents 13% of regional the innovation and the GDP and supplies almost 80% of technology towards a sustainability system. manufacturing activities. Considering export and import trading figures, in the last five
years, primary sector presents a growing For all the four dimensions presented above path. The GVA share of fishing industry has we need to encompass a system of also grown as presented above (SREA, 2010).
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80 and others have expression just in two or 70 three islands.
60 The results of the prospective research 50 applied to Azores Region, carried out by 40 Bettencourt [33] with the Micmac application
30 identified different players and dimensions of influence and dependency of regional 20 economy future development. 10
0 2005 2006 2007 2008 2009 As the Figure 3 puts forward, there are Fishing geographical and natural characteristics that Fig. 2 - Azores GVA share of fishing industry. act as inhibitors or enablers of Azores development. This kind of analysis was also Source: SREA, 2010 used to evaluate the influence and independence of some marine activities [34]. There are other activities that do not have the It can be observed great dependence of a set economic impact of the primary sector, but of issues and activities interconnected with are believed to be strategic for regional the sea (polygon areas). development, as is the case of tourism. Due to The individual value of each of these activities geographic and political reasons, most can be small, but with impact in other activities are interconnected (agglomeration), dimensions. For instance, fisheries are some present a great potential in terms of considered the main resource of sea spillovers. However, the scarcity of regional exploration in the Region, corresponding to data does not allow quantifying the impact of an important part of the population’s income each sector and the spillovers contributions. source, therefore having a significant social The entrepreneurial and government and economic impact. In 2012, the number of initiatives lead to the definition of four major registered fishermen in the Azores was above regional clusters, in different stages of five thousand, including fish pickers and land development: marine cluster, agro cluster, workers that provide support to the sea tourism cluster and technological cluster [32]. activity. They represent around 4% of Azores active population. However, the However, these clusters definition transformation industry specifically, the encompasses a problem; it is further canning industry, adds one thousand jobs. complicated, according to some definitions, to The impact of the sea in employed population overcome the lack of the spatial dimension. grows to 5% and represents 9% of the total Furthermore Azores has economic Azores Region GDP. Other sea activities can disintegration at the nine islands level, each be considered, such as maritime one presenting a specific economic dynamic. transportation and logistics services. At The outcomes resulting from regional analysis domestic scale, shipbuilding and reparation allow inferring that there are activities that shipyards, supply and offer maintenance of have greater growth potential in certain conservation equipment, commercialization islands. It is also possible to conclude that some clusters are transversal to all islands,
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Fig. 3 - Influence dependencies of the developmental strategic factors, the highlights polygons are related to the Marine Cluster. Source: Adapted from Bettencourt [33] of fishing arts and marine equipment, among single system of maritime governance, others. through the design of national integrated maritime policies. The establishment and There are also other growing sea related implementation of actions and measures are activities, like tourism and scientific research critical for the success of the economy and the that are performed in Azores, which urge to renewal of both traditional and developing be carefully analyzed. sectors, both essential to support the creation of wealth and improving growth, social III. Towards the Azores Marine cohesion and quality of life [41, 42]. In this context, Portugal conceived in 2006, the Cluster National Marine Strategy [40]. This document The Azorean marine related activities have sets priority actions, based in three basic suffered from a “traditional” and non- pillars: knowledge, marine spatial planning integrated management perspective, needing and active promotion and defense of national to set a governance model suitable to answer interests. In 2013, the National Marine to global challenges. In this sense, European Strategy has been launched in a new phase, Commission provides guidelines to supported by and action plan for 2013 to 2020 encourage the Member States to adopt any
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where economy and governance assume the dynamics, as well as an evaluation of the main foundations. potential impact of the marine cluster.
Following this framework, the aims to develop a marine cluster for the Azores Region used the methodology based in the Azores marine governance analyses of potentialities and benefits dynamics’ suggested by Trippl [19] and by Wiljnost et al. Located in the Mid Atlantic, (see Figure 4), [5]. The strengths and weaknesses of the Azores Archipelago has peculiar features that Azores Region determine the profile and its remark the insularity, territorial structure and competitiveness at the international set. the autonomy statute. The biggest Exclusive Critical factors for regional sustainability Economic Zone (EEZ) and their maritime success may be optimized. The regional space in general placed the archipelago in the clusters system seeks on the sustainability spotlight, turning it into a model for the paradigm a core element of governance validity of the current political framework policies [35] where the university research [40]. projects and companies strategy supports are crucial [36, 37]. The importance of the sea in the Azores can be measured by the size of that sub-area of Regional strategic clusters are important Exclusive Economic Zone of Portugal – sources of economic development. The 953,633 Km2 – the largest in the European clusters impact increment the local and Union, extending the borders of the EU to the regional conditions of governance and neighborhood of the American continent. The sustainability process assessment [38]. marine environment, conservation and Previous research works link successful biological resources, have an international clusters to innovation capacity, especially in importance. This fact is justified by its isolated technology clusters. position in the middle of the Atlantic Sustainability implies an ongoing dynamic (Macaronesian Biogeographical Region) and development, driven by human expectations the recent age of the Archipelago. about future opportunities, encompassing Azores archipelago has a set of peculiar different dimensions [39]: (1) conventional features, like regionalization, insularity and economic perspective; (2) environmental autonomous government that provides and protection perspective; (3) intergenerational privileges the study of maritime/coastal perspective; (4) holistic perspective; and (5) governance. Its marine environment, potential integrated perspective, combining the resources and wide maritime domain, economic, environmental and social together, are a critical piece for its future dimensions. Therefore, sustainability is not an development. Research competences and end, but a continuum process of governance. capacities should range over the various The history and relevance of the sea to the activities of the maritime domain. Co- islands economic sustainable development operating in a cross sector and financing led us to search the answer for the questions mechanisms are fundamental means to presented in the introduction section. support cluster development [43].
In the following sections the author presents Current discussions on “global governance” an overview and analysis of Azores sea are including socio-political transformations
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Fig. 4 - Geographic position of the Azores Archipelago. Source: Secção de Gestão e Planeamento Ambiental – Biology Department, University of the Azores in development strategies as a key to solve to analyze the clusters, three crucial common problems at different places and dimensions need to be considered: levels [44]. Global governance has three 1. Cluster structure important pieces that developed new functions and roles in the decision making 2. Cluster governance process: (i) stakeholders (including public and 3. Cluster performance private agencies); (ii) decision mechanisms Currently, the identification of the activities and, (iii) governance levels. Thus, the marine and components related to the sea is the first cluster construction is an integration tool step to define the Azores Marine Cluster. The which supports the effectiveness of the smart future development of an Azores Marine governance considering all these pieces. Cluster will be limited by the 9 methodological phases presented in Table 2.
Identification and components of the Recent studies related to the sea economy remark the need to integrate the several marine cluster activities and uses of the sea based in a The literature presents some functional framework [45, 46]. In this sense recommendations to develop a maritime the Blue Growth Study [46] proposed six cluster [4,5,47, 48,50, 53, 54.] Based in the global maritime functions: maritime transport theoretical framework proposed by De Lange and shipbuilding; food, nutrition, health and
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Table 2 - Cluster methodology proposal and 3. Constructing Ongoing evaluation stages for Azores Region the cluster Methodology Analysis structure 1. Gaps and Policy and opportune time 4. Encomp Further research needs to develop an economic Agglomeration needed. and policy framework 5.Performance Further research needed related to the sea and its strategic development 6. Reply Further research needed context. Azores Region is 7.Integration at Ongoing evaluation strongly linked to the sea Azores from the geography, Regional history and economy. At Clusters System the moment a 8.Monitoring Further research needed diversification of the sustainable activities related to the sea economy is rising, both of small scale, as leisure activities, 9.Externalities: Ongoing evaluation and also of big scales as Policies & prospecting: natural and External mineral resources and influence other potential emerging
uses as energy sector. On
the other hand, the great dimension of the blue ecosystem services; energy and raw materials; economy could be a pool of leisure, working and living; coastal the Azores development. protection; and maritime monitoring and The transfer of knowledge surveillance. In the case of Azores Region the and capacity building is main functions related with marine needed.. environment were identified, taking into 2. Planning and From a strategic point of attention the Azores specificities. design view, the identification of In this way, the main sectors identified are activities, stakeholders, (Figure 5): Fisheries; Research and Ocean uses and benefits provided Development; Maritime Tourism; Maritime by the sea urges. This information is a condition Heritage; Maritime Transports; Maritime for sustainability of the sea Industries. There is an urgent need for a deep and important part of the research to identify relations of the functions, Azores Regional Economy activities and components of the cluster. There are important The methodology suggests an establishment advances in territorial of a hexagonal configuration for the Azores planning, conservation and maritime sector plans, but Marine Cluster, which drives from the the cluster needs to be seen sustainable development matrix. The as a nexus, as a common dimension of this hexagonal configuration platform for all governance encompasses the approach to the six components.. economical dimensions related to the sea: (i) natural capital; (ii) financial capital; (iii)
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Fig. 5- Conceptual map of Azores Marine Cluster Functions physical capital; (iv) human capital; (v) social high R&D investments are required and, as capital; and (vi) governance capital. These consequence, even though the output dimensions are also inter-related with the six objectives are clear, commercial viability main sectors of the Azorean cluster entity, needs to be justified; presented in the above figure (Figure 5). Growth stage: At this stage, economic and/or employment growth are evident, impacting socioeconomic and societal Life cycle stages of the Hexagonal dimensions. Satellites activities tend to Azores Marine Cluster appear and new entrants, especially smaller sized companies, which can start exploiting In Azores region, inside the hexagonal marine the market. Due to technology development cluster, it can be identified a set of activities, processes and switching costs, prices of which are at different levels of development. technologies gradually tend to be Based on a dynamic perspective of life cycle minimized; [46], the research identifies various development stages: Maturity stage: In this phase the global market conditions are stable and economic Potential development stage: these early infrastructure are consistent with market path inventions need to be made, but most needs and demands. Even tough promising outputs and governance competition is fierce, there is revenue framework are still to be defined. Therefore,
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Fig. 6 - Life cycle stages identified for the Hexagonal Azores Marine Cluster
attractiveness to all stakeholders and space some precautionary measures are needed and for the introduction of new services and a regulation framework needs to be defined. substitutes products. Maritime ecosystem services, as well as Presently, as showed in Figure 6, there are energy and prospecting, can be considered to several elements and components of the be in an earlier stage, especially at deep sea Azores Marine Cluster. The fishery activities domain, since they present a high economic provide food and employment to a value potential, but still need high R&D considerable number of coastal inhabitants investment, which compromises present dispersed by the nine islands and is one of the commercial/economic results. Especially for oldest economic activities of these islands, these activities, a governance framework being therefore in a maturity phase. There are needs to be defined. also sea activities that support tourism, such As referred by Shinohara [47], the different as cruises, which are at a mature stage, even life cycle stages encompass different though they are recent in the Azorean governance and management interventions: economic context. (i) at the potential stage, a strong government The R&D activities in the Azores are in a support is required for industry incubating growth phase, being promoted especially by and definition of the legal set; (ii) in the the research centers of the University of the growth stage, governance occurs at three Azores in cooperation with and integrated in domains: improvement of legal set; international research projects. In this same supervision of the actors; and support to stage, there is leisure and tourism sustainable business networking, especially long-term activities, which started to show a clear relationship between companies; and (iii), at employment growth and impact on the the maturity level, governance intervention socioeconomic dimension. Some of these occurs specially for supervision and growing activities can be enhanced and redefinition of boundaries. In all stages, sustained by the quality of natural human resource management based on the environment of the islands. In this sense, long-term co-working spirit is vital.
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IV. Azores Marine Cluster’s levels of the supply chain are represented, Economic Prospective along with a number of activities horizontally within each sector [5]. The urgent need for a design mechanism of Overall, institutional settings play a environmental governance adequate to the significant role in enabling competitiveness new economic paradigms induces this and expansion, retaining maritime activities, research work. The Blue Economy is attracting foreign companies, as well as understood as maritime sector and also the increasing the level of innovation. This services provided by marine environment. includes government policy, interest The Blue Economy starts to be seen as a driver organizations, educational institutions, and for a territorial development context. In the research bodies. Cluster-based policy shifts domain of the economic tools, the adoption of the role of government towards building the clustering model for a strategic view of appropriate legislative frameworks for the sea and its integration at the regional cooperation and growth [49]. economy level is suggested. The study of the European Clusters Several theoretical perspectives have been developed from Policy Research and the applied in the study of clusters [5, 48]. The several documents of the European concept of clusters goes beyond geographical Commission [41, 42, 46, 52-55] have proximity; it emphasizes the relationships and highlighted the importance of the maritime social ties among the actors in the cluster. The cluster for EU economy. Therefore, the personal interaction, frequent communication, concept of clusters has been widely integrated and a sense of a common identity that can into the conduct and political governance of arise out of a cluster’s diverse networks, from maritime activities. As empirical studies project cooperation to cluster organizations conducted all over Europe show, maritime and networking arrangements, are what clusters exist and are of significant economic enhances the linkages that foster the cluster importance to local and regional economies. dynamics [49]. It is also important to notice that the economy Porter’s [1, 8] cluster definition can be of the nature capital has been appointed as usefully applied to maritime cluster activities, the next step by the political and development specially, at the performance at geographical strategies [42, 46, 55, 56]. In this line of level [50]. The benefits of the clustering thought, the green economy has been should be highlighted as it stimulates established and is now part of the business of innovation, increases productivity, creates development. flux at networks level and the emergence of new spheres of activity [51]. There is still a gap related to the relevance of the goods and services linked to the ocean It is important that the cluster consists of a economy. It is our aim to minimize the gap critical mass of heterogeneous activities, in and, therefore, following a sustainable order to make the value of the cluster bigger approach, we put forward the designation of than the sum of its parts, as well as enable marine cluster as an integration of the increased specialization of companies. By maritime activities and the services provided “heterogeneous” is meant that cluster actors by the ocean as ecosystem. Our efforts are should be well distributed across vertical and based in the Hexagonal Azores Marine horizontal dimensions, so that the different
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Fig. 7 - Hexagonal Azores Marine Cluster Entity Trends. Source: Adapted from Osterwalder & Pigneur, Business Model Generation [57].
Cluster, which is a potential economic priority related as the maturity stages of these for the Azores region, taking into account the activities.. geostrategic position and the large maritime territory. V. Conclusions Inside the Azores Marine Cluster entity there are several main and satellite activities, which The bibliography available suggests that the impact governance and economy trends, evolution of maritime industry policy varying during cluster life cycle stage. development and implementation from fragmented (sector) approach towards a The macroeconomic, market and industrial Cluster Strategy approach has very significant forces, and key trends are beneficiated by the successful results, especially in the policy agglomeration of the maritime sectors. The implementation [58]. benefits at internal economy are evident and there are showed indicators that are directly
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The opportunities for design and implications and the possibility of exploiting a development of regional marine clusters from cluster articulating several sectors at different a governance perspective, in the Azores, are: life cycle stages. However, these findings should be viewed in light of some limitations. • The development of the bases for a sea Regional data available is one of the major economy, by the integration of different weaknesses of any research performed at this sectors and stakeholders, towards a level in Azores and, therefore, one of the dynamic and sustainability strategy; research paths that will be carried out is data • Integration of the marine cluster into the collection at different levels and in all sectors regional economic vision; presented in the hexagonal model developed • Leverage the potentialities of a Blue in the current study. Economy, and the direct and indirect Further work is clearly needed, in order to goods and services for a maritime logistic evaluate the possible inclusion of new value chain; elements supported by data and a multi-level • Promotion of the marine cluster as a analysis of the smart governance process. governance tool, which implies a bigger Aside from these considerations, it would be weight of the sea in the political agenda. interesting to compare the results from marine cluster with the remaining strategic There is an urgent need for a deep research to clusters. Following the hint of the identify relations of the functions, activities international and national agenda, future and components of the cluster. There is a lack research will be put forward regarding the of data regarding main sea activities. The blue carbon and environment externalities versatility of Azores Marine Cluster should market. Certainly, there is scope for further congregate the business provided by marine research in this area. ecosystem services. The international agenda put forward a set of hints in this domain. Therefore, Azores could gain from the Acknowledgements: Funding for this development in the future within a blue work is granted by FCT – CEEAplA, Research carbon and an environment externalities Centre of Applied Economics Studies of the market. Atlantic. FRCT- Regional Technology and The establishment of a core of Cluster-based Science Regional Azores Fund. Regional System with an endogenous driver, as the Sea, could be a “smart” option for a sustainable Regional Development. Therefore, this work contributes to the theory of regional References clusters by considering a wide set of players and attributes applied to the Azorean reality [1] Porter ME. The Adam Smith address: related to the sea. On the other hand, the Location, clusters, and the" new" work aims to call deeper knowledge on microeconomics of competition. Business impacts and correlations between maritime Economics 1998;33(1):7-13. activities. The research in the Blue Economy [2] Asheim BT, Coenen L. Contextualising field is appointed as key to integrate marine Regional Innovation Systems in a ecosystem services in a traditional maritime Globalising Learning Economy: On cluster. It also considers the smart governance
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Innovation - Innovation is the transformation Glossary of knowledge into a benefit, which may be for Hexagonal marine cluster – There are six commercial use or for the public good; it main clusters entities along the blue ocean reflects the search for and the innovation economy value chain, which can be breakthrough, experimentation, development, sustainable management using a hexagonal reproduction and adoption in new products, dimensions matrix: (i) natural capital; (ii) new processes and new organizational financial capital; (iii) physical capital; (iv) frameworks. human capital; (v) social capital; and (vi) governance capital.
Smart governance – smart governance encompasses an inclusive, global and directed » voltar ao Sumário governance of common goods and public policies. Governance is supported by the
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