Supremo Tribunal Federal
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
Supremo Tribunal Federal Ofício eletrônico nº 10072/2021 Brasília, 9 de julho de 2021. A Sua Excelência o Senhor Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal – CPI Pandemia Medida Cautelar Em Mandado de Segurança nº 38050 IMPTE.(S) : GEORGE DA SILVA DIVERIO ADV.(A/S) : SAULO ALEXANDRE SALLES MOREIRA (161463/RJ) IMPDO.(A/S) : PRESIDENTE DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DO SENADO FEDERAL - CPI DA PANDEMIA ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS (Processos Originários Cíveis) Senhor Presidente, De ordem, solicito informações, no prazo de 10 dias, sobre o alegado na petição inicial e demais documentos cujas cópias acompanham este expediente (art. 7º, I, da Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009). Informo que os canais oficiais do Supremo Tribunal Federal para recebimento de informações são: malote digital, fax (61- 3217-7921/7922) e Correios (Protocolo Judicial do Supremo Tribunal Federal, Praça dos Três Poderes s/n, Brasília/DF, CEP 70175-900). No ensejo, apresento votos de elevada estima e consideração. Marcelo Pereira de Souza Júnior Secretário Judiciário Substituto Documento assinado digitalmente Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3588-E34C-4A80-93F4 e senha 16F1-93E5-890E-01B6 SAULO SALLES, ADVOCACIA E CONSULTORIA EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL GEORGE DA SILVA DIVERIO, brasileiro, casado, Coronel do Exército Brasileiro, da reserva remunerada, RG n° 026995582-9 EB/MD, inscrito no CPF sob o n° 734.108.967-91, residente na Avenida Lúcio Costa, n° 4.600, bloco 03, Apto. 1.006, Barra da Tijuca, Cidade e Estado do Rio de Janeiro, CEP n° 22.630-011, neste ato representado por seu advogado, conforme instrumento de procuração, indicando o endereço eletrônico constante no rodapé para eventuais intimações, com fundamento no art. 5°, inciso LXIX, da Constituição Federal, bem como no art. 1º da Lei n° 12.016/2009, vem, perante essa Suprema Corte, impetrar o presente MANDADO DE SEGURANÇA com pedido de medida liminar, contra ato ilegal praticado pelo Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPI DA PANDEMIA), com endereço no Senado Federal em Brasília/DF, considerando a aprovação pela Comissão do Requerimento nº 00615/2021 que autorizou, de maneira absolutamente genérica e sem qualquer fundamentação, a transferência do sigilo telefônico, fiscal, bancário e telemático do impetrante, para apuração de denúncias fora do escopo da CPI – Pandemia, o que ensejará a concessão imediata da segurança com base nas razões de fato e de direito, a seguir aduzidas: I - DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA E DA COMPETÊNCIA DO STF 1 [email protected] SAULO SALLES, ADVOCACIA E CONSULTORIA A Constituição da República prevê o cabimento do mandado de segurança para “proteger direito líquido e certo, não amparado por ‘habeas-corpus’ ou ‘habeas-data’, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público” (art. 5º, LXIX). A nível infraconstitucional, dispõe a Lei nº 12.016/2009 que o “mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.” (art. 1º). Acerca da competência original e exclusiva desta Suprema Corte, assim dispõe de forma clara o art. 102, I, “d” da CRFB/88, Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: d) o habeas corpus , sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; No mais, a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, inclusive, as supostamente emanadas por Comissão Parlamentar de Inquérito, não sendo a intenção da presente impetração questionar a competência dessas para decretar a quebra de sigilo de comunicações, matéria já pacificada, mas sim, os seus limites, em respeito ao que reza a lei e a Constituição da República. O Supremo Tribunal Federal é a única autoridade competente para julgar a impetração do presente Mandado de Segurança, conforme prevê o artigo 102, inciso I, alínea “d”, da Constituição Federal, e (MS36.518/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes), (MS36.932/DF, 2 [email protected] SAULO SALLES, ADVOCACIA E CONSULTORIA Rel. Min. Rel. Roberto Barroso), razão pela qual pleiteia-se o conhecendo da presente impetração. II –DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO – CPI DA PANDEMIA DO SENADO FEDERAL – APURAÇÃO DE FATO DETERMINADO (ART. 58, §3°, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA) Consigna-se que ao ser chamado a julgamento a medida cautelar no Mandado de Segurança nº 37.760, o Plenário dessa Suprema Corte, por maioria de votos, ratificou a liminar deferida pelo Sr. Ministro Relator LUÍS ROBERTO BARROSO para determinar ao Presidente do Senado Federal a adoção das providências necessárias à criação e instalação de comissão parlamentar de inquérito, na forma do Requerimento SF/21139.59425-24. Dando azo a decisão judicial, o Presidente do Senado Federal, Senador Rodrigo Pacheco, promoveu a instalação da Sessão e deliberação em plenário, destinado a analisar e aprovar o Requerimento SF/21139.59425-24, em conjunto com o Requerimento SF/21259.95668-45, delimitando o objeto da investigação da CPI – Pandemia, nos seguintes termos: “Apurar, no prazo de 90 dias, as ações e omissões do Governo Federal no enfrentamento da Pandemia da Covid-19 no Brasil e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio para os pacientes internados; e as possíveis irregularidades em contratos, fraudes em licitações, superfaturamentos, desvio de recursos públicos, assinatura de contratos com empresas de fachada para prestação de serviços genéricos ou fictícios, entre outros ilícitos, se valendo para isso de recursos originados da União Federal, bem como outras ações ou omissões cometidas por administradores públicos federais, estaduais e municipais, no trato com a coisa pública, durante a vigência da calamidade originada pela Pandemia do Coronavírus 'SARS-CoV-2', limitado apenas quanto à fiscalização dos recursos da União repassados aos demais entes federados 3 [email protected] SAULO SALLES, ADVOCACIA E CONSULTORIA para as ações de prevenção e combate à Pandemia da Covid-19 , e excluindo as matérias de competência constitucional atribuídas aos Estados, Distrito Federal e Municípios. Verifica-se, pois, que os fatos que são objeto de investigação pela Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI DA PANDEMIA, estão delimitados em eventuais ações e omissões do Governo Federal no combate a pandemia do Covid-19 e no colapso de oxigênio em Manaus, além eventuais fraudes e desvios de recursos públicos federais destinados à saúde. Sobre esses fatos determinados é que a CPI DA PANDEMIA deve debruçar as suas ações investigativas e consequentemente todos os seus requerimentos probatórios, sob pena de ampliar de forma irregular um dos 03 (três requisitos taxativos) constitucionais da CPI, (i) requerimento de um terço dos membros da Casa Legislativa; (ii) prazo certo e (iii) apuração de fato determinado. Data máxima vênia, conforme será descortinado abaixo, respeitosamente aponta-se que a CPI DA PANDEMIA, quando a análise e aprovação do requerimento n° 0015/2021, que tratou da quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e de dados telemáticos do impetrante, incorreu em excesso nos avanços das investigações, conforme será descortinado abaixo: III. DO ATO COATOR. APROVAÇÃO DO REQUERIMENTO nº 00615/2021. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO, FISCAL, TELEFÔNICO E DE DADOS TELEMÁTICOS DO IMPETRANTE Sabe-se que, de acordo com o parágrafo 3º do artigo 58, da Constituição, as CPIs possuem “poderes de investigação próprios das autoridades judiciais” para “apuração de fato determinado”, entretanto, tais trazem automaticamente as normas limitadoras das cautelares especiais inerentes dos “meios de obtenção de prova”, o que implicaria, para todo o efeito, a aplicação, sem exceções, das normas processuais penais no desenvolvimento de 4 [email protected] SAULO SALLES, ADVOCACIA E CONSULTORIA seus atos, sobretudo quando se trata de decisões que invadam à privacidade e a intimidade dos cidadãos, direito talhado na Carta Magna, em seu art. 5ª, XII. Assim, o Senado Federal, dentro da sua importante quadra no Estado Democrático de Direito, durante a execução perene do trabalho constitucionais, não pode se furtar em respeitar estritamente o processo constitucional, ainda mais quando se está em voga, as garantias basilares de qualquer cidadão. Ocorre que, no dia 30 de junho de 2021 foram aprovadas, em bloco, a transferência de sigilo de seus dados bancários, fiscais, telefônicos e telemáticos de GEORGE DA SILVA DIVÉRIO, ex-Superintendente Estadual do Ministério da Saúde no RJ, conforme justificativa apresentada pelo Exmo. Senador integrante da CPI/Pandemia, Exmo. Senhor Randolfe Rodrigues, que segue abaixo: Senhor Presidente, Nos termos do disposto