DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA REVISÃO E REDAÇÃO

SESSÃO: 096.2.52.O

DATA: 19/05/04

TURNO: Vespertino

TIPO DA SESSÃO: Extraordinária - CD

LOCAL: Plenário Principal - CD

INÍCIO: 12h18min

TÉRMINO: 17h44min

DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO

Hora Fase Orador

Obs.: CÂMARA DOS DEPUTADOS

Ata da 096ª Sessão, em 19 de maio de 2004 Presidência dos Srs......

ÀS 12 HORAS E 18 MINUTOS COMPARECEM OS SRS.: João Paulo Cunha Inocêncio Oliveira Luiz Piauhylino Severino Cavalcanti Nilton Capixaba Ciro Nogueira Gonzaga Patriota Wilson Santos Confúcio Moura João Caldas CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

I - ABERTURA DA SESSÃO

O SR. PRESIDENTE (Lobbe Neto) - A lista de presença registra na Casa o comparecimento de 359 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados.

Está aberta a sessão.

Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos trabalhos.

O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.

II - LEITURA DA ATA

O SR. LUIZ COUTO, servindo como 2° Secretário, procede à leitura da ata da sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada.

O SR. PRESIDENTE (Lobbe Neto) - Passa-se à leitura do expediente.

O SR...... , servindo como 1° Secretário, procede à leitura do seguinte

III - EXPEDIENTE

501 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Lobbe Neto) - Antes de dar prosseguimento à sessão, esta Presidência dá conhecimento ao Plenário dos seguintes

Ato da Presidência

Nos termos do inciso II e § 1º do art. 34 do

Regimento Interno, esta Presidência decide constituir

Comissão Especial destinada a oferecer parecer ao PL nº

3.638, de 2000, que “institui o Estatuto do Portador de

Necessidades Especiais e dá outras providências”, e

Resolve

I - designar para compô-la, na forma indicada pelas

Lideranças, os Deputados constantes da relação anexa;

II - convocar os membros ora designados para a

reunião de instalação e eleição, a realizar-se no dia 19 de

maio, hoje, quarta-feira, às 14h30, no Plenário 10, do

Anexo II.

Brasília, 19 de maio de 2004.

João Paulo Cunha

Presidente da Câmara dos Deputados

502 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Ato da Presidência

Nos termos do inciso II e § 1º do art. 34 do

Regimento Interno, esta Presidência decide constituir

Comissão Especial destinada a oferecer parecer às

emendas de Plenário recebidas pelo Projeto de Lei nº

4.874, de 2001, que “institui o Estatuto do Desporto”, e

Resolve

I - designar para compô-la, na forma indicada pelas

Lideranças, os Deputados constantes da relação anexa;

II - convocar os membros ora designados para a

reunião de instalação e eleição, a realizar-se no dia 20 de

maio, quinta-feira, às 10h, no Plenário 11, do Anexo II.

Brasília, 19 de maio de 2004.

João Paulo Cunha

Presidente da Câmara dos Deputados

503 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Lobbe Neto) - Passa-se às

IV - BREVES COMUNICAÇÕES

Concedo a palavra ao Sr. Deputado Mauro Benevides.

504 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, deverá eleger-se hoje para presidir o Supremo

Tribunal Federal o Ministro Nelson Azevedo Jobim, que interinamente já vinha, desde o último dia 10, na condição de Vice-Presidente, comandando os destinos do

Poder Judiciário, cercado do respeito de seus pares e da própria opinião pública brasileira, mercê de sua irrepreensível conduta na vida pública do País.

Nesta mesma tribuna, em duas Legislaturas, o eminente jurista já projetara a sua comprovada competência, a ponto de haver sido indicado para Relator-Geral da

Revisão Constitucional, em 1993, dando cumprimento ao que estabeleceram as

Disposições Transitórias da Carta Cidadã, da qual me honro de haver sido o segundo signatário, antecedido apenas pelo extraordinário Ulysses Guimarães.

Em 1995, Jobim assumiu o Ministério da Justiça, levando a cabo uma série de iniciativas de vulto, incluindo a ampliação da estrutura carcerária e a humanização dos presídios, ao mesmo tempo em que ofereceu formatação legal a muitas mensagens reformistas da passada gestão.

No dia 20 de março de 1997, o Senado Federal chancelou a sua merecida indicação para a nossa Corte Suprema, após brilhante exposição perante a

Comissão de Constituição e Justiça, então presidida pelo Senador Bernardo Cabral.

Alçado também ao Tribunal Superior Eleitoral, presidiu o último pleito com invulgar dinamismo, aperfeiçoando a sistemática das urnas eletrônicas, escoimando-as de possíveis imperfeições que pudessem comprometer a lisura da apuração imediata.

505 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

No debate sobre a reforma do Poder que integra, Nelson Jobim tem defendido pontos de vista polêmicos, inclusive o do controle externo, que há suscitado controvérsias entre membros da própria Magistratura.

Na qualidade de Vice-Presidenta, a Ministra Ellen Gracie estará colaborando, com sua sensibilidade e clarividência, para que o Supremo se integre ao grande esforço de juízes, advogados, procuradores e da própria sociedade civil em prol de maior celeridade na prestação jurisdicional, que deve alcançar as diversas instâncias, em todas as suas hierarquias.

Nelson Jobim e Ellen Gracie, com o apoio indiscrepante de seus respectivos colegas e a confiança da comunidade, haverão de conduzir os destinos do Pretório

Excelso para novas demonstrações de afirmação, enaltecendo o Poder Judiciário brasileiro.

É sob tal inspiração que se comportará o STF, na auspiciosa fase que agora se inicia, quando importantes transformações haverão de redirecionar as suas fecundas atividades, fundamentadas na aplicação das normas do Direito e da

Justiça.

Parabéns, pois, a Nelson Jobim, figura excepcional da cultura jurídica brasileira.

Muito obrigado.

506 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. CARLOS NADER (PFL-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, poucos temas da vida brasileira despertam tanta atenção na atualidade como o emprego e a segurança. Não é à toa que são

áreas que caminham juntas. Se o desemprego cresce, uma das áreas onde o reflexo

é imediato é justamente a da segurança. A falta de segurança está, portanto, diretamente relacionada à falta de emprego.

Segurança tem certa diferença de violência. A primeira diz respeito à sensação de que todo cidadão precisa para sentir-se bem no seu direito de ir e vir. A violência, basicamente, constitui-se em fatos que não se podem prever, e independe, quase sempre, das condições de segurança. Existem várias formas de violência, como a doméstica, por exemplo, que não têm ligação direta com as condições de segurança.

Entretanto, a insegurança é hoje tema nacional. Já foi o tempo em que ela se restringia às grandes cidades, às metrópoles apinhadas de gente e com a maioria sem emprego. Hoje, a falta de segurança se verifica em cidades de porte médio e até em pequenos Municípios, onde, não faz muito tempo, as famílias costumavam deixar portas e janelas abertas até tarde da noite porque se sentiam seguras. O desemprego que campeia por todo o País agravou as condições de segurança nas grandes e médias cidades e levou também a insegurança às pequenas comunidades.

O tráfico de drogas tem papel de destaque nesse cenário, porque também se dá em todo o território e arregimenta quase sempre pessoas que não dispõem do emprego; junta, como se diz popularmente, a fome com a vontade de comer.

507 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Portanto, nenhuma medida de segurança terá eficácia se o País não tiver condições de gerar empregos. Bons empregos, é preciso frisar.

O crescimento da nossa economia, permitindo que os setores públicos e privados façam novos investimentos, capazes de gerar novos postos de trabalho, é que poderá beneficiar ações que visem reduzir o descrédito da segurança de maneira geral.

Sem desenvolvimento e sem novos empregos numa escalada compatível com a demanda que o setor exige, o que vamos continuar assistindo será ao fracasso de iniciativas visando dar mais segurança à população, algumas até aparentemente destinadas ao sucesso, simplesmente porque não há como ser diferente.

Segurança não é só mais polícia nas ruas, muito menos o Exército. O que gera segurança verdadeiramente é uma política eficiente neste segmento e outra, tanto ou mais eficiente, na geração de empregos para o povo.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a divulgação deste pronunciamento pelos órgãos de comunicação da Casa.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - V.Exa. será atendido.

Durante o discurso do Sr. Carlos Nader, o Sr.

Lobbe Neto, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a

cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Luiz

Couto, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.

508 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Claudio Cajado.

O SR. CLAUDIO CAJADO (PFL-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo a tribuna para, mais uma vez, fazer menção à 1ª Conferência Nacional de Atividade Física para a Saúde, que está sendo realizada, de 17 a 21 de maio, na Câmara dos Deputados. Há exposições no

Espaço Mário Covas e no hall da Taquigrafia, e a Conferência ocorre no plenário 6, todas as tardes, até sexta-feira.

Ontem contamos com a presença do Presidente da Câmara dos Deputados,

João Paulo Cunha, que fez a abertura do evento; do Líder do PFL, Deputado José

Carlos Aleluia; de professores que ministram não apenas o curso de Educação

Física, mas também são especialistas no assunto atividades físicas; do Presidente do Conselho Federal de Educação Física, Jorge Steinhilber; do Ministro Interino dos

Esportes, Orlando Silva; de Secretários de Estado e inúmeras outras autoridades.

Estamos muito felizes com a repercussão dessa iniciativa da Frente

Parlamentar em Defesa da Atividade Física, da qual sou Presidente, com o intuito de colocar esse assunto em pauta na Câmara dos Deputados. Hoje a atividade física não se restringe apenas à prática de exercícios em academias, mas também engloba outras atividades, tais com esportes, artes marciais, dança, ioga, capoeira, enfim, todas as modalidades que beneficiem nossa saúde.

Agradeço especialmente aos nossos parceiros, que nos ajudaram a realizar esse evento: a Life Fitness — registro a presença no plenário desta Casa do Sr.

Augusto Anzelotti, representante da Life Fitness no Brasil; a Caixa Econômica

Federal; a Amil Saúde Seguros; o Departamento Médico da Câmara dos Deputados;

509 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 o CONFEF; os CREFs dos Estados. Todos estão participando de debates sobre políticas públicas em defesa da atividade física. Jamais realizaríamos esse evento se não estivéssemos conscientes de que a atividade física é uma forma de melhorar a qualidade de vida do nosso povo.

Infelizmente, no mundo de hoje, está sendo cada vez mais difícil administrar o tempo. Porém tenho a convicção de que as pessoas, ao administrar seu tempo e dedicar-se pelo menos meia hora por dia à prática regular de atividade física, de preferência ministrada por profissional habilitado da área de educação física, terão efeitos positivos enormes. Não queremos melhorar a qualidade de vida do povo apenas do ponto de vista estético, mas também, e principalmente, do ponto de vista da saúde. Se aliarmos isso à inclusão social, estaremos realizando um grande programa social no País.

O Programa Segundo Tempo, de iniciativa do Ministro do Esporte, Agnelo

Queiroz, objetiva a otimização de espaços públicos para que a juventude, principalmente a mais desassistida, tenha a oportunidade da prática de esportes e de lazer. Sabemos que muitas academias do País têm horários ociosos. Então, em parceria com as prefeituras, em troca de incentivos tributários e fiscais do Governo do Estado, as academias poderiam oferecer esses horários às pessoas que não têm condições de pagar mensalidade em academias.

É enorme o caminho a percorrer.

Ontem, na reunião da Frente Parlamentar, aprovamos duas moções e duas resoluções. A primeira moção diz respeito ao Decreto nº 24, de janeiro de 2004, editado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que dá apoio à Conferência

510 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Nacional do Esporte, na qual teremos a oportunidade de debater amplamente a questão do esporte no Brasil.

O apoio da Frente Parlamentar deve ser suprapartidário, porque a questão do esporte no País une todas as correntes ideológicas com assento nesta Casa.

De igual forma, votamos outra moção em protesto contra a retirada da candidatura da cidade do Rio de Janeiro, ou seja, do Brasil, de sediar as Olimpíadas em 2012. Na verdade, não sabemos quais foram os critérios utilizados para excluir a cidade do Rio de Janeiro. Mas acho que a cidade de Moscou, por exemplo, não tem nada melhor do que a cidade do Rio de Janeiro para permanecer como candidata a sediar as Olimpíadas de 2012.

Aprovamos duas resoluções: a primeira, pela codificação, no SUS, do trabalho do educador físico. Hoje, os educadores físicos estão trabalhando em hospitais, como ocorre na Rede Sarah, com a codificação de outros profissionais. No nosso entendimento, o SUS precisa rever essa posição, porque temos de valorizar o professor de educação física. A segunda prevê incentivos fiscais para as academias.

Temos de imaginar a academia de ginástica como geradora de mão-de-obra e de negócios no Brasil.

O Sr. Augusto Anzelotti, da Life Fitness, está enfrentando dificuldades para trazer produtos importados para o País devido a altíssimos impostos, ao passo que poderíamos criar incentivos fiscais que beneficiariam a saúde do povo brasileiro.

O nome do Ministério da Saúde deveria ser alterado para “ministério da doença”, porque, se fosse da saúde, iniciativas como essa receberiam o apoio do

Governo e atenção por parte da Receita Federal.

511 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Sr. Presidente, agradeço a todos os colaboradores e, principalmente, ao

Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado João Paulo Cunha, que envidou todos os esforços no sentido de realizar a Semana Nacional de Fitness e a 1ª

Conferência Nacional de Educação Física em Defesa da Saúde.

O Sr. Luiz Couto, § 2º do art. 18 do Regimento

Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada

pelo Sr. Inocêncio Oliveira, 1º Vice-Presidente.

512 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Sr.

Deputado Robério Nunes.

O SR. ROBÉRIO NUNES (PFL-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desejo registrar que o jornal Gazeta Mercantil publicou, na última sexta-feira, dia 14, matéria relatando descobertas de novas jazidas de ferro no Estado da Bahia, que poderá receber investimentos de até

US$500 milhões nos próximos 5 anos.

A descoberta recente de jazidas de ferro no semi-árido baiano deve colocar o

Estado entre os grandes produtores do minério do País e servir como novo vetor de impulso à economia local. Confirmada por equipe de geólogos que pesquisou, durante 60 dias, nos Municípios de Caetité, Tanque Novo, Botuporã, minha terra natal, Macaúbas, Boquira, Ibipitanga e Ibitiara, a notícia entusiasmou muito o

Governo do Estado e os empresários.

O Governador Paulo Souto afirmou que a notícia mostra que o Estado está preparado para os desafios da tecnologia e que se trata de grande alternativa nesse sentido. A Bahia hoje é um dos principais destinos de investimentos industriais do

Brasil, sem falar na força de sua agricultura e do pólo coureiro-calçadista.

De acordo com o coordenador da pesquisa, João Carlos Cavalcanti, em breve o Estado da Bahia deverá figurar como um dos principais exportadores do minério do País, pois prevê reservas em torno de 1,1 bilhão de toneladas. As áreas foram requeridas ao Governo Federal e ao Ministério de Minas e Energia em 23 de março.

A MBF, empresa responsável pelos trabalhos, tem os direitos de prioridade para realizar a prospecção e exploração mineral.

513 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Consolidando o Distrito Ferrífero de Caetité como o mais promissor na área mineral, as jazidas localizadas pelos técnicos totalizam 11 corpos de minério dos tipos itabirito e magnetita-hematita. A previsão de investimentos com a mineração e a industrialização é de US$500 milhões, envolvendo a abertura de minas e de usinas, para beneficiamento do minério, melhorias de acesso e estradas, bem como construção de ferrovias.

O Brasil é um dos líderes mundiais na produção de minério de ferro, essencial ao desenvolvimento industrial no mundo, e que vem apresentando crescimento de demanda, especialmente nos países asiáticos, a exemplo de China, Japão e Coréia que hoje compram o produto dos Estados de Minas Gerais (Quadrilátero Ferrífero) e

Pará (Serra do Carajás) que concentram atividades produtoras.

As reservas pertencem à Companhia Vale do Rio Doce e empresas parceiras que dividem direitos de exportação. A Vale do Rio Doce é também detentora das minas, portos marítimos e das estradas de ferro que escoam a produção.

Para se ter idéia, a economia chinesa cresceu 9,17% no primeiro trimestre deste ano, reiterando que a China e o Japão são os maiores compradores de minério e de ferro.

Se o consumo de aço for grande, é sinal de economia em crescimento. A Vale do Rio Doce não está conseguindo atender à demanda das comunidades européias porque estourou a sua capacidade de produção.

Uma das vantagens da Bahia é que as jazidas estão no semi-árido, região desprovida de grandes reservas florestais e hídricas, o que contribuiu para que o minério seja explorado sem prejuízos ambientais, pois em Minas Gerais, a exploração do ferro está poluindo o Rio das Velhas.

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O sucesso da localização das reservas de minério se deve ao trabalho realizado pelo Governo do Estado por meio de um convênio, de 1999, entre a

Secretaria da Indústria e Comércio e Mineração e o Ministério das Minas e Energia, via projeto do Vale do Paramirim.

Esse projeto gerou um mapa geológico básico de excelente qualidade, permitindo que os geólogos e os prospectores da MBF chegassem aos depósitos minerais. O trabalho de exploração das jazidas será realizado em parceria com o

Centro Educacional de Tecnologia em Administração (CETEAD), organização que presta serviços ao Estado e desenvolve projetos em diversos Municípios baianos.

Enfim, o Estado da Bahia pode transformar-se em um grande exportador de minérios, e a nossa região do semi-árido baiano confia no empenho do Governador

Paulo Souto, no sentido de avançar cada vez mais na exploração de minérios no

Estado.

Muito obrigado.

515 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. SIMÃO SESSIM (PP-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de registrar, da tribuna desta Casa, minha manifestação de louvor ao jornal O Dia, do Rio de Janeiro, pelo relevante serviço que acaba de prestar a milhares e milhares de idosos deste País. Eles estavam sendo impedidos de sacar, em única parcela, os valores relativos à correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço — FGTS referente aos Planos

Verão e Collor I. A suspensão do benefício, criado ainda no Governo do Presidente

Fernando Henrique Cardoso, ocorreu em virtude do fim do prazo, em 31 de dezembro de 2003, conforme estava previsto em lei.

O jornal O Dia, porém, sempre atento aos fatos de interesse público deste

País, foi implacável na sua edição dominical de 14 de março deste ano, ao denunciar com enorme destaque o drama dos idosos, que retornavam para casa, depois de sair dos guichês das agências da Caixa Econômica Federal, responsável pelo pagamento da correção, totalmente decepcionados, pois ali recebiam a triste informação dos caixas de que não teriam mais direito ao benefício.

Na verdade, Sr. Presidente e nobres Deputados, a Lei nº 10.555, de 13 de novembro de 2002, que infelizmente não foi renovada em 2003, dizia que, ao completar 70 anos, o titular do benefício faria jus ao crédito do complemento de atualização monetária do FGTS em parcela única, no mês seguinte ao do aniversário. A não-manutenção do benefício provocou reações que chegavam a um misto de decepção, desespero e revolta por parte dos idosos.

A reportagem oportuna, corajosa e de cunho humanitário, assinada pelos jornalistas Cristiane Campos e Neylor Toscan, mostrou, à época, que o Governo do

Presidente Lula cochilou ao deixar esvair-se o prazo de um benefício tão importante

516 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 para quem já é injustiçado com os baixos valores que recebe de aposentadoria neste País. Na ocasião, concluíram que a solução para que os idosos pudessem receber o valor do expurgo do FGTS de uma só vez seria a propositura de uma ação no Juizado Especial Federal, como chegou a sugerir a Associação Nacional de

Assistência ao Consumidor e Trabalhador — ANACONT.

Felizmente, a reportagem do jornal O Dia tocou fundo o Presidente Lula, que editou a Medida Provisória nº 185, publicada na sexta-feira passada, dia 14 de maio, no Diário Oficial da União, determinando a retomada do pagamento, a partir desta quinta-feira, dia 20, do complemento da correção monetária do FGTS e, melhor ainda, baixando a idade do beneficiário, de 70 anos para 60 anos de idade.

O espírito público do Exmo. Sr. Presidente da República vem agora ao encontro de pelo menos 461.651 idosos, permitindo também uma injeção na economia do País de nada menos do que 2 bilhões e 740 milhões de reais.

A decisão do Governo Federal não só corrige uma grande injustiça com os aposentados, mas também serve, como bem lembrou o jornal O Dia, para adequar as políticas sociais da União ao Estatuto do Idoso, que esta Casa e o Congresso

Nacional aprovaram recentemente. Até porque o Estatuto determina que os cidadãos com mais de 60 anos têm preferência na formulação e execução de políticas sociais específicas.

Deixo registrado, portanto, o meu manifesto em defesa da classe dos idosos, que não podem, em hipótese alguma, ser vítimas do cochilo, do desprezo ou da omissão do Governo, tampouco da sociedade brasileira.

Muito obrigado.

517 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PL-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no dia em que o Comitê de Política Monetária do Banco Central — COPOM definir a nova taxa básica de juros, o Partido Liberal voltará à tribuna para expressar preocupação com os rumos do desenvolvimento do

País.

Observamos uma política que trabalha com especulações e volatilidades que podem ou não se confirmar — mesmo assim, baseadas em interesses externos, alheios ao bem-estar do mercado interno.

Dizemos com convicção que a economia nacional depende da redução dramática da taxa SELIC. Está claro, contudo, que o COPOM não tem a mínima intenção de privilegiar o sistema produtivo brasileiro em detrimento dos especuladores internacionais, do FMI e do Banco Mundial.

Independentemente das forças que nos movem para essa injusta política, a manutenção da taxa básica de juros na estratosfera produz efeitos contrários ao compromisso do próprio Governo. Não é desejo do Presidente Lula que os níveis de desemprego estejam insuportáveis. S.Exa. não quer que os trabalhadores tenham a renda diminuída ano após ano.

De fato, o compromisso social que o Partido Liberal assumiu com o

Presidente Lula, ainda na época da campanha, era no sentido de trabalharmos para viabilizar o aumento da produção, das exportações, do emprego e do consumo interno.

O PL mantém esse compromisso e, mais uma vez, faz um alerta ao Governo e ao Congresso Nacional. O partido tem a convicção de que pretende o melhor para o País, mas este está no caminho errado.

518 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Nesse sentido, demos conhecimento à Nação do nosso manifesto, assinado pelo Deputado Valdemar Costa Neto, Presidente Nacional do Partido Liberal. Nele reiteramos a parceria com o Presidente Lula e afirmamos que estamos ao lado daqueles que efetivamente produzem no Brasil e não do sistema financeiro especulativo.

Em conseqüência disso, estamos vivendo a maior crise social de todos os tempos, haja vista o crescente desemprego e a violência. A criminalidade campeia no País e nos faz reféns dos bandidos e verdadeiros prisioneiros dentro das nossas próprias casas. É como se estivéssemos cumprindo pena em prisão domiciliar.

Sr. Presidente, as favelas, os aglomerados continuam se proliferando em todo o País. Enquanto isso, os bancos obtêm aumento astronômico de lucros em detrimento do povo e da Nação.

O manifesto do PL, portanto, não decorre das eleições municipais que se avizinham. Deixamos claro, desde o primeiro dia deste Governo, que essa tem sido nossa posição, firmada nesta Casa e confirmada por toda a mídia nacional. Em hipótese alguma ela decorre de problema de ordem pessoal com quem quer que seja. O PL está seguro de que reflete as expectativas e os interesses objetivos da maioria da população brasileira.

Portanto, mesmo sendo da base de apoio ao Governo, o nosso partido tem posições contrárias à política econômica e financeira que ele tem mantido desde o início. Somos contrários a qualquer política neoliberal nesse sentido.

Obrigado.

519 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (PCdoB-AM. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aproxima-se o dia em que esta Casa deverá ser chamada a tomar mais uma decisão importante entre tantas. Refiro-me à votação da medida provisória que estabelece o valor do salário mínimo, que, como o próprio

Presidente faz questão de repetir, não contemplou nem suas próprias e pessoais expectativas. S.Exa., mais do que ninguém neste País, sempre desejou dar aos brasileiros um salário mínimo mais apropriado a suas necessidades.

Desta tribuna, falo não apenas na condição de integrante de um partido que apóia Lula. Pertenço a um partido — insisto em dizer —, que é parte do atual

Governo; embora tenha bancada pequena, conseguiu dois Ministérios.

A postura do PCdoB é a de ajudar ao máximo este Governo, a fim de que ele consiga promover as necessárias mudanças no País. Se ele for vitorioso, o País também o será.

Não vejo como problema o fato de os partidos serem diferentes e divergirem.

Na discussão acerca da definição do novo valor do salário mínimo, meu partido tomou uma decisão, a qual está expressa em duas emendas coletivas. Uma delas eleva o valor do salário mínimo para 280 reais; outra procura estabelecer, a partir de

2005, uma política de reajuste, para que não estejamos todos os anos, às vésperas do início de maio ou no decorrer do mesmo mês, tendo de debater o percentual de aumento do salário mínimo.

Como início desse debate propomos que o reajuste do salário mínimo leve em consideração a variação PIB ou do INPC — o que for maior — do ano anterior, acrescido ainda do aumento da produtividade média dos trabalhadores.

520 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

É esta a proposta do PCdoB. Dessa forma, estaremos permitindo a possibilidade da recomposição das perdas e um ganho real, ano a ano, para o salário mínimo. É o desejo de todos nós.

Sr. Presidente, diz o Governo que, se o Congresso Nacional quiser aumentar o valor do salário mínimo, tem de apontar as fontes. Sinto-me um pouco intimidada por falar diante de pessoas que tanto entendem de economia, como o ex-Ministro

Delfim Netto, mas acredito que os dados da macroeconomia do nosso País — e principalmente aqueles divulgados recentemente pela Secretaria do Tesouro

Nacional em relação ao recolhimento de tributos e de contribuições sociais — mostram que está havendo um aumento efetivo na arrecadação por parte do

Governo Federal e que, portanto, haveria condições, sim, se não de dar um aumento significativo ao salário mínimo, mas, pelo menos, um aumento um pouco maior do que aquele sinalizado pelo Poder Executivo.

Sr. Presidente, apresentamos essa proposta para mostrar que é necessário ir mudando, aos poucos e de forma segura, a política econômica que vem sendo aplicada no País. E o salário mínimo é importante não só por aquilo que representa individualmente para o trabalhador formal ou informal, ou ainda para a família, mas porque também acena para o crescimento, já que significa também uma forma de distribuição de renda.

Nós, do PCdoB, continuaremos nos esforçando, com o Governo, na busca de um caminho que aponte para uma melhora desse valor estabelecido para o salário mínimo. Estamos reunindo nossa bancada, e todos podem ter a certeza de que queremos ajudar o Presidente para que seu Governo seja pleno de êxito.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. NILSON MOURÃO (PT-AC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, ocupo a tribuna para registrar, com alegria, a passagem de mais um aniversário do Papa João Paulo II. Ontem, todos vimos as imagens da data comemorativa dos 84 anos de Sua Santidade.

É admirável a força que carrega esse líder espiritual. Suas imagens na televisão mostram um homem cansado e doente, mas que não entrega os pontos.

Ele continua concedendo audiências, recebendo pessoas comuns e líderes do mundo inteiro, falando na Praça de São Pedro para milhares de peregrinos que para ali acorrem e ainda viajando, visitando países e levando a sua mensagem, que é sempre de esperança.

João Paulo II marcou seu pontificado pelas viagens que faz ao redor do mundo. Ele foi a todos os continentes e visitou várias vezes o nosso País.

Destaco duas recentes ações do Papa, que marcaram a humanidade. Os episódios o colheram já em idade avançada, mas receberam, de parte de Sua

Santidade, uma resposta clara e definida. Refiro-me à posição que assumiu contra a guerra do Iraque. Que clareza e visão esse pontífice teve! Aliás, visão que faltou ao

Governo do Presidente George W. Bush, que agiu contra a Organização das Nações

Unidas e malferiu o direito internacional. Os Estados Unidos ocuparam o Iraque e estão travando uma guerra injusta e cruel. Porém, aquele país está inteiramente desmoralizado frente ao mundo, devido à divulgação das fotografias reveladoras de torturas, que nos deixaram a todos estarrecidos. A imagem mais lapidar é a daquela soldado americana que puxa um prisioneiro iraquiano pela coleira, como quem puxa um animal, um cachorro, um bicho. Há também flagrantes de humilhação. Os

522 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 depoimentos prestados nos Estados Unidos dão conta ao mundo de que aqueles soldados estavam se divertindo.

Sr. Presidente, é estarrecedor! Tal comportamento mostra o quanto estavam errados os militares americanos e o Governo do Presidente Bush ao decidirem invadir o Iraque, sob o argumento de que havia armas de destruição em massa, as quais até hoje não foram encontradas. João Paulo II foi claro e definitivo em sua posição, condenando essa insensatez.

Precisamos registrar também a clareza com que o Papa vem conduzindo as posições da Igreja Católica frente aos conflitos no Oriente Médio, particularmente entre israelenses e palestinos. João Paulo II nunca escondeu de que lado está: a favor das resoluções da ONU.

No episódio mais recente da edificação de um muro, por parte de Israel, em território palestino, que segrega, divide e alimenta o ódio, o Papa foi claro e profético ao dizer que a humanidade não precisa de muros, que dividem, mas de pontes, que unem os povos e ampliam a solidariedade e a cooperação que deve existir entre todos.

Parabenizo o Papa João Paulo II pela forma com que se vem conduzindo e pelas palavras de esperança, que contribuem para o bem de todo o mundo.

Parabéns, João Paulo II, pelos seus 84 aniversários!

Passo a abordar outro assunto.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero deixar registrada a agilidade do

Governo Federal na liberação dos recursos para reconstrução de todas as casas destruídas pelas enchentes, nos Estados das Regiões Norte, Nordeste, Sudeste e

Centro-Oeste.

523 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O total liberado foi de 119 milhões de reais e está sendo utilizado para a construção de 18 mil moradias. Os recursos foram disponibilizados aos Prefeitos, através das agências da Caixa Econômica Federal. As casas destinadas às populações pobres que tiveram suas antigas moradias destruídas estão sendo construídas em locais distantes das áreas de risco.

Imediatamente após o início das inundações, o Governo mobilizou toda sua estrutura para atender às vítimas e minimizar os impactos das enchentes. Até as

Forças Armadas foram acionadas para enviar alimentos e remédios às cidades castigadas e instalar pontes metálicas, evitando o isolamento dos Municípios.

As ações emergenciais adotadas naquele primeiro momento asseguraram assistência eficiente a todas as famílias desabrigadas e desalojadas. Houve algo inédito: foram criados 16 comitês gestores das ações federais emergenciais nos

Estados mais atingidos, com o objetivo de acompanhar o trabalho de socorro às populações afetadas.

Em nível federal, criou-se o Comitê Gestor da Crise, coordenado pelo

Ministério da Integração Nacional e integrado por representantes dos Ministérios da

Agricultura, das Cidades, da Defesa, do Desenvolvimento Agrário, do

Desenvolvimento Social, da Educação, de Minas e Energia, da Saúde, dos

Transportes e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

A prioridade era identificar a necessidade e encaminhar o atendimento de abrigo, comida, roupas, remédios, colchões e água potável; buscar solução para os casos de isolamento de comunidades; avaliar as condições de permanência dos desabrigados e desalojados; levantar a quantidade de casas afetadas e os danos em obras de infra-estrutura.

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As chuvas atingiram um total de 1.224 Municípios brasileiros e deixaram 11 deles isolados. Com as inundações, 165.773 pessoas ficaram desabrigadas e

211.214, desalojadas.

Para atender às vítimas, foram distribuídos 2 milhões de quilos de alimentos, em 104.406 cestas básicas, e 1.279 kits de farmácia básica, contendo 28 itens, entre analgésicos, antitérmicos, antibióticos, antiinflamatórios, vermífugos e insumos como sais de reidratação oral, hipoclorito de sódio e soros fisiológico e glicosado.

O Governo Federal editou também medida provisória que autoriza a liberação do FGTS para moradores das áreas atingidas pelas enchentes, nos Municípios que tiveram a decretação de situação de emergência ou de estado de calamidade pública reconhecida pela Administração Federal.

O Ministério da Saúde, além da distribuição de remédios, também já está liberando recursos para ajudar os Municípios afetados pelas enchentes. O montante de R$33.978.223,72 será destinado para obras de reconstrução e infra-estrutura.

Serão beneficiadas 170 cidades de 14 Estados. Os recursos referem-se a uma antecipação de emendas parlamentares e convênios assinados pelas Prefeituras e pela Fundação Nacional de Saúde — FUNASA, no ano passado. Esses acordos foram firmados por 645 Municípios. Dessa lista, as cidades atingidas pelas chuvas tiveram prioridade para receber a verba.

O dinheiro, que só deveria ser liberado no segundo semestre e está sendo antecipado, será empregado em 6 ações específicas: saneamento básico, abastecimento de água, construção e recuperação de linhas de esgoto, melhorias habitacionais, tratamento de resíduos sólidos e melhorias sanitárias nos domicílios.

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Obras desse tipo são importantes, porque, em épocas de cheias, é comum haver contaminação das águas destinadas ao abastecimento da população, provocando doenças como verminoses, hepatites, cólera, febre tifóide, leptospirose e, principalmente, diarréia.

Sr. Presidente, a rapidez no atendimento às vítimas das enchentes é uma demonstração da sensibilidade do Governo do Presidente Lula com os problemas sociais. A prioridade dada por vários Ministérios é um compromisso assumido em campanha com as pessoas mais pobres e que mais precisam da ação governamental neste País.

Cumprimento o Presidente Lula e seus Ministros pela liberação dos recursos, que serão decisivos para as famílias reconstruírem suas vidas em áreas mais seguras e com maior dignidade.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. GERALDO RESENDE (PPS-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Emenda Constitucional nº 29, resultado de intensas mobilizações, foi aprovada para combater o sucateamento das unidades do

Sistema Único de Saúde, proporcionado pelo histórico aporte insuficiente de recursos para o setor. Não obstante, existem restrições inexplicáveis ao orçamento da Saúde. Não há efetivo compromisso com a destinação mínima de recursos pelos

3 níveis de governo, mormente dos estaduais.

No Estado de Mato Grosso do Sul, no ano de 2001, foi criada a Lei Estadual nº 2.261, popularmente conhecida como “Lei do Rateio”, a qual ofende os conceitos de “serviço” e “área” de saúde, dispostos na Resolução nº 322, do Conselho

Nacional de Saúde, interpretativa e regulamentadora da Emenda Constitucional nº

29, que prevê o investimento de, pelo menos, 12% do orçamento estadual para o setor.

Vejam o tamanho do rombo na saúde pública de Mato Grosso do Sul, causado pela famigerada lei. Em 2002, foram cerca de 21 milhões de reais subtraídos, tungados do orçamento da Saúde. Em 2003, de uma previsão de quase

14 milhões de reais, foram efetivamente deduzidos da Saúde nada menos do que absurdos 41 milhões de reais. Agora, a previsão de desfalque para 2004 é de quase

20 milhões de reais, valor que certamente será extrapolado. Resumo da ópera: os recursos sonegados à saúde dos sul-mato-grossenses atinge o estratosférico valor mínimo de 62 milhões de reais somente nesses anos.

São 62 milhões de reais que foram usurpados em 3 anos de vigência dessa burla à Constituição Federal, o que nós, nesta Casa de Leis, não podemos permitir que prospere, pois juramos proteger nossa Lei Maior. E, muito além disso, vidas

527 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 humanas estão sendo perdidas ou marcadas de forma indelével por essa irresponsabilidade administrativa.

Esse valor sonegado ao SUS poderia concluir hospitais paralisados, erguer novos, comprar e modernizar equipamentos, fomentar todas as formas de prevenção, adquirir medicamentos, enfim, salvar vidas.

Sinceramente, não compreendo como as autoridades públicas do Governo do

Estado de Mato Grosso do Sul conseguem suportar o peso do sofrimento de milhares de pessoas sobre seus ombros.

Ademais, não existe transparência do Executivo Estadual sobre volume e destinação dos gastos neste rateio, isso porque os mecanismos de acompanhamento e controle também são inócuos. A discussão dos orçamentos pelos conselhos estaduais ainda não é uma realidade em Mato Grosso do Sul, mesmo porque a complexidade da contabilidade pública não é acessível. Os orçamentos nem sempre são executados por falta de acompanhamento efetivo, principalmente em relação à liberação de recursos.

Contrariando amplos e responsáveis setores da sociedade, como o Conselho

Estadual de Saúde, o Ministério Público Federal e a Comissão de Saúde da

Assembléia Legislativa local, prevalece o entendimento míope e exclusivo do

Executivo Estadual de que a “Lei do Rateio” é correta, comprometendo cada vez mais o SUS no nosso Estado, condenando a maior parte da nossa população a uma atenção deficiente, na qual serviços essenciais não são oferecidos ou, quando o são, o fazem de forma muito precária, restritos às ações básicas, não contemplando tratamentos de média e alta complexidade. O interior não pode aspirar à melhoria das condições assistenciais em termos de hospitais e tecnologia.

528 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

A efetivação do SUS precisa ser respeitada em todas as Unidades da

Federação, como grande avanço no tocante às políticas públicas, sendo o único setor com propostas e práticas claras de controle social, transparência administrativa e democratização.

Vemos estes avanços serem dificultados em nosso Estado. A “Lei do Rateio”

é um atentado contra a saúde da população! Só não entendem isso as autoridades públicas estaduais, escudadas por tecnocratas entrincheirados em seus gabinetes, de onde não se esconderão de nossa atuação comprometida, única e exclusivamente, com a população sul-mato-grossense.

Sr. Presidente, a Frente Parlamentar da Saúde, em audiência com V.Exa., tratou de vários assuntos, dentre eles a regulamentação da Emenda Constitucional nº 29. A Comissão de Seguridade Social afirmou ser prioritária a discussão, no próximo dia 2, em grande audiência pública, de inúmeros projetos, dentre os quais o do Deputado Roberto Gouveia, do PT de São Paulo. Queremos que as burlas em alguns Estados, a exemplo de Mato Grosso do Sul, não prosperem mais.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. ROBERTO GOUVEIA (PT-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, público que nos acompanha, venho a esta tribuna para falar sobre a greve dos trabalhadores estaduais da saúde de São Paulo, um movimento iniciado em 10 de maio de 2004. Quero aproveitar deste expediente para dar ciência a esta Casa das ações empreendidas pelos companheiros da saúde do Estado de São Paulo, com os pontos e motivos que culminaram com a presente greve.

Relatório das ações relativas à Campanha Salarial 2004.

Pauta de reivindicações:

- reajuste de 30% sobre todo o vencimento para repor perdas salariais desde agosto de 2001, quando foi concedido o ultimo aumento como gratificação de 80 reais;

- regulamentação da jornada de 30 horas semanais para pessoal administrativo conforme acordo feito em 1997 com o Governador;

- contratação de mais funcionários.

Histórico da greve.

A pauta de reivindicações foi entregue em 11 de março de 2003 ao

Governador e ao Secretário da Saúde. Em 31 de março foi realizada assembléia, e, como não havia resposta à pauta de reivindicações, foi deliberada proposta de greve a partir do dia 27 de abril. Até lá o objetivo era realizar atos e manifestações diversas, buscando-se abrir negociações com o Governo

Até o dia 18 de maio de 2004 o Governo não tinha dado nenhuma resposta; e, durante ato realizado na cerimônia de comemoração de 60 anos do Hospital das

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Clínicas, uma comissão do Sindsaúde foi recebida pelo Governador que ficou de marcar reunião com o sindicato.

Foi marcada reunião com uma assessora do Governador chamada Evelyn e com o Coordenador de Recursos Humano da SES, em 26 de abril de 2004.

Inicialmente, o Governo falou que poderia apresentar proposta no dia 10 de maior de

2004; porém, após a reunião, por telefone, informaram que só poderiam apresentar proposta após 31 de maio de 2004.

Desta forma, em assembléia realizada no dia 27 de abril, foi deliberado iniciar greve no dia 10 de maio. Mesmo já tendo condições de sair em greve no dia 27 de abril, optou-se por iniciar no dia 10 de maio para pressionar e expor o Governo, a fim de que apresentasse uma proposta antes.

Como não houve avanço nas negociações, a greve iniciou-se no dia 10 de maio. O Governo manteve posição de que só poderia iniciar discussões no dia 31 de maio. Porém, pela imprensa, assumiu que a partir do dia 20 de maio já terá dados disponíveis.

No dia 11 de maio foi realizada assembléia que decidiu pela continuidade da greve. Nova assembléia está marcada para o dia 21 de maio.

Quadro de greve.

Está sendo essa uma das maiores greves da saúde. Iniciou com 24 hospitais e diversas unidades paradas. A SES, que dizia que a greve era menor, teve que reconhecer pela imprensa que a paralisação era a que o Sindicato informava.

Atualmente são 30 hospitais e diversas unidades, que só estão atendendo urgência/emergência.

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Além da questão salarial, o que mais está contribuindo com a disposição para a greve são as péssimas condições de trabalho e as pressões e assédio moral que os trabalhadores sofrem no dia-a-dia.

Julgamento da Greve no TRT.

No dia 18 de maio a greve foi julgada no Tribunal Regional do Trabalho, que reconheceu a greve como legítima, e decidiu pelo pagamento dos dias de greve e reajuste de 23,94% para o pessoal CLT; porém, como no ano passado, o Governo irá recorrer ao TST, que se tem posicionado no sentido de que não tem competência para julgar greves no setor público, mesmo para funcionários regidos pela CLT.

Porém foi um fato político importante, pois o relatório da juíza reconheceu que o Governo não pode utilizar por 4 anos seguidos a Lei de Responsabilidade Fiscal para não conceder reajuste ao servidores da saúde; ademais, nesse mesmo período outros setores tiveram reajuste.

Antes do julgamento houve duas reuniões para se tentar um acordo. Na primeira, o Governo disse que poderia apresentar proposta no dia 20 de maio, e, na segunda, recuou e disse que só poderia apresentar no dia 31 de maio. Isto reforçou a posição do tribunal a favor dos trabalhadores, pois ficou claro que quem estava dificultando as negociações era o Governo. A juíza relatora explicitou esta questão no julgamento.

No julgamento, o Ministério Público do Trabalho, que havia solicitado o julgamento, concordou em entrar com ação civil pública contra o Governo do Estado para obrigar a abertura de concursos e contratação de pessoal na área de saúde, independente da Lei de Responsabilidade Fiscal.

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Posição do Governo: diz que está no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal e não pode conceder reajuste. Poderá sair do limite após divulgação dos dados do

1º quadrimestre de 2004.

Argumentos do Sindsaúde sobre por que o Estado pode conceder reajuste, mesmo sob a Lei de Responsabilidade Fiscal:

- nos primeiros 4 meses deste ano a receita tributária cresceu 3,6% acima da inflação;

- com o desconto de 5% após a reforma da Previdência, a folha de pagamento vem diminuindo de tamanho — o último dado da LRF era de que os gastos com pessoal estavam em 46,74% da receita corrente líquida. Somente 0,19% acima do limite da LRF;

- existem disparidades na folha de pagamento: o gasto mensal por funcionários na saúde está em R$1.400,00; porém, a maioria dos funcionários ganham menos; na Secretaria da Fazenda a disparidade é maior pois o gasto mensal é de R$6.800,00.

- o reajuste de 30% na saúde representa somente 0,35% das receitas correntes líquidas — a previsão atual é de que o Estado venha a arrecadar 2 bilhões de reais a mais do que estava previsto no orçamento deste ano; o reajuste de 30% representa somente 0,9% deste excesso de arrecadação;

- o salário-base dos funcionários da saúde estão congelados há 10 anos. Um auxiliar de serviço tem uma remuneração de R$412,00 e salário-base de R$44,00; um médico, remuneração de R$1.077,00 e salário-base de R$187,00;

- o piso salarial incluindo gratificações representa 1,59 salários mínimos, o menor da história do funcionalismo da saúde;

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- os funcionários da saúde representam 11% do funcionalismo estadual e utilizam somente 6% da folha de pagamento;

- os gastos com pessoal da saúde representam 42% dos gastos com saúde determinados pela Emenda Constitucional nº 29. No setor privado gasta-se até 70% com pessoal.

O Governo não precisa esperar um mês para fechar dados, pois tem o sistema totalmente informatizado e já tem condições de saber quando foi as receitas até abril. Tanto isto é verdade que o Governador já vem publicando decretos no

DOE autorizando a abertura de créditos devido a excesso de arrecadação.

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que este pronunciamento seja divulgado nos meios de comunicação desta Casa e no programa A Voz do Brasil.

Muito obrigado.

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O SR. WASNY DE ROURE (PT-DF. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, desejo apenas fazer um rápido registro. Acabo de sair do

Ministério do Planejamento, onde o Governo instalou a mesa de negociação para debater a greve dos trabalhadores do INCRA.

Houve reunião, a que estavam presentes o Presidente do INCRA, os representantes dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento e da Casa Civil, com o objetivo de dar celeridade à proposta sobre o plano de cargos e salários dos servidores do INCRA, já há muito sonhado pelos trabalhadores desse decisivo órgão de execução da política de reforma agrária.

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O SR. SERGIO CAIADO (PP-GO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, anteontem o Presidente Lula esteve em Goiânia, onde prometeu mais uma vez criar a Agência de Desenvolvimento do Centro-Oeste. Essa promessa se arrasta há anos — ontem, o Deputado Carlos Alberto Leréia cobrou o seu cumprimento, da tribuna. Queremos fazer coro com S.Exa. Por incompetência ou ineficiência, a dita agência nunca saiu do papel.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao visitar Goiânia, onde participou da

45ª Reunião da Frente Nacional de Prefeitos, o Presidente da República fez um mea-culpa que me deixou preocupado. Lula reconheceu publicamente a inoperância de seu Governo.

Como quem estivesse no papel de oposição, criticou a demora do Governo

Federal na criação da Agência de Desenvolvimento do Centro-Oeste e prometeu ao

Governador Marconi Perillo, do PSDB, apressar o lançamento do órgão.

O compromisso foi assumido durante a abertura da 45ª Reunião da Frente

Nacional de Prefeitos, ontem à noite no Centro de Convenções de Goiânia, ou seja,

1 ano depois de Lula enviar a Goiânia comitiva de Ministros para dar o pontapé inicial de criação da agência. Na época, esteve em Goiânia o todo-poderoso Ministro da Casa Civil, José Dirceu, que prometeu aos Governadores do Centro-Oeste divulgar em 40 dias a modelagem da agência. Ficou só na promessa.

O mais impressionante dessa história toda é que Lula anunciou que vai determinar ao Ministro Ciro Gomes que vá a Goiás para acelerar a implantação da agência. Talvez o Presidente não saiba que, no início de seu Governo, o Ministro participou de um fórum empresarial em Goiânia e manifestou-se frontalmente contrário à criação da Agência de Desenvolvimento do Centro-Oeste, alegando que

536 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 seria mais um cabide de emprego na estrutura do Governo. S.Exa. disse isso publicamente. As declarações estão gravadas nos arquivos das emissoras de televisão e rádio de Goiás.

“Esta semana, Governador, vamos sentar com o Ministro Ciro Gomes para ver o que está pegando e ver se a gente consegue agilizar isso (a criação da agência) no Congresso Nacional”, disse o Presidente, ao discursar na cerimônia com os Prefeitos. “Queremos criar essa agência para uma região que está crescendo de forma extraordinária e não vamos perder esta oportunidade”, assegurou Lula.

Vale dizer que, em 13 de maio do ano passado, Ciro Gomes e o Ministro da

Casa Civil, José Dirceu, foram recebidos por Marconi e pelos demais Governadores do Centro-Oeste no Palácio das Esmeraldas para discutir a criação da agência.

Dirceu se comprometeu, na ocasião, a fundar o órgão em até 2 meses: “Espero que a partir de 60 dias a agência já esteja funcionando. Os contratos antigos estão garantidos, temos de discutir alternativas para o futuro”, afirmou o Ministro na ocasião.

Na reunião com o Governador Marconi Perillo, no Palácio das Esmeraldas, ontem à tarde, o Presidente também fez o compromisso de aprovar nova medida provisória para permitir a alocação de mais 1 bilhão de reais, este ano, em recursos federais do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para o Fundo Constitucional do

Centro-Oeste (FCO).

Em seu discurso — é bom que se diga que há muito lero-lero neste Governo

—, o Presidente da República considerou a região um exemplo na aplicação dos

537 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 recursos do fundo constitucional. Disse que o Centro-Oeste aplica todos os recursos disponíveis, “enquanto que no Nordeste não se aplica por falta de projetos”.

Lula citou a Agência do Centro-Oeste, ao afirmar que está cobrando resultados de sua equipe de governo. “Duvido se alguém já cobrou dos Ministros resultados como eu cobro, todo dia e toda hora”, disse.

Sem querer entrar no mérito das declarações do Presidente, pergunto: se em

1 ano não se levantou uma palha pela consolidação da Agência de Desenvolvimento do Centro-Oeste, por que só agora S.Exa. resolveria agir?

São contradições, que estão contribuindo para o desmoronamento da já abalada credibilidade deste Governo. Um dia fala-se uma coisa, outro dia faz-se outra.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ontem celebramos o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à

Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O Comitê Nacional de Combate à

Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes e a Associação Nacional dos

Centros de Defesa da Criança e do Adolescente fizeram a entrega do dossiê intitulado Araceli, 31 anos: impunidade nunca mais.

Há 31 anos, a jovem Araceli foi violentada, estuprada e depois assassinada.

Até hoje reina a impunidade. São 10 casos exemplares preparados pelos referidos organismos, sendo 2 no Pará, 3 em Pernambuco, 1 no Acre, 1 no Ceará e 3 na

Bahia. A impunidade no que diz respeito a crimes sexuais contra crianças e adolescentes no Brasil não é exceção, é regra. O chamado sigilo processual favorece muito mais os exploradores do que as vítimas, as crianças.

A impunidade é uma das dimensões da violência institucional, devido à falta de proteção pelo Estado. Tem, sim, o Estado a obrigação de coibir essa ação criminosa contra crianças e adolescentes. A impunidade reina porque na maioria das vezes os processos vão sendo esquecidos. Depois de algum tempo, nada mais acontece, mas a vítima fica marcada para sempre.

Em Cuiabá, uma adolescente nos disse, a Deputada Thelma de Oliveira também ouviu, que as marcas que estavam dentro dela nunca mais desapareceriam. Esperava apenas que nós, da CPMI, tirássemos dela um pouco dessas marcas.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tudo isso revela a face mais injusta do nosso País: o tratamento desigual que o Poder Público dispensa a ricos e pobres.

539 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

As vítimas, em sua maioria pobres, são esquecidas. Os ricos, aqueles que muitas vezes as exploram, têm bancas de advogado e podem fazer com que os processos não tramitem com celeridade. No final, verificamos que as crianças e os adolescentes continuam sendo as grandes vítimas.

Espero que, a partir das manifestações de ontem, ocasião em que o Governo assinou diversos convênios, possamos assumir de vez compromisso para que nossas crianças e adolescentes não sejam abusados nem explorados sexualmente.

Nossa juventude tem direito à educação e ao lazer. Ninguém tem o direito de explorá-la.

Sr. Presidente, tenho certeza de que o relatório da CPMI, a ser entregue à sociedade, fará com que este Poder venha modificar diversas leis que não favorecem nossas crianças e adolescentes.

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O SR. ASDRUBAL BENTES (PMDB-PA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, assomo à tribuna para fazer 3 rápidos registros.

O primeiro diz respeito à Reserva Indígena Raposa Serra do Sol.

Recentemente, Comissão Externa desta Casa esteve na área, apresentou relatório sobre o que observou e o encaminhou à Presidência da República.

Coincidentemente, também Comissão do Senado Federal lá esteve, e o ponto de vista por ela expressado é idêntico ao Comissão desta Casa.

Quero festejar a acertada decisão da eminente Desembargadora federal Dra.

Selene Almeida, que, em alentado despacho fundamentado em razões históricas, econômicas, sociais, antropológicas e, sobretudo, constitucionais, ressalva as áreas já ocupadas por não-índios na Reserva Raposa Serra do Sol, como os Municípios, os vilarejos e os plantios. A Dra. Selene Almeida interpretou com muita sabedoria o preceito constitucional, para definir o que é realmente a posse indígena permanente naquela área.

Parabenizo S.Exa. pelo seu voto, verdadeira lição de história, de antropologia, de conhecimento da socioeconomia roraimense e, sobretudo, de Direito

Constitucional.

Em segundo lugar, Sr. Presidente, quero me referir à greve dos servidores do

INCRA.

No Pará, meu Estado, há duas Superintendências do INCRA — vejam a importância que se dá à reforma agrária no Estado —, a de Belém e a do sul do

Pará, sediada em Marabá, área de grandes conflitos, que se tornou tristemente famosa pelas mortes na Curva do S, em Eldorado do Carajás.

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Lamentavelmente, porém, a superintendência do sul do Pará continua existindo apenas no papel. Não é de hoje que venho a esta tribuna cobrar do

Governo providências capazes de transformar aquela superintendência de direito numa superintendência de fato. Desde que o Deputado era Ministro que cobro essa providência.

Não se pode pensar em reforma agrária numa região com 381 projetos de assentamento, milhares de famílias assentadas e uma superintendência que dispõe de apenas 200 funcionários. Há necessidade de no mínimo 600 servidores, a maioria deles voltada para a atividade-fim do órgão. Há também necessidade de agrônomos, técnicos agrícolas, enfim, pessoas trabalhando no campo para transformar os assentamentos áreas de produção agrícola, fazendo com que deixem de ser o que são hoje, verdadeiras favelas rurais.

Não se pode culpar apenas o atual Governo, pois essa é uma mazela de anos para cuja solução não se tomam providências. Parece que a melhor política para evitar a violência é deixar os assentados ao léu no campo. Isso não está correto.

Amanhã ou depois, eles vendem os lotes e voltam para a periferia das cidades, aumentando a marginalidade, a criminalidade, a fome e a miséria.

Portanto, Sr. Presidente, peço a V.Exa. que encaminhe apelo ao Ministro do

Desenvolvimento Agrário e à Casa Civil da Presidência da República no sentido de que atendam às reivindicações do comando de greve do INCRA, que não está brigando apenas por salários, mas por um quadro de cargos e salários, o que é fundamental, e também por condições de trabalho, por recursos financeiros e sobretudo humanos.

Era o que tinha a dizer.

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A SRA. MARIÂNGELA DUARTE (PT-SP. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, venho solicitar aos Parlamentares desta Casa adesão à Frente

Parlamentar para a Reforma Política com Ampla Participação Popular, instituída como Comissão Permanente na gestão do Presidente João Paulo Cunha e de

V.Exa., que é membro da Mesa. Foi uma conquista desta Casa. E hoje, graças a

Deus, os movimentos por ampla participação popular tiveram outra vitória: a retirada, pelo Senado Federal, de projeto de lei contrário à Lei nº 9.840, a lei dos crimes eleitorais, única de iniciativa popular, aprovada no Congresso Nacional.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigada.

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O SR. IVAN VALENTE (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, venho à tribuna esta tarde para novamente comentar a política econômica nacional e fazer um resgate do que foram os 8 anos do Governo

Fernando Henrique Cardoso, a cuja política no campo monetário e fiscal é incorreto dar continuidade.

Matéria de capa do jornal Valor Econômico, edição de hoje, informa: “O

Tribunal de Contas concluiu que a participação do BNDES na privatização de 20 empresas do setor elétrico foi desastrosa. O Banco investiu R$22 bilhões entre janeiro de 1995 e outubro de 2003, e parte desse dinheiro não foi usada no cumprimento dos contratos de concessão, mas desviada para corrigir balanços e favorecer acionistas”. Muitas dessas empresas inclusive mandaram dinheiro para paraísos fiscais.

Esta é a vergonha: o sistema de privatização feito no Governo Fernando

Henrique e a lógica do ajuste fiscal de canalizar recursos para pagar juros, fazer superávit fiscal e não ter recursos para a área social.

Infelizmente, dada a situação a que chegamos, o atual Governo acaba tendo de adotar a mesma lógica para evitar as turbulências do mercado financeiro e submeter-se à chantagem e ao terrorismo do mercado.

Qual é o resultado concreto dessa política? O que podemos verificar, qualquer que seja o cenário? Por exemplo, o COPOM está reunido, decidindo se a taxa de juros desce ou não, mas a taxa de juros ao consumidor subiu, evitando o consumo. Quer dizer, continua a vigorar a lógica de que temos de manter taxa de juros alta para que não haja inflação e a proibição de o País crescer.

544 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, cito 3 conseqüências imediatas dessa situação. Em primeiro lugar, à medida que todo o esforço nacional é canalizado para pagar os juros da dívida pública, é preciso fazer monstruoso superávit fiscal, que impede o investimento produtivo, impede a atuação na área social e, mais do que isso, faz com que a Presidência da República e o espírito da mudança sejam inviabilizados.

Exemplo dessa situação é o salário mínimo de 260 reais. Estamos proibidos de distribuir renda, de atacar o problema da pobreza e, inclusive, de dinamizar a economia com a distribuição de renda, porque o mercado fica nervoso.

O Presidente da República vai ao ABC e recebe pressão da sua base social direta, legítima, os metalúrgicos do ABC, sobre a correção da tabela do Imposto de

Renda. O Presidente assume a pressão, sensibiliza-se e traz o problema para a

área econômica. E a que assistimos? Assistimos à idéia de que ela não será mudada, porque não se pode perder a receita fiscal necessária para o pagamento dos juros. E, se aumentar a alíquota, o Governo terá de enfrentar problemas com sua base aqui no Congresso, porque os mais ricos não querem pagar mais Imposto de Renda.

É preciso ter coragem para combater o problema da hegemonia do capital financeiro. Ou se enfrenta essa lógica do terrorismo do mercado, ou não haverá mudança social no Brasil. Por 10 anos se subjugou o País, e se pensa que há saída por essa via. Tanto é assim que nos jornais do fim de semana e mesmo nos de hoje, o Sr. José Pastore, que já foi Presidente do Banco Central, reclama um superávit fiscal muito maior, baseado no corte dos gastos públicos.

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Mas cortar o quê? Já não temos recursos para investir em infra-estrutura, em saúde, em educação, e a carga tributária é alta. O Governo anterior a elevou em

10%. Para dinamizar a economia, talvez devêssemos diminuí-la.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez, os fatos cotidianos mostram que não há rigorosamente saída no modelo atual. Ou seja, não haverá recursos para a área social, para investimentos produtivos com vistas à geração de emprego. Não haverá recursos para distribuir renda, para gerar uma economia virtuosa, com o consumo popular alimentando comércio e indústria e empregando mais gente.

Estamos submetidos a uma lógica em que só um setor ganha: o capital financeiro. Vem de fora a lógica da submissão aos ditames do Fundo Monetário

Internacional, da subjugação, a lógica de que o capital financeiro tem de lucrar sempre e é impossível enfrentá-lo.

Pois digo: é possível e necessário enfrentá-lo, para que haja justiça social em nosso País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Durante o discurso do Sr. Ivan Valente, o Sr.

Inocêncio Oliveira, 1º Vice-Presidente, deixa a cadeira da

presidência, que é ocupada pelo Sr. Takayama, § 2º do

art. 18 do Regimento Interno.

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O SR. PRESIDENTE (Takayama) - Concedo a palavra à Sra. Deputada

Fátima Bezerra.

A SRA. FÁTIMA BEZERRA (PT-RN. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, ontem, 18 de maio, Dia Nacional de

Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o jornal

Folha de S.Paulo apresentou em seu Caderno Cotidiano relatório acerca das denúncias de casos de exploração infantil no País. Infelizmente — digo isto com muito pesar e tristeza —, o Rio Grande do Norte aparece como o segundo Estado com mais casos de denúncia.

Ontem, representantes da CPI Mista da Exploração Sexual de Crianças e

Adolescentes estiveram com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e lhe entregaram esse relatório. O Rio Grande do Norte aparece como o segundo Estado com mais casos de denúncia de exploração infantil. Deputado Jackson Barreto, foram 20 denúncias. Perdemos apenas para Mato Grosso.

Diante de realidade tão dramática, informo a esta Casa que apresentei à

Comissão de Turismo e Desporto requerimento de realização de audiência pública para discutir a adoção, no Brasil, do Código de Conduta do Turismo contra a

Exploração Sexual Infanto-Juvenil, a exemplo do que foi elaborado em meu Estado.

O Código de Conduta do Turismo contra a Exploração Sexual Infanto-Juvenil foi idealizado pela primeira vez no Rio Grande do Norte, exatamente para orientar e regular a conduta ética de empresas, pessoas e serviços direta ou indiretamente vinculados à indústria do turismo. O Código potiguar estabelece medidas jurídicas e administrativas para prevenir e erradicar o turismo sexual.

547 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Ressalto que essa proposta foi iniciativa da sociedade civil, da Organização

Não-Governamental Casa Renascer, com sede em Natal, que atua no apoio à criança e ao adolescente e no combate à exploração sexual no Rio Grande do

Norte.

O Código foi elaborado a partir da Carta de Turismo e Código do Turista, elaborado ainda em 1985 pela Organização Mundial do Turismo. Contou com a participação de vários setores da sociedade civil, envolvendo 178 organizações governamentais e não-governamentais de âmbito estadual e municipal e também o trade turístico.

Para participar dessa audiência, convidamos, naturalmente, o Ministro do

Turismo, cuja presença julgamos fundamental, e também a Profa. Ana Paula

Felizardo, coordenadora da Casa Renascer — foi quem idealizou esse projeto.

Sr. Presidente, achamos fundamental trazer essa experiência a esta Casa para que o Brasil tome conhecimento do trabalho realizado no Rio Grande do Norte, que, sem dúvida alguma, tem-se constituído numa importante ferramenta para combatermos esta tragédia: a exploração sexual infanto-juvenil, ou seja, das nossas crianças e adolescentes.

Ontem, em Natal, representantes da Casa Renascer e da Câmara Municipal

— inclusive por iniciativa do Vereador Olegário Passos, do PT — estiveram em audiências e participaram de uma série de manifestações, na tentativa de conscientizar cada vez mais a população, principalmente a juventude, de que não pode e não deve, de maneira alguma, se calar diante de situações criminosas como essa.

548 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, queremos também, nesta oportunidade, nos solidarizar com os servidores do INCRA. Desde quinta-feira os nobres Deputados Wasny de Roure, Henrique Fontana, eu e outros estamos tentando mediar a negociação dos servidores daquele órgão com o Governo. Como acaba de ser instalada a mesa de negociação, a nossa expectativa é de que a discussão avance, o impasse seja superado e os servidores voltem o quanto antes ao trabalho.

Finalmente, Sr. Presidente, informo que ontem pela manhã, em Natal, participei de manifestações de servidores da minha categoria, professores do Estado e dos Municípios. Na ocasião, entregamos aos Secretários de Educação a proposta do plano de carreira, salários e vencimentos dos professores dos Estados e

Municípios. À tarde, participei, com várias categorias de servidores, de outra manifestação. Infelizmente, nesta última, o resultado não foi proveitoso, pois a

Governadora não recebeu os manifestantes. Depois de enfrentar a polícia e muito sol, eles foram recebidos apenas pelo Secretário de Administração, que não apontou qualquer perspectiva de negociação.

Portanto, faço um apelo ao Governo Estadual para que constitua uma mesa de negociação, como fez o Governo Federal, e, mais do que isso, apresente uma proposta para os professores da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, que estão há mais de 50 dias em greve.

Urge que a Governadora tome uma posição, acione o Secretário de Educação e as instâncias competentes para que nos sentemos à mesa de negociações.

Sr. Presidente, greve só se resolve com diálogo, negociação e proposta.

Muito obrigada.

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O SR. CARLOS ALBERTO LERÉIA (PSDB-GO. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a imprensa noticia que o PL continua a bater no Governo. O PSDB bater é normal, mas o PL fazê-lo é algo assustador.

Parece-me que estão querendo lembrar que José Sarney assumiu como

Vice-Presidente de Tancredo Neves e Itamar Franco, de Fernando Collor.

Creio que uma turma do PL está querendo derrubar o Lula — com o que não concordamos —, porque esse mesmo Valdemar Costa Neto certa feita esteve em

Goiânia para convidar o Sr. a ser candidato a Presidente e fez a ele rasgados elogios. Deputado de Goiás, eu, sim, posso criticar o Sr. Henrique

Meirelles, porque ele renunciou o mandato de Deputado Federal pelo PSDB para assumir presidência do Banco Central. Mas a turma do PL... acho muito estranho.

Sr. Presidente, venho à tribuna abordar outro tema.

Estamos discutindo valor do salário mínimo e geração de empregos. Todavia, autoridades do Governo já se pronunciaram e a imprensa já veiculou a possibilidade de aumento do preço dos combustíveis. Ao mesmo tempo, a PETROBRAS gasta milhões com publicidade — nunca gastou tanto — e anuncia o seu lucro, verdadeiramente extraordinário.

Empresa estatal, patrimônio de todos nós, a PETROBRAS não precisa obter lucro. Penso que ela tem de ser sólida e dispor de recursos para investimento.

Segundo alguns articulistas, em 2003, os preços brasileiros tanto de gasolina como de óleo diesel foram maiores do que os praticados no Golfo do México e no mercado americano. Agora, estamos ouvindo rumores sobre possível aumento de 20% a 30% no preço do petróleo do Brasil, o que vai acarretar aumento da inflação e do desemprego. Aqueles que ganham pouco terão maiores dificuldades, mesmo os que

550 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 andam de ônibus, pois o aumento do preço do óleo diesel com toda a certeza provocará majoração no preço das passagens, quer sejam urbanas, quer sejam intermunicipais, quer sejam interestaduais.

Chamo a atenção para esse fato, porque o preço do barril de petróleo produzido no Brasil é mais barato do que o da região do Golfo do México e dos

Estados Unidos. Atualmente, quase a totalidade dos derivados de petróleo vendidos no mercado nacional é produção brasileira! Inclusive, quando se descobre nova reserva de petróleo, é propagandeado — aconteceu no Governo anterior e neste — que estamos quase alcançando auto-suficiência.

Sr. Presidente, preocupa-me muito a posição do Governo do Partido dos

Trabalhadores, que tanto criticava os preços da gasolina. Hoje, a PETROBRAS pode gastar muito dinheiro em publicidade, anunciando, com largo sorriso, que a empresa gera grande lucro. No entanto, queremos que ela cumpra seu papel mais importante: fazer com que o preço dos combustíveis estejam de acordo com os custos da produção do barril de petróleo no Brasil. Os preços estão acima, repito, da média do mercado americano. Em 2003 os preços foram entre 10% a 8%, variando do óleo diesel à gasolina, maiores que os praticados no mercado norte-americano.

Este Governo equivoca-se em várias políticas e não é possível que vá equivocar-se em mais esta.

Ao mesmo tempo, há muitas discussões a serem travadas. Hoje, a Câmara apreciará a emenda da reeleição dos Presidentes desta Casa e do Senado Federal.

Deveríamos, sim, votar a reforma política, discutir o valor salário mínimo, mas trazem à nossa apreciação a reeleição dos Presidentes do Senado Federal e desta

Casal, o que nada mais é do que casuísmo.

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Quando fomos eleitos em 2002, sabíamos perfeitamente que os Presidentes das duas Casas cumpririam 2 anos de mandato e não teriam direito à reeleição.

Portanto, não podemos mudar as regras do jogo com a bola em campo. É um absurdo! Já me inscrevi para hoje à tarde discursar a matéria.

O Partido dos Trabalhadores, que prometeu mudar profundamente o Brasil, concorda com o preço alto da gasolina, com o salário mínimo baixo e com a reeleição dos Presidentes das duas Casas do Congresso Nacional!

Não queremos, como o PL, derrubar o Governo, mas nos preparar para ganhar as eleições de 2004 e de 2006.

Era o que tinha a dizer.

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A SRA. DRA. CLAIR (PT-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero aproveitar a oportunidade de estar nesta tribuna para prestar homenagem à Itaipu Binacional, que neste mês de completa 30 anos de existência e 20 de operação.

Itaipu é a maior usina hidrelétrica em operação no mundo, responsável por

90% da energia elétrica consumida no Paraguai e por 25% da energia utilizada no

Brasil. Em 2005 chegaremos ao total de 20 unidades geradoras instaladas, o que aumentará a potência da usina de 12.600 megawatts para 14 mil megawatts.

Itaipu também cumpre importante papel no desenvolvimento econômico região que a circunda, ao repassar royalties provenientes da sua produção aos

Municípios da área e ao promover iniciativas de incentivo ao turismo.

Considerada uma das 7 maravilhas do mundo moderno, juntamente com as

Cataratas do Iguaçu e as praias artificiais dotadas de infra-estrutura de lazer forma um conjunto que atrai milhares de turistas de todas as partes do mundo, promovendo grande fluxo financeiro, gerando emprego para a população e tornando o Município de Foz do Iguaçu um dos maiores pólos turísticos do País.

Itaipu é também um exemplo de responsabilidade social. A empresa desenvolve uma série de projetos nas áreas de preservação ambiental e de desenvolvimento sustentado, como a educação ambiental voltada para os jovens da região, o incentivo à agricultura orgânica, a conscientização em defesa do uso racional da água e a preservação dos peixes do Rio Paraná, com a criação do Canal da Piracema.

Preocupada com a inserção do jovem no mercado de trabalho, Itaipu mantém o Programa de Iniciação e Incentivo ao Trabalho que oferece a adolescentes de

553 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 baixa renda de Foz do Iguaçu e de Curitiba oportunidade de acesso ao mercado de trabalho.

Hoje, o programa contrata, com carteira assinada, 186 jovens entre 14 e 17 anos, os quais recebem bolsa mensal equivalente a um salário mínimo, vale- alimentação, vale-transporte e seguro de vida. Nos mesmos moldes, desenvolve o

Projeto Jovem Jardineiro, oferecendo capacitação profissional na área de jardinagem para 40 jovens, com 16 anos, de Foz do Iguaçu, os quais também recebem salário mínimo e os demais benefícios e, ao final de um ano, um kit com material de jardinagem para seguir na profissão.

Itaipu igualmente atua em prol da comunidade, ao promover ações na área de saúde: mantém, em conjunto com o Ministério da Saúde e o Governo Estadual, o

Hospital Ministro Costa Cavalcanti, um dos mais modernos do oeste paranaense, e coordena o Programa Saúde na Fronteira, que tem o objetivo de unificar a política de saúde pública na fronteira Brasil—Paraguai.

A empresa mantém ainda, Sr. Presidente, o Programa Combate à Violência na Fronteira, com ações de sensibilização e educação na mídia e apoio às entidades que compõem a rede de combate.

Ontem foi assinado acordo de cooperação com a Secretaria Especial de

Direitos Humanos para fortalecimento do trabalho de combate à prostituição infantil.

Mantém ainda a Casa Abrigo para mulheres vítimas de violência.

Também desenvolve o Programa Coleta Solidária, que organizou os catadores de lixo que hoje atuam na coleta seletiva em 16 Municípios, resgatando a sua dignidade e trazendo benefícios para o meio ambiente.

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Mas a Itaipu Binacional é, antes de tudo, um grande exemplo de integração entre países vizinhos para a América Latina e para o mundo. Repetindo as palavras do nosso Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, podemos dizer que a Itaipu Binacional foi o embrião do MERCOSUL.

Ao homenagear Itaipu, quero estender essa homenagem ao seu Presidente,

Dr. Jorge Samek, grande líder político do Paraná, eleito Deputado Federal pelo PT em 2002, e cumprimentar a diretoria da empresa pelo sucesso de sua administração.

Solicito que este pronunciamento seja divulgado pelos órgãos de comunicação da Casa.

Muito obrigada.

O SR. PRESIDENTE (Takayama) - Nobre Deputada Dra. Clair, esta

Presidência aproveita o brilhante pronunciamento de V.Exa. para se somar aos votos de parabéns ao Deputado Jorge Samek, hoje Presidente de Itaipu, empresa motivo de orgulho para toda a Nação, pelo trabalho social que a atual administração vem desenvolvendo, colaborando com programas de iniciativa do Ministério da

Pesca.

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O SR. PRESIDENTE (Takayama) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Deley.

O SR. DELEY (PV-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, vimos à tribuna externar nossa tristeza e levar nossa solidariedade ao povo da cidade do Rio de Janeiro, que ontem foi eliminada da disputa para ser a sede das Olimpíadas de 2012.

Hoje, ao lermos o parecer do Comitê Olímpico Internacional, pudemos perceber o que preponderou para que o Rio de Janeiro fosse eliminado prematuramente. Temos de encarar a realidade de todos os problemas que assolam a cidade do Rio de Janeiro. Vemos aqui o Deputado Chico Alencar e estamos certos de que concorda com o fato de que o Rio de Janeiro tem problemas gravíssimos.

Não tenho dúvidas de que o Comitê Olímpico Internacional baseou-se na segurança, na infra-estrutura e na questão ambiental para assim decidir. A escolha de alguma cidade para ser a sede de evento de tal envergadura envolve esses itens, que são considerados de extrema importância.

Ficamos a perguntar: quando resolveremos os problemas que tanto afligem a população do Rio de Janeiro e nos impedem de ser a sede dos Jogos Olímpicos?

Esse evento seria de suma importância, seria a grande redenção da cidade do Rio de Janeiro. Aqueles que tiveram oportunidade de conhecer Barcelona antes e depois das Olimpíadas podem comprovar o que dizemos. A cidade do Rio de

Janeiro teve diminuído o seu fluxo turístico, por causa da falta de segurança, de infra-estrutura e por conta de fatos do passado.

Deputado Chico Alencar, não interessa à população do Rio de Janeiro, muito menos à dos outros Estados, se o caso é federal, estadual ou municipal. Ela quer

556 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 ver resolvidos seus problemas. Enquanto politizarmos determinadas questões no

País, continuaremos com esses problemas.

Quando nos aventurarmos em candidatura desse porte, que façamos antes nosso dever de casa. Ninguém pode negar que o Rio de Janeiro é a porta de entrada do País e que seus antigos e graves problemas — segurança, infra-estrutura e meio ambiente — continuam sem solução. Entra governo A, governo B, e a discussão continua politizada.

Na condição de Deputado, não queremos politizar questões tão fundamentais para a cidade do Rio de Janeiro. Esperamos que o fato ocorrido nos sirva de lição.

Fica o aviso para todas as esferas de governo: precisamos resolver urgentemente os problemas que tanto afligem a população do Rio de Janeiro e nos impedem de pensar mais seriamente em uma candidatura para as próximas Olimpíadas. Não podemos perder as esperanças.

Sr. Presidente, faço ainda um apelo aos dirigentes de futebol, para que revejam os preços dos ingressos cobrados nos estádios, que estão cada vez mais vazios. Sabemos que o futebol é a paixão do povo brasileiro, que, com um salário mínimo de 260 reais, certamente não terá condições de pagar 15 reais por um ingresso.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. PEDRO FERNANDES (PTB-MA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Comissão de Desenvolvimento Urbano aprovou hoje, por unanimidade, o Projeto de Lei nº 2.710, de 1992, o primeiro de iniciativa popular.

O referido projeto chegou a esta Casa há exatamente 12 anos e 6 meses, no dia 19 de novembro de 1991, e dispõe sobre o Sistema Nacional de Habitação de

Interesse Social e cria o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social e seu conselho gestor.

Essa é a primeira vez que a União, os Estados e os Municípios terão lei específica para suas políticas públicas de habitação. Atualmente o déficit habitacional corresponde a mais de 10 milhões de moradias. Por isso, já estava em tempo de aprovarmos esse projeto de lei.

Fico mais entusiasmado ao ver que a subemenda substitutiva global hoje aprovada na Comissão é fruto do entendimento entre a Câmara dos Deputados, os segmentos sociais organizados e o Poder Executivo. Como ela já obteve o apoio de todas as Lideranças para a urgência, fico bastante feliz, porque tenho certeza de que, neste ano, esse projeto será votado tanto na Câmara quanto no Senado.

O projeto tramita na Casa há praticamente 13 anos, assim como aconteceu com o Estatuto das Cidades. Surgiu após pressão popular e foi elaborado pela

Câmara dos Deputados, pelo Executivo e por movimentos sociais. Realmente ele poderá trazer estáveis recursos para a política habitacional, em futuro bem próximo, ou pelo menos diminuir sensivelmente o déficit habitacional.

558 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O déficit habitacional não diz respeito só à moradia em si, mas à saúde preventiva, à cidadania, enfim, influencia toda a economia da Nação. Com cada real aplicado na construção civil, conseguimos movimentar em torno de 18 reais.

Por isso, parabenizo não só o Presidente da Comissão, Deputado Silas

Câmara, mas todos os seus membros e a Deputada Maria do Carmo Lara, que presidiu essa Comissão no ano passado e muito lutou para a aprovação do mencionado projeto. Finalmente, chegamos a um consenso e o aprovamos.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desejo também tratar de outro assunto. Tenho certeza de que já foi dito, quase à exaustão, que o verdadeiro caráter de um homem se revela quando ele assume o poder. Por mais contraditório que seja, tanto maior será o seu caráter quanto menos ele se afastar de seus princípios e de sua conduta anteriores ao ato de galgar e exercer postos de mando.

Não desejo ser redundante, contudo, não estaria sendo correto se essas palavras não tivessem como objeto o nosso companheiro e líder João Paulo Cunha.

Venho observando sua humildade e paciência desde 1999. Não perdeu essas qualidades quando assumiu a Presidência da Casa. Ao contrário, ressaltou-as.

Se o que se exige de um Presidente é a postura e a isenção de um magistrado, creio que poucas vezes a Câmara dos Deputados foi dignificada com pessoa tão isenta e tão justa à frente de suas decisões. Digo mais: sem nenhum desdouro para os outros nobres Presidentes que o antecederam, posso apostar que em raríssimas oportunidades teremos tido nós, Parlamentares, e aqueles a quem representamos a sensação de contar no Poder Legislativo com um Presidente feito de carne e osso, gente como nós. Em nenhum momento João Paulo se deixou afetar por vaidade ou sensação de superioridade.

559 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Parodiando a retórica do cronista Nelson Rodrigues, essa humildade de João

Paulo é assombrosa. Ela é, na verdade, um enorme atestado de sabedoria. João

Paulo Cunha — e agora recorro ao Nelson Rodrigues aficionado por futebol — é, ao mesmo tempo, o “carregador de piano” e o meio-campista cerebral que antevê lances com clarividência.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero reiterar todo o meu respeito e a minha admiração por esse nosso líder e companheiro. João Paulo Cunha tem sido o fiador da soberania da Câmara. Por tudo isso e por todas as qualidades com que vem exercendo a Presidência, ele é um inegável fator de equilíbrio. Sua administração é exemplar, sua condução é firme e ponderada. Jamais recorreu ao argumento de autoridade, puro e simples. João Paulo Cunha não é apenas isso. Se, como disse o filósofo espanhol, o homem é a soma de si mesmo e das circunstâncias, posto à prova, ele tem-se afirmado como o comandante adequado para atravessarmos as águas nem sempre tranqüilas do exercício da democracia.

Em nome do PTB, saúdo o nosso querido Presidente João Paulo Cunha.

Muito obrigado.

Durante o discurso do Sr. Pedro Fernandes, o Sr.

Takayama, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a

cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Inocêncio

Oliveira, 1º Vice-Presidente.

560 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Henrique Afonso.

O SR. HENRIQUE AFONSO (PT-AC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, como a maior parte dos veículos de comunicação e do sistema educacional estão sob o poder das elites dominantes, os valores fundamentais repassados à sociedade não expressam os desejos de mudanças da maioria das pessoas e não contribuem para a superação dos problemas que o homem está enfrentando nos dias de hoje.

Digo até que a oportunidade que temos de formar uma geração diferente está passando de maneira despercebida, sem nenhuma perspectiva de redirecionamento do conteúdo educativo transmitido a ela. O que observamos é a crescente manifestação de relações conflituosas dos homens entre si e um modelo de sociedade que aprofunda intensivamente as desigualdades sociais.

Não quero, com isso, atribuir à educação a responsabilidade pelos problemas sociais que estão atormentando nosso povo. Entretanto, é importante dizer que uma das raízes que explicam a miséria humana em todos os sentidos, é a ausência de valores políticos, econômicos, éticos tão importantes no resgate da dignidade humana.

É impressionante como os principais veículos de comunicação, que repassam valores, são tão vulneráveis à bestialização de questões centrais do dia-a-dia do nosso povo. Passamos a maior parte do dia recebendo informações que não levam a nada, apenas mantêm as pessoas alienadas das condições históricas em que estão inseridas. Estão elas sendo preparadas para um mundo fictício, dissociadas da realidade contemporânea, num contexto de personagens criados para o

561 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 entretenimento. Daí o fato de as novelas serem objeto de reflexões e discussões durante encontros de boa parte da sociedade. Essa preocupação com a futilidade dos programas é justificada pela violência praticada ao retirar do homem sua capacidade de pensar as contradições de sua história e de buscar um novo modelo de vida e sociedade.

É real a possibilidade de novas alternativas educacionais que promovam outros valores. Há abertura no processo educativo para troca de experiências educativas que ofereçam novos valores propícios à transformação da sociedade.

É necessário maior comprometimento com valores consubstanciados em fundamentos políticos e humanos que favoreça, na centralidade das relações sociais, um regime novo de colaboração. Infelizmente, estão impregnadas na natureza humana concepções que só promovem o individualismo, a competição, a discriminação, a injustiça e as diferenças sociais. Para romper com esses valores, é preciso um esforço coletivo e sistemático dos sistemas de educação e de outras formas de veiculação informal de conhecimentos e visões de mundo.

Em que condições podemos construir novos valores? Como envolver os veículos formais e informais nesse esforço?

Entre outras indagações, essas nos remetem a fundamentos históricos comprovados milenarmente pela humanidade. Reafirmo os valores dos planos perfeitos de Deus e que estão explicitados nas Escrituras Sagradas. São escritos que orientam os homens a viverem regidos pela comunhão dos bens que produzem; que propõem o amor ao próximo como intermediador das relações humanas; que acreditam na generosidade como forma de manifestação do amor de Jesus na vida das pessoas; que pregam a reconciliação como garantia de tranqüilidade; que

562 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 assumem o compromisso com a verdade para extirpar as mentiras que escondem práticas que só têm violentado direitos humanos; que sinalizam para o amanhã a certeza de prosperidade a todos os povos; que defendem a pureza em todos os atos humanos, cujos resultados é a promoção de uma vida melhor.

Muito obrigado.

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A SRA. THELMA DE OLIVEIRA (PSDB-MT. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ontem, 18 de maio, comemoramos o Dia

Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

E em nossa reflexão sobre essa data fomos tomadas por um sentimento de tristeza e de impotência, ao concluir que essa chaga que assola o País há tantos anos tem avançado, criado tentáculos de envolvimento e arrastado crianças e adolescentes para a exploração de práticas ilícitas, para o crime e até fazendo com que muitas deles desapareçam ou levando-os à morte.

Integramos a CPMI destinada a investigar casos de abuso e as redes de exploração sexual em nosso País. Instalada em junho de 2003, a CPMI tem atuado em praticamente todos os Estados da Federação. Hoje divulgamos o relatório parcial

— e aqui está presente a Relatora, Deputada Maria do Rosário — que contém números não apenas alarmantes de uma realidade vergonhosa e oculta, mas estarrecedores pela sua expressão e pela conexão criminosa de grande alcance que gera riquezas para algumas pessoas.

A CPMI recebeu mais de 800 denúncias de abuso e de exploração sexual.

Estão sendo investigados 186 casos em 21 Estados. Existem 33 autoridades públicas envolvidas e, ao longo das 153 rodovias federais, temos 650 pontos de exploração, dos quais 262 são postos de combustíveis localizados às margem das

BRs.

Esses números são assustadores, porém não refletem a dor e a ausência de esperança que permeia o olhar daquelas que foram vítimas de atitudes covardes por parte dos abusadores. Também não refletem a arrogância e a prepotência daqueles

564 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 que abusam das crianças e adolescentes amparados na certeza da impunidade e se julgam livres de ser responsabilizados pelos seus crimes.

Representante de Mato Grosso, desejo registrar minha tristeza, decepção e revolta por ser o meu Estado — com 33 casos — campeão de denúncias de exploração e abuso sexual, segundo matéria da Folha de S. Paulo edição de ontem

Espantada pela denúncia, ao mesmo tempo entendo que o fato se deve ao trabalho que vem sendo realizado pela sociedade civil organizada, pelas Prefeituras

Municipais, na época em que estivemos no Governo, e por muitos militantes, que tornaram visível essa situação. Em 1995/1996, o Governo do Estado de Mato

Grosso foi o primeiro a declarar essa questão prioridade em matéria de políticas públicas.

Criamos programas como o Xané e o Projeto Irmão Sol Irmã Lua para o atendimento integral de crianças e adolescentes em situação de risco e implantamos o Sentinela, em parceria com o Governo Federal.

Hoje, assistimos ao desmonte dessa política de proteção pelos Governos

Estadual e Federal, que viram as costas àqueles que necessitam, sim, do seu amparo.

Começamos nosso trabalho em 1995, com a realização da primeira pesquisa qualitativa para detectar de que forma o problema estava configurado na sociedade.

Articulamos fóruns municipais, promovemos campanhas educativas em parceria com a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, o Ministério Público, as

Prefeituras etc.

O resultado de audiência pública realizada pela CPMI em Cuiabá, Capital de

Mato Grosso, no início deste mês, demonstra que temos um longo caminho a

565 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 percorrer. Precisamos romper o pacto do silêncio que, longe de denunciar, acoberta os criminosos. Precisamos quebrar o imobilismo cultural da nossa sociedade, que acha que violentar crianças é natural. Precisamos nos indignar com essa prática e combater a conivência e a impunidade de autoridades cujo papel deveria ser o de resgatar a cidadania das crianças e adolescentes brasileiras e de possibilitar que elas tenham a chance de uma vida melhor.

O enfrentamento da exploração e abuso sexual de crianças e adolescentes necessariamente integra um processo amplo de resgate da cidadania, de construção de políticas públicas abrangentes de proteção social e de constituição e fortalecimento de redes protetoras de forma articulada e organizada.

Refletindo sobre isso e comparando os números da execução orçamentária da União no exercício de 2004, percebemos que programas de grande importância na proteção das crianças e adolescentes, como o PETI, o Brasil Jovem e o

Sentinela, tiveram desempenho financeiro que beiram o ridículo.

Venho a esta tribuna cobrar a efetiva participação do Governo Lula. Ontem, em ato solene realizado no Palácio do Planalto, foram assinados convênios de cooperação técnica, mas nos decepcionou o profundamente o fato de não ter sido apresentada uma política nacional de enfrentamento do problema, conforme noticiado pela imprensa.

Se quiser combater esse mal, o Governo Lula precisa deixar de se preocupar em garantir o superávit primário, de cumprir as determinações do FMI e de se curvar ao apetite insaciável dos banqueiros.

Se o combate à exploração das crianças e adolescentes é prioridade em nosso País, o Governo Federal de voltar os olhos, o coração, a mente, a energia e a

566 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 vontade política para aqueles que estendem as mãos num pedido de socorro, exibem sua dor e a alma destruída pela violência dos abusadores e exploradores.

Sr. Presidente, nossa responsabilidade é muito grande, maior ainda quando constatamos que, para vencer, é preciso coragem, ousadia e determinação. E é justamente o que nossas crianças e adolescentes esperam de todos nós.

Muito obrigada.

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O SR. DR. HELENO (PP-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo esta tribuna para falar de projeto surgido na cidade de Duque de Caxias, no Estado do Rio de Janeiro, há exatamente um ano.

Criado e mantido pela Prefeitura Municipal de Duque de Caxias, o Projeto

Portal do Crescimento é uma creche diferente, isso porque ela não se dedica apenas à recuperação da saúde de crianças subnutridas, mas também dos pais com problemas quanto ao pão de cada dia. É preciso que a Casa proceda a uma análise mais detalhada sobre a importância e a grandiosidade de projeto dessa envergadura.

Nascido de uma idéia do Bispo da Diocese de Duque de Caxias e de São

João de Meriti, Dom Mauro Morelli, o Prefeito José Camilo Zito dos Santos Filho não só abraçou a idéia, mas a colocou em execução por intermédio das Secretarias de

Educação, Saúde, Ação Social e Trabalho, Habitação e Cultura.

A primeira creche do Portal do Crescimento foi instalada no Bairro Amapá, no

4º Distrito de Duque de Caxias, uma das dezenas de bolsões de miséria que se acham espalhados por toda a Baixada Fluminense. O Portal do Crescimento chegou

àquele local repleto de necessidades, com o objetivo de combater a desnutrição infantil, principalmente de crianças de 0 a 5 anos de idade, fornecendo alimentação balanceada, acompanhamento pedagógico e pediátrico, assistência social e recreação, com salas de vídeo e estimuladores, melhorando o condicionamento físico e mental das crianças.

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As mães também são assistidas com doações de cestas básicas e orientações sobre higiene e formas adequadas de educar seus filhos. O resultado, como seria de se esperar, teve sucesso imediato.

Hoje, são 100 as crianças já assistidas pelo Portal do Crescimento. E a segunda versão do projeto foi inaugurada no último domingo, dia 16, no Bairro

Jardim Gramacho, no 1º Distrito de Duque de Caxias, também com os mesmos objetivos. O portal atenderá a um total de 100 crianças, selecionadas no mutirão de combate à desnutrição infantil, que fez um levantamento na comunidade acerca das crianças desnutridas ou em risco nutricional iminente.

O que mais chamou a atenção nesse trabalho, sem dúvida, foi o comovente depoimento das mães, como, por exemplo, o de Adriana da Silva Ribeiro, 28 anos e mãe de 3 filhos. Segundo ela, sua filha entrou para o Portal acanhada, totalmente subnutrida, sem gosto para nada, com medo de tudo e de todos. Hoje, ela é uma outra criança: alegre, saudável e que não mais se preocupa com a fome que ora rondava o seu casebre, uma vez que vem recebendo regularmente uma cesta básica, o que é vital para o sucesso do projeto.

Esse testemunho é uma prova inconteste de que o Portal do Crescimento é exemplo típico de projeto que deve ser seguido por outras comunidades, autoridades governamentais e, enfim, pelos que nutrem o ardente desejo de ajudar o próximo, em especial a população mais carente.

Vale destacar que a taxa de crescimento do PIB de Duque de Caxias, cidade administrada há 7 anos pelo Prefeito Zito, de 5 anos para cá, é 10,1%. Com 700 indústrias, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, é a sétima do Brasil em oferecimento de emprego.

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aproveito o tempo restante para me reportar a outro importante assunto.

Nos últimos 10 anos, os óbitos violentos no Brasil aumentaram 180%, ou seja, quase 3 vezes. Evidencia-se cada vez mais um quadro já visto antes na Colômbia, ou seja, o do crescimento do crime organizado, que pode levar à guerra civil de fato.

E, num quadro como esse, faz parte do jogo o controle das informações.

Por isso os traficantes cariocas ameaçam atirar contra jornalistas que cobrem o confronto nas ruas do Rio. Sabem que o trabalho desses profissionais abastece a polícia e a sociedade com informações úteis para o combate do crime.

Usando radiotransmissores, os bandidos incitam suas milícias a meterem bala nos repórteres. E não apenas bandidos e policiais, até os cidadãos comuns passaram a usar rádios intercomunicadores para saber se, por exemplo, é possível ir para o trabalho de carro ou se terá de esperar o fim da chuva de balas.

Ainda é bem viva a memória do caso Tim Lopes, jornalista da TV Globo assassinado há dois anos com requintes de crueldade. A Associação Brasileira de

Imprensa — ABI, em vão, pede uma resposta mais enérgica do Estado e da

Federação. Esses, porém, focados no urgente, perderam a noção do que é, de fato, importante, ou seja, a eliminação das causas sociais da violência.

Desde a demissão de Luiz Eduardo Guimarães, o Governo parece estar, literalmente, “mais perdido do que cego em tiroteio”, indo ao sabor das investigações da imprensa. No entanto, até a imprensa, olhos e ouvidos da sociedade, está sendo silenciada, deixando o carioca perdido em meio a um completo caos, um quadro de grande violência urbana.

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Os repórteres fotográficos correm riscos maiores, pois devem acompanhar os policiais no momento da ação. Além disso, muitas vezes o equipamento fotográfico é confundido com armas na praça de guerra em que o Rio, há muito tempo, vem se transformando.

Aliás, na atualidade, não podemos afirmar que haja lugar seguro no Brasil; até

Brasília, a Capital federal, antes apontada como ilha de tranqüilidade, já tida como uma das futuras cidades mais violentas do mundo. Será isso possível? Ora, o vizinho Município de Águas Lindas de Goiás já é a cidade mais violenta do Brasil.

Por causa dessa violência urbana generalizada, o Brasil recebe menos turistas do que o Uruguai. Imagens da nossa guerra civil, que matou e mata mais do que as Guerras da Bósnia e do Vietnã, correm o mundo. Certas atitudes, como a infeliz idéia de se construir muros, reais ou virtuais, em torno de condomínios, cidades ou regiões, evidenciam a falta de preparo de nossos administradores, que, em vez de verem o crime como ameaça primordialmente aos moradores da favela, vêem-no como algo que vem da favela e ameaça a classe média.

Os bairros mais pobres, com sua situação fundiária irregular, sem a presença do Estado, acabam se tornando território livre para a criminalidade. A favela da

Rocinha, Sras. e Srs. Deputados, é um típico exemplo disso. É preciso saber que a questão não se resolve com a prisão ou a morte dos criminosos; a polícia carioca matou mais de mil civis no ano passado, grande parte era gente inocente, e a maioria dos casos ainda não mereceu julgamento. É também verdade que muitos policiais morreram na mãos de bandidos — deveria ser óbvio para todos que essa matança não nos leva a lugar algum.

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Ora, não adianta culpar os policiais por sua ineficiência, violência ou corrupção. Trata-se de enorme erro político levar a polícia para os morros somente quando as balas perdidas atingem a classe média. O Estado deveria ser presença constante nas classes desfavorecidas, legalizar os lotes e levar asfalto, saneamento, bibliotecas, escolas, empregos, delegacias, em suma, cidadania às favelas.

Repito, Sr. Presidente: de nada adiantam essas incursões periódicas, como se a favela fosse um território estrangeiro inimigo. Afinal, a maioria dos brasileiros é pobre e mora em condições ruins, mas esses brasileiros, esses trabalhadores, é que mantêm cidades como o Rio de Janeiro. Afinal, é das favelas que sai boa parte dos garis, dos balconistas, das empregadas domésticas e até mesmo dos policiais.

Cumpre ao Estado, Sras. e Srs. Deputados, tornar-se presença constante nas periferias das cidades. Enquanto isso não ocorrer, o crime organizado continuará administrando a vida da maior parte dos brasileiros: os brasileiros pobres.

Agora, com a presença do Exército, estou certo de que o Estado terá maior tranqüilidade para executar os programas sociais de que há muito tempo a população mais humilde precisa. Caso contrário, a tendência é a de o fato agravar-se mais ainda mais dia a dia.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o sonho de a cidade do Rio de Janeiro sediar os Jogos Olímpicos mais uma vez foi adiado — o Rio, como os cariocas cantam, abençoado pelo Cristo

Redentor e bonito por natureza.

O jornal O Globo de hoje publica a seguinte manchete: Só a beleza não basta. Com a desclassificação, perdem a cidade do Rio de Janeiro e o País e nos entristecemos. Mais ainda por verificar que, tão logo saiu o resultado, o Governo do

Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura Municipal do Rio trocaram acusações, cada um responsabilizando o outro pela desclassificação. A atitude constitui péssimo exemplo e só distancia ainda mais o Rio da possibilidade de sediar uma Olimpíada.

É evidente que sozinho nenhum governante conseguirá obter êxito com relação a essa empreitada. É preciso capacidade de aglutinar, de formular planos e estratégias com outros setores da sociedade e, acima de tudo, de buscar entendimento. Para o Rio de Janeiro ser vitorioso, o pleito não pode ser bandeira unicamente de um Prefeito ou de um Governador de Estado. Há que haver sentimento de unidade do País inteiro.

Chama-nos a atenção que os pontos que mais contribuíram para a desclassificação do Rio de Janeiro têm reflexo no cotidiano do carioca. O item transporte de massa, que muito contribuiu a para a nossa desclassificação, tem reflexo inclusive no acelerado aumento das favelas do Rio de Janeiro. Se o cidadão mora distante, não tem acesso a transporte coletivo fácil para ir ao trabalho e dele voltar, a tendência natural é que queira morar cada vez mais perto do local de trabalho. Esse é um fator que, independentemente de futura disputa para sediar jogos olímpicos, precisamos encarar e buscar solucioná-lo.

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A outra questão diz respeito a instalações esportivas. Perdemos também nesse quesito. E isso se faz necessário inclusive quanto a outro aspecto de grande pertinência para se enfrentar a questão da violência no Rio de Janeiro.

Sem instalações para dar oportunidade de práticas esportivas à juventude, não estaremos contribuindo para no futuro ter condições de sediar as Olimpíadas.

Mas isso só será conquistado se agora, de imediato, formos dando respostas a esses problemas que têm a ver com o dia-a-dia da população do Rio de Janeiro. A desclassificação evidenciou que questões essenciais à nossa população precisam ser resolvidas, independentemente de estarmos ou não no processo de disputa para sede dos Jogos Olímpicos.

Outra questão está relacionada com a disponibilidade de vagas dos hotéis.

Evidentemente, vagas em hotéis crescerão ou não, dependendo do número de turistas que procuram tanto o Rio de Janeiro quanto outras cidades do País.

Naturalmente, a demanda irá crescer se resolvermos uma dos problemas que mais afastam o turista da cidade do Rio de Janeiro: a violência. E, para resolver o problema da violência, precisamos de instalações esportivas, precisamos de transporte coletivo de massa. Esses itens que apareceram como quesitos que receberam notas baixas, e neles fomos reprovados.

Tudo isso evidencia, Sr. Presidente, que para sediar uma Olimpíada precisamos ter uma cidade-cidadã, que tenha resolvido o problema da segurança, do transporte de massa, do acesso da população a instalações esportivas, enfim, que ofereça oportunidade a todos. Só assim teremos uma cidade que inclui sua população na vida cotidiana.

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Sr. Presidente, na condição de carioca e representante do Estado, lamento a desclassificação da cidade do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas de 2012, mas espero que esse fato não sirva de desculpa para tirarem da pauta itens tão importantes para a nossa população.

Era o que eu tinha a dizer.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Solicito a presença em plenário do ilustre Deputado Roberto Magalhães, Relator da Medida Provisória nº 179, de 2004.

Vamos dar início à Ordem do Dia.

576 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Coriolano Sales.

O SR. CORIOLANO SALES (PFL-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há certa expectativa relativamente à decisão do

COPOM quanto à taxa SELIC. Sem dúvida alguma, a saída de recursos do Tesouro para garantir remessas de dólares para o exterior causa impacto na Bolsa.

Interferirão na decisão o aumento do preço do petróleo e os problemas internacionais surgidos com o crescimento das agressões ao Iraque. Tenho a impressão de que a decisão do COPOM, mais uma vez, não será técnica, e sim política. Se fosse técnica, certamente a taxa subiria, mas o Governo tem receio.

É importante ressaltar, entretanto, que a redução da Taxa SELIC não reflete nos juros na ponta do mercado, onde se tomam os empréstimos. Em vez de diminuírem, acompanhando a SELIC, os juros nas financeiras e nos bancos subiram, mantendo-se bastante altos — cerca de 300% — para o cheque especial e para empréstimos a pessoas físicas e jurídicas. Há, pois, evidente contradição no sistema de controle dos juros pela taxa SELIC.

O Governo não pôde até agora interferir na política de juros do mercado, porque não tem força para diminuir o spread bancário. Para conseguir isso, teria de reduzir a incidência de impostos sobre empréstimos e financiamentos e também o compulsório dos bancos.

Nossa taxa de juro real já está querendo voltar a ser campeã do mundo.

Perdemos apenas para a Turquia, mas podemos ocupar novamente o primeiro lugar.

577 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Sr. Presidente, a taxa SELIC não vai resolver o problema dos juros, porque baliza apenas os grandes financiamentos, os negócios do BNDES. A taxa para os empréstimos ao consumidor é fixada pelos bancos. Estamos submetidos a uma lógica em que o que determina a taxa de juros é o spread bancário, que é formatado levando-se em consideração imposto, inadimplência, risco etc.

Portanto, eu não espero muito da decisão do COPOM, a não ser que haja aumento da taxa SELIC, que pode significar alta nos preços. Se a taxa cair 0,25 ponto percentual, ficará em 15,75%, e a taxa de juro real continuará em quase 12%:

11,30%.

Sr. Presidente, o Governo precisa é diminuir o compulsório, ainda bastante elevado, em torno de 45%, e os impostos incidentes sobre empréstimos.

Aproveito ainda a oportunidade, Sr. Presidente, para outro breve registro.

O Banco do Nordeste — BNB vai abrir seu primeiro escritório de representação fora do Brasil. Localizado em Lisboa, o escritório deverá ser inaugurado em 4 meses, com a intenção de internacionalizar o banco. No ano que vem, será instalado outro nos Estados Unidos, provavelmente em Miami.

Acredito ser uma grande relevância a iniciativa de o Banco do Nordeste expandir seus negócios, abrindo um escritório no mercado europeu, principalmente em Portugal, importante investidor no Nordeste na área do turismo. Representações como essa são importantes também para atrair investimentos estrangeiros para o

Nordeste brasileiro.

O BNB também está negociando convênios com bancos portugueses, o que vai permitir a troca de informações e facilidades na concessão de financiamentos. O empresário nordestino terá uma base de apoio em Portugal e, caso seja fechado o

578 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 acordo, por meio do Banco Português de Investimentos e do Alves Ribeiro, o investidor interessado poderá ter acesso aos créditos do Banco do Nordeste.

Nosso País deve pensar sempre em investir fora do Brasil, para poder abrir novas portas para o crescimentos dos nossos negócios.

579 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. DAVI ALCOLUMBRE (PDT-AP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, com o objetivo de reduzir em até 30% os custos com aquisição de produtos, a nova modalidade de pregão eletrônico tem tudo para dar certo e ser um grande aliado na redução de gastos e na transparência dos processos licitatórios para toda a administração pública.

O pregão eletrônico é semelhante, em todos seus processos, ao modelo convencional — com a presença dos fornecedores.

Outro benefício do novo sistema será o fortalecimento da produção local, seguindo a descentralização administrativa e a geração de renda ainda maior no

Município ou Estado em que é realizado o pregão.

Até aí, Sras. e Srs. Deputados, tudo bem, nenhum problema.

Entretanto, esta semana, para nossa surpresa e preocupação, o Banco do

Brasil realizou pregões para aquisição de lotes de telefones celulares cujos valores apresentados pelas empresas são inviáveis do ponto de vista dos custos, inclusive os operacionais e de manutenção dos serviços, sabidamente altos em relação aos convencionais.

Então, empresas como a Claro, a Vivo, a Tim, a Oi e outras apresentaram seus preços, absolutamente impraticáveis, podendo até considerar-se uma concorrência predatória. Por exemplo, a empresa Claro apresentou para a Região

Centro-Oeste um preço final de R$3,79 para os seguintes serviços: 165 minutos/mês para celular ou fixo, 30 mensagens, assinatura básica, aparelho e, se necessário, deslocamento para outros Estados. Um verdadeiro absurdo essa prática, já que esses serviços sairiam, no mínimo, por R$80,00 ao mês, segundo informações de empresas do setor. Só para se ter outra idéia, um aparelho custa, em média,

580 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

R$300,00. Os impostos, como o FISTEL, giram em torno de R$26,83 no ato da ativação de cada aparelho, mais R$13,40 por ano.

Vamos analisar outro lote, em outro Estado. A empresa Oi, ganhadora na

Região Nordeste, pelos mesmos serviços apresentou proposta de R$43,70, o que nem de longe cobre os custos reais.

Se cada um dos Srs. Parlamentares se dignar a fazer uma simples operação, verá que não há como cobrir esses preços em 12 meses, prazo estipulado pelo pregão, mesmo o contrato sendo prorrogado por 5 anos, conforme dispõe o edital.

Ora, mesmo sendo um negócio da China para o Governo, esta semana o

Departamento de Aviação Civil, em razão dos preços apresentados numa promoção pela empresa aérea Gol, suspendeu seus benefícios por considerá-los prejudiciais à concorrência entre as empresas de aviação. Que dizer da prática adotada no pregão do Banco do Brasil? Vale para o Governo mas não vale para o consumidor? Não podemos ter dois pesos e duas medidas para situações absolutamente equivalentes.

Que vamos dizer para centenas de pessoas que tentaram adquirir seus bilhetes-sonho por 50 reais e não puderam?

Fica difícil entender o que se pretende com tais situações. O Governo

Federal, por meio do Conselho Administrativo de Defesa Econômica — CADE, deve interferir, sim, não só na defesa dos interesses da administração pública, mas também do cidadão, consumidor e gerador de renda.

Diante de tal constatação, encaminharemos formalmente ao CADE e à

ANATEL o pedido de averiguação dos preços praticados nesse leilão, ao mesmo tempo em que viabilizaremos medida judicial para que os preços sejam revistos em nome da transparência e também para sejam oferecidos aos cidadãos, que

581 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 certamente agradecerão tamanha oportunidade concedida pelas empresas de telefonia móvel.

Como agente político, responsável constitucional pela fiscalização e aplicação dos recursos públicos, gostaria de obter as planilhas de custos das empresas que participaram do pregão, até para discutir a respeito dos preços hoje praticados aos consumidores brasileiros.

Muito obrigado.

582 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. CORONEL ALVES (Bloco/PL-AP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Deputado Inocêncio Oliveira, Sras. e Srs. Parlamentares, venho à tribuna para falar dos compromisso do Partido Liberal com a Nação brasileira.

Recentemente, o Partido Liberal realizou um fórum para discutir o Estado que a sociedade brasileira deseja. Para tanto, trouxe várias autoridades, entre as quais o

Vice-Presidente da República, José Alencar. As apresentações havidas nesse fórum desaguaram na emissão de documento da lavra do PL, posto à disposição da a sociedade brasileira através da mídia escrita, falada e televisada.

No documento em apreço, Sr. Presidente, está expresso o sentimento do

Partido Liberal, partido de posição — é bom que se diga — e não de oposição. O PL não é um partido que faz parte do Governo, ele é Governo e apóia as ações do

Presidente Lula. E disso estamos dando contínuas demonstrações nas votações nesta Casa, quando o Bloco PL/PSL se manifesta de forma coesa e mostra seu interesse em que este País dê certo de uma vez por todas.

No entanto, Sras. e Srs. Deputados, não podemos ficar calados diante do anseio e da angústia da sociedade em ver esta enorme Nação subjugada pela necessidade de fazer superávit primário e pela taxa de juros atualmente vigente no

País.

Queremos que o Governo Federal reveja esse ponto. É bem apropriada a reunião do COPOM, que se vai realizar hoje, para estudar o assunto e dizer à população brasileira qual a taxa de juros que queremos.

Apelo para a equipe econômica do Governo Lula — Governo para cuja eleição contribuímos por nele acreditar e que acompanhamos desde o início — no sentido de que reveja a taxa de juros praticada no País, a fim que seja suportável

583 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 pela sociedade brasileira e pelos empreendedores que querem fazer esta Nação crescer cada vez mais.

A visão econômica não deve estar voltada apenas para a taxa de juros, ela é muito mais abrangente. Queremos chamar a atenção para o fato de que se os juros continuarem como estão vamos entrar em grave crise social — diria até que já estamos entrando. Com muita preocupação digo isso, pois, diante da responsabilidade de representar o povo brasileiro, temos de ter a coragem de exigir a redução dos juros, sob pena de agravarmos a já grave crise social que está batendo às nossas portas. Só não a vê quem não quer.

O número de desempregados aumentou. Há nítida correlação entre falta de emprego e aumento da violência, do índice de criminalidade, os furtos, os roubos, as lesões corporais, os seqüestros e os homicídio.

Portanto, tudo isso é fruto desse aperto monetário, desse tal superávit primário que não deixa o País crescer, não deixa o povo sonhar em ter um emprego, não deixa o povo pagar suas dívidas. Estou me referindo à dívida do cidadão e não

à dívida do Brasil, pois esta, todos sabemos, já pagamos há muito tempo e continuamos a pagar. Lembro-me de frase de um grande Senador do Estado do

Amapá, Papaléo Paes, que se encontra presente neste plenário: “Já não temos nem mais tripas para fazer coração, porque não temos mais de onde tirar”.

Então, de uma vez por todas, a fim de que o País possa crescer, produzir e ter emprego e segurança, precisamos que os juros caiam a patamares suportáveis pela sociedade brasileira, sob pena de termos grave crise social. E isso o Bloco

PL/PSL não deseja. Queremos, sim, que o País caminhe para frente.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

584 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. DR. ROSINHA (PT-PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, passo a ler Carta pela liberdade do militante do MST Elemar do

Nascimento Cezimbra.

“Desde o dia 3 de abril passado, o militante do MST

Elemar do Nascimento Cezimbra está preso na cadeia

pública de Quedas do Iguaçu, região centro-oeste do

Paraná. Ele tem sido alvo de perseguição política,

acusado injustamente de roubo de soja da empresa

Araupel e formação de quadrilha, por fazer parte do MST.

Sua prisão preventiva foi decretada no dia 27 de

agosto de 2003, sendo que a fundamentação apresentada

pelo Juiz Leonardo Ribas Tavares, de Quedas do Iguaçu,

não está adequada em relação à legislação brasileira. O

Juiz se tornou conhecido na região por sua posição

contrária ao MST.

Militante preso

Elemar Cezimbra, de 43 anos, mora no Município

de Cantagalo, PR, com sua mulher e os 3 filhos. Portanto,

não está acampado em nenhuma das áreas da Araupel,

não estava no local no dia dos fatos e não tem qualquer

relação com o crime que está sendo investigado.

O militante faz parte do Setor de Formação e

Educação do MST. Formado em Filosofia pela Faculdade

de Filosofia e Psicologia em Viamão, RS. Professor de

585 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

História, Psicologia e Filosofia, ministra aulas nas escolas

do MST. É presidente do Partido dos Trabalhadores de

Cantagalo.

Juiz de Quedas do Iguaçu

Desde que chegou à cidade, o Juiz Tavares se

aliou aos donos da Araupel para perseguir os

trabalhadores do MST que vivem na região.

Segundo a lei, a prisão preventiva é uma medida

extrema, pois a pessoa vai presa antes de ser condenada,

por isso, para que esse tipo de prisão seja decretado,

devem existir elementos fortes contra o acusado,

observando sempre o princípio da inocência, que garante

que todos são inocentes até que se prove o contrário.

No caso do Elemar não há nenhum indício de sua

participação naqueles crimes. O próprio Delegado de

Polícia disse que ‘durante o inquérito não houve indícios

de participação de Elemar do Nascimento Cezimbra nos

fatos’, mesmo assim o Juiz prendeu o trabalhador.

Portanto, mesmo sem nenhuma prova ou elemento

jurídico contra Elemar sua prisão foi decretada de forma

totalmente injusta e em desacordo com a legislação

brasileira.

O juiz de Quedas do Iguaçu ainda cancelou o

interrogatório do trabalhador marcado para o dia 26 de

586 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

abril, alegando que não havia segurança para ouvi-lo, pois

os integrantes do MST da região tinham realizado

manifestações dias antes na frente do Fórum. Acontece

que o Juiz não reconhece o Direito de Manifestação,

garantido na Constituição Federal, considerando o mesmo

como pressão do MST. Ou seja, ninguém pode prestar

solidariedade a um trabalhador preso, que já está

pressionando o Juiz.

Com o cancelamento do interrogatório, o

trabalhador Elemar teve que aguardar por mais 9 dias

para só então ser ouvido pela primeira vez no processo”.

O juiz também negou os pedidos de transferência de domicílio eleitoral a trabalhadores sem terra acampados no Silos e na Bacia, áreas da Araupel, desrespeitando o direito de voto do cidadão. Acontece que essas áreas da Araupel já foram decretadas como locais em que devem ser feitos assentamentos. O

Ministério do Desenvolvimento Agrário já está encaminhando o processo de desapropriação.

Sr. Presidente, venho à tribuna para prestar minha solidariedade ao trabalhador Elemar do Nascimento, Presidente do Partido dos Trabalhadores em

Cantagalo. Visitando-o, soube que, após 15 dias de prisão, ainda não havia tomado banho de sol porque o juiz não permitia, desrespeitando a legislação.

A postura desse juiz é meramente de perseguição. Por isso, junto com outras entidades, assino este manifesto pela liberdade do Elemar do Nascimento.

587 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Pedimos ao Tribunal de Justiça que defira o pedido de habeas corpus, porque

Elemar tem residência fixa, trabalho, família e não foi condenado para estar na prisão. Por este País afora existem inúmeros bandidos soltos, e Elemar não é bandido.

588 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. ZICO BRONZEADO (PT-AC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, nesta tarde, farei questionamento que poucos companheiros Deputados têm feito, até porque aqueles que ousaram fazer, do próprio Governo, causaram certa confusão. Refiro-me à reeleição dos Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados.

Sr. Presidente, o Senador Renan Calheiros distribuiu nos gabinetes dos Srs.

Deputados exposição de motivos em que questiona o processo de reeleição.

Sabemos que a alternância do poder é um dos requisitos para a consolidação da democracia. Não podemos, porém, esquecer que esta Casa aprovou emenda à

Constituição que possibilitou a reeleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Esse assunto atualmente é consensual entre a maioria dos membros desta Casa, e eu também concordo com ele. Parece-me que o Senador Renan Calheiros foi um dos que aprovaram a emenda da reeleição, mas hoje questiona a possibilidade de reeleição dos Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não acho que a reeleição para ao

Presidência do Senado e a Câmara seja diferente de qualquer outra. É simplesmente uma reeleição. E hoje há reeleição para presidente de associações de bairros, presidente de sindicatos e de federações, Presidente de Câmaras de Vereadores e de

Assembléias Estaduais, de Prefeitos e de Governadores. Por que não haver reeleição para a Presidência das duas Casas do Congresso Nacional?

Na votação da emenda para reeleição do Presidente da República, lembro-me de que houve até compra de votos. Não por esta Casa, mas, segundo suspeitas, por aqueles que almejavam a reeleição do Presidente da República. Inclusive, o meu

Estado foi um dos mais prejudicados, porque Parlamentares foram flagrados e

589 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 confessaram ter recebido valores para votar a favor da emenda que possibilitava a reeleição do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Se alguns não defendem a reeleição, quer seja do Presidente do Senado

Federal, Senador José Sarney, quer seja do Presidente da Câmara dos Deputados,

Deputado João Paulo Cunha, peço-lhes que não esqueçam da batalha travada nesta Casa naquela ocasião, inclusive com a utilização de práticas ilegais, como compra de votos, fato divulgado pelos meios de comunicação de todo o Brasil, o que gerou renúncia de mandatos nesta Casa.

Há certa dúvida de alguns colegas Deputados quanto à legitimidade do processo de reeleição. Se não for feito um ajuste na Carta Maior, não será possível a reeleição.

Quero deixar registrada claramente minha posição: considero a reeleição algo natural e a vejo como parte do processo democrático, motivo por que é permitida a reeleição de Prefeitos, de Governadores e de Presidentes de Assembléias, como no meu Estado.

Com a reeleição continuaremos a contar nesta Casa com um Presidente preparado, dinâmico, como é o Deputado João Paulo Cunha.

Eram as considerações que tinha a fazer.

Sr. Presidente, gostaria que essa minha reflexão fosse divulgada pelos meios de comunicação da Casa e pelo Programa A Voz do Brasil.

590 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. REINALDO BETÃO (Bloco/PL-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, iniciamos o dia de ontem com significativa movimentação na Esplanada dos Ministérios sobre o Dia Nacional de Combate ao

Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

O evento é importantíssimo para alertar as autoridades e a sociedade em geral para problema que tem atingido o nosso País de forma dramática, ao vivo e em cores.

A data foi escolhida como Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração

Sexual Infanto-juvenil para que não fosse esquecida a história de Araceli Cabrera

Sanches. Aos 8 anos de idade, ela foi seqüestrada, drogada, espancada, estuprada e morta por membros de tradicional família capixaba. Muita gente acompanhou o desenrolar do caso desde o momento em que Araceli entrou no carro dos assassinos até o aparecimento de seu corpo, desfigurado por ácido, em uma movimentada rua da cidade de Vitória.

A violência sexual praticada em crianças e adolescentes, Sr. Presidente, é sem dúvida alguma uma covardia à pessoa humana e uma afronta às leis de Deus.

A maior incidência de abuso sexual é encontrada na própria família e a exploração sexual para fins comerciais, como a prostituição, a pornografia e o tráfico, são práticas abomináveis e criminosas, além de cruéis violações dos direitos humanos.

Portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, imploro às autoridades ligadas à área da Justiça e segurança que denunciem os abusos, acompanhem as investigações e punam com rigor os responsáveis por eles, pois as crianças e adolescentes brasileiros não podem continuar reféns da ausência do Estado e muito menos marcados por essas barbaridades.

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Sr. Presidente, quero dizer ainda que já não era sem tempo a decisão do

Governo Federal em distribuir gratuitamente remédios contra diabetes e hipertensão pelo Sistema Único de Saúde — SUS, com todos os custos financiados pela União.

No total, serão 14 medicamentos. Anteriormente, os gastos nessa área eram divididos com Estados e Municípios.

Outro alento para os usuários desses medicamentos foi o anúncio de uma notícia muito boa pelo Ministro da Saúde, Humberto Costa, de que o Governo subsidiará a venda de medicamentos para as duas doenças nas farmácias particulares. Com isso, espera-se que os preços possam ser verdadeiramente reduzidos.

Preocupa-se ainda o Governo com a questão da obesidade, problema que tem relação direta com a hipertensão e a diabete e atinge milhões de brasileiros. Em assim sendo, o Ministério da Saúde vai adotar uma política integral de atenção ao obeso e de prevenção, com estímulo às atividades físicas e orientação de dieta.

Na realidade, Sr. Presidente, muitos dos problemas aqui relatados têm a ver com a alimentação. Temos de incentivar a produção de frutas, legumes e verduras e o consumo deles pela nossa gente. Além do mais, os Governos de todas as esferas devem orientar a população no sentido de alterar hábitos alimentares atualmente existentes por meio de práticas simples e periódicas, bem como definir um consumo adequado de açúcar.

Todos os problemas têm uma origem. Nesse contexto, uma saída bastante simples é começar a trabalhar essa idéia nas merendas escolares.

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Por isso, parabenizo a decisão do Governo Federal, haja vista que doenças como hipertensão e diabete geram altos custos sociais e econômicos para o

Sistema Único de Saúde.

Faço apenas um alerta: que os medicamentos sejam oferecidos à população de forma suficiente e constante. Senão, tudo estará perdido, tanto o programa do

Governo, quanto o tratamento em si, pois outras iniciativas governamentais já foram anunciadas anteriormente, como foi o caso do Plano de Reorganização de Atenção aos Portadores de Hipertensão Arterial e Diabete, mas poucos resultados práticos foram obtidos.

Sr. Presidente, peço-lhe que autorize a divulgação de meu pronunciamento no programa A Voz do Brasil .

Obrigado.

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A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (PT-RS. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, Deputado Inocêncio Oliveira, que neste momento preside os trabalhos,

Sras. e Srs. Deputados, registro a ação que desenvolvemos ontem, dia 18 de maio, quando vários Parlamentares utilizaram a tribuna e lembraram que essa data foi escolhida pelo Congresso Nacional há 6 anos como o Dia Nacional de Combate ao

Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

O projeto de lei da Deputada Rita Camata, aprovado pela Câmara e pelo

Senado, marca anualmente esse dia em toda a sociedade brasileira, em todos os

Estados e particularmente no próprio Congresso, em Brasília.

Cabe registrar que essa data marca o estupro e o assassinato da menina

Araceli, de 8 anos de idade, no Espírito Santo, há 31 anos. A solução para o Caso

Araceli, como ficou conhecido nacionalmente, jamais veio ao conhecimento público e seus algozes não foram responsabilizados.

E agora o Brasil procura enfrentar a marca da impunidade em torno desse crime.

Para honrar a memória de crianças e adolescentes que ao longo da nossa história foram vítimas do barbarismo, da violência, e, conseqüentemente, suas famílias, que jamais tiveram o devido respeito com a responsabilização dos algozes, o Congresso Nacional estabeleceu em junho de 2003 uma Comissão Parlamentar

Mista de Inquérito a fim de, num esforço comum, enfrentar esse crime a partir de suas múltiplas causas e não apenas no grau de consciência que permite a reflexão acerca de tal fenômeno.

Temos caminhado pelo Brasil inteiro, com a Senadora Patrícia Saboya

Gomes, Presidenta da Comissão, na qualidade de Relatora, e com tantos

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Parlamentares desta Casa e do Senado que compõem hoje o núcleo de grandeza e competência em todos os partidos articulados com o enfrentamento de problemas que atingem a infância brasileira e trabalham permanentemente para que essa atuação se dê com absoluta prioridade, uma vez que está prevista na Constituição

Federal e, em particular, no Estatuto da Criança e do Adolescente. O depoimento colhido de autoridades, operadores do direito, pessoas que trabalham com crianças vítimas em instituições da sociedade civil, em organizações não-governamentais é importante para atingir nosso objetivo.

Mais importante do que nosso próprio trabalho, do que a atuação daqueles que buscam proteger as crianças, é, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o fato de ouvir meninos e meninas que nas regiões de fronteiras são traficados para outros países, ouvir os que estão à beira das estradas, onde a Polícia Rodoviária Federal, ainda bem, em conjunto com as Polícias Rodoviárias Estaduais, começa a desenvolver uma ação em que não fiscaliza apenas a carga, o motorista, a regularidade do veículo, mas a criança que está no banco do carona, na boléia do caminhão, ou seja, a situação humana.

Verificamos fotografias em sites absurdos na Internet em que bebês, crianças de fralda são expostas e manipuladas sexualmente, Deputado Dr. Pinotti, sites com origem no próprio Brasil e também em outros países. Trata-se de perversa situação em que há ausência de regras internacionais para uso ético dos novos meios de comunicação, entre eles a Internet.

Sr. Presidente, sentimo-nos honrados por estarmos, tanto nesta Casa, no

Congresso Nacional, quanto no Palácio do Planalto, trabalhando de forma viva para encarar esse crime, enfrentar a impunidade, assumir a responsabilidade dos 3

595 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Poderes pelo avanço das mudanças legislativas que deveremos implementar. O

Judiciário também deve estabelecer varas especializadas para crianças vítimas de violência.

Aproveito para dizer que estou na fase conclusiva desse relatório e que todos os dias, ao trabalharmos, escrevermos, compilarmos material, o que me vem à memória é o olhar das crianças brasileiras, que merecem de nossa parte respeito.

Muito obrigada.

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O SR. HELENO SILVA (Bloco/PL-SE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, apenas para registrar que no próximo dia 27 teremos audiência pública com o Presidente do Banco do Nordeste do Brasil —

BNB, o Ministro Ciro Gomes e o representante do Ministério da Fazenda para tratar das dívidas dos pequenos produtores rurais.

Aproveitando a presença da CONTAG em Brasília, realizamos o Seminário da

Agricultura Familiar e falamos do empenho desta Casa e da Comissão de

Agricultura para que a lei autorizando a renegociação das dívidas dos produtores rurais — que votamos — seja cumprida na íntegra e que todos os pequenos produtores rurais inadimplentes do Brasil tenham a condição, segundo essa lei, de renegociar suas dívidas, tornando-se adimplentes.

597 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Esta Presidência tem o prazer de anunciar a presença, nas galerias, dos alunos da Escola Classe nº 33, do Setor O, da Ceilândia, coordenadas pelas Profas. Maricélia, Arlinda e Aparecida.

Recebam os cumprimentos da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados e de todos os que fazem o Poder Legislativo de nosso País.

598 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. DR. HELENO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DR. HELENO (PP-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, apresento projeto de lei que dispõe sobre a obrigatoriedade dos hospitais públicos, bem como de todos os demais estabelecimentos de atenção à saúde, de apresentar de certidão de nascimento dos recém-nascidos, quando da alta da gestante, e dá outras providências.

Obrigado, Sr. Presidente.

599 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Sr.

Deputado Armando Monteiro.

O SR. ARMANDO MONTEIRO (PTB-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, como é do conhecimento desta Casa, a reforma trabalhista é uma das prioridades inseridas pelo Governo Federal na chamada agenda político-parlamentar do País para este ano. Na condição de Parlamentar do

Partido Trabalhista Brasileiro e Presidente da Confederação Nacional da Indústria, sinto-me duplamente envolvido com a causa.

Não há dúvida de que a questão trabalhista — que não se esgota, nem se resolve apenas com mudanças na legislação — é um dos componentes mais importantes no chamado Custo Brasil, além de carro-chefe em qualquer empreendimento, governamental ou privado, que vise à efetiva retomada do crescimento, à redução do desemprego e à inclusão social. Sabemos, hoje, que os interesses do capital e do trabalho não são excludentes ou estanques, nem se resolvem unilateralmente.

Se há conflitos, há também consensos. E o bom senso recomenda que as partes se entendam, encontrem pontos de convergência, conciliem interesses. Nada há de utópico nisso, e tem sido mesmo uma tendência das mais benéficas nas relações contemporâneas entre capital e trabalho.

Só assim é possível estabelecer bases consistentes e duradouras para que o

País ingresse novamente em um ciclo de estabilidade e prosperidade.

Se fosse possível criar empregos por meio de artifícios legais, o desemprego não seria a praga que é em todo o mundo. Não ignoro que há necessidade de

600 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 modernizar a legislação. E a CNI sempre defendeu essa iniciativa, por considerar que a que está em vigor — a CLT — remonta a 1943 e está amplamente defasada.

De lá para cá, vão-se 61 anos. O mundo passou por transformações profundas, sobretudo o mundo do trabalho, impactado por mudanças tecnológicas, estruturais, sem falar no fenômeno recente da globalização, que impuseram novos paradigmas que não podem ser ignorados. A fonte do direito do trabalho em todo o mundo, hoje, não é apenas a lei, mas também o contrato, a via negocial, a pactuação direta entre os atores dessa relação — empregadores e empregados.

Não pretendo, neste pronunciamento, esgotar o assunto, que é amplo e complexo. Por isso, optei por uma abordagem pontual, aprofundando um aspecto vital dessa questão trabalhista, que é a redução da jornada de trabalho. É dela que quero hoje aqui tratar, trazendo à reflexão desta Casa alguns dados importantes.

Como se sabe, as centrais sindicais brasileiras reivindicam há anos a redução da jornada de trabalho, de 44 para 40 horas semanais, sem redução de salário e com fortes restrições ao uso de horas extras. Mais: querem que essa mudança se dê por via de mudança na legislação constitucional. Essa questão surgiu durante a

Plenária de Representantes do Fórum Nacional do Trabalho e constará do Fórum propriamente dito, a ocorrer este mês.

Antes de entrar no exame do mérito da questão — a redução da jornada de trabalho —, quero ater-me a um aspecto, que considero um equívoco nessa discussão: a pretensão de obtê-la por meio de mudanças na legislação, sobretudo a constitucional.

Em muitos países, a jornada de trabalho vem sendo reduzida. Em nenhum, porém, por via de emenda à Constituição, como alguns pretendem que ocorra aqui.

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E por um motivo muito simples: a Constituição engessaria o debate por longos anos, o que seria um tiro pela culatra.

Na eventualidade de a redução da jornada não gerar o efeito pretendido — o aumento do número de empregos —, a reversão seria extremamente difícil, pois dependeria de outra emenda constitucional para restabelecer o status quo anterior.

E sabemos que isso não se obtém com facilidade.

Se se apelasse para mudanças na legislação ordinária, o efeito seria na essência o mesmo, pois forçaria a adoção da medida indistintamente a todo o universo das empresas (megas, grandes, médias, pequenas e microempresas), e nos mais variados setores — agricultura, indústria, comércio, transporte e finanças.

São situações distintas, com problemáticas próprias, que exigem soluções específicas. Seria temerário impor uma mesma medida simultaneamente para uma multinacional e uma microempresa. São estruturas diferentes, metabolismos com níveis distintos de resistência.

Tenho dito isso nas conversas que tenho com lideranças das centrais sindicais. Tenho por elas respeito e consideração, mas penso que estão equivocada quanto a esse assunto.

E aqui cito uma advertência de Rui Barbosa, que considero sob medida para a correta avaliação desse assunto. Dizia ele: “Tratar com desigualdade a iguais ou a desiguais com igualdade seria desigualdade flagrante e não igualdade real”. E é isso que a tentativa de impor por via legal a redução da jornada de trabalho implica: tratar a desiguais de maneira igual, aprofundando a desigualdade.

602 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Somos favoráveis à redução da jornada de trabalho, desde que estabelecida por via da negociação entre as partes. A redução compulsória da jornada de trabalho impactará mais profundamente as pequenas e microempresas.

Nelas, o fator mão-de-obra tem significativa participação na composição de custos — e elas têm menor capacidade de absorção de custos adicionais e reduzida flexibilidade financeira.

Historicamente, não há um só caso que comprove a eficiência da redução da jornada de trabalho na geração de empregos por via de imposição legal. Mas, inversamente, há referências múltiplas de êxito quando a redução da jornada é adotada pela via da negociação, com ou sem redução de salários.

A França é um caso raro de redução de jornada do trabalho por via legal. Em duas oportunidades — em 1982 e em 1997 (com implementação em 2001) —, apelou a França para o expediente legiferante, com o objetivo de aumentar o número de empregos. Na primeira oportunidade, em 1982, reduziu a jornada semanal para 39 horas. Na segunda oportunidade, para 35 horas semanais. Não deu certo. O país não só não gerou novos empregos, como viu o desemprego aumentar. Pior: aumentou também o estresse entre os trabalhadores remanescentes, obrigados a manter o padrão produtivo anterior, com número bem mais reduzido de mão-de-obra.

As empresas em sua maioria safaram-se dos rigores da lei investindo no aumento da produtividade — e não, como esperavam os legisladores, no aumento da contratação de pessoal. Cuidaram de manter estável o custo unitário do trabalho.

Cada qual se safa como pode, quando se opta por soluções unilaterais. Essa é uma lei não escrita, mas implacável. Por que razão aqui seria diferente?

603 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

A lógica da sobrevivência prevaleceria da mesma forma. Por isso, a esmagadora maioria dos países reduz jornada de trabalho pela via da negociação, setor a setor, empresa por empresa.

Tomemos aqui o caso da Alemanha. Em abril de 1995, o setor gráfico assinou contrato coletivo que contemplava jornada de apenas 35 horas por semana, sem redução de salários. Em outubro do mesmo ano, o setor metal-mecânico fez o mesmo, enquanto, um mês antes, a fábrica-sede da Volkswagen, em Woslburg, negociava uma jornada de apenas 28,5 horas semanais, com 10% de redução de salários.

Cada caso é um caso.

Pela via da negociação, a jornada encolhe ou se expande de acordo com as necessidades. Na mesma Alemanha, no final dos anos 90, a Daimler-Benz e a Dasa

(que constrói o Airbus 319 e 321) negociaram o aumento da jornada semanal de trabalho, retornando de 35 para 40 horas. Inverteu-se aí a mão: em vez de redução, aumento da jornada. Foi um caso específico.

Na Itália, nos setores sujeitos a sazonalidade — alimentos, hotéis, turismo etc. —, foram negociadas jornadas de 48 horas semanais nas épocas de pico e de

32 horas semanais nas épocas de baixa.

Na Holanda, o setor bancário reduziu a jornada de 38 para 36 horas por semana, mas incluiu o trabalho aos sábados. O comércio fez o mesmo. Em muitos países, negocia-se a jornada anualizada. É uma tendência moderna.

A jornada anualizada permite ajustes ao longo do ano. Em épocas de pico de produção, trabalha-se mais. Em épocas de baixa, trabalha-se menos. Mesmo assim, em alguns casos, há reduções parciais dos salários.

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Cada caso, como já disse, é um caso — e as negociações obedecem às especificidades, o que não ocorre quando a imposição se dá por meio de lei. A tendência moderna é de manter a jornada legal e reduzir a jornada contratada, por meio de negociação. Se houver necessidade, pode-se também aumentá-la.

Segundo dados recentes, publicados na revista The Economist, edição de 13 de março passado, os países desenvolvidos aumentaram de forma considerável o número de horas efetivamente trabalhadas, entre 1995 e 2003. A Espanha, por exemplo, teve acréscimo de quase 4%; a Irlanda, de 3%; o Canadá, de 2%;

Holanda, Austrália e Nova Zelândia, de 1,8%; os Estados Unidos, de 1,5%.

A jornada legal tem se mantido estável. Na Europa, onde já foram feitas muitas negociações para reduzir jornada contratada, são poucos os países que possuem na sua legislação jornadas de trabalho semanal menores que as 44 horas vigentes no Brasil.

Na União Européia, por exemplo, por força de convenção internacional, a jornada semanal legal é de 48 horas. Mas a jornada média contratada em 1999 foi de 38,6 horas — 20% a menos que a jornada legal. Na Alemanha e Itália, igualmente, a jornada legal é de 48 horas, mas as contratadas, em 1999, foram em média, respectivamente, 37,4 horas e 38 horas. Na Áustria, os valores são de 40 horas para a legal e de 38,5 para a contratada, Na Irlanda, 48 horas na lei e 39 horas a jornada contratada. E assim por diante.

O Brasil tem praticado, em alguma medida, a negociação para reduzir jornada de trabalho — tanto no âmbito das empresas, como setorialmente. É o aprofundamento dessa via que defendo. É a única saída para tornar a redução da jornada de trabalho fator efetivo de geração de empregos.

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Uma imposição constitucional — ou mesmo por via de legislação infraconstitucional —, repito, engessará a vida de todas as empresas, de todos os setores. E aí cada qual buscará sua estratégia de sobrevivência, o que não será positivo do ponto de vista do aumento do número de empregos.

As empresas que não conseguirem elevar a produtividade do trabalho perderão competitividade e destruirão empregos. As que conseguirem elevar a produtividade manterão a competitividade, mas não abrirão novas vagas. Qual o sentido de insistir nessa via, diante de tantas evidências de que não funciona? É como um remédio cujos efeitos colaterais são de tal forma danosos que anulam o pretendido efeito curativo — e, inversamente, acaba matando o paciente.

Uma estratégia de segunda classe seria a da redução da jornada pela via da negociação por setor, que também não funciona satisfatoriamente. A melhor alternativa, sem dúvida, é a da negociação ao nível das empresas.

Ruim, como já disse, é pretendê-la por meio de lei ordinária. Pior ainda — péssimo mesmo — por meio de emenda à Constituição. E, lamentavelmente, é o que pedem as centrais sindicais brasileiras. Meu conselho — mais que conselho, apelo — é: mirem-se no exemplo internacional.

Há outro problema nesse contexto que precisa igualmente ser examinado.

Decorre da mistura do trabalho em tempo integral com o trabalho em tempo parcial.

Nos países onde não há essa separação, e nos quais o tempo parcial é elevado — caso da Europa —, a extensão da jornada semanal tende a ser reduzida. Mas é um efeito estatístico provocado pelas jornadas de tempo parcial.

Quando se faz a separação dos vários tipos de jornadas, o número de horas trabalhadas pelas pessoas em regime de tempo integral sobe. Na União Européia,

606 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 por exemplo, a jornada semanal média contratada salta de 38,6 para 40,5 horas. Na

Áustria, Irlanda e Suécia, elas passam de 38,5, 39 e 40 para 40,1 horas — nos três casos.

Há ainda mais detalhes a serem observados. Na Europa, como o tema é objeto de negociação, as diferenças de jornadas entre setores — e dentro de cada país — são expressivas. No setor metalúrgico da Alemanha, por exemplo, a jornada semanal contratada, em 1999, foi de apenas 35 horas, enquanto na Suécia, Portugal e Itália foi de 40 horas. Se descermos ao nível de empresas, há vários casos na

Alemanha em que se negociaram menos de 35 horas por semana.

O que se depreende de tudo isso é que a jornada legal é um mero marco de orientação. E tende a ficar estável por muito tempo. Nesses casos, a jornada de trabalho é reduzida ou ampliada por meio de negociação coletiva, o que tem permitido os ajustes de custo, do lado da empresa, e o aumento de emprego, do lado dos trabalhadores.

No caso do Brasil, são inúmeras as empresas que, por negociação, já trabalham com jornadas reduzidas. Em tempo de crise, a redução da jornada entre nós foi acompanhada de redução de salários. Não houve outro jeito. Uma redução de jornada, num momento como este, sem a contrapartida de redução também de salários — e ainda mais acompanhada de uma restrição de hora extra, via emenda à

Constituição —, como querem as centrais sindicais, traria graves problemas para as empresas. E não há hipótese de os trabalhadores serem beneficiados se as empresas não estiverem bem, se forem levadas à falência.

Nas circunstâncias atuais, a pretendida redução de jornada de 44 para 40 horas semanais, sem a respectiva redução de salário, aumentará o salário-hora em

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10%. É importante lembrar que isso terá forte impacto nos encargos sociais, que, como se sabe, chegam a 103,46% do salário nominal.

Esse cálculo é baseado em uma jornada efetivamente trabalhada de 44 horas semanais, que entra no denominador da equação do referido cálculo. Ora, diminuindo-se o denominador para 40 horas e mantendo-se o numerador (salário) inalterado, o custo final será substancialmente superior ao atual.

Além desse fator adverso, se a redução vier a se dar pela via constitucional, que garantia há de que as empresas vão contratar os 10% adicionais de trabalhadores? Muitas, ao contrário, intensificarão ainda mais a modernização tecnológica, com vistas a elevar a produtividade. As que eventualmente estiverem dispostas a contratar terão de contar com trabalhadores adequadamente qualificados para as tarefas que realizam — o que nem sempre está disponível.

Daí a importância da negociação para a redução da jornada semanal de trabalho — e redução, como já disse, no âmbito das empresas, e não por setor.

Cada empresa fará seus próprios cálculos e examinará as condições de oferta de mão-de-obra. Havendo condições favoráveis, pode-se reduzir a jornada de trabalho, com ou sem redução de salários. Se não houver condições, aguarda-se outra oportunidade.

Desnecessário dizer que o Governo Federal tem influência decisiva na criação do ambiente propício para as negociações trabalhistas. O que me tranqüiliza

é que o Governo tem sustentado que qualquer mudança na legislação trabalhista e na estrutura sindical deve ser fruto de entendimento ou de consenso entre as partes envolvidas.

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Por essa razão, criou-se o Fórum Nacional do Trabalho, espaço de diálogo e negociação, que deve amadurecer e processar essas discussões da reforma trabalhista — discussões como essa, da redução da jornada a partir do entendimento entre as partes.

Acreditamos que o sindicalismo brasileiro está maduro para esses desafios. E o que esperamos do Governo — sobretudo deste Governo, que tem em seu comando o Presidente Lula, liderança forjada nas lides sindicais — é que estimule essa via de solução, democrática e eficaz, que concilia os interesses do capital e do trabalho e reduz substancialmente o drama do desemprego.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. NILSON PINTO (PSDB-PA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o dia de ontem foi marcado pela realização de um conjunto de mobilizações e manifestações, em todo o Brasil, relativas ao Dia

Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Graves denúncias sobre o assunto, amparadas em preocupantes estatísticas, foram apresentadas e discutidas, em todo o território nacional. Uma vez mais a sociedade civil se reuniu para cobrar a adoção de medidas capazes de por fim à impunidade que, infelizmente, ainda é a regra geral quando se trata desse tipo de crime.

As estatísticas mostram que esses crimes ocorrem principalmente nas estradas, nas fronteiras e dentro das casas das famílias brasileiras. São mais de 12 mil quilômetros de malha rodoviária que servem ao crime e levam a 7 mil quilômetros de fronteiras, utilizadas como rota para a prostituição e o tráfico de menores.

Mais 6 mil denúncias de casos de abusos foram registrados em apenas um ano. Estimativas confiáveis garantem que, para cada um desses casos oficialmente registrados, outros dez deixaram de ser notificados. Vítimas e testemunhas deixam de registrar as ocorrências por medo, para evitar constrangimentos e, principalmente, pela percepção de que os culpados não serão punidos.

E essa percepção é absolutamente justificada, Sr. Presidente. Uma pesquisa divulgada pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à

Adolescência (ABRAPIA) revela que apenas 10% dos casos denunciados resultam em processo instaurado e apenas 5% resultam na punição efetiva dos culpados, através da reclusão.

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Há 3 meses o Congresso Nacional vem investigando o assunto, através da

CPMI da Exploração Sexual, e apresentando ao Governo Federal os resultados de seus trabalhos, no sentido de auxiliar o combate à prática desses crimes. Mas, infelizmente, pouco tem sido feito para apurar tais denúncias e punir os responsáveis.

Medidas urgentes são necessárias para reverter esse quadro, entre as quais a aprovação de leis mais rigorosas que garantam a retirada do convívio social daqueles criminosos que atentam contra a integridade física e psicológica de nossas crianças e adolescentes.

Há, hoje, um forte consenso entre todos os que vêm debatendo a questão da necessidade de se alterar nosso Código Penal, para dar tratamento mais adequado aos crimes sexuais. No caso, porém, em que a ofensa atinge crianças e adolescentes, entendo que a medida deva ser mais drástica, e o assunto, a exemplo do que aconteceu com o crime de racismo, deva ser tratado já no plano constitucional.

Por isso, ontem, apresentei a esta Casa uma proposta de emenda constitucional que altera o inciso XLII do art. 5º da Constituição Federal e inclui a exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes entre os crimes inafiançáveis e imprescritíveis. Creio ser essa uma medida eficaz para acabar com a impunidade e inibir tal prática criminosa que indigna o País.

Quero registrar meu agradecimento aos colegas Parlamentares que apoiaram a iniciativa, subscrevendo a proposta e permitindo que fosse alcançado o número regimental de assinaturas necessárias para que a proposição possa ser avaliada pelo Legislativo.

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Portanto, peço o apoio de todos os Deputados para a aprovação desta proposta de emenda constitucional, registrada na Mesa da Câmara como PEC nº

276/04. Essa é uma tarefa que se impõe a todos os Parlamentares que trabalham na construção de um país em que as próximas gerações possam ter oportunidade de exercer a cidadania sem a exposição à violência que hoje ainda deixa um trágico rastro em nossa história.

Muito obrigado.

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O SR. CEZAR SCHIRMER (PMDB-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de chamar a atenção para um exemplo que provém da força transformadora que brota do coração e da alma desenvolvimentista da gente do interior, do trabalho de brasileiros que sonham e buscam a oportunidade de uma vida melhor.

Falar do aniversário de emancipação político-administrativa de um Município

é sempre um motivo de júbilo e regozijo aos conterrâneos da terra natal. O aniversário de uma cidade como Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que chegou aos seus 146 anos, no último dia 17 de maio, trouxe-me à mente e ao coração alguns significados ainda maiores que, além de compartilhar neste plenário, me levam a conclamar aos ilustres pares para que se somem às causas que mobilizam a vontade vibrante de uma comunidade com 254 mil 640 habitantes.

Polarizando ansiedades de uma região deprimida como a metade sul gaúcha que, ao longo dos últimos anos, tem sido relegada ao subdesenvolvimento devido à centralização de um poder que não consegue praticar a eqüidade e a justiça social desejadas, bem como a práticas políticas conservadoras ou tímidas, que ainda não conseguiram ultrapassar um horizonte de modernidade à altura do potencial criativo, de solidez e qualidade produzido, entre outros, cito apenas o caso da primeira universidade federal, pública e gratuita. Foi construída há 40 anos fora do território das capitais do País, numa iniciativa visionária e de um arrojo ainda sem precedentes, sob a então inspiração de José Mariano da Rocha Filho, e aprovada graças ao mesmo ímpeto desbravador de crença no futuro, à época, pelo Presidente

Juscelino Kubitschek de Oliveira. Definitivamente, aquele era outro tempo.

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Se compararmos aquele tempo com o presente, que está sendo escrito nas páginas diárias dos jornais, observaremos com clareza que este é um tempo, uma

época, uma fase histórica triste e dramática que estamos vivendo e que se caracteriza pela relutância e a protelação, pela hesitação e a tergiversação, pelo contingenciamento e a submissão, por questionamentos que se antepõem a incertezas. E isso tudo devido à natureza centralizadora de um governo que freia a senda poderosa, que tolhe o espírito multiplicador e empreendedor, que subjuga o entusiasmo imensurável capaz de ser gerado pela sinergia das comunidades em ação coletiva, em busca da realização dos seus sonhos e, assim, promoverem o almejado desenvolvimento regional.

A prova incontestável de que a expansão descentralizada de investimento público, em regiões estratégicas e interiorizadas do País, proporcione um desenvolvimento autônomo, progressivo e veloz, mostra-se com toda relevância e segurança no exemplo da instalação de uma universidade federal no coração do Rio

Grande do Sul, na minha cidade natal, Santa Maria. Hoje, a história mostra que aquele foi um tempo de coragem; uma coragem com determinação pautada num compromisso desenvolvimentista, com olhos voltados para o futuro, capaz de promover transformações sociais relevantes ao invés do desencontrado tempo presente de intenções superficiais e inconsistentes do Governo da República.

A cidade que recebeu a primeira universidade pública e gratuita no interior do

País está hoje, com seus 146 anos, em meio a uma encruzilhada, buscando trilhar seu caminho de futuro com a implantação de investimentos públicos essenciais para seu desenvolvimento, que vão desde hospitais às estradas, passando pela busca de valorização do contingente de servidores militares e civis à ampliação da pesquisa

614 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 acadêmica e da tecnologia de ponta, até a modernização da agropecuária, bem como o estímulo ao turismo como atração econômica regional.

São tantas, claras e desafiadoras as possibilidades que deveriam merecer, numa espécie de visão futurista, uma aposta de confiança na capacidade operosa de um povo trabalhador e progressista, que tem contribuído na prática, além de emprestado o talento generoso de seus filhos, ao desenvolvimento do Brasil.

Este é o significado relevante do aniversário de Santa Maria, o vigoroso exemplo de capacidade construtiva de trabalho da nossa gente.

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O SR. NELSON BORNIER (PMDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a solução do problema habitacional brasileiro vai aos poucos adquirindo contornos que levam a classe trabalhadora a um certo otimismo, na medida em que aumenta a possibilidade de possuir sua casa própria.

Sabemos que existem certas prerrogativas fundamentais para o ser humano: o direito à saúde, à educação, ao trabalho e, finalmente, à casa própria. Todos nos esforçamos por um teto sob o qual viver com decência, lutando para criar a família na convicção de que nos espera um futuro melhor, economicamente mais próspero e socialmente mais digno. Lamentável, no Brasil, esse direito de todos foi se transformando em privilégio de poucos, já que a aquisição da casa própria era um sonho cada vez mais distante. Inúmeras vezes, cobramos das autoridades solução para o problema, que sufoca, em especial, os trabalhadores que ganham menos.

Hoje, voltamos a ter a esperança de que se tomem as providências devidas à legião de brasileiros que não têm onde morar.

A partir de esforços respaldados pelo programa do Governo que oferecerá financiamento para casa própria a servidores federais, ativos, inativos e pensionistas que recebem até 1.300 reais, estes sairão um pouco da espera pela ação dos

órgãos governamentais, que nunca conseguiram atender efetivamente aos que necessitam.

O problema da casa própria, acreditamos, nunca se resolverá com medidas improvisadas nem com atitudes circunstanciais. Temos de conceber uma política sólida e bem fundamentada que deixe, realmente, a casa própria ao alcance do povo, do homem comum, da gigantesca classe média em que se firmou a sociedade

616 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 brasileira, de onde procede “a voz rouca das ruas”, a que também se dá o nome de opinião pública.

Afinal, a Caixa Econômica Federal é uma instituição destinada a atender às populações de baixa renda, direcionar, como de fato o fez, a maioria dos seus programas para financiar incorporações e outros empreendimentos que atendiam suas verdadeiras finalidades.

Em boa hora, Sr. Presidente, as autoridades do Governo decidiram unir-se em torno de objetivos comuns, principalmente no que se relaciona à questão habitacional, criando essa linha de financiamento para os servidores federais, que tenho certeza chegará a auspicioso resultado, possibilitando a edificação de sonhos de milhares de pessoas.

Além de tudo isso, Sr. Presidente, não podemos continuar com a burocracia dos sistemas financeiros de habitação, que só servem para emperrar as iniciativas dos trabalhadores. Primeiro, os juros altos, a carência de poupança nunca conseguida, entre outras exigências, transformavam em pesadelo o sonho da casa própria. Quando o financiamento era obtido, o mutuário nunca conseguia quitá-lo totalmente, em face da exigência do sistema que passou a refinanciar o saldo devedor atribuído à desvalorização da moeda.

As favelas não podem continuar se proliferando nos grandes centros urbanos, quando até proprietários inescrupulosos chegam a fomentar essas ocupações, visando com isso uma desapropriação que lhe renda altos dividendos.

Tudo isso demonstra, Sr. Presidente, que quando o povo quer consegue alcançar seus objetivos, através da união de esforços e da boa gestão dos seus interesses maiores.

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Ao Governo cumpre demonstrar vontade política para resolver, com programas bem concebidos e executados com rigor, o problema da casa própria. É satisfação que se deve a muitas famílias brasileiras, que vêem nos imóveis não um investimento financeiro, mas o teto seguro e confortável a que todo ser humano tem direito.

Era o que tinha dizer.

Durante o discurso do Sr. Nelson Bornier, o Sr.

Inocêncio Oliveira, 1º Vice-Presidente, deixa a cadeira da

presidência, que é ocupada pelo Sr. Takayama, § 2º do

art. 18 do Regimento Interno.

618 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Takayama) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Inocêncio Oliveira.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em reportagem do Diário de Pernambuco, do

Recife, no caderno de economia, edição do dia 9 de maio de 2004, verificamos dados do Ministério do Trabalho que denotam o baixo impacto do Programa Primeiro

Emprego, lançado pelo Governo Federal em junho do ano passado: 45% dos desempregados do País estão concentrados na faixa entre 16 e 24 anos; dos 765 mil empresários convidados a participar do Programa por meio de carta do

Ministério, apenas 2,2 mil aderiram; até o final de abril, contabilizavam-se apenas

707 jovens contratados por intermédio do Primeiro Emprego; e, dos 189,1 milhões de reais destinados ao Programa, menos de 82 mil haviam sido gastos até 8 de abril de 2004, sendo que, com a maior parte do dinheiro, foram pagas despesas com o lançamento do Primeiro Emprego em 140 cidades do interior.

A juventude, que figura como o futuro do Brasil, vem sendo deploravelmente identificada como um problema. Diariamente deparamos com a emigração internacional ou a violência da prostituição, do crime e do tráfico de drogas. Isso devido à falta da perspectiva de trabalho e renda decente num país que não sabe o que é crescimento econômico sustentado e convive com a regressão social.

Segundo o IBGE, a cada 2 desempregados no Brasil, 1 tem menos de 25 anos de idade, indicando ainda a existência de mais de 4 milhões de jovens que declaram não estudar, não trabalhar e não procurar trabalho. O que se pode esperar de um país como este? A existência desses problemas é extremamente preocupante. A juventude constitui potencial para o Brasil fazer um futuro melhor.

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Para a maioria dos especialistas, a solução seria o incremento de taxas de crescimento econômico sustentado superior a 5%, uma boa educação e a eficiência da legislação trabalhista e tributária.

Há um estudo ainda que indica a regulamentação do mercado de trabalho como fator preponderante causador da informalidade e do desemprego. O Brasil é o campeão mundial de regulamentação do trabalho, entre os 85 países pesquisados.

Segundo estimativas do estudo, se reduzíssemos o índice a patamares similares ao da Austrália ou da Dinamarca, a proporção de trabalhadores informais cairia em 20 pontos percentuais (de 50% para 30%), a taxa de desemprego diminuiria 4 pontos

(de 12% para 8%) e o desemprego de jovens do sexo masculino, 9 pontos percentuais (17% para 8%). Entende-se, então, que os efeitos são bastante significativos, podendo inibir a entrada dos jovens no mercado de trabalho e gerar mais desemprego aos trabalhadores ativos.

O consenso é que a geração de empregos depende de investimentos e políticas setoriais de emprego bem arrojadas, suficientes para que o mercado de trabalho absorva os jovens e mantenha os trabalhadores de meia idade e mais velhos.

Os jornais anunciam mudanças no Programa Nacional de Estímulo ao

Primeiro Emprego para os Jovens — PNPE, tais como maior subsídio às empresas que contratarem jovens entre 16 e 24 anos, reformulação das regras de participação das empresas e ampliação do universo de jovens a serem atendidos, como se tivesse encontrado a fórmula mágica para acabar com o desemprego.

É possível obter resultados consideráveis visando o pleno emprego. Não bastam programas que atendem a um número insignificante de pessoas ou até

620 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 mesmo, isoladamente, a retomada do crescimento a taxas acima de 5% ao ano.

Urge a criação de mecanismos que atuem onde emergem os problemas da juventude, refiro-me à infância e à exclusão social. Assim, deve-se combater a mortalidade infantil e a juvenil, investir na educação infantil e na juvenil, atacar a violência infantil e a juvenil. Em suma, é necessário que se permita o acesso de todos a educação, saúde, moradia, alimentação, para formar um cidadão em condições de ingressar no mercado de trabalho.

Muito obrigado.

621 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. MOACIR MICHELETTO (PMDB-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Empresa Paranaense de Assistência

Técnica e Extensão Rural do meu Estado, o Paraná, está completando 48 anos. Já se chamou ETA-Projeto 15. Também foi ACARPA e hoje é EMATER. As mudanças de nomes e de razão social, ocorridas ao longo de sua história, não foram capazes, no entanto, de ofuscar ou reduzir a importância e o significado que essa empresa, vinculada à Secretaria da Agricultura e ao Governo do Paraná, tem para o homem do campo. Seu período de vida coincide, não por acaso, com as quase 5 décadas em que ocorreu uma verdadeira explosão na agricultura paranaense, transformando- a num modelo para o País e para o mundo.

Foi com a EMATER que se consolidou no Estado o movimento cooperativista, por intermédio do fomento, organização e assessoramento a dezenas de cooperativas que hoje alavancam o desenvolvimento do nosso meio rural. Também foi através da EMATER que o Estado viu expandir o associativismo, por meio do assessoramento à formação de centenas de associações de todos os tipos e finalidades, formais e informais, que hoje dão respaldo à atividade agrícola e viabilizam nossa agricultura.

Na crise do café, foi a então ACARPA que, dentro do Programa Corredores de Exportação, fomentou a expansão de explorações importantes, como a soja, o milho, o trigo, o feijão, o arroz, a pecuária leiteira, o sorgo, o algodão, a pecuária de corte e dezenas de explorações alternativas, como a fruticultura, a olericultura, a sericicultura, entre tantas outras que hoje são a base de nossa economia.

No momento em que a expansão de nossa agropecuária começava a representar uma ameaça ao meio ambiente, soube a EMATER coordenar os

622 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 esforços de todo o meio rural em programas como o PROICS, que se transformou, mais tarde, no gigantesco trabalho de microbacias hidrográficas, que mudou a face do Estado, com cerca de 7 milhões de hectares conservados, assegurando a auto-sustentabilidade da atividade agrícola e a existência de um Paraná viável para as gerações futuras, onde se poderá produzir e viver em harmonia com a natureza.

Ao longo de sua existência, a EMATER teve a responsabilidade de executar todo o tipo de ações de interesse dos agricultores e suas famílias, sempre atuando em conjunto com as lideranças, articulando e mobilizando as instituições ligadas ao setor. Foram ações ligadas ao aumento de produção, produtividade e renda das propriedades; foram ações na área de bem-estar social, no campo da nutrição, da saúde, da educação e da cidadania; foram ações de impacto, como o uso correto de agrotóxicos, a redução de perdas na colheita, o trabalho em conservação dos solos, em manejo de pragas, em reflorestamento, em matas ciliares, no fomento ao uso correto do crédito agrícola e em dezenas de programas de âmbito federal, estadual e regionais, como o PROVÁRZEAS, o PRODOPAR, o PRONOROESTE, o

Pró-Litoral, o Pró-Ribeira, o Pró-Rural, o Paraná Rural e, mais recentemente, o

PRONAF, o Paraná 12 Meses e o Biodiversidade. Estes últimos vêm garantindo recursos para custeio e investimento da atividade agrícola, conservação e recuperação do meio ambiente e manutenção da assistência ao homem do campo.

Foram e são programas que contribuíram em muito para viabilizar milhares e milhares de famílias, mantendo-as no processo produtivo, em condições de competitividade e contribuindo para evitar a busca, em massa, dos grandes centros urbanos, onde cada família custa à sociedade, segundo dados da FAO, pelo menos cinco vezes mais que em seu local de origem. São, enfim, programas como O Leite

623 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 das Crianças, mantido pelo Governo do Estado, cujo alcance social e econômico é desnecessário ressaltar.

E todo esse trabalho da Extensão é feito em silêncio, sem alarde, com a modéstia própria daqueles que aprendem, no convívio com o homem do campo, a trabalhar sem esperar reconhecimento. São cerca de 900 extensionistas, atuando em todos os 399 Municípios do Estado, percorrendo todas as estradas e os caminhos do interior, onde quer que se precise da orientação de um técnico.

É fundamental o trabalho da EMATER, embora o grande enfoque social, de efeito incomensurável, também tenha muito de quantificável. Prova disso é que, somente no último ano, a empresa atendeu nada menos que 180.900 produtores rurais, dos quais 93,6% são agricultores familiares, pescadores artesanais e trabalhadores rurais, evidenciando assim o comprometimento da Extensão oficial com as diretrizes federais e estaduais, que dão total prioridade a esses públicos.

O esforço da Extensão, em parceria com os sindicatos, resultou na aplicação no Paraná, somente no ano de 2003, de recursos da ordem de R$451.699.000,00, oriundos do Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar — PRONAF, beneficiando 123.378 famílias de agricultores.

Não seria possível, em tão curta manifestação, detalhar as atividades que a

EMATER executa no meio rural, uma vez que, apenas no momento, são trabalhados

103 projetos técnicos diferentes e 38 projetos de referência, para os quais estão programadas 297 metas diferenciadas. No entanto, os números que citamos expressam, sem dúvida, toda a pujança desta instituição, a quem o meio rural paranaense tanto deve.

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É por isso que não poderíamos deixar de expressar, nesta data em que a

EMATER-Paraná completa 48 anos e se prepara para festejar, com muito mérito, seu cinqüentenário, nossos cumprimentos àquela instituição a que tivemos a honra de pertencer, como técnico de campo, e da qual saímos um dia para dar início à nossa carreira política. É, pois, na condição de filho daquela casa que expressamos, a toda a atual Diretoria da EMATER-Paraná e a todo o seu quadro funcional, nossas mais sinceras felicitações.

Muito obrigado.

Durante o discurso do Sr. Moacir Micheletto, o Sr.

Takayama, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a

cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Inocêncio

Oliveira, 1º Vice-Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Sr.

Deputado Marcelo Guimarães Filho.

O SR. MARCELO GUIMARÃES FILHO (PFL-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tenho a grata satisfação de comunicar ao Plenário desta Casa que, na última segunda-feira, na presença dos

Deputados que integram as bancadas do PFL, PL e PP, foi confirmado o irrestrito apoio à candidatura do Senador César Borges à Prefeitura de Salvador, Bahia.

O encontro, inicialmente ocorrido no café da manhã servido no Hotel

Bahiamar, culminou, à noite, no Clube de Regatas Itapagipe, na Cidade Baixa, com a reafirmação da unidade do grupo liderado pelo Senador Antonio Carlos

Magalhães, pelo Governador Paulo Souto e pelo Prefeito Antonio Imbassahy.

As expectativas são de vitória ainda no primeiro turno, mercê da expressiva base de sustentação com a qual conta a candidatura do Senador César Borges, que recebeu apoio, além dos partidos aliados, também do Partido dos Aposentados da

Nação — PAN, do Partido Trabalhista do Brasil — PTdoB e do Partido Republicano

Progressista — PRP.

Segundo afirmou o Líder José Carlos Aleluia, o apoio à candidatura do

Senador César Borges, além de um dever, é um reconhecimento de suas qualidades como político e administrador competente, que saberá conduzir os destinos da Capital baiana.

A aprovação da população é maciça. Ao deixar o Governo do Estado, César

Borges contava com quase 90% de apoio dos baianos, segundo pesquisas de opinião, o que demonstra o acerto de sua administração, voltada que foi, especialmente, para a geração de emprego e renda.

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Durante o encontro ocorrido no Clube de Regatas Itapagipe, sediado na

Cidade Baixa, o Senador César Borges afirmou para os mais de 4 mil presentes a visão que tem dos problemas da Península de Itapagipe, uma das mais populosas comunidades da Capital baiana, demonstrando seu preparo para o exercício do cargo, sendo, por isso, homenageado por lideranças políticas e comunitárias, ocasião em que foi saudado com efusiva queima de fogos de artifício.

O lançamento de sua pré-candidatura na Cidade Baixa me deixa muito envaidecido, por ser esse o meu bairro natal, onde passei toda a minha infância e juventude, tendo sido o Parlamentar mais votado nas últimas eleições, cabendo-me a honrosa tarefa de representá-lo na Câmara Federal.

Indiscutivelmente, o Senador César Borges se apresenta como a melhor alternativa para Salvador. Primeiro, pela inegável experiência administrativa adquirida ao longo de sua bem-sucedida trajetória política. Segundo, por ser profundo conhecedor dos problemas da cidade, estando, por tudo isso, apto a dar continuidade ao excelente trabalho realizado pelo atual Prefeito, Antonio Imbassahy.

Portanto, Sr. Presidente, não poderia deixar que passassem em branco esses eventos ocorridos no dia de ontem, dada sua importância política para a nossa cidade, aproveitando o ensejo para desejar ao Senador toda a felicidade nessa empreitada que ora se inicia.

Muito obrigado.

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O SR. FRANCISCO RODRIGUES (PFL-RR. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo hoje esta tribuna para manifestar meu apoio à presença do Brasil no Haiti, momento que considero da mais elevada importância, principalmente como membro da Comissão de Relações Exteriores e

Defesa Nacional, pois vejo, nesse ato, uma forma de importante visibilidade na comunidade internacional, para que possamos não apenas continuar postulando uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, mas, principalmente, demonstrar a capacidade do Brasil em pacificar conflitos e buscar a paz duradoura para qualquer nação que recorra direta ou indiretamente à nossa presença amistosa.

Entendo, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, que muitos fatores estão alinhados na determinação do Governo brasileiro de atender à convocação das

Nações Unidas para tão importante missão

Primeiro, a projeção internacional, mas também regional, na América Latina, pois demonstra que o Brasil, pelo seu território, sua população e sua economia, destaca-se das demais nações com uma liderança natural consentida.

Segundo, reforça a presença do Brasil junto a organismos internacionais como a ONU, OEA, OMC, OIT, entre outras, que vêem na nossa capacidade aglutinada a importância que damos à paz, à estabilidade e à segurança mundial.

Terceiro, a delegação da ONU, para que o Brasil substitua os Estados Unidos no comando das tropas no Haiti, com a presença de tropas de vários países, tais como Argentina, Chile, Colômbia, Peru, México e Paraguai, demonstra o interesse de integrar a força de paz sob comando brasileiro.

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Quarto, a valorização das Forças Armadas como instrumento da projeção política do Estado brasileiro, e a veiculação do nome do País na mídia internacional como colaborador da paz.

Quinto, criar condições para assistência humanitária ao país amigo, além de aumentar o chamamento do Caribe para a esfera de influência sul-americana, em particular, a brasileira.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero afirmar que a presença brasileira na Força de Paz no Haiti em nada prejudicará as diversas atividades desenvolvidas pelo Exército Brasileiro em outras missões, sejam interna ou externa, pois o efetivo previsto para emprego na operação será de aproximadamente 1.200 homens, correspondendo a cerca de 0,004% do total das Forças Armadas, além do que, outro dado importante para a vida nacional, a tropa empregada não será retirada das fronteiras, o que assegura nossa presença em defesa da soberania nacional.

Só para se ter idéia da importância brasileira nas forças de paz da ONU no

Haiti, países sul-americanos de menor porte, particularmente na área econômica, possuem mais homens a serviço da ONU do que o Brasil.

O Paraguai tem hoje, em maio de 2004, 36 homens; a Bolívia tem 222 homens; a Argentina tem 674 homens; o Uruguai tem 1.870 homens e o Brasil colabora apenas com 83 homens.

E ainda países menos importantes do que o Brasil em outros continentes colaboram bem mais, como Bangladesh, 7.150 homens; Paquistão, 7.000 homens;

Nigéria, 3.400 homens; e Gana, 2.500 homens.

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Portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, atender o chamamento da

ONU, liderando o esforço das Nações Unidas no Haiti, reafirma o compromisso do

Brasil com os propósitos da Carta das Nações Unidas, além de demonstrar capacidade para pleitear, em melhores condições, o assunto permanente no

Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

Muito obrigado.

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O SR. GONZAGA PATRIOTA (PSB-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a manchete Para onde vai o dinheiro do mundo

— dívida de US$4,5 trilhões do tio Sam é paga pelo resto do planeta, estampada na edição semana passada da revista Carta Capital é, no mínimo, instigante por dar outro enfoque aos sacrifícios impostos aos países subdesenvolvidos. A matéria trata o assunto com a necessária objetividade, porque países como o Brasil são vulneráveis a oscilações dos fluxos de capitais externos e, conseqüentemente, reféns principalmente dos Estados Unidos que são responsáveis pela absorção de

75% do fluxo internacional de capitais.

Somos contumazes devedores desde o século XIX. Logo no início do século

XX a dívida externa brasileira remontava a pouco mais de 290 milhões de dólares. A partir daí não parou mais de crescer, chegando no início do século XXI, ou seja em

2001, a estratosféricos 236 bilhões de dólares. Apenas no período de 1994 a 1998 o

Brasil remeteu ao exterior R$128 bilhões para o pagamento do serviço da dívida e, em 1999, mais R$67 bilhões.

Esses valores se tornam brutais, Sr. Presidente, quando constatamos que no mesmo período foram investidos na educação apenas R$12 bilhões e para o setor de saúde pífios R$9 bilhões. O Brasil se encontra na mesma situação do pai de família que, incapaz de suprir as necessidades básicas de sua família, decide pedir dinheiro emprestado a um agiota. Em pouco tempo já estará pedindo dinheiro a outro agiota para pagar o primeiro, já vendeu a casa, o carro, a geladeira, o sofá da sala; sua dívida aumentou, já está devendo aos dois agiotas e o que é pior: sua família continua desprovida de suas necessidades elementares. Apenas os agiotas estão se dando bem.

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Para que nossa dívida externa fosse saldada de uma vez, Sras. e Srs.

Deputados, cada brasileiro teria de desembolsar hoje US$1.387, ou quase 5 mil reais. Isso só nos leva a uma constatação: essa dívida, que há várias décadas mantém o Brasil no pódio dos países mais endividados, é mesmo impagável. A maioria do povo brasileiro nunca viu 5 mil reais em sua vida.

Resta-nos, Sr. Presidente, as elementares perguntas: até quando o sacrifício de toda a sociedade brasileira será suficiente para engordar os agiotas e banqueiros internacionais? Até quando o Terceiro Mundo custeará o bem-estar e a insaciável sede de consumo dos países desenvolvidos? Até quando conviveremos com um

Estado que, para cumprir seus compromissos com essa dívida impagável, impõe a toda a sociedade uma carga tributária iníqua e insuportável?

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

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O SR. NELSON MARQUEZELLI (PTB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo a tribuna para abordar um assunto que vem despertando na opinião pública alto grau de interesse e de preocupação, com o qual comungo.

Refiro-me ao pleito apresentado pelos policiais rodoviários federais, quanto à necessidade de esses profissionais serem contemplados com a mesma estrutura remuneratória dos agentes da Polícia Federal e da Polícia Civil do Distrito Federal, uma vez que têm atribuições semelhantes.

A questão salarial desses servidores da segurança pública, nobres pares, não pode ser tratada com descaso. Estamos falando do sustento digno de suas famílias.

Como podem receber tratamento tão diferenciado?

Vou apresentar-lhes o contexto das suas reivindicações.

Recentemente, o Governo Federal editou a Medida Provisória nº 172, de 10 de março de 2004, que reajustou as gratificações de Atividade Policial, de

Compensação Orgânica e de Atividade de Risco dos policiais civis do Distrito

Federal em 200%, igualando esse percentual ao já concedido aos policiais federais.

No entanto, no caso dos policiais rodoviários federais, que, igualmente, fazem jus às mesmas gratificações, não houve alteração, permanecendo o percentual de

180% — portanto, inferior ao que foi concedido aos demais policiais mantidos pela

União.

Isso é inadmissível, pois essa nobre classe de servidores da segurança pública não pode receber tratamento diferenciado em relação aos demais órgãos de segurança pública de nível federal.

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Para solucionar tal injustiça, foi proposta, pelo Ministério da Justiça, a edição de medida provisória que procura atender aos anseios dessa categoria, na medida em que garante a remuneração atualmente percebida e promove tratamento igualitário entre os policiais rodoviários federais e os agentes das Polícias Federal e

Civil do Distrito Federal, todos mantidos pela União — historicamente, sempre tiveram tratamento equânime pela administração pública federal, em face da semelhança de suas atribuições.

Sras. e Srs. Parlamentares, em abril, o Ministério da Justiça encaminhou ao

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a exposição de motivos com proposta de medida provisória que pretende resolver as controvérsias que cercam o pagamento das gratificações aos policiais rodoviários federais, concedendo-lhes a devida isonomia a que fazem jus. No entanto, não se percebe que o assunto tenha recebido a urgência merecida.

É sabido que sempre houve tratamento igualitário aos policiais mantidos pela

União, restando tão-somente ao Poder Executivo finalizar a apreciação da proposta do Exmo. Sr. Ministro da Justiça e enviar ao Congresso Nacional, com a urgência imposta pelo mérito do assunto, o texto dessa medida provisória, que proporá a alteração nos percentuais das gratificações de Atividade Policial, de Compensação

Orgânica e de Atividade de Risco.

Isso posto, finalizo com a solicitação às Sras. e aos Srs. Parlamentares de que auxiliem na consecução do justo pleito dos policiais rodoviários federais. Apelo ao Exmo. Sr. Presidente da República que determine a urgência na apreciação da proposta de medida provisória em estudos no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

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O SR. VANDER LOUBET (PT-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, comemoramos em 19 de maio o Dia de Santo

Ivo de Kermatin, figura emblemática do contexto humanista mundial. Ao morrer, em

19 de maio de 1303, deixou para a posteridade um extraordinário legado de sensibilidade, de generosidade, de crença na paz e num mundo fraterno e justo.

Doutor em Teologia, Direito, Letras e Filosofia, Santo Ivo é patrono e inspirador de uma das mais notáveis instituições da justiça humana: a Defensoria

Pública.

Portanto, neste 19 de maio, ao lembrar os 701 anos de sua morte, reservamo-nos a dedicar nossa palavra de estímulo, admiração e reconhecimento aos profissionais da Defensoria Pública de todo o Brasil. Eles cumprem com estoicismo a saga e o exemplo de Santo Ivo, que pôs todo seu conhecimento e todo seu tempo à disposição dos humildes, dos órfãos, das viúvas, dos desassistidos, dos que não tinham um mísero tostão para pagar advogados e defender seus direitos nos tribunais.

Hoje, o Brasil busca o aperfeiçoamento de seus modelos de assistência judiciária; ainda engatinhando, mas avançando. A Lei Complementar nº 80, de 12 de janeiro de 1994, organizou a Defensoria Pública no País, esculpida conceitualmente na letra da Constituição Federal de 1988. A conceituação do art. 1º dessa lei é absoluta e definitiva: a Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe prestar assistência jurídica, judicial e extrajudicial, integral e gratuita aos necessitados.

Pugnamos, todos nós que acreditamos na liberdade e na importância da instituição, pela preservação e pelo fortalecimento de suas garantias e prerrogativas.

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Na formatação da PEC nº 40, da reforma da Previdência, tivemos algumas propostas que pretendem consolidar a simetria no tratamento do Estado às garantias funcionais e administrativas atribuídas à Magistratura, ao Ministério

Público e à Defensoria Pública.

Tive a felicidade de ver aprovada uma emenda que, de acordo com o relatório final da Comissão, clarifica, no art. 37, inciso IX, da Constituição Federal, que o limite remuneratório do Poder Judiciário Estadual também se estende aos membros do respectivo Ministério Público e da Defensoria.

Trata-se, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, de condição essencial ao fortalecimento e à afirmação de uma carreira acessada mediante concurso público de provas e títulos, que impõe dedicação integral, doses abundantes de sacerdócio e infinita perseverança para tratar o Direito como base, e não conseqüência, do bem-estar das pessoas.

Falo de profissionais que se dispõem a enfrentar as intempéries da vida, a expor a sua própria integridade física, a sacrificar o seu convívio com a família para cuidar do próximo, não apenas por cumprir mandamento constitucional ou por preencher um lugar qualificado no mercado de trabalho, por bons salários e ascensão profissional.

Falo de pessoas preocupadas com seres humanos desprotegidos, com a realização pessoal e de consciências libertárias, guiadas pelo senso da justiça. Já se disse, e vamos repetir, que a Defensoria Pública não é um favor, mas um suporte excepcional da cidadania.

Portanto, reafirmamos nosso preito de louvor ao papel dos defensores e defensoras que compõem essa instituição, a partir da qual podemos vislumbrar, com

636 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 mais nitidez, a real perspectiva da necessária reforma do Poder Judiciário, da sua autonomia e da sua afirmação institucional e administrativa.

Miremo-nos no exemplo de Santo Ivo, patrono e modelo dos advogados, criador da Instituição dos Advogados dos Pobres, que a cada demanda contra os poderosos animava os oprimidos, dizendo: “Jura-me que vossa causa é justa e eu a defenderei gratuitamente”. É esse o Direito, é essa a missão, é essa a grandeza da

Defensoria Pública.

Muito obrigado.

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O SR. FEU ROSA (PP-ES. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, em entrevista publicada em O Globo, no dia 21 de março do corrente ano, o sociólogo Simon Schwartzman, presidente do Instituto de Pesquisas

Sociais e Políticas Públicas, critica a adoção do sistema de cotas para negros nas universidades. Considera um equívoco usar raça como critério no Brasil, pois a população abrange uma grande mistura de pessoas de todas as origens.

Com razão, o sociólogo Simon Schwartzman aponta ainda como um retrocesso atribuir a autoridades de governo ou a quem quer que seja o direito de decidir quem é branco, pardo, índio ou negro, usando fotos, testes de DNA ou o que for.

Na mesma entrevista, o sociólogo, atualmente professor na Universidade de

Harvard, faz comentários a respeito do Fome Zero, assinalando que faltou ao programa um diagnóstico adequado da situação e o devido conhecimento dos meios para enfrentá-la. Acrescenta que o Brasil tem problemas de pobreza e de carências alimentares específicas, mas não de fome em grande escala. Nosso problema principal é de falta de dinheiro, educação e emprego, não de falta de comida.

Contra a fome e a miséria, seria mesmo conveniente reforçar a atuação das organizações internacionais que acumulam grande experiência na área, como

UNICEF, Cruz Vermelha Internacional, Comissariado das Nações Unidas para os

Refugiados e Organização Mundial de Saúde. Esse propósito, no entanto, tem sido prejudicado em função do unilateralismo que caracteriza a política externa dos

Estados Unidos da América e de vários países.

Segundo afirma Simon Schwartzman, autor do livro As causas da pobreza

(FGV Editora), recentemente lançado, os temas da pobreza e da exclusão, que no

638 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 fim do século XIX foram um dos principais alvos da atenção das ciências sociais, passaram para segundo plano, em virtude da noção de que o desenvolvimento se encarregaria de resolver essas questões. Como isso não aconteceu, os temas da pobreza e da exclusão tornam a ganhar evidência, agora envolvidos por fortes conotações morais e religiosas, integrando o que hoje se denomina agenda dos direitos humanos.

São realmente claras e indiscutíveis as correlações entre cor, baixa educação e pobreza, sempre se revelando pior a situação da população negra e parda. Mas essa desvantagem não tem como causa exclusiva ou principal a discriminação, ainda que esta seja um elemento complicador grave, digno de muita atenção. Os alunos de baixa renda, brancos ou negros, apresentam sérias deficiências culturais e educacionais. O ponto fundamental, portanto, é mesmo fazer com que as escolas sejam capazes de suprir e compensar tais deficiências.

No tocante às cotas para negros nas universidades, Schwartzman observa que o problema da desigualdade não começa ali, mas muito antes; desde a escola básica já se manifesta. As crianças de origem mais humilde, em geral afro-descendentes e descendentes de indígenas, são, desde cedo, discriminadas e não recebem educação de forma adequada. Com efeito, a reserva de cotas nas universidades para pessoas nessas circunstâncias exige que se faça também um trabalho de apoio e atendimento especial, proporcionando orientação, recursos financeiros, cursos adicionais etc. Do contrário, esses estudantes tendem a permanecer em situação de desvantagem, sem dispor de condições para melhor aproveitamento nas disciplinas que cursarem; e ao final acabarão recebendo um diploma desprovido de valor.

639 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

E o que dizer a respeito dos indivíduos de origem indígena, que compõem boa parte da população das Regiões Norte e Nordeste? Embora não estejam em melhor situação do que os de origem africana, ninguém fala em cota para eles.

Quais, enfim, devem ser as pessoas beneficiadas pela ação afirmativa?

Carentes, líderes comunitários com potencial de desenvolvimento ou grupos raciais?

Sob todos os aspectos, constitui, de fato, grande equívoco o sistema de cotas para o ingresso de negros nas universidades.

Em vez de política de ação afirmativa, o sistema de cotas, conforme se apresenta, não passa de medida de caráter claramente demagógico. Mais desmoraliza do que democratiza o acesso ao ensino superior.

Em conclusão, reafirmo a concordância com as palavras e idéias do sociólogo e professor Simon Schwartzman, ressaltando que não basta manifestar indignação com os problemas da pobreza e da exclusão, é preciso entender por que ocorrem e definir que instituições podem ser criadas e desenvolvidas para enfrentá-los. É muito importante promover medidas mais profundas, atacar as causas dos problemas, desenvolver ações específicas em favor da população mais pobre, seja qual for a cor da pele. Não se justifica, porém, o estabelecimento de uma política como a de cotas para negros nas universidades, evidentemente inadequada e incapaz de atender aos objetivos a que se propõe e que, entre tantas distorções, ainda reduz a efetividade dos direitos de outros cidadãos. A verdadeira solução para democratizar o acesso à universidade é, em suma, garantir ensino público de qualidade nos níveis fundamental e médio.

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O SR. SANDRO MABEL (Bloco/PL-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a boa notícia da retomada do crescimento econômico, registrada no primeiro trimestre do ano, soma-se agora à informação de que a renda do trabalhador começa a apresentar sinais de recuperação. Após anos seguidos de achatamento salarial, pesquisa realizada por uma empresa de consultoria paulista indica que os reajustes concedidos aos trabalhadores estão acima da inflação.

O levantamento, feito em 120 empresas, constatou que 17% reajustaram os salários acima da variação dos últimos 12 meses, medida pelo INPC do IBGE. Para quem acha que é pouco, basta lembrar que em 2003 nenhuma empresa declarou a concessão de reajuste maior que a inflação. A pesquisa também constatou que diminuiu o número de empresas que concederam reajustes abaixo da inflação, de

29% para 21%.

A recuperação dos salários também é confirmada pela Federação das

Indústrias do Estado de São Paulo, que registrou que o salário real médio nas empresas cresceu 7,6% em relação ao mesmo período de 2003.

Outro dado positivo da pesquisa diz respeito à participação nos lucros das empresas: nada menos que 70% delas afirmaram que possuem programas de participação nos lucros das empresas. É um avanço sem precedentes na história do

País, pois significa empregado mais engajado, mais disposto a trabalhar pelo sucesso da empresa.

A consultoria detectou ainda que 30% das empresas têm a intenção de ampliar seu quadro de funcionários. São os resultados que já começam a aparecer, apesar das medidas econômicas duras que têm sido adotadas.

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A recuperação da renda do trabalhador gera um efeito cascata em toda a economia. Temos certeza de que as novas medidas anunciadas pelo Governo

Federal para incentivar a geração de empregos também irão se refletir na economia como um todo.

Mais renda, mais consumo, mais produção, mais riquezas. Este é o caminho que queremos ver o Brasil trilhar: o do desenvolvimento com distribuição de renda.

Muito obrigado.

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O SR. JÚNIOR BETÃO (PPS-AC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o registro e a denúncia que vou fazer fogem à regra dos meus pronunciamentos nesta Casa. Mas é preciso fazê-los. Trato especificamente do modo como o Governo do Acre, os seus aliados e o candidato à

Prefeitura de Rio Branco dão início à campanha eleitoral deste ano. É lamentável que líderes políticos, inclusive Parlamentares desta Casa, se esforcem para gerar e fomentar a mentira e a calúnia.

Em recente matéria jornalística divulgada em meu Estado, aqueles que estão a serviço do Governo repercutem a maledicência tramada com o único objetivo de trazer para a lama a disputa eleitoral, como ocorreu de outras vezes. Na mente desses falsos democratas, a disputa será sempre entre o bem e o mal. Se o mal não existe, é preciso criá-lo.

Exatamente no momento em que a população brasileira e a própria Oposição se solidarizam com o Presidente Lula pelas aleivosias levantadas contra sua honra no jornal The New York Times, no longínquo Acre patrocinam acusações igualmente infundadas e destinadas a agredir e a enlamear a honra dos seus adversários.

No meu Estado, senhoras e senhores, quase uma dezena de partidos grandes e pequenos estão se unindo para apoiar a pré-candidatura do PPS à

Prefeitura da Capital.

O ex-Deputado Federal Márcio Bittar, cuja passagem por este Parlamento foi exemplar, conseguiu demonstrar para a sociedade o fracasso do atual Governo no

Acre e a necessidade de que uma nova frente apresente um modelo que, sendo sustentável, não signifique estagnação econômica. Vários partidos antes pertencentes à base de apoio ao Governador petista perceberam, guiando-se pelo

643 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 sentimento popular, que o modelo ali implantado leva à pobreza e ao atraso. Esses partidos estão construindo uma alternativa democrática e desenvolvimentista para o

Estado.

Chega de sordidez na política! Basta de intrigas e falsidades! O processo eleitoral deve ser uma oportunidade de florescimento de idéias e alternativas políticas para os problemas do cidadão. A campanha eleitoral não significa oportunidade para a destruição moral dos adversários. A noção de que os fins justificam os meios é que transformou a política, para muitos cidadãos brasileiros, em atividade para oportunistas. Nós, do PPS e dos partidos que apóiam a pré-candidatura de Márcio Bittar à Prefeitura de Rio Branco, nos recusamos a participar dessa tragédia em que querem transformar a disputa eleitoral.

Temos uma projeto para o Acre, diferente daquele que há mais de 5 anos empobrece nosso povo. É a ele que vamos nos dedicar. É sobre ele que queremos discutir. Os nossos adversários serão chamados ao debate de idéias. Serão cobrados pelo que prometeram e não fizeram. Política é isso.

Podem os nossos adversários e os que são pagos para defendê-los pensar, planejar e agir como se fôssemos para uma arena, na qual alguém tem de morrer.

Nós agiremos de modo diferente. Nossas idéias são nossas armas, nosso projeto é a Justiça. É na Justiça que todas as mentiras terão de ser explicadas.

Nunca fizemos política à base de mentiras e insultos a quem quer que seja.

Não permitiremos que fofocas e diálogos inventados sejam usados como arma para denegrir a nossa imagem. No caso presente, o objetivo mesquinho nos parece claro.

Querem, com a vergonhosa ajuda de membros desta Casa, trazer o problema para o plano federal e com isso comprometer a imagem do ex-Deputado Márcio Bittar.

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A nossa resposta será sempre pública e transparente. Reagiremos a todas as calúnias, na forma da lei, fazendo com que cada um de seus autores se defronte com a Justiça.

Fora disso, cultivaremos o debate. Anunciaremos nosso projeto e proporemos uma aliança com os cidadãos acreanos, com aqueles que foram enganados e guardam sua esperança para um novo tempo.

Obrigado.

645 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. MANATO (PDT-ES. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, ocupo esta tribuna para fazer um alerta sobre alguns pontos definidos no Fórum Permanente de Presidentes de Câmaras Municipais das Capitais

Brasileiras, acerca das PECs nºs 353, de 2001, e 574, de 2002, que dispõem sobre o limite de despesas e a composição das Câmaras de Vereadores e dão outras providências.

Observando os procedimentos técnicos legislativos adotados na tramitação das PECs nºs 353, de 2001, e 574, de 2002, que resultaram em aglutinação desta

última, detectamos descompassos que culminam em vícios formais no processo legislativo respectivo, posto que agridem as normas regimentais, o que reclama urgentes reparos por parte desta Casa de leis, a fim de recompor a originalidade da pretensão do legislador.

Em primeiro lugar, Sr. Presidente, a emenda aglutinativa global que trata da fixação do número de Vereadores e do repasse para as Câmaras Municipais é uma medida legislativa que viola o art. 118, § 3º, do Regimento Interno da Câmara dos

Deputados, na medida em que não representa a fusão entre as PECs nºs 353, de

2001, e 574, de 2002, já que nenhuma disposição desta última foi aprovada.

Em segundo lugar, se existe no Regimento Interno da Câmara dos Deputados procedimento específico a ser observado pelas propostas de emenda à

Constituição, em que só são admissíveis emendas nas Comissões Especiais (art.

202, § 3º), como entender que é possível emendar uma proposta de emenda à

Constituição em plenário, em primeiro turno, com base no art. 120, inciso I? Caso isso seja possível, logicamente também caberá emenda de plenário em segundo turno, com base no art. 120, II, “a”. Do contrário, não seria possível emendar em

646 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 plenário, haja vista que haveria conflito entre o art. 122 e os §§ 3º e 6º do art. 202 do

Regimento Interno da Câmara dos Deputados, o que resultaria em infringência ao art. 202, § 8º.

Em terceiro lugar, não foi respeitada a redação final feita pela Comissão

Especial que apreciou a PEC nº 574, de 2002, desfigurando-se completamente o parecer vencedor, que acatou a proposta oriunda do Senado.

Em quarto lugar, foi votada e aprovada em primeiro turno, sem a distribuição dos avulsos, violando o preceito contido no art. 122, § 2º, do Regimento Interno da

Câmara dos Deputados, o que induziu vários Parlamentares a uma decisão de afogadilho, uma vez que não adquiriram conhecimento prévio da matéria aprovada.

Por último, Sr. Presidente, nobres colegas, a entrada em vigor na data da promulgação, no que tange ao aspecto financeiro, além dos vícios existentes, importuna os aspectos favorecidos pela Lei Orçamentária e pela Lei Fiscal, criando vários conflitos.

De acordo com o art. 29-A, § 2º, III, da Constituição Federal, constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal enviar repasse menor em relação à proporção fixada na Lei Orçamentária.

Haverá imediata redução nos suprimentos dos Legislativos Municipais, acarretando um corte vertical nas suas despesas, desestruturando-os. As Câmaras Municipais têm quadro efetivo de funcionários, contratos e custos fixos de manutenção. Como a redução do número de Vereadores ocorrerá a partir de 2005 e o corte das despesas será a partir da promulgação, ainda em 2004, isso acarretará demissões de pessoal efetivo e comissionado, além do não-cumprimento de contratos firmados. Era o que tinha a dizer.

647 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. ALCEU COLLARES (PDT-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, recebi ofício do Secretário de Energia, Minas e

Comunicações do Estado do Rio Grande do Sul, Deputado Valdir Andres, dando-nos ciência da preocupação da empresa Steag do Brasil pela falta de definição de uma política para o carvão mineral dentro da regulamentação do novo modelo do setor elétrico, bem como pela demora na definição do grupo de trabalho que iria estudar a parceria da Steag com a CGTEE, dentro das parcerias público-privadas para a construção de Candiota III.

Diante dessa indefinição a empresa Steag está planejando desativar o escritório em Porto Alegre, caso não haja, por parte do Governo Federal, interesse por meio de legislação específica para uso do carvão.

Vou levar à representação — Deputados e Senadores — do Rio Grande do

Sul essa omissão criminosa do Governo Federal, para uma mobilização de todo o

Estado, no sentido de obrigar o Governo a incluir uma política para o carvão mineral na regulamentação do novo modelo do setor elétrico, bem como para denunciar veementemente, nas Câmaras de Vereadores, Assembléias Legislativas e Governo do Estado, entidades representativas de classe, empresariais e trabalhadoras, o crime por omissão que está sendo praticado pelo Governo Federal contra uma das mais importantes riquezas da metade sul, o carvão mineral.

Exigirei, também, a imediata constituição de grupo de trabalho para, em parceria com a Steag e com a CGTEE, elaborar o projeto de construção de Candiota

III.

Informo ainda que apresentarei projeto de lei no sentido de incluir uma política para o carvão mineral no novo modelo do setor elétrico.

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Sr. Presidente, solicito a V.Exa. a transcrição nos Anais da Casa do teor do ofício recebido.

OFÍCIO A QUE SE REFERE O ORADOR

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINA 650)

650 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

A SRA. YEDA CRUSIUS (PSDB-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o tema não poderia ser mais oportuno. O cenário econômico de 10 de maio, quando o dólar subiu 2,55% e foi a R$3,14, mostrou que o custo sobre a dívida pública de uma variação significativa e substancial na taxa de câmbio como esta é capaz de engolir todo o esforço feito em prol do superávit primário de janeiro e fevereiro. E esse superávit, bem sabemos, além de ser difícil de se obter, gera redução da renda e aumento do desemprego, como mostram as estatísticas de 2003, ano em que os juros reais foram altos por opção da política macroeconômica, exatamente para poder ser gerado esse superávit primário.

Vamos acompanhar quanto custou o 10 de maio, um dia especial. O que há é estresse, pois não há nenhuma razão real ou prática de mudança relevante no País para esse aumento do dólar e a queda das bolsas terem acontecido. Foi apenas mais um movimento do mercado financeiro mundial. Por outro lado, esse momento mundial toma o Brasil e, por sua especificidade, torna o seu ajuste mais custoso.

A questão pode parecer ser apenas financeira, mas de modo algum essa é verdade. E é nesse sentido que quero fazer uma exposição curta, ao mesmo tempo em que me refiro a estatísticas da dívida pública elaboradas e/ou disponibilizadas pela Consultoria Legislativa da Câmara, em que de maneira detalhada, responsável e clara é tratada a questão da dívida, desde o seu nascimento, evolução, composição e perspectivas.

As notas técnicas do Banco Central disponibilizadas também são extremamente competentes e dispensam a necessidade de aqui abordar o detalhe contido nesses trabalhos.

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Vivemos fases de instabilidade que custam muito em razão da volatilidade que tem compelido os mercados financeiros a cobrar elevado custo para o Brasil.

Mas por que tem sido assim?

A argumentação da área econômica do Governo e a apresentação sobre o que pretende fazer em relação à dívida pública neste ano é um elemento positivo a mais para eliminar inseguranças ou desconhecimentos a respeito do andamento do setor financeiro, a partir dos que têm a responsabilidade de, no campo público, gerenciar as políticas que requerem transparência.

Eu não tenho insegurança em relação à gestão financeira da dívida, o que compete ao Banco Central. Ao fazer críticas, a Oposição pode e deve colocar outros elementos relativamente à política macroeconômica que impactam a dívida, mas a gestão de expertise do nosso Banco Central é reconhecida aqui e em todo mundo. E não foi diferente, desde a criação do Sistema Financeiro Nacional, no âmbito da reestruturação institucional, nos idos da reforma administrativa de 1965. Ali já estava a semente do que viria depois ser reconhecido, tanto no campo doméstico, quanto mundial, de que sabemos lidar com os fundamentos financeiros. A partir de então temos acumulado experiência e especialização. O nosso Banco Central é como os antigos comandantes da VARIG, que eram reconhecidos como pilotos especiais porque sabiam descer em meio a nevoeiros, escapar de bois na pista etc.

Não foi por outra razão que sobrevivemos a épocas de hiperinflação, inclusive com heterodoxia e planos de combate via choque, que, em boa parte, resultaram na atual dívida pública brasileira — hoje acrescida dos esqueletos que o período de inflação alta e de planos com choque gerou.

652 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Entretanto, ao analisar a formação, o crescimento e a composição da dívida pública, observamos que o trabalho está incompleto em relação às etapas necessárias do programa de saneamento financeiro que busca e buscou a estabilidade sustentada do Brasil: o Plano Real.

Quanto aos choques econômicos e o Plano Real, ressalto que foram feitas experiências de choques econômicos dos anos 80 em diante. Na condição de sociedade que foi desenvolvendo ambiente de democracia e responsabilidade crescentes, reconhecemos o passado de inflação e choques, pelos quais ainda estamos pagando por meio de verdadeiros precatórios: a recontratação de dívidas, o que explica boa parte da formação da dívida atual. O gestor de hoje tem a responsabilidade de reconhecer, feito o recálculo das contas, erros e verdadeiros cataclismas do passado inflacionário.

Quem quer ser governo deve saber que, além do que desejaria fazer, tem de assumir as contas que a sociedade fez no campo econômico e produtivo ao romper contratos. Essa foi a linha de conduta do Plano Real, que não foi desenhado, escrito e formulado apenas em 1994. Ele vem de uma proposta madura e criativa, fruto de enorme experiência no campo da economia e da prática econômica acumuladas por décadas no País.

Boa parte da dívida é um conjunto de esqueletos que já foram enterrados.

Mas ainda há outros. O crescimento da dívida não estará concluído enquanto não forem assumidos volumes ainda não resolvidos de dívidas do passado, como é o caso do Fundo de Compensação das Variações Salariais e alguns passivos setoriais.

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A insegurança oriunda da maneira como o País gerencia a crise atual é quase nula. Sim, porque o Plano Real trouxe a possibilidade da estabilidade sustentada e a condição necessária a isso. Ele não foi apenas uma troca de moedas e assunção de dívidas do passado sob a responsabilidade do gestor presente. Ao fazer o processo de saneamento financeiro do País, que ainda não está completo, o Plano Real trouxe a esta Casa a necessidade de análise e de julgamento de iniciativas de lei essenciais para fundamentar a estabilidade sustentada, que tem a ver depois com o tamanho e a evolução da dívida pública.

Saneamento e reestruturação.

O Real, entretanto, não foi apenas um plano financeiro. Concomitantemente ao reequacionamento das dívidas, setores produtivos foram avaliados e programas para sua reestruturação foram feitos. Por mais que pareça má palavra, dada a incompreensão e a virulência da Oposição à época, foi implementado o PROER; depois, o PROEX. Com esses dois programas, aprovados por esta Casa, o saneamento do setor bancário e financeiro foi equacionado. Quanto custou? A resposta está nos trabalhos da Consultoria da Câmara, do Banco Central e do

Tesouro Nacional que citei. E se não tivéssemos feito? Bom, esse “se” não cabe.

Felizmente. Fizemos, e hoje prevalece o consenso de que o custo do ajuste interno e do enfrentamento dos choques externos teria sido infinitamente maior.

Portanto, a volatilidade presente, caso não houvesse o saneamento do setor bancário por meio de programas como o PROER, seria infinita em relação ao que é hoje.

Outros setores foram integralmente cobertos por uma reestruturação, e parte de suas dívidas foi assumida com a sua transformação em títulos de dívida pública.

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Exemplifico: foi feito o saneamento do setor primário, com sua dívida agrícola e agrária que jamais era paga. Antes disso, esta Casa era anualmente palco de repetitiva discussão pública sobre a questão da inadimplência do setor agrícola. Que tempos aqueles, em que a discussão acabava dando base a adjetivações do tipo: “o agricultor não quer pagar”, “o agricultor é caloteiro”. A fonte dessas adjetivações, a imagem pública construída ao longo dos anos de adiamento do saneamento do setor, secou. Foi reequacionada a dívida de modo sustentado — e parte dela constitui o valor da dívida pública contabilizada no seu volume atual.

Reside nesse primeiro exemplo a questão de hoje, a diferença de política pública entre o Governo do Real e o atual, pois junto com o reequacionamento da dívida, foi feito um conjunto de programas não financeiros. O MODERFROTA foi um programa que levou crédito ao setor produtivo, cujo reequacionamento de dívida havia sido completado. Foram também criados, com a aprovação do Congresso

Nacional, programas de incentivo à produção, assistida e acompanhada, como o

PRONAF e o Banco da Terra.

Superávit da balança comercial.

O reequacionado no campo financeiro e no produtivo levou o setor a ganhos de produtividade e a produzir a maior parte do saldo comercial de exportação e importação que vemos atualmente. Não se faz um saneamento financeiro sem ver o impacto do que se está saneando no campo produtivo e no campo real. Emprego, produção e produtividade foram os resultados do setor rural.

Um outro conjunto de ações que, junto com o saneamento financeiro, explica o saldo comercial entre exportações e importações deste ano é a política de reestruturação e apoio ao complexo metal-mecânico. Ações trazidas ao Congresso

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Nacional — as mais modernas do mundo — resultaram na exportação de aço, tratores, automóveis, carrocerias, aviões e muito mais.

Sanear somente o setor produtivo privado seria insuficiente. Assim, cuidou-se também da reestruturação de muitas e das principais instituições estatais e públicas, cujo custo está também contabilizado na dívida pública: reestruturação das dívidas das Prefeituras, dos Estados, das santas casas etc.

Durante o período que corresponde ao Real, setores inteiros foram trabalhados de maneira que não precisassem recair em situações de dívida reconhecida porém jamais paga e, portanto, em algum momento tendo como resultado a paralisação de suas atividades e de sua produção.

Mudanças institucionais.

Vale neste ponto reproduzir parte da Nota Técnica nº 25 do BACEN, de autoria de Ilan Goldfajn:

“Reformas institucionais importantes foram

implementadas nos últimos anos com o objetivo de

assegurar a manutenção de superávits fiscais primários

em níveis apropriados e a sustentabilidade da dívida. Em

primeiro lugar, desde 1997, os acordos de reestruturação

da dívida firmados entre os governos federal e dos

estados e municípios contribuíram para a reorganização

das finanças desses governos regionais. Os governos

estaduais concordaram com o comprometimento de 13%

de suas receitas com o serviço de suas dívidas, gerando

superávits e melhorando a dinâmica da dívida pública

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geral. Nesse contexto, os governos regionais

transformaram seu déficit primário médio de 0,13% do

PIB, entre 1994 e 1998, em superávit de 0,62% do PIB,

no período de 1999 a 2001.

Outro passo significativo é o Programa de

Estabilização Fiscal, implementado desde 1998. Esse

programa estabeleceu metas de superávits primários para

o setor público consolidado de 2,6% do PIB para 1999,

2,8% para 2000 e 3% para 2001. O resultado observado

foi melhor que o esperado. O superávit primário do setor

público alcançou 3,1%, 3,55% e 3,75% do PIB naqueles

anos.

Em terceiro lugar, e mais importante, a Lei de

Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101) foi

aprovada pelo Congresso em 2000. Essa Lei estabelece

uma moldura institucional que obriga os administradores

de recursos públicos a administrar receitas, despesas,

ativos e passivos, seguindo um conjunto de regras

precisas e transparentes. (...) O cumprimento dessa Lei

permite a disciplina fiscal permanente em todos os níveis

do governo, assegurando sustentabilidade fiscal e

transparência no médio prazo.

Finalmente, as estatísticas fiscais têm melhorado

significativamente, fornecendo maior transparência e

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precisão. (...) O Brasil atingiu altos padrões com respeito

aos principais indicadores de administração e

transparência fiscal. (...) As estatísticas fiscais no nível

federal possuem alta qualidade e detalhe e são

produzidas em tempo oportuno. O Brasil está no pelotão

de frente dos países de nível de desenvolvimento

comparável no uso de meios eletrônicos para a

disseminação de estatísticas fiscais, legislação, e

regulação administrativa sobre assuntos orçamentários e

tributários, e para o fornecimento de serviços

governamentais, bem como para facilitar o escrutínio da

sociedade civil de atividades e programas

governamentais”.

Essa análise, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, fornece a base para argumentar que os superávits primários atuais são sustentáveis e que há espaço para ajustes adicionais, se as condições assim exigirem. E os ajustes são possíveis não somente em termos de fluxo de receitas e de despesas, mas também com avanços em privatizações. Em contraste com outros países emergentes, o recente programa de privatização do Brasil deixou grande proporção de ativos e empresas públicas em poder do Governo, permitindo privatizações adicionais, se tal programa foi desejável ou necessário.

Mudanças na taxa de câmbio.

Refiro-me agora a um novo momento de ajuste, este na esfera da política macroeconômica. Até fins de 1998, o Governo optou por uma taxa de câmbio

658 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 valorizada, afinal descartada com a crise do real, em janeiro/fevereiro de 1999. O que está acontecendo hoje no setor financeiro é nada perto do acontecido em 1999, dado o que tivemos de fazer em termos de reestruturação, sustentação e estabilização para enfrentar a crise reinante. Na época, as expectativas mais negativas e catastróficas possíveis foram feitas.

Um semestre depois, veio nova fase de estabilidade, e com crescimento, apesar de lento. Hoje se contabiliza os custos da opção feita até 1998 e do ajuste de

1999, a partir de quando o regime de política macroeconômica mudou para um com taxa de câmbio flexível e sistema de controle da inflação baseado no estabelecimento de metas inflacionárias. Mudou em 1999, e é o que há até hoje.

Troca de Governo.

Fiz questão de fazer esse histórico porque houve uma quase ruptura no processo de estabilização sustentada em 2002. Naquele ano, passamos no teste da quase ruptura motivada pela escolha pela via democrática para um novo período presidencial, decisão de um país soberano. Nesse processo foram testados os fundamentos macroeconômicos com os desafios da volatilidade, seja por quais motivos fossem — afinal, era um motivo político —, com a possibilidade de rompimento de contratos pelo novo Governo e incompletude de reformas necessárias à estabilidade sustentada. Essa quase ruptura resultou em taxa de câmbio e de juros nas alturas. Foi o preço que o Governo e o País pagaram para honrar um processo de sucessão democrática, inclusive com estrutura político-partidária-eleitoral ainda capenga.

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Após essa quase ruptura, houve a competente transição proposta pelo

Governo anterior para o atual, e este fez suas escolhas macroeconômicas. A dívida cresceu.

Agora, 1 ano e 5 meses depois de instalado o novo Governo, já se deve afirmar que os tempos mudaram. O panorama da economia mundial já não está um céu de brigadeiro. A China está sendo levada a fazer mudanças, e os Estados

Unidos estão tendo de fazer um aumento gradual da taxa de juros. Pode parecer que isso é o fim do mundo, mas não devemos esquecer que o ano de 1999 não foi, assim como o 10 de maio passado também não, e as mudanças que acontecerão também não serão. Mas é preciso ação — e de outra natureza que não a formação do superávit primário por meio de aumento de impostos, paralisação dos investimentos e recessão interna.

Quociente dívida/PIB.

Eu não tenho nenhuma preocupação com a gestão financeira. O Banco

Central opera a opção governamental de modo transparente. A minha preocupação

é relativa ao fato de que somos avaliados por um quociente dívida/PIB. Não adianta falar só em dívida. Tudo que o Tesouro e o BC apresentarem são de reconhecida competência, e, no campo real, a herança do ex-Presidente Fernando Henrique

Cardoso foi tudo, menos maldita. Que o diga o saldo exportador. A necessidade de superávit primário maior se dá quando existe certa desconfiança em relação ao futuro, não apenas o do próximo mês, mas o da capacidade de pagar a dívida (pelo

PIB) daqui a 10 ou 15 anos.

Quando falo da urgência do reequacionamento da dívida, refiro-me ao quociente da dívida sobre o PIB. Estamos pagando pela recessão de 2003, que

660 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 levou esse quociente a decrescer. Não apenas pelo crescimento da dívida, mas também pela queda do PIB. não se tem hoje claramente quaisquer medidas efetivas de políticas de desenvolvimento que abarquem setores que gerem emprego interno, arrecadação eficiente e inovação de processos de desenvolvimento tecnológicos. O que fizemos antes para setores domésticos no período do Plano Real, levou a impressionante crescimento da capacidade de exportar competitivamente. Tanto é assim que estamos tendo seguidos superávits comerciais, o que permite suprir a necessidade de dólares.

Há omissão por parte do Governo atual em relação ao denominador desse quociente dívida/PIB, e eles não são independentes entre si. Se há confiança no futuro em relação ao PIB, isso se transmite imediatamente para o valor das principais variáveis financeiras: câmbio, juros, salários etc. Na verdade, está faltando que a confiança relativa ao financeiro seja impressa, imprimida num rumo para a esfera real. E isso quer dizer a criação de ambiente para investimento no volume e na direção requeridos nesta nova fase ou ciclo mundial

Transparência no campo fiscal.

O que está acontecendo é um descolamento de ações entre o campo fiscal e o financeiro. Se concordo que há ações de crescente transparência no campo financeiro (Banco Central), a mesma transparência só tem recuado no campo fiscal.

São dois pesos e duas medidas. Não é possível criar dois países: um que tem sucesso no enfrentamento de crises financeiras internas ou internacionais, e outro que não mostra com transparência ou eficácia o rumo dos seus gastos e o destino de seus tributos. Essa transparência tem se reduzido.

661 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Começa a aparecer com força a ineficácia das propagandeadas políticas públicas atuais, e isso é ruim. Como exemplo, cito a falta de eficácia da política de combate à fome, carro-chefe do atual Governo, com a qual grande parte dos investimento sociais é gasta.

O resultado começa a aparecer nas estatísticas dos gastos do Governo. Os mais recentes são os gastos com habitação e viagens de funcionários, que já ultrapassaram em muito os do Governo anterior e, o que é pior, já ultrapassaram tudo o que se gasta em investimentos sociais. E, quanto a essa nítida tendência de desvio de recursos públicos das políticas sociais mais essenciais para gastos em burocracia e aparelhamento do Estado, cabe ao Congresso Nacional alertar, fiscalizar e buscar romper essa tendência perversa. A transparência e a boa gestão no campo financeiro acabam nessa coisa que a população não gosta muito — “a bolsa subiu”, “o dólar isto ou aquilo”, “o Risco Brasil cresceu” etc. Sim, mas cadê o meu emprego? Avoluma-se uma reação, cada vez mais forte, a essa supremacia do tema financeiro sobre o tema real nas ações do Governo.

Cabe-nos alertar o País sobre a importância de a transparência, em cada programa de governo, não ter recuo, mas avanços compatíveis com o que se vê nas ações do sistema financeiro gerido por instituições públicas. Mais do que isso: o que acontece no campo real contamina o financeiro. Na percepção da falta de programas de desenvolvimento, sejam setoriais ou globais, aumentam os custos por meio das taxas de juros e de câmbio, porque o rumo não está sendo visto, e tarda a recuperação do PIB.

PPP e Agências Reguladoras.

662 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Tem sido vendida a idéia de que se for aprovado o sistema de parceria público-privada, o PPP, os investimentos virão. Além da questão da transparência do lado fiscal, o que levaria o PIB a ter rumo previsível e seguro de desenvolvimento são os investimentos. As experiências do Reino Unido e da Austrália nas parcerias público-privadas, porém, foram frustrantes. Não é daí que virá o investimento.

O Congresso Nacional está discutindo essa questão, que levaria à regulamentação de determinados setores para os quais poderiam concorrer, em conjunto, investimentos privados e públicos, o que vai além dessa história brasileira de concessões e licitações de serviços por parte do setor público para o privado. O

PPP não salva. Não é por aí que teremos um rumo seguro de investimentos que proporcione uma trajetória de PIB de 3,5%, 4% ou 5% ao ano.

Há de haver uma política de investimentos em que exista um aparato regulatório e um comprometimento fiscal ou creditício que leve a gerar investimento no País, e não apenas nas áreas em que o investimento estrangeiro seja possível.

Este, por outro lado, está um pouco abalado na sua confiança em relação ao País quando vê o caminho pelo qual estão sendo mudadas as Agências Reguladoras.

Elas, sim, representam um marco regulatório independente e seguro para setores com volumes de investimentos espetaculares. Setores para os quais os investimentos inclusive podem não ser apenas nacionais.

Do Conselho de Altos Estudos podem decorrer ações parlamentares que ajudariam o País, contribuindo para que não deixarmos que apenas o financeiro seja bem gerenciado, enquanto o PIB não sabe para aonde vai. Essa insegurança em relação ao papel das Agências, levando em alguns pontos à reestatização e possível politização das decisões, não é boa no mundo atual.

663 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Tem cabido a nós, Parlamentares, analisar o impacto disso no que estamos vendo não apenas na formação, mas no custo de rolagem e na formação da nova dívida pública interna e externa. Ou seja, rapidamente, deve-se trocar o que é financeiro pelo que é produtivo e real.

Não há dúvida de que há correspondência absolutamente clara entre aumento de investimentos financeiros de curto prazo e redução de investimentos produtivos de longo prazo. Tem a ver com a estratégia de construção da estabilidade atual em que taxa de juros é alta e a taxa de câmbio é baixa, para cumprir determinado papel a fim de chegar à meta inflacionária desejada. Se serviu a uma determinada fase de transformação interna para garantir a estabilidade, a situação não pode continuar assim eternamente — a dívida pública sobre o PIB só vai crescer, principalmente em função dos juros, e porque o PIB não crescerá, inclusive por causa dos juros.

E quando falo sobre o reequacionamento da dívida pública, estou olhando para a contaminação que ela tem pelo crescimento dos seus custos quando falta o denominador PIB e quando falta o rumo previsível para tornar esse denominador sustentado do futuro.

Eram os pontos que queria trazer à Casa, Sr. Presidente.

Muito obrigada.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Apresentação de proposições.

Os Senhores Deputados que tenham proposições a apresentar queiram fazê-lo.

APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SRS.:

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V - ORDEM DO DIA

PRESENTES OS SEGUINTES SRS. DEPUTADOS:

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SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A lista de presença registra o comparecimento de 317 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Passa-se à apreciação da matéria sobre a mesa e da constante da Ordem do Dia.

Item 1.

Medida Provisória nº 179, de 2004

(Do Poder Executivo)

Discussão, em turno único, da Medida Provisória nº

179, de 2004, que altera os arts. 8º e 16 da Lei nº 9.311,

de 24 de outubro de 1996, que institui a Contribuição

Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de

Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira

— CPMF, e dá outras providências. Pendente de parecer

da Comissão Mista.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra, para oferecer parecer à medida provisória e às emendas a ela apresentadas, em substituição à

Comissão Mista, ao Deputado Roberto Magalhães.

O SR. ROBERTO MAGALHÃES (PTB-PE. Para emitir parecer. Sem revisão do orador.) - Exmo. Sr. Presidente, nobres Sras. e Srs. Deputados, a Medida

Provisória nº 179, de 1º de abril deste ano, que veio a esta Casa com a Mensagem nº 151, tem por objetivo alterar os arts. 8º e 16 da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de

1996, que institui a Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de

Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira — CPMF, e dá outras providências.

Tem essa medida provisória 4 finalidades principais. A primeira é a criação das contas correntes de depósitos para investimentos — na linguagem comum, contas de investimentos —, desobrigadas do pagamento da CPMF por meio da aplicação da alíquota zero, com exceção apenas daqueles casos previstos no art. 85 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição Federal de

1988. A Medida Provisória procurou separar aquelas contas especiais, em que brasileiros e estrangeiros investem na Bolsa e, sem nenhuma incidência, resgatam nessa conta de investimentos.

A segunda finalidade é instituir novas regras operacionais na movimentação das contas bancárias. Nessa nova sistemática, a isenção é possibilitada pela conta de investimentos, devendo-se frisar que não apenas o investimento feito a partir dessa conta não tem a incidência da CPMF, como também o trânsito de um investimento para outro, ainda que entre bancos diferentes.

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Terceira, o agravamento das multas de ofício aplicáveis a casos de não recolhimento da CPMF.

Quarta, a alteração na sistemática de cobrança do Imposto de Renda na

Fonte sobre aplicações financeiras. Desaparece a hipótese de cobrança trimestral ou diária, em caso de Bolsa de Futuros, para semestral, principalmente no caso de fundos de investimento.

Prevê a medida provisória que sua vigência só se dará a partir do dia 1º de agosto de 2004, e não cuida da transição, sobretudo porque o estoque de investimentos atualmente existente não vai ser imediatamente beneficiado pela conta. Isso só acontecerá se o investidor resgatar para sua conta corrente normal, entrar na de investimentos, pagar a CPMF e iniciar novo périplo sob o manto dessa isenção.

Como não há regras para transição, passamos a considerar que a Medida

Provisória prevê algumas exceções. A primeira se refere à caderneta de poupança.

O investidor poderá fazer aplicação em poupança a partir de sua conta de investimentos, mas, se quiser, também poderá manter conta de depósito de poupança não integrada à de investimentos. É facultado, portanto, ao investidor integrá-la ou não à conta de investimentos.

A segunda exceção diz respeito às contas que mantêm depósitos judiciais e depósitos em consignação em pagamento. Eles não se comunicarão com as contas de investimento. Também não serão integradas às contas de investimento as especialmente criadas pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002, que abrigam as operações de compra e venda de ações, e respectivos índices, sem o pagamento da

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CPMF. Elas continuarão existindo, mas não se comunicarão com as novas contas de investimento. Houve pleito no sentido de que se pudesse integrá-las.

Para que V.Exas. tenham idéia da complexidade do assunto, cito o fato de que ontem, das 11h às 14h e das 19h às 23h, estive em reunião com o Secretário da

Receita Federal, o Diretor do Banco Central e o Subchefe da Casa Civil. Tudo é realmente muito difícil nesse campo da aplicação e interpretação da legislação financeira — e aqui há muitos que o conhecem bem.

Das medidas operacionais de combate à evasão fiscal.

Outro conjunto de dispositivos da Medida Provisória nº 179, de 2004, diz respeito a questões operacionais relativas às contas bancárias. O objetivo das regras é dificultar a evasão fiscal da CPMF e aumentar o controle sobre a movimentação de recursos.

Nesse sentido, toda aplicação financeira deverá ser feita mediante lançamento a débito na conta de investimentos. E esta somente poderá ser suprida com recursos vindos da conta corrente de depósito do mesmo titular.

Com essa disposição, o que pretende a Medida Provisória? Que aquele que ingresse com recursos na conta de investimentos pague a CPMF, embora dali em diante fique isento desse pagamento. O objetivo é evitar a evasão fiscal e aumentar o controle sobre a movimentação de recursos. Se a pessoa fizer um depósito em espécie não paga a CPMF, mas, se o dinheiro transitar na conta, a pessoa terá de pagá-lo.

Analogamente, algumas operações financeiras e creditícias somente poderão ser efetivadas mediante utilização da conta corrente do próprio titular ou mutuário,

671 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 vedando-se o envolvimento de terceiros. A conta de investimentos não pode ter depósito de terceiros, ou seja, de quem não é o seu titular.

Submetem-se a essa regra as seguintes operações: movimentações das contas especialmente criadas para a compra e venda de ações e índices em bolsas sem o pagamento da CPMF; liquidação de operações de crédito; pagamento das contribuições para planos de previdência e de seguros de vida (tentei retirar esse item da medida, mas a Receita teria dificuldades em fazê-lo porque há ações e pleitos na Justiça, em parte, porém, conseguimos alcançar o objetivo mediante dispositivo que mais à frente citarei); pagamento das contraprestações de contrato de arrendamento mercantil; pagamento dos benefícios ou resgates dos planos de previdência e de seguros de vida (aqui conseguimos fazer uma alteração importante,

à qual mais adiante também vou me referir), e resgate de aplicações financeiras não integradas à conta para investimentos.

Das multas agravadas nos casos de não recolhimento da CPMF:

No caso geral, hoje, a multa de ofício é de 75% e, se o contribuinte não atender ao Fisco, ela sobe para 112,5%. Se a infração for cometida com evidente intuito de fraude, os percentuais serão de 150% e 225% respectivamente.

Quanto à CPMF, a multa de ofício normal — agora, com esta medida provisória — será de 150% e, não atendido o auditor da Receita Federal, ela subirá para 225%. No caso de evidente intuito de fraude, os percentuais serão agravados para 300% e 450%, respectivamente.

Como se vê, a falta de recolhimento da contribuição dará ensejo a uma punição duplicada em relação ao caso geral.

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As destinatárias da punição serão as instituições financeiras e as demais entidades responsáveis pela retenção e recolhimento da CPMF, inclusive as corretoras e distribuidoras de valores, os serviços de compensação e custódia, as bolsas de valores e de futuros, os fundos de investimento, as câmaras de compensação e custódia e as empresas securitizadoras do Sistema Financeiro

Imobiliário.

Foram apresentadas 30 emendas pelos Srs. Deputados e 1 Senador.

A Emenda nº 1, do Deputado Antonio Carlos Mendes Thame, extingue as multas majoradas para as instituições financeiras que deixarem de reter e recolher a

CPMF.

A Emenda nº 2, do Deputado Walter Feldman, é idêntica à Emenda nº 1, ou seja, tem o mesmo sentido.

Quero dizer aos Srs. Deputados que durante boa parte do tempo em que estudei esse assunto pretendi acolhê-las não para extinguir, mas para reduzir as multas.

Quando fui Prefeito de Recife, reduzi as multas do Código Tributário por terem sido legisladas numa época de inflação alta. Todavia, embora muito alta, essa multa tem a ver com a prática de fraude. Assim, entendi que o melhor seria não extinguir e nem mesmo, como eu pretendia, reduzir essas multas para um parâmetro mais condizente com uma economia que tem moeda praticamente estável.

A Emenda nº 3, do Deputado Álvaro Dias, estabelece a não-incidência da

CPMF em contas correntes de pessoas físicas cuja renda provenha exclusivamente do trabalho assalariado.

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É justo, mas são tantas as emendas semelhantes no sentido de beneficiar outras pessoas e outros setores que, no final, desfiguraríamos o tributo.

Quando o IPMF foi votado, no Governo do Fernando Henrique Cardoso, além de ser da base do Governo, eu era Presidente da Comissão, e votei contra. A essa altura, porém, são 26 bilhões por ano para a Seguridade Social.

Então, uma vez que o imposto vem subsistindo, não faz sentido descaracterizá-lo ou esvaziá-lo.

Vamos ver as outras emendas com sentido semelhante.

A Emenda nº 4, do Deputado Álvaro Dias, estabelece a não-incidência da

CPMF em contas correntes de pessoas físicas cujo saldo médio mensal seja inferior a R$1.422,00.

A Emenda nº 5, do Deputado Álvaro Dias, estabelece a não-incidência da

CPMF em contas correntes de pequenas e microempresas.

A Emenda nº 6, do Deputado Colbert Martins, estabelece a não-incidência da

CPMF na restituição do Imposto de Renda.

A Emenda nº 7, do Deputado Álvaro Dias, estabelece a não-incidência da

CPMF nas operações de pessoas físicas de baixa renda e microempreendedores.

A Emenda nº 8, do Deputado Paes Landim, permite que a prestação de margem de garantia, em câmaras de compensação e liqüidação, seja feita em espécie.

A Emenda nº 9, do Deputado Max Rosenmann, cria a conta corrente de depósitos sem tributação da CPMF (alíquota zero) para as empresas de arrendamento mercantil.

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Essa emenda me parecia justa. Se os bancos múltiplos que têm carteira de leasing não pagam, por que outras instituições têm de pagar? Mas, depois de longa discussão com a Receita Federal, fiquei convencido de que não era conveniente aprová-la neste momento, porque há ação judicial dessas empresas contra a

Fazenda. Se acatássemos a emenda, fragilizaríamos a defesa da União. Há pouco recebi cópia da ementa de um acórdão dando ganho de causa às empresas de leasing. Acontece que essas empresas ora são consideradas financeiras, ora de serviços. Quando é para não pagar ISS, são consideradas financeiras; quando lhes interessa pagar ISS, são consideradas empresas de serviços. E assim fica a indefinição sobre sua natureza.

Essas empresas tiveram origem na 2ª Guerra Mundial. Em 1940, a Inglaterra estava praticamente derrotada pela Alemanha, sobretudo em virtude da batalha aérea da Inglaterra — ocasião em que Churchill disse “nunca tantos deveram tanto a tão poucos”, referindo-se à RAF. Então, o Presidente Roosevelt, para fornecer armamentos, navios e, especialmente, mantimentos, sem que a Inglaterra pudesse pagar, enviou ao Congresso americano, que o aprovou, o projeto da chamada Lei de

Arrendamentos, por intermédio do qual podia fazer contratos de arrendamento com pagamentos a perder de vista. Na verdade, o leasing surgiu daí, de um arrendamento que era também um financiamento a perder de vista e que poderia terminar com a transferência da propriedade daquilo que tinha sido arrendado para o arrendatário.

A Emenda nº 12, do Deputado Coriolano Sales, veda a existência de contas correntes conjuntas para pessoas jurídicas.

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Essa emenda foi acolhida porque visa evitar elisão fiscal. Duas pessoas jurídicas com a mesma conta podem perfeitamente fazer, por meio de mero depósito numa conta de investimentos ou em outra qualquer, a transferência e o pagamento; não saindo da sua conta normal de depósitos, o que pode eliminar a cobrança da

CPMF.

A Emenda nº 13, do Deputado Geraldo Thadeu, estabelece alíquota zero nas saídas das contas correntes para crédito nas contas de investimento.

Aí seria uma outra isenção. A isenção do depósito feito em conta corrente em todo o seu trânsito — da conta corrente para o investimento e da transferência do investimento para outro, até para banco diferente — seria mais uma isenção. E isso não seria justo, porque o benefício só pode se iniciar no momento em que houver o ingresso de recursos na conta de investimentos.

A Emenda nº 15, do Deputado Coriolano Sales, estabelece alíquota zero nas saídas para pagamento de folhas de salário e encargos.

É justo, mas se formos acumulando todas essas isenções, no final vamos esvaziar bastante a CPMF, que é um imposto regressivo — o que não é justo —, mas que existe por deliberação do Congresso Nacional. Como disse, votei contra quando se pretendeu implantá-lo, mas, uma vez que existe, das duas, uma: ou permitimos que esse imposto alcance seus objetivos ou apresentamos proposta de emenda constitucional com o objetivo de extingui-lo. Na minha opinião, não pode, salvo melhor juízo, ficar no meio termo.

A Emenda nº 16, do Deputado Walter Feldman, é idêntica à Emenda nº 13.

Da mesma forma, a Emenda nº 17, do Deputado Coriolano Sales.

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A Emenda nº 18, do Deputado Paes Landim, altera o mecanismo de ingresso e controle dos recursos nas contas de investimento, separando a sistemática dos bancos da sistemática das demais instituições financeiras — corretoras, distribuidores de valores, fundos etc.

Essa medida foi muito discutida e não se chegou a uma conclusão sobre a conveniência de aprová-la.

A Emenda nº 19, do Deputado Coriolano Sales, permite que o resgate das aplicações financeiras seja feito sem trânsito por conta corrente, desde que os investimentos sejam mantidos por mais de 12 meses.

A Emenda nº 20, do Senador Rodolpho Tourinho, estabelece alíquota zero de

CPMF nas saídas para pagamento de tributos federais, estaduais e municipais.

A Emenda nº 21, do Deputado Paes Landim, dispensa do trânsito obrigatório pela conta corrente do mutuário a liquidação de empréstimos e financiamentos realizados via cartão de crédito.

Por que esse privilégio para o cartão de crédito? Ninguém me explicou. Não consegui entender, e ninguém me esclareceu por que esse privilégio para o cartão de crédito.

A Emenda nº 22, do Deputado Paes Landim, dispensa do trânsito pela conta corrente do mutuário a liquidação de operações de desconto de duplicatas, de adiantamentos de contratos de câmbio — ACC e de financiamentos com repasse de recursos governamentais.

Há outros casos de dispensa.

O que fiz? Sou contrário a esse modelo de presidencialismo centralizador e imperial existente, no plebiscito votei pelo parlamentarismo e fui Vice-Presidente da

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Frente Parlamentarista Ulysses Guimarães. No caso desta medida provisória, porém, não tive outro recurso senão ampliar a delegação ao Ministro da Fazenda para que pelo menos algumas dessas emendas pudessem, mesmo depois de aprovada a medida provisória, ter a chance de ser atendidas de forma mais ampla.

Para não fechar a porta a todas elas, entendi, sobretudo no caso das que têm conteúdo predominantemente operacional, que algumas podem ser discutidas com o

Ministro da Fazenda, sem que a lei que daqui provier, se for o caso, torne inviável o diálogo.

A Emenda nº 25, do Deputado Paes Landim, autoriza o Ministro da Fazenda a dispensar do trânsito pela conta corrente a concessão e a liquidação de operações de crédito, inclusive de pessoas jurídicas. Isso está contemplado na delegação. O

Ministro da Fazenda, amanhã, caso queira, baixa uma portaria e atende. A delegação, nesses casos, prevê que haja interesse social e que o Ministro poderá limitar o benefício porventura concedido.

A Emenda nº 26, do Deputado Antonio Carlos Mendes Thame, suprime a delegação de competência ao Ministro da Fazenda para dispensar de trânsito em conta corrente determinadas operações de crédito.

Eu estaria com o Deputado Antonio Carlos Mendes Thame se não fosse a busca de uma porta, ainda que não muito larga, para que não fique encerrada a discussão de matérias que não tivemos condições de acolher de pronto neste relatório.

A Emenda nº 28, do Deputado Devanir Ribeiro, proíbe o endosso de cheques pagáveis no País.

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Ora, proibir o endosso seria mutilar o Direito Cambial brasileiro e criar problemas no mercado internacional. O Brasil é signatário, entre outras, da

Convenção de Genebra a respeito da uniformidade referente a cheques, promissórias, letras de câmbio etc. Como, então, por meio de lei ordinária, vamos cancelar o endosso?

Não sei se votei essa barbaridade, mas descobri que, já no atual Governo, aprovamos dispositivo que só permite um endosso no cheque. Isso é uma violência.

Daqui a pouco vamos abolir o cheque, como agora querem fazer com o endosso.

Não podemos, em homenagem ao Fisco, abastardar o ordenamento jurídico do País.

A Emenda nº 29, do Deputado Colbert Martins, permite a dedução da CPMF do Imposto de Renda devido na Declaração Anual de Ajuste do Imposto de Renda de Pessoa Física.

Nos casos em que há prêmio, como na caderneta de poupança, a Receita não dá isenção e não concorda. E quando ela é obrigada a fazer para incentivar, como na caderneta de poupança, como age? Ela paga, mas não isenta.

A Emenda nº 30, do Deputado Rogério Teófilo:, obriga as instituições financeiras a divulgar, mediante afixação em lugar visível, o valor da CPMF recolhida, e a Receita Federal, a divulgar o valor total da arrecadação da contribuição.

Isso é feito mensalmente na Internet, e esse acesso não é difícil.

Da constitucionalidade e técnica legislativa.

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A relevância da matéria é inquestionável. Temos os mercados financeiros mais sofisticados da América Latina, alguns acreditam que até do mundo — eu não quero chegar a tanto.

Segundo o Banco Central, em fevereiro de 2004, os saldos e patrimônios das principais aplicações de renda fixa e variável — os depósitos a prazo (CDB e RDB), os fundos de investimento financeiro e os fundos de ações — totalizavam 680 bilhões e 200 milhões de reais. Uma medida provisória, um projeto de lei ou qualquer outra providência que estimule o investimento só pode ser relevante, principalmente na atual conjuntura, em que os Estados Unidos já sinalizam o aumento da taxa de juros. Por isso os nossos fundos de investimento de renda fixa estão com rentabilidade em queda, bem como a Bolsa de Valores.

Esta medida provisória também é urgente por estarmos num ano eleitoral. Ou aprovamos a matéria até junho ou vamos enfrentar as turbulências do mercado internacional, que já começaram, sem alguns dos instrumentos que temos para defender nossa poupança interna.

Em relação à técnica legislativa, também não encontramos óbices na proposta. Os aspectos formais do texto analisado estão conforme os preceitos da

Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998. A mesma situação se verifica em relação às emendas apresentadas à medida provisória.

Por essa razão, em referência à Medida Provisória nº 179 e a todas as emendas apresentadas, nosso parecer é pela constitucionalidade, juridicidade e boa técnica legislativa.

Em seguida, passo a apreciar a compatibilidade e a adequação orçamentária e financeira.

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Creio que não preciso ler este capítulo, uma vez que a matéria é essencialmente técnica, mesmo a perda de receita é muito pequena. Embora a medida entre em vigor em 1º de agosto de 2004 para os novos investimentos feitos através da conta, apenas daqui a quase 2 anos, em 2006, haverá a possibilidade de alcançar o atual estoque de recursos retidos nas mais diversas espécies de investimentos existentes no País.

O parecer, portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é pela adequação financeira da Medida Provisória nº 179 e de todas as emendas.

Do mérito.

Não há dúvida de que a MP representa aperfeiçoamento do sistema financeiro. Primeiro, porque facilitará o investimento e lhe dará mais agilidade.

Segundo, porque será uma medida de estímulo a que não sejam desviados recursos de poupança de pouco investimento para gastos ou investimento em bens ativos imobiliários ou de outra sorte. E ,em terceiro lugar, porque é muito rara a edição de lei tributária que tenha algum aspecto evidentemente favorável ao contribuinte. E esta, inegavelmente, é favorável ao contribuinte investidor.

Bem, Sras. e Srs. Deputados, vou passar agora às alterações que fiz no texto mediante projeto de lei de conversão. Elas tratam de situações específicas.

Para facilitar o entendimento, vou ler a relação das alterações. Quem estiver com o projeto de lei de conversão em mão observará que as modificações estão em negrito.

Primeira alteração: art. 1º da Medida Provisória. Acrescenta o inciso III ao art.

8º, § 10º, da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996.

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“III- as operações a que se refere o inciso V do art.

2º, quando sujeitas a ajustes diários.”

As operações de BMF que se sujeitam a ajuste diário retornam à legislação anterior. Alíquota zero para ajustes de pagamento da CPMF só na liquidação.

Essas empresas pretendiam pagar imposto só na liquidação. O Banco Central entendeu que a melhor solução seria a de manter a atual situação. Não há o pagamento da CPMF nos ajustes diários, mas haverá na liquidação.

Segunda alteração: nova redação ao § 14 do art. 8º da Lei nº 9.311, de 1996.

“§ 14. As operações a que se refere o inciso V do

art. 2º, quando não sujeitas a ajustes diários, integram as

contas correntes de depósitos para investimentos.”

Esse dispositivo também faculta a realização do ajuste diário por meio da conta de investimentos. Com isso, ela não pagará a CPMF. Entretanto, para toda operação anterior a 1º de agosto de 2004, terá de haver o pagamento da CPMF em sua liquidação.

Terceira alteração: introduz o § 16 ao art. 8º da Lei nº 9.311, de 1996 —

Emenda nº 2, do Deputado Coriolano Sales:

“§ 16. No caso de pessoas jurídicas, as contas

correntes de depósito não poderão ser conjuntas”.

Quarta alteração: inclusão do § 17 do mesmo artigo, proibindo tarifa de valor maior do que as demais nas operações relacionadas à conta de investimentos. Esta

é uma inovação do Relator. Vejam bem: se a partir da conta de investimentos é possível fazer uma transferência de investimento de um banco para outro, o que pode acontecer? Assim como há guerra fiscal entre os Estados, haverá guerra de

682 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 tarifas entre os bancos. O banco começará a estabelecer uma tarifa maior para a conta de investimentos, caso haja opção pela transferência. E o investidor ficará inibido ao querer passar de um banco para outro. Para evitar essa prática, fixo norma estabelecendo que a tarifa da conta de investimentos não é diferenciada da das contas correntes de modo geral.

A quinta alteração se refere ao § 1º do art. 16: inclusão de novo parágrafo, que passou a ser o 4º:

“§ 4º No caso de planos de benefícios de

previdência complementar, as contribuições poderão ser

efetivadas a débito da conta corrente de depósitos ou por

cheque de emissão do proponente ou responsável

financeiro”.

A medida visa desobrigar os beneficiários da previdência complementar, quando menores ou idosos, de ter uma conta corrente própria para o pagamento de resgate. Por quê? Porque essa exigência visa arrecadar mais CPMF, mas é profundamente injusta, porque qual é o pai, sobretudo o de classe média ou alta, que não paga mensalmente, para sua mãe, sua avó, seu filho ou neto, um investimento, para que o beneficiado tenha no futuro uma pensão, a chamada previdência complementar? É justo que alguém que fez uma operação dessa ordem em favor de um parente abra essa conta em nome do filho? E o idoso? Para o idoso

é um embaraço ter conta corrente em banco.

Então conseguimos sensibilizar até mesmo os que eram opositores dessa idéia e introduzimos essa norma em homenagem a muitos brasileiros que recorrem

à previdência complementar.

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Sr. Presidente, o restante está no parecer e no projeto de conversão que entrego à Mesa.

Concluo dizendo que a Medida Provisória nº 179 atende aos pressupostos constitucionais de relevância e urgência, é constitucional, jurídica e de boa técnica legislativa. Também sou por sua adequação financeira e orçamentária.

No mérito, voto pela aprovação desta MP e pelo acatamento, total ou parcial, das emendas de nºs 12, 21, 22, 23, 24 e 25, na forma do projeto de lei de conversão em anexo, e pela rejeição das demais emendas apresentadas.

A propósito, quando me referi às emendas, não disse se estavam ou não acatadas. Se eu o fizesse, V.Exas. iriam ter dificuldade em encontrá-las, porque, para vencer a barreira de defensores da área do Fisco, tive de fazer gol pela lateral, como, por exemplo, no caso da ampliação dos poderes do Ministro para atender a determinadas demandas.

Muito obrigado a todos.

PARECER ESCRITO ENCAMINHADO À MESA

684 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 685 A 685-ZB)

685 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. MIGUEL DE SOUZA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MIGUEL DE SOUZA (Bloco/PL-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, no painel, há 349 presenças registradas e a Ordem do Dia já se iniciou, porém temos informações de que ainda há Comissões reunidas. Peço a V.Exa. que mande suspender as reuniões das Comissões da Casa para que possamos proceder à discussão e à votação no plenário.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência determina, neste instante, a suspensão dos trabalhos das Comissões, sob pena de ser considerada nula qualquer decisão adotada. O Plenário tem prioridade sobre o funcionamento das Comissões da Casa, portanto, estas devem suspender seus trabalhos, pois estamos em período de Ordem do Dia. Inclusive, dentro de poucos minutos, deveremos dar início à votação.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Há oradores inscritos para discutir a matéria.

Concedo a palavra ao Sr. Deputado Antonio Carlos Mendes Thame, para falar contra a matéria. (Pausa.) Ausente.

Concedo a palavra ao Deputado Luiz Carlos Hauly. (Pausa.) Ausente.

Concedo a palavra ao Deputado Ricardo Barros. (Pausa.) Ausente.

Concedo a palavra à Deputada Luciana Genro. (Pausa.) Ausente.

Concedo a palavra ao Deputado Babá. (Pausa.) Ausente.

Concedo a palavra ao Deputado Carlos Alberto Leréia. (Pausa.) Ausente.

Concedo a palavra ao nobre Deputado Alberto Goldman, que falará contra a matéria. S.Exa. dispõe de 3 minutos.

O SR. ALBERTO GOLDMAN (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é inegável que o trabalho realizado pelo

Deputado Roberto Magalhães foi cuidadoso e debatido. S.Exa. se movimentou para, junto com a área financeira do Governo, discutir essa matéria, o que resultou em trabalho profícuo e inteligente.

Aliás, S.Exa. é, sem dúvida, um dos melhores Deputados desta Casa, um dos mais ativos, mais conscientes, e tem demonstrado isso em todos os momentos em que precisa opinar, ou relatar determinada matéria.

O Deputado Roberto Magalhães fez mudanças na medida provisória, melhorando-a bastante, a ponto de, permita-me dizer, podermos aprová-la. O projeto de conversão, portanto, permite que se faça transição entre contas sem que haja necessidade de pagamento de CPMF.

687 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Hoje, existem fundos de investimento, para pequenos e médios investidores, que permitem a transição de uma conta para outra ou de um banco para outro. Isso era praticamente impossível, na medida em que essa transição já acarretava o custo imediato do pagamento da CPMF. Com essa medida, a competição entre os fundos e entre os bancos será maior. Não será preciso ficar preso a algum fundo que, em determinado momento, não tenha rendimento condizente só porque a mudança acarretaria despesa adicional.

Portanto, no geral, a medida é positiva.

Chamo a atenção do nosso Relator, Deputado Roberto Magalhães, para a

Emenda nº 16, apresentada pelo Deputado Walter Feldman, que isenta do pagamento da CPMF a primeira aplicação no fundo. Hoje, quem faz investimento, ao entrar no sistema, paga parcela de CPMF correspondente a 0,38%; ao sair, pagará outra vez 0,38%.

Não me parece justo. Não me parece lógico que seja cobrado duas vezes pela movimentação do mesmo dinheiro, que esteve na conta e apenas rendeu; não foi acrescido de parcelas excepcionais, mas apenas do rendimento normal. Mas a pessoa que faz o investimento paga na entrada do sistema e, depois, na saída.

A proposta do Deputado Walter Feldman é a de que o pagamento seja feito apenas na saída, e não na entrada. Aquela é nossa objeção e esta, a nossa proposta. Solicitamos ao Sr. Relator que a analise com cuidado.

688 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, já estamos na discussão da matéria, mas ainda há várias

Comissões reunidas. V.Exa. tem que tomar uma providência, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência já determinou a suspensão dos trabalhos a partir do início da Ordem do Dia, às 15h. Daí em diante, qualquer decisão tomada será considerada nula.

O Secretário-Geral, Sr. Mozart, já está diligenciando providências e vai mandar funcionários até lá para dizer que qualquer decisão adotada será considerada nula.

689 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Claudio Cajado, que falará a favor da matéria. S.Exa. dispõe de 3 minutos.

O SR. CLAUDIO CAJADO (PFL-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, saúdo nesta oportunidade o nobre Relator,

Deputado Roberto Magalhães, pelo brilhante trabalho. Efetivamente, esta MP merece de todos atenção peculiar, pelo fato de possibilitar aos investidores a diminuição de tributação, o que é importante, a exemplo do que ocorre atualmente com a Poupança, aplicação de cunho popular.

Não é justo, Sr. Presidente, que principalmente a classe média, que dispõe de algum recurso para fazer poupança, tenha como única opção de fonte para fazê-lo a

Caderneta de Poupança.

A partir do momento em que for retirada a incidência da CPMF em aplicações como RDB, CDB, títulos públicos e outros, em primeiro lugar, haverá maior leque de opções ao pequeno investidor para melhorar seu retorno financeiro em aplicações.

Em segundo, aumentará a competição entre os fundos. Se o investidor se sentir tolhido para aplicar em determinado setor que, à época, tem melhores índices de retorno financeiro, é óbvio que isso não apenas irá limitar a ação dos mais competentes como também prejudicará, em última análise, o pequeno poupador.

Nosso posicionamento é favorável à Medida Provisória nº 179. Contudo, é importante também que possamos coibir a cobrança, por parte das instituições financeiras, de taxas sobre as aplicações que estão sendo isentadas de CPMF.

Na verdade, o que ocorre na prática é que, no momento em que nós, por um lado, melhoramos para os investidores as possibilidades de investimentos, os

690 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 bancos, as instituições financeiras, na outra ponta, cobram taxas sobre isso. É preciso que tudo fique claro.

Há pouco, discutia com o Deputado Roberto Magalhães a respeito dessa possibilidade. Para tanto, vamos proceder à leitura mais detida do relatório apresentado agora em plenário, cujas cópias estão sendo providenciadas. Daí por que peço ao nobre Relator que absorva essa sugestão no intuito de coibir os abusos que, em última análise, venham a prejudicar o novo investidor em carteira de títulos públicos, CDB, RDB etc. Há que se ressaltar também o fato de que no mercado de ações já procedemos a esse tipo de medida.

É importantíssimo que possamos também votar favoravelmente a essa MP, com as alterações feitas pelo nobre Relator principalmente no aspecto para o qual chamamos a atenção, as taxas bancárias das instituições financeiras.

Sr. Presidente, queremos admitir como factível a não-cobrança, a não-incidência da CPMF sobre essas aplicações, até porque isso pode beneficiar principalmente a classe média, que tem hoje como única opção a Caderneta de

Poupança. Então, é importante que possamos abrir o leque, neste momento de dificuldade financeira, de baixa renda do trabalhador brasileiro, com uma possibilidade de retorno financeiro de seus recursos depositados para fins de investimento.

Votamos aqui — e, neste momento, pessoalmente me posiciono — favoravelmente às alterações sugeridas.

691 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Rodrigo Maia, que falará contra a matéria.

O SR. RODRIGO MAIA (PFL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, iremos votar agora à tarde esta medida provisória. Tenho alguns questionamentos que desejo fiquem registrados. Desses questionamentos e de outros expostos pelo

Deputado Claudio Cajado certamente sairá a posição do nosso partido.

A primeira questão mais relevante, que estava subentendida e agora está diretamente entendida nesse texto, é a da cobrança de tarifa bancária.

A medida provisória certamente visa atender, é claro, aos interesses dos investidores que, às vezes, têm vontade de movimentar seus investimentos de uma conta “a” para o investimento “b”. Lógico que também é de interesse dos bancos, porque com essa flexibilização — e, em tese, somos favoráveis a ela — os recursos do poupador ficarão mais tempo aplicados.

Na medida provisória original e também no relatório do Deputado Roberto

Magalhães apenas uma coisa fica entendida: o Governo está, de forma correta, abrindo mão de uma receita.

Se quero manter meus recursos na chamada conta investimento e mudar de investimento, não é justo que eu seja penalizado com a cobrança da CPMF. Não é justo também que se abra uma janela, como fez o Governo e infelizmente o Relator a manteve aberta, para a cobrança de tarifa por parte dos bancos.

Vou explicar o porquê, Sr. Presidente.

Os investimentos são distintos de depósito em conta corrente. Pelo depósito em conta corrente, faço minha movimentação no momento em que eu quiser, e o

692 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Governo, claro, ganha com o depósito compulsório e as tarifas. Aí, sim, para prestação desses serviços, os bancos têm direito de cobrar pelas tarifas.

Por outro lado, quando for criada a conta investimento, se não proibirmos a cobrança de tarifa, o que ocorrerá? Os bancos, quando administram fundos de investimentos, sejam de renda fixa ou variável, já cobram uma taxa de administração e terão o direito de criar nova tarifa, a título de administração da conta investimento.

É isso que ocorrerá no sistema financeiro brasileiro.

É claro que, em tese, em face da concorrência dos bancos, certamente essa futura tarifa tende a ser próxima de zero. Tende a ser próxima de zero. Mas não podemos deixar de tributar o investidor correto, já que os recursos permanecerão no sistema financeiro, nas suas aplicações, o que vai permitir ao sistema financeiro cobrar duplamente.

Em relação aos certificados de depósitos bancários, nas aplicações de médio e longo prazos, é claro que está embutida na taxa de juros do banco a taxa de administração.

Então, nós, do PFL, temos posição fechada. Não temos condições de votar a matéria, se não ficar proibida a criação de tarifa para administrar a conta investimento. Somos radicalmente favoráveis à medida provisória no mérito, ao acabar com a tributação entre a conta “a” e “b” de investimento. Agora, deixar uma janela aberta para o banqueiro se apossar de uma receita que era do Governo?

Claro que ele pode transferir a tarifa. Sabemos disso.

Agora, não deixar claro que o Governo abre mão de uma contribuição, e que isso pode virar tarifa, é um erro que todos estaremos cometendo nesta tarde.

693 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Sr. Presidente, o § 5º do art. 16 também confere ao Ministro da Fazenda liberdade de legislar. Não podemos, como legisladores que somos, abrir mão dessa possibilidade.

Diz o item I do § 5º — o novo: “Dispensar da obrigatoriedade prevista neste artigo a concessão, a liquidação ou o pagamento de operações previstas nos incisos

II, III e IV do caput...”.

Isso caberá ao Ministro ponderar. E aí vamos descobrir o seu significado.

Significa que o Ministro da Fazenda vai legislar sobre, pelo menos, a liquidação das operações de crédito. Então, nós, como legisladores, temos de retirar essa possibilidade.

Cabe ao Ministro da Fazenda executar as leis aprovadas pelo Congresso

Nacional e sancionadas pelo Presidente da República. Portanto, não cabe a S.Exa. legislar.

Sr. Presidente, são os 2 pontos que apresentamos para discussão da matéria.

694 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para falar a favor da matéria, concedo a palavra ao nobre Deputado Antonio Cambraia, que disporá de 3 minutos.

O SR. ANTONIO CAMBRAIA (PSDB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta é mais uma dentre a profusão de medidas provisórias enviadas a esta Casa pelo Poder Executivo.

Por se tratar de matéria tributária, o indicado seria um projeto de lei, que deveria ter sido discutido nas Comissões Permanentes e, com certeza, chegado a uma lei melhor.

Muito embora essas observações, não temos por que sermos contrários a esta medida provisória, porquanto beneficia o contribuinte e o investidor. Entretanto, o PSDB está endossando a emenda do Deputado Walter Feldman que elimina a cobrança da CPMF na aplicação e permite apenas seja cobrada no saque, o que é muito justo, senão o aplicador pagaria essa taxa duas vezes numa mesma operação.

O PSDB vai apresentar requerimento de destaque para a emenda do

Deputado Walter Feldman, no sentido de aperfeiçoar a proposição e chegar a uma lei melhor para o contribuinte, para o País, para o Governo e para o sistema financeiro. Logo, todos serão beneficiados.

Portanto, somos favoráveis à sua aprovação.

695 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Murilo Zauith, que falará contra a matéria.

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, estamos discutindo nesta tarde forma de incidência de

CPMF na cobrança dos investimentos. Hoje, é cobrada CPMF cada vez que o dinheiro retorna para a conta e sai outra vez para nova aplicação.

O que o Governo propõe é que se crie para o cliente uma conta de investimentos. Só se pagaria CPMF na saída do dinheiro para esta conta. E toda vez que o cliente dessa conta de investimentos mudasse o tipo de aplicação não pagaria mais CPMF.

Mas, da forma como o Governo está propondo, para que o investidor possa mudar, conforme seu critério, para o tipo de investimento que achar de melhor rendimento, existe uma mão invisível dos bancos que já colocam nesse texto a cobrança de uma tarifa de conta investimento. E o cliente dessa conta investimento vai ficar refém do banco, porque, quando quiser mudar de banco, será cobrado dele esse serviço.

Então, estamos fechando questão nesse ponto. Queremos que seja retirada do texto essa cobrança de taxa de conta investimento. Os bancos não precisam desses recursos, seus lucros são exorbitantes. Se o Governo está abrindo mão da

CPMF, por que vai permitir aos bancos cobrarem tarifa sobre o investimento?

Quando alguém vai fazer aplicação, o banco nunca paga 100% da taxa

SELIC para o investidor, e, sim, 90%, 95%. Por quê? Porque já embutiu a administração do dinheiro. Lógico que, quando oferece qualquer tipo de investimento, o banco já embutiu o custo da administração desse dinheiro.

696 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O Governo abrir mão da CPMF, mas deixar aberta a possibilidade de cobrança de taxa da conta investimento, é um absurdo. Não podemos aceitar isso.

Além do mais, num parágrafo, dá-se ao Ministro da Fazenda poder para baixar resoluções quanto a esse ponto.

Esta é a nossa posição.

697 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Luiz Sérgio, que falará a favor da matéria. (Pausa.) Ausente.

Concedo a palavra ao Deputado Eduardo Valverde. (Pausa.) Ausente.

Concedo a palavra ao Deputado José Pimentel.

O SR. JOSÉ PIMENTEL (PT-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, inicialmente, quero parabenizar o Deputado Roberto

Magalhães pelo excelente parecer e registrar que o objetivo dessa medida provisória

é beneficiar o pequeno e o médio aplicador de recursos próprios no Brasil, seja por intermédio dos fundos de investimento ou de outra modalidade. O que esses investidores pretendem é fazer com que seus depósitos sejam minimamente remunerados durante o curto período de 15, 30 ou 90 dias em que seu dinheiro permanece nos bancos.

A sistemática de cobrança da CPMF era de 0,38% em cada movimentação dessas aplicações. Até mesmo quando o banco resolvia oferecer melhor remuneração, porque houve aumento dos juros praticados no mercado ou porque conseguiu fechar negócio mais vantajoso, o pequeno ou médio aplicador não podia ser beneficiado desse lucro a maior, porque teria que, em primeiro lugar, baixar sua conta, pagar a CPMF, reaplicar, para depois pegar aquela pequena diferença.

Portanto, essa medida beneficia o cidadão de pequenas posses, o depositante de pequenos valores que resolve aplicar seus recursos durante um período mais curto do que na poupança. É evidente que, em matéria dessa magnitude, não se resolvem todos os pontos de uma única vez. Devemos refletir os pontos levantados pelo Deputado Alberto Goldman. S.Exa. propõe que a primeira aplicação não seja debitada, mas somente no resgate. Podemos refletir sobre essa

698 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 proposta. Estamos aguardando o retorno do Governo para depois dar uma resposta.

Por isso, ela fica aqui destacada.

Também queremos discutir outros temas que estão sendo levantados. Nosso objetivo é contribuir para a diminuição da taxa de juros praticada no Brasil e remunerar melhor os pequenos aplicadores e poupadores que efetivamente precisam proteger suas receitas, seus depósitos. Com isso, contribuiremos para o crescimento econômico, a geração de emprego e o fortalecimento da nossa economia.

Sr. Presidente, parabenizo o Relator e acompanho o seu parecer.

Muito obrigado.

699 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Sobre a mesa requerimento no seguinte teor:

“Sr. Presidente, requeremos, nos termos

regimentais, o encerramento da discussão e do

encaminhamento da votação da Medida Provisória nº 179,

de 2004”.

700 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

A SRA. LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. LAURA CARNEIRO (PFL-RJ. Pela ordem. Sem revisão da oradora.)

- Sr. Presidente, não há quorum no plenário, embora haja no painel. Portanto, eu peço a V.Exa. que não coloque, neste momento, esse requerimento em votação, para que pudéssemos continuar a discussão. Tenho certeza de que os Líderes são a favor desse meu pedido. A nossa querida Deputada Luciana Genro estava inscrita para falar. Em homenagem às mulheres, Sr. Presidente, faço esse pedido. De qualquer maneira, o PFL pede a V.Exa. um prazo para fazer os destaques a que tem direito.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Compete à Mesa, única e exclusivamente, seguir o roteiro do que foi encaminhado.

701 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência consulta os autores do requerimento.

O SR. JOSÉ PIMENTEL (PT-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o

Deputado Luiz Sérgio, que está fazendo essa coordenação, foi à Liderança para discutir as propostas aqui apresentadas.

Vamos retirar momentaneamente o requerimento, para dar continuidade à lista dos inscritos. E, na hora oportuna, quando o Deputado Luiz Sérgio voltar, voltaremos a discutir o requerimento. Até porque estamos dependendo de uma resposta.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Mantém o requerimento, para ser votado oportunamente, ou retira de vez?

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Não. Vamos apenas suspendê-lo temporariamente.

702 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para falar contra a matéria, concedo a palavra à nobre Deputada Luciana Genro.

A SRA. LUCIANA GENRO (Sem Partido-RS. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na verdade, este debate nos remete às prioridades do Governo neste momento tão grave por que passa o País. Há uma crise socioeconômica, altos índices de desemprego, arrocho salarial brutal contra a classe trabalhadora, queda na renda das famílias.

Hoje tivemos a divulgação de uma pesquisa do IBGE que informa que 85% das famílias declaram que seu salário não consegue alcançar até o final do mês.

Portanto, têm dificuldades enormes para pagar as contas e sobreviver dignamente.

Mas o Governo nos envia medida provisória, o que pressupõe a relevância e urgência da matéria, para desonerar da CPMF as operações de investimento financeiro.

Chamo atenção do Plenário para o item 13 da justificativa do Governo:

“Por fim, justifica-se a medida provisória pela

urgência e relevância de que se reveste a adoção de

soluções que aperfeiçoem a legislação tributária, em

especial quando se destinam a corrigir distorções fiscais

(...) e a estimular maior eficiência na alocação de recursos

no mercado financeiro...”

Isto é um primor. Mostra quais são de fato as urgências do Governo.

Enquanto vivemos uma brutal distorção fiscal — os impostos recaem fundamentalmente sobre os assalariados e não sobre a propriedade e a riqueza, como deveria acontecer num sistema tributário justo —, o Governo quer desobrigar

703 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 do pagamento da CPMF os investidores. Enquanto permanece congelada a tabela do Imposto de Renda e os assalariados continuam sendo achacados, especialmente aqueles que ganham pouco mais de 1.000 reais e deveriam estar isentos do pagamento do Imposto de Renda, o Governo quer beneficiar os especuladores.

Enquanto os trabalhadores pagam CPMF para sacar seu salário suado e poder comprar comida, pagar aluguel e cobrir despesas básicas, o Governo quer livrar da CPMF os endinheirados.

Estamos diante de uma triste realidade: temos um Governo escravizado pelo mercado; um Governo que só se importa em tomar decisões que agradem ao sistema financeiro; um Governo que não se preocupa em propor medidas que atendam aos interesses da maioria do povo.

Como exemplo desse comportamento, lembro o envio a esta Casa de uma

MP que propõe aumento de apenas 20 reais para o salário mínimo, reajuste absolutamente ridículo diante das necessidades da nossa gente, irrisório perto do compromisso de dobrar o poder de compra do salário mínimo em 4 anos, assumido pelo Presidente Lula durante a campanha.

Os compromissos com o mercado financeiro e com os banqueiros, estes o

Governo cumpre religiosamente. Isentar os investidores e especuladores da cobrança da CPMF, mas mantê-la para aqueles que recebem salários extremamente baixos é certamente mais uma das obrigações assumidas pelo

Governo brasileiro com os mercados.

704 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência acaba de ser informada de que houve acordo com o Relator. Assim sendo, continuaremos discutindo a matéria, até que chegue ao plenário o teor desse acordo.

705 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para falar a favor da matéria, concedo a palavra ao Deputado Fernando de Fabinho. (Pausa.) Ausente.

Concedo a palavra ao Deputado Fernando Coruja. (Pausa.) Ausente.

Concedo a palavra ao Deputado Alexandre Cardoso. (Pausa.) Ausente.

Concedo a palavra ao Deputado Zé Geraldo. (Pausa.) Ausente.

Concedo a palavra ao Deputado Gonzaga Patriota. (Pausa.) Ausente.

Concedo a palavra ao Deputado Roberto Freire.

O SR. ROBERTO FREIRE (PPS-PE. Sem Revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho aqui trazer um testemunho. O IPMF surgiu no Direito brasileiro no início do Governo Itamar Franco. Sou um dos responsáveis pela criação desse instituto.

Itamar Franco assumiu o Governo numa profunda crise, não apenas política e moral, mas também fiscal, seriíssima. Iniciou-se naquele Governo uma tentativa de encontrar mecanismos de estabilidade. Tanto isso é verdade que, a partir de então, teve-se a oportunidade de acabar com a velha cultura inflacionária, de mais de 40 anos.

Digam o que quiserem do Presidente Itamar Franco, mas é preciso ressaltar seu importante papel naquele período.

Para enfrentar a crise, iniciou-se, infelizmente com continuidade, um ajuste fiscal. Foram criados um fundo de emergência e o IPMF, que era imposto, mas era provisório.

Desta tribuna, tive um confronto de idéias com o Deputado Roberto

Magalhães, naquela oportunidade, contrário à criação do imposto, que, insisto, era provisório, mas tornou-se permanente.

706 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Dado importante. Quando criamos o imposto, concedemos uma única exceção. Todos tinham de pagá-lo, até mesmo aqueles que tinham imunidade constitucional, como os partidos políticos, os sindicatos, as igrejas, a imprensa. Só não pagavam o tributo, porque havia uma compensação, os aposentados e pensionistas deste País.

Observem a diferença de compreensão entre um Governo que pretende ser realmente democrático e quer enfrentar o problema da distribuição de renda e um

Governo que precisa atentar fundamentalmente para os interesses do mercado financeiro.

Infelizmente é a isso que estamos assistindo hoje.

707 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência prorroga esta sessão, que começou às 12h18min, por mais uma hora.

708 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para discutir, concedo a palavra ao nobre Deputado Antonio Carlos Mendes Thame, que falará contra a matéria.

O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o mérito da Medida Provisória nº

179, de 2004, é absolutamente oportuno. Atende a todos os requisitos de constitucionalidade e juridicidade e vai ao encontro da necessidade de criarmos uma poupança nacional, dos brasileiros, de termos uma receita advinda dos nossos próprios filhos e de facilitarmos o investimento do pequeno poupador, que não goza dos descontos especiais oferecidos pelos bancos. Para os grandes aplicadores, os bancos dão um jeito de compensar a CPMF, como forma de atrair capital.

Entretanto, os que têm uma pequena quantia a investir pagam o tributo.

A medida provisória vem em boa hora; porém, como sempre, está incompleta.

Os burocratas do Governo não conseguiram completar o trabalho e redigi-la de forma que não precisássemos aperfeiçoá-la nesta Casa.

Notadamente, uma emenda do nosso partido, do Deputado Walter Feldman, exclui a transferência da conta corrente para a conta de depósito de investimento da alíquota da CPMF. Por incrível que pareça, o Governo havia criado uma espécie de pedágio, e na primeira aplicação teria de ser paga a CPMF. Isso não tem cabimento e nenhuma justificativa. Certamente, passou despercebido do Relator. Estamos repondo essa questão de tal forma a poder estimular a formação da poupança interna, fundamental para que o País possa progredir.

O Governo atual cometeu um grande equívoco: jogou todas as suas moedas em um mesmo cesto, o que significa tentar atrair o capital internacional, agradar à banca internacional, como se todas as suas possibilidades de êxito e crescimento

709 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 adviessem do capital externo, esquecendo-se das possibilidades de desenvolvimento interno, de estimular a nossa poupança interna, o investimento dos próprios brasileiros, que estão congestionados e têm todas as dificuldades possíveis.

Os últimos dados nos mostram que mesmo que caia a taxa SELIC — o que seria bom, porque diminui o que o Governo vai pagar —, os juros ao tomador final dos empréstimos não vão cair. Ao contrário, estão subindo. É inacreditável! Pagam quase 8% ao mês, e a indústria ou o comércio, quando se trata de pessoa jurídica, estão pagando mais de 6% ao mês. Ora, tudo isso impossibilita o crescimento dos negócios.

Por trás de tudo há um fenômeno pouco discutido pelos economistas e pela mídia: o aumento do depósito compulsório. Este Governo tem enxugado a quantidade de M1 da moeda em poder do público e os depósitos à vista nos bancos.

A quantidade de moeda é o oxigênio da economia. Quando falta, ocorre uma dispnéia, uma asfixia, que redunda imediatamente no aumento do spread.

Muito obrigado.

710 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para falar contrariamente à matéria, concedo a palavra ao nobre Deputado João Fontes.

O SR. JOÃO FONTES (Sem Partido-SE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este é mais um projeto que mostra à sociedade brasileira a verdadeira cara do novo PT.

Antes de ser Deputado, em Sergipe, elaborei um projeto que isentava da cobrança de CPMF todos os valores depositados provenientes de salários.

Lembro-me de que o ex-Presidente do Partido dos Trabalhadores, o Ministro todo-poderoso José Dirceu, esteve na minha terra e me pediu esse projeto para apresentá-lo na Câmara dos Deputados. Mas preferi privilegiar o ex-Deputado de

Sergipe, Ivan Paixão, que deu entrada no projeto e foi apoiado por toda a bancada do Partido dos Trabalhadores.

Agora, no Governo do Presidente Lula, o Presidente João Paulo Cunha encampou esse projeto, que reapresentei, isentando os trabalhadores de todo o

País da cobrança da CPMF. Lamentavelmente, o Ministro “Malocci” o vetou. E o

Presidente João Paulo me informou que não houve condições de emplacá-lo na reforma tributária.

Sr. Presidente, ficamos estarrecidos ao ver que o Partido dos Trabalhadores, do qual faz parte o mesmo Ministro “Malocci”, encampa o projeto para isentar da cobrança da CPMF os investidores do País. Ou seja, o Governo do Presidente Lula, do Partido dos Trabalhadores, é definitivamente encantado com os banqueiros, com os investidores e com a Avenida Paulista. E os trabalhadores do País? Reforma da previdência neles! E os trabalhadores deste País? CPMF neles! E os trabalhadores deste País? Não-correção da tabela do Imposto de Renda neles!

711 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Fico a imaginar como o pessoal que se sentava no lado esquerdo do plenário, que não considero mais bancada da Esquerda, chega em casa e consegue dormir tranqüilamente, como se nada estivesse acontecendo no Brasil. Parece que houve metamorfose completa na cabeça desse povo. Só acredito na metamorfose da música de Raul Seixas. Lamentavelmente, o País assiste à traição, ao estelionato eleitoral, à apatia do povo brasileiro, que se encontra em estado mórbido, letárgico, fruto da incoerência patrocinada pelo Governo, amante dos banqueiros e cruel e feroz com os trabalhadores brasileiros.

Por isso, Sr. Presidente, fico com a consciência tranqüila em relação ao que foi mencionado aqui pela Deputada Luciana Genro. Continuo coerente com o projeto que fiz e que dei a um colega para apresentar, antes de eu ser Deputado. Agora, na qualidade de Deputado, eu o reapresentei nesta Legislatura. Lamentavelmente, o

FMI e o Ministro “Malocci” não o encamparam e retiraram direitos dos trabalhadores, que vão continuar a pagar esse imposto-carrapato — você tira o extrato bancário e vê grudada ali a cobrança da CPMF.

Muito obrigado.

712 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Sobre a mesa requerimento no seguinte teor:

“Sr. Presidente, requeremos, nos termos

regimentais, o encerramento da discussão e do

encaminhamento de votação da Medida Provisória nº 179,

de 2004.

713 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para falar a favor do requerimento, concedo a palavra ao nobre Deputado Luiz Sérgio.

O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o

Relator apresentou o relatório com consistência, uma das marcas peculiares de quem estuda a matéria.

A matéria foi objeto de vários debates entre os que se pronunciaram a favor e contra. Dessa forma, acreditamos que há consistência e amplo conhecimento para que possamos encerrar a discussão e deliberar sobre a matéria.

Portanto, encaminho favoravelmente ao encerramento da discussão.

714 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Murilo Zauith, que falará contra a matéria.

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, estamos aqui nesta tarde discutindo a Medida Provisória nº

179, que trata de isenção da CPMF, contribuição que se paga diante da movimentação financeira.

Se o cliente do banco tem recursos, vai se abrir uma conta de depósito para investimento. Logicamente, o PFL não é contra a abertura dessa conta. Mas há aí a mão invisível dos bancos.

Os bancos conseguiram do Governo autorização para cobrar a CPMF cada vez que o cliente muda o tipo de aplicação. Ou seja, o dinheiro retorna para a conta e cada vez que o valor financeiro sai da conta eles cobram a CPMF. Mas agora, com essa conta de depósito para investimento, não será mais cobrada a CPMF. O

Governo abriu mão desses recursos, mas aparece a mão invisível do banco.

O art. 5º, § 17, diz o seguinte:

“Art. 5º......

§ 17 Em relação às operações referentes às contas

correntes de depósito para investimento ou em relação à

manutenção dessas, as instituições financeiras, caso

venham a estabelecer cobrança de tarifas, não poderão

exigi-las em valor superior”.

Os bancos ficam autorizados a cobrar tarifas dessa conta de investimentos.

Se o Governo abre mão da CPMF, aparece o banco cobrando esses valores da conta de depósito para investimento.

715 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O PFL tem posição clara sobre a matéria e recomenda o voto contrário, se o

Relator não acatar a proposta do partido de retirada da cobrança, pelos bancos, de tarifa nessa conta de depósito para investimento.

716 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Em votação o requerimento.

717 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

APROVADO.

718 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - DECLARO ENCERRADA A

DISCUSSÃO.

Passa-se à votação da matéria.

719 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre

Relator, Deputado Roberto Magalhães, para fazer algumas alterações em seu importante parecer.

O SR. ROBERTO MAGALHÃES (PTB-PE. Para emitir parecer. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, reafirmei o pedido para que houvesse uma reunião — aliás, eu já o havia feito há 10 dias — com os representantes da Receita Federal e do Banco Central. Só ontem ela se realizou. Foi muito demorada. Começou pela manhã, terminou à tarde e depois recomeçou à noite, com mais de 3 horas de duração. Trouxe esse trabalho que os senhores acabaram de ouvir.

Ontem eu havia solicitado também um encontro com os Líderes — referia-me aos Líderes de todos os partidos, mas entenderam que eram só os da base governista. Essa matéria é importante. Achei que precisávamos nos reunir, porque o

Líder não pode orientar a bancada sem conhecer o relatório e sem sua assessoria tomar conhecimento do assunto. Porém, não tive tempo de procurar um por um.

Quando me reuni nesta manhã com 4 ou 5 Líderes, o Deputado Osmar

Serraglio fez-me um pleito, bem como ao Líder do Governo e aos Líderes que lá estavam.

O problema é o seguinte: houve uma medida provisória do Governo a respeito da COFINS, relacionada com as cooperativas. Ela foi aprovada com um equívoco, deixando um lapso de 90 dias sem cobertura. Qual é a cobertura? É exatamente ter a cooperativa o direito de pagar a COFINS como as demais empresas estão pagando, ou seja, sem o efeito cascata.

720 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Perguntaram se eu concordaria com isso. Eu disse que havia duas dificuldades: a matéria é estranha à questão disciplinar que aqui está; a medida provisória não entrará em vigor agora, mas no dia 1º de agosto de 2004.

Disseram-me: “De qualquer maneira, é melhor que vá nesta qualquer modificação; entrará em vigor. Isso se a medida provisória for convertida em lei”.

Houve uma reunião às 15h, à qual não compareci, porque estava neste plenário apresentando o relatório. Fui chamado agora e tomei conhecimento de que os Líderes...

Deputado Professor Luizinho, quantos Líderes estavam presentes?

O SR. PROFESSOR LUIZINHO - O Deputado foi quem coordenou a reunião.

O SR. OSMAR SERRAGLIO - Sr. Relator, na verdade, o acordo foi realizado pela manhã. Apenas o PL havia apresentado uma objeção. À tarde, compareceram os representantes da Receita Federal. O Deputado Sandro Mabel, que se havia manifestado contra a alteração, recebeu as informações necessárias e concordou com ela. Significa que todos os que lá estiveram pela manhã, inclusive o Deputado

Sandro Mabel — antes, contrário a ela —, concordaram com a alteração.

Sr. Relator, há pouco apresentei a fundamentação ao eminente Deputado

Custódio Mattos, Líder do PSDB, que também concordou com a alteração. O pessoal da OCB ficou de conversar sobre o assunto. Ainda não tenho a confirmação do PFL. A informação que nos deram foi de que teriam concordado.

O SR. PROFESSOR LUIZINHO - Sr. Presidente, o Governo aceitou conduzir o adendo, desde que houvesse a concordância de todos os Srs. Líderes. Dizem que

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é para sanar um vácuo jurídico que ficou no encaminhamento proposto à medida provisória da COFINS, na questão da noventena.

Sr. Relator, V.Exa., generoso, disse que assimilaria a alteração, se houvesse concordância de todos os partidos. Pedi que o PSDB e o PFL fossem consultados e me informaram que também concordaram. O único partido da base do Governo que não concordava com a alteração era o PL, mas acabou concordando. Fui informado de que todos os partidos concordaram com a alteração. V.Exa., mais uma vez, foi generoso com a Casa. Agradeço-lhe publicamente.

O SR. ROBERTO MAGALHÃES - Não é questão de generosidade, meu caro

Líder, mas de responsabilidade.

Estou frustrado. Quando relatei a medida provisória dos bingos, eu me realizei, porque fiz um bom trabalho, fui vitorioso. Entretanto, em relação a esta, sinto-me frustrado. Vários companheiros apresentaram emendas e encontrei a maior dificuldade em atendê-las, porque a Receita, o Banco Central, os Procuradores da

Fazenda sempre tinham argumentos contra elas.

Hoje, quando o Deputado Osmar Serraglio, meu colega da Comissão de

Constituição e Justiça e de Cidadania, por quem tenho muito apreço, perguntou-me se eu concordava com a alteração, eu lhe disse que sim, desde que os Líderes também o fizessem, sobretudo o Líder do Governo, porque esse problema vai repercutir financeiramente e alterar medida provisória do próprio Presidente. Então, se todos concordarem, por que serei contra? Nesse caso, o Plenário decidirá.

Eu não poderia ter outra atitude. Quantas cooperativas serão beneficiadas?

Todas? Só as que exportam?

722 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. OSMAR SERRAGLIO - Na verdade, estamos disciplinando a COFINS incidente sobre a importação de insumos agrícolas. Portanto, toda importação de insumo agrícola por cooperativa será isenta da COFINS.

O SR. ROBERTO MAGALHÃES - Ficou isenta pela medida provisória, que se converteu em lei, mas ficou sem cobertura durante 90 dias.

Peço a compreensão dos Srs. Deputados para que possa complementar meu parecer, acrescentando um art. 4º, com a seguinte redação:

“Art. 4º As sociedades cooperativas de produção

agropecuária e as de consumo poderão adotar

antecipadamente o regime de incidência não cumulativa

na contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS.

Parágrafo único. A opção será exercida até o 10º

dia do mês subseqüente ao da data da publicação desta

lei, de acordo com as normas e condições estabelecidas

pela Secretaria da Receita Federal, produzindo efeitos em

relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de

maio de 2004”.

Para que houvesse eficácia, tivemos de alterar o art. 5º, que dizia que a lei entraria em vigor em 1º de agosto de 2004. Nós acrescentamos: “exceto em relação ao seu art. 4º, que entra em vigor na data da publicação”.

O SR. FRANCISCO DORNELLES - Sr. Relator, reitero meu grande respeito e admiração por V.Exa. Em relação ao art. 4º, penso que o prazo — 1º de agosto de

2004 — está muito apertado. Não pode ser estabelecido o dia 1º de novembro para que a lei entre em vigor?

723 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. ROBERTO MAGALHÃES - Ilustre Deputado, lutei muito por isso.

Inclusive, cheguei a ter a simpatia do Banco Central — pelo menos a do diretor que estava na reunião. Mas houve, por parte da Secretaria da Receita Federal e dos demais órgãos presentes, uma série de argumentos contrários à dilatação do prazo.

Imaginei que hoje haveria tempo de, com os Líderes, voltarmos a tratar do assunto. Pensei, inclusive, que ele poderia ser tratado pelo Líder do Governo ou por alguma Liderança, diretamente com o Ministro da Fazenda, que, segundo pude entender, teria sido ouvido. Mas não tive tempo para nada. Chamaram-me para a sessão extraordinária, dizendo que a matéria tinha de entrar na pauta hoje. Eu sabia disso, mas que fosse às 16h, às 17h ou às 22h. Eu teria, então, tempo para conversar sobre algumas questões e tentar fazer com que os Líderes ainda trabalhassem certos aspectos.

Infelizmente, fui vencido pelo tempo. Cheguei ao plenário sem condições de articular nada, a não ser explicar aos Líderes que compareceram à reunião o que estávamos apresentando e ler o relatório recém-saído da máquina.

Essa medida provisória irá para o Senado, outra instância. Aliás, há um grave defeito nela, que não pude resolver: o prazo deve ser contado a partir da vigência da lei e não de sua publicação. Pergunto: se no dia 1º de agosto de 2004 não estiver aprovada, como ficam os que fizeram investimentos, se a conta investimentos não funciona?

O SR. FRANCISCO DORNELLES - Sr. Relator, V.Exa. tem toda razão. Por este motivo quis trazer o assunto ao seu conhecimento. O prazo de 1º de agosto trará as maiores dificuldades para a implantação do novo sistema. O Governo deve examinar a questão, já que na Câmara não houve tempo. Deve o assunto ser

724 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 tratado no Senado ou a Liderança do Governo, na pessoa do Deputado Professor

Luizinho, coordenar a discussão com alguns Líderes.

O SR. ROBERTO MAGALHÃES - Sr. Deputado, tranqüilizo V.Exa. Não tenho nenhuma dúvida de que, se ocorrer o que o diretor do Banco Central disse ontem — afirmou que não tem convicção, não pode garantir, mas admitiu que o prazo é insuficiente —, o Presidente da República não se recusará a editar nova medida provisória.

O que é um prazo? Não é algo tão importante. Isso pode ser consertado até por meio de uma nova medida provisória, que determine a vigência a partir da publicação. E o Senado ainda vai deliberar sobre a matéria.

Agradeço a todos a compreensão.

725 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência vai suspender a sessão por 5 minutos, para que seja distribuído o novo parecer do Relator e o

Plenário tome conhecimento das alterações.

(A sessão é suspensa.)

726 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Está reaberta a sessão.

A Presidência indaga ao nobre Líder do Partido da Frente Liberal, Deputado

Rodrigo Maia, se mantém o requerimento de adiamento da votação por uma sessão.

O SR. RODRIGO MAIA (PFL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, mantenho o requerimento.

727 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para falar a favor do requerimento, concedo a palavra ao Deputado Rodrigo Maia.

O SR. RODRIGO MAIA (PFL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, se esta votação fosse há 2 anos, o Partido dos

Trabalhadores votaria contra a matéria.

O Governo, de forma correta, edita medida provisória isentando da CPMF a conta investimento. Todos estamos de acordo porque queremos que os recursos dos nossos investidores permaneçam aplicados. Mas, com isso, o Governo perde parte da contribuição a que tinha direito. Certamente não é um valor muito alto, senão não estaria editando essa matéria.

Essa medida provisória contém uma pérola. Quem investe em mercado de capitais de renda fixa não é o simples trabalhador. O Governo vai isentar da cobrança da CPMF o investidor e autorizar os bancos a criar uma nova tarifa.

Isso estava subentendido anteriormente, Sr. Presidente. Agora está explícito no parecer do nobre Relator, que avançou sobre a medida provisória. Vejamos:

“§ 17. Em relação às operações referentes às

contas correntes de depósito para investimentos ou em

relação à manutenção destas, as instituições financeiras,

caso venham a estabelecer cobrança de tarifas, não

poderão exigi-las em valor superior às fixadas para as

demais operações de mesma natureza, observadas as

normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional”.

Sr. Presidente, estamos vivendo uma realidade muito triste. O PT, que sempre criticou as políticas de incentivo ao mercado financeiro, abre uma janela e

728 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 cria uma ótima condição para esse sistema. O parecer do Relator avança porque coloca um limite — antes, os bancos poderiam cobrar qualquer tipo de tarifa. A medida provisória abre a possibilidade de que essa receita, que vinha para o

Governo, passe para o sistema financeiro.

O PFL pede o adiamento da votação dessa matéria, porque ela autoriza o

Ministro da Fazenda a legislar em nosso lugar.

Então, estamos diante de questões graves; a principal é a das tarifas. O PT está de parabéns porque isenta da CPMF os investidores brasileiros, e, ao mesmo tempo, deixa uma janela aberta para que os bancos criem uma tarifa da conta investimento. Ocorre uma troca: em vez de o Governo arrecadar, arrecadam os banqueiros. Isso é inacreditável!

Por isso, entendendo a dificuldade de legislar por medida provisória sobre a regulamentação do art. 192 — embora tenha sido feito no relatório do Deputado

Roberto Magalhães — , poderíamos instituir que fica proibida a criação de qualquer tarifa nova para a conta investimento. Esta é nossa posição.

Por isso, apresentamos o requerimento de adiamento de votação.

729 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Luiz Sérgio, que falará contra a matéria. (Pausa.)

Ausente.

Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Beto Albuquerque, que falará contra a matéria.

O SR. BETO ALBUQUERQUE (PSB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, encaminhamos contrariamente porque queremos concluir hoje a votação dessa medida provisória.

730 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Em votação o requerimento.

731 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PAUDERNEY AVELINO - Sr. Presidente, peço a palavra para orientar a bancada.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Peço ao Plenário mais paciência e menos nervosismo. O Presidente está atento; é preciso que o Plenário também esteja. É preciso ter calma, tranqüilidade. Esta é uma Casa de iguais, e temos o maior interesse de fazer as coisas corretamente.

Para orientar a bancada, em nome do Partido da Frente Liberal, concedo a palavra ao nobre Líder Pauderney Avelino.

O SR. PAUDERNEY AVELINO (PFL-AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, tenho absoluta convicção de que V.Exa., ao presidir os trabalhos, tem o cuidado de preservar o Regimento Interno. Mas, equivocadamente,

às vezes, o Presidente põe a matéria em votação sem a orientação das bancadas.

Por isso é que me apressei em dizer que iria orientar.

Sr. Presidente, chamo a atenção do nosso partido e também do Plenário da

Câmara dos Deputados para que todos tomem conhecimento do que está em votação. É fundamental isso. O Deputado Rodrigo Maia já levantou alguns pressupostos. Ora, nessa questão da tarifa, o Ministro da Fazenda é quem poderá dispensar a obrigatoriedade, prevista no artigo da concessão, do pagamento dessas operações. Por que não é a autoridade monetária do País, o Banco Central? Não podemos, Sr. Presidente, votar essa matéria dessa forma.

Há outro tópico, e gostaria de chamar a atenção dos companheiros, inclusive os da base governista e os Líderes, Deputado Professor Luizinho, se estiver presente, Deputado Beto Albuquerque, Deputado Osmar Serraglio, que está aqui

732 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 próximo, para o fato de que, por uma questão de princípio, não burlemos aquilo que

é caro para nós.

Na Emenda Constitucional nº 32, a qual tive a honra de relatar na tramitação das medidas provisórias, vedamos a carona de assuntos que não tenham conexão com a matéria. E aqui está entrando a carona do art. 4º, que diz respeito ao

PIS/PASEP e à COFINS. O Governo editou a Medida Provisória nº 183, que irá tratar da questão do PIS/PASEP e da COFINS das cooperativas agrícolas. Portanto,

Sr. Presidente, essa matéria, por questão de princípio, não pode e não deve entrar nesta medida provisória.

Orientamos favoravelmente ao adiamento desta matéria, e gostaríamos que os Líderes do Governo atentassem para essa questão e fizessem as devidas modificações.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - O PFL encaminha “sim”.

Para orientar a bancada do PSDB, concedo a palavra ao nobre Líder Alberto

Goldman.

O SR. ALBERTO GOLDMAN (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, seria útil se pudéssemos fazer o adiamento com as complexas questões que foram introduzidas agora, para fazermos uma análise melhor.

Portanto, o PSDB é favorável.

733 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Em votação o requerimento.

734 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

REJEITADO.

735 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

A SRA. LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, em nome do PFL, peço verificação de votação.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Verificação concedida.

736 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concederei a palavra aos Srs.

Líderes.

Como vota o Governo?

O SR. BETO ALBUQUERQUE (PSB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, conclamamos todos os Deputados e as Deputadas da base do Governo a virem ao plenário participar desta votação nominal, votar esta importante medida provisória, para que possamos avançar e prosseguir na pauta da

Ordem do Dia, na qual constam matérias de interesse da Câmara dos Deputados e do País.

Votamos contrariamente ao adiamento. O Governo vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Como vota o PRONA? (Pausa.)

Como vota o PV? (Pausa.)

Como vota o PSC? (Pausa.)

Como vota o PCdoB?

A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (PCdoB-AM. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, somos contra o adiamento. Portanto, votamos “não”.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Como vota o PDT?

O SR. MANATO (PDT-ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PDT vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Como vota o PSB? (Pausa.)

Como vota o PPS?

O SR. COLBERT MARTINS (PPS-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o PPS vota “não”.

737 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Como vota o Bloco PL/PSL?

(Pausa.)

Como vota o PTB?

O SR. JOSUÉ BENGTSON (PTB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o Partido Trabalhista Brasileiro vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - O PSDB vota “sim”.

O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PL-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o Bloco PL/PSL vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Como vota o PP?

O SR. ILDEU ARAÚJO (PP-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PP vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - O PFL vota “sim”.

Como vota o PMDB? (Pausa.)

Como vota o PT?

O SR. VIGNATTI (PT-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, trata-se de medida que exonera os pequenos e médios investidores.

O PT vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Como vota o PMDB?

O SR. ADELOR VIEIRA (PMDB-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o PMDB vota “não”.

O SR. LEONARDO MATTOS (PV-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o PV vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Como vota o PSB?

738 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. JURANDIR BOIA (PSB-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PSB vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Como vota o PSC? (Pausa.)

Como vota o PV?

O SR. LEONARDO MATTOS (PV-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o Partido Verde vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Como vota o Líder da Minoria?

O SR. JOSÉ THOMAZ NONÔ (PFL-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, a Minoria vota “sim”.

739 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência solicita aos Srs.

Deputados que tomem os seus lugares, a fim de ter início a votação pelo sistema eletrônico.

Está iniciada a votação.

Queiram seguir a orientação do visor de cada posto.

740 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. JURANDIR BOIA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JURANDIR BOIA (PSB-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, a orientação do PSB não está sinalizada no painel.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - O PSB encaminha o voto “não”. Já foi sinalizado, nobre Deputado.

O SR. JURANDIR BOIA - Muito obrigado, Sr. Presidente.

741 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. LUIZ CARLOS HAULY - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, ocupo a tribuna para dar conhecimento à Casa de que o

Mutirão da Corte Especial do STJ acaba de determinar, por unanimidade, intervenção federal no Paraná.

Passo a ler os termos da decisão daquela Corte:

“A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça

(STJ) acaba de determinar, por unanimidade, que ocorra

intervenção federal no Estado do Paraná, em virtude de

descumprimento de liminar para reintegração de posse do

casal Flávio Pinho de Almeida e Sylvia Leda Amaral Pinho

de Almeida, dono de imóveis rurais no Município de

Ivaiporã. O caso corre há quase 8 anos sem que o Estado

tome providência alguma contra os membros do

Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST)”.

Sr. Presidente, a sustentação oral e o relato do que ocorreu estão nesse artigo, o qual solicito seja divulgado no programa A Voz do Brasil e nos demais

órgãos de comunicação da Casa, pois é assunto da maior importância.

O campo está a exigir lei e ordem. Depois de 8 anos, finalmente justiça está sendo feita para esse casal que viu sua propriedade invadida.

O STJ, por unanimidade, solicita ao Presidente Lula intervenção. Caso isso não ocorra, será pedido o impeachment do Presidente da República.

ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR

742 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINA 743)

743 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. LINCOLN PORTELA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PL-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, algumas Comissões ainda estão em funcionamento.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência já determinou que qualquer decisão tomada pelas Comissões da Casa depois das 15h seja considerada nula.

744 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado José Thomaz Nonô, para uma Comunicação de Liderança, pela Minoria.

O SR. JOSÉ THOMAZ NONÔ (PFL-AL. Como Líder. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje a Minoria vai falar acerca da greve, momentaneamente suspensa, da Polícia Federal.

Quase todas as greves têm uma conotação, até certo ponto, antipática, porque afeta a vida da sociedade como um todo. E a greve da Polícia Federal, sem dúvida alguma, suscitou uma série de juízos conflitantes no seio da sociedade brasileira. Nós mesmos, quando em missão oficial nos dirigimos ao exterior, passamos os constrangimentos pelos quais passaram centenas ou milhares de brasileiros devido aos transtornos criados pela greve da Polícia Federal.

Por força disso, e no uso das minhas funções, procurei a direção da Polícia

Federal em Alagoas, Estado que tenho a honra de representar, para saber das razões dessa greve. Não sei se os Srs. Deputados sabem que na realidade a categoria foi quase que impelida pelo Governo a fazer greve.

O cerne da discussão é basicamente vencimental. Isso é comum, é recorrente.

Mas por que se discute uma questão vencimental? Porque a Lei nº 9.266, de

1996, passou a exigir 3º grau de escolaridade, ou seja, nível superior, para delegados, peritos, assessores, agentes, escrivães, papiloscopistas.

Se esse pré-requisito passou a ser exigido, é evidente que a contraprestação pecuniária, o salário, tem que se lastrear em nível superior. Até então, exigia-se nível médio, mas a partir do momento que se exigiu um upgrade, um patamar mais

745 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 elevado na formação acadêmica, é absolutamente justo que se remunere no mesmo nível de exigência para o desempenho da função.

Essa é a questão jurídica estritamente considerada. Agora vamos analisar a questão política.

Como o Governo tratou essa questão? Durante todo o ano de 2003, de janeiro até final de novembro, os servidores da Polícia Federal — reparem que não tenho a honra do Deputado Moroni Torgan, lúcido e intransigente defensor da categoria; falo na qualidade de membro do Ministério Público, que aqui e ali se choca com a própria Polícia Federal — negociaram com o Governo, que, se utilizando de uma série de medidas protelatórias, todas, dizia: “Vamos examinar, estamos olhando, o Ministério do Planejamento vai ver”. E por aí vai.

A sociedade brasileira está observando que, se depender do Ministro Guido

Mantega, não da Polícia Federal, todos os servidores estão, na linguagem popular,

“ferrados”, para ser didático e claro.

Mas a partir de dezembro a situação se agudizou. Foi criada pelo Governo uma mesa de negociação interministerial, composta por membros da Casa Civil da

Presidência, do Ministério da Justiça, do Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão, da Polícia Federal e da Federação Nacional dos Policiais Federais. Nessa

Comissão participaram 2 ilustres Deputados do PT — Wasny de Roure, do Distrito

Federal, e Paulo Pimenta, do Rio Grande do Sul, que não sei se estão presentes nesta sessão —, para tentar resolver o mais rápido possível a situação.

A primeira reunião só aconteceu no dia 19 de janeiro de 2004. O Governo não fez proposta alguma. No melhor estilo Lula de resolver os problemas, marcou-se uma segunda reunião para o dia 3 de fevereiro, e novamente nada foi ofertado na

746 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 mesa de negociação. Mas a Comissão disse que, não tendo poderes para decidir, iria contactar os Ministros das pautas, e marcou-se nova reunião para o dia 2 de março. Neste dia, novamente não houve reunião, nem proposta, e remarcou-se para o dia 4 de março.

No dia 4, o Secretário-Executivo do Ministério da Justiça, Dr. Sérgio Sérvulo, ao iniciar a reunião informou que as negociações estavam encerradas. O Governo não tinha proposta. Se os policiais federais quisessem entrar em greve que o fizessem.

Sr. Presidente, não há categoria no mundo que agüente 1 ano e 3 meses de

“negociações” — entre aspas. Na realidade, em momento algum houve proposta ou acerto. Em minha modesta maneira de ver, o que houve foi uma indução à greve.

Quando uma alta autoridade do Poder Executivo informou que não havia proposta alguma e que cada um deveria fazer o que bem entendesse, na realidade quis dizer:

“Vão para a rua e façam greve porque aqui vocês não arranjam mais nada”. Isso é lamentável sob todos os títulos. Primeiro, porque as categorias começam a perceber que só têm alguma chance de ganho se encurralarem o Governo com greve. Em alguns outros casos nem com greve conseguem obter quaisquer ganhos.

A atual situação é a de tentativa de superação de impasse. Os policiais, num gesto, vamos dizer, de abertura, suspenderam seu movimento. Houve a gestão, salvo engano no dia 11 último, do Presidente da Casa, Deputado João Paulo Cunha, exatamente no sentido de intermediar e romper esse impasse. E impossível que uma categoria importante, como a dos policiais federais, encontre-se subtraída nos seus direitos e politicamente não encontre interlocutor. Aliás, tenho saudades da velha CUT. Aquela CUT antiga, tão rápida em colocar cartazes de Deputados nos

747 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 postes. Agora, fica caladinha, caladinha, embora esses sindicatos pertençam a ela.

Que coisa curiosa!

Nós, da Oposição, é que temos de fazer esse clamor ao diálogo e ao entendimento. Esse não é um pronunciamento de protesto, de revolta, mas um chamamento ao bom senso do Ministro da Justiça, do Superintendente da Polícia

Federal, da Casa Civil, do Governo Lula, de quem quer que mande no País — até porque a Oposição não tem muita clareza de quem manda —; seja lá quem for a autoridade de plantão, que seja convidado a fazer propostas específicas à categoria.

Tenho certeza de que a Polícia Federal, com sua responsabilidade e ciosa da sua importância, saberá atender aos acenos do Governo Federal.

Porém, sem propostas, sem conversa, sem diálogos e impondo de goela abaixo soluções que vão ao arrepio da lei, o desfecho dessa crise é facilmente previsível: a continuação da greve, e quem perde não é o Governo, mas a Polícia

Federal e, sobretudo, a população brasileira.

748 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência reitera o apelo aos

Srs. Parlamentares presentes nas diferentes dependências da Casa para que venham ao plenário, pois estamos em período de votação nominal pelo sistema eletrônico.

Informo igualmente que qualquer decisão tomada por Comissão da Casa a partir das 15h será considerada nula.

749 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. ELIMAR MÁXIMO DAMASCENO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ELIMAR MÁXIMO DAMASCENO (PRONA-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PRONA vota “sim”.

750 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. ALBERTO GOLDMAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALBERTO GOLDMAN (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, no Salão Negro da Câmara dos Deputados está sendo lançado o livro Discursos Históricos Brasileiros, de autoria de Carlos Figueiredo, velho militante da vida política, tendo inclusive trabalhado com o ex-Governador

Franco Montoro.

Com notáveis discursos históricos do Brasil, trata-se de obra muito interessante e de grande utilidade para os Parlamentares a lerem.

Muito obrigado.

751 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência informa que assim que for completado o quorum regimental — 257 votantes — encerrará a votação.

Reitero solicitação a todos os Srs. Deputados para que venham ao plenário.

Aqueles que não tiverem votado até então serão considerados faltosos.

752 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PASTOR AMARILDO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PASTOR AMARILDO (PSC-TO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o PSC vota “não” e conclama seus Deputados a virem ao plenário.

753 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. JACKSON BARRETO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JACKSON BARRETO (PTB-SE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero, com muita felicidade, registrar a passagem do 36º aniversário da Universidade Federal de Sergipe, a querida UFS, centro de ensino, pesquisa e extensão de maior importância em nosso Estado, largamente vinculada à história de Sergipe nessas quase 4 décadas de existência, responsável pela formação de inúmeras gerações de profissionais e técnicos que engrandecem o Estado e o País por valiosas contribuições no campo científico.

O ensino superior no Estado de Sergipe nasceu, na verdade, na década de

50, com a instalação da Escola de Ciências Econômicas e da Escola de Química.

Seguiu-se a instalação da Faculdade de Direito e da Faculdade Católica de Filosofia, em 1951, da Escola de Serviço Social, em 1954, e da Faculdade de Ciências

Médicas, em 1961.

Enquanto autarquia, a Universidade Federal de Sergipe foi criada em 1967 e instalada em 15 de maio de 1968, e muito me orgulho de ter sido partícipe da luta pela sua criação, lutas que travamos no movimento estudantil nos idos de 1967 a

1971.

A Universidade Federal de Sergipe é peça chave da engrenagem do desenvolvimento sergipano e do fortalecimento da nossa cultura. Centro de excelência do saber, a UFS vem construindo belíssimo caminho no que tange a encontrar soluções criativas e eficazes para as inúmeras encruzilhadas a que a universidade brasileira vem sendo submetida nesses últimos anos.

754 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

É uma Universidade ágil, dinâmica, que conhece seu lugar na história do pensamento intelectual e os desafios que a contemporaneidade apresenta. Frente a eles, a UFS tem se colocado com firmeza, sempre defendendo o princípio da universalidade do saber e do compromisso histórico com o povo sergipano.

A passagem do seu 36º aniversário é motivo de orgulho para os sergipanos e para a comunidade acadêmica de todo o País. Muito nos orgulha que este momento seja comemorado com mais uma vitória da nossa Universidade, ao inaugurar a nova unidade de Engenharia Eletrônica no seu campus e ampliar assim seu espectro de atividade científica, agora nessa direção.

E se falo da UFS tomado de carinho e de orgulho, colegas Deputados, é porque não posso dissociar minha vida pública da trajetória dessa instituição. Foi nela que aprendi o sentido da luta democrática, quando combatíamos o regime militar. Foi nela que vi florescer a liberdade de pensamento e aprendi a entender e respeitar a diversidade como elemento basilar de nossa formação. E foi nessa mesma UFS que, mais tarde, já como Prefeito de Aracaju, fui buscar técnicos e profissionais para comporem o escalão municipal, ciente de que ali estavam as melhores cabeças para pensar uma gestão comprometida com o avanço social e com a democracia.

Quero saudar os estudantes, professores e técnicos administrativos que compõem a comunidade universitária da UFS e desejar a todos o engajamento suficiente para continuar a encarar os desafios da atualidade, mormente os que se expressam na reforma universitária que o Governo Federal enseja realizar no País.

Reforma que, ao nosso ver, precisa, primeiro, que o Governo oriente sua visão para recuperar e valorizar a educação superior pública e gratuita e resgate seu papel

755 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 estratégico na consecução de um novo modelo de desenvolvimento para o Brasil, o que certamente não passa por medidas prosaicas, exclusivamente técnicas ou metodológicas, mas funda-se na reorientação da concepção do Estado sobre o a educação e o papel do ensino superior no País.

Tenho certeza de que, assim como soube enfrentar outros obstáculos, a UFS saberá também como conduzir-se nessa discussão, protegendo os compromissos que sempre orientou sua trajetória.

Viva a Universidade Federal de Sergipe!

Viva a comunidade universitária da UFS!

Muito obrigado.

756 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. VIGNATTI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. VIGNATTI (PT-SC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, queremos destacar nesta tribuna a importância que representa para Chapecó, cidade do oeste de Santa Catarina, a primeira edição da Feira e Congresso de Metalmecânica e Plásticos —

METALPLAST, que terá início amanhã, dia 20, e se estenderá até 22 de maio.

Sr. Presidente, a METALPLAST será um evento voltado para os ramos de metalmecânica e de plásticos, dos quais a região de Chapecó tem expressivo mercado, tanto regional quanto no âmbito nacional e internacional.

Destacamos que a feira proporcionará a exposição de equipamentos, tecnologias, insumos e produtos metalmecânicos e eletroeletrônicos e também está voltada para a preparação de profissionais para enfrentar as exigências da nova economia, proporcionando aperfeiçoamento nas áreas de atuação, com visão focada nas necessidades da indústria e do consumidor.

Além de ser um setor importante, porque remunera e qualifica bem a mão-de-obra, promovendo tecnologia, com a reforma tributária desenvolvida pelo

Governo Federal haverá requalificação das alíquotas no País. Isso favorecerá o desenvolvimento regional e permitirá que a concorrência com Estados como São

Paulo não se dê em condições tão desvantajosas.

Em Chapecó, local do evento, crescem diversificados segmentos econômicos, com base na agricultura, na agroindústria, no comércio e em serviços. A cidade, pelo conjunto de empresas industriais, de comércio, de prestação de serviços e de organismos oficiais que sedia, exerce influência sobre cerca de 200 Municípios nos

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3 Estados da Região Sul do País, ocupando também posição privilegiada no contexto do MERCOSUL, pois está a 130 quilômetros da Argentina.

A METALPLAST permitirá atualização tecnológica, aperfeiçoamento profissional, comunicação e intercâmbio de informações. Nesse sentido, haverá exposição de equipamentos, tecnologias, insumos e produtos relativos a metalmecânica, a eletroeletrônica associada ao setor e ao segmento de plásticos.

O programa previsto para o congresso inclui debates quanto ao mercado, novidades em tecnologias e equipamentos, apresentação e discussão de pesquisas e seus resultados.

Juntamente com a mostra de máquinas, equipamentos e serviços, ocorrerá o

CINTEC Metalmecânica e Plásticos — Congresso Internacional de Novas

Tecnologias. Nesse congresso, estarão em debate temas específicos das áreas de metalmecânica e de plásticos, com a participação de especialistas de universidades e empresas nacionais, a maioria com doutorado ou pós-doutorado no exterior.

A feira e o congresso têm como público alvo especificamente empresários e profissionais de empresas com interesse nas áreas das indústrias metalúrgica, mecânica, material elétrico e de plásticos, professores e acadêmicos dos cursos das

áreas afins.

A METALPLAST é um evento promovido pela Sociedade Educacional do

Oeste de Santa Catarina — SOCIOESTE, pela Prefeitura Municipal de Chapecó, pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e do Material Elétrico de

Chapecó — SIMEC e pela Sociedade Educacional de Santa Catarina — SOCIESC.

Destacamos o apoio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal, através do Ministério de Ciência e Tecnologia, com recursos do FINEP.

758 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Sr. Presidente, solicito que este pronunciamento seja divulgado nos órgãos de comunicação da Casa .

Era o que tinha a dizer.

759 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. CHICO ALENCAR - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CHICO ALENCAR (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, esta Casa hoje está recebendo a visita da caravana da dor, da saudade e da indignação. É o povo de Campinas, liderado por D. Roseana Moraes Garcia, viúva do Prefeito Antônio da Costa, o Toninho, assassinado de forma torpe e cruel em setembro de 2001. Durante 8 meses de Governo, Toninho encantou com sua gestão ética, distributivista e participativa a cidade de Campinas, traumatizada com tanta criminalidade. A Deputada Laura Carneiro, que fez parte da CPI do

Narcotráfico, conhece bem a situação.

A caravana já esteve, graças ao Deputado Orlando Fantazzini, com vários

Parlamentares e na Comissão de Direitos Humanos, com os Deputados Dr. Hélio e

Luciano Zica, e reivindica corretamente a reabertura do inquérito policial, porque o que foi feito teve resultados pífios. Setenta por cento da população local não acredita nele. Na verdade, até agora o crime não foi esclarecido e a perspectiva de impunidade gera perplexidade e revolta em todos os que clamam por justiça.

O grupo solicita ao Ministro da Justiça que determine à Polícia Federal o prosseguimento das investigações, a fim de que sejam de fato apuradas as razões desse crime que tirou o Prefeito Toninho do nosso convívio. O Presidente Lula vai receber a viúva e seus companheiros depois da audiência com o Ministro Márcio

Thomaz Bastos.

Infelizmente, Sr. Presidente, neste País ainda é assim: se o povo não se organiza, luta e transforma sua dor e suas lágrimas em seiva de resistência não se faz justiça.

760 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

Transcrevo a seguir, Sr. Presidente, a Carta ao Companheiro Lula, assinada pela viúva de Toninho.

"Companheiro Lula,

Escrevo esta carta para tratar de um assunto

bastante importante, para mim e para cidade de

Campinas.

Lula, você acompanhou bem de perto a trajetória

do companheiro Toninho: dos momentos mais difíceis, de

rupturas necessárias, corajosas, aos de grande alegria e

emoção, como a campanha que nos levou de volta ao

governo municipal. Você prestigiou nossa trajetória

política na cidade de Campinas, viu e sentiu a esperança

que contagiou milhares de pessoas em nossa cidade.

Sei que você também acompanhou a vida

acadêmica e militante do Toninho, antes da chegada dele

ao governo municipal. Sua tese de doutorado que estudou

Campinas, profundamente, do passado ao presente,

serve, hoje, de referência para toda uma geração de

intelectuais políticos em nossa cidade.

Toninho tornou-se um patrimônio de Campinas,

não somente do PT, mas de todos que amam essa cidade

e depositaram suas esperanças em nosso companheiro

assassinado.

761 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

E é sobre isso que trata esta carta, do assassinato

do cidadão campineiro, militante do PT, e lutador das

causas populares: Antônio da Costa Santos.

Você estava aqui conosco naquele dia 11 de

setembro de 2001 e viu mais de 120 mil pessoas

chorando a morte de seu prefeito. Depois daquele dia,

começamos uma outra batalha: pelo esclarecimento do

caso. A polícia prendeu, rapidamente, alguns suspeitos e

teve que libertá-los por falta de provas e ainda foi acusada

de tortura. Logo depois, acusaram a quadrilha de um

famoso seqüestrador de Campinas. O curioso é que os

suspeitos de ocuparem o carro, durante o crime, foram

exterminados pela polícia civil em operação não

autorizada, na cidade de Caraguatatuba. Segundo o

próprio ouvidor da polícia, na época, não existiu reação. A

polícia executou, sumariamente, aquelas pessoas. O

criminoso, acusado de chefiar a quadrilha, já assumiu

vários seqüestros na região, no entanto, não assume a

autoria desse crime. O pior de tudo é a versão da polícia.

Acredite, companheiro Lula, ela sustenta a tese de que

Toninho estava na rota de fuga de bandidos, e que foi

assassinado por estar atrapalhando o trânsito.

Segundo pesquisa encomendada ao Ibope pelo

PT, a ampla maioria dos campineiros e campineiras

762 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

acredita em crime político (70%), pouquíssimos acreditam

em crime banal (18%). A cidade ainda chora a morte do

seu prefeito e não sabe o que aconteceu naquela

segunda feira, 10 de setembro de 2001.

Por isso, peço a reabertura das investigações, e a

entrada imediata da polícia federal no caso. Acredito, que

apenas dessa forma poderemos, de fato, saber quem

matou, quem mandou e quais os motivos do assassinato.

Gostaria que a verdade fosse apurada até as

últimas conseqüências, porque não tenho dúvida que

somente ela poderá nos guiar ao caminho da justiça.

Certa vez, um importante jurista brasileiro lembrou

que nem sempre a verdade é alcançada de forma rápida

e tranqüila, às vezes ela nunca é encontrada, no entanto,

ela deve ser alvo permanente de todos aqueles que

acreditam que a justiça deva sempre ser cumprida, que a

impunidade é cúmplice da violência, amiga do medo e

comparsa do crime.

Acredito em você, companheiro presidente, e

acredito no seu compromisso e na sua solidariedade para

comigo e minha filha.

Espero que a justiça seja feita, pelo bem da cidade,

pelo bem da sociedade que acredita nas instituições

763 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

democráticas e, fundamentalmente, para que a verdade

seja colocada acima de tudo.

Campinas, dezembro de 2003.

Roseana Moraes Garcia”.

Muito obrigado.

764 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. JORGE GOMES - Peço a palavra pela ordem, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem a palavra o nobre Deputado

Jorge Gomes.

O SR. JORGE GOMES (PSB-PE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, neste 18 de maio, Caruaru, pólo de desenvolvimento do Agreste de Pernambuco, fez 147 anos. Por isso, venho render a minha homenagem a esse lugar único que, com muita satisfação, nomeio como minha terra.

E esta oportunidade de pleito de consideração, que gostaria de compartilhar com todos os presentes, permite-me, então, fincado no presente, olhar o passado e reavivar a imagem de Caruaru que foi moldada, durante todos esses anos, pelo barro e por mãos laboriosas, pela imaginação e pela coragem de cada um dos seus cidadãos.

A sua história tem sido feita com muita luta e superação dos desafios. Na passagem desse aniversário, rendemos homenagem maior aos caruaruenses, os pioneiros e os do presente, que foram e são os verdadeiros construtores de Caruaru.

Rendemos reverência aos avanços conquistados pelas gestões administrativas voltadas para as causas populares, a exemplo, entre outros, de ex-Prefeitos como o empresário João Lyra Neto, novamente candidato este ano, como Anastácio

Rodrigues, como o atual Deputado Estadual José Queiroz, como João Lyra Filho, que tanto se empenharam pelo desenvolvimento do Município e pela melhoria da qualidade de vida da sua gente.

Caruaru se transmuda com especial dimensão especial e particular sentido para todos aqueles que têm ligação maior com o Agreste, com o Município e com

765 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 todo o Estado. Por isso venho a esta tribuna com a intenção de falar sobre esse dia

18 de maio, quando se comemora a sua elevação à condição de cidade. É um longo tempo de história e de lutas que engrandecem Pernambuco.

O aniversário de Caruaru é sempre ocasião em que passo a limpo a minha relação com esse lugar especial que nomeio como minha terra. Foi em Caruaru que me criei e iniciei minha vida profissional. Foi também lá que comecei minha vida política na condição de Vice-Prefeito, depois Deputado Estadual, Vice-Governador, novamente Deputado Estadual e, agora, Deputado Federal. Em nenhum momento perco a noção de que Caruaru me brindou com esses mandatos.

É assim a nossa cidade: profundamente generosa com os seus, além de extremamente acolhedora com os visitantes, o que justifica o fluxo turístico sempre crescente. Vale salientar que a essa natural vocação para receber bem estão agregados os variados atrativos do Município.

Mesmo guardando a intimidade e a simplicidade tão saudáveis das cidadezinhas do interior, Caruaru cada vez mais se apresenta como pólo de desenvolvimento e amplia a sua importância. Dessa forma, foi reconhecida pela

UNESCO como o maior centro de arte figurativa das Américas, a partir do artesanato inaugurado pelo Mestre Vitalino. Tem a denominação de Capital do Forró, de Capital do Agreste; possui a mais variada e típica feira da região e é Município de interesse turístico.

Cada vez mais Caruaru vê crescer sua influência no Agreste pernambucano.

E o seu desenvolvimento resulta de ações concretas que a dotam de condições indispensáveis, a exemplo de adequada infra-estrutura, estabelecimentos bancários,

766 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 emissoras de rádio e de televisão, jornais, hospitais, indústria e comércio promissores, produção agrícola, órgãos públicos dos 3 Poderes.

Neste 18 de maio, alegramo-nos com a passagem dos seus 147 anos e confraternizamo-nos com os caruaruenses, que sentem orgulho da sua terra e sabem da importância do seu papel, pois são personagens ativos na formação de sua história. Todos estão conscientes da responsabilidade que têm com a Caruaru do amanhã, cidade que busca cada vez mais ser melhor, porque é a Caruaru a ser legada às gerações futuras, é a Caruaru da que, mais e mais, Pernambuco tem e terá motivo de se orgulhar.

Ser caruaruense é um título concedido por essa terra aos filhos naturais e adotivos, com igual desprendimento. Assim, orgulhosamente, eu o porto, porque expressa tudo o que somos capazes de sentir por esse chão que nos dá rumo e horizontes e que projeta, por intermédio de cada um de nós, a real dimensão que hoje tem Caruaru.

Olhando para o futuro, haveremos de ver Caruaru superar suas dificuldades atuais e avançar decididamente na construção de um Município em que o progresso de cada um esteja em harmonia com a inclusão social, o bem-estar de todos e o respeito aos direitos da cidadania. De mãos dadas, vamos todos construir essa trajetória!

Muito obrigado.

767 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Está encerrada a votação.

A Presidência vai proclamar o resultado da votação: 62 votos “sim”; 207 votos

“não”; 1 abstenção. Total: 270.

REJEITADO O REQUERIMENTO.

768 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Em votação o parecer do Relator na parte em que manifesta opinião favorável ao atendimento dos pressupostos constitucionais de relevância e urgência e de sua adequação financeira e orçamentária, nos termos do art. 8º da Resolução nº 1, de 2002.

769 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

770 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. ALBERTO GOLDMAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALBERTO GOLDMAN (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o prazo regimental relativo a esta sessão acabou há 4 minutos.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Vou dar minha opinião pessoal, de ex-Presidente e de quem foi Relator do atual Regimento Interno. O processo de votação é completo. Quero explicar o meu ponto de vista. Se alguém pede o adiamento da votação, é porque se está em processo de votação. Lógico. Senão, não se pediria adiamento. Foi por isso que a Presidência continuou a sessão até o processo de votação se esgotar. Mas, Deputado, se V.Exa. pede outra sessão, a

Presidência vai seguir a norma existente.

O SR. ALBERTO GOLDMAN - Não tenho outra intenção a não ser a de manter a norma. A norma é a lei que nos dirige.

771 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. JOÃO MATOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO MATOS (PMDB-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

O SR. PAULO AFONSO (PMDB-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o PMDB.

772 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Esta Presidência vai fazer um apelo ao Plenário. A matéria já foi devidamente esclarecida e o Presidente entende que o processo de votação é completo. Se foi pedido agora um adiamento de votação, é porque se está em processo de votação. Então, esta Presidência apela aos Srs. Parlamentares para votarmos esta matéria.

Alguém protesta? (Pausa.)

Não havendo protesto, vamos continuar. Mas que não se forme jurisprudência.

773 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. ASDRUBAL BENTES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ASDRUBAL BENTES (PMDB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação de painel, votei com o partido, o PMDB.

O SR. NELSON MARQUEZELLI (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, também votei com o partido.

O SR. IVAN VALENTE (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

O SR. TAKAYAMA (PMDB-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei conforme a orientação do partido.

O SR. JOSIAS GOMES (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei conforme a orientação do partido.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Esta Presidência informa que nenhum Deputado precisa justificar o seu voto. Na próxima votação, a da PEC sobre a reeleição, esta Presidência justificará os votos e fará uma consolidação das 2 votações.

774 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. ALBERTO GOLDMAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALBERTO GOLDMAN (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, não entendi direito o que V.Exa. disse a respeito dessa consolidação. A PEC que vai ser votada é outra matéria, não tem nada a ver com a matéria que estamos votando agora.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Vai ser outra sessão.

O SR. ALBERTO GOLDMAN - Nada tem a ver.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Estou dizendo que, como vai haver outra sessão, a Presidência consolidará as 2 votações, para efeito apenas de registro de presença.

O SR. ALBERTO GOLDMAN - Eu não quero que essa decisão se torne jurisprudência. Foi uma concessão específica, única, neste momento. Nada mais do que isso.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Nada mais do que isso. De acordo, nobre Deputado Alberto Goldman.

775 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PROFESSOR IRAPUAN TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PROFESSOR IRAPUAN TEIXEIRA (PP-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, peço que fique consignado o meu voto “não”.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - O Deputado Professor Irapuan

Teixeira votou “não”.

O SR. PROFESSOR IRAPUAN TEIXEIRA - Obrigado, Sr. Presidente.

776 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

A SRA. SELMA SCHONS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. SELMA SCHONS (PT-PR. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -

Sr. Presidente, votei conforme a orientação do partido.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência já informou que consolidará as 2 votações. A presença relativa a este dia será em função das 2 votações e não de uma só.

777 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Deputado

Murilo Zauith para, em nome do Partido da Frente Liberal, encaminhar a votação.

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

V.Exa. está colocando em votação a Medida Provisória nº 179, que isenta de CPMF as contas correntes de depósito para investimento.

O que acontece hoje? O cidadão que tem conta corrente em banco aplica seu dinheiro em algum tipo de investimento. Quando esse dinheiro sai da conta corrente e vai para a de investimento, ele paga CPMF; se ele volta e é novamente aplicado, o correntista paga mais uma vez CPMF. O Governo está abrindo mão da CPMF. Não somos contra isso, o Governo está dando um passo certo.

Os recursos são aplicados em programas sociais. Sua intenção é fazer com que as pessoas possam aplicar com maior mobilidade, mudando de investimento, mudando de banco, contanto que o dinheiro permaneça nessa conta corrente de movimento.

Agora, o PFL é contra o que dispõe o § 17 do art. 8º, pois entende que há uma pegadinha aí. Nesse ponto está a mão invisível do banco. É dito que, em relação às operações referentes às contas correntes de depósito para investimento ou em relação à manutenção dessas, as instituições financeiras, caso venham estabelecer cobrança de tarifas, não poderão exigir valor superior ao fixado para as demais operações de mesma natureza.

Na verdade, o Governo permite que os bancos cobrem tarifas sobre essa conta. O Governo abre mão da CPMF, mas deixa uma porta aberta para os bancos cobrarem tarifa sobre os depósitos dessa conta especial. Por isso, estamos encaminhando contra.

778 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PAUDERNEY AVELINO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PAUDERNEY AVELINO (PFL-AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero orientar a bancada.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - O Deputado Murilo Zauith já o fez, em nome do Partido da Frente Liberal.

O SR. PAUDERNEY AVELINO - Então, Sr. Presidente, eu gostaria de mais uma vez fazer um alerta ao Plenário. Quando votamos leis que podem ser contestadas no Supremo Tribunal Federal, pela sua inconstitucionalidade, é preciso que o Plenário saiba disso.

A regulamentação de tarifas, na relação privada, tem que ser feita por lei complementar. A medida provisória, na hierarquia das leis, é compatível com a lei ordinária, hierarquicamente inferior, portanto, à lei complementar. Dessa forma, há vício de inconstitucionalidade no que tange ao § 17 do art. 8º.

779 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Em votação o parecer do Relator, na parte em que manifesta opinião favorável ao atendimento dos pressupostos constitucionais de relevância e urgência e de sua adequação financeira e orçamentária, nos termos do art. 8º da Resolução nº 1, de 2002.

780 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

APROVADO.

781 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Em votação o projeto de lei de conversão oferecido pelo Relator da Comissão Mista, ressalvados os destaques.

782 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

APROVADO.

783 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. BERNARDO ARISTON - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. BERNARDO ARISTON (PMDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, acompanhei o PMDB.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência, mais uma vez, vai repetir: quem não votou não se preocupe, porque, na próxima votação, a

Presidência vai determinar a consolidação das 2 votações. Então, os votos dos

Deputados que ainda não votaram ficarão plenamente justificados.

784 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. GONZAGA PATRIOTA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GONZAGA PATRIOTA (PSB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, peço desculpas por interromper trabalho tão importante, mas preciso tratar de estarrecedora notícia da qual acabei de tomar conhecimento.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Polícia Federal, após sigiloso trabalho de mais de 1 ano, deflagrou a Operação Vampiro. Prendeu 17 pessoas, entre empresários e servidores do Ministério da Saúde, responsáveis por fraudes em licitações para compra de hemoderivados, com prejuízos calculados em mais de 2 bilhões de reais para os cofres públicos. Pasmem, Sras. e Srs. Deputados, no período entre 1990 e 2002, são mais de 2 bilhões de reais!

Segundo informações preliminares da Polícia Federal, o Ministério da Saúde adquiria hemoderivados desde 1990 por cerca de 41 centavos de dólar a unidade, sendo esse o valor que vigorou até março do ano passado. Com a mudança no sistema de licitação, o valor unitário caiu para 24 centavos de dólar, ou seja, 42% do valor superfaturado.

Na casa de um dos presos, Sr. Presidente, foi encontrada mala com 1 milhão de reais em espécie, o que comprova que essa farra com o dinheiro público já se arrasta por longos e longos anos.

O que me revolta e enoja é que essa fraude acontece em um setor em que milhares e milhares de pacientes morrem por falta de medicamentos. Não há, portanto, como deixar de considerar que esses meliantes praticaram crime hediondo. São insanos e verdadeiros assassinos, provavelmente nunca

785 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 presenciaram a dantesca realidade dos hemofílicos nas filas de atendimento do nosso falido sistema de saúde.

Aliás, Sras. e Srs. Deputados, nenhum sistema de saúde será capaz de suprir a sanha e a ganância dessas máfias que assolam o serviço público. São empresários inescrupulosos que mantêm com os servidores corruptos relações torpes.

Portanto, Sr. Presidente, deixo consignado o meu repúdio e o meu inconformismo com um sistema que permite a disseminação de tais desmandos.

Esses furos na administração pública que alimentam, que cevam esses porcos.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aproveito o ensejo para congratular-me com a Polícia Federal pela excelência do trabalho que nos últimos tempos permitiu o desbaratamento de quadrilhas. Mencione-se a Operação

Anaconda, a Operação Gafanhoto e, agora, a Operação Vampiro. Tudo aconteceu sem que vazasse qualquer tipo de informação que pudesse atrapalhar esse trabalho.

A Polícia Federal está cumprindo seu importante papel e devemos divulgar tais fatos da tribuna. Não podemos mais permitir que o povo continue morrendo de fome e que se roube o dinheiro da Nação, principalmente aquele destinado à compra de medicamentos.

786 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Sobre a mesa o seguinte requerimento de destaque de bancada:

“Sr. Presidente, requeiro a V.Exa., nos termos do

inciso I e do § 2º do art. 161 do Regimento Interno,

destaque para votação em separado da Emenda nº 16,

oferecida à Medida Provisória nº 179/04”.

Assina o Deputado Custódio Mattos, Líder do PSDB.

787 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Alberto Goldman, que falará a favor da matéria. S.Exa. disporá de 3 minutos.

O SR. ALBERTO GOLDMAN (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, com esse destaque se solicita a inclusão de parágrafo para que a CPMF não incida sobre o recurso que saia da conta-movimento e vá para a conta-investimento criada. Hoje, quando se transfere recursos da conta corrente para a conta de investimento, paga-se CPMF; no momento em que o recurso retorna à conta corrente, paga-se novamente CPMF.

Neste movimento interno do dinheiro — chega à conta corrente, vai a uma conta de investimento e, depois, volta para a conta corrente —, paga-se CPMF 2 vezes.

A intenção do nosso destaque, quanto à emenda do Deputado Walter

Feldman, é a de que esse pagamento seja feito uma vez só. Alguém pagou CPMF quando o dinheiro entrou na conta corrente; então, não deveria haver CPMF ao ir para a conta-investimento. Pela nova legislação, os recursos investidos podem transitar por diversas contas de investimento, em bancos diferentes. Ao voltarem, se gastos em qualquer outra coisa, é devida a CPMF.

Queremos que o pagamento da CPMF sobre recursos aplicados seja feito uma vez só. Saindo da conta corrente e indo para a conta de investimento, haveria isenção.

Esse é o nosso desejo, Sr. Presidente, com esse destaque.

788 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. ENIO BACCI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ENIO BACCI (PDT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na última votação, votei de acordo com a orientação do meu partido.

789 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para encaminhar, concedo a palavra ao Deputado Beto Albuquerque, que falará contra o destaque de bancada.

O SR. BETO ALBUQUERQUE (PSB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, já esgotamos todas as discussões a respeito desta medida provisória, que foi tão bem relatada pelo Deputado Roberto Magalhães.

Por isso, votamos contrariamente ao destaque.

790 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Em votação a emenda.

791 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

REJEITADA.

792 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. ALBERTO GOLDMAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALBERTO GOLDMAN (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, somente 10 ou 15 Deputados levantaram a mão, mas há

500 aqui dentro.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Eu poderia repetir a votação e

V.Exa. mandar alguém vir aqui até a mesa para verificar o resultado.

793 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, justifico o meu voto relativo à votação anterior, porque não estava no plenário.

O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, segui a orientação da bancada.

794 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. ALBERTO GOLDMAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALBERTO GOLDMAN (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o voto do PSDB foi favorável, lógico, não é, Sr. Presidente?

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Aliás, quero manifestar que me abstive. Se não estivesse presidindo os trabalhos, votaria favoravelmente ao destaque do partido de V.Exa.

O SR. ALBERTO GOLDMAN - Obrigado pelo apoio, Sr. Presidente.

795 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Sobre a mesa requerimento no seguinte teor:

“Sr. Presidente, requeremos a V.Exa., nos termos

do art. 161, I, e § 2º, do Regimento Interno, destaque para

votação em separado do § 5º da art. 16 da Lei nº

9.311/96, constante do art. 1º do projeto de lei de

conversão apresentado à Medida Provisória nº 179, de

2004”.

Assina o Sr. Deputado José Carlos Aleluia.

796 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. DOMICIANO CABRAL - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DOMICIANO CABRAL (PSDB-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei conforme a orientação da bancada.

O SR. ABELARDO LUPION (PFL-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei conforme a orientação da bancada.

797 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Pauderney Avelino, que falará a favor da matéria.

O SR. PAUDERNEY AVELINO (PFL-AM. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esse destaque precisa ser explicado, para que o

Plenário entenda o que estamos querendo retirar do texto, que estabelece que “o

Ministro de Estado da Fazenda poderá dispensar da obrigatoriedade prevista neste artigo a concessão, a liquidação ou pagamento de operações previstas nos incisos

II, III e IV do caput, tendo em vista as características das operações e as finalidades a que se destinem”.

Sr. Presidente, entendemos, em primeiro lugar, que a matéria não tem correlação com o Ministro da Fazenda e, sim, com a autoridade monetária nacional.

Por isso, com o destaque se procura dar, ao menos, uma feição melhor à medida provisória, que, pelo que vejo, será transformada em lei.

E, como já disse, essa medida provisória, Sras. e Srs. Deputados, já nasce com vício de inconstitucionalidade, porque fere o princípio da hierarquia das leis.

Está-se tratando em medida provisória matéria, no caso tarifas, que deveria alcançada por lei complementar.

Deputado Beto Albuquerque, queremos dar uma feição melhor à matéria.

Espero que os Srs. Líderes do Governo tenham bom senso para entender que o Sr.

Ministro da Fazenda tem outras atribuições e não é a autoridade monetária. A autoridade monetária é o Presidente do Banco Central, é o próprio Banco Central.

Queremos que sejam aprovados os destaques.

Faço um apelo aos Srs. Líderes do Governo e aos Srs. Líderes da Oposição, para que entendam que esta matéria é danosa para o investidor. O investimento

798 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176 será eventualmente desonerado da CPMF, Deputado Custódio Mattos, mas, em contrapartida, a taxa do serviço bancário pode igualar-se à própria CPMF ou até mesmo ser maior do que ela.

Essa matéria tem de ser da competência do Banco Central e não do Ministro da Fazenda.

Além do mais, volto à questão do PIS e da COFINS nas cooperativas. Não podemos dar guarida a matérias dessa natureza, que não sejam correlatas com o texto da medida provisória.

Sr. Presidente, aprovamos a Constituição, aprovamos emendas constitucionais, e nós mesmos as desrespeitamos.

O Sr. Inocêncio Oliveira, 1º Vice-Presidente, deixa

a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. João

Paulo Cunha, Presidente.

799 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. BABÁ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. BABÁ (Sem Partido-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei “sim”, pela retirada do projeto, uma vez que somos contra o projeto da CPMF.

O SR. AUGUSTO NARDES (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, votei com o partido.

O SR. PASTOR REINALDO (PTB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na última votação, votei com o PTB.

800 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Para encaminhar, concedo a palavra ao Deputado Beto Albuquerque.

O SR. BETO ALBUQUERQUE (PSB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, são sempre respeitáveis as opiniões do Deputado Pauderney Avelino.

Discutimos exaustivamente o conteúdo do projeto de conversão apresentado pelo nobre Relator Roberto Magalhães, vamos votar contrariamente a esse destaque, para manter o texto que está em vigor.

Portanto, o voto da base do Governo é pela manutenção do texto apresentado pelo Relator.

801 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação o requerimento da bancada do PFL, que solicita destaque para votação em separado do § 5º do art. 16 da Lei nº 9.311.

802 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputados que forem pela manutenção do parágrafo permaneçam como se encontram. (Pausa.)

MANTIDO O DISPOSITIVO.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Há sobre a mesa e vou submeter a votos a seguinte

REDAÇÃO FINAL:

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

APROVADA.

A matéria vai ao Senado Federal, incluindo o processado.

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O SR. GONZAGA MOTA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GONZAGA MOTA (PSDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

806 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. ROBERTO FREIRE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ROBERTO FREIRE (PPS-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, gostaria que constasse nos Anais da Casa que meu voto é de acordo com o pensamento do PPS. Mas quero fazer uma declaração de voto.

A CPMF é algo que deveria ter sido discutido no bojo da reforma tributária, até para entendermos seus efeitos benéficos ou maléficos para a economia brasileira. Elaborar uma medida provisória dessas, para privilegiar o sistema financeiro, evidentemente é algo que tem o meu repúdio.

807 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. FRANCISCO TURRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FRANCISCO TURRA (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o meu partido.

O SR. GERALDO THADEU (PPS-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o meu partido.

O SR. ANTÔNIO CARLOS BIFFI (PT-MS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o meu partido, o PT.

808 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 096.2.52.O Tipo: Extraordinária - CD Data: 19/5/2004 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - A Presidência informa que o tempo regimental da presente sessão está esgotado e, portanto, vai encerrá-la.

Esta Presidência consulta os Srs. Líderes sobre se poderíamos manter o painel?

O SR. ALBERTO GOLDMAN (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Não, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Não.

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VI - ENCERRAMENTO

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a sessão.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - COMPARECEM MAIS OS SRS.:

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DEIXAM DE COMPARECER OS SRS.:

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Encerro a sessão, convocando para hoje, quarta-feira, dia 19, às 17h46min, sessão extraordinária da Câmara dos

Deputados, com a seguinte

ORDEM DO DIA

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(Encerra-se a sessão às 17 horas e 44 minutos.)

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