v. 5, n.5 – Dez. 2012 / Jan. 2013 ISSN 1983-3687 Distribuição Gratuita

INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS - MG DIRETORIA DE PESQUISA E PROTEÇÃO À BIODIVERSIDADE GERÊNCIA DE PROJETOS E PESQUISAS

OO bichobicho dodo cestocesto EspéciesEspécies arbóreasarbóreas emem praçaspraças públicaspúblicas dede JoãoJoão MonlevadeMonlevade InfestaçãoInfestação dede AethalionAethalion reticulatumreticulatum EXPEDIENTE

MG.BIOTA Instruções para colaboradores MG.Biota Boletim de divulgação científica da Diretoria de Pesquisa e Proteção à Biodiversidade/IEF que publica Aos autores, bimestralmente trabalhos originais de contribuição científica para divulgar o conhecimento da biota mineira e áreas afins. O Boletim tem como política editorial manter a conduta ética em relação a seus Os autores deverão entregar os seus artigos diretamente à Gerência de Projetos e Pesquisas (GPROP), colaboradores. acompanhada de uma declaração de seu autor ou responsável, nos seguintes termos:

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MG. BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, Dez.2012/Jan.2013 INS­TI­TU­TO­ESTA­DUAL­DE­FLO­RES­TAS­—­MG DIreTOrIA De PesquIsA e PrOTeçãO à BIODIversIDADe GerÊN CIA De PrO Je TOs e Pes quI sAs

MG.BIOTA Belo Horizonte v.5, n.5 dez./jan. 2012/2013 SUMÁ­RIO­ editorial ...... 3

Infestação de Aethalion reticulatum (L., 1767) (Hemiptera: Aethalionidae) em plantas de Dictyoloma vandellianum Adr. Juss. (rutaceae) Silma da Silva Camilo, Marcus A. Soares, Sebastião Lourenço de Assis Júnior & Elizangela de S. Pereira ...... 4

Levantamento de espécies arbóreas e suas condições de plantio, condução e fitossanidade em praças públicas de João Monlevade, MG Geisla Teles Vieira, Marcus Alvarenga Soares, Marlon Almeida Silva, Leirson Araújo dos Santos, Evaldo Martins Pires ...... 13 em Destaque Oiketicus kirbyi Guilding (: Psychidae) – O bicho do cesto Marcus Alvarenga Soares, Elizangela de Souza Pereira ...... 31 Editorial

Nesta edição, apresentamos o artigo sobre o Levantamento de espécies arbóreas e suas condições de plantio, condução e fitossanidade em praças públicas no município de João Monlevade/MG. Com a expansão dos centros urbanos, os ambientes foram se modificando e junto com eles a interação entre o homem e o ambiente. A expansão trouxe como consequência o aumento do impacto ambiental e surgiu a necessidade de minimizar este problema por meio de um plano de arborização urbana. sentido, foi desenvolvido um trabalho de identificação e quantificação de espécies arbóreas utilizadas na arborização urbana de João Monlevade. O levantamento foi feito por amostragem e coletados dados como local, data da coleta, espécies encontradas – nome científico e popular –, família, origem – exótica ou nativa. Outro artigo apresentado é sobre a infestação de Aethalion reticulatum em plantas de Dictyoloma vandellianum . O objetivo é relatar, pela primeira vez, no município de Diamantina, o ataque da cigarrinha no tingui preto, espécie de árvore ornamental. esta espécie pode ser utilizada com sucesso no paisagismo e na arborização de ruas estreitas, sob a rede elétrica. este trabalho tem também a finalidade de registrar o impacto ambiental, que pode resultar no desequilíbrio das populações de insetos e contribuir para o surgimento de pragas severas, devido ao aumento populacional das espécies. em destaque neste número, Oiketicus kirbyi Guilding (Lepidoptera: Psychidae) – O bicho do cesto. uma lagarta muito interessante que pertence à ordem Lepidoptera, a família Psychidae, que abrange cerca de 1.000 espécies descritas e 300 gêneros distribuídos no planeta.

Janaina­Aparecida­Batista­Aguiar

Gerente de Projetos e Pesquisas -IeF

MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 3 Infestação­de­ Aethalion reticulatum (L.,­1767)­ (Hemiptera:­Aethalionidae)­em­plantas­de­ Dictyoloma vandellianum Adr.­Juss.­(Rutaceae)

Silma da Silva Camilo 1, Marcus Alvarenga Soares 2, Sebastião Lourenço de Assis Júnior 3 & Elizangela de Souza Pereira 4

Resumo

O tingui preto ( Dictyoloma vandellianum ) é uma planta de importância econômica, paisagística e ecológica. O objetivo deste trabalho foi relatar o ataque da cigarrinha Aethalion reticulatum (Linnaeus) (Hemiptera: Aethalionidae) nesta planta, no município de Diamantina (MG), Brasil. Foram encontradas, tanto cigarrinhas adultas como ninfas sobre os ramos e o tronco das plantas. Também foi verificada a presença de formigas do gênero Camponotus sp. (Hymenoptera: Formicidae) e abelha irapuá, Trigona hyalinata (Lepeletier) (Hymenoptera: Apidae) associadas às cigarrinhas. A ocorrência de uma alta infestação de A. reticulatum pode causar prejuízo no desenvolvimento e reprodução da planta pela redução na quantidade de nutrientes ocasionada pela constante alimentação do inseto.

Palavras chave: arborização urbana, pragas, cigarrinha, rutales.

Abstract

The Dictyoloma vandellianum is a plant of economic importance, landscape and ecology. The objective of this study was to report the attack leafhopper Aethalion reticulatum (Linnaeus) (Hemiptera: Aethalionidae) in this plant, in Diamantina (MG), Brazil. Adults leafhopper and nymphs were found on the trunk and branches of plants. Ants of the genus Camponotus sp. (Hymenoptera: Formicidae) and irapuá bee, Trigona hyalinata (Lepeletier) (Hymenoptera: Apidae) were found associated with leafhoppers. The occurrence of a high infestation of A. reticulatum can cause damage in the development and reproduction of the plant by reducing the amount of nutrients caused by the constant feeding.

Keywords: urban forestry, pests, leafhopper, rutales.

1 Bacharela em Agronomia, Mestranda em Produção vegetal, universidade Federal dos vales do Jequitinhonha e Mucuri Diamantina/MG. e-mail: [email protected] 2 engenheiro Agrônomo, Doutor em entomologia, professor do Departamento de Agronomia, universidade Federal dos vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina/MG. e-mail: [email protected] *autor correspondente 3 engenheiro Florestal, Doutor em Ciências Florestais, professor do Departamento de engenharia Florestal, universidade Federal dos vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina/MG. e-mail: [email protected] 4 Graduanda em Ciências Biológicas, Departamento de Biologia, universidade Federal dos vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina/MG. e-mail: [email protected]

4 MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 Introdução como tingui preto. sua altura varia de 4,0 a 7,0 m, com tronco de 20 a 30 cm de diâmetro; folhas compostas bipenadas e A família rutaceae pertence à ordem folíolos verdes com a face abaxial mais rutales, sendo representada nas regiões clara (DA sILvA & PAOLI, 2006). esta tropicais e subtropicais por cerca de 150 planta possui distribuição descontínua e gêneros, dos quais aproximadamente 35 irregular, sendo encontrada com baixa têm representantes no Brasil (BArTH et al. , frequência, principalmente em formações 1982). Algumas árvores e arbustos abertas e secun dárias (FLAvIO & De pertencentes a estes gêneros possuem PAuLA, 2010). Apesar de ter sido pouco importância econômica como o exemplo do estudada, a espécie é conhecida por Citrus sp., com frutos comestíveis, possuir em sua composição alcalóides, Flindersia sp. cuja madeira é utilizada cromonas prenilados e limonóides, comercialmente na produção de substâncias importantes para a brinquedos e como lenha e Boronia sp. da classificação sistemática do gênero na qual são extraídos óleos aromáticos. família rutaceae (sArTOr et al ., 2003). esta família possui cerca de 1500 O tingui preto é uma árvore espécies distribuídas nas regiões tropicais ornamental, principalmente quando florida, e temperadas do planeta, sendo mais podendo ser utilizada com sucesso no abundantes na América tropical, sul da paisagismo e na arborização de ruas África e Austrália (PIrANI, 1982). No Brasil estreitas sob rede elétrica (DA sILvA & existem aproximadamente 190 espécies PAOLI, 2006). Além disso, é considerada (ALBuquerque, 1976). Algumas destas planta pioneira, de rápido crescimento, possuem propriedades medicinais, sendo sendo recomendada para plantios mistos fontes de alcalóides, cumarinas, dedicados à recomposição de áreas flavonóides e limonóides que apresentam degradadas e de preservação permanente atividade antibacteriana e antifúngica (DA sILvA & PAOLI, 2006). A madeira de D. (severINO et al. , 2009; PAvITHrA, et al. , vandellianum é moderadamente pesa da, 2009; DurAIPANDIYAN & compacta, resistente e de boa durabilidade IGNACIMuTHu, 2009). quando protegida das intempéries, Dictyoloma spp. Juss., é um gênero podendo ser utilizada na confecção de da família rutaceae, composto apenas de forros, brinquedos, caixotaria e para lenha duas espécies, a D. vandellianum Adr. e carvão (LOreNZI, 2002). Juss. (sinonímia D. incanescens DC), que Até o momento, não foram relatadas ocorre no Brasil, e a D. peruvianum com pragas atacando D. vandellianum e devido distribuição no Peru e Bolívia (vIeIrA et al. , a sua importância econômica, paisagística 1988). Dictyoloma vandellianum é uma e ecológica , objetivou-se relatar, pela espécie arbórea popularmente conhecida primeira vez, o ataque da cigarrinha

MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 5 Aethalion reticulatum (Linnaeus) região, segundo a classificação de Köepen, é o (Hemiptera: Aethalionidae) nesta planta, no Cwa (Clima subtropical úmido), com média município de Diamantina (MG), Brasil. anual de temperatura de 19º C. Os ramos e troncos das plantas Metodologia estavam altamente infestados por adultos e ninfas da cigarrinha. As árvores atacadas em dezembro de 2012 foram observadas colônias de cigarrinhas em plantas estavam presentes em uma área que teve de D. vandellianum , no Campus Juscelino parte de sua vegetação removida para a Kubitscheck da universidade Federal dos vales realização de obras de construção civil no do Jequitinhonha e Mucuri (uFvJM) em Campus da universidade. A espécie vegetal Diamantina (MG), Brasil, entre as coordenadas: foi identificada pelo Dr. evandro Machado do Latitude 18º 15’ sul, Longitude 43º 36’ Oeste e Departamento de engenharia Florestal da altitude média de 1394 m. O tipo climático da uFvJM (FIG. 1). s e r a o s

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FIGurA 1 – Dictyoloma vandellianum Juss. (rutaceae) ou tingui preto.

6 MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 Insetos adultos foram coletados das rANDO & LIMA, 2010). em altas plantas, acondicionados em tubos de vidro infestações, podem causar grandes perdas contendo álcool etílico 70% e levados para na agricultura (ArAÚJO et al ., 2010). o Laboratório de Controle Biológico de A ocorrência desta espécie foi Insetos do Departamento de engenharia descrita nos estados: Amazonas, Bahia, Florestal (DeF) da uFvJM, onde foram Ceará, espírito santo, Minas Gerais, Pará, devidamente identificados pelo Dr. Paraná, rio de Janeiro, rio Grande do sul, sebastião Lourenço de Assis Júnior. santa Catarina e são Paulo em plantas cultivadas e nativas, tais como acácia negra Resultados­e­discussão (Acacia decurrens Willd. Fabaceae), As cigarrinhas coletadas foram algodoeiro ( Gossypium hirsutum L. identificadas como Aethalion reticulatum Malvaceae ), aroeira ( Astronium (Linnaeus) (Hemiptera: Aethalionidae). este fraxinifolium schott & spreng. é um inseto sugador conhecido Anacardiaceae) , cafeeiro ( Coffea sp. popularmente como cigarrinha das fruteiras, rubiaceae ), plantas do gênero Citrus sp. dos pomares ou do pedúnculo, cujos adultos (sANTANA et al. , 2005) e Eucalyptus medem em torno de 10 mm de comprimento, cloeziana (Myrtaceae) (MeNeZes et al. , de cor marrom ferrugínea, com nervuras das 2012). Além disso, atacam pedúnculos de asas salientes e esverdeadas (FIG. 2) frutos de manga que atrofiam e caem (sANTANA et al ., 2005; ODA et al ., 2009; (NAsCIMeNTO & CArvALHO, 1998).

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B) FIGurA 2 – A e B) Aethalion reticulatum (L., 1767) (Hemiptera: Aethalionidae).

Aethalion reticulatum também foi descrita em possuem o corpo de coloração cinza com plantios de Grevillea robusta A.Cunn. estrias amarelas, são sugadoras de seiva e Proteaceae em são Miguel Arcanjo, sP possuem hábito gregário (vIeIrA et al. , (sANTANA et al. , 2005). em plantas 2007; ODA et al. , 2009). Os adultos medicinais, esta cigarrinha foi encontrada possuem longevidade aproximada de dois atacando plantas de boldo ( Vernonia meses (vIeIrA et al. 2007; rANDO & condensata Backer Asteraceae) (LeITe et al. , LIMA, 2010). O ciclo total se completa em 2006) e alfavaca-cravo ( Ocimum gratissimum cerca de 110 dias, com três gerações ao L. Lamiaceae) (rANDO & LIMA, 2010). ano (sANTANA et al. , 2005). Ninfas e As fêmeas deste inseto colocam até adultos possuem movimento rápido e 100 ovos nos ramos e pedúnculos dos lateral característico dessa espécie frutos das plantas hospedeiras. As posturas (vIeIrA et al. , 2007). são superficiais, mas a substância de cor Ao se alimentar, A. reticulatum parda ou acinzentada que recobre os ovos, excreta o honeydew, um líquido composto os camufla e livra da ação de predadores por açúcares como a glicose, frutose e (rANDO & LIMA, 2010). O período de sacarose, e mais aminoácidos livres, incubação dos ovos é cerca de 30 dias, e lipídios, amido, vitamina B e minerais as fêmeas protegem a postura até o (vIeIrA et al. , 2007; rANDO & LIMA, momento da eclosão (vIeIrA et al. , 2007). 2010). A composição do excremento varia O período ninfal dura 45 dias e as ninfas de acordo com a planta hospedeira, sua

8 MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 idade, a parte da planta onde o inseto se cigarrinhas contra inimigos naturais, alimenta e o tempo de alimentação. formando assim uma relação benéfica entre O honeydew serve de alimento para ambas (MOrALes, 2000; sANTANA et al. , várias espécies de formigas do gênero 2005). Foi verificada a presença de formigas Camponotus sp. (Hymenoptera: Formicidae), deste gênero associadas às cigarrinhas sendo que estas formigas protegem as neste trabalho (FIG. 3). s e r a o s

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B) FIGurA 3 – A e B) Formigas do gênero Camponotus sp. (Hymenoptera: Formicidae) associadas à cigarrinha A. reticulatum .

MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 9 esse tipo de interação também foi (Lepeletier) (Hymenoptera: Apidae) descrito por rando & Lima (2010), com as também foi encontrada em associação com espécies Camponotus rufipes (Fabr.) e C. A. reticulatum neste trabalho, se crassus (Mayr), que patrulhavam as alimentando das excretas da cigarrinha agregações de cigarrinhas em plantas de (FIG. 4). Trigona hyalinata é um forrageador alfavaca cravo e estimulavam com as generalista (BArBOLA et al ., 2000). Oda et antenas e tarsos, o abdome destas para al . (2009) também observaram a interação que expelissem o honeydew do qual se entre a abelha irapuá e a cigarrinha do alimentam. pedúnculo em Clitoria fairchildiana Howard A abelha irapuá, Trigona hyalinata (Papilionoideae). s e r a o s

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FIGurA 4 – A e B) Abelha irapuá, Trigona hyalinata (Lepeletier) (Hymenoptera: Apidae) em associação com A. reticulatum .

10 MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 este foi o primeiro relato do ataque de Referências A. reticulatum em D. vandellianum . A ocorrência de uma alta infestação desta ALBuquerque, B.W.P. revisão taxonômica das rutáceas do estado do Amazonas. Acta cigarrinha pode causar prejuízo no Amazônica , v. 6, n. 3, p. 1-67, 1976. desenvolvimento e reprodução da planta ArAÚJO, v.A.; BÁO, s.N.; MOreIrA, J.; Neves, pela redução na quantidade de nutrientes C.A.; LINO-NeTO, J. ultrastructural characterization ocasionada pela constante alimentação do of the spermatozoa of Aethalion reticulatum Linnaeus 1767 (Hemiptera: Auchenorrhyncha: inseto. Aethalionidae). Micron , v. 41, p. 306-311, 2010.

BArBOLA, I.F.; LArOCA, s.; ALMeIDA, M.C. Considerações­finais utilização de recursos florais por abelhas silvestres (Hymenoptera, Apoidea) da Floresta estadual Passa A supressão da vegetação nativa de Dois Lapa, Paraná, Brasil. Revista­Brasileira­de Entomologia , v. 44, p. 9-19, 2000. um ambiente ou o plantio de uma espécie em monocultura pode resultar no BArTH, O.M. variações polínicas em espécies brasileiras da família rutaceae. Boletim­do desequilíbrio das populações de insetos. Instituto­de­Geociências , usP v. 13, p. 43-134, Isso pode ocorrer devido à morte de 1982. inimigos naturais, o que pode contribuir DA sILvA, L.L.; PAOLI, A.A.s. Morfologia e anatomia para o surgimento de pragas severas, da semente de Dictyoloma vandellianum Adr. Juss. (rutaceae). Revista­Brasileira­de­Sementes , v. 28, devido ao aumento populacional destas. p. 116-120, 2006.

Plantas presentes em um ambiente que DurAIPANDIYAN, v.; IGNACIMuTHu, s. teve parte da vegetação natural desmatada Antibacterial and antifungal activity of Flindersine isolated from the traditional medicinal plant, Toddalia tornam-se também mais suscetíveis ao asiatica (L.) Lam. Journal­of­Ethnopharmacology , ataque de pragas, pois acabam sendo a v. 123, p. 494-498, 2009.

única fonte de alimento para a população FLAvIO, J.J.P.; De PAuLA, r. C. Testes de de herbívoros ali presentes. envelhecimento acelerado e de condutividade elétrica em sementes de Dictyoloma vandellianum Isto ocorreu com as plantas de tingui A. Juss. Scientia­Forestalis , v. 38, p. 391-399, preto que foram severamente atacadas 2010. pela cigarrinha das fruteiras no Campus da LeITe, G.L.D.; ArAÚJO, C.B.O.; AMOrIM, C.A.D.; uFvJM. estas plantas estavam localizadas MArTINs, e.r. Fatores climáticos influenciam a abundância de artrópodes de plantas medicinais no em uma área que teve parte de sua estado de Minas Gerais, Brasil. Revista­Brasileira vegetação removida, para possibilitar a de­Plantas­Medicinais , v. 8, n .3, p. 43-51, 2006. realização de obras de construção civil. LOreNZI, H. Árvores­brasileiras : manual de este trabalho mostra ainda que a identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 2002, 321p. v. 1 cigarrinha das fruteiras pode também atacar MeNeZes, C.W.G.; sOAres, M.A.; AssIs esta planta, quando utilizada em plantios JÚNIOr, s.L.; FONseCA, A.J.; PIres, e.M.; comerciais para outros fins, como na sANTOs, J.B. Novos insetos sugadores arborização urbana, produção de madeira (Hemiptera) atacando Eucalyptus cloeziana (Myrtaceae) em Minas Gerais, Brasil. ou recuperação de áreas degradadas. EntomoBrasilis , v. 5, p. 246-248, 2012.

MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 11 MOrALes, M.A. Mechanisms and density rANDO, J.s.s.; LIMA, C.B. Detecção de Aethalion dependence of benefit in an ant-membracid reticulatum (L., 1767) (Hemiptera: Aethalionidae) em mutualism. Ecology , v. 81, p. 482- 489, 2000. alfavacacravo ( Ocimum gratissimum L.) e observações sobre sua ocorrência. Revista NAsCIMeNTO, A.s.; CArvALHO, r.s. Pragas Brasileira­de­Plantas­Medicinais , v. 12, n. 2, p. da mangueira. In: BrAGA sOBrINHO, r.; 239-242, 2010. CArDOsO, J.e.; FreIre, F.C. (eds). Pragas­de fruteiras­tropicais­de­importância sANTANA, D.L.q.; FerreIrA, C.A.; MArTINs, agroindustrial.­ Brasília: embrapa-CNPAT, 1998. e.G.; DA sILvA, H.D. Ocorrência de Aethalion p. 155-67. reticulatum (Linnaeus, 1767) (Hemiptera: Aethalionidae) em Grevillea robusta . Boletim­de ODA, F.H.; AOKI, C.; ODA, T.M.; DA sILvA, r.A.; Pesquisa­Florestal , n. 50, p. 109-115, 2005. FeLIsMINO, M.F. Interação entre abelha Trigona hyalinata (Lepeletier, 1836) (Hymenoptera: sArTOr, C.F.P.; DA sILvA, M.F.G.F.; vIeIrA, P.C. Apidae) e Aethalion reticulatum Linnaeus, 1767 Alkaloids from Dictyoloma vandellianum : their (Hemiptera: Aethalionidae) em Clitoria chemosystematics significance. Phytochemistry , v. fairchildiana Howard (Papilionoideae). 63, p. 185-192, 2003. EntomoBrasilis , v. 2, p. 58-60, 2009. severINO, v. G. P.; DA sILvA, M. F. G. F.; LuCArINI, r.; PAvITHrA, P.s.; sreevIDYA, N.; verMA, r. MONTANArI, L. B.; CuNHA, W. r.; vINHOLIs, A. H. C.; s. Antibacterial activity and chemical MArTINs, C. H. G. Determination of the antibacterial composition of essential oil of Pamburus activity of crude extracts and compounds isolated from missionis. Journal­of­Ethnopharmacology , v. Hortia oreadica (rutaceae) against oral pathogens. 124, p. 151-153, 2009. Brazilian­Journal­of­Microbiology , v. 40, p. 535-540, 2009. PIrANI, J.r. A­ordem­Rutales­na­Serra­do­Cipó, Minas­Gerais,­Brasil . 1982. 244f. Dissertação vIeIrA, P.C.; FerNANDes, J.B.; DA sILvA, (Mestrado em Botânica) – Departamento de M.F.G.F. The chemosystematics of Dictyoloma. Botânica, universidade de são Paulo, são Paulo, Biochemical­Systematics­and­Ecology , v. 16, p. 1982. 541-544, 1988.

12 MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 Levantamento­de­espécies­arbóreas­e­suas­condições­de­plantio, condução­e­fitossanidade­em­praças­públicas­de­João­Monlevade,­MG

Geisla Teles Vieira 1, Marcus Alvarenga Soares 2* , Marlon Almeida Silva 3, Leirson Araújo dos Santos 3, Evaldo Martins Pires 4

Resumo em virtude dos diversos benefícios obtidos com a arborização nos centros urbanos, foi realizado um inventário quali-quantitativo das espécies arbóreas em praças públicas de João Monlevade – MG. Foram coletadas informações em quatro praças de regiões do município com características distintas, observando condições de plantio, fitossanitárias e de infraestrutura, através de fichas de campo para cadastro de cada indivíduo arbóreo. Dentre os resultados, destacaram-se o número de espécies encontradas (19) e número de indivíduos (62), desses, 22,6% eram Oiti ( Licania tomentosa ). Com relação às condições fitossanitárias, foi observada maior infestação de insetos fitófagos na Praça Joaquim Pena da Luz. essas informações demonstram necessidade de ações corretivas para sanar os aspectos negativos observados, como a necessidade de aumento da diversidade de espécies.

Palavras chave: arborização, inventário, urbanização, praças públicas.

Abstract

Due to the multiple benefits of the forestation in urban centers, was carried out a qualitative and quantitative inventory of tree species in public squares of João Monlevade - MG. Data were collected in four squares of the city regions with different characteristics, taking into consideration the different aspects that influence plant crop, health and infrastructure. Among the results, emphasized the number of species found (19) and number of individuals (62), of which 22.6% were Licania tomentosa . With regard to plant health, there was a higher infestation of phytophagous in Joaquin Pena da Luz square. These data show the need for corrective actions to remedy the negative aspects observed, as the need for increased diversity of species.

Keywords : forestation, inventory, urbanization, public squares.

1 Mestre em Ciências Farmacêuticas. Faculdade de engenharia da universidade do estado de Minas Gerais – uemg. João Monlevade, Minas Gerais 2 Doutor em entomologia. Faculdade de Ciências Agrárias da universidade Federal dos vales do Jequitinhonha e Mucuri – uFvJM. Diamantina, Minas Gerais.* Autor correspondente. e-mail: [email protected] 3 engenheiro Ambiental. Faculdade de engenharia da uemg. 4 Doutor em entomologia. Instituto de Ciências Naturais, Humanas e sociais da universidade Federal do Mato Grosso - uFMT. sinop Mato Grosso.

MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 13 Introdução climáticas e ambientais, sendo, desta forma, evitadas as ilhas de calor, desertos entende-se por arborização urbana biológicos e o desconforto ambiental que o conjunto de terras públicas e privadas caracterizam as cidades sem proteção com vegetação predominantemente vegetal adequada. Nesta estrutura modificada, a arbórea que uma cidade apresenta, ou arborização realizada, em muitas cidades, ainda, como um conjunto de vegetação com o uso de poucas espécies e ainda de arbórea natural ou cultivada apresentada forma descontínua, propicia perdas de em áreas particulares, praças, parques e biodiversidade, ou seja, as espécies da vias públicas (BArrOs et al ., 2010; sALvI fauna que poderiam visitar áreas urbanas, et al ., 2011). Planejar a arborização é não são atraídas para tal, em função de indispensável para o desenvolvimento abrigos precários e pouca fonte de urbano, para não trazer prejuízos ao meio alimentação. Nestas condições, apenas ambiente. Considerando que a arborização poucas espécies conseguem sobreviver é fator determinante da salubridade em áreas urbanas (BruN et al ., 2007). ambiental, por ter influência direta sobre o Com base nestes aspectos, observa-se a bem estar do homem em virtude dos importância da arborização urbana como múltiplos benefícios que proporciona ao forma de manutenção da biodiversidade da meio (rOCHA et al. , 2004). flora e fauna nativas dentro dos centros A urbanização modifica a estrutura urbanos brasileiros. física e biótica do hábitat, podendo afetar Além disso, o plantio de espécies diversos processos ecológicos que arbóreas e/ou arbustivas com características envolvem a fauna e a flora nestas áreas. inadequadas ao espaço existente, ou a Como resultado da intervenção antrópica, a mudança de uso ocorrida nesse espaço ao paisagem urbana geralmente se apresenta longo do tempo, fazem com que muitas fragmentada em um mosaico de diferentes vezes a árvore seja percebida como um ambientes e, tanto a estrutura da elemento negativo na cidade, uma vez que vegetação, quanto a sua composição causa danos às edificações, atrapalha o florística, costumam diferir daquela trânsito de pedestres e/ou veículos, originalmente presente (MeNDONçA & interferem na extensa rede de serviços ANJOs, 2005). públicos, entre outros. Neste sentido, silva & Magalhães são comuns conflitos com fios (1993) afirmam que a arborização urbana elétricos, que podem comprometer a garante a integração dos espaços sanidade, vigor e estética das árvores e habitados às regiões circunvizinhas, arbustos. elas também podem prejudicar a possibilitando a continuidade da visibilidade de motoristas, quando mal diversidade biológica e das características alocadas, e passagem de pedestres, além

14 MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 de algumas espécies poderem ser estatística, 2009). A vegetação natural eventualmente tóxicas às pessoas, como a está inserida no bioma Mata Atlântica, espécie Alamanda ( Allamanda cathartica possuindo clima tropical de altitude (tipo L.), Aroeira ( Lithraea molleoides vell.), CWA segundo classificação climática de Azedinha ( Oxalis sp), Chapéu-de-Napoleão Kõppen-Geiger), e situa-se a uma altitude (Thevetia peruviana Pers.), Hera (Ficus média de 900 metros acima do nível do pumila L. ), entre outras (LOreNZI & mar. MATOs, 2002; LOPes et al. , 2009). Durante os meses de março a Para se conhecer a arborização junho de 2010 foram realizadas urbana, é necessária a sua avaliação, que campanhas de campo em quatro praças depende da realização de inventários. O da cidade (FIG. 1 e 2), sendo Praça inventário da arborização tem como Joaquim Pena da Luz (PJPL), localizada objetivo geral conhecer o patrimônio na Avenida Getúlio vargas com rua C, arbustivo e arbóreo de uma localidade. Tal n°889, Bairro santa Bárbara; Praça do levantamento é fundamental para o Lindinho (PL), localizada na Avenida planejamento e manejo da arborização, Wilson Alvarenga com rua Pio XI, n°546, fornecendo informações sobre a Bairro Carneirinhos; Praça Geraldo de necessidade de poda, tratamentos Paula santos (PGP), localizada na fitossanitários ou remoção de plantios, Avenida Wilson Alvarenga com Getúlio bem como para definir prioridades de vargas e rua Primavera, n°580, Bairro intervenções (sILvA et al., 2006). Carneirinhos; Praça são José Operário (PsJO), localizada ao lado da Igreja são O objetivo foi avaliar as espécies José Operário, n°400, Bairro Tieté. arbóreas e suas condições de plantio, condução e fitossanidade em praças Coleta­de­dados­e­identificação­ públicas do município de João Monlevade, de­material estado de Minas Gerais.

O levantamento quali-quantitativo foi Metodologia realizado através de uma amostragem da arborização urbana de quatro praças Área­de­estudo públicas da cidade de João Monlevade e apenas os indivíduos arbóreos foram A pesquisa foi realizada no município selecionados para o estudo. de João Monlevade, MG, localizado na Foram coletados dados conforme latitude 19,5º s e longitude de 43,7º W, ficha elaborada para análise das condições distante 110 km da capital Belo Horizonte, fitossanitárias e de infraestrutura da com aproximadamente 75.320 habitantes arborização urbana. As informações (Instituto Brasileiro de Geografia e contidas na ficha foram as seguintes: local,

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FIGurA 1 – Município de João Monlevade/MG: a) Praça Geraldo de Paula santos (PGP); b) Praça Joaquim Pena da Luz (PJPL); c) Praça do Lindinho (PL); d) Praça são José Operário (PsJO).

FIGurA 2 – Mapa parcial da cidade de João Monlevade/MG, com a disposição das quatro praças amostradas. Fonte: http://maps.google.com.br/

16 MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 data, espécies encontradas (nome popular dados de altura, utilizando uma régua e científico), família, origem (exótica ou graduada em centímetros (altura máxima nativa), circunferência a altura do peito da régua = 9 m). quando não foi possível a (CAP), altura, distância da árvore ao meio medição por régua, adotaram-se medições fio, inclinação, floração, frutificação, indiretas baseadas em estimativa de afloramento de raízes, interferência da proporcionalidade entre uma altura copa da árvore, incidência solar, interações conhecida e a altura dos indivíduos ecológicas, condições fitossanitárias e arbóreos. observações gerais (sILvA et al ., 2006). As condições fitossanitárias dos Para a medida da distância da indivíduos foram classificadas como Boa, árvore ao meio fio foi utilizada uma fita regular e ruim. Os critérios para métrica de 9 m. As medidas foram classificação foram: boa (sem necrose, sem realizadas considerando a base da árvore infestação por pragas ou erva-de- estudada até o final do meio fio mais passarinho [ Tripodanthus acutifolius (ruiz & próximo. Para os itens inclinação, floração, Pav.) Thiegh] e sem interferências frutificação, afloramento de raízes, mecânicas); regular (sem necrose, sem interferência da copa e presença de infestações por pragas ou erva-de- rachaduras foram utilizadas observações passarinho, com injúrias mecânicas bem visuais e anotações quanto à presença ou reparadas ou podas bem recuperadas); ausência destas condições. ruim (com infestação por pragas e/ou erva- A variável interferência da copa da de-passarinho, e/ou grandes intervenções árvore foi considerada presente quando mecânicas e/ou podas mal recuperadas). havia contato da árvore com a iluminação Material botânico vegetativo (ramo, pública e/ou fiação da rede elétrica de baixa folhas) e reprodutivo (flores e/ou frutos) e alta tensão, ou rede telefônica. Além foram coletados em quantidades disso, quando a árvore estava prejudicando suficientes para confeccionar três a veiculação dos pedestres e carros nas exsicatas, com o auxílio de tesouras de vias públicas. poda e/ou podão. quando não foi possível A medição da circunferência a coletar flores e/ou frutos, apenas o material altura do peito, em cm, foi realizada a 1,30 vegetativo foi amostrado para a confecção m do solo, com a utilização de uma fita da exsicata contendo a descrição de campo métrica de 2 m. quando a bifurcação do sobre a referida espécie. tronco principal era abaixo de 1,30 m, a As amostras vegetais foram prensadas medição era feita no início da mesma no campo com o uso de prensas de (sILvA et al. , 2006). papelão, jornal e papel. em seguida, secas Foram quantificados todos os em estufa (ODONTOBrAs, modelo eL16), indivíduos arbóreos encontrados em cada em temperatura constante de 60º C (± 5º C) praça. Para cada indivíduo foram coletados durante 48 h. Após secagem os exemplares

MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 17 dos vegetais foram fixados em cartolina identificação foi colada à cartolina. As branca com o uso de fita adesiva de exsicatas foram depositadas no herbário maneira que não descaracterizasse a da Faculdade de engenharia da amostra vegetal. Ao final da universidade do estado de Minas Gerais herborização uma etiqueta de – ueMG (FIG. 3). s o t n a s

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18 MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 FIGurA 3 – exsicatas de indivíduos de: A) Alecrim-de-campinas ( Holocalyx balansae Micheli) – Nativa; B) Alfeneiro ( Ligustrum lucidum W. T. Aiton ) – exótica; C) Ameixeira ( Eriobotrya japonica (Thumb.) Lindl) – exótica; D) Canjambo ( Guarea kunthiana A. Juss) – Nativa; e) Paineira ( Chorisia speciosa (Baill.) Beentje & J. Dransf) – Nativa; F) Jacarandá-branco ( Machaerium paraguariense Hassl) – Nativa; G) Jambolão ( Eugenia jambolana Lam.) – exótica; H) Mangueira ( Mangifera indica L.) – exótica; I) Oiti ( Licania tomentosa Benth) – Nativa; J) Pata-de-vaca ( Bauhinia forficata Link) – Nativa; K) sibipiruna ( Caesalpinia peltophoroides Benth) – Nativa; L) Ficus ( Ficus benjamina L.) – exótica; M) Chapéu-do-sol ( Terminalia catappa L.) – exótica; N) embaúba-da-mata ( Cecropia polystachya Trécul) – Nativa.

MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 19 As identificações botânicas foram Resultados realizadas com o auxílio de literatura específica (LOreNZI, 1992; LOreNZI; Nas praças avaliadas foram sOuZA, 1999; rIZZINI, 1968) e consultas encontradas 62 árvores, pertencentes a aos especialistas Agenor v. A. Pereira, 16 famílias, com 17 gêneros e 19 engenheiro Agrônomo do Departamento de espécies registradas (TAB. 1). O Oiti foi a Parques e Jardins da Prefeitura Municipal espécie mais abundante com 10 de Belo Horizonte e José Fábio Camolesi, engenheiro Florestal e Analista Ambiental indivíduos na Praça PGP e quatro na do Instituto estadual de Florestas (IeF) de Praça PL, representando uma João Monlevade. porcentagem de 22,6%, seguido pelo Os insetos encontrados foram jambolão com oito exemplares ou 12,9% acondicionados em frascos de penicilina do total de indivíduos. contendo uma solução em álcool etílico a A família Fabaceae obteve três 70% e enumerados de acordo com o espécies, sendo a mais representada. em número da espécie arbórea de origem, para seguida as Bignoniaceae e Myrtaceae posterior identificação. As famílias de insetos com duas espécies cada uma, todas as foram identificadas segundo as chaves outras famílias obtiveram apenas uma taxonômicas de Borror & Delong (1969). espécie presente nas praças (TAB. 1). A

Análise­estatística Chrysobalanaceae apresentou maior número de indivíduos, 14, seguida pelas Fabaceae e Myrtaceae com 11 e 10, Os dados de distância do meio fio foram respectivamente (TAB. 1). Das 19 submetidos à análise de variância (ANOvA) com o programa sistema de análises espécies encontradas, 11 (ou 58%) são estatísticas sAeG (uFv). Para de origem nativa. em relação ao número apresentação desses dados foram total de indivíduos, pode se constatar que calculadas suas médias e desvio padrão. 39 (ou 63%), são de origem nativa.

20 MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013

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MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 21 As praças mais arborizadas foram não apresentou diferenças estatísticas PGP e PL que somaram 54 árvores (ou sendo em média de quatro metros (GrÁF. 87,1% do total). Observa-se uma relação 1). Três árvores foram plantadas junto ao positiva entre maior número de árvores e o meio-fio, fato que pode significar problemas tamanho das praças. Além disso, as praças futuros em relação ao desenvolvimento da mais arborizadas encontravam-se na planta e demais problemas urbanísticos, região central da cidade. como a rachaduras das vias publicas, A distância da base das árvores até causando o transtorno para a circulação de a face externa do meio fio mais próximo pedestres e automóveis na praça PL. s a e r ó b r a

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GrÁFICO 1 - Médias e desvio-padrão da distância (m) entre o meio fio e a árvore para as praças Geraldo de Paula (PGP), Lindinho (PL), são José Operário (PsJO) e Joaquim Pena da Luz (PJPL), município de João Monlevade, estado de Minas Gerais. As médias não apresentaram diferenças estatísticas quando submetidas à análise de variância (ANOvA) com o programa de análises estatísticas sAeG.

22 MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013

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20 20

0 0 PSJO E) PGP PL PJPL F) PGP PL PSJO PJPL Á GrÁFICO 2 – regist ros em % para as pra ças G eraldo de P aula (P GP ), Lind inho (PL ), são José Operário (PsJO) e Joaquim Pena da Luz ( PJPL), munic ípi o de Jo ão Monlevade, estado de Minas Gerais. A) Af loramento d e ra ízes; B) Oc orrência d e i nclinação; C) Pr esença ou ausên cia da Interferência da copa da árvore; e) Oc orrência de fru tificação no pe ríodo de m arço a ju nho; F) Oc orrência de flo ração no pe ríodo de m arço a ju nho. O afloramento de raízes ocorreu espécies que mais causaram este apenas nas praças PGP e PL (GrÁF. 2A). problema foram a sibipiruna e o Chapéu- sendo que na PGP observaram-se sete do-sol com 60% e 80% de ocorrência por ocorrências e na PL, duas. Do total espécie, respectivamente. observado, apenas 15 indivíduos (ou 24,2%) apresentaram afloramento de A ocorrência de inclinação foi raízes. Nas praças, PsJO e na PJPL não observada em 17 indivíduos (ou 27,7%), do foram constatados afloramentos. As total. Os maiores níveis foram observados

MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 23 em árvores com incidência solar parcial ou ‘ruim’. Três das praças avaliadas muito baixa (GrÁF. 2B). A Praça PL apresentaram uma taxa acima de 66% de apresentou mais ocorrências de indivíduos em boas condições (GrÁF. 3), inclinações, mas a PGP apresentou um apenas a Praça PJPL apresentou 100% maior coeficiente de inclinação. dos indivíduos avaliados em condições A interferência da copa não foi regulares. Nesta praça, se observou uma constatada apenas na Praça PJPL (GrÁF. única espécie arbórea presente, figueiras, 2C). As principais ocorrências de com todos os indivíduos atacados pelo interferência da copa foram registradas Tripes Gynaikothrips ficorum (Marchal) sobre a fiação, sendo mais frequentes na (Thysanoptera: Phlaeothripidae). fiação de telefone, raros em baixa tensão e Na Praça PL, todas as árvores ausentes em alta tensão. Também foram presentes se encontravam em boas observadas poucas ocorrências da condições fitossanitárias. Já na Praça PGP interferência da copa à circulação dos foi observado um ataque do bicho-cesto, pedestres e à circulação de veículos. Oiketicus kirbyi Guilding (Lepidoptera: A variável incidência solar sofre Psychidae) na Pata-de-vaca. As folhas das interferência de fatores como a quantidade árvores dessa espécie já se encontravam e proximidade das árvores, além da com danos de desfolha em estágio interferência das edificações. A incidência avançado. solar foi avaliada como ‘total’, ‘parcial’ ou Foram encontradas, ao todo, seis ‘muito baixa’. De todos os indivíduos do famílias de insetos atacando as espécies estudo, apenas 23 ou (37,01%) receberam arbóreas sendo Aphididae (Hemiptera) em incidência solar ‘total’, 34 (ou 54,84%) Oiti, Aleyrodidae (Hemiptera) em ‘parcial’ e 5 (ou 8,06%) ‘muito baixa’. Nas Canjambo, Phlaeothripidae (Thysanoptera) praças PsJO e PJPL a incidência solar foi em figueira, Psychidae (Lepidoptera) e total em todas as plantas (GrÁF. 2D), na Membracidae (Hemiptera) em Pata-de- praça PL observou-se maior ocorrência de vaca e Pseudococcidae (Hemiptera) em incidência solar parcial, já na praça PGP embaúba-da-Mata. observou-se poucos indivíduos se Do total de 18 ‘interações enquadrando na categoria ‘muito baixa’. ecológicas’, 03 eram harmônicas Observou-se 25 plantas (ou planta/planta, entre duas árvores de Patas- 40,32%), do total avaliado, apresentando de-vaca e uma árvore de sibipiruna com a frutificação e 16 plantas (ou 25,8%) trepadeira singônio ( Syngonium apresentando floração (GrÁF. 2e e F). angustatum schott), ambas na Praça PGP. Do total de indivíduos arbóreos As outras 15 interações desarmônicas se avaliados (62), 48 árvores (ou 77,41%) deram pela presença da erva-de-passarinho estavam em condições fitossanitárias ‘boa’, no Alfeneiro, Canjambo e Guamirim na 12 (ou 19,35%) ‘regular’ e 02 (ou 3,2%) PGP, Jambolão e resedá na PL e Paineira

24 MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 GrÁFICO 3 – Condições fitossanitárias em % para as praças Geraldo de Paula (PGP), Lindinho (PL), são José Operário (PsJO) e Joaquim Pena da Luz (PJPL), município de João Monlevade, estado de Minas Gerais. na PsJO e na análise por praça (GrÁF. 4) vegetal não deve ultrapassar 10-15% do observou-se a PGP, PL e PsJO, oscilando a total de indivíduos da população arbórea de ocorrência de interações ecológicas entre uma mesma praça, para um bom 28 e 35% das espécies. A Praça PJPL, não planejamento da arborização urbana. apresentou interações ecológicas. Dentro desse aspecto, todas as praças em alguns dos troncos das árvores analisadas apresentaram alguma espécie das praças PGP e PL foram encontrados com valor acima do permitido, sendo que a sinais de vandalismo feitos por objetos Praça PGP apresentou apenas uma cortantes. Além disso, foram encontrados espécie com valor superior à recomendada, nas praças PJPL e PGP quantidade o Oiti com 27,76%. Na Praça PL ocorreu excessiva de lixo. A ocorrência destes três espécies com porcentagens acima do resíduos e entulhos nestas praças pode ter recomendado: Chapéu-do-sol com 20%, sido influenciada pelo comércio adjacente. Jambolão com 40% e Oiti com 20%. Na Praça PsJO, os valores foram de 66,66% e Discussões 33,33% para a Paineira e o Ipê Amarelo, respectivamente. Como na Praça PJPL foi De acordo com as recomendações de observada uma única espécie, o valor Grey & Deneke (1978), cada espécie encontrado foi de 100% para a figueira.

MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 25 estas ocorrências fogem às provocados por carros e caminhões. Neste recomendações desses autores, podendo contexto, as árvores encontradas a uma trazer preocupações principalmente quanto distância inferior a 1,0 m, Alecrim-de- às condições fitossanitárias, além de refletir campinas, sibipiruna , Oiti, Chapéu-do-sol, a ausência de um planejamento urbano em embaúba da mata, resedá além dos três prol da arborização urbana local. indivíduos de Chapéu-do-sol encontrados silva et al. (2006) ainda acrescentam encostados no meio-fio, poderão causar que a diversidade de espécies de árvores problemas futuros em relação ao na paisagem urbana se faz necessária para desenvolvimento da planta e demais garantir uma melhor estética, maior problemas urbanísticos, como rachaduras disponibilidade de recursos para a fauna das vias públicas, causando transtorno para urbana e o máximo de proteção contra a circulação de pedestres e automóveis. pragas e doenças. Os 15 indivíduos que tiveram Além disso, introduzindo espécies ocorrências de afloramento de raízes vegetais diversificadas no meio urbano e com poderão causar danos à infraestrutura ocorrência de floração em diferentes períodos urbana, pois segundo Mcpherson & Peper do ano, é possível proporcionar disponibilidade (1996), os danos causados pelas raízes de recursos para a fauna local, ao longo de das árvores em calçadas, sarjetas e todo o período anual (Brun et al. , 2007). esgotos são, em média, 25% do custo de As dez espécies exóticas manutenção anual com árvores urbanas e, encontradas no total podem implicar na pelas cifras que atingem, esses problemas descaracterização da paisagem e multimilionários precisam ser mais bem prejudicar áreas de ocorrência de estudados. Diante disso, a sibipiruna e o vegetação natural presentes nos ambientes Chapéu-do-sol, merecem uma especial urbanos (BATIsTeL et al. , 2009). O ideal no atenção, por apresentarem maiores planejamento da arborização urbana é a porcentagens de afloramentos. Outra integração flora-fauna nativa e a ênfase na espécie que merece atenção é a figueira vegetação nativa representa uma que, embora não tenha apresentado contribuição no sentido da melhoria da afloramentos de raízes, pelo fato dos biodiversidade e da valorização de indivíduos plantados na Praça PJPL serem referenciais ecológicos e paisagísticos ainda jovens (altura e CAP menores), pode locais (COeLBA, 2002). causar problemas, pois muitas cidades quanto à distância da árvore ao relatam transtornos com a espécie em meio-fio, recomenda-se uma distância relação ao local onde está plantada mínima de 1,0 m entre a base da árvore e o (rOCHA et al. , 2004). meio-fio (rusCHeL & LeITe, 2002). esse Percebe-se uma relação entre a distanciamento é importante, pois ajuda na inclinação dos indivíduos com a incidência proteção das árvores dos danos físicos solar, pois na maioria dos casos, onde

26 MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 havia inclinação da árvore, esta se além da interferência das edificações. Fato encontrava com pouca ou nenhuma que induz a inclinação da árvore à procura incidência solar. de uma forma de reter os raios solares A interferência da copa, observada necessários a ela. Destaca-se ainda, que a em três das Praças estudadas, segundo ausência de incidência solar pode provocar vasconcelos (1999/2000) ocorre devido à também problemas fitossanitários como, má escolha de espécies, cujo porte não é por exemplo, ferrugem nas folhas. Nas compatível com o local, por exemplo, a palavras de Almeida (1986), “o fungo da utilização de árvores de médio e grande ferrugem necessita de água livre, porte sob fiações. embora, a interferência temperatura na faixa de 21 a 23°C e da copa não tenha ocorrido junto à fiação ausência de luz direta para germinação e de alta tensão, esse fato merece cuidados, penetração dos uredosporos pelos pois o contato entre galhos de árvores e estômatos da folha”. componentes das redes de distribuição de A floração e frutificação considerável eletricidade pode causar curtos circuitos nas praças PGP, PL e PsJO, oferecem com pequenas interrupções no benefícios paisagísticos à cidade, além de fornecimento de energia e até mesmo atrair animais. Agostini & sazima (2003), acidentes fatais com pessoas. O autor avaliando plantas ornamentais e seus completa dizendo que no ano de 2000 a recursos para abelhas, na arborização do Companhia elétrica de Minas Gerais s.A. - Campus da universidade estadual de CeMIG estimou que 500.000 árvores de Campinas, Campinas, sP, catalogaram 42 grande porte encontravam-se em conflito espécies de plantas arbóreas e arbustivas com suas redes, o que causou 15.000 visitadas por abelhas sendo que 62% desligamentos em 1998. destas espécies eram nativas. Foram O Oiti teve quase todos seus registradas 17 espécies de abelhas em indivíduos com ocorrência de interferência visitas a flores, sendo destas destacadas: da copa, comprovando que esta espécie Trigona spinipes , Apis mellifera e deve ser evitada por causar transtornos, Tetragonisca angustula (Hymenoptera), como citado por Lorenzi & Matos (2002): [..] visitando em torno de 28 a 35 espécies da “a Licania tomentosa está entre as arborização, onde as abelhas utilizaram o espécies relatadas na literatura como pólen e o néctar como recurso. Além disso, causadoras de problemas relativos à uma variedade de espécie nativa que quebra de calçadas, entupimento de guias produz flores e frutos vistosos pode e calhas e conflito com a fiação elétrica, contribuir também para uma satisfação devido ao seu grande porte”. psicológica dos cidadãos que moram na Observa-se que a variável incidência zona urbana (LeITe et al ., 2004; solar sofre interferência de fatores como a BATIsTeL et al., 2009). quantidade e proximidade das árvores, O maior ataque de insetos fitófagos

MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 27 nas figueiras pode ter relação com a exame da relação entre a CAP dos predominância de apenas uma espécie indivíduos e os intervalos de altura é um arbórea na Praça PJPL, pois a indicativo de como as podas drásticas predominância de apenas uma espécie ou podem ser responsáveis por alterações no grupo de espécies pode facilitar a aspecto físico da arborização urbana propagação das pragas, atualmente muito (rOCHA et al. , 2004). comuns nas árvores em ambiente urbano No caso de árvores com porte (GreY & DeNeKe, 1978; sOAres et al ., inadequado para plantio sob fiação, cujas 2009). Além disso, a observação de pragas copas estão em contato com a rede aérea, em duas das praças do centro da cidade, a uma opção é implantar soluções de PJPL e PGP, não se repetiu na praça do engenharia como, redes isoladas, centro industrial, a PsJO. esse fato aponta protegidas ou compactas, que permitam que a atividade industrial, próxima a esta melhor convivência com a arborização Praça, não influenciou a infestação de existente (PIveTTA & sILvA FILHO, 2002). pragas. Isto pode ser explicado pelo fato de, próximo ao centro industrial, existir uma Considerações­Finais reserva Particular de Patrimônio Natural, o que pode ter mantido às árvores, próximas este estudo caracterizou a ao ambiente natural, propiciando arborização urbana em quatro praças predadores naturais de pragas que públicas do Município de João Monlevade - poderiam vir atacá-las. Destaca-se ainda, o MG, ressaltando algumas características maior cuidado dos moradores próximos à importantes da arborização nesta cidade. Praça PsJO, quanto à sua limpeza e manutenção, em detrimento daquelas do Nas praças avaliadas foram encontradas centro da cidade, onde a ação antrópica é 62 árvores, pertencentes a 16 famílias, com visível, devido ao lixo exposto e às marcas 17 gêneros e 19 espécies. O Oiti foi a de vandalismo presentes nos troncos de espécie mais abundante, com uma algumas das árvores. porcentagem de 22,6% dos indivíduos, A CAP (circunferência a altura do seguido pelo jambolão com 12,9% do total peito) médio do total de indivíduos de indivíduos. A família Fabaceae foi a mais amostrados é 1,29m. Os menores valores representada, seguida pelas Bignoniaceae chegaram a 0,12m na PGP e os maiores e Myrtaceae. Das 19 espécies valores alcançaram 3,4m na PsJO. Dados encontradas, 11 (ou 58%) são de origem relativos ao porte das árvores de ruas, nativa. em relação ao número total de principalmente aqueles relacionados ao indivíduos, pode-se constatar que 39 (ou diâmetro do fuste (incluindo CAP), são de 63%), são de origem nativa. variáveis como significativa importância para determinação o afloramento de raízes, ocorrência de da idade aproximada dos plantios. O inclinação, presença ou ausência da

28 MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 Interferência da copa da árvore, Incidência BruN, F.G.K.; LINK, D.; BruN, e.J. O emprego da arborização na manutenção da biodiversidade de solar, aspectos fitossanitários, interações fauna em áreas urbanas. Revista­da­Sociedade ecológicas, ocorrência de floração e Brasileira­de­Arborização­Urbana , Piracicaba , v. 2, p. 117-127, 2007. ocorrência de frutificação foram determinadas mostrando, em alguns casos, COeLBA – Companhia de eletricidade da Bahia/Diretoria de Gestão de Ativos/Departamento a necessidade de intervenções, para de Planejamento dos Investimentos/ unidade Meio melhor planejamento da arborização na Ambiente. Guia­de­arborização­urbana . salvador: venturie Gráfica e editora, 2002. 55 p. cidade. A arborização urbana desempenha uma importante função de complemento de GreY, G.; DeNeKe, F.J. Urban­forestry . New York: John Wiley, 1978. 279 p. fontes alimentares de espécies típicas de matas nativas, no caso o bioma Mata LeITe, G.L.D.; sOAres, M.A.; sOuZA JuNIOr, G.J.; FAHeL, M.C.X. . Para não dizer que não falei Atlântica, onde se insere o centro urbano das flores: jardins como fator de promoção social em estudado. Assim, esses plantios urbanos escolas. UNIMONTES­Científica , v. 6, p. 171-179, 2004. apresentam grande importância na manutenção variação genética e LOPes, r.K.; rITTer, M.r.; rATes, s.M.K. revisão das atividades biológicas e toxicidade das biodiversidade dos ecossistemas locais. plantas ornamentais mais utilizadas no rio Grande do sul, Brasil. Revista­Brasileira­de­Biociências , v. 7, p. 305-315, 2009. Referências­Bibliográficas LOreNZI, H.; MATOs, F.J.A. Plantas­medicinais no­Brasil : nativas e exóticas . Nova Odessa: Instituto AGOsTINI, K.; sAZIMA, M. Plantas ornamentais e Plantarum, 2002. 512 p. seus recursos para abelhas no Campus da universidade estadual de Campinas, estado de são LOreNZI, H.; sOuZA, H. M. Plantas­ornamentais Paulo, Brasil. Bragantia , Campinas, v. 62, p. 335- no­Brasil : arbustivas, herbáceas e trepadeiras . 2. 343, 2003. ed. Nova Odessa: Plantarum, 1999, 1088 p.

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MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 29 NeTO, s.N. Arborização de vias públicas em Nova estado de Minas Gerais, Brasil. MG.­Biota , Belo Iguaçu, rJ: O caso dos bairros rancho Novo e Horizonte, v. 2, p. 20-29, 2009. Centro. Revista­Árvore , viçosa, v. 28, p. 599-607, 2004. vAsCONCeLOs, A. Arborização urbana. Revista Ação­Ambiental , viçosa, n. 9, p. 5-6, 1999/2000. rusCHeL, D.; LeITe, s.L.C. Arborização urbana em uma área da cidade de Lajeado, rio Grande do sul, Brasil. Cadernos­de­Pesquisa­Série­Biologia , santa Cruz do sul, v. 14, p. 07-24, 2002. Agradecimentos sALvI, L.T.; HArDT, L.P.A.; rOveDDer, C.e.; FONTANA, C.s. Arborização ao longo de ruas - Ao engenheiro Agrônomo Agenor v. túneis verdes - em Porto Alegre, rs, Brasil: Avaliação quantitativa e qualitativa. Revista­Árvore , A. Pereira do Departamento de Parques e viçosa, v. 35, p. 233-243, 2011. Jardins da Prefeitura Municipal de Belo sILvA, r.s.; MAGALHães, H. ecotécnicas Horizonte e ao engenheiro Florestal José urbanas. Ciência­&­Ambiente , santa Maria, v. 7, p. 33 -42 1993. Fábio Camolesi do Instituto estadual de Florestas de João Monlevade pelo auxilio sILvA, A.G.; GONçALves, W.; LeITe, H.G.; sANTOs e. Comparação de três métodos de na identificação de algumas espécies obtenção de dados para avaliação quali-quantitativa arbóreas. Aos estudantes Dalila Mendes, da arborização viária, em Belo Horizonte-MG. Revista­da­Sociedade­Brasileira­de­Arborização Danilo viana e Bernardo soares pelo Urbana , Piracicaba, v. 1, p. 31-44, 2006. auxilio durante a execução do experimento sOAres, M.A.; PereIrA, A.v.A.; PeDrOsA, e às Agencias Financiadoras CNPq e A.r.P.; ZANuNCIO, J.C. Ocorrência e danos de FAPeMIG pelas bolsas e auxílios Platypodidae em Caesalpinia peltophoroides (Caesalpinioideae) no município de Belo Horizonte, concedidos.

30 MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 Em­Destaque:

Oiketicus kirbyi Guilding­(Lepidoptera:­Psychidae)­–­

O­bicho­do­cesto

Foto: Marcus Alvarenga soares.

FIGurA 1 - Bicho do cesto: Oiketicus kirbyi (Guilding) (Lepidoptera: Psychidae).

MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 31 Pertencente à ordem Lepidoptera, a Bauhinia forficata Link (Fabaceae) (GArA família Psychidae abrange cerca de 1000 et al. , 1990; PereIrA et al . 2001; espécies descritas e 300 gêneros rHAINDs et al ., 2008;. rHAINDs & distribuídos no planeta (sATTLer, 1991). sADOF, 2009; MeNDes et al ., 2010; um exemplar desta família é o Oiketicus TAvAres et al. , 2011). kirbyi (Guilding) (Lepidoptera: Psychidae), O bicho do cesto é assim chamado um inseto conhecido como bicho do cesto, porque suas larvas confeccionam um abrigo cuja presença tem sido descrita em vários em forma de cesto a partir de pedaços de países da América Central, Caribe e ramos, folhas e outros detritos e um fio de América do sul, atacando plantas silvestres seda secretado pelo próprio inseto (FIG. 1) e cultivadas ( COrIA et al ., 2011). esta (eLLIs et al ., 2005; COrIA et al ., 2011). O espécie é altamente polífaga , se cesto é muito resistente, o que lhe protege alimentando de várias espécies florestais, do ataque de inimigos naturais e das ornamentais e de importância agrícola, aplicações de inseticidas. Inicialmente, o podendo provocar danos econômicos tamanho do abrigo é de 4-5 mm, de cor (eLLIs et al. , 2005). marrom escuro e consistência parecida com A existência de prejuízos serragem (COrIA et al ., 2011). Com econômicos causados pela alimentação de crescimento da larva, pedaços maiores de O. kirbyi foi registrada em abacateiro madeira são incorporados no cesto, e este Persea americana Mill. (Lauraceae) pode medir até 120 mm de comprimento e (rHAINDs & CABrerA, 2010), bananeira 65 mm de largura, em formato fusiforme, Musa spp. (Musaceae) (PONCe et al ., com a parte anterior de maior largura que a 1979), cafeeiro Coffea sp. (rubiaceae) posterior (BArONIO et al ., 2012). (GrAveNA & ALMeIDA, 1982) dendezeiro O ciclo biológico de O. kirbyi é guineensis (Arecaceae) (rHAINDs diferente dos demais lepidópteros. O et al ., 1996), laranjeira Citrus spp. macho se transforma em mariposa quando (rutaceae) (GrAveNA & ALMeIDA, 1982), alcança a fase adulta, já a fêmea continua videira (principalmente, em Vitis labrusca L. com a forma imatura, vivendo durante todo (vitaceae), cvs. Bordô e Niágara) e em o ciclo no interior do cesto (rHAINDs et al ., pessegueiro Prunus persica (L.) Batsch 2009). esse fenômeno é denominado de (rosaceae) (BArONIO et al ., 2012). este neotenia e acontece quando as inseto t ambém se alimenta de nespereira características da fase jovem permanecem Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl. no estágio adulto. (rosaceae), Eucalyptus spp. (Myrtaceae), A fêmea permanece dentro de seu teca Tectona grandis L. (Lamiaceae), cesto e atrai os machos, liberando cerdas amendoeira Terminalia catappa L. impregnadas com feromônio (rHAINDs & (Combretaceae), Lagerstroemia speciosa sADOF, 2009). O macho copula com a (L.) Pers. (Lythraceae) e pata-de-vaca fêmea através da inserção de seu

32 MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 abdômen extensível que fica até, duas WALDBAuer, 1980) e nestes locais, vezes maior, que o tamanho inicial no hiberna na fase de ovo (NeAL et al ., 1987). cesto (rHAINDs et al ., 1994; eLLIs et al ., Após eclodirem, as lagartas de O. 2005). A maioria das fêmeas procura as kirbyi saem do cesto através de uma folhas mais jovens presentes no ápice da abertura no fundo deste e se dispersam planta para passarem à fase de pupa, o para novos pontos da planta hospedeira, que facilita o acasalamento após sua por um fio de seda e com o ajuda do vento, emergência (BArONIO et al ., 2012). em um processo conhecido como Porém, os machos preferem acasalar com balonismo, dando início a confecção de fêmeas maiores, por causa da maior novos cestos ( MeXZÓN et al ., 2003 ). As quantidade de feromônio liberado por elas lagartas recém-eclodidas apresentam e pelo seu maior potencial reprodutivo, coloração amarelada e cerca de 1,5 mm de independente da posição delas na planta comprimento (CAMPOs-ArCe et al ., (MeXZÓN et al ., 2003). 1987) . Mas em poucos dias adquirem Depois da cópula, que dura cerca de coloração castanho escura, que depois se trinta minutos, o macho morre e a fêmea altera para manchas escuras espaçadas, inicia a postura, depositando uma única com listras da mesma coloração presentes massa de 3.500 a 6.000 ovos dentro de seu na parte posterior do corpo (MArICONI & abrigo (CAMPOs-ArCe et al ., 1987; ZAMITH, 1971), que servem como rHAINDs, et al ., 1994), envoltos por camuflagem, protegendo-as de escamas ou pelos existentes no último predadores. Apresentam cabeça muito segmento abdominal do inseto misturados quitinosa e com mandíbulas fortes, além de com feromônios sexuais (MArICONI & três pares de pernas no tórax e cinco pares ZAMITH, 1971). de falsas pernas, localizadas nos primeiros Os ovos de O. kirbyi são cilíndricos, quatro segmentos do abdômen, e no com arestas arredondadas, de coloração segmento anal (COrIA et al ., 2011). branco-creme quando recém-colocadas e à medida que se desenvolvem , as depois escurecem com a proximidade da lagartas vão adicionando material vegetal e eclosão das lagartas (BArONIO et al ., fios de seda para a expansão do cesto 2012) . O período de incubação é de 22 a 35 (rHAINDs & sADOF, 2009) . quando vão dias (COrIA et al ., 2011). em regiões trocar de estádio, estes insetos se prendem tropicais, a fase de ovo da espécie tem em locais protegidos do ataque de menor duração, indicando a sua adaptação predadores e fecham o casulo na parte às condições climáticas destes locais, o anterior. O número de estádios larvais é que resulta em maior fecundidade na oito e nove, para machos e fêmeas região Neotropical (MIsHrA, 1978). respectivamente (BArONIO et al ., 2012). Oiketicus kirbyi não é muito encontrado em uma das características de O. kirbyi regiões temperadas (MOrDeN & é o longo período larval, fase que causa

MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.5, n.5, dez./jan.2012/2013 33 danos às plantas, sendo de mais de 200 (COrIA et al ., 2011) . O macho adulto é uma dias (KrIsHNAN, 1977). em bananeira mariposa com cerca de 42 mm de (Musa sp.), este período dura de 207 a 382 envergadura, de coloração marrom, com dias (sTePHeNs, 1962); no abacateiro antenas bipectinadas e escamas recobrindo (Persea americana ), de 206 a 238 dias o corpo. A cópula ocorre entre 17 e 19 horas (vILLANuevA et al ., 2005; rHAINDs et al ., após a emergência dos adultos e o período 2009; COrIA et al ., 2011) e em eucalipto de oviposição dura de 1,8 a 2,1 dias. Assim (Eucalyptus spp.), varia entre 140 e 151 que ocorre a postura, a fêmea cai no solo e dias (BArONIO et al ., 2012). morre (BArONIO et al ., 2012). A vida dos quando a fase larval termina, o adultos é curta (MeXZÓN et al ., 2003), inseto fecha o cesto na parte anterior para sendo que os machos apresentam duração transformá-la em pupa (MArICONI & de 3,5 dias e as fêmeas 3,9 dias (CAMPOs- ZAMITH, 1971). A fase de pupa apresenta ArCe et al ., 1987). dimorfismo sexual acentuado. Nessa fase, surtos do bicho do cesto geralmente os apêndices não são distinguíveis nas aparecem em paisagens depauperadas, pupas fêmeas que, ao contrário das pupas- onde os hospedeiros estão isolados, sendo macho, não apresentam a cabeça e o tórax que a explosão populacional destes insetos diferenciados, com anéis abdominais pouco é rara em ambientes conservados, como os marcados. A duração do período pupal é de parques naturais (KuLMAN, 1965), a 23 a 31 dias para as fêmeas de O. kirbyi , já menos que sofram distúrbios. Isto pode ter para as pupas-macho, tem duração de 29 a ocorrido na reserva ecológica equatoriana 36 dias (CAMPOs-ArCe et al ., 1987). de Churute, equador, onde O. kirbyi Além disso, o comportamento de pupação é provocou grande desfolha das florestas de distinto para as lagartas dos dois sexos, o mangue desta reserva em fevereiro do ano que pode ser devido ao dimorfismo sexual de 1989 (GArA et al ., 1990). Populações de na fase adulta (rHAINDs & sADOF, 2009). bichos do cesto ficam equilibradas quando A distribuição de pupas na planta em ambientes adequados para a hospedeira varia para machos e fêmeas, sobrevivência de seus inimigos naturais. tendo maior abundância de pupas fêmea na em locais com cultivos de monoculturas, no copa, por causa da dispersão ativa de entanto, devido às constantes perturbações, larvas fêmeas (rHAINDs et al ., 2002). as populações de inimigos naturais de O. Após a emergência, as fêmeas kirbyi podem ser prejudicadas, resultando permanecem dentro do seu cesto, no aumento populacional deste inseto, que aguardando a chegada dos machos pode se tornar uma praga. (rHAINDs, et al ., 1994). As fêmeas possuem uma cabeça relativamente Silma­da­Silva­Camilo pequena, peças bucais muito pequenas, Bacharela em Agronomia, Mestranda em Produção não têm antenas e nunca deixam o abrigo vegetal, universidade Federal dos vales do

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