SENADO FEDERAL

ANAIS DO SENADO

ANO DE 1972 LIVRO 3

Secretaria Especial de Editoração e Publicações - Subsecretaria de Anais do Senado Federal

TRANSCRIÇÃO 23ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 7ª LEGISLATURA, EM 2 DE MAIO DE 1972

PRESIDÊNCIA DOS SRS. PETRÔNIO PORTELLA, CARLOS LINDENBERG RUY CARNEIRO E GUIDO MONDIN

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se, O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – O presentes os Srs. Senadores: Expediente que acaba de ser lido irá à publicação. Adalberto Sena Geraldo Mesquita – José (Pausa.) Lindoso – José Esteves – Cattete Pinheiro – Renato Há oradores inscritos. Franco – Alexandre Costa – Clodomir Milet – Concedo a palavra ao nobre Líder Nelson Petrônio Portella – Helvídio Nunes – Waldemar Carneiro, que falará nesta qualidade. Alcântara – Wilson Gonçalves – Dinarte Mariz – João O SR. NELSON CARNEIRO (como Líder. Cleofas – Wilson Campos – Teotônio Vilela – Sem revisão do orador.): – Sr. Presidente, antes de Augusto Franco – Leandro Maciel – Lourival Baptista ler a breve oração que havia, redigido sobre o – Antônio Fernandes – Heitor Dias – Ruy Santos – problema do menor abandonado, desejo dirigir um Carlos Lindenberg – Eurico Rezende – João Calmon apelo ao Senhor Presidente da República. – Paulo Torres – Vasconcelos Torres – Benjamin Acabo de visitar a zona cacaueira. Encontrei Farah – Nelson Carneiro – José Augusto – Orlando ali a angústia eo desespero. Vários cacauicultores, Zancaner – Benedito Ferreira – Emival Caiado – de longos anos de atividade naquela lavoura, estão Osires Teixeira – Filinto Müller – Saldanha Derzi – sendo acionados. E o Senhor Presidente da Mattos Leão – Daniel Krieger – Guido Mondin – República declarou que ninguém perderia suas Tarso Dutra. fazendas. O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – A Sr. Presidente, trarei dados mais completos lista de presença acusa o comparecimento de 40 em outra oportunidade, mas, neste ensejo, queria Srs. Senadores. Havendo número regimental, lembrar, ao Chefe da Nação o compromisso declaro aberta a Sessão. assumido com os cacauicultores baianos e espírito- O Sr. 1º-Secretário vai proceder à leitura do santenses, a fim de que Sua Excelência volte suas Expediente. vistas para aquela lavoura e ampare os que até roje É lido o seguinte: tiram da terra os produtos capazes de manter, na balança comercial, a participação efetiva do Brasil. EXPEDIENTE (Lê.) Sr. Presidente, assim como, na porta das OFÍCIO mesquitas, deixam os fiéis suas sandálias, de protestos e restrições, libertamos agora nossa DO SR. PRIMEIRO-SECRETÁRIO DA palavra. É que, acima de tudo, preocupa-nos a CÂMARA DOS DEPUTADOS criança de hoje, o cidadão de amanhã. O menino abandonado que vende amendoim na noite paulista, – Nº 92, de 28 de abril do corrente, comunicando ou estende a mão suja à caridade pública a aprovação, sem emendas, do Projeto de Lei do nas ruas do Recife, ou passa um pano encardido Senado nº 1/72, que concede aumento de vencimentos nos carros parados nos cruzamentos do Rio aos servidores do Senado Federal e dá outras de Janeiro, será o alvo inevitável dos esquadrões providências. (Projeto enviado à sanção em 28-4-72). da morte do futuro. Quando muito, olhamos com

– 2 – piedade a tragédia desses garotos e imaginamos, vir à tona, uma vez que, como Secretário da Justiça compungidos, o mundo de desventuras que o na Bahia, Pasta a que está ligado o problema do destino injusto lhes reserva. Mas não aceitamos, e menor naquele Estado, tive o ensejo de entrar em logo esquecemos, a parcela de responsabilidade contato com essa Fundação e obtive do Dr. Mário que, por esse dar de ombros, cabe a cada um de Altenfeld apoio substancial para a obra do menor, nós, homens de todas as profissões, de todos os que o Governo Luiz Viana teve a oportunidade de Poderes, de todas as atividades. A quem perscruta levar a cabo durante o seu quadriênio de em seu cruciante desdobrar os antecedentes desses administração. A Fundação Nacional do Bem-Estar prováveis marginais, que a sociedade cria, alimenta do Menor, sabe V. Ex.ª, como homem que faz e aperfeiçoa, mais por omissão do que por ação, política; na Guanabara e conhece os problemas salta a primeira pergunta do Relator da Comissão daquele Estado, aquela Fundação, repito, mudou a Especial de Natalidade da Câmara dos Deputados, face da organização que então cuidava desse nobre em 1949: – "Vale a pena nascer?" mister. O SAM deixou de existir – graças a Deus. E, Se fizermos a todos nós, integrantes do seu lugar, por força da clarividência e do apoio do Legislativo, do Executivo e até do Judiciário, um então Presidente Castello Branco, surgiu a Fundação sincero exame de consciência, veremos que muito Nacional do Bem-Estar do Menor que hoje está pouco, quase nada, temos feito em favor dessas entregue, como eu disse, à figura excepcional, pela crianças, que escaparam das estatísticas alarmantes eficiência e pela sensibilidade, do Dr. Mário Altenfeld. dos abortos ao arrepio da lei e lograram fugir por O SR. NELSON CARNEIRO: – Sr. Presidente, milagre dos caixõezinhos que se sucedem, de sol a no relatório que tive a honra de apresentar ao exame sol, nos caminhos cruzados das necrópoles. O apoio do Congresso Nacional, em companhia do nosso financeiro às famílias numerosas ficou praticamente eminente e saudoso Senador Milton Campos, uma no papel e nas dificuldades burocráticas. O salário- das recomendações era que os discursos deviam família, afinal estendido aos filhos de qualquer ser, em regra, escritos. Folgo em ter obedecido eu condição, entesoura recursos particulares nos cofres mesmo ao nosso conselho, porque, no discurso previdenciários, e sua duplicação, por mais que se escrito e devidamente distribuído, já nas mãos da reclame, não transpõe os limites deste plenário. Taquigrafia, antes de encerrar estas considerações, O SR. HEITOR DIAS: –Permite V. Ex.ª um exalto, também, a obra do Dr. Mário Altenfeld, que aparte? visitei em companhia de S. Ex.ª durante o recesso O SR. NELSON CARNEIRO: – Pois não. parlamentar. As palavras do nobre Senador Heitor O SR. HEITOR DIAS: – V. Ex.ª está Dias confirmam apenas a impressão que recolhi ventilando assunto palpitante, assunta da mais alta naquela visita. importância, e sobre o qual também pretendo falar O SR. BENJAMIM FARAH: – Permite V. Ex.ª da tribuna desta Casa: o problema da criança um aparte? abandonada no País. Reconheço que há, O SR. NEISON CARNEIRO: – Com muita ainda, muito por fazer. Entendo mesmo que honra. o Governo Federal deveria empreender um O SR. BENJAMIM FARAH: – movimento no sentido de cada Estado desse Quero, também, dar meu testemunho a ênfase especial à assistência ao menor, como respeito da Fundação Nacional do Bem-Estar dever primordial do poder público. Permita V. Ex.ª do Menor, que tive a satisfação e a honra de que eu faça, aqui uma observação especial, para visitar a convite do Dr. Mário Altenfeld. Observei elogiar o trabalho que vem realizando, no Brasil, justamente uma transformação total, pois não há a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, que nem sombra do antigo SAM no atual serviço que tem à sua frente a figura excepcional do Dr. visitei. Em Quintino Bocaiúva, na Escola 15 de Mário Altenfeld. O meu testemunho tinha que novembro e nas moderníssimas instalações que

– 3 – depois também fui ver na Ilha do Governador, os O Estado parece não ter sentido, ontem como menores são bem assistidos, com alto espírito hoje, a gravidade desse ciclo permanente de miséria. cristão do seu Diretor. Lembro-me bem de quando fui Aquele menino esquálido que dorme sob a marquise eleito Deputado, há muito anos, na primeira mais próxima de seu sono e a garota faminta que, legislatura, que, de quando em quando, fazia uma nas regiões mais empobrecidas, se prostitui aos incursão, em companhia do ex-Vice-Presidente, doze anos, para ser veterana quando outras mais depois Presidente da República, Café Filho, que era felizes debutam na sociedade, são o Brasil que um dos mais eficientes Deputados. Íamos sempre precisamos recuperar, abrindo-lhe um rumo, acompanhados do representante do Correio da devassando-lhe um horizonte. Manhã. Naquela época quem nos acompanhava era Enquanto isso, espíritos desatentos buscam Erasmo Sales, hoje do Tribunal de Contas de diminuir de dois anos a responsabilidade criminal. Brasília. Fazíamos um comando jornalista- Pensam ingenuamente que enchendo mais depressa parlamentar e, às vezes, visitas à noite, ou de as penitenciárias calarão mais cedo a voz de suas, madrugada, para tomar conhecimento dos tristes, de nossas consciências. Cada vez, Sr. Presidente, lamentáveis acontecimentos daquela masmorra, que que um menor abandonado é levado à barra do lembrava bem as prisões da Idade Média. Pois bem, tribunal, todos nós, homens de governo, devemos a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, hoje recolher humildemente a nossa parcela de culpa. sob os auspícios desse grande educador, desse O Estado tem sempre a postos instrumentos grande brasileiro que é o Sr. Mário Altenfeld, merece de punição, mas não dispõe de recursos suficientes ser visitada, admirada e aplaudida. Queria dar a V. para atender a quantos imprecam sua ajuda, antes Ex.ª o meu testemunho. Muito obrigado. que a fome e as más companhias os empurrem à O SR. NELSON CARNEIRO (retoma a primeira infração. E o pouco que reserva para fim tão leitura.): – O desconto no imposto de renda não nobre geralmente desbarata em instituições que são interessa ao pobre, que pobre não tem renda para escolas de revolta e de crime, em lugar de casas de declarar, tem filho para dar o que comer. O preço do recuperação e amor. leite pratica alpinismo, um curioso alpinismo em que Por outro lado, organizações privadas, não há caminho de descida. A habitação, algumas modelares, em regra dirigidas por entidades quando não é o batente de pedra fria, é o barraco religiosas, de todos os credos, padecem mais, como equilibrando-se nos morros onde o poeta espalha diria o mestre, ao que as almas do purgatório, estrelas sob o teto de zinco, ou o mocambo plantado na conquista de modestíssimas subvenções nas águas poluidas das cidades grandes, ou a orçamentárias, pagas irregularmente, em parcelas, construção oficial mal acabada, sem portas, de chão ou com descontos substanciais. O panorama ainda batido, a preços inacessíveis, com juros e correção se torna menos claro por força do velho debate sobre monetária. Há menos leitos nos hospitais a competência mal definida dos juízes de menores e infantis do que títulos em baixa vertiginosa dos órgãos administrativos, como ocorre em S. nos pregões da Bolsa. Vinte e nove anos depois Paulo. da Consolidação das Leis do Trabalho, os Recentemente, um desesperado cemitérios são mais numerosos do que as escolas atirou a filha na estrada, para que a maternais, os jardins de infância que o legislador matasse o primeiro veículo, aqui em Brasília. queria distribuídos nas zonas de maior densidade de Será um criminoso a condenar ou um pai de família a trabalhadores. Projetos que ofereci, vai por alguns merecer mais pão? A imprensa paulista clamava, anos, com o objetivo de tornar obrigação a faculdade no mês passado, contra a prisão perpétua legal, não conseguiu, ao que me consta, sair imposta a menores de dezoito anos. Lei recente das comissões técnicas da Câmara dos Deputados. revoga penosas conquistas de nossa legislação

– 4 – civil e manda restaurar, nos registros de nascimento, conta apenas do ICM, mas é certa a sua o labéu da ilegitimidade. preponderância sobre outros fatores de drenagem Alguma coisa, Sr. Presidente, já se fez, mas dos nossos recursos. quase tudo está por fazer. A Fundação Nacional do As estatísticas de que me vali datavam de janeiro Bem Estar do Menor; sob a dedicada direção de a junho de 1971, porém aqui tenho, também fornecida Mario Altenfeld, põe em prática novos métodos, cria pelo Banco da Bahia, relação de mais recentes outra mentalidade, no orientar o menor abandonado, transferências de numerário do Norte-Nordeste para São nem sempre deliqüente. Sua ação está restrita, Paulo e Guanabara, que evidenciam ser ainda pior a porém, às modestas linhas com que se cose, situação. Embora as publique amanhã no "Diário do somando às rendas de seu patrimônio a parcimônia Congresso", cumpre desde logo destacar-lhes alguns de um milhão de cruzeiros de verba orçamentária. A números sobremaneira significativos: na semana de 7 a gravidade do problema reclama, entretanto, a 11-2-72, o Norte-Nordeste enviou para São Paulo Cr$ vigilância, a preocupação de todos. Os recursos da 13:389.056,23; e de São Paulo recebeu apenas Cr$ loteria esportiva, por exemplo, em que se misturam o 2.734.382,28. Houve, pois, um deficit de Cr$ pão e o remédio de tantos apostadores parcos de 10.654.693,97. Na mesma semana de 7 a 11-2-72, só a recursos e ricos de palpites, não beneficiam esse matriz do Banco da Bahia remeteu de Salvador para o investimento, o mais importante de todos, eis Rio Cr$ 11.532.940,28 e do Rio foram transferidos para que visa a tornar úteis multidões de menores sem Salvador. Cr$ 4.752.520,20, apresentando-se, assim, escola, sem pão, sem família, sem trabalho e sem um deficit de Cr$ 6.780.420,08. destino útil. Os incentivos fiscais não aproveitam Essas remessas de numerário do Norte- essa recuperação, que tem os limites e as Nordeste para São Paulo e Guanabara e vice-versa apreensões da Pátria, de leste a oeste, de norte a correspondem a 10% das transferências totais, pois sul. outros Bancos também as fazem, além do Banco da Cultuamos este ano, Sr. Presidente, os que, Bahia. antes e depois de 1822, construíram o Brasil. Mas É natural, aliás, que tal suceda, pois, como para que ele cresça grande, poderoso, livre, senhor lembra o economista Rubens Vaz Costa, São Paulo de seu porvir, é inadiável que, acima de divergências "continua sendo o pólo industrial do País: em 1949, partidárias, nos devotemos a seu futuro e à sua era de 48% a sua participação na produção nacional, grandeza, pondo toda nossa imaginação, todo nosso e em 1964 chegou a 61,2%. Enquanto isso, a amor a serviço da criança de hoje, para que seja o participação do Nordeste baixou de 9,6% em 1950 cidadão válido de amanhã. (Muito bem! Muito bem! para 6,8% em 1967, mas a arrecadação federal no Palmas.) Nordeste, que era de 5,5% do total nacional em O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – 1968, se elevou a mais de 7% em 1969". Concedo a palavra ao nobre Senador Arnon de Mello. SUGESTÕES O SR. ARNON DE MELLO (lê o seguinte discurso.): – Senhor Presidente, Srs. Senadores, Para amenizar a situação, sugeri que se volto a esta tribuna para tratar de assunto por mim reformulasse a sistemática do ICM, dividindo- amplamente debatido no ano passado. Refiro-me ao lhe a alíquota ao meio, entre o Estado produtor ICM, cuja atual sistemática me parece prejudicial e o Estado consumidor, providência que, bem sei, ao desenvolvimento brasileiro. Já citei, em não resolverá o problema, mas será um passo pronunciamento anterior, estatísticas comprobatórias importante para tal objetivo. Também alvitrei que do esvaziamento do Norte-Nordeste, que remete não fosse dado a um Estado o poder de isentar do para o Centro-Sul, semanalmente, cerca de cem ICM a sua produção exportada para outro Estado. milhões de cruzeiros e daqui recebe de dez a quinze Destaquei ainda que o ICM é unitário e, assim, milhões. Não corre evidentemente tal diferença por federal, nacional, em todos os países que o im-

– 5 – plantaram, com exceção do Brasil. Como tributo verno, seja uma solução que atenue o impacto estadual, gera ele problemas graves nas relações negativo que o ICM produz às economias do Norte e entre as diversas unidades federativas, porque pode do Nordeste. Recomendaram os empresários que ser utilizado como subvenção às exportações compareceram à III CONCLAP, e isso foi aprovado dentro do país, assim também como tarifa numa grande assembléia nacional de empresários, aduaneira interna, dificultando o intercâmbio entre os que se atribuísse 50% do ICM, ao Estado Estados. consumidor e 50% ao Estado produtor. De certa forma, acredito que seja difícil e complexa a FIDELIDADE reformulação do ICM, mas impõe-se hoje, por um imperativo de consciência nacional, que se proceda Senhores Senadores a estudos sérios, que se reexamine essa Para um homem público com a consciência de problemática, porque todo o esforço do Governo sua responsabilidade, nada mais grato, do que ver para a reformulação e o revigoramento da economia reconhecida a fidelidade de sua palavra e de sua das regiões menos desenvolvidas do País, ao que ação às aspirações e interesses coletivos. Hão de V. me parece, e já agora numa convicção íntima, na Ex.ªs bem avaliar, por isso, a satisfação com que minha consciência de interessado em torno dessa acolho as manifestações de apoio a essas teses que problemática – parece-me que todo esse esforço aqui defendo, manifestações que comprovam tratar- está sendo comprometido substancialmente pela se de realidade sentida não apenas por brasileiros sistemática fiscal do ICM. Esta, a contribuição que do Nordeste mas de todos os Estados. damos ao discurso de V. Ex.ª, em testemunho do O SR. JOSÉ LINDOSO: – V. Ex.ª me permite reconhecimento do interesse de V. Ex.ª em chamar a uni aparte? atenção das autoridades para esta questão e de O SR. ARNON DE MELLO: – Pois não, nobre servir ao povo que honrou a V. Ex.ª e a todos nós, Senador José Lindoso. outorgando-nos o mandato para representar os O SR. JOSÉ LINDOSO: – V. Ex.ª, nobre nossos Estados no Senado da República. Senador Arnon de Mello, volta a tratar do problema O SR. ARNON DE MELLO: – Agradeço, nobre do ICM. No ano passado ouvimos a voz de V. Ex.ª Senador José Lindoso, o aparte de V. Ex.ª, cujo aqui, no Senado, repetidas vezes, alinhando significado não se mede apenas por ser V. Ex.ª um números e analisando estatísticas sobre esse Líder do meu partido, mas especialmente por se tratar problema e sobre as repercussões do ICM na de quem, meses atrás, contestava aqui afirmações que economia do Norte e do Nordeste. No decurso desse eu fazia desta tribuna, a respeito do ICM. Louvo a tempo, e em face, confessamos, da insistência com grandeza de V. Ex.ª em vir agora a este Plenário que V. Ex.ª analisa o problema, também estivemos reconhecer que não estava então suficientemente voltados para o tema, e acreditamos hoje, com V. esclarecido sobre o problema e manifestar sua Ex.ª que se impõe uma reformulação da sistemática concordância com as teses favoráveis à reformulação do ICM. Ainda este ano assistimos, na Guanabara, à da sistemática atual do ICM. III Conferência Nacional das Classes Produtoras. Nessa III CONCLAP, o assunto foi objeto de debates SENADORES PAULISTAS dos homens de empresa. Verificamos que os empresários do Norte e do Nordeste, assessorados De início, Senhor Presidente, pelos seus técnicos, apresentaram à Conferência apraz-me destacar a atitude do nobre Senador das classes produtoras as suas observações, as Carvalho Pinto, ex-governador de São Paulo. De suas reivindicações, as suas análises, mostrando a S. Ex.ª aqui já ouvimos a declaração de que crueldade do ICM, com relação às economias débeis todo apoio merece o Nordeste para sair do seu do Norte e do Nordeste. Acredito que a solução terrível e deplorável subdesenvolvimento. E honrou- apontada, inclusive pela III CONCLAP, como me ainda S. Ex.ª com apartes de louvor ao nosso recomendação para estudo pelas equipes do Go- empenho no sentido de apontar à Nação a realidade

– 6 – nordestina e conclamá-la a modificar tão degradante que faz, não apenas em defesa do Nordeste mas estado de coisas. também em defesa do Brasil." Não se diga que a sua voz é a do bom correligionário, ajudando correligionários com a sua APARTES solidariedade. Outro eminente representante de São Paulo, o nobre Senador Franco Montoro, Líder O SR. RUY CARNEIRO: – Permite V. Ex.ª um do MDB, também se fez ouvir aqui, distinguindo- aparte? me com vários apartes, para dizer que O SR. ARNON DE MELLO: – Pois não, nobre o gigantismo de São Paulo não se condiciona Senador Ruy Carneiro. ao empobrecimento do Nordeste, que S. Ex.ª O SR. RUY CARNEIRO: – Estou assistindo e deseja ver próspero e econômica e socialmente ouvindo com emoção o discurso que V. Ex.ª está fortalecido. pronunciando na defesa da nossa região, com tanta Declarou S. Ex.ª, textualmente, em discurso bravura, com o seu espírito altamente esclarecido, nesta Casa, a 18 de novembro do ano passado: patriótico. Indiscutivelmente, se não houver uma medida "Acima das divisões regionais, acima das divisões modificadora ocm relação ao ICM, o Norte e o Nordeste partidárias, é preciso que todos os homens do Norte, marcharão para empobrecimento, a despeito vamos do Nordeste, do Sul, do Centro do País, se fazer justiça – da maneira como Presidente Médici vem debrucem sobre este problema de nossa legislação tratando nossa Região. Vamos fazer justiça a Sua Ex.ª, tributária." Mais: "A disparidade existente, essa mas esta medida precisa ser tomada: Os nossos injustiça, não prejudica apenas uma região, prejudica Estados vão ficando mais empobrecidos e vão ficando todo o Brasil. Até do ponto de vista estreito do em situação mais miserável. Daí a explanação a que V. interesse econômico, São Paulo precisa ter um Ex.ª se referiu no curso do seu pronunciamento, o mercado interno para sua produção. E, sem que haja discurso do ilustre representante de São Paulo, Senador um mínimo de bem-estar, de capacidade aquisitiva Franco Montoro. O aparte do Líder do Governo vem nos por parte de todos os demais Estados do Brasil, e dar conforto. Vem nos dar a palavra do Governo de que particularmente do Nordeste, será impossível manter uma medida será tomada no sentido de modificar o desenvolvimento do Estado de São Paulo. Aliás, a a situação. Porque não é possível querer crise que V. Ex.ª, Senador Arnon de Mello, diz existir levantar o Nordeste, empobrecendo-o com o ICM e no Nordeste (enfraquecimento do mercado de enriquecendo ainda mais os Estados que já são ricos. consumo), já está acarretando conseqüências para O SR. ARNON DE MELLO: – Senador Ruy São Paulo." Carneiro, muito agradecido pelo seu aparte, que, Depois de citar o excelente trabalho do sobre ser de um Líder do, MDB, é de um homem do engenheiro pernambucano Sebastião de Araújo Nordeste que bem conhece e sente os problemas da Barreto Campello e outros, provando os prejuízos nossa região. que o ICM acarreta ao Nordeste, acentua o Senador O SR. JOSÉ LINDOSO: – Permite V. Ex.ª um Franco Montoro: "Vi, nesse trabalho, uma aparte? confirmação da magnífica tese que V. Ex.ª, O SR. ARNON DE MELLO: – Pois não, nobre Senador Arnon de Mello, defendeu, e que li Senador. com a maior atenção, tendo-a divulgado em O SR. JOSÉ LINDOSO: – Desejaria São Paulo, em setores formadores dos futuros assinalar que o meu pronunciamento não economistas que poderão influir na boa solução encerra, absolutamente, um pronunciamento da desse problema." É incisivo o Senador Franco Liderança do Governo. É necessário assinalar que Montoro: "Nobre Senador Arnon de Mello, como é praxe no Senado, todas as vezes que nós Senador de São Paulo e, acima de tudo, tratamos de problemas eminentemente regionais, como representante do povo brasileiro, desejo termos liberdade de pronunciamento e darmos congratular-me com V. Ex.ª pela obra patriótica testemunho sobre os interesses da nossa região.

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Falamos como homem do Norte. Não temos, Não preciso referir o apoio que aqui também absolutamente, nenhuma credencial da Liderança tivemos de eminentes colegas de outros Estados que para endossar ou recusar a tese que V. Ex.ª, tão não do Nordeste, entre eles o nobre Senador brilhantemente, defende. Impulsiona-nos a força Magalhães Pinto, ex-Governador de e telúrica do homem do Norte, o sentimento de ex-Ministro das Relações Exteriores, homem de afinidade em colocar, como V. Ex.ª, um problema atividade privada cujo espírito público o atraiu à vida para a alta consideração das autoridades da política para lutar em 1944 pela redemocratização do República. País. O SR. ARNON DE MELLO: – Nobre Senador O SR. NELSON CARNEIRO: – Permite V. José Lindoso, V. Ex.ª, como eu, é da Aliança Ex.ª um aparte? Renovadora Nacional. V. Ex.ª um general O SR. ARNON DE MELLO: – Pois não, galardoado, e eu um simples soldado. Senador Nelson Carneiro. O SR. JOSÉ LINDOSO: – Não apoiado. O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – O SR. ARNON DE MELLO: – Obrigado a V. Lembro aos nobres Senadores que, de acordo com Ex.ª. Mas nós ambos com as mesmas os termos regimentais, os apartes não devem responsabilidades para com o Governo da República. exceder de dois minutos, porque esse tempo será O SR. RUY CARNEIRO: – V. Ex.ª, nobre descontado do tempo do orador, que é de apenas 30 Senador Arnon de Mello, dá licença para mais um minutos. aparte? O SR. NELSON CARNEIRO: – Senador O SR. ARNON DE MELLO: – Pois não. Arnon de Mello, exatamente no momento em que V. O SR. RUY CARNEIRO: – O aparte que o ilustre Ex.ª fala que este não é um problema político no representante do Amazonas acabou de dar a V. Ex.ª só sentido partidário, eu gostaria de repetir as palavras o engrandeceu, no meu conceito. S. Ex.ª tem toda que aqui pronunciei no dia 3 de abril, em nome do autoridade – independentemente de ser Líder – como meu Partido. Dizia eu a respeito dos problemas do representante do Estado do Amazonas. Subscrevo Nordeste: suas palavras, e confio em que S. Ex.ª vá lutar ao "Preocupa-nos, como brasileiros, na visão nosso lado pela grandeza da nossa região que está se global do País, o agravamento de desníveis entre as empobrecendo, está se tornando miserável. unidades federativas que mantêm com os que O SR. JOSÉ LINDOSO: – Obrigado pela produzem todo o imposto sobre mercadorias que gentileza do apoio ao meu aparte. consomem os demais Estados. Além de empobrecer os mais pobres, esse desequilíbrio acaba por CONSCIÊNCIA incentivar o êxodo para as cidades mais prósperas e populosas do Sul, agravando o problema. O SR. ARNON DE MELLO: – Continuo, Sr. Necessitamos encontrar uma reformulação capaz de Presidente. A atitude dos Senadores paulistas minorar, senão de corrigir essas distorções, a fim de comprova que no grande Estado já se criou a que o desenvolvimento seja uma linha sem consciência da necessidade urgente de preservar-se intermitências e não apenas manchas dispersas no o mercado interno para a produção Centro-Sul, que, mapa nacional." sem o mercado do Sul, não somente não terá Vê V. Ex.ª que também o MDB, como possibilidade de crescer como se reduzirá. Já se V. Ex.ª agora expressa o pensamento do seu sente, aliás, o enfraquecimento da capacidade de Partido ou da região Norte o seu Partido, consumo nacional através, senão da diminuição e também nós, independentemente do lugar que dificuldade das vendas, da falta de liquidez dos aqui representamos, nos preocupamos com títulos dos que compram não têm com que pagar. esses desníveis, que nada servem ao

– 8 – desenvolvimento do País, que deve ser um só em sobrevivência da economia dos Estados nordestinos. toda a sua extensão e em toda sua grandeza. Ou o Governo Federal reformula a política fiscal para o Nordeste, para os Estados consumidores, ou JUSTIÇA iremos, cada dia mais, num plano inclinado, para a bancarrota. Quando o eminente e saudoso O SR. ARNON DE MELLO: – Muito obrigado, Presidente Castello Branco modificou o sistema nobre Senador Nelson Carneiro. Quase diria a V. tributário, criou uma espécie de correção monetária, Ex.ª que não falo aqui nem como arenista nem como com o Fundo de Participação para os Estados, no nordestino; quase diria que falo corno paulista, valor de 20%. Posteriormente, salvo engano, no porque acredito que o maior interessado na Governo do Marechal Costa e Silva, esses 20% reformulação do ICM será em breve futuro o Estado foram diminuídos para 12%. de São Paulo. O SR. ARNON DE MELLO: – Na realidade, O SR. FRANCO MONTORO: – Permite V. 10%. Ex.ª um aparte? O SR. PAULO GUERRA: – Agradeço a V. O SR. ARNON DE MELLO: – Pois não. Ex.ª. O SR. FRANCO MONTORO: – Diria que V. O SR. ARNON DE MELLO: – Porque 2% se Ex.ª fala não como paulista mas como brasileiro. E destinam ao Fundo Especial. quanto à intervenção dos Senadores de São Paulo, O SR. PAULO GUERRA: – Foi aí que aflorou V. Ex.ª, na realidade, focaliza um grande tema e se agravou de maneira evidente e irreversível o ligado ao problema básico do Brasil, que problema do enfraquecimento do Nordeste. Há é o desenvolvimento em termos de justiça, poucos dias, tive oportunidade de conversar com um desenvolvimento sem os desníveis entre regiões, Representante da Aliança para o Progresso. Dizia entre, setores da vida nacional. E é em nome desse ele que não sabia como o Brasil desprezava 29 princípio que todos aqueles que desejam olhar não milhões de habitantes sem poder aquisitivo, que apenas para a sua região mas para o interesse representavam como que uma nação maior do que a nacional devem lutar por medidas, por instrumentos, Argentina, e saía para o mundo afora em busca de inclusive tributários, que corrijam as distorções e os mercado. desníveis regionais e não os agravem. O SR. ARNON DE MELLO: – Nobre Senador DE TODAS AS CLASSES Franco Montoro, conhecendo-o como o conheço, desde o tempo do nosso Partido Democrata Cristão, O SR. ARNON DE MELLO: – Nobre Senador de que foi V. Ex.ª Presidente e eu Secretário-Geral, Paulo Guerra, estamos tão identificados que V. Ex.ª não poderia esperar de V. Ex.ª outra atitude. se antecipou à parte do meu discurso. O SR. FRANCO MONTORO: – Muito obrigado Sr. Presidente: a V. Ex.ª. Não se pode dizer que se trata de manifestações regionalísticas, visto como os próprios SOBREVIVÊNCIA Senadores de São Paulo sentem o problema. Nem se pode dizer que se trata de simples manifestações O SR. PAULO GUERRA: – Permite V. Ex.ª políticas visando a influir no campo econômico. Não um aparte? é isso realmente o que se verifica; pois vêm elas de O SR. ARNON DE MELLO: – Pois não, nobre personalidades e de classes as mais diversas e Senador. alheias à política. O SR. PAULO GUERRA: – Estou chegando à O assunto foi amplamente debatido na Casa e surpreendido, bem surpreendido, com o III Conferência Nacional das Classes Produtoras, discurso muito oportuno de V. Ex.ª, abordando conclave cuja excepcional importância não um dos temas ou o tema capital para a necessito encarecer, que se reuniu em março úl-

– 9 – timo, no , e numerosas foram as teses tados industrializados". Muitos artigos que apresentadas e defendidas por delegações de necessitamos comprar para o nosso diferentes Estados no sentido da reformulação da desenvolvimento nos chegam com o aumento de sistemática do ICM. Brasileiros de todos os talvez 200%, em relação ao preço internacional, e, quadrantes se fizeram ouvir a respeito nesse seguramente, nunca menos de 100% em cada um congresso nacional, depois do ao longo de meses e dos produtos. Então, não é possível uma região meses haverem realizado vários encontros regionais progredir, desenvolver-se dentro de uma nação, em que o conhecimento da realidade ea vigência do quando produz e exporta no preço da concorrência problema se conjugaram e maduramente o internacional e tudo que recebe é subsidiado a examinaram, ao problema, apontando-lhe os outros Estados por um aumento, nesse nível, de mesmos males tanto como os remédios para curá- 100%. Tenho a impressão de que não é possível los. pensar em desenvolvimento do Nordeste sem modificação radical na estrutura fiscal em que NÚMEROS EXPRESSIVOS estamos vivendo. Acredito que a reformulação do ICM seja a maneira de chegarmos a um sistema Aqui estão outros números muito expressivos, equilibrado, pois, alterando as aliquotas do ICM, constantes de teses ali apresentadas, talvez possamos corrigir essa distorção. Uma demonstrativas do esvaziamento do Nordeste: em fórmula em que pudéssemos dosar o sistema de 1968, o Nordeste exportou para São Paulo, aliquotas do ICM talvez represente o equilíbrio. Era o Guanabara e Estado do Rio Cr$ 373.622 000,00, e aparte que eu desejava dar a V. Ex.ª, congratulando- importou Cr$ 2.553.376.000,00, o que quer dizer que me, mais uma vez, com V. Ex.ª pela defesa habitual, pagou de ICM àqueles Estados Cr$ 333.006.400,00, constante, permanente, patriótica, que V. Ex.ª vem e deles recebeu, em ICM, Cr$ 56.043.300,00. Houve, fazendo, da tribuna do Senado, dos interesses da portanto, uma diferença contra o Nordeste, em Região nordestina. valores de 1968, de Cr$ 326.963.100,00. O SR. ARNON DE MELLO: – Muito obrigado a O SR. DINARTE MARIZ: – Permite V. Ex.ª V. Ex.ª, nobre Senador Dinarte Mariz, pelo seu aparte, um aparte? que incorporo, com muita honra, ao meu discurso. O SR. ARNON DE MELLO: – Pois não, nobre Senador Dinarte Mariz. V. Ex.ª é dono do assunto FUNDO DE PARTICIPAÇÃO "Nordeste"! O SR. DINARTE MARIZ: – Ao contrário; O SR. JOSÉ SARNEY: – Permite V. Ex.ª um inegavelmente, V. Ex.ª é um dos professores do aparte? Nordeste que com mais paciência e patriotismo têm O SR. ARNON DE MELLO: – Pois não, nobre defendido, da bancada do Congresso Nacional, os Senador José Sarney. interesses regionais. O SR. JOSÉ SARNEY: – Senador Arnon de O SR. ARNON DE MELLO: – Muito obrigado. Mello, em primeiro lugar, quero juntar a minha É bondade de V. Ex.ª. palavra à do Senado, no reconhecimento da O SR. DINARTE MARIZ: – Mas eu gostaria de tenacidade de V. Ex.ª em abordar esse tema, em alinhar ao discurso de V. Ex.ª a opinião do grande defesa do Nordeste. O Senador Paulo Guerra trouxe economista, talvez o maior que o Brasil já tenha ao debate o ponto fundamental: a reforma tributária. oferecido, e jornalista – Eugênio Gudin – que, numa Sua filosofia global foi a visão do País como um todo. pequena síntese, tenho a impressão, definiu O mecanismo de corrigir injustiças estava no Fundo a situação do Nordeste em relação à de Participação, então criado, estava no Fundo economia nacional: "O Nordeste é uma Região Rodoviário, no Fundo de Eletrificação, no Fundo que tudo que exporta é dentro da concorrência Nacional de Educação, onde a participação dos internacional e tudo que consome é subsidiado Estados devia ser cada vez maior. O que aconteceu pelo próprio País aos Estados do Sul, aos Es- foi que a partir de 1968 houve uma quebra

– 10 – na filosofia da reforma tributária e esta quebra minuiu o Fundo de Participação, era justo também se determinou, como determinaria, uma liquidação dos diminuísse o ICM para os Estados industrializados. Estados pobres que tinham cedido na parte relativa Eu louvo a tenacidade de V. Ex.ª, lutando pela ao ICM na certeza de que haveria uma correção da reformulação do ICM. Na realidade é insustentável, a injustiça através do Fundo de Participação. Essa longo prazo, o sistema do ICM, nos termos em que quebra não foi somente em relação ao Fundo de se encontra atualmente. E V. Ex.ª, Senador Arnon de Participação, mas também em relação aos outros Mello, é, hoje, um dos maiores batalhadores dessa Fundos; e cada vez mais a filosofia inicial, que era causa e acredito que V. Ex.ª terá, muito em breve, o dar mais recursos a estes Estados e atribuindo a resultado da sua luta. Muito obrigado. eles também maiores responsabilidades, passou a O SR. ARNON DE MELLO: – Muito não existir. Aos Estados foram transferidas maiores agradecido a V. Ex.ª, nobre Senador José Sarney. O responsabilidades e lhes diminuíram os recursos aparte de V. Ex.ª é altamente esclarecedor. V. Ex.ª para enfrentar estas responsabilidades. Basta ver um sonhece bem o assunto e tem autoridade para falar. exemplo, em relação ao Fundo Rodoviário Nacional: O SR. JOSÉ.SARNEY: – Senador Arnon de aos Estados foi proibido utilizar este Fundo na parte Mello, só para dar um exemplo, O Ministério do de custeio. O custeio devia sair do ICM. Ora, com o Planejamento, em 1969, no exame do problema, ICM comprometido o Estado não tinha mais recursos aventou a hipótese de que o Nordeste não cobrava para arcar com os novos ônus. Como fazer? bastante impostos e que este era o grande problema. Por outro lado, também, o Fundo Nacional de Fomos obrigados a mandar proceder uma pesquisa Educação foi reformulado, perderam os Estados a respeito dessa afirmativa, o que foi feito, grande soma de recursos, recebendo em atendendo a recomendação de melhorar as nossas contrapartida o impacto dos novos programas. Daí, o arrecadações, através de um melhor mecanismo desequilíbrio total. O AI-5 foi um ato político. Pois fiscal. A conclusão desse estudo, que foi entregue ao bem, dias depois de sua vigência saia a reforma Ministério de Planejamento, foi que a carga tributária constitucional reformulando percentuais do Fundo de do Nordeste era maior do que a carga tributária no Participaçao dos Estados e Municípios. E, a partir Estado de São Paulo. Mais do que isso, no dali, várias medidas foram tomadas determinando Maranhão, chegamos à conclusão estarrecedora de essa situação que V. Ex.ª está vendo, e que cada que pagávamos mais impostos ao Centro-Sul, do dia, dramaticamente, atinge os Estados menores, que ao próprio Estado do Maranhão. principalmente os do Nordeste. Estou lembrado que àquela época, todos nós, Governadores da região, ESTUDO SÉRIO advertimos o Governo das conseqüências futuras da quebra dessa filosofia inicial. E propusemos ao O SR. ARNON DE MELLO: – Muito obrigado Ministério do Planejamento e ao Ministério da a V. Ex.ª. Concedo o aparte, com muita satisfação ao Fazenda que, reformulado o Fundo de Participação nobre Senador Heitor Dias. dos Estados tínhamos que reformular também o O SR. HEITOR DIAS: – V. Ex.ª volta a falar, ICM. E propúnhamos que se fizesse um novo Fundo sempre baseado em documentação, a respeito do junto ao Fundo de Participação, com determinada problema do ICM, cuja cobrança, inegavelmente, participação do ICM. Todos os Estados da vem sendo objeto de comentários especiais nos Federação entrariam com uma determinada quota. últimos tempos, sobretudo daquelas pessoas mais Naquela época nossa proposta foi de 7%. Então, diretamente ligadas à administração do Norte e do São Paulo, a Guanabara, o Maranhão, o Piauí, Nordeste do País. Desde o começo, as palavras de entrariam com 7% do ICM para o Fundo Global de V. Ex.ª me impressionaram, não só porque vindas Participaçao dos Estados e Municípios. Se se di- da sua pessoa, como também porque V. Ex.ª

– 11 – se estribava em números, em dados, em estatísticas, deste, de incentivos fiscais provenientes de outros não se limitando a simples palavras. Mas, devo Estados e da Região, Cr$ 456.682.000,00. Calcula- declarar a V. Ex.ª que, ultimamente, tive a minha se que, retirados os incentivos fiscais originados do atenção voltada para o artigo publicado no Jornal do próprio Nordeste, tal quantia desce a cerca de Cr$ Brasil, se não me falha a memória do dia 31 de 338.000.000,00, o que equivale a quase o total do março próximo passado, do ex-Ministro da Fazenda que pagou o Nordeste em ICM, naquele ano. e ex-Ministro da Educação, um dos homens moral e E a situação piorou depois de 1968, pois a 30 culturalmente mais preparados para a vida pública, de dezembro desse ano, o Fundo de Participação foi que conheço, que é o Prof. Clemente Mariani. S. diminuído de 50% – recordam as classes produtoras Ex.ª, ali, apresenta dados que estão a exigir atenção – de 20% passou para 10%, sendo 5% para o da administração federal. É claro que todos temos Estado e 5% para os municípios. E reduzidos que examinar os propósitos que determinaram a também foram, de 30%, no decorrer de três anos, os criação do ICM que veio substituir aquele velho incentivos fiscais da SUDENE: em 1968, a sua método, ultrapassado e de efeitos reconhecidamente percentagem era de 65% e hoje é de 47,3%, negativos para os produtores e para os destinado o restante ao IBDF (reflorestamento), consumidores, porque correspondia aquela cobrança SUDEPE (pesca), EMBRATUR (turismo) e SUDAM ao "imposto em cascata", como o chamam os (Amazônia). A redução dos incentivos para o economistas. Os Estados, cobrando o Imposto de Nordeste baixa a 40%, se considerarmos que 50% Vendas e Consignações, baseados no giro das deduções totais correspondem a São Paulo. econômico; os municípios arrecadando o Imposto de Indústrias e Profissões, também sob os mesmos DEFESA DO NORDESTE moldes. O ICM abriu, sem dúvida, novas perspectivas e temos de reconhecer que foi uma O SR. PAULO GUERRA: – V. Ex.ª permite um clareira naquela selva da sistemática tributária aparte? nacional. Mas, se os propósitos que animaram o O SR. ARNON DE MELLO: – Pois não, nobre Governo foram aqueles – e disso não há dúvida – é Senador Paulo. Guerra. claro que o assunto está a exigir um estudo especial, O SR. PAULO GUERRA: – Eu interrompo o visando ao reexame do sistema da cobrança do brilhante discurso de V. Ex.ª até com certo imposto que, como se vê pelos números, pelos constrangimento, porque V. Ex.ª lidera, nesta Casa, dados, vem prejudicando sobremodo os Estados realmente, a defesa dos interesses do Nordeste. Mas consumidores. Era o aparte que desejava dar a V. é tão, palpitante o assunto e tão atualizado, que nós, Ex.ª, louvando a sua persistência e seu estudo sério que integramos a representação nordestina, não sobre a matéria. temos força para conter o nosso desejo de participar, O SR. ARNON DE MELLO: – Muito obrigado, também da brilhante peça oratória, do brilhante nobre Senador Heitor Dias, pelo seu aparte. V. Ex.ª trabalho que V. Ex.ª faz nesta tarde. V. Ex.ª falou nos nele faz referência ao ex-Ministro Clemente Mariani, estudos apresentados pelo eminente Senador João que é um dos homens com quem mais tenho Cleofas. Realmente, os incentivos fiscais que vão conversado sobre o assunto – tanto como já para o Nordeste lá não ficam, voltam para São conversei com o Professor Eugênio Gudin, referido Paulo. Há poucos dias, em Recife, estive com alto ainda há pouco pelo Senador Dinarte Mariz. V. Ex.ª funcionário do Banco do Nordeste. Ele me também me honra com o seu apoio às teses que apresentava uma liberação de Cr$ 3.852.000,00, tenho debatido e que são do interesse de todos os feita pela SUDENE. Cinco dias depois, exibia-me nordestinos e todos os brasileiros. três cheques quase do mesmo valor, de Cr$ O eminente Senador João 2.988.000,00. Quer dizer, os incentivos voltavam Cleofas, em discurso aqui pronunciado, para pagamento às indústrias paulistas fornecedoras demonstrou que em 1968 coube ao Nor- de equipamento àquelas três indústrias

– 12 – que estavam sendo instaladas no Nordeste. Então, FINANCIAMENTO fica evidente que os incentivos fiscais ajudam o Nordeste, mas ajudam também o grande Estado, o O SR. ARNON DE MELLO: – Muito obrigado, Estado que entendo ser exemplo para nós, até um nobre Senador Paulo Guerra. Com referência ao modelo, para que possamos atingir o nível de trecho inicial de seu aparte, creio que tenho um desenvolvimento de sua indústria: São Paulo. esclarecimento a dar-lhe. V. Ex.ª, nobre Senador Quanto a diminuição dos Fundos, referida no Paulo Guerra, cita os recursos que vão do Centro- oportuno aparte do nobre Senador José Sarney, Sul para o Nordeste, dir-se-ia que com passagem de quero lembrar a V. Ex.ª que este ano – parece – ida e volta: logo retornam para São Paulo. cortaram até as verbas do Plano Nacional de O SR. PAULO GUERRA: – V. Ex.ª permite Educação. Até o ano passado, elas eram destinadas que esclareça? (Assentimento do orador.) Os às Secretarias de Educação dos Estados. Com tais incentivos vão para o Nordeste com dificuldades verbas havia ampliação dos trabalhos de educação. enormes, através de captação de recursos, através Este ano cortaram-nas, parece, ou deram-lhes outro destino. O MOBRAL é para nós, nordestinos, uma de um processado lento na SUDENE. Passam-se demagogia. Tenho a coragem de dizê-lo, porque quatro ou cinco meses para que a verba seja somente os Estados de São Paulo, e da Guanabara liberada pelo Banco Nacional do Desenvolvimento poderão receber os benefícios do MOBRAL. Sendo o Econômico e pela SUDENE, e dois dias depois, volta deficit escolar no Nordeste e em quase todos os para São Paulo, sem pagar comissões. Estados da Federação de 25 a 30%, não O SR. ARNON DE MELLO: – Nobre Senador compreendo se procure educar, instruir uma geração Paulo Guerra, parece-me que o que acontece é o que tem mais de 40, 50 ou 60 anos de idade e se seguinte: quando a SUDENE aprova um projeto, ele despreze a geração que se situa entre os 6 e 7 anos. é quase sempre financiado pelo Bando do Nordeste, O MOBRAL é ato aparentemente bonito, patriótico, pelo Banco do Brasil ou ainda pelo Banco Nacional mas de fundo profundamente demagógico, e isso do Desenvolvimento Econômico. Grande parte dos não importa a grande admiração, a grande simpatia recursos, desse financiamento é mandado para São e o respeito que dedico ao Ministro Jarbas Paulo, a fim de pagar as máquinas da nova indústria Passarinho, um dos mais eficientes Ministros deste que deverá ser instalada no Nordeste. Em geral Governo. Quero dizer também a V. Ex.ª, nobre essas máquinas são extremamente sofisticadas para Senador Arnon de Mello, que o Nordeste parece não exigirem muita mão-de-obra. como que perseguido. Às vezes, me lembro do verso Ora, não me parece justo que os projetos de Augusto dos Anjos: "Um urubu pousou na minha industriais do Centro-Sul implantados no Nordeste sorte". Tudo é contra o Nordeste. Agora mesmo, e V. devam ter financiamento da nossa Região. Eles já se Ex.ª, como um dos líderes da indústria beneficiam do incentivo fiscal, que é um prêmio do agroaçucareira do Nordeste, sabe, agora mesmo Govêrno da União aos empresários que invistam no atingimos o máximo da exportação de açúcar. O Nordeste. Além disso, o financiamento se destina Instituto do Açúcar e do Álcool chegou a vender a saca de açúcar pela quantia de Cr$ 75,00, e o geralmente à compra de máquinas fabricadas no produtor nordestino recebeu apenas Cr$ 25,00 o Centro-Sul, isto é, o dinheiro é para ser gasto por cá restante foi confiscado. Então, esses atos vão mesmo. O razoável, o lógico, o certo seria que o debilitando cada vez mais a economia do Nordeste, financiamento fosse do próprio Centro-Sul. embora saibamos que o Presidente Emílio De outro lado, tais máquinas são Garrastazu Médici é um apaixonado pelas causas adquiridas com a preocupação de reduzir ao mínimo do Nordeste. Mas Sua Excelência tem sido a mão-de-obra local, do Nordeste, necessária à produção, pois o investidor, além de querer, constantemente traído por essas medidas.

– 13 – aliás com razão, diminuir os custos operacionais, Comparecem mais os Srs. Senadores: considera cada operário um problema trabalhista que José Guiomard – Flávio Brito – Milton Trindade é preciso evitar, e os excedentes de mão-de-obra na José Sarney – Fausto Castelo-Branco – Virgílio Távora Duarte Filho – Ruy Carneiro – Paulo Guerra – região cresce dia adia. Arnon de Mello – Luiz Cavalcante – Gustavo Capanema – Magalhães Pinto – Carvalho Pinto – DISPARIDADE Franco Montoro – Fernando Corrêa – Accioly Filho – Ney Braga – Antônio Carlos – Celso Ramos – Lenoir O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Vargas. V. Ex.ª está produzindo um discurso de muito O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Está terminada a hora do Expediente. interesse. No entanto, temos que cumprir o Passa-se à: Regimento e, de acordo com o próprio Regimento, seu tempo está esgotado. ORDEM DO DIA O SR. ARNON DE MELLO: – V. Ex.ª tem toda razão, Sr. Presidente. Peço a V. Ex.ª apenas Item 1 permissão a fim de pronunciar mais algumas Discussão, em turno único, do Projeto de Lei palavras, ao mesmo tempo que lhe peço me da Câmara nº 1, de 1972 (nº 544-A/72, na Casa de considere inscrito para depois da Ordem do Dia. origem), que concede aumento de vencimentos O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – aos funcionários da Secretaria da Câmara dos V. Ex.ª fica inscrito para o período depois da Ordem Deputados e dá outras providências, tendo: do Dia, de acordo com o Regimento Interno. PARECERES FAVORÁVEIS, sob nºs 24 e 25, O SR. ARNON DE MELLO: – Tais fatos de 1972, das Comissões: explicam talvez, Senhores Senadores, as conclusões – de Serviço Público Civil e a que chegou o Banco do Nordeste nos seus – de Finanças. estudos sobre as perspectivas de desenvolvimento Em discussão o projeto. (Pausa.). da região até 1980. Em relação à renda per capita Nenhum dos Srs. Senadores desejando fazer confrontada com a nacional, o Nordeste passou de uso da palavra, declaro encerrada a discussão: Em votação: 48% em 1939 para 37% em 1955. Deste ano a 1965, Os Senhores Senadores que aprovam o melhorou a situação, porém a partir daí aumentaram projeto queiram permanecer sentados. (Pausa.) as disparidades entre a renda per capita regional e a Está aprovado. O projeto vai à sanção. nacional, embora o crescimento do Nordeste E o seguinte o projeto aprovado: alcançasse a taxa superior a 7%. E ainda que aumente o crescimento do Nordeste para 8 a 10%, a PROJETO DE LEI DA CÂMARA Nº 1, DE 1972 diferença entre a renda per capita regional e a nacional aumentará, em termos absolutos, de 282 (Nº 544-A/12, na Casa do origem) dólares em 1970 para 442 em 1980, ou, em outras palavras, será de 396 dólares para os nordestinos e Concede aumento de vencimentos aos 838 dólares para os brasileiros. Não haverá, assim, funcionários da Secretaria da Câmara dos Deputados é dá outras providências. redução das disparidades em 1980, porque hoje a diferença é de 200 dólares para o Nordeste e 400 O Congresso Nacional decreta: dólares para o Brasil. (Muito bem! Palmas. Palmas. Art. 1º É concedido aos Muito bem! O orador é cumprimentado.) funcionários da Secretaria da Câmara dos

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Deputados, a partir de 1º de março de 1972, Os Srs. Senadores que aprovam o projeto aumento de vencimentos em montante idênticos aos queiram permanecer sentados. (Pausa.) valores absolutos concedidos aos funcionários civis Está aprovado. A matéria vai à Comissão de do Poder Executivo pelo Decreto-lei nº 1.202, de 17 Redação. de janeiro de 1972, de acordo com os critérios e É o seguinte o projeto aprovado: correspondências estabelecidos nos arts, 1º, 2 º, 3º, 5º e 6º da Lei nº 5.674, de 12 de julho de 1971. PROJETO DE RESOLUÇÃO § 1. Os cargos a que alude o art. 2º da Lei nº Nº 3, DE 1972 5.674, de 12 de julho de 1971, são os relacionados na letra a do Anexo à mesma lei. Suspende a execução, no "caput" do art. 9º do § 2º Ficam incluídos na correspondência Decreto-lei nº 61/69, do Estado de Pernambuco a estabelecida no art. 3º da Lei nº 5.674, de 12 cláusula da percepção de vencimentos integrais por de julho de 1971, os ocupantes de cargos Promotores Públicos postos em disponibilidade, julgada efetivos de direção da Secretaria da Câmara dos inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Deputados. Art. 2º Nos resultados decorrentes da Art. 1º É suspensa a execução, no caput do aplicação desta lei, inclusive com relação a art. 9º do Decreto-lei nº 61/69, do Estado de vantagens, serão desprezadas as frações de Pernambuco, da cláusula da percepção de cruzeiros. vencimentos integrais por Promotores Públicos Art. 3º As despesas decorrentes da aplicação postos em disponibilidade, em virtude da extinção da desta lei correrão à conta dos recursos Comarca, operada pelo citado Decreto-lei, julgada orçamentários, inclusive na forma prevista no art. 6º inconstitucional por decisão definitiva do Supremo da Lei nº 5.754, de 3 de dezembro de 1971. Tribunal Federal, proferida na Representação nº 858, Art. 4º Esta lei entrará em vigor na data de sua daquele Estado, aos 25 de agosto de 1971. publicação, revogadas as disposições em contrário. O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): Item 3 Item 2 Discussão, em turno único, do Projeto de Discussão, em turno único, do Projeto de Resolução nº 4, de 1972 (apresentado pela Resolução nº 3, de 1972 (oferecido pela Comissão Comissão de Constituição e Justiça como conclusão de Constituição e Justiça em seu Parecer nº 20, de de seu parecer nº 21, de 1972), que suspende a 1972), que suspende a execução, no caput do art. 9º execução do parágrafo 2º, do artigo 117, da do Decreto-lei nº 61/69, do Estado de Pernambuco, Constituição de Minas Gerais, de 1967, declarado da cláusula da percepção de vencimentos integrais inconstitucional, por decisão defintiva do Supremo por Promotores Públicos postos em disponibilidade, Tribunal Federal de 25 de novembro de 1971. julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Em discussão o projeto. (Pausa.) Se nenhum Senador quiser fazer uso da Em discussão o projeto. (Pausa.) palavra, encerrarei a discussão. (Pausa.) Se nenhum Senador quiser fazer uso da Está encerrada. palavra, encerrarei a discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Está encerrada. Os Srs. Senadores que aprovam o projeto Em votação. queiram permanecer sentados. (Pausa.)

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Está aprovado. A matéria vai à Comissão de sacas, não dá sequer para atender à demanda que é Redação. de 27 milhões de sacas – 18 milhões para a nossa É o seguinte o projeto aprovado: exportação e 9 milhões para o nosso consumo interno. PROJETO DE RESOLUÇÃO Não fossemos estoques acumulados, que Nº 4, DE 1972 também estão a se exaurir com rapidez, e já agora estagiamos em situação difícil. Suspende a execução do parágrafo 2º, do art. O café significa atividade a que se dedicam 117, da Constituição de Minas Gerais, de 1967, milhões de brasileiros que nela encontram condições declarado inconstitucional, por decisão defintiva do de subsistência; representa prestígio internacional, Supremo Tribunal Federal de 25 de novembro de 1971. pois dêle somos, no mundo, o maior produtor; e nos tem dado receitas cambiais que, durante muitos e O Senado Federal resolve: muitos anos; foram quase as únicas a sustentar o Art. único É suspensa a execução do parágrafo 2º nosso progresso e ainda, na atualidade, são elas que do art. 117, da Constituição de Minas Gerais, de 1967, possibilitam, em grande parte, a promoção do nosso julgado inconstitucional por decisão definitiva do desenvolvimento econômico. Supremo Tribunal Federal, proferida na Representação Mesmo constatando-se que hoje, mercê de nº 840, daquele Estado, aos 25 de novembro de 1971. Deus, temos exportação diversificada, que já não O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – inclui apenas café e algumas poucas matérias Esgotada a matéria constante da Ordem do Dia. primas, mas nela já figuram produtos manufaturados, Há oradores inscritos. com receitas cambiais que se não superam, Concedo a palavra ao nobre Senador José prometem, para breve, superar as do café, a indicar, Augusto. claramente, que enveredamos, em pouco tempo e O SR. JOSÉ AUGUSTO (lê o seguinte com sucesso, no caminho da industrialização, não se discurso.): – Sr. Presidente Srs. Senadores, pode, de modo algum, deixar o café à sua própria trasanteontem, em Minas Gerais, em Caratinga, sorte, mas, muito ao contrário, é necessário dar-se- Município a que devo minha origem política, foi lhe todo apoio para que ele que foi no passado "e oficialmente lançado o Plano Trienal de Renovação e bem sido no presente o grande suporte do nosso Revigoramento de Cafèzais do Brasil destinado a desenvolvimento econômico, cujas divisas dele incentivar a promoção do plantio de 800 milhões de resultantes foram o ponto de apoio em que se novos cafeeiros. baseou a nossa industrialização, continue a O acontecimento, Senhores Senadores, é, sem desempenhar, na economia brasileira, o grande dúvida alguma, da maior significação para a economia papel que lhe cumpre em favor da nossa civilização. nacional, ameaçada, como todos sabemos, por incrível E, Senhores Senadores, o que acabo de que pareça, país maior produtor de café que ainda mencionar tem apoio em afirmações do Ex.mo Sr. somos, de ficarmos até sem este produto para o nosso Presidente da República, em sua notável Mensagem consumo interno, se continuasse, no mesmo ritmo, o enviada ao Congresso Nacional, por ocasião da decréscimo de produção que, de tempos a esta parte, se instalação dos trabalhos legislativos no corrente ano, vinha verificando, de safra para safra, para não dizer da quando S. Ex.ª disse, na parte em que, naquele perda irreparável de 1 bilhão de dólares que ativam importante documento, trata da política econômica e nossa balança comercial e fomentam o nosso financeira: desenvolvimento econômico. "Apresentaram as exportações acréscimo Basta dizer-se que a atual produção de 6% em relação a 1970, pois atingiram, nacional, que, é de 20 milhões de em 1971, 2 bilhões 916 milhões de dólares

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FOB contra 2 bilhões 739 milhões no ano anterior. Creio que haveremos de chegar, muito em No total correspondente a 1971, a exportação de breve, pois, o Brasil já caminha com bastante produtos industrializados chegou quase a 800 segurança no sentido da industrialização, à extinção milhões de dólares." do confisco cambial do café, medida tão do agrado; Para mais adiante, no mesmo documento, já dos cafeicultores e de tão grande justiça, mas que na parte dedicada à agricultura, afirmar S. Ex.ª: tantas distorções no domínio econômico impedem o "Mais de dois terços das divisas geradas pela Governo atual, que não é por elas responsável, de exportação provêm de produtos agrícolas, poder tomá-la de imediato. responsáveis, em grande parte, pelo O Governo do Presidente Médici, com o desenvolvimento da economia nacional como um lançamento em Caratinga do Plano Trienal de todo." Renovação e Revigoramento de Cafezais do Brasil, para E, quanto à exportação de café, é ainda S. incentivar o plantio de 600 milhões de novos cafeeiros, Ex.ª o Sr. Presidente da República que nos diz, na deu início a mais uma grande providência visando à referida Mensagem: volta da lavoura do café ao lugar que lhe compete na "A exportação de café atingiu o total de 18,4 economia nacional e ao prestígio que milhões de sacas, com acréscimo de 1,3 milhões de direito lhe cabe no cenário da economia internacional. sobre o ano anterior." O SR. JOSÉ LINDOSO: – Permite V. Ex.ª um E, Senhores Senadores, como sabemos que aparte? gira em tôrno, de 50 dólares o valor da saca de café, O SR. JOSÉ AUGUSTO: – Com muito prazer. aí estão 920 milhões de dólares – 1 bilhão de dólares O SR. JOSÉ LINDOSO: – V. Ex.ª, com a em números redondos – de receita cambial que autoridade de representante de Minas Gerais, está representa, pràticamente, um terço (1/3) do total das pronunciando um discurso para dar significação ao exportações do Brasil. Plano Nacional de Incentivo à Cultura do Café. V. Ex.ª Temos acompanhado o louvável esfôrço do merece aplausos pelo trabalho que oferece à Governo no amparo da lavoura cafeeira, dando aos consideração do Senado, não só pela colocação exata cafeicultores assistência técnica e financiamento a do problema, como pela significação a que faz jus essa juros extremamente baixos, visando à melhoria medida, com vistas à repercussão econômica para o do produto, ao aumento da produção e da futuro da nosas economia cafeeira. Diz V. Ex.ª que o produtividade, para que, assim, suas lavouras lhes café foi responsável, em parte, pelo nosso proporcionem maiores lucros. desenvolvimento. Sabemos que, ao amanhecer a Por outro lado, grande tem sido a sua luta na República, o café e a borracha foram as duas colunas defesa fitossanitária, no combate às pragas da que sustentaram o País nos primeiros passos para o seu lavoura, especialmente a última surgida, a "ferrugem" crescimento e desenvolvimento. Não podemos Hemileya Vastatrix Berk, de prenúncio tão sombrio prescindir, portanto, da economia do café, e são de para a economia cafeeiro, mas, felizmente, já sob louvar, como faz V. Ex.ª, as medidas que o Governo está contrôle, devido às providências governamentais. adotando para a plantação de novos cafezais, Digo, de passagem, que a descoberta desta revigorando, assim, as nossas perspectivas da lavoura praga, em nosso País, se deu na fazenda Caetana, cafeeira, para garantir, na área do campo, a de propriedade do Sr. Feliciano Miguel Abdala, no prosperidade dessa economia e do País. Município de Caratinga, graças à competência e O SR. JOSÉ AUGUSTO: – vigilância exercidas pelos órgãos do IBC ali Agradeço ao nobre Senador José Lindoso sediados. o aparte com que honra o meu discurso

– 17 – que lhe dá relevo todo especial, pela sua inteligência Mercado Interno e no Mercado Internacional que e pelo conhecimento que tem dos nossos problemas sempre desfrutou, de maior e melhor pais produtor econômicos. Muito grato, Senador José Lindoso. de café. O SR. NELSON CARNEIRO: – V. Ex.ª se me O SR. NELSON CARNEIRO: – Muito folgarei dá licença para um aparte? em constatar que todas as esperanças de V. Ex.ª se O SR. JOSÉ AUGUSTO: – Perfeitamente, converterem em realidade. Este é, também o meu Senador Nelson Carneiro. desejo. Mas, veja V. Ex.ª que se distribuiu muito O SR. NELSON CARNEIRO: – V. Ex.ª se dinheiro neste País para erradicar o café à vontade, refere ao esforço de recuperação da lavoura sem que se delimitasse aquelas zonas que deveriam cafeeiro. Eu também acompanhei, e tenho ser objeto da erradicação. Depois se faz uma acompanhado este planta-e-erradica, planta-e- campanha pelo replantio de café. Nós havíamos erradica, planta-e-erradica, em que tem vivido até criado a ilusão de que poderíamos abandonar o café hoie o Governo. Pagou-se muito dinheiro para que como nosso principal produto de exportação, e, por se erradicasse o café. Depois financiou-se o plantio isso, fomos perdendo o mercado internacional. As do café. Depois voltou-se a financiar a erradicação nossas cotas vão diminuindo a cada convênio do café. Agora se estimula o plantio do café. Tudo internacional do café que firmamos. De modo que é isso demonstra que nestes últimos anos nenhuma com alegria, patriótica alegria, que vejo V. Ex.ª, política foi imposta, foi adotada pelo Governo para homem experimentado, conhecedor do problema, resolver o problema do nosso principal produto, erro rejubilar-se pelos novos rumos traçados à política aliás que se vem repetindo em vários outros setores cafeeira. Quero somar os meus votos aos de V. Ex.ª da agricultura nacional. Folgo em verificar que já para que nossas esperanças se concretizem. agora outras esperanças podem ser depositadas O SR. JOSÉ AUGUSTO: – É com satisfação, na solução do problema são essas esperanças Senador Nelson Carneiro, que V. Ex.ª soma as suas que V. Ex.ª festeja, nesta tribuna, com o brilho às nossas esperanças, que são as esperanças do habitual. Brasil inteiro, de que o café recupere o seu lugar em O SR. JOSÉ AUGUSTO: – Agradeço ao nobre nossa economia e na economia internacional. Senador Nelson Carneiro o aparte com que honrou o O SR. VASCONCELOS TORRES: – V. Ex.ª meu discurso, e digo a S. Ex.ª que não participo da permite um aparte? opinião que S. Ex.ª transmitiu em seu aparte de que O SR. JOSÉ AUGUSTO: – Pois não nobre haja sido um erro a erradicação de cafezais. Senador Vasconcelos Torres. Evidentemente, na minha zona, a zona da Mata de O SR. VASCONCELOS TORRES: – Só queria Minas, vários cafezais mal plantados, de espécies de aduzir que a erradicação do café foi devidamente café que não eram produtivos, e em terrenos indenizada, e nenhum prejuízo houve para o que não correspondiam à expectativa daqueles cafeicultor. Entendo não haver dissonância entre o que ali plantavam, aconselhavam a erradicação fato que V. Ex.ª relatou o elogio que faz aos atuais de cafezais. A meu ver, a política do Governo se responsáveis pela nossa política cafeeira, por isso encaminha, com um grupo brilhante de técnicos, que foi em benefício da exportação, e de um café de em rumos certos, isto é, no sentido de dar àquelas melhor qualidade, que a medida foi tomada. Agora, regiões de Minas e do Brasil que têm condições de por exemplo, em zonas que têm altitude média de produzir café bebida, o café exportação, o café que 400 metros acima do nível do mar... nos há de render divisas, o plantio certo em O SR. JOSÉ AUGUSTO: – 600 metros acima bases técnicas, e essa esperança, a meu ver, vai do nível do mar. se tornar realidade em breve. Dentro de 4 anos, O SR. VASCONCELOS TORRES: – o Brasil voltará a ter aquela mesma posição no .... o IBC não só financia como dá assis-

– 18 – tência técnica. Isto vem justamente ao encontro da a uma série de injunçôes que cumpre atender a fim tese que V.. Ex.ª defende. A política cafeeira está, de resguardar o interêsse nacional. pois, rigorosamente certa. E, se porventura tivesse Quanto ao café solúvel a que o nobre Senador havido algum desacerto, em tempo o Presidente Vasconcelos Torres alude em seu aparte, temos a Médici tomou essa medida, no meu modo de satisfação de dizer a S. Ex.ª e à Casa que, hoje, já entender, salutar, como salutar também foi a decisão exportamos para os Estados Unidos grande em defesa do nosso café solúvel. V. Ex.ª sabe que quantidade de café solúvel. Em Minas Gerais, na foi uma verdadeira conflagração, uma guerra, porque cidade de Varginha, já se instalou, e está em frança o nosso café saia daqui para os Estados Unidos e lá produção, uma indústria capaz de abastecer o era transofrmado em café solúvel, e os torrefadores mercado interno e de exportar café solúvel para os norte-americanos não queriam a concorrência do Estados Unidos carreando para nós divisas valiosas nosso café. Enquanto nós podemos produzir mais com que fomentar o nosso desenvolvimento divisas, fazendo o café solúvel aqui mesmo. Quando econômico. ao outro café, ainda café de coador, tenho a (Retoma a leitura.) impressão de que talvez durante muitos anos, Quero, pois, desta Tribuna, enviar séculos mesmo, permanecerá como hábito congratulações, que são as de toda Minas e que não alimentar, mas terá de melhorar sua qualidade. E poderão deixar de ser, também, as de todo o Brasil, digo isto, nobre Senador, em benefício da qualidade, ao Ex.mo Sr. Presidente Emílio Garrastazu Médici; ao porque, visitando algumas torrefações americanas, seu Ministro da Indústria e do Comércio, Sr. Pratini há algum tempo, ouvi a queixa de que no café ia a de Moraes; ao Sr. Carlos Alberto, Presidente do IBC chamada escolha, que é a verdadeira e no meio e ao Sr. Anselmo Bonifácio, Chefe do SERAC – MG dessa, iam pregos, pedras, uma série de objetos que 2 de Caratinga, pelo acontecimento que vai deixavam mal a política cafeeira do Brasil. Mas de marcar época, assinalando o grande interesse uns tempos para cá, a verdade é que isto tudo do Terceiro Governo da Revolução em recuperar desapareceu. De um Estado cafeeiro como o meu – uma riqueza que tanto significado tem para o nosso e V. Ex.ª sabe que foi do Vale do Paraíba, da terra País. que tenho o orgulho de representar nesta Casa, que E conhecedor que sou da capacidade de partiu o café, inclusive para seu Estado e para fazer trabalho, da competência profissional, do a riqueza de São Paulo. Hoje, nós nos sentimos devotamento ao nosso País, dos elementos que otimistas quanto à política do Governo. Estou com V. compõem, em Caratinga, o Serviço Regional de Ex.ª em gênero, número e caso, e pedi licença para Assistência à Cafeicultura – SERAC MG 2 – interromper seu belo discurso para manifestar minha superiormente dirigidos pelo Engº Agrônomo concordância com as oportunas palavras que V. Ex.ª Anselmo Bonifácio, que, à frente daquele órgão do profere no dia de hoje. IBC, vem realizando uma profícua administração, O SR. JOSÉ AUGUSTO: – Agradeço ao que lhe tem grangeado aplausos gerais, ilustre Senador Vasconcelos Torres o brilho de seu tenho a certeza de que os objetivos do aparte, que engrandece o meu discurso. Governo serão plenamente atingidos, pois, Tenho a afirmar a V. Ex.ª e ao Plenário que, a aqueles servidores públicos cumprirão, à risca, meu ver, a política do café está certa. quaisquer tarefas relacionadas com os seus Evidentemente, como toda política, conhecimentos profissionais que lhes forem ela não pode ser estática, não pode ser confiadas pelos seus superiores. (Muito bem! Muito imóvel. Tem que variar no tempo e no espaço bem! Palmas.) a fim de satisfazer o mercado internacional, a O SR. PRESIDENTE (Guido Mondin): – Tem luta pela conquista de novos mercados, enfim, a palavra o Sr. Senador Carlos Lindenberg.

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O SR. CARLOS LINDENBERG (sem revisão mentais, requerem a inserção, em ata, de um voto de do orador.): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, congratulações com o povo capixaba pela atitude do recebi, da Assembléia Legislativa do Espírito Santo Ex.mo Sr. Presidente da República, General Emílio ofício acompanhando cópia de um requerimento de Garrastazu Médlcí, propondo ao Congresso Nacional congratulações com o povo do Espírito Santo, Emenda Constitucional visando a estabelecer, para a assinado pelos Deputados que fazem parte da sucessão dos governos estaduais, o princípio da Aliança Renovadora Naconal – documento que eleição indireta. passo a ler. Estamos plenamente convencidos de que o ato do Chefe da Nação se situou entre aquelas "ESTADO DO ESPÍRITO SANTO medidas de alto valor cívico e patriótico que vem

praticando na defesa dos salutares princípios Assembléia Legislativa políticos, morais e administrativos da Revolução de Vitória, 12 de abril de 1972. Of. nº GP-34 1964, deflagrada pelas Forças Armadas e pelo povo Senhor, brasileiro visando a salvar o Brasil do caos e da Tendo em vista requerimento aprovado era anarquia. sessão realizada no dia 11 de abril fluente, do qual A revolução de 1964 não parou no tempo. Ela foram signatários os ilustres parlamentares Alcino é uma idéia em marcha, buscando, afinal, Santos, Lucio Merçon, Honorio Regiani, Dercilio transformar este País numa expressão de Grande Gomes, Emir de Macedo Gomes, Jamil Zouain, Potência. E este objetivo só será plenamente Walter de Prá, Pedro Leal, Nilzo Plazzi, Theodorico alcançado se o clima de paz social e de Ferraço, Verdeval Ferreira, Gerson Camata, Antonio responsabilidade política continuar sendo mantido. A Jacques, Setembrino Pelissari e João Meneghelli, a partir de 1964 deixamos de ser um campo de Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo agitações e de incertezas para nos transformarmos deliberou consignar, na ata dos seus trabalhos, um num povo ciente e consciente dos seus altos voto de congratulações com o povo capixaba pela destinos. Caminhamos resolutos para as grandes iniciativa do Presidente da República em encaminhar conquistas sociais. A Nação se integra pela ao Congresso Nacional Emenda à Constituição grandiosa obra revolucionária no setor das visando a estabelecer o princípio da eleição indireta. comunicações, dos transportes, da educação e da Para conhecimento de V. Ex.ª faço anexar ao assistência social. A valorização do Homem, como presente cópia do inteiro teor da proposição. objetivo prioritário das metas da obra revolucionária, Prevaleço-me do ensejo para reiterar a V. Ex.ª vai sendo conquistada dia a dia, na constância do protestos do meu melhor apreço. – Emir de Macedo trabalho que dignifica e da afirmação da dignidade Gomes, Presidente. nacional que se exalta. Os objetivos nacionais ESTADO DO ESPÍRITO SANTO permanentes são o farol e o roteiro desta jornada épica que o povo brasileiro realiza nesta quadra da Assembléia Legislativa Requerimento sua história. Por isso confiamos na Revolução de Ex.mo Sr. Presidente da Assembléia Legislativa 1964. Por isso a aplaudimos e a ela emprestamos o do E. Santo; nosso apoio, a nossa solidariedade. E – mais do que Os Deputados que este isto – por isso, nos orgulhamos de pertencer às suas assinam, no uso de suas atribuições regi- fileiras.

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Requeremos que o inteiro teor desta proposta seja lhar e produzir com o sentido de ama vida melhor. O transmitida ao Ex.mo Sr. Presidente da República, ao que o Povo quer é bom govêrno, seja quem fôr o Ex.mo Sr. Ministro da Justiça e ao Ex.mo Sr. Governador ou o processo de escolha. O que o Povo Governador do Estado. quer é uma vida melhor e mais digna de ser vivida. E Sala das Sessões, em 4 de abril de 1972. – esta ele está tendo, não com a rapidez milagrosa Alcino Santos – Lucio Mercon – Honorio Regiani – que a demagogia poderá desejar, mas com a firmeza Dercílio Gomes – Emir de Macedo Gomes – Jamil consciente dos que realizam a reconstrução do País, Zouain – Walter de Prá – Pedro Leal – Nilzo Plazzi – em todos os setores, em bases sólidas, definitivas, Theodorico Ferraço – Verdeval Ferreira – Gerson duradouras, para frutos permanentes que serão cada Camata – Antonio Jacques – Setembrino Pelissari – dia mais abundantes. João Meneghelli. O que o Povo quer é liberdade com Senhor Presidente Senhores Senadores: segurança, com ordem, com garantia, com Muito se tem falado em nome do Povo a educação, com saúde, com meios de trabalho para respeito da emenda à Constituição, vinda ao ter e dar aos seus um padrão de vida condigno. É o Congresso Nacional com a Mensagem nº 21, que ele entende por democracia e por Governo, em condenando-a como anti-democrática ou contrária verdade, alheio às indicações de nomes para o que aos interesses e tendências desse mesmo Povo que, nunca foi chamado. ao que se diz, "quer escolher seus dirigentes, quer Incontestavelmente, as condições aludidas tomar parte direta na eleição deles". têm sido dadas ao País, pela Revolução em marcha, Tais afirmações fazem-me recordar que numa com o apoio da Nação inteira, tão insignificante é a época de sucessão Presidencial, eu dizia a um velho parcela de negativistas, desajustados, transviados ou chefe político, qual deveria ser a escolha, pois, o marginais. nome a que aludia era a vontade do Povo. Ele calma Não se pode negar que o Brasil tenha saldo do e incisivamente me respondeu: "Ora, o Povo não caos político, administrativo e social para uma nova toma parte nisso. Alguns escolhem os candidatos e era de ordem, de desenvolvimento, de austeridade, os Partidos fazem o resto. O Povo não toma parte de progresso. nisso!" Grande verdade, sem dúvida, era naquele Exigir-se, porém, que num passo de mágica tempo, e continua em evidência, forçoso é tudo se apresente recuperado, reconstruido, reconhecer. corrigidos velhos hábitos e costumes dentro do O Povo nunca escolheu. Apenas votou, e, nosso modelo estabelecido, depois de tantos anos muitas vezes votou mal, sob a influência dos poucos de deterioração, não é possível. Tudo virá a seu que escolhiam os candidatos conforme suas tempo como vai acontecendo. particulares conveniências, alheios ao interesse Seria ingenuidade pensar-se que a Revolução geral. pudesse retroceder. Os resultados da política Nós que lidamos com cidadãos de todas as administrativa implantada, a confiança adquirida de classes sociais que constituem o Povo, que ouvimos modo geral e particularmente entre as classes pessoas residentes em muitos dos Estados produtoras e trabalhadoras, são de tal ordem, que brasileiros, rarissimamente temos encontrado nem militares nem civis teriam forças, a esta altura, alguém com opinião contrária à medida preconizada para um retrocesso, porque não encontrariam apoio na Mensagem nº 21. nem no seu próprio meio nem na imensa massa A imensa maioria do Povo seja de que Estado popular. Não se pode negar, também, a existência fôr, pertença a que classe pertencer, o que quer é de pequenas minorias descontentes ou divergentes, paz, é tranquilidade e meios para poder traba- o que é próprio das liberdades democráticas.

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O SR. NELSON CARNEIRO: – Permite V. Confesso que se em algum ponto a emenda Ex.ª um aparte? constitucional me surpreendeu, foi apenas no tempo. O SR. CARLOS LINDENBERG: – Com muito Acredito mesmo que nenhum político de minha prazer. época tenha sido colhido de surpresa total. O SR. NELSON CARNEIRO: – Apenas, Sr. Quando começaram a surgir numerosas Senador Carlos Lindenberg, para dizer que V. Ex.ª é afoitas candidaturas, ainda mal iniciados os períodos um exemplo de que o povo escolhe bem. Por duas governamentais, esboçando-se luta prolongada com vezes o povo capixaba o escolheu Governador e, por prenuncio de incrível vale-tudo, a sabedoria dos várias vezes, o trouxe ao Congresso e isto é a velhos políticos sentiu logo que alguma providência melhor prova que, pelo menos, espiritossantenses seria obrigatória. escolhem bem. É de salientar ainda que os Partidos não foram O SR. CARLOS LINDENBERG: – Muito ouvidos, mas, os candidatos lançavam-se como obrigado. O aparte de V. Ex.ª é muito elogioso. Mas cogumelos, na mais desabrida desenvoltura. Era eu estou discorrendo é sobre assunto da atualidade. completa a inversão do sistema partidário adotado O documento que acabo de ler, o que faria se hoje, como em todos os tempos, estabelecendo-se com o mesmo não estivesse de acordo, é firmado absoluta indisciplina partidária e anarquia, originando pelos Deputados Estaduais de nossa terra, filiados à assim a maior confusão, dissensões, preocupações, Aliança Renovadora Nacional, tendo sido aprovado dispersão de energias e atividades em todas as pela Assembléia do Estado. E certo que esses áreas, quer dos governantes e governados, quer dos legítimos intérpretes da gente capixaba só próprios Partidos. Os líderes políticos de ambos os promoveram tal manifestação, porque verificaram Partidos, nas grandes cidades ou no interior, que ela expressa realmente a vontade do Povo que zanzavam atônitos sem nada entender, pressionados representam. pelos candidatos na caça de apoio de Verifica-se que os nobres signatários do correligionários ou mesmo de adversários. requerimento de inserção na ata dos trabalhos, do Não era possível permitir-se que tais lutas pela voto de congratulações referido, foram um pouco sucessão, abertas estemporaneamente, não pelos mais longe, preconizando a eleição indireta Partidos, mas por numerosos candidatos de si permanentemente, o que não deixa de ser também mesmos, viessem perturbar a administração, dividir um sistema democrático, aliás, adotado em os homens, acirrar os ânimos, desviando a numerosos países, inclusive pelas maiores Nações seqüência do trabalho e do progresso em que entrou democráticas do mundo. a Nação, para satisfazer, sejamos francos, E o voto de qualidade, sempre mais pretensões pessoais legítimas ou não de alguns em consciencioso pelo grau de cultura e pela seleção detrimento de todos. feita dos eleitores. E a idéia está tomando corpo A democracia tem assento na prevalência da entre nós, principalmente pelos vários maus vontade da maioria, que deseja apenas manter o exemplos, embora poucos, que o passado nos legou, rítmo de trabalho ordeiro e tranqüilo que desfruta embora, honra se faça à grande maioria, que soube agora, em seu próprio benefício e pela reconstrução cumprir seu dever com dignidade, clarividência e e grandeza da Pátria. E essa vontade há de ser honestidade. respeitada, pelo menos, até que a vida política e De minha parte prefiro, entretanto, ater-me à sócio-econômica do País esteja completamente emenda como se apresenta, para não fugir às normalizada. normas estatutárias e programa do nosso Partido, Apenas julgava eu que a citada antes de estudo prévio e debate amplo da importante providência viesse um pouco mais tarde, matéria. pelo que só fui surpreendido, no tem-

– 22 – po. Reconheço, porém, que ela veio na exata senções entre os Estados, cada um buscando o medida. aumento da sua arrecadação. Dando à mesma inteiro apoio, por oportuna e "Para evitar a permanência desse conflito necessária, não estou fazendo mais do que nocivo à causa da unidade nacional, é recomendável expressar minha opinião livre e consciente, a federalização do imposto de circulação de correspondendo democráticamente à vontade do mercadorias, cabendo à União a competência Povo do Espírito Santo que para aqui me mandou, exclusiva para legislar sobre o tributo, deixando-se vontade essa manifestada pelo que senti e através aos Estados a tarefa da sua arrecadação. Dentro de seus legítimos representantes, aos quais envio dessa linha, poder-se-á cogitar da unificação do meus efusivos cumprimentos pela iniciativa, de tão sistema IPI-ICM. elevada significação política, cívica e patriótica. "A sistemática atual do ICM acentua o Era o que tinha a dizer. (Muito bem! Muito desnível econômico entre os Estados produtores e bem! Palmas.) os Estados consumidores, pela transferência de uma O SR. PRESIDENTE (Ruy Carneiro): – Por maior soma de recursos dos últimos para os cessão do ilustre Senador Clodomir Milet, para primeiros, representada pela agregação do tributo ao conclusão do seu discurso, tem a palavra o nobre preço da mercadoria. Sugere a Carta Econômica da Senador Arnon de Mello. Guanabara. "a) distribuição igualitária da alíquota do ICM, NENHUMA INFLUÊNCIA POLÍTICA cabendo 50% ao Estado produtor e 50% ao Estado consumidor; O SR. ARNON DE MELLO: – Sr. Presidente, b) exclusão, na base de cálculo do ICM, do Srs. Senadores, nenhuma influência política imposto pago na operação anterior, com o que sofreram as classes produtoras para as suas se respeita o princípio da não cumulatividade do deliberações, senão a influência da realidade tributo; pungente, que elas bem conhecem e sofrem. E não c) proibição a qualquer Estado de conceder se diga que falam porque têm interesse no problema, isenções do ICM; se todos sabemos que o imposto não lhes é pago, d) não incidência do tributo sobre os encargos mas ao Govêrno, Interessados na solução do financeiros em quaisquer vendas a prazo, a exemplo problema somos todos nós brasileiros, com a do que ocorre quando a operação é praticada preocupação do futuro do País, e o nosso interesse através de instituições financeiras." se matriza no interesse coletivo. Os debates que se travaram na III Conferência Nacional das Classes JOGO DA VERDADE Produtoras bem demonstram que o assunto foi exaustivamente estudado, à luz de inspirações as O SR. JOSÉ LINDOSO: – Permite V. Ex.ª um mais nobres, de dados os mais convincentes, e as aparte? conclusões lastreadas em estatísticas do IBGE. O SR. ARNON DE MELLO: – Pois não, nobre Daí surgiu a Carta Econômica da Guanabara, Líder da ARENA. na qual se insere, sobre o ICM, recomendações bem O SR. JOSÉ LINDOSO: – Volto a apartear V. coincidentes com as observações e sugestões que a Ex.ª... propósito fizemos. O SR. ARNON DE MELLO: – Com muita "O imposto de circulação de mercadorias, honra para mim. que substituiu, com vantagem, o imposto de O SR. JOSÉ LINDOSO: – ...pela necessidade, vendas e consignações – diz aquele documento inicialmente, de observar a parte final do início – vem enfrentando dificuldades na sua do discurso que V. Ex.ª está pronunciando, aplicação, num país de regime federativo nesta tarde, sobre o tema, quando os como o Brasil, provocando grandes dis- debates cresceram em interesse e houve aqui-

– 23 – lo que o Presidente Médici tanto deseja de todos os cende absolutamente as altas preocupações de brasileiros: o jogo da verdade. Mas, por vezes, a natureza política senão naquele plano maior de verdade não se projeta na sua nitidez, na sua promover o bem público, o bem comum. Ele está pureza. O nobre Senador Paulo Guerra, ao se referir exatamente dentro da concepção técnica elaborada ao MOBRAL, deu uma conotação ou uma pela Constituição de 67, que incorporou a Emenda Informação de que esse Movimento estaria voltado Constitucional da Carta de 46. E todos devemos, para alfabetizar homens de 40, 50 ou 60 anos. É neste caso, pedir o concurso dos técnicos, em episódico o comparecimento ao MOBRAL de função da elaboração de um novo sistema que pessoas de idade superior a 35 anos. O MOBRAL implique, hoje ou amanhã, em reformulações mais está voltado realmente para a alfabetização dos profundas mas que salve realmente o interesse homens em plena força do trabalho, na faixa que vai maior de tornar o Brasil homogêneo no seu dos 14 aos 35 anos. Além desse reparo, eu gostaria, desenvolvimento, grande e soberano na sua se V. Ex.ª me permitir, de dar outra contribuição ao determinação histórica. problema do ICM: Sabe V. Ex.ª e a Casa que, até a O SR. ARNON DE MELLO: – Nobre Senador Constituição de 1946, o problema da sistemática José Lindoso, muito obrigado pelo seu aparte. Lembro fiscal estava vinculado a uma estruturação política. a V. Ex.ª que vários técnicos já se manifestaram sobre Assim, os processos de autonomia dos Estados e o assunto, a começar do Professor Otávio Gouveia de dos próprios Municípios se vinculavam à capacidade Bulhões, o Ministro da Fazenda que propôs a de cobrança de tributos para prover as suas implantação do ICM ao Presidente Castello Branco. necessidades. Era, na base da lição antiga dos Hoje, o Professor Otávio Gouveia de Bulhões e outros constitucionalistas, uma vinculação do problema técnicos – e cito especialmente o Dr. Rubens Vaz tributário ao problema político da autonomia das Costa integrante do atual Governo – são contrários à Unidades integrantes da Federação. O grande e atual sistemática do ICM. quase dramático episódio se verificou com a reforma da Constituição, em 1967, proposta à época do EMPOBRECIMENTO Presidente Castello Branco, em que se teve de sobrepor àquela concepção clássica do problema Srs. Senadores: político o problema técnico. E, daí, a reformulação Além das classes produtoras que, em sua III total do sistema tributário; quebrando aquelas linhas Conferência Nacional, representativa de todas as clássicas e tranqüilas que vinculavam o sistema forças econômicas do País, condenaram pela quase tributário à concepção da Federação com os totalidade de seus membros, a atual sistemática do princípios da autonomia dos Estados e dos ICM, temos a anotar outras vozes de homens da Municípios. Prevaleceu, então, ao fim da dramática maior respeitabilidade e competência que no mesmo luta travada no Congresso Nacional, com a sentido se manifestaram. audiência dos técnicos e dos políticos, uma É o caso do Sr. Clemente Mariani, ex-Ministro concepção eminentemente técnica, do que da Fazenda, ex-Ministro da Educação e grande sobreveio o ICM. O meu aparte, a recordação que brasileiro, conhecedor dos problemas do País, autor estou fazendo, é para convidar agora os técnicos, da reforma cambial realizada no Governo Jânio depois dessa experiência já de anos e Quadros. Publicou ele, a 31 de março deste ano, no concomitantemente com a política de esforço, de "Jornal do Brasil", do Rio, longo e admirável artigo, valorização e de ocupação de todo o País, com a sob o título "Ainda hoje o Nordeste é injustiçado". política de eliminação das regiões pobres dentro do Junto-o ao fim deste pronunciamento mas não me próprio País, convidar os técnicos ao exame das nego a satisfação de, desde logo, transcrever-lhe proposições levantadas por V. Ex.ª quanto ao aqui alguns tópicos. prejuízo que o ICM está causando às regiões "A erosão do valor da exportação menos favorecidas. Por que o problema não trans- baiana – refere-se o ex-Ministro

– 24 – da Fazenda ao tempo anterior à reforma cambial – SOLUÇÃO durante 12 anos, de 1947 a 1958, em conseqüência das taxas artificiais de câmbio, ascendera a US$ 461 Lembro, Senhores Senadores, que nenhum milhões, enquanto o benefício conferido nas suas país colonial, por mais cruel que fosse o seu importações não passara de US$ 146 milhões. colonialismo, jamais, em nenhuma época da História, Havia, assim, um saldo negativo de US$ 315 cobrou Imposto de Consumo das suas colônias. milhões, quanto representava o empobrecimento da Continua o Sr. Clemente Mariani: economia baiana." "O Senador Arnon de Mello, digno Depois de destacar as vantagens da reforma representante do Estado de Alagoas, valendo-se de cambial e os acertos dos Governos revolucionários subsídios que lhe proporcionei, extraídos do nesse setor, acentua o ex-Ministro Clemente movimento de transferências do Banco da Bahia Mariani: entre os Estados do Norte e Nordeste e os do Sul "A atual administração financeira, sob a concentrados nas sucursais do Rio de Janeiro e São responsabilidade do Ministro Delfim Netto, tem Paulo, demonstrou aos seus pares um déficit desenvolvido todas as suas virtualidades, sobretudo comercial de cerca de Cr$ 500 milhões mensais para no campo dos estímulos às exportações e incentivos o Norte e Nordeste, compensados em parte pelos ao desenvolvimento nacional." investimentos federais, mas suportados, também em parte, pelo empobrecimento da região." A SANGRIA PERSISTE Acentue-se que todos os Estados do Norte e Nordeste são deficitários no comércio com os do "Esse sucesso não obscurece, entretanto, o Centro-Sul e que o movimento de transferências fato de que a indústria nacional, sobretudo nos seus através do Banco da Bahia, tendo em vista setores mais novos, não tem condições para sobretudo a presença do Banco do Brasil em toda a abastecer o mercado nordestino com produtos já não área, alcançará no máximo 10% das transferências direi de qualidade equivalente, mas pelo menos de totais. preços semelhantes aos das indústrias estrangeiras, Evidentemente, criou-se o problema de que os ainda que agravados por uma justa proteção Estados beneficiados com essa situação dificilmente aduaneira. Esta, de fato, sobretudo quanto aos poderão abrir mão dos proventos que ela lhes produtos industriais de mais largo consumo assegura, já incorporados ao padrão de suas (automóveis, rádios, geladeiras, eletrodomésticos, despesas. Mas também é evidente que os do campo etc.), se eleva a índices exagerados, possibilitando oposto acabarão transferindo aos primeiros tudo o preços dos artigos protegidos que ultrapassam as que lhes proporcionam a Instrução nº 204 e os vantagens resultantes, para os exportadores, da investimentos compensatórios da SUDENE. verdade cambial. Uma solução terá de ser encontrada que "Mas existe mais. O exagero da proteção resolva o problema com espírito realístico, mas aduaneira permitiu aos Estados, onde se sediam as também com observância da justiça devida pela União indústrias protegidas, acrescentar ao preço dos seus no trato dos interesses dos Estados membros." produtos um adicional, o ICM, no valor atualmente de 15%, com o que, como desde o princípio adverti a DESAJUSTE PERIGOSO vários representantes dos Estados nordestinos, passaram a tributar o consumo fora de suas áreas de O SR. TEOTÔNIO VILELA: – Permite V. Ex.ª jurisdição." um aparte?

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O SR. ARNON DE MELLO: – Concedo, com MEMBRO DO GOVÊRNO grande honra para mim, o aparte ao nobre Senador Teotônio Vilela. Senhor Presidente: O SR. TEOTÔNIO VILELA: – Nobre Senador Não preciso acentuar que ao Sr. Clemente Arnon de Mello, tenho desejo de participar do seu Mariani sobram títulos e autoridade para pronunciar- discurso, entretanto o tempo é curto. Farei apenas se a respeito do problema. Mas o ex-Ministro da urna citação de dados colhidos pelo economista Fazenda não participa atualmente da vida política, que ele tanto ilustrou, nem exerce qualquer posto de João Pinheiro Neto, e publicados no Correio da Governo, que ele já desempenhou com grande Manhã do dia 26 último, que acredito se ajustam descortino e espírito público. bem, sem nenhuma explicação, ao discurso de V. Vale, então, citar aqui um homem de elevada Ex.ª. responsabilidade e indiscutível competência que (Lê.) ocupa cargo executivo no campo federal. É o Sr. "DESAJUSTE PERIGOSO – Segundo dados Rubens Vaz da Costa, a quem não se nega o melhor da Secretaria de Economia e Planejamento de São acatamento em assuntos econômicos. Antigo Paulo, é a seguinte a situação do Estado de São Superintendente da SUDENE e ex-Presidente do Paulo no conjunto da economia brasileira. Com Banco do Nordeste do Brasil, está hoje na 247.898 quilômetros quadrados, São Paulo ocupa Presidência do Banco Nacional da Habitação, a que 2,9 por cento do território brasileiro. A população foi convocado pelo governo revolucionário como paulista, de 18,3 milhões de pessoas, corresponde missão a cumprir, dada a gravidade do problema a 19,2 por cento da população brasileira. Ora, 19,2 habitacional brasileiro. Seus estudos sobre o por cento da população brasileira, ocupando Nordeste, lastreados em estatísticas oficiais e em fatos conhecidos, lhe asseguram a autoridade para apenas 2,9 por cento do território nacional, falar e o respeito de quem o ouve. No "Jornal do respondem por exatamente 30 por cento da Renda Brasil" de 17 de abril último, o ilustre economista faz Nacional Bruta, o que dá a São Paulo, a uma taxa a "avaliação comparativa de 4 anos de aplicação do média de 1971, de 5,254 cruzeiros por dólar ICM" e chega a conclusões que recomendam as americano, uma renda, por habitante, de 706.84 teses que aqui expusemos. dólares, contra 415,55 dólares do Brasil como um todo. A renda bruta paulista, de 30 por cento da SOLIDARIEDADE renda nacional, foi de 61,8 bilhões de cruzeiros em 1971. Ao lado dessa pujança de que tanto nos Devo acentuar que sua atitude evidencia o orgulhamos, vozes apreensivas continuam a clima democrático em que vivemos, um homem do clamar contra as desigualdades regionais no Brasil, governo vindo a público para exibir números e fatos apontando como calamitosa a situação do discordantes de posições tomadas por outros Nordeste." membros da alta administração do País. Tanto como Este, o texto do economista João Pinheiro eu, que apoio intransigentemente o Govêrno, ele o apoia também, e é de solidariedade e colaboração a Neto. Não é preciso explicação alguma. sua atitude, bem detida nestas palavras: – Nobre Senador O SR. ARNON DE MELLO: "Fazemos votos para que os elementos aqui Teotônio Vilela, V. Ex.ª é da minha terra – Alagoas – apresentados e as considerações feitas representem e sabe que, enquanto São Paulo tem, de acordo com um subsídio ao debate da questão e sirvam de base os dados do economista João Pinheiro Neto, a estudos mais profundos." setecentos e tantos dólares de renda per capita, Para obter os dados per capita de que se serve, Alagoas tem 56 dólares per capita. usa o Sr. Rubens Vaz da Costa uma interpolação Muito obrigado pelo seu aparte que bem ilustra do crescimento demográfico dos Estados, com base nos Censos de 1960 a 1970, e con- o meu pronunciamento.

– 26 – verte os cruzeiros em Unidades Padrão de Capital do DECLÍNIO DE ARRECADAÇÃO Banco Nacional da Habitação. A UPC era no mês passado de Cr$ 63,81. A análise destes elementos mostra, por exemplo, que a arrecadação tributária per capita do ANÁLISE REGIONAL Rio Grande do Norte vem declinando todos os anos, havendo minguado um terço entre 1966 e 1970, Diz, entre outras coisas, textualmente, o Sr. enquanto as transferências do Fundo de Participação Rubens Vaz da Costa, em seu trabalho, que será compensaram esta brutal redução, elevando a publicado, na íntegra, com este pronunciamento, no arrecadação total per capita de 9,4% no referido "Diário do Congresso": período. Sem embargo, a queda da arrecadação "A análise regional das receitas estaduais estadual e a insuficiente compensação do Governo mostra que a produtividade fiscal do ICM é baixa nos Federal colocaram o Rio Grande do Norte no último Estados pobres, cuja economia se esteia em lugar em arrecadação total per capita em 1970, com produtos primários, e elevada nos Estados 0,93 UPC, enquanto o Piauí atingiu 0,96 UPC. Note- industrializados. O Fundo de Participação vem se que a arrecadação tributária per capita do Rio compensar a estagnação na arrecadação tributária Grande do Norte em 1970 foi 0,50 UPC, isto é, 60% global do Nordeste, por exemplo, que aumentou mais elevada que a do Piauí (0,31 UPC). apenas 12% entre 1966 e 1970, em comparação Embora a comparação anterior seja favorável com uma elevação do PIB regional superior a 30%. A ao Piauí, é bem de ver que sua arrecadação tributária arrecadação tributária nordestina per capita per capita diminuiu 20% no período 66/70, apesar de aumentou somente 1,3% em quatro anos. A a arrecadação total per capita mais que dobrasse. Na arrecadação total dos Estados nordestinos teve um Paraíba, o declínio foi de 13,9, em Pernambuco de incremento de 65,6% entre 1966 e 1970, que, 2,3% e em Sergipe 1,4%, no que toca à arrecadação comparada com o modesto aumento de 12% da tributária per capita entre 1966 e 1970." arrecadação tributária, põe em relevo a importância das transferências do Fundo de Participação para ICM AGRAVOU DISPARIDADES aquela região. O crescimento da arrecadação total per capita foi de 49% de 1966 a 1970, a qual se Senhores Senadores: reduziu a 3,5% entre 1969 e 1970. Embora as Permitam-me chamar a atenção de V. Ex.ªs transferências federais tenham suprido de recursos especialmente para estas afirmações do Sr. Rubens crescentes os Estados do Nordeste, vale ressaltar Vaz da Costa: que a arrecadação tributária per capita teve o "Não há dúvida que a introdução do ICM seguinte comportamento: agravou profundamente as disparidades regionais e 1966 – 0,79 UPC gerou distorções. As transferências federais através 1967 – 0,70 UPC do Fundo de Participação atenuaram os efeitos 1968 – 0,82 UPC negativos do ICM, mas perduram anomalias como a 1969 – 0,87 UPC da redução brutal das receitas do Rio Grande do 1970 – 0,80 UPC Norte. O Nordeste, de modo geral, debilitou-se com a O declínio na arrecadação tributária per capita implantação do novo imposto, embora conte com no ano de 1970 reflete, apenas em parte, os efeitos generoso aporte de recursos federais através do da seca que assolou a região, posto que o Produto Fundo de Participação. Interno Bruto do Nordeste naquele ano apresentou Os elementos aqui apresentados ligeiro aumento sobre 1969. de maneira esquemática indicam

– 27 – a complexidade da matéria e sugerem prévia do Brasil, e o que São Paulo sobretudo perde com definição ou redefinição da política fiscal para os isenções do ICM para as exportações estrangeiras Estados, como base para as alterações que ganha de sobra comas importações do exterior, que venham a ser introduzidas na atual sistemática. O outros Estados não podem fazer. fortalecimento da base tributária própria dos Estados, buscando maior eqüidade entre as OUTRAS OPINIÕES Unidades da Federação, poderia ser o objetivo de tal política, ou o aumento das transferências Juntem-se a essas abalizadas opiniões de federais, a fim de assegurar uma base financeira lideres eminentes das forças econômicas e membros mínima capaz de proporcionar os serviços que o do próprio Governo, as opiniões que já citei em desenvolvimento econômico exige, a uma taxa de relatório à Comissão do Nordeste e em discurso desta crescimento superior à da expansão do Produto tribuna, expressas pelo Sr. Eugênio Gudin e pelo Sr. Interno Bruto. Outras opções existem, mas parece Octávio Gouveia de Bulhões, em artigos publicados indispensável que uma definição prévia oriente as respectivamente em O Globo do Rio e na revista modificações que parecem estar em estudo, Visão, e verificar-se-á que as teses aqui de-fendidas sob pena de correrem o risco de agravar o quadro são igualmente defendidas por homens do mais atual que está gerando descontentamento e elevado teor moral e intelectual, patriotas cheios de reivindicações." serviços ao Brasil e dignos do maior respeito. Estas são palavras do economista Rubens Vaz da Costa, Presidente do Banco Nacional da IRMÃOS RICOS E POBRES Habitação. Ainda a 14 de abril último, em seu artigo de O TAMBÉM ESTADOS DO CENTRO-SUL Globo, do Rio, comentando a Carta Econômica da Guanabara e destacando "a nova mentalidade das Não é só, entretanto, o Norte-Nordeste que classes produtoras", dizia o Professor Eugênio sofre os efeitos das distorções do ICM. Estados Gudin, ex-Ministro da Fazenda, com a .sua grande como o Paraná e o Estado do Rio alcançaram os autoridade de homem. de saber e de experiência no menores índices do País de aumento de campo econômico-financeiro: arrecadação total per capita entre 1966 e 1970: "Uma questão da maior atualidade e Paraná, 2,9%; Estado do Rio, 4,9%, seguindo-se- premência abordada pela Carta é a da distribuição lhes o Amazonas com 5,6% e o Rio Grande do Norte do Imposto de consumo estadual, cognominado com 9,4%. "Imposto de Circulação de Mercadorias". Por outro lado, enquanto o Rio Grande do Aí reside a meu ver, uma grande injustiça Norte, Piauí e Ceará tiveram em 1970 uma distributiva que entrega o produto do imposto de arrecadação total per capita inferior a uma UPC – consumo estadual, não ao Tesouro do Estado onde com 0,93 UPC, 0,96 UPC e 0,96 UPC, se verifica. o consumo, mas ao Tesouro do Estado respectivamente, ou seja, arrecadação inferior a Cr$ produtor, que nada tem com o consumo. 63,81 – São Paulo nesse mesmo ano alcançou a A "Carta" refere-se à possibilidade de um maior arrecadação total per capita do País, isto é, conflito nocivo à causa da unidade nacional, e 11,16 UPC, e a Guanabara ficou em segundo lugar, propõe a federalização da legislação sobre o ICM, de atingindo a arrecadação total per capita de 10,99 âmbito nacional e distribuição igualitária, 50% para o UPC. Estado consumidor e 50% para o Estado produtor. São Paulo e a Guanabara, com os A denominação de "Imposto de portos de Santos e do Rio de Janeiro, Circulação" é puro eufemismo. Ninguém jamais são os grandes Estados importadores pensou em taxar a "circulação" de mercado-

– 28 – rias brasileiras dentro do Brasil. Seria um atentado damente, as mazelas que afligem nosso Nordeste. Por contra a unidade nacional. O imposto é de consumo, isto, permita-me que eu parabenize o ilustre Colega. e como tal deve seu produto caber ao Tesouro do O SR. ARNON DE MELLO: – Muito obrigado, Estado onde esse consumo se verifica. Não há razão nobre Senador Luiz Cavalcante. Como ex- alguma para que a metade do produto caiba ao Governador de Alagoas, V. Ex.ª bem conhece os Estado produtor. Seria os irmãos ricos viverem à problemas que debato. custa dos irmãos pobres. Assim como o país exportador exonera EXPORTAÇÃO do Imposto de Consumo a mercadoria exportada, reconhecendo que não pode taxar, Srs. Senadores: extraterritorialmente, o consumidor estrangeiro, Outro inconveniente da atual sistemática do assim também o Estado produtor não pode taxar ICM que cumpre ressaltar é o referente à exportação, em seu proveito o consumidor do Estado por cujo aumento tanto se empenha o Sr. Ministro da consumidor. Fazenda. O ICM dificulta as próprias negociações A "Carta" não só representa uma excelente internacionais, pois o Governo da União não tem declaração de princípios orientadores da Economia condições de assumir compromissos de isenção ou Nacional, como indica soluções das mais sábias para redução do imposto, visto como a quase totalidade alguns de nossos maiores problemas. Seus autores dos Estados não pode abrir mão dele. E a situação é merecem, portanto, o aplauso da Nação." pior ainda: de acordo com o art. 3º, § 3º, do Decreto- lei nº 406, os Estados têm direito de exigir o extorno ICM PREJUDICA ESTADO CONSUMIDOR do crédito fiscal decorrente da matéria-prima que adquiram para utilizar na produção de manufaturados Também cumpre referir o Professor Octávio destinados à exportação. O Nordeste pleiteia o Gouvêa de Bulhões, Ministro da Fazenda do extorno desse crédito fiscal, enquanto o Centro-Sul já Governo Castello Branco, que implantou no Brasil o decidiu mantê-lo – o Centro-Sul poderoso e rico. O mesmo imposto, não perde oportunidade de falar resultado é que o Nordeste fica com um ônus fiscal de contra a atual sistemática do ICM. A 23 de novembro 10,5%, se empregar no produto acabado matéria- do ano passado, no Instituto Brasileiro de Direito prima correspondente a 60% do seu valor. Financeiro, conforme no dia seguinte divulgou o Em vista disso, o industrial nordestino prefere Correio da Manhã do Rio, disse o eminente importar jacarandá do exterior do que comprá-lo na economista: Bahia, porque, importando-o, lhe sai mais barato. "É verdade que o ICM, sendo um imposto de valor agregado, prejudica o Estado consumidor; DISCRIMINAÇÃO FISCAL trazendo benefícios para o Estado exportador. A solução para este problema seria cobrar o ICM na Ouçam-se as queixas e sugestões de um fase final." industrial nordestino: O SR. LUIZ CAVALCANTE: – Permite V. Ex.ª "Outra fonte de discriminação fiscal, no que diz um aparte? respeito ao ICM, é o comportamento dos Estados O SR. ARNON DE MELLO: – Pois não, nobre face ao prêmio de incentivo às exportações, Senador Luiz Cavalcante. decorrente do convênio de 15 de janeiro de 1970, O SR. LUIZ CAVALCANTE: – Nobre nos moldes do que concede o Governo Federal para Senador, Arnon de Mello, dizia o Padre Vieira o IPI. Apesar de todos os Estados dele que a omissão é um pecado que se faz não fazendo. terem participado, os do Nordeste – alegando Nesta Casa V. Ex.ª não está cometendo o escassez de recursos – limitam-se tão-somente pecado de omitir-se ao dever de denunciar, reitera- à concessão do direito sem que seja possível

– 29 – exercitá-lo. Tem-se aqui, portanto, um diferencial para organizações que tenham mais de 50% do seu igual ao da alíquota do IPI, ou da que o Sr. Ministro movimento global em vendas para o comércio da Fazenda fixe para o produto exportado, ou, externo, só efetivando o pagamento do imposto ainda, de 15% como deferiu ao Estado do Espírito quando nas vendas para o País, de produtos Santo. As duas parcelas mencionadas representam industriais e para as organizações comerciais o em média 20%, eliminando inteiramente recolhimento do imposto nas operações de a capacidade competitiva do Nordeste para exportação, quando elas se efetivarem. A adoção exportar. dessa sistemática seria tão somente a mesma que o Alegam as autoridades financeiras estaduais, Governo Federal adotou pela Lei Complementar nº e não lhes faltam razões, que não podem proceder 4/69 com relação a matérias primas importadas que de modo diverso uma vez que o Centro-Sul solapa se destinem à industrialização para exportação, pois as rendas nordestinas com a arrecadação do ICM não seria concebível que se desse maior proteção ao nas transações interestaduais provocando erosão produtor estrangeiro, que com a aquisição há gastos nas suas receitas. de divisas, desempregando o nosso rurícola, Para superar as dificuldades apontadas, permitindo uma discriminação injusta." com a devida vênia, sugiro a revogação da parte final do art. 3º, § 3º, do Decreto-lei nº 406, PALAVRAS DO DR. OCTÁVIO BULHÕES mantendo, portanto, em todo o território nacional o crédito fiscal. Seria a reposição plena do Dou, sobre o assunto, a palavra, mais uma princípio constitucional que isenta do ICM as vez, ao ex-Ministro Dr. Octávio Gouveia de Bulhões, manufaturas exportadas. Paralelamente a essa homem de Estado acima de qualquer suspeita, pois, revogação, deveria ser baixado ato legal que repito, além de sua proclamada honorabilidade e do tornasse obrigatório o reembolso trimestral dos apreço que o cerca, foi o titular da Pasta da Fazenda créditos fiscais não compensados provenientes do que propôs ao Presidente Castello Branco a ICM, à semelhança do que já é feito com o IPI. implantação do ICM: Para tanto, o Governo Federal reembolsaria os "No caso das exportações, a nocividade torna- Estados da metade dos seus desembolsos se mais flagrante, pois o comércio internacional é relativos, por conta da verba de 2% da Reserva fortemente competitivo. Às vezes um imposto de 2% do Fundo de Participação dos Estados e impossibilita a oferta de um produto bem elaborado, Municípios. tanto em qualidade como em custo. Obviamente, Por outro lado, enquanto os Estados do uma carga tributária superior a 2% constitui entrave Centro-Sul concedem um crédito fiscal do limite insuperável. máximo de 15% permitido pelo Convênio feito sob Ao reconhecer a calamidade do imposto sobre patrocínio do Sr. Ministro da Fazenda, todos os as exportações, o Governo Federal há muito que Estados nordestinos adotam um sistema eliminou o imposto de produtos industrializados e, simplesmente da alíquota do IPI incidente sobre o agora, o Governo do Estado de São Paulo decidiu produto exportado. adotar ampla isenção no que concerne ao ICM. Com a devida vênia, permitimo-nos apresentar Tal procedimento deixa, entretanto, em situação uma sugestão: uma vez que é direito privativo da desvantajosa as empresas exportadoras que operam União legislar sobre o direito tributário, fixando-lhe em outros Estados, onde a amplitude de isenção não normas, poderia, por lei complementar, suspender a pode ser suportada pela deficiência da receita. Mantida incidência do imposto de circulação de mercadorias a tributação, as empresas só podem concorrer com

– 30 – as empresas paulistas reduzindo os seus lucros ou, de Pernambuco, ex-Presidente do Instituto do Álcool mesmo, arcando com prejuízos. e do Açúcar, membro da Academia Brasileira de O Estado de São Paulo dispõe de um Letras e escritor emérito. Seu ponto de vista sobre movimento de transações consideravelmente distorções da legislação tributária, expendido em superior às parcelas relacionadas com as artigo na Revista de Direito-Administrativo (vol. 57, exportações para o exterior. Provavelmente, o páginas .499/501), se aplica como uma luva ao caso aumento das exportações induz ao acréscimo das do ICM: importações. O que o Estado deixa de arrecadar nas "Suponha-se o caso de um automóvel exportações é compensado com a incidência do ICM fabricado em São Paulo e enviado a uma agência na comercialização dos produtos importados, situada em Alagoas ou na Bahia. O agente se inclusive aqueles que são destinados a outros esforça para vender a mercadoria. Promove, por Estados. Vemos, assim, que se um Estado do Norte sua conta, a propaganda do automóvel. Procura o ou do Nordeste consegue ampliar suas exportações, freguês. Convence-o a adquirir o carro. E sobre mediante a eliminação do imposto, não há, para ele, essa atividade e sobre a venda, que dela resulta, o o mesmo resultado compensatório, porque a maior imposto é pago a São Paulo, ou mais parte das importações do exterior é realizada pelos precisamente, foi pago a São Paulo. Ou temos que portos de Santos ou da Guanabara e são os Estados reconhecer que cabe, no caso, segundo imposto, onde se acham localizados esses portos os que mais ou é iníqua essa atribuição do imposto a um se beneficiam com a receta do ICM. Estado, que nada tem que ver com o contribuinte As exportações brasileiras estão aumentando de fato, isto é, com a pessoa que realmente paga auspiciosamente. O montante, porém, ainda é o tributo. É daí que se pergunta por que cargas insuficiente para assegurar um ritmo de desenvolvimento d'água o contribuinte de Alagoas ou da Bahia terá mais acentuado. Todas as regiões do País devem que concorrer para o erário paulista, que não contribuir para esse movimento. Mas a condição precisa desse sacrifício de população que ainda se primordial é a remoção do obstáculo tributário." encontra em estágios produtores infinitamente precários. INJUSTIÇA Sobretudo quando se considera o que houve de auxílio federal, o que vale dizer de contribuição de Se o imposto é instrumento de progresso, não todo o País, no sentido da localização de indústrias pode paradoxalmente estorvar o progresso. Mas é o em determinados Estados da União. E quando se que se está dando com o ICM, como se vê nas suas considera que já não é pequeno o ônus da própria discriminações. Injusto, a sua injustiça se comprova política protecionista que, impedindo a entrada do muito claramente, ao considerar-se que, na atual produto estrangeiro, exige uma contribuição forçada sistemática, o consumidor é o contribuinte de fato, é dos consumidores brasileiros, através do próprio quem paga o tributo, e não o produtor, que é o preço do produto protegido. Que esse protecionismo contribuinte de direito. Se o consumidor reside no se faça sentir de duas formas, no preço e no imposto Estado produtor, nada mais justo; mas, se ele reside de vendas e consignações, ou que o consumidor no centro consumidor, o justo será que pague o tributo tenha que pagar uma coisa e outra, é o que não se ao seu Estado, ao Estado onde habita, a fim de que pode considerar justo nem útil ao destino de uma este disponha de recursos para desenvolver-se. Federação, que só se poderá, fortalecer por uma Invoco, a este propósito, mais orientação, não diremos mais fraternal, que não é uma palavra autorizada – a do Sr. caso de fraternidade, mas pelo menos mais , ex-Governador equitativa, ou mais justa.

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O Sr. Carvalho Pinto é mestre nestes mo já frisei, alguns Estados já dão isenções do ICM assuntos, como se pode ver de monografias escritas com aquele objetivo. É o caso de São Paulo, por a respeito de temas tributários. Pois é o caso de S. exemplo, com os produtos agrícolas, matérias- Ex.ª meditar nesses problemas, para encontrar e primas e in natura, e ainda no que diz respeito à defender uma solução brasileira, como a que não Cooperativa de Cotia, com as frutas, legumes, aves deixaria de ocorrer, por exemplo, a um Armando e ovos, que são levados em carros frigoríficos aos Salles de Oliveira – o paulista de coração mais Estados mais longínquos, e aí vendidos por brasileiro que eu tive oportunidade de conhecer, no preços inferiores pelos quais são vendidos em São decurso de minha vida e da minha experiência de Paulo, desorganizando e sacrificando a economia homem público." regional. Também não se alegue contra a reformulação QUE DIZER MAIS? do ICM que, reduzida a sua alíquota, os Estados desenvolvidos reduziriam seus investimentos locais Senhor Presidente: e prejudicariam o seu desenvolvimento e o próprio Que dizer mais depois de sobre assunto tão desenvolvimento nacional. Ora, os Governos dos importante se terem pronunciado vozes tão altas? Estados. sempre gastam quanto podem – e devem As contraditas que se lhes opõem pecam pela fazê-lo – para acelerar seu crescimento. Assim, se a base. Como admitir que o regime do ICM é melhor arrecadação aumentar, será o aumento para o Estado consumidor do que para o produtor? E imediatamente aplicado em obras públicas. Mas não se assim é, por que se empenhar em mantê-lo o é justo que o crescimento de um seja feito às custas produtor? do depauperamento dos demais, com o que, em Não se justifique a atual sistemática do ICM, última análise, não lucram nem uns nem outros, e que tanto beneficia São Paulo, na base do muito menos a Nação, cuja unidade, bem ao argumento de que, com isso, pode a União reservar contrário, com isso não se fortalece. seus recursos para empregá-los nos outros Estados. Por outro lado a modificação da sistemática Em 1970, São Paulo arrecadou Cr$ 6.900.000,00 de do ICM Importaria na redução das disparidades ICM, e o Brasil todo Cr$ 13.800.000,00, ou seja, São regionais e, portanto, em melhor distribuição Paulo arrecadou 50% da receita do ICM no País de renda. Assim, a responsabilidade nos incentivos inteiro. A receita que São Paulo obtém do ICM – São fiscais da SUDENE seria distribuída por maior Paulo vende mais para o mercado interno do que o número de Estados e não se fixaria quase Brasil para o mercado externo – é bem maior do que somente nos Estados mais desenvolvidos. Somente o que ele paga à União em impostos, e ainda a teriam a lucrar, em tal caso, o Nordeste e a União lhe devolve 10% do que lá arrecada. Esta não Nação. é a situação de outros Estados sem grandes recursos do ICM e onde a renda da União é maior FEDERALIZAÇÃO DO ICM que o seu dispêndio no local. Também já foi dito que os Estados menos FRUTAS, AVES E OVOS desenvolvidos não sabem cobrar impostos nem aplicar bem os seus recursos. Vale frisar que, onde Alega-se em Estados desenvolvidos que, sem a há menores recursos, há maior preocupação de elevada alíquota do ICM, eles ficariam mais fortes cobrar impostos, dada, evidentemente, à imperativa para vencer os Estados menos desenvolvidos na necessidade de recebê-los: Falo com a experiência concorrência do mercado interno. Abstraindo-se que o de ex-Governador de um pequeno Estado, o de Governo Federal tem elementos para evitar essa Alagoas. guerra, poder-se-ia objetar que a competição é salutar Embora considere eu que nas pequenas e através dela se obtém a redução dos custos. Não comunidades há mais propensão para poupar o competimos no mercado internacional? Aliás, co- dinheiro e fiscalizar-lhe a aplicação, pois, mais

– 32 – escasso, tem ele aí naturalmente mais valor que nas Pergunta-se: pode; em sã consciência, o grandes comunidades – parece-me providência Governo praticar a injustiça de ajudar uma empresa acertada a federalização do ICM, que o Governo em detrimento de outras? passaria a distribuir aos Estados com destinação 3º – elevar os lucros da empresa. específica e com a preocupação de promover o Seria inconcebível tomar o Poder Público equilíbrio econômico, o que importa em defender e providências para elevar os lucros de uma empresa fortalecer a unidade nacional. Creio mesmo, Senhores privada. Senadores, ser esta a solução para o problema que Alguns Estados mais desenvolvidos – acentua se criou com o ICM e que se agrava dia a dia. o economista – têm, entretanto, isentado produtos Não se diga que essa medida golpeará a agropecuários do ICM. Ou nas suas próprias autonomia financeira dos Estados e o conceito de palavras: "Mais grave do que tudo isto é a "retaliação federalismo, pois o que se vê atualmente são os tributária". Supunha-se que o ICM fosse um Estados sem qualquer autonomia financeira, porque dispositivo válido para se evitar a discriminação entre esvaziados de recursos para pagar sequer ao Estados ou o estabelecimento de "guerras funcionalismo público, e o federalismo sem conceito econômicas". Tal não se deu. Os Estados de mais algum, visto como por isso mesmo comprometido capacidade financeira e de maior poder econômico nos seus alicerces e com ele comprometendo-se a isentam seus produtos agropecuários, causando própria Nação. asfixia aos vizinhos de menor expressão e afetando A experiência tem demonstrado, que o ICM sua economia." promove o empobrecimento do Estado consumidor em benefício do enriquecimento do Estado produtor NÃO SE QUER O IVC na simples operação de compra e venda. E também está provado que basta um Estado isentar dele um Insisto em que não defendo a restauração do produto ou lhe reduzir a alíquota para desorganizar a IVC, imposto cumulativo, em cascata, que não pode vida de outro Estado, ferindo-lhe a economia. ser revivido. Mas ressalto, mais uma vez, a verdade Instaura-se, deste modo, a guerra aduaneira, sem evidente: no regime anterior, o Estado produtor defesa por parte dos pequenos Estados, que não cobrava 6% de imposto sobre a sua produção, e o podem dispensar o ICM. consumidor de 12 a 18%. Hoje, bem pior do que o inverso é o que se dá: o Estado produtor cobra 15% ANTIDESENVOLVIMENTO e o consumidor de 2 a 3%, ou seja, o imposto gravando apenas o valor acrescentado à mercadoria. Ademais, a isenção do imposto não contribui Se o Brasil fosse economicamente igual haveria para o desenvolvimento. Como já fez sentir lúcido equilíbrio, mas a situação é bem outra, porque só um economista de Minas Gerais, a exclusão de parcela Estado – São Paulo – participa com mais de 50% da importante do ICM dos custos operacionais da produção nacional. empresa importa em uma das seguintes aplicações: Como está, a conseqüência inevitável do ICM 1º – cobrir a menor produtividade da indústria é a geração de centros produtores mais fortes do por localização inadequada. que a capacidade de consumo do País. Isso Seria, em última análise, um prêmio ao erro enfraquecerá os centros produtores mesmos, que, cometido, e ao Poder Público compete corrigir o erro crescendo muito rapidamente, não terão e nunca o estimular. correspondência com o menor desenvolvimento dos 2º – aumentar o poder de competição da centros consumidores, o que acabará frustrando as empresa. possibilidades de progresso.

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CRISE DE OFERTA O SR. ARNON DE MELLO: – Com todo prazer, Senador Vasconcelos Torres. Só não vê quem não quer a crise de oferta que já O SR. VASCONCELOS TORRES: – Quando se verifica no Brasil. A Televisão a cores é vendida ao V. Ex.ª iniciou o seu discurso-estudo, declarou que prazo de 40 meses. Se o mercado interno estivesse cuidava principalmente do Nordeste. Já agora, eu forte, não haveria, por certo, necessidade de tanto prazo. poderia dizer que V. Ex.ª está representando todos Já se disse que subdesenvolvimento os Estados do Brasil, à exceção, evidentemente, e desenvolvimento não podem ser comparados do glorioso Estado de São Paulo. O seu brado de em termos de pequenez e grandeza. O alerta é inteiramente oportuno, porque está subdesenvolvimento é caracterizado por algo havendo, no meu modo de entender, uma deformado, desarrumado, enquanto o desenvolvimento demasiada concentração de riqueza em São se caracteriza pela boa arrumação e boa formação. O Paulo, mais particularmente, na área metropolitana que se pleiteia é boa arrumação, que possibilita e da Grande São Paulo, porque São Paulo, também, favorece o desenvolvimento. tem o Vale da Ribeira, que é uma espécie assim Dentro do quadro atual, a sociedade de de Nordeste sem seca. O fato é que isto vem consumo agrava os problemas sociais, porque, quebrando, digamos assim, a boa técnica do valendo-se das conquistas da tecnologia moderna no desenvolvimento, que deve ser feito em todos os campo da comunicação de massas, estimula, pela setores do País, deve ser um desenvolvimento propaganda, os desejos de compra, quando as integrado, e não o de uma área em detrimento de possibilidades de consumo continuam limitadas pela outra. Tenho notado que, enquanto há esta dura realidade do dia a dia de escassez de recursos. concentração de riqueza, a pobreza vai-se A sofisticação da nova tecnologia exige consumidores disseminando em muitos Estados da Federação. de nível de renda razoavelmente elevado, mesmo São Paulo tem sido excessivamente guloso, e não com as facilidades de crédito que se oferecem. Ora, a é só do ICM. Há uma gulodice para açúcar que base do subdesenvolvimento é a injusta distribuição não tem mais tamanho, é incorrigível, transferindo- de renda. E ainda aí o ICM não contribui para se várias usinas da chamada Região Centro-Sul, melhorar as coisas, antes pelo contrário. no critério estabelecido pelo Instituto do Açúcar e Os Estados Unidos não implantaram o imposto do Álcool. Ontem, tentavam levar uma usina do sobre valor adicionado (tipo ICM) e só agora o Espírito Santo mas a Bancada Federal do Espírito estudam com a preocupação de fazê-lo objetivando Santo conseguiu impedi-lo, vencendo a batalha especificamente o financiamento da educação. Mas provisoriamente. Do meu Estado, acaba de são numerosos os inconvenientes que lá se apontam ser levada a Usina Poço Gordo, e quero, amanhã, contra tal imposto, entre eles (como ressalta o Sr. ocupar a tribuna para tratar do assunto. Rubens Vaz da Costa), o elemento negativo da sua Anteriormente; já haviam sido levadas três, e, "elevada regressividade, isto é, o imposto sobre valor segundo estou informado, também de Mato adicionado afeta proporcionalmente mais os Grosso levaram uma usina. Parece-me, então, que contribuintes de baixa renda". Os técnicos que não este assunto é de uma atualidade indiscutível, e se estratificam nas posições teóricas hão de verificar que V. Ex.ª dá uma boa contribuição, acho, à que a realidade se recusa a aceitar o ICM como fator diretriz do honrado Presidente Emílio Garrastazu de desenvolvimento. Médici, que, segundo repetidos pronunciamentos, não quer estabelecer essa desigualdade entre APOIO os Estados da Federação. Penso que seu discurso tem conotação muito grande de colaborar O SR. VASCONCELOS TORRES: – Permite com o Governo Federal, no sentido de V. Ex.ª um aparte? alertá-lo para o que está acontecendo, não só

– 34 – quanto ao ICM, mas também quanto à chamada ridade entre regiões mais e menos desenvolvidas de transferência de quotas de açúcar para o Estado de um mesmo país. Tal disparidade compromete o São Paulo. desenvolvimento, além de comprometer a unidade O SR. ARNON DE MELLO: – Muito nacional e a paz social. obrigado, nobre Senador Vasconcelos Torres, pelas suas referências a minha pessoa. Honra-me que V. PROBLEMA NACIONAL Ex.ª me considere, não como um Senador que defende o interesse regional, mas o interesse Senhores Senadores: nacional. Não coloco o problema em termos regionais, O tributo tem por finalidade precípua o bem- mas nacionais. Invisto-me na condição de filho de estar coletivo, com o crescimento equilibrado no São Paulo, do Centro-Sul, quando pleiteio uma campo econômico e social. reformulação da sistemática do ICM, pois, no pé em Se se criam distorções expressas no que estão as coisas, com o empobrecimento das agravamento das disparidades, geradoras de comunidades consumidoras, se bloqueia o futuro do perturbações, o tributo falta naturalmente à sua Centro-Sul, em breve impossibilitado de aumentar ou destinação. Ele não pode manter-se sem capacidade sequer manter, por falta de mercado, o seu nível criadora, somente para corresponder a idéias que a atual de produção. realidade nega. Aprendei a servir primeiro ao mundo Mas não defendo pura e simplesmente a dos homens e só depois ao reino dos espíritos. O reformulação da sistemática do ICM, senão ela seja céu pode bem esperar – é a lição de Confúcio. Com feita tendo-se em vista o conjunto da economia os pés na terra, que, afinal, habitamos, servimos brasileira. Se o ICM agrava as disparidades regionais melhor ao mundo dos homens sem desmerecer o e setoriais e de classes, é indispensável e urgente reino dos espíritos. reformulá-lo, mas sem esquecer que tal providência deve ser ajustada ao contexto global da nossa INTERESSE DO CENTRO-SUL economia. Se a luta contra a inflação está subordinada às conveniências do desenvolvimento – Senhor Presidente: daí o seu caráter gradualista – evidentemente que não Creio serem tais e tantas as desvantagens do se compreenderia a mudança da sistemática do ICM ICM no presente e no futuro que em breve partirá no desconhecimento e a revelia dos interesses da mesmo do próprio Centro-Sul o pedido para expansão econômica. A verdade é que a situação reformulá-lo. como se encontra não pode continuar. Os argumentos Defendo que é do interesse mais profundo em favor do statu quo são desmentidos pela realidade do Centro-Sul o desenvolvimento do Norte- mesma, sem qualquer resquício de regionalismo. Nordeste, o qual significa ampliação e Aliás, se se entende – como li em entrevista de fortalecimento do mercado interno, além de eminente autoridade de São Paulo – que "a redução tranqüilidade social e segurança. As palavras de das disparidades regionais de desenvolvimento e a Kennedy são luminosas a respeito do problema no manutenção de elevadas taxas de crescimento para plano internacional. Ele faz apelo aos americanos todo o País são ambos objetivos nacionais no sentido de canalizarem "suas energias para o absolutamente definidos e indispensáveis – há que se novo programa de ajuda estrangeira e de auxiliarem agir em conseqüência para alcançar-se o objetivo." o Governo a prevenir a injustiça social e o caos econômico de que se alimentam a subversão e a QUE É O IMPOSTO? revolta". Pois se assim é no plano internacional, Que é, finalmente, o imposto, do ponto não há por que se agir de outra maneira no de vista geral, senão uma técnica que se integra plano interno. A disparidade entre as nações ricas na vida da humanidade para assegurar-lhe e pobres não é menos perigosa de que a dispa- o progresso? Embora seu caráter econômico, é

– 35 – intimamente ligado à construção política. Criado para cassem. São palavras suas: "a crítica é saudável e fornecer recursos aos governos a fim de manter a fundamental, porque nos ajusta, nos leva para a segurança pública, substituindo a pilhagem, a realidade". corvéia, a prestação de serviços, a requisição de Mas não faço crítica: exponho situações que bens, o serviço militar – ao eliminar essas fórmulas estão à vista de todos e opiniões expendidas não só feudais e escravizadoras de captação de recursos, por homens de governo mas por homens do ganhou o imposto características liberais e se inseriu Governo, do próprio Governo que tem no Sr. Ministro nas fontes do moderno regime representativo. Além da Fazenda um de seus maiores astros, tanto pelo de aceitá-lo como elemento de interesse coletivo, prestígio da função que exerce como pelos talentos todo cidadão contribuinte se integra, através dele, que lhe ornam a personalidade. Conto que S. Ex.ª, nas responsabilidades da manutenção da coisa com a sua lúcida visão de administrador e de homem pública. E o tributo se erige como instrumento de público, concluirá pela procedência das observações equilíbrio econômico e social, visando à justiça e sugestões que nos animamos a fazer, e tomará as social, à uma melhor distribuição de renda. providências necessárias. O SR. PRESIDENTE (Ruy Carneiro) (faz Reconheço e proclamo, Srs. Senadores, os soar a campainha): – Peço a atenção de V. Ex.ª esforços do Governo da República em favor da para o seu tempo, que já está se esgotando. nossa Região, e minha palavra nesta tribuna e minha O SR. ARNON DE MELLO: – Agradeço a atitude nesta Casa significam apreço aos seus lembrança de V. Ex.ª, Senhor Presidente. Estou elevados propósitos, confiança na sua determinação terminando. de recuperar o Nordeste e. solidariedade na luta que A história do imposto é farta em exemplos empreende com tal objetivo. edificantes de sua importância na história da Bem sabemos que o problema fundamental do civilização. Conhecemos-lhe a influência na Nordeste é atualmente o desemprego, que se construção e engrandecimento de Nações como desdobra em subemprego e emprego disfarçado. Mas no depauperamento delas. Conhecemos-lhe a sabemos também, com Gunnar Myrdal, que "mesmo participação na decadência do império romano. um progresso muito mais rápido da industrialização da "Civilizações têm perecido – diz em livro recente maioria dos países subdesenvolvidos, bem sucedida Gabriel Ardant – desde que seu preço – o imposto – às vezes, não dará uma estrutura dimensional para a se torna muito pesado para os que o suportam". mão-de-obra-ociosa desses países". Acentua o Continua o escritor francês: "Menos pelo seu grande economista sueco que "por décadas, no peso do que por suas modalidades técnicas, o futuro, o poder de criação de empregos pela sistema fiscal foi uma das causas de uma regressão industrialização é pequeno, nulo ou negativo, e que econômica mais acentuada e daí, seguindo um sabemos com certeza que, enquanto isso, a força de processo cumulativo, de uma diminuição dos trabalho estará crescendo entre 2 e 4% ao ano". recursos financeiros e do desaparecimento do Assim, conclui Myrdal, "uma parte muito maior desse Estado." acréscimo da força de trabalho deve permanecer fora da indústria e destinar-se principalmente à APELO agricultura". Daí a importância maior do PROTERRA, Senhor Presidente: que, nos termos do Decreto-lei nº 1.179, visa a Desejo que fique bem claro o caráter promover "o mais fácil acesso do homem à terra", construtivo das minhas observações. O Sr. criando "melhores condições de emprego da mão- Ministro da Fazenda, que tanto merece os aplausos de-obra". Faço-lhe, então, ao Governo da União, da Nação pelos bons serviços que lhe o mais caloroso dos apelos no sentido de vem prestando, já certa vez pediu que o criti- tornar realidade quanto antes o PROTERRA, fa-

– 36 – buloso Plano de Desenvolvimento para solução dos co tempo do seu comando, pode realizar uma obra nossos problemas seculares que nos enche a todos administrativa digna de encômios. nós, nordestinos e brasileiros, das esperanças mais O passado do General Candal Fonseca impacientes. (Muito bem! Muito bem! Palmas. O responde pelo êxito da sua Administração nesse orador é cumprimentado.) órgão importantíssimo, o mais importante do sistema (Os documentos a, que se refere o Sr. militar. Porque o chefe do EMFA dirige, com Senador Arnon de Mello em seu discurso encontram- capacidade de comando, vários setores das Forças se publicados no DCN – Seção II – do dia 3 de maio Armadas, tanto que é por um processo de rodízio de 1972.) que são escolhidos esses chefes militares. É para O SR PRESIDENTE (Ruy Carneiro): –Tem a essa nota congratulatória que eu pedi a palavra, palavra o nobre Senador Benjamin Farah. (Pausa.) dando os meus efusivos cumprimentos ao General S. Ex.ª não está presente. Idálio Sardenberg e enaltecendo, neste passo, a Tem a palavra o nobre Senador Franco figura digna e austera do seu sucessor, General Montoro. (Pausa.) Candal Fonseca. (Muito bem! Muito bem!) S. Ex.ª não está presente. O SR. PRESIDENTE (Ruy Carneiro): – Tem a Tem a palavra o nobre Senador Vasconcelos palavra o nobre Senador Nelson Carneiro. Torres. O SR. NELSON CARNEIRO: – Sr. Presidente, O SR. VASCONCELOS TORRES (sem o major Cosme de Farias, eleito pelo povo baiano revisão do orador.): – Sr. Presidente, um chefe para integrar sua nobre Assembléia Legislativa, militar deixa hoje o seu posto e é substituído por morreu às vésperas de completar 97 anos e quando outro, naquilo que se convencionou chamar a poucos dias faltavam para a reabertura dos trabalhos "rendição da guarda." parlamentares. Queria referir-me aos dois, ao que sai e ao O Tribunal do Júri ainda funcionava no que entra, classificando-os como grandes chefes, salão do primeiro andar do velho casarão do Largo como personalidades ilustres e ambos com a da Palma, atrás do Quartel General. A legislação coincidência de terem servido à maior empresa vigente entregava à deliberação popular um brasileira; que é a PETROBRÁS. rol imenso de delitos contra a vida, a família e O General Idálio Sardenberg deixa hoje a a propriedade. Lá ia eu, ginasiano vaidoso Chefia do Estado Maior das Forças Armadas e é nas primeiras calças compridas, acompanhar os substituído pelo General Arthur Duarte Candal debates. Fonseca, que, com 47 anos de serviço à sua Arma, Guardo daquele tempo duas grandes chega a um dos postos mais altos na hierarquia admirações. De dois rábulas, um tão diferente do militar, substituindo um outro com uma relevante outro quanto um candidato da Arena I de um folha de serviços prestados a este País. candidato da Arena II, nesta desventurada unidade O registro que faço, quanto ao primeiro, tem de sublegendas conflitantes. Jorge Franco vestia colocação afetiva, porque a família Sardenberg tem um com sobriedade, a barba cuidada, os autos ramo no Estado do Rio ao qual pertence o General estudados, os argumentos enfileirados na memória. Idálio, que prestou, e presta, serviços à comunidade, O inesperado vinha como revide às alegações da particularmente, nos municípios de Macaé e de Promotoria. Não me recordo de o haver visto Campos. Depois desse tempo todo de serviços ao auxiliando a acusação, mas nada impedia que o Exército brasileiro, S. Ex.ª vai para casa, com aquilo fizesse. Era o profissional correto, estudioso, que se chama de consciência do dever cumprido; e o perfeito. Faltava-lhe o anel, mas lhe sobravam outro vai assumir este posto, por certo, continuando a experiência, método, devoção à causa sob mesma diretriz daquele que aqui em Brasília, em pou- seu patrocínio. Suas intervenções eram sérias,

– 37 – seguras, dirigidas à consciência dos jurados. O SR. GUIDO MONDIN: – Lamento; nobre Cosme de Farias sempre foi o improviso, a palavra Senador Nelson Carneiro, cortar o desenvolvimento fácil, espontânea, apanhada no espaço, como a do pensamento de V. Ex.ª, mas a notícia, de que um pássaro em pleno vôo. Não conhecia os autos, tomo conhecimento agora, da morte de Cosme de mas ouvira o acusado, fora procurado por sua Farias, me surpreendeu de tal maneira que não família. E isso lhe bastava. A versão do réu era consegui sopitar o interesse de aparteá-lo, e o faço aversão real, a que ele transformaria em apelo ao propositadamente sentando-me ao lado de três coração dos jurados. Homens simples, recrutados baianos... então nas esferas sociais mais modestas, os O SR. RUY SANTOS: – V. Ex.ª é baiano juízes populares entendiam aquela linguagem de também! povo, dita por quem era o próprio povo simples da O SR. GUIDO MONDIN – ...porque, há vinte Bahia, na cor da pele, na modéstia do indefectível anos, conheço Cosme de Farias, conheço a terno de brim, com a borboleta negra marinhando atividade, a humanidade profunda desse homem, pelo branco do colarinho alto, na generosidade do que desaparece aos 97 anos; todo o anedotário, em perdão, até nos olhos iluminados por um gole torno de sua atividade no forum, em Salvador. matinal. Sua oração corria intercalada de imagens, Acostumei-me até, no decurso desses 20 anos – regorgitava de comparações, enriquecia-se de também o conheci pessoalmente – de tanto ouvir citações breves, tinha ondas de revolta e vagas de falar nele, acostumei-me a admirá-lo de maneira amenidade. Sua tribuna foi invariavelmente a da carinhosa. E, por isso, confesso a V. Ex.ª que a defesa, muita vez sem a paga de um "obrigado", noticia de sua morte me surpreendeu – eu a ignorava outras por uns trocados inesperados que lhe completamente – e V. Ex.ª diz inclusive que o fato permitiam conduzir um velho enfermo ao Asilo de ocorreu há dias. De modo que trago a V. Ex.ª toda a Mendicidade ou levar um louco ao São João de minha solidariedade nesta homenagem que presta a Deus. uma das figuras mais singulares, não da Bahia mas Creio, entretanto, que a primeira vez em que de toda vida brasileira, particularmente no que tange dele me aproximei, e ficamos ligados enquanto a às atividades forenses. Esse homem há de passar à morte não o levou do seio dos vivos, foi na noite História e há de servir mesmo de citação a muito de 19 de novembro de 1.926, quando toda a profissional de diploma e anel, pelo que soube fazer Bahia, acordada até alta madrugada, recebeu a e dizer pela experiência e pela intuição advogado José Joaquim Seabra de volta do exílio e o trouxe que nasceu. Mas, particularmente, quero assinalar a nos braços, Ladeira da Montanha acima, à humanidade de Cosme de Farias, naquele seu residência distante no Corredor da Vitória. escritoriozinho, em baixo de uma escada – recordo – Ali estava, entre os manifestantes, o invariável a receber a pobreza de Salvador, a todos atendendo punhado de flores na mão, Cosme de Farias. A sem cobrar coisa alguma. Foi um grande benemérito partir daquele momento, nunca mais nos esse que a Bahia perdeu, mas ele ficará na História. separamos. Juntos estivemos nos comícios da O SR. NELSON CARNEIRO: – Muito grato a Aliança Liberal, na campanha autonomista, na V. Ex.ª pelo depoimento que traz às considerações redação dos jornais, e ainda o ano passado nos que aqui formulo, como todos os homens que um dia convites para a missa que, a partir de 1.942, viveram na Bahia e guardam de Cosme de Farias mandava celebrar todo 21 de agôsto pela alma do essa grata e duradoura lembrança. chefe desaparecido. O SR. HEITOR DIAS: – Dá licença V. Ex.ª O SR. GUIDO MONDIN: – Permite-me V. Ex.ª para um aparte? um aparte? O SR. NELSON CARNEIRO: – Pois não! O SR. NELSON CARNEIRO: – Com muita O SR. HEITOR DIAS: – Quando honra, nobre Senador Guido Mondin. V. Ex.ª nos procurou, ao eminente. Senador

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Ruy Santos e a mim, para comunicar seu desejo de, o povo em todas as suas camadas à frente da Igreja da tribuna desta Casa, prestar homenagem à de São Domingos – onde, como disse, ele instalara, memória de Cosme de Farias, teve, de pronto, a em um dos seus corredores, sua banca de advogado nossa aquiescência, o nosso apoio, a nossa – à espera da saída do féretro. E com aquela mesma solidariedade. Por isso mesmo, neste instante, emoção com que ali estava para recebê-lo, o povo o interrompo o brilhante discurso de V. Ex.ª, acompanhou até o Cemitério das Quintas, onde ele recapitulando a vida, a atividade de Cosme de quis ser sepultado. E ainda uma particularidade: o Farias, que se tornou projetado de um certo tempo, ataúde de Cosme de Farias, não foi apenas levado à em todo o País, pela sua longevidade e por estar, a mão que era um meio de transmitir àquele corpo frio essa altura da vida, ocupando uma cadeira na o calor da alma agradecida de sua gente: o povo fez Assembléia Legislativa do Estado. Mas Cosme de questão de erguê-lo ao alto durante todo o percurso Farias, para quem o conheceu de perto, como toda a até o cemitério, como que uma reverência maior, Bahia, é uma prova eloqüente de que não bastam os para que todos vissem, naquele corpo inerte, o privilégios da fortuna ou do poder para fazer um exemplo de um homem humilde que se projetou pela grande homem, ou para torná-lo digno e merecedor prática do bem e pela solidariedade cristã. do respeito dos seus concidadãos. Mas do que tudo O SR. NELSON CARNEIRO: – Agradeço o isso vale a dedicação ao próximo, o espírito de depoimento valioso do eminente Senador Heitor Dias fraternidade cristã. A tolerância para compreender e a que, como toda a Bahia, conhece a vida e a glória de humildade para perdoar. Foi isso que caracterizou Cosme de Farias – todos nós somos devotos deste Cosme de Farias; um homem bom no sentido exato santo que morreu. da palavra, um homem que amava o bem e, por isso (Retoma a leitura.) mesmo, vivia permanentemente na cruzada do bem Ninguém foi mais popular na Bahia do que ele. pelo bem, sem se preocupar com qualquer outro Dois de Julho sem Cosme de Farias era como interesse. Tornou-se um símbolo. Era pobre e amava procissão sem imagem. Partia da Lapinha com a a pobreza; era mesmo indiferente ao dinheiro. Era um Cabocla, o laço verde-amarelo esplendendo no terno São Francisco de Assis sem sotaina. Sei, de ciência branco, o chapéu de palhinha saudando aos que própria, que, como vereador, nem ao menos recebia assistiam à passagem do cortejo. Os anos foram-lhe seus subsídios, que eram todos distribuídos entre os diminuindo o percurso, as pernas já não lhe pobres e as casas beneficentes. Era o constante e permitiam tão larga caminhada. Mas no Campo devotado advogado dos humildes. E como que no Grande a multidão não se dispersava antes de ouvi- desejo de tornar a sua atividade profissional mais lo recordar as glorias de Labatut, Maria Quitéria e pura e mais sagrada escolheu o ambiente de uma Joana Angélica. igreja, o corredor de um templo, para ali instalar a Creio que foi esse cintilante Sebastião Néry sua banca de advogado. Mereceu a estima e o o último jornalista a visitá-lo "A casa dele – apreço de toda a Bahia. Não vi um só homem, da escreveu – não tem asfalto. É terra batida. A frente política ou da administração, em qualquer posição da casa dele não tem passeio. É cimento batido. A que se situasse, que não tivesse para o velho Cosme cama dele não tem luxo. É colchão batido. de Farias um gesto de reverência, ou uma palavra de Conhecido como ele na cidade só o outro. O outro apreço, de estima, exatamente pelo exemplo que mora numa casa toda de ouro, no alto da colina. dava através da obra que realizava, ungida da mais Ele mora numa casa toda de barro; na beira do profunda espiritualidade, porque se inspirava na vale. O outro é o padroeiro da cidade. Ele é o caridade que não é simples compaixão mas padroeiro dos desvalidos. Mendigo, ladrão, órfãos, verdadeiro amor. Foi por isso que, quando da sua prostituta, são todos irmãos dele. Foi miserável, morte, recebeu do povo baiano uma das maiores abandonado, marginal, off side da Lei, é da família consagrações que meus olhos já presenciaram: era dele, Major Cosme de Farias. Não tem parentes,

– 39 – não tem casa, não tem nada. Mora na casa dos mento, à cova raza Quinta dos Lázaros, o corpo de outros, dorme na cama dos outros, come a comida seu santo. dos outros, vive a vida dos outros. Quando é dia de Sr. Presidente, pediria para incorporar ao meu receber pagamento, a fila está lá fora, esperando discurso noticiário de "O Globo" que dá conta do que ele saia. Distribui tudo. Também não paga nada. enterro de Cosme de Farias, como homenagem da Todos conhecem. Quando anda pelas ruas, há Bahia ao seu grande vulto. sempre alguém segurando-o pelo braço, como a um O SR. PRESIDENTE (Ruy Carneiro): – V. Cristo trôpego. E é o que ele é. O "Cristo vivo da Ex.ª será atendido. Bahia". DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. identificou-o como o "Rábula do NELSON CARNEIRO EM SEU DISCURSO: Povo, Procurador dos Pobres, Providência dos Infelizes". "E a Bahia o amou como a um novo CEM MIL PESSOAS NO ENTERRO Francisco de Assis, que também houvesse escutado as palavras de Mateus que voz divina segredara ao "Quando eu morrer, corneteiro santo: – "não deveis possuir nem ouro nem prata, e – alma caridosa e nova –, não ter nas vossas cintas dinheiro como propriedade tocai, por favor, Silêncio vossa, nem tão pouco bolsa para o caminho, nem – juntinho à minha cova." calçado, nem bordão". (Cosme de Farias) Duas paixões abrazaram ainda o coração de Cosme de Farias e o escravizaram a vida inteira. Três fatores quase impediram o corneteiro Dedicou-se à campanha de alfabetização do povo e Adolvando Barbosa, há 24 anos na Polícia Militar de espalhou por todos os recantos da velha província Salvador, de atender ao pedido da quadrinha, no muitos milhares de cartilhas, em que esqueceu enterro do "major" Cosme de Farias no Cemitério da mágoas e sepultou desafeições, que umas e outras Quinta dos Lázaros, a cinco quilômetros do centro da não podiam sobrenadar muito tempo no mar de capital baiana: os gritos da multidão, calculada em bondade em que se lhe afogava o coração. A outra 100 mil pessoas, que acompanhou o enterro; o paixão, a que ficou fiel até o instante final, foi o da fechamento do cemitério pela PM às 15 horas, já liberdade. A última vez que ocupou a tribuna com 40 mil pessoas e sua própria emoção. parlamentar, a que o alçara o povo baiano, sob a No meio do "Silêncio", Adolvando teve de legenda do Movimento Democrático Brasileiro, parar, enquanto milhares de pessoas acenavam voltou a pedir a eleição direta em todos os graus, lenços brancos (hábito antigo de Cosme de Farias) e inclusive o de Presidente da República: – "Aprendi atiravam todo tipo de flores na cova rasa com Ruy que fora da lei não há salvação. Escolhi o especialmente cavada para ele, junto ao primeiro caminho mais difícil da oposição. Preferi o lado carneiro do cemitério. mais fraco para defender o ideal mais forte: a – Foi a maneira de enterrá-lo em local de fácil liberdade". acesso – explicou o líder do MDB no Estado, Se há depois da morte um Deus que acolhe Deputado Clodoaldo Campos – sem desobedecer à aos que amam ao próximo mais que a si mesmos, vontade dele próprio, que fazia questão da cova aos que consolam os aflitos, aos que socorrem aos rasa. necessitados, aos que fazem o bem sem olhar a As homenagens começaram na missa de quem, aos de alma pura e de coração limpo, aos corpo presente, rezada pelo Primaz do Brasil, Dom sem vaidade sem ódio, esse Deus já saíra a esperar Avelar Brandão, às três e meia da tarde, na Igreja da Cosme de Farias, antes mesmo que a Bahia, Ordem Terceira de São Domingos, na Praça do toda ela, debulhada em lágrimas, levasse, no carinho Terreiro. Todas as 168 Igrejas de Salvador tocaram de seus braços e nas preces de seu reconheci- seus sinos durante a meia hora de duração da

– 40 – missa. No Terreiro houve dezenas de desmaios, e "... às vésperas de completar os 75 (setenta e um homem gritava, seguro nas grades do portão da cinco) anos, o Major não tinha rival em popularidade, igreja: "Morreu o pai da humanidade". sem dúvida a figura mais pitoresca da Bahia. Rábula D. Avelar Brandão teve de interromper a missa do Povo, Procurador dos Pobres, Providência dos para pedir calma e, na saída para o cemitério, nem o Infelizes, provisionado no forum, batera todos os Governador Antônio Carlos Magalhães pôde segurar recordes de defesa – e de absolvição – no júri onde uma alça do caixão, que foi praticamente tomado atuava há cerca de cinqüenta anos; inumerável pelo pessoal fora da igreja. Coberto com a bandeira clientela de réus paupérrimos, desamparados, na do Estado, o caixão só chegou ao cemitério duas maioria gratuitos. Jornalista com banca em todos os horas e meia depois. O carro fúnebre que o levaria jornais, pois em todos escrevia e publicava as seguiu cheio de coroas de flores, por outro caminho, lindíssimas "Duas 'Linhas" de reclamações e pedidos acompanhado por milhares de pessoas que não às autoridades, de denúncia de violências e sabiam onde estava o corpo de Cosme de Farias. injustiças, de clamor contra a miséria, a fome, o No cemitério, desde o meio-dia havia mais de analfabetismo. Ex-vereador pela legenda de um cinco mil pessoas aguardando o enterro, e um forte pequeno partido, que, nas águas de sua estima contingente da Polícia Militar, formando um cordão pública, elegera dois sabidórios, o Presidente e o de isolamento "braço-a-braço", teve muita dificuldade Primeiro-Secretário da agremiação, insaciáveis ratos, para impedir que o resto do povo entrasse. fez da Câmara Municipal a casa do povo pobre; No centro da cidade, o Governador Antônio trouxe os outros edis num cortado, empenhou a Carlos Magalhães era criticado por não ter decretado vereança nas Invasões de onde nasceram os novos feriado, mas "apenas um ponto facultativo", o que bairros, nunca mais obteve legenda. Orador geral e impediu muita gente de ir ao enterro. Mesmo assim universal, não só de júri e de tribunal de apelação era freqüente ver – como um empregado dos mas de qualquer cerimônia ou festa onde se Correios – pessoas deixando o trabalho para encontrasse, erguia a voz tanto em solenidade cívica acompanhar o caixão. O rapaz da EBCT largou o como em almoço ou jantar de casamento, telex funcionando e saiu pela rua quando viu a aniversário e batizado; tanto em inauguração de multidão indo para o cemitério, ao mesmo tempo em escola pública ou posto de saúde conto em abertura que pedia aos repórteres que fossem explicar ao de lojas, armazéns, panificadoras, bares; em enterro patrão porque largara o serviço. de figura de proa e em comícios políticos. (quando Cosme de Farias, o deputado mais velho do eram permitidos, antigamente) sem distinção de mundo, era filiado ao MDB baiano e viveu sempre partido. Segundo ele, para defender os interesses do sozinho e pobre. Sua conta no hospital – foi internado povo, para protestar contra a miséria, a falta de duas vezes antes de morrer da trombose cerebral – trabalho e de escolas, qualquer pasquim e qualquer era de 500 cruzeiros e deverá ser paga pela tribuna servem, e o mais que se dane. Assembléia Legislativa (responsável também pelo Vale a pena ouvir um de seus discursos pagamento do caixão que, ao contrário do que queria – ah! o infalível discurso do 2 de Julho, na Praça o "major", era de cedro e custou 900 cruzeiros). da Sé, ante as figuras do Caboclo e da Cabocla, O SR. PRESIDENTE (Ruy Carneiro): – Tem a com Labatut, Maria Quitéria, Joana Angélica, palavra o nobre Senador Ruy Santos. monumento de oratória cívica e barroca. A massa, O SR. RUY SANTOS (lê o seguinte em delírio, quantas vezes não o carregou aos discurso.): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, ombros!

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A voz roufenha da cachaça e do fumo, calor, imediatamente começam os relatos, as próprio para os tropos e os chavões a arrancar queixas, os pedidos. Vai tomando nota em pedaços aplausos, as citações dos grandes homens de papel, que enfia no bolso do paletó. Mas seu nacionais e estrangeiros – Cristo, e escritório oficial, onde dá consultas todas as manhãs, Clemenceau eram seus preferidos. Nos discursos fica aos fundos de uma porta em sobradão colonial do Major refulgiam sentenças e conceitos na Rua do Liceu, na ex-oficina do santeiro Miguel. atribuídos a nomes famosos, vivos, mortos e Morto o santeiro, um remendão de sapatos alugou o inventados; nos júris atirava com eles na cara dos ponto e nele dispôs suas ferramentas e sua meia- promotores boquiabertos ante tanta audácia. Uma sola. A mesa do Major, porém, permaneceu no vez, em apoio a absurda tese de legítima defesa, mesmo lugar, e o novo artesão, simpático sarará de tendo citado o "imortal jurisconsulto Bernabó, cara sardenta, manteve-lhe a cachaça e a amizade. glória da Itália e da latinidade", o promotor, Ali, em torno à porta, desde cedo se acumula imberbe, árdego e cheio de si, resolveu denunciar a espantosa clientela: mulheres de presos, por vezes a impostura, desmascarar de vez o embusteiro: com tôda a filharada, mães com crianças em idade – Senhor Major, desculpe-me, mas nunca ouvi escolar e sem escola, desempregados, prostitutas, falar, no criminalista citado por Vossa Excelência. vagabundos, enfermos necessitados de médico, Existirá realmente esse Bernabó? hospital e remédios, gatunos com processo e Piedosamente o Major descansou os olhos no liberdade provisória, parentes de mortos sem pretensioso: dinheiro para o enterro, mulheres abandonadas – Vossa Excelência ainda é muito jovem, de pelos maridos, donzelas grávidas de sedutores pouca leitura, é natural que desconheça as obras infensos ao matrimônio, tipos os mais diversos, todos clássicas de Bernabó, ninguém pode exigir que sob ameaça da justiça, da polícia, dos grandes; e as tenha lido. Se Vossa Excelência tivesse minha bêbados simplesmente bêbados, na esperança de idade, os olhos quase cegos, gastos na leitura, um gole matinal para lavar a boca – população aflita, então não lhe seria perdoada tamanha esfomeada e sedenta. Um a um, o Major os atende." ignorância. Sr. Presidente, quando o eminente Senador Vista excelente, nunca usou óculos. Numa Nelson Carneiro me falou que pretendia relembrar idade em que a maioria está com o pé na cova, nas aqui, no Senado, a figura de Cosme de Farias, achei aposentadorias da espera da morte, mantinha-se rijo por bem buscar na "Tenda dos Milagres", do e espigado, "conservado em cachaça", comendo admirável Jorge Amado, este perfil primoroso de sarapatel à meia-noite em São Joaquim, nas Sete Cosme de Farias que acabo de ler. Portas, na Rampa do Mercado, as mãos grandes e O SR. NELSON CARNEIRO: – Permite-me V. nodosas, o colarinho alto, o terno branco – sendo de Ex.ª um aparte? Oxalá não veste senão branco – por vezes de gola e O SR. RUY SANTOS: – Pois não. punhos encardidos. O SR. NELSON CARNEIRO: – Primoroso e Seu escritório, em principio, é onde o romanceado: O Cosme de Farias, ora retratado, é o Major se encontra, pois jamais foi visto andando Cosme de Farias da "Tenda dos Milagres". Um só, vai pela rua com três ou quatro infelizes pouco exagerado, mas, em todo caso, com seus a embargar-lhe o passo, e quando se arrima traços dominantes. ao balcão de qualquer botequim para um O SR. RUY SÁNTOS: – Todo romancista – sabe trago sempre salutar contra o frio ou contra o V. Ex.ª – recolhe na vida comum os personagens e co-

– 42 – locam um pouco do seu poder criador nesses blico e daí o seu devotamento, a sua decisão em personagens. O Cosme de Farias, o Major a que se levar avante uma nobilíssima campanha em favor da refere Jorge Amado nesse romance, em que o construção de escolas, em favor da alfabetização. escritor traça outro perfil com o nome de Pedro Não havia uma festa, fosse de natureza cívica ou Arcanjos, Pedro Arcanjo que outro não é senão religiosa, a que Cosme de Farias não estivesse Evaristo, o bedel Evaristo, o anatomista da presente empunhando uma grande faixa, com letras Faculdade de Medicina do nosso tempo. Neste perfil bem à vista, numa patriótica sentença: – "Abaixo o de Jorge Amado há, indiscutivelmente, o tipo baiano, analfabetismo". Era ele o criador e o presidente da o tipo de rua que foi Cosme de Farias. Para todo "Liga contra o Analfabetismo" e disto se tornou um mundo Cosme foi sempre o Major, um Cosme sem verdadeiro apóstolo, distribuindo cartas do a-bê-cê, Damião. De Cosme de Farias ficou o bairro, onde cumprindo aquele sábio conselho do nosso colocaram o seu nome. Ele era sempre o Major. Uma inesquecível poeta "distribuindo livros, livros a mãos- prova de que Jorge Amado punha muito do seu cheias", para que o povo pudesse instruir-se e, poder criador de romancista é que este Bernabó, assim, melhor servir a sua terra e a sua Pátria. este criminalista a que ele se refere não é outro O SR. RUY SANTOS: – Obrigado pelo senão o grande pintor Caribé, que se transferiu para aparte, nobre Senador Heitor Dias. Em minha vida a Bahia e hoje lá reside. de jornal, cansei de receber a visita do Major, com Nesse tempo, dizia Jorge Amado, Cosme tinha umas folhas de papel, escritas à mão, numa 75 anos. Mas o Cosme de que a Bahia guardou o péssima letra, duas linhas quase sempre lutando retrato é esse homem simples do perfil do Jorge contra o analfabetismo. Amado. Simples e bom. Antes de morrer, e aqui faço referência à nota Cosme de Farias, Sr. Presidente, Srs. que li nos jornais, para mostrar o apreço que a Bahia Senadores, sempre militou em hostes opostas a que tinha pelo velho Cosme. Quando adoeceu e homem eu me encontrava, e eu sempre militei, melhor pobre, a Assembléia de que ele fazia parte o internou dizendo, em hostes opostas à dele. No entanto, não numa casa de saúde. Após sua morte, a Assembléia me lembro de ter ouvido ou ter lido, uma vez só, uma mandou pedir ao hospital a conta. E a resposta: palavra de Cosme de Farias contra qualquer "Mais a Bahia devia a Cosme de Farias. Assim, o governante. Sempre o homem de Oposição entende hospital não cobraria coisa alguma". de atacar o Governo com aqueles adjetivos próprios Cosme de Farias era esse homem bom, esse do dicionário da Oposição. Nunca ouvi Cosme de homem simples, o homem que representava Farias fazê-lo. Fui Secretário de Estado. Mas de uma indiscutivelmente aquela alma baiana e simples da vez Cosme de Farias me procurou, sendo minha velha Província, principalmente da Capital oposicionista, para pedir pelos pobres, para pedir baiana. ajuda para um pobre, para pedir que mandasse aviar Antes de morrer, deixou um testamento, uma receita em favor de um pobre. determinando as vontades a serem respeitadas, O SR. HEITOR DIAS: – V. Ex.ª dá licença quando se fosse. Uma que não se perdesse, que para um aparte? (Assentimento do orador.) Já não se deixasse morrer a "Campanha contra o tive ensejo também de dar o meu depoimento Analfabetismo". sobre Cosme de Farias quando do discurso do A segunda, em que foi desrespeitado, a de nobre Senador Nelson Carneiro. Permita V. Ex.ª que o seu caixão fosse o mais simples e enterrado que me associe as suas palavras para focalizar no Cemitério das Quintas, que é o cemitério, uma outra faceta desse grande Cosme de Farias vamos dizer, modesto de Salvador; e o terceiro e que vem em convergência das palavras que V. pedido, que um soldado corneteiro seu conhecido, Ex.ª acaba de pronunciar. É que ao velho Cosme, a quem tinha prestado muitos serviços, tocasse em verdade preocupava apenas o interesse pú- o silêncio na hora em que seu caixão des-

– 43 – cesse à sepultura. Aí foi desrespeitado, também, sentar o Senado na Exposição Nacional de Pecuária, porque a Bahia fez não um corneteiro só, mas uma a realizar-se em Uberaba de 3 a 10 do corrente. banda de música tocar no enterro de Cosme de Não há mais oradores inscritos. Farias. Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a Não me encontrava em Salvador quando da Sessão. Designo para a Sessão Ordinária de sua morte e sepultamento, mas soube que amanhã a seguinte: quando o enterro deixava a Igreja de São Domingos onde, no fim da sua vida, tivera o seu ORDEM DO DIA escritório de advogado, tratando-se de um Deputado e de homem que prestara à Bahia 1 grandes serviços, muitas autoridades se aproximaram para pegar nas alças do caixão. E Discussão, em turno único, do Projeto de soube que foi difícil, ou impossível, às Resolução nº 5, de 1972 (apresentado pela autoridades prestarem essa homenagem porque, Comissão de Constituição e Justiça, como conclusão quando se aproximaram, elas foram empurradas de seu parecer nº 21, de 1972), que suspende a por aquela onda de gente simples como Cosme, execução do artigo 4º da Lei nº 4.506, de 5 de julho que fazia questão, ela sim, de carregar o seu de 1967, do Estado de Minas Gerais, declarado corpo até o Cemitério das Quintas. inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Eu não podia deixar, Sr. Presidente, de Tribunal Federal de 25 de novembro de 1971. prestar esta homenagem, também, aqui no Senado à figura desse homem simples, desse 2 homem bom, desse homem que advogou no foro da Bahia talvez uns 70 ou 80 anos como um Discussão, em segundo turno, do Projeto de rábula, um rábula privilegiado. Não sei se lhe Lei do Senado nº 88, de 1971, de autoria do Sr. exigiam a prova daquela concessão de alvará Senador Franco Montoro, que dá nova redação ao § que, normalmente, se dá aos rábulas. Mas se 9º do art. 32 da Lei nº 3.807, de 26 de agosto de Cosme de Farias pedia a palavra, normalmente 1960 (Lei Orgânica da Previdência Social) tendo: todo juiz ou todo tribunal a concedia porque Cosme, quando falava, era sempre uma voz que PARECER sob nº 31, de 1972 da Comissão: se levantava em favor do oprimido, em favor do – de Redação, oferecendo a redação do humilde... vencido. O SR. HEITOR DIAS: – E, por isso mesmo, sempre como advogado de defesa. 3 O SR. RUY SANTOS: – ...e sempre como advogado de defesa. Como eu disse, ele não sabia Discussão, em primeiro turno, do Projeto de acusar ninguém, porque acusar estava fora do seu Lei do Senado nº 4, de 1972, de autoria do Sr. temperamento e fora da sua vida. Senador Ney Braga, que altera a redação do O Senado anda muito bem ao evocar, neste parágrafo único do artigo 33 da Lei nº 5.682, de instante, a figura desse homem público que morreu 1971, que dispõe sobre o quorum mínimo nas com quase cem anos no exercício do mandato de convenções municipais, tendo: representante do povo, de um povo a quem amou e a quem serviu como poucos neste País. (Muito PARECER sob nº 23, de 1972, da Comissão: bem!) – de Constituição e Justiça, pela O SR. PRESIDENTE (Ruy Carneiro): – constitucionalidade, com a Emenda nº 1-CCJ Esta Presidência comunica que substituiu o (Substitutivo) que oferece. Sr. Senador Nelson Carneiro pelo Sr. Senador Está encerrada a Sessão. Paulo Guerra, na Comissão que irá repre- (Encerra-se a Sessão as 17 horas e 45 minutos.)

24ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 7ª LEGISLATURA, EM 5 DE MAIO DE 1972

PRESIDÊNCIA DO SR. PETRÔNIO PORTELLA

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se O Sr. 1º-Secretário procederá à leitura do presentes os Srs. Senadores: Expediente. É lido o seguinte: Adalberto Sena – José Guiomard – Geraldo

Mesquita – Flávio Brito – José Lindoso – José EXPEDIENTE Esteves – Cattete Pinheiro – Milton Trindade – Renato Franco – Alexandre Costa – Clodomir MENSAGEM Milet – José Sarney – Fausto Castello-Branco – DO SR. PRESIDENTE DA REPÚBLICA Petrônio Portella – Helvídio Nunes – Virgílio

Távora – Waldemar Alcântara – Wilson Submetendo à apreciação do Senado a Gonçalves – Dinarte Mariz – Duarte Filho – Jessé escolha de nomes para função cujo exercício Freire – Domício Gondim – Milton Cabral – Ruy depende de sua prévia aprovação. Carneiro – Paulo Guerra – Wilson Campos – MENSAGEM Arnon de Mello – Luiz Cavalcante – Teotônio Nº 54, DE 1972 Vilela – Augusto Franco – Leandro Maciel – Lourival Baptista – Antônio Fernandes – Heitor (Nº 61, de 1972, na origem) Dias – Ruy Santos – Carlos Lindenberg – Eurico Rezende – Amaral Peixoto – Paulo Tôrres – Excelentíssimos Senhores Membros do Senado Federal: Benjamin Farah – Danton Jobim – Magalhães De acordo com o preceito constitucional (art. Pinto – Carvalho Pinto – Orlando Zancaner – 42, III), tenho a honra de submeter à apreciação de Benedito Ferreira – Emival Caiado – Osires Vossas Excelências a escolha que desejo fazer do Teixeira – Fernando Corrêa – Filinto Müller – Senhor Lucillo Haddock Lobo, Ministro de Primeira Saldanha Derzi – Accioly Filho – Mattos Leão – Classe, da Carreira de Diplomata, para exercer a função de Embaixador do Brasil junto ao Governo da Ney Braga – Antônio Carlos – Celso Ramos – República da Venezuela, nos termos dos artigos 22 e Lenoir Vargas – Daniel Krieger – Guido Mondin – 23 da Lei nº 3.917, de 14 de julho de 1961. Tarso Dutra. 2. Os méritos do Embaixador Lucillo Haddock O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – A Lobo, que me induziram a escolhe-lo para o desempenho dessa elevada função, constam da anexa lista de presença acusa o comparecimento de 59 informação do Ministério das Relações Exteriores. Srs. Senadores. Havendo número regimental, Brasília, em 3 de Maio, de 1972. – Emílio G. declaro aberta a Sessão. Médici.

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EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO SR. bro da Sociedade Brasileira de Direito Aeronáutico. MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES Cônsul de Terceira Classe, por concurso, 1941. Em 20 de abril de 1972. Terceiro-Secretário da Embaixada em Buenos Aires, 1944 a 1945. Promovido a Segundo- DP/ G/DAM/SRC/129/312.4 Secretário, por merecimento, 1945. A Sua Excelência o Senhor Segundo-Secretário da Embaixada em Buenos General-de-Exército Emílio Garrastazu Médici, Aires, 1945 a 1948. Assessor da Divisão de Presidente da República. Assuntos Internacionais da Escola Superior de Senhor Presidente: Guerra, 1949 a 1950. Tenho a honra de submeter à assinatura de À disposição da Missão Especial da Argentina Vossa Excelência o anexo projeto de Mensagem às solenidades de posse do Presidente da ao Senado Federal, destinada à indicação do República, 1951. Senhor Lucíllo Haddock Lobo, Ministro de Primeira Oficial do Gabinete do Ministro da Classe, da Carreira de Diplomata, para exercer a Aeronáutica, 1951. função de Embaixador do Brasil junto ao Governo Delegado do Brasil às Solenidades da República da Venezuela, conforme preceituam Comemorativas da Dirigibilidade no Ar e à Inauguração os artigos 22 e 23 da Lei nº 3.917, de 14 de julho do Monumento a Santos Dumont, Paris, 1952. de 1961. À disposição do Ministro dos Negócios 2. O Itamarati elaborou o Curriculum Vitae do Estrangeiros da Áustria, em visita ao Brasil, 1952. Embaixador Lucíllo Haddock Lobo, o qual, Membro da Comissão Executiva da Semana juntamente com a Mensagem ora submetida à da Asa, Rio de Janeiro, 1952. assinatura de Vossa Excelência, será apresentado Segundo-Secretário da Embaixada em Roma, ao Senado Federal para exame e decisão de seus 1953 a 1954. ilustres Membros. Promovido a Primeiro-Secretário, por Aproveito a oportunidade para renovar a antiguidade, 1954. Vossa Excelência, Senhor Presidente, os protestos Primeiro-Secretário da Embaixada em Roma, do meu mais profundo respeito. – Mário Gibson 1954 a 1955. Barboza. Oficial do Gabinete do Ministro de Estado, "CURRICULUM VITAE" DO SR. 1955 a 1958. EMBAIXADOR LUCÍLLO HADDOCK LOBO. Elemento de ligação entre o Ministério das Nascido no Rio de Janeiro, Guanabara, 23 Relações Exteriores e o Congresso Nacional, 1955. de março de 1916, Diplomado pelo Instituto Rio Representante do Ministério das Relações Branco, no Curso de Aperfeiçoamento de Exteriores na Assessoria Técnica Parlamentar da Diplomatas. Sócio Correspondente da Sociedade Secretaria da Presidência, 1956. Brasileira de Geografia. Diplomado pela Escola Representante do Ministério das Relações Superior de Guerra no curso Superior de Guerra. Exteriores no Conselho Consultivo do Instituto Curso de Formação dos Membros Permanentes Nacional de Imigração e Colonização – INIC – 1956. da Escola Superior de Guerra. Membro Membro da Comissão de Revisão da Aplicação da Sociedade de Geografia de La Faz. Mem- dos Tratados de Petróleo com a Bolívia, 1957.

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À disposição do Presidente do Paraguai, em da e Expansão Comercial do Brasil no Continente visita ao Brasil, 1957. Americano, 1963. Representante do Ministério das Promovido a Ministro de Segunda Classe, por Relações Exteriores na Junta Coordenadora de merecimento,1958. Informações do Conselho de Segurança Nacional, 1964. Membro da Comitiva do Ministro de Estado na Embaixador em Quito, 1964 a 1967. Entrevista Especial com o Ministro das Relações Representante do Ministério das Relações Exteriores da Bolívia, Corumbá, 1958. Exteriores no Conselho de Desenvolvimento da Membro da Delegação do Brasil às Amazônia e no VII Congresso Nacional de Negociações de Atos Internacionais Brasil-Bolívia, Municípios, Manaus, 1967. 1958. Embaixador em Santo Domingo, 1968 a 1969. Conselheiro em Missão Especial à Colômbia, Promovido a Ministro de Primeira Classe, por 1958. merecimento, 1969. Embaixador em San José, 1970 Ministro-Conselheiro da Missão junto à a 1972. Organização dos Estados Americanos (OEA), 1958 a O Embaixador Lucíllo Haddock Lobo, nesta 1960. data, encontra-se no exercício da função de Chefe Membro da Delegação do Brasil à Reunião do da Missão Diplomática do Brasil em San José. Comitê dos "Vinte e Um" do Conselho da OEA, Secretaria de Estado das Relações Exteriores, Washington, 1958. em 29 de março de 1972. – Ayrton Gil Dieguez, Delegado-Substituto na OEA, 1958, 1959 e Chefe da Divisão do Pessoal. 1960. (À Comissão de Relações Exteriores.)

Membro da Delegação do Brasil ao V Período AVISOS de Sessões da Junta Diretora do Convênio

Internacional do Café, Washington, 1961. DO SR. MINISTRO DOS TRANSPORTES Chefe da Divisão da América Meridional, 1962.

Assistente do Comando da Escola Superior de – Nº 125/GM, de 28 de abril, comunicando a Guerra, 1962. entrega ao trânsito público da duplicação da Rodovia Representante do Ministério das Relações BR-116, trecho São Leopoldo – Novo Hamburgo, Exteriores na Reunião da Secretaria de Agricultura Estado do Rio Grande do Sul. de São Paulo, 1962. – Nº 128/GM, de 28 de abril, comunicando o Secretário-Geral-Adjunto para Assuntos lançamento dos cargueiros "Mirosul" e "Itapagé", e a Americanos, Substituto, 1962. entrega ao trânsito público da Rodovia BR-365, Membro-Suplente da Comissão de trecho Ituiutaba-Canal de São Simão, Estado de Promoções, 1962. Minas Gerais. Secretário-Geral-Adjunto para Assuntos Americanos, 1963 a 1964. Chefe da Seção de OFÍCIO Segurança Nacional do Ministério das Relações Exteriores, 1963. DO SR. PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO DAS Membro da Delegação ao III Período de PIONEIRAS SOCIAIS Sessões da Conferência das Partes Contratantes do Tratado de Montevidéu (ALALC), 1963. – Nº 1/72, de 17 de abril do corrente ano, Subchefe da Comissão Executiva da Primeira apresentando relatório circunstanciado das atividades e Reunião de Coordenação dos Serviços de Propagan- cópia do balanço correspondente ao exercício de 1971.

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PARECERES não é o acerto filosófico, nem tão pouco a utilidade política, econômica ou social, nem ainda a PARECER importância e valia moral que conferem aos Nº 37, DE 1972 princípios caráter jurídico. Tal ou qual princípio só ganha a categoria jurídica quando o Estado o torna da Comissão de Constituição e Justiça, sobre obrigatório por efeito de determinada sanção. Sem o Projeto de Lei do Senado nº 97, de 1971, que sanção não há direito. dispõe sobre a obrigatoriedade do voto nas eleições O projeto do nobre Senador José Lindoso sindicais, e dá outras providências. estabelece um conjunto coordenado e eficiente de sanções, destinadas a tomar, de modo geral, isto é, Relator: Sr. Gustavo Capanema para todos os tipos de associados, obrigatório o voto O nobre Senador José Lindoso, com o Projeto nas eleições sindicais. O projeto vem preencher de Lei nº 97, deste ano, propõe um conjunto de velha lacuna do nosso direito do trabalho. Longe de medidas legislativas, destinadas a tornar realmente conter eiva de inconstitucionalidade ou de efetivo o disposto no § 2º do art. 166 da Constituição injuridicidade, ele é indispensável complemento da de 1969 (Emenda Constitucional nº 1 à Constituição Constituição. de 1967), que assim dispõe: "É obrigatório o voto Nada contraria a sua aceitação pela Comissão nas eleições sindicais". de Constituição e Justiça. Trata-se de preceito constitucional da maior Sala das Comissões, em 10 de novembro de importância para a eficiente organização sindical do 1971. – Daniel krieger, Presidente – Gustavo nosso País. Em verdade, se o sindicato deve tornar- Capanema, Relator – Accioly Filho – Helvídio Nunes se cada vez mais abrangente e mais representativo, – Wilson Gonçalves – Heitor Dias – José Sarney – com relação aos quatro grupos de associados para o Nelson Carneiro. estudo, defesa e coordenação de seus interesses profissionais, a saber, os empregadores e os PARECER empregados, os trabalhadores autônomos e os Nº 38, DE 1972 profissionais liberais, evidente se torna que, em todas as eleições sindicais, o voto seja obrigatório. Quando, em 1943, o Presidente Getúlio da Comissão de Legislação Social, sobre o Vargas, atendendo à proposta do seu ilustre Ministro Projeto de Lei do Senado nº 97, de 1971. do Trabalho, Alexandre Marcondes Filho, decretou a Consolidação das Leis do Trabalho, esse Relator: Sr. Paulo Tôrres monumento legislativo, que era mais um código do De iniciativa do eminente Senador José trabalho do que simples consolidação das Leis que, Lindoso, o Projeto de Lei nº 97, de 1971, dispõe por mais de dez anos, foram sendo decretadas, não sobre a obrigatoriedade do voto nas eleições podia evidentemente omitir-se com relação a esse sindicais, estabelecendo um conjunto de normas ponto crucial da matéria. De fato, dispôs a disciplinadoras e sanções aos faltosos. Consolidação, no parágrafo único do art. 529, que, 2. Lembra o Autor, em sua Justificação, que a nas eleições sindicais, o voto seja obrigatório. obrigatoriedade do voto nas eleições sindicais é A esse simples preceito legal foi dado pela preceito constitucional, mas que, entanto, até o Constituição de 1967 (art. 159, § 2º) o caráter de presente momento, não teve disciplinação, fato esse preceito constitucional, categoria conservada pelo que vem propiciando o não cumprimento do art. 166, § 2º, da vigente Constituição. dispositivo em questão. Mas pouco tem valido o primitivo dispositivo legal 3. A matéria já foi objeto de estudos por parte da e o posterior e o vigente dispositivo constitucional. É que ilustrada Comissão de Constituição e Justiça, a qual, em

– 48 – certa parte de seu parecer, assim se expressa: PARECER "Trata-se de preceito constitucional da maior Nº 39, DE 1972 importância para a eficiente organização sindical do nosso País. Em verdade, se o sindicato deve tornar- da Comissão de Constituição e Justiça, sobre se cada vez mais abrangente e mais representativo o Projeto de Lei do Senado nº 17, de 1971, que dá com relação aos quatro grupos de associados para o nova redação ao § 1º do art. 30 e ao § 7º do art. 32 estudo, defesa e coordenação de seus interesses da Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960 (Lei profissionais, a saber, os empregadores e os Orgânica da Previdência Social), dispensando a empregados, os trabalhadores autônomos e os exigência do afastamento da atividade ou emprego profissionais liberais, evidente se torna que, em para gozo das aposentadorias por velhice e por todas as eleições sindicais, o voto seja obrigatório." tempo de serviço. 4. Preliminarmente, cumpre se verifique a situação legal como atualmente em vigor. Relator: Sr. Helvídio Nunes O parágrafo único do artigo 529 da Cogita o Senador Franco Montoro, através do Consolidação das Leis do Trabalho (redação dada Projeto de Lei nº 17, de 1971, de alterar a redação pelo Decreto-lei nº 229) diz ser "obrigatório aos do § 1º, art. 30, e do § 7º art. 32, ambos da Lei nº associados o voto nas eleições sindicais". O § 4º do 3.807, de 26 de agosto de 1960. artigo 531 da mesma lei dá competência ao Ministro Os parágrafos, cuja modificação o projeto do Trabalho para regular o processo das eleições e a objetiva, dispõem, respectivamente, o seguinte: alínea f do artigo 553 estabelece a multa de 1/30 "A data de início da aposentadoria por velhice avos do salário-mínimo para o associado que deixar será a da entrada do respectivo requerimento ou a de votar sem causa justificada. do afastamento de atividade por parte do segurado, Apesar disso, nenhuma instrução foi se posterior àquela", e baixada, nenhuma providência foi adotada, no "A aposentadoria por tempo de serviço será sentido de serem regulamentados, os dispositivos devida a contar da data do comprovado em questão, continuando, como bem salienta o desligamento do emprego ou efetivo afastamento da Autor, a inexistir qualquer disciplinação e os atividade, que só deverá ocorrer após a concessão associados faltosos a descumprirem com o do benefício" (redação consoante o art. 9 do preceito constitucional. Decreto-lei nº 66, de 21 de novembro de 1966, que 5. Dessa forma, caso aprovado o projeto, mandou acrescentar ao mesmo artigo, na redação teremos uma regulamentação relativa à justificação que lhe foi dada pela Lei nº 4.130, de 29 de agôsto da falta e à aplicação da penalidade cabível. de 1962, os §§ 7º , 8º e 9º). Todo o conteúdo do projeto, é de se ressaltar, Adotadas as alterações propostas, os coaduna-se perfeitamente com o espírito da parágrafos transcritos passariam a ter, obedecida a Consolidação das Leis do Trabalho. ordem de enunciação, a redação que se segue: 6. Ante o exposto, considerando convenientes "A data do início da aposentadoria por velhice as disposições contidas na proposição, opinamos será a da entrada do respectivo requerimento pela sua aprovação. independente do desligamento do emprego ou Sala das Comissões, em 4 de maio de 1972. – efetivo afastamento da atividade", e Franco Montoro, Presidente – Paulo Tôrres, Relator "A aposentadoria por tempo de serviço – Eurico Rezende – Heitor Dias – Orlando Zancaner será devida a contar da data da entrada – Wilson Campos. do respectivo requerimento, independentemen-

– 49 – te do desligamento do emprego ou efetivo PARECER afastamento da atividade." Nº 40, DE 1972 Na justificativa, o ilustre autor do projeto fundamenta a necessidade e conveniência da nova da Comissão de Legislação Social, sobre o redação na faculdade, assegurada pelo § 3º do art. Projeto de Lei do Senado nº 17, de 1971. 5º da Lei nº 3.807, citada, do aposentado pela previdência social retornar "ao emprego ou Relator do Vencido: Sr. Accioly Filho atividade". O Projeto de Lei nº 17, de 1971, ora sob nossa Na verdade, segundo a redação que lhe deu o apreciação, é de autoria do ilustre Senador Franco Decreto-lei nº 66, de 21 de novembro de 1966, o § 3º Montoro e visa à modificação dos artigos 30, § 1º, e do art. 5º estabelece: 32 § 7º, da Lei Orgânica da Previdência Social (nº "O aposentado pela Previdência Social que 3.807, de 1960), com a finalidade de estabelecer que voltar a trabalhar em atividade sujeita ao regime a aposentadoria por tempo de serviço terá como desta lei será novamente filiado ao sistema, inicio a data de entrada do requerimento, sendo-lhe assegurado, em caso de afastamento independentemente de desligamento da empresa. definitivo da atividade, ou, por morte, aos seus 2. O eminente Senador Orlando Zancaner, dependentes, um pecúlio em correspondência designado Relator, emitiu parecer pela rejeição do com as contribuições vertidas nesse período, na projeto, considerando-o contrário aos interesses da forma em que se dispuser em regulamento, não previdência Social brasileira, com base nas fazendo jus a qualquer outras prestações, além seguintes afirmações principais: das que decorrerem da sua condição de 1ª que "o afastamento da atividade constitui aposentado." exigência fundamental para fins de qualquer Claro está, pela simples transcrição da norma aposentadoria, inclusive no serviço público"; em que se apóia o Senador Franco Montoro, que a 2ª que "seria, na realidade, inconveniente lei permite o retorno à atividade, mas não a emprego. permitir-se que alguém passe a receber proventos de E a distinção é fundamental, sabido que a Lei aposentadoria sem afastá-lo de suas atividades Orgânica da Previdência Social interessa aos que normais, porquanto isto propiciaria um duplo são regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho, recebimento: o do valor da aposentadoria e o do mas, também, a considerável parcela de servidores salário, ao mesmo tempo"; públicos. 3ª que "dentro de uma linha de coerência, a O problema, pois, reduz-se ao exame da Lei Orgânica da Previdência Social (Lei nº 3.807, de oportunidade, ou não, da alteração proposta, 1960), assegurou aos interessados o direito de, inexistindo reflexos de ordem financeira. E cabe à satisfeito o requisito do tempo de serviço, receber o Comissão de Serviço Público examiná-lo. "abono de permanência em serviço" (25%) caso não Pela constitucionalidade e juridicidade, pois, requeira a aposentadoria: artigo 32, § 3º". do Projeto de Lei do Senado nº 17/71. 4ª que a "medida equivaleria a um estímulo à Sala das Comissões, em 23 de junho de 1971. aposentadoria em massa, com crescimento Daniel Krieger, Presidente Helvídio Nunes, Relator vertiginoso das obrigações do INPS." Gustavo Capanema – José Lindoso – Wilson 3. Data venia, discordamos do ponto de vista Gonçalves – Nelson Carneiro – Milton Campos – adotado pelo eminente Senador e das suas quatro Accioly Filho. afirmações acima, pelas razões a seguir expostas.

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4. Quanto à primeira afirmação, é de convir Sempre entendemos, diante disso, à luz do que, na verdade, a aposentadoria por tempo de espírito tutelar do Direito do Trabalho, que o gozo da serviço de que cogita a Lei Orgânica da Previdência aposentadoria, pela permanência do empregado em Social é, exata e precisamente, benefício serviço com o pleno consentimento do empregador, rigorosamente igual ao conhecido, até 1960, data da não lhe retirava nenhum dos direitos previstos na promulgação da Lei nº 3.807, pela designação de Consolidação das Leis do Trabalho e na legislação Aposentadoria Ordinária. complementar, porquanto o vínculo empregatício Esta, a Aposentadoria Ordinária foi, desde permanecia integro, na plenitude das cláusulas 1923, quando se criou a previdência social no Brasil, ajustadas entre as partes". através da chamada Lei Eloy Chaves, instituída, A afirmação, portanto, cabível, com pleno inicialmente, em favor dos segurados das antigas apoio na observação da longa existência do instituto Caixas de Aposentadoria e Pensões e estendida, de aposentadoria no direito previdenciário brasileiro posteriormente, ao pessoal vinculado ao IAPM e ao é, exatamente, a contrária, ou seja: IAPB e, finalmente, pela Lei Orgânica, a todos os Jamais o afastamento da atividade constituiu segurados da previdência social. exigência para obtenção da aposentadoria por tempo Trata-se, portanto, de benefício dos mais de serviço. antigos conhecidos pelo seguro social brasileiro e 5. No tocante à segunda afirmação, cabe-nos contemporâneo de seu próprio nascimento entre ponderar que, se a legislação proibisse que o nós. aposentado voltasse a trabalhar e acumulasse a E, ainda: segundo observou Mozart Victor percepção da aposentadoria e do salário, Russomano (A LEI ORGÂNICA DA PREVIDÊNCIA chegaríamos, isto sim, a situação inconveniente e SOCIAL COMENTADA, Vol. II), hoje integrante do inaceitável de equiparar o aposentado que não Tribunal Superior do Trabalho e, seguramente, dos trabalhasse com o que voltasse a exercer atividade. mais acatados intérpretes da Lei Orgânica: A aposentadoria por tempo de serviço, como o "Na vigência do direito anterior (refere-se o próprio nome do instituto indica é outorgada aos que comentarista ao período de 1923 a 1960), quando a cumpriram determinado tempo, aliás, longo, de aposentadoria por tempo de serviço era conhecida trabalho e satisfizeram, dessa forma, os pela denominação de aposentadoria ordinária, criou- pressupostos legais para aquisição desse direito. Se se a seguinte situação: retornam ao trabalho não podem perdê-la, nem a O empregado requeria e obtinha a perdem, pois se trata de direito irreversivelmente aposentadoria mas continuava trabalhando na adquirido. Não lhes assegurar remuneração pela empresa. volta à atividade, seria procedimento incompatível A aposentadoria por tempo de serviço, por sua com os próprios mandamentos constitucionais. natureza, é irrevogável e, assim, como já vimos Finalmente, o projeto não cuida de assegurar nestes comentários, determina, evidentemente, a a percepção conjunta de salário e aposentadoria já rescisão do contrato de trabalho. plenamente garantida pela legislação previdenciária Mas, a permanência do empregado no serviço, desde 1923. nas mesmas condições anteriores, constituía fato Se houvesse algum inconveniente nesse relevante, a desmentir o princípio doutrinário e legal chamado "duplo recebimento", convém assinalar da rescisão automática do contrato pelo gozo da que ele não seria, de forma alguma, abolido aposentadoria definitiva. com a desaprovação do projeto, pois dessa ma-

– 51 – téria não cuida, nem poderia cuidar, a proposição sobre Serviços, embora obtida a aposentadoria, que apenas suprime exigência para deferimento da possa voltar a inscrever-se num e noutro órgão; aposentadoria. finalmente, tratando-se de segurado-empregador, A conclusão é clara: O QUE SERIA, NA tais como os titulares de firma individual, REALIDADE, INCONVENIENTE SERIA NÃO contribuintes obrigatórios do INPS, o encerramento PERMITIR O DUPLO RECEBIMENTO DA da atividade econômica se faz, na maioria das vêzes, APOSENTADORIA E DO SALÁRIO, AO MESMO mediante o artifício da transferência da firma a TEMPO, POR PARTE DO APOSENTADO QUE, parente, reassumindo, logo após conseguir a NESSA OCASIÃO, VOLTOU A TRABALHAR. aposentadoria, a direção do negócio o antigo e 6. Relativamente à terceira afirmação, verdadeiro titular." cumpre ressaltar que o projeto não quebra a Conseqüentemente, a solução preconizada no alegada linha de coerência da legislação projeto é, verdadeiramente, a que dá plena coerência previdenciária, pois a possibilidade de o à Lei Orgânica da Previdência Social. empregado voltar ao exercício do mesmo ou de 7. A quarta e última afirmação, finalmente, é de outro emprego, após a aposentadoria por tempo efetivação pouco provável, pois, atualmente, quem de serviço ou por velhice, está clara e tem direito a aposentar-se, aposenta-se deseje ou não taxativamente prevista na própria legislação voltar a exercer o mesmo emprego ou atividade vigente que, sob tal aspecto não é afetada, de econômica e por maiores que sejam os embaraços, forma alguma, pelo projeto. Este, repetimos, pois, evidentemente, é muito mais interessante apenas elimina a necessidade do desligamento perceber cumulativamente – como o permite a do emprego ou da atividade para ter direito à legislação – a aposentadoria e o salário ou mesmo aposentadoria, consoante salientamos na apenas a aposentadoria do que somente o salário. justificação do projeto: Se, finalmente, encargo acarretasse a "Presentemente, portanto, para beneficiar- proposição à previdência social o seu custeio já se de uma ou de outra aposentadoria, tratando-se estaria previsto na legislação que, ao ser promulgada, de trabalhador, é ele obrigado a afastar-se do em sua redação original, quando a exigência que se emprego, embora possa no dia seguinte ao da quer abolir não prevalecia, o custo atuarial da despesa concessão do benefício e sem prejuízo dele, estava necessariamente previsto. voltar ao mesmo ou a outro emprego. Igual 8. Ante o exposto, o nosso parecer é pela exigência é imposta ao profissional liberal que aprovação do projeto, entendendo que o mesmo exerce, com autonomia, sua profissão: para favorece e dá relevo à Previdência Social Brasileira. aposentar-se terá de abandonar o exercício dela, É o parecer. facultando-se-lhe, entretanto, imediatamente Sala das Comissões, em 24 de novembro de após, o direito de exercê-la sem perda da 1971. – Franco Montoro, Presidente – Accioly Filho, aposentadoria obtida. Relator – Wilson Campos, Heitor Dias. – Orlando O descabimento da exigência é claramente Zancaner, vencido. visível. Senão vejamos: no caso do trabalhador que se afasta da empresa, perde ele direito à VOTO VENCIDO indenização e nada justifica tal perda, pois quem paga a aposentadoria é o INPS e não o Senador Orlando Zancaner empregador; no caso do trabalhador autônomo, é êle obrigado a dar baixa de sua inscrição, no De autoria do ilustre Senador órgão fiscalizador do exercício profissional e a Franco Montoro, o presente projeto pretende cancelar o registro para pagamento do Imposto seja alterada a redação do § 1º do

– 52 – artigo 30 e do § 7º do artigo 32 da Lei Orgânica da cante à aposentadoria por tempo de serviço, veio dar Previdência Social (nº 3.807/60), com a finalidade de força de lei ao que dispunha o antigo Regulamento determinar que as aposentadorias por velhice e Geral da Previdência Social, aprovado pelo Decreto por tempo de serviço sejam devidas a contar da nº 48.959-A, de 1960, artigo 62. data da entrada do respectivo requerimento, Seria, na realidade, inconveniente permitir-se "independentemente do desligamento do emprego que alguém passe a receber proventos de ou efetivo afastamento da atividade". aposentadoria sem afastá-lo de suas atividades 2. O Autor, após esclarecer a situação prevista normais, porquanto isto propiciaria um duplo na atual legislação, em que o segurado, após recebimento: o do valor da aposentadoria e o do aposentado, pode retornar à atividade, assim se salário, ao mesmo tempo. expressa em sua justificação: 4. É conveniente salientar, ainda, que, dentro "Conseqüentemente, podendo o trabalhador de uma linha de coerência, a Lei Orgânica da aposentar-se num dia, e, no dia imediato, sem Previdência Social (nº 3.807, de 1960) assegurou prejuízo da aposentadoria retornar ao emprego, aos interessados "o direito de, satisfeito o requisito entendeu-se, durante determinado período, ser do tempo de serviço, receber o "abono de plenamente dispensável o requisito do "afastamento permanência em serviço" (25%) caso não requeira a da atividade ou desligamento do emprego" para gozo aposentadoria – artigo 32, § 3º. dessas aposentadorias. Assim, ao segurado que preencher os O órgão normativo do seguro social requisitos para a aposentadoria, a lei concede a brasileiro, o Departamento Nacional da opção: ou permanece no emprego – percebendo o Previdência Social, baixou, nesse sentido, a salário e mais 25% – ou se aposenta e recebe os Resolução nº 707, de 13 de julho de 1966. proventos da aposentadoria. Dessa forma, a Revogou-a entretanto, surpreendentemente, a aposentadoria com permanência no emprego 22 de setembro de 1966, o próprio DNPS, equivaleria ao pagamento de um abono de até 100%. prevalecendo, até o momento, o entendimento de Por outro lado, a medida representaria a que, para ter direito à Aposentadoria por Velhice supressão ou desvirtuamento de "abono de ou à Aposentadoria por Tempo de Serviço, além, permanência em serviço", pois ninguém iria pleitear na primeira hipótese, de satisfazer o requisito da tal benefício quando poderia receber a aposentadoria idade e, na segunda do tempo de trabalho, eram e continuar no emprego. Isso equivaleria, ainda, a exigíveis o cumprimento do prazo de carência e um estímulo à aposentadoria em massa, com "o afastamento da atividade ou desligamento do crescimento vertiginoso das obrigações do INPS. emprego." 5. A matéria já foi ampla e detidamente Ressalta, ainda, a justificação que o examinada pelos órgãos competentes do Ministério empregado, forçado a se afastar da empresa, perde do Trabalho e Previdência Social e do INPS, por direito à indenização, fato considerado pelo Autor ocasião da apresentação na Câmara dos Deputados, como injustificável, pois o INPS é quem paga a de outros projetos, semelhantes ao presente, como aposentadoria. os de nos 377/67, do Deputado Norberto Schmidt, e 3. Data venia, discordamos fundamentalmente 1.399/68, do Deputado Adylio Vianna – tendo do Autor da proposição. merecido pareceres totalmente contrários à sua O afastamento da atividade constitui aprovação. exigência fundamental para fins de qualquer 6. A título de ilustração, permitimo-nos aposentadoria, inclusive no serviço público. Essa transcrever seguinte tópico do parecer exarado pela exigência, pelo Decreto-lei nº 66, de 1966, no to- Comissão Permanente de Direito Social (CPDS),

– 53 – que bem elucida a inconveniência e impropriedade PARECER da medida: Nº 41, DE 1972 "Assim, não vemos como possa ser justificado o Projeto em questão que, a par de da Comissão de Constituição e Justiça, sobre anular uma conceituação justa e cuidadosa da Lei o Projeto de Lei do Senado nº 17, de 1969, que Orgânica, como vimos, poderá influir, também, estabelece a jornada de trabalho do motorista negativamente, sobre o instituto do abono de profissional a serviço dos transportes coletivos de permanência em serviço, já aviltado pela nova passageiros, e dá outras providencias. legislação que permitiu a "volta ao trabalho" de segurados aposentados. Relator: Sr. Eurico Rezende Como salientaram os pareceres técnicos O projeto em exame, submetido à deliberação prefalados, suprimida a exigência legal de do Senado Federal pelo ilustre Senador Adalberto desligamento do trabalho, para habilitação do Sena, se propõe a estabelecer normas que regulam pagamento das aposentadorias de os segurados a jornada de trabalho dos motoristas profissionais permanecerem em foco, desaparecia o interesse empregados no serviço de transporte coletivo, em atividade no mesmo emprego, decorrendo excetuados, na forma do art. 6º, da proposição, os daí, um enorme acréscimo das despesas com transportes coletivos urbanos. os novos benefícios, já que o abono é Justificando o projeto, assim se manifesta seu uma contenção inequívoca para a pletora de autor: pedidos de aposentadoria, o que sucederia, "A segurança dos usuários dos transportes inegavelmente, se ocorrer a supressão pretendida rodoviários coletivos não depende apenas da pelo Projeto. normalidade dos veículos, senão também e, Agora, mais do que nunca, devem ser especialmente, do equilíbrio fisiológico e mental dos objetivadas medidas que incentivem a concessão seus condutores – os motoristas. do abono de permanência em serviço, uma vez Não obstante, estes profissionais são que o argumento, antes válido, de que diminuía o freqüentemente submetidos a longos e contínuos mercado de trabalho, num País de elevada períodos de trabalho, chegando a um estado de demanda de empregos, não mais pode ter guarida. fadiga que, além de reduzir-lhes a eficiência, A permissão para os aposentados em geral, prejudica intensamente a normalidade das reações e exceto os por invalidez, retornarem à atividade do controle automáticos inerentes a esse tipo de sem perda de seus proventos, anulou o único atividade. ponto razoável de impugnação do referido Tanto basta para justificar o presente projeto, estímulo, que é benéfico para a Previdência no qual objetivamos trazer uma contribuição para a Social, como acentuado, para o empregado, pela solução do problema que no momento tanto nos valorização do seu trabalho e para a empresa do preocupa, da prevenção dos acidentes rodoviários" seu trabalho e para a empregado experiente e Inexistindo razões de ordem jurídico- capaz, sem maior ônus." constitucional que o possam invalidar, somos pela 7. Ante o exposto e considerando a medida aprovação do projeto. proposta contrária aos interesses da Previdência Sala das Comissões, em 23 de abril de 1970. Social brasileira e, portanto, à grande maioria dos – Antônio Carlos, Presidente em exercício – Eurico segurados, opinamos pela rejeição do projeto. Rezende, Relator – Benedicto Valladares – Bezerra Sala das Comissões, em 24 de novembro de Neto – Flávio Brito – Carlos Lindenberg – Carvalho 1971. Orlando Zancaner. Pinto – Nogueira da Gama.

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PARECER toristas profissionais, limita-se a repetir, embora com Nº 42, DE 1972 ligeiras modificações redacionais, matéria já disciplinada pela CLT, como por exemplo a folga da Comissão de Legislação Social, sobre o semanal de 24 horas, a que foi acrescentada, Projeto de Lei do Senado nº 17, de 1969. apenas, a proibição do exercício de qualquer atividade durante a mesma, assim como no intervalo Relator: Sr. Benedito Ferreira entre duas jornadas. Apresenta o Senador Adalberto Sena projeto Desaconselhamos, pois, a aprovação do de lei que altera o número de horas de trabalho de Projeto de Lei nº 17, de 1969, do Senado Federal. motoristas de ônibus. Desta forma, esposando o ponto de vista do Apesar de já estar com pareceres aprovados Ministério do Trabalho e Previdência Social, opino nas doutas Comissões de Constituição e Justiça e de pela rejeição do presente Projeto. Legislação Social, foi o mesmo arquivado por Sala das Comissões, em 4 de novembro de transcurso de Legislatura. 1971, – Franco Montoro, Presidente – Benedito Desarquivado, foi redistribuído à Comissão de Ferreira, Relator – Wilson Campos – Heitor Dias, Legislação Social, da qual fui designado para relatá-lo. vencido – A redução das horas de trabalho constitui Estabelece, o projeto, em 7 horas, a jornada a meu ver, uma necessidade pelos reflexos positivos de trabalho do motorista de ônibus, dividida em dois na segurança dos passageiros. A meu ver os períodos de 3:30 horas, com um intervalo de 15 desastres bem podem ser debitados ao cansaço e à minutos entre tais períodos. monotonia de uma tarefa que joga com a vida dos Prevê, ainda, o projeto, também um intervalo passageiros. de 17 horas entre jornadas, estabelecendo, nesse sentido, a obrigatoriedade de utilização de 2 PARECER motoristas num percurso de mais de 7 horas. Nº 43, DE 1972 Solicitada a opinião do Ministério do Trabalho, assim se manifestou: da Comissão de Transportes, Comunicações e "As regulamentações especiais não têm merecido Obras Públicas, sobre o Projeto de Lei do Senado nº a aprovação do Governo. Não há muito tempo, o 17, de 1969. Departamento Nacional de Mão-de-Obra do Ministério do Trabalho e Previdência Social ao pronunciar-se sobre Relator: Sr. Geraldo Mesquita o Projeto de Lei nº 1.746/68, que regulamentava a O presente projeto, de iniciativa do ilustre profissão de Propagandista, ponderava: Senador Adalberto Sena, estabelece que a jornada "Apenas as profissões de nível superior ou de trabalho do motorista profissional, a serviço dos técnico que exijam formação metódica, de longa transportes coletivos de passageiros, não poderá duração, e através da qual se define status e exceder de sete (7) horas (art. 1º). exercício liberal devem ser objeto de 2. A justificação diz: regulamentação, sob pena de se vir a permitir "A segurança dos usuários dos transportes especiosa regimentação de ocupações, assalariadas rodoviários coletivos não depende apenas da por natureza, cuja regulamentação genérica já se normalidade dos veículos, senão também e, encontra na CLT". especialmente, do equilíbrio fisiológico e mental dos A proposição em estudo, além dos seus condutores – os motoristas. privilégios de jornada reduzida e de ampliação do Não obstante, estes profissionais são intervalo entre dois períodos diários de trabalho, freqüentemente submetidos a longos e contínuos concedidos a determinada categoria de mo- períodos de trabalho, chegando a um estado

– 55 – de fadiga que, além de reduzir-lhes a eficiência, 4. Do ponto de vista de uma política rodoviária, prejudica intensamente a normalidade das reações e temos a aduzir que o projeto vincula o acidente do controle automáticos inerentes a esse tipo de rodoviário ao desequilíbrio psicológico e mental do atividade. Tanto basta para justificar o presente condutor, não se tratando, pois, de condições de projeto, no qual objetivamos trazer uma contribuição engenharia de tráfego, ou seja, das condições técnicas de segurança do veículo deslocando-se na para a solução do problema que no momento tanto pista, estabelecidas na Portaria nº 19, de 1949 (DO nos preocupa, da prevenção dos acidentes de 10-3-49). rodoviários." 5. Ante o exposto e acompanhando a opinião 3. A Comissão de Legislação Social, da Comissão de Legislação Social, opinamos pela examinando a matéria, opinou pela rejeição do rejeição do presente projeto. projeto pelos seguintes motivos: Sala das Comissões, em 3 de maio de 1972. "Solicitada a opinião do Ministério do Trabalho, Leandro Maciel, Presidente – Geraldo Mesquita, assim se manifestou: Relator – Luiz Cavalcante – Alexandre Costa. "As regulamentações especiais não têm merecido a aprovação do Governo. Não há muito PARECER Nº 44, DE 1972 tempo, o Departamento Nacional de Mão-de-Obra do

Ministério do Trabalho e Previdência Social ao da Comissão de Constituição e Justiça sobre a pronunciar-se sobre o Projeto de Lei nº 1.746/68, emenda apresentada ao Projeto de Lei do Senado nº que regulamentava a profissão de Propagandista, 89, de 1971, que "Dá providências para incrementar- ponderava: se o alistamento eleitoral". "Apenas as profissões de nível superior ou técnico, que exijam formação metódica, de longa Relator: Sr. Heitor Dias duração, e através da qual se define status e A emenda apresentada pelo nobre Senador exercício liberal devem ser objeto de Adalberto Sena ao Projeto de sua autoria, e do regulamentação, sob pena de se vir a permitir qual fomos Relator, corrige, em parte, a inconstitucionalidade arguída. especiosa regimentação de ocupações, assalariadas Temos, entretanto, que a mesma atenderia por natureza, cuja regulamentação genérica já se melhor aos propósitos do seu signatário e à encontra na CLT." exigência da Lei Maior, se se acrescer, depois das A proposição em estudo, além dos palavras "militar obrigatório", nos termos da privilégios de jornada reduzida e de ampliação do Subemenda que se segue, uma condicional com o intervalo entre dois períodos diários de trabalho, que se estaria obedecendo, definitivamente, ao § 2º concedidos a determinada categoria de do art. 147 da Constituição Federal. motoristas profissionais, limita-se a repetir, embora com ligeiras modificações redacionais, Subemenda à Emenda nº 1 de Plenário matéria já disciplinada pela CLT, como por Acrescente-se após a expressão: exemplo a folga semanal de 24 horas, a que foi "militar obrigatório" o seguinte: acrescentada, apenas, a proibição do exercício ..."desde que desligados das respectivas fileiras". de qualquer atividade durante a mesma, assim como no intervalo entre duas jornadas. A sugestão ora feita decorre do fato de que Desaconselhamos, pois, a aprovação do muitas vezes o cidadão, depois de cumprir o "serviço Projeto de Lei nº 17 de 1969, do Senado militar obrigatório", pode continuar nas fileiras da Federal." corporação.

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Admitida a observação feita somos pela econômico e financeiro do país, ter a indústria constitucionalidade da proposição e pela sua aprovação. brasileira crescido mais do dobro depois que a É o parecer. PETROBRÁS passou a ter pleno funcionamento. Sala das Comissões, 3 de maio de 1972. – O resultado, até agora obtido do monopólio Daniel Krieger, Presidente – Heitor Dias, Relator – estatal, no que tange à exploração do petróleo, além Wilson Gonçalves, com restrições – José Sarney, da grande evolução, em caráter geral, da indústria com restrições – José Augusto – Arnon de Mello – nacional, pode ainda ser considerado como causa Accioly Filho. imediata dos seguintes reflexos: a) diminuição do ônus da importação do PARECER petróleo sobre balanço de pagamento do país; Nº 45, DE 1972 b) estímulo à indústria pela compra de equipamentos e materiais, e da Comissão de Constituição e Justiça, sobre c) criação da indústria petroquímica, de cuja o Projeto de Decreto Legislativo nº 28, de 1971 (nº falta o Brasil se ressentia até a criação da 30-A/71, na Câmara dos Deputados) que "Aprova as PETROBRÁS." contas da Petróleo Brasileiro S/A – PETROBRÁS – E o trabalho do ilustre Relator, segundo relativas ao exercício de 1960." decisão de 11 de dezembro de 1969, "foi aprovado em seus termos pelo Tribunal". Relator: Sr. Heitor Dias Não havendo nada mais que verificar no O presente projeto é oriundo da Câmara dos processo oriundo do Tribunal de Contas, somos pela Deputados, onde a matéria que lhe deu origem, por aprovação do Projeto de Decreto Legislativo em iniciativa do Colendo Tribunal de Contas da União exame. (Aviso nº 5-P.70) foi, minuciosamente examinado Sala das Comissões, em 10 de novembro pela douta "Comissão de Fiscalização Financeira e de 1971. Daniel krieger, Presidente – Heitor Tomada de Contas", conforme Relatório oferecido Dias, Relator – Eurico Rezende – Accioly em 9 de setembro deste ano e que mereceu Filho – Helvídio Nunes – Gustavo Capanema – aprovação dos seus ilustres pares. José Sarney – Nelson Carneiro – Wilson Ressalte-se, em abono da seriedade Gonçalves. do documento e da valiosa colaboração do Legislativo, que o processo competente foi PARECER examinado em profundidade, constituindo-se o Nº 46, DE 1972 trabalho praticamente numa revisão do a quanto já havia procedido o importante órgão. da Comissão de Finanças, sobre o Projeto de Atente-se, por outro lado, que o egrégio Decreto Legislativo nº 28, de 1971. Tribunal de Contas, numa compenetração do seu alto mister, não se limitou a confrontar números ou a Relator: Sr. Lourival Baptista conferir faturas, mas se deu ao trabalho de apreciar O Presidente do Tribunal de Contas da a própria dinâmica da maior empresa estatal do país, União, com o Aviso nº 5, de 1970, encaminhou ao para sentir o seu real crescimento e, logicamente, os Congresso Nacional o processo de prestação de seus reflexos na economia nacional. contas da PETROBRÁS, relativas ao exercício de Assim é que, o nobre Relator Ministro Mauro 1960, comunicando, outrossim, terem as mesmas Leite, assim se pronunciou ao final do seu relatório, sido unanimemente aprovadas por aquele datado de 11-12-69: Tribunal. "Considerando os dados fornecidos e que 2. A Comissão de Fiscalização figuram nesta exposição, verifica-se, ante o panorama Financeira e Tomada de Contas da Câ-

– 57 – mara dos Deputados, após examinar a matéria, PARECER houve por bem opinar favoravelmente à sua Nº 47, DE 1972 aprovação, na forma do projeto de decreto legislativo que, na Sessão de 26-10-71, foi da Comissão de Constituição e Justiça, sobre aprovado e ora se encontra sob o exame desta o Decreto Legislativo nº 28, de 1971. Comissão. 3. A Comissão de Constituição e Justiça desta Relator: Sr. José Sarney Casa, ouvida a respeito, opinou pela aprovação do A Comissão de Finanças desta Casa, presente projeto. atendendo solicitação do ilustre Senador Lourival 4. Posteriormente a este pronunciamento, Baptista, Relator do Projeto de Decreto Legislativo nº entretanto, a douta Comissão de Constituição e 28, de 1971, que aprova as contas da Petróleo Justiça aprovou à unanimidade, brilhante parecer Brasileiro S.A. – PETROBRÁS, relativas ao exercício do Senador José Sarney ao PDL-24, de 1971, em de 1960, solicitou o reexame da proposição por este que S. Ex.ª ressalta que o pronunciamento do órgão técnico, à vista do nosso pronunciamento ao Congresso Nacional por via de decreto legislativo, PDL-24, de 1971, em que opinamos considerando só é exigido quando se trata de julgamento de desnecessária a edição de proposição legislativa, contas do Senhor Presidente da República. No com o objetivo de aprovar as contas de órgãos que tange a órgãos vinculados à administração vinculados à administração pública. pública, as comunicações feitas pelo Tribunal de De fato, no referido trabalho, salientamos que a Contas da União não carecem de manifestação manifestação do Congresso Nacional, por intermédio expressa, em termos de proposição legislativa, do Decreto Legislativo, só seria cabível quando se mas, tão-somente de apreciação e conseqüente cogitasse de Contas do Presidente da República, na arquivamento. forma do art. 44, item VII, da Constituição. Na hipótese vertente, a solução é dada, em 5. No caso em exame, cumpre salientar, termos claros, pela lei ordinária específica, à dispõe o parágrafo único do artigo 32 da Lei nº semelhança da que norteou o parecer retrocitado – 2.004, de 1953, que o Tribunal de Contas se limitará Lei nº 4.516, de 1964. a emitir parecer sobre as contas que lhe forem Naquela oportunidade, examinando situação enviadas e o "Congresso Nacional, depois de tomar idêntica à do presente projeto, tivemos o enseje de conhecimento das mesmas, sem julgá-las, e do esclarecer que: parecer do Tribunal, adotara, por qualquer de suas "A interpretação lógica relativa a leis Ordinárias Casas", as medidas que a sua ação fiscalizadora semelhantes à de nº 4.516, de 1964, é a de que as entender convenientes. comunicações feitas pelo Tribunal de Contas, ao 6. Ante o exposto, solicitamos que o presente Congresso Nacional, no que tange a órgãos vinculados projeto de decreto legislativa seja remetido, à administração pública, não carecem de manifestação novamente, ao exame da Comissão de Constituição expressa, em termos de proposição legislativa mas tão- e Justiça. somente, de apreciação e conseqüente arquivamento, Sala das Comissões, em 26 de novembro de não ocorrendo, in casu, qualquer constatação de 1971. – Virgílio Távora, Presidente – Lourival irregularidades que justifique a indicação de Baptista, Relator – Daniel Krieger – Fausto Castello- providências objetivas, tendentes à apuração de Branco – Saldanha Derzi – Geraldo Mesquita – responsabilidades ou à aplicação de punições". Cattete Pinheiro – Ruy Santos – Alexandre Costa – Assim sendo, verificada a perfeita Nelson Carneiro. identidade de situação entre o julga-

– 58 – do deste órgão técnico, no que tange ao PDL-24, de respectivamente, com o que dispõem os artigos 1971, e a proposição ora sob estudo, consoante o 90, item III, da Lei nº 2.394, de 16 de agosto de preceituado no art. 32 da Lei nº 2.004, de 1953, 1954, e 13 da Lei nº 4.961, de 22 de junho de recomendamos em linha de coerência com a decisão 1960." anterior desta Comissão, o arquivamento do O Sr. Procurador-Geral da República, no uso presente projeto. de suas atribuições, representou ao Supremo Sala das Comissões, em 3 de maio de 1972. – Tribunal Federal contra esse dispositivo, alegando Daniel krieger, Presidente – José Sarney, Relator – a sua inconstitucionalidade em face do art. 177 e Nelson Carneiro, nos termos de anterior declaração seus parágrafos 1º e 2º, da Constituição de 1967, de voto. – Wilson Gonçalves – Arnon de Mello – José e do art. 100 da Emenda Constitucional nº 1, de Augusto – Accioly Filho – Eurico Rezende – Heitor 1969. Dias – Gustavo Capanema – Helvídio Nunes. Em acórdão de 1º de setembro de 1971, de que foi Relator o preclaro Ministro Amaral Santos, PARECER por unanimidade de votos, presentes dez Nº 48, DE 1972 Senhores Ministros, foi julgada procedente a Representação e declarado inconstitucional o art. da Comissão de Constituição e Justiça, sobre 2º do citado Decreto nº 9.140, do Estado do o Oficio nº 46/71-P/MC, de 10-12-71, do Sr. Ceará. Presidente do Supremo Tribunal Federal, remetendo No seu prefalado oficio o Sr. Presidente da cópias da petição inicial referente à Representação Suprema Corte informa que a decisão foi publicada nº 859, do Estado do Ceará, bem como das notas no Diário da Justiça e transitou em julgado. taquigráficas e do acórdão proferido por aquele Diante do exposto, apresentamos o seguinte: Tribunal, o qual declarou a inconstitucionalidade do art. 2º do Decreto nº 9.140, de 2 de março de 1970, PROJETO DE RESOLUÇÃO do aludido Estado. Nº 6, DE 1972

Relator: Sr. Wilson Gonçalves Suspende, por inconstitucionalidade, a O Sr. Presidente do egrégio Supremo Tribunal execução do art. 2º do Decreto nº 9.140, de 2 de Federal, com o Ofício nº 46/71-P/MC, de 10 de março de 1970, do Estado do Ceará. dezembro do ano próximo passado, enviou ao Senado Federal, para os fins do art. 42, VII, da Art. 1º – É suspensa, por Constituição do Brasil, cópias da petição inicial inconstitucionalidade, nos termos da decisão referente à Representação nº 859, do Estado do definitiva proferida pelo Supremo Tribunal Federal, Ceará, e bem assim das notas taquigráficas e do em 1º de setembro de 1971, nos autos da acórdão prolatado nos autos da mencionada Representação nº 859, do Estado do Ceará, a Representação, declarando este último a execução do art. 2º do Decreto nº 9.140, de 2 de inconstitucionalidade do art. 2º do Decreto nº março de 1970, do referido Estado. 9.140/71, daquele referido Estado. Art. 2º – Revogam-se as disposições em O art. 2º do Decreto nº 9.140 reza: contrário. "Será reconhecida a estabilidade no serviço Sala das Comissões, em 3 de maio de 1972. – público estadual ao servidor civil nomeado ou Daniel Krieger, Presidente – Wilson Gonçalves, admitido antes de 15 de março de 1967, que Relator – Heivídio Nunes – Eurico Rezende – Accioly conte ou venha a contar 5 anos de efetivo Filho – José Augusto – Arnon de Mello – José exercício no serviço público estadual, de acordo, Sarney – Heitor Dias.

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PARECER Nesse entendimento e nessa citação, o digno Nº 49, DE 1972 Presidente da Arena demonstra uma compreensão moderna e perfeita de política e um conceito alto e da Comissão Diretora, sobre o Requerimento dinâmico de partido, e isso, por si só, já o nº 12, de 1972, do Senador Cattete Pinheiro, recomendaria à direção da ARENA, se outros títulos requerendo a transcrição, nos Anais do Senado Ilustres não possuísse. Federal, da oração proferida pelo Senador Filinto Sabemos, todos, que a Constituição Müller, ao assumir a Presidência da Aliança institucionalizou os partidos políticos, com o que Renovadora Nacional. reconheceu na política uma alta dignidade e deferiu aos partidos importante missão e tremenda Relator: Sr. Petrônio Portella responsabilidade. O eminente Senador Filinto Müller, ao assumir Política, como queria Aristóteles, é a ciência a Presidência da Aliança Renovadora Nacional, do Estado, e Estado, como já se disse, é "o proferiu uma oração notável, rica de conteúdo instrumento de realização nacional dos povos". político, digna, portanto, de ser meditada por todos Ora, a política se faz através dos partidos, os brasileiros, particularmente por aqueles que têm que, definidos como "ideologias em ação", traçam os alguma responsabilidade na vida pública do País. rumos das nacionalidades. Cumpre assinalar que o discurso do novo Filinto Müller, querendo que a ARENA se Presidente da ARENA é, sobretudo, um hino à fortaleça para colaborar, com "autoridade e democracia, um hino tecido de fé, de amor e de autonomia", nos atos de "vontade coletiva que cabe devoção ao regime, elaborado em termos ao Governo coordenar e transformar em objetivos profundamente realísticos. nacionais", demonstra admirável concepção da Homem formado em lutas ásperas e política e compreensão real do papel dos partidos marcantes; tendo participado, ativamente, dos políticos, que está, justamente, em surpreender, acontecimentos históricos nos últimos quarenta interpretar e conduzir os anseios do povo, anos, sempre em postos de responsabilidade; sistematizando-os, racionalizando-os e incorporando- combatido por poucos; aplaudido, admirado e os aos programas do governo. respeitado pelo povo brasileiro, Filinto Müller, nesse Firmada essa posição democrática, lembra o quase meio século de vida pública, amadureceu eminente Líder, citando o Presidente Médici, que "a politicamente e, hoje, a sua fala, como acontece no democracia, como forma de convivência política, não discurso em análise, oferece o lastro de verdadeiro constitui categoria lógica, imutável no tempo e no estadista, formado dia a dia, ao longo dos anos, na espaço, porém conceito histórico, sujeito às revisões escola do sofrimento, da luta, das decepções, mas impostas pela conveniência social. também, das esperanças sempre renovadas, da Palavras exatas e eloqüentes, as do Chefe do auto-crítica, da disciplina, da fé inabalável nos Governo, que Filinto Müller fez bem em perfilhar e destinos da Pátria, que ele sempre amou, sobre recordar. todas as coisas. Evidentemente, a essência da democracia é O discurso de posse, ora em pauta, é o discurso eterna, imutável e representa um valor definitivo, a de um autêntico líder político. Logo de início, proclama, ser buscado, permanentemente, por todos os com sabedoria: "Posso definir num conceito a homens, em todos os tempos em todos os lugares, importante missão que me é confiada: promover o porque traduz o que há de mais inerente à natureza fortalecimento do Partido para que possa ele colaborar do homem: os anelos de liberdade, de igualdade e com autoridade e autonomia nos atos de vontade de justiça. coletiva que cabe ao Governo coordenar e transformar Entretanto, diversificam-se os povos em autênticos e efetivos objetivos nacionais." em suas situações e condições na-

– 60 – cionais de existência, em suas "culturas", e, assim Em segundo lugar, diz o Orador, deve-se sendo, hão de procurar os ideais democráticos por "cultivar o espírito de disciplina, porque a disciplina meios próprios, diferentes uns dos outros, no tempo consciente é força aglutinadora indispensável à e no espaço. coesão e ao fortalecimento do organismo partidário" Lembra muito bem o Senador Filinto Müller Em terceiro lugar, prega a necessidade de se que "o homem não foi feito para a democracia" e, "cuidar, com especial carinho, da formação política, sim, "a democracia para o homem"; mas se assim propiciando o reerguimento de legítimas lideranças, acontece é justamente porque a democracia é o desde o âmbito municipal até o nacional". único regime que contém aqueles elementos Finalmente, salienta Filinto Müller o dever de se mediante os quais o homem pode realizar manter, "no âmbito partidário, permanente diálogo, à plenamente o seu destino de ser feito à imagem e à base de absoluta franqueza e de mútua confiança, semelhança de Deus. defendendo cada um suas idéias, seus pontos de Dessa maneira, as condições brasileiras de vista, mas submetendo-se todos, conscientemente, às vida é que hão, sempre de determinar as formas que decisões adotadas pela maioria". teremos de utilizar para a realização, em nosso país, São, como se vê, essas "linhas mestras", do regime democrático. caminhos reais para a democracia, para a Insistindo no tema, o Senador Filinto Müller dignificação da tarefa política, para a valorização dos ressalta, ao ensejo, a importância da tarefa política partidos. na luta pela restauração plena da democracia em Realmente, combatendo o caudilhismo; nossa Pátria, coisa que não poderá ser tentada defendendo a necessidade de uma doutrina para os isoladamente, mas de modo vinculado à obra partidos colocando como alvo supremo a atingir os especificamente governamental, em curso no plano interesses nacionais; encarecendo o valor da de desenvolvimento econômico e social. disciplina; pregando, a formação de liderança e Para esse desideratum é que o novo colocando o partido como instrumento de Presidente da ARENA conclama seu partido, participação do povo na obra pública, o Senador pedindo aos companheiros que lutem "pelo Filinto Müller situa-se como um homem atualizado fortalecimento das instituições políticas, sem apelos com a ciência política contemporânea e, portanto, demagógicos a frases feitas ou a tabus apto a dirigir uma agremiação partidária que tem a ultrapassados, mas com realismo, conscientes das responsabilidade de colaborar com o Governo na nossas responsabilidades, inspirados nos ideais da execução de uma política que busca o Revolução de 1964". desenvolvimento global do País, dentro de um Homem realista, no entanto, o Senador Filinto sistema democrático de vida. Müller indica algumas "linhas mestras", a serem Advogando tais idéias, Filinto Müller se propõe obedecidas pela ARENA, a fim de que possam ser fazer da ARENA, com a ajuda de seus alcançados aqueles objetivos maiores. companheiros: UMA VERDADEIRA ESCOLA DE Em primeiro lugar – adverte – cabe aos POLÍTICA NACIONAL. arenistas empregar todos os esforços "no sentido de E por esse tom afina todo o discurso de posse tornar a organização partidária mais homogênea e do Senador Filinto Müller, todo ele constituindo, por sólida, liberta de improvisações e de personalismo", isso, uma peça de elevado quilate político, fadada a devendo a coesão partidária ser firmada através da se fixar como um alto momento na vida da ARENA e, adoção e intransigente defesa de princípios mais que isso, como uma verdadeira Carta de doutrinários, de idéias livremente estabelecidas, de Princípios, onde os políticos da ARENA encontrarão programas que correspondam ao sentimento e às normas e rumos para orientá-los em sua conduta aspirações do povo". partidária.

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Tendo, dessarte, tal entendimento da oração Egrégio Tribunal de Contas da União. proferida pelo Senador Filinto Müller, quando Tendo em vista que cabe a Vossa Excelência, de sua posse na Presidência da Aliança nos termos do artigo 87, item XVIII, da Constituição, Renovadora Nacional, concordamos plenamente enviar as referidas contas à Câmara dos Deputados, com o requerimento do eminente Senador Cattete Pinheiro, que teve a feliz iniciativa de propor a dentro de sessenta dias da abertura da sessão transcrição da mesma nos Anais desta Casa. legislativa ordinária, apresso-me em transmiti-las, Sala da Comissão Diretora, em de maio de para esse fim, acompanhadas do respectivo projeto 1972. – Petrônio Portella, Presidente e Relator – de Mensagem, uma vez que o aludido prazo se Carlos Lindenberg – Ruy Carneiro – Ney Braga – extingue a 15 do corrente mês." Clodomir Milet – Guido Mondin – Duarte Filho. 3. A semelhança de projeto sobre as contas do Governo Federal; no período de 1959 a 1967, a PARECER Câmara dos Deputados aprovou, com ressalvas, as Nº 50, DE 1972 contas de 1963. da Comissão de Finanças, sobre o Projeto de Com efeito, é o seguinte o artigo 1º da Decreto Legislativo nº 18, de 1971, que aprova as proposição em exame: contas do Presidente da República, relativas ao "Art. 1º São aprovadas as contas prestadas exercício de 1963. pelo Presidente da República, relativas ao exercício de 1963, na forma do art. 18, item da Emenda Relator: Sr. Alexandre Costa Constitucional nº 4, de 1961, e arts. 66, item VIII, e Em cumprimento ao disposto no Item XVIII do artigo 87, da Constituição Federal, o Senhor 87, item XVII, da Constituição da República de Presidente da República, Marechal Humberto de 1946, com ressalvas àqueles valores lançados à Alencar Castello Branco, encaminhou ao exame do conta de "Diversos Responsáveis", dependentes de Congresso Nacional as contas do Governo Federal verificação ulterior pelo Tribunal de Contas da (Administração Direta e Banco Nacional de União." Desenvolvimento Econômico), relativas ao exercício Para melhor aquilatar o motivo dessa ressalva, de 1963, acompanhadas do parecer prévio que convém transcrever o voto do relator na Comissão sobre as mesmas proferiu o Tribunal de Contas da União. de Fiscalização Financeira e Tomada de Contas da 2. Na Exposição de Motivos que instrui a Câmara dos Deputados, o que demonstra, também, iniciativa presidencial, o Senhor Ministro da Fazenda, o grau de seriedade com que foram examinadas em 11 de maio de 1964, diz: essas contas de 1963: "O Tribunal de Contas transmite a Vossa "Somos, pois, pela aprovação das contas do Excelência, por intermédio desta Secretaria de Governo de 1959 a 1967, com as observações Estado, as contas do Governo Federal relativas ao do relatório e com as ressalvas àqueles valores exercício de 1963. Juntamente com as contas da Administração Direta, contidas em três volumes, lançados à Conta de "Diversos Responsáveis", seguem o Relatório e as contas do Banco Nacional dependentes de verificação ulterior pelo Tribunal de do Desenvolvimento Econômico, em quatro Contas da União, nos termos do projeto de decreto volumes, e, ainda, um volume do parecer do legislativo incluso ao presente relatório".

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4. Em números redondos, são as seguintes as cifras e os índices referentes ao ano de 1963:

RECEITA ORÇAMENTÁRIA DA UNIÃO

(CR$ MIL)

Receita % S/ano Receita % S/ano índice índice Estimada anterior Arrecad. anterior 737.348 499 68 953.054 604 86

DISCRIMINAÇÃO DA RECEITA ARRECADADA

Impôsto Impôsto Imp. Único Impôsto Produtos Outras de do S/Lubrif. de Total Industrializados Receitas Renda Sêlo e Combust. Import. 408.065 242.946 91.790 – 86.810 123.443 963.054

(*) Tributárias, Patrimoniais, Extraordinárias, Diversas, Operações de Crédito, etc.

5. Do que se depreende dessas cifras e tendo deral, nos termos do art. 42, Item IV, da Constituição, em vista o que estabelece a legislação especifica, a competente autorização para que aquela Prefeitura opinamos pela aprovação do presente projeto. possa realizar, através da Companhia do Sala das comissões, em 3 de maio de 1972. Metropolitano de São Paulo – METRÔ – operação de João Cleofas, Presidente – Alexandre Costa, Relator empréstimo externo junto aos bancos ingleses – Mattos Leão – Lourival Baptista – Tarso Dutra – Dinarte Mariz – Celso Ramos – Geraldo Mesquita – SAMUEL MANTAGU & CO. LTD., MIDLAND BANK Milton Trindade – Carvalho Pinto – Wilson Gonçalves LIMITED E MIDLAND & INTERNATIONAL BANKS Saldanha Derzi – Ruy Santos. LIMITED, no montante de SwFr 15.200.000,00 (quinze milhões e duzentos mil francos suíços). PARECER 2. Pelo mesmo documento, o Chefe do Nº 51, DE 1972 Executivo do Município, de São Paulo esclarece que a operação de empréstimo terá o aval do Tesouro da Comissão de Finanças, sobre o Ofício nº Nacional, através, do Banco Nacional do 08, de 1972 (nº 648/72 – na origem), da Prefeitura do Município de São Paulo, encaminhando ao Senado Desenvolvimento Econômico – BNDE – com Federal solicitação para que a Companhia do contragarantia da Prefeitura de São Paulo, nos Metropolitano de São Paulo – METRÔ – possa termos da Lei Municipal nº 7.676, de 8 de dezembro realizar operação de empréstimo externo com de 1971, que "autoriza o Executivo aprestar Bancos Ingleses, para fins de aquisição de garantias a empréstimos e financiamentos da Equipamentos Elétricos Estacionários a serem Companhia do Metropolitano de São Paulo". fornecidos pelo Consórcio Brown Boveri, da Suíça. 3. Os empréstimos obtidos junto aos bancos

ingleses referidos serão utilizados na aquisição de Relator: Sr. Carvalho Pinto O Senhor Prefeito do Município de Equipamentos Elétricos Estacionários, Subestações São Paulo, no Ofício nº G-648/72, do Primárias, Subestações Retificadoras e Subestações corrente ano, solicita ao Senado Fe- Auxiliares, de procedência suíça, sem similar nacio-

– 63 – nal, através de contrato firmado com o consórcio rias moedas declaradas pelos Bancos como sendo Brown Boveri. disponíveis para os mesmos Na falta de tal escolha 4. Pela Cláusula 21– letra a – do Contrato, pela C. M. S. P., o empréstimo será em U. S. Dolares "o empréstimo será feito em Francos Suíços ou (dólares dos Estados, Unidos da América do Norte) se na opinião dos Bancos, Francos Suíços (Eurodólares). Pela letra e da mesma cláusula, "o não estiverem comercialmente disponíveis para rateio de cada Banco, dentro de cada empréstimo, eles no Mercado Internacional de Londres, e a importância total de seus compromissos, conseqüentemente tal empréstimo será feito na conforme as disposições do presente Acordo será, moeda escolhida pela C M.S.P., entre as vá- no máximo, a seguinte:

Banco Rateio Compromisso Máximo Montagu 27/76 Sw.Fr 5.400.000 Midland 27/76 Sw.Fr 5.400.000 Maibl 22/76 Sw.Fr 4.400.000 Total '76/76 Sw.Fr 15.200.000

5. A Cláusula 2.2.– letra a – do mesmo de Cr$ 1.200.000.000,00 (um bilhão e duzentos documento estabelece que cada empréstimo milhões de cruzeiros); e) cópia do ofício do Banco Central do Brasil produzirá juros a uma taxa que será sujeita a (FIRCE C-8-72/788, de 14 de março de 1972), em alterações em cada data de início (1º de maio ou 1º que autoriza o prosseguimento das negociações, de novembro, ou o primeiro dia útil após as referidas exigindo para tanto a autorização do Senado datas) e que será de 2 (dois) por cento ao ano acima Federal; f) cópia da Exposição de Motivos nº 92, de 21- da taxa anual oferecida a bancos de primeira no 3-72 (processo número 11.170/72) do Senhor Mercado Internacional de Londres. Ministro da Fazenda ao Excelentíssimo Senhor, No processo encontram-se, além dos citados, Presidente da República na qual concluir que o mais os seguintes documentos principais: Poder Executivo Federal não tem oposição a fazer ao Projeto"; a) cópia devidamente autenticada do original g) cópia do Quadro Demonstrativo das do contrato no idioma inglês; operações já garantidas pela Prefeitura do Município b) cópia devidamente autenticada da tradução de São Paulo (posição em 22-2-72), com o saldo juramentada do contrato assinado entre as partes; disponível, inclusive, com as operações a contratar (nos 7 e 8) c) publicação no Diário Oficial da União de 7. Essas as informações que consideramos autorização do Excelentíssimo Senhor Presidente da necessárias fazer para o perfeito esclarecimento, República para o Senhor Prefeito se dirigir ao não só das operações anteriores, já realizadas, Senado Federal (EM nº 2.361/72); como, também, da contida no ofício ora sob nossa apreciação. d) Lei Municipal nº 7.676, de 8 de dezembro de 8. Assim, cumpridas as exigências 1971, que autoriza o Executivo Municipal a prestar do Regimento Interno (art. 406, letras a, b, c), opinamos favoravelmente ao garantias á Companhia do METRÔ, até o limite

– 64 – atendimento solicitado, nos termos do seguinte: PARECER Nº 52, DE 1972 PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 7, DE 1972 da Comissão de Constituição e Justiça, sobre o Projeto de Resolução nº 7, de 1972, da Comissão Autoriza a Prefeitura do Município de São de Finanças, que "autoriza a Prefeitura do Município Paulo a realizar, através da Companhia do de São Paulo a realizar, através da Companhia do Metropolitano de São Paulo – METRÔ – operação de Metropolitano de São Paulo – METRÔ – operação de empréstimo externo, destinada à aquisição de empréstimo externo, destinado à aquisição de equipamentos elétricos para complementar a Equipamentos Elétricos e Subestações, sem similar instalação do metropolitano paulista. nacional."

O Senado Federal resolve: Relator: Sr. Helvídio Nunes Art. 1º – É a Prefeitura do Município de São Paulo autorizada a realizar, através da Companhia Apresentado pela Comissão de Finanças, o do Metropolitano de São Paulo – METRÔ – operação presente projeto de resolução autoriza a Prefeitura de empréstimo externo, no valor de Sw. Fr. do Município de São Paulo a realizar, através da 15.200.000,00 (quinze milhões e duzentos mil Companhia do Metropolitano de São Paulo – francos suíços), ou o seu eqüivalente em outras METRÔ –, operação de empréstimo externo no moedas, junto aos bancos ingleses: Samuel Montagu valor de Sw. Fr. 15.200.000,00 (quinze milhões e & Comp. Limited, Midland Bank Limited e Midland & duzentos mil francos suíços), ou o seu equivalente International Banks Limited, destinada à aquisição de em outras moedas, junto aos bancos ingleses: equipamentos elétricos da firma: A. G. Brown-Boveri Samuel Montagu & Comp. Limited, Midland Bank & Cie. of Baden, Switzerland (Consórcio Brown- Limited e Midland International Banks Limited, Boveri da Suíça), a serem utilizados na todos de Londres, Inglaterra, destinado à aquisição complementação da instalação da linha prioritário de equipamentos elétricos da firma A.G. Brown (Norte-Sul) do Metropolitano paulista. Boveri & Co. of Baden, Switzerland (Consórcio Art. 2º – A operação de empréstimo realizar- Brown-Boveri, Suíça), para complementar a se-á nos moldes e termos aprovados pelo Poder instalação do sistema integrado de transportes Executivo Federal, à taxa de juros, acréscimos e coletivos daquela cidade. condições admitidas pelo Banco Central do Brasil 2. O artigo 2º da proposição estabelece que "a para registro de empréstimos da espécie obtidos no operação realizar-se-á nos moldes e termos exterior, obedecidas as demais prescrições e aprovados pelo Poder Executivo Federal, à taxa de exigências normais dos órgãos encarregados da juros, acréscimos e condições admitidos pelo Banco política econômico-financeira do Governo federal, e ainda, o disposto na Lei Municipal nº 7.676, de 8 de Central do Brasil para registro de empréstimos da dezembro de 1971, publicada no Diário Oficial do espécie obtidos no exterior, obedecidas as demais Município de São Paulo no dia 9 de dezembro de prescrições e exigências normais dos órgãos 1971. encarregados da política econômico-financeira do Art. 3º – Esta resolução entra em vigor na data Governo Federal e, ainda, o disposto na Lei de sua publicação. Municipal nº 7.676, de 8 de dezembro de 1971, Sala das Comissões, em 3 de maio de 1972. – publicada no Diário Oficial do Município de São João Cleofas, Presidente Carvalho Pinto, Relator – Paulo no dia 9 de dezembro de 1971." Mattos Leão – Lourival Baptista – Tarso Dutra – 3. Anexos ao processado encontram-se os Dinarte Mariz – Celso Ramos – Geraldo Mesquita – seguintes documentos: Milton Trindade – Saldanha Derzi – Wilson a) cópia devidamente autenticada do original Gonçalves – Ruy Santos. do contrato no idioma inglês;

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b) cópia devidamente autenticada da tradução PARECER juramentada do contrato assinado entre as partes; Nº 53, DE 1972 c) publicação no Diário Oficial da União de autorização do Excelentíssimo Senhor Presidente da da Comissão de Legislação Social sobre o República para o Senhor Prefeito se dirigir ao Ofício nº S-9/72, em que o Governador do Estado de Senado Federal (E.M. nº 2.361/72); Minas Gerais encaminha, à consideração do Senado d) Lei Municipal nº 7.676, de 8 de dezembro Federal pedido da Fundação Rural Mineira – de 1971, que autoriza o Executivo Municipal a RURALMINAS, de modificação do texto da prestar garantias à Companhia do Metrô, até o limite Resolução nº 76, de 1970, com a finalidade de dar de Cr$ 1.200.000.000,00 (um bilhão e duzentos aquela entidade maior flexibilidade na alienação de milhões de cruzeiros); terras na região Norte de Minas Gerais. e) cópia do ofício do Banco Central do Brasil (FIRCE – C-8-72/788, de 14-3-72), que autoriza o Relator: Sr. Paulo Tôrres prosseguimento das negociações, exigindo para Com o Ofício nº S-9/72 (nº 634/72, na origem), tanto, a autorização do Senado Federal; o Senhor Governador de Minas Gerais encaminha à f) cópia da Exposição de Motivos nº 92, de 21- apreciação do Senado Federal a proposição em que 3-72 (Processo número 11.170/72), do Senhor o Presidente da Fundação Rural Mineira Colonização Ministro da Fazenda ao Senhor Presidente da e Desenvolvimento Agrário – RURALMINAS, solicita República, na qual conclui que "o Poder Executivo reformulação dos termos da Resolução nº 76, de Federal não tem oposição a fazer ao projeto; 1970, em que o Senado Federal, deu autorização à g) cópia do Quadro Demonstrativo das referida, entidade para "alienar uma área de 200.000 operações já garantidas pela Prefeitura do Município (duzentos mil) hectares de terras de sua de São Paulo (posição em 22-2-72), com o saldo propriedade, situada na região de Jaíba e disponível, inclusive, com as operações a contratar Montalvânia, no Estado de Minas Gerais, ao preço (números 7 e 8). de Cr$ 40,00 (quarenta cruzeiros) o hectare, a 4. A Comissão de Finanças, após examinar empresas rurais brasileiras que tenham ou venham a detidamente os documentos e informações contidas ter projetos na RURALMINAS e na Superintendência no processado – que esclarecem perfeitamente do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE)". todos os detalhes da operação – opinou 2. Diz o Presidente da RURALMINAS em sua favoravelmente à matéria, apresentando, como exposição: conclusão do seu parecer, o projeto de resolução ora "Todavia, somente agora o plano irá ser objeto de nossa apreciação. implantado Dizer-se que ele está desatualizado, 5. Como se verifica, foram atendidas todas as talvez fosse exagero. Entretanto, não resta dúvida de exigências, regimentais (art. 406, letras, a, b e c, e que sua finalidade prática ficou circunscrita à art. 407, letra b) e constitucionais (art. 42, item IV), pequena área – a da SUDENE – o que lhe estando, assim, o presente projeto de resolução em minimizou, em grande parte, o objetivo de carrear condições, jurídica e constitucionalmente falando, de recursos, para a região, onde se implanta a infra- ter tramitação normal. estrutura de transporte e energia, procurando-se a Sala das Comissões, em 4 de maio de 1972. – indispensável cooperação da economia privada. Daniel Krieger, Presidente – Helvídio Nunes, A relativa desatualização do Plano encontra Relator – Gustavo Capanema – José Augusto – explicação, no aparecimento de novos sistemas de Wilson Gonçalves – Heitor Dias – José Sarney – promoção do desenvolvimento rural, através de Accioly Filho. financiamento, como da Resolução nº 181 de 29

– 66 – de março de 1971, que instituiu o Programa Especial tutários, na qualidade de uma Fundação pública de Crédito Rural Orientado para as regiões estadual, através da qual o Estado realiza suas Amazônia Legal/Nordeste, o aditado pelo Proterra e atribuições constitucionais relacionadas com a outros já organizados e em fase de implantação, com propriedade e a posse de terras devolutas na forma seus normativos aprovados pelo Conselho Monetário da administração pública descentralizada. Nacional. III – ter a Fundação em apreço elaborado Ora, se a finalidade prática objetivada detalhados estudos de levantamentos básicos da pelo Plano da RURALMINAS, aprovado pela região, no trecho do alto médio São Francisco, para Resolução nº 76/70 do Senado Federal, foi dimensionamento de um racional aproveitamento da carrear recursos da esfera privada, para integrara capacidade de uso das terras devolutas do Estado região à economia mineira, e unir o esforço estatal de Minas Gerais, definindo um plano de realizações ao da economia privada, para obter os resultados que objetiva a execução de metas físicas e o colimados, parece-nos da melhor política exercício de atividades suportes com a finalidade de administrativa, adaptar o Plano à nova realidade dotar a referida região de adequada infra-estrutura social, para que ele se beneficie das novas econômica e social, possibilitando assim o seu e promissoras formas de incentivos, através desenvolvimento e conseqüentemente a contribuição de financiamentos orientados para o à melhoria econômica do Estado." desenvolvimento, resultantes de beneméritos 5. Agora, quando o plano irá ser esforços do Governo Federal, a fim de contribuir para definitivamente implantado, solicita a RURALMINAS integração de Minas Gerais no esforço nacional para as pequenas alterações já mencionadas no item 3 o desenvolvimento." deste parecer, a fim de que possa ter mais 3. Dessa forma, pretende a RURALMINAS flexibilidade na sua aplicação. que o Senado autorize sejam as mencionadas 6. Considerando que o pedido encontra-se terras também alienadas a pessoas naturais que plenamente justificado e que as modificações possuam recursos próprios para a implantação pretendidas não alteram a substância do que foi de seus projetos, diminuídos os lotes de 5.000 originariamente autorizado pelo Senado, opinamos para 3.000 a fim de abrir possibilidades à média pela aprovação do pedido, nos termos do seguinte: empresa. 4. Esta Comissão, por ocasião do pedido PROJETO DE RESOLUÇÃO original, examinou extensa e profundamente a Nº 8, DE 1972 matéria. Desse pronunciamento, tão-somente a título de crescimento, tomamos a liberdade de transcrever Dá nova redação ao art. 1º da Resolução Nº os seguintes tópicos: 76, de 1970. "I – tratar-se de integrado plano de Desenvolvimento Agrário, localizado na Região O Senado Federal resolve: Noroeste do Estado de Minas Gerais, em terras Art. 1º – O artigo 1º da Resolução nº 76, de devolutas que pertenciam aquele Estado e que por 1970, do Senado Federal, passa a vigorar com a força da Lei estadual nº 4.278, de 21 de novembro seguinte redação: de 1966, passaram a constituir o patrimônio da Art. 1º É a Fundação Rural Mineira – Fundação Rural Mineira. Colonização e Desenvolvimento Agrário – II – estar a referida Fundação devidamente RURALMINAS, autorizada a alienar uma área de constituída e em pleno exercício de suas 200.000 (duzentos mil) hectares de terras de sua atividades, cumprindo os seus objetivos esta- propriedade, situada nas regiões de Jaíba e

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Montalvânia, no Estado de Minas Gerais, em lotes de mente, empresas rurais brasileiras que tenham 3.000 (três mil) a 30.000 (trinta mil) hectares, ao ou venham a ter projetos na RURALMINAS e preço mínimo de Cr$ 40,00 (quarenta cruzeiros) o na SUDENE simultaneamente, ficando, portanto, hectare, a pessoas jurídicas ou naturais que tenham a ação de propiciar o desenvolvimento daquela ou venham a ter projetos na RURALMINAS ou na região restrita às referidas empresas. SUDENE." Propõe, agora, o Governador, modificar a Art. 2º – Esta Resolução entra em vigor na autorização do Senado, nos seguintes termos: data de sua publicação. a) Diminuir as dimensões dos lotes de 5.000 Art. 3º – Revogam-se as disposições em para 3.000 hectares, até 30.000 hectares; contrário. b) Ampliar o seu campo de interesse para as Sala das Comissões, em 3 de maio de 1972. – pessoas jurídicas e naturais e não somente a Franco Montoro, Presidente – Paulo Tôrres, Relator empresas; Benedito Ferreira – Heitor Dias – Wilson Campos. c) Superar a restrição das empresas vinculadas à RURALMINAS e à SUDENE, PARECER simultaneamente; mediante a troca da conjunção Nº 54,DE 1972 e para ou, com o fim de se estabelecer a alternativa para quem tiver projetos aprovados da Comissão de Constituição e Justiça, sobre na SUDENE ou na RURALMINAS e não em o Projeto de Resolução nº 8, de 1972, que dá nova uma e outra, como está na Resolução nº 76, de redação ao artigo 1º da Resolução nº 76, de 1970, 1970. do Senado Federal. Nestas condições, a alteração proposta visa, tão-somente, a facilitar a implantação do programa Relator: Sr. José Augusto de desenvolvimento sócio-economico da região O Excelentíssimo Senhor Governador do em tela, propiciando a canalização de maiores Estado de Minas Gerais, através do seu Ofício nº S- recursos financeiros, hauridos da indispensável 9/72 (Número 634/72, na origem) solicita ao Senado cooperação da economia privada, atingida, agora, a reformulação de sua Resolução nº 76, de 1970, em na faixa de pessoas jurídicas e naturais, bem que esta Casa do Congresso Nacional, de acordo como, numa camada social interessada na com sua competência Constitucional autorizou a aquisição do minifúndio equivalente a lotes de 3.000 alienação de terras na região norte daquele Estado hectares. da Federação. No que tange a esta Comissão opinar, A Resolução em tela, à época de sua nos termos do Regimento Interno, cabe-nos por promulgação, atenderia aos altos objetivos de força do seu art. 100, item I, número 21, examinar alcance social e econômico a que se propunha em o mérito e em decorrência do disposto no item III favor do desenvolvimento agrário de vasta região do citado artigo, opinar sobre a constitucionalidade mineira compreendida no norte do Estado e e juridicidade do projeto de resolução integrada na área da SUDENE. apresentado pela douta Comissão de Legislação Ocorre, porém, que durante o lapso de tempo Social. compreendido entre 1970 a 72, veio a se verificar a Assim, quanto ao mérito, somos de grande limitação imposta pela referida Resolução, parecer favorável por se tratar de modificação quando restringe a alienação de terras públicas da facilitadora da implantação do programa Fundação Rural Mineira – Colonização e de desenvolvimento preconizado pela RURALMINAS Desenvolvimento Agrário – para, exclusiva- e quanto a constitucionalidade e juridicida-

– 68 – de nada vemos que possa ferir esses dois aspectos justificar a modificação pretendida, diz estar da questão. convicto de que a modificação virá facilitar a É o parecer. implantação do programa de desenvolvimento Sala das Comissões, em 3 de maio de 1972. – agrário daquela área, consubstanciado nos seguintes Daniel Krieger, Presidente – José Augusto, Relator – tópicos principais: Helvídio Nunes – Accioly Filho – Wilson Gonçalves – a) Trata-se de um plano, integrado de José Sarney – Gustavo Capanema – Arnon de Mello desenvolvimento agrário para uma região localizada – Heitor Dias. no Noroeste do Estado de Minas Gerais, em terras devolutas do Estado; que passaram a constituir o PARECER patrimônio da Agência de Desenvolvimento Nº 55, DE 1972 denominada Fundação Rural Mineira; b) Estar a RURALMINAS em pleno exercício da Comissão de Agricultura, sobre o Projeto de suas atividades, na qualidade de Fundação de Resolução nº 8, de 1972. Pública Estadual, executando a política agrária, em forma de Administração Descentralizada, no que diz Relator: Sr. Antônio Fernandes respeito à propriedade e à posse das terras Vem ao exame deste órgão técnico o presente devolutas de Minas Gerais; Projeto de Resolução de autoria da douta Comissão c) Existir detalhado estudo das potencialidades de Legislação Social, que tem por objetivo modificar básicas da região, com o objetivo de alcançar o a redação do artigo 1º da Resolução nº 76, de 1970, aproveitamento da capacidade de uso das citadas em que o Senado Federal, no cumprimento do terras e de seus recursos naturais. disposto no parágrafo único do artigo 171 da Á vista do exposto, esta Comissão nada tem a Emenda Constitucional nº 1, de 1969, e em atenção opor que seja feita a modificação pleiteada, porque ao pedido original do Excelentíssimo Senhor entendemos que os seus motivos a justificam Governador do Estado de Minas Gerais, autorizou a plenamente pelo seu alto alcance social, alienação de terras de propriedade dá Fundação principalmente, nos meios rurais do Estado de Minas Rural Mineira – Colonização e Desenvolvimento Gerais. Agrário – RURALMINAS, entidade estatal É, portanto, o nosso parecer pela aprovação encarregada de promover o crescimento sócio- do presente projeto de resolução. econômico de uma área de 200.000 (duzentos mil) Sala das Comissões, em 3 de maio de 1972. – hectares na zona de Jaíbe e Montalvânia, situada no Paulo Guerra, Presidente – Antônio Fernandes, norte daquele Estado e integrada na região da Relator – João Cleofas – Adalberto Sena – Daniel SUDENE. Krieger. Sobre a resolução original, de 1970, esta Comissão deixou de se pronunciar, por ter feito, em PARECER seu lugar, a extinta Comissão de Concessão e Nº 56, DE 1972 Alienação de Terras Públicas e Povoamento, visto que, à época, era de sua competência privativa, nos da Comissão de Constituição e Justiça, termos do Regimento Interno então vigorante. sobre o Projeto de Decreto Legislativo nº 24, de E no que compete a esta Comissão opinar, por 1971 (nº 29-A/71 – na Câmara), que aprova força de nossa lei interna em vigor, nos cabe o as contas do Serviço Federal de Processamento exame do mérito da questão, quanto à repercussão de Dados (SERPRO), relativas ao exercício de do desenvolvimento agrário a se alcançar pela 1968. medida ora em exame. Sobre esse aspecto nos louvamos nos Relator: Sr. José Sarney motivos expostos pelo Diretor-Geral da O projeto ora submetido à nossa Fundação Rural Mineira que, ao consideração é de autoria da Comis-

– 69 – são de Fiscalização Financeira e Tomada de tamente indicados na disciplina constitucional, ou Contas da Câmara e tem por objeto aprovar as seja – julgamento de contas do Presidente da contas prestadas pelo Serviço Federal de República e do Governador do Distrito Federal (arts. Processamento de Dados (SERPRO), relativas ao 394, 395 e 396). exercido de 1968. A interpretação lógica relativa a leis ordinárias Com vistas ao preceituado no Art. 19 e seu semelhantes à de nº 4.516, de 1964, é a de que as parágrafo único da Lei nº 4.516, de 1º de dezembro comunicações feitas pelo Tribunal de Contas, ao de 1964, o SERPRO enviou ao Tribunal de Contas Congresso Nacional, no que tange a órgãos da União suas contas referentes ao exercício de vinculados à administração pública, não carecem de 1968. Essa Corte, após pronunciar-se a respeito, manifestação expressa, em termos de proposição enviou-as ao Congresso. legislativa, mas, tão-somente, de apreciação e A matéria foi inicialmente encaminhada à conseqüente arquivamento, não ocorrendo, in casu, Câmara, onde, examinada pela Comissão de qualquer constatação de irregularidade que justifique Fiscalização Financeira e Tomada de Contas, a indicação de providências objetivas, tendentes à converteu-se no presente projeto de decreto apuração de responsabilidades ou à aplicação de legislativo. punições: Observa-se, entanto, à vista das disciplinas Do ponto de vista jurídico-constitucional, outra constitucional legal-ordinária e regimental, relativas à não poderia ser a inteligência recomendada, espécie, que a matéria versada no processo de verificando-se que uma lei ordinária não pode, por tomada de contas do Serviço Federal de falta em hierarquia, estabelecer obrigação para o Processamento de Dados (SERPRO) não é Congresso Nacional, alterando o elenco de daquelas que justificariam ou exigiriam a edição de competência stricti juris fixado pela Constituição um decreto legislativo para a sua aprovação. Federal. Aliás, neste passo, a lei ordinária se limita a De fato, a Câmara dos Deputados, fundada dizer que as Casas Legislativas adotarão as nos mais louváveis propósitos, certo julgou cabível a medidas, que julgarem convenientes, no exame das propositura do decreto legislativo sob exame, contas remetidas à sua consideração. considerando o preceituado no art. 19 da Lei nº Exemplo típico do lapso que se comete, em 4.518, de 1964, que prescreve: tais casos, com a edição de decretos legislativos – "Art.19. O Serviço Federal de Processamento que, assim, decaem de importância e significado – é de Dados enviará ao Tribunal de Contas, até 31 de o caso do Decreto Legislativo nº 47, de 1968 – que março de cada ano, as suas contas gerais relativas aprovou as contas da Petróleo Brasileiro S/A. ao exercício anterior. (PETROBRÁS). Parágrafo único. O Tribunal emitirá De fato, a Lei nº 2.004, de 3 de outubro de parecer sobre as contas; e ás remeterá ao 1963, estabelece apenas: Congresso Nacional que, por qualquer de suas "Art, 32. A PETROBRÁS e as sociedades dela Casas, adotará as medidas que entender subsidiárias enviarão ao Tribunal de Contas, até 31 convenientes." de março de cada ano, as contas gerais da Em verdade, porém, o pronunciamento Sociedade, relativas ao exercício anterior, as quais do Congresso Nacional, nessas hipóteses, por via serão por aquele remetidas à Câmara dos do decreto legislativo, só é exigido quando se Deputados e Senado Federal. trata de julgamento de contas do Presidente da Parágrafo único. O Tribunal de Contas República, nos expressos termos do art. 44, item limitar-se-á a emitir parecer sobre as contas que VII, da Constituição Federal. Neste mesmo lhe forem enviadas. E o Congresso Nacional, diapasão afina o Regimento Interno do Senado depois de tomar conhecimento das mesmas Federal, capitulando apenas os casos explici- sem julgá-las e do parecer do Tribunal, ado-

– 70 – tará, por qualquer de suas Casas, quanto ao Constituição ao alcance de todos, pág. 318). assunto, as medidas que a sua ação fiscalizadora Foi esse dispositivo, no rígido contexto da entender convenientes." Emenda Constitucional, o rumo que encontrou a Há, portanto, na forma da referida lei, Comissão de Estudos da Reforma do Senado expressa vedação a que o Congresso possa julgar Federal, presidida pelo ilustre Sr. Carvalho Pinto, as contas da PETROBRÁS, limitada a sua ação, na para aprofundar a ação do Legislativo. Infelizmente, espécie, ao simples conhecimento das mesmas, com por motivo de saúde, não pôde ainda o eminente possível intervenção isolada, de cada Casa, na Senador Milton Campos concluir o trabalho, iniciado, e que daria ao texto constitucional os limites de sua hipótese de medidas fiscalizadoras julgadas competência. convenientes. Não havendo, pois, data venia, O texto constitucional não é auto-executável, o motivos justificadores da iniciativa ora sob exame, que não impede que o Congresso Nacional, ao julgamos mais acertado que se reajuste o conhecer de vícios extrínsecos evidentes, logo tome comportamento legislativo, a fim de que a matéria as providências que lhe cabe, através de outros seja examinada pela forma sugerida em lei. meios de fiscalização, como as Comissões Entendemos, dessarte, à vista dos precitados Parlamentares de Inquérito e os pedidos de elementos jurídicos e consoante a boa hermenêutica, informações às autoridades competentes. que o presente projeto de decreto legislativo seja A lei em vigor, recordada pelo nobre Senador arquivado, remetendo-se o respectivo processado à José Sarney, em seu lúcido relatório, diz que "O Comissão de Finanças, para o competente Tribunal emitirá parecer sobre as contas; e as conhecimento, dando-se conta desta decisão à outra remeterá ao Congresso Nacional que, por qualquer Casa do Congresso Nacional. de suas Casas, adotará as medidas que entender Sala das Comissões, em 24 de novembro de convenientes". 1971. – Daniel Krieger, Presidente – José Sarney Baixar decretos legislativos aprovando contas Relator – Accioly Filho – Helvídio Nunes – Franco de qualquer órgão da administração indireta, sem Montoro – Gustavo Capanema – Wilson Gonçalves – que tenha o Congresso Nacional meios de fiscalizar quanto nelas se contém parece, ao nobre Senador Eurico Rezende – Heitor Dias – Nelson Carneiro, maranhense, desserviço ao Legislativo. É também o com voto em separado. meu voto, sem abdicar, acentuo, do direito de opinar em cada caso, conforme as circunstâncias e VOTO EM SEPARADO características da espécie. Se a lei invocada nos outorga, como não poderia deixar de ser, liberdade A invasão pelo Executivo de atribuições de deliberação, a solução é o arquivamento do outrora privativas do Legislativo teve como Projeto, sem prejuízo para o serviço Federal de contrapartida, em várias legislações dos países Processamento de Dados (SERPRO), cujas contas democráticos, a ampliação dos poderes deste para já foram aprovadas pelo Tribunal de Contas, que as fiscalizar a ação administrativa daquele. O art. 45 da examinou. Emenda Constitucional nº 1 reproduz o texto do art. Sala das Comissões, em 24 de novembro de 48 da Constituição de 1967: 1971. – Nelson Carneiro "A lei regulará o processo de fiscalização, pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, dos PARECER atos do Poder Executivo, inclusive os da Nº 57, DE 1972 administração indireta." A lei, entretanto, não foi votada. Paulo da Comissão de Finanças, sobre o Projeto de Decreto Legislativo nº 24, de 1971. Sarazate tinha razão, ao afirmar:

"Será uma medida útil e eficaz, cujo Relator: Sr. Mattos Leão êxito, entretano, dependerá dos termos da lei Aprovar as contas do Serviço a ser votada e, mais que isso, da boa Federal de Processamento de Dados – SERPRO, relativas ao exercício de disposição para pô-la em execução." (A

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1968, é objetivo do projeto de decreto legislativo que Compete, assim, ao Congresso apreciar as vem ao exame desta Comissão. A matéria, aprovada contas. E, desde que inexiste "irregularidade que pela Câmara dos Deputados mereceu da Comissão justifique a indicação de providências objetivas, de Constituição e Justiça do Senado observações tendentes à apuração de responsabilidade ou à como estas, contidas no parecer do Relator, Senador aplicação de punições", entende a Comissão de José Sarney: Constituição de Justiça que o caminho certo é "Entanto, à vista das disciplinas constitucional, arquivar a matéria. Trata-se, em verdade, do problema referente a legal-ordinária e regimental, relativas à espécie, a o processo de fiscalização, pelas duas Casas do matéria versada no processo de tomada de contas Congresso, dos atos do Poder Executivo, inclusive do Serviço Federal de Processamento de Dados da Administração Indireta; que, nos termos do art. 45 (SERPRO) não é daquelas que justificariam ou da Constituição, será regulado por lei. exigiriam a edição de um decreto legislativo para a O Congresso já conhece a prestação de sua aprovação." contas do SERPRO, referente ao exercício de 1968. Assinala, ainda, o Relatar da Comissão de Nenhuma responsabilidade deve ser apurada, uma Constituição e Justiça que, "em verdade, o vez que o Tribunal de Contas da União quitou a pronunciamento do Congresso Nacional, nessas administração. hipóteses, por via de decreto legislativo, só é Somos, porém, pelo sobrestamento do exigido quando se trata de julgamento das contas presente projeto de decreto legislativo, até que do Presidente da República, nos expressos termos se verifique a regulamentação do dispositivo do art. 44, item VIII, da Constituição Federal". constitucional acima citado. O Regimento do Senado obedece ao preceito Sala das Comissões, em 3 de maio de 1972. – João Cleofas, Presidente – Mattos Leão, Relator – (arts. 394, 395 e 396), e só admite o decreto Ruy Santos – Wilson Gonçalves – Carvalho Pinto – legislativo para julgamento de contas do Presidente Saldanha Derzi – Tarso Dutra – Celso Ramos – da República e do Governador do Distrito Federal: Lourival Baptista. Por seu turno, a Lei nº 4.516, de 1º de O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – O dezembro de 1964, estabelece: Expediente lido vai à publicação. "Art. 19. O Serviço Federal de Processamento Sobre a mesa, requerimentos que vão ser de Dados enviará ao Tribunal de Contas, até 31 de lidos pelo Sr. 1ºSecretário. março de cada ano, as suas contas gerais relativas São lidos os seguintes: ao exercício anterior. Parágrafo único. O Tribunal emitirá parecer REQUERIMENTO sobre as contas e as remeterá ao Congresso Nº 14, DE 1972 Nacional que, por qualquer das duas Casas, adotará as medidas que entender convenientes." Sr. Presidente: No caso em exame, o Conselho de Nos termos do Art. 234 do Regimento Interno, requeremos transcrição, nos Anais do Senado, do Administração do SERPRO aprovou (Lei nº 4.516/64, discurso proferido ontem, pelo General-de-Exército art. 8º, alínea i) o balanço da Empresa, que foi Arthur Duarte Candal Fonseca, quando da encaminhado ao Ministro da Fazenda e ao Tribunal solenidade de sua posse, como Chefe do Estado de Contas. Este, na análise procedida, encontrou Maior das Forças Armadas. equívocos, posteriormente justificados, e acabou Brasília, 3 de maio de 1972. – Lourival julgando regulares as contas e mandou expedir Baptista – Antônio Carlos – Ruy Santos – Tarso quitação ao Superintendente da entidade. Dutra – Heitor Dias.

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REQUERIMENTO vidores públicos federais e autárquicos, se Nº 15, DE 1972 hansenianos, na forma do artigo 178 do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, aprovado pela Sr. Presidente: Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952. Nos termos Regimentais, requeiro transcrição, Lembra Severino Montenegro (Mensário nos Anais do Senado Federal, do Editorial do Estatístico-Atuarial, IAPI, nº 158), que "segundo "Correio Braziliense" sob o titulo "Horas de Carlos G. Posada, as aposentadorias por invalidez Grandeza", publicado nesta data. Sala das Sessões, 5 de maio de 1972, – nunca são iguais ao salário que se perde, porque se Adalberto Sena. julga que o fato de não trabalhar o segurado traz, em O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – corolário, uma diminuição de suas necessidades de Os requerimentos lidos serão publicados e, em alimentos, de vestuário e de outras despesas seguida, despachados à Comissão Diretora. pertinentes à sua condição de ativo. Há, todavia, Sobre a mesa, projeto de lei que vai ser lido. em nosso meio, a tendência generalizada de É lido o seguinte: se conceder a aposentadoria por invalidez integralmente aos segurados acometidos de doença PROJETO DE LEI DO SENADO que os segregue da sociedade, proporcionando o Nº 7, DE 1972 que os legisladores denominam "de um pouco mais

de conforto antes de sua morte prematura". Acrescenta parágrafo ao artigo 27, da Lei Orgânica da Previdência Social. Nada mais justo, portanto, do que a extensão da medida já concedida a determinadas categorias O Congresso Nacional Decreta: de segurados do INPS e, indistintamente, a todos os Art. 1º – Acrescente-se ao artigo 27 da Lei servidores públicos federais e autárquicos, aos Orgânica da Previdência Social (Lei nº 3.807, de 26 acometidos pelo mal de Hansen, quando vinculados de agosto de 1960), o seguinte parágrafo: ao nosso sistema de seguro social. § 9º O valor da aposentadoria dos portadores De fato, a discriminação atual é tão iníqua do mal de Hansen, em nenhuma; hipótese, poderá quanto intolerável. ser inferior ao salário-mínimo do local de trabalho do Vale, finalmente, considerar que o número segurado". extremamente reduzido dos aposentados pela Art. 2º – Entrará esta lei em vigor na data de sua publicação. previdência social em virtude da moléstia em causa, representa ônus insignificante, suscetível Justificação de ser plenamente atendido, consoante prescreve o parágrafo único do artigo, 165 do texto Na legislação previdenciária, o valor da constitucional, pelos sucessivos "superavits" aposentadoria do Aeronauta, nos termos do Decreto- apresentados pelos balanços gerais do Instituto lei nº 158, de 10 de fevereiro de 1967 (§ 2º do art. Nacional de Previdência Social. 3º), não pode ser inferior ao mais alto salário-mínimo Sala das Sessões, em 5 de maio de 1972. – vigente no País. Do mesmo modo, a recente Lei nº José Sarney. 5.698, de 31 de agosto de 1971, que dispõe sobre a (Ás Comissões de Constituição e Justiça, de aposentadoria do ex-combatente, assegurou-lhes, na Legislação Social e de Finanças.). forma do item II do art. 1º, renda mensal de aposentadoria pelo INPS nunca inferior a cem por O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – O cento do salário-de-benefício, definido e delimitado projeto lido será publicado, e, em seguida, na legislação comum de previdência social. despachado às comissões competentes. É, por igual, a aposentadoria com O Senhor Ministro do Interior, tendo vencimentos integrais, direito dos ser- em vista o estabelecido no

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Aviso Ministerial nº 0107, e 15-10-70 e que se refere O SR. FILINTO MÜLLER (sem revisão do aos Planos de Desenvolvimento financiados pelo orador.): – Sr. Presidente, V. Ex.ª acaba de anunciar Serviço Federal de Habitação e Urbanismo – que a presente Sessão foi reservada especialmente SERFHAU –, encaminhou ao Senado os Relatórios para que o Senado possa prestar justa homenagem Preliminares de Novo Aripuanã – AM, Itacoatiara – à memória do grande brasileiro Marechal Cândido AM, Acará – PA, Abaetetuba – PA, Bragança – PA, Mariano da Silva Rondon, desbravador dos sertões, Soure – PA, Vizeu – PA, São Félix do Xingu – PA e pacificador dos nossos índios, homem que dedicou São Domingos do Capim – PA. toda sua vida à causa da Pátria. O expediente vai à Comissão de Assuntos O Marechal Rondon foi orgulho para Mato Regionais. Grosso, para a região de Mimoso, onde nasceu, para Está Presidência, atendendo solicitação da Cuiabá, nossa Capital; orgulho para o Brasil e liderança da ARENA, designa o Senhor Senador símbolo para toda a Humanidade. Saldanha Derzi para substituir os Senadores Hoje, também, em comemoração ao Fernando Corrêa e Benedito Ferreira e o Sr. Senador aniversário do seu nascimento, nós festejamos o Dia Antônio Fernandes para substituir o Senador Wilson Nacional de Comunicações. Gonçalves, nas representações do Senado às Sabe V. Ex.ª, Sr. Presidente, que a obra Exposições Pecuárias de Uberaba e Barretos. ciclópica da Revolução situa-se exatamente no Sobre a mesa, comunicação que vai ser lida. terreno das comunicações. O que nós temos hoje de É lida a seguinte: avanço, progresso e desenvolvimento em matéria de comunicações, é obra exclusiva, pode dizer-se, da COMUNICAÇÃO Revolução. Ontem, nós vivíamos limitados a deficientes comunicações, por via telegráfica, rádio Brasília, 3 de maio de 1972. ou ligeiramente televisão. Mas hoje a obra realizada pelo Ministério das Comunicações, que é Ministério Excelentíssimo Senhor da Revolução, hoje entregue à capacidade, à Senador Petrônio Portella dedicação, ao valor de Hygino Corsetti une o Brasil DD. Presidente do Senado Federal inteiro, de Norte a Sul; e não só isto: leva a imagem Na forma regimental e de acordo com a do Brasil a outras nações do nosso Continente. decisão do Senado, em despacho de V. Ex.ª Assim, Sr. Presidente, a escolha da data de 5 publicado no Diário do Congresso, edição de 19 de de maio para festejar o Dia Nacional das abril último, comunico que me ausentarei do País, no Comunicações representa homenagem muito justa, próximo dia 8, para participar, como observador, dos muito merecida à memória do grande brasileiro, do trabalhos da Delegação de Empresários Brasileiros grande mato-grossense Marechal Rondon, que deu que irá à Inglaterra. sua vida, deu todas suas energias em beneficio Atenciosamente – Jessé Freire, Senador. do estabelecimento das comunicações no Brasil, e O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – A que também se empenhou, a fundo, na obra presente Sessão, por deliberação do Senado e a altamente humanitária de proteção e amparo ao requerimento da Comissão de Transportes, índio brasileiro. Comunicações e Obras Públicas, será dedicada a Sr. Presidente, para falar em nome da homenagear a memória do Marechal Cândido Maioria, representando nosso pensamento, que Mariano da Silva Rondon. é o pensamento do povo brasileiro, nesta Com a palavra o nobre Líder da homenagem à memória do Marechal Rondon, Maioria, Senador Filinto Müller. a Liderança designou o nobre Senador

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Leandro Maciel, a quem peço V. Ex.ª conceda a Rondon, menino pobre, com vocação revelada palavra. desde cedo para a carreira militar, assentou praça O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – no Exército e cursou o Liceu Cuiabano. Terminado Concedo á palavra ao nobre Senador Leandro o curso, veio para o Rio, na ilusão de que Maciel, que falará em nome da Maioria. seus preparatórios fossem aproveitados para O SR. LEANDRO MACIEL (em nome da ingresso na Escola Militar. Eram muitos os seus maioria. Lê o seguinte discurso.): – Sr. Presidente, colegas vindos de Cuiabá com o mesmo intento, Srs. Senadores, a Comissão de Transportes, mas, todos, decepcionados, retornaram às suas Comunicações e Obras Públicas do Senado casas, ficando Rondon no deliberado propósito de requereu ao Presidente da Casa que o expediente conhecer os caminhos que pudessem levá-lo à da Sessão de hoje, dia 5 de maio, fosse reservado Escola Militar. às comemorações do transcurso da data natalícia do Inscreveu-se no tradicional Colégio Pedro II Marechal Cândido Mariano do Silva Rondon, Patrono onde fez o primeiro ano com distinção e requereu também do Dia das Comunicações que exame vago para o segundo e terceiro anos, sendo conjuntamente celebramos. em ambos aprovado. Estavam assim abertas as O Ministro Corsetti, numa inspiração feliz, em portas da Escola Superior de Guerra, recém-criada, exposição de motivos apresentada ao Presidente que ele cursaria sempre como primeiro aluno da Médici a 16 de fevereiro de 1971, propôs medidas turma. destinadas a promover comemorações nesta data e Participou de dois movimentos, a Lei Áurea e o Presidente autorizou a criação do Dia das a Proclamação da República. Proclamada esta, com Comunicações, como se vê do Diário Oficial de 24 o curso terminado, foi desligado da Escola Superior de fevereiro de 1971. de Guerra com o título de Engenheiro Militar e o Estamos aqui reunidos para lembrar a vida e a diploma de Bacharel em Matemáticas e Ciências memória de Rondon, patriota que tem plantado na Físicas e Naturais. gratidão dos brasileiros, imperecivelmente, a sua obra inigualável de grande Bandeirante, nas mais COMO INGRESSOU RONDON NA arrojadas caminhadas por terras nunca dantes CAMPANHA PELA IMPLANTAÇÃO DAS LINHAS andadas por homens civilizados, no mais valioso e TELEGRÁFICAS NA SELVA BRASILEIRA árduo serviço de integração. Já o Governo Monárquico, na altura de 1823, COMO APARECEU RONDON sentia a imperiosa necessidade da integração dos índios bravios na civilização. Assim é que José Nasceu em Mato Grosso, a 5 de maio de Bonifácio de Andrada e Silva apresentou à 1865, nas proximidades de Cuiabá, no lugar Assembléia Constituinte seus "Apontamentos para a denominado Mimoso, a que ele se refere de maneira civilização dos índios bravos do Império do Brasil" carinhosa: "O Pantanal de Mimoso, bucólica que, sem motivos conhecidos, fora arquivada. Mas a localidade em que nasci, é um rincão pastoril mais idéia estava viva na geração da época, belo da terra de Antônio João." Esta referência a principalmente nos homens responsáveis pela Antônio João, também filho de Mimoso, é uma condução da vida pública. O General José Vieira homenagem a um valoroso oficial do Exército que, Couto de Magalhães apontava, com a sua no Comando da Colônia Militar de Dourados, na responsabilidade, as providências que lhe pareciam Guerra do Paraguai, intimado, com os seus urgentes, que coibissem aquele inominável crime: quinze soldados, a se renderem, preferiu morrer a escravização do gentio, o seu aniquilamento, combatendo, escrevendo a seu Chefe: "Sei que caso não se submetessem aos aventureiros que morro mas o meu sangue e o de meus companheiros exploravam a borracha e enxotavam os índios de servirá de protesto solene contra a invasão do solo suas próprias terras, até muitos deles estrangeiros. da minha Pátria." Esta glória veio caber ao moço pobre, militar de

– 75 – fibra, Cândido Rondon, soldado correto, dinâmico e do postes de ferro ou de madeira, fincando-os no sábio. Pantanal, estendendo linhas, finalmente substituindo Com o advento da República, para executar os soldados em todas as suas pesadas tarefas. Isso o plano já então concebido pelo Governo valeu um desmentido à leviana afirmação de que o Monárquico, de estender as comunicações índio brasileiro é preguiçoso, incapaz, indolente e telegráficas da Corte até Cuiabá, foi criada a desleal. Comissão Construtora de Linhas Telegráficas e para Logo depois, foi Rondon chamado à Capital da ela, mais tarde, convidado Rondon. Esta Comissão República, para assumir o cargo de Lente da Escola foi, de início, chefiada pelo Coronel Ewerton Militar, nas cadeiras de Astronomia e Mecânica Quadros,tendo como ajudante o Major, Gomes Racional, por indicação de Benjamin Constant, seu Carneiro, oficial dos mais ilustres do Exército. Gomes guia espiritual. Carneiro, assumindo a direção da Comissão, Um ano durara o exercício da Cátedra e, por escolheria um ajudante, de preferência mato- insistência, de Gomes Carneiro, teve de aquiescer e grossense, e a escolha recaíra em Rondon, regressar à selva, nas arriscadas expedições, apontado como tendo conseguido o primeiro lugar na desbravadoras e pioneiras. Escola. Renomeado para ocupar a Chefia do 16º A Comissão Construtora da Linha Telegráfica Distrito Telegráfico e Inspetor-Permanente dos de Cuiabá–Araguaia foi a primeira Comissão de destacamentos militares situados ao longo da linha penetração dos sertões criada pela República. telegráfica, prosseguiu a construção do trecho Em treze meses, surpreendia o noticiário dos Cuiabá–Araguaia, quando irrompeu a revolução de jornais com a rapidez com que foram estendidos 514 Custódio de Melo e Saldanha da Gama, no Rio de quilômetros de linhas telegráficas. Os primeiros 42 Janeiro. Foi, todavia, exigida pelo Governo a sua quilômetros da linha construída se estendiam de permanência em Cuiabá. Fazendo de cada índio um Cuiabá a São Bento, daí atingindo o Ranchão, nas amigo dedicado, Rondon granjeou para si a justa fraldas do Capistrano. Nos 84 quilômetros alcançava auréola de "Apóstolo do Bem". Adotou o Sangradouro Grande, havia habitantes, mas tudo o humaníssimo lema que o norteara pela existência: mais era sertão bruto. Eram 583 quilômetros de "morrer se necessário for, matar nunca". Para manter linhas sobre o desenvolvimento dos 600 da velha esta norma, teve de tomar medidas excepcionais estrada de Anhangüera-Cuiabá, construída pelos contra maus elementos da tropa, que traziam o Bandeirantes. ambiente em constante irritabilidade. A maldade A Comissão atingiu a Capim Branco, a cerca humana não tem limites e a inveja pelo prestígio que de 126 quilômetros de Cuiabá, ou sejam 474 Rondon desfrutava, crescente à proporção que a sua quilômetros da Vila de Registro do Araguaia, termo obra aparecia chegou ao ponto de ele ser da Missão. Dois terços desta região eram habitados denunciado e submetido a Conselho de Guerra em pela numerosa nação dos bororos que viviam no Cuiabá. Remetido o relatório ao Ministro da Guerra, melhor entendimento, confraternizando com a o despacho foi: "arquive-se, por improcedente". E o Comissão, vindo, mais tarde, ajudar Rondon, quando Comandante do Distrito, numa ordem do dia os seus bravos soldados foram atacados, em grande "louvava e agradecia os serviços prestados", número, de beribéri e impaludismo, morrendo exaltando a sua conduta. muitos e outros transportados para Cuiabá. Nesta Entregue, novamente, à reconstrução da linha emergência, para que não parassem os entre o rio Aricá e o rio do Peixe, sempre em contato serviços, Rondon apelou para a cooperação dos com as turmas ocupadas nos outros trechos, Rondon bororos e dos parecis. Falando fluentemente a trabalhava todos os dias, apenas com o direito do língua deles com os seus Chefes, pôde trazer cerca descanso dominical, quando se entregava à leitura de quinhentos índios para o trabalho, carregan- do Catecismo Positivista.

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Mais tarde, num atrito com um engenheiro dos, funcionários civis da Repartição dos Correios e alemão, Diretor-Técnico da Repartição-Geral dos Telégrafos, formaram a sua Comissão, e o 5º Telégrafos, Rondon pediu demissão; encaminhada Batalhão iria constituir o núcleo principal da tropa pelo Ministério da Guerra. Ao apresentar-se, para todos os serviços pesados. Aí tomou Rondon foi nomeado Auxiliar-Técnico da Intendência-Geral contato com a grande nação indígena Nhambiquara, Foi, quando o Ministro da Guerra, Marechal constituída de ferozes indígenas, havendo sido ele Mallet, resolveu confiar novamente a Rondon mesmo alvejado por uma seta que, por milagre, veio uma missão na selva: executar um trabalho espetar-se no orifício da bandoleira de sua arma, à elaborado pelo próprio Ministério da Guerra, ligando, altura do coração. pelo telégrafo, as fronteiras do Brasil com a Bolívia é Rondon, ante a emoção da hora, surpreendido o Paraguai e ligando-as a Cuiabá é ao Rio de com a afoita agressividade, do índio que o alvejara, Janeiro. não permitiu, assim mesmo, nenhum ato de Pelo espaço de 6 anos, de 1900 a 1906, foram represália, dizendo, para acalmar os seus estendidos 4.746 quilômetros de fios telegráficos, por companheiros: "devíamos ter pedido licença e nunca 17 estações, concluindo-se, assim, a nova tarefa que obrigá-los a que nos recebessem nos seus o Ministro lhe confiara. Ainda foi construído o ramal domínios". Nesta nova missão fez o reconhecimento de Cáceres, partindo a linha de Cuiabá. Aproveitou de 1.800 quilômetros de caminhos e regiões e, ele o tempo para o estudo do traçado de uma linha depois de 237 dias de viagem, alcançava o Rio telegráfica que ligasse Cáceres e Vila Velha, antiga Madeira. Foi um momento de grande alegria para ele Capital de Mato Grosso. e suas turmas, espalhadas pelo terreno de acordo Terminado este trabalho, que fora duramente com as necessidades. Abriam picadas, construíam penoso, apresentava-se à Diretoria-Geral de estradas para a conservação das linhas, carregavam Engenharia, dando como concluída a sua missão. os postes, esticavam os fios de ferro zincado, num O Ministro manteve a Comissão até à entrega trabalho estafaste, afora o desassossego das do Relatório dos Trabalhos realizados. doenças dominantes na região. Havendo o Território do Acre sido incorporado Nilo Peçanha, criando o Serviço de Proteção à Federação Brasileira pelo Tratado de Petrópolis, o aos índios e Trabalhadores Nacionais, escolhe, Governo tratou logo de providenciar a ainda, Rondon como seu primeiro Diretor, como um posse da nova região. Era, á seu ver, urgente ligar a prêmio à sua capacidade moral e intelectual, Capital da República ao distante Território, devendo patenteada, de logos na sua carreira pública. Este ser o fator decisivo para a vigilância da nossa convite foi feito por carta pelo Ministro da Agricultura soberania. O Presidente Afonso Pena chamou o do Governo Nilo Peçanha. Aceitou o encargo e bravo sertanista a Palácio, expondo-lhe o seu plano organizou administrativamente o serviço, deixando, e pedindo a sua opinião. "Acha exeqüível mais uma vez, o conforto do lar para mais uma semelhante projeto naquelas despovoadas zonas grande cruzada. A 4 de outubro Rondon recebia uma destituídas de recursos próprios?", perguntara o mensagem do Ministro das Relações Exteriores, Presidente. "É só querer", foi a resposta do Dr. Lauro Müller, convidando-o para acompanhar bravo militar. "Pois eu quero", disse Afonso Pena, "e o Coronel Theodore Roosevelt, ex-Presidente confio-lhe a execução desse trabalho, com plenos dos Estados Unidos da América do Norte, na viagem poderes, tratando o senhor do assunto diretamente de estudos que ele desejava fazer pelo interior comigo." do Brasil. Rondon aceitou a incumbência, traçou Foi criada, então, a Comissão Construtora diversos itinerários para serem submetidos ao de Linhas Telegráficas Mato Grosso–Amazonas, ex-Presidente. Este manifestou vontade de sendo Rondon nomeado Chefe. Engenheiros iniciar sua excursão pelo Maçiço Central, procurando Militares da sua escolha, oficiais especializa- o Rio da Dúvida, cujo curso era desconhecido.

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A Comitiva organizada pelo então Coronel das grandes inteligências e culturas a serviço do Rondon, composta de 22 homens afeitos à vida das Exército. A bordo, no curso da viagem, o Rei Alberto selvas, engenheiros especializados, iniciara a longa mostrara conhecimentos da obra de Rondon, através caminhada de mais de cinqüenta dias e o bravo da obra de Roosevelt, e desejava conhecê-lo sertanista cada vez mais se impunha à confiança e à pessoalmente. Rondon se encontrava no seu admiração do Estadista americano, que foi sempre acampamento quando recebeu um telegrama de um ótimo companheiro não estranhando o Tasso Fragoso pedindo-lhe que embarcasse, com desconforto da vida de acampamento. urgência, para o Rio. Foi recebido pelo Rei Alberto Alcançado o Rio da Dúvida, afluente do que, pessoalmente, o condecora com a mais Madeira, esclarecido portanto o engano-repetido nos importante comenda da Bélgica, a Ordem do Rei diferentes mapas, foi, numa Ordem do Dia de Leopoldo, oferecendo, neste, dia, um jantar a Rondon declarado que, daquele momento em diante, Rondon que se assentara entre os dois Soberanos. em vez de Dúvida o rio passaria a chamar-se Rio Depois do jantar foi passado um filme, explicado Roosevelt. Rondon e seus companheiros gastaram nas suas minúcias por Rondon, e a Rainha, cinqüenta e nove dias nesta penosa travessia, colecionadora de borboletas, recebeu, na hora do percorrendo 686 quilômetros, retornando a embarque, das mãos de Rondou, uma bela e Missão Americana a New York com o seu Chefe preciosa coleção por ele apanhada, tratada e completamente satisfeito. Assim se manifestou conservada, posta em estojo condigno pelo Museu Roosevelt em entrevista a um jornal de New York: "O Nacional. Coronel Rondon tem, como homem, todas as Em 1921 veio ao Brasil a Missão Militar virtudes do sacerdote. É um puritano de uma Francesa, chefiada pelo famoso Cabo de Guerra perfeição inimaginável na época moderna e, como Gamelin, herói da Grande Guerra. Rondon foi profissional é tamanho cientista, tão grande é o designado para servir à Missão, tendo recebido da seu conjunto de conhecimentos, que se pode parte de seu Chefe o mais carinhoso tratamento e as considerá-lo um sábio. Quanto mais eu o conhecia e manifestações mais lisonjeiras a respeito do seu estudava em meio da contemplação da grandeza do preparo militar, a ponto de haver declarado que se Brasil mais me afirmava a idéia de que esta fosse pedida a ele a indicação de um General para grandeza não era maior do que a do filho ilustre comandar o Exército Brasileiro em caso de guerra, desse recanto prodigioso da natureza. A América apontaria, pela soma de seus conhecimentos, a deve apresentar ao mundo duas realizações Rondon. ciclópicas: ao norte, o Canal do Panamá, ao sul o O seu prestígio alcançava no Brasil todas as trabalho de Rondon, científico, prático, humanitário. camadas. Na agitação política das Cartas julgadas Nunca vi nem conheço obra igual. Os homens que a insultuosas ao Exército e atribuídas pela Oposição estão realizando são, pela sua abnegação e ao candidato , Rondon fora patriotismo, os maiores que existem. Um povo que convidado por Raul Soares como árbitro, recusando- tem filhos dessa ordem há de vencer. O Século XX se, numa carta que é um modelo pela fidelidade aos pertence-lhe." seus princípios doutrinários. Veio á Revolução de É este o depoimento de Roosevelt, de 1930. Rondon fora preso e levado para Porto Alegre, incontido entusiasmo, sincero pelo que viu de perto: por ordem de Getúlio, por uma comissão de a obra grandiosa e humanitária, o verdadeiro Desembargadores e recolhido a um hotel tendo a apostolado de Rondon. cidade por menagem. Hospedado no hotel de onde Em 1920, Alberto da Bélgica, o Rei Soldado, era hóspede Oswaldo Aranha, que com o fascínio da e sua esposa visitaram o Brasil, a convite sua inteligência privilegiada, relembrado por isso, do Presidente Epitácio Pessoa. Foi o vaso de seu amigo sempre com saudades procurava atrair guerra "São Paulo" buscá-los em Bruxelas, Rondou para a Revolução. Oswaldo Aranha levando a bordo como representante do conversou várias vezes com Rondon, querendo Governo o General Tasso Fragoso, uma a sua adesão ao movimento revolucio-

– 78 – nário já vitorioso. Rondon intransigente achava que o viveu dignificando a vida e amando, acima de tudo, a positivista autêntico não poderia entrar num sua Pátria. Rondon no altar do nosso civismo deve movimento subversivo, como ele julgara a Revolução ter reverenciada neste dia, Dia das Comunicações, de 1930. Foi logo posto em liberdade, pedindo a sua sua imagem de Apóstolo do Bem, de Pacificador que reforma do Exército. Getúlio Vargas chamou-o a fez do seu sacrifício um verdadeiro Sacerdócio e, Palácio dizendo-lhe que lamentava, dado o tom de no fundo da sua alma, sem temor e sem mácula, irrevogabilidade, assinar a sua reforma mas que enobreceu a vida como símbolo da dignidade esperava contar com os seus serviços na obra de humana. (Muito bem! Palmas.) restauração que a Revolução prometera e iria Sr. Presidente, Srs. Senadores, prossigo realizar. na missão de que me incumbiu o nobre Líder: Não tardou muito Getúlio a convocar Rondon. dizer umas palavras em torno do "Dia das A intervenção amistosa do Governo Brasileiro evitou Comunicações", que comemoramos ainda em a guerra, já declarada entre o Peru e a Colômbia. homenagem a Rondon, justamente da data do seu Ambos os países aceitaram a arbitragem do Brasil nascimento. assim como a Sociedade das Nações. O Ministério Agora, Senhor Presidente e Senhores do Exterior nomeou, então, a Comissão Mista, Senadores, passo à segunda parte do meu discurso, composta de três Delegados, um de cada país em dedicado ao Dia das Comunicações, criado no ano luta e o terceiro representando o Governo Brasileiro, passado como já nos referimos e hoje comemorado como o Presidente da Comissão, e fora numa longa festivamente, e louvado, com entusiasmo, do nosso lista oferecida ao Presidente Vargas, pelo Ministro do aplauso pela obra memorável que vem realizando o Exterior, para escolha do nome, indicado Rondon. Ministro Corsetti, Ministro das Comunicações. Um Teve a Comissão um prazo marcado de quatro anos país tem nas suas comunicações rápidas e para terminar os seus trabalhos. As discussões, os eficientes um fator de desenvolvimento, de debates às vezes acalorados, eram contornados pelo segurança e de bem estar. O Brasil não se pode equilíbrio e a reconhecida imparcialidade de Rondon. esconder, vinha num atraso de cinqüenta anos, com Depois de várias demarches o General Rondon suas comunicações precárias, obsoletas, sem comunicava ao seu Governo que a Comissão tinha perspectivas animadoras. Os Correios e os chegado a uma solução feliz. A paz voltara à família Telégrafos de mãos dadas porfiavam disputando o americana numa retumbante vitória do Brasil, pelas primeiro lugar, num desafio que ninguém aceitava, mãos honradas de Rondon. de dizer qual o pior dos dois, malgrado o esforço Seria longo e não caberia num discurso de alguns Diretores de boa vontade que se enumerar outras passagens que enchem volumes da perderam, sem plano e sem dinheiro, atolados na vida de Rondon que foi grande no seu tempo e é complexidade do problema, lamentavelmente julgado maior hoje, longe do seu tempo. secundário pelos Governos. Passavam pelos cargos Pelo que ele fez é para mim ainda para se tornarem vítimas do julgamento irreverente um desconhecido na sua obra memorável, da opinião pública, mal satisfeita e irritada. Eram as surpreendente para o pesquisador prevenido, que duas Repartições superlotadas de funcionários, está se apagando nos arquivos mal conservados, desestimulados pelos salários de fome, preteridos na como pude constatar na pesquisa rápida que o hora das promoções, desanimados, contando tempo tempo me deu para fazer. Seria uma grande obra a para aposentadoria. Salvava-se em tudo isso, aumentar o acervo do Presidente Médici se o sem dúvida, o serviço telegráfico confiado às Governo, nomeando uma Comissão de estudiosos, empresas estrangeiras, notadamente a Western, mandasse coordenar a vida de Rondon, numa modelar no atendimento rápido, embora caro, da sua síntese perfeita para ficar acessível a tantos vasta clientela. O País progredia, entrava na sua quantos desejassem conhecer de perto um dos fase desenvolvimentista, mas as comunicações maiores brasileiros de todos os tempos, que marcavam passo diante do mundo moderno, com as

– 79 – conquistas freqüentes, verdadeiramente faz um histórico da vida das telecomunicações no revolucionárias nesse setor. Alcançamos, finalmente, Brasil, não podemos esquecer também a obra 1962, quando foi promulgado o Código Brasileiro de pioneira do primeiro Ministro das Comunicações, a Telecomunicações e, em conseqüência, ainda com quem não conheci pessoalmente, Carlos Simas, que três anos de atraso, criada a EMBRATEL, hoje encontrou no atual Ministro Higino Corsetti a ação espinha dorsal do Ministério das Comunicações, em patriótica e inteligente que tanto tem contribuído para 1966. Veio acertada a aquisição pelo Governo, da o desenvolvimento do País. Companhia Telefônica Brasileira, estagnada há O SR. LEANDRO MACIEL: – Agradeço o muitos anos, não acompanhando o crescimento dos aparte de V. Ex.ª. Não fora o meu esquecimento, não Estados em que era concessionária. E, finalmente, a teria a honra de ter incorporado ao meu modesto criação que faltava, de um órgão Coordenador, com discurso o seu magnífico aparte. Conheço o Ministro a autonomia e prestigiado pelo Governo que seria o Carlos Simas de perto. Fui aluno estimado do seu Ministério das Comunicações, criado em 1967. Daí grande pai, Américo Simas. Sei que o Ministro Carlos para cá houve, inegavelmente, uma conjugação de Simas implantou, com as maiores dificuldades, esforços, de resultados surpreendentes. É, sem o Ministério. Eu, de perto, acompanhei os trabalhos. favor, o Ministério das Comunicações um setor Mas o trabalho que estou fazendo é, no momento, altamente positivo do Governo Médici. Vimos, sobre as realizações atuais do Ministro Higino empolgados, a descida dos Americanos na Lua, e, Corsetti. Estou de pleno acordo com V. Ex.ª, frementes de entusiasmo, a Copa do Mundo, via em reconhecer que devemos ao Ministro satélite, em seguida às ligações diretas à distância. Carlos Simas, primeiro Ministro das Comunicações, Há sempre um fato novo, um dia diferente, na vida grandes trabalhos nesse setor, outrora tão do Ministério que o povo sente, experimenta e abandonado. aplaude sem reservas. A sua programação é, O SR. PAULO GUERRA: – V. Ex.ª permite podemos dizer, fabulosa. Feita todavia com cautela, mais um aparte? (Assentimento do orador.) O meu dada a sua amplitude nacional, e vai tudo aparte foi no sentido de fixar uma das grandes obedecendo o rigorismo das datas, prometidas ao realizações do Movimento de março de 1964 e que povo. A palavra do Governo do que vai fazer e não tem sido devidamente divulgado. realmente faz conquista a opinião pública e nisto O SR. LEANDRO MACIEL: – Muito obrigado está o maior prestígio do Presidente Médici. A a V. Ex.ª. imagem do Presidente é muito boa, a sua (Lendo.) popularidade, a confiança na sua palavra, a estima Cabe, sem dúvida, uma parcela destacada, à pública pela tranqüilidade que desfrutamos é dedicação, ao empenho do Ministro Corsetti e da sua decorrência do saldo positivo da obra revolucionária jovem e admirável equipe, formada por milagre num que realiza em todos os ângulos da administração. país carente de mão-de-obra especializada. Vai ele O SR. PAULO GUERRA: – V. Ex.ª me contudo contornando estas dificuldades, procurando concede um aparte? levar aqueles que se revelam mais capazes para um O SR. LEANDRO MACIEL: – Com muito curso de alta profissionalização nos países mais prazer. adiantados do mundo. No início, a falta de material O SR. PAULO GUERRA: – Depois de ter humano amarrou um pouco os passos do Ministério ouvido a aula magistral que V. Ex.ª acaba de proferir que, agora se agiganta aos nossos olhos. sobre a vida do Marechal Cândido Mariano Rondon e A Política Nacional de Telecomunicações, em todas nesta oportunidade em que V. Ex.ª aborda o as suas modalidades, do Presidente Medici, grande avanço que o País conseguiu depois da visa a integração e o desenvolvimento nacionais, Revolução de 1964, neste momento em que V. Ex.ª levando-a a todas as regiões. E pelo apoio governa-

– 80 – mental a EMBRATEL, que tem apenas quatro anos, lhadas pelo Brasil em número de mais de oitocentas realizara uma obra de dez anos, reconhecida pelos e procure dar a solução cabível, intervindo e próprios japoneses dos mais adiantados no assunto. encampando, as que não correspondam à política Vou dar em linhas, rápidas, o balanço grande e ministerial, contanto que não se torne um privilégio completo do que fez o Ministro Corsetti à frente do de bons serviços aqueles entregues à empresa seu Ministério. 11.500 quilômetros de microondas de estatal. Não quero e não devo mencionar onde estão visibilidade, de norte a sul do Brasil. 5.100 os pontos críticos porque o Ministério com o seu quilômetros de microondas de tropodifusão cruzando corpo de técnicos, em poucos dias, depois da as regiões Centro-Oeste e Amazônica. 194 inspeção, os apontará ao Sr. Ministro. estações repetidoras de microondas de visibilidade Ai está, sumariamente, um ligeiro apanhado construídas em locais de difícil acesso. 20 estações do que tem feito o Ministro Corsetti, no importante de tropodifusão em plena floresta. 290 torres setor das comunicações. Vale o registro como um metálicas que, se somadas, dariam a altura de treze estímulo a um homem simples, mergulhado no seu quilômetros. 24 gigantescas antenas Bill-Board. Mais trabalho e que prossegue na sua obra com de mil equipamentos tranceptores de microondas já devotamento. O Presidente Médici pode dizer, alto e instalados. 39 Centrais Telefônicas Interurbanas. 600 claro, ao sair do Governo, quando concluir o seu quilômetros de estradas de acesso às suas torres. E mandato: apontem-me um setor que ficasse parado para que o Brasil não fique fora de contato com o na minha gestão. Nenhum, tudo andou, correu, na mundo por defeito possível no uso dos satélites está velocidade da época, responderão os brasileiros de o Ministério implantando um cabo submarino entre o todas as regiões. E é por isto que Sua Excelência, Brasil e a Ilha das Canárias, alcançando a Espanha sem regionalismo, gaúcho simples da fronteira, e o entroncamento de outros cabos europeus. Em penetrou na confiança e na estima da nossa gente. matéria de Telex a rede nacional de (Muito bem! Muito bem! Aplausos. O orador é responsabilidade da Empresa Brasileira de Correios efusivamente cumprimentado.) e Telégrafos conta com 3.130 terminais, mas será O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – entregue à EMBRATEL que já tem um plano de Concedo a palavra ao nobre Senador Danton Jobim. apenas em cinco anos aumentar de 13.500 O SR. DANTON JOBIM (como Líder. estes canais. A Empresa Telefônica, que estava Sem revisão do orador.): – Sr. Presidente, estagnada, em boa hora entregue ao General José Srs. Senadores, a Bancada do MDB no Senado Siqueira de Menezes Filho, marcha para um plano não pode deixar de associar-se às justíssimas de expansão de mais um milhão de telefones em homenagens que aqui são prestadas a quatro anos, custando este investimento mais de um Cândido Mariano da Silva Rondon e à bilhão de dólares, maior do que o Metropolitano de celebração que, hoje, aqui fazemos do "Dia das São Paulo. Este plano de expansão absorve toda a Comunicações". capacidade de produção da indústria brasileira. Nosso Partido não se esquiva a participar de Muitos outros serviços de monta foram realizados qualquer esforço que vise a criar ou encorajar, entre pelo Ministério das Comunicações com resultados os brasileiros, a consciência da importância dos positivos. Vejamos, por exemplo, com a discagem grandes problemas nacionais, dos problemas direta à distância, o número de chamadas básicos para o nosso desenvolvimento e, muito interurbanas de São Paulo cresceu de 60.000 por dia especialmente, como no caso das comunicações, a em maio para 100.000 em agosto e assim em integração das populações brasileiras. todas as cidades foram verificados aumentos Não seria lícito, por certo, à surpreendentes. Esperamos do Sr. Ministro que no Oposição, Sr. Presidente, procurar Setor Telefônico mande fazer um levantamento negar ou desconhecer sistematicamente o rigoroso, completo dessas Empresas espa- que está sendo efetivamente realizado

– 81 – em todos os campos da Administração pública, rodoviária, que se construiu neste País, a qual desde 1964, como também não é legitimo que os tornou possível o desenvolvimento de diversos que hoje se acham no Poder neguem ou ignorem projetos entrosados no grande Plano Nacional de tudo que foi feito no passado ainda recente, no Desenvolvimento. sentido de estimular o desenvolvimento do País, de O Brasil, hoje, parece menor num mundo que equacionar problemas antes não equacionados; de cada dia vai se tornando menor. É verdade que isso traçar rotas que ainda hoje vemos seguidas pelos cria problemas, problemas novos tanto para nós Governos da Revolução. como para os países menos dotados de Não conhecemos o Ministro Corsetti recursos, que não têm condições para controlar os pessoalmente, como também não conhecíamos o efeitos da telecomunicação espacial, como salientei Ministro Simas. Acompanhamos, entretanto, com recentemente, em tese sustentada perante o apaixonado interesse, os esforços realizados no Primeiro Congresso Nacional de Comunicação no terreno das comunicações, porque este é um tema Rio de Janeiro de iniciativa da Associação Brasileira que toca profundamente a nossa sensibilidade de de Imprensa. modesto homem público que, durante tantos e tantos Pude mostrar, nessas ocasiões, Srs. anos, se dedicou à atividade política, talvez Senadores, que não é fácil apreciar as marginal, mas relevante e necessária, numa tribuna conseqüências históricas ou sociais do vertiginoso jornalística. A verdade é que desenvolvimento exige desenvolvimento dos meios de comunicação nestes a interligação, o mais breve possível; das diversas últimos 25 anos. regiões brasileiras, que constituem aquilo que A velocidade com que se sucedem os fatos poderíamos chamar, ainda hoje, um arquipélago, na novos impede que o homem se detenha para expressão cediça mas ainda veraz, de historiadores, analisar os efeitos dos fenômenos. Um sociólogo economistas e sociólogos. que procurasse fazer obra de fôlego, organizando, O Brasil, Sr. Presidente, Srs. Senadores, previamente um quadro dos fenômenos que só poderá completar a ocupação do seu marcaram a sua evolução a partir do fim da 2ª imenso território com a implementação de um plano Guerra Mundial, para tirar conclusões ou mesmo racional de comunicações, plano que assegure o formular hipóteses a respeito do nosso futuro, até investimento de consideráveis recursos em áreas 1980, por exemplo, assistiria perplexo à rápida incapazes de oferecer pronta ocupação dos desatualização do seu esforço. mesmos. Esforço que já estaria superado por novos Por outro lado, sem a infra-estrutura das achados ou descobrimentos, no espaço de tempo comunicações seria inútil pensar em plantar pólos de que medeasse entre a coleta dos dados e a sua desenvolvimento ou, de expansão econômica em análise. pontos longínquos do litoral brasileiro, sobretudo nas Em 1945, perguntamos onde estavam o extremas ocidentais do País. transistor, o cabo telefônico submarino que abriam Não devemos negar, e não negamos, que a passo à televisão intercontinental? EMBRATEL se tem esforçado por criar essa Entretanto, hoje, 80 nações decidem fazer um estrutura para abranger, em projetos ambiciosos, investimento inicial de pelo menos, 110 mil dólares, todos os tipos de serviços de telecomunicações. cada uma, a fim de ganhar acesso ao sistema Procura ao mesmo tempo garantir uma participação Intelsat. eficiente do País no sistema internacional de A esta altura – conforme os dados comunicações por satélite e no sistema mundial de que reuni e receio já estarem ultrapassados cabos submarinos coaxiais. – o total de investimentos em Intelsat aproxima- A verdade, Sr. Presidente, é que se de 200 milhões de dólares. Segundo esta rede de comunicações ou de o relatório de Pânel, organizado pela telecomunicações vem completar a rede Associação Norte-Americana das Na-

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ções Unidas, em que se reuniram os maiores se estão verificando na política externa do especialistas do mundo, há mais de 40 estações Presidente Nixon. terrestres operando em 30 países, sendo provável Imagine-se agora o que será a influência do que já no próximo ano haja quase o dobro desse notificiário falado ou televisionado através do satélite número de estações distribuídas por mais de 50 daqui a alguns anos. países. O relatório recentemente apresentado pelo Fato expressivo é que entre essas nações se Pânel organizado pela Associação Norte-Americana acham várias semi e subdesenvolvidas, o que das Nações Unidas (UN Association of the USA) mostra que os satélites de comunicação interessam revela-nos que, já na próxima década, a eletrônica também às chamadas nações do terceiro mundo, computadorizada fará com que vá desaparecendo a que dela esperam benefícios para a aceleração de distinção entre o material impresso e o transmitido seu progresso. por meios eletrônicos. É possível que, com a Por outro lado, seria necessário estudar, sem transmissão via satélite de notícias estrangeiras, os dúvida, os efeitos da informação ultra-rápida através habitantes dos Estados Unidos, apertando apenas da transmissão instantânea sobre a veracidade das um botão, tenham diante de si a reprodução de notícias e sobre a avaliação que delas faz o ouvinte textos e ilustrações do Times ou do Washington ou telespectador. A transmissão é instantânea, mas Post. a percepção do fato transmitido é lenta, tanto mais Entretanto, não se deve esquecer que esses lenta quanto menos informado seja o receptor da fabulosos progressos dos meios de comunicação notícia. Robert Mangin diz que, "o mais das vezes, a gera sérios problemas para todas as nações, percepção de um fato, de um acontecimento, não é inclusive no que se refere à sua segurança. mais rápido hoje que no tempo das diligências ou Já não bastará, dentro em pouco, defender das caravelas; o influxo nervoso não anda mais fronteiras ou reagir à chamada guerra revolucionária depressa em nossos dias..." E, apesar disso, pedem organizada do exterior, pelos meios tradicionais. os comunicadores que descrevam aquilo que mal O Estado terá de defender-se contra a tiveram tempo de ver, ou pior, o que não tiveram guerra psicológica organizada através do espaço ainda tempo de avaliar. interplanetário. As grandes potências que detiverem Mas não é somente no seio das nações sub o monopólio da comunicação por satélite disporão de ou semidesenvolvidas que repercutirão gravemente um irresistível instrumento de agressão permanente as novas técnicas de comunicação de massas por ou esporádico, ante o qual as pobres nações satélite A rapidez do curso das notícias, a quase que procuram a independência não terão como instantaneidade entre a produção do fato e sua se defender. Salvo se as grandes potências, difusão através do globo terrestre, o que já foi obtido compreenderem que chegou a hora do pela televisão, pode afetar seriamente o destino das entendimento, com vistas não apenas à paz, mas nações mais cultas e poderosas, e isso em curto à preservação do mundo em que vivemos e que tempo. poderá ser destruído não apenas pela arma atômica, O melhor exemplo é da apresentação de mas ainda por outros meios de destruição mais cenas de guerra no Vietname, a par do noticiário refinados e sutis. jornalístico, obtido por via eletrônica. Vista de perto, A telecomunicação via satélite abre a chamada guerra suja feriu de tal modo os padrões grandes perspectivas no campo da cultura, éticos e a sensibilidade do americano médio, que o Mas assim também pode ser fator de conflitos levou a desejar o afastamento do país do conflito do mortais, para a humanidade aflita de nossos sudeste asiático. E isso terá influído decisivamente, dias. Tudo dependerá de que as nações a par de outros fatores, para mudanças que maiores consigam entender-se não apenas en-

– 83 – tre si, mas também com as nações menores, a a verdade, a distorção na interpretação dos fim de que possa garantir a todos o acesso aos acontecimentos, a adulteração propositada dos fatos, canais de telecomunicação informativa. O controle a meia verdade, enfim que é mais enganadora que internacional sobre o fluxo de informações vindas a própria mentira. Só a controvérsia livre, o livre do estrangeiro precisa ficar assegurado, com vistas confronto das idéias e das interpretações nos pode a garantir-se o noticiário normal e honesto, levar à informação objetiva, capaz de formar uma bloqueando-se a propaganda. opinião sadia, fundamento da autêntica democracia. Um mecanismo preventivo deve ser Cabe-nos agora, em rápidas palavras, falar preocupação constante dos órgãos especializados na legendária figura de Rondon. Não vamos, das Nações Unidas. O Brasil deveria trabalhar, por evidentemente, fazer a sua biografia, que já foi isso, nas Nações Unidas. traçada aqui, de maneira magistral, pelo eminente Mas este é um problema complexo demais Senador Leandro Maciel, que me precedeu nesta para que o examinemos hoje, quando o que tribuna. queremos é chamar a atenção para as múltiplas Srs. Senadores, não estamos aqui, nós da faces do desafio que nos lança o progresso Oposição, apenas, para celebrar o "Dia das estonteante dos meios de telecomunicação. Apontei Comunicações." Estamos também a fim de contribuir somente os pontos essenciais que denfendi e que para a glorificação da memória dessa singular figura defendo. Agora, vamos fazer referência especial que foi Cândido Mariano da Silva Rondon. ao que significa esse progresso para a circulação Não cabe, agora, nesta oportunidade, falar das idéias e das notícias. Não é apenas a na sua obra civilizadora junto aos silvícolas, tendo informação divulgada pelo rádio e a TV, pelo cinema por lema "Morrer se for preciso, matar nunca". Mas e outros veículos, que é afetada pelos novos meios, vale observar que, sem o êxito dessa missão mas também a imprensa escrita, o jornalismo pacificadora, paralela à da Comissão Telegráfica, tradicional. esta última falharia nos seus objetivos por ser Já citamos as conclusões, nesse particular, do impossível a conservação das linhas sem o prévio Pânel da Associação Norte-Americana das Nações relacionamento com os índios e a criação de uma Unidas, a qual sustenta que pouca diferença haverá inteligente e generosa, política indigenista. dentro em pouco entre a comunicação de massa Foi assim que se completou, aos olhos por meios eletrônicos e a do material impresso. Mas da Nação e do estrangeiro a imagem inteiriça parece-nos importante assinalar que o fluxo, dia a de Rondon: aos louros do "herói das dia mais intenso, das informações não nos conduza comunicações", bandeirante desbravador de à escravização da palavra e da imagem a serviço sertões, se juntou o resplendor que coroou a dos que detém o poder. personalidade do apóstolo, do evangelista leigo O bom exemplo seria o da Grã-Bretanha, onde que amou o seu irmão bronzeado, recusando o Governo monopoliza em larga escala os meios tomá-lo como o inimigo, mesmo quando a vida, eletrônicos, mas o faz precisamente para assegurar estivesse em perigo, nos seus contatos com os a sua independência permitindo o acesso à TV e silvícolas. ao Rádio às diversas correntes de opinião, velando Rondon teve a clara visão de que a mesmo por que tais meios não se reduzam a um integridade territorial deste País se tornaria instrumento de propaganda política monopolizado inviável, e impossível seria a ocupação de seus pelos que estão de cima. vastos espaços vazios, sem que se conseguisse Saudemos com entusiasmo o progresso uni-lo, o mais breve possível, através do mais das comunicações, com a ressalva de que rápido meio de comunicação de sua época: o elas sejam honestamente utilizadas no que telégrafo. respeita ao seu irresistível poder de impor Os jovens engenheiros de uma maciçamente à opinião pública a mentira ou equipe de técnicos quase improvisada, que

– 84 – plantam as torres de tropodifusão na floresta tirada da Laguna. Os nossos heróis foram quase amazônica, são os continuadores legítimos da obra todos dizimados pela cólera e pelos incêndios das de Rondon, cuja memória hoje recebe, neste recinto, campinas. o preito de nossa reverência, de nossa gratidão. Sr. Presidente, esse Mato Grosso, lá no (Muito bem! Palmas.) pequenino lugarejo de Mimoso, deu o grande O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – bandeirante do século XX, não o bandeirante, como Antes de conceder a palavra ao nobre Senador aqueles que caminhavam pelos sertões em busca do Benjamin Farah, convido os Srs. Senadores ouro e das pedras preciosas, mas o bandeirante que para que recebamos, às 17 horas, no Gabinete levava no seu coração o amor pela Pátria, com a da Presidência, S. Ex.ª o Sr. Ministro das firme intenção de unir todos os brasileiros. Acaso, Comunicações, que nos honrará com sua visita. aqueles fios telegráficos, Sr. Presidente, não são Concedo a palavra ao nobre Senador longos braços que, num amplexo, unem todos os Benjamin Farah. filhos desta Nação? O SR. BENJAMIN FARAH (sem revisão do Por conseguinte, Sr. Presidente, desejo orador.): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, não estravasar minha alegria, meu orgulho de falar poderia ficar indiferente a esta homenagem ao numa tarde tranqüila de sexta-feira neste Planalto, Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, e não extravasar meu orgulho de estar no Senado, porque poderia, Sr. Presidente, porque na minha infância, o Senado é sensível aos grandes fatos, aos grandes quando cursava uma escola pública em Campo acontecimentos. O Senado transforma, hoje, a sua Grande, Mato Grosso, fui convocado por minha Casa no altar cívico da Nação para reverenciar a professora para receber aquele grande soldado. memória de um daqueles grandes brasileiros que Portanto, conheci o Marechal Rondon naqueles ocupam um lugar bem alto na sua escala de valores. tempos em que fazia sua peregrinação pelo Estado Sr. Presidente, não vou aqui traçar o perfil de Mato Grosso, depois de uma intensa atividade na do Marechal Rondon, já tão bem traçado pelos implantação de postes e fios telegráficos nesse Mato oradores que me antecederam, esse Marechal Grosso que está ressurgindo, pelo trabalho hercúleo Rondon que eu visitava constantemente na sua dos seus filhos e sob os auspícios do honrado residência, nos últimos tempos, no Rio de Janeiro, Presidente da República, que vem de decretar o até o dia de levá-lo sob geral consternação, a sua PRODOESTE, verdadeira carta-de-alforria do grande última morada, esse Marechal Rondon, Sr. Estado; nesse Mato Grosso que, no passado, deu Presidente, que deixou ao Brasil e ao mundo o aquele bravo tenente cuiabano que, servindo na exemplo não só da sua bravura mas também do Guarnição de Dourados e pressionado pelos seu amor à humanidade. paraguaios para entregar sua cidadela, traçou um Não vou traçar aqui o seu perfil. Já falei, na rumo, firmou uma posição de brasilidade que deveria Câmara dos Deputados, por mais de uma vez, merecer propaganda mais intensa, para que sirva de sobre o Marechal Rondon. Fui eu que requeri exemplo a todos que amam o Brasil, respondendo ao aquela homenagem especial, ao ensejo do Inimigo: primeiro centenário de nascimento do grande "Sei que morro, mas o meu sangue e dos soldado, do grande sertanista, do grande meus companheiros servirão de protesto solene brasileiro, do grande homem deste mundo. O contra a invasão do solo da minha Pátria!" Senado, hoje, com esta homenagem, evidencia, Tombou com os seus companheiros mas novamente, a sensibilidade a tudo que é grande, ali ficou o protesto, a marca da sua bravura, a tudo que é nobre, a tudo que é sublime. o exemplo do seu heroísmo; nesse Mato Grosso, Sr. Presidente, na trajetória do Marechal teatro da façanha histórica do 17º Batalhão Rondon através das matas, atravessando rios de Voluntários de Minas Gerais, na re- caudalosos, enfrentando doenças, feras, índios, não

– 85 – só demonstrou que era um bravo. Também Brasil nunca lhe faltou com o respeito da evidenciou que tinha um ideal – ideal que precisa sua reverência, da sua gratidão. Ele é o estar aceso hoje, mais do que nunca, nos nossos Patrono das Comunicações. Seu nome foi corações, porque estamos vivendo dias tão terríveis dado ao 2º Batalhão Rodoviário – o Batalhão que não sabemos qual será o dia de amanhã. Por Rondon. isso a vocação do Marechal Rondon hoje se impõe Sr. Presidente, acho que esse grande mais do que nunca, porque ele é um símbolo. Seu bandeirante, esse civilizador deveria ter aqui, na nome foi dado a ruas, praças, escolas, avenidas, em Capital da República, um monumento para se quase todas as cidades do Brasil. fixar no bronze, também, essa figura notável. Sr. Presidente, o Congresso prestou-lhe Justamente em Brasília, porque ele fez um também grandes homenagens. Lembro-me que, em trabalho de interesse nacional, ligou Cuiabá ao Sessão Solene, demos o nome do Rondônia ao Araguaia, ligou Cuiabá a diversas cidades de antigo Território de Guaporé. Mato Grosso, ligou, também, Cuiabá a Amazônia, Este modesto orador que fala neste momento foi até o Madeira. Aproximou os brasileiros. Em também elaborou a Lei nº 5.098, de 2 de setembro toda parte deixou a marca da sua inteligência, da de 1966, sancionada pelo Marechal Castello Branco, sua cultura, além dos grandes trabalhos que fez que denomina de Marechal Rondon a rodovia de como professor, como educador e como pacifista. Brasília ao Território do Acre. Designado, como disse o nobre Senador Leandro O Congresso sempre distinguiu, com a sua Maciel, para aquela comissão de paz, como admiração, com o seu respeito aquele grande representante do Brasil no conflito entre Peru e brasileiro, cuja vida e cuja obra é das mais nobres e Colômbia, a famosa Questão de Letícia, se houve das maiores que temos conhecido. com tal grandeza que evitou o prolongamento Ele fez, na sua grande missão, um grande daqueles atritos e foi o artífice da paz. Acho que trabalho de profundidade. Não apenas estendeu as ele merece um monumento aqui. vias telegráficas; fez o levantamento topográfico de Não quero ter essa iniciativa através de uma Goiás, Mato Grosso e Amazonas, consubstanciado lei porque sei que vou encontrar barreiras, um naquele famoso Relatório Rondon, verdadeira obra paredão de natureza constitucional contra esse científica, onde estravasou a sua inteligência, a sua projeto. Mas fica a idéia, a sugestão do monumento cultura, como cientista. Nessa obra está patente o a esse homem cujo lema era "Morrer se preciso for, trabalho de interesse pela nossa fauna, pela nossa matar nunca". flora, mineralogia, etnia e geografia; trabalho que Qual o tempo melhor para a evocação de não foi ignorado pelos outros povos, tanto que no um lema como este, senão nesta época em que o Congresso de Geografia dos Estados Unidos, após a ódio domina os corações em todo o mundo, em famosa Expedição Roosevelt-Rondon, foi agraciado que vemos o terrorismo implacável, impiedoso, com o Prêmio Levingston, em 1913, pela Sociedade trazer para a humanidade os tempos primitivos da de Geografia de Nova Iorque. O III Congresso barbárie, quando homens se confundiam com as Internacional de História das Ciências, reunido feras? em Portugal, adotou o Meridiano Rondon para Que melhor fase do que esta para lembrar o denominar determinada linha geográfica. Marechal Rondon que sintetizou no seu pensamento Ainda mais, Sr. Presidente, o Congresso o seu grande amor, o amor que ele teve aos irmãos das Raças, em Londres, também em selvagens que ele foi buscar nas tabas, levando-lhes 1913, classificou-o como exemplo a ser imitado, uma mensagem de amor, porque era este para honra da civilização universal. Não o pensamento de Rondon. Mensagem de amor, foi só isto. Diversos países, povos diversos de fraternidade, que lembra o Filho do Carpinteiro deram a Rondon as maiores insígnias. O da Galiléia pregado no madeiro: "Pai, perdoai-lhes

– 86 – porque eles não sabem o que fazem". Cristo, O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – no Gólgota, mandava a sua grande mensagem Concedo a palavra ao nobre Senador Antônio de amor Rondon, com este pensamento, repetia Fernandes. o drama, repetia a mensagem do Nazareno O SR. ANTONIO FERNANDES (lê o seguinte no momento extremo. É uma lição para esta discurso.): – Senhor Presidente, Senhores Humanidade sofrida, sacudida pelo ódio, pelo Senadores, não faz muito tempo, foi oficializado pelo egoísmo e pela maldade. Presidente Emílio Garrastazu Médici o "DIA DAS Rondon, portanto, é um dos santos COMUNICAÇÕES", a ser comemorado nesta data 5 da nossa História que deve ser evocado todos os de maio. dias. Seu nome deve ser disseminado para que Mais um ato feliz de Sua Excelência, num o seu exemplo sirva de resposta àqueles que reconhecimento e preito de gratidão ao naturalista, não acreditam no Bem, e sirva de ensinamento filósofo, cientista, militar exemplar, explorador e àqueles que se estão desviando pelos caminhos desbravador do nosso território, o Marechal da incompreensão. CÂNDIDO MARIANO DA SILVA RONDON. Sr. Presidente, com as homenagens É, Sr. Presidente, com profundo respeito que deste modesto Senador que teve também pronuncio o nome deste grande vulto da história do a honra de nascer no mesmo Estado do nosso Brasil. grande brasileiro, cuja memória, hoje, o Senado Pelos seus feitos, posso afirmar que este reverencia com carinho, com ternura, com mato-grossense permanece vivo no coração de bondade e este sentimento de gratidão, fica todo povo brasileiro, pois a sua vida é um livro aberto então, aqui, a sugestão ao honrado Presidente da especialmente à mocidade, onde se encontra grandes lições de civismo e os padrões da República para que se mande erigir, nesta dignidade, indispensáveis à formação do caráter de Cidade, um monumento a Rondon. Sei que não quem se prepara para o futuro. faltará, para isso, a melhor vontade do ilustre "Heroi das Selvas", "Bandeirante do Século Governador de Brasília, o Cel. Prates da Silveira. XX", "Marechal da Paz", "Civilizador dos Sertões", Sim, Sr. Presidente, estas paragens, outrora são títulos conferidos ao Marechal Rondon e que terra de índios e de feras, hoje moderna Capital, bem podem expressar a sua aspiração pela causa foi, sem dúvida, uma das preocupações do de interligar o nosso País por meio de uma rede bandeirante soldado, motivo de orgulho de toda a telegráfica capaz de levar a civilização e o progresso Nação. aos pontos mais distantes do solo pátrio, numa Quem dera pudéssemos aqui, um dia, vontade indômita de possibilitar o diálogo e o contemplar esse monumento e sobre o seu entendimento, assegurando assim, a união dos seus pedestral ver gravado a estrofe extraordinária do irmãos brasileiros. grande poeta que engendrou o "Caçador de Poucos homens cultivaram o amor pátrio e Esmeralda", dizendo a Rondon: tiveram ímpeto tão realizador. Raras almas foram "Tu cantarás na voz dos sinos, nas charruas, neste mundo tão divinas. Com a vontade firme de No esto da multidão, no tumultuar das ruas, satisfazer ao seu ideal, lançou-se de corpo e alma No clamor do trabalho e nos hinos da paz. pelas nossas imensas florestas, onde muitas E, subjulgando o olvido, através das idades, dificuldades foram encontradas o que não serviu de Violador de sertões, plantador de cidades, desânimo para a sua longa caminhada, onde, Dentro do coração da pátria viverás!" na luta pelo seu ideal, desbravou regiões, pacificou (Muito bem! Muito bem! Palmas.) tribos indígenas, fundou povoados, abriu es-

– 87 – colas e traçou novas cartas geográficas, Não pôde, entretanto, receber o galardão, pois determinando coordenadas. quis o Todo Poderoso, dar-lhe aos 93 anos de Ao tempo em que ia interligando o sertão existência um prêmio maior, que foi o seu descanso brasileiro, por meio de "fios", considerados por ele eterno, em 19 de janeiro de 1958. "sonda do progresso". e chamados pelos nativos de Sr. Presidente, Senhores Senadores, gostaria "língua de Rondon ou Mariano", empenhava-se na de possuir o dom da oratória para poder traduzir pesquisa, anotando informações sobre o ponto de com palavras, todo meu pensamento a respeito vista Botânico, Zoológico, Geográfico, Linguístico e desse ilustre brasileiro, que só nos deu exemplos, Etnológico. orientando-nos para os mais variados caminhos ao Sr. Presidente, Senhores Senadores, encontro de um futuro brilhante da nossa Pátria. confesso a Vossas Exelências que o que mais me Chegamos até a Revolução de março de impressionou neste notável brasileiro foi sem dúvida 1964, e, "no Campo das Comunicações estávamos o seu amor infinito ao homem, quando ao escrever estagnados por um período nunca inferior a 30 as sua memória expressou-se: "não existissem anos", como afirmou o Professor Carlos Simas, que aquelas populações desprotegidas e, pior que isso, com os seus conhecimentos técnicos iniciados no flageladas e perseguidas, não me teria entregue de nosso Estado da Bahia, muito contribuiu para a corpo e alma à ingente luta de vencer o cansaço de implantação do Ministério da Comunicações. longíssimas viagens a pé, a cavalo, em canoas, Com o terceiro governo da Revolução, debaixo de aguaceiros diluvianos, sempre mal acertadamente o Presidente Médici escolheu para alimentado e por vezes sem alimento, com sede, esta Pasta o atual Ministro HYGINO CAETANO tremendo de frio e febre, a palmilhar léguas e léguas, CORSETTI, militar e sobretudo um técnico, e que por carregando ainda bagagens, sofrendo a ausência do suas características pessoais e de trabalho, muito lar e o convívio da família". nos lembra o Marechal Rondon. Na sua posse, de Nobres Senadores, sou também homem do logo, conclamou "aos homens de cultura e à campo, podendo assim aquilatar mais ainda, o que juventude para as soluções dos nossos problemas, isso representou para aquele "Heroi das Selvas". dentro da realidade Brasileira". Necessitaria, Sr. Presidente, de várias horas, O nosso País, Sr. Presidente e Senhores talvez dias, para discorrer sobre o "Marechal da Paz" Senadores, realiza, no momento, através e os seus feitos em prol de nossa Nação. No do Ministério das Comunições, a maior obra entanto, não poderia deixar de lembrar à Casa o global de telecomunicações em todo o mundo, reconhecimento de outros Países. dentro da mais avançada técnica eletrônica, pelo O Rei Alberto, em visita ao Brasil, manifestou sistema de microondas em visibilidade direta o desejo de conhecê-lo e, pessoalmente, o e em tropodifusão; num esforço de interligar condecorou dizendo: "Pelo bem que o Senhor tem todas as capitais brasileiras, possibilitando a feito à humanidade." comunicação pelos seus mais variados tipos, Na Sociedade de Geografia de Nova Iorque, além de, através do satélite artificial, estabelecer seu nome está escrito em letras de ouro, por ser em curto espaço de tempo ligações com todo o considerado um dos cinco exploradores do mundo e mundo. o maior, de terras tropicais. Tudo isso nobres colegas, deveria ser o sonho A consagração máxima, entretanto, viria do imortal Rondon... através do Explorers Club de Nova Iorque, o qual Poderíamos dizer um pouco mais sobre o apoiado por entidades científicas e culturais do trabalho que o Ministro Corsetti vem desenvolvendo mundo inteiro, lançou a candidatura de Rondon ao à frente do seu Ministério, pois estamos sempre Prêmio Nobel da Paz. a par das suas programações através de

– 88 – sua Assessoria Parlamentar. No entanto, torna-se nacidade permitiam. Saiu Tenente de Engenharia da desnecessário enumerar as suas realizações, pois Escola Militar, àquele tempo na Praia Vermelha, e os colegas do Congresso. Nacional bem podem foi-lhe dada a missão de construir as linhas testemunhar os benefícios que chegam aos seus telegráficas. Estados. Quando, em 1910, meu pai, então governador É com maestria e sapiência que o atual de Mato Grosso, articulava – como se articulava Ministro vem dirigindo a sua Pasta, com o propósito antigamente e se articula ainda hoje – a sua de fazer o nosso Brasil falar, dizendo ao Mundo que sucessão, chamou Rondon para ser seu sucessor. O somos um País em franco desenvolvimento e que segundo gesto formidável desse grande Rondon: sua gente é, cada vez mais, livre e responsável. "Não posso aceitar o Governo de Mato Grosso, (Muito bem! Palmas.) porque estou empenhado em construir as linhas O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – telegráficas ligando todos os pontos do nosso Estado Concedo a palavra ao nobre Senador Fernando e, sobretudo, este com a Amazônia". Corrêa. O que foi essa história da ligação telegráfica O SR. FERNANDO CORRÊA (sem revisão do de todos os pontos de Mato Grosso desde a divisa orador.): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, a minha com Goiás – Araguaia, até Cáceres, na fronteira com posição nesta tarde, nesta Sessão, é a mesma do a Bolívia, e Ponta Porã, na fronteira Sul com o nosso colega Senador Magalhães Pinto, quando aqui Paraguai, caminhando depois, rumo ao Amazonas? se homenageou o grande Senador Milton Campos. É uma epopéia digna de uma Ilíada. Depois das palavras proferidas no aplaudido discurso Um homem de uma tenacidade feroz; do Senador Gustavo Capanema, achou por bem S. um homem, de uma tenacidade religiosa, porque Ex.ª apenas contar particularidades da vida do santo ele trazia dentro do seu coração os princípios Milton Campos. Assim, vou, nestas mal ataviadas de Augusto Comte. E, tanto assim é que, na palavras, recordar a vida do grande Rondon. sua longa vida, nos ínvios sertões de Mato Nasceu Cândido Mariano da Silva, apenas Grosso, ele escrevia diariamente para a sua Silva, no Mimoso. Mimoso é uma pradaria sem fim, senhora. sem desníveis, com grandes lagos de quilômetros de Todos os dias Rondou escrevia uma diâmetro, onde existe quantidade enorme de garças carta para sua senhora, cartas essas que brancas, colhereiros cor de rosa e tuiuiús, e cujas caminhavam para o Rio de Janeiro, na sua margens são pastadas por veados e todos animais primeira fase, nos lombos dos burros; depois que gostam de água parada. Ali, num ranchinho, tomavam o naviozinho em Cuiabá e chegavam nasceu Cândido Mariano da Silva. Menino, foi com dois meses, até, de atraso. Mas ela as educado pelo seu padrinho Rondon, grande e rico recebia todas, porque todos os dias Rondon fazendeiro Cândido Mariano da Silva foi funcionário escrevia-lhe as suas cartas. público. Transferido daquele lugar tão pitoresco e tão O último contato maior que tive com amado, ele se negou a cumprir o ato de transferência esse homem, cuja memória hoje reverenciamos, e então o seu padrinho, o Rondon, mandou-o para o foi quando eu governava Mato Grosso e Rio de Janeiro a fim de continuar seus estudos. inaugurávamos, eu e ele, a Escola de Mimoso. Cândido Mariano da Silva entrou para a Escola Na mesma paisagem bucólica e fantasticamente Militar e, no seu primeiro gesto conhecido de linda de Mimoso, ele fez questão de construir, por grandeza, adotou o nome do seu padrinho – Cândido sua própria conta e com dinheiro da sua reforma, Mariano da Silva Rondon. a escola de Mimoso, que eu tinha me oferecido Fez o curso o mais brilhante que para construir. Ele disse: "Não, esta escola tem sua inteligência e sobretudo a sua te- de ser construída com o meu dinheiro". Ele

– 89 – construiu, então, a Escola Santa Claudina, nome da prósperas de Mato Grosso porque está situada às sua mãe. O Estado, naturalmente, se propôs a margens formidáveis do Rio São Lourenço. nomear as professoras e lá, até hoje, existe a escola- Quando houve, contra o meu governo, uma modelo com o nome de Santa Claudina. campanha muito forte e injustas sobre as reservas Quando Rondon, nessa epopéia da de índios para Mato Grosso, recebi do General construção da linha telegráfica rumo ao Amazonas, Rondon uma carta que guardo com o maior carinho – recebeu a incumbência de levar, então, Theodore um dos documentos mais tocantes que me é dado Roosevelt I, que tinha deixado o governo dos guardar, dizendo a verdadeira posição do então Estados Unidos e queria atravessar os sertões do Parque Indígena do Xingu, pois queriam tirar do Brasil de Sul a Norte, ele foi se encontrar com Governo de Mato Grosso 200. mil Km2, área igual à Roosevelt na Fazenda São João, nas margens do do Estado do Ceará, para abrigar apenas 20 mil Rio Cuiabá. Roosevelt trouxe poucos assessores; índios! e com ele seguiu todo o staff do General Rondon, E Rondon se colocou com aquela firmeza, em cargueiros de burros. E já através dos com aquele partiotismo, na exata posição que eu telégrafos, Roosevelt pode custear sua viagem, à pensava ele tomasse. custa de reportagens que mandava para os jornais Assim é que, Srs. Senadores nestas americanos, sobretudo de Nova York. desataviadas palavras, quase sem pensar, Rondon deixou o Rio da Dúvida, para falando mais com o coração do que com a Roosevelt descobrir, e hoje esse grande caudal de cabeça, faço ligeiros comentários e trago ao Mato Grosso – Rio da Dúvida, afluente do Rio conhecimento de meus nobres Colegas do Madeira, tem justamente o nome glorioso de Senado esses episódios quase que pessoais da Roosevelt. vida daquele que podia ter o seu nome inscrito no Sr. Presidente, Srs. Senadores, quando "Livro dos Heróis", de Carlyle, porque, ele, além inauguramos a Escola Santa Claudina, de Mimoso – de sertanista, era um grande militar, porém, mais e eu, como Governador do Estado, lá estava, – do que militar, era um santo. (Muito bem!. Muito Rondon teve um infarto e o médico falou mais alto bem! Palmas.) que o governador, como sempre acontece em O SR. PRESIDENTE (Petrônio relação aos verdadeiros médicos. Portella) (lê o seguinte discurso.): – Que o Não havia campo de aviação; não podíamos País se detenha sempre em referências levar Rondon de automóvel; de volta a Cuiabá, como necessárias aos que, protagonistas da tínhamos chegado a Mimoso. Com as toalhas das História, mais fulguram como heróis, mártires e mesas do grande almoço que tinha havido, construtores. marcamos um campo nessa formidável pradaria de Entre quantos fizeram à Pátria a mais Mimoso. Colocamos Rondon num aviãozinho "teco- qualificada e nobre das doações – a da própria teco" "e fomos para Cuiabá, onde ele ficou acamado vida – um varão ilustre avulta e se destaca: cerca de um mas, retornando depois ao Rio de Cândido Rondon Janeiro. Patriota, no sentido autêntico, que não Além de ter posto as linhas telegráficas comportou variações, nem ensejou dúvidas, que cortam Mato Grosso em todos os sentidos, quando, diante de si, mais que o dever se lhe Rondon foi um fazendeiro. Em 1941, em exigiu, porque se lhe impuseram sacrifícios sem "Rondonópolis" nome da sua fazenda, em cujo conta, destemor diante do que infunde medo aos local hoje há uma grande cidade, no alto Rio São fortes e bravos. Lourenço, havia apenas a casa de moradia do Trazia em si a alma romântica do fazendeiro Rondon. Hoje, a cidade tem 80 ou pioneiro que não encontra nos obstáculos 70 mil habitantes, e é uma das maiores e mais limites para a ação temerária e desbravadora.

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E, assim, seu trabalho foi marcado pelos Em suas memórias Ester de Viveiros resume caracterizam as trajetória incomum dos heróis. Não o tudo, nos versos transcritos de Fernando Pessoa. que vence. destruindo, deixando atrás de si Para ser grande, sê inteiro: nada tem exagero destroços e cinzas. Herói que nasceu soldado e ou excluí. morreu soldado. Mas, herói, sim – sui generis – que, Sê todo em cada, coisa. Põe quanto és no "para não. matar, nem deixar que, se matasse um só mínimo que fazes. homem, preferiu arrostar cem vezes a morte", como Assim em, cada lago a lua toda brilha, porque dele disse o Embaixador Fuad Carim. alta vive. Cedo impôs-se uma autodisciplina que foi a Todo o mundo maravilhoso que o homem razão de suas incontáveis vitórias. pode criar em torno de si, à sua passagem, no Submisso, sempre, às normas, foi, às vezes, trabalho que empreende, temos diante de nós se um rebelde impulsionado pela intolerância que conhecermos a fascinante epopéia que foi a vida de votava à injustiça. Cândido Rondon. Concluiu os cursos militares com inexcedível Desafiou a própria limitação física e pôde dar brilho e renunciou à vitaliciedade da cátedra que cabo de sua marcha monumental, entre 1900 e 1915 lhe daria a tranqüilidade citadina, a que todos os – com curtas interrupções – no trabalho de autêntico jovens, justificadamente, aspiram, para ser fiel à sua desbravador valente e indômito. vocação de lutador bravo e estóico. No seu tempo, levar os fios dos telégrafos era Cândido Rondon deixou, na cidade, tudo a levar tudo era levar a civilização. E esta incluída a que. nos apegamos: o amor da família, as atrações catequese aos nossos irmãos indígenas que viam, que prendem, a carreira ascensional que o talento no branco, o usurpador que precisava ser destruído. garantia e o rígido e fiel desempenho das missões Rondon revelou-se, então, a extraordinária figura lhe assegurava. Seguiu, sozinho, ao encontro humana que incorporou à sua proteção, como se de do desconhecido, presumivelmente, sombrio, com sua família fossem os índios e os fêz soldados. certeza, perigoso e árduo, mas sob o embalo do destemidos da grande missão civilizadora. ideal de servir a Pátria, abrindo à sua terra os Plantou, na Amazônia, os postes, em lances caminhos da comunicação. de heroísmo que constituíram razão de orgulho para Se são mártires os que morrem no a nossa raça. Era a antevisão do idealista, que cumprimento do dever ou em defesa da fé, o martírio ampliava as perspectivas da Comunicação e se fazia engrandece os que, não perdendo a vida, fazem-na o seu grande precursor. um testemunho de grandeza, num desfilar constante E, nesta Sessão, motivos temos para louvar de provações, se necessárias ao bom desempenho Rondon e dizer aos brasileiros que os homens do ofício, e, em doações, entregam os dias, meses e públicos de hoje, entregues ao aperfeiçoamento das anos de existência ao sofrimento total, desde o que comunicações, não deixaram cair a bandeira que, importa em perigo certo da perda da saúde ao com ingentes sacrifícios, soube erguer essa figura desconforto e às privações dos bens e rega-los que legendária, nos sertões inóspitos de nossa terra. o mundo proporciona, mártir foi Rondon, no dar tudo A telecomunicação, todos os sabemos, é de que tinha, em todos os momentos – a vida – para fundamental importância para o desenvolvimento realizar o que considerava o bom exercício de um econômico e social de uma Nação, e o Governo do posto de comando de uma guerra incruenta contra a Presidente Médici, através de seu dinâmico Ministro natureza e o homem hostis. Higino Corsetti, realiza autêntica revolução nesse setor.

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Quem não conhece a Embratel? gando ao mundo, numa permuta e troca e Conseguiu essa empresa, em cinco anos, intercâmbios e mensagens que hão de fazê-lo implantar, a rede básica do Plano Nacional de conhecido e, por isso, respeitado. Telecomunicações, completando o seu sistema de Um Ministério empreende, valentemente, esse microondas, com milhares de quilômetros em trabalho digno do seu mais ilustre precursor, graças visibilidade e tropodifusão, graças, principalmente, ao que o Brasil se motiva e arregimenta, visando a ao elevado grau de profissionalização dos seus ser a potência econômica, a que corresponda uma funcionários; conta com centenas de estações sociedade próspera e feliz, porque livre. repetidoras e torres metálicas e elevado número de Comunicando-nos e acreditando na centrais telefônicas interurbanas; dispõe de mais de capacidade realizadora, não haverá muito pelos três mil terminais de Telex; aos quais se somarão caminhos pacíficos que são os de nossa vocação, e mais treze mil nos próximos anos; procede a estaremos afirmando, entre as Nações, nosso gênio profunda transformação na telefonia brasileira, com a criador. crescente expansão da CTB, e a execução do E neste trabalho de mobilização a que não audacioso Plano, de Um Milhão de Telefones se pode faltar jamais a fé, importante é e será ainda constituirá em outro êxito; colocará em operação, no mais a ação do Ministro das Comunicações, à frente próximo ano, o cabo submarino entre o Brasil e Las o Ministro Higino Corsetti, auxlliado por notável Palmas; e participa, desde 1965, do INTELSAT, o complexo administrativo sob a responsabilidade do mais moderno sistema de comunicação, juntamente Eng.º Hervé Berlandes Pedrosa, Coronel Haroldo com outras 70 nações. Moderniza-se á Empresa Corrêa de Matos, General Francisco Augusto, de Brasileira de Correios e Telégrafos. Souza Gomes Galvão, Dr. Diône Craveiro Pereira da Essas são algumas de suas realizações, a Silva e General José de Siqueira Menezes Filho. que se somam inúmeras outras, e permito-me não Comunicação palavra mágica no nosso enunciá-las, pois, que do conhecimento de toda a século. Traz em si todos os poderes. Preserva Nação. valores, mas, também, os destrói, une e separa, leva O Brasil, que há menos de 10 anos despertou a mensagem da paz, como, em segundos, faz para as telecomunicações, já venceu o desafio que beligerantes, indivíduos e nações. se lhe apresentava. É a discagem direta à distância, Sem ela, prolifera a ignorância, reina o atraso interligando, de norte a sul, vários Estados, e, num e o homem perde a direção do seu destino. Com futuro próximo, todas as unidades da Federação. É o ela tudo pode nascer e ser criado, dependendo do rápido crescimento de sua rede telefônica. É a TV a sentido da mensagem. Se liberta o homem, fazendo- cores, que, em breve, chegará a todos os Estados. É o dono do universo, fincando seu domínio sobre o desenvolvimento da Educação e Cultura, com os a lua, tudo muda, desde as relações familiares ao programas de rádio e TV educativos. É, enfim, a conceito de Sociedade e Estado. mais avançada tecnologia levando o progresso a Estou certo de que as comunicações, todos os quadrantes do Brasil. entregues a mãos firmes, terão sempre o sentido É o País integrando-se, pelo conhecimento do bem comum, o da construção do amanhã de si mesmo, num encontro entre brasileiros, radioso do Brasil potência entre as Nações, do através das comunicações rápidas e eficientes. Brasil do desenvolvimento e da paz, sobretudo, o É o Brasil ganhando o tempo perdido e se li- da Justiça.

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Salve Rondon! E podemos saudá-lo, dizendo- 88, de 1971, de autoria do Sr. Senador Franco lhe que o passado glorioso é a inspiração sob a qual Montoro, que dá nova redação ao § 9º do art. 32 construímos, hoje, com amor e confiança, o futuro da Lei nº 3.807, de 28 de agosto de 1980 (Lei que se delineia em nossos horizontes. (Muito bem! Orgânica da Previdência Social) tendo: Muito bem! Palmas.) Cumprida a finalidade da presente Sessão, PARECER sob nº 31, de 1972, da vou encerrá-la, anunciando para a Sessão Ordinária Comissão: de segunda-feira, 8 de maio, a seguinte: – de Redação, oferecendo a redação do vencido. ORDEM DO DIA 3 1 Discussão, em primeiro turno, do Projeto Discussão, em turno único, do Projeto de de Lei do Senado nº 4, de 1972, de autoria Resolução nº 5, de 1972 (apresentado pela do Sr. Senador Ney Braga, que altera a Comissão de Constituição e Justiça, como conclusão redação do parágrafo único do artigo 33 da Lei de seu Parecer nº 21, de 1972), que suspende a nº 5.882, de 1971, que dispõe sobre o execução do artigo 4º da Lei nº 4.508, de 5 de julho quorum mínimo nas convenções municipais, de 1987, do Estado de Minas Gerais, declarado tendo: inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal de 25 de novembro de 1971. PARECER sob nº 23, de 1972, da Comissão: – de Constituição e Justiça, pela 2 constitucionalidade, com a Emenda nº 1-CCJ (Substitutivo) que oferece. Discussão, em segundo turno, do Está encerrada a Sessão. Projeto de Lei do Senado nº (Encerra-se a Sessão às 17 horas.)

25ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 7ª LEGISLATURA,EM 8 DE MAIO DE 1972

PRESIDÊNCIA DO SR. CARLOS LINDENBERG

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se Administração do Ceará e Técnico em Desenvolvimento presentes os Srs. Senadores: do Banco do Nordeste, publicado no jornal "Correio do Adalberto Sena – Geraldo Mesquita – Ceará", de 15 de abril próximo passado. Flávio Brito José Lindoso – Cattete Pinheiro – Sala das, Sessões, em 8 de maio de 1972. – Renato Franco – Clodomir Milet – José Sarney – Wilson Gonçalves. Fausto Castello-Branco – Petrônio Portella – Waldemar Alcântara – Wilson Gonçalves – Duarte REQUERIMENTO Filho – Ruy Carneiro – Luiz Cavalcante – Lourival Nº 17, DE 1972 Baptista – Heitor Dias – Ruy Santos – Carlos Lindenberg Eurico Rezende – Paulo Tôrres – Sr. Presidente: Benjamin Farah – Danton Jobim – Emival Caiado Nos termos do art. 234 do Regimento – Osires Teixeira – Fernando Corrêa – Filinto Interno, requeiro transcrição, nos Anais do Müller – Ney Braga – Antônio Carlos – Celso Senado, da Ordem do Dia baixada pelo Sr. Ramos. Ministro do Exército, General Orlando Geisel, O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): sobre o DIA DA VITÓRIA, publicada ontem, pelos – A lista de presença acusa o comparecimento de principais jornais do País. 30 Srs. Senadores. Havendo número regimental, Sala das Sessões, em 8 de maio de 1972. – declaro aberta a Sessão. Paulo Tôrres – Lourival Baptista – Cattete Pinheiro Não há Expediente a ser lido. Wilson Gonçalves – Danton Jobim – Clodomir Milet. Sobre a mesa, requerimento que vão ser O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – lidos pelo Sr. 1º-Secretário. De acordo com o artigo 234, § 1º do Regimento São lidos os seguintes: Interno, os requerimentos serão submetidos a exame da Comissão Diretora. REQUERIMENTO Há oradores inscritos. Nº 16, DE 1972 Concedo a palavra ao nobre Senador Lourival Baptista. Ex.mo Sr. Presidente do Senado Federal. O SR. LOURIVAL BAPTISTA: – Sr. O Senador abaixo assinado, na Presidente, Srs. Senadores, no próximo dia 12, o conformidade do art. 234, nº 2, e § 1º, do eminente Presidente Médici estará na cidade paulista Regimento Interno, vem requerer a V. Ex.ª a de PAULÍNIA, presidindo a cerimônia de inauguração transcrição nos Anais do Senado do oportuno e da SEXTA refinaria da PETROBRÁS, a REFINARIA fundamentado trabalho sob o titulo – A DO PLANALTO PAULISTA (REPLAN). A capacidade INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO DO CEARÁ nominal da nova unidade refinadora será de 20 – DIAGNÓSTICO E PERSPECTIVAS – de autoria mil metros cúbicos por dia de operação, equivalendo do Sr. Paulo Lustosa da Costa, ilustre a 126 mil barris de óleo. Conforme informa Professor de Economia Brasileira da Escola de a PETROBRÁS, sua estrutura de produção nor-

– 94 – mal está assim delineada: Gás Liquefeito de Mato Grosso, Noroeste do Paraná e Sul de Minas e Petróleo: 1.600 metros cúbicos por dia; Gasolina suplementará todo o consumo do Grande São Paulo Automotiva A e B: 7.800 metros cúbicos por dia; e Vale do Paraíba. Querosene: 1.200 metros cúbicos por dia; óleo O SR. JOSÉ LINDOSO: – Permite-me V. Ex.ª Diesel: 5.400 metros cúbicos por dia e Óleo um aparte? Combustível: 4.000 metros cúbicos por dia. Prevê- O SR. LOURIVAL BAPTISTA: – Com muito se, ainda, a produção de 300 mil toneladas-ano de prazer, nobre Senador José Lindoso. asfalto. Devido à flexibilidade agora adotada nos O SR. JOSÉ LINDOSO: – Louvo V. Ex.ª pela projetos de refinarias, seu processamento poderá iniciativa de dar conhecimento ao Senado de mais atingir 24.000 metros cúbicos por dia, o que equivale esta realização da PETROBRÁS, dentro do seu a 150 mil barris. plano de fortalecimento da economia brasileira. A inauguração dessa nova unidade de Realmente, falar da PETROBRÁS é falar daquilo refinaria da PETROBRÁS vem enfatizar, ainda mais, que é mais vital para o desenvolvimento do Brasil. o empenho com que o Governo Médici se dá à O ponto estratégico da nova refinaria, a sua batalha do desenvolvimento brasileiro. Por outro importância para a economia brasileira merece o lado, é a confirmação do cuidadoso planejamento registro que V. Ex.ª faz. Acresce assim, mais, a com que conduz a PETROBRÁS o processo de nossa admiração e a nossa confiança na obra que a expansão do seu parque de refino, sempre PETROBRÁS vem realizando, de engrandecimento acompanhando o processo de industrialização do da nossa economia e afirmação de nossa País e agindo de forma a que os eventuais aumentos independência, em face da importância que a de demanda sejam prontamente atendidos. Já em indústria petrolífera tem para a economia brasileira. 1967 a capacidade de refino de São Paulo se O SR. LOURIVAL BAPTISTA: – Agradeço o mostrava insuficiente, daí a série de obras de aparte do nobre Senador José Lindoso, que vem grande porte desenvolvidas com presteza pela enriquecer o meu discurso. PETROBRÁS, ao mesmo tempo que se decidia pela O petróleo bruto processado pela REPLAN construção da REPLAN. Esta decisão levou a será descarregado nos tanques do Terminal PETROBRÁS a dar inicio imediato a duas obras de Marítimo de Almirante Barroso, em São Sebastião. vulto: a ampliação do Terminal Marítimo Almirante Dali será bombeado através de um Oleoduto de 60 Barroso (TEBAR) e a construção de um oleoduto centímetros de diâmetro e 225 quilômetros de (OSPLAN). Há, ainda, o oleoduto de retorno de extensão até o tanque de petróleo da REPLAN, produtos da nova refinaria para Berueri, onde se cortando 17 municípios paulistas. O oleoduto terá instala a Base de Distribuição de Derivados. Com capacidade inicial de transporte de 28,5 mil metros 100 km de extensão, este oleoduto de retorno cúbicos/dia. (170 mil barris) com duas estações garantirá grande flexibilidade ao abastecimento de bombeadoras. Posteriormente, com o acréscimo de toda a região geoeconômica do Grande São Paulo. mais uma Casa de Bombas, a capacidade final Os investimentos nas obras da refinaria atingirá 270 mil barris. O escoamento de derivado se que agora será inaugurada foram da ordem de Cr$ processará por duas vias: via oleoduto para o 530 milhões dos quais 80% gerados por recursos Grande São Paulo, com extensão de 100 km, e próprios. A REPLAN trará ao Brasil uma economia diretamente às bases das companhias distribuidoras, anual, em divisas, de 40 milhões de dólares. situadas ao lado da REPLAN. Até algum tempo, PAULÍNIA era um Sr. Presidente, na sua aparente mero distrito de Campinas. Já se tornou singeleza, a solenidade que será presidida pelo uma cidade, marcada pela prosperidade veloz. eminente Presidente Médici, dia 12 próximo, A refinaria lá instalada atenderá ao consumo constitui forte exemplo de como o atual governo de derivados do interior de São Paulo, conduz o desenvolvimento nacional, visando

– 95 – seu constante aceleramento, o que exige prazo de três a quatro anos a nossa subsidiária permanentes e minuciosos planejamentos em todos no Iraque já estará produzindo petróleo, outro os setores governamentais, a fim de que nenhum acontecimento de grande relevância para o Brasil, ponto de estrangulamento venha a ocorrer. É de se cujo crescimento a ritmo acelerado já se tornou. notar, ainda, que a REPLAN foi construída conforme notório em todo o mundo. A BRASPETRO será a projeto o mais moderno, na demonstração de nossa presença marcante de nossa pátria em terras capacidade técnica. estrangeiras, inclusive no distante Oriente Médio. Sr. Presidente, com a Revolução de 64, Fatos como estes apagam o esforço daqueles que mudanças substanciais ocorreram no Brasil, ainda teimam em ser derrotistas, exibindo a todos merecendo destaque aquela que vem assegurando nós e ao mundo inteiro o Brasil que marcha, veloz e plena continuidade administrativa dos sucessivos seguramente, para a conquista do lugar que lhe toca governos. É o que, mais uma vez, a Nação verifica entre as grandes potências. com a inauguração da REPLAN, obra em que se Sr. Presidente, ao aludir a esses novos feitos empenhou o Presidente Médici. da PETROBRÁS, não poderia deixar de manifestar O SR. JOSÉ SARNEY: – Permite V. Ex.ª um minha satisfação por ver Sergipe surgindo cada vez aparte? mais em posição de destaque em nosso País, já se O SR. LOURIVAL BAPTISTA: – Com muito impondo sua integração no grande complexo prazer, Senador José Sarney. mineral-petroquímico cujos principais núcleos O SR. JOSÉ SARNEY: – Nobre Senador deverão se localizar em Salvador, Aracaju, Maceió e Lourival Baptista, faz V. Ex.ª muito bem deixando Recife. nos Anais desta Casa a presença do Senado A observação se me impõe pela notícia que Federal na congratulação de todo povo por nos chega de que um novo poço produtor de mais essa obra que a PETROBRÁS realiza no petróleo foi descoberto em Sergipe pela Brasil. Quando hoje falamos no desenvolvimento PETROBRÁS. brasileiro e seu alto índice de crescimento, O poço petrolífero agora descoberto no meu não podemos esquecer que a PETROBRÁS Estado, Sr. Presidente, denominado Alagamar, está é uma chave nesse processo. Também não situado nas proximidades da praia de Pirambu, numa podemos esquecer que foi na gestão do General região que é praticamente cercada por campos que a PETROBRÁS encontrou produtores da PETROBRÁS. Alagamar já tem suas seu estágio de crescimento total, graças à possibilidades de produção comercial confirmadas; capacidade de comando desse brasileiro, à sua restando apenas a realização de novas pesquisas a capacidade de formar equipe e à sua fria e serem iniciadas nos próximos dias, afim de que obstinada dedicação ao trabalho. possa ser definida a possibilidade total da nova O SR. LOURIVAL BAPTISTA: – Obrigado, jazida. eminente Senador José Sarney, pelo aparte O poço, que atingiu uma profundidade de dois de V. Ex.ª, que veio engrandecer o meu mil e setecentos metros, determinou a existência de pronunciamento. seis formações petrolíferas, em diversos níveis a Mas, no tocante à PETROBRÁS, na começar da profundidade de mil e trezentos metros. extraordinária gestão do General Ernesto Geisel, Esta é a primeira vez, em Sergipe, que uma muitos outros acontecimentos de importância vêm perfuração localiza a existência de seis formações, se sucedendo, graças à pujança da Empresa e à duas das quais são consideradas de grande sua grande administração. Assim é que, ainda este potencialidade. mes, será assinado o contrato final com que a O Alagamar revelou também um fato BRASPETRO dará início a sua operação no inédito nas pesquisas da PETROBRÁS. É que Iraque, em áreas que nos foram concedidas o petróleo foi localizado em formações de graças ao acordo firmado com a Iraq National Oil rochas calcáreas, sendo que este fato exigirá Company, empresa estatal iraqueana. E no curto da empresa a aplicação de técnicas que até

– 96 – agora não foram necessárias em nosso País. uma contribuição a mais para o aumento de nossa Este fato, todavia, não será um obstáculo ao produção petrolífera, e é também nova vitória da desenvolvimento do novo campo, pois em várias Petrobrás nos esforços que realiza visando à partes do mundo o Petróleo é encontrado associado descoberta de novas jazidas de hidrocarbonetos. a esse tipo de rocha, havendo, por conseguinte, O fato, portanto, merece o necessário uma larga experiência acumulada, que agora será destaque, sendo justo que neste momento se utilizada pela PETROBRÁS. reconheça o trabalho valioso dos técnicos e O SR. ANTONIO CARLOS: – Permite V. Ex.ª operários da Petrobrás. um aparte? Sr. Presidente, a descoberta do novo campo O SR. LOURIVAL BAPTISTA: – Com muito de Alagamar é mais uma demonstração das imensas prazer, eminente Senador Antonio Carlos. potencialidades minerais de Sergipe, entre as quais O SR. ANTONIO CARLOS: – Quero o petróleo surge com destaque. E assim o meu congratular-me com V. Ex.ª pelo registro que está Estado vai se credenciando, sempre com mais força, fazendo da grande realização da Petróleo Brasileira para sua integração no Polo Petroquímico S.A., quer no campo da industrialização e do refino, do Nordeste, sediado em Salvador, no eixo de quer no campo da pesquisa e da lavra do petróleo. um complexo mineral-petroquímico, na plena É notícia para alegrar a todo o Brasil, esta de confirmação de um sonho e, já agora, reivindicação que a PETROBRÁS acaba de perfurar um novo poço do povo sergipano. Reivindicação esta que será, de petróleo no Estado de V. Ex.ª, com perspectivas sem sombra de dúvida, apoiada pelo eminente as mais favoráveis. De fato, a nossa maior empresa Presidente Médici, no seu empenho em desenvolver estatal está realizando não só um trabalho da mais e integrar o Brasil. (Muito bem! Muito bem! Palmas.) alta valia para a economia brasileira no campo da O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – pesquisa, da lavra, do refino e da distribuição, como Concedo a palavra ao nobre Senador Danton Jobim, também, sob a direção superior do General Ernesto que falará como Líder do Movimento Democrático Geisel, está se transformando num valiosíssimo Brasileiro. instrumento de afirmação do Brasil no exterior. A O SR. DANTON JOBIM (como Líder Sem BRASPETRO, que é subsidiária da PETROBRÁS, revisão do orador.): – Sr. Presidente, eu desejaria, está levando a técnica, o trabalho e o esforço em primeiro lugar, dar uma explicação à Casa sobre brasileiros a países distantes, como agora através do as razões por que, em nome da Bancada do MDB no acordo que celebramos com o Iraque, recebendo Senado, subscrevi o requerimento, para transcrição uma concessão naquele país reconhecidamente rico nos Anais do Senado da Ordem-do-Dia do Sr. em reservas petrolíferas, e, amanhã, certamente, Ministro do Exército. levando suas atividades a outros países, não só do Evidentemente que partilho, provavelmente continente americano, como também dos outros com todo o Senado, da admiração pelo soldado continentes. Está, pois, a empresa brasileira de perfeito que é o General Orlando Geisel. Mas a petróleo representando o esforço do nosso País no primeira razão que me leva sempre a concordar com setor econômico, em todos os quadrantes do mundo. a transcrição, nos Anais do Senado, de documentos O SR. LOURIVAL BAPTISTA: – Agradeço a como este, é o princípio que a nossa Bancada V. Ex.ª, eminente Senador Antonio Carlos, o aparte adotou de que todo documento de real importância com que honrou o meu pronunciamento. para que o historiador do futuro, que o ajude a A exploração de um novo campo reconstruir a situação do País, nossa vida pública e produtor em Sergipe é um fato os homens que nela atuam, deve evidentemente auspicioso para o Brasil, pois representa figurar nos Anais do Senado.

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Em segundo lugar, assinamos o requerimento Comunicações", instituído por Paulo VI, e que já se porque, na Ordem-do-Dia do General Geisel, há vem celebrando há dois anos. conceitos que poderíamos subscrever, cumprindo- A mensagem pontifícia aos dirigentes dos nos louvar a ênfase que põe em caracterizar que os órgãos de opinião pública e de informação, a ser nossos pracinhas foram à Itália; combater o Nazi- entregue oficialmente pelo Cardeal D. Eugênio fascismo, defender aqueles princípios e ideais que Bailes, no Rio de Janeiro, versará sobre "Meios de estão na própria formação do povo brasileiro, Comunicação a Serviço da Verdade". defender a liberdade contra a servidão. Assim a Igreja persevera; insiste, Sr. Sem dúvida, esses conceitos na Ordem-do- Presidente, na orientação dos que manipulam as Dia do Sr. Ministro do Exército bastariam, para que influências poderosas dos meios de comunicações, fizemos empenho em que ela fosse trazida, ao amplo ou seja, o jornalismo escrito, falado, televisionado ou conhecimento desta Casa e figurasse nos seus filmado, que exerce função social de primeira Anais. grandeza em nosso tempo. Quero agora, Sr. Presidente, que esta Casa De Roma parte, mais uma vez, a luz a guiar os teve ocasião de ouvir, em sua última Sessão, homens pelos caminhos da verdade, da paz e da diversos oradores que se referiram ao "Dia Nacional fraternidade, explicando-se que o tema escolhido, no das Comunicações", quando se evocou, de maneira ano passado, pelo Pontífice, para comemorar o enfática, com expressões de admiração e carinho, a "Dia Mundial das Comunicações", tenha sido os memória luminosa do Marechal Cândido Rondon. instrumentos de "Comunicação Social a Serviço da Tratou-se, sobretudo, de comunicações, no Unidade dos Homens". Esta semana ela prossegue plural, ou melhor, dos instrumentos que a técnica no seu apostolado; procurando indicar os caminhos moderna nos oferece para as comunicações a que levarão à unidade e que outros não podem ser distância e sem os quais não se poderia conceber, senão os da busca e apresentação da verdade. muito menos obter, o progresso vertiginoso da arte Em saudação dirigida aos responsáveis de transmitir a informação destinada ao grande pela área da Comunicação, na Conferência público, levando opiniões e notícias para todos os Nacional dos Bispos, o ilustre Bispo Auxiliar da recantos do País, com uma rapidez verdadeiramente Arquidiocese de São Paulo, Dom Lucas Moreira extraordinária, e transpondo mesmo as fronteiras do Neves, já emitiu conceitos valiosos, em rigorosa. Brasil. consonância com o pensamento e a palavra do É o que os especialistas tendem a designar Santo Padre em repetidas alocuções. Mostra Dom como "Comunicação" toutcout, isto é, no singular. Lucas que a Igreja é sensível ao momento Hoje, entretanto, queremos chamar a atenção presente e ao que ele chama, "a atual virada do Senado para dois acontecimentos importantes histórica", indelevelmente marcados pelos mass neste campo. Ambos marcam a importância que media, pela informação, pela importância da já se vai dando, no Brasil, ao estudo e ao correto opinião pública, aquilatando bem o papel relevante emprego da comunicação social ou de massa: um é que exercem, na Comunidade e no Mundo, os que o lançamento, pela Associação Brasileira de trabalham na imprensa, rádio, televisão, cinema, Imprensa, dos Anais do seu Congresso Nacional canção, publicidade e nos diversos campos da de Comunicação que, em setembro de 1971, Comunicação Social. reuniu profissionais e peritos do mais alto nível Mas queremos destacar, sobretudo, nestes entre os estudiosos brasileiros da matéria. O outro comentários, que, em artigo no Jornal do Brasil de fato é a comemoração, pela Igreja, da "Semana anteontem, o eminente Arcebispo do Rio de Janeiro dos Meios de Comunicação Social", a qual explicou-nos o sentido do Dia das Comunicações culminará, no domingo, com o "Dia Mundial das Sociais, que a Igreja fez coincidir com o domingo da

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Ascenção do Senhor. Esse artigo consegue, com É o que afirma, Sr. Presidente, na mesma precisão didática e, admirável concisão, traduzir os ordem de idéias, Dom Lucas Moreira Neves, verdadeiros propósitos das comemorações que se responsável pela Pastoral dos Meios de iniciam em escala mundial. Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos, Dom Eugênio, sabem os Senhores Senadores, por estas palavras, que refletem o pensamento atual é o modelo do prelado moderno, atento às realidades da Igreja: da hora: fiel às diretivas do Vaticano II, prudente em "Conhecer com toda possível exatidão aquilo suas atitudes, mas consciente e cioso de sua missão que sucedeu, ser informado, receber subsídios para pastoral. Um homem de Deus e um homem de seu a inteligência e a interpretação dos fatos – estes são tempo. De um realismo são colocado a serviço do direitos sacrossantos de todo homem, direitos de apostolado. De inteligência pronta para compreender todo leitor ou ouvinte." as novas condições impostas ao exercício eficaz do É o ensinamento da Communio et Progressio, ministério. De sagacidade política para enfrentar ou agora invocado pelo Cardeal-Arcebispo da nossa evitar, quanto possível, atritos entre o espiritual e o Guanabara, quando diz: temporal, entre o que é de Deus e o que pertence a "A liberdade de opinião e o direito à César. informação implicam-se mutuamente; João XXIII, Com homens assim, com esse material Paulo VI e o Concílio Vaticano II proclamaram humano, formado e adestrado para contestar o abertamente esse direito essencial ao indivíduo e à desafio da crise global contemporânea, é que a sociedade de hoje." Igreja conta para superar as incompreensões dos Vejam bem, Srs. Senadores, a imagem que tradicionalistas e os obstáculos que lhe são opostos temos diante de nós não é mais a da Igreja aliada no caminho pelos interesses criados. aos poderosos, negando grandes princípios que o Por isso, Sr. Presidente, é que, violando um Iluminismo propagou e que se inscreveram na tábua tabu, Sua Excelência fraterniza com os jornalistas, e dos direitos do homem; defendendo a censura de ele próprio se converte num deles, colaborando livros e jornais e não reconhecendo a liberdade de regularmente na imprensa diária, num estilo simples, investigação científica. accessível, de uma singeleza que não esconde aos Hoje a Igreja se entrega ao debate em torno olhos dos mais despreparados a profundidade da de seus métodos de ração e de sua estrutura mensagem. externa, reabrindo corajosamente controvérsias Chama Dom Eugênio a atenção dos contidas mas não extintas, embora conservando leitores para as responsabilidades pesadas que seus dogmas e a supremacia do Papa, no que cabem aos comunicadores ou aos que detêm reconhece o Juiz dos Juízes, o árbitro necessário os meios de comunicação. Responsabilidades para que se conserve a unidade."da doutrina e da perante Deus e perante os homens, resumida no ação. "compromisso com a verdade". Sabemos que católicos sinceros estranham "Em face das omissões do público e da as mudanças. Mas devem saber que muitas debilidade dos seus meios de enfrentar, esse foram as mudanças e reformas introduzidas no poderio de transmissão – diz Sua Eminência – passado, sem que a Igreja de Roma avulta a responsabilidade do Poder Civil na desaparecesse, sem que a barca de São Pedro preservação do Bem Comum." Para logo advertir soçobrasse. Terríveis foram os flagelos que sobre que "o cumprimento do dever, por parte da ela se vieram a abater, mas o que parecia autoridade, não deve, entretanto, suprimir a desgraça irremediável provava ser, em pouco legítima liberdade de expressão, para que a tempo, as vésperas de mais um triunfo. correção de um mal não provoque prejuízos Quando Napoleão, apoderando-se do maiores." Vaticano, ousou prender e deportar o

– 99 – próprio Papa, o General encarregado da penosa ções religiosas perca sua autonomia, sua identidade, diligência assistiu a uma cena edificante. Não sua individualidade. sabemos se poderíamos reconstituir com fidelidade Sr. Presidente, é com tristeza que vejo no O essa cena, mas o tentaremos. Estado de São Paulo do dia seis do corrente, dois Roma começava a despertar, aos primeiros dias atrás, uma notícia em que se diz que o albores do dia, quando Pio VII, chegando ao fim da Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do escadaria, o início do caminho do exílio, pediu a Brasil apelou ao Ministro Alfredo Buzaid, para que o todos que ajoelhassem sobre as lajes veneráveis do Governo deixe de censurar, junto à Imprensa; as pátio, fixou pela última vez a Cidade, a Cidade informações originárias daquela Conferência. E, mais Eterna e deitou-lhe a última bênção nas quatro adiante, faz a noticia esta revelação: direções – urbi et orbi. Feito isto, caminhou para a "Em sua última edição, com data de 5 de carruagem que o levou, sob escolta, as parelhas a maio, o boletim de informações Ecclesia, da galope para fora de Roma. Foi a esta altura, que um Arquidiocese de São Paulo, apresenta, sua primeira dos ajudantes do general, apontando, emocionado, página em branco, comum aviso: "A presente edição, para a carruagem que, partia a galope, observou, ao de nosso boletim informativo não tem editorial". Na seu chefe, que estavam assistindo a uma cena página seguinte, sob o titulo "O São Paulo não pôde histórica, talvez a mais dramática de sua época, publicar", o boletim divulga matéria que deveria sair pronunciando esta sentença: "Ali vai o último Papa na edição de O São Paulo de hoje, e que foi que teve Roma". cancelada, "por motivo de força maior, alheia à É o caso de perguntar, Srs. Senadores, Redação do semanário". quantos Papas teve Roma depois de Pio VII! Desejaríamos Sr. Presidente, que no Brasil De quando em quando, é certo, a velha não, mais se repetissem casos como esse. casa erigida sobre a rocha parece tremer nos Evidentemente, um editorial de autoridades da seus alicerces. Cresce o número dos incréus e Arquidiocese de São Paulo não pode ter qualquer dos indiferentes; multiplicam-se os cismáticos; conotação subversiva. aparentemente o rebanho vai dispersar-se. Em nosso Os encarregados da publicação do jornal tempo, a Igreja responde à ameaça dessa dispersão, da Diocese fazem um grande esforço para trazer revendo, humildemente, o seu comportamento a verdade aos seus leitores. Atendem, assim, para com os irmãos separados, ao avivar a chama àquilo que o Santo Padre desejaria observado por do ecumenismo; banindo a intolerância de outros todos os que dispõem de meios de informação, tempos; aceitando as teses generosas da democracia isto é, a obediência ao compromisso com a política e social: defendendo resolutamente a verdade. liberdade, de expressão; tornando-se campeã, nesta Sr. Presidente, esperamos que frutifique, altas, altura do século, dos grandes direitos esquecidos; esferas do Poder, a palavra da Igreja. Ela é a única ocupando o lugar daqueles que lutaram contra todas força que realmente pode evitar nos países em as tiranias; clamando contra a estratificação de desenvolvimento, como os nossos da América seculares ou milenares injustiças, erguendo-se contra Latina, com massas de deserdados marginalizados a espoliação dos humildes e assumindo serena, mas do processo econômico e que se contam por bravamente, sua defesa. milhões, uma revolta que seria faltai aos destinos do A fraternidade ecumênica, que começa nosso País. a reinar entre cristãos de todas as tendências, O que a Igreja procura fazer não é sublevar não é um sinal de debilidade da Igreja as massas ou boicotar a ação do Governo católica, que encontra muitos e novos modos na execução do seu plano monumental de de convivência e mesmo de cooperação desenvolvimento. O que ela procura, Sr. com eles, sem que nenhuma das denomina- Presidente, é antes colaborar com o Governo,

– 100 – através de um diálogo que seja realmente aceito e O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): acatado pelas autoridades do nosso País e baseado – Concedo a palavra ao nobre Senador Clodomir no respeito mútuo, de tal modo que não possam Milet. ocorrer fatos como este, em que as palavras das O SR. CLODOMIR MILET: – Sr. Presidente, autoridades eclesiásticas não chegam aos fiéis Srs. Senadores, a 7 de maio de 1922 há 50 anos, àqueles que constituem o que a Igreja chama de portanto, – quando viajava para o Rio de Janeiro, "povo de Deus". eleito já, pela segunda vez, Vice-Presidente da Que os conselhos e advertências do Papa República, falecia um dos maiores vultos da política Paulo VI e de seus Bispos cheguem aos ouvidos dos maranhense, o Dr. Urbano Santos da Costa Araujo. que nos governam, convertendo-se na boa semente, Nascido na então vila de Guimarães, a 3 de de onde irá brotara democracia plena com que fevereiro de 1859, fez o seu curso de Direito na sonhamos nós, com que sonham sem dúvida Faculdade do Recife, onde se diplomou em 1882, numerosos responsáveis pela situação atual do País. voltando, em seguida, ao Maranhão, para iniciar a Democracia plena que assenta não apenas em sua vida pública como promotor da comarca de instituições formais e outorgadas mas, sobretudo, na Mirador, transferindo-se, depois, para Rosário, e livre circulação das informações e no salutar ingressando, em seguida, na magistratura, como juiz entrechoque das idéias. Hoje temos, a Igreja pondo- municipal, em S. Vicente Ferrar e S. Bento. se à frente desse movimento. Em 1889 foi nomeado juiz de Direito da Belo é o conceito de que o comunicador tem um comarca de S. João Batista dos Campos Neves, na compromisso com a verdade. Mas a verdade, Srs. Província de Santa Catarina, de onde, com o Senadores, nem sempre é de geração espontânea – advento da República, foi transferido para a recém- quase nunca o é. Nasce, o mais das vezes, do acesso criada Vara de Casamentos, na Capital do livre aos meios de comunicação social e da Maranhão, onde permaneceu até ser organizada a controvérsia, o que pressupõe a inexistência de magistratura estadual, passando, então, à censura prévia e admissão dos opositores ao uso dos disponibilidade por não desejar ser aproveitado na mesmos veículos de comunicação usados pelo judicatura. Governo na promoção de suas obras. Recolheu-se, então, ao seu engenho Prometeu-nos, o honrado Presidente da no município de Rosário, de onde o foram buscar República, General Emílio Médici, de cuja as forças políticas do Estado para elegê-lo sinceridade não duvidamos, o jogo da verdade. Mas Deputado Federal pelo 1º Distrito. Começava, para que a verdade seja retirada do fundo do poço, e assim, em 1897; pela deputação federal, a sua esplenda, na sua nudez, ao olhos de todos, é preciso gloriosa carreira política, na qual atingiu os mais ir buscá-la onde ela está. É forçoso que a Oposição altos postos, sendo, no meu Estado, o chefe do brasileira disponha de todos os instrumentos Partido depois da morte do grande Benedito Leite adequados a que ela participe do jogo da verdade que foi, incontestavelmente, uma das maiores através da imprensa e dos demais meios de figuras do cenário político brasileiro do seu comunicação social. tempo. Sr. Presidente, Srs. Senadores, para que os Transferindo-se, então, para o Rio de jornalistas cumpram, como quer Sua Santidade, seu Janeiro, abriu o seu escritório de advocacia, compromisso implícito com a verdade, é onde, em pouco tempo, se firmava como um dos imprescindível que também os governantes, que grandes causídicos da Capital Federal. controlam os meios de comunicação, assumam No mesmo ano em que se elegera deputado, o igualmente esse compromisso. seu Partido o indicava para Governador do Estado, Era o que eu tinha a dizer. (Muito bem! Palmas.) num movimento franco e espontâneo que logo

– 101 – recebia o beneplácito do chefe da política A luta política, no Maranhão, ameaçava, estadual, Benedito Leite, seu grande amigo, que, novamente convulsionar o Estado, à aproximação da na ocasião, entretanto, manifestava evidente sucessão. Só o nome do chefe poderia resolver o interesse por outra candidatura. Eleito, porém, impasse criado pela obstinação de alguns e pela Urbano Santos, preferiu continuar como deputado, imaturidade de outros. renunciando logo após ser reconhecida, pelo Aceita, então, a indicação do seu nome para o Congresso, a sua eleição, com o que, a 1º de governo. Eleito Presidente do Estado, teve de assumir o março de 1898, assumia o governo, não o cargo, renunciando, então, à Vice-Presidência da Governador, mas o 1º Vice-Governador. República. Na Câmara, foi 1º Vice-Presidente e muito Um ano depois, é convocado para Ministro da se destacou como membro da Comissão de Justiça e Negócios Interiores no governo Rodrigues Finanças, onde, em várias legislaturas, foi o relator Alves e se licencia da Presidência do Estado para da Receita, sempre acatado e prestigiado pelos exercer as suas novas funções. Rodrigues Alves, seus pares. doente, não pudera assumir a Presidência da República. Em 1906, Urbano Santos se elegia para o o substitui e Urbano Santos fica no Senado, passando a ser, na Câmara Alta, desde Ministério enquanto dura a interinidade de Delfim logo, um dos membros mais respeitados, pelo Moreira. saber e pela experiência. O País lhe deve a criação do Serviço de Profilaxia Em 1913, a Convenção do Partido Rural e só essa obra monumental, no setor da saúde Republicano Conservador o indicava candidato à pública, bastaria para lhe recordar, por todo o sempre, o Vice-Presidência da República, como companheiro nome e a sua passagem pelo Ministério. de chapa de Wenceslau Braz. Morto Rodrigues Alves, é eleito Epitácio Pessoa, A esse tempo, Urbano Santos teve de e Urbano Santos volta ao governo do Estado, para enfrentar séria crise no seu Partido, no Maranhão. completar o seu mandato que terminaria a 1º de março Era a sucessão estadual. O Chefe foi obrigado a de 1922. aceitar a indicação do seu nome como candidato Completado o seu período governamental, ao governo do Estado para superar a crise. deveria voltar a ocupar uma das cadeiras do Senado da Mais uma vez, renunciaria ao alto posto para o República, na vaga que se iria abrir com a posse do qual fora eleito, para não sacrificar sua candidatura à Senador Godofredo Viana no governo do Estado, como Vice-Presidência da República. Assim, reconhecidos seu sucessor. os eleitos pelo Congresso do Estado, como já Mas, Urbano Santos é ainda uma vez escolhido decidira, anunciou a sua renúncia, assumindo, então, candidato a Vice-Presidente da República. Eleito, vem o governo, na data constitucional para inicio do para o Rio de Janeiro e morre a bordo do Vapor Minas quadriênio, um dos substitutos do Governador, na Gerais, mais tarde batizado com o nome do preclaro ordem de sucessão estabelecida na Constituição do estadista mineiro Afonso Pena. A 7 de maio de 1922 o Estado. Escolheu-se, então, novo candidato ao Maranhão perdia um dos seus grandes varões e o seu Governo e a paz voltou a reinar no Estado. político de prol, o único maranhense a se eleger Vice- Eleito Vice-Presidente da República para o Presidente da República e, nessa qualidade, a exercer a quadriênio 1914/18, Urbano Santos foi um leal e Presidência. prestimoso colaborador do Presidente Wenceslau Ressalte-se, e isso é da maior significação para o Braz, tendo assumido a presidência, por um mês, em nosso Estado: Urbano Santos foi eleito duas vezes Vice- 1917, quando o estadista mineiro, licenciado, seguiu Presidente da República, o que demonstra o prestígio de para o seu Estado. que gozava nos altos círculos políticos do País.

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O SR. JOSÉ LINDOSO: – Permite-me V. Ex.ª verno federal. Dizia-se que um ilustre oficial do um aparte? Exército fora destacado para o Maranhão com o fim O SR. CLODOMIR MILET: – Pois não, de preparar o ambiente para a deposição do Senador. Governador. Urbano Santos era amigo e O SR. JOSÉ LINDOSO: – V. Ex.ª, ao fazer companheiro de Pinheiro Machado. Enfrentou a este discurso em comemoração ao 50º ano do situação e lutou bravamente para que o Maranhão desaparecimento do Estadista Urbano Santos, fosse poupado da investida intervencionista. E a presta, homenagem à sua memória, e pode-se intervenção não se fez. E o governador Luis considerar como falando em nome do próprio Domingues pôde concluir o seu período Senado. Nós do Norte temos na personalidade de governamental, evitada a sua deposição, pela ação Urbano Santos uma das expressões mais ricas da decidida do Senador Urbano Santos. atividade cívica. Vivendo em plena atividade política Luis Domingues assim o proclamou, destacando no período em que o País assistia à Primeira Grande que a lealdade de Urbano Santos, na chefia política Guerra, revelou-se homem de extraordinário tino maranhense salvara, no Estado, a Federação. político e de grande sensibilidade cívica. A A crônica política registrara que os amigos de rememoração de sua passagem na vida pública, Urbano Santos quiseram impedi-lo de assumir a Pasta neste momento, tem o significado de um culto a um da Justiça porque o seu nome estava cotado para ser o dos homens mais ilustres do norte do País, que, novo Presidente e não deveria, assim, incompatibilizar- honrando o Maranhão, honrou o Brasil pelos altos se. Era sabido que Rodrigues Alves, doente, não serviços que prestou a nossa Pátria. Eis a quem o poderia assumir a Presidência e nova eleição se teria Senado reverencia, pela palavra autorizada de V. de realizar. Urbano Santos, porém, reage à solicitação Ex.ª, com a solidariedade de todos os Srs. e responde categoricamente, aos seus amigos: – Senadores. "Estava no governo do meu Estado de onde Rodrigues O SR. CLODOMIR MILET: – Muito grato, Alves me mandou chamar para integrar o seu governo, Senador José Lindoso, ao aparte de V. Ex.ª. distinguindo-me com a sua confiança. Ao chegar aqui, Na verdade, Urbano Santos de tal maneira se vou jogar com a sua vida para ser Presidente da projetou na política nacional; tão segura tinha em República? Não. Amanhã mesmo assumirei a pasta da suas mãos a condução dos destinos políticos do Justiça." E assim o fez. – Pouco tempo depois, falecia Estado, que, na minha terra, no Maranhão, qualquer Rodrigues Alves, sendo Epitácio Pessoa indicado para crise política só se resolvia com a aceitação por sucedê-lo. E a reunião para a indicação de Epitácio se parte do chefe do partido de sua candidatura a teria realizado no escritório da residência de Urbano Governador. E ele, muitas vezes, não podendo Santos. assumir o Governo, tinha, durante algum tempo, de Convidado para compor a chapa Artur aceitar a candidatura, de aceitar a eleição, para, logo Bernardes, como candidato a Vice-Presidente, já depois de feita a pacificação, eleger quem devia, próximo às eleições, em face à situação que se criara realmente, governar o Estado. no País, Epitácio Pessoa, então Presidente da Na oportunidade da evocação do seu nome, República, telegrafa a Urbano Santos indagando se no cinqüentenário do seu desaparecimento, valem concordaria em retirar a sua candidatura, e informando serem destacados alguns fatos que marcaram a vida que Artur Bernardes, Nilo Peçanha e J. J. Seabra já desse grande brasileiro, nascido em terras do haviam concordado em que se apresentasse Maranhão. uma chapa de conciliação. Urbano Santos logo Em 1911, no governo , responde que a paz na República e a união algumas intervenções se fizeram em vários dos seus filhos era o que importava: o seu Estados. O Maranhão, segundo se propalara, nome não constituiria embaraço à conciliação que deveria ser uma das vítimas da ação do go- se procurava. Dias depois, novo telegra-

– 103 – ma de Epitácio Pessoa lhe transmitia a notícia de nhense, que honrou a representação do meu que São Paulo, na pessoa do seu Presidente Estado na Câmara dos Deputados. Washington Luis, não, aceitava outra chapa que não Colares Moreira entendia que "os fosse a já escolhida: Artur Bernardes – Urbano adversários políticos devem ser considerados Santos. apenas como aqueles que têm interesses Quando deputado, certa ocasião, determinado contrários ao nosso e aos dos nossos amigos. cavalheiro o procurava em seu escritório para lhe Mas, não tidos e tratados como inimigos". E dizer que sabia que não contava com o seu voto em lembrava a lição de Guichardin, que aconselhava certo projeto que tramitava na Câmara e lhe pedia, "tratar o adversário de tal modo que ele possa com o maior empenho, insinuando uma alentadora tornar-se amigo, não nos devendo esquecer que o compensação, que não comparecesse, no dia amigo, mesmo o melhor, poderá tornar-se inimigo". seguinte, à votação da matéria. A resposta de E Urbano Santos seguia o conselho do Urbano Santos foi pronta e enérgica: "Vou à Câmara escritor florentino, sempre procurando conciliar, e sem falta amanhã para votar contra o senhor." E evitando, quanto pudesse, a luta que a nada encerrou a conversa. levava. Urbano Santos era um festejado advogado. O Conta-se que, fora outra, e não teria seu escritório no Rio tinha grangeado a melhor conseguido tão pacificamente que lhe dessem a reputação. No Congresso era respeitado como licença para se afastar do governo do Estado para grande financista. Um dos clientes mais importantes exercer as altas funções de Ministro da Justiça. de sua banca de advogado propôs-lhe, certa vez, Nem a oposição questionara a respeito. E era a abandonar a política, que a sua empresa lhe primeira vez que, no País, um governador deixava garantiria, mensalmente, o que deixaria de receber o cargo, apenas licenciado, para o exercício de um como subsídio de deputado federal. Urbano Santos alto posto, de confiança do Presidente da não aceitou a proposta. Continuou na política. E República, na administração federal. fechou o seu escritório de advocacia. Ninguém procurava interpretar a A sua biblioteca ocupava três salões de sua Constituição visando a impedir a aceitação do residência. Nada menos de oito mil volumes enchiam honroso convite. as suas estantes. Não dispunha de catálogo, mas E Urbano Santos pôde voltar tranqüilamente sabia de cor a colocação de cada volume na estante ao governo estadual quando deixou o Ministério. ou prateleira. Quando estava doente e precisava de Muito tempo depois, Getúlio Vargas convidava algum livro, chamava uma de suas filhas e lhe dizia o Governador José Américo para o Ministério da exatamente onde o deveria procurar. E nunca errava. Viação e o político paraibano, licenciando-se do Dizia-se que tinha a sua biblioteca "arrumada em sua governo da Paraíba, cobria, com o exemplo e com o própria cabeça". precedente de Urbano Santos, para responder aos Era político sério. Não enganava. que lhe criticavam a posse no Ministério sem deixar, Os seus companheiros de partido o em definitivo, a governança do Estado. respeitavam. Dialogava. Sabia ouvir. Não permitia Nesta homenagem que estou prestando à que se tripudiasse sobre o adversário. A este, memória de Urbano Santos, como maranhense, preferia conquistá-lo a vencê-lo. E fazia-o como político e como Senador, no cinqüentenário conscientemente, convencido de que, assim agindo, de sua morte, sei que estou expressando os estaria melhor servindo ao Estado, embora com sentimentos da minha terra, do seu governo algum sacrifício do seu partido e dos seus próprios e do seu povo. Ao evocar-lhe a austera figura interesses. Assim o vê Artur Quadros Colares e ao recordar-lhe algumas passagens de Moreira, seu companheiro de partido e seu grande sua vida pública, tão cheia de serviços amigo, uma das expressivas figuras da política mara- prestados ao Maranhão e ao Brasil, rendo-lhe a

– 104 – homenagem do meu respeito e da minha Os Senhores Senadores que o aprovam admiração, ao político que honrou as tradições do queiram conservar-se sentados. (Pausa.) seu Estado, ao deputado e ao Senador que Aprovado. O projeto irá à Comissão de engrandeceu, com o seu trabalho e a sua Redação. inteligência, a esta e a outra Casa do Congresso; É o seguinte o projeto aprovado: ao Governador que tão bem dirigiu os destinos do Estado que dele tanto recebeu e que, PROJETO DE RESOLUÇÃO merecidamente, com o seu voto e o seu aplauso, Nº 5, DE 1972 tantas incumbências lhe deu; ao Ministro e ao Vice-Presidente que, com tanto zelo e patriotismo Suspende a execução do art 4º da Lei nº exerceu as nobilitantes e egrégias funções, mas, 4.506, de 5 de julho de 1967, do Estado de Minas sobretudo, ao homem de bem, ao honrado e Gerais, declarado inconstitucional por decisão conspicuo cidadão que sempre soube ser, para definitiva do Supremo Tribunal Federal de 25 de honra nossa e para gáudio de quantos ainda novembro de 1971. acreditam nos homens públicos deste País. (Muito bem! Muito bem! Palmas.) O Senado Federal resolve: Comparecem mais os Srs. Senadores: Art. único. É suspensa a execução do art 4º da José Esteves – Milton Trindade – Virgílio Lei nº 4.506, de 5 de julho de 1967, do Estado de Távora – Wilson Campos – Teotônio Vilela – Augusto Minas Gerais, julgado inconstitucional por decisão Franco – Amaral Peixoto – Magalhães Pinto – definitiva do Supremo Tribunal Federal, proferido na Benedito Ferreira – Guido Mondin. Representação nº 840, daquele Estado, aos 25 de O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – novembro de 1971. Está encerrado o período destinado ao Expediente. O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): Passa-se à: Item 2 ORDEM DO DIA Discussão, em segundo turno, do Projeto de Item 1 Lei do Senado nº 88, de 1971, de autoria do Sr. Senador Franco Montoro, que dá nova redação ao § Discussão, em turno único, do Projeto de 9º do art 32 da Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960 Resolução nº 5, de 1972 (apresentado pela (Lei Orgânica da Previdência Social), tendo: Comissão de Constituição e Justiça, como conclusão de seu Parecer nº 21, de 1972), que PARECER, sob nº 31, de 1972, da Comissão: suspende a execução do art 4º da Lei nº 4.506, de – de Redação, oferecendo a redação do 5 de julho de 1967, do Estado de Minas Gerais, vencido. declarado inconstitucional por decisão definitiva do Em discussão o projeto, em segundo turno. Supremo Tribunal Federal de 25 de novembro de Se nenhum dos Srs. Senadores desejar 1971. discuti-lo, vou encerrar a discussão. (Pausa.) Está encerrada. Em discussão o projeto. Encerrada a discussão sem emenda, nem Se nenhum dos Srs. Senadores desejar requerimento para que a redação seja submetida a discuti-lo, vou encerrar a discussão. (Pausa.) votos, o projeto é dado como definitivamente Está encerrada. aprovado, nos termos do art. 316 do Regimento Em votação. Interno.

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O projeto vai à Câmara dos Deputados. É lido o seguinte: É o seguinte o projeto aprovado: Redação do vencido, para o segundo turno REQUERIMENTO regimental, do Projeto de Lei do Senado nº 88, de Nº 18, DE 1972 1971, que dá nova redação ao § 9º do art. 32 da Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960 (Lei Nos termos do art. 311, alínea c, do Regimento Orgânica da Previdência Social). Interno, requeiro adiamento da discussão do Projeto de O Congresso Nacional decreta: Lei do Senado nº 4, de 1972, que dispõe sobre o Art 1º – O § 9º do art 32 da Lei nº 3.807, de quorum mínimo nas convenções municipais, a fim de ser 26 de agosto de 1960 (Lei Orgânica da feita na Sessão de 16 do corrente. Previdência Social), passa a vigorar com a Sala das Sessões, 8 de maio de 1972. – José seguinte redação: Lindoso. "§ 9º Não será admissível, para cômputo do O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Em tempo de serviço, prova exclusivamente votação o requerimento que acaba de ser lido. testemunhal, salvo se produzida em justificação Os Senhores Senadores que o aprovam queiram judicial, mediante prévia notificação do permanecer sentados. (Pausa.) representante legal do INPS para ciência e Aprovado. conhecimento, desde que comprovada a Em virtude da aprovação do requerimento, fica ocorrência de incêndio, desaparecimento dos adiada a discussão da matéria para o dia 16 do corrente. arquivos ou má-fé do empregador, nos Está finda a Ordem do Dia. assentamentos do empregado, com Há oradores inscritos. Concedo a palavra ao descumprimento das obrigações trabalhistas." nobre Senador Cattete Pinheiro. Art 2º – Esta lei entrará em vigor na data de O SR. CATTETE PINHEIRO (sem revisão do sua publicação. orador.): – Sr. Presidente e Srs. Senadores, este O SR. PRESIDENTE (Carlos discurso deveria tê-lo feito na semana que passou. Não Lindenberg.): tendo sido possível, no entanto, venho à tribuna para cumprir um dever de consciência, fazendo um registro Item 3 que é, também, um testemunho do trabalho, extraordinário que vem sendo desenvolvido pela Discussão, em primeiro turno, do Projeto de Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste, Lei do Senado nº 4, de 1972, de autoria do Sr. neste momento em que todo o País é sacudido pela Senador Ney Braga, que altera a redação do obra extraordinária do Governo, na organização da parágrafo único do artigo 33 da Lei nº 5.682, de integração econômica de nosso País. 1971, que dispões sobre o quorum mínimo nas Sr. Presidente, Srs. Senadores, a convite da convenções municipais, tendo: Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste, tivemos a satisfação de assistir à solenidade de PARECER sob nº 23, de 1972, da inauguração do trecho Barra do Garças-São Vicente, da Comissão: Rodovia BR-070. – de Constituição e Justiça, pela Menos de seis meses após a instituição constitucionalidade, com a Emenda nº 1-CCJ do Prodoeste, é aberta ao tráfego, na sua (Substitutivo) que oferece. quase total extensão, a BR-070, definida como Sobre a mesa, requerimento que será lido uma das obras prioritárias na primeira fase pelo Sr. 1º-Secretário. desse Programa. É mais uma demonstração de ex-

– 106 – cepcional vitalidadada ação da SUDECO, onde se nos sangrentos e cruéis campos de batalha que têm patenteiam, desde a primeira hora, o entusiasmo, a embebido no sangue continentes inteiros, com todo o capacidade técnica e a dedicação do engenheiro seu cortejo de dores e de sofrimentos, de angústias Camargo Junior. e de tragédias. A BR-070, partindo de Brasília, que conquista Cada povo, cada nação, cada país, cada mais uma via de abastecimento, liga Cuiabá ao Pátria, em todos os paralelos e sob todos os Distrito Federal, atravessando ricas terras onde meridianos, desde a mais remota antigüidade até começam a surgir, em decorrência, as primeiras épocas atuais – todos têm uma data que remarca marcas do trabalho do homem, abrindo novas frentes uma vitória pelas armas, pouco importando o ao desenvolvimento. É a incorporação em marcha do fundamento da guerra em que se hajam empenhado, Centro-Oeste e da Amazônia Brasileira, ao processo seja ela de conquista e de dominação ou de defesa sócio-econômico nacional. de honra ofendida ou brio atingido, até mesmo de A BR-070, pondo em comunicação, também, a justíssima revanche. Seja como for, porém, mesmo Belém-Brasília (BR-153) à São Paulo-Acre (BR-364), muito magna, sempre se trata de uma celebração completa o semicírculo do envolvimento da intra-muros, de um festejo nacional, de uma Amazônia, constituindo um gigantesco passo no comemoração interna e específica. processo de integração do País e a continuação do O Dia da Vitória, que hoje deflui, é diferente, sistema de ocupação da Grande Área. porém. Não me cansarei de redizer que se cuida de No trecho inaugurado dia 30, a SUDECO um fato único, singular e maravilhoso no contexto da construiu 413 quilômetros, investindo um total de Cr$ História. 10.848.048,00, o que significa um custo de Cr$ Hoje – Sr. Presidente e Srs. Senadores – o 26.266,46 por quilômetro, numa pista de rolamento mundo concelebra um Dia da Vitória que não tem de 11 metros de largura e pontes de madeira de lei donos, porque é de todos. em viga armada. A data simboliza, tanto em seus arcanos, Ao fazer este registro, queremos manifestar quanto em suas superficialidades, um sublime e nosso entusiasmo pelo que nos foi dado ver, e levar imperecível amor à liberdade. nossas mais vivas congratulações ao Ministro Costa Há 27 anos passados – neste dia 8 de maio Cavalcante, pela esplêndida continuidade de seu – não era uma guerra que terminava, com o fecundo trabalho à frente, do Ministério do Interior. sucesso do mais forte nas armas ou do mais Era o que tinha a dizer (Muito bem! Muito bem! valente na luta; não! – era a liberdade que Palmas.) triunfava sobre o pior dos despotismos! – era a O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Honra que sobrepujava a Torpeza! – era a Concedo a palavra ao nobre Senador Osires dignidade humana que se sobrepunha ao Teixeira. aniquilamento moral da razão e da justiça! – era o O SR. OSIRES TEIXEIRA: – Sr. Presidente, Amor dominando o Ódio! Srs. Senadores, assomo a esta tribuna para o Infames doutrinas de segregação racial, registro de uma efeméride de todo singular no alucinados planos de dominação ultrajante, imenso espectro da vida dos povos, data tantas fanatismos crudelíssimos de um totalitarismo vezes repetida, no seu conteúdo material, mas, na insensato – tudo quanto podia aviltar e desonrar a espécie, única e imorredoura na memória universal. civilização – tudo esboroou a 8 de maio de 1945 A História Geral é pintalgada, em todos os ante a firmeza sem falhas, a intrepidez sem tempos, no seu já imenso calendário, de feitos limites, a bravura sem canseiras, o sacrifício sem guerreiros com que muitas e numerosas repouso com que os soldados da liberdade, nações celebram, no ritual de seus altares peregrinos de um ideal imorredouro, se opuseram cívicos e patrióticos, as conquistas que efetivaram às hordas do nazi-fascismo demoníaco.

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Eu nem mesmo me arrecearia de dizer, Sr. encontravam as do Brasil, e, ao mesmo tempo, a Presidente, Srs. Senadores, que o Dia da Vitória expressão da nossa perfeita solidariedade com todos pertence, por igual, aos povos das nações que aqueles que, neste momento, estão dando ênfase a sofriam a violência interna a que os submetiam as um acontecimento que, sem dúvida, foi uma das minorias alucinadas que os dominavam à pata de páginas mais brilhantes da História nestes últimos cavalo, para não dizer mais. trinta anos. Tive ocasião de falar aqui, em nome da Somos parte integrante, pelo espírito e pela Bancada, sobre a atuação da FAB nos céus da Itália. ação, pelo ideal e pelo sangue, nesta festa universal! Desejaria mesmo que tivesse oportunidade de voltar Arrebanhada pelas três Armas, a que acorreu, a traçar o perfil de alguns dos grandes heróis que numerosa e entusiasta, a mocidade brasileira honraram o Brasil com a sua bravura, com a sua também pagou tributo à luta mundial contra os que competência, como os chefes militares. Entretanto, compuseram e tentaram levar até às últimas nesta hora, suponho que V. Ex.ª, no seu belo conseqüências a torpeza, sem exemplo, de discurso, já disse tudo o que se poderia dizer a dominação vilipendiosa e de segregação antinatural. respeito desta data. De modo que aqui fica o Compondo a Força Expedicionária Brasileira, que pronunciamento da nossa Bancada, que ao mesmo tanto e tão bravamente pelejou nas rudes regiões tempo felicita o nobre Senador pela maneira por que montanhosas da Península, onde se cobriu de soube encarar e interpretar este grande glórias imortais; participando das esquadrilhas da acontecimento. Muito obrigado. Força Aérea Brasileira, cujos motores roncavam alto O SR. OSIRES TEIXEIRA: – Obrigado a V. nos céus da Itália, dando memoráveis combates aos Ex.ª. As palavras de V. Ex.ª, interpretando o agressores totalitários e incorporando novos feitos às pensamento da aguerrida Bancada do Movimento armas brasileiras; formando nas belonaves da Democrático Brasileiro, vêm dar mostra do quanto Marinha de Guerra do Brasil, que soube garantir a V. Ex.ª tem cuidado com os fatos históricos que livre navegação de nossas costas e comboiar se verificam e se verificaram no mundo suprimentos de toda ordem, ainda guerreava, contemporâneo. Sem dúvida, nós não indormida, a frota inimiga, somando novos louros à poderíamos esperar outras palavras senão as nossa tradição naval – onde quer que tenha sido, que V. Ex.ª proferiu, de apoio e de solidariedade onde quer que tenha sido preciso – aí estiveram ao nosso pronunciamento, somente devendo os brasileiros, respondendo com a sua presença, a mencionar que seria perfeitamente válido, seria sua bravura e o seu trabalho aos apelos que a sumamente importante que V. Ex.ª, culto como é, Liberdade fazia contra a Escravidão, permitindo-nos, conhecedor como é dos episódios da Segunda hoje, a honra de nos saber não apenas beneficiários Guerra Mundial, pudesse trazer ao Senado e à da Liberdade mas, e muito orgulhosamente, seus co- República os perfis daqueles inúmeros heróis, autores. muitos dos quais deram a vida pela liberdade, em O SR. DANTON JOBIM: – Permite V. Ex.ª um favor da libertação dos povos oprimidos pelas aparte? potências do Eixo. O SR. OSIRES TEIXEIRA: – Com muito V. Ex.ª, prestando esses esclarecimentos, prazer, eminente Senador. trazendo ao conhecimento da Nação fatos inéditos O SR. DANTON JOBIM: – A Bancada do até, traria uma grande contribuição à nossa História. MDB no Senado não pode deixar de solidarizar-se Muito obrigado pelo aparte de V. Ex.ª, que com todos os termos do seu magnífico abrilhanta as palavras que pronunciamos nesta discurso, celebrando o "Dia da Vitória". Tínhamos tarde. mesmo a intenção de pedir a um dos nossos O SR. RUY SANTOS: – Permite V. Ex.ª um companheiros que aqui fizesse o registro do nosso aparte? regozijo, que ainda persiste, pelo triunfo que O SR. OSIRES TEIXEIRA: – V. Ex.ª tem o alcançaram as armas Aliadas e entre as quais se aparte, eminente Senador.

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O SR. RUY SANTOS: – Eu estava esperando Eugênio Gomes foi Chefe de Gabinete do V. Ex.ª adiantar-se mais no discurso para Ministro Clemente Mariani; foi Diretor da "Biblioteca interrompê-lo e dizer que externa, neste momento, o Nacional do Rio de Janeiro"; foi Diretor da "Casa de pensamento da nossa Bancada, a Aliança Ruy Barbosa". Nos primeiros meses do Governo Renovadora Nacional. Mas, aparteando-o após o Castello Branco foi, o ilustre baiano, assessor de Senador Danton Jobim, vejo que V. Ex.ª fala, agora, imprensa do primeiro governo revolucionário. Deixou não pela nossa Bancada mas por todo o Senado, vários livros publicados, entre esses "Prata da Casa", homenageando aqueles bravos conterrâneos nossos "Espelho contra Espelho", "Visões e Revisões", que feriram, com o maior denodo, com o maior "Moema" é um livro de memórias, "Mundo de Minha brilhantismo, nos campos da Europa, a batalha pela Infância", livros de tal valor que fizeram com que a libertação do mundo. Precisamos, como destacou, Academia Brasileira de Letras lhe concedesse, num de passagem, o eminente Senador Danton Jobim, dos últimos anos, o Prêmio . fazer a história desses homens, descrever-lhes a Eugênio Gomes era homem simples, um homem vida para que as novas gerações nela se espelhem, despretensioso, que tinha consigo muito daquela nessas dedicações, as melhores causas do mundo, tranqüilidade baiana. e, dentro do mundo, as causas do Brasil. Era o que O SR. HEITOR DIAS: – V. Ex.ª me concede a eu tinha a dizer a V. Ex.ª. honra de um aparte? O SR. OSIRES TEIXEIRA: – Agradeço o O SR. RUY SANTOS: – Pois não. aparte de V. Ex.ª. O SR. HEITOR DIAS: – V. Ex.ª está focalizando Concluindo as minhas palavras, Sr. a vida e a obra de Eugênio Gomes, mas já situando na Presidente, já agora falando não em meu nome alta posição a que ele chegou pela sua inteligência, pessoal mas no de todo o Senado da República, eu pela sua cultura e pelos indiscutíveis méritos que lhe diria que o "Dia da Vitória" – que hoje aqui evoco e marcaram a personalidade. Mas, para realçar melhor o honro, relembro e reverencio como data universal – valor de Eugênio Gomes é de mister que ele seja visto eu o tenho como o ponto de partida do País que já através de toda a sua carreira. É que Eugênio Gomes somos, da imensa Pátria que seremos amanhã. foi um autodidata. E o conheci e posso trazer aqui este Era o que tinha a dizer, Sr, Presidente. (Muito depoimento, que é mais um elogio à sua vida. Era um bem! Muito bem! Palmas.) simples auxiliar de uma usina no interior de Santo O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Amaro, encarregado de registrar e controlar o Concedo a palavra ao nobre Senador Ruy Santos. movimento da empresa. E durante os intervalos de O SR. RUY SANTOS (sem revisão do suas atividades, nos seus momentos de lazer, Eugênio orador.): – Sr. Presidente e Srs. Senadores, faleceu, Gomes estava lendo e estudando, na nobre sábado passado, no Rio, uma das melhores preocupação de seu aprimoramento espiritual. E assim, expressões da inteligência brasileira, que foi Eugênio pela pertinácia, pela persistência, mas sobretudo pela Gomes. sua inteligência, vontade de vencer e alta sensibilidade, Nascido no interior da Bahia, Eugênio Gomes, chegou ele a ser um dos maiores conhecedores da logo cedo, se transferiu para o Rio de Janeiro, onde obra de Shakespeare – permita V. Ex.ª que procurou ser apenas, além de poeta que já era, eu diga – não apenas no Brasil, mas no desde a sua província, o escritor zeloso como foi mundo, na própria Inglaterra, onde a convite de pelo resto da vida. instituições culturais pronunciou conferências Sabe-se, Sr, Presidente, que poucos entre nós sobre a vida do autor de Macbeth. Quero associar-me conhece tão bem a obra de Shakespeare quanto a essa expressão de dor e de pesar que V. Eugênio Gomes e, também, poucos como ele Ex.ª traz, reverenciando a memória de um ilustre estudaram a fundo a obra de Machado de Assis. brasileiro que soube servir à sua terra e que se pro-

– 109 – jetou pela cultura, também se alteou, e muito, pelos tários rurais, em detrimento de maior produtividade e seus grandes predicados morais. sem contrapartida ou maiores ganhos para os O SR. RUY SANTOS: – Obrigado a V. Ex.ª. E trabalhadores do campo. V. Ex.ª destacou muito bem que Eugênio Gomes, A falta de prescrição das querelas trabalhistas neste mundo brasileiro, mormente na parte baiana, tem armado sobre a economia rural uma armadilha de deficiências de tudo, em que temos de cultura da qual procuram fugir os empresários e apenas a cultura dos séculos e da estratificação do conseqüentemente resultando em prejuízos para os desenvolvimento intelectual, Eugênio Gomes foi um trabalhadores. O resultado desse estado de coisas é homem que se fez pelo esforço próprio, chegando, o esvaziamento dos campos e a pressão social como já salientei, a posições destacadas no meio sobre os núcleos urbanos, onde se refugiam os intelectual brasileiro. trabalhadores, sem oportunidade nas propriedades Eugênio Gomes, que foi sepultado ontem no privadas de se fixarem e trabalharem com Cemitério de São João Batista, deixa viúva D. Irene tranqüilidade. Pinto Gomes, e apenas um filho, engenheiro Luís Já é do domínio público o sistema desumano Eugênio Gomes, a quem envio, como amigo que fui de recrutamento de trabalhadores nas faixas de Eugênio Gomes e como conterrâneo, a melhor marginais das estradas do interior para distribuí-los, expressão do meu pesar pelo seu desaparecimento. quase como gado, pelos diversos sitiantes onde a (Muito bem!) mão-de-obra escasseia. O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Não fora a falta de clareza e as interpretações Concedo a palavra ao nobre Senador Flávio Brito. controvertidas da Justiça do Trabalho relativamente O SR. FLAVIO BRITO: – Senhor Presidente, ao Estatuto do Trabalhador Rural e a situação seria Senhores Senadores, a Nação inteira tem outra, com amplas oportunidades de um acompanhado atentamente os entendimentos, a relacionamento mais cordial e mais sincero entre os nível ministerial, mantidos pelas autoridades que precisam de trabalhar e os que precisam dos diretamente responsáveis pelos setores da economia trabalhadores. nacional, ligados aos problemas do abastecimento, Encontra-se na Presidência da República, com vistas à obtenção de menores custos finais para como resultado de estudos profundos, realizados na os produtos originários do setor primário. área do Ministério do Trabalho e da Agricultura, As classes empresariais, solidárias com o subsídios colhidos por um Grupo de Trabalho Governo nas suas preocupações maiores de Especial, instituído com a finalidade de reorganizar o controlar rigorosamente o custo de vida, têm, de Estatuto do Trabalhador Rural, dando-lhe uma feição seu lado, dado um máximo de colaboração e mais objetiva e mais consentânea com os interesses objetividade às providências de sua alçada, numa da economia privada, sem conflitos ou controvérsias tentativa sadia de dar conteúdo prático a esses com os legítimos interesses dos trabalhadores do entendimentos. campo. Assim tem sido no campo, por exemplo, A lei inspirada e lealmente defendida pelo legiferante, onde sugestões positivas e de efeito saudoso Deputado Fernando Ferrari precisa, com imediato foram encaminhadas ao Executivo para urgência, ser revista em vários aspectos, as providências cabíveis. principalmente no que diz respeito à extensão do O aperfeiçoamento do Estatuto do dispositivo do art 11 da Consolidação das Leis do Trabalhador Rural, Lei nº 4.214, de 2 de março Trabalho à atividade rural, que se faz urgente. de 1963, por exemplo, contém dispositivos Esse, o objetivo de minha presença nesta que à falta de uma clareza maior na definição tribuna, a fim de solicitar ao Presidente de objetivos, tem acarretado prejuízos Emílio Garrastazu Médici que remeta o mais breve de toda ordem à economia dos proprie- possível ao Congresso Nacional as modifica-

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ções que, a juízo de Sua Excelência, ouvido os seus Os subsídios da Confederação Nacional da auxiliares diretos, se fazem necessárias e inadiáveis, Agricultura tão bem dirigida por V. Ex.ª, serão motivo para melhor atualizar o Estatuto do Trabalhador de estudo da parte do Governo. Praza aos céus que Rural, dando-lhe a eficácia indispensável. outros ilustres Senadores, como V. Ex.ª, Como Presidente da Confederação Nacional conhecedores profundos da matéria, também da Agricultura, tenho sentido e apreendido as encaminhem subsídios à Confederação Nacional da ansiedades que dominam os empresários do campo Agricultura, para que o Executivo, consciente de que e, acima de tudo, a preocupação de que estão a grande riqueza nacional está no campo, dê possuídos de ir de encontro aos propósitos do condições para que esse anônimo extraordinário, o Governo em diminuir o custo de vida, adotando, homem perdido pelos eitos das matas, pelo Brasil inclusive, medidas de profundidade para colimar afora, possa receber estímulos capazes de induzi-lo esses objetivos em favor das classes menos a produzir cada vez mais riquezas, estímulos como favorecidas. esses a que ainda há pouco o Brasil inteiro assistiu, O SR. OSIRES TEIXEIRA: – Permite V. Ex.ª em solenidade em Belo Horizonte, de aposentadoria um aparte? a 10 trabalhadores rurais. O Governo está tomando O SR. FLÁVIO BRITO: – Com muito prazer. providências, e V. Ex.ª foi um dos que colaboraram O SR. OSIRES TEIXEIRA: – Eminente para aprovação de projetos como o PRORURAL, o Senador Flávio Brito, nesta Tribuna, V. Ex.ª traz ao FUNRURAL e tantos outros. O pronunciamento de V. conhecimento da Nação e da Casa um dos mais Ex.ª – estou convicto – tem o objetivo de buscar sérios problemas deste País: a criação de efetivas também a colaboração e a concorrência de outros condições para os empresários rurais e para os eminentes Senadores que conhecem e vivem bem o homens simples do campo produzirem, e não só problema, caso dos nobres Senadores Fernando produzirem, mas serem estimulados para a Corrêa da Costa, Antônio Fernandes, e outros, V. produção, para a criação da verdadeira riqueza do Ex.ª obterá desses eminentes homens públicos Brasil. Sem dúvida nenhuma, o assunto de que trata subsídios que possam dar ao Governo condições de, V. Ex.ª nesta tarde é dos mais complexos e merece reformulando o Estatuto do Trabalhador Rural, mesmo ser estudado, meditado por todos que se estimular a produção e, conseqüentemente, o povo preocupam com o futuro deste País, por todos que possa comparar por menor preço e viver melhor. se preocupam com a grandeza de nosso Brasil. V. O SR. FLÁVIO BRITO: – Senador Osires Ex.ª dá notícia de que subsídios foram remetidos a Teixeira, com satisfação ouço o aparte de V. Ex.ª, Sua Excelência o Senhor Presidente da República, justamente nesta hora difícil para nós da para reformulação, em alguns aspectos do Estatuto agricultura. Sempre que a totalidade dos Srs. do Trabalhador Rural. Senadores conhece os problemas da O Governo do eminente Presidente Médici – agropecuária brasileira tão bem ou muito melhor conforme afirmou o nobre Colega – conhece a do que o dirigente da Confederação Nacional da realidade brasileira, está preocupado com a Agricultura. realidade brasileira e, sobretudo, muito Nossa preocupação é que, nos Estados de preocupado como problema do custo de vida. Minas Gerais e de São Paulo, os empresários rurais Evidente que, sem estimular a produção, estão com milhares e milhares de ações executivas. sem criar as condições para maior produção, para Mesmo que entregassem a sua propriedade, ainda maior produtividade, Sua Excelência não sairiam devendo aos trabalhadores rurais. conseguiria atingir o objetivo do seu Governo. Sr. Presidente, mais uma vez quero afirmar Não tenho dúvidas, como V. Ex.ª também não as que a classe patronal rural não é, não foi e nunca tem, de que o Governo é sensível ao problema. será contra os direitos dos trabalhadores ru-

– 111 – raia. A classe patronal rural, isto sim, não pode suas atividades para o engrandecimento do nosso conformar-se com a continuação desse estado. A lei Estado e do Brasil. é boa, muito bem feita, mas de 1963. Disse e repito, Sexta-feira passada, com aquela justa de 1964 para cá, a classe patronal agrícola pôde ter distinção, a maior, conferida à sua memória, foram tranqüilidade para cumprir, como vem cumprindo, ratificados os conceitos por mim formulados nesta suas obrigações. Casa, com o apoio sobretudo dos nobres Senadores Este, meu apelo ao Presidente da República, do Nordeste que o conheceram tão bem quanto eu. em quem confio. Com a responsabilidade que tem o Isto me confortou. homem rural brasileiro, tanto patrão como Eu estaria lá em Carapina Grande, Sr. trabalhador, numa hora em que o Senhor Presidente Presidente, integrando a legião dos que da República faz um apelo para que se baixe o custo homenagearam o grande lutador desaparecido, de vida, é preciso que tenhamos os mesmos comungando com os admiráveis campinenses no instrumentos para essa cooperação, como sempre seu louvável gesto de reconhecimento, não fora a cooperamos, com Sua Excelência. obrigação superior de estar com V. Ex.ª e demais Temos a mais absoluta convicção, Sr. companheiros da Comissão Diretora em longa Presidente, de que o Congresso Nacional, sensível reunião que tivemos naquele dia. Fazia-se aos propósitos governamentais e convencido de sua necessário a minha presença, a de V. Ex.ª a de inteira procedência, há de dar à apreciação da todos os companheiros, àquela reunião. Esse foi o Mensagem Presidencial tratamento urgente, grande motivo porque não compareci em Campina compatível com a urgência que o assunto reclama Grande, para juntar-me ao seu povo, em companhia (Muito bem! Palmas.) de amigos de São Paulo, de Brasília, do Rio de O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, da Bahia, Concede a palavra ao nobre Senador Ruy Carneiro. de Pernambuco e enfim, de quase todos os Estados, O SR. RUY CARNEIRO: – Sr. Presidente, pois hoje a organização Rique tem ligações Srs. Senadores; Não queria deixar de registrar praticamente em todo o País, reflexo da ação um acontecimento que, para nós, paraibanos, dinâmica e inteligente daquela grande figura que representou algo de grande importância por desapareceu prematuramente. Mas, a sua obra expressar o sentimento humano de maior relevo: notável perdurará e crescerá através do tempo. A gratidão que o nobre e bravo povo de Campina Sr. Presidente, Srs. Senadores, também Grande, conhecida como a "Rainha da desejei fazer este modesto, simples e Borborema" e a metrópole algodoeira do despretencioso registro, sobre a figura ilustre de Nordeste, prestou sexta-feira última, dia 5 de João Rique, na sexta-feira, mas ocorreu que naquele maio, à memória de João Rique, numa dia, também o Senado da República, em Sessão homenagem do maior significado, que foi Especial, toda consagrada à memória do grande e perpetuar no bronze sua estátua, na praça de seu saudoso Marechal Cândido Rondon e ao dia nome. nacional das comunicações, razão porque somente No dia 29 de setembro do ano passado, Sr. hoje pude fazê-lo. Presidente Srs. Senadores, desta tribuna, fiz o Se aqui estivesse o grande Senador Argemiro necrológio daquele capitão de industria, um de Figueiredo, filho de Campina Grande, que, homem notável pela sua capacidade de trabalho lamentavelmente não voltou a nossa casa, porque o e espírito criador, que foi João Rique, pranteando povo não erra, mas se engana, ele é que estaria o seu prematuro passamento. Com o apoio de nesta Tribuna com a autoridade de campinense e vários companheiros do Nordeste, exaltei a sua com o brilho do seu talento, nos mostrando o que foi figura, salientando com ênfase o que ele foi como João Rique, um dos seus maiores e mais dedicados industrial, banqueiro, um verdadeiro gigante, amigos e que tanto concorreu para o constituindo um dos principais fatores no setor de desenvolvimento da sua terra, nos diferentes

– 112 – setores humanos onde atuou o homem que Campina te brasileiro João Rique que, dentre outros frutos Grande rende a maior das homenagens. magníficos da sua vida, produziu um homem como o Ele era bem inspirado e organizado. Criou a Dr. Newton Rique. Muito obrigado a V. Ex.ª. família, e orientou-a de tal maneira que embora seja O SR. RUY CARNEIRO: – Agradeço o aparte, impreenchível a lacuna causada pelo seu com que me honra o eminente Representante de desaparecimento, os seus filhos, a começar pelo Dr. Goiás, Senador Osires Teixeira. Newton Rique, um homem de grande inteligência, com S. Ex.ª, profundamente inteligente e que admirável capacidade de trabalho, que foi diretor do acompanha a vida do País e de suas grandes Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, onde figuras, focalizou muito bem a situação da honrou e destacou o nome da Paraíba, não deixarão Organização Rique, citando com tanta justiça a sua que aquele monumento que ele fundou desapareça. principal figura, o Dr. Newton Rique, mas que tem ao O SR. OSIRES TEIXEIRA: – V. Ex.ª permite um seu lado a figura equilibrada e valorosa do seu aparte? irmão, o banqueiro Nivaldo Rique, que com tanto O SR. RUY CARNEIRO: – Com todo o prazer. aprumo se conduz no Setor do Nordeste, e também O SR. OSIRES TEIXEIRA: – Eu não tive o o outro irmão mais moço, João Rique Filho, que sem privilégio que teve V. Ex.ª de conhecer o Dr. João favor vem honrando o nome que herdou. Eles Rique, mas se conhece a árvore pelos frutos que ela possuem também essa qualidade admirável de dá. Tenho o privilégio de ser amigo do Dr. Newton saberem selecionar os valores humanos, para ajudá- Rique. los nesta batalha que é decisiva para o sucesso da O Dr. Newton Rique é um desses empresários organização, bons, competentes e leais do Brasil de hoje, é um desses homens de visão. Como colaboradores. bem disse V. Ex.ª, a falta da presença física de João Eles têm o dom de aglutinar excelentes Rique não impedirá que aquilo – que antes era uma elementos no Rio, São Paulo, Brasília, Recife, Rio luta titânica de um homem e que hoje se constitui num Grande do Sul, onde já levaram o Banco Industrial dos grandes grupos econômicos deste Pais, que é o de Campina Grande S.A. e o Banco de Investimento. grupo do Banco de Campina Grande – cresça cada vez Agora, para encerrar o meu registro torna-se mais. Porque Newton Rique não só atendeu à indispensável focalizar a figura admirável e clarinada do Governo Federal como assimilou os respeitável de Dona Rosa Vieira da Rocha Rique, propósitos de desenvolvimento do País a que se que foi uma heroína na vida de João Rique, sua propõe o eminente Presidente Médici. O Dr. Newton viúva, que estou certo será o poderoso elo entre os Rique é um homem que assimilou essa filosofia e está seus dignos filhos, assegurando assim a harmonia construindo, realmente, um grande império, dentro da indispensável entre os substitutos do chefe estrutura bancária, com toda a sua linha, desde o desaparecido e ao mesmo tempo estimulando-os Banco de Investimento até a mera corretora de títulos para que a obra seja perene. imobiliários, e no mercado brasileiro de habitação tem, Campina Grande merece os nossos aplausos através da sua "Sociedade de Crédito Imobiliário", pela justiça da homenagem que prestou ao seu colaborado eficientemente com o Governo da grande amigo João Rique, demonstrando possuir o República, colaborado eficientemente com sentimento humano mais nobre, que se chama o homem brasileiro, dando casa a todos, dentro da gratidão. (Muito bem! Palmas. O orador é planificação do sistema nacional de cumprimentado.) habitação. Quero, em nome do meu Estado, associar- O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – me às homenagens que V. Ex.ª presta ao eminen- Não há mais oradores inscritos.

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Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a – operação de empréstimo externo, destinada à presente Sessão designando para a Sessão aquisição de equipamentos elétricos para Ordinária de amanhã, dia 29, a seguinte: complementar a instalação do metropolitano paulista, tendo: ORDEM DO DIA 1 PARECER, sob nº 52, de 1972, da Comissão: Votação, em turno único, do Requerimento nº – de Constituição e Justiça, pela 12, de 1972, de autoria do Sr. Senador Cattete Pinheiro, solicitando a transcrição nos Anais do constitucionalidade e juridicidade. Senado da oração proferida pelo Sr. Senador Filinto Müller ao assumir a Presidência da Aliança 4 Renovadora Nacional – ARENA, tendo: Discussão, em segundo turno, do Projeto PARECER FAVORÁVEL, sob nº 49, de 1972, de Lei do Senado nº 114, de 1968, de autoria do da Comissão: Sr. Senador Nogueira da Gama, que inclui no – Diretora. Plano Rodoviário Nacional as rodovias: "Poços de Caldas-Botelhos–Divisa Nova–Alfenas" e BR 2 381–Varginha–Alfenas–Usina de Furnas" e dá outras providências, tendo: Discussão, em turno único, da Redação Final (oferecida pela Comissão de Redação, em seu PARECERES sob nºs 2, de 1970 e 26 de Parecer nº 33, de 1972) do Projeto de Lei do Senado 1972, das Comissões: nº 42, de 1971, que institui o dia do Hino Nacional. – de Redação, oferecendo a redação do

3 vencido para o 2º turno e – de Constituição e Justiça (reexame Discussão, em turno único, do Projeto de solicitado pelo requerimento nº 19, de 1970), pela Resolução nº 7, de 1972 (apresentado constitucionalidade e juridicidade. pela Comissão de Finanças como conclusão de Está encerrada a Sessão. seu parecer nº 51, de 1972), que autoriza a (Encerra-se a Sessão às 16 horas e 35 Prefeitura do Metropolitano de São Paulo – METRÔ minutos.)

26ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 7ª LEGISLATURA, EM 9 DE MAIO DE 1972

PRESIDÊNCIA DOS SRS.PETRÔNIO PORTELLA E CARLOS LINDENBERG

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – presentes os Srs. Senadores: Sobre a mesa, requerimentos que serão lidos pelo Sr. Adalberto Sena – Geraldo Mesquita – 1º-Secretário. Flávio Brito – Cattete Pinheiro – Renato Franco – São lidos os seguintes: Clodomir Milet – José Sarney – Petrônio Portella – Virgílio Távora – Waldemar Alcântara – Duarte REQUERIMENTO Filho – Ruy Carneiro – Luiz Cavalcante – Leandro Nº 19, DE 1972 Maciel – Lourival Baptista – Heitor Dias – Ruy Sr.Presidente: Santos – Carlos Lindenberg – Paulo Tôrres – Nos termos do art 234 do Regimento Interno, Benjamin Farah – Danton Jobim – Nelson requeremos a transcrição, nos Anais do Senado, do Carneiro – Magalhães Pinto – Osires Teixeira – discurso proferido ontem pelo General-de-Exército Fernando Corrêa – Filinto Müller – Ney Braga – Walter de Menezes Pais, em nome das Forças Antônio Carlos – Lenoir Vargas – Tarso Dutra. Armadas, quando das comemorações do 27º O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – aniversário do Dia da Vitória, no Monumento aos Mortos A lista de presença acusa o comparecimento de da Segunda Guerra Mundial, com a presença do 30 Srs. Senadores. Havendo número regimental, Excelentíssimo Senhor Presidente da República, declaro aberta a Sessão. General Emílio Garrastazu Médici. O Sr. 1º-Secretário vai proceder à leitura de Sala das Sessões, em 9 de maio de 1972 – comunicação. Lourival Baptista – Heitor Dias – Antônio Carlos – Ruy É lida a seguinte: Santos – Paulo Tôrres.

COMUNICAÇÃO REQUERIMENTO Nº 20, DE 1972 5.05.01 Sr. Presidente: Requeiro à Mesa, na forma regimental, a Em 10 de maio de 1972 transcrição, nos Anais do Senado, da oração proferida

pelo Deputado Ulysses Guimarães, ao assumir a Sr. Presidente: Presidência do Movimento Democrático Brasileiro – Tenho a honra de comunicar a V. Ex.ª, de MDB. acordo com o disposto no art 43, alínea a, do Sala das Sessões, em 9 de maio de 1972 – Regimento Interno, que me ausentarei dos Nelson Carneiro. trabalhos da Casa a partir do dia 12 do corrente, O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – Os para breve viagem ao estrangeiro, em caráter Expedientes que vêm de ser lidos, após parecer da particular. douta Comissão Diretora, serão objeto de deliberação do Atenciosas saudações. – Saldanha Derzi. Plenário.

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Comunico aos Srs. Senadores que, às 15 sidente, Srs. Senadores, venho a esta alta tribuna horas e 30 minutos, estará no Gabinete do não só para reverenciar a memória, como também Presidente do Senado S. Ex.ª o Vice-Presidente para fixar nos Anais do Senado a biografia de um da República, . Na grande brasileiro. oportunidade, o Presidente suspenderá a Sessão Eu devia, de há muito, este pronunciamento, por alguns minutos a fim de possibilitar aos Srs. mas, no dia em que ocorreu o 1º Centenário de Senadores os cumprimentos devidos àquela nascimento desse homem, esta Casa estava em eminente autoridade. recesso. Hoje aqui estou, em meu nome, em nome Comunico ao Plenário que esta Presidência, do povo que represento, em nome dos homens de nos termos do art 279 do Regimento Interno, bem, daqueles que acreditam na inteligência, na determinou o arquivamento do Projeto de Lei do cultura, no amor ao Brasil. É, portanto, um preito de Senado nº 17, de 1969, de autoria do Sr. Senador gratidão a quem tanto serviu ao seu povo e ao seu Adalberto Sena, que estabelece a jornada de país. Daí, porque acredito que interpreto, aqui e trabalho do motorista profissional a serviço dos agora, por igual, o sentimento do Senado. transportes coletivos de passageiros, e dá outras Quem era esse homem de que falou a providências, considerado rejeitado em virtude de imprensa pelos seus mais expressivos órgãos, no ter recebido pareceres contrários, quanto ao presente, como já o fizera no passado? A imprensa, mérito, das Comissões a que foi distribuído. da qual foi ele um lídimo expoente? O SR. ADALBERTO SENA: – Sr. Quem era esse brasileiro que fez discípulos Presidente, peço a palavra pela ordem. sem conta; teve auxiliares notáveis; esse eminente O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – patrício que foi exaltado por grandes figuras da Concedo a palavra ao nobre Senador Adalberto monarquia e da república? Sena. Quem era essa inteligência peregrina que O SR. ADALBERTO SENA (questão de brilhou na cátedra e nas letras, e cujas obras ordem. Sem revisão do orador.): – Sr. científicas foram invocadas por tantos, em suas Presidente, se o Regimento permitir, gostaria que aulas, como o fazia o sábio e bondoso , V. Ex.ª me cedesse para exame, por 24 horas, o orgulho, e glória da medicina brasileira? projeto cujo arquivamento acaba de ser anunciado. Quem era esse professor, cujo nome e cuja O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – vida, já no fim do último século e neste, por mais de Nada obsta a que V. Ex.ª, sem prejuízo da setenta anos, tem sido lembrado com carinho deliberação já tomada pela Mesa, tenha em mãos gratidão, como exemplo vivo e palpitante de saber, o projeto, o que será imediatamente diligenciado de bondade, de coragem, de altruísmo, de amor à por nós. Pátria e de honradez? O SR. ADALBERTO SENA: – Muito Qual a trajetória daquele menino órfão, pobre, obrigado a V. Ex.ª, Sr. Presidente. que enfrentou tão duras provas de tenacidade, de O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – trabalho, de esforço, para galgar, de degrau em Serão atendidas, na Sessão de hoje, as inscrições degrau, o altiplano das suas posições, no espaço e para a Sessão de 4 do corrente, de acordo com o no tempo, deixando um legado dos mais altos e disposto no § 5º do art 184 do Regimento Interno. significativos à posteridade? Há oradores inscritos. Na manhã de 23 de dezembro de 1871, Concedo a palavra ao Sr. Senador Benjamin veio ao mundo aquele que se chamaria Farah. Francisco Pinheiro Guimarães, e que, por O SR. BENJAMIN FARAH esforço próprio, iria ser, no futuro, um protagonista – Sr. Pre- em diversos setores da vida intelectual, (pronuncia o seguinte discurso.):

– 116 – cujo nome seria lembrado sempre, com admiração e parecer sobre os méritos de , com a respeito. Muitos fatos dignos de registro ocorreram na aprovação unânime da Congregação, da qual faziam sua vida. Certa vez, mal saído da primeira infância, parte: João Ribeiro, Silvio Romero, Silva Ramos e consegue uma das suas grandes metas: ser aluno outros luminares da inteligência brasileira. gratuito do Internato Pedro II. Aprovado em todos os Na Faculdade de Medicina, na qual regia a exames, com aquela precocidade que Deus lhe deu, cadeira de Patologia Geral, não foram menores o estava diante de um obstáculo sério, qual fosse a seu brilho e a sua projeção. exigência do uniforme, para consecução da Em abono do que afirmo, vem o saudoso Prof. gratuidade requerida, mas impossibilitado de Maurício de Medeiros, membro da Academia de consegui-la, tal era a sua pobreza. Esse óbice foi Letras e ex-Ministro da Saúde: demovido pela intervenção oficial, pois o Ministro do "Se, quando Benício de Abreu assumiu a sua Império, em aviso reservado ao Diretor do regência foi possível a Tôrres Homem dizer que, Estabelecimento, fez a referida concessão. E veja-se nesta Faculdade, a Patologia Geral era um livro de como a vida tem os seus caprichos. ouro com quatro páginas: Felix Martins, Dias da Mal sabia aquele Ministro, o Barão de Loreto, Cruz, João Silva e Benício de Abreu, eu poderia hoje que o menino pobre, agora amparado pelas suas afirmar que o livro continuou sem desdouro, e que a mãos, estava reservado pelo destino para substituir, última das páginas aí posta, aquela que se está mais tarde, o famoso titular da monarquia, na Cátedra vivendo – Pinheiro Guimarães – fulge com o brilho de Literatura do Colégio Pedro II. todo especial de ser aquela que, posta ao tempo das "A fama do seu talento – diria um dos seus grandes realizações do ensino médico, soube contemporâneos, Júlio Zamith – enchia o colégio. inscrever palavras novas, rumo novo, vida nova." Dele se orgulhavam os professores. Discípulo dileto O SR. RUY SANTOS: – Permite V. Ex.ª um de Fausto Barreto, que entrou em licença em 92, foi aparte? Pinheiro, bacharel de 92, indicado pelo excelso O SR. BENJAMIN FARAH: – Pois não, com mestre para substituí-lo na Cadeira de Português. Foi muito prazer. assim, meu professor no último ano dessa disciplina. O SR. RUY SANTOS: – Faz muito bem V. E que professor." Ex.ª em destacar a figura do Professor Pinheiro Ao Colégio Pedro II, como disse o grande Guimarães. No tempo em que eu ainda lia medicina, mestre: "O pão do corpo e do espírito", tudo ele deu fui leitor dos trabalhos do eminente mestre. de si; a sua dedicação, o esforço, a bondade do Realmente, Pinheiro Guimarães foi uma das mais coração. E quando sofreu o duro e triste golpe da altas figuras da medicina nacional e teve a sorte de perda da sua estremecida esposa, forte esteio da sua se projetar ainda mais no futuro, através dos filhos, vida, ele "reservou ao Internato o seu melhor tesouro: que seguem a sua tradição de estudo, de trabalho e a biblioteca literária e a coleção de clássicos da de seriedade profissional. Faz muito bem V. Ex.ª em língua, com "o mobiliário do gabinete de trabalho". E evocar essa grande figura, para que não se perca com palavras repassadas de sublime ternura, afirmou nas novas gerações esse exemplo admirável que o mestre: "sou filho do Internato, a ele tudo devo". tivemos. Ao longo da sua vida, no vetusto O SR. BENJAMIN FARAH: – Agradeço o educandário, brilhava sempre como brilhante aparte de V. Ex.ª que, além de estrela de primeira grandeza. Assim que nas suas médico, lidera uma respeitável Bancada e, aulas, nos discursos, nas conferências, em tudo, portanto, traz um apoio que engrandece meu ficava a marca do cuidado, do esmero, da discurso. Conhece V. Ex.ª a família perfeição. Assim foi sempre. Assim se houve no do homenageado, é amigo dos seus filhos e

– 117 – também não ignora a vida daquele grande brasileiro. co; Quintino Bocayuva; Nilo Peçanha; Rivadávia O seu aparte, muito oportuno, enche-me de alegria e Corrêa; Affonso Celso; ; Pires do Rio; dá um brilho todo especial a esta simples oração. Soriano de Souza; Melo Matos; Raul Soares; Afrânio O SR. NELSON CARNEIRO: – Permite V. de Melo Franco; Flôres da Cunha; Tasso Fragoso; Ex.ª, um aparte? Inglês de Souza; ; Medeiros e O SR. BENJAMIN FARAH: – Pois não, Sr. Albuquerque; General Joaquim Inácio, e muitos que Senador. a história registrou, além de Irmãs, padres e pessoas O SR. NELSON CARNEIRO: – V. Ex.ª, neste humildes. momento, interpreta, como bem acentuou o Senador Em todos os setores de atividade – nas Letras, Ruy Santos, o pensamento unânime do Senado mas, na Imprensa, no Magistério, na Medicina, foi em especial, o pensamento do Movimento eficiente, nobre, digno, grande. Democrático Brasileiro, do qual V. Ex.ª é um dos Floriano de Lemos, médico de projeção e mais autorizados intérpretes. jornalista de fibra, na sua crônica cientifica do O SR. BENJAMIN FARAH: – Muito obrigado. Correio da Manhã, nos dá uma síntese da perfeita Sr. Presidente, conforme V. Ex.ª está imagem de Francisco Pinheiro Guimarães: observando, esta palavra modesta já tem o respaldo "Professor – Médico – Homem de princípios", vale das duas bancadas que compõem esta Casa. dizer: de caráter. Portanto este meu discurso toma uma significação A sua vida extraordinária se projetou através especial, por este apoio generoso e oportuno que dos seus filhos, todos eles dignos do grande pai: vem enaltecer esta minha oração. a) Lauro Pinheiro Guimarães – detentor de O nome de Pinheiro Guimarães cresceu tão curso de humanidades, destacou-se em atividades rapidamente na Faculdade, que em pouco tempo comerciais e industriais, exerceu cargo de fora, a pedido dos alunos, e deferido pela destaque na Secretaria de Turismo do Estado da Congregação, foi constituída a Sala Pinheiro Guanabara. Guimarães, com a sua efígie na parede. Graças ao b) Professora Maria Joaquina Romero – seu saber, conquistou a estima e o respeito dos viúva do saudoso Professor Nelson Romero, que discípulos e a colaboração de auxiliares de ocupou cátedras na Universidade do Estado da notoriedade. O nome do mestre foi além: correu Guanabara e no Instituto de Educação, além de longínquas plagas, atraiu cientistas famosos. E lecionar no Colégio Pedro II; quando Henri Roger e Marcel Lablé, da Faculdade c) Embaixador Rui Pinheiro Guimarães – de Medicina de Paris, foram recebidos solenemente Panteon do Colégio Pedro II e Prêmio Portela da pela nossa Congregação, Pinheiro Guimarães os Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, e saudou no idioma gaulês. também diplomado da Escola de Altos Estudos Serviu à cátedra no Colégio Pedro II e na sob a direção do Conde de Afonso Celso; Faculdade Nacional de Medicina. Mas também foi d) Prof. Ugo Pinheiro Guimarães, aluno médico dos mais dedicados, atendeu a todos, pobres laureado do Colégio Pedro II, Professor e ricos, fracos e poderosos, sempre sem a Catedrático de Clínica Cirúrgica da Faculdade preocupação pecuniária. Nacional de Medicina da Universidade do Brasil e Para conhecimento cito aqui alguns dos seus de Propedêutica Cirúrgica da Escola Federal de clientes, divulgados pelo Jornal do Brasil: Medicina, e Cirurgia, e autoridade renomada no João Alfredo, 1º Ministro e autor da Lei estudo do câncer com trabalhos notáveis, Áurea; Visconde de Ouro Preto, Chefe do havendo ocupado a Diretoria do Instituto de último Gabinete do Império; Barão do Rio Bran- Câncer, do Departamento de Saúde Pública;

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e) Prof. Luiz Pinheiro Guimarães, aluno privilegiada, assim como, ainda há pouco tempo, destacado do Colégio Pedro II, professor catedrático frisávamos nesta Casa que a família dos Andradas da Patologia Geral da Faculdade Nacional de se tinha notabilizado sempre pelo amor e pela Medicina da Universidade do Brasil e de Química do vocação da vida pública; todos os seus Colégio Pedro II e, ainda, professor catedrático da descendentes a ela se dedicam; todos os seus Faculdade de Ciências Médicas e da Faculdade de descendentes procuram ou preferem, a outros ramos Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do de atividade, o exercício de cargos onerosos na vida Estado da Guanabara; pública brasileira. O caso da família Pinheiro f) Prof. Sílvio Pinheiro Guimarães – aluno Guimarães é precisamente este, de maneira que laureado da Faculdade Nacional de Medicina da neste momento eu, que me ligo por laços de Universidade do Brasil e professor adjunto e docente amizade a diversos integrantes desta família, quero livre da mesma Faculdade, além de médico-chefe da manifestar ao ilustre colega que está na tribuna Fundação Gaffrée-Guinle; minha inteira solidariedade a esta homenagem mais g) Dr. Plínio Pinheiro Guimarães – ex- que oportuna. Muito obrigado. professor de humanidades; advogado militante, culto O SR. BENJAMIN FARAH: – Agradeço o e probo, do Instituto e da Ordem dos Advogados. aparte de V. Ex.ª. No começo do meu discurso Ministro do Superior Tribunal Eleitoral foi, sem favor, afirmei que tinha para mim que estava interpretando um dos grandes membros daquela Alta Corte, o pensamento do Senado, porque o Senado, marcando a sua presença com votos admiráveis. verdadeiramente, é sensível aos grandes homens, O SR. DANTON JOBIM: – Permite V. Ex.ª um aos grandes fatos e aos grandes acontecimentos aparte? deste país. O nobre Senador Ruy Santos deu o seu O SR. BENJAMIN FARAH: – Com prazer. aparte que muito me orgulhou, trazendo assim o O SR. DANTON JOBIM: – O nosso apoio daquela grande e gloriosa bancada. eminente Líder Nelson Carneiro teve ocasião de O SR. RUY SANTOS: – V. Ex.ª fala, dizer que V. Ex.ª estava falando por toda a realmente, em nome de todo o Senado. Bancada do MDB. Creio, entretanto, não ficaria O SR. BENJAMIN FARAH: – Muito obrigado mal que eu também manifestasse aqui a minha pela honra com que V. Ex.ª me distingue. O Líder do estreita concordância com as palavras do meu partido, o nobre Senador Nelson Carneiro, brilhante e oportuno discurso que V. Ex.ª está também expressou o seu apoio; portanto, eu já pronunciando. A família Pinheiro Guimarães estava falando aqui com o apoio da ARENA e do representa, sem dúvida, uma daquelas que foram MDB. E agora sou honrado pelo aparte do Senador marcadas de maneira especial pela vocação de Danton Jobim, brilhante jornalista que vem dirigindo ensinar. É curioso que no Brasil tenha surgido há muitos anos a mais alta Casa que representa a algumas famílias que se dedicaram a tarefas de classe, que é a ABI. interesse público e, desde os seus antepassados, V. Ex.ª fez muito bem em dar este aparte, procuraram de qualquer modo manter uma porque Francisco Pinheiro Guimarães foi um dos tradição de especialistas na transmissão de mais brilhantes jornalistas no seu tempo. Ele conhecimento aos seus discípulos em todos os colaborou em vários jornais e deixou em todos eles graus do ensino. O caso dos Pinheiro Guimarães bem assinalada a sua cultura, a sua inteligência e a é exatamente o mesmo. V. Ex.ª teve oportunidade sua capacidade de luta. Ele era, na verdade, um de fazer desfilar diante de nós toda essa plêiade manejador da pena e gostava de polêmica; de homens eminentes em diversos setores do escrevia muito e brilhou na Imprensa, realmente. A Saber, que ainda estão ocupando os seus sua inteligência se espalhou em outros setores lugares na alta educação no Brasil. Poderemos, como na cátedra, na cadeira de Português e sem dúvida, considerar essa família como depois na de Literatura. Português, foi o próprio

– 119 – mestre dele, o grande Professor Fausto Barreto que, o Prof. Pinheiro Guimarães; creio que me lembro de mal Pinheiro Guimarães terminava o Curso de alguns contatos com ele no Ministério da Educação, Humanidades do Colégio Pedro II, já estava sendo onde ia tratar de problemas, creio que relacionados indicado para ser substituto daquele grande mestre com as suas atividades daquela época. Depois, tive de Português. Foi, posteriormente, Professor de a satisfação de conhecer, ainda na Faculdade de Literatura, substituindo o Ministro do Império que Medicina, o Dr. Hugo Pinheiro Guimarães, a quem certa vez lhe estendeu a mão para que ele entrasse V. Ex.ª se referiu, e também depois, na Faculdade no Colégio Pedro II. de Ciências Médicas, Dr. Luís Pinheiro Guimarães, O SR. ADALBERTO SENA: – V. Ex.ª me que, por sinal, uma ou outra vez, foi meu permite um aparte? companheiro de banca examinadora daquele O SR. BENJAMIN FARAH: – Na Faculdade estabelecimento, hoje incorporado à Universidade de Medicina foi um professor brilhantíssimo e teve do Estado da Guanabara. Portanto, por tudo isso, alunos notáveis, assistentes que fizeram também sem querer entrar em mais detalhes, mas apenas história neste País. Tive a honra de ser aluno de um para externar esta impressão de um antigo dos filhos do Professor Pinheiro Guimarães, o discípulo, é que peço a V. Ex.ª incorpore não tanto Professor Hugo Pinheiro Guimarães, ainda há pouco estas palavras, mas este sentimento meu ao aqui lembrado. discurso brilhante com que V. Ex.ª está E, Sr. Presidente, o aparte do nobre Senador reverenciando a memória do mestre. Danton Jobim, além de apoiar o colega aqui no O SR. BENJAMIM FARAH: – Muito agradeço Senado, também traz o apoio da sua grande ao nobre colega, Senador Adalberto Sena. O seu organização jornalística a um ex-colega, a um aparte dá colorido especial ao meu discurso, porque companheiro que marcou a sua presença também V. Ex.ª foi aluno desse grande mestre, e, ainda, V. como brilhante e valente jornalista que foi. Ex.ª deu ênfase a um de seus companheiros Eu aceito o aparte de V. Ex.ª. daquela Faculdade, o Professor Luiz Pinheiro O SR. ADALBERTO SENA: – Eu não poderia, Guimarães. nobre Senador Benjamin Farah, deixar de incorporar- V. Ex.ª foi aluno do homenageado. Eu fui me à fila dos aparteantes de V. Ex.ª. É que fui aluno do filho do homenageado e fui assistente de também aluno de Francisco Pinheiro Guimarães e, um outro filho, Professor Luiz Pinheiro Guimarães embora nada deseje acrescentar à resenha que por uma coincidência admirável, na Faculdade biográfica que V. Ex.ª está traçando com tanto Nacional de Medicina, exerceu, também, a cátedra brilhantismo e minúcia, quero deixar aqui, neste de Patologia-Geral, conquistada por um brilhante aparte, a impressão de saudade que ora me assalta, concurso que assisti. Pai e filho foram professores ao relembrar-me daqueles tempos. Francisco da importante cadeira. Pinheiro Guimarães lecionava, na Faculdade de Portanto, é uma demonstração de que se Medicina, Patologia Geral, como disse V. Ex.ª, e eu trata de uma família realmente gloriosa, de uma me recordo muito bem de que dentre as aulas, família que retrata perfeitamente a grande principalmente as aulas teóricas ali ministradas, era inteligência, a cultura extraordinária e o grande a dele uma das mais concorridas, porque ele tinha o amor que aquele nobre cidadão dedicou a sua dom de transmitir o saber e, ao mesmo tempo, de família e a sua Pátria. agradar, de dar uma boa impressão – uma dessas Francisco Pinheiro Guimarães fechou os qualidades que só os mestres de escol têm, de olhos para sempre no dia 13 de julho de capitalizara atenção total dos alunos. Ele era, 1948. As duas Casas do Congresso lhe prestaram realmente, tão rico em conhecimentos, tão brilhante na as mais sentidas homenagens. O seu busto sua eloqüência quanto extreme na vernaculidade. Após foi eregido em praça pública. A Câmara a minha formatura, ainda tive oportunidade de ver dos Vereadores lhe tributou, por igual,

– 120 – o preito da gratidão, denominando de "Professor Nós não devemos esquecê-lo jamais, porque Francisco Pinheiro Guimarães", a um importante desejamos sinceramente que não se extinga neste logradouro público, na Tijuca. País a sua escala de valores, dos quais é um dos O Pedro II, em São Cristóvão, onde fora o exemplos mais edificantes e mais altos, o saudoso saudoso Internato, e agora com novas e Professor Francisco Pinheiro Guimarães. (Muito confortáveis instalações, o novo Colégio Pedro II, bem! Muito bem! Palmas. O orador é que tanto deve ao laborioso e digno Professor cumprimentado.) Wandick Londres da Nóbrega, e por iniciativa deste, Comparecem mais os Srs Senadores: com os aplausos e apoio da Congregação, José Lindoso – José Esteves – Milton denominou a vasta e esplêndida biblioteca do Trindade – Alexandre Costa – Fausto Castello- Colégio de "Francisco Pinheiro Guimarães". Branco – Wilson Gonçalves – Dinarte Mariz – Foi, simultaneamente, criado um prêmio com Domício Gondim – Milton Cabral – Wilson Campos – o seu aureolado nome para distinguir o melhor Arnon de Mello – Teotônio Vilela – Augusto Franco – aluno de português e literatura. Eurico Rezende – João Calmon – Amaral Peixoto – Para ele se diga o que disse Aloísio de Vasconcelos Torres – José Augusto – Franco Castro, no 5º aniversário da morte de Miguel Couto: Montoro – Orlando Zancaner – Benedito Ferreira – "Nada passou, nada morreu do que era em Emival Caiado – Accioly Filho – Mattos Leão – Celso nós adoração por ti, o Mestre, que dormes como o Ramos – Guido Mondin. justo. Tudo hoje se levanta na recordação, para O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – outra vez nos por contigo, lado a lado, para de novo Concedo a palavra ao nobre Senador Franco reconhecermos e admirarmos na formosura a tua Montoro. sabedoria e a tua piedade. Tudo aquilo por onde se Previno aos Srs. Senadores que, às 15 horas tomam os dotes do homem, que Deus edificou à e 25 minutos, suspenderei a Sessão, para Sua imagem e semelhança, todas essas virtudes, recebermos a visita do Sr. Vice-Presidente da de por junto e de per si, todas se enumeram em teu República, Almirante Augusto Rademaker. coração privilegiado, todas como o sol em cristal O SR. FRANCO MONTORO (sem revisão do em ti rebrilhavam, no decoro e na pureza da tua orador): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, na vida." qualidade de Presidente da Comissão de Legislação E a biografia, Sr. Presidente, acaso será feita Social, desejamos trazer ao conhecimento do por mim? Não! Jamais poderia fazê-la, com a Senado o teor da representação que nos foi enviada perfeição com que fora feita, através de uma peça pelo Sindicato das Indústrias Gráficas de São Paulo. publicada no Jornal do Brasil, de 28 de novembro Refere-se o documento ao problema da último, pelo Prof. Luiz Pinheiro Guimarães, automação e suas conseqüências para a situação intitulada: "Um exemplo aos brasileiros". dos trabalhadores, notadamente a ameaça do E, para que conste dos Anais do Senado, em desemprego, a despedida e a desocupação de requerimento que envio à Mesa, peço a transcrição antigos profissionais que, por sua idade, não dessa notável publicação. conseguem nova colocação. O desemprego atinge Em verdade é um exemplo que precisa ser hoje milhares de profissionais no setor gráfico, que invocado, hoje mais do que nunca, hoje quando o pedem uma solução humana e justa para seu pessimismo e a descrença neste mundo de Deus problema. atingem as raias do desespero. Francisco Pinheiro A automação representa fundamentalmente Guimarães é uma resposta. É um caminho. Um um progresso e deve servir ao desenvolvimento modelo. nacional. Mas "progresso e desemprego não se coa-

– 121 – dunam", lembram os gráficos de São Paulo em seu O SR. NELSON CARNEIRO (como Líder. memorial. E sugerem várias medidas que "poderão Sem revisão do orador.): – Sr. Presidente, pesa minorar os sofrimentos das diversas categorias de sobre quantos estudam nas Faculdades de Direito, trabalhadores prejudicados pelo avanço tecnológico, do País a ameaça de ser excluída do currículo do a automação e as restrições do mercado de Curso jurídico a cátedra de Direito Internacional trabalho". Público. No mesmo sentido, o DIEESE (Departamento Amanhã, as Comissões de Constituição e Intersindical de Estatística e Estudos Sócio- Justiça, de Relações Exteriores e de Educação, da Econômicos), após estudos preliminares, acaba de Câmara dos Deputados, realizarão sessão conjunta, oferecer um parecer inicial sobre o desemprego no para examinar afundo o problema e levar às setor, antecipando um estudo mais amplo que o autoridades do ensino seu protesto contra a Sindicato dos Gráficos pretende realizar sobre o efetivação da medida. problema da automação e suas conseqüências. Sr. Presidente, lastimável que o fato ocorra Nesse sentido, parece-nos do maior interesse num momento em que devemos preparar os social que as Comissões de Legislação Social do homens de cultura do País, a sua elite, para Senado e da Câmara dos Deputados, estudem o participarem dos encontros internacionais. Sempre problema. Sugerimos que o mesmo seja feito, se disse que as nações são como os homens, são também, por outros órgãos públicos e particulares, como as criaturas humanas: chega um dia em que especialmente a Delegacia do Trabalho local, se tem que vestir calças compridas. E nosso dia entidades representativas de empregados e está chegando. Pois no dia em que devemos empregadores, centros de estudos, e organizações dirigir-nos às outras nações, para com elas discutir similares. problemas da humanidade, será neste momento Medidas legislativas e administrativas, que vamos despreparar as nossas elites, judiciais, empresariais e educacionais devem ser retirando-lhes a capacidade de intervir nos estudadas para evitarmos que a automação, em debates, que só se aprende através do Direito lugar de servir ao verdadeiro desenvolvimento Internacional Público?! nacional, venha prejudicar, em seus fundamentos Evidentemente, Sr. Presidente, esta não seria humanos e sociais, nosso progresso. a melhor solução, nem para a mocidade nem para o Aqui, como em todos os setores, a máquina Brasil de hoje. deve estar a serviço do homem. Mas, não apenas Por esta razão, Sr. Presidente, em nome da por palavras ou afirmações solenes, e, sim, através Bancada do MDB, aqui deixo um voto de de medidas concretas e eficazes que assegurem o solidariedade ao movimento que se realiza na respeito aos direitos fundamentais do homem que Câmara dos Deputados e que, certamente, se trabalha. reproduzirá nesta Casa, para que os responsáveis, Congratulamo-nos, assim, com o Sindicato pelo ensino superior no País não consintam que se dos Gráficos de São Paulo por sua iniciativa séria e afaste, que se retire do currículo obrigatório das corajosa de enfrentar, com estudos objetivos e Faculdades de Direito a cátedra de Direito soluções eficazes, um problema do maior interesse Internacional Público. (Muito bem! Palmas.) nacional. O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. (Muito Concedo a palavra ao nobre Senador Osires bem! Palmas.) Teixeira. O SR. NELSON CARNEIRO: – Sr. Presidente, O SR. OSIRES TEIXEIRA (sem revisão do peço a palavra. orador.): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Brasília é O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – uma cidade que explode em progresso. O que ontem Tem a palavra o nobre Senador Nelson Carneiro, era dúvida hoje é realidade indiscutível no contexto como Líder. brasileiro.

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Brasília desperta patriotismo e civismo, na sua direção um homem com a experiência e o Brasília imprime confiança aos brasileiros e até, por know how de Nuevo Baby, jornal que tem uma que não dizer, inspira os poetas. estrutura empresarial sólida, jornal que, nos Brasília é resultante da conjugação de arriscamos a dizer, veio para ficar e vai dar certo. esforços de uma ação governamental séria e válida, Em verdade, cada jornal que nasce é uma com um empresariado consciente da realidade fonte de cultura. O Diário de Brasília é uma fonte de brasileira. cultura e eu não poderia perder a oportunidade de A afirmação que acabamos de fazer encontra deixar registrado nos Anais do Senado os parabéns eco se andarmos por Brasília e sentirmos a a esse grupo de empresários... seriedade do seu comércio, a agressividade da sua O SR. BENJAMIN FARAH: – Permite V. Ex.ª indústria plantada no Plano Piloto, em Taguatinga, umi aparte? no Gama, em Sobradinho, em todas as cidades- O SR. OSIRES TEIXEIRA: – Com muito satélites. Foi como resultante dessa agressão do prazer, Senador! empresariado que se estruturou em Brasília a O SR. BENJAMIN FARAH: – Quero solidarizar- Associação Comercial, dinâmica e extraordinária me com V. Ex.ª nessa manifestação de apoio ao Diário agremiação que, além dos objetivos básicos da sua de Brasília. Estive lendo-o e pude observar que já existência, presta uma ação colateral fabulosa ao nasceu em idade adulta, já nasceu em maioridade. Governo do Distrito Federal. Disse a vários companheiros meus que esse jornal Mas, se falamos isso, Sr. Presidente e Srs. tanto poderia figurar nesta cidade, como em São Paulo, Senadores, é para evidenciar, neste Plenário, o no Rio de Janeiro, em outras grandes metrópoles. aparecimento de um órgão de divulgação. Mede-se a Brasília está de parabéns. Formulo aqui os meus grandeza de uma cidade também pela quantidade melhores votos de muito êxito a esse jornal, que dá ao dos órgãos de divulgação e pelos meios de desenvolvimento uma contribuição enorme ao comunicação de que dispõe. progresso e à grandeza de Brasília. Surgiu, no dia 1º de maio, em Brasília, um O SR. OSIRES TEIXEIRA: – Agradeço o novo jornal, meio de comunicação dos mais aparte de V. Ex.ª que, sem dúvida alguma, dará eficientes que conhecemos. Embora o Rádio muito maior colorido ao registro que fazemos desta possa penetrar mais rapidamente com a notícia, tribuna, ao manifestar parabéns pela coragem e ele simplesmente noticia; embora a Televisão arrojo desse grupo de empresários, plantando mais possa dar impacto muito maior do que o jornal, a um jornal, mais um veículo de cultura na Capital da verdade é que esse impacto passa e o jornal, ao República. contrário disso, não só notícia, como argumenta, Era o que tinha a dizer (Muito bem!) instrui, firma conceitos, enfim, o jornal é o veículo O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – de divulgação. Sobre a mesa, requerimento que vai ser lido pelo Sr. Resultado do dinamismo, da seriedade, 1º Secretário. sobretudo da crença na Capital da República, um É lido o seguinte: grupo de empresários, constituídos de homens do gabarito de Geraldo Vasconcelos, de Antônio Carlos REQUERIMENTO Elizalde Osório e de Ribamar Costa sacaram contra Nº 21, DE 1972 Brasília e lançaram um jornal – jornal de fôlego, Sr. Presidente, Srs. Senadores, jornal que veio para Senhor Presidente: ficar, jornal com o objetivo sério de ajudar Brasília a Requeiro, nos termos regimentais, a inserção, crescer, jornal com o objetivo de criar condições de nos Anais do Senado, da biografia do Professor desenvolvimento para esta cidade, jornal que tem Francisco Pinheiro Guimarães, publicada no Jornal do

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Brasil, edição de 28 de novembro de 1971, sob o O pronunciamento com que o Líder presenteou seus titulo "Um exemplo aos brasileiros". Pares, por ocasião da sua posse no cargo de Sala das Sessões, em 9 de maio de 1972. – Presidente da Aliança Renovadora Nacional, Benjamin Farah. constitui peça do mais alto sentido político e O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – patenteia que o novo comandante da ARENA está O requerimento lido será publicado e, em seguida, consciente da missão que vai desempenhar. despachado à Comissão Diretora. Valendo-me, ainda, do parecer do Senador Suspendo a Sessão por vinte minutos, a fim Petrônio Portella, reafirmo que a manifestação do de que os Srs. Senadores possam cumprimentar S. grande político mostra como é dificil o exercício da Ex.ª o Sr. Vice-Presidente da República, que se liderança, mas também comprova a necessidade encontra no Gabinete do Presidente da Casa. de coragem e patriotismo na presente conjuntura. Está suspensa a Sessão. Filinto Müller chega à proclamação mais alta de (Suspensa às 15 horas e 25 minutos, a seu valor de Líder, justamente no momento em Sessão é reaberta às 15 horas e 52 minutos.) que, negado por uns, discutido por muitos, O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – podemos nós, seus companheiros de Partido, Está reaberta a Sessão. trazer para os Anais desta Casa, um discurso que Presentes 56 Srs. Senadores. passa a ser patrimônio da Aliança Renovadora Passa-se à: Nacional. Na verdade, é bom para todos nós que as palavras do Comandante estejam presentes ORDEM DO DIA em todos os instantes, ao termos que definir rumos e posições, para os quais sejamos Item 1 convocados, neste momento da vida política brasileira: E ainda mais, Sr. Presidente, porque Votação, em turno único, do Requerimento nº num momento, numa época, em que tantos 12, de 1972, de autoria do Sr. Senador Cattete procuram negar a classe, política, é justamente Pinheiro, solicitando a transcrição, nos Anais do nesta condição que o Senador Filinto Müller pode Senado, da oração proferida pelo Sr. Senador Filinto aparecer perante a Nação, para afirmar que o Müller ao assumir a Presidência da Aliança político brasileiro, pela sua dignidade, pela sua Renovadora Nacional – ARENA, tendo: capacidade de ação, pelo seu destemor, pelo seu amor ao Brasil, pode viver, como tem vivido PARECER FAVORÁVEL, sob nº 49, de 1972, Filinto Müller, servindo à Nação. E, servindo-a, da Comissão: pode situar-se, como ele hoje está situado, no – Diretora. exercício de indiscutível liderança. Em votação o requerimento. E por pensar assim, Sr. Presidente, é que O SR. CATTETE PINHEIRO: – Peço a fizemos o requerimento agora em votação, palavra, Sr. Presidente. procurando trazer para o registro desta Casa o valor O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – proclamado, o valor que deveremos procurar cada Com a palavra o Sr. Senador Cattete Pinheiro. vez mais engrandecer, porque engrandecendo a O SR. CATTETE PINHEIRO (para personalidade de Filinto Müller engrandecemos a encaminhar a votação. Sem revisão do orador.): – política brasileira, nesta hora da qual participamos e Sr. Presidente. Srs. Senadores. O eminente Senador na qual fomos convocados a servir, acima de tudo, à Petrônio Portella, relator da matéria na Comissão Nação. Diretora, definiu, de forma clara e brilhante, a Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. (Muito significação do discurso do nobre Senador Filinto bem! Palmas.) Müller, cuja transcrição nos Anais do Senado tive a O SR. NELSON CARNEIRO: – Peço a satisfação de requerer. palavra, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – revolucionária de Rondou Pacheco. Terminava um Com a palavra o nobre Senador Nelson Carneiro. pequeno período de direção partidária, durante o O SR. NELSON CARNEIRO (para qual, com a inestimável colaboração dos membros encaminhar a votação. Sem revisão do do Diretório Nacional de então e de um pequeno orador): – Sr. Presidente, muitas vezes o nobre grupo de correligionários, integrantes da Câmara e Senador Ruy Carneiro subscreve pareceres da do Senado, me foi dado cumprir difícil e espinhosa Comissão Diretora e, nessas ocasiões, S. Ex.ª missão. Reativamos naquela época a vida do Partido fala na qualidade de 2º Vice-Presidente do e tornamo-lo apto a participar das decisões políticas, Senado. Mas, ao subscrever o parecer do nobre que culminaram com o reinício das atividades Senador Petrônio Portella, ao encarecer a parlamentares e com a posse do Presidente Emílio presença de homens públicos brasileiros nesta G. Médici na Presidência da República. hora conturbada da Nação, o Senador Ruy Ao dar por cumprida, então, minha tarefa, Carneiro falou pelo Movimento Democrático longe estava de imaginar que voltaria hoje a ocupar Brasileiro. (Muito bem! Muito bem!) tão elevado e honroso posto, assumindo, O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – conseqüentemente, novas e pesadas Em votação o requerimento. responsabilidades. Os Senhores Senadores que o aprovam Tenho, Senhores Convencionais, perfeita queiram permanecer sentados. (Pausa.) consciência delas e estou certo de poder levar a bom Aprovado. termo meu mandato porque, sobretudo, sei que não Será feita a transcrição solicitada. me faltará nunca a decidida e indispensável colaboração dos meus companheiros e conto com o ORAÇÃO PROFERIDA PELO SR. SENADOR apoio e a confiança do Presidente Médici, líder FILINTO MÜLLER AO ASSUMIR A PRESIDÊNCIA natural do nosso Partido. DA ALIANÇA RENOVADORA NACIONAL – ARENA Posso definir num conceito a importante missão – QUE SE PUBLICA NOS TERMOS DO que me é confiada: Promover o fortalecimento do REQUERIMENTO Nº 12/72, DE AUTORIA DO SR. Partido para que possa ele colaborar com autoridade SENADOR CATTETE PINHEIRO. e autonomia "nos atos de vontade coletiva que cabe ao govêrno coordenar e transformar em autênticos e Ex.mas Senhoras efetivos objetivos nacionais". EX.mo Sr. Ministro do Trabalho e Previdência Em várias oportunidades, tem o Presidente Médici Social, Prof. Júlio Barata proclamado sua fé revolucionária e sua vocação Ex.mos Senhores Governadores democrática. Em todas elas entretanto, adverte que a Ex.mas Autoridades restauração da plenitude democrática não pode ser fruto Ex.mos Senhores Diplomatas de açodamento e que, como obra coletiva, nela deve Ex.mo Sr. Procurador Helio Ribeiro cada um assumir o seu quinhão de responsabilidade. Prezados Jovens Além disso, como lapidarmente acentuou o primeiro Senhores Convencionais: magistrado da Nação, "a democracia, como forma de Há pouco mais de dois anos, neste mesmo convivência política, não constitui categoria lógica, augusto plenário e perante Convenção assim brilhante imutável no tempo e no espaço, porém conceito e solene, passava eu a Presidência da ALIANÇA histórico, sujeito às revisões impostas pela conveniência RENOVADORA NACIONAL recebida, em momento social". Na mesma linha de considerações, em difícil, das mãos honradas e dignas de Daniel sintonia com esse claro e justo pensamento, Krieger, à experiência, à capacidade, à lealdade podemos afirmar que "como o homem, em suma não foi

– 125 – feito para a democracia, mas a democracia é que foi ação, toda a nossa inteligência, toda a nossa feita para o homem, nada mais natural que a dedicação, no sentido de tornar a organização democracia brasileira se afeíçõe às exigências de partidária, a que pertencemos, mais homogênea e nossas condições sociais e não às de sociedades sólida, liberta de improvisações e de personalismo. alienígenas", uma vez que "a nação brasileira, no Aquelas decorrem da falta de orientação que se pleno exercício de sua soberania, é capaz de imponha e inspire confiança. Este, o personalismo, autodeterminar-se politicamente, imprimindo ao cria obstáculos a legítimas aspirações, desencoraja regime democrático, dentro do qual deseja construir valores novos, dificulta a participação ampla da a sua grandeza, os traços que melhor consultam os vontade popular na atividade partidária, deturpa a interesses do povo". Ora, a tarefa de consultar os pureza da vida democrática. interesses do povo é por excelência uma tarefa Deveremos, assim, firmar nossa coesão política, que deve caber ao Partido, da mesma forma através da adoção e intransigente defesa de que a promoção do desenvolvimento é, princípios doutrinários, de idéias livremente primordialmente, obra do Govêrno, da qual estabelecidas, de programas que correspondam ao resultarão as condições propícias para o sentimento e às aspirações do povo. florescimento do regime democrático em Precisaremos, além disso, ter sempre consonância com aqueles interesses. Daí porque, capacidade de renuncias a aspirações pessoais, consolidada a estrutura econômica e atingido o limiar ainda que legítimas e respeitáveis, ou a da faixa em que se situam as nações desenvolvidas; reivindicações regionais, ainda que justas, para asseguradas a tranqüilidade social e a confiança manter o primado dos interesses nacionais. interna; conquistados o respeito e o crédito no Deveremos, ainda, cultivar o espírito de campo internacional, impõe-se a todos nós disciplina, porque a disciplina consciente é força brasileiros, notadamente aos que integramos a aglutinadora indispensável à coesão e ao ALIANÇA RENOVADORA NACIONAL, lutar pelo fortalecimento do organismo partidário. fortalecimento das instituições políticas, sem apelos Deveremos cuidar, com especial carinho, da demagógicos a frases feitas ou a tabus formação política, propiciando o surgimento de ultrapassados, mas com realismo, conscientes das legítimas lideranças, desde o âmbito municipal até o nossas responsabilidades, inspirados nos ideais da nacional, e proporcionando a representantes e Revolução de 1964 – que nos cumpre defender administradores, do nosso Partido, os intransigentemente – fieis, em suma, às aspirações e conhecimentos de que necessitarão para o bom à índole do povo brasileiro. desempenho de suas tarefas. Essa, a grande e nobre missão do nosso Deveremos, finalmente, manter, no âmbito Partido. Esse, o trabalho, em que já estamos partidário, permanente diálogo, à base de absoluta empenhados, e que levaremos avante sem franqueza e de mútua confiança, defendendo cada esmorecimento, mas com fé, inabalável decisão, um suas idéias, seus pontos de vista, mas certeza de estarmos cumprindo o nosso dever e submetendo-se todos, conscientemente, às decisões absoluta confiança no êxito dos nossos esforços. adotadas pela maioria. Tais decisões, uma vez Todavia, Senhores Convencionais, para que proclamadas, deixarão de ser decisões "da maioria" esse trabalho não se realize em vão, para que todo para serem decisões "do Partido" na sua unidade, na esse esforço seja válido, mister se faz sua integridade. estabeleçamos algumas linhas mestras, das quais Assim agindo, "como força viva que atua não nos deveremos afastar e que me permito sobre a vida nacional", "com a dinâmica das encarecer nesta oportunidade. idéias prevalecendo sobre a pequenez dos Cabe-nos, em primeiro lugar, empregar interesses pessoais", "consolidaremos e toda a nossa capacidade de dignificaremos o sistema representativo" e es-

– 126 – taremos atendendo ao apelo do Presidente Médici, E, como sei que a imensa tarefa a realizar não quando, no limiar do seu período presidencial, em pode ser obra de um só, mas exige esforço global, memorável discurso, afirmou: "Urge fortalecer o conclamo todos os companheiros da nova direção Partido da Revolução, para que ele seja, não só o partidária, todos os integrantes do Partido; todos os sustentáculo deste Governo, mas uma verdadeira homens de boa vontade, a que, unidos e confiantes, escola de política nacional, harmonizada com o nos empenhemos no sentido de conquistar a grande pensamento revolucionário". meta da consolidação das nossas instituições Senhores Convencionais: políticas. Nós, integrantes da Aliança Renovadora Como o Presidente Médici, também nós, da Nacional, estamos conscientes dessa imensa Aliança Renovadora Nacional, cremos "nos milagres responsabilidade e vimo-nos esforçando por estar à que os homens fazem com as próprias mãos. E nos altura dela. milagres da vontade coletiva". Sob a direção firme, inteligente, segura, de E como cremos e porque confiamos na Rondon Pacheco, o Partido tudo fez no sentido da capacidade dos homens, iniciemos desde logo "reconstrução da nossa vida política" e os êxitos nossos trabalhos no sentido de fortalecer nosso conquistados demonstram o acerto de sua Partido, para que possa ele estar à altura da missão orientação. que lhe cabe neste momento histórico de renovação Batista Ramos, seu substituto na Presidência, nacional – a de contribuir politicamente para a não mediu esforços nem se eximiu a sacrifícios, tudo imensa obra de construir uma grande Nação! dando de si, de sua capacidade, de sua inteligência, O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): para que cada vez mais o Partido se fortalecesse. Estamos hoje iniciando novo período de Item 2 direção, mas sem desvios na orientação até agora seguida. Discussão, em turno único, da Redação Final Honrado pela indicação do meu nome pelo (oferecida pela Comissão de Redação, em seu Presidente Médici – indicação sem dúvida legítima e Parecer nº 33, de 1972), do Projeto de Lei do necessária uma vez que, no nosso sistema de Senado nº 42, de 1971, que institui o Dia do Hino Govêrno, ao Presidente da República é que cabe a Nacional. liderança do seu Partido – honrado, ainda, com a votação consagradora dos eminentes Em discussão a redação final. Convencionais, assumo hoje a Presidência do Se nenhum dos Srs. Senadores quiser discuti- Partido e nela procurarei corresponder à confiança la, encerrarei a discussão. (Pausa.) em mim depositada, tudo fazendo, nos limites Encerrada. máximos de minha capacidade, para que o nosso Encerrada a discussão, a redação final é Partido, o Partido da Revolução, que tem como considerada definitivamente aprovada, nos termos marcos de segura orientação Castello Branco, Costa do art. 362 do Regimento Interno. e Silva e Emílio Médici, tenha condições reais para O projeto vai à Câmara dos Deputados. dar sustentação política ao Governo e esteja apto a É a seguinte a redação final aprovada: participar, com autoridade, no exame, no equacionamento e na solução dos problemas, que Redação final do Projeto de Lei do Senado nº definirão, no devido tempo, os rumos da vida 42, de 1971, que institui o "Dia do Hino Nacional". nacional. De mim, posso prometer ao Presidente Médici O Congresso Nacional decreta: e aos eminentes correligionários que, como Sua Art. 1º É instituído o "Dia do Hino Nacional", Excelência, confiaram na minha atuação, fidelidade, que será comemorado anualmente no dia 6 do mês trabalho, constância e dedicação. de setembro.

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Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua zar, através da Companhia do Metropolitano de São publicação, revogadas as disposições em contrário. Paulo – METRÔ – operação de empréstimo externo, O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): no valor de Sw. Fr. 15.200.000,00 (quinze milhões e duzentos mil francos suíços), ou o seu equivalente Item 3 em outras moedas, junto aos bancos ingleses: Samuel Montagu & Comp. Limited, Midland Bank Discussão, em turno único, do Projeto de Limited e Midland & International Banks Limited, Resolução nº 7, de 1972 (apresentado pela destinada à aquisição de equipamentos elétricos da Comissão de Finanças como conclusão de seu firma: A. G. Brown-Boveri & Cie. of Baden, Parecer nº 51, de 1972), que autoriza a Prefeitura do Switerzerland (Consórcio Brown-Boveri da Suíça), a Município de São Paulo a realizar, através da serem utilizados na complementação da instalação Companhia do Metropolitano de São Paulo – da linha prioritária (Norte-Sul) do metropolitano METRÔ – operação de empréstimo externo, paulista. destinada à aquisição de equipamentos elétricos Art. 2º A operação de empréstimo realizar-se-á para complementar a instalação do metropolitano nos moldes e termos aprovados pelo Poder paulista, tendo: Executivo Federal, à taxa de juros, acréscimos e condições admitidas pelo Banco Central do Brasil PARECER, sob nº 52, de 1972, da Comissão: para registro de empréstimos da espécie obtidos no – de Constituição e Justiça, pela exterior, obedecidas as demais prescrições e constitucionalidade e juridicidade. exigências normais dos órgãos encarregados da Em discussão o projeto. política econômico-financeira do Governo Federal, e Se nenhum dos Srs. Senadores quiser fazer ainda, o disposto na Lei Municipal nº 7.676, de 8 de uso da palavra, declaro encerrada a discussão. dezembro de 1971, publicada no Diário Oficial do (Pausa.) Município de São Paulo, no dia 9 de dezembro de Está encerrada. 1971. Em votação o projeto. Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data Os Senhores Senadores que o aprovam de sua, publicação. queiram permanecer sentados. O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): (Pausa.) Aprovado. Item 4 O projeto irá à Comissão de Redação. É o seguinte o projeto aprovado: Discussão, em segundo turno, do Projeto de Lei do Senado nº 114, de 1968, de autoria do Sr. PROJETO DE RESOLUÇÃO Senador Nogueira da Gama, que inclui no Plano, Nº 7, DE 1972 Rodoviário Nacional as rodovias "Poços de Caldas– Botelhos-Divisa Nova-Alfenas" e "BR-381-Varginha- Autoriza a Prefeitura do Município de São Alfenas-Usina de Furnas" e dá outras providências, Paulo a realizar através da Companhia do tendo: Metropolitano de São Paulo – METRÔ – operação de empréstimo externo, destinada à aquisição de PARECERES sob nos 2, de 1970 e 26 de equipamentos elétricos para complementar a 1972, das Comissões: instalação do metropolitano paulista. – de Redação, oferecendo a redação do vencido para o 2º turno e O Senado Federal resolve: – de Constituição e Justiça (reexame solicitado Art. 1º É a Prefeitura do Município pelo requerimento nº 19, de 1970), pela de São Paulo autorizada a reali- constitucionalidade e juridicidade.

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O projeto figurou na Ordem do Dia, para o motivos que certamente exporá, seu voto é pela segundo turno regimental, da Sessão de 13 de abril rejeição da proposição. de 1970, tendo sua discussão adiada em virtude da Quero, nesta oportunidade, Sr. Presidente, aprovação do Requerimento nº 19, de 1970, de pedir a atenção do Governo não só para essas autoria do Sr. Senador Guido Mondin, para reexame regiões de Minas Gerais aqui referidas e que foram da Comissão de Constituição e Justiça. objeto desta proposição, como para tantas outras Em discussão o projeto, em seu segundo que ali estão inteiramente desprovidas de meios de turno. (Pausa.) comunicações. Não havendo quem queira discuti-lo, declaro-a Ainda recentemente, viajando da Bahia para o encerrada: Rio de Janeiro, o avião desceu numa cidade da Sobre a mesa, requerimento que vai ser lido maior importância na vida mineira, mas que dá, a pelo Sr. 1º Secretário. quem chega, uma triste e dolorosa impressão: é a É lido o seguinte: cidade de Nanuque. É impressionante o desconforto, o desinteresse, o abandono em que se encontra o REQUERIMENTO aeroporto local e não será surpresa – Deus não Nº 22, DE 1972 permitirá – se amanhã tivermos de registrar, pelo completo desinteresse das autoridades Nos termos do artigo 316, in fine, do responsáveis, um acidente, ali, com um avião de Regimento Interno, requeiro seja submetido a votos passageiros. o Projeto de Lei do Senado nº 114, de 1968, de Na ausência de um Representante do autoria do Sr. Senador Nogueira da Gama, que inclui Movimento Democrático Brasileiro de Minas Gerais, no Plano Rodoviário Nacional as rodovias "Poços de quero significar o interesse dessas populações, Caldas–Botelhos–Divisa Nova–Alfenas" e "Bote- também brasileiras, para esses problemas regionais Varginha–Alfenas–Usina de Furnas" e dá outras que dizem respeito às condições mínimas de que providências. necessita o povo mineiro para cumprir a missão que Sala das Sessões, em 9 de maio de 1972. – lhe cabe e colaborar efetivamente para a grandeza Ruy Santos. do País. O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Neste ensejo, rendo ainda – como disse no Nos termos do Requerimento que acaba de ser lido, início – minha homenagem ao esforço com que, passa-se à votação do Projeto. nesta Casa, durante alguns anos, o nobre Senador O SR. NELSON CARNEIRO: – Sr. Presidente, Nogueira da Gama defendeu impavidamente os peço a palavra para encaminhar a votação. interesses de Minas Gerais e do Brasil. (Muito O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – bem!) Concedo a palavra ao nobre Senador Nelson Carneiro. O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – O SR. NELSON CARNEIRO (para Em votação o projeto. encaminhar a votação. Sem revisão do orador.): – O SR. RUY SANTOS: – Peço a palavra, Sr. Sr. Presidente, este projeto caracteriza a Presidente, para encaminhar a votação. preocupação do nobre Senador Nogueira da Gama, O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – que tanto honrou esta Casa, em atender a regiões do Tem a palavra o nobre Senador Ruy Santos. Estado de Minas Gerais desprovidas de rodovias, O SR. RUY SANTOS (para encaminhar a Incluindo-as no Plano Rodoviário Nacional. votação. Sem revisão do orador.): – Sr. O projeto mereceu pareceres favoráveis, no Presidente, o eminente Senador Nogueira da Gama primeiro e no segundo turnos, e volta, hoje, à pleiteia, com este projeto, a inclusão de várias apreciação da Casa. estradas no Plano Rodoviário. O nobre Líder Ruy Santos teve a Sabemos que o Plano Rodoviário, gentileza de me informar que, pelos como foi votado, já está incluído no

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Orçamento Plurianual para 1972, 1973 e 1974. Quer S. Ex.ª não está presente. dizer, já que não vamos alterar o Orçamento Com a palavra o nobre Senador Virgílio Plurianual, que, por sua vez, está calcado no Plano Távora. de Desenvolvimento, não há possibilidade para a O SR. VIRGÍLIO TÁVORA (sem revisão do inclusão dessas estradas. orador.): – Sr. Presidente, Senhores Senadores, Por esse motivo, a Liderança vota contra o mais um ano de chuvas irregulares se abate sobre projeto, lamentando não poder atender às nosso Estado. considerações do eminente Senador Nelson Embora não se caracterize uma seca, parte do Carneiro. (Muito bem!) Estado, o Centro-Oeste, máxime as regiões do O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Inhamuns e limítrofes, sofre, e muito, face à Está em votação o projeto. ocorrência de precipitação pluviométrica mínima. Os Senhores Senadores que o aprovam O fato, reconhecido pelo Governo do Estado, queiram permanecer sentados. (Pausa.) não o é, porém, em sua plenitude, pela SUDENE, Rejeitado. perante cujo Conselho Deliberativo o Primeiro É o seguinte o projeto rejeitado que vai ao Mandatário de nossa terra fez ampla exposição, Arquivo: segundo os jornais, que temos em mão. Por outro lado, a Assembléia Legislativa, que Redação do vencido, para segundo turno, do reflete, pela voz dos seus Representantes, as Projeto de Lei do Senado nº 114, de 1968, que inclui angústias do povo alencarino, particularmente as das no Plano Nacional de Viação as rodovias "Varginha áreas mais atingidas, vem sucessivamente se (BR 381) – Eloi Mendes – Alfenas – Areado – Usina ocupando do assunto e clamando por auxílio. de Furnas" e "Poços de Caldas (BR-146/267/ 459), – Idêntica atitude têm tomado as classes produtoras; Botelhos – Divisa Nova (BR-369) – (BR-266)". pelos seus órgãos mais representativos, dirigindo-se aos diferentes Poderes da República. O Congresso Nacional decreta: O País teve notícia de tais fatos, através da Art. 1º São incluídas na relação descritiva das Imprensa do Sul. Destacamos os principais tópicos rodovias do Plano Nacional de Viação, anexa à Lei do O Estado de S. Paulo, edição de 3 do corrente: número 4.592, de 29 de dezembro de 1964, "Divergindo da posição da SUDENE em restabelecida pela Lei nº 5.356, de 17 de dezembro relação à sega no Ceará, o Governador César de 1967, as seguintes rodovias: Cals anunciou ontem que pretende lutar pela 1) BR-266 – Varginha (BR-381) – Eloi aprovação do plano elaborado por técnicos Mendes–Alfenas – Areado–Usina de Furnas; estaduais para socorrer 20 municípios do Centro 2) BR-491 – Poços de Caldas (BR- do Estado." 146/267/459) – Botelhos – Divisa Nova (BR-369) – "Casar Cais não aceita o argumento da Areado (BR-266). SUDENE de que o plano é caro, pois foi Art. 2º Esta Lei entrará em vigor na data de elaborado tecnicamente, considerando as sua publicação, revogadas as disposições em realidades locais." contrário. O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Mais adiante, acrescenta a notícia: Esgotada a Ordem do Dia. Há oradores inscritos para esta oportunidade. "O Governador acha, no entanto, Com a palavra o nobre Senador Adalberto que a Superintendência. não tomará nenhuma Sena. (Pausa.) medida para auxiliar o Ceará e pretende recor-

– 130 – rer diretamente ao Ministério do Interior e ao Ainda o mesmo jornal paulistano, no dia 6 do Presidente da República." corrente, volta a informar: O mesmo diário do dia 5 do corrente, assim "O problema da seca no Ceará foi minimizado diz: pelo Ministro do Interior, Costa Cavalcanti, logo "Deputados cearenses manifestaram-se depois que presidiu, ontem, no Recife, uma reunião favoráveis, ontem, em Fortaleza, à posição do da junta diretora da SUDENE. Cavalcanti disse que a Governador Cesar Cals quanto à seca no Estado, situação no Ceará não é de calamidade e que relatando que centenas de famílias de flagelados apenas nove municípios estão sofrendo falta de estão deixando a região dos Inhamuns por que não chuvas. Por isso, o problema ainda deve ser têm mais condições de sobrevivência. resolvido pelo Governo estadual e não pelo federal. No Recife, o Superintendente da SUDENE, Essa região, segundo o ministro, desde general Evandro de Sousa Lima, recusou-se mais dezembro está recebendo ajuda da SUDENE e até uma vez a falar sobre a decisão do Governador de agora foram liberados um milhão e 356 mil cruzeiros recorrer ao Presidente da República para combater para perfuração de 23 poços e construção de 17 os efeitos da seca. A SUDENE, até agora, não açudes. Além disso, a autarquia doou ao governo aceitou a caracterização da seca no Estado, cearense 220 viaturas, das quais 105 são carros- preferindo considerá-la apenas uma "estiagem pipa." parcial". O Correio Braziliense por sua vez, no dia 7, anteontem, registra, que: ÊXODO "o Conselho Deliberativo da SUDENE delegou poderes à Superintendência para elaborar um Plano O Deputado Júlio Rego, fez ontem na Especial de Obras de Abastecimento e Assistência Assembléia Legislativa do Ceará um relato da às Populações, entregando, ainda, ao próprio situação na região dos Inhamus, destacando as Superintendente, General Evandro de Sousa Lima, precárias condições dos municípios de todos os poderes para encaminhar este programa ao Independência, Tauá, Arneiróis e Parambu. "Só Presidente da República, através do Ministério do neste último – informou – nada menos de 44 Interior." caminhões deixaram a cidade transportando O SR. WALDEMAR ALCÂNTARA: – V. Ex.ª flagelados; nas outras, há aproximadamente mil me concede um aparte, Senador Virgílio Távora? homens famintos e esfarrapados perambulando O SR. VIRGÍLIO TÁVORA: – Com prazer, pelas ruas." Senador. A notícia, também do dia 5, nos inforfima: O SR. WALDEMAR ALCÂNTARA: – V. Ex.ª "O próprio Ministro do Interior, Costa trata de um tema que sempre é atual para nós Cavalcanti – disse o deputado – não aceitou as nordestinos, particularmente para os cearenses. E o ponderações do Governador feitas na reunião do está fazendo com muita segurança e até mesmo Conselho Deliberativo da SUDENE, embora fossem com muita prudência, mostrando a divergência que baseadas em dados reais e concretos." existe entre o Governo do Estado e o A SUDENE e o Governador divergem quanto à Superintendente da SUDENE. A discordância talvez caracterização da seca e, recentemente, a se explique em face de algumas singularidades que superintendência rejeitou um plano de Cesar Cals caracterizam a estiagem do corrente ano. Em para aplicação em 22 municípios do Estado, os mais primeiro lugar, é preciso considerar a anomalia em atingidos pela estiagem. relação ao tempo: quando devia chover, normalmen-

– 131 – te, nos primeiros meses do ano, no Ceará, não auxílio e no apoio as populações quê se vêm houve chuvas ou houve apenas chuvas irregulares; o ressentindo da falta de chuva. Era esta a inverno – se inverno houve – só se definiu a partir da contribuição que queria dar ao discurso de V. Ex.ª. primeira ou segunda quinzena de abril, numa O SR. VIRGÍLIO TÁVORA: – Agradecemos o evidente irregularidade a que chamo de aparte de V. Ex.ª que, com prazer, incorporamos ao "irregularidade cronológica". No tempo devido não nosso discurso. Concordamos em gênero, número, choveu, ou choveu insuficientemente. Depois, ainda grau e pessoa com tudo o que V. Ex.ª disse. há a considerar a irregularidade espacial: as chuvas Sr. Presidente, somos absolutamente infensos que caíram no Ceará não se generalizaram. Ora a sensacionalismos e, ainda mais, a demagogias. caíam na zona norte do Estado, ora na zona sul, Conhecemos perfeitamente quanto o assunto, onde primeiro choveu, logo mais se generalizando caracterizado pelo fenômeno climático, se presta a por quase todo o território cearense. E ainda um fato tirada oratória que já cansou muito o povo de nossa – e disso a SUDENE tem perfeito conhecimento: terra. Mas, gostaríamos de trazer ao conhecimento refiro-me a anomalia quantitativa. Se a SUDENE de V. Ex.ª e dos nobres Pares, de que nesta pasta à possui uma rede pluviométrica, creio que de mais de nossa esquerda temos todos os depoimentos dos dois mil aparelhos espalhados na região do diferentes órgãos da imprensa local; as Nordeste, devia estar perfeitamente informada de manifestações do Presidente da ARENA, Seção quanto choveu nos meses ditos de inverno, Regional, Deputado Almir Pinto, pessoa altamente estabelecendo uma comparação com o que ocorreu categorizada, homem tranqüilo, que absolutamente no ano passado, ou nos anos normais de chuva, ou não faz apelo aos recursos inconfessáveis, de mesmo nos anos de seca. Com estes três excitação de turbas, e que se mostrou revoltado elementos, a SUDENE tem tudo que é necessário quanto à omissão, existente no momento, em para definir uma fase difícil, não digo de seca, mas relação a uma faixa de nosso Estado realmente uma fase em que a estiagem está-se fazendo notar, sujeita ao fenômeno cíclico das secas. principalmente na região do Centro-Oeste do Estado, Desse noticiário se infere que, a exemplo de como já frisou V. Ex.ª É ainda para se lembrar que, 1966, em que uma seca parcial fez sofrer o Ceará e segundo estudos contratados pela SUDENE, com o Nordeste, tardio se faz o conhecimento da um técnico da ONU, Dr. Luiz Aldaz, nós estamos realidade por parte do órgão desenvolvimentista da dentro de uma fase, de um decênio de chuvas região. irregulares no Nordeste. Não chega aquele técnico a Nós, que responsável éramos pelos destinos dizer que nós estamos diante de um decênio de do Estado àquela época, bem podemos dar o secas. Não; mas, de um decênio de chuvas testemunho da luta que é e deve ser travada, até que irregulares. Por isso mesmo, tudo faz estranhar que a constatação da irreversibilidade da situação não a SUDENE não se tenha impressionado com o mais deixe dúvidas quanto ao imperativo do socorro depoimento do Governador do Estado, das classes solicitado. conservadoras e dos Deputados Estaduais, que, em Sr. Presidente e Srs. Senadores, é nosso reunião do Conselho Deliberativo da SUDENE, dever indeclinável de Representante de um povo expôs o Sr. Governador àquela instituição o que se tão martirizado pedir a atenção do Senhor passa no Ceará. Não estamos diante, Presidente da República, que provas sobejas já evidentemente, de um ano de seca mas de um ano deu, quando do episódio de 1970, do interesse difícil; difícil até de se compreender. O órgão que que tem pela sorte dos nordestinos, para o quadro tem os elementos para caracterizar a situação de que se criou, e, como Autoridade Maior, acima chuva do Ceará, é exatamente a SUDENE, e este dessas divergências ocasionais que possam existir órgão se recusa a tomar conhecimento ou, entre o Governo do Estado e o seu Ministério pelo menos, não quer colaborar, como devia, no especifico, o Ministério do Interior, Sua Excelência

– 132 – determine as providências que se estão fazendo Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a necessárias. presente Sessão, designando para a próxima a seguinte: Há dois anos, Srs. Senadores, redimindo a atuação federal em época de seca, o atual ORDEM DO DIA Presidente da República deu a demonstração mais cabal de que, com serenidade, firmeza, honestidade, 1 pode o Governo Central socorrer eficientemente Discussão, em turno único, da redação final aquelas populações. (oferecida pela Comissão de Redação em seu O SR. WALDEMAR ALCÂNTARA: – Permite Parecer nº 32, de 1972) do Projeto de Resolução nº V. Ex.ª um aparte? 55, de 1971, que suspende, em parte, a execução da O SR. VIRGÍLIO TÁVORA: – Com muito letra "b" do art. 21 da Deliberação nº 1.564, de 16 de novembro de 1963, do Município de Campos, Estado prazer. do Rio de Janeiro. O SR. WALDEMAR ALCÂNTARA: – Nobre Senador Virgílio Távora, desejava assinalar, mais 2 uma vez, nossa estranheza em relação ao comportamento do Ministério do Interior, Pasta que Discussão, em turno único, do Projeto de Resolução nº 8, de 1972 (apresentado pela tem a obrigação específica de cuidar desses Comissão de Legislação Social como conclusão de assuntos. Ao contrário do Ministério do Interior, o da seu parecer nº 53, de 1972), que dá nova redação ao Fazenda, através do seu titular, vem procurando artigo 1º da Resolução nº 76, de 1970, tendo: ajudar o Governo do Estado, financiando um avião, PARECERES, sob nos 54 e 55, de 1972, das para provocar, artificialmente, a queda de chuvas. Comissões: Não só o Ministério da Fazenda foi sensível ao apelo – de Constituição e Justiça, pela do Governo do Estado. Também o Sr. Ministro do constitucionalidade e juridicidade; e Trabalho mandou distribuir – creio eu – vinte mil – de Agricultura, favorável. bolsas-de-trabalho, à razão de Cr$ 70,00 por mês, 3 entre as populações mais atingidas pelo flagelo climático. Discussão, em primeiro turno, do Projeto de O SR. VIRGÍLIO TÁVORA: – Sr. Presidente, Lei do Senado nº 16, de 1971, de autoria do Sr. em novamente agradecendo a intervenção de S. Ex.ª Senador Benjamin Farah, que dispõe sobre a representação coletiva ou individual, dos associados o ilustre Senador Waldemar Alcântara, um dos pertencentes às associações de classe das batalhadores pelo desenvolvimento dessa terra pensionistas do serviço público, perante as comum, gostaríamos de dizer que o Primeiro autoridades administrativas e a Justiça Ordinária, Mandatário deste País, em um passado que já não tendo: vai longe, recebeu também apelo semelhante de PARECERES sob nos 27, 28 e 29, de 1972, uma região bem maior, de quase todo o Nordeste. das Comissões: Sua Excelência foi, viu, constatou e atendeu a – de Constituição e Justiça (1º calamidade. Não pedimos tanto do Chefe do pronunciamento), pela constitucionalidade e juridicidade, Governo. Pedimos, apenas, a Sua Excelência – de Serviço Público Civil, favorável, nos averiguar o que existe nessa parte do Ceará hoje tão termos do Substitutivo que oferece, e sofrida e em Sua Excelência tão confiante e que de – de Constituição e Justiça (2º seu alto descortino promanem as medidas pronunciamento), pela constitucionalidade e saneadoras. (Muito bem! Muito bem! Palmas. O juridicidade do Substitutivo apresentado pela Comissão de Serviço Público Civil. orador é cumprimentado.) Está encerrada a Sessão. O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – (Encerra-se a Sessão às 16 horas e 30 Não há mais oradores inscritos. minutos.)

27ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 7ª LEGISLATURA, EM 10 DE MAIO DE 1972

PRESIDÊNCIA DOS SRS. PETRÔNIO PORTELLA E CARLOS LINDENBERG

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se produtos de uso veterinário fabricados por presentes os Srs. Senadores: laboratórios com mais de 50% de capital Adalberto Sena – Flávio Britto – José Lindoso nacional, ou aqueles que, fabricados por – Milton Trindade – Renato Franco – Fausto Castelo- laboratórios estrangeiros, não tenham similar Branco – Petrônio Portella – Waldemar Alcântara – nacional. O não cumprimento dêste preceito Wilson Gonçalves – Duarte Filho – Luiz Cavalcante – importará na aplicação, aos responsáveis pelos Leandro Maciel – Lourival Baptista – Antônio órgãos públicos, das penalidades previstas na Fernandes – Heitor Dias – Ruy Santos – Carlos legislação, competente, e, aos beneficiários das Lindenberg – Amaral Peixoto – Paulo Tôrres – subvenções governamentais, na suspensão Benjamin Farah – Danton Jobim – José Augusto – daqueles favores. Magalhães Pinto – Benedito Ferreira – Emival O eminente Autor, em sua justificação, Caiado – Osires Teixeira – Fernando Corrêa – Filinto esclarece que a medida tem em vista "salvaguardar Müller – Accioly Filho – Ney Braga – Antônio Carlos os superiores interêsses da indústria farmacêutica – Celso Ramos – Daniel Krieger – Guido Mondin – nacional fabricante de produtos veterinários e que se Tarso Dutra. encontra seriamente ameaçada pela concorrência O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – A desigual e asfixiante da indústria congênere lista de presença acusa o comparecimento de 35 estrangeira". Srs. Senadores. Havendo número regimental declaro Como se observa, o projeto, com um cunho aberta a Sessão. eminentemente nacionalista, tem como principal O Sr. 1º Secretário vai proceder à leitura do objetivo proteger os produtos veterinários dos expediente. laboratórios com capital predominantemente É lido o seguinte: brasileiro, contra a concorrência daqueles que possuem, em sua maioria, capital de procedência EXPEDIENTE estrangeira e que são dotados de maiores recursos para a conquista do mercado interno. PARECERES A conveniência do projeto em exame será melhor focalizada pelas Comissões de Indústria PARECER e do Comércio, de Saúde e de Finanças que, Nº 58, DE 1972 dentro do âmbito técnico das suas respectivas competências regimentais, abordarão com maior da Comissão de Constituição e Justiça, sobre profundidade as medidas que se pretende o Projeto de Lei do Senado nº 124, de 1968, que adotar. dispõe sobre a aquisição de produtos veterinários. Sob o ângulo específico da competência regimental desta Comissão, julgamos o presente Relator: Sr. Nogueira da Gama projeto constitucional e jurídico. O presente projeto, de autoria do ilustre Sala das Comissões, em 25 de novembro de Senador Lino de Mattos, determina que os órgãos do 1969. – Aloysio de Carvalho Filho, Presidente em serviço público e autárquico, bem como as entidades exercício – Nogueira da Gama, Relator – Edmundo que, sob qualquer forma, recebam auxílios ou Levi – Antônio Balbino – Eurico Rezende – Arnon de subvenções dos poderes públicos, só poderão adquirir Mello – Wilson Gonçalves – Clodomir Milet.

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PARECER tímulos, os quais já têm outorgados ao público nas Nº 59, DE 1972 comunidades que se ofereceram." A Secretaria-Geral do MIC opinou assim, da Comissão de Economia, sobre o Projeto de depois de examinar a proposição: Lei do Senado Nº 124, de 1968. "Embora as premissas básicas do projeto sejam válidas, implicações outras surgem, e que Relator: Sr. Milton Cabral tornam a solução mais complexa: Com o objetivo de beneficiar a indústria a) a maioria absoluta dos laboratórios farmacêutica nacional, fabricante de produtos fabricantes de produtos farmacêuticos são veterinários, e que estaria ameaçada pela congênere estrangeiros; de procedência estrangeira, o projeto em exame b) o mercado é em grande parte composto por estabelece que: a) os órgãos do serviço público e órgãos do Serviço Público e autárquico, e/ou autárquico, além das entidades que, a qualquer entidades privadas, que recebem direta ou título, recebem auxílio ou subvenção dos podêres indiretamente subvenções dos podêres públicos; públicos, só devem adquirir produtos de uso c) a insuficiência nos laboratórios nacionais de veterinário fabricados por laboratórios com mais de know-how em certas linhas de produtos de uso cinquenta por cento de capital nacional, ou os que, veterinário, (bem como uma possível dificuldade de fabricados por laboratório estrangeiro, não tenham atendimento do mercado proposto) aliada a uma similar nacional; b) a inobservância do preceito precariedade, se bem que relativa, no tocante à importa em punição ao infrator. comercialização (incluindo neste tema a questão de A Comissão de Constituição e Justiça não assistência técnica); encontrou inconstitucionalidade ou injuridicidade; a d) os duvidosos efeitos benéficos da medida, Comissão de Indústria e Comércio não opinou, tanto para os laboratórios nacionais como para a tendo, porém, requerido informações aos Ministérios pecuária, em urna época em que o Govêrno procura da Indústria e Comércio, do Exército e da Agricultura. aliviar o setor primário, pelo contrôle dos preços de Em resposta, o Ministério da Indústria e seus insumos básicos; Comércio opinou em duas oportunidades, por e) e, finalmente, as tremendas dificuldades intermédio da Assessoria, Parlamentar e da que adviriam da definição de uma política claramente Secretaria Geral. No primeiro caso, salientou: protecionista; "Seria mais acertado se o presente projeto f) acreditamos não ser esta a melhor forma de restringisse o contrôle pretendido apenas aos amparo no setor da farmácia veterinária nacional. produtos de uso veterinário que competissem em O Ministério do Exército manifestou-se qualidade e preço com seus similares produzidos "favorável às medidas de proteção, preconizadas no pelos laboratórios estrangeiros no País. Projeto de Lei do Senado nº 124/68, que dispõe Não obstante, somos inclinados a pensar que, sôbre aquisição de produtos veterinários". Acentuou, para se obter um desenvolvimento harmônico do ainda: setor, seria muito mais importante contemplá-lo com "Releva salientar a V. Ex.ª que ao as facilidades de crédito, financiamento e benefícios favorecimento aos laboratórios com mais de fiscais, que o Govêrno criou com êsse objetivo. 50% de capital nacional, deverá corresponder O Grupo-Executivo das Indústria Químicas – uma eficiente fiscalização à produção, de sorte que GEIQUIM, é o órgão governamental encarregado os seus artigos, sobretudo os biológicos, não de coordenar a aplicação desses es- sofram prejuízos na qualidade, em face

– 135 – do afastamento dos demais concorrentes." veram seus registros canelados; "encontrando-se O Ministério da Agricultura divide a indústria licenciados e em uso 1.100 medicamentos". No que nacional de produtos veterinários em pequena, se refere à produção pelas empresas de capital média e grande empresas. Quanto às duas nacional e de capital estrangeiro pode ser avaliada primeiras, informa que, "devido aos parcos recursos pelo quadro anexo. financeiros, restringem-se, na maioria das vezes, O estudo meticuloso da matéria, verifica-se apenas ao fracionamento e à mistura de matérias que a indústria nacional carece mais de estímulo e primas, adquiridas na última, que, por sua vez, de know how do que de afastamento imediato de mesmo alicerçada, em capitais estrangeiros, apenas concorrentes. A indicação do Ministério da Indústria fabricam soros, vacinas; antígenos e alguns e Comércio parece atender melhor à realidade, e o antibióticos, sendo os demais produtos de síntese assunto, poderia ser escalonado em duas etapas: a elaborados nas matrizes estrangeiras, principalmente primeira, atual, deverá ser de incentivo à indústria devido à demanda." nacional de produtos veterinários, proporcionando- Sôbre o contrôle exercido, no tocante aos lhe condições de pleno desenvolvimento; a segunda, produtos veterinários, assinala o Ministério da quando já estiver em situação de atender às Agricultura: exigências do mercado interno, será a preconizada – O contrôle começa logo após os pelo presente projeto. estabelecimentos darem entrada nos pedidos de De imediato, as providências apontadas, na registros dos produtos de uso veterinário, pelo proposição parecem não atender à realidade. exame da documentação, encaraminhada à Divisão Somos, portanto, pela rejeição do presente projeto de Defesa Sanitária Animal. Segundo a sua de lei, tendo em vista, principalmente, o detalhe de natureza, os produtos de uso veterinário dividem-se que há "insuficiência nos laboratório nacionais, de em dois grupos: produtos biológicos (sôros, vacinas, know how em certas linhas de produtos antígenos, alérgenos e hormônios) e produtos veterinários," quimioterápicos (sais minerais, antibióticos, Sala das Comissões, em 21 de outubro de pesticidas, vitaminas, vermicidas e preparados 1971. – Amaral Peixoto, Presidente em exercício – oficiais). Milton Cabral, Relator – Wilson Campos – Augusto Na Divisão de Defesa Sanitária Animal estão Franco – Helvídio Nunes – Jessé Freire – Leandro registrados 3.264 produtos veterinários. Do total, 2.164 ti- Maciel – José Lindoso.

Nome do laboratório Iniciativa 1968 1969 1970

Fama part. 714.000 240.000 Hertape part. 3.643.200 4.232.600 2.419.300 Ibiara part. 120.000 701.000 500.000 Inst. Min. Biol. part. 1.500.000 2.160.000 1.770.000 IRFA part. 5.250.000 4.800.000 13.720.000 Leivas Leite part. 22.560.000 21.600.000 21.971.830 Noli part. 4.550.000 8.400.000 25.127.024 Pfizer part. 9.752.400 8.367.200 7.981.000 Rhodia part. 6.000.000 – 4.504.360 S. Jorge part. 1.320.000 2.040.000 600.000 Vallée part. 11.227.072 13.707.539 9.038.220 Vital Brasil part. 220.960 270.000 70.000 Wellcome part. 14.670.740. 24.530.221 20.567.000 TOTAL – 80.814.072 91.522.560 108.508.734

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QUADRO DEMONSTRATIVO DA PRODUÇÃO DE VACINAS CONTRA A RAIVA DOS HERBÍVOROS, NOS ÚLTIMOS 3 ANOS.

Nome do laboratório Iniciativa 1968 1969 1970

Biologia Veterinária part. – 31.232 43.050 Bio-Vet part. – 118.000 74.000 Fama part. 72.000 140.000 141.000 França part. – – 20.500 Hertape part. 89.360 49.000. 193.980 Inst. Biol. E. S. est. 7.280 7.050 3.190 Inst. Biol. S. P. est. 84.684 20.512 21.674 Noli part. – 177.990 524.296 Pfizer part. 89.576 2.360.678 3.217.561 Prazo part. 86.215 86.215 50.252 Vital part. 73.186 349.118 85.683 Min. Agric. (BA–CE–MT- PA–RS–RR– fed. 616.512 485.135 499.625 SC–SE) TOTAL – 1.118.803 3.824.930 4.874.811

PARECER quivado, em 28 de abril do corrente ano, em Nº 60, DE 1972 decorrência da aprovação do seu Requerimento nº 37, de 1971, e encaminhado imediatamente ao da Comissão de Saúde, sobre o Projeto de Lei exame da douta Comissão de Economia. do Senado nº 124, de 1968. 5. Ao ser examinada a constitucionalidade e Relator: Sr. Waldemar Alcântara juridicidade, o seu Relator – Senador Nogueira da Tornar obrigatória a aquisição pelos órgãos do Gama – votou favoravelmente a este aspecto, no Serviço Público, Autarquias e entidades que foi acompanhado pelos seus pares. subvencionadas ou auxiliadas pelos poderes 6. Na extinta Comissão de Indústria e públicos de produtos de uso veterinário fabricados Comércio, o assunto foi exaustivamente examinado por laboratório com mais de 50% de capital nacional, no que diz respeito às suas repercussões no campo ou aqueles que, fabricados por laboratórios estrangeiros, não tenham similar nacional, é o comercial e industrial, partindo-se, preliminarmente, objetivo visado pelo presente projeto, de autoria do para três audiências junto aos Ministérios da nobre Senador Lino de Mattos, que ora é submetido Indústria e do Comércio, do Exército e da Agricultura. ao exame desta Comissão. 7. O Grupo Executivo de Indústrias Químicas – 2. Iniciada a sua tramitação em 29 de outubro GEIQUIM – do MIC, se manifestou contrariamente à de 1968, foi distribuído às Comissões de proposição, alegando, entre outras coisas, o Constituição e Justiça, de Indústria e Comércio, de Saúde e de Finanças. seguinte: 3. A proposição esteve adormecida durante o "Todavia, queremos crer não ser a recesso do Congresso Nacional, decretado pelo Ato proposição do legislador o tipo de proteção Institucional nº 5, de 1968, mas, com a sua indicada para a solução do problema. Pretender reabertura, teve o seu prosseguimento regimental controlar a comercialização do produto veterinário até o término da 4ª Sessão Legislativa da 6ª naquela determinada faixa de mercado poderá Legislatura, quando foi ao Arquivo, nos termos do art. 370 do Regimento Interno. redundar em prejuízo do próprio Tesouro 4. Por iniciativa do nobre Senador Nacional, isto porque, sendo ele obrigado a Adalberto Sena, foi o projeto desar- adquirir o produto dos fabricantes

– 137 – nacionais, possivelmente terá que pagar preço zar as repercussões do projeto no campo da superior ao oferecido pelos concorrentes, onde Economia, da Indústria, do Comércio e da predomina o capital estrangeiro." Agricultura, valendo transcrever o seguinte: E sugere, mais adiante: "Seria mais acertado se o presente projeto "I – Dados estatísticos da produção de restringisse o controle pretendido apenas aos produtos veterinários produtos de uso veterinário que competissem em qualidade e preço com seus similares produzidos O registro de produtos de uso veterinário vem pelos laboratórios estrangeiros no País. sendo efetuado pela Divisão de Defesa Sanitária Não obstante, somos inclinados a pensar Animal (DDSA), desde o ano de 1938. que, para se obter um desenvolvimento Até a presente data, foram registrados na harmônico do setor, seria muito mais importante DDSA, 3.264 produtos veterinários, sendo que por contemplá-lo com as facilidades de crédito, diversos motivos 2.164 tiveram seus registros financiamento e benefícios fiscais, que o Governo cancelados, encontrando-se licenciados e em uso criou com esse objetivo." 1.100 medicamentos. 8. Permito-me pedir as atenção de Vossas No momento, estão registrados na DDSA 204 Excelências para o fato de que é ao Ministério estabelecimentos que se dedicam à fabricação, da Indústria e do Comércio que compete importação e comercialização de produtos de uso dinamizar e desenvolver a política de expansão veterinário. do parque industrial brasileiro e, no que tange aos objetivos do presente projeto, o seu ponto II – Produção nacional correspondente as de vista é bastante abalizado e merece atenção especificações técnicas especial, conforme nos reportaremos mais adiante. Os produtos de uso veterinário, assim como os 9. Do exame feito sobre o assunto no suplementos destinados à ração animal, tanto os Ministério do Exército resultou parecer favorável à elaborados no país ou importados, para serem sua aprovação, desde que seja ressalvada a registrados na DDSA, visando os seus possibilidade de "uma eficiente fiscalização à licenciamentos, devem atender ao que estabelece o produção, de sorte que os seus artigos, sobretudo os Decreto nº 64.499, de 14-5-69 (Regulamento de biológicos, não sofram prejuízo na qualidade, em Fiscalização de Produtos de Uso Veterinário e dos face do afastamento dos demais concorrentes", Estabelecimentos que os Fabriquem). Relativamente conforme, textualmente, nos informa o Exmo. Sr. às especificações técnicas, as firmas interessadas, General-de-Brigada Milton Tavares de Souza, no quer nacionais ou estrangeiras, têm que cumprir o então exercício da Chefia do Gabinete daquela estipulado no artigo 17, do citado dispositivo legal. Secretaria de Estado. Segue cópia mimeografada, do aludido Decreto. 10. O Ministério da Agricultura, através do seu Departamento Nacional da Produção Animal, III – Informações gerais sôbre o contrôle dos desenvolveu importantes investigações sobre o produtos de uso veterinário assunto, por intermédio da Divisão de Defesa Sanitária Animal, cujo teor tomo a liberdade de O contrôle começa logo após os incorporar ao nosso parecer, pela riqueza de estabelecimentos darem entrada nos pedidos de dados e informações que vieram à luz e que registros dos produtos de uso veterinário, pelo nos darão melhor condição de ajui- exame da documentação encaminhada à DDSA.

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Segundo a sua natureza, os produtos de uso Carteira de Comércio Exterior (CACEX) que os veterinário dividem-se em dois grupos: produtos medicamentos estão devidamente licenciados na biológicos (sôros, vacinas, antígenos, alérgenos e DDSA, aquela Carteira emite a guia de importação. hormônios) e produtos quimioterápicos (sais Assim sendo, caso haja necessidade de saber minerais, antibióticos, pesticidas, vitaminas o volume das importações de matéria-prima ou vermicidas e preparados oficinais). produtos acabados, sugerimos ao Exmo. Sr. Tratando-se de produto biológico, o requerimento deve vir acompanhado de amostras, Presidente da Comissão de Economia do Senado para efeito de testes, os quais são realizados no Federal, que seja formulada consulta à CACEX. Instituto de Pesquisas Agropecuárias do Centro-Sul ou nos laboratórios estaduais da DDSA. VI – Informar qual a participação do capital Tratando-se de produtos quimioterápicos, a estrangeiro no contrôle acionário das empresas que DDSA procede a coleta de amostras, para análise fabricam tais produtos fiscal, onde quer que se encontrem, visando colocar em evidência a concordância ou não do produto com Considerando que a Seção de Produtos o original licenciado. Veterinários da DDSA é um órgão eminentemente Verificado por exame, que o produto é impróprio ou que está em desacôrdo com a licença, técnico, desconhecendo, por conseguinte, certos o interessado será cientificado da concessão e detalhes de ordem puramente administrativa, sofrerá as penalidades cabíveis, na forma da propomos, novamente, ao Exmo. Sr. Presidente da legislação vigente. Comissão de Economia do Senado Federal, que formule consulta ao Sindicato Nacional da Indústria IV – Informações gerais sobre a indústria de Produtos Veterinários, sediado em São Paulo, na nacional de produtos de uso veterinário Rua da Consolação nº 65 – 1º andar, que poderá prestar as informações solicitadas. A indústria nacional de produtos veterinários compreende as chamadas "Pequena, Média e Grande Indústria". VII – Informar as possíveis diferenças de As duas primeiras, devido aos parcos recursos qualidade dos produtos fabricados no País por financeiros, restringem-se na maioria das vêzes empresas eminentemente nacionais e das suas apenas ao fracionamento e a mistura de matérias- congêneres que pertencem a capitais estrangeiros. primas, adquiridas da última, que por sua vez, mesmo alicerçada em capitais estrangeiros, apenas Desde que os produtos sejam fabricados fabricam sôros, vacinas, antígenos e alguns dentro dos padrões preconizados, não há diferença antibióticos, sendo os demais produtos de síntese na qualidade dos produtos fabricados no País por elaborados nas matrizes estrangeiras, empresas nacionais e suas congêneres que principalmente, devido à demanda. pertencem a capitais estrangeiros. V – Detalhar as importações Convém lembrar, que muitos produtos de uso veterinário, para serem elaborados no País, quer por Desde que os interessados nas importações empresas de capital nacional ou grupo estrangeiro, de produtos de uso veterinário comprovem junto a dependem da matéria-prima importada.

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VIII – Informar dados estatísticos sobre a seja, vacina contra a Febre Aftosa e Raiva dos produção de produtos veterinários, "royalties" e Herbívoros. "know- how". Quadro Demonstrativo da Produção de

Vacinas contra a Febre Aftosa, nos últimos 3 anos Os quadros a seguir, demonstram a fabricação de dois dos principais produtos para a pecuária, ou (Trivalente: – Virus A-O-C).

Nome do laboratório Iniciativa 1968 1969 1970

Fama part. 714.000 240.000 Hertape part. 3.643.200 4.232.600 2.419.300 Ibiara part. 120.000 701.000 500.000 Inst. Min. Biol. part. 1.500.000 2.160.000 1.770.000 IRFA part. 5.250.000 4.800.000 13.720.000 Leivas Leite part. 22.560.000 21.600.000 21.971.830 Noli part. 4.550.000 8.400.000 25.127.024 Pfizer part. 9.752.400 8.367.200 7.981.000 Rhodia part. 6.000.000 — 4.504.360 S. Jorge part. 1.320.000 2.040.000 600.000 Vallée part. 11.227.072 13.707.539 9.038.220 Vital Brasil part. 220.960 270.000 70.000 Wellcome part. 14.670.740. 24.530.221 20.567.000 TOTAL – 80.814.072 91.522.560 108.508.734

QUADRO DEMONSTRATIVO DA PRODUÇÃO DE VACINAS CONTRA A RAIVA DOS HERBÍVOROS, NOS ÚLTIMOS 3 ANOS.

Nome do laboratório Iniciativa 1968 1969 1970

Biologia Veterinária part. – 31.232 43.050 Bio-Vet part. – 118.000 74.000 Fama part. 72.000 140.000 141.000 França part. – – 20.500 Hertape part. 89.360 49.000 193.980 Inst. Biol. E. S. est. 7.280 7.050 3.190 Inst. Biol. S. P. est. 84.684 20.512 21.674 Noli part. – 177.990 524.296 Pfizer part. 89.576 2.360.678 3.217.561 Prazo part. 86.215 86.215 50.252 Vital Brazil part. 73.186 349.118 85.683 Min. Agric. (BA-CE-MT-PA-RS-RR- fed. 616.502 485.135 499.625 SC-SE) TOTAL – 1.118.803 3.824.930 4.874.811

Quanto ao direito de patente, o problema conhecimentos técnicos necessários à elaboração de deixou de existir no Brasil desde que passou a processo." vigorar o "Código de Propriedade Industrial". Conclusão Não resta dúvida de que as indústrias 11. No que cabe a esta Comissão apreciar e à pertencentes a capitais estrangeiros, em geral; vista do que foi acima exposto, somos pela rejeição dispondo de verbas substanciais, em comparação do projeto, notadamente, pelas seguintes razões: a) o mercado consumidor é, em às de capital exclusivamente nacional, podem grande parte, composto por órgãos do fazer algo e aplicar com maior destreza os Serviço Público, autárquicos e sub-

– 140 – vencionados ou auxiliados pelos Poderes Públicos e E o justifica com o fundamento de que é ficaria privado de adquirir o produto da marca ou da preciso "salvaguardar os superiores interesses da origem que lhes aprouvessem; indústria farmacêutica nacional". b) a concorrência na produção dos produtos 2. A Comissão de Constituição e Justiça, veterinários deixaria de ocorrer, o que poderia ouvida, considerou o projeto "constitucional e acarretar a ineficácia de sua qualidade; jurídico". c) os laboratórios nacionais não estão em Em abril de 1970, a Comissão de Indústria condições de atender a procura total do mercado e Comércio solicitou informação aos Ministérios consumidor de produtos veterinários; da Indústria e do Comércio, do Exército e da d) não há por parte dos fabricantes brasileiros Agricultura. O primeiro destes Ministérios assim suficiência de know-how em certas linhas de se pronunciou: produtos de uso veterinário; "Todavia, queremos crer não ser a e) o tipo de proteção à indústria nacional proposição do legislador o tipo de proteção concebida no projeto, poderia acarretar em graves indicada para a solução do problema. Pretender prejuízos para a atividade pecuária do País. controlar a comercialização do produto veterinário É o parecer. naquela determinada faixa de mercado poderá Sala das Comissões, em 5 de novembro de redundar em prejuízo do próprio Tesouro 1971. – Fernando Corrêa, Presidente – Waldemar Nacional – isto porque sendo êle obrigado a Alcântara, Relator – Ruy Santos – Lourival Baptista – adquirir o produto dos fabricantes nacionais, Wilson Campos – Cattete Pinheiro. possivelmente terá que pagar preço superior ao oferecido pelos concorrentes, onde predomina o PARECER capital estrangeiro. Seria mais acertado se o Nº 61, DE 1972 presente projeto restringisse o contrôle pretendido apenas aos produtos de uso da Comissão de Finanças, sobre o Projeto de veterinário que competissem em qualidade e Lei do Senado nº 124, de 1968. preço com seus similares produzidos pelos Laboratórios estrangeiros do País. Não obstante, Relator: Sr. Ruy Santos somos inclinados a pensar que, para se obter um desenvolvimento harmônico no setor, seria RELATÓRIO muito mais importante contemplá-lo com as facilidades de crédito, financiamento e 1. O eminente Senador Lino de Mattos benefícios fiscais, que o Governo criou com esse apresentou ao Senado, em 1968, um projeto de lei objetivo." que "dispõe sôbre a aquisição de produtos O Ministério do Exército assim falou: veterinários", cujo art. 1º tem a seguinte redação: "Releva salientar a V. Ex.ª que ao "Art. 1º Os Órgãos do serviço público e favorecimento aos laboratórios com mais de 50% de autárquico, bem como as entidades que, sob capital nacional, deverá corresponder urna eficiente qualquer forma, recebem auxílios ou subvenções dos fiscalização à produção, de sorte que os seus poderes públicos, só poderão adquirir produtos de artigos, sobretudo os biológicos, não sofram uso veterinário fabricados por Laboratórios com mais prejuízos na qualidade, em face do afastamento dos de 50% de capital nacional, ou aqueles que demais concorrentes." fabricados por Laboratórios estrangeiros, não Não há, no processo, no início de sua tenham similar nacional." tramitação, a opinião do Ministério da Agricultura.

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3. Arquivado o projeto, ao fim da legislatura ma exposto, somos pela rejeição do projeto, passada, voltou o mesmo a ter andamento face a notadamente, pelas seguintes razões: requerimento aprovado, de autoria do eminente a) o mercado consumidor é, em grande parte, Senador Adalberto Sena. Distribuído à douta composto por órgãos do serviço público, autárquicos Comissão de Economia, ali foi aprovado e subvencionados ou auxiliados pelos poderes requerimento do Relator, Senador Milton Cabral, públicos e ficaria, privado de adquirir o produto da solicitando ao Ministério da Agricultura as seguintes marca ou da origem que lhes aprouvessem; informações: b), a concorrência na produção dos produtos "I) Dados estatísticos da produção de veterinários deixaria de ocorrer, o que poderia produtos veterinários; II) Produção nacional acarretar a ineficácia de sua qualidade; correspondente às especificações técnicas: III) c) os laboratórios nacionais não estão em Informações sobre o controle dos produtos condições de atender à procura total do mercado veterinários; IV) Informações gerais sobre a indústria consumidor de produtos veterinários; nacional de produtos, de uso veterinário; V) Detalhar d) não há por parte dos fabricantes brasileiros as importações; VI) Informar qual a participação de suficiência de know-how em certas linhas de capital estrangeiro no controle acionário das produtos de uso veterinário; empresas que fabricam tais produtos; VII) Informar e) o tipo de proteção à indústria nacional as possíveis diferenças de qualidade dos produtos concebida no projeto poderia acarretar em graves fabricados no país por empresas eminentemente prejuízos para a atividade pecuária do País." nacionais e das suas congêneres que pertencem a Chegando a proposição à Comissão de capitais estrangeiros; VIII) Informar dados Finanças, foi-me a mesma distribuída pelo eminente estatísticos sobre a produção de produtos Presidente João Cleofas. veterinários, royalties e knowhow; e IX) Informações gerais sobre a Equipe Técnica de Defesa Sanitária PARECER Animal (ETEDA)." Informações foram prestadas pelo Ministro 5. Não me parece se enquadre nas atribuições Cirne Lima, e constantes do processo. da Comissão de Finanças opinar sobre o Projeto de 4. E, de posse das mesmas deu o eminente Lei nº 124, de 1968. Ele trata apenas da aquisição Relator da Comissão de Economia o seu Parecer, por órgãos do serviço público, ou autárquicos, de que assim conclui: produtos veterinários; atendo, porém, à distribuição "De imediato, as providências apontadas na feita. E opino contrariamente à proposição do nobre proposição parecem não atender à realidade. Senador, Lino de Mattos. Somos, portanto, pela rejeição do presente projeto Não se deve cuidar de "salvaguardar os de lei, tendo em vista, principalmente, o detalhe superiores interesses da indústria farmacêutica" de que há insuficiência nos laboratórios nacionais apenas; mas, principalmente os superiores de know-how em certas linhas de produtos interesses da saúde. Do homem ou do animal. veterinários." Como bem disse o Senador Milton Cabral, "a Passando o projeto à Comissão de Saúde, ali indústria nacional carece mais de estímulo e de foi aceito longo parecer do ilustre Senador Waldemar know-how do que do afastamento imediato de Alcântara, que assim conclui: concorrentes". E completa o Senador Waldemar "No que cabe a esta Comissão Alcântara: "não há, por parte dos fabricantes apreciar e à vista do que foi aci- brasileiros, suficiência de know-how em

– 142 – certas, linhas de produtos de uso veterinário", e "os abriga o Relatório da Inspetoria-Geral de laboratórios nacionais não estão em condições de Finanças do Ministério da Fazenda, sobre a atender à procura total do mercado consumidor de execução do Orçamento e a situação da produtos veterinários". administração financeira federal. E têm razão. Até aí não pode ir o nacionalismo 3. A referida exposição de motivos, por caboclo, aspeado tanta vez. Com a saúde não se outro lado, ressalta o exato, cumprimento que se pode brincar. O de que se deve cuidar é se o produto dá às normas constitucionais e legais que é benéfico; pouco importando se vindo de capital regulam a prestação de contas do Governo nacional, ou estrangeiro, ou mais nacional que Federal. estrangeiro. Quem está doente, ou tem o seu 4. Na Câmara dos Deputados, o rebanho ameaçado, precisa do produto que o cure, processado foi exaustiva e brilhantemente ou o salve. O poder público não lhe pode impor o examinado pela Comissão de Fiscalização ineficiente, ou prejudicial. O medicamento nacional Financeira e Tomada de Contas, chegando- útil, desde que útil, será procurado; e o concorrente se à aprovação – pela Comissão e estrangeiro afastado. Não se deve brincar com a posteriormente pelo Plenário – do Projeto de saúde – repito –, através de imposições legais. Decreto Legislativo nº 54-A, de 1971, que dá por Parecer, desse modo, contrário. boas as contas, em exame, sob a ressalva de que Salvo melhor juízo. os valores lançados à conta de "Diversos Sala das Comissões, em 9 de maio de 1972. Responsáveis" fiquem na dependência de Virgílio Távora, Presidente – Ruy Santos, Relator – verificação geral pelo Tribunal de Contas da Lourival Baptista – Geraldo Mesquita – Amaral União. Peixoto – Fausto Castello-Branco – Celso Ramos – 5. O texto do projeto aprovado na Câmara Tarso Dutra – Danton Jobim, vencido – Wilson dos Deputados é do seguinte teor: Gonçalves. "Art. 1º São aprovadas as contas prestadas pelo Presidente da República, relativas ao PARECER exercício financeiro de 1970, na forma dos arts. Nº 62, DE 1972 47, item VIII, e 83, item XVIII, da Constituição Federal de 1967, e arts. 44, item VIII, e 81, item da Comissão de Finanças, sobre o Projeto de XX, da Emenda Constitucional nº 1, de 1969, com Decreto Legislativo nº 7, de 1972 (nº 54-A, de 1971, ressalvas aos valores lançados à conta de na Câmara dos Deputados), que aprova as contas "Diversos Responsáveis", dependentes de do Presidente da República, relativas ao exercício de verificação final do Tribunal de Contas da 1970. União. Art. 2º Este decreto legislativo entrará em Relator: Sr. Fausto Castelo-Branco vigor na data de sua publicação, revogadas as O Senhor Presidente da República, dando disposições em contrário." cumprimento às determinações do art. 81, item XX, 6. Em relação às ressalvas expressadas da Constituição, submete ao Congresso Nacional as no Projeto, o parecer prévio do Tribunal contas do Governo Federal, relativas ao exercício de Contas da União, adotando o relatório financeiro de 1970. do Senhor Ministro Clóvis Pestana, já às mesmas 2. Acompanha as contas a Exposição de se referira quando recomendou a aprovação Motivos nº 189, de 24 de maio de 1971, das contas relativas ao ano financeiros de do Senhor Ministro da Fazenda, que se refere 1970, aos quatro volumes inclusos que contêm "considerando, ainda, que as deficiências os Balanços-Gerais da União relativos ao apontadas não envolvem responsabilidade exercício de 1970, bem como ao volume que pessoal do Presidente da República, porque

– 143 – são oriundas de dificuldades de natureza conjuntural, Sistemas de Administração Financeira, Contabilidade próprias de um país em luta pelo desenvolvimento." de Auditoria, no tocante à descentralização e ao (Parecer do Relator, pág. 243.). empenho dos créditos orçamentários. 7. Ainda sobre as ressalvas, convém situá- Os quadros demonstrativos da execução las com as próprias palavras do eminente orçamentária de 1970 indicam despesas realizadas Deputado Arlindo Kunzler, cujo relatório orientou sem crédito, nos subanexos e na forma explicada no a apreciação da matéria na outra Casa do quadro anexo nº 11, num montante total de Cr$ Legislativo: 8.337.199.318,59." "Em 1970, a despesa orçamentária 8. Mais adiante, registra o mesmo relatório: realizada com recursos do Tesouro Nacional foi "A Inspetoria Geral de Finanças do Ministério superior à despesa autorizada; do confronto entre da Fazenda ressaltou em seu Relatório sobre a as economias orçamentárias e as despesas sem Execução do Orçamento e a Situação da ou além dos créditos próprios, verificamos que Administração Financeira Federal, relativo ao estas superam aquelas em Cr$ 7.994.605.728,01. exercício focalizando a necessidade de se elaborar um orçamento cada vez mais condizente com a Cr$ realidade de sua execução. E afirmou – "Na verdade, Despesa autorizada ...... 20.121.054.430,97 não se compreende que compromissos a cuja Despesa realizada ...... 28.115.660.158,98 liquidação está o Governo vinculado, por força de Despesa sem crédito ...... 7.994.605.728,01 dispositivos legais e contratuais, não tenham a necessária cobertura orçamentária. Referimo-nos de A irregularidade apontada, apesar de modo particular às operações de crédito e seu proibida pela Constituição da República custo." Como se verifica, os dispositivos invocados Federativa do Brasil e pela legislação ordinária pela Administração não autorizam todos pagamentos que rege a matéria (Decreto-lei nº 200/67) deveu- da natureza de que se trata, conforme exposição se, principalmente, aos seguintes fatos: constante dos balanços da Inspetoria Geral de 1º arrecadação de receita oriunda de Finanças do Ministério da Fazenda. Apenas aquelas impostos únicos, vinculada, por lei; a determinado despesas vinculadas às Receitas referidas e programa ou fundo, mas cuja dotação autorizadas no art. 26 da Constituição. As mesmas, orçamentária correspondente a sua aplicação de valor elevado, foram computadas no Resultado do mostrou-se insuficiente; Exercício e registradas como "Despesas 2º). interpretação incorreta do princípio Impugnadas". constitucional, que prevê a reabertura dos Reitera o Poder Legislativo sua convicção de créditos especiais e extraordinários, autorizados que não muito longe está o momento em que no último quadrimestre do exercício financeiro somente se realizem despesas, com a prévia anterior; autorização. 3º) modificação de atos relativos à Temos plena certeza que isto será possível, movimentação de créditos orçamentários nos ainda mais quando se constata que todas estas últimos dias do exercício financeiro despesas, de uma forma geral, são realizadas correspondente, ou após o seu encerramento; corretamente e com altas e impostergáveis razões, 4º) descumprimento das normas faltando-lhes unicamente o aspecto legal do uso da baixadas pelo Órgão Central dos dotação orçamentária."

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9. Outro ponto a ser ressaltado, extraído das As contribuições na Receita e na Despesa, contas apresentadas pelo Senhor Presidente da comparando-se com os anos anteriores, República, deve ser o da comparação entre o apresentam-se na forma dos quadros anexos nos 2, 5 orçamento autorizado e o executado, assim e 8 – Receita por Unidade de Federações – analisado pelo aludido e substancioso parecer da Despesas por Programas e Despesas por Natureza Comissão de Fiscalização Financeira e Tomada de de Gastos. Contas da Câmara dos Deputados: Na proposta orçamentária não foi criado nem "A comparação entre o Orçamento autorizado elevado nenhum, tributo para o setor privado, mesmo pelo Decreto-lei nº 727, de 1º de agosto de 1970, tendo previsto um desnível deficitário, da ordem de 2 com o Congresso Nacional em recesso e o bilhões de cruzeiros. Orçamento executado é apresentado nos quadros 1, Para a cobertura parcial desse deficit previsto, 10 e 12, de Receita e de Despesa e do Resultado do já incluiu a proposta orçamentária a autorização para Exercício. operações de crédito de Cr$ 800 milhões." A Receita orçamentária que estava estimada 10. Em face do exposto, cumpridas todas as em Cr$ 17.650.984.000,00 alcançou Cr$ formalidades exigidas a um processo de prestação 29.819.965.069,31 – 70% a maior. de contas do Senhor Presidente da República, nada A Despesa orçamentária que estava fixada em temos a opor ao presente Projeto, pelo que Cr$ 20.121.054.430,97 atingiu Cr$ opinamos por sua aprovação. 28.115.660.158,98 – 40% a maior. Sala das Comissões, em 9 de maio de 1972. – O deficit orçamentário que estava previsto em Virgílio Távora, Presidente – Fausto Castelo-Branco, Cr$ 2.470.070.430,97 foi absorvido, tendo resultado Relator – Geraldo Mesquita – Lourival Baptista – em superavit de Cr$ 1.704.304.910,33. Amaral Peixoto – Celso Ramos – Ruy Santos – Os novos princípios de política econômico- Tarso Dutra – Danton Jobim – Wilson Gonçalves. financeira que vêm sendo adotados pelo Governo, O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – O definindo objetivos regionais e setoriais para as expediente lido vai à publicação. metas do desenvolvimento, alcançam também rumos Sobre a mesa requerimento que vai ser lido novos para a aplicação dos dinheiros públicos, pelo Sr. 1º-Secretário. proporcionando alongamento do progresso e É lido o seguinte: atenuando os desníveis existentes em regiões e setores nacionais. REQUERIMENTO Nisso, o Orçamento Plurianual de Nº 23, DE 1972 Investimentos, em vigência desde 1968, contribuiu admiravelmente. O que antes norteava os Ex.mo Sr. Senador Petrônio Partella, DD. investimentos eram os Ministérios puramente Presidente do Senado Federal desejando alcançar somas cada vez maiores para Os abaixo-firmados requerem a Vossa fazerem suas aplicações próprias, muitas vezes sem Excelência a designação de uma Comissão Especial critério global. de três Senadores, para representarem esta Casa na Com o advento do Orçamento Plurianual, este III Festa Nacional do Arroz, que se realizará de 20 a fala mais alto, visualizando as necessidades setoriais 25 de maio corrente, e que contará com a presença mo e regionais. do Ex. Sr. Presidente da República, na cidade

– 145 – de Cachoeira do Sul, Estado do Rio Grande do E, no Brasil, onde, graças a mais que Sul. criminosa demagogia do passado, com uma mais Sala das Sessões, 8 de maio de 1972. – que hipócrita política salarial, chegamos ao absurdo Daniel Krieger – Guido Mondin – Tarso Dutra. de termos um produto interno bruto crescendo O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – somente o correspondente a 50% do nosso. O requerimento lido será incluído na Ordem do Dia crescimento populacional, evidentemente a nossa, da próxima Sessão. população, mais que outras, aspira o melhor padrão Concedo a palavra ao nobre Senador de vida, a maior e melhor poder aquisitivo. Benedito Ferreira, que falará em lugar do nobre Não ignora o Senador Montoro, como não Senador Lourival Baptista. ignora qualquer pessoa mais ou menos bem O SR. BENEDITO FERREIRA: – Senhor informada, os esforços e a seriedade com, que os Presidente, Senhores Senadores, há cerca de governos da Revolução vêm conduzindo os destinos cinco anos, ou seja, desde 1967, para honra, e da Pátria, o quanto de sacrifícios se tem cometido, aprendizado de minha parte, venho mantendo povo e Governo, em favor das futuras gerações, e os debates com o ilustrado Senador Franco Montoro, resultados aí estão. No exterior, o Brasil de devedor em torno da política salarial e trabalhista, que se relapso já é enxergado como País respeitado e, a vem implantando no Brasil a partir de 1964. curto prazo, como grande potência, isto apesar de os A inteligência, a combatividade e a traidores banidos do poder, fora e dentro do País; pertinácia do eminente Líder oposicionista tem naturalmente com os frutos dos roubos que realmente me custado algumas noites indormidas, praticaram quando no Governo, virem custeando contudo, em que pese o brilhantismo de Sua grandes campanhas difamatórias contra o Brasil. Excelência na elaboração de suas críticas e Internamente, ai estão os índices de ataques ao Governo, tem prevalecido a verdade, desenvolvimento alcançados, para que neles nunca pela nossa capacidade de contra- esboroem quaisquer argumentos contrários. Em argumentar, mas sim, ante os fatos positivos e termos de poder aquisitivo, de aumento da mais que palpáveis que aí estão praticados pela capacidade de compra do povo brasileiro, vejamos Revolução em favor dos nossos homens de mãos um só item, aliás o mais gravoso, senão até mesmo calosas. luxuoso. Reiteradamente tenho lamentado, não os Vejamos a produção de automóveis de debates, porque estes são salutares, passeio nos últimos 8 anos: imprescindíveis ao regime democrático, mas sim à pressa com que a Oposição, e particularmente o "FABRICAÇÃO DE AUTOMÓVEIS Senador Montoro, se apropria e esposa dados e informações, irreais, para com eles tecerem Anos Produção críticas depreciativas ao Governo e, o que é pior, gerar descontentamento e ampliar angústias que 1964...... 97.708 nada constroem no meio dos assalariados. Ampliar 1965...... 103.437 angústias, repito, Sr. Presidente, porque, todos 1966...... 120.122 sabemos, em nenhuma latitude da terra o 1967...... 132.024 assalariado, em momento algum, deixou de aspirar 1968...... 161.369 a uma remuneração maior, e a causa é sempre 1969...... 236.901 a mesma: a legítima aspiração de desfrutar 1970...... 250.289 todos os bens que a cada instante a ciência 1971...... 342.214 e a tecnologia vai colocando à disposição da BRASIL...... 1.444.124" humanidade.

– 146 –

Portanto, em 1971 produzimos 342.214 carros Propôs S. Exª uma síntese para o seu de passeio e, todos eles, naturalmente comprados pronunciamento, agregando três verdades (absolutas por brasileiros aqui residentes. no seu entendimento), na forma que segue: Como se vê, Sr. Presidente, grande tem sido o 1º – "Se queres a segurança e a paz, luta pela aumento de consumo de automóveis de passeio, isto Justiça"; sem falarmos em televisores, refrigeradores, e 2º – "O homem que trabalha não pode finalmente, o infindável mundo dos eletrodomésticos, receber, sob a forma de assistência, o que lhe é a cada dia mais produzidos e comprados pela nossa devido por justiça"; população. 3º – "O salário é o instrumento real de Contudo, Sr. Presidente, o nobre Senador participação dos empregados nos resultados do Franco Montoro, conhecedor profundo de tudo o desenvolvimento nacional". quanto venho afirmando, sabedor e, até mesmo, Logo em seguida, S. Ex.ª, apressada e pregador da justiça, como soi ser S. Ex.ª, inadvertidamente, com base no "estudo" realizado, inadvertidamente, no seu discurso aqui pronunciado ou melhor, "montado" pelo Departamento no, dia 26 p.p., antes de contribuir, como afirmou ser Intersindical de Estatística e Estudos Sócio- do seu desejo, prestou um grande desserviço à Econômicos (DIEESE), afirma: verdade, à democracia, enfim, ao País. "Por esse estudo, com base nas Desserviu porque, apressadamente, esposou disposições do Decreto-lei nº 399, de 1938, no dados e informações elaborados falsa e Inquérito Nacional de Preços do IBGE, feito em diabolicamente, para, uma vez publicados, provocar dezembro de 1971, e em pesquisa do próprio descontentamento na área dos trabalhadores, e, por DIEESE, chega-se à conclusão de que o salário- conseqüência, retornarmos ao mais que triste mínimo vem sendo injusta e impiedosamente período das greves políticas. reduzido." Neste ponto, Sr. Presidente, lamentavelmente, Falou ainda S. Ex.ª na mesma oportunidade, não posso conceder ao Senador Montoro o que a Confederação Nacional dos Trabalhadores na benefício, ou melhor, a desculpa de que S. Ex.ª Indústria havia esposado o citado estudo e, como pudesse ignorar a inautenticidade, a desonestidade órgão consultivo do Poder Público, havia submetido com que o tal Departamento Intersindical de o mesmo ao Governo. Estatística e Estudos Sócio-Econômicos elabora os Sr. Presidente, antes de analisar, pelo menos seus "estudos". Isto porque, em outras algumas das muitas "verdadeiras heresias oportunidades, com prova provada, aqui demonstrei econômicas" dessa "canoa furada", em que que o já tristemente famoso DIEESE não inspira embarcou o Senador Montoro, que é o "estudo" do confiança. DIEESE, quero salientar, para facilitar o raciocínio, Pois bem, apesar disso o Senador Franco mais alguns pontos abordados pelo nobre Líder Montoro, às vésperas da decretação do novo salário- oposicionista. mínimo, "embarca numa canoa furada", isto é, Portanto, vejamos o que foi afirmado como embasa o seu discurso num "estudo" do DIEESE, o verdades absolutas por S. Ex.ª: qual, como irei demonstrar sobejamente, não passa a) Que o trabalhador que percebo de um estudo entre aspas. o salário-mínimo para comprar, em 1965, Vejamos, pois, o que aqui foi sustentado pelo os alimentos necessários à sua subsistência ilustrado Senador Montoro. pessoal, precisava trabalhar 87 horas

– 147 – e que, em 1971, precisou trabalhar 113 horas. não eram para os mais capazes, mas sim para quem b) "O custo mensal da alimentação de um tinha pistolão mais forte. Mazelas que consumiam trabalhador adulto, previsto nos mínimos legais, é 85% da receita federal, para assalariar os cabos hoje, no Brasil, de Cr$ 114,83." eleitorais dos "donos" do poder. E muito longe c) Que "a causa dessa redução ou iríamos, Senhor Presidente, se aqui tentássemos achatamento dos salários decorre dos erros de catalogar todos os males evitados e todas as estimativa, ou resíduo inflacionário e dos índices de bençãos dadas por Deus ao Brasil, por intermédio da produtividade que foram sistemàticamente fixados Revolução de Março de 1964. Daí porque temos, pelos órgãos oficiais, abaixo do valor real". (O grifo é atualmente, segurança, paz e prosperidade por meu). acréscimo. d) Que o achatamento salarial provoca A Segunda Verdade – Concordo e creio que desemprego, restringe a produção, diminui a qualquer democrata, qualquer homem de livre capacidade de compra da população; empresa, qualquer homem justo, no sentido, lato da e) Que se devolva ao trabalhador, pelo menos palavra, concordará em que não se deve pagar em parte, o que lhe foi confessadamente retirado menos do que aquilo a que faz jús o assalariado, pelos sucessivos erros no cálculo do resíduo bem, entendido, o que vale, em termos de produção, inflacionário e do índice de produtividade; a sua energia muscular despendida no trabalho. f) "Que em termos de verdade e de obediência Contudo, a não ser por ignorância ou má-fé, ao art. 158 da Constituição, este seja um "salário- pode-se defender a tese de nivelar os desiguais, isto mínimo capaz de satisfazer as necessidades do é, remunerar menos o que mais e melhor produz, a trabalhador e de sua família", garantindo-lhe, na pretexto de dar mais a quem produz pouco e mal. forma da lei, os recursos indispensáveis para as Por outro lado, a ninguém é dado ignorar que despesas de alimentação, habitação, vestuário, não existe como distribuir aquilo que não se possui. higiene e transporte"; e Em outras palavras, imaginemos o Brasil uma g) Minimiza S. Ex.ª mais uma vez, as bolsas grande indústria em disputa de mercados, na de estudo e todas as outras formas de assistência competição internacional. Como iremos conseguir que se vêm dando aos trabalhadores a partir de exportar os nossos produtos pagando salários 1964. irreais, além dos níveis competitivos? Retornaríamos Pois bem, Sr. Presidente, quanto à primeira fatalmente ao círculo vicioso anterior a 1964. verdade enunciada pelo Senador Montoro, seria Sem divisas e sem crédito, não poderemos como que "chover no molhado" dizer aqui o quanto importar, não criaremos os novos empregos para os se tem feito no Brasil, a partir de 1964 para extirpar que vão atingindo a faixa etária do trabalho. todas as mazelas que, mascaradas de nacionalismo, E, Senhor Presidente, admitindo que o nosso vendiam a Pátria a grosso e a retalho no exterior, estágio de desenvolvimento não nos permita uma especialmente ao tirânico imperialismo soviético. melhor remuneração aos nossos trabalhadores, que Mazelas mascaradas de trabalhismo, onde os tenhamos realmente muito subemprego no País, pelegos banqueteavam com o suor dos creio, entretanto, que muito pior é o desemprego trabalhadores. Mazelas onde a justiça só funcionava, total. desgraçadamente, na base do "Código Penal Neste aspecto a política governamental, em para os pobres e Código Civil para os ricos". que pesem os pregoeiros do desalento, tem sido sido

Mazelas onde as oportunidades de emprego mais que vitoriosa.

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Vejamos o crescimento da participação dos assalariados na renda urbana:

Salário 27.976,6 1968 = = = 46,1% Renda Urbana 61.049,2

Salário 39.342,7 1969 = = = 52,9 % Renda Urbana 81.342,7

Aí está, Sr. Presidente, de um ano para outro, pregos criados na área urbana, graças à um crescimento de 6,8% da participação dos salários confiança no País, restaurada pela Revolução na renda urbana. dos investidores nacionais e estrangeiros. Vejamos, agora, o extraordinário Aqui está o quadro com os números crescimento do número de novos em- incontestávéis:

EMPREGADOS ADMITIDOS E DESLIGADOS

BRASIL

Número de Empregados

Diferença ou Anos Admitidos Desligados Empregos Novos

1967 (1) 1.677.842 1.349.762 329.080 1968 2.968.402 2.380.241 588.161 1969 3.271.406 2.739.123 542.383 1970 3.744.165 3.058.696 685.469 1971 (2) 3.688.917 2.944.676

( 1) de março a dezembro (2)até outubro Fonte: Dentro de Documentação e Informática do ministério do Trabalhoe.Previdência social.

Observe-se que em 1969, em virtude das mentavelmente tem escapado à compreensão do crises havidas no País – especialmente da crise Senador Montoro, é que a cada dia o salário- política houve realmente um recuo e foram criados mínimo tem menor significação para o nosso menos empregos que em 1968. Já em 1970, assalariado. Com a qualificação da mão-de-obra, restabelecida a ordem, a confiança, eis que são promovida pelo Ministério do Trabalho, o criados 685.469 empregos novos na área urbana do trabalhador automaticamente passa a produzir mais Brasil. e melhor e, por consequência, liberta-se do salário- Como se vê, de 1967 para 1970, tivemos mínimo. Na verdade, e isto não é ignorado por quase que a duplicação de novos empregos criados ninguém o salário-mínimo é o mínimo fixado para a na área urbana do País. subsistência do incapaz, do trabalhador sem Sr. Presidente, o que, em verdade, nenhuma qualificação profissional, e, de certa vem ocorrendo no Brasil, e isto la- forma, a sua fixação, obedecendo a critérios atuais,

– 149 – incentiva o trabalhador a qualificar-se, a aprender os dados estatísticos verificados nos dois (2) maiores uma profissão. centros; empregadores do País, São Paulo e Prova eloqüente de que, a cada Guanabara: dia, o salário-mínimo significa menos Aqui, estão, Sr. Presidente os dados para a maioria dos trabalhadores, são insofismáveis e incontestáveis:

1967 1968 1969 Total Empregados Total Empregados Total Empregados ESTADOS % % % Empregados Sal-mín Empregados Sal-mín Empregados Sal-mín Guanabara 665.293 259.039 38,93 730.058 302.128 41,38 794.560 230.547 29,01 São Paulo 1.591.073 563.870 35,43 2.038165 802.155 39,35 2.233.542 593.466 26,57

Como se vê, agregando cerca de 60% dos Tanto é verdade o que afirmo, quanto à assalariados brasileiros, São Paulo e Guanabara perda de significação do salário-mínimo para patenteia os frutos da qualificação profissional, a maioria dos assalariados que, em momento obtida graças à política governamental adotada. algum, os nossos adversários quiseram debater São Paulo, que em números redondos tinha, conosco o comportamento dos salários médios no em 1967 35% e 39% em 1968 dos seus Brasil. trabalhadores percebendo salário mínimo, já em Vejamos, pois, no quadro, abaixo, o 1969 apresenta tão-somente 26%. Na Guanabara os comportamento dos salários médios, a sua variação fatos se, repetem; de 38% em 1967, 41% em 1968, e relacionamento com o custo de vida, nos anos de registra tão-somente 29% em 1969. 1968, 1969 e 1970:

SALÁRIO MÉDIO

Anos Salário médio Aumento ou variação Aum. ou var. do c. de vida

Cr$ % 1967 187,00 1968 252,00 34,76 22,31

Aqui vale ressaltar, Sr. Presidente, a Lei de por que há esta variação esse aumento tão Abono de Emergência, baixada em junho de 1968, grande nos salários em relação ao custo de quando o Governo Federal percebeu distorções nas vida, isto é, aumentou-se em 34,76% nos previsões de estimativa do resíduo inflacionário. Para salários médios e 22,31%, só, no custo de corrigir distorções, essa lei deu aos assalariados vida. um abono de emergência de 10%. Daí Em 1969 caminhamos para o equilíbrio:

SALÁRIO MÉDIO

ANOS Salário médio Aumento ou variação Aum, ou var. do c. de vida

Cr$ % 1969 307,00 21,83 22,01 1970 385,00 25,41 22,68

– 150 –

Aí está o resultado, o reflexo mais que Outro enfoque pelo qual se deve analisar o benéfico da política econômica adotada a partir de problema salarial, como aludi, anteriormente, é o da 1964. competição internacional. De nada vale termos Em 1968, procurando compensar a defasagem produção sem capacidade competitiva no mercado anterior, o Governo Federal decretou um abono de externo. Um dos fatores que tem projetado uma emergência e a ele somaram-se os demais fatores melhor imagem do Brasil no exterior (e para resultar que os salários médios cresceram conseqüentemente maior absorção de divisas) é o 34,76% enquanto o custo de vida subiu tão-somente da entrada de nosso País no sistema de exportação, 22,31%. Em 1969, um ligeiro declive nos salários, de manufaturados e o incremento, de um modo para ser compensado sobejamente em 1970: geral, no nosso comércio internacional. Sem isto, Vejamos, agora, a terceira verdade do não teremos quem consuma o que produzimos. Sem Senador Montoro. consumo não aumentaremos nossa riqueza É certo que o salário constitui participação do circulante, nem aumentaremos o número, de empregado no resultado do desenvolvimento empregos. Sem riqueza circulante não teremos o nacional. Mas, também é certo que salário não é que distribuir ao trabalhador. apenas renda: é custo. Não se pode mensurar a participação do Se aumentarmos o salário trabalhador na riqueza nacional, tomando-se por desmesuradamente, êle se torna fator inflacionário. base unicamente o salário-mínimo. Outrossim, cairíamos no famigerado círculo Vejamos, no quadro seguinte, o círculo vicioso – aumento de salário, aumento do custo de vicioso, aumento salário x custo de vida e vice- vida, como iremos ver logo a seguir. versa:

SALÁRIO-MÍNIMO

Custo de Vida ANOS Sal.-Mínimo-Cr$ Variação % (+) (variação)

1960 6,00 29,32 1961 9,60 60,00 33,23 1962 13,44 40,00 52,51 1963 21,00 56,25 70,77 1964 42,00 100,00 91,44 1965 66,00 57,14 65,88 1966 84,00 27,27 41,28 1967 105,00 25,00 30,52 1968 129,60 23,43 22,31 1969 156,00 20,37 22,01 1970 187,20 20,00 22,68 1971 225,60 20,51 20,16

Pelo quadro exposto, Sr. Presidente, riados de um modo geral e, por conseqüência, verificamos que em 1964 atingimos o ápice do custo impedia o desenvolvimento do País, voltemos, de vida: 91,44. novamente, as nossas vistas para o quadro que Senhor Presidente, mais uma vez quero e acabamos de ver. devo reiterar, para evitar qualquer distorção, que Vejamos. a variação do custo de vida, nos termos em que é Em 1961, quando ainda vivíamos de apropriada, não se presta como piarâmetro na mentiras cambiais e dos criminosos subsídios área do salário-mínimo. Contudo, para termos a determinados produtos, tivemos artificalmente uma idéia real do aludido círculo vicioso, que uma variação salarial superior ao custo de sempre resultou em prejuízo dos assala- vida.

– 151 –

O. SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg síveis ou seguiríamos o certo, aquele sistema que (faz soar a campainha.): – Lembro ao nobre orador não causasse debacle: o gradualismo. que está esgotado o tempo de que dispunha. Destarte, procurou-se, paulatinamente, reduzir O SR. BENEDITO FERREIRA: – Sr. o custo de vida sem aumentar, demagogicamente, o Presidente, eu pediria a V. Ex.ª que me concedesse salário mínimo, eis que, tal aumento redundaria, uma prorrogação generosa. Trato de matéria – V. como demonstra o quadro, em igual acréscimo de Ex.ª me permita a gabolice – que é do interesse da custo. Casa porque interessa ao país, e, por isso, pediria a O equilíbrio prosseguiu em 1965, 1966 e 1987. V. Ex.ª me concedesse uma prorrogação para que E, felizmente, conseguimos, de 1967 para cá, eu ultime o meu pronunciamento. minimizar (este o aspecto importante) a variação de O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – custos no País. Nos termos do Regimento Interno, como é do Isto, sem se aludir à política de incremento da conhecimento de V. Ex.ª, V. Ex.ª continuará inscrito produção exercida pelo Governo. Nunca os para falar após os outros oradores que têm direito à dirigentes do País se preocuparam tanto com o palavra. produto brasileiro, como os Governos O SR. BENEDITO FERREIRA: – Vou ultimar, Revolucionários. Sr. Presidente, a análise que venho tentando fazer Fornecendo incentivos de toda a ordem sobre o círculo vicioso: aumento de salário-mínimo x (creditício, técnico, agrário, assistencial, etc.), o aumento de custo de vida, e então, submetendo-me produtor de todos os setores sentiu-se mais à decisão de V. Ex.ª e de acordo com o Regimento, propenso a investir. retomarei a palavra para concluir este Estimulou-se o homem do campo, da indústria pronunciamento após terem falado os outros e do comércio a aumentar a produtividade nacional. oradores inscritos. E esta é a política eficaz, pois sem produzir, como já Sr. Presidente, em 1961 – e concluo só este dissemos, não há o que distribuir. período – ainda vivíamos de mentiras cambiais e de A partir de 1968, com o acréscimo dos 100% criminosos subsídios a determinados produtos, o que nos salários, salienta no quadro aspectos. tantos etão danosos prejuízos trouxe sempre à extraordinários. O primeiro, sem dúvida, é a queda economia brasileira, e tivemos artificialmente uma vertical no índice do aumento do custo de vida, para variação salarial superior ao custo de vida. logo adiante indicar, também na área do salário- Em 1962 e 1963, usando a linguagem do mínimo, o mesmo fenômeno verificado nos salários então Ministro do Trabalho, o hoje Senador Franco médios, isto é, custo de vida subindo menos do que Montoro, verificaram-se os dois maiores os salários-mínimos decretados: achatamentos salariais dos últimos 12 anos. Sr. Presidente, disse "fenômeno". Disse-o Em 1964, com a majoração salarial de 100%, porque, sabem V. Ex.as, no dia em que os salários o custo de vida alcançou o ápice – 91,44. Todavia, subirem mais que o custo de vida, é porque a não fora a Revolução, o índice seria bem maior. economia estará estagnada. Esta não é a situação Começou aí o processo de desaceleração que queremos para o Brasil. Daí porque enfatizo progressiva do esquema inflacionário então bem: chegamos a esse fenômeno, Sr. Presidente, existente, e que vigora até hoje Isto é reconhecido, até mesmo na área do salário-mínimo, que não mundialmente, como das mais acertadas medidas no pode, como irei demonstrar a V. EX.ª, ser cotejado campo econômico. com os aumentos do custo de vida. Mas no custo de As opções reduziam-se a duas: vida, de um modo geral, no Brasil, vem acontecendo implantávamos um tratamento de choque, o que esse fenômeno: a economia crescendo acelerada- resultaria numa deflação violenta e de conseqüências imprevi-

– 152 – mente. Já se fala até em "milagre brasileiro", Ponderação do novo índice do Custo de Vida: e, quando chegamos ao final do ano, verifica-se que os salários, como fenômeno, I – Alimentação ...... 45,4327 cresceram mais do que cresceu o custo de II – Alimentação Fora ...... 2,6368 vida. III – Vestuário ...... 4,3212 IV – Habitação ...... 13,1124 Senhor Presidente, um ponto que não sei V – Artigos da Residência ...... 9,7006 se por ignorância ou má fé mas tem sido ele VI – Assistência à Saúde e Higiene ...... 4,0586 constantemente usado, inegavelmente para VII – Serviços Pessoais ...... 11,0086 "turvar as águas", é o do aumento do custo de VIII – Serviços públicos ...... 8,8291 vida. Como se sabe, em 1940, quando da DESDOBRAMENTO fixação do primeiro salário-mínimo; para apropriação do comportamento do custo de I – Alimentação ...... 45,4327 vida, eram considerados 81 itens ou artigos e, mesmo naquela época, a maioria dos Produtos Ponderação citados itens não faziam, parte do uso ou Arroz...... 3,7758 hábitos do trabalhador que percebia, salário- arroz amarelão 2,4235 mínimo. arroz agulha 0,2985 De lá para cá, com a vertiginosa arroz japonês 0,6677 sofisticação da nossa vida, passaram a ser agregados 411 produtos para verificar-se as Feijão ...... 2,2248 variações, no custo de vida. feijão preto 2,1367 Do automóvel de passeio, ao whisky e feijão roxinho 0,0114 até a roupa de terilene-importado, estão feijão mulatinho 0,0432 feijão branco 0,0313 agregados como itens da variação do custo de feijão manteiga 0,0022 vida. Senhor Presidente, estou anexando a Café ...... 1,5349 relação completa de todos os itens que café em pó 1,4913 são usados como indicadores da variação do café moído na hora 0,0218 custo de vida, para que Vossas Excelências café solúvel 0,0218 possam julgar melhor a questão e constatar, Carnes ...... 11,1773 através dos mesmos, quais são os produtos bovina 1ª 7,3473 realmente usados pelos trabalhadores. Logo bovina 2ª 1,8893 mais adiante iremos ver o comportamento dos suína lombo 0,1163 preços, que o Governo tem conseguido, para os suína pernil 0,0906 artigos que realmente interessam e são galinha morta 0,8229 consumidos pelas camadas menos favorecidas galinha viva 0,5105 pelos salários. fígado 0,3387 língua 0,0230 Não há como se confundir variação miolo 0,0118 de custo de vida com aquilo de que tripa 0,0269 precisa consumir o assalariado de salário- mínimo. Tive a preocupação de relacionar Carnes Industrializadas ...... 1,2692 os 411 produtos para que V. Ex.as possam se carne seca 0,3160 inteirar dessa nova afirmação, o que irei presunto 0,0696 documentar. lingüiça de porco 0,0969 lingüiça mista 0,0444 (Lê.) salsicha 0,1981 "Relação dos itens (artigos e serviços), mortadela 0,1236 utilizados na apropriação do comportamento do carne defumada 0,1514 custo de vida no Brasil. Fonte: Conjuntura carne salgada 0,2580

Econômica. patê 0,0112

– 153 –

Pescado Fresco ...... 0,9372 Diversos...... 0,4012 pescada 0 2911 ervilha enlatada 0,0119 anchova 0 0838 ervilha seca 0,0027 sardinha 0,1761 palmito enlatado 0,0105 camarão 0,0610 massa tomate Ketchup 0,1039 tainha 0,1626 azeitonas 0,0702 corvina 0,1626 vinagre 0,0894 sal 0,1126 Pescado Industrializado ...... 0,3033 bacalhau 0,2925 Farinhas e Féculas...... 0,7633 camarão congelado 0,0024 farinha de trigo 0,1738 sardinha enlatada 0,0084 farinha de mandioca 0,2603 farinha de milho 0,1562 Ovos ...... 1,2602 creme de arroz 0,0153 aveia 0,0491 Leites ...... 2,3148 maisena 0,1086 leite fresco 1,7588 leite em pó instantâneo Glória 0,2304 Produtos de Farinha ...... 4,7095 leite em pó solúvel 0,2132 pão francês 3,1626 leite infantil 0,0205 pão de forma 0,2232 leite condensado 0;0742 massas (macarrão, pastéis) 0,5343 creme de leite 0,0091 biscoito Maria 0,3998 sorvetes 0,0082 biscoito Cream Craker 0,3553 yogurt – coalhada 0,0004 bolos 0,0343

Queijos ...... 0,6933 Doces, chocolates e açúcar ...... 2,3649 queijo minas 0,2849 açúcar refinado 1,8205 queijo prato 0,2425 açúcar cristal 0,0620 queijo parmezon 0,1081 doces em calda 0,0538 catupiry e queijo de corpo 0,0518 geléia de mocotó 0,0348 ricota e requeijão 0,0060 geléia de frutas (morango) 0,0116

Gorduras ...... 3.0751 goiabada 0,1687 banha 0,8490 marmelada (bananada, doces de frutas toucinho 0,1956 massas) 0,0720 manteiga 0,5559 chocolate 0,0136 óleo de algodão 0,0874 toddy 0,0299 óleo de milho 0,0210 nescau 0,0254 óleo de amendoim 0,1078 balas 0,0726 óleo de soja 0,4786 óleo de oliva 0,0793 II – Alimentação fora ...... 2,6368 gordura de côco 0,2169 margarina 0,4836 III – Vestuário ...... 4,3212

Hortaliças e Legumes ...... 4,7651 Costumes de ternos etc ...... 2,2309 costume de homem 0,1428 Frutas ...... 3,0000 calça de homem 0,3288 camisa 0,2567 Bebidas ...... 0,8628 blusão, camisa esporte 0,3606 cerveja 0,3820 short, bermuda 0,0289 guaraná 0,1297 macacão (trabalho) 0,0721 coca-cola 0,1128 uniforme escolar 0,0621 vinho de mesa 0,0303 calção ginástica 0,0001 vermouth 0,0127 calção, short, criança 0,0032 rhum 0,0113 tailleur, costume senhora 0,0130 whisky 0,0156 vestido modelo 0,1334 suco de frutas 0,0974 vestido esporte (algodão) 0,1976 água mineral 0,0610 saia 0,1432

aguardente 0,0100 blusa 0,1847

– 154 – calça comprida senhora 0,0311 nycron 0,1347 slack conjuntos 0,2388 amorela 0,0223 maillots 0,0234 tafetá 0,0068 blusa, camisa criança 0,0010 bember 0,0083 macacão malha 0,0094 cetim 0,0056 surah 0,0098 Roupas de baixo, noite e acessórios...... 0,3337 combinação 0,0024 Armarinho...... 0,0541 anágua 0,0097 eclair 0,0086 calça (malha) 0,0190 botão 0,0115 soutien 0,0123 retroz-linha 0,0181 camisola 0,0196 novelo de lã 0,0049 meia (senhora) 0,0346 agulha 0,0037 pijama (homem) 0,0086 alfinete 0,0063 meia (homem) 0,0261 tesourinha e alicate 0,0010 camiseta 0,0201 cueca 0,0573 IV – Habitação ...... 13,1124 fraldas 0,0166 camisa pagão 0,0054 Aluguel...... 9,9018 lenço 0,0028 casa própria 3,2106 cinto 0,0041 imposto 0,4599 conservação 0,4230 guarda-chuva 0,0249 reparos e consertos 0,9462 gravata 0,0001 condomínio 1,1578 carteira, bolsa etc 0,0701 energia 0,2237

Agasalhos...... 0,1059 Artigo de Residência ...... 9,7006 blusa lã, sweters 0,0127 conjunto casaco, capote 0,0932 Mobiliário ...... 1,1051 arca-buffet 0,0054 Calçados...... 0,9248 mesinha 0,0497 sapato homem 0,3277 sofá-cama 0,0199 chinelo 0,0222 sofá 0,1388 mocassin, sapato de lona 0,0018 poltrona 0,0533 sapato senhora 0,1961 cadeira de sala de estar 0,0160 sandálias 0,0518 cadeira simples 0;0275 sapato baixo 0,0009 mesa 0,0427 botina 0,0089 sala de jantar completa 0,0041 tênis criança 0,0013 dormitório completo 0,0573 sapato criança 0,2798 armário 0,1144 tênis de homens 0,0026 armário embutido 0,1386 sandália japonesa 0,0317 cama solteiro 0,1010 cama casal 0,0961 Jóias...... 0,0820 berço 0,0214 relógio 0,0069 cama lona 0,0095 aliança de ouro (jóias) 0,0751 colchão mola solteiro 0,0274 colchão mola casal 0,0263 Tecidos...... 0,5898 colchão crina solteir 0,0067 lã 0,0194 colchão crina casal 0,0067 cambraia de algodão 0,0345 colchão de. berço 0,0045 morim 0,0371 travesseiro 0,0056 popelina 0,0336 cômoda e camiseiro 0.0039 opala 0,0362 tapetes 0,0328 cretone 0,0352 relógio 0,0277 algodão liso 0,0234 abajour 0,0008 algodão estampado 0,0379 cortinas 0,0645 linho 0,0426 capacho 0,0025 poliester p/vestido 0,0115 nylon 0,0071 Artigos eletrodomésticos ...... 1,3080 terilene, fio sintético 0,0838 enceradeira 0,0660

geladeira 0,0219

– 155 – aspirador 0,0046 toalha de banho 0,0402 máquina de lavar 0,0462 toalha de rosto 0,0361 máquina de costura 0,1346 panos de cozinha 0,0005 liquidificador 0,0699 plásticos 0,0008 torradeira 0,0004 uniforme de empregada 0,0001 batedeira 0,0094 ventilador 0,0122 Artigos de limpeza ...... 1,9298 chuveiro elétrico 0,0033 sabão 0,4646 ferro elétrico 0,0392 sapólio 0,0295 secador de cabelo 0,0001 cera 0,2331 lâmpadas 0,0002 vassoura 0,1396 inseticida 0,0371 TV e Rádio ...... 2,9165 sabão de coco 0,2192 televisão 2,4345 sabão em pó 0,2843 radioeletrola 0,0239 solvente 0,0301 rádio elétrico 0,0438 água sanitária 0,0005 rádio de pilha 0,4044 pasta 0,0291 Pilhas 0;0042 desinfetante 0,0328 discos 0,0057 bom-bril 0,2406

detergente 0,1342 Aparelhos e talheres ...... 0,0288 completo louça ou porcelana 0,0087 limpa móveis 0,0551 pirex (jantar) 0,0002 copos 0,0050 Combustível...... 1,5965 pratos 0,0076 gás de bujão 1,4463 faqueiro de aço 0,0030 querozene 0,1429 faca 0,0004 carvão 0,0073 colher 0,0004 garfo 0,0004 VI – Assistência à Saúde e Higiene ...... 4,9586 aparelho de café e chá 0,0002 Assistência à Saúde...... 1,6098 xícara de chá 0,0015 dentista 0,4266 xícara de café 0,0014 óculos 0,0674 médico (consulta) 0,7703 Equipamento cozinha...... 0,3431 diária hospitalar 0,2427 bateria 0,0004 cirurgia sala operações 0,0023 panela de pressão 0,0030 parto 0,0090 panela de alumínio 0,0260 raio X 0,0364 caçarola 0,0021 exame de sangue 0,0181 frigideira 0,0010 exame de urina 0,0181 concha, espumadeira 0,0026 exame de fezes 0,0189 jogo de mantimentos 0,0001 garrafa térmica 0,0001 Higiene...... 1,9217 mesa 0,0162 sabonete 0,4093 armário 0,0872 talco 0,1499 fogão a gás 0,1961 pasta dental 0,2248 filtro 0,0052 escova de dentes 0,1221 banco 0,0031 lâmina, sabão de barba, etc 0,1971

papel higiênico 0,3258 Roupa de cama e mesa ...... 0,4728 jogos de mesa 0,0974 álcool (outros) 0,0132 jogos de cama 0,0718 desodorante 0,1054 cobertor de solteiro 0,0078 perfume 0,1231 cobertor de casal. 0,0275 shampoo, laquê etc 0,0333 colcha (casal e solteiro) 0,0306 aparelho de barba 0,0008 lençol casal 0,0594 pó, baton, rouge etc 0,1142 lençol solteiro 0,0450 esmalte, lixa de unhas etc 0,0078 fronha 0,0463 pente 0,0078

jogos de banho 0,0093 modess 0,0493

– 156 –

Medicamentos...... 1,4271 Fumo...... 3,5693 (cigarro) tônicos 0,1650 de 1ª categoria 0,9564 cardiotônicos 0,1634 de 2ª categoria 1,0973 analgésicos 0,1319 de 3ª categoria 1,2980 antiespasmódicos 0,1357 fumo desfiado 0,0066 laxantes 0,1323 charuto 0,0255 antisséticos 0,2032 fósforo 0,1696 espectorantes 0,1456 fluído e pedra isqueiro 0,0159 unguentos 0,1509 vitaminas 0,1329 Veiculo próprio...... 0,5628 outros, colagogo, pomadas, sacarinas etc 0,0662 licença 0,0128 seguro 0,0148 VII – Serviços pessoais ...... 11,0086 pneus 0,0183 gasolina 0,4003 Educação...... 1,8020 lubrificação 0,0180 primária 0,2951 lavagem 0,0174 admissão 0,3158 óleo 0,0812 ginasial 0,3190 colegial 0,3277 Recreação e brinquedos...... 0,8538 livros didáticos 0,1980 (brinquedos) material escolar 0,3464 bicicleta 0,0128 boneca 0,0321 Revistas...... 0,1414 bola 0,0332 manchete, cruzeiro 0,0275 (diversão) cláudia, desfile 0,0289 cinema 0,4644 cigarra, querida, intervalo 0,0226 teatro 0,0114 infantis 0,0463 futebol 0,0772 técnicas 0,0161 clubes 0,2227 Gastos fora da cidade 0,3522 Jornais...... 0,4400 passagem 0,1637 globo 0,1551 diária hotel (casa de campos e outross 0,1885 correio da manhã 0,1411 jornal do Brasil 0,1438 VIII – Serviços Públicos...... 8,8291 Transportes coletivos...... 3,4862 Serviço de Residência ...... 1,0177 ônibus CTC 0,0998 lavadeira 0,2557 ônibus zona sul 1,0664 diarista 0,0231 ônibus zona norte 1,0929 mensalista 0,7389 ônibus circular zona sul 0,6646 ônibus diesel CTC 0,0404 Serviço do Cuidado Pessoal...... 1,2139 trem 0,5221 corte de cabelo homem 0,9520 Manutenção da Presidência e penteado de senhora 0,1287 Comunicação manicure 0,1332 telefone 1,2101 água 0,9408 Serviço do Vestuário...... 1,0555 luz 2,4025 tinturaria 0,6226 gás encanado 0,7773 (confecção) correspondência 0,0122 calça de homem 0,1048 TOTAL...... 100,0000 terno de homem 0,1139 vestido de senhora 0,1061 Nesses termos, Sr. Presidente, atendendo (conserto de calçado) às advertências de V. Ex.ª aliás generosas, solado de homem 0,1172 aqui interrompo, para prosseguir quando solado de senhora 0,0512 me for permitido de acordo com o Regimento. salto de homem 0,0119 Muito obrigado a V. Ex.ª (Muito bem! Muito

salto de senhora 0,0178 bem!)

– 157 –

O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): em momento algum eu disse que V. Ex.ª estava – De acordo com o requerimento do Sr. Líder laborando em má fé. O que eu disse é que agiria de Nelson Carneiro, concedo a palavra ao nobre má fé quem sustentasse a tese, de nivelar os Senador Franco Montoro, que falará em nome da desiguais. E V. Ex.ª não fez isso. Corroborando Liderança. meus argumentos, repito, em momento algum, e V. O SR. FRANCO MONTORO (como líder. Ex.ª há de me perdoar, eu, disse que V. Ex.ª agiu de Sem revisão do orador.): – Sr. Presidente, Srs, má-fé; disse, sim, que V. Ex.ª "embarcou numa Senadores, penso que o Congresso e o País se canoa furada"; disse que não lhe concedia o beneficiam com um debate sobre o problema do benefício da ignorância – não lhe concedia o salário-mínimo. benefício do fato de V. Ex.ª ignorar que o DIEESE Nesse sentido desejo me congratular não inspira confiança, porque eu já aflorei, de certa com a Liderança da Maioria pela atenção dada, feita a.V. Ex.ª que o DIEESE faz estudos, montagens ao discurso aqui proferido por mim nas vésperas para colocar o Governo em situação realmente difícil do dia 1º de maio, e a designação do nobre diante da opinião pública. Eu disse que V. Ex.ª tinha Senador Benedito Ferreira para contestar, com os esse pecado mas não que estava agindo de má-fé, dados que apresentou, aqueles por mim trazidos a que V. Ex.ª desejasse, por exemplo, nivelar os debate. desiguais. O problema do salário é de importância O SR. FRANCO MONTORO: – Agradeço a fundamental para a população brasileira. Ao debater explicação de V. Ex.ª e folgo em verificar que V. Ex.ª essa problema, o Senado cumpre uma de suas então, ao se referir – e parece que duas vezes – V. grandes missões, a de representar essa população e Ex.ª usou essa expressão "por ignorância ou má-fé discutir suas preocupações. pode-se, afirmar tal coisa ou outra". E como o Nesta parte, eu agradeço e cumprimento a discurso de V. Ex.ª era de contestação ás minhas Maioria pela sua iniciativa. Mas desejo também, afirmações, ou V. Ex.ª nessa parte não estava preliminarmente, fazer uma ressalva, que é um refutando minhas afirmações – então, criando certa apelo para que, de futuro, se corrija – o que já em confusão, dando a impressão de que eu teria dito parte foi feito pela resposta do nobre Senador essas coisas ou então, realmente, teria afirmado Benedito Fereira – que se corrija uma prática de, ao que, ao fazer as afirmações no meu discurso, teria discutir o problema, lançar-se dúvida sobre a agido dessa maneira. honestidade, a boa fé, ou conhecimento de quem O SR. BENEDITO FERREIRA: – Permita-me debate. novo reparo... Por duas ou três vezes S. Ex.ª, ao referir-se a O SR. FRANCO MONTORO: – Mas, de afirmações minhas, disse: "só por ignorância ou má qualquer modo, Sr. Presidente, agradeço a fé é que se poderia fazer uma afirmação desta explicação do nobre Senador Benedito Ferreira... natureza". O SR. BENEDITO FERREIRA: – V. Ex.ª vai- Penso que deveríamos fazer um esforço para me permitir colocar as, coisas nos devidos termos, debater o problema objetivamente. porque ainda não terminei meu debate com V. Ex.ª, O SR. BENEDITO FERREIRA: – Permite V. sobre o discurso pronunciado no dia 26 próximo Ex.ª um aparte? passado. Alcancei determinado período do meu O SR. FRANCO MONTORO: – Com muito discurso sem analisar os fatos, pois aqui estão os prazer, Senador. dados, os documentos oficiais que trago para provar O SR. BENEDITO FERREIRA: – Nobre a veracidade das minhas afirmações e as inverdades Senador Franco Montoro, lamento, mas sou que V. Ex.ª esposou como verdades absolutas no forçado a reconhecer que V. Ex.ª não me honrou seu pronunciamento de 26 próximo passado. Quero com sua atenção, com a atenção que eu concluir meu aparte – e V. Ex.ª delicadamente esperava merecer do estimado colega. Porque vai consentir: logo, o que seria prudente

– 158 – da parte do nobre Colega era este reparo – O SR. FRANCO MONTORO: – Ouço o aparte consentir-me chegar ao epílogo do meu discurso, de V. Ex.ª concluir meu pronunciamento para, então, refutar O SR. RUY SANTOS: – Quero apenas com dados estatísticos, com números – porque V. dizer a V. Ex.ª que o Governo não tem Ex.ª há de fazer o favor ao Senado de não contestar absolutamente a preocupação de impedir que a números com sofismas verbais. V. Ex.ª vai trazer Oposição diga o que quiser. V. Ex.ª diz sempre. números. Logo, quero crer, que se V. Ex.ª Aliás, tenho até o prazer de ler os discursos que V. prudentemente aguardasse e me desse a Ex.ª vai pronunciar, – antes de serem lidos por V. oportunidade de responder ao seu pronunciamento Ex.ª, pois os jornalistas me mostram a cópia a ser in totum, eu concordaria com as queixas, as críticas, publicada pela imprensa. De modo que não tenho as contestações da parte de V. Ex.ª absolutamente a preocupação de evitar que V. Ex.ª O SR. FRANCO MONTORO: – Sr. Presidente, diga o que quiser. Se disser certo e mostrar falhas, o o nobre Senador Benedito Ferreira falou até além do Governo, reconhecendo-as procurará corrigi-las; se o tempo permitido pelo Regimento. Se não trouxe Governo encontrar em V. Ex.ª afirmativas que não fatos, dados, até este momento, foi porque não quis exprimam a realidade, contestará também com e se os trouxer, numa segunda parte, farei a dados: refutação ou o exame desses dados nessa segunda O SR. FRANCO MONTORO: – Agradeço o parte. Mas S. Ex.ª fez afirmações muito sérias, muito aparte de V. Ex.ª que coloca nos devidos termos o graves e, a meu ver, profundamente errôneas; problema. Seria impedir-se a discussão de assuntos contraditórias, inclusive com fatos reconhecidos pelo dessa natureza, sobre as dificuldades reais do Governo. assalariado, se cada vez se visse nisso incitamento Eu tomaria apenas dois ou três pontos ou tentativa de provocar descontentamento nas fundamentais: de início, S. Ex.ª insinua que, ao falar massas trabalhadoras. antes de 1º de maio, às vésperas do "Dia do O SR. BENEDITO FERREIRA: – Permite V. Trabalho", eu estaria provocando o Ex.ª um aparte? descontentamento das massas e causando um O SR. FRANCO MONTORO: – Com prazer. prejuízo à ordem pública. O SR. BENEDITO FERREIRA: – Nobre Ora, Sr. Presidente, a nossa preocupação é Senador Franco Montoro, V. Ex.ª é realmente trazer dados e debater, a nossa preocupação é a um esgrimista do verbo. Não há como confundir, verdade. Os dados não foram trazidos até agora, S. discutir com fatos concretos, com fatos objetivos, Ex.ª reconhece que não os trouxe; vai trazê-los na com fatos sérios, com dados que correspondem segunda parte. Vamos aguardar os fatos e estudá- à realidade com o discutir como V. Ex.ª fez, los. trazendo ao debate números que não são Mas eu trouxe fatos concretos. A preocupação verdadeiros, trazendo, como já afirmei, um estudo de ocultar a verdade para não descontentar alguém montado, diabolicamente montado, para gerar pode fazer parte nos planos de propaganda mas, descontentamento. evidentemente, não se governa um país através de O SR. FRANCO MONTORO: – Para máquinas de propaganda e principalmente tolhendo gerar descontentamento, V. Ex.ª repete. Não à Oposição o direito de debater objetivamente estamos discutindo dados. Vou discuti-los. V. Ex.ª problema da maior importância como é o do salário, está inteiramente errado, inteiramente fora da e o do salário-mínimo, do qual vivem milhões de realidade ao fazer, essa acusação ao DIEESE. O brasileiros e por cuja fixação são responsáveis DIEESE é uma das organizações mais sérias, inúmeras outras medidas de interesse fundamental mais objetivas que estudam o problema. E os da população. dados que eu trouxe ao Congresso Nacional não O SR. RUY SANTOS: – Permite V. Ex.ª um me foram fornecidos pelo DIEESE, mas, pela aparte. CNTS; uma cópia dos dados fornecidos pela maior

– 159 – das Confederações de Trabalhadores no Brasil e trabalhador e sua família. Vejamos o que diz a lei, enviados ao Ministro do Trabalho. Foi tudo o que fiz está publicado como tabela anexa; aliás, de acordo em relação a esse documento cuja idoneidade é com o mínimo se estabelecem as porcentagens. incontestável. Esta importância deve servir para alimentação, O SR. BENEDITO FERREIRA: – habitação, vestuário, higiene e transporte. E a lei Incontestável como, nobre Senador? estabelece as proporções; estão aqui as proporções: O SR. FRANCO MONTORO: – V. Ex.ª já me "Alimentação, proporção 50%; habitação, 25%; disse que essa instituição não merece fé. vestuário, 13%; higiene, 6%," e transporte, 6%." O SR. BENEDITO FERREIRA: – Já provei a Fazendo-se os cálculos, o que isso significa, Sr. V. Ex.ª e volto a fazê-lo. Presidente, o que isso apresenta, sem precisar de O SR. FRANCO MONTORO: – Pode não muitos artifícios de retórica, é o dado simples, merecer fé por parte de V. Ex.ª mas o merece da objetivo; isso significa: alimentação durante um mês imensa maioria dos que estudam o problema. O para a família do trabalhador, Cr$ 134,00 – para a DIEESE é citado em documentos oficiais porque família se manter durante um mês; aluguel de casa, respeitado como um dos poucos organismos Cr$ 67,00 – é o maior salário-mínimo do Brasil; que faz, com base em estudos por economistas, vestuário, Cr$ 39,00; higiene – para remédios, sociólogos, técnicos de várias especialidades sabonetes, higiene em geral – Cr$ 16,00; por mês, ligadas à pesquisa, levantamentos da maior para transporte do trabalhador e de sua família, Cr$ idoneidade, da maior importância. Pode-se 16,00. divergir desses dados mas não se pode, Onde se encontra casa que possa ser levianamente, dizer que se trata de um Organismo alugada. por Cr$ 67,00? Onde a alimentação por Cr$ destinado a deturpar dados para confundir o 134,00? Este é o dado objetivo. Governo! O SR. NELSON CARNEIRO: – Irrespondível. O SR. BENEDITO FERREIRA: – Eu não disse O SR. FRANCO MONTORO: – Irrespondível. "levianamente". Pode-se vir com grande argumentação, falar-se dos O SR. FRANCO MONTORO: – Gostaria de prodígios da Revolução, da satisfação da população dar – já que S. Ex.ª não o fez dados objetivos. Pode- brasileira, que o Brasil se transforma, em grande se discutir com estatísticas – aliás, pediria a S. Ex.ª potência: podem dizer o que quiserem – que pode que, na sua segunda parte, indicasse a fonte de ser verdadeiro, por outro lado – mas, o fato objetivo é onde tira os dados que traz. que da imensa maioria da população brasileira – e O SR. BENEDITO FERREIRA: – Eu trago um dos nossos mais ilustres colegas, o nobre para V. Ex.ª e para o Senado um armário; faço mais Senador João Calmon, em discurso pronunciado do que indicar a fonte! aqui no Senado no dia 25, de maio de 1971, o O SR. FRANCO MONTORO: – Muitos dados declarava – população ativa do Brasil, 63% ganham estatísticos tendem a fugir à realidade, mas trago um menos de um salário-mínimo. Os levantamentos do dado objetivo, simples, que é a própria lei. Este IBGE não estão longe destes dados. Pode haver decreto, baixado no dia 1º de maio, estabelece as divergência de interpretação numa ou noutra, parte, tabelas, os índices e a percentagem. Vamos verificar mas o certo é que a imensa maioria da população se isso é realmente algo satisfatório, razoável ou brasileira vive com estes recursos. profundamente injusto como afirmam. Está aqui. Vou O SR. JOSÉ LINDOSO: – V. Ex.ª me permite tomar o maior salário-mínimo, decretado no dia 1º de um aparte? maio. É para São Paulo, Guanabara, Distrito Federal O SR. FRANCO MONTORO: – e algumas outras regiões. E o maior salário- É possível ocultar-se a realidade? É mínimo do Brasil: 268,80. Este é o salário para o preciso seja ao contrário. A nossa

– 160 – função, Srs. Senadores, em lugar de procurar Adiante diz ele: ocultar, é gritar isto bem alto, para que seja ouvido e "O processo de enriquecimento nacional se é preciso repetir aqui: temos informações, e não processa com os pobres marginalizados em apenas indiretas, pelas declarações do Presidente benefício dos ricos." da República. Ele, talvez mais do que a imensa Acrescenta, citando os últimos censos oficiais maioria dos seus seguidores, está preocupado com do IBGE: isso e determinou profundas modificações na política "Em 1960, os 40% mais pobres participavam econômica do Brasil, porque não é possível que nós da distribuição da renda total, em 12%. tenhamos um crescimento econômico com Em 1970, essa participação caiu para 9%, e, empobrecimento da população. de outro lado registrou-se o aumento do grau de Não vamos ocultar os fatos. Vamos desigualdade em distribuição da renda no Brasil, reconhecê-los, apontá-los, para que se encontrem as porque os 10% mais ricos participavam, em 1960, soluções, para que o desenvolvimento do Brasil não de 36%, em 1970 passaram a participar de seja apontado como um aumento da exportação, 48, 53%." como o aumento do Produto Nacional Bruto, com o E seguem os dados. Ele aponta o fato e dá aumento das nossas reservas no exterior, que outras soluções, das quais se pode estar de acordo chegam a dois bilhões de cruzeiros. Tudo isto são ou não, mas o diagnóstico de que realmente a dados econômicos de importância secundária e que situação do salário-mínimo é insustentável, isto é se prestam também a profundas reflexões. Se temos hoje incontestável. Negar isto é negar um fato. dois milhões de dólares em reserva no exterior e O SR. BENEDITO FERREIRA: – V. Ex.ª me reduzimos a quase nada, as nossas reservas-ouro, e concede um aparte? o ouro, agora, sobe e o dólar baixa, quanto está O SR. FRANCO MONTORO: – O que as perdendo o Brasil com estas reservas mantidas no autoridades oficiais sustentam é que, em lugar de se exterior? dar a redistribuição, através do salário direto, vamos Mas, não queremos discutir estes outros apelar para salários indiretos. Então, indicam outras aspectos. Queremos tomar um fato simples, soluções. Mas, o fato em si, objetivo, é este e é concreto, objetivo, o do salário – porque é do salário incontestável. que o homem vive. É com isto que ele mantém a sua O SR. BENEDITO FERREIRA: – V. Ex.ª vai família e o que ele recebe é isto. Podem trazer-se as me consentir um aparte? estatísticas que se quiserem; o fato concreto, O SR. FRANCO MONTORO: – Antes, devo reconhecido inclusive pelos maiores economistas do consentir o aparte do Senador José Lindoso, que já o Governo... (Pausa.) havia solicitado. O SR. RUY SANTOS: – V. Ex.ª me permite O SR. JOSÉ LINDOSO: – V. Ex.ª realmente um aparte? está fazendo colação com certo entusiasmo, em O SR. FRANCO MONTORO: – Vejamos, eu resposta às colações feitas pelo nobre Senador tenho em mãos uma declaração feita por um dos Benedito Ferreira, mas, não está dizendo, economistas que melhor serviço tem prestado ao absolutamente, nada de novo. Brasil e ao atual Governo: o economista Mário O SR. FRANCO MONTORO: – Minha Simonsen. Em conferência que teve profunda preocupação não é dizer novidades, mas dizer a repercussão, e que foi sintetizada no Jornal do verdade. Brasil, diz S. Ex.ª: O SR. JOSÉ LINDOSO: – V. Ex.ª, "É inegável que as classes pobres, que estão realmente, no Senado, sempre se preocupou em empenhadas no desenvolvimento brasileiro, ficam à ser o campeão da verdade. Mas, já se disse que margem na hora da partilha da renda." há muitas verdades e, V. Ex.ª, certamente, tem as

– 161 – suas. Mas, o que é verdade é que esse problema... convidar V. Ex.ª para dar sua contribuição, O SR. FRANCO MONTORO: – Todos nós contribuição essa que não é repetir o Presidente da temos a verdade. Cada um tem a sua, mas devemos República, que não é repetir a todos nós que temos argumentar para demonstrar... consciência das dificuldades do trabalhador. Estas O SR. JOSÉ LINDOSO: – É problema que são graves e se refletem em todas as classes, está presente na preocupação do Governo. inclusive nas de nível médio. O de que estamos O SR. FRANCO MONTORO: – De pleno realmente necessitando é de um debate em acordo. outros termos. Não é mais da problemática. É O SR. JOSÉ LINDOSO: – V. Ex.ª sabe que o da solucionática. Precisávamos, realmente, fosse Presidente já declarou que a economia vai bem e o erigido, para confronto, para comparação com as povo vai mal. medidas que o Governo vem tomando, com coragem O SR. FRANCO MONTORO: – Ia há dois ou e com decisão, e, assim, o processo crítico tenha a três anos, e agora piorou!... eficácia da colaboração do trabalho de construção. O SR. JOSÉ LINDOSO: – Por isso mesmo é Seriam as grandes linhas para solução do problema. que o Presidente tem desenvolvido uma série de É o que estamos a reclamar, e o que a Nação espera programas com o objetivo de sanar essas de V. Ex.ª. Se vemos que o caminho é penoso, mas dificuldades, esses desníveis todos. V. Ex.ª há de o único que estamos descobrindo e que o Governo considerar que o problema da Central de oferece, e apoiamos e desejamos para engrandecer Medicamentos, que é um dos itens importantes, este debate, a serviço da Nação, para o bem do está dentro dessa linha de dar condições melhores trabalhador – realmente a preocupação maior de à grande massa de trabalhadores brasileiros. A todos nós –, que, então, V. Ex.ª ofereça as grandes política habitacional, a política de assistência linhas do pensamento solucionador da crise, para previdenciária, todo esse conjunto de medidas está que, mirificamente, possamos solucionar problema visando a preservar o salário e criar condições de que, há três anos – já frisava nobre Senador dignidade de vida para o trabalhador brasileiro. Nelson Carneiro –, foi constatado pelo Presidente da A verdade é que um país que estava, como o República. Mas há três anos também o Presidente nosso, num processo hiperinflacionário não pode, da República, e todo seu Governo, se mantém alerta, mirificamente, resolver os seus problemas sem um luta duramente, contrariando, muitas vezes, objetivos grande sacrifício nacional. Esse sacrifício começou outros, de natureza imediata e de aspecto político, com a política rígida do Presidente Castello Branco para eliminar o foco inflacionário e para afirmar, contra a inflação; prossegue num sistema de como saneamento da Nação, condições de melhor enfrentar a inflação sem estagnar o processo de remuneração ao trabalhador. Fique V. Ex.ª certo de desenvolvimento, através dos outros governos da que suas críticas têm procedência; mas grande é o Revolução. Então, estamos todos de acordo quanto empenho do Governo, e maior o de todos nós em aos problemas do salário-mínimo, que, V. Ex.ª, como ouvir as grandes linhas de solução de V. Ex.ª. professor de Direito Social sabe perfeitamente, é um O SR. FRANCO MONTORO: – Agradeço salário teórico, é salário inspirador de uma política de a V. Ex.ª que, como Vice-Líder do Governo, proteção ao trabalhador e que, dada a multiplicidade reconhece expressamente que nossas críticas têm inclusive das ocupações todas, a constante procedência. Com isto, em meu nome, V. Ex.ª dá a qualificação de mão-de-obra, jamais poderia ser um melhor resposta à afirmação – não queria colocar salário para se erigir toda uma teoria econômica, o adjetivo leviano – V. Ex.ª dá melhor resposta à como V. Ex.ª está fazendo, com reflexos numa afirmação, talvez menos refletida, do nobre Senador problemática política. V. Ex.ª sabe que muito mais Benedito Ferreira. O nobre Representante de Goiás importante seria estarmos argumentando com negou o fato que – como V. Ex.ª reconhece – é salário-móvel, o salário dominante. Mas gostaria de evidente.

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O SR. JOSÉ LINDOSO: – Permita-me V. Ex.ª. sagem pelo Ministério do Trabalho, certamente. Não estou, absolutamente, desautorizando os O SR. FRANCO MONTORO: – Não é argumentos do nobre Senador Benedito Ferreira, o momento apropriado para discutirmos este calcados em estatísticas que se contrapõem aos aspecto. É prova da fraqueza da argumentação de V. pontos de vista de V. Ex.ª. O nobre Senador Ex ª. Benedito Ferreira, como eu, como V. Ex.ª, verificou O SR. JOSÉ LINDOSO: – Foi a grande que existem dificuldades. O grau dessas dificuldades oportunidade prática para V. Ex.ª pôr em termos o é que V. Ex.ª exacerba, a serviço de suas posições que preconiza. Toda nação sabe que, desde quando políticas que não são, absolutamente, objeto de instituídos pelo Presidente Getúlio Vargas, os nenhum ato ilícito. Está no jogo de recursos, padrões do salário-mínimo têm sido um esforço das manipulações de V. Ex.ª, como professor, grande para corresponder, para dar um roteiro ao como estatístico e como político, poder fazê-lo problema salarial. abertamente, sem nenhuma restrição da minha O SR. FRANCO MONTORO: – Sr. Presidente parte, pessoalmente. O grau de exacerbação é que é e Srs. Senadores, há, efetivamente, uma diminuição. contestado, através de dados estatísticos, pelo Estamos discutindo o salário-mínimo atual. Se o ilustre Senador Benedito Ferreira. Não estou fazendo nobre Senador José Lindoso deseja discutir o o jogo de V. Ex.ª e, sim, o jogo da verdade. problema do passado, também poderemos, O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): poderemos discuti-lo perfeita e folgadamente. O fato (soando a campainha.): – Esta Presidência informa demonstrado é que, se no passado o nível do a V. Ex.ª que seu tempo está esgotado e que os salário-mínimo era ruim, agora é pior, porque está apartes concedidos são contados no tempo do havendo uma decadência seguida. Vou citar um orador. dado, para mostrar até que ponto se pulverizou o O SR. FRANCO MONTORO: – Sr. Presidente, salário-mínimo na sua insignificância. O Prefeito da peço permissão para responder ao nobre Senador Cidade de São Paulo acaba de baixar um decreto, José Lindoso e, em seguida, dar o aparte ao nobre determinando os vencimentos dos administradores Senador Benedito Ferreira. de uma nova entidade: "EMURB", empresa de O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – urbanismo. Para não fixar rigidamente o salário, o Sr. V. Ex.ª poderá continuar seu discurso ao final da Prefeito estabeleceu uma remuneração na base do Ordem do Dia, após os oradores inscritos. salário-mínimo da seguinte forma: O SR. FRANCO MONTORO: – Permita-me, O Presidente terá como salário, como Sr. Presidente, atendendo ao apelo que me foi remuneração, 57 salários-mínimos, e os demais formulado pelo nobre Senador José Lindoso, fixe diretores, 55 vezes o maior salário-mínimo do algumas das idéias que S. Ex.ª pede a título de País. colaboração. Vejam os nobres Senadores. Não é que esses A primeira: que o salário-mínimo não é nada salários sejam excessivos. São salários normais. teórico. Se há alguma coisa de prático, concreto, Qualquer desses engenheiros ganhará numa vital, é o salário-mínimo. empresa privada tal remuneração. É pouco mais de A grande contribuição que poderíamos dar ao 10 ou 12 mil cruzeiros. Significa 57 vezes o salário- Governo seria a de desfazer, de uma vez por mínimo. todas, essas idéias que estão sendo afirmadas e Sr. Presidente, demonstra-se no fato, na reafirmadas e que, para muitos, transitadas em sua simplicidade, o que há de injustiça. Não julgado: o salário-mínimo é uma pura referência preciso forçar a realidade. Procuro, apenas, teórica. Não o é. dados objetivos, para mostrar qual é a realidade. O SR. JOSÉ LINDOSO: – V. Ex.ª não E essa realidade é tão séria, tão grave que conseguiu fazê-lo quando de sua pas- exige...

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O SR. JOSÉ LINDOSO: – V. Ex.ª está O SR. RUY SANTOS: – Diz o Sr. Roberto argumentando alhos com bugalhos. V. Ex.ª está Campos: argumentando com um salário de engenheiro, de "Estatisticamente, há também incompreensões, dirigente de empresa, em relação ao salário-mínimo porque habitualmente se procura medir a melhoria do trabalhador. do padrão de vida pela elevação dos salários reais, O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg) de vez que é mais difícil avaliar-se o impacto dos (fazendo soar a campainha.): – Lembro aos Srs. benefícios indiretos, como a educação, o Senadores que os apartes só podem ser dados com saneamento, a habitação." o consentimento do Orador. Lembro ao nobre O SR. FRANCO MONTORO: – V. Ex.ª Senador Franco Montoro que seu tempo já está confirma o que eu disse há pouco! esgotado. O SR. RUY SANTOS: – E mais adiante: O SR. FRANCO MONTORO: – Agradeço e "A doutrina distributiva da Revolução procurou, cumprirei, Sr. Presidente. assim, desenfatizar a tônica salarial..." O SR. RUY SANTOS: – Permite V. Ex.ª um Tônica salarial que, diz o Embaixador, aparte? criou, no passado, certa aristocracia do O SR. FRANCO MONTORO: – Darei o aparte proletariado. ao nobre Líder. Evidentemente ao Líder não posso "A doutrina distributiva da Revolução negar um aparte. procurou, assim, desenfatizar a tônica salarial O SR. RUY SANTOS: – Asseguro a V. Ex.ª, em favor de uma abordagem" – não sou muito Sr. Presidente, que apenas vou atender ao nobre simpático aos termos dos economistas – Senador Franco Montoro, que gosta muito de "abordagem mais complexa, sintetizada no citação. Como disse o Deputado José Bonifácio, há slogan "democratização das oportunidades." poucos dias na Câmara dos Deputados, "quem cita, "Democratização de oportunidades de acesso cita sempre no interesse". Quando encontro algo à educação, pela reforma educacional; oportuno, gosto de cortar e guardar. Tenho em mãos de acesso à habitação e ao saneamento, pela um artigo de Roberto de Oliveira Campos... criação do Banco Nacional de Habitação; de O SR. NELSON CARNEIRO: – Estou acesso à terra, pela reforma agrária; e de acesso estranhando que o Embaixador à assistencia social, pela reforma previdenciária." ainda seja autoridade seguida. V. Ex.ª citou vários autores e estou citando O SR. RUY SANTOS: – E para agradar ao Roberto Campos. Ele ainda diz: nobre Senador Nelson Carneiro, o Embaixador "Austeridade salarial foi fator de Roberto Campos encima esse artigo – aliás, todos os impopularidade na política interna e de artigos de S. Ex.ª são encimados por palavras de incompreensão internacional." outrem – com essa coisa deliciosa que, através do E foi mesmo, mas a Revolução enfrentou "Diário de um Diplomata" diz. essa impopularidade, a bem do futuro do "As estatísticas são como o biquini: o que Brasil. revela é importante, o que oculta, essencial." Sr. Presidente, perdoe-me V. Ex.ª que eu Nesse artigo sobre "Tempo de Balanço" diz a tenha contribuído para que o Senador Franco grande inteligência, e V. Ex.ª não contesta – pode-se Montoro passasse o seu tempo, mas, já que S. Ex.ª dizer do Sr. Roberto Campos outras coisas... gosta tanto de citação, queria deixar no seu O SR. NELSON CARNEIRO: – Pode-se dizer discurso a opinião do grande economista, do outras coisas do Sr. Roberto Campos?! Que outras homem de talento, de mérito, que é o Sr. Roberto coisas?!... (Risos.) Campos.

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O SR. NELSON CARNEIRO: – Permite V. O nobre Senador José Lindoso pediu-me que Ex.ª um aparte? desse os critérios. Tenho-me fundamentado, nas O SR. FRANCO MONTORO: – Pois não. críticas que faço, aos critérios que o Governo O SR. NELSON CARNEIRO: – Pedi o aparte estabeleceu para o reajuste salarial: para isso, ele por constatar, primeiro, com alegria, que o Brasil manda calcular o resíduo inflacionário, o índice de não nasceu em 1964. O nobre Senador José produtividade e a desvalorização da moeda nos Lindoso referiu-se a um fato anterior; referiu-se S. últimos 24 meses. Pedimos é que se cumpra, que se Ex.ª ao tempo em que o Senador Franco Montoro respeite esses critérios que são do programa exercia o cargo de Ministro do Trabalho. É sempre governamental, pois demonstrei, em mais de uma um prazer, para quem está acostumado a ouvir oportunidade, e na segunda parte do meu discurso todos os dias que o Brasil nasceu no dia 31 de terei oportunidade de fazê-lo, que, infelizmente, março de 1964, verificar que ele já existia antes. esses índices não têm sido respeitados. A minha referência, agora, é para dizer que, Quero concluir, Sr. Presidente, dizendo que, anteontem, esta Casa ouviu um depoimento acima das nossas opiniões pessoais, existem insuspeito, do nobre Senador Flávio Brito, sobre a compromissos do Brasil, afirmados agora pela situação em que se encontra o interior do Brasil, o Revolução. qual mereceu longo e judicioso aparte do Senador Em 1970, através do Decreto nº 496, o Osires Teixeira. Falou S. Ex.ª sobre a situação Governo brasileiro promulgou a Convenção da desastrosa em que se encontra toda a agricultura Organização Internacional do Trabalho número 117, nacional e citou, inclusive, que os empresários rurais que estabelece as normas e os objetivos básicos da de Minas Gerais e de São Paulo, os Estados de política salarial. Por esse decreto, o Brasil assume, maiores possibilidades econômicas estão com perante o mundo, um compromisso. E o Presidente milhares e milhares de ações executivas. É um dado da República, Sr. Emílio Garrastazu Médici, no seu importante que mostra a crise econômica em que decreto, diz que essa Convenção nº 117 deve ser vive o Brasil de hoje. executada, e cumprido inteiramente o que nela se O SR. FRANCO MONTORO: – Agradeço contém. E aqui se estabelecem as normas para os apartes e as referências pessoais. Esta fixação do nível salarial dizendo-se, inclusive, que a austeridade, a que se referiu o nobre Senador primeira preocupação do desenvolvimento é o nível Ruy Santos, acaba de ser ilustrada com de vida da população. É por aí que se mede o uma afirmação do Senador Benedito Ferreira. S. desenvolvimento de uma nação. Ex.ª informou que ao meu tempo de Ministério Aliás, o Sr. Presidente da República, no seu é que houve menos aumento de salário- discurso do dia 31 de março, e depois em famosa mínimo. Então, em lugar de orgia salarial, o que reunião ministerial, reafirmou a tese. O que estamos houve foi rigidez. Fui de certa forma, no dizer de S. defendendo é uma decorrência desse princípio. Ex.ª... Deveríamos estar ao lado do Senhor O SR. BENEDITO FERREIRA: – Não, Presidente da República, mostrando a S. Ex.ª os Excelência. Foi muito aumentado o achatamento problemas, como o estão fazendo inúmeros Srs. salarial de que falou V. Ex.ª. V. Ex.ª está engodando Senadores, apontando os problemas reais da a verdade. população brasileira, e não aplaudindo uma O SR. FRANCO MONTORO: – Vou concluir, orientação que está na hora de ser modificada. Sr. Presidente, lembrando que esta matéria Impõe-se essa modificação e nossa luta é para que comporta muitos pontos de vista, mas há alguns que ela se efetue. são incontestáveis e a minha discussão não tem sido Infelizmente, o dia 1º de maio foi em torno dos pontos optativos. Tenho acentuado perdido. O jornal O Estado de São aquilo que é de lei. Paulo, ao noticiar as festas do dia

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1º de maio, em Belo Horizonte, usou esta Passa-se à: manchete: "Na festa de 1º de maio só faltaram os ORDEM DO DIA trabalhadores." Item Eles lá não estavam porque o seu descontentamento e o seu desaponto não permitiam Discussão, em turno único, da redação final fossem à praça pública aplaudir uma mensagem, um (oferecida pela Comissão de Redação em seu decreto que faria continuar por mais um ano na Parecer nº 32, de 1972) do Projeto de Resolução nº miséria imensa maioria da população brasileira. 55, de 1971, que suspende, em parte, a execução da letra "b" do art. 21 da Deliberação nº 1.564, de 16 de (Muito bem!) novembro de 1963, do Município de Campos, Estado Comparecem mais os Srs. Senadores: do Rio de Janeiro. José Guiomard – Geraldo Mesquita – José Estavas – Cattete Pinheiro – Alexandre Costa – Em discussão a redação final. Clodomir Milet – José Sarney – Virgílio Távora – Se nenhum dos Srs. Senadores desejar fazer Dinarte Mariz – Domício Gondim – Milton Cabral – uso da palavra, encerrarei a discussão. (Pausa.) Está encerrada. Ruy Carneiro – Wilson Campos – Arnon de Mello – Não havendo emendas nem requerimentos para Teotônio Vilela – Augusto Franco – Eurico que a redação final seja submetida a votos, é a mesma Rezende – João Calmon – Vasconcelos Torres – dada como definitivamente aprovada, independente de Nelson Carneiro – Carvalho Pinto – Franco votação, nos termos do art. 362 do Regimento Interno. Montoro – Orlando Zancaner – Mattos Leão – Lenoir O projeto vai à promulgação. Vargas. É a seguinte a redação final: Redação final do Projeto de Resolução nº 55, O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – de 1971. Sobre a mesa, comunicação que vai ser lida pelo Sr. Faço saber que o Senado Federal aprovou, 1º-Secretário. nos têrmos do art. 42, inciso VII, da Constituição, e É lida a seguinte: eu,...... , Presidente, promulgo a seguinte:

COMUNICAÇÃO RESOLUÇÃO Nº , DE 1972 Senhor Presidente: Com fundamento no art. 43 do Regimento Suspende, em parte, a execução da letra "b" Interno, comunico a Vossa Excelência que do art. 21 da Deliberação nº 1.564, de 16 de deverei ausentar-me do País do dia 15 a 23 do novembro de 1963, do Município de Campos, Estado mês em curso, a fim de aceitar convite para do Rio de Janeiro. comparecer à inauguração da Agência do Instituto O Senado Federal resolve: de Resseguros do Brasil, em Londres, e à Art. 1º É suspensa, por inconstitucionalidade, instalação das Agências do Banco do Brasil, em nos termos da decisão definitiva proferida pelo Lisboa e Paris. Supremo Tribunal Federal, em 5 de novembro de Senado Federal, 10 de maio de 1972. – João 1969, nos autos do Recurso Extraordinário nº Calmon. 65.780, do Estado do Rio de Janeiro, a execução da letra b do artigo 21 da Deliberação nº 1.564, de – O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): 16 de novembro de 1963, do Município de Campos, Está terminado o período destinado ao daquele Estado, na parte em que manda aplicar, Expediente. como base de cálculo, a soma das transações Presentes 60 Srs. Senadores. nas operações a que se refere o art. 50, § 3º,

– 166 – da Deliberação nº 488, de 26 de outubro de 1955, do Ocorre, porém, que durante o lapso de tempo mesmo Município. compreendido entre 1970 a 72, veio a se verificar a Art. 2º Esta resolução entra em vigor na data grande limitação imposta pela referida Resolução, de sua publicação. quando restringe a alienação de terras públicas O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): da Fundação Rural Mineira – Colonização e Desenvolvimento Agrário – para, exclusivamente, Item 2 empresas rurais brasileiras que tenham ou venham a ter projetos na RURALMINAS e na SUDENE Discussão, em turno único, do Projeto de simultâneamente, ficando, portanto, a ação de Resolução nº 8, de 1972 (apresentado pela propiciar o desenvolvimento daquela região restrita Comissão de Legislação Social como conclusão de às referidas empresas. seu Parecer nº 53, de 1972), que dá nova redação Propõe, agora, o Governador, modificar a ao artigo 1º da Resolução nº 76, de 1970, tendo: autorização do Senado, nos seguintes termos: a) Diminuir as dimensões dos lotes de 5.000 PARECERES sob nos 54 e 55, de 1972, das para 3.000 hectares, até 30.000 hectares; Comissões: b) Ampliar o seu campo de interesse para – de Constituição e Justiça, pela as pessoas jurídicas e naturais, e não somente a constitucionalidade e juridicidade; e empresas; – de Agricultura, favorável. c) Superar a restrição das empresas Em discussão o projeto. vinculadas à RURALMINAS e à SUDENE, O SR. JOSÉ AUGUSTO: – Sr. Presidente, simultaneamente, mediante a troca da conjunção peço a palavra. "e" para "ou", com o fim de se estabelecer a O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – alternativa para quem tiver projetos aprovados Concedo a palavra, para discutir o projeto, ao nobre na SUDENE ou na RURALMINAS e não em Senador José Augusto. uma e outra, como está na Resolução nº 76, de O SR. JOSÉ AUGUSTO: – Sr. Presidente, Srs. 1970. Senadores, na Comissão de Justiça, fui, com muita Nestas condições, a alteração proposta visa, honra, Relator da matéria ora em discussão, isto é, tão-somente, a facilitar a implantação do programa o Projeto de Resolução nº 8, deste ano, resultante de desenvolvimento sócio-econômico da região dos brilhantes Pareceres favoráveis da lavra dos em tela, propiciando a canalização de maiores eminentes Senadores Paulo Tôrres, na Comissão de recursos financeiros, auridos da indispensável Legislação Social, e Antônio Fernandes, na Comissão cooperação da economia privada, atingida, agora, de Agricultura, respectivamente. na faixa de pessoas jurídicas e naturais, bem O projeto tem suas origens em uma solicitação como numa camada social interessada na aquisição do Exmo. Sr. Governador de Minas Gerais ao do minifúndio equivalente a lotes de 3.000 Senado para que se reformule a Resolução nº 76, de hectares ou sejam, 619,8 alqueires mineiros ou 1970, em que naquele ano esta Casa autorizou a geométricos. alienação de terra devolutas na região norte de No meu Parecer, que foi aprovado na Minas Gerais. Comissão de Justiça, com as considerações que A Resolução em tela – disse eu no meu acabo de expor, ative-me, apenas, ao exame Parecer na Egrégia Comissão de Justiça – à época do mérito e sobre a constitucionalidade e da sua promulgação atenderia aos altos objetivos de juridicidade do Projeto de Resolução, deixando, alcance social e econômico a que se propunha em muito de propósito, de fazer ali, naquele órgão favor do desenvolvimento agrário de vasta região eminentemente técnico, quaisquer comentários mineira compreendida no norte do Estado e a respeito da grande obra que o ilustre integrada na área da SUDENE. Governador solicitante da medida ora em

– 167 – discussão está realizando no meu Estado e que por contribuição ainda maior do que a que estamos isto aconselha, não apenas a esta Casa, mas aos dando ao progresso geral do Brasil. demais Poderes da República lhe dêem quaisquer Mas, Senhores Senadores, nenhuma medidas pretendidas, pois elas serão usadas e muito dificuldade, inclusive a que acabo de assinalar, tem bem usadas, em favor do progresso de Minas e do sido empecilho ou sequer motivo de desalento para o País. Governador Rondon Pacheco. E disse que deixei, muito de propósito, de Muito ao contrário. Se elas constituem um tecer comentários na Comissão de Constituição e desafio à sua capacidade de trabalho, ao seu espírito Justiça sobre a obra do eminente Governador público, ao seu amor a Minas, ele aceitou o desafio. interessado na providência legal que ora discutimos E com aquela iluminada fé que remove montanhas, porque desejava fazê-los agora, não mais no âmbito que opera o impossível, que faz milagres, S. Ex.ª tão restrito de uma das Comissões da Casa, mas a todo logo assumiu o Governo vem dinamizando todos os o Senado, conseqüentemente, a toda a Nação, setores da administração do Estado. para dizer que, em Minas, o Governador Rondon Na CEMIG – Centrais Elétricas de Minas Pacheco, num desdobrar de esforços pertinácia Gerais – setor básico de infra-estrutura – o consumo pouco comuns, tem correspondido plenamente às de energia elétrica cresceu, em 1971, de 19,5% em esperanças dos mineiros porque está realizando ali relação a 1970, assinalando, portanto, a entrada de uma obra de fôlego em favor do desenvolvimento novas indústrias em operação no Estado. E quanto econômico e da tranquilidade social do nosso ao plano de obras, basta dizer-se que o Governo Estado. Rondon Pacheco constrói a Central Elétrica de São O SR. MAGALHÃES PINTO: – V. Ex.ª me Simão, no Rio Paranaíba, no Triângulo Mineiro, a concede um aparte? qual, quando concluída, terá dois e meio milhões de O SR. JOSÉ AUGUSTO: – Com todo prazer. kilowats, equivalente à soma de todas as centrais O SR. MAGALHÃES PINTO: – Agradeço a V. elétricas já construídas em Minas. E, assim, o seu Ex.ª a oportunidade de inserir em seu discurso Governo terá duplicado a capacidade de produção este meu aparte. Como ex-Governador e sempre de energia elétrica no Estado. interessado na solução dos problemas de nosso Ainda no capítulo de energia elétrica, é preciso Estado, bem posso avaliar e louvar o grande esforço que se diga do esforço do Departamento Estadual de do Governador Rondon Pacheco para imprimir maior Águas e Energia Elétrica levando seus serviços ao ritmo ao desenvolvimento de Minas Gerais, em todos Vale do Jequitinhonha, até então desprovido deste os setores de atividade econômica e social. Daí a recurso fundamental para o seu desenvolvimento, justificada confiança do povo de Minas em sua beneficiando, com redes elétricas, as Cidades de administração e as esperanças em seu resultado. Salto da Divisa e Novo Cruzeiro. O SR. JOSÉ AUGUSTO: – Agradeço a V. Ex.ª Noutro setor básico – o de estradas de a solidariedade que empresta às minhas palavras. rodagem – o Governo Rondon Pacheco, por meio do Não é segredo para ninguém que, de muito Departamento Estadual de Estradas de Rodagem, tempo a esta parte, as finanças de Minas não além de melhorar as condições de 3.845 são o que desejaríamos que fossem a fim de quilometros, vai pavimentar 2.550 quilômetros de que permitissem ao Governo alentados programas estradas nos próximos três anos, com um de desenvolvimento que, aproveitando os investimento de 1 bilhão e 900 milhões de cruzeiros recursos naturais do Estado e suas imensas no setor. possibilidades de criar riquezas, pudesse Minas Em setor ainda fundamental e de infra-estrutura – dar, como é desejo de todos os mineiros, o da educação – com a finalidade de fazer dela instru-

– 168 – mento real do desenvolvimento econômico, o O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Governo vai implantar inicialmente em 60 municípios Continua em discussão a matéria. (Pausa.) pioneiros, uma reforma do ensino abrangendo o 1º e Se nenhum outro dos Srs. Senadores quiser 2º graus; os órgãos do sistema educacional; as discuti-la, encerrarei a discussão. medidas de infra-estrutura; o levantamento da Carta Está encerrada. Escolar do Estado; a elaboração do Estatuto do Passa-se à votação. Magistério; a criação de novo serviço, que será o Os Srs. Senadores que aprovam o projeto, Centro de Documentos e Informações Educacionais. queiram permanecer sentados. (Pausa.) Na agricultura, com a ajuda de São Pedro, Aprovado. como o diz o próprio Governador, isto é, com chuvas O projeto irá à Comissão de Redação. regulares que caíram em todo o Estado, a safra É o seguinte o projeto aprovado: deste ano cresceu de 15%, como a dizer ao Brasil, com este resultado auspicioso, que os agricultores PROJETO DE RESOLUÇÃO mineiros atenderam, no ano anterior, ao apelo que Nº 8, DE 1972 lhes dirigiu o Governador para que aumentassem o plantio. Dá nova redação ao art. 1º da Resolução nº Gostaria de que o tempo que me é 76, de 1970. regimentalmente concedido não fosse tão diminuto, e que pudesse ser longamente dilatado para que eu O Senado Federal resolve: dissesse a V. Ex.as, Srs. Senadores, da grande obra Art. 1º O artigo 1º da Resolução nº 76, de que o Governador Rondon Pacheco realiza em outros 1970, do Senado Federal, passa a vigorar com a departamentos do Governo, quais: na Secretaria da seguinte redação: Fazenda, na do Planejamento, na da Viação, na do Art. 1º É a Fundação Rural Mineira – Trabalho, na do Interior, no Instituto de Previdência, Colonização e Desenvolvimento Agrário na CEMIG, na FRIMISA, na CASEMG, no Instituto RURALMINAS, autorizada a alienar uma área de de Florestas, na COFIMIG, no Banco de 200.000 (duzentos mil) hectares de terras de Desenvolvimento Econômico do Estado e nos Bancos sua propriedade, situada nas regiões de Jaíba e comerciais em que o Estado é acionista majoritário. Montalvânia, no Estado de Minas Gerais, em lotes de Em todos estes setores, posso afirmar a V. 3.000 (três mil) a 30.000 (trinta mil) hectares, ao Ex.as, Srs. Senadores, que a obra administrativa do preço mínimo de Cr$ 40,00 (quarenta cruzeiros) o Governador Rondon Pacheco tem merecido hectare, a pessoas jurídicas ou naturais que tenham aplausos gerais em nosso Estado. ou venham a ter projetos na RURALMINAS ou na E a medida que ora S. Ex.ª pleiteia desta SUDENE." Casa, isto é, a modificação, nos moldes a que já me O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): referi, da Resolução 76, de 1970, para venda de terras devolutas do Estado, pertencentes hoje Item 3 ao patrimônio da RURALMINAS, se impõe seja aprovada como uma necessidade para que seu Discussão, em primeiro turno, do Projeto Governo, que tanto já tem realizado, possa dinamizar de Lei do Senado nº 16, de 1971, de autoria mais ainda aquele órgão ligado à agricultura – do Sr. Senador Benjamin Farah, que dispõe atividade essa tão importante a Minas quanto ao sobre a representação coletiva ou individual, Brasil. dos associados pertencentes às associações Era o que tinha a dizer, Senhores Senadores. de classe das pensionistas do serviço (Muito bem! Palmas.) público, perante as autoridades adminis-

– 169 – trativas e a Justiça Ordinária, tendo: É lido e aprovado o seguinte:

PARECERES sob nos 27, 28 e 29, de 1972, REQUERIMENTO das Comissões: Nº 24, DE 1972

– de Constituição e Justiça (1º Nos termos do art. 359 combinado com o pronunciamento), pela constitucionalidade e parágrafo único do artigo 358 do Regimento Interno, juridicidade, requeiro dispensa de publicação, para imediata – de Serviço Público Civil, favorável, nos discussão e votação, da redação final do Projeto de termos do Substitutivo que oferece, e Resolução nº 8, de 1972, que dá nova redação ao artigo 1º da Resolução nº 76, de 1970. – de Constituição e Justiça (2º Sala das Sessões, em 10 de maio de 1972. – pronunciamento), pela constitucionalidade e José Augusto. juridicidade do Substitutivo apresentado pela O SR PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Comissão de Serviço Público Civil. Aprovado o requerimento, passa-se à imediata Discussão do Projeto e do substitutivo, em 1º apreciação da redação final. O Sr. 1º Secretário vai proceder à leitura da turno. redação final. Se nenhum dos Srs. Senadores quiser discuti- É lida a seguinte redação final: los, encerrarei a discussão. (Pausa.) Está encerrada a discussão. PARECER Passa-se a votação do substitutivo, que tem Nº 63, DE 1972 preferência regimental. da Comissão de Redação, apresentando a Os Srs. Senadores que o aprovam, queiram redação final do Projeto de Resolução nº 8, de 1972. permanecer sentados. (Pausa.) Aprovado. Relator: Sr. José Augusto Aprovado o substitutivo, está prejudicado o A Comissão apresenta a redação final do Projeto de Resolução nº 8, de 1972, que dá nova projeto. redação ao art. 1º da Resolução nº 76, de 1970. A matéria voltará oportunamente à Ordem do Sala das Sessões, em 10 de maio de 1972. – Dia para 2º turno regimental. Antonio Carlos, Presidente – José Augusto, Relator. É o seguinte o Substitutivo aprovado: – Danton Jobim. – José Lindoso.

ANEXO AO PARECER SUBSTITUTIVO Nº 63, DE 1972

Estende às associações de classe dos Redação final do Projeto de Resolução nº 8, pensionistas do Serviço Público os direitos de 1972. assegurados pela Lei nº 1.134/50. Faço saber que o Senado Federal aprovou, nos termos do art. 171, § único, da Constituição, e Art. 1º Ficam estendidas às associações de eu,...... , classe dos pensionistas do serviço público, Presidente, promulgo a seguinte: da administração direta ou indireta, legalmente organizadas e reconhecidas, os mesmos direitos RESOLUÇÃO Nº , DE 1972 assegurados pela Lei número 1.134, de 14 de junho de 1950. Dá nova redação ao art. 1º da Resolução nº Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data 76, de 1970. de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. O Senado Federal, resolve: Art. 1º O art. 1º da Resolução nº 76, de 1970, O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – passa a vigorar com a seguinte redação: Sobre a mesa, requerimento que vai ser lido pelo Sr. "Art. 1º É a Fundação Rural 1º Secretário. Mineira – Colonização e Desenvol-

– 170 – vimento Agrário – RURALMINAS, autorizada a Nascia neste dia em 1808, na Vila da alienar uma área de 200.000 (duzentos mil) Conceição do Arroio, da antiga Capitania de S. Pedro hectares de terras de sua propriedade, situada do Rio Grande do Sul, hoje município de Osório, o nas regiões de Jaíba e Montalvânia, no Estado cidadão ilustre, que se tornara, merecidamente, o de Minas Gerais, em lotes de 3.000 (três mil) Patrono da sua gloriosa Arma: a Cavalaria. a 30.000 (trinta mil) hectares, ao preço mínimo Evocar os seus feitos é sintetizar os do próprio de Cr$ 40,00 (quarenta cruzeiros) o hectare, a Exército, que, nele, teve um dos seus maiores pessoas jurídicas ou naturais que tenham ou servidores. venham a ter projetos na RURALMINAS ou na Toma parte, aos 15 anos, ao lado do pai, nos SUDENE." duros combates que se travaram, com o nome Art. 2º Esta resolução entra em vigor na data de Guerra da Independência, sob o comando de sua publicação. do General Lecór, contra as forças lusitanas O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – estacionadas na Província Cisplatina, tendo a glória Em discussão a redação final. de entrar com a sua valorosa tropa, em Montevidéu. Se nenhum dos Srs. Senadores desejar Começara aí o seu batismo de fogo. fazer uso da palavra, encerrarei a discussão. A sua vida foi uma sequência de triunfos. Mas, (Pausa.) sempre, bravo e generoso. Está encerrada. Para mostrar como se houve ao longo de sua Em votação. heroica carreira militar, basta mencionar o fato ocorrido Os Srs. Senadores que aprovam a redação às margens do Arroio de Sarandi, em 12 de outubro de final, queiram permanecer sentados. (Pausa.) 1825, quando foi cercado por numerosa tropa inimiga. Está aprovada. Consegue romper o cerco apenas com nove O projeto vai à promulgação. companheiros. Os demais foram trucidados pelos Está esgotada a pauta da Ordem do Dia. uruguaios. Há oradores inscritos. "Vamos, companheiros. Um único meio de Concedo a palavra ao nobre Senador Paulo salvação nos resta – é romper o cerco. Coragem. Tôrres, que falará em nome da liderança da Vamos." E, com esta exortação, conseguiu abrir uma Aliança Renovadora Nacional, conforme solicitação brecha nas linhas inimigas e salvar os seus feita. comandados. Dois soldados inimigos que os O SR. PAULO TÔRRES: – Senhor perseguiam foram mortos, um, a bala e, o outro, com Presidente, Senhores Senadores, engalana-se o sua propria lança, por Osório. Exército brasileiro e, com ele, a nossa Pátria, para Este feito ensejou a Bento Manuel proferir as render as suas justas homenagens à memória de um seguintes palavras: "Heide legar-lhe, Alferes, a bravo soldado: Marechal Manoel Luiz Osório, minha lança, porque a levará aonde a tenho levado." Marquês do Herval. Muito embora fosse de interesse do Brasil a Não poderia o Senado Federal, o mais lídimo conservação da Província Cisplatina, o Governo representante das aspirações do povo brasileiro, Imperial assinou, a 27 de agosto de 1828, a paz que o teve em seu seio, deixar de juntar a sua com as Províncias Unidas do Prata, e reconheceu a palavra à dos nossos valorosos soldados, que, independência do Uruguai. em todos os rincões da Pátria, tributam, hoje, o Continuou Osório exercendo várias comissões seu reconhecimento àquele insigne patrício, que, ao longo de nossa fronteira. Em 1831, foi obrigado a devotadamente, a serviu, cobrindo-a de louros não cumprir as recomendações do Governo imperecíveis. Brasileiro a respeito da soberania da nação vizinha.

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Atravessou a fronteira, atendendo a rio Lauró; de onde viera o fomento que a fizera durar veementes apelos de suas populações, a fim de tanto. reprimir uma onda de vandalismo, que a assolava. Pacificado estava o Brasil. Caxias e Osório se Restabeleceu a ordem. A diplomacia, exige, todavia, voltaram, então, para as atividades políticas. O que se instaure inquérito e o intrépido soldado ficou primeiro foi eleito Senador e o segundo Deputado à preso um ano. Não houve, entretanto, juiz que o Assembléia Provincial. quizesse julgar. Sendo, em consequência, posto em No dia 11 de maio de 1846 dá entrada no liberdade. velho Senado um novo Senador, que, depois do Em 1835, no solo abençoado do Rio compromisso regulamentar, dirige-se à bancada Grande do Sul, sentinela indormida de fluminense e cumprimenta, ao sentar-se, com todo o nossa fronteira meridional, irrompia, com o respeito, um velho colega que se achava ao lado: ímpeto arrasador do minuano, a Revolução "Bom dia, meu pai." Farroupilha. O velho regente, abraça-o comovido. Pai e Argentinos e uruguaios protegiam abertamente filho Senadores. Fato único em nossa História os revolucionários, o que lhes permitiu que por Política. um decênio, ameaçassem a unidade do império. Osório não se empenha nas lides A luta foi muito árdua. O patriotismo, parlamentares. Pede uma licença e vai cultivar as porém, galvanizou, naquele momento crítico, os suas terras em Arapeí, no Uruguai. Pouco tempo riograndenses em torno de Bento Manuel, e Osório ficou afastado do Exército. Volta e luta bravamente simples tenente é por ele nomeado comandante em Monte Caseiros, também chamado Moron, do seu próprio regimento e da fronteira, não se conseguindo expressiva vitória para as armas deixando envolver pelos ideais de separação da aliadas. Província. Bate-se pela integridade do Império e Caxias, pelo admirável desempenho de reconquista Porto Alegre que se encontrava em Osório, manda-lhe, por intermédio do Coronel mãos revolucionárias. Espíndola, o seguinte recado: "Transmita este Esta luta, que durara quase 10 anos, abraço ao nosso Osório; é o maior guasca da precisava ter um fim honroso. Província que mais naipes ganhou e louros colheu Quem poderia trazer a reconciliação àqueles em Moron; dê-lhe este recado e que disponha de bravos centauros, que se digladiavam havia mais um amigo na Corte." quase um decênio? Quem poderia estancar Dezesseis dias depois da derrota de Rosas, aquele sangue que derramava ingloriosamente? entrava triunfalmente em Buenos Aires. A agitação Quem os poderia unir com justiça e os confraternizar política que aí reinava não lhe permite repouso nem com honra? Quem? O filho querido da Vitória, demorada permanência. Além disso, os intrigantes, como o retratou, então, o Jornal do Comércio: no Brasil, procuravam solapar os seus feitos. A sua Caxias. espada, jamais fora desembainhada senão na Lança as suas tropas, inicialmente sobre defesa do sagrado dever. A infâmia e a intriga foram Portinho e o destroça. Pode, assim, proclamar destruídas. E Osório é nomeado comandante das que a parte ocidental da Província estava livre forças contra Solano Lopez. dos rebeldes. Longe, entretanto, se encontrava o O SR. JOSÉ LINDOSO: – Permite V. Ex.ª um dia de poder anunciar que a paz voltara ao Rio aparte? Grande do Sul. Bate-se com as forças de Canabarro, O SR. PAULO TORRES: – Pois não. Bento Gonçalves, Antonio Neto e outros. Ponche O SR. JOSÉ LINDOSO: – O Senado Verde, Alegrete, Santa Rosa e Peronga são etapas ouve a palavra de V. Ex.ª, na evocação da figura vencidas em busca do grande dia ansiosamente de Osório, com enternecimento, porque, na esperado. O encontro que põe fim à grande galeria dos heróis do nosso Exército, dos luta fratricida não se fere em território Nacional, desbravadores, desde os albores da nacionalidade, e, sim, em território Oriental, à margem direita do daqueles que ajudaram a construir, com civis-

– 172 – mo e coragem, a nossa História, há um lugar raguai. Procuraremos, em poucas palavras, dizer destacado para Osório: ele encarnou todas as de sua ação na maior batalha campal da América nobres virtudes do soldado, ao lado da grandeza do Sul. Tuiuti é uma vitória fundamentalmente humana. O heroísmo em Osório não era só a nossa, muito embora o comandante-em-chefe decisão no campo da batalha, a estratégia nos fosse Mitre. Se os anteriores feitos de Osório campos da guerra, ao lado de Caxias; a fidelidade à não o tivessem já coberto de glórias, a Batalha Pátria naquele desejo de torná-la forte e unida. Era de Tuiuti "haveria de inscrever o seu nome aos tudo isso, nobre Senador, como V. Ex.ª tão bem fatos da nossa história com os inapagáveis está projetando. E mais ainda: o heroísmo em Osório caracteres áureos que a gratidão nacional sabe estava também nos grandes gestos de amor; como fundir." um cavaleiro medieval, ele retrata como ninguém a O SR. RUY CARNEIRO: – Concede-me V. imagem do brasileiro forte, corajoso, fiel à Pátria, Ex.ª a honra de um aparte? (Assentimento do amante da família. Ao reverenciar a sua memória, orador.) V. Ex.ª está falando não em nome do Estado através da palavra autorizada de V. Ex.ª, o Senado que representa, o Rio de Janeiro, mas em nome da faz um gesto de crença no futuro do Brasil, porque Maioria do Senado, depois do aparte do Senador Osório é efetivamente um dos guerreiros da José Lindoso, Vice-Líder do Governo. Quero dizer nacionalidade. que, no momento em que V. Ex.ª exalta uma das O SR. PAULO TÔRRES: – Agradeço, maiores figuras do Exército brasileiro, o grande profundamente sensibilizado, o aparte com que V. Marechal Osório – que, na Guerra do Paraguai, Ex.ª honra minha despretensiosa oração. demonstrou bravura excepcional e conduziu as Eu poderia resumir a vida de Osório dizendo nossas tropas a grandes vitórias –, a Minoria que que ele representa, na História brasileira, um representamos, a nossa Bancada vem, ao lado de cavaleiro sem medo e sem mancha. V. Ex.ª, aplaudir o Exército brasileiro na pessoa Silveira Martins, o famoso tribuno, em artigo dessa grande figura que foi o gaúcho Marechal no Jornal do Comércio, aplaude a escolha do nome Osório. de Osório para comandante das forças contra a O SR. PAULO TORRES: – Agradeço, agressão de Solano Lopes, e o termina com as Senador Ruy Carneiro, a honra que V. Ex.ª me seguintes palavras: " O que é fora de dúvida é que o confere para, mais uma vez, falar em nome do Rio Grande do Sul concorre para a guerra com a Movimento Democrático Brasileiro. maior força de todo o Império... e não tolera outro Na batalha do Avaí, Osório tomba gravemente General que não seja Manoel Luiz Osório, ou o Exmo ferido na face, a bala, por um paraguaio tocaiado, na Sr. Marquês de Caxias." retaguarda. O seu desempenho na Guerra do Paraguai A 11 de janeiro de 1877, é escolhido pela foi magistral. Ninguém o excedeu em bravura. É Princesa Isabel, Regente do Trono, na ausência de agraciado em 1866, com o título de Barão do Herval, seu augusto pai, para Senador do Império pela "com louros de grandeza em sua vida, para distingui- Província de S. Pedro do Rio Grande do Sul. Foi lo e honrá-lo em sua qualidade de comandante-em- recebido entusiasticamente no Rio de Janeiro pelo chefe do Exército Imperial em operação contra a povo que delirantemente o ovacionava, e, no velho República do Paraguai." Senado, um dia proclamou: "A farda não abafa o Esse título nobiliárquico lhe foi conferido por cidadão no peito do soldado." haver Osório descoberto, em 1857, riquíssimos Em 5 de janeiro de 1878 é convidado pelo ervais e os célebres Campos das Vacas Brancas, Conselheiro Sinimbu para Ministro da Guerra. A sua entre os rios Cumandaí e Pindaí. gestão à testa do Ministério, embora doente, foi Precisaríamos de muito tempo para muito profícua. descrever o desempenho do intrépido No dia 4 de outubro, sentindo Marquês do Herval na Guerra do Pa- aproximar-se os últimos lampejos de vida,

– 173 – dá um último conselho: "quem escreve deve fazê-lo recebemos com satisfação e alívio a informação de pela Pátria." que as forças extremistas da esquerda tinham Termina, pensando na Pátria, quem sofrido um revés capaz de proporcionar ao Partido devotadamente a serviu durante toda a vida. do Centro a possibilidade de, mais uma vez, formar o Extinguia-se uma das mais valiosas personalidades, Governo. símbolo de um povo, orgulho de uma raça, síntese Mas, particularmente, a nós os que de uma época – um dos ínclitos soldados do pertencemos ao Movimento Democrático Brasileiro, Brasil, aquele que a Providência Divina permitiu é cara esta notícia, porque somos daqueles que não que elevasse o lábaro estrelado a culminâncias perderam jamais a fé nos processos democráticos do inatingíveis. Desaparecia, materialmente, o bravo Governo, na obediência à Constituição, no regime dos bravos, a Lança do Império e, assim, penetrava, das leis. serenamente no seio de Deus, o Marechal Neste particular, não resistimos a fazer Manoel Luiz Osório, Marquês do Herval. Tenho dito. comparação com o que se passa em nosso País. (Muito bem! Muito bem! Palmas. O Orador é Embora sem aprofundá-las, desejamos, entretanto, cumprimentado.) precisar bem a nossa esperança de que o nosso O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – País retorne, mais breve do que muitos supõem, aos Concedo a palavra ao nobre Senador Danton seus destinos democráticos. Preservamos, nós do Jobim. MDB, com o maior carinho, a chama dessa O SR. DANTON JOBIM (sem revisão do esperança, procurando vencer as decepções, o orador.): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, os desalento que momentaneamente nos assaltam, jornais de hoje dão conta de um acontecimento que como demonstramos através da Convenção nos deve encher de júbilo. O resultado das eleições Nacional do Partido recém-reunida nesta Capital. italianas mostraram mais uma vez que mesmo as Que se dizia, Sr. Presidente, a respeito dessa crises mais profundas, nas democracias, podem ser Convenção? Que seria um completo fracasso; solucionadas pela consulta direta às urnas. que os nossos companheiros do interior do Brasil Longas demarches de bastidores vinham já estavam tão desalentados pela Emenda fazendo para dar um fim à crise italiana – crise Constitucional que convertia o voto direto em tão grave, que provocou em jornais da Península indireto, na eleição de governadores, que – afirmava- o comentário de que o regime estava se, aqui não compareceriam pois não tinham mais irremediavelmente condenado, e que a Itália, nessa estímulos para participar das atividades políticas; hora, era um país ingovernável. Pois bem, Sr. que queriam abandonar as trincheiras, pela absoluta Presidente, a verdade é que se abriram perspectivas impossibilidade de continuar a luta. de uma coalisão, de uma abertura, seja para a Mas, o que se deu, Sr. Presidente, foi direita, seja para a esquerda, mas que tornará justamente o contrário desse prognóstico sombrio. possível manter-se como principal partido político o Tivemos uma Convenção cheia. Vieram para cá, de tradicional Partido Democrata Cristão, o partido típico todos os cantos do País, cerca de 300 da classe média italiana, que tem conduzido os convencionais. Toda a bancada federal e as destinos da nação de maneira surpreendentemente bancadas estaduais estiveram expressivamente eficaz, depois do desastre que foi a intervenção do representadas na Convenção. país na guerra e das tremendas dificuldades que De E surgiu, a certa altura, a convicção de Gasperi teve de enfrentar para reconduzir a nobre que, se todos esses nossos companheiros nação italiana ao concerto das nações livres. faziam ponto de honra de, com grande sacrifício, Poderíamos até dizer que todos virem a Brasília prestigiar a assembléia nós, no Senado, sem distinção de partidos, máxima do seu Partido, era porque êles não

– 174 – endossavam aquelas teses que pessoalmente toridade moral, nosso antigo Presidente, e hoje tivemos ocasião de combater aqui como a da Presidente de Honra do Partido: "lutar até o último autodissolução do Partido e do boicote das próximas vereador". eleições municipais. Sem dúvida, esse foi um fato expressivo, O que acontece é que o MDB está-se auspicioso, alentador. concentrando sobre si mesmo, enfeixando todas as O SR. JOSÉ LINDOSO: – Permite V. Ex.ª um suas forças, para vencer a adversidade e para aparte? chegar a uma revisão de seus métodos de ação no O SR. DANTON JOBIM: – Com muito prazer. sentido de atualizá-los e de formular uma estratégia O SR. JOSÉ LINDOSO: – Há poucos dias, em que esteja rigorosamente adaptada aos duros conversa política conosco, V. Ex.ª observava que, no tempos que vivemos. decurso dos trabalhos deste ano, estávamos mais Divergências houve; não tivemos, certamente, tranquilos. E eu dizia a V. Ex.ª que sempre fui um uma convenção tranqüila. Ao contrário, os dissídios homem tranquilo e a tranquilidade, no caso não se se manifestaram, as opiniões discordantes vieram à refletia somente na minha pessoa. Era dado geral luz do dia, as discussões se travaram abertamente, que eu poderia dizer, agora, era um dado nacional – com franqueza por vezes exacerbada, num encontro a tranquilidade da vida brasileira. V. Ex.ª, com como esse, mas ao fim de tudo, a lição que se tirou a autoridade de liderança está informando à do acontecimento que foi a Convenção oposicionista, Nação, como decorreram os trabalhos da Convenção não pode ter sido senão a de que o Partido quer Nacional do MDB. Assinala as divergências e mostra perseverar na luta. que, no calor das divergências, fundiu-se no bronze Desejo recordar, nesta tribuna, conceitos do ideal da maioria o desejo de luta e de servir à emitidos pelo nosso eminente Presidente, o Pátria. Daqui, do Senado, também já foi informado à Deputado Ullysses Guimarães, no discurso de Nação como decorreu a Convenção Nacional encerramento da nossa Convenção: da ARENA, num clima de entusiasmo e de "Luta-se" – diz S. Ex.ª textualmente – "como responsabilidade, onde, no desdobrar dos trabalhos, se pode, não como se quer. Não é desonra na luta foram elaborados documentos importantíssimos, ser fraco ou desarmado. Desonra é não lutar, fugir, como o novo Estatuto, o Código de Ética, a Carta jogar as armas no chão. Como disse o nosso de Princípios. Diria a V. Ex.ª, como político, que extraordinário Presidente de Honra, o Senador Oscar nesta tarde, ao encontro das palavras de V. Ex.ª, Passos: no alerta da nossa consciência cívica, estamos "Devemos lutar, e lutar até o último vereador". de parabéns, nós da ARENA, V. Ex.ª e os Pois bem, Sr. Presidente, num dos Estados correligionários do MDB. Como políticos, estamos onde se respirava uma atmosfera densa de dando nossa parcela para a construção do País, indignação entre os oposicionistas, de enérgico para o desenvolvimento do processo político. repúdio a medida do Governo que restabelecia Temos estado sempre a chamar a atenção para a as eleições indiretas, Estado onde numerosos circunstância de que o problema político se divide municípios se manifestaram logo pela tese da em dois aspectos, quais sejam, o da abertura política não-participação nas eleições municipais, agora, e o do desenvolvimento político, tese esta colocada há poucos dias, acaba de reunir-se uma com clarividência pelo nobre Senador Antônio Carlos Convenção regional, na qual, por maioria no seu brilhante e erudito parecer sobre a proposta expressiva, nossos valorosos Companheiros de Emenda das Eleições Indiretas. Estamos gaúchos decidiram-se pela continuação da luta. construindo o desenvolvimento político, quando Decidiram, exatamente, obedecer ao lema persistimos na defesa das nossas prerrogativas de que nos transmitia, com sua enorme au- políticos; na consciência de nosso dever de servir à

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Nação, estamos dando nossa contribuição – V. Exas traumatizou as consciências emedebistas, porque através de críticas lúcidas e honestas ao Governo, e nos julgávamos, e nos julgamos ainda, as grandes nós, da ARENA, com nosso apoiamento, nosso vítimas e o alvo principal da Emenda Constitucional entusiasmo à obra do Governo, que se desdobra no nº 2. afã incontido de servir ao povo, com sacrifício, mas Parecia que se estava voltando – e foi na sempre com grandeza, com ânimo alevantado de que verdade um retrocesso, em nossa opinião – àquele todos estamos empenhados na construção de tempo das punições aplicadas a elementos da um Brasil grande, de um Brasil forte, de um Brasil Minoria com a finalidade mais que evidente de independente. Cumpramos, portanto, os nossos impedir que a Oposição manifestasse o seu poderio deveres: a nobre Oposição não se arredando da luta, eleitoral. Pareceu a muitos que estávamos voltando criticando, colocando com grandeza os problemas, ao tempo em que se cassavam mandatos de naquela mesma perspectiva que marca os homens que Deputados Estaduais às vésperas de eleições sabem lutar com heroísmo, na defesa da nobreza das indiretas, como aconteceu no Rio Grande do Sul, em idéias: e cumpramos nós, defendendo nossas idéias na que a maioria do MDB, na Assembléia, foi, da noite consciência absoluta de que estamos servindo à Pátria, para o dia, transformada em minoria por um passe apoiando o Govêrno do Presidente Médici. de mágica. O SR. DANTON JOBIM: – Muito obrigado Mas, Srs. Senadores, não somos inveterados pelo depoimento de V. Ex.ª. Reportando-nos, ainda, pessimistas. Achamos que Sr. Presidente da à nossa Convenção, devemos salientar que os dois República, se deu este passo que condenamos, não grandes documentos que ali se votaram, o Código de pode, entretanto, abrigar no seu íntimo o desejo de Ética e o Programa do Partido, foram amplamente prosseguir nesse caminho indefinidamente. Temos debatidos. No caso do Programa partidário, houve o quase que a certeza de que aqueles que detêm o cuidado especial de colocar na Comissão que ia comando ostensivo ou não do País, no terreno elaborar o projeto dois dos mais brilhantes membros político, sabem que este não é o caminho certo. do chamado Grupo dos Autênticos: o Deputado Pode ser um expediente, um recurso para superar Freitas Nobre e o Deputado Marcos Freire. uma situação difícil, mas não é a solução do Assim, quanto às idéias básicas a serem problema básico que a institucionalização da defendidas pelo nosso Partido, quanto às grandes Revolução. teses que nortearão a sua conduta, conseguimos O SR. JOSÉ LINDOSO: – Permite V. Ex.ª um realmente a unanimidade. Os aplausos com que foi aparte? recebida a aprovação do programa demonstram, O SR. DANTON JOBIM: – Com prazer. sem dúvida, que os representantes do MDB naquela O SR. JOSÉ LINDOSO: – Apenas para pedir convenção traziam de seus rincões um mandato sem a V. Ex.ª que retire o "quase", pois pode ter certeza cláusulas, mas que os obrigavam implicitamente a de que a preocupação dos homens do Governo é de cerrar fileiras em torno daquele elenco de idéias conduzir, da melhor maneira, esta nossa admirável que, no fundo, correspondia às convicções de Nação. todos, atestando a nossa coerência, mas abrindo O SR. DANTON JOBIM: – Nunca eu estive perspectivas para que, no futuro, se fizessem tão desejoso de não ter razão, de cometer um aberturas para outras teses válidas, dentro ou fora erro ao emprego dessa pequena palavra do campo estritamente político. que introduz um grão de dúvida nas intenções do Entretanto, quero assinalar ainda a Governo. expressividade da conduta do nosso O SR. JOSÉ LINDOSO: – V. Ex.ª me permite? Partido na discussão e na votação (Assentimento do orador.) Era exatamente formal da Emenda Constitucional nº 2, que a dúvida de V. Ex.ª porque, em consciência, V. Ex.ª

– 176 – acredita, como toda a Nação, nos propósitos e na O SR. JOSÉ LINDOSO: – Grande mérito sinceridade do Sr. Presidente da República. político da emenda. O SR. DANTON JOBIM: – Nunca o neguei. O SR. DANTON JOBIM: – Não houve Tenho o maior apreço pela figura do General necessidade sequer de fixar-se à questão de usar o Emílio Médici. Como jornalista testemunhei alguns bengalão da fidelidade partidária. Não houve a episódios que ilustram bem a resistência de S. Ex.ª menor recomendação, da parte dos dirigentes em aceitar o encargo. S. Ex.ª deu a tarefa que lhe foi do nosso Partido, no sentido de que seus posta sobre os ombros com um "sentido de missão", representantes se opusessem, de maneira vigorosa, como declarou logo depois de sua posse. No fundo, à emenda para cá enviada pelo Sr. Presidente da o Sr. Presidente da República, que é um homem dos República. Pampas, que provém politicamente – quando menos Quanto ao Rio Grande do Sul – permita-me V. sua família – daquele velho tronco maragato, deseja Ex.ª que eu volte de novo meu pensamento para concluir o seu Governo já com o esboço, pelo este Estado, a que estou ligado por grandes laços de menos, de uma estrutura democrática e estável para afeição e de família – quanto ao Rio Grande do Sul, as instituições do País. Quero frisar, todavia, que o acho admirável o exemplo que ele agora nos dá. A nosso comportamento em relação à Emenda decisão da Convenção do MDB deve ser recebida Constitucional nº 2, mostrou a nossa unanimidade, com simpatia pela ARENA, pelo Sr. Presidente da quando todos nós, sem exceção de um só, República e pelos dirigentes da Revolução, se ainda pronunciou vigorosamente o não, na votação da sobrar, nessas alturas, alguma sensibilidade política. medida. O SR. JOSÉ LINDOSO: – Certamente, mais O SR. JOSÉ LINDOSO: – V. Ex ª me permite que simpatia, com aplausos, porque gostamos de ver uma complementação? os lutadores no campo de luta. O SR. DANTON JOBIM: – Pois não. O SR. DANTON JOBIM: – Srs. Senadores, O SR. JOSÉ LINDOSO: – Toda a conduta do eu não desejaria assistir a reabertura daqueles MDB, no curso da discussão e votação da processos punitivos de inspiração política nas Emenda Constitucional nº 2, revelou mais do vésperas dessas eleições. Não desejaria, por que unanimidade. Mesmo pelas palavras mais exemplo, que se realizasse o negro vaticínio – que flamejantes dos seus líderes, revelou maturidade e anda sendo boquejado nos bastidores do Congresso interesse em torno do Brasil. Revelou um índice de – de que seriam declarados áreas de segurança liberdade e de firmeza, na composição política do nacional numerosos municípios onde o MDB tem Brasil. Nós, da ARENA, ficamos sempre, e de modo incontestável maioria. Não quero, Sr. Presidente, singular, honrados com a divergência, a crítica e a acreditar que isto aconteça. oposição feita pelo MDB, que possibilitaram, no O SR. JOSÉ LINDOSO: – V. Exª me permite caso, escrevêssemos, através da manifestação das um esclarecimento? nossas idéias, páginas de profundo interesse pelos O SR. DANTON JOBIM: – Pois não. destinos do nosso Pais. O SR. JOSÉ LINDOSO: – V. Ex.ª há de ver O SR. DANTON JOBIM: – Muito obrigado a V. que o problema de segurança nacional não se Ex.ª pelo aparte que muito nos honra, e é muito liga, absolutamente, com o problema de punição expressivo, partindo de um homem público da política. V. Ex.ª sabe que o Presidente da altitude do nobre colega. República, por suas palavras, em visita ao Estado Ali não havia mais os famosos "autênticos" e do Espírito Santo, num episódio que a imprensa "moderados." Aparecemos rigorosamente unidos, noticiou, declarou que o meio político estava coesos, solidários. saneado e que não necessitava mais de usar de

– 177 – nenhum instrumento específico de repressão ao tico Brasileiro. Era exatamente esse sucesso que o meio político. A Revolução caminha, e o objetivo Governo pretendia, era exatamente esse sucesso da Revolução, nobre Senador, é construir uma que a Bancada da Aliança Renovadora Nacional sociedade aberta, com valores éticos e democráticos nesta e, quero acreditar, na outra Casa do definidos. V. Ex.ª creia que o Presidente da Congresso também desejavam. Só lamento que não República, vigilante aos interesses da Pátria, jamais estejam ouvindo V. Ex.ª agora, os nobres Senadores usaria de um expediente sobre segurança nacional Amaral Peixoto e Nelson Carneiro, Líder da sua para ferir ou atingir possíveis vitórias do MDB. Para Bancada. O Senador Nelson Carneiro, ao criticar a quem não estiver em condições de disputar emenda constitucional, dela dissera, como se um AI- eleições, há a lei das inelegibilidades, e quem estiver 6 fosse, que dela em diante nada mais restava: ou se realmente infringindo princípios de segurança abandonava a luta agora, ou se abandonaria no fim nacional será atingido pelo sistema legal para do mandato. O sucesso esplêndido, de que V. Ex.ª ser colocado fora da luta política. O problema de dá conta à Casa, o da realização da Convenção do municípios de segurança nacional está vitalmente Movimento Democrático Brasileiro, veio provar que ligado ao problema de preservação da segurança não era hora de anunciar pessimismos, e que está nacional, sem qualquer conotação política no terreno aceso o espírito de luta do Movimento Democrático em que V. Ex.ª o coloca. Eu não tenho nenhum Brasileiro. Nós, do Governo, queremos exatamente mandato especial para dar este esclarecimento, mas, isto: o diálogo; que V. Ex.ª, com o brilho da sua minha consciência e o bom senso me autorizam a inteligência e com a sua experiência possa vir fazê-lo. discutir os nossos problemas, como sempre os O SR. DANTON JOBIM: – Nós também, discutiu, num plano alto, num plano sério, para nobre Colega, compreendemos se coloque na ensejar que respondamos também num plano sério. sua devida prioridade o problema da segurança Quando V. Ex.ª diz, por exemplo, no seu belíssimo nacional. E achamos que as razões ditadas discurso, que não gostaria de que a ampliação das pela segurança nacional devem ser colocadas de áreas de segurança nacional fosse dar ensejo, ou maneira tão alta, tão inacessível às críticas de evitar que o Movimento Democrático Brasileiro quem quer que seja, que não desejamos que vencesse nesta ou naquela cidade deste imenso essas razões se convertam em artifícios ou país, V. Ex.ª colocou muito bem o problema, no expedientes, para se evitar que o MDB consiga tempo condicional – não gostaria. V. Ex.ª não se vencer eleições municipais, quer no Rio Grande sente e nem se sentiria em condições de dizê-lo em do Sul, quer noutros Estados. Este é o sentido da tom que não o condicional, porque V. Ex.ª tem minha observação. certeza de que o eminente Presidente Médici, Vou terminar, entretanto, Sr. Presidente. que sempre jogou com as cartas na mesa e que Alonguei-me mais do que desejava. Fui honrado por sempre fez o jogo da verdade, deu demonstração apartes dos nobres Colegas, e não podia deixar de a mais efetiva e mais cabal de que não precisaria dar-lhes a devida atenção. S. Ex.ª de recursos tais, para obter maioria neste O SR. OSIRES TEIXEIRA: – Permite V. Ex.ª ou naquele município do Brasil. E V. Ex.ª há também um aparte? de convir comigo que as eleições indiretas não O SR. DANTON JOBIM: – Com muito prazer. foram, nem de leve, aquilo que V. Ex.ª teria sugerido O SR. OSIRES TEIXEIRA: – Eu me permito nas entrelinhas do seu pronunciamento: o receio cortar o raciocínio de V. Ex.ª; já que V. Ex.ª de evitar a manifestação eleitoral do povo brasileiro anunciou que iria terminar sua brilhante nas urnas. Não, Excelência. A demonstração oração, eu não poderia deixar de associar- evidente do poderio eleitoral da Aliança Renovadora me com V. Ex.ª na sua alegria pelo sucesso Nacional está presente no Senado da República, da Convenção do Movimento Democrá- com o seu número de representantes; está

– 178 – presente na Câmara dos Deputados com o seu aquela do passado, geralmente negativista, porque expressivo número de representantes. Essa é a alimentava sempre a intenção de mudar, mesmo demonstração eficaz da posição eleitoral da Aliança pela força, a situação estabelecida, violar se preciso Renovadora Nacional. No terreno das cogitações, a legitimidade dos governos para conseguir a posse no terreno das suposições, no terreno das do poder. O MDB sabe que o quadro mudou. E creio condicionais, seria o caso de eu dizer a V. Ex.ª: eu não exagerar ao dizer que a Oposição se dispõe a gostaria de que a eleição fosse direta, para ver se o cooperar com o Govêrno – eu usaria mesmo uma Movimento Democrático Brasileiro conseguiria eleger palavra que se tornou odiosa desde a Segunda o Governador do Estado da Guanabara. Muito Guerra Mundial – a colaborar com o Governo, sem obrigado a V. Ex.ª. adesismos, no terreno do aprimoramento das O SR. DANTON JOBIM: – Agradeço o aparte instituições democráticas. Jamais criaríamos do nobre Senador por Goiás, mas devo dizer a S. quaisquer embaraços a uma deliberação clara do Ex.ª que fiz uma referência ao caso concreto do Rio Governo saído da Revolução no sentido de chegar- Grande do Sul, do episódio da eleição em que se à democracia plena, à plenitude democrática que figurou como candidato do MDB, até às vésperas do se não nos prometeu, pelo menos nos fez entrever o pleito, um homem excepcional, dos mais eminentes Sr. Presidente da República. e queridos do Estado, que era o Dr. Cirne Lima. Essa meta não é apenas nossa, não é Mas, devo dizer também a S. Ex.ª que, se monopólio do Governo, essa meta é também a do somos poucos aqui no Senado, apenas sete... nosso Partido, do Partido da Oposição, e, sabemos O SR. OSIRES TEIXEIRA: – Permita V. Ex.ª. bem, do próprio Partido majoritário, que Apenas só um detalhe: poucos, mas valorosos; evidentemente deve desejar, tanto quanto nós, que destemidos e tremendamente importantes para a nossa vida política se normalize, que o mundo vida democrática da Nação. político brasileiro volte a atuar e a ser ouvido em O SR. DANTON JOBIM: – Obrigado a V. Ex.ª. todas as decisões vitais para o nosso País. Mas, se somos poucos aqui, no Senado, deve- Termino, pois, com uma palavra de otimismo. se, em grande parte, essa circunstância ao fato de Já disseram, aliás, que sou um incorrigível que os processos eleitorais utilizados no Brasil otimista. Prefiro ser assim, porque isso decorre depois da Revolução de 64 ainda não atingiram da minha absoluta confiança no evoluir dos aquele aprimoramento, como gostava de dizer acontecimentos. A história caminhará no sentido o Marechal Castello Branco, que certamente teria de maior abertura para o sistema democrático atingido, se tivesse havido o desejo, realmente, representativo; mesmo através das transformações vigoroso e profundo, de cumprir um dos propósitos que se verificaram na ciência e na arte política que da Revolução: restituir às instituições democráticas o nos obrigam a rever conceitos do passado, a seu prestígio; dar ao Congresso as garantias do verdade é que o destino do homem é ser livre. seu funcionamento autônomo e garantir ao povo a Quando Osório, – hoje foi brilhantemente manifestação da sua vontade, porque sem isto não lembrado através de um discurso do nobre Senador seria possível, evidentemente, assegurar a prática Paulo Tôrres, – se dirigiu aos seus comandados na do sistema democrático representativo, como era Batalha do Tuiuti, quais foram as suas palavras? prometido ao país pelos fundadores da Revolução. "Soldados, é fácil comandar homens livres, basta De maneira que o que quero agora mostrar-lhes o caminho do dever. O inimigo está ali." dizer, para terminar, é que a Oposição de No episódio, era realmente inimigo. Hoje, o objetivo hoje já não está disposta a ser dos homens livres é a plenitude democrática,

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é a Democracia perfeitamente estabilizada no nosso Tive com ele também o mesmo convívio que V. Ex.ª País, é a Constituição colocada acima de todas está agora relatando, convívio esse com um homem as Leis e o Governo subordinado, escravizado à de escol, ilustre militar, que, no exercício de sua servidão gloriosa da Lei. elevada missão, muito contribuiu para a segurança e Era isso, Sr. Presidente, que eu queria dizer a harmonia em nosso Estado. Aproveito o momento neste momento, a respeito de fatos que julgo de para dizer que fui apresentado ao General Souto importância histórica e imaginei seria interessante Malan pelo General Castello Branco, Presidente da registrar nos Anais da nossa Casa. (Muito bem! República, que enalteceu as suas qualidades, Muito bem! Palmas.) dizendo-me que o considerava como um irmão. O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Chegou a dizer-me: "– Apresento-o como se fosse Concedo a palavra ao nobre Senador Benjamin eu próprio; de modo que só não faço maiores elogios Farah. (Pausa.) ao General Souto Malan porque sinto que estou S. Ex.ª não está presente. elogiando a mim mesmo". Assim, é-me grato dizer Tem a palavra o Sr. Senador Lourival Baptista. que dele tenho também a melhor das impressões, e O SR. LOURIVAL BAPTISTA: – Sr. estou certo de que, mesmo fora do Exército, o Presidente, Srs. Senadores, convidado que fui, General Malan continuará prestando os melhores compareci hoje ao Salão Nobre do Quartel General serviços ao País, dado o seu patriotismo, a do Estado-Maior do Exército, à transmissão de sua cultura e o seu desejo de ver nossa Pátria comando, do General Alfredo Souto Malan ao engrandecida. General Breno Borges Fortes. O SR. LOURIVAL BAPTISTA: – Agradeço a Deixou assim hoje, a chefia do Estado-Maior V. Ex.ª, eminente Senador Magalhães Pinto, o aparte do Exército e, simultâneamente, o serviço ativo do com que acaba de honrar o meu pronunciamento. Exército o General Alfredo Souto Malan, após quase As palavras de V. Ex.ª constituem um valioso cinqüenta anos de serviços prestados ao Brasil. depoimento que bem demonstra quem é o grande Não poderia, Sr. Presidente, deixar de registrar o brasileiro e grande militar a quem presto minha acontecimento nesta Casa, amigo e admirador que homenagem a que V. Ex.ª se associa. sou desse ilustre militar. Alcançando a idade limite para permanência Quando o General Souto Malan exerceu o no Serviço Ativo, o General Souto Malan deixa comando do IV Exército, estava eu na chefia agora o Exército a que serviu de forma tão dedicada, do governo de Sergipe. Tive, assim, oportunidade de inteligente, leal e patriótica, levando consigo manter permanente contato com ele, tornando-me o sentimento do dever cumprido – honra máxima testemunha do patriotismo e senso de dever com dos que bem serviram à Pátria. Nenhuma dúvida que exercia suas funções. Inevitável se tornou que a tenho de que sua presença continuará na admiração se transformasse em amizade, da qual corporação a que tanto deu de si, exemplo de muito me honro. soldado e patriota que será para todos que o O SR. MAGALHÃES PINTO: – Permite V. sucederão no tempo. Ex.ª um aparte? Sr. Presidente, com mais precisão do que eu, O SR. LOURIVAL BAPTISTA: – Com muito fala sobre o grande brasileiro que é o General-de- prazer. Exército Alfredo Souto Malan a folha de serviços O SR. MAGALHÃES PINTO: – Permito- que, em sua longa e bela carreira, prestou ao me interromper V. Ex.ª para dizer também Brasil, no exercício de cargos e funções os mais do meu apreço e da minha admiração pelo diversos, em numerosos recantos do território General Souto Malan, que foi Comandante da brasileiro. Eis porque faço parte integrante desta IV Região Militar, quando eu era Governador. minha fala, o Curriculum Vitae desse chefe militar,

– 180 – que ora se retira para a vida privada, cercado do – General-de-Divisão em 25 de julho de 1964, respeito e da amizade de seus camaradas, sentimento por escolha. a que juntamos, nesta oportunidade, nosso preito de – General-de-Exército em 25 de março de admiração e estima, fazendo constar de nossos Anais 1968, por escolha. a expressiva folha de serviços prestados ao Brasil por um de seus mais ilustres filhos. Curso que possui: Sr. Presidente, nos termos do item 1º, do art. 234 do Regimento Interno, solicito a V. Ex.ª que o – Formação na Escola Militar do Realengo. curriculum vitae do General Alfredo Souto Malan seja – Comunicações no então Centro de Instrução publicado como parte integrante do meu discurso. de Transmissões. (Muito bem! O orador é cumprimentado.) – Aperfeiçoamento de Oficiais na então Escola das Armas. DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. – Comando e Estado-Maior do Exército na SENADOR LOURIVAL BAPTISTA EM SEU DISCURSO então Escola do Estado-Maior do Exército. – Superior de Guerra, na França. MINISTÉRIO DO EXÉRCITO – Superior de Guerra, na Escola Superior de Guerra do Brasil. ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO

mo Cargos e funções: "Curriculum Vitae" do Ex Sr. General-de- Exército Alfredo Souto Malan – Estagiou como Aspirante no 3º Batalhão de Engenharia em Cachoeira do Naturalidade: Pôrto Alegre – RS Sul; Data do Nascimento: 8 de junho de 1908 – Oficial Subalterno no 1º Batalhão Ferroviário Filiação: Alfredo Malan D'Angrogne e em Jaguarão, na 1ª Companhia Ferroviária, em Clementina Souto Malan Deodoro, e no 1º Batalhão de Engenharia, na Vila Data de Praça: 7 de abril de 1924 Militar; Aspirante a Oficial: 19 de janeiro de 1929, na – Instrutor no então Centro de Instruções de Arma de Engenharia Transmissões; Promoções: – Instrutor na Escola Militar do Realengo; – Adjunto na Secretaria-Geral do Conselho de – 2º Tenente em 25 de julho de 1929, por Segurança Nacional; antiguidade. – Oficial de Estado-Maior do Quartel-General – 1º Tenente em 19 de fevereiro de 1931, por da 3ª Região Militar; antiguidade. – Adjunto do Adido Militar em Washington; – Capitão em 2 de outubro de 1934, por – Instrutor da então Escola de Estado-Maior antiguidade. do Exército; – Major em 25 de dezembro de 1942, por – Adjunto do Departamento de Estudo da merecimento. Escola Superior de Guerra; – Tenente-Coronel em 25 de dezembro de – Comandante do Batalhão Escola de 1946, por merecimento. Engenharia (Batalhão Visconde de Taunay); – Coronel em 25 de setembro de 1952, por – Oficial de Gabinete do Ministro Cyro do merecimento. Espírito Santo Cardoso; – General-de-Brigada em 25 de novembro de – Subcomandante da Academia Militar das 1960, por escolha. Agulhas Negras;

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– Chefe de Seção do Estado-Maior das Forças – Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis; Armadas; – Grande Oficial da Ordem do Mérito Militar do – Chefe do Estado-Maior da 7ª Região Militar Paraguai. e 7ª Divisão de Infantaria; O SR. PRESIDENTE. (Carlos Lindenberg): – – Chefe do Estado-Maior do IV Exército; Concedo a palavra ao nobre Senador Adalberto – Chefe de Gabinete do Estado-Maior do Sena. (Pausa.) Exército; S. Ex.ª não está presente. – Subchefe do Exército, no Estado-Maior das Concedo a palavra ao nobre Senador Benedito Forças Armadas; Ferreira. (Pausa.) – Comandante da Academia Militar das O SR. BENEDITO FERREIRA (sem revisão Agulhas Negras; do orador.): – Sr. Presidente, lamentando a – Comandante da 4ª Região Militar e 4ª ausência do Senador Franco Montoro para que Divisão de Infantaria; pudesse ouvir e debater conosco, especialmente – Diretor-Geral de Engenharia e nesta altura do nosso pronunciamento, quando Comunicações; entramos no mérito da questão, quando passaremos, – Comandante do IV Exército; a examinar documentos que contestam, de fato, as – Chefe do Departamento de Provisão Geral assertivas com que S. Ex.ª embasou o seu discurso do Exército; do dia 26 próximo passado, discurso esse que – Chefe do Estado-Maior do Exército. interpretei como motivador de descontentamento e ampliador de angústia no meio de nossos Condecorações: assalariados. Contudo, Sr. Presidente, aqui estou para com – Medalha de Guerra; V. Ex.as, examinar as anotações que trago, e – Medalha Militar Passador de Platina; compulsá-las se for o caso, se for o entendimento da –Medalha do Pacificador; Casa, com os Anuários Estatísticos do IBGE, que – Medalha Marechal Hermes – Aplicação e aqui estão para embasar a nossa fala. Estudo – Passador de Ouro, com uma coroa; Assim sendo, devo dizer a V. Ex.as que a – Grande Oficial da Ordem da Inconfidência – vida efêmera que muitas idéias e filosofias têm Minas Gerais; tido através dos tempos, sempre teve uma só – Grã-Cruz da Ordem do Mérito Militar; explicação. Resistem pouco, em virtude da – Grande Oficial da Ordem do Mérito inautenticidade dos seus pregoeiros, que o fazem Aeronáutico; sem exercitá-los. – Medalha Especial da Junta Interamericana Daí o princípio de que ninguém pode pregar de Defesa; uma doutrina sem vivê-la em toda a sua plenitude. – Oficial da Ordem Nacional da Legião de Exemplo mais que eloqüente, bem sido o Honra da França; desesperado Revisionismo no mundo comunista, a – Comendador da Ordem Nacional do Mérito cada instante, em que pesem os segredos com que da França; procuram cercar os seus fracassos, a imprensa tem – Grande Oficial da Ordem do Mérito Naval; noticiado os famosos expurgos. E, a raiz, a causa, – Ordem do Mérito Militar de 1ª Classe de inegavelmente é sempre a mesma. Buscam o Portugal; chamado "Paraíso do Proletariado", mas nenhum – Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco; dos seus filósofos ou idealizadores foi ou viveu a – Medalha Marechal Trompowsky; vida simples do trabalhador.

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Vejamos: O SR. JOSÉ LINDOSO: – Nobre Senador, V. KARL MARX – filósofo, sociólogo, economista Ex.ª está simplesmente alinhando as verdades e político. verdadeiras contra as verdades fugazes que, por FRIEDRICH ENGELS – filho de um industrial vezes, apresenta o nobre Senador Franco Montoro. luterano; quando conheceu Marx, a êle ligou-se para Agradecido a V. Ex.ª dedicar-se à política. O SR. FRANCO MONTORO: – Permite V. LENINE – estudante de direito, e como tal, Ex.ª um aparte? ligou-se ao marxismo e à política. O SR. BENEDITO FERREIRA: – Com muito Ora, Sr. Presidente, àquela época sabemos prazer, nobre Senador Franco Montoro. Aliás, eu todos, os que atingiam as Universidades – ainda .deplorava, ainda há pouco, a ausência de V. Ex.ª hoje é assim mas àquele tempo de maneira especial O SR. FRANCO MONTORO: – Cheguei – eram só os abastados que o conseguiam. E exatamente no início do discurso de V. Ex.ª, porque como se vê, nenhum dos três grandes teóricos eu estava sendo chamado para uma ligação do Comunismo teve origem humilde, exerceu interurbana. Mas ouvi o começo do discursa de V. profissão assalariada ou viveu a vida do Ex.ª e aguardo a apresentação dos dados objetivos operário. para responder a eles. Outro exemplo de fracasso, por falta de O SR. BENEDITO FERREIRA: – autenticidade dos líderes, foi sem dúvida, o Perfeitamente! trabalhismo no Brasil, o qual, dirigido por "pelegos", O SR. FRANCO MONTORO: – V. Ex.ª tem antes de resolver os problemas do assalariado, uma insistência sempre que toca no problema: ao agravou-os ao ponto em que foi encontrado em invés ao discutir o salário-mínimo, começa a falar em 1964, aumento de 100% nos salários e uma inflação comunistas, em trabalhistas e praticamente, quero de 12,5% ao mês. dizer claramente, isso significa fugir do assunto. De outro lado, Senhor Presidente, aí está o Quando se tem bons argumentos, devem eles ser MDB arvorando-se em defensor dos assalariados e, apresentados. Comunismo nada tem a ver com o por falta de autenticidade, por fazer críticas que eu disse. Se V. Ex.ª quer estabelecer confusão, infundadas, a cada pleito vai perdendo substância e tem a minha declaração clara: poucos são os distanciando-se cada vez mais do poder. homens mais adversários do Comunismo do que eu. Com estas considerações, Senhor Presidente, O SR. BENEDITO FERREIRA: – A pressa passemos a examinar objetivamente o "estudo" sempre.foi uma característica de V. Ex.ª. Daí por que da DIEESE, que, por certo, foi elaborado por V. Ex.ª labora sempre em equívocos. Eu tenho pessoas que sempre viveram num mundo diferente dados. Feita a ressalva, de que V. Ex.ª sempre se daquele que realmente vive o assalariado, por caracterizou pela pressa, quero dizer que por isso V. pseudo-lideres que, dominando ainda órgãos Ex.ª esboça, como disse no preâmbulo do meu sindicais, antes de buscarem soluções, procuram discurso, dados menos verdadeiros. Exatamente criar dificuldades ao Governo, e, por conseqüência, pela pressa de V. Ex.ª. ao povo. Quero crer que V. Ex.ª... Faço esta afirmação, Senhor Presidente, e a O SR. FRANCO MONTORO: – Para usar um embaso em fatos concretos. termo bem delicado, direi que V. Ex.ª está sendo O SR. JOSÉ LINDOSO: – Permite V. Ex.ª um simplesmente leviano. Não há pressa alguma. aparte? O SR. BENEDITO FERREIRA: – Há pressa, O SR. BENEDITO FERREIRA: – Com muito sim! E vou provar a V. Ex.ª. Estou sendo chamado prazer, nobre Senador. por V. Ex.ª...

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O SR. FRANCO MONTORO: – Nobre classe média – da classe média, repito, Senador, a dados objetivos não se responde com Sr. Presidente – se consente o luxo de comer ofensas pessoais. Aponte dados objetivos e só carne de primeira. No entanto, ao responderei a V. Ex.ª. fazer a montagem desse "estudo", o pessoal do O SR. BENEDITO FERREIRA: – Sr. DIEESE, na estatística esposada por S. Ex.ª, Presidente, peço que V. Ex.ª me assegure a palavra. colocou na rubrica, vejam bem V. Ex.as, carne de O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – primeira! (Fazendo soar a campainha.) Lembro aos Srs. E mais: "Arroz pratão separado extra". Senadores que os apartes só podem ser dados com Vejam V. Ex.as, qual de nós da classe média, se o consentimento do orador: concede o luxo de comprar arroz "pratão separado O SR. FRANCO MONTORO: – Ele havia extra"? concedido o aparte. Permite V. Ex.ª o aparte? Banha – que atualmente, sabem V. Ex.as, O SR. BENEDITO FERREIRA: – Desde que custa o dobro do preço do óleo vegetal. Manteiga de V. Ex.ª se atenha àquilo que venho asseverando. leite, que custa o triplo da margarina. O SR. FRANCO MONTORO: – É o que peço O SR. FRANCO MONTORO: – V. Ex.ª permite que faça. V. Ex.ª disse que eu apresentei dados um aparte? apressados. Aponte os dados apressados para que O SR. BENEDITO FERREIRA: – E não se eu conteste. alegue que as substituições não são válidas! Não se O SR. BENEDITO FERREIRA: – Sr. alegue porque até as pessoas abastadas as fazem, Presidente, V. Ex.ª concedeu-me a oportunidade de como medida de saúde e de higiene. concluir o meu discurso. E a forma de fazê-lo, a O SR. FRANCO MONTORO: – V. Ex.ª permite forma de consumir o tempo, quero crer que V. Ex.ª o aparte? há de concordar comigo, cabe a mim, porque fui eu O SR. BENEDITO FERREIRA: – Estou que fiz o discurso, eu o estou proferindo e o faço da apresentando as provas a V. Ex.ª, e não vejo como maneira que mais me convenha e facilite o fazer provas diante de V. Ex.ª se V. Ex.ª tumultua a raciocínio. Mas vou atender a V. Ex.ª exposição que faço. Fui generoso, Sr. Presidente, quando adjetivei O SR. FRANCO MONTORO: – Não estou S. Ex.ª de apressado fui generoso porque aqui estão tumultuando. Quero apenas dizer a V. Ex.ª... os anuários estatísticos que provam que os dados O SR. BENEDITO FERREIRA: – Darei o trazidos pelo Senador Franco Montoro como aparte, mas, V. Ex.ª vai-me permitir que eu, pelo legítimos, como autênticos, são mentirosos! Vou menos, conclua minhas provas relativamente à provar. primeira assertiva de V. Ex.ª. O SR. FRANCO MONTORO: – Aguardo os O SR. FRANCO MONTORO: – Quero apenas dados. dizer a V. Ex.ª que V. Ex.ª está querendo contestar a O SR. BENEDITO FERREIRA: – Aqui Lei. Esses artigos mencionados estão na Lei. estão os fatos. Em primeiro lugar, vejamos O SR. BENEDITO FERREIRA: – V. Ex.ª, o sofisma, mais que falso e grosseiro, sobre o quando Ministro do Trabalho, não descobriu esses custo da alimentação. Onde alinhar custo de artigos. produtos que, em época alguma foram comprados, O SR. FRANCO MONTORO: – V. Ex.ª permite senão por pessoas ricas? No caso da carne, um aparte? colocaram carne de primeira. Ora, Sr. Presidente, O SR. BENEDITO FERREIRA: – Senador nós sabemos que, neste País, ninguém da Franco Montoro.

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O SR. FRANCO MONTORO: – V. Ex.ª permite O SR. FRANCO MONTORO: – Peço a o aparte, ou não? V. Ex.ª, Sr. Presidente, que me considere inscrito O SR. BENEDITO FERREIRA: – Senador para responder, em seguida, porque S. Ex.ª não Franco Montoro, quero mostrar-lhe... permite que eu prossiga. Eu iniciei o aparte e não O SR. FRANCO MONTORO: – V Ex.ª permite permite S. Ex.ª que eu prossiga. De modo que o aparte, ou não? ouvirei em silencio e considero recusado o aparte, O SR. BENEDITO FERREIRA: – Ex.ª, agora... porque S. Ex.ª concede o aparte e não permite que O SR. FRANCO MONTORO: – V. Ex.ª permite se fale. o aparte, ou não? O SR. BENEDITO FERREIRA: – Permitirei, O SR. BENEDITO FERREIRA: – Não. Não o mas desde que V. Ex.ª me conceda produzir a prova. permitirei. O SR. FRANCO MONTORO: – Falarei ao O SR. FRANCO MONTORO: – Então não é final. possível dialogar com V. Ex.ª! O SR. BENEDITO FERREIRA: – Mas, O SR. BENEDITO FERREIRA: – Darei o Sr. Presidente, S. Ex.ª é o autor da Lei nº 4.266. aparte quando entender que o posso dar V. Ex.ª está Ora, Sr. Presidente, ora Srs. Senadores, vejamos tumultuando meu pronunciamento. a seriedade do artigo 6º dessa lei, de autoria de O SR. FRANCO MONTORO: – Esta é a Lei e S. Ex.ª, quando S. Ex.ª demagogicamente V. Ex.ª critica a Lei. É o Decreto nº ilegível! quis tapear os assalariados do Brasil, dizendo O SR. BENEDITO FERREIRA: – Só agora, textualmente o seguinte... (Pausa.) que não é Ministro do Trabalho, é que S. Ex.ª V. Ex.ª é o autor e V. Ex.ª vai ouvir. descobre o artigo da Constituição que, desde 1946, Aqui está o artigo 6º, Sr. Presidente. lá está inserido: salário-mínimo bastante para Vejamos que primor de demagogia, Sr. satisfazer as necessidades do trabalhador e de sua Presidente, como se resolviam problemas sérios família. neste País, à época em que S. Ex.ª era Governo. Mas, só agora, Sr. Presidente, quando Vejamos: estamos no Governo e S Ex.ª na Oposição, ele vem "Art. 6º A fixação do salário-mínimo de à tribuna do Senado descobrir misteriosamente o que trata o capítulo 2º do título II da Consolidação artigo, exigir que se cumpra a Constituição, das Leis do Trabalho terá por base unicamente Constituição que ele não cumpriu, Sr. Presidente, as necessidades normais do trabalhador sem quando era Ministro do Trabalho. ilhos, considerando-se atendido, com O SR. FRANCO MONTORO: – Permite V. o pagamento do salário-família, instituído por essa Ex.ª um aparte? lei, ..." O SR. BENEDITO FERREIRA: – Eu quero O SR. FRANCO MONTORO: – Lei não produzir a prova e por isso não permito o aparte. cumprida por governos posteriores! O SR. FRANCO MONTORO: – V. Ex.ª nega a O SR. BENEDITO FERREIRA: – V. Ex.ª está evidência. Eu fui autor do salário-família, tumultuando o meu discurso! precisamente cumprindo isso que V. Ex.ª ignora!... O SR. FRANCO MONTORO: – Cumpra-se a O SR. BENEDITO FERREIRA: – Mas, é lá Lei na íntegra e não em parte! que vou chegar. Vou chegar mesmo, na demagogia O SR. BENEDITO FERREIRA: – A verdade de V. Ex.ª! não convém a V. Ex.ª!

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Aqui está, Sr. Presidente! Aqui está, Srs. por farinha de trigo, a não ser para conseguir um Senadores, redação de S. Ex.ª!: componente mais caro. "...considerando-se atendido, com o Vejamos os preços dos alimentos previstos pagamento do salário-família, instituído por essa lei, pela Lei, como necessários à subsistência de um o preceituado no art. 157, nº I, da Constituição trabalhador adulto, mensalmente, o percentual do Federal." salário que tem sido despendido ano a ano para E o que diz ali, Sr. Presidente? Que salário- adquiri-los, de 1965 a 1971, incluindo, ainda, 1962 e família é o salário dado ao trabalhador, suficiente 1963, época em que S. Ex.ª foi Ministro do Trabalho. para atender às necessidades de sua família. Nos mesmos quadros, vamos constatar, sob O SR. FRANCO MONTORO: – Exato. outra forma, os custos dos alimentos, isto é, em O SR. BENEDITO FERREIRA: – É isto, termos de horas trabalhadas para pagar a mesma Sr. Presidente. Mas ocorre mais, Sr. Presidente quantidade de alimentos, nos anos de 1962, e Srs. Senadores: a Revolução de março de 1963,1965 e 1971. 1964, acoimada e acusada de reacionária, esta Aqui está, Sr. Presidente, e V. Ex.as Revolução, Sr. Presidente, este Governo pichado de evidentemente me perdoarão porque me será reacionário, ao instituir, ao outorgar assumindo a impossível fazer a leitura de item, por item dos linguagem dos nossos oposionistas – a Emenda componentes. Vejamos: em 1963, o custo da Constitucional nº 1, o que fez esta Revolução?O que alimentação foi de Cr$ 7,83; em 1965, há uma fez este Governo? Reabriu a questão, revisão feita por mim, pois tive – cautela em 65, os demagogicamente resolvida por S. Ex.ª. Reabrir a cálculos de meu pessoal de gabinete da Cr$ 23,40, questão, Sr. Presidente, colocando como institutos mas em verdade são Cr$ 21,30. Aqui foi anotado autônomos, no texto constitucional, tanto o salário- como se fosse necessário trabalhar 75 horas; na mínimo familiar como o salário-família. realidade, não é. São 68,42 horas, vale dizer, 68 São esses fatos concretos, Sr. Presidente, são horas e 42 minutos para pagar essa alimentação. esses fatos objetivos que S. Ex.ª, – inteligentemente, Não aquela quantidade de 85 horas, industriadas não há como negar, habilmente, não há como negar pelo DIEESE e entregues ao Senador Franco – nega-se a ouvir, nega-se a enxergar. Daí porque Montoro. disse que estava sendo generoso; daí porque, Em 1971, a alimentação custou – Inquérito provando, como vou provar, que o DIEESE fez uma Nacional de preços e Anuário Estatístico – Cr$ montagem desonesta do custo de vida, para enganar 76,25, e não Cr$ 114,00, como foi sustentado por S. ao Governo e para ser esposada por S. Ex.ª porque Ex.ª. quero crer que o Senador Franco Montoro não Então, foi necessário que o trabalhador esposaria conscientemente esse dados, se soubesse realmente trabalhasse mais do que trabalhou em da sua falsidade. 1965, próximo de duas horas. Foi preciso que Sr. Presidente, vou fazer as provas; trabalhas-se 70 horas e 36 minutos para pagar vamos fazer as provas. E mais: o DIEESE elaborou aquela alimentação que adquiriu em 1965. esses quadros de alimentos com tanto descaso, Há mais, Sr. Presidente. no afã de encarecer, de dimensionar preço avultado, Em 1961, foi preciso que esse trabalhador que chegaram a substituir farinha de mandioca despendesse 71 horas para comprar essa por farinha de trigo! Ora, sabem V. Ex.as que alimentação e, em 1963, foram necessárias 78 horas não há como substituir farinha de mandioca e 24 minutos para comprar a mesma alimentação.

CUSTO E QUANTIDADE DA ALIMENTAÇÃO NECESSÁRIA A SUBSISTÊNCIA DE UM TRABALHADOR ADULTO Obs. Preço médio anual em São Paulo. Fonte: I.B.G.E.

1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 Preço Total Preço Total Preço Total Preço Total Preço Total Preço Total Preço Total Produto Quantidade Unit. Gasto Unit. Gasto Unit. Gasto Unit. Gasto Unit. Gasto Unit. Gasto Unit. Gasto Abóbora 9,0 kg. 0,28 2,52 0,28 2,52 0,30 2,70 0,34 3,06 0,42 3,78 0,54 4,86 0,63 5,67 Açúcar 3.0 kg. 0,24 0,72 0,28 0,84 0,37 1,11 0,45 1,35 0,58 1,74 0,68 2,04 0,76 2,28 Arroz 3,0 kg. 0,26 0,78 0,44 1,32 0,63 1,89 0,70 2,10 0,76 2,28 0,83 2,49 1,40 4,20 Banana 7,5 dz. 0,16 1,20 0,20 1,50 0,26 1,95 0,33 2,47 0.44 3,30 0,58 4,35 0,74 5,55 Banha ou Óleo 1.5 kg. 1,19 1,78 1,32 1,98 1,53 2,29 1,82 2,73 2,22 3,33 2,58 3,87 3,25 4,87 Batata 6.0 kg. 0,24 1.44 0,49 2,94 0,43 2,58 0,41 2,46 0,73 4,38 0,78 4,68 0,76 4,56 Café 0.6 kg. 0,25 0,15 0,40 0,24 0,40 0,24 0.91 0,54 1,47 0,88 1,97 1,18 3,64 2,18 Carne 6,0 kg. 1,08 6,48 1,35 8,10 1,49 8,94 1,71 10,26 2,02 12,12 2.83 16,98 4,22 25,32 Farinha de Mandioca 1,5 kg. 0,15 0,22 0,25 0,37 0,36 0,54 0,40 0,60 0,44 0,66 0,61 0,91 0,87 1,30 Feijão 4,5 kg. 0,25 1,08 0,53 2,38 0,51 2,29 0,55 2,47 0,94 4,23 1,33 5,98 1,45 6,52 Leite 15,0 lt. 0,19 2,85 0,28 4,20 0,36 5,40 0,41 6,15 0,49 7,35 0,58 8,70 0,67 10,05 Manteiga ou Margarina 0,9 kg. 2,32 2,08 2,15 1,93 2,36 2,12 2,75 2,47 3,32 2,98 3,56 3,20 4,17 3,75 T O T A L CR$–21,30 CR$–28,32 CR$–32,05 CRS–36,66 CR$–47,03 CR$–59,24 CR$–76,25

QUADRO DEMONSTRATIVO DO NÚMERO DE HORAS TRABALHADAS PARA PAGAMENTO DA ALIMENTAÇÃO MENSAL DE UM OPERÁRIO

1962 1963 1965 1971 Preço Total Horas Preço Total Horas Preço Total Horas Preço Total Horas Produto Quantidade Unit. Gasto Trab. Unit. Gasto Trab. Unit. Gasto Trab. Unit. Gasto Trab. Abóbora...... 9 kg – – – – – 10,48 – – – – – – Açúcar...... 3 gk 0,04 0,12 1,51 0,08 0,24 – 0,28 2,52 8,07 0,63 5,67 5,15 Arroz……………………………………………………… 3 kg 0,08 0,24 3,43 0,15 0,45 2,24 0,24 0,72 2,19 0,76 2,28 2,06 Batata...... 7,5 dz 0,03 0,22 3,24 0,05 0,37 4,30 0,26 0,78 2,30 1,40 4,20 3,53 Banana...... 1,5 kg 0,16 0,24 3,43 0,28 0,42 3,42 0,16 1,20 3,52 0,74 5,55 5,08 Óleo ou banha...... 6 kg 0,05 0,30 4,39 0,08 0,48 4,10 1,19 1,78 5,44 3,25 4,87 4,30 Café...... 0,6 kg 0,06 0,04 0,37 0,09 0,05 4,48 0,24 1,44 4,39 0,76 4,56 4,13 Carne...... 6 kg 0,23 1,38 21,23 0,39 2,34 0,30 0,25 0,15 0,30 3,64 2,18 2,01 Farinha de mandioca...... 1,5 kg 0,06 0,09 1,23 0,07 0,10 23,24 1,08 6,48 20,54 4,22 25,32 23,26 Feijão...... 4,5 kg 0,9 0,40 6,12 0,13 0,58 1,00 0,15 0,22 0,42 0,87 1,30 1,12 Leite...... 15 lt 0,04 0,60 9,18 0,07 1,05 5,48 0,24 1,08 4,05 1,45 6,52 6,02 Manteiga ou margarina...... 0,9 kg 0,04 0,37 5,44 0,75 0,67 10,30 0,19 2,85 9,11 0,67 10,05 9,18 Tomate…………………………………………………… 9 kg 0,07 0,63 9,46 0,12 1,08 6,42 2,32 2,08 6,42 4,17 3,75 3,28 Total…...... Cr$ 4,63 71,83 Cr$ 7,83 78,24 Cr$ 21,30 68,42 Cr$ 76,25 70,36

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Sr. Presidente, eis aqui outro quadro:

QUADRO DEMONSTRATIVO DOS PERCENTUAIS DO SALÁRIO-MÍNIMO GASTO COM A ALIMENTAÇÃO MENSAL DO TRABALHADOR

% do salário Anos Salário-Mínimo Custo Alimentação gasto c/ Alim. 1962 13,40 4,63 34,55 1963 21,00 7,83 37,28 1964 42,00 14,03 33,40 1965 66,00 21,30 32,27 1966 84,00 28,32 33,71 1967 105,00 32,41 30,86 1968 129,60 36,79 28,38 1969 156,00 47,85 30,67 1970 187,20 59,69 31,88 1971 225,60 76,25 33,80

Como se vê, Sr. Presidente, compulsei os V. Ex.ª, Srs. Senadores, verão comigo que Anuários Estatísticos, que tenho em mãos. E, a esta em 65 foram necessários 68,42 horas, ou seja, altura, concedo o aparte ao nobre Senador Franco 68 horas e 42 minutos, para o trabalhador adquirir Montoro, ao mesmo tempo que lanço répito para que sua alimentação. O Senador Franco Montoro S. Ex.ª demonstre, por qualquer forma ou meio, que sustentou 87 horas e que, em 71, ainda segundo os dados que trago não são a amostragem, não são S. Ex.ª foram necessárias 113 horas, quando, o espelho fiel do que está contido nos Anuários na realidade, foram necessárias 70 horas e 36 Estatísticos que tive cautela, a preocupação de minutos. trazer. Com o salário de Cr$ 66,00, em Ouço V. Ex.ª, Senador Franco Montoro. 65, despendendo Cr$ 21,30 com alimentos, O SR. FRANCO MONTORO: – Falarei em trabalhava então as horas já mencionadas para seguida, respondendo a V. Ex.ª. adquiri-los. Em 1971, como está demonstrado; O SR. BENEDITO FERREIRA: – Prossigo, gastava Cr$ 76,25, e não Cr$ 114,00, como então, Sr. Presidente. sustentado por S. Ex.ª. Aí está, compulsando os Anuários Estatísticos Quero crer, Sr. Presidente, que só esses e Inquéritos Nacionais de Preços, do IBGE, creio que dados bastariam para invalidar todo raciocínio, tudo conseguimos deixar extremado de dúvidas que, em aquilo que foi desenvolvido. com base no estudo do termos de alimentos, o Governo Revolucionário, ao DIEESE. mesmo tempo em que desacelera e contém a Em conseqüência, na realidade o que houve inflação, tem dado muito mais aos assalariados do foi redução de horas de trabalho para adquirir as que davam os "trabalhistas", quando no poder. mesmas quantidades de bens. Por outro lado, quero crer, demonstrado está a Vale ressaltar que, nos anos de 62 e 63, falsidade do "estudo" e, por conseqüência, ocorreram os maiores índices de gastos dos salários- lamentavelmente, das afirmações do Senador mínimos com alimentos – e me desculpe S. Ex.ª, o Montoro neste setor, quando afirmou que, em 1965, Senador Franco Montoro, porque era realmente o assalariado trabalhava 87 horas para adquirir os Ministro do Trabalho à época – o trabalhador teve de alimentos mensais para sua subsistência e que, em despender mais horas de serviço para adquirir a sua 1971, precisou trabalhar 113 horas. alimentação.

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Nestas condições, o assalariado Vejamos a verdade que não foi vista pelo precisou trabalhar 71,36 horas em 1962 e Senador Montoro, e, para tanto, admitamos, para 78,24 horas em 1963, para pagar a sua facilitar o raciocínio, uma fórmula diferente, aliás alimentação mensal respectivamente nos muito postulada por elementos da Oposição, que é a anos citados, e tão-somente, 70,36 horas em 1971. correção mensal dos salários. Nestas condições, Outra afirmação absurda, e mais devemos extrair do salário fixado a taxa de inflação que desmentida pelos quadros aludidos e pelos nela incorporada. Anuários Estatísticos, é que o custo da alimentação, Assim sendo, em 1965, cozi o salário-mínimo em 1971, tinha atingido Cr$ 114,38, quando, na fixado em Cr$ 66,00 e a taxa de resíduo inflacionário realidade, o preço médio anual atingiu tão-somente fixada em 25%, teremos: Cr$ 76,25. Finalmente, do exame dos quadros até Cr$ aqui examinados, emerge, talvez, o ponto Salário-mínimo líquido...... 52,80 mais importante para o assalariado no Brasil, o 25% – taxa de inflação...... 13,20 fato de o legisla-dor, ao fixar o salário-mínimo, 66,00 quantificou 50% do mesmo para alimentação, e temos, graças à orientação governamental, mantido Multiplicando-se por 12 meses, percebeu o os níveis muito aquém do estabelecido pelo Decreto- assalariado, com a taxa de inflação incluída lei nº 399. antecipadamente na formação do salário, Cr$ Sr. Presidente, em que pese às divergências 792,00. momentâneas, e com todo o respeito que me Vejamos agora o quanto receberia em 12 inspira a inteligência do Senador Montoro, meses de serviços o trabalhador, com base no sou forçado a adjetivar de ridícula, visto que S. salário, sem que se aplique a taxa de inflação Ex.ª é professor e tem discípulos, além de liderados, antecipadamente, como vem sendo feito, mesmo e, até mesmo, como um escárnio à verdade, o capitalizando-se mês a mês a taxa de inflação de fato de Sua Excelência, naturalmente desesperado, 45% ao ano, verificada no ano de 1965: por falta de argumentos sérios, querer engodar o Senado e a opinião nacional com Cr$ os seus cálculos de aplicação da taxa de 1º mês...... 52,80 previsão do resíduo inflacionário utilizado pelo 2º mês...... 54,78 Governo. 3º mês...... 56,83 Afirmou S. Ex.ª que: 4º mês...... 58,96 "Assim, em 1965, a taxa da previsão oficial 5º mês...... 61,17 feita pelo Governo foi de 25%; a taxa efetiva de 6º mês...... 63,46 inflação, de 45%, com uma diferença de 20% em 7º mês...... 65,83 prejuízo dos empregados." 8º mês...... 68,29 E prossegue ano a ano, até 1971, indicando 9º mês...... 70,85 as diferenças entre a estimativa aplicada ou 10 mês...... 73,50 incorporada nos salários e a taxa de inflação ocorrida 11 mês...... 76,25 no ano civil. 12 mês...... 79,10 Vejamos a verdade, que não foi vista pelo TOTAL...... 781,82 Senador Montoro, porque tenho certeza de que se S. Ex.ª tivesse, como eu, se debruçado sobre o Vejamos, Srs. Senadores, receberia problema, com papel e lápis e aplicasse o índice o assalariado, se o Governo lhe desse 45%, corretor da inflação, S. Ex.ª não teria trazido esse desde que o aplicasse mês a mês, insulto à nossa inteligência. e não antecipadamente, receberia o

– 189 – assalariado 781,82, quando, na realidade, recebeu, inflação na correção dos salários, como vem sendo com a taxa de 25%, 792,00. feita, além de patentear o zelo do Governo em favor Logo, Sr. Presidente, 25% é dos menos favorecidos pela sorte, lamentavelmente inquestionavelmente mais do que 45%, mais, em configura mais uma critica infundada do Senador números absolutos, e mais porque há como que uma Montoro. antecipação de receita. Conforme já salientei, S. Ex.ª, como Vejam V. Ex.as: só no 8º mês, nos termos de que a "fazer bonito com o chapéu alheio", afirma aplicação da correção mensal, é que o, assalariado no seu discurso "Que se devolva ao vai receber quantia superior àquilo que ele recebeu, trabalhador, pelo menos em parte, o que lhe foi desde a decretação do salário-mínimo, que seria, no confessadamente retirado pelos sucessivos erros de caso, desde 1º de junho. cálculo, etc. Sr. Presidente, a palavra do Senador Montoro Ora, Sr. Presidente, provado está que provocou descontentamento, angustiou aqueles que o Governo, com a política econômica são mais que angustiados, aqueles que não têm adotada, ampliou em muito a capacidade de rudimentos de aritmética, que tenho eu, para pegar compra dos assalariados e que, em 1968, num lápis, para debruçar-se sobre o problema. Para para compensar o erro de estimativa cometido, eles a palavra do Senador Franco Montoro significa corajosamente decretou o abono de emergência. verdade verdadeira, significa que o Governo errou, Logo, fico em dúvida se, de fato, o que como afirmou S. Ex.ª, propositadamente fixando o quer o Senador Montoro, é que resgatemos, salário abaixo dos índices. Para esse homem que devolvamos aos nossos assalariados os angustiado, lá fora, o Governo, sucessivamente, verdadeiros achatamentos salariais havidos porque S. Ex.ª citou diversos anos, aplicou uma taxa anteriormente a 1964 e, particularmente, o maior de errônea, propositadamente como disse S. Ex.ª, todos, praticado por S. Ex.ª quando Ministro do quando a verdade, grosseiramente apontada por Trabalho. nós, não foi enxergada por S. Ex.ª. Como indicador de que S. Ex.ª, quando Sr. Presidente, com o que acabamos Ministro, não se preocupava tanto com os de verificar, a aplicação da taxa de assalariados, vejamos o quadro abaixo:

SALÁRIO-MÍNIMO/IGP

ANOS Salário-Mínimo IGP Sul.- Mínimo Corrigido Diferença % 1959 6,00 5,14 6,00 1960 6,00 6,64 7,75 - 29,17 1961 9,60 9,10 8,22 + 14,94 1962 13,44 13,80 14,55 - 8,25 1963 21,00 24,20 23,60 - 12,38 1964 42,00 46,10 40,00 + 4,77 1965 66,00 72,30 65,86 + 0,22 1966 84,00 99,70 91,00 - 8,33 1967 105,00 128,00 107,83 - 2,69 1968 129,60 159,00 130,42 - 0,63 1969 156,00 192,00 156,49 - 0,31 1970 187,20 234,00 190,12 - 1,56 1971 225,60 280,00 224,00 + 0,71

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O que é esse quadro? Ele mostra o índice ração do Constituinte brasileiro, que em 1934 inseria geral de preço e o salário-mínimo decretado, a partir na Carta Magna, artigo 121, letra b, dizendo: de 1959. Aplicando-se nesse salário-mínimo o índice "Salário-mínimo, capaz de satisfazer, geral de preços, a sua correção e as diferenças conforme as condições de cada região às verificadas, que indica aqui, Sr. Presidente? Indica necessidades normais do trabalhador." que, em 1962, aplicando-se o corretor – admitindo-se Em 1937, Sr. Presidente, não sei se por o índice geral de preços como um denominador erro de redação, não se fala em "necessidade comum – aplicando-se o índice geral de preços em do trabalhador." Foi inserido o texto, mas se todos os salários decretados, vamos verificar que o diz: "necessidade do trabalho". (artigo 137, letra h.) achatamento salarial – usando a linguagem de S. De qualquer forma, esqueçamos a Carta de Ex.ª – a maior defasagem foi verificada em 1962 e 37. Vejamos o que entendia o Constituinte de ampliada em 50% em 1963. E que, em 1971, o 46, aquele. que elaborou a Carta Magna. Talvez até índice geral.de preço, aplicado sobre o salário- S. Ex.ª tenha sido Constituinte. O certo é que, mínimo, daria, paradoxalmente, por incrível que em 1946, o Constituinte pátrio, caracterizando mais pareça, um salário inferior àquele que foi realmente uma vez a generosidade e o espírito fraternal que decretado. Pois bem, se corrigido o salário anterior, move e conduz a nossa gente, inseriu na Carta teria que se pagar Cr$ 224,00 durante o ano de 1971 Magna, com novas dimensões, isto é, muito mais e, no entanto, foi decretado Cr$ 225,60. ampliada, a velha aspiração de se dar ao trabalhador Na verdade, Sr. Presidente, como demonstrei, sem qualificação profissional uma remuneração creio-o exaustivamente, o salário-mínimo não pode bastante às suas necessidades normais de ser cotejado com a variação do custo de vida, ou subsistência e aí, o Constituinte já põe: "e de sua mesmo com o IGP, vez que a faixa de bens e família". serviços adquiridos por aquela categoria salarial O Senador Franco Montoro não, viu isso, sempre teve um tratamento especial pelo Governo e, quando Ministro do Trabalho. E, se viu, encontrou a por conseqüência, nunca acompanhou a oscilação fórmula mágica, que é a redação do art. 6º, que ele dos demais itens. deu naquele capítulo da Lei 4.266. Contudo, o cotejo que aqui fazemos, aplicando Vejamos o artigo 157 da Constituição de 1946: a correção nos salários-mínimos com o IGP, "item I – Salário-mínimo capaz de satisfazer, demonstra que nos anos de 1962 e 1963 vivemos as conforme as condições de cada região, as duas maiores defasagens salariais, e que as necessidades normais do trabalhador e de sua mesmas não foram remediadas. família." Por outro lado, no mesmo quadro, comparece Na Constituição de 1967, artigo 158, é mantido o ano de 1966, também em prejuízo do assalariado, o texto, e, finalmente, na Emenda nº 1, de 17-10-69, mas logo em seguida vem a compensação, isto é, o o dispositivo é incorporado sob o artigo 165, item I: abono de emergência de 10% e a queda gradual no "Art. 165 ...... Índice Geral de Preços, para finalmente, em 1971, I – Salário-mínimo capaz de satisfazer, sem falsos subsídios, o salário-mínimo sustentar-se conforme as condições de cada região, as suas e, até mesmo, ultrapassar o IGP. necessidades normais e as de sua família." Finalizando o seu pronunciamento, o Mas, foi além, Sr. Presidente, porque, como Senador Franco Montoro "descobriu" aquilo que eu disse, o Constituinte, este acusado ele ignorou quando Ministro do Trabalho, de reacionário, desprezou a solução para, demagogicamente, agora arvorar-se mágica encontrada pelo Senador Franco Montoro em defensor dos assalariados. Refiro-me no passado, para burlar o trabalhador, para ao texto constitucional, à grande aspi- engodar o trabalhador e coloca logo

– 191 – em seguida um instituto autônomo, isto é, uma Trabalho, terá por base ùnicamente as necessidades inspiração a ser alcançada, um objetivo a ser normais do trabalhador sem filhos, considerando-se colimado pelo povo brasileiro. atendido, com o pagamento do salário-família Por que a Revolução fez isso, Sr. Presidente? instituído por esta lei, o preceituado no art. 157, nº 1, Não há o que se negar. A resposta, é sem dúvida, o da Constituição Federal." jogo da verdade, porque estamos fazendo o jogo da Salta à vista, Senhor Presidente, o gritante verdade, porque acreditamos na prosperidade do desrespeito com que os "trabalhistas" tratavam e Brasil. burlavam os assalariados deste País. Os recursos hoje são orientados e aplicados Atentemos para a hipocrisia constante na para construir o Brasil grande e, inegavelmente, ao redação deste artigo 6º da Lei 4.266 – considerando atingirmos o Brasil, grande, quero crer que não atendido com o pagamento do salário-família ao teremos mais o trabalhador desqualificado, teremos trabalhador, o dispositivo constitucional, que fala em escolas profissionais bastantes para qualificar, não salário-mínimo bastante para as necessidades suas só os privilegiados, mas todos os brasileiros. e de sua família. Senhor Presidente, alinhei nas minhas Inquestionavelmente, faltavam na época anotações uma argumentação sobre a pretensão do a coragem, a bravura e a verticalidade moral Senador Franco Montoro de dar ao trabalhador o dos Governos Revolucionários, para dizer salário-mínimo, não como está na Lei (aliás, de sua não aos trabalhadores, para dizer aos assalariados autoria), mas como está na Constituição. ser impossível à época cumprir o Vejamos: preceito constitucional, especialmente porque a Na Constituição de 1967, artigo 158, é mantido demagogia havia levado o País ao caos e, por o texto, e, finalmente, na Emenda nº 1, de 17-10-69, conseqüência, muitos e muitos sacrifícios seriam o dispositivo é incorporado sob o artigo 165, item I: exigidos da nossa gente para colocarmos o País em "Art. 165 ...... ordem. I – Salário-mínimo capaz de satisfazer, Como se vê, a Lei nº 4.266 é anterior à conforme as condições de cada região, as suas Revolução, foi elaborada e sancionada num período necessidades normais e as de sua família." de Governo que se intitulava de trabalhista, amigo "Por outro lado dispõe o art. 81 da dos trabalhadores, etc., etc. Consolidação das Leis do Trabalho: Ora, Senhor Presidente, aqui comporta Art. 81 – O salário-mínimo será determinado algumas indagações: por que a Revolução de Março, pela fórmula Sm = a + b + c + d + e, em que "a", "b", tão acusada de reacionária, de fazer achatamento "c", "d" e "e" representam, respectivamente, o valor salarial, foi reabrir a questão? Por que a Revolução, das despesas diárias com alimentação, habitação, ao elaborar a Emenda nº 1, à Constituição de 1967, vestuário, higiene e transporte necessários à vida de consagrou como institutos autônomos, tanto o salário um trabalhador adulto. mínimo familiar, quanto o salário-família, como o fez "Com a Lei nº 4.266, de 3 de outubro de 1963, inserindo o nº II , no artigo 165 da Constituição? procurou o legislador conciliar o dispositivo da A resposta, sem dúvida, é o jogo da verdade, Consolidação com o preceito constitucional no que a verdade que demonstra por todas as formas e concerne a forma de elaboração do salário-mínimo, meios que a Revolução está construindo de fato o redigindo o seguinte dispositivo: Brasil Grande. "Art. 6º A fixação do salário- A verdade que nos permite reabrir a questão mínimo, de que trata o Capítulo II do dos salários-mínimos e familiar, artificialmente morta Título II da Consolidação das Leis do pelos "trabalhistas", em 1963.

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A Revolução de Março, por crer no futuro do gresso Nacional, Ministro. Permaneci no Ministério Brasil, na prosperidade da nossa economia, em nome de um Governo de união nacional. entendeu de manter como objetivo nacional, S. Ex.ª atacou e hoje é muito cômodo atacar inserindo na Lei Maior a aspiração do Constituinte de os trabalhistas. O ataque não procede, e não me 1946, para, na medida em que promove o atinge porque nunca fui membro de partido desenvolvimento do país, venhamos a dar cada vez trabalhista. melhor remuneração aos nossos assalariados. Fiz a campanha do Brigadeiro Eduardo Gomes Aí, a velha inspiração do Constituinte estará numa eleição e do Marechal Juarez. Távora em outra plenamente atingida, porque não teremos mais o eleição, o que não me impediu de reconhecer os salário-mínimo. aspectos de justiça social e de desenvolvimento para Eram essas, Sr. Presidente, as nossas o Brasil que prestaram nas suas administrações, os considerações. grandes governos de Getúlio Vargas e de Juscelino Resta-me agradecer a V. Ex.as a generosa Kubitschek. paciência com que me ouviram até aqui. (Muito bem! Mas tudo isso está fora de tema. Quando uma Muito bem!) pessoa vem com acusações desta ordem é porque O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – não tem argumentos em relação ao fato atual. Nós Concedo a palavra ao nobre Senador Franco estamos discutindo o salário mínimo do trabalhador Montoro, prevenindo a S. Ex.ª que a Sessão terá que de hoje. ser encerrada às 18 horas e 30 minutos. Não me furto a responder as acusações de S. O SR. FRANCO MONTORO (sem revisão Ex.ª porque na realidade elas revelam que na do orador.): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, documentação que lhe deram, e que ele trouxe aqui, o nobre Senador Benedito Ferreira recebeu esqueceram um fato elementar: de todos os uma série de documentos e desconheceu a Governos que no Ministério do Trabalho tiveram que significação de boa parte daqueles dados cumprir a Constituição, apenas um – permitam-me, a que compulsou. Fez acusações de uma violência imodéstia mas sou obrigado a fazer a defesa quando e leviandade que mais parecem a de um sou acusado levianamente – apenas um lembrou-se julgador onisciente e onicompetente a de que na Constituição, desde 1946, estava o distribuir adjetivos do alto da cátedra. Faria melhor S. dispositivo de que o salário deveria ser suficiente não Ex.ª se tivesse atido a dados, usasse mais apenas para o trabalhador mas também para a sua substantivos e menos adjetivos teria cometido menos família. E apesar de minha rápida passagem pelo erros. Ministério do Trabalho, onde fiquei menos de um Diz S. Ex.ª que, quando Ministro do Trabalho, ano, pude realizar algumas coisas concretas. De ignorei a exigência constitucional de que o salário duas, principalmente, tenho a satisfação de me deveria atender às necessidades do trabalhador e de considerar autor uma, precisamente, é da lei do sua família. É um velho vezo de S. Ex.ª: em lugar de salário-família e outra foi o início da sindicalização discutir os problemas, em lugar de defender o rural no Brasil. Governo atual, S. Ex.ª ataca administrações Como o homem do campo permanece passadas e, muito particularmente, a minha afastado da nossa legislação e não tem meios de se passagem, pelo Ministério do Trabalho. defender, e sempre viveu na dependência de Quero lembrar a S. Ex.ª que participei medidas paternalistas outorgadas do alto para baixo do Governo Parlamentarista do Brasil, num Governo pelos governos, pareceu-me que era necessário de união nacional, tendo como membros cumprir também a Constituição, nesse ponto. desse Governo representantes de todos os partidos A Constituição estabelece que o sindicato é a forma do Brasil. Lá estavam representantes da UDN, do de organização do homem que trabalha. O homem PSD, do PTB, do PSP, do PDC. Fui eleito, pelo Con- do campo não podia ficar afastado desse direito de

– 193 – sindicalização para que a reforma agrária – de que te ao empregado o salário-família. Faria o acerto de tanto se falava e de que tanto se fala e que não se contas com as contribuições que deveriam mandar realiza – não fosse outorgada ao trabalhador, mas ao instituto. fosse realizada com, a participação do homem que Criou-se, assim, sem nenhuma burocracia, trabalha, ele que conhece as suas necessidades e aproveitando a própria comunidade, a seção os seus problemas. A solução democrática, e não de pessoal das empresas para fazer o cálculo, a totalitária, dos problemas sociais exige que os seção de pagamento para efetuar diretamente o próprios interessados, organizados, lutem para as pagamento ao empregado na própria empresa reformas que atendam à justiça e resolvam os seus e o INPS funcionando apenas como ponto de problemas. referência para o acerto de contas. Criou-se, assim, Reconheci os primeiros Sindicatos Rurais do o fundo de compensação do salário- Brasil, sindicatos autênticos, não aqueles família. Calculou-se, não com a leviandade, a organizados nas gavetas dos Ministérios mas facilidade e a pressa a que S. Ex.ª se refere, aqueles que realmente se organizavam, com edital, calculou-se o custo do salário-família e a que tornei obrigatório, anunciando com antecedência contribuição a ser paga e o benefício a ser a toda população, que naquela cidade seria outorgado. Começou-se a fixar mesmo por baixo – organizado um Sindicato Rural. Esta medida foi, 5% do salário-mínimo por filho menor até 14 anos de aliás, louvada por todos os Governos, inclusive pelo idade. Fez-se um cálculo rigoroso e se estabeleceu atual. na lei que isto valia pelo prazo de 3 anos no máximo, Quanto ao salário-família, S. Ex.ª me acusa de para que houvesse revisões e ampliação do ignorar o seu aspecto. Não imagina S. Ex.ª a caixa- benefício, de acordo com os recursos arrecadados e de-maribondo em que coloca a mão. Iniciei, através a experiência adquirida. E o que aconteceu, Sr. de uma lei, que se chamou a "Lei do Salário- Presidente? Iniciou-se o movimento. O Salário- Família", a instituição de uma forma de se atender a família é um desse benefícios que o trabalhador isto, que nunca foi atendida, nisto tendo razão o recebe todos os meses, não sob a forma de nobre Senador Benedito Ferreira, no presente e no assistência. Não se reúne em praça pública, ou não passado, atendendo-se apenas a fixação do salário- se publica em boletins do Ministério – "Outorgado mínimo dos índices individuais. Fui o iniciador do salário-família, a fulano, beltrano, sicrano." Ninguém estudo para a elaboração do Projeto. Levei-o ao soube o nome de ninguém, e todos os trabalhadores Gabinete parlamentarista, porque no Governo receberam. Isto é atuar sem demagogia. Parlamentarista não é o Ministro que decide, é o Fornecemos os recursos, e cabia aos governos Gabinete. Nem todos os artigos desta lei foram de seguintes irem ampliando; de acordo com os minha iniciativa, mas a Lei em seu conjunto foi de recursos e até estabelecendo, se fosse o caso, redação minha. Eu a trouxe como projeto, defendi-a novos ônus para atender a essa necessidade. Mas o perante o Congresso. Ela foi aprovada e se que fez o Governo? E precisamente o Ministério que transformou numa lei que beneficia hoje mais de 10 forneceu provavelmente a S. Ex.ª os dados com que milhões de trabalhadores, todos os meses. E note-se pretendeu me atingir? Tenho os dados aqui em mãos – não se criou nenhum emprego, não se organizou e já tomei providências: apresentei um projeto a nenhum instituto novo, não se fez nenhum aparato respeito dos recursos deste "Fundo de burocrático, dramático, nenhuma propaganda Compensação do Salário-Família" para atender a extraordinária em relação ao novo organismo que ia essa necessidade que S. Ex.ª, com a sua facilidade surgir. Sem nomear um funcionário, criando apenas de expressão, disse que ignorei.. Conheci e um sistema de compensação. Sob a administração disciplinei, fiscalizo e exijo que se cumpra, se se quer do INPS, haveria uma conta de compensação. fazer o "jogo da verdade". As empresas pagariam uma certa percentagem, O SR. BENEDITO FERREIRA: – V. Ex.ª 4,3% sobre o valor do salário e pagariam diretamen- permite um aparte?

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O SR. FRANCO MONTORO: – Querem o jogo O problema, aliás, não é apenas brasileiro; da verdade? Pois bem, está aqui o "Fundo de é internacional. Por isso a Organização Internacional Compensação do Salário-Família" e os seus do Trabalho aprovou unia Convenção, que o recursos, e o superavit que está havendo: em 1968, Brasil subscreveu e o Presidente Castello saldo de Cr$ 531.841.000,00, em 1969, arrecadação Branco promulgou, determinando que o "salário- para o salário-mínimo, Cr$ 900.394.000,00; despesa maternidade" ou "auxílio à gestante" seja pago com pagamento de salário-família, Cr$ não pelas empresas individualmente, porque 496.000.000,00. Saldo, Cr$ 403.490.000,00. isso acarreta discriminação que onera a empresa e Somando ao saldo anterior, deu, em 1969, o saldo prejudica o próprio empregado, isso deve ser de Cr$ 935.332.000,00; em 1970, arrecadação: Cr$ pago pela Previdência Social ou pelo próprio 1.182.413.000,00. Governo. E a arrecadação que o Governo está fazendo Estabeleci que, em lugar de se citar nova do salário-família, de que eu não me esqueci. taxa para isso, se aproveite parte desses recursos Disciplinei e está aqui. Não foi uma lembrança para tal fim. E o remanescente, que se conta, teórica para propaganda de 1º de maio. Foi uma hoje, na ordem de trilhões de cruzeiros antigos, disposição que está na lei salarial, para atender à bilhões de cruzeiros atuais? Que o Governo, no fim necessidade do trabalhador. do ano, ou o próprio INPS é o papel da Oposição, O Governo arrecadou Cr$ 1.182.413.000,00. não estamos fazendo nada a não ser fiscalizando – De despesa pagou de salário-família, Cr$ verifique qual o saldo e dê a destinação honesta, isto 682.850.000,00. Saldo Cr$ 459.000.000,00. Somado é, devolva, ao trabalhador para atender às ao anterior, o saldo é de Cr$ 1.434.891.000,00, que necessidades da família, mediante elevação da cota o INPS mantém em seu poder, saldo que está sendo do salário-família, numa proporção que deve ser aplicado não como disse S. Ex.ª: "atualmente, os calculada pelo Serviço Atuarial do INPS ou do recursos são rigorosamente aplicados para o bem do próprio Ministro do Trabalho. trabalhador". Se essa assistência não está sendo feita, em Aqui estão: arrecadados para o Fundo de relação à família, é porque a Lei não está sendo Compensação do Salário-Família e que não podem cumprida. ter outra destinação, Cr$ 1.434.895.000,00. Mais de Penso que é impossível ser mais claro e um trilhão de cruzeiros antigos é o saldo que está demonstrar como estão longe da realidade concreta, sendo pago para salário-família retido pelo Governo. hoje, no nosso meio. Se se quer cumprir o "jogo da Exatamente por isso que pedi, através de projeto que verdade" e do bem, não apenas falando a verdade apresentei no ano passado, – já que o Governo mas cumprindo a verdade que se prega, não há deveria ter tomado a iniciativa de dar destinação ao outra forma senão aprovar este projeto ou elaborar Fundo e não o fez – através do Projeto nº 13, de projeto semelhante, porque não queremos ter a 1971, pedi que esse superavit do Fundo de vaidade de ser autores do projeto, mas esse recurso Compensação do Salário-Família seja destinado: que está sendo consignado, que está sendo recebido primeiro, para pagamento do salário-maternidade, o pelo Governo e que não está sendo aplicado pela auxílio à gestante que atualmente está sendo feito família, deve ter essa destinação. diretamente pela empresa, o que acarreta para a Esse, um dos pontos, em que até me excedi, mulher trabalhadora inconvenientes. Regra geral, a pois poderia ser muito mais simples a resposta a S. empregada que se casa é despedida porque a Ex.ª. empresa não quer arcar com esse ônus de pagar, O outro ponto é o problema do DIEESE: S. durante 12 semanas e muitas vezes mais, o salário Ex.ª faz sérias críticas aos estudos feitos pelo de um empregado que não está trabalhando. DIEESE, inclusive ao próprio DIEESE e declara 3

– 195 – que eu não poderia ter feito referência a esse mínimo adequado o próprio mercado do País é Instituto, que eu não teria desculpa, eu não posso sacrificado pela ausência do consumidor, a par de, merecer a desculpa de ignorar a inautenticidade e a com isso, sacrificar-se a saúde do trabalhador e da desonestidade com que tal Departamento elabora sua família. seus estudos, uma vez que eu já aqui demonstrei e Com o marcante propósito de colaborar com S. Ex.ª o Senador Benedito Ferreira me falou que V. Ex.ª, no estudo e posterior fixação de novos esse Instituto não era honesto. mínimos salariais, permitimo-nos com a devida Ora, prezo muito o Senador Benedito Ferreira, vênia, sempre voltado para a solução ideal dos mas infalível é o Papa em matéria de fé e costumes. problemas das categorias profissionais, na defesa do Em matéria de DIEESE, nem o Papa é infalível e próprio trabalho, para oferecer estudos promovidos muito menos o nobre Senador Benedito Ferreira. pelo Departamento Intersindical de Estatística e É inegável o apreço que os meios científicos Estudos Sócio-Econômicos – DIEESE –, pelos quais do Brasil têm por esse.Organismo. Ele é mencionado se evidencia fundamental a observância dos nas revistas científicas. É um organismo feito pelos postulados da CONVENÇAO nº 117, promulgada trabalhadores, ou melhor, pelo Sindicato dos pelo Governo Brasileiro através do Decreto nº 496, Trabalhadores, que se associaram, contrataram uma de 2-04-70, para que o salário-mínimo satisfaça, equipe de economistas da maior qualificação, efetivamente, as necessidades prementes do estatísticos, sociólogos para os seus serviços. Aliás, trabalhador e da sua família, nas diferentes regiões eles têm sido objeto de visitas de parlamentares, de do País. Ministros de Estado e de autoridades internacionais. Na certeza de que V. Ex.ª compreenderá Estou aqui fazendo a defesa desses estudos, superiormente o alcance desta iniciativa, valemo-nos incidentemente. O que recebi, Sr. Presidente, foi do ensejo para reiterar a V. Ex.ª os nossos melhores cópia do ofício que a Confederação Nacional dos protestos de apreço e maior consideração. Trabalhadores na Indústria, a CNTI, a maior E junta estudo do DIEESE. confederação de trabalhadores do Brasil e talvez da Em meu discurso, que foi brevíssimo, dei América Latina e uma das maiores do Mundo. Ela conhecimento desse apelo e transmiti ao Governo mandou ao Ministro Júlio Barata, em termos, de um apelo no mesmo sentido: que fosse olhada com a absoluto respeito, um ofício, antes de 1º de maio, devida atenção e cuidado a gravidade do problema dizendo: do salário-mínimo. Senhor Ministro, é intenção superior das S. Ex.ª declarou que os dados são falsos. Não entidades sindicais colaborar com os Poderes creio! Não vou discutir agora com S. Ex.ª Seria Públicos nos estritos termos do Art. 513, letra "d", da leviandade discutir agora o preço do arroz, do feijão Consolidação das Leis do Trabalho visando a em 1966, em 1965 ou em 1943. Tomarei os dados solução dos problemas que, de qualquer sorte, de S. Ex.ª pelo apreço que merece o seu trabalho e interessando particularmente aos seus encaminharei ao DIEESE para que faça a defesa, representados, por vezes se situam no campo maior justifique o seu estudo. do interesse nacional. Mas alguns pontos não precisam de Ora, a rigor, a questão relacionada explicação, de pesquisas, porque essas pesquisas com a fixação do salário-mínimo transcende não são feitas por qualquer um, elas supõem aos interesses restritos da classe trabalhadora, critérios, são feitas por homens especializados, são por razões que se afiguram sumamente formulários difíceis. Alguns dados não comportam óbvias, até porque, sem salário- dúvidas.

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Numa linguagem um pouco livre, S. Ex.ª reconhece o fato, procura corrigi-lo de formas acusava o absurdo de se incluir no cálculo a indiretas. manteiga, a banha, o açúcar, a carne, etc. Tenho aqui em mãos um texto de Ora, quem estabelece esses índices não é o discurso feito na Convenção da ARENA, em DIEESE; muito menos eu, que nem fiz referência a que se dizia coisa semelhante, recebida com eles em meu discurso. É a lei que se refere a ele: o palmas. Decreto-lei nº 399 estabeleceu os critérios para o Sr. Presidente, como V. Ex.ª me adverte que cálculo. o meu tempo está esgotado, dispenso de fazer O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg) a leitura. Os nobre Senadores que assistiram (fazendo soar a campainha.): – Lembro ao nobre a Convenção da ARENA ouviram quando o Orador que faltam 5 minutos para o término da Deputado Herbert Levy – diz o documento, Sessão. com palmas – falava da necessidade, atendendo O SR. FRANCO MONTORO: – Procurarei à orientação do Presidente da República, de terminar em breve, Sr. Presidente. uma modificação da política econômica, Esses dados são exigências da lei. O DIEESE porque a inflação está aumentando precisamente por aplicou apenas. É o que consta expressamente do isso. documento. Fonte dos dados: Decreto-lei nº 399. Ele O SR. BENEDITO FERREIRA: – V. Ex.ª vai- aplicou os dados que a lei estabelece, assim como a me permitir um reparo! lei dispõe sobre alimentação, higiene, transporte e O SR FRANCO MONTORO: – Assim, como o vestuário, abrange também aqueles gêneros. Ele excesso de salários pode causar o processo calculou esses preços de acordo com os inflacionário, o achatamento salarial tem também documentos que menciono também aqui. Se não há efeitos inflacionários, porque com achatamento não cor-respondência entre esses dados – S. Ex.ª diz há possibilidade de aquisição de mercadorias, e se que alguns não coincidem – será diferença de mais não há poder de compra o produto não é vendido, ou de menos um, sabemos que é difícil a exatidão fica estocado, vende-se menos. Isto determina o estatística, principalmente em relação a gêneros: aumento do custo de produção. Economicamente se talvez num só dia o mesmo produto custe um preço demonstra que um salário insuficiente, a falta de num lugar e outro em lugar diferente. Entregarei poder aquisitivo, determina o aumento do custo na estes dados, que constam do discurso de S. Ex.ª, ao unidade, o custo por unidade aumenta porque próprio DIESSE, para fazer a sua defesa, que eu a diminui a venda e isto tem efeitos inflacionários. transmitirei aqui. Estas razões todas nos levam a dizer que Quero informar ainda, a bem da verdade, que inegavelmente houve perda. Os dados a que se o DIEESE não me mandou estes dados, eles me refere o discurso meu, em que coloquei taxa de foram remetidos, elaborados a pedido da previsão, de inflação e diferença, o que S. Ex.ª diz Confederação. Esta me entregou a sua mensagem não os invalida. e, como anexo, estes dados. Adotei aqui critérios do Governo; o Governo S. Exª se refere também à perda do poder diz que se calcula a previsão inflacionária. Qual é aquisitivo. Sustenta uma tese que, penso, ninguém esta taxa de previsão? Todos os anos o cálculo foi no Brasil o faz com fundamento. Diz ele que "o atual feito abaixo do normal. Governo aumentou a capacidade aquisitiva dos Tenho dados, não vou repetir agora porque o assalariados." tempo não o permite não houve um ano, Sr. Eu ouvi isso. Eu não creio que isso Presidente, em que a previsão da taxa inflacionária possa ser dito com seriedade e com tivesse correspondido a inflação efetiva, e sempre fundamento. Aliás, o próprio Governo isso em detrimento e em desfavor dos trabalhadores.

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O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg) de maio corrente, na cidade de Cachoeira do Sul, (fazendo soar as campainhas.): – Agradeceria a V. Estado do Rio Grande do Sul. Ex.ª que terminasse o seu discurso porque o tempo da Sessão está-se esgotando. 2

O SR. FRANCO MONTORO: – O dado Discussão, em turno único, da redação final relativo a produtividade, que é anunciado na ordem (oferecida pela Comissão de Redação em seu de 9%, no ano passado, devido ao aumento da Parecer nº 34, de 1972 do Projeto de Decreto natalidade, 3%, seria 8% este ano – 11% menos 3%, Legislativo nº 25, de 1971 nº 18-A/71, na Câmara este índice produtividade seria isso, entretanto, foi dos Deputados), que aprova as contas do Presidente calculado 3%, sempre abaixo. É inegável que está da República, relativas ao exercício de 1967. havendo uma queda do poder aquisitivo. S. Ex.ª, com os dados que apresenta, com os adjetivos que 3 usou, não invalida esta verdade que todo o Brasil sente está diminuindo cada vez mais o poder Discussão, em turno único, da redação final aquisitivo da família dos trabalhadores, (oferecida pela Comissão de Redação em seu Parecer nº 30, de 1972) do Projeto de Lei do Senado particularmente daqueles que recebem salário- nº 37, de 1971, que dispõe sobre o pagamento de mínimo. Esta a verdade evidente que não pode ser juros moratórlos nas condenações da Fazenda negada por quem queira realmente fazer o jogo da Pública. verdade! (Muito bem! Muito bem!) O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – 4 Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a Sessão, designando, antes, para a Sessão Ordinária Discussão, em primeiro turno, do Projeto de de amanhã a seguinte: Lei do Senado nº 97, de 1971, de autoria do Sr. Senador José Lindoso, que dispõe sobre a ORDEM DO DIA obrigatoriedade do voto nas eleições sindicais, e dá outras providências, tendo:

1 PARECERES, sob nos 37 e 38, de 1972, das Comissões: Votação, em turno único, do Requerimento nº – de Constituição e Justiça, pela 23, de 1972, de autoria do Sr. Senador Daniel constitucionalidade e juridicidade; e Krieger, solicitando a designação de uma Comissão – de Legislação Social favorável. Especial de três Senadores, para representarem o Está encerrada a Sessão. Senado na III Festa Nacional do Arroz, que se (Encerra-se a Sessão às 18 horas e 03 realizará de 20 a 25 minutos.)

28ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 7ª LEGISLATURA, EM 11 DE MAIO DE 1972

PRESIDÊNCIA DO SR. CARLOS LINDENBERG

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se AVISO presentes os Srs. Senadores: Adalberto Sena – Geraldo Mesquita – DO SR. MINISTROS DOS TRANSPORTES Flávio Brito – José Lindoso – Cattete Pinheiro – Milton Trindade – Renato Franco – Clodomir – Nº 141/GM/GB, de 9 do corrente, Milet – Petrônio Portella – Virgílio Távora – comunicando a entrega do cargueiro OLINDA, o Wilson Gonçalves – Paulo Guerra – Luiz Cavalcante lançamento da barcaça RIO IBICUÍ e a entrega ao – Teotônio Vilela – Augusto Franco – Leandro transito público da Rodovia BR-226, trecho Santa Maciel – Antônio Fernandes – Heitor Dias – Cruz–Currais Novos, no Estado do Rio Grande do Ruy Santos – Carlos Lindenberg – Amaral Peixoto – Norte. Paulo Tôrres – Benjamin Farah – Nelson Carneiro – José Augusto – Magalhães Pinto – PARECER Orlando Zancaner – Benedito Ferreira – Fernando Corrêa – Filinto Muller – Accioly Filho – PARECER Ney Braga – Daniel Krieger – Guido Mondin –Tarso Nº 64, DE 1972 Dutra. O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – da Comissão de Constituição e Justiça, sobre A lista de presença acusa o comparecimento de 35 o Projeto de Lei do Senado nº 70, de 1971, que Srs. Senadores. Havendo número regimental, "estende à Associação dos Motoristas do Serviço declaro aberta a Sessão. Público Civil (AMoSP) e às entidades congêneres os O Sr. 1º-Secretário procederá à leitura do benefícios da Lei nº 1.134, de 14 de junho de 1950". Expediente. É lido o seguinte: Relator: Sr. Heitor Dias O nobre Senador Benjamin Farah pretende, EXPEDIENTE pelo presente projeto, estender à Associação dos Motoristas do Serviço Público Civil, com sede no MENSAGEM Estado da Guanabara, os direitos previstos na Lei nº 1.134, de 1950, isto é, os de representação coletiva DO SR. PRESIDENTE DA REPÚBLICA de seus associados. Justificando a sua iniciativa, declara o nobre Senador que – Nº 55/72 (nº 70/72, na origem), de 9 do "... A rigor, tal medida já foi tornada extensiva corrente, restituindo autógrafos do Projeto de Lei nº a todas as entidades representativas de servidores 1/72 (nº 544-A/72, na Câmara dos Deputados), que públicos, porém limitada às que estivessem com os concede aumento de vencimentos aos funcionários estatutos registrados na data da Lei nº 4,069, de da Secretaria da Câmara dos Deputados e dá outras 1962 – art. 29. Cogita-se, portanto, agora, de ampliar providências (Projeto que se transformou na Lei nº o limite de tempo, até à data em que o presente 5.777, de 9-5-72). projeto se converter em lei."

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PARECER mensalidade dos sócios", previsto na Lei nº 1.134/50. A medida nos parece rigorosamente jurídica. Já Temos, data vênia, por injurídico o projeto. A existe, aliás, precedente representado pela lei nº lei invocada fala em "associações de classe", e 4.069 de 1.62. A objeção levantada pelo ilustre parece-nos que uma entidade constituída de Relator não nos parece procedente. A lei nº 1.134 Motoristas é uma representação de categoria refere-se, evidentemente, a categoria de servidores profissional, e não uma associação de classe. A "classe", a nosso ver, é, no particular, a de públicos e, portanto, à Associação de classe em "funcionários públicos". Frise-se, aliás, que ao digno sentido amplo. representante da Guanabara, na sua justificativa não Nosso voto é pela aprovação do Projeto. passou desapercebido esse matiz semântico, tanto Sala das Comissões, em 24 de novembro de que ali se lê que "a providência visa a oferecer 1971. – Franco Montoro. condições de melhor atendimento aos associados O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – das entidades representativas de categorias de O Expediente lido vai à publicação. servidores . públicos". Sobre a mesa, requerimento que vai ser lido E, com a devida licença, aprovado o presente pelo Sr. 1º-Secretário. projeto, poderíamos assistir no Brasil, em vários É lido o seguinte: Estados, o surgimento de associações de "escriturários", de "serventes", de "contínuos", eis que, formam, todos êles, categorias profissionais, REQUERIMENTO corno os Motoristas. Nº 25, DE 1972 Não é para esquecer que o 2º da lei citada admite a criação de tais associações como Exm.º Sr. Presidente do Senado Federal instrumento de "estudo e solução dos problemas que Comemorar-se-á, de 21 a 27 do mês em se relacionam com a classe". Não, portanto, com as curso, o Centenário da Associação Comercial de categorias profissionais. Sergipe. Sob tais fundamentos, somos, salvo melhor Nesta ocasião, Sergipe terá o prazer de juízo, contra a tramitação do projeto, pela hospedar o Senhor Senador Petrônio Portella, injuridicidade que, a nosso ver, envolve. Sala das Comissões, em 24 de novembro de Digníssimo Presidente do Senado Federal, Ministros 1971. Daniel Krieger, Presidente – Heitor Dias, de Estado é várias outras autoridades, razão porque Relator – Antônio Carlos – Gustavo Capanema – vimos requerer, nos termos regimentais, a Eurico Rezende, vencido – Helvidio Nunes – Accioly designação de uma Comissão de três Senadores Filho – Wilson Gonçalves – Franco Montoro, vencido para representar o Senado, nas comemorações com declaração de voto. referidas, de tanto relevo para a classe empresarial de nosso Estado. VOTO EM SEPARADO Sala das Sessões, em 11 de Maio de 1972. – Augusto Franco – Lourival Baptista – Leandro Maciel Sr. Senador Franco Montoro – Magalhães Pinto – Benedito Ferreira – Osires

O objetivo fundamental do presente projeto Teixeira – José Lindoso – Antônio Fernandes. é assegurar à Associação dos Motoristas do Serviço O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Público e outras entidades representativas O requerimento lido será incluído em Ordem do Dia de servidores públicos de âmbito nacional, o direito da Sessão seguinte. de efetuar "mediante consignação em fôlha Sr. 1º-Secretário procederá à leitura de de pagamento de seus associados, o desconto da comunicação enviada à Mesa.

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É lida a seguinte: ja, órgãos de classe, assembléias de representação popular, inclusive o Senado todos vêm enfocando a COMUNICAÇÃO disparidade da renda regional e da individual no País. Brasília, 3 de maio de 1972 Ao coro, junta-se a voz altissonante do

Sr. Presidente: Presidente Médica. Em sua mensagem ao ensejo do Tenho a honra de comunicar a V. Ex.ª que a 8º aniversário da Revolução, assinalando o Comissão. Executiva do Grupo Brasileiro da A.I.D.T., "excepcional progresso registrado quanto ao reunida em 26 de abril p.p., deliberou indicar o desenvolvimento econômico", não se esqueceu Sua Senhor Senador Helvídio Nunes, para integrar a Excelência de proclamar também "a necessidade de Delegação Brasileira ao XV Congresso da COTAL, a distribuir-lhe os frutos de modo mais equitativo". realizar-se na cidade do Panamá. No caso particular do Nordeste, os frutos são Solicito de Vossa Excelência as providências notoriamente escassos. Correspondem apenas à no sentido de ser aplicado os dispositivos legais para o caso em pauta. quarta parte dos colhidos pelos nossos irmãos de Na oportunidade, renovo a Vossa Excelência São Paulo. Basta um quarto da renda do paulista os protestos de estima e alta consideração. – para perfazer a renda per capita nordestina. Senador Orlando Zancaner, Presidente. O pior é que esse desequilíbrio tende a O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – agravar-se no final da década – demonstrou-o o De acordo com a indicação constante do ofício lido, Senador Arnon de Mello em aplaudido discurso designo, para integrar a Delegação Brasileira ao XV nesta tribuna. O Banco do Nordeste do Brasil, a seu Congresso da COTAL, a realizar-se na cidade do Panamá, o Sr. Senador Helvídio Nunes. turno, concluiu ser descendente a participação Comunico ao Plenário que esta Presidência, regional na renda interna do Brasil. nos termos do art. 279 do Regimento Interno, Quanto ao desnível individual, fica ele determinou o arquivamento do Projeto de Lei do eloqüentemente evidenciado nestes três dados Senado nº 124, de 1968, de autoria do Sr. Senador estatísticos: Lino de Mattos, que dispõe sobre a aquisição de 1º – 40% da população ativa nordestina não produtos veterinários, considerado rejeitado em tem emprego; virtude de ter recebido pareceres contrários, quanto 2º – A metade de nossos trabalhadores rurais ao mérito, das Comissões a que foi distribuído. Há oradores inscritos. não ganha sequer metade do salário-mínimo; Concedo a palavra ao nobre Senador Benedito 3º – Somente 30% deles percebem quantia Ferreira. (Pausa.) igual ou superior ao salário-mínimo. S. Ex.ª não está presente. Não bastassem essas expressivas Concedo a palavra ao nobre Senador Fausto percentagens, lembraríamos a declaração do próprio Castello-Branco. (Pausa.) Ministro do Trabalho, em Nova Iguaçu, faz poucos S. Ex.ª não está presente. dias, de que o grande mal do País é o subemprego. Concedo a palavra ao nobre Senador Luiz São aqueles números justificadores da Cavalcante. O SR. LUIZ CAVALCANTE: – avalancha de mendigos nas ruas das capitais Senhor Presidente, Senhores Senadores, nordestinas, "os tangidos do campo e da indústria a redistribuição da renda está na ordem pelos processos de modernização" no dizer do do dia da Nação. Imprensa, Igre- Senador Teotônio Vilela, em recente entrevista.

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A propósito, eis uma estatística que está Apontaram, também, a queda na venda de faltando: a dos mendigos. bilhetes das loterias estaduais de Pernambuco e No romance. "Os Canoés", do meu Paraíba, o que tem resultado na falta de condições conterrâneo Jósé Maria de Melo, Dona Linda do governo em melhor assistir os estudantes pobres encontra o alquebrado Manu e lhe pergunta: e atender obras assistenciais que tinham naquelas – Como vai passando, seu Manu? e este, arrecadações um maior suporte e que agora se vêm responde: desprovidas dos meios. – Bem, Dona Linda: bem véio, bem doente e O Governador baiano, Sr. Antônio Carlos bem pobe. É bem pu peste! Mas nenhum me Magalhães, associou-se aos seus colegas de serve!.... Pernambuco e Paraíba e sugeriu que fossem as O Nordeste vai como seu Manu: bem velho, loterias estaduais responsáveis pelo comando, em bem doente e bem pobre. seus respectivos Estados, do "Bolão" e que, da Não se nega ao Governo da República o renda da Loteria Esportiva fossem destinadas verbas reconhecimento de esforços para torná-lo rico e para cada um deles, recursos estes que seriam sadio. Há todo um elenco de medidas com esse empregados em obras assistenciais." objetivo. Aí está, por exemplo, o PRORURAL, Com referência ao mercado de capitais, só a trazendo as primeiras aposentadorias ao homem do minguada poupança dos alagoanos contribuiu para campo, sonho acalentado por várias gerações. E as bolsas de valores do Rio e São Paulo, em 1971, nem tem faltado o Governo com maciços com 100 milhões de cruzeiros, aproximadamente, as investimentos na concretização de obras de infra- mesmas cifras da receita estadual. estrutura. A injusta partilha do ICM tem sido São transfusões que não compensam, exaustivamente debatida nesta Casa. Lembro, infelizmente, as sangrias que o anêmico Nordeste unicamente, que, para cada cruzeiro por ele sofre incessantemente, tais como: o deficit comercial depositado no erário do Nordeste, sete cruzeiros vão com o Centro-Sul; a erosão semanal da Loteria para outras arcas. Esportiva; as inversões nos mercados de capitais Em síntese, o Nordeste é bem o tonel das carioca e paulista; e a iníqua distribuição do ICM. Donaldes: tem vazão muito maior que o suprimento... Segundo o comedido economista Afrânio Não sem justa causa o Governador Afrânio Melo, o deficit comercial mensal ascende a 500 Lages lamenta-se, como recentemente o fez na milhões de cruzeiros. No ano, 6 bilhões, mais do que Guanabara, de que "a evasão de rendas continua a soma de todos os orçamentos estaduais da região. sendo um dos problemas dos mais graves para os Sobre a Loteria Esportiva, limito-me a Governos nordestinos". transcrever tópico do Jornal do Comércio, do Rio de Temo que o quadro se torne ainda mais Janeiro, edição de 29-9-71, sob o título "Loteria sombrio pela formação dos grandes conglomerados Esportiva Preocupa Nordeste": financeiros industriais e seguradores, que vêm "Os Governadores Eraldo Gueiros e Ernâni acentuando a guinada da economia brasileira rumo Sátiro, de Pernambuco e Paraíba, levaram ao ao oligopólio, agravando o malefício social da Conselho Deliberativo da SUDENE as preocupações concentraçao da riqueza. de seus Estados em face da evasão de recursos em Volta assim, Senhor Presidente e Senhores decorrência da Loteria Esportiva, mesmo antes da Senadores, ao muro das lamentações em que, de certo sua oficialização nesta área, solicitando do Ministro tempo para cá, se constituiu esta Tribuna para Costa Cavalcanti levar o problema ao conhecimento representantes nordestinos. Mas não vertemos aqui as do Presidente Médici, em busca de uma solução. lágrimas dos desesperançados. Bradamos, isto sim,

– 202 – para não sermos irrecuperáveis retardatários nesta visita que recebi, naquele distante ano de 1932, foi a escalada desenvolvímentista que empolga os do Presidente da Associação Brasileira de Imprensa. brasileiros e espantao mundo inteiro. Era ele um homem vigilante: onde estivesse alguém E desejamos contribuir, mui especialmente, da sua corporação, o mais modesto, o mais jovem, o para que os anos Médici sejam mesmo os da mais desconhecido, ali estava presente Herbert redenção do "homem do campo de todo o Brasil – o Moses. homem que ninguém via, sem face e sem história". Mas não foi só, Sr. Presidente e Srs. Então, como disse ainda o Presidente, "é Senadores, e já que aqui faço esse depoimento chegada a hora de antecipar o tempo da grande quero completá-lo. Ao sair eu da situação vexatória presença do Nordeste no Brasil". (Muito bem. em que os fatos políticos já me atiravam desde a Palmas.) juventude, não tinha eu como sobreviver no Rio de O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Janeiro. Herbert Moses logo procurou ajudar ao Concedo a palavra ao nobre Senador Nelson jovem profissional baiano. Diretor que era da Carneiro, por permuta com o nobre Senador Companhia Souza Cruz, convocou a minha Benjamin Farah. colaboração, para escrever na sua revista. Quem O SR. NELSON CARNEIRO (sem revisão do examinar os números do passado verificará que, sob orador.): – Sr. Presidente, chegou-nos a infausta vários pseudônimos, na mesma revista, saíam notícia de que faleceu, hoje, no Rio de Janeiro, o mensalmente dois ou três artigos de minha autoria, antigo Presidente da Associação Brasileira de cada um deles pago a cinqüenta mil réis. Imprensa, antigo diretor de O Globo, advogado dos Era, Sr. Presidente, uma fortuna naquele mais brilhantes – Herbert Moses. Há muito tempo tempo. Mas isso ajudou o jovem jornalista a manter a enfermo, afastado das suas atividades normais, nem independência que, favor de Deus, conservou até os por isso a Nação esqueceu os grandes serviços dias de hoje. prestador por aquele homem público às causas a E se trago aqui o meu depoimento pessoal, que se dedicou. não o faço senão para mostrar que muitas vezes, Quero recordar principalmente o jornalista, o centenas de vezes, ele praticou o mesmo gesto, teve Presidente da Associação Brasileira de Imprensa a mesma atitude, sem indagar se o jornalista era do durante tantos e tão sofridos anos. Governo ou da Oposição, se o jornal criticava ou Recordo, quando nos dias incertos que apoiava. marcaram a vida política deste País, presidia ele o Ele era o Presidente da Associação Brasileira órgão supremo da classe dos jornalistas e, a cada de Imprensa e, como Presidente, ninguém o momento, a cada jornal que sofria uma violência ou a superou, ninguém o superará, nessa vigilância cada profissional que era punido por outra violência, democrática e de assistência permanente a todos os surgia Herbert Moses lutando pela restauração das profissionais e, na luta constante e permanente garantias da imprensa ou pela liberdade do durante todos os longos anos do Estado Novo, pelo profissional. restabelecimento da liberdade de imprensa. Eu próprio, Sr. Presidente e Srs. Senadores, Presto, Sr. Presidente, em nome do MDB, que gozei da sua imensa solidariedade. Quando não quer deixar arriar a bandeira que ele defendeu – a os vaivéns da vida política que marcam a todos permanente luta pelo restabelecimento das franquias nós, os que envelhecemos neste tão malsinado da Imprensa escrita e falada, e também pelo labor, quando, Sr. Presidente, dizia eu, cheguei respeito ao que os profissionais da Imprensa dizem e um dia ao Rio de Janeiro, sem nenhum escrevem – em nome do Movimento Democrático conhecimento, saindo de um porão de navio para um Brasileiro, presto minha homenagem a Herbert cubículo da Casa de Detenção, a primeira Moses, que, nascido em 27 de julho de 1884, en-

– 203 – cerrou esta madrugada sua passagem pela terra. Brasil este exemplar humano de ação e de Dentro de poucos momentos, da Capela Real solidariedade humana, que ele foi em toda a sua Grandeza, no Rio de Janeiro, seu corpo, torturado vida. por uma enfermidade, atroz e lenta, baixará à Neste instante, em nome da Bancada da sepultura; mas, para os que o conheceram, para os Aliança Renovadora Nacional; quero manifestar à que amaram e amam a liberdade de Imprensa, para Imprensa brasileira, à ABI e à família de Herbert os que continuam a lutar pelo respeito à opinião dos Moses o nosso pesar. que escrevem e dos que falam, Herbert Moses não Era o que tinha a dizer. (Muito bem!) será jamais esquecido. (Muito bem!) O SR. PRESIIDENTE (Carlos Lindenberg): – O SR. RUY SANTOS: – Peço a palavra, Sr. Concedo a palavra ao nobre Senador Franco Presidente, como Líder da Maioria. Montoro, que falará em nome da Liderança do O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Movimento Democrático Brasileiro. Concedo a palavra ao nobre Senador Ruy Santos. O SR. FRANCO MONTORO (como líder. O SR. RUY SANTOS (como Líder. Sem Sem revisão do orador.): – Sr. Presidente, Srs. revisão do orador.): – Sr. Presidente, na vida de todos Senadores, na forma da lei, as aposentadorias, os povos há homens que acabam se constituindo numa pensões e outros benefícios devidos pela instituição. Na vida brasileira, nesta vida brasileira cheia Previdência Social serão obrigatoriamente de idas e voltas mas, felizmente, hoje numa arrancada reajustados sempre que for alterado o salário- que, tudo indica, sem retorno – Herbert Moses mínimo. Princípio semelhante vigora para os constituiu-se, em verdade, numa figura que se benefícios relativos aos servidores civis e militares, transformou numa instituição. que são automaticamente reajustados sempre que Conheci-o, Sr. Presidente; estive com ele em forem elevados os níveis de remuneração das mais de uma oportunidade no Palácio Tiradentes. respectivas categorias. Trata-se de um princípio de Mirradinho, miúdo, o andar um pouco apressado, justiça. Herbert Moses era uma instituição, não só para os Entretanto, em relação às viúvas e órfãos de que viviam a vida da Imprensa, como eu vivi muito centenas de milhares de beneficiários do INPS que tempo, mas, para toda a vida nacional. são antigos empregados que dedicaram a vida ao Com um esforço tremendo, tenho a impressão trabalho, está havendo grave injustiça. Para eles; o de que foi ele que dotou a Associação Brasileira de reajustamento é feito somente três meses depois de Imprensa daquele admirável prédio que possui hoje entrar em vigor o novo salário-mínimo. na Esplanada do Castelo. Esta desigualdade precisa ser corrigida, Herbert Moses, como bem destacou o notadamente em face da situação difícil e, em muitos Senador Nelson Carneiro, foi um vigilante em defesa casos, desesperadora dos aposentados, viúvas e da Imprensa e em defesa dos jornalistas. Ele era órfãos que vivem na dependência da Previdência ajudado para isto, Sr. Presidente, pela sua Social. tranqüilidade, pela sua maneira de proceder. Ele não Associações nacionais de inativos, se atritava, ele não se chocava com ninguém, nem associações representativas de inativos, em vários com governos; era como que um neutro nesta .Estados do País, estão dirigindo ao Senado Federal atormentada vida nacional. apelo no sentido de que seja com urgência decidida Desaparece Herbert Moses; perde a a matéria que lhes diz respeito. Imprensa brasileira e O Globo, onde ele trabalhou Com este objetivo, apresentamos, em 4 de maio durante muito tempo e do qual foi Diretor, uma do ano passado, projeto que recebeu o nº 22, de 1971, grande figura, mas perde principalmente o determinando seja o reajustamento feito na mes-

– 204 – ma data da vigência do novo salário-mínimo. Já com Sr. Presidente, tenho certeza de que o Senado parecer favorável das Comissões de Constituição e Federal não negará apoio ao pedido de urgência Justiça e de Legislação Social, o projeto encontra-se, para apreciação da matéria, porque, além dos lamentavelmente, parado na Comissão de Finanças, pequenos servidores, que já são beneficiados por desde o dia 22 de novembro do ano passado, essa norma; os demais trabalhadores, os servidores aguardando informações do Executivo. civis de todas as categorias, os militares de todas as Por este motivo, Sr. Presidente, solicitamos categorias, têm suas pensões reajustadas na data da duas medidas do maior interesse social e de rigorosa elevação do salário da respectiva categoria. justiça. Primeira: que o Projeto nº 22, de 1971, que O SR. RUY SANTOS: – Permite V. Ex.ª um tramita juntamente com o Projeto nº 18, de 1971, aparte? seja discutido e votado pelo Senado Federal em O SR. FRANCO MONTORO: – Com prazer. caráter de urgência. O SR. RUY SANTOS: – V. Ex.ª dirige um Sr. Presidente, a urgência se justifica e se apelo à Maioria em favor de urgência da votação da impõe porque acaba de ser decretado um novo matéria – se bem ouvi, porque tive que ir à Mesa. E salário-mínimo, e, assim, essa lei será inútil; pelo estive justamente na Mesa para ver o projeto. menos durante um ano, se não for votada com a Na Comissão de Finanças, pedi audiência do urgência necessária. É o que solicitamos como Ministério do Trabalho, e a resposta não veio até primeira medida. agora. A sugestão que faço é que a Secretaria-Geral A segunda medida: que as pequenas devolva o processo à Comissão de Finanças, para aposentadorias, iguais a 70% do salário-mínimo, e dar sua palavra, com a informação do Ministério do as pensões, iguais a 35% do mesmo salário, sejam Trabalho ou sem ela. Comprometo-me com V. Ex.ª reajustadas pelo INPS a partir de 1º de maio a, na próxima Sessão, relatar este projeto. O corrente, independentemente da aprovação da nova parecer, não posso garantir a V. Ex.ª que será lei, mas em obediência à já existente. É o Decreto-lei favorável ou contrário, faço questão que fique nº 66, de 1966, que estabelece norma imperativa, expresso. Com a apresentação do parecer, a matéria expressa, do seguinte teor: estará em condições de entrar em pauta, sem o "As prestações dos benefícios de socorro da medida requerida, da urgência que V. aposentadoria e de auxílio-doença não poderão ser Ex.ª propõe. Esta, a explicação que desejava dar a inferiores a 70% do salário-mínimo, nem as pensões V. Ex.ª por morte a 35% do mesmo salário." O SR. FRANCO MONTORO: – Sr. Presidente, A lei expressa, de 1966, determina que agradeço a atenção do nobre Senador Ruy Santos a nenhum benefício poderá ser inferior a esses meu pedido. A medida que S. Ex.ª propõe, se não percentuais. Portanto, a partir da decretação da nova atende, na integridade, nosso pedido, que seria da base do salário-mínimo, nenhum benefício poderá urgência, indiretamente chegará ao mesmo ser pago abaixo desses limites. resultado. Se S. Ex.ª, Relator da matéria na Neste sentido solicitamos ao INPS – e ao que Comissão de Finanças, dispensar a audiência do estamos informados essa é disposição de muitas das Executivo e der seu parecer nesta Sessão, na Delegacias desse Instituto, mas deve ser regra geral próxima a matéria estará em condições de ser para todos os municípios do Brasil – que as apreciada. aposentadorias pequenas, até 70% do salário- Neste sentido, solicitaríamos à Mesa que, mínimo, e as pensões, até 35%, sejam majoradas dada a natureza da proposição, seja ela incluída, imediatamente. As demais dependem da aprovação com a urgência ou pressa devida, na Ordem do Dia, desta lei. porque sua oportunidade é precisamente agora.

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O SR. RUY SANTOS: – Permite V. Ex.ª um O SR. GERALDO MESQUITA: – Presidente, novo aparte? Srs. Senadores. O SR. FRANCO MONTORO: – Com prazer, e Até mesmo quem esteja acompanhando com agradeço a V. Ex.ª a compreensão. vivo interesse a atuação do Ministério das O SR. RUY SANTOS: – Respondendo pela Comunicações, há de se surpreender diante dos Maioria, podia perfeitamente atender ao pedido de resultados alcançados na execução das tarefas que urgência solicitado por V. Ex.ª Mas vamos admitir lhe estão afetas, de vital importância para o que não temos ainda elementos, nós da Aliança desenvolvimento do País. Renovadora Nacional, para julgar do mérito da No setor das telecomunicações, por exemplo, proposição. Admitamos que, votada a urgência, e, ao é empolgante aquilo que já se fez e o que está sendo entrar a matéria na Ordem do Dia, contemos com implantado, com admirável tenacidade e correção, elementos desfavoráveis à proposição. Então, aceleradamente. estaríamos dando a urgência e, depois, rejeitando o Deveras marcante é a programação projeto. Minha sugestão é apenas para atender ao desenvolvida pela EMBRATEL, empenhada na encaminhamento normal da matéria, e entendo que concretização; das seguintes metas: V. Ex.ª estará atendido. a) dotar o País de uma infra-estrutura no O SR. FRANCO MONTORO: – Sr. Presidente, campo das telecomunicações interestaduais, com manifesto, em nome do MDB, o agradecimento à capacidade para atender plenamente às decisão que nos é dada pelo nobre Senador Ruy necessidades atuais, com ampla possibilidade de Santos. Realmente, em matéria desta natureza, expansão; acima das eventuais divergências, partidárias deve b) possibilitar serviços de telecomunicações de prevalecer o interesse público. A matéria é da maior alta qualidade e elevada confiabilidade, abrangendo relevância e da maior justiça. Será examinada pela telefone, telegrafia, telex, fac-símile, transmissão de terceira Comissão. Nas demais, teve parecer dados e de programas de alta fidelidade, entre os favorável unânime. Espero que na Comissão de quais os de televisão; Finanças o mesmo ocorra, e, assim, esta Casa c) introduzir o sistema de discagem direta à possa dar à elaboração legislativa do Brasil uma distância, com bilhetagem automática, nos circuitos norma de rigorosa justiça que encontra precedente inter-estaduais, e nas normas existentes para as demais categorias d) implantar um sistema Internacional de alta profissionais. qualidade e confiabilidade, mediante participação do Sr. Presidente, encerro estas palavras com um País no Sistema Internacional de Comunicações agradecimento e felicitações à decisão da Maioria, por Satélites e no Sistema Mundial de cabos na palavra do nobre Senador Ruy Santos. (Muito coaxiais submarinos, dotando-o, assim, dos bem! Muito bem! Palmas.) canais adequados, em número e qualidade, de O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – que necessita para comunicar-se com as demais A Presidência, atendendo a sugestão do Senador nações. Ruy Santos, determinará o encaminhamento do É possível avaliar-se o vulto do trabalho Projeto de Lei do Senado nº 22, de 1971, à realizado de 1967 até hoje; medir a distância Comissão de Finanças. percorrida em tão pouco tempo, quando se sabe Concedo a palavra ao nobre Senador Virgílio que naquele ano havia em operação em todo o Távora. (Pausa.) Brasil apenas três sistemas interestaduais S. Ex.ª não está presente. de microondas, de média capacidade: o Rio–São Concedo a palavra ao nobre Senador Geraldo Paulo, operado pela CTB, com 468 canais Mesquita. telefônicos; o Rio–Belo Horizonte, uti-

– 206 – lizado pela Companhia Telefônica de Minas Gerais, c) o tronco Campo Grande–Rio Branco, e com 120 canais, e o Rio–Belo Horizonte–Brasília d) o tronco Porto Velho–Manaus. mantido pela EMBRATEL, com 132 canais. É um Trechos que a seguir transcrevo, de discurso salto inestimável, dado com firmeza e decisão, na pronunciado pelo Dr. José Maria Couto de Oliveira, escalada brasileira do desenvolvimento. Presidente da Embratel, durante o ato inaugural do Não pretendo, Sr. Presidente, tentar, nesta sistema Campo Grande–Corumbá–Cuiabá, em 20 de oportunidade, a avaliação de obra de tão grande março deste ano, permitem uma visão mais ampla porte e envergadura. Limito-me, apenas, a ressaltar, desse enorme complexo que constitui o Sistema de por dever de imperiosa justiça, o que vem sendo feito Telecomunicações da Amazônia. Afirmou S. Sa., na Amazônia, pelo Ministério das Comunicações, naquela oportunidade: notadamente a EMBRATEL. "Para permitir a interligação de Mato Ater-me-ei, portanto, à implantação do sistema de Grosso e de toda a região amazônica, necessário telecomunicações da Amazônia, cujo objetivo é o de se tornou a utilização de uma técnica diferente fornecer, a curto prazo, os meios de que carecia aquela da que vinha: sendo empregada pela EMBRATEL área, para se engajar no processo de desenvolvimento no resto do País, adotando-se o processo de nacional, e, conseqüentemente, integrar-se, através das propagação trans-horizonte e implantando-se o comunicações, ao resto do País. maior Sistema de Microondas em Tropodifusão As características e peculiaridades locais exigiram em sua capacidade, para operação comercial da empresa uma solução engenhosa, inteiramente em todo o mundo. Esse sistema, cuja diferente da que foi adotada no resto do Brasil. A vasta primeira seção, de Campo Grande a Cuiabá, planície, revestida de densas florestas e cortada de rios é entregue hoje, oficialmente, ao tráfego, imensos, não dispunha, na medida das necessidades, prossegue com demodulações em Parecis, de vias de acesso terrestre, o que dificultava ainda mais Vilhena e Rondônia, até Porto Velho, onde a tarefa verdadeiramente desafiadora. Exatamente por se bifurca para atingir, a oeste, a Rio Branco, isso, em vez do clássico sistema de microondas em atendendo ainda à cidade de Guajará-Mirim, visibilidade direta, optou a EMBRATEL pelo sistema de para atingir, ao norte, a Capital do Estado do microondas em tropodifusão, projetando e construindo Amazonas, com estações Intermediárias nas estações que "formam gigantesco complexo que veio a cidades de Humaitá e Manicoré. se constituir no maior sistema de microondas" desse Em seu objetivo de interligação, e em seu tipo, em todo o mundo. sentido de integração nacional, este monumental O sistema de microondas em tropodifusão, já sistema de tropodifusão, de Manaus prossegue para encarado como a redenção da Amazônia pelas leste, oferecendo suas facilidades às cidades de telecomunicações, compreende estações Itacoatiara, Parintins, Santarém, Almarim e Macapá, distanciadas entre si por espaços de 300 km e para atingir Belém do Pará, após percorrer uma rota antenas com superfície de até 700 m2. Operam com aproximada de 5.000 km de extensão, num total de capacidade máxima de 120 canais de voz e 18 estações de tropodifusão e 8 estações terminais; permitem serviços de telefone, telegrafia, telex, fac- na seção Campo Grande–Corumbá–Cuiabá, símile, transmissão de dados e programas de alta foram construídas as 3 estações terminais fidelidade. São, Senhor Presidente, quatro sistemas dessas cidades e 2 estações repetidoras no alto da parciais, interligados entre si, a saber: Serra de Urucum e Chapada dos Guimarães; a) o tronco Belém–Manaus; instalaram-se 8 gigantescas antenas tipo "Off-set", b) o tronco Manaus–Boa Vista; além de outras antenas parabólicas e trans-

– 207 – missores de 1 kilowatt na faixa de 900 megahertz; ços já acentuados, aplicações vultosas que se implantaram-se custosas estradas de acesso aos expressam em cifras muito sugestivas, como estas: pontos elevados das estações repetidoras." até dezembro de 1971, do montante de 780 milhões A implantação do sistema, quase concluída, de cruzeiros, arrecadados pela EMBRATEL, através de vez que as metas do Ministério das do Fundo Nacional de Telecomunicações, foram Comunicações vêm sendo atingidas com aplicados na Amazônia 25%. precisão, em "prazos jamais alcançados por O sistema Campo Grande–Manaus, por qualquer outra nação", exigiu, a par dos esfor- exemplo, teve o séguinte custo histórico:

Valores Cr$ US$ Equipamentos (incluindo sobressalentes e documentação técnica) ...... 9.541.638,00 + 4,328,597.00

Instalação (incluindo transporte, seguro, operação durante o período de testes e treinamento) ...... 8.729.048,00 + 379,722.00

Obras Civis (incluindo vias de acesso, galerias subterrâneas, rede elétrica, ar condicionado, sistema de aterramento) ...... 44.000.000,00 +

TOTAL ...... 62.271.463,00 4,708,319.00

O custo total do sistema Belém–Manaus, por Se bastante significativos são os índices de sua vez, alcança as importâncias de Cr$ investimentos, se expressivamente vultoso é o 31.694.825,00 e US$ 2,787,291.00 (CIF-Belém), trabalho realizado, muito importantes são, do mesmo assim desdobradas, segundo seu custo histórico: modo, a qualidade e o alto nível técnico dos serviços – Equipamentos, incluindo sobressalentes e que vêm sendo oferecidos e que se ampliam a cada documentação técnica: Cr$ 4.978.195,00 + US$ passo. 2,787,291.00 (CIF-Belém); Do maior interesse público, porém, é a redução – Instalação (incluindo transporte, seguros, conseguida sôbre as tarifas cobradas pelos sistemas operação durante o período de testes, treinamento e tradicionais que estão sendo substituídos. Uma supervisão das bases de geradores e fundação de ligação de Manaus ou Macapá, para o Rio de Janeiro torres): ou São Paulo, custava Cr$ 42,06 nos três primeiros Cr$ 3.190.400,00 minutos, mais Cr$ 14,02 por minuto adicional. A – Obras civis, incluindo vias de acesso e ar mesma ligação, através do sistema da EMBRATEL, condicionado: caiu para: 9,75 nos três primeiros minutos, mais Cr$ Cr$ 23.526.230,00 3,75 por minuto adicional, na classe Telefone a TOTAL: Cr$ 31.694.230,00 + US$ Telefone, em horário normal, já incluídos, aí, os 2,787,291.00 valores relativos ao percentual de 40% do Fundo Tais investimentos dizem respeito Nacional de Telecomunicações e quota de exclusivamente a equipamentos de rádio, multiplex, previdência. Reduções proporcionais ocorreram nas torres, prédios e estradas de acesso. Neles não se tarifas de ligação entre Cuiabá e São Paulo. computam equipamentos de comutação telefônica, O resultado não pode ser outro, cujos custos se elevam a algumas dezenas de Senhores Senadores, que o de se obter milhões de cruzeiros. bem maior volume de comunicações,

– 208 – a custos mais baixos e, conseqüentemente, maiores de diversos Engenheiros e técnicos daquela possibilidades de desenvolvimento. Secretaria de Estado. A situação dos quatro trechos componentes do Embora, por motivo de força maior, tivesse sistema Campo Grande–Manaus era, no último mês que interromper a viagem na capital de meu Estado, de março, a seguinte: esse roteiro ofereceu-me o ensejo de aumentar Campo Grande–Cuiabá – Período de garantia meus conhecimentos relativamente ao desempenho iniciado em 11-2-72; do Ministério das Comunicações, notadamente a Cuiabá–Porto Velho – Período pré-definitivo atuação da EMBRATEL e da Empresa de Correios e iniciado em 8-4-72; Telégrafos. Porto Velho–Manaus – Período pré-definitivo Assisti ao ato inaugural do sistema Campo iniciado em 11-2-72 e Grande – Corumbá – Cuiabá; conheci, nos menores Porto Velho–Rio Branco – Período provisório detalhes, os equipamentos instalados em Vilhena, iniciado em 7-4-72. Porto Velho, Guajará-Mirim. e Rio Branco, onde O SR. PAULO GUERRA: – Permite V. Ex.ª constatei, emocionado, que as antenas da um aparte? (Assentimento do orador.) – Verifico que EMBRATEL já se voltam para o Acre, exatamente no V. Ex.ª está abordando assunto bem atualizado, mas ano em que comemoramos, com justificado júbilo, o gostaria de lembrar-lhe que além da taxa cobrada 10º aniversário de nossa elevação a Estado. pela EMBRATEL, quando qualquer pessoa Não foi só a apurada técnica da EMBRATEL o hospedada em hotel faz uma ligação interurbana, que me sensibilizou, no entanto. Entrei em contato com esta é cobrada com um lucro para o hotel de cento e os serviços locais da Empresa de Correios e Telégrafos, vinte por cento, até. O assunto merece a atenção verificando que os esforços feitos para a melhoria de sua dos poderes competentes, principalmente do Exmº produtividade constituem hoje uma realidade palpável. E Sr. Ministro das Comunicações. notei, Senhor Presidente, quanto nos distanciamos da O SR. GERALDO MESQUITA: – Muito época em que, uma carta colocada por um parlamentar obrigado a V. Ex.ª pelo aparte. da 5ª Legislatura, na Agência Postal da Câmara, e São dados, Senhor Presidente, que obtive nos endereçada para sua espôsa, em Brasília, levou cerca contatos a mim proporcionados pelo honroso convite de dez dias para chegar ao destino! que me formulou o atuante Ministro Higino Caetano É um aprimoramento que se deduz do fato de Corsetti, para participar da viagem de inspeção que hoje receber cartas postadas em Rio Branco, até altos dirigentes do Ministério realizaram, entre 20 e mesmo dois dias depois de taxadas. 27 de março último, obedecendo ao seguinte roteiro: A política de treinamento do pessoal da ECT é Cuiabá – Vilhena – Porto Velho – Guajará-Mirim – sem dúvida alguma fator decisivo na melhoria dos Rio Branco – Manaus – Boa Vista – Belém e índices já atingidos. A criação de um órgão Altamira. Dessa equipe, chefida pelo Dr. Carlos específico para a execução dessa diretriz – a Divisão Aristides Magno, Chefe do Gabinete do Ministro, de Treinamento – condiz com a mentalidade de participaram ainda o Dr. Carilto Corsetti, o Dr. José eficiência que se está imprimindo à Empresa. Vale Maria Couto de Oliveira, Presidente, e o Coronel ressaltar, a esse respeito, a atuação da Escola de Lourival Ribeiro do Rosário Filho, Diretor da Aperfeiçoamento da Guanabara, que sofreu EMBRATEL; o Coronel Haroldo Correia de Matos, completa reformulação, sendo revitalizada Presidente da Empresa de Correios e Telégrafos, os para o atendimento de seus elevados objetivos. Deputados Arnaldo Prieto e Rosendo de Souza e o Cabe-lhe, como às congêneres que estão sendo Dr. Francisco Solano Borges Filho, Diretor da criadas em Bauru, Porto Alegre e Recife, a formação Divisão de Relações Públicas do Ministério, além básica profissional em cursos postais de

– 209 – pessoal, nos campos de execução, supervisão, O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – inspeção e técnicos de nível médio. Sobre a mesa, projeto que vai ser lido pelo Sr. 1º Em 1970, os órgãos de treinamento Secretário. proporcionaram cursos de aperfeiçoamento É lido o seguinte: e capacitação a cerca de 36.000 servidores, inclusive a 3 Técnicos em Formação Postal, PROJETO DE LEI DO SENADO no exterior. Em 1971 foram treinados mais Nº 8, DE1972 de 15.000 servidores e no presente exercício já se prestou assistência de formação a 48 Dispõe sobre a forma de fiscalização funcionários, tanto na Empresa quanto fora dela, financeira, pelo Congresso Nacional, dos órgãos de desenvolvendo-se cursos que atingem 2.434 administração pública. outros. São fatos, Senhor Presidente, que O Congresso Nacional decreta: dificilmente chegam ao nosso conhecimento. Art. 1º As Comissões do Senado Federal e da Constituem quase um trabalho anônimo, como Câmara dos Deputados podem requisitar do Tribunal todo trabalho duradouro. E o que estão fazendo a de Contas da União cópia de informações, EMBRATEL e a Empresa de Correios e pareceres, documentos, dados, análises e outros Telégrafos é, inegavelmente, não só um trabalho elementos que, ao Tribunal, devam ser prestados ou para as atuais gerações, mas também e fornecidos pelos órgãos ou unidades administrativas sobretudo um trabalho para as gerações federais, assim como pelas autarquias, fundações, de amanhã. Não foi sem razão que o Congresso empresas públicas e sociedades de economia mista. Nacional, cumprindo decisão do plenário Art. 2º As Comissões de que trata o artigo anterior das duas Casas que o integram, comemorou, poderão determinar, ao Tribunal de Contas da União, a condignamente – e pela segunda, vez – o realização de inspeções ordinárias ou extraordinárias em Dia Nacional das Comunicações, na data quaisquer dos órgãos ou unidades e demais entidades consagrada a Rondon. Quem viu, como eu referidas no mesmo artigo, com o fim de proceder à tive a oportunidade de ver na Amazônia, a fiscalização da gestão financeira e orçamentária dos tarefa gigantesca que se está levando a cabo administradores e demais responsáveis por bens e naquela área, concorda que os homens de valores públicos. comunicações no Brasil de hoje, Senhor Art. 3º A Casa do Congresso que pertencer á Presidente, são herdeiros dignos de Rondon, Comissão interessada nas providências de que trata impregnados, como ele, da certeza de que estão esta lei caberá decidir, em cada caso, sobre o fazendo do Brasil uma só e grande Pátria, encaminhamento da requisição ou determinação. integrando-a pelas comunicações. (Muito bem! Art. 4º O disposto nos artigos 1º e 2º não terá Muito bem! Palmas.) aplicação quanto às dotações e despesas de natureza Comparecem mais os Srs. Senadores: secreta, assim consideradas na legislação própria. José Guíomard – José Esteves – Alexandre Art. 5º A presente lei entra em vigor na data de Costa – José Sarney – Fausto Castelo-Branco sua publicação, revogadas as disposições em contrário. – Waldemar Alcântara – Dinarte Mariz – Duarte Filho – Domício Gondim – Milton Cabral – Justificação Ruy Carneiro – Wilson Campos – Arnon de Mello – Lourival Baptista – Eurico Rezende – A competência para o exercício da fiscalização João Calmon – Vasconcelos Torres – Danton financeira e orçamentária é cumulativa da Câmara e Jobim – Carvalho Pinto – Franco Montoro – do Senado. Emival Caiado – Osires Teixeira – Mattos Ainda que a Constituição (art. 70, caput e seu Leão – Antônio Carlos – Celso Ramos – Lenoir § 1º, 72, § 4º, § 5º, c, § 6º) se refira, sempre nessa Vargas. matéria, ao Congresso Nacional, não está com

– 210 – vistas às duas Casas em funcionamento conjunto, Não será do Congresso a fiscalização se o Tribunal mas ao Poder Legislativo composto de duas de Contas realizá-la, sem dar-lhe informação sobre Câmaras. sua tarefa. Convém, pois, que em lei se discipline Isso importa em pertencer a ambas as esse auxílio do Tribunal de Contas à incumbência do Câmaras a tarefa fiscalizadora. Só é privativa da Congresso. Câmara uma das atribuições fiscalizadoras, a saber, Sala das Sessões, em 11 de maio de 1972. – a de tomar as contas do Presidente da República, Magalhães Pinto – Accioly Filho – Filinto Müller – quando não apresentadas ao Congresso Nacional. É Daniel Krieger – Ney Braga. o que dispõe o art. 40, II, da Constituição, que a (À Comissão de Constituição e Justiça.) inclui entre as atribuições privativas da Câmara. No O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – tocante a demais formas de fiscalização, a O projeto que acaba de ser lido irá à comissão competência é comum a ambas as Casas: salvo a do competente. inciso V, do art. 42, e a do § 6º, do artigo 72, para a Está finda a hora do Expediente. qual se assina um prazo de (trinta) dias à Passa-se à: deliberação do Congresso. Embora não fale em Sessão Conjunta, como se faz em outro dispositivo ORDEM DO DIA (art. 51, § 2º, 59, § 3º 66), o prazo fixado de trinta dias para a deliberação do Congresso Nacional Item 1 pressupõe se trate de Sessão Conjunta, pois o termo fatal não é decomposto para cada uma das Casas. Votação, em turno único, do Requerimento nº Deve-se, pois, partir desse pressuposto da 23, de 1972, de autoria do Sr. Senador Daniel competência concorrente da Câmara e do Senado Krieger, solicitando a designação de uma Comissão para a fiscalização financeira e orçamentária. Especial de três Senadores, para representarem o É claro que se a tarefa fosse exercida Senado na III Festa Nacional do Arroz, que se diretamente pelas Casas, haveria não só uma realizará de 20 a 25 de maio corrente, na cidade de duplicidade administrativa onerosa e inútil, com dois Cachoeira do Sul, Estado do Rio Grande do Sul. órgãos e seus servidores realizando a mesma tarefa, mas também disso resultaria tumulto para a Em votação o requerimento. administração pública. Os Senhores Senadores que o aprovam No entanto, ao confiar a Constituição esse queiram permanecer sentados. (Pausa.) controle externo ao Congresso, recomenda se faça Está aprovado. ele com o auxílio do Tribunal de Contas. Assim, não A designação será feita oportunamente. é o Congresso que se movimenta exteriormente. Exerce, em seu nome e por ele, essa função, o Item 2 Tribunal de Contas. Este é que vai colher, nos órgãos da administração pública, os elementos para Discussão, em turno único, da redação final o exercício, pelo Congresso Nacional, de sua missão (oferecida pela Comissão de Redação em seu fiscalizadora da situação e atividades financeiras e Parecer nº 34, de 1972) do Projeto de Decreto orçamentárias. Legislativo nº 25, de 1971 (nº 16-A/71, na Câmara Fixados esses pontos, a indagação a ser dos Deputados), que aprova as contas do Presidente suscitada é a de saber-se como se fará da República, relativas ao exercício de 1967. a fiscalização financeira e orçamentária pelo Senado. A Constituição já diz que é com o auxílio do Em discussão a redação final. Tribunal de Contas, mas é evidente que a tarefa não Se nenhum dos Srs. Senadores desejar fazer pode esgotar-se na fiscalização feita pelo Tribunal, uso da palavra, encerrarei a discussão. (Pausa.) sem o Congresso dela tomar conhecimento. Está encerrada.

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Não havendo emendas, nem requerimentos, para seja submetida a votos, é a mesma dada como que a redação final seja submetida a votos, é a mesma definitivamente aprovada, independente de votação, dada como definitivamente aprovada, independente de nos termos do art. 362 do Regimento Interno. votação, nos termos do art. 362 do Regimento Interno. O projeto vai à Câmara dos Deputados. O projeto vai à promulgação. É a seguinte a redação final aprovada: É a seguinte a redação final aprovada: Redação final do Projeto de Lei do Senado nº Redação final do Projeto de Decreto 37, de 1971, que dispõe sobre o pagamento de Legislativo nº 25, de 1971 (nº 16-A/71, na Câmara juros moratórios nas condenações da Fazenda dos Deputados). Pública.

Faço saber que o Congresso Nacional O Congresso Nacional decreta: aprovou, nos termos do art. 44, inciso VIII, da Art. 1º Nas contas de pagamento devido Constituição, e eu, ...... , Presidente pela Fazenda Pública Federal, Estadual ou do Senado Federal, promulgo o seguinte: Municipal e pelas Autarquias, em virtude de sentença judicial, serão acrescidos os juros DECRETO LEGISLATIVO moratórios apurados até a véspera do Nº, , de 1972 cumprimento do respectivo decisório. Parágrafo único. O cálculo será efetuado pelo Aprova as contas do Presidente da República, setor de pagamento do órgão condenado. relativas ao exercício de 1967. Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em O Congresso Nacional decreta: contrário. Art. 1º São aprovadas as contas prestadas O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): pelo Presidente da República, relativas ao exercício de 1967, com ressalvas àqueles valores lançados à Item 4 conta de "Diversos Responsáveis", dependentes de verificação final pelo Tribunal de Contas da União. Discussão, em primeiro turno, do Projeto Art. 2º Este decreto legislativo entrará em vigor de Lei do Senado nº 97, de 1971, de na data de sua publicação, revogadas as disposições autoria do Sr. Senador José Lindoso, que em contrário. dispõe sobre a obrigatoriedade do voto O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): nas eleições sindicais, e dá outras providências, tendo: Item 3 PARECERES, sob nos 37 e 38, de 1972, das Discussão, em turno único, da redação final Comissões: (oferecida pela Comissão de Redação em seu Parecer – de Constituição e Justiça, pela nº 30, de 1972) do Projeto de Lei do Senado nº 37, de constitucionalidade e juridicidade; e 1971, que dispõe sobre o pagamento de juros – de Legislação Social, favorável. moratórios nas condenações da Fazenda Pública. Em discussão o projeto. Se nenhum dos Srs. Senadores desejar Em discussão a redação final. fazer uso da palavra, encerrarei a discussão. Se nenhum dos Srs. Senadores desejar fazer (Pausa.) uso da palavra, encerrarei a discussão. (Pausa.) Está encerrada. Está encerrada. Em votação o projeto. Não havendo emendas, nem Os Srs. Senadores que aprovam o projeto requerimentos para que a redação final queiram permanecer sentados. (Pausa.)

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Está aprovado. caberá à Delegacia Regional do Trabalho oficiar a O projeto voltará oportunamente à Ordem do seus empregadores determinando seja a importância Dia para o segundo turno. da multa descontada na folha de pagamento do mês É o seguinte o projeto aprovado: seguinte e recolhida à Entidade respectiva. Parágrafo único. Os associados faltosos de PROJETO DE LEI DO SENADO entidades sindicais de empregadores, trabalhadores Nº 97, DE 1971 autônomos e profissionais liberais, devidamente notificados pela Delegacia Regional do Trabalho, Dispõe sobre a obrigatoriedade do voto nas recolherão a importância da multa diretamente à eleições sindicais, e dá outras providências. Entidade a que estiverem filiados. Art. 6º As importâncias arrecadadas pelas O Congresso Nacional decreta: Entidades, a título de multa pelo não- Art. 1º É obrigatório o voto nas eleições sindicais. comparecimento às eleições sindicais, serão Parágrafo único. O associado faltoso deverá escrituradas como renda eventual e aplicadas em justificar-se, até 15 (quinze) dias após a realização programas de assistência aos filhos de seus do pleito perante a autoridade local do Ministério do associados. Trabalho e Previdência Social, através de petição Art. 7º Entrará esta lei em vigor na data de sua encaminhada por intermédio da respectiva entidade publicação. sindical. O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Art. 2º Findo o prazo para justificação, a Esgotada a Ordem do Dia. Diretoria da entidade sindical enviará à Delegacia Com a palavra o nobre Senador Osires Regional do Trabalho relação dos faltosos, bem Teixeira. assim as justificações porventura apresentadas. O SR. RUY SANTOS (pela ordem.): – Sr. Parágrafo único. Quando se tratar de entidade Presidente, o Senador Osires Teixeira foi chamado sindical de empregados, a relação prevista neste há pouco à Comissão do Distrito Federal. Consulto artigo deverá indicar o empregador de cada um dos V. Ex.ª se podia permutar sua vez com o seguinte, que deixaram de comparecer às eleições sindicais. para não perder a inscrição S. Ex.ª, que está Art. 3º Aceitas as justificações, a autoridade atendendo a outro dever parlamentar. local do Ministério do Trabalho e Previdência Social O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – aplicará aos que não esclarecerem os motivos da O nobre Senador Osires Teixeira poderá falar, ausência, a multa de: terminada a relação dos inscritos. a) 1/30 (um trinta avos) do salário-mínimo da Concedo a palavra ao nobre Senador região, aos associados de entidades de empregados Adalberto Sena. e trabalhadores autônomos; O SR. ADALBERTO SENA (sem revisão do b) 1/10 (um décimo) do referido salário, aos orador.): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, vou tratar filiados a entidades sindicais de empregadores e de um assunto que, a despeito de envolver profissionais liberais. aparentemente uma conotação pessoal, de modo Parágrafo único. Em caso de reincidência, as algum se reveste de tal característica, como os meus multas ora previstas serão aplicadas em dobro. nobres Pares hão de verificar no próprio decurso das Art. 4º Não caberá recurso da multa imposta minhas considerações. aos associados pelo não comparecimento às Há cerca de dois ou três anos, apresentei um eleições sindicais. projeto ao Senado em que se propunham medidas Art. 5º No caso dos associados de com o objetivo de evitar o retardamento, entidades sindicais de empregados, que se tornara habitual, do pagamento das

– 213 – bolsas de estudo. Eu mesmo reconheci que um idéia infeliz solicitar-se a contribuição do Poder assunto desta natureza jamais deveria ser matéria a Executivo às nossas proposições. A idéia tornou-se depender do pronunciamento do Congresso infeliz, em razão da própria resposta dada à consulta Nacional, mas diante da indiferença do Executivo do relator de um dos pareceres. ante medidas que viessem a corrigir aqueles atrasos, Vê-se, claramente, pela sua resposta, que o tão prejudiciais aos colégios, e sobretudo aos alunos, Ministério do Trabalho, nem o sentido desse projeto me abalancei, vencendo as minhas próprias foi apreendido pelos que ali o examinaram. resistências, a apresentar um projeto desse gênero. O SR. RUY CARNEIRO: – Aliás, uma O projeto foi aprovado nesta Casa e submetido à diligência normal – pedido de informações. Câmara dos Deputados. Naquela Casa do Congresso, O SR. ADALBERTO SENA: – Mas, V. Ex.ª vai como vim a verificar dois anos depois, obteve pareceres ouvir. favoráveis das Comissões Técnicas, assim como O art. 1º do projeto, assim o redigi: pronunciamentos até elogiosos de alguns Deputados "A jornada de trabalho do motorista que tomaram parte na respectiva discussão. profissional, a serviço dos transportes coletivos de Entretanto, este projeto, que poderia muito bem passageiros, não poderá exceder de sete horas, ter sido rejeitado invocando-se o tempo já decorrido, e a sendo obrigatório, diariamente, um período de folga diversidade de condições que iria encontrar se aprovado de dezessete horas." agora, foi fulminado ao apagar das luzes da sua O projeto abrange outras disposições que não discussão mediante um argumento provindo de vem ao caso ler neste momento, porque se referem informação do Poder Executivo, que confessa a providências secundárias e tendentes a facilitar a capitulação das autoridades governamentais, em face execução do disposto no artigo. desse "Moloch" implacável, que são os entravamentos Pois bem, Sr. Presidente, Srs. Senadores, eu burocráticos, desse "Moloch" contra o qual de nada justifiquei este projeto nos seguintes termos: valeram as investidas e mesmo as cutiladas do Ministro "A segurança dos usuários dos transportes Hélio Beltrão, quando tratou de providências relativas à rodoviários coletivos não depende apenas da Reforma Administrativa do País. normalidade dos veículos, senão também e, Não é deste assunto, porém, que ora quero tratar. especialmente, do equilíbrio fisiológico e mental dos O que me traz à tribuna – sem qualquer ressentimento seus condutores – os motoristas. motivado pelos pareceres contrários das Comissões Não obstante, estes profissionais são desta Casa ao Projeto nº 17, de minha autoria – é a freqüentemente submetidos a longos e contínuos intenção de focalizar uma questão que me parece mais períodos de trabalho, chegando a um estado de de aspecto técnico e geral, e tecer aqui algumas fadiga que, além de reduzir-lhes a eficiência, considerações a respeito da tramitação desse projeto. prejudicam intensamente a normalidade das reações Como a Casa teve conhecimento na Sessão de e do controle automáticos inerentes a esse tipo de anteontem, o projeto visava a fixar um horário de atividade. trabalho para os motoristas dos transportes Tanto basta para justificar o presente interestaduais. Infelizmente, em uma das Comissões projeto, no qual objetivamos trazer uma desta Casa foi pedida – creio que ainda no ano passado contribuição para a solução do problema que no – o pronunciamento do Ministério do Trabalho. E quando momento tanto nos preocupa, da prevenção dos aqui digo infelizmente não é porque considere uma acidentes rodoviários."

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É evidente, portanto, que não coloquei o aqui, devam ser regulamentadas sob esse aspecto. projeto em termos de legislação trabalhista; coloquei- Trouxe aqui, para ler, algumas anotações que o, sim, em termos de segurança dos usuários, tomei para que se verifique o contrário. Diz o art. 58 portanto, de um problema que transcende aquela da Consolidação das Leis do Trabalho: área para entrar nesse complexo de problemas "A duração normal do trabalho, para os humanos, entre os quais podemos enquadrar os de empregados em qualquer atividade privada, não higiene e segurança individual e, coletiva as de excederá de oito horas diárias, desde que não seja regularidade de trânsito e tantos outros de que nos fixado expressamente outro limite." temos ocupado aqui e têm merecido sempre senão a Essa, a regra geral. aprovação, pelo menos atenções especiais dos "Note-se que a lei não proíbe nem inibe o nossos legisladores. estabelecimento das jornadas específicas. Tanto Srs. Senadores, desconheço o órgão que deu assim que os profissionais da telefonia não a resposta; infelizmente, não sei por que motivo – podem trabalhar mais de seis horas diárias contínuas causa estranheza – não se encontrar no processo a ou trinta e seis horas semanais (CLT, artigo resposta que foi dada. 227 e §§)." No entanto, em dois dos pareceres das O mesmo limite é fixado para os bancários, Comissões técnicas, encontro a transcrição deste "perfazendo um total de trinta horas de trabalho por tópico: semana" (CLT, art. 224). (Lê.) E chegamos especialmente ao capítulo "Apenas as profissões de nível superior ou primordial: os trabalhadores dos transportes técnico que exijam formação metódica, de longa ferroviários têm jornada própria e peculiar de duração, e através da qual se define status e trabalho (sem que isso implique na aludida exercício liberal devem ser objeto de "regulamentação" mencionada no pronunciamento regulamentação, sob pena de se vir a permitir do MTPS). Toda a Seção V do Capítulo I do Título especiosa regimentação de ocupação, assalariadas III da Consolidação é dedicada às atividades dos por natureza, cuja regulamentação genérica já se ferroviários que, além de todo o apoio técnico encontra na CLT." oferecido pelas ferrovias, vêm garantidas suas "A proposição em estudo, além dos privilégios de condições de segurança pessoal e do material e jornada reduzida e de ampliação do intervalo entre dois passageiros confiados à equipagem do comboio. períodos diários de trabalho, limita-se a repetir, embora ISTO NUM TREM, onde as condições de com ligeiras modificações redacionais, matéria já segurança são infinitamente superiores às de um disciplinada pela CLT, como, por exemplo, a folga ônibus. semanal de 24 horas, a que foi acrescentada, apenas, a O artigo 239 e seus §§ do Texto Consolidado proibição do exercício de qualquer atividade durante a é claro: o pessoal que presta serviços dentro do mesma, assim como no intervalo entre duas jornadas." trem deve trabalhar somente oito horas diárias, Quero, preliminarmente e de passagem, com repouso mínimo de dez horas contínuas tecer duas considerações em torno dessa e respeitando-se, ainda, o repouso semanal. resposta: em primeiro lugar, não é verdade Outra determinação garante a preocupação que somente as profissões liberais, essas profissões básica da Lei com o fator SEGURANÇA: o de formação metódica, conforme se diz ferroviário não poderá trabalhar, em pe-

– 215 – ríodo noturno, mais horas do que no diurno e O SR. FRANCO MONTORO: – Permite V. SOMENTE NOS CASOS DE URGÊNCIA OU Ex.ª um aparte? ACIDENTE poderá a duração do trabalho ser O SR. ADALBERTO SENA: – Com muito excepcionalmente elevada a qualquer número de prazer! horas", segundo o artigo 240, que manda entretanto O SR. FRANCO MONTORO: – V. Ex.ª poderia seja a ocorrência comunicada, em detalhes, ao acrescentar a essa enumeração diversas outras Ministério do Trabalho, dentro de prazo de dez dias. profissões que têm recebido regulamentação, O Projeto visou, repita-se, DEFENDERA semelhante. Citaria a dos aeronautas: os tripulantes SEGURANÇA DO TRABALHADOR – no caso, o de vão não podem voar além de certo limite e o motorista – E DE TERCEIROS – no caso, os fundamento é precisamente aquele do projeto de V. passageiros entregues à sua perícia e fiados em Ex.ª: a segurança dos que voam e não um direito suas boas condições de saúde física e mental, e de pessoal do aeronauta. Parece-me que V. Ex.ª repouso para a árdua tarefa. colocou muito bem o problema, citando não apenas Deveria ter sido apreciado dentro deste essas profissões que têm regulamentação efetiva aspecto – e não ser sumariamente fulminado com mas acentuando que a informação do Ministério do base em apreciações nem de longe expressas em Trabalho não atingiu o objetivo do projeto; refere-se argumentos correlatos. a direito individual, quando V. Ex.ª tinha em vista o Diariamente tomamos conhecimento de interesse público, que estaria preservado com a sua acidentes, quase sempre com elevado número de propositura. vítimas. Motivo repetido: fadiga, falta de reflexos e más O SR. ADALBERTO SENA: – Muito obrigado condições psicológicas dos motoristas que, em frações a V. Ex.ª É isso exatamente. de segundos, são obrigados a tomar decisões que Quando eu me propus a citar esses podem representar a vida ou a morte; a permanência precedentes que confirmam a minha declaração de no leito da estrada ou o precipício à sua margem. não ter sido verídica, nem sincera e nem leal a informação prestada pelo órgão competente do CONSIDERAÇÕES FINAIS Ministérios do Trabalho – faço até questão de não me referir ao Ministério, porque todos sabem a O Projeto enfoca um assunto que exige estudo consideração que tenho pelo Ministro Júlio Barata, mais sério e detido; é matéria de competência do que, além de ser um dos homens merecedores da Congresso; as conclusões das Comissões, expressas minha admiração, é um velho amigo dos tempos em nos respectivos Pareceres, não abordaram os aspectos que eu ainda trabalhava no Ministério da Educação e principais da iniciativa; o Pronunciamento do Ministério Cultura – quando citei aqui esses casos, minha única do Trabalho e Previdência Social peca pela intenção foi a de mostrar a inveracidade da inobjetividade – aliás, nem se conhece o teor autêntico informação. do Pronunciamento, pois não consta dos autos nem se Mas não é nisso que quero basear a encontra com a Secretaria da Comissão a que teria substância do meu discurso. Conforme acabou de sido encaminhado; o assunto continua em aberto, acentuar muito bem o nobre colega Senador Franco exigindo decisão e estudos com seriedade e em alto Montoro, mais importante do que isso é o objetivo do nível. projeto, que não foi entendido, malevolamente ou de Portanto, Srs. Senadores, estamos boa-fé. apresentando apenas alguns exemplos, entre outros Não se penetrou, absolutamente, no que pude colher nestas 24 horas. sentido do projeto. Não se trata de

– 216 – um projeto que poderia ser, talvez, qualificado de pelo conhecimento desses precedentes calamitosos demagógico, pois parece que existe, em certas e de outros que, dia a dia, nos chegam ao esferas do Governo, um complexo contra a Oposição conhecimento através de reclamações das próprias nesse sentido. De todos os projetos nossos, que classes interessadas, nos incitem e nos movam a, visam ou que se referem, mesmo de leve, ao pelo menos, à busca de uma solução, como a que trabalhador, parece ter-se, nessa esfera, a primeira sugerimos no projeto. Não tenho a veleidade de impressão de intuito demagógico ou seja de fazer supor que o projeto tenha atingido à perfeição. Pelo média para futuros pleitos eleitorais. contrário. Eu gostaria mesmo que meus projetos O meu projeto, entretanto, não tinha fossem aperfeiçoados, principalmente este, em que substancialmente esse objetivo, não visava ao caso penetrei num assunto difícil, e do qual não cheguei, de o motorista trabalhar mais ou menos horas; minha com segurança, a apreender alguns aspectos. intenção, claramente expressa nos termos da Quando o apresentei, imaginei e esperei que as justificação apresentada era proteger as vidas dos próprias Comissões da Casa e órgãos do Poder que viajam nos ônibus, garantir a segurança dos Executivo viessem em socorro da minha proposição, usuários desses veículos. E são fatos notórios – e não para fulminá-la como fizeram, sob alegações – até poderia, se quisesse alongar-me citando casos perdoem-me a expressão – inverídicas, mas para de que todos têm conhecimento, de desastres e até melhorá-la, para apontar algum erro, ou qualquer de verdadeiras catástrofes, provocadas exatamente incongruência que acaso apresentasse. por falta de medidas preventivas e protetoras, como Afinal, Srs. Senadores, o valor do trabalho as preconizadas pelo projeto. legislativo que aqui realizamos anualmente não se Todos sabemos tratar-se de problema expressa apenas nas proposições que logram humano, e não simplesmente problema trabalhista. É aprovação; ele se expressa também nos altos um problema que interessa a todos. É um problema debates nos quais nos empenhamos dentro das que não é só da alçada do Ministério do Trabalho, comissões e nas respectivas discussões neste como disse, mas também da responsabilidade de Plenário. Quando feitas com seriedade e todos outras áreas da Administração Pública, que deviam procuram trazer, de qualquer modo, sua colaboração já ter diligenciado no sentido de resolvê-lo. E aqui técnica, essas discussões, pelas luzes que nos volto a minha referência inicial, à relativa àquele trazem e pelas conclusões a que chegamos, outro projeto. Talvez não fosse necessário representam, de fato, algo de inestimável e de apresentar-se, no Congresso, um projeto de tal incentivador da nossa atuação, independentemente espécie. Uma regulamentação de trabalho é coisa desse ou daquele resultado, ou seja da sua que pode ser feita mediante decreto, e até portarias, aprovação ou da sua rejeição. se não laboro em equívoco. Não haveria, insisto, O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – necessidade de que um membro do Congresso Concedo a palavra ao nobre Senador Magalhães Nacional se abalançasse a tomar-lhe a iniciativa. Pinto. Mas a verdade, Senhores Senadores, é que, O SR. MAGALHAES PINTO: – Senhor em face da indiferença governamental ante Presidente, Senhores Senadores, ocupo semelhantes questões, ou melhor, ante esta tribuna para breve registro de auspicioso esses aspectos da proteção da vida humana, acontecimento, hoje, em Belo Horizonte: a é preciso que a nossa voz não deixe de levantar-se Associação Comercial de Minas inaugura e que os nossos estudos, aprofundados festivamente sua nova sede.

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Para mim, particularmente, esse fato se tunidade, a assinalar os notórios esforços dos reveste de especial significação e constitui motivo de responsáveis pelos seus destinos, ao longo de toda júbilo, dadas as minhas estreitas ligações com essa a sua existência, para mantê-la ativa, operosa e entidade a que pertenço como associado, além de atualizada ao nível do desenvolvimento do Estado. E integrar seu quadro diretor durante vários anos e de graças à consciência que sempre teve de suas haver merecido a honra e a satisfação de ter responsabilidades e de sua missão é que conquistou exercido a sua Presidência. o alto conceito que desfruta junto à opinião pública Conheço, portanto, de perto as atividades da mineira. Associação Comercial de Minas e posso afirmar que A inauguração de sua nova sede é uma sua preocupação sempre foi cumprir as, finalidades demonstração de sua vitalidade e, portanto, a que determinaram sua fundação no princípio deste segurança de que muito se pode esperar da século, a defesa da laboriosa classe, sem descurar, Associação Comercial de Minas, em benefício de naturalmente, do dever de agir em perfeita sintonia nossa economia. Seu passado justifica, com os altos interesses do Estado. plenamente, a confiança que os mineiros nela Não posso deixar de lembrar que a depositamos. Associação Comercial de Minas desempenhou Desta alta tribuna envio mensagem de importante papel, mesmo fora de suas finalidades saudação ao atual Presidente, Adolfo Neves Martins específicas. Quando os órgãos de representação da Costa, diretores e associados, com o respeito do política – Congresso Nacional, Assembléias antigo companheiro que tão bem conhece o trabalho Legislativas e Câmaras Municipais – foram altivo e patriótico dessa respeitável entidade. (Muito dissolvidos por imposição do Estado Novo bem! Muito bem! Palmas.) implantado em 1937, a Associação Comercial de O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Minas tornou-se o lugar não só de representação de Concedo a palavra ao nobre Senador Virgílio Távora. classe mas de interesse popular, onde todos os O SR. VIRGÍLIO TÁVORA: – Sr. Presidente, problemas eram objeto de debates, despertando vivo Srs. Senadores, lemos nos jornais de ontem e de interesse da imprensa e do público em conhecer o hoje a notícia, para nós alvissareira, do acordo que se passava nas memoráveis sessões semanais. celebrado entre o Brasil e os Estados Unidos sobre a Havia grande expectativa em relação às pesca de camarões. deliberações de sua Diretoria. Quem quer que se Ao lado da exaltação que deve ser feita de interessasse por um problema levava-o à entidade como hoje em dia atua o Ministério das Relações por intermédio de um de seus diretores ou Exteriores, desejáríamos deixar aqui consignado pessoalmente. Os debates eram francos e livres. A que muito maior seria a nossa alegria se Casa não podia discutir política, porém, tratava com pudéssemos ser conhecedores, no dia de hoje, de desassombro de todos os assuntos de interesse que esses barcos que tem a permissão de pescar estadual e do País. Os governantes olhavam-na com em águas nacionais pertencessem a companhias desconfiança mas com respeito, pois viam na binacionais, de capital nacional ou alienígena Associação não a entidade que apenas cuidava dos nacional, com base no Amapá, como, aliás, problemas das classes produtoras, mas de tudo que manda toda e qualquer regra de economia. E por merecia o estudo e a atenção dos brasileiros. que, Srs. Senadores, tal não acontece? O assunto Não vou, porém, fazer um retrospecto comporta uma longa dissertação; não é o caso de sua luta. Limito-me, nesta opor- fazê-la no momento, mas se é do interesse de

– 218 – uma e de outra parte tal solução, um óbice Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a fundamental se levanta para a sua consecução: a presente Sessão, designando, para a de amanhã, a seguinte: diferença do preço do óleo combustível cá em nossas fronteiras e lá fora; em outras ORDEM DO DIA palavras, a diferença entre o preço internacional do combustível para a pesca, subsidiado 1 em diferentes países, e aquele que as Votação, em turno único, do Requerimento nº embarcações sob bandeira brasileira são 25, de 1972, de autoria do Sr. Senador Augusto obrigadas a pagar. Franco e outros, solicitando a designação de uma Assim sendo, Srs. Senadores, na Comissão Especial de três membros, para oportunidade em que o Senhor Presidente da representarem o Senado nas comemorações do República, examinando Exposição de Motivos dos Centenário da Associação Comercial de Sergipe, a realizarem-se de 21 a 27 do mes em curso. Senhores Ministros da Fazenda e Agricultura, houve por bem prorrogar, até 1977, os incentivos 2 para atividade pesqueira, este o momento azado de apelar para alto descortino do Chefe da Nação, Discussão, em turno único, da Redação final do Projeto de Resolução nº 58, de 1971 (oferecida para que de Sua Excelência promanem as pela Comissão de Redação em seu Parecer nº 35, necessárias providências junto ao Conselho de 1972) que suspende em parte, por Nacional de Petróleo ao estudo de um preço- inconstitucionalidade, a execução do § 1º do art. 50 incentivo – sem fazer jogo de palavras – para a da Constituição do Estado de Alagoas. pesca no Brasil. 3 Estamos certos de que este será o passo fundamental, carreador, sim, de tantas divisas para o Discussão, em turno único, da Redação final nosso País, como o foi para a vizinha República do (oferecida pela Comissão de Redação em seu Peru. Parecer nº 36, de 1972) do Projeto de Lei do Senado nº 14, de 1970, que revigora o disposto no art. 7º da Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. (Muito Lei nº 883, de 21 de outubro de 1949. bem! Muito bem!) O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Está encerrada a Sessão. Não há mais oradores inscritos. (Pausa.) (Encerra-se a Sessão às 16 horas e 5 minutos.)

29ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 7ª LEGISLATURA, EM 12 DE MAIO DE 1972

PRESIDÊNCIA DOS SRS. PETRÔNIO PORTELLA E CARLOS LINDENBERG

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se de 19 de janeiro de 1950, para o Quadro de Oficiais presentes os Srs. Senadores: de Infantaria de Guarda. Adalberto Sena – Geraldo Mesquita – Flávio § 1º Com a aplicação do disposto neste Brito – Cattete Pinheiro – Milton Trindade – Renato artigo, o Poder Executivo promoverá pelo Franco – Clodomir Milet – Petrônio Portella – Waldemar princípio de merecimento na condição Alcântara – Dinarte Mariz – Duarte Filho – Ruy Carneiro estabelecida nesta lei e em seu regulamento, em – Paulo Guerra – Arnon de Mello – Augusto Franco – Leandro Maciel – Lourival Baptista – Heitor Dias – Ruy ressarcimento de preterição, a contar de 31 de Santos – Carlos Lindenberg – Paulo Tôrres – José março de 1969, e sem direito à retroatividade de Augusto – Franco Montoro – Emival Caiado – Osires vantagens pecuniárias, os atuais Majores Teixeira – Filinto Müller – Ney Braga – Daniel Krieger – homólogos do Quadro de Oficiais de Infantaria de Guido Mondin – Tarso Dutra. Guarda. O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – A § 2º Os oficiais pronmovidos na forma do lista de presença acusa o comparecimento de 30 parágrafo anterior e os atuais Tenentes-Coronéis, Srs. Senadores. Havendo número regimental, homólogos e numerados, passarão a figurar no declaro aberta a Sessão. Almanaque do Ministério da Aeronáutica, de acordo Sr. 1º Secretário vai proceder à leitura do com a precedência hierárquica regulada pelo art. 18, Expediente. É lido o seguinte: §§ 1º e 2º, letra b, da Lei nº 5.774, de 23 de dezembro de 1971, combinado com o art. 46 desta EXPEDIENTE lei. § 3º Na execução do disposto no parágrafo OFÍCIO anterior deve ser observado o prescrito no art. 91, item V, da Lei nº 5.774, de 23 de dezembro de DO SR. 1º SECRETÁRIO DA CÂMARA DOS 1971." DEPUTADOS Art. 2º As promoções de que trata esta lei serão efetuadas dentro dos recursos orçamentários Encaminhando à revisão do Senado, autógrafo próprios. do seguinte projeto: Art. 3º Esta lei entrará em vigor na data de PROJETO DE LEI DA CÂMARA sua publicação, revogadas as disposições em Nº 2, DE 1972 contrário.

(nº 547-B/72, na Câmara dos Deputados) MENSAGEM Nº 25, DE 1972 Altera a redação de dispositivo da Lei nº 5.020, de 7 de junho de 1966, que dispõe sobre as Senhores Membros do Congresso Nacional: promoções dos Oficiais da Ativa da Aeronáutica, e Na forma do artigo 51 da Constituição e dá outras providências. para ser apreciado nos prazos nele referidos, tenho a honra de submeter à elevada deliberação O Congresso Nacional decreta: de Vossas Excelências, acompanhado da Art. 1º O art. 72 da Lei nº 5.020, de 7 de junho Exposição de Motivos do Ministro de Estado da de 1966, passa a vigorar com a seguinte redação: Aeronáutica, o incluso projeto de lei que "altera a "Art. 72. Fica extinta a homologia redação de disposição da Lei nº 5.020, de 7 de julho de 1966, que dispõe sobre as regulada pelo Decreto nº 27.703,

– 220 – promoções dos Oficiais da Ativa da Aeronáutica, e precedente na hierarquia, pois para cada oficial dá outras providências." numerado somente poderia haver á promoção de um Brasília, 3 de abril de 1972. – Emílio G. Médici dos homólogos, e, ainda, os homólogos que deixaram de ser promovidos por força de Lei (Art. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO SR. MINISTRO DA 72), todos eram de maior antiguidade que o AERONÁUTICA numerado, representando, deste modo, que o acontecido foi a prática de uma inversão hierárquica, Nº 008-GM-1: que permanecerá, caso a regra atual não seja Em 24 de janeiro de 1972. modificada. Excelentíssimo Senhor Presidente da 3. Para corrigir essa distorção, Senhor República. Presidente, é que após estudos pelos órgãos Tenho a honra de submeter a Vossa especializados deste Ministério, chegou-se a Excelência, pela presente Exposição, uma proposta conclusão que é imperativo, a bem do alto espírito de de ante-projeto de lei, com vistas à modificação da justiça e disciplina, que sempre orientou o regime de regra constante do disposto no artigo 72 da Lei nº nossas instituições, extinguir a homologia reinante e 5.020, de 7 de junho de 1966, que trata da promoção aplicar ao caso o dispositivo constante do artigo 44, dos oficiais homólogos no Quadro de Oficiais de Capítulo VII, este titulado "Promoção em Infantaria de Guarda da Aeronáutica. Ressarcimento de Preterição", que na prática se 2. As razões que levam esta Secretaria de concretizada após a promoção nessa regra, de todos Estado encaminhar a Vossa Excelência esta os atuais Majores homólogos do QOIG, a contar de solicitação, são as que passo a relatar: 31 de março de 1969. Após realizada essa Tendo sido o Quadro de Oficiais de Infantaria promoção, Senhor Presidente, todos os Tenentes- de Guarda criado na Aeronáutica, no ano de 1941, Coronéis oriundos da homologia, e os já existentes quando era então organizado o Corpo de Pessoal ficariam sujeitos a regra de precedência hierárquica Militar da Aeronáutica, e sofrendo o mesmo, através estabelecida pelo artigo 18, §§ 1º e 2º, letra "b", da dos anos, de uma grande variedade de legislação, Lei nº 5.774, de 23 de dezembro de 1971, que regulava não só a constituição inicial, mas combinado com a regra dos excedentes constantes também as inclusões posteriores, sem possuir um do artigo 91, item V, da citada Lei. órgão central e único de formação de oficiais, 4. Com isso, Senhor Presidente, ficaria a admitindo a possibilidade de uma larga faixa de Aeronáutica, com a existência de 7 (sete) Tenentes- candidatos, que ia do oficial da Reserva da Coronéis IG, na prática, embora fosse, apenas, 1 (um) Aeronáutica, passava pelo subalterno da Aeronáutica o número estipulado pela Lei de Fixação de Forças. e terminava nos oficiais da Reserva do Exército, ficou Considerando que a missão do Oficial IG na o referido Quadro constituído de fórmulas resolutórias, Aeronáutica está completamente ligada às atividades todas de caráter imediato, sem o cuidado de uma relacionadas à instrução e ao emprego militar, que visão futura para os problemas que forçosamente possibilitem a garantia da Segurança Interna e, ainda, adviriam para a Administração. Foi então que surgiu que, esta Segurança é planejada e executada por todo no bojo do Decreto nº 27.703, de 19 de janeiro de um Sistema que envolve os seguintes Órgãos: Centro 1950, a existência de uma homologia, mantida até o de Informações de Segurança da Aeronáutica e momento, e que, por ocasião da promoção de março Comandos das 6 (seis) Zonas Aéreas, seriam os sete de 1969, realizada a luz do artigo 72 da Lei de Tenentes-Coronéis distribuídos pelos órgãos citados, a Promoções dos Oficiais da Ativa da Aeronáutica fim de prestarem a assessoria necessária no que toca (nº 5.020, de 7 de junho de 1966), demonstrou a especialidade em que são formados. É de bom que acompanhou o oficial numerado alvitre lembrar, Senhor Presidente, que no posto de promovido apenas um dos homólogos que lhe era Tenente-Coronel e na situação de excedente fi-

– 221 – cariam os oficiais de que trata a presente Exposição excepcionais, expressamente autorizados pelo sujeitos a aplicação do disposto no § 1º do artigo 104 Ministro da Indústria e do Comércio e pelo da Lei nº 5.774, de 23 de dezembro de 1971. Presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool." 5. Em vista de todo o exposto, apresento a 2. A proposição, como afirma o Autor em sua Vossa Excelência, em anexo, o anteprojeto de lei, Justificação, visa a evitar que ocorra "a que concretiza a proposta relatada na presente concentração, em certos Estados, das quotas de Exposição. açúcar, com esvaziamento de outros". Na oportunidade, renovo a Vossa Excelência Ainda sobre o assunto, o Autor assim se os protestos do meu mais profundo respeito e expressa: elevada consideração. – Joelmir Campos de Araripe "A Cooperativa, como se sabe, é um órgão de Macedo, Ministro da Aeronáutica. atuação financeira. Na situação atual, a Cooperativa de usineiros de açúcar de um Estado pode se fundir, Of. nº 322-SAP-72: quando entender conveniente, com a de outro. Cada Em 3 de abril de 1972. uma delas possui certa quantidade de quotas de Excelentíssimo Senhor Primeiro-Secretário: açúcar. Essa fusão, evidentemente, favorecerá as Tenho a honra de encaminhar a essa mais fortes, que podem deglutir as menores, Secretaria a Mensagem do Excelentíssimo Senhor acelerando a concentração dessas quotas nos Presidente da República, acompanhada de Exposição Estados favorecidos." de Motivos do Senhor Ministro de Estado da 3. No que compete a esta Comissão examinar Aeronáutica, relativa a projeto de lei que "altera a – aspecto jurídico – constitucional – a proposição, redação de dispostivo da Lei nº 5.020, de 7 de junho como se encontra, poderia dar margem a certas de 1966, que dispõe sobre as promoções dos Oficiais dúvidas. Poder-se-ia, inclusive, dizer que a medida da Ativa da Aeronáutica, e dá outras providências". intervém, indebitamente, nó domínio econômico, em Aproveito a oportunidade para renovar a casos não previstos na Constituição, e fere a Vossa Excelência protestos de elevada estima e liberdade de iniciativa das empresas – o que não é o consideração. – João Leitão de Abreu, Ministro caso. Extraordinário para os Assuntos do Gabinete Civil. 4. O objetivo primordial do projeto é o de (À Comissão de Segurança Nacional.) manter o status quo vigente, que garante uma distribuição equitativa das mencionadas quotas de PARECERES açúcar, às diversas áreas interessadas. Segundo pudemos entender e fomos PARECER informados, a fusão pura e simples, de cooperativas, Nº 65, DE 1972 nos casos a que se refere o Autor, sem os resguardos necessários, poderia dar margem a da Comissão de Constituição e Justiça, sobre modificação na distribuição de quotas, alterando-se o o Projeto de Lei do Senado nº 110, de 1971, que sistema até então adotado. proíbe a fusão de Cooperativas de usineiros de Poderia possibilitar até a burla do princípio de açúcar, exceto em casos excepcionais. distribuição das quotas de açúcar pelo IAA. Trata-se, portanto, de manter o sistema Relator: Sr. José Augusto eqüitativo da distribuição de quotas ora existente 1. De iniciativa do ilustre Senador Vasconcelos nesse setor. Torres, o presente projeto proíbe "a fusão de 5. Dessa forma, com a finalidade Cooperativas de usineiros de açúcar, exceto em casos de sanar possível eiva de inconstitu-

– 222 – cionalidade, como apontado no item 3 deste parecer, com a de outro, o que, evidentemente, favorecerá as somos favoráveis à tramitação do projeto, nos mais fortes, que poderão assimilar as menores, termos da seguinte: acelerando a concentração dessas quotas nos Estados economicamente mais fortes. EMENDA Nº 1 – CCJ Somos, em que pesem os altos propósitos do eminente autor da proposição, contrários à mesma, Dê-se ao art. 1º do Projeto a seguinte redação: pelas seguintes razões: "Art. 1º Quando ocorrer fusão de Cooperativas de a) cooperativa não tem quota de açúcar; Usineiros de açúcar, não poderá haver transferência de b) nos termos da legislação vigente, somente quota de açúcar que modifique o sistema de distribuição o Presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool antes vigorante entre os Estados da Federação e poderá autorizar incorporação ou fusão de quotas aprovado pelo Instituto do Açúcar e do Álcool." (Usinas). Sala das Comissões, em 19 de abril de 1972. Diz o parágrafo segundo do art. 1º da Lei nº – Daniel Krieger, Presidente. – José Augusto, Relator 5.654, de 14 de maio de 1971: – Helvídio Nunes – José Undoso – Wilson Gonçalves "Parágrafo segundo – para efeito de – Arnon de Mello – Heitor Dias – Accioly Filho – incorporação de quota oficial de produção de Osires Teixeira – Gustavo Capanema. usinas situadas na mesma região geo-econômica, somente será considerada a maior produção PARECER realizada pela usina incorporada no triênio Nº 66, DE 1972 imediatamente anterior, até o limite da respectiva

quota, ressalvados os casos de fusão de da Comissão de Economia, sobre o Projeto de empresas açucareiras especialmente autorizados Lei do Senado nº 110, de 1971. pelo Presidente do IAA".

Relator: Sr. Augusto Franco Preceitua o art. 4º, do Decreto-lei nº 1.186, de O projeto ora submetido à nossa consideração 27 de agosto de 1971: é da lavra do Senador Vasconcelos Torres e tem por "Art. 4º O Presidente do Instituto do objeto proibir a fusão de cooperativas de usineiros de Açúcar e do Álcool poderá autorizar fusão, açúcar, salvo em casos excepcionais. incorporação ou relocalização de unidades Ao justificar a proposição, seu eminente autor industriais açucareiras, com as respectivas pôs em evidência: quotas oficiais de produção situadas na mesma 1º) ao proibir a fusão de cooperativas de usineiros região econômica". de açúcar, a não ser em alguns casos a critério do Deflui do exposto que a matéria já se encontra Ministério da Indústria e do Comércio e do Presidente do disciplinada pela legislação em vigor, estando, ao IAA., o projeto pretende evitar a concentração, em certos que tudo indica, atendidos os objetivos do douto Estados, das quotas de açúcar, com esvaziamento de Senador Vasconcelos Torres. outros, como, por exemplo, os Estados do Rio de Manifestamo-nos, assim, contrariamente ao Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, sem falar em projeto, bem como a Emenda nº 1-CCJ. outros da área nordestina; Sala das Comissões, em 11 de maio de 1972. 2º) que atualmente, a cooperativa – Magalhães Pinto, Presidente – Augusto Franco, de usineiros de um Estado pode se Relator – Leandro Maciel – Flávio Brito – Geraldo fundir, quando entender conveniente, Mesquita – Luiz Cavalcante.

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PARECER 2. Em sua justificação, o Autor assim se Nº 67, DE 1972 expressa: "E assim, em todos os setores, agem as da Comissão de Constituição e Justiça, sobre o Cooperativas Operárias: de forma efetiva, de Projeto de Lei do Senado nº 109, de 1971, que dispõe melhoramento da condição do trabalhador brasileiro, sobre a extensão aos dirigentes das Cooperativas em inteiro entrosamento como Governo. entre empregados de uma ou mais empresas públicas Urge, portanto, que se procure, sempre, ou privadas dos direitos e vantagens assegurados fortalecer a posição dessas Cooperativas e dos seus pela legislação trabalhista aos empregados eleitos componentes, que são abnegados servidores da para cargos de administração profissional. coletividade. Acontece, entretanto, talvez por Relator: Sr. Accioly Filho incompreensão da alta função dessas Cooperativas, 1. O Projeto de Lei nº 109/71, de iniciativa do Sr. que grande número de empregadores praticamente Senador Nelson Carneiro, visa a estender, aos impede os seus empregados, diretores de dirigentes das Cooperativas operárias, os direitos e Cooperativas Operárias, de exercerem suas vantagens assegurados pelo art. 543, da Consolidação relevantes funções em tais órgãos, proibindo-os de das Leis do Trabalho, aos empregados eleitos para se afastar dos seus locais de trabalho, mesmo cargo de administração sindical ou representação quando comprovadamente indispensável à profissional. Esses direitos e vantagens consistem no Cooperativa que dirigem. impedimento do exercício de função, da vedação da Indispensável, dessa forma, que se reconheça transferência para lugar ou mister incompatíveis com a a esses administradores os mesmos direitos e função de proibição de dispensa do emprego. vantagens. assegurados em lei aos dirigentes 2. Não há, entre a Constituição e projeto, sindicais, aos quais são assemelhados, como de antagonismo de qualquer natureza, podendo ser ele Justiça e Direito." aprovado sob esse aspecto e à douta Comissão de 3. No que compete a esta Comissão Legislação Social caberá opinar sobre o mérito. examinar, nada há que possa ser oposto ao projeto, Sala das Comissões, em 12 de abril de 1972. quanto ao seu mérito, uma vez que, realmente, as – Daniel Krieger, Presidente – Accioly Filho, Relator situações são semelhantes e de justiça que se – Helvídio Nunes – Antônio Carlos – José Lindoso – Heitor Dias – José Augusto – Gustavo Capanema. assegure aos dirigentes das cooperativas, cujo trabalho tem sido profícuo e benéfico aos PARECER trabalhadores, o mesmo tratamento legal concedido Nº 68, DE 1972 aos dirigentes sindicais. 4. Há no projeto, tão-somente, um pequeno da Comissão de Legislação Social, sobre o erro datilográfico, que objetivamos corrigir na Projeto de Lei do Senado nº 109, de 1971. emenda que a seguir apresentaremos. 5. Ante o exposto, considerando que a Relator: Sr. Paulo Tôrres proposição encerra medida justa e correta, de 1. O eminente Senador Nelson Carneiro, com alto alcance social, opinamos pela sua o projeto de lei ora sob a nossa apreciação, pretende aprovação, com a alteração constante da tornar extensivo aos dirigentes das Cooperativas o seguinte: disposto no art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho e demais preceitos legais que asseguram EMENDA Nº 1 – CLS direitos e vantagens aos empregados eleitos para cargos de administração sindical ou representação No artigo 1º do projeto, onde se lê – "São extensivas aos dirigentes das profissional.

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Cooperativas o Art. 543..." – leia-se: "São extensivas a paz dos espíritos e, sobretudo, para a valorização aos dirigentes das Cooperativas as disposições do do Congresso – o instrumento mais autêntico de art. 543". representação popular. Sala das Comissões, em 11 de maio de 1972. "Os eternos pessimistas ou os empenhados – Franco Montoro, Presidente – Paulo Tôrres, na derrocada da democracia – diz o Editorial – vão Relator – Benedito Ferreira – Heitor Dias. classificar a apreciação e votação da emenda constitucional como uma farsa. Esses são, contudo, PARECER os deficientes de visão que se recusam a ir ao Nº 69, DE 1972 oculista a fim de poderem continuar enxergando uma realidade distorcida. A verdade é que o Congresso da Comissão Diretora, sobre o Requerimento reviveu seus grandes dias, ao traduzir, pelas vozes nº 15, de 1972, do Senhor Senador Adalberto Sena, dos representantes do povo, o pensamento das solicitando a transcrição, nos Anais do Senado, do maiorias e das minorias". editorial do "Correio Braziliense", sob o título "Horas Esse trecho é um espelho fiel do que de Grandeza" publicado em 5 de maio de 1972. aconteceu no Parlamento, quando dos debates e votação da Emenda nº 2 no Plenário, Senadores e Relator: Sr. Guido Mondin Deputados da situação e da oposição, em discursos O editorial intitulado "Horas de Grandeza", brilhantes, bem fundamentados e veementes, publicado no Correio Braziliense, de 5 do corrente, é porém serenos e equilibrados, defendiam seus uma peça de densa substância cívica e de sentido pontos de vista, honrando as instituições políticas, altamente democrático, tal a rara, elevada e real enquanto os inimigos da democracia, aqui fora, tudo compreensão que demonstra das coisas políticas, faziam no sentido de diminuir o papel do em geral, e do Congresso Nacional em particular. Congresso. Pode-se mesmo afirmar que há muito não se via, Tudo isso é natural, ocorre em todos os na imprensa brasileira, comentário tão construtivo, tão países, pois em todos eles existem totalitários, da edificante e tão oportuno, tal a maneira elegante, esquerda e da direita, incansáveis em sua faina, inteligente e patriótica como nele se apreciou o exame e visando a implantar no mundo os sistemas a aprovação, pelo Parlamento, da Emenda comunista e fascista, o que só é possível com a Constitucional nº 2, que instituiu o processo indireto de destruição da democracia, e, portanto, do eleição para os governadores de Estado, em 1974. Congresso, em que ela tem a sua principal cidadela. Infelizmente, tem havido tanta incompreensão O editorialista do Correio Braziliense foi, de certos homens de imprensa, relativamente às assim, felicíssimo em seus comentários, pois o que atividades políticas e partidárias, tão mesquinhos e escreveu ficou valendo como uma lição de civismo, medíocres têm sido, por vezes, em suas arengas, digna de ser aprendida por alguns brasileiros que se que um editorial como o em pauta se afirma como perderam por caminhos políticos escusos. um verdadeiro oásis, onde a ação política pode Como se disse em "Horas de Grandeza", o repousar e recuperar forças para sua espinhosa "Congresso saiu engrandecido de um episódio que caminhada em busca de um Brasil melhor. poderia diminuí-lo. Conferiu à discussão e votação É editando tópicos desse jaez que um de uma emenda constitucional a medida exata de jornal serve, verdadeiramente, ao país, pois é sua importância. Sabia-se de antemão o resultado? assim, entendendo a política na alta acepção de Pouco importa. Sempre se soube que as maiorias, arte a serviço do bem comum, que se quando unidas, superam as minorias. E isso é pode contribuir para a harmonia dos poderes, democrático. O importante é que houve dignidade de

– 225 – todos os participantes – dos que enfileiram nas co do Nordeste, trabalho cuja transcrição nos Anais hostes do Governo; dos que militam na Oposição; da do Senado foi solicitada pelo eminente Senador Mesa Diretora, regimentalmente neutra e de uma Wilson Gonçalves. firmeza serena, a conduzir os trabalhos, no dizer do II – o artigo do Sr. Paulo Lustosa está dividido Senador Petrônio Portella, sem tomar partido nem nos seguintes itens: transparecer prevenções, pois sua única finalidade 1 – Intróito era a defesa do Congresso". 2 – Diagnóstico da. Indústria Nessa linguagem, justa e edificante, é vazado 3 – Possibilidades de crescimento todo o editorial, todo ele valendo, por isso, como um 4 – Conclusões e Recomendações convite à defesa do Congresso, símbolo da III – Em cada um desses capítulos o professor democracia. Paulo Lustosa aborda, com inteligência e O Correio Braziliense, publicando um tópico de objetividade os diferentes aspectos do tal quilate, em hora tão propícia, prestou sem dúvida desenvolvimento, econômico do Estado, excelente serviço ao País, e, assim pensando, particularmente o industrial indicando as apoiamos plenamente o Requerimento do eminente circunstâncias e as condições que podem entravar Senador Adalberto Sena. ou favorecer esse desenvolvimento. Sala da Comissão Diretora, em 12 de maio de Joga, o ilustre articulista, com dados 1972. – Petrônio Portella, Presidente – Guido estatísticos, para tanto se utilizando de tabelas Mondin, Relator – Carlos Lindenberg – Ney Braga – adequadas, através das quais se pode tomar Clodomir Milet – Duarte Filho. conhecimento do valor da transformação industrial por setor; da posição do Ceará, no tocante ao PARECER crescimento da indústria de transformação no Nº 70, DE 1972 período 1965-1968, em confronto com a dos outros Estados do Norte e Nordeste; dos projetos da Comissão Diretora, sobre o Requerimento aprovados pela SUDENE em 1960/1971; da nº 16, de 1972, do Senador Wilson Gonçalves, participação do Estado no Processo, durante o solicitando a transcrição, nos Anais do Senado, do mesmo período; e da estimativa do crescimento do trabalho intitulado "A Indústria de Transformação do produto industrial, no período 1968/1976. Ceará – Diagnóstico e Perspectivas", de autoria do O autor na análise que faz, em cada uma das Sr. Paulo Lustosa da Costa, Professor de Economia partes de seu estudo, aponta os caminhos a seguir e Brasileira da Escola de Administração do Ceará e indica as providências a adotar, no sentido de corrigir Técnico em Desenvolvimento do Banco do Nordeste falhas, preencher lacunas e incentivar processos e publicado no jornal "Correio do Ceará", de 15 de apropriados ao desenvolvimento global do Estado, à abril próximo passado. base de sua racional industrialização. V – No sistema político brasileiro, bicameral, o Relator: Sr. Ney Braga Senado representa as diversas unidades federativas, O Correio do Ceará, em sua edição de 15 de de modo que lhe interessa conhecer, de perto, a abril passado, publicou, sob o título "A Indústria de situação de cada Estado. Transformação do Ceará – Diagnóstico e O artigo do Sr. Paulo Lustosa da Costa, Perspectivas", um longo e pormenorizado estudo publicado no Correio do Ceara, é um documento sobre o desenvolvimento econômico daquele Estado, precioso, eis que vale como um depoimento amplo e assinado pelo Sr. Paulo Lustosa da Costa, Professor fundamentado sobre os problemas básicos da de Economia Brasileira da Escola de Administração economia daquele Estado, de que se poderá utilizar do Ceará e Técnico em Desenvolvimento do Ban- esta Casa, quando tal se fizer necessário.

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Face ao exposto, nada temos a opor ao mento Nacionais, quadro esse que é fornecido ao Requerimento nº 16, de 1972, do ilustre Senador EMFA pela Escola Superior de Guerra". Wilson. Gonçalves. Esse trecho do discurso do novo Chefe do Sala da Comissão Diretora, em 12 de maio de EMFA justifica a transcrição pedida, pois, 1972. – Petrônio Portella, Presidente – Ney Braga – referindo-se o eminente Soldado a Poder Nacional, Relator – Carlos Lindenberg – Clodomir Milet – com isso envolve o Poder Político, de que o Guido Mondin – Duarte Filho. Congresso é a expressão mais autêntica e cujo papel, na obra que visa à segurança coletiva e ao PARECER desenvolvimento do País, é hoje relevante, como Nº 71, DE 1972 relevante sempre foi, no passado e relevante será, sempre, no futuro. da Comissão Diretora sobre o Requerimento nº Ante o exposto, considerando a iniciativa do 14, de 1972, do Senador Lourival Baptista, solicitando a Senador Lourival Baptista como um ato que visa a transcrição, nos Anais do Senado, do discurso aproximar, ainda mais, civis e militares – proferido pelo General de Exército Arthur Duarte aproximação tão necessária aos superiores Candal Fonseca, quando da solenidade de sua posse, interesses do Brasil – somos pela aprovação do como Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. Requerimento nº 14, de 1972. Sala da Comissão Diretora, em 12 de maio de Relator: Sr. Clodomir Milet 1972. – Petrônio Portella, Presidente – Clodomir O ilustre General de Exército, Arthur Duarte Milet, Relator – Carlos Lindenberg – Ney Braga – Candal Fonseca, ao tomar posse do importante cargo Guido Mondin – Duarte Filho. de Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, dia 2 O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – O do corrente, pronunciou um expressivo discurso, cuja Expediente lido será publicado. transcrição, nos Anais do Senado, é pedida pelo A Presidência recebeu, do Governador do eminente Senador Lourival Baptista. Distrito Federal, o Ofício nº 694, de 5 do corrente, Nesta hora, em que os poderes militar e civil encaminhando ao Senado Federal o Balanço do se harmonizam em busca de uma solução global Governo do Distrito Federal referente ao exercício de para os problemas brasileiros, é válida toda medida 1971. que se tomar, favorecendo, de algum modo, a O expediente ficará aguardando, na consolidação dessa orientação política, como sói Comissão do Distrito Federal, o parecer acontecer com o discurso daquele ilustre militar. preliminar do Tribunal de Contas do DF sobre a Realmente, a fala do General Arthur Caudal matéria. Fonseca, simples e objetiva, obedece aos altos Há oradores inscritos. propósitos de que se investiu a Revolução de 1964, Concedo a palavra ao nobre Senador Geraldo sintetizados, como sabemos, não só no combate à Mesquita. corrupção e à subversão, mas também na busca da O SR. GERALDO MESQUITA: – Sr. consolidação do regime democrático, tarefa que Presidente, Srs. Senadores, utilizo hoje a tribuna interessa visceralmente ao Congresso Nacional. do Senado para fazer um registro a respeito da O EMFA, como acentua o Orador, "deve tratar trajetória, no Exército Brasileiro, de um precipuamente, da fixação da Política da Estratégia e da coestaduano, o General Adauto Bezerra de Doutrina, no campo militar, a par dos planejamentos e Araújo. programas daí decorrentes; ora, como o campo militar Ainda não tive a honra de conhecer pessoalmente insere-se, lógica e naturalmente no contexto geral do esse conterrâneo ilustre, mas sinto muito prazer em falar Poder Nacional, esse trabalho está condicionado de sua vida e da brilhante carreira, porque o admiro ao Quadro Geral da Segurança e do Desenvolvi- bastante e estou ligado, por laços de sólida ami-

– 227 – zade, a diversos parentes seus, que muito prezo, ronel Alcio Souto, em virtude de seu relacionamento residentes no Acre e em outros Estados. entre os dez primeiros alunos da turma. Promovido a General de Divisão no dia 25 de Quando cadete, gozava as férias em março último, vem a ser o primeiro filho do Acre a Fortaleza, pois a nossa terra continuava ainda muito chegar ao elevado posto, na ativa. distante do resto do Brasil. Passava-as em Filho de autêntico pioneiro, José Serafim de companhia de seus antigos correspondentes, Araújo, já falecido, e de Dona Minervina Bezerra de exatamente o casal Joaquim Magalhães - Dona Araujo, nasceu em setembro de 1913, na cidade de Julinha Magalhães, pais do Embaixador Juraci Sena Madureira, às margens do rio Iaco. Magalhães, e a quem tinha como pais de criação. A 1º de janeiro de 1928, com 13 anos, deixou Em 1938 fez vir do Acre seus queridos pais, o berço, natal. "Baixou", como se dizia na época em tendo-lhes enviado as passagens e alguns recursos que as viagens só eram efetuadas por via fluvial- para a viagem até o Rio de Janeiro. marítima, para o Ceará. Veio para Fortaleza, a fim de Ao final do ano seguinte, 1937 querendo matricular-se no Colégio Militar, em regime de atender a um desejo manifestado por seu pai de internato, permanecendo na capital cearense até voltar à Paraíba, a fim de reencontrar-se com sua 1932, entregue, pelos pais, aos cuidados e desvelos terra e sua gente, obteve fosse mandado servir na de seus correspondentes ali, o Sr. Joaquim Bateria de Artilharia de João Pessoa. Mas não lhe foi Magalhães e sua esposa, Dona Julia Montenegro dada entretanto a felicidade de proporcionar ao Magalhães, a quem se afeiçoou como filho dedicado, bonissimo progenitor, aquele desejo acalentado sendo pelos mesmos assim tratado. durante muitos anos, porquanto o Sr. Serafim Durante o período em que ficou em Fortaleza falecera uma semana antes de seguirem para João só pôde voltar à terra, para matar as saudades e Pessoa. Foi só com Dona Minervina, sob o impacto exibir, com natural orgulho, "a bonita farda", nas causado pela ausência definitiva do pai amigo, que férias de 1928 e 1930, permanecendo com os pais tanto se orgulhava do filho que conseguira fazer, não não mais de 16 dias, já que, àquela época, uma sem muitos sacrifícios, Oficial do Exército Brasileiro. viagem de ida e volta do Ceará ao Acre, era muito Em 1939 era matriculado na Escola de demorada, notadamente a partir de Belém, em lentos Educação Física do Exército e passou a morar em um "gaiolas" que utilizavam lenha como combustível. imóvel do Exército, na Fortaleza de São João. Nesse Consumia o período de férias praticamente viajando, mesmo ano, para sua "alegria e desvanecimento", quando se fazia recomendado de um irmão de passaram a morar consigo, também, aquela que Avelino Chaves, proprietário do seringal Guanabara, considerava sua outra mãe, Dona Júlia Montenegro no alto Iaco. Viajava no Vapor Guanabara, que tinha Magalhães e dois filhos menores, entre eles Jacira por comandante Roberto Figueiredo, figura que até Montenegro Magalhães, que é hoje a Senhora General hoje considera singular, como singulares, de resto, Adauto Bezerra de Araújo, pois no ano seguinte, já 1º são todos os comandantes de embarcações que Tenente, a querida irmã de criação transformou-se em singram os rios da Amazônia, especialmente os sua digníssima esposa. Casaram-se em 1940. "práticos". Como Capitão, com menos de dois anos de Após concluir o curso do Colégio Militar de posto, matricula-se, em 1944, na Escola de Estado- Fortaleza, ingressou, a 1º de abril de 1932, na Maior. Em 1948 já é Major; em 1953, Tenente- Escola Militar do Realengo, então Escola de Coronel. Em 1981 chega a Coronel. As promoções Formação de Oficiais do Exército de onde saiu em ocorreram sempre por merecimento. dezembro de 1934, para ir servir no Grupo Escola de Em 1950 foi mandado servir, como Artilharia, em Deodoro, sob o comando do então Co- Major de Estado-Maior, na então Es-

– 228 – cola de Paraquedistas, onde permaneceu até nesta oportunidade em que, como filho do Acre, fevereiro de 1955. presto homenagem a um dos mais ilustres filhos do Antes de ser afastado daquela Tropa, já meu Estado. Tenente-Coronel, por motivo de acidente de salto, O SR. RUY SANTOS: – Permite-me V. Ex.ª teve oportunidade de conhecer Rio Branco, a capital um aparte? do seu Estado e rever sua querida Sena Madureira, O SR. GERALDO MESQUITA: – Com muito ali saltando de pára-quedas. Dessa passagem de prazer. sua vida, guarda gratas recordações, pois em Sena O SR. RUY SANTOS: – O eminente Senador Madureira reencontrara-se com sua avó, com 96 Filinto Müller, com sua autoridade de Líder já fez o anos de idade, alguns tios e muitos primos, em elogio merecido do General Adauto Bezerra de contato com os quais reavivou episódios de sua Araújo. Queria, nesta oportunidade – não direi meninice. Percorrendo todos os recantos de Sena subscrever suas expressões, que elas não carecem Madureira, lamentava a natural incapacidade de de quem as subscreva – mas referir que V. Ex.ª faz reconhecer velhos companheiros de infância, os muito bem em destacar, no Senado, a figura desse quais, por sua vez, não conseguiam, os que brilhante oficial do nosso Exército. V. Ex.ª fez contavam menos de 42 anos, identificar, após referências à sua esposa, Jacira Magalhães – irmã ausência de três décadas, aquele que primeiro fazia de Juracy Magalhães, até hoje meu eminente chefe, abrir uns pára-quedas nos céus daquela cidade, sob mesmo afastado da política – e que foi minha aluna o espanto e encantamento da sua população, na Bahia, bem como a D. Julinha Magalhães, notadamente das crianças. esplêndido modelo de mãe brasileira, a quem estimei O SR. FILINTO MÜLLER: – V. Ex.ª permite tanto e cuja memória tenho sempre presente. Assim, um aparte? não só pelo General Adauto, sua esposa e sua O SR. GERALDO MESQUITA: – Com muito sogra, ouço, no Senado, as referências que V. Ex.ª prazer, nobre Líder. faz a essa admirável figura humana que integra, com O SR. FILINTO MÜLLER: – Nobre Senador, brilho, as Forças Armadas do Brasil. verifico que V. Ex.ª está fazendo o elogio, muito O SR. GERALDO MESQUITA: – Muito merecido, do Gal. Adauto Bezerra de Araújo, que obrigado. acaba de deixar a posição que tinha aqui, no Estado- É possuidor dos Cursos Básico de Pára- Maior, para comandar a III Região Militar, no Rio quedista, de Mestre em Salto de Transporte em Grande do Sul. Conheço esse oficial desde tenente, e Tropa, realizados no Brasil e nos Estados Unidos. congratulo-me com V. Ex.ª pelas palavras que aqui Fez os Cursos de Estado-Maior e Comando das vem pronunciando. O Gal. Adauto Araújo merece o Forças Armadas e Curso Superior de Guerra, elogio que V. Ex.ª lhe faz. É, realmente, um dos oficiais realizados na Escola Superior de Guerra, onde, por mais distintos e mais brilhantes do Exército Nacional, duas vezes, exerceu funções no Corpo Permanente. chefe de família exemplar, amigo inexcedível. Ele O SR. ADALBERTO SENA: – Permite V. Ex.ª merece todo o apreço e toda a consideração dos um aparte? homens de bem deste País. Assim, nobre Senador, O SR. GERALDO MESQUITA: – Com muito peço vênia para subscrever suas palavras e me sinto prazer. feliz de poder também, neste plenário do Senado, O SR. ADALBERTO SENA: – Senador prestar uma especial homenagem a este brilhante Geraldo Mesquita, peço a V. Ex.ª incorporar ao seu oficial que tanto honra o Exército Nacional. discurso toda minha solidariedade pessoal à O SR. GERALDO MESQUITA: – Foi uma homenagem que V. Ex.ª está prestando ao General honra para mim receber o aparte de V. Ex.ª, Adauto Bezerra de Araújo. V. Ex.ª está praticando não prezado Líder Filinto Muller, o que muito agradeço, apenas um ato de justiça, mas também prestando

– 229 – um serviço ao Acre ao trazer – embora isso fosse para assumir as funções de Subchefe do quase desnecessário – à luz da evidência, os valores Departamento de Provisão e, mais tarde, Chefe do que nós, apesar da nossa juventude histórica, Gabinete do Estado-Maior do Exército. podemos apresentar à admiração do País. V. Ex.ª Em fevereiro de 1968, foi vítima de sério está cumprindo um dever a que muitos, infelizmente, acidente de pára-quedas, em saída de avião, sendo hoje faltam – o de reviver as figuras da nossa terra, e socorrido pelo Professor Mário Jorge, no Hospital V. Ex.ª principalmente o faz numa hora em que o Central de Acidentados. Nesse Hospital, sob os nosso grande passado tão cheio de pro-homens e de cuidados daquele renomado profissional e de sua glórias está sendo, infelizmente, esquecido. equipe, sofreu três intervenções cirúrgicas no espaço O SR. GERALDO MESQUITA: – Senador de oito meses. Após prolongada recuperação, que Adalberto Sena, foi para mim um prazer ouvir o durou dois anos, voltou a saltar de pára-quedas e aparte de V. Ex.ª, que incorporo ao meu discurso pôde, assim, vir a exercer o Comando da Tropa de com satisfação. Realmente, para nós acreanos, para Pára-quedistas, no Comando-Geral. Encerrou a V. Ex.ª e para mim, para o nosso Estado, a recente atividade de pára-quedista com cerca de 203 saltos promoção do General Adauto Bezerra de Araújo ao realizados. posto de General-de-Divisão e sua nomeação para Participou da equipe que transferiu o Estado- comandar a III Região Militar, é recebida como que Maior do Exército, do Rio de Janeiro para Brasília. um presente, quase no mês em que estamos Estava na Chefia do Gabinete desse órgão, quando, comemorando o décimo aniversário da elevação do em março último, foi promovido a General-de-Divisão. Acre à categoria de Estado. O SR. NEY BRAGA: – Nobre Senador, O SR. ADALBERTO SENA: – E como motivo pediria, antes de V. Ex.ª terminar, a oportunidade de de orgulho, também. um aparte. O SR. GERALDO MESQUITA: – Exatamente, O SR. GERALDO MESQUITA: – Com muito nobre Senador Adalberto Sena. prazer. Ao ser promovido a Coronel, foi nomeado O SR. NEY BRAGA: – Realmente, V. Ex.ª Comandante do CPOR de Belo Horizonte, em janeiro presta uma homenagem a um grande filho do Acre, a de 1962. Na Capital mineira, sob o comando do um grande brasileiro, um soldado que conheço e com o General Mourão, na subordinação imediata do qual convivi durante muitos anos na caserna, um General Guedes, e em coordenação com o grande chefe, que tem como característica fundamental Comandante da Polícia Militar do Estado, participou o profundo sentimento patriótico da necessidade de dos preparativos da Revolução de março de 1964, que o soldado cumpra a sua missão, voltado em que teve atuação destacada, e da qual, o então inteiramente ao serviço da Nação. O General Adauto Governador Magalhães Pinto, na área civil, foi um merece o seu elogio merece o elogio de todos nós e a dos mais proeminentes articuladores e líderes. homenagem que hoje lhe está sendo prestada. Falo Chegou ao generalato em novembro de 1966, em nome da Bancada do Paraná, que não poderia ficar quando exercia as funções de Chefe do Estado- alheia na hora em que V. Ex.ª homenageia um homem Maior do Comandante da 4ª Região Militar em Juiz que o Acre deu ao Brasil, para poder ajudá-lo nesta de Fora. Após promovido, foi nomeado comandante obra extraordinária em que a Nação está empenhada, da Brigada de Pára-quedistas, aquela mesma Tropa toda ela para o desenvolvimento da terra em que a que já servira antes, pelo prazo de nove anos. nascemos. O General Adauto Bezerra de Araújo Exerceu o Comando da Brigada por merece, não só do Acre, mas de todo o Brasil, a três anos, dele afastando-se em 1969, homenagem que lhe está sendo prestada.

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O SR. GERALDO MESQUITA: – O aparte de V. ça devolver aos heróicos defensores de nossa Ex.ª, Senador Ney Braga, como os demais que tive a bandeira um direito que lhes foi retirado. honra de receber, enriquece as modestas considerações Realmente, com a Lei nº 5.698, de 31 de que estou fazendo em torno de uma vida brilhante tão agosto de 1971, os ex-combatentes tiveram notável, como a do General Adauto Bezerra de Araújo. eliminados anteriormente assegurados pela Lei Após promovido a General-de-Divisão, foi 4.297, de 23 de dezembro de 1963 e mais do que distinguido com a nomeação para Comandante da 3ª isso, consagrados pelo próprio texto constitucional Região Militar, do âmbito do III Exército, sediada em vigente que determina em seu artigo 197: Porto Alegre, funções que deve estar assumindo na "Art. 197. Ao civil, ex-combatente da data de hoje, segundo estou informado, e pelo que Segunda Guerra Mundial, que tenha participado ao concluir este registro, quero congratular-me com o efetivamente em operações bélicas da Força ilustre acreano sua família, em nome dos seus Expedicionária Brasileira, da Marinha, da Força conterrâneos, pela elevada e merecida investidura. Aérea Brasileira, da Marinha Mercante ou de (Muito bem! Muito bem! Palmas.) Força do Exército, são assegurados os seguintes O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – direitos: Concedo a palavra ao nobre Senador Benedito a) estabilidade, se funcionário público; Ferreira. (Pausa.) b) aproveitamento no serviço público, sem a Não está presente. exigência do disposto no § 1º do art. 97; Concedo a palavra ao nobre Senador Franco c) aposentadoria com proventos integrais aos Montoro, em permuta com o Senador Clodomir Milet. vinte e cinco anos de serviço efetivo, se funcionário O SR. FRANCO MONTORO: – Sr. Presidente, público da administração direta ou indireta, ou Srs. Senadores, encaminho à Mesa o seguinte Projeto: contribuinte da Previdência Social; e "Restaura a aposentadoria com proventos d) assistência médica, hospitalar e integrais do ex-combatente segurado do INPS e dá educacional, se carente de recursos." outras providências. Ora, são frontalmente contrárias ao disposto O Congresso Nacional decreta: no referido texto constitucional as normas contidas Art. 1º Ficam revogados os artigos 4º, 5º 6º e nos seguintes dispositivos da Lei nº 5.698, de 31 de 7º da Lei nº 5.698, de 31 de agosto de 1971 e agôsto de 1971: restabelecida a vigência dos artigos 1º e 2º da Lei nº "Art. 4º O valor do benefício em manutenção 4.297, de 23 de dezembro de 1963. de ex-combatente ou de seus dependentes, que Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua atualmente seja superior a dez vezes o maior salário- publicação, revogadas as disposições em contrário. mínimo mensal vigente no País, não sofrerá redução Sala das Sessões, em 12 de maio de 1972. – em decorrência desta lei. Franco Montoro. Parágrafo único. Para os efeitos do disposto neste artigo, incorporam-se ao benefício de Justificação previdência social as vantagens concedidas com fundamento na Lei nº 1.756, de 5 de dezembro de Na semana em que se comemora a 1952. vitória do Brasil na última guerra e se prestam Art. 5º Os futuros reajustamentos do aos ex-combatentes as homenagens que beneficio do segurado ex-combatente não incidirão lhes são devidas, é de rigorosa justi- sobre a parcela excedente de dez vezes o

– 231 – valor do maior salário-mínimo mensal vigente no Era o que eu tinha a dizer. (Muito bem!) País. O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Art. 6º Fica ressalvado á direito ao ex- Concedo a palavra ao nobre Senador Clodomir Milet. combatente que, na data em que entrar em vigor O SR. CLODOMIR MILET (sem revisão do esta lei, já tiver preenchido os requisitos na orador.): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, o nobre legislação ora revogada para a concessão da Senador Ney Braga apresentou ao Senado Federal aposentadoria por tempo de serviço nas condições um projeto de lei visando a corrigir aquilo que S. Ex.ª então vigentes, observado, porém, nos futuros chamaria de excessos da Lei Orgânica dos Partidos, reajustamentos, o disposto no art. 5º. ou seja, a exigência de 20% do quorum para a Parágrafo único. Nas mesmas condições tomada de qualquer deliberação, no caso das deste artigo, fica ressalvado o direito à pensão dos convenções municipais para eleição dos diretórios dependentes de ex-combatentes. municipais. Art. 7º Ressalvada a hipótese do art. 6º, no O projeto deverá ser apreciado na próxima caso de o ex-combatente vir contribuindo, de acordo semana e a ele, certamente, serão apresentadas com a legislação ora revogada, sobre salário emendas visando a corrigir outras falhas da Lei superior a dez vezes o salário-mínimo vigente no Orgânica dos Partidos, para que se consiga, tanto País, não será computada, para qualquer efeito, a quanto possível, o aprimoramento da legislação parcela da contribuição que corresponda ao política, da lei que regula o funcionamento dos excedente daquele limite, a qual será restituída a partidos políticos. pedido". Ora, Sr. Presidente, no meu entender não se Realmente, enquanto a norma constitucional deveria pura e simplesmente reduzir-se esse expressamente assegura aos ex-combatentes quorum, que a lei estabelece em 20%, para 10%, no "aposentadoria com proventos integrais", a caso de haver chapa única, como quer o Senador legislação reproduzida estabelece limites iguais aos Ney Braga. Seria talvez mais prático que se que vigoram para os demais segurados da mantivesse o dispositivo, ou seja, ao invés da previdência social. maioria, como quer a lei para as outras convenções, Evidentemente, os Tribunais brasileiros a no caso de convenções para eleição do diretório cujas portas haverão de bater clamando por justiça, municipal, o quorum seria de 20%, mas se houvesse os nossos "ex-pracinhas" tão duramente injustiçados, nessas convenções chapa única esse quorum seria poderão assegurar-lhes o gozo dos direitos que lhes ainda reduzido a 10%. Seria o caso de acrescentar- foram subtraídos. se um parágrafo ao artigo da Lei Orgânica dos Mas nem por isso deve o legislador permanecer Partidos que trata dessa matéria, ou seja o artigo 33, indiferente, senão que lhe cumpre, desde logo, que diz o seguinte: eliminar a ocorrência de pleitos judiciais, restaurando Art. 33. As convenções e diretórios deliberam a vigência dos dispositivos da Lei nº 4.297, de 1963, com a presença da maioria dos seus membros. revogados pela Lei nº 5.698, de 1971." Parágrafo único. Nas Convenções Municipais, É esse o objetivo do projeto que estamos as deliberações poderão ser tomadas com o quorum encaminhando à Mesa: assegurar aos ex-combatentes mínimo de 20% (vinte por cento) dos filiados, para os direitos que lhes são devidos por justiça, eleição de diretórios delegados e suplentes. reconhecimento nacional e imperativo constitucional. A esse artigo se acrescentaria um Os que lutaram em defesa da Democracia, no teatro de § 2º e o parágrafo único passaria a ser guerra, merecem essa reparação. § 1º. O § 2º diria: "Quando houver

– 232 – chapa única esse quorum do parágrafo anterior será indiretas em 74, falou-se na possibilidade de incluir reduzido a 10%." na Lei Orgânica dos Partidos um dispositivo que É essa, Sr. Presidente, também, a repetiria o que consta da Legislação de 1970, ou seja oportunidade de corrigir o caput do art. 33: "As que, no ano de 1974, a escolha dos candidatos a Convenções e diretórios deliberam com a presença Governador seria feita pelo Diretório e não pela da maioria dos seus membros". Eliminaríamos a Convenção. palavra "diretórios" e diríamos apenas que "as A mim me parece, Sr. Presidente, que isto não convenções deliberam com a presença da maioria seria matéria para a Lei Orgânica dos Partidos. dos seus membros". Primeiro porque a Lei Orgânica dos Partidos é uma A parte referente aos diretórios constituiria lei definitiva e deve dela constar, naturalmente, tudo outro artigo, seria tratado em outro artigo. E também quanto tiver que ficar, ao passo que, a Emenda se diria que "nas reuniões dos Diretórios, seria Constitucional, estabelecendo as eleições indiretas proibido o voto por procuração, "tal como se declara em 74, não pode ser regulamentada por um a respeito das Convenções. E se diria ainda que, nas dispositivo de uma lei permanente. Tratar-se-ia, no reuniões dos Diretórios, será permitido o voto caso, de uma disposição transitória, como o cumulativo, se o Líder for também Membro do transitório é justamente o de que cogita a Emenda Diretório. Porque a lei estabelece que o Líder é Constitucional. Se for necessária, essa modificação, Membro nato do Diretório. Mas o Líder – tanto aqui no tempo oportuno se fará uma lei própria, como se na Câmara como no Senado, nos casos de Diretório fez em 1970. No caso atual, me parece que, se Nacional; na Assembléia Legislativa, nos casos de estamos adiando a discussão do problema da Diretório Regional e nas Câmaras Municipais, no escolha de candidatos a Governador, adiamos o caso dos Diretórios Municipais – o Líder pode ser essencial. Não há por que discutir agora o particular, também Membro eleito do Diretório. Pode acontecer, o acessório. Por que vamos transformar as eleições inclusive, que o Membro do Diretório tenha sido diretas em indiretas? Para que haja paz, eleito como tal e, no ano seguinte, seja o Líder da tranqüilidade, para que não se perturbe o ambiente. Bancada, e passe também a integrar o Diretório Como se vai agora discutir o modo como fazer a como Líder. Nesse caso, seria permitido o voto escolha dos candidatos, se desta ou daquela cumulativo. maneira, para uma eleição que só se realizará daqui Digo isso porque, no que diz respeito aos a quase três anos? Diretórios Municipais, por exemplo, no interior, há O SR. FILINTO MÜLLER: – Dá licença V. Ex.ª muita consulta a respeito: o Membro do Diretório, para um aparte? que é Líder, vota duas vezes ou uma vez só? Está O SR. CLODOMIR MILET: – Com todo prazer. implícito que vota duas vezes, porque se o Líder era O SR. FILINTO MÜLLER: – Nobre Senador, Membro do Diretório e se o Diretório se compõe de há pouco, manifestava eu a V. Ex.ª um certo tantos Membros, inclusive o Líder, evidentemente o desacordo com declarações que lhe foram Líder, figurando como Membro do Diretório, terá atribuídas, publicadas por um importante jornal do direito a dois votos: como Líder, e como Membro do Rio de Janeiro. V. Ex.ª me explicou exatamente Diretório. Mas nada obsta que da Lei conste isto. que tinha havido manifestações outras, opinando Ora, Sr. Presidente, essas duas modificações se pela inclusão na Lei Orgânica dessa escolha, por fariam dando-se uma nova redação aos artigos 32 e diretórios, dos candidatos de 74. São opiniões, 33 da Lei Orgânica dos Partidos. nobre Senador. V. Ex.ª sabe que, no meio político, Lembro, por exemplo, outras observações e é muito comum que os nossos Colegas, do sugiro algumas alterações, Sr. Presidente. Senado e da Câmara, dos dois Partidos, Como o advento da Emenda manifestem seus pontos de vista. Não vejo por que Constitucional que estabelece as eleições – estou de acordo com V. Ex.ª – incluir-se na Lei

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Orgânica a disposição de escolher candidatos através àquele mínimo que a Lei estabelece e mais uma de Diretório Regional. O que me parece, não é fora de margem de 10 a 20%. propósito, é que nós teríamos sempre em mente que Então, o partido acabaria se esclerosando e a escolha de candidato deva ser uma atribuição ninguém mais poderia entrar porque correríamos o precípua das Convenções regionais, seja a eleição risco de não podermos organizar o Diretório para a direta, pelo voto do eleitorado, seja a indireta, pelo Convenção Municipal com o quorum exigido. voto da Assembléia, a indicação dos candidatos deva Adianto, como uma homenagem especial a V. Ex.ª, ser feita pelas Convenções regionais. Ao Diretório, que estou preparando um substitutivo para cabe atualmente – V. Ex.ª o sabe melhor do que apresentar ao projeto do Senador Ney Braga, no ninguém – indicar à Convenção os nomes da sua qual ficará restabelecida a sistemática criada no Ato preferência, que poderão ser ou não aceitos. De modo Complementar, nº 54 que, a meu ver, satisfaz que tudo o mais são opiniões que a imprensa registra, plenamente e corresponde às necessidades políticas que a imprensa publica e que servem, naturalmente, do nosso País, não só do nosso partido, mas, para dar um colorido de maior interesse na nossa vida também, do Movimento Democrático Brasileiro. política. V. Ex.ª se referiu também à questão do O SR. CLODOMIR MILET: – Agradeço, meu quorum para as convenções, assunto que já está nobre Líder, a intervenção de V. Ex.ª... sendo examinado pelo Senado, através de projeto de O SR. FILINTO MÜLLER: – Peço desculpas a lei apresentado pelo nosso eminente Colega, Senador V. Ex.ª por ter dado um aparte tão longo, mas o Ney Braga. Quero informar a V. Ex.ª que estou assunto é interessante e V. Ex.ª o explanará, com preparando substitutivo a esse projeto, de autoria do brilhantismo. Senador Ney Braga, substitutivo que restabeleça O SR. CLODOMIR MILET: – A deferência de exatamente aquela norma criada pelo AC-54. Porque, V. Ex.ª para com seu liderado o lisonjeia e estou na organização dos Diretórios municipais, não importa muito grato por estar inserido em meu discurso o quorum. A organização dos diretórios municipais aparte esclarecedor de V. Ex.ª. deve ser facilitada. O que importa a nós, que somos Acho que todos devem manifestar a sua responsáveis pela vida partidária, é uma filiação opinião. Participo da idéia de V. Ex.ª, e porque maior: filiação de universitários, filiação de mulheres, participo dela venho aqui dar a minha opinião que, filiação de trabalhadores, enfim, ampliar a filiação por coincidência, é contrária à de muitos que já se partidária, e não podemos fazê-lo se permanecer a manifestaram sobre assunto. E vejo que, também, a exigência de quorum, ainda que de 10%, porque, se a minha opinião coincide com a de V. Ex.ª não se deve chapa for única, se houver acordo, harmonia na fazer inserir na Lei Orgânica dos Partidos dispositivo composição da chapa, não haverá disputa nem transitório que regule apenas as eleições que serão interesse de comparecimento e correremos o risco de realizadas em 1974. ficar sem diretório municipal, como ocorreu na Devemos aproveitar a oportunidade para Convenção de janeiro, em várias cidades do País. corrigir algumas falhas na lei dos partidos. Uma Importa filiarmo-nos para ter um maior número de delas é essa exigência de 10% de convencionais atuantes nas fileiras do Partido e sobretudo, para presentes para se iniciar a votação. Vamos destacar maior possibilidade de escolha de bons candidatos dois pontos: a presença necessária para se iniciarem para vereador, para prefeito, para deputado estadual, os trabalhos e o quorum para que a deliberação para deputado federal, para senador. Quanto maior tornada seja válida. o elenco de filiados, maior o de candidatos. Se Refere-se à segunda parte, ao segundo ponto, a tivermos de nos preocupar com o quorum de projeto do Sr. Senador Ney Braga no caso das eleições comparecimento, teremos de recomendar ao Diretório de diretórios municipais, 20% do total dos convencionais municipal de todo o País que limitem a filiação bastariam para que fosse tomada qualquer de-

– 234 – liberação; se se tratar de chapa única, esse quorum tregando as convenções ao "Deus dará", ou seja, seria de apenas 10%. Essa a emenda proposta à lei poderá coincidir até que não haja a presença de orgânica dos partidos. outros além dos candidatos, ou talvez, com isso – A Lei exige, porém, que são necessários 10% não esquecer que o filiado que não compareça a três para se iniciarem os trabalhos. Isso, reconheço, é um convenções seguidas, sem motivo justificado, perde absurdo, principalmente se reduzir-mos o quorum a filiação – não esquecer que a convenção municipal para deliberação para dez por cento. Como só para escolha dos diretórios e dos delegados é a podemos instalar uma convenção se estiverem única em que vota o filiado. Nos outros, vota por ele presentes 10% dos convencionais, serão esses 10% o seu delegado ou o diretório que escolheu na justamente que vão valer para que se tome qualquer primeira convenção. Nem tanto nem tão pouco: um deliberação? número mínimo de convencionais para deliberar Em nossa emenda sugerimos justamente que deve ser exigido – é a minha opinião. se comece por aí, ou seja, pelo art. 32, que diria que O SR. FILINTO MÜLLER: – Qual foi o limite as convenções podem ser instaladas com a do AC 54? presença de qualquer número de convencionais e as O SR. CLODOMIR MILET: – Para tomada de suas deliberações tomadas pela maioria. Os deliberação? A maioria! parágrafos seriam: no caso de convenção para O SR. FILINTO MÜLLER: – Dos que eleição de diretórios municipais bastariam 20% para comparecessem, mas sem quorum estabelecido. V. que a deliberação fosse válida, e 10% quando se Ex.ª tem larga experiência política, mas neste ponto tratasse de chapa única. No que diz respeito às divirjo de V. Ex.ª. deliberações em si, da convenção, entendo que há O SR. CLODOMIR MILET: – Desculpe, meu necessidade de se estabelecer um quorum qualquer Líder, mas em 1969, no meu Estado, o Maranhão, para que a mesma tenha valor e para que não se deixaram de realizar-se algumas convenções da possa, amanhã, dizer que decidimos em família, sem ARENA porque faltaram associados, os filiados do a presença de um mínimo aceitável de votantes. partido. Havia disputa e era grande o número de O SR. RUY SANTOS: – V. Ex.ª permite um filiados no município. Houve municípios em que o aparte? número de filiados ia a quatro mil ou mais e deixou O SR. CLODOMIR MILET: – Estou de comparecer a metade mais um, como preceituava apresentando um ponto de vista que, naturalmente, a lei. Não se elegeu o diretório por isso. pode ser discutido. É preciso que fixemos um limite, O SR. FILINTO MÜLLER: – V. Ex.ª está qualquer quorum, para que amanhã não se verifique equivocado. Não se exigia maioria absoluta. o desinteresse generalizado, que seria justificado O SR. CLODOMIR MILET: – Nas convenções pela desnecessidade da presença do filiado, cujo de 1969, meu Líder, havia necessidade desse voto não torto valor maior. quorum para deliberação. Não havia a exigência de Adotado esse ponto de vista faremos com que quorum para se iniciar a convenção. nossas convenções tenham uma movimentação O SR. FILINTO MÜLLER: – De acordo com o Ato razoável; com que os elementos dos dois partidos Complementar nº 54, dez eleitores podiam apresentar compareçam às suas convenções, certos de que a uma chapa; iniciados os trabalhos, às nove horas, sua presença é desejada, é importante para o partido. iniciava-se imediatamente a votação e se chegasse Se dissermos logo, na Lei, que não há um filiado ele passaria a votar imediatamente. E, necessidade de quorum, de se estabelecer um limite ao encerrar-se a votação, às 17 horas, a chapa de comparecimento à convenção, estaremos en- que tivesse mais de oitenta por cento teria eleito to-

– 235 – dos os seus candidatos. Se houvesse mais de uma decidido pelo partido nessa matéria terá o meu chapa e se nenhuma atingisse mais de oitenta por apoio. O que nos interessa é justamente facilitar os cento, então as que tivessem mais de vinte por cento trabalhos da convenção. Os partidos políticos, têm teriam distribuídas entre si as vagas existentes. Este que trabalhar no sentido de facilitar tanto quanto é o caminho certo, porque a exigência de quorum vai possível, o trabalho das convenções. Nós, causar – V. Ex.ª está apontando exatamente o erro – evidentemente, estamos aqui não para criar a filiação excessiva para eleições municipais. Em embaraços, para tornar mais difícil a realização de Curitiba, foram filiados dezoito mil; em Apucarana, uma assembléia, de uma convenção, mas para cinco mil. Veja V. Ex.ª o exemplo típico: em Porto torná-la viável e realizável. Alegre, o MDB, que é um partido forte, com O SR. NEY BRAGA: – Permite V. Ex.ª um comparecimento de 380 e tantos filiados, elegeu aparte? diretórios municipais a 16 de janeiro deste ano, e a O SR. CLODOMIR MILET: – Com prazer. ARENA, com o comparecimento de 600 não O SR. NEY BRAGA: – Ouvi, logicamente com conseguiu eleger, porque sua filiação era muito atenção, o seu discurso e o aparte do nosso Líder. maior! Então, se formos forçados a um quorum, Permita-me dizer que estou com o texto do Ato seremos obrigados a um grande comparecimento. Complementar nº 54, e não vejo quorum nele. Talvez Havendo chapa única, esse comparecimento torna- os estatutos do partido tenham fixado, mas o ato, se difícil. Então, para a organização de diretórios não. Agora, a idéia do nobre Líder é a idéia que trago municipais, cabe às chefias municipais locais levar o como anseio de toda a ARENA do meu Estado. maior número possível de filiados, sem necessidade Realmente, esse pensamento, que acredito ser de de fixação de quorum. O estabelecimento de quorum todos nós, é o de procurarmos filiar o maior número vai levar a aconselhar os diretórios municipais a filiar possível de militantes no partido para que eles sejam sempre o mínimo. Então, o partido fica com o os nossos defensores em termos de doutrina; para mínimo, que não se altera e ninguém mais pode-se que tenhamos no Brasil aquilo que vemos em outros filiar a ele. Grato a V. Ex.ª por ter ouvido meu aparte. países: que o homem da fábrica, o estudante, o O SR. CLODOMIR MILET: – V. Ex.ª está motorista bata com orgulho no peito e diga: "Eu sou equivocado. O que havia é que o Ato 54, e depois o deste partido!" Verificamos, em outros países, 61, os dois atos mandavam respeitar a Lei Orgânica distintivos pregados ao peito. Realmente, são dos Partidos no que não a contrariassem: e a Lei homens que irão pregar, levar para suas famílias, Orgânica diz que a tomada de deliberação será feita para seu meio de trabalho aquela doutrina que, nos pela maioria dos filiados. diretórios, cada vez mais incutimos no espírito do Acontece que a Lei Orgânica atual inovou povo brasileiro – dos estudantes, dos trabalhadores, estabelecendo esse quorum de 10% para a abertura da dona de casa, da doméstica, de todos, enfim. dos trabalhos das Convenções, mantendo a maioria Assim, nossa Convenção em Curitiba – e exemplifico para a deliberação, à exceção dos destinados às em Curitiba, porque foi citada a Capital do meu eleições dos diretórios municipais, em que ficaria Estado – houve, há algum tempo, uma divisão no reduzido esse quorum para 20%. Já se exigia isso Diretório. A filiação foi muito grande, e seria muito antes; a maioria dos convencionais não dos maior se não nos preocupássemos com esse presentes mas dos que tivessem direito a voto, de comparecimento. Dezoito mil filiados. Curitiba foi a todos os filiados. cidade – creio – em que houve maior comparecimento Isso poderá ser esclarecido com a confrontação à última eleição de Diretório, mais de mil. dos textos legais. Conformar-me-ei, com a Assim mesmo, não houve sequer número para verificação que for feita pelo meu Líder. O que for abertura da Convenção. Nobre Senador Clodomir

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Milet, V. Ex.ª tem o mesmo pensamento do nosso tabelecer uma redução do prazo de filiação, mesmo Líder: abrir-se a Convenção, filiarmos bastante e que porque temos, agora, um contingente enorme de a Convenção não seja empecilho a essa filiação. O eleitores filiando-se aos Partidos. Se se aprovar o nobre Colega disse que a Convenção se realizará ao Projeto – e assim se espera – que já mereceu o voto "Deus dará", se não se fixar um número pequeno que favorável do Senado, no sentido de se dispensar a seja como quorum. Não. A filiação é abertura. multa daqueles que se alistaram até 15 de agosto, é Comparecerá o militante que quiser fazê-lo. Uma possível que aumente o alistamento e, aumentando chapa única levará número reduzido. Uma levará o alistamento, poderemos ver aumentado o número logicamente, número realmente grande como de filiados dos Partidos. Mas, se cogitarmos de sentimos em toda parte. Por isso, apresentei projeto diminuir o prazo de filiação aos Partidos para permitir para a redução do número. No entanto, creio que a o registro de candidaturas, não vejo por que se idéia do nobre Senador Filinto Müller é a mais certa de manter – esta a minha opinião, o meu ponto de vista que se volte àquilo que o AC 54 fixou. Peço desculpas – não vejo por que se manter um dispositivo da Lei por aparte tão longo, mas era a participação que Orgânica dos Partidos que só permite àquele que desejava ter em assunto de tanta importância, neste tenha saído do seu e ingresse no outro partido, o ano em que vamos escolher candidatos a prefeitos registro como candidato numa chapa, depois de dois em todos os municípios do Brasil. É do interesse tanto anos de filiação ao seu novo partido. da ARENA como do MBD, e os próprios Líderes do Seria o caso de se verificar também a MDB têm conversado conosco a respeito. possibilidade de se reduzir esse prazo. O SR. CLODOMIR MILET: – Nobre Senador Se o cidadão que se inscreveu num Partido, Ney Braga, foi uma honra para mim receber o aparte quando este foi instalado ou no curso da vida de V. Ex.ª. Felicito-me por tratar de assunto que está partidária, se ele deixou seu Partido para se filiar ao provocando esclarecimentos, porquanto, quando a outro, há necessidade de ficar dois anos, como em matéria estiver em fase de votação, nesta Casa, o banho-maria, à espera de prazo para poder Senado estará em condições de votar esclarecido o candidatar-se? projeto de V. Ex.ª ou a emenda substitutiva que for Parece-me, Sr. Presidente, prazo bastante apresentada. exagerado, principalmente se vamos reduzir o prazo Sr. Presidente, também participo da idéia de para os novos filiados, os filiados pela primeira vez. que não se deve cogitar de número para abertura de E dou aqui um exemplo bem interessante: uma Convenção. Nossa discordância é apenas quanto refiro-me aos prefeitos. Este ano teremos eleições ao mínimo, para que seja válida uma deliberação para prefeitos. O prefeito é eleito. No meu da Convenção. Como em qualquer Assembléia, entender, ele não estaria obrigado a filiar-se, de como nesta Casa, como na Câmara dos Deputados, ou acordo com as diversas disposições da Legislação em qualquer parte, uma decisão só pode ser tomada Eleitoral e levando-se em consideração igualmente com um número tal ou qual. Mas é assunto de o que preceitua a Constituição Federal. A lei somenos importância. Naturalmente é o que posso maior pune àquele que infringe as normas dizer agora. Devemos também alterar a Lei Orgânica partidárias até com perda de cargo, mas só se dos Partidos, noutros pontos. Por exemplo, o Capítulo refere a vereador, deputado e senador. O "Da Filiação". A lei estabelecia, e é válido ainda Executivo não é atingido. No Executivo o cidadão, hoje, que o prazo de filiação, no caso das eleições filiado a um Partido, não cumpre as determinações estaduais, é de 18 meses, e no caso das eleições de seu Partido e não sofre qualquer punição, municipais, de um ano. Talvez fosse conveniente es- pelo menos no que diz respeito ao exercício do

– 237 – cargo. Então, não haveria necessidade de ele estar Sr. Presidente, Srs. Senadores, minha filiado. Mas a Lei teria estabelecido a filiação. presença nesta tribuna é para fazer um ligeiro reparo Há diversos dispositivos nos vários diplomas sobre declarações que eu teria prestado à imprensa legais falando da filiação como condição para a e que não foram bem apreendidas por alguns jornais. eleição, inclusive até do Presidente da República. Sr. Presidente, não me insurgi contra Ora, consideremos o caso do prefeito filiado a modificações na Lei Orgânica dos Partidos. Como já um Partido. Antes de ser candidato e para sê-lo, disse, apenas expus meu ponto de vista de que não exigiu-se desse prefeito a filiação partidária. Filiado, deveria constar da Lei Orgânica dos Partidos a é eleito e abandona o Partido no dia seguinte ou alteração que se propunha ou fosse, que se algum tempo depois, ou não cumpriu qualquer modificasse essa mesma lei para permitir que a determinação partidária. No entanto, continua como escolha dos candidatos a governador fosse feita pelo prefeito e exerce seu mandato por 4 anos. Logo que Diretório e não pela Convenção. Quanto ao mais, deixa o Partido pelo qual se elegeu, se inscreve em estou de acordo que se façam modificações no que outro. Terminado seu mandato e vencido o prazo de respeita às Convenções, à escolha de candidatos e carência, poderá candidatar-se a qualquer outra quaisquer outras, particularmente no que respeita às eleição, porque já está inscrito no novo Partido e em Convenções, ao funcionamento dos Diretórios e em condições de registrar-se, na Justiça Eleitoral, nos tudo que diga respeito à vida partidária. termos da lei. Sr. Presidente, sei que meu nobre Líder não Por conseguinte, o cidadão que não é prefeito, gostaria de ver modificado no momento, a chamada mas simples eleitor, se deixa um Partido por outro e "Lei das Sublegendas". Entendo que não deve ser depois quiser candidatar-se, tem que esperar dois incluída em qualquer dispositivo da Lei Orgânica dos anos no novo Partido, para ter direito a essa Partidos matéria referente à sublegenda, à instituição candidatura. Mas, se já exerce um cargo eletivo por da sublegenda, porque o disciplinamento da um Partido a que está filiado e se deixa esse Partido, sublegenda tem sido feito através de diplomas pode terminar calmamente seu mandato filiado já a especiais. Entretanto, a lei que instituiu a sublegenda outro Partido. Terminado seu mandato, se candidata se encontra inteiramente superada. Quase toda ela pelo novo partido a outro posto eletivo, já vencido, já está alterada pela nova Lei Orgânica dos Partidos, repito, esse prazo de carência, e normalmente no como alterada já havia sido por alguns Atos exercício de um cargo para o qual foi eleito pelo Complementares. Partido que abandonou. Então, seria o caso de se rever essa lei. Se São considerações dessa ordem, Sr. excluímos, por exemplo, permissão para a instituição Presidente, que nós, políticos, devemos ter sempre da sub legenda na eleição de Senadores e não em mente ao traçar as normas, ao fazer a aceitamos, ou melhor, não aplicamos a sublegenda Legislação, particularmente no que diz respeito a nós nas eleições indiretas – e as próximas eleições para mesmos, no exercício de nossas atividades políticas. governadores serão indiretas – por que não se fazer São considerações essas, Sr. Presidente, que um novo diploma legal, agora, limitando as gostaria de ver inscritas, de ver estudadas, para que sublegendas apenas às eleições municipais para do substitutivo enunciado pelo nobre Líder do meu prefeito, para que todos saibam como proceder partido constassem alguns elementos a mais, alguns nessas eleições de 1972? Evidentemente é do dispositivos visando justamente o aprimoramento da interesse dos Partidos que não haja sublegenda. O legislação eleitoral e partidária à correção desses MDB grita que é contra a sublegenda, como se nós erros, dessas falhas, desses desvios, dessas da ARENA fôssemos a seu favor, como instituição anomalias. permanente. Absolutamente. Desejamos que não

– 238 – haja sublegenda. Desejamos que o Partido vá unido, Antes de terminar, Sr. Presidente, chamo a coeso, para as urnas, defendendo seus princípios, atenção para um ponto que me parece muito seus programas, suas idéias. Mas estamos ainda importante. Voltemos, ainda, à filiação partidária. numa fase de ajustamento. Somos uma soma de Vemos que a lei estabelece que há determinado diversos Partidos, como o MDB também o é. E é prazo para essa filiação. O cidadão que não se filia difícil, em pouco tempo, calarmos certas opiniões, dentro de determinado prazo não pode candidatar-se que ainda prevalecem em determinados setores a cargo eletivo. Havia, porém, casos em que o vinculados a agremiações antigas, que ainda não cidadão não se filiava a determinado Partido porque morreram de todo. estava impedido pela Constituição de exercer Devemos dar tempo ao tempo e, aos poucos, atividade político-partidária. O Tribunal Superior, fazer a unidade do nosso Partido, como o MDB está consultado, já decidiu, com Instrução que mandou a cogitando, com mais dificuldade talvez do que nós, todos os Tribunais, que, nesses casos, quando o de fazer a sua própria unidade. Enquanto não se cidadão não é filiado – porque não podia ser filiado – consegue isto, vamos, então, permitir, por mais do momento em que ele pode ser filiado, do algum tempo, a instituição da sublegenda. Seria o momento em que ele pode exercer atividade caso de apresentarmos um projeto regulando apenas políticas, desse momento é que se começa a contar as sublegendas para a eleição de prefeito e vice- o prazo para filiação. Tivemos justamente um caso, prefeito. na eleição passada, para escolha de candidato a Chamamos a atenção para isto: nessa lei que Governador. votássemos, diríamos que estariam completamente Essa prática, Sr. Presidente e Srs. Senadores, revogados não só os dispositivos que lhe fossem vai prejudicar aqueles que desejam participar das contrários como também, e expressamente, a Lei atividades partidárias, que comungam conosco nas 5.453 de 1968 que instituiu o sistema de sublegenda, lutas e nas dificuldades da vida política. Outros, que mesmo porque se atentássemos que está nesta lei, e não tiveram nenhuma dificuldade, que passaram por que ainda prevalece, porque não foi revogada cargos onde não podiam exercer atividade político- expressamente, teríamos, por exemplo, no art. 19, o partidária, basta que se aposentem, deixem os seguinte: cargos, para, no dia seguinte, se inscreverem num "Nos Municípios em que não tenha sido Partido e poderem ser candidatos. O prazo de constituído Diretório Municipal, a atribuição da filiação se contaria a partir daí. criação de sublegendas e indicação de candidatos Seria o caso de se dizer que, em hipótese será deferida à Comissão Executiva Regional". alguma, seria permitida a escolha de candidatos que O Ato 61 modificou esse artigo para as não estivessem enquadrados, pelo menos, no eleições de 1969. Terminadas as eleições de 1969, mínimo prazo exigido de filiação partidária. ficou valendo o que está naquela lei. Ora, isto não se Quero chamar a atenção dos nobres colegas admite, mesmo porque a Lei Orgânica dos Partidos para o que ocorrerá, agora, quanto aos portugueses estabeleceu até como se faria a escolha dos que vão ter o direito de votar e ser votados. Os candidatos pelas Convenções. Nos Municípios onde portugueses – e o Tribunal Superior Eleitoral já baixou não houvesse Convenção, dar-se-ia novo prazo para Instrução – vão ser eleitores e podem ser candidatos. a sua realização. Na Lei nº 5.453 está dito que a Então, qual seria o prazo para a sua filiação aos sublegenda seria escolhida pela Executiva Regional partidos, se pretendessem ser candidatos? se não houvesse diretório no município. Logo, pelo O SR. RUY SANTOS: – Na Assembléia menos, no que respeita à sublegenda, estaria Estadual da Bahia temos um candidato a deputado prevalecendo o que consta dessa lei. estadual, português.

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O SR. CLODOMIR MILET: – Devíamos, se eles não pudessem ser candidatos à eleição de então, desde agora, estabelecer as condições para novembro. Estaria frustrada a legislação que lhes filiação desses novos eleitores. No Rio de Janeiro concedeu o direito de candidatar-se, de prática política deve ser grande o número deles. Então, é preciso em nosso País. Não há somente eleições em pensar, desde agora, na possibilidade de haver novembro, haverá eleições daqui a quatro anos; daqui candidatos também que, só agora, adquirem o direito a oito anos, outras eleições. Pelo fato de não estarem de poder votar e ser votado. Então, dentro desse filiados e não poderem candidatar-se em novembro, raciocínio – e de acordo com as instruções do não quer dizer que estejam frustrados os objetivos Tribunal Superior Eleitoral – eles poderiam ser elevados e nobres de permitir que portugueses, como candidatos se inscritos num Partido até na véspera os brasileiros, sejam candidatos às eleições municipais de terminar o prazo de escolha de candidatos, se só que se realizarem, no futuro, no País. De qualquer ai puderam exercer atividade política. maneira, quero adiantar a V. Ex.ª que este assunto está O SR. FILINTO MÜLLER: – V. Ex.ª permite sendo examinado, e com o cuidado que merece, com um aparte? as precauções que devem ser postas em prática num O SR. CLODOMIR MILET: – São as momento desses, sobre assunto tão delicado. Posso considerações que eu desejava fazer, declarando, afirmar a V. Ex.ª que estamos examinando, inclusive, Sr. Presidente, que as concluirei logo pois já tomei legislação anterior, que reduziu o prazo de filiação a conhecimento de que meu tempo está esgotado. dois meses, em virtude da lei de sublegenda, para a Ouço, antes, com muito prazer, o nobre eleição de 1968, que reduziu o prazo para a metade, Senador Filinto Müller. para os jovens que completassem 21 anos para que O SR. FILINTO MÜLLER: – V. Ex.ª faz pudessem ser candidatos. Estamos examinando todos referência a esse aspecto da questão citando o caso esses aspectos e esperamos submetê-los à apreciação dos portugueses. do Partido na próxima reunião convocada do Diretório Tenho recebido solicitações de vários Nacional para o dia 18 na qual V. Ex.ª tomará parte e correligionários nossos, da Aliança Renovadora terá oportunidade de nos esclarecer, com o brilho da Nacional, no sentido de examinar o problema e, sua inteligência e com o conhecimento que tem da agora mesmo, neste momento, aqui no plenário, matéria. recebo telegrama do eminente Deputado Francisco O SR. CLODOMIR MILET: – Muito grato a V. Amaral, do MDB de São Paulo, no que S. Ex.ª me Ex.ª. pede a atenção para um projeto que está em Vou terminar, Sr. Presidente. tramitação na Câmara e no qual se cogita, Apenas quero fazer uma ligeira correção, no sobretudo, da redução do prazo de filiação, bem entendimento do meu Líder, a respeito do que eu entendido, de novas filiações, apenas, aos Partidos teria dito. políticos. Diz S. Ex.ª: Não estou aqui a queixar-me, a deplorar que os "Esta última medida amplia beneficamente o portugueses não possam ser candidatos a esta eleição. campo da renovação e do engajamento de figuras Estou alertando para o fato de que, por uma decisão do para a política brasileira, inclusive de portugueses, Tribunal Superior Eleitoral já poderão ser – porque se nas eleições de novembro. Faço-lhe este apelo, só agora adquiriram direito de poder votar e serem etc." votados, de exercer atividade política O nobre Deputado Francisco Amaral, sabe independentemente da nossa lei e por decisão do bem V. Ex.ª, é uma das figuras mais brilhantes na Tribunal Superior, eles podem ser inscritos nos partidos Câmara dos Deputados e integra as fileiras do e o prazo para a sua filiação só começa a correr da MDB. Solicitação idêntica eu já recebera de vários data em que puderem exercer atividade política. integrantes da Aliança Renovadora Nacional. Mas Então, é para esse aspecto que chamo V. Ex.ª parece que examina o problema como a atenção, porque tal como ocorre

– 240 – com os Ministros dos Tribunais Superiores dos Art. 2º O mandato de vereador assegura a Conselheiros dos Tribunais de Contas, dos seus titulares o direito à prisão especial (Código de desembargadores e dos juízes também os Processo Penal, art. 295). portugueses, que só agora poderão exercer atividade Art. 3º Quando não houver compatibilidade política partidária, só agora se lhes exigirá a filiação de horário entre a Sessão da Câmara Municipal e como condição para se candidatarem a cargo eletivo. a função do vereador funcionário público, fica-lhe Meu objetivo é evitar queixas e reclamações que, assegurado o direito de não comparecer ao certamente, surgirão doe todos os lados, dos eleitores trabalho sem prejuízo de seus vencimentos e brasileiros ou dos portugueses, se a matéria não ficar vantagens. bem esclarecida na lei. Não esquecer que teremos Parágrafo único. Para fruir do direito eleições para prefeitos e vereadores em novembro e estabelecido neste artigo, o vereador comprovará, os problemas já poderão surgir nos próximos meses. perante o órgão a que estiver vinculado, haver Sr. Presidente, estou muito agradecido pela participado dos trabalhos da Câmara, mediante consideração que me deram os ilustres aparteantes, e certidão fornecida por sua secretaria. a meu Líder, sobretudo. Fico feliz por ter trazido a Art. 4º Fica assegurado ao vereador gratuito o debate matéria pela qual todos nós nos interessamos direito de preferência em caso de empate em e que vai ser assunto de discussão na próxima concurso público e na hipótese de igualdade de semana nesta Casa. (Muito bem! Muito bem! Palmas.) pontos para efeito de promoção por merecimento. Comparecem mais os Senhores Senadores: Art. 5º O vereador funcionário público, José Guiomard – José Lindoso – José Esteves – empregado de fundação instituída pelo poder Alexande Costa – José Sarney – Fausto Castelo Branco público, empresa pública ou sociedade de economia – Virgílio Távora – Wilson Gonçalves – Wilson Campos – mista, não poderá ser transferido para outro Teotônio Vilela – Antônio Fernandes – Eurico Rezende – Município enquanto durar o mandato. Amaral Peixoto – Benjamin Farah – Danton Jobim – Parágrafo único. Se estiver trabalhando em Nelson Carneiro – Magalhães Pinto – Orlando Zancaner outro Município, caso haja, ali, repartição do órgão a – Benedito Ferreira – Fernando Corrêa – Accioly Filho – que pertencia, será transferido para onde está Mattos Leão – Antônio Carlos – Celso Ramos. exercendo o mandato. O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Art. 6º O trabalhador eleito vereador nos Sobre a mesa, projetos que vão ser lidos pelo Sr. 1º- Municípios de até duzentos mil habitantes não Secretário. poderá ser impedido do exercício do mandato, por São lidos os seguintes: motivo de serviço, nem transferido para lugar que lhe dificulte ou torne impossível o exercício do PROJETO DE LEI DO SENADO mandato. Nº 9, DE 1972 Art. 7º Coincidindo o horário das Sessões da Câmara Municipal com o do trabalho do vereador (Complementar) não remunerado, será o exercício da vereança considerado como de efetivo exercício na empresa, Regulamenta o § 2º do artigo 15 da para todos os efeitos. Constituição da República Federativa do Brasil, Art. 8º É assegurada ao empregado, a partir dispondo sobre o exercício da vereança gratuita. do registro de sua candidatura à vereança gratuita até noventa dias após o final do seu O Congresso Nacional decreta: mandato, caso eleito, estabilidade em emprego Art. 1º É considerado serviço público relevante que ocupe, regido pela Consolidação das Leis do o exercício gratuito do mandato de vereador. Trabalho.

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Art. 9º O vereador que não residir na sede do possibilidade de efetivação de um regime de Município e que seja obrigado a despesas para representação popular verdadeiramente comparecer às Sessões da Câmara Municipal terá democrática." (João José de Queiroz, idem, idem, direito à indenização respectiva. idem, pág. 336). Art. 10. As Sessões da Câmara Municipal Alcino Pinto Falcão, in "Repertório deverão realizar-se, de preferência, em horário não Enciclopédico do Direito Brasileiro", nº 25, pág. 272, coincidente como das atividades normais do sob o verbete Imunidade Parlamentar, com comércio e das repartições. autoridade de mestre, pontifica: "É isso, não só no que toca as imunidades, como também no que tange à remuneração pelo Justificação exercício da função legislativa; quanto a esta prerrogativa, que só de passagem podemos As Câmaras Municipais foram as mais antigas aflorar, cumpre-nos acentuar que só a ignorância assembléias eletivas que o País conheceu. Posto que – histórica pode levar alguém a supor o regime de como assinalava Oliveira Vianna, "Instituições Políticas gratuidade ou a um censitário possa levar à Brasileiras", 1949, Vol. II, pág. 146 – não se possa consolidação democrática. Na antiguidade considerar democrático, no sentido moderno da helênica houve assembléias que, teoricamente ao expressão, o governo de nossas edilidades no período menos, estavam abertas a todos os cidadãos de colonial, o certo é que os antigos Conselheiros Atenas. Assim, a Eclésia, do tempo de Clistenes; representaram, em face da Coroa e muitas vezes a ela mas como bem realça Paul Cloché (no seu livro se opondo, apreciável força política". La Democratie Athenienne, Paris, 1951, págs. 25 Tinha as Câmaras de então – século XIX – e 111), seu caráter democrático ficou seriamente não só funções administrativas, mas também abalado pela circunstância desfavorável de legislativas, como o "estabelecimento, emenda e não ser concedida qualquer indenização desfazimento das posturas, isso depois de ouvidos os homens bons do lugar". pelo comparecimento; em conseqüência, os "Para o exercício dessas múltiplas atividades, numerosos cidadãos pobres não podiam tomar reuniam-se os oficiais da vereação às quartas e aos parte nas sessões para não renunciarem ao labor sábados, sob pena de multa de cem réis por dia individual que lhes assegurava a existência. falhado." (João José de Queiroz, Repertório Quando o Erário inglês não pagava os deputados, Enciclopédico do Direito Brasileiro, nº 6, pág. 334). o sufrágio, mesmo que difundido, não significava Com a Lei de 1º-10-1828, passaram as democracia (confira-se: G. Lowell Field, no seu Câmaras a compor-se de nove Vereadores, nas Governments in Moderns society, edição de 1951, cidades, e sete, nas vilas, eleitos por quatro anos. pág. 248, nota 2). A gratuidade do exercício do Reuniam-se sob a presidência do mais votado, de tres mandato é reminiscência medieval, que se tornou em tres meses em Sessões ordinárias que deviam imprópria para a época atual; os que se durar nunca menos de seis dias, ou extraordinárias, esquecem disso ou são elementos ocorrendo assunto urgente. Deliberava sempre com antidemocráticos, ou são democratas dos e para um mínimo de cinco Vereadores. os ricos, apenas." "Dadas as peculiaridades da nossa Diante do imperativo constitucional cumpre- formação e cultura, é exatamente no âmbito nos, entretanto, explicitá-lo de forma a mais municipal – a despeito de todos os desvios adequada e oportuna. que o sistema tem apresentado na prática de É o que pretende realizar a presente nossa precária vida pública – onde reside a melhor proposição.

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A idéia nuclear foi despertar estímulo para a PROJETO DE LEI DO SENADO vereança gratuita, cercando-a de elementos capazes Nº 10, DE 1972 de justificar interesse pelo seu exercício, com vistas à vida social e econômica do Município, que não Restaura a aposentadoria com proventos deve estancar-se. integrais do ex-combatente segurado do INPS e dá A gratuidade do trabalho do Vereador há de outras providências. constituir-se em elevada distinção, em pública dignidade. Legislar para o Município representará O Congresso Nacional decreta: serviço relevante prestado ao País. Art. 1º Ficam revogados os artigos 4º, 5º, 6º e Aos vereadores-funcionários assegurará o 7º, da Lei nº 5.698, de 31 de agôsto de 1971 e projeto a tranqüilidade do exercício da vereança, de restabelecida a vigência dos artigos 1º e 2º da Lei nº vez que não se pode abrir mão de seu concurso nas 4.297, de 23 de dezembro de 1963. atividades políticas municipais. Sem ele a Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua representação perderia em colorido e conteúdo publicação, revogadas as disposições em contrário. humano. No que respeita, ainda, aos funcionários e Justificação trabalhadores, releva ponderar: o ônus da gratuidade resultou de norma constitucional. Na semana em que se comemora a vitória do Como alguém terá de pagá-lo, o critério Brasil na última guerra e se prestam aos ex- aconselhável – segundo se nos afigura – será o combatentes as homenagens que lhes são devidas, é adotado no projeto: distribuí-lo. Cada um de rigorosa justiça devolver aos heróicos defensores de concorrerá, por determinado tempo, com sua nossa bandeira um direito que lhes foi retirado. parcela de sacrifício, até que a situação evolua Realmente, com a Lei nº 5.698, de 31 de agôsto para outro estágio. As leis não são eternas. As de 1971, os ex-combatentes tiveram eliminados os normas jurídicas nascem, vivem, transformam-se direitos anteriormente assegurados pela Lei nº 4.297, e perecem. de 23 de dezembro de 1963 e mais do que isso, A irresistibilidade ao tempo é desconhecida consagradas pelo próprio texto constitucional vigente para a lei. que determina em seu artigo 197: O direito está submetido a constante "Art. 197. Ao civil, ex-combatente da Segunda intercâmbio com a vida. Guerra Mundial, que tenha participado efetivamente O "ius scriptum" de hoje é pouco mais que em operações bélicas da Fôrça Expedicionária uma predição do que poderá ocorrer amanhã. Brasileira, da Marinha, da Fôrça Aérea Brasileira, da Marinha Mercante ou de Fôrça do Exército, são "A lei, disse Eduardo J. Couture, é mais assegurados os seguintes direitos: inteligente do que o legislador." a) estabilidade, se funcionário público; E, enquanto esperamos, propiciemos a b) aproveitamento no serviço público, sem a imediata transformação do presente projeto em lei – exigência do disposto no § 1º do art. 97; num gesto impessoal, mas patriótico – para a c) aposentadoria com proventos integrais aos salvaguarda do entravamento social e político de vinte e cinco anos de serviço efetivo, se funcionário quatro mil Municípios brasileiros. público da administração direta ou indireta, ou Sala das Sessões, 12 de maio de 1972. – José contribuinte da Previdência Social; e Lindoso. d) assistência médica, hospitalar e (À Comissão de Constituição e Justiça.) educacional, se carente de recursos."

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Ora, são frontalmente contrárias ao disposto Evidentemente, os Tribunais brasileiros a no referido texto constitucional as normas contidas cujas portas haverão de bater, clamando por justiça, nos seguintes dispositivos da Lei nº 5.698, de 31 de os nossos "ex-pracinhas" tão duramente injustiçados, agôsto de 1971: poderão, assegurar-lhes o gozo dos direitos que lhes "Art. 4º O valor do benefício em manutenção foram subtraídos. de ex-combatente ou de seus dependentes, que Mas, nem por isso, deve o legislador atualmente seja superior a dez vezes o maior salário- permanecer indiferente, senão que lhe cumpre, desde mínimo mensal vigente no País, não sofrerá redução logo, eliminar a ocorrência de pleitos judiciais, em decorrência desta lei. restaurando a vigência dos dispositivos da Lei nº 4.297, Parágrafo único. Para os efeitos do disposto de 1963, revogados pela Lei nº 5.698, de 1971. neste artigo, incorporam-se ao benefício de É esse o objetivo do presente projeto. previdência social, as vantagens concedidas com Assegurar aos ex-combatentes os direitos que lhes fundamento na Lei nº 1.756, de 5 de dezembro de são devidos por justiça, reconhecimento nacional e 1952. imperativo constitucional. Art. 5º Os futuros reajustamentos do benefício Os que lutaram em defesa da Democracia no do segurado ex-combatente não incidirão sobre a teatro de guerra merecem essa reparação. parcela excedente de dez vezes o valor do maior Sala das Sessões, em 12 de maio de 1972. – salário-mínimo mensal vigente no País. Franco Montoro. Art. 6º Fica ressalvado o direito ao ex- (Às Comissões de Constituição e Justiça e de combatente que, na data em que entrar em vigor Legislação Social.) esta lei, já tiver preenchido os requisitos na O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – legislação ora revogada para a concessão da Os projetos que acabam de ser lidos serão publicados aposentadoria por tempo de serviço nas condições e, em seguida, irão às Comissões competentes. então vigentes, observado, porém, nos futuros Está terminado o período destinado ao reajustamentos, o disposto no art. 5º. Expediente. Parágrafo único. Nas mesmas condições Estão presentes 54 Srs. Senadores. deste artigo, fica ressalvado o direito à pensão dos Passa-se à: dependentes de ex-combatentes. Art. 7º Ressalvada a hipótese do art. 6º, no ORDEM DO DIA caso de o ex-combatente vir contribuindo, de acordo com a legislação ora revogada, sobre Item 1 salário superior a dez vezes o salário-mínimo vigente no País, não será computada, para Votação, em turno único, do Requerimento nº qualquer efeito, a parcela da contribuição que 25, de 1972, de autoria do Sr. Senador Augusto corresponda ao excedente daquele limite, a qual Franco e outros, solicitando a designação de uma será restituída a pedido". Comissão Especial de três membros, para Realmente, enquanto a norma constitucional representarem o Senado nas comemorações do expressamente assegura aos ex-combatentes Centenário da Associação Comercial de Sergipe, a aposentadoria com proventos integrais, a realizarem-se de 21 a 27 do mês em curso. legislação reproduzida estabelece limites iguais Em votação o requerimento. aos que vigoram para os demais segurados da Os Senhores Senadores que o aprovam previdência social. queiram permanecer sentados. (Pausa.)

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Está aprovado. A designação dos membros O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): será feita oportunamente. Item 3 Item 2 Discussão, em turno único, da redação final Discussão, em turno único, da Redação Final (oferecida pela Comissão de Redação em seu do Projeto de Resolução nº 58, de 1971 (oferecida Parecer nº 36, de 1972) do Projeto de Lei do pela Comissão de Redação em seu Parecer nº 35, Senado nº 14, de 1970, que revigora o disposto de 1972) que suspende em parte, por no art. 7º da Lei nº 883, de 21 de outubro de inconstitucionalidade, a execução do § 1º do art. 50 1949. da Constituição do Estado de Alagoas.

Em discussão a redação final. Em discussão a redação final. (Pausa.) Se nenhum dos Srs. Senadores desejar Se nenhum dos Srs. Senadores desejar discuti-la, encerrarei a discussão. (Pausa.) discuti-la, encerrarei a discussão. (Pausa.) Encerrada a discussão sem emendas, a Encerrada a discussão sem emendas, a Redação Final é dada como definitivamente aprovada, redação final é dada como definitivamente aprovada, nos termos do art. 362 do Regimento Interno. nos termos do art. 362 do Regimento Interno. O projeto vai à promulgação. A matéria vai à Câmara dos Deputados. É a seguinte a redação final aprovada: É a seguinte a redação final aprovada: Redação final do Projeto de Resolução nº 58, Redação final do Projeto de Lei do Senado nº de 1971. 14, de 1970, que revigora o disposto no art. 7º da Lei Faço saber que o Senado Federal aprovou, nos termos do art. 42, inciso VII, da Constituição, e nº 883, de 21 de outubro de 1949. eu, ...... , Presidente, O Congresso Nacional decreta: promulgo a seguinte: Art. 1º É revigorado o disposto no art. 7º da Lei nº 883, de 21 de outubro de 1949, que dispõe sobre RESOLUÇÃO o reconhecimento de filhos ilegítimos. Nº , DE 1972 Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogados o inciso 4º do art. 58 Suspende em parte, por inconstitucionalidade, do Decreto-lei nº 1.000, de 21 de outubro de a execução do § 1º do art. 50 da Constituição do 1969, e demais disposições em contrário. Estado de Alagoas. (Pausa.)

O Senado Federal resolve: – Esgotada a matéria da Ordem do Dia. Há Art. 1º É suspensa, por inconstitucionalidade, oradores inscritos para esta oportunidade. nos termos da decisão definitiva proferida pelo Concedo a palavra ao nobre Senador Paulo Supremo Tribunal Federal, em 26 de maio de 1971, Guerra. nos autos da Representação nº 856, do Estado de O SR. PAULO GUERRA: – Senhor Alagoas, a execução, no § 1º do art. 50 da Constituição Presidente, acontecimentos nacionais ou daquele Estado, das expressões "ressalvada a internacionais, políticos, sociais ou econômicos, têm iniciativa de propor a criação e a extinção de cargos e a sido objeto de apreciação pelos eminentes fixação dos respectivos vencimentos, que é da integrantes desta Casa, onde ressoa sempre tocado competência exclusiva do Poder Executivo". da melhor inspiração patriótica tudo o que diz respeito ao interesse nacional. Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário.

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Mas, Srs. Senadores, aquilo que aqui se juventude até a sua velhice sofrida e incansável, se desenrola, orientado também pelos mesmos destacou por uma maneira toda particular de amar e sentimentos, necessita de ser registrado em nossos de servir à comunidade para a qual se transplantou e Anais, não somente como fonte futura de estudos da de com ela identificar-se nos interesses, nas nossa história política, mas, inclusive, como subsídio aspirações e nos próprios destinos. para julgamento daqueles que com dedicação, Não disponho de dados para traçar-lhe as espírito público e propósito de bem servir ao País, origens biográficas, mas até onde chegam as tudo têm dado de si no desempenho de cargos que minhas, reminiscências de remoto passado, debuxa- ocupam nesta Casa. se-me, na memória, as primeiras delineações do Assim, Srs. Senadores, desejo registrar nos quadro onde, daí por diante, se foram projetando os Anais do Senado Federal a atitude correta, incansável coloridos e perspectivas dessa vida cujo registro, em e equilibrada do Senador Petrônio Portella, presidindo nossos Anais, ora se me impõe como dever de as Sessões quase seguidas, de dez e de seis horas brasilidade e justiça. respectivamente, quando o Congresso Nacional votou Quando conheci João Mariano, já era ele um a Emenda Constitucional nº 1 que modificou o sistema daqueles mestres-escola que, na faixa suburbana de de eleições dos Governadores. Cruzeiro do Sul, ensinavam a "ler, escrever e contar" O trabalho de S. Ex.ª, aliado ao comando firme à meninada que se comprimia em longos bancos de do nosso Líder Senador Filinto Müller, Presidente da madeira e se revezava, para os exercícios escritos, Aliança Renovadora Nacional, conduziu à grande nas poucas carteiras disputadas à exigüidade dos decisão política de que o eminente Presidente Médici recursos prefeiturais. necessitava da ARENA, como suporte político do E, ao indagar, por natural curiosidade, de onde Governo da Revolução, para assegurar cada vez mais proviera esse professor, imagine-se o meu espanto o clima de ordem indispensável ao desenvolvimento quando me disseram ter ele vindo das vizinhanças das grandes metas que, dia a dia, promovem o Brasil amazonenses onde até então ganhava a vida numa como a grande Nação de liderança irreversível no daquelas "colocações" nas quais os emigrantes do Continente. (Muito bem! Palmas.) Nordeste viviam insulados e se esfalfavam em O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – longas caminhadas, das primeiras horas da Concedo a palavra ao nobre Senador Adalberto Sena. madrugada até o pôr do sol, através de veredas por O SR. ADALBERTO SENA: – Sr. Presidente, eles mesmos rasgadas na interminável densidade da Srs. Senadores, a sociedade acreana, notadamente mata. a da região do Vale do Juruá, acaba de desfalcar-se É que João Mariano não tinha sido um de um dos seus mais notórios valores. Na cidade de seringueiro vulgar. A despeito de mal alfabetizado e Cruzeiro do Sul, morreu João Mariano da Silva. da rudeza do seu trabalho, jamais se lhe arrefeceram Fora do Acre e das suas cercanias, pode as potencialidades intelectuais e de abnegação de surpreender a ênfase e tom emocional com que que a Natureza o dotara. À luz mortiça das pronuncio este nome. lamparinas a querosene e dos luares que clareavam Fossem outras, porém, as oportunidades a sua mal emparedada barraca, esse seringueiro de comunicações e a freqüência das interrelações meditava e estudava. Meditava sobre as condições culturais entre os distantes sertões e as da terra adotiva, à medida que iam acrescendo os metrópoles brasileiras, e não teria escapado à seus conhecimentos e a sua ilustração pelas leituras atenção dos brasileiros sensíveis aos rasgos e aprendizagens a que se dedicava nas pausas do dos nossos sertanejos, a benemerência trabalho ou nas permanências na sede dos seringais desse cearense que, desde a em busca de provisões e notícias.

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Não nascera ele, todavia, com a vocação de Ex.ªs avaliar o que é manter no nosso Estado um servir em misteres nos quais a sua participação jornal – dois jornais durante 50 anos com sacrifícios pudesse ser dispensada. Fornido de longa visão ingentes, fazendo ele mesmo a sua Impressora. E social, tal feição particular de sua mentalidade e do uma particularidade interessante que eu lembrei, seu temperamento, haveria, desde então, como quando fez V. Ex.ª a comunicação, é que descobri vereis, Srs. Senadores, de impulsioná-lo a exercer, que possuía esses dois jornais porque, homem dentro da comunidade, o papel – digamos assim – filiado ao antigo Partido Social Democrático durante de um supridor de lacunas. Não porque o incitasse o muitos anos, meu correligionário por conseguinte, sabor da originalidade, mas por uma espécie de utilizava um deles quando precisava fazer satisfação íntima que lhe causavam as ocupações comentários de ordem política. Eram O Rebate e O em que pudesse preencher claros, dirimir Juruá, os dois órgãos de imprensa lá do Juruá. Um dificuldades ou acudir as omissões. deles, ele o usava quando necessitava de fazer Essa foi, segundo minha interpretação da sua comentários políticos, de tecer elogios ao seu Partido vida, uma das boas razões pelas quais, ao sair das ou dar notícias político-partidárias. O outro, fazia atividades extrativistas, optou pelo exercício do questão de dizer, era um jornal independente. É com magistério, quando a sua inteligência e os seus emoção que recordo esses episódios e peço a V. esforços nos estudos para tanto o habilitaram. Ex.ª que os incorpore ao seu discurso, numa O SR. GERALDO MESQUITA: – V. Ex.ª homenagem que queremos prestar, nós da ARENA, permite um aparte? a esse querido companheiro que deixou, realmente, O SR. ADALBERTO SENA: – Com muito uma lacuna no nosso Estado, que dificilmente será prazer. preenchida por um homem tão bom e de espírito O SR. GERALDO MESQUITA: – Quando V. público tão elevado. Ex.ª, ainda há pouco, me fazia a honra me O SR. ADALBERTO SENA: – Muito obrigado comunicando que iria prestar uma homenagem à a V. Ex.ª pelo aparte. Devo esclarecer que estou memória do nosso prezado amigo João Mariano, eu falando aqui como cruzeirense. Não estou dando lhe dizia exatamente que estava recolhendo subsídios nenhuma conotação política a esta homenagem. para fazer um registro sobre o passamento desse O SR. GERALDO MESQUITA: – Nem de homem a quem o Acre ficou devendo inestimáveis e longe. valiosos serviços, como também de dois outros O SR. ADALBERTO SENA: – Eu sei, e V. Ex.ª homens do Acre, o Deputado Albani Leal e o Sr. deve ter sentido muito bem, que não dei qualquer outro Ângelo da Silveira, que entre outras coisas foi prefeito sentido ao meu discurso. Mas a cooperação de V. Ex.ª de Rio Branco, de Brasiléia, tendo servido a várias é bem recebida, principalmente quando fala de temas administrações do nosso Estado. Mas V. Ex.ª faz que abordarei no decorrer desta minha oração – e muito bem em trazer para o Senado da República a ainda porque V. Ex.ª traz esclarecimentos que poderei vida do Professor José Mariano, que jamais quis ser ter omitido no meu discurso. outra coisa, na sua existência muito útil, do que O SR. GERALDO MESQUITA: – Foi até muito seringueiro, como ele se dizia, e mestre-escola. Ainda bom que tivesse sido V. Ex.ª o primeiro a falar sobre ontem, o Senador Nelson Carneiro prestava aqui uma a vida desse extraordinário homem, porque V. Ex.ª é homenagem, que de resto foi de todo o Senado, à lá do Juruá, nascido lá onde ele dedicou muitos anos figura extraordinária do jornalista Herbert Moses que, da sua vida e do seu trabalho. tendo sido fundador, foi durante muitos anos O SR. ADALBERTO SENA: – Muito obrigado Presidente da ABI. Pois José Mariano foi o nosso a V. Ex.ª. Herbert Moses. Decano da imprensa acreana e seu Continuando, Sr. Presidente, poderia patrono, manteve no nosso Estado – e podem V. João Mariano, com os seus dotes,

– 247 – ingressar no comércio ou disputar, com trativamente autônomos em que se dividia o probabilidade de êxito, uma função administrativa ou Território do Acre, uma das consequências de tal ato uma gerência de seringal. Mas, para esses setores foi o desfalecimento desses surtos de não faltavam elementos capazes, enquanto os intelectualidade. A imprensa, inclusive a oficial, já professores eram poucos e ainda raros com a sem meios de subsistência, encerrou suas atividades disposição de servir nas zonas rurais. ao se retirarem da cidade, desiludidos e sem mais O SR. RUY SANTOS: – V. Ex.ª permite um incentivos, os dois renomados jornalistas, seus aparte? redatores, Pereira da Silva e Craveiro Costa. E O SR. ADALBERTO SENA: – Pois não, nobre teríamos ficado inteiramente nesse vazio, se o Senador Ruy Santos. funcionário Antonio Alves Magalhães não houvesse, O SR. RUY SANTOS: – Eu quero me num rasgo de idealismo, montado uma pequena congratular, em primeiro lugar, com o bicameralismo, impressora e adquirido parte dos tipos que permite a todas as unidades da Federação remanescentes, para editar O jornalzinho O Rebate, estarem igualmente representadas nesta Casa e, em que continuou a ser o único periódico no nosso segundo lugar, me congratular com o Acre que, hoje, município. ficou, em verdade, senhor da Sessão evocando Teve-se, não obstante, de enfrentar o filhos ilustres dessa unidade federativa. problema da sua subsistência quando o seu O SR. ADALBERTO SENA: – Muito obrigado, fundador, passando a residir em Belém, veio a Senador Ruy Santos. desfazer-se da tipografia, vendendo-a a elementos Então, João Mariano, creio que já ligado pelo da sociedade local que se cotizaram para evitar que casamento à família de outro regente de escola – o se fechassem as portas da impressora. saudoso Professor Ulysses Coelho – preferia O SR. GERALDO MESQUITA: – Permite, V. preencher uma dessas lacunas e, de fato, Ex.ª mais um aparte? preencheu-a com amor e eficiência até os dias da O SR. ADALBERTO SENA: – Ouço o aparte sua aposentadoria. de V. Ex.ª. Muito antes, porém, de assim deixar o O SR. GERALDO MESQUITA: – Quando V. Ex.ª magistério, outras preocupações de sentido social acentuou que João Mariano timbrava sempre em lhe assaltaram o espírito sempre ávido de mais preencher as lacunas, isto é, prestar os serviços para os particularmente ser útil à nossa Cruzeiro do Sul. quais não havia outra pessoa que pudesse deles se Naquela cidade, que a operosidade de encarregar, eu me recordei de que ele morreu sem ver Thaumaturgo de Azevedo erigira em 1904, concretizado um sonho que acalentou durante muitos medraram e florearam, durante muitos anos, anos e pelo qual se bateu, conosco, com nossa ajuda e algumas das sementes da civilização ali espalhadas com a cooperação de todos nós do Acre aqui no pelo seu emérito e sempre relembrado fundador. Parlamento. Morreu sem ver concretizado o sonho da Uma dessas sementes foi bem sabidamente implantação de uma hidrelétrica lá no Juruá. Ele se batia a da imprensa. Além do jornal O Cruzeiro do Sul, muito por isso, lutava muito junto aos poderes da órgão oficial surgido com o nascimento da cidade, República, junto aos amigos que possuía, para que lá vieram a circular semanalmente mais dois, fossem feitos estudos lá em Cruzeiro do Sul, para o oriundos de iniciativas particulares, estes tanto ou aproveitamento do potencial hidrelétrico de dois igarapés mais que aquele com feitio, apresentação e conteúdo – um dos quais o Formoso. V. Ex.ª está muito a par que deixaram marca indelével do grau de desta matéria porque inclusive juntos andamos até intelectualidade a que atingíramos nesses tempos. colocando verbas no Orçamento da União, para o No entanto, quando o Presidente Epitácio Pessoa objetivo de João Mariano. Recordo-me de que ele teve e concretizou a infeliz idéia de reunir – num morreu sem ver concretizado o sonho que acalentou Governo Geral – quatro departamentos adminis- durante anos: o de ver a sua querida cidade de Cruzeiro

– 248 – do Sul, lá nos confins do Brasil, servida por uma os seus labores. Ei-lo, daí por diante, com o seu "saber hidrelétrica. de experiências feito", a revelar-se um editorialista e O SR. ADALBERTO SENA: – O aparte de V. noticiarista a ganhar alturas na apreciação dos leitores. Ex.ª é realmente muito oportuno. Focaliza não só a Não se equiparou, evidentemente, aos seus atuação daquele homem como a nossa cooperação antecessores do período áureo da imprensa – minha e de V. Ex.ª – procurando assegurar, pelo cruzeirense, mas escrevia bem, redigia com facilidade menos, recursos para os estudos iniciais da e clareza e mantinha-se, pela curiosidade e pelas hidrelétrica que, infelizmente, ficou apenas nas leituras, suficientemente atualizado em relação aos cogitações oficiais até hoje. Quero aproveitar esse fatos e idéias dos nossos tempos. aparte – já que V. Ex.ª falou no amor que ele tinha a Nos seus escritos e conversas ressumava um Cruzeiro do Sul – para registrar uma impressão que quê de regionalismo e, por vezes, uma nota me vem neste momento: Esse homem, procurou melancólica, porém nunca desoladora, ao tratar das recursos no Rio de Janeiro para recuperar a saúde, coisas da nossa gleba. Amava o Acre; amava há pouco tempo. Ao saber que estava desenganado sobretudo o Juruá; e essa devoção tanto se traduzia voltou imediatamente para Cruzeiro do Sul, porque lá no culto do nosso passado, quanto nas é que ele queria ter o seu dia. preocupações com as nossas presentes e futuras Mas, continuando, Sr. Presidente... condições. Bem poucos, como ele, se esforçavam O SR. GERALDO MESQUITA: – Nobre pela preservação das nossas tradições históricas e Senador Adalberto Sena, pouco tempo antes de ele pela rememoração dos pioneiros da desbravação falecer, poucos meses atrás, encontrava-me em Rio das terras juruaenses e daqueles movimentos Branco na hora em que ele chegava do Rio de autonomistas que a pena luminosa de Craveiro Janeiro, e, na agência da "Cruzeiro do Sul", onde me Costa chegou a descrever em termos de epopéia. encontrava, também ele procurava confirmar sua E toda vez que os seus olhos se voltavam para o passagem para concluir a longa viagem, que seria a futuro e a sua alma se condoia ante perigos que nos última da sua vida. Perguntei do seu estado, como ameaçavam, quanto foi fértil em reclamos e apelos! ele se achava, e ele, muito alquebrado, muito Vale registrar neste discurso as diligências de magrinho, me dava essa impressão de que ia para a sua iniciativa junto aos altos poderes federais ao se lhe sua cidade, a sua querida Cidade de Cruzeiro do Sul, afigurar a eventualidade do rompimento de um "furo" para lá terminar os seus dias de vida. entre meandros do Juruá, cuja conseqüência seria O SR. ADALBERTO SENA: – Exatamente. desviar-se o curso do rio a ponto de isolar a nossa Então, como ia dizendo, os cotistas não se Cruzeiro do Sul daquela corrente benfazeja que, entenderam quanto à manutenção do jornal, talvez banhando as suas orlas dianteiras, lhe asseguravam o em razão de divergências políticas entre eles. Ignoro acesso das embarcações de maior calado e, por isso a forma pela qual foram dirimidas tais divergências, mesmo, as condições de um centro polarizador do mas a verdade é que não tardou a solução de comércio a jusante e a montante. transferir-se a propriedade e a direção do jornal a Registre-se, igualmente, as recentes João Mariano da Silva que, além de figurar entre os sugestões dele partidas no sentido de verificar-se a adquirentes e nele já vir colaborando, se dispôs, em viabilidade do aproveitamento de uma garganta do meio ao desinteresse dos outros, a assumir Rio Moa como fonte de energia hidráulica – essa pessoalmente essas responsabilidades, numa nova modalidade de energia tão escassa nas perspectivas demonstração dos pendores aos quais me venho oferecidas pela nossa região. referindo. Era outra preocupação de João Ei-lo, então, a repartir entre o Mariano, Senador Geraldo Mesquita, magistério e a imprensa o seu tempo e somando-se àquela do aproveitamento

– 249 – da confluência do São Salvador com o Formoso, título de "O Juruá" (mais adequado às inspirações de como V. Ex.ª teve a felicidade de lembrar. seu mentor), foi, por assim dizer, um milagre de Também foi admirável, nessa fase da sua perseverança. Projetado para edições quinzenais, atuação, o inaudito sacrifício que lhe custou a essa freqüência nem sempre foi mantida. Não raro o manutenção de um jornal de tiragem reduzida ao víamos reaparecer de mes em mes e até com essencial, edições muito espaçadas, quase sem intervalos maiores, dando-nos a impressão de assinantes e contando, somente no seu ativo, com a aproximar-se do fim. renda dos anúncios comerciais e de algumas Mas o certo é que nunca deixava de estar impressões avulsas. presente se o interesse geral o exigisse, quando uma Desse sacrifício, pode-se ter uma idéia nestas data festiva ocorria, assim como em qualquer palavras, por ele mesmo escritas, no ensejo de um circunstância na qual a curiosidade ou estado de dos aniversários de "O Rebate": espírito do povo reclamasse o noticiário ou o "Não sabemos se outro jornalzinho, no interior comentário esperados. do norte do Brasil, nas mesmas condições, Veja-se, ademais, como se não esgotou conseguiu resistir tanto tempo à ação demolidora do nesses dois exemplos a atuação vicariante ou tempo. Sem o nome de um forte político no supletiva que estou pondo em evidência. cabeçalho, sem o bafejo oficial, num meio onde o Professor e jornalista, JOÃO MARIANO haveria nível cultural do povo é ainda muito baixo, constitui a também de improvisar-se em defensor público. E fê-lo, nossa vitória uma dupla vitória. em razão do mesmo motivo, isto é, pela inexistência, no Muitas e muitas vezes nessa caminhada difícil, município, de diplomados ou privisionados a quem o Juiz na íngreme ladeira da luta, vivemos dúvida e semi- de Direito pudesse confiar a defesa de acusados esmorecimento; o desejo, porém, vencia as indigentes ou sem recursos suficientes para contratar os dificuldades e "O Rebate" continuava o seu roteiro, o serviços de um advogado dentre os militantes no foro da seu alvo que foi sempre e continua sendo o Capital do Estado ou de Manáus – cidades, há muito propugnar pelo interesse da região e a defesa dos tempo, como se sabe, ligada a Cruzeiro do Sul pela via menos favorecidos. de transportes aéreos. O SR. GERALDO MESQUITA: – Permite V. O SR. JOSÉ GUIOMARD: – Permite-me V. Ex.ª Ex.ª nesta altura, mais um aparte? (Assentimento do um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª tece orador.) E como era gostoso receber aqui, pois ele considerações muito oportunas, muito justas e muito mandava, religiosamente, seu jornalzinho com as nobres, a respeito do Professor João Mariano. Como notícias lá da nossa terra, seu jornalzinho, em que as bom cruzeirense, V. Ex.ª está bem a par da vida desse principais propagandas, fontes, por conseguinte, de patriota. Mais do que patriota, esse homem teve uma sustentação comercial, ainda traziam o clássico vida de sacrifícios inenarráveis, pois foi um pioneiro, um anúncio do "Regulador Gesteira", da "Saúde da dos primeiros povoadores do mais ocidental dos Mulher"! Como era gostoso receber aquele nossos municípios. Suas palavras são, sobretudo, jornalzinho aqui, pontualmente, pois ele fazia politicamente nobres, porquanto, não sendo João questão de nos mandar sempre as edições que Mariano, do mesmo partido de V. Ex.ª a lembrança que conseguia tirar! se levanta neste augusto Senado a favor do meu O SR. ADALBERTO SENA: – Muito obrigado correligionário é justamente a do nobre Colega. por mais este aparte, nobre Colega de Bancada. Por conseguinte, V. Ex.ª tem comportamento de Realmente, Srs. Senadores, esse adversário à altura dos tempos novos e da necessidade jornal que conservou o seu nome de origem, de não se entredevorar, de não se fazer antropofagia mas às vezes circulava com o política em torno de assunto tão especial, como o do

– 250 – desaparecimento do Professor João Mariano. aliás muito nobres, ele aderiu e dedicou todo o seu Embora nos reservemos o direito de trazer a esta trabalho e, pode-se dizer, a sua vida. Casa nosso adeus ao Professor João Mariano, Sr. Presidente: nosso correligionário, louvamos o gesto de altitude, Para completar-lhe o perfil, quero finalmente de nobreza, característica do comportamento político referir-me a outro aspecto da sua vida. João Mariano de V. Ex.ª. militou também na política e dela não podia O SR. ADALBERTO SENA: – Sr. Presidente, distanciar-se, quer em razão da sua amizade a os apartes dos Senadores José Guiomard e Geraldo outros políticos, quer por não lhe parecer bem Mesquita, provam o contrário dessa afirmação. A alhear-se das idéias, dos princípios e das oportunidade de se homenagear João Mariano não é conveniências que ali nos aproximavam ou nos só nossa, é um patrimônio comum de todos nós. E separavam uns dos outros. tanto o é, que estamos aqui em um verdadeiro Militando no Partido Social Democrático e diálogo em torno da personalidade desse homem. posteriormente na ARENA, foi um cabo eleitoral não O SR. GERALDO MESQUITA: – Nobre dos mais ardorosos, porém, dos mais hábeis e dos Senador Adalberto Sena, V. Ex.ª me concede outro mais fiéis à disciplina partidária. E tão fiel às aparte? recomendações dos seus líderes, que, para não O SR. ADALBERTO SENA: – Pois não. contrariá-los, chegou a abafar, com amargura, as O SR. GERALDO MESQUITA: – V. Ex.ª suas próprias convicções avessas à transformação estava falando, antes da intervenção do meu nobre do Acre em Estado, na oportunidade em que esta foi Líder José Guiomard... proposta. O SR. ADALBERTO SENA: – Estabeleci uma Na oportunidade – digo eu. Depois se tornou análise política da personalidade de João Mariano. entusiasta. O SR. GERALDO MESQUITA: – Exatamente O SR. GERALDO MESQUITA: – Seria em V. Ex.ª discorria sobre a atuação política do razão de que, naquela época, se reviveu, no Juruá, a Professor João Mariano. Desejo acentuar que ele se aspiração de transformar aquele município, aquela incluiu entre aqueles que tomaram parte em todos os vila num Território Federal. Antes, bem antes, João movimentos que visavam a conquistar a Mariano participara da idéia da emancipação do emancipação política da nossa terra, elevando o Acre, até quando de sua atuação na Legião Acreana, Território do Acre à condição de Estado. Dedicou-se ao lado de Mário de Oliveira e de tantas outras com entusiasmo àquela iniciativa, particularmente na figuras que sempre perseguiram esse objetivo, por última fase, em que se prestou essa dignidade à final alcançado em junho de 1962. nossa terra, através de projeto do então Deputado O SR. ADALBERTO SENA: – Perfeitamente. José Guiomard Santos, hoje Senador da República, Mas em nenhum momento disputou postos aqui ao nosso lado. João Mariano deu toda cobertura políticos, nem concorreu a eleições, mesmo para um e todo o entusiasmo de sua vida ao movimento. Por mandato de vereador; demonstrando mais uma vez, conseguinte, João Mariano foi um dos pioneiros da com semelhante atitude, o não lhe interessar o emancipação política da nossa terra. preenchimento de claros sociais que outros O SR. ADALBERTO SENA: – No decorrer estivessem em condição de suprir. desta oração, nobre Senador Geraldo Mesquita, Por tudo isto, Senhores Senadores, esse farei referência ao fato. Aguarde V. Ex.ª uma homem pôde receber, ainda em vida, a merecida observação de minha parte, que denota que João homenagem da sua escolha para figurar entre os Mariano não era, de coração, partidário da idéia, pelo componentes da Academia Acreana de Letras, sendo o menos àquela época. V. Ex.ª verá com que razões, primeiro, aliás, a ser ali solenemente recebido.

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Na sua morte, porém, não basta o que je leva o seu nome, o nome do que sonhou. O significou esta homenagem. É ainda preciso que Senador Geraldo Mesquita disse que João Mariano fique bem patente e se traduza em outras morreu levando esse sonho. Então, vou-me permitir, demonstrações, o quanto lhe ficamos a dever, pelos intrometendo o Rio Grande em assuntos do Acre, serviços sem conta e pelos desvelos inavaliáveis mais uma vez, em proporções ínfimas, esta com que soube elevar-se à galeria dos benfeitores lembrança aos nobres componentes da do Acre. representação acreana: caberá a eles, agora, O SR. GUIDO MONDIN: – Permite, nobre realizar o sonho de João Mariano. Não há de ser Senador, um aparte? difícil a construção de uma hidrelétrica. Façam, O SR. ADALBERTO SENA: – É uma honra mesmo, do sonho do que se foi um motivo novo de para mim receber um aparte gaúcho. ação. Há de ser através de muitas gestões que isso O SR. GUIDO MONDIN: – Noto que V. Ex.ª, poderá ser conseguido, mas me permitam a Senador Adalberto Sena, está a concluir o panegírico sugestão: prestem esta homenagem a João Mariano, que faz ao Professor João Mariano. Louvo a bancada pugnando para que o seu sonho se faça realidade. do Acre precisamente porque, como assinalou o meu Que um dia essa hidrelétrica leve o nome de João nobre Líder Ruy Santos, há pouco, diante de Mariano, porque é da soma de atos assim que sentimentos, os homens se unem, particularmente realizamos civismo nesta terra. quando estes se dirigem a prestar homenagens a um O SR. ADALBERTO SENA: – Muito obrigado homem que tanto fez pelo Estado do Acre, segundo a V. Ex.ª. Aliás, este é um agradecimento que se estou a ouvir. Não ignora o nobre orador que o Rio repete neste plenário. Tenho notado que sempre que Grande do Sul sempre tem a dever alguma coisa ao aqui exalto uma figura acreana, V. Ex.ª intervém para Acre e eu, aqui, me postara apenas para ouvir. trazer a solidariedade gaúcha. Essa comunidade de Entretanto, impressionei-me diante dessa nota de sentimentos entre os acreanos e gaúchos, que tem tristeza que a bancada do Acre vem dar neste fim de raízes históricas, como todos nós sabemos, tão tarde, neste fim de semana legislativa, com o aparte intensas pela atuação de nós dois, já está causando dado pelo nobre Senador Geraldo Mesquita, ao inveja à Bancada cearense desta Casa, da qual um lembrar que João Mariano morreu levando consigo dos membros, o Senador Wilson Gonçalves, chegou um grande sonho – o da construção de uma a reclamar que eu era ingrato, porque lembrava mais hidrelétrica no Juruá. Isto me faz lembrar um dos gaúchos do que dos cearenses. conterrâneo, político como nós, que também morreu O SR. GERALDO MESQUITA: – Era o que ia sem realizar um sonho pelo qual tanto lutara em vida. assinalar no último aparte que lhe ia pedir Tão simples, entretanto, era a sua aspiração – a exatamente para dizer que essa intromissão do Rio construção de uma ponte sobre o Rio dos Sinos, em Grande nos nossos assuntos, nas coisas do Acre, localidade não muito distante da Capital do Estado do era para nós a coisa mais natural e agradável, Rio Grande do Sul. Então esse homem, um vereador, inclusive, porque estamos efetivamente ligados ao pediu-me que eu lutasse pela construção daquela Rio Grande desde a nossa incorporação ao Brasil, ponte. E muitas foram as vezes que consegui, através porque tivemos um bravo gaúcho como Comandante de emendas, verba necessária para a realização da do último movimento redentista que colocou o Acre obra. No entanto, era ela sistematicamente cortada. dentro da nossa Pátria. Prometeu-me ele, assim, certa feita: "Darei à ponte O SR. ADALBERTO SENA: – Terminando a o teu nome" isto é, o meu nome. Vaidade que resposta ao aparte do Senador Guido Mondin, declaro, jamais alimentaria na vida. Bem, o meu conterrâneo proclamo que esta sua idéia de dar o nome de morreu sem realizar esse sonho, mas João Mariano a uma possível hidrelétrica que se venha conseguimos finalmente construir a ponte que ho- a construir no Acre vem ao encontro, exatamen-

– 252 – te, daquela frase dita por mim, quando S. Ex.ª e nunca é demais mostrar, e insistir no problema, interrompeu o meu discurso: "Na sua morte, porém, antes que ele se torne de todo irreversível, com não basta o que significou esta homenagem (da desdobramentos indesejáveis e até perigosos. Academia de Letras). É ainda preciso que fique bem Por isso, Sr. Presidente, desejo que o patente e se traduza em outras demonstrações, o documento que tenho em mãos se integre no meu quanto lhe ficamos a dever, pelos serviços sem discurso como parte dele, ficando, deste modo, conta e pelos desvelos inavaliáveis com que soube registrado nos Anais do Senado como subsídio aos elevar-se à galeria dos benfeitores do Acre." estudiosos do Nordeste e como fonte de informações E como, pela irradiação da sua influência local aos futuros historiadores. e regional, ele também não deixou de ter sido um É desnecessário dizer que as idéias expostas grande patriota, justo é que, nesta tribuna, tantas no documento em apreço ajustam-se àquelas que vezes transformada em altar para o culto de varões reiteradamente venho sustentando nesta tribuna. ilustres e de almas beneméritas, nos curvemos em (Muito bem!) reverência à sua memória, num gesto de DOCUMENTO A QUE SE REFERE O solidariedade desta Casa, onde se refletem os SENHOR SENADOR WALDEMAR ALCÂNTARA NO sentimentos de toda a Nação brasileira. (Muito bem! SEU DISCURSO Palmas. O orador é cumprimentado.) O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – NORDESTE SEMI-ÁRIDO – Concedo a palavra ao nobre Senador Waldemar DESENVOLVIMENTO – PERSPECTIVAS Alcântara. O SR. WALDEMAR ALCANTARA: – Sr. José Raimundo Gondim Presidente, Srs. Senadores, acabo de tomar conhecimento de um substancioso estudo de autoria Não sei definir qual o sentimento maior que do Sr. José Raimundo Gondim, industrial cearense, me domina neste instante. Se a honra do convite ou versando sobre economia do Nordeste e, mais a alegria imensa de retornar, por alguns instantes especificamente, do Ceará, sob o título "Nordeste embora, ao convívio de vocês. Semi-Árado – Desenvolvimento-Perspectivas". Aqui estou, companheiros, para cumprir a O trabalho a que me refiro é uma valiosa missão recebida. Entendo que não nos assiste o colaboração aos estudiosos do assunto, sempre direito de, por conveniência ou comodismo, esconder complexo, e que vem desafiando autoridades e a verdade ou tentar encobrí-la com o "manto diáfano técnicos, que porfiam em encontrar um módulo – da fantasia". Em meus quinze anos de Rotary, entre para usar o termo da moda – adequado à região. tantas outras coisas, aprendi que aqui se tem o mais Pelo menos, todo o esforço até aqui desenvolvido e profundo respeito pela pessoa humana e, que constitui mesmo uma preocupação constante do exatamente por isso, nos clubes nascidos sob a Governo Federal não tem resultado em benefícios inspiração de Paul Harris não se discute política nem sensíveis ou significativos. religião. No entanto, companheiros ou convidados A região continua pobre e não dá sinais têm, em qualquer clube rotário, a mais absoluta de que em futuro próximo venha a se organizar liberdade na expressão de suas opiniões. Daí e desenvolver no mesmo ritmo registrado para porque, ao ser convidado, nenhuma limitação ou outras regiões também carentes de progresso prévia censura me foi imposta. Sabem todos vocês e de riqueza, para não falar de outras que que não sou um técnico em desenvolvimento ou em já ingressaram francamente na faixa do economia. Sou, simplesmente, um homem que as desenvolvimento, como é o caso do Centro Sul. circunstâncias da vida transformaram em industrial. O descompasso entre umas e outras no que toca Auto-didata, o que vou dizer é fruto unicamente da ao desenvolvimento tende a se acentuar, experiência vivida e da observação do que se

– 253 – passou no Nordeste que tenho vivido. Merecerá, clima, precipitação pluviométrica e economia, em talvez, contestação e as aceitarei, com humildade, seis zonas distintas: litoral oriental, agreste, semi- como mais um aprendizado de um problema árida, férteis, meio-norte e cerrado. Esta Conferência complexo e, por isso mesmo, fascinante. Direi não a Rotária é promovida pelo Distrito 450 do Rotary verdade absoluta, pois essa não existe. Apenas a Internacional, que tem como área geográfica de sua minha opinião exposta com toda honestidade, com jurisdição aquela que, em quase sua extensão total, todo o exarcebado amor que tenho por este é a identificada como semi-árida. São 839.000 km2, Nordeste sofrido, que renasce das cinzas de cada mais da metade da área total da região, com cerca tragédia climática, como a Phoenix da lenda. da metade da população. Solo extremamente raso, "Com a ajuda de Deus e de todos, o Nordeste, com raras manchas de maior profundidade. afinal, haverá de mudar". Esta frase é do Presidente Inedaquado, portanto, à prática da agricultura Médici, no emocionante pronunciamento que fez, no mecanizada. Seu sobsolo é, quase todo, um imenso plenário da SUDENE, após sua visita ao Nordeste, cristalino com ocasionais ocorrências de formações durante a seca de 1970. O discurso histórico do sedimentares. Daí o insucesso quase total da Presidente é, todo ele, o reflexo do impacto emocional perfuração de poços artesianos. A comprovar, os que sofreu um homem de sensibilidade, consciente de sucessos relativos que se circunscrevem a algumas suas responsabilidades como chefe supremo da áreas do Rio Grande do Norte e, em maior extensão, Nação, diante de um quadro chocante que tentaram, no Piauí. Essa, realmente, a área problema. É o inclusive, esconder ao seu conhecimento. Então, subdesenvolvimento absoluto numa região de depois de mais de dez anos de SUDENE, nada subdesenvolvimento bem caracterizado. Dois mudou? Mudou, mas não tanto. Fundamentalmente, Nordestes. A diferenciação, no entanto, é histórica. O continua o extremo pauperismo. Somos milhões de surto de progresso propiciado pelos incentivos fiscais miseráveis num país que assombra o mundo com seu e implantação da infra-estrutura marcada, desenvolvimento global, a tal ponto que, principalmente, por energia, transportes e internacionalmente, se fala no "milagre brasileiro". É comunicações, apenas agravou a disparidade. uma contradição difícil de explicar. Tentarei dar uma interpretação ao fenômeno. A minha interpretação, Segurança Nacional e Desenvolvimento resulta da visão de um ângulo que me é imposto por limitações óbvias de um homem a quem falta o Os países do mundo democrático, concentram preparo técnico para tanto, mas se julga no direito de suas atenções em duas áreas prioritárias: segurança fazê-lo como nordestino. Nem tecnocrata e muito nacional e desenvolvimento. A maioria tem suas menos burocrata. Nordestino simplesmente, se me preocupações na primeira alternativa. O Brasil, permitem. depois do cáos político-econômico-social que precedeu à revolução de 1964, resolveu correr o O Nordeste risco calculado e fez a opção de desenvolvimento. É, realmente, a fórmula mais válida de, pelo bem- Acredito que é sempre válido enfocar o estar do povo, assegurar a tranquilidade do País. que somos. Tenho a impressão de que nós mesmos, Dentro da opção em termos nacionais, procurou o nordestinos, esquecemos o que é a região Governo dar todo o suporte ao desenvolvimento do que habitamos. Um milhão e seiscentos Nordeste. Os números são irrespondíveis. A mil quilômetros quadrados, o que vale dizer 20% da SUDENE é, realmente, anterior à Revolução. Mas área total do Brasil. Trinta milhões de habitantes, ou enquanto em 1963 os investimentos totais no 1/3 da população brasileira. Uma densidade Nordeste atingiam apenas a 7,7 milhões de demográfica de cerca de 18 habitantes cruzeiros, o ano de 1964 encerrava-se com por quilômetro quadrado, mais alta que a de aplicações de 37,2 milhões e, numa progressão nossa Pátria em seu conjunto. Costuma-se dividí-lo, expressiva, chegaria a 1970 com 859,3 milhões. A para efeito de diferenciação em função de solo, geração de energia elétrica apresentou, entre 1960 e

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1971 um incremento de 453%, tendo passado de 280 que as despretensiosas considerações feitas a MW para 1551 MW. O consumo subia de 790 milhões seguir não incluem a agricultura canavieira de de Kw hora para 4.000 milhões de Kw hora. Dos 1.428 Pernambuco e Alagoas, nem a lavoura de cacau da quilômetros de estradas pavimentadas em 1960, Bahia. atingimos a, praticamente, 10.000 quilômetros em O agreste de Pernambuco, a Paraíba, Rio 1971. A renda per capita regional subia de 80 dólares Grande do Norte, Ceará e Piauí, assentam sua em 1960 para 207 dólares anuais em 1970. Isso em agricultura no algodão, oleaginosas e culturas de termos globais regionais. Qual terá sido o subsistência (feijão, milho e mandioca). O algodão é desenvolvimento da renda per capita na zona um termo do binômio secular boi-algodão. Já houve semiárida? Não consegui elementos para, com quem dissesse, com admirável poder de síntese de honestidade, informar aos companheiros que, neste uma situação real, que o "algodão é uma pastagem instante, me distinguem com sua atenção. No entanto, que dá fibra". ainda em termos globais de Nordeste, sem distinções Acrescentarei que é também, a única de áreas, há índices que considero extremamente oleaginosa comestível cultivada no Nordeste, desde significativos. No decênio 1960/1970 a participação que o babaçu e o tucum são nativos. Mas o fato mais percentual do Nordeste no Produto Interno Bruto do grave não é á pouca diversificação da agricultura da Brasil, passou de 15,1% para 16,8%. Em dez anos, área. O que assombra, o que preocupa, é a com todos os incentivos fiscais, com todo o suporte de baixíssima produtividade que essas culturas um expressivo, mesmo excepcional desenvolvimento apresentam. Já salientei que o solo, em sua maior de infra-estrutura, nossa participação no Produto extensão extremamente raso, não propicia a Interno Bruto cresceu em apenas 1,7%. Assinale-se mecanização. E a mecanização, para ser válida, que no mesmo período, 1960 a 1970, a população da teria, necessariamente, que ir do preparo do solo à região aumentou, em números redondos, de colheita. Sem a colheita mecanizada, teríamos o 22.000.000 para 30.000.000 de habitantes com uma contrasenso do emprego da mão-de-obra apenas na taxa geométrica anual de 2,8%, aproximadamente. fase final da cultura, encarecendo-a, portanto. Não desejo transmitir pessimismo a ninguém. Mecanizando-a, se fosse possível, teríamos o Sou, talvez por uma imposição congênita, ou por força aumento da mão-de-obra ociosa no campo. Então, de um espírito boêmio, um otimista. Mas este elemento dirão vocês, meus companheiros: "não há saída". estatístico, em sua frieza, revela que, apesar de todo o Entendo que é impossível esperar que o meio se esforço realizado, foi absolutamente inexpressivo adapte à nossa vontade. Nós é que a êle temos que nosso desenvolvimento em relação ao Centro Sul do nos adaptar. Seja feito o que se pode fazer: País. Crescemos um pouco, quase nada, enquanto a assistência racional e direta ao agricultor expressa potencialidade maior que dá expressão e dimensões em sementes selecionadas, correções modestas do reais ao "milagre brasileiro", está, realmente, pelas solo, inseticidas e orientação no plantio em termos alturas do Trópico de Capricórnio. de espaçamento, época mais propícia. Parece Mas nós nascemos, vivemos e lutamos sob a simples. No entanto, lembremo-nos que a estrutura linha do Equador. As condições nos são impostas. agrária da região semi-árida é, fundamentalmente, Não temos opções. Façamos, no entanto, uma minifundiária, o que obriga, praticamente, a uma rápida análise de três setores de sua economia: assistência direta, quase pessoal. Nessa região tem agricultura, indústria e exportação. condições propícias à diversificação da cultura de oleaginosas: gergelim, amendoim, girassol, Agricultura soja. Essas culturas, praticadas em termos comerciais, cobririam a capacidade ociosa da Desejo advertir que continuo situando o problema indústria de óleos da área. Vocês têm o direito em termos da faixa semi-árida do Nordeste. Daí por- de perguntar: e porque não se faz isso? Em ter-

– 255 – mos de iniciativa privada é necessário avivar a piorou em termos de padrão de vida": O memória e lembrar que os incentivos fiscais através procedimento brilhante do produto real referido por SUDENE só foram levados ao campo a partir de Mário Simonsen, deve-se à industrialização dezembro de 1965. E dizer-se que o regime anterior substitutiva de importações, feitas segundo o modelo a 1964 é que se arvorava em arauto da reforma brasileiro da década de 1950. Há, no entanto, um agrária. E, dentro desta estrutura mini-fundiária antes sistema que considero extremamente grave. Não referida, quantos agricultores de nossa região têm, tenho elementos para analisá-lo em função de cada realmente, condições de constituirem uma empresa, estado do Nordeste. Posso fazê-lo, porém, contratarem a elaboração de um projeto e, por fim, enfocando a ocorrência no Ceará. Das indústrias chegarem à SUDENE? Mas nem tudo é negativo. Há implantadas em nosso Estado com os incentivos da perspectivas que se abrem. No Ceará, o Governo, SUDENE e suporte do BANCO DO NORDESTE, as através da sua Secretaria de Agricultura, num de maior êxito operam matéria-prima importada do esforço digno dos melhores elogios, iniciou a Centro-Sul. Este sucesso se deve, particularmente, implantação das medidas recomendadas pelos às isenções fiscais e à mão de obra mais aviltada. A técnicos e pelo bom senso e somente a infelicidade grande interrogação para um futuro bem próximo, é de nova crise climática impedirá que tenhamos, já se terão condições de sobrevivência cessadas as em 1972, a colheita dos primeiros frutos. A iniciativa isenções. E se a mão de obra fosse paga em termos privada se faz presente em toda a região, através de de assegurar um padrão de vida mais razoável? um órgão novo, o INFAOL – Instituto de Fomento ao A indústria de base, só agora ensaiando seus Algodão e Oleaginosas. Nascido do desejo de servir primeiros passos, ficará situada no eixo Bahia– de alguns homens da livre empresa, particularmente Sergipe–Alagoas onde estão as jazidas de calcáreo, industriais, com ponderável participação de salgema, petróleo e cobre. A indústria petroquímica cearenses, é um órgão descontraído, sem deveria, por imposição da localização da matéria- burocracia, sem vedetismos e que de tal maneira se prima, ter nascido no Nordeste. No entanto, impôs que, apenas seis meses decorridos de sua formaram-se em São Paulo os dois primeiros instalação, já recebia, através do Banco do Brasil, "grandes núcleos de produtos petroquímicos básicos". uma demonstração de confiança das mais altas Creio que, em termos de industrialização, autoridades do País, que se expressa no vulto dos estão quase fechadas as portas para a região semi- recursos que lhe foram propiciados. Na agricultura, árida. Tudo que, nesta década, surgir de expressivo, os frutos reais se colhem a médio e longo prazo. Não será no eixo citado, berço da matéria-prima. Não podemos cobrar hoje o que foi iniciado ontem. creio que o caju é a pesca, embora de perspectivas animadoras, possam romper o desequilíbrio que já Indústria se define dentro do próprio Nordeste. Há números que dizem tanto em sua citação que dispensam O mestre Mário Henrique Simonsen, comentários. prefaciando o Estudo nº 1 da Cocene diz que Anotem bem, Senhores: do total de "o desenvolvimento do Nordeste ao longo do decênio investimentos industriais aprovados pela SUDENE de 1960, se foi brilhante em termos de expansão do de 1960 a maio de 1971, apenas 23% destinou-se à produto real, parece ter sido algo decepcionante em zona semi-árida. matéria de geração de empregos". E, acrescenta, baseado em pesquisas feitas pelo Banco do Exportações Nordeste: "a renda "per capita" média no Nordeste evoluiu apreciavelmente na década de 1960. Todos nós sabemos do formidável impulso Mas a fatia mais pobre da população – a faixa das exportações brasileiras nos últimos anos. de mão-de-obra não qualificada, tão fortemente Ao início da década de 1960, nossas exportações pressionada pela explosão demográfica – oscilavam entre 1,2 e 1,5 bilhões de dó-

– 256 – lares, com a avassaladora presença de produtos mercado exportador. O importador em potencial, primários notadamente o café. Em 1971 o Brasil espalhado pelo mundo inteiro, não sabe de nada. Ele exportou 3 bilhões de dólares, assinalando-se uma está a milhares de quilômetros de Fortaleza, Recife e forte participação dos produtos manufaturados. No Salvador. mesmo período, as exportações nordestinas (aqui A pequenina Coréia do Sul, durante 50 anos refiro-me a toda a região) registraram um incremento reduzida à escravidão nipônica, obrigada durante real de 68%. "Em termos de dólares, as exportações esse período, a se dedicar exclusivamente à nordestinas montaram em 415 milhões de dólares, exploração de minérios e à cultura agrícola de dos quais 95% de produtos agrícolas". Nos 5% subsistência para satisfazer às necessidades do restantes, incluem-se alguns minérios, produtos da poder colonizador, ao alvorecer de sua independência pesca (lagosta particularmente), couros e peles envolvida numa guerra impiedosa e devastadora, mal silvestres. E os manufaturados? Ficaram em casa. alcança a paz relativa, peculiar à atual contingência Compulsei as estatísticas da agência da CACEX, no política asiática, compõe sua economia com base na Ceará, relativas às nossas exportações em 1970 e exportação de manufaturados e produtos artesanais, 1971. O algodão, a cera de carnaúba, a castanha de encontrados hoje era todo o fabuloso mercado cajú, os óleos vegetais, os farelos de oleaginosas, consumidor dos Estados Unidos. couros, peles silvestres e a lagosta, tomam conta da É certo que, até este instante em que lhes dirijo estatística. O que vale dizer: continuamos a palavra, nenhum trabalho sério, honesto, exportadores de produtos primários, característica de organizado, foi feito, no Nordeste, para abrir mercados sub-desenvolvimento. Mas a estatística revela coisa a novos produtos da região, especialmente os pior. De cinco manufaturados exportados em 1970, manufaturados. Há esforços isolados de alguns quatro não foram exportados em 1971 e um sofreu industriais, saindo da região quase às cegas, à decréscimo em volume e valor. A expressão, em procura de mercado para seus produtos. Conheço dólares, da exportação cearense em 1971 foi de casos em que houve mercado seguro, mas não havia 48.863.000. Nesse total, de certo modo expressivo, a segurança na regularidade do transporte da exportação de manufaturados figurou com um valor mercadoria a ser entregue em prazos certos. de 159.700 dólares. Sem comentários. Continuemos, nós empresários, exportando A verdade é que gozamos, realmente, produtos primários quando poderíamos exportar, de todos os favores e estímulos que o governo também, mão-de-obra nos manufaturados. brasileiro atualmente propicia às exportações. Mas Serenamente, posso dizer que temos a consciência essas, no Nordeste, existem única e exclusivamente tranquila de quem cumpre, com exação e entusiasmo, por força de iniciativa privada. E estes homens seu dever de colaborar para a riqueza do País. que com seu trabalho tenaz, persistente, diuturno, concorrem com centenas de milhões de dólares para Viabilidade do desenvolvimento nossas reservas de divisas é que foram injusta do Nordeste semi-árido e grosseiramente agredidos, há pouco menos de um ano, precisamente num Seminário sobre Há, hoje, como creio ter demonstrado, bem exportações promovido por uma entidade caracterizados, dois Nordestes: o do pólo de empresarial, por um burocrata de uma repartição que desenvolvimento formado pelo eixo Bahia – deveria promover exportações. Essa repartição está, Pernambuco a que se vão agregando, pela até hoje, perdida na mais primária e superada exploração geradora de riqueza de suas reservas das burocracias, fazendo promoção de exportação minerais (petróleo, salgema etc.), os Estados de via ofícios e com reuniões monótonas, inócuas, das Alagoas e Sergipe, e a área que estamos enfocando. quais já foge a maioria dos industriais convidados. Na realidade, as perspectivas são pouco animadoras Tenta-se promover exportações no próprio em relação à região semi-árida que, muito de pro-

– 257 – pósito, enfatizamos mais particularmente neste para a região semi-árida, além da continuidade do trabalho. Sua presença negativa, no conjunto da esforço de industrialização, as atenções devem ser região, é que leva aos índices desfavoráveis, em voltadas para a agricultura, a pesca e os estímulos à relação ao desenvolvimento brasileiro, do progresso emigração, ordenada e devidamente assistida, para global do Nordeste apesar do trabalho da SUDENE, regiões que proporcionem ao homem os meios de da assistência eficiente e constante do Banco do subsistência que o conduzam a uma vida digna de Nordeste. ser vivida. Ocupemos a Amazônia, antes que outros Veja-se que é, também, na região semi-árida, a conquistem. onde o crescimento demográfico mais se exacerba. Fica, então, gritante, o desequilíbrio entre o Senhores crescimento do produto interno bruto e a explosão populacional. Daí a afirmativa que se faz com Já falei naquilo que o mundo passou a chamar freqüência, ultimamente, de que, apesar de tudo, o de "milagre brasileiro". País de dimensões e Nordeste empobreceu mais na última década. Diante características continentais, suas áreas díspares, com da frieza dos números, o quadro não é, realmente, a forte pressão de deficit econômico do Nordeste em dos mais animadores. Em que pêse a mudança de função de seu, se assim podemos chamar, superavit mentalidade, em que a postura antiga da mão populacional, não impediram que este País, no curto estendida foi substituída pelo desejo de trabalhar, espaço de oito anos, que não chega nem a produzir, desenvolver-se e à transformação da caracterizar, em termos de tempo, um ciclo econômico, fisionomia aparente pela energia, estradas ingressasse, resoluto, na área das grandes potências. pavimentadas, meios modernos de comunicação Mas o "milagre brasileiro" teria suas origens na mil interligando Estados entre si, os municípios dentro vezes bendita colonização que tivemos e que exalto dos Estados e estes com o mundo, o menor neste instante, no ano do sesquicentenário de nossa desequilíbrio climático gera a inquietação e a independência política. A ela devemos nossa unidade realidade da fome. E, mesmo em condições normais, geográfica, idiomática, de sentimentos e costumes, a há um alarmante subemprego de uma mão-de-obra ausência de problemas raciais. Foi a colonização pelo desqualificada, e por isso mesmo marginalizada, cuja amor na miscigenação sem preconceitos. Portugal nos existência fica mascarada nos períodos de safras devolve amanhã, dia da comunidade luso-brasileira, agrícolas abundantes. tendo como mensageiro seu ilustre Presidente A industrialização em ritmo intensivo era, Almirante Américo Thomaz, o "Imperador Romântico", na realidade, o instrumento para, a curto prazo, junto nosso primeiro Chefe de Estado, D. Pedro I. Minha com a infra-estrutura que foi montada, dar à região mais comovida e reconhecida saudação a nossos certa vitalidade econômica. Não resolveu, como não patrícios lusitanos. Deus guarde a imensa grandeza de poderia fazê-lo, o problema acima citado de excesso vosso coração, no pequenino espaço geográfico deste populacional. Os empregos gerados, diretos e grande país: Portugal. indiretos, são insignificantes diante da expressão "Porque me ufano de meu país", escrevia, demográfica. Estamos, então, frente a um problema num misto de ingenuidade e contemplativo espírito sem solução? Acredito que não. Os técnicos, e tanto romântico, o Conde de Afonso Celso. "Ninguém a SUDENE como o Banco do Nordeste os segura este País", diz o Presidente Médici. "Pra possuem da mais alta categoria, têm procurado frente Brasil", cantamos nós aos acordes alegres da reformular conceituações iniciais, colhendo frutos marchinha, bem brasileira, que consagrou um grande da experiência adquirida, preocupados exatamente feito desta raça mestiça, mesclada, misturada, mas, com o homem; cujo bem-estar é a meta de todos por isso mesmo, extremamente alegre e os programas, estudos e planejamentos. Dentro democrática, diante dos "super-homens" das "raças de uma análise superficial parece-me que, puras". Bendito sejas, Brasil. Nós te amamos.

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(Palestra pronunciada no dia 21 de abril, na 3ª constitucionalidade, a execução do artigo 2º do Decreto Conferência do Distrito 450 do Rotary Internacional, nº 9.140, de 2 de março de 1970, do Estado do Ceará. realizada em Fortaleza.) 2 Fontes compulsadas: Estudo nº 1 da COCENE – Senador Virgílio Távora. Conferências (EMFA – Discussão, em segundo turno, do Projeto de Escola de Guerra Naval – Câmara Federal – Lei do Senado nº 16, de 1971, que dispõe sobre a Federação das Indústrias de Sergipe) – Gal. Evandro representação coletiva ou individual, dos associados Moreira de Souza Lima, Superintendente da pertencentes às associações de classe das SUDENE. pensionistas do serviço público, perante as FUNDINOR – "O novo Nordeste oferece mais" autoridades administrativas e a Justiça Ordinária, "Estudos econômicos sobre o Nordeste", relatórios e nos termos do Substitutivo (oferecido pela Comissão separatas – Equipe Técnica da FUNDINOR. de Serviço Público em seu Parecer nº 28, de 1972) CACEX – "Mercadorias embarcadas para o aprovado em 1º turno na Sessão de 10-5-72. exterior pelo Porto de Fortaleza" – Equipe Técnica da CACEX, em Fortaleza. 3 O SR. PRESIDENTE (Carlos Lindenberg): – Não há mais oradores inscritos. Discussão, em segundo turno, do Projeto de Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a Lei do Senado nº 97, de 1971, de autoria do Sr. Sessão, designando para a Sessão Ordinária de Senador José Lindoso, que dispõe sobre a segunda-feira, dia 15, a seguinte: obrigatoriedade do voto nas eleições sindicais, e dá outras providências, tendo: ORDEM DO DIA PARECERES, sob nos 37 e 38, de 1972, das 1 Comissões: – de Constituição e Justiça, pela Discussão, em turno único, do Projeto de constitucionalidade e juridicidade; e Resolução nº 6, de 1972 (apresentado pela Comissão – de Legislação Social, favorável. de Constituição e Justiça como conclusão de Está encerrada a Sessão. seu Parecer nº 48, de 1972), que suspende, por in- (Encerra-se a Sessão às 16 horas e 30 minutos.)

30ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 7ª LEGISLATURA, EM 15 DE MAIO DE 1972

PRESIDÊNCIA DOS SRS. PETRÔNIO PORTELLA E CARLOS LINDENBERG

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se encaminha ao Senado Federal, para fins do disposto presentes os Srs. Senadores: no art. 42, VII, da Constituição, cópias das notas Adalberto Sena – Geraldo Mesquita – Cattete taquigráficas e do acórdão proferido por aquele Pinheiro – Renato Franco – Clodomir Milet – Petrônio Tribunal, nos autos da Representação nº 851, do Portella – Helvídio Nunes – Waldemar Alcântara – Estado de Mato Grosso, o qual declarou a Duarte Filho – João Cleofas – Paulo Guerra – Arnon inconstitucionalidade do art. 197 da Constituição do de Mello – Augusto Franco – Lourival Baptista – referido Estado, na forma da redação dada pela Antônio Fernandes – Heitor Dias – Ruy Santos – Emenda nº 1, de 21 de dezembro de 1969, à Carlos Lindenberg – Paulo Tôrres – José Augusto – Constituição de Mato Grosso. Emival Caiado – Filinto Müller – Ney Braga – Daniel Pelos elementos constantes do processado, Krieger – Guido Mondin. verifica-se que a providência a que se refere o art. O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – A 42, VII, da Constituição está em condições de ser lista de presença acusa o comparecimento de 25 efetivada pelo Senado Federal, consoante, inclusive, Srs. Senadores. Havendo número regimental, as recomendações regimentais insertas no art. 413 declaro aberta a Sessão. do Regimento Interno. O Sr. 1º-Secretário procederá à leitura do Assim, submeto, em atenção ao solicitado no Expediente. Ofício nº 3/72, o seguinte: É lido o seguinte: PROJETO DE RESOLUÇÃO EXPEDIENTE Nº 9, DE 1972

PARECERES Suspende a execução do art. 197 da Constituição do Estado de Mato Grosso, declarado inconstitucional PARECER pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos da Nº 72, DE 1972 Representação nº 851, do Estado de Mato Grosso.

da Comissão de Constituição e Justiça sobre o O Senado Federal resolve: Ofício S nº 3, de 1972 (nº 4/72-P/MC, do Presidente Art. 1º É suspensa a execução do art. 197 da do Supremo Tribunal Federal), remetendo cópias das Constituição do Estado de Mato Grosso, declarado notas taquigráficas e do acórdão proferido pelo inconstitucional em decisão definitiva do Supremo Supremo Tribunal Federal nos autos da Tribunal Federal, nos autos da Representação nº Representação nº 851, do Estado de Mato Grosso, o 851, daquele Estado. qual declarou a inconstitucionalidade do art. 197 da Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data Emenda nº 1 à Constituição do Estado de Mato de sua publicação. Grosso, de 21-12-1969. Sala das Comissões, em ...... – Daniel Krieger, Presidente – José Sarney, Relator Relator: Sr. José Sarney – José Lindoso – Arnon de Mello – Osires Teixeira – O Presidente do Supremo Tribunal Heitor Dias – José Augusto – Antônio Carlos – Federal, pelo Ofício nº 4/72-P-MC, Antônio Fernandes.

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PARECER II – no art. 46, a cláusula "pela maioria de seus Nº 73, DE 1972 membros"; III – o art. 21, inciso VII, alínea b; da Comissão de Constituição e Justiça, sobre IV – no art. 21, inciso VII, alínea c, a cláusula Ofício nº 18, de 1971 (nº 19/71-P/MC), do Sr. "assim como a desapropriá-los por interesse social, Presidente do Supremo Tribunal Federal, para fins necessidade ou utilidade pública"; do art. 42, VII, da Constituição, remetendo cópias V – no art. 21, inciso IX, a cláusula "...e das notas taquigráficas e do acórdão proferido por Procurador do Tribunal de Contas, membros do aquele Tribunal, nos autos da Representação Conselho Estadual de Educação, dirigentes de número 826, do Estado de Mato Grosso, em que Autarquia e empresas públicas estaduais"; foram declarados inconstitucionais preceitos da Constituição daquele Estado. VI – o art. 28, parágrafo único, nº 2; VII – o art. 52, § 4º; Relator: Sr. José Sarney VIII – o art. 54, inciso V; O Sr. Presidente do Supremo Tribunal IX – no art. 61, parágrafo único, a cláusula Federal, com o Ofício nº 19/71-P/MC, remete, ao "pelo Conselho Seccional da Ordem dos Advogados Senado Federal, para fins do art. 42, VII, da e pelo Conselho Superior do Ministério Público, Constituição, cópias das notas taquigráficas e de respectivamente"; acórdão proferido por aquele Tribunal, nos autos da X – o art. 63, inciso III, alínea c; Representação nº 826, do Estado de Mato Grosso, XI – no art. 63, inciso III, alínea d, a cláusula em que foram declarados inconstitucionais preceitos "assim como propor a disponibilidade dos da Constituição do referido Estado. magistrados, com vencimentos proporcionais ao A matéria, como se observa, está tempo de serviço, ou a sua remoção compulsória"; minuciosamente explicitada no processado, com indicações que, a rigor, permitem a elaboração do XII – o art. 63, IV, b; competente projeto de resolução, na forma autorizada XIII – no art. 63, inciso V, a cláusula "remoção pelo art. 414 do Regimento Interno do Senado Federal. ou disponibilidade"; Assim, na forma regimental, apresentamos o XIV – o art. 66, inciso II, alínea b; seguinte: XV – o art. 72; XVI – no art. 94, § 1º, a cláusula "sem juros, PROJETO DE RESOLUÇÃO nem correção Monetária"; Nº 10, DE 1972 XVII – no art. 112, parágrafo único, a cláusula "vencimento"; Suspende a execução de preceitos da XVIII – no art. 121, inciso X, a cláusula Constituição do Estado de Mato Grosso, declarados "retribuição nunca inferior ao salário-mínimo inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, nos regional"; autos da Representação nº 826, daquele Estado. XIX – o art. 136, parágrafo único;

O Senado Federal resolve: XX – no art. 174, parágrafo único, a cláusula Art. 1º É suspensa a execução dos seguintes "mínima correspondente a meio por cento da receita preceitos da Constituição do Estado de Mato Grosso, de seus impostos"; declarados inconstitucionais em decisão definitiva do XXI – o art. 195; Supremo Tribunal Federal, nos autos da XXII – no art. 187, a cláusula "entrando em Representação nº 826, daquele Estado: vigor no dia 1º de janeiro dos anos de finais quatro e I – no art. 21 a cláusula "por maioria absoluta nove"; de seus membros"; XXIII – o art. 198; e

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XXIV – o art. 202. Assim, a preservação da mocidade significa Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data resguardar o próprio futuro do País. de sua publicação. Daí porque o Chefe do Poder Executivo, Sala das Comissões, em 11 de maio de 1972. afirmou que os entorpecentes põem em risco a Daniel Krieger, Presidente – José Sarney, Relator – José segurança nacional: Lindoso – Arnon de Mello – Osires Teixeira – Heitor Dias Por outro lado, vigente já há quase três anos, – José Augusto – Antônio Carlos – Accioly Filho. não logrou o Decreto-lei nº 385 atingir integralmente os seus objetivos. PARECER O tráfico de entorpecentes continua, em franco Nº 74, DE 1972 desafio a todas as providências repressivas ao Poder Público, já que as campanhas educacionais, visando da Comissão de Constituição e Justiça, sobre o transmitir orientação aos jovens, por sua própria Projeto de Lei do Senado nº 91, de 1971, que dá nova natureza, demanda mais tempo." redação ao caput do art. 56 do Decreto-lei nº 898, de 29 3. Em que pesem os louváveis e dignos de setembro de 1969, que define os crimes contra a objetivos do Autor da proposição, somos levados a segurança nacional, a ordem política e social, estabelece discordar da mudança sugerida. seu processo e julgamento e dá outras providências. E isso porque, como se sabe, o Governo, recentemente (1971), após estudos acurados pelos Relator: Sr. José Lindoso seus setores técnicos, elaborou e submeteu à 1. De iniciativa do ilustre Senador Benedito apreciação do Congresso, que o aprovou, o projeto Ferreira, o presente projeto dá nova redação ao caput que se transformou na nova lei antitóxicos. Essa lei, do art. 56 do Decreto-lei nº 898, de 29 de setembro de é de se notar, deu outros rumos no setor da 1969, com a finalidade de dar competência à Justiça processualística utilizada quanto aos crimes em Militar para julgar os crimes definidos no Decreto-lei nº questão, que passou a ser bem mais célere e 385, de 1968, que deu nova redação ao artigo 281 do adequada. Código Penal, o qual trata do comércio, posse, ou uso Por outro lado, é de convir, a nova lei já foi de substâncias entorpecentes. perfeitamente adaptada ao Código Penal que entrará 2. O eminente Autor, em sua Justificação, em vigor em breve. fundamenta a necessidade de se passar esses 4. Dessa forma, a simples mudança proposta crimes para o âmbito da Justiça Militar pelo fato de pelo projeto implicaria em profundas e radicais ter o Sr. Presidente da República dito, em modificações no sistema vigorante, que não foram Mensagem ao Congresso Nacional, que os previstas. Como procederia a Justiça Militar In casu? entorpecentes, além das suas conhecidas influências Qual a processualistica a ser adotada pela mesma? maléficas, põem em risco a segurança nacional. São perguntas, dentre muitas, que ficariam sem Em seguida afirma: resposta, com evidentes prejuízos para toda a "Dever precípuo de todos os governos é, pois, coletividade. preservar a mocidade dos malefícios dos entorpecentes. 5. Ante o exposto, embora louvando Essa obrigação ganha mais relevo em países a intenção do Autor, entendemos que o como o Brasil, onde se verifica a chamada explosão projeto não possui condições de juridicidade demográfica e onde a população se constitui de para ser aprovado, uma vez que contraria toda jovens, em sua imensa maioria. a sistemática legal vigente, deixando In albis gran-

– 262 – de número de situações e de providências, que É que o Ofício de fls. 1 fala em teriam de ser claramente definidas. inconstitucionalidade da Lei e o Ministro Relator, em É o parecer. seu voto, a fls. 12, diz textualmente: "... na parte em Sala das Comissões, em 11 de maio de 1972. que concedeu estabilidade a funcionários interinos – Daniel Krieger, Presidente – José Lindoso, Relator em cargos de carreira..." – José Sarney – Nelson Carneiro – Arnon de Mello – O Senado, através de sua Presidência, oficiou Heitor Dias – José Augusto – Antônio Carlos – ao Supremo Tribunal pedindo os citados Accioly Filho. esclarecimentos e o texto da referida lei. Tais informações, apesar de reiteradamente PARECER solicitadas, não puderam ser prestadas pelo Supremo Nº 75, DE 1972 Tribunal, o qual alega que os autos do Recurso Extraordinário: nº 34.240 baixaram à instância de origem da Comissão de Constituição e Justiça, sobre e, não obstante suas insistentes solicitações, não foram, o Ofício nº 837-P-6 de setembro de 1959, do Senhor até a presente data, devolvidos à sua Secretaria. Presidente do Supremo Tribunal Federal remetendo Diante dessas dificuldades, o Senado solicitou, cópias de acórdão e de notas taquigráficas de através da Secretaria da Presidência, diretamente ao julgamento em que aquele Egrégio Tribunal declarou Diretor da Imprensa Oficial daquele Estado, o texto inconstitucional a Lei nº 1.420, de 7 de dezembro de integral da lei controvertida. 1955 do Estado do Rio Grande do Norte. Foi, então, remetido ao Senado, por certidão, o inteiro teor daquele diploma. Relator: Sr. Arnon de Mello Deflui do exame dos articulados da O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o questionada lei que, suspensa a vigência do seu Recurso Extraordinário nº 34.240, do Estado do Rio artigo 1º, perde a mesma toda a sua eficácia, pois os Grande do Norte, houve por bem julgar outros dois artigos são decorrentes do 1º, não tendo inconstitucional a Lei nº 1.420, de 7 de dezembro de qualquer aplicabilidade sem aquele. 1955, daquela unidade federativa. Ante o exposto e em atendimento aos Com vistas ao disposto no artigo 42, VII, preceitos constitucionais mencionados e ao artigo da Constituição, o Senhor Presidente daquela 100, II, do nosso Estatuto Interno, apresentamos à Egrégia Corte remete à consideração do Senado consideração da Casa o seguinte: Federal o expediente respectivo, com o Oficio nº 837-P-6. PROJETO DE RESOLUÇÃO Do exame do processado verificamos que a Nº 11, DE 1972 decisão atendeu aos aspectos formais referidos no artigo 116 da Constituição Federal e respaldou-se no Suspende a execução da Lei nº 1.420, de 7 de fato de haver o referido documento legal atentado dezembro de 1955, do Estado do Rio Grande do contra o preceituado no artigo 186, da Constituição Norte, nos termos de decisão do Supremo Tribunal de 1946. Federal proferida aos 21 de novembro de 1958. Sobre a matéria já existe pronunciamento anterior do eminente Senador Josaphat Marinho, o O Senado Federal resolve: qual, em dúvida sobre o alcance da precitada Artigo único. É suspensa a execução da Lei nº decisão, resolveu solicitar maiores esclarecimentos 1.420, de 7 de dezembro de 1955, do Estado do ao Colendo Tribunal em questão. Rio-Grande do Norte, declarada inconstitucional

– 263 – por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, politano de São Paulo – METRÔ – operação de prolatada aos 22 de novembro de 1968. empréstimo externo, no valor de Sw.Fr.15.200 Sala das Comissões, em 11 de maio de 1972. – 000,00 (quinze milhões e duzentos mil francos Daniel Krieger, Presidente – Arnon de Mello, Relator – suíços), ou o seu equivalente em outras moedas, José Lindoso – Antônio Carlos – José Augusto – Heitor junto aos bancos ingleses: Samuel Montagu & Dias – Osires Teixeira – José Sarney – Accioly Filho. Comp. Limited, Midland Bank Limited e Midland & International Banks Limited, destinada à aquisição de PARECER equipamentos elétricos da firma A. G. Brown-Boveri Nº 76, DE 1972 & Cie. of Baden, Switzerland (Consórcio Brown- Boveri da Suíça), a serem utilizados na da Comissão de Redação, apresentando a complementação da instalação da linha prioritária redação final, do Projeto de Resolução nº 7, de 1972. Norte-Sul do metropolitano paulista. Art. 2º A operação de empréstimo realizar-se-á Relator: Sr. Cattete Pinheiro nos moldes e termos aprovados pelo Poder A Comissão apresenta a redação final do Projeto Executivo Federal, à taxa de juros, acréscimos e de Resolução nº 7, de 1972, que autoriza a Prefeitura condições admitidas pelo Banco Central do Brasil do Município de São Paulo a realizar, através da para registro de empréstimos da espécie obtidos no Companhia do Metropolitano de São Paulo – METRÔ – exterior, obedecidas as demais prescrições e operação de empréstimo externo, destinada à exigências normais dos órgãos encarregados da aquisição de equipamentos elétricos para política econômico-financeira do Governo Federal, e, complementar a instalação do metropolitano paulista. ainda, o disposto na Lei Municipal nº 7.676, de 8 de Sala das Sessões, em 15 de maio de 1972. – dezembro de 1971, publicada no Diário Oficial do José Lindoso, Presidente – Cattete Pinheiro, Relator Município de São Paulo no dia 9 de dezembro de – José Augusto. 1971. Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data ANEXO AO PARECER de sua publicação. Nº 76, DE 1972 PARECER Redação final do Projeto de Resolução nº 7, Nº 77, DE 1972 de 1972. da Comissão de Redação, apresentando a Faço saber que o Senado Federal aprovou, redação final do Projeto de Decreto Legislativo nº 20, nos termos do art. 42, inciso IV, da Constituição, e de 1971 (nº 11-A-71, na Câmara dos Deputados). eu...... , Presidente promulgo a seguinte: Relator: Sr. José Augusto RESOLUÇÃO A Comissão apresenta, em anexo, a redação Nº , DE 1972 final do Projeto de Decreto Legislativo nº 20, de 1971 (número 11-A-71, na Câmara dos Deputados), que Autoriza a Prefeitura do Município de São Paulo a aprova as contas do Presidente da República, realizar, através da Companhia do Metropolitano de São relativas ao exercício de 1962, esclarecendo que Paulo METRÔ –, operação de empréstimo externo, retirou do texto do Projeto a expressão "..., na forma destinada à aquisição de equipamentos elétricos para do art. 18, item VII, da Emenda Constitucional nº 4, complementar a instalação do metropolitano paulista. de 1961,..." por se tratar de cláusula impertinente à matéria. O Senado Federal resolve: Sala das Sessões, em 15 de maio de 1972. – Art. 1º É a Prefeitura do Município de São Paulo José Lindoso, Presidente – José Augusto, Relator – autorizada a realizar, através da Companhia do Metro- Adalberto Sena.

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ANEXO AO PARECER 3) a expressão "... Presidente da República..." Nº 77, DE 1972 por "... Presidente do Conselho de Ministros..." Sala das Sessões, em 15 de maio de 1972. – Redação final do Projeto de Decreto Legislativo nº José Lindoso, Presidente – José Augusto, Relator – 20, de 1971 (nº 11-A-71, na Câmara dos Deputados). Adalberto Sena.

Faço saber que o Congresso Nacional ANEXO AO PARECER aprovou, nos termos do art. 44, inciso VIII, da Nº 78, DE 1972 Constituição, e eu,...... ,Presidente do Senado Federal, promulgo o seguinte: Redação final do Projeto de Decreto Legislativo nº 19, de 1971 (nº 10-A/71, na Câmara DECRETO LEGISLATIVO dos Deputados). Nº , DE 1972 Faço saber que o Congresso Nacional Aprova as contas do Presidente da República, aprovou, nos termos da Emenda Constitucional nº 4, relativas ao exercício de 1962. de 1961, à Constituição de 1946, e do art. 44, inciso VIII, da Emenda Constitucional nº 1, de 1969, à O Congresso Nacional decreta: Constituição de 1967, e eu...... , Art. 1º São aprovadas as contas prestadas Presidente do Senado Federal, promulgo o seguinte: pelo Presidente da República, relativas ao exercício de 1962, com ressalvas àqueles valores lançados à DECRETO LEGISLATIVO conta de "Diversos Responsáveis", dependentes de Nº....., DE 1972 verificação ulterior pelo Tribunal de Contas da União. Art. 2º Este decreto legislativo entrará em vigor Aprova as contas do Presidente do Conselho na data de sua publicação, revogadas as disposições de Ministros, relativas ao exercício de 1961. em contrário. O Congresso Nacional decreta: PARECER Art. 1º São aprovadas as contas prestadas Nº 78, de 1972 pelo Presidente do Conselho de Ministros, relativas ao exercício de 1961, com ressalvas àqueles valores da Comissão de Redação, apresentando a lançados à conta de "Diversos Responsáveis", redação final do Projeto de Decreto Legislativo nº 19, dependentes de verificação ulterior do Tribunal de de 1971 (nº 10-A/71, na Câmara dos Deputados). Contas da União. Art. 2º Este decreto legislativo entrará em vigor Relator: Sr. José Augusto na data de sua publicação, revogadas as disposições A Comissão apresenta, em anexo, a redação em contrário. final do Projeto de Decreto Legislativo nº 19, de 1971 O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – O (número 10-A/71, na Câmara dos Deputados), que Expediente lido vai à publicação. aprova as contas do Presidente da República, Comunico ao Plenário que esta Presidência, relativas ao exercício de 1961, esclarecendo que: nos termos do art. 279, do Regimento Interno, 1) retirou do texto do Projeto a expressão "..., determinou o arquivamento do Projeto de Lei do na forma dos arts. 66, item VII, e 87, item XVII, da Senado nº 110, de 1971, de autoria do Sr. Senador Constituição da República de 1946, e art. 18, item Vasconcelos Torres, que proíbe a fusão de VII, da Emenda Constitucional nº 4, de 1961,..." por cooperativas de usineiros de açúcar, exceto em se tratar de cláusula explicativa; casos excepcionais, considerado rejeitado em virtude 2) substituiu, de acordo com de ter recebido parecer contrário, quanto ao mérito, o documento anexado ao processo (fls. da Comissão a que foi distribuído.

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Concedo a palavra ao nobre Senador Lourival dustrial da região, e para isto a competência Baptista, primeiro orador inscrito. profissional e o idealismo dos seus dirigentes O SR. LOURIVAL BAPTISTA: – Sr. técnicos, funcionários e operários, constituem Presidente, Srs. Senadores. garantia a mais para o cumprimento de todas as A convite do operoso Diretor-Técnico da ambiciosas metas traçadas. CHESF, Engenheiro Amaury Menezes, estivemos Esse idealismo nós o constatamos de perto em Paulo Afonso no dia 9 de março e ali tivemos em todos os setores que visitamos, trocando oportunidade de, mais uma vez, observar o esforço impressões e observando o amor e mesmo, o grande ciclópico realizado pela Companhia Hidrelétrica do orgulho de todos os funcionários da CHESF, por se São Francisco, tão bem dirigida pelo grande verem participantes de um emprendimento que brasileiro que é Apolônio Sales, visando a aumentar mudou completamente o panorama do Nordeste. a capacidade geradora da Usina, a fim de garantir o Esse mesmo idealismo e esse mesmo amor notamos suprimento de energia elétrica para o Nordeste. também, na visita que fizemos ao Quartel da Na verdade, basta o conhecimento dos dados Guarnição do Exército em Paulo Afonso, onde se relativos à evolução da capacidade instalada de centraliza um notável trabalho voltado para a Paulo Afonso para que se tenha uma idéia do segurança de uma área de grande importância trabalho que vem sendo desenvolvido para o estratégica. Ali, fomos alvo de atenções dispensadas aproveitamento do potencial hidráulico do Rio São pelo comandante da Unidade, o Major Keppller, que Francisco. é um militar dominado pelo entusiasmo com as Paulo Afonso, que é o resultado da visão perspectivas de desenvolvimento do Nordeste e que, de esclarecidos pioneiros, é hoje o maior complexo juntamente com o Capitão Bosco, nos prestou energético do País, sendo o primeiro a valiosos esclarecimentos e nos deu importantes ultrapassar a marca de um milhão de quilowatts, de subsídios relativos aos problemas da região de Paulo capacidade. Afonso. Mas, apesar de ter alcançado essa marca Conforme vê toda a Nação, a ampliação da expressiva, a Usina de Paulo Afonso continua sendo capacidade geradora de Paulo Afonso vem ampliada, com vistas à formação de um conjunto recebendo do governo do eminente Presidente gerador que, em fins desta década, terá uma Médici merecida prioridade. Desta forma, após capacidade instalada de sete milhões de quilowatts, inaugurar um novo conjunto gerador, em inícios de quando estiverem concluídos os complexos de fevereiro, o Presidente da República, revelando sua Moxotó, Xingó e Sobradinho. Mesmo com a perfeita sintonia com os problemas do Nordeste, – capacidade instalada de sete milhões de quilowatts, anunciou o prosseguimento de importantes obras de não terminarão as possibilidades de expansão da ampliação da Usina. capacidade geradora de Paulo Afonso, que é A par destas observações que trago a este calculada – como sabemos – em torno de vinte plenário, desejo transmitir daqui um apelo ao Ministro milhões de quilowatts. dos Transportes, o dinâmico Coronel Mário David Não se fundamentam, por conseguinte, os Andreazza, no sentido de que sejam encaminhadas temores de um possível colapso no suprimento de soluções para um problema que nos pareceu dos mais energia elétrica para o Nordeste em conseqüência graves para aquela região. A despeito de se ter tornado do esgotamento da capacidade de Paulo Afonso, importante pólo de desenvolvimento, Paulo Afonso – pois por mais acentuado que venha a ser o cujo núcleo urbano, com mais de 70 mil habitantes, crescimento da demanda, a Usina de Paulo Afonso apresenta o mais elevado índice de crescimento estará até os próximos trinta anos em condições de demográfico da região nordestina – não é, até hoje, corresponder plenamente a esse crescimento, ligado por rodovia asfaltada a nenhuma das capitais assegurando a manutenção do desenvolvimento in- do Nordeste. Há, por conseguinte, premente neces-

– 266 – sidade de modernização das ligações rodoviárias guração do trecho Pedra Branca–Propriá, com Paulo Afonso. Esta necessidade decorre de entregávamos ao Ministro Mário Andreazza outro razões econômicas e, também, relacionadas à memorial, reiterando a necessidade da imediata própria segurança nacional, pois Paulo Afonso é pavimentação da BR-235. Ainda durante o período centro vital de uma imensa região que abrange sete em que tivemos a honra de estar à frente do Estados. Governo de Sergipe e, dessa vez, por sugestão do Em discurso que proferi aqui, no dia 11 de Engenheiro Paulo Barreto de Menezes, hoje maio do ano passado, dizia que "atento às Governador do Estado, e naquela época Diretor do necessidades de nosso Estado e à sua integração no Departamento de Estradas de Rodagem de Sergipe, processo de desenvolvimento do Nordeste, já em 28 como uma colaboração a ser oferecida ao Ministério de janeiro de 1968 enviamos ao Exmo. Sr. Ministro dos Transportes, autorizamos a execução de estudo dos Transportes memorial justificando o ataque de viabilidade da referida rodovia. Esse estudo, imediato das obras de capeamento asfáltico do realizado dentro do melhor rigor técnico, foi trecho sergipano da BR-235, de fundamental importância para a nossa economia". terminado recentemente e, já na gestão do "A rodovia transversal BR-235, ex-BR-27 – Governador Paulo Barreto de Menezes, através do acentuávamos – que demanda o Brasil Central, parte do Diretor do Departamento de Estradas de Rodagens, litoral atlântico, em Aracaju, passando por Itabaiana, Frei Engenheiro Fernando Garcez Vieira, foi enviado ao Paulo, Carira, em território sergipano; por Jeremoabo, Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, o Canudos, Juazeiro e Remanso, na Bahia; Petrolina, em qual deixou patente a viabilidade econômica da Pernambuco; Caracol e Bom Jesus, no Piauí; e pavimentação asfáltica do trecho Aracaju–Itabaiana– Araguacema, já em pleno Estado de Goiás. Na sua Carira, da referida estrada. parte inicial ganhou a denominação de "Central de E dizíamos ainda naquela ocasião: "Assim, Sergipe", reflexo da importância de seu traçado para o apelamos para o ilustre Ministro Mário Andreazza, no Estado sergipano nos seus primeiros 108 quilômetros, sentido de que autorize o dinâmico Diretor do DNER, antes de penetrar o território da Bahia. Engenheiro Eliseu Rezende, que junte o projeto Nesse memorial a que aludimos, Sr. de Sergipe aos que serão financiados por um Presidente, pedimos a atenção do Ministro dos empréstimo que, segundo estamos informados, está Transportes para a necessidade de prioridade "para sendo negociado por intermédio do Banco Mundial, os primeiros 45 quilômetros da BR-235, exatamente em proposta global para vários setores do Plano o trecho compreendido entre Aracaju, Capital do Rodoviário Nacional. Ressalte-se que o asfaltamento Estado, e a cidade de Itabaiana, rica e próspera do trecho Aracaju–Itabaiana é uma antiga aspiração comunidade interiorana". E acrescentava eu: "O de progresso e desenvolvimento da gente sergipana, tráfego rodoviário no trecho em pauta já tinha que se integra totalmente no plano mais amplo do alcançado valores que levaram o DNER a considerar desenvolvimento do Brasil." indispensável a pavimentação desses 45 km". De Hoje, um ano após esse meu pronunciamento, fato, segundo indicação estatística do Grupo Executivo de Integração da Política de Transportes, volto a esta tribuna para dizer que a ligação asfáltica no ano de 1966, registrava-se o tráfego na escala de até Paulo Afonso se torna, agora, mais fácil, em crescimento de 500 veículos-dia e, em estudos virtude do convênio assinado pelo Engenheiro Eliseu recentes feitos pela ASTEP, constatou-se Rezende, digno Diretor do Departamento Nacional ser da ordem de 700 veículos-dia, e pela coleta de Estradas de Rodagem, e o Engenheiro Fernando e análise de dados obtidos revela-se, em Garcez Vieira, operoso Diretor do DER de Sergipe, resultado, a superioridade de 70% de veículos que permitiu o asfaltamento até Frei Paulo, cujas comerciais. A 8 de junho de 1970, quando da inau- obras já foram iniciadas.

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No mês passado, o Governador Paulo Barreto grande potencial turístico ali existente, que não pode de Menezes conseguiu junto ao Engenheiro Eliseu ser convenientemente explorado em virtude da Rezende que fosse feito um termo aditivo ao deficiência das ligações rodoviárias. Em Paulo convênio anteriormente firmado, no sentido do Afonso já existe um moderno hotel, de categoria asfaltamento chegar até a cidade sergipana de internacional, cuja capacidade não está sendo Carira, na fronteira com a Bahia. Assim, para plenamente utilizada devido o reduzido afluxo de completar a ligação por asfalto até Paulo Afonso turistas. seria necessário o asfaltamento da BR-235 até a Uma estrada asfaltada para Paulo Afonso cidade baiana de Jeremoabo, numa extensão seria fator de estímulo ao desenvolvimento de vasta aproximada de oitenta quilômetros, concluindo-se a região do sertão baiano e também de Sergipe. De ligação até Paulo Afonso com o asfaltamento da BR- Itabaiana, município sergipano à margem da BR-235, 110, de Jeremoabo até aquela cidade, numa partem diariamente caminhões carregados de extensão também de oitenta quilômetros. produtos hortigranjeiros que abastecem Paulo O SR. RUY SANTOS: – Permite-me V. Ex.ª Afonso e várias outras cidades do interior baiano. No um aparte? inverno, os estragos causados pelas chuvas nas O SR. LOURIVAL BAPTISTA: – Com muito rodovias tomam precário esse abastecimento, com prazer, eminente Senador Ruy Santos. sensíveis prejuízos para toda a comunidade, fato que O SR. RUY SANTOS: – Na campanha seria definitivamente superado com a ligação passada, eu estive na região. Vai-se de Salvador até asfáltica para Paulo Afonso. além de Ribeira do Pombal, por asfalto, em direção a Sr. Presidente, faço aqui este registro e deixo o Jeremoabo. Isto impõe a pavimentação de Ribeira do meu apelo, acreditando que merecerá a necessária Pombal até Jeremoabo, e até mesmo Paulo Afonso. consideração do eficiente Ministro Mário Andreazza que, E para esta pavimentação não só os Estados devem mais uma vez, estamos certos, dará nova contribuição contribuir como a própria CHESF, que tem interesse, para o desenvolvimento da região nordestina, que tantos para a manutenção de Paulo Afonso, não só benefícios tem recebido em decorrência da patriótica e material, como também dentro do sentido turístico humana preocupação do eminente Presidente Médici de que Paulo Afonso representa. Esta pavimentação se alcançar, o mais velozmente possível, o impõe assim mais do que qualquer outra na região. desenvolvimento e a integração daquela sofrida região O SR. LOURIVAL BAPTISTA: – Agradeço a de nossa Pátria! (Muito bem! Palmas.) V. Ex.ª, nobre Senador Ruy Santos, o aparte com O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – que honrou o meu pronunciamento. Concedo a palavra ao nobre Senador Osires Em reforço desta nossa solicitação é de se Teixeira. (Pausa.). lembrar que o porto de Aracaju, dragado e em S. Ex.ª não está presente. condições de receber navios até com oito metros de Não há mais oradores inscritos. calado, é o que se situa mais próximo de Paulo O SR. ADALBERTO SENA: – Sr. Presidente, Afonso, fato que torna ainda mais justificável a peço a palavra. referida ligação. As obras de ampliação da O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – capacidade geradora de Paulo Afonso, que logo Concedo a palavra ao nobre Senador Adalberto Sena. serão iniciadas, exigirão o transporte de enormes O SR. ADALBERTO SENA (sem revisão do quantidades de material que poderia ser conduzido a orador.): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, uso da Aracaju. A ligação asfáltica de Paulo Afonso criará, palavra, neste momento, apenas para uma ainda, reais possibilidades para o aproveitamento do comunicação à Casa.

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Acabo de receber do Desembargador Jorge DOCUMENTO A QUE SE REFERE O Araken Faria da Silva, Vice-Presidente e Corregedor. SENHOR SENADOR ADALBERTO SENA EM SEU do Tribunal de Justiça do Acre, a seguinte DISCURSO comunicação: "ENCONTRO, EM GOIÁS, DAS ACADEMIAS "OF. CIRC. Nº 1/72 DE LETRAS DO BRASIL Goiânia, 25 de abril de 1972. Senhor Senador: Conclusões Honra-me encaminhar a Vossa Excelência O I Encontro das Academias de Letras do cópia das "Conclusões" do "Primeiro Encontro das Brasil, reunido em Goiânia, atendendo a convocação Academias de Letras do Brasil". da Academia Goiana, com o objetivo de E ao fazê-lo, devo dizer que algumas se congraçamento entre os escritores brasileiros e sob originaram de proposições por mim apresentadas e a inspiração do espírito de liberdade de criação e do defendidas, sobretudo a que "considera legítima a desejo de servir ao engrandecimento cultural do povo brasileiro, manifesta seu regozijo pela aspiração da mulher brasileira de integrar, sem unanimidade do sentimento nacional em torno outras distinções a não ser as que decorram do das comemorações do Sesquicentenário da merecimento intelectual, as Academias e demais Independência, conquistada como primeira Associações Culturais do País". demonstração vitoriosa da consciência coletiva da Ainda de minha lavra, a que se refere ao Atlas Nação, e que por feliz coincidência tem seus primeiros festejos ao mesmo tempo que o Encontro. Linguístico Nacional e a de agradecimento à Reconhecendo a necessidade de estimular, imprensa e demais meios de comunicação social. dentro da unidade da língua portuguesa e da Outras foram insertas em Ata, como o Voto de literatura brasileira, as manifestações literárias Saudade ao inesquecível Professor João Mariano da e artísticas regionais e a preservação das Silva e o de Congratulações ao insigne mestre características da cultura de cada Estado, encarece às Academias estaduais o levantamento dos dados Pontes de Miranda; pela passagem de seu fundamentais diferenciadores da linguagem e do octogésimo aniversário. folclore, muito especialmente os regionalismos, e, ao Fiz o que estava ao meu alcance para que a mesmo tempo da história da literatura e da bandeira do Acre não brilhasse menos que as bibliografia contemporânea. demais. E, na crença de haver cumprido o meu Esse levantamento poderá servir a estudiosos e entidades interessadas como base para um Atlas dever, apresento a Vossa Excelência protestos de linguístico nacional. Considera legítima a aspiração alto apreço e elevada consideração. da mulher brasileira de integrar, sem outras Desembargador Jorge Araken Faria da Silva, distinções a não ser as que decorram do Representante da Academia Acreana de Letras no merecimento intelectual, as Academias e demais Encontro das Academias de Letras do Brasil." associações culturais do País. Registra, com agrado, o oferecimento das Sr. Presidente, tratando-se de um elemento de delegações da Academia Piauiense, para a escol do atual cenário social do Acre e considerando- realização do II Encontro em Terezina, em março se a magnitude do encontro a que se refere esse de 1973, por ocasião das festividades ofício, peço a V. Ex.ª que considere incorporado ao do Sesquicentenário da adesão do Piauí à meu discurso o relato das conclusões do certame Independência, e da Academia Fluminense, para realização do III Encontro em novembro que ora envio à Mesa. em Niterói, por ocasião das festividades do Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. (Muito IV Centenário de Niterói, e dá seu apoio a bem!) ambas as iniciativas. Tem-se como entendido

– 269 – que as Academias promotoras desses Encontros à cultura de sua terra e cujo centenário acaba de elaborarão os respectivos temários e regimentos transcorrer. internos. Agradece à imprensa e demais meios de Exprime seu aplauso ao Governo da União comunicação social a cobertura que deram, aos seus pelo programa editorial e demais atividades do trabalhos. Ressalta a significação cultural das Instituto Nacional do Livro, e ao Governo de Goiás conferências proferidas nas sessões solenes e pela maneira altamente adequada por que tem sugere a sua publicação em livro. sabido estimular as manifestações culturais do seu (apud "Folha de Goiás", Goiânia, terça-feira, povo, através da ação do seu Departamento de 25 de abril de 1972.) Cultura das edições de autores goianos promovidas Comparecem mais os Srs. Senadores: pelo Instituto Goiano do Livro, da criação da Casa da Flávio Brito – José Lindoso – José Estaves – Cultura, da instalação do Conselho Estadual de Milton Trindade – Alexandre Costa – José Sarney – Cultura, do apoio dado à realização do presente Fausto Castelo-Branco – Virgílio Távora – Wilson Encontro e da maneira carinhosa por que recebeu, Gonçalves – Ruy Carneiro – Amaral Peixoto – hospedou e honrou seus participantes. Benjamin Farah – Magalhães Pinto – Orlando Expressa ao seu Presidente e Presidente da Zancaner – Benedito Ferreira – Osires Teixeira – Academia Goiana de Letras, Vice-Governador Fernando Corrêa – Accioly Filho – Mattos Leão – Ursulino Tavares Leão, seu reconhecimento mais Antônio Carlos – Celso Ramos – Lenoir Vargas – caloroso pela maneira com que soube idealizá-lo, Tarso Dutra. organizá-lo e dirigi-lo. Registra, com agrado, a O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): – sugestão formulada à Federação das Academias de Passa-se à: Letras do Brasil, no sentido de que acolha em seus quadros as Academias de caráter municipal. ORDEM DO DIA Aplaude a ação das Universidades que venham editando livros didáticos e obras de significação literária 1 regional e manifesta a sua confiança em que essas atividades possam servir de exemplo e estímulo às Discussão, em turno único, do Projeto de demais instituições universitárias. Resolução nº 6, de 1972 (apresentado pela Recomenda às Academias de Letras do País que Comissão de Constituição e Justiça como conclusão intesifiquem o intercâmbio cultural, em benefício dos de seu Parecer nº 48, de 1972), que suspende, por objetivos comuns. Aplaude as Acadêmias que, por meio inconstitucionalidade, a execução do artigo 2º do de concurso e de outras atividades, procuram estimular Decreto nº 9.140, de 2 de março de 1970, do Estado as vocações literárias da mocidade. Formula um apelo do Ceará. aos elaboradores de currículos do ensino médio no sentido de que, ao partir de 1973, nesse se inclua o Em discussão o projeto. (Pausa.) estudo da história da atividade literária das respectivas Se nenhum Senador quiser fazer uso da Unidades da Federação. palavra, encerrarei a discussão. (Pausa.) Assinala o interesse das comunicações feitas Está encerrada. pelos acadêmicos em relação aos trabalhos das Em votação. (Pausa.) suas Academias, destacando muito afetuosamente, Os Senhores Senadores que o aprovam a do venerando professor Afrânio do Amaral. queiram permanecer sentados. (Pausa.) Registra um voto de saudade ao acadêmico Paulo Aprovado. A matéria vai à Comissão de Maranhão que tantos serviços prestou à imprensa e Redação.

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É o seguinte o projeto aprovado: do serviço público, da administração direta ou indireta, legalmente organizadas e reconhecidas, os PROJETO DE RESOLUÇÃO mesmos direitos assegurados pela Lei nº 1.134, de Nº 6, DE 1972 14 de junho de 1950. Suspende, por inconstitucionalidade, a Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua execução do art. 2º do Decreto nº 9.140, de 2 de publicação, revogadas as disposições em contrário. março de 1970, do Estado do Ceará. O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella):

Art. 1º É suspensa, por inconstitucionalidade, nos termos da decisão definitiva proferida pelo Item 3 Supremo Tribunal Federal, em 1º de setembro de 1971, nos autos da Representação nº 859, do Discussão, em segundo turno, do Projeto de Estado do Ceará, a execução do art. 2º do Decreto Lei do Senado nº 97, de 1971, de autoria do Sr. nº 9.140, de 2 de março de 1970, do referido Estado. Senador José Lindoso, que dispõe sobre a Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário. obrigatoriedade do voto nas eleições sindicais, e dá O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): outras providências, tendo:

Item 2 PARECERES, sob nºs 37 e 38, de 1972, das Comissões: Discussão, em segundo turno, do Projeto de Lei do Senado nº 16, de 1971, que dispõe sobre a – de Constituição e Justiça, pela representação coletiva ou individual, dos associados constitucionalidade e juridicidade; e pertencentes às associações de classe das – de Legislação Social, favorável. pensionistas do serviço público, perante as Em discussão o projeto. (Pausa.) autoridades administrativas e a Justiça Ordinária, Não havendo quem queira discuti-lo, declaro nos termos do Substitutivo (oferecido pela Comissão de Serviço Público em seu Parecer nº 28, de 1972) encerrada a discussão. aprovado em 1º turno na Sessão de 10-5-72. Encerrada a discussão sem emendas, o projeto é dado como definitivamente aprovado nos Em discussão o projeto. (Pausa.) termos do Art. 316 do Regimento Interno. Se nenhum Senador quiser fazer uso da O projeto irá à Comissão de Redação. palavra, encerrarei a discussão. (Pausa.) Está encerrada. É o seguinte o projeto aprovado: Encerrada a discussão, sem emendas, o Substitutivo é dado como definitivamente aprovado, PROJETO DE LEI DO SENADO nos termos do Art. 316 do Regimento Interno. Nº 97, DE 1971 A matéria vai à Comissão de Redação. É o seguinte o Substitutivo aprovado: Dispõe sobre a obrigatoriedade do voto nas SUBSTITUTIVO eleições sindicais, e dá outras providências.

Estende às associações de classe dos O Congresso Nacional decreta: pensionistas do Serviço Público os direitos Art. 1º É obrigatório o voto nas eleições assegurados pela Lei nº 1.134/50. sindicais. Art. 1º Ficam estendidas às Parágrafo único. O associado associações de classe dos pensionistas faltoso deverá justificar-se, até 15 (quin-

– 271 – ze) dias após a realização do pleito perante a sindicais, serão escrituradas como renda eventual e autoridade local do Ministério do Trabalho e aplicadas em programas de assistência aos filhos de Previdência Social, através de petição seus associados. encaminhada por intermédio da respectiva entidade Art. 7º Entrará esta lei em vigor na data de sua sindical. publicação. – Art. 2º Findo o prazo para justificação, a O SR. PRESIDENTE (Petrônio Portella): Esgotada a Ordem do Dia. Diretoria da entidade sindical enviará à Não há oradores inscritos para esta oportunidade. Delegacia Regional do Trabalho relação dos Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a faltosos, bem assim as justificações porventura presente Sessão, designando para a próxima apresentadas. Sessão Ordinária a seguinte: Parágrafo único. Quando se tratar de entidade sindical de empregados, a relação prevista neste ORDEM DO DIA artigo deverá indicar o empregador de cada um dos que deixaram de comparecer às eleições 1 sindicais. Art. 3º Aceitas as justificações, a autoridade Votação, em turno único, do Requerimento nº 15, de 1972, de autoria do Senador Adalberto Sena, local do Ministério do Trabalho e Previdência Social solicitando a transcrição, nos Anais do Senado, do aplicará aos que não esclarecerem os motivos da Editorial do Correio Braziliense sob o título "Horas de ausência a multa de: Grandeza", publicado em 5 de maio de 1972, tendo: a) 1/30 (um trinta avos) do salário-mínimo da PARECER FAVORÁVEL, sob nº 69, de 1972, região, aos associados de entidades de empregados da Comissão e trabalhadores autônomos; – Diretora. b) 1/10 (um décimo) do referido salário aos filiados a entidades sindicais de empregadores e 2 profissionais liberais. Parágrafo único. Em caso de reincidência, as Discussão, em turno único, do Projeto de Decreto multas ora previstas serão aplicadas em dobro. Legislativo nº 18, de 1971 (nº 12-A/71, na Câmara dos Deputados), que aprova as contas do Presidente da Art. 4º Não caberá recurso da multa imposta República, relativas ao exercício de 1963, tendo: aos associados pelo não-comparecimento às eleições sindicais. PARECER, sob nº 50, de 1972, da Comissão Art. 5º No caso dos associados de entidades – de Finanças, favorável. sindicais de empregados, caberá à Delegacia Regional do Trabalho oficiar a seus empregadores 3 determinando seja a importância da multa descontada na folha de pagamento do mês seguinte Discussão, em primeiro turno, do Projeto de Lei e recolhida à entidade respectiva. do Senado nº 4, de 1972, de autoria do Sr. Senador Ney Parágrafo único. Os associados faltosos de Braga, que altera a redação do parágrafo único do art. entidades sindicais de empregadores, trabalhadores 33 da Lei nº 5.682, de 1971, que dispõe sobre o quorum mínimo nas convenções municipais, tendo: autônomos e profissionais liberais, devidamente notificados pela Delegacia Regional do Trabalho, PARECER sob nº 23, de 1972, da Comissão recolherão a importância da multa diretamente à – de Constituição e Justiça, pela Entidade a que estiverem filiados. constitucionalidade, com a Emenda nº 1-CCJ Art. 6º As importâncias arrecadadas (Substitutivo) que oferece. pelas entidades, a título de multa Está encerrada a Sessão. pelo não-comparecimento às eleições (Encerra-se a Sessão às 15 horas.)

DISCURSOS CONTIDOS NESTE VOLUME

Pág. Pág. ADALBERTO SENA – Encaminhando a votação do – Tecendo considerações sobre tramitação Requerimento nº 12/72, de sua autoria...... 123 do PLS nº 17/69, de sua autoria, que fixa horário de trabalho para os motoristas dos CLODOMIR MILET transportes interestaduais...... 212 – Reverenciando a memória do Dr. – De homenagens de pesar pelo Urbano Santos da Costa Araújo, por falecimento do Sr. João Mariano da Silva.... 245 ocasião do cingüentenário de seu – Enviando à Mesa as conclusões do 1º desaparecimento...... 100 Encontro das Academias de Letras do – Apresentando sugestões ao PLS nº 4/72, Brasil, em que participa o Desembargador do Sr. Ney Braga, que trata do quorum Jorge Araken Faria da Silva...... 267 mínimo nas convenções municipais...... 231

ANTÔNIO FERNANDES DANTON JOBIM – Reverenciando a memória do Marechal – Reverenciando a memória do Marechal Rondon...... 86 Rondon...... 80 – Justificando seu apoiamento ao ARNON DE MELLO Requerimento nº 17/72; assinalando o – Tecendo considerações sobre sistemática 4 lançamento, pela Associação Brasileira do ICM e sua repercussão na economia do e de Imprensa, dos Anais do seu Norte e Nordeste do País...... 22 Congresso Nacional de Comunicações e registrando a comemoração, pela Igreja, BENEDITO FERREIRA da "Semana dos meios de Comunicação – Tecendo considerações sobre a política 145 Social"...... 96 salarial e trabalhista implantada no País a e – Referindo-se aos trabalhos desenvolvidos partir de1964...... 181 na Convenção Nacional do MDB...... 173 BENJAMIN FARAH – Reverenciando a memória do Marechal FERNANDO CORRÊA Rondon...... 84 – Reverenciando a memória do Marechal – Reverenciando a memória do Prof. Rondon...... 88 Francisco Pinheiro Guimarães, por ocasião da passagem do seu centenário de FILINTO MÜLLER nascimento...... 115 – Reverenciando a memória do Marechal Rondon...... 73 CARLOS LINDENBERG – Tecendo considerações sobre as FLÁVIO BRITO eleições indiretas para Governadores – Reclamando pela necessidade de e Vice-Governadores e transcrevendo modificações no Estatuto do Trabalhador expediente recebido da Assembléia Rural...... 109 Legislativa do Espírito Santo sobre o assunto...... 19 FRANCO MONTORO – Trazendo ao conhecimento do CATTETE PINHEIRO Senado a representação do Sindicato – Ressaltando o trabalho que vem das Indústrias Gráficas de São Paulo sendo realizado pela Superintendência referente ao problema da automação e do Desenvolvimento do Centro-Oeste suas conseqüências prejudiciais aos

(SUDECO)...... 105 trabalhadores...... 120

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Pág. Pág. – Respondendo ao pronunciamento do Sr. – Tecendo considerações sobre as obras Benedito Ferreira, referente à política 157 de ampliação da capacidade geradora da salarial e trabalhista implantada no País a e CHESF e a modernização das ligações partir de 1964...... 192 rodoviárias de Paulo Afonso com as – Solicitando urgência para imediata capitais nordestinas...... 265 apreciação do PLS número 22/71, de sua autoria, que determina que o reajustamento LUIZ CAVALCANTE de aposentadorias, pensões, e outros – Aludindo à participação do Nordeste na benefícios do INPS seja feito na mesma redistribuição da renda nacional...... 200 data da alteração do salário-mínimo...... 203 – Encaminhando à Mesa projeto de sua MAGALHÃES PINTO autoria "que" restaura a aposentadoria com – Registrando a inauguração da nova proventos integrais do ex-combatente sede da Associação Comercial de Minas segurado do INPS"...... 230 Gerais...... 216

GERALDO MESQUITA NELSON CARNEIRO – Apontando os resultados alcançados pelo – Formulando apelo ao Chefe da Nação em Ministério das Comunicações na Amazônia favor, dos produtores de cacau e ressaltando a atuação da EMBRATEL e da abordando o problema do menor Empresa Brasileira de Correios e abandonado...... 1 Telégrafos na região...... 205 – De homenagem de pesar pelo – Fazendo registro da promoção a General- falecimento do Major Cosme de Farias...... 36 de-Divisão do General Adauto Bezerra de – Abordando o problema da exclusão, do Araújo...... 226 currículo obrigatório das faculdades de Direito, da cátedra de Direito Internacional JOSÉ AUGUSTO Público...... 121 – Registrando o lançamento em Caratinga, – Encaminhando a votação do Requerimento Minas Gerais, do Plano Trienal de nº 12/72, do Sr. Cattete Pinheiro...... 124 Renovação e de Revigoramento de – Encaminhando a votação do PLS nº Cafezais Brasileiros...... 15 114/68, do Sr. Nogueira da Gama...... 128 – Discutindo o PR nº 8/72...... 166 – Prestando homenagens de pesar pelo falecimento do Sr. Herbert Moses, ex- LEANDRO MACIEL Presidente da Associação Brasileira de – Reverenciando a memória do Marechal Imprensa...... 202 Rondon...... 74 OSIRES TEIXEIRA LOURIVAL BAPTISTA – Fazendo registro das comemorações do – Fazendo registro da inauguração, na cidade "Dia da Vitória"...... 106 paulista de Paulínia, da sexta refinaria da – Registrando a inauguração de novo órgão PETROBRÁS e manifestando sua satisfação de divulgação no Distrito Federal, o Diário pela integração do Estado de Sergipe no de Brasília...... 121 complexo mineral-petroquímico do País, com a descoberta de mais um poço de petróleo, PAULO GUERRA este denominado ALAGAMAR...... 93 – Enaltecendo a atitude correta dos Srs. – Saudando o General Alfredo Souto Petrônio Portella e Filinto-Müller, por Malan, no momento em que S. Ex.ª se ocasião do estudo, pelo Congresso, da

afasta do Serviço...... 179 Emenda Constitucional nº 2...... 244

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Pág. Pág. PAULO TÔRRES – Prestando homenagens de pesar pelo – Reverenciando a memória do Marechal falecimento do Sr. Herbert Moses, ex- Manuel Luiz Osório, no transcurso do 164º Presidente da Associação Brasileira de aniversário de seu nascimento...... 170 Imprensa...... 203

PETRÔNIO PORTELLA VASCONCELOS TORRES – Associando-se às homenagens prestadas – Registrando a nomeação do General ao Marechal Rondon...... 89 Arthur Candal da Fonseca para o EMFA e enaltecendo a atuação do General Idálio RUY CARNEIRO Sardenberg, seu antecessor, naquele órgão 36 – Ressaltando a homenagem prestada pelo Município de Campina Grande à memória VIRGÍLIO TÁVORA de João Rique...... 111 – Abordando o problema da irragularidade das chuvas na região centro-oeste do Ceará 129 RUY SANTOS – Registrando o acordo celebrado entre o – De homenagem de pesar pelo Brasil e os Estados Unidos, sobre a pesca falecimento do Major Cosme de Farias...... 40 de camarões...... 217 – De homenagem de pesar pelo falecimento do escritor Eugênio WALDEMAR ALCÂNTARA Gomes...... 108 – Registrando o trabalho realizado pelo Sr. – Encaminhando a votação do PLS nº José Raimundo Gondim sobre a economia

114/68, do Sr. Nogueira da Gama...... 128 do Nordeste e, em particular, a do Ceará..... 252

Página em branco MATÉRIA CONTIDA NESTE VOLUME

Pág. Pág. ACADEMIAS DE LETRAS – da 29ª Sessão da 2ª Sessão Legislativa – Enviando à Mesa as conclusões do 1º da 7ª Legislatura, em 12 de maio de 1972... 219 Encontro das – do Brasil; disc. do Sr. – da 30ª Sessão da 2 Sessão Legislativa Adalberto Sena...... 267 da 7ª Legislatura em 15 de maio de 1972.... 259

ADAUTO BEZERRA DE ARAÚJO AVISO – Fazendo registro da promoção a General- – nº 125/GM/72, do Sr. Ministro dos de-Divisão do General –; disc. do Sr. Transportes, comunicando a entrega ao Geraldo Mesquita...... 226 trânsito público da duplicação da rodovia BR-116, trecho São Leopoldo – Novo ALAGAMAR Hamburgo RS...... 46 – Assinalando a descoberta do poço de – nº 128/GM/72, do Sr. Ministro dos petróleo denominado – em Sergipe; disc. Transportes, comunicando o lançamento dos do Sr. Lourival Baptista...... 93 cargueiros "Mirosul" e "Itapagé" e a entrega ao trânsito público da rodovia BR-365, trecho ANAIS DO CONGRESSO DE Ituiutaba – Canal de São Simão, MG...... 46 COMUNICAÇÕES – nº 141/72/GM-GB, do Sr. Ministro dos – Assinalando o lançamento, pela Transportes comunicando a entrega do Associação Brasileira de Imprensa, dos –; cargueiro "Olinda", o lançamento da barcaça disc. do Sr. Danton Jobim...... 96 "Rio Ibicui" e a entrega ao trânsito, público de trecho da Rododovia BR-226 (RN)...... 198 ASSOCIAÇÃO COMERCIAL (MG) – Registrando a inauguração da nova sede CACAU da –; do Sr. Magalhães Pinto...... 216 – Formulando apelo ao Chefe da Nação em favor dos produtores –; disc. do Sr. Nelson ATA Carneiro...... 1 – da 23ª Sessão da 2ª Sessão Legislativa da 7ª Legislatura, em 2 de maio de 1972..... 1 CAFÉ – da 24ª Sessão da 2ª Sessão Legislativa – Ressaltando o incentivo ao plantio do –, da 7ª Legislatura, em 5 de maio de 1972..... 44 por ocasião do lançamento em Caratinga, – da 25ª Sessão da 2ª Sessão Legislativa Minas Gerais, do Plano Trienal de da 7ª Legislatura, em 8 de maio de 1972..... 93 Renovação e de Revigoramento de Cafezais – da 26ª Sessão da 2ª Sessão Legislativa Brasileiros; disc. do Sr. José Augusto...... 15 da 7ª Legislatura, em 9 de maio de 1972..... 114 – da 27ª Sessão da 2ª Sessão Legislativa CAMPINA GRANDE da 7ª Legislatura, em 10 de maio de 1972... 133 – Ressaltando a homenagem prestada pelo – da 28ª Sessão da 2ª Sessão Legislativa Município de – à memória de João Rique;

da 7ª Legislatura, em 11 de maio de 1972... 198 disc. do Sr. Ruy Carneiro...... 111

– XXIV –

Pág. Pág. CARATINGA – do Sr. Presidente, determinando o – Registrando o lançamento em –, Minas arquivamento do PLS número 124/68...... 200 Gerais, do Plano Trienal de Renovação e – do Sr. Presidente, acusando o recebimento de Revigoramento de Cafezais Brasileiros; do Ofício nº 694/72, do Sr. Governador do disc. do Sr. José Augusto.,,...... 15 Distrito Federal, encaminhando o Balanço do Governo do DF referente ao ano de 1971...... 226 CHESF – do Sr. Presidente, determinando o – Tecendo considerações sobre as obras arquivamento do PLS número 110/71...... 264 de ampliação da capacidade geradora da –; disc. do Sr. Lourival Baptista...... 265 CONVENÇÃO NACIONAL DO MDB – Referindo-se' aos trabalhos COMUNICAÇÃO desenvolvidos na –; do Sr. Danton Jobim.... 173 – do Sr. Presidente, a respeito da substituição do Sr. Nelson Carneiro pelo Sr. CONVENÇÕES MUNICIPAIS Paulo Guerra, na Comissão que irá – Apresentando sugestões ao PLS nº 4/72, representar o Senado na Exposição que trata do quorum mínimo nas –; disc. Nacional de Pecuária, em Uberaba...... 43 do Sr. Clodomir Milet...... – do Sr. Presidente, acusando o recebimento de expediente do Sr. Ministro COSME DE FARIAS do Interior referente aos Relatórios – De homenagem de pesar, pelo Preliminares de municípios da Região falecimento do Major –; disc. do Sr. Nelson Amazônica...... 72 Carneiro...... 36 – do Sr. Jessé Freire, comunicando que se – Idem; disc. do Sr. Ruy Santos...... 40 ausentará do País para participar dos trabalhos da Delegação de Empresários DESEMPREGO que irá à Inglaterra...... 73 – Trazendo ao conhecimento do Senado a – do Sr. Saldanha Derzi, comunicando que representação do Sindicato das Indústrias se ausentará do País, em caráter particular, Gráficas de São Paulo, que trata da a partir do dia 12 do corrente...... 114 ameaça de – de profissionais gráficos, com – do Sr. Presidente, comunicando a o problema da automação; disc. do Sr. presença de S. Ex.ª o Vice-Presidente da Franco Montoro...... 120 República no Gabinete da Presidência do Senado...... 115 "DIA DA VITÓRIA" – do Sr. Presidente, comunicando o – Fazendo registro das comemorações do arquivamento do PLS número 17/69, do Sr. –; disc. do Sr. Osires Teixeira...... 106 Adalberto Sena...... 115 – do Sr. João Calmon, comunicando que se "DIÁRIO DE BRASÍLIA" ausentará do País por ter que comparecer – Fazendo registro da inauguração de à inauguração da Agência do Instituto de novo órgão de divulgação no Distrito Resseguros do Brasil em Londres, e à Federal, o –; disc. do Sr. Osires Teixeira..... 121 instalação das Agências do Banco do Brasil em Lisboa e Paris...... 165 DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO – do Sr. Orlando Zancaner, indicando o Sr. – Abordando o problema da exclusão, do Helvídio Nunes para integrar a Delegação currículo obrigatório das faculdades de Direito,

Brasileira ao XV Congresso da COTAL...... 200 da cátedra de –; disc. do Sr. Nelson Carneiro... 121

– XXV –

Pág. Pág. ELEIÇÕES INDIRETAS percussão na economia do Norte e 4 – Tecendo considerações sobre as – para Nordeste do País; disc. do Sr. Arnon de e Governadores e Vice-Governadores; disc. Mello...... 22 do Sr. Carlos Lindenberg...... 19 IRREGULARIDADE DAS CHUVAS EMBRATEL – Abordando o problema da – na região – Ressaltando a atuação da – na centro-oeste do Ceará; disc. do Sr. Virgílio Amazônia; disc. do Sr. Geraldo Mesquita.... 205 Távora...... 129

EUGÊNIO GOMES – De homenagem de pesar pelo falecimento JOSE RAIMUNDO GONDIM do escritor –; disc. do Sr. Ruy Santos...... 108 Registrando o trabalho realizado pelo Sr. – sobre a economia do Nordeste e, EX-COMBATENTE em particular, a do Ceará disc. do Sr. – Encaminhando à Mesa projeto que Waldemar Alcântara...... 252 restaura a aposentadoria com proventos integrais do – segurado do INPS; disc. do JOÃO MARIANO DA SILVA Sr. Franco Montoro...... 230 – De homenagens de pesar pelo falecimento do Sr. – disc. do Sr. Adalberto GENERAL CANDAL FONSECA Sena...... 245 – Registrando a nomeação do – para o EMFA; disc. do Sr. Vasconcelos Torres...... 36 JOÃO RIQUE

– Ressaltando a homenagem prestada GENERAL IDÁLIO SARDENBERG pelo Município de Campina Grande – Enaltecendo a atuação do – no EMFA; disc. do Sr. Vasconcelos Torres...... 36 à memória de – disc, do Sr. Ruy Carneiro...... 111 GENERAL SOUTO MALAN – Saudando o –, ano momento em que S. JORGE ARAKEN DA SILVA Ex.ª se afasta do serviço ativo do Exército; – Registrando a participação do disc. do Sr. Lourival Baptista...... 179 Desembargador – no 1º Encontro das Academias de Letras do Brasil; disc. do Sr. GRÁFICOS Adalberto Sena...... 267 – Dando conhecimento ao Senado da representação do Sindicato das Indústrias MARECHAL MANUEL LUIZ OSÓRIO Gráficas de São Paulo, que trata da – Reverenciando a memória do –, ameaça de desemprego de profissionais –, no transcurso do 164º aniversário com o problema da automação; disc. do Sr. de seu nascimento; disc. do Sr. Paulo Franco Montoro...... 120 Torres...... 170

HERBERT MOSES – Prestando homenagens de pesar pelo MARECHAL RONDON falecimento do Sr. –; disc. do Sr. Nelson – Reverenciando a memória do –, disc. do Carneiro...... 202 Sr. Filinto Müller...... 73 – Idem; disc. do Sr. Ruy Santos...... 203 Idem; disc. do Sr. Leandro Maciel...... 74 – Idem; disc. do Sr. Danton Jobim...... 80 ICM – Idem; disc. do Sr. Benjamin Farah...... 84 – Tecendo considerações sobre – Idem; disc. do Sr. Antônio Fernandes...... 86 a sistemática do – e sua re-

– Idem; disc. do Sr. Fernando Corrêa...... 88

– XXVI –

Pág. Pág. – Idem; disc. do Sr. Petrônio Portella...... 89 – do Sr. 1º-Secretário da Câmara dos Deputados, encaminhando à revisão MENOR ABANDONADO do Senado autógrafo do PLC nº – Abordando o problema do –; disc. do Sr. 2/72...... 219 Nelson Carneiro...... 1 – nº 694/72, do Sr. Governador, do Distrito Federal, encaminhando o MENSAGEM DO PRESIDENTE DA Balanço do Governo do DF referente a REPÚBLICA 1971...... 226 – nº 25/72 (CN), submetendo à deliberação do Congresso Nacional o PLC nº 2/72...... 219 PARECER – nº 54/72, submetendo ao Senado a – nº 37/72, da Comissão de Constituição e escolha do Sr. Lucíllo Haddock Lobo para Justiça, sobre o PLS nº 97/71...... 47 exercer a função de Embaixador do Brasil junto ao Governo da Venezuela...... 44 – nº 38/72, da Comissão de Legislação – nº 55/72, restituindo autógrafos do PLC nº Social, sobre o PLS nº 97/71...... 47 1/72, sancionado...... 198 – nº 39/72, da Comissão de Constituição e Justiça sobre o PLS nº 17/71...... 48 MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES – nº 40/72, da Comissão de Legislação – Apontando os resultados alcançados pelo – Social, sobre o PLS nº 17/71...... 49 na Amazônia; disc. do Sr. Geraldo Mesquita.... 205 – nº 41/72, da Comissão de Constituição e Justiça sobre o PLS nº 17/69...... 53 MOTORISTA PROFISSIONAL – nº 42/72, da Comissão de Legislação – Tecendo considerações sobre a tramitação Social, sobre o PLS nº17//69...... 54 do projeto que fixa a jornada de trabalho para – nº 43/72, da Comissão de Transportes, o – de transporte interestadual; disc. do Sr. Comunicações e Obras Públicas, sobre o Adalberto Sena...... 212 PLS nº 17/69...... 54 – nº 44/72, da Comissão de Constituição NORDESTE NA REDISTRIBUIÇÃO DA e Justiça, sobre emenda ao PLS nº RENDA 89/71...... 55 – Aludindo à participação do – nacional; – nº 45/72, da Comissão de Constituição e disc. do Sr. Luiz Cavalcante...... 200 Justiça, sobre o PDL nº 28/71...... 56 – nº 46/72, da Comissão de Finanças, "NORDESTE SEMI-ÁRIDO..." sobre o PDL nº 28/71...... 56 – Registrando o trabalho intitulado –, do Sr. – nº 47/72, da Comissão de Constituição e Raimundo Gondim, que versa sobre a Justiça, sobre o PDL nº 28/71...... 57 economia do Nordeste e, em particular, a do Ceará; disc. do Sr. Waldemar Alcântara. 252 – nº 48/72, da Comissão de Constituição e Justiça, sobre o Ofício nº 46/71/P/MC, do OFÍCIO Sr. Presidente do STF...... 58 – nº 92/72, do Sr. 1º-Secretário da Câmara – nº 49/72, da Comissão Diretora, sobre o dos Deputados, comunicando a aprovação Requerimento nº 12/72, do Sr. Cattete do PLS nº 1/72...... 1 Pinheiro...... 59 – nº 1/72, do Sr. Presidente da Fundação – nº 50/72, da Comissão de Finanças, das Pioneiras Sociais, apresentando sobre o nº 18/71...... 61 relatório de suas atividades e cópia do – nº 51/72, da Comissão de

balanço correspondente a 1971...... 46 Finanças, sobre o Ofício nº 8/72, da

– XXVII –

Pág. Pág. Prefeitura do Município de São Paulo...... 62 – nº 71/72, da Comissão Diretora, sobre o – nº 52/72, da Comissão de Constituição e Requerimento nº 14/72, do Sr. Lourival Justiça, sobre o PR nº 7/72...... 64 Baptista...... 226 – nº 53/72, da Comissão de Legislação – nº 72/72, da Comissão de Constituição e Social, sobre o Ofício nº S-9/72, do Justiça, sobre Ofício nº S-3/72, do Sr. Governador de Minas Gerais...... 65 Presidente do STF...... 259 – nº 73/72, da Comissão de Constituição e – nº 54/72, da Comissão de Constuição e Justiça, sobre o Ofício nº 18/71, do Sr. Justiça, sobre o PR nº 8/72...... 67 Presidente do STF...... 260 – nº 55/72, da Comissão de Agricultura, – nº.74/72, da Comissão de Constituição e sobre o PR nº 8/72...... 68 Justiça, sobre o PLS nº 91/71...... 261 – nº 56/72, da Comissão de Constituição e – nº 75/72; da Comissão de Constituição e Justiça; sobre o PDL nº 24/71...... 68 Justiça, sobre o Ofício nº 837-P-6/59, do – nº 57/72, da Comissão de Finanças, Sr. Presidente do STF...... 262 sobre o PDL nº 24/71...... 70 – nº 76/72, da Comissão de Redação, – nº 58/72, da Comissão de Constituição e apresentando a redação final do PR nº 7/72 263 Justiça, sobre o PLS nº 124/68...... 133 – nº 77/72, da Comissão de Redação – nº 59/72, da Comissão de Economia, apresentando a redação final do PDL nº 20/71. 263 sobre o PLS nº 124/68...... 134 – nº 78/72, da Comissão de Redação – nº 60/72, da Comissão de Saúde, sobre o apresentando a redação final do PDL nº 19/71. 264 PLS nº 124/68...... 136 PAULÍNIA – nº 61/72, da Comissão de Finanças, – Registrando a inauguração, – em SP, da sobre o PLS nº 124/68...... 140 sexta refinaria da PETROBRÁS; disc. do – nº 62/72, da Comissão de Finanças, Sr. Lourival Baptista...... 93 sobre o PDL nº 7/72...... 142 – nº 63/72, da Comissão de Redação, PAULO AFONSO apresentando a redação final do PR – Abordando a necessidade de modernização nº872...... 169 das ligações rodoviárias de – com as capitais – nº 64/72, da Comissão de Constituição e nordestinas; disc. do Sr. Lourival Baptista...... 265 Justiça, sobre o PLS nº 70/71...... 198 – nº 65/72, da Comissão de Constituição e PESCA DE CAMARÕES Justiça, sobre o PLS nº 110/71...... 221 – Registrando o acordo celebrado entre o – nº 66/72, da Comissão de Economia, Brasil e os Estados Unidos sobre a –; disc. sobre o PLS nº 110/71...... 222 do Sr. Virgílio Távora...... 217 – nº 67/72, da Comissão de Constituição e PETROBRÁS Justiça, sobre o PLS nº 109/71...... 223 – Fazendo registro da inauguração, em – nº 68/72, da Comissão de Legislação Paulínia, SP, da sexta refinaria da –; disc. Social, sobre o PLS nº 109/71...... 223 do Sr. Lourival Baptista...... 93 – nº 69/72, da Comissão Diretora, sobre o Requerimento nº 15/72, do Sr. Adalberto PETRÔNIO PORTELLA E FILINTO MÜLLER Sena...... 224 – Enaltecendo a atitude correta dos Srs.– , – nº 70/72, da Comissão Diretora, sobre o por ocasião do estudo, pelo Congresso, da Requerimento nº 16/72, do Sr. Wilson Emenda Constitucional nº 2; disc. do Sr.

Paulo Guerra...... 244 Goncalves...... 225

– XXVIII –

Pág. Pág. PINHEIRO GUIMARÃES PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 4/72 – Reverenciando a memória do Prof. – Apresentando sugestões ao –, do Sr. Ney Francisco –, por ocasião da passagem do Braga que trata do quorum mínimo nas seu centenário de nascimento; disc. do Sr. convenções municipais; disc. do Sr. Benjamin Farah...... 115 Clodomir Milet...... 231

POLÍTICA SALARIAL PROJETO DE LEI DO SENADO – Tecendo considerações sobre a – e 145 – nº 114/68, que inclui no Plano Rodoviário trabalhista implantada no País a partir de e Nacional várias rodovias...... 127 1964; disc. do Sr. Benedito Ferreira...... 181 – nº 14/70, que revigora o disposto no art. – Idem; disc. do Sr. Franco Montoro...... 157 7º, da Lei nº 883/49...... 244 – Abordando tópicos do pronunciamento – nº 16/71, que dispõe sobre a feito pelo Sr. Benedito Ferreira, sobre a – e representação coletiva ou individual dos Trabalhista implantada no País apartir associados pertencentes às associações de1964; disc. do Sr. Franco Montoro...... 192 de classe das pensionistas do serviço 168 público perante as autoridades e PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO administrativas e a justiça ordinária...... 270 – nº 25/71, que aprova as contas do – nº 37/71, que dispõe sobre o pagamento Presidente da República, relativas ao de juros moratórios nas condenações da exercício de 1967...... 210 Fazenda Pública...... 211 – nº 42/71, que institui o "Dia do Hino PROJETO DE LEI DA CÂMARA Nacional"...... 126 – nº 1/72, que concede aumento de – nº 88 /71, que dá nova redação ao § 9º vencimentos aos funcionários da Secretaria do art. 32 da Lei nº 3.807/60 (Lei Orgânica da Câmara dos Deputados...... 13 da Previdência Social)...... 104 – nº 2/72, que altera a redação de – nº 97/71, que dispõe sobre a 211 dispositivo da Lei nº 5.020/66, que dispõe obrigatoriedade do voto nas eleições e sobre as promoções dos Oficiais da Ativa sindicais...... 270 da Aeronáutica...... 219 – nº 4/72, que altera a redação do parágrafo único do art. 33 da Lei nº PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 114/68 5.682/71...... 72 – Encaminhando a votação do –; disc. do – nº 7/72, que acrescenta parágrafo ao art. Sr. Nelson Carneiro...... 128 27 da Lei Orgânica da Previdência Social.... 72 – Idem; disc. do Sr. Ruy Santos...... 128 – nº 8/72, do Sr. Magalhães Pinto e outros, que dispõe sobre a forma de fiscalização PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 17/69 financeira, pelo Congresso Nacional, dos – Tecendo considerações sobre o –; disc. órgãos de administração pública...... 209 do Sr. Adalberto Sena...... 212 – nº 9/72, que regulamenta o § 2º do art. 15 da Constituição, dispondo sobre o exercício PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 22/71 da vereança gratuita...... 240 – Solicitando urgência para imediata – nº 10/72, que restaura a aposentadoria apreciação do –; disc. do Sr. Franco com proventos integrais do ex-combatente

Montoro...... 203 segurado do INPS...... 242

– XXIX –

Pág. Pág. PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 8/72 REAJUSTAMENTO DE APOSENTADORIAS – Discutindo o –, disc. do Sr. José Augusto. 166 – Solicitando urgência para apreciação do PLS nº 22/71, que determina o –, PROJETO DE RESOLUÇÃO pensões e outros benefícios do INPS. – nº 55/71, que suspende, em parte, a concomitantemente com a data da alteração execução da letra b do art. 21 da do salário-mínimo; disc. do Sr. Franco Deliberação nº 1.564/63, do Município de Montoro...... 203 Campos, RJ...... 165 – nº 58/71, que suspende, em parte, a REQUERIMENTO Nº 12/72 execução do § 1º do art. 50 da Constituição Encaminhando a votação do –; disc. do Sr. do Estado de Alagoas...... 244 Cattete Pinheiro...... 123 – nº 3/72, que suspende a execução, no – Idem; disc. do Sr. Nelson Carneiro...... 124 caput do art. 9º do Decreto-lei nº 61/69, do Estado de Pernambuco, da cláusula da REQUERIMENTO percepção de vencimento integrais por – nº 12/72, do Sr. Cattete Pinheiro, Promotores Públicos postos em solicitando a transcrição, nos Anais do disponibilidade...... 14 Senado, da oração proferida pelo Sr. Filinto – nº 4/72, que suspende a execução do § Müller ao assumir a Presidência da 2º do art. 117 da Constituição de Minas ARENA...... Gerais, de 1967...... 14 – nº 14/72, do Sr. Lourival Baptista e – nº 5/72, que suspende a execução do art. outros, solicitando a transcrição, nos Anais 4º da Lei nº 4.506/67, do Estado de Minas do Senado, do discurso proferido pelo Gerais...... 104 General Arthur Duarte Candal Fonseca, por – nº 6/72, que suspende a execução do art. 58 ocasião de sua posse no EMFA...... 71 2º do Decreto nº 9.140/70, do Estado do e – nº 15/72, do Sr. Adalberto Sena, Ceará...... 269 solicitando a transcrição, nos Anais do – nº 7/72, que autoriza a Prefeitura do Senado, do editorial "Horas de Grandeza", Município de São Paulo a realizar, através 64 publicado no Correio Braziliense:...... 72 da Cia. do Metropolitano de São Paulo e – nº 16/72, do Sr. Wilson Gonçalves, METRÔ, operação de ilegível externo...... 127 solicitando a transcrição, nos Anais do – nº 8/72, que dá nova redação ao art. 1º 66 Senado, do trabalho intitulado "A Indústria da Resolução nº 76/70...... e de Transformação do Ceará – Diagnóstico 166 e Perspectivas", de autoria do Prof. Paulo – nº 9/72, que suspende a execução do art. Lustosa da Costa, publicado no Correio do 197 da Constituição do Estado de Mato Ceará...... 93 Grosso...... 259 – nº 17/72, do Sr. Paulo Torres e outros, – nº 10/72, que suspende a execução de solicitando a transcrição, nos Anais do preceitos da Constituição do Estado de Senado, da Ordem do Dia baixada pelo Sr. Mato Grosso...... 260 Ministro do Exército, sobre o "Dia da – nº 11/72, que suspende a execução da Vitória"...... 93 Lei nº 1.420/55, do Estado do Rio Grande – nº 18/72, do Sr. José Lindoso, solicitando

do Norte...... 262 adiamento da discussão do PLS nº 4/72

– XXX –

Pág. Pág. – nº 19/72, do Sr. Lourival Baptista e – nº 25/72, do Sr. Augusto Franco e outros, solicitando a transcrição, nos Anais outros, solicitando a designação de uma do Senado, do discurso proferido pelo Comissão para representar o Senado 199 General Walter de Menezes Paes, quando nas comemorações do centenário da e das comemorações do 27º aniversário do Associação Comercial de Sergipe...... 243 Dia da Vitória...... 114 – nº 20/70, do Sr. Nelson Carneiro, "SEMANA DOS MEIOS DE solicitando a transcrição, nos Anais do COMUNICAÇÃO SOCIAL" Senado, da oração proferida pelo Dep. – Registrando a comemoração, pela Igreja, UIysses Guimarães, ao assumir a da –; disc. do Sr. Danton Jobim...... 96 Presidência do MDB...... 114 – nº 21/70, do Sr. Benjamin Farah, solicitando SERGIPE a transcrição, nos Anais do Senado, da – Manifestando sua satisfação pela biografia do Prof. Francisco Pinheiro integração do Estado de – no complexo Guimarães, publicada no Jornal do Brasil, mineral – petroquímico do País; disc. do Sr. sob o título "Um Exemplo aos Brasileiros"...... 122 Lourival Baptista...... 93 – nº 22/72, do Sr. Ruy Santos, solicitando seja submetido a votos o PLS nº 114/68...... 128 SUDECO – nº 23/72, do Sr. Daniel Krieger, – Ressaltando o trabalho que vem sendo solicitando a designação de uma Comissão realizado pela –; disc. do Sr. Cattete para representar o Senado na III Festa 144 Pinheiro...... 105 Nacional do Arroz, em Cachoeira do Sul – e RS...... 210 URBANO SANTOS – nº 24/72, do Sr. José Augusto, solicitando – Reverenciando a memória do Dr. –, dispensa de publicação, para imediata por ocasião do cinqüentenário de seu discussão e votação, da redação final do desaparecimento; disc. do Sr. Clodomir

PR nº 8/72...... 169 Milet...... 100