Pontifícia Universidade Católica De São Paulo Fabio
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO FABIO LANZA MATRIZES IDEOLÓGICAS DOS ARCEBISPOS PAULISTANOS (1956-85): UM OLHAR SOB O PRISMA DO SEMANÁRIO O SÃO PAULO São Paulo - 2006 ii FABIO LANZA MATRIZES IDEOLÓGICAS DOS ARCEBISPOS PAULISTANOS (1956-85): UM OLHAR SOB O PRISMA DO SEMANÁRIO O SÃO PAULO Tese apresentada como exigência parcial para obtenção do título de DOUTOR em Ciências Sociais, sob orientação do Prof. Dr. Luiz Eduardo W. Wanderley, pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Pontifícia Universidade Católica São Paulo - 2006 iii ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ iv Ao Bom Pai, que em todos os momentos me amparou. À minha preciosa Flor-de-Maio, que alegra, perfuma e dá sentido à vida do jardineiro. v AGRADECIMENTOS A todos os amigos(as), professores(as), colegas e familiares que, indistintamente, auxiliaram-me e contribuíram para a elaboração das idéias iniciais, execução, análise e escrita desta tese. Foram fundamentais as conversas, os sonhos, as discussões e as incógnitas coletivas sobre o caminho traçado neste trabalho científico. Ao Prof. Dr. Luiz Eduardo W. Wanderley, pela acolhida no Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e por todas as incansáveis conversas, leituras e sugestões. Sua colaboração foi imprescindível para a realização deste processo de pesquisa. Agradeço-lhe também por colaborar para que eu continue acreditando nas alternativas utópicas. Aos sujeitos de pesquisa, que contribuíram prontamente com seu discurso-memória, e às colaboradoras Izilda e Cássia, da equipe d’O São Paulo, e Ercília e Sandra, da Biblioteca Padre Lebret, na Escola de Teologia Dominicana. Aos professores convidados para compor a banca do Exame de Qualificação, Dr. José Marques de Melo e Drª Maria Ângela Vilhena, por suas indicações e sugestões. À Capes e ao CNPq, pelas inúmeras contribuições e pelo suporte oferecido. vi No processo de conhecimento não há consenso e não há ponto de chegada. Há o limite de nossa capacidade de objetivação e a certeza de que a ciência se faz numa relação dinâmica entre razão e experiência e não admite a redução de um termo ou outro. (MINAYO, 2000, p. 228) Pensar a história, na história e com a história é também reconhecer desvios e equívocos que aconteceram no passado e ainda acontecem. A Igreja, como qualquer outra instituição humana, é portadora de fragilidades e ambigüidades. Reconhecê-las, longe de ser ocasião de autocomiseração ou autojustificação, é condição e alerta que previne reincidências, é alento e parâmetro para superação das contradições. (VILHENA; PASSOS, 2005, p. 13) vii RESUMO A pesquisa teve como foco a atuação dos arcebispos da Arquidiocese paulistana, da Igreja Católica, no período de 1956 a 1985, a partir da análise do semanário O São Paulo. Ela buscou uma orientação histórica e sociológica, com base documental e oral. Partiu das matrizes ideológicas utilizadas pelos arcebispos – Dom Agnelo Rossi e Dom Paulo Evaristo Arns – revisitando o período anterior, de Dom Carmelo V. Motta, frente à Fundação Metropolitana Paulista, mantenedora do jornal O São Paulo. As fontes documentais se basearam em documentos históricos sobre a Igreja Paulistana, e as publicações d’O São Paulo, privilegiando as matérias da primeira página e os editoriais; e empregando os aportes da análise de conteúdo sob o ângulo de distintos autores. As fontes orais foram constituídas a partir dos sujeitos de pesquisa selecionados qualitativamente com critérios vinculados a História Oral, tendo em vista as experiências pessoais no Clero e suas relações com os MCS da Arquidiocese de São Paulo. As entrevistas foram realizadas com o arcebispo emérito cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, com Pe. Antônio Aparecido Pereira, com Frei Carlos Josaphat, Prof. Dr. Fernando Altemeyer, Dom Angélico Bernardino Sândalo, Dom Antônio Celso de Queiroz e Dom Benedicto Ulhôa Vieira e foram orientadas por um roteiro semi- estruturado formulado a partir dos problemas de pesquisa. As interpretações e análises das fontes documentais e orais perceberam a Igreja Católica como um sujeito coletivo que pautou- se em diferentes matrizes ideológicas expressadas frente ao contexto sociohistórico do período analisado. A Igreja Católica de São Paulo por meio do seu semanário expressou diferentes discursos que evidenciaram as drásticas transformações ideológicas ocorridas a partir do final da década de 1960 e início de 1970, associadas aos fatores internos e externos à estrutura institucional. Foi percebido que há um fio condutor entre as diferentes fases e contextos, com base na sua missão eclesial e seu projeto religioso, que se define como um ideal que não se caracteriza enquanto sistema econômico ou político. A gestão do cardeal Arns, a partir de 1970, difundiu n’O São Paulo a idéia de “vocação cidadã”, centrada na manutenção da verdade, da justiça, da liberdade política, religiosa, da participação das organizações sociais, e do compromisso da Igreja Católica na defesa radical do homem. viii ABSTRACT The research focused on the Catholic Church archbishops acting in the archdiocese of São Paulo from 1956 to 1985, based on the analysis of O São Paulo. The work aimed a historical and sociological orientation based on documents and interviews. The initial point is the ideology used by the archbishops – Dom Agnelo Rossi e Dom Paulo Evaristo Arns – revisiting the prior period, Dom Carmelo V. Motta, head of the Fundação Metropolitana Paulista, responsible for the journal O São Paulo. The documental sources were based on historical documents about the Paulistana Church, and the publications of O São Paulo, privileging the articles and the editorials; using different authors to analise their contents. The oral sources were constituted on the subjetcs, which were selected using criteria based on the Oral History, using the personal experience inside the Clergy and their relationship with the MCS from the Archidiocese of São Paulo. The emeritus archbishop cardinal Dom Paulo Evaristo Arns, father Antônio Aparecido Pereira, monk Carlos Josaphat, Prof. Dr. Fernando Altemeyer, Dom Angélico Bernardino Sândalo, Dom Antônio Celso de Queiroz and Dom Benedicto Ulhôa Vieira were interviewed following a script based on the problems of the research. Depending on the historial and sociological period analysed, the Catholic Church was a collective body that expressed different ideologies, according to the documental and oral sources. The Catholic Church of São Paulo by its weekly publication expressed different speeches that made evident the drastic changings that took place during the 1960’s and 1970’s, associated to inner and outer factors of the intitutional structure. We can see that there is a link on the different phases and contexts, based on the ecclesiastic mission and the religious project, defined as an ideal that does not characterize itself as neither a political, nor an economy system. The cardinal Arns’ conduct, started during the 1970’s, propagated through the O São Paulo an ideal, centered on the maintenance of truth, justice, political and religious freedom, social organizations participation and the commitment of The Catholic Church to the extreme defense of man. ix APRESENTAÇÃO ... se há alguém que mereça estátua pública nesse País, não são coronéis, não são autoridades eclesiásticas, não são marechais, é o povo, é o povo brasileiro, este que realmente deve ser respeitado ... (BERNARDINO, 1999) x É interessante destacar alguns aspectos que envolveram a história desta pesquisa, cuja proposta é uma formulação que perpassa os campos teórico, metodológico e pessoal. No entanto, a elaboração sobre um pouco da história que me vinculou ao tema de pesquisa é um exercício diferente e peculiar. O interesse em investigar algo que estivesse vinculado à Igreja Católica é resultado de um período de militância pessoal na Pastoral da Juventude – na Diocese de Jales, São Paulo, destacadamente, uma fase marcante e que influenciou, inclusive, na própria escolha pelo curso de ciências sociais, quando ingressei na Unesp de Araraquara, em 1994. Essa etapa, compreendida entre 1988 e 1993, foi muito rica não só no envolvimento com inúmeras atividades religiosas, mas também com as mobilizações estudantis, atividades culturais, discussões sobre questões políticas e sociais da realidade brasileira. As propostas de trabalho da Pastoral da Juventude não abrangiam apenas a dimensão espiritual; por ter uma vinculação com a Teologia da Libertação, eram constantes as discussões e estudos sobre a história recente do Brasil, privilegiando questões polêmicas ou problemas sociais, como reforma agrária, pena de morte, MCS, violência, participação da juventude na sociedade, política, drogas e outras questões. Fazia-se um vínculo constante com o período do regime militar (1964- 85), até porque era uma época pós-“abertura política”, e também pelo fato da xi Pastoral da Juventude (PJ) ter sua origem nos movimentos da Juventude Católica que atuaram nas décadas de 1950-60. A partir de 1994, desvinculei-me da órbita da PJ e ingressei no meio universitário. Foi uma decepção muito grande, uma vez que, inicialmente, não conseguia separar ou distinguir a militância da formação acadêmica. Além disso, a própria estrutura universitária não correspondia às expectativas, que eram maiores