UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA Conservação genética de granulosa Lindley: uma orquídea ameaçada de extinção

Tese de Doutorado

CristianeGouvêaFajardo

Orientador: Dr.WagnerFrancoMolina Co-orientador: Dr.Fábio deAlmeidaVieira

Natal-RN 2014

1

CRISTIANE GOUVÊA FAJARDO

Conservação genética da orquídea Cattleya granulosa Lindley

Tese de Doutorado apresentada como requisito para a obtenção do título de Doutor, pelo Programa de PósGraduação em Ecologia, Área de Ecologia Terrestre, Universidade FederaldoRioGrandedoNorte. NatalRN 2014

1

“O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.”

Albert Einstein

2

SUMÁRIO Apresentação ...... 1 Resumo ...... 2 Abstract ...... 3 Introdução ...... 4 Objetivos ...... 8 Referências ...... 9

Capítulo 1 ConservaçãoGenéticadePopulaçõesNaturais:UmaRevisãopara ...... 12 1.Resumo ...... 13 2.Abstract ...... 14 3.Introdução ...... 15 4.Conservaçãogenéticaeecologiamolecular ...... 16 4.1.Aplicações ...... 16 4.2.Unidadesevolutivassignificativas ...... 17 4.3.Conservaçãoefilogeografia:Oqueconservar? ...... 18 5.ConservaçãoGenéticaemOrchidaceae ...... 21 6.Consideraçõesfinais ...... 32 7.Referências ...... 33 Capítulo 2 Distribuiçãoespacialde Cattleya granulosa Lindl.:umaorquídeaameaçadade extinção ...... 42 1.Resumo ...... 43 2.Abstract ...... 44 3.Introdução ...... 44 4.MaterialeMétodos ...... 46 5.ResultadoseDiscussão ...... 49 6.Conclusões ...... 53 7.Referências ...... 53

Capítulo 3 InterspecificGeneticAnalysisofOrchidsinBrazilUsingMolecularMarkers ...... 56 1.Abstract ...... 58 2.Introduction ...... 59 3.MaterialandMethods ...... 60 4.Results ...... 62 5.Discussion ...... 63 6.References ...... 67

Capítulo 4 Estruturagenéticade Cattleya granulosa Lindley:umaorquídeaameaçadadaFloresta AtlânticaBrasileira ...... 76 1.Resumo ...... 77 2.Abstract ...... 78 3.Introdução ...... 79 4.MaterialeMétodos ...... 81 5.Resultados ...... 86 6.Discussão ...... 94 7.ImplicaçõesparaConservaçãode C. granulosa ...... 100 8.Referências ...... 102

3

APRESENTAÇÃO

Apresenteteseestáorganizadaemquatrocapítulosquecorrespondem aos artigos elaborados com base nos resultados obtidos para a espécie Cattleya granulosa Lindl.(Orchidaceae). O primeiro capítulo corresponde ao artigo “Conservação genética de populaçõesnaturais:umarevisãoparaOrchidaceae”,preparadoparaenvioà revistaAnnual Review & Research in Biology .Esseartigotevecomoobjetivo revisareproporumadiscussãosobreaimportânciadaconservaçãogenética paraa elaboraçãode estratégias conservacionistas adequadas à distribuição espacial da diversidade genética, sendo apresentados e contextualizados exemplos de estudos de conservação genética e filogeografia para família Orchidaceae. O segundo capítulo se refere à “Distribuição espacial de Cattleya granulosa Lindl.: uma orquídea ameaçada de extinção” que foi enviado na forma de artigo para a revista FLORAM (Floresta e Ambiente ) e teve como objetivoavaliarosníveisdeagregaçãoespacialemumapopulaçãode Cattleya granulosa Lindl.eanalisaraspossíveiscausasassociadas. Oterceirocapítulocorrespondeaoartigo“Interspecificgeneticanalysis oforchidsinBrazilusingmolecularmarkers”oqualfoiaceitoparapublicação no periódico Systematics and Evolution e discute as relações filogenéticas de Cattleya granulosa Lindl. com outras quatro espécies de , tuberculata Hook, Cattleya bicolor Lindl, Cattleya labiata Lindl.e Cattleya schofieldiana Rchb.f.,utilizandomarcadoresISSR. O quarto capítulo, intitulado “Estrutura genética de Cattleya granulosa Lindley: uma orquídea ameaçada da Floresta Atlântica Brasileira” será submetido ao periódico Biodiversity and Conservation e teve como objetivo avaliar a diversidade genética de 12 populações de Cattleya granulosa , auxiliandonasestratégiasdeconservação.

Natal,08defevereirode2014.

1

Resumo Cattleya granulosa Lindl. é uma orquídea de grande porte endêmica de fragmentosdeFlorestaAtlânticadolitoraldoNordestebrasileiro.Afacilidade decoleta,singularidadedesuasflores,quepossuem cores variadasentreo verdeecastanhoavermelhado,edistribuiçãoemáreascosteirasdeinteresse econômico tornam suas populações um alvo constante da coleta predatória, quetambémsofremdegradaçãoambiental.Devidoaoimpactogeradoemsuas populações,aespécieestáameaçada.Esteestudotevecomoobjetivosavaliar os níveis de agregação espacial em uma população preservada, analisar as relações filogenéticas de C. granulosa Lindl. com outras quatro espécies de (Brassavola tuberculata , C. bicolor , C. labiata e C. schofieldiana ) e ainda avaliar a diversidade genética remanescente de 12 populações de C. granulosa ,pormeiodemarcadoresISSR.Verificouseespecificidadedaepífita C. granulosa Lindl.comumúnicoforófito,indivíduosarbóreosde Eugenia sp. C. granulosa Lindl.possuipadrãoespacialagregado,commaiordensidadede vizinhos no raio de até 5 m. Quanto às relações filogenéticas e padrões genéticoscomoutrasespéciesdogênero, C. bicolor exibiuomaioríndicede diversidadegenética(H E=0,219),enquanto C. labiata exibiuonívelmaisbaixo (H E=0,132).Aporcentagemdevariaçãogenéticaentreasespécies(AMOVA) foide23,26%.Aanálisedecomponentesprincipais(PCA)mostroudivergência genéticaentreasespéciesunifoliadasebifolioladas.APCAtambémindicou uma relação estreita entre C. granulosa Lindl. e C. schofieldiana , que é considerada por muitos pesquisadores uma variedade de C. granulosa . AnálisesgenéticaspopulacionaisutilizandoISSRapresentaramtodososlocos polimórficos.Aaltadiferenciaçãogenéticadaspopulações (ФST = 0,391; P < 0,0001) determinou a estruturação em nove grupos, conforme modelo Log likelihooddaanáliseBayesiana,compadrãosimilarnodendrograma(UPGMA) ePCA.Umacorrelaçãopositivaesignificativaentreasdistânciasgeográficase genéticasfoiidentificadaentreaspopulações(r =0,794; P =0,017),indicando o isolamento pela distância. Padrões de diversidade alélica sugerem a ocorrência de gargalos populacionais na maioria das populações de C. granulosa Lindl. (n = 8) . Os dados genéticos obtidos permitem indicar quea manutençãodadiversidadegenéticadaespécieécomplexaeestádiretamente relacionada com a conservação de diversas unidades ou grupos que estão espacialmentedistantes. Palavra-chave: Epífita, Filogenia, Genética de Populações, Mata Atlântica, Orchidaceae,GargalosGenéticos.

2

Abstract

Cattleya granulosa Lind is a large and endemic orchid in Atlantic Forest fragments in Northeast Brazil. The facility of collecting, uniqueness of their flowers, which have varying colors between green and reddish brown, and distribution in coastal areas of economic interest make their populations a constanttargetofpredation,whichalsosufferfromenvironmentaldegradation. Duetotheimpactontheirpopulations,thespeciesisthreatened.Inthisstudy, weevaluatethelevelsofspatialaggregationinapreservedpopulation,analyze the phylogenetic relationships of C. granulosa Lindl. with four other Laeliinae species( Brassavola tuberculata , C. bicolor , C. labiata and C. schofieldiana )and also to evaluate the genetic diversity of 12 remaining populations of C. granulosa Lindl. through ISSR. There was specificity of epiphytic C. granula Lindl.withasinglehosttree,speciesof Eugenia sp. C. granulosa Lindl. own spatial pattern, with the highest density of neighbors within up to 5 m. Regarding the phylogenetic relationships and genetic patterns with other speciesofthe, C. bicolor exhibited the greatest genetic diversity (H E = 0.219),while C. labiata exhibitedthelowestlevel(H E=0.132).Thepercentage of genetic variation among species (AMOVA) was 23.26%. The principal componentanalysis(PCA)ofISSRdatashowedthatunifoliateandbifoliolate speciesaregeneticallydivergent.PCAindicatedacloserelationshipbetween C. granulosa Lindl.and C. schofieldiana ,aspeciesconsideredtobeavarietyof C. granulosa Lindl. by many researchers. Population genetic analysis using ISSR showed all polymorphic loci. The high genetic differentiation between populations(Ф ST =0.391, P<0.0001)determinedthestructureintoninegroups according to loglikelihood of Bayesian analysis, with a similar pattern in the dendrogram(UPGMA)andPCA.Apositiveandsignificantcorrelationbetween geographic and genetic distances between populations was identified (r = 0.794, P=0.017),indicatingisolationbydistance.Patterns of allelic diversity suggest the occurrence of population bottlenecks in most populations of C. granulosa Lindl.(n=8).Geneticdataindicatethatenablethemaintenanceof genetic diversity of the species is complex and is directly related to the conservationofdifferentunitsorgroupsthatarespatiallydistant. Keyword: Epiphyte, Phylogeny, Population Genetics, Atlantic Forest, Orchidaceae,Bottlenecks.

3

Introdução

Aspectos biológicos e de distribuição da espécie Cattleya granulosa Lindl. Orchidaceaepossuidistribuiçãocosmopolita,porém predominantemente tropical. É constituída por cerca de 850 gêneros e 20.000 espécies, sendo considerada a família mais numerosa das Angiospermas (World Checklist of the 2006). A maior diversidadedesta família encontrase na regiãoNeotropicalcomcerca200gênerose2.500espécies(Souza&Lorenzi, 2008). Em todas as formações vegetais brasileiras há a ocorrência de orquídeas,contudoelassãomaisnumerosasnasformaçõesflorestaisúmidas, principalmente, no domínio da Mata Atlântica, onde se encontra o maior endemismoeriquezadegêneroseespécies(Stehmannetal.,2009;Barroset al.,2010). Entre as Angiospermas, Orchidaceae contém a maior proporção de espécies em vias de extinção com cerca de 6% das espécies de orquídeas consideradasdiretamenteameaçadas(Hopper&Brown,2007).Destaforma,é caracterizada a necessidade de estudos intensivos e mais específicos. O gênero Cattleya Lindl.éexclusivamenteNeotropical,possuiampladistribuição peloBrasilcomaproximadamente30espécies,dasquais 25 são endêmicas (Pabst&Dungs,1975).Cattleya émuitoimportantenafloriculturaetemsido cultivadodesdeoséculoXIX(Pinheiroetal.,2012).Devidoaoelevadovalor ornamental este gênero é um dos mais importantes da família e todas as espéciessãocoletadasintensamentenanaturezaparacultivo.Oextrativismo descontroladotemprovocadoodesaparecimentodaspopulaçõesdeorquídeas econsequentemente,muitasespéciesestãoemriscodeextinção(Cruzetal., 2003,CamaraNetoetal.,2007,Ramalho&Pimenta,2010). Dentre as espécies de Cattleya , a C. granulosa Lindl. (Figura 1), por exemplo,encontrasenalistaoficialdasespéciesameaçadasdeextinçãoda flora brasileira elaborada pela Fundação Biodiversitas sob encomenda do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2008; Martinelli & Moraes, 2013). De acordo com os critérios da International Union for Conservation of Nature , IUCN,elaestánacategoriadevulnerável(Martinelli&Moraes,2013).

4

a b c d e f Figura1:Espécimesdaorquídea Cattleya granulosa Lindl.encontradasnaspopulaçõesdoRio GrandedoNorte(a,b,c,d,e,f)(Foto:EdsonMat tos)

Cattleya granulosa Lindl. possui caules rizomatosos com pseudobulbos, eretos,cilíndricosquepodematingirde40a60cmdealtura,equedáorigem

5

ao nome popular “caneladeema”. No ápice do pseudobulbo encontramse duas ou três folhas coriáceas e carnosas revestidas por uma camada de cutícula brilhosa, assim como, uma espata simples com inflorescência racemosaterminalcontendode1a9floreslaxasdistribuídasnumaespiralem tornodeumacurtaraquede8a10cmdediâmetro(Costa,2010).Aespécieé epífitacomfloresbilateralmentesimétricasetrêssépalaspetaloidescarnosas, sendo uma dorsal e duas laterais com cores que variam entre os tons esverdeados, amarelados e castanhos avermelhados apresentandose, na maioriadasvezes,commanchasgranularesnacorvinácea(CamaraNetoet al.,2007). Cattleya granulosa Lindl.caracterizasepelapresençadeosmóforos localizados na parte interna dos lobos laterais do labelo que exalam odor fortemente adocicado e guias de néctar no labelo que absorvem luz ultravioleta. Mimetizam um modelo geral de flor tipicamente melitófila, porém produzempouconéctarfloralepodemestaratuandocomummecanismode engodo.Alémdisso, C. granulosa Lindl. éautocompatível,porémdependente depolinizadorparasuareprodução(Costa,2010). A espécie ocorre preferencialmente em região litorânea do Nordeste do Brasil e mais raramente em Floresta Montanhosas (Felix e Lima, 2002). Desenvolvedeformapreferencialemáreascompreendidasentredoisa20Km da orla marítima, restrita a fragmentos de Floresta Atlântica do Nordeste do Brasil,sendoencontradadesdeoníveldomaratéotopodealgumasdunas. Ocorrendo especialmente no Rio Grande do Norte, mas também em Pernambuco,Alagoas,Paraíba,BahiaeEspíritoSanto(Barrosetal.,2014). Como as epífitas em geral, Cattleya granulosa Lindl. constitui um potencial indicador biológico de qualidade de hábitat, pois o ambiente de ocorrência da espécie é sensível às interferências antrópicas em virtude da ocupaçãodenichosespecializados(CamaraNetoetal., 2007). Entretanto, a espécieéparticularmentevisadaporcolecionadorespelabeleza,facilidadede serencontradaeoaltovalordemercado.Todaviaasextraçõesconstantese perdadehábitatstêmcomprometidoseriamenteaintegridade da espécie. O danoambiental,emboraaindacomextensãodesconhecida,semostradedifícil reparação,sobretudoemrelaçãoàsrestriçõesquealcanceoretornoaoestado original(Ramalho&Pimenta,2010).Defato,apesardaimportânciaecológica, C. granulosa Lindl. encontrase ameaçada pelo desenvolvimento urbano

6

acelerado, crescimento da especulação imobiliária e coleta predatória (CamaraNetoetal.,2007),merecendopesquisasurgentesvisandodeterminar seuestadoatualdeconservação.

Perda e isolamento de hábitats: implicações na estrutura genética das populações naturais A fragmentação das florestas nativas, assim como a extração ilegal de orquídeas, tiveram uma influênciafortenaextinção local de muitas espécies. Atualmente,afamíliaOrchidaceaeéumdosmelhoresexemplosnosquaisas espéciesemextinçãoresultamdasatividadeshumanas(ÁvilaDiaz&Oyama, 2007). Com isso, há um aumento da demanda por informações científicas oriundas das áreas de genética de populações, evolução e biologia da conservação para as orquídeas, visando à conservação e definição de estratégiasdepreservaçãodabiodiversidade.Asinferências de conservação genética e filogeográficas permitem compreender sobre a evolução das espéciesemseusbiomasdeocorrência,bemcomodesenvolverestratégiasde conservaçãoquemaximizemadiversidadegenéticada espécie e preservem osprocessosevolutivos(Avise,2000). Amanutençãodadiversidadegenéticaentreedentrodaspopulaçõesé algocrítico,eéobjetodeestudoparaprogramasde conservação em longo prazo. A alta diversidade genética nas populações permite as espécies adaptaremse melhor a mudanças ambientais e determinar sua capacidade evolutiva (Futuyma, 2002). De fato, análises no campo demonstraram a existênciadeumacorrelaçãopositivaentreosníveisdediversidadegenéticae a aptidão em plantas (Schmidt & Jensen, 2000). Para espécies em risco de extinção, a identificação depopulações e genótipos divergentes é um passo importante para definir unidades de conservação com importância evolutiva (ÁvilaDiaz&Oyama,2007). Ospoucosestudosdegenéticadepopulaçõesdeorquídeas enfocaram geralmenteasplantasterrestres(Trapnelletal.2004).Emcontraste,apesarda alta diversidade de espécies e importância ecológica de espécies epífitas, estastêmrecebidomenosatenção,provavelmenteporcausadasdificuldades aoacessarodosseleaestruturametapopulacionaldosmesmos(Trapnellet

7

al.2004;Trapnell&Hamrick,2005).Taisestudostêmreveladoqueespécies de fecundação cruzada têm maior diversidade genética do que espécies de autofecundaçãoeapomíticas(Sun&Wong,2001;Wallace,2004),espéciesde maiordistribuiçãogeográficaemgeralapresentammaioresníveisdevariação genética do que espécies endêmicas e de distribuição restrita (Case et al., 1998; Borba et al., 2001) e, frequentemente, grandes populações têm maior diversidadegenética(Gustafsson,2000;Cozzolinoetal.,2003). Aavaliaçãodasconsequênciasdareduçãoeisolamentodepopulaçõesé fundamental para predizer o destino de espécies em fragmentos florestais e paraoplanejamentoefetivodeprogramasdemanejoempequenasáreasde floresta (Vieira et al., 2012). Em populações pequenas e isoladas, como os indivíduos se tornam restritos a pequenos fragmentos, ocorre o isolamento espacial entre as populações remanescentes (Young et al., 1996). Tais alteraçõesrefletemnosprocessosdederivagenética,fluxogênico,seleçãoe no sistema de cruzamentos (Couvet, 2002). Sendo esses processos determinantes do grau de diversidade genética na espécie, bem como sua distribuiçãoentreindivíduosepopulações.Osprincipaisefeitosgenéticossão amudançanaestruturagenéticapopulacionaleoaumentodaendogamia,que podemacarretarfortesprejuízosàspopulaçõesdeorquídeas(Alcantaraetal., 2006). Apesarda grande diversidade deespéciesde Orchidaceae, a família é caracterizadaporpossuirumbaixosucessoreprodutivodevidoàlimitaçãode polinização.Osucessoreprodutivoédesviadoparaalgunsindivíduosemuma populaçãoemuitasvezesotamanhoefetivopopulacionaltornasepequeno.A estruturaespacialdapopulação,osucessoreprodutivoefluxogênicoentreas populaçõessugeremque,emmuitassituações,aderivagenéticapodesertão importantecomoaseleçãonapromoçãodavariaçãogenética e morfológica nestafamília(Tremblayetal.,2005). Orchidaceae representa um excelente exemplo de diversificação rápida deespécies,incluindoairradiaçãoadaptativa,propiciandoainvestigaçãosobre umagrandequantidadedeprocessosecológicoseevolutivos(Tremblayetal., 2005). Em geral, o potencial de reprodução e fluxo gênico de muitas populações de orquídeas é comprometido devido aos elevados níveis de endemismo,dispersãoesporádicaeperdadehábitat.Paraasespéciesquejá

8

estão ameaçadas de extinção, reduções no fluxo gênico podem afetar rapidamenteovaloradaptativo(Pinheiroetal,2012). Percebese que atualmente a destruição do hábitat é a maior ameaça para a sobrevivência das populações de C. granulosa . Algumas populações encontramse seriamente ameaçadas de extinção, devido principalmente ao reduzido número de indivíduos e isolamento espacial das populações, consequênciadaexpansãoimobiliáriaeàexploraçãoextrativista(Ramalho& Pimenta,2010). Considerandoesseperfildemográficoparaaespécieeassociandooàs prediçõesteóricas,esperamsebaixosníveisdevariaçãogenéticadentrodas populações e altos níveis de diferenciação genética entre as populações, devidoespecialmenteàderivagenéticaealimitadadispersãodegenes,que têm efeito significativo em populações reduzidas (Couvet, 2002). Assumindo este cenário, hipotetizase que as populações atuais da espécie sofreram recentes gargalos genéticos ( bottlenecks ), com significativos decréscimos no tamanhoefetivopopulacional. Objetivos

Objetivo Geral Acessar a distribuição espacial da variabilidade genética de populações de Cattleya granulosa ,oníveldediferenciaçãogenéticaemrelaçãoaoutras espécies do gênero Cattleya e proposições para a conservação biológica da espécie.

Objetivos Específicos i. Revisarestudosdediversidadegenéticaeconservaçãogenéticadentroda famíliaOrchidadeae; ii. Caracterizar o padrão espacial de distribuição dos indivíduos de C. granulosa Lindl. dentro de uma população modelo e inferir aspectos de sua dispersão; iii. Estimaroníveldediversidadegenéticaeograudeparentescoentrecinco espéciesdeLaeliinaepormeiodemarcadoresISSR . iv. Avaliaradiversidadegenéticaintereintrapopulacionalde C. granulosa .

9

Referências AlcantaraS,SemirJ,SolferiniVN,(2006)Lowgeneticstructureinanepiphytic Orchidaceae ( Oncidium hookeri ) in the Atlantic Rainforest of South easternBrazil.AnnalsofBotany,98:12071213. ÁvilaDiaz I; Oyama K, (2007) Conservation genetics of an endemic and endangeredepiphytic Laelia speciosa (Orchidaceae)AmericanJournalof Botany,94(2):184193. Avise JC (2000) Phylogeography: The History and Formation of Species.HarvardUniversityPress,Cambridge,MA. Barros F, Vinhos F, Rodrigues VT, Barberena FFVA, Fraga CN, (2010) OrchidaceaeinRCForzza,etal(org.).CatálogodeplantaseFungosdo Brasil.JardimBotânicodoRiodeJaneiro,2:13441426. Barros F, Vinhos F, Rodrigues VT, Barberena FFVA, Fraga CN, Pessoa EM, ForsterW,MeniniLN(2014)Orchidaceaeinlistadeespéciesdaflorado Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB11344 ) Acessoem: 19 Abr.2014. Borba EL, Felix, JM, Solferini, VN, Semir J (2001) Flypollinated Pleurothallis (Orchidaceae) species have high genetic variability: evidence from isozymemarkers.AmericanJournalofBotany,88:419428. CamaraNetoC,ChavesCamaraI,MedeirosSC,BragaMRA,(2007)Rescuing Cattleya granulosa Lindleyinthewild.Lankesteriana7(2):243246. Case MA, Mlodozeniec HT, Wallace LE, Weldy TW (1998) Conservation genetics and taxonomic status of the rare Kentucky lady’s slipper: Cypripedium kentuckiense (Orchidaceae). American Journal of Botany, 85:17791786. Costa RA, (2010) Biologia floral e sistema reprodutivo de Cattleya granulosa Lindl., uma Orchidaceae ameaçada e endêmica do Nordeste do Brasil, Dissertação de Mestrado da PósGraduação em Biologia Vegetal, UniversidadeFederaldePernambuco/UFPE,Recife,64p. Couvet D, (2002) Deleterious effects of restricted gene flow in fragmented populations.ConservationBiology,16(2):369376. CozzolinoS,CafassoD,PellegrinoG,(2003)MusacchioA,Widmer,A.Fine scale phylogeographical analysis of Mediterranean Anacamptis palustris (Orchidaceae) populations based on chloroplast minisatellite and microsatellitevariation. CruzDT;Borba,EL;vandenBergC,(2003)Ogênero Cattleya noestadoda Bahia.Sitientibus3(12):2836. FelixLP,LimaRC(2002)DiversidadedeorquídeasnoEstadodePernambuco. In:MarceloTabareli,JosáMariaCardosodaSilva.(Org.).Diagnósticoda biodiversidadedePernambuco.Recife:Massangana,1:207218.

10

Futuyma DJ, (2002) Biologia evolutiva. 2º. ed. Ed. Funpec, Ribeirão Preto, 631p. Gustafsson S, (2000) Patterns of genetic variation in Gymnadenia conopsea , thefragrantorchid.MolecularEcology,9:18631872. Hopper SD, Brown AP, (2007) A revision of Australia’s hammer orchids (Drakaea :Orchidaceae),withsomefielddataonspeciesspecificsexually deceivedwasppollinators.AustralianSystematicBotany,20:252–285. MartinelliG,MoraesMA(2013)LivrovermelhodafloradoBrasil.1.ed.Riode Janeiro: Andrea Jakobsson: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do RiodeJaneiro. MinistériodoMeioAmbiente.Instruçãonormativanº6,de23desetembrode 2008.55p. Pabst GFJ; Dungs F, (1975) Orchidaceae Brasiliensis. Band 1. Hildesheim: BrückeVerlagKurtSchmersow,408. Pinheiro LR, Rabbani ARC, Silva AVC, Lédo AS, Pereira KLG, Diniz LEC, (2012)GeneticdiversityandpopulationstructureintheBrazilian Cattleya labiata (Orchidaceae)usingRAPDandISSRmarkers.PlantSystematics andEvolution298:111. Ramalho AMZ, Pimenta HCDP, (2010) Valoração econômica aplicada à extração ilegal da orquídea Cattleya granulosa no Parque Natural Dom Nivaldo Monte de Natal/RN. Engenharia Ambiental Espírito Santo do Pinhal,7(1):181194. SchmidtK,JensenK,(2000)GeneticstructureandAFLPvariationofremnant populationsintherareplant Pedicularis palustris (Scrophulariaceae)and its relation to population size and reproductive components. American JournalofBotany87:678689. StehmannJR;Forzza,RC;SalinoA;SobralM;CostaDP,KaminoLHY,(2009) PlantasdaFlorestaAtlântica.JardimBotânicodoRiodeJaneiro,Riode Janeiro,516p. Sun M, Wong KC, (2001) Genetic structure of three orchid species with contrasting breeding systems using RAPD and allozyme markers. AmericanJournalofBotany,88:21802188. Trapnell DW, Hamrick JL, (2005) Mating patterns and gene flow in the neotropicalepiphyticorchid, Laelia rubescens .MolecularEcology14:75 84. Trapnell DW, Hamrick JL, Nason JD, (2004) Threedimensional finescale genetic structure of the neotropical epiphytic orchid, Laelia rubescens . MolecularEcology,13:11111118. Tremblay RL, Ackerman JD, Zimmerman JK, Calvo RN (2005) Variation in sexual reproduction in orchids and its evolutionary consequences: a spasmodic journey to diversification. Biological Journal of the Linnean Society,84:154. Vieira FA, Fajardo CG, Souza AM, Reis CAF, Carvalho D, (2012) Finescale genetic dynamics of a dominant neotropical tree in the threatened BrazilianAtlanticRainforest.TreeGenetics&Genomes8:1191–1201. 11

Wallace LE, (2004) A comparison of genetic variation and structure in the allopolyploid huronensis and its diploid progenitors, Platanthera aquilonis and Platanthera dilatata (Orchidaceae). Canadian JournalofBotany82:244252. WorldChecklistofMonocotyledons(2006)TheboardoftrusteesoftheRoyal BotanicGardens,Kew.(www.kew.org).Acessoem07/12/2011. YoungA,BoyleT,BrownT(1996).Thepopulationgenetic consequences of habitatfragmentationfor.TrendsEcologyEvolutionary11(10):413 418.

12

______CAPÍTULO1

CONSERVAÇÃO GENÉTICA DE POPULAÇÕES NATURAIS: UMA REVISÃO PARA ORCHIDACEAE

13

CONSERVAÇÃO GENÉTICA DE POPULAÇÕES NATURAIS: UMA REVISÃO PARA ORCHIDACEAE

CristianeGouvêaFajardo 1,FábiodeAlmeidaVieira 1,WagnerFrancoMolina 2

1 Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias, Universidade Federal do Rio GrandedoNorte,UFRN,Macaíba/RN. 2 DepartamentodeBiologiaCelulareGenética,UniversidadeFederaldoRioGrandedoNorte, UFRN,Natal/RN.

Resumo

Esta revisão apresenta a importância da conservação genética para a elaboraçãodeestratégiasconservacionistasadequadasàdistribuiçãoespacial dadiversidadegenética,sendoapresentadosecontextualizadosexemplosde estudosdegenéticadepopulaçõesefilogeografianafamíliaOrchidaceae.O principalfocodabiologiadaconservaçãoéacompreensãoeamanutençãoda diversidadegenética,jáqueelaforneceopotencialadaptativoeevolutivode uma espécie. Deste modo, o conhecimento da diversidade genética de uma espécieé primordial para as ações de conservação e manejo. Os níveis de variabilidadegenéticapodemserdeterminadospelaestruturapopulacionalde uma espécie, sendo o resultado de características reprodutivas e demográficas, ocasionadas pela interaçãoe ação uma série de mecanismos evolutivos e ecológicos. A avaliação da estrutura populacional das espécies permitedescobrirasUnidadesEvolutivasSignificativas(UESs),quedevemser explicitamente definidas em características que realcem o potencial para a sobrevivênciadaespécie.Porconseguinte,énecessárioquehajaumfocona preservaçãodadiversidadefuncional.Técnicasgenéticassãoessenciais,pois fornecemestimativasdefluxogênicoentreaspopulaçõese,assim,norteiam os esforços para sustentar os níveis genéticos e intercâmbio entre as populações. Os métodos filogenéticos e filogeográficos contribuem para responderdiversasquestõesembiologiadaconservação,comoquaissãoos locaisprioritáriosparaaconservação,quaisespéciesconservarequaissãoos esforçosconservacionistasnecessários.E,finalmente,delineiamasestratégias que devem ser tomadas para conservar a maior quantidade de diversidade genética,visandomanteropotencialevolutivodeumaespécieoupopulação.

Palavras-chave: ecologia molecular, espécie ameaçada, estratégias de conservação,diversidadegenética,unidadesevolutivassignificativas.

14

CONSERVATION GENETICS OF NATURAL POPULATIONS: A REVIEW FOR ORCHIDACEAE

Abstract

This review shows the importance of genetic conservation for developing appropriate conservation strategies to the spatial distribution of genetic diversity,andispresentedandcontextualizedexamplesofstudiesofpopulation genetics and phylogeography in the Orchidaceae. The main focus of conservationbiologyistheunderstandingandmaintenanceofgeneticdiversity, sinceitprovidestheadaptiveandevolutionarypotentialofaspecies.Therefore, knowledgeofthegeneticdiversityofaspeciesisessentialfortheconservation andmanagementactions. Levels of genetic variability may be determined by the population structure of a species as the result of reproductive and demographiccharacteristics,causedbytheinteractionandactionanumberof evolutionary and ecological mechanisms. The evaluation of the population structureofthespeciesallowsdiscovering theEvolutionarily Significant Units (ESUs)thatmustbeexplicitlydefinedfeatureswhichenhancethepotentialfor thesurvivalofthespecies.Therefore,theremustbeafocusonpreservationof functional diversity. Genetic techniques are essential because they provide estimates of gene flow between populations and thereby guide the efforts to sustainthelevelsandgeneticexchangebetweenpopulations.Phylogeneticand phylogeographiccontributetoanswervariousquestionsinconservationbiology. As which sites are priorities for conservation, which conserve species, which conservationeffortsareneeded.And,finally,howtosavethemostamountof genetic diversity to maintain the evolutionary potential of a species or population.

Keywords: Molecular ecology, endangered species, conservation strategies, geneticdiversity,evolutionarilysignificantunits.

15

Introdução

A compreensão e a manutenção da diversidade genética é um dos principais focos da biologia da conservação, já que é ela que fornece o potencialadaptativoeevolutivodeumaespécie(Moritz,1994).Dessaforma,o conhecimento da diversidade genética de uma espécie é primordial para as ações de conservação e manejo. Os níveis de variabilidade genética podem ser determinados pela estrutura populacional de uma espécie, sendo o resultado de características reprodutivas e demográficas, ocasionadas pela interação e uma série de mecanismos evolutivos e ecológicos (eg. Alvarez Buyllaetal.,1996;Smithson,2006;Vieiraetal.,2012). Nestesentido,éfundamentalavaliarseospadrõesdeestruturaçãoda diversidade genética se devem às características naturais da espécie, ou consequência de barreiras físicas, muitas vezes produzidas por ações antrópicas, como o processo de fragmentação do hábitat (Frankham et al., 2008). A fragmentação dos ecossistemas provoca uma descontinuidade da distribuição da vegetação original, acarretando importantes reduções nos hábitatsdisponíveisàsplantaseanimaissilvestres.Esteprocessopodelevara perdas da biodiversidade e mudanças na distribuição e abundância dos vegetais,associadasaospadrõesdedispersãoemigração(Olson,2001). Estudosembiologiadaconservaçãotêmprocuradointegrardisciplinas comoaecologia,asistemáticabaseadaemdadosmoleculareseagenéticade populações, criando uma área de investigação científica denominada Conservação Genética (Frankham, 1995). Nas últimas décadas houve tentativas de unir os princípios teóricos da Genética de Populações, interessada nas alterações de frequências alélicas e genotípicas, com os princípios teóricos da Ecologia de Populações, preocupados em entender as relações de causa e efeito na regulação do número de indivíduos. Assim, surgiu a Biologia de Populações, que vem oferecendo embasamento teórico consistente para analisar e interpretar, sob o enfoque evolutivo, a dinâmica populacional(Simberloff,1988). Namedidaemqueosprocessosdeevoluçãoeespeciaçãoporseleção natural ocorrem de forma variável em cada local, a distribuição espacial da diversidade genética segue padrões geográficos (Wright, 1931). Nesse contexto,umaespéciepodeterdistribuiçãocosmopolitaouseguirpadrõesde 16

endemismo de acordo com as variações e barreiras geográficas. Uma explicaçãopossívelparaadistribuiçãodadiversidadegenéticadeumtáxonéa dequesuadistribuiçãogeográficaatualdeveseaumadispersãoapartirda região na qual a linhagem evoluiu originalmente (Guo et al., 2012). Tanto a partirdadispersão,comaqualumnovoambientepodeserocupado,quanto por mudanças na distribuição espacial associada a processos de isolamento geográfico, muitos padrões de vicariância foram produzidos, e, consequentemente,deendemismo(Kruckeberg&Rabinowitz,1985). Neste sentido,métodos filogenéticosefilogeográficos são ferramentas importantesparaagenéticadepopulações(Moritz&Faith1998;Newtonetal., 1999),quepodemcontribuirpararesponderalgumasquestõesembiologiada conservação:Oqueconservar?Ondefocalizarosesforçosconservacionistas? Comoconservaramaiorquantidadedediversidadegenéticavisandomantero potencialevolutivodeumaespécieoupopulação? O objetivo deste trabalho é revisar a importância da conservação genética para a elaboração de estratégias conservacionistas adequadas à distribuição espacial da diversidade genética, sendo apresentados e contextualizadosexemplosdeestudosdeconservaçãogenéticaefilogeografia nafamíliaOrchidaceae. Conservação Genética e Ecologia Molecular

Aplicações

AtualmenteaConservaçãoGenéticaeaEcologiaMolecular são duas áreas amplamente sobrepostas, uma vez que grande parte dos estudos considerados como pertencendo à Ecologia Molecular trata da utilização de polimorfismogenéticoempopulaçõesnaturaiscomobaseparaacompreensão defenômenosevolutivos,demográficosouecológicos(Milliganetal.,1994),os quais devem ser considerados nas estratégias de conservação genética dos táxons(Vieira&Carvalho,2008). Areconstruçãodopadrãoevolutivopodedeterminarprioridadesparaa conservaçãobiológica.Istoincluiainvestigaçãodasrelaçõesfilogenéticas,ou taxa supraespecíficos, que visam compreender os processos evolutivos e

17

biogeográficosqueatuamemdeterminadogrupo,ouainda,definirproblemas de sistemática envolvendo espécies ameaçadas (Moritz, 1995). Essas averiguaçõespodemtergrandeinfluêncianodelineamentodepolíticasparaa preservação do grupo em questão (O´Brien & Mayr, 1991). Uma proposta relevante, por exemplo, seria a de que taxa distantes filogeneticamente, ou seja,quenãoapresentamgruposirmãospróximos,devamserpriorizadospara finsdeesforçosdeconservaçãoemrelaçãoaoutrosquepertencemagrupos amplamenterepresentadosnabiotaatual(Eizirik,1996). Desde a sua concepção, a Genética da Conservação tem se concentrado nas consequências genéticas de populações pequenas, que podem limitar a sobrevivência de espécies (Frankel, 1974). Além disso, contribui com a resolução de incertezas taxonômicas e unidades de gestão (Bytebier et al., 2007), e do uso de análises genéticas moleculares em medicinaforenseecompreensãodabiologiadasespécies(Chenetal.,2012). Os marcadores genéticos auxiliam nos programas de conservação genética, monitoram espécies raras e ameaçadas e permitem identificar potencial de resiliência,capacidadeevolutivae taxa desobrevivênciadasfuturasgerações (Kramer&Havens,2009). Areorganizaçãodopadrãoevolutivoemnívelinfraespecíficoétambém degrandeimportânciaparaadeterminaçãodeestratégiasadequadasparaa conservação biológica, pois permite a identificação de estrutura geográfica e subdivisões populacionais históricas e ou atuais em espécies ameaçadas (Avise et al., 1987). Estudos destes padrões filogeográficos têm sido extremamente úteis na definição de unidades para a conservação e que se baseiamprimariamenteemfilogeniasintraespecíficasdelinhagensdomtDNA (Aviseetal.,1987),oucpDNAparaplantas(Beheregaray,2008).

Unidades evolutivas significativas

Ryder (1986) definiu o conceito de Unidades Evolutivas Significativas (UESs)( Evolutionary Significant Unit ).DeacordocomWaples(1991)asUESs seriam populações que estão reprodutivamente separadas e possuem adaptações únicas. Desde então, as UESs vem sendo discutidas e aprofundadas por diversos autores (Vogler et al., 1993; Moritz, 1994): uma UESsconsisteessencialmentedeumapopulaçãoougrupodepopulaçõesque

18

seencontramdiferenciadosemtermosecológicos,genéticos,emorfológicos, depopulaçõespróximas,refletindoumahistóriadeisolamentogeográficoem níveis variáveis. Esses grupos possuem características próprias, e merecem ser considerados como unidades independentes para finsde conservação.A maneiradedefinirestasunidadescertamentedependedecomointerpretaros padrõesdevariaçãoobservadosentrepopulaçõesnocontextodahistóriade vidadecadaespécie,suaevoluçãoebiogeografia(Caversetal.,2003). Segundo Moritz (1994) o critério genético para a definição de UESs seria: “ devem ser reciprocamente monofiléticas para ‘alelos’ no mtDNA e oferecer divergência significativa nas frequências alélicas em loci nucleares ”. Esta definição é bastante consistente em termos operacionais e refletiria o padrãoeaantiguidadedaseparaçãogeográficaentreosgrupospopulacionais deanimaiseplantas. Unidades Evolutivas Significativas devem ser explicitamente definidas emcaracterísticasquerealcemopotencialparaasobrevivência da espécie. Portanto, é necessário que haja um foco na preservação da diversidade funcional (Crandalla et al., 2000). Técnicas genéticas são essenciais, pois fornecemestimativasdefluxogênicoentreaspopulaçõese,assim,norteiam os esforços para sustentar os níveis genéticos e intercâmbio entre as populações.Adicionalmente,arededeconexõesgenéticasentrepopulaçõesé ateiaquemantémopotencialparaevolução(Mannietal.,2004).Assim,ao invésdefocarapenasempopulaçõesisoladas,osesforçosdevemserguiados paraamanutençãodadiversidadeaolongodapaisagemdeocorrêncianatural dasespécies(Storferetal.,2007).

Conservação e filogeografia: o quê conservar?

Adiversidadegenéticaécomponentefundamentaldabiodiversidadee sua proteção deve ser incorporada às ações e políticas conservacionistas. Entretanto, questionase a eficiência dos conceitos e métodos usados para verificar o valor da conservação da diversidade genética em relação à distribuiçãogeográfica.Assim,autilizaçãodemétodosfilogeográficospodeser útilparaidentificarconjuntosdeespéciescomhistóriasdevicariânciacomuns (Moritz&Faith,1998).

19

Há25anos,Aviseecolaboradorespropuseramaintegraçãodafilogenia e da genética de populações para investigar a ligação entre os fenômenos micro e macroevolutivos, e esse novo campo foi denominado filogeografia (Avise et al., 2008). O termo filogeografia foi proposto primeiramente para descrever a área de estudo que se ocupa dos princípios e processos que direcionam a distribuição das linhagens genealógicas, especialmente aquelas emnívelintraespecífico.Afilogeografiaassociaafilogeniaàbiogeografia,no intuito de contribuir para o planejamento da conservação, revelando rompimentoshistóricosentrepopulaçõeseespécies,ouaindaáreascomalta diversidade genética e endemismo (Beheregaray, 2008). Espécies geneticamente próximas apresentam divisões filogeográficas similares provavelmentecausadaspelasmesmasbarreiras,favorecendoestratégiasde conservaçãofundamentadasnasUESs(Criscioneetal.,2007).Destaforma,a filogeografia permite a detecção de áreas prioritárias para conservação fundamentadasemaltosníveisdediversidadegenéticaeendemismo(Newton, 1999). Descrições hierárquicas, como a construção de árvores genealógicas baseadas em marcadores nucleares ou de organelas (mtDNA ou cpDNA), podemrefletirrelaçõesfilogenéticasentrepopulaçõeseespécies(GrosLouis etal.,2005).Nessecontextodeavaliaçãodabiodiversidade,privilegiaseouso de filogenias moleculares interespecíficas para esclarecer distinções filogenéticas e seu valor para conservação (Crozier, 1997). Na abordagem filogenética, grupos monofiléticos representam linhagens historicamente isoladas,sendodefinidascomoUESs(Moritz&Faith,1998). Umaabordagemcomplementaràanálisedediversidadefilogenéticaéa comparação de filogeografia intraespecífica para diferentes espécies de distribuição geográfica similar, visando identificar áreas entre as quais tais comunidadescoevoluíramindependentementedurantealgumtempo,devidoa eventos de vicariância (Bell et al., 2011). Desta maneira, a filogeografia comparativa permite identificar UESs intraespecíficas e assembleias de espécies,incorporandoainformaçãoespacialemescalaregionalàdiversidade genética, e permitindo o planejamento adequado das estratégias de conservaçãodabiodiversidade(Moritz&Faith,1998).

20

Três passos devem ser seguidos numa investigação filogeográfica comparativa (Bermingham & Moritz, 1998): 1) definir áreas apropriadas para análise, seja por critérios externos à informação genética, como biogeografia da espécie, dados históricos da paisagem e anseios conservacionistas, ou então,osprópriosdadosgenéticospodemserutilizadosparadefinirasáreas depopulaçõesdistintas;2)determinarseexistehistóriadevicariânciaentreas áreas comparadas, indicando convergência de padrões filogeográficos entre espécies ou o reconhecimento de barreiras biogeográficas; 3) identificar combinações de áreas visando maximizar a diversidade total a ser representada. O uso da filogeografia comparativa para identificar áreas ou comunidadesevolutivamentedistintasvembuscandoaavaliaçãoqualitativada similaridadeentrefilogenias(Marcilietal.,2009).Podemseavaliarpadrõesde distribuição espacial da diversidade genética influenciados por eventos de vicariânciaquemoldaramcomunidadesdelocalidadesdistintas(Bremeretal., 2005),edeterminarvaloresparaaconservaçãodeáreasprioritárias.Portanto, esperase que a distribuição da diversidade genética e o endemismo de espécies como medidas de biodiversidadeestejam em concordância quando submetidas por forças históricas similares, isto é, histórias de vicariância comuns(Adamowiczetal.,2004). Previsões recentes sobre as perspectivas da filogeografia evidenciam um grande avanço nos estudos (Hickerson et al., 2009). A próxima fase provavelmenteabrangerádeformainterativaanálisesmúltiplasdetáxonspor meio de modelos coalescentes, estudos genômicos de seleção natural, modelagem de nicho ecológico, inferências sobre a especiação em comunidadeseaevoluçãodecaracterísticasfuncionais(Carstens&Richards, 2007). As abordagens filogeográficas e de conservação genética podem ser particularmente úteispara identificar barreiras biogeográficas e refúgios, para testar modelos demográficos alternativos, na identificação de padrões demográficosconcordantesintereintraespecíficoparaumúnicoecossistemae naanálisedeconservadorismodonichotemporal(Scoble&Lowe,2010).Os marcadoresmolecularestêmmuitoaofereceràmodelagemdedistribuiçãode espécies,emparticularnacompreensãodadinâmicahistóricadoshaplótipos (demografia) em função de variações climáticas (Jakob et al., 2007). Além

21

disso, incorporar os conhecimentos adquiridos por meio desses estudos permitirá aos gestores de conservação definir estratégias eficientes para a manutenção em longo prazo do potencial evolutivo das espécies (Scoble & Lowe,2010). Conservação Genética em Orchidaceae Orchidaceae é a maior família, em número de espécies, entre as monocotiledôneas. Segunda a classificação da APG III (2009) pertence à ordem,sendoconstituídaporaproximadamente26.000espécies distribuídas em cerca de 800 gêneros (Joppa et al., 2011). É composta por plantas epífitas, terrícolas, rupícolas, perenes e algumas são saprófitas e temporárias.Suadistribuiçãoécosmopolita,apesardesermaisabundantee diversificadaemflorestastropicais(Gravendeeletal.,2004). Lineu e Darwin foram os primeiros grandes admiradores dessa exuberância, contudo o tamanho da família tem sido historicamente um obstáculo para seu estudo (Fay & Chase, 2009). Além de ser uma família numerosa,possuemmuitasespéciessingulares,quecompõeumgrupomuito importanteparaabiologiadaconservação(Pillon&Chase,2007). Entretanto, há escassez de dados sobre as relações filogenéticas do grupo,impedindoaconstruçãodahistóriaevolutivadafamília(Swarts&Dixon, 2009a). Como a maioria das plantas, as orquídeas são particularmente ameaçadas pela perda de hábitat, especialmente as epífitas que habitam, preferencialmente,florestasprimárias,eespéciesterrestresquesãosensíveis àpoluiçãodossolos(Pillon&Chase,2007).Outraquestãopreocupantecom aspopulaçõesnaturaisdeorquídeaséacoletaindiscriminada,aquebranas conexõesecológicas,alteraçãodascondiçõesabiótica,epragasqueprovocam doenças,tornandováriasespéciesameaçadasdeextinção.Alémdisso,ainda sofrem com os impactos das alterações climáticas que acarretam consequências prejudiciais para muitas espécies em seu hábitat degradado (Swarts & Dixon, 2009b). A irradiação rápida dos grupos isolados filogeneticamente deve ser prioridade de conservação também, devido à grandebiodiversidadedetáxons(Crozier,1997).

22

Apesardosestudosrealizadosnasúltimasdécadassobreafilogeniade alguns grupos, há ainda muitas lacunas no conhecimento taxonômico de Orchidaceae(Bytebieretal.,2007;Fay&Chase,2009).Osprimeirosestudos em sistemática molecular de Orchidaceae basearamse na variação entre sequênciasdecloroplastocomintuitodecompreender a posição filogenética da família em relação às outras famílias próximas bem como entre suas subfamílias (Albert, 1994; Yukawa et al., 1996; Cameron et al., 1999). Infelizmente,Orchidaceaeestásujeitaaexcessivoserrostaxonômicosdevido à variabilidade morfológica e atração carismática pelos historiadores naturais amadores(Pillon&Chase,2007). Háduasdécadastêmseobservadoumaumentocrescente do uso de técnicasmolecularesporJardinsBotânicosegruposdepesquisanaáreade conservação de orquídeas. Os dados moleculares fornecem um quadro empírico,atravésdoqualosprofissionaisemconservaçãoterãoinformações necessáriasparadefinirprioridades,reduzircustoseaperfeiçoardecisõesde gestão. Em particular, dados moleculares permitem aos conservacionistas abordar questões de variação genética entre populações, delimitação de espécieseamanutençãodeprocessosevolutivos(vandenBergetal.,2009). As orquídeas apresentam uma série de questões genéticas complexas relacionadas, em parte, à sua elevada diversidade e, para muitos táxons, a recenteradiaçãoevolutiva(Swarts&Dixon,2009b). Estudos de filogenia Estudosrecentesfilogenéticosbaseadosemsequênciasde rbcL (DNA de plastídeos) identificaram a monofilia das cinco subfamílias atualmente reconhecidas: (Apostasioideae (Vanillioideae (Cyripedioideae ( (Epidendroideae))))). Epidendroideae e Orchidoideae são as duas maiores subfamíliaseestãodivididasem19tribose43subtribos(Cameron,2010). Adicionalmente,regiõesderápidaevolução,taiscomooespaçadorITS do DNA nuclear e os espaçadores intergênico trnL-F e matK do DNA de plastídeos,têmsidointensamenteutilizadasemestudosemníveldegênerose espécies(e.g.Batemanetal.2003,Clementsetal.2002,vandenBergetal., 2000).

23

SegundoCameron(2010)estudostaxonômicosefilogenéticosancoram a elaborações de projetos de conservação em Orchidaceae. As relações filogenéticasauxiliamosconservacionistasnadefiniçãodasprioridadesparaa conservação (Swarts & Dixon, 2009a). Primeiramente, porque guiam os taxonomistas na revisão de classificações de grupos de espécies, que é fundamental para os inventários florísticos. Em segundo, podem revelar espécies crípticas, ou raras, que precisam e merecem reconhecimento e a proteção.Emterceiro,contribuemparaadefiniçãodaexistênciaounãodeum táxon, ou seja, delimitamos complexos deespécies. E por último, permitem encontraredivulgarnovasvariedades. Reconstruir a filogenia de grupos vegetais contribui para o reconhecimento de sua enorme diversidade de espécies. Por exemplo, o sequenciamento de DNA nuclear e plastidal em espécies do gênero Spiranthes , que habitam a região Ocidental da América do Norte, apontou a descobertadenovasespécies(Brownetal.,2008). A taxonomia da espécie rara Dracula aphrodes , descrita em 1989 na Colômbia, foi recentemente revisada. A filogenia do gênero Dracula foi propostaatravésdesequênciasnuclearesribossomaisITSeplastidiaismatK, no qual foram posicionados em dois clados distintos. Os dados obtidos sugerem ainda a ocorrência de D. aphrodes como híbrido natural entre D. ventriculosa e D. insolita (Cameron,2010). Asárvoresfilogenéticastêmsidoaindautilizadasnoreconhecimentode característicassinapomórficas,quepodemapresentarounãovalormedicinale econômico.Nestesentido,algumasanálisestêmsidofocadas,porexemplo, no gênero . Existem mais de 100 espécies distribuídas pelo mundo, das quaissomenteumaúnicaespécie, V. planifolia ,provavelmenteendêmicadas florestastropicaisnolestedoMéxico,ésubstancialmentedevaloreconômico, sendo fonte natural de sabor e da fragrância de baunilha (Bory et al., 2008). Recentemente há um número crescente de novas informações moleculares voltadas à elucidação da sistemática de Vanilla (Bouetard et al., 2010, Cameron, 2009; Boryetal.,2008;Ramirezetal.,2007;SotoArenas,2006). Duas espécies, V. tahitensis e V. pompona , também são cultivadas como aromáticas, porém, em menor escala. Assim, o conhecimento do grau de parentesco entre as espécies de potencial econômico poderá coordenar os

24

cruzamentosde Vanilla comoobjetivodemelhoramentogenéticoeaumento davariaçãogenética.Medidasdeconservação ex situ têmpermitidoproteger os indivíduos selvagens, contudo, persistem dúvidas sobre a extensão das espéciesaseremprotegidas. Análisesfilogenéticasmolecularesde Vanilla revelaramqueasespécies produtoras de frutas aromáticas estão no clado de espécies neotropicais (Cameron, 2005). De uma perspectiva econômica é apropriado buscar as espéciesnestecladocomoumprimeiropassoparaa conservação e para a melhoria das culturas. Desta forma, o conhecimento das relações interespecíficaspermiteescolheramelhorestratégiaparaconservarumgrupo ouumtáxon.Háumgrandeesforçointernacionalparaprotegereestudaras espéciesdogêneroemsuasáreasdeorigem,bemcomo em áreas onde a cultura foi introduzida, uma vez que é considerado como um patrimonial genéticodeimportânciaeconômica(Boryetal.,2008). Algumas espécies, como V. tahitensis , cuja distribuição é restrita na Polinésia Francesa e Papua na Nova Guiné apresentam a sua presença duvidosa. Tem sido investigada a suposta hibridação e descendência de V. tahitensis emrelaçãoaosprogenitoresNeotropicais(Lubinskyetal.,2008).A herançauniparentalmaternadecpDNAsugereque V. planifolia e V. odorata serviramcomoseusrespectivoscontribuintesgenômicosmaternosepaternos. Enquanto a elevada porcentagem de sítios polimórficos conservados na maioriadosindivíduosde V. tahitensis indicaumhíbridoF 1,de V. planifoliae V. odorata , e que ocorreram pelo menos alguns episódios de poliploidia e regeneração sexual. Uma vez que V. tahitensis é evolutivamente recente, é possívelqueumcenárioplausívelparasuaorigemhistóricasejaacessosde V. planifolia e V. odorata trazidos e cultivados juntos em sistema agroflorestal compartilhado, onde ocorreu a hibridação. Seguiuse a propagação por métodosartificiaisou,ocorreunoNovoMundo,pormeiosnaturais(Hugheset al.,2007).Essahibridizaçãointencionalouinadvertidapoderiateracontecido entre1350a1500aindanaMesoamérica,quandoaspopulações de Vanilla foramexploradasporsilvicultoresMaias(Barrera&Fernández,2006). É importante ressaltar que há um número grande de espécies de orquídeas sem interesse econômico. Entretanto, essas espécies podem fornecer pistas sobrea evolução,ecologia,oupadrões de biogeográficos da

25

família.Porexemplo,doisgênerosirmãos Clematepistephium e Eriaxis daIlha doPacíficodaNovaCaledôniasãointimamenterelacionadoscomespéciesdo gênero Epistephium daAméricaSul(Cameron,2010).Aposiçãodosramosda tem o potencial de fornecer hipótese para a origem antiga de orquídeasnosupercontinentedeGondwanahámaisde90milhõesdeanos. ArecentedescobertanaRepúblicaDominicanadeuma abelhaextinta sem ferrão, Problebeia dominica , preservada em âmbar juntamente com a polínea da orquídea Meliorchis caribea , do Mioceno, permitiu estimar que o ancestralcomumdasorquídeasviveuduranteoCretáceo(7684Ma),hápelo menos20milhõesdeanos,apósorompimentodoGondwana(Ramirezetal., 2007).Emapoioaestesdadosforamencontradosmacrofósseisdefolhasde doisgênerosdeorquídeasepífitas, Dendrobium e Earina , em sedimentos na NovaZelândia(Conranetal.2009).Talachadoforneceuaprimeiraevidência robustadadiversificaçãodocladodamaiorsubfamíliaEpidendroideae,durante ofinaldoCretáceo(Lovisaetal.2010;Leeetal.2012). A análise minuciosa da filogenia da subfamília , composta por cinco gêneros e conhecida popularmente como orquídeas “sapatinho”, de distribuição disjunta em regiões temperadas e tropicais, esclareceu como provavelmente ocorreu à diversificação da família das orquídeas tropicais e herbáceas. Guo et al. (2012) revelaram que o gênero Cypripedium,comampladistribuiçãoemregiõestemperadasdoNorteeZonas Subtropicais,divergiram primeiro, seguido por Selenipedium , que é endêmica na América do Sul. Os gêneros Mexipedium e Phragmipedium que ocorrem nos Neotrópicos se mostram estreitamente relacionados com o clado irmão para da Ásia tropical. De acordo com estimativas de relógio molecular, Selenipedium surgiunoPaleoceno,enquantoqueoancestralmais recente comum de orquídeas “sapatinho” pode ser datado do Eoceno. A reconstrução dos ancestrais indicou que a vicariância é responsável pela distribuição disjunta das orquídeas “sapatinho” em regiões Palaeotropical e Neotropical(Guoetal.,2012). Análises filogenéticas constituem ferramenta potencial para datar eventos históricos e contribuem com informações sobre a evolução de ecossistemas (Bytebier et al., 2011). A análise da filogenia molecular da orquídea do gênero Disa da África do Sul revelou como o fogo foi um

26

componentecrucialnaevoluçãodafloradoCabodaÁfricadoSul,umaregião caracterizadaporelevadonívelderiquezadeespécieseendemismo. Novas ferramentas moleculares têm sido desenvolvidas nos últimos anos fornecendo meios para atribuição de táxons vegetais. Muitas questões evolutivas e taxonômicas podem ser respondidas com base nesses marcadores, que anteriormente não seriam possíveis com apenas métodos fenotípicos morfológicos. Técnicas moleculares como AFLP, RAPD, RFLP, ISSR,SSR,SNP,DNAbarcoding,entreoutros,têmsidousadosparaestudos de diversidade de espécies vegetais (Arif et al., 2010; CBOL Plant Working Group,2009;Kocyanetal.,2008) Estudos de genética de populações Emníveldepopulação,asferramentasmolecularesesclarecemeventos de diversidade genética, estrutura genética, gargalos genéticos, fluxo gênico, endogamiaederivagenética.Pesquisascomessasabordagenstêmresolvido os impactos da fragmentação do hábitat sobre fluxo gênico e estrutura da populaçãodeorquídeas(Wallace,2002;Jacquemynaetal.,2007;Juárezetal., 2011),consequênciasgenéticasdesíndromesdepolinização(Tremblayetal., 2005;Gaskett2011;Vereecken,2010;Gaskett2012),potencialevolutivodas populações (Ackerman & Ward, 1999; Ackerman et al., 2007; Kisel et al., 2012), endogamia (Wallace 2003; Borba et al. 2007; Smithson 2006), deriva genética(Tremblay&Ackerman2001;Chung&Chung,2007;Chung&Park, 2008; Chung 2009; Phillips et al., 2012) e estrutura genética espacial das populaçõesemfinaescalaemorquídeas(Wallace,2006;Chungetal.,2004; Chung et al, 2005; Jacquemyn et al., 2012). Diversos estudos têm sido empregados no intuito de elucidar os processos demográficos e evolutivos envolvidos na diversificação de espécies e linhagens, como hibridação e poliploidia (Hedrén et al., 2008), e fatores demográficos originados pela dinâmica histórica de oscilações climáticas em Anacamptis palustris (Jacq.) R.M.Bateman, Pridgeon & M.W.Chase em populações do Mediterrâneo e EuropaOcidental(Cozzolinoetal.,2003). Muitas orquídeas podem possuir um ciclo de vida longo permitindo inúmeros cruzamentos e a dispersão de sementes a longa distância,

27

características essas almejadas para produzir populações geneticamente diversascompoucadiferenciaçãoentrepopulações.SegundoHamrick&Godt

(1996)adiversidadegenéticamédiaesperada(G ST )emOrchidaceaeé0,087, que é relativamente baixa, entretanto está dentro do padrão para espécies herbáceas. Contudo,nenhuma tendênciafoi clara nos estudos populacionais em Orchidaceae até a presente data, com valores de GST que variam entre 0,012 em angusta A.S.George(Sharmaaetal.,2001)e0,924em Zeuxine strateumatica (Ln.) Schltr. (Sun & Wong, 2001). Portanto, há uma dificuldade na padronização de metodologias para os programas de conservaçãoemorquídeas.Constatasequeparacadaespécieénecessário um plano de manejo apropriado embasado em dados genéticos. Assim, a análisemoleculardaspopulaçõesedasespécieséumaferramentaessencial paraadelimitaçãodaprocedência,amostragemepropagação de sementes, precisão taxonômica, identificação de clones e seleção de genótipos adequadosparaprogramasdereintroduçãoearmazenamentoemlongoprazo. Tornase necessário ainda agregar informações sobre as paisagens naturais de ocorrência das espécies (Storfer et al., 2007) e identificação dos nichos mais prováveis das espécies em diferentes escalas temporais (Carstens & Richards,2007). O conhecimento da diversidade genética permeia as estratégias de conservação,poisaresistênciaemlongoprazodasespéciesdependedonível de variação genética. Geralmente espécies que apresentam altos níveis de diversidade genética tornamse mais eficientes em suportar mudanças ambientais,poissuaspopulaçõespossuemmelhorcapacidadedeseadaptara essas alterações. Portanto, maior diversidade genética aumenta a aptidão e diminui a risco de extinção (Brzosko et al., 2011). Baixos níveis de variação genética,normalmenteestãoassociadosàraridadedasespécies(Frankhamet al., 2003), embora Gitzendanner & Soltis (2000) contra argumentem essa hipótese. Previsões teóricas e dados empíricos mostram que a variação genética baixa muitas vezes é consequência do pequeno tamanho populacional (Cozzolino et al., 2003; Nazareno & Jump, 2012). Populações pequenas e isoladas são muitas vezes geradas a partir de uma contínua fragmentaçãoouperdadehábitatdevidoàpressãoantrópica(Frankhametal., 2003). Impactos humanos reduzem o tamanho da população e aumentam a

28

distânciaentrepopulaçõesremanescentes,reduzindoofluxodegenesentre elas. Populações pequenas, fragmentadas e isoladas têm geralmente baixa variaçãogenéticae,portanto,sãomaisvulneráveisaoscilaçõesdemográficas, ambientais e estocasticidades genéticas; isto levanta o risco de extinção. Consequentemente,aumentaaprobabilidadedederivagenéticaedepressão porendogamianessaspopulações(Brzoskoetal.,2011). Estudos de conservação genética de espécies são primordiais para estabelecerplanosdemanejoparaconservarabiodiversidade. A destruição, modificaçãoefragmentaçãodeflorestasnaturais,bemcomoaextraçãoilegal deorquídeasdepopulaçõesnaturais,tiveramumaforteinfluêncianaextinção demuitasespéciesemváriasregiõesdetodoomundo.AfamíliaOrchidaceae possui inúmeros exemplos de espécies que foram extintas devido a ações antrópicas.Dessaforma,verificaseaintensificaçãodeestudosdediversidade genética para construção de planos de conservação em Orchidaceae (Àvila Diaz&Oyama,2007). As orquídeas epífitas geralmente possuem um padrão de estrutura genéticadiferencialquandocomparadascomosoutroshábitos.Amaioriadas orquídeas epifíticas aponta uma alta diversidade genética e estruturação populacional (ÀvilaDiaz & Oyama, 2007). A diversidade genética de populações e estrutura ao longo da sua distribuição geográfica de Laelia speciosa Schltr.(HBK),orquídeamexicanaendêmicaeameaçadadeextinção, foi examinada por ÁvilaDiaz & Oyama (2007). E verificaram que entre as populações há baixos níveis de diversidade genética. Os autores sugeriram estratégias de restauração, principalmente utilizando a reintrodução de indivíduos a partir de propagação in vitro de sementes das populações próximasaáreadereintrodução,paramanteramesmaestruturaencontrada no campo. Além disso, recomendam um projeto multidisciplinar sobre L. speciosa incluindo estudos biológicos bem como programas de educação ambientalnascomunidadeslocais. Adiversidadegenéticadeseispopulaçõesde Oncidium hookeri Rolfe, espécie epífita neotropical e ameaçada de extinção, encontrada em remanescentes de Mata Atlântica brasileira na Serra da Mantiqueira foram avaliadasporAlcantaraetal.(2006).Trezelocos polimórficosdealoenzimas foramutilizadosparaavaliarofluxogênicoentreaspopulaçõeseaocorrência

29

de gargalos recentes. Vários alelos raros foram encontrados em todas as populações e três populações apresentaram alelos privados. Constaramse baixadiferenciaçãogenéticaentreaspopulaçõesde O. hookeri efoidetectada

FST = 0,029. A diferenciação genética entre as populações foi baixa, tendo nenhumacorrelaçãocomamatrizdedistânciageográfica(testedeMantel:r= 0,34,P=0,72),porémnãosignificativa.Apenasduaspopulaçõesmostraram sinais de gargalos recentes. A deficiência de heterozigotos encontrada, provavelmentepodesercausadapelocomportamentodepolinizadores,jáas frequências baixas de vários alelos de diferentes loci podem ser mantidas devidoàpropagaçãoclonal.Apesardanaturezaestocásticadadispersãopelo vento das sementes a longas distâncias, este processo pode promover um fluxogênicoeficazentreaspopulações,eassimevitaradiferenciaçãogenética (Alcantaraetal.,2006). Outraespéciebrasileiraameaçadadeextinçãodevidoàperdadehábitat epelaintensapressãodecoletaéa Cattleya labiata (Pinheiroetal.,2012).Os primeirosdadossobreadiversidadegenéticaeestrutura de seis populações selvagens foram estimados por meio de marcadores RAPD e ISSR em remanescentes de Floresta Atlântica no Nordeste do Brasil (Pinheiro et al., 2012). Os dados de marcadores indicaram um alto nível de polimorfismo e complexa estruturação genética para as populações de C. labiata . A similaridadegenéticaentreindivíduosde C. labiata comaquelesdediferentes regiões sugere que a dispersão anemocórica de suas sementes ocorre a longas distâncias. Os índices de diversidade genética encontrados indicaram maiorníveldediferenciaçãodentrodapopulação,emcomparaçãocomoutros estudosdeespéciesdeOrchidaceaepormeiodemarcadoresdominantes.As populações de C. labiata examinada não estão localizadas em áreas protegidas,sendoissoumfatorimportanteparaaprioridadedeconservação destaespéciedeorquídea(Pinheiroetal.,2012). Análise de diversidade genética em espécie endêmica do Nordeste Brasil foi realizada em Cattleya elongata , orquídea rupícola, que ocorre em ilhas de afloramento rochoso em campo rupestre da vegetação da Chapada Diamantina (Cruz et al., 2011). Foram avaliadas nove populações naturais quanto à variabilidade morfológica e genética, cobrindo toda a área de distribuição da espécie, empregando marcadores isoenzimáticos e ISSR, e

30

análises de morfometria multivariada. As populações são geneticamente estruturadase com baixa endogamia (isoenzimas, FIS =0,06). A similaridade genéticaentreaspopulaçõesfoielevadaemambososmarcadores,apesarda descontinuidade dos afloramentos da Chapada Diamantina. Observaramse ainda alta variabilidade morfológica com diferenciação moderada entre as populações, mas não foi encontrada qualquer correlação entre distâncias genéticas, morfológicas e geográficas, e entre a variabilidade encontrada na morfologia e marcadores genéticos. As diferenças observadas entre os dois marcadores genéticos e variáveis morfológicas ressalta a importância da avaliaçãodeparâmetrosparaaconservação,planejamentooudegestãoda variabilidadeencontradaasdiferentespopulações(Cruzetal.,2011). Níveisdevariaçãodealoenzimaseaestruturagenética detectada na rara orquídea terrestre thunbergii foram examinados para oito populações na Coréia do Sul (Chung & Chung 2007). Foram encontrados níveisextremamentebaixosdevariaçãodealoenzimasdentrodaspopulações: afrequênciamédiadelocipolimórficosfoide3,8%,onúmeromédiodealelos porlocofoide1,04,eaheterozigosidademédiaesperadade0,013.Oíndice de fixação foi próximo de zero FIS = 0,069, embora a espécie seja autocompatível. No entanto, um grau muito elevado de diferenciação populacional foi encontrado entre as populações ( FST = 0,388) na área estudada.Alémdisso,análisedeautocorrelaçãoespacialrevelousignificativa coancestriaemumraiodeaté3mdoindivíduofocaldentrodaspopulações. Estas observações sugerem que os principais fatores explicativos para os níveis extremamente baixos da diversidade genética e da formação da estruturagenéticadepopulaçõesde E. thunbergii sãoaderivagenética,como resultadodeumpequenotamanhodapopulaçãoefetiva, umfluxo de genes restrito, e o isolamento das populações. Considerando a atual estrutura genética de E. thunbergii , três diretrizes foram sugeridas para o desenvolvimentodeestratégiasdeconservaçãoparaasespéciesnaCoreiado Sul: (1) proteção dos hábitats das populações, (2) a proibição por lei de qualquer coleta de E. thunbergii , e (3) a proteção de populações dos polinizadores,dadoofatodaproduçãodefrutosemhábitatsnaturaissermuito baixa(Chung&Chung,2007).

31

Aorquídea Orchis militaris L.éumadasmaisrarasorquídeasdaGrã Bretanha com apenas três populações conhecidas. Duas destas populações contêmcercade200plantas,masaterceiraéaindamuitomenor,comapenas seisplantasquandoapopulaçãofoidescoberta.Estapequenapopulação se distancia em apenas 9 km do Buckinghamshire, sugerindo que tenha sido derivada dessa maior população como resultado da dispersão recente de sementes (Hutchings et al., 1998). O marcador AFLP demonstra claramente queastrêspopulaçõessãodistintas,enãoháevidênciasdequeapopulação OxfordshireéderivadaapartirdapopulaçãoBuckinghamshire.Alémdisso,a população de Suffolk, apesar de seu tamanho, tem muito pouca variação genética, enquanto que em Oxfordshire a população das plantas originais é claramentedistinguível.Assim,umapequenaamostradesementesapartirde Suffolkirácaptartodaadiversidadegenéticadeste local, enquanto que uma amostragem muito mais completa é necessária em outros locais, para maximizar a amostragem da variação genética. Os microssatélites também demonstraramasimilaridadedapopulaçãoOxfordshire(Smithetal.,2003). A orquídea Cypripedium calceolus L. também é considerada como extinta como a O. militaris , com apenas um indivíduo na natureza no Reino Unido.Alémdessa,existemdiversosespécimesemcoleçõesedoisindivíduos supostamenteintroduzidosnanatureza.AanálisedosmarcadoresAFLPnessa espéciedemonstrousealtamenteproblemáticadevidoaograndegenoma(Fay & Cowan, 2001). C. calceolus , embora difundida por toda a Eurásia, é uma espécieraraemmuitospaíses.DeacordocomFayetal.(2009),marcadores cloroplastidiais são os mais esclarecedores para avaliar espécies poliploides como C. calceolus . Estudos de genética de populações baseados em microssatélite plastidiais e espaçador intergênicos trnL-trnF foram utilizados paraacompreensãodavariaçãodentroeentre32populaçõesedospadrões biogeográficosde C. calceolus naEuropa.Dentrodaspopulaçõesnaturaisda Inglaterra foram encontrados indivíduos originados de autopolinização, ou polinizaçãocruzadacomoutrasorquídeasedevemserexcluídosdoprograma dereintroduçãodaespécie.Apesardoextremoefeitogargalosofridoporesta espécienaInglaterra,encontraramseummaiorníveldediversidadegenética naspopulaçõesmaioresdoquenaspopulaçõesdaDinamarca.Osdadospara microssatélites também mostram que os espécimes ingleses e suecos são

32

geneticamente mais variáveis que as plantas dinamarquesas, que são geneticamente homogêneas. A ausência de polimorfismo nas populações dinamarquesaspoderiaserdevidoaumefeitofundador,sendoprovavelmente fundadapelalongadistânciadedispersãodesementes(Fayetal.2009). Outro importante exemplo de espécies de orquídeas que tem valor científicoparaummelhorentendimentodosprocessosevolutivosemplantasé o estudo de Pinheiro et al. (2010). Os autores testaram a hipótese de fluxo gênico entre as espécies com grau de poliploidia diferentes no gênero Epidendrum entreasespécies E. fulgens e E. puniceoluteum queocorremno litoralbrasileiro.Estudoscomoessenãosãocomuns,poisessasespéciessão consideradasisoladasreprodutivamenteporcausadasbarreiraspószigóticas. Foram analisadas populações naturais alopátricas e simpátricas com a utilização de microssatélites plastídiais e nucleares. Todas as populações simpátricas analisadas apresentaram zonas híbridas e introgressão, além disso, o estudo sugere que a hibridização e introgressão são processos evolutivos que desempenham um importante papel na diversificação do gênero. Emseulivro“ A origem das espécies de orquídeas ”Darwinargumentou que a grande diversidade e incrível beleza dessas plantas poderia ser o produtodeumfenômenoqueéimpulsionadoporaltosníveisdevariabilidadee complexidade, que cria situações que geram níveis de especiação cada vez maiores,comoporexemplo,oscasosextremosde Angraecum sesquipedale e o do gênero Ophrys . Portanto estudos sobre a diversidade genética são essenciaisparaquesepossaidentificargenótiposendêmicoseaimportância evolutivadessasespéciesdeplantas.Alémdisso,osprojetosmultidisciplinares que englobam estudos biológicos como aspectos ecológicos, biogeográficos, taxonômicos e filogenéticos, a conscientização ambiental das comunidades locais, além de ações imediatas para preservar o hábitat dessas plantas em todo seu alcance geográfico, são indispensáveis para se alcançar uma conservaçãoefetivadasespéciesdeorquídeas. Considerações finais

33

Como a biota enfrenta níveis sem precedentes de extinção devido à influênciahumananasmudançasclimáticas,destruiçãodohábitat,introdução de espécies invasoras, extrativismo, e ocupação de áreas naturais pelo crescimentodapopulação,asprioridadesdeconservaçãodevemserdefinidas rapidamente. Programas de conservação são complexos e exigem conhecimento atualizado sobre o status da taxonomia, biologia, ecologia, filogenia,filogeografiadasespécies(Seatonetal.,2010). A proteção da diversidade genética foi incorporada nos protocolos conservacionistas. No entanto, percebese pouco progresso em relação à proteção da diversidade genética, pois a base de dados convencional se mostrainadequadaenãoexisteconsensoemcomoincorporaradiversidade genéticanoplanejamentodousodaterraedeestratégias conservacionistas (Moritz&Faith,1998). Referências

Ackerman JD, TrejoTorres JC, CrespoChuy Y, (2007) Orchids of the West Indies:predictabilityofdiversityandendemismJournalofBiogeography, 34:779–786. Ackerman JD, Ward S, (1999) Genetic variation in a widespread, epiphytic orchid: where is the evolutionary potential?Systematic Botany, 24:282– 29. Adamowicz SJ, Hebert PDN, Marinone MC, (2004) Species diversity and endemismintheDaphniaofArgentina:ageneticinvestigation.Zoological JournaloftheLinneanSociety,140:171–205. AlbertVA,(1994)Cladisticrelationshipsoftheslipperorchids(Cypripediodeae: Orchidaceae) from congruent morphological and molecular data. Lindleyana,9:115–132. AlcantaraS,SemirJ,SolferiniVN,(2006)Lowgeneticstructureinanepiphytic Orchidaceae ( Oncidium hookeri ) in the Atlantic Rainforest of South easternBrazil.AnnalsofBotany,98:12071213. AlvarezBuylla ER, GarciaBarrios R, LaraMoreno C, MartinezRamos M, (1996). Demographic and genetic models in conservation biology: applicationsandperspectivesfortropicalrainforesttreespecies.Annual ReviewofEcologyandSystematics,27:387–421. APGIII.2009.AnupdateoftheAngiospermPhylogenyGroupclassificationfor theordersandfamilies offlowering plants:APG III. Botanical Journal of theLinneanSociety161:105–121. ArifIA,BakirMA,KhanHA,AlFarhanAH,HomaidanAAA,BahkaliAH,Sadoon MA,ShobrakM,(2010)ABriefReviewofMolecularTechniquestoAssess

34

Plant Diversity. International Journal of Molecular Sciences, 11:2079 2096. ÁvilaDiaz I; Oyama K, (2007) Conservation genetics of an endemic and endangeredepiphytic Laelia speciosa (Orchidaceae)AmericanJournalof Botany,94(2):184193. AviseJC,(2008)Phylogeography:retrospectandprospect.J.Biogeogr.36:3 15. Avise JC, Jonathan AT, Martin BR, Eldredge B, Trip L, Joseph E, Neigel L, Carol, A, Reeb A, Nancy C, (1987) Intraspecific Phylogeography: The MitochondrialDNABridgeBetweenPopulationGeneticsandSystematics. Ann.Rev.Ecol.Syst18:489522. Barrera CL, Fernández MA, (2006) Cacao, Vanilla and Annatto: Three productionandexchangesystemsinthesouthernMayalowlands,XVI– XVIIcenturies.JournalofLatinAmericanGeography,5:29–52. BatemanRM,HollingsworthPM,PrestonJ,YiBoL,PridgeonAM,ChaseMW, (2003)MolecularPhylogeneticsandEvolutionofOrchidinaeandSelected Habenariinae (Orchidaceae). Botanical Journal of the Linnean Society 142:140. BeheregarayLB,(2008)TwentyyearsofPhylogeography:thestateofthefield and the challenges for the Southern Hemisphere. Molecular Ecology, 17:37543774. BellRC,MacKenzieJB,HickersonMJ,ChavarriaKL,CunninghamM,Williams S, Moritz C, (2011) Comparative multilocus phylogeography confirms multiplevicarianceeventsincodistributedrainforestfrogs.Proceedingsof theRoyalSocietyBdoi:10.1098/rspb.2011.1229 Bermingham E, Moritz C, (1998) Comparative phylogeography: concepts and applications.MolecularEcology,7:367–369. Borba EL, Funch RR, Ribeiro PL, Smidt EC, SilvaPereira V, (2007) Demography,andgeneticandmorphologicalvariabilityoftheendangered Sophronitis sincorana (Orchidaceae) in the Chapada Diamantina, Brazil. PlantSystematicsandEvolution,267:129–146. BoryS,GrisoniM,DuvalMF,BesseP(2008)Biodiversityandpreservationof vanilla:presentstateofknowledge.GenetResourCropEvol,55:551–571. BouetardA,LefeuvreP,GigantR,BoryS,PignalM,BesseP,GrisoniM(2010) Evidenceoftransoceanicdispersionofthegenus Vanilla basedonplastid DNA phylogenetic analysis. Molecular Phylogenetics and Evolution 55: 621–630. Bremer JRA, Vinas J, Mejuto J, Ely B, Pla C, (2005) Comparative phylogeography of Atlantic bluefin tuna and swordfish: the combined effects of vicariance, secondary contact, introgression, and population expansion on the regional phylogenies of two highly migratory pelagic fishes.MolecularPhylogeneticsandEvolution,36:169–187.

35

BrownPM,DueckLA,CameronKM,(2008) Spiranthes stellata (Orchidaceae), a new species of ladies’tresses from the western United States. North AmericanNativeOrchidJournal14:3–21. BrzoskoE,WróblewskaA,TałałajI,WasilewskaE,(2011)Geneticdiversityof Cypripedium calceolus inPoland.PlantSystEvol,295:83–96. BytebierB,AntonelliA,BellstedtDU,LinderHP,(2011)Estimatingtheageof fire in the Cape flora of South Africa from an orchid phylogeny. ProceedingsofTheRoyalSocietyBBiologicalSciences,278(1703):188 195. BytebierB,BellstedtDU,LinderHP,(2007)Amolecularphylogenyforthelarge Africanorchidgenus Disa .MolecularPhylogeneticsandEvolution,43:75– 90. CameronKM,(2005)Recentadvancesinthesystematicsbiologyof Vanilla and related orchids (Vanilloideae, Orchidaceae). In: VANILLA FIRST INTERNATIONAL CONGRESS, Carol Stream, Anais Carol Stream: AlluredPublishing,8993. Cameron KM, (2009) On the value of nuclear and mitochondrial gene sequences for reconstructing the phylogeny of vanilloid orchids (Vanilloideae,Orchidaceae).AnnalsofBotany104:377–385. CameronKM,(2010)OntheValueof,Phylogeny,andSystematics toOrchidConservation:Implicationsfor'sYachangOrchidReserve. BotanicalReview76:165173. Cameron KM, Chase MW, Whitten WM, Kores PJ, Jarrell DC, Albert VA, YukawaT,HillsHG,GoldmanDH(1999)Aphylogeneticanalysisofthe Orchidaceae:evidencefromrbcLnucleotidesequences.AmericanJournal ofBotany86:208–224. CarstensBC,RichardsCL,(2007)Integratingcoalescentandecologicalniche modelingincomparativephylogeography.Evolution,61:1439–1454. Cavers S, Navarro C, Lowe AJ, (2003) A combination of molecular markers identifiesevolutionarilysignificantunitsin Cedrela odorata L.(Meliaceae) inCostaRica.ConservationGenetics,4:571–580. CBOL Plant Working Group, (2009) A DNA barcode for land plants. Proceedings of the National Academy of Sciences, 106:(31) 12794– 12797. ChenYY,LeePF,HsiaoYY,WuWL,PanZJ,LeeYI,LiuKW,ChenLJ, Liu ZJ, Tsai WC, (2012) C and Dclass MADSBox Genes from Phalaenopsis equestris (Orchidaceae)DisplayFunctionsinGynostemium andOvuleDevelopment.PlantCellPhysiol.53(6):1053–1067. Chung MY, (2009) Lack of allozyme diversity in populations of the rare, endangeredterrestrialorchids Tipularia japonica and Epipactis papillosa in Korea.PlantSystEvol(2009)278:203–209. Chung MY, Chung MG (2007) Extremely low levels of genetic diversity in the terrestrial orchid Epipactis thunbergii (Orchidaceae) in South Korea:

36

implications for conservation. Botanical Journal of the Linnean Society, 155,161–169. ChungMY,NasonJD,ChungG(2005)Spatialgeneticstructureinpopulations oftheterrestrialorchid Orchis cyclochila (Orchidaceae).PlantSystematics andEvolution254:209–219. ChungMY,NasonJD,ChungG.(2004)Spatialgeneticstructureinpopulations of the terrestrial orchid Cephalanthera longibracteata (Orchidaceae). AmericanJournalofBotany91:52–57. ChungMY,ParkCW,(2008)Fixationofallelesanddepletedlevelsofgenetic variation within populations of the endangered lithophytic orchid Amitostigma gracile (Orchidaceae) in South Korea: implications for conservation.PlantSystematicsandEvolution,272(14):119130. ClementsMA,JonesDL,SharmaIK,NightingaleME,GarrattMJ,FitzgeraldKJ, Mackenzie AM, Molloy BPJ, (2002) Phylogenetic systematics of the Diurideae (Orchidaceae) based on the ITS and 5.8S coding region of nuclearribosomalDNA.Lindleyana17:135171. Conran JG, Bannister JM, Lee DE, (2009) Earliest orchid macrofossils: Early Miocene Dendrobium and Earina (Orchidaceae: Epidendroideae) from NewZealand.AmericanJournalofBotany96:466–74. CozzolinoS,CafassoD,PellegrinoG,(2003)MusacchioA,Widmer,A.Fine scale phylogeographical analysis of Mediterranean Anacamptis palustris (Orchidaceae) populations based on chloroplast minisatellite and microsatellitevariation.MolecularEcology12:2783–2792. Crandalla KA, BinindaEmondsb ORP, Macec GM, Wayned RK, (2000) Considering evolutionary processes in conservation biology. Trends in Ecology&Evolution,15:7:290–295. Criscione CD, Blouin MS, (2007) Parasite phylogeographical congruence with salmon host evolutionarily significant units: implications for salmon conservation.MolecularEcology16:993–1005. Crozier RH, (1997) Preserving the information content of species: genetic diversity, phylogeny, and conservation worth. Annu. Rev. Ecol. Syst., 28:243–268. CruzDT,SelbachSchnadelbachA,LambertSM,RibeiroPL,BorbaEL(2011) Genetic and morphological variability in Cattleya elongata Barb. Rodr. (Orchidaceae),endemictothecamporupestrevegetationinnortheastern Brazil.PlantSystEvol,294:87–98. EizirikE,(1996).Ecologiamolecular,genéticadaconservaçãoeoconceitode Unidades Evolutivamente Significativas. Revista Brasileira de Genética (Suplemento),19:2329. FayMF,BoneR,CookP,KahandawalaI,GreensmithJ,HarrisS,PedersenH, Ingrouille MJ, Christian Lexer (2009). Genetic diversity in Cypripedium calceolus (Orchidaceae) with a focus on northwestern Europe, as revealed by plastid DNA length polymorphisms. Annals of Botany 104:517–525.

37

Fay MF, Chase MW (2009) Orchid biology: from Linnaeus via Darwin to the 21stcentury.AnnalsofBotany,104:359364. Fay MF, Cowan RS, (2001) Plastid microsatellites in Cypripedium calceolus (Orchidaceae):geneticfingerprintsfromherbariumspecimens.Lindleyana 16:151–156. Frankel OH, (1974) Genetic conservation: our evolutionary responsibility. Genetics78:53–65. Frankham R, (2003) Genetics and conservation biology. C. R. Biologies, 326:22–29. Frankham R, Ballou JD, Briscoe DA, (2008) Fundamentos de Genética da Conservação. Editora Sociedade Brasileira de Genética, Ribeirão Preto, 259p. FrankhamR,Conservationgenetics,Annu.Rev.Genet.29(1995)305–327. Futuyma DJ, (2002) Biologia evolutiva. 2º. ed. Ed. Funpec, Ribeirão Preto, 631p. Gaskett AC, (2011) Orchid by sexual deception: pollinator perspectives.BiologicalReviews,86:33–75. Gaskett AC, (2012) Floral shape mimicry and variation in sexually deceptive orchidswithasharedpollinator.BiologicalJournaloftheLinneanSociety, 106:469–481. Gitzendanner MA, Soltis S, (2000) Patterns of genetic variation in rare and widespreadplantcongeners.AmericanJournalofBotany,87:783–792. Gravendeel B, Smithson A, Slik FJW, Schuiteman A, (2004) Epiphytism and pollinator specialisation: drivers for orchid diversity? Philosophical TransactionsoftheRoyalSocietyofLondonB,359:1523–1535. GrosLouisMC,BousquetJ,PâquesLE,IsabelN,(2005)Speciesdiagnostic markersinLarixspp.basedonRAPDsandnuclear,cpDNA,andmtDNA gene sequences, and their phylogenetic implications. Tree Genetics Genomes1:50–63. GuoYY,LuoYB,LiuZJ,WangXQ,(2012)EvolutionandBiogeographyof theSlipperOrchids:EoceneVicarianceoftheConduplicateGenerainthe OldandNewWorldTropics,PlosOne,7(6):113. HamrickJL,GodtMJW,(1996)Effectsoflifehistorytraitsongeneticdiversityin plantspecies.PhilosophicalTransactionsofTheRoyalSocietyofLondon SeriesBBiologicalSciences,351:1291–1298. Hedrén M, Nordström S, Ståhlberg D (2008) Polyploid evolution and plastid DNA variation in the Dactylorhiza incarnata /maculate complex (Orchidaceae)inScandinavia.MolecularEcology,17:50755091. Hickerson MJ, Carstens BC, CavenderBares J, Crandall KA, Graham CH, Johnson JB, Rissler L, Victoriano PF,. Yoder AD, (2009) Phylogeography’s past, present, and future: 10 years after Avise, 2000. MolecularPhylogeneticsandEvolution54:291–301.

38

Hughes CE, Rajanikanth G, Robertson A, Filer DL, Harris SA, Bailey CD, (2007) Serendipitous backyard hybridization and the origin of crops. ProceedingsoftheNationalAcademyofSciences,104:14389–14394. Hutchings MJ, Mendoza A, Havers W, (1998) Demographic properties of an outlierpopulationof Orchis militaris L.(Orchidaceae)inEngland.Botanical JournalofTheLinneanSociety,126(2):95107. JacquemynH,BrysR,HonnayO,RoldánRuizI,LievensB,WiegandT,(2012) Nonrandomspatialstructuringoforchidsinahybridzoneofthree Orchis species.NewPhytologist,193(2):454464. Jacquemyna H, Vandepitte K, Brysa R, Honnay O, RoldánRuiz I, (2007) Fitnessvariationandgeneticdiversityinsmall,remnantpopulationsofthe fooddeceptiveorchid Orchis purpurea .BiologicalConservation,139:203– 210. Jakob SS, Ihlow A, Blattner FR, (2007) Combined ecological niche modelling and molecular phylogeography revealed the evolutionary history of Hordeum marinum (Poaceae)–niche differentiation, loss of genetic diversity, and speciation in Mediterranean Quaternary refugia. Molecular Ecology,16:1713–1727. JoppaLN,RobertsDL,PimmSL(2011)Howmanyspeciesoffloweringplants? ProceedingsoftheRoyalSocietyofLondonB,278:554–559. JuárezL,MontanãC,FerrerMM,(2011)Geneticstructureatpatchlevelofthe terrestrial orchid Cyclopogon luteoalbus (Orchidaceae) in a fragmented cloudforest.PlantSystematicsandEvolution,297:237–251. Kisel Y, MorenoLetelier AC, Bogarín D, Powell MP, Chase MW,Barraclough TG,(2012)TestingthelinkbetweenPopulationGeneticdifferentiationand cladediversificationinCostaRicanorchids.Evolution,66(10):3035–3052. KocyanA,deVogelEF,ContiE,GravendeelB,(2008)Molecularphylogenyof Aerides (Orchidaceae)basedononenuclearandtwoplastidmarkers:A step forward in understanding the evolution of the Aeridinae. Molecular PhylogeneticsandEvolution,48:422–443. KramerAT,HavensK,(2009)Plantconservationgeneticsinachangingworld. TrendsinPlantScience,14(11):599607. KruckebergAR,RabinowitzD,(1985)Biologicalaspectsofendemisminhigher plants.AnnualReviewofEcologyandSystematics,16:447–479. LeeDE,ConranJG,LindqvistJK,BannisterJM,Mildenhall DC, (2012), New ZealandEocene,OligoceneandMiocene,MacrofossilandPollenRecords and Modern Plant Distributions in the Southern Hemisphere. Bot. Rev. 78:235–260. LovisaAGS,VerolaCF,AntonelliA,(2010)Reassessingthetemporalevolution oforchidswithnewfossilsandaBayesianrelaxedclock,withimplications forthediversificationoftherareSouthAmericangenus Hoffmannseggella (Orchidaceae:Epidendroideae)EvolutionaryBiology,10:177. Lubinsky P, Cameron KM, Molina MC, Wong M, LepersAndrzejewski S, GómezPompa A, Kim SC, (2008). Neotropical roots of a Polynesian

39

spice: the Hybrid origin of Tahitian vanilla , Vanilla tahitensis , (Orchidaceae)AmericanJournalofBotany95(8):1040–1047. Manni F, Guérard E, Heyer E, (2004) Geographic patterns of (genetic, morphologic, linguistic) variation: How barriers canbedetectedbyusing Monmonier'salgorithm.HumanBiology,76:(2)173190. MarciliA,LimaL,ValenteVC,ValenteSA,BatistaJ,JunqueiraACV,(2009) Comparative phylogreography of Trypanosoma cruzi TcIIc: new hosts, association with terrestrial ecotopes, and spatial clustering. Infection, GeneticsandEvolution,9:1265–1274. Milligan BG, Leebensmack J, Strand AE, (1994) Conservation genetics— beyond themaintenance of marker diversity. Molecular Ecology, 3:423– 435. MoritzC(1994)Defining“EvolutionSignificantUnits”forconservation.Trends EcologyEvolution9:373375. MoritzC,(1995).Usesofmolecularphylogeniesforconservation.Philosophical Transactions of The Royal Society of London Series BBiological Sciences.349:113–118. MoritzC,FaithDP,(1998)Comparativephylogeographyandtheidentification ofgeneticallydivergentareasforconservation.MolecularEcology7:419 429. NazarenoAG,JumpAS,(2012)Speciesgeneticdiversitycorrelationsinhabitat fragmentation can bebiasedby small sample sizes. Molecular Ecology, 21(12):2847–2849. Newton AC, Allnut TR, Gillies ACM, Lowe AJ, Ennos RA, (1999) Molecular phylogeography, intraspecific variation and the conservation of tree species.TrendsinEcologyandEvolution,14(4):140145. O´BrienSJ,MayrE(1991)Bureaucraticmischief:reconizeendangeredspecies andsubspecies.Science,v.251,pp.11871188. Olson DM, Dinerstein E, Wikramanayake ED, Burgess ND, Powell GVN, UnderwoodEC,D'amicoJA,ItouaI,StrandHE,MorrisonJC,LoucksCJ, AllnuttTF,RickettsTH,KuraY,LamoreuxJF,WettengelWW,HedaoP, Kenneth R. Kassem KR, (2001) Terrestrial Ecoregions of the World: A NewMapofLifeonEarth,BioScience,51(11):933938. PhillipsRD,DixonKW,PeakallR,(2012)Lowpopulationgeneticdifferentiation in the Orchidaceae: implications for the diversification of the family. MolecularEcology21:5208–5220. PillonY,ChaseMW,(2007)TaxonomicExaggerationandItsEffectsonOrchid Conservation.ConservationBiology21:263–265. PinheiroF,BarrosF,PalmaSilvaC,MeyerD,FayMF,SuzukiRM,LexerC, CozzolinoS,(2010)Hybridizationandintrogressionacrossdifferentploidy levels in the Neotropical orchids Epidendrum fulgens and E. puniceoluteum (Orchidaceae).MolecularEcology19:3981–3994. Pinheiro LR, Rabbani ARC, Silva AVC, Lédo AS, Pereira KLG, Diniz LEC, (2012)GeneticdiversityandpopulationstructureintheBrazilian Cattleya

40

labiata (Orchidaceae)usingRAPDandISSRmarkers.PlantSystematics andEvolution298:111. RamirezSR,GravendeelB,SingerRB,MarshallCR,PierceNE,(2007)Dating theoriginoftheOrchidaceaefromafossilorchidwithitspollinator.Nature, 448:1042–1045. Ryder OA, (1986) Species conservation and systematics: the dilemma of subspcies.TrendsEcologyEvolution1:910. Scoble J, Lowe AJ, (2010) A case for incorporating phylogeography and landscape genetics into species distribution modelling approaches to improve climate adaptation and conservation planning. Diversity and Distributions,16:343–353. Seaton PT, Hu H; Perner H, Pritchard HW, (2010) Ex situ conservation of orchidsinawarmingworld.BotanicalReview,NewYork,76:193203. Simberloff D. The contribution of population and community biology to conservationscience.Ann.Rev.Ecol.Syst.,19(1988),pp.473–511 SharmaaIK,JonesaDL,YoungaAG,FrenchCJ,(2001)Geneticdiversityand phylogenetic relatedness among six endemic Pterostylis species (Orchidaceae; series Grandiflorae) of Western Australia, as revealed by allozyme polymorphisms. Biochemical Systematics andEcology29:697– 710. Smith RD, Dickie JB, Linington SH, Pritchard HW, Probert RJ, (2003) Seed conservation:turningscienceintopractice.:TheRoyal Botanic Gardens, Kew.London,1023p. Smith S, (2000) Patterns of genetic variation in Gymnadenia conopsea , the fragrantorchid.MolecularEcology,9:18631872. Smithson A, (2006) Pollinator limitation and inbreeding depression in orchid specieswithandwithoutnectarrewards.NewPhytologist,169:419–430. SotoArenas MA (2006) La vainilla: retos y perspectivas de su cultivo. Biodiversitas66:2–9. StorferA,MurphyMA,EvansJS,GoldbergCS,RobinsonS,SpearSF,Dezzani R, Delmelle E, Vierling L, Waits LP, (2007) Putting the 'landscape' in landscapegenetics.Heredity,98:(3)128142. Sun M, Wong KC, (2001) Genetic structure of three orchid species with contrasting breeding systems using RAPD and allozyme markers. AmericanJournalofBotany88:21802188. SunnucksP,(2000)Efficientgeneticmarkersforpopulationbiology.Trendsin EcologyandEvolution,15:199203. Swarts ND, Dixon KW, (2009a) Terrestrial orchid conservation in the age of extinction.AnnalsofBotany,104:543556. SwartsND,DixonKW,(2009b)Perspectivesonorchidconservationinbotanic gardens.TrendsinPlantScience,14(1):590598. Tremblay R, Ackerman JD, (2001) Gene flow and effective population size in Lepanthes (Orchidaceae):acaseforgeneticdrift.BiologicalJournalofthe LinneanSociety,72:47–62.

41

Tremblay RL, Ackerman JD, Zimmerman JK, Calvo RN (2005) Variation in sexual reproduction in orchids and its evolutionary consequences: a spasmodic journey to diversification. Biological Journal of the Linnean Society,84:154. van den Berg C, Higgins WE, Dressler RL, Whitten WM, SotoArenas MA, ChaseMW,(2009)AphylogeneticstudyofLaeliinae(Orchidaceae)based on combined nuclear and plastid DNA sequences. Annals of Botany, 104:417–430. vandenBergC,HigginsWE,DresslerRL,Whitten,WM,ArenasM,CulhamA, Chase MW, (2000) A phylogenetic analysis of Laeliinae (Orchidaceae) basedonsequencedatafrominternaltranscribedspacers(ITS)ofnuclear ribosomalDNA.Lindleyana15:96–114. Vereecken NJ, Dafni A, Cozzolino S, (2010) Pollination Syndromes in Mediterranean Orchids—Implications for Speciation, Taxonomy and Conservation.BotanicalReview,76(2):220240. VieiraFA,CarvalhoD,(2008)Geneticstructureofaninsectpollinatedandbird dispersedtropicaltreeinvegetationfragmentsandcorridors:implications forconservation.BiodiversityandConservation,17:23052321. VieiraFA,FajardoCG,CarvalhoD;ReisCAF,;MarcosAS,(2012)Finescale genetic dynamics of a dominant neotropical tree in the threatened BrazilianAtlanticRainforest.TreeGenetics&Genomes,8:1191–1201. VoglerAP,KnisleyCB,GlueckSB,HillJM,DesalleR(1993)Usingmolecular and ecological data to diagnose endangered populations of the puritan tigerbeetle Cicindela puritana .MolecularEcology,2:375383. WallaceLE(2002)Examiningtheeffectsoffragmentationongeneticvariation in Platanthera leucophaea (Orchidaceae): inferences from allozyme and random amplified polymorphic DNA markers. Plant Species Biology, 17:37–49. Wallace LE, (2003) The cost of inbreeding in Platanthera leucophaea (Orchidaceae).AmericanJournalofBotany,90:235–242. Wallace LE, (2006) Spatial genetic structure and frequency of interspecific hybridization in platanthera aquilonis and P. Dilatata (orchidaceae) occurringinsympatry.AmericanJournalofBotany,93(7):1001–1009. Waples RS, (1991) Pacific salmon, Oncorhynchus spp., and the definition of ‘species’ under the endangered species act. Marine Fisheries Review, 53:11–22. WrightS,(1931)EvolutioninMendelianpopulations.Genetics,16:97159. Yukawa T, Ohba H, Cameron KM, Chase MW (1996) Chloroplast DNA phylogeny of subtribe Dendrobiinae (Orchidaceae): insights from a combinedanalysisbasedonrbcLsequencesandrestrictionsitevariation. JournalofPlantResearch109:169176.

42

______CAPÍTULO2

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE Cattleya granulosa Lindl.: UMA ORQUÍDEA AMEAÇADA DE EXTINÇÃO

43

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE Cattleya granulosa Lindl.: UMA ORQUÍDEA AMEAÇADA DE EXTINÇÃO

CristianeGouvêaFajardo 1* ,RosalydeAraújoCosta 2,FábiodeAlmeidaVieira 3, WagnerFrancoMolina 4

1 DepartamentodeBotânica,EcologiaeZoologia,UniversidadeFederaldoRioGrandedo Norte,UFRN,Natal/RN. 2 DepartamentodeBotânica,UniversidadeFederaldePernambuco,UFPE,Recife/PE. 3 UnidadeAcadêmicaEspecializadaemCiênciasAgrárias,UniversidadeFederaldoRio GrandedoNorte,UFRN,Macaíba/RN. 4 DepartamentodeBiologiaCelulareGenética,UniversidadeFederaldoRioGrandedoNorte, UFRN,Natal/RN. Resumo

Cattleya granulosa Lindl. é uma orquídea endêmica da região litorânea do Nordeste do Brasil, ameaçada de extinção. Análises do padrão espacial intrapopulacionalauxiliamnasrelaçõescomosfatoresbióticoseabióticos,que determinamorecrutamentoemortalidadedosvegetais.Esteestudotevecomo objetivos avaliar os níveis de agregação espacial em uma população preservadadaespécie,emumaáreade4.225m 2.Afunçãodesegundaordem dadensidadedevizinhos(NDF)foiutilizadaparadeterminaropadrãoespacial nasclassesdedistâncias,comousodoprogramaSpPack.Quantoaohábito devida,73%dasplantaseramepífitas( N=136)e27%terrestres( N=50).A epífita tem especificidade com um único forófito, indivíduos arbóreos de Eugenia sp .(Myrtaceae). C. granulosa Lindl. possuipadrãoespacialagregado, com maior densidade de vizinhos (NDF) no raio de até 5 m. Estes dados sugeremumpotencialdispersivorestritoecominfluênciadiretasobreaçõesde conservaçãobiológicadaespécie.

Palavras-chave: Orchidaceae,densidadedevizinhos,dispersão.

44

SPATIAL DISTRIBUTION OF Cattleya granulosa Lindl.: AN ENDANGERED ORCHID

Abstract

Cattleya granulosa Lindl.orchidisendemicinthecoastalregionofnortheastern Brazil, an endangered species. Analysis of spatial pattern intrapopulation assistsinrelationswiththebioticandabioticfactorsthatdeterminerecruitment and mortality of plants. This study aimed to evaluate the levels of spatial aggregationinapopulationpreservedthespecies,inanareaof4.225m 2.The secondorderfunctionofthedensityofneighbors(NDF)wasusedtodetermine the spatial distribution in the distance classes, with the use of the program SpPack.Asthehabitoflife,73%oftheplantswereepiphytes( N=136)and 27%ground( N=50).Theepiphytehasspecificitywithasinglehosttree,the Eugenia sp.(Myrtaceae). Cattleya granulosa Lindl.ownspatialpattern,withthe highestdensityofneighbors(NDF)inradiusofupto5m.Thesedatasuggesta dispersiverestrictedandpotentialdirectinfluenceonactionsforconservationof thespecies. Keywords: Orchidaceae,neighbourhooddensity,dispersion

Introdução Ospadrõesespaciaistêmsidoumtemaparticularmenteimportanteem ecologia tropical devido a elevada diversidade e baixas densidades de espécies (Condit et al., 2000). Nas regiõestropicais a diversidade deplantas vasculares é extraordinária, e as espécies epífitas contribuem com 35% da flora (Leigh et al., 2004). Processos que incluem a dispersão de sementes, interaçõesintraespecíficaseinterespecíficas,econdiçõesdecrescimentoem locais heterogêneos determinam, em geral, a intensidade de agregação dos vegetais(Wiegandetal.,2007). Aspopulaçõesdeorquídeassãofrequentementepequenasedispersas, ou hiperdispersas (Raventós et al., 2011). Várias hipóteses foram sugeridas para esse padrão característico, muitas das quais estão relacionadas com a dinâmicadavegetaçãoeatributosdeespécie.Porexemplo,araraprodução de frutos, o longo alcance da dispersão, o regime diferencial de chuvas e a perturbação antrópica, podem ser responsáveis pelas desigualdades de riqueza e abundância de espécies de orquídeas com baixa densidade

45

populacional(Hietz,1997;Neiland&Wilcock,1998;Hietzetal.,2006;Winkler etal.,2009). Pouco se sabe, entretanto, sobre os padrões espaciais dentro das populaçõesdeplantasepífitase,particularmenteentreasorquídeas(Oteroet al., 2007). Em Orchidaceae, a germinação é criticamente dependente da presença de fungos micorrízicos (Rasmussen & Rasmussen, 2009). Deste modo,seurecrutamentoeestabelecimentosãosensíveisàscontingênciasda distribuição espacial e abundância de fungos micorrízicos (Jacquemyn et al., 2012a).Defato,amaioriadasorquídeasmostrampreferênciasporsubstratos decertasárvoresearbustos(Tremblayetal.,1998;ParraTablaetal.,2011),e são afetadas pela distribuição espacial de seus forófitos, que corresponde à planta hospedeira (Adhikari et al., 2012). Estas preferências podem estar relacionadasaosatributosfísicosequímicosdacasca,arquiteturadaplanta, ou a presença de insetos (FloresPalacios & OrtizPulido, 2005; Martínez Meléndezetal.2008;Gowlandetal.,2011).Assim,aspreferênciaspodemser determinadas pela distribuição de seus simbiontes micorrízicos que são necessáriosparaagerminaçãodesementes(Oteroetal.,2005;Phillipsetal., 2011; Jacquemyn et al., 2012b; Johnson & Kane, 2012; McCormick et al., 2012). Análises do padrão espacial intrapopulacional fornecem informações críticassobrefatoresbióticoseabióticos,competiçãointereintraespecífica,ea disponibilidade de recursos e dos processos de recrutamento e mortalidade (Wiegandetal.,2007;Vieiraetal.,2012).Nãohárelatossobreadistribuição intrapopulacionalde C. granulosa ,umaorquídeaendêmica daregiãolitorânea doNordestedoBrasilameaçadadeextinção(MMA,2008;Martinelli&Moraes, 2013).Aespéciepossuialtovalorornamentaleocorreemáreasdeexpansão urbanaeturística,tornandoaparticularmentesuscetívelàcoletapredatóriae reduçãodehábitat.Atualmente,suaspopulaçõesestãoreduzidasafragmentos de vegetação isolados e perturbados, com precário conhecimento sobre o estadodeconservação.Nestesentido,opresentetrabalhotevecomoobjetivo avaliar os níveis de agregação espacial em uma população de Cattleya granulosa Lindl.eanalisaraspossíveiscausasassociadas.

46

Material e Métodos

Espécie alvo

Cattleya granulosa , popularmente conhecida como “canela de ema”, é umaervaepífitadecrescimentovegetativosimpodial,comcaulesrizomatosos, pseudobulboseretosecilíndricos,queatingementre40e60cmdealtura.No ápicedopseudobulboencontramseduasoutrêsfolhascoriáceasecarnosas revestidas por uma camada de cutícula brilhosa, assim como uma espata simples com inflorescência racemosa terminal, contendo de 1 a 9 flores, laxamentedistribuídasnumaespiralemtornodeumacurtaraquede8a10cm dediâmetro(CamaraNetoetal.,2007). As flores são bilateralmente simétricas e com três sépalas petaloides carnosas, sendo uma dorsal e duas laterais com cores que variam entre os tonsesverdeados,amareladosecastanhosavermelhadosapresentandose,na maioriadasvezes,commanchasgranularesnacorvinácea. Possui nectário floral na base do ginostêmio, tecidos glandulares nas extremidades e bases das sépalas, além de nectários extraflorais localizados nas brácteas, pedúnculo, pedicelo, botões e ainda nos frutos (CamaraNeto et al., 2007). Caracterizamsepelapresençadeosmóforoslocalizadosnaparteinternados lobos laterais do labelo, que exalam odor fortemente adocicado e guias de néctarnolabeloqueabsorvemluzultravioleta.Mimetizamummodelogeralde flor tipicamente melitófila, porém produz pouco néctar floral, provavelmente atuando com um mecanismo de engodo (Costa, 2010). Além disso, C. granulosa Lindl. é autocompatível, porém dependente de polinizador para reprodução,possivelmenteabelhas (Costa,2010). O fruto tem deiscência da cápsulaaolongodalinhamédiaentreoscarpelos,queaoatingiramaturação liberamsementesdispersaspelovento(Costa,2010). Área de Estudo

OestudofoirealizadonoParqueEstadualdasDunasdoNatal(PEDN) (05º48´Se35º12´W)queselocalizaemregiãolitorâneanaparteorientaldo Estado do Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil, no município de Natal

47

(Figura 1). O PEDN possui 1.172 hectares ao longo de 15 km de extensão longitudinal, com a largura média de 2 km e superfície de 30 km 2 do litoral (Bezerraetal.,2007).

Figura 1. MapadoParqueEstadualdasDunasdoNatallocalizadonaregião costeiradacidadedeNatal,noEstadodoRioGrandedoNorte,Nordestedo Brasil.Fonte:Queiroz&Loiola(2009). A vegetação predominante é classificada como Floresta Estacional SemidecidualeFlorestadeRestingas,pertencendoaodomínioMataAtlântica (Velozoetal.,1991),comelementosdeCaatingaeTabuleiroCosteiro.Oclima daregiãoétropicalúmidocomprecipitaçõespluviométricas variando de 800 mmatémaisde1.500mmanuaisetemperaturasmédiasanuaisemtornode 26,4°C (Costa, 2010). A topografia é acidentada, constituída por depósitos eólicos,ouseja,asdunasapresentamelevaçõesemtornode80a120metros (Carvalho, 2001). Na área de estudo, além da C. granulosa Lindl. há outras Orchidaceae como Cyrtopodium flavum ( Nees) Link & Otto ex Rchb., Epidendrum cinnabarium Salzm., Eulophidium maculatum Pfitz, Polystachia concreta (Jacag.)Garay&Sweete Vanilla bahiana Hoehne(Freire,1990). OPEDNfoicriadopormeiododecreton°7.237doano de 1977, em decorrênciadaexecuçãodeumprojetodeligaçãoviáriaentreaspraiasAreia Preta (norte) e Ponta Negra (sul), distantes cerca de 8 km. O objetivo era preservaroremanescentedevegetação,jáqueavialitorâneafoiexecutadaà margem de uma extensa formação dunosa, rica em vegetação nativa. Além deste impacto ambiental, na época era constante a retirada de lenha da

48

vegetação, a ocorrência de queimadas, e extração em larga escala de areia paraatenderaconstruçãocivil(Freire,1990). Análises da distribuição espacial

Todos os indivíduos de Cattleya granulosa Lindl. foram mapeados em umaáreade4.225m 2,pormeiodascoordenadasgeográficas(posiçõesxey). Asplantasforamclassificadasquantoaohábitodevida(epífitaouterrestre)e quantoaclasseetária(adultasoujuvenis).Consideraramseplantasepífitasos indivíduos de C. granulosa Lindl. que no momento da observação utilizavam outraespéciecomosuporte,semligaçãocomosolo.Jáosindivíduosadultos, aqueles que apresentavam eventos reprodutivos na época da avaliação ou resquíciodeeventosanteriores. Opadrãodedistribuiçãoespacialde C. granulosa Lindl.foianalisadopor meio da função univariada de segunda ordem da densidade de vizinhos ou NDF( Neighbourhood Density Function )(Conditetal.,2000).AestatísticaNDF, tambémconhecidacomocorrelaçãodefunçãoaospares(Perryetal.,2006),é similar à função K de Ripley, porém não é cumulativa, o que favorece a interpretação. Foram utilizadas classes de distância ( t) entre 1 e 45 m, pois, como sugerido por Haase (1995), elas devem ser aproximadamente ½ do menor comprimento da parcela para que não ocorra decréscimo significativo dos valores nas classes finais de distância. Adicionalmente, foi calculada a correçãodoefeitodeborda,baseadoemGoreaud&Pelissier(1999).Pormeio desimulações,asclassesdedistâncianoscorrelogramasforamespecificadas com intervalos de 5 m, a fim de se evitar o efeito “jagged plot” ou padrão denteado(Wiegand&Moloney,2004).OsvaloresdaestatísticaNDF( t)foram plotadosnocorrelogramaemfunçãodadistância t ecomparadosa“envelopes” de completa aleatoriedade (intervalos de confiança), obtidos a partir de 499 simulaçõesrandômicasdeMonteCarlo(alfa=0,01). As seguintes hipóteses foram testadas: 1) hipótese nula de completa aleatoridade espacial das amostras: quando os valores de NDF se encontravamdentrodafaixadevaloresdointervalodeconfiança(ICsuperiore ICinferior);2)Hipótesealternativadepadrãoagregado:quandoosvaloresde NDFestimadosestãoacimadoICsuperiore;3)Hipótesealternativadepadrão

49

espacialsegregado:quandoosvaloresdeNDFestimadosestãoabaixodoIC inferior.Essasanálisesforamrealizadaspormeio do programa SpPack 1.38 (Perry,2004).

Resultados e Discussão

Na área deestudoforamencontrados186indivíduos de C. granulosa Lindl.(Figura2). 9,357,290

9,357,280

9,357,270

9,357,260 Y 9,357,250

9,357,240

9,357,230 8 m

9,357,220 70 00 10 ,450 ,460 ,4 ,5 ,5 57 57 257 257 2 257,480 257,490 257 2 257,520 257,530 X Figura 2. Distribuição espacial de indivíduos de C. granulosa Lindl. na área amostrada de 4.225 m 2. Os valores dos eixos x e y são dados em UTM (UniversalTransverseMercator). Dototaldeplantas186,136eramepífitas(73%)e50terrestres(27%). Quantoàsclassesetárias,162plantasforamconsideradasadultas(85%)e24 juvenis(15%).Narelaçãodeepifitismo,foiobservadoquetodasasplantasde C. granulosa Lindl. utilizavam a espécie Eugenia sp . (Myrtaceae), conhecida comouvaia,comohospedeira(Figura3).

50

a b

Figura 3. Indivíduos de C. granulosa Lindl.sobreaespéciearbórea Eugenia sp .(a)eindivíduoadultoterrestrecomoeventoreprodutivodefloração(b)no ParqueEstadualDunasdoNatal. Opadrãoespacialde C. granulosa Lindl.mostrousignificantesníveisde agregação até um raio de 25 m do indivíduofocal, com os valores de NDF superiores ao intervalo de completa aleatoriedade (Figura 4). Nas distâncias entre25e30mopadrãoespacialéaleatório,ouseja, as plantas são mais espaçadasdoqueoesperadopeloacaso.Apartirdos35m,observasenível desegregaçãodosindivíduosnapopulação.

Figura 4. Padrãoespacialobtidopormeiodaanáliseunivariadadadensidade de vizinhos (NDF) de indivíduos de C. granulosa . Linhas pontilhadas

51

correspondem ao intervalo de confiança de 99% para a hipótese nula de padrãoespacialcompletamentealeatório. Na função NDF, os padrões espaciais são analisados por meio de círculos com raios ( t) crescentes de tal forma que as escalas dos padrões podemserdetectadas.Osvegetaispodemapresentartrêspadrõesespaciais: aleatório, agregado ou segregado (regular), com base na ocorrência de vizinhosaoseuredor(Conditetal.,2000).Estespadrõespodemsurgirapartir deumavariedadedeprocessos,incluindoadispersãodesementeslocalizada, interações intra e interespecíficas e heterogeneidade local, que proporciona condições diferentes para o crescimento, tais como variações na topografia, distribuiçãoderecursos,outipodevegetação(Oteroetal.,2005).Paraesse estudo, verificouse maior densidade de vizinhos (NDF) no raio de até 5 m, caracterizando o padrão espacial agregado. Sendo assim, supõese que grande parte das sementes de C. granulosa Lindl. é depositada próximo à plantamãe.Issosedeveprovavelmenteadispersão anemocórica restrita no local e ao hábitat favorável para o recrutamento de plântulas. Tal condição biológicaécrítica,poisatornavulnerávelaaçõesdedesmatamentoecoleta predatória. Os padrões espaciais em Cattleya granulosa Lindl. podem ser explicados ainda devido à associação desta epífita com outras espécies vegetais.Defato,algumasassociaçõesentreasespéciespodemsercomum em plantas, mas podem variar em sua área de ocorrência (Wiegand et al., 2007).Sabesequeosfungosmicorrízicossãonecessáriosparaagerminação dassementesdasorquídeasepodemterefeitosprofundossobreospadrões de distribuição e levar à aglomeração espacial de orquídeas (Otero et al., 2007).Naáreadeestudo,adistribuiçãoagregadade C. granulosa Lindl.pode ser influenciada pela especificidade com a sua hospedeira Eugenia sp. (Myrtaceae), também relatada em outros remanescentes de Florestas Estacionais Semideciduais de Restingas do Rio Grande do Norte (Camara Netoetal.,2007;Costa,2010).Asoutrasespéciesdeorquídeasnolocal,por suavez,nãoestavamassociadasa Eugenia sp. Osdiferentespadrõesdeassociaçãoedistribuiçõesdesiguaisdefungos micorrízicos associados a condições ambientais específicas podem levar a padrões de distribuição desigual de orquídeas e, possivelmente, também

52

restringir a abundância de espécies. Por exemplo, a variação espacial e segregação espacial nas orquídeas Anacamptis morio (L.) R.M. Bateman, Pridgeon&M.W.Chase, Orchis mascula (L.)L.e Gymnadenia conopsea (L.) R. Br., queocorrememsimpatriaedemonstramumpadrãoagregado (entre 1,2 e 5 metros), parecem ser influenciados pela simbiose com diferentes parceirosmicorrízicos(Jacquemynetal.,2012c). McCormick et al. (2009) quantificaram a abundância de indivíduos adultos da orquídea Corallorhiza odontorhiza (Willd.) Nutt. e correlacionaram comaocorrênciadefungosmicorrízicos.Alémdeencontrarempadrãoespacial agregado na população, os autores encontraram forte relação entre a distribuiçãodeindivíduosadultosdaorquídeaeabundânciaedistribuiçãode fungos. Assim, concluíram que locais com maior abundância de fungos micorrízicos facilitam a germinação das sementes de orquídeas silvestres (McCormicketal.,2012).Nestesentido,paraapreservação das populações remanescentes de Cattleya granulosa Lindl. devese considerar sua íntima relaçãocomosforófitos,nestecasoespéciesde Eugenia sp.(Myrtaceae). Emumaescaladetempoevolutivo,adistribuiçãoirregulardeorquídeas, com padrões espaciais segregados e tamanhos populacionais pequenos podem ter contribuído para a diversificação de espécies de orquídeas, ocasionando restritofluxo gênico entre aspopulações e pequenos tamanhos efetivos (Tremblay et al., 2005; Jacquemyn et al., 2012a). Entre as causas, estão fatores como a dispersão restrita da semente e subsequente recrutamento de novos indivíduos na população, que são importantes processos que afetam a dinâmica populacional, a diversidade genética e estruturaespacialdosgenótiposdasplantas(Jacquemynetal.,2009;Vieiraet al.,2012). Dessemodo,aocorrênciada Cattleya granulosa Lindl.emregiõescom características diversas da analisada no presente estudo estimula análises complementaresdaestruturagenéticaespacial,paramelhorcompreensãoda amplitude dos padrões de dispersão da espécie e influência dos fatores ambientais.Nestesentido,estudosqueinvestiguemaspectosdasuarealárea de distribuição, níveis de variabilidade genética e da dispersão são necessários.

53

Conclusões As plantas de Cattleya granulosa Lindl. possuem padrão espacial agregado com maior densidade de vizinhos no raio de até 5 m, indicando dispersãorestritaaoredordoparental.Dessemodo,fatorescomoadispersão desementesrestritaaoredordaplantamaternaea especificidade com um único forófito, indivíduos arbóreos de Eugenia sp . (Myrtaceae) possivelmente sãoresponsáveispelopadrãoespacialencontradoparaaespécie.

Agradecimentos À administração do Parque Estadual Dunas do Natal, pela autorização concedidaparapesquisa,eosguardasambientais,peloauxílio. Referências

AdhikariYP,FischerHS,FischerA.Hosttreeutilizationbyepiphyticorchidsin different landuse intensities in Kathmandu Valley, Nepal. Plant Ecology 2012;213:13931412. BezerraACC,NunesAT,CostaAAA,FerreiraIN,BezerraMFA,CavalcantiLH. MixobiotadoParqueEstadualdasDunasdeNatal. Revista Brasileira de Biociências 2007;5(2):3032. CamaraNeto C, ChavesCamara I, Medeiros SC, Braga MRA. Rescuing Cattleya granulosa Lindley in the wild. Lankesteriana 2007; 7(12): 243 246. Carvalho MM. Clima Urbano e Vegetação: Estudo Analítico e Prospectivo do Parque das Dunas em Natal [dissertação].Natal:UniversidadeFederaldo RioGrandedoNorte;2001 ConditR,AshtonPS,BakerP,BunyavejchewinS,GunatillekeS,GunatillekeN et al.Spatial patterns in the distribution of tropical tree species. Science 2000;288:14141418. Costa RA. Biologia floral e sistema reprodutivo de Cattleya granulosa Lindl., uma Orchidaceae ameaçada e endêmica do Nordeste do Brasil [dissertação].Recife:UniversidadeFederaldePernambuco,2010. FloresPalacios A, OrtizPulido R. Epiphyte orchid establishment on termite cartontrails. Biotropica 2005;37:457–461. FreireMSB.LevantamentoFlorísticodoParqueEstadualDunasdeNatal. Acta Botânica Brasílica 1990;4(2):4159.

54

Goreaud F, Pelissier R. On explicit formulas of edge effect correction for Ripley’sKfunction. Journal of Vegetation Science 1999;10:433438. Gowland KM, Wood J, Clements MA, Nicotra AB. Significant phorophyte (substrate) bias is not explained by fitness benefits in three epiphytic orchidspecies. American Journal of Botany 2011;98(2):197206. Haase, P. Spatial pattern analysis in ecology based on Ripley’s Kfunction: introduction and methods of edge correction. Journal of Vegetation Science 1995;6:575582. HietzP.PopulationdynamicsofepiphytesinaMexicanhumidmontaneforest. Journal of Ecology 1997;85:767775. HietzP,BuchbergerG,WinklerM.Effectofforestdisturbanceonabundance anddistributionofepiphyticbromeliadsandOrchids. Ecotropica 2006;12: 103112. Jacquemyn H, Brys R, Honnay O, RoldánRuiz I, Lievens B, Wiegand T. Nonrandomspatialstructuringoforchidsinahybridzoneofthree Orchis species. New Phytologist 2012a;193(2):454464. JacquemynH,BrysR,LievensB,WiegandT.Spatialvariationinbelowground seed germination and divergent mycorrhizal associations correlate with spatial segregation of three cooccurring orchid species. Journal of Ecology 2012c;100:13281337. Jacquemyn H, Deja A, Hert KD, Bailarote BC, Lievens B. Variation in Mycorrhizal Associations with Tulasnelloid Fungi among Populations of five Dactylorhiza species. Plos One 2012b;7(8):e42212. Jacquemyn H, Wiegand T, Vandepitte K, Brys R, RoldánRuiz I, Honnay O. Multigenerational analysis of spatial structure in the deceptive orchid Orchis mascula . Journal of Ecology 2009;97:206216. Johnson TR, Kane ME. Effects of temperature and light on germination and earlyseedlingdevelopmentofthepinepinkorchid( Bletia purpurea ) Plant Species Biology 2012;27:174179. LeighEG,DavidarP,DickCW,PuyravaudJP,TerborghJ,SteegeTH.,Wright SJ. Why do some tropical forests have so many species of trees? Biotropica 2004;36:447473. Martinelli G, Moraes MA. Livro vermelho da flora do Brasil . 1. ed. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do RiodeJaneiro;2013. MartínezMeléndez N, PérezFarrera MA, FloresPalacios A. Estratificación vertical y preferencia de hospedero de las epífitas vasculares de un bosquenubladodeChiapas,México. Revista de Biología Tropical 2008; 56(4):20692086. McCormickMK,TaylorDL,JuhaszovaK,BurnettJRRK,WhighamDF,O’neill JP. Limitations on orchid recruitment: not a simple picture. Molecular Ecology 2012;21(6):15111523. McCormickMK,WhighamDF,O’NeillJP,BeckerJJ,WernerS,RasmussenHN et al. Abundance and distribution of Corallorhiza odontorhiza reflects

55

variations in climate and ectomycorrhizae. Ecological Monographs 2009; 79:619635. MinistériodoMeioAmbiente. Instrução normativa nº6,de23desetembrode 2008.55p. Neiland RMM, Wilcock CC. Fruit set, nectar reward, and rarity in the Orchidaceae. American Journal of Botany 1998;85(12):16571671. Otero JT, AragónS,Ackerman JD.SiteVariation in Spatial Aggregation and phorophyte preference in Psychilis monensis (Orchidaceae). Biotropica 2007;39(2):227231. OteroJT,BaymanP,AckermanJD.Variationinmycorrhizalperformanceinthe epiphytic orchid Tolumnia variegata , the potential for natural selection. Evolutionary Ecology 2005;19:2943. ParraTablaV,VargasCF,NavalC,CalvoLM,JeffO.PopulationStatusand Reproductive Success of an Endangered Epiphytic Orchid in a FragmentedLandscape. Biotropica 2011;43(5):640647. PerryGLW.SpPack:spatialpointpatternanalysisinExcelusingVisualBasic forApplications26(VBA). Environmental Modelling & Software 2004;19: 559569. PerryGLW,MillerBP,EnrightNJ.Acomparisonofmethodsforthestatistical analysis of spatial point patterns in plant ecology. Plant Ecology 2006; 187(1):5982. Phillips RD, Barrett MD, Dixon KW, Hopper SD. Do mycorrhizal symbioses causerarityinorchids? Journal of Ecology 2011;99:858869. Queiroz RT, Loiola MIB. O gênero Chamaecrista Moench (Leguminosae Caesalpinioodeae)emáreasantropizadasdoentornodoParqueEstadual dasDunasdeNatal,RN,Brasil. Hoehnea 2009;36:725736. Rasmussen HN, Rasmussen FN. Orchid mycorrhiza: implications of a mycophagouslifecycle. Oikos ,2009;118:334345. RaventósJ,MujicaE,WiegandT,BonetA.AnalyzingtheSpatialStructureof Broughtonia cubensis (Orchidaceae) Populations in the Dry Forests of Guanahacabibes,Cuba. Biotropica 2011;43(2):173182. Tremblay RL, Ackerman J.D., Zimmerman JK, Calvo RN. Variation in sexual reproductioninorchidsanditsevolutionaryconsequences: a spasmodic journeytodiversification. Biological Journal of the Linnean Society 2005; 84:154. TremblayRL,ZimmermanJK,LebrónL,BaymanP,SastreI,AxelrodF,Alers García J. Host specificity and low reproductive success in the rare endemic Puerto Rican orchid Lepanthes caritensis . Biological Conservation 1998;85:297304. VelozoHP,RangelFilhoALR,LimaJCA. Classificação da vegetação brasileira adaptada a um sistema universal .IBGE,RiodeJaneiro;1991. VieiraFA,FajardoCG,SouzaAM,ReisCAF,CarvalhoD.Finescalegenetic dynamics of a dominant neotropical tree in the threatened Brazilian AtlanticRainforest. Tree Genetics & Genomes 2012;8:11911201.

56

Wiegand T, Gunatilleke CVS, Gunatilleke IAUN. Species associations in a heterogeneous Sri Lankan dipterocarp forest. American Naturalist 2007; 170:E77E95. Wiegand T, Moloney KA. Rings, circles, and nullmodels for point pattern analysisinecology. Oikos 2004;104:209229. Winkler M, Hülber K, Hietz P. Population dynamics of epiphytic orchids in a metapopulationcontext. Annals of Botany 2009;104:9951004.

57

______CAPÍTULO3

INTERSPECIFIC GENETIC ANALYSIS OF ORCHIDS IN BRAZIL USING MOLECULAR MARKERS

58

INTERSPECIFIC GENETIC ANALYSIS OF ORCHIDS IN BRAZIL USING MOLECULAR MARKERS

CristianeGouvêaFajardo 1* ,FábiodeAlmeidaVieira 2,WagnerFrancoMolina 3

1 Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,CEP59078970,Natal,RN,Brazil. 2 Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias, Universidade Federal do Rio GrandedoNorte,CEP59280000,Macaíba,RN,Brazil. 3 DepartamentodeBiologiaCelulareGenética,UniversidadeFederaldoRioGrandedoNorte, CEP59078970,Natal,RN,Brazil.

Abstract

Several species of Orchidaceae, one of the largest plant families, are consideredendangeredthroughoutSouthAmericaandlegalprotectionpolicies areneededsotheycanbepreserved.ISSRsmarkersareapotentialtooltobe usedinthephylogeneticreconstructionofcloselyrelatedspecies. Inthisstudy, weevaluatethepolymorphicinformationcontent(PIC)andoptimumnumberof ISSR markers (ONM) for five Laeliinae orchids in order to assess genetic diversity. The phylogenetic relationships between Cattleya granulosa , an endangered Brazilian orchid, and four other native Brazilian species (Brassavola tuberculata , Cattleya bicolor , Cattleya labiata and Cattleya schofieldiana ) were analyzed for genetic diversity and differentiation. The 11 selectedprimersgenerated166unambiguousloci(PIC=0.354;ONM=156). Of the five studied species, C. bicolor exhibited the highest level of genetic diversity( HE=0.219),while C. labiata exhibitedthelowestlevel( HE=0.132). Thepercentageofgeneticvariationamongspecies(AMOVA)was23.26%.The principal component analysis (PCA) of ISSR data showed that unifoliate and bifoliolatespeciesaregeneticallydivergent.Additionally,PCAindicatedaclose relationbetween C. granulosa Lindl. and C. schofieldiana ,aspeciesconsidered tobeavarietyof C. granulosa Lindl.bymanyresearchers.Thus,weconclude that ISSR genetic markers are effective in detecting genetic differentiation amongorchidspecies.

Keywords Brassavola tuberculata , Cattleya , ISSR, Genetic differentiation, Laeliinae,Orchidaceae

59

Introduction

With approximately 24,000 recognized species and about 800 genera, Orchidaceae is one of the largest plant families (World Checklist of the Monocotyledons 2006). The family presents some of the most complex and intriguing pollination mechanisms ever recorded (Lovisa et al. 2010) and its flowers are pollinated by diverse groups of insects and birds (Dodson et al. 1969). Within this family, Laeliinae is a strictly Neotropical subtribe with approximately 1,500 species and around 50 genera; it is the second largest subtribeofOrchidaceae(vandenBergetal.2009).Whileartificialhybridization canbeemployedtocombinevariousgeneraforhorticultural purposes, many interspecificandintergenerichybridshavealsobeenfoundinnaturalhábitats (Azevedo et al. 2006; van den Berg et al. 2009; Pinheiro et al. 2010; Storti 2011). Hybridizationinnaturehasbeendocumentedthroughtheidentification ofseveralintraandintergenericspecies,especiallyinvolving Cattleya ,oneof the most economically important genus. Throughout South America, several species of this genus are considered endangered (MMA 2008) and legal policiesfortheirprotectionarenecessary. Inter simple sequence repeats (ISSRs) have been used extensively to characterize genetic diversity in orchids, such as Anoectochilus formosanus (Zhang et al. 2010), Cymbidium goeringii (Wang et al. 2009a), and Vanilla species(Verma2009).ThroughISSRmarkersitisalsopossibletoverifythe genetic stability of micropropagated plantlets from tissue culture (e.g. Vanda stangeana , Kishor and Devi 2009). ISSR markers can be useful in informing genetic conservation and sustainable use strategies (e.g. Cymbidium ensifolium , Wang 2011). However, genetic analyses of endemic South Americanorchidsarestillrare(ÁvilaDiazandOyama2007;Borbaetal.2001). The ISSR technique has the ability to generate a large number of multilocusmarkersandcanbeappliedtoanalyzealmostanyorganism(Arcade et al. 2000). ISSR is one of many fingerprinting techniques based on PCR (Polymerase Chain Reaction) and is defined as a variant of PCR using sequence primers to amplify simple and repetitive regions between target sequences(Zietjiewiczetal.1994).TheISSRmethodassessestheabundance and random distribution of Simple Sequence Repeats (SSRs) in genomes of plants and other organisms, amplifying DNA sequences contained between 60

theseSSRs(Reddyetal.2002).Moreover,ISSRstudiesatthepopulationlevel have recently demonstrated the hypervariable nature of these markers and theirpotentialuseinpopulationanalyses(Pinheiroetal.2010). ISSRareespeciallyvaluablewhenstudyingcloselyrelated taxa ,dueto the difficulty in finding DNA regions that are sufficiently variable in recently radiated taxa (Archibaldetal.2006).Inapreviousstudy,phylogeneticanalysis of the Laeliinae subtribe was performed with ribosomal ITS sequences and plastidal DNA; however, inconsistencies in the trees were reported (van den Berg et al. 2000 and 2009). Added to the sequencing data, dominant ISSR markershavebeenproposedbyseveralauthorsasbeingpotentiallyusefulfor phylogeneticreconstructionofcloselyrelatedspecies(Joshietal.2000;Haoet al.2002;Sudupaketal.2004).Thus,thisstudyassessestheuseofafurther genetic marker technique in an attempt to address this lack of genetic resolution. Furthermore, we analyze the phylogenetic relationships of the endangeredBrazilianorchids Cattleya granulosa Lindl., Cattleya labiata Lindl. and Cattleya schofieldiana Rchb.f. (Martinelli and Moraes 2013; MMA 2008), with two other native Brazilian species of Epidendroideae: Brassavola tuberculata Hook.and Cattleya bicolor Lindl. Materials and methods Plant samples Freshleaveswerecollectedfromfiveindividualsofeachorchid,placed in2.0mLtubescontaining10%CTAB(cetyltrimethylammoniumbromide),and stored at –20º C in the laboratory. The species presents a low population density, so the sample size obtained was small. Individuals of C. granulosa Lindl. were sampled from the Atlantic Rainforest in the northeast of Brazil (MunicipalityofCearáMirim,RioGrandedoNorteState),alongwithsamplesof Brassavola tuberculata (Municipality of Rio do Fogo, Rio Grande do Norte State), and C. labiata (Paraíba State). Specimens of C. schofieldiana and C. bicolor weredonatedbyprivatecollectorsfromtheBraziliansoutheast. DNA extraction and ISSR amplification Genomic DNA was extracted from leaves using the CTAB protocol (DoyleandDoyle1987).Ofthe20screenedprimers,weselected11primers

61

for use in this study (Table 1). PCR amplifications were performed in 12 L reactioncontainingDNA2ng,PCRbuffer(500mMKCl,100mMpH8.4;1%

TritonX100,20mMMgCl 2),dNTP(2.5mM),plusanadditional50mMMgCl 2, 1 U Taq DNA polymerase, and ISSR primer (2 M). All amplifications were carried out in a MJ Research PTC100 thermocycler using the following sequence:aninitialstepof2minat94°C;followedby37cyclesof15sat94°C, 30sat42°Cand1minat72°C;andafinalextensionstepof7minat72°C. Amplificationproductswereresolvedbyelectrophoresison1.5%agarosegel, runningat100Vfor3.5hours.GelswerestainedwithGelRed TM in1XTAE (TrisAcetateEDTA)bufferandphotographedunderultravioletlight.Molecular weights were estimated using a 1,000bp DNA ladder. The criterion for choosingprimerswasthattheyhadunambiguousandreproduciblebands. Identification of the optimal number of bands TheoptimumnumberofISSRmarkers(ONM)wascalculatedusingthe GENES software (Cruz 2001), through bootstrap analysis (Manly 1997). For eachpairofplants,thegeneticsimilaritywasestimatedfromthirtysimulations withdifferentsizes(1,6,11,...,161bands).The sum of squared deviations (SSD), stress ( S), and the correlation ( r) values between the original and simulatedmatriceswereusedtoevaluatetheoptimal number ofpolymorphic bands according to Kruskal (1964). S values indicate the difference between theoriginalmatrixandthesimulatedmatrix.Whenthevalueof Sislessthan 0.05,thenumberoffragmentsisconsideredsufficientfortheanalysis(Kruskal 1964). Genetic analysis TheamplifiedDNAfragmentswerescoredaspresent(1)orabsent(0). Only reproducible bands were scored; smeared and weak bands were excluded.To assess the polymorphic information content (PIC), we used the 2 th formula PIC= 1Σpi ,where piisthefrequencyofthe i amplifiedallele .The PIC indicates the ability of each marker to be found in two different states (presence/absence)intwoplantschosenrandomlyfromthepopulation.

62

Thegeneticdiversityparametersforeachorchidspecieswereanalyzed usingPOPGENEversion1.32(Yehelal.1999)toestimate:thepercentageof polymorphicbands( PL, 0.95 criterion,Nei1987),numberofalleles( Na ),Nei’s

(1973)expectedheterozygosity( HE),andtheShanonindexofdiversity( I).The levelofgeneticdifferentiationamongspecieswasestimatedusingtheanalysis ofmolecularvariance(AMOVA),performedinARLEQUINsoftware(Excoffieret al. 2007). The test of significance for AMOVA was carried out with 10,000 permutations, as well as the pairwise FST values and significance. Principal componentanalysiswasperformedwithSTATISTICA7.0(StatSoft2004)using the genetic distance matrix of the individuals with UPGMA as the grouping algorithm(SneathandSokal,1973).Aggregationsofplottedindividualsreveal setsofgeneticallysimilarindividuals.

Results ISSR profiles The 11 selected ISSR markers generated 166 unambiguous and reproduciblebands,161(96.7%)ofwhichwerepolymorphic,withsizesranging from300bpto8,000bp.Thenumberofbandsvariedfrom9(UBC862)to21 (UBC898)withanaverageof15bandsperISSRmarkers(Table1).Boththe primersUBC898andUBC827presented21and20ISSRlocifordinucleotide CAandACrepeats,respectively.Thiswasthemostinformativeresultamong thetestedISSRprimers.ThePICvaluesrangedfrom0.245(UBC822)to0.479 (UBC898)withameanof0.354,thusdemonstratingthestrongdiscriminatory powerofthemarkersidentified(Table1). Optimum number of ISSR markers Forallspecieswefoundhighcorrelationvalues( r>0.96)betweenthe original(analyzedbands)andsimulatedmatrices(Table2),withconsistencyin 156 bands (ONM) at which point the correlation value reached 0.9952 and stressreached0.0365forallspecies.Theresultsinthisstudyshowedthatthe ONMwaslowerthanthenumberoflociused(166bands);fromthis,itcanbe

63

inferredthattheestimatesofgeneticdiversitydetectedamongindividualsof B. tuberculata , C. bicolo r, C. granulosa , C. labiata , C. schofieldiana present excellentaccuracy,between116and146loci( E<0.05)(Figure1). Genetic diversity Using the ISSR markers, genetic variation was analyzed within each orchidspecies(Table3). C. bicolor and C. schofieldiana showedthegreatest numberofpolymorphicloci( L),with94and93respectively.Thepercentageof polymorphicloci( P)rangedfrom30.12%in C. labiata to56.63%in C. bicolor .

Of the five species, C. bicolor exhibited the highest level of variability ( HE =

0.219; I = 0.323), while C. labiata exhibited the lowest level ( HE = 0.132; I= 0.193)(Table3). Genetic differentiation According to the AMOVA analysis, the percentage of genetic variation withinLaeliinaespecieswas76.74%,indicatingthatgeneticdifferentiationwas foundmainlywithinspeciesratherthanbetweenspecies(Table4).Thefixation index showed that the most structured species is C. granulosa , with an FST valueof0.322(Table3). Principal component analysis of all five species sampled showed that species were clearly and unequivocally differentiated along ordination axis 1 (Figure2),whichcaptured26.70%ofthetotalvariance.Axis2(36.57%ofthe totalvariance)differentiatedthe B. tuberculata populationfromthe Cattleya sp.

Discussion ISSR markers and genetic variation Molecularmarkerbasedstudiesofgeneticdiversityinplantspeciesare importanttoolsforplantbreedingandconservation(NybomandBartish2000). This study represents the first use of the ISSR genotyping technique to measure the genetic variation and assess phylogenetic inferences of five LaeliinaespeciesfromtheAtlanticForestofBrazil.Themajorityofstudieson

64

theLaeliinaesubtribefocusonthephylogenyofthegroupusingplastidmarkers andnuclearITSrDNA(vandenBergetal.2000;vandenBergetal.2009).In theliterature,onlytheanalysisofgeneticdiversityin C. labiata anditsrelated generausingRAPD(Jinetal.2004)hasbeendiscussed.Recently,Pinheiroet al.(2012)alsoevaluatednaturalpopulationsof C. labiata andtenspeciesofthe samegenususingRAPDandISSR. Thenumberoflociusedinstudiesofgeneticdiversityofplantspecies, withISSRmolecularmarkersisvariable(e.g.Zhangetal.2010;Brandãoetal. 2011). Verma et al. (2009) selected 11 ISSR primers to analyze genetic diversity of nine species of Vanilla , and found 108 loci of which 93 were polymorphic(86.11%).Wangetal.(2009b)evaluatedthegeneticdiversityand phylogeneticrelationshipsamong31 Dendrobium specieswith17ISSRprimers andobtained278lociwith100%polymorphism.According to Colombo et al. (2000),between50and100bandsisconsideredsufficienttoestimategenetic relationships among and within plant species. Thus, we concluded that the ISSR markers used in this study are sufficient not only for quantifying the genetic diversity of B. tuberculata , C. bicolor , C. granulosa , C. labiata and C. schofieldiana , but also to identify polymorphism between individuals in populations. The results show that the genetic parameters Ne , He and I were statistically identical among B. tuberculata , C. bicolor and C. shofieldiana , as compared with the standard error (Table 3). However, the Na parameter was statistically different among the five species. Although the sampling strategy doesnotpermitustomakeconclusionsaboutthelevels of genetic diversity, longlived and outcrossing species are expected to be more variable than annualandselfcompatiblespecies(HamrickandGodt1990).Thus,infuture studies, the sampling of populations should consider the geographical distribution of the species, as well as its demographic and reproductive characteristics. Species characterization, phylogenetic relationships and genetic differentiation

65

Laeliinae occurs exclusively in the Neotropical region, so it has many peculiaritiesandecologicalmorphologicaltraits.Themajorityofspeciesofthe subtribeareepiphytesorrupicolousandhavethickleavesandpseudobulbsas anadaptationtoxerichabitats(vandenBergetal.2009). Unlike C. labiata ,theother Cattleya speciesassessedinthisstudy, C. granulosa , C. schofieldiana and C. bicolor , are part of the bifoliolate group (Table5). Thegenus Cattleya is characterizedbyitslargeflowersanditslipis not fused to the . Cattleya plants exhibit a strong rootstock, that is slightlyreptant,andeachgrowingseason,oneortwo leaf groups root and a new branch is formed. This branch is claviform, flattened laterally, and elongatedandthin(bifoliolatespecies).Therearetwospeciesgroups:thefirst has spindleshaped pseudobulbs that are strongly compressed laterally with onlyoneleaf(unifoliate);thesecondiscylindricalandhasclavatepseudobulbs withtwobracts(bifoliate),andoccasionallypresentthreeshoots(Braem1984). The flower buds are surrounded by one or two bracts, which are called the spathe.Theflowersarecomposedofthreeandandtwopetals formthelip.Thelipstructureismuchmoreelaboratethantheotherpartsofthe flowerandinvolvesthespine(Braem1994). Cattleya labiata Lindl. is a unifoliate orchid (Table 5). According to Menezes(2002)itisknownasthe" Queen of Northeast Brazil "becauseofits beauty,varietyoffragrances,andcultivability;theplantisadaptabletodifferent locationsandtypesofsubstrate. C. labiata ischaracterizedashavingonlyone leafperpseudobulbrangingfrom720cmlong.Theflowersrangefrom1020 cm in length. They are usually pinkishpurple or pinkishred, but several varietieshavebeenrecorded.AnalysesusingRAPDandISSRmarkersfound highlevelsofpolymorphisminthe C. labiata (Pinheiroetal.2012).Thespecies isendangered(MMA2008)andsuffersfromextractivismandhabitatlossfrom deforestation. Cattleya granulosa Lindl.variesinsizeandtheplantsmayhavelongor short pseudobulbs containing from two to three leaves. The flowers are approximately15cmindiameterandvaryinnumberfromthreetosevenper pseudobulb.Flowersrangeincolorfromyellowtogreentored.C. granulosa Lindl. was included on the official list of endangered flora published by the Brazilian Ministry of the Environment in 2008. This species has suffered

66

significantlossesduetotheharvestingofspecimensandhabitatloss(Barroset al.2013). Cattleya schofieldiana is endemic to Brazil and it is found in the phytogeographic domain of the Atlantic Forest, occurring in the states of EspíritoSantoandRiodeJaneiro.Theplantsreachonemeterinheightand theflowerscanreach10cminlengthandareveryfragrant. C. schofieldiana producesbetweentwotofiveflowersperstem,ofyellow to dark brown with stainsonthepetalsandsepals.Thepurpleormagentalipprotrusionhasmany hairsandhasawhiteborder(Barrosetal.2013). Cattleya bicolor is considered a vulnerable species due to several factors,includingovercollectionandhabitatdestruction. Of all the species in the genus, C. bicolor is the species for which the taxonomy is most often confused.Thelaterallobesofthelipsaresignificantlyreduced,allowingeasy identificationwithinthegenus. C. bicolor orchidismediumtolargeinsize.The pseudobulbs are long, cylindrical, ribbed, and oblong with two leaves. The petals and sepals of C. bicolor feature a mahoganybrown with purple tones, thelipisrosypinkormagenta.Thecolorsoftheflowerscanvaryconsiderably betweenindividuals.Thepointofthefloweremergesfromabasalsheathand emitsbetweenoneandsevenflowers(Moraetal.2008). Phylogenetic studies on the Laeliinae subtribe (Epidendroideae, Orchidaceae)suggestimportanttaxonomicchangesinrecentyears(vanden Berg2000;vandenBergetal.2009).Thefirstmolecularphylogeneticanalysis onLaeliineae,whichwasbasedonITSsequences,suggestedthatthegenusis notmonophyletic(vandenBergetal.2000).

Theresultsofourstudyshowthatthefixationindexfor C. bicolor (FST =

0.177), B. tuberculata (FST = 0.214), and C. shofieldiana (F ST = 0.219) are similar to the average found for Orchidaceae (F ST =0.146),whichistypically characterized by relatively low genetic differentiation among populations

(Phillipsetal.2012).Despitethegeneticdifferencesobservedinthisstudy( FST =23.2%),the Brassavola groupisacloserelativeof theunifoliate Cattleya (e.g. C. labiata , see Table 5). B. tuberculata often occur on inselbergs, as an epiphyteinthesaltmarshesofthecoastofBrazil,andonrockyoutcropsas rupicolous(CunhaandForzza2007).Thisspecies,alsoknownasthe"rattail orchid", is characterized by having long arching leaves. Its flowers, with

67

greenishpetalsandsepalsandwhiteliprangingfromfourto10perstem,open inthesummercoincidingwiththebloomingof C. labiata (Barrosetal.2013).In fact, principal component analysis (PCA) showed greater genetic similarity between these two unifoliate species (Figure 2). Still, according to the PCA, bifoliate species are divergent from unifoliate species, forming a secondary groupexplainedbyaxis2.Finally,thedatasuggestthatC. shofieldiana and C granulosa Lindl. are closely related. C. shofieldiana is often considered a variety of C. granulosa Lindl. and is known as Cattleya granulosa var. schofieldiana (Rchb.f.)A.H.Kent (Govaerts2003;Barrosetal.2013). Thedata obtained using ISSRmarkers to analyze these species have shown that they are effective in assessing interspecific differentiation. Such analysesmaycontributetotheconservationofNeotropicalorchidpopulations andspecies.Infact,phylogeneticrelationshipsarebeingusedincreasinglyasa tooltostudyconservationgenetics.Insuchanalyses,oneofthemostimportant applicationsisinthedefinitionoftaxonomicunits(AllendorfandLuikart2007). Thus,theresultsofthisstudycanbeappliedtostudiesofpopulationgeneticsin ordertodefinepriorityareasfortheconservationoforchidsintheirremaining naturalhabitats. Acknowledgements The authors acknowledge the Brazilian agency “Coordenação de AperfeiçoamentodePessoaldeNívelSuperior(CAPES)”forprovidingaPhD fellowship to C.G. Fajardo.We also thank Dr. Evelyn Nimmo for editing the Englishlanguageofthemanuscript.

References AllendorfFW,LuikartG(2007)ConservationandtheGeneticsofPopulations. Blackwell,London642pp ArcadeA,AnselinF,FaivreRampantP,LesageMC,PaquesLE,PratD(2000) Application of AFLP, RAPD and ISSR markers to genetic mapping of EuropeanandJapaneselarch.TheorApplGenet100:299–307 Archibald JK, Mort ME, Crawford DJ, SantosGuerra A (2006) Evolutionary relationshipswithinrecentlyradiatedtaxa:commentsonmethodologyand analysis of intersimple sequence repeat data and other hypervariable, dominantmarkers.Taxon55(3):747–756 68

ÁvilaDiaz I; Oyama K (2007) Conservation genetics of an endemic and endangeredepiphytic Laelia speciosa (Orchidaceae).AmericanJournalof Botany94(2):184–193 Azevedo CO, Borba EL, van den Berg C (2006) Evidence of natural hybridizationandintrogressionin Bulbophyllum involutum Borba,Semir& Barros and B. weddellii (Lindl.) Rchb.f. (Orchidaceae) in the Chapada Diamantina, Brazil, by using allozyme markers. Revista Brasileira de Botânica29:415–421 Barros F, Vinhos F, Rodrigues VT, Barberena FFVA, Fraga CN,Pessoa EM, ForsterW,MeniniLN(2013)Orchidaceaeinlistadeespéciesdaflorado Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB11344) Borba EL, Felix, JM, Solferini, VN, Semir J (2001) Flypollinated Pleurothallis (Orchidaceae) species have high genetic variability: evidence from isozymemarkers.AmericanJournalofBotany88:419–428 Braem GJ (1984) Die bifoliaten Catteyen Brasiliens. BrückeVerlag Kurt Schmersow,Hildesheim94pp Braem GJ (1994) William Cattley e o gênero Cattleya . In L.C. Menezes. Cattleya warneri .NaturaliaPublications,pp2731 BrandãoMM,VieiraFA;CarvalhoD(2011)Estruturagenéticaemmicroescala espacialde Myrcia splendens (Myrtaceae).RevistaÁrvore35:957–964 Colombo C, Second G, Charrier A (2000) Diversity within American cassava germplasm based on RAPD markers. Genetics and Molecular Biology 23(1):189–199 CruzCD,(2001)ProgramaGENES:versãoWindows.Viçosa:UFV642pp CunhaMFB,ForzzaRC(2007)OrchidaceaenoParqueNaturalMunicipalda Prainha,RJ,Brasil.ActaBotânicaBrasilica21(2)383–400 DodsonCH,DresslerRL,HillsHG,AdamsRA,WilliamsNH(1969)Biologically activecompoundsinorchidfragrances.Science113:1243–1249 DoyleJJ,DoyleJL(1987)ArapidDNAisolationmethodforsmallquantitiesof freshtissues.PhytochemBullBotSocAmer19:11–15 Excoffier L, Laval G, Schneider S (2009) Arlequin: a software for population data analysis. Version 3.1. Geneva: University of Geneva, 2007. .assessat:17Feb. GovaertsR(2003)WorldChecklistofMonocotyledonsDatabaseinACCESS: 171827.TheBoardofTrusteesoftheRoyalBotanicGardens,Kew Hamrick JL, Godt MJW (1990) Allozyme diversity in plant species. In: Plant Population Genetics, Breeding, and Genetic Resources (eds A. H. D. Brown, M. T. Clegg, A. L. Kahler & B. S. Weir) pp. 43–63. Sinauer Associates,Sunderland,MA. HaoG,LeeDH,LeeJS,LeeNS(2002)Astudyoftaxonomicalrelationships among species of Korean Allium sect. Sacculiferum (Alliaceae) and related species using intersimple sequence repeat (ISSR) markers. Bot BullAcadSin43:63–68

69

Jin GG, Naito T, Matsui S (2004) Randomly amplified polymorphic DNA analysisforestablishingphylogeneticrelationshipsamong Cattleya andits allied genera. Journal of the Japanese Society for Horticultural Science 73(6):583–591 Joshi SP, Gupta VS, Agarwal RK, Ranjekar PK, Brar DS (2000) Genetic diversity and phylogenetic relationship as revealed by inter simple sequence repeat (ISSR) polymorphism in the genus Oryza . Theor Appl Genet100:1311–1320 KishorR,DeviHS(2009)Inductionofmultipleshootsinamonopodialorchid hybrid ( Aerides vandarum Reichb.f x Vanda stangeana Reichb.f) using thidiazuron and analysis of their genetic stability. Plant Cell Tiss Organ Cult97:121–129 KruskalJB,(1964).Multidimensionalscalingbyoptimizinggoodnessoffittoa nometrichypothesis.Psychometrika29(1):1–27 LovisaAGS,VerolaCF,AntonelliA(2010)Reassessingthetemporalevolution oforchidswithnewfossilsandaBayesianrelaxedclock,withimplications forthediversificationoftherareSouthAmericangenus Hoffmannseggella (Orchidaceae:Epidendroideae).EvolutionaryBiology10:177 Manly BFJ (1997) Randomization, bootstrap and Monte Carlo methods in Biology.London:Chapman&Hall399pp MartinelliG,MoraesMA(2013)LivrovermelhodafloradoBrasil.1.ed.Riode Janeiro: Andrea Jakobsson: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do RiodeJaneiro. MenezesLC(2002) Cattleya labiata autumnalis.EdiçõesIBAMA,Brasília252 pp Ministério do Meio Ambiente (2008) Instrução normativa de 23 de setembro 6:55 Mora F, Gonçalves LM, Scapim CA, Martins EN, Machado MFPS (2008) Generalizedlinealmodelsfortheanalysisofbinarydatafrompropagation experiments of Brazilian Orchids. Brazilian archives of Biology and Technology51(5):963–970 Nei M (1973) Analysis of gene diversity in subdivided populations. Proc Nat AcadSci70(12):3321–3323 Nei M (1987) Molecular Euolutionary Genetics. Columbia University, Press, NewYork NybomH,BartishI(2000)Effectsoflifehistorytraitsandsamplingstrategies on genetic diversity estimates obtained with RAPD markers in plants. PerspectivesinPlantEcology,EvolutionandSystematics3(2):93–114 PhillipsRD,DixonKW,PeakallR(2012)Lowpopulationgeneticdifferentiation in the Orchidaceae: implications for the diversification of the family. MolecularEcology21:5208–5220 PinheiroF,deBarrosF,PalmaSilvaC,MeyerD,FayMF,SuzukiRM,LexerC, CozzolinoS(2010)Hybridizationandintrogressionacrossdifferentploidy

70

levels in the Neotropical orchids Epidendrum fulgens and E. puniceoluteum (Orchidaceae).MolecularEcology19:3981–3994 PinheiroLR,RabbaniARC,SilvaAVC,LédoAS,PereiraKLG,LeandroDiniz LEC (2012) Genetic diversity and population structure in the Brazilian Cattleya labiata (Orchidaceae) using RAPD and ISSR markers. Plant SystematicsandEvolution298:1–11 Reddy MP, Sarla N, Siddiq EA (2002) Inter simple sequence repeat (ISSR) polymorphismanditsapplicationinplantbreeding.Euphytica128:9–17 SneathPHA,SokalRR(1973)Numericaltaxonomy.SanFrancisco:Freeman andCo. StatSoft Inc. (2004) STATISTICA (data analysis software system), version 7. StatSoftInc.,Tulsa Storti EF, Braga PIS, Filho AS (2011) Biologia reprodutiva de Cattleya eldorado ,umaespéciedeOrchidaceaedascampinasamazônicas.Acta Amaz41(3):361–368 Sudupak MA, (2004) Inter and intraspecies inter simple sequence repeat (ISSR)variationsinthegenus Cicer .Euphytica135:229–238 van den Berg C, HigginsWE, Dressler RL,WhittenWM, SotoArenas MA, ChaseMW(2009)AphylogeneticstudyofLaeliinae(Orchidaceae)based oncombinednuclearandplastidDNAsequences.AnnalsofBotany104: 417430 van den Berg C, Higgins WE, Dressler RL, Whitten WM, Soto Arenas MA, Culham A, Chase MW (2000) A phylogenetic analysis of Laeliinae (Orchidaceae)basedonsequencedatafrominternaltranscribedspacers (ITS)ofnuclearribosomalDNA.Lindleyana15(2):96–114 VermaPC,ChakrabartyD,JenaSN,MishraDK,SinghPK,SawantSV,TuliR (2009)Theextentofgeneticdiversityamong Vanilla species:Comparative resultsforRAPDandISSR.IndustrialCropsandProducts29:581–589 Wang HZ, Wu ZX, Lu JJ, Shi NN, Zhao Y, ZhiTao Zhang ZT, Liu JJ (2009a)Moleculardiversityandrelationshipsamong Cymbidium goeringii cultivarsbasedonintersimplesequencerepeat(ISSR)markers.Genetica 136:391–399 WangHZ,FengSG,LuJJ,ShiNN,LiuJJ(2009b)Phylogeneticstudyand molecular identification of 31 Dendrobium species using intersimple sequencerepeat(ISSR)markers.ScientiaHorticulturae122:440–447 Wang HZ, Lu JJ, Hu X, Liu JJ (2011) Genetic variation and cultivar identificationin Cymbidium ensifolium .PlantSystEvol293(1):101–110 WorldChecklistofMonocotyledons(2006)TheboardoftrusteesoftheRoyal BotanicGardens,Kew.(www.kew.org).Acessoem07/12/2011. Yeh FC, Yang RC, Boyle TBJ, Ye ZH, Mao JX (1999) POPGENE, the user friendlysharewareforpopulationgeneticanalysis,version1.31.University ofandCentreforInternationalForestryResearch Zhang F, Lv Y, Dong H, Guo S (2010) Analysis of genetic stability through intersimple sequence repeats molecular markers in micropropagated

71

plantlets of Anoectochilus formosanus Hayata, a medicinal plant. Biol PharmBull33(3):384–388 ZhangCS,XingFG,SelvarajJN,YangQL,ZhouL,ZhaoYJ,LiuY(2013)The effectivenessofISSRprofilingforstudyinggeneticdiversityof Aspergillus flavus frompeanutcroppedsoilsinChina.BiochemicalSystematicsand Ecology50:147–153 Zietjiewicz E, Rafalski A, Labuda D (1994) Genome fingerprinting by simple sequence repeat (SSR)anchored polymerase chain reaction amplification.Genomics20:176–183

72

Table 1. SummaryofISSRprimersusedinthescreeningof B. tuberculata , C. bicolor , C. labiata , C. granulosa and C. shofieldiana. Polymorphic % P , 0.95 Range of amplified bands ISSR primers Sequence (5’–3’) Loci L PIC loci ( PL) criterion (bp)

UBC807AG 8T AGAGAGAGAGAGAGAGT 14 14 100 6002000 0.329

UBC809AG 8G AGAGAGAGAGAGAGAGG 17 17 100 6002500 0.448 UBC821GT 8T GTGTGTGTGTGTGTGTT 11 11 100 7002000 0.334 UBC822TC 8A TCTCTCTCTCTCTCTCA 16 16 100 10008000 0.245 UBC826AC 8C ACACACACACACACACC 17 16 94 6002500 0.406 UBC827AC 8G ACACACACACACACACG 20 19 95 6003000 0.297 UBC842GA 8YG GAGAGAGAGAGAGAGAYG 16 16 100 3001300 0.458 UBC851GT 8YG GTGTGTGTGTGTGTGTYG 12 12 100 6001500 0.258 UBC860TG 8RA TGTGTGTGTGTGTGTGRA 13 13 100 6002000 0.366

UBC862AGC 6 AGCAGCAGCAGCAGCAGC 9 6 66.7 600 1500 0.274

UBC898CA 6RY CACACACACACARY 21 21 100 5002500 0.479 Average 15 14 96.99 0.354 Total 166161

Table 2. Analysis of optimal number of ISSR markers (ONM)forfive speciesofLaeliinae. Species ONM Correlation SQ Stress Deviatio n B. tuberculata 146 0.9958 0.0049 0.0424 C. bicolor 136 0.9924 0.0072 0.0476 C. granulosa 141 0.9968 0.0021 0.0495 C. labiata 146 0.9810 0.0021 0.0486 C. schofieldiana 116 0.9661 0.0088 0.0490 Allspecies 156 0.9952 0.0571 0.0365

Table 3. Measures of genetic diversity of B. tuberculata (Bt), C. bicolor (Cb), C. labiata (Cl), C. granulosa (Cg)and C. schofieldiana (Cs) .

Codes n L P Na Ne HE I FST Bt 5 87 52.41 1.524±0.0388 1.387±0.0315 0.216±0.0168 0.314±0.0239 0.214 Cb 5 94 56.63 1.566±0.0386 1.383±0.0303 0.219±0.0161 0.323±0.0230 0.177 Cl 5 50 30.12 1.323±0.0364 1.230±0.0273 0.132±0.0152 0.193±0.0219 0.256 Cg 5 51 30.72 1.395±0.0381 1.292±0.0305 0.163±0.0162 0.237±0.0232 0.322 Cs 5 93 56.02 1.560±0.0386 1.374±0.0326 0.213±0.0162 0.314±0.0230 0.219

Sample size ( n), polymorphic loci ( L) and percentage of polymorphic loci P (0.95) , number of

alleles (Na , mean ± s.e.), effective number of alleles (Ne , mean ± s.e.), gene diversity ( HE,

mean±s.e.),Shannonindexofdiversity( I,mean±s.e.),fixationindex( FST ).

73

Table 4. Analysisofmolecularvariance(AMOVA)for B. tuberculata , C. bicolor , C. granulosa , C. labiata and C. schofieldiana basedon166ISSRmarkers. Sourceof d.f. Sumof Variance %totalofvariation P variation squares components Among 4 64.536 2.10536 23.26 0.00030 species Within 17 118.100 6.94706 76.74 0.00001 species Total 182.636 9.05242

Fixation ФST :0.232 Index d.f.=degreesoffreedom.

74

Table 5. Taxonomicdata,geographicaldistribution,habitat,somaticchromosomenumber(2n),andconservationstatusofLaeliinae species.*

Species Leaf Endemism Phytogeographicdomains Geographicaldistribution Habitat 2n Endangered B. tuberculata Unifoliate No Caatinga,CerradoandAtlantic Argentina, Bolivia, Epiphyteor 40 No Forest Paraguay,Peru,andBrazil rupiculous North(TO),Northeast(RN, PB, PE, BA, AL, SE), Southeast (MG, SP, RJ), South(PR,SC,RS). C. bicolor Bifoliolate Yes CerradoandAtlanticForest Southeastern states (SP, Epiphyte 40 Yes RJ,MG,ES),theMidwest and (DF) 80 C. labiata Unifoliate Yes AtlanticForestandCaatinga Northeastern states (CE, Epiphyteor 40 Yes PA, PE, AL, SE) and rupiculous statesSoutheast(ESRJ) C. granulosa Bifoliolate Yes AtlanticForest Northeastern states (RN, Epiphyteor 40 Yes PA, PE and AL) and terrestrial Southeast(ES) C. schofieldiana Bifoliolate Yes AtlanticForest Northeastern states (BA) Epiphyte 40 Yes Southeaststates(ES,RJ) *Barrosetal.(2013);Braem(1994);CunhaandForzza(2007);Menezes(2002);Moraetal.(2008).AbbreviationoftheBrazilianstates:Alagoas(AL),Bahia (BA),Ceará(CE),DistritoFederal(DF),EspiritoSanto(ES),MinasGerais(MG),Paraíba(PB),Paraná(PR),Pernambuco(PE),SantaCatarina(SC)Sergipe (SE),SãoPaulo(SP), RiodeJaneiro(RJ),RioGrandedoNorte(RN),RioGrandedoSul(RS),Tocantins(TO).

75

Figure 1. OptimumnumberofISSRmarkersfor B. tuberculata (Bt), C. bicolor (Cb), C. granulosa (Cg), C. labiata (Cl), C. bicolor (Cb),and C. schofieldiana (Cs).

Figure 2. PrincipalcomponentanalysisofISSRdataforLaeliinae.Percentage of variance accumulated on the axes: axis1 = 26.70%; axis 2 = 36.57%. B. tuberculata (Bt), C. bicolor (Cb), C. granulosa (Cg), C. labiata (Cl) and C. schofieldiana (Cs).

76

______CAPÍTULO 4

ESTRUTURA GENÉTICA DE Cattleya granulosa Lindley: UMA ORQUÍDEA AMEAÇADA DA FLORESTA ATLÂNTICA BRASILEIRA

77

ESTRUTURA GENÉTICA DE Cattleya granulosa Lindley: UMA ORQUÍDEA AMEAÇADA DA FLORESTA ATLÂNTICA BRASILEIRA

CristianeGouvêaFajardo 1* ,FábiodeAlmeidaVieira 2,LeonardoPessoaFelix 3, WagnerFrancoMolina 4

1 Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,CEP59078970,Natal,RN,Brasil. 2 Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias, Universidade Federal do Rio GrandedoNorte,CEP59280000,Macaíba,RN,Brasil. 3 DepartamentodeFitotecnia,CentrodeCiênciasAgrárias,UniversidadeFederaldaParaíba, CampusIII,CEP58397000Areia,PB–Brasil 4 DepartamentodeBiologiaCelulareGenética,UniversidadeFederaldoRioGrandedoNorte, CEP59078970,Natal,RN,Brasil.

Resumo

Atualmente muitas orquídeas brasileiras estão ameaçadas de extinção em consequência da perda de hábitat e intensa pressão de coleta em razão do valorornamental.Adiversidadegenéticaremanescenteéfundamentalparaa sobrevivência destas espécies nos ambientes naturais. Este trabalho teve comoobjetivoavaliaradiversidadegenéticade Cattleya granulosa ,auxiliando nas estratégias de conservação. Foram amostrados 151 indivíduos em 12 populações da Floresta Atlântica do Nordeste do Brasil, avaliados por 91 marcadores ISSR. Foram determinados a variabilidade genética por meio da variância molecular, índices de diversidade, agrupamentos de genótipos por meiodeinferênciaBayesianaetestesdegargalogenético.Apartirdos100% delocospolimórficos,adiversidadegenética(H E)variouentre0,210e0,321e índice de Shannon entre 0,323 e 0,472. A alta diferenciação genética das populações (ФST = 0,391; P < 0,0001) determinou a estruturação das populações em nove grupos, conforme modelo Loglikelihood da análise Bayesiana, com padrão similar no dendrograma (UPGMA) e análise dos componentes principais. Houve correlação positiva e significativa entre as distânciasgeográficasegenéticasentreaspopulações(r =0,794; P =0,017), indicandoisolamentopeladistância.Padrõesdediversidadealélicasugerema ocorrência de gargalos populacionais na maioria das populações de C. granulosa Lindl. (n = 8) . Assim, a manutenção da diversidade genética da espécie está diretamente relacionada com a conservação das unidades ou gruposqueestãoespacialmentedistantes.

Palavras-chave: Orchidaceae, diversidade genética, espécie vulnerável, gargalogenético.

78

GENETIC STRUCTURE OF Cattleya granulosa : AN ENDANGERED ORCHID OF BRAZILIAN ATLANTIC FOREST

Abstract

ActuallymanyBrazilianorchidsareendangeredduetohabitatlossandintense harvesting pressure owing to the ornamental value. The remaining genetic diversityiscriticaltothesurvivalofthesespeciesinnaturalenvironments.This studyaimedtoevaluatethegeneticdiversityof Cattleya granulosa ,contributing inconservationstrategies.Wesampled151individualsfrom12populationsof the Atlantic Forest in northeastern Brazil, evaluated by 91 ISSR markers. Molecular variance estimates, diversity index, clusters of genotypes using Bayesianinferenceandgeneticbottlenecktestsweredetermined.From100% ofpolymorphicloci,thegeneticdiversity(H E)rangedbetween0.210and0.321 and the Shannon index between 0.323 and 0.472. The high genetic differentiation between populations (ФST = 0.391, P < 0.0001) determined the structure of populations into nine groups according to Loglikelihood of Bayesiananalysis,supportedbyasimilarpatterninthedendrogram(UPGMA) and principal component analysis. There were significant positive correlation betweengeographicalandgeneticdistancesbetweenpopulations( r=0.794, P =0.017),indicatingisolationbydistance.Patternsofallelicdiversitysuggestthe occurrenceofpopulationbottlenecksinmostpopulationsof C. granulosa Lindl. (n = 8). Thus, the maintenance of genetic diversity of the species is directly relatedtotheconservationofunitsandgroupsthatarespatiallydistant.

Keywords: Orchidaceae,geneticdiversity,vulnerablespecies,bottleneck

79

Introdução

Orchidaceae é o grupo mais derivado dentro de monocotiledôneas (Niknejadetal.,2009).Afamíliapossuiumaaltadiversidadeeamplagamade estratégiasreprodutivas,queresultouemumaenorme variedade de padrões dediferenciaçãogenéticaentreaspopulações(Wallace,2003;Niknejadetal., 2009). Possuem um grande sucesso adaptativo e plasticidade fenotípica, e, consequentemente, adaptamse e colonizam diversos nichos, até mesmo regiões mais remotas no planeta, como em ilhas naAntártica (Chase et al., 2003). Orchidaceae apresenta uma grande proporção de gêneros e espécies emperigodeextinçãoemrelaçãoaoutrasfamílias (Hopper & Brown, 2007; Martinelli&Moraes,2013).Afragmentaçãodasflorestasnativaseaextração ilegal de orquídeas tiveram uma influência forte na extinção local dessas espécies.Atualmente,afamíliaéumdosmaisclarosexemplosdeextinçãode espécies resultantes das atividades humanas (ÁvilaDiaz & Oyama, 2007). Destaforma,écaracterizadaanecessidadeurgente de estudos intensivos e maisespecíficos. O gênero Cattleya Lindl. é exclusivamente Neotropical, o qual possui ampladistribuiçãopeloBrasilcomaproximadamente30espécies,dasquais25 são endêmicas (Pabst & Dungs, 1975). Dentre as espécies de orquídeas ameaçadasdeextinçãodestacase Cattleya granulosa Lindl.Suadistribuiçãoé ainda controversa, ocorrendo especialmente no Rio Grande do Norte, mas tambémemPernambuco,Alagoas,Paraíba,BahiaeEspíritoSanto(Cruzetal., 2003).RegistrosrecentesindicamaocorrêncianosEstadosdoRioGrandedo Norte,ParaíbaeBahia(Martinelli&Moraes,2013).Ocorreprincipalmentena faixa litorânea, em áreas de restinga. A espécie tem como ameaça a fragmentação do hábitat, ocasionada principalmente pelo desenvolvimento urbano e pressão de coleta predatória, em função do seu valor ornamental. Devidoestasameças,aespéciefoiincluídacomovulnerável(VU)deacordo comoscritériosda International Union for Conservation of Nature ,IUCN(MMA, 2008;Martinelli&Moraes,2013). Esforçossignificativostêmsidofeitosnasúltimastrêsdécadasparase obter informações a respeito da variabilidade genética, entretanto ainda são insuficientesdiantedadiversidadedeespéciesdeorquídeas,principalmenteas 80

espéciesbrasileiraseaquelasameaçadasdeextinção(Borbaetal.,2007,Cruz etal.,2011).Ospoucosestudosdegenéticadepopulaçõesdeorquídeastêm enfocadogeralmenteasplantasterrestres(Trapnelletal.,2004).Emcontraste, apesar da alta diversidade de espécies e importância ecológica de espécies epífitas, estas têm recebido menos atenção, provavelmente por causa das dificuldadesdeacessarodosseleaestruturametapopulacionaldasmesmas (Trapnell et al,. 2004; Trapnell & Hamrick, 2005). Tais estudos têm revelado queespéciesdefecundaçãocruzadatêmmaiordiversidade genética do que espéciesdeautofecundaçãoeapomíticas(Sun&Wong,2001;Wallace,2004); espéciesdeampladistribuiçãogeográficaemgeralapresentammaioresníveis de variação genética do que espécies endêmicas e de distribuição restrita (Caseetal.,1998;Borbaetal.,2001)e,frequentemente,grandespopulações têmmaiordiversidadegenética(Gustafsson,2000;Cozzolinoetal.,2003). A conservação da diversidade genética é importante para manter a capacidadeevolutivadeumaespécieemresponderàsmudançasambientaise também manter a viabilidade de suas populações em longo prazo (Toro & Caballero,2005).Osparâmetrosgenéticospopulacionaispodemserestimados apartirdosdadosobtidoscomousodemarcadoresmolecularesbaseadosna amplificaçãodasequênciadeDNA,possibilitandoa análisedadiversidadee estruturas genéticas (dentro e entre populações) e compreender a dinâmica dosalelosnestaspopulações(Georgeetal.,2009;Pinheiroetat.,2012). A estrutura genéticade umapopulação émoldadapela interação dos fatores evolutivos como mutação, seleção, migração e deriva genética, e influenciada pelo tamanho populacional, ciclo de vida das espécies e fluxo alélico(Couvet,2002).Esteúltimofatoréoresultadotantodaeficiênciados dispersores e polinizadores em alcançar outras populações como do isolamentoentreelas(Loveless&Hamrick,1984;Nybom&Bartish,2000). Assim,oobjetivodestetrabalhofoidescreverosníveisdediversidadee estruturagenéticaintraeinterpopulacionaleestudarospadrõesdedistribuição espacialdavariabilidadegenética,comafinalidadedeverificaraexistênciade isolamentopeladistânciaouunidadessignificativasparaaconservaçãode C. granulosa.Aocorrênciadeeventosrecentesdereduçãosevera do tamanho efetivo populacional ( bottlenecks ) foi também estimada para identificar

81

populaçõescommaiorriscodeextinçãodevidoàperdadevariaçãogenéticae consequentementedopotencialadaptativo.

Material e Métodos

Espécie alvo

Cattleya granulosa , popularmente conhecida como “canela de ema” é epífita (eventualmente terrestre), perene, possui caules rizomatosos com pseudobulboseretosecilíndricos,quepodematingirde40a60cmdealtura (Costa,2010).Possuifloresbilateralmentesimétricasetrêssépalaspetaloides carnosas, sendo uma dorsal e duas laterais com cores que variam entre os tonsesverdeados,amareladosecastanhosavermelhadosapresentandose,na maioriadasvezes,commanchasgranularesnacorvinácea(CamaraNetoet al.,2007).Asflorescaracterizamsepelapresença de osmóforos localizados na parte interna dos lobos laterais do labelo, que exalam odor fortemente adocicado, e guias de néctar no labelo que absorvem luz ultravioleta. A orquídea mimetiza o modelo geral de flor tipicamente melitófila, porém produzem pouco néctar floral, provavelmente indicando um mecanismo de engodo com a seleção dependente da frequência negativa (Costa, 2010). Adicionalmente, C. granulosa Lindl.éautocompatíveledependentedevetores bióticosparaareproduçãosexuada,quesãomuitoraros;logoafrutificaçãoé baixa(Costa,2010).Essemesmopadrãodeautocompatibilidade, a raridade deeventosdepolinizaçãoemambientesnaturais,muitas vezes determinada pelarestriçãodepolinizadores,éigualmenteobservadoemoutrasespéciesde Laeliinae(Borba&Braga,2003,Valeetal.,2013; Pansarin & Amaral, 2008; SilvaPereiraetal.,2007)

Locais de estudo e amostragem

A amostragem dos indivíduos de C. granulosa Lindl. foi realizada em áreas de Floresta Estacional Semidecidual e Floresta de Restingas, pertencentesaodomínioMataAtlântica(Velozoetal.,1991)noNordestedo Brasil,cujaspopulaçõesestãolimitadasapequenosremanescentesdisjuntos dessebioma.Foramamostrados151indivíduosde C. granulosa Lindl.(Tabela

82

1),apartirde12populaçõesnaturaislocalizadasnosEstadosdoRioGrande do Norte, Paraíba e Pernambuco (Figura 1). Dentre as populações, ESC e MURsãoasmaisdistantesgeograficamentecom303,2Km,easpopulações GEN1eGEN2sãoasmaispróximascom1,1Km. A amostragem visou uma melhor representatividade das populações, incluindo indivíduos seguindo metodologias já empregadas para outras espéciesdafamília(Chung,2009).Aspopulaçõesforamgeorreferenciadaspor GPS.

Tabela 1 .Localizaçãogeográficadaspopulaçõesde Cattleya granulosa ,código das populações, coordenada geográfica, número de indivíduos, n tamanho amostral,altitude.RN–RioGrandedoNorte;PB–Paraíba;PE–Pernambuco. População/estado Abbr. Latitude/longitude n Altitude Muriú(RN) MUR 5°35'S/35°16'O 18 41 APAGenipabu1(RN) GEN1 5°42'S/35°12'O 12 40 APAGenipabu2(RN) GEN2 5°42'S/35°13'O 13 33 ParquedasDunasN(RN) PER 5°48'S/35°11'O 13 86 ParquedasDunasS(RN) CAR 5°49'S/35°11'O 22 82 ParqueDomNivaldo(RN) NIV 5°50'S/35°13'O 10 77,2 BarreiradoInferno(RN) BAR 5°55'S/ 35°10'O 10 16 Alcaçuz(RN) ALC 5°59'S/35°08'O 10 57 Mataraca(PB) MAT 6º29'S/34º58'O 11 69 Mamanguape(PB) PAB 6°52'S/35°06'O 14 11 CabodeSantoAgostinho(PE) SAN 08°16'S/34°57'O 10 26 Escada(PE) ESC 8°20'S/35°11'O 6 177

83

Figura 1. Localização geográfica das áreas de amostragem de Cattleya granulosa. EmA,omapadoBrasilcomasregiõesdecoletadaspopulações daorquídea,destacadasemcinza.EmB,aspopulaçõesde Cattleya granulosa Lindl.nosestadosdoRioGrandedoNorte(RN),Paraíba(PB)ePernambuco (PE)dentrododomínioMataAtlântica.

Material Vegetal

Amostrasdefolhasjovensesadiasforamcoletadas e acondicionadas emtubosde2mLcontendo10%deCTAB(brometodecetiltrimetilamônio).O material foi armazenado em freezer a 20ºC até o momento da extração do DNA.

Extração de DNA e amplificação de ISSR Para a extração do DNA foi utilizado o método descrito por Doyle & Doyle (1987). As reações para amplificação do DNA foram realizadas em termociclador Techne TC 412. Foram efetuados 37 ciclos de amplificação constituídosdeumaetapadeiniciaçãode2minutosa94°C,seguidoporuma

84

etapadedesnaturaçãoa94°Cpor15segundos,umaetapadeanelamentodo primer ISSR ao DNA molde (pareamento) a 42°C por 30 segundos, e uma etapadeextensãoa72°C,por1minuto.Aofinal,ocorreuaetapadeextensão a72°C,por7minutos. A concentração de cada amostra amplificada foi de 2 ng de DNA adicionadosa10Ldemixdereação[tampãoPCR10X (500mM KCl, 100 mMpH8.4;1%TritonX100,MgCl 220mM),dNTPa2,5mM;MgCl 2a25mM, 1 U Taq polimerase, primer a 2 M e completado o volume final com água ultrapura]. Osprodutosdaamplificaçãoforamsubmetidosàeletroforeseemgelde agarose 1,5%, corado com GelRed TM em 1 X TAE (TrisAcetatoEDTA). Posteriormente,osgéisforamfotografadossobluzUV.Utilizousemarcadorde DNA (ladder) de 1 kb para estimar o tamanho molecular dos fragmentos amplificados. Foram testados 20 primers (iniciadores) para identificar quais deles apresentaram o melhor perfil de amplificação. Para isso, foram escolhidas aleatoriamente quatro amostras de DNA do conjunto total de indivíduos. Foram selecionados seis iniciadores com o maior número de amplicons(Tabela2). Análises estatísticas

Diversidade genética populacional

Os perfis dos géis de ISSR amplificados foram registrados de acordo com a presença (1) e a ausência (0) dos fragmentos para a construção da matrizbináriautilizadanasanálisesestatísticas. Osparâmetrosdediversidadegenética,taiscomoporcentagemdelocos polimórficos( P),númerodealelosefetivos( Ne ),númerodealelosobservados (Na ), diversidade genética de Nei ( He ) e índice de Shannon ( I) foram calculadosusandooprogramaPOPGENEv.1.32(Yehetal.,1999).Aindacom auxílio do programa POPGENE, o fluxo gênico indireto ( Nm ) foi calculado utilizandoafórmula: Nm =0,5(1–GST )/G ST (McDermott&McDonald,1993), ondeG ST éocoeficientedediferenciaçãopopulacionaldeNei(1978).Ofluxo

85

gênico histórico foi estimado entre os pares de população, para verificar aquelasquemaiscontribuíramparaamovimentaçãodealelosentreelas.

Estrutura genética

A análise de variância molecular (AMOVA) foi estimada por meio do programa ARLEQUIN v.3.5.1.3 (Excoffier et al., 2009) para determinar a estruturaçãodavariabilidadegenéticadaspopulações.Otestedesignificância daAMOVAfoirealizadocom10.000permutações,bemcomoovalordeФST e asuasignificância. A representação simplificada da identidade genética de Nei (1978), obtidanoPOPGENE,foirealizadapelaconstruçãode um dendrograma pelo método de agrupamento UPGMA Unweighted Pair-Group Method with Arithmatic Mean , comauxíliodoprogramaNTSYSv.2.11(Rohlf,2000). A hipótese de isolamento pela distância foi testada com o uso da correlaçãodeMantel,comoprogramaPCOrd4.14(McCune&Mefford,1997). Para a randomização dos dados, utilizouse o método de Monte Carlo com 1.000 permutações aleatórias para obter a significância das correlações matriciais,entreosparesdedistânciagenética(GST ) e a matriz de distância geográfica das populações. A análise dos componentes principais (PCA) foi realizadanoprogramaGenAlEx(Peakall&Smouse,2006).

Análise bayesiana

Para inferir o número de grupos genéticos (K) que representam as populações amostradas, foi utilizada a análise Bayesiana por meio do programa Structure v.2.2 (Pritchard & Wen, 2002). O número de grupos genéticos(K)utilizadosvarioudek=1ak=12,sendoestimadocomousodo modelodeancestralidadenãomisturada( no admixture ) com afrequênciade aleloscorrelacionados.Foramrealizadas12corridasindependentesparacada K.Cadacorridaconstituiude100.000simulaçõesdeMonteCarloviaCadeia Markov(MCMC)e burn-in de50.000.OnúmerodeKpopulaçõeséobtidopelo cálculo médio de cada K pelo modelo Loglikelihood, ‘ log of probability ’ (LnP(D)), onde esperase que o número de grupos genéticos seja o valor K

86

máximoobservado,oucomomenornúmeronegativodeLn(Pritchardetal. 2000). Detecção de recentes decréscimos populacionais

Com a finalidade de verificar a ocorrência de diminuições contemporâneas significativas do tamanho efetivo, devido à redução populacionaloucolonizaçãorecente,foiusadooprograma Bottleneck 1.2.02 (Cornuet&Luikart,1997).Paraissofoiutilizado o modelo de alelos infinitos (IAM), com base em Kimura & Crown (1964), e o modelo de passos de mutação (SMM), segundo Kimura & Otha (1978). Luikart & Cornuet (1998) recomendam empregar o SMM, apenas ao analisar sequências simples (ex. microssatélites), pois geram resultados robustos. Entretanto, uma vez que o verdadeiromodelodemutaçãoparaamaioriadoslocuséintermediárioentre IAMeSMM,ambososmodelossãorecomendados(Luikart&Cornuet,1998). ISSRs e microssatélites são de origem semelhantes (Godwin et al., 1997) e devemseguiromesmomodelodemutação.Foiaplicadootestedosinal(α= 0,05), a partir da frequência dos alelos, para revelar gargalos genéticos recentessignificativos(Luikart&Cornuet,1998). Resultados

Marcadores ISSR

Os seis iniciadores de ISSR utilizados neste estudo geraram 91 locos polimórficos.Onúmerodelocos,conformeTabela2,variouentre11e18locos por iniciador (média = 15), com tamanho da sequência variando entre 600 e

2.500 pb. A concentraçãofinal do MgCl 2 foi otimizada, variando conforme o iniciador,entre2,0e2,3mM(Tabela2).

87

Tabela 2. Iniciadores otimizados com suas respectivas temperaturas de anelamento,concentraçãodeMgCl 2enúmerodelocos. IniciadorISSR Sequências(5’–3’) Temperatura Concentraçãode Loci otimizada(°C) MgCl 2(mM) 47 2,2 11 UBC807(AG)8T AGAGAGAGAGAGAGAGT 47 2,3 17 UBC822(TC)8A TCTCTCTCTCTCTCTCA 42 2,2 18 UBC826(AC)8C ACACACACACACACACC 47 2,0 15 UBC827(AC)8G ACACACACACACACACG 47 2,2 14 UBC841(GA)8YC GAGAGAGAGAGAGAGAYC 47 2,2 16 UBC898(CA)6RY CACACACACACARY 96 TOTAL R,purina(AorG);Y,pirimidina(CorT).

Diversidade genética populacional

Todosos91locosforampolimórficos,comnúmerodealelos( Na )iguala

2 (± 0,000) e número de alelos efetivos ( NE) igual a 1,571 (± 0,261). A

diversidadegenéticadeNei(1973, HE)paraototaldaspopulações,assumindo oequilíbriodeHardyWeinberg,foide0,344(±0,118)eoíndicedeShannon( I) de0,519(±0,144). Em Natal, as populações do Parque das Dunas (CAR e PER), e no CentrodeLançamentodaBarreiradoInferno(BAR)apresentaramosmaiores

índices de diversidade genética ( HE) (Tabela 3). As porcentagens de locos polimórficosnessaspopulaçõesforamrespectivamentede96,70%,89,01%e 85,71%(Tabela3). AspopulaçõesdeEscada(ESC)eCabodeSantoAgostinho(SAN),no Estado de Pernambuco, apresentaram a menor porcentagem de locos polimórficos( P):50,55%e68,13%.Contudo,ESCpossuioíndicediversidade

genética(H E)superioràspopulaçõesdaAPAGenipabu1(GEN1),SANePAB,

que apresentaram os menores valores de H E (0,210; 0,232 e 0,260 respectivamente).Estastrêspopulaçõestambémpossuembaixaporcentagem delocospolimórficos:67,03%,68,13%e78,02%,respectivamente. OsíndicesdediversidadegenéticadeShannon( I)daspopulaçõesBAR (0,472)eCAR(0,468),noEstadodoRioGrandedoNorte,eMAT(0,439),no EstadodaParaíba,foramsuperioresaorestantedasoutraspopulações.Por outrolado,GEN1eSANmostraram Iinferiores(0,323e0,366).Alémdisso,o númerodealelosefetivos(Ne )emGEN1eSANtambémforamosmenores 88

(1,345 e 1,370, respectivamente). As populações Barreira do Inferno (BAR), Mataraca(MAT)eParqueDomNivaldo (NIV),mostraramomaiornúmerode alelosefetivos(Ne )(1,570;1,511e1,496,respectivamente).

Tabela 3. Estimativas da diversidade genética em 12 populações de Cattleya granulosa noNEdoBrasil.

População UC n L %P Na Ne HE I ALC NÃO 10 74 81,32 1,813±0,392 1,494±0,362 0,287±0,184 0,429±0,252 BAR SIM 10 78 85,71 1,857±0,352 1,570±0,372 0,321±0,184 0,472±0,247 NIV SIM 10 73 80,22 1,802±0,400 1,496±0,372 0,287±0,185 0,428±0,254 MUR NÃO 20 72 79,12 1,791±0,409 1,426±0,353 0,255±0,181 0,388±0,251 PER SIM 13 81 89,01 1,890±0,314 1,401±0,293 0,256±0,152 0,401±0,207 CAR SIM 22 88 96,70 1,967±0,179 1,499±0,300 0,305±0,141 0,468±0,181 GEN1 SIM 12 61 67,03 1,670±0,473 1,345±0,347 0,210±0,184 0,323±0,263 GEN2 SIM 13 70 76,92 1,769±0,424 1,471±0,346 0,279±0,180 0,417±0,255 PAB NÃO 14 73 80,22 1,802±0,4005 1,422±0,321 0,260±0,169 0,398±0,237 MAT NÃO 11 71 78,02 1,780±0,416 1,511±0,351 0,297±0,183 0,439±0,257 ESC NÃO 6 46 50,55 1,780±0,418 1,489±0,382 0,281±0,191 0,419±0,262 SAN NÃO 10 62 68,13 1,838±0,371 1,370±0,323 0,232±0,164 0,366±0,225 Populaçõesemunidadedeconservação(UC),Tamanhoamostral( n),locospolimórficos

(L), porcentagem de locos polimórficos (% P (0.95) ), número de alelos (Na ), número de

alelosefetivos(Ne ),diversidadegenética( HE),índicedediversidadegenéticadeShannon (I).Osvaloresapresentadossãoamédia±desviopadrão. Na comparação entre as populações, conforme Tabela 4, a distância genéticadeNei(1978)foimenorentreParquedasDunasN (PER)eParque dasDunasS (CAR)(0,014)eentreBAReNIV(0,019).Jáaspopulaçõesque apresentarammaiordistânciagenéticaforamentreESCePAB (0,503)eentre

ESCePER(0,501).OvalormédiodedistânciagenéticadeNei(G ST )detodas ascombinaçõesfoide0,177.

89

Tabela 4 . Estimativas de distâncias genéticas de Nei (1978), abaixo da diagonal, e distância geográfica(Km),acimadadiagonal,entreaspopulaçõesde Cattleya granulosa . Osvaloresmínimos emáximosestãorepresentadosemnegrito.

ALC BAR NIV MUR PER CAR GEN1 GEN2 PAB MAT ESC SAN ALC 0 9,2 19,6 46,5 21,6 20,8 33,5 32,4 96,9 58,5 259,5 253,1 BAR 0,038 0 10,8 37,5 12,7 11,4 24,8 23,8 105,0 66,8 267,4 261,4 NIV 0,051 0,020 0 28,0 6,2 5,0 16,0 14,9 114,0 76,7 275,8 270,4 MUR 0,109 0,114 0,124 0 25,0 26,1 13,4 14,0 141,5 103,8 303,2 298,0 PER 0,082 0,093 0,106 0,144 0 1,45 12,0 11,2 117,6 79,1 279,9 274,0 CAR 0,086 0,083 0,096 0,154 0,014 0 13,1 12,4 116,3 78,0 278,5 272,8 GEN1 0,100 0,114 0,145 0,161 0,164 0,169 0 1,1 130,5 91,9 291,5 285,7 GEN2 0,100 0,089 0,117 0,16 0,119 0,096 0,094 0 128,6 91,3 290,5 284,8 PAB 0,043 0,071 0,069 0,088 0,080 0,068 0,107 0,107 0 44,1 163,3 156,6 MAT 0,039 0,060 0,062 0,109 0,075 0,063 0,125 0,111 0,033 0 205,8 197,3 ESC 0,433 0,450 0,426 0,458 0,501 0,486 0,396 0,408 0,503 0,448 0 26,8 SAN 0,280 0,274 0,251 0,344 0,216 0,208 0,314 0,238 0,317 0,276 0,182 0

Estrutura Genética

Pela análise de variância molecular (AMOVA) observase uma maior proporção da variabilidade genética ocorrendo entre indivíduos dentro das populações(60,85%)doqueentreaspopulações(Tabela5). Dadiversidade

genéticatotal,39,15%davariaçãoocorreuentreaspopulações(ФST =0,391, P <0,0001). Tabela 5. Análisedevariânciamolecular(AMOVA)empopulaçõesde Cattleya

granulosa .GL:grausdeliberdadeeSQ:somadoquadradodosdesvios.Ф ST : diferenciaçãogenética. Fontede Componentes Variação GL SQ P variação davariância Total(%) Entre 11 2,645 0,01736 39,15 <0,0001 populações Dentrode 137 3,697 0,02699 60,85 <0,0001 populações Total 148 6,342 0,04434 100 ФST 0,39146 O teste de Mantel revelou a existência de correlação positiva e significativa( r =0,794; P =0,017)entreasdistânciasgenéticasegeográficas entreaspopulações(Figura2).

90

Figura 2 . Relação entre as distâncias genéticas e geográficas entre as populaçõesde C. granulosa. Ofluxogênicohistórico( Nm ),obtidopelocálculoindiretoentreospares de populações (McDermott & McDonald, 1993), revelou maior Nm entre as populações CAR e PER (35,21), NIV e BAR (24,50) e entre MAT e PAB (14,65). Os menores valores de fluxo gênico foram observados entre a populaçãoESC(EstadodePernambuco)comasdemais,queemmédiafoide 0,6migrantes. Apartirdosvaloresdeidentidadegenética(Nei,1978),foiconstruídoum dendrogramapelométodoUPGMA(Figura3),quesugereaexistênciadeum padrãohierárquicodesemelhançagenéticadaforma(1)[(((ALC,(PAB,MAT)), (BAR, NIV)), (PER e CAR))]; (2)[(GEN1, GEN2), MUR]; (3) [ESC, SAN]. O agrupamento (3) possui a maior distância geográfica, maior distanciamento genético e menor valor de H E quando comparado com os outros grupos ou populações.

91

Figura 3.Análisedeagrupamento(UPGMA)dasidentidadesgenéticasdeNei entreas12populaçõesde C. granulosa . A PCA revelou que o primeiro e o terceiro componente principal explicaram a maior parte da variabilidade total (PC 1 = 53,22% e PC3 = 10,78%)(Fig.4).

Figura 4.Análisedecomponentesprincipaisdaspopulaçõesde C. granulosa , combasenaidentidadegenéticadeNei.

92

Análise bayesiana AanáliseBayesianarealizadanoprogramaStructurerevelouaexistência denovegruposgenéticosdistintos(K=9),conformeosvaloresde(LnP(D)da Figura3.

Figura 3. Valores de K e suas respectivas probabilidades médias, LnP(D), obtidospormeiodaabordagemBayesiana,demonstrandok=9comoovalor prováveldeagrupamentosdonúmerototaldeindivíduos.

OvalordeKrevelaonúmerorealdegruposgenéticos, apontado pelo maior valor observado de LnP(D). Assim, as 12 regiões amostradas estão estruturadasemnovegrupos,ordenadosnasrespectivaspopulações(Figura4 A e B). A população MUR apresentou alta estruturação, indicada pelos genótiposdecorazul.

93

Figura 4. AnáliseBayesianade Cattleya granulosa comarespectivaproporção dos genótipos nas 12 populações amostradas (A) e a ordenação dos nove grupos finais definidos pela estatística Bayesiana (B). As populações são delimitadaspelabarraverticalescura. A Figura 5 está organizada de acordo com o valor de Q, ou seja, o coeficientedeparticipaçãodecadaumdos151indivíduosemcadagrupo.

Figura 5 . Estimativa da estrutura genética de Cattleya granulosa a partir da análise Bayesiana.Osindivíduosestãorepresentadosporlinhasverticaiseseusrespectivos númerosepopulação.Cada(n)significaapopulaçãodeorigem,sendo:(1,MUR),(2, GEN1), (3, GEN2), (4, PER), (5, CAR), (6, NIV), (7, BAR), (8, ALC), (9, MAT), (10, PAB),(11,CAB),(12,ESC).

94

Detecção de recentes decréscimos populacionais Pelos testes de adequação aos modelos IAM e SMM, apenas quatro populações(ALC,MUR,GEN2eMAT)mostraramequilíbrioentremutaçãoe deriva. Para as outras oito populações (BAR, NIV, PER, CAR, GEN1, PAB, ESCeSAN),osmodelosindicaramsignificativamenteaocorrênciadegargalos populacionais ( bottlenecks)recentes(Tabela6).ParaESCeSANotestedo sinal revelou déficit de heterozigosidade altamente significativo ( P < 0,0001) paraambososmodelosIAMeSMM. Tabela 6 . Testes de equilíbrio entre mutação e deriva genética para as populaçõesde Cattleya granulosa sobreosmodelos IAM eSMM. IAM SMM

Populações n Hd/H e P n Hd/H e P ALC 51 46/45 0,13897 51 48/43 0,05797 BAR 53 35/56 0,27065 42 35/56 0,00318** NIV 53 47/44 0,04012* 42 47/44 0,41654 MUR 43 46/45 0,40850 47 49/42 0,14464 PER 39 55/36 0,26576 49 58/33 0,00048** CAR 39 34/57 0,00008** 48 42/49 0,44775 GEN1 36 63/28 0,04555* 45 68/23 0,00000** GEN2 37 49/42 0,16583 42 53/38 0,24080 PAB 42 46/45 0,28812 52 52/39 0,00393** MAT 47 39/52 0,19407 46 41/50 0,25445 ESC 48 65/26 0,00000** 47 65/26 0,00001** SAN 48 70/21 0,00000** 47 70/21 0,00000** n = número esperado de locos com excesso de heterozigosidade sob o respectivo modelo; Hd/He = número de loci com déficit heterozigosidade e excesso de heterozigosidade; P = probabilidade;*e**=significativoa5%e1%deprobabilidade,respectivamente.

Discussão

Diversidade genética populacional

OusodemarcadoresISSRmostrouaexistênciadeelevadopolimorfismo genéticonaspopulaçõesde Cattleya granulosa . Altas porcentagens de locos polimórficos têm se mostrado comuns em algumas espécies no gênero Cattleya. De fato, esta condição foi observada em oito espécies do gênero,

95

utilizandomarcadoresRAPD(Benneretal.,1995),bemcomoemC. labiata em que foram analizados conjuntamente marcadores ISSR e RAPD (Pinheiro et al.,2012). Em C. granulosa ,maisdametadedaspopulaçõesestudadasapresenta porcentagemdelocospolimórficosacimade70%(ALC,BAR,NIV,MUR,PER, CAR,GEN2,PAB,MAT),sendoqueapopulaçãodeESCapresentouomenor valor(50,55%).Estevalorreduzidodelocospolimórficoséprovavelmentepelo baixo número de indivíduos encontrados nesta população, com apenas seis indivíduos, decorrente da baixa densidade populacional. Qian et al. (2013) encontraram resultados similares, com marcadores dominantes ISSR, com 96,8% de locos polimórficos para a orquídea rara e endêmica Calanthe tsoongiana , porémcommetadedaspopulaçõesexibindopolimorfismoabaixo de50%. O número de locos utilizados em estudos de diversidade genética em espécies de orquídeas, com o uso de marcador molecular ISSR, tem se mostrado variável. Em Octomeria crassifolia e O. grandiflora foram avaliados 92e98locos,respectivamente(Barbosaetal.,2013);em Calanthe tsoongiana foram utilizados 124 locos (Qian et al., 2013). A proporção entre locos monomórficos e polimórficos é um parâmetro importante que é utilizado em estudos de conservação genética de populações, obtidos a partir de marcadoresdominantes(Cotaetal.,2011;Oliveiraetal.,2012). A distribuição de variabilidade genética dentro e entre as populações pode ser influenciada por características da história de vida, sistema reprodutivo e apresentar um efeito particularmente significativo nas espécies (Nybom&Bartish2000).Orquídeasepífitas,porexemplo,apresentamíndices de diversidade mais elevados quando comparadas com em orquídeas terrestres, pois possuem estratégias de sobrevivência diferentes; exemplos incluem a ocorrência de indivíduos com sistemas reprodução alógama e autógamas e plantas perenes com expectativa de vida longa (ÁvilaDíaz & Oyama2007).Defato,osíndicesdediversidadegenética para C. granulosa

Lindl.(H E =0,344; I = 0,519)forambemsimilaresaosencontradosparaoutras orquídeastambémepífitas,como Octomeria crassifolia (HE =0,352; I =0,530)e

O. grandiflora (HE =0,338 I =0,508)(Barbosaetal.,2013);epoucoinferiorà espécie Calanthe tsoongiana (HE = 0,398; I = 0,576) (Qian et al., 2013). Já

96

quando comparado ao de outras três espécies terrestres, ameaçadas e endêmicas,oíndicedediversidadegenética de C. granulosa Lindl.foisuperior aode Piperia yadonii R.Morgan&Ackerman(H E=0,06;Georgeetal.,2009),

Paphiopedilum micranthum Tang & Wang (H E= 0,15;. Li et al., 2002), e

Changnienia amoena SSChien(H E=0,12;LieGe.,2006). Nacomparaçãocomespéciesfilogeneticamentepróximas,verificaseque a diversidade genética em C. elongata (H E = 0,175) (Cruz et al., 2011) foi inferioraoda C. granulosa .Omesmoserepetiuem C. labiata (H E=0,17; I = 0,25)eparaoutrasespéciesdomesmogêneroemumaanáliseconjuntade C. gaskelliana , C. lawrenceana , C. wallissi , C. warneri C. warscewiczii , C. lueddemanniana , C. maxima, C. percivaliana, C. schroeder, C. trianae (H E = 0,22;I =0,36)(Pinheiroetal.,2012).

Adiferenciaçãogenéticamédiaesperada(G ST )emOrchidaceaetemsido estimadaem0,087(Hamrick&Godt,1996).Utilizandoesteparâmetro,onível de diferenciação genética entre as populações de C. granulosa Lindl. (G ST = 0,177)demonstrasersuperioraoesperadoparaafamília.Contudo,ospadrões populacionais obtidos para a família têm se mostrado heterogêneos, com valores de G ST que variam entre 0,012 em Pterostylis angusta A.S.George, espécie endêmica (Sharmaa et al., 2001) e 0,924 em Zeuxine strateumatica (Ln.) Schltr., orquídea terrestre de distribuição restrita (Sun & Wong, 2001).

Comparativamente,ovalormédiodeGST para C. granulosa Lindl. é próximo aosestimadosparaespéciesdevidalongaeperene(GST =0,19),sistemade reprodução mista (GST = 0,20), dispersão anemocórica (GST = 0,17) e de espéciesdeocorrênciaendêmicas(GST =0,18)(Nybom,2004).Issoreforçaa hipótese de que nestas espécies a maioria das populações remanescentes aindaconservaumelevadograudevariabilidadegenética,condiçãoimportante parasuasobrevivênciaeconservaçãoaolongodotempo. Padrões geográficos da variação genética

AAMOVAreveloualtadiferenciaçãogenéticaentreaspopulaçõesde C. granulosa Lindl.(39,15%).Esteníveldediferenciaçãoésuperioraoobservado entre populaçõesde C. elongata (18%; Cruz et al., 2011) e C. labiata (15%; Pinheiroetal.,2012),ambasendêmicasdoNordestebrasileiro.Entretanto,o

97

valor de diferenciação foi semelhante ao valor descrito para espécies de reproduçãomista(Ф ST =40%)(Nybom,2004).Istoécondizentecomosistema reprodutivode C. granulosa ,queéautocompatíveledependentedepolinizador paraareproduçãosexuada(Costa,2010). A seleção natural altera as frequências gênicas e age em concordância comamigração,dispersãoeoutrosprocessosquegeramaestruturagenética, como por exemplo, o isolamento pela distância (Wright, 1951). Este é o principalmodeloparaseexplicarcomoocorremassubdivisõesdaspopulações grandes de distribuição contínua, organizadas aleatoriamente. Esse modelo baseiasenaexceçãobiológicaqueocruzamentodependedadistânciaentre os indivíduos, ou da variância na dispersão de seus propágulos, com as populaçõesremotasdiferenciandosemeramentepormeiodoisolamentopela distância (Wright 1943). Neste sentido, a alta diferenciação genética de C. granulosa Lindl.caracterizaindíciosdasegregaçãoespacialdosgenótipos.De fato, esta hipótese se mostra compatível para a C. granulosa , conforme expectativas.Acorrelaçãopositivaesignificativaentreadistânciagenéticaea matriz de distância geográfica das populações de C. granulosa Lindl. (r = 0,794, P=0,017)foisimilaraoencontradoparaaspopulaçõesde C. labiata (r = 0.56; P = 0,0001; Pinheiro et al, 2012). Este padrão contrasta com o observado em Cattyea elongata (r = 0,0742, P = 0,4924; Cruz et al., 2011), queapesardeexibirpopulaçõescomdistribuiçõesgeográficas disjuntas não apresentavamcorrelaçãocomadistânciageográfica,mesmoemlocaisonde previamente já foram detectadas a segregação genética espacial de outras espéciesdeplantas. Umfator importante que deve ser considerado na estruturação genética de C. granulosa Lindl.éaalta taxa defragmentaçãodobiomaMataAtlântica. Nasúltimasdécadas,aregiãonordestedoBrasiltevegrandeexpansãourbana e agrária. Neste contexto, as populações de C. granulosa Lindl. amostradas ocorrem,nogeral,isoladasemParquesUrbanos,emvegetaçãoremanescente próximasagrandesmunicípios,ecircunvizinhasàsáreasdemonoculturasde cana e exploração de mineração. Grandes áreas cultivadas de cana, em destaque nos Estados da Paraíba e Pernambuco, intensificam o efeito de isolamentodaspopulaçõesde C. granulosa Lindl.emseuhábitat.

98

Afragmentação,oumesmoaperdadehábitat,podelevaraumaerosão davariabilidadegenética.Issoocorredevidoamodificaçõesnossistemasde cruzamentos das plantas, ocasionando endogamia e diminuição na taxa de fluxo gênico, que por sua vez leva ao aumento da diferenciação das populações (Young et al., 1996; Jump &Peñuelas, 2006; Lowe et al., 2005; Ortegoetal.,2010).Oisolamentoreprodutivodaspopulações,juntamentecom a diminuição demográfica, pode causar perda de alelos devido à deriva genética, caso o fluxo gênico não seja restabelecido ao longo das gerações (Souzaetal.,2004). Nas três abordagens que foram utilizadas para diferenciar os agrupamentos de genótipos da espécie houve semelhanças na estruturação genéticadaspopulações.Apartirdaidentidadegenética(Nei,1978)percebe se o agrupamento de pares de populações geograficamente próximas. Por exemplo, o agrupamento ESCSAN é constituído por duas populações que ocorremnoextremosuldaamostragem,geograficamentecontíguos(26,8km), mascomdistânciamédiade263,8Kmemrelaçãoàsdemaispopulações.O mesmo ocorre com agrupamentos de outras espacialmente próximas, como PERCAR (Parque Estadual das Dunas) e GEN1GEN2 (APA de Genipabu). Isto é apoiado pelos agrupamentos gerados através de PCA, com base na distânciagenéticadeNei.AtravésdaanáliseBayesiana,foipossívelidentificar padrões geográficos intragrupo da distribuição dos genótipos, indicando a existência de nove grupos genéticos distintos (K = 9). De fato, alguns dos agrupamentos identificados por UPGMA e PCA, com base na identidade e distância genética de Nei (ex. GEN1GEN2 e PERCAR) apresentam proporção distinta de genótipos, suficiente para serem caracterizados como populaçõesdistintaseconsequentementeunidadesúnicasparaaconservação genética. Assim, embora alguns pares de áreas amostradas apresentaram menor estruturação genética por compartilharememproporçõessemelhantes os mesmos genótipos, como BARALC, MATPAB e SANESC, outras populações, diferentemente, apresentaram frequência maior de um único genótipo (ex. população MUR) ou frequência similar de diferentes genótipos (ex.NIV;Figura4).Estaspopulaçõescontêmaleloscommaiorfrequência,mas nãoexclusivos,indicandoumaconexãoantigaentreelas.

99

Ofluxogênico( Nm )éprimordialparaahomogeneizaçãodosalelosentre as populações (Hartl & Clark, 1997). Níveis de fluxo gênico de 1,0 a 10 migrantesporgeração,entreaspopulações,contrapõemosefeitosdaderiva genética(Mills&Allendorf,1996;Wang,2004). Nm superioresa4,0migrantes porgeraçãopodemevitarosefeitosdocruzamentodeindivíduosaparentados, que eventualmente ocorrem dentro das populações (Wright, 1951; Slatkin, 1987). Apesar da significativa distância geográfica que separa algumas populaçõesde C. granulosa Lindl.(médiade111,2km),historicamenteofluxo gênico ocorreu entre elas ( Nm = 2,4). Geograficamente, percebese que a diferenciação genética entre as populações amostradas é menor na região central da distribuição geográfica, representada pelas combinações das populaçõesALC,MATePAB,filogeneticamentepróximas,queprovavelmente contribuíram para a dinâmica do fluxo gênico histórico entre as populações (Tabela4). Recentes gargalos populacionais Populações com equilíbrio entre a mutação e deriva genética possuem igual probabilidade de que um loco apresente um excesso ou um déficit de heterozigosidade, considerando um tamanho efetivo populacional que se manteveconstanteemumpassadorecente(Cornuet&Luikart1996).Poroutro lado, populações recentemente reduzidas, ou seja, que passaram por um processode bottleneck ,exibemumareduçãomaisrápidadonúmerodealelos do que da heterozigosidade, possuindo assim um excesso temporário de heterozigosidade(Luikartetal.,1998;Luikart&Cornuet,1998).Estacondição é apresentada para as populações de C. granulosa Lindl. do Estado de Pernambuco(ESCeSAN),considerandoosmodelosIAMeSMM(α=0,01). A detecção de populações que experimentaram gargalos populacionais recentes têm óbvias conotações evolutivas e para a conservação, principalmente por permitir inferir sobre os riscos de extinção local, em consequência do tamanho populacional reduzido (Luikart et al., 1998;Lee et al.,2002).Aidentificaçãodegargalospopulacionaispermiteevitarouminimizar os efeitos deletérios do evento através de procedimentos mitigadores de manejo ou introdução de imigrantes. Assim, o gargalo genético recente

100

detectado, o baixo fluxo gênico histórico entre as duas populações de Pernambuco e as demais ( Nm = 0,49 a 1,90) e a situação irreversível da fragmentação das populações de C. granulosa Lindl. tornase prioritária a conservaçãodaspopulaçõesremanescentesdaregião.

Implicações para a conservação genética de C. granulosa

Osíndicesdediversidadeeestruturaçãogenética,estimadosapartirdas frequênciasalélicas,sãoimportantesparasubsidiarmedidasdepreservaçãoe indicarpopulaçõesprioritáriasparaaconservação.Entretanto,aspráticasde manejo devem estar aliadas ao contexto demográfico das populações. Neste sentido, é consensual que C. granulosa Lindl. passa por um declínio populacional drástico, resultado do alto grau de fragmentação na Mata Atlântica,noNordestedoBrasil,perdadehábitatsparaaocupaçãohumanae coletapredatória.Nestebioma, C. granulosa Lindl.temocorrêncianosEstados doRioGrandedoNorte,ParaíbaeBahia(Martinelli&Moraes,2013),alémde Pernambuco. Embora os níveis de diversidade genética da espécie, encontrados neste estudo, favoreçam a amplitude ecológica na sua extensa distribuição geográfica, reconhecese que em ambientes perturbados pode ocorrerperdadavariabilidadegenéticaedo fitness daespécie.Oaumentodas práticas agrícolas, nos estados de Pernambuco e Paraíba é o principal responsável pelo desaparecimento de C. granulosa Lindl. da vegetação primária.Talcondiçãoaumentaoriscodeextinçõesdaspopulaçõeslocaisem curtoprazoe,emlongoprazopromovealimitaçãodopotencialevolutivoda espécie frente às mudanças climáticas e ambientais (Barrett & Kohn, 1991; Youngetal.,1996). Embora algumas populações estejam oficialmente preservadas em unidadesdeconservação,comooParqueEstadualdasDunas,APAGenipabu, Parque Dom Nivaldo, e Barreira do Inferno, outras áreas sofrem os efeitos acentuadosdaremoçãoilegaldeexemplares,apesardosesforços,aindasão coletadasatémesmodentrodasáreasdeproteção. Comooutrasespéciesdeorquídeas(Li&Ge,2006),C. granulosa Lindl. em geral têm preferência por hábitat e dependência de polinizadores. A biologiareprodutivada C. granulosa Lindl.revelaqueosucessoreprodutivoda

101

espéciedependedadisponibilidadedavisitadepolinizadores,quesãorarase resultamnabaixaproduçãodefrutos(Costa,2010).Assim,emfunçãodofácil acessoàsplantas,queemgeralseencontramemvegetaçãopróximaaosolo, apolinizaçãoartificial,apesardelaboriosa,poderiaserumaalternativaviável parafavoreceravariabilidadegenéticadentrodaspopulaçõesde C. granulosa . Embora os dados genéticos apresentados forneçam um importante subsídio aplicado para a conservação. No entanto, destacamos que o transplante artificialdeindivíduosentrediferentespopulaçõesouregiões,propostospara espéciesemviasdeextinção(Avise&Hamrick,1996;Kingstonetal.,2004), deve ser praticado com cautela, tendo em vista a necessidade de estudos futuros que caracterizem a distribuição geográfica dos polinizadores e suas especificidadesemdeterminadoshábitatsde C. granulosa Lindl.(Costa,2010). Finalmente, dos dados genéticos apresentados, emerge a necessidade dequeparaqueadiversidadegenéticatotaldaespéciesejaconservada,mais populações devem ser protegidas para maximizar a cobertura de toda a distribuição geográfica. Isto é particularmente oportuno para aquelas populaçõescomcomposiçõesgenéticasdistintasoucomaltadiversidade(eg. ESC, SAN, PAB, MAT, ALC, MUR) que devem ser priorizadas através de estratégiasdeconservação ex situ ou in situ .

102

Referências ÁvilaDiaz I; Oyama K, (2007) Conservation genetics of an endemic and endangeredepiphytic Laelia speciosa (Orchidaceae)AmericanJournalof Botany,94(2):184193. Avise JC, Hamrick JL, (1996) Conservation genetics, case histories from nature.Chapman&Hall,NewYork. BarbosaAR;SilvaPereiraV;Borba,EL(2013)Highgeneticvariabilityinself incompatible myophilous Octomeria (Orchidaceae, Pleurothallidinae) speciesBrazilianJournalofBotany,36(3):179187. BarrettSCH,KohnJR,(1991)Geneticandevolutionaryconsequencesofsmall population size in plants: implications for conservation. In: Falk DA, HolsingerKE,(Ed.).Geneticandconservationofrareplants. New York: OxfordUniversityPress,330p. Benner MS, Braunstein MD, Weisberg MU (1995) Detection of DNA polymorphisms within the genus Cattleya (Orchidaceae). Plant Mol Biol Rep13:147–155. Borba EL, Braga PIS, (2003) Biologia reprodutiva de Pseudolaelia corcovadensis (Orchidaceae): melitofilia e autocompatibilidade em uma Laeliinae basal. (Reproductive biology of Pseudolaelia corcovadensis Porto&Brade(Orchidaceae):melittophylyandselfcompatibilityinabasal Laeliinae.).RevistaBrasileiradeBotânica,v.26(4),p.541549. Borba EL, Felix, JM, Solferini, VN, Semir J (2001) Flypollinated Pleurothallis (Orchidaceae) species have high genetic variability: evidence from isozymemarkers.AmericanJournalofBotany,88:419428. Borba EL, Funch RR, Ribeiro PL, Smidt EC, SilvaPereira V, (2007) Demography,andgeneticandmorphologicalvariabilityoftheendangered Sophronitis sincorana (Orchidaceae) in the Chapada Diamantina, Brazil. PlantSystematicsandEvolution267:129146. CamaraNetoC,ChavesCamaraI,MedeirosSC,BragaMRA,(2007)Rescuing Cattleya granulosa lindleyinthewild.Lankesteriana7(2):243246. Case MA, Mlodozeniec HT, Wallace LE, Weldy TW (1998) Conservation genetics and taxonomic status of the rare Kentucky lady’s slipper: Cypripedium kentuckiense (Orchidaceae). American Journal of Botany, 85:17791786. Chase MW, Cameron KM, Barrett R, Freudenstein JV, (2003) DNA data and Orchidaceaesystematics:anewphylogenicclassification.In:DixonKW, KellSP,BarrettRL,CribbPJ(eds)Orchidconservation.NaturalHistory, KotaKinabalum,69–90p. Chung MY, (2009) Lack of allozyme diversity in populations of the rare, endangeredterrestrialorchids Tipularia japonica and Epipactis papillosa in Korea.PlantSystematicsandEvolution,278:203–209. Cornuet JM,Luikart G (1997) Description and power analysisoftwotestsfor detecting recent population bottlenecks from allele frequency data. Genetics,144:20012014. Costa RA, (2010) Biologia floral e sistema reprodutivo de Cattleya granulosa Lindl., uma Orchidaceae ameaçada e endêmica do Nordeste do Brasil, Dissertação de Mestrado da PósGraduação em Biologia Vegetal, UniversidadeFederaldePernambuco/UFPE,Recife,64p.

103

CotaLG,VieiraFA,MeloJúniorAF,BrandãoMM,SantanaKNO,GuedesML, OliveiraDA,(2011)Geneticdiversityof Annona crassiflora (Annonaceae) in northern Minas Gerais State. Genetics and Molecular Research, 10: 21722180. Couvet D, (2002) Deleterious effects of restricted gene flow in fragmented populations.ConservationBiology,Malden,16:2369376. CozzolinoS,CafassoD,PellegrinoG,(2003)MusacchioA,Widmer,A.Fine scale phylogeographical analysis of Mediterranean Anacamptis palustris (Orchidaceae) populations based on chloroplast minisatellite and microsatellitevariation.MolecularEcology12:2783–2792. CruzDT,SelbahSchnadelbachA,LambertSM,RibeiroPL,BorbaEL(2011). Genetic and morphological variability in Cattleya elongata Barb. Rodr. (Orchidaceae),endemictothecamporupestrevegetationinnortheastern Brazil.PlantSystematicsandEvolution294:8798.endemictothecampo rupestre vegetation in northeastern Brazil. Plant Systematics and Evolution294:8798. DoyleJJ,DoyleJL,(1987)ArapidDNAisolationmethodforsmallquantitiesof freshtissues.Phytochem.Bull.Bot.Soc.Amer,19:1115. Ellstrand NC, Elam DR, (1993) Population genetic consequences of small populationsize:implicationsforplantconservation.Ann.Rev.Ecol.Syst., 24:217–242. Excoffier L, Laval G, Schneider S (2009) Arlequin: a software for population data analysis. Version 3.1. Geneva: University of Geneva, 2007. .assessat:17Feb Excoffier L, Smouse PE, Quattro JM, (1992) Analysis of molecular variance inferred from metric distances among DNA haplotypes: application to humanmitochondrialDNArestrictiondata.Genetics,131:479491. George S, Sharma J, Yadon VL, (2009) Genetic diversity of the endangered and narrow endemic Piperia Yadonii (Orchidaceae) assessed with ISSR polymorphisms.AmericanJournalofBotany,96(11):2022–2030. GodwinID,AitkenEAB,SmithLW,(1997).Applicationofintersimplesequence repeat(ISSR)markerstoplantgenetics.Electrophoresis18:1524–1528. Gustafsson S, (2000) Patterns of genetic variation in Gymnadenia conopsea , thefragrantorchid.MolecularEcology,9:18631872. HamrickJL,GodtMJW,(1996)Effectsoflifehistorytraitsongeneticdiversityin plantspecies.PhilosophicalTransactions:BiologicalSciences,351:1291 1298. HamrickJL,GodtMJW,(1996)Effectsoflifehistorytraitsongeneticdiversityin plantspecies.PhilosophicalTransactionsofTheRoyalSocietyofLondon SeriesBBiologicalSciences,351:1291–1298. HartlDL,ClarkAG,Principlesofpopulationgenetics(1997).Sunderland,MA: SinauerAssociates, HedrickPW(2000)Geneticsofpopulations.JonesandBarlett,London737p Hopper SD, Brown AP, (2007) A revision of Australia’s hammer orchids (Drakaea :Orchidaceae),withsomefielddataonspeciesspecificsexually deceivedwasppollinators.AustralianSystematicBotany,20:252–285. KimuraM,CrowJ,(1964).TheNumberofAllelesthatCanBeMaintainedina FinitePopulation.Genetics49:725–738. KimuraM,OthaT,(1978)Stepwisemutationmodeland distribution of allelic frequenciesinafinitepopulations.ProceedingsoftheNationalAcademy ofSciencesoftheUSA,75,2868–2872.

104

KingstonN,WaldrenS,SmythN,(2004)Conservationgeneticsandecologyof Angiopteris chauliodonta Copel. (Marattiaceae), a critically endangered fern from pitcairn Island, South Central Pacific Ocean. Biol. Conser, 117:309–319. LeeSL,NG,K.K.S.;Saw,L.G.;Norwati,A.;Salwana,M.H.S.;Lee,C.T.; Norwati, M. (2002) Population genetics of Intsia palembanica (Leguminosae) and genetic conservation of Virgin Jungle Reserves in Peninsular Malaysia. American Journal of Botany , Columbus, v. 89(3):447459. LiA,GeS(2006)Geneticvariationandconservationof Changnienia amoena , anendangeredorchidendemictoChina.PlantSystEvol258:251–260. Li A, Luo Y, Ge S (2002) Premilary study on conservation genetics of an endangered orchid ( Paphiopedilum micranthum ) from southwestern China.BiochemGenet40:195–201. LovelessMD,HamrickJL,(1984)Ecologicaldeterminantsofgeneticstructure in plantpopulations. Annual Review of Ecology and Systematics, Palo Alto,15:6595 Luikart G, Allendorf FW, Cornuet JM, Sherwin WB, (1998) Distortion of allele frequency distributions provides a testfor recent population bottlenecks. JournalofHeredity,89(3):238247. Martinelli G, Moraes MA. Livro vermelho da flora do Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do RiodeJaneiro;2013. McCune B, Mefford MJ, (1997). Multivariate Analysis of Ecological Data. Version3.0.MjMSotware,GlenedenBeach,Oregon. McDermott JM, McDONALD BA, (1993) Gene flow in plant pathosystems. AnnualReviewofPhytopathology,31:353373. Meffe GK, Carroll CR (1997) Principles of conservation biology.Sinauer Associates,Incorporated,729p Meirmans PG, Hedrick PW, (2011) Assessing population structure: F ST and relatedmeasures.MolecularEcologyResources11:518. MinistériodoMeioAmbiente(2008)Instruçãonormativade23desetembro6: 55 NeiM(1987)MolecularEvolutionaryGenetics.ColumbiaUniversity,Press,New York NeiM,RoychoudhuryAK,(1972)GenedifferencesbetweenCaucasian,Negro, andJapanesepopulations.Science.Aug4;177(4047):434–436. Niknejad A, Kadir MA, Kadzimin SB, Abdullah NAP, Sorkheh K (2009) Molecular characterization and phylogenetic relationships among and withinspeciesof Phalaenopsis (Epidendroideae:Orchidacheae)baseon RAPDanalysis.AfrJBiotechnol8:5225–5240. NybomH,(2004)ComparisonofdifferentnuclearDNAmarkersforestimating intraspecific genetic diversity in plants. Molecular Ecology, Dordrecht, 13:11431155. NybomH,BartishIV,(2000)Effectsoflifehistorytraitsandsamplingstrategies on genetic diversity estimates obtained with RAPD markers in plants. Perspectives in Plant Ecology, Evolution and Systematics, Zurich, 3(2): 93114. Oliveira DA, Melo Júnior AF, Brandão MM, Rodrigues LA, Menezes EV, Ferreira PRB, (2012) Genetic diversity in populations of Acrocomia

105

aculeata (Arecaceae)inthenorthernregionofMinasGerais,BrazilGenet. Mol.Res.11(1):531–538. Pabst GFJ; Dungs F, (1975) Orchidaceae Brasiliensis. Band 1. Hildesheim: BrückeVerlagKurtSchmersow,408p. Pansarin ER, Amaral MCE, (2008) Reproductive biology and pollination mechanisms of Epidendrum secundum (Orchidaceae). Floral variation: a consequenceofnaturalhybridization?PlantBiology,10:211–219. Peakall R, Smouse PE, (2006) GENALEX 6: genetic analysis in Excel. Populationgeneticsoftwareforteachingandresearch.Mol.Ecol.Notes6, 288–295. Pinheiro LR, Rabbani ARC, Silva AVC, Lédo AS, Pereira KLG, Diniz LEC, (2012)GeneticdiversityandpopulationstructureintheBrazilian Cattleya labiata (Orchidaceae)usingRAPDandISSRmarkers.PlantSystematics andEvolution298:111. Pritchard J K, Wen W Structure software version 2.3. Disponível em: .Acessoem:10nov.2013. PritchardJK,StephensM,DonnellyP,(2000)Inferenceofpopulationstructure usingmultilocusgenotypedata.Genetics155:945–959. Qian X, Wang CX, Tian M, (2013) Genetic diversity and population differentiationof Calanthe tsoongiana ,arareandendemicorchidinChina InternationalJournalofMolecularSciences,14(10):2039920413. RohlfFJ,(2000)Numericaltaxonomyandmuitivariateanalisyssystemversion 2.11.NewYork:AplliedBiostatistic,142p. SharmaaIK,JonesaDL,YoungaAG,FrenchCJ,(2001)Geneticdiversityand phylogenetic relatedness among six endemic Pterostylis species (Orchidaceae; series Grandiflorae) of Western Australia, as revealed by allozyme polymorphisms. Biochemical Systematics andEcology29:697– 710. SilvaPereiraV,SmidtEC,BorbaEL,(2007)Isolationmechanismsbetweentwo sympatric Sophronitis (Orchidaceae) species endemic to Northeastern Brazil,PlantSystematicsandEvolution,269(34):171182. Sun M, Wong KC, (2001) Genetic structure of three orchid species with contrasting breeding systems using RAPD and allozyme markers. AmericanJournalofBotany,88:21802188. Toro MA, Caballero A, (2005) Characterization and conservation of genetic diversity in subdivided populations. Philosophical Transactions of the RoyalSocietyBBiologicalSciences,London,360(1459):13671378. Trapnell DW, Hamrick JL, (2005) Mating patterns and gene flow in the neotropicalepiphyticorchid, Laelia rubescens .MolecularEcology14:75 84. Trapnell DW, Hamrick JL, Nason JD, (2004) Threedimensional finescale genetic structure of the neotropical epiphytic orchid, Laelia rubescens. MolecularEcology,13:11111118. ValeÁ,RojasD,ÁlvarezJC,NavarroL,(2013)Distribution,habitatdisturbance and pollination of the endangered orchid Broughtonia cubensis (Epidendrae:Laeliinae),BotanicalJournaloftheLinneanSociety,172(3): 345357 Velozo HP, RangelFilho ALR, Lima JCA. (1991) Classificação da vegetação brasileiraadaptadaaumsistemauniversal.IBGE,RiodeJaneiro.

106

WallaceLE(2003)Molecularevidenceforallopolyploidspeciationandrecurrent originsin Platanthera huronensis (Orchidaceae).IntJPlantSci164:907– 916. Wallace LE, (2004) A comparison of genetic variation and structure in the allopolyploid Platanthera huronensis and its diploid progenitors, Platanthera aquilonis and Platanthera dilatata (Orchidaceae). Canadian JournalofBotany82:244252. Weir BS, (1990). Genetic data analysis: methods for discrete population geneticadata.Durham:Sunderland,337p. WorldChecklistofMonocotyledons(2006)TheboardoftrusteesoftheRoyal BotanicGardens,Kew.(www.kew.org).Acessoem07/12/2011 WrightS,(1951)Thegeneticalstructureofpopulations.AnnalsEugenics,New York,v.15,n.4,p.313354. Yeh FC, Yang RC, Boyle TBJ, Ye ZH, Mao JX (1999) POPGENE, the user friendlysharewareforpopulationgeneticanalysis,version1.31.University ofAlbertaandCentreforInternationalForestryResearch. YoungA,BoyleT,BrownT,(1996)Thepopulationgenetic consequences of habitat fragmentation for plants. Trends in Ecology & Evolution, 11:(10):413418.

107