XII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: RECIFE, 09 a13 de dezembro.

RELAÇÕES MORFOMETRICAS DOS SIRIS (BRACHYURA: ) marginatus NA COSTA PERNAMBUCANA, DADOS PRELIMINARES

Rosana Oliveira Batista¹, Lucas Nunes da Silva², Luciana Souza dos Santos³, Renata Akemi Shinozaki- Mendes4

Introdução Crustáceos decápodos são importantes membros das comunidades bentônicas tropicais, incluindo os estuários. Além do fato das espécies de maior tamanho e mais abundantes serem usualmente utilizadas como alimento pelo homem, existe uma grande variedade de pequenas espécies que contribuem para o tamanho, complexidade e funcionamento dos ecossistemas tropicais (Hendrickx 1995). MELO (1996) registrou a presença de seis espécies do gênero Callinectes Stimpson,1860 para o litoral brasileiro: C. bocourti A. Milne Edwards, 1879, C. danae Smith, 1869, C. exasperatus (Gerstaecker, 1856), C. larvatus Ordway, 1863, C. ornatus Ordway, 1863 e C. sapidus Rathbun, 1896; as quais têm ampla distribuição no Atlântico Ocidental, desde a América do Norte até o Rio Grande do Sul, Brasil. Almeida et al (2006) citam que alguns Estados no Nordeste do Brasil apresentam a fauna de crustáceos decápodos estuarina bem conhecida, com destaque para Pernambuco e Alagoas, enquanto que no Maranhão, Piauí, Ceará e Bahia, o conhecimento sobre a composição da carcinofauna estuarina é incipiente. Diversos trabalhos abordaram a fauna de decápodos dos estuários do Nordeste brasileiro, entre os quais podem ser citados: Rathbun (1900), Coelho (1965 e 1966), Coelho & Ramos (1972), Ramos- Porto et al (1978), Coelho & Ramos-Porto (1980), Coelho et al (1986), Coelho & Coelho-Santos (1990), Coelho et al (1990), Coelho-Santos & Coelho (2001), Coelho et al (2002), Ferreira & Sankarankutty (2002) e Calado & Sousa (2003). Verifica-se que nesses trabalhos foram analisadas a distribuição da fauna dos crustáceos, como sua biodiversidade e constituição, a ocorrência de novas espécies não referidas anteriormente, e a publicação de várias espécies presentes no litoral Pernambucano. A distribuição geográfica do C. marginatus ocorre no Atlântico Ocidental, desde a Carolina do Norte até São Paulo (COELHO & RAMOS, 1972; WILLIAMS, 1984). Devido à ampla distribuição no litoral brasileiro, é de fundamental importância o estudo morfometrico dos espéciemens. Segundo FUTUYMA (2002) as pequenas diferenças entre indivíduos, como tamanho do corpo ou número de ovos, são variações evidentes, chamadas de variação contínua ou variação quantitativa. Essas variações fenotípicas interferem nas estimativas das frequências alélicas baseadas em morfometria (PAIVA, 2001). Objetivou-se com o presente trabalho analisar a correlação das medidas morfometricas do espéciemens Callinecte marginatus no litoral norte pernambucano.

Material e métodos As coletas foram realizadas no município de Itamaracá, sendo uma na região estuarina, no Canal de Santa Cruz, e outra na região costeira, na ilha de Itamaracá, em 04 de outubro de 2013. Os crustáceos coletados foram submetidos ao congelamento e transportados para a Unidade Acadêmica de Serra Talhada.

O sexo em Callinectes foi identificado com base na forma do abdome e nos apêndices abdominais. Os machos maduros possuem abdome longo, delgado e na forma de T invertido. Apresentam dois pares de apêndices, os quais são utilizados no acasalamento: dois longos órgãos intromitentes, os gonopódios, e dois pequenos órgãos acessórios, os pênis. Nos machos imaturos, o abdome é firmemente ¹ Primeiro Autor é bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de Engenharia de Pesca e participante do laboratório de Biologia Pesqueira (LAPEq) da Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Fazenda Saco, s/n. Caixa Postal 063 - Serra Talhada - PE. E-mail: [email protected] ² Segundo Autor é bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de Engenharia de Pesca e participante do Laboratório de Biologia Pesqueira (LAPEq) da Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Fazenda Saco, s/n. Caixa Postal 063 - Serra Talhada - PE. E-mail: [email protected] ³ Terceiro Autor é graduando do curso de Engenharia de pesca e participante do Laboratório de Biologia Pesqueira (LAPEq) da Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Fazenda Saco, s/n. Caixa Postal 063 - Serra Talhada – PE. E-mail: [email protected] 4 Quarto Autor é Professor Adjunto do curso de Engenharia de Pesca e coordenador do Laboratório de Biologia Pesqueira (LAPEq). E-mail: [email protected]

XII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: RECIFE, 09 a13 de dezembro. aderido na superfície ventral da carapaça. Nas fêmeas imaturas, o abdome é triangular e aderido ao corpo, enquanto nas fêmeas adultas, ele possui o formato arredondado, quase semicircular e livre da carapaça ventral (PEREIRA, 2006; VAN ENGEL, 1958). O apêndice abdominal das fêmeas é mais largo devido à função de proteção dos ovos que originarão seus descendentes. Os indivíduos foram fotodocumentados na vista dorsal (Fig. 1) e ventral. Foram mensurados quanto ao comprimento do cefalotórax (CC); largura do Cefalotórax (LC); largura do quinto (L5) e do quarto (L4) segmento abdominal; comprimento e largura do quelípodo direito (CQd) e (LQd), e comprimento e largura do quelípodo esquerdo (CQe) e (LQe).

Resultados e Discussão Na primeira coleta foram capturados 34 exemplares da infraordem Brachyura, dos quais estão as espécies: Arenaeus cribrarius, Callinectes danae, Callinectes exasperatus, , Callinectes ornatus e Charybdis Helleri, de acordo com a Tabela 1. A espécie mais abundante foi o Callinectes danae. Segundo Shinozaki-Mendes (2012) a maior abundância de siris (Família Portunidae) no Canal de Santa Cruz/PE/ Brasil, ocorre no período seco, e, dentre as cinco espécies que ocorreram no Canal, C. danae foi a mais abundante, sendo sua ocorrência influenciada pela altura da maré e pela salinidade. Quanto à espécie Callinectes marginatus, foram capturados cinco exemplares, dos quais todos eram machos. Quanto à relação do comprimento do cefalotórax (CC) e largura do cefalotórax (LC), observado na Figura 2A, o crescimento linear com o R² teve um resultado baixo (R² de 0,7898) devido ao baixo número de amostra. Ressalta-se que os dados são preliminares, portanto ainda haverá maiores números de amostras e coletas, onde poderão ser tomados resultados conclusivos. As relações do comprimento e largura do quelípodo direito (CQd) e (LQd), e comprimento e largura do quelípodo esquerdo (CQe) e (LQe) foram impossibilitadas, já que entre as amostra apenas um possuía os mesmos, impossibilitando também a aferição do peso total. O comprimento do cefalotórax variou entre 3,78 e 4,11 cm; com média de 3,94 cm. A largura do cefalotórax apresentou uma variação entre 8,06 e 8,84 cm; com média de 8,41 cm. As relações entre Comprimento do Cefalotórax e o L5 e L4 não apresentou uma tendência clara, com grande dispersão dos dados, onde se observa um crescimento linear com R² muito baixo, como podem ser observados na Figura 2B. Conclui-se que o trabalho refere-se apenas a dados preliminares, novas coletas serão realizados objetivando um maior número de crustáceos capturados para melhor averiguação dos resultados.

Referências ALMEIDA, A. O. 2006. Crustáceos decápodos estuarinos de Ilhéus, Bahia, Brasil, v6, n2, 2p. HENDRICKX, M.E. 2006. Checklist of brachyuran crabs (Crustacea: ) from the eastern tropical Pacific, 1995.Bull. Inst. Royal Sci. Nat. Belgique, Biologie. COELHO, P.A. & COELHO-SANTOS, M.A. 1990. Crustáceos decápodos e estomatópodos do rio Paripe, Itamaracá-PE. An. Soc. Nordest. Zool. 3:43-61. COELHO, P. A.; RAMOS, R. A. 1972. A constituição e a distribuição da fauna de decápodos do litoral leste da América do Sul entre as latitudes de 5°N e 39°S. Universidade Federal de Pernambuco. 13: 133- 236. COELHO, P.A., SANTOS, M.A.C., TORRES, M.F.A., MONTEIRO, B.R. & ALMEIDA, V.A.K. 2002. Reino Animalia: Filo (ou Subfilo) Crustacea no Estado de Pernambuco. In Diagnóstico da biodiversidade de Pernambuco (M. Tabarelli & J.M.C. Silva, eds.). Massangana, Recife, v. 2, p.429-482 FUTUYMA, D. J. 1996. Biologia evolutiva. 2.ed. São Paulo: FUNPEC, 2002.MELO, G. A. S Manual de identificação dos Brachyura(caranguejos e siris) do litoral brasileiro. São Paulo. Plêiade. 603p. PAIVA, S. R. 2001. Influência de obstáculos naturais na divergência de populações de Astyanax bimaculatus na bacia do Rio Doce - MG. Dissertação (Mestrado em Genética e Melhoramento )– Programa de Pós- Graduação em Genética e Melhoramento Animal, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. XII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: RECIFE, 09 a13 de dezembro.

PEREIRA, M. J. 2006. Estrutura populacional do gênero Callinectes na Baía da Babitonga, São Francisco do Sul, SC. Itajaí: Universidade do Vale do Itajaí. Dissertação de Mestrado. RATHBUN, M.J. 1900. The decapod and stomatopod Crustacea. I. Results of the Branner-Agassiz Expedition to Brazil. Proc. Wash. Acad. Sci. 2:133-156. SHINOZAKI-MENDES, R. A. 2012. Dinâmica da população do siri Callinectes danae (Crustacea: Portunidae) no Canal de Santa Cruz/ PE. Recife: Universidade Federal de Pernambuco. Tese doutorado.

VAN ENGEL, W. A. 1990. Development of the reproductively functional form in the male blue crab Callinectes sapidus. Bulletin of Marine Science 46: 13-22. WILLIAMS, A. B. 1984. Shrimps, lobsters and crabs of Atlantic coast of Eastern United States, Maine to Florida. Washington, Smithsonian Institution Press, 550p. Tabela 1. Lista das espécies de crustáceos, capturadas no litoral Norte de Pernambuco em 04 de outubro de 2013. Brachyura Machos Fêmeas Maturidade Arenaeus cribrarius 5 1 Imaturo Callinectes danae 4 12 Imaturo, maduro e ovígera Callinectes exasperatus - 5 Maduro Callinectes marginatus 5 - Imaturo Callinectes ornatus 1 - Maduro Charybdis helleri - 1 Ovígera Total 15 19

Figura 1. Visão dorsal do crustáceo decápoda, Callinectes marginatus, capturado no Litoral Norte de Pernambuco.

4,2 y = 0,4619x + 0,0547 2,5 y = 0,0636x + 1,3229

cm R² = 0,7898 R² = 0,1548

-

cm

4,1 - 2

4,0 1,5 y = 0,0705x + 0,3227 R² = 0,0406 3,9 1

3,8 0,5

3,7 abdominal segmento (L4) 0 Largura do quinto (L5) e do quarto quarto e do (L5) quinto do Largura Largura do Cefalotórax (LC) (LC) Cefalotóraxdo Largura 8 8,5 9 8 8,5 9 Comprimento do Cefalotórax (CC) - cm Comprimento do Cefalotórax (CC) - cm

Figura 2. (A) Relação entre a largura e o comprimento do cefalotórax do Callinectes marginatus capturados no litoral Norte de Pernambuco. (B) Relação entre o comprimento do Cefalotórax e largura do quinto (L5) e do quarto (L4) segmento abdominal do Callinectes marginatus capturados no litoral Norte de Pernambuco.