André Noro Dos Santos a Relação Homem-Máquina Na Cultura
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC – SP André Noro dos Santos A Relação Homem-Máquina na Cultura Japonesa: A hibridação entre o corpo tecnológico e humano através da animação Neon Genesis Evangelion MESTRADO EM COMUNICAÇÃO E SEMIÓTICA São Paulo 2013 André Noro dos Santos A Relação Homem-Máquina na Cultura Japonesa: A hibridação entre o corpo tecnológico e humano através da animação Neon Genesis Evangelion Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de MESTRE em Comunicação e Semiótica – área de concentração: Signo e Significação nas Mídias – sob a orientação da Professora Doutora CHRISTINE GREINER São Paulo 2013 Banca Examinadora Aprovado em ____/____/________ Autorizo, para fins exclusivamente acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação por processos fotocopiadores e eletrônicos: Assinatura: _________________________________________________________________ São Paulo, ________ de agosto de 2013. Dedico este trabalho a minha mãe, Setsuko, cujo apoio foi fundamental para a realização deste curso. AGRADECIMENTOS À minha orientadora, Professora Doutora Christine Greiner, que me conduziu de modo seguro e acolhedor nesta jornada de vida e acompanhou de perto toda a evolução da presente pesquisa. Aos meus pais Joseney e Setsuko pelo amor e apoio. Ao doutor Marco Souza, pela inestimável contribuição com seu conhecimento e valiosas sugestões. À doutora Patrícia Borges pela amizade e sugestões preciosas. À doutora Cecília Saito, pelo carinho e oportunidade de trabalhar no grupo de pesquisa. Aos amigos, Roberta e Marcelo, pela presença constante e apoio nos momentos de insegurança. À Cida e a todos os amigos que, de alguma forma, contribuíram para a realização da presente Dissertação. A CAPES, pela ajuda financeira durante a realização do mestrado. RESUMO O tema desta dissertação é a relação homem-máquina na cultura japonesa. Por tratar-se de um tema muito amplo, o objetivo principal da pesquisa foi analisar a série de animação Neon Genesis Evangelion, demonstrando como esta evidenciou a hibridação entre seres humanos e máquinas, de modo a propor uma reflexão acerca dos usos das novas tecnologias na sociedade contemporânea. Embora este objeto de estudo faça parte da cultura otaku – que marca a produção do Japão pop a partir de 1980, a hipótese principal da pesquisa é que a construção desses corpos híbridos sempre existiu na cultura japonesa e, ao contrário do que discutem vários autores ocidentais, para os japoneses não se trata de uma condição pós-humana. Desde o Japão tradicional, diversas modalidades de teatro de bonecos já propunham uma indistinção entre o corpo do manipulador e o corpo do boneco. Em termos metodológicos, analisou-se a linguagem da série de animação Neon Genesis Evangelion demonstrando como esta evidencia a hibridação estabelecida entre humano e máquina, sem sugerir, no entanto, que este tipo de relação tem início no Japão contemporâneo. Espera-se que a pesquisa contribua com o campo da comunicação, tanto no sentido de elucidar aspectos da cultura pop japonesa, como nas discussões acerca da relação entre corpo e tecnologia. Palavras-chave: Animação japonesa. Homem-máquina. Corpo híbrido. Pós-humano ABSTRACT The topic of this dissertation is the man-machine relation in Japanese culture. As this is a very broad topic, the primary goal of this study was to analyze the animated series Neon Genesis Evangelion demonstrating how it shows the hybridization of human beings and machines in order to propose a reflection on the uses of new technologies in modern society. Although this object of study is part of the so-called otaku culture - that marks the production of Japanese pop since 1980, the main hypothesis of the research is that the construction of these hybrid bodies always existed in Japanese culture and that, contrary to what many Western authors state, for the Japanese this does not constitute a post-human condition. In Japanese tradition, various forms of puppet theater established no clear distinction between the body of the puppeteer and the body of the doll. In methodological terms, the proposal was to analyze the language of the animated series Neon Genesis Evangelion, demonstrating how it shows the hybridization of human and machine without suggesting, however, that this type of relationship originates in modern Japan. It is hoped that this study will contribute to the field of communication both in the sense of clarifying certain aspects of Japanese pop culture as well as in the discussions regarding the interface between the human body and technology. Keywords: Japanese animation. Man-machine. Hybrid body. Post-human. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Fragmentos de pergaminho Chojugiga 19 Figura 2 – Apresentação de artistas Kamishibai 20 Figura 3 – Hokusai Mangá 21 Figura 4 – A arte Ukiyo-e 22 Figura 5 – A batalha entre o Macaco e o Caranguejo e Momotaro 24 Figura 6 – O Coelho e a Tartaruga e Momotaro, o número 1 do Japão 25 Figura 7 – Momotaro no Umiwashi 26 Figura 8 – Hakujaden 27 Figura 9 – Tetsuwan Atomu (Astro Boy) 30 Figura 10 – A Viagem de Chihiro e O Castelo Animado 31 Figura 11 – Akira 37 Figura 12 – Chahakobi ningyo 40 Figura 13 – Zashiki karakuri, Dashi karakuri e Butai karakuri 41 Figura 14 – Sistema de funcionamento do Karakuri ningyo 42 Figura 15 – Gundam Wing Zero 44 Figura 16 – Mazinger Z 44 Figura 17 – Gundam 45 Figura 18 – EVA, Shinji e Anjo 45 Figura 19 – Cell e Data 46 Figura 20 – Androide Repliee Q1 47 Figura 21 – Robô que lava cabelo e Cama robótica 49 Figura 22 – Robô regente e Robôs músicos 49 Figura 23 – Robôs e humanos 50 Figura 24 – Kuruma ningyo 55 Figura 25 – Cenas do Kuruma ningyo 55 Figura 26 – Hitogata e Katashiro 57 Figura 27 – Imagens de EVA e Shinji 59 Figura 28 – O Homem de Seis Milhões de Dólares e Robocop 60 Figura 29 – Humanoide Cog 63 Figura 30 – Stelarc e suas performances 67 Figura 31 – A Árvore da Vida 71 Figura 32 – Lilith 74 Figura 33 – Tokio-3 75 Figura 34 – Gendo Ikari, Misato Katsuragi e doutora Ritsuko Akagi 75 Figura 35 – Pilotos adolescentes de EVA 79 Figura 36 – EVA 80 Figura 37 – Reações de Shinji em sincronia com as reações de EVA 81 Figura 38 – Equipamentos da Unidade EVA 82 Figura 39 – Piloto Shinji no Plug de entrada 82 Figura 40 – O lado animalesco de EVA 84 Figura 41 – EVA em Berserk 85 Figura 42 – Devaneios de Shinji 87 Figura 43 – Devaneios de Rei Ayanami 90 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 12 1 UM BREVE HISTÓRICO DA ANIMAÇÃO JAPONESA: DOS KARAKURI NINGYO AOS MECHAS ........................................................................................................................ 16 1.1 O DESENVOLVIMENTO DA ANIMAÇÃO JAPONESA ............................................................. 16 1.2 AS ANIMAÇÕES JAPONESAS E A CULTURA ROBÓTICA: ENTRE OS KARAKURI NINGYO, MECHAS E A ROBÓTICA MODERNA NO JAPÃO ....................................................................................... 35 1.3 O CORPO HÍBRIDO: A TRADIÇÃO JAPONESA E O PÓS-HUMANISMO ..................................... 53 2 NEON GENESIS EVANGELION: UM MUNDO APOCALÍPTICO ENTRE EVAS, PILOTOS E ANJOS ............................................................................................................... 70 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 96 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 98 12 INTRODUÇÃO A animação japonesa representa um relevante fenômeno de massa do final do século XX, que juntamente com os mangás – os quadrinhos japoneses tornaram-se um rápido veículo de comunicação da cultura japonesa, sobretudo a partir de 1980. Alcançou enorme popularidade quando trouxe para as televisões do ocidente uma narrativa construída a partir da cultura pop sem, contudo, deixar de refletir, traços da tradição cultural milenar. O desenvolvimento da animação no Japão, entretanto, possui longa história. A animação foi introduzida no Japão, importada do ocidente, a partir de 1910, em particular, com os filmes de animação francesa Fantasmagoria, de Émile Cohl (GAN, 2009). Motivados pela novidade, os desenhistas japoneses começaram a produzir suas próprias produções audiovisuais, porém, sem deixar de enfatizar as suas tradições artísticas e culturais. Após a II Guerra Mundial, o Japão experimentou novamente um contato intenso com ideias e costumes vindos do ocidente, em especial, dos Estados Unidos da América (EUA). A partir daí, os nipônicos absorveram as novas experiências, mesclando as suas tradições com as novidades apreendidas do ocidente, construindo, assim, uma nova imagem das produções audiovisuais japonesas. Especificamente, em relação às animações japonesas, as novidades em relação à técnica, estética e traços característicos levaram o Japão a se consolidar na arte da indústria de entretenimento, firmando-se, inicialmente, em seus próprios domínios, para, em seguida, internacionalizar-se e obter respeitabilidade e status assegurado por volta do ano 2000. A partir daí, tem-se uma visível influência das animações japonesas na cultura ocidental. Esta se encontra em grifes, filmes, videoclipes etc., utilizando-se a temática japonesa de animação. É justamente o gosto pela animação japonesa e mangás e o interesse por temas que misturam elementos trazidos das culturas