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Interman004cldcnb.Pdf 2 Caminhos para a luta pelo direito à comunicação no Brasil CAMINHOS PARA A LUTA PELO DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL - COMO COMBATER AS ILEGALIDADES NO RÁDIOE NA TV ÍNDICE Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social índice Conselho Diretor (2015 - 2016) Ana Claudia Mielke Bia Barbosa Helena Martins 1. Apresentação.................................................................7 Iara Moura 1.1. Direito à Comunicação........................................10 Iano Flávio Souza Maia Jonas Valente 2. O sistema de comunicação do Brasil...................13 Marcos Urupá 2.1. Uma terra com leis (velhas e não cumpridas).......16 Marina Pita Mayrá Lima 3. Propriedade dos meios de comunicação............19 Pedro Ekman 3.1. Concentração.........................................................21 Veridiana Alimonti 3.2. Diversidade...........................................................23 Pesquisa e Redação Helena Martins 3.3. Combate aos “laranjas”......................................25 Revisão 3.4. Arrendamentos e transferências......................26 Bia Barbosa 3.5. Coronéis da mídia...............................................33 Iara Moura Veridiana Alimonti 4. Violações sobre conteúdo.......................................39 Projeto Gráfico e Diagramação 4.1. Regulação e autorregulação..............................40 Raíssa Veloso 4.2. O que diz a legislação brasileira......................41 Ilustrações 4.3. Violações de direitos humanos na mídia.......44 Ramon Cavalcante 4.4. Policialescos: estigmatização e medo.........48 Apoio Fundação Ford 4.5. A alma do negócio...............................................51 Outubro/2015 4.6. Infância desprotegida........................................52 INTERVOZES – Coletivo Brasil de Comunicação Social 4.7. Educação está fora da telinha..........................55 Rua Rego Freitas, 454, cj. 92, 9º andar – República ...................................................................57 CEP: 01.229-010 – São Paulo / SP 5. O que fazer www.intervozes.org.br 6. Bibliografia..................................................................61 Intervozes 7 1. Apresentação Vivemos em uma sociedade marcada pelo constante fluxo de comunicação. Televisores, rádios, celulares, computadores e tantos outros instrumentos fazem parte do nosso cotidiano. Por meio deles, recebemos conteúdos que nos ajudam a compreender o mundo, formar nossa identidade, elencar os temas da conver- sa com amigos, familiares e colegas de trabalho, cons- truir opinião e participar da vida política do país. No entanto, apesar da centralidade que os meios de comunicação adquiriram na vida contemporânea, eles ainda são tratados majoritariamente como espa- ços pertencentes a poucos grupos. Já os conteúdos, como mercadorias trocadas pela publicidade ou pela própria audiência. Isso não ocorre à toa. A exclusão das maiorias sociais da mídia e o controle da informa- ção serviram historicamente para garantir privilégios e manter a desigualdade no acesso ao poder. Os que são hoje donos da mídia querem que a socie- dade não compreenda os meios de comunicação como bens de interesse público, desconheça seu direito a ter acesso a um conjunto diversificado de informações e opiniões e não possua espaços para fazer denúncias e cobrar reparação diante de notícias falsas, distor- ções, preconceitos ou do silêncio imposto aos movi- mentos sociais. Com isso, eles limitam a discussão, a participação da sociedade e suas possíveis conquistas. Afinal, uma sociedade que não conhece seus direitos 8 Caminhos para a luta pelo direito à comunicação no Brasil Intervozes 9 não pode reivindicá-los. rantir o interesse público no setor. SAIBA MAIS PROJETO DE LEI DA Por isso é tão raro ver jornais, revistas, emissoras de Regulação e Regulamenta- MÍDIA DEMOCRÁTICA É isso que essa cartilha quer mostrar. Ela tem o obje- televisão e rádio discutindo políticas para o setor. ção: qual a diferença? Conheça algumas propostas: tivo de compartilhar dados sobre o direito à comuni- Por isso os veículos da chamada grande mídia classi- Regulação – Procedimentos • Reservar 33% dos canais ao cação no Brasil, apontar as violações mais frequentes ficam qualquer proposta deregulação como censu- ou regras definidas em sistema público, garantindo praticadas pelos concessionários do serviço na área ra, anulando, de imediato, o debate sobre este tema, leis e outros instrumentos espaço para os veículos da radiodifusão, bem como apresentar formas de coi- normativos feitos pelo Estado comunitários; embora a regulação seja prática corrente na maioria bir tais práticas, inclusive os instrumentos normativos para orientar a atividade • Criar o Fundo Nacional de dos países democráticos. Por aqui, as regras do setor econômica pública e privada Comunicação Pública para que podem ser usados para isso. e proteger o interesse público. são lembradas pela mídia quando podem ser utiliza- apoiar o Sistema Público; Claro que as leis são objetos de intensa disputa políti- Regulamentação – Atos das em benefício próprio. Na maioria dos casos em • Proibir que igrejas e ca, desde sua formulação. Por isso, ao mesmo tempo que poderiam proteger o interesse público, são com- complementares que obje- políticos eleitos (ou parentes tivam detalhar e tornar as em que listamos os dispositivos que podem ser usa- pletamente ignoradas. próximos) tenham canais de leis gerais operativas. É uma rádio e TV; dos para enfrentar a violação do direito à comunica- Sabemos que é preciso uma mudança profunda na so- atividade exclusiva da Presi- ção, cobramos que os poderes Executivo, Legislativo dência da República, que tem • Limitar a propriedade cruzada; ciedade para que possamos democratizar os meios e a atribuição de sancionar, • Garantir espaço para e Judiciário adotem entendimentos que favoreçam a garantir o direito à comunicação. Nesse sentido, mo- promulgar e fazer publicar produção regional cultural, coletividade, o interesse público e a democracia no vimentos sociais e organizações da sociedade civil de- as leis, bem como expedir artística e jornalística na momento de avaliar a prestação deste serviço no país. fendem a reorganização do sistema de comunicação decretos e regulamentos para grade das emissoras (30% a execução delas. entre 7h e 0h, sendo pelo Nas páginas seguintes, você vai saber um pouco mais com a aprovação de um novo marco regulatório para menos 7 horas semanais em do que diz a nossa legislação sobre: limites à proprie- o setor. Propostas concretas já existem. Elas constam horário nobre); dade dos meios de comunicação, posse de meios por no Projeto de Lei da Mídia Democrática – uma ini- • Destinar 1 hora por políticos, transferências de concessões e permissões, semestre para cada um de ciativa popular que gerado debates e manifestações e comercialização de tempo de programação, limites recebido assinaturas em seu apoio em todo o país. 15 grupos sociais relevantes (associações, sindicatos, à veiculação de publicidade, regras para conteúdo e Enquanto essa mudança não ocorre, é necessário co- movimentos sociais). violações dos direitos humanos na mídia. As lacunas brar medidas imediatas para garantir o direito à co- existentes na legislação sobre essas questões, boas municação e frear as violações tanto deste quanto dos práticas adotadas em outros países e a atuação da demais direitos na mídia. Regras estabelecidas no país sociedade civil brasileira por uma mídia democrática e outras asseguradas em tratados internacionais dos também serão discutidas. quais o Brasil é signatário já permitem que o Estado, Esperamos, com isso, fortalecer a luta por mudanças, especialmente o Ministério das Comunicações garantindo informações sobre o tema e ampliando o (MiniCom), responsável por regular, outorgar e fisca- convite para que você também se aproprie desse de- lizar os serviços de rádio e TV, cumpra o papel de ga- bate e defenda o direito à comunicação. Boa leitura! 10 Caminhos para a luta pelo direito à comunicação no Brasil Intervozes 11 1.1. DIREITO À COMUNICAÇÃO A discussão da comunicação como um direito hu- ser produtoras de conteúdo e fazer circular essas mano fundamental tem sido feita pelo menos desde SAIBA MAIS manifestações, sejam elas opiniões, informações ou os anos 1960. Nas décadas seguintes, a percepção da O relatório resultou do tra- produções culturais. Para tanto, é preciso que o Estado balho da Comissão Inter- desigualdade dos fluxos comunicacionais entre os nacional para o Estudo dos adote medidas contra as diferenças que limitam a países e, como resultado disso, os debates em torno Problemas da Comunicação condição de produtor e difusor de informações a da chamada Nova Ordem Mundial da Informação da Organização das Nações tão poucos grupos e garanta o exercício do direito à e Comunicação (Nomic) levaram à afirmação deste Unidas para a Educação, a comunicação de forma plena e em linha com o direito Ciência e a Cultura (Unesco). novo direito, indo além da liberdade de expressão e O grupo foi formado em 1977 à informação e à expressão, já que os direitos humanos do acesso à informação, já garantidos, desde 1948, na sob a liderança do prêmio são complementares e indivisíveis. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em Nobel da Paz, o irlandês 1980, o relatório da Unesco “Um Mundo, Muitas Sèan McBride, e contou com Hoje, o direito à comunicação é reconhecido especialistas de 16 nacio- Vozes”, conhecido como Relatório MacBride , tor- por países como Portugal, Espanha, Argentina e nalidades, entre os quais o Bolívia. No Brasil, a Constituição Federal dedica nou-se um marco desse processo
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