Novas tecnologias nas 97

Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão

Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão comunidades rurais: TV e 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão internet na colônia do RS

Kenia Maria Menegotto Pozenato1 Loraine Slomp Giron2

RESUMO O objetivo deste artigo é o de apresentar os resultados preliminares do Projeto Cultura e Comunicação: o efeito das novas tecnologias (TV, Internet) nas comunidades rurais do RS (1985-2005). Foi estudada a região de minifúndios de Caxias do Sul, e , entre 1985 e 2005, quando avançam a telefonia, a eletrificação e a transmissão televisiva na zona rural do . Seu objeto são as mudanças socioeconômicas ocorridas na pequena propriedade rural da Região Nordeste do Rio Grande do Sul e a possível influência das novas tecnologias no modo de vida de seus habitantes, com o objetivo de verificar as principais transformações no meio rural, ocasionadas pela influência dos meios de comunicação na moda, no modo de falar, no consumo, nos valores éticos e morais e por fim nas relações familiares. Palavras-chave: Novas tecnologias. Comunidades rurais. Mudanças.

ABSTRACT The objective of this paper is to present the preliminary results of the project named “Cultura e Comunicação: o efeito das novas tecnologias (TV, internet) nas comunidades rurais do RS (1985- 2005)” (Culture and Communication: the effect of new technologies (TV, Internet) in rural communities of Rio Grande do Sul – South of – (1985-2005)). The project studied the small-farms region of Caxias do Sul, Flores da Cunha, and Farroupilha (three cities south of Brazil), within the term 1985- 2005, when telephoning, electricity, and TV transmission improved in the rural zone of Rio Grande do Sul. The object of this research are the social-economical changes that happened in small properties in the Northeast region of Rio Grande do Sul and the possible influence of new technologies in the way of life of their inhabitants. It verifies the main transformations in rural environment, people’s way of speaking, their consume, their ethical and moral values, and family relationships, provoked by the influence of the communication technology in vogue. Keywords: New technologies. Rural communities. Changes.

1 Doutora em Ciências da Informação e da Comunicação pela Universidade D’Aix-Marseille III e Professora na Universidade de Caxias do Sul (UCS). E-mail: [email protected] 2 Doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e Professora na UCS. E- mail: [email protected] Pozenato, Kenia Maria Menegotto - Giron, Loraine Slomp.Novas tecnologias nas comunidades rurais:...98 com o nome alterado para alterado nome o com relações nas mas fim, 2009, até alongar devendose andamento, por em está projetoainda O familiares. e, morais e éticos valores nos consumo, no falar, de modo no moda, na ocasionado ter podem comunicação de meios os que transformações principais novasas verificar é objetivo O habitantes.das seus de vida de influência modo no tecnologias possível a e Sul do Grande Rio do Nordeste Região da rural propriedade pequena na ocorridas socioeconômicas mudanças as são objeto Seu Sul. do Grande Rio do rural zona a atingem e avançamtelevisiva transmissão res, no período compreendido entre 1985 e 2005, quando a telefonia, a eletrificação e a morado- seus propriedadenos pequena e na ocorridas mudanças as Pretendiaanalisar debruçou sobre a região de minifúndios de Caxias do Sul, Flores da Cunha e Farroupilha. quando partem do sistema socioeconômico no qual o sujeito está inserido. está sujeito o qual no socioeconômico sistema do partem quando passivas e sujeito do partem quando ativas consideradas ser podem culturais ças cidade; segundo, decorre da relação da cidade com a zona rural. Ou seja, as mudan- a agricultorcom do relações das dentroforamentepartir para de propriedade,a da primeira- ocorre que processo um é palavras, outras Em educação. de e saúde de políticas novastecnologias,nas nas baseados produção, a propriedadee a formam trans- quais os globalização, da decorrentes urbana, zona de da resulta vindos que mecanismos segundo, cidade; a com relações suas de e rurais produtores dos As mudanças no meio rural decorrem de um processo duplo: primeiro, que depende propriedade. pequena na a família da atual todo situação um como reconhecer para planejadas cuidadosamente são visitas as que visto realidade, a revelamque questionários os apenas são Não rural. meio no das do total o sobre apresenta- mudanças as mensurar 0,2% a visam questionários Os considerado. de universo amostragem uma com Cunha, da Flores em 15 e pilha etapa, na zona rural de cada município, ou seja, 29 em Caxias do Sul, 11 em Farrou- primeira na aplicados questionários de resultado são apresentados aqui dados Os turismo. do a especialmente rural, região na urbanas empresas das cia Cambará do Sul de e São José os dos Ausentes e na área de latifúndio, minifúndio verificando a de influên- região na Gonçalves Bento e Garibaldi de municípios os do incluin- analisada, região a amplia-se portanto, inicial, projeto do novaetapa Nessa Considerações iniciais Considerações E ae rri d R (1985-2005) RS do rurais dades comuni- nas internet) (TV, tecnologias novas das efeito o Comunicação: e tura Projeto do preliminares resultados os apresentar a propõe se artigo ste Mudanças em comunidades rurais: ações e tecnologiase ações rurais: comunidades em Mudanças A eqia raiaa m 06 20, se 2007, e 2006 em realizada pesquisa, A . Cul- .

A região 99

Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão

Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão Os municípios de Caxias do Sul (1897), Farroupilha (1934) e Flores da Cunha (1924) 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão possuem características semelhantes quanto à produção econômica e a alguns dos itinerários turísticos, pois neles prevalece a conservação das tradições herdadas dos imigrantes italianos. Caxias do Sul concentra a maior área territorial e o maior número populacional e sustenta a entrada de novas tecnologias de produção econômica e cultural, destacando-se a implantação da primeira emissora de TV, em 1969. Isso leva a reconhecer a predominância e a influência de Caxias do Sul sobre os municípios de Flores da Cunha e Farroupilha, que possuem menor área territo- rial, menor população e maior concentração de habitantes na área rural.

Segundo dados do IBGE,3 em projeção para 2006, o número de propriedades agrí- colas existentes nos municípios já analisados é de 2.127, ocupando uma área rural de 247 km2. As propriedades rurais têm, em média, 11,6 ha, onde vivem cerca de quatro pessoas em cada uma das 1.699 famílias.

Nas propriedades analisadas, a proporção tanto da propriedade quanto da família permaneceu constante em relação ao universo considerado. Por outro lado, se constatou que em muitas propriedades há mais de uma família. Quando os proprie- tários ficam mais velhos, e um ou mais dos filhos se casa, passam a viver uma ou mais famílias em uma mesma propriedade.

Pelo Censo de 2006 viviam, na região dos municípios estudados, 671.268 habitan- tes, dos quais 74.113 (11,45%) na zona rural e 89,06% na zona urbana. Caxias contava, então, com 360 mil habitantes, 7% vivendo na zona rural, e 93,5, na zona urbana. Farroupilha tinha 55.308 habitantes, 33% vivendo na zona rural, e 76%, na zona urbana. Flores da Cunha tinha 23.678 habitantes, sendo que 40% desses vi- viam na zona rural, e 60%, na urbana.

Segundo esse mesmo censo, Caxias do Sul possuía 6.757 famílias na zona rural. Dessas, 1.500 tinham na uva seu principal produto. A produção agrícola constava de hortaliças, principalmente beterraba, cenoura, tomate, alho, abóbora, repolho e pimenta, e ainda havia a fruticultura, com 9.597 ha plantados. Dentre as frutas, as mais cultivadas nesse período estão, além da uva, a maçã, o pêssego, a ameixa e o caqui. Farroupilha apresenta a mesma área territorial de 1934, com 359,30 km 2,

3 Disponível em: www.ibge.gov.br/ - 53k -. Acesso em: 24 mar. 2008. Pozenato, Kenia Maria Menegotto - Giron, Loraine Slomp.Novas tecnologias nas comunidades rurais:...100 Flores da Cunha tem uma área de 269 km 269 de área uma tem Cunha da Flores rural. zona na 12.538, 55.188de e é urbana, população zona A na habitantes,residem que 42.650 sendo as e 0 cmltu Esn Mdo 43 dls ã o opeaa, pelo e Superior. completaram, Curso em estudam o 36,7% menos não deles 4,3% Médio, Ensino o completou 60% de mais filhos, aos relação Em analfabetas. mulheres encontradas foram não que salientar Cabe concluíram. o não delas 83,7% Dessas, e Fundamental, Ensino diferente. o 17,3%completaram é situação a mulheres, às relação Em completo. Fundamental mental incompleto (em geral até a 4ª série), e apenas 4,3% deles possuem o Ensino Funda- Ensino o possuem entrevistados dos 82% instrução, de grau ao relação Em lazer.por realiza os somente manuais; trabalhos os fazer a obrigada mais é não mulher a e prontos, o comprados complementar são produtos para esses Hoje, e familiar. orçamento pessoal uso para realizado era trabalho Esse etc. tricotar, bordar,chapéus, e cestas para tranças fazer costurar, de hora a chegada era diária, lide a compradaapós Antigamente, complementares. atividades às relação com vezes ainda e pronta, muitas comida, da elaboração na quanto eletrodomésticos, pelos auxiliada casa, da lides nas tanto menos, trabalha mulher a rural, novafamília Nessa impossibilidade. sua até fogão do e casa da dona a como que continua sogra, a com morar de “sina” a tem nora a Já, pais. dos casa na permanecer casar, ao homens, filhos dos um de hábito velho o Continua igualdade. de posição em está ela realidade, na filhos, aos e marido ao submissa parecer de apesar seja, propriedade,ou na realizadas atividades informante,todasas boa conhecer em por transforma-se mulher a dono, do ausência na Porém, fala. não mulher está a homem presente, o Se mesmas. as continuam família da dentro poder de relações As solar.luz à inverno,devido continuam no que pessoas do maior é verão as no trabalho do duração indica, a Assim, sol. a tudo sol de trabalhando que ao e, ano do estações as todas durante sucedem se esses mas trabalho, de tipos os Variam descanso. de períodos há não depoentes, os segundo assim, Ainda agricultura. na despendido esforço o reduzido A família rural conta, hoje, com a mecanização no trabalho. De forma,certa isso tem média. em moradores, três possuem e uma cada ha ã d 2.7 hbtne, o qas 0 ana iim a oa ua, m 2.127 em rural, zona propriedades rurais, ocupando uma área de 247 na km viviam ainda 40% quais dos habitantes, 23.678 de ção sendo que, desses, 10,64km desses, que, sendo 2 são de área urbana e 348,66 km 348,66 e urbana área de são 2 . No ano de 2000 possuía uma popula- uma possuía 2000 de ano No . 2 . As propriedades ocupam 11,6 2 são de área rural. área de são Para tornar a leitura mais atraente, no texto a seguir não são apresentados todos os 101

percentuais, apenas alguns dos mais importantes, relativos a fatos levantados no

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Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão decorrer da pesquisa. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão

O agricultor como agente

O agricultor tem sofrido evidentes mudanças em seus costumes e hábitos, os quais dependem das relações sociais que se estabelecem entre o morador da zona rural e os moradores da região urbana. Os critérios que podem medir as mudanças ativas sofridas pelos agricultores das regiões analisadas são a idade do entrevistado, o lugar de nascimento, a ida à escola, a postos de saúde, a mercados e a feiras.

Ao analisar as mudanças sociais ocorridas na zona rural, deve-se levar em conta a melhoria das estradas do interior, muitas das quais já estão pavimentadas, bem como o aperfeiçoamento dos veículos destinados ao transporte tanto de pessoas como de mercadorias e, ainda, a facilidade de sua compra através de crediário, o que, nos últimos anos, tem aumentado de forma significativa a ida do agricultor à cidade. Em alguns casos, isso ocorre até diariamente. Evidencia-se que essa ida à cidade está diretamente ligada à proximidade entre propriedade e centros urbanos.

Em relação ao lugar de nascimento, quanto mais próxima estiver a propriedade dos centros urbanos maior será a probabilidade de o agricultor e de seus filhos e filhas deixarem a zona rural, ou de mudar seus hábitos de consumo, pois maior é a facilidade de compras e trocas materiais e não materiais.

Com relação à idade, observaram-se apenas dois casos de agricultores analfabetos, maiores de 70 anos, os quais não freqüentaram a escola.

Quanto aos filhos de colonos que permanecem na colônia, trabalhando da mesma forma que seus pais, são na maioria absoluta, os que cursaram apenas o Ensino Fundamental, em geral até a 4ª série. Constatou-se, também, que as filhas, em sua grande maioria, têm maior grau de escolarização do que os homens, visto que freqüentaram escolas de Ensino Médio e que, mesmo morando ainda na casa pa- terna, já não se dedicam aos trabalhos da lavoura com exclusividade; sua ocupação principal é nas empresas da cidade. Como conseqüência, as filhas freqüentam em maior número o Ensino Superior do que os filhos.

Ainda em relação à escola freqüentada, quanto mais próxima estiver da proprie- dade, maior será a possibilidade de permanência do indivíduo na colônia. Por outro Pozenato, Kenia Maria Menegotto - Giron, Loraine Slomp.Novas tecnologias nas comunidades rurais:...102 nenhuma língua é falada como era em séculos antes”. séculos em era como falada é língua nenhuma que “já história, da mu- parte fazem mudanças à as que Pinker relação observa língua, Em da dança falam. o não já mas entendem, o netos os quais nas vistadas, entre- famílias das 50% de cerca por utilizado ser de deixando está esse Mas leto. dia- o falam Se- sempre família agrícola. da membros os lavoura, trabalho na informantes, alguns do gundo atividades às ligada estar parece rural zona na italiano A escola influencia também na mudança do modo de falar. A manutenção do dialeto urbana. zona da vestir tambémseimpõem aohabitantedazonarural emcontato comoshabitantes vícios de aquisição a também como o das drogas, como o que não é raro encontrar na dialeto,colônia. Novos hábitos de ser e do de gradativo abandono o somente não propiciam periferia, da escolas e mercados a ida a como bem contatos, Esses a para materiais de compras como proprietários. pelos feitas transações, geralmente propriedade, outras de e saúde de casos os com ocorre que forma mesma acarretando da urbanos, rural, centros aos deslocamentos vida constantes na também presentes fazem se bancárias transações as que é disso conseqüência a e colchão, do debaixo guardado dinheiro mais há Não mudanças. de fator um torna se também forma surpreendente oscontatos entremorador de aumenta inteiro, dia o passam quais nas semana, ur-por vezes três zona ou duas bana, na feiras a membros seus de ida A família. pela começam mudanças As culturais. mudanças as acelerar a tende escolas das nucleação um convívio muito diferente daquele da escola de periferia temurbana. Assim, a comunidade, política de na escola a freqüentar ao aluno, O nucleada. for escola a se mais ainda aceleram se mudanças As divertimento. de e consumo de atrativos seus com e cidade a com contato maior um ainda, e, estudo o facilita urbano centro ao relação em propriedade da proximidade A agricultura. na trabalhar de deixarem filhos os de quantomaiorfor otempolado, depermanênc das Letras,2004. p. 101. 4 de conservas as e doces os queijo, o salame, o produzem não já entrevistadas ras agriculto- mulheres das Muitas manufaturados. alimentícios produtos de compras as são famílias suas de e agricultores dos hábitos os sobre cidade da efeito Outro PINKER, Steven. Tábula rasa: a negação da natureza humana.Trad. de Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia ia naescola,maiorseráaprobabilidade es dazonaruraleurbana,oque 4 frutas e de verduras que marcavam a alimentação regional. Algumas compram até o 103

pão na padaria da cidade.

Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão

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Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão A propriedade rural se aproximou da cidade, com a sua expansão. Tal proximidade tornou as idas à cidade mais freqüentes e as transformou em importantes fatores de alterações culturais, pois, quanto maior for o número de membros da família que tive- rem contato com a cidade, principalmente a mulher, maior será a possibilidade de mu- danças de hábitos e costumes. Parece haver diferença quando o centro urbano buscado é o de um distrito como Forqueta, Galópolis ou Santa Lúcia – sendo que os primeiros são hoje considerados bairros de Caxias do Sul – pois esses núcleos urbanos são, de certa forma, uma continuação da zona rural. Assim, quanto menor for o número de vezes que a mulher vai à cidade, menor será a possibilidade de ocorrerem mudanças culturais, mantendo-se por mais tempo os hábitos e os costumes antigos.

Não podem ser esquecidas as idas a hospitais e a postos de saúde, em sua maioria situados na zona urbana. Uma das maiores mudanças de costumes determinadas pela facilidade do atendimento gratuito à saúde na cidade foi o abandono do parto em casa, assistido pela parteira vizinha, e a adoção do parto em hospitais, onde as parturientes são atendidas por clínicos da cidade. Mas não são apenas as parteiras as esquecidas. Antigos chás e mezinhas da colônia, pois antigamente existia um remédio para cada doença, foram sendo substituídos paulatinamente por remédios de laboratórios, não raras vezes conseguidos gratuitamente nos postos de saúde.

Para que os filhos estudem na cidade e para que as mulheres comprem nas pada- rias urbanas seu pão de cada dia, são necessários veículos. Durante muitos anos foram as mulas e as charretes que fizeram a ligação entre cidade e colônia. Em nenhuma das propriedades pesquisadas se encontrou as outrora indispensáveis mulas nem qualquer tipo de carro puxado por animais. Da mesma forma, poucos são os cavalos e os bois hoje existentes na zona rural, essenciais até há pouco tempo. Não resta dúvida de que o trator substituiu o boi e as mulas. Em muitos casos, o trator, além de ser um utilitário agrícola, se tornou também um meio de transporte entre as propriedades e a sede distrital.

Tais influências modificaram também a constituição da família. A família que vive hoje na zona rural é diferente daquela de antigamente. Entre as mudanças está o número de filhos, que diminuiu consideravelmente. Atualmente, uma família da zo- na rural tem, em média, de 2 a 4 filhos. Desses, em geral, apenas um permanece com os pais, sendo ele o herdeiro presuntivo da terra. Algumas das moças que per- manecem na colônia têm filhos antes do casamento; por vezes, encontram uma Pozenato, Kenia Maria Menegotto - Giron, Loraine Slomp.Novas tecnologias nas comunidades rurais:...104 só guarda o que a sua própria cultura vivida lhe permite filtrar”. permite lhe vivida cultura própria sua a que o guarda só sujeito “o pois descartáveis, forma, muitas dessa quesendo, memória, impedempela absorvidas massa sejam de cultura da mudanças rápidas as parece, que Ao têm parte maior sua bailes. na pelos propiciadosjovens, entre encontros “ficar”, em urbana, zona na de origem chama, se hoje como ou, namoro de casos Os ouns a iae sj cm odço rpi, ea e aoa o aio. As amigos. com carona de seja própria, danceterias eoutros locaissim condução com seja casas às cidade, freqüência na a dados noturnas é Pelos agricultores jovens cultura. dos a hábitos novos transformam dos que um pessoas recolhidos, as entre contatos outro os por mercado, são desse lado, imposição mas agricultor, do escolha são não produtos ter origem diferente. Se a mudança na produção vincula-se ao mercado, pois os novos infor- de número o será mudanças de maior portanto, e, colônia, mações e cidade entre contato o for maior Quanto universidade. a cursando colônia, está quais das na uma moram duas apenas cidade, na moram jovens as todas quase tadas, entrevis- famílias Nas ocorreu. tipo desse casamento um apenas analisados, casos Nos ocorrem. dificilmente jovensurbanas e colonos entre casamentos os qual pela razão agrícola, propriedade da trabalho ao adapta se raramente mulher cidade na a criada lado, outro Por cidade. na procurá-la deve colono jovem o esposa, uma encontrar para revoltou-seHoje, rural, abandonou. propriedade a a e carregou anos muitos durante que mulher, a e cansa, injustiça a pois colônia, da mulher da fuga à deve se fato Esse eles. que do velhas mais mulheres com casaram se absoluta, maioria sua em entrevistados, os colônias, nas ficam que jovens as poucas Sendo agrícolas. trabalhos os para barata mão-de-obra assim, fornecendo, mulher, da o pais ocorre, os auxiliar isso a Quando passa companheiro casamento. do legalização a sem estável, união segunda 5 hábitos. seus de e agir ser,de de modo seu de consumo, oque,aospoucos,vai alterando a de forma nova uma de e necessidades novas de surgimento o para muito em bui contri- televisão a indica, tudo que Ao colônia. na determinam produções novas as É inequívoco que tem havido aumento das necessidades que as novas tecnologias e BOSI, Alfredo. BOSI, Cultura brasileira Cultura : temas e situações. São Paulo:1987.temasSão Ática, : situações. e 9. p. ilares sãopropícios anovas . Cada mudança de costumes e de valores parece valores de e costumes de mudança Cada vida na região rural, modificando parte vida naregiãorural,modificando formas derelacionamento. 5 Apesar de se encontrarem na zona rural várias residências confortáveis e de alve- 105

naria, substituindo as velhas casas de madeira, algumas até muito bem cuidadas

Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão

Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão externamente, conserva-se a estrutura interior tradicional, ou seja, a cozinha con- 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão tinua sendo a peça principal da casa, e o porão continua sendo utilizado para a produção artesanal ou como depósito. Em alguns casos, o porão transformou-se em garagem.

Cabe aqui observar que as culturas tradicionais mudam, se adaptam, utilizam e “tomam de empréstimo o que quer que funcione melhor. “Longe de serem monó- litos autopreservativos, as culturas são porosas e fluídas”.6 Assim, a zona rural uti- liza da zona urbana o que é mais prático, cômodo e rentável.

O mercado como agente

Não é apenas o agricultor o agente das mudanças. Muitas delas são decorrentes das exigências do mercado e das novas tecnologias, o que no meio rural revela os efeitos da globalização. Nesse caso, o agricultor sofre a ação do mercado na sua forma de produzir.

Assim, as mudanças são determinadas pelas exigências do consumidor. O agricultor não produz mais o que deseja, mas aquilo que tem procura. Estabelecer as mudan- ças de produção agrícola é estabelecer também a mudança de mercado, resultando daí o fato de que já não se produz o que antes se produzia. Como exemplo, podem ser citados os antigos cultivos do trigo, do linho, da cevada e do arroz de sequeiro, que eram outrora importantes e produzidos em quantidade comercial, o que já não acontece na região. Essa foi uma das causas do fechamento dos pequenos moinhos rurais. De um lado, por falta de trigo e, de outro, pela compra no mercado da farinha de milho para a polenta diária.

Em compensação, novas formas de produzir e outros tipos de produção foram adotados, entre os quais a do chiqueiro e a do galinheiro. Ligados a empresas que produzem deri- vados de frango ou de porcos, os colonos realizam a ação de criar os animais para as empresas até determinada data. Quando esses estão prontos para o abate, são por elas recolhidos. Esse é um tipo de terceirização de serviços que se vulgarizou na zona rural. Se tal tipo de criação, por um lado, propicia uma renda extra para o agricultor, por outro,

6 PINKER, op. cit., p. 101. Pozenato, Kenia Maria Menegotto - Giron, Loraine Slomp.Novas tecnologias nas comunidades rurais:...106 Hoje, o trabalho realizado na época da safra na propriedade rural é pago e muito e pago é rural propriedade na safra da época na realizado vida. trabalho nova o uma Hoje, para preparam se e computador adquirem que elas são maioria, Ensino Superioremmaior número doq o buscam rural zona da jovens as queevidente ficou analisadas, propriedades Nas rios. dos vales nos cana de plantação da depende pois restrita, os ambos mais reúne produção tem último esse mas melado, do a e que mel do a é produção, na sexos e atualmente, desenvolvida, bastante agroindústria Outra Sebrae. o e Emater a como organizações em aprimoramento ou e/ conhecimento esse buscam que Tais também, elas, São produtos. desses feitura urbana. da zona da mercados e empresas sempre são dirigidas por mulheres, feiraspois são elas que conhecem a técnica em comercializados le- produtos e frutas gumes, de compotas e pães massas, queijos, de produção à ligadas dústrias agroin- as familiares, empresas as São mercado. de mudança à remete que rural zona na organização de tipo outro há empresas, para animais de criação da Além da sintoma outro foram é pipas caseiro e vinho cantinas colonial. do produção antigas da modificação produção as da mas retomada 60, A de preservadas. década na lado de deixado sem vezes muitas produção, qualquer tipo de cuidado e condições sua de higiene. Esse tipo de produção tinha sido toda compram que paulistas empresas para torno a vendido é que vinho, do caseira produção da prática antiga a retomaram agricultores alguns tempo, mesmo Ao tradicionais. empresas pequenas das fim o Isso rural. paisagem a e empresários de propriedadesmão das na concentração a determinar por acaba apenas modificando estão não empreendimentos Tais pela assinalada tradicionais. familiares empresas é com (vinícolas) indústrias rural modernas de zona criação na industrial capitalismo do direta entrada A bal. glo- mercado ao atender para novasmáquinas de aquisição a para produtores os um capital de que o produtor nem sempre dispõe, ou por exigir a associação entre investimentorequerer o de por ou, lado de deixada é produção uma vezes Muitas cidade. da mercados nos comprados são salame e queijo como produtos Assim, colônia. na derivados, de feitura ou abate o para hoje cria se Pouco consumo. de hábitos de mudança a aceleraram industrializados suínos e aves de derivados produtos Os industrializam. os que empresas as com lucro,produtor, o do e pode representar mais um ônus para a propriedade, pois a perda de animais fica a cargo ue osrapazes,comojámencionado. Emsua bem pago. Um diarista cobra em torno de R$ 45,00 (quarenta e cinco reais) por dia. 107

Dessa forma, a espécie de servidão familiar que exigia dos membros da família um

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Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão trabalho sem remuneração já não existe. Da mesma forma, o tempo em que o sexo 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão determinava a submissão e a exclusão da mulher da herança acabou, como estão acabando a produção familiar e a pequena propriedade, premida pelo preço da mão-de-obra, pela falta de mulheres a serem exploradas e pelo avanço inexorável da proletarização da zona rural.

A comunicação como agente

Na pesquisa realizada, as famílias possuem televisão e pelo menos 30% delas dispõem de mais de um aparelho. Em relação aos aparelhos receptores, as televisões são analó- gicas. Em outras palavras, não foram encontrados aparelhos de última geração como o de plasma ou de LCD. E, em 100% dos casos, o tamanho da televisão é de 21 polegadas. Em média, há uma televisão e meia por propriedade. Não foram encontradas proprieda- des sem televisão ou sem rádio. Para acessar as estações de televisão, os moradores, em 26% dos casos, usam antenas comuns, e 84% deles possuem parabólicas.

No tocante ao acesso à mídia, a região apresentou atraso em relação ao restante do Brasil. Assim, enquanto a televisão dava seus primeiros passos em 1951, o Rio Grande do Sul somente passou a receber seu sinal em 1959. As antenas parabó- licas, iniciadas em 1986, no Brasil, somente começaram a se expandir no meio rural do Estado do Rio Grande do Sul, no fim da década de 90. A Embratel, criada em 1965, somente se efetivou na região a partir de sua privatização, ocorrida em 1998.

Em relação à internet, apenas 4% das fmílias a utilizam para negócios, ou seja, apenas um dos donos das propriedades analisadas até o momento declarou que a usa com essa finalidade. Existem computadores em 34% das casas visitadas. Constatou-se que quem utiliza a internet em casa são os filhos, e isso é feito para trabalhos escolares, mas 43,47% deles têm acesso à rede em outros locais, como escola e trabalho. Os agricultores mais velhos não parecem interessados no mundo virtual e até entre alguns jovens se encontrou resistência ao uso das novas tecno- logias. Como exemplo, pode-se citar um dos entrevistados que, com idade de 24 anos, estava irritado, furioso com o irmão que havia “empatado dois mil conto nessa coisa”, no caso, um computador, para ele sem utilidade alguma.

Em dissonância com uma aparente modernidade, ao contrário do que acontece com a televisão, a internet está fora do horizonte de mudanças imediatas entre os Pozenato, Kenia Maria Menegotto - Giron, Loraine Slomp.Novas tecnologias nas comunidades rurais:...108 assistidos são o são assistidos usualmente programas os Redeexceção, Sem marcante. da influência, sua hegemonia e total, é a Globo rural, região a atinjam que fechados canais havendo Não que 1985, de partir a rurais. propriedades às televisão à região acesso o permitiu na introduzida parabólica, antena da adoção a foi Mas Sul. do Caxias de égide a sob regional integração a propiciou que o regionais, municípios os informaçãoentre na foi elo – o 8 Canal – Caxias TV da implantação A rural. zona na internet) (TV,tecnologias novas das chegada a propiciou que telefônicos canais de aumento o foi Mas passado. século do 60 de década da fim no deu-se eletricidade da introdução da data a pesquisadas, propriedades Nas região. da rural zona na entrou não ainda internet a realidade, Na presente. o até rurais proprietários do Rio Grande do Sul e o estabelecimento de relações entre as variáveis estudadas: familiares. variáveisvalores os como produzir,falar,bem as vestir, e de consumir modo entre relações de estabelecimento o e Sul do Grande Rio do O instrumentodepesquisau Concluindo telefone chegou mais cedo do que nas mais distantes. mais nas que do cedo mais telefonechegou o cidades, das próximas mais propriedades nas Assim, urbano. centro do distância há analisadas, famílias das à relação em 84% varia situação Essa filhos. pelos telefoneutilizado celular, em geralmente que, Constatou-se ano. um de mais pouco Muitas propriedades aindanãopossuemtelef eletricidade. da daquela diferente muito é situação a rural, telefonia à relação Em é costumes de Globo. mudança TV da novelas pelas avalizada A assim lá?” fazem eles que o aqui feito seja que negar pode gente a como isso, mostram eles lá “Se afirmou: entrevistadas das uma costumes, easuniõessemcasamento“ficar” legal,queatingiramessaregião.Sobreosnovos comporta- de o como costumes de o mudanças as justificar a ajudam Elas rural. influenciam zona na mento realmente Globo Rede da novelas as que Constatou-se (BBB), Brasil os citados sido tendo não cinemas, freqüentam também o Jornal doAlmoço que domina na atualidade a audiência urbana nacional. urbana audiência a atualidade na domina que Jornal Nacional Jornal tilizado permitiuanalisarmud . Poucos sãoosque assistem a e as novelas. Alguns entrevistados acompanham entrevistados Alguns novelas. as e one fixo e,emoutras,essechegouhá one fixo reality shows, reality anças ocorridasnazonarural filmes pelatelevisão, filmes ou como o como Big Brother Big Os agentes das mudanças da região rural são os contatos, as exigências do merca- 109

do, a educação e, por último, mas não menos importante, os meios de comunica-

Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão

Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão ção. Observa-se que a penetração das novelas justifica várias mudanças e, em 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão outros casos, desencadeia mudanças de hábitos e de consumo.

Sobre as mudanças socioculturais, é necessário colocar aqui a posição de alguns teóri- cos e as influências que elas podem sofrer sob o impacto externo. Segundo Bosi;

o andamento dos meios de massa acerta o passo com a produção e o mercado próprios de uma sociedade capitalista de feições internacionais. O imperativo categórico desse tempo social é o da fabricação ininterrupta de signos com vista ao consumo total, TV e rádio 24 horas por dia, como os postos bancários. Já há muito o cinema (a primeira grande arte da Era Industrial) se apresenta em “sessão corrida”. A imprensa desdobra- se nas edições matutina e vespertina. O telefone, polivalente, acha-se hoje em conexão diurna e noturna com sistemas informáticos, que na opinião de alguns, estariam revolucionando não só a prática como o sentido de cultura.7

Bosi complementa sua análise afirmando que o rápido andamento da cultura de massa impede que o total de seu conteúdo seja absorvido pela memória, uma vez que o indivíduo somente guarda na memória o que sua cultura permite, ou seja, o que faz parte de sua vivência. Uma das entrevistadas utilizou o mesmo argumento para afirmar que seu modo de ser não se deixa influenciar pelos novos hábitos, afirmando: “O que eu olho e ouço entra por um ouvido e sai pelo outro”, querendo dizer que aquilo que os de fora dizem não muda o que ela pensa e faz.

Por outro lado, se o ser humano não fizer uma crítica e seleção das mensagens, é preciso que o consumidor tenha outras percepções e não apenas a da indústria.8 Se isso não ocorrer, ter-se-á no limite do sistema o homem, o “homem unidimen- sional” pressentido por Marcuse. Seguindo ainda o raciocínio de Bosi, tal influência não se concretizará, já que “o que singulariza a cultura superior” é a possibilidade que ela tem de avaliar a si mesma; em última instância, é sua autoconsciência.9

Já Malinowski10 acredita que a cultura é produto das necessidades humanas e delas depende. O que significa que com o aumento das necessidades haveria, em conseqüência, mudanças culturais com a introdução de novas tecnologias e novo

7 BOSI, op. cit., p. 9. 8 MARCUSE, Herbert. A ideologia da sociedade industrial. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1982. 9 BOSI, op. cit., p. 14. 10 MALINOWSKI, Bronislaw. Uma teoria científica da cultura. Trad. de José Auto. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1975. Pozenato, Kenia Maria Menegotto - Giron, Loraine Slomp.Novas tecnologias nas comunidades rurais:...110 ARANGUREN, J.L. BAUMAN, Z. BENEDICT, Ruth. 12 a, oíia, ioóia, eiiss ec Ess ã o pouo d taah pelo natural. dom trabalho algum adapta ou transforma técnica, do pela homem, o produtosqual os são Esses etc. religiosas, filosóficas, políticas, cas, artísti- literárias, arquitetônicas, ser podem que obras, suas de através manifesta A diversidade cultural constitui a base do patrimônio de cada grupo social, a qual se rural. população da consumo facili- de hábitos os mudaram a crédito de dade e produção da aumento o que observa se Também técnico. instrumental . Porto INTERNACIONAL DA COMUNICAÇÃO: SIMULACROS D (DIS)SIMULAÇÕES NA SOCIEDADE HIPER-ESPETACULAR, 9., 2007, 11 ADAMI, JoãoS. Referências internet, ao mesmo tempo que mudam as necessidades, alteram também a cultura. a como organizações, novas de criação a e comunicação de meios nos mudança a e constante criação de novas instituições ou organizações que formasão integradas na nova cultura. E de aumentam a e exemplo), essas por telefone, (o necessidades novas de surgimento (e o há inequívoca), necessidades das aumento o Com superestrutura. da ou infra da partir se são construídas de baixoimportando para cima ou de cima para baixo, ouseja,a não instituições, das complexidade a e número o também, crescem, necessidades, Sendo a cultura resultado de um conjunto de instituições, à medida que crescem as política. organização na poder do uso o importante, menos não mas fim, por e, atividades de especialização a peração; coo- à relacionadas espaciais, contigüidades as procriação; da meio por sangue, de comunidade a como tais princípios, de série uma de base integraà se mercado. Ela de e econômicas mudanças às subordinadas parte, em autônomas, parte, em são, que instituições de e costumes de conjunto um como apresenta se cultura a Assim, MALINOWSKI, op.cit.,p.46. POZENATO, Kenia M. M. M. KeniaPOZENATO, Anais Globalização: Globalização: História de Caxias do Sul do Sul do Sul do Caxias de História ... Porto Alegre: PUCRS, 2007. PUCRS, Alegre: Porto ... Padrões de cultura de Padrões Sociologie de l’information. l’information. de Sociologie Cultura, turismo e comunicação e turismo Cultura, as conseqüênciashumanas.RiodeJaneiro:J.Zahar,1999. . Trad.deAlbertoCandeias.Lisboa:LBL,s/d. 12 Paris: Hachette,1967. . CaxiasdoSul:SãoMiguel,1972. :

uma abordagem integrada. In: SEMINÁRIO In: integrada. abordagem uma 11 BERLO, David K. O processo da comunicação: introdução à teoria e à prática. São Paulo: M. 111

Fontes, 1997.

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Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 7, n. 13, jan./jun. 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão BORDENAVE, Juan E. Díaz. Além dos meios e mensagens: introdução à comunicação como 2008 jan./jun. 13, n. 7, v. Sul, do Caxias UCS, Cultura, e Comunicação – Conexão processo, tecnologia, sistema e ciência. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. BORDENAVE, Juan E. Díaz. O que é comunicação. 11. ed. São Paulo: Brasiliense, 1988. BORDENAVE, Juan E. Díaz; CARVALHO, Horácio Martins de. Comunicação e planejamento. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. BOSI, Alfredo. Cultura brasileira: temas e situações. São Paulo: Ática, 1987. BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Lisboa: Difel, s/d. BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão (seguido de a influência do jornalismo e os jogos olímpicos). 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LEITE, MiltonR.Entrevistaconcedidaem21-3-2007.NovaPalmira,CaxiasdoSul. da Cunha. FONTANA, Nilto.Entrevistaconcedidaem18-6-2007.Linha80,TravessãoGaribaldi,Flores DEMORI, RômuloP.Entrevistaconcedidaem31-3-2007.SãoLuísda6ªLégua,CaxiasdoSul. DEBASTIANI, José.Entrevistaconcedidaem6-12-2006.SantaJustina,CaxiasdoSul. DEBASTIANI, ArturA.Entrevistaconcedidaem21-3-2007.SantaJustina,CaxiasdoSul. Lúcia doPiaí,CaxiasSul. DANELUZ, GeraldoUlice.Entrevistaconcedidaem1º-7-2007.EstradaÁguaAzul–Santa BUFON, Constancio.Entrevistaconcedidaem3-6-2007.SãoGotardo,CaxiasdoSul. BRIDI, Rogério.Entrevistaconcedidaem16-5-2007.SãoVirgilioda6°Légua,CaxiasdoSul. BRAMBATTI, Caetano.Entrevistaconcedidaem3-6-2007.SãoGotardo,CaxiasdoSul. BOGO, AntonioLuiz.Entrevistaconcedidaem3-6-2007.SãoGotardo,CaxiasdoSul. BIONDO, MárioJoão.Entrevistaconcedidaem3-6-2007.SãoGotardo,CaxiasdoSul. BIONDO, Cornélio.Entrevistaconcedidaem3-6-2007.SãoGotardo,CaxiasdoSul. Relação dosentrevistados A Nação,s/d. Relação dosentrevistados Relação dosentrevistados POZENATO, KeniaM. TOLLENS, Paulo. São Paulo:Paulus,2003. A cidade e o campo: campo: o e cidade A Culturas e artes do pós-humano: pós-humano: do artes e Culturas Cultura, turismo e comunicação e turismo Cultura, problemas desociologiaruraleurbana.PortoAlegre: da culturadasmídiasàcibercultura Anais :

uma abordagemintegrada.In:

... PortoAlegre:PUCRS,2007. .