William Shakespeare E a Teoria Dos Dois Corpos Do Rei: a Tragédia De Ricardo II DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP José Renato Ferraz da Silveira William Shakespeare e a teoria dos Dois Corpos do Rei: a tragédia de Ricardo II DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS SÃO PAULO 2009 José Renato Ferraz da Silveira William Shakespeare e a teoria dos Dois Corpos do Rei: a tragédia de Ricardo II DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em Ciências Sociais, Política, sob a orientação do Prof. Doutor Miguel Wady Chaia. SÃO PAULO 2009 Banca Examinadora _____________________________ _____________________________ _____________________________ _____________________________ _____________________________ DEDICATÓRIA Dedico principalmente a Deus. Aos meus pais. Aos meus irmãos, companheiros inseparáveis. E, principalmente ao meu orientador e amigo Prof. Dr. Miguel Wady Chaia. AGRADECIMENTOS A Deus, fonte inesgotável de minha inspiração. Aos meus pais, pelo incentivo e compreensão. Aos meus irmãos, Fernando e Isabel. A Miguel e Vera Chaia. Aos colegas do NEAMP. À Márcia, pelo carinho e afeto. À Juliana, lembrança eterna e gravada no coração. À CNPQ, pela bolsa concedida nesses frutíferos anos de pesquisa. Ao Danilo da Cás e à Teresa Cristina Bruno Andrade, pela ajuda no processo de revisão do texto. RESUMO A tragédia da política é a certeza do inesperado, a constante reposição de energias humanas, o esforço para evitar o inevitável, a busca da ordem e da harmonia em face do desequilíbrio e do caos. Por meio de pesquisa teórica, este estudo volta-se para o entendimento acerca do impactante e devastador significado de política como tragédia, em que buscamos, com base na Hermenêutica, enfocar, relacionar, analisar o tempo histórico da obra de William Shakespeare, o governo do rei inglês Ricardo II, além da controversa teoria do direito divino dos reis – reforçada, discutida e ampliada – pelos juristas ingleses durante o governo da rainha Elisabeth (1558-1603). Foram selecionados – como recortes para análise – os conflitos, paradoxos, tensões, busca de legalidade e legitimidade, os iminentes envolvimentos dos seres humanos, numa dimensão trágica, em que vida e morte, ascensão e decadência, glória e fracasso são etapas inevitáveis e constitutivas da eterna disputa pelo poder político. Acreditamos que Shakespeare tenha alcançado revelar a tragédia dos Dois Corpos do rei nessa peça Ricardo II . Por essa razão, não se pode separar essa doutrina jurídica medieval da produção literária de Shakespeare e, se essa teoria esvaneceu no tempo, ainda possui, hoje, significado concreto e humano; isso, em grande parte, deve-se a ele. Consideramos, neste trabalho, que Shakespeare dominava o jargão de quase todo o ofício humano, além do contato deste com a fala constitucional e jurídica de seu tempo. Além disso, a concepção do poeta sobre a natureza gêmea do rei não depende de amparo somente constitucional, uma vez que a peça concebe, muito naturalmente, a natureza geminada do rei. Nesse sentido, esperamos que o estudo em pauta contribua para a busca do entendimento da teoria dos Dois Corpos do rei, que se constitui em uma ramificação do pensamento teológico cristão e, consequentemente, essa peça permaneça como marco da teologia política cristã. Palavras-chave : Tragédia. Política. William Shakespeare. Ricardo II. Doutrina jurídica dos dois corpos do rei. ABSTRACT The tragedy of the politics is the certainty of the unexpected, the constant replacement of human energies, the effort to avoid the inevitable, the search for order and harmony, in face of the imbalance and chaos. By means of theoretical research, this study comes to the understanding about the shattering and devastating meaning of politics as tragedy, in that it´s searched, by the Hermeneutic, focus, relate, analyze William Shakespeare´s work historical time, the English king Ricardo II government, beyond the controversial theory of the kings divine right – reinforced, discussed and extended – by the English jurists during Queen Elizabeth govern (1558-1603). It was selected, as analysis cuttings, the conflicts, paradoxes, tensions, search for legality and legitimacy, the imminent human beings involvement in a tragic dimension in which life and death, ascent and decadence, glory and failure are inevitable and constituents phases of the political power eternal dispute . It´s believed that Shakespeare has achieved reveal the Two Bodies of the king tragedy in that piece called Ricardo II. By that reason, that medieval legal doctrine of the Shakespeare literary output cannot be separated and, if that theory has been losing its meaning in time, it still has human and concrete meaning nowadays; this, in great extent, dues to him. It is considered, in this study, that Shakespeare dominated the jargon of almost all the human position, besides the contact of this with the constitutional and legal speech of his time. Besides that, the poet conception about the king twin nature does not depend on constitutional protection only, since the piece conceives, a lot naturally, the king twin nature. In that sense, it is expected that the present study contributes for the understanding search of the Two Bodies of the king theory, that it´s constituted in a ramification of the Christian theological thought and, consequently, that piece remains like a Christian political theology landmark. Key-words: Tragedy. Politics. William Shakespeare. Richard II. Legal doctrine of the two bodies of the king. “Não importa onde... Ninguém me fale de esperança”. Falemos de túmulos, vermes e epitáfios, Façamos do pó papel, e com olhos de chuva Se escreva a dor no seio da terra. Escolham-se executores e falemos de testamentos. Mas, nem isso..., pois, que mais podemos à terra Legar a não ser os nossos corpos despojados? As nossas terras, vidas e tudo o mais são de Bolingbroke, Pois nada temos de nosso senão a morte E aquele pequeno molde de barro Que nos serve de pasta e invólucro para os ossos. Por amor de Deus, sentemo-nos no chão E contemos histórias tristes da morte dos reis: De como uns foram depostos, outros mortos na guerra, Outros envenenados pelas esposas, ou mortos Durante o sono, todos assassinados – pois Dentro da coroa oca que cinge as fontes de um rei Tem a Morte a sua corte, onde faz sentar o bobo, E zomba do poder real num esgar à sua pompa, Concedendo-lhe um suspiro, uma cena breve, Para fazer de rei, ser temido e matar com o olhar; Infunde-lhe um vão conceito de si próprio, Como se a carne que nos empareda a vida Fosse imperecível como o bronze; assim divertida. Ela chega ao fim com um pequeno alfinete Para furar as muralhas do castelo e...adeus, rei! Cobri as cabeças e não mofeis da carne Fazendo solenes reverências; deitai fora O respeito, a tradição, fórmulas e etiquetas; Todo este tempo me entendestes mal. Vivo de pão como vós, sinto necessidades, Sinto tristeza, preciso de amigos – carente, Assim, como podeis dizer-me que sou rei? William Shakespeare (1564-1616) - Ricardo II (1595). SUMÁRIO INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 10 1 A INGLATERRA ELISABETANA E OS CONFLITOS PELO PODER ........................ 37 1.1 A chegada ao poder e a escolha dos ministros ................................................................ 37 1.2 Elisabeth e os apaixonados pretendentes......................................................................... 43 1.3 Mary Stuart e a conspiração católica............................................................................... 45 1.4 A invencível armada espanhola de Filipe II .................................................................... 53 1.5 Conde de Essex: a última ameaça ................................................................................... 59 2 William Shakespeare e seu tempo histórico....................................................................... 67 2.1 O Renascimento............................................................................................................... 67 2.2 O tempo de Shakespeare: a transição .............................................................................. 80 2.3 A origem em Stratford..................................................................................................... 82 2.4 Infância ............................................................................................................................ 87 2.5 Juventude......................................................................................................................... 91 2.6 Londres ............................................................................................................................ 93 2.7 Amizades e invejas .......................................................................................................... 95 2.8 Os Homens do Lorde Carmelengo .................................................................................. 98 2.9 A fase final ...................................................................................................................... 103 3 Vida e morte do Rei Inglês Ricardo II................................................................................ 105 3.1 Breve histórico................................................................................................................. 105 3.2 A revolta social e o surgimento do rei Ricardo II............................................................ 106