TEORIA E CULTURA 103 * . cívico de samba chamado , também Maria Fernanda de França Pereira de França Maria Fernanda A transmutação do samba de música de música do samba A transmutação Juiz de Fora, v. 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. 2012 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. v. Juiz de Fora, popular e regional em nacional nasce de uma nasce de uma em nacional e regional popular e de negociações entre histórica demanda sociais. pela A busca definição atores múltiplos era nacional e “verdadeiramente” do “genuíno” e de seus do Estado Novo preocupação uma de um despertar também mas do intelectuais, é possível não que de brasilidade sentimento isso era necessário Por popular. da cultura fora das classes culturais elementos transformar em um processo nacional-popular em populares Estado Novo e o reflexo na produção do sambaprodução na e o reflexo Estado Novo exaltação discursivo discursivo identidade nacional identidade O samba de exaltação: de samba O Convergências e conflitos na construção discursiva da discursiva na construção e conflitos Convergências O objetivo deste trabalho é analisar o trabalho é analisar deste O objetivo * Mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Email: [email protected] processo de transformação do samba em do samba de transformação processo e locus nacional identitária referência da brasilidade, a partir da ação de diversos atores a partir atores dadaaçãobrasilidade, diversos de classes as de negociações entre sociais. Através (1937- Estado Novo intelectuais, populares, música como se constrói samba o rádio, o e 1945) a se dedica, estudo sobretudo, Este nacional. o discurso identitário entre a relação investigar (1933), & Senzala em Casa Grande engendrado pelo apropriação a sua de Gilberto Freyre, Introdução Abstract nationalization of process to the social contributed various actors how purposeanalyze articleto The of is this genre musical This locus Brazilianess. discursive of and reference in identity transformation its and samba of subal- and between the hegemonic interests and exchanges carioca, negotiations, through bornwas regional, the New Gilberto as Freyre, such Intellectuals genre. became gradually a national-popular it but tern classes, samba of in the invention actively participated classes the popular (1937-1945), the radio and regime State of representation a makes sound exaltation of or samba Civic samba The tradition. cultural Brazlilian a as the Estado during identity the Brazilian consolidating and constructing about concern in thisBrazil time of will , we hold nationalism State the New of highlight the ideological to materialization order In regime. Novo which exaltation, of samba famous the most do Brasil”, “Aquarela Ary of Barroso’s analysis interpretative an Brazilianess. the and ilustrate countrythe to exalt specifically, in this context, emerges regime. State Radio the New Samba; and Identity; National words: Key The samba of exaltation: Convergences and conflicts in the discursive construction of national national and of conflicts the discursiveconstruction in Convergences exaltation: of The samba identity Resumo de processo no sociais contribuíram atores diversos maneira de que é analisar artigo deste A proposta Este e locus da brasilidade. discursivo identitária em referência transformação sua e na do samba nacionalização hegemônicas classes as entre de negociações, trocas e interesses carioca, através nasce regional, musical gênero o Estado Freyre, Gilberto como intelectuais, Os nacional-popular. em transfigurando-se vai subalternas, e enquanto do samba invenção na ativamente participaram populares classes o rádio e as (1937-1945), Novo da Brasil sonora representação de exaltação faz uma samba ou cívico O samba tradição brasileira. da cultura Estado o durante brasileira da identidade e consolidação da construção de preocupação momento neste uma realizaremos estadonovista, ideológicanacionalismo do materialização a A fim de evidenciaremos Novo. exaltação, de samba famoso mais o Aryde Brasil do Barroso, Aquarela da composição interpretativa análise brasilidade. a narrar e o país exaltar para especificamente, contexto, neste emerge que Rádio Samba; e Estado Novo. Nacional; : Identidade chave Palavras 104 TEORIA E CULTURA Juiz de Fora, v. 7,n.1/2,p.103 a119,jan./dez. 2012 e pelo samba,e pelo torna-se relevante índice para de umprojeto rádio político pelo mediado identidadediscursiva da brasileira, por meio um contexto histórico datado, a construção confrontos ideológicos. neutras eantinaturais, lugar para privilegiado os na interação, construções não- também são realidade. fazem da Alinguagem se eodiscurso na construção centralidade social da dodiscurso de refletir ou descrever o mundo e tem convicção concepção linguagem da como ummeio neutro p.366). ferramenta Essa metodológica rejeita a valores enosso mundo vivencial” (BAUER, 2004, elementos cultural vida e da que refletem nossos como “indicadores culturais” que “mensuram capacidade comunicativa capaz defuncionar canção. Entendemos que a música comporta uma o conteúdo Novo doEstado ideológico nesta Barroso,de Ary evidenciar com de afinalidade empregada Brasil do na composição Aquarela brasileiros. discursivamente nos definimos enquanto constituidor deidentidades, sobre oqual que exaltação osambade espetacular. Ao narrar abrasilidade, entendemos e para orádio, sua dimensão émassificante já e ele éfeito política estado-novista da aégide sob tríade, desta fruto por ser de análise caracteriza-se tradição.discursiva da vai solidificando se enquanto construção composições eosamba, como cultura nacional, imaginada hino e referência brasilidade. da A perdura hodiernamente funcionando como identidadeda brasileira eque sua eficácia ainda de preocupação construção da econsolidação representação sonora naçãoneste da momento samba contribuiu para oprocesso denacionalização do viabilizados por Casa-Grande &Senzala, culturais aspectos decertos valorização afros, cultural maior, anacional. Defendemos que a sentissem representadas emuma identidade de amalgamação emque distintas culturas se estabelecia naquela época, orádio. naquelaestabelecia época, meio de comunicaçãoe do poderoso que se Diante fatos, desses estudar de apartir foiA metodologiadeanálise dediscurso exaltação dosambade A escolha E ntendemos que osamba cívico 1 , juntamente com doEstado-Novo ação 2 brasileira passa a ser narrada brasileira nestas aser passa opera como elemento como objeto comunidade fazuma

construção brasileiro”. do Estado Alguns dos eàprópria sociais do popular grupos pelos profundamente auma ligada reinterpretação (2003,p.8)Ortiz “a identidade nacional está intelectual sobre aidentidade brasileira. Segundo ferramenta de leitura para o pensamento nacional sobre aidentidade Freyre discursivaGilberto eamudança vigente eaprodução musical época. da Freyre,de Gilberto osinteresses doEstado confluência entre identitário odiscurso nacional do Brasil para eilustrarmos evidenciarmos a materialização presentes na composição Aquarela das marcas Novo do Estado ideológicas e de sua um texto. E,por fim, realizaremos uma análise os diversos estratos presente ideológicos em análise do discurso, é desvelar cuja finalidade ferramentada metodológicaempregada, a tema. para aconstrução deumentendimento sobre o Naves as nossas (2006)são principais referências Vianna (2007)eaantropóloga Santuza Cambraia Muniz (1998),oantropólogo Sodré Hermano a elite eomercado cultural. Ocomunicólogo econflitosnegociações entrepopular, o Estado, o samba ecultura brasileira tencionando as tramas, distintos autores que dedicam aosestudos se sobre questão identidade da nacional. o pensamento brasileiro no social que tange a um importantetraça panorama histórico sobre Brasileira eIdentidade Nacional (2003),que reflexõessociólogoRenato do emCultura Ortiz três raças.Para isso, também traremos as nacional,sobre edificada acosmogoniadas mudança discursiva arespeito identidade da Freyre,Gilberto Grande Casa &Senzala , para sobrediscussão as contribuições obra da de emummomentoinserido histórico específico”. em umcontexto socialmente estruturado, ediscriminar significado nuançassentindo de sensibilidade que busque de padrões discernir (1998, p.53), “a análise cultural requer uma identitários nacionais. Thompson Segundo compreendermos dos processos aartificialidade De imediatoDe o popular configurou se como Apresentaremos brevemente adescrição travaremosEm seguida, umdebate com Na próxima deste artigo, seção faremos uma TEORIA E CULTURA 105 , em 1933. em , & Senzala Casa-Grande Gilberto Freyre transforma a negatividade negatividade a transforma GilbertoFreyre permite o que positividade, em do mestiço de os contornos definitivamente completar vinha sendo muito há que identidade uma desenhada. sociais Só condições eram as que a sociedadejá brasileira diferentes, agora em um período de se encontrava mais não os rumos do desenvolvimento transição, Estado procurava um novo e até claros eram raças das três O mito mudanças. essas orientar e pode se atualizar plausível então torna-se que ideologia A da mestiçagem, ritual. como das ambiguidades nas aprisionada estava pode reelaboradas ao serem racistas, teorias senso e se socialmente tornar difundir-se relações nas celebrado ritualmente comum, como eventos grandes nos ou do cotidiano, torna- mestiço era que O o futebol. e carnaval 2003, p.41). (ORTIZ, se nacional. A consagração do mestiço-popular em mestiço-popular do A consagração Será com as obras de Gilberto Freyre que se que de Gilberto Freyre obras Será as com Juiz de Fora, v. 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. 2012 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. v. Juiz de Fora, oferecer perspectivas para um projeto nacional. nacional. perspectivas projeto um para oferecer de Andrade, e Oswald modernistas Mário Os a propuseram antropofágicas, narrativas com de e produção culturas diversas de devoração do a construção para caminho abrindo novas, raças. das três mito partir a ocorreu do excelência por nacional cultura, de raça para do conceito deslocamento Casa obra em sua Gilberto por Freyre feito 1933. O sociólogo de ano , no & Senzala Grande cadade contribuições as detalhaminuciosamente o solo brasileiro; fecundaram das etniasuma que a para brancos e os os negros os indígenas, A miscigenação brasileiro. do povo formação criticada passa a ser como então enaltecida até característica diferenciadora peculiar e autêntica nações. demais as em relação do Brasil efetivará o discurso da miscigenação positivo efetivará da ideologia étnico-racial consequentemente, e, da democracia como racial e da harmonia brasileira, da identidade integrante narrativa do novo pelos respaldado interesses também momento. naquele seEstado impunha que de pelo deslocamento possibilitado foi Isto até identidade, da nossa leitura de ferramenta Gilberto por feito a cultura, raça, a para então em Freyre da ethos e locus O mestiço, enquanto produto do cruzamento do cruzamento produto enquanto O mestiço, os autores encerra, para raças desiguais, entre pela transmitidos e taras da época, os defeitos o a imprevidência, A apatia, biológica. herança a inconstância e intelectual, moral desequilibro do qualidades naturais seriamdessa forma simbólica mestiçagem A brasileiro. elemento do a realidade inferiorizada assim, traduz, dessa Dentro concreto. mestiço elemento intelectual perspectiva moral, miscigenação a só pode brasileiro existir e racial do povo é na O ideal possibilidade. nacional enquanto a ser futuro, realizada no utopia uma verdade da de branqueamento seja processo ou no sociedade cadeia É na da evolução brasileira. social poderão que ser os estigmas eliminados politicamente o que inferiores”, das “raças de um Estadocoloca nacional a construção realidade presente. como meta e não como 2003, p.21) (ORTIZ, Com isso, percebemos que o nacional o nacional que percebemos Com isso, identidade brasileira. Este último elogia a último Este brasileira. identidade e a tradição étnico-cultural brasileira miscelânea a modernidade, sem contrapondo-a popular, se coloca como um projeto a longo prazo e prazo a longo projeto um secoloca como como se constituiria verdade na o popular da sociedade brasileira o “avanço” para entrave suas de uma como mestiçagem a carregar por características. e marcante enraizada mais modernista e movimento do Com o advento popular e a cultura folclore o sobre os estudos Cascudo, Câmara e de Andrade Mário por feito como resgatado é o popular primeiros intelectuais a se debruçarem sobre sobre sea debruçarem intelectuais primeiros Euclides Romero, Sílvio foram questões estas Rodrigues; produções suas Nina e da Cunha do século fins XIX e entre datam intelectuais sob a influência estavam início XX.autores Estes e o evolucionismo como raciológicas, das teorias o darwinismoem um social, colocou nos o que preceitos segundo estes que vez uma impasse, e degenerado miscigenado é um país o Brasil mesmo Ao atrasado. e consequentemente étnicas por misturas as elogiam em que tempo a presença criticam o brasileiro, gerado ter indígenas, ou afros culturais de elementos o pregam e raçaà branca inferiores considerados social. embranquecimento 106 TEORIA E CULTURA Juiz de Fora, v. 7,n.1/2,p.103 a119,jan./dez. 2012 da confraternizaçãoda deraçasepovos, devalores cristianismo, acultura resultado brasileira seria hibridismo.e pelo odomínio Sob dePortugal edo concebida aser passa intercâmbio, pelo troca pela do trabalho. aosvaloresestar associada nacionais eàideologia homem brasileiro”, deentão que apartir deveria 1930, osesforços para transformar o“conceito de popular. Por isso, ésintomático de na década doEstado,soberania conseguidos com o apoio nacional para assegurar pátria ea da a unidade e, aomesmode trabalho tempo, aintegração a incorporação demão-de-obra no mercado dopaís, uma vez que eranecessário e social o processo dedesenvolvimento econômico e moral, oque tornou se incompatível com preguiça, indolência einferioridade intelectual associavam aomestiço características como atender “demanda esta social”. mercado Freyre deGilberto eotrabalho vem diversidades culturais emprol edo doEstado as distantes eamalgamasse classes sociais as de interpretação doBrasil, uma que congregasse impunhapois a realidade social um outro tipo tornam-se obsoletas, eranecessário superá-las, raciológicas, preconceituosas esegregatórias, desenvolvimento social”. Logo, as teorias procurandoEstado consolidar opróprio ocorrendo orientadas são politicamente, o Revolução de1930, “as mudanças que vinham (BENZAQUEN, 1994,p.28). os diferentes que compunham grupos anação” explicitação até delaços, então insuspeitos, entre de uminédito sentimento decomunidade pela identidade coletiva, capaz deestimular acriação lançar, finalmente, deuma bases “as verdadeira negros Freyree dosíndios, Gilberto parecia do branco. deoutrosa valorização elementos culturais além herança cultural edomeio eassim permitindo puramente genéticas deinfluênciassociais, de cultural; discriminando os efeitos de relações raças dosefeitos doambiente experiência eda cultura, separando, forma, de decerta ostraços Freyre adiferença estabelece entre e raça Influenciadopela antropologia de Boas, Franz Neste sentido, aformação cultural brasileira XX Os intelectuais XIXe século do dofinal Renato (2003,p.40), Ortiz avalia que com a Ao reconhecer ovalor influência da dos das tradições, experiências eutensílios experiências gente da das tradições, emsua economiase doméstica evida demuitas e batizada,mãe de família; e servindo- por esposa superestrutura, com amulher indígena recém- solo”. “Organizou-se na cristã uma sociedade “mãe-gentil” “dos para afecundação deste filhos formação do povo brasileiro, atuando como oelementoserá cultural mais decisivo para a dádiva rede da dosono volúpia. eda Aíndia brasileira, também atribuiu-lhessociedade a que docorpo e higiene foram incorporados à desenvolvimento dehábitos deasseiopessoal caráter nacional. e patriarcal dosengenhos decana o para esboçar agrária,escravista do microcosmo sociedade da iriam compor a brasilidade. parte O sociólogo componentes até que nos traços desembocar de seus as características e particularidades íntima vida da deste ambiente, vai delineando Em identitárias, doqual resultou omestiço brasileiro. congregariamsenzala oespaçodenegociações de produção aescravidão. Acasa-grande ea engenho decana-de-açúcar ecomo modo patriarcal, tendo como produtiva unidade o grande, osistema sob deorganização social brasileiraformação ocorreu na casa- social subordinação, muitas vezes sádicas. estavamsociais tensionadas domínio pelo e de mestiçagem, e idílica pacífica visão as relações entreigualdade as culturas eraças.Longe deuma estabelecem algum assimétricas, demodo sobre o social outro. As relações de poderes exercidos por umsegmentoviolência eperversão Freyre não consegue mascarar osmomentos de apologia àmestiçagem empreendida por Gilberto inerente aosistema escravocrata epatriarcal. A vários momentos dolivro detectamos aviolência e à confraternização entre negros e brancos, em do polo negativo.do polo sentido deatenuar ou eliminar osefeitos nefastos e os resolva, com positivoo polo agindo no tendo emmente umaque unidade osenglobe por meiopensa de antagonismo, mas sempre acordo com Ricardo (2007, p.Souza 172), Freyre quetraço residiriadoBrasil. aoriginalidade De morais emateriais diversos, ejustamente neste Gilberto FreyreGilberto delega aosameríndios o Para Freyre Gilberto da (2001),ocerne Apesar de , oautor,CGS através edorelato depesquisa CGS 3 ser um elogio à mestiçagem ser TEORIA E CULTURA 107

, a mobilidade . A fácil capacidade de . A fácil capacidade bicontinentalidade” portuguesa teria bicontinentalidade” Nem intransigentemente de uma nem de outra, de outra, nem de uma intransigentemente Nem fervendoafricana A influência das duas. mas requeime um acre e dando sob a europeia o à religião; à vida sexual,à alimentação, uma por correndo negro ou mouro sangue não quando brancarana população grande de gente hoje em regiões ainda predominando oleoso, escura; da África, ar quente, um ar de formas e nas instituições as amolecendo corrompendo germânicas; durezas as cultura da Igreja a rigidez e doutrinária moral ao medieval; os ossos ao Cristianismo, tirando à disciplina gótica, à arquitetura feudalismo, ao ao latim, visigótico, ao direito canônica, reinando Europa A povo. do caráter próprio a África. antes governando semmas governar; 2001, p.80) (FREYRE, (FREYRE, 2001, p. 343) p. 2001, (FREYRE, A plasticidade e a predisposição para a a para e a predisposição A plasticidade As contribuições negras são mais decisivas do decisivas são negras mais contribuições As A “ Juiz de Fora, v. 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. 2012 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. v. Juiz de Fora, e a aclimatabilidade a “vontade” climáticas, intempéries às adaptação e conhecer se instalar deslocar, se para e a fluidez foram cultural e flexibilidade lugares em outros da colonização pelo “sucesso” responsáveis Brasil. portuguesa no do passado herdados foram híbrida colonização ocupava Portugal que do lugar étnico-cultural, e europeia, africana culturais fronteiras as entre neste ocorreu que a ocupaçãocom moura século no com pequeno país VIII. De acordo antagonicamente convivem (2001, p.82), Freyre culturas as português no e complementarmente e maometana, a católica e africana, europeia de sua dele, fazendo e a fatalista, a dinâmica arte de sua economia, de sua vida, moral, de sua se que se alternam, de influências um regime se hostilizam. ou equilibram que as indígenas para a formação social formação a para brasileira, indígenas as que o principal português branco é o contudo ideia na de Resumidas processo. deste condutor elencadas lusas características três plasticidade, por responsáveis foram Gilberto por Freyre, a miscibilidade desempenho: este reverberado na formação social formação Os na reverberado brasileira. fosca” a “Vênus portugueses com já familiarizados a aptos estariam a “Moura-encantada” com ou , o índio é exaltado por suas suas CGS por é exaltado índio , o Na ternura, na mímica excessiva, no no mímica na excessiva, ternura, Na nossos se deliciam que em catolicismo fala, na no andar, no música, na sentidos, que em tudo pequeno, menino de ninar canto de vida, sincera trazemos quase é expressão negra. Da escrava da influência todos a marca Que deu nos embalou. nos que sinhama ou mão na amolengando própria ela de comer, nos negra que Dao bolão velha de comida. e de de bicho histórias primeiras as contou tirou nos que Da mulata mal-assombrado. coceira de uma tão bicho-de-pé o primeiro físico e nos amor no boa. iniciou nos Da que a da cama-de-vento, ao ranger transmitiu, Do de homem. sensação completa primeira de brinquedo. primeiro nosso foi que muleque Em o árduo de assumir a tarefa Coube ao negro características desbravadoras e guerreiras; ao guerreiras; e desbravadoras características o guia, o o canoeiro, foi lado bandeirantes dos se pescadore embrenhou que o caçador guerreiro, nossas e pelo sertãopelas matas “descobrindo” e “Índios território. nosso e potencialidades movediça, muralha uma formaram mamelucos ocidental em sentido alargando foi que viva, ao mesmo do Brasil coloniais fronteiras as açucareira, região na defenderam, que tempo piratas ataques dos agrários os estabelecimentos Entretanto, 2001, p.166). (FREYRE, estrangeiros” não guerreiro e seu ardor indígena o nomadismo e se seno engenho fixassem que permitiu-lhes técnica e a nova ao trabalho escravo adaptassem no cada mais vez contraindo-se econômica, da sociedade de formação e, brasileira processo sendo pela dizimados mesma. ver, ao nosso Em de cana-de-açúcar. trabalho engenho no os ameríndia, a introversão contrapartida extrovertidos, e seusafricanos descendentes adaptável” plástico, fácil, homem do “tipo 347), se adequaram, 2001, p. (FREYRE, Segundo condições. a estas Freyre forçosamente, pelosol dos gosto o dos negros herdamos (2001), energia a trabalho, o disposiçãoa para trópicos, de submissa, quase criativa, a maneira renovada, seja alimentação, na adversa, rotina a com lidar relações nas ou religiosos e rituais festas nas africanidades, segundo Freyre, As trabalho. de cotidiano: gesto podem menor ser no sentidas autóctone” (FREYRE, 2001, p.163). (FREYRE, autóctone” 108 TEORIA E CULTURA Juiz de Fora, v. 7,n.1/2,p.103 a119,jan./dez. 2012 cultural doqual resultou opovo brasileiro. críticos, cultural brasileira, embora apresente pontos Freyrepara Gilberto compõem aidentidade diversas questões tratadas no nosso trabalho, cristã”.culpa Adocicados açúcar, pelo estas estas raças“sem opreconceito cor” e“sem a aqui permitiu difundido amiscibilidade entre herança moura do catolicismo eapermissividade índios enegros. Como vimos anteriormente, a aocontato deacesso via cultural entre brancos, entendimento, uma vez que deCGS tornou se esobrelarga escala áreas extensíssimas”. massa ou volume humano para acolonização em compensaram-seportugueses deficiência em da que a mobilidade, foi o processo qual os pelo Freyre (2001,p.81), “a miscibilidade, mais do espalhandomestiços Brasil ese adentro. Para cor”, deste multiplicando-se modo emfilhos intercursos esexuais com sociais “mulheres de e dofortalecimento comunidade da dos laços Novo criação (1937-1945)enecessidade da cultural. como constitutivo discurso nossa da identidade aderência narrativa suficienteparase incorporar FreyreGilberto que cosmogonia esta adquirirá Todavia, com Grande será Casa &Senzala de XIX até de1930. década do século da meados identitáriosdos traços dobrasileiro fins desde A sexualidade éoutroA sexualidade ponto-chave para o Como veremos aseguir, com oEstado A mestiçagem foi para ocerne adefinição branqueamento. 2007,p.174) (SOUZA, justamente preservado cultural aser desse no caminho dobranqueamento: éumvalor brasileiraétnica não émais apenas umóbice erecuperada. Aformação valorizada a ser nefasta dominação lusitana. (...)éuma herança Este não émais marcado atraso pelo epela brasileira, Freyre enaltece nacional. opassado a colonização e a herançaportuguesa racial pessimismo imperante até então. Valorizando futurassuas diverso perspectivas –bem do passado,país –doseu presente, doseu de Freyreportuguesa, umretrato traça do dopatriarcalismoelogio colonização eda deproblemaracial emsolução efazendo o (...) transformando amiscigenação eaquestão CGS CGS é uma celebração deste encontro recorte, nos encaminharemos para aanálise do préfora doperíodo ecarnavalesco. Diante deste universo radiofônico ena indústria fonográfica aalimentardestina-se ogênero musical no chamado samba de meio ano. Este modelo nacional-popular, sobretudo as produções do samba urbano carioca ao estudo doprocesso detransformação do inventadas. são assim tradições imaginem como integrantes cultura da nacional, de integrá-las efazercom que membros seus se feitassejam cultura pela nacional, no sentido popular edofolclore permite que apropriações identidade brasileira, odelineamento cultura da urdido ao processo de construção discursiva da por excelência brasileira”. maiscaracterização denossa raça” bela e“arte respectivamente como “a mais criação forte ea e 40por Mário deAndrade Freyre eGilberto música de30 éconsagradadasdécadas apartir antropólogo Hermano Vianna (2007,p.33), a caráter nacional brasileiro. acordo De com o sobre as criações polêmicas o de perto e resgate música da popular, acompanhando existiamjá importantes esforços devalorização XIX, outrasséculo do ofinal matrizes. Desde com elementos culturais provenientes de reinventando,e se dasnegociações apartir várias práticas culturais foram estabelecendo se cultural mercado entre a culturapopular, Estado, eliteeo dosamba:A nacionalização negociações brasilidade,da inventando-se como tradição. identitária brasileira, assim como locus de nacionalização etransformação emreferência composto matriz processo pelo pela passa negra, o samba, mestiço, mas predominantemente comunicativa popularidade dorádio, epela neste momento, apoiado potencialidade pela o todo” (ORTIZ, 2003,p.136). Não por acaso enquanto como estende se aideologia àsociedade “O mito restrito, éencarnado grupo pelo transformará àmestiçagem oelogio emideologia. máquinapela depropaganda ditadura da Vargas imaginada Neste artigo, nos dedicamos especificamente O estudo música da popular brasileira está adiásporaCom africana nos brasileiros, solos Brasil, onacionalismo trabalhado emreferência identitária narrativo TEORIA E CULTURA 109 brasileira. A brasileira. (1957), filme tem disponibilizado disponibilizado tem estadonovista se apropria de várias de várias se apropria estadonovista samba urbano carioca urbano samba É justamente na década de 1930, marcada pela década na de 1930, marcada É justamente ao poder e pela afirmação ascensão de Vargas se o samba transformou que do modernismo, dos inteligência a (...) nacional. símbolo em Rio no de concentrar por 1930 optou anos básicos a escolha dos ingredientes Janeiro nacional, da identidade a construção para se o samba destaca seu por valor os quais entre 2006, p.26) (NAVES, emblemático. Pelo fato do governo federal estar localizado federal estar do governo fato Pelo O Nos anos de 1930, o samba faz o movimento faz o movimento de 1930, o samba anos Nos Juiz de Fora, v. 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. 2012 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. v. Juiz de Fora, ficam mais incisivas. A política de integração de integração A política incisivas. mais ficam unidade à dapátria, passa visando nacional, para culturais elementos distintos a suturar da e imagética, discursiva a construção, desse modo para fortalecer nacional, identidade imaginada os laços da comunidade intelligentisia e no regionais étnicas ou culturais manifestações da tradição da brasilidade. de invenção processo de comunicação e os meio Riono de Janeiro região, nesta concentrados mais estarem também local dos seusa cultura vários componentes teve (2007, p. Vianna Hermano Para nacionalizados. escolha significa do Rio não é política: 146), “a outras, as que mais essa cidade seque aproxime, da das raízes ou brasilidade, da verdadeira e o Brasil o Nacional A Unidade, nacionalidade. todos os dias, são plebiscitos são inventados diários”. inverso, desce o morro e ocupa novamente o e ocupa novamente desce o morro inverso, a mediação entre rádios. Inicialmente, e as asfalto branco, cantor um por era feita e público música descartadoera compositor negro o enquanto Rio Zonadesse Norte processo. de Nelson Pereira dos Santos, ilustra muito muito ilustra dos Santos, Pereira de Nelson em sua própria cidade as rádios, as gravadoras e a gravadoras cidade rádios, as as própria em sua vontade e a o interesse mais fonográfica, indústria em transformação sua facilitariam que política e em estilo da musical brasilidade referência já do discurso, nível no e o terreno nacional Diante Gilberto por Freyre. sido preparado havia reconfiguração. uma sofre samba o quadro, deste urbano- tipicamente produto era um Se antes outras atingia mudanças, carioca, essas com musical gênero cidades, estabelecendo-se como nacional. . , também controlava e controlava , também Brasil do Hora , que era a principal fonte difusora difusora fonte era a principal , que 4 a abundância de instrumentos de percussão de instrumentos a abundância e a malícia rítmica. Essa malicia, desenvolve tem a dança, provocar de sentido como sempre trocas as usuais mais musicais elementos como do e antecipações síncopes de acentuação, A tradição do candomblé religiosa forte. tempo do ligada ao nascimento intimamente estar vai século no samba XX. (CAZES, 2005, p.10) Com o golpe e o estabelecimento do e o estabelecimento Com o golpe Com o fortalecimento da indústria da indústria Com o fortalecimento Esse é um traço mestiço que merece destaque, destaque, merece Esse é um traço que mestiço No que tange a formação musical do samba, samba, do musical a formação tange que No Estado Novo (1937-1945), todas ações essas Estado Novo do discurso da brasilidade que se engendrava do discurso se engendrava que da brasilidade momento. naquele censurava materiais que contrariasse os ideais os ideais contrariasse que materiais censurava Rádio com e indiretamente da Vargas; política Nacional fonográfica e o amadurecimento da estruturação da estruturação amadurecimento e o fonográfica járádio o atingia radiofônica, dae programação variados setores mais nos popularidade alta dasociedade, meadosem da década 1930. de (1930-1945) de Getúlio Vargas O governo passa a utilizar esses avanços com concatenado instrumentos um dos principais veículo como este com direta seja política, de forma de propaganda de Radiodifusãoa criação do Departamento e estatais emissoras as além administrar de que o como comerciais, as para conteúdos produzir programa pelo exemplo de miscigenação étnica de miscigenação e cultural pelo exemplo da predominância com que Ainda música. na e da do ritmo através africanidade samba, no os instrumentos forneceu nos o europeu dança, a estrutura complementam que de corda, vão ao elementos Estes melódica do samba. realizada da mestiçagem a apologia encontro & Senzala em Casa Grande Gilbertopor Freyre pelo Estado Novo discursivamente e apropriado nacional. pela de integração política temos como principal matriz a negra africana, africana, a negra matriz principal como temos Europa “Da europeia. seguida da branca Herdamos (...) tonal. sistema o herdamos usadocomo cordas de o instrumental também (CAZES, caipira” viola cavaquinho, base: violão, aspectos africanadois Da influência 2005, p.10). samba: no característicos são muito samba desamba exaltação 110 TEORIA E CULTURA Juiz de Fora, v. 7,n.1/2,p.103 a119,jan./dez. 2012 figura dúbia edeslizante, o que ao mesmo tempo Vargas. Aautora descreve omalandro como uma do samba emalandragem nos tempos deGetúlio pesquisadora Cláudia Matos aoestudo dedica se questão é controversa. Em de sambistas. No contexto Novo, do Estado esta como referênciae serve efigura devida aoestilo de vários compositores, Silva, da como Bezerra umtrabalhador. ser o sambista podia só mencionados nas foram letras censurados, agora panamá, tamanco enavalha costumamente vadiagem eaorgia. Olenço no pescoço, chapéu combateudo Estado afigurado malandro, a processo de“domesticação” do samba àserviço Novo. doEstado aos ideais trabalhistas Este brasileira, teve que diminuir traço, esse contrário incorporadoser neste momento sociedade pela urbanas osamba “amalandrou-se”, mas para deVargas. trabalhista ideologia foi substituído por “operário”, atendendo assim a o verso que eracomposto mais “leva umotário”, Novo,Estado mas teve sua versão alterada, inicial Batista que ilustra do osideais trabalhistas Januário músicada São de Bonde O as novas aspirações ditadura, da como é o caso censuradas DIP pelo etiveram que adaptar se dogoverno.ideologia Inúmeras músicas foram do quer que ou desagradasse contradissesse a nacional, como bem na censura e coibição transformação dosamba emreferência identitária sua identidade nacional. sonora e, que estabelecia assim, se formatasse a brasilidade por meio da rádio propiciasse discursiva aexperimentação da que permitiam o a oralidade easensorialidade suas Avelocidade, restrições. tinha a amplitude, massa que atingiaparte dopaís, que já boa o cinema realmente ummeio decomunicação tinha de decisivo para sua popularização. Agora oBrasil com talento inserirem seu no se mercado musical. compositores ecantores negros conseguiram foi realidade essa mudando com otempo; os quantia aos “cantores irrisória, dorádio”. Mas samba vendiam suas canções, às vezes por uma essa realidade. Muitosbem compositores de Todavia, até hoje amalandragem étemática Ao subir osmorros com as reformas Diante deste cenário, Novo oEstado acionou O samba habitar passa as rádios,oque foi intelligentisia para atuar no processo de comunidade imaginada Acertei no Milhar, a deWilson

Ditadura Militar (1964-1985). até mesmo acompará-lo com aviolência da umquadrotraça situação, crítico da chegando Novo,do Estado Waldenyr osociólogo Caldas do material simbólico”. No que tange acensura central, governamental, no caso demanipulação primeira evisível direta operação deuma agência “a proibição dotema malandragem da foi a malandro” (MATOS, 1982,p. 14). interditam ecensuram efaçanhas do oscasos do trabalhador, aomesmo tempo que se compositores alouvar osméritos erecompensas trabalhadora. isso, Com “incentivavam-se os exemplo demal uma vez aclasse que servia capitalista, omalandro combatido, ser deveria Mas, justamente, aosistema curvar por não se pressões dosistema” (MATOS, 1982,p. 54). para escapar, ainda que passageiramente, às Sua mobilidade épermanente, dela depende é honesto mas também não éladrão, émalandro. comportado nem como comum: criminoso não capitalista.trabalho “Nem como operário bem diante dasadversidades, porémvender se ao sem lhe confere sobreviver por admiração saber característica dossambas-enredos,característica érecorrente p.21). obrigação Esta acabou por torna-se uma entrava-se Novo” no Estado (KRAUSCHE, 1983, e histórico: cristalizava-se osamba-enredo; enredoao seu umcaráter didático, patriótico obrigava-se as desamba escolas aimprimir -enredos. “Em 1937,por decreto, incentivando as narrativas nacionalistas nos o carnavalsamba,das de escolas eodesfile De acordoDe (2007,p.99), com Caldeira O governo também passou acontrolar moralmente. (CALDAS, 1985,p. 41) e subempregados eram reprimidos e física “austeridade” “honra”, eda osdesempregados violento. Emnome “grandeza da doBrasil”. Da à prostituição, aomenor abandonado, era ao homem alijado produção, da aocamelô, Ato Institucional nº5em1968. O combate 60einíciode70,comdo década acriação da terror, muito semelhante àquele vivido no final Instalou-se no Brasil umautêntico clima de Arepressãodadas. eraimplacável. policial autoritária Novo doEstado estavam demãos A música popular brasileira e a política TEORIA E CULTURA 111

não sónão sociais, de classes mas (1933) de e Senzala Casa Grande Orquestra Brasileira. Nunca o samba chegara chegara o samba Nunca Brasileira. Orquestra E tratado assim. orquestra uma como a sonhar Radamés,de samba o gosto bom e pelacultura das através afora, mundo a viajar começou o Agora curtasondas da Rádio Nacional. as entre definitivo já possuía seusamba lugar civilizados, digno dos povos populares músicas musical do espírito representante e elegante pelas emissoras visitar, indo gente, de nossa os lares curtas de ondas da RádioNacional, de casaca neles entrando inteiro, do mundo de tratamento. , rapaz gentleman e , 1984, p.49-50) MOREIRA, apud (ANÍSIO Outro importante elemento que possibilita possibilita que elemento importante Outro dos a incorporação propicia O samba A modelar Rádio Nacional, com seus sttaf com RádioA modelar Nacional, Juiz de Fora, v. 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. 2012 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. v. Juiz de Fora, de músicos e sob a batuta de Radamés Gnattali, de Radamés Gnattali, e sob a batuta de músicos detalhes alguns e fixar padronizar procurava rígido a orquestração para mais um compasso pela optou sinfônico tratamento “O do samba. da metais, percussão por deliberada substituição da importante mais o fator despersonalizando 2002, (FRANCESCHI, o ritmo” música: nossa do da história ao longo 294). Assistimos p. a africanização e desafricanizaçãosamba, do dos a ostensividade com respectivamente ritmo, diminuição de percussão e sua instrumentos se um movimento fosse como do gênero, dentro cíclico. é o seu de samba de nacionalização o processo congregatório caráter Definitivamente, étnico-cultural. principalmente a obra com passa da mestiçagem a questão Gilberto Freyre, e positivo cultural elemento a ser como tratada parte da ideologia como incorporada foi também a em valorizar tendência “A estadonovista. da pátria’ opçãopela uma é ‘unidade mestiçagem 2007, p.71). (VIANNA, e pela homogeneização” de contingente um grande apresentava O Brasil que da sociedade alijados negros e de imigrantes a miscigenação logo brasileiros, senão sentiam de integração forma possível como se mostrava pessoasdessas ao país. à sociedade de escravos brasileira, descendentes de um traço negro, cultural ao apropriar-se em música e transformando-o miscigená-lo Estado o cria igualdade de uma a ilusão nacional, fizessem social se e étnica, todos realmente como , composto por por , composto da orquestra. Radamés da orquestra. , também chamado de samba chamado , também , característico por seus temas seuspor temas , característico O samba vestia-se pelo figurino humilde dos vestia-se pelo O samba figurino e cavaquinho – flauta simplórios regionais pacíficos, bairros dos – das serestas e violão tamborins, pelo porte das escolas – coro, ou e cuícas. Ary pandeiros Barroso começou e dos da esquina Tirou-o o samba. a vestir Ary levá-lo para ao Municipal. terreiros O casaca samba. no primeira a Barrosovestiu smoking ganhou samba Gnattali deu uma orquestra ao samba, a ao samba, orquestra deu uma Gnattali queria encerrar, na “Aquarela”, “Aquarela”, na Ary Barroso encerrar, queria país. em nosso existe e belo de bom que tudo falavam que músicas de ouvir cansado Estava sarjeta, morro, em tragédia, malandragem, era não Ary para O Brasil, cachaça. Barroso, de Nosso “Terra Ele via seu como país aquilo. admirar”. o mundo para “criada Senhor”, 1979, p.71) (MORAES, Como veremos mais detalhadamente detalhadamente mais veremos Como Perante as exigências do Estado Novo, coube coube do Estado Novo, exigências as Perante a seguir, Ary Barroso funda tradição uma a seguir, de meio de samba exaltaçãode no discursiva a miscigenação a brasilidade, o Brasil, ano; ao e a apologia étnica, da natureza a dádiva assuntos ser as trabalhismo os principais passam exaltação de O samba musical. subgênero deste se para adequar estruturais mudanças sofre de e aos ideais estadonovista ao nacionalismo A utilização da e civilidade da nação. progresso ao adequado mais o samba tornava orquestra idealizado rádio e ao civismo pelo Estado Novo, do samba, a nacionalização com que percebemos do gênero “domesticação” uma ocorre também por e até possa pelas ele elites ser que para aceito nacional: da identidade ícone países como outros Ary Barroso. SegundoAry seu biógrafo: Barroso. ao narrador do samba cantar de outra forma a forma de outra cantar do samba ao narrador O nacionalismo e o país. a música entre identidade o aparecimento estimulou Vargas da ditadura cívico do samba a narração de eventos históricos e hinos de hinos e históricos eventos de narração a do país. dádivas exaltação as de exaltação monumental estética e ufanistas, patrióticos as ressaltam canções essas e grandiloquente, um acompanhamento e tem do país maravilhas samba famoso O mais pomposo. orquestral dessa época é 112 TEORIA E CULTURA Juiz de Fora, v. 7,n.1/2,p.103 a119,jan./dez. 2012 falam ospobres, osnegros,povo. enfimo samba elocus Nacionale Rádio eas classes populares, berço do máquina depropaganda Novo; doEstado orádio a identidade nacional; ea apolítica, aideologia os intelectuais econstruções discursivas sobre movimentação dediversos atores desde sociais: nacionalização dosamba envolveu e aação importante ressaltarmos que oprocesso de elite,da que aconsumir passa osamba. Mas é cai no gosto não só popular, como também no como símbolo identidade da nacional, o ritmo contribuíram para aconsolidação dosamba nação. contribuirpoderiam para odesenvolvimento da Ao imaginar-se brasileiro, negros eimigrantes setores industriais, que cresciam aceleradamente. mãonecessidade da deobra dosnegros nos parte do país. O que está por disso detrás é a (médio, branco)” (SODRÉ, 1998,p.50). segmento populacional (pobre, negro) por outro paulatina de instrumento expressivo deum Para oautor, eraa“expropriação oque ocorria fonteser geradora nacionalistas. designificações continuidade eresistências culturais, passou a suas matrizes rítmicas através deumprocesso de o autor, amúsica as que negra, preservado tinha samba ingresso fez seu no sistema capitalista. Para afirma que foi através edorádio, dodisco que o mercado cultural. Muniz (1998,p.39) Sodré As intelligentsia da operações Assim consumido osamba aser passa do 2007, p.151) concomitante àsua nacionalização. (VIANNA, samba, como musical, estilo vai criado sendo depois transformado emmúsica nacional. O Nunca existiu umsamba pronto, “autêntico”, Os dois separados. ser processos não podem como gênero musical e de sua nacionalização. maior ou menor tenacidade, de sua “fixação” participaram,milionários com epoetas) folcloristas, compositores eruditos, franceses, baianos, intelectuais, cariocas, políticos, Muitos eindivíduos grupos (negros, ciganos, de umterritório (o específico “morro”). ou específico, étnico social atuando dentro nacional através dosesforços deumgrupo O samba transformou não se em música discursivo gente, dessa deonde estadonovista teórica isto implicaria emdois condicionamentos determinado de estrutura tipo linguística”. Para a acompanharia deestruturatipo social um (1996, p.98) argumenta que “um determinado Funcionamento instituições Em sociais. no mesmo plano analítico: odossistemas e de ambas, operam a linguística e a sociologia interdependentes eindissociáveis. Os estudos uma memória. interpretar fatos histórico-sociais que formam indiciam depensar, modos discursos de sentir e antagônicas, materializadas emversos. Assim, os emjogo forçasdiscursiva coloca ideológicas atos histórico-sociais. O processo formação da queo samba sentido dá realiza a umdiscurso cultura.dada Logo, apreender podemos que linguagem, ganhano interior significado deuma ou ritmo amúsica, pelo emelodia, enquanto histórico, por meio dasletras Seja político esocial. sonoros, textuais e narrativos com ocontexto esclarecer relações ediálogosentre atributos acessar elançar umolhar sobre enos opassado fontessão históricas, que nos possibilitam deanálise Ferramenta metodológica deste ideologia da país, governo. aégide sob narrar a identidade nacional e de glorificar o uma vez que este emergiu demanda da dese brasilidade, por meio deste subgênero musical, como deuaconstrução discursiva se da especificamente, Estado do período Novo,no ao Nestesua ideologia. artigo, optamos por dar voz segmentos contexto deseu sociais, histórico ede funciona como dos mais espaçodefala diversos teralém umalcance representativo, também no mercado cultural, este gênero musical, transformado emnacional-popular einserido Logo, revolta ou desua resignação amores. edeseus classes populares, desuas mazelas, seja desua caráterperdeu seu narrativo docotidiano das deixaram produzidos. deser Osamba não deste sistema econtra-hegemônicos nunca insere demercado, na lógica mas sambas fora samba de exaltação samba de A linguagem e sociedade coexistem, são coexistem, são A linguagem esociedade O samba, assim como outros de tipos canção, que nacionaliza,À medida se osamba se aplurivocalização dosamba, uma vez , alinguista EniPuccinelli Orlandi , a fim de evidenciarmos, , afimde A Linguagem eseu TEORIA E CULTURA 113 tem tem 5 do discurso. O que a diferenciaria a diferenciaria O que do discurso. No meu entender, o interesse específico que específico o interesse entender, meu No é de discurso” do “análise a disciplina governa entrecruzamento o discurso como apreender social, dizer quer e de um lugar de um texto a organização é nem não seu objeto que mas comunicação, de a situação nem textual de um dispositivo através os une que aquilo ao provém que específico de enunciação do verbal e do institucional. tempo mesmo deve ser não social” a noção de “lugar Aqui, pode imediata: se de maneira tratar apreendida discursivo. campo num de um posicionamento das independentemente os lugares (...) pensar sociológica), (redução autorizam que palavras dos independentemente palavras as pensar ou são elas partes beneficiária (redução quais isso seria das lingüística), aquém ficar discurso. do análise a fundam que exigências p.143) 2008, (MAINGUENEAU, Orlandi (1996, p.110) defende que AD que defende p.110) (1996, Orlandi Ao nos debruçarmos pelo interesse das pelo interesse debruçarmos nos Ao Juiz de Fora, v. 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. 2012 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. v. Juiz de Fora, de Getúlio Vargas podem ser a partir analisadas de Getúlio Vargas contexto neste feitas de samba das composições à recorrer iremos isso, Para sócio-histórico. da metodológica discurso, do análise ferramenta especificamente trabalho, este orientar buscando ideológicos e políticos dos “efeitos o estudo para de discurso A análise permite do discurso”. o mas e concomitantes, múltiplas abordagens discurso e entre relação na foco recairá nosso encaminhando. nos fomos ideologia, conforme nas ideológicasEstado do Novo marcas da aproximamos nos de samba, composições de discursoanálise francesa cujo principal a articulação se dedicaenfoque justamente fatores é, isto exterioridade, e sua o texto entre produção. sua influenciaram que externos , o Discurso do Análise e Discurso Em seu texto concebe Maingueneau Dominique linguista seu com do texto relação a o discursocomo que esta concepção seja afirme embora contexto, e reducionismo comodismo criticada gerar por o autor metodológica. Com isso, aplicação sua na conceito: este complexificar busca como fonte básica de constituição as condições as básica de constituição fonte como de produção procura ela é que e métodos teorias de outras relação a imanente, mais estabelecer de forma Este índice ainda se torna mais pertinente para para pertinente mais se torna ainda índice Este articular social,o e língua a Bakhtin Ao se artigo a nossa encaminha Dessa forma, ideológicas da nacionalista política marcas As os nossos estudos se levarmos em consideração se levarmos em consideração estudos os nossos medida na só línguas existem “as de que o fato associadas se a grupos acham em que humanos, que, de concepção à podemos chegar portanto, o social se língua, na coincidem. e o histórico de ação (trabalho) humano” sempre Trata-se 1996, p.99). (ORLANDI, e linguagem vinculaçãona resvala entre (1998, p.10), Brandão com ideologia. De acordo de sistema como a linguagem Bakhtin concebe significaçãorealidade da e um distanciamento a e o signo que representada a coisa entre e distância nessa e será justamente representa representação e a sua a coisa entre interstício nesse Bakhtin, Para o ideológico. reside sígnica que as retrata pois é signo ideológico, a palavra realidade, de a de significar formas distintas de vista de e os pontos vozes as com acordo a natureza, “Dialógica por emprega as quem de vozes de luta em arena sepalavra transforma ser posições, querem em diferentes situadas que, 1998, (BRANDÃO, vozes” outras por ouvidas e de conflito é lugar a linguagem Logo, p.10). ideológico. confronto os fenômenos de articulação entre o ponto para ideológicos que processos os e linguísticos o discurso já que é a discursivo, nível no consiste e o extralinguístico, o linguístico entre interação de estrutural o sistema seja,ou entre condições suas e as da linguagem funcionamento e constituição de produção sócio-históricas objetivo Nosso significações. das próprias negociações estas é evidenciar como agora das discursivo absorvidas plano no foram gênero este que vez uma de samba, composições e comunicativa capacidade comporta musical variada de assuntos, gama uma sobre narrativa período este histórico durante e a brasilidade deste conteúdos um dos principais tornou-se musical. gênero recíprocos: o linguístico da sociedade o linguístico – a língua recíprocos: e o socialcria identidades; – a estrutura da língua estrutura na da sociedade está “refletida” pesquisa, da nossa momento Neste linguística. em percebermos interessados mais estamos culturais. cria identidades a linguagem como 114 TEORIA E CULTURA Juiz de Fora, v. 7,n.1/2,p.103 a119,jan./dez. 2012 país aoresto domundo. características Essas específico, apresentando as cores, aaquarela do por assim dizeracultura dopaís enão umfolclore nas composiçõeso ufanismo exalta observado porcaracterizado composições “meta-regionais”, o conteúdo erapatriótico dasletras eufanista, arranjo orquestral erapomposo egrandiloquente, propagandada Novo. doEstado ideológica O brasilidade; forma dessa atendendo às aspirações brasileiro, assim comoalgunsda traços definir exaltar oBrasil, terraedopovo asda virtudes especificamentepara atender uma demanda: que estava inserido. Este subgênero musical surge produto docontexto histórico em eideológico desujeito.posição uma formação discursiva e, assim, marca uma que, ao enunciar, sujeito todo de apartir fala constitui, ouoassujeitamento; seja, mostrando que o sujeito que éideologia interpelado o pela sentido éque Pêcheux formular pôde de aideia discursivassuas fundamentais. evidências Nesse formações que repetem se nela, fornecendo-lhe elementos que vêm deoutro lugar, isto é, deoutras constantemente invadida econstituída por estrutural fechado, éinstável eheterogênea, formações ideológicas a crer governadosleva são que os discursos por várias ela éfundamentalmente composta por uma ou momentode umdado deuma formação social, ideológica formação aogênero pertenceria ideológico.discurso A sujeitos” (PÊCHEUX, 1997, p. o 149). Logo “Só sujeitoideologia. pelo há ideologia epara ou ainda como materiais umdosaspectos da locus Brandão (1998,p.37) como defende odiscurso reflexossão econdiçõesdas práticassociais. tomados no jogo dasformações discursivas que trata-sedesistemasdiscurso), que designos são (no articulam se em que olinguístico eosocial discursivas, apontar almeja constantes no lugar tipificardas diferentes osdiscursos formações constitutivas do discurso. A AD procura e alinguagem. esferas Estas igualmente são (as condiçõeshistórico-social deprodução) entre aexterioridade, materialidade econtexto Entendemos queexaltação osambade A deMichel as trilhas Pêcheux,Seguindo da concretização da materialidade da ideológica formações discursivas formações formação discursiva formação ésintomática ecaracterística . não éumespaço interligadas, isto nos é para a veiculação no rádio.para aveiculação africanizado, esonoramente mais apropriado ficavapercussivo, menos ritmo o ficava menos mais “seriedade” aosolhos Novo, doEstado outros instrumentos decorda esopro ganhava Gnatalli.de Radamés Osamba com violino e Nacional,Brasileira Rádio da aregência sob cartola” no samba com os arranjos Orquestra da roupagem folclórica elúdica, “casaca ecoloca e abandona os típicos conjuntos regionais com orquestração da utilização Barroso musical, Ary atendidassão em em nacional-popular. do processo detransformação dosamba popular narrativo brasilidade. da éumdospontos Esse apropriação Novo Estado pelo como ícone distintos elementos nacionalistas, permite sua encomenda, mas, por outro lado, por conciliar histórico escritor, vivido por seu não foi feita sob espontaneamente como docontexto fruto para as composições posteriores. nasce Ela exaltação samba de épioneiraBarroso efundadora dosubgênero nacionalismo musical. espaço deonde acultura popular expressa oseu negociações, cultura popular estão em e constantesa erudita o ensinose do canto orfeônico. Como a patriotismo. Nas públicas escolas introduzia- a coloração brasilidade da como também o para compor que descrevessem peças não só do espírito cultura da popular, inspirava se de Andrade. Villa-Lobos, através doresgate folclóricaspesquisas desenvolvidas por Mário por Heitorencabeçado Villa-Lobos e pelas vivenciávamoserudita onacionalismo musical importante relembrarmos que na música Novobrasilidade noEstado comonarradorda samba deexaltação de AquarelaO descortinar doBrasil: O formação ideológica. formações discursivas governadas por esta exaltação de samba letras Novo. do Estado ideologia pela isso, Com as eram decorrentes donacionalismo empreendido As aspirações Novo doEstado também Brasil do A canção Aquarela Antes deiniciarmos nossa análise, é o samba de exaltação o aser passa Aquarela do Brasil do Aquarela , tornando-se modelar funcionam como (1939) de Ary (1939)deAry com a TEORIA E CULTURA 115 . O compositor compositor O . 6 Na primeira estrofe, a figura do mulato mulato a figura do estrofe, primeira Na letra nesta recorrentes marcas duas Outras Brasil! brasileiro Brasil Meu inzoneiro mulato Meu versos: meus nos cantar-te Vou dá que samba O Brasil, faz gingar que Bamboleio, amor do meu O Brasil Senhor de Nosso Terra Brasil! Brasil! mim! Pra mim! Pra da através seguintes, estrofes duas As O personagem principal da canção é o Brasil, Brasil, o é da canção principal personagem O de Gilberto Freyre. de Gilberto Freyre. & Senzala Casa Grande Juiz de Fora, v. 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. 2012 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. v. Juiz de Fora, se utiliza da redundância da expressão “Brasil- da expressão se da utiliza redundância de sua o nacionalismo reforçar para brasileiro” seus nos versos” cantar-te Em “vou música. representativos dos símbolos a anunciação ocorre suas em cena, entraram que da brasilidade e glorificadas serãocaracterísticas ressaltadas poema. deste versos nos tom um em introduzida é manhoso e sonso vimos como possível, e festejo, de ritualização pela da positivação trabalho, deste ao longo partir a étnico-cultural efetuada miscigenação de do setambém aproxima inzoneiro” O “mulato seu “Bamboleio, com malandro do arquétipo e malemolência revelando gingar”, faz que o que de caminhar, típico jeito no irreverência ideologiaa trabalhista Estado do contrariaria passado despercebido ter parece isto mas Novo, e Propaganda. de Imprensa pelo Departamento segundo Sérgio (sd, Cabral Em contrapartida, do Brasil associa que a imagem o verso p.180), pelo censurado foi e pandeiro” samba de à “terra a Ary contornar mas Barroso conseguiu DIP, situação. seja, ou nossa”, “coisa como é a ideia do samba ser terra e do país uma nacional produto como os laços entre abençoada Deus, por estreitando (2002, p.37), Soares Astréia e pátria. Para Igreja de Nosso é ‘terra amor’ do meu o ‘Brasil “se coloca- amor este a traição qualquer Senhor’, é aqui Deus, que com direto em choque me em compatriota”. transformado a música inicia-se este vocativo e ao longo daletra ao longo e vocativo inicia-se este a música vezes 21 aparece Brasil palavra a a cortina do passado abre Ô, do cerrado preta a mãe Tira congado no Bota congo o rei Brasil! Brasil! mim! Pra mim! Pra o europeia, branca a cultura tange que No A congada ou o congado também também o congado ou A congada compositor remete ao passado dos trovadores ao passado dos trovadores remete compositor O trovadorismo melancólicos. e de seus versos o século até século no surgiu XII e perdurou período Média, em que Idade em plena XV, formação de processo no estava Portugal da literária manifestação a primeira foi nacional, figura A seregistro. tem portuguesaque língua pode feminina ser associada que branca a dona real A corte baila pelos salões seu vestido. com período no sobretudo europeia, e a nobreza mencionado nesta parte da música refere-se a refere-se parte da nesta música mencionado de brasileira e religiosa cultural manifestação uma regiões em algumas africana celebrada influência Congos aos reis cortejos nos Inspirada do país. representa que dança é uma a congada africanos, de acompanhado do Congo, do rei a coroação e música, cavalgadas compassado, um cortejo do povo de agradecimento expressão é uma africana Com a diáspora aos seus governantes. recriada foi antropofagicamente, esta tradição, aos e o culto o catolicismo agregando Brasil no Senhora do Nossa São Benedito, como santos de congo” “rei o Efigênia. Logo Rosário e Santa Ary africana ancestralidade a Barroso registraria socialda formação brasileira. reverência ao passado, convocam os elementos elementos os convocam ao passado, reverência a fecundaram que e brancos afros culturais Ary exaltados. serem pátria para Barroso não A indígena. alguma cultura à faz referência preta” “mãe como é referida negra mulher “mãe A congo”. “rei como negro o homem e submissa sercaracterizada por maternal, preta” da oriundo é um arquétipo e conformada, eram em geral sociedade brasileira, escravocrata os cuidados dos assumiam que negras escravas Gilberto Segundo brancos. filhos dos senhores negra na cultura (2001), a influência Freyre gesto podebrasileira ser menor no sentida e privado convívio do decorrente cotidiano, cuidadores negros entre casa na grande intimista brancas. crianças e as e educadores 116 TEORIA E CULTURA Juiz de Fora, v. 7,n.1/2,p.103 a119,jan./dez. 2012 “se plantando, tudo dá”. doBrasil, omito funda dequea descoberta aqui Pero Vaz D. Rei aEl deCaminha Manuel sobre com de iniciada ufanismo acarta fertilidade da a natureza exuberante doterritório brasileiro. O este racial, democracia sambada também narra diante “confraternização” da dasraças. relegadossão aumplano menos importante e fatos como aescravidão eopreconceito racial Aquarela doBrasil há uma apologia àmestiçagem GrandeCasa &SenzalaFreyre, deGilberto em intelligentsia pela pátriatrabalhada da unidade da ideologia sintetizando miscigenação étnico-culturalea culturais fundadoras brasilidade da edosamba, antepassados afros elusos, ligaas duas matrizes parentesco eoutras. deamizade,de relações sociais deromance, de confraternização, propiciando oestreitamento as chamadaspalácios danças emfestas sociais de do Renascimento, praticavam dos nos salões Além da apologia da Além àmestiçagem edomito Pra mim!Pra mim! Brasil!Brasil! Terra deNosso Senhor. O Brasil domeu amor, Para omundo admirar. O Brasil, verde que dá olharDe indiscreto. moreninhaDa sestrosa egostosaBrasil, terraboa Deste aocitar Barroso modo, ospróprios Ary Pra mim!Pra mim! Brasil! Brasil! vestidoO seu rendado. Pelos arrastando salões, Quero ver SáDona caminhando Toda canção domeu amor. À merencória àluz lua da cantarDeixa denovo otrovador muitas; infinitas.maneiratal Em graciosa é assim osachávamos como Águas osdelá. são Douro-e-Minho, porque neste tempo d’agora etemperadosfrescos como osdeEntre- Contudo aterraemsiédemuito bons ares estadonovista. Assim como em maduro morena. pele eda Brasil élindo etrigueiro, cor ouda dotrigo seja, uma vez aapologia àmestiçagem éenfatizada, o de comer e beber, de aconchego. além E mais país, onde a fartura éreinante. Anatureza dá tropicais belezas do Brasil pelas éumpasseio do à natureza. As duas últimas estrofes deAquarela nacionalismo, oufanismo àpátriae eexaltação construção identidade discursiva da brasileira, o brasileiro:do modernismo preocupação com a geração doromantismo primeira eda geração marca onacionalismo. sua vertente mais também satírica, tem como geração domovimento mesmo a modernista, Murilo Mendes, entre outros. Aprimeira de Andrade, Carlos Drummond deAndrade, obras deste apartir texto como seminal, Oswald meio intertextualidade da paródia eda criaram principalmentepoetas, por osmodernistas, Nossa no teu vida, seio, mais amores”. Outros com ohino: “Nossos têm mais bosques vida/ compararmosBasta osdois últimos versos acima existe A Canção uma citação dopoema do Exílio. em 1909por Joaquim Osório Duque Estrada exaltação retomadoserá compositores pelos de samba de exprime oufanismo que fertilidade, da depois de Gonçalves DiasACanção do Exílio (1843) geração do romantismo brasileiro. Opoema país éum dosprincipais temas primeira da brasileira. natureza da A exaltação donosso marca dentro uma tradição toda literatura da O Na doHino letra Nacional Brasileiro (DIAS, 1846) Nossa mais vida amores. (...) Nossos têm mais bosques vida, Nossas várzeas têm mais flores, Nosso céutem mais estrelas, Não gorjeiam como lá. As aves que aqui gorjeiam, Onde canta oSabiá; Minha terra tem palmeiras, Este registro denascimento doBrasil samba de exaltação samba de 1500) por causa das águas que tem! (CAMINHA, que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; . se aproxima se primeira da 7 escrita escrita TEORIA E CULTURA 117 brasileira, brasileira, , em diversos , em diversos Brasil. Discursivamente, Discursivamente, Brasil. estadonovista, através da através estadonovista, intelligentsia . de forma direta, e a Rádio Nacional, e a Rádio direta, Nacional, . de forma O samba urbano carioca por localizar-se na na carioca localizar-se urbano por samba O duas de contribuiu samba o sentido, Neste A Juiz de Fora, v. 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. 2012 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. v. Juiz de Fora, sua máquina de propaganda, faz do rádio de propaganda, máquina sua com veículo de comunicação seu principal do Hora o programa brasileira, a população Brasil brasileira a identidade suturam indiretamente, que de seus programas do conteúdo meio por a a literatura, além de músicas, irradiavam, destacando nacionais, e a geografia história da a constituição para personagens principais colocando principalmente e, coletiva memória de dispersos milhares e conexão em sintonia a dessa forma, construindo, brasileiros, imaginada comunidade obra sua com sobretudo Gilberto Freyre, , cria de & Senzala condições Casa Grande experimentações identidade uma de e aceitação país. no mestiça diversos congregar e por federal do país capital a cultura representar como culturais, elementos e ser música uma negra, e a popular mestiça permitiria o que miscigenada, o sentimento e da branca da cultura de pertencimento foi musical; gênero deste médiaclasse dentro da identitária referência como nacionalizado e pelo de popularidade poderio, brasilidade pelo Estado Novo. incentivada do rádio, alcance sociais, o samba atores Com a ação de diversos tradição. como inventou-se a cultura integrar por primeiramente formas; e estabelecendo nacional, à cultura popular classes as os laços sociais entre reforçando e pobres mestiços, negros, nação; a e populares um tinham representacionais minorias outras Em e nacionalizado. traço reconhecido cultural regional da diversidade diante contrapartida, foram culturais manifestações outras país, do se não viram culturas silenciadas e outras em outros países. Atualmente existem cerca de cerca existem países. Atualmente em outros de Aquarela300 gravações do Brasil representação uma ao fazer Esta música idiomas. imaginada da comunidade auditiva só não e temático modelar cânone tornou-se de também como de sambas composições para musicais. gêneros outros Finais Considerações , com o , com 8 ) brasileira e o brasileira atingiu êxito internacional internacional êxito atingiu . Por meio da expressão “Brasil! “Brasil! da expressão meio . Por comunidade imaginada comunidade Segundo Severiano e Mello (1998, p.178), foi foi (1998, p.178), Segundo Severiano e Mello Sob os auspícios da Política da Boa Vizinhança, da Boa Vizinhança, da Política Sob os auspícios Esse coqueiro que dá coco, que Esse coqueiro a minha rede eu amarro Onde de luar. claras noites Nas Brasil! Brasil! mim! mim! Pra Pra murmurantes Ô! Estas fontes a minha sede eu mato Onde brincar. vem a lua E onde e trigueiro Ô! Esse lindo Brasil brasileiro, Brasil É o meu e pandeiro. de samba Terra Brasil! Brasil! mim! mim! Pra Pra 1939) (BARROSO, essa característica da formação ressaltar Ao a partir de então, popular no Brasil e no exterior, exterior, no e Brasil no popular partira então, de espécie uma como se consagraria canção esta que até de segundo da nacionalidade, nossa hino Nacional Hino próprio o com sendoconfundida título de e versos em inglês. De acordo De em inglês. acordo e versos de Brazil título o rádio e o Estado “se (2002, p.34), Soares com cabe a cidade, para do morro trazem o samba e a Ary de ‘casaca Barroso levá-lo ao mundo Walt pela dos filmes de porta americana cartola’, Disney”. ao iniciar sua carreira em Hollywood em 1943, em Hollywood carreira sua ao iniciar trilha na sonora Disney a incluiu Walt quando Amigos (Saludo Amigos do filme Alô Aquarela do Brasil próprio samba aparece como sendo nacional, sendo nacional, como aparece samba próprio da invenção sua momento este evidenciando comotradição vezes repetida várias mim”, Pra mim! Brasil!/Pra a evocação temos identidade de uma canção, na Esta identidade discursivamente. se constrói que de aquarela tinge que o narrador é necessária para e anunciada é constantemente ela a brasilidade, se falasse ele como falante, pelo sujeito reforçada si próprio. para social física, Ary e a paisagem brasileira Barroso de temos e o que faz um elogio à brasilidade por povos, a outros em relação “distintivo” da diferença. simbólica da marcação meio de todo utiliza um arcabouço O compositor desenhar para nacional da cultura referências a 118 TEORIA E CULTURA Juiz de Fora, v. 7,n.1/2,p.103 a119,jan./dez. 2012 O representadas dentro doprojeto que éanação. bn000100.pdf dominiopublico.gov.br/download/texto/ Cantos. 1846. Disponível em:http://www. DIAS, Gonçalves. ACanção do Exílio. Primeiros SESC-RJ, 2005. p.9-13. musicais(Org.). Raízes doBrasil. deJaneiro: Rio identidade musical. In: DREYFUS, Dominique CAZES, Henrique. 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Referências condição deprodução. tempomaterialidade deseu ideológica edesua e,todo consequentemente, consigo traz da traços sua narrativa eraendereçada anaçãocomo um de contribuir para sua nacionalização, que já locus samba de exaltação samba de discursivo identidade da nacional, além . Acesso em:09demaio de2011. . Acesso em:09demaio de fixao gênerosamba como popular. SãoPaulo: Annablume/Fumec, 2002. jeitos doBrasil: onacionalismo na música SOARES, Astréia. Outras conversas sobre os vol. 1:1901-1957.SãoPaulo: Editora 34,1997. canção no tempo: 85anos demúsicas brasileiras. SEVERIANO, Jairo; MELLO, Zuza Homem de. A UNICAMP, 1997. à afirmação do óbvio.Campinas: 3.ed. Editora da PÊCHEUX, uma crítica M.Semântica ediscurso: Nacional. SãoPaulo: Brasiliense, 2003. ORTIZ, Renato. Cultura Brasileira eIdentidade Paulo: Pontes, 1996. funcionamento: As formas dodiscurso. São ORLANDI, EniPuccinelli. Alinguagem eseu fevereiro/março 2006. 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Contudo, (1944) é outro filme (1944) é outro a Bahia? já foi Você Marcha Triunfal de Marcha o nome recebeu Brasil, de ano no hoje a cantamos só letra sua recebeu como 1909. países latino- fortalecer os laços com 8 Para a Política implementaram os EUA americanos, ideológicos era a um dos braços da BoaVizinha, essespaíses. sobre estadunidense cultural expansão equipe Disney e sua Walt sentido, neste atuar Para pela para viagem América Sul uma do realizaram Amigos de Alô a produção para material coletar de similares: temática desenhos com (1943) e outros paísese estes entre a confraternização demonstrar que filme cada de um. É neste daum pouco cultura Zé Carioca personagem que o emblemático surge da e estereótipos características algumas sintetiza a cachaça o samba, a malandragem, como brasilidade colorido, O filme é extremamente e a animação. flora e da fauna de cores aquarela para apelando brasileira. a apresentar objetivo como têm Disney que de Walt país o nosso para tanto brasileira e a música cultura os estadunidenses. para quanto Juiz de Fora, v. 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. 2012 7, n. 1/2, p. 103 a 119, jan./dez. v. Juiz de Fora, Adotaremos a abreviação AD para análise de análise AD para a abreviação Adotaremos parte na apenas ateremos nos análise, Em nossa discurso. 6 refrão seja, repetiremos ou não da composição, inédita de uma mais apareça que estrofe outra qualquer ou mais e concentrar nosso leitor o a fim de vez, poupar parte textual. na estudo foi Nacional do Hino (a parte instrumental) 7 A música os anos entre da Silva Manuel Francisco por composta da independência do a celebração de 1822 e 1823 para 1 Esta questão da pesquisa nossa 1 Esta é trabalhada questão também , soboutros Vianna Hermano peloantropólogo , utilizado Samba do O Mistério aspectos, em seu livro artigo. neste bibliografia referência como de Benedict (1989, p.14), 2 Conceito Anderson nacionais comunidades diferentes as segundodiz que série uma ou sistemas de significados, comportam se seus membros dos quais através de representação, ou definidapor naçãonão é concreta A identificam. um sentimento por é possível ela territorial, extensão um número por comungados imaginação e uma nacionais As comunidades de pessoas. significativo os até “porque imaginadas são politicamente conhecerão, pequena nação nunca da mais membros da falar maioria ouvirão e nunca encontrarão nunca ainda mas, nação, dessa mesma membros dos outros da sua a imagem de cada um existe mente na assim, 1989, p.14). (ANDERSON, comunhão” à referirmos nos para esta abreviação 3 Utilizaremos & Senzala Casa Grande de Gilbertoobra Freyre. organizava- sendo estatal, mesmo RádioA 4 Nacional, do governo emissoras das outras se de modo diferente e era tênue de propaganda da máquina e a atuação velado. 5 Notas BARROSO, Ary. Aquarela do Brasil. 1939. do Brasil. Aquarela Ary. BARROSO, em: http://letras.terra.com.br/ary- Disponível 2009. em: 5 nov. . Acesso barroso/163032/ Música: VIANNA, Hermano. O mistério do samba. Rio do samba. mistério O Hermano. VIANNA, 2007. Zahar Ed.UFRJ, Ed., Jorge de Janeiro: THOMPSON, E.P.. Costumes em Comum: Comum: em Costumes E.P.. THOMPSON, Tradicional. Popular Cultura a Sobre Estudos das Letras, 1998. Companhia São Paulo: SOUZA, Ricardo Luiz de. Identidade Nacional e Nacional Identidade de. Luiz SOUZA, Ricardo Sílvio entre O diálogo Brasileira. Modernidade Cascudo Câmara e da Cunha, Euclides Romero, 2007. Autêntica, Belo Horizonte: Gilberto Freyre. SODRÉ, Muniz. 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