42º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS SPG05 – Autonomias e projetos de descolonização na América Latina frente à ofensiva neoliberal Em território mapuche: petroleiras e cosmopolítica em Puel Mapu (Argentina) Karine L. Narahara1 1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Email:
[email protected]. Introdução Habitando uma parte do que hoje corresponde ao Chile e a Argentina, os Mapuche correspondem a uma das maiores populações indígenas da América Latina, com um contingente de ao menos um milhão e setecentas mil pessoas (UNICEF, 2009; INE, 2012; INDEC, 2012). Na Argentina, vivem especialmente na região da Patagônia, em sua maioria em áreas urbanas (INDEC, 2012, 2015). Antes das campanhas militares realizadas a partir das capitais Santiago e Buenos Aires, em meados do século XIX, os Mapuche detinham controle sobre um território2 que vai do oceano Atlântico ao oceano Pacífico, atravessando a cordilheira dos Andes. São estas ofensivas wigka3 que conformam os atuais espaços nacionais argentino e chileno. Conhecidas como Campanha do Deserto, na Argentina, e Pacificação da Araucanía, no Chile, elas puseram fim a uma resistência mapuche de praticamente trezentos anos (BENGOA, 1985). Em consonância com a ideia de um espaço plurinacional, o território habitado pelos Mapuche a leste da cordilheira é chamado Puel Mapu, enquanto o território a oeste da cordilheira é chamado de Gulu Mapu. Os Mapuche que vivem em Gulu Mapu são muitas vezes referidos como guluce, enquanto os que vivem em Puel Mapu são chamados de puelce, numa clara oposição ao uso das identidades chilena e argentina4. O que reverbera de maneira direta na mesma Wenu Foye, a bandeira mapuche, que se levanta tanto em Puel Mapu quanto em Gulu Mapu.