ISSN 1984-9354

GESTÃO E USO PÚBLICO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: UMA ANÁLISE INTEGRADA PARA O PARQUE NACIONAL DO ITATIAIA

Área temática: Gestão Ambiental & Sustentabilidade

Lucas Padoan [email protected] Erick Faria [email protected] Natália Ramos [email protected]

Resumo: O Parque Nacional do Itatiaia (PARNA do Itatiaia ou PNI) foi criado em 14 de janeiro de 1937, através do Decreto nº 1.713, situado nos estados de e , possuindo portarias de acesso em ambos os lados. Dessa forma, considerando as peculiaridades e atrativos do parque, pretende-se aqui nesse trabalho buscar um avanço para o entendimento acerca das relações uso-impacto. Realizamos também uma análise concisa da infraestrutura bem como sua capacidade de receber turistas/visitantes na UC, observando e refletindo acerca de pontos importantes no tocante a consequências advindas do uso público. Procuramos reforçar a ideia de que a visitação em unidades de conservação e educação ambiental tornam-se ferramentas imprescindíveis para auxiliar na proteção ambiental. Assim, objetivamos aqui identificar pontos que facilitem a tomada de decisão para a gestão e incentivar a visitação em áreas protegidas, destacando, sobretudo, sua importância em um contexto referente a conservação da biodiversidade.

Palavras-chaves: Unidades de Conservação; Parque Nacional do Itatiaia; Uso Público.

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1. INTRODUÇÃO

O Parque Nacional do Itatiaia (PARNA do Itatiaia ou PNI) foi criado em 14 de janeiro de 1937, através do Decreto nº 1.713, possuindo uma extensão territorial de aproximadamente 30.000 hectares. O limite territorial do parque abrange os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, possuindo portarias de acesso por ambos os lados (figura 01).

Figura 1 – Localização geográfica do Parque Nacional do Itatiaia. IBGE (2010)

As terras que hoje constituem o Parque Nacional do Itatiaia, segundo o Plano de Manejo (1982), pertenciam a Irineu Evangelista de Souza, conhecido como Conde de Mauá, sendo adquirida pela Fazenda Federal no ano de 1908. A ideia de transformar as terras em um Parque Nacional data de 1913, sugerido e aconselhado pelo botânico Alberto Lofgren, no entanto, apenas foi concretizado em 1937 pelo então presidente, Getúlio Vargas.

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Os Parques Nacionais, de maneira geral, são criados através de decretos federais específicos, promulgados exclusivamente pelo Presidente da República. No caso do PARNA do Itatiaia, ressaltamos sua importância devido ao fato de ser a primeira Unidade de Conservação (UC) legalmente estabelecida em território nacional, sendo considerada, assim, uma das unidades mais importantes sobre o contexto político da conservação ambiental no Brasil. Por ser um parque situado na região sudeste do país e localizado próximo à fronteira de três importantes estados, recebe um grande número de visitantes ao longo do ano. Um dos principais atrativos é a ascenção ao Pico das Agulhas Negras, considerado pelo IBGE (2012) o quinto pico mais alto em território brasileiro, possuindo uma altitude de 2.791,5 metros.

Objetivo Este trabalho busca um avanço para o entendimento acerca das relações uso-impacto, relacionados ao uso público no PNI. Entre os objetivos viu-se a necessidade de auxiliar na caracterização da área de estudo com informações ainda pouco dispostas para a comunidade acadêmica. Sendo assim este estudo procura também difundir informações importantes no que se refere a visitação, visando potencializar as experiências do visitante e a identificação de pontos importantes para a gestão do parque.

Materiais e métodos

Em um primeiro momento realizamos uma pesquisa documental com a finalidade de subsidiar informações e dados iniciais para a pesquisa. A descrição do local se deu por um trabalho de campo de caráter exploratório, onde fez-se observações paisagísticas do parque e seu entorno. Em caráter complementar de informações foi realizado também uma revisão bibliográfica sobre o assunto, afim de auxiliar na caracterização física ambiental do local de estudo. Para a análise de hipsometria e confecção de mapas, foi utilizado o software QGIS versão 2.8.1 e os arquivos de modelos digitais de elevação do IBGE na escala de 1:250.000. O mapeamento das grutas e caminhos foi realizado com o QGIS juntamente com a plataforma Open Street Map, retiradas com auxílio do Open Layers plugin e as informações plotadas no mapa da figura 3 são de seu acervo.

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Buscamos compreender e interpretar a paisagem como ferramenta importante para se relacionar com o uso público e as consequências advindas do mesmo, utilizando, sobretudo, um olhar crítico e integrado.

Discussão e resultados a) Dinâmica ambiental

O parque Nacional do Itatiaia está localizado sobre um embasamento cristalino de datação do pré- cambriano de rochas intrusivas alcalinas pertencente aos maciços de Itatiaia e Passa Quatro (SANTOS; ZIKAN, 2000). A região do parque é composta pelas unidades morfoestruturais da Serra do Mar, Planalto Sul de Minas, Serra da Mantiqueira e do Vale da Paraíba. É atribuída a este tipo de litologia a principal causa da elevada altitude da região após anos de exposição a agentes intempéries. O relevo da região é resultado de movimento de epirogenéticos que originou um sistema de falhas o que resultou em um sistema orográfico que denominamos de Serra da Mantiqueira. O maciço do Itatiaia que tem como ponto culminante as agulhas negras, foram formadas pelas rochas intrusivas que geraram um imenso bloco montanhoso (SANTOS; ZIKAN, 2000). Na área interna do parque é comum encontrar grandes afloramentos rochosos expostos com fraturas de diaclases presentes nos grandes blocos rochosos aflorados, o que, juntamente com outros fatores, nos permitem levantar a teoria que um processo de erosão intensa ocorreu na região do parque do Itatiaia, com destino a bacia do Resende. Relevos coluvionares na região são resultados deste processo que juntamente com processos de soerguimento e abatimento tectônico que vem atuando na região desde o fim do Cretáceo (SANTOS; ZIKAN, 2000) e os depósitos de vertentes concentrou-se na bacia do ribeirão das Flores (MODENESI, 1992). A figura 2 trata-se de um mapa hipsométrico da região do parque, que nos mostra como característica principal regiões em sua maioria acima dos mil metros de altitude. Na parte sudeste do mapa, na parte externa da região limítrofe do mapa, podemos ver, representado por cores esverdeadas que significam um relevo mais baixo a bacia do Resende. Ao centro do mapa, região mais alta do parque, é onde se faz presente as Agulhas Negras, podendo ser localizada em comparação ao mapa na figura 3.

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Figura 2. Mapa Hipsométrico do Parque nacional do Itatiaia. IBGE (2012)

O relevo dinâmico da região do parque culminou em grandes grupos de solos, sendo os solos dos grupos latossolo e litossolos o mais comum entre eles segundo (IBDF, 1982). As áreas mais altas, onde ocorreu um processo de sedimentação mais intenso, aflorando material litológico é a região onde encontra-se a maior parte dos solos do grupo litossolo. As regiões mais baixas, áreas de vales por exemplo, são as áreas mais propícias e mais comuns de encontrarmos os solos da classe dos latossolos. Por ser uma região com muitas rampas de colúvio, não podemos descartar a possibilidade de grandes incidências de solos da classe dos cambissolos, onde os materiais sedimentares se dão de forma irregular e ao fim do processo de sedimentação culminam em uma nova classe de solo, o que é muito comum nestas regiões. Por apresentar um clima – seguindo os padrões de Köppen – o clima da região é dividido em Cwb (mesotérmico com verão brando e estação chuvosa no verão) nas partes mais elevadas, e nas partes mais baixas é de Cpb (mesotérmico com verão brando sem estação seca), (SANTOS; ZIKAN, 2000) o acúmulo de material orgânico nos perfis de solo se dá de forma ativa na região, onde solos podozólicos com horizontes poucos espessos são encontrados na região.

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Figura 3. Mapa dos caminhos e trilhas do parque e a localização dos pontos turísticos Fonte: Open Sreet Map

A influência antrópica dificulta determinar com precisão a origem ou a classificação da flora primitiva, fazendo-se presente uma flora secundária homogeneizada. A flora homogênea encontrada no parque é resultado principalmente do histórico de queimadas na região (AXIMOFF; RODRIGUES, 2011) e em parte pelo seu contexto clima-geomorfológico. A história de exploração e destruição da mata atlântica nos remete a história de ocupação do Brasil desde o século XVI até os dias atuais, com sucessivos modos de ocupação e motivos para a destruição na vegetação nativa. A mata atlântica foi explorada pelos portugueses para a extração de madeira, sendo o pau-brasil a espécie mais extraída. Posteriormente, observou-se os ciclos de exploração de minerais no século XVII/XVIII e o café foi a principal fonte da economia brasileira durante décadas. A região sudeste foi uma das principais áreas de plantio do café e onde hoje encontra-se o Parque Nacional do Itatiaia não foi diferente. Vários fazendeiros desmataram o local para o plantio de café o que culminou no desmatamento das espécies nativas e fixação de fazendeiros ao redor do parque. Após a criação do parque em 1937 estes fazendeiros fazem-se presentes até os dias atuais e pela sua falta de cuidado e de

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consciência nas suas queimadas anuais, para substituição de pasto ou plantação, dá-se um histórico de sucessivos incêndios florestais na área do parque (AXIMOFF; RODRIGUES, 2011).

b) Uso público no Parque Nacional do Itatiaia

O uso público em unidades de conservação no Brasil vem se intensificando e, com isso, também traz implicações econômicas e pressões ambientais. Pode-se dizer que essas atividades de recreação ao ar livre ainda não são completamente difundidas e exploradas no Brasil, contudo, os apelos do ecoturismo e a visitação pública em UCs tem obtido um crescimento bastante significativo (BARROS, 2003). Quando nos referimos ao uso público no Parque Nacional do Itatiaia, estaremos analisando e estudando o planalto do Itatiaia, uma vez que o parque pode ser dividido em duas regiões: a parte baixa - situada no Rio de Janeiro com entrada pelo município de Itatiaia - e a parte alta - situada no estado de Minas Gerais com entrada pelo município de . O acesso ao parque pelo município de Itamonte ocorre através de um trecho de 18 km, não havendo transporte público para tal percurso, torna-se necessário a utilização de carro privado ou locação de condução com moradores locais. Na portaria do parque, o visitante é instruído a seguir para o abrigo Reboulças, situado a 3 km de distância da entrada, constituindo-se no único ponto de refúgio para visitantes no que se refere a parte alta do parque, um alojamento com capacidade para 10 pessoas mediante agendamento prévio. Nas proximidades, o parque disponibilizar duas áreas de camping com capacidade de suporte para 15 barracas.

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Figura 2. Portaria de acesso pelo município de Itatiaia. Foto: Prefeitura Municipal de Itatiaia.

Figura 3. Abrigo Reboulças. Foto: ICMBio Figura 4. Área de camping. Foto: Acervo próprio

O planalto do Itatiaia, segundo o ICMBio, apresenta quatro atrativos principais para os visitantes que chegam pelo município de Itamonte: Pico das Agulhas Negras; Maciço das Prateleiras; Cachoeira de Aiuruoca e Pedra do Altar.

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O Pico das Agulhas Negras está localizado a 2,5 km do abrigo e é um dos atrativos mais procurados no parque e oferece um grau de ascenção elevado, uma vez que torna-se preciso a utilização de equipamentos de escalada para a chegada ao topo. Existe a possibilidade de caminhar até a base do pico, no entanto, as autoridades do parque não recomendam prosseguir sem um guia, já que a probabilidade de se perder ou ocorrer algum acidente é bastante elevada.

Figura 5. Pico das Agulhas Negras. Foto: Acervo próprio

O maciço das Prateleiras, situado a um quilômetro e meio do abrigo Rebouças, é uma formação rochosa situada em meio a campos de altitude e possibilita uma vista para o Vale da Paraíba. É possível atingir o topo das Prateleiras estabelecido a 2.539 metros de altitude, porém, assim como no Pico das Agulhas negras, os guarda-parques não aconselham a escalada sem um guia, uma vez que o grau de dificuldade da ascenção também é considerado elevado.

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Figura 6. Maciço das Prateleiras. Foto: Acervo próprio.

Para os visitantes que buscam atividades de trekking, o parque oferece travessias de longa duração objetivadas em levar o visitante da parte alta a parte baixa, garantindo o acesso a todos os atrativos do PARNA Itatiaia. Segundo o IBAMA (2002), o parque é um dos mais visitados no país e por se configurar na primeira unidade de conservação e um atrativo turístico antigo, não é possível observar um crescimento acelerado de visitação ao longo dos anos, assim como destacado no gráfico de visitação por ano (gráfico 01).

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Gráfico 1. Visitação por ano na parte alta do PARNA do Itatiaia. Fonte: IBAMA (2002), adaptado por BARROS (2003).

O tempo de duração da visita também é um fator importante ao se analisar o tipo de uso público em uma unidade de conservação. Kinker (1999), comparou o tempo de permanência em três UCs distintas e constatou que o tempo de permanência é diretamente proporcional ao número de atrativos que a área protegida disponibiliza, assim como o grau de liberdade do visitante para livre movimentação. Partindo dessa análise, Barros (2003) analisou o tempo de permanência dos visitantes na parte alta do parque através de 605 questionários aplicados, constatando que a maior parte dos visitantes (30%), permanecem apenas uma noite no parque, fato este relacionado ao número de atrativos da parte alta da UC.

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Gráfico 2. Gráfico de permanência no PARNA do Itatiaia. Fonte: Barros (2003).

c) Gestão e educação ambiental

É comum a utilização de trilhas e travessias como mecanismo de fuga da realidade urbana e dinâmica, frequentemente observa-se a busca do ser humano por áreas naturais através de atividades turísticas. Siqueira (2004), infere que esse progressivo aumento de viagens para longe dos centros urbanos ocorre em função do estresse da vida moderna. Dessa maneira, destaca-se as unidades de conservação como polos receptores desses indivíduos que buscam um contato mais íntimo com o ambiente natural, ou mesmo apenas para atividades de lazer. Nesse sentido, inserimos o Parque Nacional do Caparaó pela sua variedade de atividades de recreação e uso público. Em decorrência do uso público em unidades de conservação em geral, coloca-se em voga dois cenários que podem facilmente se tornar conflitantes onde o primeiro, de caráter coletivo, visa a manutenção de processos ecossistêmicos essenciais e outro, de caráter privado, visa a exploração econômica da visitação (VALLEJO, 2013). Nesse sentido, surge um debate em um sentido de conciliar uma gestão eficiente, com a proteção e conservação da biodiversidade em áreas protegidas. O intenso uso de unidades de conservação para o uso público acaba gerando externalidades em função da sobre utilização, as quais são – e devem – ser observadas sobre uma ótica de avaliação dos impactos ambientais a fim de tentar minimizar os problemas gerados pelo contato com visitantes. Essa ideia é facilmente adaptável ao caso do Parque Nacional do Itatiaia, uma vez que observa-se um excelente treinamento da equipe em instruir o visitante, conduzindo-o da melhor maneira possível a exercer as atividades turísticas. Mesmo com essa preocupação com a forma que o parque é utilizado, a gestão não é capaz manter o controle sobre todos os visitantes dentro do parque. Um estudo realizado pela Magro & Vieira (2000) em três períodos de avaliação constatou que o maior problema relatado por usuários do porque foi a quantidade de lixo espalhado.

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Gráfico 3. Condições de saneamento avaliadas em três períodos distintos. Fonte: Magro & Vieira, 2000.

Nesse mesmo estudo, foi realizado uma pesquisa com a finalidade de identificar os problemas encontrados com comportamentos inadequados, onde foi verificado que pessoas em áreas proibidas configuraram em um dos problemas mais graves.

Gráfico 4. Condições de saneamento avaliadas em três períodos distintos. Fonte: Magro & Vieira, 2000.

A incidência de pessoas encontradas em áreas proibidas se refere a locais onde a entrada só é autorizada mediante aviso prévio na portaria, visto que em função da periculosidade do terreno caso haja algum acidente a equipe estaria pronta para agir. Apesar dessa nítida constatação de riscos advindos das atividades que proporcionam contato direto com o ambiente, percebe-se uma certa tendência no que diz respeito a mudança de hábitos, conscientização e responsabilização, além da valorização e significação do espaço (SANTOS, 2013).

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A visitação em unidades de conservação, quando bem instruída, leva a um indivíduo (ou família) a repensar em seus hábitos e tomar atitudes que prezem pela manutenção do parque. Nesse sentido, entendemos aqui que o ato de caminhar em ambientes naturais oferece a capacidade de buscar uma maior compreensão da paisagem e de sua forma de se organizar, facilitando as interpretações de suas inter-relações, potencializando a dinâmica de observação que acarreta, sem sombra de dúvidas, ao processo de reflexão e sensibilização com a necessidade de preservação ambiental (SAMPAIO & GUIMARÃES, 2009). Dessa forma, as unidades de conservação têm em mãos uma importante ferramenta para gerir, deve-se incentivar e induzir o visitante a caminhar em trilhas e realizar travessias.

Considerações finais

Pensamos no Parque Nacional do Itatiaia como uma importante área protegida capaz de oferecer atividades de uso público, a qual revela-se um instrumento adequada para auxiliar na conservação da biodiversidade, uma vez que promove a imersão do ser humano em uma diferente lógica de reprodução e induz a mudança de hábitos. O histórico de sucessivas queimadas na região, como abordado neste trabalho, é uma questão de suma importância onde, a preservação deste parque e seu potencial turístico não podem ser perdidos. Segundo Vallejo (2013), o planejamento ambiental e a conciliação com o uso público em áreas protegidas ainda carecem de pesquisas e discussões que visem a consolidação dessa temática. De fato, um dos maiores desafios enfrentados hoje pela humanidade é conseguir compatibilizar as necessidades humanas com a conservação ambiental. Identificamos aqui pontos de extrema importância a serem levados para a discussão pela gestão do parque. Torna-se preciso estar sempre atento as questões levantadas aqui sobre o uso público e suas consequências. Deve-se lembrar que, apesar dos impactos, é de suma importância para a conscientização ambiental que haja grande incentivo para a visitação pública em unidades de conservação. Assim, devemos destacar que o uso público em UCs contribuem para o fortalecimento dos processos de educação ambiental, que segundo Sauvé (2005) deixa de ser apenas uma “forma” de se fazer educação, mas sim de uma dimensão essencial da educação fundamental que diz respeito a um grupo de interações que está na base do desenvolvimento pessoal e social.

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É importante que mais pesquisas relacionadas ao tema sejam realizadas no Brasil objetivando esta compreensão entre os impactos ocasionados do uso público e os comportamentos dos usuários destes espaços. É de suma importância a elaboração de programas educacionais visando a promoção de uma consciência ecológica sobre estas áreas e os demais espaços públicos naturais.

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