Queer De Música Eletrônica Em Berlim
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS GIBRAN TEIXEIRA BRAGA “O fervo e a luta”: políticas do corpo e do prazer em festas de São Paulo e Berlim São Paulo 2018 GIBRAN TEIXEIRA BRAGA “O fervo e a luta”: políticas do corpo e do prazer em festas de São Paulo e Berlim Versão corrigida Tese apresentada à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas como requisito parcial para obtenção do título de doutor em Antropologia So- cial. Orientador: Prof. Dr. Julio Assis Simões São Paulo 2018 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio conven- cional ou eletrônico, para fins de estudo ou pesquisa, desde que citada a fonte. BRAGA, Gibran Teixeira. “O fervo e a luta”: políticas do corpo e do prazer em festas de São Paulo e Berlim. 2018. 292f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. Aprovado em: ____/_____/____________. Banca Examinadora Prof(a). Dr(a).________________________________________________________________ Instituição_________________________________Julgamento________________________ Prof(a). Dr(a).________________________________________________________________ Instituição_________________________________Julgamento________________________ Prof(a). Dr(a).________________________________________________________________ Instituição_________________________________Julgamento________________________ Prof(a). Dr(a).________________________________________________________________ Instituição_________________________________Julgamento________________________ Prof(a). Dr(a).________________________________________________________________ Instituição_________________________________Julgamento________________________ A todas as pessoas que já se perderam e se acharam em uma pista de dança. Nos bailes, eu era uma das mais alegres e cheias de energia. Uma noite, um primo de Sasha, um garoto jovem, me puxou de lado. Com uma ex- pressão grave, como se fosse anunciar a morte de um companheiro que- rido, ele sussurrou que não convinha a uma agitadora ficar dançando. Com certeza não convinha com um tal abandono. Não era uma atitude digna para quem estava para se tornar uma força no movimento anar- quista. Minha futilidade apenas mancharia a causa. Fiquei furiosa com a interferência sem pudor do garoto. Falei para ele cuidar da própria vida e disse que estava cansada de jogarem a causa toda hora na minha cara. Eu não acreditava que uma causa que defende um ideal tão lindo, o anarquismo, a liberdade e emancipação das convenções e do precon- ceito exigisse a negação da vida e da alegria. [...] Se fosse isso, eu não o queria. Eu quero a liberdade, o direito à livre-expressão, o direito de todos às coisas bonitas e radiantes! Emma Goldmann Agradecimentos Agradeço à Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), por ter financiado esta pesquisa (Processo n° 2013/04891-7), bem como pela concessão de uma Bolsa de Estágio em Pesquisa no Exterior (Processo n° 2014/25319-2), o que possibilitou a inclusão de Berlim como um dos campos do doutorado. Meu muito obrigado à minha família, meus pais e irmãos, que sempre me apoiaram, acreditaram em mim e nunca me pressionaram por uma vida ou carreira mais “normais”. O apoio dos professores e colegas foi fundamental para a realização deste trabalho. Gos- taria de agradecer a meu orientador Julio Simões, por ter confiado tanto em mim, pelo talento, tranquilidade e suporte durante estes anos todos. Aos demais professores da banca, a quem ad- miro muito: Laura Moutinho, muito obrigado pelo carinho e por tanto aprendizado, desde meu primeiro semestre na USP, passando pelas conversas informais, encontros em São Paulo, em Princeton, e em outros cantos; pela leitura generosa na qualificação e pela presença sempre reconfortante. À amiga Isadora Lins França, uma das maiores referências, obrigado por desbra- var o campo. Carolina Branco e Jorge Cabelo, vocês são exemplos do profissional que quero ser. Aos colegas de NUMAS, minha geração de loucos nestes tempos turbulentos. Come- çando pelas gurls, núcleo de parceiros indispensáveis: Pedro Lopes, “secretária executiva”, sua eficiência e apoio são para agradecer de joelhos! Natália Lago, diva, como não amar... Laís Higa, linda e sabe viver, arrasa muito. Lauren Zeytounlian, nossa querida representante campi- neira, tamo junto! Renata Guedes Mourão Macedo, Marcela Betti, Marisol Marini, Bia Accioly Lins, Luiza Ferreira Lima, Isabela Venturoza, talentosas e cheias de personalidade! Meus “irmãos” de orientação Gustavo Saggese, Bruno César Barbosa, Ramon Reis, parabéns pelos doutorados! Vitor Grunvald, obrigado pelo apoio e constante diálogo! A todos os colegas de NUMAS, ve- teranos e calouros, vocês são parte de uma coisa linda! Às professoras do núcleo Heloísa Buar- que de Almeida e Lilia Schwarcz, a quem acompanhei como monitor e aluno, obrigado por tantos ensinamentos! Regina Facchini, além de referência no campo, seu curso na UNICAMP foi fundamental em minha formação. Maria Elvira Diaz-Benitez, a quem sempre admirei, foi um prazer indes- critível receber sua leitura tão calorosa já no finalzinho deste processo! Agradeço também ao professor Sérgio Costa, que me recebeu na Freie Universität em Berlim, tornando possível este sonho que tanto me fez crescer. Kaciano Gadelha, obrigado pelo contato e por tudo o mais! Renata Motta, obrigado pela oportunidade de publicar sobre Berlim pela primeira vez! Às minhas clubbers queridas de Berlim - são tantas que não caberiam em um capítulo inteiro. Destaco a irmã de alma James Doyle, que salvou minha vida de um jeito que jamais esquecerei. Mauro Feola, a mal-humorada mais querida da ponte São Paulo-Berlim! Adriana, Marie, Mareike, minhas companheiras internacionais! Aos interlocutores e amigos André, Ca- mila, Geovane, German, Joca, Lea, Niklas, Odessa, Raquel, Rodolfo, Samantha, e Thomas, obrigado por tudo: danke schön! A quem abriu suas casas para mim e Marcio na cidade: Lea, Ralf, e Stefano, valeu pelo teto! Vivi, outra salvadora de vidas, sempre disposta a ajudar, te amo! Alô, resistência clubber paulistana! Meu beijo especial para os interlocutores: Amanda Mussi, princesa das gays! Andrea Gram, rainha do underground de todos os tempos! Dudx e Érica, parabéns pelo talento e obrigado! Meninos da Tenda, Guilherme Falcão e Tiago Guinesss, vocês são referência de festa! Joana Franco, uma guerreira da cena! Thi Roberto, você é o pro- dutor de festa que todas, inclusive eu, querem copiar! Eu e Marcio fizemos uma família clubber, que amamos e defenderemos: a “trouxinha” Yuri Rios, a “draminha” Humberto Carvalho, nosso gaytero favorito Danilo Espeleta, a caçula Juliana Lelis e a “prima do interior” Vitor Mattos. Às companheiras de Pista Coletiva que dão o sangue para abrilhantar essa cena: Uibirá Barelli, Leandro Cunha, Anna Operman, Xampy. Não poderia deixar de agradecer também ao DJ da boate Elite, cujo nome não me re- cordo, mas que vive em minha memória porque foi o primeiro a despertar meus ouvidos para a boa música eletrônica, lá em 2001, na minha cidade natal Cabo Frio. A meu ex-namorado e amigo Antonio Kvalo, com quem aprendi tanto sobre música e tantas outras belezas... A todas as clubbers com quem dancei, chorei, reclamei, descansei, fiz esquenta, corre, after, tudo. Vocês arrasam! Banco muito o estar no mundo que vocês encampam; viva o prazer- processo! Foram inestimáveis para a finalização desta tese vários momentos passados no sítio Santana, na cidade de Caieiras, verdadeiro refúgio onde pude mergulhar na escrita, recuando do turbilhão que tem sido a cena de São Paulo. O mais importante a gente deixa para o final: Marcio Zamboni, não apenas meu com- panheiro de vida, como a pessoa que eu mais admiro e amo no mundo. Sua presença do meu lado é fundamental nessa jornada de fervo e luta. Te quero sempre comigo! BRAGA, G. T. “O fervo e a luta”: políticas do corpo e do prazer em festas de São Paulo e Berlim. 2018. 292f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. RESUMO: O objetivo desta pesquisa é apresentar duas cenas de festas de música eletrônica underground, uma na cidade de São Paulo e outra em Berlim. Estas festas são frequentadas por um público diverso em termos de sexualidade, majoritariamente oriundo da classe média: DJs, músicos e produtores das festas, além de estudantes universitários, artistas e profissionais da área da co- municação (design, publicidade, audiovisual, entre outras áreas). As festas reúnem pessoas para dançar e ouvir música, consumir drogas lícitas e ilícitas e sociabilizar. São ambientes férteis para experimentos estéticos e sensoriais, e proporcionam espaço para vivência de práticas eró- tico-afetivas variadas, além de contarem frequentemente com performances artísticas que le- vantam questões sobre corpos fora dos padrões, gênero, sexualidade, raça e classe. Em São Paulo, parte da cena é composta por festas de rua, que suscitam debates sobre o espaço público, acompanhando certas discussões da militância urbana contemporânea. A outra parte é composta por festas realizadas em espaços alternativos a clubes, como bares, galpões, fábricas, estacio- namentos. Em Berlim, a visibilidade e o crescente turismo da noite têm tensionado a polaridade underground/mainstream e a busca pelo equilíbrio entre a abertura da cena e a manutenção de espaços seguros. A cultura de prazer, êxtase e liberdade propiciada pelas festas aproxima as