III EPAC - Encontro Paranaense de Computação ISSN:1981-8653

Apresentando o software de editoração gráfica para ambiente profissional

Jéfer Benedett Dörr1

1UNIPAN – União Pan-Americana de Ensino Avenida Brasil, 7210 - Centro - Cascavel - PR - Brasil [email protected]

Resumo. Este artigo apresenta uma alternativa livre aos softwares de , a editoração eletrônica. Será apresentado o Scribus, alternativa aos programas comerciais mais usados para editoração eletrônica e avaliado se ele tem maturidade para ser utilizado em ambiente gráfico profissional e se não, o que este faltando para isto.

1. Introdução O mercado gráfico, no setor de editoração gráfica, sempre foi dominado pelos softwares proprietários. É através programas de diagramação que se finaliza um projeto gráfico e a comunidade Open Source um grande representante que é o Scribus, uma alternativa livre aos softwares proprietários e caros que será brevemente apresentado e avaliado neste artigo. Ele será uma alternativa inicial a uma migração completa para um ambiente em software livre, faz-se necessária a apresentação do software também em ambiente Windows por este sistema ainda ser o mais usado no ambiente gráfico devido aos softwares utilizados.

2. Editoração Eletrônica Editoração eletrônica, (acrônimo DTP, vindo do inglês Desktop Publishing), também chamada diagramação, é a edição de publicações desde o seu lay-out, passando pela edição de texto, até a separação de cores, com o auxílio do computador para páginas da web, jornais, revistas, folhetos, posters, catálogos e elementos gráficos. [2]. A DTP tem a finalidade de informar e ilustrar informações sobre produtos e serviços de forma atrativa e organizada. O fluxo de trabalho na DTP profissional é o de digitar os textos, tratar e editar as imagens, criar as ilustrações, diagramar todos os elementos do impresso, fechar o arquivo e finalizar a arte. Diagramar significa posicionar, nas páginas a serem impressas, todos os componentes do projeto, como blocos de texto, imagens e ilustrações, além dos

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elementos que vão servir na hora de acabamento como aparar bordas e dobrar os cadernos, por exemplo.

2.1. Histórico Uma peça importante para o princípio da DTP foi da Apple, em 1984 um dos primeiros a oferecer uma GUI (graphical user interface). Possibilitando trabalhar com os softwares de forma gráfica, sendo mais interativo, pois permitia clicar com o mouse em áreas específicas do monitor. Em Julho de 1985 foi lançado pela Aldus o programa Aldus PageMaker v1.0 para o recém aparecido Apple Macintosh que juntamente com a impressora LaserWriter da Apple Computer foi uma grande evolução para a DTP, permitindo a diagramação de forma eletrônica e com isto muito mais fácil, rápida e a custos substancialmente mais baixos. Tanto o Macintosh, figura 1 (a), como o software PageMaker baseavam-se na Adobe PostScript (page description language). A impressora que primeiro integrou PostScript foi o Apple LaserWriter, vista na figura 1 (b). [1] E posteriormente modificada para o uso em monitores. Postscript é uma linguagem originalmente de programação especializada para visualização de informações, uma linguagem de descrição de páginas. A linguagem fornece comandos específicos para o desenho de letras e figuras, incluindo comandos de traçado e formas de representação de imagens, o seu uso no Pagemaker e na LaserWriter alavancou o desenvolvimento da DTP. [2], [3]. A Apple vinha numa época de dificuldades, o lançamento da LaserWriter, figura 1 (b), a primeira impressora PostScript, com resolução de 300 dpi e velocidade de 8 páginas por minuto. Esta solução conjunta foi um sucesso e fez do Macintosh o equipamento ideal para editoração de baixo custo [4], [5].

(b) Apple LaserWriter II (a) Macintosh da Apple - 1984 Figura 1. Equipamento para editoração de baixo custo.

3. Softwares Comerciais Os softwares comerciais mais usados profissionalmente para DTP são apresentados abaixo:

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3.1. Adobe PageMaker O Adobe® PageMaker® está na sua versão 7.0, é um programa de layout de páginas pioneiro desenvolvido pela Adobe1. Em 1985 teve seu lançamento, produzido pela empresa Aldus, em 1995 foi comprado pela Adobe. Programa que fez grande sucesso por ser prático e um dos primeiros, hoje apresenta-se descontinuado no desenvolvimento mas a Adobe continua prestando suporte. A Figura 2 (a) mostra a janela principal do Pagemaker e a figura 2 (b) caixa do produto. A Adobe ainda oferece como alternativa aos clientes da versão atual do PageMaker uma atualização para o Adobe InDesign® CS4 por um preço especial.

(b) Caixa do produto PageMaker

(a) Janela principal - Pagemaker Figura 2. Pagemaker

3.2. Adobe Indesign Adobe Indesign é o substituto do PageMarker. Hoje junto com os programas como Photoshop e Illustrator também da Adobe, formam as principais ferramentas de trabalho utilizadas por agências de publicidade, editoras de jornais e revistas, indústrias de embalagens, departamentos de marketing e afins. [14] A figura 3 (a) mostra a janela principal do Indesign e a figura 3 (b) caixa do produto.

1 Adobe Systems é uma empresa norte-americana fundada em 1982, responsável por programas como Flash, Shockwave, Photoshop, Illustrator, Premiere, InDesign, Dreamweaver entre outros.

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(b) Caixa do produto Indesign

(a) Janela principal do Indesign Figura 3. Indesign

3.3. QuarkXPress O QuarkXPress surgiu em 1987 para o Machintosh e em 1992 lançou uma versão para a arquitetura do personal computer (PC). Chegou a ter a maior parte do mercado de software de editoração durante os anos 90, quando então a Adobe lançou o Indesign. Atualmente na sua versão 8, é largamente usado por revistas, jornais, agências de propaganda, gráficas, publicações corporativas, catálogos, editoras de livros e outras.

(b) Caixa do produdo QuarkXpress (a) Janela principal do QuarXpress Figura 4. QuarkXPress

3.4. Ventura Desenvolvido pela Ventura Software, teve sua primeira versão em 1986. No ano de 1993 foi adquirido pela Corporation2. Com mais de 20 anos no mercado, esteve

2 A Corel Corporation é uma empresa canadense, fundada em 1985 responsável pelo CorelVentura além de programas como CorelDraw, CorelPhotoPaint....

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os últimos anos sem receber atualização. Atualmente o Corel Ventura está sua versão 10. O Corel Ventura é o software responsável pela diagramação do maior dicionário da língua portuguesa, o Houassis. A maioria dos profissionais que fazem a editoração de bíblias utilizam o Ventura. [9]

3.5. Programas Não Específicos Utilizados Para DTP Os softwares acima eram softwares específicos para DTP, no entanto existem outros programas não específicos que são também usados para o serviço. Por exemplo: • Corel Draw: é um programa de desenho vetorial bidimensional para design gráfico desenvolvido pela Corel Corporation lançado em 1988. A Suíte de Aplicativos Gráficos Corel Draw® X4 é muito utilizada para criar logotipos, desenhos profissionais, anúncios, sendo utilizado como ferramenta de DTP para pequenas edições e folders. • : é um processador de texto produzido pela Microsoft que alguns utilizam como ferramenta de DTP. Foi criado por Richard Brodie para computadores IBM PC com o sistema operacional DOS em 1983.

4. Scribus O Scribus teve sua primeira versão lançada em 2003 e é uma alternativa livre aos softwares de DTP comerciais. O Scribus tem todas as ferramentas necessárias para produzir catálogos, livros, revistas e toda a variedade de produtos gráficos. Seu fechamento de arquivo em Portable Document Format (PDF). A vantagem do PDF é que ele tem a mesma aparência dos documentos originais e preserva as informações dos arquivos de origem independentemente do aplicativo utilizado para criá-lo, o que é ótimo para o setor gráfico. [6]

4.1. Licença O Scribus é um software totalmente livre e sem custos, está licenciado sob a GNU General Public License (Licença Pública Geral), também chamada apenas de GPL, idealizada por Richard Stallman no final da década de 1980. A GPL define 4 liberdades para o software: executar o programa para qualquer propósito acessar o código fonte, estudar como o programa funciona e adaptá-lo para as suas necessidades, redistribuir cópias e aperfeiçoá-lo. [7]

4.2. Instalação O Scribus é um software multiplataforma, com suporte para GNU/Linux, Unix, Mac OS X, OS/2 e Windows, o que aumenta ainda mais a possibilidade de seu uso. Ele carrega consigo a licença GPL para todas as estas plataformas.

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Os arquivos do Scribus estão disponíveis no site SourceForge.net3, a instalação demonstrada em duas diferentes distribuições GNU/Linux e no sistema operacional Windows por ser largamente utilizado no setor gráfico.

4.2. 1. Windows Antes de instalar o Scribus no Windows, faz-se necessário instalar o Ghostscript4, disponível no sourceforge no link5. Para instalar o Scribus no é necessário fazer o download da instalação, disponível no link do sourgeforge6. Em seguida executar o arquivo e aceitar sua licença GPL.

4.2. 2. GNU/Linux Para instalar o Scribus nas distribuições baseadas no GNU/Linux Red Hat, pode-se utilizar o YUM7, como demonstrado na Tabela 1, ou utlizando o pacote RPM8 como demonstrado na Tabela 2.

Ação Comando Instalando com o YUM #yum install scribus

Tabela 1. YUM – Instalando Scribus

Ação Comando Baixando o pacote RPM # wget http://download.opensuse.org/repositories/ho me:/mrdocs/Fedora_10/i386/scribus- 1.3.3.13-.8.1.i386.rpm Instalando # rpm -ivh scribus-1.1.6-14.i586.rpm

Tabela 2. RPM – Instalando Scribus

3 SourceForge.net é um site que hospeda projetos open source, oferecendo aos desenvolvedores forma de controlar e manter o desenvolvimento, além de atuar como um repositório de código fonte e disponibilizar os programas. 4 O Ghostscript, atualmente na sua versão 8.60, é um utilitário para interpretar a linguagem PostScript, necessária ao funcionamento do Scribus. 5 http://sourceforge.net/project/downloading.php? group_id=1897&filename=gs864w32.exe&a=71110046 6 http://sourceforge.net/project/showfiles.php? group_id=125235&package_id=136924&release_id=387567 7 Yum é uma ferramenta utilizada para gerenciar a instalação e remoção de pacotes em distribuições Linux, que utilizam o sistema RPM. 8 RPM é um gerenciador de pacotes que permite ao administrador instalar, remover e obter informações sobre pacotes nas distribuições GNU/Linux da família Red Hat.

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Para instalar o Scribus na distribuição GNU/Linux Debian, existe a possibilidade de instalar via APT9, como na Tabela 3, ou compilando os fontes do programa, como demostrado na Tabela 4. Ação Comando Instalando com o APT #apt-get install scribus

Tabela 3. APT – Instalando Scribus

Ação Comando Atualizando a lista de $ sudo apt-get update && apt-get install pacotes e instalar suas libart-2.0-dev libqt3-headers libqt**3-mt-dev dependências libxml2 libxml2-dev libtiff4 libtiff4-de Baixando o fonte do $ wget programa compactado http://sourceforge.net/project/downloading.ph p?group_id=125235&filename=scribus- 1.3.3.13.tar.bz2&a=38103324 $ sudo apt-get update && apt-get install libart-2.0-dev libqt3-headers libqt**3-mt-dev libxml2 libxml2-dev libtiff4 libtiff4-de descompactando $ tar -xjvf scribus.tar.bz2 Acessando pasta $ cd scribus Configurando $ ./configure Instalação Compilando e $ make && make install instalando Tabela 4. Compilando – Instalando Scribus

4.3. Acessando o Scribus Depois de instalado, para abrir o Scribus em ambos ambientes GNU/Linux, basta digitar no console de linha de comando o nome do programa “scribus” ou acessar o menu Aplicativos em seguida Gráficos e dentro deste estará o Scribus. No Windows podemos dar acessar no menu Iniciar, todos os programas e clicar no ícone do Scribus, ou na área de trabalho se for pedido para criar um atalho durante a instalação. A figura 6 mostra a janela principal do Scribus.

9 APT é um gerenciador de pacotes para a família Debian GNU/Linux.

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Figura 6: Janela principal do Scribus

Como um bom exemplo de uso prático e profissional do Scribus, existe a revista do Projeto Fedora Brasil [11], onde inclusive pode-se encontrar um convite a diagramadores que saibam trabalhar com o Scribus, Figura 7.

Figura 7: Convite para diagramador Scribus

4.4. Scribus X Concorrentes Como se pode perceber, é grande a semelhança entre a interface gráfica dos programas específicos de DTP apresentados, alem disso suas funcionalidades e formas de trabalho também se assemelham. O Scribus é um software mais recente, 6 anos de lançamento contra a experiência de mais de 20 anos de seus concorrentes proprietários. Ele pode ainda não ter toda maturidade e facilidades de uso dos seus concorrentes, porém já demonstra ser um software que atende todas as necessidades para seu uso no ambiente profissional de diagramação e editoração eletrônica em qualquer área que for necessária. Inclusive, foi o primeiro software de DTP a usar o PDF/X310, usado para gerar arquivos PDF de alta qualidade, destinados à impressão, de acordo com as normas ISO11, antes mesmo da própria Adobe, criadora do padrão PDF. Isto demonstra que a equipe de desenvolvimento está ativa e interessada em um produto de código aberto de qualidade e que está em constante evolução.

10 PDF/X3 é uma norma oficial isso, a ISO 15930-6. 11 ISO - Organização Internacional para Padronização.

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A documentação [10] e wiki [12] do projeto Scribus são bastante ricas em conteúdo, sendo uma boa fonte para aprender e evoluir no uso da ferramenta, além de encontrar na comunidade que usa um apoio para tirar dúvidas e aprender coisas novas. Ele também suporta CMYK12, usado nas gráficas ao gerar arquivos, PDF e possuem muitas ferramentas de desenho, incluindo o suporte a arquivos em SVG13, que podem ser incluídos diretamente no documento e modificados dentro do próprio Scribus, sem necessidade de ficar importando e exportando para outros programas. O Scribus ainda oferece suporte e interação com mysql, phyton e javascript mostrando que não é apenas um simples programa de editoração e sim uma ferramenta bastante avançada. No Scribus não existe ocorrência de vírus, ausência de valores de compra e venda, atualizações gratuitas e a comunidade de usuários participa da aprendizagem da utilização do programa.

5. Conclusão O software se mostra uma ferramenta interessante para ser usada profissionalmente. Exige uma dedicação inicial maior e um tempo de adaptação a nova ferramenta no caso de uma migração. O problema na consolidação do Scribus comercialmente é que grandes empresas editoriais já têm um legado grande de documentos e conhecimento produzidos com os outros sistemas. No mercado competitivo, pequenos detalhes podem fazer a diferença. Então a fato do software ser livre agrega vantagens interessantes. Por exemplo, uma empresa ao invés de ter gasto com os custos das licenças destes softwares, tem valores elevados, pode investir em um funcionário que saiba trabalhar com ferramentas livres, podendo pagar até o dobro do salário de um diagramador, sendo vantajoso para ambos, pois o diagramador estará recebendo o dobro do salário e a empresa não estará gastando dinheiro com as licenças de todos os softwares necessários. Tendo assim um custo menor e um funcionário melhor remunerado.

Referências [1] Heitlinger, Paulo. DTP Desktop Publishing (1985). Disponível em: . Acesso em 10/05/2009. [2] Falleiros, Dario Pimentel. O Mundo Gráfico da Informática. São Paulo:Ed. Futura, 2003. [3] Weingartner, Peter. (2006) “A First Guide to PostScript”. Disponível em: . Acesso em 10/05/2009. [4] Linzmayer, Owen. Apple confidential 2.0: the definitive history of the world's most colorful company. pg.159. Ed. No Starch Press, 2004 In: Google Books. Disponível em: . Acesso em 10/05/2009. [5] Pfiffner, Pamela. Inside the publishing Revolution - The Adobe Story. ed. Peachpit Press. California – EUA, 2003. p.33-39.

12 Sistema de cores formado por Ciano (Cyan), Magenta (Magenta), Amarelo (Yellow) e Preto (Black). 13 SVG ( Scalable Vectorial Graphics) ou gráficos vetoriais escaláveis. Usado em desenhos vetoriais.

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[6] Adobe Systems Incorporated. “Adobe e PDF”. Disponível em: .Acesso em 10/05/2009. [7] Foundation (2007). “GNU GENERAL PUBLIC LICENSE - Version 3, 29 June 2007”. Disponível em: .Acesso em 10/05/2009. [8] “Adobe® Creative Suite®”. Disponível em: .Acesso em 10/05/2009. [9] “Corel Corporation”. Disponível em: .Acesso em 10/05/2009. [10] “Scribus Open Source Desktop Publishing - Online Documentation” . Disponível em: . Acesso em 03/05/2009. [11] “Revista Fedora Brasil”. Disponível em: . Acesso em 10/05/2009. [12] “Scribus Public Wiki”. Disponível em: . Acesso em 10/05/2009. [13] Microsoft Corporation, 2009 - “Word Homepage - Microsoft Office Online”. Disponível em: . Acesso em 10/05/2009. [14] Adobe Systems Incorporated Disponível em: . Acesso em 10/05/2009.

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