UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DOUTORADO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL

DANUSA ANDRADE

A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E A NOTÍCIA COMO UM PRODUTO À VENDA: UM ESTUDO DO JORNAL FOLHA DE S.PAULO

SÃO BERNARDO DO CAMPO

2021 2

DANUSA ANDRADE

A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E A NOTÍCIA COMO UM PRODUTO À VENDA: UM ESTUDO DO JORNAL FOLHA DE S.PAULO

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), área de concentração “Processos comunicacionais” e linha de pesquisa “Comunicação midiática, processos e práticas socioculturais”, como exigência para a obtenção do título de Doutora em Comunicação Social.

Orientação: Prof. Dr. Dimas A. Künsch

SÃO BERNARDO DO CAMPO 2021 3

FICHA CATALOGRÁFICA

An24e Andrade, Danusa A evolução tecnológica e a notícia como um produto à venda: um estudo do jornal Folha de S.Paulo / Danusa Andrade. 2021. 325 p.

Tese (Doutorado em Comunicação Social) --Diretoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2021. Orientação de: Dimas A. Künsch.

1. Folha de S.Paulo (Jornal) – Estudo de caso 2. Comunicação e tecnologia 3. Novas tecnologias (Jornalismo) 4. Jornais – Inovações tecnológicas 5. Modelos de negócios I. Título. CDD 302.2322

4

A tese de doutorado intitulada: A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E A NOTÍCIA COMO UM PRODUTO À VENDA: UM ESTUDO DO JORNAL FOLHA DE S.PAULO, elaborada por DANUSA ANDRADE, foi apresentada e aprovada em ______, perante banca examinadora composta por Prof. Dr. Dimas A. Künsch (Orientador e Presidente da Banca Examinadora/Umesp), Prof. Dr. Mateus Yuri Passos (Umesp), Prof. Dr. Ivan Paganotti (Umesp), Profa. Dra. Cicélia Pincer Batista (ESPM) e Profa. Dra. Janaína Capobianco.

PROF. DR. DIMAS A. KÜNSCH Orientador e Presidente da Banca Examinadora

PROF. DR. VANDER CASAQUI Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social

Programa: Pós-Graduação em Comunicação Social

Área de Concentração: Processos Comunicacionais

Linha de Pesquisa: Comunicação midiática, processos e práticas socioculturais 5

Dedico à minha mãe, Antonia, ao meu marido, Andrade Neto, e à minha filha, Nicole. 6

AGRADECIMENTOS

Uma pesquisa desta natureza não se faz do dia para a noite. Como a água do rio que percorre um longo caminho até desaguar no mar, este estudo teve uma trajetória extensa, cheia de desafios, que começou há 20 anos, na graduação em Jornalismo, na Unifev, em Votuporanga (SP), minha cidade natal. Um estudo como este também não se constrói a partir do empreendimento individual, sendo as sinalizações aqui apontadas resultado de um esforço conjunto, cristalizado no suporte oferecido generosamente por professores, colegas, amigos e familiares.

Neste momento, eu dedico os meus agradecimentos àqueles que me apoiaram desde os primeiros passos desta jornada, como Silvia Cuenca Stipp, na graduação. O que eu entendo por jornalismo, ética e compromisso com a informação, aprendi com ela.

No início da década de 2010, quando eu ingressei em uma pós-graduação na Unitoledo (Araçatuba-SP), recebi o apoio da querida e competente Karenine Cunha, que me deu o suporte necessário para o início das atividades acadêmicas. Menciono aqui, nesse mesmo período, a ajuda dos queridos Ana Maria e Pedro Rauber, que pacientemente me ensinaram o beabá da produção científica. Lembro-me, também desta mesma época, das contribuições de um amigo da família, Euclides Reuter de Oliveira, que bondosamente corrigiu alguns textos meus, apontando falhas e potencialidades. Roberto Ferreira Filho, considerado um irmão pelo meu marido e um grande amigo por mim, também me auxiliou, especialmente na compreensão de um projeto de pesquisa.

Ao ingressar no Mestrado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), tive o privilégio de aprender com professores brilhantes. E, para a minha sorte, a minha memória guarda os ensinamentos adquiridos nessa etapa. Registro aqui os meus agradecimentos ao meu então orientador, Prof. Dr. Mario Luiz Fernandes, e aos professores: Profa. Dra. Márcia Gomes, Profa. Dra Maria Luceli Batistore, Prof. Dr Geraldo Vicente Martins, Profa. Dra Sônia Virgínia Moreira, Prof. Dr. Josenildo Guerra. A Profa. Dra Thaís Fenelon foi quem me incentivou a seguir o caminho para o Doutorado e dividiu comigo a sua boa experiência na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp). O Prof. Dr. Marcos Paulo da Silva, também paulista, de Lençóis Paulista, revelou-se uma figura de extrema generosidade. Apoiou-me desde o percurso no Mestrado e seguiu ajudando-me de múltiplas formas no Doutorado, tornando-se um grande amigo.

No Doutorado, senti-me novamente privilegiada pela oportunidade de incorporar as contribuições de grandes nomes do campo da Comunicação brasileira. Registro meus agradecimentos aos seguintes professores: Profa. Dra. Cicilia Peruzzo, Prof. Dr. Daniel Galindo, Prof. Dr. Luciano Satler, Prof. Dr. José Salvador Faro e o Prof. Dr. Sebastião Squirra, que me orientou até o seu desligamento da Universidade.

Agradeço também aos amigos e aos colegas de profissão, que me apoiaram nesta trajetória. Registro a ajuda e o apoio de Janaína Capobianco, Krishma Carreira, do casal Angela Correa e Rafael Gonçalves, de Rogério Andrade, de Reinaldo Cirilo, de Flávio Agneli Mesquita e de Ricardo Alvarenga.

7

Agradeço imensamente à Profa. Dra. Cicélia Pincer Batista e ao Prof. Dr. Mateus Yuri Passos pelas irretocáveis contribuições na Banca de Qualificação deste trabalho, oferecendo caminhos, observações e indicações de grande valia para esta investigação.

À Jaqueline Florentino, revisora deste trabalho, que possui genuíno talento e que atua com brilhantismo em tudo o que se dispõe a fazer, o meu muito obrigada!

Agradeço a bolsa de estudos concedida pela Capes, que representou apoio fundamental aos meus estudos no doutorado.

Dedico um registro especial ao meu orientador, Prof. Dr. Dimas Künsch, referência brasileira do método da Compreensão, que possui riquíssima experiência em orientações de dissertações e de teses, e que, para mim, beira a genialidade, com uma bagagem frutífera de conhecimentos. Encorajador, ele soube olhar com carinho para o meu projeto, e forneceu o melhor direcionamento que ele poderia receber. Foi, neste período de orientação, um amigo querido, mas, acima de tudo, um grande orientador, exigindo de mim o que ele entendia que eu poderia alcançar.

Aos amigos Rose Freitas e Hudson Gomes, que acompanham alguns dos momentos mais importantes da minha vida, o meu apertado abraço e eterno agradecimento. Também dedico o meu carinho e a minha gratidão à querida Lívia Junqueira, sinônimo de disciplina e dedicação, pela valiosa ajuda.

Agradeço à minha cunhada Manuela Moraes Junqueira de Andrade, aos meus irmãos Danilo Augusto de Santana Siqueira e Daniela C. de Santana Siqueira e aos meus sogros, Simone Andrade e Olavo Junqueira de Andrade, pelo apoio e incentivo.

Ao meu marido, Andrade Neto, e à minha mãe, Antonia C. de Santana, eu rendo os meus mais profundos agradecimentos pelo suporte, dedicação e apoio incondicional e imensurável durante esse percurso. Sem vocês eu não teria conseguido.

Por fim, agradeço a nossa cerejinha do bolo, minha amada filha Nicole Santana Junqueira de Andrade, que acompanhou a minha trajetória no doutorado da forma mais próxima possível. Primeiro, durante a gestação, no ano de 2017, quando eu frequentava as aulas, e depois, acompanhando-me no trabalho no computador, no meu colo, muitas vezes. Ela agora, com quase 3 anos, às vésperas de Natal, me revelou o que gostaria de ganhar do Papai Noel: aprender a trabalhar. Já valeu o esforço! 8

RESUMO

A partir do método da Hermenêutica de Profundidade, como formulado por J. B. Thompson e com o suporte da pesquisa bibliográfica, análise documental e análise de discurso, investiga- se como a Folha de S.Paulo se comporta no cenário contemporâneo de transformações do jornalismo a partir da incorporação de aparatos tecnológicos, o que significa, em resumo, tentar identificar como essa empresa busca um modelo de negócio, enquanto produtora da notícia, no universo da cultura digital. De modo específico, a pesquisa estuda como o tema e esse cenário se deixam representar no mundo da pesquisa; verifica formas alternativas de produção de notícias no Brasil dentro desse mesmo cenário de transformações, e aprofunda o tema das recentes alterações no jornalismo sob o prisma da tecnologia. Diante das alterações vividas pela atividade jornalística e a partir das práticas da Folha, o estudo questiona: como as empresas jornalísticas buscam respostas para as transformações que atravessam o setor a partir das inovações tecnológicas, sobretudo, após o surgimento da internet, de modo que a informação possa continuar sendo oferecida por elas como um produto no mercado da comunicação? São três os pressupostos, ou hipóteses de trabalho: 1) a adesão da Folha às mudanças nesse mercado pode representar um indicativo de que o jornal, seguindo tendências mundiais, abandone em um futuro próximo a produção impressa para dedicar-se apenas à comercialização de notícias no mundo digital; 2) as grandes organizações jornalísticas brasileiras, que incorporaram o modelo norte-americano de produção de notícia, deverão seguir as tendências do setor, como a da automação da produção de notícia; 3) nesse ambiente de efervescência tecnológica, iniciativas jornalísticas alternativas conquistam um nicho de mercado emergente, às vezes na contramão dos processos convencionais. O estudo se realiza em três grandes etapas: 1) Descreve os contornos do fenômeno da emergência de novas percepções, iniciativas e projetos empresariais jornalísticos; 2) traça um panorama geral sobre o olhar do pesquisador brasileiro a respeito desses fenômenos, a partir do estudo da produção científica de duas das mais prestigiadas entidades acadêmicas brasileiras, a Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós) e a Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor); 3) estuda o caso da Folha de S.Paulo, que é reconhecidamente um jornal de expressão nacional, pioneiro em várias de suas inovações. Entre as principais referências consultadas, encontram-se Luciana Mielniczuk, Poliana Ferrari, Josias de Souza, Cremilda Medina, Janaína Capobianco, Raquel Recuero, Ramón Salaverría, Edson D´Almonte, Jürgen Habermas e Alex Primo, para o tema da presença do jornalismo na sociedade e das mudanças que a atividade atravessa no momento, a partir do prisma tecnológico; a pesquisa também se ampara nas contribuições de Marcos Palacios, Alexandre Lenzi, Ismael Nafría, Isabela de Souza Gonçalves e Caio Túlio Costa, sobre os modelos de negócio das organizações jornalísticas no cenário digital. O principal resultado esperado, além do reforço às pesquisas que vêm sendo desenvolvidas na área da comunicação e do jornalismo sobre o tema, é o de contribuir para um entendimento dos modos como o jornalismo se faz e refaz na contemporaneidade, em suas relações com o direito do cidadão à informação, com a esfera pública e com a democracia.

Palavras-chave: Comunicação. Jornalismo. Tecnologia. Modelo de negócio. Folha de S.Paulo. 9

ABSTRACT

Based on the method of Depth Hermeneutics, as formulated by J.B. Thompson and with the support of bibliographic research, document analysis and discourse analysis, it is investigated how Folha de S. Paulo behaves in the contemporary scenario of changes in journalism from the incorporation of technological devices, which means, in short, trying to identify how this company seeks a business model, as a news producer, in the universe of digital culture. Specifically, the research studies how the theme and this scenario are represented in the world of research; it verifies alternative forms of news production in within this same scenario of transformations, and deepens the theme of recent changes in journalism from the perspective of technology. In view of the changes experienced by journalistic activity and based on Folha's practices, the study asks: how journalistic companies seek answers to the transformations that are going through the sector based on technological innovations, especially after the emergence of the internet, so that information can it continue to be offered by them as a product in the communication market? There are three assumptions, or hypotheses of work: 1) Folha's adherence to changes in this market may represent an indication that the newspaper, following global trends, will abandon printed production in the near future to dedicate itself only to the commercialization of news in the digital world; 2) the large Brazilian journalistic organizations, which incorporated the North American news production model, should follow the trends in the sector, such as the automation of news production; 3) in this environment of technological effervescence, alternative journalistic initiatives conquer an emerging market niche, sometimes against conventional processes.The study is carried out in three major stages: 1) It describes the contours of the phenomenon of the emergence of new perceptions, initiatives and journalistic business projects; 2) provides an overview of the Brazilian researcher's view of these phenomena, based on the study of the scientific production of two of the most prestigious Brazilian academic entities, the National Association of Postgraduate Programs in Communication (Compós) and Society Brazilian Journalism Researchers (SBPJor); 3) studies the case of Folha de S.Paulo, which is recognized as a national newspaper, a pioneer in several of its innovations. Among the main references consulted are Luciana Mielniczuk, Poliana Ferrari, Josias de Souza, Cremilda Medina, Janaína Capobianco, Raquel Recuero, Ramón Salaverría, Edson D´Almonte, Jürgen Habermas and Alex Primo, for the theme of the presence of journalism in society and the changes that the activity is going through at the moment, from a technological perspective; the research is also supported by the contributions of Marcos Palacios, Alexandre Lenzi, Ismael Nafría, Isabela de Souza Gonçalves and Caio Túlio Costa on the business models of journalistic organizations in the digital scenario. The main expected result, in addition to reinforcing the research that has been developed in the area of communication and journalism on the subject, is to contribute to an understanding of the ways in which journalism is made and remakes in contemporary times, in its relations with the law from citizens to information, with the public sphere and with democracy.

Keywords: Communication. Journalism. Technology. Business model. Folha de S.Paulo. 10

RESÚMEN

A partir del método de la Hermenéutica Profunda, formulado por J.B. Thompson y con el apoyo de la investigación bibliográfica, el análisis documental y el análisis del discurso, se investiga cómo se comporta Folha de S. Paulo en el escenario contemporáneo de cambios en el periodismo a partir de la incorporación de la tecnología. dispositivos, lo que significa, en definitiva, intentar identificar cómo esta empresa busca un modelo de negocio, como productora de noticias, en el universo de la cultura digital. En concreto, la investigación estudia cómo la temática y este escenario se representan en el mundo de la investigación; verifica formas alternativas de producción de noticias en Brasil dentro de este mismo escenario de transformaciones, y profundiza el tema de los cambios recientes en el periodismo desde la perspectiva de la tecnología. Ante los cambios experimentados por la actividad periodística y con base en las prácticas de Folha, el estudio se pregunta: ¿cómo buscan las empresas periodísticas respuestas a las transformaciones que está atravesando el sector en base a las innovaciones tecnológicas, especialmente tras el surgimiento de internet, para que la información ¿Pueden seguir ofreciéndolo como producto en el mercado de la comunicación? Hay tres supuestos, o hipótesis de trabajo: 1) La adhesión de Folha a los cambios en este mercado puede representar un indicio de que el periódico, siguiendo las tendencias globales, abandonará la producción impresa en un futuro próximo para dedicarse únicamente a la comercialización de noticias en el mundo digital; 2) las grandes organizaciones periodísticas brasileñas, que incorporaron el modelo de producción de noticias norteamericano, deben seguir las tendencias del sector, como la automatización de la producción de noticias; 3) en este entorno de efervescencia tecnológica, las iniciativas periodísticas alternativas conquistan un nicho de mercado emergente, a veces frente a procesos convencionales. El estudio se desarrolla en tres grandes etapas: 1) Describe los contornos del fenómeno del surgimiento de nuevas percepciones, iniciativas y proyectos empresariales periodísticos; 2) ofrece un panorama de la visión del investigador brasileño sobre estos fenómenos, a partir del estudio de la producción científica de dos de las más prestigiosas entidades académicas brasileñas, la Asociación Nacional de Postgrados en Comunicación (Compós) y la Sociedad Brasileña de Investigadores de Periodismo (SBPJor); 3) estudia el caso de Folha de S.Paulo, que es reconocido como un periódico nacional, pionero en varias de sus innovaciones. Entre las principales referencias consultadas se encuentran Luciana Mielniczuk, Poliana Ferrari, Josias de Souza, Cremilda Medina, Janaína Capobianco, Raquel Recuero, Ramón Salaverría, Edson D´Almonte, Jürgen Habermas y Alex Primo, por el tema de la presencia del periodismo en la sociedad y los cambios que está atravesando la actividad en este momento, desde una perspectiva tecnológica; la investigación también cuenta con las aportaciones de Marcos Palacios, Alexandre Lenzi, Ismael Nafría, Isabela de Souza Gonçalves y Caio Túlio Costa sobre los modelos de negocio de las organizaciones periodísticas en el escenario digital. El principal resultado esperado, además de reforzar la investigación que se ha desarrollado en el área de la comunicación y el periodismo sobre el tema, es contribuir a la comprensión de las formas en que se hace y rehace el periodismo en la época contemporánea, en su relaciones con la ley de la ciudadanía a la información, con la esfera pública y con la democracia.

Palabra clave: Comunicación. Periodismo. Tecnología. Modelo de negocio. Folha de S.Paulo.

11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Capa da edição de 18 de dezembro de 2020 da Folha de S.Paulo ...... 157 Figura 2 – Página inicial do site da Folha de S.Paulo em 18/12/2020, a partir de smartphone ...... 169 Figura 3 – Barra principal de assuntos contemplados pelo conteúdo do jornal ...... 171

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – núcleos temáticos identificados nas pesquisas selecionadas na Compós e na SBPJor na última década ...... 83 Tabela 2 – Núcleos temáticos ano a ano na Compós e na SBPJor ...... 85 Tabela 3 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2011 ...... 87 Tabela 4 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2012 ...... 88 Tabela 5 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2013 ...... 89 Tabela 6 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2014 ...... 90 Tabela 7 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2015 ...... 91 Tabela 8 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2016 ...... 92 Tabela 9 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2017 ...... 93 Tabela 10 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2018 ...... 94 Tabela 11 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2019 ...... 95 Tabela 12 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2020 ...... 96 Tabela 13 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2012 e suas palavras-chave ...... 99 Tabela 14 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2013 e suas palavras-chave ...... 101 Tabela 15 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2014 e suas palavras-chave ...... 104 Tabela 16 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2015 e suas palavras-chave ...... 106 Tabela 17 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2016 e suas palavras-chave ...... 108 Tabela 18 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2017 e suas palavras-chave ...... 111 Tabela 19 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2018 e suas palavras-chave ...... 115 Tabela 20 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2019 e suas palavras-chave ...... 118 Tabela 21 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2020 e suas palavras-chave ...... 121

13

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Práticas atuais de produção e disseminação de informação no jornalismo ...... 29 Quadro 2 – Características comuns às cinco mídias digitais ...... 48 Quadro 3 – Características gerais das mídias estudadas ...... 57 Quadro 4 – Características gerais das soluções para o jornalismo digital ...... 69 Quadro 5 – Características gerais dos 7 modelos de negócio para o jornalismo ...... 72 Quadro 6 – Síntese dos principais acontecimentos e ações ligadas às incorporações tecnológicas da Folha de S.Paulo nos primeiros 80 anos do jornal ...... 144 Quadro 7 – Ano e título dos sete projetos editoriais da Folha ...... 148 Quadro 8 – Hospedagem e desempenho da Folha, O Globo e Estadão no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube ...... 179 Quadro 9 – Análise do Discurso dos depoimentos dos representantes da Folha ...... 189 Quadro 10 – Passagem do objeto discursivo para a formação discursiva da Análise de Discurso de representantes da Folha ...... 197 Quadro 11 – Passagem do objeto discursivo para a formação discursiva da Análise de Discurso de representante da Folha ...... 200 Quadro 12 – Modelo de negócio da Folha em 2020 ...... 201

14

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...... 15 O FENÔMENO DAS MUDANÇAS NO JORNALISMO E A BUSCA DE SAÍDAS PELAS ORGANIZAÇÕES ...... 28 1.1 Panorama das alterações do jornalismo na contemporaneidade ...... 31 1.2 Nova esfera pública: novos atores, novas experiências e a força do jornalismo local ...... 43 1.2.1 Nova esfera do jornalismo ...... 43 1.2.2 Novos atores e suas audiências ...... 46 1.2.3 Iniciativas no jornalismo nativo digital ...... 47 1.2.4 A retomada do jornalismo local pelas organizações ...... 58 1.3 A busca de saídas pelas organizações jornalísticas ...... 64 1.3.1 O modelo do New York Times ...... 66 1.3.2 Projetos, intuições e saídas possíveis ...... 67 O OLHAR DO PESQUISADOR BRASILEIRO ...... 74 2.1 Um panorama dos textos da Compós e da SBPJor ...... 81 2.2 Nível de verificação geral ...... 82 2.3 Nível das palavras-chave ...... 86 2.4 Nível analítico de amostragem ...... 128 2.5 O que a pesquisa brasileira sinaliza ...... 137 UM ESTUDO DA FOLHA DE S.PAULO SOB O ÂNGULO DA TECNOLOGIA E DA GERAÇÃO DE NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO ...... 140 3.1 Um panorama da história da Folha de S.Paulo ...... 142 3.1.1 Breve história da Folha a partir de inovações tecnológicas ...... 142 3.1.2 O compromisso público do Projeto Folha ...... 148 3.2 Check-up da Folha de S.Paulo ...... 156 3.2.1 A Folha de S.Paulo na versão impressa ...... 156 3.2.2 O retrato do site da Folha ...... 169 3.2.3 A Folha nas redes sociais...... 178 3.3 A notícia como um produto à venda com o suporte da tecnologia ...... 181 3.3.1 O discurso da Folha no documentário O Jornal do futuro ...... 181 3.3.2 O discurso da Folha na discussão sobre o futuro do jornalismo a partir dos encontros realizados pelo jornal ...... 191 3.3.3 O atual modelo de negócio da Folha ...... 201 3.4 As práticas da Folha pelo enfoque da Hermenêutica de Profundidade ...... 206 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 210 REFERÊNCIAS ...... 217 APÊNDICE A ...... 230 APÊNDICE B ...... 249 15

INTRODUÇÃO

Uma das tendências dos estudos atuais do campo comunicacional é a investigação de fenômenos emergentes que incidem sobre o cotidiano dos seres humanos e que se refletem nos contextos social, político e cultural da sociedade onde estão inseridos. A atividade jornalística, que transita por significativas alterações desde os seus primórdios, como fenômeno da chamada Modernidade, sempre recebeu atenção especial da ciência que acompanhou, como nenhuma outra, a chegada do jornal, do rádio, da televisão e da internet. Neste momento de nossa História, por razões que esta tese pretende deixar claras, expressivo número de pesquisadores se debruça a investigar como as inovações tecnológicas alteram, transformam e redefinem os formatos do jornalismo e as suas formas de comercialização na contemporaneidade. Antes de abarcar o objeto desta pesquisa, é imperioso traçar os seus contornos. Um dos braços – e talvez também as pernas – desse desenho se refere à tecnologia, que atua como protagonista das mudanças sofridas pelo jornalismo, e integra um complexo contexto. Em A realidade complexa da tecnologia, Alberto Cupani defende que a própria definição de tecnologia, em um breve olhar na bibliografia filosófica, não é apenas plural, como em alguns casos aparentemente desvinculada. Ele compreende que essa desconcertante multiplicidade de caracterizações é, por si só, um sinal da complexidade da tecnologia. Alberto Cupani considera que a questão se complica ao repararmos que, pressuposto o grau de instrução, todas as pessoas sabem o que significa a tecnologia. Todo mundo pode, se não defini-la, indicar um objeto tecnológico. Porém, alguns dirão que um telescópio é um objeto tecnológico, mas um par de óculos, não. Médicos, engenheiros e militares podem estar certos de usar com regularidade recursos tecnológicos, ao passo que outros, como os artistas, padres e políticos, poderão alegar que não o fazem, se esquecendo que tintas, instrumentos musicais e a eletricidade que ilumina os templos são produtos tecnológicos. O autor nos conclama a buscar a tecnologia não apenas no âmbito dos objetos, mas também das atividades humanas. A tecnologia representa um dos principais pontos da obra de Michael Zimmerman Confronto de Heidegger com a modernidade-tecnologia, política e arte. O autor discute como Martin Heidegger interpretou e avaliou a tecnologia moderna. De acordo com Zimmerman, para Heidegger, a tecnologia possui três significados inter-relacionados: primeiro, as técnicas, 16

os instrumentos, sistemas e processos de produção normalmente associados ao industrialismo; depois, a visão do mundo racionalista, científica, mercantilista, utilitarista, geralmente associada à modernidade; e, por fim, o contemporâneo modo de compreender e de revelar as coisas, o qual torna possível tanto os processos de produção industrial, como a visão modernista do globo. Adotando como significado mais importante de tecnologia moderna o da revelação contemporânea das coisas como matéria-prima, Zimmerman sinaliza que Heidegger sustentava que as atividades humanas não são na sua maior parte autorreferenciais e auto- geradoras, mas guiadas e moldadas pela interação histórica da linguagem e dos conceitos, que está fora do controle humano, pois essa interação conceitual-linguística determina as categorias que moldam as possibilidades de conhecimento e de ação em épocas específicas. É fato que a humanidade sempre recorreu a aparatos tecnológicos para finalidades comunicacionais. De acordo com Antonio Costela, em seu clássico Comunicação: do grito ao satélite, depois do grito, do gesto, da linguagem e da fala, o homem passou a reproduzir cenas em desenhos. Também criou, a partir da tecnologia que dispunha, a pictografia, a escrita e a fixação do conhecimento em substrato material. Da mesma forma, o jornalismo incorporou, desde a sua fase embrionária, ferramentas tecnológicas que foram fundamentais para o seu desenvolvimento. O jornal impresso, que surgiu por volta do ano de 1600, bebeu da fonte tecnológica, usufruindo do advento da máquina tipográfica inventada na Europa em meados do século XV. Depois da invenção da eletricidade, do fio elétrico, do telégrafo, dos cabos submarinos, do telefone, em 1876, do telégrafo sem fio, surgiram o rádio, em 1920 e a televisão em 1927, com as demonstrações públicas da Bell Telephone Company. Essas inovações abriram a passagem para o surgimento da comunicação via satélite, do computador e da internet, que surgiu no final da década de 1950, a partir de projetos desenvolvidos por agências do Departamento de Defesa Americano. Pierry Lévy, um dos pesquisadores contemporâneos que discute a questão das tecnologias da comunicação com propriedade, sustenta, em sua obra Cibercultura, que a principal revolução na comunicação planetária surgiu entre 1990 e 1997 a partir de uma pequena equipe de pesquisadores do CERN, em Genebra, Suíça, que desenvolveu a World Wide Web. Ele reconhece que foi o movimento da cibercultura – definido pelo autor como o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores – que fez da web o sucesso atual, propagando um dispositivo de comunicação e de representação que correspondia a suas formas de operar. 17

Walter Teixeira Lima Júnior, em “Big Data, jornalismo computacional e data journalism: estrutura, pensamento e prática profissional na web de dados”, recorda que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC´s) produziram profundas alterações nos últimos 60 anos em todos os segmentos da sociedade organizada. O artefato tecnológico que impulsionou esse campo foi a criação da máquina computacional, que abriu portas para a Ciência da Computação. A evolução desse domínio possibilitou o barateamento do custo de produção das máquinas computacionais, embarcadas por computadores, celulares e outros dispositivos móveis. Dando seguimento aos contornos de nosso objeto, a pesquisa considera o início da digitalização das redações e como se deu esse processo no Brasil. Em sua obra Características e implicações do jornalismo na Web, Luciana Mielniczuk, uma das expoentes dos estudos sobre o jornalismo no mundo digital no Brasil, resgata que a internet passou a ser empregada, de forma expressiva, para atender finalidades jornalísticas, a partir da utilização comercial, que coincide com o desenvolvimento da web, no início dos anos 1990. Outra importante pesquisadora deste segmento no país, que também acompanhou os primeiros passos do jornalismo no ambiente digital, Poliana Ferrari recorda, em Jornalismo digital, que, no Brasil, o primeiro site jornalístico brasileiro foi o do Jornal do Brasil, criado em 1995, 26 anos depois da concepção da internet, nos Estados Unidos. Luciana Mielniczuk identifica as seguintes fases do jornalismo digital no Brasil: em um primeiro momento, os produtos oferecidos eram reproduções de partes dos grandes veículos impressos, que passavam a ocupar espaço na internet. Nas primeiras experiências realizadas, o que era chamado de online não passava da transposição de matérias em uma atualização a cada 24 horas. E em alguns casos, como o do O Estado de S.Paulo, era disponibilizado também o conteúdo de alguns cadernos. Uma segunda tendência nas iniciativas para o jornalismo online foi favorecida pelo aperfeiçoamento e desenvolvimento da estrutura técnica da internet, quando, atreladas ao modelo do impresso, começam a surgir experiências na tentativa de explorar as características específicas oferecidas pela rede. Mas o cenário começou a se alterar com o surgimento de iniciativas empresariais e editoriais destinadas à internet, com sítios jornalísticos que ultrapassaram a ideia de uma versão para a web de um jornal impresso existente. Um dos primeiros exemplos desse modelo foi a fusão entre a Microsoft e a NBC, em 1996. Caio Túlio Costa, que representa um dos nomes mais expressivos da Folha de S.Paulo, sobretudo no processo de digitalização do jornal, pontua, em Um modelo de negócio para o jornalismo digital: como os jornais devem abraçar a tecnologia, as redes sociais e os 18

serviços de valor adicionado, que um dos efeitos mais disruptivos da internet foi o de combinar modelos de meios e de comunicação em um único canal. A emergência das novas mídias deu a todo mundo mais liberdade, e o poder de tornar a informação pública saiu das mãos dos profissionais e instituições da imprensa. Agora, qualquer indivíduo, qualquer instituição, qualquer organização tem, em certo sentido, poder da mídia. Ao dar um passo para trás na história, podemos compreender em que circunstâncias o ambiente digital foi introduzido nas organizações jornalísticas. Em uma célebre crítica sobre a televisão, TV em questão, o jornalista Josias de Souza, que trabalhou na Folha por 25 anos, anunciou os equívocos cometidos pelas corporações jornalísticas na década de 1990: difundiram a tese de que a adesão do Brasil ao consenso liberal era prenúncio de prosperidade e acreditaram no devaneio. Josias de Souza retrata a configuração daquela época. De acordo com o autor, crente na bonança, a indústria da informação traçou planos expansionistas. Contraiu empréstimos em dólar e plantou em seus balanços encrencas milionárias. Vítima de si mesma, a mídia virou notícia ao atravessar uma crise sem precedentes, talvez a maior dos últimos 50 anos, conforme o autor. Com o destino atado a um iminente socorro financeiro do BNDES, a maioria das empresas de comunicação ficou distante de suas certezas. Para Josias de Souza, o jornalismo limitou-se a reproduzir, de modo acrítico, a atmosfera de oba-oba e contemplação em que se processou o debate econômico. Josias de Souza também expôs como a imprensa estava lidando com a chegada do digital. Naquele momento, o poder decisório migrava da esfera pública para a arena privada, numa velocidade que os meios de comunicação não conseguiam acompanhar. Para o autor, houve um tempo em que o Brasil era governado por três Poderes: Exército, Marinha e Aeronáutica. Num processo iniciado sob o comando de José Sarney, tonificado por Fernando Collor, consolidado sob Fernando Henrique Cardoso e mantido por Lula, quando ocupavam a Presidência, o país passou a ser comandado pelo poder monocrático do mercado, sem rosto e disperso, que pode estar num gabinete de Washington, numa corretora de Nova York, ou num escritório da avenida Paulista. Ainda segundo Josias Souza, o Poder Executivo perdia a primazia regulatória e limitava-se a chancelar decisões ditadas de fora. O Poder Legislativo virava peça de ornamento. A dissecação desse fenômeno compreendia, naquele momento, o maior desafio da imprensa. A comercialização da internet no Brasil é contemporânea do Plano Real, em torno de 1994 e 1995. A Profa. Dra. Cicélia Pincer Batista, que compôs a banca de Qualificação deste trabalho, considerou, na oportunidade, a relevância de se pensar nesse fato, porque, para as 19

empresas jornalísticas, essa relação tem importância. A crítica formulada por Josias de Souza considera que, para investir na sua informatização, processo que já tinha iniciado em 1990, as empresas brasileiras contraíram altas dívidas. E, com a comercialização da internet, o processo de informatização se intensificou com a criação da www, considerado o segundo momento da informatização das redações no Brasil. Como lembrou na ocasião Cicélia Pincer, essas empresas investiram na modernização da tecnologia de produção e contraíram dívidas em dólares. Num primeiro momento, havia paridade do dólar com o real. Em 1997, veio a primeira crise e, em 1999, surgiu a crise mais profunda do real. A crítica de Josias de Souza considera que as empresas não apenas defenderam, apoiaram e foram porta-vozes do plano real, como também acreditaram e foram vítimas dessa paridade do dólar, em um processo que foi sanado pelo BNDES. Porém, esse endividamento teria comprometido a autonomia editorial dos jornais frente ao governo Fernando Henrique Cardoso. No Brasil, esse pano de fundo econômico associado a algumas características como hipertextualidade e interatividade, que são próprias da tecnologia, está na origem da crise do modelo de negócios enfrentada atualmente pelas empresas jornalísticas que compõem, conforme Walter Teixeira Lima Júnior no texto citado, o campo comunicacional que transita, a partir de uma conjunção de fatores, por modificações nos processos e produtos, formando um novo ecossistema midiático. Esse breve panorama sobre o processo de digitalização das redações, contextualiza a paisagem da atividade jornalística da contemporaneidade que vem sofrendo bruscas alterações, e em períodos cada vez mais curtos, impondo às organizações a busca de saídas para manterem os seus negócios. Desde a expansão dos aparatos tecnológicos no setor comunicacional, a crescente convergência e a hibridização midiática instauradas no ambiente digital possibilitaram saltos significativos de transformação do jornalismo, a começar pelo engajamento e a participação do público leitor. Em Cultura da conexão, Henry Jenkins sinaliza que as salas de imprensa ainda estão se debatendo para tentar entender quais podem ser seus novos papéis nesse ambiente formatado pelo que acontece com as comunidades on-line, em que os cidadãos podem cobrar o que os jornalistas devem cobrir e ainda reunir informações recorrendo a uma diversidade de fontes quando os meios jornalísticos tradicionais de notícias não fornecem as informações desejadas. Outra grande alteração no jornalismo, a partir do prisma tecnológico, diz respeito ao controle da redação. O pesquisador português João Canavilhas, outra expressiva referência no 20

jornalismo digital, compreende, a partir do seu estudo Jornalistas e tecnoatores: a negociação de culturas profissionais em redações online, que as transformações que atingem o jornalismo ficam evidentes quando se adota a perspectiva histórica para comparar as redações pré- digitais e o cenário atual. Os repórteres e editores que mantinham o controle da redação, agora, precisam estabelecer mecanismos de negociação com profissionais de outras áreas – como designers e programadores – para levar a cabo a sua missão primordial. Em disputa, o controle das rotinas e dos produtos, além da própria noção de notícia, antes de exclusivo domínio do jornalista e, agora, sob a influência também de outros profissionais. Também é possível elencar, como relevante alteração no jornalismo contemporâneo, a adoção de redes digitais, como o Facebook, Twitter e Instagram, pelas empresas jornalísticas, que assumem linguagens e formatos específicos para cada uma delas, impelindo os jornalistas a encamparem novos desafios. Uma das mais significativas transformações contemporâneas do jornalismo refere-se à automação da notícia, no sentido da produção do texto informativo a partir de Inteligência Artificial. A pesquisadora Krishma Carreira, que se dedica aos estudos deste setor, mapeou, na investigação “Um panorama das notícias automatizadas no mundo”, entre 2009 e 2017, 62 empresas de jornalismo que produzem notícias automaticamente em 11 países, a saber: Alemanha, Estados Unidos, França, Israel, Reino Unido, Suécia, Dinamarca, Noruega, Rússia, China e Coreia do Sul. Interação do público, mudanças no controle da redação, adoção de redes digitais, automação da notícia. Essas são algumas das profundas alterações pelas quais o jornalismo perpassa atualmente e que permeiam um fator central, o tempo. Há um consenso que a mudança provocada pela tecnologia na comunicação tem ocorrido em intervalos cada vez mais curtos. Na obra Inevitável: as 12 forças tecnológicas que mudarão nosso mundo, que traça as tendências tecnológicas que estão em movimento, Kevin Kelly recorda que o telefone demorou cerca de 75 anos para chegar a 50 milhões de usuários; o rádio, 38, e a televisão, 13, enquanto a internet levou somente quatro anos, o smartphone apenas três; o Instagram levou dois anos, o Angry Birds, 35 dias e o Pokemon Go, 15. A incorporação do mundo digital pelo jornalismo abriu portas para possibilidades antes impensáveis de produção, circulação e venda de notícias, forçando as organizações jornalísticas a assumirem grandes desafios nesse ambiente, que sugere a criação de novos modelos de negócio amparados nas redes e de olho no perfil de público leitor. Dentro desse contexto, e ao compreender a informação jornalística como produto de consumo, nos termos de Cremilda Medina, em Notícia, um produto à venda: jornalismo na 21

sociedade urbana e industrial, o estudo objetiva investigar como a Folha de S.Paulo se comporta neste cenário. Como objetivos específicos, a pesquisa pretende identificar como o tema e o cenário se deixam representar no mundo da pesquisa; verificar as formas alternativas de produção de notícias no Brasil e como se localizam nesse ambiente de transformações; considerar analiticamente as recentes alterações no jornalismo sob o prisma da tecnologia. Diante das alterações vividas pela atividade jornalística e a partir das práticas do jornal Folha de S.Paulo, o estudo questiona: como as empresas jornalísticas buscam respostas para a transformação vivida pelo setor a partir das inovações tecnológicas, sobretudo, após o surgimento da internet, de modo que a informação possa continuar sendo oferecida por elas como um produto no mercado da comunicação? Para responder a esta pergunta, o estudo se apoia em pesquisa bibliográfica e, metodologicamente, recorre à Hermenêutica de Profundidade e, em um momento específico do trabalho, à Análise de Discurso. A pesquisa se ampara nos princípios da Análise do Discurso de linha francesa, derivada de Michel Pêcheux. Em Análise de discurso: princípios e procedimentos, Eni Orlandi considera que foi justamente pensando que há muitas maneiras de significar que os estudiosos começaram a se interessar pela linguagem de uma maneira particular, originando a Análise de Discurso. Esta tomou o discurso como seu objeto próprio nos anos 60 do século XX, constituindo-se no espaço de questões criadas pela relação entre três domínios disciplinares: a Linguística, o Marxismo e a Psicanálise. Como dispositivo de observação, a Análise de Discurso é considerada por Orlandi como a construção de um dispositivo de interpretação, que tem como característica colocar o dito em relação ao não dito, o que é dito de um modo como o que é dito de outro, devendo o analista procurar ouvir, naquilo que o sujeito diz, aquilo que ele não diz, mas que constitui igualmente os sentidos de suas palavras. Orlandi explica que, na Análise de Discurso, procura-se compreender a língua enquanto produtora de sentido. Ou seja, a partir da fala, o sujeito constitui um sentido. Orlandi defende que a Análise de Discurso concebe a linguagem como mediação fundamental entre o homem e a realidade natural e social, e observa que a Análise de Discurso não trabalha com a língua enquanto um sistema abstrato, mas com a língua no mundo, com maneiras de significar, com pessoas falando, considerando a produção de sentidos enquanto parte de suas vidas. A autora também traça um paralelo entre a Análise de Conteúdo e a Análise de Discurso. A primeira procura extrair sentidos dos textos respondendo a questão: o que este texto quer dizer? A segunda coloca a questão: como este texto significa? Os procedimentos de Análise de Discurso serão utilizados em dois momentos do capítulo 3 “Um estudo da Folha de S.Paulo sob o ângulo da tecnologia e da geração de novos 22

modelos de negócio”, 1) na compreensão do discurso público que a Folha estabelece sobre as alterações do Jornalismo e sobre a receita de negócio aplicada pelo jornal, a partir dessas mudanças, diante das declarações feitas por seus representantes no documentário O jornal do futuro, de 2010, e 2) no Encontro Folha de Jornalismo de 2016 e de 2020, promovidos pela organização com o objetivo de discutir os desafios e o futuro do Jornalismo. O documentário O jornal do futuro retrata as mudanças físicas na redação do jornal, que permitiram a integração com a Folha.com e mostra o então novo projeto gráfico da Folha. As edições do Encontro Folha de Jornalismo foram realizadas sempre em celebração ao aniversário do jornal. Em Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa, John B. Thompson desenvolveu a Hermenêutica de Profundidade como referencial metodológico para análise dos fenômenos culturais, ou seja, para a análise das formas simbólicas em contextos estruturados. O autor elaborou uma teoria diferente da relação entre ideologia e meios de comunicação, repensando a teoria da ideologia à luz do desenvolvimento dos meios de comunicação. Produziu um referencial teórico que possibilita a compreensão das características distintivas dos meios de comunicação e o curso específico do seu desenvolvimento, a partir de um marco referencial, chamado de mediação da cultura moderna, entendido como o processo geral através do qual a transmissão das formas simbólicas acabou se tornando sempre mais mediada pelos aparatos técnicos e institucionais das indústrias de mídia. Sua obra lança o desafio de estudar as formas simbólicas à luz das relações sociais estruturadas, cujo emprego e articulação podem ajudar em circunstâncias específicas a criar, apoiar e reproduzir. Delineia, sobretudo, um referencial metodológico amplo dentro do qual métodos específicos possam ser utilizados e relacionados um com o outro. O referencial metodológico desenvolvido por Thompson é fundamentado na tradição da hermenêutica. O autor incorporou a ideia de Hermenêutica de Profundidade a partir do trabalho de Paul Ricoeur, que procurou mostrar como a hermenêutica pode oferecer tanto uma reflexão filosófica sobre o ser e a compreensão, como uma reflexão metodológica sobre a natureza e tarefas da interpretação social. O valor dessa ideia é que ela permite o desenvolvimento de um referencial metodológico orientado para a interpretação (ou reinterpretação) de fenômenos significativos. Permite enxergar que o processo de interpretação não se opõe aos tipos de análise que tratam das características estruturais das formas simbólicas, mas, por outro lado, o autor defende que esses tipos de análises podem 23

estar conjuntamente ligados e articulados como passos necessários ao longo do caminho da interpretação. A Hermenêutica de Profundidade evidencia o fato de que o objeto de análise é uma construção simbólica significativa, que exige uma interpretação. Compreende três fases principais: análise sócio-histórica, análise formal ou discursiva e interpretação/reinterpretação. A primeira dessas fases se interessa pelas condições sociais e históricas da produção, circulação e recepção das formas simbólicas. Thompson considera essa fase essencial, porque as formas simbólicas não subsistem num vácuo. Elas são fenômenos sociais contextualizados, são produzidas e recebidas dentro de condições sócio- históricas específicas, que podem ser reconstruídas com a ajuda de métodos empíricos, observacionais e documentais. Esse procedimento do referencial da Hermenêutica de Profundidade será aplicado nos dois primeiros capítulos desta tese. O primeiro, “O fenômeno das mudanças no Jornalismo e a busca de saídas pelas organizações”, compreende os desafios, projetos e principais alterações do Jornalismo atualmente. O segundo, “O olhar do pesquisador brasileiro”, reúne as principais contribuições da pesquisa brasileira da última década sobre as transformações enfrentadas pelo campo do Jornalismo à luz da tecnologia. O estudo levanta esse panorama ancorado nas publicações da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós) a partir dos Grupos de Trabalho “Comunicação e Cibercultura” e “Estudos de Jornalismo, que se alinham ao objeto desta tese, e da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), em Comunicações Livres ou Individuais e Comunicações Coordenadas. Essas instituições são reconhecidas no meio acadêmico por reunir os resultados mais expressivos da pesquisa na área da Comunicação no Brasil. A segunda fase da Hermenêutica de Profundidade, de acordo com Thompson, pode ser descrita como a análise formal e discursiva, que estuda as formas simbólicas como construções simbólicas complexas que apresentam uma estrutura articulada. A pesquisa elegeu, para essa etapa da Hermenêutica de Profundidade, a análise discursiva da estrutura narrativa que representa um enfoque comum nos campos de análise literária e textual. Este tipo de análise permite examinar os padrões, personagens e papéis que são comuns a um conjunto de narrativas e que constituem uma estrutura subjacente comum. Essa etapa será aplicada no capítulo 3, “Um estudo da Folha de S.Paulo sob o ângulo da tecnologia e da geração de novos modelos de negócio”, na análise sobre o modo como a Folha de S.Paulo opera a produção, circulação e comercialização de notícias atualmente. 24

A terceira e última fase do referencial da Hermenêutica de Profundidade é chamada, por Thompson, de interpretação (ou reinterpretação). Essa fase volta-se para a explicitação criativa do que é dito ou representado pela forma simbólica, construindo-se a partir dos resultados da análise sócio-histórica e da análise formal e discursiva, e indo além. Ela emprega a análise sócio-histórica e a análise formal ou discursiva para clarear as condições sociais e as características estruturais da forma simbólica, e procura interpretar uma forma simbólica sob essa luz. Essa fase da Hermenêutica de Profundidade será aplicada no Capítulo 3, compreendendo as análises anteriores. O estudo parte do pressuposto, ou, melhor dizendo, levanta a hipótese de que a adesão da Folha de S.Paulo às mudanças de mercado – que fazem dela, em alguns sentidos, um ícone brasileiro de modernização –, podem representar um indicativo de que o jornal, seguindo as tendências mundiais, abandone em um futuro próximo a produção impressa para dedicar-se apenas à comercialização de notícias no mundo digital. Outra hipótese é a de que as grandes organizações jornalísticas brasileiras, que incorporaram o modelo norte-americano de produção de notícia, deverão seguir as tendências do setor, como a automação da produção de notícia. A pesquisa também compreende que, nesse ambiente de efervescência tecnológica, iniciativas jornalísticas alternativas estão conquistando um nicho de mercado emergente. A investigação sobre a notícia como um produto à venda em paralelo à evolução tecnológica justifica-se pela urgência de se descortinar o contexto, os processos, articulações, episódios e iniciativas que tangenciam as transformações jornalísticas de uma das maiores empresas do setor no Brasil. Como Niklas Luhmann, em A realidade dos meios de comunicação, a pesquisa compreende a relevância central da comunicação como operadora de todos os sistemas sociais. Portanto, aquilo que sabemos sobre nossa sociedade, ou mesmo sobre o mundo no qual vivemos, o sabemos pelos meios de comunicação. Na mesma direção, Douglas Kellner, em A cultura da mídia – estudos culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno, considera que a cultura veiculada pela mídia, cuja imagens, sons e espetáculos ajudam a urdir o tecido da vida cotidiana, dominam o tempo de lazer, modelando opiniões políticas e comportamentos sociais. Também Roger Silverstone, em Por que estudar a mídia?, defende a impossibilidade de escapar à presença, à representação da mídia, pois passamos a depender da mídia para fins de entretenimento e informação, de conforto e segurança, para ver algum sentido na continuidade das experiências. Nesse sentido, todos os esforços empreendidos na tentativa de se compreender as configurações de um dos principais veículos brasileiros de comunicação justificam-se por fazer aflorar como são produzidas, circuladas e comercializadas as 25

informações noticiosas que atingem uma representativa parcela do público leitor de notícias diariamente. Analisar o processo de transformação nos modos de produção e circulação da notícia no Brasil significa compreender os contextos social, econômico e cultural vividos pelo país, que se desdobram em significativas mudanças no principal produto do fazer jornalismo, a notícia. A pesquisa justifica-se, ainda, pela abrangência das notícias veiculadas nos meios digitais junto à audiência. A Comscore, empresa que atua com planejamento, transação e avaliação de mídia entre plataformas – fonte terceirizada para medição de públicos de plataforma cruzada –, promoveu uma investigação de dados em 2020, mapeando o consumo de mídia durante a pandemia de coronavírus no Brasil, comprovando abrangência de usuários consumidores de informações noticiosas por meios eletrônicos. De acordo com a pesquisa, sites de informação, categorizados como notícias, revelaram um salto de aproximadamente 440 milhões de acessos por dia para mais de 560 milhões de usuários, representando um aumento de mais de 27%. O engajamento foi maior em todos os setores, já que o total de visitas aumentou em 43%. A categoria usuários de mídia, que, segundo o mapeamento, está sempre entre as três principais, aumentou em 19% os minutos consumidos, sendo que o consumo de páginas ultrapassou 40 bilhões, o que demonstra um crescimento de 26% entre uma semana e outra. Os dados apurados pela última versão da Pesquisa Brasileira de Mídia, em 2016, confirmam a importância do uso da internet como recurso para obter informação. Quase a metade dos entrevistados (49%) mencionou em primeiro ou em segundo lugar a rede mundial de computadores como meio para se informar mais sobre o que acontece no Brasil. Em nosso entendimento, uma razão básica sustenta a nossa opção pela Análise de Discurso das declarações dos representantes da Folha de S.Paulo no documentário O jornal do futuro e nas edições de 2016 e de 2010 do Encontro Folha de Jornalismo: o fato de o discurso empresarial conter narrativas sobre o futuro do jornalismo e sobre o modelo de negócio da Folha, que constroem a significação da postura do jornal diante das transformações do jornalismo. A abordagem da Hermenêutica de Profundidade será especialmente útil para o esclarecimento do contexto em que a atividade jornalística se insere na contemporaneidade e que se articula nos modos de produção e venda de notícias. Os dois primeiros capítulos se justificam pela necessidade de se entender os processos que ocorrem em contextos ou campos historicamente específicos e socialmente estruturados, conforme sinaliza Thompson sobre a 26

análise sócio-histórica, primeira fase do referencial metodológico da Hermenêutica de Profundidade. A pesquisa chegou à decisão de considerar as investigações sobre as transformações do jornalismo brasileiro a partir da Compós e da SBPJor, devido ao fato de representarem as pesquisas mais relevantes da ciência brasileira no cenário comunicacional. O levantamento aferido na Compós abrange o período de 2011 a 2020, seus anais mais recentes; na SBPJor compreende o período de 2012 – ano em que a instituição começou a disponibilizar os anais dos eventos na modalidade online – a 2020. Essa amostragem configura-se como expressiva devido a sua representatividade na última década. A pesquisa levantou as contribuições da Compós a partir dos Grupos de Trabalho “Comunicação e Cibercultura” e “Estudos de Jornalismo”, que se alinham ao objeto desta investigação. Na SBPJor, o estudo mapeou as investigações que conversam com o tema desta tese tanto nas Comunicações Livres ou Individuais quanto nas Comunicações Coordenadas. No início do Capítulo 2, que contempla o olhar do pesquisador brasileiro sobre as recentes transformações do jornalismo, o assunto será aprofundado. O estudo está assim dividido: o Capítulo 1, “O fenômeno das mudanças no jornalismo e a busca de saídas pelas organizações”, traça os contornos do fenômeno da emergência de novas percepções, iniciativas e projetos empresariais jornalísticos na contemporaneidade. Constrói um panorama das recentes alterações do jornalismo, compreende a configuração de novas esferas públicas do jornalismo e abarca um cenário que envolve o surgimento de atores midiáticos no contexto digital. Considera algumas iniciativas alternativas de jornalismo nativo digital e ainda sinaliza a ampliação do interesse no jornalismo local. Ao final do capítulo, a pesquisa identifica alguns projetos, iniciativas e pesquisas que apontam para algumas saídas possíveis para as organizações jornalísticas da atualidade. O Capítulo 2, “O olhar do pesquisador brasileiro”, investiga, como o próprio título diz, o olhar do pesquisador brasileiro sobre o fenômeno das mudanças no Jornalismo e, especificamente, sobre o tema das novas formas empresariais de produção da notícia, a partir de um estudo da produção científica da Compós e da SBPJor. O estudo levanta esse panorama a partir dos textos apresentados anualmente nos Encontros Nacionais das instituições. Primeiro, traça um panorama dos textos da Compós e da SBPJor; depois a pesquisa conduz três níveis de análise: o nível de verificação geral, o nível das palavras-chave e o nível analítico de amostragem. No Capítulo 3, “Um estudo da Folha de S.Paulo sob o ângulo da tecnologia e da geração de novos modelos de negócio”, estuda-se o caso da Folha de S.Paulo, que é 27

reconhecidamente um jornal de expressão nacional, pioneiro em várias de suas inovações. Identifica como o veículo vem cuidando dessa questão desde o advento da internet e como procura resolver a crise do jornalismo impresso. Para tanto, efetuamos um breve resgate da história da Folha de S.Paulo com foco nas inovações tecnológicas do jornal desde a sua fundação, compreendendo, nesse panorama, os sete projetos editoriais do jornal; em seguida, fazemos um check-up atual sobre a Folha, a partir de três pontos: 1) a versão impressa; 2) a versão online; 3) a hospedagem no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube. A pesquisa considera o arcabouço desse levantamento documental e aplica o método de Análise de Discurso para compreender o discurso público que a Folha estabelece sobre as alterações do Jornalismo e sobre a receita de negócio aplicada pelo jornal a partir dessas mudanças, tendo em conta declarações feitas por seus representantes no documentário O jornal do futuro, de 2010, e nas edições do Encontro Folha de Jornalismo de 2016 e de 2020, promovidas pela organização com o objetivo de discutir os desafios e o futuro do Jornalismo. Em uma segunda etapa, consideramos o modelo de negócio atual da Folha. Por fim, a pesquisa avança para o último momento do capítulo, centrado no processo de interpretação e de reinterpretação de todo o arcabouço apurado, a partir do método de Hermenêutica de Profundidade, evidenciando a reflexão sobre a notícia como um produto à venda, com o suporte da tecnologia a partir das práticas da Folha. 28

CAPÍTULO 1

O FENÔMENO DAS MUDANÇAS NO JORNALISMO E A BUSCA DE SAÍDAS PELAS ORGANIZAÇÕES

A aproximação entre o homem e a tecnologia tem se estreitado tanto – e de maneira tão rápida – que recentes pesquisas chegam a prever uma possível simbiose entre ambos. Cupani (2014) defende que os artefatos tecnológicos não existem e nem funcionam isoladamente, mas fazem parte de sistemas que, por sua vez, se intervinculam. Nós, seres humanos, agimos e pensamos dentro de sistemas tecnológicos que nos condicionam, de forma consciente ou não. Para o autor, viver na tecnologia não é mera metáfora, e o condicionamento a que ele se refere tem suas consequências na inclinação de preferirmos os recursos mais eficientes e as estratégias mais velozes. Dito de outra forma, a tecnologia faz-se presente como um mundo humano com suas maneiras peculiares de conduta. É muito comum, em pleno ano de 2021, verificar como as pessoas à nossa volta (ou até nós mesmos) estão (estamos) naturalizadas(os) com a presença da tecnologia. Utilizar o Waze para dirigir, chamar um Uber para ir a algum lugar, enviar uma mensagem para um amigo via WhatsApp, curtir a foto de uma prima no Facebook, fazer o download de um filme pelo Youtube, olhar as horas e conferir as mensagens no smartwatch. Essas são algumas das ferramentas das quais o mercado dispõe para facilitar as nossas vidas, de forma que a existência da tecnologia foi incorporada à rotina das pessoas, especialmente àquelas que possuem o poder aquisitivo para adquirir os produtos e serviços à disposição no mercado. Essa incorporação tecnológica se estende – para além do público consumidor – para as organizações, das mais variadas finalidades, que acompanham as mudanças e se inserem no entramado tecnológico que reveste o cotidiano das pessoas que, por sua vez, orientam as suas vidas pelo círculo informacional que recebem diariamente, seja através das relações sociais, ambiente escolar, familiar e pela mídia, que sempre se alimentou da fonte tecnológica e que neste momento transita por significativas rupturas. Em observância a esse ambiente tecnológico que permeia a vida de milhões de usuários no mundo, a pesquisa concentra-se neste momento no comportamento do jornalismo contemporâneo, que transita por uma de suas mais significativas alterações e que forçam as organizações a repensarem os seus modos de produção, circulação e venda de notícias. Antes de discutir as questões propostas neste capítulo, consideramos algumas características e definições que irão amparar a reflexão que pretendemos estabelecer. Partimos 29

das características do jornalismo para a web compreendidas por Marcos Palacios (2003), quando o jornalismo na web ainda estava em construção: multimidialidade/convergência, interatividade, hipertextualidade, personalização, memória, instantaneidade do acesso, possibilitando a atualização contínua do material informativo. Elas refletem as potencialidades oferecidas pelo mundo digital ao jornalismo desenvolvido para a web. Também na fase embrionária do jornalismo digital, Mielniczuk (2003) considerou a inexistência de um consenso sobre a terminologia a ser usada quando nos referimos ao jornalismo praticado na internet, para a internet ou com o apoio da internet. A autora observou que autores norte-americanos utilizam o termo jornalismo on-line ou jornalismo digital, enquanto os espanhóis preferem usar o jornalismo eletrônico, com aparições de nomenclaturas de jornalismo multimídia ou ciberjornalismo. De forma geral, os autores brasileiros seguem os norte-americanos, recorrendo com maior frequência a jornalismo on- line ou jornalismo digital. O Quadro 1 traz algumas definições, conforme a proposta de Mielniczuk (2003), ainda atual.

Quadro 1 – Práticas atuais de produção e disseminação de informação no jornalismo

NOMENCLATURA DEFINIÇÃO Jornalismo eletrônico Utiliza equipamentos e recursos eletrônicos Jornalismo digital ou jornalismo multimídia Emprega tecnologia digital, todo e qualquer procedimento jornalístico que implica o tratamento de dados em forma de bits Ciberjornalismo Envolve tecnologias que utilizam o ciberespaço Jornalismo on-line É desenvolvido utilizando tecnologias de transmissão de dados em rede e em tempo real Webjornalismo Diz respeito à utilização de uma parte específica da internet, que é a web

Fonte: elaborado pela autora com base nas definições formuladas por Mielniczuk (2003).

A partir das formulações do quadro construído por Mielniczuk (2003), a pesquisa incorpora a definição de jornalismo digital ou jornalismo multimídia. Instaladas no ambiente digital e com papel preponderante no atual cenário do jornalismo, as mídias ou redes sociais também merecem ser consideradas. Janaína Cristina 30

Marques Capobianco (2019) recorda que os movimentos de rua de 2013,1 no Brasil, levaram Manuel Castells à inclusão de um prefácio à edição brasileira de sua obra Redes de indignação e esperança, de 2013, em que analisa movimentos sociais em redes em todo o mundo na era da internet. Esses estudos apoiaram a edição de 2016 da célebre A sociedade em rede, inicialmente publicada em 1996, que compreende as estruturas sociais emergentes nos domínios da atividade e experiência humana. A obra de 629 páginas conclui que, como tendência histórica, as funções e os processos dominantes na era da informação estão cada vez mais organizados em torno de redes que desempenham, conforme Castells (2016), papel central em sua caracterização da sociedade na era da informação. Antes disso, Recuero (2008) já definia mídia social como a ferramenta de comunicação que permite a emergência das redes sociais. De acordo com a autora, para permitir que as redes sociais se manifestem, esses meios de comunicação precisam subverter a lógica da mídia de massa para a lógica da participação. É social porque permite a apropriação para a sociabilidade, a partir da construção do espaço social e da interação com outros atores. É diferente porque permite essas ações de forma individual e em grande escala. As características fundamentais de mídia social elencadas por Recuero (2008) são: apropriação criativa, conversação, diversidade de fluxo de informações; emergência de redes sociais e emergência de capital social mediado. Em nosso texto introdutório, mencionamos fatores como a interação do público, as mudanças no controle da redação, a adoção de redes digitais e a automação da notícia, relacionando-os às recentes alterações provocadas no jornalismo a partir da incorporação de aparatos tecnológicos. Nesta fase da pesquisa, iremos refletir sobre essas alterações, traçando, inicialmente, um panorama das recentes mudanças do jornalismo pela ótica da tecnologia. Também iremos compreender a nova esfera do jornalismo; identificar novos atores e suas audiências; investigar a produção alternativa de notícias; considerar a ampliação do interesse pelo jornalismo local e sinalizar a busca de saídas pelas empresas do setor. Este capítulo também abarca a primeira fase do enfoque da Hermenêutica de Profundidade em Thompson (2011), a análise sócio-histórica, que possui por objetivo reconstruir as condições sociais e históricas de produção, circulação e recepção de formas simbólicas. A intenção desta fase da Hermenêutica de Profundidade é a de identificar e descrever as situações espaço-temporais específicas em que as formas simbólicas são

1 A autora defendeu em 2019, pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), a pesquisa de Doutorado O fazer jornalístico em transformação: a produção da notícia em mídias independentes digitais (CAPOBIANCO, 2019), compreendendo os processos e as rotinas produtivas jornalísticas em mídias independentes digitais. 31

produzidas e recebidas. Neste sentido, esta primeira fase da Hermenêutica de Profundidade concentra-se em construir um panorama sobre as alterações do jornalismo no ambiente tecnológico, evidenciando o surgimento de formas alternativas de produção de notícias e a busca de saídas que estão sendo sinalizadas pela ciência e visualizadas pelas organizações. Essa contextualização será fundamental para solidificar a reflexão sobre os demais pontos que pretendemos discutir e ainda irá subsidiar as etapas posteriores a esta.

1.1 Panorama das alterações do jornalismo na contemporaneidade

Antes do advento da cultura digital, a notícia era acompanhada no jornal impresso, na revista, no rádio ou na televisão. Agora, todas essas mídias que estão instaladas no ambiente digital podem ser acessadas a qualquer momento, de qualquer parte do mundo, simultaneamente. Além disso, os leitores de notícias, que acompanhavam a circulação noticiosa como espectadores, idealmente falando, agora participam ativamente da cobertura jornalística e, como protagonistas, pautam a agenda pública. Em uma perspectiva histórica, Costa (2009) identificou, no fim da década passada, a ideia de uma “nova mídia”, como então se chamava. O conceito surgiu em oposição ao que se pode chamar de “velha mídia” – que representa tudo aquilo a que a comunicação tradicional diz respeito, tanto produtos impressos, como jornais e revistas, quanto eletrônicos, como rádio e televisão. O conceito de nova mídia se refere aos meios que lidam com a linguagem, a informação, o entretenimento e os serviços disponíveis mediante artefatos tecnologicamente avançados em relação a suportes conhecidos. Ou seja, tudo aquilo capaz de transformar a comunicação onipresente. A expressão nova mídia, de acordo com Costa (2009) abarca, inclusive, a “velha mídia”, uma vez que os novos modos de fazer e distribuir informação se imiscuíram nas práticas daqueles que veiculam seus conteúdos em suportes tradicionais, trazendo para si uma nova forma de relacionamento com a informação e com o público – interativa e participativa. Costa (2009) já considerava a significativa mudança em curso, que afeta não apenas a maneira como o jornalismo e o entretenimento são fabricados, mas também o modo como são consumidos. Mudança essa que atinge também a linguagem. Ao mesmo tempo, de acordo com o autor, os mercados econômicos acompanham a uma progressiva concentração de empresas nessa área, fato que tende a dar nova face à indústria com a convergência entre telecomunicações e mídia. 32

O processo da revolução das tecnologias de comunicação é estudado por Francisco Rüdiger (2011). O ator defende que, embora estruturada e moldada pelas empresas privadas e instituições governamentais, essa revolução é um processo cujo

pano de fundo são as redes telemáticas, a linguagem é a da mídia digital, a abrangência é global, a dinâmica é interativa e os protagonistas, virtualmente, somos todos nós que possuímos meios digitais e, com eles, nos inserimos seja em redes sociais, seja nos mercados articulados pelas empresas e negócios de mídia e comunicação. A convergência da velha para a nova mídia marca o início da migração da cultura analógica para a digital nas organizações jornalísticas, representando um dos grandes marcos na história recente de alterações do setor, abrindo um leque antes inimaginável de possibilidades para o jornalismo. Henry Jenkins (2009) considera que a cultura da convergência reside onde as velhas e as novas mídias colidem, onde mídia corporativa e mídia alternativa se cruzam, onde o poder do produtor de mídia e o poder do consumidor interagem de maneiras inesperadas. Por convergência, o autor refere-se ao fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. Machado Filho, Santi, Lima e Alves (2016) apontam que os novos produtores direcionam, editam e divulgam por meio de plataformas democráticas e autorreguláveis, como os blogs e redes sociais, aquilo que será pauta de discussão dentro do nicho social, cultural e político em que o indivíduo está inserido. Deste modo, a repercussão de um fato isolado pode ter alcance mundial possibilitado pela convergência dos meios. Refletindo sobre a convergência dentro das redações jornalísticas, Ramón Salaverría, García e Masip (2010) consideram-na um processo multidimensional que, facilitado pela implantação generalizada das tecnologias da telecomunicação, afeta os setores tecnológico, empresarial, profissional e editorial dos meios de comunicação. Propicia uma integração de aparatos, métodos de trabalho e linguagens, de maneira que, os jornalistas elaboram conteúdos que são atribuídos através de múltiplas plataformas. Xosé Pereira Fariña e Xosé Lopez García (2010) recordam que as iniciativas mais ousadas de integração de redações começaram a surgir a partir de 2007, quando o inglês The Daily Telegraph deu início a um processo de integração que seria referência para reformas 33

similares em jornais concorrentes. Conforme Alexandre Lenzi (2017),2 em 2008, se multiplicaram as iniciativas, cada uma com suas peculiaridades: Guardian Media Group, Financial Times, The Times, The New York Times, El Mundo, O Estado de S.Paulo, Clarín, El Tiempo de Bogotá etc., são alguns dos exemplos. Lenzi (2017) menciona que um trabalho de Negredo e Salaverría (2009) realizou estudos de caso com: Tampa News Center (Estados Unidos), The Daily Telegraph (Inglaterra), The New York Times (Estados Unidos), Financial Times (Inglaterra), Guardian Media Group (Inglaterra), O Estado de São Paulo (Brasil), Schibsted (Noruega) e Clarín (Argentina). Com base nesses estudos, os autores reconheceram que a convergência promove resultados como unificação dos instrumentos e tecnologias com que trabalham os periodistas, a reorganização dos fluxos e métodos de trabalho e a exploração de novas linguagens jornalísticas. Como consequência editorial, os jornalistas passam a trabalhar para um só meio, mas, no entanto, distribuem informações em múltiplas plataformas e meios. Sebastião Squirra (2015, p. 69-70) desenha os contornos da convergência nas mídias comunicacionais:

É justo aceitar que nos dias atuais todas as formas massivas da comunicação – concretizadas pela ampla disseminação das tecnologias – dependem radicalmente dos processos digitais para o acesso, a codificação, a produção e a difusão de dados e informações à sociedade. Neste contexto, é crucial asseverar que o domínio pleno das tecnologias tornou-se essencial para todos os comunicadores. Olhando a evolução desse setor, é seguramente sustentável colocar que, atualmente, as múltiplas formas das convergências tecnológicas digitais configuram-se como elementos estruturantes para todas as ações dos jornalistas. Isto, pois o comportamento do mercado vem demarcando que, para competir eficazmente na vida profissional (na academia ou fora dela), o conhecimento e o pleno domínio das tecnologias digitais são antecedentes conceituais imprescindíveis e que diferenciam positiva ou negativamente um especialista do outro.

Capobianco (2019, p.104-105) também considera a convergência no jornalismo:

O jornalismo digital, como praticado na atualidade, é marcado pela comunicação convergente (do ponto de vista técnico e cultural), que acentua a mobilidade (com os telefones que ficaram móveis e, mais ainda, com os recursos multimídia no potente dispositivo moderno chamado smartphone) com novas possibilidades de leitura (leitores/interatores móveis) e novas dinâmicas para o jornalista. Isso em contextos de redes (do ponto de vista da rede mundial de computadores, das redes sociais e da produção em redes).

2 Autor da tese de Doutorado Inversão de papel: prioridade ao digital como um novo ciclo de inovação para jornais de origem impressa (LENZI, 2017), defendida na Universidade Federal de Santa Catarina. 34

Temos, assim, uma produção a partir de dispositivos móveis para ser distribuída por dispositivos móveis para leitura em dispositivos móveis. Com a convergência, a mobilidade se intensifica. A mobilidade, no que diz respeito ao nosso estudo, se aplica ainda, no caso das mídias independentes, ao fato de elas estarem em movimento no sentido de que são recentes e dinâmicas, muitas não possuem redação fixa e funcionam em redes, e na maioria das vezes propõem um tipo de cobertura que rompe com a linearidade das coberturas realizadas pelas mídias tradicionais.

Edson D´Almonte (2020) defende que desde a percepção de impactos de reestruturações dos fluxos informacionais em questões de interesse público, fica evidente a necessidade de ampliar o debate sobre o fenômeno da comunicação contemporânea em suas dimensões de conectividade e ampla circulação, com ênfase na pluralidade midiática e implicações daí decorrentes. O tema central, para o autor, engloba questionamentos acerca da dieta informacional derivada da lógica de hiperconexão contemporânea. Estruturado pela convergência dos meios e pela conexão dos usuários no ambiente digital, o novo ambiente do jornalismo confere a esses agentes o papel de protagonistas na produção da notícia, outra significativa alteração na área proporcionada por aparatos tecnológicos. Com relação à interação do jornalismo com o público leitor, antes da utilização da internet comercial, o diálogo do leitor com a organização jornalística e com o produtor do texto noticioso restringia-se a instrumentos como correspondência por carta, ligação por telefone ou aparelho de fax. Após o surgimento do mundo digital, conforme Ferrari (2012), o texto jornalístico deixou de ser definitivo, já que um e-mail com comentários sobre determinada matéria pode trazer novas informações ou um novo ponto de vista, tornando-se parte da cobertura. Atualmente os comentários podem ser inseridos em uma caixa de texto na própria página do jornal onde a notícia está inserida. Machado Filho, Santi, Lima e Alves (2016) defendem que a interatividade, como parte essencial da comunicação contemporânea, transformou as relações entre consumidores e produtores. Os papéis se modificam e se reinventam o tempo todo. Nessa configuração não existe uma separação eficiente da estrutura comunicativa, os receptores são produtores e vice- versa; o canal é o meio e a mensagem é transmitida de um para todos-todos para um e todos para todos. Ainda no contexto da interatividade e da participação do público na produção da notícia, Elias Machado (2017) reflete sobre o lançamento do programa Folhaleaks, ocorrido em setembro de 2011, como uma decorrência das repercussões das atividades do Wikileaks 35

pelas consequências que têm para a prática jornalística.3 O Folhaleaks é um canal aberto da Folha que recebe informações e documentos inéditos que possam originar reportagens. O leitor pode enviar a sugestão por meio do site,4 ou ainda de forma anônima, diretamente para o endereço: Alameda Barão de Limeira, 425 – Campos Elíseos – 4º andar – 01202-900 – São Paulo – SP, identificando no envelope: “Referência: Folhaleaks”. As mensagens passam por uma triagem a cargo de uma equipe de jornalistas, e as sugestões mais relevantes são distribuídas entre os repórteres da redação de São Paulo e enviadas às sucursais e aos correspondentes. Machado (2017) considera que o surgimento de organizações sociais inovadoras como Wikileaks aponta para ao menos quatro tipos de transformações, de uma lista que poderia ser ainda maior. A primeira está relacionada com a existência de mais de uma instância de mediação. A segunda diz respeito à flexibilização dos limites legais estabelecidos pelo Estado Democrático de Direito para a prática do jornalismo. A terceira considera a necessidade da criação pelas organizações jornalísticas de mecanismos de apuração adaptados ao paradigma da base de dados. A quarta transformação alerta para a urgência de uma reflexão sobre os fundamentos deontológicos da prática jornalística, muitos deles consolidados em uma época totalmente distinta da atual. Nesta discussão também é possível refletir sobre o surgimento do conceito de gatewatching, definido por Alex Primo (2011) pela participação das pessoas na filtragem do que interessa a suas comunidades de interesse. O autor reconhece que gatewatching não acaba com o gatekeeping que tem, como linha fundamental, o poder de não apenas decidir o que será noticiado, como também o que não será. O que ocorre entre eles é uma convivência. Um fator relevante proporcionado pela expansão dos aparatos tecnológicos incide diretamente na formação do jornalista e na expansão de habilidades que até pouco tempo limitavam-se à produção de textos noticiosos com o intuito de informar o público leitor. Lenzi (2017) considera que, com a transformação dos formatos de apresentação de materiais jornalísticos e dos processos de produção, é natural que ocorram mudanças também no perfil dos profissionais das redações convergentes e que novas funções apareçam. Para o autor, é uma mudança que vai além de um domínio técnico das novas ferramentas, que acompanha tantas outras profissões diante dos avanços tecnológicos. No jornalismo, o papel de contar histórias na linguagem da internet exige uma nova forma de pensar, de apurar e de trabalhar

3 É uma organização sediada na Suécia, sem fins lucrativos, com atuação transnacional, que publica em sua página, postagens de fontes anônimas, documentos, imagens e informações confidenciais, vazadas de governos ou empresas sobre assuntos delicados. Disponível em:https://wikileaks.org/. Acesso em: 29 dez. 2020. 4 https://folhaleaks.folha.com.br/ 36

em equipe. E é quando gestores e profissionais não estão atentos para estas novas demandas que acende o alerta vermelho em relação a problemas como imprecisão e superficialidade. Para Lenzi, experimentação e o método tentativa e erro podem até fazer parte do novo cenário, mas é com investimento em planejamento, treinamento e equipe que aumentam as chances de bons resultados. Walter Teixeira Lima Júnior (2012) já registrava, no início da década passada, essas transformações, considerando que, naquela época, em função da evolução tecnológica no campo da mídia, o jornalista deveria se conectar com a necessidade da sociedade por informações de relevância social, produzida e distribuída por sistemas computacionais conectados através de redes telemáticas. Lima Júnior considerou que além do Pensamento Computacional, alguns pesquisadores e profissionais acreditavam na necessidade de formar um jornalista com habilidades em programação, para que pudessem encontrar e relacionar dados contidos em diversas bases digitais, revelando informações não triviais, transformando-as em narrativas visuais. Lima Júnior (2012) recorda que um dos pioneiros a definir o jornalista como programador foi Adrian Holovaty, antigo editor de inovações do WashingtonPost.com. Ele desenvolveu em 2005 um sistema que utilizou a base de dados do Departamento de Polícia de Chicago mapeando com informações por meio da visualização proporcionada pela geolocalização, fornecidas pelo Google Maps. O conceito que define esse tipo de profissional é o hacking journalist e o termo, de acordo com Lima Júnior (2012), tem se consolidado devido à compreensão sobre as novas habilidades do produtor de conteúdo informativo em um novo ecossistema midiático. Além da questão técnica que impõe ao jornalista a incorporação de habilidades no mundo digital, também é possível pensar nesse cenário a partir de uma visão crítica. Em um estudo sobre um olhar crítico da formação do jornalista, Carlos Costa (2015) menciona uma entrevista que ele realizou, em 2013, com o sociólogo francês Dominique Wolton. Em um dos momentos da conversa, discutiram sobre a formação e a atuação dos jornalistas nos tempos das mídias sociais e Costa se lembrou de uma entrevista feita por ele a um professor francês, da Universidade de Rennes. Na oportunidade, o convidado afirmara, em sua intervenção, que qualquer cidadão com um celular na mão se considerava um jornalista. A resposta de Wolton foi enfática sobre isso, alegando que é uma traição dos professores universitários o fascínio doente da academia pela tecnologia. Wolton seguiu dizendo que esses docentes mais parecem propagandistas trabalhando para o Google ou Facebook. Interrogado por Costa (2015) sobre a formação do jornalista, Wolton citou quatro pontos importantes a se levar em conta ao pensar na formação desse profissional: grande 37

ênfase em estudos gerais, História, Política, teorias da comunicação, etc.; o pensamento crítico; o pensamento econômico – sobre quais os novos modelos de negócio sejam possíveis para os jornais, o rádio, a televisão e a internet; ver o mundo e refletir sobre o problema político que se impõe para os meios de comunicação na atualidade. Sobre os códigos deontológicos que dispõem sobre a condução do trabalho do jornalista, cabe mencionar o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, de 2007, que talvez pela desatualização, desconsidera as recentes mudanças da área, como a participação do público leitor e os seus desdobramentos, a alteração do controle da redação ou o domínio técnico do mundo digital pelo profissional de jornalismo. Também é possível mencionar a incorporação das redes sociais pelo jornalismo. D´Almonte (2020) considera que, embora parte significativa dos acessos às informações na web ainda se dê por meio de conexão direta aos sites de empresas jornalísticas, observa-se um crescimento constante de exposição a informações em sites de redes sociais. Em pleno ano de 2021, observamos a presença de organizações jornalísticas de todo o mundo em contas nas redes como o Twitter, Facebook e Instagram. Alguns estudos registram essas estratégias das organizações: Seixas (2011) reflete sobre os gêneros jornalísticos no Twitter; Zago (2012) faz uma abordagem sobre filtro e comentário de notícias por interagentes no Twitter; Mabel O. Teixeira (2012) compreendeu o tweet noticioso como gênero discursivo; uma proposta de categorização da circulação de notícias a partir das postagens no Twitter e no Facebook é a proposta de Sousa (2013); papéis de ativistas, celebridades e imprensa no Twitter foram considerados por Zago, Recuero e Bastos (2014). Também é possível mencionar narrativas no Twitter (ZAGO, 2014); a dinâmica da notícia no Twitter (SOUSA, 2014); a mudança do algoritmo do Facebook e o silenciamento do jornalismo na rede (KONDLATSCH, 2016); a apropriação do Snapchat para a circulação de conteúdo jornalístico (KANNENBERG; SOUSA, 2016); como jornais regionais brasileiros utilizam o Facebook como ferramenta para distribuição de conteúdo jornalístico (MASSUCHIN; SOUSA, 2018); quando o Twitter pauta o jornal (REBOUÇAS, 2019); e a interação mediada no Twitter (VIANA; HOMSSI, 2019). Machado (2017) sinaliza que as organizações jornalísticas estão tendo suas práticas reconfiguradas e, novas formas sociais como as especializadas em infiltrações e na checagem de informações estão emergindo nesta fase. Sobre as formas inovadoras nas práticas jornalísticas, Machado (2017) considera novos tipos de organizações ou de iniciativas que emergem em uma sociedade mais complexa, estruturada pelos oligopólios das tecnologias da informação e da comunicação, que se orienta pela cultura hacker e que não se confunde e não 38

substitui a atividade jornalística, mas a complementa e a obriga a significativas mudanças concernentes a técnicas de apuração, aos processos de produção e circulação de informações. Nessa linha, o autor menciona o wikileaks, que ampara-se na cultura hacker para atuar no limiar da legalidade para divulgar informações sigilosas e também utiliza uma ressalva deontológica do jornalismo convencional, que opera dentro dos parâmetros do Estado Democrático de Direito para justificar o segredo das fontes. Daniel Damasceno e Edgard Patrício (2020) sinalizam que veículos jornalísticos dedicados à checagem da veracidade de informações e de declarações públicas, prática conhecida como fact-checking, têm se difundido no ambiente midiático global. Ao contrário do processo de apuração convencional, que impõe a checagem de informações antes da publicitação destas, a prática de fact-checking dedica-se à checagem post-hoc, isto é, a verificação ocorre após a publicação de declarações e de supostos fatos. Os autores recordam que a prática do fact-checking foi elevada à condição de ferramenta essencial de verificação de discursos públicos após as discussões causadas pelo uso de fake news no pleito presidencial de 2016 nos Estados Unidos. Damasceno e Patrício (2020, p. 3) também sinalizam que a utilização do fact-checking como um meio para combater a proliferação de conteúdo enganoso e falso também floresceu no ambiente midiático brasileiro:

Em junho de 2018, foi lançado o Projeto Comprova, reunindo jornalistas de 24 redações de diferentes veículos de comunicação com o objetivo de monitorar e checar informações durante o período de campanha eleitoral. Além disso, quatro iniciativas brasileiras de fact-checking são signatárias da IFCN: Aos Fatos, Agência Lupa, O Truco e Estadão Verifica. Destas, Aos Fatos e Lupa participam do projeto de verificação em parceria com o Facebook.

Carla Fernandes, Luiz Ademir de Oliveira e Vinícius Borges Gomes (2019), no estudo sobre as fake news e a reconfiguração do campo comunicacional e político na era da pós- verdade, consideram que as eleições presidenciais de 2018 no Brasil foram marcadas por rupturas históricas desde a volta da escolha direta para o cargo, em 1989. A começar pelo fato de que, pela primeira vez, a internet assumiu papel de incontestável relevância, ao ser alvo de estratégias, principalmente, por parte do presidente eleito. A conjuntura fez emergir as fake news, entendidas como uma ambiência contemporânea de caráter inédito, mais pelo modo como se dão do que por ser uma novidade. As fake news, por sua vez, vem desafiando o jornalismo tradicional diante do expressivo número que circula pelo ambiente virtual com 39

potencial de convencer os leitores de que os conteúdos das matérias refletem a mais cristalina verdade. Nesse cenário, de acordo com Fernandes, Oliveira e Gomes (2019), as agências de Fact-Checking se destacam e passam a atuar como instrumentos no combate às notícias falsas. No universo da checagem de fatos no Brasil se destaca a agência Lupa, que iniciou suas atividades em 2015, com aporte da Editora Alvinegra, e está associada ao grupo do documentarista João Moreira Salles, que também publica a revista piauí. Jéssica de Almeida Santos e Egle Müller Spinelli (2017) consideram que, diante da disseminação de notícias falsas e do comportamento do público em relação ao que se produz, a tendência é de que os grandes veículos de comunicação, com suas redações cada vez mais enxutas, tenham que usar cada vez mais a mão-de-obra de agências de checagem para auxiliar nesse processo. No Brasil, as agências certificadas são Lupa, Truco e Aos Fatos.

O que faz do fact-checking uma prática relevante ao jornalismo na era da pós-verdade é a preocupação com a transparência. Os métodos de checagem não mudam muito entre as agências, mas todas explicam como chegaram à conclusão sobre a veracidade das informações publicadas, destacando as fontes originais de informação com links e referências (SANTOS; SPINELLI, 2017, p. 10).

Marli dos Santos (2019) sinaliza que, recentemente, por conta das inúmeras aparições de fake news, os próprios veículos jornalísticos desenvolveram mecanismos de fact-checking. Machado (2017) salienta que o aparecimento de novas estruturas como os departamentos especializados em infiltrações dentro dos jornais representa um sintoma do processo de diferenciação social no ecossistema comunicacional decorrente da reestruturação do sistema capitalista mundial. Outra significativa mudança do jornalismo na atualidade, e que reflete na busca, pelas empresas jornalísticas, de saídas para a nova realidade imposta pelo congraçamento de aparatos tecnológicos, refere-se à automação da notícia, ou seja, a implementação da utilização de inteligência artificial na produção do texto informativo. Para se ter ideia da profundidade da incorporação da automação da notícia para o jornalismo, recorremos ao arcabouço de Klaus Schwab (2018) em A quarta revolução industrial, que discute o contexto dessas mudanças causadas pelas tecnologias. O autor defende que a assombrosa profusão de novidades tecnológicas que abrangem áreas como a inteligência artificial (IA), a robótica, a internet das coisas (IoT), veículos autônomos, impressão em 3D, nanotecnologia, biotecnologia, ciência dos materiais, armazenamento de 40

energia e computação quântica estão apenas no início, mas já estão chegando a um ponto de inflexão de seu desenvolvimento, pois elas amplificam e constroem umas às outras, fundindo as tecnologias do mundo físico, digital e biológico. Precedida pela chegada das ferrovias e da invenção da máquina a vapor, do surgimento da eletricidade e pela linha de montagem, pela revolução digital impulsionada pelo desenvolvimento dos semicondutores, da computação em mainframe, da computação pessoal e da internet, a quarta revolução industrial postulada por Schwab (2018) condiz com o tema desta pesquisa. Ela teve início na virada do século e baseia-se na revolução digital, caracterizada por uma internet mais ubíqua e móvel, por sensores menores e mais poderosos que se tornaram mais baratos, pela inteligência artificial – nosso interesse aqui – e pela aprendizagem automática (ou aprendizagem de máquina).

A quarta revolução industrial, no entanto, não diz respeito apenas a sistemas e máquinas inteligentes e conectadas. Seu escopo é muito mais amplo. Ondas de novas descobertas ocorrem simultaneamente em áreas que vão desde o sequenciamento genético até a nanotecnologia, das energias renováveis, à computação quântica. O que torna a quarta revolução industrial fundamentalmente diferente das anteriores é a fusão dessas tecnologias e a interação entre os domínios físicos, digitais e biológicos (SCHWAB, 2018, p. 16).

De acordo com Rose Marie Muraro (1968), a automação tem um princípio de funcionamento radicalmente diferente das outras técnicas baseadas na eletricidade, pois os computadores eletrônicos funcionam de maneira análoga à dos neurônios do cérebro humano. Suas aplicações vão desde a simulação de todos os estágios da Guerra Fria até a distribuição de energia elétrica, o controle da temperatura dos pacientes de um hospital, ou da linha de fabricação de carros. Em um panorama das notícias automatizadas no mundo, Carreira (2017) sinaliza que no começo do século atual os algoritmos passaram a fazer algo julgado impossível até então: apurar, redigir e distribuir notícias automaticamente. Abandonando uma visão determinista, que considera que a simples existência de uma tecnologia fará com que ela seja adotada em todos os lugares, como se fosse uma força externa e independente, Carreira (2017) defende que muitos fatores econômicos e sociais condicionam sua implantação. Porém, compreende que a inteligência artificial cruzou o caminho de várias profissões e já provoca mudanças em redações na América do Norte, Europa e Ásia. 41

A inteligência artificial, utilizada como recurso do jornalismo, é baseada em campos diversos do saber, como Filosofia, positivismo lógico do Círculo de Viena, Matemática, Neurofisiologia, Psicologia, Linguística, Biologia e Cibernética. Carreira (2017) explica quais são os passos da produção do texto jornalístico com a automação: os algoritmos de GLN partem de uma base de dados estruturados (planilha, pública, privada etc.), avaliam os dados com base no que foi programado, identificam o que é notícia, estruturam o texto, escrevem a matéria (escolhem ou descartam palavras, usam sinônimos para evitar repetições) e finalizam o documento que ainda pode exibir infográficos, mapas e tabelas produzidas também automaticamente. Carreira (2017) também evidencia que o software apura e redige mais rapidamente do que qualquer jornalista, sugerindo que ele pode ser uma opção interessante em coberturas que demandam mais velocidade e atualização constante, como os resultados eleitorais. Os algoritmos também podem gerar, ao mesmo tempo, como já apontado, textos com estilos e línguas diferentes. A autora sinaliza que o software se sobressai também na identificação de tendências e padrões contidos nos dados, o que pode levá-lo, inclusive, a fazer certas previsões. Porém, ao mesmo tempo em que oferece vantagens em relação à produção humana, o software também possui seus limites, como na produção de nuances de linguagem humana, a exemplo do humor, sarcasmo e metáforas. Iniciativa sem precedentes no país, o portal de notícias G1 publicou, no primeiro turno das eleições, em novembro de 2020,5 um texto para cada um dos 5.568 municípios brasileiros com o resultado do pleito, graças a um modelo de automação que se utiliza de inteligência artificial criado em conjunto com a área de tecnologia da Globo. O modelo, que conta com processamento de linguagem natural, permitiu o registro, em formato de reportagem, dos prefeitos eleitos ou as disputas que iriam ao 2º turno em todos os municípios brasileiros. O G1 anunciou que todos os textos foram revisados por um jornalista antes de serem publicados e sintetizou como a organização se preparou para o início da produção do texto noticioso com a intervenção de inteligência artificial:

[...] houve uma colaboração de profissionais de diversas áreas da Globo. Um projeto foi trabalhado por meses para que os textos tenham as informações corretas e estejam totalmente precisos. Primeiro, o G1 criou a base de um

5 Em iniciativa inédita, G1 publica textos com resultado da eleição em cada uma das cidades do Brasil com auxílio de inteligência artificial. G1, 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2020/noticia/2020/11/12/em-iniciativa-inedita-g1-publica-textos-com- resultado-da-eleicao-em-cada-uma-das-5568-cidades-do-brasil-com-auxilio-de-inteligencia-artificial.ghtml. Acesso em: 16 dez. 2020.

42

texto com as informações mais relevantes a serem levantadas após a apuração. Uma equipe ficou responsável por captar os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e outra, formada por engenheiros e cientistas de dados do COE Analytics, com o apoio do MediaTech Lab (da área de Tecnologia), desenvolveu um sistema e com o auxílio de inteligência artificial moldou essa base para que os dados fossem aproveitados da maneira correta. Com uma metodologia inovadora de processamento de linguagem natural e técnicas de programação, foram feitas as correções e adequações sintáticas necessárias para chegar a um texto coeso e coerente.

A iniciativa do G1 de incorporar a automação de notícia no Brasil incide diretamente em uma das hipóteses desta pesquisa, que compreende que as grandes organizações jornalísticas brasileiras, que incorporaram o modelo norte-americano de produção de notícia, deverão seguir as tendências do setor, como a automação da produção de notícia. Estudos de 2020 reforçam esse quadro. Ivan Paganotti (2020), em pesquisa sobre a refutação automatizada de notícias falsas na pandemia, considera a conta criada em 2017 pela agência de checagem Aos Fatos. Apelidado de Fátima, o robô varre a rede social do Twitter, identificando postagens com links que já haviam sido refutadas pela agência. Ao localizar disseminadores de informações incorretas, Fátima apresenta-se como robô, aponta o erro do usuário e indica as páginas do Aos Fatos com as justificativas e as explicações das checagens. Na mesma linha, na investigação sobre os robôs de startups de agência de checagem, Laura Rayssa de Andrade Cabral (2020) também considerou o funcionamento da robô conversacional de inteligência artificial usada pela agência Aos Fatos e mencionou que ela ajuda o usuário, a partir do WhatsApp, na busca por checagens relacionadas ao tema de interesse. Já Silvia DalBen (2020) identifica, além da robô Fátima, outros dois casos no jornalismo brasileiro: a robô Rosie, lançada em 2017 pela Operação Serenata de Amor (que tem como foco fiscalizar os reembolsos efetuados aos deputados federais a partir de uma ideia do cientista de dados Irio Muskopf, em um projeto desenvolvido em crowdsourcing com um time formado por oito pessoas e mais de 600 voluntários) e o robô Rui Barbot, lançado em 2018 pelo portal de notícias especializado na cobertura do Poder Judiciário, Jota. Ela identificou que a robô Rosie e o robô Rui Barbot utilizam algoritmos de inteligência artificial para o processamento de grandes volumes de dados públicos e produzir alertas para possíveis pautas a serem trabalhadas pelos repórteres. Os recentes estudos que identificam três casos de robôs no jornalismo brasileiro, somados à iniciativa do G1 de produção de notícia automatizada, sinalizam que a automação da notícia no Brasil é fato consumado, na linha da hipótese de que as grandes organizações devem continuar seguindo as tendências norte-americanas do setor. 43

Esse breve panorama sobre as recentes alterações do jornalismo indica que o jornalismo contemporâneo, que incorpora de maneira cada vez mais sólida o ambiente digital, segue as premissas postuladas por Palacios (2003), como convergência, interatividade, hipertextualidade, personalização e instantaneidade do acesso. Inserem-se a essa lista outros elementos fundamentais do jornalismo digital (MIELNICZUK, 2003) da atualidade: a participação direta do público; adoção de novas técnicas pelos profissionais; investigação e checagem de fatos e texto noticioso produzido por Inteligência Artificial. Esse panorama se articula diretamente com um dos objetivos deste estudo, que é o de refletir sobre as recentes alterações do jornalismo pelo prisma da tecnologia. Identificamos que o cenário é amplo e envolve uma densa gama de fatores, atores e ações. Parte dessa amplitude será considerada a seguir, na identificação de projetos, iniciativas, e perspectivas do jornalismo contemporâneo.

1.2 Nova esfera pública: novos atores, novas experiências e a força do jornalismo local

O panorama até aqui desenhado compreende o cenário vivenciado pelo jornalismo na atualidade. A partir desse arcabouço, a pesquisa identifica o jornalismo contemporâneo pelo viés de uma nova esfera pública, permeando uma estrutura complexa e que tem desafiado os jornalistas e as organizações no ambiente digital. Essa nova esfera, de natureza holística, é tecida por diversos fatores, como a ampliação do interesse pelo jornalismo local; iniciativas jornalísticas de atores do ramo da comunicação que vem conquistando considerável audiência; e empreendimentos inéditos, como a produção alternativa de notícias. Esse escopo, que integra um dos objetivos da pesquisa, que é o de refletir sobre as recentes alterações do jornalismo pela ótica da tecnologia, será considerado a seguir.

1.2.1 Nova esfera do jornalismo

Um dos maiores representantes alemães da escola de Frankfurt, ainda vivo, Jürgen Habermas, é considerado por cientistas de todo o mundo como uma voz poderosa que enfrenta bem a questão da nova esfera comunicacional do ponto de vista conceitual. Na obra vocacionada a compreender a dinâmica das sociedades democráticas modernas, Habermas (2014) dedica-se a aprofundar a sua história, condições sociais, as funções políticas e os processos internos de funcionamento a partir da esfera pública. Uma de suas questões centrais 44

é entender em que condições se formaram, nas sociedades modernas, arenas ou espaços públicos de discussão crítica e racional sobre questões comuns, conduzidos por pessoas privadas. O foco é a vida pública e política dos séculos XVII e XVIII até meados do século XX na Inglaterra, França e Alemanha, ambientada nas novas relações entre economia, sociedade e Estado. O caminhar de Habermas (2014) consiste na reconstrução histórica de diferentes tipos de esfera pública, começando com a distinção entre o público e o privado na Grécia clássica; considera essa distinção na Idade Média e a emergência de uma esfera pública representativa nas cortes e nos palácios, para chegar nas configurações e mediações entre privado e público de uma esfera pública burguesa liberal da sociedade moderna, e suas transformações posteriores nas democracias de massa do assim chamado Estado de bem-estar social. Habermas (2014) ainda compreende uma relação entre os meios de comunicação e o princípio de publicidade para a configuração da esfera pública e considera o surgimento de uma esfera pública burguesa formada por indivíduos que se reuniam para debater assuntos de interesse geral, em uma instância de controle e legitimação do poder exercido pelo Estado. Habermas (2014) entende que as conversações e as discussões nos espaços públicos de uma sociabilidade que é privada, mas não dominada pela economia, e que é pública, mas não segue a lógica da administração pública, apresentam uma série de características fundamentais para se entender o potencial emancipatório da esfera pública burguesa. A esfera pública considerada pelo autor, na qual as democracias de massa do Estado se rendiam às técnicas dos meios de comunicação, usadas para atribuir uma aura de prestígio às autoridades públicas, acabava transformando a política em um espetáculo dirigido. Luís Mauro Sá Martino (2009), em sua obra Teoria da Comunicação. Ideias, conceitos e métodos, considera que a partir da obra Mudança estrutural da esfera pública, Habermas tece um estudo sobre a formação e o declínio da esfera pública burguesa, visualizando na imprensa um de seus pontos mais importantes. Martino observa que a expressão esfera pública está diretamente ligada ao espaço público e à opinião pública. No século 18, com a ascensão da burguesia como classe econômica dominante, surge um novo espaço de discussão. Esta explicação arruma o palco para o surgimento dos meios de comunicação como principais atores políticos no enredo. Martino considera, a partir do pensamento de Habermas, que os meios de comunicação asseguram a vida social de uma ideia. Neste sentido, uma vez lançado ao debate público, um pensamento poderia ser apoiado ou contrariado, mas não ignorado. A esfera pública permitiu, então, a construção de um tipo particular de consenso, a opinião pública, instrumento de pressão forte, para colocar em xeque 45

os poderes estabelecidos. No início do século 19, conforme Martino, o jornal como meio político começou a ver o seu fim, quando deixou progressivamente de ser instrumento político para se articular como empresa de comunicação. Submetidas a um modelo industrial de produção, o aspecto político-estratégico das empresas de comunicação passou a ser parte do interesse econômico. A nova esfera pública deixava se ser um espaço autônomo, sendo colonizada pelas regras do mercado que regem os meios de comunicação. Esse modelo vigorou até o advento da internet, que permitiu um modelo mais participativo, comprometendo a vigência do modelo um para todos. Costa (2006) recorda que ao receber o “Prêmio Bruno Kreisky”, Habermas dedicou seu discurso não somente ao caos da esfera pública, como entrou na discussão da questão das novas tecnologias. Lançou, na oportunidade, uma questão certeira: será que na nossa sociedade midiática não ocorre uma nova mudança estrutural da esfera pública? Este estudo compreende que sim. Ao refletir sobre a esfera global de notícias, Primo (2011) recorda que dois avanços – um tecnológico e outro estrutural – foram fundamentais na definição da indústria jornalística, o telégrafo e as agências de notícias. Hoje, com a digitalização dos processos de comunicação, o cenário é bastante diferente, conforme postula o autor (PRIMO, 2011, p. 131-132):

Diferentemente dos centros monopolistas de transmissão que controlavam a circulação de informações, as redes digitais da contemporaneidade passam a ser caracterizadas por um fluxo não linear, que altera significativamente a forma do que se chama de esfera global de notícias.

Na esteira da compreensão de que a sociedade midiática sofre uma nova mudança estrutural da esfera pública, André Lemos (2009) considera como a esfera pública pode ser vislumbrada com as redes sociais e o jornalismo na era da web 2.0 e identifica a esfera conversacional que estaria emergindo com as mídias de função pós-massiva, com as redes sociais e com os novos formatos do jornalismo cidadão e hiperlocal:

A partir das últimas décadas do século XX surge, com as redes telemáticas mundiais e com a popularização dos microcomputadores (a sociedade de informação), um novo formato de consumo, produção e circulação de informação que tem como característica principal a liberação do pólo da emissão, a conexão planetária (participação e colaboração) de conteúdos e pessoas e, consequentemente, a reconfiguração da paisagem comunicacional (Lemos, 2003). Esta reconfiguração se dá pela instituição de um novo 46

sistema (aberto, “todos-todos”, independente), que chamarei de “pós- massivo”, em tensão com o sistema clássico caracterizado pelo fluxo “um- todos” da informação para as massas. Temos agora, neste começo de século XXI, um sistema infocomunicacional mais complexo, onde convivem formatos massivos e pós-massivos. Emerge aqui uma nova esfera conversacional em primeiro grau, diferente do sistema conversacional de segundo grau característico mass media. Neste, a conversação se dá após o consumo em um rarefeito espaço público. Naquele, a conversação se dá no seio mesmo da produção e das trocas informativas, entre atores individuais ou coletivos. Esta é a nova esfera conversacional pós-massiva (Lemos, 2009, p. 10).

No mesmo tom, Giovani Vieira Miranda e Antonio Francisco Magnoni (2018, p. 6) consideram o processo emergente de reconfiguração da esfera pública, associada à criação de outras mídias:

O debate público foi ampliado com as possibilidades de comunicação vindas com a ascensão da internet. Passaram a existir outras formas efetivas de divulgação dos conteúdos críticos e reflexivos que são de interesse público, com a possibilidade de se fazer uma análise da própria mídia e de publicizar uma visão considerada alternativa.

Machado (2017) defende que o processo de diferenciação social no ecossistema comunicacional é liderado pelos oligopólios mundiais das tecnologias da comunicação e da informação, como Google, Facebook, Twitter, WhatsApp, Instagram, que na prática estão assumindo a função de estruturação da esfera pública em escala mundial, que desde o século XVIII era exercida pela imprensa. Assistimos ao surgimento de uma nova esfera pública, pautada pelas redes sociais, ambientada no cenário digital e conduzida por todos nós que nos inserimos nesse ambiente. Essa configuração permeia o complexo contexto que deve ser observado pelas organizações jornalísticas que pretendem continuar com a produção e venda de notícias na atualidade. A seguir, a pesquisa considera, como um dos contornos das alterações do jornalismo na atualidade, o surgimento de novos atores midiáticos.

1.2.2 Novos atores e suas audiências

Dentro do complexo cenário online, emergem novos atores, com consideráveis audiências. São artistas, músicos, culinaristas, profissionais de educação física e nutrição. Enfim, representantes dos mais diferentes segmentos e atividades que possam existir. Eles usam, astutamente, as mídias digitais para vender o seu peixe e transformam-se em 47

influenciadores. O ramo do jornalismo não ficou de fora dessa tendência e concentra vários desses atores. São profissionais do rádio, da televisão, do impresso ou de revistas que se apropriaram do ambiente online. Primo (2011, p. 131) considera como essa perspectiva se deu:

A produção e circulação de notícias dependia de caros meios de produção, de sistemas de logística e da divisão do trabalho de grandes equipes. Hoje, com o barateamento e simplificação das formas de publicação na Internet, a informação se desgarra do imperativo industrial. É através da potencialização da comunicação, dos afetos, do trabalho voluntário, dos movimentos de colaboração e das interações em redes que o jornalismo vai se transformando no contexto da cibercultura.

No setor do jornalismo, encontramos profissionais que concentram parte de suas atividades nas mídias digitais. Alguns deles reúnem, sozinhos, número equivalente ou superior de usuários em relação a um jornal inteiro. Uma breve observação no Instagram, por exemplo, revela essa realidade. O G1 possui 5,4 milhões de seguidores; a Folha de S.Paulo, 2,4 milhões; o CNN Brasil possui 2,3 milhões de seguidores; O Globo, 2,1 milhões; o Estadão, 1,7 milhão; Nexo Jornal, 257 mil; Le Monde Diplomatique Brasil, 105 mil; o Jornal do Brasil, 15,7 mil. Ana Holanda, ex-editora da revista Vida Simples e que agora dedica-se a consultorias de escrita, possui 28,3 mil seguidores, número superior ao do Jornal do Brasil. O colunista da Folha Reinaldo Azevedo reúne 249 mil seguidores, quase um quinto do jornal; o apresentador de televisão José Luiz Datena conta com 695 mil seguidores, mais do que um terço do Estadão. Esse quadro reforça o modelo de comunicação todos-para-todos e demonstra como as redes descentralizam o poder da comunicação, conferindo semelhantes possibilidades a qualquer usuário ou organização que nelas se hospedam.

1.2.3 Iniciativas no jornalismo nativo digital

Além de compreender o surgimento de iniciativas individuais de agentes ligados ao jornalismo na web, a pesquisa também considera as mídias independentes digitais, outro nicho emergente no mercado do jornalismo contemporâneo, e que vem forçando as organizações jornalísticas da atualidade a repensarem os seus modelos de negócio, especialmente aqueles que ainda não estão amparados no ambiente digital. 48

Capobianco (2019) discute as atuais dinâmicas de produção de conteúdo em sua tese e sinaliza que a compreensão de mídia independente é bastante ampla e, por vezes, imprecisa. Com base em um conjunto de informações sobre essas mídias, a autora, por meio de categorias que criou, tenta fazer uma síntese dos aspectos que as diferenciam, auxiliando na compreensão de suas identidades, a saber: a) posição engajada; b) cobertura temática; c) jornalismo de profundidade; d) uso de voz autoral. Ela considera, ainda, que as mídias são diversas com relação ao posicionamento editorial, nos processos produtivos e nas suas narrativas e formatos jornalísticos. Incorporando a distinção feita por Capobianco em seu conjunto de categorias e a partir de um levantamento realizado pela Agência Pública,6 a pesquisa elegeu cinco mídias para esta discussão. A partir de critérios como expressividade, representatividade e militância, optamos por considerar as seguintes mídias: Mídia Ninja, Nexo Jornal, Repórter Brasil, R.I.A, Revista Afirmativa. O Quadro 2 sintetiza as características comuns a essas iniciativas.

Quadro 2 – Características comuns às cinco mídias digitais

MÍDIA NINJA, NEXO JORNAL, REPÓRTER BRASIL, RIA, REVISTA AFIRMATIVA

a) posicionam-se como jornalísticas;

b) definem-se pela perspectiva de distribuir um jornalismo de diferenciação ou de representatividade em relação ao modelo de jornalismo praticado em grandes organizações;

c) constam no Mapa do Jornalismo Independente da Agência Pública;

d) declaram-se independentes;

e) possuem distribuição exclusiva ou quase exclusivamente pela internet;

f) têm formas alternativas ou colaborativas para seu financiamento;

g) adotam formas de gestão da organização que se assemelham a startups.

Fonte: elaborado pela autora.

O Mapa do Jornalismo independente foi realizado pela Agência Pública entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016.7 A apuração traça um mapeamento das mídias independentes no Brasil a partir de um levantamento realizado pela agência e por indicações

6 Organização de jornalismo investigativo, sem fins lucrativos. Disponível em: https://apublica.org/?gclid=EAIaIQobChMI_rnTyb_z7QIVgRGRCh0qlAhTEAAYASAAEgKpDfD_BwE. Acesso em: 17 dez. 2020. 7 Disponível em: https://apublica.org/mapa-do-jornalismo/. Acesso em: 17 dez. 2020.

49

de leitores, considerando certos critérios. Foram selecionadas aquelas iniciativas que nasceram na rede, fruto de projetos coletivos e não ligados a grandes grupos de mídia, políticos, organizações ou empresas. Blogs ficaram de fora do levantamento porque, geralmente, são iniciativas individuais, com tom pessoal, não necessariamente jornalístico. A Agência Pública mapeou, então, 79 iniciativas em 12 estados e no Distrito Federal. O estado de São Paulo, de acordo com os dados da Pública do início de 2016, concentra 36 veículos independentes, quase a metade dos que aparecem no Mapa. Foram localizadas sete organizações descentralizadas e, por terem sido criadas na rede, não têm um só local de fundação, como é o caso da Revista AzMina, que reúne pessoas de São Paulo, , Minas Gerais, Estados Unidos e Portugal. O Mapa do Jornalismo considerou apenas organizações em atividade. Entre as iniciativas listadas, a mais antiga é o site Scream and Yell, especializado em jornalismo musical e fundado em 1996. Entre 1996 e 2006, de acordo com o levantamento, o surgimento de veículos de jornalismo independente no Brasil transitou por períodos instáveis, com alguns anos sem registro de criação de organizações. A partir de 2006 é possível observar o surgimento de ao menos um veículo por ano. De 2013 para 2014, conforme a investigação, a fundação de novas organizações saltou de cinco para 18. No relatório de pesquisa sobre As relações de comunicação e as condições de produção no trabalho de jornalistas em arranjos econômicos alternativos às corporações de mídia, Roseli Figaro (2018) atualizou a investigação do Mapa do Jornalismo e construiu, em um trabalho de catalogação, o levantamento com 170 mídias independentes no Brasil e 10 mundiais. Em território nacional, elas estão assim distribuídas: 27 na região Sul, 95 na região Sudeste, 3 na região Norte, 16 na região Nordeste, 5 no Centro Oeste e 24 não identificadas. Na Grande São Paulo foram catalogadas 70. Figaro (2018) criou categorias para identificar as características de cada um dos 70 arranjos que ela localizou na região Metropolitana de São Paulo a partir de autodeclaração. O estudo observa que pequenas empresas e outras formas criativas de organização organizam- se, formam coletivos e associações como alternativa profissional e cidadã que os grandes conglomerados de mídia não podem oferecer. Também aponta a necessidade de inserção de políticas públicas que garantam a existência de arranjos locais do trabalho do jornalista como forma de proporcionar à população o direito à informação garantido pela Constituição Federal. Figaro (2018) também identificou que, como o dinheiro que entra no arranjo não é regular e nem serve para pagar os jornalistas, estes costumam trabalhar muito próximo do 50

conceito de voluntariado. Mas, apesar das dificuldades, o engajamento pelo jornalismo é a tônica dos discursos. Ela observou que o trabalho jornalístico com o smartphone permite a produção de notícia em qualquer lugar. Assim, os processos de trabalho ganham dimensão colaborativa de maneira difusa, sem o controle presencial de quem trabalha. As relações de trabalho, por sua vez, estão mediadas por dispositivos comunicacionais. Ainda discutiu os conceitos de alternativo, independente, comunitário e coletivo e considerou independência financeira como fundamental nesses novos arranjos independentes. Como conclusão de seu estudo, Figaro (2018) considerou que o território periférico é o lugar de fala de quem reivindica a valorização do comunitário. A autora compreendeu como os jornalistas organizados em arranjos econômicos alternativos às corporações de mídia sustentam sua autonomia no trabalho; identificou como os jornalistas organizados em arranjos econômicos alternativos às corporações de mídia mobilizam os dispositivos comunicacionais a seu dispor para instituir novas prescrições para o trabalho jornalístico e observou que as prescrições formuladas nesses arranjos econômicos alternativos instituem relações de comunicação mais democráticas e compartilhadas no processo de trabalho. Capobianco (2019) também se amparou no estudo realizado pela Agência Pública e extraiu, dali, algumas iniciativas analisadas em O fazer jornalístico em transformação: a produção da notícia em mídias independentes digitais. A autora se propôs a fazer uma viagem ao universo das mídias independentes. A multiplicidade de perspectivas e de compreensões acerca do que caracteriza essas mídias como independentes, e a própria noção de independência, chamou a atenção de Capobianco, evocando complexidade. Capobianco (2019), como uma das conclusões de sua pesquisa, considera que essa efervescência de iniciativas de novas mídias deve ser olhada sob aspectos políticos, sociais e econômicos, na busca por novas oportunidades de trabalho, de novos modelos de negócio, mas também do desejo de escolha de jornalistas por ambientes e dinâmicas de trabalho alinhados com suas identidades. Ela observou que essas novas mídias estão bastante organizadas e sistematizadas; identificou jornalistas que se voltam à compreensão dos conteúdos em profundidade; apontou também para novas referências que aparecem no horizonte de atuação dessas mídias, como a defesa dos direitos humanos, da democracia, a previsibilidade das instituições públicas e o combate ao trabalho escravo. Um aspecto relevante do estudo sobre as mídias alternativas é a compreensão sobre como elas se sustentam. A partir de informações fornecidas por essas organizações, a Agência Pública também apurou esse dado. De acordo com o levantamento, entre as 79 mídias mapeadas, 32 têm caráter comercial e 47 são sem fins lucrativos. Dos 57 veículos que 51

possuem alguma forma de financiamento, 35 mencionaram fontes de renda variadas e 22, somente uma. As 22 outras organizações ainda não contam com financiamento. Conforme o Mapa do Jornalismo, a fonte de renda mais mencionada pelas organizações com fins lucrativos foi a utilização de publicidade (13). Já entre as iniciativas sem fins lucrativos, sete veículos mencionaram o uso de publicidade, enquanto o modelo de financiamento mais citado por esse segmento é a doação de pessoas jurídicas (15). Dos 47 veículos sem caráter comercial, 18 apontaram que não contam com fontes de financiamento. Entre os veículos com caráter comercial, o número cai para sete. As fontes de sustento empregadas por essas iniciativas incidem diretamente sobre o modelo de negócio dessas organizações. Esse tema será contemplado ainda neste capítulo, na sinalização de saídas para as empresas jornalísticas nesse ambiente de mudanças. A Agência Pública também apurou quais os canais e ferramentas utilizados pelas mídias alternativas. A maioria dos veículos de jornalismo independente utiliza sites próprios (59) para publicar seu conteúdo, enquanto 13 divulgam a produção diretamente no Facebook. Os demais publicam em blogs, no Medium e em outras redes sociais, como Twitter e YouTube. Já o Farol Jornalismo, de , distribui sua produção através de newsletters semanais.

Mídia Ninja No que diz respeito à análise das cinco mídias selecionadas para este estudo, começando pela Mídia Ninja,8 esta se intitula como uma rede de comunicação livre, que busca novas formas de produção e distribuição de informação a partir da tecnologia e de uma lógica colaborativa de trabalho. Foi fundada em 2013, com a cobertura do Fórum Mundial de Mídia Livre, na Tunísia. É mantida por colaborações e ganhou notoriedade durante as manifestações de junho daquele ano, que reuniram milhões nas ruas do Brasil, realizando coberturas ao vivo de dentro dos protestos, com múltiplos pontos de vista. Naquele ano ela recebeu o prêmio “Shorty Awards for our Social Media Profile”.9 Em 2016, alcançou um destaque entre as iniciativas de resistência na luta pelo fortalecimento da democracia em meio a instabilidade política. Hoje a rede engaja mais de 2 milhões de apoiadores e cerca de 500 pessoas diretamente envolvidas com o suporte de casas coletivas pelo Brasil.10

8 Portal online: https://midianinja.org/ 9 “Shorty Social Good Awards” é um programa de premiação internacional que homenageia o trabalho impactante de organizações. Disponível em: https://shortyawards.com/. Acesso em: 17 dez. 2020. 10 Conforme definido pela Mídia Ninja representam os espaços ocupados pelos jornalistas em estado permanente de construções de aplicativos e tecnologias sociais. Esses ambientes servem de moradia, trabalho e convivência. 52

Em 6 de julho de 2019 a Mídia Ninja ampliou os seus negócios e lançou o seu primeiro endereço internacional em Lisboa, capital portuguesa, com convidados como Caetano Veloso e a casa lotada. A Casa foi lançada em parceria com o grupo TodoMundo e desde então conta com uma programação intensa. Além disso, a Mídia Ninja defende que busca construir frentes internacionais e intercambiar experiências com ativistas, coletivos e redes de comunicação, além de impulsionar redes regionais, como o Facción – Red Latinoamericana de Midiativismo, com mais de 200 ativistas de comunicação em 21 países. A Mídia Ninja está em processo de expansão. Uma das características que faz com que ela adquira notoriedade tem a ver com a sua linha editorial, considerada aqui a partir do estudo de Capobianco (2019, p. 51):

Os Ninjas são participantes atuantes dentro dos movimentos sociais, de onde transmitem ou captam as informações. Para quem acessa o conteúdo produzido por eles, seja no site, seja nas redes sociais, está claro que se trata de uma primeira pessoa, um ator da notícia. Eles se tornam, ao mesmo tempo, redator e personagem, não só cobrindo, mas participando e até organizando manifestações e protestos, por exemplo.

Além de agir como agente e até como protagonista da notícia, como indicou Capobianco (2019), a Mídia Ninja também explicita o seu posicionamento político, conforme demonstra uma publicação em seu Instagram de 17 de novembro de 2020, no início do segundo turno das eleições para a prefeitura de São Paulo. O post, com uma foto de Guilherme Boulos (PSOL), que disputou a prefeitura de São Paulo, e de Manuela d'Ávila (PCB), que foi candidata à prefeitura de Porto Alegre, recebeu a legenda “Brasil que queremos!”. A organização já demonstrava simpatia e concedeu generoso espaço aos candidatos no primeiro turno. A atuação da Mídia Ninja se estende em diversas frentes. Além de manter a sua página na internet, a organização está presente no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube. Incorpora a linguagem de cada meio comunicativo para divulgar seus textos.

Nexo Jornal Lançado em 24 de novembro de 2015, o Nexo Jornal é também um veículo nativo digital, com sede em São Paulo, idealizado por Paula Miraglia, Renata Rizzi e Conrado

Disponível em: https://medium.com/news-quarentena/casas-coletivas-em-quarenten-b469a9ba40ae Acesso em 17 dez. 2020. 53

Corsalette.11 Capobianco (2019) considera que, embora trabalhe com informações diárias, o modelo editorial foge da ideia de hard news e busca um jornalismo de contexto, com intenção de imparcialidade. Com apenas cinco anos de existência, ganhou prêmios reconhecidos.12 Em seu estudo sobre o jornalismo nativo digital do Nexo, Lenzi (2019) considera que o veículo, como marca nova, desde o início teve liberdade de produzir conteúdos próprios, pensados especificamente para publicação na internet. O autor ressalta que o conceito de nativo digital tem aparecido em diferentes contextos, especialmente com referência aos jovens que nasceram cercados pelas tecnologias digitais. Lenzi (2019) considera que o Nexo apresenta conteúdos inovadores que exploram características potencializadas no jornalismo online, principalmente a multimidialidade e a hipertextualidade. Isso ocorre em diferentes níveis de intensidade, de acordo com a seção publicada. Lenzi (2019, p. 5) ainda traça um perfil do Nexo Jornal:

O Nexo é um jornal digital sem cobertura factual, priorizando trazer contexto às notícias e ampliar o acesso a dados e estatísticas, conforme comunicado pela própria empresa na seção Sobre o Nexo. Trata-se de uma iniciativa independente, financiada com recursos próprios. Sem publicidade no site, o jornal dá acesso a cinco conteúdos livres por mês. A partir disso, é preciso pagar assinatura, que é a principal fonte de receitas. Com sede em São Paulo, conta com uma equipe com pessoas de diferentes formações e habilidades, incluindo jornalismo, ciências sociais, estatística, ciência de dados, design, tecnologia, marketing e negócios. Os próprios fundadores são de áreas distintas: a diretora geral, Paula Miraglia, é cientista social e doutora em antropologia social, a diretora de estratégia e negócios, Renata Rizzi, é engenheira e doutora em economia e o editor Conrado Corsalette é jornalista.

O Nexo está estabelecido no Facebook, Twitter, Youtube, Instagram, Spotify e também no canal NexoEdu, uma ferramenta criada pelo Nexo especialmente para professores e estudantes. A Repórter Brasil é uma Organização de Comunicação e Projetos Sociais.13 Foi fundada em 2001 por jornalistas, cientistas sociais e educadores com o objetivo de fomentar a reflexão e ação sobre as diversas situações de injustiças sociais, tanto nos casos de flagrante desrespeito aos direitos humanos, como nas condições sociais e estruturais sub-humanas de

11 Portal online: https://www.nexojornal.com.br/ 12 O Nexo ganhou o prêmio “Online Journalism Awards 2017” na categoria excelência geral em jornalismo on- line pequenas redações e, em abril de 2019, foi indicado entre os três melhores sites de notícias do mundo, sendo finalista do “Word Digital Media Awards 2019”. 13 Portal online: https://reporterbrasil.org.br 54

vida. A organização possui quatro eixos de atuação: jornalismo social, projetos de educação e comunicação, combate à escravidão e pesquisa sobre agrocombustíveis.

Repórter Brasil A Repórter Brasil divide sua atuação em jornalismo, pesquisa, educação e articulação. Suas principais atuações são nos campos do jornalismo e da pesquisa. A ONG Repórter Brasil lançou, em 2006, a Agência de Notícias sobre Trabalho Escravo – o primeiro veículo jornalístico voltado exclusivamente para o tema no país. O objetivo da agência é aumentar a circulação de informações a respeito da escravidão contemporânea e de todas as formas de trabalho degradante, influenciando a pauta de outros veículos de comunicação e servindo de subsídio para ações dos três poderes e da sociedade civil. As reportagens feitas pela equipe de jornalismo da Repórter Brasil são disponibilizadas no site da ONG para livre e gratuita reprodução. A agência também possui um programa de rádio distribuído semanalmente a rádios comunitárias de todo o país e que também está disponível para download na internet. Em 2008, a Repórter Brasil e a Comissão Pastoral da Terra receberam o prêmio internacional “Freedom Awards 2008”, concedido por uma das principais organizações mundiais na luta contra a escravidão contemporânea, a Free the Slaves, dos Estados Unidos.14 Em 2009, a Repórter Brasil passou a gravar o Vozes da Liberdade, programa de rádio semanal da organização, em parceria com a Rádio Brasil Atual. O site da Repórter Brasil não manifesta claramente a maneira como a organização se sustenta, mas indica a possibilidade de qualquer usuário ser um apoiador, fazendo doações mensais de valores pré-estabelecidos de R$ 10, R$ 20, R$ 50 ou R$ 100. Essas contribuições são feitas pelo site do veículo, por meio da ferramenta de pagamento PayPal.15 Além de figurar em sua página na internet, a Repórter Brasil também está no Facebook, Twitter, Youtube, Instagram e Flipboard.

Rede de Informações Anarquistas A R.I.A se autodefine como uma organização e coletividade anarquista e libertária que tem como princípio a contra-informação como forma de ação direta.16 Mantém conta no Facebook, Twitter, Instagram, Telegram e no Chat Geral R.I.A. Surgiu em maio de 2014.

14 A Comissão Pastoral da Terra foi fundada em plena ditadura militar, ligada à Igreja Católica, como resposta à situação vivida pelos trabalhadores rurais, posseiros e peões, sobretudo na Amazônia, explorados em seu trabalho. Disponível em: https://www.cptnacional.org.br/. Acesso em 16 dez. 2020. 15 Disponível em: https://reporterbrasil.org.br/2015/08/doeparareporterbrasil/. Acesso em: 16 dez. 2020. 16 Portal online: https://redeinfoa.noblogs.org/ 55

Na página inicial do seu site constam os links Início; Artigos e Resistência, com artigos de pessoas que apoiam a causa; Brasil, dividido por regiões; Mundo, também dividido. Ainda se inserem Links Libertários, com iniciativas econômicas, libertárias e autogestionárias, contra-informação, organizações e coletividades, cyberativismo, educação libertária, movimento antiopressão. Constam no portal R.I.A. informações da organização e o link Contatos. O manifesto do site descreve como se configura a produção de informação pela rede:

A criação da Rede de Informações Anarquistas sempre teve um objetivo geral: descentralizar a informação. A organização por trás dos memes e das notícias concorda que, no período histórico e tecnológico que vivemos, informação é poder e descentralizá-la para promover a luta dos povos oprimidos é empoderar a narrativa desses mesmos povos. O “empoderamento” aqui em questão passa longe do conceito pós-moderno largamente utilizado pela ex-querda partidária: nosso discurso aborda a possibilidade das vozes oprimidas de terem poder e autonomia para expressarem-se. Dessa forma, a R.I.A é, antes de tudo, um projeto de empoderamento através da informação.

A R.I.A também informa em seu portal que, em relação às tradições existentes no Brasil antes de 2013/14, a rede teria rompido com um dos fatores que, na visão da R.I.A, mais atrasavam a difusão dos princípios anarquistas/libertários pelas mídias sociais: o academicismo, o purismo e o linguajar militante tradicional nas comunicações e estéticas anarquista/libertárias.

Revista Afirmativa A Revista Afirmativa é um veículo multimídia de mídia negra.17 Em seu site, a revista defende que rompe com o discurso de pretensa imparcialidade pregado pela grande mídia, considerada pelo portal como tradicionalmente racista, machista e heteronormativa. Possui hospedagem no Instagram, Youtube e Facebook. A Revista Afirmativa é produzida pelo coletivo de mídia negra, um grupo composto de jornalistas e outros profissionais da comunicação, que atuam na militância pelo direito à comunicação da comunidade. A revista atua pela garantia da representatividade da população negra na mídia. Também promove ações que visam pautar as faculdades de Comunicação da Bahia sobre a responsabilidade das instituições de ensino na invisibilização do debate racial e

17 Portal online: https://revistaafirmativa.com.br/ 56

dos direitos humanos nos cursos de Comunicação, como o ”I Prêmio de Jornalismo Revista Afirmativa e o Lab Afirmativa de Jornalismo – Respeita a Favela!” A revista e o coletivo nascem como fruto da organização de três estudantes negros do curso de jornalismo da UFRB, que reuniram-se com a intenção de produzir um periódico que dialogasse com os colegas estudantes da instituição, majoritariamente negros. O projeto foi crescendo, e a Revista Afirmativa apresentou-se como potencial veículo de maior abrangência, com público leitor cativo na Bahia e em outros estados, sobretudo entre a juventude negra e as mulheres negras. O grupo de mídia negra Revista Afirmativa está organizado desde outubro de 2013 e realizou o lançamento oficial do portal Afirmativa e da primeira edição da revista impressa, no dia 19 de março de 2014, durante o I Encontro de Estudantes Negrxs da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), na cidade de Cruz das Almas – BA. A revista trouxe um apanhado histórico sobre a conjuntura e as perspectivas da luta por ações afirmativas no Brasil. Uma das evidências na mídia digital (COSTA, 2014) é que os sites especializados conseguem melhores resultados na cobertura de seus temas do que os sites generalistas. Este parece ser o caso da Revista Afirmativa, que busca pautar as mídias tradicionais e tem conquistado reconhecimento pelo trabalho que desenvolve. Em julho de 2015, por exemplo, sua atuação garantiu à revista a eleição entre os melhores pontos de mídia com abrangência local, em um concurso nacional organizado pelo Ministério da Cultura. Em outubro de 2015, foi selecionada pelo intercâmbio Community Journalism, organizado pelo Consulado dos Estados Unidos no Brasil, e o Instituto Mídia Étnica (IME), em reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelo coletivo e pela revista.

Em resumo

Esse breve panorama sobre as mídias alternativas sinaliza, ainda que de forma sumária, que elas se inserem em diversas frentes, com linguagens e formatos adequados para cada canal tecnológico, como o Facebook, Twitter, Instagram, Spotify, Youtube e Flipboard. Elas imprimem, cada qual à sua maneira, identidade própria na web e conquistam reconhecimento social. De forma mais ou menos similar, caminham para um jornalismo de contexto, encorpando as informações noticiosas com ampliação de dados e estatísticas. O engajamento, ativismo e clara posição política lhes confere audiência e as diferem dos meios tradicionais. A postura engajada pode resultar em atuação temática, como nos casos 57

da Repórter Brasil, R.I.A e Revista Afirmativa. Sobre as formas de financiamento: a Mídia Ninja é mantida por colaborações; o Nexo Jornal é sustentado com recursos próprios; a Repórter Brasil indica aos usuários a possibilidade de colaboração financeira; a R.I.A não menciona a sua forma de sustento; a Revista Afirmativa também não deixa clara a sua forma de manutenção. Algumas possuem características bem definidas. A Mídia Ninja, por exemplo, atua como um agente e em alguns casos, como protagonista da notícia, tornando-se o repórter, ao mesmo tempo, redator e personagem. A organização também deixa claro o seu vínculo político como foi o caso nas eleições municipais de 2020. Já o Nexo Jornal, embora trabalhe com informações diárias, busca um jornalismo de contexto, ampliando o acesso a dados e estatísticas. As mídias independentes atuam de forma engajada, e segmentada, como é o caso da Repórter Brasil, que integra comissões que buscam a erradicação do trabalho escravo no Brasil e atua como agência de notícias sobre o tema, disponibilizando o material de forma gratuita na internet. Na esteira do engajamento da Repórter Brasil, a R.I.A, que encampa o movimento anarquista, se proclama como projeto de empoderamento por meio da informação. Ainda no campo da segmentação, temos o caso da Revista Afirmativa, que defende a representatividade da voz negra nas mídias tradicionais e atua de forma engajada em outras instâncias. O Quadro 3 traz uma síntese das características gerais das cinco mídias estudadas.

Quadro 3 – Características gerais das mídias estudadas

MÍDIA NEXO JORNAL REPÓRTER R.I.A REVISTA NINJA BRASIL AFIRMATIVA

Resistência; Jornalismo de Atua no campo do Comunicação Produzido por contexto; jornalismo, da anarquista e coletivo de mídia Engajamento; pesquisa, da libertária; negra; Conteúdos educação e da Jornalista como inovadores; articulação; Contra- Atuação na ator da notícia. informa-ção militância pelo Conteúdos Voltado para a como forma de direito à pensados divulgação de ação direta. comunicação da exclusivamente notícias sobre o comunidade. para a internet; trabalho escravo.

Ampliação de dados e estatísticas. 58

Fonte: elaborado pela autora.

Este breve panorama da chamada mídia digital independente conversa de forma direta com um dos objetivos desta pesquisa, que é o de verificar as formas alternativas de produção de notícia e como elas se localizam no cenário das transformações. As iniciativas aqui identificadas, apoiadas pelos estudos de Capobianco (2019) e Figaro (2018), deixam entrever que a receita desenvolvida por essas organizações tem revelado resultados. Elas valem-se dos recursos e ferramentas disponibilizadas no mundo digital, formatam suas produções noticiosas de olho no público nativo digital e, assim, conquistam a audiência. Cada uma delas encontra meios de se sustentar que parecem ter dado certo, uma vez que têm garantido a continuidade dos projetos por um tempo, que pode ser maior ou menor, mas que legitima de alguma maneira o lugar social que esses veículos ocupam. Assim, no cenário das transformações, essas iniciativas se destacam por vencerem dois grandes desafios contemporâneos para as organizações jornalísticas: reúnem expressiva audiência e conseguem se manter. E mais do que isso, estão crescendo dia a dia. A atuação delas lhes garante reconhecimento e notoriedade.

1.2.4 A retomada do jornalismo local pelas organizações

A recente incorporação de aparatos tecnológicos no jornalismo alterou a atividade em muitos eixos. Uma dessas alterações, como veremos, foi justamente a ampliação (ou retomada) do interesse pelo jornalismo local. Antes de considerarmos as iniciativas contemporâneas que surgem nessa área, faz-se necessária uma breve reflexão sobre o espaço onde essas comunicações se dão, sobre as dimensões que fortalecem o vínculo social (como a proximidade) e as circunstâncias do movimento de resgate pelos acontecimentos locais e regionais, atendendo, desta maneira, à etapa da Hermenêutica de Profundidade estabelecida neste capítulo. Conforme Milton Santos (2002), em A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção, sendo o espaço geográfico um conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações, sua definição varia com a época, ou seja, com a natureza dos objetos e a natureza das ações presentes em cada período histórico. O autor sustenta que não há um espaço global, mas, somente, espaços de globalização, espaços mundializados reunidos por redes que, por sua vez, são globais e, desse modo, transportam o universal ao local. 59

Alain Bourdin (2001), na obra A questão local, considera que a localidade às vezes não passa de uma circunscrição projetada por uma autoridade, em razão de princípios que vão desde a história a critérios técnicos. A localidade também exprime, em alguns casos, a proximidade, o encontro diário, a existência de um conjunto de especificidades sociais e culturais. O autor elenca três grandes dimensões que fundamentam o vínculo social: primeiro, a complementaridade e a troca; em segundo lugar, o sentimento de pertença à humanidade que nos leva a reforçar nossos vínculos com os outros seres humanos; por fim, o fato de viver junto, de partilhar uma mesma cotidianidade. Neste sentido, todas as elaborações do local (BOURDIN, 2001) concedem um lugar essencial à proximidade e ao seu papel na vida social, e portanto o local é definido como uma forma social que constitui um patamar de integração das ações e dos atores, dos grupos e das trocas. No estudo sobre mídia regional e local, Cicilia Peruzzo (2005, p. 74) defende que:

Hoje está superada a noção de território geográfico como determinante do local e do comunitário. Para lá das dimensões geográficas, surge um novo tipo de território, que pode ser de base cultural, ideológica, idiomática, de circulação da informação etc. Dimensões como as de familiaridade no campo das identidades histórico-culturais (língua, tradições, valores, religião etc.) e de proximidade de interesses (ideológicos, políticos, de segurança, crenças etc.) são tão importantes quanto as de base física. São elementos propiciadores de elos culturais e laços comunitários que a simples delimitação geográfica pode não ser capaz de conter.

O autor português Carlos Camponez (2002) retoma a discussão da proximidade para o jornalismo e considera que a questão está longe de ser apanágio da imprensa regional. Na realidade, trata-se de uma questão transversal do jornalismo, no esforço de comunicar conteúdos considerados pertinentes aos seus leitores e na definição de estratégias empresariais com o objetivo de conseguirem a fidelização dos públicos.

A redescoberta do conceito de proximidade assumiu uma importância tanto maior, nos últimos anos, quanto a crise de leitores parecia agravar-se, constituindo-se como uma estratégia para recuperar imensas franjas de públicos que normalmente estão alheados dos grandes meios de comunicação de massa, quer pelo acesso ao seu conteúdo, quer pela possibilidade de se constituírem como sujeitos de comunicação (CAMPONEZ, 2002, p. 114).

Camponez (2002) considera que a proximidade tem a ver também com as realidades sociais que nos rodeiam, os serviços de que dispomos na nossa comunidade, e essa realidade só pode ser apreendida, conforme o autor, pela imprensa local e por uma abordagem bastante 60

segmentada dos públicos. O autor define o conjunto de funções que a imprensa regional desempenha: servir de elo da comunidade a que se dirige; constituir-se como complemento à experiência diária dos seus leitores; reduzir a incerteza do ambiente que rodeia o leitor; funcionar como enciclopédia dos conhecimentos vulgarizados; servir como um importante banco de dados sobre a região de influência; desempenhar a função de recreio e de psicoterapia social. A localidade reúne a proximidade, a cotidianidade, um conjunto de especificidades sociais e culturais; ela também tem a ver com o vínculo social e constitui um patamar de integração das ações e dos atores, que pode ser de base cultural, ideológica, idiomática ou de circulação da informação. Dentro da localidade a comunicação acontece e, especialmente circunscrita ao local e ao regional, a informação ganha maior repercussão devido à proximidade das pessoas que integram as comunidades. Peruzzo (2005) observa que a mídia local existe desde que surgiram os meios de comunicação de massa. Historicamente o jornal, o rádio e a televisão, ao surgir, atingem apenas alcance local ou regional. No Brasil, a televisão começa a alterar sua vocação local com o surgimento do videoteipe, em 1960, e de outras tecnologias das comunicações que possibilitaram a formação de redes e a nacionalização das transmissões das produções televisivas. A produção local e regional (PERUZZO, 2005) nunca esteve ausente dos meios de comunicação. No final dos anos 1990, pareceu haver uma redescoberta do local pela grande mídia, e o interesse apresentou-se, num primeiro momento, mais por seu lado mercadológico do que pela produção de conteúdo regionalizado. Com o desenvolvimento da globalização da economia e das comunicações, no entanto, chegou-se a pressupor o fim da comunicação local, para em seguida se constatar a revalorização da mesma. Danilo Rothberg (2011, p. 153) também considera esse período:

Uma resposta específica para os desafios enfrentados pelo jornalismo na atualidade foi posta pelo movimento surgido no começo da década de 1990 nos Estados Unidos e chamado ali de jornalismo público ou cívico. Seus precursores partiram de um diagnóstico dos dilemas então enfrentados pelos jornalistas de veículos impressos e produziram um conjunto de propostas para enfrentá-los, abrangendo também TV, rádio e internet. Mais de seiscentos veículos nos Estados Unidos passaram a adotar as orientações formuladas, constituindo um repertório de experiências que pode trazer lições a outros países preocupados com a qualidade de suas mídias jornalísticas.

61

O jornalismo local pode ser construído de diversas maneiras. Em um modelo de jornalismo que contribui para a construção da cidadania (PERUZZO, 1999), os meios de comunicação comunitários/populares surgem com o potencial de serem, ao mesmo tempo, parte de um processo de organização popular e canais carregados de conteúdos informacionais e culturais, além de possibilitarem a prática da participação direta nos mecanismos de planejamento, produção e gestão. Já a comunicação no modelo participativo (PERUZZO, 2014) coaduna com princípios embutidos nas propostas de desenvolvimento local, desenvolvimento sustentável e desenvolvimento humano. Peruzzo (2005) também sinalizou, em 2005, que uma das tendências do jornalismo local da época referia-se aos vínculos políticos locais, que tendiam a ser fortes e a comprometer a informação de qualidade. No ambiente contemporâneo do jornalismo, observa-se a retomada, pelas organizações jornalísticas, de espaços dedicados às notícias locais e regionais. Em resposta ao processo de globalização e pulverização de meios informativos, Meyer (2007) entende que, ao focar sua produção de notícias em determinada região, os jornais podem praticar de maneira produtiva o modelo de influência. Peruzzo (2014, p. 185) identificou algumas dessas iniciativas:

Tanto no sertão do Piauí, quanto na região de Borborema – semiárido do estado da Paraíba – e no território do semiárido do sertão do rio São Francisco-estado da Bahia –, além de outras partes do Nordeste e de outras regiões do país, se cultivam formas de promoção de intervenção local – e de comunicação comunitária e local – com vistas ao desenvolvimento humano em condições condizentes à realidade local. Estas, por sua vez, proporcionam crescente bem-estar à população, com respeito à terra e à natureza como um todo.

O processo de ampliação do interesse do jornalismo local fez emergir o conceito de hiperlocal. Liana Vidigal Rocha (2015) entende que o hiperlocalismo pode ser identificado como a tendência do jornalismo em explorar temas e discussões de interesse local, organizado por regiões, cidades ou bairros. Esse modelo está sintonizado, de acordo com José Carlos Fernandes e Myrian Del Vecchio de Lima (2017), com o jornalismo cidadão, exigindo vínculo com a cidade e suas comunidades. O jornalismo hiperlocal, nos moldes do jornalismo cívico e do jornalismo cidadão, dialoga com a sociedade organizada e ali cativa suas fontes. Miranda e Magnoni (2018) consideram que o hiperlocal começou a ser usado para se referir à cobertura de notícias em nível de comunidades geralmente esquecidas pela mídia tradicional, sendo, inclusive, incorporada para o contexto das produções online. A comunicação hiperlocal se concentra na cobertura de eventos de uma área geográfica 62

específica: um bairro, uma cidade, um Estado, embora os usuários possam estar fora dessa mesma área geográfica. Incorporando a noção de mídia hiperlocal cidadã como espaço para a consolidação de uma microesfera pública no debate democrático, Miranda e Magnoni (2018) analisaram o blog Mafuá do HPA, de Bauru, no interior de São Paulo. O estudo, que elegeu o blog devido à propagação de conteúdos de nível local, revela que Bauru se destaca por iniciativas privadas, com raros casos de mídia independente ou com características cidadãs. A pesquisa sugeriu relações entre as características dos diferentes modelos de comunicação de massa com a constituição de microesferas públicas firmemente apoiadas em práticas democráticas. A investigação sobre o Mafuá do HPA (MIRANDA; MAGNONI, 2018) verificou que o blog possui uma dinâmica específica de produção. A maioria dos leitores está concentrada em regiões consideradas abastadas de Bauru, embora o vínculo com a comunidade seja ressaltado quando se olha a audiência presente nas periferias da cidade, o que pode ser justificado pelo privilégio editorial por assuntos dessas regiões. Considerando os imperativos do modelo digital, Fernandes, Conceição, Spenassatto e Goss (2019) estudam outra iniciativa de jornalismo local, com o nascimento do jornal Plural, na capital paranaense, que surgiu como um produto hiperlocal e se aproxima dos modelos norte-americanos de resistência midiática, firmados na relevância e influência. É descrito pelos seus idealizadores como um jornal raro, criado e administrado exclusivamente por profissionais de comunicação, com linha editorial independente, dedicado à cobertura de política, cidades e cultura. Machado Filho, Santi, Lima e Alves (2016) defendem outra possibilidade na esfera local, a transmidiação, oportunizada pela TV híbrida, sustentada por uma publicidade baseada em dados fornecidos pelos motores de busca, abrindo um caminho para a comunicação regional. Os autores acreditam que os processos de mediação devem se reestruturar por conta do processo de convergência e ampliação dos canais de comunicação mundial, sugerindo, como alternativa, que os meios de comunicação se apoiem na exploração qualitativa dos fatos locais que atuam, sinalizando a necessidade de segmentação na comunicação, da criação de nichos e grupos que se interessam por recortes temáticos. Machado Filho, Santi, Lima e Alves (2016) consideram que o modelo brasileiro de televisão é muito parecido com o americano, evidenciando que um dos elementos presentes nesses dois formatos, e que se revela como essencial para o seu sucesso, é o localismo. Eles defendem que a transmidiação, oportunizada pela TV híbrida, representa uma oportunidade ímpar na história das emissoras locais, capaz de lhes configurarem uma liberdade econômica 63

que lhes possibilite atuarem de forma independente e comprometidas com a democracia e o desenvolvimento local. Essa configuração híbrida de televisão favorece a TV local, pois traz para a discussão um modelo de televisão em que a integração entre conteúdo local e nacional permitiria uma maior oferta de programas e serviços para a audiência. Rocha (2015) considera dois exemplos de hiperlocalismo, o portal G1 e o jornal online O Norte. A autora aponta que o G1 segue a divisão geográfica convencional das regiões brasileiras – Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e, em seguida, a subdivisão das unidades federativas, além de também considerar as relações socioespaciais existentes em cada unidade, como Vilhena e Cone Sul, Triângulo Mineiro e Região dos Lagos. Apresenta preocupação com os interesses do público que vão além de uma mera divisão de território, considerando as semelhanças (proximidades) políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais em cada espaço social. O portal O Norte surgiu em 2005, em versão online do impresso O Norte. Na época, de acordo com Rocha (2015), realizava apenas a transposição de notícias publicadas no meio impresso. Com a extinção da versão impressa, em 2009, o portal passou a ser o principal produto de conteúdo jornalístico da região norte do Tocantins. Voltado para o público araguainense, o site veicula principalmente informações sobre os acontecimentos da cidade. Produz um jornalismo hiperlocal na medida em que investe em notícias originais sobre sua comunidade, promove a participação do cidadão e busca aporte financeiro na própria cidade. A recente ampliação do interesse das organizações jornalísticas pelo jornalismo local, aqui entendido como hiperlocalismo, demonstra que essas empresas têm investido em estratégias empresariais no setor, incorporando a proximidade e a identificação de assuntos de interesse do público leitor que ocorrem nos entornos local e regional. Desta forma, buscam fidelizar seus públicos, conquistando uma fatia no mercado emergente do jornalismo digital. A nova esfera do jornalismo é configurada no ambiente digital e comporta diferentes formatos no fazer jornalismo na contemporaneidade. Essa complexa realidade do setor exige profunda reflexão por parte das organizações jornalísticas. Algumas já incorporaram as mudanças, garantindo, de um modo ou de outro, o financiamento de suas empresas e a aferição de lucros para novos investimentos. Outras tantas ainda estão às voltas para encontrar um modelo de negócio que fidelize o público leitor e garanta rendimento no final do mês. Esse quadro suscita a investigação de projetos, pesquisas, intuições e sinalizações de saídas para essas empresas, cenário este que será considerado a seguir. 64

1.3 A busca de saídas pelas organizações jornalísticas

A sessão anterior considerou atores, projetos e iniciativas jornalísticas que emergem no ambiente digital. Ao identificar que a paisagem em que operam as organizações jornalísticas está sendo redefinida, a pesquisa se ocupa, neste momento, com as experiências, projetos e modelos que podem representar saídas, por parte das organizações na contemporaneidade. Essas mudanças relacionam-se diretamente com a convergência das mídias, que proporcionou oportunidades, mas também gerou grandes desafios para as empresas do setor. Uma das principais premissas para as organizações jornalísticas imprimirem estratégias de negócio no mundo digital refere-se à audiência neste ambiente. Conforme mencionado no texto introdutório, em 2020, durante a pandemia, sites de informação, categorizados como notícias, saltaram de uma média de 440 milhões de pessoas por dia, para mais de 560 milhões de usuários, representando um aumento de mais de 27%. O engajamento foi maior em todos os setores, já que o total de visitas aumentou 43%. O número é considerável e requer atenção das organizações. Na fase embrionária do jornalismo digital, Palacios (2003, p. 17) identificou a inexistência de um modelo para o jornalismo na web:

É igualmente importante que se ressalte que não acreditamos existir um formato canônico, nem tampouco “mais avançado” ou “mais apropriado” no jornalismo que hoje se pratica na web. Diferentes experimentos encontram- se em curso, seguindo uma multiplicidade de formatos possíveis e complementares, que exploram de modo variado as características das NTC.

Lenzi (2017) considera que a queda da circulação em papel e consequentemente do valor e da participação da publicidade como fonte de renda foi um golpe forte e que ainda estão em debate formas de rentabilizar o jornalismo online. De acordo com Lenzi, a queda na receita em publicidade também é uma queixa do setor, que tem se intensificado nos últimos anos ao ponto de, na média do mercado, a circulação já responder por uma fatia maior das finanças do que a propaganda. Ao estudar a circulação paga em jornais impressos e digitais, o autor reconhece que as oportunidades que a internet traz para as narrativas jornalísticas também encontram obstáculos, ao ponto de o tradicional modelo de negócio das empresas jornalísticas, em que a produção de conteúdo é financeiramente sustentada por assinantes e patrocinadores, ser colocado em xeque. 65

Costa (2006) anunciou, no fim da primeira década de 2000, que a indústria de mídia engatinhava no seu desenvolvimento digital, e que quem não se levantasse para andar perderia a corrida. O autor alertava, na ocasião, para a exigência de rapidez na construção desse modelo, no qual as ferramentas de interação dão o tom. O anúncio profético faz todo sentido. No estudo em que se dedica a responder por que o que então se chamava de nova mídia era revolucionária, Costa (2006, p. 21-22) faz um alerta:

Ninguém vai matar o jornal, embora o elemento vivificador, a tecnologia propiciadora de acesso universal e móvel à profusão das informações, leve indústrias, como a do jornal, a entrar em declínio. Passou o apogeu. As circulações dos jornais não crescem mais da maneira como cresciam, não geram mais resultados crescentes – de uma forma geral. A circulação até pode aumentar por conta da explosão do mercado de jornais gratuitos ou dos jornais de preço baixo, mas a indústria não consegue fazer crescer receitas ou a venda de produtos impressos na mesma escala e velocidade do passado. Desde a década de 90, do século passado, essa indústria necessita voltar sua atenção total às margens decrescentes de lucro, e tornou-se imperativo cortar custos – seja de mão-de-obra, seja de matéria prima. Ela não está condenada a morrer, mas está destinada a parar de crescer da maneira como sempre cresceu, a não ser que domine a plataforma da nova mídia, caso contrário, alguém lhe toma o lugar.

No mesmo tom, Machado Filho, Santi, Lima e Alves (2016) consideram que a democratização das ferramentas de produção e o advento da internet estão democratizando também o espaço de construção de conteúdo. Neste sentido, os autores indicam que os produtores tradicionais de informação noticiosa precisam inovar de forma mais constante e assertiva para permanecerem no espaço do poder simbólico da mídia. Lenzi (2017, p. 157) menciona o início do movimento das organizações em busca de um modelo para manterem seus negócios:

As empresas informativas entre o início da década de 1990 e a virada do milênio buscavam de forma incessante modelos estratégicos que alterassem minimamente a estrutura da empresa, seus produtos e o seu processo operacional, mas que, ao mesmo tempo, explorassem ao máximo as vantagens da revolução digital.

Nesse ambiente de incertezas, surgem iniciativas que podem revelar uma dose maior ou menor de consistência. Lenzi (2017) aponta que os dois principais jornais espanhóis, El País e El Mundo, vivenciam um novo momento de priorização da plataforma online, um processo para o qual também parecem caminhar jornais brasileiros. A virada da chave, do impresso para o digital, conforme Lenzi (2017), não é um processo fácil e rápido. Trata-se de 66

uma transformação que condensa planejamento, tempo, disposição e a revisão de rotinas e procedimentos incorporados à cultura profissional, fortemente pautada pelo ciclo do impresso ao longo de muitas décadas, no território da chamada velha esfera pública.

1.3.1 O modelo do New York Times

Com um recente estudo sobre o que considera uma reinvenção digital do The New York Times, Nafría (2017) lista 10 lições aprendidas com o jornal norte-americano: a aposta no jornalismo de qualidade na oferta de um produto imprescindível aos usuários; a mudança no modelo de negócio que faz com que usuários já aportem mais dinheiro do que os anunciantes (o que ocorreu pela primeira vez em 2012); o foco nos usuários, especialmente nos mais fiéis; a definição clara de missão e valores; a adaptação das equipes para a era digital e móvel; a crença de que o futuro (e o presente) é móvel; a aposta em um jornalismo cada vez mais visual; o entendimento de que o caminho para a transformação digital é longo e complexo; o reconhecimento da necessidade de repensar o diário impresso e o investimento em um trabalho colaborativo entre todos os departamentos. O The New York Times manteve um número estável de 1.300 profissionais nos últimos anos, a maior equipe entre os jornais norte-americanos, de acordo com Nafría (2017), mas variando no perfil de atuação. No estudo sobre o processo de transição do The New York Times do impresso para o digital, Gonçalves (2019) afirma que as inovações do tradicional jornal americano ocorrem, principalmente, no âmbito tecnológico, tendo a empresa investido, a cada dia mais, em seu conteúdo digital. Essa preocupação, no entanto, é antiga, já que o The New York Times lançou o seu website em 1996, o mesmo ativo até hoje. Já naquele momento, de acordo com Gonçalves (2019), o objetivo do jornal americano era o de gerar audiência para uma nova plataforma. Tal investimento se fortaleceu, principalmente, a partir de 2005, uma vez que o relatório anual de acionistas de 2004 fez referência à necessidade de se operar em múltiplas plataformas de distribuição de conteúdo. Essa transformação se intensificou ainda mais em 2006, uma vez que o título do relatório trazia a frase: “Perseguindo um futuro multiplataforma”. O trecho do documento deixava clara, assim, a mudança de estratégia do The New York Times, que, a partir daquele ano, procurou criar novos produtos, através de mídias variadas, além de ter investido em pesquisa, com o objetivo de antecipar iniciativas. O objetivo de tal preocupação com o ciberespaço, de acordo com Gonçalves (2019), era o de atrair um maior número de assinaturas digitais, a partir de um modelo de negócios 67

paywall poroso, que permite a leitura de uma determinada quantidade de conteúdo gratuita, com acesso ilimitado para assinantes. Costa (2014) recorda que o The New York Times iniciou as tentativas de incorporar o paywall em 1999 e que, em 2010, quando as receitas da publicidade alcançavam a marca de 60%, o veículo voltou a cobrar pelo conteúdo online. Dois anos depois chegou à marca de 450 mil assinantes e, no final de 2013, a 760 mil. Ainda de acordo com Gonçalves (2019), o então presidente do The New York Times, Mark Thompson, considerou, no final da segunda década do segundo milênio, que a ambição do veículo era a de atingir 10 milhões de assinantes digitais, havendo um interesse também crescente em publicidade digital. O empresário entende que há a possibilidade de, no futuro, não existir mais a mídia impressa, embora ele acredite que tais edições ainda devam perdurar por mais dez anos, por haver um público fiel. Segundo Thompson, a mídia impressa ainda é a que apresenta maior lucro, mas ele defende que existe um grande mercado para o paradigma digital. Contudo, ele desejava atender à base de clientes da edição impressa até quando for possível e, ao mesmo tempo, construir o negócio digital, de forma que a empresa alcance, assim, um crescimento de sucesso, perdurando por um longo tempo, mesmo após o fim da mídia impressa. O The New York Times, como lembra Gonçalves (2019), tem adotado estratégias, desde o final da década de 1990, para se adaptar ao cenário digital. Mais recentemente, tais iniciativas também estão voltadas para o seu faturamento, o que pode ser visto, por exemplo, em suas próprias produções audiovisuais, agora vinculadas à Amazon, Hulu e FX. Além delas, destacam-se também os livros, que são vendidos na loja virtual da empresa. Nesse sentido, além de cobrar por suas assinaturas, o periódico amplia a oferta de seus serviços, vendendo, para tanto, outras produções.

1.3.2 Projetos, intuições e saídas possíveis

Essa seção indica, não mais que de maneira introdutória, alternativas, projetos e pesquisas que estão sendo visualizados para resolver os desafios enfrentados pelas organizações jornalísticas na atualidade – que estão às voltas com o problema de garantir faturamento e margens de lucro com a venda de notícias. Lenzi (2017) cita o modelo de Plataformas Multilaterais, que envolvem empresas que atendem dois ou mais grupos distintos, porém interdependentes, de clientes. O autor também considera o Modelo de Negócio Grátis, quando pelo menos um segmento de clientes 68

substancial é capaz de se beneficiar continuamente de uma oferta livre de custos. Exemplo tradicional é o caso do jornal impresso com circulação gratuita, gerando maior audiência, e, com isso, agregando valor comercial aos seus anúncios publicitários. A popularização da internet, no entanto, fragilizou esta relação. Lenzi (2017) lançou em sua tese 10 ideias, formulando-as como guia de boas práticas para redações convergentes, com a identificação de demandas para a produção da reportagem multimídia no cenário contemporâneo: garantir equiparação salarial; trabalhar em equipe; promover a visão multimídia; treinar os atuais e os novos funcionários; investir em sistemas de publicação; criar um fluxo de atualização do online; ampliar a equipe para antecipar o ritmo de produção; cobrar pelo conteúdo, mas não por qualquer conteúdo; explorar a prática da grande reportagem; incorporar o fluxo digital como prioridade. Fruto de uma temporada em 2013 na Columbia University Graduate School of Journalism, em Nova York, Caio Túlio Costa (2014) elaborou uma estratégia possível para as empresas jornalísticas formatarem um modelo de negócio rentável na era da internet. A partir da averiguação de uma disrupção nessa indústria, sugere uma modelagem capaz de garantir produção jornalística de qualidade, independência e vigilância crítica dos poderes. Costa (2014) defende que o novo modelo de negócio começa com as redes sociais, que precisam ser consideradas de maneira estratégica pelas organizações. Aprender a cooperar, de acordo com o autor, é fundamental no novo desenho de negócio para os jornais, pois, em sua ótica, nenhum negócio de notícia permanece de pé sem o entendimento da superdistribuição. Costa (2014, p. 85) considera a importância de as empresas se engajarem nas mídias sociais, de forma estratégica:

A presença dos jornais nessa mídia é inevitável, não somente pelo que cada jornal pode ganhar se relacionando com as pessoas, mas também porque, quer se queira, quer não, a marca de qualquer jornal está presente nas redes. As pessoas falam nas redes sobre o que leem nos jornais. As pessoas falam sobre os jornais. Mais: as pessoas falam de assuntos e de notícias que interessam aos jornais. Ainda mais importante: as pessoas compartilham as informações com outras. É a superdistribuição em plena ação.

Costa (2014) desenvolve o seu modelo de negócios para o jornalismo digital a partir de três soluções: o paywall, a publicidade e o que ele chama de serviços adicionados. O autor garante que, a depender da energia que as organizações jornalísticas estiverem dispostas a investir nessas estratégias, elas podem, sim, se tornar uma fonte de recursos rentável. 69

A paywall (COSTA, 2014), cuja tradução livre do inglês é muro de pagamento, resume a questão da venda de assinaturas online. Funciona da seguinte maneira: o leitor acessa publicações jornalísticas online e, ao tentar seguir com a leitura e ler outro texto, esbarra em um formulário que vai lhe pedir um cadastro, indicando o pagamento de determinada quantia. O autor recorda que o primeiro a cobrar pelo acesso ao seu conteúdo foi o Wall Street Journal, já em 1997. Uma rede própria de publicidade representa, de acordo com Costa (2014), uma das melhores saídas para as empresas jornalísticas, em um sistema conjunto e escalável para trabalhar as diferentes possibilidades de publicidade online nas plataformas atuais e futuras. O autor justifica que, na combinação de um novo modelo de negócio que mescle publicidade, assinaturas, venda de serviços de valor agregado e superdistribuição, a publicidade só terá sentido se tiver escala necessária para vender anúncios segmentados ou baseados nos desejos do consumidor. A terceira solução proposta por Costa (2014) refere-se à oferta de uma gama de subprodutos (além do conteúdo noticioso) do material informativo e de serviços tecnológicos ligados ou correlatos à produção de informação, como newsletters, dossiês, livros e serviços segmentados. Trata-se de oferecer, de forma própria ou por meio de parceiros, tudo aquilo que orbita em torno de serviços de informação que a internet conseguiu reformatar e ampliar a partir da possibilidade da interação em rede. O Quadro 4 traz um resumo das soluções apontadas pelo autor. Quadro 4 – Características gerais das soluções para o jornalismo digital

PAYWALL PUBLICIDADE SERVIÇOS ADICIONADOS

Venda de assinaturas online sob Anúncios segmentados ou Subprodutos das publicações em demanda de leitura das com base no desejo do que usufruem de plataformas ou publicações do jornal consumidor serviços de informação propiciados pela internet

Fonte: elaborado pela autora, com base na formulação de Costa (2014).

Costa (2014) define seis fundamentos para essa nova cadeia de valor, do ponto de vista estratégico: 1) não ter medo de reinventar a empresa, de começar do zero, nem de buscar apoio dos jovens nativos digitais; 2) compreender que a indústria do jornalismo na era industrial representava um negócio de distribuição e que a nova realidade sugere um serviço cuja administração da relação digital com o consumidor passa a ser chave estratégica; 3) investir em tecnologia; 4) produzir informação de acordo com o espírito dos nascidos digitais, 70

mirar no público jovem; 5) sintonizar a empresa jornalística com a realidade do compartilhamento da informação e da sua superdistribuição; e 6) ampliar o leque de serviços que a empresa jornalística tradicionalmente proporciona. Por sua vez, a Rede Internacional de Jornalistas, Ijnet,18 divulgou, em junho de 2017, sete modelos de negócios que podem, segundo a organização, salvar o futuro do jornalismo. A Ijnet considera que a era digital alterou os padrões do consumidor e, por sua vez, interrompeu os modelos tradicionais de publicidade dos jornais. Isso levou os profissionais da mídia a buscar maneiras inovadoras de permanecer lucrativos. Algumas dessas estratégias já estão em vigência e, de acordo com a Rede, estão provando que o jornalismo continuará existindo no futuro. São os seguintes os modelos mais promissores para o financiamento de jornalismo de qualidade, de acordo com o levantamento da Ijnet: 1) Sponsored content (conteúdo patrocinado): refere-se a histórias originais e autênticas, escritas para promover ou anunciar uma empresa. Como o conteúdo patrocinado é bastante semelhante à narrativa jornalística, o primeiro geralmente é marcado com um rótulo de “conteúdo patrocinado”. Conforme a Ijnet, as empresas de mídia são capazes de alavancar sua reputação para criar histórias de marca que o público provavelmente levará a sério. Em parte, isso atraiu empresas para anunciar em organizações de notícias e, em grande parte, funcionou para publicações maiores. 2) Crowdfunding (Financiamento colaborativo): uma série de publicações agora dependem de doações. Isso se tornou mais evidente, principalmente, para organizações sem fins lucrativos que se dedicam ao jornalismo investigativo. Enquanto algumas organizações de mídia convidam pessoas a doar para projetos individuais de jornalismo por meio do Kickstarter,19 outras, como o The Guardian, incorporaram esquemas de adesão. Embora a publicação holandesa De Correspondent fature por meio de assinaturas e acesso pago, o site de notícias foi lançado com um crowdfund de US$ 1,7 milhão, permitindo-lhe pagar os

18 A Ijnet – Rede Internacional de Jornalistas – é produzida pelo Centro Internacional para Jornalistas. A iniciativa declara em sua página na web que oferece o que há de mais recente sobre inovação de mídia global, aplicativos e ferramentas jornalísticas, oportunidades de treinamento e dicas de especialistas para jornalistas profissionais e cidadãos em todo o mundo. A Ijnet acompanha a evolução do jornalismo de uma perspectiva global em sete línguas (árabe, chinês, espanhol, inglês, persa, português e russo). Tem como parceiros: HackPack, GEN (Global Editors Network), NiemanLab, CIMA e Global Investigative Journalism Network. Portal online: https://ijnet.org/pt-br. 19 Com sede em Nova York, a Kickstarter foi lançada em abril de 2009. A organização declara em seu portal que é uma empresa independente, que reúne cerca de 92 pessoas, que constroem projetos criativos e apoiam o ecossistema criativo ao seu redor. Em 2015, se tornou uma Corporação de Benefício Público, uma empresa com fins lucrativos que prioriza resultados positivos para a sociedade, tanto quanto para os seus acionistas. Em sua página na internet, a Kickstarter sinaliza que 194.339 projetos foram financiados com sucesso desde o ano de sua fundação. A página está disponível em: https://www.kickstarter.com/discover/categories/journalism. Acesso em 29 dez. 2020. 71

salários dos jornalistas. FrontPageAfrica, um jornal independente na Libéria, é financiado pela diáspora liberiana. O editor e fundador, Rodney Sieh, pode fazer um relatório sobre questões de direitos humanos na Libéria graças à independência proporcionada pelo crowdsourcing. 3) Subscriptions (Assinaturas): “Alguém tem que pagar pelo jornalismo, ou o jornalismo terá que pagar por isso” é um argumento popular entre os editores, sempre que se fala em conteúdo de notícias gratuito. Jornais como o The Information, que é totalmente baseado em um modelo de assinatura, mostraram que as empresas de mídia ainda podem sobreviver com esse modelo. Embora algumas organizações possam obter receitas significativas com as assinaturas, no entanto, jornais como o The New York Times não conseguem ser sustentados apenas pelas assinaturas. Os modelos de assinatura também dependem em grande parte da segmentação de públicos que não apenas valorizem o conteúdo produzido, mas também estão dispostos a pagar por ele. 4) Live journalism (Jornalismo ao vivo): graças ao Facebook Live, Periscope e outras plataformas, os jornalistas agora têm a oportunidade de apresentar suas histórias para uma audiência ao vivo. O jornalismo ao vivo permite que os jornalistas apresentem as notícias de maneira nova e interativa. Exemplos de empresas de mídia que estão envolvidas com jornalismo ao vivo incluem The Boston Globe’s Globe Live e Gannett com seu Arizona Storytellers Project. Embora parte da receita venha da venda de ingressos, os patrocínios parecem gerar mais. Em 2015, o Arizona Storytellers Project arrecadou mais de US$ 100.000 por meio de um patrocínio de apresentação. 5) Donor funding (Financiamento de doadores): esse tipo de financiamento abrange formas variadas, incluindo apoio filantrópico, financiamento do governo e responsabilidade corporativa. Amabhungane, da África do Sul, é financiado por seis organizações doadoras, com um terço de seus custos sendo cobertos pelo The Mail e Guardian. Os filantropos geralmente fazem doações generosas para promover o bom jornalismo. Um exemplo é o fundador do eBay, Pierre Omidyar,20 que, por meio de sua empresa filantrópica, assumiu o

20 Podemos citar o exemplo clássico do The Intercept, mídia digital independente que opera com grande financiamento de alguns magnatas. No Brasil, verificamos algumas iniciativas que trabalham com recursos de apoiadores. A Amazônia Real (disponível em: https://amazoniareal.com.br/e-hora-de-financiar-o-jornalismo- independente-no-brasil/), organização que declara possuir a missão de fazer jornalismo independente, ético e investigativo, pautado nas questões da Amazônia e de seu povo, com linha editorial em defesa da democratização da informação, da liberdade de expressão e dos direitos humanos, instituiu uma campanha em 2019, intitulada “Iniciativas jornalísticas que merecem seu apoio”, com objetivo de apresentar uma lista de veículos confiáveis para os leitores se informarem, evitando a reprodução da desinformação. Além da Amazônia Real, constam na relação: agência de checagem Aos Fatos; Pública, agência de jornalismo investigativo sem fins lucrativos, criada por repórteres mulheres no Brasil; Projeto #Colabora, iniciativa jornalística que aposta na sustentabilidade; agência de jornalismo Eco Nordeste; Ponte Jornalismo, que defende os direitos humanos por 72

compromisso de doar US$ 100 milhões para apoiar o jornalismo investigativo e combater notícias falsas. Vários governos ainda financiam jornais nacionais ou públicos. Bons exemplos incluem países como França e Noruega, que financiam diretamente empresas de mídia com fins lucrativos. A responsabilidade corporativa é outra forma de financiamento que os jornais podem buscar. Um exemplo proposto é o Facebook e o Google financiando o jornalismo como parte de sua responsabilidade corporativa. O principal desafio seria essas empresas fornecerem recursos sem buscar exercer influência. 6) Micropayments (Micropagamentos): com os micropagamentos, os leitores pagam pequenas quantias para acessar um único artigo. Blendle, uma plataforma de notícias holandesa, está atualmente rodando neste modelo, com histórias individuais custando entre 10 e 90 centavos. Basicamente, é o iTunes das notícias. A Blendle licenciou conteúdo de quase todos os principais veículos de notícias da América e da Europa. Não há anúncios, e os usuários pagam apenas pelas matérias de que gostam. Se uma pessoa não gostar do artigo que leu, pode solicitar o dinheiro de volta. 7) Quality journalism (Jornalismo de qualidade): uma razão interessante pela qual os leitores do Blendle às vezes pedem reembolso para histórias específicas é por causa de sua qualidade. Artigos Clickbait – histórias de qualidade que as pessoas podem obter em qualquer lugar e de graça – parecem obter mais reembolsos do que análises e artigos de fundo aprofundados. As pessoas só pagarão pelo conteúdo que acharem que vale seu dinheiro. O Quadro 5 traz um resumo dos modelos apontados pela Ijnet.

Quadro 5 – Características gerais dos 7 modelos de negócio para o jornalismo

MODELOS DE DESCRIÇÃO NEGÓCIO

Sponsored Content Conteúdo autêntico sob encomenda de marcas; Indica em seu material informativo, o rótulo “conteúdo patrocinado”

Crowdfunding Doações colaborativas que subsidiam as publicações

Subscriptions Assinaturas que contribuem para obter receita; Faz-se necessário trabalhar com segmentação de público alvo

Live Journalism O jornalismo ao vivo viabiliza novas formas de interação com sua audiência e arrecada patrocínio

meio de jornalismo independente; Portal Catarinas, que produz jornalismo especializado em gênero, feminismos e direitos humanos; Revista AzMina, publicação online e gratuita para mulheres, além da The Intercept Brasil, agência de notícias dedicada à responsabilização dos poderosos por meio de um jornalismo combativo. 73

Donor Funding Financiamento de doadores abarca diferentes fontes: filantropia, financiamento governamental e responsabilidade corporativa

Micropayments Leitores pagam pequenas quantias para ter acesso a um conteúdo sem anúncio e com direito a devolução do dinheiro caso o leitor não tenha gostado do artigo

Quality Journalism Jornalismo de qualidade em que é possível fazer com que as pessoas invistam seu dinheiro, ao contrário de artigos Clickbait

Fonte: elaborado pela autora, com base na Ijnet.

Este capítulo compreendeu as recentes alterações do jornalismo, abarcou o surgimento de uma nova esfera pública do jornalismo, verificou como atores midiáticos vêm conquistando audiência no ambiente digital, considerou o surgimento de iniciativas nativas digitais e identificou a ampliação do interesse pelo jornalismo local. Todo esse arcabouço indica um cenário complexo e sinaliza que as organizações jornalísticas da atualidade que desejarem sobreviver precisam amparar os seus negócios no ambiente digital. Isso é o que se tornou bastante claro nesta última seção, que indicou, a partir de recentes pesquisas, algumas possíveis soluções – como modelos de negócios – para as empresas do setor, a saber: plataformas multilaterais; modelo de negócio grátis; paywall; a publicidade; os serviços adicionados; sponsored content; crowdfunding; subscriptions; live journalism; donor funding; micropayments e quality journalism. A discussão proposta incide diretamente sobre um dos objetivos da pesquisa, que é a reflexão sobre as recentes alterações do jornalismo com olhar atento para o meio digital. Identificamos, a partir das sinalizações das pesquisas averiguadas, que a atividade está mergulhada em um caldo tecnológico. As empresas que ainda formatam seus modelos de negócio amparados em uma estrutura que desconsidere o universo online são desafiadas o tempo todo a observar esse cenário, reformulando suas estratégias, de modo a garantir sua sobrevivência no mercado de notícias. O panorama apresentado neste primeiro momento da tese indica que o estabelecimento do mundo digital para as organizações jornalísticas é um caminho sem volta. O próximo capítulo considera a visão do pesquisador brasileiro sobre o tema de nosso estudo, abarcando uma análise acerca das alterações do jornalismo na última década a partir dos textos publicados por duas das mais representativas entidades da área do Jornalismo no País, a Compós e a SBPJor. 74

CAPÍTULO 2

O OLHAR DO PESQUISADOR BRASILEIRO

Neste capítulo, o estudo acolhe as principais contribuições da pesquisa brasileira da segunda década do segundo milênio, que traduzem as transformações enfrentadas pelo campo do Jornalismo, sob o viés da tecnologia. O estudo levanta esse panorama a partir de um foco particular, que são os textos apresentados anualmente nos Encontros Nacionais da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós) e da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). As duas Associações são reconhecidas no meio acadêmico, por revelar alguns dos resultados mais expressivos da pesquisa em Comunicação no Brasil. Os temas relativos ao Jornalismo, no caso da Compós, aparecem de forma particular em Grupos de Trabalho (GT´s) específicos, dentre vários outros vinculados de diferentes maneiras à área de Comunicação, diferentemente da SBPJor, que reúne tão-somente pesquisadores, professores e estudiosos dos fenômenos jornalísticos. Fundada em 1991, a Compós mantém como filiados Programas de Pós-Graduação em Comunicação nos níveis de Mestrado e Doutorado de instituições de ensino superior públicas e privadas no Brasil.21 Como espaço de intercâmbio acadêmico entre os pesquisadores dos vários Programas, a Compós realiza, anualmente, desde 1992, Encontros Anuais estruturados sob a forma de GT´s, nos quais são apresentados e debatidos estudos e pesquisas, sobre temas científicos relativos ao campo da Comunicação. Os Encontros são organizados pelos Programas associados, sob a forma de rodízio. A última edição do evento, que deveria ter

21 Na lista somam-se 52 programas: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Universidade Federal da Bahia; Universidade Federal do Rio de Janeiro; Universidade Metodista de São Paulo; Universidade de Brasília; Universidade Estadual de Campinas; Universidade de São Paulo; Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Universidade do Vale do Rio dos Sinos; Universidade Federal de Minas Gerais; Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Universidade Federal Fluminense; Universidade Tuiuti do Paraná; Fundação Cásper Líbero; Universidade Federal de Pernambuco; Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Universidade Paulista; Universidade Estadual Paulista; Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; Escola Superior de Propaganda e Marketing; Universidade Federal de Santa Maria; Universidade de Sorocaba; Universidade Anhembi Morumbi; Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais; Universidade Federal de Juiz de Fora; Universidade Federal de Goiás; Universidade Federal de Santa Catarina; Universidade Estadual de Londrina; Universidade Federal de São Carlos; Universidade Católica da Paraíba; Universidade Federal do Ceará; Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Universidade de São Paulo; Universidade Federal do Paraná; Universidade Federal do Pará; Universidade Federal do Piauí; Universidade Federal Fluminense; Universidade Federal de Sergipe; Universidade Federal do Espírito Santo; Universidade Estadual de Ponta Grossa; Universidade Federal de Ouro Preto; FIAM-FAAM, Centro Universitário; Universidade Federal do Tocantins; Universidade Municipal de São Caetano do Sul; Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; Universidade Federal do Mato Grosso do Sul; Fundação Oswaldo Cruz; Universidade Federal da Paraíba; Universidade Federal de Santa Maria. Disponível em: https://www.compos.org.br/programas.php. 75

ocorrido na modalidade presencial, em (MS), na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), no mês de junho de 2020, foi realizada entre os dias 24 e 27 de novembro, no formato online, em função da pandemia do coronavírus. O estudo compreende as principais investigações da Compós, que conversam mais diretamente com o tema desta pesquisa, como apontado na Introdução, em dois GT´s: “Comunicação e Cibercultura” e “Estudos de Jornalismo”. A investigação elegeu esses GT´s por eles contemplarem (ou poderem contemplar, a partir de suas ementas) estudos reunidos em torno de dois eixos principais: a) as recentes transformações do Jornalismo provocadas pelas tecnologias digitais, especialmente após a chegada da internet; e b) a prospecção de modelos de negócio praticados pelas organizações jornalísticas em virtude dessas transformações. Neste sentido, foram adotados para análise todos os estudos que abordaram aspectos ou nuances do fenômeno, ou que propõem discussões e reflexões concernentes a esses temas nos anos de 2011 a 2020, considerado o período de maior efervescência das redes sociais e de ampliação das potencialidades tecnológicas, que tanto provocam mudanças quanto promovem novas iniciativas, também, no universo do Jornalismo. O trabalho de apuração desses textos se deu a partir da identificação das investigações que obedecem ao critério de escolha mencionado, com base nos títulos, resumos e palavras- chave. Após a seleção dos artigos, as pesquisas escolhidas foram dispostas em tabelas, localizadas nos Apêndices. Cada tabela traz a indicação do ano, título do trabalho, autoria, palavras-chave, resumo, endereço na web e data do acesso. As tabelas estão organizadas pelo ano em que cada texto foi publicado nos Anais de cada evento. Anualmente, cada GT da Compós seleciona dez trabalhos, para serem apresentados durante o Encontro Nacional. O número de GT´s passou de 12, em 2010, para 15, no quadriênio de 2011 a 2014; de 15 para 17 no quadriênio de 2015 a 2018, e chegou a 20 em 2019 e 2020. O processo de estabelecer um número determinado de GT´s a cada quatro anos é uma prática recorrente na Compós, chamada reclinagem, quando então os GT´s são extintos e novos podem ser criados, por meio de procedimentos estabelecidos pelo estatuto da Associação. Os GT´s eleitos por esta pesquisa – “Comunicação e Cibercultura” e “Estudos do Jornalismo” –, foram mantidos pela Compós durante todo o período analisado. Em 2020, último ano de nossa análise, replicando o que aconteceu em 2019, foram, ao todo, apresentados 200 trabalhos, distribuídos pelos 20 GT´s.22 O universo total no período

22 “Comunicação e Cibercultura”; “Comunicação e Cidadania”; “Comunicação e Cultura”; “Comunicação e Experiência Estética”; “Comunicação e Política”; “Comunicação e Sociabilidade”; “Comunicação, Arte e 76

considerado, tendo em vista todos os GT´s, alcançou um total de 1.800 trabalhos. Somam 200, os trabalhos apresentados nos dois GT´s selecionados nesse mesmo período, o que configura o universo a que esta pesquisa, de fato, se refere. O GT “Comunicação e Cibercultura”, de acordo com a própria Compós em seu portal online: Agrega pesquisas sobre as atuais formas de produção, consumo, armazenamento e distribuição de dados digitais, bem como sobre a correlata performatividade algorítmica em interfaces com os atuais problemas da comunicação e da cultura contemporâneas. O GT acolhe pesquisas que têm por base o aprofundamento da discussão, sobre o papel dos dados e dos algoritmos na atualidade, buscando reconhecer o caráter procedural dos dados e dos algoritmos, suas agências, performances e práticas em suas múltiplas expressões na comunicação contemporânea. Os processos de dataficação da cultura contemporânea, devem ser tratados por teorias sociológicas, antropológicas, comunicacionais, filosóficas e políticas amplas, com o objetivo de compreender áreas/fenômenos emergentes, tais como: estudos de softwares; games studies; a governança e a democracia digitais; as dinâmicas sociocomunicativas nas redes sociais, as questões de sociabilidade, automonitoramento, identidade e formação do sujeito; as atuais forma de vigilância distribuída e as controvérsias em torno da privacidade; os desafios teóricos e metodológicos do big data; a expansão de objetos sencientes com a Internet das coisas e as cidades inteligentes; as formas de materialidade presente e futura da internet; o Jornalismo de dados; as transformações no audiovisual (Web, fotografia, cinema, TV, som) com a prática de dados, e entre outros. A particularidade da linha é a investigação centrada na materialidade da comunicacional digital, com ênfase no dado e no algoritmo, focando nas diversas expressões desses fenômenos na contemporaneidade.23

“De uma perspectiva crítica e analítica, o GT ‘Estudos de Jornalismo’ da Compós busca aprofundar o estudo do Jornalismo como um campo do conhecimento, assim como pensar o Jornalismo como processo singular de comunicação e fenômeno cultural na contemporaneidade”.24 Ainda conforme ementa divulgada no site da Compós:

[...] propõe reflexões sobre abordagens relativas à função social, à história, aos conceitos, aos modelos, às teorias e à epistemologia do Jornalismo. Da mesma forma, visa problematizar e discutir distintos modos de estruturação, apuração, produção, circulação, recepção e consumo de conteúdos e formatos noticiosos, observando representações e mediações do Jornalismo na sociedade. Este GT também se interessa por trabalhos que abordam questões teóricas e experiências de linguagem, metodologias de pesquisa e

Tecnologias da Imagem”; “Comunicação, Gêneros e Sexualidades”; “Consumos e Processos de Comunicação”; “Cultura das Mídias”; “Epistemologia da Comunicação”; “Estudos de Cinema, Fotografia e Audiovisual”; “Estudos de Comunicação Organizacional”; “Estudos de Jornalismo”; “Estudos de Som e Música”; “Estudos de Televisão”; “Imagem e Imaginários Midiáticos”; “Memória nas Mídias”; “Práticas Interacionais, Linguagens e Produção de Sentido na Comunicação” e “Recepção, Circulação e Usos Sociais das Mídias”. 23 Disponível em: https://www.compos.org.br/ler_gts.php?idGt=Mg==. Acesso em 2 jan. 2021. 24 Disponível em: https://www.compos.org.br/ler_gts.php?idGt=MTE=. Acesso em 2 jan. 2021. 77

ensino, estudos sobre reconfigurações das audiências, interações nas redes sociais, transformações nos processos produtivos em contexto de convergência em múltiplas plataformas, mobilidade no jornalismo, bem como inovações e tendências que orientam a práxis jornalística na atualidade.25

Antes de avançar para o campo das escolhas no âmbito da SBPJor, pelo menos duas observações importantes merecem ser feitas, com o complemento de que ambas, a nosso ver, não comprometem em nada os objetivos da pesquisa. Uma primeira é que o GT “Estudos de Jornalismo” da Compós tem sua ementa ajustada em muito maior medida do mundo do Jornalismo que o GT “Comunicação e Cibercultura”. Essa diferença fundamental merece ser apontada, uma vez que textos do GT da Cibercultura que dialogam com as nossas preocupações em torno do Jornalismo o fazem, se não por acaso, pelo menos não com o mesmo nível de exigência, que os textos apresentados no GT do Jornalismo. A leitura atenta das duas ementas o comprova, sem deixar muita margem para dúvidas. A segunda observação, tem a ver com o fato de que não se exclui a presença de textos sobre o Jornalismo, direta ou indiretamente, vinculados às nossas preocupações nesta pesquisa, nos demais GT´s da Compós, por meio de distintos recortes que associam esses textos às diferentes ementas. Isso pode se dar, por exemplo, como efeito de uma submissão, digamos, com menor adequação aos propósitos de um GT específico, mas que não tenha implicado a não-escolha do texto submetido. Como é de conhecimento entre os pesquisadores, os autores, às vezes, preferem submeter os seus textos a GT´s em que a concorrência não seja tão elevada, em torno das dez vagas anuais, ainda que, para tanto, tenham às vezes que fazer determinados ajustes ou concessões, para que esses textos possam ser considerados aptos a ser apresentados no GT escolhido. Além do panorama das transformações do Jornalismo pelas lentes da Compós, o estudo dedica-se a reunir as principais pesquisas sobre as transformações do Jornalismo, na última década, pelo olhar da SBPJor, a partir dos trabalhos apresentados na forma convencional de Comunicações Livres e de Comunicações Coordenadas.26

25 Disponível em: https://www.compos.org.br/ler_gts.php?idGt=MTE=. Acesso em 2 jan. 2021. 26 Além dos encontros anuais da SBPJor, a entidade realiza, desde 2011, o Encontro de Jovens Pesquisadores, um evento voltado para estudantes de graduação e recém-graduados em Jornalismo, que a pesquisa não está, no caso, considerando, para se ater ao propósito de garantir o que pode ser considerado um lugar de excelência da pesquisa em Comunicação e Jornalismo. Evidentemente, essa escolha não pode ser lida no sentido de uma desvalorização dos trabalhos dos jovens pesquisadores. 78

Fundada em 29 de novembro de 2003, a entidade promove congressos nacionais anuais desde então, sempre no mês de novembro.27 A SBPJor agrega estudiosos de um campo específico do conhecimento e tem como propósito estimular a articulação de uma rede nacional de pesquisadores em Jornalismo a fim de que se possa constituir um lugar privilegiado, tanto para a apresentação de trabalhos, quanto para a formação de redes para pesquisas específicas. De 3 a 6 de novembro de 2020, em virtude das orientações sanitárias dos governantes, decorrentes da pandemia de covid-19, o evento aconteceu em formato virtual. Os anais da SBPJor são divididos, como apontado, nas formas de Comunicações Livres (ou Comunicações Individuais, em algumas edições), que são os artigos individuais (ou em coautoria) submetidos diretamente ao evento, e Comunicações Coordenadas, que reúnem trabalhos de pesquisadores brasileiros sobre temas específicos, coordenados por pesquisadores que propõem uma mesa específica. Na última edição do evento, as seguintes mesas de Comunicações Coordenadas marcaram presença: 1) Rede Trabalho e Identidade dos Jornalistas – SBPJor 2020: Questões emergentes do trabalho jornalístico: olhares cruzados entre Argentina, Bélgica, México e Portugal; 2) Mesa Coordenada da RENOI – Jornalismo, Violência contra profissionais, Responsabilidade Social e Media Accountability; 3) Jornalismo, pandemia e métricas; 4) XXVI Mesa Coordenada JorTec – Uso de algoritmos no Jornalismo: dilemas práticos e éticos; 5) Sessão Coordenada 1 – Retij – Jornalismo independente, novos arranjos de Jornalismo e realidades regionais; 6) Rede TeleJor Coordenada 3 – Telejornalismo e pandemia: apropriações, reconfigurações, espaços, gêneros e formatos; 7) TeleJor Coordenada 1 - Histórias narradas nas e pelas telas: a construção da história do tempo presente entre ditos e não-ditos; 8) Mesa Renami: Biografias, perfis e histórias de vida no Jornalismo; 9) Estudos do Jornalismo contemporâneo: placeification e territorialidades, acelerações e cooperações, gamergate e misoginias; 10) Trajetórias profissionais, organização do trabalho e precarização; 11) Jornalismo Imersivo: desenvolvimento, desafios e tendências; 12) Fundamentos Teóricos do Jornalismo: Crise, estratégias de enfrentamento e epistemologia; 13) Narrativas Jornalísticas e Literárias – Mesa Coordenada da Renami; 14) Mesa Renami: Narrativas de Viagem; 15) 5º Painel IALJS/SBPJor-Renami de Jornalismo Literário; 16) Mesa 1 rede RadioJor: Mudanças estruturais no radiojornalismo em tempos de pandemia; 17) XXIV Mesa Coordenada da Rede JorTec – Métodos e soluções de pesquisa aplicada em Jornalismo e Tecnologias digitais:

27 Disponível em: http://sbpjor.org.br/sbpjor/institucional/quem-somos/. Acesso em 2 jan. 2021. 79

análise, coleta, visualização e distribuição de dados em tempos de Covid19; 18) Jornalismo, democracia, transparência e acesso à informação; 19) Mesa 2 rede RadioJor: Covid-19 e desafios ao radiojornalismo especializado e local; 20) XXV Mesa Coordenada da Rede JorTec – Abordagens, modelos, ferramentas de análise, pesquisa em rede e tecnologias na Pesquisa Aplicada em Jornalismo; 21) Jornalismo, política e subjetividades; 22) 4º Painel IALJS/SBPJor-Renami de Jornalismo Literário; 23) Jornalismo e segurança pública: proposições para uma cobertura orientada para a garantia e defesa dos direitos humanos; 24) Jornalismo, infância e adolescência: discursos e apropriações; 25) Rede TeleJor Coordenada 2 – Narrativas audiovisuais: o fazer e o ensinar telejornalismo em tempos de covid-19; 26) Coordenada Rede Telejor: Telejornalismo em Mutação: tecnologia, inovação, linguagem e narrativas; 27) Renami 4: Narrativas da pandemia; 28) Circulação jornalística da crise sanitária, simulação do Jornalismo e fake news/desinformação; 29) XXVII Mesa Coordenada JorTec – Plataformas e Inteligência artificial: reconfigurações do Jornalismo.28 A partir dos eixos Comunicações Livres e Comunicações Coordenadas, a pesquisa levantou, no período de 2012 a 2020, os artigos que tratam dos temas de interesse desta tese, seguindo os mesmos parâmetros de escolha dos textos da Compós, o mesmo podendo ser dito a respeito do trabalho de levantamento, leitura e análise indicados. Foram 1.933 os textos apresentados nas duas modalidades no período. Um conjunto significativo de textos da Compós e da SBPJor, como se pode ver com maior profundidade adiante, reforçam o panorama construído no primeiro capítulo desta tese, incidindo sobre as alterações vividas pelo Jornalismo e indicando a necessidade de as organizações jornalísticas observarem esse novo universo para a construção de estratégias que garantam a sua sobrevivência e o cumprimento de sua função social. Outros deles, em muito menor escala, como os que tratam de modelos de negócios ou especificamente sobre as ações da Folha nesse contexto, apoiam e reforçam a construção do terceiro capítulo, que investiga como a Folha de S.Paulo busca respostas para a transformação vivida pelo setor, a partir das inovações tecnológicas, sobretudo após o surgimento da internet. Precisando melhor o objetivo do trabalho de análise que vem a seguir, convém anotar que a pesquisa não se propõe a fazer um estudo comparativo entre as publicações da Compós e da SBPJor, optando por uma abordagem de tipo amplo e ao mesmo tempo compreensivo de todos esses textos. Nesse sentido, mapeia preocupações e tendências, eixos investigativos e intuições acadêmicas. Mostra e aponta, mais do que argumenta e comprova. Desce, num

28 Disponível em: http://sbpjor.org.br/sbpjor/wp-content/uploads/2020/09/COMUNICACO%CC%83ES- COORDENADAS-2020.pdf. Acesso em: 2 jan. 2021. 80

momento posterior, ao da análise mais geral, para o nível de uma conversa mais direta e profunda com um conjunto de textos específicos, como foi apontado linhas atrás. Um dos expoentes do método da compreensão, Dimas Künsch, em sua mais recente obra, Compreender: indagações sobre o método (2020), que reúne textos produzidos entre 2009 e 2019, alguns dos quais em coautoria, e apresentados durante o Encontro Nacional da Compós, sinaliza que, no ambiente intelectual, a renúncia deliberada ao estatuto da certeza e da verdade é informada não apenas pela ideia de não se deixar abalar pela incerteza, mas ainda pela convicção de que possíveis vazios interpretativos não necessariamente representam um carimbo de imprestável na arena dos saberes. O autor convida o leitor a pensar compreensivamente, correndo o risco, como em todo empreendimento humano, de encontrar surpresas pelo caminho, e chamando a atenção para a inexistência de garantia de que alcançaremos um porto seguro, idealizado, ou um final feliz no drama da construção do conhecimento. Künsch insiste na pluralidade de formas e práticas possíveis de conhecer o mundo e de habitá-lo, compreensivamente. No caso dos textos eleitos para este trabalho, o método da compreensão, mais do que tentar explicar os fenômenos em tela, busca situá-los numa rede ampla de conversação sobre o assunto, assumindo os interlocutores uma atitude de abertura a formas de conhecimento plurais e sempre em movimento. Assim como o capítulo anterior, este também compõe, fundamentalmente, a primeira fase do método de Hermenêutica de Profundidade, conforme postulado por Thompson (2011). A análise sócio-histórica se interessa pelas condições sociais e históricas da produção, circulação e recepção das formas simbólicas. Thompson (2011) considera essa fase essencial, porque as formas simbólicas não subsistem num vácuo – elas são fenômenos sociais contextualizados, são produzidas e recebidas dentro de condições sócio-históricas específicas, que podem ser reconstruídas com a ajuda de métodos empíricos, observacionais e documentais. Como anotado, o contexto sócio-histórico em que esses processos em torno do Jornalismo se dão é o das mudanças tecnológicas em curso e do aparecimento da cultura digital, com a internet e as redes sociais. Essa fase da Hermenêutica de Profundidade, iniciada no primeiro capítulo, irá servir de base para as outras duas, que serão compreendidas no último momento deste estudo. Uma última observação se faz ainda necessária a respeito dos eventos e do tipo de textos selecionados para essa conversa, que, não sendo de todo rigorosa nos moldes do cânone positivista, nem por isso deixa de ser compreensiva e, como é de se desejar, assistida pelo rigor (KÜNSCH, 2020; KÜNSCH et al, 2014). Em tese, dever-se-ia eleger textos que, tendo 81

passado pelo crivo dos eventos científicos, encontrassem depois guarida em periódicos ou livros da área. Pelo menos dois problemas poderiam, no entanto, se revelar, ambos associados: essa opção implicaria de alguma forma a perda da conversa e do debate, digamos, “a quente”, no calor da discussão. A outra perda tem a ver com a questão de saber quantos desses textos possuem efetivamente a chance de ser publicados e, caso disputem e vençam essa batalha, sempre muito difícil para não-olimpianos, depois de quanto tempo. Sem contar que os procedimentos de validação dos textos submetidos para os dois eventos, e muito especialmente para a Compós, já provocam um peneiramento maior ou menor de textos. Na última edição do Encontro Nacional da Compós somaram 390 os textos submetidos, dos quais, como mencionado, 200 foram aprovados, ou seja, 51,28% do total. Este capítulo está dividido da seguinte maneira: inicialmente o estudo considera um panorama dos textos da Compós e da SBPJor que fornece dados quantitativos do levantamento apurado e apura algumas dominâncias de temas; depois realiza uma verificação geral dos textos a partir dos títulos e resumos, nucleando, a partir disso, certas temáticas. Em um segundo momento, aprofunda a investigação, com foco nas palavras-chave; e por fim, o estudo se direciona ao último patamar de análise, considerando dois textos de cada um dos três núcleos temáticos com maior recorrência na apuração.

2.1 Um panorama dos textos da Compós e da SBPJor

A nossa apuração mapeou o total de 229 artigos. Nos Anais da Compós, entre 2011 e 2020, foram localizados 45 textos relacionados aos seus temas de interesse, a saber: 3 em 2011, 3 em 2012, 4 em 2013, 7 em 2014, 3 em 2015, 4 em 2016, 6 em 2017, 5 em 2018, 3 em 2019 e 7 em 2020.29 Uma verificação inicial dos principais temas abordados por esse conjunto de textos, a partir de seus títulos, e com o apoio, onde necessário, de seus resumos, revela certas dominâncias no período investigado, que podem ser reunidas nos seguintes tópicos: práticas de Jornalismo em redes sociais; Jornalismo digital; Jornalismo em rede; Jornalismo guiado por dados; multimídias; práticas jornalísticas na cibercultura; mudanças nos processos de produção do Jornalismo; plataforma de conteúdos jornalísticos; ciberacontecimento;

29 Para tecer uma visão panorâmica desse material, a pesquisa apresenta, anualmente, uma tabela com as seguintes informações: ano, número de pesquisas selecionadas, palavras-chave e número de vezes que elas aparecem. As palavras-chave se distinguem entre um artigo e outro a partir do ponto final, na coluna em que elas estão dispostas. Com foco nas palavras-chave utilizadas em cada um dos 45 artigos, esse quadro anual fornecerá elementos relevantes sobre as principais abordagens dessas investigações. Além de considerar os elementos mais representativos das palavras-chave, o estudo também sintetiza os assuntos discutidos em cada uma das investigações, a partir dos títulos desses textos, que estão localizados em quadros no Apêndice. 82

atualização de estudos sobre a teoria da agenda; crise do Jornalismo; fake news e checagem de fatos no campo do Jornalismo. A partir das categorias Comunicações Livres e Comunicações Coordenadas da SBPJor, o estudo apurou, entre 2012 e 2020, 184 pesquisas, a saber: 11 em 2012, 19 em 2013, 12 em 2014, 15 em 2015, 24 em 2016, 25 em 2017, 18 em 2018, 23 em 2019 e 37 em 2020. Em uma leitura inicial, observamos algumas dominâncias de temas nesse período, a saber: Jornalismo digital; Jornalismo na internet; Jornalismo no ciberespaço; produção jornalística em redes sociais; Jornalismo em base de dados; hipermídia, multimídia; convergência das mídias; Jornalismo convergente; participação da audiência na produção jornalística; reconfigurações do Jornalismo; fake news e checagem de fatos pelo Jornalismo; automação da notícia.

2.2 Nível de verificação geral

Partimos agora para o nível de verificação geral dos 229 textos selecionados. Ao considerar os títulos e os resumos desses artigos, identificamos 12 núcleos temáticos contemplados por esses estudos, a saber: 1) transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade; 2) circulação noticiosa em redes sociais; 3) participação da audiência na produção de notícias; 4) Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia; 5) checagem de fatos pelo Jornalismo; 6) mídias independentes e os nativos digitais; 7) automação da notícia; 8) pesquisas sobre a Folha de S.Paulo; 9) jornalistas blogueiros e influenciadores digitais; 10) mídias segmentadas; 11) retomada de interesse pelo Jornalismo local; 12) modelos de negócio para o Jornalismo. O núcleo 1 traduz as pesquisas que consideraram os fenômenos recentes do Jornalismo a partir de inovações tecnológicas; o núcleo 2 diz respeito aos artigos que discutiram a produção de textos informativos em canais e redes sociais como o Facebook, Twitter, Instagram, Youtube e Snapchat; o núcleo 3 incide sobre a participação dos leitores na produção da notícia, incentivada a partir de ferramentas tecnológicas que permitem o envio de sugestões de pautas pelo aplicativo de mensagens WhatsApp ou a inserção de comentários ao final das notícias, que podem subsidiar nova cobertura; o núcleo 4 compreende as pesquisas que refletiram sobre temas como Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia; o núcleo 5 considera o fenômeno das fake news e a checagem de fatos pelo Jornalismo; o núcleo 6 concentra as pesquisas que consideraram as mídias independentes e os nativos digitais, que despontam no ambiente digital; o núcleo 7 trata da questão da automação da 83

notícia, ou seja, a produção do texto noticioso a partir de inteligência artificial; o núcleo 8 considera as pesquisas que teceram reflexões sobre a Folha de S.Paulo, nosso objeto de pesquisa; o núcleo 9 compreende as investigações sobre as iniciativas de jornalistas que se revelam como influenciadores digitais; o núcleo 10 considera as mídias segmentadas, ou seja, aquelas iniciativas que enveredam a cobertura para um tema específico; o núcleo 11 reúne estudos sobre a retomada de interesse pelo Jornalismo local; o núcleo 12 concentra as pesquisas que tratam de modelos de negócio para o Jornalismo nesse cenário de mudanças. A identificação desses 12 núcleos temáticos contou com o apoio do panorama traçado no primeiro capítulo. Essa primeira fase da pesquisa abarcou as recentes mudanças no Jornalismo, como a convergência no Jornalismo; abordou a interação com o público; considerou o conceito de gatewatching, que diz respeito à participação das pessoas na filtragem do que interessa à suas comunidades de interesse; compreendeu novas habilidades do jornalista; considerou uma visão crítica; sinalizou o Jornalismo nas redes sociais; observou as fake news e a checagem de fatos; mencionou a inteligência artificial e a automação da produção noticiosa; observou os fenômenos pela vertente de uma nova esfera do Jornalismo; considerou novos atores e suas audiências; abarcou iniciativas do Jornalismo nativo digital; identificou a retomada do Jornalismo local; compreendeu a busca de saídas pelas organizações, com a sinalização de modelos de negócio no ambiente digital. A Tabela 1 indica o número de vezes em que esses temas foram contemplados pela Compós e pela SBPJor na última década, e a porcentagem de cada um em relação aos 229 textos eleitos pela pesquisa. Os temas estão dispostos pela ordem de expressividade dos números registrados.

Tabela 1 – núcleos temáticos identificados nas pesquisas selecionadas na Compós e na SBPJor na última década

NÚCLEOS TEMÁTICOS CONTEMPLADOS TOTAL DE PORCENTAGEM EM PELA COMPÓS E PELA SBPJOR APARIÇÕES RELAÇÃO AOS 229 TEXTOS 1) Transformações tecnológicas do Jornalismo na 109 47,59% contemporaneidade 2) Circulação noticiosa em redes sociais 50 21,83% 3) Participação da audiência na produção de 20 8,73% notícias 4) Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia 11 4,80% 5) Checagem de fatos pelo Jornalismo 10 4,36% 6) Mídias independentes e os nativos digitais 7 3,05% 7) Automação da notícia 7 3,05% 8) Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo 5 2,18% 84

9) Jornalistas blogueiros e influenciadores digitais 3 1,31% 10) Mídias segmentadas 3 1,31% 11) Retomada de interesse pelo Jornalismo local 2 0,87% 12) Modelos de negócio para o Jornalismo 2 0,87%

Fonte: elaborada pela autora.

A Tabela 1 sinaliza, a partir do universo de interesse de nossa pesquisa, os núcleos temáticos mais recorrentes na Compós e na SBPJor na última década. Os números mais expressivos incidem sobre as transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade. Esse tema foi discutido em 109 artigos, e representa quase 50% do número total de textos identificados (229). A circulação noticiosa figura como o segundo tema que mais recebeu atenção da ciência, com 50 aparições (21,83%). O terceiro número mais expressivo refere-se à participação da audiência na produção de notícias, com 20 artigos (8,73%). Na sequência, figuram os núcleos: Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia, com 11 artigos (4,80%); checagem de fatos pelo Jornalismo, com 10 textos (4,36%); mídias independentes e os nativos digitais, e automação da notícia, receberam a mesma atenção da Compós e da SBPJor totalizando 7 textos (3,05%); foram identificadas cinco pesquisas sobre a Folha de S.Paulo (2,18%); sobre jornalistas blogueiros e influenciadores digitais e mídias segmentadas em rede, a pesquisa localizou três textos de cada tema (1,31%); os temas sobre a retomada de interesse pelo Jornalismo local e os modelos de negócio para o jornais foram considerados, cada um, em dois textos (0,87%). A partir da indicação da Tabela 1, a pesquisa observa, num primeiro momento, que os núcleos temáticos identificados dialogam com os temas discutidos no primeiro capítulo, sinalizando a preocupação da ciência pelos fenômenos emergentes do Jornalismo. Verificamos que apesar de a ciência acompanhar de perto as mudanças sofridas pelo Jornalismo na contemporaneidade, conforme o número de aparições de textos que versam sobre essas alterações (109 dos 229), a academia ainda dedica pouco espaço a solução desses problemas, como a sinalização de saídas pelas organizações jornalísticas, o que podemos conferir por meio do número de abordagens sobre modelos de negócio para o Jornalismo (apenas dois em uma década). As investigações se restringiram, especialmente, à discussão do fenômeno a partir de reflexões teóricas, que incidiram sobre as vertentes dessas transformações do Jornalismo. Os três núcleos temáticos mais apurados (transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade; circulação noticiosa em redes sociais e participação da audiência na produção de notícias) validam essa sinalização. 85

Nessa verificação geral dos 229 textos apurados na Compós e na SBPJor, também aferimos a recorrência dos 12 núcleos temáticos ano a ano. A Tabela 2 apresenta a quantidade de vezes em que cada núcleo temático foi considerado pelos pesquisadores.

Tabela 2 – Núcleos temáticos ano a ano na Compós e na SBPJor

NÚCLEOS 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 TEMÁTICOS 1 2 8 14 10 14 14 13 13 6 15 2 1 2 5 4 2 6 8 4 4 14 3 0 4 2 3 0 4 3 1 3 0 4 0 0 1 0 1 2 1 2 1 3 5 0 0 0 0 0 0 1 2 4 3 6 0 0 0 0 0 1 0 0 3 3 7 0 0 0 0 0 1 1 0 2 3 8 0 0 0 0 0 0 2 1 1 1 9 0 0 0 2 0 0 0 0 0 1 10 0 0 0 2 0 0 0 0 0 1 11 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 12 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0

Fonte: elaborada pela autora.

A Tabela 2 demonstra a incidência dos 12 núcleos temáticos identificados anteriormente, de 2011 a 2020. Em 2011, quando a SBPJor ainda não disponibilizava os Anais de seus encontros anuais, verificamos que o tema das “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade” (1) foi considerado duas vezes pela Compós. No ano seguinte, já contemplando as pesquisas da SBPJor, verificamos que essas alterações foram discutidas em oito pesquisas. Em 2013, que registra o surgimento de um movimento social que mobilizou milhões de pessoas nas ruas do Brasil organizado a partir das redes digitais, identificamos um aumento de pesquisas sobre esse tema, com 14 aparições. O número se manteve na casa decimal até 2018. Em 2019, houve uma queda nas pesquisas que incidiram sobre o assunto e no ano seguinte, 2020, verificamos o maior número de pesquisas dos núcleos em um único ano, com 15 aparições. Já o núcleo temático da “Circulação noticiosa em redes sociais” (2) começou tímido em 2011, com apenas um artigo identificado; em 2012 identificamos dois estudos; em 2013, 86

quando houve o movimento social no Brasil a partir das redes digitais, o número passou para cinco; em 2014, quatro, em 2015, dois; em 2016, seis, em 2017 o número aumentou para oito; em 2018 e 2019 se manteve em quatro e em 2020 identificamos 14 artigos na Compós e na SBPJor que discutiram questões relacionadas a circulação noticiosa nas redes sociais, revelando assim, a atenção crescente da ciência sobre esse fenômeno. O núcleo temático da “Participação da audiência na produção noticiosa” (3) foi considerado de forma mais expressiva, pelos pesquisadores da Compós e da SBPJor em 2012 e 2016, com o registro de quatro artigos em cada ano. Em 2014, 2017 e 2019 identificamos três artigos; em 2013, dois; em 2018, um. Além de considerar os resultados dos três núcleos temáticos que reúnem os números mais expressivos, compreendemos também fatores como a presença e a ausência de certos temas em determinados anos. A partir da Tabela 2, identificamos que 2020 registrou o ano mais expressivo de artigos cristalizados nos dois primeiros núcleos temáticos, dispostos a partir de sua expressividade na Tabela 1, considerada linhas atrás. Em 2020, o mundo foi assolado pela pandemia causada pelo coronavírus, que impediu o contato social das pessoas por um longo período. Essa realidade provocou uma grande alteração nas estratégias de diversos segmentos de organizações, como as jornalísticas, que observaram um considerável crescimento do consumo de mídia digital no período, conforme iremos aprofundar no próximo capítulo. Neste sentido, como costumeiramente o faz em episódios que mobilizam um número relevante de pessoas, em fenômenos que dialogam com a Comunicação, a Academia acompanhou a amplificação da comunicação jornalística pelas vias digitais durante esse período, dedicando seus esforços, especialmente, aos núcleos temáticos das “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade” e da “Circulação de notícias nas redes sociais”. Também sentimos falta, especialmente, da discussão de modelos de negócio amparados na cultura digital, registrando uma lacuna de pesquisas sobre esse tema em 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2018, 2019 e 2020. O avanço da hospedagem de empresas jornalísticas no ambiente digital requer atenção dos pesquisadores, tanto quanto os outros núcleos temáticos identificados.

2.3 Nível das palavras-chave

Na etapa anterior, realizamos uma verificação geral dos 229 textos apurados, elencando 12 núcleos temáticos. Agora, diante desses temas, passaremos a uma nova análise, 87

a partir das palavras-chave, identificando a quais núcleos as palavras-chave pertencem. Esse levantamento será realizado na apresentação de quadros, que fornecem os seguintes dados: número de pesquisas de cada ano, palavras-chave e o número de vezes em que as palavras- chave aparecem. A pesquisa também considera na análise, um breve panorama dos temas tratados em cada um dos artigos, com base nos títulos e resumos. Ao final, iremos tecer algumas observações. Primeiro compreenderemos os textos da Compós e na sequência, da SBPJor. Um breve esclarecimento sobre essa análise se faz necessário. Algumas palavras- chave como: Jornalismo, gênero jornalístico e narrativas jornalísticas, serão mencionadas no quadro que apura todas as palavras-chave, mas serão desconsideradas da análise posterior ao respectivo quadro por representarem o universo costumeiro do Jornalismo. Neste sentido, iremos compreender na discussão que pretendemos estabelecer, apenas as palavras-chave que dialogam com os núcleos temáticos identificados anteriormente. A Tabela 3 apresenta o número de textos selecionados em 2011, com as palavras- chave que aparecem e quantas vezes aparecem em todos eles.

Tabela 3 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2011

NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE PESQUISAS AS PALAVRAS-CHAVE SELECIONADAS APARECEM

4 Cibercultura; 1 Niklas Luhmann; 1 Vilém Flusser. 1 Jornalismo digital de base de dados; 1 Texto da cultura; 1 Jornalismo; 1 Linguagens digitais; 1 Semiótica da cultura. 1 Jornalismo; 2 Processo de criação; 1 Jornalismo digital. 1 Twitter; 1 Gênero jornalístico; 1 Gênero jornálico. 1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2011, ano em que a pesquisa identificou quatro artigos, verificamos 14 palavras- chave. Destas, quatro se relacionam com o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: cibercultura, Jornalismo digital de base de dados, 88

linguagens digitais e Jornalismo digital; e uma se refere ao núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: Twitter. Isso demonstra que no início da década, a preocupação dos pesquisadores da Compós volta-se prioritariamente às questões recentes das alterações do Jornalismo, sendo que a circulação de notícias nas redes sociais, um tema já observado. Essas palavras-chave se relacionam especialmente com o universo do Jornalismo no ambiente digital. Os artigos de 2011 discutiram a forma cultural da sociedade em rede; Jornalismo digital em Base de Dados; Jornalismo em processo e os gêneros jornalísticos no Twitter. Percebemos que a partir desse ano, as pesquisas já começavam a dedicar as suas atenções para a produção de Jornalismo nas mídias digitais. A Tabela 4 apresenta o número de textos selecionados em 2012, com as palavras- chave que aparecem e quantas vezes se apresentam em todos eles.

Tabela 4 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2012

NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES PESQUISAS EM QUE AS PALAVRAS-CHAVE SELECIONADAS APARECEM

3 Comunicação digital; 1 Curadoria de informação; 1 Algoritmo; 1 Perfil do comunicador. 1 Contínuo mediático atmosférico; 1 Agendamento; 1 Nova teoria da comunicação. 1 Jornalismo; 1 Redes sociais; 1 Circulação jornalística. 1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2012, o estudo localizou três pesquisas e 10 palavras-chave. Destas, três incidem sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: Comunicação digital, curadoria de informação e algoritmo; e uma incide sobre o núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: redes sociais. Observamos a menção à palavra-chave ‘curadoria da informação’, em 2012, já como uma apropriação ao Jornalismo na contemporaneidade, resultado das mudanças no ambiente digital. Assim como no ano anterior, o núcleo mais verificado em 2012 foi o de mudanças no 89

Jornalismo pelo viés tecnológico, demonstrando a atenção dos pesquisadores da Compós ao tema. Com relação às pesquisas, a primeira propôs uma discussão sobre o algoritmo curador e o papel do comunicador; a segunda, elaborou uma proposta de atualização da teoria da agenda e a terceira abordou a circulação e a recirculação jornalística no Twitter. A Tabela 5 apresenta o número de textos selecionados em 2013, com as palavras- chave e quantas vezes aparecem em todos eles.

Tabela 5 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2013

NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES PESQUISAS EM QUE AS PALAVRAS- SELECIONADAS CHAVE APARECEM

4 Mensalão; 1 Mídia; 1 Rede social. 1 Acontecimento; 1 Ciberjornalismo; 1 Redes sociais; 1 Jornalismo; 1 Circulação jornalística; 1 Twitter; 1 Jornalismo digital em base de dados; 1 Jornalismo guiado por dados; 1 Reportagem assistida por computador; 1 Etnografia; 1 Hacker. 1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2013, das 14 palavras-chave das quatro pesquisas mapeadas, quatro pertencem ao núcleo 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: ciberjornalismo, Jornalismo digital em base de dados, Jornalismo guiado por dados e reportagem assistida por computador; e duas dialogam com o núcleo 2 “Circulação noticiosa em redes sociais’: rede social, com duas recorrências, e Twitter. A partir das palavras-chave, verificamos os termos ‘Jornalismo guiado por dados’ e ‘reportagem assistida por computador’, sinalizando as recentes incorporações tecnológicas do Jornalismo. Assim como nos anos anteriores, o núcleo temático 1 reuniu o número mais expressivo de palavras-chave. 90

Um dos estudos dedicou-se a discutir questões políticas da época, como é o caso do julgamento do mensalão, relacionando-as ao Jornalismo digital. As demais pesquisas incorporaram reflexões sobre o ciberacontecimento e sobre o Jornalismo nas redes sociais. A Tabela 6 apresenta o número de textos selecionados em 2014, com as palavras- chave que aparecem e em quantas vezes se apresentam em todos eles.

Tabela 6 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2014

NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES PESQUISAS EM QUE AS PALAVRAS-CHAVE SELECIONADAS APARECEM

7 Difusão de informações; 1 Protestos; 1 Twitter. 1 Textos; 1 Competências; 1 Comunicação digital. 1 Curadoria; 1 Breaking news; 1 Jornalista. 1 Notícia; 1 Circulação; 1 Redes sociais na internet; 1 Narrativa; 1 Jornalismo digital; 1 Computação. 1 Crise; 1 Ciberacontecimento; 1 Movimentos de ocupação global. 1 Narrativas multimídia; 1 Convergência jornalística; 1 Base de dados. 1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2014, o estudo registrou o número mais expressivo de pesquisas – sete –, que se repetiu apenas em 2020. Foram mapeadas 21 palavras-chave. Destas, sete conversam com o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: Comunicação digital, curadoria, Jornalismo digital, ciberacontecimento, narrativas multimídia, convergência jornalística e base de dados; e duas dialogam com o núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: Twitter e redes sociais na internet. Novamente, o núcleo temático 1 vigora entre os demais. As 21 palavras-chave, desses sete textos, tangenciam, sobretudo, os movimentos sociais de 2013 que se formataram nas 91

redes sociais, sobre a convergência jornalística e sobre a circulação do texto noticioso no ambiente digital. Em 2014, foram localizadas investigações sobre os papéis de ativistas no Twitter; apontamentos sobre aprendizado e competência na Comunicação digital; a curadoria em Jornalismo nas coberturas de breaking news; dinâmica da notícia nas redes sociais na internet; o sistema narrativo no Jornalismo digital; Jornalismo e movimento em rede; produção horizontal e narrativas verticais. A Tabela 7 apresenta o número de textos selecionados em 2015, com as palavras-chave que aparecem e em quantas vezes se apresentam em todos eles.

Tabela 7 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2015

NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE AS PESQUISAS PALAVRAS-CHAVE APARECEM SELECIONADAS

3 Midiatização; 1 Cibercultura; 1 Teoria Ator-Rede. 1 Rotinas flexíveis; 1 Telejornalismo; 1 Rotinas fordistas. 1 Crise do Jornalismo; 1 Filosofia da linguagem; 1 Charlie Hebdo; 1 The New York Times. 1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2015, foram apuradas 10 palavras-chave nas três pesquisas mapeadas. Destas, 5 incidem sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: midiatização, cibercultura, teoria Ator-Rede, rotinas flexíveis e crise do Jornalismo. As palavras-chave evidenciam que a cibercultura, que vem sendo considerada pelos pesquisadores desde 2010, continuou figurando como um tema quente na arena jornalística. Também identificamos uma menção à teoria Ator-Rede, que tangencia as alterações do Jornalismo, e também uma outra, com referência à crise do Jornalismo, que retrata a emergência das redes sociais digitais. O estudo selecionou as investigações sobre uma teoria da vida midiatizada; 65 anos de telejornalismo – das notícias fordistas às notícias flexíveis; reflexões sobre a crise do Jornalismo. 92

A Tabela 8 apresenta o número de textos selecionados em 2016, com as palavras- chave que aparecem e em quantas vezes se manifestam em todos eles.

Tabela 8 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2016

NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE PESQUISAS AS PALAVRAS-CHAVE SELECIONADAS APARECEM

4 Opinião pública; 1 Teoria do agendamento; 1 Big data. 1 Jornalismo móvel; 1 Affordances; 1 Inovação; 1 Revistas para tablets. 1 Narrativas jornalísticas; 1 Jornalismo e cidadania; 1 Iniciativas emergentes; 1 SP invisível; 1 RJ invisível. 1 Jornalismo digital em base de dados; 1 Jornalismo estruturado; 1 Metadados; 1 Multidisciplinaridade. 1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2016 foram mapeadas quatro pesquisas e 16 palavras-chave. Destas, 6 incidem sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: Big Data, Jornalismo móvel, revista para tablets, iniciativas emergentes, Jornalismo digital em base de dados e Jornalismo estruturado. A partir das palavras-chave, identificamos que os pesquisadores da Compós se empenharam em compreender nesse período a circulação noticiosa em tablets. Eles também já consideram em 2016 questões voltadas ao Big Data,30 termo emprestado da Tecnologia da Informação, que passou a ser alinhado ao Jornalismo após a incorporação de aparatos tecnológicos. Em 2016, o estudo apurou pesquisas sobre a construção da agenda pública na era da Comunicação digital; affordances indutoras de inovação no Jornalismo móvel; a experiência de outros jornalismos em grandes centros urbanos; uso de metadados para enriquecimento de

30 Trata-se de um grande conjunto de dados que necessitam ser processados e armazenados. Disponível em: https://www.cetax.com.br/blog/big-data/. Acesso em 2 jan. 2021. 93

bases noticiosas na web. Os quatro textos enveredam suas discussões para o Jornalismo no campo digital. A Tabela 9 apresenta o número de textos selecionados em 2017, com as palavras-chave que aparecem e em quantas vezes se revelam em todos eles.

Tabela 9 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2017

NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES QUE AS PESQUISAS PALAVRAS-CHAVE SELECIONADAS APARECEM

6 Jornalismo; 1 Home page; 1 Modos de leitura. 1 Finalidades do jornalismo; 1 Leitor; 1 Jornais de referência. 1 Teoria do jornalismo; 1 Crise; 1 Trabalho. 1 Jornalismo digital; 1 Design; 1 Contrato de leitura. 1 Jornalismo; 2 Dialogia; 1 Cultura participativa. 1 Jornalismo contemporâneo; 1 Epistemologia; 1 Pesquisa de objetos. 1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2017, das seis pesquisas selecionadas, aparecem 18 palavras-chave. Três delas dialogam com o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: home page, crise e Jornalismo digital. Uma delas incide sobre o núcleo temático 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: cultura participativa. A partir das palavras-chave, esse estudo identificou que as pesquisas mantiveram os focos semelhantes aos anos anteriores, com reflexões relacionadas especialmente ao Jornalismo digital. Foram debatidos, ainda, assuntos relacionados ao trabalho do jornalista, à crise do campo e à cultura participativa, desdobramentos relacionados à migração do Jornalismo para o ambiente digital. Em 2017, a pesquisa mapeou os estudos que discutiram a invisibilidade da home page e as mudanças nos modos de leitura das notícias; as finalidades do Jornalismo para os leitores, em um estudo da audiência dos jornais Folha de S.Paulo, O Globo e Estadão; as mutações do 94

trabalho do jornalista e suas contradições; a ludicidade no Jornalismo para tablet; multiparcialidade, dialogia e cultura participativa como reação à pós-verdade; uma proposta para pesquisa de objetos no Jornalismo contemporâneo. A palavra-chave ‘Jornalismo’ se repetiu em dois dos seis artigos. A Tabela 10 apresenta o número de textos selecionados em 2018, com as palavras- chave que aparecem e em quantas vezes foram utilizadas em todos eles.

Tabela 10 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2018

NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE PESQUISAS AS PALAVRAS-CHAVE SELECIONADAS APARECEM

5 Jornalismo; 1 Conhecimento; 1 Construção social. 1 Trajetórias profissionais; 1 Jornalistas brasileiros; 1 Crise. 1 Podcast; 1 Rádio expandido; 1 Rádio transmídia. 1 Jornalismo; 2 Credibilidade; 1 Pseudo-jornalismo. 1 Jornalismo de dados; 1 Mapa das mediações; 1 Sujeito dados. 1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2018, das cinco pesquisas mapeadas, foram apuradas 15 palavras-chave. Destas, 5 incidem sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: crise, podcast, rádio expandido, rádio transmídia, Jornalismo de dados. As palavras-chave indicam que as pesquisas se mantiveram com foco no Jornalismo no ambiente digital, mas passaram a empregar os termos ‘podcast, rádio expandido, rádio transmídia e Jornalismo de dados’, que revelam fenômenos recentes da atividade. Já caminhando para o fim da década, os temas investigados pelos pesquisadores da Compós, acerca das alterações do Jornalismo, deixaram de contemplar modelos, teorias ou soluções práticas para as organizações jornalísticas. Em 2018, o estudo apurou cinco pesquisas. Elas propuseram discussões sobre a produção de conhecimento no Jornalismo, as transformações e renovações do cenário 95

contemporâneo; trajetórias profissionais de jornalistas no Brasil pelo viés da crise e do mercado de trabalho; imersividade como estratégia narrativa em podcasts investigativos; uma análise dos produtores de conteúdo político brasileiros; apontamentos para a discussão do Jornalismo no cenário Big Data. A Tabela 11 apresenta o número de textos selecionados em 2019, com as palavras- chave que aparecem e em quantas vezes aparecem em todos eles.

Tabela 11 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2019

NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE PESQUISAS AS PALAVRAS-CHAVE SELECIONADAS APARECEM

3 Rádio expandido; 1 Rádio Itatiaia; 1 Análise de redes sociais. 1 Agir cartográfico; 1 Mediação qualificada; 1 Ciberacontecimento. 1 Jornalístico; 1 Fake news; 1 Eleição 2018. 1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2019, das três pesquisas selecionadas, foram identificadas 9 palavras-chave. Destas, duas dialogam com o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: rádio expandido e ciberacontecimento; uma, com o núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: análise de redes sociais; e uma com o núcleo temático 5 “Checagem de fatos pelo Jornalismo”: fake news. A partir das palavras-chave, verificamos que o termo ‘rádio expandido’ voltou a ser considerado pelos pesquisadores da Compós, atualizando os debates anteriores. Também observamos que o fenômeno das fake news e a checagem de fatos, recebeu atenção dos pesquisadores. Em 2019, foram escolhidos os estudos que refletiram sobre a audiência radiofônica e a interação mediada on-line; o agir cartográfico e uma proposta teórico-metodológica para compreensão e exercício do Jornalismo em rede; as fake news e a reconfiguração do campo comunicacional. As propostas, apesar de distintas entre elas, se inserem dentro do macro- ambiente do Jornalismo digital. Outra vez, os pesquisadores tecem reflexões sobre o 96

fenômeno das transformações do Jornalismo, sem propostas práticas para as organizações do setor. A Tabela 12 apresenta o número de textos selecionados em 2020, com as palavras- chave que aparecem e em quantas vezes se manifestam em todos eles.

Tabela 12 – Pesquisas selecionadas na Compós em 2020

NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE PESQUISAS AS PALAVRAS-CHAVE SELECIONADAS APARECEM

7 Newsgames; 1 Interação; 1 Engajamento. 1 Circulação de informação; 1 Líder de opinião; 1 Recirculação. 1 Dados digitais; 1 Pesquisas comunicacionais; 1 Compós; 1 Nvivo. 1 Crítica midiática; 1 Dispositivos críticos; 1 Jornalismo. 1 Fontes jornalísticas; 1 Promotores de notícias; 1 Ecossistema jornalístico. 1 Jornalismo; 1 Fact-checking; 2 Fake news. 1 Violência digital; 1 Jornalistas; 1 Eleições presidenciais. 1

Fonte: elaborada pela autora.

No último ano de levantamento desse estudo, em 2020, somaram-se sete pesquisas e 22 palavras-chave. Destas, três traduzem o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: recirculação, dados digitais, ecossistema jornalístico; duas conversam com o núcleo temático 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: interação, engajamento; duas dialogam com o núcleo temático 5 “Checagem de fatos pelo Jornalismo”: fact-checking e fake news. As palavras-chave sinalizam que, os estudos se concentraram nos desdobramentos do fenômeno das transformações do Jornalismo. 97

Observamos que o leque de temas contemplados em 2020 aumentou de forma expressiva, indicando o olhar do pesquisador da Compós aos tantos fenômenos em curso no Jornalismo, tecidos no ambiente digital. As pesquisas sinalizaram as potencialidades informativas do lúdico no Jornalismo digital; discutiram a circulação de informação no Twitter; os dados digitais na Comunicação; dispositivos de crítica jornalística na esfera pública em rede; Jornalismo científico, ecossistema jornalístico e fontes especializadas; Jornalismo e fact-checking; e violência digital contra jornalistas.

Observações gerais

A partir de uma perspectiva dos textos da Compós, mapeamos 149 palavras-chave nos 45 artigos selecionados. Foram consideradas para o ambiente descritivo e analítico, para além dos quadros, apenas as palavras-chave que dialogam com os 12 núcleos temáticos identificados anteriormente, somando, sob este aspecto, 55 palavras-chave. Identificamos nas palavras-chave, as dominâncias de temas diante dos 12 núcleos temáticos. Com essas características, 42 estavam relacionadas ao núcleo 1; 7 estavam relacionadas ao núcleo 2; 3 ao núcleo 3 e 3 ao núcleo 5. Diante desses resultados, verificamos que os temas mais debatidos pelos pesquisadores da Compós dialogam, respectivamente, com as transformações do Jornalismo pelo viés da tecnologia na contemporaneidade, com a produção noticiosa nas redes sociais, com a participação da audiência na produção da notícia, e com o fenômeno das fake news e da checagem de fatos. Diante das palavras-chave, verificamos que em 2010 a cibercultura já figurava como tema de investigação, a partir do viés do texto noticioso. Em 2011, as palavras-chave indicavam as discussões da produção do Jornalismo nas redes sociais. Em 2012, as palavras- chave incidiram sobre as recentes alterações do Jornalismo como: Comunicação digital, curadoria de informação, algoritmo e circulação jornalística. Em 2013, quando eclodiram as discussões sobre o ciberacontecimento e o Jornalismo nas redes sociais, as palavras-chave indicaram que os estudos acompanharam os acontecimentos políticos, a partir da perspectiva do Jornalismo digital. Em 2014, as palavras-chave dos sete textos localizados, refletiram, sobretudo, sobre os movimentos sociais de 2013 que se formataram nas redes sociais, sobre a convergência jornalística e sobre a circulação do texto noticioso no ambiente digital. No ano seguinte, 2015, os pesquisadores da Compós continuavam a refletir sobre os fenômenos do Jornalismo a partir da cibercultura, ação identificada desde os estudos de 2010. Foi verificado 98

ainda que em 2015, a ciência recorreu à teoria ator-rede para discutir as alterações do Jornalismo, e também refletiu sobre a crise do Jornalismo, retratando a emergência das redes sociais digitais. As quatro pesquisas identificadas em 2016, abordaram o Jornalismo no ambiente digital, e as palavras-chave indicaram aspectos diferentes sobre esse cenário. Em 2017, verificou-se que as pesquisas consideraram questões relacionadas especialmente ao Jornalismo digital e refletiram, dentro desse contexto, sobre o trabalho do jornalista, a crise na área da Comunicação e sobre a cultura participativa. Em 2018, as palavras-chave indicam que os seus respectivos estudos abordam aspectos diversos do Jornalismo no ambiente digital. Já caminhando para o fim da década, os temas analisados pelos pesquisadores da Compós, acerca das alterações do Jornalismo, deixaram de contemplar modelos, teorias ou soluções práticas para as organizações jornalísticas, realidade verificada também nos dois anos posteriores. Em 2019, as propostas, apesar de distintas, se revelaram dentro do mesmo macro- ambiente do Jornalismo digital. Novamente, os pesquisadores teceram reflexões sobre o fenômeno das transformações do Jornalismo, sem propostas práticas para as organizações do setor. Em 2020, as palavras-chave sinalizam que os estudos se concentram nos desdobramentos do fenômeno das transformações do Jornalismo. De uma forma geral, os estudos mapeados na Compós se dedicaram a temas relacionados às transformações do Jornalismo, com atenção ao Jornalismo digital. Abarcam diferentes manifestações do fenômeno contemporâneo, tais como: a produção do Jornalismo nas redes sociais; mudanças no trabalho do jornalista; crise da área de Comunicação; fake news e checagem de fatos pelo Jornalismo. Os pesquisadores também se dedicaram ao debate das teorias, que contemplam os estudos de Jornalismo digital. A pesquisa observou que durante toda a década investigada, os pesquisadores da Compós privilegiaram discussões teóricas sobre as transformações do Jornalismo, deixando de lado propostas práticas ou soluções em formatos de modelos para as organizações jornalísticas. Abordagens estas, que, poderiam esboçar alternativas, especialmente para aquelas empresas que não migraram, ou o fizeram de forma parcial para o ambiente digital, de forma que ainda não apresentam um modelo definido de atuação nesse cenário, que lhes garanta a sobrevivência no mercado.

SBPJor Dando continuidade à análise, agora passamos a contemplar as pesquisas da SBPJor para a análise das palavras-chave com base nos 12 núcleos temáticos identificados na Tabela 1. 99

A Tabela 13 apresenta o número de textos selecionados em 2012, com as palavras- chave que aparecem e quantas vezes se manifestam em todos eles.

Tabela 13 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2012 e suas palavras-chave

NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE PESQUISAS AS PALAVRAS-CHAVE SELECIONADAS APARECEM

11 Jornalismo digital; 1 Webjornalismo audiovisual; 1 Webtvs universitárias; 1 Processo produtivo jornalístico; 1 Produção webjornalística; 1 Audiovisual. 1 Jornalismo; 1 Notícia; 1 Notícia líquida; 1 Webnotícia. 2 Jornalismo digital; 1 Ciberjornalismo; 1 Internet; 1 Redes sociais; 1 Jornalismo em base de dados. 1 Jornalismo online; 1 Revistas; 1 Suportes; 1 Materialidades. 2 Jornalismo; 1 Acontecimento; 1 Circulação jornalística; 1 Sites de redes sociais; 1 Twitter. 1 Gêneros discursivos; 2 Notícia; 1 Esfera jornalística; 2 Twitter; 1 Tweet noticioso. 1 Convergência; 2 Jornalismo em base de dados; 2 Hackeamento; 1 Jornalismo colaborativo; 1 Hacker. 1 Descentralização; 1 Colaboração; 1 Media; 1 Audiência; 1 Conteúdo noticioso; 1 Crowdsourcing. 1 Acontecimento jornalístico; 1 Convergência midiática; 1 Mídias sociais; 1 100

Critérios de noticiabilidade; 1 Cultura participativa. 3 Jornalismo; 1 Participação no Jornalismo; 1 Webjornalismo. 1 Radiojornalismo; 1 Economia política do Jornalismo; 1 Hipermediações; 1 Fase da multiplicidade da oferta. 1

Fonte: elaborada pela autora.

A pesquisa observou que das 52 palavras-chave de 2012, 17 se referiram ao núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: Jornalismo digital (que apareceu duas vezes), webjornalismo audiovisual, produção webjornalística, notícia líquida, webnotícia, ciberjornalismo, Jornalismo em base de dados (que apareceu duas vezes), Jornalismo online, suportes, convergência (que apareceu duas vezes), convergência midiática, webjornalismo, hipermediações, fase da multiplicidade da oferta. Sete palavras-chave dialogaram com o núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: redes sociais, sites de redes sociais, Twitter (com duas aparições), gêneros discursivos, tweet noticioso, mídias sociais; e cinco delas conversaram com o núcleo temático 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: Jornalismo colaborativo, colaboração, audiência, cultura participativa e participação no Jornalismo. Assim como os pesquisadores da Compós privilegiaram o núcleo temático 1, os cientistas da SBPJor também o fizeram. Observamos especial interesse dos pesquisadores pelo webjornalismo e pela circulação noticiosa nas redes sociais que se cristaliza nas palavras- chave. Em 2012, os artigos identificados pela pesquisa, discutiram o processo de produção webjornalística audiovisual; a notícia líquida na nova ecologia midiática; processos emergentes do Jornalismo na internet brasileira; as mudanças das revistas por conta das mudanças dos suportes; a participação dos interagentes nos sites de redes sociais como uma dimensão do acontecimento jornalístico; o tweet noticioso como gênero discursivo; Jornalismo em base de dados e o hackeamento dos jornais; descentralização dos processos produtivos da notícia; a construção do acontecimento jornalístico na era das convergências das mídias; Jornalismo e participação; radiojornalismo, hipermediações e fase da multiplicidade da oferta no Piauí. A Tabela 14 apresenta o número de textos selecionados em 2013, com as palavras-chave que aparecem e quantas vezes se manifestam em todos eles. 101

Tabela 14 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2013 e suas palavras-chave

NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE PESQUISAS AS PALAVRAS-CHAVE SELECIONADAS APARECEM

19 Jornalismo; 1 Conteúdo simbólico; 1 Internet; 1 Parêntese Gutenberg; 1 Modo de produção. 1 Identidade profissional; 1 Jornalismo multimídia; 1 Cibercultura; 1 Redação integrada. 1 Blogs; 1 Blogueiros; 1 Jornalistas; 1 Categorização. 1 Tablets; 1 Smartphones; 1 Linguagem; 1 Mobilidade; 1 Comunicação. 1 Webtelejornalismo; 1 Ciberespaço; 1 Web; 1 Informação; 1 Âncora. 1 Jornalismo online; 1 Mobilizador de audiência; 1 Entretenimento; 1 Gatewatcher; 1 Gatekeeping. 1 Jornalismo de revista; 1 Jornalismo digital; 1 Intermidialidade; 1 Mídias digitais; 1 Tablets. 1 Jornalismo; 2 Circulação; 1 Redes sociais na internet; 1 Dinâmica da notícia; 1 Twitter e Facebook. 1 Jornalismo; 3 Dispositivos móveis; 1 Newsmaking; 1 Valores-notícia; 1 Circa. 1 Voz institucional; 1 Estratégias comunicacionais; 1 Redes sociais da internet; 2 Jornalismo em rede; 1 102

Ethos discursivo. 1 Ombudsman; 1 Ética; 1 Regulação; 1 Participação; 1 Redes sociais. 1 Jornalismo; 4 Cibercultura; 2 Novas tecnologias; 1 Comunicação; 1 Hipermídia. 1 Jornalismo; 5 Mediação; 1 Midiatização; 1 Amador; 1 Enunciação. 1 Circulação; 2 Crítica midiática; 1 Facebook; 1 Diário de classe; 1 Jornalismo. 6 Midiatização; 2 Telejornalismo; 1 Zona de contato; 1 Produções discursivas. 1 Jornalismo; 7 Apropriação tecnológica; 1 Web; 1 Capital social; 1 Assimetria; 1 Informativa. 1 Jornalismo; 8 Tecnologia; 1 Construção social; 1 Teorias do Jornalismo; 1 Epistemologia. 1 Jornalismo; 9 Leitura; 1 Revista; 1 Site; 1 Tablet. 1 Notícias; 1 Valores-notícia; 2 História do Jornalismo; 1 Jornalismo online; 2 Hashtags. 1

Fonte: elaborada pela autora.

As 19 pesquisas mapeadas em 2013, na SBPJor, reúnem 93 palavras-chave. Destas, 18 pertencem ao núcleo temático 1, que incide sobre as transformações recentes do Jornalismo pelo viés da tecnologia: cibercultura (que aparece duas vezes), redação integrada, tablets (que 103

aparece três vezes), smartphones, webtelejornalismo, ciberespaço, web, Jornalismo online (que aparece duas vezes), Jornalismo digital, dispositivos móveis, Jornalismo em rede, novas tecnologias, apropriação tecnológica, site. Seis palavras-chave dialogam com o núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: mídias digitais, redes sociais na internet (que aparece duas vezes), Twitter e Facebook, redes sociais, Facebook, hashtags; duas conversam com o núcleo temático 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: gatewatcher e participação. Quatro se referem ao núcleo temático 4 “Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”: Jornalismo multimídia, hipermídia, midiatização (que aparece duas vezes); três pertencem ao núcleo temático 9 “Jornalistas blogueiros e influenciadores digitais”: blogs, blogueiros e jornalistas. A pesquisa observou que as nomenclaturas Jornalismo multimídia e hipermídia passaram a ser empregadas. As palavras-chave também contemplaram as ferramentas tecnológicas que o Jornalismo passou a incorporar naquele momento, como os tablets e os smartphones. O Jornalismo recebeu identificações semelhantes como: Jornalismo digital, Jornalismo online e Jornalismo em rede. Observamos também, a incidência dos termos: ‘mídias digitais’ e ‘redes sociais na internet’, entre as palavras-chave. Em 2013, a pesquisa apurou: os desafios jornalísticos diante da redefinição do conceito de conteúdo; o jornalista multimídia; os tipos de jornalistas blogueiros; utilização dos dispositivos móveis; o desaparecimento do ritual de apresentação no webjornalismo e a expansão da informação no ciberespaço; reconfigurações das práticas do jornalista online; a intermidialidade como forma de interpretação do Jornalismo digital de revista; a dinâmica das notícias nas redes sociais da internet; Jornalismo em dispositivos móveis; transformações estratégicas na voz do Jornalismo; ombudsman, redes sociais e a participação do público na mídia; o fazer jornalístico no ciberespaço; destinos da mediação jornalística; tensionamentos ao Jornalismo pela circulação social de temas nas redes sociais; midiatização do telejornalismo; níveis de apropriação tecnológica e profissionais do Jornalismo; repensando Jornalismo e tecnologia a partir das perspectivas construcionistas; a leitura do Jornalismo na contemporaneidade em versões impressas e eletrônicas; as notícias e os valores-notícias: da tipografia ao Jornalismo online. A Tabela 15 apresenta o número de textos selecionados em 2014, com as palavras- chave que aparecem e quantas vezes são utilizadas em todos eles.

104

Tabela 15 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2014 e suas palavras-chave

NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES EM QUE PESQUISAS AS PALAVRAS-CHAVE SELECIONADAS APARECEM

12 Jornalismo; 1 Redes sociais; 1 Circulação; 1 Recirculação; 1 Twitter. 1 Leitores; 1 Visibilidade; 1 Interação; 1 Whatsapp; 1 Jornais. 1 Audiência; 1 Leitor; 1 Zero Hora; 1 Convergência; 1 Newsmaking. 1 Audiências; 1 Blog; 1 Agapan; 1 Jornalismo ambiental; 1 Copa do Mundo Fifa Brasil 2014; 1 Jornalismo impresso; 1 Midiatização; 1 Leitor; 1 Contrato de leitura; 2 Zero Hora. 1 Jornalismo; 2 Paradigmas jornalísticos; 2 Convergência jornalística; 1 Tecnologias digitais; 1 Dispositivos móveis. 1 Jornalismo móvel; 1 Aplicativo; 1 Tecnologia; 1 Internet; 1 Arquitetura da informação. 1 Ciberjornalismo; 1 Jornalismo em tablets; 1 Jornalismo em dispositivos Móveis; 1 Interfaces touchscreen. 1 Telejornalismo; 1 Arte; 1 Jornalismo cultural; 1 Facebook. 1 Telejornalismo; 1 Webtv; 2 TVFolha; 1 TerraTV; 1 Cultura da convergência. 1 105

Convergência jornalística; 1 Mobilidade; 1 Dispositivos móveis; 1 Produtos autóctones; 2 Pesquisa aplicada. 1 Mobilidade; 1 Ubiquidade; 2 Wearable; 1 Google glass; 1 Oculus rift. 1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2014, das 58 palavras-chave, 15 incidem sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: convergência, midiatização, convergência jornalística (que apareceu duas vezes), tecnologias digitais, dispositivos móveis (que apareceu duas vezes), Jornalismo móvel, aplicativo, ciberjornalismo, Jornalismo em tablets, Jornalismo em dispositivos móveis, interfaces touchscreen, webtv, cultura da convergência. Cinco palavras-chave se referem ao núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: redes sociais, recirculação, Twitter, Whatsapp, Facebook; duas se referem ao núcleo temático 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: interação e audiências; uma diz respeito ao núcleo temático 8 “Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo”: tvfolha; uma se refere ao núcleo temático 9 “Jornalistas blogueiros e influenciadores digitais”: blog. Observamos a predominância de temas dos núcleos 1 e 2 nas palavras-chave, indicando a tendência de investigações sobre o Jornalismo nas mídias sociais. O leque de temas compreendidos pelos pesquisadores da SBPJor foi ampliado em 2014, conferindo a atenção desses cientistas aos fenômenos daquele momento. Em 2014, a pesquisa mapeou estudos que discutiram: a circulação e recirculação no Jornalismo em rede; o leitor interativo e a busca por visibilidade na imprensa; tensionamentos da atividade jornalística no contexto da convergência; blog institucional como espaço de reformulação do conceito de audiência no webjornalismo; o Jornalismo em vias de midiatização; reconfigurações do Jornalismo; Jornalismo e dispositivos móveis; a informação jornalística na ponta dos dedos; arte, cultura, telejornalismo, internet e redes sociais; novas possibilidades de produção e apresentação telejornalística; Jornalismo convergente e os desafios em contexto multiplataforma; oculus rift e Google glass como exemplos de um Jornalismo ubíquo. 106

A Tabela 16 apresenta o número de textos selecionados em 2015, com as palavras- chave que aparecem e quantas vezes são exibidas em todos eles.

Tabela 16 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2015 e suas palavras-chave

NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES PESQUISAS EM QUE AS PALAVRAS- SELECIONADAS CHAVE APARECEM

15 Jornalismo; 1 Multimídia; 1 Valor-notícia; 1 Convergência; 1 Uol Tab. 1 Plataforma de mídia; 1 Acesso; 1 Informação; 1 Inclusão; 1 Usabilidade. 1 Jornalismo; 2 Publicidade nativa; 1 Hibridização; 1 Linguagem digital; 1 Novas mídias. 1 Cibermeios; 1 História; 1 Internet; 1 Mato Grosso do Sul; 1 Trajetória. 1 Crise do Jornalismo; 1 Precarização do Jornalismo; 1 Mudanças estruturais no Jornalismo. 1 Jornalismo em rede; 1 Recirculação; 1 Acontecimento; 1 Redes sociais; 1 Twitter. 1 Jornal impresso; 1 Linguagem digital; 2 Jornalismo; 3 Facebook; 1 Folha de S.Paulo. 1 Jornalismo; 4 Mobilidade; 1 Ubiquidade; 1 Wearables; 1 Smartwatches. 1 Dispositivos móveis; 1 Televisão; 1 Segunda tela; 1 Jornalismo; 5 Entretenimento. 1 107

Campo jornalístico; 1 Novas tecnologias de comunicação; 1 Função social do Jornalismo; 1 Manifestações sociais. 1 Jornalismo; 6 Teoria Ator-Rede; 1 Verificação digital; 1 Teoria; 1 Epistemologia. 1 Jornalismo local; 1 Webjornalismo; 1 Jornalismo impresso; 1 Hipertextual básico; 1 Estudo de caso. 1 Jornalismo; 7 Transmídia; 1 Crossmedia; 1 Redes sociais; 2 Internet. 1 Dispositivos móveis 2 Infotenimento; 1 Soft news; 1 Hard news; 1 Newsgames. 1 Narrativa jornalística; 1 Hipermídia; 1 Reportagem longform; 1 Jornalismo contemporâneo. 1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2015, das 71 palavras-chave, 18 pertenciam ao núcleo 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: convergência, plataforma de mídia, hibridização, linguagem digital (duas vezes), novas mídias, cibermeios, crise do Jornalismo, mudanças estruturais do Jornalismo, Jornalismo em rede, smartwatches, dispositivos móveis (com duas aparições), novas tecnologias de comunicação, teoria ator-rede, verificação digital, webjornalismo, reportagem longform, Jornalismo contemporâneo. Quatro palavras-chave incidiram sobre o núcleo 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: redes sociais (que apareceu duas vezes), Twitter e Facebook; três dialogam com o núcleo temático 4 “Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”: multimídia; transmídia, hipermídia; uma incide sobre o núcleo temático 8 “Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo: Folha de S.Paulo. A partir do levantamento das palavras-chave dos 15 estudos selecionados, a pesquisa observou o interesse da ciência por diferentes aspectos das mudanças do Jornalismo, entre eles, a crise do Jornalismo, a convergência do Jornalismo e seus desdobramentos. A produção 108

de Jornalismo, a partir das mídias sociais, voltou a ser um tema recorrente assim como nos anos anteriores. As nomenclaturas ‘hipermídia’ e ‘transmídia’ também voltaram a figurar entre as palavras-chave utilizadas, sinalizando o interesse dos cientistas da SBPJor pelos novos termos que surgiram durante a década analisada. As pesquisas de 2015 refletiram sobre: a multimidialização como valor-notícia de construção; a plataforma digital e as interfaces da mídia contemporânea; a hibridização da informação na imprensa; trajetória do ciberjornalismo em Mato Grosso do Sul; reflexões sobre práticas jornalísticas atuais; ressignificações do acontecimento no Jornalismo em rede; o fluxo do jornal impresso para o Facebook; Jornalismo em wearables; avaliação de aplicativos de segunda tela; reflexões em torno da legitimidade jornalística; Jornalismo e teoria Ator- Rede; Jornalismo local na era do hipertextual; Jornalismo “transsocial-media”; a notícia nas plataformas móveis; a narrativa hipermídia no Jornalismo contemporâneo. A Tabela 17 apresenta o número de textos selecionados em 2016, com as palavras- chave que aparecem e quantas vezes se manifestam em todos eles.

Tabela 17 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2016 e suas palavras-chave

NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES PESQUISAS EM QUE AS SELECIONADAS PALAVRAS-CHAVE APARECEM

24 Telejornalismo; 1 Jornalismo participativo; 1 Coprodutores; 1 Whatsapp; 1 NETV. 1 Telejornalismo; 2 Notícia; 1 Conteúdo colaborativo; 1 Representações; 1 SPTV. 1 Jornalismo; 1 Mudanças estruturais do jornalismo; 1 Jornalismo impresso; 1 Jornalismo goiano; 1 Jornal O Popular. 1 Jornalismo; 2 Jornalismo pós-industrial; 1 Jornalismo independente; 1 Crise; 1 Capitalismo. 1 Jornalismo; 3 Comunicação pública; 1 Visibilidade; 1 109

Democracia; 1 Internet. 1 Jornalismo contemporâneo; 1 Jornalismo pós-industrial; 2 Mulheres jornalistas; 1 Tecnologias digitais; 1 Jornalismo guiado por dados; 1 Algoritmo; 1 Personalização; 1 Facebook; 1 Jornalismo em redes sociais; 1 Instant articles. 1 Jornalismo; 4 Tecnologia; 1 Capital Social; 1 Inovação; 1 Tecnologias da informação e da comunicação. 1 Telejornalismo; 3 Público; 1 Facebook; 2 Segunda tela; 1 TV social. 1 Jornalismo; 5 Inovação; 2 Jornalismo de inovação. 1 Epistemologia; 1 Método; 1 Simetria; 1 Teoria Ator-Rede; 1 Jornalismo. 6 Jornalismo colaborativo; 1 Redes sociais digitais; 1 Ciberespaço; 1 Fonte de informação; 1 Cultura da participação. 1 Jornalismo; 7 Jornalismo digital; 1 Circulação; 1 Site de rede social; 1 Snapchat. 1 Internet das coisas; 1 Narrativas digitais; 1 Realidade virtual. 1 Redes sociais; 1 Jornalismo; 8 Bots humanos; 1 UGC; 1 Ócio digital. 1 Multimodalidade; 1 Narrativas; 1 Narrativas transmídia (NT); 1 Jornalismo; 9 Inovação. 3 Audiência participativa; 1 110

Narrativas jornalísticas; 1 Leitor digital; 1 Fanpage. 1 Narrativas imersivas; 1 Webjornalismo; 1 Interfaces; 1 Realidade virtual. 2 TVERS; 1 Televisão pública; 1 Telejornalismo; 4 Convergência; 1 Transmedia. 1 Telejornalismo; 5 Produção de conteúdo; 1 Inovação; 4 Tecnologia; 2 Convergência. 2 Telejornal; 1 Circulação; 2 Recepção. 1 Jornalismo; 10 Redes sociais digitais; 2 Facebook; 3 Twitter. 1 Ciberjornalismo; 1 Crowdsourcing; 1 Inovação; 5 Métodos ágeis; 1 Parque tecnológico. 1 Jornalismo; 11 Tecnologias; 1 Robotização da imprensa; 1 Automação jornalística; 1 Jornalismo digital. 2

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2016, a pesquisa mapeou 101 palavras-chave nas 24 pesquisas selecionadas. Destas, 20 incidiram sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: mudanças estruturais do Jornalismo, Jornalismo pós-industrial (que apareceu duas vezes), crise, Jornalismo contemporâneo, tecnologias digitais, Jornalismo guiado por dados, algoritmo, tecnologias da informação e da comunicação, Jornalismo de inovação, teoria Ator-Rede, ciberespaço, Jornalismo digital (que apareceu duas vezes), narrativas digitais, leitor digital; webjornalismo, convergência (que apareceu duas vezes), ciberjornalismo. 11 palavras-chave sobre o núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: Whatsapp, Jornalismo em redes sociais, redes sociais digitais (que apareceu duas vezes), site 111

de rede social, Snapchat, redes sociais, Facebook (que apareceu três vezes), Twitter. 5 sobre o núcleo temático 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: Jornalismo participativo, conteúdo colaborativo, Jornalismo colaborativo, cultura da participação, audiência participativa. Duas palavras-chave sobre o núcleo temático 4 “Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”: narrativas transmídia (NT) e transmedia; duas do núcleo temático 7 “Automação da notícia”: robotização da imprensa, automação jornalística. O estudo observou que os pesquisadores da SBPJor começaram a dedicar suas atenções à automação da notícia e à participação da audiência na produção jornalística. Os estudos em telejornalismo também foram evidenciados nesse ano. A teoria Ator-Rede voltou a ser contemplada nas palavras-chave de 2016. A partir das palavras-chave, o estudo identificou a menção da rede social Snapchat e da nomenclatura de Jornalismo pós-industrial, outro conceito que surgiu na contemporaneidade, e que ganhou atenção dos pesquisadores da SBPJor. No ano de 2016, a pesquisa elegeu artigos que refletiram sobre o espectador como coprodutor do telejornal; a produção colaborativa no telejornalismo; o impresso em tempo de mudanças estruturais do Jornalismo; apontamentos sobre estratégias de sobrevivência do Jornalismo alternativo de São Paulo; a legitimidade do Jornalismo na era digital; mulheres no pós-Jornalismo industrial; a mudança do algoritmo do Facebook e o silenciamento do Jornalismo em rede; desafios teóricos para pensar os estudos sobre Jornalismo e tecnologia; telejornais e suas redes sociais; Jornalismo de inovação; simetria e assemblage para estudar o Jornalismo; apropriações das redes sociais digitais como fonte de informação ao Jornalismo; como o Snapchat está sendo apropriado para circulação de conteúdo jornalístico; notas sobre um experimento de Jornalismo imersivo; o conteúdo circulante nas redes sociais e a presença do Jornalismo distorcida por bots humanos; narrativas jornalísticas multimodais; participação da audiência em narrativas jornalísticas; narrativas imersivas no webjornalismo; uma proposta de conteúdo transmídia; a inovação e a tecnologia no Jornalismo; telejornal em circulação; notícias nas redes sociais; tecnologia digital aplicada ao Jornalismo através de parcerias informais; automatização da produção informativa. A Tabela 18 apresenta o número de textos selecionados em 2017, com as palavras- chave que aparecem e em quantas vezes aparecem em todos eles.

Tabela 18 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2017 e suas palavras-chave

ANO NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES 112

PESQUISAS EM QUE AS SELECIONADAS PALAVRAS-CHAVE APARECEM

2017 25 Circulação jornalística; 1 Twitter; 1 Polarização; 1 Filtros-bolha; 1 Redes sociais na internet. 1 Jornalismo; 1 Tecnologia; 1 Velocidade; 1 Lento; 1 Slow. 1 Ethos; 1 Valores; 1 Jornalista multifunção; 1 Newsmaking; 1 Convergência de mídias. 1 Telejornalismo; 1 Notícia; 1 Conteúdo colaborativo; 1 Cidadania; 1 Globonews. 1 Comunicação; 1 Jornalismo; 2 Projeto editorial da Folha de S.Paulo; 1 Mito. 1 Convergência jornalística; 1 Mídias sociais; 1 Conteúdo em multiplataformas. 1 Imersão no Jornalismo; 1 Narrativas jornalísticas; 1 Inovação no Jornalismo; 1 Jornalismo em redes digitais. 1 Medium; 1 Jornalismo digital; 1 Inovação. 1 Inovação no Jornalismo; 2 Paywall; 1 Crowdfunding. 1 Chatbots; 1 Marketing de conteúdo. 1 Jornalismo; 3 Cobertura jornalística; 1 Site de rede social; 1 Snapchat; 1 Efemeridade. 1 Jornalismo; 4 Pós-verdade; 1 Fake-news; 1 Fact-checking. 1 Jornalismo digital em base de dados; 1 Jornalismo guiado por dados. 1 113

Reportagem assistida por computador; 1 Etnografia; 1 Hacker. 1 Fontes; 1 Diversidade; 1 Participação; 1 Interação; 1 Acesso. 1 Jornalismo; 5 Crise do Jornalismo; 1 Pesquisa bibliográfica; 1 Revisão da literatura. 1 Comunidade interpretativa; 1 Critérios de noticiabilidade; 1 Teoria do Jornalismo; 1 Telejornalismo; 2 WhatsApp. 1 Nexo; 1 Jornal; 1 Youtube; 1 Audiovisual; 1 Vídeo. 1 Jornalismo ubíquo; 1 Ubiquidade; 1 Espaços híbridos; 1 Dispositivos móveis digitais. 1 Jornalismo das coisas; 1 Jornalismo; 6 Gênero; 1 Formato; 1 Linguagem. 1 Notícia automatizada; 1 Jornalismo automatizado; 1 Inteligência artificial e Jornalismo; 1 Algoritmos jornalísticos; 1 Geração de linguagem natural. 1 Hipermídia; 1 Hipertexto; 1 Multimídia; 1 Jornalismo digital; 1 Narrativa. 1 Jornalismo móvel; 1 Jornalismo de cidades; 1 Smartphone; 1 Aplicativo; 1 Pesquisa aplicada. 1 Inovação; 2 Jornalismo; 7 The New York Times. 1 Ciberjornalismo; 1 WhatsApp; 2 Convergência; 1 Critério de noticiabilidade; 1 Valores-notícia. 1 114

Jornalismo móvel; 2 Smartphone; 2 Aplicativo; 2 Design; 1 Cards. 1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2017, das 109 palavras-chave, 19 dialogam com o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: jornalista multifunção, convergência de mídias, convergência jornalística, conteúdo em multiplataformas, inovação no Jornalismo (duas), Jornalismo digital, Jornalismo digital em base de dados, Jornalismo guiado por dados, reportagem assistida por computador, crise do Jornalismo, Jornalismo ubíquo, Jornalismo das coisas, algoritmos jornalísticos, Jornalismo digital, Jornalismo móvel (duas vezes), ciberjornalismo, convergência. Oito palavras-chave com o núcleo 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: Twitter, redes sociais na internet, mídias sociais, Jornalismo em redes digitais, site de rede social, Snapchat, WhatsApp (que aparece duas vezes); duas com o núcleo 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: participação, interação; três com o núcleo 4 “Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”: hipermídia, hipertexto, multimídia. E ainda, três palavras-chave que dialogam com o núcleo 5 “Checagem de fatos pelo Jornalismo”: pós-verdade, fake-news, fact-checking; uma com o núcleo temático 6 “Mídias independentes e os nativos digitais”: Nexo; três com o núcleo 7 “Automação da notícia”: notícia automatizada, Jornalismo automatizado, inteligência artificial e Jornalismo; uma com o núcleo 8 “Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo”: projeto editorial da Folha de S.Paulo; duas com o núcleo temático 12 “Modelos de negócio para o Jornalismo”: paywall, crowdfunding. Assim como em anos anteriores, as palavras-chave contemplaram o fenômeno das fake news e checagem de fatos, sinalizando uma tendência dos estudos do campo. Também houve aparições de palavras-chave incidindo sobre interação e a participação do público na produção da notícia, outra alteração recente do setor, que vem sendo acompanhada pela ciência. Neste ano, novamente observamos a incidência do termo ‘crise’ para contemplar o cenário contemporâneo do Jornalismo. Ainda, identificamos palavras-chave indicando a presença do Jornalismo em ferramentas como o WhatsApp e em plataformas como o Youtube e o Twitter. Em 2017 localizamos 25 artigos. Eles investigaram a circulação jornalística no Twitter; tensões entre velocidade e comunicação em ambientes digitais; a reformulação dos valores profissionais perante um cenário de convergência; um estudo sobre a produção 115

colaborativa; o novo projeto editorial da Folha de S.Paulo; Jornalismo em tempos de convergência; narrativas jornalísticas em redes sociais; um modelo de produção de conteúdo na internet; modelos de negócios para o Jornalismo digital; o Jornalismo e o espaço público na contemporaneidade; o Snapchat como ferramenta de cobertura jornalística no perfil do Uol; pós-verdade, fake news e fact-checking; Jornalismo guiado por dados; participação, interação e acesso; uma revisão sobre a crise do Jornalismo; jornalistas no WhatsApp; o audiovisual jornalístico no Youtube; o desenvolvimento do conceito de Jornalismo ubíquo; Jornalismo das coisas; um panorama das notícias automatizadas no mundo; hipermídia; aplicativo como ferramenta do Jornalismo móvel; inovação no Jornalismo; WhatsApp como ferramenta de produção de conteúdo em cibermeios; notícias em apps. Em 2017, a pesquisa localizou nos Anais da SBPJor, um dos textos que incidem diretamente sobre o nosso objeto, a Folha de S.Paulo, em uma investigação sobre o projeto editorial do jornal. Também, identificou um artigo que contempla modelos de negócio para o Jornalismo digital, elemento importante para a pesquisa. A Tabela 19 apresenta o número de textos selecionados em 2018, com as palavras- chave que aparecem e em quantas vezes aparecem em todos eles.

Tabela 19 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2018 e suas palavras-chave

ANO NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE PESQUISAS VEZES SELECIONADAS EM QUE AS PALAVRAS-CHAVE APARECEM

2018 18 Jornalismo; 1 Redes sociais digitais; 1 Facebook; 1 Linguagem; 1 Formato dos posts. 1 Algoritmos; 1 Gatekeeper; 1 Agenda. 1 Radiojornalismo; 1 Linguagem; 1 Produção; 1 Tecnologias; 1 Afeto. 1 Jornalismo móvel; 1 News net; 1 Ubiquidade comunicacional; 1 Rotinas produtivas. 1 Telejornalismo; 1 116

Noticiabilidade; 1 Rede social; 1 Ciberacontecimento; 1 Jornal do Almoço. 1 Internet das coisas; 1 Jornalismo; 2 Fontes eletrônicas; 1 Notícias; 1 Cidades inteligentes. 1 Facebook Live; 1 Transmissões ao vivo; 1 Jornalismo digital; 1 Mídia alternativa; 1 Narrativas jornalísticas. 1 Redações; 1 Reorganização; 1 Convergência; 1 Estadão; 1 HuffPost; 1 Sistema narrativo; 1 Visualização de dados jornalísticos; 1 Fronted narrativo; 1 Jornalismo de dados. 1 Jornalismo investigativo; 1 Algoritmo-ombudsman; 1 Algoritmos e Jornalismo; 1 Engenharia reversa; 1 Preconceito algorítmico. 1 Telejornalismo; 1 Convergência; 2 Multiplataforma; 2 Bom dia Rio; 1 G1 RJ. 1 Jornalismo digital; 1 Inovações; 2 Especiais Folha; 1 Gêneros textuais; 1 Potencialidades tecnológicas. 1 Jornalismo de dados; 1 Tecnologias; 2 Circulação de informação. 1 Fact-checking; 1 Jornalismo de verificação; 1 Mudanças estruturais do Jornalismo; 1 Objetividade; 1 Transparência. 1 Hipertexto; 1 Narrativa jornalística; 1 Jornalismo digital; 2 Teoria do hipertexto; 3 Landow. 1 Webjornalismo; 1 Jornalismo digital; 1 Cultura da convergência. 4 117

Jornalismo digital; 1 Interação; 5 Participação; 1 Cultura participativa; 1 Cultura da conexão. 1 Jornalismo de dados; 1 Big data; 3 Grande reportagem multimídia; 1 Gêneros expressivos. 1

Fonte: elaborada pela autora.

Das 82 palavras-chave dos artigos de 2018, 19 delas pertencem ao núcleo 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: algoritmos, internet das coisas, fontes eletrônicas, Jornalismo digital (que apareceu cinco vezes), convergência (que apareceu duas vezes), mídia alternativa, visualização de dados jornalísticos, Jornalismo de dados (que apareceu três vezes), multiplataforma, mudanças estruturais do Jornalismo, webjornalismo, cultura da convergência, Big Data; quatro correspondem ao núcleo 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: redes sociais digitais, Facebook, rede social, Facebook Live; quatro ao núcleo temático 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: interação, participação, cultura participativa, cultura da conexão; duas palavras- chave que dialogam com o núcleo 4 “Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”: hipertexto, grande reportagem multimídia; duas pertencem ao núcleo 5 “Checagem de fatos pelo Jornalismo”: fact-checking, Jornalismo de verificação; uma ao núcleo temático 8 “Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo”: especiais Folha. Em 2018, a predominância das palavras-chave incidiu sobre o Jornalismo digital. As palavras-chave direcionam especialmente para a produção de Jornalismo nas redes sociais, como o Facebook Live. Palavras-chave como ‘reorganização’ e ‘convergência’ também apareceram. Novamente, o tema da automação da notícia, outra alteração recente do Jornalismo, foi contemplado. Em 2018 foram apurados artigos sobre: Jornalismo regional no Facebook; algoritmos como gatekeepers; novas tecnologias no radiojornalismo; o Jornalismo na era da ubiquidade comunicacional; redes social como critério de noticiabilidade; fontes eletrônicas de informação jornalística; uso da ferramenta Facebook Live para a construção de narrativas; convergência e reorganização em redações; visualização de dados jornalísticos; o algoritmo como pauta de investigação jornalística; telejornalismo multiplataforma; potencialidades digitais e inovações jornalísticas; Jornalismo de dados; Jornalismo de verificação; o hipertexto 118

no Jornalismo; características do webjornalismo; Jornalismo digital e participação; Jornalismo de dados. A Tabela 20 apresenta o número de textos selecionados em 2019, com as palavras- chave que aparecem e em quantas vezes se apresentam em todos eles.

Tabela 20 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2019 e suas palavras-chave

ANO NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE VEZES PESQUISAS EM QUE AS SELECIONADAS PALAVRAS-CHAVE APARECEM

2019 23 Telejornalismo; 1 Sites de redes sociais; 1 Modo de endereçamento; 1 Jornal Nacional; 1 Twitter. 1 Jornalismo; 1 Influenciador digital; 1 Capital social; 1 Marca; 1 Líder de opinião. 1 Fake news; 1 Jornalismo alternativo; 1 Redes sociais; 1 O Pasquim; 1 O sensacionalista. 1 Midiatização; 1 Imagem; 1 Espetacularização; 1 Influenciadores digitais; 1 Jornalismo. 2 Fake news; 2 Fact-checking; 1 Metodologias; 1 Agências; 1 Jornalismo. 3 Telejornalismo; 1 Jornalismo comunitário; 1 Redes sociais; 2 Interação; 1 Engajamento. 1 Critérios de noticiabilidade; 1 Valor-notícia; 1 Redes sociais; 3 Jornalismo; 4 Compartilhamento. 1 Jornalismo online; 1 Jornalismo digital; 1 Jornalismo nativo digital; 1 Reportagem multimídia; 1 119

Nexo. 1 Humanóides-repórteres; 1 Inteligência artificial; 1 Jornalismo; 5 Prospectiva estratégica. 1 Jornalismo; 6 Twitter; 1 Bolsonaro; 1 Folha de S.Paulo; 1 Análise de Conteúdo. 1 Multimidialidade; 1 Hipertextualidade; 1 Interatividade; 1 Grande mídia. 1 Jornalismo; 7 Participação; 1 Seção de comentários; 1 Público. 1 Rotina produtiva; 1 Smartphones; 1 Diário de Pernambuco; 1 Jornal do Commercio; 1 Jornalismo. 8 Jornalismo; 9 Dados; 1 Startups de Jornalismo; 1 Precisão. 1 Fake news; 3 Fact-checking; 2 Internet; 1 Política; 1 Eleição presidencial 2018. 1 Jornalismo digital; 2 Modelo de negócio; 1 Jornal Plural; 1 Jornalismo local; 1 Independência jornalística. 1 Jornalismo digital; 3 Jornalismo impresso; 1 Inovação; 1 Produção de notícias; 1 Cinform. 1 Jornalismo de dados; 1 Inovação; 2 Tecnologia; 1 Jornalismo. 10 Ciberjornalismo; 1 Ensino de Jornalismo; 1 Jornalismo de precisão; 1 Reportagem assistida por computador; 1 Survey. 1 Radiojornalismo; 1 WhatsApp; 1 CBN; 1 120

BandNews; 1 Rotinas produtivas. 2 Jornalismo digital; 4 Networked journalism; 1 Interação; 2 Conexão; 1 The Guardian. 1 Jornalismo automatizado; 1 Imparcialidade; 1 Natural Language Generation (NLG); 1 Algoritmos; 1 Knowhere. 1 Jornalismo digital; 5 Jornalismo de dados; 2 Nexo Jornal; 1 Base de dados; 1 Narrativa. 1

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2019, das 110 palavras-chave, 15 incidiram sobre o núcleo temático 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: midiatização, compartilhamento, Jornalismo online, multimidialidade, hipertextualidade, interatividade, Jornalismo digital (que apareceu cinco vezes), ciberjornalismo, reportagem assistida por computador, Jornalismo de dados (que apareceu duas vezes); 7 sobre o núcleo 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: sites de redes sociais (que apareceu três vezes), Twitter (que apareceu duas vezes), redes sociais e WhatsApp; 5 sobre o núcleo 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: interação, engajamento, participação, seção de comentários, público; 5 sobre o núcleo 5 “Checagem de fatos pelo Jornalismo”: fake news (que apareceu três vezes), fact-checking (que apareceu duas); 4 sobre o núcleo 6 “Mídias independentes e os nativos digitais”: Jornalismo nativo digital, reportagem multimídia, Nexo, Nexo Jornal; quatro sobre o núcleo 7 “Automação da notícia”: humanóides-repórteres, inteligência artificial, Jornalismo automatizado, algoritmos; uma do núcleo 8 “Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo”: Folha de S.Paulo; duas do núcleo temático 9 “Jornalistas blogueiros e influenciadores digitais”: influenciador digital (que apareceu duas vezes); duas do núcleo 11 “Retomada de interesse pelo Jornalismo local”: Jornalismo comunitário, Jornalismo local; uma do núcleo 12 “Modelos de negócio para o Jornalismo”: modelo de negócio. Nesse período, as palavras-chave demonstram a soberania do núcleo temático 1. As palavras-chave indicam investigações versando sobre questões políticas e a cobertura jornalística a partir de ferramentas como o Twitter. Também a partir das palavras-chave, a pesquisa observou que, os temas contemporâneos das alterações do Jornalismo foram 121

contemplados, tais como: as notícias falsas, checagem de fatos, influenciadores digitais, notícias alternativas, Jornalismo online, Jornalismo digital e reportagem multimídia. Verificamos também a nomenclatura de Jornalismo nativo digital, tema verificado no primeiro capítulo desta tese, e que representa um dos recentes fenômenos do Jornalismo contemporâneo. Em 2019, foram localizados artigos sobre: o uso do Twitter no Jornalismo; a ressignificação da notícia; notícias falsas no Jornalismo; midiatização e espetacularização; agências de checagem no Brasil; protagonismo do telespectador no fazer jornalístico; estudo sobre Jornalismo nas redes sociais; o Jornalismo nativo digital; os robôs com inteligência artificial; o jornal pautado pelo Twitter; multimidialidade, hipertextualidade e interatividade; o público ativo no Jornalismo; a rotina produtiva sob o impacto do uso de smartphones; uso de dados para elaboração de reportagens; fake news e fact-checking; possibilidades e limites de um nativo digital; transição do Jornalismo impresso ao digital; Jornalismo de dados; Jornalismo guiado por dados; o uso de WhatsApp por repórteres; participação no long-form journalism; Jornalismo automatizado e imparcialidade; Jornalismo de rede de dados do Nexo Jornal. A Tabela 21 apresenta o número de textos selecionados em 2020, com as palavras- chave que aparecem e em quantas vezes se manifestam em todos eles.

Tabela 21 – Pesquisas selecionadas na SBPJor em 2020 e suas palavras-chave

ANO NÚMERO DE PALAVRAS-CHAVE NÚMERO DE PESQUISAS VEZES SELECIONADAS EM QUE AS PALAVRAS- CHAVE APARECEM

2020 37 Jornalismo automatizado; 1 Jornalismo de dados; 1 Algoritmos; 1 Transparência; 1 Accountability. 1 Redes sociais; 1 Colaboração; 1 Nativos digitais; 1 Jornalismo digital. 1 Jornalismo guiado por dados; 1 Carreira; 1 Mundos sociais; 1 Fronteira profissional. 1 Plataforma; 1 122

Algoritmos; 2 Controvérsias; 1 Jornalismo; 1 Facebook. 1 Jornalismo esportivo; 1 Podcast; 1 Mídia tradicional; 1 Mídia radical; 1 Jornalismo. 2 Podcast; 2 Jornalismo especializado; 1 Inovação; 1 Missões; 1 Jornalismo local. 1 Jornalismo independente; 1 Jornalismo digital; 2 Assessoria; 2 Release; 1 Mato Grosso. 1 Memória; 1 Pandemia; 1 Gripe espanhola; 1 Covid-19; 1 Estadão. 1 Covid-19; 2 Jair Bolsonaro; 1 Análise de Discurso Crítica; 1 Twitter; 1 Hegemonia. 1 Jornalismo feminista; 1 Mulheres; 1 Gênero; 1 Interseccionalidade; 1 Jornalismo independente. 2 Jornalismo; 3 Feminismo; 1 Redes; 1 Perspectiva de gênero; 1 Tradução. 1 Jornalismo informativo; 1 Bolsonaro; 1 Whatsapp; 1 Ideologia; 1 Propaganda política. 1 Notícias falsas; 1 Checagem; 1 Twitter; 2 Robô; 1 Interação. 1 Robôs; 2 Startups; 1 Agências; 1 Desinformação; 1 Covid-19; 3 123

Discurso; 1 Polarização; 1 Carnaval; 1 Politização; 1 Mídias sociais. 1 Valores-notícia; 1 Noticiabilidade; 1 Finalidades do Jornalismo; 1 Jornalismo especializado; 1 Linha editorial. 1 Jornalismo; 4 Transmidiação; 1 Reportagem; 1 Podcast; 3 Fantástico. 3 Jornalismo móvel; 1 Jornalismo científico; 1 Instagram; 1 Revista Superinteressante. 1 Ativismo digital; 1 Mídia tradicional; 1 Twitter; 3 Transmídia; 3 Semiótica. 1 Telejornalismo; 1 Podcast; 4 Transmídia. 4 Discurso; 1 Análise do discurso; 1 Jornalismo; 5 Discurso institucional; 1 O Liberal. 1 Jornalismo; 6 Trabalho; 1 Rotinas produtivas; 1 Digitalização; 1 Capitalismo; 1 Jornalismo; 7 Rotinas produtivas; 2 Inovação; 1 Live streaming; 1 Covid-19. 4 Podcast; 5 Universidades; 5 Comunicação; 1 Coronavírus. 1 Memória; 1 Youtube; 1 Jornalismo; 1 Pedro Janov; 1 Estudo de caso. 1 Mediações algorítmicas; 1 Jornalismo; 8 Plataformas digitais. 1 124

Jornalismo de automação; 1 Natural language generation; 1 Software; 1 Repórterrobô. 1 Jornalismo; 9 Algoritmos; 3 Personalização; 1 Big data; 1 Globo one. 1 Jornalismo independente; 3 Governança editorial; 1 Comunidade de membros; 1 Financiamento coletivo. 1 Plataformização; 1 Arranjos econômicos alternativos às - corporações de mídia; 1 Globo News Initiative; 1 Facebook Journalism; 1 Project; 1 Financiamento. 1 Blog jornalístico; 1 Jornalismo regional; 1 Mapeamento; 1 Análise de conteúdo; 1 Maranhão; 1 Radiojornalismo; 1 Plataformização; 1 Streaming áudio; 2 Podcast. 2 Radiojornalismo; 1 Rádio expandido; 6 Podcast; 1 Notícia; 1 Estratégia. 7 Antagonismo; 1 Engajamento; 1 Jornalismo; 1 Mídias sociais; 10 Análise de redes. 1 Ciberjornalismo; 2 Mídias imersivas; 1 Revistas digitais; 1 Dispositivos móveis; 1 Imersão. 1 Ciberjornalismo; 1 Ciência e tecnologia; 2 Redes científicas; 2 Grupos de pesquisa; 1 Pesquisa em rede. 1 Webjornalismo; 1 Portais; 1 Filtros-bolha; 1 Transparência; 1 Personalização. 1 125

Fonte: elaborada pela autora.

Em 2020, ano que reuniu o maior número de pesquisas, totalizando 37, o estudo apurou 176 palavras-chave. Destas, 26 foram identificadas como pertencentes ao núcleo 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”: accountability, colaboração, Jornalismo digital (que apareceu duas vezes), Jornalismo guiado por dados, podcast (que apareceu sete vezes), redes, Jornalismo móvel, ativismo digital, plataformas digitais, Big Data, plataformização (que apareceu duas vezes), streaming áudio, rádio expandido, ciberjornalismo (que apareceu duas vezes), mídias imersivas, revistas digitais, webjornalismo; 12 do núcleo 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”: redes sociais, Facebook, Twitter (que apareceu três vezes), WhatsApp, mídias sociais (que apareceu duas vezes), Instagram, live streaming, Youtube, Facebook Journalism; uma do núcleo 3 “Participação da audiência na produção de notícias”: engajamento; duas do núcleo 4 “Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”: transmidiação, transmídia; cinco do núcleo 5 “Checagem de fatos pelo Jornalismo”: notícias falsas, checagem, startups, agências, desinformação; duas do núcleo 6 “Mídias independentes e os nativos digitais”: nativos digitais, Jornalismo independente; nove do núcleo 7 “Automação da notícia”: Jornalismo automatizado, Jornalismo de dados, algoritmos, robô, interação, robôs, Jornalismo de automação, natural language generation, repórterrobô; uma do núcleo 9 “Jornalistas blogueiros e influenciadores digitais”: blog jornalístico; duas do núcleo 11 “Retomada de interesse pelo Jornalismo local”: Jornalismo local, Jornalismo regional; uma do núcleo 12 “Modelos de negócio para o Jornalismo”: financiamento coletivo. Os artigos refletiram sobre: robôs no Jornalismo brasileiro; usos das redes sociais por nativos digitais; Jornalismo guiado por dados; Facebook e plataformização do Jornalismo; Jornalismo esportivo em podcast; Jornalismo especializado com foco no local; impacto das assessorias na produção digital independente; webjornalismo e acionamento da memória; posições de veículos midiáticos no Twitter; o Jornalismo com perspectiva de gênero em portais independentes; jornalistas feministas em rede; o Jornalismo informativo no WhatsApp; o robô Fátima, da agência Aos Fatos; robôs de agência de checagem; conversações polarizadas no Facebook; noticiabilidade em diferentes produtos; a expansão transmídia da reportagem; Jornalismo científico no Instagram; fluxo transmídia no ativismo digital; narrativas transmidiáticas no telejornalismo; transformações tecnológicas e processos jornalísticos; novos modelos de Jornalismo; Jornalismo público e a expansão das lives informativas; o boom de podcasts universitários; compartilhamento de vídeos jornalísticos no 126

Youtube; mediações algorítmicas nos estudos do Jornalismo; repórter-robô; Jornalismo e algoritmos; Jornalismo independente e governança editorial; financiamento de arranjos econômicos alternativos às corporações de mídia; o blog jornalístico regional; a integração de emissoras de rádio all news às plataformas de streaming de áudio; estratégias de podcasts noticiosos; antagonismo e engajamento nas mídias sociais; mídias imersivas em aplicativo jornalístico; tecnologias e competências digitais no Jornalismo brasileiro; filtros-bolha, personalização e transparência nos portais Globo.com e Uol. Em 2020, a partir das palavras-chave, o estudo verificou que os pesquisadores da SBPJor acompanharam os acontecimentos de 2020 e se dedicaram a refletir sobre as alterações do Jornalismo, a partir da pandemia causada pela covid-19. Também foi possível averiguar que a produção de Jornalismo, a partir de podcasts, recebeu considerável atenção desses pesquisadores. O número mais expressivo de pesquisas foi registrado em 2020, ano em que o mundo foi assolado pela pandemia do novo coronavírus. Neste ano delicado, em que os meios de comunicação tiveram papel preponderante na divulgação de informações à população, conferimos investigações sobre a veiculação de notícias relacionadas à pandemia, a partir de diferentes abordagens, a maioria delas, sinalizando para algum fator de alteração do Jornalismo a partir da ótica tecnológica. Também identificamos nesse último ano, a intensificação da prática de checagem de fake news.

Observações gerais

A partir de uma perspectiva dos textos da SBPJor, mapeamos palavras-chave nos artigos selecionados. Foram consideradas para o ambiente descritivo e analítico, para além dos quadros, apenas as palavras-chave que dialogam com os 12 núcleos temáticos identificados anteriormente, somando, sob este aspecto, 328 palavras-chave. Identificamos nas palavras-chave, as dominâncias de temas diante dos 12 núcleos temáticos. Com essas características, 167 estavam relacionadas ao núcleo 1, 64 estavam relacionadas ao núcleo 2 e 26 ao núcleo 3. Diante desses resultados, aferimos a dominância do núcleo 1, que tangencia questões relacionadas às transformações contemporâneas do Jornalismo, a partir do viés tecnológico. Identificamos que no início da década, em 2012, as 11 pesquisas se dedicaram, prioritariamente, aos estudos do Jornalismo digital, ciberjornalismo e Jornalismo online. A circulação jornalística em redes sociais já era observada nesse período. Em 2013, das 93 127

palavras-chaves das 19 pesquisas, apenas sete palavras se repetiram. Isso revela que o fenômeno do Jornalismo configura-se em uma realidade multifacetada, e que os pesquisadores da SBPJor buscaram identificar e refletir sobre essas nuances. Em 2014, a predominância dos temas, a partir das palavras-chave, foi a dos estudos sobre a audiência e do Jornalismo, a partir de dispositivos móveis e de redes sociais. Os pesquisadores da SBPJor também passaram a dedicar investigações às mudanças do Jornalismo, a partir do sistema televisivo. Em 2015, observamos que assim como nos anos anteriores, a produção de Jornalismo a partir das mídias sociais, voltou a ser um tema recorrente. No ano seguinte, 2016, verificamos que os pesquisadores refletiram sobre o Snapchat, entre outras ferramentas e canais contemporâneos de circulação de notícias nas redes sociais. Também surgiu uma discussão sobre o Jornalismo pós-industrial. Em 2017, a pesquisa identificou, novamente, investigações que privilegiaram a discussão do Jornalismo nas redes sociais e, também, mapeou estudos de interesse direto nosso sobre a Folha de S.Paulo e sobre modelos de negócio para o Jornalismo. Em 2018, a predominância das palavras-chave incidiu sobre o Jornalismo digital. Contemplou fenômenos recentes como: a produção do Jornalismo nas redes sociais e a automação da notícia. Em 2019, assim como no ano anterior, o Jornalismo digital foi tema recorrente entre as palavras-chave. Em 2020, a pesquisa identificou o número mais expressivo de artigos, 37. No ano em que a pandemia do coronavírus assolou o país, os pesquisadores voltaram as suas atenções para a produção jornalística do fenômeno. Os podcasts também se destacaram entre as palavras-chave nesse mesmo ano. Em uma análise panorâmica, os 184 artigos selecionados na SBPJor priorizaram o Jornalismo digital. Os estudos contemplaram análises de audiência, investigações sobre as transformações jornalísticas em diferentes meios, problematizaram as questões que tangenciam as alterações jornalísticas a partir de estudos teóricos, investigaram as recentes mudanças do campo, como a automação da notícia, as mudanças no ambiente de trabalho dos jornalistas, as fake news e a checagem de fatos pelo Jornalismo. Observamos que a produção de Jornalismo, a partir das mídias sociais, foi um tema recorrente, sinalizando uma tendência da pesquisa no campo da Comunicação. Foram identificados estudos sobre a produção de Jornalismo no Twitter, no Facebook, no Snapchat, no Youtube e WhatsApp. Foi verificado um número expressivo de pesquisas sobre as mudanças no telejornalismo. Ainda, localizamos estudos sobre o Jornalismo pós-industrial, atualizando as reflexões teóricas sobre as transformações do Jornalismo. O levantamento identificou artigos que nos interessam, diretamente, como as pesquisas sobre a Folha de S.Paulo e sobre os modelos de negócio para 128

o Jornalismo no ambiente digital. Além disso, os cientistas da SBPJor ainda sinalizaram algumas alternativas e modelos que possam colaborar, de forma prática, com as organizações jornalísticas da atualidade que ainda não se estabeleceram de forma eficiente (a partir de uma visão mercadológica) no mundo digital.

2.4 Nível analítico de amostragem

A pesquisa já traçou um panorama dos textos da Compós e da SBPJor, apurou um nível de verificação geral e realizou uma análise pelo viés das palavras-chave. Neste momento, o estudo concentra-se em um nível analítico a partir de uma amostragem das pesquisas apuradas. Nesta última fase da investigação, a pesquisa considera dois artigos que incidem sobre cada um dos 12 núcleos temáticos identificados anteriormente e compreende uma análise desses textos. Foram escolhidos os estudos que se alinharam de forma mais fidedigna aos núcleos temáticos apurados. A descrição de cada texto acompanhará uma breve observação sobre as discussões. Iniciamos a análise com as pesquisas eleitas do núcleo temático 1. O artigo “Jornalismo em processo”, com autoria de Cecilia Almeida Salles, publicado pela Compós em 2011, identificado no núcleo 1 “Transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade”, discute as mudanças recentes nos processos de produção do Jornalismo, a partir de sua hospedagem nos meios digitais. O estudo propõe um diálogo dessas reflexões com os estudos sobre processos de produção, desenvolvidos no Grupo de Pesquisa em Processos de Criação da PUC/SP. A pesquisa é concluída com uma proposta de abordagem crítica para os objetos da comunicação, com ênfase nos textos jornalísticos como objetos não estáticos, mas em processo, que ocorrem nas conexões renovadas a cada atualização. Diante do estudo de Salles (2011), observamos que desde o início da década passada, o Jornalismo era identificado pela ciência como um campo em processo, ao considerar os problemas, dificuldades e necessidade de modificações que a atividade vinha enfrentando diante da inter-relação do impresso e do digital. O artigo “Reconfigurações do Jornalismo: das páginas impressas para as telas de smartphones e tablets”, de Maíra Sousa, publicado pela SBPJor em 2014, integra o núcleo temático 1 e contempla as recentes reconfigurações do Jornalismo, sinalizando a necessidade de adaptação das empresas em investimento em novos produtos para garantir novos públicos, na mesma medida em que mantém o antigo. A reflexão teórica discute as alterações do 129

Jornalismo, desde a emergência das tecnologias digitais, com ênfase nos dispositivos móveis, considerando o então processo de convergência e a distribuição de conteúdo em multiplataformas. Apesar de o texto de Sousa (2014) alertar para a necessidade de as empresas investirem em novos produtos, o estudo deixa de revelar em quais núcleos esses investimentos podem ser direcionados. Além disso, o artigo menciona o termo “conquistar novos públicos e manter o antigo”; a partir do cenário contemplado nesta tese, entendemos que se trata muito mais de atender ao público leitor de notícias, a partir de formatos e linguagens de suas preferências, do que de dividir em apenas dois tipos de público, o antigo e o novo. No núcleo temático 2 “Circulação noticiosa em redes sociais”, o texto de Felipe Soares publicado em 2020 pela Compós, “Circulação de informação no Twitter: como líderes de opinião ressignificam as notícias”, analisa o processo de circulação e de recirculação de notícias no Twitter, observando o papel dos líderes de opinião neste processo. A pesquisa identificou que os líderes de opinião tendem a criar uma nova narrativa, quando as notícias não são favoráveis à sua ideologia. Observamos a partir do estudo de Soares (2020), que diante das notícias hospedadas no ambiente digital, agentes públicos constroem novos significados, defendendo seus interesses. O cenário digital é contemplado no fim da década como arena de debate de discussões públicas e todo o conteúdo ali disponibilizado, corre o risco de ser utilizado por usuários, a partir de diferentes manifestações, fenômeno que vem sendo explorado por líderes de opinião. O estudo de Larissa Zuim, “O fluxo do jornal impresso para o Facebook: hibridação das linguagens jornalísticas”, publicado em 2015 pela SBPJor, que contempla o núcleo temático 2, trata do hibridismo entre as linguagens jornalística tradicional e digital utilizadas pela Folha de S.Paulo em duas plataformas, o jornal impresso e as redes sociais. A pesquisa analisou a conta do Facebook institucional, sinalizando que ele tem o intuito de chamar a atenção de seus seguidores para o website. O texto de Zuim (2015) indica que, já no meio da década passada, a Folha, nosso objeto de estudo, articulava suas estratégias no ambiente digital, investindo esforços nessas frentes. O próximo capítulo irá aprofundar esta discussão. A pesquisa “Jornalismo e participação: os conteúdos produzidos pelos usuários no Jornalismo brasileiro”, de Rodrigo Martins Aragão, publicada em 2012 pela SBPJor, integra o núcleo temático 3 “Participação da audiência na produção de notícias”. O estudo investiga a 130

veracidade da hipótese do Jornalismo difuso, segundo a qual, a partir do surgimento de ferramenta de produção e conteúdo e publicação, qualquer pessoa poderia exercer a prática de um jornalista, a partir dos espaços abertos pelos webjornais brasileiros com a recepção e publicação de conteúdos produzidos por usuários. Aragão (2012) realizou um mapeamento de espaços de participação em 31 jornais brasileiros e encontrou evidências da manutenção da divisão de papéis entre o jornalista profissional e o leitor participante, marcado pela reafirmação da habilitação do profissional para a seleção e tratamento das informações. A partir do estudo de Aragão (2012), observamos que desde o início da década analisada, o tema da participação do público leitor na produção da notícia já gerava questionamentos nos pesquisadores brasileiros. Ao abrir espaço para comentários de usuários, as organizações jornalísticas estavam, por um lado, incorporando as recentes alterações do Jornalismo, para não ficarem atrás daquelas que já utilizavam essa prática. Por outro lado, corriam o risco, de os comentários mancharem publicamente seus negócios com manifestações negativas ou insultos. O estudo de Gabriela Gruszynski Sanseverino (2019), “Um público ativo no Jornalismo – o que as ações de comentários nos ensinam sobre participação”, integra o núcleo temático 3. A pesquisa de Sanseverino, assim como a de Aragão (2012), observou o fenômeno pelo mesmo viés, tendo como ponto de partida as seções de comentários dos usuários. Diante da observação de oito sites de notícias em língua inglesa, o estudo concluiu que há uma dualidade frente ao público e frente às prioridades das companhias, indicando a necessidade de se dar espaço para a participação de usuários, mas com a necessidade de se gerenciar o público e moderar seu espaço de fala. A investigação de Sanseverino (2019) atualiza o estudo anteriormente considerado, sinalizando a postura empresarial das organizações jornalísticas, que precisam ao mesmo tempo, por uma questão de mercado, manter as seções de comentários, necessitam também criar mecanismos para acompanhar essas participações, moderando as indicações quando necessário. A pesquisa “A narrativa hipermídia longform no Jornalismo contemporâneo”, de Alciane Baccin, publicada em 2015 pela SBPJor, contempla o núcleo temático 4 “Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia”. O estudo de Baccin (2015) considera que o Jornalismo no ambiente digital, experimenta os limites da narrativa na web com estruturas criativas e contextualizadas para contar histórias, contribuindo para a inovação semântica. O artigo reflete sobre a narrativa no Jornalismo e retoma a evolução da narrativa no ambiente digital, desde a transposição até o conceito de hipermídia e uso de dados. O estudo concluiu que a 131

narrativa hipermídia longform tem garantido o aproveitamento de potencialidades do ambiente digital, tornando-se um produto com características próprias. A partir do texto de Baccin (2015), verificamos que os estudos sobre o Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia ganharam adesão junto aos pesquisadores da Compós e da SBPJor, sinalizando novas abordagens para se pensar a prática do Jornalismo na contemporaneidade. O estudo “O que é hipermídia? Um conceito que vai além do hipertexto e da multimídia”, também de Baccin, publicado pela SBPJor em 2017, discute teoricamente o conceito de hipermídia, partindo da formulação da Teoria do Hipertexto. Reflete sobre a configuração do espaço de escrita digital onde se insere a hipermídia, discute e tensiona o conceito de hipermídia com a intenção de construir a definição de hipermídia, alicerçada na lógica da remediação. A pesquisa de Baccin (2017) atualiza o estudo de 2015, com uma abordagem teórica que reivindica uma definição do conceito, em uma perspectiva que evidencia a distinção de significados propostos por alguns autores. A pesquisa “Jornalismo e fact-checking: fontes oficiais na base de checagem e critérios não explicitados na seleção do que checar orientam a análise de Aos Fatos e Agência Lupa”, assinada por Daniel Damasceno e Edgard Patrício e publicada pela Compós em 2020, contempla o núcleo temático 5 “Checagem de fatos pelo Jornalismo”. O estudo de Damasceno e Patrício (2020) compreende que, a prática de fact-checking iniciou para verificar a factualidade das informações nos discursos de agentes públicos, mas a proliferação de informações falsas nas redes sociais na internet e a disseminação de mentiras como instrumento político, fez com que as metodologias de fact-checking também fosse utilizadas para combater as fake news. O artigo analisa a atuação de duas agências brasileiras de checagem, Aos Fatos e Agência Lupa, e sinaliza que apesar da checagem de discursos ter relação direta com a credibilidade das organizações, as próprias agências não explicitam os critérios que orientam a seleção do que é checado. Também indica que as plataformas de fact- checking se valem de dados e estudos fornecidos, sobretudo, por fontes oficiais e instituições públicas, comprometendo novamente a credibilidade do processo. A pesquisa de Damasceno e Patrício (2020) segue na contramão da abordagem primária e descritiva do trabalho realizado pelas agências de checagem, e aprofunda na problematização dos instrumentos e critérios na seleção do que deve ser checado e a partir de quais fontes, sinalizando a necessária cautela que deve orientar o trabalho das empresas Aos Fatos e Lupa, as duas principais agências de checagem do Brasil. 132

O estudo “Agências de checagem no Brasil: uma análise das metodologias de fact- checking” assinado por Carmen Carvalho, Maria Otero López e Karina Costa de Andrade, publicado em novembro de 2019 pela SBPJor, integra o núcleo temático 5. O texto envereda seus esforços para uma análise das metodologias aplicadas, e apresentadas nas matérias produzidas pelas agências de checagem brasileiras: Aos Fatos, Truco, Boatos.org e Uol Confere. O estudo concluiu que duas das iniciativas respeitam o princípio básico da atividade, enquanto as outras duas não são transparentes com a sua audiência. A pesquisa de Carvalho, López e Andrade (2019) assim como o estudo anterior, compreende as metodologias aplicadas pelas agências, numa demonstração do interesse da ciência pelos mecanismos utilizados por essas organizações, para aferir a veracidade das notícias. Essas abordagens atualizam o tema da checagem de fatos no Brasil. Alexandre Lenzi assina o artigo “O Jornalismo nativo digital do brasileiro Nexo” publicado em 2019, pela SBPJor. O texto contempla o núcleo temático 6 “Mídias independentes e os nativos digitais” e apresenta um olhar sobre o Jornalismo nativo digital do brasileiro Nexo, um veículo jornalístico exclusivamente digital criado em 2015, refletindo sobre a comparação entre os conteúdos ainda inspirados em formatos tradicionais e aqueles que apresentam características próprias do Jornalismo online, valorizando as potencialidades do meio digital. A pesquisa observou que nas reportagens especiais multimídia, o Nexo tem conseguido aproveitar mais a liberdade narrativa de um jornal nativo digital. O estudo de Lenzi (2019) considera uma das principais referências do Jornalismo nativo digital no Brasil a partir da apresentação da notícia. Espera-se que investigações posteriores a esta contemplem outros aspectos desse tipo de iniciativa, como os modelos de negócio que amparam o Jornalismo nativo digital. O artigo “Possibilidades, limites e fragilidades de um nativo digital: o jornal Plural (, PR)”, publicado pela SBPJor em 2019, assinado por Myrian Del Vecchio-Lima, Everton Luiz Renaud de Paula, Guilherme de Paula Pires e Artur Oliari Lira, também dialoga com o núcleo temático 6. A pesquisa considera o surgimento do jornal Plural, em Curitiba, feito exclusivamente por jornalistas, sem conhecer o perfil de seu leitor, sem uma política clara de financiamento e em busca de independência, sinalizando suas fragilidades e limites, bem como, as possibilidades do jornal no cenário local. O estudo de Del Vecchio-Lima, Paula, Pires e Lira (2019) evidencia uma questão fundamental enfrentada pelos nativos digitais, que é a do tipo de financiamento incorporado por essas iniciativas. Observamos já no primeiro capítulo, que no Brasil os jornais nativos 133

digitais ainda não mantêm um modelo definido de sustento. Pelo contrário, as iniciativas estudadas revelaram maneiras distintas de manutenção. O artigo “A evolução das tecnologias leva à automatização da produção informativa”, assinado por Sebastião Squirra e publicado pela SBPJor em 2016, dialoga com o núcleo temático 7 “Automação da notícia”, considera que o Jornalismo vem sendo forçado a mudar modelos e estruturas. A pesquisa de Squirra (2016) considera que a robotização se insere na produção de notícias e novas câmeras alargam conteúdos, exponenciando os relatos. Squirra (2016) promove uma discussão teórica sobre o fenômeno da automatização da produção informativa, indicando uma das mais recentes mudanças do Jornalismo. No capítulo anterior, verificamos que a prática passou a ser empregada na produção de notícias no Brasil, no final de 2020. O estudo “Robôs no Jornalismo brasileiro: três estudos de caso”, de Silvia DalBen, publicado pela SBPJor em 2020, também contempla o núcleo temático 7. A pesquisa compreende que nos últimos anos, várias redações ao redor do mundo adotaram sistemas de Inteligência Artificial para automatizar tarefas jornalísticas. O estudo considera três casos brasileiros: a robô Rosie, da Operação Serenata do Amor, o robô Rui Barbot, do Jota, e a robô Fátima, do Aos Fatos e observa que o Jornalismo automatizado envolve um complexo ecossistema, e neste cenário, a transparência e a ética figuram como elementos importantes para guiar as discussões em torno da adoção desses sistemas pelos jornalistas. Observamos que a pesquisa de DalBen (2020), quatro anos depois do estudo de Squirra (2016), identifica três casos de automação no Jornalismo brasileiro, sinalizando a rápida incorporação das organizações jornalísticas brasileiras à automação. A investigação “O novo projeto editorial da Folha de S.Paulo: os mitos da objetividade e da pluralidade de sentidos”, de Carolina Moura Klautau, foi publicado em 2017, pela SBPJor, e incide sobre o núcleo temático 8 “Pesquisas sobre a Folha de S.Paulo”. O texto lança um olhar sobre o então novo projeto editorial da Folha de S.Paulo, lançado em março de 2017, com abordagem à objetividade e à pluralidade de vozes como mitos. O estudo concluiu que a objetividade é confundida com mero relato e que as principais fontes continuam sendo as oficiais, identificando que objetividade e pluralidade são dois mitos dentro do documento analisado. Como veremos no próximo capítulo, a Folha de S.Paulo instituiu os projetos Folha desde o início da década de 1980, com manifestações públicas dos desafios enfrentados, das conquistas e do trabalho a ser feito no futuro. Esses documentos são explorados pelos 134

cientistas brasileiros que observam suas limitações e traçam observações sobre a conduta do jornal. O artigo “Quando o Twitter pauta o jornal: análise da cobertura da Folha de S.Paulo sobre o perfil de Jair Bolsonaro” é assinado por Hébely Rebouças e foi publicado pela SBPJor em 2019. Identificamos que o texto incide sobre o núcleo temático 7. A pesquisa investigou a cobertura da Folha sobre os conteúdos do presidente Jair Bolsonaro no Twitter, com o objetivo de analisar como o Jornalismo convencional lida com as estratégias de comunicação online de agentes políticos. O estudo concluiu que, na maioria das vezes, o jornal explorou o Twitter de Bolsonaro como mero elemento de contextualização das notícias, privilegiando conteúdos de relevância pública, como anúncio de medidas de governo. A investigação de Rebouças (2019) retrata bem o esforço dos cientistas brasileiros de acompanhar as vertentes e nuances do cenário holístico do Jornalismo na atualidade, ao adotar como tema a cobertura do maior jornal do país, a partir de uma rede social do presidente Bolsonaro. A pesquisa de Cláudia Nonato “Os tipos de jornalistas blogueiros: uma nova proposta de categorização”, publicada pela SBPJor em 2013, dialoga com o núcleo temático 9 “Jornalistas blogueiros e influenciadores digitais”. O estudo considera que os blogs surgiram ainda nos anos 1990, primeiro como diários virtuais e depois foram apropriados por profissionais de diversas áreas, principalmente jornalistas. O estudo defendeu que nos últimos anos, grande quantidade de pesquisas demonstra que os blogs tornaram-se importantes meios de comunicação, e traçou uma nova categorização de jornalistas blogueiros. Observamos que o estudo de Nonato (2013) compreende no início da década, essa relevante alteração contemporânea do Jornalismo, que foi abarcada brevemente no primeiro capítulo desta pesquisa. Lá indicamos que os jornalistas se apropriaram do ambiente digital, em especial das redes sociais, para lucrarem com a função, configurando-se como um fenômeno emergente da atividade. A pesquisa “As mutações no mundo do trabalho do jornalista e suas contradições: uma perspectiva ontológica da crise do Jornalismo”, de Rafael Bellan Rodrigues de Souza, publicada em 2017, pela Compós, incide sobre o núcleo temático 9. O estudo investiga as tendências que orientam a prática jornalística, buscando compreender as mutações no mundo do trabalho do jornalista. Considera que o Jornalismo tem se tornado uma prática fragmentada e instável, identificando que o empreendedorismo neoliberal afeta tanto a subjetividade do repórter e seus projetos profissionais, quanto o papel da informação jornalística na sociabilidade hegemônica contemporânea. 135

Souza (2017) revela as implicações por trás da manutenção de perfis em redes sociais pelos jornalistas, problematizando a questão que ainda requer novas abordagens, de forma a clarear as configurações dessas práticas recentes. Fabiana Piccinin e Paula Regina Puhl são autoras do artigo “Arte e Cultura, Telejornalismo, internet e redes sociais: apontamentos sobre o programa Arte 1 em Movimento” publicado em 2014 pela SBPJor. O texto incide sobre o núcleo temático 10 “Mídias segmentadas”. O estudo discute como se apresentam as reportagens televisivas do Arte 1 em Movimento, programa que apresenta características de um telejornal especializado na cobertura de notícias relacionadas às expressões artísticas e culturais, no telejornal, na internet e no Facebook. A investigação discute a inserção do Jornalismo cultural na televisão e os formatos televisivos, utilizados para apresentar as notícias sobre a arte brasileira, especializado no tema exibido em sinal fechado, e observa como essas reportagens são recebidas pelos internautas que acessam a página do canal no Facebook. A pesquisa de Piccinin e Puhl (2014) identifica quase na metade da década, uma demanda de leitores por notícias especializadas no ambiente digital, cenário compreendido pelas recentes alterações do Jornalismo. O estudo “Muito além da ‘caixinha feminista’: o Jornalismo com perspectiva de gênero em portais independentes”, de Nayara Nascimento de Sousa, publicado em 2020 pela SBPJor, incide sobre o núcleo temático 10. O trabalho analisa as concepções sobre Jornalismo Feminista para quatro mulheres jornalistas, que produzem conteúdo com perspectiva de gênero em portais independentes. Os resultados indicam que as profissionais produzem conteúdo com enfoque de gênero, priorizando a interseccionalidade nos temas e nas fontes, e se contrapondo à mídia tradicional. Entretanto, observou que as jornalistas se distanciam do termo Jornalismo Feminista, relacionando-o muito mais às pautas consideradas “feministas” do que como uma forma transversal de produção de conteúdo. Observamos que a pesquisa de Sousa (2020) traduz o fenômeno recente de demandas especializadas na internet a partir de conteúdo feminista. No primeiro capítulo, identificamos iniciativas nativas digitais segmentadas sinalizando essa forte tendência do leitor brasileiro. Rafael Kondlatsch e Karol Natasha Lourenço Castanheira são autores do artigo “Jornalismo local na era do hipertextual básico: os websites como extensão do impresso”, publicado em 2015 pela SBPJor. O estudo dialoga com o núcleo temático 11 “Retomada de interesse pelo Jornalismo local”. 136

A investigação demonstra por meio do jornal Gazeta de Riomafra e do portal Click Riomafra, que as potencialidades tecnológicas propaladas por muitos veículos, ainda estão longe de ser efetivadas nos veículos do interior. A pesquisa concluiu que diversos webjornais ainda encontram-se na fase do hipertextual básico e subutilizam, ou não utilizam, recursos digitais, como a multimidialidade e a interatividade. O estudo de Kondlatsch e Castanheira (2015) foge dos grandes centros e mobiliza o seu esforço na publicação noticiosa do interior, sinalizando a ainda precária utilização de ferramentas tecnológicas. No primeiro capítulo desta tese, indicamos que a retomada de interesse das organizações jornalísticas pelo Jornalismo local configura-se em um fenômeno também recente, ressaltando a importância do local. “O blog jornalístico regional: características da cobertura e regionalidades no contexto maranhense” é o artigo de Jordana Fonseca Barros e Samantha Viana Castelo Branco Rocha Carvalho, publicado pela SBPJor em 2020, que incide sobre o núcleo temático 11. O artigo trata do papel dos blogs como veículos de cobertura regional no cenário maranhense. A pesquisa considera que os blogs jornalísticos aparecem como um espaço paralelo de produção de conteúdo jornalístico e como fonte de informações para outros veículos, sinalizando que esses blogs priorizam a cobertura da cidade-sede e de outras cidades do estado. A partir do critério de proximidade, esses veículos sinalizam uma demanda que vem crescendo na preferência dos leitores, que é a de notícias que incidem sobre a sua realidade. O G1, um dos principais portais de notícias do país, absorveu essa demanda, e inclui entre as suas publicações, notícias de todas as cidades do país. Liliane de Lucena Ito é autora do artigo “Modelos de negócio para o Jornalismo digital: do paywall ao crowdfunding”, publicado em 2017 pela SBPJor. O texto considera que no século passado, as empresas jornalísticas pouco inovaram no modelo de negócio, baseado em vendas por assinatura avulsas e publicidade, indicando a transformação no setor a partir do advento da Sociedade em Rede e da web 2.0, que forçaram os veículos de mídia a adotarem iniciativas disruptivas. O estudo discute alguns modelos de negócio que vêm sendo adotados nos últimos anos, no Brasil e no exterior (paywall, publicidade de conteúdo, chatbots e aplicativos, crowdfunding) e considera, como resultado, que a sustentação econômica do Jornalismo em sua fase pós-industrial está diretamente atrelada a variados formatos jornalísticos, bem como, à formas distintas de entrega de conteúdo, o que sinaliza a inexistência de uma fórmula única que seja a promessa de salvação das empresas de mídia. 137

O panorama traçado no primeiro capítulo desta pesquisa, sinalizou algumas saídas para as organizações jornalísticas, com a indicação de modelos de negócios no ambiente digital. O estudo de Ito (2017) reforça a necessidade de as organizações se ampararem em modelos adequados à nova realidade. O último artigo contemplado nessa análise, “O financiamento de arranjos econômicos alternativos às corporações de mídia por plataformas digitais”, de Camila Acosta Camargo, Cláudia Nonato, Fernando Pachi Filho e Thales Vilela Lelo, publicado pela SBPJor em 2020, incide sobre o núcleo temático 12. O estudo se apoia nas discussões acerca da “plataformização do Jornalismo” com o objetivo de analisar, a relação estabelecida entre arranjos econômicos alternativos às corporações de mídia no Brasil e os programas de financiamento à imprensa pelas plataformas digitais. Buscou-se compreender as linhas de financiamento ao Jornalismo desenvolvidas pelo Google News Initiative e pelo Facebook Journalism Project. O estudo de Camargo, Nonato, Pachi Filho e Lelo (2020) considera uma perspectiva mais recente de modelos de negócio do Jornalismo amparados no ambiente digital, ao compreenderem as linhas de financiamento ao Jornalismo, desenvolvidas pelo Google e pelo Facebook, que por certo buscam uma boa fatia desse mercado em ascensão. Esse tema requer outras abordagens e suscita novos parâmetros de análise como: modelos de negócio para as empresas do interior com abrangência local e regional, ou o trabalho desenvolvido por organizações como o Sebrae, que auxiliam as empresas a garantirem o seu sustento a partir da realidade de cada atividade.

2.5 O que a pesquisa brasileira sinaliza

Diante do levantamento apurado neste capítulo, composto por algumas das mais significativas contribuições da produção científica brasileira, sobre as transformações contemporâneas enfrentadas pelo Jornalismo na última década, é possível tecer algumas reflexões sobre as sinalizações indicadas pelos pesquisadores brasileiros. A primeira delas foi a verificação do esforço do pesquisador brasileiro em debater os fenômenos contemporâneos do Jornalismo e as demandas sociais que emergem do contexto sócio-histórico, relativas ao tema do exercício do Jornalismo na sociedade brasileira. A partir da identificação dos 12 núcleos temáticos, averiguados nos textos selecionados da Compós e da SBPJor, observamos esse empenho. 138

Outra sinalização que podemos tecer, a partir das análises deste segundo capítulo, é que os pesquisadores da Compós e da SBPJor também compreenderam as mudanças recentes do Jornalismo, diante de episódios históricos que fomentaram tais alterações, como a mobilização social realizada no Brasil em 2013 a partir das redes sociais, o fenômeno das fake news no Brasil e a checagem de fatos pelo Jornalismo, que ganharam notoriedade nas eleições gerais brasileiras de 2018 e a pandemia causada pelo coronavírus, em 2020. Algumas das alterações do Jornalismo que a pesquisa apurou a partir dos textos da Compós e da SBPJor posterior à 2013, foi que os anos de 2018 e 2020 sinalizaram a maior incidência de estudos sobre esses núcleos temáticos. O universo de pesquisas compreendido neste segundo capítulo, nos revela que os pesquisadores da Compós e da SBPJor de um lado, se esforçaram para discutir os fenômenos emergentes do Jornalismo, mas por outro, dedicaram menor empenho aos modelos de negócio do Jornalismo no ambiente digital, com a indicação de saídas para as organizações jornalísticas brasileiras. Outro aspecto que merece reflexão, incide sobre as iniciativas alternativas de produção de notícias. A partir da investigação contemplada sobre este tema no primeiro capítulo e com o endosso das pesquisas apuradas neste segundo momento, reforçamos um dos objetivos da pesquisa, que é a verificação das formas alternativas de produção de notícia e como se localizam no cenário das transformações. A pesquisa brasileira sinaliza o surgimento dessas iniciativas, como é o caso do Nexo Jornal, contemplado pela pesquisa no primeiro capítulo, indicando uma forma emergente de comercialização de notícias. As formas de financiamento dessas iniciativas ainda navegam por diferentes formatos, o que requer atualizações de investigações no setor, para auxiliar na identificação do melhor formato de financiamento para o Jornalismo neste cenário. A partir deste segundo capítulo, ainda confirmamos uma das hipóteses desta tese que incide sobre os projetos alternativos de produção de notícias. Compreende-se que no ambiente de efervescência tecnológica, essas iniciativas estão conquistando um nicho de mercado emergente. Consideramos que as formas alternativas de notícias estão se sobressaindo no atual cenário, ao incorporar as ferramentas e potencialidades da web, de olho no público nativo digital, que tem se revelado, a partir das pesquisas apuradas neste estudo, como uma forte promessa de público leitor. Essas formas alternativas de produção de notícia na contemporaneidade também conversam diretamente com a questão que norteia esta pesquisa: Como as empresas buscam respostas para a transformação vivida, sobretudo após o surgimento da internet? Essas 139

organizações estão respondendo que, ao se estruturarem nas redes digitais, com mobilização da audiência e com formas de sustento amparadas no ambiente digital (como as colaborações online), o resultado tem sido positivo. No próximo capítulo da pesquisa, iremos contemplar como a Folha de S.Paulo, nosso objeto de estudo, tem buscado essas respostas. Alguns objetivos do estudo foram aqui verificados. Um deles, identifica como o tema e o cenário das mudanças se apresentam no mundo da pesquisa. Compreendemos que os pesquisadores brasileiros acompanharam com afinco as mudanças da atividade, expressividade demonstrada com os números de artigos localizados a partir do raio de interesse deste estudo. Por outro lado, como observamos algumas linhas acima, identificamos a inexpressividade de pesquisas que incidem sobre os modelos de negócio no ambiente digital. 140

CAPÍTULO 3

UM ESTUDO DA FOLHA DE S.PAULO SOB O ÂNGULO DA TECNOLOGIA E DA GERAÇÃO DE NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO

O primeiro capítulo desta tese sinalizou algumas das alterações do campo do Jornalismo na contemporaneidade, a saber: a convergência das mídias; a interação do público e a respectiva participação no processo de produção da notícia, que incide sobre o conceito de gatewaching que, por sua vez, versa sobre a participação das pessoas na filtragem do que interessa a suas comunidades de interesse; também mencionamos as novas habilidades do jornalista; compreendemos uma visão crítica sobre essas transformações; investigamos a presença do Jornalismo nas redes sociais; abordamos o fenômeno das fake news e a checagem de fatos pelo Jornalismo; tratamos da utilização de inteligência artificial e da automação na produção noticiosa no Brasil. Ainda no primeiro capítulo, consideramos essas transformações a partir da visão de uma nova esfera pública; indicamos o surgimento de novos atores midiáticos e suas audiências; evidenciamos iniciativas do Jornalismo nativo digital, e contemplamos uma reflexão sobre a força do Jornalismo local como um fenômeno emergente. Por fim, indicamos algumas possíveis soluções para as organizações jornalísticas da atualidade, com a sinalização de modelos de negócio para o Jornalismo digital. O segundo capítulo desta pesquisa reforçou as reflexões do momento anterior, ao considerar o olhar do pesquisador brasileiro acerca dessas mudanças. Permitiu, a partir dessa fase metodológica, acompanhar e verificar os assuntos de nosso interesse que foram mais debatidos e investigados, por esses pesquisadores na última década, a saber: transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade; circulação noticiosa em redes sociais como o Twitter, Facebook, Instagram e Youtube; Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia; participação da audiência na produção noticiosa; jornalistas blogueiros e influenciadores digitais; checagem de fatos pelo Jornalismo; retomada de interesse pelo Jornalismo local; mídias independentes e os nativos digitais; mídias segmentadas em rede; automação da notícia; modelos de negócio para o Jornalismo; tipos de financiamento no Jornalismo digital; pesquisas sobre a Folha de S.Paulo. Além disso, o segundo capítulo identificou cinco artigos que interessam diretamente a esta fase da pesquisa, por contemplarem investigações sobre a Folha de S.Paulo, reforçando e apoiando as discussões que aqui pretendemos estabelecer. 141

Ainda sobre os dois primeiros capítulos desta tese, o estudo contemplou, nesses momentos anteriores, a primeira fase do método de Hermenêutica de Profundidade, identificada por Thompson (2011) de análise sócio-histórica. As sinalizações indicadas pelo panorama, construído sobre as transformações do Jornalismo e pela perspectiva da ciência, sobre o cenário contemporâneo do campo, apoiam este terceiro e último capítulo da pesquisa, que abarca a etapa final da Hermenêutica de Profundidade, a de interpretação/reinterpretação. Thompson defende que por mais rigorosos e sistemáticos que os métodos da análise formal ou discursiva possam ser, eles não podem abolir a necessidade de uma construção criativa do significado, ou seja, de uma explicação interpretativa do que está representando ou do que é dito. Thompson considera que o processo de interpretação, mediado pelos métodos do enfoque da Hermenêutica de Profundidade, é simultaneamente um processo de reinterpretação. Para o autor, ao desenvolver uma interpretação que é mediada pelos métodos do enfoque, estamos reinterpretando um campo pré-interpretado; estamos projetando um significado possível que pode divergir do significado construído pelos sujeitos que constituem o mundo sócio-histórico. Ao considerar a contextualização do cenário vivido pelo Jornalismo contemporâneo, compreendida nos dois primeiros capítulos, contemplamos neste último momento, o nosso objeto de estudo, a Folha de S.Paulo, jornal com a maior circulação paga no Brasil, conforme pesquisa do Instituto Verificador de Comunicação (IVC) de maio de 2020, divulgada pela Folha.31 Em 26 de junho de 2020, que indicou que o veículo obteve crescimento expressivo da audiência paga de sua versão online. A matéria afirmou que em maio, a Folha vendeu em média 338.675 exemplares diários, na soma de suas versões digital e impressa. O segundo lugar, de acordo com o texto, coube ao Globo, com 333.653 e em terceiro lugar aparece O Estado de S.Paulo, com 240.093. Nesta fase, a investigação tenciona verificar como o jornal se comporta no cenário de transformações do Jornalismo, a partir do viés da tecnologia. E mais, busca responder, a partir de suas práticas, como as empresas buscam respostas para a transformação vivida pelo setor diante das inovações tecnológicas, sobretudo após o surgimento da internet, de modo que, a informação possa continuar sendo oferecida por elas como um produto no mercado da Comunicação. Este último momento da pesquisa, também considera uma das hipóteses da investigação, a de que a adesão da Folha às mudanças de mercado, podem representar um indicativo de que o jornal, seguindo as tendências mundiais,

31 Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/06/maior-jornal-do-brasil-folha-consolida- crescimento-digital.shtml. Acesso em: 18 dez. 2020. 142

abandone, em um futuro próximo, a produção impressa para dedicar-se apenas à comercialização de notícias no ambiente digital. Este capítulo está dividido da seguinte maneira: inicialmente construímos um breve resgate da história da Folha de S.Paulo com foco nas inovações tecnológicas do jornal desde a sua fundação, compreendendo, neste panorama, os sete projetos editoriais do jornal; em seguida, apresentamos um check-up atual sobre a Folha a partir de três pontos: 1) a versão impressa; 2) a versão online; 3) a hospedagem no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube. A pesquisa considera o arcabouço desse levantamento documental, e aplica o método de Análise de Discurso, para compreender o discurso público que a Folha estabelece sobre as alterações do Jornalismo e sobre a receita de negócio aplicada pelo jornal a partir dessas mudanças, diante das declarações feitas por representantes do jornal no documentário O jornal do futuro, de 2010,32 e no Encontro Folha de Jornalismo de 2016 e de 2020 promovidos pela organização com o objetivo de discutir os desafios e o futuro do Jornalismo.33 Em uma segunda etapa, consideramos o modelo de negócio atual da Folha. Por fim, a pesquisa avança para o último momento do capítulo, que incide sobre o processo de interpretação e de reinterpretação de todo o arcabouço apurado, a partir do método de Hermenêutica de Profundidade, evidenciando a reflexão sobre a notícia como um produto à venda, com o suporte da tecnologia a partir das práticas da Folha.

3.1 Um panorama da história da Folha de S.Paulo

A pesquisa contempla neste momento um breve resgate da história da Folha de S.Paulo, com ênfase nas mudanças tecnológicas do jornal, observando, sobretudo, a maneira como o periódico se comporta sob a perspectiva tecnológica. Compreendemos a história da Folha desde a implantação do jornal Folha da Noite, em fevereiro de 1921, consideramos os Projetos Editoriais e seguimos até o ano de 2018, quando o jornal implementou um novo publicador, destinado a agilizar o fluxo de trabalho da redação.

3.1.1 Breve história da Folha a partir de inovações tecnológicas

32 O documentário retrata as mudanças físicas na redação do jornal, que permitiram a integração com a Folha.com. 33 O estudo desconsiderou o Encontro Folha de Jornalismo de 2018 pela inexistência de declaração de dirigentes da organização. Os eventos foram promovidos sempre na celebração do aniversário de fundação do jornal. 143

Iniciamos o nosso resgate a partir de um texto cronológico, Oito décadas de história da Folha, do Brasil e do mundo, divulgado pela Folha na seção Tudo sobre a Folha.34 O documento identifica as principais fases do jornal nos seus primeiros 80 anos, em paralelo com os principais acontecimentos do Brasil e do mundo. De acordo com a cronologia publicada pela Folha, a história do jornal teve início em 19 de fevereiro de 1921, com o surgimento da Folha da Noite, cuja redação era instalada em uma sala no segundo andar de um prédio na rua São Bento, 66-A, no centro de São Paulo e com impressão feita nas oficinas de O Estado de S. Paulo, na rua 25 de Março. Em 1925, o então jornal Folha da Noite deu o primeiro grande passo tecnológico, ao adquirir uma rotativa alemã. Esse desenvolvimento permitiu ao jornal, expandir os negócios com a edição, no mesmo ano, do jornal Folha da Manhã, edição matutina da Folha da Noite. Em 1931, ao passar para as mãos do cafeicultor Octaviano Alves Lima, a empresa que exibia uma tiragem diária de 15 mil exemplares dos dois jornais, passou para 80 mil. O nome da companhia é alterado para Empresa Folha da Manhã. Em um dos artigos relacionados à Folha, mapeados no segundo capítulo desta tese, “O novo projeto editorial da Folha de S.Paulo: os mitos da objetividade e da pluralidade de sentidos”, Carolina Klautau (2017) considera que, a Folha nasceu numa época em que apenas uma tiragem de jornal, não dava conta de narrar os acontecimentos diários. Ela menciona o período que compreende a metade dos anos 1940, quando as notícias externas e internas chegavam em grande volume e com grau profundo de complexidade, referindo-se a fatos como o envio de soldados brasileiros à Itália para lutar durante a Segunda Guerra Mundial, a abdicação de Getúlio Vargas à presidência do Brasil ou a bomba atômica enviada pelos Estados Unidos e que atinge Hiroshima e Nagasaki. Em 1945, de acordo com a Folha,35 o controle acionário passou para as mãos de José Nabantino Ramos e a companhia passou a defender a adoção da imparcialidade como política redacional. Os jornais, feitos para a classe média, começavam a encampar questões como o ensino público e a cédula única. Em 1946, a impressão dos jornais passou da rua do Carmo para a rua Anhangabaú, onde é instalada uma rotativa Goss, de fabricação norte-americana. Em 1949, a redação se mudou para um edifício na Alameda Cleveland e a administração, a publicidade e a composição foram para o mesmo prédio no ano seguinte. Nesta época, o

34 A cronologia Oito décadas de história da Folha, do Brasil e do mundo, está disponível em https://www1.folha.uol.com.br/folha/80anos/cronologia.shtml. Acesso em: 17 jan. 2021. 35 A cronologia Oito décadas de história da Folha, do Brasil e do mundo, está disponível em https://www1.folha.uol.com.br/folha/80anos/cronologia.shtml. Acesso em: 17 jan. 2021.

144

jornal era feito por meio de linotipo, processo que usa chumbo derretido para compor o texto. Em 1º de julho daquele ano era lançada a Folha da Tarde. Em 1950, conforme a Folha em seu texto cronológico sobre os primeiros 80 anos do jornal, a impressão dos jornais da organização passou para um prédio entre as alamedas Barão de Campinas e Barão de Limeira, ainda em construção. Em 1953, o prédio na alameda Barão de Limeira passou a abrigar todas as instalações dos jornais. Em 1º de janeiro de 1960, quase 40 anos depois do surgimento do primeiro jornal da organização, surge a Folha de S.Paulo, resultado da fusão dos três títulos da empresa. Em agosto de 1962, os empresários Octavio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho assumiram o controle acionário da Empresa Folha da Manhã. Em 1976, de acordo com o jornal, a Folha encampou o processo de redemocratização do Brasil e abriu as suas páginas ao debate de ideias que fervilhavam na sociedade civil. Em 1991, a Folha afirmou que a organização foi o primeiro órgão da imprensa brasileira a pedir o do presidente , que renunciou no ano seguinte. Em 1992, o empresário Octavio Frias de Oliveira passou a deter a totalidade do controle acionário da companhia. Em janeiro daquele ano, a Folha se consolidou como o jornal com maior circulação paga aos domingos (média de 522.215 exemplares). Em 22 de março de 1999, é lançado o jornal Agora pelo Grupo Folha, em substituição à Folha da Tarde, publicação encerrada no dia anterior. Em 2 de maio do ano 2000, começou a circular o jornal Valor, especializado em economia e produto da associação do Grupo Folha com as Organizações Globo. O Quadro 6 sintetiza alguns dos principais marcos do jornal nesse período, indicando o ano e uma breve descrição.

Quadro 6 – Síntese dos principais acontecimentos e ações ligadas às incorporações tecnológicas da Folha de S.Paulo nos primeiros 80 anos do jornal

ANO DESCRIÇÃO DOS ACONTECIMENTOS 1967 A Folha dá início à revolução tecnológica e à modernização do seu parque gráfico. 1971 O jornal abandona a composição a chumbo e adota o sistema eletrônico de fotocomposição, pioneiro no Brasil. 1973 Em outubro, é criado o Banco de Dados de São Paulo Ltda., que incorpora os arquivos de imagem, texto e a biblioteca da Folha. 1981 Em junho, o documento de circulação interna “A Folha e alguns passos que é preciso dar” surge como a primeira sistematização de um projeto editorial. O texto fixa três metas: informação correta, interpretações competentes sobre essa informação e pluralidade de opiniões sobre os fatos. 1983 A Folha inaugura a primeira Redação informatizada na América do Sul com a instalação de terminais de computador para a redação e a edição de textos. O jornal passa a economizar 145

40 minutos no processo de produção. É criado o Datafolha, instituto de pesquisa de opinião pública e de mercado. 1984 Em junho, surge o documento, também de circulação interna, “A Folha depois da campanha Diretas-Já”, devido ao destaque do jornal na campanha em relação aos outros veículos de comunicação. A Folha implanta o Manual da Redação. 1985 Em julho, a Folha publica o novo projeto editorial que tem como política, além de praticar um jornalismo crítico, apartidário, moderno e pluralista, implantar um Jornalismo de serviço e adoção de novas técnicas visuais. 1987 É dado início à informatização do Banco de Dados, com a criação de uma base de dados em convênio com a Editora Abril. A base passaria a conter, a partir de janeiro de 1988, um índice eletrônico da Folha e de diversas revistas brasileiras. 1990 Em fevereiro, são introduzidas as paginadoras Harris, que permitem a montagem eletrônica das páginas do jornal, eliminando o processo manual de “paste-up”. 1994 A Folha se transforma no primeiro jornal brasileiro a ter um banco de imagens digital. Em julho, a Agência Folha passa a comercializar seu serviço noticioso 24 horas por dia. A Folha investe em uma política de fascículos encartados no jornal. O primeiro lançado é o “Atlas Folha/The New York Times” e bate recorde de tiragem e de vendas na história de jornais e revistas do país no dia de lançamento (1.117.802 exemplares) e nas semanas subsequentes. 1995 O Banco de Dados lança o CD-ROM Folha, que traz o texto integral das edições do jornal do ano anterior, além do Manual da Redação da Folha. É lançado o Folha Online, cujo primeiro serviço é o Folha Web, sinopse diária das reportagens. Começa a funcionar o Centro Tecnológico Gráfico-Folha, em Tamboré. 1996 É lançado o Universo Online, em caráter experimental, com acesso aberto a todos os usuários da Internet. É o primeiro serviço online de grande porte no país. A Folha implanta o Programa de Qualidade, com o objetivo de combater erros de português e de informação. O Grupo Folha anuncia a fusão do Universo Online (Grupo Folha) com o Brasil Online (Grupo Abril). É constituída uma nova empresa, o Universo Online S.A.

Fonte: elaborado pela autora a partir do documento Oito décadas de história da Folha, do Brasil e do mundo.36

O Quadro 6 registra de 1967 a 1996 algumas das principais incorporações tecnológicas da Folha de S.Paulo e identifica nesse período, o início da publicação dos projetos editoriais do jornal, que discutiremos mais adiante. Observamos que depois de 16 anos do estabelecimento da impressão offset, conforme o documento sobre os 80 anos da Folha, o jornal inaugurou a primeira Redação informatizada na América do Sul, com a instalação de terminais de computador para a redação e a edição de textos. O jornal descreve em seu texto dos 80 primeiros anos, que o investimento passou a economizar 40 minutos no processo de produção. Em 1985, a Folha incorpora a adoção de novas técnicas visuais, iniciando um processo de mudanças estéticas. Dois anos depois, identificamos novamente a preocupação do jornal com o armazenamento de seu conteúdo, com o início da informatização do Banco de Dados. Em 1990, com a montagem eletrônica das páginas do jornal, a organização reforça a sua adesão a ferramentas tecnológicas.

36 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/80anos/cronologia.shtml. Acesso em 17 jan. 2021. 146

Em 1995, verificamos a partir do texto cronológico sobre os 80 primeiros anos da Folha, um marco importante no jornal, quando a organização deu o início à hospedagem no ambiente digital, a partir do lançamento do Folha Online, que disponibilizava uma sinopse diária das reportagens no ambiente digital. Retomamos aqui o registro feito na introdução deste trabalho, quando recorremos a um retrato feito por Josias de Souza (2004), sobre o contexto em que o ambiente digital foi introduzido nas organizações jornalísticas, no período contemporâneo à implantação do Plano Real. A crítica de Josias de Souza indica que para investir em sua informatização, muitas empresas contraíram altas dívidas. Ainda na análise documental sobre a trajetória da Folha, identificamos na seção História da Folha, no portal da organização, um resgate geral do jornal desde 1921 que amplia o texto cronológico dos primeiros 80 anos da Folha.37 A partir desse texto histórico, verificamos que 1996, por iniciativa de Luiz Frias, foi lançado o portal de internet UOL, primeiro serviço online de grande porte no país; em maio de 2000 foi lançado o jornal Valor Econômico, em parceria com o Grupo Globo, que assumiu, em 2016, o controle do periódico; em 2010 houve a unificação das redações do impresso e do online, reforma gráfica e editorial da Folha. O portal Folha Online foi reestruturado e passou a se chamar Folha.com; aplicativos para Iphone, iPad e Galaxy Tab foram lançados naquele ano. Registramos que 2010 foi um ano importante para o jornal rumo ao aprimoramento de sua plataforma digital. Lenzi (2017) considerou essa fase e fez um paralelo entre a Folha e O Estado de S. Paulo, identificando que os concorrentes diretos no mercado brasileiro apresentaram movimentos semelhantes, ao longo da migração de suas marcas de origem impressa para a plataforma digital, sendo o ano de 2010, na visão do autor, o mais significativo para os dois em sua trajetória recente no caminho à priorização do online. De acordo com Lenzi, após os primeiros movimentos em busca da integração entre impresso e online, o jornal O Estado de S. Paulo lançou, em março de 2010, um novo projeto gráfico da edição em papel e, simultaneamente, entrou no ar o novo estadão.com.br, um portal com a proposta de ampliar o cardápio de conteúdos em vídeo e áudio, a interação com os internautas e a conexão com redes sociais e comunidades virtuais. A intenção apontada pela empresa, era estar o tempo todo perto do leitor, em todas as plataformas. Dois meses depois, em 23 de maio, sempre de acordo com Lenzi, a Folha de S. Paulo realizou transformações semelhantes ao do concorrente Estadão e chegou às bancas se intitulando “o

37 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/institucional/historia_da_folha.shtml?fill=4. Acesso em: 17 jan. 2021. 147

jornal do futuro” como o primeiro grande veículo da imprensa brasileira a promover o que chamou de “fusão orgânica” entre o jornal impresso e a versão online. Lenzi (2017) recorda que a meta era oferecer um noticiário que fosse ágil e que, ao mesmo tempo, preservasse a sua qualidade. Para isso, relata o autor, o comando editorial da Folha Online passou a ser subordinado à editoria-executiva da Folha. Os editores dos cadernos do impresso passaram a contar com editores-adjuntos da área digital. Foi criado, ainda, o cargo de secretário-assistente da área digital, responsável pela homepage (a página de rosto da Folha Online). Cerca de 60 profissionais que trabalhavam na Folha Online, entre repórteres e redatores, passaram a integrar as equipes das áreas correspondentes da Folha. O documentário O Jornal do Futuro, de maio de 2010,38 retrata as mudanças físicas na redação do jornal, que permitiram a integração com a Folha.com. A produção também captou depoimentos de Otávio Frias Filho, então diretor de Redação da Folha, de colunistas e entre outros. Esses depoimentos serão considerados na seção A notícia como um produto à venda com o suporte da tecnologia. Em 2012, de acordo com a Folha,39 o jornal inaugurou no Brasil a adoção do novo modelo de negócios para o Jornalismo digital, o paywall poroso, em que o acesso ao noticiário online é gratuito e possui limitação. 40 Em 1º de fevereiro de 2018, o jornal divulgou a notícia de um novo publicador, com a proposta de agilizar o fluxo de trabalho da redação.41 O texto informa que a reforma visual e estrutural da Folha na internet vinha acompanhada de outra, invisível aos leitores. O sistema utilizado para colocar no ar os textos, páginas e especiais do site, justificava o surgimento do novo publicador, batizado de Gutenberg, desenvolvido dentro do jornal, pensado para otimizar o trabalho da redação, de forma a oferecer mais tempo aos jornalistas à apuração e à edição. Após considerar os principais avanços tecnológicos da Folha desde os seus primeiros passos até o ano de 2018, verificamos que o jornal traçou novos rumos, garantiu diferenciação entre os demais e cresceu como empresa no mercado da comunicação. Passamos agora, a compreender as declarações da organização em seus Projetos Editoriais.

38 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/videocasts/739063-documentario-revela-bastidores-das- mudancas-na-folha.shtml. Acesso em: 3 jan. 2021. 39 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/institucional/historia_da_folha.shtml?fill=4. Acesso em: 3 jan. 2021. 40 O atual modelo de negócios será considerado ao final do capítulo. 41 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/02/novo-publicador-agiliza-o-fluxo-de-trabalho- da-redacao.shtml. Acesso em: 3 jan. 2021. 148

3.1.2 O compromisso público do Projeto Folha

Nesta fase da pesquisa, consideramos as declarações públicas da Folha nos sete projetos editoriais divulgados ao longo da história da organização. O documento é publicado de tempo em tempo e possui a finalidade, segundo a própria empresa, de tornar público o compromisso do jornal com os valores, metas a cumprir e instrumentos por meio dos quais pretende melhorar a qualidade do serviço prestado aos leitores. Além de sinalizar os pontos a serem enfrentados, o Projeto Folha também indica os avanços conquistados em relação ao período anterior e fornece orientações aos jornalistas. Os projetos editoriais traduzem, de acordo com o jornal em sua página na internet, os princípios que constituem, no seu conjunto, o Projeto Folha.42 A partir de uma leitura inicial, observamos que o jornal sinaliza que a busca por um jornalismo crítico, apartidário e pluralista são as características que norteiam o trabalho dos profissionais do Grupo Folha. Essas características foram expostas desde 1981 e mantidas até 2017, ano que registra a última versão do Projeto Folha. O Quadro 7 traz o ano e o título de cada um dos sete projetos editoriais. Na sequência, uma descrição e posterior análise dessas declarações, evidenciando a postura da Folha sobre os processos de mudança do Jornalismo, observando, sobretudo, como o jornal se posicionou em cada um desses projetos editoriais, com relação à ampliação de investimentos em incorporações tecnológicas, e de que maneira, a Folha foi alinhavando esses avanços com a formatação do seu atual modelo de negócio.

Quadro 7 – Ano e título dos sete projetos editoriais da Folha

PROJETOS EDITORIAIS FOLHA DE S.PAULO ANO TÍTULO 1981 A Folha e alguns passos que é preciso dar 1984 A Folha depois da campanha Diretas-Já 1985 Novos rumos 1986 A Folha em busca da excelência 1988 A hora das reformas 1997 Caos da informação exige jornalismo mais seletivo, qualificado e didático 2017 Jornalismo profissional é antídoto para notícias falsas

42 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/institucional/linha_editorial.shtml. Acesso em: 26 dez. 2020. 149

Fonte: elaborado pela autora com base em informações divulgadas no portal da Folha.43

Diante do Quadro 7, compreendemos uma breve descrição de cada um dos projetos editoriais da Folha, que precedem a análise destes textos nos termos em que foram mencionados anteriormente. O documento de 1981,44 “A Folha e alguns passos que é preciso dar”, declara que: o objetivo de um jornal como a Folha é, antes de mais nada, oferecer três coisas ao seu público: informação correta, interpretação competente sobre essa informação e pluralidade de opiniões sobre os fatos. Ressalta a importância de ingredientes importantes: saúde econômica e financeira da empresa, firme disposição para a independência jornalística e para a superação das tradições paroquiais da imprensa tradicional, senso de oportunidade para saber avançar quando as circunstâncias permitem e reclamam.

No projeto de 1984,45 “A Folha depois da campanha Diretas-Já”, o jornal considerou que “o movimento faz parte da história da Folha, que encampou a campanha e foi o primeiro grande meio de comunicação a fazê-lo, impondo-se, ao país inteiro, como uma das principais forças formadoras de opinião pública”. A Folha declarou, na época, que possuía, a seu favor, “a ausência de preconceito, uma posição política aberta e uma disposição para crescer e mudar na relativa estagnação em que se encontrava, na visão do veículo, a maioria dos demais grandes jornais da época”. O documento de 1984 declara ainda, que “a Folha era o jornal que mais havia se desenvolvido naqueles anos”. A declaração também incluía a meta mais alta daquele momento: “fazer da Folha o principal jornal do país e dos profissionais que nela trabalham os mais valorizados e respeitados de toda a categoria”. Um trecho do projeto editorial de 1984 informa que o jornal possuía, atrás dele, uma empresa economicamente sólida, financeiramente saudável e que vinha adotando uma atitude crescentemente agressiva no setor publicitário e comercial, considerando a situação privilegiada da empresa que assegurava a autonomia política e a contundência editorial da Folha. Em 1985, no projeto editorial “Novos rumos”,46 o jornal declarou que:

43 Informações extraídas de: https://www1.folha.uol.com.br/institucional/linha_editorial.shtml. Acesso em: 3 jan. 2021. 44 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projetos-editoriais-anteriores/1981-a- folha-e-alguns-passos-que-e-preciso-dar.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020. 45 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projetos-editoriais-anteriores/1984-a- folha-depois-da-campanha-diretas-ja.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020. 46 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projetos-editoriais-anteriores/1985-novos- rumos.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020. 150

o desenvolvimento do projeto que orienta a Folha, dependeria, sobretudo, de duas coisas: que ela se caracterizasse de maneira original como uma publicação com imagem pública ostensivamente diferenciada e que se tornasse um produto de mercado indispensável ao público pela quantidade do serviço de interpretação, de opinião e principalmente de informação.

Declarou, naquele momento, que “o Jornalismo não era mais artesanato, mas uma atividade industrial que reivindica método, planejamento, organização e controle”. Também sinalizou a necessidade de ampliação do espaço da prestação de serviço no jornal e aumento do grau de didatismo do material publicado. Declarou que essas duas características, eram inestimáveis na luta empreendida naquele momento, que visava transformar a Folha num produto de primeira necessidade para o público leitor, caminho obrigatório do desenvolvimento e da própria sobrevivência dos jornais, de acordo com o próprio jornal. Alertou, para a necessidade de modificar a mentalidade, com relação a quadros, mapas, gráficos e tabelas, que passavam a ser considerados como o meio de expressão sintética e veloz por excelência. Anunciou também, a segunda edição do Manual Folha, assinalando a batalha pela exatidão como grande prioridade na área. Expôs os dois problemas cruciais que o jornal vinha enfrentando: a rede de informações localizada fora da sede e das grandes sucursais, pelo lado da produção, e a estrutura do Banco de Dados, pelo lado da edição. O documento definiu o papel de cada editoria. No projeto editorial de 1986,47 “A Folha em busca da excelência”, o jornal abre o documento declarando que “o periódico figura com a maior circulação entre os diários brasileiros, ao informar que de junho de 1984 a 1986 a circulação paga do jornal tinha crescido 39,5%, chegando a um total de 291.659 exemplares em média por dia”. Creditou esse avanço ao esforço conjunto de toda a empresa que editava o jornal. O documento externou os avanços conquistados no departamento de Jornalismo, com melhor estruturação. Anunciou que o Orçamento da Redação estava pronto para a implantação, em 1986, permitindo uma descentralização do funcionamento administrativo da redação e das decisões editoriais vinculadas a esse funcionamento. Pautou, assim como nos demais projetos, “a necessidade de um texto bem escrito, exigindo nível de excelência”. Propôs uma ofensiva no domínio da informação a ser publicada no dia seguinte.

47 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/projeto-editorial-da-folha/projetos-editoriais-anteriores/1986-a- folha-em-busca-da-excelencia.shtml#s03e03. Acesso em: 17 dez. 2020. 151

O projeto editorial de 1988,48 “A hora das reformas”, avaliou que o Manual Geral da Redação correspondeu ao esforço de autodisciplina. Mencionou que, naquele momento, as transformações no restante da imprensa diária e a concorrência da televisão impuseram um tipo de preocupação que decorria, não mais da necessidade, de fazer um bom jornal, ideia que seguiu, de acordo com o documento, sendo absorvida pelos concorrentes, mas de corresponder ao lugar de liderança obtido pela Folha, até aquele momento. A necessidade de se investir no pluralismo, na preocupação de como ser um jornal ágil e moderno, de oferecer informações precisas e confiáveis ao leitor, foi-se tornando evidente e disseminada na imprensa brasileira, sinal, como o projeto aponta, do sucesso do Projeto Editorial da Folha. O documento também retratou as transformações comunicacionais da época, tais como: o surgimento de agências de publicidade com mentalidade nova e agressiva; emissoras antes desacreditadas, mostravam que eram capazes de desenvolver uma estratégia que lhes garantisse um lugar ao sol e, novidades no mercado de revistas. No mercado de livros, editoras novas comprovaram até onde se podia chegar; no setor da imprensa diária, a competição por prestígio, por mais anúncios e por mais leitores adquiria uma característica feroz de guerra, em que os jornais que se contentaram com a sua aura de tradição e elegância, e se viram subitamente ameaçados de extinção; outros jornais, que demoraram a compreender o que se passava, se lançavam a uma tentativa atabalhoada de recuperar o tempo e a posição que perderam, ainda que, essa recuperação lhes custasse a própria identidade. O documento de 1988 defende que “a Folha estava no centro dessa ebulição, considerando ser a sua causa direta no que diz respeito à imprensa diária, afirmando que o jornal estava, também, na origem, indiretamente, das alterações velozes e profundas no restante da mídia, por influência do espírito que criou”. O jornal declarou que ele chegava ao final da década vitorioso, creditando ao sucesso do Projeto Editorial, reconhecido por quem antes se mostrava incrédulo e copiado por quem antes a hostilizava. O documento declara que o Projeto Folha havia se tornado, em poucos anos, “patrimônio coletivo do Jornalismo brasileiro”. Ainda revelou que, ao disseminar a ideia de que era preciso estar sempre mudando, a Folha tornou-se vítima da sua própria estratégia, pois não lhe restava outro caminho senão continuar. Ao lado da concorrência com outros jornais, que se tornava cada vez mais uma luta pela melhor qualidade do produto, a Folha sinalizava também a concorrência com a televisão, resumida pelo jornal como uma luta pela melhor qualidade da informação veiculada. O texto

48 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/projeto-editorial-da-folha/projetos-editoriais-anteriores/1988-a- hora-das-reformas.shtml#s03e02. Acesso em: 17 dez. 2020. 152

tornou a dar importância para os gráficos e ilustrações, para composição do texto, e considerou a reforma gráfica que estava em estudo, identificando-a como um desdobramento natural da história gráfica da Folha, congruente com a fisionomia que o periódico havia desenvolvido ao longo das últimas décadas e, ao mesmo tempo, pragmática do ponto de vista da produção industrial das edições. O Projeto Editorial de 1988 anunciou, ainda, que estava nas mãos do jornal conduzir o panorama de turbulência e competição, numa direção em que as mudanças da linguagem visual adotadas se transformassem em mudanças mais profundas e permanentes, em que a evolução do Jornalismo, considerada subitamente acelerada, contribuísse para o desenvolvimento real da consciência crítica, da qualidade de vida e das ideias. O projeto editorial de 1997,49 “Caos da informação exige Jornalismo mais seletivo, qualificado e didático”, condensou uma série de discussões realizadas no âmbito interno da Folha desde o fim de 1996, com o objetivo de organizar a experiência e apontar perspectivas para o futuro do Jornalismo brasileiro. Ressaltou as mudanças ocorridas ao longo daquela década no plano internacional, discutiu o impacto da revolução tecnológica e da expansão de economia de mercado sobre a imprensa. Com pouca variação de grau, mencionou que havia uma só receita econômica, o mercado, e uma só fórmula institucional, a democracia, num mundo que tendia à globalização. Naquele momento, o jornal considerou que “o Jornalismo refletia fraturas e deslocamentos que ainda estava por mapear e se encontrava com dilemas capazes de pôr seus pressupostos em questão: o que informar, para quem e para quê?” Identificou o movimento que acontecia na base empresarial, tecnológica e de mercado das comunicações, quando empresas locais se associaram a investimentos estrangeiros, por sua vez aglutinados na forma de grandes blocos em seus países de origem, transformando todas as modalidades de comunicação a uma mesma linguagem tecnológica, permitindo a esses blocos integrar um amplo espectro de serviços, do Jornalismo ao entretenimento, passando por televisão, telefonia, cinema, vídeo, editoração e internet. Falava-se em direito à não-informação, indício de um público que se ressentia não da falta, mas do excesso de dados. Também considerou a proliferação da oferta que acirrava a disputa pelo tempo do consumidor, mencionando que como o leque de opções era amplo na televisão paga, e praticamente inesgotável na internet, a tendência era de que as inclinações pessoais e especialidades encontrassem seus nichos, levando o usuário a dedicar parte crescente do tempo a eles. Ainda compreendeu que o

49 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projetos-editoriais-anteriores/1997-caos- da-informacao-exige-jornalismo-mais-seletivo-qualificado-e-didatico.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020. 153

aperfeiçoamento tecnológico dos novos meios estava em curso, conforme eles convergiam para um mesmo aparelho físico. Naquele momento de efervescência tecnológica, que foi marcado, conforme nosso texto introdutório, pelo emprego da internet de forma expressiva para atender à finalidades jornalísticas, o documento de 1997 considerou a reiterada pergunta sobre se os jornais iriam sobreviver, afirmando, na oportunidade, que ela possivelmente comportava duas respostas, sim e não. O jornal considerou a existência de quem julgava as vantagens do formato em papel como insubstituíveis, porém, antecipou o cenário de decadência ao longo das décadas seguintes, sem que os jornais desaparecessem na expressão do que é a sua essência: o panorama dos principais acontecimentos da véspera tal como filtrado por uma personalidade editorial coletiva. O projeto de 1977 anunciou que “seria o caso de perguntar se a internet iria substituir a rotativa, não o jornal”. Mencionou que até aquela época, a estratégia mercadológica que prevalecia era a de agregar produtos de valor cultural, como atlas, enciclopédias, dicionários, vídeos, congruentes com a natureza do Jornalismo. Alertou que: [...] dali em diante o Jornalismo teria de fazer frente a uma exigência qualitativa muito superior à do passado, refinando a sua capacidade de selecionar, didatizar e analisar, considerando que o êxito da transição para o novo modelo dependeria de vários fatores como treinamento, reciclagem e combate a erro.50

O projeto editorial de 2017,51 “Jornalismo profissional é antídoto para notícia falsa e intolerância”, atualiza os compromissos da Folha em uma era de mudança de hábitos dos leitores, destacando a relevância do Jornalismo profissional para manter nítida a distinção entre notícia e falsidade, referindo-se ao fenômeno das fake news. Divulgou, pela primeira vez, 12 princípios que sintetizam os compromissos editoriais, políticos e éticos do jornal, considerando, nessa listagem, a legitimidade de novos formatos publicitários, definidos como conteúdo patrocinado, desde que, fique clara sua natureza não jornalística. No documento de 2017, o videojornalismo e a reportagem que garimpa bases de dados, estão elencados entre os campos que necessitam, ainda, se desenvolver. A edição impressa é tida como a versão referência do último ciclo noticioso, enquanto a plataforma digital se renova no decorrer do dia. Na lista dos 12 princípios editoriais, o jornal defende a “preservação do vigor financeiro da empresa como esteio da independência editorial para

50 Informações extraídas de: http://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projetos-editoriais- anteriores/1997-caos-da-informacao-exige-jornalismo-mais-seletivo-qualificado-e-didatico.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020. 51 Disponível em: https://temas.folha.uol.com.br/folha-projeto-editorial/projeto-editorial-folha-de-s- paulo/introducao.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020. 154

garantir que a produção jornalística tenha autonomia em relação a interesses de anunciantes”; também anuncia que assegura, na publicação, características que permitam discernir entre conteúdo jornalístico e publicitário. Ainda afirmou que “produtores de conteúdo de qualidade têm o desafio de fazer prevalecer os valores do Jornalismo profissional no meio digital, em que a informação e entretenimento, realidade e rumor, notícias e fake news tendem a se confundir e quase tudo é reproduzido de forma desligada do contexto original”. Declara que “o desafio posto ao Jornalismo profissional torna-se ainda maior devido ao abalo no modelo de negócios assentado na circulação paga e sobretudo na publicidade, que há décadas sustenta as empresas de comunicação”. O documento considera ainda que “por um lado existe um público expressivo disposto a pagar por assinaturas digitais de veículos jornalísticos, afirmando que a ampliação de um contingente populacional cada vez mais educado, conectado e exigente em matéria de conhecimentos, sugere um caminho promissor”. Por outro lado, sinaliza que a “parcela crescente da verba publicitária é tragada pelo duopólio que controla, em escala mundial, o mecanismo de busca e as redes sociais da internet.” O texto considera que as diversas formas de Jornalismo artesanal, praticadas com espírito militante, mostram-se úteis para suprir lacunas no conjunto da mídia, mas, são limitadas em alcance e escopo pela “parcialidade do ponto de vista e precariedade de base material”, aspectos que tendem a afetar um Jornalismo financiado por distintas modalidades de mecenato. O documento de 2017 defende a necessidade crucial de que as empresas de comunicação encontrem estratégias, que lhes permitam continuar a sustentar-se com autonomia no mercado. E, para se chegar a resultado positivo, defende que essa equação tenha, entre suas variáveis, não só o atendimento mais eficiente e focalizado das demandas emergentes desse grupo de leitores, mas também o ajustamento de custos, que o setor forçosamente vem praticando. Afirma que, o que define um jornal não é mais o suporte impresso, nem a periodicidade diária, mas o propósito de condensar o que ocorre de relevante para um público interessado em informação, opinião e análise. O texto ainda sinaliza que a versão impressa continua a responder pela maior parte da receita publicitária e a audiência online é mensurada em dezenas de milhões de visitantes por mês, dada a possibilidade de acesso individual e gratuito a um número determinado de textos jornalísticos. Após as considerações, especialmente, dos pontos de nosso interesse nos Projetos Folha, passamos para uma breve reflexão sobre essas declarações. Em 1981, ano que registra o primeiro projeto editorial do jornal, o veículo já ressaltava a relevância da saúde econômica e financeira da empresa como um dos principais ingredientes para se sobressair, frente à 155

imprensa da época, alinhando esse fator ao senso de oportunidade para avançar. No documento de 1984, no momento em que a Folha almejava ser o principal jornal do país, ao amparar-se em uma empresa sólida, que vinha adotando uma atitude agressiva no setor publicitário e comercial, o veículo voltou a mencionar a disposição para “crescer na estagnação em que se encontrava a maioria dos demais jornais da época”. O Projeto Editorial do ano seguinte, 1985, passou a identificar o Jornalismo como uma atividade industrial que suscitava método, planejamento, organização e controle. No documento de 1986, o jornal demonstrava colher os frutos dos avanços anteriores, ao declarar que figurava na liderança no quesito circulação entre os diários brasileiros. No projeto de 1988 identificamos uma declaração da Folha, ao afirmar que, ao disseminar a ideia de que era preciso sempre estar mudando, ela tornou-se vítima da sua própria estratégia, pois não lhe restava outro caminho senão avançar. O projeto de 1997, que coincidiu com o início da internet comercial no Brasil, já sinalizava a decadência das edições impressas, enveredando esforços para o caminho digital. O mais recente projeto editorial da Folha de S.Paulo, de 2017, na fase mais recente da industrialização da notícia, que abarca novos nichos, anuncia a divulgação de conteúdos que se assemelham a textos jornalísticos, mas que na verdade são publicitários, justificando a preservação do vigor financeiro da empresa. Também sinaliza os desafios, provocados pelas transformações tecnológicas no ambiente digital, considerando o abalo ao modelo de negócios e expondo as vertentes que envolvem esse cenário: um público disposto a pagar por assinaturas digitais e o duopólio que concentra verba publicitária. O jornal também acusa a relevância de as empresas de comunicação buscarem estratégias nesse campo, defendendo o atendimento focado nas preferências do leitor e o ajustamento de custos. Sinaliza que a versão impressa continua a responder pela maior parte da receita e indica a volumosa quantidade de visitantes no site, que se expressa como potencialidade a ser explorada. Este breve panorama da Folha de S.Paulo observou que, o lugar de importância do jornal no cenário da mídia foi constatado desde os primeiros passos da história do veículo e, realçados no discurso público dos projetos editoriais. Com o advento da internet, o jornal, que já figurava na liderança dos diários brasileiros, foi ampliando os investimentos em incorporações tecnológicas para acompanhar as mudanças, atender a demanda de leitores e se sobressair com relação aos concorrentes, estratégia que levou ao seu engessamento, ao permitir apenas o caminho do avanço constante, seja no sentido de aprimoramento técnico da produção da notícia, que com o passar do tempo exigiu nível de excelência da equipe de 156

jornalistas, como na apresentação do produto comercializado, a notícia, ao incorporar componentes gráficos e ilustrações elaboradas. Ao adotar esse caminho de mudar para avançar, a Folha passou, desde 2010, a apostar fortemente em sua versão digital. A postura adotada pela Folha no universo global de mudanças do Jornalismo foi a de tentar absorver as mudanças para garantir e, se possível, ampliar o seu público consumidor, seus anunciantes e suas distintas formas de receita.

3.2 Check-up da Folha de S.Paulo

Como última fase empírica deste estudo, propomos agora um check-up atual da Folha de S.Paulo, a partir das versões impressa e digital do jornal e da presença do veículo nas redes sociais. Esse panorama será importante para observar como a Folha se comporta no cenário de mudanças do Jornalismo e também para identificar quais modelos de negócio ela está adotando especialmente no ambiente digital. Para realizar as análises na versão impressa e na online da Folha, foi eleito o dia 18 de dezembro de 2020, por caber dentro dos propósitos de pesquisa. Inicialmente consideramos a edição impressa do jornal, depois partimos para o portal de notícias, e, por fim, abarcamos uma descrição do jornal nas redes sociais.

3.2.1 A Folha de S.Paulo na versão impressa

A pesquisa inicia o diagnóstico da Folha a partir da sua versão tradicional, impressa, considerando a edição do dia 18 de dezembro de 2020, mesma data em que o site foi apurado. A pesquisa tece uma descrição dos conteúdos divulgados e, em seguida, indica alguns apontamentos. A Figura 1 mostra a capa da edição impressa deste dia.

157

Figura 1 – Capa da edição de 18 de dezembro de 2020 da Folha de S.Paulo

Fonte: Folha de S.Paulo (acervo impresso).

Começamos a nossa descrição pela capa do jornal. No topo da página, logo abaixo da logomarca, da esquerda para a direita, aparece: “Desde 1921”, seguido do desenho de três estrelas, uma vermelha, uma azul e uma preta, e “Um jornal a serviço da democracia”. Após uma linha divisória, vermelha, aparecem, da esquerda para a direita, Folha100 faltam 163, um lembrete para o centenário da Folha de S.Paulo que será celebrado no dia 19 de fevereiro de 2021, com a promessa de uma série de discussões internacionais e nacionais sobre os rumos 158

do Jornalismo. Em 10 de novembro de 2020, a Folha publicou uma notícia,52 iniciando uma contagem regressiva para o centenário, abordando a proeza de uma empresa de comunicação completar 100 anos em tempos de alterações do Jornalismo. Depois disso, aparece a data da edição: Sexta-feira, 18 de dezembro de 2020. Ainda constam: ano 100, nº 33.497, R$ 5,00. Uma imagem, de 12 centímetros de altura, que ocupa todas as seis colunas, ilustra uma chamada, feita na legenda da foto, para a página B6, na editoria de Cotidiano. A imagem registra as fortes chuvas em Santa Catarina que deixaram ao menos 12 mortos e 13 desaparecidos. Sem imagem ilustrativa, a manchete do dia 18: “Supremo autoriza vacinação obrigatória contra a Covid-19”, estava acompanhada de um texto de cinco colunas que chamava para a editoria de Saúde (páginas B1 e B2).53 Havia também outras três pequenas chamadas para Saúde, todas relacionadas a matérias que contemplam questões da pandemia causada pela Covid-19. Os títulos delas eram: “Dois em cada três defendem o fechamento de escolas”, “Rede privada receberá vacina após o SUS, afirma Pazuello” e “Gestores preveem cenário pior do que no início da pandemia”. Na capa também constavam duas chamadas, com textos curtos, para as colunas de Reinaldo Azevedo e de Angela Alonso, na editoria Poder;54 um outro, para a editoria de Mercado;55 um para Cotidiano;56 um para Ambiente.57 Também havia títulos de cinco matérias com a indicação da página, ao final. Duas delas, relacionadas a assuntos políticos, uma sobre a pandemia e outra sobre decisão judicial. Além da imagem principal, das fortes chuvas em Santa Catarina, havia outras duas, menores, na capa. Uma, contemplando a editoria Esporte,58 e outra, da editoria Ilustrada.59 A capa ainda continha três chamadas, cada uma com a indicação da editoria acima (Esporte, Ilustrada e Guia),60 com título e indicação da página. A capa da Folha impressa do dia 18 também rendeu uma chamada, no rodapé da página, para dois editoriais do jornal: “Abrir torneiras” e “Negação da maconha”. Do lado

52 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/11/folha-vai-se-tornar-um-jornal-centenario-em- cem-dias.shtml. Acesso em 18 dez. 2020. 53 A editoria Saúde comporta conteúdos relacionados ao universo da saúde. 54 A editoria Poder é dirigida prioritariamente à cobertura de política, Justiça, questão agrária, movimentos sociais, imprensa e religião, além de outros temas. 55 A editoria Mercado reúne conteúdo sobre o mercado, economia e investimentos. 56 Cotidiano contempla as principais notícias de São Paulo e outras cidades brasileiras sobre trânsito, transportes, tempo, chuvas, crise da água, segurança. 57 A editoria Ambiente reúne conteúdo sobre o meio ambiente e preservação ambiental. 58 A editoria Esporte contempla a cobertura do mundo esportivo. 59 A Ilustrada reúne conteúdos relacionados à arte, cultura, cinema, moda e música. 60 O Guia Folha apresenta um roteiro cultural de São Paulo, indicando os melhores restaurantes, bares, shows, cinemas, teatros e baladas. 159

oposto da página, à direita, havia um levantamento sobre a pandemia no Brasil, com dados de casos, número de óbitos e estágios da pandemia, com um mapa dividido nos estágios: acelerado, estável, desacelerado e reduzido, com indicação do horário e do dia da apuração: das 20h de 17 de dezembro. Abaixo desse panorama, o jornal apresenta a sua audiência mensal, indicando o número de páginas vistas: 224.661.655 e de visitantes únicos: 37.058.915. Apesar do jornal não registrar, essa mensuração incide sobre a página do jornal na internet, já que os termos usados foram “páginas vistas” e “visitantes únicos”. Depois de descrever os conteúdos da capa do jornal, passamos para uma consideração quantitativa, do número de páginas da edição observada, e de sua divisão, a partir das editorias. O primeiro caderno, que comporta Opinião, Poder, Mundo e Mercado, possui 16 páginas; o segundo caderno, com 20 páginas, se divide pelas editorias: Saúde, Cotidiano, Ciência, Esporte, Ilustrada, Guia Folha, Folha Corrida. A edição de 18 de dezembro de 2020 conta com 36 páginas. A disposição dessas páginas, a partir das editorias está assim distribuída, do primeiro para o segundo caderno: são dedicadas duas páginas para Opinião; quatro para Poder; duas para Mundo; quatro para Mercado; no segundo caderno, são dedicadas cinco páginas para Saúde; uma e meia para Cotidiano; meia página para Ambiente; uma página para Ciência; duas páginas para Esporte; seis páginas para Ilustrada; duas para o Guia Folha e uma para Folha Corrida.61 Na página A2, de Opinião, consta, no canto superior, esquerdo, o expediente do jornal, indicando os nomes do publisher, Luiz Frias; do diretor de redação, Sérgio Dávila; dos superintendentes, Antonio Manuel Teixeira Mendes e Judith Brito; do conselho editorial: Rogério César de Cerqueira Leite, Ana Estela de Sousa Pinto, Cláudia Collucci, Hélio Schwartsman, Mônica Bergamo, Patrícia Campos Mello, Suzana Singer, Vinicius Mota, Antonio Manuel Teixeira Mendes, Luiz Frias e Sérgio Dávila (secretário); e da diretoria executiva: Marcelo Benez (comercial), Marcelo Machado Gonçalves (financeiro) e Eduardo Alcaro (planejamento e novos negócios). No canto superior direito, figura a charge do dia. Nela, o personagem da campanha de imunização contra a poliomielite, Zé Gotinha, pede socorro e aparece amarrado e amordaçado por dois homens de terno. Na página constam dois editoriais do jornal: “Abrir torneiras”, sobre atraso no saneamento básico, e “Negação da maconha”, sobre a cartilha oficial que contesta os benefícios medicinais da erva. Também apresenta três artigos: “O STF matou o amor” de Hélio Schwartsman, “Inimigo da vacina e da

61 A Folha Corrida apresenta notícias em perspectiva do passado, resgatando episódios e ações. 160

economia” de Bruno Boghossian, e “Focinheira, camisa de força e jaula” de Ruy Castro. Também exibe a coluna Fatos e Opiniões, de Cláudia Costin, que escreve às sextas. A página A3, de Opinião, está distribuída entre: um artigo dos pesquisadores Marco Alberto e Danielle Hanna Rachel, “Como defender a Amazônia sem ofender o presidente”, ocupando o maior espaço da página; O Painel do Leitor é ilustrado por uma montagem feita por um leitor de Porto Alegre, Paulo Arisi; Nela, aparecem quatro imagens. Nas três primeiras, com a bandeira do Reino Unido, dos Estados Unidos e do Canadá, em cada uma, aparecem pessoas sendo vacinadas; a última delas, com a bandeira do Brasil, um personagem, com identificação de especialista em logística aparece se questionando: Tinha que comprar seringa?, fazendo uma crítica ao governo do Presidente da República, Jair Bolsonaro, pela condução da saúde na pandemia. O Painel do Leitor reuniu comentários de 11 leitores sobre assuntos da atualidade como vacinação, decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), pandemia, entre outros. Na página A3 também havia um artigo da professora de antropologia, Susana Durão, “Que profissionais de segurança queremos?”. No espaço de menor destaque, no rodapé, no canto direito, consta o Erramos, local onde o jornal indica os erros indicados por leitores e apurados pela ombudsman, divulgando a informação correta desses equívocos. A página A4, de Poder, inclui a coluna Painel, assinada por Fábio Zanini, interino do jornal, com um texto de abertura e pequenas notas sobre o mundo político. Logo abaixo havia informações sobre o Grupo Folha: endereço da redação de São Paulo (Al. Barão de Limeira, 425, Campos Elíseos); dois telefones para atendimento ao assinante: (11) 3424-3090 e 0800- 775-8080; o contato do ombudsman: e-mail: [email protected] e telefone: 0800-015-9000; Assine a Folha, com indicação do site assine.folha.com.br e do telefone 0800-015-8000. Também constava que o jornal é filiado ao IVC, com informações da circulação paga às sextas, de outubro de 2020, do impresso mais digital, a partir de pesquisa do IVC: 336.167 exemplares; páginas vistas no site da Folha em novembro de 2020, a partir do Google Analytics: 224.661.655; visitantes únicos no site da Folha em novembro de 2020, a partir do Google Analytics: 37.058.915. Havia também informações sobre o valor da assinatura semestral do jornal à vista, com entrega domiciliar diária: para Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo o valor é de R$ 685,00; para o Distrito Federal e Santa Catarina, o valor sobe para R$ 858,00; para o Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, R$ 1.089,00; para Alagoas, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Tocantins, sobe para R$ 1.177,00; para os demais estados, o valor cobrado é R$ 1.460,00. Também indica informações sobre os valores da venda avulsa dos jornais a partir de regiões. Para MG, PR, RJ e SP, a venda avulsa custa 161

R$ 5,00 de segunda a sábado e R$ 7,00 no domingo; DF e SC pagam R$ 6,00 de segunda a sábado e R$ 8,00 no domingo; ES, GO, MT, MS e RS pagam R$ 6,00 de segunda a sábado e R$ 8,50 no domingo; AL, BA, PE, SE e TO pagam R$ 9,25 de segunda a sábado e R$ 11,00 no domingo; os demais estados pagam R$ 10,00 de segunda a sábado e R$ 11,50 aos domingos. Na página, ainda exibia uma matéria de José Marques, intitulada: “Doria recua e desiste de contrato no Rodoanel após indícios de irregularidades”. A página A5 é destinada a um anúncio, de página inteira, colorida, da Vale. A página A6, de Poder, divulga duas reportagens, com fotos. A primeira, assinada por Igor Gielow, é intitulada “Após quase 2 anos e mirando 2022, Kassab deixa a Casa Civil de Doria”, a outra, de Joelmir Tavares e Daniela Arcanjo, é intitulada “Deputado apalpa colega em plena sessão na Assembleia de SP”. A página A7, de Poder, possui um texto do colunista do jornal, Reinaldo Azevedo, com o título: “A democracia precisa punir a barbárie”. Há a indicação dos colunistas que escrevem nos demais dias da semana. Logo abaixo, aparece uma reportagem, ilustrada com foto e gráfico, assinada por Danielle Brant e Thiago Resende, com o título: “Oposição a Bolsonaro veta Lira na eleição para chefiar Câmara”. A página A8, da editoria Poder, é dividida por dois conteúdos. O primeiro deles é um texto da colunista Angela Alonso, com o título “Liberalismo de destruição”; o segundo, uma reportagem, ilustrada por duas imagens, assinada por Anna Virginia Balloussier, intitulada: “Bancada evangélica acerta dividir comando entre duas denominações”. A página A9, na editoria Mundo, dedica quase todo o espaço a uma matéria de Paris, assinada por AFP e Reuters, anunciando: “Macron recebe diagnóstico de Covid e gera onda de testes e isolamentos”. Também há uma coluna “O impacto da Covid-19 no mundo”, com pequenas notinhas sobre o assunto. A página A10, da editoria Mundo, divulga três textos. O primeiro deles, um texto da colunista Tatiana Prazeres, intitulado: “4 pontos sobre a década da China”, seguido da indicação dos demais colunistas, em outros dias da semana. Também havia uma matéria assinada por Igor Gielow, com o título “Rússia teria matado Navalni se assim quisesse, diz Putin” e uma outra outra notícia, assinada por Thiago Rezende, Danielle Brant e Renato Machado, com o título “Congresso libera dinheiro para pagamento de dívida do Brasil com organismos internacionais”. A página A11, de Mercado, divide-se em duas reportagens robustas, e uma notícia, menor. A primeira, de abre de página, é ilustrada por três gráficos, assinada por Isabela Bolzani, com o título “Fim do auxílio e vencimento de dívidas devem aumentar calote”; a 162

segunda, logo baixo, é ilustrada por quatro pequenos gráficos, assinada por Diego Garcia, com o título “Quase 7 em cada 10 vítimas de trabalho infantil são pretas ou pardas, afirma IBGE". O terceiro texto, a notícia mais curta, intitulada “Bolsonaro veta fundo para banda larga em escolas”, é assinada por Ricardo Della Coletta e Julio Wiziack. A página A12, de Mercado, possui a coluna Painel S.A., assinada pelo interino Ricardo Balthazar, com o título “Mude o canal”. A coluna possui um texto de abertura e pequenas notinhas que ocupam duas colunas. Também aparece um índice com indicadores de juros, imposto de renda, contribuição à previdência e empregados domésticos. Uma matéria assinada por Larissa Garcia, com o título “Auxílio emergencial eleva inflação dos mais pobres, diz Banco Central”, ocupa a maior parte da página. O texto é ilustrado com um gráfico e tem uma subdivisão intitulada: “Projeção para alta do PIB em 2021 recua para 3,8%”. A página A13, da editoria de Mercado, conta com três textos. O primeiro, de abre de página, é de um colunista da Folha, Vinicius Torres Freire, com o título: “Morte e fome no governo do anticristão”. O segundo texto, ilustrado por uma imagem, é uma reportagem assinada por Eduardo Sodré, com o título: “Mercedes fecha fábrica em SP e põe Inovar-Auto em xeque”. O terceiro é uma coluna com textos curtos, uma pequena imagem, com o título “Linhas de montagem surgidas do Inovar-Auto”, uma subdivisão da reportagem de Sodré. A página A14, de Mercado, possui apenas uma reportagem, assinada por Nicola Pamplona, com o título “TCU aponta falhas da CVM na fiscalização do mercado”. Nesta página encontramos 14 editais. São conteúdos pagos por órgãos públicos, sindicatos, associações, prefeituras, para dar visibilidade ao anúncio de licitações, leilões, convocações, etc. A página A15, de Mercado, possui apenas um texto curto, de uma coluna, sem imagem, assinado por Nicola Pamplona, intitulado: “Empresa novata é maior destaque em leilão de linhas de transmissão”. O resto do espaço da página é dedicado a dois editais, um pequeno, e outro, mais robusto, que ocupa o maior espaço. A página A16, de Mercado, possui dois textos. Um deles é de um dos colunistas da Folha, Nelson Barbosa, com o título: “Hipocrisia fiscal” e o outro, do The Wall Street Journal, ilustrado por uma imagem, anuncia: “Google é alvo de 3ª ação antitruste em 2 meses”. Também há um anúncio colorido, de ¼ de página, da Technos. Passamos a nossa descrição para o segundo caderno da Folha do dia 18 de dezembro de 2020. A página B1, da editoria de Saúde, é dividida por dois conteúdos: uma robusta reportagem, ilustrada por uma imagem, assinada por Matheus Teixeira, com o título: “STF 163

permite que Estado imponha restrições a quem não tomar vacina”. Além do texto principal, ela contempla duas subdivisões: “Veja verdades e mentiras sobre a vacina contra Covid-19” e “Lewandowski libera compra de vacina sem aval da Anvisa”. No rodapé da página consta um texto de Opinião, de Eloísa Machado de Almeida, com o título “Julgamento foi resposta clara às investidas de Bolsonaro”. Também encontramos duas chamadas (cada uma com título e palavra-chave) paras as internas no canto direito superior da página. Na parte superior da página, aparecem informações de três partidas de futebol daquele dia. A B2, de Saúde, comporta dois conteúdos informativos, que ocupam, juntos, meia página do jornal. O primeiro, da esquerda para a direita, é assinado por João Valadares, ilustrado por uma imagem, com o título “Bolsonaro afirma que ninguém pode obrigar a vacinação”. A segunda matéria, assinada por Natália Cancian e Renato Machado, é intitulada: “Rede privada receberá imunizante depois que o SUS for atendido”. A outra meia página do jornal contempla 10 editais e um anúncio da assinatura da Folha. A página B3, de Saúde, possui apenas uma reportagem, que ocupa meia página. O texto de Danilo Thomaz, ilustrado por uma imagem, anuncia: “Fiocruz cria vacina própria contra a Covid”. Nove editais ocupam a outra metade da página. A B4, de Saúde, contempla um texto de pouco mais que a metade da página, assinado por Cláudia Collucci, ilustrado por uma imagem e com o título: “Com nova alta de Covid, cenário pode ser pior do que no início da pandemia”. Outros dois textos, menores, também aparecem; ambos sem assinatura, apenas com a indicação da cidade de São Paulo no início dos dois textos. O primeiro deles é intitulado: “Em crescente, novo Coronavírus volta a matar mais de mil pessoas por dia no Brasil”; o segundo, ilustrado por uma pequena imagem, é “Atriz Christina Rodrigues morre de Covid à espera de leito em CTI”. A B5, de Saúde, reúne quatro textos: duas reportagens mais robustas, e duas notícias menores. Assinada por Isabela Palhares e Ana Bottallo, a matéria de abre de página é intitulada “SP abrirá escolas mesmo se houver alta de casos em 2021”, com a subdivisão intitulada: “SP deve entregar plano de volta às aulas em 10 dias”. Ao lado, com a indicação de “Brasília” no início do texto, aparece a notícia com o título: “MEC defende retorno imediato na educação básica” . O segundo maior texto da página, ilustrado por um gráfico, assinado por Thiago Amâncio, anuncia: “2 em cada 3 são contra reabrir escolas, diz Datafolha”. O último texto, de uma coluna, anuncia: “STF autoriza restrição à bebida alcoólica após 20h”. A página B6 contempla a editoria Cotidiano e reúne cinco textos: quatro informativos e um opinativo. Da esquerda para a direita, do canto superior para o inferior: uma matéria de Thiago Resende e Danielle Brant, ilustrada por uma imagem, com o título “Escolas ligadas a 164

igrejas ficam sem recursos do Fundeb”; uma notícia assinada por Matheus Teixeira, com o título: “Fachin concede habeas corpus a presos de grupo de risco em cela lotada”; a terceira matéria, ilustrada por imagem, sem assinatura, apenas com a indicação “Brasília” no início do texto, anuncia: “Chuvas deixam 12 mortos e 13 desaparecidos em Santa Catarina”; o último texto noticioso também figura sem assinatura de jornalista, com a indicação de “São Paulo” no início do texto que aparece intitulado: “Covas diz ter zerado fila por vaga em creche em São Paulo”. O último texto da página é assinado pela colunista do jornal, Patrícia Pasquini, com o título “Aproveitou o tempo para buscar a genialidade na arte”, referindo-se à Rosely Davidman, que morreu em 2020. A página B7 divide-se pelas editorias de Cotidiano e Ambiente. Ao lado esquerdo da página aparecem dois textos; o primeiro, assinado por Paula Sperb, anuncia “Ministério Público denuncia 6 por morte de Beto Freitas”; o segundo, sem assinatura, com a indicação de “Rio de Janeiro” no início do texto, é intitulado: “Juiz fecha turismo e manda turistas saírem de Búzios em até 72 horas”. Do lado direito da página, que contempla Ambiente, aparece o maior texto da página, assinado por Philippe Watanabe e Fábio Takahashi, ilustrado por um gráfico que ocupa ¼ de página, com o título “Governo Bolsonaro acelera atos de impacto na área ambiental em 2020”. A página B8, de Ciência, contém duas reportagens. A primeira, assinada por Isabela Palhares, com uma ilustração, é intitulada: “Estimular fala, tato e sono pode acelerar alfabetização”; a outra, ilustrada por uma imagem, assinada por Júlia Barbon, anuncia: “Museu Nacional atrasa obra com pandemia, mas mantém previsão de reabertura em 2022”. A B9, de Esporte, é dividida por duas reportagens. A matéria de abre de página é ilustrada por uma imagem, não possui assinatura de jornalista (apenas a indicação “São Paulo”) e é intitulada: “Rússia é banida como nação de Olimpíadas e mundiais por 2 anos”. A segunda matéria é assinada por Alex Sabino e anuncia: “Com meninos, Marino e Cuca, Santos desafia a lógica de novo”. A página B10, de Esporte, contempla um texto do colunista Paulo Vinícius Coelho, ilustrado com duas imagens e com o título “Uma erupção de talento”; o segundo texto, que também ocupa meia página do jornal, é assinado por Bruno Rodrigues, ilustrado por uma imagem, é intitulado: “Vulcão e Klopp construíram caminho para Lewandowski”. A B11, de Ilustrada, possui uma expressiva imagem, que ocupa três colunas inteiras do jornal, anunciando: “Sinal fechado”. Ao lado esquerdo figuram pequenas notinhas com o título “Apagão online e off-line” e ao lado direito aparece o texto de João Perassolo que aborda um possível apagão para o setor da cultura. 165

A B12, de Ilustrada, possui a coluna de Mônica Bergamo, de meia página. A coluna divulga três fotos de artistas na quarentena e publica pequenos textos. Também aparecem duas matérias, uma de Clara Balbi, com uma imagem, intitulada: “Tarsila bate recorde e tem tela vendida por R$ 57,5 mi em leilão”; a outra, de Ana Beatriz Gonçalves, anuncia: “Advogadas de Dani Calabresa pedem ao MP investigação contra Marcius Melhem”. A página B13 é dedicada ao anúncio de uma campanha Juntos pela vida, idealizada pelo Instituto Oncoclínicas, com apoio social da Folha e de 21 empresas, que contribuem com a luta contra o câncer. A B14, de Ilustrada, comporta dois textos informativos. Um deles, de David Kamp, do The Wall Street Journal, ilustrado por uma imagem e anuncia: “Boseman omitiu câncer durante gravações de seu último trabalho”; o outro, assinado por Fernanda Pereira Neves, é intitulado: “Anitta diz que foi estuprada na adolescência em seriado documental sobre sua vida”. Também aparecem três anúncios: um de 1/6 de página (B14) de apresentação musical no Espaço das Américas; um, de uma coluna por 13,5 cm de outro show; e o último, de uma coluna por 4,5 cm, de assinatura da Folha. A B15, de Ilustrada, contempla uma única matéria jornalística. Assinada por Daniela Kresch, o texto é ilustrado por uma imagem e anuncia: “Israelense retrata família em “kibutz” mineiro”. No início do texto aparece: “Tel Aviv”. Também aparece um anúncio de pouco menor que meia página, de assinaturas da Folha, com apelo aos professores: “Professor, estimule seus alunos com o conteúdo que ainda não está nos livros”. Há a oferta de um ano assinatura digital gratuita para professores. No anúncio aparece a imagem de uma mulher negra. A B16, de Ilustrada, tem um artigo assinado pelo colunista Paulo Terra, intitulado “Plano de ´vacinassão´”, ilustrado por uma imagem. Também constam a coluna “É hoje em casa”, de Tony Goes, com notas sobre filmes; quadrinhos assinados por: Laerte, Caco Galhardo, Fernando Gonsales, Adão Iturrusgarai, André Dahmer, Fabiane Langona e Estela May; a coluna de sudoku e cruzadas. A B17, de Ilustrada, possui apenas um texto, da colunista Djamila Ribeiro, com o título “O álbum de uma mulher selvagem”, com uma imagem. Também há o anúncio de meia página, da Elo. A B18, do Guia Folha, comporta dois textos. O primeiro, com oito imagens, é assinado por Esther Morel e Nathalia Duraval, com o título “Aprenda a decifrar rótulos das garrafas de vinho”. O segundo texto se apresenta sem assinatura de jornalista, apenas com a 166

indicação do local no início do texto “São Paulo”. O título é: “Seis restaurantes de São Paulo estão na lista dos 50 Best latino”. A B19, da Guia Folha, possui uma coluna assinada por Marina Consiglio, com receitas de Natal; também consta uma matéria, sem assinatura de jornalista, ilustrado por uma imagem, com a indicação de “São Paulo” no início do texto, intitulada: “´Mulher-Maravilhosa 1984´ domina salas em semana com poucas estreias em SP”. Também há a sub-divisão “Estreias”, ilustrada por uma imagem, com notinhas sobre estreias de filmes. A B20, em Folha Corrida, última página da edição, possui uma imagem, com a indicação de “Imagens do ano”; também há a coluna “Você viu?”, assinada por Rafael Balago, sobre as atividades ao ar livre no ano assolado pela pandemia; há uma matéria assinada por Dhiego Maia, ilustrada por uma imagem, com a indicação de “Folha, 100”, com o título “Antônio Gaudério colecionou prêmios com fotos voltadas às questões sociais”; ainda aparece uma notinha com menção ao acervo Folha, com uma imagem reduzida do jornal e o título: “Contra protestos, governo da Polônia fala em utilizar armas”. A partir da descrição da edição impressa da Folha de S.Paulo, identificamos que a capa contemplava chamadas para textos informativos e opinativos, sobre diversos temas inseridos nas páginas internas do jornal: havia quatro chamadas (título seguido de texto) para a editoria de Saúde; duas chamadas para a editoria de Cotidiano; duas para a de Poder; também havia uma chamada para Mercado e uma para Ambiente. A capa ainda recebeu uma chamada (título com indicação de página) para Esporte, Ilustrada e Guia. Também havia uma chamada para dois editoriais do jornal. Além disso, havia um levantamento sobre a pandemia no Brasil, com dados de casos, número de óbitos e estágios da pandemia. O jornal, ainda, apresentava na capa o indicativo da audiência do jornal no mês. Observamos, a partir de uma leitura inicial nas páginas internas, a incidência de o jornal publicar um texto informativo sobre determinado assunto e, na mesma página, divulgar um artigo relacionado ao mesmo tema. Com isso, apesar de o jornal declarar que não é responsável pelo conteúdo dos artigos, usa os textos de forma a compor uma discussão sobre o assunto, como na página B1, que comporta uma expressiva reportagem sobre a decisão judicial que compreende a vacinação compulsória contra a Covid-19. Ao esclarecer alguns dos pontos “duvidosos” da vacina, colocados em xeque pelo atual governo, o jornal esclarece questões consideradas como mentiras: a vacina foi produzida rápido demais; há riscos de tomar a vacina contra a Covid-19; quem não é do grupo de risco não precisa tomar vacina; as vacinas desenvolvidas na China não estão sendo usadas na China; a vacina causa câncer, problemas de infertilidade e altera o código genético; as vacinas causam danos neurológicos e 167

levaram à morte mais de 2000 voluntários. Logo abaixo, o jornal publicou um artigo afirmando que, o julgamento foi uma clara resposta às investidas de Bolsonaro em relação às ações que ele perdeu no STF, relacionadas às políticas de saúde de enfrentamento à pandemia de Covid-19; às ações sobre saúde indígena; às ações sobre campanhas desinformativas; às ações sobre quarentena e, agora, perde as ações sobre vacinação. O 10º item da lista de princípios editoriais do projeto editorial da Folha de 2017, “Jornalismo profissional é antídoto para notícia falsa e intolerância”, sustenta o estabelecimento de distinção visível entre material noticioso, mesmo que permeado de interpretação analítica, e opinativo, porém desconsidera o fato de o jornal compor determinado assunto, elegendo textos opinativos sobre determinado tema e divulgando-os no mesmo espaço das notícias. Com relação à distribuição das páginas, a partir das editorias, verificamos que das suas 36 páginas, o jornal dedicou seis delas para a editoria Ilustrada e outras seis para a editoria de Mercado; o segundo número mais expressivo da edição do dia 18 foi da editoria de Saúde, que contemplada cinco páginas; à editoria de Poder foram dedicadas quatro páginas; foram dedicadas duas páginas para Opinião, Ambiente, para Mundo e Guia Folha; uma página e meia, para Cotidiano; às editorias de Ciência e de Folha Corrida foram dedicadas, para cada uma, uma página. O ano de 2020 viveu o impacto da pandemia causada pelo novo coronavírus. Na editoria de Saúde, que contempla o segundo número mais expressivo de editorias pelo jornal na edição do dia 18, verificamos que a Folha de S.Paulo fez uma ampla cobertura sobre o tema, a partir de suas notícias e reportagens: o anúncio de uma decisão do STF; concedeu espaço para o presidente Jair Bolsonaro manifestar-se a respeito da decisão do STF; noticiou que a rede privada receberá vacinas depois do SUS; divulgou que a Fiocruz criou vacina própria para a doença; traçou um cenário geral da doença; uma abordagem sobre o crescimento da Covid-19; também noticiou o falecimento de uma ex-global por conta de Covid-19; dedicou quase uma página, para discutir a situação das escolas na pandemia. Conferimos também, o espaço dedicado a editais e anúncios, que representam, com exceção da assinatura, as duas únicas fontes de renda da versão impressa da Folha. Com relação aos editais, localizamos um total de 35 aparições. Os tamanhos variaram, de uma forma geral, de uma coluna por quatro centímetros a duas colunas por 26 centímetros. O maior deles ocupou quase a página toda. Sobre os anúncios, os espaços destinados eram mais robustos em relação aos editais. Além disso, todos os anúncios foram impressos em color, o que eleva o custo da publicação. Verificamos os seguintes anúncios: uma página, da Vale; 1,4 168

de página, Technos; rodapé de 7 cm de altura, das assinaturas Folha; uma página, Juntos pela Vida; 1/6 de página, Show Espaço das Américas; uma coluna por 13,5 cm, anúncio de show; uma coluna por 4,5 cm (B14) anúncio da assinatura da Folha; pouco menos que meia página, de assinatura da Folha, direcionado a professores; meia página, Elo. Destes anúncios, três deles eram da Folha, que ofertava assinaturas. Na página A4, havia informações sobre o valor da venda de jornais para cada região do Brasil. O valor da assinatura semestral do jornal à vista, com entrega domiciliar diária varia entre R$ 685,00 e R$ 1.177,00. A venda avulsa, para as mesmas regiões possui variação de preço. Variam entre R$ 5,00 para R$ 10,00 de segunda a sábado e entre R$ 7,00 e R$ 11,50 aos domingos. A partir deste olhar panorâmico sobre a edição impressa da Folha de S.Paulo, evidenciamos alguns apontamentos sobre o conteúdo informativo. Verificamos o total de 58 textos informativos no jornal, 21 no primeiro caderno e 37 no segundo. Destes 58 textos, a maioria (41) é assinada por jornalista, com a indicação do local ao qual se refere o texto. Observamos que uma dessas matérias, na página B3, é uma parceria com a República.org, organização dedicada a contribuir para a melhoria do serviço público no Brasil, conforme anuncia o jornal ao final de sua matéria. Também identificamos que alguns destes textos noticiosos aparecem assinados por duas, ou até três pessoas, como na página A10. Destes 58 textos, 10 não possuíam a assinatura do jornalista e nem a indicação de agência de notícias, apenas com a menção do local de onde a ação se refere, como na página B4, o que pode ser um indicativo de texto de agência, com alteração feita por membro da redação. Ainda averiguamos três textos de outros jornais: dois do The Wall Street Journal e um do Agora,62 além de dois de agência, um da AFP e outro da Reuters. Um deles continha a assinatura do jornalista ao final da matéria; um outro, do Acervo Folha, não continha nem assinatura do jornalista e nem o local da ação na abertura do texto. Sobre os elementos ilustrativos das matérias, percebemos que as imagens são privilegiadas em detrimento dos gráficos e ilustrações. Dos 74 elementos visuais localizados, 52 eram imagens, 20 eram gráficos e dois eram ilustrações. Eles adotam as diretrizes do Projeto Folha, que indica os elementos visuais como uma maneira de informar tudo o que há na notícia, como na imagem da capa, que expressa problemas causados pela chuva. Os projetos editoriais da Folha também exigem nível de excelência dos elementos visuais. As colunas, artigos e editoriais figuraram sem acompanhamento de imagens ou ilustrações.

62 De propriedade da organização Folha. Disponível em: https://agora.folha.uol.com.br/. 169

Após considerarmos a versão impressa da Folha de S.Paulo, passaremos ao diagnóstico do site do jornal. Todo esse levantamento será considerado nas análises finais, ainda neste capítulo.

3.2.2 O retrato do site da Folha

Damos sequência ao check-up da Folha de S.Paulo a partir do ambiente digital, precursor das principais mudanças recentes do Jornalismo. Nesta seção, nos dedicamos a uma descrição panorâmica da disposição dos conteúdos do portal de notícias do jornal. As observações sobre os conteúdos pagos do site do jornal, bem como da edição impressa, serão discutidas mais a fundo, ao final do trabalho, na subseção: “O atual modelo de negócio da Folha”, que considera também a versão impressa. Partimos da descrição das impressões iniciais no momento em que acessamos o site. Depois, seguimos para a exposição de cada um dos itens da barra principal de links. A Figura 2 mostra a página inicial do site no dia 18 de dezembro de 2020, data escolhida para este levantamento.

Figura 2 – Página inicial do site da Folha de S.Paulo em 18/12/2020, a partir de smartphone

170

Fonte: Folha de S.Paulo (acesso digital).63

Poucos segundos após acessar a página da Folha de S.Paulo na internet,64 aparece um banner no ângulo superior da página, com anúncio publicitário. A imagem da Figura 2 foi extraída antes de o anúncio se estabelecer por completo. No registro, aparece apenas a menção “publicidade”, no canto superior direito. Quando a página carrega completamente, o usuário visualiza um banner com publicidade paga. O anúncio adota a lógica do cookie. Em uma reportagem divulgada em 30 de novembro de 2020 pelo Nexo Jornal,65 intitulada “O que você aceita quando habilita cookies nos sites”, o jornal informa que os cookies, que são pequenos arquivos de informação que armazenam dados como senhas salvas e as listas de compras em lojas online, transitam entre o computador e o site em questão como um pacote fechado. A reportagem do Nexo explica que, os avisos de cookies se tornaram mais comuns no segundo semestre de 2020, por conta da Lei Geral de Proteção de Dados que passou a vigorar no Brasil, prevendo que sites e outros serviços digitais passariam a pedir o consentimento expresso do usuário para uso de seus dados pessoais de qualquer tipo. Nos termos e condições de uso do portal da Folha,66 o jornal explica que para navegar por algumas áreas dos sites da Folha, poderia haver a necessidade de identificação por meio de cadastro, onde, poderiam ser solicitados dados pessoais, e solicitações para aceitar o armazenamento de cookies, mencionado pelo jornal como pequenos arquivos instalados por sites nos computadores quando o navegador de internet é usado. Em um teste bem simples, a partir do banner do anúncio principal do site da Folha, localizado no canto superior do portal, verificamos como a lógica do cookie se configura. Duas pessoas além dessa autora, acessaram o site da Folha no dia 18 de dezembro de 2020, em dispositivos que utilizam de forma costumeira: smartphones e computadores. O mesmo banner continha anúncios diferentes para cada uma das três pessoas. Para essa autora, aparecia um anúncio de notebooks (havia feito uma pesquisa recente sobre esses aparelhos na internet); para uma das pessoas, cuja mãe é médica dermatologista, figurava o anúncio de aparelhos de depilação facial; para a terceira pessoa, que realizou uma reforma recente em sua casa, constava o anúncio de uma empresa com produtos de cama, mesa e banho. Resumindo, os anúncios do mesmo espaço, localizados no mesmo dia, eram diferentes para três pessoas, e

63 Disponível em: https://www.folha.uol.com.br/. Acesso em: 18/12/2020, 22h36. 64 Disponível em: https://www.folha.uol.com.br/. Acesso em 18 dez. 2020. 65 A reportagem está disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/11/30/O-que-voc%C3%AA- aceita-quando-habilita-cookies-nos-sites. Acesso em: 19 dez. 2020. 66 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2020/04/termos-e-condicoes-de-uso-folha-de- spaulo.shtml. Acesso em: 20 jan. 2021. 171

isto se deve ao histórico de navegação na internet de cada pessoa, indicando anúncios a partir dos conteúdos acessados. Em um artigo que discute a eficiência da publicidade no Instagram, Facebook e Youtube, Manuel Au-Yong Oliveira, Andreia Sousa, Edna Silva, Fábio Lin e Inês Ferreira (2020) consideram que ainda existe uma lacuna relativa à publicidade digital. Os pesquisadores compreendem que a forma como a publicidade se apresenta é determinada pela maneira como usam a informação a que têm acesso. De acordo com o estudo, o Facebook e o Instagram, por exemplo, fazem uso de informação detalhada, deixada gratuitamente, e sem a suspeição do seu uso posterior, pelos utilizadores nas suas plataformas. A pesquisa indica que o Instagram e o Facebook têm publicidade mais dirigida e segmentada que o Youtube. Seguimos a nossa observação ao site da Folha de S.Paulo. Ao acessar a página, o usuário observa ao centro, em destaque, a logo do jornal. Na mesma linha horizontal, à esquerda, aparecem: menu e ‘assine’ (em vermelho); à direita, contam: entrar e buscar. Logo abaixo da logomarca da Folha, aparecem a sua data de fundação, três estrelas e a mensagem “Um jornal a serviço da democracia”. Acima disto, encontra-se a marca UOL. À esquerda, constam os links: Uol Host, Pagbank, Pagseguro, Cursos. À direita, bate-papo e e-mail. Nesta visualização inicial da página da Folha, observamos a barra principal, com as divisões de editorias e temas contemplados pelo jornal a partir de seus conteúdos. Na mesma barra, existe a possibilidade de alterar o idioma para inglês ou para espanhol. A Figura 3 identifica-a.

Figura 3 – Barra principal de assuntos contemplados pelo conteúdo do jornal

Fonte: Folha de S.Paulo (acesso digital).67

Contemplamos agora, uma descrição dos itens desta barra principal, da esquerda para a direita: Edição Folha; últimas; Opinião; Poder; Economia; Mundo; Cotidiano; Esporte; Cultura; podcasts; f5, conforme é possível observar na Figura 3. Ao clicar em cada um deles, aparece uma nova página, com conteúdo referente a eles. Logo abaixo desta barra principal,

67 Disponível em: https://www.folha.uol.com.br/. Acesso em: 18 dez. 2020, 22h30. 172

surge o anúncio: “Apoie a democracia. Assine a Folha. Oferta especial, apenas R$ 1,90 no primeiro mês”. Começamos clicando em Edição Folha. O usuário é direcionado para uma página, Edição Folha, em que aparece a versão impressa do dia, em tamanho reduzido. Ao clicar na página, o usuário é direcionado para uma outra, que sugere a assinatura do jornal. Existem os links: Favoritos, Anotações e Acervo completo. O Favoritos é “uma área exclusiva para assinantes, oferecendo a possibilidade de leitura da réplica da Folha pelo computador, tablet ou celular, indicando a assinatura por três meses ao valor de R$ 1,90, mais três de R$ 9,90”. Ao acessar Anotações, o usuário recebe a mesma mensagem de Favoritos. Ao clicar em Acervo completo, o usuário é direcionado a uma página que oferece a possibilidade de realizar uma busca avançada, a partir do período desejado, nos jornais Folha de S.Paulo, Folha da Manhã e Folha da Noite. Constam os links: Assine, Banco de Dados Folha, Há 50 anos, Buscas recentes, Edição Folha. A barra Menu também figura na página. Ao clicar em Assine, o usuário é direcionado a uma página que apresenta os planos oferecidos pela Folha. Eles são divididos em duas categorias: Folha Digital e Folha Impressa + Folha Digital. O plano Folha Digital oferece acesso ilimitado diariamente a todo conteúdo digital produzido pela Folha, aplicativos Folha android e IOS, réplica digital do impresso, acervo com edições desde 1921, ao valor de R$ 1,90 no primeiro mês e R$ 19,90 nos cinco meses seguintes. Depois, o valor passa para R$ 29,90 ao mês. Para universitários, “a Folha Digital oferece benefícios, como o plano Acesso Ilimitado com desconto válido enquanto for estudante, newsletter sobre carreiras e seis meses grátis, ao valor de R$ 9,90 por mês até o final do curso, representando um desconto de 67% em relação ao plano normal”. Na assinatura da Folha Impressa + Folha Digital, existem dois planos também. O premium oferece o impresso diariamente e o digital diariamente, com jornal entregue no endereço do leitor e benefícios do plano Acesso Ilimitado por R$ 119,90 por mês, concedendo assinatura gratuita por 15 dias. No plano Light, o leitor recebe o impresso em dois dias da semana (sábado e domingo) no endereço estabelecido, e tem acesso ao digital diariamente, a partir do plano Acesso Ilimitado, no valor de R$ 61,90 por mês, com a vantagem de assinar o primeiro mês de forma gratuita. Em Banco de Dados Folha, o usuário tem acesso a matérias especiais, com referência a datas, como: “1993: O mais famoso traficante do mundo, Pablo Escobar é morto”. O acesso às matérias é impedido por conta da paywall, tema que será discutido na seção O atual modelo de negócio da Folha deste capítulo. Na página existem os links: Saiu no np; Há 50 anos; Prêmio Folha; Quiz; SP: passado e presente; Acervo Folha. Ao acessar: Há 50 anos, o 173

usuário confere matérias com registros históricos. Em Buscas recentes, o usuário é direcionado para o acesso de uma conta, para que ele possa ler mais reportagens, receber as principais notícias do dia por e-mail e ter acesso aos serviços da Folha. Em Últimas, constam as notícias mais recentes, de diversas editorias, que são atualizadas a todo minuto. As matérias são identificadas pela palavra-chave da editoria à qual pertencem. A leitura também é limitada. Constam vários anúncios publicitários nesta página. O usuário pode optar, a partir da barra de opções, acessar conteúdo a partir de Opinião, Política, Mercado, Mundo, Cotidiano, Esporte, Cultura e F5. Em Opinião, constam os editoriais da Folha com a nomenclatura: “O que a Folha pensa”. No dia 18 de dezembro, havia dois deles: “Abrir torneiras”, sobre Política pública; “Negação da maconha”, sobre Bolsonarismo. Ao clicar em um dos editoriais, a barreira do paywall impede a leitura. Em Colunas e Blogs aparecem: Últimas, Colunas e Blogs, Colunas e convidados, Ex-colunas. Acessando o link Últimas traz as últimas postagens da seção. Em Colunas e Blogs, constam as colunas e os blogs da Folha. São 186 deles, que contemplam diversos assuntos e temas, em ordem alfabética. Em Colunas de convidados, figuram 75 links para acessar esses conteúdos, com limitação do paywall. Também existem as Ex-colunas, com conteúdo de 183 ex-colunistas. Em Tendências/debates, constam artigos. Ao acessar os artigos, aparecem os ícones: Facebook, WhatsApp, Twitter, Assinantes, comentários e um outro, em um círculo com reticências, que incorpora outros links: Linkedin, feed, enviar por e- mail, URL curta, imprimir. O jornal registra o convite para o leitor enviar o seu artigo e também o seu vídeo. Em Opiniões da Folha, o usuário é direcionado à editoria Poder, que apresenta uma matéria de 2018 explorando a necessidade de o jornal expressar diariamente seus pontos de vista sobre controvérsias. Em Ombudsman, o usuário tem acesso à página de Flávia Lima, ombudsman da Folha. Apresenta um breve perfil da jornalista, e textos sobre assuntos do cotidiano assinados por ela, com a barreira de paywall. Em Charges, o usuário tem acesso às charges publicadas pelo jornal durante o mês. O acesso é liberado. Em Poder, é possível conferir matérias de cunho político e jurídico. Na página, existem os links: Eleições 2020, Apuração, Lava Jato, Folha Jus, Legislativo paulista, Entrevista da 2ª. Também existem os links Agência Lupa, que direciona o leitor para o site da agência de checagem de fake news, e Piauí, que direciona o usuário para a revista piauí. Nessa página, também é ofertada a newsletter Folha Jus, que é enviada para o e-mail do assinante toda terça-feira, com notícias, colunas e análises sobre o universo jurídico. 174

Em Eleições 2020, constam: “apuração dos votos”, “fichas dos candidatos”, “jaboticabal brasileira”, “os nós de SP”, “Grande SP”. Em Apuração, aparecem “apurações das eleições de 2020”. Em Lava Jato, constam matérias referentes à operação. A Folha Jus compõe-se de matérias sobre o mundo jurídico. Além de oferecer a newsletter semanalmente no e-mail do leitor, oferece, ainda, assinatura para advogados, um pacote digital com informações do cenário jurídico e newsletter com o resumo da semana. Legislativo paulista, reúne as principais discussões sobre o Legislativo de SP. Em Entrevista da 2ª, constam entrevistas especiais. Em Economia, aparece uma barra com as opções: “economia em debate”, “mercado financeiro”, “reforma administrativa”, “tech” e “mpme”. Nesta página, o jornal oferece a newsletter Folha Mercado, informando que o envio do boletim é feito de segunda a sexta pela manhã, de forma gratuita, com notícias e análises de economia. Uma notícia da Folha de 27 de agosto de 2020,68 informa sobre o lançamento da newsletter gratuita sobre economia e negócios. A matéria informa que o público-alvo é constituído de empreendedores, investidores, executivos e outros profissionais. Menciona também, que o acesso ao e-mail é liberado mesmo para não-assinantes do jornal. Em Economia em debate, aparecem artigos e matérias sobre o assunto. Mercado financeiro, contempla a cobertura do mercado financeiro. Reforma administrativa reúne matérias e artigos sobre o assunto. Em Tech, onde constam links para o The Wall Street Journal, há a cobertura desse veículo sobre o mundo tech e games. Em Mpme, verificam-se matérias sobre negócios e empresas. Em Mundo, aparecem os links: “eleições EUA", “China”, “governo Trump”, “”, "Coreia do Norte”, “diplomacia brasileira”, “mundo leu”. Ao acessar o link Cotidiano, o usuário é direcionado para a barra com os links “educação”, “ambiente”, “saúde”, “coronavírus”, “Rio de Janeiro”, “feminicídio” e “mortes”. Na barra Esporte, o usuário encontra, ao clicar, os seguintes links: “brasileiro”, “libertadores”, “Tóquio-2020”, “Copa-2022”, “futebol feminino”, “podcast bola de chumbo”. Ao clicar no link Cultura, o usuário é direcionado à página da Ilustrada com os links para: “artes plásticas”, “cinema”, “livros”, “moda”, “música”, “escuta aqui”, “teatro”, “televisão”, “Guia Folha”. Ao clicar em Podcasts, aparecem os links: “café da manhã”, “epidemia”, “expresso ilustrada”, “ilustríssima conversa”, “40 semanas”, “Folha na sala”, “presidente da semana”. Em “F5”, o usuário encontra as principais notícias sobre famosos e celebridades. Aparecem ali os links:

68 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/08/folha-lanca-newsletter-gratuita-sobre- economia-e-os-negocios.shtml. Acesso em: 18 dez. 2020. 175

“Últimas”, “Astrologia”, “Celebridades”, “TV”, “ 12”, “Cinema/Séries”, “Música”, “Nerdices”, “Estilo/Beleza”, “Viva Bem”, “Colunistas”. Após descrever os itens da barra principal de opções do site da Folha, partimos para a descrição dos demais conteúdos do portal, seguindo com a observação até o rodapé da página. As notícias são atualizadas a todo o tempo. Na noite do dia 18 de dezembro de 2020, a principal era: “Câmara aprova adesão a consórcio e facilita aval a vacinas de uso emergencial contra Covid”. Observamos que as notícias possuem ícones para compartilhamento no Facebook, WhatsApp e Twitter; também constam um ícone para assinantes, um para comentários, apresentando o número deles (ao clicar neste ícone, o usuário tem acesso às manifestações dos leitores) e um outro, com outras possibilidades de compartilhamento, a saber: Linkedin, feed, enviar por e-mail, link para compartilhamento além de, impressão. Ao descer a barra lateral, observamos conteúdos diversos espalhados pelo site. Ao descer um pouco mais, aparece uma linha divisória no site, com a palavra “Natal”. A partir daí, surgem diversos conteúdos sobre o período natalino: matérias, receitas, dicas de decoração, sugestão de presentes. Uma nova linha divide novamente o conteúdo. Agora aparecem “Colunas e Blogs”. Em outra divisão, aparece o ícone “Folha100” com uma contagem regressiva do centenário do jornal, assim como adotado na versão impressa. Uma nova linha depois, e seguindo o cursor para baixo, surgem matérias de temas diversos, de notícias sobre o Supremo Tribunal Federal à mercado. Depois aparece o banner: “Estúdio Folha: conteúdo patrocinado”, com links de conteúdos patrocinados.69 Em seguida aparece: “Mais lidas”, “Em escala de um a cinco”. Uma nova divisão e o usuário tem acesso aos podcasts. Abaixo, notícias esportivas e outros textos ladeados por conteúdos patrocinados (textos com estética jornalística, mas que na verdade, são pagos). Ao descer um pouco mais, encontramos uma nova divisão e as palavras “como fazer”, com matérias de cotidiano. Depois aparecem links para notícias de Economia, Cultura e Esporte. Ao lado, figuram as chamadas para os editoriais do dia 18 e para as tendências/debates. Também consta: Previsão do tempo, Painel do leitor, além de outros anúncios, que estão por todo o site. Depois, “notícias sobre artistas e famosos”. Um banner da “TV Folha” aparece, com vídeos de coberturas. Também há o link Fotografia, com imagens do dia. Ainda encontramos textos sobre represas e reservatórios, Folhainvest, “teste de saúde para viver melhor”. Só então aparecem os serviços e conteúdos de todo o site. Eles estão divididos em: Folha de S.Paulo (Sobre a Folha, Acervo Folha, Clube Folha,

69 O Estúdio Folha será considerado na seção que trata do modelo de negócio da Folha. 176

Expediente, Política de Privacidade, Prêmio Folha, Projeto Editorial, Seminários Folha, Trabalhe na Folha, Vagas em TI, Treinamento). Em Fale com a Folha aparecem: “Anuncie”, “publicidade Folha”, “atendimento ao assinante”, “erramos”, “Fale com a Folha”, “Ombudsman”, “Painel do Leitor”; Editorias: Poder, Mercado, Cotidiano, Mundo, Esporte, Ilustrada, Ilustríssima, F5, Saúde, Ciência, Fotografia, TV Folha, Educação, Banco de Dados, Turismo, Guia Folha, Sobre Tudo, Revista São Paulo. Em Opinião: “Opinião”, “Colunas” e “Blogs”; Mais seções: “Dias Melhores”, “Empreendedor Social”, “Especiais”, “Folha en Español”, “Folha in English”, “Folhainvest”, “Folhaleaks”, “Folha Mapas”, “Folha Tópicos”, “Folha Transparência”, “O Melhor de São Paulo”, “últimas”, “Versão Impressa”, “Mapa do site”. Em Serviços: “Aeroportos”, “Classificados”, “Folha Informações”, “Horóscopo”, “Loterias”, “Mortes”, “Tempo”. Em Outros Canais: “Agora”, “e-mail”, “Folha”, “Datafolha”, “Folhapress”, “Folha Eventos”, “Publifolha”, “Top of Mind”. Também constam informações sobre a audiência na Folha. No dia de nosso acesso, observamos o número de 224.661.655 páginas vistas, com referência a novembro de 2020. Também aparecem “Canais da Folha” (“Fale com a Redação” e “Mapa do site”) e “Newsletter”, que pede o e-mail do usuário. Ao digitar o meu e-mail, fui direcionada para outra página, que pergunta sobre quais newsletters eu gostaria de assinar. Na lista constam 14 opções, são elas: Notícias do dia; Colunas e Blogs; Dicas do Editor; Folha Carreiras; Folha Mercado; Folha Med; Folha Jus; Brasília Hoje; F5; Pra curtir SP; Lá fora; Folha na sala; New in English; Notícias en Español. A partir desta descrição, sobre a disposição dos conteúdos do site da Folha de S.Paulo, no dia 18 de dezembro de 2020, é possível apontar algumas observações sobre o modo como o jornal está operando atualmente neste canal. Identificamos que os conteúdos do jornal estão dispostos de maneira estratégica, contemplando todas as suas editorias tanto na horizontal, quanto na vertical, de modo que, se o usuário tiver interesse em seguir a leitura a partir de qualquer uma das direções, terá acesso a diferentes conteúdos. A mesma identificação se aplica aos anúncios, que estão tanto no banner superior, como nas laterais, e disfarçados como notícias, a partir do projeto Estúdio Folha. Também localizamos banners sobre a TV Folha, canal da Folha no Youtube. Sobre os conteúdos jornalísticos, observamos itens como: a instantaneidade, recursos multimídias (texto, som, gráficos, ilustrações, vídeos) acessibilidade, compartilhamento e desdobramento. As notícias são atualizadas a todo o instante. Durante o nosso check-up, verificamos atualizações em poucos segundos. Também identificamos a incidência de uso de 177

recurso gráfico, de ilustrações e vídeos nas matérias, que permitem o seu compartilhamento a partir das redes sociais acima identificadas. Há a possibilidade de aumento ou diminuição do tamanho da fonte e também de acesso ao texto a partir de áudio, permitindo o alcance a pessoas com dificuldades visuais ou auditivas. As matérias possuem links para outros textos referentes ao assunto divulgado, possibilitando uma ampla gama de informações. Em um dos textos sobre a Folha levantados no segundo capítulo, “Potencialidades digitais e inovações jornalísticas: análise quantitativa de especiais da Folha”, Mônica Cristine Fort, Márcio Morrison Kaviski Marcellino, Lidia Paula Trentin e Ana Paula Heck (2018), analisaram, quantitativamente, 34 conteúdos jornalísticos considerados especiais pelo próprio veículo publicados em 2017, no site do jornal. Os autores se propuseram a fazer um levantamento quantitativo de potencialidades digitais empregadas em produção jornalística no site da Folha de S. Paulo, e observaram que, os atributos presentes na maior parte das reportagens são multimidialidade (97% das matérias) e hipertextualidade (68%). Dentre os aspectos analisados nas reportagens, destacou-se a característica da interatividade. A pesquisa concluiu que, potencialidades digitais têm sido experimentadas em textos online, com a verificação de práticas criativas que ilustram as reportagens e também as complementam; também observou a interação, multissensorial e guiada por dados. Praticamente todo o conteúdo do jornal tem acesso limitado, com o impedimento da paywall, questão que será discutida ainda neste capítulo, na investigação sobre o atual modelo de negócio da Folha. A descrição não aparece antes de se clicar na notícia. Ou seja, para saber se o conteúdo possui limitação de leitura, é necessário clicar na notícia. Apenas as charges têm acesso liberado. Em Edição Folha, por exemplo, a edição aparece reduzida, e só pode ser observada em tamanho superior por assinantes. Sobre os planos de assinaturas, que aparecem no site, percebemos que a Folha diversificou as possibilidades de o usuário contrair uma assinatura, pensando em públicos diferentes. Aos universitários, por exemplo, são concedidos descontos, permitindo o acesso ao jornal por um preço bem reduzido. A Folha também oferece o plano premium, mais robusto, que oferece jornal entregue no endereço determinado diariamente, além da assinatura digital. As assinaturas se dividem, então, em duas categorias: assinatura digital, ou impressa mais a digital. Nesta última, tem inclusive um plano para a entrega das edições impressas apenas do final de semana. Os planos variam de R$ 9,90 a R$ 119,90 por mês. Apesar de a Folha possuir 14 newsletters, apenas a Folha Jus, que é paga, ganhou disposição de destaque na edição analisada, com o ícone inserido ao lado direito da principal 178

notícia do dia. Pela vocação política do jornal, a newsletter pode representar um bom nicho de assinaturas.

3.2.3 A Folha nas redes sociais

Uma das recentes alterações do jornalismo contemporâneo recai sobre a produção do texto noticioso, em diferentes canais e mídias sociais, como o Facebook, Twitter, Instagram e Youtube. A Folha de S.Paulo também incorporou essas alterações e produz conteúdo noticioso para cada uma das plataformas. Com o intuito de complementar o diagnóstico atual da Folha de S.Paulo, consideramos a presença do jornal nessas redes sociais, que foram as mais investigadas pelos pesquisadores brasileiros, a partir do viés da produção jornalística em mídias sociais, na última década, conforme indicado no segundo capítulo desta pesquisa. Com o intuito de contextualizar esse panorama da Folha de S.Paulo no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube, a pesquisa irá tecer um paralelo entre a Folha, O Globo e o Estadão. Elegemos O Globo e o Estadão para este comparativo a partir do número de vendas dos jornais. Nos baseamos no levantamento aferido pelo Instituto Verificador de Comunicação e publicado pela Folha em 26 de junho de 2020, mencionado no início deste capítulo. O IVC apontou a liderança da Folha, com 338.675 vendas de exemplares diários, seguida do O Globo, com 333.653 e do Estadão, com 240.093. Compreendemos esta discussão sobre as organizações midiáticas nas redes sociais, indicando, a partir das páginas da Folha, do O Globo e do Estadão no Facebook,70 Twitter,71 Instagram72 e Youtube,73 quando esses jornais se hospedaram em cada uma das mídias e canais indicados, além da expressividade da audiência desses jornais.

70 Página da Folha no Facebook. Disponível em:https://www.facebook.com/folhadesp/. Acesso em: 17 dez.2020. Página do O Globo no Facebook. Disponível em: https://pt-br.facebook.com/jornaloglobo/. Acesso em: 17 dez. 2020. Página do Estadão no Facebook: Disponível em: https://pt-br.facebook.com/estadao/. Acesso em: 17 dez. 2020. 71 Página da Folha no Twitter. Disponível em: https://twitter.com/folha?ref_src=twsrc%5Egoogle%7Ctwcamp%5Eserp%7Ctwgr%5Eauthor. Acesso em: 17 dez. 2020. Página do O Globo no Twitter. Disponível em: https://twitter.com/JornalOGlobo?ref_src=twsrc%5Egoogle%7Ctwcamp%5Eserp%7Ctwgr%5Eauthor. Acesso em: 17 dez. 2020. Página do Estadão no Twitter. Disponível em: https://twitter.com/Estadao?ref_src=twsrc%5Egoogle%7Ctwcamp%5Eserp%7Ctwgr%5Eauthor. Acesso em: 17 dez. 2020. 72 Página da Folha no Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/folhadespaulo/?hl=pt-br. Acesso em: 17 dez. 2020. Página do O Globo no Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/jornaloglobo/?hl=pt-br. Acesso em: 17 dez. 2020. 179

O Quadro 8 compreende o levantamento realizado em 17 de dezembro de 2020, com a distinção dos veículos Folha, O Globo e Estadão, data de hospedagem dos jornais no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube e número de curtidas na página, seguidores e inscritos dos veículos nessas mídias sociais. A ordem dos veículos na tabela condiz com o número de vendas de exemplares diários, já mencionado anteriormente.

Quadro 8 – Hospedagem e desempenho da Folha, O Globo e Estadão no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube

VEÍCULOS DESDE QUANDO DESEMPENHO EM DEZ. 2020 Folha Facebook: desde 29 março, 2010 Facebook: 5.661.000 de curtidas na página Twitter: desde abril de 2008 Twitter: 7,6 milhões de seguidores Instagram: não informado Instagram: 2,4 milhões de seguidores Youtube: 1º mar. 2006 Youtube: 573 mil inscritos O Globo Facebook: não informado Facebook: 5.649.123 de curtidas na página Twitter: desde junho de 2010 Twitter: 464,9 mil seguidores Instagram: não informado Instagram: 2,1 milhões de seguidores Youtube: 4 de julho de 2008 Youtube: 646 mil inscritos. Estadão Facebook: não informado Facebook: 3.671.434 de curtidas na página Twitter: desde outubro de 2007 Twitter: 6,9 milhões de seguidores Instagram: não informado Instagram: 1,8 milhão de seguidores Youtube: 6 de setembro de 2006 Youtube: 474 mil inscritos

Fonte: elaborado pela autora, a partir das páginas iniciais dos jornais Folha de S.Paulo, O Globo e Estadão, hospedadas nas redes Facebook, Twitter, Instagram e Youtube.

Sobre a hospedagem dos jornais no Facebook, identificamos que apenas a Folha manifesta a data de criação da página, em março de 2010. Na página do Facebook do O Globo não consta a data de hospedagem. Aparece apenas a data da fundação do jornal, em 29 de julho de 1925. A página do Estadão, da mesma forma, não divulga quando passou a figurar no Facebook e divulga também, a data de fundação do jornal, em 4 de janeiro de 1875. Em um dos estudos mapeados no segundo capítulo desta pesquisa, Gisele Reginato e Marcia Benetti (2017) apuraram, em 20 de janeiro de 2017, o número de curtidas das páginas do Facebook da Folha, do O Globo e do Estadão. A Folha contava com 5.806.072, O Globo, 5.140.315 e Estadão, 3.397.624. Quase quatro anos depois, em 17 de dezembro de 2020, conferimos o número de curtidas das páginas dos três jornais. A Folha continua na liderança

Página do Estadão no Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/estadao/?hl=pt-br. Acesso em: 17 dez. 2020. 73 Página da Folha no Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/user/Folha. Acesso em: 17 dez. 2020. Página do O Globo no Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UC- 6xqzMBF2CXTImn_a4aCVg. Acesso em: 17 dez. 2020. Página do Estadão no Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/user/estadao. Acesso em 17 dez. 2020. 180

quando o assunto é número de curtidas, com 5.661.000; O Globo possui 5.649.123 e Estadão, 3.671.434.74 Com relação ao Twitter, apesar de o Estadão ter sido o primeiro dos três a ter se hospedado na rede social, em outubro de 2007, a Folha, que passou a ter uma página no Twitter seis meses depois, lidera o número de seguidores em 2020: 7,6 milhões, 700 mil a mais que o Estadão, que conta com 6,9 milhões de seguidores. O Globo, que foi o último dos três jornais a criar uma página no Twitter, em junho de 2010, possui atualmente 464,9 mil seguidores, número expressivamente inferior em relação aos outros veículos. Hébely Rebouças (2019) assina o artigo “Quando o Twitter pauta o jornal: análise da cobertura da Folha de S.Paulo sobre o perfil de Jair Bolsonaro”, identificado no segundo capítulo sobre a Folha. A pesquisa analisa como o jornalismo convencional lida com as estratégias de comunicação online de agentes do campo político, investigando a cobertura da Folha de S.Paulo sobre os conteúdos do presidente Jair Bolsonaro no Twitter em 2019. A investigação concluiu que, na maioria das vezes, a Folha explorou o Twitter de Bolsonaro como mero elemento de contextualização das notícias, privilegiando conteúdos de relevância pública, como anúncio de medidas de governo, além de temas que possuem o conflito e a política em seu cerne, como crises e disputas político-partidárias. Nas páginas do Instagram dos três jornais, não existe informação relativa à data de hospedagem dos veículos, quadro costumeiro nessa rede social, pois os seus usuários, e mesmo as empresas que se inserem no Instagram, de uma forma geral, não informam quando criaram suas contas. Quanto ao número de seguidores dos jornais, a Folha está na liderança, com 2,4 milhões de seguidores, seguida pelo O Globo, com 2,1 milhões de seguidores e do Estadão, com 1,8 milhão de seguidores. Com relação às páginas do Youtube, a Folha de S.Paulo foi a primeira a inscrever-se no canal, em março de 2006; seis meses depois, foi a vez do Estadão. O Globo ingressou em julho de 2008. O único item em que a Folha é superada neste quadro é o de número de inscritos no canal do Youtube, o jornal O Globo possui 646 mil inscritos. A Folha possui 573 mil inscritos e o Estadão, 474 mil. Assim, tanto a Folha quanto O Globo e o Estadão se hospedaram nas mídias sociais no mesmo período, entre 2006 e 2010. Com relação à audiência, a Folha lidera quase com

74 Folha. Disponível em: https://www.facebook.com/folhadesp/. Acesso em: 17 dez. 2020. O Globo. Disponível em: https://www.facebook.com/jornaloglobo. Acesso em: 17 dez. 2020. Estadão. Disponível em: https://www.facebook.com/estadao/. Acesso em: 17 dez. 2020. 181

soberania. Dos quatro canais identificados, o jornal figura em segundo lugar apenas com relação ao número de inscritos no Youtube.

3.3 A notícia como um produto à venda com o suporte da tecnologia

Este capítulo já contemplou um resgate da história da Folha de S.Paulo, apurou os projetos editoriais do jornal, traçou um diagnóstico a partir das versões impressa e digital da organização e verificou a presença da Folha nas redes sociais. Com o apoio desse panorama e com o suporte dos momentos anteriores, a pesquisa se concentra nas análises aqui propostas com o intuito de considerar a questão que norteia esta pesquisa: a partir das práticas da Folha, como as empresas buscam respostas para a transformação vivida pelo setor diante das inovações tecnológicas, sobretudo após o surgimento da internet, de modo que a informação possa continuar sendo oferecida por elas como um produto no mercado da comunicação? Neste momento, enveredamos nossos esforços para três momentos de análise: 1) o discurso da Folha no documentário O jornal do futuro; 2) o discurso da Folha na discussão sobre o futuro do jornalismo a partir dos três seminários realizados pelo jornal; 3) o atual modelo de negócio da Folha. Procederemos a análise do corpus dos dois primeiros momentos embasados nos princípios da Análise do Discurso de linha francesa, derivada de Michel Pêcheux. Orlandi (2009) sintetiza que a Análise de Discurso não trata da língua, não trata da gramática, embora todas essas coisas lhe interessem. Ela trata do discurso. E a palavra discurso, de acordo com Orlandi, tem em si a ideia de curso, de percurso, de correr por, de movimento. O discurso é assim palavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do discurso observa-se o homem falando.

3.3.1 O discurso da Folha no documentário O Jornal do futuro

O documentário O Jornal do Futuro, 75 de maio de 2010, retrata as mudanças físicas na redação do jornal, que permitiram a integração com a Folha.com e mostra o então novo projeto gráfico do jornal que foi, na oportunidade, apresentado a toda a equipe do jornal. O vídeo captou depoimentos de Otávio Frias Filho, diretor de redação da Folha na época, que

75 Disponível em: https://vimeo.com/13704875. 182

faleceu oito anos mais tarde,76 de Sérgio Dávila, então editor-executivo do jornal e que ocupa, desde 2019, o cargo de diretor de redação (uma notícia da Folha anunciou a aprovação da nomeação),77 de colunistas e outros membros da equipe de jornalismo, somando 21 participações.78 A narrativa foi construída de forma a enaltecer o trabalho realizado por Dávila, que foi a figura central da produção. Com o objetivo de organizar o escopo do documentário e delimitar o recorte de nossa análise, faremos inicialmente, uma transcrição de todos os depoimentos da produção, que possui a duração de 18 minutos. Esse passo inicial incide sobre a primeira etapa da Análise de Discurso que, de acordo com Orlandi (2009), indica a necessidade de configuração do corpus, delineando seus limites, fazendo recortes, na mesma medida em que, se vai incidindo um primeiro trabalho de análise, retomando-se conceitos e noções, em um procedimento que demanda um ir-e-vir constante entre teoria, consulta ao corpus e análise. Orlandi considera a análise como um processo que inicia pelo estabelecimento do corpus e que se organiza face à natureza do material e à pergunta que o organiza. No nosso caso, pretendemos verificar a postura da Folha de S.Paulo frente aos desafios do jornalismo contemporâneo, e identificar como são declarados aspectos sobre o modelo de negócio adotado pelo jornal, a partir desse cenário. Passamos agora, à transcrição do documentário para posteriormente delimitarmos o corpus da análise. O documentário é aberto com a mensagem em letras brancas e com fundo preto: “Enquanto se discutia o futuro do jornal, a Folha fez o jornal do futuro”, passando a mostrar cenas de São Paulo. Depois, aparecem imagens do prédio em obras com uma locução: O que a gente chama de velho saguão das rotativas, atualmente é uma parte que está em reformas, inclusive é uma parte desativada, com pé direito alto, um assoalho de madeira antiga. Até poucos meses atrás, havia uma velha rotativa da marca Ross, feita ainda nos anos 40. Era um ambiente que tinha

76 Na notícia sobre a morte de Frias, a Folha anunciou que o jornalista, que foi o mentor do Projeto Folha, havia modernizado o Jornalismo brasileiro na década de 1980. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/morre-aos-61-otavio-frias-filho-diretor-de-redacao-da- folha.shtml. Acesso em: 20 jan. 2021. 77 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/03/jornalista-sergio-davila-assume-direcao-de- redacao-da-folha.shtml. Acesso em: 20 jan. 2021. 78 Verificamos na transcrição dos depoimentos do documentário O jornal do futuro as participações de: Sérgio Dávila; Juca Kfouri, colunista; José Simão, colunista; Barbara Gancia, colunista; Eliane Stephan, Coordenadora de Design; Jair de Oliveira, diagramador; José Henrique Mariante, Editor de Esporte; Cleusa Turra, Diretora de Revistas; Marco Aurélio Canônico, Editor de Fotografia; Ligia Mesquita, repórter da Coluna Mônica Bergamo; Leandro Nomura, Repórter da coluna Mônica Bergamo; Otávio Frias Filho, Diretor de Redação; Mônica Bergamo, Editora da Coluna Mônica Bergamo; Sylvia Colombo, Editora da Ilustrada; Rogério Gentile, Secretário de Redação; Raul Juste Lores, Editor de Mercado; Marcelo Coelho, Colunista; Walkiria Pereira Leite, redatora; Vinicius Mota, Secretário de Redação; Paulo Werneck, editor da Ilustríssima; Maria Cristina Frias, colunista.

183

um cenário muito interessante. Eu gosto deste lugar do ponto de vista arquitetônico, até do ponto de vista afetivo.

Sérgio Dávila, diz, mostrando a instalação: O prédio velho da Folha para mim é um motivo de orgulho porque é um jornal que tem 90 anos, então é um jornal sólido, de tradição, que tem uma história, mas ao mesmo tempo é inquieto, é moderno, é nervoso. A gente está desde abril trabalhando com essa fusão orgânica dos dois meios. Não há mais a redação do online, a redação do papel. Há uma redação só da Folha de S.Paulo com essas duas plataformas. Antes da reforma que demorou um ano e que fez, que mudou tudo aqui, você descia desses elevadores, aqui era o quarto andar, era a redação inteira.

Juca Kfouri, colunista, falou da reforma gráfica que vinha por ali, ressaltando a importância do novo projeto editorial em curso e do momento que seria liderado por alguém que ele dizia conhecer bem, que é Sérgio Dávila. José Simão, colunista, aparece nas imagens. Sérgio Dávila afirma: Nessa década fora do Brasil eu fui correspondente em Nova York de 2000 a 2003. Bush foi eleito no tapetão e eu estava lá. Onze de setembro de 2001, eu morava a 20 quadras do 11 de setembro e na manhã do 11 de setembro eu cheguei já aos escombros e fiz a cobertura pelos próximos meses. Fiz uma cobertura aí que foi a Guerra do Iraque e aí de lá, tocou o telefone, era a direção da Folha me fazendo esse convite. Cinco minutos depois eu liguei para cá e falei que eu iria, já sabendo, desde o convite, que eu iria aceitar.

Barbara Gancia, colunista, falou que Sérgio parecia um playmobill com aquele capacete, referindo-se ao fato de ele participar da cobertura da guerra do Iraque. “Sérgio Dávila, cara importantérrimo”, completou. A produção segue com uma locução de Dávila e imagens de uma reunião para definição da nova capa, com votos entre os dirigentes. “Esta tem sido a minha vida nos últimos dias, não tem sábado, domingo, feriado, não tem nada. Toda a equipe está assim, pilhada, tentando fazer a melhor edição possível, não só no domingo, dia 23, mas na semana seguinte”, diz Dávila. Aparecem imagens de reuniões, das obras. Depois, Eliane Stephan, coordenadora de design, fala: Chegou a avaliação que o jornal tinha perdido a identidade dele por ter cada caderno de um jeito, e que, enfim, estava sem parâmetros. Então eles me chamaram para dar esse redesenho, que na verdade é um redesenho. Primeiro nós recuperamos a fonte Folha sérifc, desenhada especificamente para o jornal. É a identidade do jornal, a voz do jornal.

184

Jair de Oliveira, diagramador, diz: “Maior legibilidade do jornal, maior organização, tá. Maior identidade entre as editorias”. Simão brinca: “A Folha fez uma lipo, é isso? Tirou as olheiras (risos)”. Depois, aparecem imagens da equipe de redação conhecendo o novo formato. José Henrique Mariante, editor de Esporte, também participa: O volume de trabalho me assusta mais do que a mudança em si. Elas me parecem necessárias assim, mas eu não sei se existe uma maturidade profissional minha ou da Folha, mas eu já sei onde a gente vai chegar. O problema é chegar lá, esse é o grande desafio.

Dávila mostra a sala de reuniões da primeira página e as instalações da redação. Cleusa Turra, diretora de revistas, faz críticas a imagens de capas da Folha: Esta aqui é uma ótima foto, não olha para o leitor; esta aqui é uma ótima foto, não olha para o leitor. Se você for olhar, não olha. Eu interpretei assim. Vamos sinalizar que a gente tá com um olhar mais moderno para fotografia. Geralmente, quando tem uma foto assim que eu acho que a gente está apostando, é uma foto difícil, é uma foto hermética.

Sobre as ponderações, Marco Aurélio Canônico, editor de fotografia, afirma que há casos e casos, e diz que não dá para traçar isso como uma regra geral. Se você olhar a capa do jornal de hoje, é uma bela foto e que a mãe não está olhando para o leitor, e não faria nenhum sentido ela estar olhando para o leitor, ela tem que estar olhando para a criança. A notícia é isso: a mãe que tinha tido a criança roubada, recebeu o filho de volta. Não tinha nenhum sentido ela estar olhando para o leitor.

Ligia Mesquita, repórter da coluna Mônica Bergamo, afirma: “Essas mudanças sempre causam uma (...), a gente chama de a fofoca do cafézinho. Então, sempre, ali na máquina do café, tem gente: ‘Ah, eu acho que vai ter muita foto, ou vai ser muito colorido’”. Leandro Nomura, repórter da mesma coluna, acrescenta: “Eu não sei nada. Para ser sincero eu estou bem ansioso para saber como é que vai ser. Hoje vai ter uma reunião geral da redação”. Imagem mostra a reunião geral, em um auditório, com os jornalistas sentados. Sérgio Dávila abre a reunião e justifica que o Otávio Frias Filho que iria abrir a apresentação pedia desculpa; por conta de um problema pessoal, não podia comparecer. Depois, aparece Dávila em uma sala de escritório: O Otávio é uma pessoa muito reservada. Ele é o cérebro por trás da redação e dessas mudanças todas, do projeto gráfico, mas ele odeia aparecer, ele odeia falar, ele odeia dar entrevista. Então os meus cem reais eu colocaria: 20 que ele vai te dar a entrevista e 80 que ele não vai dar. Depois você me diz se eu ganhei ou não.

Logo depois, aparece Otávio Frias Filho, em uma sala. 185

Eu procurei ao máximo estimular as ideias originais, estimular as pessoas que estavam empenhadas em fazer mudanças que pudessem arejar o jornal, modernizar o jornal, e acho que tivemos aí algum sucesso nesse trabalho de coordenação, mas quem vai decidir isso evidentemente é o leitor né.

Em seguida, aparece Dávila, na apresentação do projeto à redação: “A gente está vivendo uma nova versão, uma nova fase, um novo momento do Projeto Folha e que em conteúdo vai se basear no tripé: furos e informações exclusivas, textos sintéticos e analíticos, em pouco espaço e no esforço colaborativo”. Mônica Bergamo, editora da coluna de seu nome. “Eu acho que isso que foi colocado na reunião é fato. Quer dizer, se você pode contar uma coisa em 20 linhas, por que você vai gastar 200 para contar? Você vai enrolar”. Sylvia Colombo, editora da Ilustrada. “A gente sabe que hoje o leitor tem muito menos tempo para tudo. Hoje a gente concorre com outras mídias, a gente concorre com a internet, com a tv, então ele tem menos tempo para nós”. Juca Kfouri considera que cada vez menos se vê boa literatura nos jornais e acredita que os jornais têm esse papel. Rogério Gentile, secretário de redação: “O jornalista sempre quer escrever muito, né? Então, é natural, todo mundo quer, acha que o seu texto merece aquele espaço, e é saudável que seja assim, um repórter que não briga pelo seu texto”. Raul Juste Lores, editor de Mercado: “O Caetano Veloso, nos anos 60, já escreveu e cantou “quem lê tanta notícia”. Hoje em dia ele teria até que reescrever essa canção, porque nós somos bombardeados por notícias o tempo todo”. José Simão: “Eu queria ver fazer o jornal como no Twitter, com 140 caracteres. Aí eu queria ver”. Marcelo Coelho, colunista, fala, a respeito de um comentário numa das reuniões, sobre o novo estilo de texto, mais enxuto, a ser desenvolvido: “Eles vão ser menores, mas mais analíticos? E como é que faz isso? Por mais que a gente tente fazer a coisa seguir, porque são dois critérios, sintético e analítico junto”. Frias: O nosso objetivo é ter um noticiário commodity bem feito e bem sintético com um panorama da véspera e você teria um outro corredor de leitura, que seria um corredor de leitura para aqueles 25% de leitores que têm um grau de exigência maior, têm mais disponibilidade para ler, têm mais interesse em ler. Esses caras teriam textos mais longos, porque nós continuaremos tendo textos mais longos. A gente tem procurado estabelecer um critério informal que em cada edição você tem pelo menos quatro ou cinco textos que são textos de leitura. E as análises, e as colunas, em tese tem um tratamento mais delicado do ponto de vista gráfico, porque pressupõe que é 186

um corredor de leitura para o leitor mais elitizado, ou mais exigente, ou com mais tempo, ou que quer ter algo a mais do que o noticiário commodity.

Dávila, na apresentação das mudanças à redação: “As três estrelas se tornam uma marca cada vez mais forte do jornal. A vermelha, Folha da Tarde, a azul, Folha da Noite e a preta, Folha da Manhã”. Depois de mostrar imagens dos jornalistas fazendo perguntas, o documentário segue para o comentário de Walkiria Pereira Leite, redatora. Aquela estrela vermelha, está no lugar errado, principalmente depois que o Lula e o PT meteu um esparadrapo na boca do Jabor. A Folha está bombaresca com essa coisa aí, está horrorosa. Quem tem tempo de Folha aqui sabe que as cores da Folha é azul e amarela. Então eu sugiro que troque aquela estrela vermelha por uma estrela amarela.

A sugestão foi respondida por Eliane Stephan, coordenadora de design: “O PT não é dono das estrelas”. Vinicius Mota, secretário de redação. “Algumas partes das mudanças não vão agradar a uma parcela do público, não só dos jornalistas, mas também do público leitor. E isso é da vida”. Dávila: “Diretor executivo, você acabou de apresentar o novo projeto gráfico e eu não gostei de nada. Isso é a Folha”. Na reunião com a equipe de redação, Dávila fala dos colunistas e faz uma rápida apresentação do time de colunistas. Juca Kfouri diz que é uma belíssima tacada para o jornal que com muita frequência é acusado de ser tucano, de ser serrista. “Mas o Serra não acha isso, ele está convencido que o Otávio Frias Filho o detesta. A mesma convicção que o Lula tem em relação ao Otávio”. Frias: “Eu entendo que uma das minhas responsabilidades é procurar zelar por este equilíbrio de diferentes pontos de vista abrigados nas páginas da Folha e garantir que o jornal persevere numa linha de independência, de pluralidade e de apartidarismo”. Juca Kfouri: “O único patrão de um jornal é o leitor, não é nem sequer o dono do jornal. Essencialmente a função do jornalista é confrontar o poder, é fiscalizar o poder, é mostrar o que está errado ou o que podia estar andando melhor”. Paulo Werneck, editor da Ilustríssima. “O jornal de amanhã, ele vai ser misturado mesmo, ele vai ser misturado com a internet, ele vai ser misturado com a literatura, com os quadrinhos, com a crítica de alta qualidade e de alta reflexão que hoje em dia está um pouco encastelada na universidade”. Vinicius Mota, Secretário de Redação: “O jornalismo, independentemente do meio, não está ameaçado, eu acho que ele está revigorado nesses novos tempos”. 187

Maria Cristina Frias, colunista. “O Sr. Frias estaria perguntando: não demoramos demais para mudar? Não importa se é no papel, o nosso negócio não é o papel. A gente não vende papel. A gente vende informação”. Dávila, com um tablet na mão: “Isso aqui eu posso paquerar na rua, mas quem eu vou levar para casa para dormir comigo é esse papel aqui. Pelo menos hoje. Me pergunta daqui um ano, daqui a cinco que eu posso mudar de ideia, mas hoje em dia, essa é a relação que eu tenho”. Mônica Bergamo: Eu acho que não pode ser a preocupação de um repórter saber se o jornal vai ou não acabar. Eu acho que a preocupação de um repórter é estar preparado para colocar essas informações em qualquer plataforma. A boa informação é fundamental, né?, para as pessoas poderem conduzir suas vidas. E ao conduzir suas vidas, vamos supor, eu conduzo a minha vida e a partir daí, eu conduzo da minha família, a partir daí eu influencio os meus amigos e no coletivo.

Frias finaliza os depoimentos: “Um jornalismo bem feito pode contribuir para fortalecer essa prática de cidadania entre as pessoas, sobretudo entre os leitores”.

Nova fase da aplicação do método

Ao indicar os preceitos da Análise de Discurso, Orlandi (2009) considera a existência de uma passagem inicial fundamental, que é a que se faz entre o material de linguagem bruto coletado, tal como existe, e o objeto discursivo, este sendo definido pelo fato de que o corpus já tenha recebido um primeiro tratamento de análise superficial. Após este primeiro momento, que representa a transcrição do material bruto, com todos os depoimentos do documentário, passamos às próximas fases da investigação. Orlandi (2009) enumera três etapas para os procedimentos de Análise de Discurso: 1) passagem da superfície linguística para o texto (discursivo); 2) passagem do objeto discursivo para a formação discursiva; 3) processo discursivo para a formação ideológica. Na primeira etapa, fundamenta Orlandi, o analista, em contato com o texto, procura ver nele a sua discursividade e incidindo um primeiro lance de análise, desfazendo-se da ilusão de que aquilo que foi dito só poderia sê-lo daquela maneira. Ao incorporar esta primeira etapa sugerida por Orlandi (2009), sinalizamos uma observação inicial sobre os depoimentos. Identificamos em algumas das declarações da produção, a presença dos três pilares difundidos pela organização, desde o seu primeiro projeto editorial: jornalismo crítico, apartidário e pluralista. Verificamos comentários críticos de membros do jornal sobre o próprio jornal (prática adotada também nos projetos editoriais, 188

que sinaliza os pontos fracos a serem combatidos) como os de Eliane Stephan, coordenadora de design, Cleusa Turra, diretora de revistas, Walkiria Pereira Leite, redatora e Marcelo Coelho, colunista. A vertente pluralista se mostrou nos depoimentos de Marco Aurélio Canônico, editor de fotografia, que respondeu à crítica de Turra; de Eliane Stephan, que respondeu à Walkiria; de Dávila, que considerou que as posturas divergentes traduziam a essência da Folha; de Frias, que disse estimular as pessoas empenhadas em fazer mudanças que pudessem arejar o jornal. Sobre o jornalismo apartidário, verificamos o depoimento do colunista Juca Kfouri afirmando que o José Serra/PSDB estaria convencido que o Otávio Frias Filho o detesta, e que essa seria uma convicção compartilhada por Lula/PT, numa tentativa de demonstrar a imparcialidade do jornal, diante dos grupos políticos representados pelas figuras de Serra e de Lula. Os dados mostram que a Folha é considerada o maior jornal do país. É inconcebível imaginar que uma produção como esta, que retrata uma mudança importante, seria produzida a partir de depoimentos aleatórios, sem um roteiro a ser seguido. Além disso, o documentário foi editado e, antes de sua divulgação, é natural que tenha sido avaliado pelos representantes da organização. O fato de a produção ter considerado esses depoimentos, e não outros, demonstra o interesse da direção do jornal de transmitir a mensagem de jornalismo crítico, apartidário e pluralista defendida desde os seus primeiros projetos editoriais, na década de 1980. Compreendemos que a Folha tenta, no pequeno (da redação, do seu pessoal) reproduzir os parâmetros de sua linha editorial para o campo político e social. Após essas observações iniciais, passamos aos próximos passos da investigação, alinhando o recorte dos discursos analisados sobre as pistas fornecidas, sobre o modelo de negócios da Folha daquele momento, que representa o nosso maior interesse aqui. A segunda etapa da Análise de Discurso, postulada por Orlandi (2009), incide sobre a passagem do objeto discursivo para a formação discursiva. Neste sentido, a partir de nosso interesse em verificar a postura da Folha de S.Paulo frente aos desafios do jornalismo contemporâneo e, identificar como são declarados aspectos sobre o modelo de negócio adotado pelo jornal a partir desse cenário, selecionamos os discursos que possuem elementos deste nosso interesse: a frase de abertura do documentário: “Enquanto se discutia o futuro do jornal, a Folha fez o jornal do futuro”, e partes dos depoimentos de Sérgio Dávila, editor-executivo; Otávio Frias Filho, diretor de redação; Vinicius Mota, secretário de redação e Maria Cristina Frias, colunista. Eles são contemplados no Quadro 9.

189

Quadro 9 – Análise do Discurso dos depoimentos dos representantes da Folha

QUEM O QUE FOI DITO O QUE NÃO O QUE PODERIA DISSE FOI DITO SER DITO Folha de Enquanto se discutia o futuro Que o jornal fez as A Folha se projeta no S.Paulo do jornal, a Folha fez o jornal mudanças depois da futuro porque essa é a do futuro iniciativa do Estadão receita que deu certo Sérgio Isso aqui eu posso paquerar O jornalismo digital me O meu apreço ainda é Dávila na rua, mas quem eu vou atrai, mas o que me pelo jornal impresso? levar para casa para dormir oferece retorno comigo é esse papel aqui. financeiro continua Pelo menos hoje. sendo o papel. Otávio O nosso objetivo é ter um Temos que ofertar O nosso objetivo é Frias Filho noticiário commodity bem produtos adequados oferecer um cardápio de feito e bem sintético com um para os públicos que produtos de acordo com a panorama da véspera e você nós atendemos para demanda dos nossos teria um outro corredor de preservar a leitores. leitura, que seria um corredor independência de leitura para aqueles 25% financeira do jornal. de leitores que têm um grau de exigência maior. Vinicius O jornalismo Não interessa os O jornalismo seguirá o Mota independentemente do meio formatos, o jornalismo seu curso, ainda que em não está ameaçado, eu acho irá sobreviver. novos tempos. que ele está revigorado nesses novos tempos. Maria O sr Frias estaria Temos pressa de Nossa tradição indica que Cristina perguntando: não demoramos avançar para garantir a devemos avançar logo! O Frias demais para mudar? Não nossa soberania. Nossa nosso ramo de atividade importa se é no papel, o nosso preocupação é com a revela-se no produto e negócio não é o papel. A geração de lucros, seja não no formato. gente não vende papel. A como for. gente vende informação.

Fonte: elaborada pela autora.

A partir do Quadro 9, evidenciamos a terceira etapa da Análise de Discurso indicada por Orlandi (2009), que recai sobre a transposição do processo discursivo para a formação ideológica. Iniciamos a nossa análise ao considerar a mensagem de abertura do documentário: “Enquanto se discutia o futuro do jornal, a Folha fez o jornal do futuro”. Compreendemos que, foi silenciado o fato de que a fusão orgânica da plataforma impressa com a digital da Folha, ocorreu dois meses depois da iniciativa do Estadão, que lançou em março de 2010, um novo projeto gráfico e colocou no ar o novo site. A mensagem de abertura do documentário poderia ser expressa talvez desta maneira: A Folha se projeta no futuro porque essa é a receita que deu certo. Ao se projetar no sentido do avanço, da modernidade e do futuro, preceito difundido em seus projetos editoriais, a Folha conseguiu manter a sua soberania. O status de moderna, futurista, exigente com os conteúdos, conferido a partir dos projetos editoriais, lhe 190

garantiu diferenciação entre as organizações do mesmo porte no passado, mas na mesma medida, também a engessou no sentido de guiar os seus modelos de negócio apenas pelo mesmo caminho. Em suma, ao adotar o caminho da incorporação de ferramentas tecnológicas modernas, regredir o passo ou mudar de rumo, pode representar a sua ultrapassagem por outras organizações da mesma estirpe. Sobre a declaração de Sérgio Dávila: “Isso aqui eu posso paquerar na rua, mas quem eu vou levar para casa para dormir comigo é esse papel aqui. Pelo menos hoje”, consideramos que o discurso silenciado pelo então editor-executivo, era o de que a preferência pela versão impressa do jornal, na época que o Folha.com começava a se estabelecer como empresa pelo ponto de vista rentável, incidia pelo setor que representava o maior faturamento da organização. Acreditamos que o discurso poderia ter sido: “O meu apreço ainda é pelo jornal impresso?”, justamente, por representar o momento de transição em que o maior volume financeiro do jornal, daquele momento, o impresso, estava na iminência de perder espaço para a versão digital. Na análise de discurso do 3º Encontro Folha de Jornalismo, de 2020, mais recente deles, iremos verificar se a preferência de Dávila permanece a mesma. Consideramos que a mensagem de Otávio Frias Filho: “O nosso objetivo é ter um noticiário commodity bem feito e bem sintético com um panorama da véspera e você teria um outro corredor de leitura, que seria um corredor de leitura para aqueles 25% de leitores que têm um grau de exigência maior” silenciou uma outra, a de que a necessidade de ofertar produtos adequados para os diferentes tipos de leitores representa a preservação financeira do jornal. Compreendemos que a mensagem poderia ser dita desta forma: “O nosso objetivo é oferecer um cardápio de produtos de acordo com a demanda dos nossos leitores”, revelando a natureza de mercado da notícia. A declaração de Vinícius Mota: “O jornalismo independentemente do meio não está ameaçado, eu acho que ele está revigorado nesses novos tempos” silenciou a mensagem “Não interessa os formatos, o jornalismo irá sobreviver”, respaldando o discurso posterior, de Maria Cristina Frias. Compreendemos que a mensagem poderia ser dita desta forma: o jornalismo seguirá o seu curso, ainda que em novos tempos. O último depoimento considerado neste recorte é o de Maria Cristina Frias,79 então colunista da Folha. Consideramos que a mensagem proferida por ela, silenciou a emergência

79 É uma das herdeiras do jornal. De acordo com o portal Comunique-se, ela foi destituída do cargo de diretora da Folha pelo próprio irmão, Luiz Frias, em março de 2019. Notícias de diversos veículos de comunicação noticiaram em abril de 2020, que os irmãos estão em disputa judicial por conta de supostas ilegalidades cometidas por Luiz. Disponível em: https://portal.comunique-se.com.br/casos-de-familia-disputa-judicial- envolvendo-o-grupo-folha-ganha-mais-um-capitulo/. Acesso em: 20 jan. 2021. 191

de o jornal avançar para garantir o seu lugar ao sol, que a preocupação é com a geração de lucros, seja como for. Entendemos que o discurso poderia ser dito nos seguintes termos: “Nossa tradição indica que devemos avançar logo! O nosso ramo de atividade revela-se no produto e não no formato”. A partir da Análise de Discurso de dirigentes e membros da redação da Folha no documentário O Jornal do futuro, evidenciamos que a Folha se projetou como inédita e inovadora, preceitos que garantiram, no passado, diferenciação entre outras organizações do mesmo porte. Porém, a organização está lutando para manter-se no ineditismo, fato comprovado pelas mudanças apresentadas no documentário, terem sido precedidas por movimento semelhante realizado pelo Estadão, conforme mencionamos no início deste capítulo. Observamos ainda que, enquanto membros da redação defenderam que o jornalismo não estaria com os dias contados, ao sinalizarem que a mudança no formato não prejudicaria o negócio de venda de notícias, os dirigentes daquela época, Otávio Frias Filho e Sérgio Dávila, enveredaram o seu discurso privilegiando o formato impresso que representava, naquele momento, a principal fonte de renda da organização, já que o portal implementou o paywall em seu modelo de negócios da versão digital dois anos depois, em 2012.

3.3.2 O discurso da Folha na discussão sobre o futuro do jornalismo a partir dos encontros realizados pelo jornal

Além da Análise de Discurso dos depoimentos dos representantes da Folha de S.Paulo, em 2010, essa etapa da tese também evidencia as declarações de dirigentes da organização, sobre o futuro do jornalismo e sobre o modelo de negócios adotado pelo jornal, a partir da primeira e da última edição do Encontro Folha de Jornalismo, realizadas, respectivamente, em 2016 e em 2020, sempre na celebração do aniversário do jornal. Desconsideramos a edição de 2018 por não contemplar conteúdos de nosso interesse, principalmente, no que tange a ausência de anúncio de dirigentes da organização. Com patrocínio da Souza Cruz, o 2º Encontro Folha de Jornalismo aconteceu entre os dias 19 e 21 de fevereiro de 2018, em celebração ao 97º aniversário do jornal e o lançamento da nova versão do Manual da Redação. De acordo com notícia publicada pela Folha,80 foram

80 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/02/seminario-debate-desafios-do-jornalismo.shtml. Acesso em: 20 jan. 2021. 192

discutidos alguns dos temas do atual cenário jornalístico,81 como notícias falsas, liberdade/neutralidade em redes sociais, pluralidade e apartidarismo em ano eleitoral. O Encontro Folha de Jornalismo de 2016 teve duração de dois dias; em 2018, de três e em 2020, de apenas um.

Edição de 2016 do Encontro Folha de Jornalismo

A primeira edição do Encontro Folha de Jornalismo foi realizada nos dias 18 e 19 de fevereiro de 2016, no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo. Gratuito, foi patrocinado pela Odebrecht82 e pela Fiesp83. Com vagas limitadas, o evento foi aberto para assinantes. No dia 17 de fevereiro daquele ano, a Folha anunciou que estava celebrando seus 95 anos, com um ciclo de debates sobre os desafios do jornalismo no século 21 e a crise política e econômica brasileira.84 Entre alguns dos temas abordados, estavam: a importância crescente do jornalismo profissional, a lei que regulamenta o direito de resposta, o processo de impeachment contra a então presidente e a relação entre a imprensa e governo na Argentina e na Venezuela. O evento celebrou os 95 anos da Folha, que completou aniversário de fundação no dia 19 de fevereiro. A abertura do Encontro Folha de Jornalismo foi realizada no dia 18, às 9h, pelo então Diretor de Redação da Folha, Otávio Frias Filho. Ainda no dia 18, foram formadas quatro

81 A programação do 2º Encontro Folha de Jornalismo foi: 19 de fevereiro às 9h30, palestra de Rosental Alves, da Universidade do Texas; 10h Mesa 1: Jornalismo como antídoto às fake news, com Rosental Alves, Stephanie Habrich (Joca) e Pablo Ortellado (USP) com mediação de Sérgio Dávilla (Folha); 11h, Talk Show com Chico Felitti (UOL) e Meredith Talusan (editora trans da Them, publicação LGBTQ da Condé Nast); 12h10, Mesa 2, “A guerra das palavras: os limites do politicamente correto”, com William Waack (ex-Globo), Sérgio Rodrigues (Folha) e Carlos Maranhão (ex-Abril) com mediação de Uirá Machado (Folha); 13h30, Mesa 3, “Direitos e deveres: o que é correto na relação fonte-jornalismo”, com , Ministro do STF, André Petry (Veja) e Luís Francisco Carvalho Filho (advogado) com mediação de Maria Cristina Frias (Folha); 20 de fevereiro, 09h, Abertura com Antonio Caño (El País); 10h, Mesa 1, “Curti, não curti: jornalistas nas redes sociais”, com Graciliano Rocha (Buzzfeed), Leonardo Stamillo (Twitter) e Manoel Fernandes (Bites) e mediação de Roberto Dias, da Folha; 11h, Talk show com Mônica Bergamo (Folha) e Ciro Gomes (PDT); 12h, mesa 2, “Igreja- Estado: o que muda com os nos formatos comerciais”, com Nizan Guanaes (África), Daniel Conti (Vice) e Cleusa Turra (Estúdio Folha), com mediação de Vinicius Mota (Folha); 13h, mesa 3, “Era dos extremos: cobertura política e apartidarismo”, com Ricardo Boechat (Bandeirantes), Maria Cristina Fernandes (Valor) e Joel Pinheiro da Fonseca (Folha) e mediação de Paula Cesarino (Folha); no dia 21 de fevereiro, às 11h, houve debate sobre o novo Manual da Redação com Alon Feuerwerker (analista político da FSB Comunicação), Fernando de Barros e Silva (diretor de Redação da Piauí), Eugênio Bucci (professor titular da ECA-USP) e Eurípedes Alcântara (Inner Voice), com mediação de Uirá Machado (Folha). 82 Empresa de engenharia e construção, que hoje recebe o nome de . Disponível em: https://www.oec- eng.com/. 83 Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Disponível em: https://www.fiesp.com.br/. 84 Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com- encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 20 jan. 2021. 193

mesas: Mesa 185 “Novas formas de informar” que reuniu os convidados: Vera Brandimarte, Diretora de Redação do Valor Econômico; Eugênio Bucci, professor da ECA-USP; Leão Serva, colunista da Folha. A mediação foi realizada por Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha, na época. A Mesa 286 “Quando a imprensa é vista como oposição” reuniu os convidados: Hugo Alconada Mon,Secretário, assistente de Redação do jornal argentino La Nación; Eugenio Martinez, jornalista venezuelano considerado o maior especialista em cobertura eleitoral no país; Lúcio Flávio Pinto, criador do Jornal Pessoal, veículo alternativo sobre a região amazônica que circula em Belém desde 1987. A mediação foi realizada por Clóvis Rossi, repórter especial, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha. A mesa 387 “Erramos: Ex-Ombudsmans discutem o direito de defesa” recebeu Junia Nogueira Sá, jornalista com mais de 30 anos de experiência, trabalhou na Folha como repórter especial e ombudsman, Agência Folha, Folha da Tarde, Veja e Exame; Tânia Alves, com atuação de três décadas no jornal cearense O Povo, no qual ocupava o cargo de ombudsman em 2016; Caio Túlio Costa, primeiro ombudsman da Folha, em 1989. A mediação foi feita por Vera Guimarães, ombudsman da Folha naquele ano, 11ª jornalista a ocupar o posto; mesa 488 “Crônica” com Fernanda Torres, atriz e colunista da Folha; Luis Fernando Verissimo, considerado pelo jornal como um dos principais cronistas brasileiros; Ruy Castro, editor e colunista da Folha. A mediação foi feita por Alcino Leite Neto, jornalista e editor da Três Estrelas, selo de livros de não ficção da Publifolha. No dia 19 de fevereiro o evento promoveu mais quatro mesas de debates: Mesa 5,89 “Cifras & Letras: recessão com inflação”, convidados: Eduardo Giannetti, formado em economia e em ciências sociais pela USP e PhD em economia pela Universidade de Cambridge; Samuel Pessôa, formado em física e doutor em economia pela USP, atua como

85 Jornalistas comentam os dilemas da grande mídia impressa em um cenário de abundância de informações e forte concorrência do meio digital. Programação disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95- anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 20 jan. 2021. 86 Na grande imprensa, ou em sites e jornais independentes, eles são as pedras nos sapatos de políticos e governos. Revelações de escândalos de corrupção e abusos de poder trouxeram prêmios e prestígio a estes jornalistas, mas também processos e ameaças. Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95- anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 87 Dois ex e uma atual ombudsman comentam os dilemas que cercam o cargo, a nova lei de direito de resposta e os erros mais frequentes da imprensa. Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95- anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 88 Eles dominam como poucos a difícil arte de escrever fácil e honram uma ilustre tradição brasileira. Um encontro com três cronistas que nunca deixamos de ler. Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95- anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 89 O Brasil vive a pior crise econômica de sua história? Quando o país voltará a crescer? Especialistas em economia explicam e apontam possíveis saídas para a recessão. Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater- jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 194

pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas; Vinicius Torres Freire, colunista de assuntos econômicos da Folha, onde já foi secretário de redação. A mediação foi feita por Maria Cristina Frias, então editora da coluna “Mercado Aberto” da Folha, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial. Mesa 690 “Não Atire, sou jornalista: cobertura em áreas de conflito”, que reuniu Mayte Carrasco, correspondente de guerra espanhola, que cobriu conflitos na Síria, na Líbia e no Afeganistão para veículos como El País e La Nación; James Harkin, jornalista irlandês, escreve para a Vanity Fair e The Guardian; João Wainer, cineasta e repórter especial da Folha. Mediação de Patrícia Campos Mello, repórter especial e colunista da Folha, especializada em economia e política internacional. Mesa 791 “Os bastidores da cobertura da Lava Jato”. Convidados: Mario Cesar Carvalho, repórter especial da Folha e autor dos livros Carandiru: Registro Geral e Folha Explica o Cigarro; Thiago Herdy, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e repórter de política no O Globo. Mediação de Mônica Bergamo, jornalista da Folha e da rádio Band News FM, assina coluna com informações de diversas áreas, entre elas política, moda e coluna social. Mesa 892 “Sai, Dilma/Fica, Dilma: o que eu acho do jornalismo de opinião”. Convidados: Josias de Souza, blogueiro e articulista do portal UOL, trabalhou por 25 anos na Folha; Reinaldo Azevedo, colunista da Folha, mantém um blog na Veja.com, é âncora do programa Pingos nos Is, na rádio Jovem Pan, e comentarista político da RedeTV; Ricardo Melo, diretor de jornalismo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Mediação de Bernardo Mello Franco, colunista da Folha em Brasília, foi também correspondente em Londres e editor interino do Painel. O encerramento foi feito por Sérgio Dávila. Evidenciamos, a partir de uma leitura inicial, sobre a notícia divulgada pelo jornal a respeito do evento e considerando a sua programação, que a primeira edição do Encontro Folha de Jornalismo, foi anunciada com a promessa de um ciclo de debates sobre os desafios do jornalismo no século 21, mas o jornal enveredou a discussão para temas que fugiram de questões práticas das organizações jornalísticas, daquele momento. O enredo de discussões se

90 No Iraque, na Síria ou nas ruas de São Paulo, eles arriscam a própria segurança em busca de notícias. Uma espanhola, um irlandês e um brasileiro descrevem o dia a dia da profissão em meio a tiros, bombas e pancadas. Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro- para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 91 Três dos principais repórteres investigativos do país revelam detalhes da operação que eletrizou o país e já provocou a prisão de políticos, banqueiros e empresários. Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95- anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater-jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 92 Processo de impeachment, crise política, descrédito do Congresso. O momento atual é farto para comentaristas políticos que, mais ao centro, à esquerda ou à direita, instigam admiração e ódio entre os leitores. Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-95-anos/introducao/folha-comemora-95-anos-com-encontro-para-debater- jornalismo.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 195

limitou a discutir: novas formas de informar; quando a imprensa é vista como oposição; erramos: ex-ombudsmans discutem o direito de defesa; crônica; não atire, sou jornalista: cobertura em áreas de conflito. Em nossa concepção, o único tema realmente quente dos debates, ou seja, que refletiu o cenário de transformações do jornalismo daquele momento, foi o da primeira mesa, que discutiu os desafios da grande imprensa em um cenário de abundância de informações e forte concorrência do meio digital. Os demais temas trataram de assuntos menos emergentes para os desafios do jornalismo contemporâneo. Ora, jornalismo investigativo não é uma prática recente no país; o trabalho realizado pela figura dos ombudsmans também não é inédito no Brasil; a crônica é um tema que está longe de representar um desafio para o jornalismo contemporâneo; o tema da cobertura em áreas de conflito foge do ineditismo, haja vista que desde a 1ª Guerra Mundial são registradas coberturas jornalísticas desse tipo de episódio. Na apuração realizada no segundo capítulo desta pesquisa, averiguamos os temas mais debatidos, a partir de nosso interesse, na Compós e na SBPJor em 2016,93 eles evidenciaram a emergência de novos modelos para o jornalismo digital, a partir das reflexões propostas daquele momento, ao sinalizar as mudanças ocorridas. No primeiro Encontro Folha de Jornalismo, sentimos falta de temas como tipos de financiamento do jornalismo digital ou a automatização da notícia. Observamos que o primeiro Encontro Folha de Jornalismo anunciou, juntamente ao ciclo de debates sobre os desafios do jornalismo no século 21, uma discussão sobre a crise política e econômica brasileira. Porém, se limitou a debater o tema da inflação, os bastidores da Lava Jato e do jornalismo de opinião na crise enfrentada pela então presidente Dilma Rousseff. O tema da mesa Cifras & Letras: recessão com inflação, se configura como um típico assunto da cobertura rotineira de um jornal; ao debater os bastidores da cobertura da Lava Jato, o jornal se eximiu do fato de a construtora que financiou o evento, ter sido uma das

93 Os temas mapeados em 2016 foram: a construção da agenda pública na era da comunicação digital; affondances indutoras de inovação no jornalismo móvel de revistas para tablets; as experiências de outros jornalismos em grandes centros urbanos; uso de metadados para enriquecimento de bases noticiosas na web; o uso do WhatsApp pelo espectador como coprodutor; a apropriação de conteúdos produzidos pelo telespectador usuário; o impresso em tempos de mudanças estruturais do jornalismo; estratégias de sobrevivência do jornalismo alternativo; reflexões sobre a legitimidade do jornalismo na era digital; mulheres no jornalismo pós- industrial; a mudança do algoritmo do Facebook e o silenciamento do jornalismo na rede; desafios teóricos para pensar os estudos sobre o jornalismo e tecnologia; telejornais e suas redes sociais; jornalismo de inovação; simetria e assemblage para estudar o jornalismo; apropriações das redes sociais como fonte de informação do jornalismo; a apropriação do Snapchat para a circulação de conteúdo jornalístico; o conteúdo circulante nas redes sociais e a presença do jornalismo distorcida por bots humanos; narrativas jornalísticas multimodais; participação da audiência em narrativas jornalísticas; narrativas imersivas no webjornalismo; uma proposta de conteúdo transmedia para os programas jornalísticos da televisão pública; a inovação e a tecnologia no telejornalismo; telejornal em circulação; notícias nas redes sociais; automatização da produção informativa. 196

grandes empresas a caírem durante o processo. Uma reportagem do Conjur,94 de setembro de 2019, revela que , dono da construtora, ficou preso em regime fechado de junho de 2015 até dezembro de 2017 por conta da condenação na operação Lava Jato, por pagar propinas a agentes políticos para garantir contratos com a . Ou seja, em 2016, quando o evento foi realizado, o dono da construtora já estava preso. Notícia da Folha sobre a cobertura do evento,95 cita que durante o encontro, o jornal foi questionado por ter aceitado patrocínio da Odebrecht, e menciona a resposta de Dávila dizendo que o interesse comercial não deve se imiscuir nas prioridades das editorias, e que as prioridades da redação não deveriam interferir nas do comercial. A abordagem sobre o momento político então enfrentado pela presidente Dilma Rousseff, também poderia ter ficado de fora de um evento daquela natureza, por apresentar a discussão de colunistas sobre o momento de crise, que caberia perfeitamente na edição do jornal. Após essa observação inicial sobre os temas debatidos no evento, passaremos às Análises de Discurso aqui propostas. Como a nossa intenção primeira é extrair elementos que incidem sobre o modelo de negócios da Folha, optamos pelo discurso de abertura do evento, do então diretor de redação, Otávio Frias Filho,96 e o de encerramento, do então editor- executivo, Sérgio Dávila,97 por representarem os interesses do jornal. Após uma leitura dos discursos, elegemos os recortes que interessam à pesquisa, adotando o mesmo procedimento analítico realizado no momento anterior, que considerou o documentário O jornal do futuro. A segunda etapa da Análise de Discurso postulada por Orlandi (2009) incide sobre a passagem do objeto discursivo para a formação discursiva. Neste sentido, a partir de nosso interesse em verificar a postura da Folha de S.Paulo, frente aos desafios do jornalismo contemporâneo e identificar como são declarados aspectos sobre o modelo de negócio adotado pelo jornal a partir desse cenário, selecionamos os trechos dos discursos de Frias e Dávila que possuem elementos deste nosso interesse, que estão contemplados no Quadro 10.

94 Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-set-12/justica-concede-progressao-marcelo-odebrecht-deixa- prisao-domiciliar. Acesso em: 2 jan. 2021. 95 Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/poder/2016/02/1741106-editor-da-folha-cita-frases-marcantes-ao- encerrar-o-encontro-folha.shtml?mobile. Acesso em: 2 jan. 2021. 96 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/02/1740674-jornalismo-vive-profundo-paradoxo- diz-diretor-de-redacao-da-folha.shtml. Acesso em: 2 jan. 2021. 97 Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/poder/2016/02/1741106-editor-da-folha-cita-frases-marcantes-ao- encerrar-o-encontro-folha.shtml?mobile. Acesso em: 2 jan. 2021. 197

Quadro 10 – Passagem do objeto discursivo para a formação discursiva da Análise de Discurso de representantes da Folha

QUEM O QUE FOI DITO O QUE NÃO FOI O QUE PODERIA DISSE DITO SER DITO Otávio ..os pilares de sustentação O nosso modelo de A transformação Frias econômica do jornalismo negócio em vigor até tecnológica alterou as bases foram abalados pela o momento precisa econômicas do jornalismo, transformação tecnológica. ser reformulado. motivo que força-nos a Bom jornalismo é atividade repensar a nossa estratégia dispendiosa. Embora exista de atuação. um público muito promissor disposto a remunerar o trabalho jornalístico na forma de assinatura digital, a perspectiva publicitária nesse campo tem se mostrado mais problemática. Otávio A equação econômica que Precisamos Em pouco tempo, Frias permita sustentar o jornalismo solucionar a equação solucionaremos a equação como serviço independente e econômica que econômica que permite criterioso, movido pelo circunda a atividade sustentar o jornalismo espírito público, ainda está do jornalismo. como serviço independente por ser solucionada. e criterioso, movido pelo espírito público.

Otávio Mas os avanços na Vamos investir no Confiamos nos avanços na Frias escolaridade e o próprio novo nicho de escolaridade e no próprio aumento da classe média em público leitor para aumento da classe média escala mundial são motivo tentar resolver a em escala mundial, como para confiança. Preparam, equação econômica um novo nicho de leitores. por assim dizer, a demanda, do cenário digital. um leitorado cada vez mais numeroso e com mais discernimento. Sérgio Como disse o Otávio Frias Temos que repensar Reitero as considerações de Dávila Filho, na sua fala de abertura as nossas estratégias Frias que sinaliza a ontem: “o jornalismo vive um a partir desse cenário. necessidade de uma profundo paradoxo. Nunca se reformulação do modelo de divulgou, nem se leu tanta negócios vigorado até o notícia como hoje, mas a momento. sustentação econômica da atividade foi abalada pela transformação tecnológica que permitiu que houvesse esse acesso inédito às notícias”.

Fonte: elaborado pela autora.

A partir do Quadro 10, evidenciamos a terceira etapa da Análise de Discurso indicada por Orlandi (2009) que recai sobre a transposição do processo discursivo para a formação ideológica. Iniciamos a nossa análise ao considerar a primeira mensagem de Frias. 198

Compreendemos que foi silenciado o fato de o modelo de negócio em vigor até o momento, precisar passar por reformulações por conta das alterações do campo da Comunicação e do jornalismo. Acreditamos que a mensagem poderia ter sido dita desta forma: “A transformação tecnológica alterou as bases econômicas do jornalismo, motivo que força-nos a repensar a nossa estratégia de atuação”. Sobre o segundo trecho extraído da fala de Frias, observamos que foi silenciada a necessidade de solucionar a equação econômica, que circunda a atividade do jornalismo, e acreditamos que a mensagem poderia ter sido dita da seguinte maneira: “Em pouco tempo, solucionaremos a equação econômica que permite sustentar o jornalismo como serviço independente e criterioso, movido pelo espírito público”. A partir do terceiro trecho extraído do discurso de Frias, identificamos que foi silenciada a promessa de se investir no novo nicho de público leitor para tentar resolver a equação econômica do cenário digital, e consideramos que a mensagem poderia ter sido dito desta forma: “Confiamos nos avanços na escolaridade e no próprio aumento da classe média em escala mundial, como um novo nicho de leitores”. Com relação ao trecho do discurso de Dávila, evidenciamos que a declaração silenciou a seguinte mensagem: “Temos que repensar as nossas estratégias a partir desse cenário”. Consideramos que o discurso poderia ter sido dito da seguinte forma: “Reitero as considerações de Frias que sinaliza a necessidade da uma reformulação do modelo de negócios vigorado até o momento”. A partir da análise dos trechos das declarações de Frias e de Dávila, verificamos que em 2016, ano que a Compós e a SBPJor, a partir do tema de nosso interesse, enveredaram as discussões sobre as transformações do jornalismo para o ambiente digital, câmara de ressonância das redes sociais em que as empresas jornalísticas passaram a se hospedar, a Folha de S.Paulo reagiu à essas mudanças, indicando, a partir dos discursos de seus representantes, a necessidade de acolher o público disposto a contrair assinaturas digitais, repensando as estratégias do seu então modelo de negócios. Passamos agora à Análise do Discurso de trechos selecionados na última edição do Encontro Folha de Jornalismo.

Edição de 2020 do Encontro Folha de Jornalismo

199

O 3º Encontro Folha de Jornalismo,98 realizado no dia 19 de fevereiro de 2020, das 13h30 às 20h, ocorreu no Centro Cultural de São Paulo. O evento celebrou os 99 anos da Folha e marcou o início da programação do centenário do jornal que irá celebrar a sua centúria no dia 19 de fevereiro de 2021. Elegemos como corpus da Análise de Discurso do Encontro Folha de Jornalismo de 2020, trechos do discurso de abertura realizado por Sérgio Dávila, já ocupante do cargo de diretor de Redação da Folha. O Encontro teve a seguinte programação: após a abertura do evento, feita por Dávila, houve o debate “Jornalistas são mesmo animais em extinção?” com Ana Cristina Rosa, assessora-chefe de Comunicação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eugênio Bucci, professor da ECA-USP, e Patrícia Campos Mello, repórter especial da Folha e mediação de Flávia Lima, ombudsman da Folha; entrevista aberta ao público com o tema “Ainda existe jornalismo na Venezuela?” com o repórter venezuelano Roberto Deniz, do site de jornalismo investigativo Armando.info, que foi entrevistado por Flávia Mantovani, repórter da Folha; debate sobre o tema “Para onde vai a cultura?” com Alê Youssef, secretário de Cultura da Prefeitura de São Paulo, Zélia Duncan, cantora e compositora, Catarina Rochamonte, vice- presidente do Instituto Liberal do Nordeste, e Josias Teófilo, diretor do documentário O Jardim das Aflições, com mediação de Fernanda Mena, repórter especial da Folha; palestra “Encontro de gerações” com Laerte, cartunista e chargista da Folha, e Estela May, a mais nova integrante entre os quadrinhos da Folha, autora da série Péssimas influências, com mediação de Úrsula Passos, editora-assistente de Cultura da Folha. A partir de uma leitura inicial sobre os temas da programação do evento, que discutiu os temas: jornalistas como animais em extinção, jornalismo na Venezuela, para onde vai a cultura e encontro de gerações, verificamos os assuntos adotados pelos pesquisadores da Compós e da SBPJor a partir de nosso interesse, em 2020: a produção de notícias a partir de redes sociais, checagem de fatos pelo jornalismo, violência contra jornalistas, robôs no jornalismo brasileiro, o jornalismo nativo digital, o jornalismo independente e o financiamento de arranjos econômicos no jornalismo. Neste sentido, verificamos que a Folha preferiu fugir dos temas efervescentes, limitando-se a assuntos que, nesse contexto, poderiam ser considerados mais frios. A partir do discurso de Dávila, selecionamos os trechos de nosso interesse para compor o corpus da presente análise.

98 Notícia da Folha sobre o evento disponível em: https://eventos.folha.uol.com.br/evento/3-encontro-folha-de- jornalismo/276. Acesso em: 2 jan. 2021.

200

Quadro 11 – Passagem do objeto discursivo para a formação discursiva da Análise de Discurso de representante da Folha

QUEM O QUE FOI DITO O QUE NÃO FOI O QUE PODERIA SER DISSE DITO DITO Sérgio ...a Folha entra no ano que levará Que a campanha Seguimos o nosso Dávila a seu centenário olhando para a identificada como caminho inclinados ao frente. E o futuro é bom. O jornal espontânea, na avanço. Investimos no fechou o ano passado como líder verdade esconde a ambiente digital, de assinaturas no país e viu um aplicação do modelo garantimos bons aumento expressivo das suas de negócios baseado resultados por conta de assinaturas digitais. Parte deste na paywall, que limita nosso modelo de negócio aumento veio de uma campanha o conteúdo do site. nesse ambiente e agora espontânea de pessoas que estamos somando os afirmaram que estavam assinando louros dessa colheita. o jornal pela defesa da democracia, da liberdade de expressão, do fluxo livre de informações. Sérgio Os próximos anos prometem um Vamos investir os Vamos projetar nossas Dávila crescimento ainda maior, movido nossos esforços na ações no futuro, com pelos leitores mais jovens. As captação desse interesse em captar o novas gerações começam a leitorado, formatando público jovem. enxergar a importância do jornal conteúdos de acordo como praça pública, um ambiente com a necessidade aberto a opiniões diversas e demandada. contraditórias.. Sérgio A descoberta da Folha pelos novos O modelo de negócios Vamos continuar Dávila leitores dá saúde financeira ao no ambiente digital buscando novos perfis de jornal. Saúde financeira é oferece novos leitores para garantir sinônimo de independência, segmentos de atuação saúde financeira ao garantida também por um leque para a jornal. amplo de anunciantes. comercialização da notícia.

Fonte: elaborado pela autora.

A partir do Quadro 11, evidenciamos a etapa da Análise de Discurso indicada por Orlandi (2009) que recai sobre a transposição do processo discursivo para a formação ideológica. Iniciamos a nossa análise ao considerar o primeiro trecho de Dávila no Quadro 11, sinalizando que foi silenciado, o fato de a campanha que o jornal intitula ser espontânea, na verdade, se configura como uma maneira forçada pelo jornal, para garantir a adesão do leitor à assinatura digital. Em nossa varredura no site, no dia 18 de dezembro, o único acesso permitido foi ao conteúdo das charges. Nos demais conteúdos visualizados havia o impedimento do paywall, seguido da oferta da assinatura, com o argumento de patrocínio à democracia. Consideramos que o discurso poderia ter sido feito da seguinte forma: “Seguimos o nosso caminho inclinados ao avanço. Investimos no ambiente digital, garantimos bons 201

resultados por conta de nosso modelo de negócio nesse ambiente e agora estamos somando os louros dessa colheita”. Sobre o segundo trecho de Dávila contemplado no Quadro 11, consideramos que foi silenciado o interesse do jornal de captar esse leitorado, formatando conteúdos de acordo com a demanda. O discurso de Dávila poderia ter sido assim: “Vamos projetar nossas ações no futuro, com interesse em captar o público jovem”. Sobre o terceiro trecho do discurso analisado no Quadro 11, consideramos que foi silenciado que, o modelo de negócios no ambiente digital, oferece novos segmentos de atuação para a comercialização da notícia. Compreendemos que o trecho do discurso poderia ser dito assim: “Vamos continuar buscando novos perfis de leitores para garantir saúde financeira ao jornal”. Embora o discurso de Dávila em 2010, no documentário O jornal do futuro demonstrasse a preferência dele pela versão impressa do jornal, no Encontro Folha de Jornalismo de 2020, 10 anos depois, verificamos que o discurso de Dávila enveredou para o ambiente digital, sinalizando a liderança de assinaturas digitais no país e a promessa de um crescimento ainda maior, movido pelos leitores mais jovens, que têm preferência justamente pelo ambiente digital.

3.3.3 O atual modelo de negócio da Folha

Consideramos agora, a partir do arcabouço construído neste capítulo, cristalizado no levantamento documental das edições impressa e digital da Folha de S.Paulo, no trabalho empírico e nas análises aplicadas, o modelo de negócios da Folha em 2020. O Quadro 12 contempla essas verificações.

Quadro 12 – Modelo de negócio da Folha em 2020

NICHOS DE RENTABILIDADE NA NICHOS DE RENTABILIDADE NA VERSÃO IMPRESSA VERSÃO DIGITAL 1) publicação de editais; 1) venda de anúncios; 2) venda de anúncios; 2) assinatura da versão digital; 3) assinatura da edição impressa; 3) venda de sub-produtos; 4) conteúdo patrocinado; 4) conteúdo patrocinado: Estúdio Folha; 5) seminários patrocinados. 5) seminários patrocinados; 6) clickbaits.

Fonte: elaborado pela autora.

202

A partir do Quadro 12, consideramos cada um dos itens da edição impressa e da versão digital do jornal. A edição impressa mantém os tradicionais nichos de rentabilidade: publicação de editais,99 venda de anúncios,100 e assinatura da edição impressa. O valor da assinatura semestral do jornal à vista, com entrega domiciliar diária varia entre R$ 685,00 e R$ 1.177,00. A venda avulsa, para as mesmas regiões, possui variação de preço de R$ 5,00 a R$ 10,00 de segunda a sábado e entre R$ 7,00 e R$ 11,50 aos domingos. Além disso, o jornal tem buscado outras alternativas de rentabilidade no impresso, como o conteúdo patrocinado e os seminários patrocinados. As possibilidades de rentabilidade com a versão digital superam as opções da edição impressa. O primeiro segmento de geração de lucros, observado no site da Folha de S.Paulo, incide sobre os anúncios pagos por anunciantes do jornal. No dia de nossa sondagem, localizamos anúncios de: Ilhabela, vida natural, Universidade Presbiteriana Mackenzie, plano de saúde SulAmérica Direto Sampa, Iguatemi 365, Pós Einstein, Fundação do ABC; e Abbvie, para tratamento de dor de artrite e lesões da psoríase. Detran SP, São Judas e Patrocínio Mastercard. Eles estão dispostos em todo o ambiente do portal, tanto na horizontal como na vertical, no banner de abertura do site, no rodapé, em colunas laterais. A Folha também busca a geração de renda com a assinatura da versão digital. O jornal adotou o modelo de paywall e a maior parte dos textos noticiosos são bloqueados após 30 segundos de visualização, impelindo o usuário a aderir à assinatura do jornal. Recordamos que a paywall, cuja tradução é muro de pagamento (COSTA, 2014), resume a questão da venda de assinaturas online. Atualmente, na Folha, funciona da seguinte maneira: ao acessar uma notícia, o leitor receberá a seguinte mensagem no rodapé da página: “sua assinatura vale muito”, com o link ao lado, “Entenda”. Após os 30 segundos de leitura, o acesso é impedido e aparece a mensagem: “continue lendo com acesso ilimitado. Aproveite esta oferta especial: 3 meses por R$ 1,90 + 3 de R$ 9,90. Compromisso com os fatos, newsletters exclusivas e mais de 130 colunistas. Apoie o jornalismo profissional. Assine a Folha. Cancele quando quiser”. A mensagem “Assine a Folha” está em destaque e “cancele quando quiser”, aparece em letras miúdas.

99 Verificamos 35 deles em nossa apuração realizada no dia 18 de dezembro de 2020. 100 No dia de nossa observação, verificamos: uma página, da Vale; 1,4 de página, Technos; um rodapé de 7 cm de altura, das assinaturas Folha; uma página, Juntos pela Vida; 1/6 de página, Show Espaço das Américas; uma coluna por 13,5 cm, anúncio de show; uma coluna por 4,5 cm (B14) anúncio da assinatura da Folha; pouco menos que meia página, de assinatura da Folha, direcionado a professores; meia página, Elo. Destes anúncios, três deles eram da Folha, que ofertava assinaturas. 203

Em uma matéria de 26 de setembro de 2016, intitulada “Folha é o 1º jornal brasileiro a ter circulação digital maior do que a impressa”,101 Murilo Bussab, diretor de circulação e marketing da Folha, informou que a empresa adotou o modelo de paywall flexível em janeiro de 2012. A notícia de 2016 revelou, a partir de pesquisa do Instituto Verificador de Comunicação (IVC), que dos 316,5 mil exemplares de média diária no mês, 161,8 mil foram relativos à edição digital do jornal, contra 154,7 mil da versão impressa. O texto também informou que, na época, o crescimento da participação digital na circulação dos principais jornais brasileiros já se revelava como uma tendência. Na oportunidade, Bussab informou que em 2012, o número de leitores pagantes do digital era zero e que o desafio, daquele momento, seria o de transformar uma parcela maior, do total de 20 milhões de leitores digitais da Folha, em leitores pagantes. Outra reportagem do jornal, de janeiro de 2020, intitulada “Conteúdo e tempo de paywall definem êxito digital” atualiza os dados de assinantes.102 A matéria que divulgou um levantamento feito em 2019 pela Fipp, sucedânea de uma associação internacional de imprensa, junto com a consultoria CeleraOne, sobre as listas de circulação comparativa global, apontou que a Folha estava em 12º lugar no mundo quando o assunto é assinatura digital. De acordo com a pesquisa mencionada na matéria, o New York Times encabeçava a lista, com 3,8 milhões de assinantes digitais no terceiro trimestre de 2019. Sobre os planos de assinaturas, que aparecem no site, percebemos que a Folha diversificou as possibilidades de o usuário contrair uma assinatura, pensando em públicos diferentes como universitários (aos quais são concedidos descontos, permitindo o acesso ao jornal por um preço reduzido) e também a outra categoria de clientes com o plano premium, mais robusto, que oferece jornal entregue no endereço determinado diariamente, além da assinatura digital. As assinaturas se dividem, então, em duas categorias: assinatura digital, ou impressa mais digital. Nesta última, tem inclusive um plano para a entrega das edições impressas apenas do final de semana. Os planos de assinatura digital, e assinatura digital com a assinatura da edição impressa, em dias determinados variam de R$ 9,90 a R$ 119,90 por mês. O terceiro nicho observado no site da Folha que se converte em geração de renda diz respeito à venda de subprodutos, como newsletters e box com livros-cd. A Folha é um jornal com forte instrução política, conforme apresentado no início deste capítulo, a partir dos projetos e discussões que encampou. Sendo um veículo eminentemente político, oferece

101 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/09/1816633-folha-e-o-1-jornal-do-pais-a-ter- circulacao-digital-maior-do-que-a-impressa.shtml?cmpid=comptw. Acesso em: 17 dez. 2020. 102 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/01/conteudo-e-tempo-de-paywall-definem-exito- digital.shtml. Acesso em: 17 dez. 2020. 204

subprodutos a partir deste perfil, como as newsletters Folha Jus e Folha Mercado. A Folha Jus compõe-se de matérias sobre o mundo jurídico. Além de oferecer a newsletter semanalmente no e-mail do leitor, oferece, ainda, assinatura para advogados, um pacote digital com informações do cenário jurídico e a newsletter com o resumo da semana. A Folha Mercado, já mencionada anteriormente, é ofertada de forma gratuita ao público-alvo de consumidores de notícias da Folha: empreendedores, investidores e executivos. É natural ofertar um produto de qualidade de forma gratuita, para garantir investimentos posteriores em anúncios. Verificamos que apesar de a Folha concentrar 14 newsletters, apenas a Folha Jus, que é paga, ganhou disposição de destaque na edição analisada, com o ícone inserido ao lado direito da principal notícia do dia. Também verificamos que a Folha possui em seu site um segmento de geração de renda, que incide sobre a publicação de conteúdo pago que se assemelha à notícia, o Estúdio Folha: conteúdo patrocinado. Ao acessar a página do projeto,103 em “Quem Somos”, o Estúdio Folha informa que utiliza ferramentas do jornalismo para oferecer conteúdo feito sob medida para marcas, em diferentes plataformas. O desenvolvimento do conteúdo fica a cargo de uma equipe de jornalistas e designers gráficos e todo o processo é discutido com o patrocinador e aprovado por ele. Os conteúdos do Estúdio Folha possuem um tratamento gráfico distinto daquele do jornal. Em “Nosso Trabalho”, a página do Estúdio Folha também apresenta os últimos cases. No link “Clientes”, constam marcas como Petrobras, Correios, Ibmec, Santander. Já em “Soluções”, o Estúdio Folha afirma que: “anúncios nativos de qualidade atraem mais clientes e têm se mostrado alternativa eficiente para as marcas”, justificando o investimento no projeto. Também existe o link “Contato”, com duas opções: Interesse em Nossas Soluções e Sugestões ou Críticas e Dúvidas. O interessado deve preencher um formulário para obter retorno do Estúdio Folha. Também observamos, a partir de nossa pesquisa documental, a prática da Folha desde 2017, de promover seminários sobre diversos temas em formato virtual, com a manutenção dos conteúdos e a indicação de seus patrocinadores no portal de notícias do jornal. Os eventos acontecem no período de um a dois dias, são todos patrocinados por empresas e organizações cuja área de atuação incide sobre o assunto discutido. Os seminários de 2020104 foram: Vida cultural, Open banking, Melanoma, Agricultura urbana, Câncer: 5ª edição, Biossimilares: 2ª edição, Encarceramento feminino, Sustentabilidade e saneamento, Agronegócio: 4ª edição, Reforma tributária no livro, Consumo consciente, Saúde do Brasil: 7ª edição, Indústria em

103 Estúdio Folha. Disponível em: http://estudio.folha.uol.com.br/institucional/. Acesso em: 18 dez. 2020. 104 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/. Acesso em: 18 dez. 2020. 205

debate, Como posso ajudar?, Escola do futuro, Universidade do futuro, Exploração sexual infantil: 4ª edição, Doenças raras, Subsídios e Pegada ambiental da carne bovina. Além disso, verificamos no site o fenômeno de clickbaits. Ao clicar em uma notícia e ao descer a barra de rolagem, identificamos pequenos anúncios enfileirados, disfarçados de conteúdo noticioso. Uma reportagem publicada pelo The Intercept Brasil, veículo jornalístico com vocação investigativa, em 6 de setembro de 2020, anuncia:105 “Você não vai acreditar como Folha e Globo faturam com propaganda enganosa disfarçada de notícia”. O texto explica que ao final de textos publicados desses sites de jornalismo, é comum os leitores se depararem com uma fileira de pequenos anúncios sensacionalistas disfarçados de conteúdos jornalísticos. A matéria explica que esses títulos são conhecidos como clickbaits e são feitos com o único objetivo de fazer o visitante clicar. Ao clicar no conteúdo, de acordo com a reportagem, o leitor é levado para sites desconhecidos de baixíssima qualidade, que oferecem algum produto duvidoso. A matéria considera que leitores de portais jornalísticos sérios estão a um clique de distância de fake news e sinaliza que esse modelo de veiculação automática de anúncios em grandes sites, vem sendo criticado nos Estados Unidos desde 2016. De acordo com a reportagem do The Intercept Brasil, as empresas Taboola e Outbrain, ambas fundadas em Israel, são as duas grandes organizações que dominam esse mercado dos anúncios clickbait. Conforme a reportagem, elas oferecem aos sites de jornalismo uma solução que automatiza o conteúdo sugerido e reconhece o interesse do leitor, a partir de pistas contextuais, como o histórico de navegação, por exemplo. Deste modo, a todo momento, o leitor recebe indicações de conteúdo do próprio site, o que faz com que ele permaneça consumindo notícias por mais tempo. Porém, em troca desse serviço, Taboola e Outbrain incluem nessas páginas, propagandas travestidas de notícias. Os anunciantes pagam para inserir essas chamadas nos sites associados, que também ganham uma fatia do montante. A matéria sinaliza que boa parte dos veículos de grande imprensa brasileira aderiu a esse modelo de anúncios, incluindo os sites da Folha e do jornal O Globo, considerados pela The Intercept como os principais jornais do país, e que estão associados, respectivamente, ao Outbrain e ao Taboola. A partir dessa sondagem das formas como a Folha tem buscado sustentar o seu negócio, por meio da venda de notícias, podemos indicar algumas observações. Verificamos que a edição impressa da Folha de S.Paulo mantém o modelo de negócio amparado na publicação de editais, venda de anúncios e assinatura. Já a versão digital parece mais

105 A reportagem está disponível em: https://theintercept.com/2020/09/06/folha-globo-outbrain-taboola- anuncios-fake-news/. Acesso em: 19 dez 2020. 206

promissora, como evidenciado no discurso de Sérgio Dávila no Encontro Folha de Jornalismo de 2020. Ela compreende seis possibilidades de o jornal faturar com a venda de notícias hoje em dia: venda de anúncios, assinatura da versão digital, venda de subprodutos, conteúdo patrocinado, seminários patrocinados e clickbaits. Em suma, a Folha adotou as três soluções listadas por Costa (2014) para o jornalismo digital, que constam no capítulo 1 desta pesquisa, a saber: a paywall, a publicidade e os serviços adicionados. E foi além, implementando outros nichos.

3.4 As práticas da Folha pelo enfoque da Hermenêutica de Profundidade

A pesquisa percorreu um longo caminho até aqui. Começamos essa trajetória traçando um panorama recente das alterações do jornalismo, que forçam, por sua vez, as empresas a repensarem os seus modelos de negócios em vigor até então. Identificamos o debate estabelecido na última década, a partir do olhar do pesquisador brasileiro sobre os principais temas relacionados a essas transformações, ao sinalizar discussões teóricas e ao observar questões práticas das organizações jornalísticas contemporâneas. Neste último capítulo, construímos um resgate sobre a história da Folha de S.Paulo, que celebra 100 anos no dia 19 de fevereiro de 2021, com foco nas implementações tecnológicas do jornal, realizamos um diagnóstico da Folha nas versões impressa e digital, verificamos a presença do jornal nas redes sociais, apuramos como o jornal evidenciou o seu discurso público sobre as mudanças sofridas pelo jornalismo no ambiente digital, e de que forma, a partir desse cenário, declarou a configuração do seu modelo de negócios, na sequência, a partir desse caminho trilhado, identificamos o atual modelo de negócio da Folha. Nesta etapa final da pesquisa, de modo particular, uma vez que os momentos da aplicação do método, como apontado, foram se intercruzando no transcorrer do trabalho, contemplamos a última fase da Hermenêutica de Profundidade, em Thompson (2011), a de interpretação/reinterpretação. Para Thompson, o processo de interpretação, mediado pelos métodos do enfoque da Hermenêutica de Profundidade, é, simultaneamente, um processo de reinterpretação. Consideramos neste momento, a contextualização estabelecida nas etapas anteriores e as reflexões evidenciadas nas Análises de Discurso para interpretar o campo já interpretado, ou seja, reinterpreta-lo, acolhendo a indicação de Thompson: por mais rigorosos e sistemáticos que os métodos da análise formal ou discursiva possam ser, eles não podem abolir a necessidade de uma construção criativa do significado, ou seja, de uma explicação interpretativa do que está representando ou do que é dito. 207

Ao adotar esse passo da Hermenêutica de Profundidade, compreendemos a questão que norteia este estudo: a partir das práticas da Folha, como as empresas buscam respostas para a transformação vivida pelo setor diante das inovações tecnológicas, sobretudo, após o surgimento da internet, de modo que a informação possa continuar sendo oferecida por elas como um produto no mercado da comunicação. Também consideramos uma das hipóteses da investigação, a de que a adesão da Folha às mudanças de mercado pode representar um indicativo de que o jornal, seguindo as tendências mundiais, abandone, em um futuro próximo, a produção impressa para dedicar-se apenas à comercialização de notícias no ambiente digital. Desenvolveremos o trabalho de reinterpretação do material anteriormente interpretado considerando todos os conteúdos deste capítulo que indicaram questões referentes ao negócio da venda de notícias. A história da Folha de S.Paulo, construída a partir da criação do jornal Folha da Noite, em 19 de fevereiro de 1921, demonstra, desde os primórdios, que a incorporação do jornal a ferramentas tecnológicas favorece o seu crescimento como organização. Ao abandonar a linha de produção artesanal do jornalismo e passar para o nível industrial, que suscitava novos métodos de trabalho, com o aprimoramento da mão de obra, e implementação de aparatos adequados, a Folha desenvolveu-se como empresa já na década de 1930, demonstrando vultoso crescimento. Mais tarde, entre a década de 1960 e a de 1970, adquiriu novas rotativas, inaugurou a impressão offset em cores, usada em larga tiragem pela primeira vez no Brasil e adotou o sistema eletrônico de fotocomposição. Logo após, inaugurou a primeira redação informatizada na América do Sul com a instalação de terminais de computador para a redação e a edição de textos. No início da década de 1980, nas suas declarações públicas de compromissos, desafios e questões a serem aprimoradas, a partir dos seus projetos editoriais, a Folha passou a adotar rigidamente essas diretrizes, que se solidificaram em duas frentes principais ao longo dos anos: a justificativa de apresentar um resultado de ponta para garantir a solidez financeira da empresa e a provocação e a exigência à equipe, requerendo um trabalho de excelência para garantir os resultados positivos. Observamos, sinteticamente, como cada um dos sete documentos declarou questões relativas ao momento vivido pela organização, a partir do aspecto mercadológico e as frentes que o jornal pretendia encampar a partir desses momentos. O primeiro projeto editorial, de 1981, já se apoiava na relevância da saúde econômica e financeira da empresa como um dos principais ingredientes para se sobressair frente à imprensa da época; o documento de 1984 o veículo voltou a mencionar a disposição para crescer na estagnação em que se encontrava a maioria dos demais jornais da época; o projeto 208

editorial de 1985 passou a identificar o jornalismo como uma atividade industrial que suscitava método, planejamento, organização e controle; o documento de 1986, o jornal demonstrava colher os frutos dos avanços anteriores, ao declarar que figurava na liderança no quesito circulação entre os diários brasileiros; no projeto de 1988 identificamos uma declaração relevante da Folha, ao afirmar que ao disseminar a ideia de que era preciso sempre estar mudando, ela tornou-se vítima da sua própria estratégia, pois não lhe restava outro caminho senão avançar; o projeto editorial de 1997, dois anos depois do boom da internet nas organizações jornalísticas e a migração dos jornais, ainda que de forma precária para este ambiente, como o Folha Online, que disponibilizava uma sinopse diária das reportagens no ambiente digital, já sinalizava a decadência das edições impressas, enveredando esforços para o caminho digital. O projeto editorial de 2017 anunciou a divulgação de conteúdos que se assemelham a textos jornalísticos, mas que na verdade são publicitários, com a justificativa de preservar o vigor financeiro da empresa. Também sinaliza os desafios provocados pelas transformações tecnológicas no ambiente digital, considerando o abalo ao modelo de negócios e expondo as vertentes que envolvem esse cenário: um público disposto a pagar por assinaturas digitais e o duopólio que concentra verba publicitária, indicando a relevância de as empresas de comunicação buscarem estratégias nesse campo. O ano de 2010, foi importante para a Folha rumo à priorização do online, com a unificação das redações do impresso e do online, reforma gráfica e editorial do jornal, passo que rendeu o documentário O jornal do futuro. Nele, foi sinalizado a necessidade de atender às demandas e exigências do público leitor para cativá-lo, em um cenário de extrema competição entre as organizações midiáticas e, que também, já registrava que o negócio da Folha não tinha, em primeiro lugar, a ver com a venda do papel, mas sim, da notícia. Dois anos depois, a Folha implementaria o modelo de negócios paywall, gerando resultados positivos nas assinaturas digitais. Já em 2016, a partir dos discursos analisados na primeira edição do Encontro Folha de Jornalismo, observamos a busca, pelo jornal, de solucionar a equação econômica daquele momento, com a confiança em um novo nicho de leitores. Em comparação aos dois concorrentes diretos, O Globo e Estadão, a Folha lidera com soberania quase absoluta quando o assunto são redes sociais, a partir de uma sondagem no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube. Em 2020, a partir da análise de discurso realizada, observamos que o jornal enveredou os seus esforços para o ambiente digital, sinalizando a liderança de assinaturas digitais no país 209

e a promessa de um crescimento ainda maior, movido pelos leitores mais jovens, que têm preferência justamente pelo ambiente digital. A partir da sondagem sobre as formas como a Folha tem buscado garantir o seu negócio com a venda de notícias, podemos inferir que, a edição impressa do jornal mantém o modelo de negócio amparado na publicação de editais, venda de anúncios e assinatura. Já a versão digital parece mais promissora, como evidenciado no discurso de Sérgio Dávila de 2020. Ela compreende seis possibilidades de o jornal lucrar com a venda de notícias hoje em dia: venda de anúncios, assinatura da versão digital, venda de subprodutos, conteúdo patrocinado, seminários patrocinados e clickbaits. A Folha, como adiantamos, adotou as três soluções listadas por Costa (2014) para o jornalismo digital, que constam no capítulo 1 desta pesquisa, a saber: a paywall, a publicidade e os serviços adicionados. E foi além, implementando outros nichos. A partir de toda essas indicações, verificamos a questão que norteia este estudo, que pode ser respondida nos seguintes termos: as práticas da Folha de S.Paulo, que se alinham desde os primeiros passos da história do jornal à ferramentas e aparatos tecnológicos, que a permitiram conquistar avanços e garantir a sua soberania, a partir das indicações do Projeto Folha. O projeto defende o trabalho de excelência para garantia da sobrevivência, segue na direção do progresso, do avanço, buscando respostas para as transformações contemporâneas vividas pelo setor, diante das inovações tecnológicas, a partir do público jovem, dos nativos digitais, que se revelam como grande promessa da organização. Sobretudo, após o surgimento da internet, verificamos que a Folha oferece informação com um olhar, cada vez mais, voltado ao ambiente digital. O leque de opções que contempla o modelo de negócios no ambiente digital demonstra essa preferência. Consideramos ainda, uma das hipóteses da investigação, que a adesão da Folha às mudanças de mercado pode representar um indicativo do jornal, seguindo as tendências mundiais, possa abandonar, em um futuro próximo, a produção impressa para dedicar-se apenas à comercialização de notícias no ambiente digital. A partir do arcabouço construído, verificamos que o discurso da Folha de S.Paulo, diante das declarações de seus dirigentes, cristaliza-se na venda do produto, a notícia, independentemente do meio. Talvez, seja cedo para afirmar categoricamente, que a Folha abandonará em um futuro breve, a produção impressa para dedicar-se apenas a digital. O que vemos, hoje, é que o jornalismo impresso parece não dar conta mais das demandas dos novos tempos e o ambiente digital revela-se como um campo promissor, a ser explorado, de forma cada vez mais, potente pela organização. 210

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao se considerar na pesquisa, como é o caso, um fenômeno recente, emergente, instigador, que suscita mais interrogações do que promete certezas, torna-se um grande desafio propor conclusões, fechamentos e pontos finais. É necessário, além disso, observar que o cenário das alterações contemporâneas do jornalismo, tendo o nosso olhar voltado especialmente para o jornalismo brasileiro, a partir do início da migração das organizações jornalísticas do impresso para o ambiente digital, ainda está em pleno curso. Também é preciso acentuar que, com tantas questões em aberto, surge o imperativo de se dar continuidade a esta pesquisa, que serve de reforço para e atualiza relevantes contribuições da ciência brasileira sobre o tema das alterações do Jornalismo como resultado da incorporação de ferramentas tecnológicas que permitem novos caminhos na forma de atuação das organizações jornalísticas da atualidade. Sobre o que foi dito, neste mesmo parágrafo, sobre a ideia de se dar continuidade ao estudo, segue uma observação, no final deste texto, que abrange o tema dos resultados alcançados. A partir de Hermenêutica de Profundidade e, dentro dela, de Análise de Discurso, com apoio de pesquisa bibliográfica e levantamento documental, conseguimos investigar o fenômeno do jornalismo na contemporaneidade, que força as organizações jornalísticas a implementarem novos modelos de negócio, amparados no ambiente digital. Esse cenário complexo foi aprofundado no panorama construído no primeiro capítulo desta tese, “O fenômeno das mudanças no jornalismo e a busca de saídas pelas organizações”. Neste momento inicial da pesquisa, foram observados alguns sintomas dessa crise, ou dessa mudança, expressos em questões como a da convergência das mídias e a da interação do público, com a sua respectiva participação no processo de produção da notícia, incidindo sobre o conceito de gatewaching que, por sua vez, versa sobre a participação das pessoas na filtragem do que interessa a suas comunidades de interesse. Também nos ocupamos, ainda que de forma breve, na medida adequada às nossas preocupações de pesquisa, com as novas habilidades do jornalista, convocamos para uma visão crítica sobre essas transformações e nos debruçamos sobre a presença do jornalismo nas redes sociais. Os fenômenos das fake news e da checagem de fatos pelo jornalismo, da utilização de inteligência artificial e da automação na produção noticiosa no Brasil alargaram a lista dos assuntos e temas correlatos. Ainda no primeiro capítulo, consideramos essas transformações a partir da perspectiva de uma nova esfera pública, indicamos o surgimento de novos atores midiáticos e suas audiências, 211

evidenciamos iniciativas do jornalismo nativo digital e contemplamos uma reflexão sobre a força do jornalismo local como um fenômeno emergente. Por fim, indicamos algumas possíveis soluções para as organizações jornalísticas da atualidade, modelos possíveis de negócio para o jornalismo digital, a partir das teorias e práticas atuais a respeito do tema. O segundo capítulo desta tese, “O olhar do pesquisador brasileiro”, sinalizou como a ciência da Comunicação tem dado conta desses fenômenos recentes, a partir de um levantamento de textos apresentados anualmente na última década nos Encontros Nacionais da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós) e da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). Nessa etapa, foram conduzidos três níveis de análise: o nível de verificação geral, que mapeou 229 artigos, sendo 45 da Compós e 184 da SBPJor, a partir dos assuntos de nosso interesse, tendo sido identificados 12 núcleos temáticos, por ordem de expressividade: 1) transformações tecnológicas do Jornalismo na contemporaneidade (109 textos); 2) circulação noticiosa em redes sociais (50); 3) participação da audiência na produção de notícias (20); 4) Jornalismo multimídia, transmídia e hipermídia (11); 5) checagem de fatos pelo Jornalismo (10); 6) mídias independentes e os nativos digitais (7); 7) automação da notícia (7); 8) pesquisas sobre a Folha de S.Paulo (5); 9) jornalistas blogueiros e influenciadores digitais (3); 10) mídias segmentadas (3); 11) retomada de interesse pelo Jornalismo local (2); e 12) modelos de negócio para o Jornalismo (2). A partir desses 12 núcleos temáticos, a pesquisa avançou para um outro nível de análise, com foco nas palavras-chave dos textos selecionados. No terceiro e último nível de análise, o estudo observou, em um mergulho mais profundo nas temáticas, o que a pesquisa brasileira sinaliza, considerando duas pesquisas que representam cada núcleo temático identificado anteriormente. No primeiro e no segundo capítulos, a pesquisa perseguiu um dos objetivos do estudo, ao verificar as formas alternativas de produção de notícias no Brasil e como isso se localiza no cenário geral de demandas e de transformações. O mundo digital propicia o surgimento de novos atores nos ambientes jornalísticos, como os jornalistas influenciadores digitais, que reúnem considerável audiência em suas redes na web (alguns deles com maior número de usuários do que um jornal inteiro) e que, dito de forma simples, reforçam o modelo de comunicação “todos para todos”, demonstrando como as redes descentralizam o poder da comunicação, conferindo, pelo menos em hipótese, semelhantes possibilidades a qualquer usuário ou organização que nelas se hospedam. Por sua vez, o jornalismo nativo digital revela-se um negócio emergente do setor, que vem despontando desde o início da década passada, valendo-se dos recursos e ferramentas disponibilizadas no mundo digital. Serve 212

como exemplo o caso do Nexo jornal, contemplado pela pesquisa no primeiro capítulo e objeto de estudo de pesquisadores da Compós e da SBPJor, no segundo capítulo, indicando uma forma emergente de produção e comercialização de notícias. No grande e complexo cenário das transformações que vêm acontecendo, essas iniciativas se destacam por vencerem dois grandes desafios contemporâneos para as organizações jornalísticas: reunir audiência e garantir a sua sustentação como negócio. As formas de financiamento dessas iniciativas ainda navegam por diferentes formatos, o que requer novas atualizações de investigações no setor para auxiliar na identificação de possíveis modelos de negócio para o setor. Algumas dessas iniciativas estão em fase de expansão, como é o caso da Mídia Ninja, que surgiu em 2013 e possui hoje sede em Portugal. Essas iniciativas dos jornais nativos digitais incidem diretamente sobre uma das hipóteses do estudo, que sugere que no ambiente de efervescência tecnológica iniciativas jornalísticas alternativas estão conquistando um importante nicho de mercado emergente. Confirmamos essa hipótese, ao observar não apenas a multiplicidade dessas iniciativas, algumas delas tendo alcançado um grau às vezes invejável de solidez, mas também que essas mesmas iniciativas imprimem, cada qual à sua maneira, identidade própria na web. De formas similares, caminham de algum modo para um jornalismo de contexto, encorpando as informações noticiosas com conteúdo multiplataformas. Os distintos recortes noticiosos e o engajamento, ativismo e clara posição política de várias delas, lhes confere audiência e as diferem dos meios ditos tradicionais. Essas formas alternativas de produção de notícia na contemporaneidade conversam diretamente com a questão que norteia esta pesquisa: Como as empresas buscam respostas para a transformação vivida, sobretudo após o surgimento da internet? Essas organizações estão respondendo que, ao se estruturarem nas redes digitais, com mobilização da audiência e com modelos de negócio amparados no ambiente digital, as saídas encontradas podem ser positivas. Elas se revelam como meios com potencial para ser fortemente explorados em um futuro próximo. Também a partir dos dois primeiros momentos da pesquisa, verificamos como uma das percepções iniciais do nosso estudo se mostra pertinente, no fato de que as recentes alterações no mundo do jornalismo – como em tantos outros setores – ganham expressão em um caldo fortemente tecnológico. O vetor tecnológico, que neste estudo aparece como um momento- chave da aplicação do método da Hermenêutica de Profundidade (a saber: a contextualização histórico-social), é constituído por característica tais como a convergência, a interatividade, a hipertextualidade, a personalização, a instantaneidade, a participação direta do público, a 213

adoção de novas técnicas com base em recursos tecnológicos pelos profissionais do jornalismo, a produção ampliada de fake news e o esforço de checagem de fatos pelo jornalismo e, ainda, sem aspirarmos a ser completos, o texto noticioso produzido por inteligência artificial. O cenário é amplo e envolve uma densa gama de fatores, atores e ações. A partir desse arcabouço, identificamos o jornalismo contemporâneo pelo viés de uma nova esfera pública, permeando uma estrutura complexa e que tem desafiado os jornalistas e as organizações no ambiente digital. Essa nova esfera, interconectada, é tecida por fatores como a ampliação do interesse pelo jornalismo local, por iniciativas jornalísticas de alguns atores do ramo da comunicação que vem conquistando considerável audiência, por empreendimentos inéditos, como a produção alternativa de notícias e entre outros. Requer, portanto, atenção por parte das organizações, no sentido de acompanharem as mudanças para garantir a sua existência e manutenção no mercado da notícia. No segundo capítulo da tese se realiza um de seus objetivos, que é o de verificar como o tema e o cenário de transformações jornalísticas se deixam representar no mundo da pesquisa em Comunicação. Identificamos o esforço do pesquisador brasileiro em debater os fenômenos contemporâneos do jornalismo e as demandas sociais que emergem do contexto sócio-histórico, relativas ao tema do exercício do jornalismo na sociedade brasileira. O tema e os desafios que esse cenário levanta se mostram fartamente representados entre as preocupações da nossa área de conhecimento. A partir da identificação dos 12 núcleos temáticos averiguados nos textos selecionados da Compós e da SBPJor, pudemos nos certificar sobre esse empenho. Foram 229 textos selecionados. Neles se deixa entrever, já a partir de uma abordagem inicial, que o pesquisador brasileiro se preocupa em contemplar diferentes vertentes do fenômeno, com especial destaque para o núcleo das “Transformações tecnológicas do jornalismo na contemporaneidade”, com 109 trabalhos identificados. O pesquisador da Compós e da SBPJor também compreendem as mudanças recentes do jornalismo em sua interface com episódios históricos que fomentaram tais alterações, ou que as tornaram mais evidentes, como a mobilização social realizada no Brasil em 2013 a partir das redes sociais, o fenômeno das fake news no Brasil e a checagem de fatos pelo jornalismo que ganharam notoriedade nas eleições gerais brasileiras de 2018, além da pandemia causada pelo coronavírus, em 2020. Algumas das mudanças no jornalismo apuradas pela pesquisa, a partir dos textos da Compós e da SBPJor depois de 2013, 2018 e em 2020 sinalizaram maior incidência de estudos sobre esses núcleos temáticos. Esses cientistas, de um lado, se esforçam para discutir os fenômenos emergentes do jornalismo, e, de outro, dedicam 214

menor empenho ao tema dos modelos de negócio do jornalismo no ambiente digital, com a indicação de saídas para as organizações jornalísticas brasileiras. Talvez o tema do “modelo de negócios”, como se poderia especular, assuste ainda bastante o pesquisador de comunicação, frente ao fato de que a notícia, como tradicionalmente produzida, aciona mecanismos que lembram tão de perto um conjunto de procedimentos, normas e comportamentos que revelam um capitalismo do mais puro-sangue. Talvez esse distanciamento não se justifique tanto, ou não se justifique da mesma forma, nos ambientes atuais de geração e divulgação da notícia, com seus novos atores, com e contra os grandes monopólios midiáticos, que ainda existem. Uma das hipóteses da pesquisa especula sobre o fato de que as grandes organizações jornalísticas brasileiras, que incorporaram o modelo norte-americano de produção de notícia, deverão seguir as tendências do setor, como a automação da produção de informação noticiosa. É possível, sim, considerar, a partir da pesquisa feita, que o jornalismo brasileiro deve continuar acompanhando esse paradigma. A prática revela-se antiga, tendo o jornalismo brasileiro se espelhado, em maior ou menor medida, no jornalismo estadunidense, desde os primeiros passos, como é o caso da incorporação da gramática da notícia, figurando como exemplo o modelo da pirâmide invertida. Isso pode ser considerado assim, a despeito das vozes contrárias, preocupadas em afirmar a identidade e a força do jornalismo nacional. Na fase embrionária do jornalismo na web, no Brasil, como mostram os estudos, os brasileiros tornaram a fazê-lo, ao se apropriarem da definição do termo do jornalismo empregado na web pelos estadunidenses (jornalismo digital ou jornalismo multimídia), recorrendo, de uma forma geral, com maior frequência, a jornalismo online ou jornalismo digital. A hipótese de que as grandes organizações jornalísticas brasileiras, que incorporaram o modelo americano de produção de notícia, deverão seguir as tendências do setor, como a automação da produção de notícia, também pode ser confirmada, com o início da produção de notícia no Brasil por meio de inteligência artificial. O primeiro capítulo da tese traz três casos recentes (2020) de utilização de robôs no jornalismo brasileiro. Além disso, em novembro de 2020, em uma iniciativa inédita no país, o portal de notícias G1 publica, no primeiro turno das eleições, um texto para cada um dos 5.568 municípios brasileiros com o resultado do pleito, graças a um modelo de automação que se utiliza de inteligência artificial, criado em conjunto com a área de tecnologia da rede Globo. O modelo, que conta com processamento de linguagem natural, permitiu o registro, em formato de reportagem, dos prefeitos eleitos ou as disputas que iriam ao segundo turno em todos os municípios brasileiros. 215

O terceiro capítulo, “Um estudo da Folha de S.Paulo sob o ângulo da tecnologia e da geração de novos modelos de negócio”, traça uma breve história da Folha de S.Paulo, com foco nas inovações tecnológicas assumidas pelo jornal desde a sua fundação, compreendendo, nessa etapa, os sete projetos editoriais lançados pelo jornal. Na sequência, apresentamos um check-up atual da Folha a partir de três entradas: 1) a versão impressa; 2) a versão online; 3) a hospedagem no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube. A pesquisa leva em conta o arcabouço desse levantamento documental e aplica o método de Análise de Discurso para compreender o discurso público que a Folha estabelece, sobre as alterações do jornalismo e sobre a receita de negócio aplicada pelo jornal a partir dessas mudanças. O foco recai sobre declarações feitas por seus representantes no documentário O jornal do futuro, de 2010, e no Encontro Folha de Jornalismo de 2016 e de 2020, promovidos pela organização com o objetivo de discutir os desafios e o futuro do jornalismo. Em uma segunda etapa, consideramos o modelo de negócio atual da Folha. Por fim, a pesquisa avança para o último momento do capítulo, centrado na etapa de interpretação e de reinterpretação de toda a produção simbólico sobre o objeto de estudo, nos moldes do método de Hermenêutica de Profundidade, evidenciando a reflexão sobre a notícia como um produto à venda, com o suporte da tecnologia a partir das práticas da Folha. O terceiro capítulo atesta que uma das hipóteses de investigação, a de que a adesão da Folha às mudanças de mercado pode representar um indicativo de que o jornal, seguindo as tendências mundiais, abandone, em um futuro próximo, a produção impressa para dedicar-se apenas à comercialização de notícias no ambiente digital, pode também ser verdadeira. O discurso da Folha de S.Paulo e de seus dirigentes cristaliza-se na venda do produto, a notícia, independentemente do meio. Talvez seja cedo para afirmar, categoricamente, que a Folha abandonará em um futuro breve a produção impressa, para dedicar-se apenas à digital. O que vemos, hoje, é que o jornalismo impresso parece não dar mais conta das demandas dos novos tempos, enquanto o ambiente digital revela-se como um campo promissor a ser explorado de forma cada vez mais potente pela organização. Para cada página e cada caderno reduzido em suas dimensões vão se acumulando os sinais de que os dias do jornalismo impresso estejam contados. A questão central que norteia este estudo, e que na medida do possível se resolve no terceiro capítulo – Diante das alterações vividas pela atividade e a partir das práticas do jornal Folha de S.Paulo, o estudo questiona: como as empresas buscam respostas para a transformação vivida pelo setor a partir das inovações tecnológicas, sobretudo após o surgimento da internet, de modo que a informação possa continuar a ser oferecida por elas 216

como um produto no mercado da comunicação? –, pode ser respondida nos seguintes termos: as práticas da Folha de S.Paulo atestam que o jornal busca respostas para essas transformações, investindo nas demandas do público leitor e aprimorando o leque de opções para o que a organização chama de corredores de leitura. Para atender a esse público, a Folha exige da equipe de jornalistas, como o jornal o expressa, exclusividade, texto objetivo, bem contextualizado e em profundidade. Embora a edição impressa busque criar reformas gráficas que se alinhem às mudanças, o modelo de negócio vigente continua sendo o da venda de assinaturas, venda de edições avulsas, anúncios e editais. Por outro lado, a versão digital revela a atenção da Folha nesse segmento, investindo, desde 2012, em novas práticas comerciais nesse ambiente e tentando ampliar as frentes de manutenção do jornal. Neste sentido, o que se torna patente no estudo do caso da Folha de S.Paulo, é que as empresas estão investindo no cenário digital para faturar com a venda de notícias, explorando os recursos disponíveis na web. O principal resultado alcançado neste estudo, além do reforço desejável às pesquisas que vêm sendo desenvolvidas nas áreas da Comunicação e do Jornalismo sobre o tema, foi o de contribuir para um melhor entendimento dos modos como as organizações jornalísticas se situam na contemporaneidade, em suas relações com o direito do cidadão à informação e com a democracia. Outros resultados, a médio e longo prazos, podem ter a ver com o desejo de se desenvolver um trabalho futuro, cristalizado em novas análises, em novas produções. Eventualmente, externamos o desejo da publicação da pesquisa. Passado pela banca, e anotadas as sugestões críticas e apontamentos, pretende-se, sempre em uma perspectiva futura, considerar novos panoramas de análise, não da Folha em si, mas do jornalismo e dos modelos de negócio, que se revelam como uma possibilidade latente de um trabalho de pós- doutorado. 217

REFERÊNCIAS

ANDERSON, Chris. A cauda longa: do mercado de massa para o mercado de nicho. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

ARAGÃO, Rodrigo Martins. Jornalismo e participação: os conteúdos produzidos pelos usuários no jornalismo brasileiro. In: 10º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2012, Curitiba, PR. Anais do 10º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor.Curitiba: SBPJor, 2012. Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/ENPJor/XENPJOR/paper/view/2148/218. Acesso em: 11 ago. 2020.

BACCIN, Alciane. A narrativa hipermídia longform no jornalismo contemporâneo. In: 13º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2015, Campo Grande, MS. Anais do 13º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Campo Grande: SBPJor, 2015. Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/ENPJor/XIIIENPJor/paper/view/4763/1105. Acesso em: 23 ago. 2020.

BACCIN, Alciane. O que é hipermídia? um conceito que vai além do hipertexto e da multimídia. In: 15º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2017, São Paulo, SP. Anais do 15º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. São Paulo: SBPJor, 2017. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/948/366. Acesso em: 30 ago. 2020.

BARROS, Jordana Fonseca; CARVALHO, Samantha Viana Castelo Branco Rocha. O blog jornalístico regional: características da cobertura e regionalidades no contexto maranhense. In: 18º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2020, modalidade virtual. Anais do 18º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Modalidade virtual: SBPJor, 2020. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2563/1391. Acesso em: 25 nov. 2020.

BOURDIN, Alan. A questão local. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

CABRAL, Laura Rayssa de Andrade. Robôs de startups de agência de checagem: combate à desinformação na pandemia de Covid-19. In: 18º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2020. Modalidade virtual. Anais do 18º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Modalidade virtual: SBPJor, 2020. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2749/1345. Acesso em: 24 nov. 2020.

CAMPONEZ, Carlos. Jornalismo de proximidade. Coimbra: Minerva Coimbra, 2002.

CAMARGO, Camila Acosta; NONATO, Cláudia; PACHI FILHO, Fernando; LELO, Thales Vilela. O financiamento de arranjos econômicos alternativos às corporações de mídia por plataformas digitais. In: 18º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 218

2020, modalidade virtual. Anais do 18º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Modalidade virtual: SBPJor, 2020. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2563/1388. Acesso em: 25 nov. 2020.

CANAVILHAS, João; SATUF, Ivan; LUNA, Diógenes de; TORRES, Vitor; BACCIN, Alciane; MARQUES, Alberto. Jornalistas e tecnoatores: a negociação de culturas profissionais em redações on-line. Revista Famecos: mídia, cultura e tecnologia. Porto Alegre, v. 23, n. 3, p. [1-19], set., out., nov., dez., 2016. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/24292/14688. Acesso em: 21 out. 2020.

CAPOBIANCO, Janaína Cristina Marques. O fazer jornalístico em transformação: a produção da notícia em mídias independentes digitais. Orientador: Dimas A. Künsch. 2019. 373 p. Tese (Doutorado em Comunicação) – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2019.

CARREIRA, Krishma Anaísa Coura. Notícias automatizadas: a evolução que levou o jornalismo a ser feito por não humanos. Orientador: Sebastião Carlos de Morais Squirra. 2017. 207 p. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2017. Disponível em: http://tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1671/1/KrishmaCouraCarreira.pdf. Acesso em: 26 out. 2020.

CARREIRA, Krishma Anaísa Coura. Um panorama das notícias automatizadas no mundo. In: 15º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2017a, São Paulo, SP. Anais do 15º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. São Paulo: SBPJor, 2017a. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/897/529. Acesso em: 29 ago. 2020.

CARVALHO, Carmen; LÓPEZ, Maria Otero; ANDRADE, Karina Costa de. Agências de checagem no Brasil: uma análise das metodologias de Fact-Checking. In: 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2019, Goiânia, GO. Anais do 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Goiânia: SBPJor, 2019. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2145/1087. Acesso em: 28 set. 2020.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 17ª. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2016.

CHINULA, Mandla. 7 business models that could save the future of journalism. Ijnet: International Journalist´s Network. Disponível em: https://ijnet.org/en/story/7-business- models-could-save-future-journalism. Acesso em 20 nov. 2020.

CÓDIGO de Ética dos Jornalistas Brasileiros. Fenaj. Disponível em: https://fenaj.org.br/wp- content/uploads/2016/08/codigo_de_etica_dos_jornalistas_brasileiros-1.pdf. Acesso em: 9 de nov. 2020.

219

COSTA, Caio Túlio. Ética, jornalismo e nova mídia: uma moral provisória. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.

COSTELLA, Antonio Fernando. Comunicação: do Grito ao Satélite. 5. ed. Campos do Jordão: Editora Mantiqueira, 2002.

COSTA, Caio Túlio. Um modelo de negócio para o jornalismo digital: como os jornais devem abraçar a tecnologia, as redes sociais e os serviços de valor adicionado. Revista de Jornalismo ESPM: Columbia Journalism Review, n. 9, p. 51-115, abr. mai. jun. 2014. Disponível em: http://caiotulio.com.br/2014/04/um-modelo-de-negocio-para-o-jornalismo- digital/. Acesso em: 29 out. 2020.

COSTA, Carlos. A formação do jornalista: olhar crítico e contemporaneidade. Comtempo, revista Eletrônica da Pós-graduação da Cásper Líbero. v. 7, n. 3, p. [1-17], 2015. Disponível em: https://casperlibero.edu.br/wp-content/uploads/2016/03/2.-A-forma%C3%A7%C3%A3o- do-jornalista.pdf. Acesso em: 9 nov 2020.

COSTA, Caio Túlio. Por que a nova mídia é revolucionária? Líbero, São Paulo, n. 18, ano IX, p. 19-30, dez. 2006. Disponível em: http://seer.casperlibero.edu.br/index.php/libero/article/view/702/670#. Acesso em 29 dez. 2020.

CUPANI, Alberto. A realidade complexa da tecnologia. Cadernos IHU Ideias, São Leopoldo (SC), v. 12, n. 216, ano 12, p. 1-23, 2014. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/ideias/216cadernosihuideias.pdf. Acesso em 27 out. 2020.

DALBEN, Silvia. Robôs no jornalismo brasileiro: três estudos de caso. In: 18º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2020. Modalidade virtual. Anais do 18º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Modalidade virtual: SBPJor, 2020. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2836/1274. Acesso em 23 nov. 2020.

DAMASCENO, Daniel; PATRÍCIO, Edgar. Jornalismo e fact-checking: fontes oficiais na base da checagem e critérios não explicitados na seleção do que checar orientam a análise de Aos Fatos e Agência Lupa. In: XXIX Encontro Anual da Compós, 2020, Campo Grande, MS. Anais do XXIX Encontro Anual da Compós. Campo Grande: Compós, 2020. Disponível em: http://www.compos.org.br/biblioteca/trabalhos_arquivo_QO9GOSFIK2N0BXC1990P_30_87 00_26_02_2020_15_50_50.pdf. Acesso em: 23 nov. 2020.

DEL VECCHIO-LIMA, Myrian; DE PAULA, Everton Luiz Renaud; PIRES, Guilherme de Paula; LIRA, Artur Oliari. Possibilidades, limites e fragilidades de um nativo digital: o jornal Plural (Curitiba,PR). In: 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2019, Goiânia, GO. Anais do 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Goiânia: SBPJor, 2019. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2056/1015. Acesso em: 29 set. 2020.

220

D´ALMONTE, Edson. Redes sociais e questões de interesse público em tempos de polarização ideológica. In: XXIX Encontro Anual da Compós, 2020, Campo Grande , MS. Anais do XXIX Encontro Anual da Compós. Campo Grande: Compós, 2020. Disponível em: http://www.compos.org.br/biblioteca/trabalhos_arquivo_DK6Q2JICLK6P8HLXSEJG_30_87 09_26_02_2020_16_31_13.pdf. Acesso em 9 nov. 2020.

DUARTE, Jorge. Entrevista em profundidade. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antônio (Orgs). Métodos e técnicas de pesquisas em comunicação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 62-82.

FARIÑA, Xosé Pereira; GARCÍA, Xosé Lopez (Coord.). Convergencia digital: reconfiguración de los medios de comunicación en España. 1. ed. Santiago de Compostela (Espanha): Universidade de Santiago de Compostela, 2010.

FERRARI, Pollyana. Jornalismo digital. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2012.

FERNANDES, José Carlos; DEL VECCHIO DE LIMA, Myrian Regina. Conexões entre o jornalismo hiperlocal e o jornalismo investigativo: algumas reflexões e observações. Comunicação & Inovação. São Caetano do Sul, SP, v. 18, n. 36, p. 45-61, jan-abr 2017. Disponível em: https://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_comunicacao_inovacao/article/view/3873/2153. Acesso em 16 nov. 2020.

FERNANDES, Carla Montuori; OLIVEIRA, Luiz Ademir de; GOMES, Vinícius Borges. Tensionamentos entre campos sociais: as fakenews e a reconfiguração do campo comunicacional e político na era da pós-verdade. In: XXVIII Encontro Anual da Compós, 2019, Porto Alegre, RS. Anais do XXVIII Encontro Anual da Compós. Porto Alegre: Compós, 2019. Disponível em: http://www.compos.org.br/biblioteca/trabalhos_arquivo_DNGRMEF7ZR3MHMR3GHHS_2 8_7634_20_02_2019_13_14_44.pdf. Acesso em: 13 jul 2020.

FERNANDES, Mario Luiz. A proximidade como critério de noticiabilidade. FERNANDES, Mario Luiz; SILVA, Gislene; SILVA, Marcos Paulo da (Orgs.). Critérios de noticiabilidade: problemas conceituais e aplicações. Florianópolis: Insular, 2014.

FIDALGO, António. Jornalismo Online segundo o modelo de Otto Groth. Pauta Geral. São Salvador da Bahia, BA, 2004. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/fidalgo-groth- jornalismo-online.pdf. Acesso em: 10 ago. 2020.

FIGARO, Roseli. (Org.). As relações de comunicação e as condições de produção no trabalho de jornalistas em arranjos econômicos alternativos às corporações de mídia. São Paulo: ECA-USP, 2018.

G1. Em iniciativa inédita, G1 publica textos com resultado da eleição em cada uma das cidades do Brasil com auxílio de inteligência artificial. G1, [s.l]. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2020/noticia/2020/11/12/em-iniciativa-inedita-g1- publica-textos-com-resultado-da-eleicao-em-cada-uma-das-5568-cidades-do-brasil-com- auxilio-de-inteligencia-artificial.ghtml. Acesso em 16 nov. 2020.

221

GONÇALVES, Isabela de Sousa. Do impresso ao digital: o processo de transição do New York Times. Comunicação Pública. [Online], v. 14, n. 27, p. [1], 2019. Disponível em: http://journals.openedition.org/cp/5048. Acesso em 11 nov. 2020.

GOSS, Bruna Marcon. Jornalismo em dispositivos móveis: newsmaking e o aplicativo Circa. In: 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2013, Brasília, DF. Anais do 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Brasília: SBPJor, 2013. Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/ENPJor/XIENPJOR/paper/view/2602/499. Acesso em: 17 ago. 2020.

HABERMAS, Jürgen. Mudança estrutural da esfera pública. Tradução: Denilson Luís Werle. 1ª ed. São Paulo: Editora Unesp, 2014.

IBOPE. Pesquisa Brasileira de Mídia 2016. Relatório final para a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, 2016. Disponível em: http://www.abap.com.br/pdfs/pesquisa_midia.pdf. Acesso em: 13 nov. 2020.

ITO, Liliane de Lucena. Modelos de negócio para o jornalismo digital: do paywall ao crowdfunding. In: 15º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2017, São Paulo, SP. Anais do 15º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. São Paulo: SBPJor, 2017. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/671/432. Acesso em: 26 ago. 2020.

JENKINS, Henry. Cultura da conexão. São Paulo: Aleph, 2014.

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2009.

KANNENBERG, Vanessa; SOUSA, Maíra Evangelista de. O fantasmagórico site de rede social: como o Snapchat está sendo apropriado para a circulação de conteúdo jornalístico. In: 14º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2016, Palhoça, SC. Anais do 14º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo. Palhoça: SBPJor, 2016. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/169/218. Acesso em: 24 ago. 2020.

KELLNER, Douglas. A cultura da mídia – estudos culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno. Bauru, SP: EDUSC, 2001.

KELLY, Kevin. Inevitável: as 12 forças tecnológicas que mudarão nosso mundo. São Paulo: HSM, 2017.

KLAUTAU, Carolina Moura. O novo projeto editorial da Folha de S.Paulo: os mitos da objetividade e da pluralidade de sentidos. In: 15º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2017, São Paulo, SP. Anais do 15º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. São Paulo: SBPJor, 2017. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/556/496. Acesso em: 26 ago. 2020.

222

KONDLATSCH, Rafael; CASTANHEIRA, Karol Natasha Lourenço. Jornalismo local na era do hipertextual básico: os websites como extensão do impresso. In: 13º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2015, Campo Grande, MS. Anais do 13º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Campo Grande: SBPJor, 2015. Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/ENPJor/XIIIENPJor/paper/view/4733/1003. Acesso em: 21 ago. 2020.

KONDLATSCH, Rafael. A mudança do algoritmo do Facebook e o silenciamento do jornalismo na rede. In: 14º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2016, Palhoça, SC. Anais do 14º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo. Palhoça: SBPJor, 2016. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/250/154. Acesso em: 23 ago. 2020.

KÜNSCH, Dimas. Compreender: Indagações sobre o método. São Bernardo do Campo: Editora Metodista, 2020.

KÜNSCH, Dimas; AZEVEDO, Guilherme, BRITO, Pedro Debs, MANSI, Viviane Regina (Orgs). Comunicação, Diálogo e Compreensão. São Paulo: Editora Plêiade, 2014.

LEMOS, André. Nova esfera conversacional. Prefácio. In: MARQUES, Ângela. et al. Esfera pública, redes e jornalismo. Rio de Janeiro: E-papers, 2009, p. 9-30.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2010.

LENZI, Alexandre. Inversão de papel: prioridade ao digital como um novo ciclo de inovação para jornais de origem impressa. Orientadora: Raquel Ritter Longhi. 2017. 312 f. Tese (Doutorado em Jornalismo) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017. Disponível em: https://s3-sa-east- 1.amazonaws.com/nexojornal/www/nexo_academico/ogBTBc4bXasNjDpjy/trabalho_file. Acesso em: 11 nov. 2020.

LENZI, Alexandre. O jornalismo nativo digital do brasileiro Nexo. In: 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2019, Goiânia, GO. Anais do 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Goiânia: SBPJor, 2019. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1857/1016. Acesso em: 29 set. 2020.

LIMA JÚNIOR, Walter Teixeira. Big Data, Jornalismo Computacional e Data Journalism: estrutura, pensamento e prática profissional na Web de dados. Estudos em Comunicação, n. 12, p. 207-222, dez., 2012. Disponível em: http://www.ec.ubi.pt/ec/12/pdf/EC12-2012Dez- 11.pdf. Acesso em: 30 nov. 2020.

LIMA JÚNIOR, Walter Teixeira. “Era do Big Data” impulsiona o desenvolvimento do Jornalismo Computacional. In: LONGHI, Raquel; D’ANDRÉA, Carlos (Org.). Jornalismo Convergente: Reflexões, apropriações, experiências. Florianópolis: Insular, 2012.

LUHMANN, Niklas. A realidade dos meios de comunicação. São Paulo: Paulus, 2005.

223

MACHADO FILHO, Francisco; SANTI, Peterson de; LIMA, Carlos Eduardo de; ALVES, Wanessa Medeiros. A convergência tecnológica e o localismo: novas oportunidades para a comunicação regional. In: SQUIRRA, Sebastião (Org.). Cibertecs: conceitos, interações, automações, futurações. São Luís, MA: LabCom Digital, 2016.

MACHADO, Elias. Folhaleaks, Wikileaks e Jornalismo: contribuições para a definição de práticas inovadoras no jornalismo. In: SQUIRRA, Sebastião. (Org.). Ciberflex: Cognições, Disrupções, Cerebrizações. Orlando/EUA: Cense Group, 2017.

MARTINS, José de Souza. A sociabilidade do homem simples: cotidiano e história na modernidade anômala. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2018.

MASSUCHIN, Michele Goulart; SOUSA, Suzete Gaia de. Das páginas impressas para as fanpages: adaptações de linguagem e formato dos jornais regionais no Facebook a partir de uma perspectiva comparada. In: 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2018, São Paulo, SP. Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. São Paulo: SBPJor, 2018. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2018/paper/view/1191/829. Acesso em: 31 ago. 2020.

MEDINA, Cremilda. Notícia, um produto à venda: jornalismo na sociedade urbana e industrial. 2. ed. São Paulo: Summus, 1988.

MEYER, Philip. Os jornais podem desaparecer? Como salvar o jornalismo na era da informação. São Paulo: Contexto, 2007.

MIELNICZUK, Luciana. Características e implicações do jornalismo na Web. In: II Congresso da SOPCOM, 2001, Lisboa. Disponível em: https://www.facom.ufba.br/jol/pdf/2001_mielniczuk_caracteristicasimplicacoes.pdf. Acesso em: 21 out. 2020.

MIELNICZUK, Luciana. Sistematizando alguns conhecimentos sobre jornalismo na web. In: MACHADO, Elias; PALACIOS, Marcos. (Orgs.). Modelos de Jornalismo Digital. Salvador: Edições GJOL, Calandra, 2003, p. 37-54.

MIRANDA, Giovani Vieira; MAGNONI, Antonio Francisco. Mídias digitais, arenas públicas e internet: as possibilidades do jornalismo em cenários de hiperlocalidade. Panorama, Goiânia, v. 8, n. 1, p. 6-11, jan/jun. 2018. Disponível em: http://seer.pucgoias.edu.br/index.php/panorama/article/view/6396/3625. Acesso em 15 nov. 2020.

MURARO, Rose Marie. Automação e o Futuro do Homem. Petrópolis, RJ: Vozes, 1968.

NAFRÍA, Ismael. La reinvención de The New York Times: cómo la “dama gris” del periodismo se está adaptando con éxito a la era móvil. 1ª edição. Austin (EUA): Knight Center for Journalism in the , 2017.

NONATO, Cláudia. Os tipos de jornalistas blogueiros: uma nova proposta de categorização. In: 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2013, Brasília, DF. Anais do 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Brasília: 224

SBPJor, 2013. Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/ENPJor/XIENPJOR/paper/view/2325/418. Acesso em: 16 ago. 2020.

OLIVEIRA, Manuel Au-Yong; SOUSA, Andreia; SILVA, Edna; LIN, Fábio; FERREIRA, Inês. Instagram, Facebook e Youtube: quem é mais eficaz na sua publicidade? Revista Ibérica de Sistemas e Tecnologias de Informação. n. E34, p. 1-12, set., 2020. Disponível em: https://search.proquest.com/openview/8c97c289da79d53f70e8c63487d09641/1.pdf?pq- origsite=gscholar&cbl=1006393. Acesso em: 19 dez. 2020.

O mapa do Jornalismo Independente. Agência Pública. Disponível em: https://apublica.org/mapa-do-jornalismo/. Acesso em 18 nov. 2020.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios & procedimentos. 8 ed. Campinas: Pontes, 2009.

PAGANOTTI, Ivan. Refutação automatizada de notícias falsas na pandemia: interações com o robô Fátima, da agência Aos Fatos. In: 18º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2020. Modalidade virtual. Anais do 18º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Modalidade virtual: SBPJor, 2020. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2781/1330. Acesso em: 24 nov. 2020.

PALACIOS, Marcos. Ruptura, continuidade e potencialização no jornalismo on-line: o lugar da memória. In: MACHADO, Elias; PALACIOS, Marcos. (Orgs.). Modelos de Jornalismo Digital. Salvador: Edições GJOL, Calandra, 2003, p. 14-36.

PERUZZO, Cicilia M. Krohling. Mídia regional e local: aspectos conceituais e tendências. Comunicação & Sociedade, São Bernardo do Campo: Póscom-Umesp, a. 26, n. 43, p-67-84, 1º sem. 2005. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas- ims/index.php/CSO/article/download/8637/6170. Acesso em: 29 dez. 2020.

PERUZZO, Cicilia M. Krohling. Comunicação para o desenvolvimento, comunicação para a transformação social. In: MONTEIRO NETO, Aristides (Org.). Sociedade, política e desenvolvimento. Brasília: IPEA, 2014. p. 161-195. Coleção Desenvolvimento nas Ciências Sociais: o estado das artes, livro 2. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/140616_sociedade- desenvolvimento-politica2.pdf. Acesso em: 29 nov. 2020.

PERUZZO, Cicilia M. Krohling. Comunicação Comunitária e Educação para a Cidadania. Comunicação & Informação, Goiânia, v. 2, n. 2, p. 205-228, jul./dez. 1999. Disponível em: https://revistas.ufg.br/ci/article/view/22855/13596. Acesso em: 29 nov. 2020.

PICCININ, Fabiana; PUHL, Paula Regina. Arte e Cultura, Telejornalismo, internet e redes sociais: apontamentos sobre o programa Arte 1 em movimento. In: 12º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2014, Santa Cruz do Sul, RS. Anais do 12º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Santa Cruz do Sul: SBPJor, 2014. Disponível em: 225

https://conferencias.unb.br/index.php/ENPJor/XIIENPJor/paper/view/3759/816. Acesso em: 19 ago. 2020.

PRIMO, Alex Fernando Teixeira. Transformação no jornalismo em rede: sobre pessoas comuns, jornalistas e organizações; blogs, Twitter, Facebook e Flipboard. Intexto, Porto Alegre, UFRGS, v. 2, n 25, p.130-146, dez. 2011. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/intexto/article/view/24309/14486. Acesso em: 8 nov. 2020.

REBOUÇAS, Hébely. Quando o Twitter pauta o jornal: análise da cobertura da Folha de S. Paulo sobre o perfil de Jair Bolsonaro. In: 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2019, Goiânia, GO. Anais do 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Goiânia: SBPJor, 2019. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1979/1060. Acesso em: 29 set. 2020.

RECUERO, Raquel. O que é mídia social? Social Media, 2008. Disponível em: http://www.raquelrecuero.com/arquivos/o_que_e_midia_social.html. Acesso em: 8 nov. 2020.

REGINATO, Gisele; BENETTI, Marcia. As finalidades do jornalismo para os leitores: estudo da audiência dos jornais Folha, Globo e Estadão. In: XXVI Encontro Anual da Compós, 2017, São Paulo, SP. Anais do XXVI Encontro Anual da Compós. São Paulo: Compós, 2017. Disponível em: http://www.compos.org.br/data/arquivos_2017/trabalhos_arquivo_N3X1LJHCH6RLAXRUF UIU_26_5340_13_02_2017_12_28_41.pdf. Acesso em: 24 jun. 2020.

ROCHA, Liana Vidigal. Mobilidade, convergência e hiperlocalismo no webjornalismo brasileiro. Interin. Curitiba, v. 20, n. 2, p. 43-65, jul./dez. 2015. Disponível em: https://seer.utp.br/index.php/i/article/view/6/4. Acesso em: 17 nov. 2020.

ROTHBERG, Danilo. Jornalismo público. São Paulo: Editora Unesp, 2011.

RÜDIGER, Francisco. As teorias da cibercultura: perspectivas, questões e autores. Porto Alegre: Sulina, 2011.

SALAVERRÍA, Ramón. GARCÍA, José Alberto Avilés; MASIP, Pere Masip. Concepcto de Convergencia Periodística. In: GARCÍA, Xosé López; FARINÃ, Xosé Pereira (Coord.). Convergencia Digital: reconfiguración de los médios de comunicación en Espanã. Santiago de Compostela: Servizo de Plublicaciones e Intercambio Científico, Universidade de Santiago de Compostela, 2010, p. 41-64.

SALLES, Cecilia Almeida. Jornalismo em processo. In: XX Encontro da Compós, 2011, Porto Alegre, RS. Anais do XX Encontro da Compós. Porto Alegre: Compós, 2011. Disponível em: http://www.compos.org.br/data/biblioteca_1677.pdf. Acesso em: 29 mai. 2020.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Edusp, 2002.

SANTOS, Marli dos. Multimidialidade, Hipertextualidade e Interatividade na grande mídia e mídia independente. In: 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 226

2019, Goiânia, GO. Anais do 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Goiânia: SBPJor, 2019. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1984/1092. Acesso em: 29 set. 2020.

SANTOS, Jessica de Almeida; SPINELLI, Egle Müller. Pós-verdade, fake news e fact- checking: impactos e oportunidades para o jornalismo. In: 15º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2017, São Paulo, SP. Anais do 15º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. São Paulo: SBPJor, 2017. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/746/462. Acesso em: 26 ago. 2020.

SANSEVERINO, Gabriela Gruszynski. Um público ativo no jornalismo: o que as seções de comentários nos ensinam sobre participação. In: 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2019, Goiânia, GO. Anais do 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Goiânia: SBPJor, 2019. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1982/1094. Acesso em: 29 set. 2020.

SCHWAB, Klaus. A quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro, 2018.

SEIXAS, Lia da Fonseca. Os gêneros jornalísticos no twitter: um estudo comparativo de tuítes de instituições jornalísticas. In: Compós Associação Nacional dos Programas de Pós- Graduação em Comunicação. 2011. Anais da Compós. Porto Alegre, RS: Compós, 2011. Disponível em: http://www.compos.org.br/data/biblioteca_1724.pdf. Acesso em: 29 mai 2020.

SILVA, Marcos Paulo da. As dissonâncias cotidianas nas rotinas dos jornais: o habitus jornalístico e a atribuição de um sentido hegemônico às notícias. Estudos em Jornalismo e Mídia, Universidade Federal de Santa Catarina, v. 10, n. 1, p. 69-84, jan. a jun., 2013. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/jornalismo/article/view/1984- 6924.2013v10n1p69/24978. Acesso em; 20 jan. 2021.

SILVA, Marcos Paulo da. A construção cultural da narrativa noticiosa: noticiabilidade, representação simbólica e regularidade cotidiana. Orientador: José Salvador Faro. Tese (Doutorado em Comunicação) – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2013. Disponível em: http://tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/644/1/Marcos%20Paulo%20da%20Silva_2013.pd f. Acesso em: 13 nov. 2020.

SILVERSTONE, Roger. Por que estudar a mídia? São Paulo: Edições Loyola, 2002.

SOARES, Felipe Bonow. Circulação de informação no Twitter: como líderes de opinião ressignificam as notícias. In: XXIX Encontro Anual da Compós, 2020, Campo Grande, MS. Anais do XXIX Encontro Anual da Compós. Campo Grande: Compós, 2020. Disponível em: http://www.compos.org.br/biblioteca/trabalhos_arquivo_6OOX9F1O632DAU0VLTQG_30_8 339_01_03_2020_09_18_41.pdf. Acesso em: 23 nov. 2020.

227

SOUSA, Nayara Nascimento de. Muito além da “caixinha feminista”: o jornalismo com perspectiva de gênero em portais independentes. In: 18º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2020, modalidade virtual. Anais do 18º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Modalidade virtual: SBPJor, 2020. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2822/1361. Acesso em 24 nov. 2020.

SOUSA, Maíra. Reconfigurações do jornalismo: das páginas impressas para as telas de smartphones e tablets. In: 12º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2014, Santa Cruz do Sul, RS. Anais do 12º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Santa Cruz do Sul: SBPJor, 2014. Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/ENPJor/XIIENPJor/paper/view/3709/730. Acesso em: 19 ago. 2020.

SOUSA, Maíra. A dinâmica da notícia nas redes sociais na internet: uma proposta de categorização da circulação a partir do conteúdo das postagens no Twitter e no Facebook. In: 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2013, Brasília, DF. Anais do 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Brasília: SBPJor, 2013. Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/ENPJor/XIENPJOR/paper/view/2592/495. Acesso em: 16 ago. 2020.

SOUSA, Maíra de Cássia Evangelista de. A dinâmica da notícia nas redes sociais na internet: uma categorização das ações participativas dos usuários no Twitter e no Facebook. In: XXIII Encontro Anual da Compós, 2014, Belém, PA. Anais do XXIII Encontro Anual da Compós. Pará: Compós, 2014. Disponível em: http://www.compos.org.br/biblioteca/artigocomp%C3%93smaira_sousafinal_2235.pdf. Acesso em: 16 jun. 2020.

SOUZA, Josias de. Tv em questão. Observatório da Imprensa, 2004. Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/tv-em-questao/josias-de-souza-24775/. Acesso em 10 nov. 2020.

SOUZA, Rafael Bellan Rodrigues de. As mutações do trabalho do jornalista e suas contradições: uma perspectiva ontológica da crise do jornalismo. In: XXVI Encontro Anual da Compós, 2017, São Paulo, SP. Anais do XXVI Encontro Anual da Compós. São Paulo: Compós, 2017. Disponível em: http://www.compos.org.br/data/arquivos_2017/trabalhos_arquivo_SK33UDV7N2CBDEF7U VCE_26_5799_21_02_2017_11_42_11.pdf. Acesso em: 24 jun. 2020.

SQUIRRA, Sebastião. Jornalismos com convergências midiáticas nativas e tecnologias incessantes. In: Ciber+com, +Midias, + Espaço, + Logias. São Paulo: Ed. do Autor, 2015.

SQUIRRA, Sebastião. A evolução das tecnologias leva à automatização da produção informativa. In: 14º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2016, Palhoça, SC. Anais do 14º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Palhoça: SBPJor, 2016. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/212/87. Acesso em: 25 ago. 2020.

228

STUMPF, Ida Regina C. Pesquisa bibliográfica. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antônio. (Orgs). Métodos e técnicas de pesquisas em comunicação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 51-61.

TEIXEIRA, Mabel Oliveira. O Tweet Noticioso como gênero discursivo. In: 10º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2012, Curitiba, PR. Anais do 10º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Curitiba: SBPJor, 2012. Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/ENPJor/XENPJOR/paper/view/1834/134. Acesso em: 11 ago. 2020.

THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. 9. ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2011.

THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. 12ª. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011a.

TRAQUINA, Nelson. O estudo do jornalismo no século XX. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2005.

UCKUS, Fabiana. Consumo de mídia durante a pandemia de coronavírus no Brasil. Comscore, 2020. Disponível em: https://www.comscore.com/Insights/Blog/Consumo-de- midia-durante-a-pandemia-de-coronavirus-no-Brasil. Acesso em 13 nov. 2020.

VIANA, Luana; HOMSSI, Aline Monteiro. Audiência radiofônica e a interação mediada on- line: a hashtag #italiaianacopa como uma estratégia fala. In: XXVIII Encontro Anual da Compós, 2019, Porto Alegre, RS. Anais do XXVIII Encontro Anual da Compós. Porto Alegre: Compós, 2019. Disponível em: http://www.compos.org.br/biblioteca/trabalhos_arquivo_4PF4IVWAAH2O1RI4S0VI_28_74 32_17_02_2019_12_04_53.pdf. Acesso em: 8 jul. 2020.

WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

ZAGO, Gabriela da Silva. Da circulação à recirculação jornalística: filtro e comentário de notícias por interagentes no Twitter. In: XXI Encontro Anual da Compós, 2012, Juiz de Fora, MG. Anais do XXI Encontro Anual da Compós. Juiz de Fora: Compós, 2012. Disponível em: http://www.compos.org.br/data/biblioteca_1896.pdf. Acesso em: 2 jun 2020.

ZAGO, Gabriela da Silva. Circulação e Recirculação no Jornalismo em Rede: Narrativas no Twitter sobre o exoesqueleto na abertura da Copa de 2014. In: 12º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo do SBPJor, 2014, Santa Cruz do Sul, RS. Anais do 12º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo do SBPJor. Santa Cruz do Sul: SBPJor, 2014. Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/ENPJor/XIIENPJor/paper/view/3578/689. Acesso em: 18 ago. 2020.

ZAGO, Gabriela; RECUERO, Raquel; BASTOS, Marco Toledo. QUEM RETUITA QUEM? Papéis de ativistas, celebridades e imprensa durante os #protestosbr no Twitter. In: XXIII Encontro Anual da Compós, 2014, Belém, PA. Anais do XXIII Encontro Anual da 229

Compós. Pará: Compós, 2014. Disponível em: http://www.compos.org.br/biblioteca/artigocompos2014_2135.pdf. Acesso em: 10 jun. 2020.

ZIMMERMAN, Michael E. Confronto de Heidegger com a modernidade. Lisboa: Instituto Piaget, 1990.

ZUIM, Larissa. O fluxo do jornal impresso para o Facebook: hibridação das linguagens jornalísticas. In: 13º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor, 2015, Campo Grande, MS. Anais do 13º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor. Campo Grande: Compós, 2015. Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/ENPJor/XIIIENPJor/paper/view/4579/938. Acesso em: 21 ago. 2020. 230

APÊNDICE A

Textos selecionados do Encontro Anual da Compós (2011-2020).

TEXTOS SELECIONADOS RESUMO

Ano: 2011 O presente artigo reconstrói um debate teórico que permeia as obras de Niklas Luhmann, Dirk Baecker e 1. Vilém Flusser acerca da forma cultural que deverá A FORMA CULTURAL DA surgir na sociedade tecnológica. Não obstante a SOCIEDADE EM REDE diferença de perspectiva e de orientação epistemológica dos três autores assinalados, suas obras BASTOS, Marco Toledo. têm em comum o entendimento de que a introdução dos computadores e da internet altera não apenas a Palavras-chave: cultura, mas também a estrutura material da sociedade. Cibercultura; A primeira parte do artigo assinala a necessidade Niklas Luhmann; histórica da emergência de uma forma cultural para a Vilém Flusser. tecnologia, enquanto a segunda parte do texto sugere algumas configurações que podem vir a estabilizar o Disponível em: excesso de sentido criado pelos computadores e pela http://www.compos.org.br/data/biblioteca internet. _1573.pdf

Acesso em: 4 dez. 2020 Ano: 2011 Neste artigo observamos o Jornalismo Digital de Bases de Dados (JDBD) como um texto da cultura e 2. pontuamos sua implicação nas mudanças estruturais JORNALISMO DIGITAL EM BASE DE no campo do jornalismo. Para isso, encadeamos os DADOS (JDBD) COMO UM TEXTO conceitos de texto da cultura, modelização, semiosfera DA CULTURA e fronteira, da escola de semiótica russa de Tártu- Moscou, notadamente os autores Iuri M. Lotman e RAMOS, Daniela Osvald. Irene Machado. Também discutimos a delimitação do texto JDBD, o jornalismo como um texto de fronteira, Palavras-chave: suas variantes e invariantes. Apontamos as bases de Jornalismo Digital de Bases de Dados; dados como o centro da criação jornalística e Texto da Cultura; iniciamos a discussão da geração das linguagens Jornalismo; digitais e da narrativa nas novas mídias. Linguagens digitais; Semiótica da Cultura.

Disponível em: http://www.compos.org.br/data/biblioteca _1676.pdf

Acesso em: 4 dez. 2020 Ano: 2011 A comunicação tem o objetivo de discutir as mudanças que vêm acontecendo nos processos de produção do 3. jornalismo, a partir de sua entrada nos meios digitais. JORNALISMO EM PROCESSO Será, também, estabelecido diálogo dessas reflexões com os estudos sobre processos de produção, assim SALLES, Cecília Almeida. como são desenvolvidos no Grupo de Pesquisa em 231

Processos de Criação (PUC/SP). Como conclusão, será Palavras-chave: feita uma proposta de abordagem crítica para os Jornalismo; objetos da comunicação, com ênfase nos textos Processo de criação; jornalísticos como objetos não estáticos, mas em Jornalismo digital. processo, que acontecem nas conexões renovadas a cada atualização. Disponível em: http://www.compos.org.br/data/biblioteca _1677.pdf

Acesso em: 4 dez. 2020 Ano: 2011 O twitter é considerado hoje uma ferramenta indispensável para as instituições jornalísticas. Mas o 4. que as instituições jornalísticas têm produzido no OS GÊNEROS JORNALÍSTICOS NO twitter? Pode-se dizer que o twitter gerou novos TWITTER: UM ESTUDO gêneros jornalísticos? Com uma análise comparativa COMPARATIVO DE TUÍTES DE dos tuítes do @guardian_world, da @folha_mundo INSTITUIÇÕES JORNALÍSTICAS (sobre a revolução no Egito), da @folha_cotidiano e do @el_pais (Últimas) durante o período de uma SEIXAS, Lia da Fonseca. semana, constatou-se que existem novos “gêneros jornálicos” (SEIXAS, 2009), que, embora sejam Palavras-chave: comuns em outros campos, não eram frequentes nos Twitter; produtos jornalísticos tendo a instituição social como Gênero jornalístico; enunciador do discurso. O único gênero jornalístico Gênero Jornálico. frequente é conhecido como informacional, enquanto os jornálicos mais frequentes são os “promocionais”, Disponível em: baseados em atos diretivos (SEARLE, 1998), os de http://www.compos.org.br/data/biblioteca “mediação,” baseados na republicação do tuíte e os _1724.pdf dialógicos.

Acesso em: 4 dez. 2020 Ano: 2012 A recente cena das redes digitais tem indicado com ênfase a atividade de curadoria e a própria figura do 5. curador como saída ao problema da abundância O ALGORITMO CURADOR: O PAPEL informativa em rede. Argumentamos, contudo, que na DO COMUNICADOR NUM CENÁRIO atualidade a curadoria da informação em ambientes DE CURADORIA ALGORÍTMICA DE digitais tem se manifestado mais como um INFORMAÇÃO procedimento automático algorítmico que propriamente humano. Com base em na revisão da CORRÊA, Elizabeth Saad. literatura, reiteramos entretanto que o processo BERTOCCHI, Daniela. curatorial configura-se como uma atividade inerente ao campo da Comunicação. O comunicador tem Palavras-chave: competências para assumir papéis de seleção, Comunicação digital; filtragem, agregação e, mais importante, remediação Curadoria de informação; de conteúdos para partilha em rede, inclusive com Algoritmo; auxílio de algoritmos. Perfil do comunicador.

Disponível em: http://www.compos.org.br/data/biblioteca _1796.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2012 O contínuo mediático atmosférico compõe a base conceitual da Nova Teoria da Comunicação e refere-se 232

6. à atmosfera que recebe irradiações dos meios de CONTÍNUO MEDIÁTICO comunicação e de outros sistemas, como as ATMOSFÉRICO: PROPOSTA PARA instituições do Estado, empresas etc., para criar as ATUALIZAÇÃO DA TEORIA DA circunstâncias para a sinalização, informação ou AGENDA comunicação. O objetivo deste trabalho é apresentar o contínuo mediático atmosférico como uma proposta de CUNHA, Karenine Miracelly Rocha da. atualização conceitual da teoria da agenda. Como argumentação dessa proposição questionadora da Palavras-chave: função do agendamento nos dias atuais, considera-se, Contínuo Mediático Atmosférico; sobretudo, a evolução dos meios de comunicação, Agendamento; situação em que há uma grande segmentação de temas Nova Teoria da Comunicação. na internet (e até mesmo nos canais tradicionais), a participação importante de redes sociais na Disponível em: configuração da agenda pública e a formação da http://www.compos.org.br/data/biblioteca opinião e a ubiquidade da rede, em que os usuários são _1895.pdf geradores de conteúdo e podem lançar temas na atmosfera de irradiações. Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2012 Este trabalho tem por objetivo caracterizar a circulação jornalística em um site de rede social 7. específico, o microblog Twitter. Discute-se, em DA CIRCULAÇÃO À especial, o que se caracterizou como uma RECIRCULAÇÃO JORNALÍSTICA: “recirculação jornalística”, ou seja, a colocação em FILTRO E COMENTÁRIO DE circulação novamente dos acontecimentos jornalísticos NOTÍCIAS POR INTERAGENTES NO a partir da apropriação pelos interagentes do conteúdo TWITTER jornalístico. Para tanto, buscou-se mapear a circulação de dois acontecimentos jornalísticos em específico, a ZAGO, Gabriela da Silva. partir de observação simples, análise de conteúdo e questionários. As conclusões apontam para uma Palavras-chave: potencialização da circulação jornalística no Twitter Jornalismo; diante da possibilidade de os interagentes expandirem Redes sociais; o alcance dos conteúdos jornalísticos ao filtrarem e Circulação Jornalística. comentarem notícias em um site de redes sociais.

Disponível em: http://www.compos.org.br/data/biblioteca _1896.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 Na sociedade midiatizada a experiência política não desapareceu; transfigurou-se. O fenômeno da internet 8. e das redes sociais forjaram uma nova ambiência O JULGAMENTO DO MENSALÃO E comunicacional em que os atores-em-rede, e-leitores, a AS REDES SOCIAIS DE partir de uma cognição coletiva conectada articulam INTERPRETAÇÃO. PISTAS PARA novos agenciamentos ético-políticos, virando do UMA HERMENÊUTICA DA avesso a concepção e a própria atividade política. Este COMUNICAÇÃO E CULTURA texto apresenta elementos para uma compreensão das MIDIÁTICA COMPARTILHADA notícias acerca do chamado “julgamento do mensalão”, em que as relações entre mídia e poder se PAIVA, Cláudio Cardoso de. mostram em toda sua complexidade. Observamos a sua projeção no contexto do ciberespaço, um ambiente Palavras-chave: que pulsa permanentemente, num presente contínuo, Mensalão; agregando diferentes linguagens e sensibilidades, e Mídia; cuja forma e sentido solicitam novos parâmetros de Rede Social. interpretação. Neste sentido propomos algumas pistas 233

para um exercício de interpretação, uma hermenêutica Disponível em: da comunicação compartilhada, que possa desvelar o http://compos.org.br/data/biblioteca_1969 significado do “julgamento do mensalão” nas redes .pdf sociais.

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 O trabalho analisa conceitualmente a produção de acontecimentos jornalísticos nas redes sociais da 9. internet e sua reverberação a partir de um caso APONTAMENTOS SOBRE O específico: o suicídio da adolescente canadense CIBERACONTECIMENTO: O CASO Amanda Tood que, depois de postar vídeo no Youtube AMANDA TOOD em que relata intimidações sofridas no Facebook e na escola, foi encontrada morta em seu quarto gerando HENN, Ronaldo Cesar. comoção e transformando-se em pauta para a imprensa do Canadá. Através do conceito de Palavras-chave: ciberacontecimento, busca-se compreender as Acontecimento; dinâmicas de processos com essa natureza, as Ciberjornalismo; transformações que introduzem no sistema jornalístico Redes Sociais. e a as articulações dos campos problemáticos instituídos. A análise fundamenta-se no diálogo entre Disponível em: as teorias do acontecimento, os conceitos de semiose http://www.compos.org.br/data/biblioteca de C. S. Peirce e o de semiosfera de Iuri Lotman, mais _2068.pdf as perspectivas que investigam a cibercultura e o ciberjornalismo. Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 Nesse artigo analisamos o jornalismo como um sistema de alerta que integra diferentes canais de 10. comunicação. O estudo de caso foi realizado com base JORNALISMO COMO SISTEMA DE no incêndio da boate Kiss ocorrido na cidade de Santa ALERTA: INTEGRAÇÃO ENTRE Maria, RS, em 27 de janeiro de 2013. Nós MÍDIA SOCIAL E IMPRESSA NA monitoramos todos os links para o jornal Zero Hora TRAGÉDIA DE SANTA MARIA que circularam na rede social Twitter entre 25 e 31 de janeiro de 2013, compreendendo um conjunto de ZAGO, Gabriela da Silva. dados de 20.012 tweets. Analisamos o volume de BASTOS, Marco Toledo. mensagens replicadas, o conteúdo dessas mensagens e os perfis mais retuitados de modo a poder identificar Palavras-chave: como o Twitter funcionou como um sistema de alerta Jornalismo; durante a tragédia. Os resultados dessa investigação Circulação Jornalística; indicam que mídia social e impressa funcionam de Twitter. modo coordenado como um sistema de alerta durante eventos de grande comoção. Disponível em: http://compos.org.br/data/biblioteca_2062 .pdf

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 O Jornalismo Guiado por Dados é uma prática de Jornalismo em Bases de Dados em vias de adoção por 11. redações de todo o mundo, desde meados dos anos JORNALISMO GUIADO POR DADOS: 2000. Trata-se de um desenvolvimento dos conceitos RELAÇÕES DA CULTURA HACKER de Jornalismo de Precisão e Reportagem Assistida por COM A CULTURA JORNALÍSTICA Computador, propostos inicialmente nos anos 1970 e impulsionados pelo processo de digitalização das TRÄSEL, Marcelo. redações e pela adoção de políticas de acesso à informação por governos e instituições. O trabalho 234

Palavras-chave: levanta a hipótese de que o Jornalismo Guiado por Jornalismo Digital em Bases de Dados; Dados se configura como uma imbricação entre a Jornalismo Guiado por Dados; cultura profissional dos jornalistas e a cultura hacker. Reportagem Assistida por Computador; Os resultados da etapa preliminar de uma pesquisa Etnografia; etnográfica realizada entre jornalistas brasileiros em Hacker. novembro e dezembro de 2012 sugerem que os jornalistas guiados por dados compartilham algumas Disponível em: práticas e valores com os membros da cultura hacker. http://compos.org.br/data/biblioteca_2065 .pdf

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 O trabalho tem por objetivo identificar características na apropriação de três grupos específicos que 12. contribuíram para a difusão de informações no Twitter QUEM RETUITA QUEM? PAPÉIS DE durante os protestos realizados em Brasil a partir do ATIVISTAS, CELEBRIDADES E mês de junho de 2013: ativistas, celebridades e IMPRENSA DURANTE OS imprensa. Para identificar semelhanças e diferenças #PROTESTOSBR NO TWITTER entre os grupos, usamos uma combinação de análise de conteúdo de foco referencial com análise de redes ZAGO, Gabriela. sociais. Os resultados apontam para papeis RECUERO, Raquel. complementares entre os grupos na difusão de BASTOS, Marco Toledo. informações sobre os protestos.

Palavras-chave: Difusão de informações; Protestos; Twitter.

Disponível em: http://compos.org.br/encontro2014/anais/ Docs/GT01_COMUNICACAO_E_CIBE RCULTURA/artigocompos2014_2135.pd f

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 O objetivo do artigo é discutir o processo de aprendizado na comunicação digital. As mídias e redes 13. digitais fazem emergir práticas de comunicação que TEXTOS, TEXTURAS E facilitam a apropriação, criação e compartilhamento de INTERTEXTOS: APONTAMENTOS textos híbridos (oral, visual, tátil). Essas práticas SOBRE APRENDIZADO E digitais exploram as sensorialidades do corpo e COMPETÊNCIA NA COMUNICAÇÃO operam em situações concretas, mobilizando saberes, DIGITAL habilidades e atitudes que a sociologia do aprendizado denomina de construção de competências (Perrenoud, OLIVEIRA, Fátima Cristina Regis 1999). Por apoiar-se em situações concretas, estimular Martins. corpo e engajamento, o aprendizado por competências se diferencia do aprendizado formal, frequentemente Palavras-chave: abstrato e descontextualizado, o que pode explicar o Textos; interesse dos educadores na comunicação digital. Competências; Conclui-se que o aprendizado digital opera como rede Comunicação digital. sociotécnica. Assim, retoma-se a etimologia de texto e revela-se que a cultura escrita o despiu de qualidades Disponível em: fundamentais: texto inclui textura (relevo, sensorium) http://compos.org.br/encontro2014/anais/ e trama (rede, intertexto) (McKenzie, 2004). 235

Docs/GT01_COMUNICACAO_E_CIBE RCULTURA/textos_texturas_intertextos_ 2134.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 Este artigo propõe uma discussão sobre a curadoria de conteúdo como forma de verificação jornalística e 14. como parte do processo de construção da notícia A CURADORIA EM JORNALISMO durante coberturas de caráter urgente que têm a NAS COBERTURAS DE BREAKING internet como suporte de publicação. Revê o conceito NEWS EM TEMPO REAL NA de “jornalista sentado” a partir do poder INTERNET proporcionado pelas tecnologias ao profissional longe do local do fato, utilizando informações que circulam OSÓRIO, Moreno Cruz. na rede para gerar conhecimento. Também sugere um novo olhar para o local de trabalho do jornalista (a Palavras-chave: redação), de forma que ela dê condições de executar Curadoria; tarefas de modo rápido e eficiente. Breaking News; Jornalista.

Disponível em: http://compos.org.br/encontro2014/anais/ Docs/GT10_ESTUDOS_DE_JORNALIS MO/artigo_moreno_osorio_compos_2014 __2237.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 A dinâmica da notícia nas redes sociais na internet está relacionada à etapa de circulação a partir da forma de 15. apresentação e do conteúdo das postagens e a DINÂMICA DA NOTÍCIA NAS REDES recirculação a partir das ações participativas dos SOCIAIS NA INTERNET: UMA usuários. Neste artigo, o objetivo é apresentar uma CATEGORIZAÇÃO DAS AÇÕES proposta de categorização da recirculação no Twitter e PARTICIPATIVAS DOS USUÁRIOS no Facebook a partir das ações participativas dos NO TWITTER E NO FACEBOOK usuários (filtro social e reverberação) e analisar como se dá essa recirculação nas redes sociais na internet. O SOUSA, Maíra de Cássia Evangelista de. objeto empírico é formado por postagens publicadas em janeiro de 2013 nas contas do Twitter e do Palavras-chave: Facebook do portal jornalístico Estadão sobre o Notícia; incêndio na Boate Kiss, na cidade de Santa, Maria no Circulação; Rio Grande do Sul, que vitimou 242 jovens. Redes sociais na internet.

Disponível em: http://www.compos.org.br/biblioteca/artig ocomp%C3%93smaira_sousafinal_2235. pdf

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 Este artigo resume as principais ideias defendidas em nossa tese doutoral apresentada à Escola de 16. Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo DOS DADOS AOS FORMATOS: O em 2013. A tese apresenta um modelo teórico que SISTEMA NARRATIVO NO expande o conceito de narrativa digital jornalística. JORNALISMO DIGITAL Partimos da narratologia pós-clássica, da moderna 236

teoria dos sistemas e do modelo JDBD (Jornalismo BERTOCCHI, Daniela. Digital de Base de Dados). Observamos que o agenciamento entre os estratos do sistema narrativo Palavras-chave: realiza-se de forma coletiva por diversos atores: Narrativa; jornalistas, engenheiros, designers, webmasters, Jornalismo digital; usuários, robôs, softwares, algoritmos, entre outros; e Computação. que o jornalista atua sobretudo nas camadas de frontend do sistema. Uma vez conhecedor das Disponível em: camadas subterrâneas do sistema narrativo, o que http://compos.org.br/encontro2014/anais/ chamamos de antenarrativa (dados e metadados), o Docs/GT10_ESTUDOS_DE_JORNALIS jornalista abre oportunidades para melhor comunicar MO/bertocchi_daniela_compos2014_men suas histórias no ciberespaço, interfaceando novos or_2232.pdf formatos. Assim, o jornalista é potencialmente um designer da experiência narrativa. Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 O artigo oferece desenho conceitual do que se postula ser a crise enfrentada pelo jornalismo contemporâneo, 17. cujo processamento se dá em plataformas distintas e JORNALISMO E MOVIMENTOS EM convergentes de produção e circulação da informação. REDE: A EMERGÊNCIA DE UMA Entende-se a crise a partir de perspectiva sistêmica CRISE SISTÊMICA associada a conceitos advindos da Teoria Geral dos Signos, de C. S. Peirce, e da Semiosfera, de Yuri OLIVEIRA, Felipe Moura de. Lotman. Compreende-se o jornalismo como um HENN, Ronaldo Cesar. sistema aberto, dinâmico, complexo e não linear, que se transforma potencialmente na interação com outros Palavras-chave: sistemas de produção de sentido, como os que são Crise; agenciados pelas redes sociais digitais. A Ciberacontecimento; concretização do debate se dá pelo cotejamento dessa Movimentos de ocupação global. reflexão aos casos observados em pesquisas atualmente empreendidas pelos autores deste trabalho, Disponível em: em que os objetos são ciberacontecimetos que http://www.compos.org.br/biblioteca/com circulam em rede o os chamados movimentos de pos2014_felipe_ronaldo_2234.pdf ocupação global

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 O artigo objetiva discutir as narrativas multimídias como uma potencialidade da metáfora da estética base 18. de dados, capaz de romper com a metáfora do PRODUÇÃO HORIZONTAL E impresso - broadsheet metaphor. Como aporte teórico, NARRATIVAS VERTICAIS: NOVOS são apresentados conceitos relacionados à PADRÕES PARA AS NARRATIVAS convergência jornalística, ao continuum multimídia, às JORNALÍSTICAS narrativas digitais e às bases de dados. Nosso procedimento metodológico é estruturado na aplicação BARBOSA, Suzana. de fichas de análise que visam identificar o perfil, o NORMANDE, Naara. design, a multimidialidade e a interatividade das ALMEIDA, Yuri. narrativas jornalísticas em redes digitais que despontaram como casos paradigmáticos, produzidas Palavras-chave: pelos grupos The New York Times, The Guardian e Narrativas multimídias; Folha de S. Paulo. Como conclusão, identificamos Convergência jornalística; padrões para essas narrativas a partir de elementos Bases de dados. relevantes e diferenciadores, tais como a densidade informativa, a verticalização, a integração dos recursos Disponível em: multimídias, a utilização consistente de menus de http://www.compos.org.br/biblioteca/artig navegação e os botões de compartilhamento para as o_gtjornalismo_sbarbosa_naara_yuri_223 redes sociais. 237

8.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 O artigo propõe que diversas transformações na maneira como as práticas sociais são influenciadas por 19. meios de comunicação interativos e pósmassivos APONTAMENTOS PARA UMA podem ser identificadas com um movimento geral de TEORIA DA VIDA MIDIATIZADA midiatização da vida social. Este movimento foi parcialmente explorado pela jovem tradição dos HOLANDA, André Fabrício da Cunha. estudos de Cibercultura bem como por outras abordagens, porém sem que se pudesse avaliar todo o Palavras-chave: seu alcance, principalmente quando se considera Midiatização; aspectos como a intensificação da comunicação dos Cibercultura; não-humanos, representada pela emergência da Teoria Ator-rede. Internet das coisas e outros fenômenos recentes como o Big data, que representam dificuldades para as Disponível em: teorias sociológicas ou comunicacionais ancoradas à http://www.compos.org.br/biblioteca/com uma concepção humanista e assimétrica dos processos pos-2015-20699834-cb48-4742-82b3- de comunicação social. Este artigo faz a crítica de 76cce7e22a1d(2)_2741.pdf algumas destas abordagens, buscando superar seus limites por meio de uma perspectiva composicionista e Acesso em: 5 dez. 2020 simétrica informada pela Teoria Ator-rede. Ano: 2015 O presente artigo estuda as rotinas produtivas das notícias, que contribuem para a compreensão do 20. mundo diariamente construído. No atual contexto de 65 ANOS DE TELEJORNALISMO: convergência, que nas últimas décadas pavimentam DAS “NOTÍCIAS FORDISTAS” ÀS perspectivas para a reconfiguração/redesenho do fazer “NOTÍCIAS FLEXÍVEIS” no telejornalismo, por meio da adoção tecnológica, evidenciam as alterações e as predominâncias PEREIRA JÚNIOR, Alfredo Eurico características de dois momentos: as rotinas do final Vizeu. do século XX (rotinas fordistas) e do início do século LORDÊLO, Tenaflae da Silva. XIX (rotinas flexíveis). Desta feita, o objetivo é estabelecer uma breve discussão que perpassa o Palavras-chave: contexto das rotinas e as notícias no final da década de Rotinas flexíveis; 90 tomando por base pesquisa realizada por Vizeu Telejornalismo; (2002) e Lordêlo (2015), que aponta como as rotinas Rotinas fordistas. da redação, longe de serem como alguns afirmam mecânicas, estão em constante transformação, num Disponível em: fluxo constante de mudanças contribuindo com para a http://www.compos.org.br/biblioteca/com construção social da realidade a partir de novos pos-2015-f447a67b-8fb0-4bf8-bc83- desafios das tecnologias sociais ao Jornalismo. c742085ec5e0_2844.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 O artigo discute o que postula-se ser a crise enfrentada pelo jornalismo com a emergência das redes sociais 21. digitais ao propor a filosofia da linguagem como base DO ACONTECIMENTO À epistemológica – destacando-se os conceitos de MEDIAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE A “semiose”, em Peirce, e “semiosfera”, em Lotman. É CRISE DO JORNALISMO um empreendimento ensaístico, mas calcado em dados empíricos: processos que envolvem práticas e OLIVEIRA, Felipe Moura de. narrativas jornalísticas e a repercussão do caso “Eu Sou Charlie”. O debate começa pela caracterização do Palavras-chave: “acontecimento” como elemento propulsor da Crise do jornalismo; construção social da realidade, na qual o jornalismo 238

Filosofia da linguagem; tem seu protagonismo questionado ante a outras Charlie Hebdo; formas de representação que circulam na esfera The New York Times. pública, produzidas por diferentes agentes, o que estabelece uma intensa “disputa de sentidos”. Advoga- Disponível em: se a necessidade de uma autorreflexão do jornalismo, http://www.compos.org.br/biblioteca/com com atenção especial às suas funções de mediação e pos-2015-bc741313-6b93-4d26-bffc- representação, que pode resultar numa forma mais bae039139628_2846.pdf complexa de dar a ver dos campos problemáticos que os acontecimentos potencialmente revelam. Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2016 A teoria do agendamento é, até hoje, umas das mais poderosas peças intelectuais produzidas pela pesquisa 22. em Comunicação. Entretanto, não se trata de uma A CONSTRUÇÃO DA AGENDA teoria estabilizada. Isso porque estudos recentes PÚBLICA NA ERA DA baseados no processamento de dados massivos na COMUNICAÇÃO DIGITAL Internet (big data) indicam resultados, aparentemente, contraditórios entre si. Enquanto alguns achados LYCARIÃO, Diógenes. reforçam o modelo original de McCombs e Shaw (i.e. SAMPAIO, Rafael Cardoso. os media agendam o debate público), outros demonstram grande capacidade das mídias sociais em Palavras-chave: determinar a agenda dos media, o que se designa por Opinião pública; agendamento reverso. Este artigo, a partir de um Teoria do agendamento; modelo interacional de construção da agenda pública, Big data. indica como tais resultados seriam coerentes entre si. Isso porque eles revelam, a partir do aludido modelo, a Disponível em: complexa, multidirecional e, em certa medida, http://www.compos.org.br/biblioteca/com imprevisível rede de interações que acabam por -autoria-compos-2016-estudos-de- conformar o debate público em função de diferentes jornalismo_3374.pdf tipos de agendamento (factual e temático) e temporalidades (curto, médio e longo prazo). Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2016 Este artigo examina a inovação no jornalismo móvel a partir do conceito de affordance aplicado no estudo de 23. revistas para tablets em três momentos definidos entre AFFORDANCES INDUTORAS DE 2010 e 2016. Criou-se uma ferramenta metodológica INOVAÇÃO NO JORNALISMO de análise com o objetivo de explorar os quatro MÓVEL DE REVISTAS PARA conjuntos de affordances identificados: operação, TABLETS coleção, compartilhamento e multimidialidade. A partir destes grupos, pontuou-se a emersão de FONSECA, Adalton dos Anjos. affordances inovadoras possibilitadas pelos recursos e BARBOSA, Suzana. funcionalidades dos tablets e que também permitem interações inéditas ou renovadas na relação entre Palavras-chave: usuários e revistas. Entre elas estão: ouvir, assistir, Jornalismo Móvel; jogar, pesquisar, armazenar. A comparação entre as Affordances; revistas analisadas que mais se destacaram pela Inovação; inovação também revelou uma tendência de Revistas para tablets. estabilização de um formato para exploração dos recursos e funcionalidades do tablet, apesar de Disponível em: reconhecermos que há possibilidades ainda não http://www.compos.org.br/biblioteca/affo exploradas pelos produtos que têm o potencial de rdancesinovadorasemrevistasparatablets_a induzir mais inovações dalton_suzana_16fev2016_template_21fe v2016_3384.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020 239

Ano: 2016 As narrativas humanas são formas simbólicas organizadas em função de performances 24. socioculturais. Ademais, o jornalismo tem como uma CIDADES INVISÍVEIS: AS de suas funções sociais tratar de temas relacionados à EXPERIÊNCIAS DE OUTROS cidadania, principalmente os invisibilizados, conforme JORNALISMOS EM GRANDES Medina (2008) e Ijuim (2012). A partir de tal CENTROS URBANOS perspectiva, este artigo visa analisar narrativas inseridas na cultura de convergência, segundo Jenkins BORTOLI, Suzana Rozendo. (2008), que se traduzem em novas oportunidades para MONTIPÓ, Criselli. o jornalismo, de acordo com Meditsch (2012). Para o recorte desta análise foram selecionadas as iniciativas Palavras-chave: SP Invisível e Rio Invisível, que dão visibilidade às Narrativas jornalísticas; pessoas em situação de rua a partir de textos e imagens Jornalismo e cidadania; em redes sociais. Verificou-se que as referidas Iniciativas emergentes; propostas emancipatórias conseguem não apenas SP Invisível; evidenciar a esse grupo minoritário das duas Rio invisível. metrópoles, mas também alcançar a sensibilidade humana por meio de um modo alternativo de se fazer Disponível em: jornalismo http://www.compos.org.br/biblioteca/com p%C3%B3s2016_comautoria_3386.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2016 Bases de dados abastecidas com notícias produzidas para a Web representam um repositório de informação 25. estruturada com potencial tecnológico de ser JORNALISMO ESTRUTURADO: USO reutilizada de inúmeras formas e por outras DE METADADOS PARA plataformas digitais conectadas via redes. No entanto, ENRIQUECIMENTO DE BASES a dinâmica de recuperação deste material costuma ser NOTICIOSAS NA WEB limitada a busca por palavras-chave; da mesma forma, a sua organização é composta por categorizações LIMA JÚNIOR, Walter Teixeira. simples ou apenas por marcações em HTML, não OLIVEIRA, André Rosa de. permitindo a flexibilização do seu uso de outras formas. Novas ferramentas baseadas na adoção de Palavras-chave: vocabulários controlados, ontologias formais e outros Jornalismo Digital em Bases de Dados; padrões de metadados estruturam melhor a Jornalismo estruturado; recuperação da informação jornalística inserida em Metadados; banco de dados. Neste artigo, pretende-se relacionar a Multidisciplinaridade. informação jornalística a conceitos que estendam bases de dados além de seu uso como repositório, mas Disponível em: na obtenção de "relações invisíveis" de temas e http://www.compos.org.br/biblioteca/160 contextos. 224_compos_artigo_nomes_3370.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2017 O artigo apresenta os resultados parciais de uma pesquisa que investiga como as mudanças nos modos 26. de leitura das notícias na internet estão provocando A INVISIBILIDADE DA HOME PAGE mais uma transformação contemporânea no E AS MUDANÇAS NOS MODOS DE jornalismo: a invisibilidade das home pages dos sites LEITURA DAS NOTÍCIAS jornalísticos. Analisa como os acessos ao noticiário, por meio de links distribuídos em redes sociais, em BARSOTTI, Adriana. ferramentas de busca e nos portais acarretam perda de AGUIAR, Leonel Azevedo de. sentido em um valor fundamental da cultura profissional. Após levantamento de dados sobre novos 240

Palavras-chave: hábitos de leitura, empreende revisão bibliográfica Jornalismo; sobre a home page e utiliza entrevistas em Home page; profundidade com jornalistas para compreender o Modos de leitura. impacto do silêncio da primeira página on-line nas rotinas produtivas. Conclui que, à medida que as Disponível em: notícias se desprendem do contexto original da edição, http://www.compos.org.br/data/arquivos_ os profissionais sentem-se desafiados, mas sustentam 2017/trabalhos_arquivo_FIZ9B2A7J51LF que é preciso cumprir com sua responsabilidade social, FPMEPUG_26_5465_18_02_2017_18_4 destacando, em manchetes e chamadas, os temas de 4_07.pdf interesse público.

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2017 Este artigo mostra como os leitores percebem as finalidades do jornalismo. A investigação mapeia 27. comentários coletados nos sites e em páginas no AS FINALIDADES DO JORNALISMO Facebook dos três maiores jornais de referência PARA OS LEITORES: ESTUDO DA brasileiros (Folha de S.Paulo, O Globo e O Estado de AUDIÊNCIA DOS JORNAIS FOLHA, S. Paulo), utilizando como método a Análise de GLOBO E ESTADÃO Discurso. O trabalho revela que, para os leitores, o jornalismo tem 11 finalidades a cumprir. As quatro REGINATO, Gisele. finalidades principais são, nesta ordem de importância: BENETTI, Márcia. a) fiscalizar o poder e fortalecer a democracia, b) informar, c) esclarecer o cidadão e apresentar a Palavras-chave: pluralidade da sociedade e d) verificar a veracidade Finalidades do jornalismo; das informações. Essas quatro finalidades são Leitor; percebidas pelos leitores em mais de 75% dos trechos Jornais de referência. analisados. As outras funções são: e) selecionar o que é relevante, f) investigar, g) registrar história e Disponível em: construir memória, h) interpretar e analisar a realidade, http://www.compos.org.br/data/arquivos_ i) defender o cidadão, j) fazer a mediação entre os 2017/trabalhos_arquivo_N3X1LJHCH6R fatos e o leitor e k) integrar e mobilizar as pessoas. LAXRUFUIU_26_5340_13_02_2017_12 _28_41.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2017 O artigo investiga as tendências que orientam a prática jornalística hoje, buscando compreender as mutações 28. no mundo do trabalho do jornalista. Ao explorar a AS MUTAÇÕES NO MUNDO DO esfera da produção noticiosa, torna-se possível TRABALHO DO JORNALISTA E cartografar as contradições no interior do jornalismo, SUAS CONTRADIÇÕES: UMA ressaltando como as dimensões singulares, particulares PERSPECTIVA ONTOLÓGICA DA e universais interagem na moldura objetiva da crise CRISE DO JORNALISMO que afeta o campo. Como muitas outras profissões, alteradas historicamente e muitas vezes extintas por SOUZA, Rafael Bellan Rodrigues de. novas forças produtivas, o jornalismo têm se tornado uma prática fragmentada e instável, sendo que o Palavras-chave: empreendedorismo neoliberal afeta tanto a Teoria do Jornalismo; subjetividade do repórter e seus projetos profissionais, Crise; quanto o papel da informação jornalística na Trabalho. sociabilidade hegemônica contemporânea. Essa reflexão apoia-se na edificação de uma ontologia do Disponível em: jornalismo, proposta de interpretação da práxis http://www.compos.org.br/data/arquivos_ noticiosa hoje. 2017/trabalhos_arquivo_SK33UDV7N2C BDEF7UVCE_26_5799_21_02_2017_11 241

_42_11.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2017 Este artigo trata, de um modo exploratório, do conceito de ludicidade como estratégia enunciativa da 29. produção, na estruturação da experiência de leitura em JOGO DA LEITURA: A LUDICIDADE publicações digitais em tablets. Para discutir a relação NO JORNALISMO PARA TABLET entre produção jornalística e leitura, passamos por uma ampliação da noção de dispositivo, para além dos CUNHA, Rodrigo. aspectos técnicos, tratando-o como elemento da FREIRE, Eduardo. produção de sentidos. Desta forma, resgatamos a noção de contrato de leitura, de Eliseo Verón, quando Palavras-chave: analisa os dispositivos de imprensa, para estudar as Jornalismo digital; condições de produção e de reconhecimento no Design; tabletjornalismo. A partir de testes de usabilidade, foi Contrato de leitura. possível constatar que a simplicidade de conteúdos e a parcimônia no uso de recursos interativos podem ser a Disponível em: chave para a satisfação dos leitores de publicações http://www.compos.org.br/data/arquivos_ digitais, e podem servir como guia para jornalistas e 2017/trabalhos_arquivo_J5ECBORU9PW designers na hora de escolher quais estratégias e 6D5TEI9Z4_26_5213_06_02_2017_19_2 funcionalidades usar ao construir o caminho que leva 5_44.pdf ao leitor no que denominamos de jogo da leitura.

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2017 Dinâmicas das redes sociais têm redefinido práticas jornalísticas, levando à percepção de uma crise em 30. noções como objetividade e imparcialidade. A MULTIPARCIALIDADE, DIALOGIA E discussão sobre pós-verdade durante as eleições norte- CULTURA PARTICIPATIVA COMO americanas de 2016 é um sintoma de demandas sociais REAÇÃO À PÓS-VERDADE: UMA pela responsabilidade de atores midiáticos em relação ABORDAGEM DISCURSIVA SOBRE às informações divulgadas e da necessidade de um O JORNALISMO reposicionamento deontológico e epistemológico no campo do jornalismo. No Brasil, esse contexto CARVALHO, Pedro Henrique Varoni de. também envolve a cobertura jornalística da crise BELDA, Francisco Rolfsen. política que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma Roussef . A partir desse quadro, o trabalho Palavras-chave: procura apontar a pertinência dos valores de Jornalismo; multiparcialidade e dialogismo para um Dialogia; reposicionamento conceitual do jornalismo. Assim, é Cultura participativa. proposta uma aproximação teórica entre os estudos midiáticos da cultura participativa com o campo Disponível em: linguístico discursivo para se refletir sobre formas http://www.compos.org.br/data/arquivos_ potencialmente mais democráticas e polifônicas do 2017/trabalhos_arquivo_MGT6FSWS1N exercício do jornalismo na contemporaneidade. E8LA0U38YW_26_5175_14_02_2017_1 7_03_04.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2017 Objetivamos aqui discutir uma proposta teórico- metodológica para fundamentar a pesquisa e 31. observação de objetos no jornalismo contemporâneo. UMA PROPOSTA TEÓRICO- Recorremos aos conceitos de materialidade na METODOLÓGICA PARA A PESQUISA Comunicação, associada à TAR - Teoria Ator-Rede, DE OBJETOS NO JORNALISMO aos estudos vinculados a sistemas, espumas e objetos CONTEMPORÂNEO todas elas reunidas sob a proposta de um campo mais 242

aberto, interdisciplinar e resiliente para a comunicação SAAD, Elizabeth. contemporânea. Por fim, propomos alguns pontos de SILVEIRA, Stephanie Carlan da. reflexão para a construção de conteúdos informativos neste ambiente. Palavras-chave: Jornalismo contemporâneo; Epistemologia; Pesquisa de objetos.

Disponível em: http://www.compos.org.br/data/arquivos_ 2017/trabalhos_arquivo_4ZHZFAW8RE LTO6443MBI_26_5182_14_02_2017_07 _03_28.pdf

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2018 Este paper propõe realizar uma releitura da produção de conhecimento no jornalismo. Partimos da tese 32. clássica do jornalismo como uma forma social de A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO conhecimento e sugerimos um deslocamento de olhar: NO JORNALISMO: pensar os modos de produção deste conhecimento no TRANSFORMAÇÕES E jornalismo, procurando, nessa mudança, enfatizar os RENOVAÇÕES DO CENÁRIO elementos, processos e contextos sociais que CONTEMPORÂNEO participam desta produção. A pesquisa foi desenvolvida no método dedutivo e aplicou técnicas FRANCISCATO, Carlos Eduardo. de pesquisa bibliográfica para investigar o cenário contemporâneo do jornalismo e a construção do Palavras-chave: modelo de produção de conhecimento em jornalismo. Jornalismo; Foram aplicadas categorias macrossociais como Conhecimento; conhecimento, tecnologia, capital social e inovação. Construção Social. Por fim, reconhecemos a importância da noção de “instituições intermediárias”, de Berger e Luckmann, Disponível em: para superar uma oposição entre teoria da mediação e http://www.compos.org.br/data/arquivos_ da construção nos estudos de jornalismo. 2018/trabalhos_arquivo_J4EQWHBRIM5 CC0BIT6WY_27_6492_26_02_2018_14 _39_15.pdf

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 O artigo apresenta os resultados de survey sobre trajetórias profissionais de jornalistas brasileiros de 33. 2012 a 2017, período em que às transformações CRISE E MERCADO DE TRABALHO: estruturais do ofício se somou a complexa crise TRAJETÓRIAS PROFISSIONAIS DE política, econômica e social no Brasil. Iniciado com JORNALISTAS NO BRASIL (2012- manifestações de massa em 2013, o período de tensões 2017) políticas no país (ainda em andamento) foi alimentado por notável participação de jornalistas que, PONTES, Felipe Simão. abandonando posições de imparcialidade, defenderam MICK, Jacques. a derrubada de Dilma Rousseff e a agenda de restrição a direitos sociais e trabalhistas adotada por Michel Palavras-chave: Temer. O survey foi respondido em 2017 por 1.233 Trajetórias Profissionais; profissionais que, cinco anos antes, haviam participado Jornalistas Brasileiros; de pesquisa de perfil da categoria. Os dados permitem Crise. a comparação direta de informações sobre a posição ocupacional dos respondentes nos dois momentos, 243

Disponível em: além de recolherem representações dos jornalistas a http://www.compos.org.br/data/arquivos_ respeito dos efeitos das duas crises sobre seu trabalho. 2018/trabalhos_arquivo_72JHNDAEFV9 AD5MYXI08_27_6951_26_02_2018_14 _58_21.pdf

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 É objetivo deste artigo investigar como se configura o podcast In the Dark no cenário de convergência. O 34. aparato teórico é fundamentado nas produções de IMERSIVIDADE COMO ESTRATÉGIA Kischinhevsky (2016), Lopez (2009; 2017), Meditsch NARRATIVA EM PODCASTS (2010) e Martínez-Costa (2015). A metodologia INVESTIGATIVOS: PISTAS PARA UM descritiva (TRIVIÑOS, 2008) conta com a RADIOJORNALISMO TRANSMÍDIA multiplicidade de fontes (CRESSWELL, 2014) EM IN THE DARK ampliando a dimensão da amostra. Os resultados apontam um novo desenho midiático avançando na LOPEZ, Débora Cristina. complexificação narrativa que investe no caráter VIANA, Luana. imersivo da produção e considera a audiência como AVELAR, Kamilla. sujeitos ativos.

Palavras-chave: Podcast; Rádio expandido; Rádio transmídia.

Disponível em: http://www.compos.org.br/data/arquivos_ 2018/trabalhos_arquivo_VQCYDJI5Z67 BL7QMAUI3_27_6772_26_02_2018_12 _49_26.pdf

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 Os termos “notícias falsas” e “pós-verdade” vem sendo usados para descrever a potencialização da 35. desinformação nas redes digitais na segunda década INDICADORES DE CREDIBILIDADE dos anos 2000. No Brasil, diversos atores vêm NO JORNALISMO: UMA ANÁLISE instrumentalizando as redes sociais para disputas DOS PRODUTORES DE CONTEÚDO políticas, espalhando conteúdo que imita materiais POLÍTICO BRASILEIROS jornalísticos legítimos, muitas vezes obtendo mais audiência do que o noticiário de veículos tradicionais. TRÄSEL, Marcelo. Este artigo apresenta os resultados de uma análise de LISBOA, Sílvia. 24 produtores de conteúdo político do país com maior REIS, Giulia. audiência no Facebook, a partir dos indicadores de credibilidade desenvolvidos pelo Projeto Credibilidade Palavras-chave: (Trust Project). Os resultados sugerem que, no cenário Jornalismo; atual, não é possível distinguir o jornalismo de Credibilidade; qualidade do pseudojornalismo a partir das Pseudojornalismo. características dos websites e matérias publicadas por produtores de conteúdo político. Disponível em: http://www.compos.org.br/data/arquivos_ 2018/trabalhos_arquivo_2OJLTLEUOM H3PRT4H3Z3_27_6314_23_02_2018_15 _11_04.pdf

244

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 Neste artigo partimos do olhar do jornalismo de dados para compreender quem são os sujeitos atuantes das 36. redes sociais digitais. A proposta é de uma reflexão SUJEITO DADOS: APONTAMENTOS teórica de conceitos e autores a partir da temática PARA A DISCUSSÃO DO discutida no Programa de Pós-graduação em Ciências JORNALISMO NO CENÁRIO BIG da Comunicação, na Universidade de São Paulo, sobre DATA mediações e midiatizações no consumo. Adotamos como caminho o mapa das mediações de Jesús Martín- ESTEVANIM, Mayanna. Barbero numa tentativa de compreender as relações SAAD, Elizabeth. constitutivas deste jornalismo e consequentemente dos sujeitos de tais processos. Palavras-chave: Jornalismo de dados; Mapa das mediações; Sujeito dados.

Disponível em: http://www.compos.org.br/data/arquivos_ 2018/trabalhos_arquivo_96QE5C03RZOJ 16JAB55R_27_6514_22_02_2018_12_17 _16.pdf

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 Este artigo analisa as redes formadas a partir do uso da hashtag #ItatiaiaNaCopa, da Rádio Itatiaia, bem como 37. do perfil @radioitatiaia, com o objetivo de AUDIÊNCIA RADIOFÔNICA compreender como ocorreu a interação mediada on- E A INTERAÇÃO MEDIADA ON- line entre os usuários do Twitter e a cobertura LINE: A HASHTAG jornalística da Copa do Mundo 2018 realizada pela #ITATIAIANACOPA COMO UMA Rádio Itatiaia. Os dados foram coletados no período de ESTRATÉGIA FALHA 28 de maio a 20 de julho de 2018, pela ferramenta Netlytic e analisados por meio do software Gephi, a VIANA, Luana. partir dos conceitos da Análise de Redes Sociais HOMSSI, Aline Monteiro. (RECUERO, BASTOS, ZAGO, 2015). Com a utilização dos conceitos de rádio expandido Palavras-chave: (KISCHINHEVSKY, 2016) e interação mediada on- Rádio Expandido; line (THOMPSON, 2018), observa-se a formação Rádio Itatiaia; dessas redes e a forma como a hashtag Análise de Redes Sociais. #ItatiaiaNaCopa gerou baixo engajamento por parte do público da Rádio Itatiaia. Disponível em: http://www.compos.org.br/biblioteca/trab alhos_arquivo_4PF4IVWAAH2O1RI4S0 VI_28_7432_17_02_2019_12_04_53.pdf

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 O artigo formula proposta a partir de exercício teórico diante do que é postulado ser uma crise sistêmica no 38. jornalismo contemporâneo. Na perspectiva da filosofia AGIR CARTOGRÁFICO: PROPOSTA da linguagem, a natureza da crise delineia-se pela TEÓRICO-METODOLÓGICA PARA disputa de sentidos que se estabelece na semiosfera, COMPREENSÃO E EXERCÍCIO DO cuja conformação é afetada intensamente pelo alto JORNALISMO EM REDE grau de conectividades que se processam no ambiente digital. Versões contemporâneas do fenômeno 245

OLIVEIRA, Felipe Moura de. designado como “fake news” e outros OSÓRIO, Moreno Cruz. desdobramentos, como a ascensão de imaginários HENN, Ronaldo César. retrógados, adensam a configuração dessa crise. Considerando-se as tensões que esse fenômeno produz Palavras-chave: sobre as práticas jornalísticas, emerge a proposta do Agir cartográfico; agir cartográfico, associado à interface dos conceitos Mediação qualificada; de ciberacontecimento e breaking news, como Ciberacontecimento. alternativa teórico-metodológica para a compreensão e o exercício do jornalismo em rede. É um movimento Disponível em: que projeta o jornalismo na condição de mediação http://www.compos.org.br/biblioteca/trab qualificada, favorecendo formas mais complexas de alhos_arquivo_VOHR9REETUOVW8I3 representação e interpretação do mundo TZYF_28_7626_21_02_2019_07_24_15. pdf

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 O artigo propõe o estudo da reconfiguração do campo da comunicação em função da nova ambiência 39. eleitoral de 2018 quando os fluxos midiáticos foram TENSIONAMENTOS ENTRE CAMPOS marcados por alterações em suas dinâmicas. O SOCIAIS: AS FAKE NEWS E A trabalho visa a oferecer um contributo de reflexão, RECONFIGURAÇÃO DO CAMPO apontando dados e sistematizando aspectos ligados ao COMUNICACIONAL E POLÍTICO NA fenômeno das fake news. Nesse sentido, cumpre ERA DA PÓS-VERDADE entender conceitos de midiatização e abordar perspectivas de embasamento da realidade política do FERNANDES, Carla Montuori. País, sobretudo o papel dos campos, como o do OLIVEIRA, Luiz Ademir de. jornalismo, colocado em xeque numa época em que a GOMES, Vinícius Borges. pós-verdade assume lugar de destaque na sociedade. Para a realização da pesquisa, foi desenvolvida uma Palavras-chave: análise de conteúdo das matérias da agência de Jornalístico; checagem Lupa durante o período de 23 a 28 de Fake News; outubro de 2018. Eleição 2018.

Disponível em: http://www.compos.org.br/biblioteca/trab alhos_arquivo_DNGRMEF7ZR3MHMR3 GHHS_28_7634_20_02_2019_13_14_44. pdf

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Considerando as dimensões emocional e de identidade integradas aos papéis sociais que o jornalismo 40. desempenha na vida cotidiana (HANITZSCH, VOS, BRINCANDO EM SERVIÇO: AS 2018) este artigo discute o impacto dos mecanismos de POTENCIALIDADES interação sobre a interpretação do conteúdo INFORMATIVAS DO LÚDICO NO jornalístico decorrente das novas formas de JORNALISMO DIGITAL engajamento com o público. Procuramos examinar de que maneiras a combinação entre ações lúdicas e LOPES, Olga Clarindo. percepções subjetivas em produções interativas tencionam a forma como os profissionais Palavras-chave: conceitualizam o papel da audiência. Observando as Newsgames; categorias de newsgames e questionários (quizzes) Interação; propostas por Wojdynski (2016) exploramos como Engajamento. veículos de mídia vêm utilizando esses formatos para 246

situar os leitores em reportagens que lidam com Disponível em: grandes bases de dados, exemplificar o funcionamento http://www.compos.org.br/biblioteca/trab de sistemas complexos ou auxilia-los a compreender e alhos_arquivo_DQJX2AD82Z2Q9V236Z compartilhar aspectos de suas identidades e, C0_30_8615_26_02_2020_12_54_53.pdf consequentemente, repensar a posição que ocupam em relação ao “outro”. Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Este estudo tem como objetivo analisar o processo de circulação e recirculação de notícias no Twitter. 41. Particularmente, observa-se o papel dos líderes de CIRCULAÇÃO DE INFORMAÇÃO NO opinião neste processo. Para isso, são analisadas duas TWITTER: COMO LÍDERES DE conversações que totalizam um conjunto de dados de OPINIÃO RESSIGNIFICAM AS mais de 1 milhão de tweets. Utiliza-se uma abordagem NOTÍCIAS de métodos mistos a partir de Análise de Redes Sociais e Análise de Conteúdo. Os resultados indicam SOARES, Felipe Bonow. que líderes de opinião ressignificam as notícias conforme suas narrativas políticas. Além disso, Palavras-chave: observou-se que os usuários pró-Bolsonaro Circulação de Informação; apresentam uma dinâmica de superparticipação que Líder de opinião; ajuda a impulsionar a visibilidade de certas Recirculação. mensagens.

Disponível em: http://www.compos.org.br/biblioteca/trab alhos_arquivo_6OOX9F1O632DAU0VL TQG_30_8339_01_03_2020_09_18_41.p df

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Face à emergência do padrão dos dados digitais na sociedade contemporânea, este artigo faz uma análise 42. de sua presença enquanto tema nas pesquisas da OS DADOS DIGITAIS NA Comunicação. Para tal, escolheu-se fazer um COMUNICAÇÃO: UM NOVO levantamento de todos os artigos científicos PADRÃO NAS PESQUISAS? publicados nos anais da Compós – Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em RABELO, Leon Eugênio Monteiro. Comunicação, entre os anos 2000-2019 que tenham CESAR, Daniel Jorge Teixeira. tematizado os dados digitais. Para encontrar os artigos relevantes em meio a um volume tão expressivo de Palavras-chave: textos, usou-se o ‘NVivo’, um software de análise Dados digitais; qualitativa de textos. Essa ferramenta permitiu Pesquisas Comunicacionais; também análises estatísticas e cruzamentos de Compós; informação que aclarasse o perfil dessas pesquisas e NVivo. suas tendências evolutivas ao longo de 20 anos de produção científica no campo da Comunicação. Disponível em: http://www.compos.org.br/biblioteca/trab alhos_arquivo_90JEHXQW1GEGS82BR UCE_30_8605_26_02_2020_10_08_40.p df

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 O artigo discute a centralidade do conceito de dispositivo como eixo de análise para os diferentes 43. episódios de crítica das práticas jornalísticas vistas em 247

DISPOSITIVOS DE CRÍTICA rede. Ao final de um percurso de seis anos de JORNALÍSTICA NA ESFERA pesquisas em torno de diferentes aspectos da PÚBLICA EM REDE construção, difusão, circulação e retorno da critica jornalística nos ambientes em rede e nas redações, COELHO, Alisson. entendemos que não há uma crítica, mas diversas críticas mais ou menos estabelecidas em torno do Palavras-chave: campo jornalístico com diferentes níveis de Crítica midiática; epistemologização. Aqui discutimos o conceito de Dispositivos críticos; dispositivo, a partir de Foucault, Agamben e Braga, Jornalismo. como um operacionalizador para compreendermos o funcionamento conjunto (ou sistêmico) e individual Disponível em: desses lugares de crítica difusos em rede. http://www.compos.org.br/biblioteca/trab alhos_arquivo_YE7H1JH1RYBHW0PS2 6MF_30_8768_02_03_2020_11_55_29.p df

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Um estudo sobre as relações sociais e de poder que contextualizam as fontes de notícias, compreendidas 44. aqui como promotores de notícias (news promoters), JORNALISMO CIENTÍFICO, no ecossistema jornalístico. A reflexão sobre os modos ECOSSISTEMA JORNALÍSTICO E como essas transformações se configuram no FONTES ESPECIALIZADAS: UMA jornalismo digital é executado com base em uma NOVA REALIDADE pesquisa bibliográfica, a partir do questionamento sobre o papel das fontes de notícias nesses processos. SILVA, Thalita Mascarelo da. Dois percursos teóricos associados sustentam a GENTILLI, Victor. discussão do trabalho: por um lado, o entendimento da territorialidade e da temporalidade como fenômenos Palavras-chave: articulados com ênfase nas modificações espaço- Fontes jornalísticas; tempo que se manifestam de forma particular no Promotores de notícias; jornalismo; de outro, as mediações tecnológicas Ecossistema jornalístico. imbricadas ao processo de circulação da informação como uma condição emergente das sociedades Disponível em: contemporâneas. http://www.compos.org.br/biblioteca/trab alhos_arquivo_1JIQO6944GKHJWDYM YAG_30_8473_24_02_2020_18_05_10.p df

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 A prática de fact-checking iniciou para verificar a factualidade das informações nos discursos de agentes 45. políticos (GRAVES, 2013). Mas a proliferação de JORNALISMO E FACT-CHECKING: informações falsas nas redes sociais da internet, e FONTES OFICIAIS NA BASE DA disseminação de mentiras como instrumento político, CHECAGEM E CRITÉRIOS NÃO fez com que as metodologias de fact-checking também EXPLICITADOS NA SELEÇÃO DO fossem utilizadas para combater as fake news (DINIZ, QUE CHECAR ORIENTAM A 2018). Numa abordagem cognitiva e comportamental, ANÁLISE DE AOS FATOS E Lazer et al (2018) alertam que existem dúvidas quanto AGÊNCIA LUPA à eficácia dessa utilização. Esse artigo analisa a atuação de duas agências brasileiras de checagem, Aos DAMASCENO, Daniel. Fatos e Agência Lupa. Demonstramos que, apesar da PATRÍCIO, Edgard. checagem de discursos ter relação direta com a credibilidade das organizações, as próprias agências 248

Palavras-chave: não explicitam os critérios que orientam a seleção do Jornalismo; que é checado. E que as plataformas de fact-checking Fact-checking; se valem, sobretudo, de dados e estudos fornecidos por Fake news. fontes oficiais e instituições públicas, comprometendo mais uma vez a credibilidade do processo. Disponível em: http://www.compos.org.br/biblioteca/trab alhos_arquivo_QO9GOSFIK2N0BXC199 0P_30_8700_26_02_2020_15_50_50.pdf

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Este artigo apresenta e analisa o cenário brasileiro de violência digital contra jornalistas durante o período 46. das eleições de 2018 e seu desenvolvimento posterior, VIOLÊNCIA DIGITAL CONTRA com base em uma visão de perspectiva múltipla tanto JORNALISTAS: O CASO DAS para a abordagem teórica quanto para o método de ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2018 pesquisa adotado. A abordagem teórica combina referências da ontologia do jornalismo e sua prática RAMOS, Daniela Osvald. contemporânea em ambientes digitais, bem como SAAD, Elizabeth. utiliza conceitos da sociologia da violência contemporânea para uma abordagem sobre a violência Palavras-chave: a partir do sujeito. Propomos também uma coleta de Violência digital; dados de plataformas sociais de análise de sentimento Jornalistas; no período focalizado bem como a coleta de dados Eleições presidenciais. sobre os três jornalistas entrevistados. Concluímos que a violência digital contra jornalistas ameaça o futuro Disponível em: da profissão e, entre outras causas, decorre do http://www.compos.org.br/biblioteca/trab processo de desumanização a partir do uso de robôs na alhos_arquivo_GF08O9WXJ33HGJ5QG manipulação do algoritmo nas plataformas de mídia Z69_30_8278_13_02_2020_18_52_07.pd digital. f

Acesso em: 6 dez. 2020

249

APÊNDICE B

Textos selecionados do Encontro Anual da SBPJor (2012-2020).

TEXTOS SELECIONADOS RESUMO

Ano: 2012 Estudar o processo de produção jornalística é fundamental na contemporaneidade, quando os meios 1. de comunicação, sobretudo os baseados no O PROCESSO DE PRODUÇÃO ciberespaço, são marcados por uma reestruturação WEBJORNALÍSTICA AUDIOVISUAL tecnológica contínua e profunda, alterando o UNIVERSITÁRIA: POSSIBILIDADES funcionamento das fases produtivas. Esse panorama E LIMITAÇÕES PARA MUDANÇAS nos impele a observar as principais possibilidades e limitações para tais mudanças no processo de TEIXEIRA, Juliana Fernandes. produção, em especial no âmbito do webjornalismo audiovisual universitário. O objetivo do artigo é, Palavras-chave: portanto, verificar se e quais transformações os Jornalismo digital; produtos webjornalísticos audiovisuais universitários Webjornalismo audiovisual; Webtvs geram no processo de produção jornalística. A universitárias; metodologia empregada foi a desenvolvida pelo Processo produtivo jornalístico; Produção GJOL-UFBA, que combina procedimentos webjornalística audiovisual. quantitativos e qualitativos, bem como pesquisa de campo Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XENPJOR/paper/view/1495/62

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2012 O artigo repensa o próprio conceito de notícia na sociedade líquida, convergente e midiatizada. 2. Evidencia que a nova ecologia midiática desequilibra A NOTÍCIA LÍQUIDA NA NOVA o clássico binômio produçãorecepção de notícias ECOLOGIA MIDIÁTICA verticalmente mediadas por jornalistas e transfere a tônica para a circulação. Já não basta publicar: as RUBLESCKI, Anelise. notícias precisam ser filtradas pelos interagentes, reelaboradas, recomendadas para as redes sociais das Palavras-chave: plataformas digitais. Ao longo do processo, a notícia Jornalismo; adquire um duplo estatuto: o enunciado no seu local de Notícia; postagem inicial e os fluxos que se estabelecem entre Notícia líquida; os plurais espaços que se inserem no circuito da Webnotícia. notícia online. O somatório desses fluxos resulta na caracterização da notícia líquida. Metodologicamente, Disponível em: trata-se de um trabalho de cunho teórico-analítico, a https://conferencias.unb.br/index.php/EN partir de revisão da literatura. PJor/XENPJOR/paper/view/1505/65

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2012 Em tempos de convergência tecnológica, o jornalismo tem passado profundas transformações em diversos 3. aspectos. Através do estudo realizado para uma 250

PROCESSOS EMERGENTES DO dissertação de mestrado (DEAK, 2011) sobre alguns JORNALISMO NA INTERNET profissionais envolvidos em atividades jornalísticas BRASILEIRA: “NOVOS tidas como emergentes, este trabalho propõe JORNALISTAS” NA ERA DA categorias para delimitar novas ocupações jornalísticas INFORMAÇÃO DIGITAL dentro do ciberjornalismo. Estas categorias apontam para um “novo” jornalismo emergente na rede, que DEAK, André. exige cada vez mais dos profissionais noções de área FOLETTO, Leonardo. como programação de sites, desenvolvimento de bancos de dados, gestão de mídias sociais, produção Palavras-chave: multimídia, produção web e empreendedorismo. Jornalismo digital; Ciberjornalismo; Internet; Redes sociais; Jornalismo em base de dados.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XENPJOR/paper/view/1779/129

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2012 Propõe-se associar o panorama histórico da digitalização das revistas jornalísticas com a 4. delimitação teórica acerca das materialidades no AS REVISTAS MUDAM PORQUE OS campo das Ciências da Comunicação. Para isso, é SUPORTES MUDAM: PANORAMA apresentado o processo de transição e consolidação do DO PRODUTO EM FORMATOS produto específico nos formatos digitais, desde os DIGITAIS “teletexts magazines”, nos anos 1980, até as atuais “revistas sociais”, que, novamente, reorienta a lógica DOURADO, Tatiana Maria. de distribuição e consumo de notícias. A pesquisa é possibilitada através do método de revisão de literatura Palavras-chave: com foco na linha evolutiva das revistas, ainda Jornalismo online; escassa, e nos estudos sobre materialidades, Revistas; exemplificada com estudos de casos ilustrativos, com Suportes; intuito de compreender as diferentes atuações do Materialidades. produto nas interfaces virtuais.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XENPJOR/paper/view/1787/122

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2012 Em maio de 2012, foi inaugurada a ciclovia da Avenida Ipiranga, em Porto Alegre, RS, apesar de 5. estar apenas 4,4% concluída. A peculiaridade do A PARTICIPAÇÃO DOS acontecimento fez com que ele fosse bastante INTERAGENTES NOS SITES DE discutido nos sites de redes sociais. Por conta dessas REDES SOCIAIS COMO UMA características, o acontecimento é tomado como ponto DIMENSÃO DO ACONTECIMENTO de partida para discutir a possibilidade de se JORNALÍSTICO considerar a participação dos interagentes como uma dimensão do acontecimento jornalístico, na medida em ZAGO, Gabriela da Silva. que, através da recirculação, os interagentes podem atribuir sentidos diversos e inesperados ao Palavras-chave: acontecimento, que é posto em circulação novamente Jornalismo; dotado de novos sentidos e pode vir a afetar, de forma 251

Acontecimento; ressignificada, outros interagentes. Circulação jornalística; Sites de redes sociais; Twitter.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XENPJOR/paper/view/1790/124

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2012 O presente artigo visa contribuir às pesquisas arroladas dentro da área de Análise de Gêneros através da 6. observação de um objeto-textual pouco explorado, O TWEET NOTICIOSO COMO mas amplamente apropriado pela esfera jornalística GÊNERO DISCURSIVO como produto informativo, a saber: o tweet noticioso. A proposta desenvolvida neste trabalho volta-se ao TEIXEIRA, Mabel Oliveira. entendimento do tweet noticioso como um gênero discursivo transmutado (BAKHTIN, 1990, 2005, Palavras-chave: 2011). Nosso pressuposto central é que a Web, vista Gêneros discursivos; como (hiper)esfera da atividade humana, estimula a Notícia; hibridização de gêneros e esferas que, uma vez Esfera jornalística; deslocados de seus contextos imediatos, se Twitter; transformam em função das novas necessidades Tweet noticioso. comunicacionais da chamada Sociedade em Rede (CASTELLS, 2010). Em nossa análise iremos Disponível em: observar 134 enunciados jornalísticos publicados no https://conferencias.unb.br/index.php/EN Twitter visando encontrar as possíveis marcas PJor/XENPJOR/paper/view/1834/134 estilísticas, composicionais e/ou temáticas que denunciem a gênese de um novo gênero jornalístico. Acesso em: 5 dez. 2020

Ano: 2012 Os bancos de dados estão no cerne do processo criativo para a elaboração de produtos para grande 7. parte das novas mídias (MANOVICH, 2001). JORNALISMO EM BASES DE DADOS Entretanto, apesar da enorme quantidade de dados E O HACKEAMENTO DOS JORNAIS disponíveis, a informação não tem sentido sem a contextualização, recombinação e estruturação dos ALMEIDA, Yuri. conteúdos. Além de estruturar o jornalismo no ciberespaço, as bases de dados permitem também Palavras-chave: potencializar as práticas colaborativas jornalísticas. A Convergência; partir de 2008 observou-se um processo, das grandes Jornalismo em base de dados; empresas de comunicação, em liberar as suas Hackeamento; respectivas API’s e, paralelamente, criar ações da Jornalismo colaborativo; hackeamento dos jornais. Defende-se neste artigo que Hacker. a disponibilização da API será fundamental para ampliar o hackeamento dos jornais e contribuir para a Disponível em: melhoria técnica e social dos meios de comunicação. https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XENPJOR/paper/view/1903/153

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2012 Lidar com conteúdo noticioso produzido por amadores é um desafio enfrentado pelas media tradicionais. A 8. aquisição das Tecnologias da informação e da DESCENTRALIZAÇÃO DOS comunicação (Tics) por não profissionais representa 252

PROCESSOS PRODUTIVOS DA um novo momento para as empresa midiáticas, que NOTÍCIA: DA MEDIAÇÃO sente a necessidade de inovar e inserir a audiência em TRADICIONAL DAS MEDIA À seu espaço produtivo. Com o propósito de investigar o HIPERMEDIAÇÃO COLABORATIVA fenômeno, o artigo dedica-se a entender práticas jornalísticas de colaboração da audiência na ANJOS, Edienari Oliveira dos. construção de conteúdo noticioso. Tem-se como objeto de análise a cobertura jornalística colaborativa Palavras-chave: da revista Select durante a Feira Internacional SP- Descentralização; Artes. A revista vale-se da prática crowdsourcing Colaboração; (open callchamada aberta) para suscitar a colaboração Media; de seus leitores, o que demonstra uma descentralização Audiência; da rotina produtiva da media impressa. Constata-se a Conteúdo noticioso; transição do monopólio produtivo da notícia das media Crowdsourcing tradicionais à participação efetiva da audiência.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XENPJOR/paper/view/2134/210

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2012 O presente artigo faz uma reflexão sobre os avanços das tecnologias digitais, da participação dos usuários 9. na configuração do acontecimento jornalístico e a A CONSTRUÇÃO DO emergência de uma cultura mais inclusiva na seleção, ACONTECIMENTO JORNALÍSTICO produção e circulação dos acontecimentos NA ERA DA CONVERGÊNCIA DAS jornalísticos. Na construção dos acontecimentos MÍDIAS jornalísticos estão presentes questões internas (critérios de notibilidade) e externas (tecnologia e BACCIN, Alciane Nolibos. participação do público) que ajudam a configurar esses acontecimentos. Com base nessas questões são Palavras-chave: analisados dois exemplos veiculados nos portais G1 e Acontecimento jornalístico; Convergência Terra sobre o Acontecimento Geisy Arruda – Uniban. midiática; Este artigo é parte da dissertação da autora. Mídias sociais; Critérios de noticiabilidade; Cultura participativa.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XENPJOR/paper/view/2147/217

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2012 Tendo como pressuposto a hipótese do Jornalismo Difuso, segundo a qual, a partir do surgimento de ARAGÃO, Rodrigo Martins. ferramenta de produção de conteúdo e publicação pessoal qualquer indivíduo poderia fazer as vezes de 10. jornalista, o estudo investiga a veracidade desta JORNALISMO E PARTICIPAÇÃO: OS afirmação dentro dos espaços abertos pelos webjornais CONTEÚDOS PRODUZIDOS PELOS brasileiros para a recepção e publicação de conteúdos USUÁRIOS NO JORNALISMO produzidos por usuários. Para colocar em discussão BRASILEIRO esta questão e testar tal hipótese, realizou um mapeamento de espaços de participação em 31 jornais Palavras-chave: brasileiros, em que se identificam tendências gerais Jornalismo; relativas às questões de pesquisa acima citadas. Participação no Jornalismo; Encontraram-se evidências da manutenção da divisão 253

Webjornalismo. de papéis entre jornalista profissional e leitor participante, marcado pela reafirmação da habilitação Disponível em: do profissional para a seleção e tratamento das https://conferencias.unb.br/index.php/EN informações. PJor/XENPJOR/paper/view/2148/218

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2012 O artigo analisa o processo de produção jornalística via hipermediações inserido no mercado do rádio 11. piauiense. A análise parte de uma compreensão do NAS ONDAS HIPERMIDIÁTICAS: cenário neoliberal de mercado e como ele reverbera RADIOJORNALISMO, em processos de globalização e convergência HIPERMEDIAÇÕES E FASE DA midiática, fazendo com que a produção de conteúdos MULTIPLICIDADE DA OFERTA NO jornalísticos para o rádio assuma nova caracterização, PIAUÍ inserida naquilo que Brittos (2006), chama de Fase da Multiplicidade da Oferta. A Economia Política do TEIXEIRA, Thays Helena Silva. Jornalismo tráz os elementos teóricos metodológicos DOURADO, Jacqueline Lima. para essa compreensão que analisa a rádio Teresina FM, como um estudo de caso, no sentido de refletir Palavras-chave: sobre o mercado do rádio no Piauí e a sua adesão aos Radiojornalismo; formatos do jornalismo digital. Economia Política do Jornalismo; Hipermediações; Fase da Multiplicidade da Oferta.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XENPJOR/paper/view/1911/154

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 O presente artigo debruça-se sobre as formas de produção, circulação e apreciação de conteúdos 12. simbólicos hoje, pela internet, e dos períodos OS DESAFIOS JORNALÍSTICOS anteriores, respectivamente, à invenção da imprensa de DIANTE DA REDEFINIÇÃO DO Gutenberg e à introdução da eletricidade na CONCEITO DE CONTEÚDO comunicação, com o objetivo de identificar similaridades entre essas práticas tal como ocorrem MINGA, Ester. atualmente e da forma que se estabeleciam no passado. Para isso, parte-se da hipótese de que, apesar do Palavras-chave: inegável avanço tecnológico e das possibilidades Jornalismo; intrínsecas às invenções citadas, no sentido de que só Conteúdo simbólico; se tornaram possíveis a partir delas, as práticas tal Internet; como existem hoje na internet, são em grande parte as Parêntese Gutenberg; mesmas verificadas no passado. Portanto, esta volta às Modo de produção. origens torna necessário e urgente ao jornalismo, cujo produto comercializado por sua indústria é um Disponível em: conteúdo simbólico, redefinir seu modo de produção https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIENPJOR/paper/view/2310/409

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 Este artigo tem por objetivo problematizar as tensões em torno da identidade profissional do jornalista 13. diante da incorporação crescente de ferramentas O JORNALISTA MULTIMÍDIA: digitais em suas rotinas produtivas. Para isso, serão 254

TENSÕES EM TORNO DA recuperadas discussões acerca da identidade (CIBER)CULTURA PROFISSIONAL profissional do jornalista, as quais serão colocadas em perspectiva com conceitos de cibercultura e resultados SEIBT, Taís. empíricos de observações de rotina realizadas na Redação do jornal Zero Hora, para enfim discutir a Palavras-chave: formação de uma identidade do “jornalista Identidade profissional; multimídia”. Jornalismo multimídia; Cibercultura; Redação integrada.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIENPJOR/paper/view/2336/423

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 Os primeiros blogs surgiram ainda nos anos 1990, primeiro como diários virtuais (Schittine, 2004), sendo 14. mais tarde apropriados por profissionais de diversas OS TIPOS DE JORNALISTAS áreas, principalmente jornalistas. Além disso, nos BLOGUEIROS: UMA NOVA últimos anos, a grande quantidade de pesquisas, PROPOSTA DE CATEGORIZAÇÃO levantamentos e categorizações publicadas no meio acadêmico demonstra que os blogs tornaram-se NONATO, Cláudia. importantes meios de comunicação, que abalaram as rotinas produtivas dos meios de massa (Quadros, Rosa Palavras-chave: e Vieira, 2005). A partir de um estudo documental e Blogs; bibliográfico, observa-se que a maior parte das Blogueiros; categorizações feitas até aqui, partiram do blog como Jornalistas; referência e distinção, e não do blogueiro. Desse Categorização. modo, baseados na tipologia criada por Alex Primo (2008; 2010), pretendemos, com este artigo, apresentar Disponível em: uma nova categorização de jornalistas blogueiros. https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIENPJOR/paper/view/2325/418

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 O avanço tecnológico, o aumento do número de usuários de dispositivos móveis nos últimos anos (no 15. Brasil e no mundo) e a multiplicidade de aplicativos LINGUAGENS, PARADIGMAS E para comunicação por meio destes aparelhos permite PERSPECTIVAS SOBRE A inúmeras possibilidades para interatividade, UTILIZAÇÃO DOS DISPOSITIVOS transmissão e consumo da informação. O presente MÓVEIS artigo faz uma análise do uso de tablets e smartphones a partir das discussões acerca da linguagem, a PEREIRA, Marcelo da Silva. utilização dos digitais móveis com abordagem sobre os aspectos históricos, definições, as características, Palavras-chave: usos e processos de linguagem e as perspectivas de Tablets; utilização para os próximos anos, em diálogo com os Smartphones; autores e suas teorias de linguagens da mídia Linguagem; contemporânea, em especial Lev Manovich e João Mobilidade; Canavilhas. Comunicação.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN 255

PJor/XIENPJOR/paper/view/2354/427

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 Este artigo tem por objeto o webtelejornalismo, compreendido como o telejornalismo produzido para 16. ser divulgado na web pelas redes brasileiras de WEBTELEJORNALISMO: O televisão aberta no processo de migração para o DESAPARECIMENTO DO RITUAL DE ciberespaço. Ele pode ser compreendido como a fase APRESENTAÇÃO E A EXPANSÃO hipertextual multimídia do telejornalismo tradicional DA INFORMAÇÃO NO produzido pelas maiores redes de televisão aberta no CIBERESPAÇO Brasil. O artigo descreve o primeiro dos atributos do atual webtelejornalismo no País, em que se evidencia RENAULT, Letícia. o desaparecimento do ritual de apresentação e a expansão da informação no ciberespaço Palavras-chave: Webtelejornalismo; Ciberespaço; Web; Informação; Âncora.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIENPJOR/paper/view/2391/440

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 O contexto de superabundância de informação na internet e a crescente participação dos leitores no 17. processo de produção da notícia vêm reconfigurando o MOBILIZAR OU ENTRETER A papel do jornalista online. A partir de um estudo de AUDIÊNCIA: RECONFIGURAÇÕES caso no site do jornal Extra, do Rio de Janeiro, DAS PRÁTICAS DO JORNALISTA propusemos a revisão, à luz da internet, do conceito de ON-LINE gatekeeping, aplicado por David White ao jornalismo. Também analisamos a validade da utilização dos BARSOTTI, Adriana. termos gatewatcher e mediador para definir as novas AGUIAR, Leonel. funções do jornalista na web. Por último, sugerimos mais um conceito para esse campo de estudos: a do Palavras-chave: jornalista como mobilizador da audiência na internet. Jornalismo on-line; Nessa perspectiva, verificamos que, no Extra, o Mobilizador de audiência; jornalista on-line oscila entre o papel de entreter e Entretenimento; mobilizar, dado que os valores-notícia relacionados ao Gatewatcher; entretenimento têm papel fundamental na Gatekeeping. alavancagem da audiência do site.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIENPJOR/paper/view/2499/472

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 O presente trabalho objetiva estudar uma das modalidades atuais de jornalismo – o jornalismo 18. digital de revista. Especificamente temos como objeto A INTERMIDIALIDADE COMO a prática realizada nos tablets e como ela pode ser FORMA DE INTERPRETAÇÃO DO abordada pelo viés dos estudos de intermidialidade. Os JORNALISMO DIGITAL DE REVISTA estudos de intermidialidade abordam os movimentos 256

(históricos e atuais) das mídias, suas próprias relações ZSCHABER, Felipe. e as relações sociais que tecem com os usuários. Com essa proposta pretendemos buscar uma compreensão Palavras-chave: mais complexificada dessa prática, considerando tanto Jornalismo de Revista; a dinâmica histórico-social quanto técnico-material Jornalismo Digital; entre mídias e entre mídias-usuários. Intermidialidade; Mídias Digitais; Tablets.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIENPJOR/paper/view/2557/486

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 Consideramos que a dinâmica da notícia diz respeito à etapa de circulação a partir da forma de apresentação e 19. do conteúdo das postagens e a recirculação a partir das A DINÂMICA DA NOTÍCIA NAS ações participativas dos usuários. Nesse sentido, este REDES SOCIAIS NA INTERNET: artigo tem por objetivo apresentar nossa proposta de UMA PROPOSTA DE categorização da circulação a partir do conteúdo das CATEGORIZAÇÃO DA CIRCULAÇÃO postagens (alerta, atualização, contextualização, A PARTIR DO CONTEÚDO DAS impacto, convergência, colaboração e composto) e POSTAGENS NO TWITTER E NO analisar como a notícia é construída no Twitter e no FACEBOOK Facebook. O estudo foi realizado a partir de 121 postagens do Twitter.com/estadao e 69 do SOUSA, Maíra. Facebook.com/estadao publicadas entre os dias 27 e 31 de janeiro de 2013, à respeito da Tragédia em Santa Palavras-chave: Maria (RS). Jornalismo; Circulação; Redes sociais na internet; Dinâmica da Notícia; Twitter e Facebook.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIENPJOR/paper/view/2592/495

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 Esse trabalho pretende analisar o jornalismo em dispositivos móveis, considerando as questões de 20. mobilidade e conectividade constantes, JORNALISMO EM DISPOSITIVOS proporcionadas pelos celulares e smartphones com MÓVEIS: NEWSMAKING E O acesso à internet, e como o jornalismo se comporta APLICATIVO CIRCA nesse contexto. Para isso, escolhemos o aplicativo de notícias Circa, lançado em 2012, que apresenta GOSS, Bruna Marcon. notícias em pequenos parágrafos, e analisamos as notícias publicadas utilizando a hipótese do Palavras-chave: newsmaking e os valores notícias de seleção de Jornalismo; Traquina (2008) para compreender quais são os Dispositivos móveis; valores mais presentes e como o formato de produção Newsmaking; do Circa se apresenta nesse contexto de notícias para Valores-notícia; mobilidade. Circa.

257

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIENPJOR/paper/view/2602/499

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 Neste trabalho, de caráter teórico-analítico, parte-se da hipótese de que o jornalismo adota transformações 21. estratégicas em sua voz institucional para se adequar TRANSFORMAÇÕES ao ecossistema midiático digital. Entende-se que tais ESTRATÉGICAS NA VOZ adaptações decorrem principalmente da ampliação da INSTITUCIONAL DO JORNALISMO: participação dos interagentes nas redes sociais da REDES SOCIAIS DA INTERNET NA internet, que representam papel central na atual CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DE SI configuração midiática, desencadeando nas organizações novas formas de representação de seu CARVALHO, Luciana Menezes. ethos. Tais mudanças na construção da imagem de si RUBLESCKI, Anelise. podem ser observadas em enunciados de natureza BARICHELLO, Eugenia Mariano da editorial, em que o discurso institucional é mais Rocha. claramente exposto. Toma-se como caso de ilustração o jornal Zero Hora (RS), que recentemente utilizou Palavras-chave: manifestações das redes sociais da internet para Voz institucional; construir seu discurso institucional em uma carta Estratégias comunicacionais; assinada pela diretora de redação. Redes sociais da internet; Jornalismo em rede; Ethos discursivo.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIENPJOR/paper/view/2638/507

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 As atividades dos ombudsmen tem sido estudada especialmente do ponto de vista da ética como 22. instrumento mediação entre o veículo de comunicação OMBUDSMAN, REDES SOCIAIS E A e o público. Partindo deste pressuposto, neste artigo PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO NA procuramos explorar também a relação desta atividade MÍDIA com a participação do público a partir do uso de redes sociais por ombudsmen da RTP e da EBC. Na matriz PAULINO, Fernando Oliveira. original da atividade do ombudsman, que em Portugal OLIVEIRA, Madalena. adotou a designação de Provedor (dos Leitores, do HOLLANDA, Marianna. Ouvinte e do Telespectador) e no Brasil também é FIDALGO, Joaquim. conhecida como Ouvidor, está ímplicito um princípio de interação com as audiências. Respondendo a Palavras-chave: interpelações do público, o ombudsman é, por isso, um Ombudsman; dos canais que na mídia contemporânea procurar Ética; cultivar precisamente os mecanismos de participação. Regulação; A este princípio acresce o fenômeno das redes sociais Participação; que representam não apenas um estímulo adicional ao Redes sociais. contacto com o ombudsman, mas também uma extensão do debate sobre a deontologia dos Disponível em: profissionais de comunicação. Tal prática pode https://conferencias.unb.br/index.php/EN possibilitar maior participação do público e prescreve PJor/XIENPJOR/paper/view/2645/510 a necessidade de um profissional destacado para administrar tal canal. Acesso em: 5 dez. 2020 258

Ano: 2013 Este artigo trata do fazer jornalístico e suas especificidades na era da Internet. Por mais que este 23. objeto tenha sido discutido por diversos autores, ainda O FAZER JORNALÍSTICO NO CIBER pode desencadear excelentes reflexões, em especial ESPAÇO sobre a ótica do ciberjornalismo, dos novos papéis do jornalista e do cidadão no atual universo MONTEIRO, Ana Carolina da Silva. hipermidiático. A dinâmica do jornalismo, no que se refere ao uso de técnicas e tecnologias, é problemática Palavras-chave: para algumas teorias que tentam explicar o fato da Jornalismo; apropriação de suportes e sua relação com a produção. Cibercultura; Não existe no jornalismo uma teoria geral que dê Novas Tecnologias; conta das mudanças e efeitos das tecnologias. O que Comunicação; hoje parece ser delimitado para as outras mídias, ainda Hipermídia. é incógnita quando se trata das características do jornalismo na web. Ainda no ano de 2013, o Disponível em: ciberjornalismo emerge com mais desafios do que https://conferencias.unb.br/index.php/EN certezas. PJor/XIENPJOR/paper/view/2668/521

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 As lógicas e operações digitais que estruturam e dinamizam a 'relação com o outro' e a 'relação com os 24. dados' produzem transformações na atividade da DESTINOS DA MEDIAÇÃO mediação, especialmente a de caráter jornalístico. Na JORNALÍSTICA condição de 'peritos’, jornalistas têm suas práticas atravessadas pelo 'exército de amadores' que fustigam FAUSTO NETO, Antonio. conhecimentos e procedimentos que, até, então se mantinham nas fronteiras de suas atividades. Registros Palavras-chave: sobre tais intervenções se manifestam nos ambientes Jornalismo; jornalísticos , nos processos formativos dos jornalistas Mediação; e em outros aspectos do seu ëthos” como os que Midiatização; envolvem a autonomia e a testemunhalidade. . A Amador; formulação de Robert Dahrton – “notícia, tudo que Enunciação. couber a gente publica” , parece debilitada ou mesmo, condenada ao desaparecimento, na medida em que a Disponível em: mediação jornalística se mostra , crescentemente , afetada pelos efeitos da midiatização em curso.Para https://conferencias.unb.br/index.php/EN refletir sobre tais proposições,valemo-nos de registros PJor/XIENPJOR/paper/view/2515/561 que envolvem o campo jornalístico, especialmente

processos enunciativos através dos quis a narrativa Acesso em: 5 dez. 2020 jornalística relata o acontecimento. Ano: 2013 Este texto tem o objetivo de refletir sobre as relações entre o jornalismo e os variados circuitos 25. comunicacionais alimentados por instituições, pessoas, TENSIONAMENTOS AO materialidades, considerando-se contextos digitais. O JORNALISMO PELA CIRCULAÇÃO artigo analisa o caso do Diário de Classe, página do SOCIAL DE TEMAS NAS REDES Facebook criada por uma estudante de 13 anos para SOCIAIS escrever sobre a rotina, os problemas do ensino e das instalações da escola em que estudava. A página gerou KLEIN, Eloísa. polêmica, repercutiu no Facebook e foi amplamente pautada pelo jornalismo, resultando em melhorias na Palavras-chave: estrutura da escola, tensionamentos aos governos e Circulação; uma transformação na vida de Isadora Faber, criadora Crítica midiática; do Diário de Classe. O presente artigo considera dois Facebook; ângulos para análise: o tratamento do Diário de Classe 259

Diário de Classe; sobre o jornalismo (e a manifesta vontade da criadora Jornalismo. da página de se tornar jornalista) e os modos de tematizar, questionar, noticiar Diário de Classe pelo Disponível em: jornalismo. Para ser possível uma análise relacional https://conferencias.unb.br/index.php/EN entre estes âmbitos, desenvolvemos uma síntese PJor/XIENPJOR/paper/view/2515/563 analítica do caso.

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 O objetivo desta discussão é sinalizar e refletir acerca das marcas da midiatização do telejornalismo no 26. contexto brasileiro. Para tanto, observamos MIDIATIZAÇÃO DO dispositivos de “zonas de contato” (FAUSTO, 2010) - TELEJORNALISMO: ECOS DO como espaços arquitetados por instâncias midiáticas ENCONTRO ENTRE O NOTICIÁRIO em que produtores e receptores travam contatos e, TELEVISIVO E SITE DE REDE supostamente, interagem – com a finalidade de SOCIAL perceber os movimentos das construções discursivas propostas por um telejornal. Através da análise de um SGORLA, Fabiane. modelo de “zona de contato”- Fanpage do Jornal Nacional, das Organizações Globo, no site de rede Palavras-chave: social Facebook - percebemos vestígios de que o uso Midiatização; desses espaços tem um enfoque maior no convite para Telejornalismo; o dispositivo televisivo do noticiário, bem como para Zona de contato; seu site, em detrimento da efetivação de processos de Produções discursivas. interação.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIENPJOR/paper/view/2515/565

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 O atual estágio tecnológico da Web permite todos os tipos de apropriações, desde as mais domésticas, como 27. abertura de uma conta em uma rede social, até as mais NÍVEIS DE APROPRIAÇÃO sofisticadas, como a procura de rastros e dados. Desde TECNOLÓGICA E PROFISSIONAIS a introdução da dinamicidade na Web, quando os DO JORNALISMO componentes das páginas começaram a serem armazenados em bancos de dados, a co-evolução da LIMA JUNIOR, Walter Teixeira. rede permitiu a cada nível de apropriação pelo profissional de jornalismo determinar qual o patamar Palavras-chave: de obtenção de capital social cognitivo dele. Para Jornalismo; diminuir a assimetria informativa e contribuir para o Apropriação Tecnológica; aumento informativo da esfera pública interconectada, Web; o profissional de jornalismo deve apropriar-se com Capital Social; mais profundidade das técnicas e tecnologias da Web. Assimetria informativa.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIENPJOR/paper/view/2584/580

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 O objetivo é investigar de que modo uma crescente confluência entre, de um lado, as tecnologias 28. contemporâneas de comunicação estruturadas na REPENSANDO JORNALISMO E convergência entre a digitalização ampla e a formação 260

TECNOLOGIA A PARTIR DAS de redes de comunicação com alto potencial de PERSPECTIVAS mobilidade e interação e, de outro, o jornalismo CONSTRUCIONISTAS constituído nos modelos das mídias tradicionais, massivas, unidirecionais, analógicas e classicamente FRANCISCATO, Carlos Eduardo. diferenciadas (jornal, rádio e televisão) estão demandando uma reformulação nas teorias elaboradas Palavras-chave: no século XX para descrever e interpretar o jornalismo Jornalismo; reconfigurado no século XXI. Utilizaremos uma Tecnologia; investigação teórica, de ordem bibliográfica, para Construção social; aproximar duas perspectivas: a tecnologia analisada a Teorias do jornalismo; partir dos estudos de construção social e as teorias Epistemologia. construcionistas do jornalismo. Buscamos, a partir deste quadro teórico supostamente comum, revisar, Disponível em: sistematizar e sugerir interpretações desta https://conferencias.unb.br/index.php/EN aproximação. PJor/XIENPJOR/paper/view/2536/575

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 O presente trabalho aborda a leitura do Jornalismo na contemporaneidade, quando esta ação é possível de ser 29. realizada em diferentes dispositivos como revistas A LEITURA DO JORNALISMO NA impressas, computadores e tablets. As considerações CONTEMPORANEIDADE EM apresentadas baseiam-se na observação de veículos de VERSÕES IMPRESSAS E comunicação atuais pela autora, utilizando como ELETRÔNICAS referencial teórico os estudos de Rorger Chartier, que analisa a história das práticas de leitura, incluindo os FALCO, Alessandra de. objetos que dão suporte a ela. E ainda, estabelece-se a relação das leituras jornalísticas nos diversos Palavras-chave: dispositivos como um meio para o processo de ensino- Jornalismo; aprendizagem, considerando a crescente inserção de Leitura; recursos tecnológicos entre a comunidade jovem e, Revista; inclusive, no ambiente de ensino. Apesar dos avanços Site; e dos novos formatos, não são apagadas as Tablet. representações relacionadas aos meios mais tradicionais, portanto, considera-se que ainda falta um Disponível em: aprofundamento crítico tanto no polo da produção de https://conferencias.unb.br/index.php/EN conteúdo, quanto no polo da recepção, sobre como PJor/XIENPJOR/paper/view/2536/576 trabalhar a relação entre os diferentes formatos, desde o impresso até o eletrônico. Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2013 O que leva um fato a ser notícia? Para abordar esta questão serão destacadas as transformações ocorridas 30. nos valores-notícia, sua flexibilidade cultural e AS NOTÍCIAS E OS VALORES- temporal e as vertentes de estudo que surgiram a partir NOTÍCIA: DA TIPOGRAFIA AO do Jornalismo online. Feito isso, será possível JORNALISMO ONLINE perceber que os valores-notícia estão vinculados a estruturas móveis dependentes da cultura jornalística e PADILHA, Sônia. da variedade de meios de comunicação em que MUNARO, Luís Francisco. emergem. A análise de construções noticiosas no Ciberespaço permite, por fim, respaldar essa visão de Palavras-chave: que longe de amontoados uniformes de dados, as Notícias; notícias são orientadas pela tentativa da captura da Valores-notícia; atenção do leitor e ocupação harmônica dos espaços. História do Jornalismo; Jornalismo online; 261

Hashtags.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIENPJOR/paper/view/2584/582

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 O trabalho tem por objetivo analisar a estrutura de rede das narrativas no Twitter em torno do reduzido 31. espaço concedido ao exoesqueleto na abertura da Copa CIRCULAÇÃO E RECIRCULAÇÃO de 2014. Para tanto, parte-se de considerações sobre o NO JORNALISMO EM REDE: jornalismo em rede e sobre os processos de circulação NARRATIVAS NO TWITTER SOBRE e recirculação nos sites de rede social. O estudo é O EXOESQUELETO NA ABERTURA operacionalizado a partir do emprego de análise de DA COPA DE 2014 redes sociais para observar um conjunto de 5.056 tweets sobre o acontecimento. Resultados trazem ZAGO, Gabriela da Silva. elementos para compreender o cenário contemporâneo do jornalismo em rede, em especial no contexto dos Palavras-chave: sites de rede social. Jornalismo; Redes sociais; Circulação; Recirculação; Twitter.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIENPJor/paper/view/3578/689

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 Esse artigo tem como objetivo avaliar a troca entre leitores e jornalistas da grande mídia através de 32. aplicativos como o Whatsapp do ponto de vista da O LEITOR INTERATIVO E A BUSCA busca por visibilidade e interação. Estes conceitos são POR VISIBILIDADE NA IMPRENSA: tratados a partir das perspectivas de George Mead, ESTUDO DO CASO WHATSAPP Erving Goffman e Michel Foucault. Trabalha-se a teoria de Mead sobre o outro significante incorporado GERK, Cristine. à fala e a importância das trocas comunicacionais. De Goffman, são analisadas as interações da visibilidade Palavras-chave: com as percepções de perigo e as possíveis diferenças Leitores; de enquadramento entre leitor e jornalista. As Visibilidade, considerações de Foucault sobre sociedade disciplinar Interação; a Panóptico são adaptadas à relação entre meios de Whatsapp; comunicação e o público, agora sempre vigilante e Jornais. vigiado. Por fim, é enfatizada a importância do vínculo e da participação mais efetiva do leitor na produção da Disponível em: pauta, a partir das contribuições de autores como https://conferencias.unb.br/index.php/EN Muniz Sodré e Jesús Martín-Barbero. PJor/XIIENPJor/paper/view/3621/700

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 Considerando o contexto de convergência jornalística, problematiza-se a permeabilidade do jornalismo 33. vinculado a empresas tradicionais de comunicação a O JORNAL ZERO HORA E SUA partir do viés da audiência, tomando como objeto 262

AUDIÊNCIA: TENSIONAMENTOS DA empírico o jornal Zero Hora (ZH). Com base em dados ATIVIDADE JORNALÍSTICA NO obtidos pela pesquisa bibliográfica e documental, CONTEXTO DA CONVERGÊNCIA observação dos processos de trabalho na redação, entrevistas e análise de edições exemplares, avalia-se LINDEMANN, Cristiane. de que modo o leitor vem influenciando na atividade GRUSZYNSKI, Ana. jornalística. Observou-se que o projeto de inserção da audiência na produção de conteúdo divulgado pelos Palavras-chave: gestores em 2013 (identificado com a Editoria do Audiência; Leitor) restringiu as intervenções da audiência aos Leitor; espaços já tradicionais. O imbricamento entre os Zero Hora; âmbitos empresarial, tecnológico, profissional e Convergência; editorial evidenciou a assimetria nas forças que Newsmaking. orientam o processo de convergência em ZH, em que a permeabilidade ao público se dá fundada no pólo Disponível em: econômico do jornalismo. https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIENPJor/paper/view/3622/701

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 Os cortes de árvores em Porto Alegre/RS, feitos em 2013, foram chamados de “arborecídio” por 34. ambientalistas e ativistas nas redes sociais. O artigo BLOG INSTITUCIONAL COMO analisa a argumentação do blog ambientalista ESPAÇO DE REFORMULAÇÃO DO (Agapan) e as fontes ouvidas, identificando como a CONCEITO DE AUDIÊNCIA NO entidade atuou diretamente no evento midiático, WEBJORNALISMO: ESTUDO DE contribuindo com a reformulação do conceito de CASO AGAPAN audiências numa perspectiva sociocultural (DAMASIO, 2005). Conclui que o blog problematizou FANTE, Eliege Maria. e aprofundou o tema, através do pluralismo dos MORAES, Cláudia Herte de. argumentos e estrategicamente desfazendo a ideia de produção de conteúdo apenas pelo polo emissor. Palavras-chave: Audiências; Blog; Agapan; Jornalismo Ambiental; Copa do Mundo Fifa Brasil 2014.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIENPJor/paper/view/3674/712

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 Este artigo propõe uma reflexão sobre as mutações pelas quais passa o jornalismo, inserido em um 35. contexto de midiatização. Discutimos como o processo O JORNALISMO EM VIAS DE de midiatização afeta a prática jornalística e, mais MIDIATIZAÇÃO: O CONTRATO DE especificamente, o contrato de leitura estabelecido LEITURA E SUAS NEGOCIAÇÕES entre jornal e leitor. Analisamos o caso da reforma EM ZERO HORA empreendida pelo jornal Zero Hora no ano de 2014, a fim de identificar algumas características do DIAS, Marlon Santa Maria. jornalismo midiatizado (protagonização do leitor, autorreferencialidade, atorização do jornalista, Palavras-chave: autorreflexividade) na nova proposta editorial do Jornalismo impresso; jornal gaúcho. Para tanto, realizamos uma observação 263

Midiatização; sistemática durante dois meses. Leitor; Contrato de leitura; Zero Hora.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIENPJor/paper/view/3676/713

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 Assim como a sociedade, o jornalismo também passa por reconfigurações. Com a emergência das 36. tecnologias digitais no século XX, empresas RECONFIGURAÇÕES DO jornalísticas precisaram se adaptar e investir em novos JORNALISMO: DAS PÁGINAS produtos, a fim de conquistar novos públicos e manter IMPRESSAS PARA AS TELAS DE o antigo, concomitantemente. De cunho teórico, este SMARTPHONES E TABLETS artigo busca discutir as reconfigurações pelas quais o jornalismo tem passado desde a emergência das SOUSA, Maíra. tecnologias digitais, com ênfase aos dispositivos móveis, considerando o atual processo de Palavras-chave: convergência, e consequentemente, a distribuição de Jornalismo; conteúdo em multiplataformas. Paradigmas Jornalísticos; Convergência jornalística; Tecnologias digitais; Dispositivos móveis.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIENPJor/paper/view/3709/730

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 Esta pesquisa teve como foco estudar o jornalismo móvel, que é uma das manifestações mais recentes de 37. uma reconfiguração do jornalismo em razão do JORNALISMO E DISPOSITIVOS desenvolvimento das novas tecnologias de MÓVEIS: UM ESTUDO SOBRE OS comunicação. Seu objetivo foi realizar uma análise da APLICATIVOS DE NOTÍCIAS DO estrutura de três aplicativos jornalísticos: UOL UOL, ESTADÃO E O GLOBO Notícias, Estadão e O Globo Notícias, considerando terem sido desenvolvidos associados a três dos SANTANA, Carol Correia. maiores portais jornalísticos do País: UOL, Estadão e FRANCISCATO, Carlos Eduardo. O Globo. Utilizamos como metodologia a análise da estrutura dos aplicativos com base na Arquitetura da Palavras-chave: Informação, com a finalidade de compreender os Jornalismo móvel; sistemas de organização, navegação, nomeação e Aplicativo; busca dos aplicativos, tendo como referência os Tecnologia; respectivos portais jornalísticos. A análise se realizou Internet; nos produtos e conteúdos disponíveis online durante o Arquitetura da Informação. mês de janeiro de 2014.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIENPJor/paper/view/3889/782

264

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 O uso da tecnologia pode ser visto como um diferencial para quem a inventa ou a utiliza melhor, e 38. tem influenciado a maneira de viver da sociedade em A INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA NA todos os afazeres cotidianos, o que inclui a relação PONTA DOS DEDOS: O entre as pessoas. O jornalismo mantém, CIBERJORNALISMO historicamente, uma relação estreita com a tecnologia: E A LEITURA TOUCHSCREEN invenções como o tipo mecânico móvel, telégrafo, rádio, TV e internet mudaram a forma de se produzir e MARTINS, Gerson Luiz. consumir jornalismo. Esta última – a internet – tem OLIVEIRA, Elton Tamiozo de. mudado rapidamente o viver cotidiano, e a maneira como as pessoas acessam a internet tem mudado, indo Palavras-chave: dos desktops e notebooks aos dispositivos móveis. Por Ciberjornalismo; meio de pesquisa bibliográfica este artigo busca Jornalismo em tablets; explorar, ainda que de maneira inicial, conceitos que Jornalismo em dispositivos móveis; envolvem a leitura dos ciberjornais e permeiam a Interfaces touchscreen. apresentação das informações jornalísticas aos leitores em tablets, dispositivos móveis que possuem uma Disponível em: interface sensível ao toque (touchscreen). https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIENPJor/paper/view/3685/790

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 O presente artigo discute como se apresentam as reportagens televisivas do Arte em 1 em Movimento 39. no telejornal, na internet e no facebook. O programa ARTE E CULTURA, que apresenta características de um telejornal TELEJORNALISMO, INTERNET E especializado na cobertura de notícias relacionadas às REDES SOCIAIS: APONTAMENTOS expressões artísticas e culturais, faz parte do canal por SOBRE O PROGRAMA ARTE 1 EM assinatura Arte 1, que tem como slogan ser o primeiro MOVIMENTO canal brasileiro com vinte e quatro horas de programação especializado em arte. A pesquisa PICCININ, Fabiana. discute a inserção do jornalismo cultural na televisão e PUHL, Paula Regina. os formatos televisivos utilizados para apresentar as notícias sobre a arte brasileira em um telejornal Palavras-chave: especializado no tema exibido em sinal fechado. Na Telejornalismo; sequência, são observadas também como essas Arte; reportagens são recebidas pelos internautas que Jornalismo Cultural; acessam a página do canal na rede social facebook. Facebook. Para análise, foi escolhida a edição do dia vinte e dois de junho. Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIENPJor/paper/view/3759/816

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 A possibilidade de interação do usuário com a programação é uma das principais vantagens da 40. Webtv. Porém, muitas delas apenas importam o NOVAS POSSIBILIDADES DE conteúdo da televisão tradicional para a internet. PRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO Evidencia-se, diante disso, uma reconfiguração no TELEJORNALÍSTICA: sistema de produção e de distribuição de conteúdos UMA ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS televisivos. Quando disponíveis na rede, através de 265

WEBTVS webtvs, têm a possibilidade de linguagem própria, com conteúdo voltado aos usuários e tratamento NEGRINI, Michele. diferenciado da notícia. Estamos diante de novas ROSSASI, Carolina. possibilidades no processo de produção ROOS, Roberta. telejornalística, que pode variar de acordo com o suporte de difusão. Assim, este artigo tem como Palavras-chave: objetivo fazer uma reflexão sobre novas perspectivas Telejornalismo; do fazer e apresentar telejornalismo no contexto da Webtv; cultura da convergência e das webtvs. TVFolha; TerraTV; Cultura da convergência.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIENPJor/paper/view/3759/818

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 As pesquisas e os estudos sobre processos de convergência jornalística e de comunicação móvel já 41. demarcam um mapeamento considerável tanto teórico PESQUISA TEÓRICA E APLICADA (em termos de densidade de literatura e de conceitos) SOBRE JORNALISMO quanto de práticas. Partindo deste contexto, este artigo CONVERGENTE E MOBILIDADE E explora a experiência do Projeto Laboratório de OS DESAFIOS EM CONTEXTO Jornalismo Convergente (FAPESB | CNPq), sediado MULTIPLATAFORMA na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (FACOM | UFBA), que através de BARBOSA, Suzana. três núcleos de pesquisa (Convergência de Conteúdos, SILVA, Fernando Firmino da. Formatos e Gêneros e Design) e da participação de pesquisadores brasileiros, portugueses e franceses Palavras-chave: desenvolveu pesquisas relevantes sobre o fenômeno. O Convergência jornalística; trabalho apresenta os resultados da iniciativa e o relato Mobilidade; da experiência do projeto nos seus aspectos teóricos, Dispositivos móveis; metodológicos e aplicados. Além da abordagem Produtos autóctones; teórico-metodológica e de mapeamento dos objetos Pesquisa aplicada. empíricos, trazemos para o debate o desenvolvimento do aplicativo para dispositivos móveis Academo, um Disponível em: banco de fontes com informações sobre pesquisadores https://conferencias.unb.br/index.php/EN da UFBA. PJor/XIIENPJor/paper/view/3877/830

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2014 A crescente expansão de um ambiente ubíquo de informação é um fator transformação constante dos 42. conceitos intrínsecos ao jornalismo. Agora, com a NOVOS OLHARES DIGITAIS: iminência de produtos comerciais que fazem parte de OCULUS RIFT E GOOGLE GLASS uma categoria chamada “computação de vestir”, ou COMO EXEMPLOS DE UM wearables, temos novos debates de potencialidades. JORNALISMO UBÍQUO Este texto usa como exemplo desta categoria o Google Glass e o Oculus Rift que estão em testes por diversas PASE, André Fagundes. pessoas e devem se tornar produtos comercial em PELLANDA, Eduardo Campos. breve. O artigo analisa como a reprodução de realidades virtuais ou a integração entre o físico e o Palavras-chave: virtual podem acrescentar novos elementos ao Mobilidade; jornalismo digital. 266

Ubiquidade; Wearable; Google Glass; Oculus Rift.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIENPJor/paper/view/3877/831

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 Toda pauta jornalística pode ser trabalhada como uma reportagem multimídia. Partindo deste pressuposto, 43. este artigo traz uma reflexão sobre a multimidialização MULTIMIDIALIZAÇÃO COMO como um valornotícia de construção, trabalhando o VALOR-NOTÍCIA DE CONSTRUÇÃO: conceito abordado por Wolf (1999) e Traquina (2005) A EXPERIÊNCIA DO UOL TAB e a análise das 30 primeiras edições do UOL TAB, seção de reportagens multimídia do portal UOL criada LENZI, Alexandre. em 2014. Busca-se reforçar a ideia de que, em tempos de redações convergentes, a produção jornalística para Palavras-chave: a plataforma online deve explorar as diferentes Jornalismo; potencialidades do meio e não apenas transpor o que já Multimídia; se fazia em outras plataformas. Mas diante das Valor-notícia; reconhecidas dificuldades de multimidializar cada Convergência; notícia produzida, é a reportagem que se destaca como UOL TAB. o gênero jornalístico onde a multimidialização pode ser melhor construída. Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIIENPJor/paper/view/4475/984

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 Através das várias interfaces da mídia contemporânea, mais do que simplesmente ter acesso aos dispositivos 44. em rede, as novas linguagens capacitam para a A PLATAFORMA DIGITAL E AS autonomia de obtenção da informação. Este artigo INTERFACES DA MÍDIA discute e relaciona, por meio de revisão bibliográfica e CONTEMPORÂNEA: documental, no âmbito digital da produção e POSSIBILIDADES AMPLIADAS NA distribuição de informação, com a exploração de PRODUÇÃO DA INFORMAÇÃO COM múltiplas plataformas midiáticas. Da acessibilidade, PROPRIEDADES INCLUSIVAS por meio da interatividade ou não, apresentando a pertinência das formas alternativas de acesso às SAMPAIO, Amanda Brito. informações para a socialização e desenvolvimento do OTA, Daniela Cristiane. indivíduo.

Palavras-chave: Plataforma de mídia; Acesso; Informação; Inclusão, Usabilidade.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIIENPJor/paper/view/4528/919

267

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 O trabalho procura contextualizar a hibridização da informação, que se apresenta como tendência de 45. conteúdo em veículos de comunicação online; além de JORNALISMO E PUBLICIDADE: A exemplos de como, sob a ótica de Manovich, a HIBRIDIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO linguagem das novas mídias a potencializa. De um NA IMPRENSA E SUA INFLUÊNCIA lado está o Jornalismo e a imprensa, que, ao mesmo PELA LINGUAGEM DAS NOVAS tempo em que carregam o compromisso histórico de MÍDIAS informar a sociedade, buscam modelos de negócios sustentáveis em cenário de incertezas. De outro, a FRAGA, Bruno Navarros. Publicidade e as empresas, à procura de uma comunicação menos invasiva através de veículos que Palavras-chave: deem credibilidade ao discurso, para estimular o Jornalismo; consumo ou ajudar a fixar a marca junto ao público. Publicidade nativa; Estas realidades têm ido ao encontro uma da outra; e, Hibridização; como consequência a ser debatida, conectado Linguagem digital; estratégias de divulgação publicitárias a narrativas Novas mídias. jornalísticas nos cibermeios.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN

PJor/XIIIENPJor/paper/view/4557/927

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 O objetivo deste artigo é apresentar a história dos principais cibermeios de Mato Grosso do Sul a partir 46. de 1997, quando os veículos online pioneiros TRAJETÓRIA DO iniciaram suas atividades no estado. Isso ocorreu CIBERJORNALISMO EM MATO pouco tempo depois da criação das primeiras versões GROSSO DO SUL de jornais brasileiros para o ciberespaço. Por meio de revisão bibliográfica e entrevistas com os proprietários FORTUNA, Fernanda França. dos principais veículos, localizados nos maiores municípios do estado, o artigo traz o retrato do Palavras-chave: ciberjornalismo em uma região peculiar, onde os Cibermeios; cibermeios se multiplicam rapidamente, na mesma História; velocidade em que alguns deixam de existir. Tanto na Internet; capital, Campo Grande, quanto no interior, Mato Mato Grosso do Sul; Grosso do Sul tem um ciberjornalismo ativo e volátil, Trajetória. o que fica constatado a partir do histórico dos cibermeios e da evolução do jornalismo local Disponível em: especializado em internet. https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIIENPJor/paper/view/4700/1058

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 É comum nos depararmos com um discurso de que o Jornalismo atravessa uma crise: de valores, de 47. identidade e de mercado. Cumpre-nos, portanto, CRISE, PRECARIZAÇÃO E refletir analiticamente sobre essa crise e entender a que MUDANÇAS ESTRUTURAIS NO ela está atrelada. Seria a crise do Jornalismo um JORNALISMO: REFLEXÕES SOBRE fenômeno estritamente atual? Também é de praxe a PRÁTICAS JORNALÍSTICAS ATUAIS abordagem teórica de que a profissão de jornalista passa por uma precarização, uma mutação e que essa DANTAS, Juliana Bulhões Alberto. prática social/forma de conhecimento tem sofrido PINHEIRO, Elton Bruno Barbosa. modificações em suas estruturas. Diante desse cenário, 268

SILVA, Vinícius Pedreira Barbosa da. buscamos refletir sobre os limites e aderências de BELTRAME, Vanessa. correntes e conceitos que envolvem tal temática e que DAVID, Hadassa Ester. têm se mostrado recorrentes nas pesquisas acadêmicas da área. Trata-se de uma discussão teórico- Palavras-chave: epistemológica acerca do uso dos conceitos-chave: Crise do Jornalismo; crise jornalística, precarização da profissão de Precarização do Jornalismo; jornalista e mudanças estruturais no Jornalismo. Mudanças estruturais no Jornalismo.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIIENPJor/paper/view/4624/1046

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 O trabalho procura abordar as possíveis ressignificações do acontecimento no jornalismo em 48. rede. Para tanto, tweets sobre acontecimentos RESSIGNIFICAÇÕES DO relacionados à Copa do Mundo de 2014 são utilizados ACONTECIMENTO NO JORNALISMO como recorte, em caráter ilustrativo. Resultados EM REDE apontam para um papel ativo de participação dos usuários na circulação de conteúdos, atuando não ZAGO, Gabriela da Silva. apenas no espalhamento da informação, como também atribuindo novos sentidos aos acontecimentos que, ao Palavras-chave: recircularem, são reconstruídos. Jornalismo em rede; Recirculação; Acontecimento; Redes sociais; Twitter.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIIENPJor/paper/view/4513/910

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 Este trabalho trata do hibridismo entre as linguagens jornalística tradicional e digital utilizadas pelo jornal 49. Folha de S. Paulo em duas plataformas diferentes de O FLUXO DO JORNAL IMPRESSO divulgação, o jornal impresso e as redes sociais, com o PARA O FACEBOOK: HIBRIDAÇÃO intuito de verificar se há uma correlação entre essa DAS LINGUAGENS JORNALÍSTICAS utilização. Para isso, analisa o Facebook institucional, que tem o intuito de chamar a atenção dos seus ZUIM, Larissa. “seguidores” para a leitura das matérias produzidas para o seu website, acompanhando todas as Palavras-chave: publicações e suas respectivas linkagens para o Jornal impresso; website durante uma semana. Tem como objetivo Linguagem digital; ainda, identificar os modos como essas linguagens Jornalismo; verbo-visual se estruturam a fim de organizar o media Facebook; e dotá-lo de sentido por meio da problematização da Folha de S. Paulo. estrutura da linguagem jornalística digital. Portanto, pretende descrever o hibridismo textual ora proposto Disponível em: comparando-o entre o site www.folha.uol.com.br e o https://conferencias.unb.br/index.php/EN Facebook da Folha de S. Paulo. PJor/XIIIENPJor/paper/view/4579/938

269

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 Os dispositivos vestíveis, chamados wearables devices, começam a ser usados pelo jornalismo para a 50. produção e a distribuição de conteúdos. Este artigo, de JORNALISMO EM WEARABLES: caráter exploratório, tem o objetivo de trazer APONTAMENTOS INICIAIS SOBRE A apontamentos iniciais sobre a circulação de notícias CIRCULAÇÃO DE NOTÍCIAS EM em wearables, mais especificamente, em SMARTWATCHES smartwatches. O estudo utiliza como metodologia a combinação de técnicas qualitativas. São trabalhadas SOUSA, Maíra. noções de tecnologias vestíveis (wearable technology), mobilidade e ubiquidade no contexto do jornalismo. A Palavras-chave: investigação foi realizada a partir de notificações dos Jornalismo; aplicativos The Guardian, NYTimes e CNN, em Mobilidade; smartwathes, entre os dias 25 e 27 de junho de 2015. Ubiquidade; Wearables; Smartwathes.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIIENPJor/paper/view/4744/1060

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 Com a expansão da internet e o crescimento no acesso aos dispositivos móveis, o consumo de informações 51. pelo público não se limita às mídias tradicionais. Por DO ENTRETENIMENTO AO isso, cada vez mais as empresas de comunicação têm JORNALISMO: AVALIAÇÃO DE investido em aplicativos para smartphones e tablets, APLICATIVOS DE SEGUNDA TELA buscando atrair a atenção dessa audiência multiplataforma. Esse é caso da segunda tela, recurso VENTURA, Mariane Pires. utilizado por emissoras de televisão para disponibilizar ALEXANDRE, Tássia Becker. conteúdos extras às transmissões televisivas. Diante deste cenário, este trabalho tem como objetivo Palavras-chave: identificar recursos potenciais da segunda tela que Dispositivos móveis; podem ser explorados pelo telejornalismo por meio de Televisão; uma pesquisa exploratória. Para tanto, apresenta-se um Segunda tela; panorama do que tem sido feito atualmente nesta área, Jornalismo; com avaliação das ferramentas disponibilizadas pelos Entretenimento. aplicativos “Globo” e “Sherlock Holmes: a game of shadows”. Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIIENPJor/paper/view/4598/1010

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 O campo jornalístico vem sofrendo rápidas fissuras nas últimas décadas. As transformações dos fluxos de 52. informação provocadas pelas novas tecnologias de DISPUTAS EM CAMPO: REFLEXÕES comunicação, o surgimento de novas formas de EM TORNO DA LEGITIMIDADE mediações sociais e a queda da exigência formal do JORNALÍSTICA EM TEMPO DE diploma para o exercício profissional, dentre outros REDES SOCIAIS fatores, evidenciaram um questionamento sobre que tipo de jornalismo a sociedade demanda. Aos poucos, FACCIN, Milton Julio. o trabalho jornalístico foi dividindo espaço com forças de outros campos sociais, obrigando a área a repensar 270

Palavras-chave: a sua função social e (re)posicionar o seu lugar de fala Campo Jornalístico; no espaço público até então sustentado pela defesa dos Novas Tecnologias de Comunicação; interesses coletivos. Este artigo busca detectar Função Social do Jornalismo; sintomas latentes dessa nova conjuntura, em especial Manifestações Sociais. motivados pelas condições de cobertura das manifestações sociais ocorridas no Brasil, em 2013 Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIIENPJor/paper/view/4740/1007

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 A partir de uma sistematização das principais reflexões sobre jornalismo sob a perspectiva da Teoria 53. Ator-Rede (TAR), este artigo propõe uma discussão JORNALISMO E TEORIA ATOR- sobre teoria e prática jornalística em função de uma REDE: POSSIBILIDADES E LIMITES das principais características da TAR: a simetria na DO PRINCÍPIO DA SIMETRIA A relação entre atores humanos e não-humanos. Para PARTIR DA VERIFICAÇÃO DIGITAL isso, lança seu olhar ao jornalismo digital, especificamente às técnicas de verificação digital. Sem OSÓRIO, Moreno Cruz. ignorar desafios ontológicos e metodológicos, entende-se que os pressupostos da TAR oferecem Palavras-chave: argumentos para se pensar a relação cada vez mais Jornalismo; estreita do jornalismo com a tecnologia e que também Teoria Ator-Rede; podem abrir novas perspectivas na busca do Verificação digital; jornalismo por seu objeto de estudo. Teoria; Epistemologia.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIIENPJor/paper/view/4657/1006

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 Os jornais impressos deparam-se atualmente com novas e interativas tecnologias de informação, 54. produção, transmissão e consumo de notícias. Este JORNALISMO LOCAL NA ERA DO novo paradigma levou o jornalismo impresso a HIPERTEXTUAL BÁSICO: OS dialogar com novas mídias e contribuiu para a WEBSITES COMO EXTENSÃO DO formação e “evolução” do que hoje se denomina IMPRESSO webjornalismo. No entanto, este artigo busca demonstrar por meio do estudo de caso do jornal KONDLATSCH, Rafael. Gazeta de Riomafra e do portal Click Riomafra, que CASTANHEIRA, Karol Natasha estas potencialidades tecnológicas propaladas por Lourenço. muitos, ainda está longe de ser efetiva nos veículos do interior. Diversos webjornais ainda encontram-se na Palavras-chave: fase do hipertextual básico e subutilizam ou não Jornalismo local; utilizam recursos digitais, como a multimidialidade e a Webjornalismo; interatividade. Jornalismo impresso; Hipertextual básico; Estudo de caso.

Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIIENPJor/paper/view/4733/1003 271

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 O artigo aponta para a complexidade do papel do jornalista na atualidade e o surgimento de novos 55. formatos e narrativas ligadas aos usos de redes sociais AS MUDANÇAS TECNOLÓGICAS na internet, em um cenário marcado pela disseminação QUE PROJETAM UBIQUIDADE E O do uso de dispositivos móveis. Nada caracteriza JORNALISMO “TRANSSOCIAL- melhor os tempos atuais do que a ubiquidade. Pessoas, MEDIA” espaços e tecnologias estão o tempo todo hiperconectados. O conhecimento é individual, mas ESSENFELDER, Renato. também coletivo, cruzado e compartilhado. Após uma RANIERI, Paulo Rodrigo. revisão da literatura específica sobre o assunto, o estudo busca também debater a emergência de um Palavras-chave: profissional que se aproxima ao máximo das Jornalismo; tecnologias digitais da informação e se torna Transmídia; conhecedor, mesmo que de maneira básica, da Crossmedia; linguagem da internet. O jornalista multimídia dos Redes sociais; anos 90 já cede espaço ao hipermídia do início do Internet. século, que, por sua vez, tornou-se crossmedia e “transsocial-media”. Disponível em: https://conferencias.unb.br/index.php/EN PJor/XIIIENPJor/paper/view/4566/930

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 A pesquisa estuda o modo como os conteúdos jornalísticos concebidos para tablets e smartphones se 56. apropriam e configuram as tipificações noticiosas. O A NOTÍCIA NAS PLATAFORMAS objetivo mais amplo do trabalho é caracterizar a MÓVEIS: TIPIFICAÇÃO, cobertura jornalística projetada para tablets e INFOTENIMENTO E NEWSGAMES smartphones quanto aos critérios de tipificação e tratamento das notícias. Buscou-se aprofundar a OLIVEIRA, Vivian Rodrigues de. fundamentação teórica das seminais tipificações noticiosas de Tuchman (1978); bem como os aportes Palavras-chave: conceituais das principais pesquisas acerca do Dispositivos móveis; jornalismo digital. Os conceitos de infotenimento e Infotenimento; newgames foram debatidos à luz dos novos formatos Soft news; jornalísticos digitais. A metodologia utilizada é a Hard news; análise de conteúdo qualitativa com observação Newsgames. semiestruturada de cinco edições da publicação móvel O Globo A Mais. Verificou-se que os conteúdos do Disponível em: produto privilegiam a cobertura contextual e os https://conferencias.unb.br/index.php/EN assuntos leves (soft news), com emprego de PJor/XIIIENPJor/paper/view/4551/925 entretenimento.

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2015 O jornalismo no ambiente digital tem experimentado os limites da narrativa na web, com estruturas criativas 57. e contextualizadas para contar histórias, que A NARRATIVA HIPERMÍDIA contribuem para a “inovação semântica” (LEAL, LONGFORM NO JORNALISMO 2014). O artigo reflete sobre a narrativa no jornalismo CONTEMPORÂNEO e retoma a evolução da narrativa no ambiente digital desde a transposição até o conceito de hipermídia e BACCIN, Alciane. uso de base de dados. O objetivo é compreender o papel da narrativa longform (JACOBSON; MARINO; 272

Palavras-chave: GUTSCHE, 2015; LONGHI; WINQUES, 2015; Narrativa jornalística; LONGHI, 2014; DOWLING; VOGAN; 2014; Hipermídia; SHARP, 2013; MEYER, 2012) no jornalismo em Reportagem longform; ambiente digital, destacando suas características. Jornalismo contemporâneo. Analisamos três reportagens, sendo uma de cada jornal: New York Times/EUA, Público/Portugal e Disponível em: Folha de SP/Brasil. Entre as considerações, https://conferencias.unb.br/index.php/EN destacamos que a narrativa hipermídia longform tem PJor/XIIIENPJor/paper/view/4763/1105 garantido o aproveitamento de potencialidades do ambiente digital, tornando-se um produto com Acesso em: 5 dez. 2020 características próprias. Ano: 2016 Observamos que o telejornalismo está atravessando uma fase de mudanças, e uma delas é o incentivo à 58. colaboração nos telejornais. Ao percebermos isto NETV 1ª EDIÇÃO E O USO DO também no noticiário regional em Pernambuco, WHATSAPP: O ESPECTADOR COMO decidimos fazer uma análise sobre a participação do COPRODUTOR OU FONTE DO público através do aplicativo Whatsapp no NETV 1ª TELEJORNAL? edição, telejornal local da Rede Globo Nordeste. Pretendíamos entender se o noticiário valorizava a ANDRADE, Lorena Borges de. participação do público, se essa possível participação pautava o telejornal, de que forma os materiais Palavras-chave: enviados pelos espectadores eram utilizados no Telejornalismo; programa e, especialmente, se esses espectadores Jornalismo Participativo; podem ser considerados como coprodutores do NETV Coprodutores; 1ª edição. A metodologia escolhida para realizar esta Whatsapp; pesquisa foi a análise de conteúdo, tanto pelo caráter NETV. quantitativo quanto pelo qualitativo.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/48/120

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2016 Ferramentas e tecnologias digitais disponíveis possibilitam, na atualidade, que o cidadão atue como 59. colaborador na produção de notícias. Ao capturar a A PRODUÇÃO COLABORATIVA NO realidade pelas câmeras dos smartphones ou tablets, o TELEJORNALISMO: UM ESTUDO espectador-usuário busca compartilhar essas SOBRE A APROPRIAÇÃO DE informações “brutas” com o maior número de pessoas CONTEÚDOS PRODUZIDOS PELO possível, por isso o envio desse material para as TELESPECTADOR-USUÁRIO PELO emissoras de TV se torna um atrativo. Porém, a SPTV apropriação desse material informativo pelos jornalistas propicia uma participação efetiva do DARDE, Vicente Willian da Silva. público na produção da notícia? Para além disso, essa LEME, Fernando Albino. produção colaborativa nas coberturas dos telejornais resulta em relatos mais plurais e contextualizados dos Palavras-chave: acontecimentos? Em busca dessas respostas, Telejornalismo; analisamos a utilização do material colaborativo pelo Notícia; SPTV 1ª edição, um dos principais telejornais exibidos Conteúdo colaborativo; pela TV Globo na cidade de São Paulo. Representações; SPTV.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s 273

bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/75/123

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2016 O jornalismo vive um tempo de mudanças estruturais. O presente estudo é uma tentativa de compreender 60. melhor como os veículos regionalizados têm se O IMPRESSO EM TEMPO DE portado no atual período de transição. Para tanto, este MUDANÇAS ESTRUTURAIS DO artigo realiza um estudo do processo de reformulação JORNALISMO: ESTUDO DE CASO gráfica e editorial do jornal impresso goianiense O DO JORNAL O POPULAR Popular, realizado em 2016, e busca situar essa ação dentro do contexto de reestruturação do campo FERRO, Raphaela Xavier de Oliveira. jornalístico como um todo. A sociedade tem se ROCHA, Jordânia Bispo. reestruturado e o jornalismo tradicional, bem como seus produtos, tem se adequado de modo consequente Palavras-chave: ao processo de transformação das comunicações Jornalismo; sociais. A análise foi feita a partir de um estudo de Mudanças estruturais do jornalismo; caso, em que foram estabelecidas as categorias: Jornalismo impresso; formato, estrutura, texto, recursos gráficos e colunas Jornalismo goiano; jornalísticas. Entende-se, ao fim, que o veículo Jornal O Popular. estudado, tensionado por diversos campos, apresentou falhas ao tentar se readequar à nova realidade. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/83/125

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2016 O artigo promove uma discussão acerca das transformações no exercício do jornalismo profissional 61. no século XXI, sob a perspectiva da passagem do PORTAIS, COLETIVOS E AGÊNCIAS modelo industrial para o pósindustrial, da crise que se DE CONTEÚDO: APONTAMENTOS manifesta na e pela transição entre esses modelos e da SOBRE AS [NOVAS] ESTRATÉGIAS potencial mudança do paradigma jornalístico que DE SOBREVIVÊNCIA DO resulta desse processo. Tais proposições são JORNALISMO ALTERNATIVO EM tensionadas com casos empíricos de iniciativas SÃO PAULO jornalísticas independentes com sede em São Paulo, a fim de apontar tendências para a prática jornalística no SEIBT, Taís. novo contexto. LÜCKMAN, Ana Paula. AMORIM, Francisco Rocha.

Palavras-chave: Jornalismo; Jornalismo pós-industrial; Jornalismo independente; Crise; Capitalismo.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/210/136

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2016 O presente artigo propõe apresentar o percurso de fundação de alguns dos valores deontológicos e das 62. essencialidades da prática jornalística moderna a fim 274

COMUNICAÇÃO E DEMOCRACIA: de discutir a sua importância como parte da esfera de REFLEXÕES SOBRE A visibilidade pública dominante na atualidade. Para LEGITIMIDADE DO JORNALISMO tanto, desenvolve conceitos relativos à comunicação NA ERA DIGITAL pública, compreendendo o jornalismo como fator constitutivo da publicização e do debate de temas de BECKER, Camila Lângaro. interesse público. Busca, por fim, levantar aspectos referentes aos desafios contextuais e estruturais Palavras-chave: surgidos para profissão na contemporaneidade — a Jornalismo; Comunicação pública; partir do avanço de tecnologias da comunicação e do Visibilidade; Democracia; Internet. desenvolvimento de novas formas de sociabilidade —, com o objetivo de refletir a respeito da permanência da Disponível em: relevância do jornalismo nas sociedades democráticas. http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/261/143

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2016 Este artigo apresenta dados preliminares do estudo sobre mulheres no jornalismo pós-industrial, como 63. recorte do projeto de pesquisa “Práticas de MULHERES NO JORNALISMO PÓS- investigação jornalística na contemporaneidade e INDUSTRIAL: A RELAÇÃO COM AS relações de gênero”. Tendo em vista a convergência TECNOLOGIAS DIGITAIS E O JGD tecnológica e a feminização das redações, o objetivo é verificar a relação da mulher com as tecnologias SANTOS, Marli. digitais na produção jornalística em um cenário de MATEOS, Jéssica de Oliveira Collado. abundância de informação. A metodologia utilizada é quantitativa com a aplicação de questionário online Palavras-chave: (survey). O universo da pesquisa abrangeu jornalistas Jornalismo contemporâneo; do Estado de São Paulo, entre 21 e 50 anos. Os Jornalismo pós-industrial; resultados preliminares apontam para uma consciência Mulheres jornalistas; das mulheres em relação às transformações no Tecnologias digitais; jornalismo, porém, a maioria está pessimista em Jornalismo Guiado Dados. relação ao futuro. As jornalistas incorporaram no seu cotidiano a produção multimídia, e a maioria afirma Disponível em: utilizar o JGD no processo jornalístico. http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/327/148

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2016 Recentemente o Facebook declarou que houve uma mudança no seu algoritmo e os usuários irão receber 64. mais atualizações de familiares e amigos e menos A MUDANÇA DO ALGORITMO DO conteúdo das páginas que seguem. Essa postura terá FACEBOOK E O SILENCIAMENTO um impacto na circulação de notícias na rede social DO JORNALISMO NA REDE uma vez que muitas páginas de notícias terão veiculação diminuída entre os seus seguidores. Este KONDLATSCH, Rafael. artigo discute a questão da personalização da Internet e traz alguns dados para discutir como essa alteração do Palavras-chave: algoritmo pode interferir no uso que as pessoas fazem Algoritmo; da rede enquanto fonte de informação e qual a posição Personalização; dos veículos de comunicação nessa mudança. Facebook; Jornalismo em Redes Sociais; Instant Articles.

Disponível em: 275

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/250/154

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2016 O objetivo deste paper é localizar, em estudos de largo espectro sobre tecnologia, problemas teóricos que 65. indiquem formas de tratar desafios estruturais para a DESAFIOS TEÓRICOS PARA PENSAR formulação de um modelo explicativo mais denso, OS ESTUDOS SOBRE JORNALISMO E coeso e com maior potencial de generalização para as TECNOLOGIA investigações em jornalismo e tecnologia. Com base em literatura de referência sobre estudos em FRANCISCATO, Carlos Eduardo. tecnologia, indicamos quatro tipos de problemas: a) a constituição de teorias, paradigmas ou tradições de Palavras-chave: pesquisa; b) a necessidade de compreender as Jornalismo; interações disciplinares que conduzem esses trabalhos; Tecnologia; c) o entendimento da raiz social desses estudos; d) a Capital social; produção de conhecimento tecnológico de dimensão Inovação; inovativa em ambientes organizacionais. Com esta Tecnologias da informação e da lista de problemas, pretendemos indicar alguns comunicação. caminhos de sistematização teórica dos estudos em jornalismo e tecnologia. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/336/164

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2016 Este artigo apresenta uma sistematização de olhares acerca das vozes do público de telejornal, reunidas nas 66. suas fanpages. Tal sistematização é resultado de um TELEJORNAIS E SUAS REDES esforço aproximativo, que emergiu apartir de um SOCIAIS: OS PRIMEIROS OLHARES exercício de pré-observação (Braga, 2016). Para isso, DE UM PERCURSO DE PESQUISA observamos as listas de comentários das fanpages SOBRE AS VOZES DO PÚBLICO DE oficiais de três telejornais brasileiros, entre os dias 27 TELEJORNAIS, EM SUAS PÁGINAS de junho e 02 de julho de 2016. Assim, o objetivo NO FACEBOOK deste artigo é apresentar os resultados dessa observação, dentre eles: 1) os usos que o público faz JESUS, Rosane Martins de. das listas, por meio das interações; 2) possíveis potencialidades analíticas e 3) possíveis acionamentos Palavras-chave: teóricos. Ao final, dentre outros resultados, Telejornalismo; verificamos o potencial dessas listas de comentários, Público; enquanto espaço propício para o estudo de uma Facebook; audiência transmidiática, fruto das novas relações dos Segunda tela; públicos com o telejornalismo, a partir das interações TV social. em sites de redes sociais.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/45/170

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2016 Pensar a atividade jornalística para além de suas formas tradicionais é uma prática já recorrente no 67. jornalismo contemporâneo. A pluralidade de públicos, JORNALISMO DE INOVAÇÃO: UM comportamentos e tecnologias desafiam os modelos CONCEITO MÚLTIPLO clássicos do jornalismo em um movimento que 276

incentiva a inovação em diferentes aspectos da FLORES, Ana Marta M. atividade. No entanto, o termo inovação vem sendo aplicado de forma ampla sem um rigor e delimitação Palavras-chave: relevantes para a academia. Nesse sentido, propomos Jornalismo; direcionamentos iniciais sob quais aspectos podemos Inovação; compreender o jornalismo de inovação. Partimos da Jornalismo de inovação. origem do conceito na área da Economia e Administração para ampliar seu sentido nas Ciências Disponível em: Sociais e no Jornalismo. Expomos três instâncias das http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s quais o jornalismo contemporâneo já apresenta bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/208/185 novidades para entender o jornalismo de inovação como processo e produto: 1) conteúdo e narrativa, 2) Acesso em: 5 dez. 2020 tecnologia e formato e 3) modelo de negócio. Por fim, apresentamos algumas iniciativas com o intuito de ilustrar cada subcategoria e projetar uma conceituação atualizada de jornalismo de inovação. Ano: 2016 Este trabalho traz dois entendimentos da Teoria Ator- Rede que podem contribuir para o estudo do 68. jornalismo: a simetria generalizada, que aponta para o SIMETRIA E ASSEMBLAGE PARA estudo do que está importando na ação, sem distinção ESTUDAR O JORNALISMO: TEORIA prévia de atores, sejam eles humanos ou não-humanos; ATOR-REDE COMO GUIA TEÓRICO- e o de assemblage, que Law (2004) propõe como um METODOLÓGICO não-método mais amplo, solto e devagar do que o método científico da tradição Euro-Americana. O FOLETTO, Leonardo Feltrin. artigo conclui com dois apontamentos que o entendimento da simetria generalizada e do Palavras-chave: assemblage pode trazer para as pesquisas em Epistemologia; jornalismo: a atenção aos processos de mediação que Método; ocorrem na produção de informação jornalística; e a Simetria; consciência de que o método não é apenas um Teoria ator-rede; caminho para um fim, mas construtor de realidades e, Jornalismo. consequentemente, de ausências.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/255/192

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2016 O presente trabalho apresenta resultados de pesquisa qualitativa que visa discutir os mecanismos utilizados 69. por jornalistas da região Norte Fluminense para CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS identificar informações provenientes de redes sociais APROPRIAÇÕES DAS REDES digitais na garimpagem de material para elaboração de SOCIAIS DIGITAIS COMO FONTE DE reportagens, como também a confiança na qualidade e INFORMAÇÃO NO JORNALISMO veracidade dessas fontes apenas utilizando informações que circulam no ciberespaço. O artigo BARRETO, Simone Rodrigues. discute, com base na teoria, o resultado da coleta e análise de dados adquiridos por meio de respostas ao Palavras-chave: questionário online aplicado pelo Google Docs a 115 Jornalismo colaborativo; profissionais da área de comunicação. Acredita-se que Redes sociais digitais; as Redes Sociais Digitais já se estabeleceram como Ciberespaço; fontes de informação, mas os antigos critérios do Fonte de informação; jornalismo de conferir a veracidade, checando tais Cultura da participação. informações para garantir a matéria isenta não devem ser abandonados. 277

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/299/202

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2016 Discutir como os veículos jornalísticos têm se apropriado do site de rede social (SRS) Snapchat para 70. a circulação de conteúdo noticioso é o objetivo deste O FANTASMAGÓRICO SITE DE artigo. De caráter descritivoanalítico, o estudo utiliza REDE SOCIAL: COMO O SNAPCHAT como metodologia a combinação de técnicas ESTÁ quantitativas e qualitativas (revisão de literatura, SENDO APROPRIADO PARA A coleta de dados, descrição e análise). A investigação CIRCULAÇÃO DE CONTEÚDO foi realizada a partir das publicações dos perfis do JORNALÍSTICO jornal The Washington Post e do portal de notícias UOL no Snapchat entre os dias 22 de junho e 05 de KANNENBERG, Vanessa. julho de 2016 e tem como base as noções de sites de SOUSA, Maíra Evangelista de. redes sociais (BOYD; ELLISON, 2007; RECUERO, 2009a) e de apropriações do Snapchat pelo jornalismo Palavras-chave: (BRADSHAW, 2016). Jornalismo; Jornalismo digital; Circulação; Site de rede social; Snapchat.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/169/218

Acesso em: 5 dez. 2020 Ano: 2016 O trabalho relata a iniciativa, ora em andamento, de criação de um ambiente imersivo para a distribuição 71. de notícias que utiliza como dispositivos de entrega PROJETO JUMPER E INTERNET DAS equipamentos de realidade virtual como Cardboard e COISAS: NOTAS SOBRE UM Oculus Rift. Partindo de uma hierarquia expandida de EXPERIMENTO DE JORNALISMO emissores, que inclui entes não humanos conectados a IMERSIVO partir da categoria que se convencionou chamar de internet das coisas (IoT), apresentamos o modelo de SANTOS, Márcio Carneiro dos. jornalismo de inserção e sua possível utilidade para aumentar a percepção de relevância entre os Palavras-chave: consumidores de conteúdo, permitindo também a Internet das coisas; exploração de novas formas narrativas. Narrativas digitais; Realidade virtual.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/20/221

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2016 A crescente atenção que o público dirige às redes sociais – muitas vezes em detrimento a sites de notícia 72. – tem preocupado as empresas jornalísticas, cujo O CONTEÚDO CIRCULANTE NAS modelo de negócio se sustenta pela audiência REDES SOCIAIS E A PRESENÇA DO quantitativa de suas páginas. O seeding de links por tal 278

JORNALISMO DISTORCIDA POR ambiente é uma alternativa dos veículos para se BOTS HUMANOS manterem visíveis e disponíveis ao clique. Porém, as pessoas parecem mais dispostas a publicar assuntos BRAMBILLA, Ana Maria. pessoais, de acordo com a amostra desta pesquisa, seguindo uma vertente de comportamento balizada Palavras-chave: pelo ócio digital. Além disso, os bots humanos e os Redes sociais; perfis dos próprios veículos podem estar iludindo as Jornalismo; empresas editoriais, certas de que existe um domínio Bots humanos; de seus conteúdos nestes espaços de relacionamento. UGC; Ócio digital.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/239/223

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2016 No presente artigo, buscamos analisar conceitos e práticas de multimodalidade – aproximando-os às 73. definições de Narrativa Transmídia (NT) –, de maneira NOVOS MODOS DE DIZER O a investigar o uso e os efeitos, no jornalismo, de MUNDO: NARRATIVAS recursos e ferramentas como realidade virtual, JORNALÍSTICAS MULTIMODAIS imagens em 360° e imersão. Para tal, recorremos a estudo de Ana Elisa Ribeiro (2016), que, em pesquisa TÁRCIA, Lorena. sobre os processos de leitura e de produção textual no SILVA JÚNIOR, Maurício Guilherme. ambiente universitário, propõe caminhos teóricos relevantes ao que aqui se almeja problematizar. A Palavras-chave: realidade virtual aplicada ao jornalismo, em sua versão Multimodalidade; digital, embora em expansão, encontra-se ainda em Narrativas; processo de amadurecimento. Entretanto, é possível Narrativa transmídia (NT); perceber uma proposta narrativa em formação, com Jornalismo; foco no usuário, além de crescente investimento das Inovação. empresas na perspectiva da formação e da participação, por meio de ambientes virtuais Disponível em: interativos. Neste sentido, é possível vislumbrar a http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s conexão entre a proposta educacional para as bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/43/37 narrativas multimodais de Ribeiro e a perspectiva transmídia de Jenkins, embora novos estudos sejam Acesso em: 6 dez. 2020 necessários para confirmar tal vínculo teórico. Ano: 2016 O objetivo deste estudo é investigar como se estabelecem as interações entre o público e os jornais 74. digitais, em narrativas audiovisuais, transmitidas em PARTICIPAÇÃO DA AUDIÊNCIA EM vídeo ao vivo na internet. O uso de customizações da NARRATIVAS JORNALÍSTICAS notícia, a partir do sistema de notificações ou push de AUDIOVISUAIS AO VIVO NAS transmissões ao vivo (live streaming), por meio de REDES SOCIAIS aplicações digitais e na web em redes sociais dos jornais digitais é o que nos interessa neste estudo. A CAJAZEIRA, Paulo Eduardo Lins. pesquisa de natureza qualitativa foi realizada em dois SOUSA JÚNIOR, Cícero Ferreira de. jornais diários digitais, Gazeta do Povo (Brasil) e El País Brasil (Espanha), com extensões na rede social Palavras-chave: Facebook, que realizam transmissões instantâneas em Audiência participativa; vídeo ao vivo para os webleitores na multiplataforma Narrativas jornalísticas; Leitor digital; Fanpage. 279

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/43/38

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2016 Discute o conceito de imersão nas narrativas webjornalísticas, verificando esta tendência recente da 75. produção de conteúdos em dois objetos de análise: NARRATIVAS IMERSIVAS NO "The Displaced", do New York Times.com e "6 X 9: a WEBJORNALISMO. ENTRE virtual experience of solitary confinement", do The INTERFACES E REALIDADE Guardian. Através, ainda, de pesquisa bibliográfica, VIRTUAL reflete sobre a concepção de narrativas imersivas e em Realidade Virtual (RV), os diferentes tipos de LONGHI, Raquel. conteúdos considerados imersivos no jornalismo e analisa até que ponto as interfaces e os dispositivos de Palavras-chave: visualização de RV, como os óculos estilo Google Narrativas imersivas; Cardboards são capazes de proporcionar uma efetiva Webjornalismo; imersão nas narrativas de não-ficção. Interfaces; Realidade Virtual.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/43/39

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2016 Neste artigo estão os resultados de uma pesquisa que analisou a programação da TVERS com o objetivo de 76. encontrar os entraves e as oportunidades para a adoção TVERS: UMA PROPOSTA DE da narrativa transmedia nos atuais programas da CONTEÚDO TRANSMEDIA PARA OS emissora, de modo que a televisão pública também PROGRAMAS JORNALÍSTICOS DA possa enfrentar os desafios da convergência digital. TELEVISÃO PÚBLICA Para tanto, utilizamos a Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011) para sistematizar o corpus de duas FINGER, Cristiane. semanas da programação e a técnica de observação participativa para estudar as rotinas de produção Palavras-chave: durante dois dias, acompanhando a produção, TVERS; captação, edição e apresentação de uma revista e de Televisão pública; um telejornal apresentados diariamente na emissora. Telejornalismo; Encontramos como principal dificuldade a Convergência; inconstância na grade de programação. Identificamos Transmedia. uma redução nos gêneros de programas ofertados ao público. Verificamos nos programas Radar e Canal Disponível em: Aberto as oportunidades para a os conteúdos http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s transmedia. bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/62/67

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2016 Embora a relação entre telejornalismo e inovação tecnológica parece ser quase inerente ao processo do 77. ser/fazer jornalismo para diferentes telas, nem sempre PARA ENTENDER A INOVAÇÃO E A estes elementos e processos tecnologicamente TECNOLOGIA NO inovadores agregam, de fato, o noticiar, ou seja, TELEJORNALISMO contribuem para qualificar a informação que está 280

sendo repassada ao público receptor. A proposta do EMERIM, Cárlida. presente artigo é a de refletir sobre alguns aspectos do que a inovação e a tecnologia vêm contribuindo para Palavras-chave: potencializar a notícia no telejornalismo, a partir de Telejornalismo; alguns resultados de pesquisas empreendidas nos Produção de conteúdo; últimos anos em torno do jornalismo produzido para as Inovação; telas e disponibilizado em diferentes plataformas. Para Tecnologia; tanto, parte do conceito de inovação, tecnologia e Convergência. telejornalismo; apresenta a relação que se estabelece com o campo; exemplifica algumas inovações e Disponível em: contextualiza com resultados das pesquisas para http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s propor acepções sobre a potencialidade desta relação. bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/62/68

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2016 Esse artigo discute o lugar que vem sendo ocupado pelas audiências do telejornal por meio das novas 78. interações oportunizadas pelo cenário sócio-técno- TELEJORNAL EM CIRCULAÇÃO: discursivo contemporâneo. A partir dos novos DAS CHEGADAS E PARTIDAS DAS encontros interativos, potencializados pelos diferentes MÍDIAS E SUAS AUDIÊNCIAS suportes midiáticos e suas possibilidades de mobilidade e portabilidade, as audiências tem PICCININ, Fabiana. produzido interferências progressivamente mais significativas na dimensão da produção do telejornal, Palavras-chave: incidindo nas práticas, rotinas, hierarquias e critérios Telejornal; de noticiabilidade da redação. Assim, o telejornal, que Circulação; publiciza seus conteúdos nas grades de programação Recepção. de televisão em sinal aberto e fechado, em sites, redes sociais e aplicativos de dispositivos móveis permite e Disponível em: convida o público a ocupar os canais de comunicação http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s com o programa, conferindo um sentido novo à bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/62/69 circulação, enquanto espaço de negociação e articulação entre os polos da emissão e recepção, e Acesso em: 6 dez. 2020 relativizando estes lugares, antes distantes, e agora não mais tão categoricamente diferenciados. Ano: 2016 A fim de abordar a relação entre jornalismo e redes sociais na internet, este artigo propõe uma reflexão 79. sobre essa relação a partir de três momentos: NOTÍCIAS NAS REDES SOCIAIS E jornalismo se apropriando dessas redes; jornalismo REDES SOCIAIS DE NOTÍCIAS profissional nas redes e instrumentos das redes para notícias; e redes se apropriando do jornalismo. MARTINS, Elaíde. Amparando-se no conceito de redes sociais na internet (RECUERO, 2009a, 2009b, 2014), a pesquisa adota Palavras-chave: como procedimentos metodológicos a revisão Jornalismo; bibliográfica, incluindo textos acadêmicos e Redes sociais digitais; jornalísticos, e a técnica da observação direta, Facebook; visitando os sites das redes sociais Twitter e Facebook Twitter. em dias aleatórios durante a segunda quinzena do mês julho de 2016. Com isso, espera contribuir para melhor Disponível em: compreender o contexto atual dessa relação, identificar http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s suas possíveis tendências e discutir as consequências bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/212/84 para o jornalismo.

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2016 A área da Comunicação, nas universidades brasileiras, 281

é tradicionalmente carente em desenvolvimento de 80. tecnologia, mas as políticas que favorecem a pesquisa REGISTRO LIVRE: UM EXEMPLO DE interdisciplinar e as mudanças culturais e econômicas DESENVOLVIMENTO DE engendradas pela microinformática e pelas redes TECNOLOGIA DIGITAL APLICADA digitais oferecem novas oportunidades para este tipo AO JORNALISMO ATRAVÉS DE de empreendimento científico. O artigo relata o PARCERIAS INFORMAIS processo de produção do software Registro Livre, concebido como pesquisa aplicada em Jornalismo e TRÄSEL, Marcelo Ruschel. materializado através de uma parceria informal entre a academia e o setor privado, ensejada pela interação Palavras-chave: entre ambos no Parque Tecnológico da PUCRS. A Ciberjornalismo; descrição evidencia a existências de vias alternativas Crowdsourcing; aos editais de agências de fomento e ao investimento Inovação; direto para o desenvolvimento de pesquisa aplicada no Métodos ágeis; Brasil. Parque tecnológico.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/212/86

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2016 O jornalismo vem sendo forçado a mudar modelos e estruturas. Neste paper apontamos que o mesmo está 81. encantado pelas novas possibilidades tecnológicas, que A EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS alteram a disponibilização de informação. A LEVA À AUTOMATIZAÇÃO DA informatização reformata as práticas, tendo levado as PRODUÇÃO INFORMATIVA formas narrativas para realidade onde todos produzem conteúdos e volume inédito de informação está à SQUIRRA, Sebastião. disposição. A robotização se insere na produção de notícias e novas câmeras alargam conteúdos, Palavras-chave: exponenciando os relatos. Como o ser necessita de Jornalismo; fontes experientes e informações seguras, os modelos Tecnologias; atuais sobreviverão indicando que na plena Robotização da imprensa; informação, os jornalistas deverão estar presentes. Automação jornalística; Jornalismo digital.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2016/paper/viewFile/212/87

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 A circulação jornalística em redes sociais como o Twitter apresenta especificidades devido à ação dos 82. atores dentro do próprio processo de constituição da CIRCULAÇÃO JORNALÍSTICA NO mídia social. Escolher retuitar ou não determinados TWITTER: A COBERTURA DO conteúdos, por exemplo, pode levar à formação de IMPEACHMENT DE DILMA filtros-bolha. Com base nesse cenário, o presente ROUSSEFF trabalho tem por objetivo analisar o posicionamento dos veículos jornalísticos nas redes de conversação RECUERO, Raquel sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff ZAGO, Gabriela. no Twitter. Para tanto utilizaremos quatro conjuntos de SOARES, Felipe Bonow. dados coletados em momentos-chave, ao longo de 2016. Os resultados indicam que os veículos acabam 282

Palavras-chave: sendo posicionados dentro de clusters favoráveis ou Circulação jornalística; contrários ao impeachment, a partir das percepções de Twitter; suas coberturas. Uma vez dentro de um cluster, os Polarização; veículos acabam tendo sua circulação prejudicada Filtros-bolha; pelos filtros-bolha, tendendo a permanecer naquele Redes sociais na internet. cluster.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/597/495

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 Este artigo busca agregar categorias conceituais para a construção de um diagrama de referências que apoie a 83. compressão do jornalismo lento. Sabe-se que este não JORNALISMO LENTO. TIPIFICANDO se trata apenas de um formato jornalístico; de uma TENSÕES ENTRE VELOCIDADE E nova linguagem; ou de um mecanismo estratégico de COMUNICAÇÃO EM AMBIENTES produção e engajamento; mas sim de um processo que DIGITAIS envolve necessariamente (1) o contexto célere da comunicação na cibercultura; e (2) a modalidade CUNHA, Michelle Prazeres. prática de jornalismo alicerçada no contraponto a este contexto. Ao propor a desaceleração da produção, da Palavras-chave: oferta e da recepção do produto jornalístico, o Jornalismo; jornalismo lento se inscreve no campo da crítica da Tecnologia; comunicação e da velocidade; e, do ponto de vista Velocidade; prático, se situa na zona de interface entre Lento; comunicação, compreensão e afeto. Ainda que a Slow. comunicação lenta seja relativamente demarcada pelo movimento “slow media”, o jornalismo lento como Disponível em: campo carece de reflexão, que permita avançar na sua http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s tipificação. bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/521/480

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 A presente pesquisa dispõe-se a analisar como os jornalistas identificam as mudanças no ethos 84. profissional e quais valores surgem presentes no AS TRANSFORMAÇÕES NO ETHOS jornalismo. Como base teórica utilizase os conceitos DO JORNALISTA: A de convergência de mídias (FIDLER, 1997; JENKINS, REFORMULAÇÃO DOS 2006), de ethos profissional (TRAQUINA, 2012), do VALORES PROFISSIONAIS PERANTE newsmaking (WOLF, 1999; PENA, 2005) e os de UM CENÁRIO DE CONVERGÊNCIA rádio expandido (KISCHINHEVSKY, 2016) e profissional multifunção (MORETZSOHN, 2014). O MAIA, Bárbara. desenvolvimento empírico da pesquisa se dá com o recorte dos resultados obtidos na dissertação de Palavras-chave: mestrado da autora, defendido no início de 2017. Ethos; Como principal resultado da análise compreende-se Valores; que, apesar de alguns tradicionais valores ainda Jornalista multifunção; estarem presentes no fazer jornalísticos, outros Newsmaking; desaparecem do discurso dos profissionais e novos Convergência de mídias. valores surgem como balizadores nas redações.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/522/379 283

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 O objetivo deste artigo é buscar compreender a influência do jornalismo colaborativo na produção de 85. conteúdo dos telejornais da Globonews através do OS USOS DO APLICATIVO “NA aplicativo para dispositivos móveis “Na Rua”, que RUA” PELOS CIDADÃOS: UM completa 1 ano em 2017. Através do conceito de ESTUDO cidadania, buscamos entender a função do usuário- SOBRE A PRODUÇÃO cidadão como também produtor de conteúdo para os COLABORATIVA NOS TELEJORNAIS veículos de comunicação. Nesse estudo, também DA GLOBONEWS problematizamos os critérios de noticiabilidade para os registros se tornarem notícia, além do papel de DARDE, Vicente Willian da Silva. gatekeeper desempenhado pelos jornalistas na SALES, Fabrício Augusto. checagem das informações recebidas. O conceito de participação da audiência, as recompensas nessa Palavras-chave: participação, os impactos e os resultados nesta nova Telejornalismo; forma de produção da notícia apresentadas nos Notícia; telejornais da emissora Globonews são preponderantes Conteúdo colaborativo; para identificarmos se há uma real contribuição para a Cidadania; pluralidade de perspectivas de enunciação no Globonews. telejornalismo.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/544/487

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 Este artigo busca um olhar sobre o novo projeto editorial da Folha de S.Paulo, lançado em 30 de março 86. de 2017. Dos vários pontos que aparecem no O NOVO PROJETO EDITORIAL DA documento, nos interessa, particularmente, abordar a FOLHA DE S.PAULO: OS MITOS DA objetividade (questão que sempre esteve na base das OBJETIVIDADE E DA discussões sobre o jornalismo) e a pluralidade de PLURALIDADE DE SENTIDOS vozes (que ganha força após a Primeira Guerra Mundial com o “surgimento” do jornalismo KLAUTAU, Carolina Moura. interpretativo) como mitos, na perspectiva de Roland Barthes em Mitologias (2003). Selecionamos três Palavras-chave: matérias publicadas no site da Folha sobre rebeliões Comunicação; em presídios no nordeste do país para entender como a Jornalismo; objetividade é praticada e para investigar se a Folha é Projeto editorial da Folha de S.Paulo; um jornal que dá voz aos vários personagens Mito. envolvidos no fato. Concluímos que a objetividade é confundida com mero relato e que as principais fontes Disponível em: continuam sendo as oficiais. Objetividade e http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s pluralidade, portanto, são dois mitos dentro do novo bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/556/496 projeto editorial da Folha.

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 A partir deste trabalho busca-se discutir como a convergência jornalística em paralelo as mídias sociais 87. modificaram as lógicas de circulação de notícias no JORNALISMO EM TEMPOS DE veículo informativo Gazeta do Povo. O jornal que CONVERGÊNCIA: A DISTRIBUIÇÃO recentemente convergiu para as plataformas digitais, DE CONTEÚDO EM busca distribuir conteúdo em diferentes plataformas MULTIPLATAFORMAS on-line (Facebook, Instagram, Twitter, Google+ e 284

YouTube), mostrando que se preocupa em garantir um SABINO, Vinícius José Biazotti. material que se difere em formato, linguagem e texto. Atendendo assim, as demandas do processo de Palavras-chave: convergência. Convergência jornalística; Mídias sociais; Conteúdo em multiplataformas.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/564/493

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 Este trabalho tem como objetivo a análise da imersão em narrativas jornalísticas em redes digitais. Parte-se 88. da premissa de que a imersão é uma categoria para o UMA ANÁLISE DA IMERSÃO EM jornalismo e um lugar propício para a investigação da NARRATIVAS JORNALÍSTICAS EM inovação no jornalismo. Faz-se um recorte para a REDES DIGITAIS observação da inovação no jornalismo através das mudanças nos valores jornalísticos construídos FONSECA, Adalton dos Anjos. historicamente. Explora-se a narratologia e a convergência jornalística como aportes Palavras-chave: teóricometodológicos na análise empírica de duas Imersão no jornalismo; reportagens longform (UOL TAB) e em vídeo 360º Narrativas jornalísticas; (Vice) sobre refugiados no Brasil. Encontramos Inovação no jornalismo; elementos de rupturas com relação à objetividade, Jornalismo em redes digitais. autonomia e imediaticidade.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/596/365

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 Na tentativa de refletir sobre como as urgências e as demandas impostas pela emergência de novos modelos 89. de lucratividade e negócio incidem sobre práticas A BUSCA POR INOVAÇÃO NA jornalísticas, observa-se como o Medium busca inovar BREVE HISTÓRIA DO MEDIUM: na tentativa de constituir um novo modelo de produção TENTATIVA DE CONSTITUIÇÃO DE de conteúdo para a internet. A partir de um anúncio UM NOVO MODELO DE PRODUÇÃO feito pela empresa no início de 2017, o texto é um DE CONTEÚDO NA INTERNET recorte no âmbito de um projeto que investiga processos de produção e circulação de conteúdos por BITTENCOURT, Maria Clara Aquino. iniciativas jornalísticas na plataforma.

Palavras-chave: Medium; Jornalismo digital; Inovação.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/619/501

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 Durante todo o século passado, as empresas 285

jornalísticas pouco inovaram no modelo de negócio, 90. baseado em vendas por assinatura e avulsas e, acima MODELOS DE NEGÓCIO PARA O de tudo, publicidade. Entretanto, com o advento da JORNALISMO DIGITAL: DO Sociedade em Rede e da web 2.0, além do surgimento PAYWALL AO CROWDFUNDING e popularização de tecnologias móveis de comunicação digital, há uma transformação marcante ITO, Liliane de Lucena. no consumo da informação, fazendo com que os veículos de mídia adotem iniciativas disruptivas. Neste Palavras-chave: trabalho, são discutidos cinco modelos de negócio Inovação no jornalismo; inovadores que vêm sendo adotados nos últimos anos, Paywall; no Brasil e no exterior. Como resultado, considera-se Crowdfunding; que a sustentação econômica do jornalismo em sua Chatbots; fase pós-industrial está diretamente atrelada a variados Marketing de conteúdo. formatos jornalísticos, bem como a formas distintas de entrega de conteúdo, o que sinaliza não haver uma Disponível em: fórmula única, por mais inovadora que seja, que http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s prometa a salvação das empresas de mídia. bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/671/432

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 Partindo do pressuposto de que as mídias digitais são espaços públicos na contemporaneidade, a proposta 91. deste artigo, de cunho teórico, é discutir onde o REDES SOCIAIS DIGITAIS: O jornalismo se encontra e qual o seu papel mediador JORNALISMO E O ESPAÇO PÚBLICO nas ambiências digitais. O que de imediato podemos NA CONTEMPORANEIDADE perceber é que a complexidade do funcionamento das sociedades modernas conduziu para a complexidade ESTEVANIM, Mayanna. do espaço público. Estamos em um ciberespaço híbrido, que flutua entre as esferas pública, privada e Palavras-chave: de exposição do fórum íntimo, com hierarquias de Jornalismo; mediações. Onde se torna importante compreender as Redes sociais digitais; formas de difusão e de organização, os modos de Espaço público; institucionalização dos suportes e questionar sobre as Mediação; relações de poder. Comunicação generalizada.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/673/370

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 Entender como o portal UOL tem se apropriado do Snapchat para fazer cobertura jornalística é a proposta 92. deste artigo. Para a análise empírica, nos inspiramos MUITO ALÉM DA EFEMERIDADE: O no processo metodológico desenvolvido por Fonseca SNAPCHAT COMO FERRAMENTA (2015), que consiste na formulação de quadro DE COBERTURA JORNALÍSTICA NO metodológico, em que descrevemos os principais PERFIL DO UOL parâmetros de análise e os agrupamos em conceitos e categorias. Para auxiliar na aplicação desse quadro, KANNENBERG, Vanessa. desenvolvemos um questionário composto por perguntas a serem feitas ao corpus. O método foi Palavras-chave: aplicado em uma amostra formada por três Stories Jornalismo; produzidas pelo perfil do UOL no Snapchat durante os Cobertura jornalística; Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Ao final, Site de rede social; identificamos quais elementos são consensuais, quase- 286

Snapchat; consensuais, raramente utilizados e potencialidades. Efemeridade. Este estudo-piloto faz parte do projeto de mestrado em curso, portanto, ainda está sendo aprimorado e Disponível em: ampliado. http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/698/393

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 Este artigo se propõe a compreender, por meio de uma revisão de literatura, a era da pós-verdade no 93. jornalismo com um recorte a partir de 2016, em que a PÓS-VERDADE, FAKE NEWS E expressão ganhou o título de palavra do ano pelo FACT-CHECKING: IMPACTOS E dicionário Oxford. Na era em que fatos objetivos são OPORTUNIDADES PARA O menos influentes na opinião pública do que emoções e JORNALISMO crenças pessoais, o campo se torna fértil para a disseminação de fake news. O momento é decisivo SANTOS, Jessica de Almeida. para que o jornalismo seja agente de combate às SPINELLI, Egle Müller. notícias falsas usando como base um trabalho sério de apuração de fatos e defesa da credibilidade. Nesse Palavras-chave: cenário, as agências de fact-checking ganham espaço Jornalismo; ao investigar e repassar ao público e aos próprios Pós-verdade; veículos jornalísticos o que foi checado sobre Fake news; determinadas informações. Fact-checking.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/746/462

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 O jornalismo guiado por dados (JGD) compreende diversas práticas profissionais, cujo ponto em comum 94. é o uso de bases de dados como principal fonte de JORNALISMO GUIADO POR DADOS: informação para a produção de notícias. As práticas de CARACTERÍSTICAS DEFINIDORAS E JGD envolvem técnicas de reportagem assistida por UMA PROPOSTA DE FORMULAÇÃO computador (RAC), visualização de dados, infografia, DO CONCEITO criação e manutenção de bases de dados e a política de acesso à informação e transparência pública de TRÄSEL, Marcelo. governos. A partir de manuais e publicações sobre o tema, são analisados alguns dos principais elementos Palavras-chave: das práticas e rotinas produtivas ligadas ao JGD. Jornalismo Digital em Bases de Dados; Finalmente, é oferecida uma proposta de definição do Jornalismo Guiado por Dados; conceito de Jornalismo Guiado por Dados. Reportagem Assistida por Computador; Etnografia; Hacker.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/794/464

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 O artigo realiza uma análise das interações entre ouvintes e jornalistas via WhatsApp no programa 95. BandNews Rio 1ª Edição e de que forma são 287

PARTICIPAÇÃO, INTERAÇÃO E acionados como fontes para a construção da notícia no ACESSO: O MODELO AIP NA rádio. Com base no modelo AIP e a distinção entre os SELEÇÃO DAS FONTES VIA conceitos de participação, interação e acesso WHATSAPP NO BANDNEWS RIO (CARPENTIER, 2012; MOLOTCH e LESTER, 1999), o paper diferencia os modelos de subsídio de CHAGAS, Luan José Vaz. informações pela audiência no radiojornalismo. O objetivo é analisar a seleção das fontes populares e o Palavras-chave: exercício de encaixe temático destas vozes em lugares Fontes; de fala distintos de setores profissionalizados ou Diversidade; oficiais da sociedade. Participação; Interação; Acesso.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/830/369

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 Este paper tem por objetivo apresentar o estado da arte sobre as produções que se destinam a estudar a atual 96. crise do jornalismo. Embora muito falada no mercado O QUE SE SABE SOBRE A CRISE DO e na academia, ainda são poucos os esforços JORNALISMO? UMA REVISÃO DA científicos destinados a compreender essa crise, LITERATURA INTERNACIONAL especialmente na literatura nacional. O que se observa, até o momento, é que o foco de estudo se divide em TAVARES, Camila Quesada. quatro eixos principais, identificados por Siles e Boczkowski (2012): a) as causas da crise; b) suas Palavras-chave: manifestações; c) as implicações da crise e d) as Jornalismo; soluções propostas para resolvê-la, sendo a primeira e Crise do jornalismo; a última as linhas de estudo mais “populares”. A partir Pesquisa bibliográfica; da pesquisa bibliográfica, observa-se que, embora haja Revisão da literatura. um considerável número de pesquisas voltadas a essa temática na literatura internacional, ainda existem Disponível em: linhas de investigação que carecem de pesquisas http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s empíricas. Por fim, este trabalho busca contribuir para bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/844/454 a discussão sobre a crise do jornalismo no Brasil.

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 Nesse artigo, é avaliada a força da comunidade jornalística via dispositivos móveis a partir da análise 97. da interação de 768 profissionais de comunicação, que JORNALISTAS NO WHATSAPP: estão conectados 24 horas por meio do aplicativo A FORÇA DA COMUNIDADE Whatsapp. O objetivo é contabilizar os critérios de INTERPRETATIVA DO GRUPO noticiabilidade utilizados e investigar de que forma os MÍDIA-RJ membros participantes reforçam e estendem a ideia de comunidade interpretativa dos jornalistas ao ANDRADE, Ana Paula Goulart de. assumirem, de forma colaborativa, o papel de gatekeeper, desenhando o que é notícia na imprensa Palavras-chave: carioca, sobretudo no telejornalismo com o trânsito de Comunidade interpretativa; imagens cedidas. O trabalho também busca Critérios de noticiabilidade; compreender, por meio de entrevista com o mediador Teoria do jornalismo; do grupo, a perspectiva organizacional implícita nesse Telejornalismo; processo. Assim, ancorada nas Teorias do Jornalismo Whatsapp. e em estudos sobre Telejornalismo, a pesquisa propõe 288

um debate sobre o jornalista contemporâneo e o prazer Disponível em: da atividade profissional. http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/856/367

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 O artigo analisa o canal do jornal nativo digital Nexo no YouTube a fim de identificar elementos que 98. permitam investigar articulações entre os modos de O AUDIOVISUAL JORNALÍSTICO NO agregação, apresentação e acesso a produtos YOUTUBE: UM ESTUDO audiovisuais singulares produzidos pelo jornal. De EXPLORATÓRIO DO CANAL NEXO caráter exploratório, o trabalho problematiza o canal JORNAL do YouTube a partir da noção de dispositivo (MOUILLAUD, 1997), constituindo eixos e categorias HOEWELL, Gabriel Rizzo. que possibilitem avaliar as diversas relações que o GRUSZYNSKI, Ana. texto audiovisual estabelece com os dispositivos que o conformam e, em rede, produzem sentidos. Observam- Palavras-chave: se quatro áreas do canal para a identificação de seis Nexo; eixos de análise: seções e playlists; canais Jornal; relacionados; miniaturas; títulos; metadados; dados YouTube; gerados pela plataforma. Estabelecem-se categorias Audiovisual; para a investigação desses eixos, delineando-se um Vídeo. roteiro para análise do canal de audiovisual jornalístico no YouTube. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/859/527

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 O objetivo deste trabalho é apresentar de forma mais aprofundada o conceito de jornalismo ubíquo. Para 99. isso, na parte inicial focamos em apresentar dados e PARA ALÉM DO JORNALISMO elementos que constroem o contexto vivido atualmente MÓVEL: O DESENVOLVIMENTO DO pela coletividade. Por isso, trazemos estatísticas e CONCEITO DE JORNALISMO dados de acesso à internet, conexão e consumo de UBÍQUO conteúdo via dispositivos móveis digitais. Também trazemos no trabalho os conceitos que acreditamos ser SILVEIRA, Stefanie Carlan da. fundamentais para formar a discussão: mobilidade, ubiquidade e espaços híbridos. No momento seguinte, Palavras-chave: discutimos e aprofundamos a proposta de jornalismo Jornalismo ubíquo; ubíquo, visto enquanto algo mais abrangente daquilo Ubiquidade; que conhecemos como jornalismo móvel. Isto é feito a Espaços híbridos; partir da apresentação do desenvolvimento das Dispositivos móveis digitais. terminologias e conceitos que envolvem o jornalismo.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/880/528

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 O artigo discute a proposta de novo gênero do jornalismo (JoT) a partir da incorporação da 100. tecnologia da Internet das Coisas (IoT) na produção do JORNALISMO DAS COISAS (JOT): noticiário diário global. Assim, apresenta-se novos NOVO GÊNERO JORNALÍSTICO EM modelos de narrativas, linguagens e formatos para o 289

CARROS CONECTADOS, OBJETOS jornalismo do futuro baseado em objetos cognificados INTELIGENTES E WEREABLE’S NA na cidade digital (smart citie), formada por casas CIDADE DIGITAL inteligentes, veículos conectados e computação vestível. Sob método indutivo e exploratório, propõe- BARCELOS, Marcelo Silva. se uma taxonomia preliminar para agrupar essas novas telas em categorias de consumo jornalístico. Como Palavras-chave: considerações finais, relacionamos ainda questões Jornalismo das Coisas; como vigilância, vazamento de dados e a Jornalismo; hipersaturação do consumo de informação, além de Gênero; questões técnicas, como a construção de um padrão Formato; global de protocolo para conectar esses objetos e a Linguagem. importância da qualidade da conexão.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/931/530

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 O cruzamento do Jornalismo com sistemas de inteligência artificial possibilitou que tarefas básicas 101. dos jornalistas, como apuração e redação de notícias, UM PANORAMA DAS NOTÍCIAS em texto, áudio e vídeo, pudessem ser feitas AUTOMATIZADAS NO MUNDO exclusivamente por algoritmos. A presença humana nestes casos é indispensável – do ponto de vista CARREIRA, Krishma. tecnológico - somente na programação dos softwares. Neste artigo será apresentado um mapeamento de 62 Palavras-chave: empresas de jornalismo, como Reuters, Le Monde e Notícia automatizada; Associated Press, que produzem notícias Jornalismo automatizado; automaticamente sobre oito tópicos (política, finanças, Inteligência artificial e jornalismo; esporte, previsão do tempo, crime, viagem, trânsito e Algoritmos jornalísticos; entretenimento) em 11 países. As reflexões deste Geração de linguagem natural. trabalho partem de uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório interdisciplinar de áreas como Disponível em: Jornalismo, Filosofia da Tecnologia, Inteligência http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s Artificial e da abordagem da Teoria Ator-Rede. bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/897/529

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 O objetivo do artigo é discutir teoricamente o conceito de hipermídia, partindo da formulação da Teoria do 102. Hipertexto, que tem como principal expoente George O QUE É HIPERMÍDIA? UM Landow (1997, 2001, 2009), e no processo de CONCEITO QUE VAI ALÉM DO Remediação, proposto por Jay Bolter e Richard Grusin HIPERTEXTO E DA MULTIMÍDIA (1999). Para tanto, refletimos primeiramente sobre a configuração do espaço de escrita digital (BOLTER, BACCIN, Alciane. 2001), onde se insere a hipermídia. Procuramos ao longo do artigo, discutir e tensionar o conceito de Palavras-chave: hipermídia com alguns autores que percebem a Hipermídia; semelhança e até tratam hipertexto e hipermídia como Hipertexto; sinônimos. Nossa intenção é, com esse tensionamento, Multimídia; construir a definição de hipermídia alicerçada na Jornalismo digital; lógica da remediação. Assim como o hipertexto Narrativa. remodela o texto no espaço de escrita digital, também as mídias se renovam nesse espaço. Disponível em: 290

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/948/366

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 Este paper apresenta resultados de um projeto de pesquisa aplicada cujo objetivo consistiu no 103. desenvolvimento de um aplicativo (app) de DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE DE comunicação móvel para celulares tipo smartphones UM APLICATIVO COMO que auxiliem na qualificação da cobertura jornalística FERRAMENTA DE JORNALISMO em questões urbanas na região metropolitana de MÓVEL PARA COBERTURA DE Aracaju, capital do estado de Sergipe. Há um esforço QUESTÕES URBANAS EM ARACAJU em compreender conceitos específicos dos dispositivos de comunicação móvel (mobilidade, FRANCISCATO, Carlos Eduardo. ubiquidade, geolocalização), assim como aspectos OLIVEIRA, Camila de Jesus. sobre a cidade e o urbano e o jornalismo de cidades SILVA, Leandro Pereira Gomes da. em suas formas de base de dados e visualidades. COSTA, Maria Izabel de Jesus. Utilizamos a arquitetura da informação e a cartografia como metodologias para o desenvolvimento do Palavras-chave: aplicativo. Espera-se que a ferramenta ofereça um Jornalismo móvel; incremento na atividade jornalística e gere, nos testes Jornalismo de cidades; em situações de uso, compreensões sobre a atividade e Smartphone; o desenvolvimento de novas funcionalidades. Aplicativo; Pesquisa aplicada.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/892/553

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 Esta pesquisa busca identificar, analisar e compreender modos, aspectos e sentidos da inovação 104. no jornalismo. Debruçando-se sobre os relatórios de MODOS E SENTIDOS DA INOVAÇÃO inovação do New York Times, o trabalho adota dois NO JORNALISMO procedimentos metodológicos de forma complementar: análise documental, uma das vertentes MARTINS, Elaide. do estudo de caso (YIN, 2001; DUARTE, 2008; CLEMENTE JR, 2012) e as categorias de análise Palavras-chave: sistematizadas por Rosseti (2013), baseadas na Inovação; classificação aristotélica do conceito de mudança. A Jornalismo; partir de Barbosa (2012), Mazza (2013), Giacomini The New York Times. Filho (2015), Silverman (2015), Fonseca (2015) e outros, traz uma importante discussão sobre inovação Disponível em: no jornalismo e seus resultados indicam que a mesma http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s se faz presente em produtos, processos, equipe e bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/892/272 gestão. Uma análise que aponta novas tendências para o campo do jornalismo. Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 O WhatsApp é uma ferramenta de interatividade que ganhou destaque nas redações dos ciberjornais de 105. Mato Grosso do Sul nos últimos três anos. Leitores ANÁLISE DE QUALIDADE DE enviam sugestões de pauta aos jornais via aplicativo e NOTÍCIA: WHATSAPP COMO notícias são publicadas com informações, fotos e FERRAMENTA DE PRODUÇÃO DE vídeos. Os leitores já participavam com opiniões e CONTEÚDO EM CIBERMEIOS pautas por meio de canais digitais como e-mail, 291

JORNALÍSTICOS Facebook e Twitter. O tema deste artigo é recortado a partir do estudo da adesão do aplicativo WhatsApp nas MARTINS, Gerson Luiz redações do Campo Grande News, Correio do Estado WERDEMBERG, Angela. e Midiamax News, três ciberjornais de maior audiência no Estado. Com base nas Ferramentas para Palavras-chave: Análise de Qualidade no Ciberjornalismo, organizada Ciberjornalismo; por Marcos Palacios, foi possível quantificar, WhatsApp; relacionar e analisar as notícias publicadas Convergência; mencionando o WhatsApp, além de mensurar o Critério de noticiabilidade; Valores- impacto desta forma para pautar o noticiário cotidiano notícia. e as implicações na produção da notícia.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/892/273

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2017 A interação do usuário com as pequenas telas de tablets e smartphones exige dos produtores de 106. informação a coordenação de um trabalho INTERATIVIDADE E multidisciplinar, que englobe jornalistas, designers e VISUALIZAÇÃO DE NOTÍCIAS EM programadores, para que a experiência oferecida seja APPS: UM DESIGN BASEADO EM adequada à nova realidade do jornalismo móvel. O CARDS design de notícias baseado em Cards vem sendo o formato mais utilizado pelas empresas que operam em PAULINO, Rita. plataformas iOS e Android. Este artigo analisa como EMPINOTTI, Marina. três aplicativos de veículos tradicionais utilizam componentes de interface mobile. Buscou-se Palavras-chave: identificar características e elaborar categorias de Jornalismo móvel; análise para se compreender o modo como a Smartphone; informação é apresentada disponível nos apps da Aplicativo; BBCNews, CNN e O Globo. Como aporte teórico- Design; metodológico principal se utilizou uma retórica Cards. audiovisual digital, a fim de analisar formas, gestos e impactos da relação usuário-smartphone. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2017/paper/viewFile/892/958

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 Este paper faz uma análise comparativa sobre como jornais regionais brasileiros - “A Tarde” (Nordeste), 107. “Correio Braziliense” (Centro-Oeste), “Diário do DAS PÁGINAS IMPRESSAS PARA AS Pará” (Norte), “Gazeta do Povo”(Sul) e “O Globo” FANPAGES: ADAPTAÇÕES DE (Sudeste) – se utilizam do Facebook como ferramenta LINGUAGEM E FORMATO DOS para distribuição de conteúdo jornalístico. O objetivo é JORNAIS REGIONAIS NO averiguar de que maneira os jornais selecionados FACEBOOK A PARTIR DE UMA utilizam o Facebook a partir de características PERSPECTIVA COMPARADA relacionadas ao estilo textual, tal como a linguagem – formal ou informal – e os diferentes formatos que MASSUCHIN, Michele Goulart. acompanham a legenda – foto, vídeo, emoticons, gifts, SOUSA, Suzete Gaia de. entre outros. O método da pesquisa é quantitativo é a técnica utilizada é a análise de conteúdo. O período da Palavras-chave: análise compreende duas semanas (entre abril e maio Jornalismo; de 2018), sendo que o corpus da pesquisa corresponde 292

Redes sociais digitais; a 2825 postagens realizadas pelos cinco veículos no Facebook; período estipulado. Linguagem; Formato dos posts.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2018/paper/view/1191/829

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 Mais da metade da população mundial (51%) usa as mídias sociais para se informar, revelou a Digital 108. News Report 2015. A pesquisa observou que a ALGORITMOS COMO ascensão das redes sociais como meio de acesso às GATEKEEPERS: OS RISCOS PARA O notícias leva ao fenômeno do “conteúdo distribuído”. JORNALISMO E PARA A Links para notícias desprendem-se do contexto SOCIEDADE original de edição e ganham vida própria nas redes. Nelas, os regimes de visibilidade das notícias são BARSOTTI, Adriana. norteados, em última instância, por algoritmos que cruzam preferências individuais e localização Palavras-chave: geográfica dos usuários, entre outros critérios. Embora Algoritmos; continuem selecionando as notícias, os jornalistas Gatekeepers; estariam agora dividindo o papel de gatekeepers com Agenda. os algoritmos. A hipótese é que o jornalista esteja perdendo poder na proposição de uma agenda para a Disponível em: sociedade. O artigo apresenta 11 entrevistas em http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s profundidade com jornalistas da Folha de S.Paulo, O bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1264/67 Estado de S.Paulo, O Globo e G1 discutindo a questão.

4

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 Este artigo apresenta análise sobre as linhas de força que alteraram as lógicas discursivas e a linguagem do 109. meio rádio – com foco nos programas jornalísticos - a CONSIDERAÇÕES SOBRE O partir dos anos 1990, quando a Internet passou a IMPACTO DAS NOVAS mudar as próprias dinâmicas de escuta do meio, seja TECNOLOGIAS NO na audição de conteúdo em qualquer horário (e não RADIOJORNALISMO mais, necessariamente, com o compromisso pactuado na grade da programação), seja no caráter BUFARAH JÚNIOR, Alvaro. multiplataforma dos aparatos para a recepção dos CARVALHO, Marcus Aurélio de. programas: celular, computador pessoal, o velho rádio de pilha, etc. Nossa abordagem dedica especial Palavras-chave: atenção às mudanças na linguagem e nas rotinas dos Radiojornalismo; processos de produção dos noticiários. Em que medida Linguagem; os roteiros, o tempo dedicado à apuração das Produção; reportagens, a divisão de tarefas na redação e o uso Tecnologias; dos chamados “cinco idiomas do rádio” (voz, música, Afeto. efeitos sonoros, pausas e trilhas anímicas) ganharam novos sentidos nas últimas duas décadas? Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1328/86 5

293

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 O conceito de “news net” foi introduzido nos anos 1970 por Gaye Tuchman para definir a rotina 110. operacional dos meios de comunicação de massa em DA “NEWS NET” À REDE uma época marcada por restrições estruturais e HIPERDENSA: O JORNALISMO NA humanas. Muita informação relevante deixava de ser ERA DA UBIQUIDADE apurada devido à existência de diversos “buracos” na COMUNICACIONAL estrutura de captação, resultando numa rede noticiosa (“news net”) cuja trama apresentava baixa densidade. SATUF, Ivan. A emergência de tecnologias digitais móveis reconfigura os processos de coleta e circulação de Palavras-chave: informação jornalística no século XXI. Este artigo Jornalismo móvel; propõe a noção e “rede hiperdensa” com o objetivo de News net; atualizar a clássica noção de “news net” a partir de um Ubiquidade comunicacional; conjunto de evidências que permitem tratar da Rotinas produtivas. ubiquidade comunicacional, das redes colaborativas e da expansão das fronteiras jornalísticas Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1335/84 9

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 No cenário da hipertelevisão (SCOLARI, 2014), as realidades cotidianas vêm ganhando espaço nos 111. noticiários televisivos por meio de REDE SOCIAL COMO NOVO ciberacontecimentos (ARIAS, 2008). A proposta deste CRITÉRIO DE NOTICIABILIDADE: artigo é apresentar as fases que envolvem a produção CARACTERÍSTICAS E de notícias no telejornalismo a partir da seleção de POTENCIALIDADES APLICADAS AO conteúdos oriundos das redes sociais. Para isso, TELEJORNALISMO analisa-se a rotina produtiva de uma revista eletrônica regional, o Jornal do Almoço, da RBS/TV, emissora OLEGÁRIO, Leandro. afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul. Desse modo, aplica-se técnicas de entrevista em Palavras-chave: profundidade e observação participante. Este trabalho Telejornalismo; é um recorte da pesquisa de doutoramento que propõe Noticiabilidade; a rede social, a partir do conteúdo disseminado pelos Rede Social; usuários, como um novo valornotícia estabelecendo Ciberacontecimento; alterações no fazer-jornalístico na televisão à luz das Jornal do Almoço. teorias do newsmaking e gatekeeper (WOLF, 2012).

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1389/67 7

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 Este artigo apresenta uma discussão teórica e análise descritiva-explicativa a partir de fontes eletrônicas de 112. informação e captação, aqui compreendidas como FONTES ELETRÔNICAS DE sensores, sinalizadores e processadores da Internet das INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA: Coisas (IoT), no contexto de uma cidade digital SENSORES, SINALIZADORES E inteligente ou smart city. O objetivo é otimizar a PROCESSADORES DA INTERNET mineração de dados que atendam uma melhor DAS COISAS (IOT) PARA assertividade para o usuário, sob a ótica da 294

COMPLEMENTAÇÃO DE NOTÍCIAS personalização de conteúdo jornalístico. Dessa forma, acredita-se que será possível tornar mais eficiente a BARCELOS, Marcelo. extração e aproveitamento dessas tecnologias para implementar personalização de conteúdo, uma das Palavras-chave: características da informação noticiosa centrada nas Internet das Coisas; preferências de um determinado leitor em um contexto Jornalismo; de hiperconexão e mobilidade informacional ubíqua, Fontes eletrônicas; como aposta futura para as malhas Notícias; infocomunicacionais cognificadas na Teoria Ator- Cidades Inteligentes. Rede.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1304/84 6

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 O presente artigo tem como principal objetivo identificar características do uso da ferramenta 113. Facebook Live para a realização de coberturas A PRISÃO DE LULA AO VIVO NO jornalísticas na mídia tradicional e na mídia FACEBOOK: USO DA FERRAMENTA alternativa, notadamente pelo jornal O Estado de S. FACEBOOK LIVE PARA A Paulo e pelo coletivo Mídia Ninja, buscando CONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS EM evidenciar estratégias de construção de narrativas em VÍDEO PELA MÍDIA NINJA E PELO vídeos transmitidos ao vivo nas respectivas páginas no ESTADÃO Facebook. Para isso, utilizamos, como recurso metodológico para uma investigação quantitativa e SANTOS, William da Silva. qualitativa da cobertura da prisão do ex-presidente NUNES, Márcia Vidal. Luiz Inácio Lula da Silva, a análise pragmática da narrativa jornalística (MOTTA, 2007). Notamos, a Palavras-chave: partir de resultados preliminares, que a ferramenta Facebook Live; Facebook Live foi mais utilizada pela Mídia Ninja. O Transmissões ao vivo; estudo observou, ainda, estratégias diferentes de Jornalismo digital; objetivação e subjetivação, apontando para intenções Mídia alternativa; comunicativas – com motivações políticas e culturais Narrativas jornalísticas. – em disputa no debate público.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1438/66 5

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 Os constantes ciclos de transformação das redações jornalísticas contemporâneas, transformadas em 114. ecossistemas adaptáveis com fluxos de trabalho PROCESSOS DE CONVERGÊNCIA E tecnológicos (“cibermeios”), demandam uma REORGANIZAÇÃO EM REDAÇÕES sistematização que viabilize estudos mais JORNALÍSTICAS: UM OLHAR SOBRE aprofundados dessas mudanças, diretamente A ESTRUTURA E A PRODUÇÃO DE influenciadas pelo fenômeno da convergência. Este NOTÍCIAS EM CIBERMEIOS artigo é uma síntese da dissertação desenvolvida pelo BRASILEIROS autor no âmbito do programa de Mestrado Profissional em Produção Jornalística e Mercado da ESPM-SP, que GONÇALVES, Jonas. estudou os casos vivenciados pelos sites Estadão e HuffPost (um analógico digital e outro nativo digital) e 295

Palavras-chave: propôs uma metodologia para classificar, por meio de Redações; indicadores, os diferentes modelos de redação em Reorganização; termos de características estruturais (tipo de Convergência; ecossistema, etapas de reconfiguração e contexto Estadão; organizacional) e produtivas (procedimentos de pauta, HuffPost. apuração, edição e publicação de notícias).

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1513/84 7

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 Este artigo visa discutir a visualização jornalística em base de dados na contemporaneidade. Sustentamos 115. que esta produção, no ambiente digital, está inserida VISUALIZAÇÃO DE DADOS em sistemas narrativos, iniciados em codificações JORNALÍSTICOS: A PRODUÇÃO NA maquínicas, com bases de dados que dialogam com PERSPECTIVA DA NARRATIVA outras camadas até chegar a uma interface com o COMO SISTEMA usuário. Neste contexto o jornalista não é somente um narrador de fatos, é o responsável por coletar, apurar, ESTEVANIM, Mayanna. interpretar e contextualizar as informações. Recorre a gráficos interativos, conta com a participação do Palavras-chave: público/leitor, disponibiliza acesso direto a bancos de Sistema narrativo; dados e distribui matérias por redes sociais. Visualização de dados jornalísticos; Defendemos que o jornalista familiarizado com as Backend narrativo; camadas subterrâneas do sistema narrativo, o backend, Frontend narrativo; encontra melhores maneiras de contar histórias Jornalismo de dados.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1448/66 6

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 Os algoritmos computacionais têm papel central nos processos comunicacionais materializados através da 116. internet, com consequências econômicas, políticas e O ALGORITMO COMO PAUTA DE sociais. Apesar disso, suas operações, em geral, não INVESTIGAÇÃO JORNALÍSTICA são transparentes ou são incompreendidas pela maior parte dos internautas. Os algoritmos transmitem uma CARREIRA, Krishma Anaísa Coura. ideia de objetividade, mas seus processos de programação seguem priorizações e associações que Palavras-chave: podem resultar, inclusive, em preconceitos. Alguns Jornalismo investigativo; Algoritmo- estudiosos sinalizam a importância da realização de ombudsman; uma investigação jornalística capaz de desvendar Algoritmos e jornalismo; como os algoritmos geram determinados resultados. Engenharia reversa; Outros apontam a necessidade de um algoritmo- Preconceito algorítmico. ombudsman. Neste artigo, são apresentadas algumas técnicas sugeridas a partir de uma revisão bibliográfica Disponível em: interdisciplinar de áreas como Comunicação, http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s Jornalismo e Inteligência Artificial. bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1651/67

9 296

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 O jornalismo pós-industrial indica que o jornalismo passa por transformações em decorrência da 117. digitalização nos processos. Nesse cenário, “explorar TELEJORNALISMO outros métodos de trabalho e processos viabilizados MULTIPLATAFORMA: UMA pelas mídias digitais” (ANDERSON; BELL; ANÁLISE DO USO DA SHIRKY, 2013, p.38) passou a ser condição essencial CONVERGÊNCIA DE CONTEÚDO NO para sobreviver a um mercado cada vez mais exigente QUADRO “G1 NO BOM DIA RIO” e multiplataforma. Partindo desse princípio e da noção de convergência jornalística, no tocante à dimensão de ANDRADE, Lorena Borges de. conteúdo, este trabalho tem como objetivo analisar de SILVA, Fernando Firmino da. que maneira as experiências de convergência de conteúdo no telejornal Bom Dia Rio da TV Globo são Palavras-chave: colocadas em prática na TV e no portal G1 RJ. Os Telejornalismo; resultados apontam para uma convergência de Convergência; conteúdo no aspecto de multiplataforma ainda Multiplataforma; incipiente entre o telejornal e o portal. Bom Dia Rio; G1 RJ.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1584/71

8

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 O presente texto apresenta um levantamento quantitativo realizado em especiais publicados pelo 118. site do jornal Folha de S. Paulo. Trata-se de uma das POTENCIALIDADES DIGITAIS E etapas de um projeto de pesquisa em rede que INOVAÇÕES JORNALÍSTICAS: investiga práticas inovadoras e criativas em jornalismo ANÁLISE QUANTITATIVA DE a partir de potencialidades digitais. No estudo ora ESPECIAIS DA FOLHA apresentado, observam-se as características dos denominados especiais pelo próprio veículo, FORT, Mônica Cristine. selecionando o que são consideradas narrativas MARCELLINO, Márcio Morrison jornalísticas, seus gêneros, seus suportes imagéticos e Kaviski. demais recursos digitais. Também são consideradas as TRENTIN, Lidia Paula. características do webjornalismo. Percebem-se HECK, Ana Paula. inovações narrativas em determinadas abordagens, mas ainda não se experimentam todas as Palavras-chave: possibilidades como prática das rotinas produtivas. Jornalismo digital; Inovações; Especiais Folha; Gêneros textuais; Potencialidades tecnológicas.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1257/78 6

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 Pesquisadores e jornalistas dedicados ao Jornalismo de 297

Dados o resumem (com algumas variáveis) como 119. técnicas e procedimentos (através do computador) que A NOÇÃO DE JORNALISMO DE auxiliam a visualização, o cruzamento e o tratamento DADOS NO JORNALISMO de grandes quantidades de dados, os quais uma pessoa CONTEMPORÂNEO seria incapaz de extrair com tanta rapidez. O objetivo deste artigo é situar quando surge essa noção de BARROS, Vanessa Teixeira de. jornalismo e o quanto isto está articulado com as mudanças tecnológicas e as novas formas de Palavras-chave: circulação de informação. Busca-se, portanto, Jornalismo de Dados; problematizar a ideia da emergência do jornalismo de Tecnologias; dados, tencionando o que há de novo de fato nesse Circulação de Informação. método, e o que se apresenta como continuidade do jornalismo no modelo tradicional de redação. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1270/84 5

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 No artigo, argumenta-se em torno da hipótese de que o “jornalismo de verificação” surge como tipo desviante 120. do paradigma do “jornalismo de comunicação” “JORNALISMO DE VERIFICAÇÃO”: (CHARRON; DE BONVILLE, 2016) em um O FACT-CHECKING EM EVIDÊNCIA ecossistema de mídia dominado por plataformas NUM ECOSSISTEMA DE MÍDIA digitais. À reflexão teórica sob a ótica das mudanças DOMINADO POR PLATAFORMAS estruturais do jornalismo, soma-se a descrição de um caso empírico envolvendo agências de fact-checking SEIBT, Taís. (checagem de fatos) brasileiras, bem como resultados de estudos anteriores realizados sobre essa prática nos Palavras-chave: Estados Unidos, no intuito de debater potencialidades Fact-checking; e limites desse movimento para o jornalismo no século Jornalismo de verificação; XXI. Mudanças estruturais do jornalismo; Objetividade; Transparência.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1411/67 1

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 Este artigo tem como objetivo apresentar uma proposta de aplicação da Teoria do Hipertexto 121. (LANDOW, 1987, 1995, 1997, 2009), com base na O HIPERTEXTO NO JORNALISMO: literatura, ao campo do jornalismo. Essa proposta UMA PROPOSTA DE surgiu da identificação de adequação dessa Teoria aos CARACTERIZAÇÃO DO estudos de jornalismo digital, a partir da análise feita HIPERTEXTO JORNALÍSTICO de produtos jornalísticos digitais. Com forte inspiração na Teoria do Hipertexto, nossa proposta defini como BACCIN, Alciane. características do hipertexto jornalístico a tipologia MIELNICZUK, Luciana. dos links, a multivocalidade e a estrutura de navegação. A intenção com este trabalho é contribuir Palavras-chave: para os estudos das especificidades das narrativas Hipertexto; jornalísticas hipermídia. 298

Narrativa jornalística; Jornalismo digital; Teoria do Hipertexto; Landow.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1627/89 4

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 Este artigo apresenta pesquisa em fase inicial sobre o desenvolvimento das seis características do 122. webjornalismo no cenário da cultura da convergência, CARACTERÍSTICAS DO que marca a formação de ecossistema midiático WEBJORNALISMO distinto (JENKINS, 2008; 2016; SCOLARI, 2016). O CONTEMPORÂNEO EM GAÚCHA foco é o que pode ser visto nas publicações. São ZH: TRANSFORMAÇÕES DA discutidos, num primeiro momento, os aspectos que PLATAFORMA JORNALÍSTICA transformam os webjornais em plataformas noticiosas, com limitações e possibilidades peculiares. BELOCHIO, Vivian. Posteriormente, são descritos os resultados da observação das características de webjornais cuja Palavras-chave: mídia matriz é impressa. A verificação foi realizada no Webjornalismo; webjornal GaúchaZH (Porto Alegre/RS), a título de Jornalismo digital; exemplo. Cultura da convergência.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1627/89 5

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 Há pouco mais de dez anos as pesquisadoras Mielniczuk e Silveira (2007, 2008) propuseram um 123. trabalho no qual discutiam a abertura dos veículos JORNALISMO DIGITAL E jornalísticos aos processos de interação da internet. As PARTICIPAÇÃO: DEZ ANOS DEPOIS autoras discutiam se os canais de interação abertos em DO “VOCÊ REPÓRTER” O QUE veículos jornalísticos de referência e também os MUDOU? veículos independentes e não necessariamente compostos por profissionais designavam SILVEIRA, Stefanie Carlan. continuidades, potencializações ou rupturas nas características do jornalismo digital na época. Nosso Palavras-chave: objetivo aqui é ampliar esta discussão e atualizá-la a Jornalismo digital; partir dos novos conceitos e elementos que se Interação; somaram ao debate na atualidade. Aspectos como Participação; plataformas de redes sociais online, mobilidade e Cultura participativa; ubiquidade fizeram com que os processos interativos Cultura da conexão. fossem ainda mais modificados e consequentemente também o cenário jornalístico, o que justifica o Disponível em: interesse em desenvolver este trabalho a fim de http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s mapear tal complexidade. bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1627/89 7 299

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2018 O fenômeno do Big Data e as políticas de dados abertos fertilizaram o terreno do jornalismo de dados. 124. A facilidade no acesso aos dados tem possibilitado a JORNALISMO DE DADOS E GRANDE elaboração de novas pautas e narrativas e há veículos REPORTAGEM MULTIMÍDIA: que já apostam no JGD como um caminho para se COMBINAÇÕES POSSÍVEIS manter no mercado. Observando a ascensão e a aposta das redações no jornalismo de dados, esse artigo visa VENTURA, Mariane Pires. verificar se a combinação do JGD aos recursos narrativos da Grande Reportagem multimídia estaria Palavras-chave: criando um novo nicho dentro do webjornalismo. Para Jornalismo de dados; tanto, são analisados sete vencedores do Data Big data; Journalism Awards 2018 a fim de verificar a nova Grande reportagem multimídia; classificação proposta. Gêneros expressivos.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1259/73 2

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 A televisão vivencia um momento de transformação impulsionado pela tecnologia e pelas práticas sociais e 125. culturais vigentes. Novas e velhas audiências DA TELEVISÃO À INTERNET: O USO coexistem, reafirmando, mas também renovando DO TWITTER NA CONSTRUÇÃO DO contratos assumidos com a televisão. O telejornalismo, MODO DE ENDEREÇAMENTO DO enquanto instituição social, não poderia ficar JORNAL NACIONAL indiferente a esse cenário. Neste artigo, apresenta-se como o Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, BEVILAQUA, Leire Mara. vem modificando o modo de endereçamento, o estilo próprio de falar ao telespectador (GOMES, 2011), em Palavras-chave: razão da aproximação aos sites de redes sociais, Telejornalismo; principalmente o Twitter. Parte-se do entendimento de Sites de redes sociais; que o modo de endereçamento do telejornal não se Modo de endereçamento; constrói mais somente por intermédio do conteúdo Jornal Nacional; veiculado na televisão. Estende-se também a essa Twitter. plataforma digital.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1916/11

25

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 O artigo possui como temática de pesquisa a atuação dos influenciadores digitais no processo de circulação 126. dos conteúdos jornalísticos. Parte da reflexão de que, OS SECONDARY DEFINERS E A no contexto em rede, alguns atores sociais se destacam RESSIGNIFICAÇÃO DA NOTÍCIA nas audiências ativas exercendo um segundo filtro no modo como a notícia é significada. Diante disto, BEZERRA, Juliana Freire. objetiva-se neste estudo: a) fundamentar o conceito denominado de secondary difiner, a partir da 300

Palavras-chave: concepção de primary definer elaborada por Stuart Jornalismo; Hall (1993) e b) propor uma sistematização por Influenciador digital; categorias dos tipos de secondary definers, a partir do Capital Social; modelo de categorização de influenciadores produzido Marca; pelo GPS Ideológico da Folha de S. Paulo. Para o Líder de Opinião. embasamento teórico, conta-se com os conceitos de Capital Social (PUTNAM, 2000) e de Líder de Disponível em: Opinião formulado por Lazarsfeld, Berelson e Gaudet, http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s na década de 1940. Uma tipologia preliminar dos bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2012/10 secondary difiners é proposta no artigo.

93

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 Neste artigo discutimos alguns problemas do conceito de fake news, tal como apresentado por autores como 127. Allcott e Gentzkow (2017), Wardle (2017) e Bucci DAS NOTÍCIAS FALSAS NO (2018). Frequentemente as fake news tentam se JORNALISMO ALTERNATIVO ÀS colocar como uma das diversas espécies de FAKE NEWS NAS REDES SOCIAIS: jornalismos alternativos que circulam nas redes DILEMAS DE UM CONCEITO sociais. Por outro lado, notícias falsas constituem também um gênero do jornalismo, comumente usado JORGE FILHO, José Ismar Petrola. como sátira com finalidade humorística. Um exemplo histórico é o tabloide O Pasquim, um dos principais Palavras-chave: veículos da imprensa alternativa de oposição à Fake news; ditadura militar. Na atualidade, sites como O Jornalismo alternativo; Sensacionalista investem na notícia falsa como sátira a Redes sociais; outros veículos. Uma distinção entre o jornalismo O Pasquim; alternativo e as fake news deve ser encontrada na O Sensacionalista. própria deontologia do jornalismo – que, ao contrário das fake news, compromete-se com o real, mesmo Disponível em: quando apela a recursos ficcionais de sátira e ironia. http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2025/10

81

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 Com a midiatização, amplia-se o consumo de informações e imagens em nível global e 128. reconfiguram-se os hábitos de vida, as formas de MIDIATIZAÇÃO E trabalho e as manifestações culturais. Diante desse ESPETACULARIZAÇÃO: O cenário, o jornalismo é um dos campos profissionais JORNALISTA COMO que tem se reconfigurado em termos ideológicos, INFLUENCIADOR DIGITAL técnicos e estéticos. Considerando isso, este artigo analisa, sob o ponto de vista estético, a forma com que TEIXEIRA, Raphael Moroz. jornalistas têm se projetado nas redes sociais digitais. Foram empregados, na análise, os preceitos teóricos de Palavras-chave: autores como Mark Deuze, Gilles Lipovetsky, Jean Midiatização; Serroy, Henry Jenkins e Derrick de Kerckhove. Imagem; Conclui-se que a conduta de jornalistas e a forma com Espetacularização; que eles se projetam publicamente em redes sociais Influenciadores digitais; digitais têm sido contaminada pela lógica do Jornalismo. espetáculo.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s 301

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2141/11 06

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 A disseminação de fake news, potencializada pela velocidade de compartilhamento das redes sociais, fez 129. com que o campo jornalístico investisse em uma nova AGÊNCIAS DE CHECAGEM NO especialidade da profissão, o Fact-Checking, a BRASIL: UMA ANÁLISE DAS checagem de fatos, prática originária dos Estados METODOLOGIAS DE FACT- Unidos. Esta pesquisa se propõe a analisar as CHECKING metodologias aplicadas e apresentadas nas matérias produzidas pelas agências de checagem brasileiras Aos CARVALHO, Carmen. Fatos, Truco, Boatos.org e Uol Confere, considerando LÓPEZ, Maria Otero. que a transparência é premissa básica do Fact- ANDRADE, Karina Costa de. Checking. Para atingir este objetivo, utilizou-se a Análise de Conteúdo (AC) como método de pesquisa, Palavras-chave: seguindo uma abordagem quantitativa. O resultado Fake news; mostra que duas das iniciativas de checagem Fact-checking; brasileiras analisadas respeitam o princípio básico da Metodologias; atividade, enquanto as outras duas não são Agências; transparentes com a sua audiência. Jornalismo.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2145/10 87

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 Este artigo é o resultado da investigação de estratégias de interlocução com o público na página oficial da TV 130. Anhanguera, afiliada da Rede Globo em Goiás, no IMPACTOS DO PROTAGONISMO Facebook. A intenção é identificar em que medida a DO TELESPECTADOR NO FAZER emissora desenvolve ações voltadas ao engajamento e JORNALÍSTICO à interação com o telespectador nessa rede social, em relação ao conteúdo jornalístico veiculado no canal de LIMA, Bruno Denis. televisão. A coleta dos dados foi feita ao longo de 62 dias, de 15 de maio a 15 de julho de 2019. Espera-se Palavras-chave: contribuir com pesquisas voltadas aos impactos de um Telejornalismo; novo protagonismo do telespectador na concepção do Jornalismo comunitário; jornalismo, especialmente de amplitude regional e Redes sociais; caráter comunitário. Interação; Engajamento.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1930/11 24

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 Este artigo volta-se para o estudo do compartilhamento de notícias em redes sociais à luz 131. das Teorias do Jornalismo. O objetivo é propor uma 302

CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE E reflexão sobre os critérios de noticiabilidade e valores- VALORES-NOTÍCIA NA notícia, matrizes do exercício do jornalismo, presentes CONTEMPORANEIDADE: UM nesses textos jornalísticos, uma vez que atingem um ESTUDO SOBRE JORNALISMO NAS número significativo de usuários das plataformas REDES SOCIAIS virtuais. Nossa proposta é, inicialmente, realizar uma revisão desses critérios e valores fundamentada em NOVAES, Aline da Silva. pesquisas de Gislene Silva, Leonel Aguiar, Marcos Paulo da Silva, Nelson Traquina e Ivan Satuf. Torna- Palavras-chave: se relevante, também, um estudo sobre o impacto Critérios de noticiabilidade; dessas novas tecnologias na rotina de produção Valor-notícia; jornalística. Com essa intenção, foram realizadas Redes sociais; entrevistas com profissionais da área. Trata-se, Jornalismo; portanto, de uma tentativa de compreender o exercício Compartilhamento. do jornalismo na contemporaneidade, momento em que impera a cultura da participação e do Disponível em: compartilhamento. http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2153/11 13

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 Este artigo apresenta um olhar para o jornalismo nativo digital do brasileiro Nexo, um veículo 132. jornalístico exclusivamente digital criado em 2015 e O JORNALISMO NATIVO DIGITAL que tem se destacado em premiações internacionais. O DO BRASILEIRO NEXO trabalho foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica sobre o tema e da análise exploratória de LENZI, Alexandre. 16 seções fixas identificadas no citado jornal. Busca-se refletir sobre a comparação entre os conteúdos ainda Palavras-chave: inspirados em formatos tradicionais e aqueles que Jornalismo on-line; apresentam características próprias do jornalismo on- Jornalismo digital; line, valorizando as potencialidades do meio digital. E Jornalismo nativo digital; percebe-se que é nas reportagens especiais multimídia Reportagem multimídia; que o Nexo tem conseguido aproveitar mais a Nexo. liberdade narrativa de um jornal nativo digital.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1857/10 16

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 Este artigo apresenta uma discussão contextual, teórica e histórica sobre a chegada dos humanoides- 133. repórteres, robôs dotados com Inteligência Artificial HUMANOIDES-REPÓRTERES, OS que estão ocupando posições jornalísticas em ROBÔS COM INTELIGÊNCIA redações, especialmente na China e no Japão. A partir ARTIFICIAL: DESAFIO REAL OU de uma narrativa sobre o estado da arte destas FETICHE TECNOLÓGICO? invenções, o autor debate implicações da emulação do modus operandi jornalístico na construção de um BARCELOS, Marcelo. imaginário em que o apresentador/repórter pode ser um ser biônico, sob olhar crítico para além do que Palavras-chave: representa a voz sintética criada por algoritmos de Humanoides-repórteres; Processamento de Linguagem Natural (PLN). Toma-se Inteligência Artificial; como base contextual a crescente adoção dos 303

Jornalismo; assistentes pessoais com AI, como novas interfaces de Prospectiva Estratégica. comunicação, para prever, sob o método da prospectiva estratégica (GODET, 2017) que, em um Disponível em: futuro nada distante, robôs-jornalistas podem se tornar http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s populares em telejornais, inclusive, no Brasil. bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2143/12 56

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 Com o objetivo de analisar como o Jornalismo convencional lida com as estratégias de comunicação 134. on-line de agentes do campo político, o artigo QUANDO O TWITTER PAUTA O investiga a cobertura da Folha de S. Paulo sobre os JORNAL: ANÁLISE DA COBERTURA conteúdos do presidente Jair Bolsonaro no Twitter. DA FOLHA DE S.PAULO SOBRE O São analisadas 94 notícias da Folha publicadas de 1º PERFIL DE JAIR BOLSONARO de janeiro a 30 de abril de 2019. Por meio de Análise de Conteúdo, as notícias são investigadas em duas REBOUÇAS, Hébely. dimensões: 1) editorias e temas privilegiados na cobertura; e 2) grau de relevância das postagens na Palavras-chave: construção das matérias. Conclui-se que, na maioria Jornalismo; das vezes, a Folha explorou o Twitter de Bolsonaro Twitter; como mero elemento de contextualização das notícias, Bolsonaro; privilegiando conteúdos de relevância pública, como Folha de S.Paulo; anúncio de medidas de governo, além de temas que Análise de Conteúdo. têm o conflito e a polêmica em seu cerne, como crises e disputas políticopartidárias. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1979/10 60

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 Este artigo é um recorte de pesquisa mais ampla, Produção e circulação de conteúdo no jornalismo do 135. século XXI, apoiada pela FAPESP. O objetivo é MULTIMIDIALIDADE, identificar as características do webjornalismo: HIPERTEXTUALIDADE E multimidialidade, hipertextualidade e interatividade INTERATIVIDADE NA GRANDE em portais da grande mídia e em veículos MÍDIA E MÍDIA INDEPENDENTE independentes e/ou alternativos, comparando as matérias principais das homes de cada veículo. A SANTOS, Marli. pesquisa foi realizada em julho de 2019, e incluiu 9 portais/sites. Para a análise utilizou-se como protocolo Palavras-chave: as fichas de avaliação disponíveis em “Ferramentas Multimidialidade; para análise de qualidade no ciberjornalismo – Hipertextualidade; Modelos”, Palácios (2011), com adaptações. A Interatividade; principal consideração é que a mídia tradicional e Grande mídia. mídia independente e/ou alternativa apresentam um padrão semelhante, com variações relacionadas a Disponível em: factualidade das matérias e ao perfil editorial dos http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s veículos. bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1984/10

92

Acesso em: 6 dez. 2020 304

Ano: 2019 Nosso trabalho propõe pensar de que forma o engajamento com usuários vem se constituindo no 136. jornalismo, a partir de um recurso popular em sites de UM PÚBLICO ATIVO NO notícias – as seções de comentários dos usuários. A JORNALISMO – O QUE AS SEÇÕES partir da pesquisa bibliográfica e documental, DE COMENTÁRIOS NOS ENSINAM estabelecemos como as seções de comentários podem SOBRE PARTICIPAÇÃO ser pensadas como Conteúdo Gerado por Usuários e discutimos, na teoria, quais as possibilidades de SANSEVERINO, Gabriela Gruszynski. apresentação dessa forma de participação. Realizamos também a observação de oito sites de notícias em Palavras-chave: língua inglesa, de importantes empresas jornalísticas Jornalismo; nos Estados Unidos e no Reino Unido (Huffington Participação; Post, New York Times, Washington Post, BuzzFeed Seção de comentários; News, USA Today, The Sun, The Daily Mail e The Sites de notícias; Guardian), casos práticos de como seções de Público. comentários estão sendo implementadas. Delineamos como este recurso de participação está sendo utilizado Disponível em: e debatemos que inferências podemos fazer do que http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s significa sua integração ou não as novas práticas do bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1982/10 jornalismo online. 94

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 O presente artigo tem como objetivo ampliar a discussão sobre impactos de tecnologias na rotina 137. produtiva das redações jornalísticas iniciada com a A ROTINA PRODUTIVA SOB dissertação “As transformações nas rotinas produtivas IMPACTO DO USO DE das redações: Diario de Pernambuco e Jornal do SMARTPHONES Commercio”, publicada em 2018. Dentre as diferentes ferramentas tecnológicas observadas nesta pesquisa, FREIRE, Flora Leite. optamos por analisar aqui o uso de smartphones, cada vez mais inseparáveis da atividade jornalística. A Palavras-chave: observação participante, realizada entre os meses de Rotina produtiva; outubro e novembro de 2017 permitiu confirmar não Smartphones; apenas que as práticas mudam com as mudanças Diário de Pernambuco; tecnológicas, mas também como elas mudam. Um Jornal do commercio; exemplo seria a inserção de uma nova etapa: a Jornalismo. replicação ou publicização de conteúdos.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1873/11 11

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 Este artigo tem por objetivo discutir os usos da tecnologia no jornalismo, seja pela criação de novos 138. negócios que seguem um movimento de NOVO JORNALISMO? REFLEXÕES “startupização” do segmento, seja no emprego de ACERCA DO LIMITE DO USO DE análise de dados para a elaboração de reportagens. As DADOS PARA A ELABORAÇÃO DE reflexões propostas apontam para o desenvolvimento REPORTAGENS de uma espécie de jornalismo combinatório entre a otimização oferecida pelas ferramentas de RAC COSTA, Ana Cristina. (Meyer, 2002) e a manutenção de técnicas jornalísticas ALMEIDA, Raquel de Queiroz. ditas tradicionais, como apuração, observação, escuta 305

do contraditório e presença in loco para entender a Palavras-chave: ambiência dos acontecimentos. A partir dessa Jornalismo; combinação, preserva-se o jornalismo como um mapa Dados; de significados (Hall et al, 1973) que contribui para a Startups de jornalismo; leitura das coisas do mundo. Precisão.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1895/10 75

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 O presente artigo tem como objetivo analisar as movimentações no campo jornalístico a partir do 139. contraponto das agências de checagem (fact-checking) FAKE NEWS E FACT-CHECKING: AS às fake news, com foco no ambiente político, em que o MOVIMENTAÇÕES NO CAMPO fenômeno é mais facilmente observado. Para isso, COMUNICACIONAL VISTAS A foram selecionadas 18 (dezoito) matérias de checagem PARTIR DA MIDIATIZAÇÃO DA veiculadas pelo blog “Estadão Verifica”, vinculado ao SOCIEDADE E DA OBJETIVIDADE jornal O Estado de S. Paulo, após o primeiro turno das JORNALÍSTICA eleições gerais brasileiras de 2018, no período entre 21 e 27 de outubro de 2018, uma semana após o pleito. A SANTOS, Lucas de Almeida. pesquisa se propôs a identificar, quantitativamente e qualitativamente, os temas das checagens e estratégias Palavras-chave: de validação do discurso de verdade por parte da Fake news; checagem. Fact-checking; Internet; Política; Eleição presidencial 2018.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2167/10 86

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 Após a digitalização do jornal Gazeta do Povo, em maio de 2017, e uma série de dispensas de 140. profissionais de sua redação, surge em janeiro de POSSIBILIDADES, LIMITES E 2019, em Curitiba, o jornal digital Plural, que se FRAGILIDADES DE UM NATIVO coloca como “o primeiro jornal da cidade feito DIGITAL: O JORNAL PLURAL exclusivamente por jornalistas, por gente de (CURITIBA, PR) comunicação. Sem patrão nem herdeiros.” Ao tomar como objeto este veículo, que enfatiza reportagens DEL VECCHIO-LIMA, Myrian. locais, tentamos entender como o nativo digital pode DE PAULA, Everton Luiz Renaud. se desenvolver sem ainda conhecer o perfil de seu PIRES, Guilherme de Paula. leitor, sem uma política clara de financiamento e LIRA, Artur Oliari. buscando independência. A metodologia qualitativa busca por meio de entrevista em profundidade e Palavras-chave: pesquisa documental entender o modelo de negócio do Jornalismo digital; jornal, em um cenário de jornalismo pós-industrial e Modelo de negócio; em um momento marcado por incertezas político- Jornal Plural; econômicas e midiáticas. Ao final, pode-se 306

Jornalismo local; compreender as atuais fragilidades e limites, bem Independência jornalística. como as possibilidades do jornal no cenário local.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2056/10 15

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 Esta pesquisa buscou aplicar o modelo explicativo da inovação, problematizando-o em um referencial da 141. teoria social para abordar o processo de transição do FATORES SOCIAIS DA INOVAÇÃO jornalismo impresso para as plataformas digitais nos NA TRANSIÇÃO DO JORNALISMO anos recentes no Brasil. Considerou-se o contexto do IMPRESSO AO DIGITAL espaço social do jornalismo na região Nordeste do País em um estudo de caso de um jornal do estado de FRANCISCATO, Carlos Eduardo. Sergipe, o Cinform, em Aracaju (SE) em 2017 e 2018. SILVA, Gilson Souza. O trabalho analisa a adequação e o grau de consistência de elementos inovativos, aplicando Palavras-chave: categorias da teoria social como campo social, capital Jornalismo digital; social, espaço social e sistemas locais de inovação Jornalismo impresso; com o objetivo de explicar fragilidades e Inovação; incongruências nas estratégias inovativas, no modelo Produção de notícias; de negócio, nas rotinas de trabalho jornalístico e no Cinform. nível de protagonismo dos atores envolvidos.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2180/12 31

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 O presente artigo tem como objetivo identificar traços da utilização do Jornalismo de Dados (JD) como o 142. resultado de um processo de inovação dentro das O JORNALISMO DE DADOS COMO redações. Discutem-se as definições acerca da UM PRODUTO DA INOVAÇÃO inovação e o seu contexto dentro da comunicação e do jornalismo. Inicialmente, exploram-se diferentes VENTURA, Mariane Pires. entendimentos do que é a inovação e de que forma ela é vista; seguindo para um panorama da inovação Palavras-chave: dentro da comunicação e por fim, delimitam-se Jornalismo de Dados; algumas definições a respeito do Jornalismo de Dados Inovação; e apresentam-se exemplos de diferentes utilizações Tecnologia; identificando produtos possíveis de serem vistos como Jornalismo. inovadores na área.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2180/12 32

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 O artigo apresenta os resultados de uma pesquisa sobre a difusão das técnicas de reportagem baseadas em 307

143. coleta, extração, tratamento, análise e visualização de PANORAMA DO ENSINO DE dados na comunidade profissional jornalística JORNALISMO GUIADO POR DADOS brasileira a partir do ensino em suas várias NO BRASIL modalidades: graduação universitária, extensão, ensino a distância (EAD), cursos oferecidos por instituições TRÄSEL, Marcelo. não acadêmicas, entre outros. Através de análise documental e aplicação de questionários, foi possível Palavras-chave: identificar 66 ofertas de treinamentos em Jornalismo Ciberjornalismo; Guiado por Dados no Brasil. Além disso, a pesquisa Ensino de jornalismo; traz as opiniões dos informantes a respeito dos fatores Jornalismo de precisão; mais relevantes para o ensino dessas técnicas. Reportagem Assistida por Computador; Survey.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2180/12

38

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 Diante das mudanças provocadas pelas novas tecnologias no jeito de fazer e consumir notícias, 144. repórteres de rádio enfrentam severas transformações ROTINAS PRODUTIVAS: O USO DO nas rotinas produtivas. A necessidade de adaptação WHATSAPP POR REPÓRTERES DE não é nova. Desde que surgiu no Brasil, em 1922, o RÁDIOS ALL NEWS rádio passou por diversas fases de reinvenção, sobreviveu às desconfianças de que seria soterrado SCHUCH, Matheus. pela TV e segue como um meio relevante. Agora, a JORGE, Thaís de Mendonça. profusão de celulares que funcionam como computador portátil potencializou alterações também Palavras-chave: no modo de coletar e transmitir informações. De forma Radiojornalismo; a jogar luz sobre parte desse cenário, este artigo WhatsApp; analisa o uso do aplicativo de mensagens WhatsApp CBN; por repórteres das rádios CBN e Band News, BandNews; investigando permanências e câmbios nas rotinas de Rotinas produtivas. produção para o meio. Os resultados indicam que o uso de mensagens instantâneas se afirmou como Disponível em: instrumento de apuração, alterando formas de trabalho http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s no radiojornalismo bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2180/12 39

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 Este artigo analisa como os leitores podem contribuir para o fortalecimento do jornalismo em profundidade 145. na plataforma digital. Para tanto, selecionamos uma AS INTERAÇÕES ENTRE OS reportagem especial, The sugar conspiracy, publicada LEITORES DO SITE THE GUARDIAN: na seção The long read do jornal britânico The A PARTICIPAÇÃO NO LONG-FORM Guardian, com maior número de compartilhamentos JOURNALISM no Facebook. Os 10 comentários com maior número de recomendações e discussões foram analisados para MACEDO, Keyse Caldeira de Aquino. conhecer as naturezas dessas interações. Por meio da QUADROS, Cláudia Irene de. análise de conteúdo (BARDIN, 2016), apresentamos possíveis categorias de interação do leitor com o Palavras-chave: jornal. A base teórica está centrada em diferentes 308

Jornalismo digital; perspectivas – do networked journalism, da conexão e Networked journalism; da dinâmica das interações. Os comentários analisados Interação; mostram, a princípio, uma construção dialógica Conexão; coletiva dos leitores, indicando certo nível de The Guardian. reciprocidade, persistência e engajamento nas discussões na plataforma digital do tradicional Disponível em: periódico. http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1921/11 45

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 O trabalho discute a automação no jornalismo buscando contribuições da Natural Language 146. Generation (NLG), que explora a capacidade de JORNALISMO AUTOMATIZADO E produção de textos em linguagens humanas. IMPARCIALIDADE: UMA ANÁLISE Analisamos a startup norte-americana Knowhere, que DAS NOTÍCIAS DA STARTUP desenvolveu algoritmos com a proposta de produzir KNOWHERE notícias “imparciais”. A Inteligência Artificial processa dados online de forma que os algoritmos STORCH, Laura. escrevam três versões de um mesmo acontecimento, FEIL, Bruna Eduarda. com vieses distintos - identificadas a partir de etiquetas como “positivo”, “imparcial” e “negativo”. Palavras-chave: Mapeamos, durante a semana de 21 a 28 de junho de Jornalismo Automatizado; 2019, 18 textos referentes a seis acontecimentos Imparcialidade; diferentes publicados no site da empresa. Inspirados na Natural Language Generation (NLG); Análise de Conteúdo, analisamos os textos buscando Algoritmos; reconhecer os modos como os algoritmos operam a Knowhere. sistematização das categorias principais de NLG (conceitualização, formulação e articulação) e suas Disponível em: implicações sobre a capacidade de produção de http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s percepções de imparcialidade. bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/1921/11 46

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2019 Este trabalho tem o objetivo de compreender como o Jornalismo de Dados (JD) é utilizado na construção da 147. narrativa jornalística nas matérias do Nexo Jornal. A A CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA base teórica (MANOVICH, 2015; BARBOSA, 2008; NO JORNALISMO DE DADOS DO TRÄSEL, 2014; MANCINI, VASCONCELOS, 2016) NEXO JORNAL procura propor uma conceituação. Elaboramos categorias para averiguar em profundidade a produção BACCIN, Alciane. do JD do Nexo Jornal. Analisamos 44 matérias de VIEIRA, Mateus. quatro seções diferentes do jornal. Os elementos encontrados indicam o uso de bases de dados como Palavras-chave: meio estruturante do conteúdo, uso de fontes como Jornalismo digital; inclusão convergente de métodos narrativos Jornalismo de dados; jornalísticos e inovações que prezam pelo uso Nexo Jornal; contextual de dados como forma de afirmar a Base de dados; credibilidade e aprofundar a experiência do leitor. Narrativa.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s 309

bpjor/sbpjor2019/paper/viewFile/2133/12 11

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Nos últimos anos, várias redações ao redor do mundo adotaram sistemas de Inteligência Artificial para 148. automatizar tarefas jornalísticas. No Brasil, três ROBÔS NO JORNALISMO estudos de caso chamam a atenção: a robô Rosie da BRASILEIRO: TRÊS ESTUDOS DE Operação Serenata de Amor, o robô Rui Barbot do CASO Jota e a robô Fátima do Aos Fatos. Defendemos que o jornalismo automatizado envolve um complexo DALBEN, Silvia. ecossistema para ser implementado e, neste cenário, a transparência e a ética são importantes elementos que Palavras-chave: devem guiar as discussões em torno da adoção destes Jornalismo automatizado; sistemas pelos jornalistas. Jornalismo de dados; Algoritmos; Transparência; Accountability.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2836/12 74

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 A emergência e popularização das redes sociais digitais, considerados os novos gatekeepers no acesso 149. das pessoas à informação, levou a uma mudança na USOS DAS REDES SOCIAIS POR relação do público com a notícia. Estes intermediários NATIVOS DIGITAIS: UM ESTUDO digitais se tornaram atores cruciais no ecossistema DA COBERTURA ESPECIAL COVID- midiático, fazendo com que meios jornalísticos 19, DA REVISTA AZMINA, tivessem de se apropriar destas plataformas em suas DATA_LABE, GÊNERO E NÚMERO E rotinas de trabalho. Neste ambiente das redes sociais, ÉNOIS os nativos digitais brasileiros Revista AzMina, Gênero e Número, Énois e data_labe se uniram no Especial RAMOS, Alessandra Natasha Costa. Covid-19, para realização de cobertura conjunta da LOPES, Olga Clarindo. pandemia. A partir do estudo deste projeto colaborativo nas plataformas sociais, este artigo Palavras-chave: procura identificar os usos dessas redes por meios Redes sociais; jornalísticos nativos digitais. Parte-se do pressuposto Colaboração; de que essas redes, para além da função de distribuição Nativos digitais; de conteúdo, podem servir como canais de Jornalismo digital. relacionamento com seu público.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2565/13 68

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 O artigo analisa as trajetórias de profissionais do Jornalismo Guiado por Dados (JGD) no Brasil para 150. compreender como se estruturam as carreiras no 310

JORNALISMO GUIADO POR DADOS: segmento. Por meio de entrevistas semiestruturadas RECONVERSÃO DE CARREIRA com 15 trabalhadores entre jornalistas e pessoas com outras formações, buscou-se identificar os mecanismos MASTRELLA, Bruna. de ingresso e de permanência na área, o que foi discutido com base no conceito de mundos sociais, Palavras-chave: com destaque para a noção carreiras. As análises Jornalismo guiado por dados; revelam um mercado de trabalho emergente, ainda Carreira; restrito, com profissionais jovens e autodidatas que Mundos sociais; estão permanentemente acumulando conhecimento em Fronteira profissional. ciência de dados como uma vantagem competitiva. Essa expertise os coloca em uma zona de fronteira Disponível em: profissional que se apresenta como uma oportunidade http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s de trabalho fora do jornalismo. bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2600/15 57

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Descrevemos o processo de "plataformização" do jornalismo pelo Facebook, de janeiro de 2014 a julho 151. de 2019, com foco nas disputas e controvérsias em FACEBOOK E A torno das parcerias comerciais, tecnológicas e PLATAFORMIZAÇÃO DO editoriais estabelecidas entre a plataforma e JORNALISMO: UMA CARTOGRAFIA instituições jornalísticas. Plataformização refere-se ao DAS DISPUTAS, PARCERIAS E processo de imbricamento e mútua moldagem entre a CONTROVÉRSIAS ENTRE 2014 E lógica das plataformas e diferentes setores sociais. No 2019 caso do jornalismo, o Facebook se oferece como infraestrutura prometendo soluções e demandando JURNO, Amanda Chevtchouk. ajustes nas práticas e lógicas das instituições. No período analisado, identificamos dois momentos Palavras-chave: principais: 1) centrado na implementação dos Instant Plataforma; Articles; e 2) em torno do Facebook Journalism Algoritmos; Project. Como referencial teórico nos baseamos nos Controvérsias; Science and Technology Studies, especificamente Jornalismo; autores de Estudos de Plataforma. A metodologia Facebook. inspira-se na Cartografia de Controvérsias e no método cartográfico. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2642/12 73

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Este artigo tem o objetivo de discutir, em termos teóricos, o jornalismo esportivo em podcasts, formato 152. que vem crescendo no Brasil e no mundo. Os podcasts JORNALISMO ESPORTIVO EM vêm apresentando alta, em número de ouvintes e em PODCAST: DISCUSSÕES SOBRE UM quantidade de programas, o que justifica a atenção FORMATO EM ASCENSÃO pela academia na área de comunicação midiática. No jornalismo esportivo, há podcasts produzidos por ORLANDO, Matheus Ramalho. canais que se declaram independentes e por veículos tradicionais da imprensa. A promessa dessa plataforma Palavras-chave: geralmente seja a de entregar conteúdos diferenciados Jornalismo esportivo; do que se vê de forma dominante na mídia, e isso de Podcast; fato acontece, mas muitas vezes os podcasts Mídia tradicional; permanecem reféns de antigos formatos e costumes do 311

Mídia radical; jornalismo esportivo. Jornalismo.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2516/12 91

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 O artigo propõe uma discussão sobre as potencialidades do podcast como um formato inovador 153. na produção jornalística local a partir da experiência PODCAST ALÉM DA TERRA de uma pesquisa aplicada realizada no Programa de VERMELHA: JORNALISMO Pós-graduação em Comunicação e Indústria Criativa ESPECIALIZADO COM FOCO NO da Universidade Federal do Pampa, em São Borja, no LOCAL Rio Grande do Sul. O podcast “Além da terra vermelha” é um projeto de pesquisa, desenvolvimento BURCHARD, Larissa Pereira. e inovação (PDI) que busca inovar nas narrativas FEITOSA, Sara Alves. jornalísticas na região das Missões, interior do estado, com técnicas de Storytelling e a metodologia Design Palavras-chave: Thinking. Entendemos inovação como qualquer Podcast; mudança que possa potencializar a produção e o Jornalismo especializado; consumo jornalístico (MACHADO, 2010), assim o Inovação; projeto utiliza o podcast como um formato de Missões; mediação entre inovação e jornalismo local Jornalismo local. especializado. O trabalho também traz discussões sobre a importância do jornalismo local e com maior Disponível em: contato com a comunidade. http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2569/12 81

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Para compreender a atuação de veículos digitais potencialmente independentes nas cinco zonas 154. intermediárias de Mato Grosso, observamos a relação IMPACTO DAS ASSESSORIAS NA entre iniciativas jornalísticas e assessorias de PRODUÇÃO DIGITAL imprensa. Para a seleção de 21 iniciativas, partimos de INDEPENDENTE EM MATO GROSSO critérios como: uso de plataformas digitais com periodicidade minimamente mensal; entendimento do COÊLHO, Tamires Ferreira. veículo como uma iniciativa jornalística e com SOUZA,Vinícius. produções autorais; e menção de termos e expressões SALESSE, Marcos. que indiquem indícios de independência nas PEREIRA, Letícia. autodescrições. Em um contexto de precarização das AMORIM, Thays. relações trabalhistas (VAZ CHAGAS, 2020) e de “crise de autoria no jornalismo” (MACIEL, 2006), Palavras-chave: problematizamos como as assessorias interferem na Jornalismo independente; agenda pública, mesmo em veículos dos quais se Jornalismo digital; espera uma produção autoral e com contrapontos, Assessoria; substituindo práticas jornalísticas por uma Release; questionável curadoria de conteúdo, e como isso se Mato Grosso. desenrola em um momento de pandemia.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s 312

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2549/12 99

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 O presente artigo analisa o acionamento da memória relativa à gripe espanhola no contexto da cobertura da 155. covid-19 pelo site do jornal O Estado de São Paulo. O WEBJORNALISMO E Estadão é um dos jornais mais antigos em circulação ACIONAMENTO DA MEMÓRIA: no país, que desde 2012 vem promovendo a UMA ANÁLISE DA COBERTURA DA digitalização do seu acervo. Em meio ao fluxo PANDEMIA DO COVID-19 E DA contínuo de informações que caracteriza uma GRIPE ESPANHOLA NO SITE DO “infodemia”, a preocupação do jornal com a memória ESTADÃO aciona o “efeito de enciclopédia”, com o resgate de elementos do passado relativos à gripe espanhola, que BONIFÁCIO, Samuel Amaral Veras. são organizados e atualizados à luz da atual pandemia. SOUSA, Joana Belarmino de. O corpus da pesquisa corresponde às notícias veiculadas no site do jornal entre os meses de março e Palavras-chave: julho de 2020 em quatro editorias: “Notícias”, Memória; “Saúde”, “Acervo” e “Aliás”, e será analisado à luz de Pandemia; três categorias: comparação, efeito de enciclopédia e Gripe espanhola; arquivo. Covid-19; Estadão.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2685/13 35

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 O estudo a seguir busca compreender como através de perfis na rede social Twitter, oito veículos midiáticos 156. abordam o anúncio de Jair Bolsonaro com Covid-19 “#URGENTE BOLSONARO ESTÁ em igual número de mensagens publicadas no dia 07 COM CORONAVÍRUS”: POSIÇÕES de julho de 2020. A discussão teórica trata do discurso DISCURSIVAS DE VEÍCULOS midiático, presente em Charaudeau (2006), MIDIÁTICOS NO TWITTER especificamente sobre a construção da pauta e realização da apuração em tempo real, seja por ROCHA JÚNIOR, Carlos Augusto de critérios externos, relacionados a aparição do França. acontecimento; e os internos, ligados a escolha pelo que se sobressai no agendamento do tema; com Palavras-chave: autoras como Pinto (2012) e Jorge (2008). Adota-se a Covid-19; Análise de Discurso Crítica como metodologia por Jair Bolsonaro; contribuições de Carvalho e Magalhães (2017); Análise de Discurso Crítica; Macedo e Vieira (2018). Twitter; Hegemonia.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2703/12 90

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 O trabalho analisa as concepções sobre Jornalismo 313

Feminista para quatro mulheres jornalistas que 157. produzem conteúdo com perspectiva de gênero em MUITO ALÉM DA “CAIXINHA portais independentes. Para tanto, utilizamos a FEMINISTA”: O JORNALISMO COM abordagem qualitativa na análise comparativa dos PERSPECTIVA DE GÊNERO EM dados, coletados entre 22 de outubro a 22 de PORTAIS INDEPENDENTES novembro de 2019, pelas técnicas da entrevista semiestruturada e aplicação de questionário. Os SOUSA, Nayara Nascimento de. resultados indicam que as profissionais produzem conteúdo com enfoque de gênero, priorizando a Palavras-chave: interseccionalidade nos temas e nas fontes, e se Jornalismo Feminista; contrapondo à mídia tradicional, características ligadas Mulheres; ao Jornalismo Feminista – conforme a literatura Gênero; aponta. Entretanto, as jornalistas se distanciam do Interseccionalidade; termo Jornalismo Feminista, relacionando-o muito Jornalismo independente. mais às pautas consideradas “feministas”, do que como uma forma transversal de produção de conteúdo, Disponível em: o que nos leva a crer que a terminológica pode ter sido http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s estereotipada. bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2822/13 61

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 O presente artigo apresenta uma discussão teórica inicial sobre as redes de jornalistas feministas 158. existentes nas últimas décadas na América Latina a JORNALISTAS FEMINISTAS EM partir da possibilidade de pensar o jornalismo REDE: RESISTÊNCIAS E ALIANÇAS enquanto potência para a construção de alianças NA AMÉRICA LATINA inesperadas (CADENA, 2018) e na busca por conexões parciais (HARAWAY, 1995; 2019). GUSTAFSON, Jéssica. Considero que a ideia de uma perspectiva de gênero no jornalismo acomoda outras/várias formas de fazer e Palavras-chave: pensar a prática jornalista enquanto resistência à lógica Jornalismo; colonial/moderna que afeta a região há séculos. As Feminismo; possibilidades de aliança entre diferentes povos, Redes; corpos e gramáticas, no âmbito da reflexão sobre o Perspectiva de gênero; jornalismo, perpassa o exercício de conviver e atuar a Tradução. partir do equívoco (VIVEIROS DE CASTRO, 2018), em um movimento de resistência tradutória (COSTA, Disponível em: 2010; 2014; 2020). http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2572/13

64

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 O presente artigo é um recorte de uma pesquisa mais ampla sobre a comunicação em grupos de apoio ao 159. presidente Jair Bolsonaro no WhatsApp. Descreve e NOTÍCIA ENTRE ASPAS: O analisa padrões do jornalismo informativo em JORNALISMO INFORMATIVO NO circulação no aplicativo. Constata que o conteúdo WHATSAPP BOLSONARISTA informativo em circulação nesses ambientes privilegia links para sites hiperpartidários ou de mídia RATIER, Rodrigo Pelegrini. independente/local, nem sempre editorializados mas sempre com pautas favoráveis ao presidente e Palavras-chave: negativas aos adversários. Faltam observáveis Jornalismo informativo; elementares à credibilidade jornalística (assinatura nos 314

Bolsonaro; textos, expediente, canal para contato etc.) e preceitos WhatsApp; básicos de qualidade (apuração independente, coleta Ideologia; de dados primários, pluralidade de fontes etc.). Propaganda política. Argumenta-se que o “noticiário” se mimetiza, assim, em discurso ideológico, no sentido proposto por Disponível em: Thompson (1995), servindo de suporte à propaganda http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s política bolsonarista. bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2887/13

73

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Agências de checagem de fatos enfrentam o desafio de fazer com que suas verificações alcancem públicos 160. que desconhecem, desconfiam ou hostilizam seus REFUTAÇÃO AUTOMATIZADA DE métodos de verificação. Redes sociais, espaço em que NOTÍCIAS FALSAS NA PANDEMIA: proliferam notícias falsas, podem ser um espaço para INTERAÇÕES COM O ROBÔ ampliar o público dessas agências. O artigo avalia a FÁTIMA, DA AGÊNCIA AOS FATOS experiência da conta automatizada no Twitter criada pela agência Aos Fatos para identificar e interagir com PAGANOTTI, Ivan. usuários dessa rede social que publicam informações falsas. O robô apelidado de “Fátima” varre o Twitter Palavras-chave: para identificar postagens com links que já foram Notícias falsas; refutados pela agência de verificação, e responde aos Checagem; usuários indicando o erro e sua correção. Esta pesquisa Twitter; procura avaliar quais notícias falsas foram mais Robô; frequentes durante a pandemia em 2020, e de que Interação. forma os usuários interagiram em resposta a essas correções. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2781/13

30

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Compreender os recursos tecnológicos utilizados pelos novos modelos de negócios jornalísticos, como as 161. startups de checagem, é fundamental para depreender ROBÔS DE STARTUPS DE AGÊNCIA aspectos que circundam o jornalismo na DE CHECAGEM: COMBATE À contemporaneidade. Portanto, este artigo objetiva DESINFORMAÇÃO NA PANDEMIA compreender o funcionamento da robô conversacional DE COVID-19 de inteligência artificial da agência Aos Fatos, para entender sua atuação no aplicativo de mensagens CABRAL, Laura Rayssa de Andrade. WhatsApp no combate à desinformação na pandemia de Covid-19. Através da metodologia do estudo de Palavras-chave: caso (YIN, 2001; GIL, 2008), os dados da pesquisa Robôs; tem abordagem qualitativa. As principais conclusões Startups; apontam que a robô cumpre com sua função, porém, Agências; limitando-se a uma programação restrita à base de Desinformação; checagens da agência. Covid-19.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2749/13

45 315

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Este artigo discorre sobre a emergência das polarizações discursivas em diferentes perfis do 162. Facebook de sites veículos jornalísticos tradicionais, CARNAVAL RIO 2018: como o G1 e Carta Capital, que se tornaram REPRESENTAÇÕES NA MÍDIA E recorrentes nas práticas de divulgação e conversação CONVERSAÇÕES POLARIZADAS NO realizadas nas redes sociais online a partir de 2017 e FACEBOOK 2018. Em um percurso teórico, elegeu-se, a título de exemplificação, as postagens geradas nestes veículos, RODRIGUES, Raquel Timponi Pereira. a partir da cobertura midiática realizada pela TV MAIA, Alessandra. Globo do carnaval Rio 2018, sobre o posicionamento BOMFIM, Tatiane. político de uma escola de samba de tendência discursiva de esquerda (Paraíso do Tuiuti) e outra, de Palavras-chave: vertente ideológica direitista (Beija-Flor). Como Discurso; resultado, os comentários simbolizam um movimento Polarização; que se torna cada vez mais constante e corriqueiro nas Carnaval; formas de manifestação cultural das mídias sociais Politização; online: a oposição dos discursos nas redes digitais. Mídias sociais.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2778/13 25

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 O objetivo deste artigo é averiguar se existem valores- notícia que atravessam características editoriais e 163. como as finalidades do jornalismo podem ajudar a NOTICIABILIDADE EM DIFERENTES entender a existência desses valores-notícia em PRODUTOS: O QUE PODE EXPLICAR comum. Analisamos notícias em destaque nos sites da VALORES-NOTÍCIA COMUNS A Folha de S.Paulo, Vogue Brasil e Nexo, a partir da FOLHA, VOGUE E NEXO contribuição de autores relevantes para os estudos de noticiabilidade (Brighton & Foy, 2007; Galtung & REIS, Estela Marques dos. Ruge, 1999; Gans, 2004; Golding & Elliott, 1979; Harcup & O’Neill, 2001; Harcup & O’Neill, 2016; Palavras-chave: Shoemaker & Reese, 1996; G. Silva, 2005; Traquina, Valores-notícia; 2005a). Para articular às finalidades do jornalismo, Noticiabilidade; usamos a sistematização de estudos publicados nos Finalidades do jornalismo; últimos cem anos elaborada por Reginato (2016). A Jornalismo especializado; análise indica a existência de cinco valores-notícia Linha editorial. comuns: novidade, significância, interesse, notabilidade e proximidade. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2797/15 80

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Os veículos de jornalismo têm procurado acompanhar o movimento migratório das audiências para as 164. plataformas digitais utilizando-se do modelo de ISSO É FANTÁSTICO: A EXPANSÃO produção transmídia. Um dos formatos que ganham 316

TRANSMÍDIA DA REPORTAGEM destaque nesse cenário é podcast. Para compreender TELEVISIVA AO PODCAST como se manifesta a complementaridade entre conteúdos própria da transmidiação, esse artigo MACEDO, Marcos Carvalho. investiga as estratégias de expansão entre as reportagens especiais televisivas do Programa Palavras-chave: Fantástico e o podcast Isso é Fantástico, enfatizando Jornalismo; como se dá seu desdobramento temático-textual. Transmidiação; Partindo do conceito de transtextualidade, Reportagem; identificamos os procedimentos utilizados pelos Podcast; produtores para criação de conteúdos complementares Fantástico. através da ampliação de vozes das fontes e do testemunho dos repórteres na apuração, bem como Disponível em: explorando um jornalismo de serviço. http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2805/13 53

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Este trabalho tem por objetivo analisar a forma como a revista Superinteressante se apropriou das 165. ferramentas disponíveis no Instagram para JORNALISMO CIENTÍFICO NO publicar seus conteúdos no feed, levando em INSTAGRAM: ANÁLISE DAS conta o período de 01 de janeiro a 30 de junho de PUBLICAÇÕES DA REVISTA 2020. Para isso, utilizamos revisão bibliográfica, SUPERINTERESSANTE perpassando por conceitos de jornalismo digital, GOULART, Júlia Saldanha. jornalismo móvel (SATUF, 2012) e mídias BACCIN, Alciane. sociais; de jornalismo científico, divulgação e popularização da ciência (BUENO, 2010); além Palavras-chave: de nos inspirarmos na análise de conteúdo para Jornalismo móvel; identificar como a Superinteressante utiliza cada Jornalismo científico; ferramenta da redes social Instagram (IGTV, Instagram; carrossel, vídeo e imagem/card). Ao final, Revista Superinteressante. consideramos que a Revista desempenha um papel importante no que diz respeito à Disponível em: Popularização da Ciência e consegue aproveitar as http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2807/13 potencialidades da rede social, relacionando o 75 conteúdo com o formato que julgam mais adequado. Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 O artigo objetiva estudar a relação entre a mídia tradicional e o ativismo digital em uma dinâmica 166. transmídia, trabalhada a partir das ideias de FLUXO TRANSMÍDIA NO ATIVISMO semiose de Charles S. Peirce. A intenção é DIGITAL: NOTÍCIAS FORMADAS pesquisar como a mídia tradicional trabalha um ENTRE AS REDES SOCIAIS DIGITAIS conteúdo ativista produzido no Twitter, Instagram E A MÍDIA TRADICIONAL e Facebook. Para tanto, além de uma revisão de CARVALHO, Marina Aparecida Sad literatura, pretende-se analisar qual é a quantidade Albuquerque de. de conteúdos ativistas que circularam nessas plataformas e são expandidos para o site G1 a Palavras-chave: partir do tema óleo no Nordeste brasileiro, e como Ativismo digital; esses conteúdos aparecem em tais sites, se há Mídia tradicional; 317

Twitter; algum tipo de ressignificação. Conclui-se que o Transmídia; G1 utiliza publicações ativistas, promovendo a Semiótica. ressignificação principalmente por meio da contextualização. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2821/13 65

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Outrora apenas visual, a televisão busca caminhos para reinventar-se em meio a um mundo globalmente 167. conectado. A telinha que chegou a ser rainha de NARRATIVAS TRANSMIDIÁTICAS consumo de mídia por muitos anos, hoje compete a NO TELEJORNALISMO E O atenção dos telespectadores com as inúmeras opções AUMENTO DO CONSUMO DE de aparelhos móveis e práticos, que cada vez estão PODCASTS DURANTE O mais modernos e agregam várias funções. O mundo ISOLAMENTO SOCIAL também mudou, durante o ano de 2020 toda a população mundial se viu ameaçada por um vírus GUIMARÃES, Rackel Cardoso Santos. mortal e de fácil contágio, o Covid19. Governantes de todo o mundo incentivaram o isolamento social e as Palavras-chave: pessoas passaram a ficar mais tempo em casa. A busca Telejornalismo; por informação aumentou, como também o tempo para Podcast; consumir notícias. O telejornalismo, que já vinha Transmídia. caminhado para uma adaptação das narrativas transmidiáticas, encontrou a oportunidade de ampliar o Disponível em: alcance se suas produções, porém agora com http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s desdobramentos das narrativas através dos podcasts. bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2874/12 Este último, passou a ser ainda mais popular durante o 84 isolamento social, ganhando mais espaço no dia a dia da população. O presente artigo busca apresentar como Acesso em: 6 dez. 2020 se dá esse diálogo transmidiático entre a TV e o podcast, e quais são as principais características, trazendo exemplos do jornalismo nacional. Ano: 2020 Este artigo tem como objetivo analisar o discurso do jornal O Liberal sobre as transformações tecnológicas 168. que impactam nos processos jornalísticos da ANÁLISE DO DISCURSO organização noticiosa. De abordagem qualitativa, esta AUTORREFERENCIAL DO JORNAL investigação se fundamenta em elementos da análise O LIBERAL SOBRE do discurso da linha francesa (BENETTI, 2008, 2010; TRANSFORMAÇÕES ORLANDI, 1988, 1996, 2005 e PECHÊUX, 1978, TECNOLÓGICAS E PROCESSOS 1988). O corpus é constituído por 10 matérias - JORNALÍSTICOS voltadas para assuntos sobre processos jornalísticos e tecnologia – da Edição Especial em comemoração aos ABREU, Giovanna Figueiredo de. 73 anos do periódico. SOUSA, Maíra Evangelista de.

Palavras-chave: Discurso; Análise do discurso; Jornalismo; Discurso institucional; O Liberal.

Disponível em: 318

http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2879/12 79

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 As reconfigurações apresentadas pela Internet como adaptação das Indústrias Culturais à nova fase do 169. capitalismo indicam rupturas com os modelos de MEDIAÇÕES E TRABALHO NOS rotinas produtivas adotadas no Jornalismo. A partir da NOVOS MODELOS DE perspectiva da Economia Política da Comunicação JORNALISMO: UMA ANÁLISE NA (EPC), entendendo movimentos como o Jornalismo PERSPECTIVA DA EPC Independente e o midiativismo como mediações surgidas com a Digitalização, o artigo propõe uma PREVEDELLO, Carine Felkl. discussão teórica sobre as alterações provocadas pelas tecnologias digitais como suporte para a Informação e Palavras-chave: para o trabalho dos jornalistas, procurando apontar Jornalismo; perspectivas neste cenário. Trabalho; Rotinas produtivas; Digitalização; Capitalismo.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2870/13

21

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 A pandemia do novo coronavírus acarretou impactos em diversos setores, a exemplo do jornalismo 170. praticado nos veículos e assessorias de comunicação. JORNALISMO PÚBLICO E A O presente contexto transformou as rotinas produtivas EXPANSÃO DAS LIVES dos espaços, demandando a adoção de ferramentas INFORMATIVAS: O CASO DA inovadoras, novos formatos e linguagens. Este artigo UNIVERSIDADE FEDERAL DE discute o fenômeno das lives informativas articuladas PERNAMBUCO (UFPE) pela Ascom da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) na rede social Instagram, além das mudanças NÓBREGA, Zulmira. nas práticas jornalísticas surgidas na atual RODRIGUES, Suzy Anne Batista. configuração de trabalho. Para tanto, realiza entrevista com jornalista responsável; analisa produtos da Ascom Palavras-chave: UFPE; e utiliza conceitos de tecnologia live streaming Jornalismo; (ao vivo), jornalismo público, interatividade e Rotinas produtivas; circulação de notícias. Como resultados, temos que a Inovação; pandemia acelerou um movimento já iniciado na Live streaming; UFPE, de produção e consumo de lives, Covid-19. democratizando a informação e a interação com o usuário. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2852/13

72

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Por meio de análise de conteúdo, essa pesquisa buscou 319

compreender melhor o fenômeno de lançamento de 171. podcasts ligados a instituições de ensino superior O BOOM DE PODCASTS durante os primeiros meses da pandemia de UNIVERSITÁRIOS DURANTE A coronavírus no Brasil. Foram mapeadas 30 produções, PANDEMIA DE CORONAVÍRUS NO ligadas principalmente a universidades federais, que BRASIL foram analisadas a partir de categorias de análise. Enquanto muitas, principalmente ligadas a FALCÃO, Bárbara Mendes. universidades particulares, demonstraram caráter institucional, outras se mostraram diretamente ligadas Palavras-chave: à pesquisa, com vínculos com projetos de extensão. Podcast; Concluiu-se, entre outras coisas, que o podcast pode Universidades; ser uma nova ferramenta de comunicação das Comunicação; universidades diante da nova realidade imposta pelo Coronavírus. vírus de suspensão de aulas presenciais.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2875/12 83

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Este artigo visa compreender como a memória coletiva pode ser construída e acionada a partir da cultura 172. participativa em rede. O estudo parte de uma análise MEMÓRIA EM REDE: UM ESTUDO do canal Pedro Janov, no site YouTube. A página tem DE CASO SOBRE O por finalidade recuperar e lançar arquivos antigos da COMPARTILHAMENTO DE VÍDEOS televisão brasileira na internet. Através de um estudo JORNALÍSTICOS NO YOUTUBE de caso (DUARTE, 2005) e o uso da técnica da observação encoberta não-participativa (JOHNSON, FREITAS, Antônio Carlos Santiago. 2010), a compreensão do processo está delimitada à PINHEIRO, Roseane Arcanjo. observação dos vídeos jornalísticos mais populares do canal. Observou-se que os conteúdos com maior Palavras-chave: número de visualizações são gravações dos programas Memória; Linha Direta, Jornal Nacional, Fantástico, Globo YouTube; Repórter e Globo Rural, transmitidos pela Rede Globo Jornalismo; de Televisão entre os anos 1970 e 2000. Verificou-se Pedro Janov; que o canal mais documenta e situa os acontecimentos Estudo de caso. no tempo do que os ressignifica, cabendo ao público tecer suas impressões e opiniões. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2858/13 32

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 O trabalho explora a noção de mediações algorítmicas (WINQUES, 2020) e sua pertinência para os estudos 173. de Jornalismo. Utiliza revisão bibliográfica para POR QUE FALAR DE MEDIAÇÕES examinar alguns aspectos fundamentais do Jornalismo ALGORÍTMICAS NOS ESTUDOS DE no sentido de compreender em que medida teorias JORNALISMO? clássicas da produção, circulação e consumo da notícia são impactadas. Na forma de uma proposta inicial, este WINQUES, Kérley. artigo elege quatro ideias clássicas do jornalismo para LONGHI, Raquel Ritter. refletir sobre o impacto das mediações algorítmicas, 320

tendo como pano de fundo os novos regimes Palavras-chave: interacionais (MATTOS et al., 2013) e a construção Mediações algorítmicas; mediada da realidade (COULDRY; HEPP, 2020): Jornalismo; gatekeeper (WHITE, 1993); agenda-setting Plataformas digitais. (MCCOMBS, 2009); enquadramento (GOFFMAN, 2012) e espiral do silêncio (NOELLE-NEUMANN, Disponível em: 2010). Conclui-se que as mediações algorítmicas têm http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s impacto na circulação dos discursos jornalísticos, nas bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2555/14 decisões editoriais e na sustentabilidade financeira. 60

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 O estudo reflete sobre abordagens e pesquisas referentes ao conceito de jornalismo de automação, 174. tendo como objetivo principal compreender como as REPÓRTER-ROBÔ: ENTRE aplicações de processamento de linguagem natural CONCEITOS E PRÁTICAS DO funcionam. Apresentamos um guia com três JORNALISMO aplicações diferentes para os programas de automação de notícias (news automation software): 1) via FIEBIG, Manoella Fortes. funções, 2) processamento de linguagem natural e 3) QUADROS, Cláudia Irene. processamento de linguagem natural por módulos (em pipeline). Dessa maneira, esperamos demonstrar a Palavras-chave: evolução da arquitetura de softwares e suas respectivas Jornalismo de automação; possibilidades. O estudo ainda traz exemplos de Natural language generation; desenvolvedores de programas de produção Software; automática de notícias, discutindo as possibilidades de Repórterrobô. um repórter-robô capaz de realizar, além da sistematização dos dados do lead, a contextualização Disponível em: das narrativas jornalísticas. http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2555/14 61

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 O artigo discute os impactos das mediações algorítmicas no Globo One, um dos 33 projetos 175. selecionados na América Latina, em 2019, para JORNALISMO E ALGORITMOS: O receber financiamento da Google News Initiative. A USO DE DADOS DE LEITORES E A iniciativa prevê a criação de algoritmos capazes de PERSONALIZAÇÃO DAS NOTÍCIAS predizer padrões de consumo a partir dos hábitos de NO GLOBO ONE navegação dos usuários de O Globo para oferecer a eles notícias personalizadas. Buscamos observar as BARSOTTI, Adriana. compreensões dos jornalistas sobre o uso de STORCH, Laura. algoritmos nos processos de personalização de conteúdos para os leitores, tensionando conceitos Palavras-chave: como gatekeeping e agenda-setting, as rotinas Jornalismo; produtivas e a ética jornalística. Como metodologia, Algoritmos; utilizamos a revisão bibliográfica e entrevistas em Personalização; profundidade. Os resultados indicaram que os Big data; jornalistas acreditam ser possível valerem-se de Globo One. algoritmos para melhorar o desempenho de seu trabalho, mas preocupam-se com a manutenção de Disponível em: uma agenda a ser proposta para a sociedade e http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s defendem uma maior transparência no uso de dados 321

bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2555/14 pessoais da audiência. 63

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Ao propor analisar as dimensões que asseguram a independência jornalística de um veículo, durante a 176. pesquisa de mestrado defendida em agosto de 2019, JORNALISMO INDEPENDENTE E esclarecemos a relação existente entre a governança GOVERNANÇA EDITORIAL: A editorial, financeira e de gestão, do site The Intercept COMUNIDADE DE MEMBROS DO Brasil. Destacamos, entre os achados e percepções THE INTERCEPT BRASIL resultantes do estudo, que há maior autonomia no fazer jornalístico quando não há preocupação com a LIMA, Samuel Pantoja. sustentabilidade financeira. Ficou evidenciado, ainda, GIUSTI, Tânia Regina de Faveri. que a modalidade de financiamento proposta pelo site (crowdfunding), no caso da cobertura jornalística das Palavras-chave: eleições de 2018, aproximou os jornalistas do seu Jornalismo independente; público, resultando em um novo contrato social entre Governança editorial; as partes, uma relação de novo tipo. Neste artigo, Comunidade de membros; apresentamos uma parte dos resultados da pesquisa, Financiamento coletivo. especificamente sobre a comunidade de membros, que evidenciam a força da governança editorial do veículo. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2563/13

87

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Este artigo se aporta nas discussões acerca da “plataformização do jornalismo” com o objetivo de 177. analisar a relação estabelecida entre arranjos O FINANCIAMENTO DE ARRANJOS econômicos alternativos às corporações de mídia no ECONÔMICOS ALTERNATIVOS ÀS Brasil e os programas de financiamento à imprensa CORPORAÇÕES DE MÍDIA POR pelas plataformas digitais. Com base em uma PLATAFORMAS DIGITAIS triangulação de métodos de pesquisa, buscamos compreender as linhas de financiamento ao jornalismo CAMARGO, Camila Acosta. desenvolvidas pelo Google News Initiative e pelo NONATO, Cláudia. Facebook Journalism Project; o discurso acionado por PACHI FILHO, Fernando. estas iniciativas em seus programas de apoio a LELO, Thales Vilela. imprensa; e as adequações dos processos de trabalho dos arranjos contemplados a eventuais exigências Palavras-chave: feitas por estas corporações. Plataformização; Arranjos econômicos alternativos às corporações de mídia; Google News Initiative; Facebook Journalism Project; Financiamento.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2563/13

88

Acesso em: 6 dez. 2020 322

Ano: 2020 Este artigo trata do papel dos blogs como veículos de cobertura regional no cenário maranhense. Os blogs 178. jornalísticos aparecem como um espaço paralelo de O BLOG JORNALÍSTICO REGIONAL: produção de conteúdo jornalístico e como fonte de CARACTERÍSTICAS DA informações para outros veículos. Esta pesquisa parte COBERTURA E REGIONALIDADES das discussões da linha de Geografias da Comunicação NO CONTEXTO MARANHENSE e discuti os desafios enfrentados pela cobertura local. Reflete conceito de blog jornalístico e suas BARROS, Jordana Fonseca. características. Este trabalho traz os resultados do CARVALHO, Samantha Viana Castelo levantamento descritivo dos blogs jornalísticos e Branco Rocha. análise de conteúdo das postagens de dois blogs das cidades de São Luís e Imperatriz, as duas maiores do Palavras-chave: Maranhão e visa caracterizar a cobertura dessas Blog jornalístico; páginas. Percebe-se que esses blogs priorizam a Jornalismo Regional; cobertura da cidade sede e do outras cidades do estado. Mapeamento; Trabalham as temáticas de política e política a partir Análise de Conteúdo; fontes oficiais. Maranhão.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2563/13

91

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 No cenário da convergência (BIANCO, 2012), emissoras dedicadas ao radiojornalismo estão se 179. conectando a um fenômeno multidimensional: a A INTEGRAÇÃO DE EMISSORAS DE plataformização. Com o objetivo de analisar esse RÁDIO ALL NEWS BRASILEIRAS ÀS processo, identificamos as estratégias de integração PLATAFORMAS DE STREAMING DE das rádios CBN e BandNews em três plataformas de ÁUDIO streaming agregadoras de conteúdo sonoro: Apple Podcast, Google Podcast e Spotify. Entendemos as BIANCO, Nelia R. Del. plataformas digitais como infraestruturas PINHEIRO, Elton Bruno. (re)programáveis que moldam interações personalizadas entre usuários, organizados através da Palavras-chave: coleta sistemática, processamento algorítmico, Radiojornalismo; monetização e circulação de dados (POELL; Plataformização; NIEBORG; VAN DIJCK, 2019). A partir de uma Streaming; abordagem cartográfica, revelamos conexões, Áudio; especificidades, regularidades, irregularidades e Podcast. heterogeneidades (KASTRUP, 2007) que tensionam a sustentabilidade social e econômica do rádio. A Disponível em: plataformização pode confrontar lógicas editoriais de http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s produção jornalística. bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2722/14 08

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Esta pesquisa pretende mapear estratégias sonoras dos podcasts noticiosos de veiculação diária no Brasil 180. oriundos de jornais impressos, de emissoras de rádio e ESTRATÉGIAS SONORAS DE televisão e de portais da internet. Optamos por uma PODCASTS NOTICIOSOS DIÁRIOS análise descritiva de operadores sonoros e pudemos 323

BRASILEIROS E A NOVA observar como essas produções têm desafiado os SUPERAÇÃO DO GÊNERO GRÁFICO jornalistas e empresas de mídia a encontrarem estratégias para a utilização do áudio em uma nova CHAGAS, Luãn Vaz. “superação eletrônica do gênero gráfico” VIANA, Luana. (MEDITSCH, 2001). Os resultados apontam para reflexões baseadas em três eixos: 1) Classificação e Palavras-chave: formatos destes produtos; 2) Sonoridade e elementos Radiojornalismo; utilizados nas paisagens sonoras; e 3) A utilização do Rádio Expandido; protocolo metodológico de coleta. Além disso, Podcast; indicam uma nova superação eletrônica do gênero Notícia; gráfico, mas desta vez por parte meios de Estratégia. comunicação que não são essencialmente sonoros.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2722/14 09

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Em meio à pandemia do novo coronavírus e à polarização política no Brasil, o final do primeiro 181. semestre de 2020 no Twitter é marcado pelo uso de ANTAGONISMO E ENGAJAMENTO duas hashtags: #Somos70porcento e REVELADOS NAS MÍDIAS SOCIAIS: #FechadoComBolsonaroAte2016. A primeira surge no ANÁLISE DAS HASHTAGS dia 30 de maio após a divulgação da pesquisa #SOMOS70PORCENTO E Datafolha e se refere ao percentual de pessoas #FECHADOCOMBOLSONAROATE20 descontentes com o governo Bolsonaro; a segunda 16 surge após a prisão de Fabrício Queiroz, em 20 de junho. Aparentemente, diferente da primeira hashtag, PAULINO, Rita de Cássia Romeiro. essa teria sido retuítada, inicialmente, por robôs, pois EMPINOTTI, Marina Lisboa. um segundo mandato de Bolsonaro terminaria em VENTURA, Mariane. 2026 e não 2016. Esta pesquisa utiliza a metodologia de Análise de Redes Sociais (ARS) para examinar a Palavras-chave: partir de uma Análise Textual a polarização e o Antagonismo; engajamento presentes nas duas hashtags, e também Engajamento; identificar perfis mais ativos e comportamentos de Bot Jornalismo; nos perfis. Constata-se nas amostras que discursos Mídias Sociais; com viés ideológico apareceram em ambas as hashtags Análise de Redes. sendo publicadas por humanos e Bots, marcando um posicionamento que reflete níveis de polarização Disponível em: antagônicas e um grau de engajamento relacionado à http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s revolta e ao ódio. bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2725/13 83

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Este artigo discute o termo imersão no contexto do jornalismo para dispositivos móveis, apresenta uma 182. ferramenta de análise a partir da perspectiva da FERRAMENTAS DE ANÁLISE DE produção de conteúdo e mostra um estudo de caso MÍDIAS IMERSIVAS EM realizado em reportagens da Revista Veja para tablet e APLICATIVO JORNALÍSTICO PARA smartphone. Realizada sob a perspectiva da produção, DISPOSITIVOS MÓVEIS a análise considerou os seguintes formatos de mídias imersivas: Vídeo 360º ou esférico; Vídeo panorâmico 324

MARTINS, Gerson Luiz. ou cilíndrico; Vídeo 3D; Fotografia em 360º; FLORENCE, Maria Matheus de Andrade. Fotografia Panorâmica; Imagem estática em 3D; Realidade Aumentada, Realidade Mista e Realidade Palavras-chave: Virtual. Um questionário apoia o diagnóstico de Ciberjornalismo; elementos que influenciam a imersão do interagente na Mídias imersivas; história, funcionando como estímulo ou como barreira. Revistas digitais; Dispositivos móveis; Imersão.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2733/14 58

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 O objetivo deste artigo é discutir um protocolo de pesquisa nacional em rede sobre tecnologias e 183. competências digitais de estudantes de Jornalismo. TECNOLOGIAS E COMPETÊNCIAS Especificamente, pretende-se refletir sobre a Digital DIGITAIS NO JORNALISMO Journalism Studies como uma área de pesquisa BRASILEIRO: CONSTRUÇÃO DE UM generalista dentro do campo de estudos do Jornalismo; PROTOCOLO DE PESQUISA EM apresentar um ensaio sobre tecnologias e competências REDE digitais no âmbito do Jornalismo; refletir sobre as redes de pesquisa e a pesquisa em rede na ciência FRANCISCO, Rodrigo Eduardo Botelho. brasileira; e apresentar um protótipo de um protocolo de pesquisa sobre tecnologias e competências digitais. Palavras-chave: Para discutir este contexto e propor o protocolo, Ciberjornalismo; apresenta algumas reflexões elaboradas a partir de Ciência e Tecnologia; revisão documental e bibliográfica, caucada em Redes Científicas; referencial produzido no próprio âmbito da Rede Grupos de Pesquisa; JorTec, bem como de instituições e atores Pesquisa em Rede. fomentadores da pesquisa brasileira.

Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2733/15 82

Acesso em: 6 dez. 2020 Ano: 2020 Diante da crescente quantidade de informações disponíveis no ambiente digital, plataformas de redes 184. sociais e portais de notícias têm recorrido cada vez FILTROS-BOLHA, mais à utilização de algoritmos para selecionar o que PERSONALIZAÇÃO E mostrar para cada usuário. Com o funcionamento TRANSPARÊNCIA NOS PORTAIS baseado na coleta de dados, os algoritmos atuam como GLOBO.COM E UOL filtros-bolha, mostrando conteúdos cada vez mais personalizados de acordo com os interesses de cada DANTAS, Ivo Henrique. pessoa. O presente estudo procura analisar o nível de transparência oferecido pelos dois maiores portais Palavras-chave: brasileiros, Globo.com e UOL, acerca das formas de Webjornalismo; coleta e utilização desses dados para oferecer Portais; conteúdos individualizados. Apesar dos constantes Filtros-bolha; questionamentos às empresas donas das plataformas 325

Transparência; de redes sociais e de motores de busca, este estudo Personalização. demonstra que os portais também são marcados por baixos índices de transparência nessa área. Disponível em: http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/s bpjor/sbpjor2020/paper/viewFile/2810/14 64

Acesso em: 6 dez. 2020