Tese Felipe Minha Formatacao
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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE FELIPE PUPO PEREIRA PROTTA CAETANO VELOSO: UM CAMALEÃO NA CENA CULTURAL BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA São Paulo 2015 FELIPE PUPO PEREIRA PROTTA Tese apresentada ao programa de Pós- Graduação em Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Letras Orientadora: Profª. Dra. Marlise Vaz Bridi São Paulo 2015 FELIPE PUPO PEREIRA PROTTA CAETANO VELOSO: UM CAMALEÃO NA CENA CULTURAL BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA Tese apresentada ao programa de Pós- Graduação em Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Letras Aprovada em: BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________________ Profª. Drª. Marlise Vaz Bridi — Orientadora Universidade Presbiteriana Mackenzie _______________________________________________________________ Profª. Drª. Maria Lucia Marcondes Carvalho Vasconcelos Universidade Presbiteriana Mackenzie _______________________________________________________________ Profª. Drª. Ana Maria Domingues de Oliveira Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho _______________________________________________________________ Profª. Drª. Alleid Ribeiro Machado Centro Universitário Sant’Anna _______________________________________________________________ Profª. Drª. Regina Helena Pires de Brito Universidade Presbiteriana Mackenzie À minha mãe, Rozana, e à minha avó Ruth AGRADECIMENTOS A Deus, em primeiro lugar. Toda a capacitação, força, e a própria vida para realizar tudo que tenho realizado vem dele, portanto, a glória deve ser dada a ele. À minha mãe, Rozana, e minha avó, Ruth — minha mãe ao quadrado —, por todo amor, carinho, apoio e o suporte em todos os momentos de minha vida. À memória de meu avô Dilson Pereira, e de meu bisavô — e pai ao cubo — Antonio Pupo. Ao meu Pai, Francisco, por ter investido em minha formação, na educação básica e em meu ensino superior, até o mestrado. À minha querida orientadora Marlise Vaz Bridi, sem a qual nada disso seria possível. Ao meu amigo e irmão Victor Costa, por toda disposição e pela efetiva ajuda que me deu para a realização do presente trabalho. À Nasjla Saba da Silva e Flávio Miúra. Às minhas queridas Teresa, Inês, Geralda e Elizabeth, inspiração para o caminho que decidi trilhar. Ao MackPesquisa e à CAPES, pelo apoio à realização de meu doutorado, e à minha pesquisa. RESUMO A presente tese se coloca como uma investigação dos aspectos que propiciam a classificação de Caetano Veloso como um agitador cultural, a partir da análise de sua trajetória em diferentes setores da arte. Numa reverência ao que há de belo e forte no passado sem qualquer despreocupação com o futuro, mas, pelo contrário, buscando partir disso para a criação de algo novo tão interessante quanto, este artista baiano segue uma trilha de coerência entre a crítica e o elogio, o velho e o novo, o nacional e o estrangeiro, o choque e o apreço, indo bem ao encontro dos princípios norteadores da arte como um todo. Caetano Veloso é um artista multifacetado que compõe o firmamento artístico brasileiro. Apesar de estar ligado ao contexto da canção popular, sua atuação extrapola os limites desta área, chegando a muitas outras. Seja por meio de suas canções, suas interpretações, seus comentários, sua performance e persona tão várias quanto sua própria atuação, mais do que tudo, Caetano Veloso pode ser considerado um “agitador cultural”, à medida que transita com propriedade entre os mais diversos tempos, espaços e estilos em termos de canção, comportamento e visão de mundo. A cultura brasileira vem sendo enriquecida pelos aspectos estrangeiros que vem sido somados a esta por um artista que insiste em ousar, mesmo com uma carreira que beira as cinco décadas de duração, sem, portanto, precisar provar nada, e, no entanto, fazendo questão de se reinventar, tendo sempre algo novo a acrescentar. Palavras-chave: cultura, música popular brasileira, linguagem poética, artes ABSTRACT This thesis is presented as an investigation of the aspects that lead to Caetano Veloso classification as a cultural activist, from the analysis of his career in the most different sectors of art. In a reverence to what is beautiful and strong in the past without any disregard for the future, but on the contrary, seeking from it to create something new as interesting as this Bahian artist follows a trail of consistency between criticism and praise, old and new, domestic and abroad, the shock and appreciation, doing well to meet the guiding principles of art as a whole. Caetano Veloso is a multifaceted artist who compose the Brazilian artistic firmament. Despite being linked to the context of popular song, his performance beyond the limits of this area, reaching many others. Whether through his songs, his interpretations, his comments, his performance and persona as various as his own performance, more than anything, Caetano Veloso can be considered a "cultural activist", as he moves properly between the most diverse times, spaces and styles in terms of song, behavior and world view. Brazilian culture has been enriched by foreign aspects that have been added to this by an artist who insists dare, even with a career that border the five long decades, without therefore need to prove anything, and yet, insisting to reinvent himself. Keywords: culture, brazilian popular music, poetic language, arts Ter tido o rock’n’roll como algo relativamente desprezível durante os anos decisivos da nossa formação — e, em contrapartida, ter tido a Bossa Nova como trilha sonora da nossa rebeldia — significa, para nós, brasileiros da minha geração, o direito de imaginar uma interferência ambiciosa no futuro do mundo. Direito que passa imediatamente a ser vivido como um dever. (Caetano Veloso, Verdade Tropical) SUMÁRIO INTRODUÇÃO: CAETANO VELOSO: O PERCURSO DE UM CAMALEÃO — “A QUE SERÁ QUE SE DESTINA?” 11 1. BOSSA-NOVA EM CAETANO E DE CAETANO: UM IMPULSO QUE SEGUE PULSANDO 34 2. TROPICÁLIA: UM DIVISOR DE ÁGUAS NA CULTURA BRASILEIRA 75 3. A CENA DO CAMALEÃO. LUZES, CÂMERA: CANÇÃO 118 4. UM CANTO POR TODOS OS CANTOS: A VOZ DO CAMALEÃO 153 CONCLUSÃO: COMPREENDER CAETANO VELOSO: O QUE QUER, O QUE PODE ESTE CAMALEÃO? UMA PROPOSIÇÃO 197 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 203 !11 INTRODUÇÃO: CAETANO VELOSO: O PERCURSO DE UM CAMALEÃO — “A QUE SERÁ QUE SE DESTINA?” “Minha palavra cantada pode espantar E a seus ouvidos parecer exótica [...] Nenhuma força virá me fazer calar Faço no tempo soar minha sílaba Canto somente o que pede pra se cantar Sou o que soa eu não douro a pílula Tudo o que eu quero é um acorde perfeito maior Com todo o mundo podendo brilhar no cântico Canto somente o que não pode mais se calar Noutras palavras sou muito romântico” (Caetano Veloso, Muito Romântico) Caetano Veloso é uma das figuras de grande relevância do cenário artístico brasileiro, e referência obrigatória quando tratamos de nossa cultura entre a metade final do século XX e esta década e meia do XXI. Cancionista, músico, intérprete, compositor, ator, performer, pessoa pública que se aproveita de sua visibilidade para expressar-se com toda liberdade acerca de tudo o que ocorre. A despeito dos quase cinquenta anos de uma carreira tão frutífera quanto longeva, Caetano Veloso foge aos rótulos e setorizações que poderiam se colocar como limites para uma figura marcada por uma inquietação artística ímpar. “Como um objeto não identificado”1, por meio da arte, este artista baiano tem levado gerações a pensarem e repensarem sua posição como cidadãos e como seres humanos, seja por meio da fruição de sua obra, seja pela simples percepção da maneira como ele se expressa no geral — em palavras, atitudes e comportamento. Num país de dimensões continentais, tropical, subdesenvolvido, de terceiro mundo, Caetano Veloso vem ousando dizer “não ao não”2, e assumido uma postura de intrepidez, tanto quando traz a tona para o Brasil e para o mundo, num só tempo, 1 VELOSO, Caetano. Não Identificado (1969) 2 VELOSO, Caetano. É Proibido Proibir (1968) !12 conforme suas palavras “o que eu herdei de minha gente e nunca posso perder”3, quanto ao inserir-se no grupo “daqueles que zelam pela alegria do mundo” como um todo. Assim, este baiano nunca se restringiu a um nacionalismo cerrado, uma espécie de cabresto, como muitos, mas, pelo contrário, com uma carreira também firmemente consolidada em outros países, de outras línguas e culturas, ele introduziu na cultura brasileira elementos de outras povos, de modo a enriquecer e pluralizar ainda mais a nossa. A expressão “metamorfose ambulante”, oriunda da canção homônima daquele que foi talvez o maior ícone do rock brasileiro, Raul Seixas, é totalmente oportuna para designar alguém como Caetano Veloso. Sim, porque este artista baiano em questão, que está prestes a completar cinco décadas de carreira, segue literalmente na ativa, cantando, compondo e se expressando, e acima de tudo, ousando. Na verdade, numa espécie de concretização dos versos de sua canção O Quereres (1984), quando o assunto é Caetano Veloso, via de regra, “onde queres” em termos de expectativas um determinado comportamento ou atitude que seria previsível, enfim, que se coloque como “isso”, este revela-se completamente o avesso, impondo-se, como quem diria: “sou” aquilo. No que tange a produção do gênero denominado “canção”, marcado pela soma das materialidades verbal e musical — letra e música, respectivamente — o trabalho desse cancionista baiano se insere de maneira exemplar no cenário musical brasileiro, conforme ressalta Wisnik: Sabemos bem que unir a palavra e a música de um modo transparente é o segredo, nunca totalmente explicável, da canção. Mas ela se faz dessa descoberta recíproca entre letra e melodia, tensão flutuante surfando sobre as ondas das harmonias. Exemplos desse trabalho, onde todo o artifício não deixa de visar a um estado superior de naturalidade da palavra, se encontram todo o tempo nas músicas de Caetano. (WISNIK, 1994, p. 8) No entanto, por se tratar de uma obra de arte, a qual, portanto, poderá suscitar as mais diversas reações e interpretações por parte do público que se coloca como receptor ou consumidor deste produto, muito mais do que texto e 3 VELOSO, Caetano.