QUARTA-FEIRA, 7.9.2016 CADERNO ESPECIAL Nº 1 Jornal Paralímpico

COMEÇA A CORRIDA RUMO AO OURO EM COOPERAÇÃO COM Alan Fonteles é um dos destaques do Time Brasil UM GUIA PARA TORCER NOS JOGOS PARALÍMPICOS Modalidades, atletas e curiosidades da Rio-2016 2|Jornal Paralímpico|Quarta-feira 7.9.2016 ÍNDICE O PROJETO

THILO RUECKEIS/TAGESSPIEGEL 3 | Editorial 6 | ‘Paratodos’ Márvio dos Anjos, editor de Documentário mostra rotina Esportes do GLOBO, Lorenz de atletas paralímpicos Maroldt, editor-chefe do jornal alemão “Tagesspiegel”, e Mariana 7 | O pesadelo de Oscar Pistorius Vieira de Mello, gerente-geral Um perfil do velocista Alan de Integração Paralímpica Fonteles, fã de Senna e Bolt do Comitê Rio-2016, celebram o espírito dos Jogos 7 | ‘Tubarão’ nas piscinas do Rio Clodoaldo Silva quer despedida DIVULGAÇÃO/CPB em casa em grande estilo

7 | Silêncio, por favor Em dois esportes, a torcida não pode fazer barulho

7 | Em constante mudança Avaliação contínua determina classe de cada atleta Conexão Brasil-Alemanha na Rio-2016 8 | Novas modalidades 4 e 5 | Guia de modalidades Canoagem e triatlo estreiam As reportagens do Jornal Paralímpico que você lê nesta edição especial foram escritas por dez jovens talentos brasileiros. Eles participaram de um concurso de redação promovido pelo jornal alemão “Der Um resumo de todos os esportes nos Jogos Rio-2016 Tagesspiegel” e foram selecionados por uma banca formada por jornalistas do GLOBO e professores paralímpicos e os principais da Universidade Federal do (UFRJ). De vários estados do Brasil, os estudantes Fernan- destaques da equipe brasileira 8 | Estrelas internacionais da Lagoeiro (de 22 anos), Guilherme Longo (23), Gustavo Altman (18), Hugo L’Abbate (22), João Quatro atletas para ficar de olho Pedro Soares (22), Jorge Salhani (22), Leonardo Levatti (22), Letícia Paiva (20), Natália Belizario 6 | História e metas do Time Brasil durante a competição (20) e Thaís Contarin (22) demonstraram garra e dedicação. Apuraram belas histórias sobre a Para- limpíada, que renderam este suplemento especial. A partir de hoje, ao lado de 12 colegas da Alema- Balanço da participação do país nha e Grã-Bretanha, também escolhidos por concurso em seus países de origem, eles vão fazer a co- em Paralimpíadas e os objetivos 8 | Veteranos em plena forma bertura da Rio-2016. Esse trabalho de reportagem vai render uma segunda edição do Jornal Paralím- para a Rio-2016 Competidores com idade pico, que circulará encartada no GLOBO dia 21 deste mês, trazendo um balanço da Paralimpíada. avançada têm alto rendimento Criado pelo “Tagesspiegel” com o nome de “Paralympics Zeitung” para Atenas-2004, o projeto prevê 6 | Campeão e atleta-guia uma parceria com um jornal da cidade-sede onde se realizam os Jogos. O GLOBO foi escolhido pelo Medalhista sul-americano, 8 | Brasil e Alemanha diário berlinense para a iniciativa, que tem patrocínio da empresa de seguros Deutsche Gesetzliche Unfallversicherung (DGUV). A dobradinha teve início em maio deste ano, quando os estudantes dos Adauto Galdino fala sobre Parceria entre os dois países dois lados do Atlântico se reuniram no Rio de Janeiro (foto) para participar de workshops, conhecer as o desafio de conduzir Lucas Prado cria projeto social de inclusão instalações paralímpicas e cobrir eventos-teste de atletismo. AGENDA: PROVAS EM DESTAQUE

ATLETISMO BASQUETE altos do torneio será a disputa, na ras até 57kg. Ela também foi ouro no RÚGBI EM CADEIRA DE RODAS em Londres-2012, e o japonês Shin- ESTÁDIO OLÍMPICO – ENGENHÃO ARENA OLÍMPICA DO RIO primeira fase, entre Brasil e Ucrânia, Parapan de Toronto no ano passado. ARENA CARIOCA 1 - BARRA go Kunieda. Dia 8 (amanhã). Das 10h às 13h. O Dia 17 (sábado). Das 15h15m às atual campeã do mundo e medalha Dia 18 (domingo). Das 12h30m às destaque desta sessão é o americano 19h45m. A final masculina aconte- de prata em Londres-2012. Dia 10 (sábado). Das 15h30m às 14h30m. A disputa pelo ouro vai TIRO COM ARCO campeão mundial de salto em distân- ce nesta data, logo após a disputa 18h35m. A sessão reúne disputas movimentar o Parque Olímpico nes- SAMBÓDROMO cia Lex Gillette. Estrela na classe pelo 5º lugar. Austrália e Canadá es- GOALBALL de bronze e ouro, sendo as masculi- te dia. Os quatro maiores times do Dia 16 (sexta-feira). Das 15h às T11, o atleta pode quebrar o recorde tão entre os favoritos nos Jogos. ARENA DO FUTURO nas nas categorias 90/100kg/ esporte são os Estados Unidos, nú- 19h30m. As oitavas, quartas, semifi- olímpico ou mundial. Dia 16 (sexta-feira). Das 18h30m +100kg e femininas de até 70/ mero 1 do ranking, a Austrália, cam- nais e finais masculinas de arco recurvo BOCHA às 21h55m. O público poderá confe- 78kg. Antonio Tenorio, o primeiro peã em Londres-2012, a Nova Ze- terão como destaque Matt Stutzman, o Dia 9 (sexta-feira). Das 17h30m às ARENA CARIOCA 2 rir as disputas de ouro masculina e judoca a ganhar quatro ouros para- lândia, ouro em Atenas-2004, e o “arqueiro sem braços” americano. É de- 20h45m. Compete neste dia o britâ- Dia 16 (sexta-feira). Das 10h às feminina de um dos mais fascinantes límpicos consecutivos, espera con- Canadá, três vezes segundo coloca- le o recorde mundial para a maior dis- nico Johnnie Peacock, consagrado 14h10m. O evento reúne cinco dis- esportes Paralímpicos. O Brasil é fa- quistar uma nova medalha. do. Todos presentes na Rio-2016. tância já atingida por uma flecha. em Londres-2012. Agora, ele defen- putas de medalhas: os bronzes indi- vorito e pode aproveitar a Rio-2016 de o título da classe T44 nos 100m. viduais nas categorias BC1, BC2, para ter a revanche contra a Finlân- NATAÇÃO TÊNIS DE MESA Dia 17 (sábado). Das 9h às Outro para ficar de olho é o america- BC3 e BC4 e o ouro na BC1. O ho- dia, de quem perdeu o ouro por 8 a 1 ESTÁDIO AQUÁTICO OLÍMPICO RIOCENTRO - PAVILHÃO 3 13h30m. Será possível conferir as no Jarryd Wallace. landês Daniel Perez e o britânico em Londres-2012. Os dois países Dia 11 (domingo). Das 17h30m às Dia 13 (terça-feira). Das 16h às oitavas, quartas, semifinais e finais David Smith são destaques na BC1. voltaram a se enfrentar em 2014, 21h30m. As finais masculina e femi- 20h. É nesta data que acontece a dis- femininas de arco recurvo, com a Dia 13 (terça-feira). Das 17h30m às com vitória brasileira por 9 a 1. nina terão entre os destaques o cana- puta do ouro da classe 10, da favorita participação de Zahra Nemati, pri- 20h40m. A brasileira Terezinha Gui- CANOAGEM DE VELOCIDADE dense Benoit Huot, vencedor de 19 Natalia Partyka. A estrela polonesa é meira mulher iraniana a ganhar uma lhermina, guiada por Usain Bolt nu- LAGOA HALTEROFILISMO medalhas paralímpicas na classe S10. uma das raras atletas que competem medalha de ouro nos Jogos Olímpi- ma prova, é chance de medalha, mas Dia 15 (quinta-feira). Das 9h às RIOCENTRO - PAVILHÃO 2 É sua quinta participação nos Jogos. tanto nos Jogos Olímpicos quanto nos cos e Paralímpicos. Será uma das terá a potência chinesa Cuiqing Lu 11h50m. Um dos principais car- Dia 14 (quarta-feira). Das 16h às Paralímpicos. Nascida sem a mão e o poucas esportistas a competir tanto entre suas principais adversárias. tões-postais do Rio é palco das se- 17h30m. A disputa do ouro masculi- Dia 12 (segunda-feira). Das antebraço direitos, ela apoia a bolinha na Olimpíada quando na Paralimpía- mifinais e finais masculina e femini- no, na categoria acima de 107kg , 17h30m às 21h45m. Entre os mo- no braço e usa a raquete com a mão da nesta edição do evento. Dia 14 (quarta-feira). Das 10h às na, todas num só dia. Campeão pode se transformar num momento mentos mais emocionantes dos Jo- esquerda para sacar. É três vezes 13h10m. Aos 19 anos, a velocista mundial, o australiano Curtis Mc- histórico: o iraniano Siamand Rah- gos estarão certamente as finais campeã paralímpica nas individuais TRIATLO brasileira Verônica Hipólito promete Grath está entre os favoritos na Rio- man, considerado o atleta paralímpi- masculina e feminina da natação. femininas em sua classe e não perde FORTE DE COPACABANA ser um dos rostos dos Jogos. A expec- 2016, quando a classe VL2 fará sua co mais forte do mundo, espera al- Daniel Dias, a maior estrela paralím- uma partida desde 2008. Dia 11 (domingo). Das 10h às tativa é de vibração no estádio se ela estreia nos Jogos Paralímpicos. cançar a marca dos 300kg e estar no pica brasileira, compete numa série 13h45m. É a final feminina da pri- for medalhista na categoria T38. alto do pódio na categoria. O levanta- de eventos na classe S5, incluindo TÊNIS EM CADEIRA DE RODAS meira competição paralímpica de tri- CICLISMO DE PISTA dor de pesos quebrou o próprio recor- os 100m peito, 50m borboleta e CENTRO OLÍMPICO DE TÊNIS atlo. Serão 60 participantes, entre Dia 15 (quinta-feira). Das 17h30m VELÓDROMO OLÍMPICO DO RIO de este ano, na Copa do Mundo de 50m livre. Na mesma data, o públi- Dia 15 (quinta-feira). Das 12h às elas a americana Melissa Stockwell, às 20h40m. Os principais nomes da Dia 8 (quinta-feira). Das 16h30m Dubai, com 296kg – e espera manter co também vai acompanhar André 22h30m. A briga feminina individu- primeira mulher a perder uma perna modalidade estarão reunidos. Alan às 18h15m. A data reúne as diferen- o título de campeão conquistado na Brasil, da classe S10. Foram três ou- al pelo ouro vai dividir as atenções em combate. A atleta servia o exérci- Fonteles vai defender o título dos 100m tes finais masculinas e femininas. última edição dos Jogos. ros e duas pratas somados em Pe- com as disputas de ouro e bronze de to no Iraque quando foi atingida pela na classe T43. Outra estrela é o carioca Participando pela sétima vez de uma quim-2008 e Londres-2012. Outro duplas masculinas. Dona de dois explosão de uma bomba. Felipe Gomes, velocista cego e campe- Paralimpíada, a britânica Sarah Sto- HIPISMO destaque é a espanhola Maria Tere- ouros no Parapan do ano passado, a ão paralímpico dos 200m na classe rey foi destaque em Londres-2012 e é CENTRO OLÍMPICO DE HIPISMO sa Perales, que deseja garantir a me- brasileira Natalia Mayara espera re- VELA T11. Mas os brasileiros não são as úni- uma das estrelas desta sessão, onde Dia 14 (quarta-feira). Das 10h às dalha nos 100m livres pela quarta petir o pódio. Mas as holandesas são MARINA DA GLÓRIA cas atrações no atletismo. O americano compete na classe C5. Como nadado- 17h20m. O campeonato individual vez seguida antes da aposentadoria. as favoritas e chegam ao Rio com a Dia 17 (sábado). Das 12h às David Brown tem batido novos recor- ra, Sarah ganhou cinco ouros, oito misto terá a presença do austríaco fama de imbatíveis. Em Wimbledon, 17h30m. O evento reúne as regatas des mundiais nos 100m e 200m da pratas e três bronzes entre 1992 e Pepo Puch. O cavaleiro enfrenta o Dia 14 (quarta-feira). Das 17h30m Jiske Griffioen ganhou seu quarto tí- masculina e feminina. Aos 50 anos, o classe T11. Entre as mulheres, Tatyana 2004. Após a mudança para o ciclis- lendário britânico Lee Pearson, que às 21h35m. Um dos destaques da tulo do Grand Slam, batendo a com- alemão Heiko Kroeger tentará recu- McFadden lidera o time americano. mo, garantiu seis novos ouros. compete pela quinta vez nos Jogos sessão, que terá finais masculinas e patriota Aniek van Koot. Ambas perar o título paralímpico que con- Dona de 11 medalhas, ela tenta se tor- Paralímpicos. Já Puch foi ouro em femininas, é a brasileira Verônica Al- competem nas duplas na Rio-2016 quistou 16 anos atrás. Ele participou nar, na Rio-2016, a primeira atleta a ESGRIMA DE CADEIRA Londres-2012 na classe 1b, quatro meida. Dona do bronze em Pe- de todas as edições dos Jogos desde completar cinco provas de atletismo DE RODAS anos depois de um acidente que o quim-2008 e em Londres-2012 e Dia 16 (sexta-feira). Das 12h às que a vela foi incluída no programa, que vão dos 100m à maratona. Arena Carioca 3 deixou paraplégico e apenas alguns recordista mundial na natação em 22h30m. O público poderá conferir em Sydney-2000. Dia 13 (terça-feira). Das 14h às dias após a morte da mãe. alto mar, ela vai em busca de seu ou- as disputas de bronze e ouro mascu- Dia 17 (sábado). Das 10h às 18h. A sessão reúne a semifinal e as ro paralímpico. linas individuais e de ouro para as VOLEIBOL SENTADO 13h15m. Chamado de “blade jum- disputas de bronze e ouro. O brasi- JUDÔ duplas femininas. No masculino, es- RIOCENTRO - PAVILHÃO 6 per” alemão, o campeão mundial leiro Jovane Silva Guissone, meda- Arena Carioca 3 REMO tão garantidas as presenças de algu- Dia 18 (domingo). Das 9h30m às Markus Rehm, pode pular mais, no lha de ouro em Londres-2012, é ti- Dia 9 (sexta-feira). Das 15h30m às LAGOA mas das maiores estrelas do esporte 15h. No último dia acontecem a dis- salto em distância, do que o vencedor do como uma das principais apostas 17h55m. O judô é um dos esportes Dia 11 (domingo). Das 8h30m às em sua melhor forma. O britânico puta de bronze e a final masculina, olímpico deste ano, Jeff Henderson, do país na competição. mais promissores para os brasileiros, 11h30m. Serão oito corridas, com Gordon Reid, por exemplo, ganhou a em sessão única. Irã e Bósnia-Herze- com 8,38m. Rehm é recordista da tanto na Olimpíada quanto na Paralim- provas masculinas, femininas e mis- competição inaugural individual em govina, favoritos que se enfrentam categoria T44, com 8,40m. Das FUTEBOL DE 7 píada. Disputas por ouro e bronze são o tas. Prata em Londres-2012 e sem Wimbledon depois de vencer o Aus- nas finais Paralímpicas desde Syd- 17h30m às 20h30m. Com 14,61 ESTÁDIO DE DEODORO destaque do evento, que reúne o mas- perder nenhuma disputa desde en- tralian Open, em junho. Competirá ney-2000, estão no grupo B da com- segundos, Martina Caironi é dona do Dia 16 (sexta-feira). Das 17h às culino até 73kg/81kg e o feminino até tão, o australiano Erik Horrie é o fa- ainda em dupla com Alfie Hewett. petição masculina. Mesmo assim, recorde mundial nos 100m classe 18h15m. Será a final masculina do 57kg/63kg. Lucia Araújo, que garantiu vorito na classe AS masculina. Nos Outros candidatos ao ouro são o ar- podem se enfrentar. O Brasil, no gru- T42. A atleta vai conduzir a bandeira esporte, que faz sua despedida dos a prata na última edição dos Jogos, é campeonatos de 2015, ele garantiu gentino Gustavo Fernandez, o fran- po A, levou os ouros nos dois últimos italiana na abertura. Jogos Paralímpicos. Um dos pontos uma das maiores esperanças brasilei- seu terceiro título mundial. cês Stephane Houdet, dono da prata Parapan-Americanos.

Expediente Coordenação de projeto: Clara Kaminsky, Karin Preugschat (“Der Tagesspiegel”) e Luiz Henrique Romanholli (O GLOBO) | Edição: Ingrid Brack e Luciana Barros | Consultoria editorial: Fernando Ewerton (ECO/UFRJ) | Diagramação: Christiana Lee Reportagem: Fernanda Lagoeiro, Guilherme Longo, Gustavo Altman, Hugo L’Abbate, João Pedro Soares, Jorge Salhani, Leonardo Levatti, Letícia Paiva, Natália Belizario e Thaís Contarin. Jornal Paralímpico é um projeto especial do GLOBO em parceria com o jornal alemão “Der Tagesspiegel”, em associação com a Deutsche Gesetzliche Unfallversicherung (DGUV). As reportagens foram produzidas por estudantes brasileiros selecionados e supervisionados pelo GLOBO e pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ). Capa: Alan Fonteles em Londres-2012, nas eliminatórias dos 100m T44 | Foto: Divulgação/Buda Mendes/CPB Quarta-feira 7.9.2016|Jornal Paralímpico|3

EDITORIAL Um novo mundo, um slogan inspirador e um lema desafiador foram KAI-UWE HEINRICH/TAGESSPIEGEL feitos no lançamento dos Jogos Rio-2016. Os Jogos Olímpicos termi- naram e agora é a vez dos Jogos Paralímpicos, ARQUIVO PESSOAL ARQUIVO GUSTAVO STEPHAN GUSTAVO mostrando “novos heróis, fazendo novos amigos, cri- O esporte paralímpico ando novas famílias” —, como diz o manifesto da A festa do esporte con- é, sem dúvida, um irre- Rio-2016. Os XV Jogos Paralímpicos de Verão são tinua. O Rio recuperou sistível convite à refle- uma oportunidade única para mostrar o que “quebrar o fôlego para entregar xão sobre como encara- barreiras” realmente quer dizer. Se você quiser teste- Jogos Paralímpicos mos as competições e a munhar o que significa superar obstáculos e se inspi- inesquecíveis. A popu- vida. Num país apaixo- rar no que os seres humanos são capazes de ser e fa- lação carioca dará bo- nado por futebol e acos- zer tem que ir aos Jogos Paralímpicos! Mais de quatro as-vindas a mais de tumado a desdenhar mil atletas de diversos países, que têm treinado duro quatro mil dos melho- das outras modalidades, um evento como esses é um para participar do terceiro maior evento esportivo do res atletas com deficiência do mundo. Feitos incríveis duro golpe na lógica do vencer ou vencer: sobretudo, mundo, virão para o Rio contagiar a cidade. O Jornal acontecerão aqui. Serão 23 modalidades, três mil ofi- porque fundamentalmente somos convidados a ad- Paralímpico — uma publicação com foco exclusiva- ciais de equipe, 1.400 árbitros. Mais de quatro mil mirar os atletas. Seus movimentos. Suas táticas. A mente no esporte paralímpico no Brasil — é escrito profissionais de mídia gerarão imagens para mais de agilidade e, por que não?, as virtudes que volta e meia por jovens estudantes e transmite o entusiasmo deles cem países e levarão feitos destes superatletas para o nos escapam no dia a dia, como a paciência, a con- pelo espírito paralímpico. Estou orgulhoso de ser um mundo. São dois milhões e meio de ingressos à venda centração e a perseverança. Na vitória ou na derrota. co-editor do projeto “Paralympics Zeitung”, que foi para o terceiro maior evento esportivo do planeta. E se Em uma Paralimpíada, nossos conceitos de “supera- fundado pelo jornal alemão “Der Tagesspiegel” e a se- os números já mostram por si só a grandeza da com- ção”, “fracasso” e “limites” são postos em xeque, em- guradora alemã Deutsche Gesetzliche Unfallversi- petição, não é a matemática que faz imperdíveis os baralhados e relativizados. É muito fácil e óbvio res- cherung (DGUV) por ocasião do Jogos Paralímpicos Jogos Paralímpicos. É o esporte. Como o saltador em ponder à pergunta “será que eu faria o que Michael de Atenas-2004. O nosso projeto, bem como os Jo- distância alemão Markus Rehm. Amputado de uma Phelps e Usain Bolt conseguem fazer?”. Porém, gos Paralímpicos, já percorreu um longo caminho das pernas, no último mundial de atletismo Paralím- quando transferida para qualquer uma das arenas pa- desde então. O “Paralympics Zeitung” é um suple- pico ele quebrou recorde saltando inacreditáveis ralímpicas, essa conversa fica muito mais interessan- mento publicado nos principais jornais alemães e no 8,40m. Isso daria a ele o ouro nos Jogos Olímpicos te. Neste projeto executado por estudantes brasileiros país anfitrião dos Jogos. Estamos muito satisfeitos Rio-2016, onde o vencedor saltou 8,38m. E os brasi- e europeus, o que sobressai é o frescor do olhar, des- por ter ganho um parceiro de mídia como o jornal O leiros têm muitos motivos para comparecer às are- provido de preconceitos adquiridos em horas e horas GLOBO. Os artigos foram escritos por jovens talentos nas. Além de conhecer ou voltar aos palcos olímpicos, de eventos esportivos acompanhados por obrigação entre 18 e 23 anos de idade, selecionados através de teremos a chance de ver incríveis brasileiros brigando — sim, eles se divertem. Tudo isso é ótimo porque, se concursos de texto. A equipe que traz as informações por muitas medalhas. O Brasil está entre os melhores apenas oferecesse espaço de reflexão, o esporte para- dos Jogos para você é composta por 22 estudantes do países do mundo no esporte paralímpico de alto ren- límpico seria... chato. Pelo olhar desses jovens talen- Brasil, Alemanha e Grã-Bretanha. Os europeus escre- dimento, e a meta do Comitê Paralímpico Brasileiro é tosos, percebemos que há entretenimento, emoção e verão em alemão para o “Paralympics Zeitung” e uma estar entre os cinco melhores na Rio-2016. A pro- histórias envolventes, ou seja, o pacote completo pa- versão em inglês do Jornal Paralímpico. Coube aos messa é pódio todo dia! O esporte mostra a pessoa ra um megaevento inesquecível. Se haverá oportuni- brasileiros a edição em português. Nosso time editori- com deficiência de uma forma positiva. Após dez mi- dades para criar novos ídolos e modelos de comporta- al, internacional e entusiasta, tomou para si o lema da nutos numa arena, o espectador deixa de enxergar a mento, certamente seremos também apresentados a Rio-2016: sempre à procura de histórias com novos deficiência e passa a se encantar com a eficiência novos vilões, trapaceiros, dopados e maus perdedo- olhos, adoção de novas atitudes e respeito um ao ou- destes atletas, que treinam horas por dia e se dedi- res, todos costurados em tragédias demasiadamente tro e ao que é diferente. Estamos todos ansiosos para cam durante anos. Por último, os Jogos Paralímpicos humanas — o que me leva a crer que, se existe um os Jogos no Rio, e espero que sejam espetaculares. do Rio já são inovadores. Temos a primeira marca monte chamado Paralimpo, ele divide com o Olimpo multissensorial da história do evento, o maior número a mesma cordilheira, e seu cume pode ser conquista- LORENZ MAROLDT de emissoras de TV credenciadas e o maior número do tanto por almas filosóficas quanto por espectado- Editor-chefe do “Tagesspiegel” de atletas paralímpicas mulheres. Vamos lotar as are- res apaixonados por ação. É hora de aceitar este con- nas, criar uma experiência memorável. A última coisa vite e celebrar tanto a imperfeição humana quanto a da qual você vai se lembrar desses Jogos é a deficiên- beleza de lutar contra ela, em qualquer grau. Boa lei- cia. Estes atletas são pura eficiência. tura e boa Paralimpíada. MARIANA VIEIRA DE MELLO MÁRVIO DOS ANJOS Gerente geral de Integração Editor de Esportes do GLOBO Paralímpica do Comitê Rio-2016 4|Jornal Paralímpico|Quarta-feira 7.9.2016 Quarta-feira 7.9.2016|Jornal Paralímpico|5 Os esportes Atletismo Basquete Bocha Canoagem Responsável por cerca de um quarto de toda a delegação O basquete em cadeira de rodas está entre as Parte do programa dos A Lagoa Rodrigo de Freitas será o palco de estreia da de atletas da Paralimpíada do Rio, o atletismo faz parte poucas modalidades presentes em todas as Jogos Paralímpicos desde canoagem nos Jogos Paralímpicos, modalidade que dos Jogos desde a primeira edição, em 1960. Em 1972, edições dos Jogos Paralímpicos, desde 1960. Nova York-1984, a costuma render medalhas ao Brasil em competições na cidade de Heildeberg, na Alemanha, o Brasil levou No entanto, os times femininos só entraram na bocha é uma das promes- internacionais. Tricampeão mundial na canoa e cam- paralímpicos e os seus primeiros competidores — de lá para cá, sempre competição oito anos depois. Foi a primeira sas de pódio para o Brasil peão mundial no caiaque, Luís Carlos Cardoso (foto) teve representantes. No total, são 109 medalhas, sendo modalidade paralímpica a ser praticada no na Rio-2016. Em Pe- ganhou a votação popular do Prêmio Paralímpicos 32 de ouro, 47 de prata e 30 de bronze. Em Londres, o Brasil, a partir de 1958, mas a estreia do país quim-2008 e Londres-2012, a como melhor atleta masculino do país em 2015, e Brasil ficou em 7º lugar na modalidade. No Rio, os prin- nos Jogos ocorreu apenas em Heidel- delegação brasileira terminou em disputará a categoria KL1 (uso apenas de braços nas cipais destaques são os velocistas Alan Fonteles, Terezi- berg-1972. O time masculino, cuja melhor primeiro no quadro de medalhas da remadas) na Rio-2016. Outra esperança de medalha destaques do Brasil nha Guilhermina (foto), Yohansson Nascimento, Petrúcio posição é o 8º lugar em Pequim-2008, não se modalidade, acumulando cinco era Fernando Rufino, o Cowboy, que foi afastado por Ferreira, Lucas Prado, Felipe classificou para Londres-2012, onde o femini- ouros e dois bronzes no total. problemas cardíacos e será substituído por Alex Tofa- Gomes e Verônica Hipólito. no terminou em 9º, seu melhor resultado até Em 2012, Dirceu Pinto (foto) e lini na KL2 (troncos e braços). O país conquistou Com 23 modalidades (duas no ciclismo), Rio-2016 reunirá 4.350 atletas A saltadora Silvânia Oliveira hoje. No Parapan em Toronto, ano passado, as Eliseu dos Santos foram bicam- cinco das seis vagas possíveis e terá ainda Debora também tem boas chances mulheres conquistaram o bronze, e os peões de duplas na categoria Benevides na KL2 e Mari Santilli e de 176 países, recorde na história dos Jogos. Serão 528 provas, 225 femininas, de pódio. As dispu- homens ficaram em quarto. As BC4 (atletas com grave disfun- Caio Ribeiro na KL3 (amputação tas serão no atuais campeãs paralímpicas são ção locomotora nos quatro numa perna) na disputa. 265 masculinas e 38 mistas. Brasileiros estreiam no tiro com arco e rúgbi Estádio Olímpico as seleções do Canadá, no masculi- membros). Dirceu também foi campeão individual, na (Engenhão) e a no, e da Alemanha, no feminino, prova em que Eliseu ficou com o bronze. O terceiro chegada mara- com Austrália de vice em am- ouro do país em Londres foi de Maciel Santos, na tona será no bos. Os jogos acontecem nas categoria BC2 (atletas com paralisia cerebral). Os três Forte de Copa- Arenas Carioca 1 e Olímpica estão entre os dez integrantes da equipe que vai competir cabana. do Rio. na Arena Carioca 2, no Parque Olímpico na Barra. FOTOS DE DIVULGAÇÃO/CPB

Ciclismo Esgrima Futebol de 5 Futebol de 7 Goalball Halterofilismo Com provas de estrada e pista, que acontecem Presente desde a primeira edição dos Jogos Para- A hegemonia do Brasil no futebol de 5, disputado por A modalidade surgiu em 1978, adaptada para atletas Disputado por deficientes visuais, o Goalball é uma O halterofilismo estreou nos Jogos Paralímpicos em no Pontal e no Velódromo, respectivamente, límpicos, em Roma-1960, a esgrima em cadeira atletas com deficiência visual, é incontestável. com paralisia cerebral, entrou no programa dos Jogos modalidade exclusivamente paralímpica e estreou nos Tóquio-1964, apenas com participação de homens. o ciclismo integra os Jogos Paralímpicos de rodas é uma das modalidades mais tradicionais Desde que a modalidade passou a ser dispu- Paralímpicos em Nova York-1984 e sairá nos Rio. Jogos de Toronto-1976. A primeira participação brasilei- Somente 32 anos e oito edições depois as mulheres desde Nova York-1984. As três primeiras para atletas com deficiência motora. As cadeiras de tada nos Jogos Paralímpicos de Ate- Jogos de Tóquio-2020. O Brasil estreou com A ra foi em Atenas-2004. A equipe masculina ganhou uma passaram a disputar a modalidade, em -1996. E edições tiveram apenas provas de estra- roda são fixadas ao solo, permitindo ao esgrimista nas-2004, o país conquistou o ouro em o 6º lugar em -1992. Quatro anos prata inédita para o país em Londres-2012, quando foi nessa edição a primeira atuação do Brasil, com Mar- da, com o ciclismo de pista incluído em movimentar apenas o tronco e os membros superi- todas as edições. Na Grécia, a adversá- depois, em Atlanta, o país ficou em penúl- superou o “grupo da morte” na 1ª fase, bateu a Lituânia celo Motta. O resultado dos brasileiros no Mundial Para- Atlanta-1996. Rivaldo Martins foi o ores. Assim como nos Jogos Olímpicos, há disputas ria da final foi a Argentina, derrotada timo, antes de conquistar o bronze em na semifinal, mas perdeu para a Finlândia na disputa do límpico de Halterofilismo, em janeiro deste ano, no Rio, primeiro brasileiro a competir no espor- em florete, espada e sabre. Na Rio-2016, o Brasil por 3 a 2 nos pênaltis. Em Pe- Sydney-2000 e a prata em Ate- ouro. Nos Jogos do Rio, o destaque do time masculino é traz esperança para a conquista do primeiro pódio na te em Jogos Paralímpicos, em Barcelo- terá cinco atletas – dentre eles Jovane Guissone quim-2008, os rivais da decisão nas-2004. Nas duas últimas edições Leomon Moreno, artilheiro do Campeonato Mundial modalidade. Os atletas ganharam dez medalhas em na-1992, mas o Brasil não tem meda- (foto), que começou a treinar em 2008 e quatro foram os anfitriões chineses, que dos Jogos, a equipe brasileira terminou vencido pelo Brasil em 2014. O feminino conta com a casa, sendo duas de ouro, uma delas conquistada por lhas na modalidade. Em Londres-2012, anos depois foi ouro na espada em Londres, a perderam por 2 a 1. Em Lon- em quarto lugar. Campeão no Parapan experiência de Ana Carolina Custódio e Cláudia Paula, Marcia Menezes dois atletas ficaram perto do bronze. única medalha da esgrima dres-2012, o título veio de forma em Toronto-2015, o Brasil foi segundo no que competem nos Jogos pela quarta vez – foram 7º (foto). Além dela João Schwindt e Soelito Gohr chegaram brasileira em Jogos Paralímpi- invicta, com sete gols a favor e Pré-Paralímpico, em maio passado, na lugar em Londres. No Parapan em Toronto-2015, as (a única do grupo em quarto e quinto lugares na prova de cos e Olímpicos. A equipe nenhum contra, batendo a França Espanha, quando perdeu a final para a duas seleções ganharam o ouro, ambas atual a competir estrada C4-5. Soelito integra a equipe tem ainda Fabio Damasceno, na final por 2 a 0. Liderada por Ucrânia, uma das favoritas ao ouro no derrotando os Estados Unidos na em Londres, com de cinco atletas no Rio, que terá tam- Monica Santos, Rodrigo Ricardinho (foto), considerado competição reúne oito seleções, em final. As partidas acontecem na o 6º lugar até bém Lauro Chaman (foto), ouro na Massarutt e Sandro Colaço melhor jogador do mundo na modalidade, partidas de 60 minutos divididas em dois Arena do Futuro. 85kg), Bruno Carra, mesma prova e categoria no Parapan de de Lima na competição a seleção brasileira, tricampeã no Parapan tempos de 30, com intervalo de 15 Evanio Rodrigues e Toronto-2015, onde também ganhou que ocorre na Arena de Toronto-2015, vai em busca do quarto minutos. Os jogos serão disputados no Terezinha dos Santos disputam ouro no contra relógio C1-5 e bronze na da Juventude, em ouro paralímpico no Centro Olímpico de Estádio de a modalidade no Pavilhão 2 do perseguição individual C4-5 em pista. Deodoro. Tênis, na Barra. Deodoro. Riocentro.

Hipismo Judô Natação Remo Rúgbi Tênis de mesa O hipismo integra o programa dos Jogos Paralímpicos O Judô é a única arte marcial nos Jogos Paralímpicos. A A natação é o segundo esporte que mais deu vitórias O remo é uma das modalidades mais recentes nos Jogos O Brasil disputará pela primeira vez o rúgbi em cadeira de Presente nos Jogos desde a primeira edição em Ro- desde Atlanta-1996. O Brasil estreou em Ate- estreia aconteceu em Seul-1988, apenas para homens, ao Brasil na história dos Jogos, atrás apenas do Paralímpicos, estreando em Pequim-2008. Nas duas rodas, modalidade que integra dos Jogos Paralímpicos ma-1960, o tênis de mesa é um dos esportes paralímpi- nas-2004, com Marcos Fernandes Alves, o Joca com as mulheres passando a competir em Atenas-2004. atletismo. Desde 1984, quando Maria Jussara edições realizadas, o Brasil esteve presente em todas as desde Sydney-2000. Cada time é formado por quatro cos mais tradicionais. No início, a modalidade era dividi- (foto), que quatro anos depois conquistaria duas A modalidade é praticada por atletas com deficiência Matos se tornou a primeira brasileira campeã para- quatro provas do programa e foi ao pódio uma vez, com o atletas cadeirantes, cujo objetivo é cruzar a linha de gol da em três classes. Hoje são 11. Atletas das classes 1 a medalhas de bronze em Pequim: no estilo livre visual, divididos em categorias de acordo com o peso e o límpica na modalidade, foram 83 medalhas, sendo bronze de Josiane Lima e Elton Santana no Double Skiff do adversário com a bola. Dos 12 convocados para a 5 competem em cadeiras de rodas; nas classes 6 a 10 os e na prática individual. Já em Londres-2012, nível de comprometimento da visão. As regras 28 de ouro, 27 de prata e 28 de bronze. Na TA Misto (tronco e braços), logo na primeira participa- equipe brasileira, o destaque é Alexandre Keiji Taniguchi confrontos são de pé e a classe 11 é para pessoas o país não voltou ao pódio e terminou em 13º são iguais às do judô olímpico, com dife- Rio-2016, a equipe de 32 atletas conta com seus ção. Josiane, que ficou em 8º com Isaac Ribeiro há (foto), que em 2012 foi eleito MVP (jogador mais impor- com deficiências intelectuais. No Rio, o Brasil no geral, tendo o 7º lugar de Sérgio Oliva, rença apenas no início da luta. O três principais destaques: Daniel Dias (foto), o quatro anos, volta a competir no Rio, desta vez com tante) na Metro Cup, disputada na Polônia. Na Arena terá 11 homens e seis mulheres, três compe- montando Emily no Individual Estilo Livre 1a, primeiro ouro do Brasil veio em maior medalhista brasileiro em Paralimpíadas, com Michel Pessanha. Cláudia Santos (foto) também disputa Carioca 1, a seleção enfrentará tidores a mais do que em Londres-2012, como melhor resultado. Sérgio e Marcos vol- Atlanta-1996, com Antônio Tenó- dez ouros, cinco pratas e um bronze; Andre Brasil, os Jogos pela terceira vez no Single Skiff AS Feminino (só as três principais equipes do quando o país terminou na 24ª posição. tam aos Jogos do Rio, juntamente rio (foto), que repetiria o feito dono de sete ouros e três pratas; e o veterano Clodo- braços), no qual foi 4º em Londres-2012, o melhor mundo na atualidade: Austrá- Dentre eles está o paranaense Welder com Vera Mazzilli e Rodolpho nas três edições seguintes. Em aldo Silva, que se despede das piscinas após a resultado do país. Renê Pereira, no Single Skiff AS Mas- lia, Canadá e Estados Unidos, Knaf (foto), um dos dois Riskalla. As provas são dispu- Londres-2012, o melhor Rio-2016, com seis ouros, quatro pratas e um culino, completa a equipe, que pela primeira vez não ouro, prata e bronze em Lon- únicos medalhistas brasilei- tadas, em Deodoro, por resultado foi a prata de bronze. Em Londres-2012, o país obteve sua me- compete no Quatro Com dres-2012. Em 2015, a modali- ros da modalidade. homens e mulheres com Lucia Araújo, com Michele lhor posição nos Jogos (6ª), ganhando nove ouros e LTA Misto (tronco, per- dade estreou no Parapan de Em Pequim-2008, diversos tipos de deficiên- Ferreira, Daniele Bernar- batendo cinco recordes mundiais e três paralímpi- nas e braços). A Lagoa Toronto e o Brasil termi- com Luiz Algacir Silva, cia, sendo que os atletas des e Tenório ganhando cos. As competições acontecem no Estádio Aquáti- será o palco da nou em quarto lugar, Knaf surpreendeu nas do Grupo I (a e b) são bronze. Destes, apenas co Olímpico. competição. ganhando três partidas e semifinais os anfitriões cadeirantes com diferen- Daniele não está entre os perdendo o bronze para chineses e ficou com a tes graus de comprome- 12 atletas que competirão a Colômbia por ape- prata na final por equipes timento de movimentos na Arena Carioca 3, no nas dois pontos. contra a França. As dispu- de tronco e membros. Parque Olímpico. tas serão no Riocentro.

Tênis Tiro com arco Tiro esportivo Triatlo Vela Voleibol sentado O tênis em cadeira de rodas integra o programa dos O tiro com arco é disputado desde a primeira edição dos O Brasil participa das provas de tiro esportivo desde a O primeiro campeonato mundial de triatlo para pessoas Na vela adaptada, homens e mulheres competem A modalidade integra os Jogos Paralímpicos desde Ar- Jogos Paralímpicos desde Barcelona-1992. É disputado Jogos Paralímpicos, em Roma-1960, mas o Brasil fará sua estreia nos Jogos Paralímpicos, em Toronto-1976. com deficiência ocorreu em 1996, nos Estados Unidos. juntos, em barcos para um, dois ou três tripulantes. A nhem-1980. Até Sydney-2000, as competições eram por atletas com alguma limitação locomotora, que usam sua estreia apenas na Rio-2016. Embora seja a primeira A modalidade é uma adaptação do tiro olímpico, Vinte anos depois, o esporte estreia nos Jogos Paralímpi- modalidade estreou nos Jogos em Atlanta-1996, divididas em duas categorias: voleibol sentado e em pé. cadeiras adaptadas para a intensa movimentação em participação paralímpica, o país já conquistou dois ouros disputada por atletas com deficiência locomotora, que cos no Rio. A competição inclui três provas em sequência como esporte de exibição, e passou a distribuir Desde Atenas-2004, apenas a primeira modalidade é quadra – a única diferença para o tênis convencional é e duas pratas nos Jogos Mundiais da Federação Esporti- competem sentados ou em pé. No Rio, quatro brasilei- (750m de natação, 20km de ciclismo e 5km de corrida), medalhas em Sydney-2000. A segunda participa- disputada, por atletas com amputações ou algum tipo de que a bola pode quicar duas vezes. O Brasil estreou em va Internacional de Amputados e em Cadeiras de Rodas ros buscarão uma medalha inédita, com destaque nas quais os atletas disputam seis meda- ção do Brasil, em Londres-2012, foi marcada deficiência nas pernas. O Brasil busca a Atlanta-1996 e nunca foi ao pódio. Na Rio-2016, o país (IWAS), em 2009, na Índia. Os destaques entre os sete para Carlos Garletti (foto), único representante do país lhas de ouro, em três classes masculinas e pela presença da primeira mulher na equipe: conquista inédita de medalha com os terá sua maior equipe, com oito atletas, três a mais do atletas brasileiros são Luciano Rezende (foto) e Jane em Pequim-2008 e Londres-2012, onde disputou três femininas. A delegação brasileira Elaine Cunha, que terminou em 11º lugar com times masculino e feminino. Lon- que em Londres-2012, quando terminou em 8º lugar. O Karla, medalhistas de ouro no Para- quatro provas. Além dele, a equipe conta com Alexan- conta com dois representantes: Ana Bruno Landgraf, na classe Skud 18, em que dres-2012 marcou a estreia para- destaque é Natália Mayara (foto), a primeira brasileira a pan de Toronto-2015, em que Thaís dre Galgani, Debora Campos e Geraldo Von Rosenthal. Raquel Lins, na categoria PT4, e os atletas disputam em duplas, sendo um límpica da equipe feminina do competir nos Jogos, há quatro anos. Ela ganhou ouro no Carvalho ganhou prata e Diogo Ao todo, o programa paralímpico inclui 12 provas Fernando Aranha (foto), na cate- integrante obrigatoriamente do sexo Brasil, que terminou em quinto Parapan em Toronto-2015, quando Daniel Rodrigues foi Souza, que também integram a individuais – masculinas, femininas e mistas – usando goria PT1. O país coleciona feminino. Landgraf, ex-jogador de lugar, mesma posição do mascu- bronze individual e prata nas equipe, ficou em 4º lugar. No Rio carabina e pistola, de ar comprimido ou calibre 22. A medalhas em competições inter- futebol, volta a competir no Rio ao lino, seu melhor resultado nos duplas ao lado de Carlos serão nove provas – masculinas, competição acontece no nacionais desde 2009, quando lado de Marinalva de Almeida, que Jogos até agora. No Parapan de Santos, que vai para sua femininas e mistas – disputadas Centro de Tiro, no Parque Rivaldo Martins ganhou a prata no já passou por diversas modalida- Toronto, ano passado, os homens quarta Paralimpíada. As individualmente ou por equipe Olímpico de Deodoro. Mundial, na Austrália. As provas des antes de ser velejadora. A conquistaram o terceiro ouro partidas acontecem no em distâncias de 50 ou 70 serão disputadas no próximo fim de equipe tem outros quatro seguido na competição, enquanto as Centro Olímpico de Tênis. metros, no Sambódromo. semana, dias 10 e 11, com largada integrantes nas provas, que mulheres ganharam a prata, ambos e chegada próximo ao Forte de serão disputadas na Baía em finais contra os Estados Unidos. Copacabana. de Guanabara. As partidas acontecem no Riocentro. 6|Jornal Paralímpico|Quarta-feira 7.9.2016

DIVULGAÇÃO/BUDA MENDES/CPB

Daniel Dias na final dos 100m livres em Londres: o nadador foi responsável por seis das 21 medalhas de ouro conquistadas há quatro anos que levaram o Brasil à 7ª posição geral, melhor colocação do país na história nos Jogos Paralímpicos Meta é ficar Evolução a cada edição dos Jogos entre os cinco Sétimo colocado no quadro geral de medalhas em Londres-2012, Brasil Terezinha Guilhermina trouxe dois ouros ao Brasil, nos 100m e 200m livres, categoria T11 (deficiência melhores já soma 229 pódios desde sua primeira participação numa Paralimpíada, visual), que se somaram a suas outras quatro meda- em 1972. Atletismo, natação e judô são os esportes mais vencedores lhas paralímpicas, conquistadas em Pequim-2008 e Maior de sua história, delegação brasileira Atenas-2004. Os demais ouros do atletismo foram conta com 279 atletas. Pela primeira com Felipe Gomes, Yohansson Nascimento, Shirlene vez, país disputará as 23 modalidades Jorge Salhani, de 22 anos Coelho e Tito Sena, campeão da maratona na catego- ria T46 (amputados). O Brasil participa dos Jogos Paralímpicos As conquistas de ouro na natação concentraram- deste ano com 279 atletas, sua maior dele- Brasil construiu um legado de potência es- — O Brasil é uma potência paralímpica, alcançou se em dois atletas: Daniel Dias e André Brasil. Dias gação até hoje. São quase cem a mais do portiva nos 44 anos em que participa dos grandes resultados e virou uma referência. participou de seis provas individuais (nas classes S5 que em Londres-2012, quando 182 foram Jogos Paralímpicos. A presença inaugural O atletismo e a natação, que inauguraram as con- e SB4, limitações físico-motoras) e saiu de todas convocados. Oda delegação brasileira, porém, foi tímida: quistas de medalhas de ouro do Brasil, continuam com o ouro no peito – mesma quantidade de ouros Pela primeira vez, os brasileiros competi- os 20 atletas retornaram de Heidelberg, na Alema- sendo as modalidades que mais contribuíram para a conquistada por Clodoaldo Silva em Atenas-2004. rão em todas as 23 modalidades que nha, em 1972, sem nenhuma medalha. escalada do país no quadro geral de medalhas: 60 O número de vitórias de Dias foi ainda superior à sua compõem o programa da Paralimpíada, in- O primeiro pódio do esporte paralímpico brasileiro das 73 medalhas de ouro conquistadas em Jogos Pa- marca em Pequim-2008, quando o atleta ganhou clusive nas estreantes: canoagem e triatlo. viria já nos Jogos seguintes, em Toronto-1976, com a ralímpicos são fruto dessas modalidades. quatro medalhas de ouro (e outras quatro de prata e Ao todo, atletas de mais de 160 delegações prata de Robson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos uma de bronze). Com participação em duas edições disputarão 528 provas ao longo de 11 dias Costa no lawn bowls, esporte percursor da bocha, jo- “O BRASIL É UMA POTÊNCIA dos Jogos, Dias se tornou o maior medalhista para- de competição. gado sobre a grama. A conquista da medalha de ouro límpico do país. De acordo com o Comitê Paralímpico por brasileiros se tornou realidade nos Jogos de PARALÍMPICA, ALCANÇOU GRANDES André Brasil coleciona sete medalhas de ouro, sen- Brasileiro (CPB), a meta é que a delegação 1984, em Stoke Mandeville (Inglaterra) e Nova York do quatro em Pequim-2008 e três em Londres-2012, brasileira termine os Jogos Paralímpicos no (EUA): seis delas no atletismo e uma na natação. A RESULTADOS E VIROU REFERÊNCIA” nos 50m e 100m livres e 100m borboleta, na classe top cinco do quadro de medalhas, melho- partir desses Jogos, o hino nacional foi ouvido em to- S10 (limitações físico-motoras). O nadador ainda rando a posição de Londres-2012. Andrew Andrew Parsons, presidente do CPB das as edições do evento. possui três medalhas de prata. Parsons, presidente da organização, diz O bom desempenho dos atletas brasileiros colocou Na bocha, classe BC4 (deficiências severas, sem que essa meta “é bastante ousada”, mas é o país na 27ª posição no quadro geral de medalhas Outro esporte com bons resultados para os brasilei- assistências), Dirceu Pinto ganhou uma medalha de possível, tendo em vista os resultados dos em Paralimpíadas, com 73 de ouro, 83 de prata e 73 ros é o judô. Apesar de não ter conquistado medalhas ouro na competição individual e outra nas duplas, últimos Jogos. de bronze, totalizando 229 medalhas. de ouro em Londres-2012, o judô soma 18 pódios no com Eliseu Santos, repetindo o feito de Pe- — Trabalhamos firmes com este objetivo O esporte paralímpico nacional está em ascensão, total. Os quatro ouros do país no esporte são do tetra- quim-2008. Maciel Souza Santos ficou com o ouro na no nosso horizonte — afirma Parsons. considerando o desempenho nas últimas edições dos campeão paralímpico Antônio Tenório, que ganhou classe BC2 (paralisia cerebral, sem assistências). É esperado que os Jogos tragam mudan- Jogos. Em Pequim-2008, os atletas brasileiros subi- sua primeira medalha em Atlanta-1996, na categoria No futebol de 5, a seleção brasileira se consagrou ças positivas na inclusão de pessoas com ram ao topo do pódio 16 vezes, terminando a compe- até 86kg. como favorita: assegurando o tricampeonato, o Brasil deficiência e no investimento ao esporte pa- tição no 9º lugar, com 47 medalhas. Em Lon- Nos últimos Jogos Paralímpicos, o Brasil competiu continua sendo o único país com medalhas de ouro ralímpico no Brasil. Segundo Parsons, o pa- dres-2012, as 21 medalhas de ouro conquistadas le- em 18 modalidades e ganhou medalhas de ouro em no esporte, que estreou oficialmente nos Jogos em ís apresenta uma situação confortável em varam o país à 7ª posição geral, melhor colocação do cinco delas: atletismo, bocha, esgrima, futebol de Atenas-2004. relação aos investimentos nesses esportes. Brasil na história nos Jogos, atrás apenas de , cinco e natação. No atletismo, vieram sete. Alan Fon- Jovane Silva Guissone fecha o time dos medalhis- Como suporte, atletas de diversas modali- Rússia, Grã-Bretanha, Ucrânia, Austrália e EUA. teles, nos 200m rasos, categoria T44 (amputados), tas de ouro do Brasil em Londres-2012. Vencedor na dades contam com uma equipe multidisci- Presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), venceu o sul-africano Oscar Pistorius, favorito na pro- modalidade espada, o atleta foi o primeiro campeão plinar de orientação, desenvolvimento e Andrew Parsons está otimista: va, que terminou com a prata. A recordista mundial da esgrima em cadeira de rodas do país. avaliação esportiva. (JS)

DIVULGAÇÃO Galdino começou a atuar como guia ‘Não são coitados, Um campeão em dezembro: “Você tem sempre que acompanhar o ritmo do outro” e coadjuvante nem super-heróis’ Diretor do longa ‘Paratodos’, Marcelo Mesquita acompanhou um grupo de atletas durante de luxo os quatro anos de preparação para a Rio-2016 Foram 750 horas gravadas, transformadas em 110 Medalhista sul-americano, Adauto Galdino petição, mas sem puxá-lo, sob pena de desclas- minutos de filme. O resultado é uma experiência na enfrenta desafio de competir como atleta-guia sificação. Ou seja, deve apenas conduzi-lo por arte de repensar o outro e a si mesmo. Do riso ao cho- para Lucas Prado. Parceria inclui treino meio de uma corda que une os braços de ambos. ro, quem assiste a “Paratodos” muda sua percepção conjunto, manutenção de estratégias Além disso, o guia deve ser atleta, treinar duas sobre a pessoa com deficiência. Dividido em quatro competitivas e apoio emocional vezes ao dia por cerca de seis horas (sozinho e com núcleos (atletismo, natação, canoagem e futebol), o o atleta paralímpico) e também ajudar seu compa- longa é um mergulho no universo dos atletas paralím- “Eu?”, olhou desconfiado Adauto Galdino Ricar- nheiro a manter estratégias competitivas e a con- picos. Ou melhor, dos atletas, apenas. Era compro- do, de 28 anos. “É que ninguém nunca fala comi- trolar a pressão psicológica. misso mostrar que são como quaisquer outros. go, moça!”, se explica, sorrindo. Segundo o Comitê Paralímpico Brasileiro — Não são coitados, nem super-heróis. São seres Adauto saiu aos 12 anos de casa em Nanuque, (CPB), os atletas-guia da Seleção Brasileira re- humanos. Riem e choram, acertam e erram como interior de Minas Gerais, para tentar a vida como cebem apoio financeiro de acordo com sua ex- nós. Fomos em busca dessa abordagem — enfatiza jogador de futebol, mas não foi bem-sucedido. periência na modalidade — que é medida pela Marcelo Mesquita, diretor do filme. Desempregado, aos 19 anos começou a prati- performance e pelo histórico de medalhas con- Sem um narrador, as histórias ficam na boca dos car corrida como um hobby, “só para não ficar quistadas. atletas e das pessoas ao redor deles – o que confere à parado em casa”. Aumentou o ritmo aos pou- A profissão começou a ser mais reconhecida produção interessante polifonia. Quanto à linguagem cos, até que chegou ao nível de um atleta olím- em 2011 nos Jogos Parapan-Americanos de cinematográfica, muito movimento, planos-sequên- pico: foi campeão sul-americano e do Troféu Guadalajara, quando os atletas-guia também cias e a constante aproximação da lente, explorando o Brasil de Atletismo. Mas ainda buscava satisfa- passaram a ganhar medalhas. Adauto garante limite entre o real e o fictício. ção pessoal. que vale a pena. — Vimos de perto uma queda da Teresinha Gui- Em dezembro do ano passado, foi convidado pa- — Para mim, é um trabalho como qualquer ou- lhermina, do atletismo. Estivemos dentro do vestiário ra correr ao lado de um maratonista deficiente vi- tro. Tenho infraestrutura de treino, e recebo auxílio dos atletas do futebol de 5, antes do tetracampeonato sual durante um evento beneficente. Acompanhou médico e psicológico — diz. mundial. O espectador talvez pergunte: eles realmen- em seguida outros maratonistas até virar atleta- A diferença? A tal da satisfação pessoal. O “me- te estavam ali? E estávamos! — explica Marcelo. guia do brasileiro Lucas Prado, um dos corredores nino dos olhos” de Lucas Prado vai muito além de Em alguma medida, “Paratodos” é esperança de paralímpicos mais rápidos do mundo. ser apenas um guia: é a extensão das pernas, das uma narrativa humana e equilibrada sobre pessoas — Não é fácil ser guia. Você tem sempre que asas e também do coração, a cada vitória em que com deficiência. De uma linguagem que escapa do acompanhar o ritmo do outro — conta. ambos se ajudam a viver um sonho. “coitadismo” e evita heroificar. Para a cidadania, um De acordo com as regras do esporte, o atleta- serviço, de uma sobriedade desconcertante. guia tem que ser os olhos do velocista na com- Fernanda Lagoeiro, de 22 anos Leonardo Levatti, de 22 anos Quarta-feira 7.9.2016|Jornal Paralímpico|7 Senna e Bolt DIVULGAÇÃO/MARCIO RODRIGUES/MPIX/CPB inspiram Fonteles

Recordista mundial dos 100m e 200m na categoria T43, para biamputados, corredor paraense ficou famoso ao derrotar Oscar Pistorius em Londres-2012. Ele tem como meta vencer as quatro provas que disputará no Engenhão

Gustavo Altman, de 18 anos

paraense Alan Fonteles, um dos mais co- passa a maior parte do tempo, pelo equipamento de nhecidos atletas paralímpicos brasileiros, fibra de carbono, ele deixa de ser o menino pacato, até muito recentemente não tinha o costu- que gosta de ficar em casa com a mulher Lorrany e Ome de ler. Aos 24 anos, começou a se inte- que adora cinema, para se transformar num motivado ressar pelos prazeres de um bom livro. Nos últimos di- superatleta. as, diz estar devorando a biografia de Ayrton Senna, Ao disputar uma corrida contra colegas da delega- do jornalista inglês Christopher Hilton. ção brasileira — de distintas categorias, como é praxe — A história dele é espetacular. Me inspiro muito na preparação para os Jogos —, queima a largada e nele. Ler esse livro me motiva a buscar sempre algo brinca: “vocês me deixaram nervoso, pô!”, como se maior — conta Fonteles. fosse um iniciante. Retorna, calmamente, para outro O atleta, natural de Marabá, no Pará, vê em Senna tiro rápido. Momento raro, fica em último lugar. O a trajetória de um homem que sempre buscou a exce- castigo, uma espécie de incentivo para a melhoria de lência, apesar da adversidade, e cuja morte trágica rendimento, é duro: 50 abdominais, como determina iluminou um personagem ainda mais interessante, o treinador Amauri Verissimo, responsável pela maio- alguém que ajudava instituições de caridade no ano- ria dos 61 atletas que representarão o Brasil nas pro- nimato. Essa mistura de empenho com convicções é vas no Engenhão. que inspira Fonteles. Desde os 21 dias de idade sem a parte inferior das Em 2012, o brasileiro conquistou rápida notorieda- duas pernas, em decorrência de um quadro de infec- de ao vencer o sul-africano Oscar Pistorius, famoso ção generalizada, Fonteles gosta de reafirmar que a por ter competido tanto na Paralimpíada quanto na falta delas é o menor de seus problemas. Hoje, seu Olimpíada com suas próteses (e que depois ganhou principal adversário tampouco é algum colega de as manchetes do mundo todo ao ser preso, acusado pista. Em 2014, o paraense afirmou que tinha perdi- de ter assassinado a namorada). do a alegria de correr e decidiu tirar um ano sabático, longe da rotina de treinamentos e competições. Dois anos depois, essa decisão ainda pesa: Fonteles se- “QUANDO A PARALIMPÍADA gue no encalço de sua forma ideal. ACABAR, ESPERO QUE TODOS Na Paralimpíada deste ano, Fonteles competirá em quatro modalidades do atletismo: nos 100m, 200m SAIBAM QUEM EU SOU” e 400m, além do revezamento 4x100m. Sua especi- alidade, admite, são os 200m. Foi justamente nessa Alan Fonteles prova que o paraense conquistou sua única medalha de ouro em Paralimpíada, em 2012. Dessa vez, o ob- — Foi o meu ponto máximo no esporte, mas eu gos- jetivo é maior: to de destacar outras conquistas. Dois dias depois do — Meu foco é ganhar todas as provas. Quando a Mundial de Lyon, em 2013, quebrei o recorde mundi- Paralimpíada acabar, espero que todos saibam quem al dos 100m em uma competição sem muito desta- eu sou — afirma. que — ressalta Fonteles, como quem quer dizer ao A fama, que já o cerca e inevitavelmente crescerá mundo que sua histórica ultrapassagem nos metros no Rio, o faz se interessar ainda mais pela trajetória finais em Londres foi um marco decisivo, sim, mas de persistência de Senna, o ídolo que agora ele des- apenas mais uma vitória, como tantas outras colecio- cobre no papel. Cada um a seu modo, Senna e Fon- nadas no esporte. teles podem ser equiparados num aspecto: a dedi- São vitórias que impressionam. Fonteles é recordis- cação para superar obstáculos. Não por acaso, o ri- ta mundial dos 100m e dos 200m na categoria T43, gor e o empenho de Senna fazem parte de um vídeo para biamputados. Dentre todos os atletas paralímpi- motivacional do Comitê Paralímpico Brasileiro de cos, sejam deficientes visuais ou físicos, ele é o se- apoio aos Jogos no Rio — “para não fazer feio em gundo mais rápido da história. Seria o Usain Bolt da casa”, como disse o tricampeão mundial de Fórmu- Paralimpíada? la-1, há muitos anos, antes de uma decisiva corrida — Não sei se posso pensar assim, mas caminho em no Brasil. busca disso — garante. Acompanhar seus treinos, no Centro Paralímpico Brasileiro, em São Paulo, ou no Centro de Treinamen- to da BM&F Bovespa, em São Caetano, ajuda a com- Fonteles em ação: no preender a rotina de um esportista de alto rendimen- Mundial de Atletismo de to. Depois de trocar a prótese de madeira, com a qual Doha, Qatar, em 2015

DIVULGAÇÃO/CPB No futebol de 5, Modalidades em torcer em silêncio classes permitem é obrigatório disputas mais justas A participação brasileira nos estádios foi motivo de polêmica durante a Olimpíada. As vaias dirigidas a atle- Limitações dos atletas são avaliadas e classificadas tas que disputavam medalhas com constantemente por especialistas. Resultados dos brasileiros não foram bem recebidas, testes podem determinar mudanças na carreira especialmente em competições que demandam muita concentração. Nos Jogos Paralímpicos, as classes são divisões ne- Aprove-se ou não o comportamento cessárias para que atletas com diferentes limitações do público local, em duas modalida- de distintas intensidades não sejam prejudicados ou des dos Jogos Paralímpicos é condi- favorecidos. Dessa maneira, é possível organizar ção primária que os espectadores es- competições mais justas e equilibradas. tejam em absoluto silêncio. Os competidores são separados em suas respecti- O futebol de 5 e o goalball são dispu- vas categorias após passarem por um júri formado tados por atletas cegos. Para tanto, por dois ou três classificadores do Comitê Paralímpi- há um sino no interior da bola utiliza- co Internacional (IPC), que, através de exames médi- O nadador Clodoaldo Silva participará de quatro provas: 50m e 100m livre, 50m borboleta e revezamento 4x100m da em cada uma das modalidades, cos e de rendimento físico, determina em qual classe para que os jogadores saibam onde as limitações do atleta se encaixam melhor. ela está e em que direção se movi- Entretanto, devido às possíveis mudanças gradati- menta. Caso o público desrespeite a vas dessas limitações e seus impactos no rendimento ‘Tubarão’ quer morder na despedida “lei do silêncio” enquanto a bola está dos esportistas, alguns são reavaliados e reclassifica- em jogo, perde-se essa referência so- dos múltiplas vezes ao longo de suas carreiras. Além nora fundamental. É nesse momento disso, há circunstâncias nas quais uma categoria po- Dono de 13 medalhas ao longo de 18 anos de prata, com direito a quatro recordes mundiais, aju- que os árbitros precisam intervir. de se juntar a outra. Dependendo do panorama de carreira, Clodoaldo Silva vai disputar quatro provas dando a tornar o esporte paralímpico mais conhecido — Mesmo que o público esteja em si- certas classes, existe ainda a possibilidade do cance- nos Jogos deste ano. Sem subir ao pódio em no Brasil. De quebra, adquiriu a alcunha de “Tubarão lêncio, a gente consegue sentir a lamento de provas. Londres, ele busca a consagração final no Brasil Paralímpico”. energia das pessoas — diz Simone — Dois anos antes dos Jogos, o IPC decide quais Diante de seu alto desempenho, Clodoaldo Silva Rocha, de 40 anos, atleta da seleção modalidades terão quais provas em quais classes. No Após 18 anos de carreira e 13 medalhas conquista- acabou sendo reavaliado pelo Comitê Paralímpico In- brasileira feminina de goalball. — É entanto, classes com poucos atletas de alto nível aca- das em quatro Paralimpíadas, o veterano Clodoaldo ternacional (IPC) em 2008 e trocou sua antiga classe, importante que, nos momentos de bam não sendo realizadas — explica Frank-Thomas Silva está próximo de suas últimas braçadas em com- a S4, para atletas com problemas de coordenação bola parada, o público manifeste todo Hartleb, Diretor Esportivo da Federação Paralímpica petições oficiais. Apelidado de “Tubarão”, o nadador motora nos quatro membros, pela S5, para nadado- o seu apoio, para que a gente faça va- Alemã (DBS). de 37 anos se aposenta ao fim da Rio-2016. res com problemas de coordenação apenas no tronco ler o fato de estar jogando em casa. É o caso do arremesso de dardo da classe F53, para Natural de Natal (RN), Clodoaldo nasceu com para- e nas pernas. A mudança impediu que os notáveis re- A profissional de marketing Nathalia atletas com movimentos limitados dos membros su- lisia cerebral, o que compromete a mobilidade de su- sultados de Atenas-2004 se repetissem, mas, ainda Senna, de 33 anos, comprou ingres- periores, prova cujo recordista mundial é o jamaicano as pernas. Em 1996, aos 16 anos, o potiguar encon- assim, o nadador foi ao pódio duas vezes em Pe- sos para ela e o marido assistirem aos Alphanso Cunningham. Na Rio-2016, a F53 se fun- trou no esporte uma forma de reabilitação e começou quim-2008, com uma prata e um bronze. jogos do Brasil na modalidade, e tam- diu à F54, composta por esportistas sem restrições a praticar natação. No Rio, o “Tubarão” irá disputar quatro provas: bém para o futebol de 5. E faz planos: nos movimentos dos membros superiores, e cujo atu- Apenas dois anos depois, competiu em seu primei- 50m e 100m livre, 50m borboleta e revezamento — Vai ser difícil segurar os gritos de al recorde mundial supera em mais de cinco metros a ro Campeonato Brasileiro e, no ano seguinte, passou 4x100m. Sem conquistar nenhuma medalha em angústia nos “quase gols”. Mas vou marca de Cunningham. Sem chances reais de pódio a fazer parte da seleção nacional. Em 2000, Clodoal- Londres-2012, Clodoaldo Silva espera agora con- tentar me comportar e guardar a emo- após a junção, o jamaicano migrou para provas de do foi ainda mais longe e ganhou três pratas e um seguir retornar ao pódio para encerrar sua carreira ção para os momentos permitidos. pista, onde ainda há competições só da classe F53 e, bronze em sua primeira Paralimpíada, em Sydney. com chave (e, talvez, medalha) de ouro. consequentemente, possibilidade de medalha. No entanto, a consagração ainda estava por vir. Em João Pedro Soares, de 22 anos Atenas-2004, Clodoaldo arrebatou seis ouros e uma Hugo L’Abbate, de 22 anos Hugo L’Abbate 8|Jornal Paralímpico|Quarta-feira 7.9.2016

DIVULGAÇÃO/GRAZIELLA BATISTA/CPB/MPIX dente que ocasionou a amputação de uma perna, quando era jogador de futebol nos Estados Unidos. Igor Tofallini completa o time masculino, na cate- goria KL2, substituindo o multicampeão Fernando Rufino, afastado por problemas cardíacos. No femini- no, o Brasil contará com duas atletas: Debora Benevi- des, na KL2, e Mari Santilli, na KL3. — Embora os ventos contra sejam prejudiciais para todas as equipes, nós conhecemos o Rio de Janeiro. Isso pode fazer a diferença em nosso desempenho — explica Mari, ouro no Pan-Americano da modalidade em 2015. Com apenas 20 anos, Debora Benevides é a mais jovem da modalidade na Paralimpíada, e também migrou da canoa para o caiaque para estar na Rio-2016. — A canoagem me faz flutuar, faz com que eu me sinta livre e me torne igual a todo mundo — diz a atle- ta, medalha de prata no Mundial deste ano, realizado em Duisburg, na Alemanha.

“A META NÃO É MEDALHA. EU QUERO TRAZER VISIBILIDADE PARA O ESPORTE” Ana Raquel Lins, triatleta

A segunda estreia na Paralimpíada é a do triatlo, es- colhido para integrar a competição pelo Comitê Exe- cutivo do IPC (Comitê Paralímpico Internacional) em 2010, juntamente com a canoagem. A prova consiste em um percurso de 750 metros de natação, 20km de bicicleta e 5km de corrida. Mais jovem atleta da canoagem na Paralimpíada, Debora Benevides vai competir no caiaque. Aos 20 anos, ela é medalha de prata no Mundial da categoria, disputado este ano São seis categorias, de acordo com as classifica- ções funcionais dos atletas. A TR1 compreende pa- raplégicos, tetraplégicos e biamputados, que epois dos pódios inéditos de Isaquias usam bicicleta de mão para competir; na TR2 es- Queiroz e Erlon de Souza na Olimpíada do tão atletas amputados acima do joelho, que usam Rio, a canoagem estreia em Paralimpía- próteses para pedalar e correr; a TR3 abarca atle- Ddas, nos dias 14 e 15 deste mês, na mes- Canoagem e triatlo tas com esclerose múltipla, distrofia muscular, pa- ma Lagoa Rodrigo de Freitas onde se deram as con- ralisia cerebral, biamputados e paralisados de quistas da dupla. Outra modalidade a debutar nos mais de um membro; na TR4 competem atletas Jogos é o triatlo, que, no próximo fim de semana, di- com paralisia nos braços ou que têm o membro as 10 e 11, reunirá etapas de natação, corrida e ci- amputado; a TR5 destina-se a atletas com com- clismo em Copacabana. estreiam na Rio-2016 prometimento moderado na perna, usando próte- A canoagem paralímpica tem três categorias de ses; e a TR6 é para atletas com baixa visão ou ce- provas, estabelecidas de acordo com o grau de mo- gos, competindo na companhia de um atleta guia e bilidade e a extensão da deficiência dos competi- Na Lagoa, canoístas vão percorrer distâncias de 200 metros. Em Copacabana, vendas. dores: a KL1, para atletas com mobilidade nos bra- O Brasil tem duas vagas na modalidade. No mascu- ços e pernas e funções do tronco limitadas; a KL2, os triatletas precisarão nadar 750 metros, pedalar 20km e correr 5km lino, Fernando Aranha, precursor da bicicleta de mão destinada àqueles com limitações nas pernas; e a no Brasil e que já representou o país na Paralimpíada KL3, em que os atletas possuem deficiência de mo- de Inverno em Sochi-2014, onde disputou o esqui bilidade, mas contam com funções motoras nos Letícia Paiva, de 20 anos cross-country. No feminino, o país terá a estreante braços, pernas e também no tronco. Na Rio-2106, Ana Raquel Lins, que começou no triatlo há cerca de as provas – com percurso de 200 metros — serão um ano. apenas no caiaque. A canoa Va’a (também chama- tegoria KL1, e Caio Ribeiro, da KL3, dedicavam-se à objetivo é o lugar mais alto do pódio, o que pode — A meta, por enquanto, não é medalha. Mas da de Havaiana ou Polinésia) ficou de fora, embora canoa, mas mudaram para o caiaque após o anúncio acontecer já no Rio ou em uma competição futura quero trazer visibilidade para o esporte, como a pri- esteja presente no Mundial da modalidade, que de que apenas ele integraria os Jogos. — afirma Caio. meira brasileira a competir na modalidade – afirma acontece anualmente. — Considero que sou faixa branca no caiaque, Melhor do mundo em 2015, Caio conta que sem- Ana Raquel, que projeta terminar entre a quinta e a Os campeões mundiais Luís Carlos Cardoso, da ca- nunca tinha pegado essa embarcação. Mas meu pre se dedicou aos esportes, mesmo antes do aci- oitava colocação. Estrelas internacionais em que vale a pena ficar de olho durante a Rio-2016

ARQUIVO PESSOAL ARQUIVO PESSOAL DIVULGAÇÃO/COMITÊ PARALÍMPICO INTERNACIONAL ARQUIVO PESSOAL Uma ex-jogadora de basquete na canoagem, uma medalhista que se despede, um chinês craque das piscinas e uma corredora italiana recordista mundial

Entre os 4.350 atletas de 176 paí- ses que vão disputar os Jogos Pa- ralímpicos no Rio misturam-se es- treantes e nomes consagrados nas 23 modalidades, que competirão em diferentes locais espalhados pela cidade. Serão 528 provas, di- vididas entre 225 femininas, 265 masculinas e 38 mistas. Algumas Edina Müller Marieke Vervoort Qing Xu Martina Caironi histórias e personalidades mere- Até 2014, a alemã Edina Müller era atleta A belga Marieke Vervoort ganhou destaque Ganhador de quatro das 95 medalhas de Ouro nos 100m em Londres-2012 na cem destaque (veja perfis ao lado). do basquete em cadeira de rodas. Foi três recentemente por tocar num assunto tabu ouro da China nos Jogos de Londres-2012, categoria T42 (amputação de uma perna E, assim como na Olimpíada, vezes campeã no Campeonato Europeu e em diversas sociedades: a eutanásia. A Qing Xu é destaque do estilo livre na nata- acima do joelho ou algum comprometi- haverá a presença de refugiados. medalhista de ouro com a seleção de seu atleta, de 37 anos, anunciou que pensa em ção. O atleta teve bons resultados no cam- mento físico similar), a italiana Martina Serão dois: o sírio Ibrahim Al-Hus- país em Londres-2012. No Rio, ela vai pedir a eutanásia após o fim dos Jogos, peonato mundial de Glasglow, no ano será a porta-bandeira do país nos Jogos. A sein, que perdeu a parte inferior da competir na canoagem, modalidade na lembrando que muitos veem suas medalhas, passado, e está na lista de destaques do velocista é dona dos recordes mundiais nas perna direita ao ser atingido por qual é estreante nos Jogos. mas poucos sabem do sofrimento causado Comitê Paralímpico Internacional. No Rio, provas de 100m e 200m, sendo uma forte uma bomba em 2013, e o iraniano por sua doença crônica degenerativa. Meda- Qing Xu será um forte adversário dos brasi- candidata ao pódio nesta edição do evento. Shahrad Nasajpour, que sofre de lhista em Londres e no Mundial Paralímpico leiros no estilo livre e no nado borboleta. paralisia cerebral. em Doha na corrida em cadeira de rodas, Marieke enxerga na Rio-2016 a oportunida- Natália Belizario, de 20 anos de de encerrar bem a sua carreira.

vôlei sentado e futebol de 5. A ideia é expan- Idade avançada, atletas de alto rendimento Projetos sociais dir para outros estados. Em Florianópolis, um dos projetos é o Sá- DIVULGAÇÃO/CPB bado no Campus, criado em 1997 na Iniciação tardia e modalidades com — A permanência é mais difícil em mo- como legado UFSC. A proposta é aproximar a comunida- menor exigência energética permitem dalidades que exigem muita movimenta- de, dando acesso aos esportes adaptados que competidores veteranos participem ção e dinamismo. Por isso a presença de como fonte de reabilitação ou lazer. E, para da Paralimpíada em alto nível pessoas mais velhas é constatada em es- Parceria Brasil-Alemanha, projeto Pulsar os acadêmicos, vivenciar as teorias ensina- portes com menor exigência energética, capacita profissionais para trabalhar com das em sala de aula. A amazona Vera Lúcia Mazzilli, integrante como, por exemplo, provas de tiro — expli- atletas paralímpicos. Em Santa Catarina, O Sábado no Campus oferece goalball, bo- mais velha da delegação brasileira, tem a pri- ca o especialista. ação visa à inclusão social e reabilitação cha adaptada e vôlei sentado, entre outros es- meira chance de brilhar nos Jogos Paralímpi- Contudo, existem casos de atletas que portes. Para divulgar o projeto, as equipes res- cos, aos 65 anos. Alguns fatores explicam por ainda disputam provas eletrizantes. O ciclis- Aos poucos, o esporte paralímpico ganha visi- ponsáveis pelas modalidades fazem demons- que para-atletas se mantêm em disputas de ta alemão Hans-Peter Durst, de 58 anos, é bilidade e investimento privado e governa- trações em escolas da Grande Florianópolis. alto rendimento mesmo em idade avançada, favorito nas provas de estrada e corrida con- mental. E uma das maiores preocupações dos — Nosso grupo mais novo tem entre 14 e enquanto muitos esportistas convencionais tra o relógio. Medalhista de prata em Lon- Jogos Rio-2016 é o legado para o país. Assim, 17 anos. Mas temos os que começaram no deixam as competições mais cedo. dres-2012, ele afirma que força e condicio- diversos projetos surgem com esse intuito, en- esporte depois dos 30, 40 anos. É só vir. O professor de Educação Física Eduardo namento físico são fundamentais, mas o quanto outros se fortalecem em todo o Brasil. Nós sabemos o bem que isso faz no dia a dia Carmona, que se especializou em esportes bem-estar psicológico também contribui Para comemorar seus 100 anos de funda- das pessoas — diz o professor Roger Sche- adaptados e paralímpicos, aponta a demora para o desempenho: ção e os Jogos Rio-2016, a Câmera de Comér- rer, treinador do goalball. no acesso ao esporte como um dos motivos. — A tecnologia é minha aliada. Permite cio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK-RJ) cri- O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) — A maior parte deles passa a ter contato que eu trabalhe em diferentes níveis orien- ou o Projeto Pulsar, de capacitação para pro- criou em 2009 o Clube Escolar, que forma com o esporte por meio de associações, e is- tados de rendimento. fissionais. Feito em conjunto com a Universi- categorias de base nacionais, pela promo- so geralmente acontece na fase adolescente Para os que não precisam necessaria- dade Alemã de Educação Física de Colônia, a ção da prática esportiva para crianças e jo- ou na adulta — explica. mente da resistência física, outro elemento Firjan e o Instituto Supera, a proposta do Pul- vens com deficiência. Em 2013, 20 associ- Além disso, poucas cidades trabalham com é essencial. sar é proporcionar a possibilidade de lidar com ações receberam R$ 60 mil para financiar o os esportes adaptados. O alto rendimento ain- Vera Lúcia Mazzilli estreia — O que eu mais preciso ter no hipismo é atletas com qualquer tipo de deficiência. custo de profissionais, materiais e outros da é exclusividade de alguns locais e, assim, o nos Jogos Paralímpicos concentração. São dois corações. O meu e o Por seis meses, 50 profissionais de dife- itens. Em 2014, o projeto passou a ser coor- número de praticantes é menor em relação às aos 65 anos do cavalo — diz Vera Lúcia Mazzilli. rentes áreas participam de aulas de história, denado pelo Ministério do Esporte. modalidades convencionais. Questões fisioló- sociologia e comunicação, entre outras, e gicas também influenciam. Thaís Contarin, de 22 anos oficinas de basquete em cadeira de rodas, Guilherme Longo, de 23 anos