A-Invencao-Da-Natureza-Andrea-Wulf
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DADOS DE COPYRIGHT Sobre a obra: A presente obra é disponibilizada pela equipe Le Livros e seus diversos parceiros, com o objetivo de oferecer conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos acadêmicos, bem como o simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura. É expressamente proibida e totalmente repudiável a venda, aluguel, ou quaisquer uso comercial do presente conteúdo Sobre nós: O Le Livros e seus parceiros disponibilizam conteúdo de dominio publico e propriedade intelectual de forma totalmente gratuita, por acreditar que o conhecimento e a educação devem ser acessíveis e livres a toda e qualquer pessoa. Você pode encontrar mais obras em nosso site: LeLivros.site ou em qualquer um dos sites parceiros apresentados neste link. "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível." Copyright © A INVENÇÃO DA NATUREZA Copyright © Editora Planeta do Brasil, 2016 Todos os direitos reservados. Título original: The invention of nature Coordenação editorial: Sandra R. F. Espilotro Revisão: Andressa Veronesi, Carmen T. S. Costa e Maria A. Medeiros Diagramação: A2 Imagens de capa: akg-images, Alamy, Bridgeman Images, Mary Evans Picture Library e Wellcome Library, Londres. Adaptação para eBook: Hondana CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ W956i Wulf, Andrea A invenção da natureza : a vida e as descobertas de Alexander von Humboldt / Andrea Wulf ; [tradução Renato Marques]. - 1 .ed. - São Paulo : Planeta, 2016. Tradução de: The invention of nature ISBN 978-85-422-0755-2 1. Humboldt, Alexander von, 1769-1859. 2. Geógrafos - Alemanha - Biografia. I. Título. 16-33902 CDD: 923.9 CDU: 929:913(430) 2016 Todos os direitos desta edição reservados à EDITORA PLANETA DO BRASIL LTDA. Rua Padre João Manoel, 100 – 21o andar Ed. Horsa II – Cerqueira César 01411-000 – São Paulo-SP www.planetadelivros.com.br [email protected] SUMÁRIO MAPAS NOTA DA AUTORA PRÓLOGO PARTE I – PARTIDA: FORMANDO IDEIAS 1. ORIGENS 2. IMAGINAÇÃO E NATUREZA: JOHANN WOLFGANG VON GOETHE E HUMBOLDT 3. À PROCURA DE UM DESTINO PARTE II – CHEGADA: COLETANDO IDEIAS 4. AMÉRICA DO SUL 5. OS LLANOS E O ORINOCO 6. CRUZANDO OS ANDES 7. CHIMBORAZO 8. POLÍTICA E NATUREZA: THOMAS JEFFERSON E HUMBOLDT PARTE III – RETORNO: ORGANIZANDO IDEIAS 9. EUROPA 10. BERLIM 11. PARIS 12. REVOLUÇÕES E NATUREZA: SIMÓN BOLÍVAR E HUMBOLDT 13. LONDRES 14. ANDANDO EM CÍRCULOS: MALADIE CENTRIFUGE PARTE IV – INFLUÊNCIA: DISSEMINANDO IDEIAS 15. RETORNO A BERLIM 16. RÚSSIA 17. EVOLUÇÃO E NATUREZA: CHARLES DARWIN E HUMBOLDT 18. O COSMOS DE HUMBOLDT 19. POESIA, CIÊNCIA E NATUREZA: HENRY DAVID THOREAU E HUMBOLDT PARTE V – NOVOS MUNDOS: EVOLUINDO IDEIAS 20. O MAIOR E MAIS FORMIDÁVEL DE TODOS OS HOMENS DESDE O DILÚVIO 21. O HOMEM E A NATUREZA: GEORGE PERKINS MARSH E HUMBOLDT 22. ARTE, ECOLOGIA E NATUREZA: ERNST HAECKEL E HUMBOLDT 23. PRESERVAÇÃO E NATUREZA: JOHN MUIR E HUMBOLDT EPÍLOGO AGRADECIMENTOS CRÉDITOS DAS ILUSTRAÇÕES NOTAS UMA NOTA SOBRE AS PUBLICAÇÕES DE HUMBOLDT FONTES E BIBLIOGRAFIA ÍNDICE REMISSIVO SOBRE A AUTORA Para Linnéa (P.o.P.) Feche os olhos, aguce os ouvidos, e da mais leve respiração ao mais selvagem ruído, do mais simples som à mais sublime harmonia, do mais violento e apaixonado grito às mais suaves palavras da doce razão, é somente a Natureza que fala, revelando sua existência, seu poder, sua vida e suas relações e estruturas, de tal modo que um cego, a quem é vedado o mundo infinitamente visível, é capaz de apreender no audível tudo o que é infinitamente vivo. Johann Wolfgang von Goethe MAPAS Viagem de Humboldt pelas Américas, 1799-1804 Viagem de Humboldt pela Venezuela, 1800 Viagem de Humboldt de uma ponta à outra da Rússia, 1829 NOTA DA AUTORA Os livros de Alexander von Humboldt foram publicados em diversas línguas. Nas citações diretas de suas obras, comparei o original em alemão (quando pertinente) com edições contemporâneas em língua inglesa. Havendo edições em inglês mais recentes disponíveis, cotejei-as com as traduções mais antigas e, nos casos em que julguei que a edição mais nova propiciava uma tradução melhor, optei por essa versão (os detalhes estão nas notas no final do livro). Por vezes, nenhuma tradução captava o estilo da prosa de Humboldt, ou frases inteiras haviam sido suprimidas – nesses casos, tomei a liberdade de elaborar uma nova tradução. Quando outros protagonistas se referiam a obras de Humboldt, usei as edições que estavam lendo. Charles Darwin, por exemplo, leu a Narrativa pessoal de Humboldt publicada na Inglaterra entre 1814 e 1829 (traduzida por Helen Maria Williams), ao passo que John Muir leu a edição de 1896 (em tradução de E. C. Otte e H. G. Bohn). PRÓLOGO Eles estavam se arrastando a duras penas com as mãos e os joelhos no chão ao longo de um estreito espinhaço que, em alguns pontos, tinha apenas cinco centímetros de largura. A trilha, se é que assim poderíamos chamá-la, era revestida por uma camada de areia e pedras soltas que se deslocavam toda vez que eram tocadas. À esquerda, um íngreme despenhadeiro coberto por uma crosta de gelo que reluzia quando o sol transpassava as espessas nuvens. A paisagem à direita, com uma queda livre de mais de trezentos metros, não era muito melhor. Paredões negros e quase perpendiculares estavam revestidos de rochas protuberantes que se projetavam, salientes, feito lâminas de faca. Alexander von Humboldt e seus três companheiros rastejavam em fila indiana, avançando bem devagar. Sem equipamentos nem trajes adequados, era uma escalada perigosa. O vento gélido havia entorpecido suas mãos e pés, a neve derretida tinha encharcado as finas solas dos sapatos, e os seus cabelos e barbas estavam salpicados de cristais de gelo grudados. A quase 5.200 metros acima do nível do mar, eles lutavam para respirar o ar rarefeito. Enquanto seguiam em frente, as pedras denteadas rasgavam as solas dos sapatos, e os pés dos homens começaram a sangrar. Era 23 de junho de 1802, e eles estavam escalando o Chimborazo, um belo vulcão inativo em forma de cúpula nos Andes que se erguia a 6.400 metros, cerca de 160 quilômetros ao sul de Quito, no atual Equador. Na época, acreditava-se que o Chimborazo fosse a mais alta montanha do mundo. Não surpreende que seus carregadores tivessem abandonado os homens na linha da neve. O cume do vulcão estava amortalhado por uma densa bruma, mas mesmo assim Humboldt tinha prosseguido. Alexander von Humboldt havia passado os três anos anteriores viajando pela América Latina, penetrando as entranhas de terras onde poucos europeus tinham colocado os pés. Obcecado por observação científica e então com 32 anos, Humboldt havia trazido consigo da Europa uma vasta gama dos melhores instrumentos. Para a escalada do Chimborazo, ele deixou para trás a maior parte de sua bagagem, mas estava equipado com um barômetro, um termômetro, um sextante, um horizonte artificial e um artefato chamado “cianômetro”, com o qual podia medir a “azulidão” do céu. Enquanto subiam, Humboldt fuçava e tateava com dedos dormentes os seus instrumentos, montando-os precariamente sobre estreitas arestas a fim de medir a altitude, a gravidade e a umidade. Meticulosamente, ia listando todas as espécies que encontrava – aqui uma borboleta, ali uma minúscula flor. Tudo era registrado em sua caderneta. A 5.486 metros de altitude, eles viram um último pedaço de líquen agarrado a um matacão. Depois disso, todos os sinais de vida orgânica desapareceram. Naquela altura não havia plantas nem insetos. Até mesmo os condores que acompanharam suas escaladas anteriores estavam ausentes. Enquanto a névoa caiava o ar em meio a um arrepiante e fantasmagórico espaço vazio, Humboldt se sentiu completamente distante do mundo habitado. “Foi”, disse ele, “como se estivéssemos presos dentro de um balão de ar”. Então, subitamente, a bruma se dissipou, revelando o pico nevado do Chimborazo em contraste com o céu azul. Uma “vista magnífica”, foi o primeiro pensamento de Humboldt, que depois avistou a enorme fenda à frente deles – vinte metros de largura e cerca de 182 metros de profundidade. Entretanto, não havia outro caminho a seguir até o topo. Quando Humboldt mediu a altitude em que estavam, a 5.917 metros, constatou que faltavam menos de trezentos metros para o cume. Ninguém havia chegado tão alto antes, e ninguém jamais havia respirado um ar tão rarefeito. No topo do mundo, olhando para as cordilheiras que se dobravam abaixo dele, Humboldt começou a enxergar o mundo de uma maneira diferente. Viu a terra como um único e imenso organismo vivo no qual tudo estava conectado, e concebeu uma nova e ousada visão que ainda hoje influencia a forma como compreendemos o mundo natural. Humboldt e sua equipe escalando um vulcão Descrito por seus contemporâneos como o homem mais famoso do mundo depois de Napoleão, Humboldt foi uma das figuras mais fascinantes e inspiradoras de seu tempo. Nascido em 1769 no seio de uma abastada família da aristocracia prussiana, ele abriu mão de uma vida de privilégios para descobrir por si só os mecanismos de funcionamento do mundo. Ainda jovem, participou de uma expedição científica de cinco anos pela América Latina, arriscando a vida muitas vezes e voltando para casa com uma nova noção sobre o mundo. Essa jornada moldou sua vida e seu pensamento e fez dele uma lenda em âmbito mundial. Humboldt viveu em cidades como Paris e Berlim, mas se sentia igualmente em casa nos mais remotos afluentes do rio Orinoco ou nas estepes cazaques na fronteira entre Mongólia e Rússia. Durante boa parte de sua longa vida, Humboldt foi o cerne do mundo científico, escrevendo cerca de 50 mil cartas e recebendo pelo menos o dobro disso.