Percurso Afetivo a Sentimental Journey
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
Ministério da Cultura e Banco do Brasil apresentam | present Banco do Brasil patrocina | sponsors percurso afetivo a sentimental journey Curadoria | Curators Antonio Carlos Abdalla e Tarsilinha do Amaral Diário de Viagens, c. 1926. Brochura. Coleção Rodrigo Jacques Perroy 2 Tarsila do Amaral’s Travelogue, c. 1926. Hardcover brochure. Rodrigo Jacques Perroy Collection Tarsila do Amaral – Percurso afetivo Tarsila do Amaral – A Sentimental Journey No universo das artes visuais brasileiras destaca-se o In the realm of Brazilian visual arts Tarsila do Amaral nome de Tarsila do Amaral, ícone do nosso Modernismo. stands out as an icon of Modernism and one of the Com obra não muito extensa, porém sólida e admirável, most significant and provocative artists Brazil has ever Tarsila é das mais representativas e instigantes artistas produced. Solo exhibitions of her work, though rare, have do país, tendo consolidado seu nome nacional e inter- attracted innumerable visitors who are anxious to view (or nacionalmente. As mostras individuais de suas obras, review) her paintings, which are always present in Brazil’s apesar de raras, atraem um público ansioso por ver (ou classical, as well as popular, traditions. rever) pinturas sempre presentes nos nossos imaginá- By bringing together works that have been absent rios erudito e popular. from Rio de Janeiro’s exhibitions for over four decades, Ausentes do circuito carioca há mais de quarenta the Centro Cultural Banco do Brasil reaffirms, through anos, mostras como esta constituem acontecimentos the present exhibition, its commitment to provide a wider antológicos. O Centro Cultural Banco do Brasil selecio- access to Brazilian culture, thus making it possible for nou o presente evento para integrar o roteiro das mais visitors to marvel at the works of this “caipirinha vestida aguardadas exposições deste ano no Rio de Janeiro; de Poiret” (little country girl dressed in Poiret-designed reafirma, desse modo, seu compromisso com o amplo clothes), an affectionate nickname that Oswald de acesso à cultura e possibilita a seu público deslumbrar- Andrade gave Tarsila. -se diante das obras da “caipirinha vestida de Poiret”, Centro Cultural Banco do Brasil | February 2012 como tão bem definiu Oswald de Andrade esta nossa grande pintora. Centro Cultura Banco do Brasil | Fevereiro de 2012 Diário de Viagens, c. 1926. Brochura. Coleção Rodrigo Jacques Perroy Tarsila do Amaral’s Travelogue, c. 1926. Hardcover brochure. Rodrigo Jacques Perroy Collection 3 Diário de Viagens, c. 1926. Brochura. Coleção Rodrigo Jacques Perroy 4 Tarsila do Amaral’s Travelogue, c. 1926. Hardcover brochure. Rodrigo Jacques Perroy Collection Um percurso afetivo para Tarsila do Amaral Muito já se falou e escreveu sobre Tarsila do Amaral, o objetivo de privilegiar obras vinculadas à iconografia uma das mais originais e marcantes figuras da cultura da cidade do Rio de Janeiro e aos acervos e coleções do país e artista emblemática do Modernismo brasileiro. cariocas. Além do citado Diário de Viagens, são muito É sempre um privilégio trabalhar próximo desse verda- importantes e constituem motores de todo o Percurso deiro ícone cultural. Além dos indiscutíveis aspectos os aspectos familiares de Tarsila, obtidos mediante as estéticos e históricos de seu trabalho, o fascínio por informações dadas por Tarsilinha do Amaral, sobrinha- Tarsila é resultado de sua vida intensa numa época de -neta da artista. brilho e convívio com intelectuais, artistas e promotores Em suas viagens, Tarsila deparou-se com o mesmo de cultura que fizeram história nesta terra nas quatro impacto que experimenta o bom observador; foi influen- primeiras décadas do século XX. São todos eles nomes ciada por tudo à sua volta e reproduziu-o em sua arte. respeitados até hoje por sua importância e ineditismo. Na exposição há também destaque para as obras que Nesta nova e rara exposição individual da artista, retratam pessoas próximas à artista, seu período de for- o roteiro curatorial por si só torna explícita a intenção mação intelectual e artística, influências recebidas, re- inerente à escolha dos trabalhos. Faz-se desnecessário, ligiosidade, preocupação social e a fase onde o onírico portanto, um longo texto explicativo sobre o material se fez mais presente. aqui reunido. Destaca-se a obra Antropofagia, leitmotiv do Mani- A ideia central surgiu a partir do Diário de Viagens festo Antropófago e um dos documentos mais originais, – preciosidade em poder da família –, que Tarsila orga- importantes e – por que não? extravagantes – da arte nizou durante suas andanças com Oswald de Andrade brasileira. O Manifesto e a obra de Tarsila são verdadeiro nos anos 1920. É documento de caráter pessoal, íntimo monumento à cultura nacional, nascidos de toda a agita- mesmo, que permite uma benvinda intromissão em sua ção da Semana de Arte Moderna (1922) e do Modernis- vida particular. Com o Diário ficou claro o projeto: reu- mo, que pôs de pernas para o ar a vida cultural, bastante niu-se uma bela coleção para dar à mostra um contorno provinciana, da cidade que estava em vias de experimen- emocional, afetivo e único àquela que Oswald chamava tar um crescimento avassalador. Tudo ao mesmo tempo de “caipirinha vestida por Poiret”. Vale também lembrar provocador, iconoclástico e revolucionário. as compreensíveis dificuldades para se conseguir traba- A obra de Tarsila é atemporal. Veio para ficar. Além lhos de tal importância, constantemente requisitados dos trabalhos originais estão expostos documentos e para mostras nacionais e internacionais e dificilmente objetos (cartas, fotografias, uma pulseira do estilis- liberados pelos museus e aficionados colecionadores. ta francês Poiret e, principalmente, o próprio Diário Esta exposição não leva em conta os períodos – de Viagens). Tarsila pertencia à alta burguesia cafe- Pau-Brasil, Antropofágico e Social – habitualmente eira paulista e chamava a atenção por sua elegância identificados na obra de Tarsila. O enfoque dado pela e originalidade ao andar pelas ruas de Paris. Isso é, curadoria foi intimista, temático e, quando possível, entretanto, sinal de contradição para uma mulher que cronológico. Há uma intencional liberdade de leitu- sofreu as influências de toda a intelectualidade ligada ra, planejada de modo a induzir o visitante a sentir- ao Partidão (o Partido Comunista da época) e se pre- -se mais próximo da vida da artista e admirar as obras ocupava com aspectos sociais, depois representados individualmente, livres de classificações mais rígidas. em sua obra. A expografia da mostra permite inusitada liberdade na Uma ousadia finaliza o Percurso: a inclusão, na apreciação dos trabalhos – agrupados principalmente mostra, da segunda versão (inacabada) de A Negra por critérios estéticos –, fato verdadeiramente raro em sugere a continuidade de seu trabalho e as inúmeras exposições desta importância. possibilidades de interpretação da obra fundamental de Assim, este Percurso Afetivo é emocional – uma Tarsila, que permanece, assim, em aberto. sucessão de flashes com obras, documentos e objetos que eram caros à artista. Fica evidenciado, também, Antonio Carlos Abdalla | Curador Diário de Viagens, c. 1926. Brochura. Coleção Rodrigo Jacques Perroy Tarsila do Amaral’s Travelogue, c. 1926. Hardcover brochure. Rodrigo Jacques Perroy Collection 5 A sentimental journey in honor of Tarsila do Amaral Much has been said and written about Tarsila do which the artist held dear. Our curatorial objective has Amaral, one of the most original and outstanding figures been to prioritize the works which are in some way linked to in Brazil ’s cultural heritage and a fine representative the iconography of the city of Rio de Janeiro and its private, of Brazilian Modernism. It is always a privilege to work as well as public, collections. In addition to the afore- close to this genuine icon of our culture. In addition to mentioned Diário (Travelogue), Tarsila’s family history— the unquestionable aesthetic and historical aspects of which we were honored to learn about from an interview her work, the fascination exerted by Tarsila is the result with Tarsilinha do Amaral, a grandniece of the artist’s and of her intense feelings at a time of splendor which she this exhibition’s co-curator—is also very important, for it is shared with intellectuals, artists and promoters of culture indeed the driving force of our journey. who made history in this country in the first four decades In her travels, Tarsila encountered the same impact of the twentieth century—all of them people who have experienced by all good observers; she was influenced by always been deeply respected for their importance and everything in her surroundings and reproduced it in her unprecedented artistry. art. The present exhibition emphasizes the works which In this new—yet rare—solo exhibition of Tarsila’s portray people who were close to Tarsila, the periods of her work, the curatorial guidelines themselves are enough to intellectual and artistic training, her religious beliefs, her reveal the intentions inherent to our selection of works. It social concerns, and the period of time when dreamlike is thus unnecessary to write a long explanatory text on the representations became central to her art. material herein collected. Emphasis is given to the painting Antropofagia The central idea for our sentimental journey comes (Anthropophagy), leitmotif to the Manifesto Antropófago directly from the Diário de Viagens—a precious travelogue (Anthropophagic Manifesto) and one of the most original, now in possession of